sábado, 1 de julho de 2023

PBrasil (2023) - CompTexto - Parte09de11

 PBrasil (2023) - CompTexto - Parte09de11

Segue abaixo a parte 9 da COMPILAÇÃO DE SOMENTE TEXTO das últimas 5.422 postagens no blog PBrasil.

Vamos continuar pela Parte 9 de 11 com 500 postagens cada parte (4.001 até 4.500), totalizando na parte 11 todo o texto dos 5.422 POSTs...


Publicados Brasil (2023)

Fonte:

5 MIL POSTAGENS DO BLOG ATE ABRIL DE 2023



http://publicadosbrasil.blogspot.com/2023/05/5423-postagens-abril-de-2023.html











4001 / 4500



https://publicadosbrasil.blogspot.com/2013/05/as-florestas-da-fome-ambiente.html







sexta-feira, 3 de maio de 2013

As Florestas da Fome - Ambiente



AS FLORESTAS DA FOME - Ambiente



No cenário exuberante das florestas tropicais, a escassez de nutrientes torna a vida dura: plantas e animais têm de lutar para conseguir comida.


Gorgeios tímidos rompem o silêncio na selva e anunciam a festa. Ao ouvir o convite, aves de diversas espécies - tucanos, papagaios, colibris - decolam em uma única direção. O alvoroço no céu chama a atenção de macacos e roedores, que tentam acompanhar por terra o roteiro do passaredo. Atrás deles, peregrinam numerosos insetos rastejantes. O fato é que nenhum bicho, habitante das florestas tropicais, quer perder essa viagem rumo a uma árvore em plena frutificação. Chegando ali, os animais podem se refastelar. Os mais ariscos roubam algumas frutas e saem correndo. Mas, para os outros, dispostos à confraternização, o banquete costuma prosseguir noite adentro. Trata-se de uma oportunidade especial, porque nessas matas, ao contrário do que muitas pessoas imaginam, os momentos de fartura são raros.
Durante cerca de 300 milhões de anos, as florestas do cinturão tropical da Terra puderam se desenvolver sem grandes choques climáticos e nem sequer interferências externas. Resultado: nenhuma outra região do planeta apresenta tamanha diversidade de espécies. No entanto, engana-se quem pensa que essa exuberância traduz excelentes condições de vida para plantas e animais. Ao contrário, nas florestas tropicais o que se nota é uma terrível escassez de nutrientes. Nela, só verdadeiros especialistas em técnicas de sobrevivência podem se dar bem. A raiz do problema está no solo. O sol constante e a abundância de água se confrontam com o terreno pobre em fosfatos, nitratos, manganês e outras substâncias minerais que os organismos precisam para sintetizar suas moléculas de proteínas. Ao longo da evolução, as vegetações criaram estratégias para otimizar os parcos recursos da terra. As árvores frutíferas, por exemplo, em geral crescem a quilômetros de distância umas das outras - daí a empolgação dos animais ao localizá-las -, porque a proximidade provocaria uma dura competição pelos mesmos nutrientes, extraídos do solo.Na realidade, poucas plantas oferecem alimentos para os bichos, nesse ecossistema. Por isso, a quantidade de indivíduos da fauna acaba sendo muito menor do que o número de indivíduos da flora: em um hectare de floresta tropical existem cerca de 1000 toneladas de biomassa vegetal e apenas 35 quilos de biomassa animal. Em minoria absoluta, os animais fazem o que podem para manter a barriga cheia - a preguiça, que evoluiu nessas florestas, é um exemplo típico. Seu metabolismo é incrivelmente baixo, ou seja, seus órgãos funcionam em menos da metade da velocidade normal, em relação a outros mamíferos com o mesmo peso. Isso, em parte, porque a preguiça vive à custa de uma dieta de baixa caloria, digna de um rigoroso spa, à base de folhas de umbaúbas, espécies tropicais de árvores. Mas, também, a lentidão do organismo é uma forma de a preguiça driblar exércitos ferozes de formigas, algo necessário para conseguir sua refeição.Há milhões de anos, umbaúbas e formigas se comportam como se obedecessem ao código de honra dos mafiosos. Assirn, os insetos picam vorazmente qualquer ousado que se aproxime para devorar as folhas dessas árvores. Além disso, destroem mudas de outras plantas, que tentam colonizar seus galhos. De seu lado, em troca da proteção, as umbaúbas fornecem às formigas um néctar rico em açúcar e proteína, secretado por minúsculos nódulos espalhados pelos talos. O bicho preguiça, porém, consegue furar esse esquema: quando não está dormindo imóvel, ele avança, com prudência, no máximo 5 metros por hora. Com essa vagarosidade, o animal literalmente passa despercebido pelas formigas guardiãs - e acaba sendo o único mamífero a desfrutar as folhas das umbaúbas.Mas, assim como a preguiça paga o preço de ter um metabolismo lento para obter comida, de uma maneira ou de outra, todos os animais das florestas tropicais passam por adaptações para sobreviver ali. Em média, os mamíferos dessa região pesam menos do que espécies semelhantes que habitam as áreas de estepes. Essa diferença apontada pela balança é mais acentuada na Amazônia do que nas florestas tropicais da África e da Ásia. De fato, as florestas africanas são capazes de alimentar um número três a cinco vezes maior de animais de grande porte do que a mata amazônica. O curioso é que a falta de alimentos, ao mesmo tempo em que só permite a sobrevivência de populações pequenas de cada espécie - cujos indivíduos são obrigados a dividir a pouca comida disponível -, termina estimulando a diversidade, pelo mesmo motivo. Isso explica por que a Amazônia, última colocada na oferta de nutrientes, é a região com maior variedade de espécies do planeta.
Os macacos sul-americanos são bem mais leves do que os símios das florestas africanas. Estes, afinal, encontram menos dificuldade para conseguir frutas e, por terem essa sorte, tendem a ser mais inteligentes do que os das espécies da Amazônia. Isso porque o sistema nervoso é sempre o maior consumidor de energia em um organismo, exigindo um corpo bem- nutrido para se desenvolver. A situação podia ser ainda pior para os macacos da Amazônia, se eles não tivessem adquirido sua típica cauda preênsil, capaz de se enroscar em galhos e sustentar sozinha o corpo inteiro. Pendurados desse jeito no alto das árvores, os macacos ficam com as mãos livres para capturar insetos em pleno vôo, que terminam servindo como suplementos dietéticos. A magreza desse caçador de insetos, ironicamente, chega até a ajudá-lo - caso contrário, as pontas dos galhos, geralmente frágeis, se quebrariam com o peso do corpo.
Muitas vezes, porém, as adaptações exigidas pelas florestas tropicais não são de peso, mas de tamanho. As cobras, por exemplo, costumam ser gigantescas - os cerca de 200 quilos da sucuri se esticam nos seus 11 metros de comprimento, em média. É uma questão de economia. Pois quanto mais comprido é um animal, maior é a superfície corporal, por onde ele pode perder calor - e calor, como se sabe, é energia. O tamanho também permite à sucuri engolir presas relativamente grandes, a fim de ter estoque de energia suficiente para superar longos períodos de jejum. Afinal, podem passar meses até que a cobra gigante consiga encontrar uma nova presa.
Por sua vez, os colibris levam vantagem só porque são pequeninos. O corpo diminuto do pássaro satisfaz sua necessidade de proteínas alimentando-se de insetos minúsculos, que normalmente não abrem o apetite das aves maiores, já que parecem não compensar como fontes de energia. No entanto, bem-alimentados pelos petiscos de insetos, os colibris terminam conseguindo uma tremenda performance na hora de voar - batem as asas cerca de 80 vezes por segundo, alcançando uma velocidade de 70 quilômetros por hora. Quanto maior a área que cobrem em seus passeios diários, maior a probabilidade de encontrar uma grande quantidade de flores, das quais podem sugar o néctar com seus bicos pontiagudos. No final das contas, o cardápio de insetos e néctar proporciona aos colibris oito vezes mais calorias do que obtém a maioria das aves canoras de porte médio, cujo pecado é ter um paladar mais exigente.
Prato predileto da maioria das espécies na floresta, os insetos tentam escapar disfarçados do destino de presas. Por isso, algumas borboletas reproduzem o desenho das cascas dos troncos; outras exibem o desenho de escamas nas asas, feito uma tatuagem, cuja semelhança com uma cabeça de serpente pode afujentar predadores famintos. As cigarras, muitas vezes, se agrupam nas pontas dos galhos como se fossem inflorescências; enquanto os gafanhotos imitam gravetos, chegando a enganar as mariposas, que pousam em sua superfície para tomar sol. Essas artimanhas, no entanto, podem não ser o suficiente - daí que a maioria dos insetos das florestas tropicais liberam substâncias tóxicas para se defender. Mais venenosos do que os insetos, contudo, são os sapos. Na pele úmida e macia, depositam-se substâncias tóxicas que afastam não apenas os predadores, como eventuais fungos e bactérias que tentem colonizá-las. Pois é preciso ser egoísta: hospedar outras espécies, mesmo que sejam micróbios, significa repartir a energia do organismo, como um anfitrião que recebe um convidado de última hora para jantar e é obrigado a colocar mais um prato na mesa. E ninguém, planta ou animal, pode se dar a esse luxo na floresta.

Por um lugar ao sol

Na floresta tropical, os galhos das árvores se emaranham, formando um telhado de copas, cuja trama só deixa passar, através de pequenas brechas, 1% da luz solar. A escuridão da mata fechada impede o crescimento da vegetação rasteira. Apenas poucas mudas aguardam, latentes na penumbra, o instante em que uma árvore gigante morra, despencando no chão. Quando isso acontece, inicia-se a dura competição por um lugar ao sol. Várias mudas passam a crescer, mas aquela que consegue largar um pouco na frente das outras acaba extraindo a maioria dos nutrientes da terra, levando suas rivais a definhar por inanição. Geralmente, a planta vitoriosa na ocupação do lugar vago é de uma espécie diferente da antecessora, que durante a existência exauriu substâncias nutritivas primordiais ao seu organismo, tornando aquele pedaço de terra imprestável para suas semelhantes. Aliás, é por isso que árvores cheias de frutas costumam estar distantes entre si.A princípio, durante o crescimento, toda a força da planta é dirigida para o alto: algumas árvores alcançam 30 metros de comprimento com um tronco de apenas 20 centímetros de diâmetro. Quando chegam na altura das outras copas é que começam a engrossar. Pois, então, banhadas pelo sol, podem aproveitar melhor a fotossíntese, o sistema de obtenção de energia pela luz, que só os vegetais são capazes de realizar. A fim de roubar essa energia, muitas plantas procuram se hospedar nessas árvores maiores, germinando em seus galhos. Para se defenderem, certas espécies de árvores gigantes embebem a casca com substâncias que impedem o crescimento de parasitas; outras descascam de tempos em tempos. Afinal, as colônias de plantas parasitas podem enfraquecer uma árvore gigante, apressando-lhe a morte, ao retirarem os nutrientes e, ainda, pesarem sobre o tronco.





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sexta-feira, 3 de maio de 2013

IBM cria 'menor animação do mundo' manipulando átomos


IBM cria 'menor animação do mundo' manipulando átomos


IBM manipulou átomos para criar curta de animação (Foto: Divulgação/IBM)

Para 'A Boy and his Atom', átomos foram ampliados 100 milhões de vezes.
Manipulação de átomos pode criar armazenamento de dados melhor.


A IBM publicou o vídeo de uma animação que, em vez de personagens criados por computador como em "Toy Story" ou "Procurando Nemo" ou que usa massa de modelar como "Wallace & Gromit" ou "Fuga das Galinhas", ela usou átomos.



Chamado de "A Boy and his Atom" (um menino e seu átomo, em tradução), a empresa manipulou átomos para formar a imagem de um menino (clique aqui para assistir). Para que fosse possível visualizar os átomos, a imagem foi ampliada 100 milhões de vezes. Em seguida, foram feitas 250 fotos que, ao serem unidas, formaram a animação.

De acordo com a IBM, foi usado um microscópio especial de duas toneladas que opera a 232 graus Celsius negativos e uma agulha com 1 nanômetro em uma superfície de cobre que permite manipular cada átomo individualmente.

Além da animação, a empresa também criou imagens usando átomos como o logotipo do seriado "Jornada nas Estrelas". A empresa não revelou quanto tempo levou para fazer a animação.
A técnica de manipulação de átomos, segundo a IBM, está em desenvolvimento para tentar encontrar meios mais eficientes de armazenamento de dados. A capacidade de armazenar informações em átomos individuais pode, no futuro, permitir guardar grandes quantidades de dados, como todos os filmes já produzidos, em um objeto do tamanho de uma unha, afirma a empresa.





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sexta-feira, 3 de maio de 2013

Crânio de garota indica prática de canibalismo


Crânio de garota indica prática de canibalismo entre ingleses nos EUA


O crânio e a reconstrução facial de Jane, garota de 14 anos que teria sido vítima de canibalismo nos EUA no século 17 (Foto: Carolyn Kaster/AP Photo)

Segundo arqueólogos, adolescente teria sido canibalizada no século 17.
Primeiros colonizadores viveram período de escassez e fome.


Cientistas revelaram nesta quarta-feira (1°) que encontraram a primeira evidência arqueológica sólida de que alguns dos primeiros colonizadores americanos em Jamestown, na Virgínia, sobreviveram a duras condições praticando o canibalismo.

Durante anos, havia histórias sobre pessoas nos primeiros assentamentos ingleses permanentes nos EUA comendo cachorros, gatos, ratos, cobras e couro de sapato para evitar morrer de fome.

Também há relatos de que eles comiam seus próprios mortos, mas os arqueólogos costumam ser céticos sobre essas histórias.

Mas agora o Smithsonian's National Museum of Natural History e arqueólogos de Jamestown anunciaram a descoberta dos ossos de uma garota de 14 anos de idade que mostram claros sinais de que ela foi canibalizada.

“Historiadores se questionavam se isso [o canibalismo] aconteceu ou não”, disse o antropólogo do museu Douglas Owsley. "E essa é uma evidência muito convincente de que ocorreu”.


O antropólogo Doug Owsley fala sobre a descoberta (Foto: Carolyn Kaster/AP Photo)


Segundo ele, as evidências indicam “um caso claro de desmembramento do corpo e remoção dos tecidos para consumo”. Aparentemente a garota já estava morta no momento em que isso ocorreu.

Os restos mortais da adolescente, que foi batizada de “Jane” pelos pesquisadores, foram descobertos no verão de 2012. Esses restos foram encontrados junto com ossos de cavalos e outros animais que, segundo os cientistas, teriam sido cortados em momentos de desespero.
Owsley afirma que os restos mortais são datados dos anos 1609 e 1610, quando um inverno muito rigoroso em Jamestown ficou conhecido como “período da fome”. Milhares de pessoas morreram nessa época.

Os restos da garota serão expostos em Jamestown para explicar as condições horríveis que os primeiros colonos enfrentaram nos EUA.

No museu Smithsonian, os curadores vão mostrar uma reconstrução da face da menina em uma exposição sobre a vida em Jamestown.





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sexta-feira, 3 de maio de 2013

Cientistas de Harvard fazem primeiro voo controlado de 'robô-inseto'


Cientistas de Harvard fazem primeiro voo controlado de 'robô-inseto'


'Robôs-insetos' desenvolvidos nos EUA (Foto: Kevin Ma e Pakpong Chirarattananon/Harvard University)

Aparelho de 80 mg levou mais de uma década para ser concluído.
Expectativa é que dispositivo possa ser usado em várias áreas no futuro.



Cientistas americanos fizeram o primeiro voo controlado de um robô do tamanho de um inseto, após mais de uma década de trabalhos. Os resultados do projeto, conduzido pela Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas (Seas) e pelo Instituto Wyss de Engenharia Biologicamente Inspirada de Harvard, em Cambridge, Massachusetts, foram publicados nesta quinta-feira (2), na edição online da revista "Science".

O RoboBee (Robô Abelha) consegue decolar verticalmente, pairar acima da superfície e ser direcionado para ambos os lados. Apesar do nome, ele foi inspirado no design de uma mosca, tem metade do tamanho de um clipe de papel e pesa 80 mg. Suas asas têm 3 cm de envergadura e batem até 120 vezes por segundo.

Cientistas americanos fizeram o primeiro voo controlado de um robô do tamanho de um inseto, após mais de uma década de trabalhos. Os resultados do projeto, conduzido pela Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas (Seas) e pelo Instituto Wyss de Engenharia Biologicamente Inspirada de Harvard, em Cambridge, Massachusetts, foram publicados nesta quinta-feira (2), na edição online da revista "Science".

O RoboBee (Robô Abelha) consegue decolar verticalmente, pairar acima da superfície e ser direcionado para ambos os lados. Apesar do nome, ele foi inspirado no design de uma mosca, tem metade do tamanho de um clipe de papel e pesa 80 mg. Suas asas têm 3 cm de envergadura e batem até 120 vezes por segundo.

O aparelho é feito de tiras de cerâmica que se expandem e se contraem quando um campo elétrico é ativado. Também apresenta um corpo de plástico contendo fibras de carbono, que servem como articulações, além de um sistema que comanda os movimentos de rotação das asas, cada uma de forma independente.
No artigo publicado na "Science", o coautor Pakpong Chirarattananon, estudante de pós-graduação em Harvard, lembra que ficou tão entusiasmado com o robô, que nem conseguiu dormir.
Segundo os pesquisadores, o minúsculo dispositivo representa um grande avanço nas áreas de micromanufatura e sistemas de controle, e dezenas de pesquisadores da universidade têm se concentrado nesse tipo de inovação nos últimos anos.


Aparelho é comparado a moeda americana (Foto: Kevin Ma e Pakpong Chirarattananon/Harvard University)

O coautor Kevin Y. Ma, estudante de pós-graduação na Seas, explica que robôs grandes podem funcionar com motores eletromagnéticos, mas, em uma escala tão pequena como essa, foi preciso buscar uma nova alternativa. Isso porque, em proporções minúsculas, qualquer mudança de fluxo de ar pode ter um efeito enorme sobre a dinâmica de voo, e o sistema de controle precisa reagir muito mais rápido para se manter estável.

Apenas nos últimos seis meses, a equipe fez mais de 20 protótipos do RoboBee, e os próximos devem ser ainda mais confiáveis, com baterias menores, materiais mais leves e fortes e novas combinações, para melhorar a precisão geral de cada dispositivo.

Os próximos passos deverão abranger o trabalho paralelo de vários cientistas que pesquisam áreas como o cérebro, o comportamento de colônias de insetos e fontes de energia. A meta é que, com a ajuda da observação da natureza, o robô possa um dia ser totalmente autônomo e sem fio.

No futuro, espera-se também que o RoboBee possa ser aplicado para monitoramento ambiental, operações de busca e salvamento, polinização de culturas e até na área médica.
"Quero criar algo que o mundo nunca viu antes. (Esse trabalho) É sobre a emoção de ir além dos limites do que nós pensamos que podemos fazer, dos limites da engenhosidade humana", diz Kevin Y. Ma.





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sexta-feira, 3 de maio de 2013

Ingerir água em excesso pode matar


Ingerir água em excesso pode matar, afirmam especialistas em MS


Jovem morre após tomar tereré em evento (Foto: Arquivo Pessoal/ Welton Godoy Miranda)

Médico afirma que exagero provoca perda de sódio, potássio e magnésio.
Cardiologista explica que erva possui cafeína que acelera pressão arterial.


Beber água é indispensável para uma vida saudável. Todo mundo sabe. Mas se a ingestão for de três a seis litros em um intervalo de uma a três horas, as consequências do excesso podem levar à morte, dependendo do peso, sexo e das características de cada organismo, segundo o responsável clínico pelo Centro Integrado de Vigilância Toxicológica (Civitox/MS), médico Sandro Trindade Benites.

Na terça-feira (30), uma jovem de 21 anos morreu após passar mal durante uma competição que premia grupos que conseguem tomar a maior quantidade de tereré, bebida típica de Mato Grosso do Sul, feita com água gelada e erva-mate. Um estudante de 19 anos, que também participou do evento, foi internado na Santa Casa de Campo Grande, pois também se sentiu mal, mas seu estado de saúde é estável.

“Até a água pode ser tóxica se ingerida em grande quantidade em um curto espaço de tempo”, disse o médico.

Segundo ele, o excesso de água no organismo, nestas condições, provoca a perda de sódio, potássio e magnésio, essenciais para o ser humano. “Esses minerais são diluídos dentro do sangue por osmose. O principal problema é a perda do sódio”.
Com a eliminação desses minerais, a pessoa fica propensa ao vômito, convulsão e aumento da pressão intracraniana, que podem causar o rompimento de vasos sanguíneos e provocar um Acidente Vascular Cerebral (AVC). As náuseas foram sintomas sentidos pela jovem que morreu e pelo rapaz internado na Santa Casa.

Benites ainda explica que, em casos de ingestão excessiva de água, ir ao banheiro não resolve o problema porque todos os minerais filtrados pelo rim foram para a bexiga. “Eles [minerais] se diluem e são eliminados. Muita gente acredita que o problema é que o rim para de funcionar. O rim não tem nada a ver com isso, pois só filtra”.

Ainda conforme o médico, o aumento da pressão intracraniana ocorre porque a água é levada por osmose para dentro do cérebro, onde a pressão arterial aumenta. “A água é excelente para todos, desde que com parcimônia”.

Cafeína
Já a cardiologista Nara Alessandra Okamoto explica que o consumo de tereré, em excesso, também pode provocar aneurisma cerebral.
“O tereré possui cafeína que, em excesso, pode aumentar os níveis de pressão arterial e pode aumentar a frequência cardíaca e essas são duas condições que podem favorecer a ruptura de um aneurisma”, afirma.

Evento
“A Maior Roda de Tereré do Mundo” é promovida pela emissora de rádio Blink 102 desde 2012, quando reuniu cerca de 50 mil participantes, segundo a empresa. Além da competição que premia o grupo que toma mais tereré durante o evento, vários shows musicais também são realizados.
Segundo o regulamento da competição, disponível no site da rádio, cada equipe ou roda deve levar suas próprias garrafas térmicas e guampa, copo usado para tomar o tereré, e bomba, objeto para sugar a bebida. Cada grupo recebe água gelada a gosto para encher a garrafa. No item 8 do regulamento, a organização do evento ressalta que “os participantes podem e devem ir ao banheiro quantas vezes desejarem e necessitarem.”
Em 2013, o evento foi realizado na antiga estação ferroviária da cidade. O objetivo é promover o encontro de várias rodas em torno da tradicional bebida de Mato Grosso do Sul.

FONTE:
http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2013/05/ingerir-agua-em-excesso-pode-matar-afirmam-especialistas-em-ms.html





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terça-feira, 30 de abril de 2013

Copo de cerveja 'inteligente' adiciona amigo no Facebook ao brindar


Copo de cerveja 'inteligente' adiciona amigo no Facebook ao brindar


Copo tem chip que permite adicionar amigos ao Facebook durante o brinde (Foto: Divulgação/Budweiser)

Sensor em copos permitem adicionar amigos quando peças se tocam.
Mensagem especial aparece na Timeline do usuário sobre o novo amigo.

A cerveja Budweiser criou uma campanha no Brasil que usa copos "inteligentes" que adicionam amigos ao Facebook durante o brinde, quando os copos se encostam.
Chamado de "Buddy Cup", o copo possui chips com sensores que são integrados ao Facebook, identificando o toque no brinde e adicionando o novo amigo à rede social.

VEJA O VIDEO:
http://www.youtube.com/watch?v=9FdnssHlcRk&feature=player_embedded

Por meio de um código QR no copo o usuário consegue fazer a associação da peça com sua conta no Facebook. Assim, ao brindar com outras pessoas no bar, ele as adiciona na sua lista de amigos na rede social.

De acordo com o vídeo de divulgação, quando uma nova amizade no Facebook ocorre por meio do brinde com o copo, uma mensagem especial aparece na Timeline do usuário, indicando que os dois ficaram amigos ao brindar.

C=226.781





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terça-feira, 30 de abril de 2013

Primeira descrição da estrutura do DNA completa 60 anos



Primeira descrição da estrutura do DNA completa 60 anos


Cientista James Watson com a modelo original feito pelos descobridores do DNA, em foto de 2005 (Foto: Odd Andersen/AFP/Arquivo)

Artigo com descoberta da dupla hélice foi publicado pela 'Nature' em 1953.
Estrutura fica no núcleo das células e contém o material genético.


A primeira descrição da dupla hélice do DNA, descoberta em um laboratório da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, e que mudou para sempre a compreensão da vida, completa 60 anos nesta quinta-feira (25).

A revista científica "Nature" divulgou no dia 25 de abril de 1953 o artigo "Estrutura do ácido desoxirribonucleico", assinado pelo britânico Francis Crick e o americano James Watson, que receberam o Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina em 1962 junto com o também britânico Maurice Wilkins, que anos antes havia iniciado uma pesquisa sobre o DNA.

O trabalho desses cientistas revelou o mistério da molécula que contém a informação necessária para que qualquer organismo vivo nasça e se desenvolva, desde os seres humanos até as bactérias.

Mais concretamente, a dupla hélice é onde se conservam, em forma de sequência, os genes que contêm as instruções para sintetizar moléculas maiores, que por sua vez constroem células com funções específicas.
Graças à descoberta de Crick e Watson, em pouco mais de uma década foi possível entender o funcionamento do código genético e, a partir daí, teve início uma era de avanços sem precedentes na biologia.

Desde que o naturalista austríaco Gregor Mendel apontou as leis da herança genética em 1865, começou uma corrida de quase um século que chegou a seu ponto culminante quando Crick e Watson compreenderam que o DNA é ordenado em forma de uma dupla hélice.
A descoberta aconteceu no laboratório Cavendish de Cambridge -- onde 29 ganhadores prêmios Nobel trabalharam no último século -- e foi a cristalização de vários anos de avanços em um campo que teve seu impulso definitivo em 1944, quando foi mostrado que a chave da transmissão genética estava escondida no DNA.

Descobrir a estrutura de uma molécula que prometia dar acesso aos segredos da vida se tornou o objetivo de alguns dos centros científicos mais avançados do mundo, e Crick e Watson abandonaram todos os projetos que tinham em 1951 para se dedicarem totalmente a essa tarefa.

A concorrência era dura: o biólogo americano Linus Pauling, que já tinha se aprofundado na estrutura das proteínas, e o britânico John Randall, que contava com uma equipe completa no King's College de Londres, também tentavam descobrir os segredos do DNA.
A cristalógrafa inglesa Rosalind Franklin tinha desenvolvido nessa mesma universidade londrina pesquisas sobre o estudo com raios-x da estrutura molecular que foram essenciais para desvendar o mistério da dupla hélice.

Os dados experimentais de Rosalind poderiam ter dado uma vantagem para os pesquisadores da King's College, mas o estudo acabou nas mãos dos biólogos de Cambridge.
Com ele, Crick e Watson ensaiaram um caminho diferente do que estava sendo seguido pelas demais equipes dedicadas a descobrir a forma do DNA, que insistiam em buscar a molécula com microscópios que não eram suficientemente potentes.
Os dois cientistas acertaram ao compreenderem que, submetendo a molécula a raios X e estudando a difração desses raios, podiam chegar a uma estrutura em forma de dupla hélice.

A descoberta não foi uma mera descrição da molécula. Ela começou a explicar o mecanismo com o qual o DNA se separa em duas fibras -- daí a dupla hélice -- para se reproduzir em duas moléculas idênticas, a base da herança genética.





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terça-feira, 30 de abril de 2013

Uma Universidade no Far West - Stanford


UMA UNIVERSIDADE NO FAR WEST - STANFORD



Radares, tomógrafos, quarks, Engenharia Genética e outras maravilhas científicas e tecnológicas deste século nasceram, em boa parte, nos laboratórios ou no cérebro dos cientistas de Stanford, um dos grandes centros da pesquisa mundial. Fundada há 100 anos pelo esforço de um ex-senador e magnata das ferrovias, numa época em que a Califórnia, nos Estados Unidos, era ainda um lugar despovoado e semi-selvagem, ela tornou-se uma universidade no far west



Quando o advogado e futuro senador Leland Stanford deixou o norte dos Estados Unidos e rumou para a Califórnia, em 1852, esse estado estava ainda muito longe de tornar-se o mais populoso e produtivo do país, "uma América dentro da América", como hoje se afirma. Historicamente, a região pertencera ao México e havia sido anexada pelos americanos apenas uma década antes da chegada de Stanford. Era, então, um retrato legítimo daquilo que o cinema, mais tarde, celebrizaria como o "oeste longínquo"- o "far west", aportuguesado para faroeste. Ainda despovoada e semi-selvagem, em grande parte, a Califórnia atraía um número crescente de colonizadores e aventureiros de todos os tipos, especialmente mineiros e garimpeiros de ouro.
Não admira, portanto, o descaso com que se recebeu o sonho de Stanford: o de construir nessas pragas uma grande universidade com o nome de seu filho, Leland Stanford Jr., falecido em plena adolescência. Ninguém podia imaginar que ali se fundaria um dos 10 ou 15 centros mundiais da ciência e da tecnologia modernas, onde se gestou a maior parte das novas idéias e artefatos deste século. O radar, por exemplo, é hoje um aparelho corriqueiro, mas no início do século era uma novidade extraordinária que começou a ganhar forma nas oficinas de Stanford. Seu ancestral é um gerador de ondas de rádio chamado klystron, desenvolvido em 1937 pelos irmãos Russell e Sigurd Varian.Verdadeiro achado, o klystron também é usado nos aceleradores de partículas nucleares, aparelhos de radioterapia, transmissores de UHF para a televisão e comunicações por telefone ou satélite. Calcula-se que os direitos sobre o invento já renderam a Stanford 2,5 milhões de dólares. Existem muitos outros exemplos como o do radar - a lista é tão extensa que deu trabalho aos editores de um número especial da revista acadêmica Stanford, lançado no ano passado em comemoração do centenário da universidade. Eles levantaram nada menos que 2 000 realizações merecedoras de constar na revista. Afinal, uma rigorosa seleção permitiu montar uma edição de volume razoável, com "apenas" 500 matérias.Alguns nomes e feitos denunciam a grande influência do trabalho em Stanford sobre toda a vida moderna:Paul Kirpatrick - pioneiro da década de 40 no estudo da holografia, iniciado pelo físico Dennis GaborFelix Bloch - primeiro cientista de Stanford a receber o Nobel (1952), criou a indução nuclear, essencial aos tomógrafos por ressonância magnéticaLinus Pauling - recebeu o Nobel em 1954 por explicar as forças químicas; em Stanford desde 1969, revelou as propriedades do ácido ascórbico, ou vitamina CEugene Lindstrom - escreveu o primeiro programa de computador para analisar pesquisas eleitorais, usado para prever a vitória do ex-presidente Dwight Eisenhower, em 1956Douglas Engelbart - criador, em 1965, do mouse, peça que movimenta uma seta na tela dos microcomputadores e permite lhes passar instruçõesOllie Johnston e Franck Thomas - desenvolveram as técnicas usadas para criar os desenhos animados de Walt Disney, a começar por Branca de Neve e os Sete AnõesEdith Head - lingüista por formação, tornou-se uma grande figurinista do cinema; trabalhou em Os dez mandamentos e recebeu oito Oscars, de 1948 em diante. Inúmeros profissionais de Hollywood passaram por Stanford, como a atriz Sigourney Weaver (Alien, o oitavo passageiro) e o diretor Richard Zanuck (Butch Cassidy e Sundance Kid)Charles Stark Drapper - criou o sistema inercial de direção de mísseis, usado também por naves como a Apollo, que levou os primeiros homens à Lua em 1969Owen Churchill - inventor dos pés-de-pato, ou nadadeiras, na década de 30.Walter Toessell - diplomata de carreira, ajudou a preparar a histórica visita do presidente Richard Nixon à China, em 1972Michael Gottlieb - aos 32 anos, identificou o HIV, vírus da AIDS, ao estudar cinco homossexuais no hospital da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, em 1980Basta passar os olhos nessa lista para notar que, embora conservadora em muitos aspectos, Stanford, no cômputo final, representou uma força inovadora na história recente dos Estados Unidos. Sua própria história confunde-se com o desenvolvimento fulminante da região sudoeste americana, tão importante para o país. Após fincar os pés na Califórnia, Leland Stanford experimentou rápida ascensão. Começou como comerciante de suprimentos para os novos colonos californianos, mas logo se ligou à política, ajudando a organizar os comitês estaduais do Partido Republicano, na época empenhado em acabar com o escravagismo. Em 1861, elegeu-se governador com mandato de dois anos, e ao mesmo tempo passou a presidir a estrada de ferro Central Pacific Railroad.Já um magnata no grande negócio das ferrovias, o ex-advogado comprou em 1876 as primeiras parcelas de terra da Fazenda Palo Alto. Suas propriedades terminariam somando 33 509 hectares (quase 14 000 alqueires). Mas os 3 561 hectares de Palo Alto se transformariam no campus da nova universidade, que Stanford começou a planejar durante sua campanha ao Senado, em 1885. Construída com um investimento inicial de 21 milhões de dólares, a universidade foi inaugurada em 1°. de outubro de 1891, com 559 alunos nas salas de aula, entre eles o futuro engenheiro de minas e 31°. presidente dos Estados Unidos, Herbert Hoover.Menos de dois anos mais tarde Leland Stanford faleceu. Logo em seguida, o governo federal entrou na Justiça para cobrar 15 milhões de dólares de empréstimos feitos para a construção da Central Pacific. A crise foi debelada pela viúva Jane Stanford, cuja determinação e espírito público já se haviam tornado patentes por sua participação no movimento pelos direitos civis das mulheres. Ela explicou como conseguiu cumprir a difícil decisão de manter a universidade aberta a despeito de tudo. "Eu podia ver cem anos à frente, quando os atuais processos estariam esquecidos e nada restasse a não ser a instituição."Agora que se esgotou o prazo, é fácil comprovar a realidade dessa visão. Não há dúvida de que Jane foi efetivamente capaz de realizar o sonho do marido, nos moldes inovadores imaginados por ele. No discurso inaugural de 1891, ele mesmo resumiu o ideal que norteou a universidade durante toda a sua existência. "Os jovens homens e mulheres que se graduarem em Palo Alto não serão apenas estudiosos, mas terão sólida idéia prática dos assuntos do dia-a-dia, uma auto-suficiência que os ajudará, em caso de emergência, a sobreviver, seja de maneira humilde ou gloriosa".

Entranhas do átomo

Um dos três laboratórios nacionais dos Estados Unidos, o SLAC nasceu como o maior acelerador de partículas subatômicas do mundo. Inaugurado em 1967, tinha a forma de um túnel com 4 metros de diâmetro e 3 quilômetros de comprimento, enterrado a 13 metros sob o solo. Como o túnel passa a meio quilômetro da falha geológica de Santo André, há no SLAC um comitê antiterremoto e até as máquinas de café são chumbadas à parede. Foi no Slac, em 1974, que a primeira partícula subatômica do tipo dos quarks foi identificada em laboratório pelo físico Burton Richter (o americano Sam Ting, em outro local, chegou ao quark ao mesmo tempo). Mais tarde, outro pesquisador de Stanford, Martin Pearl, identificou o tau, um parente mais pesado do elétron.


Velho guerreiro

Para a imensa maioria das pessoas, a debacle da União Soviética significa menor risco de guerra atômica e menos preocupação com a defesa militar. Para o físico Edward Teller, inventor da bomba de hidrogênio, em 1952, toda cautela é pouca. Aos 84 anos, ele mantém a postura belicista que adotou desde o final da II Guerra, como disse em novembro último ao jornal The Stanford Daily. Membro ativo da Instituição Hoover - que patrocina estudos sobre os países comunistas e tem um dos maiores arquivos existentes sobre a União Soviética -, Teller publicou recentemente (1988) um livro em defesa de sua proposta de "guerra nas estrelas", que visa dotar os Estados Unidos de um escudo orbital de mísseis atômicos. Mas diz que, antes de mais nada, seu plano para o futuro é ficar velho".


Vida aos pedaços

No início dos anos 70, três cientistas abriram as portas de um novo mundo: o da transformação dos seres vivos por meio de transplantes de genes. Paul Berg, um desses cientistas, atualmente diretor do centro de medicina molecular e genética, em Stanford, descobriu como remover dois pedaços de genes tirados de células diferentes, e fazê-los "colar" um ao outro. Em seguida, Stanley Cohen, também de Stanford, e Herbert Boyer, da Universidade da Califórnia, Berkeley, provaram que dois segmentos de genes, depois de colados em um tubo de ensaio, podiam ser reintroduzidos em uma célula viva. Assim nasceu a Engenharia Genética em 1973.


Frutos industriais

Desde que se tornou sede de Stanford, a cidade de Palo Alto, a menos de 50 quilômetros de São Francisco, foi apelidada "vila dos professores", onde até poucos anos era proibido vender bebida alcoólica. Era para não perturbar o clima acadêmico, sob cuja influência a comunidade cresceu. A partir daí, se formaria o Vale do Sílicio, pujante núcleo de empresas, muitas de pequeno porte, fundadas por ex-alunos e cientistas. Exemplo marcante é a HP, pioneira da indústria de computadores e máquinas de calcular, criada por David Packard e William Hewlett, cujo império começou como uma fabriqueta montada numa garagem de Palo Alto.





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terça-feira, 30 de abril de 2013

Drogas - Uma viagem pelo corpo humano


DROGAS: UMA VIAGEM PELO CORPO HUMANO



Nos órgãos em que fazem escala, elas sempre ameaçam criar confusão. Mas bagunça, para valer, é o que se nota, quando chegam ao cérebro.

As passageiras comuns vão aos portões de embarque da boca e das narinas.Mas algumas têm direito a um tratamento vip, embarcando mais rápido, direto na veia.
Uma vez acomodadas no sangue, as drogas iniciam a sua viagem pelo corpo humano. A circulação, propulsionada pela turbina do coração, é um transporte a jato, percorrendo cerca de 100 quilômetros de vasos, com conexões para toda parte. A eventual escala no fígado, porém, pode barrar parte das viajantes. Para essa víscera, com função de um policial de fronteira, as drogas não têm visto de entrada no organismo. Afinal, como qualquer substância tóxica, elas acabam causando muita destruição por onde passam. Mas, enquanto as células hepáticas fiscais prendem e liqüidam algumas dessas moléculas criadoras de encrenca, a maioria das turistas baderneiras termina escapando e seguindo em frente - ou melhor, para o alto, em direção ao cérebro. E é ali que causam a maior confusão.
Trata-se, afinal de contas, de um órgão especialíssimo. Da dor de um beliscão à alegria de encontrar um amigo, da imagem de um rosto ao som de uma música, das recordações à imaginação, da fome de comida à sede de conhecimento - a pessoa só sente o que passa pelo cérebro. Para este, por sua vez, emoção, sensação ou razão, tudo é pura eletricidade. Pois suas células, os neurônios, se comunicam através de impulsos nervosos, que nada mais são do que correntes elétricas. Mas para que haja a transmissão de uma mensagem qualquer, é preciso que as células cerebrais secretem as chamadas substâncias neurotransmissoras. "Os neurônios nunca encostam um no outro" descreve o neurologista Esper Cavalheiro, da Escola Paulista de Medicina. "Os neurotransmissores, então, saltam de um neurônio para o outro, passando o impulso elétrico para a frente." A produção dessas substâncias, porém, tem de acontecer na dose exata - se faltam neurotransmissores, a mensagem nervosa se perde no meio do caminho; em compensação, em excesso, são capazes de fazer uma informação ficar reverberando. As drogas, no caso, alteram o comportamento de seus usuários, justamente porque suas moléculas, clandestinas no sistema nervoso, conseguem mexer no nível dos neurotransmissores.
Algumas fazem as substâncias mensageiras jorrar a tal ponto que os impulsos se multiplicam ou começam a trafegar mais depressa. Outras agem de modo inverso: fecham as torneiras dos neurotransmissores nos neurônios, que desse modo passam a trabalhar em câmera lenta. Finalmente, há também as farsantes, que se encaixam nos receptores das células cerebrais, fingindo trazer uma mensagem que, na realidade, não existe. É por isso que os especialistas costumam dividir os milhares de substâncias rotuladas como drogas em três grandes grupos: estimulantes, depressoras e alucinógenas. "Usando essas táticas, as drogas podem induzir todo tipo de sensação", diz Cavalheiro. "No entanto, muitas vezes fica difícil saber detalhes do que aprontam. Em primeiro lugar, porque seu campo de ação, o cérebro, ainda não é completamente conhecido pelos cientistas", admite o pesquisador. " Além disso a cada dia descobrimos novas funções para determinados neurotransmissores. Portanto, seguindo esse raciocínio, as drogas que interferem nessas substâncias podem provocar efeitos que, antes, não imaginávamos."Existem, contudo, rastros que permitem aos cientistas presumir ao menos parte do percurso das drogas. Ainda em meados dos anos 50, nos Estados Unidos, certos pesquisadores realizaram uma experiência que acabou se tornando clássica: eles implantaram eletrodos em áreas diferentes do cérebro de cobaias; assim, toda vez que os animais pisavam numa pequena plataforma, os eletrodos aplicavam um levíssimo choque. Em determinadas regiões cerebrais, esse estímulo elétrico parecia ser agradável, pois as cobaias passavam a repetir, cada vez com mais freqüência, as visitas a esse canto especial das gaiolas. Além disso, a tendência era ficarem ali mais tempo, perpetuando o estímulo. A partir daí, alguns cientistas começaram a suspeitar da existência do que chamariam centros de prazer, espalhados pelo sistema nervoso dos quais o mais sensível seria o hipotálamo, na base do cérebro. Certamente, em sua viagem, as drogas devem fazer escalas mais demoradas nessas regiões.
Tal como as cobaias da experiência americana os usuários de drogas também tendem a diminuir os intervalos entre as aplicações dessas substâncias. "É o fenômeno da tolerância: são necessárias quantidades cada vez maiores da substância para que ela produza o mesmíssimo efeito no organismo", define Elisaldo Carlini; professor de Psicofarmacologia na Escola Paulista de Medicina. Ele é, com certeza, uma das maiores autoridades brasileiras no estudo das drogas. Aos 61 anos, já publicou 189 trabalhos sobre o assunto.
Se as drogas, de fato, atuam principalmente nos tais centros de prazer e saciedade do sistema nervoso-uma teoria que ainda provoca controvérsia nos meios científicos-, a passagem delas por aí é traiçoeira. Isso porque, se logo no início despertam alguma sensação agradável para a pessoa, em seguida passam a fazer chantagem: o organismo passa a implorar sua presença. É o que se chama dependência: se antes alguém tomava a droga para sentir determinado efeito, depois é obrigado a tomá-la para seu corpo continuar funcionando direito - o "barato", como dizem os dependentes, já nem importa mais. Um organismo viciado em heroína, por exemplo, precisa da substância tanto quanto qualquer pessoa precisa de alimento. Interromper o consumo da droga é sofrer flagelos piores do que estar faminto, o que já faz, na maioria das vezes, qualquer um desistir da idéia de abandonar o vício. E, no caso, assim como se morre por inanição, insistir na interrupção do uso da heroína, sem acompanhamento médico, costuma ser fatal."O tormento físico relacionado ao abandono de qualquer droga é o que os especialistas conhecem por síndrome de abstinência. A da heroína só perde para a do álcool", revela Carlini. O fenômeno acontece, mais uma vez, porque as drogas desregulam o sistema nervoso. Por exemplo, as moléculas dos chamados narcóticos - produtos derivados do ópio, como a heroina - são extremamente parecidas com as de uma família de substâncias que os neurônios fabricam para controlar a dor física e moderar emoções como o medo e a angústia. Assim, além de servirem de anestésico, os narcóticos diminuem a ansiedade e induzem o sono. Mas o uso contínuo das substâncias opiáceas leva o cérebro a poupar suas energias, deixando de produzir os neurotransmissores com moléculas similares às das drogas.O álcool pode agir de maneira semelhante. "Mas para criar tamanha dependência é preciso que uma pessoa beba, com freqüência, tremendas quantidades de bebidas alcoólicas", diz Carlini, que absolve a ingestão cautelosa. "Doses moderadas de uísque, especificamente, podem até combater a hipertensão", exemplifica. O álcool é um depressor do funcionamento do sistema nervoso. O mais curioso, porém, é que ele parece agir em etapas, ao chegar ao cérebro. A primeira região a ser deprimida é aquela do comportamento voluntário, na superfície da víscera cinzenta, responsável por decisões do tipo "o que devo e o que não devo fazer". Ou seja, em um só golpe, o álcool derruba a autocensura. Depois de alguns goles, a pessoa passa a liberar pensamentos e emoções que estavam, de alguma maneira, bloqueados-pode, assim, falar mal da sogra, cair na gargalhada, soltar o choro, mostrar o cansaço do dia e adormecer em público.
O próximo passo do álcool no sistema nervoso é ir para as áreas encarregadas da concentração e da coordenação motora. Da mesma forma que a bebida alcoólica, os remédios barbitúricos, criados a partir de 1903, deprimem o sistema nervoso. No entanto, se o cérebro passa a trabalhar em marcha lenta, o fígado fiscal, depois de quebrar as moléculas dessas substâncias, funciona como se tivesse recebido uma injeção de ânimo. Por isso, outros remédios costumam deixar de fazer efeito quando associados ao uso de calmantes - afinal, mal entram na circulação sangüínea, são arrasados pelas células hepáticas. Estas, por sua vez - na trama complexa da mistura de drogas -, são disputadas pelas moléculas de álcool e de barbitúricos, quando ambas chegam na mesma hora ao organismo. Essa briga pode ser fatal para quem engoliu os dois tipos: sem dar conta do recado, o fígado libera a passagem das drogas, que uma vez unidas no cérebro podem provocar a morte. Esse excesso é a overdose, que ao contrário do que muitos imaginam, não é um jeito suave de morrer.
A primeira área do cérebro a entregar o jogo é a que controla a respiração. Resultado: a pessoa morre por asfixia. Pior, graças a um mecanismo de defesa, sempre que falta oxigênio para o organismo, a pessoa fica em estado de alerta. Ou seja, quem morre por ingestão de calmante, em vez de se desligar da vida dormindo, provavelmente fica consciente da enrascada em que se meteu. "Algumas misturas são mais perigosas do que outras", aponta o psiquiatra Marcos da Costa Leite, do Hospital das Clínicas, em São Paulo, que se dedica a casos de alcoolismo. "Existem também vários mitos", adverte. "O álcool não potencializa o efeito da cocaína, por exemplo." Segundo o médico, o pó branco da família dos estimulantes não costuma ser metabolizado no fígado. "O único perigo é a pessoa alcoolizada perder a noção do que faz e usar mais cocaína do que o tolerável pelo organismo", pondera. "Aliás, esse tipo de observação é válido para qualquer mistura de drogas."Normalmente, quando um neurônio libera uma microdose de neurotransmissores, para alcançar os neurônios vizinhos, essas substâncias são reabsorvidas. É justamente essa reabsorção que a cocaína impede, ao ser injetada ou inalada na forma de pó. Ou seja, todas as mensagens que transitam no cérebro, enquanto dura o efeito da droga, ficam reverberando - daí o jeito agitado e confuso do usuário. A linha cruzada de várias informações, depois de certo tempo ou conforme a quantidade da droga no organismo, provoca panes - as convulsões do cérebro, geralmente fatais. Na realidade, as anfetaminas - drogas estimulantes, vendidas em farmácia, mediante autorização médica - podem levar ao mesmo efeito, por um caminho diferente: em vez de as mensagens se repetirem, do ponto de vista químico, elas começam a passar mais depressa.
Os alucinógenos, como o LSD, são drogas peculiares, porque não costumam matar quem as consome. As moléculas de LSD enviam mensagens falsas, especialmente na área do cérebro que se encarrega de compreender aquilo que os olhos registram. Com isso, durante a viagem da substância pelo sistema nervoso, a pessoa passeia por cenários imaginários. "Existem teorias de que a droga danifica os neurônios, mas não estão muito claras", conta o psiquiatra Leite. A maconha, outra alucinógena, também provoca controvérsias. Das mais de 400 substâncias que a compõem, só uma minoria foi isolada. Daí a dificuldade dos cientistas em afirmar que o chamado THC, um dos seus componentes, é de fato o responsável pelo relaxamento muscular e pela perda de noção de tempo, por exemplo. A maconha provoca ainda a liberação de adrenalina, o hormônio que acelera os batimentos cardíacos. O coração então chega a bater cerca de 160 vezes por minuto, quando o normal seria entre 80 e 100. Só para se ter idéia, durante um orgasmo, o músculo cardíaco pode atingir 180 batidas por minuto. Experiências mostram que ninguém morre de overdose dessa droga, cujos efeitos maléficos seriam os mesmos do cigarro de tabaco - o qual provoca dependência, síndrome de abstinência e uma série de males, como câncer de pulmão, embora não seja comercializado por traficantes nem seus usuários perseguidos pela polícia.

...e o que acontece quando seu consumo pára bruscamente
Síndrome de abstinência

álcool insônia, irritabilidade, tremores, distúrbios neurológicos que podem levar à morte

cocaína sono, cansaço, depressão, diminuição do apetite

tabaco ansiedade, dor de cabeça, aumento do apetite

maconha em alguns casos, insônia

heroína diarréias e vômitos fortes, provocando morte por desidrataçãoanfetaminas depressão

sedativos ansiedade e, nos casos graves, convulsões



Quando o homem vira pó

Há 5 000 anos, os povos andinos têm o hábito de mascar uma espécie de chiclete, feito com folhas de coca e cal -- substância que libera o princípio ativo da folha, a cocaína. Levada para a Europa pelos conquistadores espanhóis, a coca logo ganhou espaço nos salões nobres. Só em 1857, químicos alemães conseguiram isolar a cocaína. O pó branco, então, foi encarado como um santo remédio para uma série de males -- de dor de dente a resfriado -- e, nessa época, era vendida livremente em farmácias e cafés. Sigmund Freud (1856-1939), um de seus fiéis consumidores, achava que a substância podia tratar casos de depressão. Outro ilustre fã da cocaína era o escritor inglês Conan Doyle (1859-1930). Em um de seus romances policiais, deixou claro que sua famosa criação, o detetive Sherlock Holmes, não conseguia viver sem a droga, que guardava em um "elegante estojo de marroquim".


Paz em tempo de guerras

Em 1943, Albert Hoffman, um respeitado químico suíço, achou que tinha enlouquecido, ao sintetizar substâncias derivadas do ácido lisérgico. Ele só queria encontrar um remédio para a esquizofrenia e acabou tendo alucinações de toda espécie -- o cientista havia sintetizado o LSD, droga que conquistaria a maioria dos jovens, vinte anos mais tarde. Nos anos 60, enquanto pela primeira vez a televisão mostrava imagens de uma guerra, transmitindo o horror do Vietnã, a juventude protestava contra a violência, num movimento cujo ponto alto foi o histórico Festival de Woodstock. Na verdade, em nenhum canto do planeta havia muita tranqüilidade: no Brasil, por exemplo, explodia o regime militar. Não foi à toa, assim, que duas drogas da moda, naquela década, eram a maconha e a heroína, capazes de apagar da mente um mundo cheio de problemas. O LSD, no entanto, foi a droga mais marcante da época, em parte por influência do americano Thimoty Leary, um ex-professor de psicologia na respeitada Universidade Harvard. Para Leary, a droga celebrava uma nova religião, cujas palavras-chave eram paz e amor.


A erva dos assassinos

Pode-se dizer que as plantas do Grupo Cannabis -- onde se destacam a maconha, o haxixe e o cânhamo -- têm uma tradição secular: elas são mencionadas nos mais antigos textos sagrados hindus, como ervas mágicas, capazes de afastar o perigo de catástrofes e a ira dos inimigos. Não faltam crenças semelhantes na descrição de diversos rituais religiosos primitivos.
No início do século XI a.C., o conquistador ismaelista Hassam ibn Sabbah, por exemplo, fundou uma seita em que a Cannabis era o símbolo divino. Mas, quando não se ocupavam com o espírito, refugiados numa fortaleza entre o Mar Cáspio e o planalto persa, os participantes da seita alimentavam a matéria assaltando caravanas de mercadores -- estes chamavam os bandidos de fumadores de haxixe, cuja expressão em árabe é haschaschne, de que derivou a palavra assassino. Mil anos depois, as invasões árabes na África levaram a erva para esse continente; que chamavam suas folhas de makonia, foram provavelmente seus introdutores nas Américas.


O ópio do povo
Para os antigos sumérios, a papoula e a alegria eram sinônimos -- ao menos, recebiam o mesmo símbolo, nas tábuas de argila inscritas há cerca de 5 000 anos. Há quem suponha, só por isso, que os habitantes da Suméria foram os primeiros consumidores de ópio, narcótico extraído da flor, capaz de proporcionar sensação de bem-estar. Os ocidentais, porém, só viriam a conhecer essa droga por volta do ano 327 a.C, quando os exércitos de Alexandre, o Grande (356 a.C.-323 a.C.) retornaram à Macedônia, depois de terem atravessado a Ásia Menor. A partir daí, o ópio se transformou numa coqueluche entre os europeus. Foram eles, aliás, que introduziram essa mania na China, no final do século XVII.Os chineses, até então, só usavam o ópio como medicamento. Para evitar a disseminação do vício, o imperador Yong-tcheng proibiu a importação da droga. Mas ela continuou entrando no país pelas mãos de contrabandistas ingleses, que trocavam o produto por prata ou ouro. No dia 7 de junho de 1839, ao apreenderem mais de 20 000 caixas da droga, as autoridades chinesas lançaram 1360 toneladas de ópio ao mar. Diante disso, o governo britânico declarou-lhes guerra, em nome da liberdade de comércio. Derrotada, a China teve de entregar Hong Kong aos ingleses, além de abrir seus portos ao comércio europeu. Estima-se que, no final do século XIX, existiam cerca de 120 milhões de toxicômanos nesse país.





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terça-feira, 30 de abril de 2013

Michelangelo - O Artista do Cristianismo


MICHELANGELO, O ARTISTA DO CRISTIANISMO



Os contemporâneos em Florença o chamavam II Divino. Por certo ele encarnou o ideal do artista do Renascimento, de que foi a figura máxima: escultor, arquiteto, pintor e erudito.


O escritor Umberto Eco, autor do best seller O nome da rosa, em entrevista recente explicou de modo simples e eloqüente o que é a sede de cultura que faz com que muitas pessoas passem horas a ler Balzac ou Platão ou enfrentem filas quilométricas para ver os afrescos restaurados de Michelangelo, na Capela Sistina, no Vaticano, ou uma viagem exaustiva ao Egito para visitar o templo de Abu Simbel, construído por Ramsés 11 para a rainha Nefertari, a mais de 1000 quilômetros do Cairo. Esta sede de conhecimento, segundo Eco, é um modo de prolongar a vida. Assim, ao morrer, teremos como que vivido não só a nossa existência, mas também a do imperador romano Júlio César, se tivermos lido De bello gallico; ou a de Julian Sorel, o herói do romance O vermelho e o negro do escritor francês Stendhal; ou ainda a de Michelangelo, se tivermos observado com quanta doçura, força e juventude, ele, órfão de mãe ainda menino, concebeu as pietàs, ou o erotismo que, homossexual não assumido, imprimiu nas esculturas masculinas.Numa poesia, Michelangelo escreveu que "a beleza da terra ao céu em vida conduz". Costumava dizer que essa idéia de beleza Ihe havia sido dada no parto. Sua arte e sua vida foram a perseguição incansável, quase angustiada, dessa idéia de Beleza Absoluta. Filho de uma família burguesa de cultura média, mas sem grandes horizontes, Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni nasceu em Caprese, em 6 de março de 1475. Ainda recém-nascido, seus pais, Francesca e Lodovico di Lionardo Buonarroti Simoni, este descendente de duas gerações de banqueiros e prefeito de sua cidade, foram viver em Florença. A bela cidade toscana, de casas de pedra, cinzenta, cortada pelo Rio Arno, era dominada desde 1469 por Lorenzo de Medici, o Magnífico. De uma estirpe de banqueiros, Lorenzo era o homem mais rico do seu tempo. Poderoso e iluminado, sonhava fazer de Florença a capital mundial da cultura, como foi Atenas na época de Péricles.
Foi um tempo de notáveis realizações artísticas e culturais. Enquanto o pequeno Michelangelo recebia as primeiras lições de leitura e escrita, a poucos quarteirões de sua casa Sandro Botticelli pintava A primavera e O nascimento de Vênus e Leonardo da Vinci terminava a Adoração dos reis magos. Não muito longe, em Urbino, nascia Rafael Sanzio. Aos 13 anos, Michelangelo deixou a escola para se tornar um aprendiz do pintor Domenico Ghirlandaio. Mas gostava mesmo da escultura, para ele "a primeira arte", e foi praticá-la nos jardins de Lorenzo de Medici, com Bertoldo di Giovanni. Desde então, ficou marcado em Florença como um "homem dos Medici", o que, nas vicissitudes da política toscana, às vezes era uma vantagem, às vezes um perigo. Por exemplo, após a morte de Lorenzo, em 1492, e pouco antes da expulsão de seu filho Piero pelo fanático pregador religioso Girolamo Savonarola, Michelangelo retirou-se prudente mente para Bolonha. A morte da mãe, quando tinha 6 anos, marcou sua personalidade e toda sua vida. Entregue a uma ama-seca, na família de um canteiro, um operário que cortava a pedra para construções, ele próprio considerou fundamental para sua vocação de escultor este período em que se misturavam afeto familiar, cuidados maternos e pedra entalhada. Outro fato crucial foi seu encontro com Lorenzo de Medici.
Para o Magnífico, era a oportunidade de glorificar-se como o descobridor de um grande artista e moldá-lo segundo o seu ideal. Convenceu o rapaz a morar no palácio e. como compensação, deu ao pai um bom emprego público. Foi no seu período de aprendizado no palácio que realizou as duas primeiras obras que sobreviveram até os nossos dias. São os baixos-relevos Madona da escada e a Batalha dos centauros. A morte de Lorenzo, em 1492, interrompeu traumaticamente a suave decolagem do jovem artista. Os filhos do Magnífico não tinham a envergadura do pai. Piero, o primogênito, era incapaz e dissoluto. Herdou o domínio de Florença e o perdeu em pouco tempo. Para o segundo, Giovanni, o futuro papa Leão X, Michelangelo iria realizar? 32 anos depois, a Capela dos Medici e as sete magníficas esculturas para os túmulos de Lorenzo e Giuliano, que estão na Igreja de São Lourenço, em Florença.
Para Michelangelo foi um período de desorientação. Ele já havia identificado os seus modelos artísticos, Masaccio, Donateilo e a escultura antiga. mas não tinha trabalho. Não podia voltar para casa, pois o pai nunca aprovou sua escolha profissional. Aproveitou a oportunidade para estudar Anatomia, acumulando noções que depois iriam se materializar nas milagrosas contorções musculares dos corpos de suas estátuas e afrescos. Aprendeu dissecando cadáveres - uma atividade ilegal que praticou graças à silenciosa cumplicidade do superior do Convento do Espírito Santo. Retribuiu oferecendo ao superior uma escultura de madeira, um crucifixo que só em 1963 foi reconhecido pela critica como parte de sua obra. A chance de recomeçar a trabalhar veio travestida de um embuste. Um conhecido, comerciante de arte. sugeriu que fizesse uma estátua simulando uma antiguidade romana e Ihe aplicasse uma pátina - camada esverdeada que se forma no bronze ou no cobre de objetos antigos - para fazer parecer que tivesse sido soterrada.
Aceitou o desafio e em poucos meses esculpiu um Cupido adormecido que, de mão em mão, acabou sendo vendido como antiguidade ao cardeal Riario, em Roma. Grande colecionador, o cardeal não engoliu a alegada antiguidade da obra, mas pagou o preço pedido em troca do nome do autor. Convocado pelo cardeal, o escultor desembarcou em Roma em 1496. Ali, começou a trabalhar para o banqueiro Jacopo Galli. que se tornou seu grande amigo e conselheiro financeiro. Influenciado pelo banqueiro, o cardeal francês Jean Villiers encomendou a Michelangelo a Pietà, que hoje está na Basílica de São Pedro, no Vatïcano, atrás de sólidos vidros que a protegem de atentados como o que quase a destruiu em 1972. Para escolher os modelos para a Pietà, o perfeccionista Michelangelo passou em revista a colônia hebraica de Roma, em busca de genuínas feições judaicas para Cristo e Maria.
De volta a Florença, uma república desde a deposição de Piero e a expulsão dos Medici, foi convocado para realizar a obra que simbolizaria a liberdade conquistada. Ele deveria esculpir um bloco de mármore de mais de 4 metros de altura, recusado por diversos artistas porque, com uma fenda bem no meio. era considerado inutilizável. O tema escolhido foi o personagem bíblico Davi, no momento em que decide combater Golias. A ação aparece na escultura ainda em potencial: o peso do corpo está apoiado na perna direita.cujos músculos estão contraídos pelo esforço, a funda repousa sobre o ombro. o rosto demonstra tensão. Em seus escritos, deixou evidente que aquela figura era uma projeção de si próprio.Por 18 meses, o artista combateu dia e noite com o mármore, para obter dele o que pretendia fosse o símbolo de um sentimento de apego à liberdade. Michelangelo queria "lembrar aos chefes da cidade que deveriam governá-la com justiça". A escultura foi completada em 1504 e a Comuna logo encomendou uma réplica em bronze. Sem dúvida, o artista tinha simpatias pelo novo poder, embora se declarasse cético quanto à política. Quase 25 anos mais tarde, quando o papa se aliou ao imperador da Espanha para destruir a República Florentina, Michelangelo foi nomeado membro do Comitê dos Nove da Milícia Florentina e. mais tarde, governador das fortificações da cidade. Quando a República caiu, em 1530, ele teve de se esconder até que o papa Clemente VII tacitamente o perdoou, fazendo-o voltar ao trabalho na Capela dos Medici. Valeu-lhe, ainda uma vez, a antiga condição de "homem dos Medici", tanto quanto a de artista incomparável.
Enquanto esculpia o Davi, Michelangelo recebeu de um amigo de infância, Agnelo Doni. a encomenda de uma pintura. Seria seu presente de casamento para a esposa Maddalena Strozzi. Michelangelo realizou o que Cesare Brandi - um dos mais respeitados críticos de arte da Itália neste século - definiu como a pintura mais importante da história da arte. O chamado Tondo Doni é um quadro redondo, com a sagrada família (José, Maria e o menino Jesus) em primeiro plano, São João Batista logo atrás, por detrás de um muro, e no fundo um grupo de nus, no melhor estilo clássico. Segundo Brandi, essa obra inaugurou um novo século na arte. A novidade está no espaço interno da pintura, que não se realiza num plano. mas numa esfera.Criou-se uma nova perspectiva, não mais linear com um ponto de fuga no infinito. O espaço infinito, que Leonardo da Vinci colocava ainda no horizonte, passou para dentro da figura. A perspectiva está dentro de Nossa Senhora, que ao se torcer sobre si mesma, com as pernas dobradas para a direita e o busto girando para a esquerda, mostra o corpo nas três dimensões. É o domínio da terceira dimensão que só um escultor pode ter.
Nessa mesma época fez o afresco da Batalha de Cascina, no Panteão dos Quinhentos, no Palazzo Vecchio. Esse trabalho acirrou sua rivalidade com Leonardo da Vinci, que estava pintando a Batalha de Anghiari na parede em frente. Com a eleição do papa Júlio II, começou para Michelangelo um intenso e torturado relacionamento artístico com o poder eclesiástico. Protetor das artes, esse papa foi mais um chefe de Estado do que chefe religioso. Quando Michelangelo Ihe perguntou se desejava sua estátua de bronze segurando um livro ou uma Bíblia, respondeu arrogante: "Ponha uma espada, pois não sou homem de literaturas". Para Júlio II, ele fez os afrescos da Capela Sistina e vários projetos para seu túmulo, que o papa sonhava tornar conhecido como a oitava maravilha do mundo. Esses projetos resultaram na escultura fenomenal de Moisés, que mereceu um estudo do pai da Psicanálise, Sigmund Freud, e numa permanente dor de cabeça para o artista, infernizado toda a vida pelos herdeiros do papa, que desejavam ver a obra concluída. Para o papa Leão X executou a Capela dos Medici, na Igreja de São Lourenço, em Florença, com sete esculturas. Para o papa Paulo III realizou os afrescos da Capela Paulina e o Juízo Final, na Capela Sistina, e foi encarregado de concluir a Basílica de São Pedro e refazer todo o projeto de sua cúpula.Em abril de 1508, quando iniciou a gigantesca tarefa de pintar os afrescos da Capela Sistina, estava com 33 anos. Quando Júlio II o convocou para essa empreitada, Michelangelo ousou recusar, alegando não ser pintor. Mas, depois de convencido, entregou-se à pintura como se estivesse possuído por um espírito sobrenatural. Irritado com a má qualidade do trabalho dos ajudantes que Ihe deram, dispensou todos e passou a trabalhar sozinho. Pintava o dia inteiro em pé, com as costas e o pescoço curvos para trás. Comia enquanto pintava. À noite desenhava os cartões com as figuras que seriam transferidas para o teto na manhã seguinte. Esgotado, caia na cama sem tirar os sapatos e dormia por poucas horas. Não via ninguém, nem os amigos florentinos que moravam em Roma.Natural que, nesse estado, se irritasse facilmente. O papa perturbava-o com visitas constantes, para perguntar pelo fim das obras. "Estará pronto quando eu acabar",respondia mal-humorado. O relacionamento com os papas, não apenas Júlio II, foi sempre muito difícil porque Michelangelo pretendia tratá-los de igual para igual, atitude impensável na época. Até porque seu trabalho valia tanto quanto o de qualquer outro artesão: sua arte era considerada um prodígio das mãos, não do intelecto. Com Michelangelo esse conceito absurdo começou a dar lugar à idéia do artista intelectual. que trabalha com a sensibilidade. Ainda assim, no embate com os pontífices quase sempre perdia, sendo obrigado a realizar obras que não desejava.Também a vida afetiva do artista era atormentada. Na sua grande produção poética, os únicos versos de grande conteúdo erótico, entre os mais bonitos de sua poesia, são dedicados ao nobre romano Tommaso de Cavalieri. Michelangelo o conheceu em 1532, pouco antes de receber a encomenda do Juízo final, Segundo o crítico Michele Cordaro, a homossexualidade não assumida de Michelangelo era certamente um elemento que tornava difícil seu relacionamento com os outros. E, de fato, em 1623, quase sessenta anos depois de sua morte, quando um sobrinho neto resolveu publicar seus poemas, suprimiu amplos trechos onde ficava evidente o erotismo homossexual. Talvez por causa dessa versão adulterada, apenas recentemente a poesia de Michelangelo começou a ser valorizada.O período em que trabalhou no Juízo Final (1533-1541), foi de grande tensão para a Igreja Católica. O francês Jean Calvino instaurou em Genebra a Reforma protestante, iniciada pelo alemão Martinho Lutero, excomungado quinze anos antes, e Inácio de Loyola fundou a Companhia de Jesus, o exército da Contra-Reforma. O momento histórico e emotivo da vida do artista, o sentimento e a reflexão sobre a morte que o dominavam, transpiram na ira de Deus, no gesto do Cristo judicante, figura central do Juízo Final. Cristo domina a cena de 17 metros de altura por 13 de largura com o braço direito erguido num terrível gesto, implacável, e o esquerdo mantido no ar, numa atitude benévola.Obedecendo a este movimento contestante, os corpos ressuscitados se precipitam de um lado para o abismo e de outro ascendem para a redenção. Depois do Juízo Final, realizou dois afrescos para a Capela Paulina, que encerraram sua carreira de pintor. Ele mesmo anunciou isso em carta ao amigo e biógrafo Giorgio Vasari, afirmando que a pintura não é atividade para velhos. Michelangelo tinha então 75 anos. A partir daí, mesmo a escultura se tornou uma atividade íntima, uma meditação sobre a própria morte.Os últimos trabalhos, como suas últimas pietàs, foram realizados para si mesmo, não eram encomendas. Abandonados o cinzel e a palheta, dedicou seus últimos anos à Arquitetura e à Urbanística, como arquiteto-chefe da construção da Basílica de São Pedro. Redesenhou a Praça do Capitólio, em Roma, criou uma nova escadaria para o edifício central e colocou no centro a estátua eqüestre romana do imperador Marco Aurélio. No fim da vida, realizou urna das suas obras primas como arquiteto, quase um testamento artístico. Transformou as ruínas de uma parte das termas do imperador Diocleciano na Igreja de Santa Maria dos Anjos. Com pouquíssimas mudanças, virou pelo avesso um monumento pagão, transformando-o num verdadeiro monumento cristão.No dia 14 de fevereiro de 1564, pouco antes de completar 89 anos, Michelangelo aparentemente sofreu um derrame. Na tarde do dia 18, o cardeal Salviati administrou-lhe os últimos sacramentos. Poucos amigos estavam ao lado de seu leito. Sua última confissão antes de morrer foi digna da condição de maior artista do Cristianismo. " Eu sinto", disse ao cardeal Salviati, "não ter feito o suficiente para a salvação da minha alma e morrer justamente quando estava começando a aprender o alfabeto da minha profissão".

Restaurar ou não restaurar?

"Eu digo que a pintura me parece tanto melhor quanto mais tende para a escultura e a escultura tanto pior quanto tende para a pintura"Essa frase de Michelangelo foi sempre lembrada pelos críticos de arte tradicionais que contrapunham seu trabalho ao de Ticiano e à pintura veneta. Michelangelo era o herdeiro da tradição florentina, em que dominavam o desenho e a capacidade de dar o senso de plasticidade, de volume, sobre uma superfície plana. A tal ponto que uma das criticas que se fazia a ele era a de ser escultor até quando pintava, criando volumetrias muito pronunciadas e sem valorizar as cores.A essa visão, os críticos opunham Ticiano, o pintor da cor, das atmosferas esfumadas. Para eles, o escândalo da restauração dos afrescos da Capela Sistina foi a descoberta das cores, por baixo de uma pátina de séculos de fumaça de velas. Os críticos que não aprovam a restauração alegam que ela tirou a "repassada" a seco que o próprio Michelangelo tinha dado para escurecer as cores. Existem provas que contrariam essa teoria. Por exemplo, descobriu-se uma fenda nos afrescos, aberta depois de sua conclusão por Michelangelo. Para consertá-la, usaram se pedacinhos do afresco. Essas casquinhas foram descobertas há pouco e têm as mesmas cores que apareceram nos afrescos, após a restauração.O mais importante é que as cores da Sistina restaurada não são uma novidade na obra de Michelangelo. A gama cromática é a mesma que aparece no Tondo Doni. Têm as mesmas justas posições de cores dissonantes, de verde e amarelo, de vermelho e amarelo, de verde e vermelho, de rosa e verde.Mas essa não foi a única, nem talvez a mais importante, polêmica criada em torno do fantástico trabalho. Em 1559, o zelo contra-reformista do papa Paulo III levou-o a ordenar ao amigo de Michelangelo, Daniele da Volterra, que cobrisse com roupas algumas das figuras nuas do Juízo Final. A Igreja nunca admitiu a tolice do atentado, mas o pobre Volterra pagou em vida o ridículo do trabalho feito: os romanos logo o apelidaram 11 Brachettone (fabricante de calções). A amizade, no entanto, resistiu, e ele acabou realizando o melhor retrato de Michelangelo que se conhece, em bronze, depois de haver preparado uma máscara mortuária do extraordinário mestre.





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domingo, 28 de abril de 2013

Vírus que atacou usinas do Irã tem pelo menos quatro 'primos'


Vírus que atacou usinas do Irã tem pelo menos quatro 'primos'



Stuxnet atacou usinas do Irã (Foto: AP)

Stuxnet é parte de cinco armas cibernéticas, diz empresa de segurança.
Especialistas acreditam que EUA ou Israel tenham criado o vírus.


O vírus Stuxnet, que em 2010 prejudicou o programa nuclear do Irã, é provavelmente parte de um conjunto de cinco armas cibernéticas cujas origens remontam a 2007, de acordo com novas pesquisas do grupo russo de segurança na computação Kaspersky Labs.

Especialistas em segurança acreditam que os Estados Unidos e Israel sejam responsáveis pela criação do Stuxnet, embora os dois países se recusem a comentar o assunto oficialmente.
Um porta-voz do Pentágono se recusou na quinta-feira (29) a comentar sobre a pesquisa da Kaspersky, que não aponta quem pode ter sido o responsável pelo Stuxnet.

O Stuxnet já foi conectado a um outro vírus, o cavalo de Tróia Duqu, que rouba dados, mas as pesquisas da Kaspersky sugerem que o programa de armas cibernéticas dirigidas contra o Irã pode ser muito mais sofisticado do que se imaginava anteriormente.

O diretor mundial de pesquisa e análise da Kaspersky, Constantin Raiu, disse à Reuters na quarta-feira (28) que sua equipe havia recolhido provas que demonstram que a mesma plataforma usada para criar o Stuxnet e o Duqu também havia sido empregada para desenvolver outras três formas de malware.
Raiu disse que a plataforma é formada por um grupo de módulos compatíveis de software criados para funcionar juntos, cada qual com funções diferentes. Os criadores podem criar novas armas cibernéticas ao acrescentar e remover módulos.

"É como brincar com Lego: os componentes podem ser montados como você preferir como uma casa, um robô ou um tanque de guerra", disse.
A Kaspersky deu à plataforma o nome "Tilded", porque muitos dos arquivos no Duqu e Stuxnext tem nomes iniciados por um til – "~" – e pela letra "D".

Os pesquisadores do Kaspersky não encontraram novos tipos de malware criados com a plataforma Tilded, disse Raiu, mas estão certos de que existem porque componentes compartilhados pelo Stuxnet e Duqu parecem estar procurando por seus "parentes".

Quando uma máquina é infectada pelo Duqu ou Stuxnet, os componentes compartilhados da plataforma buscam por duas chaves de registro únicas usadas pelo Duqu e Stuxnet no computador, e as usam para carregar o malware na máquina, afirmou.





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domingo, 28 de abril de 2013

Cientistas usam scanner 3D para conseguir tocar discos de 125 anos


Cientistas usam scanner 3D para conseguir tocar discos de 125 anos



Disco continha gravação de Alexander Graham Bell.
Técnica faz imagens em alta definição do disco de vinil.



Cientistas da biblioteca nacional Lawrence Berkley, nos Estados Unidos, usaram um scanner 3D para conseguir recuperar e reproduzir as gravações de discos com 125 anos de idade.

Segundo os cientistas, os discos escaneados possuem gravações de Alexander Graham Bell quando ele e colegas tentavam melhorar a qualidade dos dispositivos de som no final do século XIX. Bell enviou as gravações para serem guardadas no museu Smithsonian, mas não mandou um aparelho para reproduzi-las. Por conta disso, o conteúdo dos discos nunca foi ouvido.

Um sistema chamado IRENE/3D conseguiu escanear os discos que já estavam se degradando e tocar o seu conteúdo. O sistema não utiliza nenhuma ferramenta que toca no disco, o que poderia danificá-lo. São feitas fotografias em alta definição do disco e erros das imagens digitais são removidos por especialistas em restauração. Uma agulha virtual reproduz o som da foto.

O Smithsonian possui cerca de 400 discos com diversos tipos de conteúdo como pessoas recitando textos de Shakespeare, por exemplo. Com a tecnologia, será possível restaurar as peças e escutar gravações com mais de 100 anos.

Os cientistas afirmam que a tecnologia pode ser disponibilizada ao público nos próximos anos.





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domingo, 28 de abril de 2013

Museu encontra pela 1ª vez áudio com voz do cientista Graham Bell


Museu encontra pela 1ª vez áudio com voz do cientista Graham Bell


Disco de cera encontrado no Smithsonian, nos Estados Unidos, com a gravação da voz do inventor Alexander Graham Bell (Foto: Richard Strauss/Museu Smithsonian/AP)

Graham Bell, considerado inventor do telefone, fez gravação em 1885.
Transcrição feita em disco de cera ajudou na identificação.


Pesquisadores do Museu Nacional de História Americana anunciaram nesta quarta-feira (24) que identificaram pela primeira vez a voz do cientista Alexander Graham Bell, considerado o inventor do telefone, em algumas gravações de áudio que pertencem ao Instituto Smithsonian, dos Estados Unidos. O museu norte-americano abriga as primeiras gravações feitas na história.

A descoberta ocorreu com a ajuda de técnicos da Biblioteca do Congresso e do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, da Califórnia.
Desta vez, os pesquisadores encontraram uma transcrição assinada por Bell e um disco de cera que leva as iniciais "AGB", datado de 15 de abril de 1885. No áudio, o inventor diz “ouçam a minha voz, Alexander Graham Bell”.

O museu também identificou a voz de Alexander Melville Bell, pai de Graham Bell, em uma gravação de 1881. Os equipamentos foram depositados no Smithsonian pelo inventor para o caso de disputa por patentes.


Disco de cera é datado de 1885 (Foto: Richard Strauss/Museu Smithsonian/AP)





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domingo, 21 de abril de 2013

FOTOS: Invasão após rebelião no Carandiru deixou 111 mortos.


FOTOS: Invasão após rebelião no Carandiru deixou 111 mortos

Massacre ocorrido há 21 anos.





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domingo, 21 de abril de 2013

Infográfico traz os 10 tipos de usuários mais chatos nas redes sociais


Infográfico traz os 10 tipos de usuários mais chatos nas redes sociais

Um levantamento realizado no Reino Unido pelo daily mail com cerca de 1.800 pessoas foi base para se traçar os tipos mais chatos de usuários nas redes sociais. A pesquisa tinha o intuito de averiguar, na opinião das pessoas entrevistadas, quais eram os tipos de publicações nesses canais que mais incomodavam. Por aqui a agência digital iinterativa elaborou um infográfico com base na pesquisa britânica e listou os 10 tipos de usuários mais chatos que atuam nas redes sociais. Confiram:





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sábado, 20 de abril de 2013

Globo retira links do Facebook: o que isso significa?



Globo retira links do Facebook o que isso significa ?



Analistas de mídias sociais logo ficaram em polvorosa e há os que concordam e os que discordam da atitude da Globo.com. Vamos conhecer seus argumentos e, ao final, minha opinião.

Notícia de que a Globo retirou seus links do Facebook dá sinais importantes para o mercado web e sobre como está se desenhando o futuro da Internet. Entenda aqui.

Uma notícia interessante surgiu hoje nos meios de comunicação e mídias sociais. As organizações Globo, ou ao menos sua parte atuante na internet, o portal Globo.com, resolveu retirar seus links do Facebook, como forma de forçar seus visitantes a não se acomodarem a receber o título das matérias no Facebook e voltarem a acessar o portal pela home. Agora, todos os usuários que lerem uma chamada na rede social de Mark Zuckerberg terão que acessar o portal do veículo em questão para ler a notícia. Segundo o site Meio e Mensagem, um dos principais motivos da atitude é a queda de audiência, por conta do Facebook.

A assessoria de comunicação da Globo afirmou que a empresa não está saindo do Facebook e nem de nenhuma outra rede social. “Só que permanentemente revemos a melhor forma de estar nestas plataformas”, afirmou. Os perfis dos veículos da Globo no Twitter e GooglePlus continuam lá, com links que redirecionam os usuários para o portal. Ao que parece, é uma nova estrategia da empresa no segmento da Internet.


A Globo acertou ao retirar os links do Facebook?
Os argumentos dos analistas a favor da decisão da Globo são:

- Uma empresa desse porte não toma decisões baseadas em “achismo”. Eles tem números, pesquisas, dados e fatos que são devidamente estudados por uma equipe competente antes de tomar qualquer atitude desse porte. E com certeza esses números e fatos embasaram essa decisão

- Hoje em dia muitas pessoas que querem notícias alheias procuram no Facebook. Por exemplo, a morte do cantor Chorão, do C.B. J. – Quantos souberam através do Facebook e quantos tem costume de entrar num portal e navegar pelas principais notícias? As pessoas apenas lêem o tópico, subtítulo e não entram na notícia do portal. O Facebook cada vez mais absorve a Internet para dentro de si, e ficar atrelado a esse modelo é altamente arriscado.

- Os portais, produtores e distribuidores de conteúdo de diversos formatos já tem diversas iniciativas de lidar (seja o resultado final bom ou ruim) não apenas com o uso indevido de suas propriedades mas também como cada um trabalha sua política editorial (que varia de produto pra produto, às vezes) e estão observando como isso tende a impactar no negocio no médio e longo prazo. Ou seja, a Globo sinaliza, até mesmo para o mercado, que é preciso pensar a longo prazo nesse sentido.

- O link no Facebook “facilita” o acesso ao conteúdo, e isso diminui o número de páginas por visita e a duração média da visita no site, pois a maioria só entra pra ver o link que clicou e sai em seguida. No fim de tudo, diminui a exposição dos anunciantes, ou seja, diminui a lucratividade.



A Globo errou ao retirar os links do Facebook?
Bom, por outro lado, alguns analistas acham que as organizações Globo erraram e justificam:

- O grande problema é que a Globo.com está sozinha nessa decisão, enquanto que seus concorrentes como UOL, Terra e outros continuam lá, divulgando seus links e sem acenar para uma possível atitude de fazer o mesmo que fez a Globo.

- O Facebook é unanimidade quando se fala em redes sociais, e participar menos dessa rede pode ser um tiro no próprio pé, pois a marca será cada vez menos lembrada pelos Internautas, que são cada vez mais preguiçosos para abandonarem o Facebook e navegarem em outros sites. Quantas horas por dia você leitor passa na Internet? Quantas delas fora do Facebook?

- Se partimos do principio que essa medida é correta, então os outros portais estão errados? Acho que não. Acredito que é um teste, e depois de um tempo eles verão se vale a pena ou não estar presente no Facebook. Vai de cada empresa.

- As redes sociais estão aí e não vão embora. Se e quando o Facebook acabar, vamos migrar para outra plataforma. Não faz sentido essa medida, se logo haverá outra rede, suscitando o mesmo debate.

- Houve um tempo em que a Globo decidiu criar um microblog próprio, à imagem e semelhança do Twitter – e que fracassou, evidentemente. Agora, resta saber o que vem por aí.

Minha opinião – A Globo errou ou acertou?
Como foi dito, uma empresa desse porte não toma uma decisão importante assim sem se basear em números, que certamente apontaram para, ao menos, fazer um teste com essa abolição dos links no Facebook. Um ponto importante: embora muitos critiquem a atitude da Globo, é fato que o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, já declarou várias vezes que a intenção do Facebook é agregar tudo em uma só plataforma, para que cada vez menos as pessoas precisem sair dele. Se pensarmos nisso, a atitude da Globo faz todo sentido. Se pensarmos em termos de mercado, faz mais sentido ainda, afinal, como medir a conversão dessas visitas vindas do Facebook? A visita pode ter vindo de um grupo, de uma fanpage ou de um perfil de alguém e fica difícil medir a atuação da empresa na rede ou quantificar isso em um midia kit para os anunciantes. Faz muito mais sentido investir em AdWords, por exemplo do que permanecer no Facebook. Será um usuário que só clicou no link, entrou e saiu na hora, deixando pra trás uma taxa de rejeição alta de presente.

O mais importante nesse momento é notar o que farão os grandes portais. E sim, caro webmaster ou blogueiro, apesar de não parecer, isso te afeta totalmente. É uma hora excelente para repensar suas atuações nas redes sociais, ou até pensar se de repente o Facebook não está roubando tráfego do seu site?, e como é possível reverter isso.

FONTE: http://mestredossites.com.br/2013/04/globo-retirou-seus-links-do-facebook-o-que-isso-significa-na-pratica/

C=225.063





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sábado, 20 de abril de 2013

As 10 maiores igrejas cristã do mundo


As 10 maiores igrejas cristã do mundo


Grandes feitos, protagonizado pela maior religião do mundo com mais de 2 bilhões de cristãos.
A humanidade herdou grandes obras seculares com arquiteturas marcantes e riquíssimas em detalhes históricos.
Caminhando pela fé, os devotos não veem como uma simples construção, mas enxergam como um lugar sagrado. Para expressar cada vez mais esse pensamento, as igrejas são feitas de materiais sagrados, lugares de aparições/enterros, e nos mais diversos estilos.
Não cabe a nós definir as 10 maiores, pois os critérios são muitos e pode deixar a vaga sensação definitiva. Os critérios podem ser por área, volume, comprimento, largura, altura e / ou capacidade, embora o último é muito mais subjetivo.
Para colaborar na classificação, optamos por seguir a lista divulgada pelo Wikipédia.


Basílica de Nossa Senhora da Paz, Costa da Marfim:



Basílica do Sagrado Coração, Bélgica:


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Basílica da Santíssima Trindade, Portugal:



Santuário de Nossa Senhora de Lichen, Polônia:



Catedral de Liverpool, Reino Unido:



Catedral de Milão, Itália:


Catedral de São João o Divino, Estados Unidos:



Catedral de Sevilha, Espanha:



Basílica de Nossa Senhora Aparecida, Brasil:



Basílica de São Pedro, Vaticano:





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sábado, 20 de abril de 2013

Árvore resiste no meio de milhares de pneus usados na França



Árvore resiste no meio de milhares de pneus usados na França


Árvore resiste no meio de milhares de pneus usados (Foto: Eric Cabanis/AFP)

Pneus foram abandonados em área de reciclagem.
Empresa de reciclagem de pneus usados foi fechada em 2004.



Uma árvore foi fotografada nesta terça-feira (16) no meio de milhares pneus usados ??em uma área de uma ex-empresa de reciclagem em Lachapelle-Auzac, na França. A fábrica de reciclagem de pneus usados ??foi fechada em 2004, mas os pneus não foram retirados.



Empresa de reciclagem de pneus usados ??foi fechada em 2004 (Foto: Eric Cabanis/AFP)





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sábado, 20 de abril de 2013

Cientistas põem chips em formigas e descobrem divisão de funções



Cientistas põem chips em formigas e descobrem divisão de funções


Cientistas colaram chips em formigas e descobriram que insetos se dividem em classes sociais (Foto: Alessandro Crespi/Science)

Insetos se separam em três 'classes' distintas em uma mesma colônia.
Ainda que ocupem o mesmo espaço, a comunicação entre elas é restrita.


Cientistas da Universidade de Lausanne, na Suíça, analisaram formigas da espécie Camponotus fellah e descobriram que em uma mesma colônia, aquelas chamadas de operárias se dividem em três grupos sociais que desempenham funções diferentes: algumas trabalham como enfermeiras da rainha e dos filhotes; outras se ocupam com a limpeza da colônia, enquanto as demais saem em busca de comida.

Segundo o estudo publicado nesta quinta-feira (18) na revista "Science", os biólogos marcaram com chips formigas de seis colônias, cada uma com mais de cem espécimes. Elas foram colocadas em recintos planos e sua movimentação foi gravada por uma câmera instalada em cima do recipiente.

Um computador reconhecia automaticamente a trajetória de cada uma delas. Foram mais de 41 dias de gravações, com a coleta de 2,4 bilhões de leituras e 9,4 milhões de interações entre as formigas.
A partir dessas informações, os pesquisadores descobriram que 40% das operárias eram enfermeiras, quase sempre ficando com a rainha e sua prole. Outros 30% das formigas eram responsáveis por reunir alimentos para a colônia, já que estavam quase sempre na entrada do ninho. Já os outros 30% restantes eram responsáveis pela limpeza e ficavam muito próximas de montes de lixo da colônia.

Mapa de calor
A equipe de pesquisadores liderada por Danielle Mersch criou um “mapa de calor” a partir dos equipamentos implantados nas formigas, que rastrearam a movimentação dos insetos. Esse mapa mostrou que as formigas enfermeiras e abastecedoras de alimentos quase não se misturam, mesmo que a entrada da colônia e o ninho fiquem próximos.

As responsáveis pela limpeza são as que mais se dispersam, patrulhando todo o local e interagindo com as outras duas “classes”. Segundo os cientistas, esse isolamento pode ajudar a evitar a propagação de doenças e parasitas.

'Ascensão social' e restrição de contato
Ainda segundo o estudo, as formigas “mudam de emprego” na medida em que envelhecem. As enfermeiras são normalmente exemplares mais jovens que as “limpadoras”, que, por sua vez, têm menos idade que as formigas caçadoras de alimentos.
As abelhas passam por transições semelhantes – saindo do posto de enfermeiras, que assumem quando têm menos idade, e rumam para o posto de reabastecedoras de alimentos quando mais velhas.
No entanto, o estudo publicado na “Science” ainda não deixa claro como funciona a transição de "cargos", já que foi possível identificar formigas mais velhas nas funções que seriam, em princípio, para as mais jovens.


As operárias se dividem em três categorias: enfermeiras, abastecedoras de alimentos e responsáveis pela limpeza. Além disso, ela "mudam de emprego" à medida que vão envelhecendo (Foto: Alessandro Crespi/Science)





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sexta-feira, 19 de abril de 2013

Fã cria máquina que reúne 15 consoles em apenas um aparelho


Fã cria máquina que reúne 15 consoles em apenas um aparelho


Com retrocompatibilidade, a Unity roda jogos de 18 consoles diferentes


O modder Bacteria, que é especialista em alterar hardware para games, realizou o sonho de inúmeros jogadores nostálgicos espalhados pelo mundo. Ele criou console "retrô" definitivo, combinando 15 consoles em apenas uma máquina, que pode ser operada com apenas um controle.


O projeto foi convenientemente batizado de Unity. Ele traz compatibilidade com o Atari 7800, vários consoles da Sega e da Nintendo, assim como o Playstation 2. Com a retrocompatibilidade de alguns consoles, a Unity é capaz de rodar jogos de 18 consoles diferentes.


Os consoles são:

- Armstrad GX1000
- Atari 7800 (roda jogos do Atari 2600)
- Colecovision
- Intellivision
- NEC TurboGrafx X
- NeoGeo MVS
- Nintendo Entertainment System (NES)
- Nintendo Gamecube (roda jogos do GameBoy Advance)
- Nintendo 64
- Sega Dreamcast
- Sega MegaDrive
- Sega Master System
- Sega Saturn
- Sony PlayStation 2 (roda jogos do PlayStation 1)
- Super Nintendo (SNES)

Segundo o criador, foram necessárias 3,5 mil horas (equivalente a 145 dias inteiros) trabalhando neste projeto específico, espalhadas por três anos. Ele custou cerca de 700 libras esterlinas (cerca de R$ 2,1 mil) para ser produzido. A Unity pesa cerca de 20 quilos e tem dentro de si aproximadamente 300 metros de cabos.

Infelizmente, a Unity não está a venda. O Bacteria afirma que apenas uma unidade do superconsole foi produzida.

Confira o processo de produção no vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=p9AY_xQre9M

FONTE:
http://olhardigital.uol.com.br/jovem/games/noticias/fa-cria-maquina-que-reune-15-consoles-em-apenas-um-aparelho





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terça-feira, 16 de abril de 2013

Caverna multicolorida surpreende cientistas


Caverna multicolorida surpreende cientistas na Venezuela


Caverna de Imawarí Yeutá, descoberta na Venezuela (Foto: Divulgação/La Venta, Theraphosa/via BBC)

Formação gigante de quartzito teria 25 quilômetros de galerias, cachoeiras e lagos, além de diversas espécies evoluindo em isolamento.


O venezuelano Freddy Vergara, um dedicado espeleólogo -- estudioso de grutas e cavernas --, não esconde seu entusiasmo ao descrever a maravilha cromática que seus olhos testemunharam pela primeira vez em março, quando ele participou dos trabalhos iniciais de exploração da caverna de Imawarí Yeutá, localizada na colina de Auyantepuy, no sudeste da Venezuela.

Esse não é um lugar qualquer: trata-se de uma caverna de quartzito -- material com alto conteúdo de quartzo -- encrustada em uma formação rochosa conhecida como "tepui" - uma enorme montanha em formato de 'mesa', com um grande platô em seu topo em vez de um pico.

Ela foi descoberta no dia 13 por uma equipe multidisciplinar formada por venezuelanos do grupo Theraphosa e italianos do La Venta e pode ser a maior de seu tipo no mundo -- embora mais análises precisem ser feitas para que isso seja confirmado.

A expedição que localizou a impressionante caverna venezuelana foi organizada dois anos depois que uma fissura em uma grande estrutura rochosa foi avistada em Auyantepuy em 2011 pelo piloto de helicóptero Raul Árias. "Fomos ao local para explorar o que havia e encontramos um monstro lá embaixo", disse Freddy Vergara, do grupo Theraphosa. "Você fica sem palavras só de olhar para a caverna".

Formação rochosa
Até algumas décadas atrás, a comunidade científica acreditava que o surgimento de cavernas em rochas de quartzito não era possível pelo fato de essas estruturas serem muito compactas e firmes, semelhantes a cristais -- o que dificulta a erosão por fatores como água ou vento.

Em geral, a formação de cavernas é comum em estruturas de carbonato de cálcio, argila e conchas marinhas que no passado formavam o fundo de oceanos. Para se ter uma ideia, segundo Vergara, enquanto a erosão de cem metros de carbonato de cálcio leva cem anos, no mesmo período obtêm-se a erosão de apenas um metro de quartzo.

Por isso, acredita-se que a Imawarí Yeutá seja uma caverna de origem "bacteriológica".
"[Esse tipo de formação] é produzido pela ação de bactérias que vivem em condições extremas e, de alguma forma, conseguem enfraquecer o núcleo do quartzito e torná-lo arenoso, fazendo que fiquem mais sujeitos à erosão e formem essas estruturas maravilhosas, vivas", diz Vergara.
Dentro das câmaras, salões e galerias multicoloridas da caverna diversas formas de vida também evoluem em total isolamento.
Além de diferentes tipos de bactérias, também foi encontrada na Imawarí Yeutá uma espécie de pássaro de caverna que caminhava pelo chão -- comportamento que nunca havia sido observado para indivíduos dessa espécie.

Exploração
O nome indígena da caverna, Imawarí Yeutá, designa uma espécie de duende e protetor da montanha na mitologia da etnia pemón.
Segundo os espeleólogos, ela pode ter até 25 quilômetros no total e tem salões que chegam a medir 130 metros de largura por 200 metros de comprimento.
Não é a toa, portanto, que a primeira expedição para tentar mapeá-la foi um tanto complicada.
Os espeleólogos desceram cerca de 60 metros por uma corda de rapel, passando entre fendas e rachaduras antes de começar a caminhar.

No total, os trabalhos de exploração duraram 15 dias e envolveram 14 pessoas. Árias, o piloto que localizou a entrada da caverna, visitou a Imawarí Yeutá como um "convidado especial" da equipe de cientistas. Ele descreve o que viu como "um fantástico mundo de cachoeiras, lagos e estalactites coloridas" submersos em uma escuridão completa, mas que ganham vida quando iluminados artificialmente. Árias disse à BBC que já identificou outras cavernas com voos de helicópteros. Piloto experiente, ele costuma trabalhar com turistas, cineastas, exploradores e até famosos -- certa vez levou o ator Harrison Ford para conhecer algumas das belezas naturais da Venezuela.

"Quando vejo formações estranhas ou aberturas nas rochas, dou voltas no ar para tentar determinar do que se trata. Já identifiquei outras seis cavernas que ainda precisam ser exploradas", contou.





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terça-feira, 16 de abril de 2013

Os 10 melhores filmes de guerra de todos os tempos


Os 10 melhores filmes de guerra de todos os tempos


Temos a responsabilidade de eleger os melhores filmes de guerra já feitos. Como sempre, nósnos baseamos nas maiores bilheterias arrecadas ao longo do tempo. Isso inclui todo tipo de direito autorais relacionado ao filme. A nossa fonte dos dados é site mais especializado nesse nicho (Boxofficemojo.com).
Vale lembrar que não é opinião dos editores, e sim de milhares de pessoas que contribuíram ao assistir o filme, nos cinemas, DVD’s, etc.


O resgate do soldado Ryan

TRAILER:
http://www.youtube.com/watch?v=HjrhaGshrpI



Pearl Harbor

TRAILER:
http://www.youtube.com/watch?v=ZqkwT3x-Fa4



Bastardos Inglórios (Sacanas Sem Lei)

TRAILER:
http://www.youtube.com/watch?v=w1O5LThfp7w



O patriota

TRAILER:
http://www.youtube.com/watch?v=LCKmzLzYkjo



A lista de Schindler’s

TRAILER:
http://www.youtube.com/watch?v=93k16-EI2dM



Operação Valquiria

TRAILER:
http://www.youtube.com/watch?v=Xj8W7SlWVLs



Falcão Negro em Perigo

TRAILER:
http://www.youtube.com/watch?v=U5HAWZQ6Weo



Platoon

TRAILER:
http://www.youtube.com/watch?v=pPi8EQzJ2Bg



U-571

TRAILER:
http://www.youtube.com/watch?v=2imOf6-H3tI



Apocalipse Now

TRAILER:
http://www.youtube.com/watch?v=hidYhSXkB_o



FONTE: Boxofficemojo.com





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terça-feira, 16 de abril de 2013

Brasil é último colocado em ranking sobre pouco retorno dos impostos


Brasil é último colocado em ranking sobre pouco retorno dos impostos



Pesquisa do IBPT avaliou as 30 nações com as maiores cargas tributárias.
Brasil é o que oferece o menor retorno em serviços públicos de qualidade.


Entre os 30 países de maior carga tributária do mundo, Brasil é o que oferece o menor retorno em serviços públicos de qualidade à população, mostra pesquisa divulgada nesta terça-feira (16) pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (BPT) Esta é a quarta vez seguida que o país aparece no último lugar no ranking que relaciona volume de impostos à qualidade de vida.


Para chegar ao índice de retorno, o IBPT considerou a carga tributária dos países em 2011, de acordo com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 2012, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que considera nível de educação, renda e expectativa de vida.


Os Estados Unidos aparece no primeiro lugar como provedor de serviços públicos de qualidade à população, como saúde, educação, segurança, transporte e outros. Na sequência, estão Austrália e Coreia do Sul. Em 2011, a Austrália tinha ficado na liderança.
O Brasil permaneceu na 30ª posição do ranking porque terminou 2011 com carga tributária de 36,02% do PIB, e ocupa apenas a posição de número 85 no IDH.
Nas últimas posições do rankimg, à frente do Brasil, aparecem Dinamarca (29ª posição), França (28º) e Finlândia (27ª).
"O Brasil continua na retaguarda em termos de qualidade dos serviços públicos, perdendo para os países vizinhos Uruguai e Argentina, que ocupam, respectivamente, a 13ª e a 21ª posições no ranking", destacou o estudo.
Para o presidente do IBPT, João Eloi Olenike, o estudo reforça a necessidade de cobrar dos governos federal, estaduais e municipais uma melhor aplicação dos recursos arrecadados para que o volume de impostos cobrados da população seja revertido em serviços público de qualidade, como fazem as demais nações.
"É importante que se diga que todos os cidadãos brasileiros pagam impostos, mesmo aqueles que estão isentos do IPTU e do Imposto de Renda das Pessoa Física, porque consomem produtos e serviços que têm uma alta carga tributária embutida, mesmo aqueles de primeira necessidade, como: arroz (17,24%), feijão (17,24%), carne (23,99%), pasta de dente (31,37%), caderno escolar (34,99%) e outros“, afirma.

FONTE: http://g1.globo.com/economia/noticia/2013/04/brasil-e-ultimo-colocado-em-ranking-sobre-pouco-retorno-dos-impostos.html





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domingo, 14 de abril de 2013

Russo, de 82 anos, mantém casamento com mulher meio século mais jovem



Russo, de 82 anos, mantém casamento com mulher meio século mais jovem e não pensa em parar: 'Vou morrer na Globo'



Na casa dele, o casal de passarinhos se chama Carminha e Tufão, e a cadela vira-lata atende pelo nome de Nina. "Essa aí foi o Chacrinha que me deu", diz o mais famoso contrarregra da TV, logo corrigido pela mulher Adriana: "Chacrinha já morreu faz tempo. Essa foi presente do nosso amigo Sérgio". Apesar de traído pela memória, Russo continua, aos 82 anos, na ativa. E fazendo graça. "Sou bom em levar microfone para as pessoas. Para dar entrevista sou muito ruim. Estou nervoso", avisa ele, assim que recebeu a equipe do Extra, de camisa social dentro da calça e chapeu panamá para ficar bonito nas fotos.



Na noite anterior à nossa chegada, ele e a mulher admitem que ensaiaram para dar entrevista. "Treinamos as perguntas e as respostas. Não quero que ele pareça triste como da outra vez. Não quero que tenham pena dele", confessa Adriana, referindo-se ao encontro com este colunista que vos fala, para uma outra reportagem, quase nove anos atrás. Não dá para sentir pena de Russo, só admiração. São mais de 50 anos de televisão, sendo 45 só de TV Globo. Ele ficou famoso ao lado de Chacrinha e é testemunha, privilegiada, da história da televisão. Todos os dias, levanta cedo e sai de Vicente de Carvalho, subúrbio do Rio, em direção ao Projac. São quase duas horas de viagem e dois ônibus. "Chego tarde em casa porque vou parando para falar com as pessoas. Recebo muito carinho do povo. Quase não consigo andar. Falo e atendo com o maior prazer. Todo mundo está no meu coração. Só carona que não me dão", brinca, meio queixoso.



Nos últimos anos, ele tem aparecido pouco na TV. Recentemente trabalhou no "Big Brother" e estará na equipe do "The voice". "Meu sonho era voltar a trabalhar com o Luciano Huck, mas não dá mais para mim. Não posso pegar mais peso", conta. Há dois anos, Russo teve um enfarto, colocou cinco pontes de safena e passou dois meses internado. Há 15 dias, sua pressão subiu a 28 e precisou ser socorrido às pressas num hospital próximo ao estúdios. Adriana, sua mulher, saiu de casa correndo para ficar com ele. Dois dias depois, lá estava ele de volta ao trabalho. "Vou morrer na Globo", acredita um dos funcionários mais antigos da emissora.



Adriana, 50 anos mais jovem, conta que o médico recomendou mesmo que ele, aposentado desde os 65, não parasse de trabalhar. Eles já estão juntos há bastante tempo, desde que o filho mais novo dela, hoje com 9 anos, nasceu. Em 2006, oficializaram a união num cartório. Russo e a mulher se conheceram na época em que ele trabalhava com Xuxa. Ela, fã da apresentadora, começou uma amizade com o famoso contrarregra, de olho no passe livre para o programa. A amizade virou casamento. Mãe de uma menina e grávida de um menino, os dois frutos de outro casamento, eles decidiram morar juntos. Atualmente, vivem os quatro numa casa alugada, de dois andares, nos fundos de um terreno. Pagam R$ 600 de aluguel. "Queria ter uma casa, mas não consigo. Mas nunca pedi ajuda a ninguém para isso", lamenta Russo.



A ajuda vem em forma de pequenos agrados que os amigos famosos dão. "Gosto de ir nos fins de semana para o sítio do Zeca Pagodinho. Ele me dá R$ 100 e diz que é para eu comprar um peru para fazer em casa. De vez em quando o Luciano Huck também molha a minha mão, mas a Angélica não...", entrega ele, dando tchauzinho com a mão fechada. Com a morte de Chacrinha, em 1988, o apresentador do "Caldeirão" virou seu patrão favorito: "Ele é um cara amigo pra caramba". Mas ninguém vai substituir o Velho Guerreiro. "Ele não pode ver as reprises do 'Cassino do Chacrinha' no canal Viva que chora", diz sua mulher. Russo concorda: "Sou um cara manhoso. Sinto muito falta dele. Às vezes, não era fácil o convívio. Chacrinha se aborrecia com os outros e descontava em mim. Até uns socos ele me deu. Mas nunca haverá um cara como ele".



Mas, que fique claro, não foi nesses rompantes do Velho Guerreiro que Russo perdeu os dentes (a falta deles virou sua marca registrada). Nascido em Santa Catarina, mas criado em Caxias, na Baixada Fluminense, ele começou a trabalhar cedo como palhaço de circo. Foi caindo do trapézio que sua dentição foi embora. Nunca pensou em colocar os dentes de volta. Mesmo assim, seguiu sorrindo: "Acho que Deus gosta de mim. Sou um cara realizado no que faço. Se um dia a Globo me mandar embora, eu morro".



FONTE: http://extra.globo.com/famosos/russo-de-82-anos-mantem-casamento-com-mulher-meio-seculo-mais-jovem-nao-pensa-em-parar-vou-morrer-na-globo-8104118.html





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domingo, 14 de abril de 2013

As 10 Maiores Universidades do Mundo



As 10 Maiores Universidades do Mundo

O que a pouco mais de 10 anos, era novidade no Brasil, o mundo já conhece a muito tempo – a faculdade a distância. A maior exploradora disso é a Universidade Paulista (UNIP) que possui mais de 190 mil alunos espalhados pelo país (é a maior do Brasil). Se não fosse esse método, jamais teria condições e estrutura para lecionar aos universitários.
Esses números são poucos, se comparado as maiores universidades do mundo. A maior parte delas se localizam na Ásia, onde a densidade populacional eleva as faculdades aos topos do ranking. Confira:



Rank Universidades UF/País N° estudantes
1° Indira Gandhi National Open University Nova Déli/ India 3.500.000
2° Anadolu University Eskisehir/Turquia 1.974.343
3° Islamic Azad University Teerã/ Irã 1.900.000
4° Allama Iqbal Open University Islamabad/Paquistão 1.806.214
5° Bangladesh National University Gazipur/ Bangradesh 1.000.000
6° Payame Noor University Teerã/ Irã 818.150
7° Universitas Terbuka Jacarta/ Indonésia 646.467
8° Ramkhamhaeng University Bangkok/ Tailândia 525.000
9° Tribhuvan University Kirtipur/Nepal 500.000
10° University of Pune Pune/ India 496.531





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domingo, 14 de abril de 2013

Crise em Cuba pode ter diminuído diabetes e doenças do coração


Crise em Cuba pode ter diminuído diabetes e doenças do coração



Ingerir menos calorias e andar mais a pé podem ter ajudado a melhorar a saúde dos cubanos no período de crise.


População perdeu peso ao comer menos e andar mais a pé.
Dados cubanos corroboram necessidade de hábitos mais saudáveis.



Estudo publicado no “British Medical Journal” (BMJ) mostra que casos de incidência e morte por diabetes tipo 2 e doenças cardíacas tiveram declínio na população cubana durante e logo após a grave crise econômica em que o país se viu mergulhado depois do desmembramento de sua parceira União Soviética.
Entre 1991 e 1995, os habitantes da ilha caribenha perderam em média entre 4 kg e 5 kg porque passaram a ter menos acesso a alimentos calóricos e se deslocavam mais a pé.
O sistema de saúde cubano mantém um controle detalhado dos dados médicos da população, o que permitiu que um grupo internacional de cientistas identificasse a redução de doenças associadas à obesidade e ao sedentarismo.
Em 1996, cinco anos após o início do período de perda de peso da população, houve uma queda abrupta no número de mortes por causa do diabetes. Seis anos depois, no entanto, quando os cubanos já haviam recuperado os quilos perdidos na época de vacas magras, os índices voltaram ao nível pré-crise.
Já as mortes por doenças cardíacas e derrames vinham apresentando tendência de queda desde os anos 1980, mas também tiveram redução acentuada após a fase de emagrecimento, que se estagnou quando os habitantes voltaram a engordar.
Segundo os autores da pesquisa, os números são um sinal de que o emagrecimento de uma população pode trazer melhoras significativas em suas estatísticas de mortes por diabetes e doenças cardiovasculares. Por isso, segundo o BMJ, recomendam que médicos estimulem seus pacientes a se exercitarem, recomendando, inclusive que se desloquem a pé ou de bicicleta cotidianamente.



C=224.064





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domingo, 14 de abril de 2013

Cientistas encontram embriões de dinossauros na China


Cientistas encontram embriões de dinossauros na China


Embrião de dinossauro encontrado na China, visto com um filtro que deixa a imagem com tons de roxo (Foto: AP Photo/Universidade de Toronto, A. LeBlanc)

Fósseis dos ovos datam de 190 milhões de anos atrás.
Descoberta pode ajudar a compreender desenvolvimento do animal.



Cientistas descobriram na China o fóssil do embrião de um dinossauros que data de 190 milhões de anos atrás. O achado pode ajudar a explicar como era a fase inicial do desenvolvimento dos animais, ainda dentro do ovo, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira (10).

O achado é "extraordinariamente raro nos registros paleontológicos e é valioso tanto por sua antiguidade como pela oportunidade que oferece de estudar a embriologia dos dinossauros", disse o paleontólogo canadense Robert Reisz, da Universidade de Toronto Mississauga, em comunicado de imprensa da universidade australiana James Cook.
A equipe dirigida por Reisz, que era formada por cientistas da Alemanha, Austrália, China e Taiwan, realizou escavações na província de Yunnan e analisou mais de 200 ossos de exemplares de dinossauros em diferentes períodos de desenvolvimento embrionário, assim como a geologia da jazida.
"Trata-se da primeira vez em que podemos seguir o crescimento dos embriões de dinossauro à medida em que se desenvolvem. Nosso descobrimento terá um forte impacto no entendimento da biologia desses animais", assinalou Reisz.
A maioria dos embriões de dinossauros estudados até o momento pertecem ao Cretáceo, período que se desenvolveu entre 145,5 milhões e 65,5 milhões de anos atrás, aproximadamente. Por isso, o descobrimento na jazida situada próxima da cidade de Lufeng, no sudoeste da China, representa uma grande novidade dado o grau de antiguidade.
Os ovos, que estão entre os mais antigos já encontrados, são muito pequenos, mas se encontram em excelentes condições. Eles correspondem a 20 exemplares embrionários da espécie Lufengosaurus (que significa "réptil de Lufeng"), que foi o dinossauro mais comum na região durante a primeira etapa do período Jurássico.
O cientista australiano Eric Roberts, da Universidade James Cook, explicou que seu estudo se centrou em analisar partes dos ossos e rochas que continham os restos ósseos na busca de chaves vinculadas a sua preservação e entender o ambiente, a idade e a causa da morte.
"Desse modo pudemos compreender que o leito ósseo se formou por uma inundação baixa e lenta de uma colônia de ninhos", ressaltou Roberts.
Assim, os cientistas acharam diversos ossos desarticulados pertencentes a diferentes ninhos e em diferentes períodos embrionárias, o que permitiu à equipe de cientistas internacionais estudar os patrões de crescimento.
Os especialistas dirigidos por Reisz se concentraram na análise do maior osso embrionário, o fêmur, e comprovaram que a taxa de crescimento se duplicou em tamanho de 12 a 24 milímetros enquanto o dinossauro se desenvolvia dentro do ovo.
A análise da anatomia e a estrutura interna também revelou que os músculos tiveram um papel importante na forma do fêmur em desenvolvimento e que os dinossauros, como as aves modernas, podiam se movimentar dentro do ovo.
Os especialistas também acharam evidências de fibras de colágeno no fêmur, uma proteína característica dos ossos, e que o chamado "réptil de Lufeng", de pescoço longo e que chegou a medir uns 8 metros, também tinha um período de incubação muito curto.





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domingo, 7 de abril de 2013

Tepco admite possível vazamento de água radioativa em Fukushima



Tepco admite possível vazamento de água radioativa em Fukushima


Vista aérea mostra o local de um dos tanques reservatórios subterrâneos, de onde até 120 toneladas de água contaminada podem ter vazado no solo. A imagem é deste sábado (6) (Foto: Reuters)


A empresa que opera a central nuclear de Fukushima no Japão, a Tepco, informou neste domingo (7) que um possível novo vazamento de água contaminada pode ter acontecido em um depósito subterrâneo de armazenamento, mas minimizou as consequências para o meio ambiente.
A Tepco já havia anunciado que 120 toneladas de líquido contaminado teriam vazado na noite de sexta-feira de um depósito - dos sete da central - situado a 800 metros do oceano.
Foram detectados elementos radioativos na água acumulada entre o solo ao redor do tanque e a capa externa de um revestimento impermeável no fundo do depósito, mas a Tepco considera pouco provável que a água radioativa possa chegar ao mar.
Segundo a operadora, elementos radioativos foram detectados ao redor da segunda cuba.
'Uma quantidade mínima de água teria vazado do depósito, mas não constatamos uma diminuição do nível de água no tanque', afirma a empresa em um comunicado.
Os incidentes se multiplicaram nas últimas semanas na central de Fukushima, afetada pelo terremoto seguido de tsunami de 11 de março de 2011.





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domingo, 7 de abril de 2013

As 10 Novelas Brasileiras mais vendidas


As 10 Novelas Brasileiras mais vendidas

Ninguém pode negar que as novelas são umas das 10 maiores paixões dos brasileiros, mas o que impressiona, é o numero de países que tem a mesma preferência. Pode não ser umas das paixões nacionais desses países, no entanto, as novelas da Rede Globo prendem a atenção milhões de pessoas no mundo inteiro.
A emissora já se tornou referência no meio, e segue uma linha diferente da Televisa (maior produtora de novelas do mundo), com conceitos mais modernos, , a Globo, vende os direitos televisivos após exibição no Brasil. A campeã de vendas em 2012 foi “Insensato Coração”, exibida em 2011. Foi vendida para 60 países, mas nem todos iniciaram a exibição da novela.



As 10 Novelas Brasileiras mais vendidas
Rank Novela Ano Autor N° de Países
1° Da cor do pecado 2004 João Emanuel Carneiro 100
2° Terra Nostra 1999 Benedito Rui Barbosa 95
3° O Clone 2002 Glória Perez 91
4° Caminhos das Índias 2009 Glória Perez 90
5° Escrava Isaura 1976 Gilberto Braga 79
6° Laços de família 2000 Manoel Carlos 77
7° Por amor 1997 Manoel Carlos 74
8° Mulheres de areia 1993 Ivani Ribeiro 67
9° Anjo Mau 1997 Cassiano Gabus Mendes 67
10° Sinhá Moça 1986 Benedito Ruy Barbosa 60





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domingo, 7 de abril de 2013

Os Lugares mais Horripilantes do Planeta



Os Lugares mais Horripilantes do Planeta


Não importa se você não acredita em fantasmas ou em espíritos malignos, você nunca vai querer passar uma noite nesses lugares.

Você pode dizer que não acredita em fenômenos sobrenaturais, em fantasmas, em espíritos ou em energias malignas, mas ao colocar os pés em qualquer um dos lugares que vamos listar você com certeza vai sentir um tenebroso frio na espinha. Então, preparado psicologicamente para conferir os locais mais sombrios do planeta?


1 - Floresta Aokigahara

A Floresta Aokigahara está localizada aos pés do Monte Fuji, no Japão. Infelizmente, o
local é extremamente conhecido por ser o lugar em que os japoneses mais se suicidam: suspeita-se que mais de 500 pessoas já se suicidaram em meio às árvores dessa floresta macabra. O governo japonês percebeu essa tendência mórbida e espalhou diversas placas pelo bosque com frases de motivação e autoestima.

No entanto, parece que alguma força maligna atrai os suicidas para as árvores da floresta,
já que os números de corpos encontrados não diminuíram com o passar do tempo. Anualmente, o governo japonês realiza uma varredura especial pela floresta para recolher os corpos dos japoneses mortos.

2 - Ponte Overtoun

Talvez você não fique com medo de caminhar pela Ponte Overtoun, na Escócia, mas não leve seus cachorrinhos de estimação para dar uma volta por lá. Como a Floresta Aokigahara é para os japoneses, essa ponte é para os cachorros escoceses. Por alguma razão, aparentemente inexplicável, centenas e centenas de cachorros já se jogaram da ponte para se matar.

O fato estranho originou diversos estudos e documentários que buscaram solucionar esse mistério. As estatísticas dizem que, pelo menos, um cachorro por mês se joga da ponte. Estima-se que, ao total, já pularam mais de 500 cachorros da Ponte Overtoun. Já foram colocadas grades ao redor da estrutura, na esperança de diminuir as mortes. Porém, os cachorros se jogam mesmo assim. Segundo testemunhas, eles escalam as grades para pular nas águas do tenebroso rio. Algumas teorias dizem os odores da região estimulam os cachorros e fazem com que eles queiram saber o que há além da ponte.


3 - Mansão Winchester


A Mansão Winchester pode parecer muito bonita e agradável à primeira vista, porém as paredes dessa construção escondem mais coisas sinistras do que você é capaz de imaginar. Esse casarão pertence à família Winchester, famosa por fabricar rifles e armamentos de igual nome.

No século 19, Sarah Winchester, esposa do herdeiro da família, ficou profundamente deprimida com as mortes constantes ao seu redor, principalmente quando todos seus familiares morreram. Sarah consultou um médium que disse que ela estava sob uma maldição: todas as vítimas dos rifles Winchester iriam assombrá-la e causar mortes ao seu redor.

Segundo o médium, a maldição só iria terminar se ela construísse, incessantemente, um lugar para abrigar os espíritos atormentados. Sarah mandou construir – sem nunca parar – uma mansão para os fantasmas da família. Por 38 anos, a Mansão Winchester foi edificada, com milhares de corredores, quartos e escadas que simplesmente não levam a lugar nenhum. Afinal, essa construção não foi criada para os vivos, mas para os que morreram pelos rifles Winchester.

4 - Ossário Sedlec

A pequena cidade de Sedlec, na República Tcheca, ficou famosa no século 13 por possuir no terreno do cemitério um pouco de terra de Gólgata, local sagrado para os cristãos. Por esse motivo, milhares de pessoas da Europa Central desejavam ser enterradas no pequeno cemitério da cidade.

No século 14, uma igreja foi construída no centro do cemitério para ser utilizada como ossário do local. Várias covas foram desencavadas para a construção, ao passo que outras foram esvaziadas para dar espaço aos novos ossos. Uma grande quantidade de ossos ficou sem destino com essas modificações – porém eles foram utilizados para uma nova função.

Os ossos passaram a decorar o interior da igreja gótica; simplesmente todas as peças do corpo humano foram utilizadas para deixar o local com um ar um tanto macabro. O responsável pela decoração foi Frantisek Rint, um xilógrafo que certamente soube como dar uma nova utilidade aos ossos excedentes. Que tal fazer um casamento nessa igreja?

5 - Resort San Zhi

Esse resort com construções em formato de naves alienígenas está localizado em Taiwan, porém nunca foi finalizado. A arquitetura futurística do lugar não impediu que diversas pessoas morressem misteriosamente no local; vários acidentes fatais ocorreram com os construtores do resort e ele foi barrado na metade da construção.

Os operários que sobreviveram ao começo da construção do resort não dão testemunhos e evitam chegar perto da região, fato que só aumenta as superstições em torno do complexo. Afinal, o que ocorreu nessa área?


6 - Cidade de Prypiat

A cidade de Prypiat, localizada no norte da Ucrânia, é uma das cidades fantasma mais famosas do mundo. Fundada nos anos 70, esse lugar era o lar de inúmeros trabalhadores e cientistas da Usina de Chernobyl, com mais de 50 mil moradores.

Após o famoso acidente nuclear, todos os moradores foram evacuados da região. Desde então, os prédios, as escolas, as casas e os hospitais estão desmoronando, envelhecendo isoladamente. Grande parte dos móveis, objetos e utensílios dos antigos moradores ainda estão lá, pois todos foram evacuados com urgência. Ao caminhar pelas creches, por exemplo, é possível encontrar inúmeras bonecas e brinquedos degradados.

Suspeita-se que os elementos radioativos da cidade só vão sumir depois de 900 anos, tornando o perímetro da área completamente inabitável. Entretanto, diversas pessoas visitam a cidade anualmente, pois ela virou um dos pontos turísticos mais famosos da Ucrânia.





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quinta-feira, 4 de abril de 2013

Fundadores da Microsoft Bill Gates e Paul Allen recriam foto de 1981


Fundadores da Microsoft Bill Gates e Paul Allen recriam foto de 1981

Imagem clássica mostra os dois executivos rodeados por computadores.
Em nova versão, Gates e Allen aparecem novamente cercados por PCs.



Os fundadores da Microsoft Paul Allen e Bill Gates posaram para uma foto que recria uma imagem clássica feita em 1981. “Muito divertido reencontrar os pioneiros da computação na #LCMCelebration na noite passada. Aqui estou eu e meu velho amigo Bill Gates”, escreveu Allen em sua conta no Twitter.

A imagem original, feita em 1981, mostra os dois cofundadores rodeados por computadores. Naquele ano, eles licenciaram o sistema MS-DOS para a IBM. Na nova versão da imagem, os dois novamente aparecem cercados por computadores antigos.

A foto foi tirada na visita que Gates fez ao museu Computer Living, em Seattle, que reúne computadores antigos. O museu foi fundado por Allen em 2006. Conforme o site “The Verge”, os funcionários do museu reuniram todos os PCs da imagem especialmente para a visita de Gates.


Bill Gates e Paul Allen recriam clássica foto de 1981 (Foto: Reprodução/Twitter e Divulgação/Microsoft)





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quinta-feira, 4 de abril de 2013

Primeira ligação telefônica feita pelo celular completa 40 anos



Primeira ligação telefônica feita pelo celular completa 40 anos


Martin Cooper, em imagem de 2009, mostra o primeiro celular (à direita), que completa 40 anos, e o compara com um modelo mais atual (Foto: Eloy Alonso/Reuters)

DynaTAC, da Motorola, foi o primeiro aparelho a ser vendido no mercado.
Em 1973, criador saiu nas ruas de Nova York para testar telefone móvel.


A primeira ligação telefônica feita por meio de um celular completa 40 anos nesta quarta-feira (3). Foi em 3 de abril de 1973 que o funcionário da Motorola Martin Cooper saiu nas ruas da cidade de Nova York, nos Estados Unidos, para testar o celular, chamado de DynaTAC e que pesava 1,1 quilo.

Na primeira ligação telefônica feita a partir de um celular, Cooper ligou para a Bell Labs, uma divisão da operadora AT&T na época, e disse: "Estou ligando para você para saber se minha voz está clara aí do outro lado da linha".

O protótipo usado nesta primeira ligação serviu como base para, dez anos depois e mais de US$ 100 milhões em investimento, a Motorola lançar o DynaTAC 8000X, considerado o primeiro celular a ser comercializado. Ao chegar nas lojas dos Estados Unidos em 1983, o celular continuava pesado, com pouco mais de um quilo, e era vendido por US$ 4 mil, fazendo com que o aparelho não fosse popular. Atualmente, os celulares e smartphones pesam poucas gramas e têm preços mais atraentes para o consumidor.


DynaTAC 8000X, o primeiro celular, que completa 40 anos neste 3 de abril (Foto: Divulgação/Motorola)


Filmes que retratam a década de 1980 como "O Psicopata Americano", de 2000, mostram o DynaTAC 8000X sendo usado pelos personagens.
Cooper afirmou que imaginava um dia em que todos usariam telefones celulares, mas que por conta do seu preço de estreia, pensou que o aparelho não faria sucesso. O design do aparelho foi escolhido em concurso interno na Motorola que teve a participação de cinco designers. O formato escolhido, segundo Cooper, foi o mais simples e ficou em uso por quase 15 anos.





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quinta-feira, 4 de abril de 2013

Fotógrafo clica torres de celular 'vestidas' de árvores



Fotógrafo clica torres de celular 'vestidas' de árvores na África do Sul



Torre de celular 'vira' árvore para reduzir a poluição visual na África do Sul (Foto: Dillon Marsh/Divulgação)


Dillon Marsh registrou 12 imagens na Cidade do Cabo e arredores.
Solução para poluição visual surgiu em 1996 e se espalhou pelo mundo.



Um fotógrafo sul-africano registrou 12 imagens de torres de celular disfarçadas de árvores na Cidade do Cabo e arredores. Segundo o autor, Dillon Marsh, a série de imagens "Invasive Species" (Espécies Invasoras) explora a relação entre essas estruturas modernas e o meio ambiente.

O projeto fotográfico durou seis meses e foi concluído em 2009, segundo o site da revista americana "Wired".
A primeira "palmeira" a surgir da noite para o dia na região foi feita de plásticos não tóxicos e instalada em 1996, num subúrbio da Cidade do Cabo, a segunda maior da África do Sul. Essa foi a solução encontrada pela empresa de comunicação móvel Vodacom para diminuir a poluição visual. Desde então, essas "plantas" se espalharam por todo o país e também pelo mundo.
Marsh acredita que seu trabalho pode servir para as pessoas meditarem sobre as estranhas variações de design entre uma "árvore telefônica" e outra – criadas para se esconderem na paisagem, mas responsáveis por chamar ainda mais a atenção de quem passa.


"Vestir" uma torre de celular com folhas de plástico pode custar até R$ 300 mil, quatro vezes o valor de um mastro normal. Mas Marsh duvida que realmente haja necessidade de uma camuflagem high-tech para essas construções. Segundo ele, mesmo que a intenção seja boa, em muitos casos o resultado parece "desajeitado e pouco convincente", e a maioria das pessoas é atraída pela curiosidade, e não por um sentimento positivo ou negativo.
Para ver outros registros da série Espécies Invasoras e novos trabalhos do fotógrafo, visite o site dele (http://www.dillonmarsh.com/invasivespecies.html).



Torre de celular se camufla em meio a outras árvores na Cidade do Cabo (Foto: Dillon Marsh/Divulgação)



Com design diferente, torre se destaca atrás de casa na África do Sul (Foto: Dillon Marsh/Divulgação)



Mais uma 'espécie' tenta se esconder, mas atrai atenção na Cidade do Cabo (Foto: Dillon Marsh/Divulgação)





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quinta-feira, 4 de abril de 2013

Cientistas encontram no espaço sinais do que pode ser matéria escura



Cientistas encontram no espaço sinais do que pode ser matéria escura


Detector de partículas AMS instalado na Estação Espacial Internacional (Foto:Divulgação/CERN/Nasa)

Substância invisível forma boa parte do universo, segundo teoria.
Raios cósmicos registrados na ISS podem ajudar a confirmar sua estrutura.


Cientistas disseram nesta quarta-feira (3) que podem ter identificado sinais de matéria escura no espaço, substância misteriosa que não interage com a luz e que pode formar mais de um quarto do universo, mas cuja constituição não é efetivamente conhecida. O anúncio foi feito em um seminário no Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern), localizado em Genebra, na Suíça.

A equipe de pesquisadores ressaltou ter registrado o que parecem ser traços físicos da matéria escura, com um nível de detalhe inédito, ao estudar radiação de pósitrons (o equivalente a um elétron, mas carregado positivamente) identificados na Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) nos últimos 18 meses.

O experimento que pode dar as primeiras evidências da matéria escura foi realizado com a ajuda do Espectrômetro Alfa Magnético (AMS, na sigla em inglês) a bordo da estação espacial. O equipamento, um grande detector de partículas apelidado de "LHC espacial" pelos cientistas do Cern, têm procurado evidências indiretas da substância misteriosa e custou US$ 2 bilhões.
O AMS identificou uma quantidade razoável de pósitrons (partículas semelhantes a elétrons, mas com carga positiva) que podem ter surgido do decaimento da matéria escura, dizem os pesquisadores. Os dados podem nos prover uma descoberta muito empolgante no futuro", disse Michael Salamon, gerente do programa científico da AMS no Departamento de Energia dos EUA, em entrevista coletiva na tarde desta quarta, em Wahsington.

"Nos próximos meses, o AMS vai poder nos dizer de forma conclusiva se estes pósitrons são um sinal da matéria escura ou se têm outra origem", afirmou Samuel Ting, diretor do projeto que construiu o detector de partículas, durante o seminário. Por não interagir com a luz, a matéria escura é invisível. Sua existência se supõe pela força gravitacional que aparentemente exerce em planetas e estrelas.


Espectrômetro Alfa Magnético (AMS, na sigla em inglês) antes de ser enviado ao espaço (Foto: Divulgação/Michele Famiglietti/CERN/Nasa)

Para Roberto Batiston, professor de física da Universidade de Perugia e porta-voz do projeto AMS, uma descrição precisa da substância misteriosa precisa de mais tempo para ser feita. "Pode levar alguns anos", disse ele, em entrevista à britânica BBC.

Para a física Pauline Gagnon, que trabalha num experimento do Cern para a detecção de "matéria escura", a precisão do AMS pode fazer com que "seja possível fazer uma primeira identificação da substância em breve", disse ela à Reuters. "Seria incrível, algo como descobrir um continente completamente novo", afirmou. A descoberta de elementos que venham a formar a "matéria escura" pode abrir novas áreas de pesquisa, incluindo a hipótese de estudar novas dimensões e outros universos, afirmaram físicos entrevistados pela agência Reuters.





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quinta-feira, 4 de abril de 2013

Top 10 canais de maior audiência da TV por assinatura no Brasil


Top 10 canais de maior audiência da TV por assinatura no Brasil


Os dados provenientes do IBOPE constatou, segundo a Anatel, o grande crescimento da TV por assinatura no país. A grande concorrência tem deixado o mercado cada vez mais competitivo, com valores acessíveis para a maioria da população.

Também notamos que apesar de termos mais de 200 canais a disposição, ainda assim, preferimos os canais disponíveis gratuitamente na TV aberta. Segundo a audiência de fevereiro de 2013, as quatro grandes emissoras do Brasil tem a preferência dos assinantes pagos.
Se considerássemos somente os canais únicos e exclusivos para TV a cabo, seria acrescentado ao TOP 10, os canais: Nickelodeon (95.400), Telecine Pipoca (90.100), Mega Pix (90.100) e Telecine Action (84.800).



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quinta-feira, 14 de março de 2013

A Fera Sob a Pele de Um Gato - Natureza


A FERA SOB A PELE DE UM GATO - Natureza



Domesticado graças à sua habilidade como caçador, o gato é um dos mais independentes animais que convivem com o homem, conservando até hoje características de seus ancestrais selvagens.


Vire um gato de costas para o chão e tente mantê-lo assim, com a palma da mão quase encostada nele. Como num passe de mágica, um reflexo será desencadeado. O gato agita rapidamente as pernas traseiras, com movimentos rápidos e cheios de energia. É que na vida selvagem, quando um antepassado cravava os afiados dentes na garganta da presas por baixo, ele tentava rasgar-lhe o ventre com as garras traseiras.
O impulso de uma fera forte e inteligente ainda estão vivos debaixo de sua pele. "O gato é um animal doméstico, mas conservou várias características de seus ancestrais", avalia a veterinária Hannelore Fuchs, dona de dois gatos, um cachorro e uma tartaruga, doutora pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo em comportamento animal. "Ele é mais sensível ao perigo e aos movimentos bruscos; quando sai à rua, por exemplo, raramente é atropelado." Misterioso e surpreendente, é capaz de sair do seu andar calmo, num aparente ar de majestade, para um súbito e fulminante salto de certeiro caçador.
Estudos sobre a genealogia do gato doméstico apontam como seus antepassados os mais espertos, sutis, perigosos e valentes mamíferos do planeta. Sob a pele de um gato dorminhoco repousa, com elegância, o ocelote; no olhar de uma gata rajada, com os olhos fixos no pássaro do jardim, pode-se notar os olhos do tigre. Entre as muitas qualidades herdadas dos felinos selvagens e predadores estão os afiados dentes, as unhas, a força física, a agilidade e a rapidez ao atacar a presa. Por mais que pareça estranho, o gato pode ter tido os mesmos ancestrais do cachorro. Cientistas teorizam que um pequeno animal que vivia e árvores, há muito extinto, foi seu antepassado longínquo: o miacis . Este foi também o ancestral do urso, da doninha, do guaxinim, da raposa e do coiote. O miacis viveu há 40 ou 50 milhões de anos e tinha corpo comprido, rabo maior e patas curtas. Estes carnívoros, mais sagazes e eficientes, foram um evolução dos creodontes, os primeiros carnívoros na face da Terra, há 70 milhões de anos. Os miacídeos tinham o cérebro maior que o creodontes e cerca de quarenta dentes. Os protótipos dos atuais felinos começaram a se espalhar pelo mundo, estabelecendo-se em lugares que lhes eram mais favoráveis e emigrando quando as caças não lhes eram propícias. Como conseqüência, surgiram espécies variadas, cada uma adaptada a um habitat particular e à presa que havia no local. Poucas dessas espécies sobreviveram. Entre as que se extinguiram estavam várias feras terríveis, como o grande leão das cavernas da Europa e um tigre gigante do norte da Ásia. Entre eles também estavam os tigres dentes-de-sabre, com dentes caninos que se assemelhavam a punhais. Com essas armas, eram capazes de abater elefantes adultos, coisa que nenhum predador atual pode fazer. Os dentes-de_sabre desapareceram da face do planeta há 35 milhões de anos.
Todos os felinos atuais, desde os ferozes caçadores das matas tropicais até o animalzinho doméstico, ostentam um grande parentesco. A cabeça arredondada e o corpo ágil identificam o animal como felino, qualquer que seja o seu tamanho ou cor. Entre estes estão o leopardo-das-neves, o tigre, o jaguar, o leão, a pantera, o lince, a jaguatirica, o gato selvagem indiano, o gato selvagem africano e o gato do deserto asiático. Os zoólogos não chegam a um acordo quanto ao número exato das espécies felinas, embora todos reconheçam no mínimo 38, incluindo o gato doméstico.
A classificação dessas espécies em gênero não é fácil. Um indício importante é a estrutura do osso hióide situado debaixo da língua. No leão, no leopardo, no tigre, na pantera e no jaguar, isso é constituído em parte por uma cartilagem. Como resultado, esses animais podem rugir. Já em todos os demais gatos, que não rugem, o hióide está ossificado, totalmente rígido. Os primeiras são classificados dentro do gênero Panthera. Os outros formam o grupo dos felinos menores, do gênero Felis.Gatos não são solitários. Ao contrário, levam uma vida bastante social, ajudando-se mutuamente. Quando possível, formam pequenas comunidades e instituem hierarquia, rituais e regras bem estabelecidas. Os grupos giram em torno de um chefe mais velho. A vida social de que goza a maioria dos gatos está apoiada e reforçada pela capacidade de eles se comunicarem por meio da linguagem do corpo, da vocalização e do olfato. Se dois gatos são amigos, eles se esfregam para futuras identificações. Para poderem reconhecer seus donos, fazem o mesmo nas pernas destes.
A rica linguagem vocal faz do gato um dos animais mais falantes. Estudiosos identificaram dezesseis vocalizações, em três categorias de sons. Entre os primeiros estão o ronronear e os suaves sons empregados para saudar, chamar a atenção e expressar reconhecimento e aprovação. As distintas variações do "miau" são usadas para pedir, exigir, expressar perplexidade e queixa. A maioria dos gatos tem um vocabulário pequeno, porém muito funcional, que cobre conceitos como "fora", "para dentro", "obrigado", "vem cá", "socorro", "não". Os sons de maior intensidade são reservados geralmente para a comunicação entre os próprios gatos. Conversas mais prolongadas entre os gatos adultos acontecem na época do cio. Tanto o macho como a fêmea emitem fortes alaridos antes de copular. Suas proezas sexuais não são nada silenciosas. Donos de gatos conhecem bem as conseqüências da inquieta atividade da fêmea felina - as importunações causadas pelas insistentes rondas dos machos. As gatas passam por vários ciclos de fertilidade durante o ano, normalmente do final do inverno ao começo da primavera e no final do verão. Cada ciclo dura de uma a três semanas, tempo em que a gataria grita como cantor de ópera desafinado.O gato já foi para o homem um animal sagrado, quase um deus, mas também foi perseguido por supostas ligações com bruxas e demônios. Não se sabe ao certo como ele conseguiu se aproximar dos homens sem virar comida, quando do início de sua domesticação, há cerca de 12 000 anos. Como esta coincide com o início da agricultura, provavelmente o homem tenha descoberto nos felinos ótimos guardiães, contra os roedores, dos cereais armazenados. Caçar é tão natural num gato quanto miar. As técnicas predatórias vêm do berço, aprendidas com a mãe: em condições naturais, não domesticadas, uma mãe leva ao filhote pedaços da presa ou a própria inteira para que os gatinhos aprendam. Para localizar uma presa, os gatos dedicam muito tempo e energia. Exploram calmamente o local em busca de vítimas adequadas. Planejamento, observação cuidadosa e a surpresa são os elementos-chave de um ataque perfeito sobre os ratos ou outros pequenos animais. Caçadores pacientes, ficam imóveis por longo tempo até que possam saltar sobre as vítimas. O salto final deve ser preciso. Muitas vezes eles se escondem, armando emboscadas para pegar passarinhos.Qualquer gato, selvagem ou doméstico, segue a mesma seqüência de movimentos na caça. Ao localizar a presa, aproxima-se, arrastando-se o mais rápido possível, em silêncio. De repente, fica imóvel, concentrando-se todo no animal. Os olhos seguem-no e a ponta da cauda se agita de ansiedade. A cabeça move-se levemente de um lado ao outro, ajudando-o a calcular a distância com precisão. Ele levanta as patas dianteiras e pula. Depois, com as patas traseiras firmes no chão, usa as dianteiras para imobilizar a presa. Se ela resistir e tentar lutar, o gato a liberta, para rápida e definitivamente pegá-la.
No Egito, há 5 000 anos, tais habilidades elevaram o conceito dos gatos entre o povo, a ponto de serem adorados como deuses. Quem matasse um deles era punido com a pena de morte. Havia até mesmo uma deusa, Bast, representada como uma mulher alta com cabeça de gato. No dia-a-dia, os gatos protegiam as casas contra ratos e cobras venenosas, assim como participavem de jogos de caça e compartilhavam as horas de lazer familiares. Quando os gatos morriam, seus donos mostravam o luto rapando as sobrancelhas. Mesmo os mais pobres gastavam o dinheiro que não tinham em enterros de luxo, seguindo uma série de rituais que incluíam embebê-los em óleos aromáticos e envolvê-los em lençóis de linho.
Pedaços de ossos e dentes, identificados como pertencentes ao Felis libyca, datados de 6 a 7 000 anos a.C., foram encontrados em Jericó (no atual Israel), não longe do Egito. Desse país, aos poucos os gatos se tornaram conhecidos em outras culturas. À Europa chegaram levados pelos barcos comerciais fenícios, por volta do ano 900 a.C. Os romanos os consideravam símbolo da liberdade e foram responsáveis pela sua introdução no norte europeu e em outros pontos do Império. Nos templos budistas do Extremo Oriente, os gatos também eram conceituados, existindo mesmo uma raça- o gato sagrado da Birmânia - que descende dos antigos gatos criados nesses templos.
Por sua habilidade em caçar ratos e camundongos, eles foram requisitados, na Europa, durante a temida peste bubônica, no século Xl, porque ajudavam na extinção dos roedores, transmissores da doença. Na Inglaterra, os primeiros registros desses animais datam do ano de 936 d.C., onde já existia uma lei que os protegia. Mas a boa fama dos felinos não atravessou todos os períodos da História.
Em lugar do enorme respeito que mereciam no Egito, passaram a ser alvo de completo desprezo. A gradual extinção dos deuses pagãos e o crescimento do cristianismo produziu uma dramática mudança de atitudes em relação aos bichanos na Europa, na Idade Média, principalmente a partir do século XIII. De um ser essencialmente símbolo da feminilidade e maternidade, ele virou agente do demônio. símbolo do diabo, companheiro de bruxas e feiticeiros.Acreditava-se que as bruxas se transformavam em formas felinas. O mesmo fariam os demônios. Por isso, os gatos começaram a ser perseguidos, torturados, lançados na fogueira, jogados dentro de caldeirões de água fervente, lançados vivos do alto de edifícios, tudo numa atmosfera de extrema alegria e folia. Na Paris de 1471 o rei Luís XI acendia pessoalmente a fogueira de São João dentro da qual miavam duas dúzias de gatos pretos fechados num saco. Os sucessores de Luís Xl fizeram o mesmo todos os anos, até 1648.Cerca de quatro séculos depois, os perseguidos novamente caíram nas graças do bicho homem e se tornaram um dos animais mais queridos do homem moderno. "Hoje, o número de lares com gatos, nos Estados Unidos e na Europa, é bem maior que o de lares com cães", lembra José Clóvis do Prado Júnior, professor de Parasitologia na Faculdade de Ciências Farmacêuticas, da USP, e presidente do Clube Brasileiro do Gato. "Essa atual popularidade do gato se explica pelas muitas vantagens que ele tem sobre o cachorro. Ocupa pouco espaço, pode ficar sozinho em pequenos apartamentos. é mais econômico e menos exigente."Apesar de todas essas vantagens. o bichano leva a fama de ser um animal infiel ao dono. "Quando se compra um cachorro, leva-se junto o amor dele. Quando compramos um gato, pagamos apenas a primeira parcela: sua amizade tem que ser conquistada", atesta Anne Marie Gasnier, fundadora do Clube. Em sua casa, em meio aos seus quarenta gatos, vive um cão basset. tão amigo dos felinos que já foi visto várias vezes tentando subir em árvores.


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quinta-feira, 14 de março de 2013

Catedrais de Papel - Cultura



CATEDRAIS DE PAPEL - Cultura



Uma viagem por algumas das melhores bibliotecas do mundo ajuda a entender por que o livro é a criação mais valiosa do homem.



Num edifício de estilo renascentista e cúpula envidraçada, as margens do Rio Potomac, em Washington, está ficando a Biblioteca do Congresso, a maior do mundo, inaugurada em 1802, inicialmente para servir ao legislativo dos Estados Unidos. Depois, por lei, ficou "a serviço de todos". Estátuas, mosaico, murais, vitrais e colunas de mármore emolduram o imponente salão de leitura. Com seu pé direito de 50 metros. De alto a baixo, as paredes estão forradas de livros - 45 000, uma ninharia perto dos 85 milhões de documentos em 400 idiomas que formam o acervo da instituição, onde trabalham 5 200 pessoas. De papiros a disco ópticos, passando pela Bíblia de Gutenberg, o primeiro livro jamais impresso, tem-se aí, catalogada e alojada em 858 quilômetros de prateleira, a própria História da humanidade. O homem fez do mundo um vasto arsenal de artefatos. Nele, sem dúvida, o bem supremo é o livro, documento e instrumento essencial ao percurso da espécie. Se a linguagem é inseparável da condição humana, a escrita é sua outra face, em que pese a existência das culturas chamadas ágrafas. Os mais antigos registros escritos - de origem sumérica, egípcia e chinesa - têm cerca de 6 000 anos. Palavras divididas em sílabas apareceram no Oriente Próximo há 4 000 anos. As bibliotecas ancestrais surgiram nos templos do Egito Antigo, onde, sob a guarda dos sacerdotes, eram arquivados papiros de cunho religioso. Mas foram os gregos, no século III a.C., os primeiros a reunir textos leigos em ambientes próprios, para fins de estudo. Centenas de anos adiante. Nos medievais, os monges copistas, muitos deles analfabetos por sinal, transcreveram as obras clássicas. Tornando possível a sobrevivência do pensamento e da literatura greco-romanos. Depois vieram o salto tecnológico da imprensa, o gosto dos reis franceses em colecionar livros e, enfim, a Revolução Francesa, que abriu tais tesouros ao povo, inaugurando o conceito moderno de biblioteca pública.

Vaticano
No coração da Santa Sé, atrás de uma porta de bronze coberta de símbolos em relevo - representando a ciência, a religião e a arte -, está a soberba Biblioteca Apostólica do Vaticano, a mais antiga da Europa, fundada pelo papa Nicolau Vem 1450. Em 1475, seu sucessor, Sisto IV, fiel ao espírito renascentista, decidiu permitir o acesso dos eruditos aos 2 524 textos santos e profanos ali reunidos. Hoje são quase 1 milhão de volumes, manuscritos e impressos. Entre eles, um dos maiores livros do mundo, um tratado bíblico em aramaico, pesando 65 quilos. Pertencia a um comerciante judeu italiano de Volterra. Foi confiscado pelo duque de Urbino em 1472.

Admont
Na minúscula aldeia de Admont encravada nos Alpes Austríacos, reina, austera e cinzenta, uma abadia beneditina. Dentro, na ala consagrada à biblioteca, um contraste chocante: a luminosa brancura de uma sala de 70 metros de comprimento, pontilhada de esculturas religiosas e mitológicas e torrada de livros. Nessa esplêndida construção, de 1776, repousam, protegidos pelo saudável ar montanhês, 150 000 obras, incluindo uma Bíblia gigante do século Xl, escrita na Itália, presente do papa Gregório VlI ao fundador do mosteiro, o arcebispo Gebhard, de Salzburgo.

Einsiedeln
Se a biblioteca de Admont, graças à força de sua arquitetura, tornou-se antes um museu do que um lugar de leitura, a de Einsiedeln, a poucas centenas de quilômetros de distância, mas já na Suíça alemã, permanece um centro de estudo particular, criado pelos (e para) os monges beneditinos. Sob as volutas brancas, entre as paredes ondulantes de livros, os religiosos se debruçam sobre os escritos sagrados num ambiente sem luz elétrica nem aquecimento. Erguida por volta de 1640, a edificação é uma das obras-primas da arquitetura da época, tendo sido reconstruída no século XVIII. Antiga escola de copistas, possui tesouros excepcionais, como uma Bíblia do século Xl copiada por doze monges. No total, são 160 000 volumes, entre os quais 500 incunábulos (impressos primitivos do século XV).

Saint-Gall
Ainda na Suíça alemã, num lugarejo que viria a se chamar Saint-Gall, viveu há treze séculos um eremita irlandês de nome Gall. Em sua memória foi construída ali uma abadia. O edifício originai foi destruído em 1805. Resta uma construção barroca, grandiosa de 1758, onde só se pode entrar de alpargatas. No teto, afrescos representam os quatro primeiros concílios gerais da Igreja (Nicéia, Constantinopla, Éfeso e Calcedônia). Na sala principal, tombada pela Unesco, há 100 000 volumes, entre eles uma crônica de 1690, com a célebre ilustração de Guilherme Tell e sua maçã flechada na cabeça. Outras preciosidades são um antifonário (livro de versículos para serem declamados ou cantados) do ano 1000 e um Evangelho ornamentado por placas de marfim, de 894.

Paris
As pequenas lâmpadas, sob suas cúpulas de jade, propagam uma luz parcimoniosa. O ar recende a papel e poeira. Eis a sede da Biblioteca Nacional de Paris - desde 1666, quando Jean-Baptiste Colbert, ministro das Finanças de Luís XIV, reuniu em duas casas de sua propriedade na Rue Vivienne, no centro da cidade, a coleção real, já devidamente catalogada. A biblioteca era então "aberta aos sábios e "entreaberta aos curiosos". A Revolução de 1789 destruiu perto de 250 000 volumes, tidos como "instrumentos do poder", e guilhotinou dois bibliotecários. Mas, passado o Terror, o novo regime tornou a instituição acessível ao povo. O edifício atual data de 1859. Em onze andares, contém 10 milhões de livros, além de periódicos, selos, fofos, pautas musicais, mapas. Enfileiradas, suas prateleiras cobririam 120 quilômetros. Totalmente informatizada, naturalmente a biblioteca vai se mudar em 1995 para um ousado e controvertido edifício com quatro imensas colunas de vidro, no bairro de Tolbiac.

Oxford
Do centro dos edifícios de pedra cinzenta da lendária universidade inglesa de Oxford, ergue-se a dominante torre serrilhada de sua principal case de livros, aBodleian Library, uma das primeiras bibliotecas autenticamente públicas do mundo. Possui 6 milhões de volumes, 1 milhão de mapas e 5 000 incunábulos estantes, tudo controlado por computador e dominado por suave luz rósea. Sua origem foi a Duke Humphrey Library, de 1488. No século XVI, por falta de dinheiro, o acervo foi vendido pelo valor dos pergaminhos. Em 1598, um colecionador de manuscritos medievais, SirThomas Bodley, ofereceu-se para restaurara biblioteca por conte própria. Já com o nome de seu benfeitor, ela reabriu as portas em 1602. Hoje, no Reino Unido, só é menor do que a British Library, de Londres, com seus 10 milhões de exemplares. Aos freqüentadores, além de silêncio, a Bodleian Library pede britanicamente que prometam não fazer fogo em suas dependências nem surrupiar qualquer obra. Antigamente, isso não era necessário: em toda a Europa, os livros ficavam acorrentados às carteiras.

Nova York
Na Quinta Avenida, em plena Manhattan, sob a guarda de dois imensos leões de pedra, está a mais procurada biblioteca do mundo. Aberta em 1911, sob a divisa "servir ao maior número", a New York Public Library tem 40 milhões de documentos. Milhões de imigrantes recorreram a ela na crença de que a educação era indispensável para fazer a América. Atualmente, o acesso às fichas bibliográficas é feito só por computador. A Biblioteca Pública de Nova York possui o mais importante documento dos Estados Unidos: a Declaração de independência, regida por Thomas Jefferson a 4 de julho de 1776.

Moscou
A Biblioteca Nacional da Rússia (ex-Lênin), uma das principais da Europa pelo número de livros e pela coleção única de manuscritos, nasceu em 1826 das doações do conde Rumiantsev. Instalada primeiro em São Petersburgo, foi transferida em 1861 para o belíssimo Palácio Peskov, do século XVI11, perto do Kremlin, em Moscou. Nova mudança ocorreria cerca de um século depois, dessa vez para um majestoso edifício de formas geométricas, colunas de mármore azulado e altos lustres de cristal, nas imediações da Praça Vermelha. Antes da Era Gorbachev, a biblioteca era reservada aos cientistas e universitários. Hoje, qualquer um pode entrar ali, o que é um problema. Pois, foco dia, algo como 7 000 pessoas - de estudantes a veteranos de guerra - disputam os 2 500 lugares disponíveis. Em compensação, é livre o acesso às obras antes proibidas por motivos políticos, como os romances de Aleksander Soijenítsin.

Cairo
Organizada em 1870 no bairro de Bab el Khalq, a Biblioteca Nacional do Cairo, Dar el Kutub, foi transferida em 1970 para um imóvel moderno que abriga mais de 5 milhões de volumes e tem salas de leitura para perto de 2 000 pessoas. A jóia da coroa é um dos maiores Corões do mundo, redigida em árabe por muçulmanos do norte da Índia em 1331, a que se acrescentou, nas entrelinhas, comentários em persa. Só os homens podem comungar com o Corão. Os demais livros são acessíveis as mulheres.

Bangcoc
A maioria dos templos budistas na Tailândia abriga uma biblioteca, ainda que íntima, como a que existe nos aposentos do bonzo guardião do templo Wat-Tiemtaway, a poucos quilômetros de Bangcoc, a capital do país. Grandes ou pequenas, com seus rolos de pergaminho ornados de ilustrações, perpetuam a herança cultural e filosófica de Buda.

Chinguetti
Em Chinguetti, a "cidade das mil caravanas", às portas do deserto da Mauritânia, no noroeste da África, está um dos mais antigos livros sacros do mundo - os escritos do poeta egípcio Abd Allah Sahl, que datam do ano 1087 da era cristã. Os séculos amarelaram as suas páginas, mas não tiraram a vivacidade de seus arabescos e iluminuras. O texto contém comentários ao Corão relatos de batalhas travadas pelo profeta Maomé e um dos primeiros mapas da cidade sagrada de Meca. Qualquer um pode estudar a obra, mas é terminantemente proibido tirá-la de Chinguetti.

Jerusalém
A tradição medieval dos copistas não desapareceu com a invenção da imprensa. Ainda hoje, em Jerusalém, Israel, um sofer - escriba religioso - transcreve sobre um pergaminho, em hebraico, o texto da Torá, o livro sagrado dos judeus, não por acaso chamados povo do livro. O sofer usa uma caneta de bambu e uma tinta especial fabricada por ele mesmo. É um mister religioso cercado de uma infinidade de cuidados rituais. Um sofer gasta oito meses para completar os cinco livros da Torá. Seu trabalho será vistoriado por cinco revisores. Um único erro invalidará o trabalho inteiro.





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quinta-feira, 14 de março de 2013

Relatório da ONU prevê 'catástrofe ambiental'



Relatório da ONU prevê 'catástrofe ambiental' no mundo em 2050


Amazônia dá sinais de degradação por causa das mudanças climáticas (Foto: Divulgação/NASA/JPL-Caltech)

Pobreza extrema deve ser motivada também por degradação do planeta.
Estima-se que mais de 3 bilhões vivam na miséria nos próximos 37 anos.



Apesar dos investimentos de vários países em energias renováveis e sustentabilidade, o mundo pode viver uma "catástrofe ambiental" em 2050, segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano 2013, apresentado nesta quinta-feira (14) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
Ao fim dos próximos 37 anos, são estimadas mais de 3 bilhões de pessoas vivendo em situação de extrema pobreza, das quais pelo menos 155 milhões estariam na América Latina e no Caribe. E essa condição demográfica e social seria motivada também pela degradação do meio ambiente.


De acordo com a previsão de desastre apresentada pelo relatório, cerca de 2,7 bilhões de pessoas a mais viveriam em extrema pobreza em 2050 como consequência do problema ambiental. Desse total, 1,9 bilhão seria composto por indivíduos que entraram na miséria, e os outros 800 milhões seriam aqueles impedidos de sair dessa situação por causa das calamidades do meio ambiente.
No cenário mais grave, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) global diminuiria 15% em 2050, chegando a uma redução de 22% no Sul da Ásia e de 24% na África Subsaariana.
O texto do Pnud aponta, ainda, que os governos precisarão formular políticas públicas para melhorar o equilíbrio das condições de vida, permitir a livre expressão e participação das pessoas, administrar as mudanças demográficas e fazer frente às pressões ambientais.



Chinesa pedala com máscara para se proteger da forte poluição em Pequim (Foto: China Daily/Reuters)



Mudanças climáticas e pressões
As mudanças climáticas e as pressões sobre os recursos naturais e ecossistemas têm aumentado muito, independentemente do estágio de desenvolvimento dos países. E o relatório destaca que, a menos que sejam tomadas medidas urgentes, o progresso do desenvolvimento humano no futuro estará ameaçado.
Os protestos em massa contra a poluição ambiental também têm crescido no mundo, aponta o Pnud. Por exemplo, manifestantes em Xangai, na China, lutaram por um duto de águas residuais (provenientes de banhos, cozinhas e uso doméstico em geral) prometido, enquanto na Malásia moradores de um bairro se opuseram à instalação de uma refinaria de metais de terras raras – 17 metais conhecidos como "ouro do século 21", por serem raros, valiosos de grande utilidade.


Desafios mundiais
Um dos grandes desafios para o mundo, segundo o relatório, é reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Apesar de os lançamentos de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera parecerem aumentar com o desenvolvimento humano, essa correlação é muito fraca, destaca o Pnud. Isso porque, em todos os níveis de IDH, alguns países equivalentes têm uma maior emissão de CO2 que outros.
Além disso, pode haver diferenças grandes entre as províncias ou estados de um mesmo país, como é o caso da China. Esses resultados, de acordo com o relatório, reforçam o argumento de que o progresso humano não demanda um aumento no uso de CO2, e que políticas ambientais melhores poderiam acompanhar esse desenvolvimento.
Alguns países têm se aproximado desse nível de desenvolvimento, sem exercer uma pressão insustentável sobre os recursos ecológicos do planeta, ressalta o Pnud. Mas responder globalmente a esse desafio exige que todas as nações adaptem suas trajetórias.
Os países desenvolvidos, por exemplo, precisam reduzir a chamada "pegada ambiental", ou seja, quanto cada habitante polui o planeta (como se fosse um Produto Interno Bruto do meio ambiente). Já as nações em desenvolvimento precisam aumentar o IDH, mas sem elevar essa pegada. Na visão do Pnud, tecnologias limpas e inovadoras podem desempenhar um papel importante nesse processo.
O relatório reforça, ainda, que as principais vítimas do desmatamento, das mudanças climáticas, dos desastres naturais e da poluição da água e do ar são os países e as comunidades pobres. Isso porque esses problemas limitam ainda mais os meios de subsistência, como a agricultura.
Para o Pnud, viver em um ambiente limpo e seguro deve ser um direito, não um privilégio. Além disso, sustentabilidade e igualdade entre os povos estão intimamente ligadas.idos como "ouro do século 21", por serem raros, valiosos de grande utilidade.





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quinta-feira, 14 de março de 2013

Megaobservatório é inaugurado a 5 mil metros de altitude nos Andes



Megaobservatório é inaugurado a 5 mil metros de altitude nos Andes



Visitamos o platô desértico onde estão as antenas.
Alma é o maior projeto astronômico a funcionar na superfície terrestre.



Foi inaugurado nesta quarta-feira (13) um novo observatório astronômico sobre o longínquo platô de Chajnantor, a 5 mil metros de altitude, na Cordilheira dos Andes chilena.
Batizado de Alma (sigla em que significa “grande conjunto milimétrico/submilimétrico do Atacama ) o projeto é resultado de quase três décadas de planejamento, discussões e negociações. A um custo de US$ 1,4 bilhão, é o maior projeto astronômico já executado em terra – em volume de investimento, só perde para telescópios que funcionam no espaço. Ao todo, são 20 os países envolvidos, entre eles o Brasil, em menor proporção (veja a situação brasileira abaixo, e o Chile, que oferece seu território como sede do empreendimento.


Antenas com peso de 100 toneladas podem se deslocar sobre o platô de Chajnantor.


O Alma consiste num conjunto de 66 antenas (atualmente 57 já estão operando ou estão no local, prontas para operar, sendo que as 9 restantes devem estar funcionando ainda este ano) que captam ondas emitidas por corpos frios em lugares muito longínquos do universo, com as quais se espera obter novas informações sobre a origem de estrelas e planetas, bem como sobre a presença de partículas orgânicas em lugares a bilhões de anos-luz da Terra.



O presidente chileno Sebastián Piñera deu o comando para o início oficial das operações do Alma, e falou em estimular turismo astronômico em seu país.



As antenas instaladas no alto da cordilheira, em local próximo a San Pedro de Atacama, no Chile, podem ser deslocadas numa área com raio de 16 km sobre o platô de ar rarefeito. Elas captam ondas de tamanho milimétrico e submilimétrico, em frequências invisíveis ao olho humano – o sistema, portanto não é ótico. “O Alma sintetiza um telescópio de 16 quilômetros, o que seria impossível construir”, explica Thijs de Graauw, diretor do projeto.

A grande aposta desse enorme complexo é que as antenas, que podem ser mudadas de lugar, combinam de forma sincronizada as informações que capturam, funcionando como um imenso espelho do espaço.



Conjunto de 66 antenas terá capacidade de ver objetos escuros a bilhões de anos-luz.

Há dois modos principais de funcionamento desse conjunto. As antenas podem ficar espalhadas pelo terreno, com maior distância entre si, quando o objetivo é focar num ponto mais específico do espaço e analisá-lo de forma detalhada, ou também é possível agrupá-las todas numa área central, com o que se tornam uma poderosa ferramenta para produzir imagens amplas do céu.



Supercomputador é responsável por combinar as informações detectadas pelas antenas.



A mudança de configuração é feita por um supercaminhão transportador com 28 rodas, capaz de percorrer o terreno acidentado do platô andino carregando as antenas, que pesam dezenas de toneladas.
Além da logística arrojada e do supercomputador que junta as informações, cada antena do observatório também consiste em um complexo artefato tecnológico. Para receber com mais pureza o sinal dos objetos interestelares, alguns dos equipamentos são resfriados a 4 Kelvin (-269° C).
A localização do Alma, em território chileno, perto das fronteiras da Bolívia e da Argentina, é estratégica: o ar rarefeito da grande altitude fazem com que a interferência da umidade da atmosfera seja menor.
Sistemas de correção anulam eventuais desvios nas imagens que o ar ainda possa causar.
Os sinais captados pelas antenas são remetidos a um supercomputador, um dos mais rápidos que existem no mundo atualmente, que junta as informações e as remete a um centro de operações que fica 2 mil metros montanha abaixo.
O Alma foi criado numa parceria entre o ESO (Observatório Europeu do Sul), o NAOJ (Observatório Astronômico Nacional do Japão) e o NRAO (Observatório Nacional de Radioastronomia dos EUA).



As antenas do Alma podem ter 7 ou 12 metros de diâmetro, e possuem em seu interior um sistema de refrigeração de criogênio que permite que supercondutores sejam resfriados a apenas 4 graus acima do zero absoluto.

Primeiros resultados
Junto com a inauguração oficial do Alma, foi divulgada a publicação de três artigos com os primeiros resultados produzidos pelo complexo, dois deles na revista "Nature" e um no "Astrophysical Journal".
Os pesquisadores descobriram que algumas galáxias longínquas se encontram mais longe do que se supunha. Elas são formadoras de estrelas e, com isso, concluiu-se que uma fase de formação intensa desses corpos celestes ocorreu há 12 bilhões de anos, quando o universo tinha menos de 2 bilhões de anos - um bilhão de anos mais cedo do que o que se pensava anteriormente.
Mais do que isso, os cientistas detectaram água em uma destas galáxias, o que configura o registro mais distante desse tipo de molécula no espaço.
Encontrar moléculas essenciais para a existência de vida, como água e compostos orgânicos, é uma das missões do Alma. O equipamento, no entanto, poderá apenas detectar a presença desses ingredientes, e não confirmar efetivamente a existência de vida extraterrestre.


Brasil no ESO
Em 2010, o Brasil assinou sua entrada como membro do ESO e, portanto, também é “sócio” do Alma. No entanto, sua condição de membro ainda depende de ratificação do Congresso Nacional. Ao ratificar sua entrada, o país passará a contribuir financeiramente com o ESO e empresas brasileiras poderão fornecer produtos e serviços ao Alma e a outros observatórios.

Apesar de não ser um integrante efetivo do grupo, no entanto, cientistas brasileiros já podem propor observações no novo observatório inaugurado nesta quarta. Esses pedidos, assim como os de astrônomos de outros países, passam pela análise de um corpo técnico para avaliar sua relevância. Toda a informação produzida no Alma é disponibilizada gratuitamente à comunidade científica após um ano.





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quinta-feira, 14 de março de 2013

Tempestade em Saturno - Astronomia


TEMPESTADE EM SATURNO - Astronomia



Ao mesmo tempo em que registram a evolução da Grande Mancha Branca em Saturno, os cientista sanalisam detalhes incríveis da face do Sol, que pode ter forte influência sobre a vida dos planetas.



O satélite japonês Yohkoh foi lançado em agosto do ano passado com a missão de vigiar o Sol, mas não enxerga os seus raios de luz: ele vê os raios X que o Sol emite ao mesmo tempo que a luz (foto maior à direita). Estudadas por uma equipe nipo-americana, essas emissões são particularmente úteis para se compreender as formidáveis erupções solares. Estas, por sua vez, poder esclarecer a influência do Sol sobre a vida dos planetas. Uma das imagens mais reveladoras, obtida em torno de 25 de outubro passado, captou poderosa explosão - que chegou a derrubar redes de energia elétrica, nas regiões setentrionais da Terra. As erupções são convulsões na coroa, camada de gases situada acima da superfície luminosa do Sol, chamada fotosfera. Em certas erupções, a temperatura alcança 20 milhões de graus, enquanto na fotosfera a temperatura gira em torno de íntimos 5 000 graus. Isso significa que a coroa se torna tão quente quanto a fornalha atômica do núcleo do Sol, onde nasce sua energia.

Para que a temperatura suba tanto, é imprescindível que se formem fortíssimos campos magnéticos entre os átomos e moléculas eletrificadas, os chamados íons que compõem a atmosfera solar. Aí, podem se formar os loops, ou arcos magnéticos. Eles surgem se avolumam a partir de uma mancha solar e concentram cada vez mais os íons que já estejam adensados. Assim, num círculo vicioso, chega-se a uma possível explosão de 20 milhões de graus. "Não entendemos como o Sol é capaz de converter energia magnética em tal quantidade de energia térmica", diz a chefe de equipe americana, Loren Acton.
Um furacão cuja boca mede 95 000 quilômetros de lado a lado não poderia ocorrer na Terra - pelo simples fato de que seria preciso 64 Terras para perfazer superfície tão grande. Mas essa tempestade existe de fato: ela brotou aparentemente do nada na espessa atmosfera do planeta Saturno no final de setembro do ano passado, e ainda persiste como uma pálida mancha logo acima da linha dos anéis. Chamada de Grande Mancha Branca no momento de máxima expansão deslumbrou os cientistas que a perscrutavam através das lentes poderosas, ainda que míopes, do Telescópio Espacial Hubble. Muitos deles já esperavam pelo fenômeno, como o espanhol Sánchez-Lavega, da Universidade do País Basco, em Bilbao.
Em 1989, Sánchez-Lavega escreveu sobre a possibilidade de um evento desse tipo. E preparou-se para registrá-lo em detalhe, com ajuda de um adequado conjunto de instrumentos, durante 44 noites seguidas, entre 1.° de outubro e 13 de novembro do ano passado. O relatório que publicou agora na revista inglesa Nature revela por que não foi difícil para ele acertar na mosca. E que os furacões saturnianos parecem estar diretamente acoplados ao Sol. Imagina-se que eles irrompam sempre que o hemisfério norte do planeta se encontra próximo do solstício de verão; isto é, na época em que a inclinação do planeta faz com que seu hemisfério norte receba luz solar na direção vertical.
Desconfia-se disso, antes de mais nada, pela coincidência que existe entre o ano saturniano, igual a trinta anos terrestres, e a freqüência com que ocorrem os furacões, a cada 29,45 anos, em média. Ou seja, sempre que Saturno dá uma volta em torno do Sol, sua atmosfera parece entrar em convulsão. Para tentar confirmar essa hipótese, o cientista espanhol e cinco pesquisadores de outros países mediram cuidadosamente o fluxo de energia solar sobre a atmosfera. Sua conclusão é positiva, pelo menos em primeira aproximação. "Os números mostram que as turbulências irrompem em época de intensa e prolongada insolação sobre as regiões estudadas."O aquecimento provocaria a expansão dos gases na alta atmosfera de Saturno, tornando-os mais rarefeitos, e isso faz com que os gases situados logo abaixo sejam aspirados para o alto. Trata-se de um verdadeiro gatilho do caos: em pouco tempo, o distúrbio ganha proporções gigantescas e brilha com forte intensidade, uma evolução fielmente registrada pelos censores eletrônicos de luz instalados nos telescópios. Quando a Grande Mancha Branca se tomou evidente pela primeira vez, na dia 25 de setembro, ainda era relativa" mente pequena, mas estava crescendo com rapidez. Além disso, não estava sozinha: junto dela espocaram outras trinta manchas menores.As primeiras fotografias, tiradas em 1o. de outubro, revelaram um corpo elíptica com quase 19 000 quilômetros na direção leste-oeste e mais de 26 000 na direção norte-sul. Dentro de apenas vinte horas. suas dimensões haviam superado 30 000 quilômetros e apresentava diversas turbulências menores. No dia 5, dividida em dois núcleos bem distintos, a mancha alcançou nada menos que 95 000 quilômetros de extensão e começou a encolher. Ainda é cedo para conhecer o significado desse fenômeno. Seria interessante saber, por exemplo, se ele foi especialmente afetado pela intensa atividade atual do astro-rei. Mas é difícil responder a indagações como esta porque a Grande Mancha vem sendo observada há pouco mais de um século, período curto, em termos astrônomicos. O simples fato de ela ser periódica já é importante, pois quando eclode e depois míngua, a turbulência fornece inúmeras dicas sobre os mecanismos básicos da atmosfera saturniana. Nesse aspecto, a turbulência em Saturno é bem diferente de manchas parecidas, nos outros planetas gasosos, Júpiter, Urano e Netuno.O próprio nome do furacão saturniano foi inspirado na Grande Mancha Vermelha de Júpiter, que foi descoberta há mais de 300 anos e parece ser permanente, em vez de periódica. De qualquer forma, mais importantes que as passageiras atribulações velares são os conhecimentos que se puderem obter sobre a origem e a natureza de todo o sistema solar. Os planetas gigantes são bem diferentes da Terra, pois a maior parte de seu imenso corpo é constituído por gases e, mais do que isso, por gases primordiais - o hidrogênio e o hélio, que em conjunto compreendem mais de 90% de toda a massa do Universo.Isso significa que Júpiter, Satumo, Urano e Netuno são bem jovens, no sentido de que evoluíram, ou se transformaram, muito pouco desde a época em que o sistema solar foi formado. Dos quatro, Júpiter e Saturno têm significado especial não só porque estão mais perto e são mais fáceis de observar, mas também porque são bastante parecidos. E no entanto apresentam diferenças marcantes: é muito provável que Júpiter seja composto de substâncias idênticas àquelas existentes na nebulosa que deu origem ao Sol, mas Saturno parece ter sofrido algumas mudanças. A principal é o fato de o hélio em sua atmosfera estar se precipitando lentamente para o fundo e liberando energia gravitacional em forma de calor.
Pode-se verificar que a proporção de hélio existente na atmosfera saturniana é sensivelmente inferior àquela que deve ter prevalecido em eras remotas (a proporção primordial é de aproximadamente um átomo de hélio para cada quatro de hidrogênio). Assim, a comparação entre fenômenos jupiterianos e saturnianos proporciona uma visão atual de como os mundos nasceram e amadureceram. Há quem pense que fenômenos dessa ordem estão muito além de qualquer interesse prático para o homem comum. Mas, se vale a máxima de que o conhecimento do passado abre caminho para o futuro, as turbulências de Saturno podem ser decisivas para a possível conquista do sistema solar pela civilização humana.

A força das manchas solares

Tempos quentes
Os agentes da discórdia foram os dinamarqueses Eigil FriisChristensen e Knud Lassen, do Instituto Meteorológico da Dinamarca. E o motivo é simples: de acordo com eles, a Terra não está mais quente apenas por causa dos gases emitidos pelos carros e pela indústria, que engendram o propalado efeito estufa. Ao lado disso, o próprio Sol estaria gerando calor em excesso, atualmente. Christensen e Lassen chegaram a essa conclusão depois de comparar a temperatura na Terra com o ciclo das manchas velares - áreas escuras que, a cada 11 anos, em média, pipocam em maior número. Parece existir uma estreita relação entre o clima na Terra e o ciclo das manchas - que não tem sempre a exata duração de 11 anos. Veja no gráfico: nos últimos 100 anos, o ciclo curto persistiu até 1940, período em que a temperatura subiu. Entre os anos 40 e 60, o ciclo se ampliou e a temperatura caiu. Depois disso, o ciclo voltou a se encurtar e, mais uma vez, os termômetros reagiram para cima. Muitos climatologistas acham que tudo isso é mera coincidência estatística: afinal, as alterações na radiação solar só passaram a ser bem monitoradas há dez anos, o que é muito pouco tempo. E, acima de tudo, não há uma teoria que explique a influência das manchas sobre o clima: as diferenças na emissão de luz solar, ao longo do ciclo, são pequenas demais para justificar as mudanças de temperatura.Imagina-se, porém, que as variações de luz possam ser amplificadas no topo da atmosfera terrestre o que teria conseqüências no clima. E apenas um começo, mas vale a pena insistir na idéia, pois nada seria mais importante para o clima, em longas escalas de tempo, do que a variação da atividade solar. O efeito estufa teria papel secundário no aquecimento de 0,5 grau Celsius, observado no último século. A tal ponto que esse efeito acabaria neutralizado pelo maior número de manchas previsto para os próximos anos.





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quinta-feira, 14 de março de 2013

Calendário dos Animais - Biologia


CALENDÁRIO DOS ANIMAIS - Biologia



Os bichos têm data marcada para realizar tarefas vitais. Por isso, os biólogos desconfiam que diversos hormônios no organismo dessas espécies funcionam feito um relógio.



Para o homem, aparentemente, todo dia é dia, toda hora é hora de fazer o que lhe der na veneta. Para os bichos, porém, há um momento adequado para tudo: uma hora certa para dar duro e uma hora certa para dormir; uma estação excelente para namorar e uma estação indicada para poupar energia. Cada espécie tem suas próprias efemérides e respeitar esse calendário próprio costuma ser uma questão de vida ou morte, ou seja, de agir conforme os ciclos do ambiente. como o noite-dia para aumentar as chances de sobrevivência. Na realidade, isso só é possível porque uma série de substâncias, circulando pelo organismo funcionam como um verdadeiro relógio biológico. Os cientistas, porém, ainda têm muito o que aprender sobre o intrincado mecanismo de seus ponteiros.
O naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882), ainda no século XIX, já observava que os animais têm um tempo fixo pára cada uma de suas atividades. Mas, apenas na década de 20 deste século, surgiram os primeiros estudos de Cronobiologia, a área da ciência que investiga a relação entre os ritmos dos seres vivos e os ritmos do meio, como as estações do ano. Hoje ninguém duvida que marcar uma época para a reprodução. por exemplo, parece ser essencial, mesmo para quem não se preocupa com datas de casamento, isto e, as espécies hermafroditas, que dispensam parceiro para ter filhos."Seu organismo está sempre medindo as condições ambientais. Assim, os filhotes são programados para épocas mais favoráveis à sobrevivência", explica a bióloga Mírian Marques, da Universidade de São Paulo.
Dessa maneira, a hermafrodita minhoca deixa para desovar quando o clima se torna fresco e úmido; pois, no calor, é grande a probabilidade de que os sensíveis filhotes não vinguem. Seu relógio biológico, portanto, precisa desencadear o processo reprodutivo com bastante antecedência, dando um prazo para que a eclosão dos ovos acontece justamente no período de clima mais ameno É sempre assim: o relógio biológico tem de ser capaz de notar, graças a sinais do ambiente - como luz e temperatura -, a aproximação de uma época do dia ou do ano, ideal para buscar comida ou ter um filho ou, ainda, iniciar uma longa viagem. Assim, o organismo ganha tempo para se preparar, à semelhança de uma cozinheira que, para ter o feijão pronto no hora do almoço, deve colocá-lo de molho horas antes -ou, então, a refeição atrasa.
No que diz respeito à reprodução, quando há sexo envolvido, as coisas se complicam: para que tudo ocorra conforme o figurino, macho e fêmea precisam acertar seus ponteiros. Dedicada à pesquisa com insetos - "eles são bem mais interessantes do que os mamíferos" -, a bióloga Mírian gosta de descrever o ritual de acasalamento das pequenas drosófilas, popularmente conhecidas como moscas-das-frutas. "É um dos mais ricos exemplos da sincronia necessária na reprodução", diz, sem disfarçar a predileção. Segundo a pesquisadora, a fêmea da drosófila é que toma a iniciativa de escolher o parceiro. Quem não for um excelente pé-de-valsa, pode desistir de seus carinhos, pois não tem a menor chance. Na chamada dança da corte dessas moscas, a fêmea selecionará o macho capaz de imitar com perfeição seus frenéticos movimentos de antenas. Além disso, o marcho deve literalmente cantar, pois sem ouvir uma boa cantada - em freqüências sonoras que os ouvidos humanos são incapazes de captar -, a exigente fêmea drosífila dá as costas para o pretendente e parte em busca de outro. O acasalamento, porém, não dependerá exclusivamente desse curioso vestibular do amor. Pois o casal tem hora certa para se entregar à paixão: sempre no final da tarde, marcando novos encontros em pontuais intervalos de 24 horas.O mais curioso porém é que essas mosquinhas nunca perdem a noção do tempo. Quando criadas em laboratórios fechados, sem receber nenhum sinal do ambiente, como diferenças de iluminação, elas continuam se acasalando no cair da tarde, repetindo o encontro diariamente. "Isso mostra que até um organismo relativamente simples como o da drosófila possui um sofisticado relógio inferno, capaz de marcar não só pulsos de segundo - caso contrário, a mosca perderia o compasso na dança da corte - como períodos de cerca de 24 horas, os chamados períodos circadianos", ensina Mirian Marques.
Na verdade, o calendário do amor está subordinado aos imperativos da reprodução. Entre muitos mamíferos, como o elefante e o leão, terminado o período de acasalamento, a atração desaparece: a atividade sexual se interrompe, para só ser retomada em outra data fixa, no ano seguinte. Enquanto dura a abstinência, a produção de óvulos na fêmea diminui; as taxas de testosterona nos machos, por sua vez, despencam - e, como se sabe, esse hormônio masculino é o grande responsável pelo desejo. Para certas espécies. como os javalis, esse ciclo da reprodução coincide com o ciclo de território. Ou seja o acasalamento acontece na época do ano em que esses animais aproveitam para marcar uma área de domínio, cuja entrada, aliás, costuma ser proibida para estranhos, especialmente quando se trata de machos rivais. O cabrito-montês, por exemplo, não cria problemas com seus vizinhos nos meses de janeiro e fevereiro, mas compra qualquer briga entre março e abril, auge de seu período territorial - e sexual.Nem sempre, porém, o relógio biológico trabalha em função de anos. Ele divide o tempo de acordo com as necessidades de cada espécie. Assim, cientistas observam alterações no organismo do caranguejo-mão-grande a cada doze horas, ou seja, essa espécie possui um relógio circamaré, regulado pelo vaivém do mar: na metade do dia em que a maré está alta, o crustáceo permanece escondido sob a água; quando a maré baixa, ele imediatamente sobe à superfície. Há indícios de que seu organismo começa a se preparar para a mudança de ambiente ainda quando está submerso,duas a três horas antes de vir à tona. A circulação do seu sangue branco acelera-se gradualmente; pois, quando sair da água, o caranguejos deverá absorver mais oxigênio para, por sua vez, fornecer mais energia as patas - já que não se descarta a possibilidade de eventuais corridas, disparadas pelo medo de predadores.
Para os cronobiologistas, os ponteiros e engrenagens do relógio biológico devem ser hormônios, substâncias que agem feito mensageiros químicos. Ao longo da evolução, as fábricas de hormônios - as glândulas - se adaptaram no sentido de aumentar ou diminuir sua produção geralmente conforme a quantidade de luz e a temperatura do ambiente. Aliás, esses dois fatores ambientais são considerados os mais importantes sincronizadores para os seres vivos. Mas as glândulas se adaptaram de tal maneira a esses ritmos de atividade, criados de acordo com o ambiente, que eles podem se manter constantes quando desaparecem os sinais do meio - daí a pontualidade das mosquinhas drosófilas. "Antes, supunha-se que esses ritmos podiam ser ensinados de pai para filho", conta o zoólogo paulista Ladislau Deutsch, que se dedica a projetos de parques. "Essa hipótese teve de ser afastada: a vespa e a aranha, por exemplo. não chegam a conhecer os pais e, apesar disso, reproduzem os ritmos de atividade paternos."Durante dezesseis anos, até 1984, Deutsch chefiou a Divisão de Mamíferos do Zoológico Municipal de São Paulo. "Certa vez, trouxeram para o zoológico um veado-nobre, mamífero do Hemisfério Norte, que troca de chifres todo ano, no verão", recorda. "O clima paulistano, no entanto, não estimulou seu organismo o suficiente para ajustar o seu relógio biológico, já que ele mudou de hemisfério. Resultado: aquele veado-nobre passou a trocar os chifres no inverno brasileiro, quando é verão acima da linha do Equador." Mesmo para certos insetos, as estações do ano são sincronizadores importantes. A questão é que os relógios biológicos, em geral, podem se orientar por diversos sincronizadores ao mesmo tempo. Desse modo, os insetos são mais sensíveis à variação do claro para o escuro, no decorrer do dia, até anoitecer. As baratas costumam ficar mais agitadas no início da noite. Mas, nem por isso, as células censoras na superfície de seu corpo deixam de medir a temperatura, para enviar sinais quando o clima esquenta, do jeito que elas gostam. Daí a proliferação desses insetos nas noites de verão, quando os ponteiros de seu relógio marcam duas condições favoráveis ao mesmo tempo. Eventualmente, estudar a influência da luz e do calor no relógio biológico dos animais pode ser interessante para a Medicina. Uma equipe de pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, está estudando os ritmos dos caramujos Australorhis, cujo organismo hospeda o verme transmissor da esquistossomose: "Existem épocas do ano e até horários ao longo do dia em que as cercárias, formas adolescentes do verme esquistossomo, são liberadas em maior quantidade", explica a bióloga Lúcia Rotenberg, que lidera a pesquisa. "Nosso desafio é relacionar o ritmo do caramujo hospedeiro com o ritmo das cercárias. Isso, quem sabe, facilitaria o controle da doença."Alguns animais se governam por sincronizadores bastante originais. E o caso do beija-flor. Embora as variações de luminosidade não sejam ignoradas por esse pássaro, ele também se orienta pelas flores. Seu cérebro grava os horários do dia em que elas produzem mais néctar e açúcar para alimentá-lo. "O mais incrível é que o beija-flor cria um roteiro de vôo, para otimizar a busca de comida", conta o biólogo argentino Josué Nuñes, professor da Universidade de Buenos Aires."O mesmo pássaro pode ser flagrado durante o dia visitando espécies de flores diferentes. A organização de sua agenda é de fazer inveja aos mais pontuais sistemas de transporte criados pelo homem", diz, em tom divertido. Junto com pesquisadores alemães, da Universidade de Berlim, Nuñes e sua equipe vêm estudando a capacidade dos animais de gravar ritmos de outras espécies, quando essa memorização interessa à sua sobrevivência. "As abelhas só sobrevoam determinada flor no horário do dia em que ela está no pico da produção de néctar" garante o professor. Assim como essa capacidade de memorização, boa parte dos ritmos biológicos parece herdada pelos genes.Nesse sentido, o biólogo americano J. Truman realizou uma experiência clássica em Cronobiologia: ele transplantou o cérebro de uma mosca drosófila da espécie cecrópia em outra mosca da espécie pernyi. A primeira costuma desovar logo de manhã, por volta das 8 horas; a segunda põe ovos à noite, lá pelas 20 horas. Mas, com o cérebro da cecrópia, a mosquinha pernyi trocou a noite pelo dia, passando a desovar no horário da outra mosca. Até hoje, contudo, os pesquisadores procuram o local exato do relógio biológico no sistema nervoso dos animais. Alguns cientistas apostam que esse relógio não teria um endereço certo: ele seria a soma da ação de diversos hormônios neurotransmissores em todas as regiões cerebrais. Há estudos, porém, que apontam uma pequena glândula cerebral na forma de pinha, a glândula pineal, como a responsável pelo calendário das espécies. De qualquer modo, a busca do relógio dos animais pretende também elucidar os ritmos biológicos humanos. Pois experiências na área da Fisiologia constatam que o organismo do homem também funciona em ciclos - embora, de todas as espécies, esta seja a que menos liga para horários.

A espera de tempos difíceis

Para um olhar aguçado, um dia de céu limpo no inverno é diferente de um dia de céu azul no verão, pois as alterações na inclinação da Terra em relação ao Sol provocam diferenças de luminosidade, conforme a estação. No entanto, na área do planeta próxima à linha imaginária do Equador, essas variações de luz podem ser ínfimas. "Mesmo assim, as plantas típicas dessas regiões e os animais habituados a viver ali conseguem perceber as sutilezas do ambiente", garante Alexandre Menezes, especialista em Psicobiologia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em Natal. Ele observa o comportamento dos sagüis: "Eles mudam de temperamento de acordo com a estação", afirma.Distantes do calor amazônico em que vivem os sagüis, os pingüins da Antártida possuem a mesma sensibilidade. Eles têm hora marcada para se deslocarem, diariamente, da colônia em direção à costa e vice-versa. O curioso é que, no verão polar, as 24 horas do dia parecem não passar, porque jamais anoitece. Mesmo assim, os pingüins distinguem as pequenissimas alterações no comprimento das ondas luminosas no decorrer do dia. Essa aptidão para notar mudanças na intensidade de luz não é própria dos olhos, que apenas funcionam como câmaras de vídeo, captando a imagem. O responsável por essa distinção é o cérebro, que, ainda nas palavras dos cronobiologistas, possui um relógio fotoperiódico, isto é, um mecanismo capaz de marcar o tempo graças a indicadores de luz.Esse relógio é fundamental para espécies que precisam prever a aproximação de tempos difíceis. Mal chega o outono, por exemplo, os ursos polares iniciam um legitimo regime para engordar. Pois a gordura acumulada sob a pele serve de isolante contra o frio que chega com o inverno. A chamada raposa-do-ártico, por sua vez, reage de maneira diferente à luminosidade do outono: "Ela troca a pelagem acinzentada ou castanha, que exibia no verão, por uma pelagem branca", conta o zoólogo Ladislau. "Dessa maneira, ela dificulta a ação dos predadores, camuflada no meio da neve do inverno."





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quarta-feira, 13 de março de 2013

10 artistas que mais venderam discos na história da música


10 artistas que mais venderam discos na história da música


Com a nova geração da música atual fazendo sucesso no mundo todo, muitas vezes, nos perguntamos: quem foram os maiores, os mais-mais da história? Em tempos de globalização, redes sociais e Youtube, é mais fácil (ou menos difícil) tornar um artista de fama mundial. Mas, em outrora, não havia nada disso. Essas estrelas reinavam (reinam) arrastando multidões aos seus shows e vendendo milhares de cópias de seus discos pelo mundo. Discos, que não foram poucos. O Elton John produziu sozinho, entre trilhas e compilações, 42 álbuns em sua carreira. E ainda figurou entre os músicos mais bem pagos de 2012 pela Forbes. Segue abaixo a lista dos artistas e seus albuns lançados.
A lista foi compilada pelo pessoal da Bcharts e usou como base as informações da Mediatraffic e ChartInFrance/UKMix.



Queen Queen S 1973 2.500.000
Queen Sheer Heart Attack S 1974 3.500.000
Queen Queen II S 1974 2.500.000
Queen A Night at the Opera S 1975 10.500.000
Queen A Day at the Races S 1976 4.500.000
Queen News Of The World S 1977 9.500.000
Queen Jazz S 1978 4.500.000
Queen The Game S 1980 8.000.000
Queen Flash Gordon S 1980 2.500.000
Queen Hot Space S 1982 3.000.000
Queen The Works S 1984 4.500.000
Queen A Kind Of Magic S 1986 5.500.000
Queen The Miracle S 1989 4.500.000
Queen Innuendo S 1991 5.500.000
Queen Made in Heaven S 1995 9.500.000
Queen Live Killers C 1979 4.000.000
Queen Greatest Hits C 1981 27.500.000
Queen Live Magic C 1986 3.000.000
Queen Live At The Beeb C 1989 500.000
Queen Greatest Hits II C 1991 22.000.000
Queen Live At Wembley 86 C 1992 4.500.000
Queen Greatest Hits I & II C 1994 4.000.000
Queen Queen Rocks C 1997 2.000.000
Queen Greatest Hits III C 1999 3.000.000
Queen The Platinum Collection C 2000 6.000.000
Queen In Vision (Japanese Release) C 2000 300.000
Queen Jewels C 2004 1.500.000
Queen Queen on Fire – Live at the Bowl C 2004 1.000.000
Queen Return Of The Champions C 2005 500.000
Queen Jewels II C 2005 300.000
Queen Queen Rock Montreal C 2007 500.000
Queen Absolute Greatest C 2009 1.000.000



Celine Dion – La Voix Du Bon Dieu (1981) 50.000.
Celine Dion – Céline Dion Chante Noël (1981) 25.000.
Celine Dion – Tellement J’ai D’amour Pour Toi (1982) 150.000
Celine Dion – Les Chemins De Ma Maison (1983) 150.000
Celine Dion – Chantes Et Contes De Noël (1983) 75.000
Celine Dion – Mélanie (1984) 175.000
Celine Dion – Les Plus Grands Succès De Céline Dion (1984) 75.000
Celine Dion – C’est Pour Toi (1985) 50.000
Céline Dion En Concert (1985) 50.000
Celine Dion – Les Chansons En Or (1986) 150.000
Celine Dion – Incognito (1987) 500.000
Celine Dion – Unison – 3.500.000 (1990)
Celine Dion – Dion chante Plamondon – 1.500.000 (1991)
Celine Dion – Celine Dion – 6.000.000 (1992)
Celine Dion – The Colour Of My Love – 16.000.000 (1993)
Celine Dion – À l’Olympia – 1.000.000 (1994)
Celine Dion – D’eux – 7.500.000 (1995)
Celine Dion – Falling Into You – 29.500.000 (1996)
Celine Dion – Let’s Talk About Love – 30.000.000 (1997)
Celine Dion – Live à Paris – 3.000.000 (1997)
Celine Dion – These Are Special Times – 10.500.000 (1998)
Celine Dion – S’il suffisait d’aimer – 3.500.000 (1998)
Celine Dion – All the Way … A Decade Of Song – 21.500.000 (1999)
Celine Dion – Au cœur du stade – 1.000.000 (1999)
Celine Dion – The Collector’s Series, Volume One – 2.500.000 (2000)
Celine Dion – A New Day Has Come – 9.000.000 (2002)
Celine Dion – 1 fille & 4 types – 1.500.000 (2003)
Celine Dion – One Heart – 5.000.000 (2003)
Celine Dion – A New Day… Live in Las Vegas – 1.000.000 (2004)
Celine Dion – Miracle – 2.000.000 (2004)
Celine Dion – On ne change pas – 1.000.000 (2005)
Celine Dion – D’elles – 700.000 (2007)
Celine Dion – Taking Chances – 3.300.000 (2007)
Celine Dion – My Love: Essential Collection – 1.600.000 (2008)
Celine Dion – Complete Best – 190.000 (2008)
Celine Dion – Sans Attendre – 900.000 (2012)



The Rolling Stones S 1964 1.000.000
The Rolling Stones The Rolling Stones S 1964 1.500.000
The Rolling Stones Around And Around S 1964 1.000.000
The Rolling Stones 12 X 5 S 1964 1.000.000
The Rolling Stones Bravo Rolling Stones S 1964 750.000
The Rolling Stones The Rolling Stones Vol 2 S 1965 1.500.000
The Rolling Stones The Rolling Stones, Now! S 1965 1.000.000
The Rolling Stones Out of Our Heads S 1965 2.500.000
The Rolling Stones S 1965 1.000.000
The Rolling Stones Aftermath S 1966 4.000.000 -
The Rolling Stones Between The Buttons S 1967 2.500.000
The Rolling Stones Flowers S 1967 1.500.000
The Rolling Stones Their Satanic Majesties Request S 1967 2.500.000
The Rolling Stones Beggars Banquet S 1968 3.000.000
The Rolling Stones Through The Past, Darkly S 1969 4.500.000
The Rolling Stones Let It Bleed S 1969 6.000.000
The Rolling Stones The Rolling Stones Sticky Fingers S 1971 7.500.000
The Rolling Stones Exile on Main St. S 1972 7.000.000 -
The Rolling Stones More Hot Rocks S 1972 1.500.000 -
The Rolling Stones Goats Head Soup S 1973 5.500.000
The Rolling Stones S 1974 3.500.000 +
The Rolling Stones Metamorphosis S 1975 1.500.000
The Rolling Stones Made in the Shade S 1975 1.500.000 +
The Rolling Stones Black And Blue S 1976 3.500.000
The Rolling Stones Love You Live S 1977 2.000.000
The Rolling Stones Some Girls S 1978 10.000.000
The Rolling Stones Emotional Rescue S 1980 6.000.000 -
The Rolling Stones Tattoo You S 1981 8.000.000
The Rolling Stones Still Life S 1982 3.000.000
The Rolling Stones Undercover S 1982 3.000.000
The Rolling Stones Dirty Work S 1986 3.500.000
The Rolling Stones Steel Wheels S 1989 6.000.000
The Rolling Stones Flashpoint S 1991 3.000.000
The Rolling Stones Jump Back The Best Of Rolling Stones S 1993 4.500.000
The Rolling Stones Voodoo Lounge S 1994 6.000.000
The Rolling Stones Stripped S 1995 4.000.000 -
The Rolling Stones Bridges To Babylon S 1997 4.500.000
The Rolling Stones No Security S 1998 1.000.000
The Rolling Stones A Bigger Bang S 2005 3.000.000
The Rolling Stones Big Hits (High Tide And Green Grass) C 1966 5.500.000
The Rolling Stones Got Live If You Want It! C 1966 1500000 -
The Rolling Stones Hot Rocks 1964-1971 C 1972 10.500.000
The Rolling Stones Rolled Gold C 1975 750.000
The Rolling Stones Sucking In The Seventies C 1981 1.000.000
The Rolling Stones Rewind 1971-1984 C 1984 1.500.000
The Rolling Stones Singles Collection The London Years C 1989 2.000.000
The Rolling Stones 40 Licks C 2002 7.500.000
The Rolling Stones Live Licks C 2004 750.000
The Rolling Stones Shine a Light C 2008 750.000



Led Zeppelin Led Zeppelin II S 1969 20.200.000
Led Zeppelin Led Zeppelin S 1969 14.000.000
Led Zeppelin Led Zeppelin III S 1970 12.200.000
Led Zeppelin Led Zeppelin IV S 1971 35.500.000
Led Zeppelin Houses of the Holy S 1973 17.000.000
Led Zeppelin Physical Graffiti S 1975 13.200.000
Led Zeppelin Presence S 1976 6.700.000
Led Zeppelin In Through The Out Door S 1979 10.200.000
Led Zeppelin The Song Remains The Same C 1976 8.000.000
Led Zeppelin Coda C 1982 3.300.000
Led Zeppelin Remasters C 1990 6.000.000
Led Zeppelin Led Zeppelin (Boxed Set Vol.1) C 1990 4.000.000
Led Zeppelin The Complete Studio Recordings C 1993 2.500.000
Led Zeppelin BBC Sessions C 1997 2.700.000
Led Zeppelin Early Days The Best Of Led Zeppelin Vol.1 C 1999 2.300.000
Led Zeppelin Latter Days The Best Of Led ZeppelinVol.2 C 2000 1.000.000
Led Zeppelin Early Days & Latter Days C 2002 3.500.000
Led Zeppelin How The West Was Won C 2003 2.200.000
Led Zeppelin Mothership S 2007 2.500.000



U2 Boy S 1980 4.000.000
U2 October S 1981 3.500.000
U2 War S 1983 10.000.000
U2 The Unforgettable Fire S 1984 8.500.000
U2 The Joshua Tree S 1987 28.500.000
U2 Achtung Baby S 1991 17.500.000
U2 Zooropa S 1993 7.500.000
U2 Pop S 1997 7.000.000
U2 All That You Can t Leave Behind S 2000 12.000.000
U2 How To Dismantle An Atomic Bomb S 2004 10.000.000
U2 No Line on the Horizon S 2009 3.500.000
U2 Under a Blood Red Sky C 1983 10.000.000
U2 Wide Awake in America C 1985 2.500.000
U2 Rattle and Hum C 1988 14.500.000
U2 The Best of 1980-1990 C 1998 18.500.000
U2 The Best of 1990-2000 C 2002 7.500.000
U2 18 Singles C 2006 5.200.000



Elton John – 2.500.000 (1970)
Tumbleweed Connection – 3.000.000 (1971)
Madman Across the Water – 3.000.000 (1971)
Friends – 1.000.000 (1971)
Honky Château – 5.500.000 (1972)
Don t Shoot Me I m Only the Piano Player – 6.000.000 (1973)
Elton John – Goodbye Yellow Brick Road – 13.000.000 (1973)
Caribou – 4.500.000 (1974)
Elton John – Elton John’s Greatest Hits – 23.000.000 (1974)
Captain Fantastic and the Brown Dirt Cowboy – 6.500.000 (1975)
Rock of the Westies – 3.000.000 (1975)
Blue Moves – 3.000.000 (1976)
A Single Man – 3.000.000 (1978)
Victim Of Love – 750.000 (1979)
21 at 33 – 2.000.000 (1980)
The Fox – 1.500.000 (1981)
Jump Up! – 1.500.000 (1982)
Too Low for Zero – 4.000.000 (1983)
Breaking Hearts – 3.000.000 (1984)
Ice on Fire – 2.500.000 (1985)
Leather Jackets 1.000.000 (1986)
Reg Strikes Back – 2.000.000 (1988)
Sleeping with the Past – 6.000.000 (1989)
Elton John – The Very Best Of Elton John – 11.000.000 (1990)
The One – 6.000.000 (1992)
Duets – 4.000.000 (1993)
Elton John – Love Songs – 10.000.000 (1995)
Elton John – The Lion King Soundtrack – 17.500.000 (1994)
Made in England – 4.000.000 (1995)
The Big Picture – 4.000.000 (1997)
Songs From The West Coast – 2.500.000 (2001)
Peachtree Road – 1.500.000 (2004)
11-17-70 – 1.500.000 (1971)
Here and There – 1.500.000 (1976)65.75
Greatest Hits, Volume II – 7.000.000 (1977)
Live In Australia – 2.500.000 (1987)
Greatest Hits, Volume III – 2.500.000 (1987)
Aida – 7.500.00 (1999)
One Night Only C – 2.000.000 (2000)
Greatest Hits 1970-2002 – 6.000.000 (2002)
The Captain & The Kid – 750.000 (2006)
Rocket Man: The Definitive Hits 1.500.000 (2007)



Madonna Madonna S 1983 9.500.000
Madonna Like A Virgin S 1984 21.100.000
Madonna True Blue S 1986 23.100.000
Madonna Like a Prayer S 1989 14.100.000
Madonna Erotica S 1992 6.500.000
Madonna Bedtime Stories S 1994 8.000.000
Madonna Ray of Light S 1998 15.100.000
Madonna Music S 2000 11.000.000
Madonna American Life S 2003 4.000.000
Madonna Confessions on a Dance Floor S 2005 9.900.000
Madonna You Can Dance C 1987 5.000.000
Madonna Who s That Girl C 1987 5.000.000
Madonna The Immaculate Collection C 1990 26.500.000
Madonna I m Breathless Soundtrack C 1990 6.500.000
Madonna Something to Remember C 1995 8.000.000
Madonna Evita Soundtrack C 1996 6.500.000
Madonna GHV2 C 2001 5.500.000
Madonna Remixed & Revisited C 2003 1.000.000
Madonna Hard candy S 2008 3.800.000
Madonna Celebration C 2009 2.000.000
Madonna Confessions Tour C 2007 1.250.000
Madonna I’m Going to Tell You a Secret C 2006 750.000
Madonna Sticky & Sweet Tour C 2010 500.000
Madonna MDNA S 2012 1.600.000



Pink Floyd Piper At The Gates Of Dawn S 1967 3.500.000
Pink Floyd Sauceful Of Secrets S 1968 2.500.000
Pink Floyd Ummagumma S 1969 4.000.000
Pink Floyd Music from the Film More S 1969 1.500.000
Pink Floyd Atom Heart Mother S 1970 5.000.000
Pink Floyd Meddle S 1971 7.200.000
Pink Floyd Dark Side Of The Moon S 1973 41.800.000
Pink Floyd Wish You Were Here S 1975 21.300.000
Pink Floyd Animals S 1977 12.400.000
Pink Floyd The Wall S 1979 30.700.000
Pink Floyd The Final Cut S 1983 7.100.000
Pink Floyd A Momentary Lapse Of Reason S 1987 9.600.000
Pink Floyd The Division Bell S 1994 11.300.000
Pink Floyd More C 1969 2.500.000
Pink Floyd Relics C 1971 2.000.000
Pink Floyd Obscured By Clouds C 1972 3.000.000
Pink Floyd A Nice Pair C 1973 2.500.000
Pink Floyd Master Of Rock C 1974 1.500.000
Pink Floyd A Collection Of Great Dance Songs C 1981 4.700.000
Pink Floyd Works C 1983 750.000
Pink Floyd Delicate Sound Of Thunder C 1988 5.800.000
Pink Floyd Shine On C 1992 750.000
Pink Floyd Pulse C 1995 6.000.000
Pink Floyd Is There Anybody Out There ? The Wall Live C 2000 2.000.000
Pink Floyd Echoes: The Best Of Pink Floyd C 2001 7.500.000



Michael Jackson Got To Be There S 1971 1.500.000
Michael Jackson Ben S 1972 3.000.000
Michael Jackson Music And Me S 1973 750.000
Michael Jackson Forever Michael S 1975 750.000
Michael Jackson Off The Wall S 1979 20.000.000
Michael Jackson Thriller S 1982 68.000.000
Michael Jackson Bad S 1987 33.500.000
Michael Jackson Dangerous S 1991 31.000.000
Michael Jackson Invincible S 2001 7.500.000
Michael Jackson Best Of Michael Jackson C 1975 1.500.000
Michael Jackson The Best Of Michael Jackson C 1980 1.000.000
Michael Jackson One Day In Your Life C 1981 750.000
Michael Jackson 18 Greatest Hits C 1984 1.500.000
Michael Jackson Farewell My Summer Love C 1984 1.000.000
Michael Jackson HIStory C 1995 20.500.000
Michael Jackson Blood on the Dance Floor C 1997 5.000.000
Michael Jackson Greatest Hits – HIStory Volume I C 2001 3.000.000
Michael Jackson Number Ones C 2003 10.500.000
Michael Jackson The Essential C 2005 5.500.000
Michael Jackson The King Of Pop C 2009 2.000.000
Michael Jackson Michael C 2010 1.800.000
Michael Jackson This Is It C 2009 4.500.000



The Beatles With the Beatles S 1963 6.000.000
The Beatles Please Please Me S 1963 5.000.000
The Beatles Introducing… The Beatles S 1963 3.000.000
The Beatles A Hard Day s Night S 1964 11.000.000
The Beatles Meet the Beatles! S 1964 7.000.000
The Beatles Beatles For Sale S 1964 6.000.000
The Beatles Beatles 65 S 1964 4.500.000
The Beatles The Beatles Second Album S 1964 3.000.000
The Beatles Something New S 1964 3.000.000
The Beatles Rubber Soul S 1965 14.500.000
The Beatles Help! S 1965 11.000.000
The Beatles Beatles VI S 1965 3.500.000
The Beatles Revolver S 1966 12.000.000
The Beatles Yesterday& and Today S 1966 3.000.000
The Beatles Sgt. Pepper s Lonely Hearts Club Band S 1967 32.000.000
The Beatles The Beatles (The White Album) S 1968 22.000.000
The Beatles Abbey Road S 1969 27.500.000
The Beatles Yellow Submarine S 1969 5.500.000
The Beatles Let It Be S 1970 11.000.000 189
The Beatles Hey jude S 1970 5.000.000 194
The Beatles The Early Beatles C 1965 1.000.000
The Beatles Magical Mystery Tour C 1967 10.000.000
The Beatles 1962-1966 C 1973 24.000.000
The Beatles 1967-1970 C 1973 24.000.000
The Beatles Rock n Roll Music C 1976 4.500.000
The Beatles Love Songs C 1977 3.500.000 261
The Beatles The Beatles At The Hollywood Bowl C 1977 4.000.000
The Beatles 20 Greatest Hits C 1982 4.500.000
The Beatles Past Masters Vol 1 C 1988 2.000.000
The Beatles Past Masters Vol 2 C 1988 2.000.000
The Beatles Live at BBC C 1994 7.500.000
The Beatles Anthology 1 C 1995 10.000.000
The Beatles Anthology 2 C 1996 4.500.000
The Beatles Anthology 3 C 1996 3.500.000
The Beatles 1 C 2000 32.000.000
The Beatles Let It Be … Naked C 2003 3.500.000
The Beatles Love S 2006 6.000.000





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quarta-feira, 13 de março de 2013

Doenças de Concreto e Vidro - Saúde


DOENÇAS DE CONCRETO E VIDRO - Saúde



Edifícios modernos com janelas fechadas e ventilação artificial podem ser lugares perigosos para as pessoas. Ar de má qualidade e substâncias tóxicas dentro dos escritórios provocam alergias e infecções respiratórias.



Existem pessoas que têm alergia ao trabalho. Volta e meia sentem dores de cabeça, de garganta, ficam resfriadas, faltam ao emprego. Aversão a serviço? Não, ao prédio. Desde 1983, quando a Organização Mundial da Saúde cunhou o termo Síndrome do Edifício Doente, esses sintomas mais parecidos com uma alergia a escritório passaram a ser considerados como doenças ocupacionais. Só que os doentes não são as pessoas, mas os prédios: os males da síndrome surgem graças ao contaminado meio ambiente em seu interior. Edifícios podem ser lugares insalubres - e os mais chiques e moderninhos tendem a ser os mais perigosos. A OMS calcula que um terço dos novos e remodelados edifícios comerciais estejam doentes. Lá dentro, invisíveis, podem conviver ar de má qualidade com ventilação inadequada, produtos tóxicos liberados de carpetes e madeiras compensadas, fumaça de cigarros, temperatura ora fria, ora quente demais.
Esse cenário tenebroso para narizes e pulmões sensíveis começou a ser desenhado há cerca de trinta anos, quando a paisagem urbana foi tomada, principalmente nos países desenvolvidos, pelos chamados edifícios fechados. Sem janelas que se abram para o mundo externo, nos dias de calor, nem aquecimento a vapor, nos dias de frio, lá se respira ar condicionado climatizado que sai de autos distribuídos capilarmente por todas as dependências. "Edifícios fechados são ambientes potencialmente insalubres para trabalhadores do setor terciário", constata o médico do trabalho Davi Rumel, professor do Departamento de Epidemiologia na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Rumel passou os últimos dois anos no Canadá, trabalhando numa equipe de estudos sobre poluição interna.
O grupo de Rumel era chefiado pelo canadense Theodor D. Sterling, um dos primeiros pesquisadores a se ocupar de edifícios fechados, ainda na década de 50. A lista das enfermidades em edifícios desse tipo é de deixar os cabelos em pé: dor de cabeça; irritação, secura, dor nos olhos e lacrimejamento; constipação e irritação nasal; dor e irritação na garganta; dificuldade respiratório e sensação de opressão; fadiga; letargia; secura, coceira e irritação na pele; dificuldade de concentração.
A síndrome não escolhe latitude ou longitude; ataca edifícios fechados, grandes ou pequenos, em qualquer país do mundo. Embora se alegasse que o controle do ar tornaria o ambiente interno livre de poluição e sujeira, funcionou tudo ao contrário. A Agência de Proteção Ambiental nos Estados Unidos detectou que o nível de poluição dentro de alguns edifícios chega a ser 100 vezes maior do que na rua. Trazer o ar para dentro do prédio exige um equipamento para aspirá-lo, do qual faz parte uma série de filtros que retém a sujeira. Só que tais filtros não são trocados com a freqüência ideal, e de tão sujos que ficam tornam-se um prato cheio para a proliferação de fungos e bactérias. É nada mais que a confirmação de uma lei da ecologia: em qualquer novo ambiente com substrato orgânico propício à aparição de vida, a vida será criada.
Os próprios autos de distribuição raramente são limpos, formando-se em seu interior poças de água provocadas pelas diferenças de temperatura - mais um moIho no caldo de microorganismos. A situação piora pelo fato de o ar raramente ser renovado totalmente, pois isso significa mais gasto de energia, seja no resfriamento ou aquecimento, nas lufadas de ar fresco para que a temperatura seja constante do lado de dentro. Dessa forma, a fumaça de um cigarro fumado no primeiro andar passeia dias por dentro dos tubos, podendo ir deixar os resíduos tóxicos dez andares acima. Grave o caso se torna quando a entrada de ar fica em lugares absolutamente impróprios, como ao nível de ruas movimentadas ou perto de chaminés.

Histórias assim podem ter final trágico, como aconteceu num hotel da Filadélfia, nos Estados Unidos, em 1976. Um grupo de legionários que participava de uma convenção da Legião Americana foi vitima de um surto de pneumonia, provocada por uma estranha bactéria. Nativa da terra, a bactéria encontrou ambiente propício para sobreviver na torre de resfriamento do sistema de ventilação, onde haviam proliferado certas algas. Pois a entrada de ar localizava-se justamente ao lado da torre, condição em que as bactérias foram aspiradas pelos autos e se espalharam pelo hotel causando várias mortes. Materiais de construção e mobilia metidos em novas tecnologias são outro problema. Em lugar da velha e conhecida madeira maciça, apareceu a madeira compensada como matéria-prima de mesas, divisórias e até portas. As placas dessas madeiras são grudadas com cola à base de resina de formaldeído, uma substância altamente tóxica. É fácil perceber a presença dessa cola quando os móveis têm o intenso e penetrante "cheiro de novo".

A mesma cola é empregada na instalação de carpete, o que provocou nos Estados Unidos um episódio insólito. Nos escritórios da Agência de Proteção Ambiental, em Washington, as semanas seguintes à instalação de um novo carpete foram um suplício para os funcionários, que sofreram dias de tontura e queimação nos pulmões provocadas pelo formaldeído da cola. Eles reclamaram até convencer seus chefes protetores ambientais a protegê-los daquele castigo - e então festejou-se um acordo para remover o novo carpete.
Outro material que andou muito em moda, e acabou se revelando um belo estorvo, foi o amianto. Durante vários anos, foi empregado nos edifícios como isolante, até a descoberta de que o pó de amianto era cancerígeno. Além de proibido em novas construções, o amianto foi arrancado dos prédios em obras extensas e dispendiosas. Em alguns lugares, nem reformas adiantaram. No edifícios sede da Comunidade Européia, em Bruxelas, ainda existe um nível de 0,8 fibras de amianto por centímetro cúbico de ar a ameaçar a saúde dos Burocratas, quando as normas da própria comunidade estabelecem um limite de 0,0001 de fibras por centímetro cúbico. Sem outro remédio à vista, o destino do prédio doente será a demolição.Além de amianto e formaldeído, substâncias químicas dentro do próprio prédio desencadeiam reações. Substâncias desprendidas de produtos de limpeza e desinfetantes podem provocar alergia nas pessoas mais sensíveis. O ozônio emitido pelas máquinas fotocopiadoras pode causar dores de cabeça, tontura e fadiga. Lâmpadas fluorescentes - usadas em dez entre dez escritórios - emitem raios ultravioleta, que ao reagirem quimicamente com o pó em suspensão dão origem ao smog fotoquímico, uma nuvem de fumaça poluidora. Como se não bastasse o rosário de contaminações a que edifícios fechados estão sujeitos, a distribuição de espaço é outra fonte potencial de suplícios. Muitos prédios fechados são construções enormes, onde por razões econômicas todo e qualquer centímetro quadrado é aproveitado. Aglomeram-se, portanto, os trabalhadores, por vezes instalados em andares imensos, retalhados por divisórias separando as pessoas. Os mais desafortunados, que foram colocados lá no meio, cercados por biombos, ficam tão longe das janelas que não sabem se chove ou faz sol. A sensação de claustrofobia e isolamento é inevitável. "Conheço gente que deixa o escritório para ir ´tomar um ar´ na rua", conta o médico Davi Rumel, com uma ponta de ironia.
Há quem tente se salvar do sufoco tomando um arzinho lá fora, mas boa parte das pessoas sensíveis a essa clausura acabam mudando de emprego ou somatizando - é quando surgem as irritações e doenças nos olhos e nas vias respiratórias. Mesmo quem trabalha próximo a janelas que não se abrem não tem, assim como os outros, o menor controle sobre a temperatura, a ventilação ou a iluminação de seu local de trabalho. "É uma camisa-de-força ambientar", compara Rumel. O sistema de ar-condicionado central, quando distribui o ar à mesma temperatura para todos os ambientes, ignora se de um lado do prédio bate sol o dia inteiro, aquecendo aquele lado, enquanto o outro fica mais frio. Se houvesse descentralização, o pessoal do lado quente simplesmente abriria as janelas, enquanto o pessoal do lado gelado as manteria fechadas. O drama do edifício fechado, para Rumel, é que ninguém consegue adequar o ambiente às necessidades pessoais. Ele próprio, instalado em sua pequena e abarrotada sala no velho prédio da Saúde Pública, é um exemplo de como se pode conseguir esse equilíbrio. De sua janela, no primeiro andar, vêem-se as árvores do imenso jardim. Embora a tarde de verão paulistano seja quentíssima, a janela permanece fechada, por causa do barulho vindo das obras do metrô na avenida em frente. Nesse caso, basta ligar o ventilador encostado num canto para suportar melhor o calor. "No Alasca até se justifica a construção de um prédio fechado", divaga Rumel. "Mas sou contra a importação disso para o Brasil um país de clima ameno."Ainda que virtualmente todos os edifícios tenham cura, uma vez que se diagnostique a doença, é mais produtivo prevenir do que aplicar depois os remédios. Até lá, boa parte dos funcionários já terá sofrido na pele os sintomas e, pior, terão faltado muito mais ao trabalho do que se vivessem em ambiente saudável. Especialistas da empresa norte-americana Healthy Buildings International, precursora no diagnóstico e tratamento de edifícios enfermos, buscam o foco das doenças sobretudo na manutenção inadequada das instalações. Para que seja possível viver bem num escritório, aconselha-se um mínimo de 34 metros cúbicos de ar por hora por pessoa. Em uma hora, o sistema de climatização deve realizar de quatro a seis renovações totais de ar. A iluminação deve equivaler a uma lâmpada de 60 watts situada a uns 35 centímetros de altura, enquanto a temperatura interior deve oscilar entre 20 e 24 graus no inverno, e entre 23 e 26 graus no verão. Melhor que isso, só mesmo um edifício aberto.

A origem dos males

68% Ventilação indequada (pouca circulação de ar, suprimento de ar fresco inadequado, controle precário de umidade e temperatura
10% Contaminação externa (gás de escapamentos de veículos
5% Contaminação de embiente interno (fumaça de cigarros, fotocopiadores
2% Materiais de construção (formaldeído de colas)
15% Causa desconhecidas





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quarta-feira, 13 de março de 2013

Sol e Vento em Alta Tensão - Tecnologia


SOL E VENTO EM ALTA TENSÃO - Tecnologia



Sem alarde, mas em ritmo acelerado, cresce o número de megawatts gerados por usinas muito pouco ortodoxas, instaladas em regiões estratégicas dos países desenvolvidos.



A fontes alternativas de energia, como o sol ou o vento, não levaram propriamente a uma revolução, como se previa há cerca de uma década. Nem por isso, no entanto, saíram inteiramente derrotadas do embate com o carvão e o petróleo: sem alarde, elas vêm ocupando nichos estratégicos na produção energética dos países desenvolvidos, e já não há dúvida de que vieram para ficar. Tal conclusão se justifica, antes de mais nada, porque painéis solares e moinhos de vento, muito aprimorados, passaram a produzir energia bem mais barata que há dez anos. E a um ritmo tal que, em apenas cinco anos, se tornarão mais econômicos que as usinas tradicionais.
Diversas outras fontes alternativas participam dessa corrida - como óleo e álcool obtidos dos vegetais, gás fermentado por matéria em decomposição, ou mesmo a força das ondas e o calor interno do planeta. Basta ver que há muitos anos se emprega a cana brasileira para gerar álcool em grande escala, e nos Estados Unidos, em menor proporção, se tira álcool do milho. No entanto, o que é realmente novidade, nesse campo, é a evolução da energia solar e eólica. Nos países menos desenvolvidos, como no Brasil, as experiências ainda são tímidas. Mas, nos Estados Unidos especialmente, em muitas circunstâncias, a balança dos custos pende claramente a seu favor. Tanto que a potência do vento já alcança 1600 megawatts, algo como 10% de Itaipu. Não é muito - quase 1 milésimo da eletricidade total gerada no país, com a agravante de que poucas regiões se prestam à instalação de novos moinhos. O que conta é que a tecnologia foi aprovada no teste da prática e assegurou um pedaço do pacote energético que começa a ser montado. "Ela terá participação significativa de imediato", avalia o jornalista Philip Abelson, que tratou do assunto em editorial para a influente revista americana Science. Seu argumento é que o preço atual do quilowatt-hora (kWh) gerado pelo vento está abaixo de 10 centavos de dólar - praticamente o mesmo que o carvão -, contra cerca de 30 centavos, na década passada.
Além disso, esse valor deverá cair para 5 centavos quando começar a funcionar uma turbina recém-desenhada, cujas pás, em vez de girar com velocidade fixa, acompanham o ritmo do vento. Assim, convertem mais energia e funcionam mesmo em locais de vento inconstante, onde falham as turbinas atuais. O obstáculo do custo é um pouco maior, no caso dos geradores solares, ou células fotovoltaicas, cujo kWh ainda está saindo, em média, por 25 ou 30 centavos. Por isso mesmo, porém, é sugestivo que as células tenham encontrado inúmeras aplicações comerciais, como nas baterias de relógios e calculadoras - os exemplos mais conhecidos. Já são 1,2 milhão os edifícios americanos equipados com geradores desse tipo, que também são usados para alimentar correntes de alta tensão em mais de 700 linhas elétricas.
Dentro de meia década, o número de instalações desse último tipo deverá chegar a nada menos de 40 000. É certo que as células solares dependem muito da geografia: tanto que 92% da potência mundial vem de uma única usina existente no luminoso Deserto do Mojave, na Califórnia, que produz 350 megawats de força, metade da capacidade de uma instalação nuclear média. E a um custo excepcional, de apenas 8 centavos de dólar por kWh. O sistema emprega um conjunto de espelhos que concentram raios solares sobre longos tubos cheios de óleo; ao se aquecer, o óleo gera vapor que faz girar as turbinas de um dínamo.
Apesar de engenhoso e econômico, tal processo só atinge máxima eficiência em regiões de muita luz. Mais promissoras são as chamadas células fotovoltaicas, equipadas com cristais capazes de converter luz diretamente em eletricidade - em vez de transformar luz em calor para aquecer água. Na década de 70, a parcela de força convertida era pequena, cerca de 16%, mas hoje se transmutam em eletricidade 36% da luz absorvida. Em projeto, já há semicondutores ainda mais eficientes, construídos na forma de uma película superfina, cinco vezes menos espessa que um fio de cabelo. Mesmo assim, as células fotovoltaicas ainda são caras, e o kWh gerado por elas não sai por menos de 30 dólares.
De longe, o aspecto mais importante dessas mudanças é a necessidade de evitar danos ao meio ambiente e à saúde humana. Como resultado, elevam-se os preços dos combustíveis comuns e, por comparação, perde-se menos produzindo energia limpa, como a do Sol e a dos ventos. Um único cálculo ilustra de maneira dramática o que isso significa: as faltas ao trabalho devido a doenças pulmonares, nos Estados Unidos, representam um prejuízo de 40 bilhões de dólares anuais.
Divulgada pela Associação Americana para o Pulmão, essa estatística leva em conta apenas males causados pela poluição do ar, gerada em escala maciça pela queima de carvão ou petróleo. Na verdade, é impossível estimar todos os "custos embutidos" na queima de combustíveis tradicionais. O que se espera é que eles possam ser evitados ou contornados por meio de uma criteriosa utilização de antigas e novas fontes energéticas. Essa, pelo menos, é fórmula imaginada pelo atual secretário da Energia dos Estados Unidos, almirante James Watkins. "Devemos aprender com o passado e forjar idéias realistas para o futuro".

Idéias sobre a força das ondas

Quando viu o mar pela primeira vez, há muitos anos, o técnico em mecânica industrial Natalino Michelin ficou de tal maneira impressionado com a força das ondas, que decidiu aproveitá-la como fonte de eletricidade. Acabou construindo a maquete de um modelo que considera bastante eficiente. Trata-se, basicamente, de um conjunto de conchas metálicas que a onda empurra ao avançar sobre a praia; quando se move, a concha aciona um pistão capaz de comprimir um fluido, como a água. Este fluido, então, faz girar as pás de uma turbina. A concha fica presa a um eixo e o mar a empurra na horizontal; não na vertical, como ocorre em muitos outros sistemas. "Não tenho meios nem conhecimentos para desenvolver o projeto, mas estou convencido de que ele daria bons resultados em qualquer praia." Gaúcho de Erechim, um centro industrial e agropecuário de 90 mil habitantes, a 370 quilômetros de Porto Alegre, Michelin pode até estar enganado mas demonstra quanta confiança existe na possibilidade de se obter energia limpa e barata. Filho de colonos, ele teve a sorte de sair da roça aos 14 anos, formar-se em uma escola técnica federal, e assim adquirir experiência e sensibilidade como construtor de ferramentas para máquinas agrícolas e pequenas fábricas. Esse é o ofício a que se dedica até hoje, como autônomo. Aos 38 anos, pai de dois filhos, ainda tem esperança de ver o seu projeto concretizado. "No Brasil, a maior dificuldade é saber se existem e quem são as pessoas capazes de fazer uma avaliação de projetos que interessem ao desenvolvimento do pais."



Onde as linhas não chegam

Há dez anos, a população de Gravatá, a 80 quilômetros do Recife, PE, viu surgir junto à cidade um curioso conjunto habitacional. Composto por apenas cinqüenta casas e equipado com painéis e células solares, moinhos de vento e fermentadores de matéria orgânica, seu objetivo era verificar se uma pequena comunidade pode viver sem estar ligada à rede elétrica convencional. Este ano batizado de Centro Latino-americano de Tecnologia Energética, o conjunto está pronto para receber seus primeiros moradores. Espera-se que em curto prazo eles sejam recrutados entre famílias carentes da região, diz Glauber Cabral, da Secretaria de Transportes, Comunicações e Energia do Estado. Cada casa tem um painel capaz de aquecer, diariamente, 200 litros de água, usada no banho ou na cozinha. Os painéis têm a forma de finos tanques retangulares de alumínio, e são pintados de preto para converter o máximo de luz em calor. Os fermentadores, por sua vez, geram gás em quantidade suficiente para cinqüenta fogões, e a iluminação virá dos moinhos e das células solares, que convertem luz diretamente em eletricidade. No total, os geradores têm potência de 5 quilowatts. Uma experiência parecida foi a instalação de células solares pela Cesp, Centrais Elétricas de São Paulo, na isolada região do Vale do Ribeira, sul do Estado. A idéia é fornecer energia onde há poucas linhas convencionais. Em sete postos de saúde, as vacinas ficam em refrigeradores ligados às células solares, conta o engenheiro Fernando Almeida Prado, da Cesp. "A potência ainda é baixa, mas é útil."





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quarta-feira, 13 de março de 2013

Pipa - Um Vôo por um fio


PIPA - O VÔO POR UM FIO



Inventadas pelos chineses há mais de vinte séculos, as pipas são feitas de bambu a fibra de carbono, de jornal a náilon de balões. Hoje uma brincadeira, já foram até instrumentos científicos.



Muito antes de qualquer avião sair do solo, objetos voadores mais pesados que o ar já davam suas voltinhas pelo céu. Surgidas na China há mais de 2000 anos, as pipas foram os primeiros objetos a se manter no ar explorando as forças do vento. Atravessando diferentes épocas e culturas, já foram bélicas e científicas; hoje são sobretudo lúdicas, não menos belas. Quando fizeram subir as primeiras pipas antes mesmo de inventar o papel - construíam-nas de seda e bambu -, os chineses tinham intenções pouco amistosas. Com as combinações de cores, padrões de desenho e movimentos no ar, eles trocavam sinais codificados nos campos de batalha. Há indícios de que alguns soldados chegavam a subir a bordo das pipas para observar a movimentação das tropas inimigas. Em dias de paz porém, as pipas subiam aos céus para que o povo falasse mais de perto com os deuses. Parte então de cerimônias religiosas, são até hoje utilizadas naquele país como objetos místicos, para atrair sorte, felicidade, fertilidade, vitória. Pinturas de dragões, acreditam eles, atraem prosperidade; tartaruga traz vida longa e a coruja, sabedoria. Da China, as pipas tomaram o rumo do Ocidente, invadindo a Índia e a Europa. Já na Idade Média, em 1250, o filósofo e cientista inglês Roger Bacon, que rascunhava protótipos de máquinas voadoras, escreveu um estudo sobre asas acionadas por pedais baseado em experiências com pipas. Marco Polo, o explorador italiano, em suas andanças pela China no fim do século XIII, fez dois feitiços virarem contra o feiticeiro. Encurralado por inimigos, levantou uma pipa carregada com fogos de artifício - também inventados pelos chineses - virados de cabeça para baixo. Quando os fogos explodiram, provocaram o primeiro bombardeio aéreo da História. Outro italiano, o artista e engenheiro renascentista Leonardo da Vinci, projetou cerca de 150 máquinas voadoras também baseado em pipas. Foi por essa época, em 1596, que a pipa chegou ao Brasil, junto com os descobridores portugueses que a conheceram na China. Não eram eles, no entanto, os únicos novos habitantes da América a levantar objetos voadores. Sentinelas entre os negros revoltosos do Quilombo dos Palmares usavam pipas feitas de folhas e palitos para avisar a chegada de algum perigo, uma prova de que a pipa já voava também na África.Embora tenha nascido no Oriente, foi na Europa e na América que a pipa entrou na vida dos cientistas, seja como objeto de estudo ou meio de transporte para levar algum instrumento para cima. Seu vôo não é dos mais complicados, explica- se pelos princípios elementares da aerodinâmica. A força que a mantém no ar é produzida pela resistência ao vento de sua superfície, também chamada de vela.
Quando o vento bate na vela, que pode ser de papel, tecido ou plástico, a tendência é que a pipa seja deslocada para trás, o que não acontece porque está presa pela linha. Se estivesse perpendicular ao solo, porém, não sairia do chão. O que faz a pipa subir é sua inclinação, o ângulo de 25 a 30 graus em relação ao eixo perpendicular mantido pelo estirante (o conjunto de linhas que prende a armação à linha segurada pelo empinador). "Estando assim inclinada, o vento escoa para baixo; por reação, a pipa se desloca para cima", explica o eolista Silvio Voce, um ex-técnico de aeronáutica que há doze anos trocou aviões por pipas. É o vôo de baixa velocidade, estudado por alguns engenheiros da NASA, que deu origem à asa delta e aos pára-quedas das naves espaciais Apolo no retorno à Terra.
Houve quem tentasse, a exemplo dos antigos chineses, subir aos céus a bordo das pipas. Foi o caso do oficial britânico B.F.S. Baden-Powell, irmão do fundador do escotismo. Ele insistiu até conseguir se alçar a 11 metros do chão, em 1894, a bordo de uma pipa gigante feita de tela de algodão e armação de bambu. Não parou por aí. Um ano mais tarde, criou uma verdadeira máquina voadora: o Levitor, uma estrutura de quatro a sete pequenas pipas presas umas às outras, capaz de suspender seu inventor sob ventos fortes até uma altura de 30 metros. Em matéria de sair do chão, o brasileiro Alberto Santos-Dumont foi literalmente mais longe ao voar com seu 14-bis, um modelito sofisticadíssimo de pipa dotada de motor. Outros cientistas e inventores preferiram manter os pés na terra e usar as pipas como meio de transporte não para si mesmos, mas para alguns instrumentos. Já no século XVIII, na Europa, usava-se uma série de pipas presas numa mesma linha, cada uma carregando um termômetro, para determinar as variações de temperatura nas diferentes altitudes.
Em suas experiências com a então recém-descoberta eletricidade, em 1752, Benjamin Franklin empinou uma pipa com uma chave na linha, num dia de tempestade, e inventou o pára-raios. As grandes pipas de Baden-Poweil viraram moda no início deste século entre gente como o físico italiano Guglielmo Marconi, o inventor do telégrafo sem fio. O problema de Marconi era a forma redonda da Terra, o que impedia transmissões a longas distâncias, já que as ondas de rádio viajam em linha reta. Em dezembro de 1901, Marconi usou uma pipa igual ao Levitor de Baden-Powell para içar uma antena receptora a 120 metros de altura, o que permitiu testar a primeira ligação transatlântica de telégrafo sem fio. Ao mesmo tempo em que tomava parte no desenvolvimento da ciência e da aeronáutica, também a pipa evoluía. Hoje existe uma convivência pacífica entre as artesanais pipas chinesas, feitas de papel e bambu, e as moderníssimas pipas de duplo comando, construídas com varetas de fibra de carbono e velas de náilon resinado, o mesmo tecido dos balões. Nada impede, também, que se faça uma pipa de jornal e sem armação, as chamadas capuchetas ou sleds. E nem sempre as pipas têm superfície plana. Existem também as celulares, que possuem vários lados, como uma caixa; seu vôo é mais estável porque o vento escoa também pelos lados da pipa, como em um leme na cauda de um avião.Muito parecida com a asa-delta, as pipas de duplo comando nasceram das cabeças pensantes da NASA. Sustentadas pelo empinador não por uma linha, mas por duas - daí o nome -, elas são construídas com materiais tão caros como a fibra de carbono e o náilon porque estes são leves e muito resistentes. Só assim conseguem agüentar os fortes ventos das praias da Flórida, o lugar preferido dos eolistas americanos. Sua geometria triangular oferece tamanha resistência ao vento que sua inclinação ideal é 45 graus, ou seja, ela voa bem mais "deitada" do que as colegas monocomandadas.
Embora mais inclinada, a pipa de duplo comando atinge velocidade de vôo muito maior, e o fato de o empinador segurá-la com as duas mãos permite a execução de manobras radicais. Foi para isso mesmo que foram criadas - um hobby de adultos, em que é preciso força para segurar, destreza e habilidade para manobrar e dinheiro para manter, já que esse tipo de pipa chega a custar por volta de 200 dólares, nos Estados Unidos. Uma pipa dessas se empina até debaixo da água, literalmente. Nesse caso, como não há vento para fazê-la subir, o empinador-mergulhador é que se desloca para trás.
Hobby para muitos muitos a pipa é profissão para os chamados eolistas, gente que passa a vida pesquisando, divulgando e empinando pipas. Silvio Voce é um dos membros dessa restrita confraria, a Associação Mundial de Eolismo, e passa seus dias viajando pelo Brasil dando cursos e demonstrações, quando ensina professores de escolas primárias que depois ensinarão seus alunos. Numa pipa, é possível ter noções de geometria, física e matemática. Como ninguém tem varetas de fibra de carbono nem náilon lá pelas cidades pequenas do interior do Brasil, Silvio tem que se adaptar às condições locais. "Fazemos pipas até de saco de lixo e jornais velhos", conta.O tamanho do país resulta num problema de vocabulário. Em Rio Branco, no Acre, Silvio diria "vamos pegar uma talas para fazer uma pepeta com um bom compasso"; no Rio Grande do Sul, teria que transformar a frase em algo como "quando a pandorga estiver pronta, colocamos o zil". Tudo isso para dizer, em bom paulistano, "vamos pegar umas varetas para fazer uma pipa com um bom estirante", ou "quando a pipa estiver pronta, colocamos o estirante".
É preciso saber também em que terras se vai pisar antes de colocar as pipas na bagagem. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, os ventos costumam ser fracos e médios. No Nordeste, porém, a ventania é constante, assim como em Pelotas, no Rio Grande do Sul, há ventos fortíssimos em janeiro. Tentar pôr no ar uma pipa frágil com um vento desses é fracasso certo de uma demonstração. Além de ensinar crianças, Silvio Voce se empenha também em mostrar aos adultos o lado eliminador de tensões da brincadeira, o que chama de pipaterapia. "É uma forma de jogar as neuras ao vento", brinca, com a autoridade de quem aparenta bem menos que os seus 38 anos.

C=218.347





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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Robôs vão ajudar em limpeza de Fukushima


Robôs vão ajudar em limpeza de Fukushima



Traje robótico permite a entrada em local com muita radiação (Foto: Reprodução/BBC)

Japão desenvolve máquinas que poderão substituir homens em áreas contaminadas por radiação de acidente nuclear.



Cientistas japoneses desenvolveram robôs para ajudar na recuperação da usina nuclear de Fukushima, parcialmente destruída por um terremoto seguido de um tsunami em 2011.

Eles esperam que as máquinas substituam os homens que atualmente trabalham na descontaminação do local e de seu entorno.

Também foram adaptados modelos originalmente destinados a outros propósitos, como ajudar idosos.
Apesar dos esforços, a previsão é de que o trabalho de recuperação de Fukushima está longe de terminar.


Um dos modelos apresentados no Japão (Foto: Reprodução/BBC)





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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Mapa aponta locais onde já caíram meteoritos



Mapa aponta locais onde já caíram meteoritos em todo o mundo


Mapa mostra áreas onde já caíram mais meteoritos no mundo (Foto: Reprodução/CartoDB)

Trabalho foi feito com base em dados de quase 35 mil pedras.
No Brasil, quase não há registros na Região Norte.


A queda de um meteoro na Rússia no último dia 15 deixou mais de mil feridos e aumentou a curiosidade em relação ao fenômeno. Ao longo da semana, leitores enviaram registros de uma mancha no céu, e em Campos dos Goyatacazes (RJ), astrônomos amadores chegaram a afirmar que seriam grandes as chances de que fragmentos de um meteoro cairiam na cidade.

No entanto, a queda de meteoros é um fenômeno relativamente comum. O site “CartoDB” fez uma montagem em um mapa mostrando todos os lugares onde já foram registrados oficialmente quedas de meteoritos, incluindo os que já foram encontrados em terra e aqueles cuja descida foi presenciada.
O mapa foi montado a partir da base de dados da “Meteoritical Society”, um grupo internacional que mantém o registro de todos os meteoritos reconhecidos pela comunidade científica. Ao todo, a relação usada no mapa tem pouco menos de 35 mil pedras.

A lista conta com meteoritos encontrados desde a Antiguidade, como o Ur, encontrado pelos Mesopotâmios por volta do ano 2.500 a.C. no atual Iraque. O maior já registrado é o Hoba, encontrado na Namíbia em 1920, que tem 60 toneladas e é composto de aço.

No mapa, as áreas em vermelho mais escuro representam os locais onde já foram encontrados mais meteoritos. Os círculos maiores representam também meteoritos mais pesados.
Isso não significa que as demais áreas não tenham tido o fenômeno, apenas que não há registro oficial – na floresta amazônica, por exemplo, seria naturalmente mais difícil encontrar essas pedras, o que explica o clarão no Norte do Brasil.





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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Picasso usou tinta de parede em quadros


Picasso usou tinta de parede em quadros, afirmam cientistas


Obra de Picasso 'A Poltrona Vermelha', de 1931, carrega tinta de paredeem sua composição; no detalhe, lata de tinta da mesma marca usada por artista em quadro (Foto: Divulgação/Instituto de Arte de Chicago)

Instrumento de raios-X permitiu analisar pinturas de artista espanhol.
Obras têm mesma composição química de tinta comum usada em casas.


O famoso artista espanhol Pablo Picasso usou tinta comum de parede para criar algumas de suas obras, afirmam cientistas americanos que fizeram análises de raio-X com instrumentos de alta resolução.
A descoberta faz parte de um estudo publicado no periódico "Applied Physics A: Materials Science & Processing", no último mês. A pesquisa

foi realizada por cientistas do Laboratório Nacional Argonne, um dos maiores vinculados ao Departamento de Energia dos EUA, e do Instituto de Arte de Chicago.

Os cientistas analisaram em escala submicroscópica (que não pode ser visualizada com microscópio ótico) as tintas usadas pelo artista. Como são materiais complexos, formados por vários elementos, eles compararam impurezas presentes nos pigmentos brancos das telas, em sua maioria óxido de zinco.

"Estávamos procurando por elementos na tintas brancas usadas por Picasso, que numa perspectiva química são de óxido de zinco, e avaliamos as impurezas que havia ali", disse o pesquisador Volker Rose, um dos autores do estudo.

Os cientistas desconfiavam que Picasso havia pintado com Ripolin, uma das primeiras marcas de tinta para parede, em alguns de seus quadros.

Eles tiveram a suspeita ao analisar documentos, como cartas do artista, em que sugeria que havia misturado tinta desta marca com outras substâncias comuns nos quadros.

Análise de raio-X
A análise de raio-X foi feita entre pigmentos dos quadros de Picasso e amostras de tinta de parede compradas pela internet que datam da mesma época da criação das obras. O resultado foi que a composição química da tinta Ripolin e de algumas obras, como "A Poltrona Vermelha", de 1931, é a mesma.

"Precisamos fazer uma 'engenharia reversa' nas pinturas de Picasso para entender se havia sinais que poderiam nos ajudar a desvendar nossa suspeita com relação ao uso da tinta Ripolin", afirmou a pesquisadora Francesca Casadio, do Instituto de Arte de Chicago.

Assim como criminosos deixam marcas na cena do crime, cada pincelada do artista tem uma "assinatura química" determinada pelas substâncias e impurezas que compõem a tinta - esta "assinatura" também remete ao local e época em que o quadro foi feito, dizem os cientistas. "Em escala nanoscópica, essas 'assinaturas' não mentem nem enganam", diz o laboratório.





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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Ex destrói coleção de games com martelo após fim do relacionamento


Ex destrói coleção de games com martelo após fim do relacionamento


Namorada ficou revoltada com fim do relacionamento e destruiu coleção de jogos (Foto: Reprodução)

Usuário de rede social postou imagem com DVDs quebrados.
Pai da moça teria comprado outro console para o rapaz.



Um usuário da rede social Reddit (que ironicamente mudou seu nome para "NoMoreGFs4Me", ou “sem mais namoradas para mim, em tradução livre) postou uma série de fotos mostrando uma coleção de jogos que teria sido destruída pela ex-namorada, pouco depois do rapaz anunciar o término do relacionamento.

“Isso foi o que encontrei quando voltei para casa”, escreveu o usuário. No tópico ele conta que, ao retornar para casa, viu apenas a caixa de sua coleção com todos os jogos de Xbox destruídos, as capas rasgadas, e um martelo que seria a “arma do crime”.

De acordo com informações do mesmo tópico, o pai da moça teria oferecido cerca de R$ 1 mil pelos danos, além de comprar um novo videogame para o rapaz com alguns games - porém, o modelo escolhido foi um PlayStation 3.



Pai da menina teria dado dinheiro e outro console para o rapaz como forma de reparação (Foto: reprodução)




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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Câmera flagra suposto fantasma saindo de centro comunitário inglês


Câmera flagra suposto fantasma saindo de centro comunitário inglês


Câmera teria registrado fantasma saindo de centro comunitário (Foto:Reprodução)

Imagens mostram homem atravessando grade e desaparecendo.
'Não consigo explicar isso', afirma vigia do local.



As câmeras de segurança de um centro comunitário de South Ruislip, na Inglaterra, registraram a aparição de um suposto fantasma. De acordo com o jornal “Metro”, o circuito teria gravado a figura de um homem andando próximo à porta de saída do estabelecimento, e desaparecendo logo em seguida ao atravessar uma grade (assista ao vídeo - http://www.youtube.com/watch?v=CIU9GRemlj8).

O funcionário responsável pela segurança contou ao jornal que viu o momento em que o fantasma apareceu na câmera, todavia, ao sair, não encontrou ninguém. “Depois de ver as imagens, fiquei surpreso em ver que a figura foi gravada. Não consigo explicar isso”, disse o vigia.

O periódico afirma que o centro comunitário, aberto desde 1945, é conhecido por ser mal-assombrado, já que teria servido campo de concentração de prisioneiros de guerra italianos durante a Segunda Guerra Mundial.

Muitas pessoas duvidam da autenticidade das imagens, já que o fantasma aparece muito nítido nas imagens gravadas pela câmera.





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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

PlayStation 4 é o novo console da Sony em 7 anos; veja evolução



PlayStation 4 é o novo console da Sony em 7 anos; veja evolução


Andrew House anunciou novo PlayStation 4 nesta quarta-feira (20) nos EUA (Foto: Reuters)

Sony apresentou seu novo videogame que tem gráficos de ponta.
PS4 chega no final de 2013; Sony não mostrou o aparelho.

O PlayStation 4, anunciado pela Sony nesta quarta-feira (20), é o quarto console de mesa da empresa em quase 19 anos, o primeiro em sete anos - sem contar o portátil PS Vita.

O primeiro PlayStation foi lançado em 1994 no Japão e em 1995 nos Estados Unidos.

Todos os consoles trouxeram inovações que moldaram o mercado de games. O primeiro PlayStation trouxe jogos em CD-Rom, permitindo trazer mais conteúdo, vídeos e gráficos em 3D. Já o PlayStation 2, o videogame mais vendido de todos os tempos, se destacou por apresentar games em discos de DVD - com maior capacidade de armazenamento - e permitir que os usuários pudessem assistir a filmes no formato.

O PlayStation 3 trouxe games em discos de Blu-Ray, que tem armazenamento de até 50 GB, permitindo também assistir a filmes no formato de alta definição (1080p). Outro destaque do aparelho foi rodar filmes por streaming tanto pelo serviço on-line da Sony, a PlayStation Network, quanto por outros como Netflix e Crackle.

O destaque do PlayStation 4, cujo aparelho não foi revelado pela Sony, são os gráficos com qualidade superior aos do PS3. Nos vídeos e demonstrações apresentadas pela Sony, o visual dos games apresentam
mais detalhes, os efeitos de luz e de fumaça são mais reais. Muitas vezes parece que se está vendo um filme de animação computadorizada do que um game propriamente dito.

O console inova por trazer games no formato digital que já podem ser jogados no momento da compra: o jogador pode acessar o game enquanto o download está sendo realizado. Na prática, segundo a Sony, a sensação de jogar um game desse modo é a de que ele já está armazenado no disco rígido do aparelho.



Cena do game 'Killzone' para PlayStation 4 (Foto: Reprodução)

Outro ponto forte é o compartilhamento de conteúdos para amigos por meio do botão "Share" presente no controle DualShock 4. O jogador interrompe a ação do jogo e seleciona uma imagem, um trecho em vídeo ou a partida ao vivo para enviar para amigos nas redes sociais como o Facebook ou da própria rede PlayStation Network. O conceito do novo console permite que amigos acompanhem a transmissão ao vivo de um jogo do usuário, dando a possibilidade para que eles conversem assistindo ao game e o ajudem a vencer um inimigo ou uma fase mais complicada.

O portátil PlayStation Vita servirá como uma segunda tela ao PS4. Até mesmo os games do novo e poderoso console poderão ser jogados por meio de streaming no portátil. Além do Vita, tablets e smartphones servirão para controlar e acessar funções do PlayStation 4.



FONTE:
http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2013/02/playstation-4-e-o-novo-console-da-sony-em-7-anos-veja-evolucao.html





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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Maior meteorito já encontrado no Brasil fica em exposição no Rio


Maior meteorito já encontrado no Brasil fica em exposição no Rio



Meteorito tem cinco toneladas e é conhecido como Bendegó.
Ele está exposto no Museu Nacional da Quinta da Boa Vista.



O maior meteorito já encontrado no Brasil tem cinco toneladas e fica em exposição no Rio e é conhecido como Bendegó. Ele foi encontrado no século XVIII no sertão da Bahia e no fim do século XIX foi trazido para o Museu Nacional da Quinta da Boa Vista. Ele tem esse nome de Bendegó, devido à nomenclatura do riacho onde ele foi encontrado.

Astrônomos do Planetário da Gávea, na Zona Sul do Rio, dizem que a possibilidade do meteorito visto no céu do Rio ter a ver com o recente caso na Rússia é remota por conta da diferença de dias. Só seria possível afirmar caso fossem encontrados fragmentos desses meteoros aqui no Rio.





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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Equações Sonoras - Física


EQUAÇÕES SONORAS - Física



O ar vibra com harmonia inigualável nos instrumentos acústicos. Mas os sons gerados por circuitos eletrônicos, mais cedo ou mais tarde, tendem a ocupar o lugar das antigas orquestras na sensibilidade musical humana.



Perde-se no fundo dos milênios a época em que o primeiro homem bateu numa pele de animal esticada à boca de um tronco e produziu uma nota grave. Não se pode precisar a data em que esse evento ocorreu, mas ele teria profunda influência em toda a história da civilização. O motivo, muito simples, é que desde então se descobriu como fazer vibrar o ar por meio de uma peça mecânica - a pele esticada, nesse caso. E tais vibrações são a matéria-prima essencial daquilo que se aprendeu a chamar de arte da música. Daí para a frente, embora ainda não conhecessem a ciência dos seus instrumentos, músicos e artesãos deram largas asas à imaginação na busca de meios cada vez mais sofisticados para gerar sons. Surgiram estreitos entalhes em caniços ocos, nas flautas; as placas finas e chatas de bambu, nas clarinetas e saxofones; ou as cordas percutidas, nos pianos.
Essa imensa riqueza técnica, no entanto, deve desaparecer para sempre, ou, na melhor das hipóteses, mergulhar à sombra de um conhecimento superior - o que permite empregar meios elétricos e magnéticos para fazer vibrar o ar. "Dentro de cinqüenta anos só teremos instrumentos eletrônicos. Os atuais serão raridade", analisa o professor do Instituto de Física da Unicamp, Carlos Argüello. Claro: a Física moderna ainda não consegue reproduzir, por exemplo, a qualidade "mecânica" dos violinos Stradivarius, introduzidos por volta de 1670. Mas, em primeiro lugar, já é quase impossível fazer distinções entre velhos e novos instrumentos. "Eu executei um concerto inteiro com instrumentos eletrônicos e não se podia distinguir de instrumentos convencionais", testemunha o maestro Júlio Medaglia, atualmente dirigindo a Universidade Livre de Música de São Paulo. E, acima de tudo, as inovações tecnológicas enriqueceram o universo sonoro muito além do que se poderia imaginar em fazer com qualquer instrumento convencional. As possibilidades abertas deslumbram o músico Hélio Ziskind, saxofonista do Grupo Rumo por quinze anos. "Antes a criatividade se limitava à maneira de executar a música. Hoje não apenas se podem criar novos sons, como novos instrumentos e com versatilidade praticamente infinita." Ziskind compôs a melodia discretamente bela que os caminhões da Ultragás espalham diariamente pelas ruas do país. Para isso, lançou mão de um sampler, um computador que memoriza e processa sons de qualquer tipo. Ele conta que selecionou freqüências de uma música que tinha composto para a ocarina, instrumento de sopro, feito de barro.
Assim, acredita ter atingido seu objetivo: revelar a presença do caminhão sem incomodar o ouvido das pessoas. "A música é mais suave que uma buzina e mesmo assim mais facilmente percebida pelas pessoas." Embora criticado por alguns, o computador ampliou os horizontes da música, acredita o entusiasmado Ziskind. "Ser gênio da música é muito mais fácil hoje em dia." Ânimo parecido tem Paulo Miklos, do grupo de rock Titãs. "Com o sampler eu posso somar um acorde de uma sinfonia do Beethoven com uma levada da sanfona do Luiz Gonzaga, uma bateria do grupo de rock Sly and Robie, e ainda processar tudo isso com eco, quebrar os sons em pedaços e reorganizar tudo de novo. Chocante."É curioso como se descobriram os meios de usar a eletricidade para fazer vibrar o ar e produzir sons num instrumento eletrônico, nas décadas finais do século XIX. Um dos primeiros passos foi dado em 1877, quando o inventor americano Thomas Edison imaginou um engenho capaz de registrar as variações de pressão do ar - aquilo que o cérebro interpreta como som. Tratava-se de um fonógrafo muito primário e, em princípio, nem precisava ainda da eletricidade. Compunha-se apenas de uma película elástica, esticada e presa a uma agulha de metal. Agitada por vibrações do ar, fortes o bastante para serem reconhecidas como som, a membrana oscilava em consonância com elas. Depois, transferia esse movimento à agulha, que riscava uma folha de estanho enrolada em um cilindro.
A agulha "escrevia" o som na folha de estanho, um feito espetacular, ainda que rústico. Seguindo o caminho inverso, quando se girava o cilindro estanhado, seus sulcos punham para vibrar primeiro a agulha e depois a membrana, reconstituindo o som original. Dez anos depois, o francês Emile Berliner mudou um pouco o sistema e criou o gramofone, que tinha um disco no lugar do cilindro. Já era algo muito próximo dos atuais discos de vinil: se olharmos um LP com uma lupa, veremos os sulcos esculpidos em sua superfície. As agulhas modernas, no entanto, não são ligadas diretamente a uma membrana, mas sim a um cristal especial, o pickup, no qual as vibrações da agulha fazem surgir pequenas correntes elétricas. Como essas correntes são menores ou maiores, dependendo da vibração que se imprime à agulha, é possível "escrever" um som com sinais elétricos. Estes têm a propriedade de mover ímãs, que podem ser colados à membrana de um alto-falante e reproduzir o som codificado em sinais elétricos.
Música não é qualquer barulho: só se transformam em música os ruídos que obedecem a uma seqüência rítmica e a uma harmonia, isto é, um conjunto agradável de sons. Os próprios instrumentos acústicos, para chegar aos sons harmoniosos de hoje, tiveram de ser lenta e cuidadosamente aperfeiçoados. "O resultado é algo parecido com a evolução das espécies, em que os mais aptos predominam", compara o argentino Carlos Argüello, professor de Física Nuclear no Instituto de Física da Unicamp, em Campinas, SP. Além de estudar a energia do átomo, o físico também ministrou aulas de acústica musical, na Unicamp. Nelas, ele explicava que o estudo do som começou para valer somente no início do século XVII, com o matemático inglês Robert Hooke. Antes de mais nada, o inglês descobriu um meio de medir a "altura" de um som, isto é, de dizer com precisão o quanto um som é mais grave, ou mais agudo, que outro.
De acordo com Hooke, a altura do som depende da vibração do ar: se as moléculas de ar oscilam mais velozmente, o som é mais agudo. Tais diferenças são percebidas pela peça vibrante do aparelho auditivo humano, o tímpano. Trata-se de uma membrana que é empurrada para a frente e para trás, de acordo com as mudanças na pressão do ar. Quando as moléculas avançam sobre ela, a pressão aumenta; quando recuam, a pressão diminui. A rapidez com que esse vai-e-vém ocorre chama-se freqüência e determina a sensação de agudos e graves. Mas isso é só o começo da conversa, pois as ondas de som raramente vibram com uma única freqüência.
Ou seja, poucas vezes se tem a oportunidade de ouvir sons puros, que são produzidos apenas pelo diapasão, aparelho usado para afinar outros instrumentos, e pelas flautas. De modo geral, as notas representam uma soma de inúmeras freqüências e é exatamente essa mescla que torna certos instrumentos tão ricos de sonoridade. As notas apresentam uma freqüência básica e uma série de freqüências secundárias, que têm o nome de harmônicos. A quantidade de harmônicos caracteriza o timbre dos instrumentos.
Esses conceitos científicos explicam os mais belos efeitos obtidos pela música. Nos instrumentos de sopro, por exemplo, explora-se com sucesso o formato da cavidade onde vibra o ar. Pode-se mudar a altura e o timbre das notas de acordo com o comprimento e o diâmetro de cada instrumento. Por isso, se uma tuba fosse esticada chegaria a medir 9 metros de comprimento: os fabricantes descobriram que o comprimento produzia sons mais graves. Pensava-se o mesmo do diâmetro, mas este, na verdade, influi mais no volume do som. "Quando se tem que soprar mais ar, obtém-se mais som", ensina Argüello.
Outra peça básica dos instrumentos é a embocadura, ou bocal, empregada nos chamados metais - clarim, ou pistão, trombone, trompa, trompete e tuba, entre outros. É apenas um cilindro cujas dimensões limitam as oscilações possíveis do ar no seu interior. O ar é posto a vibrar simplesmente pelas variações de pressão geradas pelos lábios. Masos instrumentos de sopro não se restringem aos metais. Existem ainda as madeiras, nas quais a peça produtora de som é uma palheta de bambu. No saxofone e na clarineta, uma apropriada pressão dos lábios faz curvar a palheta e dá forma correta às correntes de ar que penetram no tubo do instrumento. E a vibração dessas correntes que faz surgir as notas. Uma sofisticação desse sistema gerou o oboé, o fagote e o corne-inglês, que em vez de uma empregam duas palhetas. Em um e outro caso, as peças são feitas com uma lasca larga de bambu, dobrada e presa a um pequeno tubo metálico cônico, chamado base. Uma das extremidades da lasca, depois de raspada, fica solta para vibrar; vista de frente, a palheta tem a aparência de dois parênteses - ( ) - que quase se tocam. É a grande flexibilidade mecânica das palhetas que dá ao tocador de oboé o grande leque musical em altura de som, intensidade e timbre.
As paredes dos instrumentos também oscilam, como que se acoplando ao som. Influenciadas pelas propriedades elásticas, as vibrações do material de cada instrumento modificam o timbre e o volume das notas. Por isso, um dó de uma flauta é tão diferente do mesmo dó de uma clarineta ou de um oboé. Nos instrumentos de corda, o material é muito importante, assim como diâmetro, comprimento e a tensão a que ela está submetida. De maneira geral, valem as seguintes regras: sob uma mesma tensão, uma corda comprida produz sons mais graves que uma curta; cordas de mesmo comprimento, mas mais esticadas, produzem sons mais agudos; e quanto maior o diâmetro, mais grave é o som.
Aparentemente, esses detalhes são mais do que suficientes para produzir as mais sublimes músicas, mas os instrumentistas não se cansam de inventar sutilezas. No violão, por exemplo, as cordas são movimentadas por perturbações súbitas e vibram até que sua energia se irradie por completo. "Você puxa as cordas como se as estivesse beliscando", ensina o professor de piano da Universidade Livre de Música de São Paulo, Roberto Bomilcar. Lições semelhantes enriquecem a execução dos violinos, violas, violoncelos e contrabaixos, que integram a "família das cordas", a espinha dorsal no corpo das orquestras sinfônicas. Sua melodia emana do atrito entre as cordas e os arcos, feitos de madeira e crina de cavalo. O resultado são notas prolongadas e mais ligadas entre si, como se estivessem sendo cantadas.No século XX, criou-se uma nova técnica, por meio da qual se produz som a golpes de arco sobre as cordas. Outra variação consiste em puxar as cordas com os dedos num movimento denominado pizzicato. No contrabaixo, o pizzicato tem um valor muito especial, pois o som sai quase como uma batida de tambor. Já o piano, por produzir sons a marteladas, tornou-se o primeiro instrumento de cordas ativadas pela percussão. Pequenos martelos de feltro, sob o impulso das teclas, arrancam das cordas energia sonora suficiente para provocar rachaduras na caixa do piano, de madeira. O comprimento das cordas, dependendo do piano, varia de 5 centímetros até mais de 1 metro, entre as mais agudas e as mais graves.
Diante de tudo isso, é espantoso imaginar que a acústica clássica, baseada nas vibrações mecânicas, possa ser totalmente recriada pelos modernos sintetizadores. O fato, porém, é que os computadores vão além disso: não só recriam as artes de um oboé ou de um violão, como ainda inventam sons antes inimagináveis numa composição musical. O artista pode mandar executar uma nota cujo conteúdo de harmônicos a faz soar, por exemplo, como em um clarim, ou em um oboé. Pode ordenar que a nota se irrompa de modo explosivo, como no piano, ou prolongar sua execução com a suavidade encontrada nos violinos. Mas também pode distorcer o som de maneira irreconhecível, alcançando efeitos jamais sonhados por um músico no passado.
Programas especializados criam melodias com milhões de sons combinados, das mais diversas naturezas. Nasce, assim, a possibilidade concreta de um nova engenharia musical. Os velhos instrumentos, talvez, nunca desapareçam por completo. "Sempre vai ter alguém tocando um violão acústico", imagina Paulo Miklos. É assim mesmo: a tecnologia apenas põe os meios ao alcance do homem. A escolha dos meios depende apenas da sensibilidade dos artistas e de suas platéias.


Som à moda (muito) antiga

No próximo mês de setembro, a música poderá levar a platéia do centenário da Escola Francesa de Atenas, Grécia, a viajar no tempo. Dois mil anos depois de fazer sucesso no Teatro Dioniso, ao pé da Acrópole, o público terá oportunidade de ouvir novamente um fragmento musical de Ifgênia em Aulis, tragédia lírica que o célebre dramaturgo grego Eurípides compôs no quinto século antes de Cristo, pouco antes de morrer. Um detalhe importante é que a peça será tocada com instrumentos fabricados conforme a tecnologia da época - e isso, segundo os especialistas em arqueologia musical, faz a maior diferença para os ouvidos. Como cada detalhe de um instrumento altera as vibrações que produz, uma equipe de arqueólogos franceses vem há um ano, reunindo papiros, pinturas e partituras para reconstituir a sonoridade dos tempos mitológicos de Eurípides. As liras, por exemplo, devem ter uma caixa de ressonância de madeira, com cordas de tripas de carneiro, amarradas com couro de boi. Outro instrumento indispensável em lfigênia é o aulo, que se pode considerar um ancestral da flauta. A diferença é que tem dois tubos, de madeira ou de prata, permitindo ao músico executar duas melodias distintas ao mesmo tempo. Os franceses também estão esculpindo uma cítara de ébano, madeira que pode tornar o som mais pulsante. O trabalho de reconstituição não é mero preciosismo: a escala musical, na Grécia Antiga, tinha apenas quatro notas em vez das sete atuais. Além disso, as notas se dividiam em uma série de semitons, representados por nada menos que 67 sinais diferentes, algo impossível de reproduzir com os instrumentos modernos. Mas, se tudo der certo, a audição de Ifigênia poderá colocá-los ao alcance das platéias modernas no primeiro de uma admirável série de concertos. Afinal, os gregos legaram mais de cinqüenta partituras à posteridade.



Um violino na Lua

Um despertador suspenso por um fio, dentro de um vaso de vidro, de onde se havia retirado o ar, foi tudo o que o cientista inglês Robert Boyle precisou, em 1660, para desvendar a natureza do som. O despertador havia sido regulado para tocar algum tempo depois de se montar a experiência, mas, no momento certo, as peças da campainha moveram-se no mais absoluto silêncio. Boyle, então, concluiu que o som não passava de uma agitação das partículas de ar: seria inútil tocar um violino na Lua, onde a atmosfera praticamente não existe. A agitação sempre começa nas proximidades de um aparelho vibrante, como o metal da campainha, e imediatamente contamina as partículas vizinhas, em todas as direções - espalhando-se por todo o espaço.Não é difícil mostrar que o som se move com velocidade bem definida no ar, igual a 340 metros por segundo, ou 1224 quilômetros por hora. E não é só no ar que ele se propaga: qualquer movimento de partículas, não importa em que material, espalha-se a partir do lugar em que foi produzido. Na água, por exemplo, a energia sonora propaga-se com velocidade quatro vezes maior do que no ar. A diferença se deve ao fato de a água ser mais densa. Isto é, suas partículas - que hoje se sabe serem moléculas feitas de átomos - estão mais próximas entre si. Por isso, qualquer movimento em um grupo de moléculas passa prontamente para os grupos à volta. Também nos metais o som é mais rápido do que no ar: tanto que nos velhos filmes de bangue-bangue, os bandidos muitas vezes encostam o ouvido nos trilhos para saber, com bastante antecedência, se um malfadado trem de ferro se aproxima do local da emboscada. Mais usualmente, no entanto, é por intermédio do ar que as vibrações sonoras chegam aos ouvidos humanos. Aí se transformam em sinais eletroquímicos que o cérebro interpreta como sons.

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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

O Mundo no Tempo das Pestes - História


O MUNDO NO TEMPO DAS PESTES - História



Ao longo da História, as epidemias provocaram mais mortes do que todas as guerras. A descoberta dos antibióticos diminuiu esse risco - até a chegada da Aids, que ainda desafia os remédios.



Nos países industrializados, os problemas cardíacos e o câncer formam uma dupla campeã de causa de mortalidade, devido aos hábitos e, ironicamente, à longevidade conquistada pelo homem moderno. Pois essas doenças degenerativas precisam de um tempo maior para se desenvolverem. E, até o início deste século, as pessoas costumavam morrer antes desse prazo, infectadas por parasitos de toda espécie. Contudo, apesar de provocarem um menor número de vítimas hoje em dia, as doenças infecciosas continuam a atemorizar, talvez por serem as únicas transmissíveis de uma pessoa para outra. A compreensão das infecções começou a avançar para valer em 1348, quando estourou a chamada Peste Negra na Europa. Foi uma dura lição: em apenas dois anos, morreu de peste um quarto da população do continente, estimada em 102 milhões de habitantes. Naqueles tempos, acreditava-se que até o olhar de um doente podia contaminar alguém. Esta, ao menos, era a convicção dos mais céticos. Porque, para a maioria das pessoas, uma epidemia - ou seja, o surto de uma doença infecciosa - era um castigo divino, que vinha diretamente do céu ou, quem sabe, do inferno.Por isso, no auge da epidemia de peste, o papa Clemente VI conclamou os fiéis de toda parte a pedir clemência em Roma. "Acredita-se que 1,2 milhão de peregrinos tenham atendido ao pedido", informa o epidemiologista Afonso Dinis Costa Passos, professor da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto, interior do Estado. "Mas, no meio do caminho, nove em cada dez pessoas caíram mortos. Quem chegou em Roma, por sua vez, não viu o papa, que preferiu ficar encarcerado, com medo de se transformar em mais uma vítima." Fugir literalmente das doenças era a única terapia eficiente no passado: o escritor italiano Giovanni Boccaccio (1313-1375), em um dos contos de seu célebre Decamerão, relatou que sete donzelas e três rapazes se refugiaram em uma casa de campo, para se prevenir da peste em Florença; ali ficaram, durante mais de mil e uma noites, inventando histórias para passar o tempo.
Entre os séculos XIV e XVIII ocorreram nada menos que dez pandemias, ou seja, a doença se espalhou pelo mundo inteiro. Ao primeiro sinal da peste nas cidades, os ricos escapavam para o campo e eram, geralmente seguidos pelos médicos, que precisavam de pacientes endinheirados para pagar por seus serviços. "A doença, em uma etapa inicial, era transmitida pelos ratos, infectados pelo bacilo Yersinia pestis", explica Passos. Em Veneza, aliás, por volta de 1350, as pessoas já desconfiavam do papel sinistro dos roedores. Daí, quando um navio chegava do Oriente, os passageiros ficavam retidos na embarcação durante quarenta dias, por causa da possibilidade de os porões esconderem ratos clandestinos. Passado esse período, se não havia sinal da peste, o capitão hasteava uma bandeira branca na proa: estava criada a quarentena, conhecida até hoje. Baixo e calvo, o epidemiologista tem mania de organização; por isso, redigiu de maneira clara as formas de contaminação de diversas doenças - "antes de cursar Medicina, queria ser jornalista".
Segundo Passos, o bacilo da peste, ao infectar o organismo humano, se aloja nas células dos gânglios linfáticos que, aproximadamente, dois dias mais tarde ficam inflamadas, formando ínguas ou bubões - eis a razão do nome peste bubônica. "Mas, em uma segunda fase da moléstia, as bactérias escapam pelas secreções do nariz. Então, torna-se possível a transmissão entre pessoas", descreve o médico, com a fala mansa. "Havia lógica, portanto, no movimento de fuga das cidades: a aglomeração urbana oferecia mais riscos do que a vida no campo." Ao observar que a proximidade tornava a contaminação viável, o francês Charles Delorme (1584-1678), médico de Luis XIII, defendeu o uso de vestimentas especiais, durante uma epidemia de peste em Marselha. Ele criou, assim, o primeiro uniforme de médico, nada parecido, aliás, com o tradicional avental branco: o modelo escuro exibia uma máscara na forma de bico, que continha substâncias aromáticas."Na época, prevalecia a corrente miasmática, ou seja, acreditava-se que as doenças eram como seres malcheirosos, que se incorporavam em uma pessoa através do ar", conta o médico Emerson Elias Mehry, professor da Universidade de Campinas. Miasma, por sinal, é o odor de animais e plantas em putrefação. Barbudo, com olhos azuis brilhantes, Mehry divide o seu dia-a-dia entre organizar programas de saúde pública e estudar a história da Medicina, sobre a qual escreveu diversos trabalhos. "O que conhecemos como clínica médica surgiu há apenas cerca de 200 anos. Até então, os tratamentos eram quase sessões de exorcismo", diz ele. De fato, os médicos jogavam baforadas de fumaça, produzida pela queima de tabaco, para expulsar a peste de seus pacientes. E, se o doente morria, os coveiros fumavam cachimbo, na hora de enterrar o corpo. Mesmo com toda essa suposta proteção, os médicos preferiam manter distância e lancetavam os bubões dos doentes com facas que podiam medir até 1,80 metro. Graças à habilidade com as lâminas, eles na maior parte das vezes acumulavam as funções de cirurgião e barbeiro.
Só em 1890, o pesquisador suíço Alexandre Yersin (1863-1943) e o japonês Shibasaburo Kitasato (1856-1931) descobriram, em Hong Kong, o bacilo causador da peste. Na realidade, o Yersinia pestis não surgiu de repente, isto é, já existia muito antes das epidemias medievais. Há indícios de que a maioria dos agentes infecciosos conhecidos hoje convivem com o homem desde a Pré-história. Por incrível que pareça, apesar dos danos que provocam à nossa vida, esses microorganismos são os maiores derrotados na batalha pela sobrevivência. Pois os parasitos bem-adaptados ao longo da evolução não matam seus hospedeiros, numa atitude suicida, como fazem os infecciosos. Por sinal, é provável que alguns destes tenham, primeiro, infectado bichos; mas, quando o homem passou a domesticar animais, esses microorganismos passaram por mutações genéticas, a fim de aproveitar a oportunidade de parasitar outra espécie - a humana. Estudos na área da Genética mostram que o vírus do sarampo, por exemplo, é descendente direto do vírus da raiva nos cães. Já o vírus da gripe tem um parente próximo, que prefere infectar os porcos. A varíola, por sua vez, seria similar a uma moléstia típica das vacas.
Mas, pior do que a passagem do bicho para o homem - que pode levar milhares de anos - é a contaminação de um ser humano por outro ser humano, que costuma ser imediata. Uma prova disso é a expansão dos povos mediterrâ-neos que, de acordo com os historiadores, coincidiu com uma série de registros de epidemias. Por volta do ano 500 a.C., esses povos aprenderam a navegar. Antes, cada cidade, isolada, tinha doenças locais, às quais as pessoas estavam adaptadas de alguma maneira. Elas, até então, se deslocavam por terra. Ou seja, se um viajante adoecia no caminho, tinha grande probabilidade de morrer antes de terminar o trajeto. No entanto, com a velocidade das travessias por mar, em que se percorriam cerca de 100 quilômetros por dia com a ajuda do vento, era possível um doente chegar vivo ao destino - e transmitir a moléstia.
Muito mais tarde, no século XII, por exemplo, a lepra chegou ao Ocidente, no rastro das Cruzadas. Segundo as famosas tábuas de Hamurabi, rei da Babilônia, datadas do século XVIII a.C, a doença existia em sua época, quando desfigurava seus súditos. De fato, o bacilo de Hansen, causador do mal - descoberto apenas em 1873 -, provoca lesões da pele, arrasando com suas terminações nervosas. A aparência das vítimas era assustadora. Por isso, os europeus, espantados com a suposta nova doença, resolveram segregá-las em asilos, os lazaretos, assim chamados porque os primeiros deles surgiram na Ilha de San Lazzaro, perto de Veneza. No século XVIII, somavam-se cerca de 19000 lazaretos na Europa, sempre fora dos portões das cidades.
Eram verdadeiras prisões: bastava uma denúncia e o paciente era obrigado a se apresentar a médicos ou sacerdotes. Uma vez diagnosticada a pretensa lepra, ele recebia um uniforme e uma matraca, que servia para avisar os outros da sua presença, nas raras vezes em que saísse do lazareto, onde estava condenado a passar o resto de seus dias. Freqüentemente, porém, o diagnóstico era um terrível engano. Quando, em 1860, o médico francês Paul Broca examinou os crânios de um antigo cemitério de leprosos, grande parte das lesões encontradas eram sifilíticas. Por esse mesmo motivo, aliás, em 1626, Luís XIII ordenou o fechamento de todos os lazaretos franceses - consta que, quando seus dois médicos particulares resolveram inspecionar um desses locais, não encontraram um leproso sequer."Preferimos chamar a doença de hanseníase, para evitar a lembrança desse estigma do passado", informa o pediatra Wagner Augusto Costa, diretor do Centro de Vigilância Epidemiológica de São Paulo. A hanseníase ainda reúne cerca de 15 milhões de vítimas no mundo inteiro. "Mas, por sorte, elas contam com bons remédios, especialmente se o problema for diagnosticado em fase inicial, ou seja, quando a pele perde a sensibilidade ao calor", diz o médico. Confundida com essa doença, pelas feridas que provoca, a sífilis - infecção transmitida sexualmente, que podia ser fatal até a descoberta da penicilina, há sessenta anos -, irrompeu na Europa quando os conquistadores voltaram da América.
Os primeiros casos aconteceram em Barcelona, em 1493, por isso o mal ficou conhecido como "doença espanhola". Poucos anos depois, surgia na França e, quando apareceram casos na Alemanha, citavam a "doença francesa". Como os europeus costumavam viajar para o Oriente, em 1496 já se encontravam sifilíticos na Ásia. O médico alemão Johannes Widmann (1440-1553) reconheceu que as pessoas se contaminavam pelo sexo - uma dedução fantástica, considerando os recursos da época. Em países como a França e a Alemanha, os banhos públicos mistos foram terminantemente proibidos. Mas isso não resolveu o problema das epidemias, já que os marinheiros, na volta de suas viagens, continuavam espalhando a doença.
Como a sífilis, outras doenças fizeram longas trajetórias, acompanhando o homem em suas conquistas. Com isso, pode-se dizer que uma das maiores marcas da Idade Moderna foi a eclosão simultânea de diversas epidemias. Estima-se, por exemplo, que entre os séculos XVI e XVII, na Inglaterra, nove em cada dez mortes eram por doenças infecciosas. Pois, nessa época, ali existiam ao mesmo tempo epidemias de sarampo, cólera, varíola, peste bubônica, sífilis, lepra e tuberculose - era mesmo difícil sair imune. É claro que uma doença surge quando um parasito, para se reproduzir, precisa destruir as células do organismo em que se hospeda - estrago que se reflete nos sintomas da moléstia. Por sua vez, corre-se o risco de epidemias, se o microorganismo vândalo pega carona no organismo de um viajante - isto faz sentido. Mas, muitas pessoas podem se indagar como, depois de atravessar tantas epidemias, o homem conseguiu sobreviver até a década de 40 deste século, quando se testaram pela primeira vez as drogas antibióticas, capazes de curar todas as infecções, menos as produzidas por vírus. Uma coisa é certa: a cada surto de determinada infecção, os sobreviventes tendem a adquirir anticorpos específicos contra o parasito responsável, surgindo gerações de pessoas cada vez mais resistentes. Além disso, muitas vezes, uma bactéria compete com outra - e, nessa briga, o homem pode sair ganhando.
Durante muito tempo, os cientistas buscaram explicações para o final das reincidências de peste bubônica. Estudos recentes sugerem que as epidemias de tuberculose no século XVIII serviram para imunizar as pessoas contra a peste. Ou seja, os anticorpos que o organismo cria para combater o bacilo de Koch, responsável pela doença pulmonar, eram versáteis o bastante para atacar também a outra bactéria. Mas a tuberculose, embora grave, matava com menos freqüência do que a peste. Esta, infelizmente, teve um substituto à altura: naquele século, eclodiram inúmeros casos de tifo na Inglaterra. Dali, o mal partiu para a América, incluindo o Brasil. Dores de cabeça insuportáveis e febres altíssimas eram queixas comuns nas prisões inglesas.
Transmitido pelo piolho, o tifo resulta diretamente da falta de higiene. A situação piorou quando os soldados de Napoleão, em sua retirada da Rússia, entre 1813 e 1814, espalharam a doença por toda a Europa. Aliás, as guerras facilitam o aparecimento de certas epidemias, como a do tifo. Por sorte, logo em seguida, o estudo das doenças passou por duas verdadeiras revoluções. Isso porque, apesar de as bactérias terem sido descobertas em 1674 pelo microscopista holandês Van Leeuwenhoek, apenas no século XIX o químico e microbiologista francês Louis Pasteur conseguiu provar que os microorganismos são capazes de provocar doenças."Só então, com o avanço da Bacteriologia, os médicos começam a combater efetivamente as moléstias", opina Emerson Mehry, da Unicamp. "Antes, determinada doença era encarada como uma série de sintomas, com uma ordem de entrada em cena que, conforme o caso, podia até ser bem conhecida dos médicos", explica o estudioso da história. "Eles esperavam ou provocavam um por um dos sintomas, de modo que, se passasse o último deles, a doença teria igualmente passado."Outro passo importante foi a investigação, realizada em 1842, pelo médico inglês Edwin Chadwick: ele mostrou a relação entre a presença de doenças e as péssimas condições de moradia, a falta de esgotos, a ausência de água limpa, erros na remoção e no tratamento do lixo. "É óbvio que sempre existiram pessoas vivendo em condições precárias", esclarece Mehry. "Na Idade Média, na falta de agasalhos, muitos camponeses dormiam juntos para se aquecer. Mas, então, ninguém atinava que a proximidade ajudaria a disparar epidemias." Na opinião do pesquisador, as pessoas só passam a prestar atenção na doença quando ela, de alguma maneira, atrapalha quem está no poder. "No início do século passado, existia um interesse do governo inglês em estabelecer medidas sanitárias, porque se observava que operários saudáveis trabalhavam melhor nas indústrias recém-criadas", exemplifica. "Do mesmo modo, no início deste século, os médicos e os governantes brasileiros declararam guerra contra a febre amarela Isso porque a economia do país se baseava na exportação de produtos agrícolas e a notícia de uma epidemia em São Paulo impedia que certos países permitissem a emigração de camponeses."Em 1918, enquanto os brasileiros penavam com a febre amarela, uma gripe violenta matava milhares de pessoas na Espanha. Logo, a gripe espanhola, como ficou conhecida, se transformou em uma pandemia. Em países em desenvolvimento a doença chegou a matar metade da população.Na a Alemanha, naquele ano, uma em cada quatro mortes era causada pela gripe, que provavelmente se originou na China. "É como se existissem várias versões do vírus da gripe", define o infectiologista Vicente Amato Neto, superintendente do Hospital das Clínicas de São Paulo. "Teoricamente, sempre há a possibilidade de um vírus desses surpreender o sistema imunológico das pessoas, causando uma epidemia." Mas, na sua opinião, com os recursos da Medicina moderna, dificilmente haverá tantas mortes como no passado: em um tempo relativamente curto, os laboratórios conseguem identificar detalhes de um agente infeccioso, indicando as melhores armas, nas prateleiras das farmácias, para combatê-lo. "De modo geral, a ciência conhece os meios de controlar a maioria das infecções. O que falta, às vezes, é força de vontade para aplicar algumas medidas sanitárias. Além disso, no Brasil temos o problema da fome, que enfraquece o organismo, aumentando o poder devastador de qualquer doença."No que diz respeito ao estômago, este é um planeta enfraquecido: dos 5,2 bilhões de habitantes, 3 bilhões são subnutridos, ou seja, trinta a cinqüenta vezes mais sujeitas a morrer por causa de uma infecção. Amato só desanima quando o assunto é Aids : "Trata-se de uma infecção com características muito especiais," garante. "Por mais que o governo desenvolva meios de controle, como o exame do sangue doado em bancos, não se pode garantir que as pessoas estejam levando a sério os cuidados a respeito da própria vida sexual. Além disso, no caso dos drogados, um dos principais grupos de risco, eles parecem não ouvir ninguém." Segundo a Organização Mundial da Saúde, 75% das pessoas infectadas pelo vírus da Aids são heterossexuais. "Em um país com tradição machista, como o Brasil, as coisas ficam mais difíceis. A troca constante de parceiros é encarada com naturalidade. Se continuar nesse ritmo, a Aids matará mais pessoas do que as pestes do passado", afirma. Seu colega de consultório, o infectiologista David Éverson Uip é mais otimista: "Acho absurdo que o número de casos continue aumentando", diz, num tom francamente espantado. "O simples uso da camisinha pode evitar a epidemia."





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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

A Vida Sob Pressão - Fisiologia


A VIDA SOB PRESSÃO - Fisiologia



Mais do que a falta de ar, a pressão das águas é o grande obstáculo à permanência do homem no fundo do mar, seja a 10 ou 300 metros, obrigando seu organismo a radicais adaptações ao novo meio.



Sentado na areia ardente à beira do mar, o homem fita a água e sonha em conquistar o azul profundo. Há mais de 2000 anos, alguns ousados se aventuram a deixar a areia e pulam de cabeça no mundo submarino - é quando descobrem que a falta de ar não é o principal obstáculo a um passeio tranqüilo ao lado de peixes e corais. O grande vilão das histórias debaixo d´água atende pelo nome de pressão, um inimigo invisível, mortal, sub-reptício. Seja a 10 ou a 100 metros de profundidade, quanto mais se desce, mais o oceano comprime os frágeis corpos humanos, como se quisesse deliberadamente expulsá-los de um ambiente que não é seu. Com os pés em terra firme, o homem sofre a pressão de 1 atmosfera (1 quilo por centímetro quadrado do corpo, equivalente a uma coluna de ar sobre a cabeça).
Como seu organismo foi moldado pela evolução para viver nesse meio, o fardo é leve. Nos domínios dos peixes, porém, o mundo fica mais pesado: a cada 10 metros na direção do fundo do mar, a pressão aumenta em 1 atmosfera. No corpo humano apertado pelo mar, o que sofre são as cavidades recheadas de ar, como os pulmões e os ouvidos. A guerra do homem contra seu maior inimigo aquático, que pode deixar como saldo alguns mortos e feridos, ainda que com pouca freqüência, começa assim que se pula na água. Nem mesmo os praticantes do mergulho livre, a modalidade mais simples e praticada com o equipamento mais básico, se vêem livres de alguns percalços. Munido de máscara, snorkel (o canudinho para respirar na superfície) e nadadeira, o mergulhador inspira fundo desce em apnéia (com a respiração presa) e inicia sua aventura.
No caminho para baixo, toda a lei de Boyle atrapalha. Ela diz que, em temperatura constante, o volume de um gás é inversamente proporcional à pressão. Isso significa que, apertado pela pressão crescente, o ar dentro da máscara vai diminuir de volume. Se o mergulhador não injetar um pouco de ar na máscara pelo nariz, tornando iguais as pressões do mar naquela profundidade e a do ar em sua máscara, a estrutura elástica da borracha comprimirá seu rosto e surgirão hematomas.
As vítimas seguintes são os ouvidos, apelidados, sem exagero, de calcanhar-de-aquiles do mergulhador. "Uma região atrás do tímpano, chamada de ouvido médio, está cheia de ar para funcionar como uma caixa acústica, com espaço para a vibração da membrana do tímpano", detalha o médico Paulo Iazzetti, professor e coordenador da Unidade de Medicina Hiperbárica da Universidade de Campinas. "Justamente por ser recheada de ar, esta região é vulnerável à variação da pressão." Iazzetti já era mergulhador com apenas 12 anos e enveredou mais tarde pela Medicina Hiperbárica - ramo que surgiu para tratar acidentados em mergulhos e que hoje é usada em diversas enfermidades.
Iazzetti explica que, à medida que o mergulhador afunda, a pressão da água aumenta e empurra o tímpano para dentro, provocando dor; se o mergulhador não tomar nenhuma atitude, o tímpano poderá até se romper, causando o barotrauma do ouvido médio Para evitar este tipo de acidente, o mergulhador realiza a manobra de Valsalva, assim chamada por ter sido descrita por um fisiologista italiano com esse nome: tapa-se o nariz com dois dedos, mantém-se a boca fechada e expira-se com um pouco de força. Sem opção de saída, o ar caminha pela trompa de Eustáquio, o canal membranoso que liga o ouvido à garganta, e chega ao ouvido médio, preenchendo a cavidade e igualando a pressão de dentro com a de fora. Caso a operação seja mal feita e o tímpano se rompa (o que só uma delicada cirurgia resolve), a água fria entra no ouvido e pode atingir o labirinto, responsável pelo equilíbrio do corpo."Se isto acontecer, a vertigem pode confundir o nadador a ponto de ele não saber se está descendo ou subindo" descreve outro médico mergulhador, Ivan Jorge Ribeiro, do Centro Hiperbárico de São Paulo. Nesse caso, há uma dica para localizar a superfície: seguir as bolhas de ar. "Elas, sem dúvida nenhuma, estarão subindo", brinca Ribeiro, carioca que recebeu o apelido de Merluza em 1971, época de seu batismo na Marinha, no Rio de Janeiro, e que hoje dá aulas para novatos civis em São Paulo. Se o mergulhador cansar de ficar como ioiô afundando e buscando ar na superfície, e resolve bater papo mais longo com os peixinhos, descobrirá que a aventura se complica a cada metro em direção ao fundo. O mergulho autônomo, em que o mergulhador carrega seu suprimento de ar num cilindro de aço ou alumínio, só virou realidade quando o oceanógrafo francês Jacques Cousteau inventou o aqualung, em 1943. O ar é "engarrafado" sob uma pressão 200 vezes maior que a da atmosfera em terra firme. Uma válvula acoplada ao cilindro reduz esta pressão para cerca de 8 atmosferas. Antes de o ar atravessar o bocal e chegar até o mergulhador, porém, uma nova válvula reduz a saída à mesma pressão da água naquela profundidade."Desta maneira, quando o ar é inspirado, está dando ao tórax uma pressão suficiente para que ele tenha movimentação, vencendo a pressão que a água faz sobre o peito", descreve Vicente Albanez, professor de mergulho da academia Raia 4, em São Paulo. Albanez já não ouve muito bem, resultado da pressão sob seu tímpano desde o tempo em que resolveu fazer do mergulho sua profissão. Hoje, está empenhado em divulgar o mergulho como terapia para crianças com deficiência mental.
O prazer de uma fugaz estada no mundo aquático a bordo de um cilindro embute uma overdose de moléculas gasosas. Como o ar dentro dele está comprimido sob alta pressão, a quantidade de moléculas a ocupar o mesmo espaço é maior, aumentando proporcionalmente a quantidade de gás absorvido pelo mergulhador. Ocorre então uma saturação desses gases no organismo, que não está habituado a sorvê-los em quantidades tão grandes. Como o ar atmosférico é composto de 78,62% de nitrogênio, 20,84% de oxigênio e 0,5% de outros gases, o aumento significativo do volume inspirado vai resultar num problema igualmente grande para o mergulhador. O nitrogênio praticamente não é metabolizado pelo organismo e se acumula, passa dos alvéolos pulmonares para o sangue e do sangue para os tecidos, já que neles a concentração deste gás em condições normais é mínima.
A dissolução do nitrogênio no corpo não causa mal algum, mas na hora do caminho inverso - eliminar o excesso - o gás dita as regras. Para se dosar a velocidade na qual o mergulhador pode retornar à superfície sem problemas, a Marinha americana desenvolveu uma tabela de descompressão, estruturada a partir da profundidade que o mergulhador atingiu e o tempo que ele permaneceu submerso. Em outras palavras, a tabela avalia a quantidade de gás inerte que teve tempo de se instalar no organismo. Ela indica a velocidade com que se pode subir para que o gás alojado tenha tempo de sair dos tecidos e ser eliminado pelas vias aéreas - 18 metros por minuto e uma série de paradas, a 9, 6 e a 3 metros da superfície.
Quando a pressão externa diminui, o gás faz o caminho inverso, dos tecidos para os alvéolos, por difusão. Respeitada essa tabela, o risco diminui. Diminui mas não acaba, porque o padrão que determina estes números é a resistência de um marinheiro jovem, em boa forma física. Se o perfil do mergulhador não for exatamente este, é recomendado não atingir os limites. O médico Paulo Iazzetti explica que uma falha na hora de acompanhar estes números pode ocasionar a chamada doença descompressiva: "Se você retorna à superfície, onde a pressão é menor numa velocidade errada, o gás que estava dissolvido se expande e forma microbolhas onde estiver." É como o que acontece com uma garrafa de Coca-Cola - quando aberta, a pressão dentro dela, que era grande; diminui em contato com a atmosférica e o gás fisicamente diluído desprende-se. Nos tecidos humanos, sem opção de fuga, as bolhas expandem-se no lugar em que estão.Iazzetti conta que estas bolhas provocam dores nas articulações, onde o tecido fibroso é uma porta aberta para a instalação destes gases. Em casos mais graves, as microbolhas podem se alojar no cérebro, muito vascularizado, onde, dependendo da localização, provocam danos algumas vezes até fatais. A todo instante o mergulhador é lembrado de que é um intruso na água. Uma distração ou um susto como avistar um tubarão, pode fazer com que ele suba desesperado da pior maneira possível: com a respiração presa.
Se o mergulhador prende a respiração, o gás se expande conforme a pressão diminui e deforma o pulmão, provocando a temida embolia traumática pelo ar, que é rara, mas pode acontecer em qualquer profundidade. "As moléculas de gás expandidas forçam as paredes dos pulmões, o ar entra onde não era chamado, no espaço entre o pulmão e a pleura, e colapsa a região", descreve o médico Iazzetti. "Algumas vezes pode haver até o rompimento dos pulmões, um quadro clínico muito grave e difícil de ser tratado." A maioria dos problemas com pressão podem ser resolvidos colocando-se o mergulhador acidentado dentro de uma câmara hiperbárica (do grego hypér, excesso, e báros, pressão), que o comprime e depois diminui gradualmente a pressão, como numa volta segura à tona, para que os gases que ele absorveu possam percorrer a via normal de retorno à atmosfera, saindo da circulação para os pulmões e daí para a boca.
A partir dos 40 metros de profundidade, em média, o mergulhador também pode começar a "ver" sereias. O mágico ilusionista, nada inocente, é de novo o nitrogênio. Uma vez no organismo, o nitrogênio se instala na bainha de mielina, uma camada gordurosa que envolve as células nervosas, e atrapalha a transferência de cargas elétricas e o caminho do estímulo nervoso. O mergulhador tem então a chamada narcose pelo nitrogênio, ou embriaguez das profundidades. Como se estivesse bêbado, ele pode simplesmente esquecer de voltar à superfície ou ser atraído para o fundo por um peixe espetacular. Neste momento, a presença de um companheiro por perto ajuda o a salvar-se. No caso da narcose, subir devagar ajuda a desalojar as bolhas de nitrogênio alojadas no sistema nervoso central. Por todos estes percalços, uma regra em mergulho é lei: jamais mergulhar sozinho.
A maioria dos mergulhadores livres e autônomos gosta de enfrentar as aventuras submarinas por esporte. Existem aqueles, porém, para quem o fundo do mar é um meio de vida. É o caso dos mergulhadores profissionais das plataformas de exploração de petróleo submarino, que descem a 300 metros de profundidade para manipular válvulas nos oleodutos ou fazer reparos nos equipamentos. Executar o trabalho não é tão complicado, o difícil é chegar lá. É preciso passar por um rosário de adaptações para poder descer tão fundo, no chamado mergulho saturado, onde a pressão ronda as 30 atmosferas - algo como 45 toneladas ou 56 fuscas sobre os ombros.
O organismo do mergulhador precisa ser lentamente comprimido, para equilibrar a pressão dos gases de seu corpo com a escandalosa pressão na água àquela profundidade. "Se isso não fosse feito, a pressão mecânica poderia esmagar os pulmões, romper os tímpanos e até provocar sangramento nos seios da face, todos recheados por ar" enumera o engenheiro Carlos Eduardo Serra, da Petrobrás responsável pelo treinamento de mergulhadores. "O primeiro passo foi encontrar uma mistura gasosa que, sob alta pressão, não provocasse efeitos colaterais no organismo." Para o mergulho autônomo, onde. pela lei, o mergulhador só pode ir até 40 metros, ar comprimido basta. Mais fundo que isso, no mergulho dito saturado, a mistura de gases tal qual na atmosfera poderia ser fatal."Num mergulho profundo, a embriaguez seria inevitável devido à alta pressão do gás respirado, que entra no organismo numa velocidade muito maior", compara o médico cardiologista Elmo de Araújo Carvalho Júnior, da base naval de Mocanguê, em Niterói (RJ), onde mergulhadores são treinados para trabalhar para a Petrobrás. Para resolver este problema, a tática foi encontrar um gás mais leve, que substituísse o nitrogênio e não tivesse o tal efeito narcótico. A solução foi trocá-lo pelo hélio, de peso molecular menor, que sai dos tecidos de maneira mais fácil. Parte do problema foi resolvido. Antes de descer ao mar para controlar o fluxo de um oleoduto, por exemplo, o mergulhador entra num vaso de pressão instalado no convés do navio e é comprimido com esta mistura chamada heliox (hélio mais oxigênio) durante 24 horas."Esta velocidade de compressão dos mergulhadores em câmaras hiperbáricas é empírica", admite Carvalho. "Eles eram comprimidos gradualmente e, quando surgiam problemas, mudava-se a velocidade." O hélio, então aliado, eliminava o problema da hospedagem do gás nos tecidos, mas não resolvia o dos tremores durante a compressão - uma doença chamada síndrome neurológica das altas pressões, com sintomas semelhantes aos da embriaguez somado a tremedeira, de aparecimento gradual e resultado direto da velocidade de compressão. Arrumou-se, então, uma nova tática. Já que o nitrogênio provoca a embriaguez atrapalhando o caminho dos impulsos elétricos nas células nervosas, ele foi novamente colocado na mistura, mas em menor quantidade.
Finalmente, o mergulhador passou a ser colocado na câmara hiperbárica com uma mistura trimix - hélio, oxigênio e 5% de nitrogênio - para não deixar que os tremores surjam. "O nitrogênio na mistura funciona como uma dose de martini. Ele não fica embriagado, e também não tem os tremores". expIica o médico Carvalho. Neste mundo confinado, a vida do mergulhador depende de um controle rigoroso das condições de seu novo lar, o vaso de pressão, não à toa chamado de câmara de vida. O controle começa pela temperatura. "Uma das características do gás hélio é a alta condutividade de calor", explica Atílio Vanin, químico da Universidade de São Paulo, que nunca mergulhou mas conhece muito bem os caprichos dos gases.Dentro das câmaras, o hélio rouba calor de seu vizinho - o homem a bordo. Para contornar esse problema, a temperatura é mantida alta, em torno de 30º e monitorada o tempo todo. Só que isso provoca uma acentuada desidratação do mergulhador, que pode perder até 6 litros de água num só dia. Além de o aumento da temperatura acelerar o metabolismo do corpo, os pulmões, habituados a sorver ar com menor densidade, recebem um número muito maior de moléculas e são obrigados a trabalhar mais. Isso leva a uma grande e constante perda de energia.Para compensar todo este desgaste o cardápio oferecido é cerca de 50% mais rico em calorias do que seria suficiente em condições normais de temperatura e pressão. Enquanto um homem adulto se satisfaz com 2 248 calorias diárias, um mergulhador mantido sob pressão precisa de 3 000, e ainda assim perde cerca de 10% de seu peso. Como se não bastasse, o novo vilão hélio reaparece para estragar até esta única diversão do dia - comer. A comida oferecida ao mergulhador que é passada por meio de escotilhas, precisa ser muito temperada porque o hélio também altera o paladar dos comensais. Na hora de trabalhar, afinal o objetivo de todo este preparo, o mergulhador é levado até a profundidade desejada pelo braço de um guindaste do convés do navio.
O transporte é dentro de um sino, antes acoplado à câmara de vida. No sino, à mesma pressão da câmara, descem dois mergulhadores com o equipamento necessário para a missão. Uma vez na água, a 300 metros de profundidade longe dos raios solares, surge um novo obstáculo: a temperatura no mar beira os 7°C, insuportável para o mergulhador. A perda de calor é também muito rápida, pois a condutividade de calor da água é 25 vezes maior que a do ar.
Para navegar neste mundo gelado, sua roupa possui uma espécie de véu transpassado por serpentinas, como as que esfriam chope, e é ligada ao sino por um cordão umbilical. Água quente vinda diretamente do navio entra por estes tubos ocos, passeia por todo o corpo e sai pelos pés, tudo para que o mergulhador não morra de frio.Terminado o trabalho, os mergulhadores avisam o navio para trazê-los de volta à superfície (na verdade, para a câmara de vida). Simples? Não. As cordas vocais em movimento precisam do ar presente na laringe para a propagação das ondas sonoras - em outras palavras, a voz. O hélio, que cobra muito alto por seu uso nas câmaras hiperbáricas, provoca uma alteração cujo nome descreve muito bem o que acontece: efeito Pato Donald. A voz do mergulhador, que tem sua freqüência aumentada da baixa densidade do hélio, parece mesmo a voz do famoso personagem dos desenhos animados. Entender o recado dos mergulhadores só é possível com um indispensável aparelho eletrônico que desmistura a voz, instalado no navio. Terminada a tarefa para a qual foram escalados, e já instalados a bordo do navio, só então vai se iniciar o lento retorno à "superfície", ou a uma atmosfera de pressão.Para que o hélio instalado no organismo dos mergulhadores possa sair, a pressão parcial deste gás no ambiente precisa ser diminuída gradualmente. Assim, quando a circulação sangüínea passa pelos alvéolos pulmonares e encontra ali uma baixa concentração de hélio, já que a do ambiente está diminuindo, ele começa a bater em retirada por difusão. Porém, se a queda de concentração de hélio não ocorrer na mesma velocidade em que ele sai dos tecidos para a circulação, e da circulação para os alvéolos, ocorre a tal doença descompressiva, com as suas temidas microbolhas. Um mergulhador fica saturado pelos gases em aproximadamente 12 horas de compressão. Assim, independentemente do tempo que permaneceu pressurizado, a descompressão obedece à velocidade de um dia para cada 33 metros de profundidade, determinada a partir da velocidade de saída do hélio dos tecidos. Se a lei permite que um mergulhador fique apenas 28 dias pressurizado, conta-se um dia para a compressão de mergulhos a 300 metros de profundidade, dezessete dias de trabalho e outros dez somente para descomprimi-lo, sempre ilhado em câmaras. A vida na clausura é difícil. "Sentimos o gás entrando, se instalando no corpo, falamos como Pato Donald, emagrecemos, mas tudo isso dá para agüentar - o mais importante é voltar para casa", conta o mergulhador Sérgio Moraes Brito, 30 anos, há oito trabalhando em plataformas petrolíferas.
Para impedir que o mergulhador fique angustiado e queira voltar para casa pedido que levaria no mínimo dez dias para ser atendido, os jornais fornecidos a ele são previamente lidos. "Se ele mora num bairro do Rio de Janeiro que foi alagado durante uma chuva forte, retiramos a notícia do jornal", admite Elmo Carvalho, da base naval de Mocanguê. No caso da Marinha, que possui câmaras para instrução que simulam o mergulho, o médico e os auxiliares encarregados têm um dossiê completo sobre o mergulhador, e tentam resolver seus problemas em terra. "Não é censura, mas também não ia ajudar nada ele ficar sabendo", justifica-se Carvalho. De qualquer forma, toda essa complicada operação de levar um mergulhador ao fundo do mar deve desaparecer logo. Os mergulhadores estão sendo substituídos por robôs, que não têm família em terra nem o menor problema em enfrentar a brutal pressão das águas.





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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Artes Subterrâneas da Água - Geologia


ARTES SUBTERRÂNEAS DA ÁGUA - Geologia



Estalactites, pérolas, jangadas e outras exóticas esculturas das cavernas são criadas por uma demorada e sutil combinação de fenômenos químicos e geológicos.



Não há quem chegue à entrada de uma caverna sem sentir o mesmo que o pintor e engenheiro Leonardo da Vinci, há quase cinco séculos: "Somos tomados por um misto de temor e desejo. Temor das trevas e do desconhecido, e desejo de encontrar ali a chave de mistérios nem sequer suspeitados." Mas dentro da caverna o sentimento se aprofunda com a visão dos espeleotemas, ou seja, as esculturas que a natureza cria com extraordinários instrumentos: a água, os minerais e o tempo. Em permanente evolução, enquanto esses elementos estiverem presentes, alguns espeleotemas brotam da rocha na forma de grossas colunas de até 100 metros de altura; outras, porém, tornam-se milimétricas "gotas" de pedra, cristalizadas, por incrível que pareça, dentro de poças d´água. Séculos de observação levaram técnicos e cientistas a classificar mais de 100 tipos diferentes de ornamentos, espalhados pelas cavernas do mundo. Mas há lugares - como a grande caverna de Sant´Ana, em Iporanga, São Paulo, com quase 6 quilômetros de comprimento e desnível de 61 metros -, onde se encontram praticamente todos os tipos conhecidos de espeleotemas. Os cientistas explicam que essas formações resultam, antes de mais nada, de uma combinação da chuva com o gás carbônico do ar. O resultado dessa reação química é o ácido carbônico que, ao chegar ao solo, penetra na crosta terrestre através de fissuras e alcança o interior das cavernas. Tem, então, a forma de uma solução que, por ser rica em carbonato de cálcio extraído das rochas calcárias chama-se bicarbonato de cálcio.
O passo seguinte é à curiosa metamorfose dessa solução em cristais. Isso ocorre porque, em cada pequena gota que aflora no teto, parede ou piso da caverna, há perfeita separação entre uma parte liquida e outra sólida. A primeira, ao deixar a rocha, se decompõe, devolvendo gás carbônico para o ar. A segunda é o carbonato de cálcio que toma a forma de um anel microscópico na base da gota. A água que resta, pinga. Milhões de gotas são necessárias até que um espeleotema seja esculpido - alguns deles decorrente de uma deposição mais acelerada em locais em que a umidade é maior, como nas regiões de clima tropical. Esse é um dos motivos da presença de tantos ornamentos nas cavidades naturais tupiniquins.
Eles são predominantemente brancos porque quase todas as cavernas brasileiras estão em regiões de rochas calcárias (nas quais se encontra, por exemplo, a popular cal de pedreiro). Mas onde estão contaminados com impurezas surgem as cores: assim, a sílica promove uma coloração marrom; os sais de ferro geram tons de vermelho; o manganês, de negro e o cobre, de verde ou azul. Quanto à forma, os espeleotemas mais conhecidos são as estalactites que lembram colunas inacabadas, penduradas no teto de quase todas as cavernas do mundo. A construção inversa, de baixo para cima, é igualmente comum, e denomina-se estalagmite.
A origem dessas estruturas gêmeas é o carbonato de cálcio contido nas gatas. Parte dele fica retida no teto e transforma-se na estalactite; outra parte despenca com as gotas e é empregada para montar a estalagmite. Por isso, elas crescem em sentido oposto, uma sobre a outra, e geralmente se encontram a meio caminho para modelar uma bela coluna. Esta pode ser um cilindro inteiriço ou ser mais fina no centro do que nas extremidades, como dois cones invertidos. Embora elas cresçam, em média, um mísero milímetro a cada três anos, há na Europa Central um exemplar desse espeleatema que atingiu nada menos que 100 metros de altura.
Podem receber os mais pitorescos nomes. No Brasil, são conhecidas como canudo de refresco; na França, canudos de soda; e na Itália, espaguete. Poucas pessoas sabem, no entanto, que estalagmites e estalactites são apenas os mais vulgares espeleotemas. Existem dezenas de outros tipos, cujas formas exóticas desafiam as leis da gravidade. Os espeleólogos-pessoas que estudam os espeleatemas ou simplesmente admiradores de cavernas-dividem nos em três grandes grupos. Estalactites e estalagmites são espeleotemas de água circulante, mas a água estacionada modela um segundo tipo de esculturas, e a exudação ou transpiração, um terceiro tipo. Estes últimos emergem delicadamente das paredes e do teto das cavernas, empurrados pela diferença de temperatura e pressão entre os poros das rochas e o vazio interno.
São, por exemplo, as helictites, flores, corais e agulhas. Curvilíneas, aguçadas, ou espalmadas como pétalas, elas crescem obedecendo somente às leis microscópicas dos cristais, sem a interferência da poderosa gravidade. "Quando o carbonato de cálcio se separa do líquido, suas moléculas ligam se por meio de forças elétricas e geram algumas das mais bizarras estruturas que se conhecem," ensina José Ayrton Labegalini, atual presidente da Sociedade Brasileira de Espeleologia, entidade que congrega quase 600 membros. As helictites são facilmente observadas no Brasil e bem mais raras nas cavernas americanas e européias.
As matérias-primas mais comumente empregadas para esculpir os espeleotemas de exsudação são a calcita, a aragonite e a gipsita, três minerais derivados de rochas calcárias, diferentes apenas pelo modo como se cristalizam. Com a face externa lisa e branca, as helictites de calcita são mais comuns que as de aragonita, de superfícies ásperas, cobertas de cristais pontiagudos, e quase sempre transparentes. Já as flores de calcita são brancas, opacas e retorcidas. Crescem em fissuras no teto como um conjunto de filetes, cujas bases partem de um único ponto. Enquanto as helictites têm a superfície mais irregular, com protuberâncias crescendo em desarranjo, nas flores há um determinado padrão, perceptível pelo fato de os filetes terem aproximadamente o mesmo diâmetro.
Mas, diante de tanta criatividade, o leigo pode se confundir totalmente-a harmonia dos cristais, nas flores, não parece diferente do caos observado nas helictites. Um panorama bem diverso descortina-se nas flores de aragonite. Como feixes de cristais retilíneos, elas nascem de um fenômeno conhecido por supersaturação do carbonato de cálcio. As flores de gipsita, por sua vez, são formadas por sulfato de cálcio e têm características muito semelhantes às flores de aragonita. As leis que regem a construção dos espeleotemas são, em grande parte, desconhecidas e, por isso mesmo, ativamente pesquisadas. Um dos cientistas que se dedicam a esse trabalho, no Brasil, é o geólogo Alex Barbieri, do Instituto de Geologia da Universidade de São Paulo.
É importante saber, por exemplo, que quantidade de água, enriquecida com gás carbônico, está disponível para dissolver as rochas calcárias. Assim se poderiam conhecer melhor as condições em que, mais tarde, os minerais dissolvidos abandonam a solução liquida como blocos sólidos. Isso feito, se poderia saber por que, em certos casos, a aragonita gera uma flor e, em outros uma agulha. E não se trata de coisa meramente acadêmica, diz Barbieri. "Um exemplo de aplicação desses estudos é que eles permitiriam analisar o tempo que leva o petróleo para maturar dentro das rochas."
Os técnicos da USP pensam, na verdade que a pesquisa de espeleotemas pode desvendar algumas questões básicas da Geologia e Mineralogia, tanto em ambientes cársticos, isto é, relacionados com as cavernas, como também no mar e em alguns lagos. A distinção entre as flores de gipsita e aragonita, de certa maneira, ilustra esse tipo de preocupação científica. É que as duas diferem, basicamente, pelo que se chama de hábitos de cristalização. A aragonita cresce na forma de camadas superpostas, mais ou menos como os bolos folhados, e seus espeleotemas são pontiagudos e finos. A gipsita, em vez disso, se caracteriza por gerar cristais ocos, curvos e retorcidos, de coloração branca ou amarelada.
O resultado é um tufo grande de pequenos fios: como estes crescem mais rapidamente no centro do tufo do que nas suas bordas, acabam por "estourar" em pétalas curtas, com menos de 5 centímetros de comprimento. Um outro tipo de espeleatema feito de gipsita é o cabelo de anjo. Impressionantes, seus cristais têm proporções microscópicas, se estruturam em fios entrelaçados, parecidos com mechas de cabelo branco e brilhante. Daqui, pode-se passar ao campo dos espeleotemas mais raros, tais como as agulhas, cuja origem, ainda não definida em detalhes, parece ser aragonita em forma retilínea. As agulhas alcançam comprimento de até 30 centímetros e diâmetro não superior a 2 milímetros.
Existe um tipo único de espeleotema que, surpreendentemente, não se prende a lugar algum: seja ao teto, paredes ou chão das cavernas. Trata-se da pérola, um pequeno grão que brota dentro de rasas poças d´água, sobre as quais há gotejamento freqüente. Cada gota que cai nesse "ninho" cria um constante movimento de rotação na água e ao mesmo tempo deposita materiais sólidos. Estes se tornam o minúsculo núcleo de cristalização da pérola que, devido à rotação, cresce com estrutura esférica. Na maioria das vezes, ela tem uma superfície áspera, de cor marrom. Mas também pode ser perfeitamente lisa e branca, como se fosse constantemente polida, ou, ainda, revestida com grossas saliências e cristais cintilantes.
Finalmente, vêm os espeleotemas de água. estagnada, que, curiosamente, surgem mais ou menos da mesma maneira que a nata no leite, pois o carbonato de cálcio endurece à superfície de uma poça. O cristal, então, flutua com a segurança de uma jangada, e é esse, justamente, o nome dado ao principal espeleotema dessa categoria. Seu habitat são as cavernas saturadas, ou seja, com excessiva concentração de gás carbônico-se não fosse por isso, o material sólido não se agregaria sobre um alicerce tão frágil, a superfície da água.
Crescem a esmo, e a natureza dos seus revestimentos leva a figuras diferenciadas, chamadas de jangadas, vulcões e outras. As jangadas são simples crostas planas, irregulares, com 25 centímetros de comprimento por 20 de largura. Às vezes, perdem o equilíbrio e afundam em bloco, à menor ondulação na calmaria da água. Em seguida, depositam-se no fundo ou sedimentam-se nos montes que ali possam existir. As placas também podem soldar-se às paredes do poço, a ponto de, mesmo quando o nível da água é reduzido, sustentar o peso de um homem.
Como se vê, além da beleza dos seus ornamentos, as cavernas oferecem importantes fenômenos naturais à curiosidade do homem. Explorá-las, portanto, é uma mistura de ciência e esporte, cuja prática exige preparo refinado. E implica permanente falta de conforto e inúmeros riscos. Apenas quando se toma consciência disso-e se adquire disciplina para conviver harmoniosamente com a natureza- pode-se desfrutar a magnífica beleza que compõe esses ambientes únicos, dominados pelo silêncio e completamente estranhos a qualquer outra paisagem de nosso planeta.

Esculturas quebradas

Os espeleólogos brasileiros começam a se preocupar com os estragos causados por turistas às cavernas. Para o geólogo e espeleólogo Ivo Karmann, do Instituto de Geologia da Universidade de São Paulo, o principal fator de destruição dos espeleotemas é a falta de disciplina daqueles que não conseguem admirar somente com os olhos as maravilhas das cavernas e apalpam frágeis peças. Outros chegam a levar pequenos espeleotemas como lembrança, ou mesmo destrui-los. "O simples ato de pôr as mãos para sentir melhor um espeleotema pode ser a sua ruína." Não é difícil perceber como é delicada uma forma que cresce menos de 1 milímetro por ano! Por isso, o cientista propõe medidas de segurança. "As visitas deveriam ser mais bem organizadas, como são as de um museu ou galeria de arte." O turismo desenfreado é outro problema. Ele pensa que seria desastroso se, pelo país afora, se repetir o exemplo da Gruta da Tapagem, em Eldorado Paulista, SP. "Ela ganhou até um nome comercial, Caverna do Diabo, e se construiu à sua entrada um lago artificial para que ficasse parecida com as cavernas européias." O resultado é que, atualmente, a caverna contém somente espeleotemas grosseiros: a grande riqueza original perdeu-se. Algo parecido está começando a ocorrer na Caverna de Sant´Ana, Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira, o Petar, em São Paulo. "Hoje em dia o seu trajeto turístico é um buraco só, onde ocorrem até congestionamentos de ônibus." E Karmann não condena apenas os turistas tradicionais. "São igualmente perniciosas as pessoas que brincam de espeleologistas. Cheirando a carbureto e superequipadas, ultrapassam os limites de visitação e destroem espeleatemas, muitas vezes por total ignorância."





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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

O Charme dos Átomos no espelho - Física



O CHARME DOS ÁTOMOS NO ESPELHO - Física



A natureza faz curiosa distinção entre um fenômeno e sua imagem refletida - essa descoberta levou à teoria que soma, num só pacote de equações, a energia elétrica, magnética e nuclear.



Este ano será lembrado por alguns dos maiores físicos vivos como um momento de satisfação pelo encerramento de um trabalho de gigantes. E não é para menos, pois em 1991 se obtiveram as provas de que é possível compreender, como um único fenômeno, duas formas aparentemente muito diversas de energia: a nuclear e a elétrica. Foi preciso meio século de trabalho e o esforço de quase uma centena de cientistas, entre os mais criativos da profissão, para que tal identidade viesse à tona. Em retrospectiva, é difícil decidir o que mais delicia e ilumina o espírito - se são as paisagens inéditas descortinadas no mundo físico, ou as próprias personagens que as desbravaram.
Até com a vida se pagou tributo a essa vasta empreitada - em 1965, um anônimo técnico morreu no campus da Universidade Harvard, Estados Unidos, durante a explosão de um detector de partículas nucleares. Causado por um vazamento de hidrogênio líquido, empregado para resfriar o detector e tão reativo quanto dinamite, o choque ateou fogo e despedaçou o prédio de concreto onde os cientistas trabalhavam até as 4 da madrugada. A experiência ficou arruinada e dois membros da equipe do físico Francis Pipkin ficaram feridos. Mesmo assim, ele publicou os resultados obtidos até então, que continham a primeira evidência direta de que a teoria vigente da eletricidade e do magnetismo - chamada eletrodinâmica quântica - não representava corretamente os fenômenos físicos em condições de energia muito alta.
O motivo, como se comprovaria na década seguinte, era uma propriedade fundamental da matéria, a paridade, como veio a ser chamada. Relacionada à carga elétrica, ela impõe uma curiosa restrição aos materiais: como os vampiros, eles não podem se ver no espelho. Na prática, isso tem um significado que será difícil acreditar, se não fosse um fato fartamente comprovado - em última instância, é essa regra que põe em movimento a caldeira nuclear do Sol, e assim, por extensão, alimenta a vida na Terra. Para dar uma idéia de como funciona a paridade, o físico sino-americano Tsung-Dao Lee, um dos primeiros a investigar essa regra básica da natureza, sugere uma provocativa comparação entre dois carros comuns, idênticos, em todos os aspectos.
A única diferença é que um carro deve ser a imagem refletida do outro, de modo que o primeiro tenha o volante do lado direito e o acelerador à esquerda do motorista, e o segundo, o volante do lado esquerdo e o acelerador à direita. A chave de ignição, igualmente, poderia girar no sentido dos ponteiros do relógio, em um dos carros, e no sentido oposto, no outro. Por meio dessa armadilha intelectual, Lee explica o que acontece na realidade. "O senso comum diz que os dois carros devem se mover da mesma maneira. Mas eles podem se mover com velocidades totalmente diferentes, e até mesmo em direções opostas." Nunca se vira tal preconceito em qualquer fenômeno natural; e, como parece claro, não é em carros comuns que ele se revela.
Para isso é preciso concentrar quantidades realmente grandes de energia - tal como acontece no interior do Sol, onde os carros se decompõem em átomos e estes se desmancham em partículas nucleares, como elétrons, prótons e nêutrons. Mas então se notam minúsculos desvios no movimento dessas partículas: ou seja, as familiares correntes elétricas e ímãs não funcionam inteiramente de acordo com as equações tradicionais da teoria eletromagnética. E o resultado dessas pequenas rebeldias da eletricidade e do magnetismo é aquilo que se aprendeu a chamar de reações nucleares. Lee e outro sino-americano, Frank Young, foram os primeiros a mostrar como se poderia atribuir valor numérico à paridade, somar seus efeitos aos da carga elétrica e assim escrever as equações de uma teoria mais ampla. Inquirido recentemente sobre o período em que esses fenômenos começaram a ser pesquisados, o teórico de origem holandesa Abraham Pais rejuvenesceu. "Era uma confusão maravilhosa; estávamos numa esquina do Universo, certos de que havia algo importante logo adiante."

E não se tratava apenas de novas leis naturais. Igualmente sorrateiros, manifestando-se apenas onde e quando a concentração de energia era bastante alta, saltavam à vista muitas outras partículas. Elas surgiram, antes de mais nada, do céu, na trilha dos raios cósmicos-vindos não se sabe de onde, esses jatos de matéria em altíssima velocidade chocam-se com os átomos do alto da atmosfera e produzem chuveiros de corpos exóticos. Os primeiros detectados, nos idos da década de 40, receberam o apelido de "elétrons verdes", pois tinham uma unidade de carga elétrica negativa, como os elétrons encontrados nos fios ou nos átomos, girando em torno dos prótons. Hoje, os elétrons verdes chamam-se múons. Ao mesmo tempo começaram a aparecer prótons nunca vistos, as partículas "estranhas". Eram idênticas às partículas comuns, exceto por serem mais pesadas, sinal de que continham mais energia. Nessa época, estava claro que os átomos químicos não eram verdadeiros átomos, ou seja, unidades indivisíveis da matéria.
Logo se descobriu que também o próton podia ser dividido em três novos átomos. Eram os quarks, cuja busca mobilizou uma hoste de teóricos no mundo todo. O israelense Yuval Ne´eman, aos 15 anos já precisava dividir seu talento excepcional entre a ciência e a Haganah, organização de guerrilha empenhada em criar o Estado de Israel, na Palestina. Para realizar esse sonho, em 1948, Ne´eman lutou como coronel do exército ao lado do general Moshe Dayan, seu amigo e futuro ministro da Defesa. Mais tarde, Dayan permitiu que Ne´eman deixasse a chefia do serviço secreto para estudar na Inglaterra: seria adido militar e faria Física nas horas vagas.
Outro caçador de quarks, Soichi Sakata, era herdeiro de uma rica escola de Física teórica que floresceu no Japão após a Primeira Guerra. No inicio dos anos 60, Sakata liderou um grupo que dizia aplicar a dialética marxista na análise interna do próton, do nêutron e diversas outras partículas compostas por quarks. Seja como for, a proposta definitiva viria do americano Murray GellMan, um dos mais criativos teóricos do século. Bem-humorado, ele conta que desde o inicio a nova teoria lhe pareceu absurda, e por isso escolheu para os quarks um nome esdrúxulo. "A coisa toda não passou de piada, uma reação contra a pretensiosa linguagem científica."
Um motivo de apreensão é que até então se imaginava que as cargas do próton (+1) ou do elétron (-1) não podiam ser divididas em partes, mas as cargas das novas partículas são uma fração. Para se montar um próton, por exemplo, juntam-se dois quarks de carga igual a dois terços, chamados "para cima", e um de carga menos um terço, designado "para baixo". A soma dá a carga efetiva do próton, mais um. Já a carga zero dos nêutrons se obtém com dois quarks para baixo e um para cima. Uma novidade nesse esquema é que o movimento dos quarks não segue apenas os ditames da paridade e da carga elétrica: eles obedecem ainda às leis da "cor", termo que nada tem a ver com a cor vulgar.
Cor representa uma nova propriedade da matéria e um segundo tipo de energia ou força nuclear, qualificada de "forte" para diferenciá-la da força "fraca", que havia levado à descoberta da paridade. Com esses dois quarks-mais o elétron e seu parceiro neutrino, o mais leve de todos os tijolos da matéria-, se constróem todas as substâncias conhecidas. No entanto, o esquema original de Gell-Man incluía mais um quark: denominado "estranho" e de carga igual a menos um terço, ele era necessário para explicar as pesadas partículas descobertas nos raios cósmicos. E já então se desconfiava que o quark estranho tinha um parceiro de carga mais dois terços, batizado de "charme" pelo americano Sheldon Glashow.
Este ano, finalmente, se comprovou que existe apenas mais um par de quarks, o "fundo" e o "topo", bem mais pesados do que o estranho e o charme. O topo ainda não foi observado, mas não se pode mais duvidar que exista. Não se sabe por quê, mas é certo que a matéria existe na forma de três famílias diferentes e cada uma delas contém átomos de peso diferente. Nos últimos meses, relata o físico Frank Close, do Laboratório Rutherford Appleton, Inglaterra, terminaram os experimentos finais necessários para comprovar a teoria que descreve todos os fenômenos eletromagnéticos e nucleares-a cromodinâmica quântica. Os testes mostram que todas as partículas básicas se comportam exatamente da maneira prescrita pela teoria, certamente uma das sete maravilhas do pensamento moderno.





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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Irmãos Lumiere - Luzes, Câmera, Ação


IRMÃOS LUMIÈRE - LUZES, CÂMERA, AÇÃO



Entre as inúmeras invenções que levam sua assinatura, a mais espetacular foi, sem dúvida, o cinematógrafo. Naquele final do século XIX, eles nem sequer imaginavam que a máquina que criaram se transformaria num instrumento de fazer arte e também muito dinheiro.



Quem passou pelo Boulevard des Capucines, no centro de Paris, no final dos idos de 1895, não pôde deixar de notar uma enorme fila que se estendia por centenas de metros. Agasalhados contra um rigoroso inverno, homens, mulheres e crianças esperavam a vez para entrar na pequena sala do subsolo do Grand Café, pomposamente batizada de Salão Indiano, no número 14 daquela avenida. Uma vez instalados nas 100 cadeiras dispostas diante de um grande pedaço de pano branco, assistiam a um fantástico espetáculo de luzes e movimentos. Em certo momento, um trem avançava em direção à platéia, para depois desaparecer num canto da tela. Pouco depois, podia-se observar a saída dos operários, na pausa do almoço, da fábrica Lumière, instalada em Lyon.
A sessão durava vinte minutos e custava 1 franco por pessoa. Os que puderam participar destes momentos certamente não se arrependeram do tempo gasto ou da despesa extra. "Esta foi a mais fácil invenção de minha vida", dizia Louis Lumière, décadas depois, quando o cinema já tinha se transformado em arte e em negócio milionário. Auguste e Louis foram os dois primeiros filhos de um casal humilde: Antoine, pintor de letreiros, e Jeanne-Joséphine, lavadeira. Logo após o casamento, em 1859, os dois perambularam por Lyon Paris e Besançon onde Antoine resolveu mudar de profissão. Segundo ele, a pintura não tinha futuro. Melhor seguir a moda e tentar o ramo da fotografia. Após alguns meses de aprendizado num estúdio fotográfico, Antoine montou seu próprio negócio.
Cinco anos mais tarde, a família voltou para Lyon-desta vez definitivamente. Instalado na Rua de la Barre, a principal da cidade, o patriarca, também conhecido por sua bela voz, pelo fervoroso nacionalismo e por um obstinado anticlaricalismo, não precisava correr atrás de clientela. Quatro mil automóveis, 5 000 charretes, 500 cavaleiros e mais de 40 000 pedestres passavam, por dia, em frente à sua porta. Nos anos seguintes, outros dois filhos vieram aumentar a família e, não fosse pela mania de gastar sempre um pouco mais do que ganhava, Antoine Lumière poderia se considerar um próspero comerciante-nos dias de movimento, chegava a tirar até 200 retratos. Auguste e Louis trilharam os passos do pai. Durante sua primeira viagem de férias, os dois irmãos seguiram para a Bretanha, no noroeste da França, acompanhados de um professor de Matemática, Marius Pradel
O passatempo não poderia ser outro: depois de fotografar tudo o que viam, corriam para uma gruta que, na maré baixa, lhes servia como quarto escuro para revelação. Foi nesta caverna, chamada de Goule-aux-Fées, que Auguste e Louis juraram trabalhar juntos por toda a vida. Os dois estudaram no colégio La Martinière, mas atacado por inexplicadas crises de dor de cabeça, Auguste não pôde prestar os exames para a faculdade. Louis, que sofria do mesmo mal, nem sequer tirou o diploma oficial da escola, embora tenha colecionado primeiros lugares em Desenho, Matemática e Química durante os dois anos de curso. Nas horas vagas, ambos ajudavam o pai, que chegou a apresentar suas mais belas fotos na Exposição de Paris em 1878
Foi na mesma ocasião que o arrebatado Antoine decidiu encomendar uma iluminação elétrica para seu estúdio- novidade que causou furor aos espectadores do evento. Convencido de que o jogo de luzes do inventor alemão Van der Weyder incrementaria seu negócio, o pai Lumière fez apenas uma exigência: ser o único a possuir o engenho na região. Ele não contava, porém, com outro empecilho: ainda não existia distribuição de eletricidade na Lyon de 1879. Antes de se dar por vencido-atitude pouco comum na família-, Antoine instalou na cave uma pequena central a gás ligada a uma outra máquina encarregada de alimentar em corrente continua as tais lâmpadas elétricas.
Foi a primeira de uma série de soluções que seriam manchete de jornal ainda por várias décadas. No famoso século das invenções, aperfeiçoar, desenvolver e até improvisar eram qualidades indispensáveis. Auguste e Louis herdaram-nas em quantidade mais que suficiente. Antoine, seus filhos e até Madame Jeanne-Joséphine dominavam bem a complexa técnica fotográfica daqueles tempos: as placas chamadas de colódio úmido tinham de ser emulsionadas uma a uma, num quarto escuro, antes da exposição e reveladas instantes depois. Para as fotos de exterior, uma câmara escura fazia parte dos apetrechos do profissional. No entanto, a invenção e o aperfeiçoamento das placas secas, sensibilizadas de antemão, prontas para o uso e que podiam ser conservadas e reveladas muito tempo depois seriam a grande revolução da época. O patriarca Lumière não deixaria passar mais essa novidade. Muniuse de revistas especializadas, em que as novas fórmulas foram publicadas e pôsse a fabricar suas próprias placas.

Sua histórica impaciência banhada de um parco conhecimento de Química foram responsáveis pelo fracasso, embora o fotógrafo nunca tenha deixado de acusar os inventores de divulgar fórmulas falsas. Exausto pelas tentativas infrutíferas, Antoine seguiu para a fazenda de um amigo em busca de calma. Durante o repouso no campo, Auguste e Lonis resolveram retomar as experiências do pai. Ao contrário deste, os dois irmãos eram minuciosos ao extremo: anotavam cada resultado, cada nova técnica e mudavam apenas um parâmetro por vez. Ao voltar, Antoine surpreendeu os filhos num infatigável trajeto de ida e volta à farmácia mais próxima, único local onde havia uma balança de precisão.
Em 1881, Auguste, contrariado, partiu para cumprir o serviço militar. Pouco depois, Lonis chegou à fórmula final. Animado com a possibilidade de se tornar o único fabricante de placas secas da região, Antoine não tardou a procurar um galpão que lhe servisse de estúdio. A jornada de trabalho tornou-se ainda mais dura que de hábito. Louis, então com 17 anos, sua irmã Jeanne, de apenas 11, e a mãe, cumpriam quinze horas por dia, enquanto Antoine mantinha o estúdio em plena atividade. Mil e quatrocentas placas eram produzidas por dia-quantidade ainda insuficiente para cobrir as dividas contraídas pelo fotógrafo otimista. Embalado pelo sonho da fortuna rápida, Antoine Lumière comprou equipamentos e gastou muito mais do que podia, antes de esperar, impacientemente, como de costume, a volta do filho mais velho. "Estamos arruinados", anunciou.
Para o jovem Auguste e seu irmão, porém, nem tudo estava perdido. Armados de uma seriedade fora do comum, reuniram os cobradores, conseguiram moratória e até algum crédito extra para pagar a alguns incrédulos. Venderam o estúdio, contrataram operários e em pouco tempo tinham reerguido, pela primeira vez, o que o pai tinha destruído. Os dois resolveram voltar ao laboratório-desta vez empenhados em inventar uma placa mais rápida que necessitasse de apenas alguns segundos de exposição. A "etiqueta azul", que recebeu este nome por conta do rótulo da embalagem, foi vendida por nada menos de sessenta anos. Auguste e Lonis tornaram-se respeitados empresários de Lyon. Em cinco anos, o que passou a ser a Sociedade Anônima Lumière e Filhos cresceu de forma espantosa. O volume de negócios, que em 1886 era de 295 000 francos, pulou para 1,253 milhão. A família vivia, enfim, confortavelmente.
Antoine promovia jantares, festas e jogos. Eram de fato poucas as noites sem movimento na casa dos ilustres franceses. Principalmente depois que a família Wincler, de origem alsaciana, se instalou nas redondezas. O pai, Alphonse, cervejeiro de profissão, havia comprado a Grande Brasserie, na Avenida de la Croix-Rousse. Antoine e Alphonse chegaram a construir um túmulo comum no cemitério de la Guillotière. Eles não eram os únicos a alimentar projetos coletivos. Em 1893 Auguste Lumière casou-se com Margueritte Wincler; Jules Wincler com Juliette Lumière; Louis Lumière com Rose Wincler e enfim Charles Wincler com France Lumière. A partir daí, nenhuma refeição contava com menos de dez pessoas à mesa.
As noites acabavam em música, o que não impedia os irmãos de acordar todos os dias às 4 da manhã-hábito que os acompanhou até a velhice. Auguste e Louis se encontravam desde cedo para discutir os mais diversos assuntos-da administração da fábrica, quando jovens, ao futuro do cinema, anos depois. "Meu pai era um poeta. Assim que ganhava algum dinheiro, gastava-o com a mesma rapidez", disse Lonis em sua última entrevista ao jornalista francês Georges Sadoul, autor de uma famosa história do cinema mundial. Ele se referia, sem dúvida, à segunda vez que Antoine recorreu aos filhos, ao confessar que tinha vendido suas ações da fábrica, além de ter feito empréstimos de 1,5 milhão de francos por conta de sua nova mania: construir casas. Como Auguste e Louis não suportavam a idéia de dividir seu negócio com estranhos, recorreram, por sua vez, a um amigo que lhes emprestou a soma necessária para saldar as dívidas e recomprar as ações vendidas. Desta vez Antoine tinha ido longe demais. Um conselho de família resolveu afastá-lo dos cofres da fábrica Lumière. A partir daquele momento, o pai perdulário devia se contentar com uma mesada estipulada pelos quatro filhos. Na época, a indústria de Lyon nada tinha a ver com o pequeno galpão comprado às pressas, quando Louis inventou a placa seca. Uma fábrica de vidro, parte de uma indústria de produtos químicos, de papel e outros acessórios tinham sido incorporados ao patrimônio familiar. Mas o espírito empreendedor dos irmãos prodígio não tinha ofuscado seus dotes científicos.
Quando não encontravam à venda o material desejado para desenvolver uma nova placa ou emulsão, Auguste e Louis se trancavam durante dias em seu laboratório e de lá não saíam enquanto não inventassem o instrumento desejado. Foi numa destas ocasiões que Auguste começou a se interessar pela imagem em movimento. Na época, vários inventores se debruçavam sobre a questão-alguns tinham mesmo chegado a algum resultado. Principalmente o prolixo Thomas Edison. A partir de 1891, o americano apresentou ao público o kinetoscópio, no qual um filme de cerca de 15 metros permitia a um único espectador observar uma cena do tamanho de um cartão de visitas. Três anos depois, fabricava a máquina em série, convencido de que seu invento estava destinado a diversão individual.
"Eis aqui o que vocês deveriam fazer", bradou Antoine ao visitar o filho Louis na fábrica. Tirou do bolso uma fita de kinetoscópio que tinha ganho dos concessionários franceses do aparelho. "Edison vende isto a preço de ouro e os concessionários querem produzir fitas aqui mesmo, para tê-las a um preço mais acessível." Sem perda de tempo, Auguste passou a estudar um meio de captar imagens revelá-las e projetá-las num movimento semelhante ao da vida real. "Passei três meses pesquisando sem chegar a um resultado satisfatório", contou Auguste tempos depois. "Foi quando meu irmão, que tinha assistido às minhas experiências, pegou uma gripe que o deixou de cama por vários dias. Uma manhã, quando fui vê-lo, Louis me anunciou que, durante a sua insônia, teria achado a solução para o problema."
A grande questão era como dar a ilusão de movimento à fita de imagens fotográficas, sem deixar que o espectador percebesse o desenrolar da fita. "Devemos recorrer a um dispositivo que ataque a película em repouso, que a acelere e a retarde até sua imobilidade, quando projetaremos a imagem. Temos de repetir este ciclo quinze vezes por segundo", ordenou Louis. Para conseguir o movimento desejado, os irmãos recorreram a um engenho inspirado na máquina de costura, incrementado com um sistema de dentes que se encaixavam nas perfurações da película. Após filmar algumas tiras experimentais, Auguste e Louis organizaram, como era de prever, uma projeção familiar. Nessa época, o clã Lumière não cessava de aumentar. Louis, Auguste e os outros casais Lumière-Wincler tiveram mais de dez filhos.

A primeira cena em movimento apresentada ao público foi, sem dúvida, "A saída da fábrica". Num dia de sol inesperado, em 19 de março de 1895, Louis acionou a manivela. Oitocentas imagens em 50 segundos, que foram projetadas, três dias depois, numa conferência em Paris. A surpresa foi geral. Em seguida, os irmãos produziram "O Jardineiro", "Chegada de um trem à estação de la Ciotat" e várias outras cenas que seriam apresentadas no famoso Salão Indiano, do Boulevard des Capucines. A segunda sala de projeção do chamado cinematógrafo foi no número 1 da Rua de la République, em Lyon. Em muito pouco tempo, toda a França podia assistir a uma sessão do cinematógrafo. Sem perda de tempo, operadores das máquinas eram treinados na fábrica e depois enviados a dezenas de cidades no mundo inteiro: Europa, Ásia, Américas.
O sucesso foi imediato. Como era previsto, os irmãos Lumière não se contentaram com o título de inventores. Passaram a ser fabricantes de apareIhos, de películas, produtores e distribuidores de seus próprios filmes. Sem se darem conta, porém, da importância que o cinematógrafo tomaria, Auguste e Louis perderam o controle da empreitada. Por fim, venderam as salas a dois empresários mais poderosos e visionários: Messieurs Gaumont e Pathé. "Se eu soubesse até onde chegaria o cinema, talvez não o tivesse inventado", confessou Louis ao jornalista Sadoul. Para ele, como para o irmão, a máquina não passava de mais uma idéia nascida numa época propícia. Não foi por outro motivo que ambos voltaram aos laboratórios, às emulsões e às fotografias. Também se dedicaram à eletricidade, à acústica, ao automóvel. Auguste passou ainda a se interessar pela Medicina.
Embora não tivesse nenhum diploma, aprendeu a fazer diagnósticos, estudou e aprimorou fórmulas de vários medicamentos e tornou-se o chefe dos Hospícios da cidade de Paris. As festas em família animavam as noites de Lyon. já então com instrumentos musicais inventados por Louis, que chegou a chamar os amigos para um espetáculo particular. Atrás de uma cortina, tocava a mesma música com instrumentos tradicionais, das mais renomadas marcas, e com os de sua autoria. Cabia aos convidados distinguir estes daqueles fiando-se apenas nos ouvidos. Após inúmeros equívocos dos amigos, Louis abriu as cortinas: "Chega. Já sei o que queria saber". Louis Lumière morreu em 1948 aos 84 anos. Auguste, seis anos depois, com 92. "Cheguei ao fim do filme", disse poucos dias antes.

Negócio de bom tamanho

Os irmãos Lumiére nada tinham do inventor caricato, que cria as coisas mais engenhosas sem saber para que servem. Todos os seus projetos tinham objetivos definidos-e um deles era ganhar dinheiro. Ainda assim, eles com certeza não tinham idéia do tamanho que viria a assumir o negócio em que estavam entrando como pioneiros. Cálculos da revista U.S. News & World Report indicam que este ano os americanos deixarão nas bilheterias das 20 000 salas de exibição do pais a fantástica cifra de 5 bilhões de dólares. Menos fácil de calcular é o rendimento da produção cinematográfica que vai para a televisão, as produtoras e locadoras de fitas de vídeo. Convém não esquecer, também, o cinema que se faz para outros propósitos que não a diversão-filmes educacionais, científicos, documentários etc.. 1





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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Petróleo Verde - Tecnologia


PETRÓLEO VERDE - Tecnologia



De vegetais como a mamona, o dendê e o milho estão saindo plásticos, engrenagens, combustíveis e até órgãos artificiais do corpo humano - num movimento que tende a superar o petróleo como a principal fonte de matéria-prima da Química moderna.



Uma pessoa desavisada, ao observar o trabalho do químico Gilberto Chierice em seu laboratório da Universidade de São Paulo, em São Carlos, SP, poderia confundi-lo com uma espécie de mago. É a impressão que se tem quando ele derrama num copo duas colheres contendo líquidos amarelados e de aparência oleosa, extraídos da mamona, arbusto que cresce em qualquer terreno baldio do país. Em seguida, como se entrasse em ebulição, a mistura começa a se expandir, se transforma em espuma e em pouco mais de um minuto já não há sinal dos líquidos originais. Em seu lugar, com a forma aproximada de um sorvete e um volume até 35 vezes maior que o original, resta uma massa elástica, resistente e macia, que lembra, de longe, o isopor.
Naturalmente, Chierice não é um mago, mas, como cientista, aperfeiçoa as reações de urna química inovadora - a dos óleos vegetais. Seu objetivo é nada menos que dar um basta ao petróleo, fonte quase exclusiva das matérias-primas com que se fazem extraordinárias substâncias artificiais, sejam plásticos ou remédios. No entanto, as plantas contêm óleos que, transformados da maneira adequada, produzem substâncias equivalentes às antigas. E com inúmeras vantagens, já que, entre os difíceis problemas derivados do petróleo, encontram-se a poluição e o fato de existir em quantidade limitada, enquanto os vegetais podem ser indefinidamente colhidos e replantados. Isso explica o entusiasmo dos pesquisadores com a chamada "química verde".
"Os recursos agrícolas constituirão a base da química não-poluente do amanhã", aposta Wagner Palito, parceiro de Chierice na USP de São Carlos. Sua confiança concentra-se, em especial, na mamona, de onde sairiam mais de 600 produtos diferentes. Embora pouco conhecidos, muitos deles já são usados com sucesso. Nos aviões, por exemplo, eles são empregados como estofo nas poltronas, revestimento para as paredes, assim como nos vasos sanitários e até nos carpetes. Sua vantagem é a segurança, pois não queima com facilidade e, quando isso acorre, não libera gases tóxicos Assim se evitam tragédias como o célebre acidente de Orly, na França, quando 116 passageiros morreram durante o incêndio de um Boeing 707 da Varig, em 1973. Mas, antes que o fogo atingisse as vítimas, elas já haviam sido sufocadas pelos gases do polivinil, o PVC, derivado de petróleo, usado na época como revestimento e isolante térmico e acústico.
Também os automóveis começam a incorporar derivados dos óleos de mamona. Nos países desenvolvidos, estes servem para fazer espumas anti-ruido, instaladas por força de lei sob os carpetes dos veículos. Por outro lado, na Europa e nos Estados Unidos a lei exige que os pára-choques e boa parte do revestimento interno de carros e caminhões sejam fabricados de plástico poliuretano de origem vegetal. Em futuro próximo, resinas poliuretanas vegetais, boas isolantes térmicas, ocuparão lugar de destaque em câmaras frigoríficas e geladeiras brasileiras.
Elas devem substituir o atual sistema à base do gás CFC e podem desbancá-lo como componente das pranchas de surfe. Há três anos, grandes grupos empresariais europeus, como o italiano Ferruzzi, começaram a produzir sacos plásticos de origem mista em derivados de petróleo e do amido de milho. Denominado amido termoplástico e usado para ensacar mercadorias ou lixo, esse plástico é o primeiro do tipo biodegradável: semanas depois de enterrado se decompõe, enquanto os plásticos tradicionais podem entalhar o solo por até um século antes de se desfazer.
Além de conquistar a simpatia dos defensores do meio ambiente, a novidade alertou os agricultores de que existe um florescente mercado, pois a demanda de vasilhames degradáveis pode absorver 320000 toneladas de milho ao ano, na Europa. "É um sinal de que em diversos países, como a França ou os Estados Unidos? a nova tecnologia já saiu dos laboratórios para as casas das pessoas", afirma Herman Rittner, consultor de empresas especialistas no assunto. No Brasil, embora mais lentamente, há um avanço incipiente, por exemplo na Medicina, onde fazem sucesso os biopolímeros, substâncias de origem vegetal e grande plasticidade. Eles são alternativas promissoras para as próteses metálicas ou vindas do petróleo, que apresentam problema de rejeição pelo corpo humano e têm preço proibitivo para grande número de pessoas.
A mudança renovaria a indústria de implantes ósseos. Além disso, no Hospital Amaral de Carvalho, em Jaú, SP, estão em teste peças auxiliares na cirurgia plástica de dutos vaginais e em prótese de testículos extirpados. Um trabalho realizado pela equipe de São Carlos em convênio com o IMC, Instituto de Moléstias Cardiovasculares de São José do Rio Preto, SP, resultou em filtros para hemodiálise e bombas extracorpóreas para filtragem do sangue. Em São Paulo, o Hospital Universitário da USP está analisando lentes para serem implantadas no lugar das acrílicas após cirurgias de catarata. Igualmente de biopolímeros são feitas lentes de contato mais flexíveis e bem mais aceitas pelo organismo que as usuais: não irritam tanto os olhos nem precisam ser retiradas quando se vai dormir ou nadar numa piscina.
É surpreendente como se podem moldar engrenagens tão duras quanto as de metal a partir do mesmo óleo com que se fazem assentos estofados dos aviões ou lentes de contato. Chierice construiu em São Carlos nada menos que paredes transparentes à prova de bala, que vem testando há algum tempo Não sem riscos, como prova uma cicatriz acima da sobrancelha esquerda. "Num tiro de azar, a bala ricocheteou no escudo e voltou para mim". Ainda mais surpreendente é verificar o inesperado potencial de uma planta, como a cana, cuja riqueza poderia parecer limitada ao álcool e ao açúcar. Nada mais falso.
Tanto a cana quanto a beterraba (também grande produtora de álcool) podem seguir até quatro grandes rotas químicas as quais acabam se traduzindo em plásticos, tecidos, filmes, espumas, adesivos, explosivos, borrachas sintéticas, solventes, inseticidas. Chierice ensina que a chave para conseguir artefatos tão diferentes está nas fórmulas que os químicos empregam para misturar moléculas, que podem ser de dois tipos. Os polióis, em primeiro lugar, são substâncias orgânicas que contêm diversas duplas de átomos, cada uma delas formada por um oxigênio e um hidrogênio.
As outras moléculas essenciais são os prepolímeros, cuja estrutura contém, em vez de duplas, trios de átomos, cada trio composto de um nitrogênio, um carbono e um oxigênio. Dependendo da quantidade de poliol e prepolímero que se mistura, se obtém um tipo diferente de substância: de modo geral, quanto mais poliol se introduz, maior é a flexibilidade do material resultante. E, o que é ainda mais interessante, polióis e prepolímeros podem ser produzidos com materiais extraídos de qualquer planta que tenha semente: estão incluídas, portanto, desde uva e café, até soja, dendê, babaçu, girassol, ou algodão. Além, é claro, da mamona, que tem a grande virtude de não ser comestível.
Óleos alimentícios são a mais concentrada fonte de energia de que dispõe o organismo humano e por isso não devem ser empregados em grande escala na indústria de artefatos. E o que aconselha o engenheiro Daniel Barrera Arellano, do ultramoderno Instituto de Pesquisas em Tecnologia de Óleos e Gorduras, instalado na Faculdade de Engenharia de Alimentos, da Unicamp, em Campinas, SP. Na verdade, o brasileiro já ingere uma quantidade de óleo bem menor do que precisa-15 quilos per capita ao ano, contra os 36 quilos considerados ideais, afirma Arellano. "Na Europa o consumo chega a 40 quilos."
Apesar disso, o mercado de óleos vegetais não alimentares pode ser aumentado se a área de plantio também se ampliar na mesma proporção. Como o Brasil dispõe de vastíssima extensão de terra agricultável e mão-de-obra ociosa, os produtos oleoquímicos se apresentam como um negócio de futuro. Mas melhor ainda é lançar mão da mamoneira, arbusto capaz de se adaptar às mais diferentes condições climáticas, da gelada região norte dos Estados Unidos às tórridas plagas etíopes. Bagas de mamona encontradas nas pirâmides do Egito, junto com outros objetos depositados nos sarcófagos, fazem pensar que a planta ajudava a preservar as múmias e que já fosse cultivada há pelo menos 4000 anos.
Trazida ao Brasil durante o século XVI, ela acabou ganhando espaço nas lavouras nacionais (cerca de 300 000 hectares, comparados com mais de 9 milhões de hectares, no caso da soja). Seu óleo tem grande valor como lubrificante e aditivo, já que se mantém em estado líquido até 30°C negativos, muito aquém do ponto de congelamento dos combustíveis puros. Largamente utilizado na aviação e nos ônibus espaciais, é visto pelo governo dos Estados Unidos como produto militar estratégico. A evolução tecnológica iniciada no século XIX prenunciava um papel de destaque para os óleos vegetais, que então começaram a ser empregados, em grande escala, na iluminação e na Medicina.
O advento do petróleo frustou essas expectativas, e não sem motivo, já que se tratava de matéria-prima abundante, barata e versátil. Agora, porém, quando suas reservas se aproximam, literalmente, do fundo do poço e os problemas de poluição desenham uma negra perspectiva para o futuro. não seria má idéia se os governos acenassem com luz verde para a química das plantas. Bem provida de recursos humanos e financeiros, ela poderia impulsionar a indústria de transformação a um novo salto de qualidade, mais importante. talvez, que o do início do século.

Pesquisa em massa

Os europeus acreditam que é possível acelerar o estudo da química das plantas-basta centralizar as pesquisas em uma única instituição de modo a não pulverizar os recursos existentes. Assim, desde 1983, criaram o Cavisa, centro que integra empresas do porte da Ferruzzi italiana e da Imperial Chemical Industries inglesa, além de diversas órgãos científicos. No Brasil existe um projeto parecido para os laboratórios nacionais, o Centro de Oleoquimica, que seria financiado pelo governo estadual e funcionaria na cidade de São Carlos, SP. Um dos pais da idéia, o químico Gilberto Chierice, da USP, defende-a: "No centro, cinqüenta cientistas poderiam investigar tecnologia de ponta, essencial ao pais." Para se ter uma idéia da aposta que se faz no futuro, só a Ferruzzi investe 400 milhões de dólares por ano na chamada química verde e emprega 5 000 pesquisadores.

Energia que dá em árvore

Se dependesse apenas de bons resultados nas pesquisas, há tempos já se poderiam encontrar, em lugar do óleo diesel, óleos extraídos das plantas nos postos de combustível. Mas, de certa forma, dentro das indústrias, eles já são uma realidade prática. A Volkswagen, por exemplo, está testando o familiar óleo de soja e o azeite-de-dendê como combustível, respectivamente, da camionete Saveiro e do carro Parati. O óleo de mamona, já testado e aprovado nos motores do Fiat Fiorino, só não chegou ao mercado até agora porque há um parecer favorável emperrado em alguma prateleira da burocracia ministerial. Enfim, os executivos da empresa Central de Álcool, de Lucélia, SP, estudam a montagem de uma fábrica de extração de óleo de mamona para abastecer seus caminhões. Sua utilização, seja em veículos de transporte de carga, na operação de máquinas industriais ou em equipamentos agrícolas, apresenta vantagens imediatas por ser um produto nacional e menos poluente que o diesel- emissor de gás carbônico e por isso causador do efeito estufa, que eleva a temperatura do planeta.





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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

República dos Camarões - Biologia


REPÚBLICA DOS CAMARÕES - Biologia



A pesca comercial feita com arrastão cede lugar em todo o mundo às fazendas de criação de camarões. O Brasil dá os primeiros passos no difícil trabalho de reproduzir em cativeiro as condições do mar.



Dez anos atrás, apenas 2,1% do camarão consumido no mundo provinha do cultivo em cativeiro. O restante vinha do mar, produto da pesca de arrastão, considerada predatória porque as redes capturam também animais e peixes sem valor comercial, que são devolvidos à água mortos. No ano passado, porém, um quarto dos 2,6 milhões de toneladas consumidas era formado por camarões criados em fazendas, como vacas, ovelhas, cabras e porcos. Estima-se que até o ano 2000 apenas metade deles terão conhecido o verdadeiro fundo do mar antes de irem para as panelas. As fazendas de camarões, substitutas da pesca de arrastão, exigem tecnologia e conhecimento científico à altura da fama culinária do caro crustáceo.
A criação em cativeiro do camarão marinho só é possível quando as condições de seu habitat são reproduzidas artificialmente. Como os camarões são animais de sangue frio, ou seja, não possuem temperatura interna própria. a velocidade de seu metabolismo, que determina o crescimento, está relacionada diretamente à temperatura do lugar onde vive-e quanto mais quente, melhor. Assim, no Brasil, a Região Nordeste, onde praticamente não há estação fria, é o melhor lugar para seu cultivo, e é por lá que se distribui a quase totalidade das fazendas de camarão do país.
Ainda pequena por aqui, a carcinocultura, como também é chamada a criação de crustáceos, produz apenas 2 000 toneladas de camarões por ano, atendendo a não mais que 4% da produção. Dos 515 hectares de viveiros da unidade da empresa Maricultura da Bahia. instalada a 272 quilômetros de Salvador, sai um terço do total produzido no país. Para que 3 milhões e 750 000 camarões rolem todo mês esteira abaixo em direção às embalagens-em fila, algo como 48 quilômetros de proteína , foi preciso recriar as condições de reprodução destes crustáceos e, mais ainda, provocar uma superprocriação, sem a qual seria economicamente mais viável apanhá-los em águas oceânicas.
No Brasil, camarão de casa não faz milagre. É que as cinco espécies próprias para cultivo ao longo do litoral foram pouco estudadas, e não vivem muito bem em cativeiro. "A solução para o cultivo em escala industrial foi importar espécies estrangeiras e recriar em laboratório o seu habitat", afirma o biólogo Luiz Augusto Faria, um exímio pescador que se interessava por algas no tempo da faculdade e chegou aos camarões pelas mãos de um professor. Em Valença, a espécie predominante na produção é o Penaeus vannamei, trazida das águas quentes do Equador. Da mistura de tecnologias americana e equatoriana surgiu a criação dos camarões com sotaque baiano. Para cuidar deles, a fazenda dispõe de 170 funcionários contratados, mais 200 prestadores de serviços um tanto parecidos com os bóias-frias das fazendas de cana-de-açúcar.
No Equador, os camarões adultos P. vannamei procriam durante nove meses no ano-de setembro a maio. Embora no mar eles tenham dias e noites de 12 horas, constatou-se em laboratório que dias de 14 horas com 10 horas de noite favorecem a procriação em algumas espécies. Sobre os 29 tanques de reprodução azuis e redondos, com 35 casais de camarões e 17 000 litros de água do mar em cada um, existe uma iluminação controlada por timer, que simula esse dia ideal. Para facilitar o trabalho com os camarões, animais de hábitos noturnos, o período é invertido-enquanto é dia para os técnicos da fazenda, é noite para os bichos. Uma cortina feita com tiras de borracha impede a entrada da luz de fora nesse ambiente silencioso, onde se trabalha com lanternas.
Na agradável temperatura de 28°C, também monitorada, os camarões se reproduzem o ano inteiro, já que não passam pelos três meses de água um pouco mais fria do inverno equatoriano. Construir um ninho tranqüilo e estável, no entanto, não basta. Para incrementar a reprodução dos camarões, a fêmea precisa ser transformada numa verdadeira máquina de produzir ovos. Um órgão chamado X, presente em cada um dos pedúnculos oculares (as hastes que sustentam os olhos), secreta o hormônio inibidor da gônada (a glândula sexual). Esse hormônio equilibra a maturação dos ovários das fêmeas, opondo-se à ação do hormônio estimulador, que vem da região torácica. "Para criar a superparideira extirpase um dos olhos da fêmea reprodutora", conta o biólogo Faria. Essa operação, chamada ablação, é feita com lâmina de barbear. Uma a uma as fêmeas reprodutoras são "abladas", debaixo d´água, segundo um funcionário, "para que doa menos".
Com parte da dose do hormônio inibidor comprometida, a fêmea caolha matura os ovos com uma freqüência duas vezes maior do que suas parentes no mar. "Nos tanques do cativeiro, ela matura a cada três dias, fornecendo para os tanques de larvas até 200 000 ovos por vez", contabiliza Faria. Essa vida superprodutiva tem suas compensações, como um cardápio de primeira-além das rações, bifes de lula e poliqueta cortados pelos funcionários. O stress de uma produção tão farta obriga a aposentar uma fêmea matriz após quatro meses de procriação. Para esta espécie, também conhecida como camarão-branco, o acasalamento só acontece no dia em que a fêmea vai desovar; caprichosos, os animais costumam copular ao entardecer.
O macho deixa coladas no ventre da fêmea duas bolsas espermáticas, os espermatóforos. Os técnicos da fazenda recolhem as fêmeas acasaladas e as transportam a outros tanques para a desova. Duas horas depois do acasalamento, a fêmea nada freneticamente para eliminar os ovos. Na saída do corpo da mãe, eles esbarram na bolsa espermática deixada pelo macho. Como na natureza, cerca de 50% dos ovos são fertilizador, o resto se perde.
Quinze horas depois de os ovos serem eliminados pelas fêmeas, deles eclodirão as primeiras larvas. Como a luminosidade dos casais é cronometrada, e por isso mesmo seu comportamento previsível, é sempre por volta das 11 horas da manhã-noite para os camarões-que cerca de 1 milhão de larvas (ou náuplios) nadam pelo tanque prontinhas para a colheita.
Para retirá-los dos tanques, os técnicos aproveitam o fototactismo positivo dos bichinhos, ou seja, uma atração irresistível pela luz, que no mar faz com que eles se dirijam à superfície, onde está seu alimento. Fachos de lanterna são apontados no tanque, os náuplios sobem do fundo atrás da luz, são recolhidos com um sifão e levados para outra sala, colocados em tanques brancos e redondos. Estes bebês-camarões já não precisam, como seus bem tratados pais, de dias e noites com horas controladas. Porém, como vivem numa sala fechada, o teto é construído com telhas transparentes, para que entre a luz do dia. Nesse calor abafado, é raro ver alguém vestindo mais do que camiseta, calção e chinelos. Com a aparência de aranhas, e medindo menos de meio milímetro, os bebês-camarões não precisam ser alimentados por terem ainda grande reserva de vitelo (substância que nutre o embrião); necessitam apenas de um rigoroso controle de seu ambiente: a salinidade da água, a temperatura e o seu pH (nível de acidez).
Quarenta horas depois, a larva ganha novo nome, zoea, estágio em que os olhos começam a adquirir a forma final, sobre pedúnculos. Já um pouco crescida-chega a até 2 milímetros nesta fase-, ela exige novo cardápio. Herbívoros, os pequenos camarões consomem, numa velocidade assustadora, algas filtradas da água que impulsionam corpo adentro com batimentos constantes de seus apêndices torácicos. Para manter o rebanho bem alimentado, essas algas, importante fonte protéica, são cultivadas na fazenda. O cardápio das larvas é complementado com plâncton artificial vindo direto do Japão-à base de gema de ovo, óleo de fígado de bacalhau, farinha de peixe e outros quitutes-, jogado aos futuros camarões por um funcionário que circula numa passarela de madeira sobre os tanques.
Pelo método de repicagem, a partir de uma cultura original, as pequenas algas multiplicam-se em recipientes de vidro ou plástico com aregação e luminosidade controladas. A produção diária para alimentar os camarões nos tanques é de cerca de 14000 litros, com uma densidade de 1 milhão de algas unicelulares por mililitro. Toda esta vida fervilhante, no entanto, é um prato cheio para bactérias também. Por esta razão, entre a metade e o triplo do volume total dos tanques precisa ser renovado todos os dias, para eliminar as fezes e ainda impedir que surjam hóspedes indesejáveis-além de provocar doenças nos bichos, algumas bactérias são predadoras das algas.
Para controlar todo este vaivém de água, o fluxo é monitorado por um programa de computador, especialmente desenvolvido para a criação dos camarões. A população de cada tanque é calculada diariamente pela análise de uma amostra da água em microscópio-de cada três ovos eclodidos, apenas um camarão chega à idade adulta. Os números coletados são então colocados na tabela em um microcomputador Macintosh. O programa dá o volume de água que deverá ser trocado durante aquele dia e a quantidade de alimento que precisa ser fornecida a cada um dos tanques, segundo a população estimada de camarões e algas
Uma semana após a eclosão, as pequenas larvas exibem uma nova forma, batizada agora de mysis. Com 3,5 milímetros, essa criança-camarão está menos interessada nas algas e passa a exigir mais carne. Aí, novo cardápio salta dos laboratórios. Vindos diretamente dos Estados Unidos, cistos desidratados de Artemia salina-crustáceos que ficaram famosos no final dos anos 70 como os "monstros" Kikos Marinhos -seguem para tanques de 250 litros de água salgada, onde a futura refeição estará pronta para o "abate" depois de 18 horas. Num único mês, os treze tanques de larvas dos laboratórios consomem 80 quilos de artêmia.
Dez dias depois do nascimento os camarõezinhos são chamados de pós-larvas, já com o jeitão dos pais. A partir deste momento, eles têm os mesmos segmentos do camarão adulto-5 na cabeça, 8 no tórax e 6 no abdômen, que foram adquiridos ao longo do desenvolvimento larval. Adolescentes, elas abandonam o nado (predominante na larva) e procuram a base dos tanques como no mar procurariam o fundo-é o chamado hábito bentônico (do grego, bentos, fundo do mar). Como todo jovem, está na hora de mudança de ares e de tanques.
Para que não estranhem o novo lar, os camarões são primeiro colocados em caixas plásticas com 200 litros da água do seu antigo tanque. "Ali, a temperatura vai sendo alterada de grau em grau, para cima ou para baixo, a cada 10 minutos, até atingir a mesma do seu local de destino, que poderá ser o berçário ou os tanques do sistema intensivo, ambos agora ao ar livre", descreve o engenheiro de pesca Jorkean Torres de Lima, o responsável pelos camarões a partir desse ponto. Lima passa os dias inspecionando viveiros e tostando a pele sob o sol.
Ao mesmo tempo em que muda a temperatura altera-se também a salinidade. No sistema intensivo, uma espécie de UTI para assegurar maior sobrevivência de pós-larvas, caso algo tenha saído errado na fase de reprodução, eles ganham uma tela para proteger-se do sol intenso, permanecem ainda em tanques de fibra de vidro e têm até redes que servirão de substrato para as algas se apoiarem-comida servida em prato para facilitar o desjejum. Uma multidão de 500 000 pós-larvas segue para cada um dos seis tanques de 18 000 litros de água e sairá daí para a engorda nos viveiros maiores somente depois de dez dias. O outro destino, um dos dez berçarios de 1 hectare cada (outros doze são reservados para a criação de reprodutores), é quase igual aos viveiros definitivos-o sol bate sem barreiras, desaparecem os tanques e as pós-larvas se instalam na areia mesmo.
Uma lâmina de água com 1 metro de profundidade é o reino onde as pós-larvas passam trinta dias até finalmente seguirem para a engorda. Para receber 1 millhão e 200.000 filhotes, cada berçario é fertilizado todas as semanas com o objetivo as semanas, com o objetivo de estimular ali a proliferação de fitoplancton e de zooplancton. Os patrulhadores dos viveiros, equipe de trabalho do engenheiro Lima, são os homens que alimentam os camarões nos viveiros a céu aberto, distribuindo ração nas águas com canoas.
A aventura dos animais termina com um internato nos viveiros, quando o pequeno camarão de 1 grama e cerca de 5 centímetros é chamado juvenil. Tendo por vizinhos 75000 camarões em cada hectare de viveiro, ele cresce a céu aberto, engorda comendo ração e será recolhido ao final de 100 dias, quando for um senhor de 13 centímetros e 16 gramas. Zelando por sua saúde estão os patrulhadores, que percorrem os 490 hectares ocupados pelos 35 viveiros montados não em cavalos, mas em motocicletas.
Se nessa altura o camarão estivesse no mar, ele estaria vivendo perto de algum estuário, para onde migrou na sua fase de pós-larva atrás justamente da mistura de água doce de rio com a salgada do mar Por esse motivo a fazenda localiza-se próxima a um estuário, e conta com um potente mecanismo de captação de água doce e salgada e distribuição dessa água misturada pelos viveiros, através de um canal de 8 quilômetros de extensão. No mar, um camarão vive até 2 anos, mas na fazenda só dura cerca de cinco meses, saindo dali para a panela.
A "colheita" dos camarões, chamada despesca, acontece sempre durante a noite, pois o sol pode desidratar os animais conforme a água lhes é retirada. Dos 35 viveiros, são despescados apenas dois por semana, um de cada vez. A operação começa com o escoamento da lagoa-um viveiro de 20 hectares, por exemplo, possui o considerável volume de 200 milhões de litros de água. Esse caudaloso rio escapa devidamente filtrado por telas que impedem a passagem de camarões. Na boca do viveiro, já projetado de forma que permita o escoamento pela ação da gravidade, os camarões são sugados por uma bomba, atravessam uma mangueira de 10 metros e caem em caixas de plástico.
No pico da despesca, que dura a noite inteira, um caixote com capacidade para 30 quilos é totalmente preenchido de camarões em 8 segundos Dentro da caixa eles levam um banho desagradável-são mergulhados em um tanque repleto de gelo e água clorada. E assim que são mortos, por choque térmico, enquanto o cloro serve para matar as bactérias que porventura tenham pegado carona. Alguns camarões teimarão em ficar no viveiro, mas, assim que nascer o dia, mulheres recrutadas apenas para este serviço caçarão os espertinhos um a um na lagoa vazia. O dia seguinte de um viveiro esvaziado é um espetáculo visual. Centenas de garças sobrevoam-no e pousam na areia branca, ciscando o fundo em busca dos resto de comida e de peixinhos que vieram com a água do mar.
A poucos passos da frigideira, o camarão entra no processamento, onde é retirado o cefalotórax-a cabeça, chamada assim por ser fundida com o tórax. É nela que estão todas as vísceras do camarão, e por isso é a primeira a apodrecer além de ser rejeitada pela maioria dos consumidores. O trabalho de limpar e embalar o camarão é feito por cerca de 100 mulheres vertidas com aventais brancos, chapéus e botas de borracha. "De cada 10 toneladas que tiramos de camarão, 3 e meia vão para o lixo", lamenta Nelson Jayme Reis Filho, o engenheiro de pesca responsável pelo beneficiamento, paulista desembarcado do Espírito Santo onde dava aulas de pescaria para filhos de pescadores.
O filé da história, a cauda, que praticamente tem apenas os músculos e intestinos do animal, segue para esteiras de seleção e congelamento no mesmo dia da despesca. Daí, virarão moquecas, bobós e afins em várias partes do mundo. Os cefalotórax dos camarões viram uma montanha de cabeças oferecida de bandeja aos urubus da região. "Temos planos para transformá-las em ração mas ainda são planos", divaga o engenheiro Reis.
Um dos fundadores do projeto da fazenda de camarões baiana o biólogo Sérgio Luiz de Siqueira Bueno, hoje professor na Universidade de São Paulo, acredita que esta atividade, ainda na infância no Brasil, está em pleno desenvolvimento. Doutor em camarões marinhos, Bueno mantém um laboratório de patologia de crustáceos na USP para assessorar justamente aqueles que se aventuram a criar camarões no Brasil. "A pesca comercial mostra sinais de esgotamento, porque os bancos de camarões nos litorais precisam se renovar da intensa pesca" aponta Bueno. "Os barcos precisam então ir cada vez mais longe buscar os camarões o custo, portanto aumenta."
Bueno, que saiu do projeto depois de seis anos e hoje toca Beatles para seus alunos da USP, acredita que uma das maiores vantagens das fazendas é a rapidez no beneficiamento. Camarões pescados longe da costa podem levar dias para chegar a algum lugar protegido da invasão de bactérias. "Para conservar os camarões durante estas longas viagens. usa-se metabissulfito de sódio, um conservante químico nocivo para a saúde. Nos viveiros ele é dispensado", compara Bueno. Cada vez mais longe e mais cara, a pesca tende também no Brasil a dar lugar aos camarões cultivados.





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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Salas de Aula Eletrônicas - Informática


SALAS DE AULA ELETRÔNICAS - Informática



Veteranos nas escolas, onde não provocaram a revolução prometida, os microcomputadores se unem agora à televisão e ao disco laser, apontando novos caminhos para o ensino do futuro.



Com um simples clique no mouse do computador, o estudante escala uma montanha, explora ruínas, conversa com arqueólogos e ouve sons emitidos por animais. Pode também investigar as harmonias de uma sinfonia de Beethoven, estudar detalhadamente as obras de Michelangelo e até se aprofundar na estrutura dos poemas de Edgar Allan Poe. Tudo isso sem arredar os pés da sala de aula. Realidade nos Estados Unidos, futuro ainda no Brasil, o embarque para essas viagens no tempo e espaço acontece nas estações multimídia, tecnologia que une o microcomputador à televisão e aos discos laser para acessar um banco de imagens, textos e sons. Os alunos vêem, ouvem e - mais importante - manipulam informações, tornando o processo educativo mais divertido e interativo.
Já desde o início dos anos 70 os computadores freqüentam as carteiras escolares. Enquanto instrumentos didáticos, trabalhavam a princípio como meros informadores de respostas certas ou erradas. Conforme a indústria crescia na direção de máquinas cada vez menores, com mais capacidade de memória e de processamento mais rápido, os microcomputadores foram gradativamente incorporados ao cotidiano das escolas para de lá não mais saírem. Hoje, nos Estados Unidos, há cerca de 2,7 milhões de computadores distribuídos pelas 100 000 escolas do país. Alimentados com programas . sofisticados, já fazem muito mais do que dizer sim ou não e resolver problemas matemáticos. Por mais que ainda pareçam um deslumbre tecnológico, porém, não se mostraram a solução para todos os problemas do ensino. Dez anos de experiência americana demonstraram que os computadores, por si sós, não foram capazes nem mesmo de deter a contínua queda de rendimento dos estudantes em relação a gerações passadas, quanto mais de promover uma revolução. A melhor receita para o insucesso é fazer do computador uma simples ferramenta, jogando-o numa sala de aula sem que os professores tenham passado por um treinamento prévio e sem ter idéia de como aproveitar seu potencial. "Se o computador é utilizado apenas como substituto do papel e lápis, fica sem sentido", avalia Almir Brandão, diretor do Centro de Pesquisa e Tecnologia do Centro Educacional Objetivo. Nessa rede de colégios com mais de 150 unidades pelo Brasil, as crianças têm contato com a informática desde a pré escola ao 2.° grau.
O programa preferido para iniciar crianças nos computadores é o Logo, criado pelo psicólogo americano Seymour Papert, usado no Objetivo e em várias escolas das grandes cidades brasileiras. Com a linguagem Logo, a criança, através de uma "tartaruga" eletrônica, aprende a lidar de forma amigável com o computador. A tartaruga, conforme explica Papert, é um objeto criado para a criança "pensar com". Ordenando à tartaruga que se movimente na tela, a criança faz desenhos geométricos e mapas, e Ihe ensina palavras enquanto aprende noções de programação. Outras aplicações podem ser durante a alfabetização, neste caso com uma cartilha eletrônica, em que cada letra corresponde a um desenho na tela, ou quando a criança já começa a redigir algo, sendo estimulada por um programa que Ihe dá o começo de uma história e Ihe faz uma série de perguntas.

Aos adolescentes, o Objetivo ensina trabalhar em programas comuns, como o editor de texto, e tem uma disciplina somente para que os alunos prendam a desenvolver aparelhos e compreendam seu funcionamento. "É preciso preparar as crianças que vão entrar no mercado de trabalho no próximo século para entender a tecnologia, e não decorá-la",", argumenta Brandão. No Brasil, é comum as próprias escolas desenvolverem seus programas. Nos Estados Unidos, a concorrência pelo mercado da Informática faz com que as empresas invistam pesado em educação por computador. O mercado educativo nos Estados Unidos hoje está estimado em 750 milhões de dólares por ano. Embora a Apple ainda seja a líder, com seus Macintosh de uso amigável tomando mais de 60 % do mercado. a IBM quer aumentar sua fatia dos atuais 11 % até suplantar a Apple, tradicional fornecedora de equipamentos e software para escolas e universidades.
Por isso, a IBM desenvolve programas como o Writing to Write, para ajudar crianças dos primeiros anos de escola a adquirir técnicas de bem escrever. Outro programa, o LinkWay, é o equivalente ao HyperCard, que roda nos Macintosh da Apple. Estes são os software que permitem a integração de texto, imagens, sons e fotos, comandados por um microcomputador, o que caracteriza a estação multimídia. Criadores desses software educativos afirmam que os programas não vão de forma alguma substituir as experiências tradicionais de ensino, mas sim oferecer material suplementar para uma geração de alunos acostumados com o ritmo acelerado dos videogames e videoclips. "Estamos tentando abordar a linguagem que os seres humanos querem ouvir nos anos 90", explica Morgan Newman, vice-presidente da AND Communications, uma editora de multimídia sediada na Califórnia.
É sobre esta inovadora forma de uso de computadores que trabalham os pesquisadores do Projeto Escola do Futuro, dentro do Laboratório de Tecnologia da Comunicação, da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. "Escola do Futuro não é tecnologia de ponta dentro da sala de aula, e sim preparar a criança para viver no futuro", explica o pesquisados José Wagner Garcia, há dois anos trabalhando no Media Lab do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) Tem-se nesse projeto a noção bem clara de que o computador por si só vale pouco; interessa mesmo o uso que se pode dar a uma ferramenta capaz de permitir a manipulação de muita informação com grande velocidade.
Fredric Michael Litto, o coordenador do projeto, vê o computador e as estações multimídia como partes de uma nova mentalidade de ensino. "Temos que preparar nossos alunos para seu futuro, não para nosso passado", diz Litto, norte-americano naturalizado brasileiro. Esta idéia ele defende baseado em teorias recentes sobre a inteligência e a aprendizagem, como a da pesquisados Howard Gardner, da Universidade Harvard. Segundo Gardner, ter inteligência é mais do que possuir a capacidade de pensamento lingüístico e lógico-matemático, como se convencionara. Haveria também mais cinco capacidades-espacial, musical, intrapessoal, extrapessoal e corporal -, que se distribuem equilibradamente numa pessoa considerada "inteligente".
Ao contrário da escola padrão, dirigida à média das pessoas e normalmente pouco capaz de lidar com quem está acima ou abaixo dela, o ensino das próximas décadas tende a ser individualizado. Mais ainda, a imagem do professor como provedor de todo conhecimento, e da cabeça dos alunos como reservatórios a serem preenchidos, deve virar história. "O volume de informações produzidas hoje é excessivo, não se pode exigir que os alunos decorem tudo", esclarece Litto. E preciso, portanto, ensinar as crianças a entender em lugar de memorizar e a sobreviver numa sociedade onde a informação é um bem precioso e nem sempre ao alcance das mãos.
Para Fredric Litto, a escola do futuro deve ensinar ao estudante como pensar claramente, como se expressar claramente (seja no papel ou no computador), como procurar informação corretamente e como tomar decisões inteligentemente, ou seja, saber que já acumulou informações suficientes para tal. O cenário imaginado por Litto fica claro quando se pensa num estudante pesquisando numa enciclopédia do tamanho da Britânica, com 29 volumes. Se ele tomar o caminho errado já de início, não consultando o Índice para verificar em que volumes e páginas aparece o assunto procurado, ainda tem uma chance. Pode escolher um dos livros, por ordem alfabética, e virar páginas para lá e para cá até encontrar o verbete que lhe interessa.
Enquanto as informações ainda repousam sobre papel, há possibilidades de pesquisadores aleatórios encontrarem o que procuram, nem que seja com o acaso jogando-lhes as páginas sob os olhos. Na era do suporte digital, em que os textos da Britânica, estão armazenados em discos lidos por feixes de laser, esse método incerto se revela infrutífero. Num outro exemplo. a indecisão sobre a qualidade das informações adquiridas pode custar caro: ficar ligado pelo computador a um banco de dados qualquer via telefone, por muito tempo, custa muito caro.
No cenário da nova escola o computador é a pedra angular, mas não a única peça importante. " A escola do futuro terá mesa, quadro-negro, giz e computador dentro da sala, sem privilégio nenhum para a máquina", prevê Brasilina Passarelli, pesquisadora do Laboratório de Tecnologia da Comunicação da ECA. Nada de deslumbre com os computadores, que não devem ficar ligados o dia inteiro, com os olhos dos alunos grudados neles; quem escolhe o momento de usá-los é o professor, segundo sua estratégia de ensino. "Existem experiências de mundo que o computador não resolve", diz o pesquisador José Wagner Garcia. "No computador pode-se pintar uma linha, mas a criança não pode ser privada da experiência de passar um pincel com tinta sobre o papel."
Quando se pretende trocar o despejar de fatos por ensinar pessoas a pensar e a aprender, tendo o professor como guia, fica implícita a individualização do ensino. A multimídia, aqui, cai como uma luva. Munido de um disco laser onde está armazenado o tema que pretende estudar, uma televisão para ver as imagens e um microcomputador com um programa para gerenciar as informações, o estudante navega pelo tema, na seqüência e forma que preferir Na tela do micro aparece o "menu" ou as possíveis portas de entrada. Se o tema for a colonização norte-americana, por exemplo, e o aluno se interessar por transporte, pode começar sua navegação por aí, vendo fotos, filmes e texto do tempo das diligências. Se quiser ter noção da ocupação territorial em função do tempo, pode, chamar na tela um mapa animado.
De vários pontos de partida, segundo seu maior interesse, o estudante vai construindo seu próprio conhecimento, ligando um fato a outro, vendo imagens de época, fazendo perguntas e procurando as respostas-o chamado modo construtivista de aprendizado. O trabalho de Brasilina Passarelli é justamente desenvolver um protótipo para que se possa trabalhar com multimídia em Ciências Humanas no 1.° e 2.° graus. Seu tema é a Escravidão, mas ela espera que seu programa, uma vez pronto, possa servir de modelo para outros temas.
Também na universidade a multimídia tem espaço. Outro pesquisador da Escola do Futuro, Antonio Carlos Nogueira, pretende aplicar essa tecnologia no estudo de ciências agrárias. Trabalhando para a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Nogueira pretende montar um programa que mostre o campo ao estudante de Agronomia não sob uma ótica técnica, mas sob a perspectiva social. "Cada aluno poderá então elaborar seu roteiro de trabalho, investigando visões diversas sobre o mesmo tema, sem o conceito de certo e errado", explica Nogueira. "Posso montar uma base de textos e imagens que mostre temas como a reforma agrária, do ponto de vista da Antropologia, da Sociologia, da política."

Pesquisas eletrônicas

Alguns programas utilizados pelos estudantes nos Estados Unidos:

Ulysses-programa que permite aos alunos analisarem poemas em seu próprio ritmo. O software mostra na tela do computador a interpretação de vários atores e explica o contexto histórico de uma frase em particular. Requer equipamento de videodisco e um dispositivo que transforma o monitor de computador em uma tela de televisão.

Palenque-software desenvolvido pelo Centro para Crianças e Tecnologia do Bank Street College for Education, em Nova York, que apresenta as ruínas dos maias. Combina filme, fotografia, áudio, gráficos e texto sobre as ruínas situadas no sul do México. O programa permite ao usuário caminhar pelas ruínas, parar na porta de um templo, chamar no vídeo um arqueólogo, se movimentar dentro de um museu e aprender sobre os maias. A idéia, segundo Kathleen Wilson, diretora do Centro, é combinar o realismo fotográfico do vídeo e a narrativa com a capacidade interativa do computador. O Palenque requer computadores compatíveis com o PC da IBM, um toca-discos a laser para ler e uma placa de vídeo interativa de 2 500 dólares. que permite ao usuário manipular imagens digitalizadas, sons, gráficos, texto e vídeo.

Mamíferos-desenvolvido pela IBM em cooperação com a National Geographic Society, o programa inclui 44 videoelips com documentários da National Geographic, mais de 700 fotografias, vocalizações de animais autênticas, mapas mostrando o habitat dos animais, descrições e um glossário dos termos empregados.

Michelangelo: Auto-retrato- possibilita ao usuário interagir com dados apresentados nos dois documentários, nas centenas de fotografias da pintura do artista, de esculturas e desenhos, dados históricos e leitura de suas cartas. Desenvolvido pela Voyager, o programa requer um Macintosh, um monitor e o sistema HyperCard para rodar. Depois de dar um click com o mouse na Capela Sistina, o usuário pode examinar cada painel do teto, ouvir a carta que o artista escreveu em março de 1518 sobre seus trabalhos na Basílica de São Pedro ou ver cenas de filme que fazem referência a seu trabalho.





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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Inferno de Lava em Vênus - Astronomia


INFERNO DE LAVA EM VÊNUS - Astronomia



As mais recentes imagens do planeta fascinam os geólogos: elas sugerem que há vulcões ativos em sua superfície.



Uma perspectiva de quase 1 500 quilômetros aos pés do Gula Mons, um pico de 3 000 metros de altura, revela uma paisagem que nenhum cientista, ou mesmo escritor de ficção científica, ousou imaginar. Em vez de um deserto quente como um alto-forno industrial, pavimentado por minerais eternamente inertes, a instável região da montanha é, na realidade, um inferno geológico em permanente mutação- fendida por fraturas abissais de centenas de quilômetros de comprimento, e recoberta sem cessar por escaldantes inundações de lava. Essa, pelo menos , é a conclusão dos cientistas diante das mais recentes e impressionantes imagens de Vênus, enviadas à Terra pela sonda americana Magalhães. desde setembro de 1990, ela orbita o planeta mais parecido com a Terra e o devassa de maneira sistemática com um conjunto de radares. Hoje, ele está literalmente nu, pois a espessa atmosfera que o escondia dos telescópios é transparente aos sensores da Magalhães. "Provavelmente, o mapa global de Vênus já é melhor que o que temos da Terra, cujo leito oceânico não é bem conhecido" , compara o chefe do projeto Magalhães, Steven Saunders.
Em todo o planeta, repetem-se hipóteses levantadas na região do Gula Mons, que domina uma planície de nome Eistla Região Ocidental. é o que dizem os especialistas em geologia interplanetária , como o americano John Wood, do Smithsonian Astrophysical Observatory. Logo depois que a agência espacial americana, NASA, liberou as imagens da Magalhães , ele analisou o segundo maior pico venusiano, o Maat Mons - com 8 quilômetros de altura, tão alto quanto o Everest.
"A imagem fosca dessa região indica que ela está coberta por lava fresca, expelida talvez há menos de dez anos", afirma Wood. Ao jornal americano The New York Times, ele declarou que o Maat Mons é a melhor pista de que existem vulcões ativos em Vênus. Em setembro passado, os planetologistas se entusiasmaram com sinais enviados pela sonda americana Galileu - a caminho de Júpiter, onde deve chegar em 1996, ela captou suspeitos clarões sob as nuvens venusianas. Talvez a sonda tenha feito o primeiro registro direto de uma erupção vulcânica em Vênus, algo feito, até agora, apenas no satélite jupiteriano lo e na lua netuniana Tritão, além, é claro, da Terra.
Um detalhe importante são as transformações químicas das rochas sob o reativo ar venusiano, composto por dióxido de enxofre e vapor de água a cerca de 500º C. Em poucos anos, tal ambiente transforma a lava escura em minerais brilhantes. Também podem atuar fortes ventos, sugeridos pelo desgaste das rochas. No final, os dados deverão esclarecer se, como Marte ,Vênus é ainda um mundo vivo. Antes de mais nada, isso tem imensa relevância para o estudo da própria Terra. Com certeza, cogita-se também da futura exploração de Vênus, que, em princípio, jamais poderá abrigar uma base habitável - se não fosse por mais nada, não há sinal de que possa existir, ou que tenha algum dia existido, água líquida no planeta. Mesmo assim, é importante saber o que é e o que não é possível, nesse mundo. Nesse momento, em que a Magalhães já fez mais da metade de um segundo mapeamento de Vênus, talvez já exista evidência para elucidar as muitas dúvidas que atormentam os cientistas.





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sábado, 26 de janeiro de 2013

Einsteins da Floresta - Zoologia


EINSTEINS DA FLORESTA - Zoologia



A inteligência dos primos do homem não é novidade, mas não se imaginava que lidassem tão bem com instrumentos e símbolos, nem que vivessem em sociedades tão complexas, em locais até poucos anos inacessíveis aos cientistas.



Em 1979, quando os suíços Christopher e Hedgwige Boesch chegaram ao Parque Nacional Taï, na Costa do Marfim, pequeno país da África Ocidental, conheciam com certeza os relatos de que os chimpanzés às vezes empregam instrumentos à maneira do homem, como varetas para puxar objetos e peças pesadas para quebrar vasilhames e tirar algo do interior. Mas depois de conviver cinco anos em plena selva com uma grande comunidade de setenta chimpanzés, os Boesch se convenceram de que esses animais não eram apenas hábeis e espertos. Mais do que isso, os chimpanzés pareciam capazes de efetivamente criar conhecimento e tecnologia, faculdade que se imagina ser exclusiva do homem.
Basta ver que um dos seus ancestrais - o Homo habilis, que viveu há cerca de 2 milhões de anos - tem esse nome justamente para indicar que foi o primeiro membro da estirpe a construir machados de pedra e outros instrumentos. Se os cientistas estão certos, no entanto, a inteligência humana tem suas raízes na aguda percepção dos chimpanzés. cujos avós já andavam pelo planeta mais de 5 milhões de anos antes de o habilis aparecer. Atualmente se pensa que tais raízes são ainda mais profundas, como sugere uma recente e controversa teoria, assinada pelo lingüista americano Peter McNeilage, da Universidade do Texas. Para ele, as engrenagens do pensamento começaram a se mover há mais de 40 milhões de anos, no cérebro dos antepassados dos lóris, társios e lêmures.
Esses pequenos habitantes das árvores, de olhos grandes e dedos ágeis, são os mais antigos representantes da ordem dos primatas, enquanto o chimpanzé e o homem são os mais modernos. Foi para tentar definir mais exatamente onde passa a linha divisória entre a inteligência humana e a dos primatas que inúmeros cientistas, na década de 70, embrenharam-se nas últimas florestas virgens do globo. Com imensa paciência, conquistaram a confiança desses animais e puderam, pela primeira vez, registrar com rigor a complexa rotina de suas sociedades. Os Boesch, por exemplo, são etologistas, estudiosos do comportamento dos animais, e procuram afastar a idéia de que os chimpanzés manipulam paus e pedras, mas não sabem exatamente o que estão fazendo. Sua conclusão é que o bando que acompanharam no Parque Taï é formado por verdadeiros criadores e usuários de tecnologia-e mostram nisso uma desenvoltura de fazer inveja aos homens primitivos. Seus mais importantes instrumentos são os "martelos", pedras ou galhos fortes, empregados basicamente para quebrar nozes. Muitas das peças de madeira e algumas pedras são bem-elaboradas, isto é, quebradas na medida certa para a tarefa em vista. Estima-se, então, que 30% dos instrumentos são mais ou menos fabricados. Além disso, como é difícil achar as poucas pedras existentes no solo escuro e exuberante das florestas, os animais memorizam a posição e a dimensão dos calhaus disponíveis, para usá-los quando têm necessidade.
"A capacidade mental necessária para representar o espaço desse modo é comparável à de uma criança humana de 9 anos", analisam os etologistas. Também não é simples manejar os martelos da maneira exata para arrancar as castanhas de sua dura casca, o coco (a força para rachá-lo equivale a 1 600 quilos). Uma das técnicas consiste em colocar a fruta sobre uma "bigorna"-geralmente uma raiz grossa -e desferir contra ela uma dúzia de golpes usando uma pedra de 10 quilos erguida acima da cabeça. Em seguida, acaba-se de abri-la com ajuda do mesmo martelo, mas desta vez com delicadeza, por meio de uma série de pancadas curtas e rápidas, desfechadas de uma altura de apenas 10 centímetros.
Um pequeno galho quebrado de um ramo próximo permite, enfim, descolar as castanhas da casca quase sem danificá-las. "Ficamos impressionados mesmo depois de ter presenciado essa operação inúmeras vezes", contam os Boesch. "Os animais empregam nada menos de dezenove técnicas diferentes e fazem isso como parte de um hábito diário." Os chimpanzés trabalham cerca de duas horas e meia por dia para coletar cocos e, depois de juntar uma boa quantidade, transportá-los para junto de uma bigorna e extrair as castanhas. Na estação propícia, de dezembro a março, um adulto abre em média 274 frutas por dia, ou 4 500 calorias, mais do que suficiente à sobrevivência.
Um detalhe importante é que há uma clara divisão de trabalho na sociedade chimpanzé: a maior parte da mão-de-obra é constituída pelas fêmeas e seus filhos imaturos, até 6 ou 7 anos de idade. Coincidência ou não, o papel de coletoras de frutas ou raízes também cabe às mulheres em comunidades humanas primitivas, como nas tribos dos !Kung, que habitam o deserto do Kalahari, na África do Sul (a exclamação em seu nome representa o som de um estalo da língua contra o céu da boca). Em compensação, as fêmeas chimpanzés representam apenas 15% dos indivíduos que saem para caçar (especialmente para pegar macacos do tipo colobus, que pesam cerca de 15 quilos e são boa suplementação alimentar para os chimpanzés).
Nessa atividade, são os machos que mostram saber o valor da coesão social. É que a caça solitária ou em dupla é menos eficiente que as expedições em grupo: em 200 ataques, verificou-se que a taxa de sucesso da primeira tática foi de 15%, contra 50% da segunda. Os chimpanzés parecem saber disso, já que em 63% das vezes atuam em equipes de cinco ou seis caçadores, nas quais cada um tem uma tarefa na captura. Depois da missão, a carne é geralmente dividida entre os participantes. Não foi tarefa fácil nem rápida obter tantos dados. Além de ganhar a confiança dos animais, é preciso tempo para aprender a reconhecer cada indivíduo e acompanhar suas atividades na mata escura, onde nada se enxerga além dos 20 metros de distância.
Mas, dados análogos dos Boesch povoam os relatórios da maior parte dos pesquisadores. Para o japonês Toshisada Nishida, por exemplo, que estuda os chimpanzés da Tanzânia, na África Oriental, os animais não apenas inventam os seus instrumentos, como ensinam os filhos a usá-los por meio de pacientes lições. Ele chega a dizer que os bandos de chimpanzés têm "culturas" próprias, assim como os homens de certa região podem ter hábitos e tecnologias diferentes daqueles existentes em outros lugares. Assim, o martelo e a bigorna, empregados apenas pelos bandos de Taï, caracterizam uma cultura regional.
Os chimpanzés da Tanzânia, por outro lado, têm uma outra cultura regional, pois desenvolveram uma técnica própria de "pescar" formigas, desconhecida por outros bandos. A pesca é feita com uma vareta com cerca de 1 metro de comprimento, que é preciso segurar sobre um formigueiro e esperar até que fique repleta de insetos. Quando o enxame está bem perto de sua mão, 0 animal rapidamente ergue a vareta e, no mesmo movimento, desliza a outra mão sobre as formigas para apanhá-las. Então, num instante elas são amassadas num bolo vivo e mastigadas. Para evitar as picadas, é importante trabalhar com um ritmo bem calculado, que os jovens chimpanzés aprendem por meio de repetidas tentativas e erros, diz Nishida.
"Parece razoável supor que essa técnica é transmitida da mãe para os filhos, que observam atentamente as atividades dela e tentam copiar seu comportamento." Lições maternais foram descritas também pelos Boesch em artigo publicado em junho deste ano na revista francesa Recherche. Eles contam o caso de uma jovem fêmea de 5 anos que viram labutar 8 minutos com um martelo sem conseguir quebrar um coco. Sua mãe, a essa altura, interveio. Com jeito, passou um minuto inteiro ajustando a pedra corretamente na mão da filha. Em seguida, quebrou ela mesma dez cocos a titulo de demonstração, antes de devolver o instrumento à aluna, que penosamente quebrou quatro cocos em 15 minutos. Ainda não havia achado a melhor posição para as frutas na bigorna, mas segurou o martelo como lhe havia sido ensinado.
Os cientistas argumentam que esse método satisfaz o critério mais importante da pedagogia: o de corrigir erros de outro indivíduo. Um dado importante é que parece haver certa gradação de inteligência entre os primatas. Eles representam perto de 200 espécies, das quais apenas dez ou quinze eram bem conhecidas em estágio selvagem, há vinte anos. Hoje, há boas informações sobre quase todas elas, como se lê no livro Primate societies (sociedades primatas, ainda não traduzido para o português), com textos de diversos autores. Nele se diz que essas espécies usam ferramentas com muito maior freqüência e em condições muito mais variadas que qualquer outro animal.
Os mais antigos, como lêmures e lóris, não têm essa habilidade, ou pelo menos não foi possível observá-la na natureza. Entre os mais modernos, no entanto, ela é encontrada em nada menos que dezoito espécies. Os chimpanzés, argumenta-se, seriam os únicos, com exceção do homem, capazes de construir ou de selecionar as ferramentas que empregam. Já os babuínos fazem um uso mais circunstancial das pedras, por exemplo quando as empurram de cima de um barranco para afastar um inimigo. Há inclusive dúvidas se não fazem isso como uma simples encenação, apenas como gesto assustador em face do atacante; não têm idéia, de fato, de que podem atingi-lo.
Por isso mesmo, também não se devem julgar os primatas apenas por seus conhecimentos técnicos-de fato, desconfia-se que eles desenvolveram sua inteligência, antes de mais nada, para resolver problemas sociais. Num dos textos de Primate Societies, o americano David Hamburg-um dos primeiros e mais respeitados estudiosos dos primatas- dá uma idéia do que seriam esses problemas. De acordo com ele, para sobreviver e se reproduzir, um indivíduo precisa saber lidar com um bom número de relações importantes. Os bandos de primatas reúnem diversas famílias, ou clãs, cada um deles compostos por jovens e anciãos, machos e fêmeas, relacionados por diversos graus de parentesco entre si. Além disso, também são organizados em subgrupos-algo que, com certo exagero didático, se poderia imaginar como partidos políticos ou associações de bairro.
Imagine-se, então, um babuíno que quer se acasalar, ou seja, ganhar acesso às fêmeas no cio. Ele poderia simplesmente tentar abrir caminho à custa de pancadas e mordidas, mas a coisa não é tão simples porque seus rivais talvez tenham amigos mais fortes. Ou, o que é ainda mais complicado, podem ter aliados influentes, com posição reconhecidamente elevada na hierarquia do bando-entre os babuínos, algumas fêmeas adultas são tão importantes quanto machos bem mais robustos que elas. Em resumo, se quiser conquistar suas Julietas, o peludo Romeu precisa saber quem é amigo de quem, no bando, e também se é possível contar com a simpatia, ou pelo menos com a neutralidade de terceiros.
Naturalmente, não se deve interpretar tudo isso como uma grosseira pantomimadas sociedades humanas. O que se quer mostrar, apenas, é que a vida social dos babuínos exige grande capacidade mental dos indivíduos, ou. por outro lado, que os indivíduos mais capazes tendem a sobressair, nesse meio. Mesmo assim, sempre existe o risco de se tomar a possível inteligência dos macacos por mera cópia da humana, algo como uma caricatura imperfeita.
Pode-se ter uma idéia desse problema quando se analisa a suposta linguagem dos animais, que hoje causa sensação em virtude das proezas do jovem chimpanzé Kanzi.
Vivendo em condições de semi liberdade no Centro de Pesquisa de Linguagem, na Universidade Estado da Geórgia, Estados Unidos, ele não apenas entende frases simples em inglês, como também seria capaz de compreender a lógica da linguagem. Ou seja, ele tem um certo domínio da sintaxe. Sua evolução foi surpreendente. Desde o início do aprendizado, em 1988, ele mostrou perfeita familiaridade com sentenças simples, do tipo-você pode colocar os feijões no prato? Em vista disso, a cientista Susan Savage-Rumbaugh, responsável pelo chimpanzé, decidiu complicar um pouco a conversa e passou a usar expressões como-você pode ir até a sala e pegar o telefone?
Desta vez não bastava saber o que era "feijão" pois havia mais quatro ou cinco objetos na sala, os quais usualmente não se encontravam lá. "Ou seja, a pergunta exigia compreensão especifica", explicou Susan em número recente da revista inglesa New Scientist. Mas Kanzi, novamente, se saiu muito bem. Tudo indica que o chimpanzé assimilou com naturalidade aquilo que viu ser ensinado, desde a infância, a outros animais, ao centro de pesquisa. Susan acredita que novos métodos introduzidos por ela também foram importantes. Geralmente, a comunicação com os macacos é feita por meio da linguagem dos surdos-mudos ou de símbolos gráficos. Uma estrela, por exemplo, pode significar "laranja", e uma cruz, "pegar". Apontando-se para os dois símbolos, tem-se a expressão "pegue a laranja".

No entanto, os símbolos são ensinados um por vez, e Susan prefere iniciar com vários símbolos simultaneamente. "É o que acontece com as crianças humanas", justifica-se. De fato, a mãe adotiva de Kanzi, Matata, que começou a aprender em adulta, nunca entendeu uma frase falada e usava no máximo meia dúzia de símbolos em suas declarações. Mas Kanzi, que estava sempre à volta da mãe durante as aulas, parece dominar nada menos que 200 palavras. Hoje, aos 10 anos de idade, seu desempenho passou por vários estágios e ainda está crescendo.
O mais importante, no entanto, é que, depois dos 9 anos o chimpanzé começou a fazer distinções de natureza sintática. Ele vacilava, por exemplo, se lhe diziam, simplesmente vá à sala e pegue a laranja. Talvez porque a ordem fosse muito genérica. O mais correto seria dizer-vá à sala e pegue a laranja que está lá. O fato é que, quando o pedido era formulado dessa maneira, Kanzi o executava sem hesitação. Kanzi também é capaz de ordenar suas "palavras", ou seja, os símbolos gráficos. No principio, ele apenas assinalava duas peças como "subir" e "árvore" num tabuleiro de 256 símbolos, chamado lexigrama.
Com o tempo, porém, o verbo quase sempre precedia o substantivo, como Ihe havia sido ensinado. "A tendência de dar uma ordem especifica às frases se observa também nas crianças humanas, por volta dos 2 anos de idade", recorda Susan. Há criticas sérias a esse tipo de conclusão sobre a linguagem, e o mesmo vale para as outras supostas aptidões dos animais. O americano Noam Chomsky, por exemplo um dos maiores lingüistas da atualidade, acredita que procurar as raízes da comunicação humana nos macacos e tentar encontrar algo que simplesmente não existe.
Outro crítico é o psicólogo Herbert Terrace, que desde o inicio dos anos 80, na Universidade Columbia, Estados Unidos, tenta provar que os chimpanzés fazem pouco mais que imitar seus instrutores. Mais praticamente, Kanzi saberia apenas pedir coisas; nunca procurou um pesquisador para Ihe relatar uma experiência: por exemplo, "o fogo queima, não gosto disso." Isso é parcialmente verdade, reconhece Susan, mas acrescenta que as crianças têm a mesma limita ção, apenas em grau menor. Além disso, diz ela, o chimpanzé também relata experi ências, como quando diz que vai cometer um ato "mau", ou conta o que acabou de comer. De toda forma, seria absurdo pretender que a linguagem dos chimpanzés fosse exatamente análoga à humana-afinal, eles têm um cérebro três vezes menor, ataca Susan. Por isso ela evita o termo linguagem e prefere dizer protolinguagem. Ou seja, algo que não é, ainda, a aptidão específica do homem, mas que pode ser comparada com ela. Dentro dessa perspectiva, é muito importante descobrir aquilo que Kanzi não pode fazer. Talvez seja o único meio de obter uma imagem mais nítida daqueles animais que povoaram a Terra há 2 ou 3 milhões de anos e-antes de desaparecer para sempre-deixaram descendentes que se transformariam no homem.

O galho criou a linguagem?

A idéia do lingüista Peter McNeilage sobre a origem da linguagem pode estar inteiramente errada. Ou então levar a formidável síntese de três características básicas do homem: a própria capacidade de falar a divisão do cérebro em duas metades que se dedicam a tarefas distintas; e o uso preferencial de uma das mãos. Este ano, evidências de que esta última característica ocorre em I todos os primatas-dos homens aos lêmures-fortaleceram a tese de McNeilage. Seu ponto de partida são os hábitos arborícolas dos antepassados dos lêmures, lóris e társios, que sempre usariam a mão direita para se segurar nos galhos, e a esquerda, para pegar frutas e insetos, assim, também os hemisférios cerebrais se especializaram. O lado direito passou a controlar as ações da mão esquerda e, por extensão, a lidar com problemas essenciais à coleta de alimentos, como avaliar distancias por meio da visão. Já o lado esquerdo especializou-se em controlar a postura do corpo, essencial ao equilíbrio nos galhos. Ainda mais curioso é que, para McNeilage, a postura foi elemento crucial na história da comunicação. Há motivo para tal suposição: gingados, gestos, caretas e sorrisos, além de gritos, são abundantes nos repertórios de todos os macacos. Não admiraria, portanto, que a visão e as noções de espaço situem-se no lado direito do cérebro humano, e a linguagem, no lado esquerdo. Se McNeilage estiver certo, para começar a falar os homens só tiveram que desenvolver cordas vocais e língua. O resto já estava mais ou menos no lugar.


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sábado, 26 de janeiro de 2013

Colombo - Herói (ou vilão?) do Novo Mundo


COLOMBO: HERÓI (OU VILÃO?) DO NOVO MUNDO



Às vésperas do quinto centenário de sua até recentemente gloriosa viagem, uma onda revisionista ameaça sua imagem. De descobridor passa a conquistador e, para muitos, agressor.



Em 7 de fevereiro de l986,, enquanto o jovem ditador Jean-Claude Duvalier abandonava o Haiti a bordo de um avião da Força Aérea americana, deposto por uma furiosa revolta popular, a estátua de Cristóvão Colombo era arrancada de seu Pedestal na entrada de Port-au-Prince, e atirada pela multidão ao Mar das Antilhas. "Já que Colombo gostava tanto do mar", explicou um dos revoltosos, "que volte a nado para a Europa." Foi mais um episódio da onda de revisionismo histórico que anda varrendo as três Américas às vésperas do quinto centenário de sua descoberta, acontecida em 12 de outubro de 1492.
Ou, como se diz agora, de sua invasão pelos espanhóis, já que a glória da verdadeira descoberta cabe aos próprios índios que aqui chegaram, através do Estreito de Bering, pelo menos 40 000 anos antes. Colombo tornou-se, naturalmente, o principal alvo dos revisionistas. Até há pouco era o protótipo do homem de larga visão e caráter obstinado, o sábio defensor da certeza de que a Terra é redonda, o navegador genial que "parecia ter uma rosa-dos-ventos na cabeça", o explorador arrojado enfrentando terríveis canibais; o homem, enfim, que abriu as portas do Oceano Atlântico. E de repente, não é mais nada disso.
Livros como o recente The conquest of Paradise (A conquista do Paraíso) do americano Kirkpatrick Sale, apresentam um homem de paixões vulgares, devorado pela ganância do ouro, obcecado pelos títulos de nobreza, geógrafo contuso misturando astronomia com astrologia, navegador insensato, certo de que recebia ordens diretamente de Deus e que, apesar das quatro viagens à América, nunca conseguiu entender onde tinha chegado. Além do mais, de uma ferocidade bestial com os nativos indefesos, trazendo consigo da civilização européia apenas a forca, a fogueira e a espada, além da tuberculose e da varíola, o que fez dele o fundador da maior empresa de genocídio e devastação ambiental da história da humanidade. "Perto de Colombo", comenta o ativista americano Russel Means, "Hitler não passaria de um delinqüente juvenil".
Mas, afinal, que era o verdadeiro Colombo? Seria realmente o paranóico que numa certa manhã de junho de 1494 decidiu que Cuba não era uma ilha e sim um continente, obrigou toda a tripulação a jurar solenemente essa "verdade" e avisou que se soubesse de alguém afirmando o contrário mandaria imediatamente arrancar sua língua? Que fim teria levado o querido e honrado Colombo dos livros escolares? Dos seus primeiros vinte anos não se sabe praticamente nada. Há razões documantais para se acreditar que nasceu em Gênova no ano de 1451. Mas nem todos estão de acordo. Apenas no século passado foram escritos 253 artigos acadêmicos sobre essa questão especifica, com reivindicações para a Córsega, Grécia, Maiorca, Aragão, Galícia e Portugal, sem falar na França e na Polônia. Sabe-se, de certo, que sua língua preferida era o castelhano, pois servia-se dela para sua correspondência e suas anotações pessoais.

Desde cedo parece ter escolhido a vida no mar. Em 1472 já navegava como corsário. Quatro anos mais tarde, andava engajado na frota de treze navios do corsário francês Coullon, o Velho, e nas costas de Portugal participou da abordagem de cinco navios mercantes que seguiam para a Inglaterra. Durante o combate, seu navio foi a pique e ele salvou-se nadando. Compreende-se que, nos seus escritos posteriores, tenha deixado na sombra essa parte do seu passado. Embora o corso não fosse uma atividade vergonhosa como a pirataria, causava inimizades prejudiciais a quem, como ele, iria procurar financiamento para viagens junto aos poderosos da época. Portugal, onde foi parar pelo acaso do naufrágio e onde viveria oito anos, dos 25 aos 33, foi a terra que lhe mudou o destino. Era o tempo dos pilotos formados na Escola de Sagres e das grandes navegações pela costa da África. Desde 1434, quando Gil Eanes dobrou o Cabo Bojador, após quinze tentativas infrutíferas, elas iam se estendendo, cada vez mais distantes. Em 1488, Bartolomeu Dias ultrapassou o Cabo da Boa Esperança, anunciando a grande vitória de Vasco da Gama que em 1498 haveria de descobrir o "verdadeiro caminho marítimo para as Índias".
A idéia desenvolvida por Colombo, como se sabe, também era chegar às Índias, mas navegando para oeste de maneira a dar uma volta em torno da Terra. Baseando-se nos dados do cosmógrafo árabe Alfraganus (Al Fragani), imaginou que o grau terrestre tivesse 56 milhas e meia na linha do equador (o que é correto para milhas árabes, de 1975,5 metros, mas inteiramente errado para as italianas, de 1477,5 metros). Supôs, a seguir, baseado em diversos autores europeus, que todas as terras firmes desde Portugal até a extremidade de oriental da Ásia, se estendessem por 283 graus, deixando apenas 77graus para os oceanos. Sem dúvida, um erro muito maior.
Com base nesse duplo engano, concluiu que saindo das Ilhas Canárias e navegando 2 760 milhas para oeste, chegaria ao Japão. Era um cálculo inteiramente absurdo, mas vinha muito a calhar. Se revelasse a distância real, mais de quatro vezes maior, nunca teria encontrado quem lhe financiasse a tentativa. Estava certo, aliás, na sua concepção básica, a de que poderia alcançar o Oriente pelo Ocidente, proposta muito arrojada para a época. Embora a teoria da Terra esférica já estivesse aceita nos círculos mais cultos, havia aspectos desconcertantes que contrariavam o senso comum. Como fariam os antípodas, obrigados a andar de cabeça para baixo? Por que não caíam no espaço sideral? E o que se encontraria pelo caminho? Não seria lógico que o gelo dos pólos fosse contrabalanceado por alguma região de fogo no equador?
Colombo não conseguiu interessar o rei português, Dom João II, nos seus projetos. De sua estada em Portugal sabe-se de seu casamento com Filippa Moniz Perestrello, de família nobre, com quem teve um filho, Diego, futuro companheiro de navegações. Fez uma viagem até a Islândia e outra pelas costas da África, até a Guiné. Parece ter morado algum tempo na Ilha de Porto Santo e na Madeira. Em 1484, depois da morte da mulher, mudou-se para a Espanha, mais precisamente para a Andaluzia, onde passou dois anos hospedado nas propriedades de duas poderosas famílias: os Medinacelli e os Medina-Sidonia. Graças ao duque de Medinacelli, conseguiu ser apresentado formalmente à rainha Isabel e, pouco depois, em 20 de janeiro de 1486, submeteu o seu projeto a uma comissão de cientistas, navegantes e teólogos, liderada pelo confessor da rainha Hernando de Talavera.
A conclusão foi inteiramente negativa. Por unanimidade, a comissão recusou o projeto, como impossível. Mas Colombo não desistiu e depois de algumas tentativas de aproximação com os reis da França e da Inglaterra, feitas por seu irmão, Bartolomeu, voltou a insistir junto à corte espanhola. Acabou conseguindo, mas só porque certas circunstâncias históricas intervieram. No início de 1492, os espanhóis expulsaram definitivamente os árabes de seu território. Na rendição formal de Granada em 6 de janeiro de 1492, com o jovem califa Boabdil entregando a Isabel de Castela e Fernando de Aragão as chaves da fortaleza de Alhambra, terminavam sete séculos de presença árabe na Península Ibérica.
Livres da guerra de reconquista, os soberanos espanhóis passaram a se interessar pelos novos horizontes anunciados por Colombo. As negociações finais para a expedição ainda se arrastaram por alguns meses. Ao contrário do que diz a tradição, a rainha Isabel nunca penhorou as jóias para financiá-la. Dos três navios, dois (Pinta e Niña) foram providenciados pela cidade de Palos, por ordem da coroa, que entendia castigar sua população por certas ofensas que ninguém sabe mais quais seriam. O terceiro navio, Santa María, assim como as demais despesas, foram financiados por empréstimos arranjados por Luis de Santángel, banqueiro intendente geral dos reis católicos, o principal aliado de Colombo na corte.
A Pinta e a Niña eram caravelas e a Santa Maria uma nau. Não se sabe exatamente como eram nem que tamanho tinham. Os construtores daquela época iam dando ordens conforme os trabalhos avançavam, sem desenhos nem plantas detalhadas Nenhuma caravela autêntica chegou até nossos tempos; o que se conhece de mais confiável é uma miniatura espanhola do século XIV, que se encontra no Prinz Hendrik Museum, em Rotterdam, na Holanda. Estima-se que as duas caravelas tinham pouco mais de 20 metros da popa à proa. A Santa María - um pouco maior - apresentaria um convés do tamanho aproximado de uma quadra de tênis. A tripulação das três seria de noventa homens.
Colombo assumiu o comando da Santa Maria, que era a nau capitania; Martín Alonso Pinzón o da Pinta; e seu irmão, Vicente Yáñez Pinzón, o da Niña. Saíram de Palos com destino às Ilhas Canárias e de lá, no dia 6 de setembro de 1492, iniciaram a grande aventura no rumo do Ocidente. A ansiedade da descoberta era tamanha que apenas uma semana mais tarde os marinheiros já começavam a ver (ou inventar) sinais de terra próxima. Ora eram pássaros marinhos, como albatrozes e fragatas, e outros que teoricamente nunca se afastam da costa mais do que algumas dezenas de quilômetros: ora eram tufos de ervas que passavam boiando. A desilusão, cada vez que esses indícios se revelavam inconsistentes, ia aumentando a preocupação dos marinheiros. A partir da segunda semana começaram a resmungar idéias de motim. A direção do vento, sempre favorável, mais lhes aumentava o medo, na medida em que tornava a volta mais problemática. Em 25 de setembro houve grande alegria quando Martín Alonso Pinzón anunciou terra à vista e entrou a cantar Gloria in excelsis Deo com sua tripulação. Era outro rebate falso.
Foi somente na manhã de 12 de outubro que a primeira ilha das Bahamas apareceu aos olhos do marinheiro Rodrigo de Triana, que navegava a bordo da Pinta. Segundo o calendário juliano, em vigor no século XV, era realmente 12 de outubro; pelo calendário gregoriano que vigora atualmente, seria 21 de outubro. O local exato onde Colombo desembarcou pela primeira vez na América. é outro motivo de controvérsia. Nada menos que doze ilhas reivindicam a primazia. Ele tinha, aliás, todo interesse em guardar segredo para não ser seguido por outros navegadores, sobretudo os portugueses.
Nessa primeira viagem, o navegador demorou-se apenas quatro semanas nas Bahamas. Descobriu dezenas de ilhas, entre elas Hispaniola, dividida atualmente entre Haiti e República Dominicana.. Ali fundou Isabella, a primeira "cidade" do Novo Mundo. Travou, igualmente, contatos iniciais com os nativos da região-que se chamavam a si próprios de tainos (os valorosos); passaram a ser chamados índios, pois os descobridores acreditavam que haviam chegado às índias, que estariam pouco mais adiante. De volta à Espanha, Colombo foi recebido na corte com grandes honrarias e muitos banquetes. O descobridor voltou à América, que ainda não tinha esse nome três vezes, mas nunca chegou a uma conclusão definitiva sobre onde se encontrava.
Na segunda viagem, de 1493 a 1496, comandou uma frota de dezessete navios, e mais de 1000 homens, com o propósito de iniciar a colonização a partir de Hispaniola. De lá saiu para diversas expedições exploratórias nas ilhas de Guadelupe, Porto Rico, Jamaica e sobretudo Cuba, que ele imaginou ser a extremidade do continente asiático. Na terceira viagem, de 1498 a 1500, chegou a avistar realmente a América do Sul, junto à foz do Rio Orinoco, região hoje pertencente à Venezuela. Mas, vítima de uma de suas crises de misticismo, cada vez mais agudas e freqüentes, imaginou que havia chegado ao paraíso descrito na Bíblia.

Na quarta viagem, de 1502 a 1503, nada descobriu de importante. Mas deu livre curso à imaginação e escreveu dois livros. O primeiro, conhecido como "O livro dos privilégios", traz o título oficial de "Cartas, privilégios, cédulas e outras escrituras de Dom Cristóvão Colombo, almirante maior do Mar Oceano, vice-rei e governador das ilhas e terras firmes". E uma coletânea de documentos através dos quais Colombo pretende salvaguardar seus privilégios. O segundo, "O livro das profecias", é uma tentativa de convencer os soberanos da importância cósmica de seus feitos. Nele, repete incansavelmente que foi escolhido diretamente por Deus como instrumento de Sua vontade.
Colombo morreu em 1506, dono de uma fortuna considerável, mas ainda julgando-se incompreendido e espoliado nos seus direitos. Na verdade, caíra muito no conceito dos reis da Espanha O que mais o prejudicou não foram suas teorias desatinadas, mas a prática do dia-a-dia como governador das terras descobertas. Nesse ponto, não há quem discorde: Colombo foi um dos administradores mais desastrados de que se tem notícia. Os próprios espanhóis da colônia de Hispaniola viviam num permanente estado de falta de víveres, divididos em grupos amotinados, que o governador mais irritava do que apaziguava, governando com a forca e a chibata. A situação chegou a tal ponto que, em 1500, os reis perderam a paciência e mandaram Francisco de Bobadilla como interventor. Colombo, que acabara de mandar enforcar sete colonos e se preparava para enforcar mais cinco, foi preso e mandado de volta para a Espanha, com algemas nos pulsos.
Mas tudo o que os colonos espanhóis sofreram nas mãos do seu vice-rei parece insignificante, comparado com o que eles impuseram aos nativos da América. Esse é o grande crime histórico, o genocídio em escala continental que os historiadores revisionistas pretendem colocar em evidência às vésperas do quinto centenário. Curiosamente, os primeiros encontros dos espanhóis com os nativos foram amigáveis, quase idílicos. Eis o que o próprio Colombo anotou no seu diário de bordo da primeira viagem, sobre os tainos: "Eles se tornaram tão nossos amigos que era uma maravilha (...) Eles trocam e dão tudo o que possuem com a melhor boa vontade (...) São muito gentis e não sabem o que seja o mal, não mentem nem roubam (...) amam seus vizinhos como a si mesmos, falam suavemente e estão sempre sorrindo".

Em outros trechos do mesmo diário, no entanto, o navegador pergunta se eles não seriam úteis como escravos, a serem enviados à metrópole em troca de bois, ou para trabalharem nas minas de ouro a serem descobertas. Porque; desde o início, o ouro é sua grande paixão. Muito embora os tainos entregassem aos espanhóis todos os adereços de ouro que possuíam em troca de quinquilharias, isso não bastava. Em 1495, Colombo decidiu obrigar todos os maiores de 14 anos a entregar uma certa quantidade de ouro a cada três meses; quem não conseguisse teria as mãos amputadas a machado, para sangrar até morrer. Como se não bastasse, instituiu a escravidão disfarçada no sistema de encomendas, quando a autoridade colonial atribuía uns tantos índios a determinado colono (encomendero).
O salário, quando existia, era simbólico; os castigos, sempre brutais. A pena mais comum para as "faltas" dos índios era a amputação do nariz ou das orelhas; "em casos mais graves, eram decapitados ou destroçados por cães; ou, ainda, queimados vivos, treze de cada vez, em homenagem a Cristo e seus apostolos". Freqüentemente aldeias inteiras eram dizimadas: a regra era matar 100 índios para cada espanhol morto. Quem deixou bem anotadas essas informações, e muitas outras, foi o frade dominicano Bartolomeu de Las Casas, que acompanhou de perto os primeiros anos da colonização. Autor de um monumental História das Índias, que só foi publicada no século XIX, Las Casas tornou-se célebre em seu próprio tempo por uma série de cartas e panfletos, um dos quais, a Brevíssima Relação da Destruição das Índias, é o classico no qual se baseiam os historiadores revisionistas. Segundo os cálculos de Las Casas, viviam na Ilha de Hispaniola, antes da descoberta, 3 milhões de nativos. É uma estimativa sujeita a violentas controvérsias: há quem fale em apenas 300 000, enquanto outros, como o americano Woodrow Borah, chegam a 7 ou 8 milhões. Num ponto todos concordam: em 1542, cinqüenta anos após a descoberta, restavam apenas algumas centenas.
Em outras regiões não foi muito diferente. No México, 90% da população nativa desapareceu nos sessenta anos posteriores à chegada de Hernán Cortés, em 1519-eram 25 milhões em 1518, restaram pouco mais de 1 milhão em 1668. Nas três Américas, imagina-se que a descoberta tenha custado a vida de 60 a 100 milhões de nativos. Com base nesse holocausto, os revisionistas colocam uma pergunta que, há pouco anos, pareceria absurda: a descoberta da América valeu a pena? O historiador Kirkpatrick, na sua A conquista do Paraíso, traça um quadro lamentável da civilização no século XV, tanto na Espanha sob o terror da lnquisição, quanto no resto da Europa dilacerada pelas guerras, assolada pela fome e pela peste.Em contraposição, apresenta os nativos da América vivendo em doce harmonia com a natureza. Pode-se argumentar, é claro, que não era bem assina. as grandes nações do Novo Mundo, como os incas do Peru, também construiram seus vastos impérios subjugando os povos vizinhos. Os astecas, do México, não se tornaram notáveis pela suavidade dos seus costumes: na festa da coroação do imperador Ahuitzotl, em 1502, calcula-se que foram sacrificados 80 000 prisioneiros em Tenochtitlán. Os corações eram arrancados do peito, oferecidos ao Sol, e os membros devorados num banquete ritual. O que sobrava ia para os animais. E, finalmente, é preciso lembrar que a Europa do século XV não tinha apenas fome, peste e conquistadores bestiais. Em 1492, ano da descoberta do Novo Mundo, quando Colombo tinha41 anos, Botticelli tinha 47, Leonardo da Vinci 40, Machiavel, 23, Michelangelo, 17. Copérnico, 19, Rafael e Lutero, 9. As grandes navegações foram conseqüência de uma efervescência cultural, e sua influência sobre ela enorme. O legado de Colombo, mesmo descontando seu lado terrível, é mais variado do que pretendem os revisionistas.


Afinal, quem descobriu a América?

Sempre haverá alguém disposto a afirmar que outros navegadores chegaram à América antes de Colombo. Aqui estão algumas das teorias mais conhecidas a respeito:

Viquingues
As sagas escandinavas celebram as aventuras de dois navegadores, Bjarni Heljolfsson e Leif Ericsson, por volta do ano 1000. Segundo esses relatos, Heljolfsson avistou o Canadá, mas não chegou a desembarcar. Ericsson, que veio logo depois, estabeleceu uma colônia permanente num local batizado com o nome de Vinland. Em 1960, o arqueólogo norueguês Helge Ingstad, realizando escavações na Terra Nova, encontrou vestígios que poderiam ser da antiga colônia. Japoneses Fragmentos de cerâmica encontrados por um arqueólogo amador nas costas do Equador, em 1956, apresentam semelhanças marcantes com a cerâmica fabricada no sudoeste do Japão há 5 000 anos. Os especialistas encontraram vinte características coincidentes.

Judeus
Inscrições numa pedra encontrada num túmulo dos índios Cherokee, no Estado americano do Tennessee, são muito parecidas com as que figuravam nas moedas hebraicas do ano 100 de nossa era. No túmulo também foram encontrados braceletes de um tipo de latão fabricado unicamente naquela época. Supõe-se Leif Ericsson e seus viquingues, um dos muitos presumidos precursores que seriam vestígios deixados por judeus que chegaram à América fugindo da perseguição romana. Ninguém tem idéia do tipo de embarcação que teriam usado, nem a rota seguida.

Chineses
Documentos antigos apresentam como fato histórico a viagem do monge budista Hui-Shen até uma terra denominada Fusang, do outro lado do "Grande mar do Ocidente". Hui-Shen teria chegado ao México no século V e permanecido na América durante quarenta anos. Há coincidências intrigantes entre artes e costumes de civilizações pré-colombianas e chinesas: o uso do jade, dragões alados como motivo decorativo, cerimônias mágicas para provocar chuvas, vasos de cerâmica com três pés etc.

Galeses
Um dos livros mais populares da Idade Média, A viagem do abade Saint Brendan, narra a descoberta de uma nova terra que, no entender de alguns pesquisadores, poderia ser a Flórida. Saint Brendan, monge do País de Gales, existiu, realmente, no século V e sabe-se que viajou muito. Se chegou ou não à América é outra história.



A lenda do ovo em pé

No decorrer de um jantar, depois da descoberta, alguns nobres invejosos teriam menosprezado a idéia de chegar à Índia pelo Ocidente,alegando que ela poderia ter ocorrido a qualquer um. Em resposta, Colombo desafiou-os a colocar um ovo duro, cozido, em pé; naturalmente, ninguém conseguiu. Ele próprio esmigalhou ligeiramente a base do ovo, conseguindo equilibrá-lo perfeitamente. E provou que as idéias só parecem óbvias depois que alguém as teve e confirmou. Apesar De muito repetido, o episódio, na verdade, nunca aconteceu; é uma velha anedota do folclore italiano, atribuída a diversos personagens ilustres e que já era bem velhinha no tempo de Colombo.





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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

A Vida de um Atleta Sexual - Biologia


A VIDA DE UM ATLETA SEXUAL - Biologia



Desde o instante em que nasce, o espermatozóide se prepara para a dura prova do acasalamento. Para conferir sua boa forma, os cientistas usam até computadores.



Se alguém quer ver o que é guerra, basta dar uma espiada na natureza, nos períodos de acasalamento. Urros, patadas, mordidas, arranhões, bicadas, pontapés-há muito tempo, os naturalistas sabem que os machos brigam feio para ganhar uma fêmea. Mas esses confrontos são apenas a parte visível da história. Pois, uma vez determinado o macho vitorioso, iniciam-se batalhas cruciais dentro do corpo da companheira conquistada, onde hordas de espermatozóides competem pelo mesmo prêmio: o óvulo. Quem vencer, passará seus genes para a próxima geração. E. embora os homens não costumem esbofetear-se para conseguir uma parceira, o fato é que seus espermatozóides não escapam da luta.

Nesse ponto, ninguém pode afirmar que conhece tudo sobre sexo. Em plena década de 90, quando já se começa a usar o passado para discutir a revolução sexual, os espermatozóides não param de surpreender os cientistas que, aliás, admitem ainda ter muito o que aprender a seu respeito. Quando o microscopista holandês Antonie van Leeuwenhoek, em 1677, observou pela primeira vez esses gamelas - como se chamam as células encarregadas da reprodução -, imaginou que se tratava de homúnculos, isto é, miniaturas de gente, capazes de crescer em uma espécie de forno que, de quebra, fornecia o fermento - esse era o papel da mulher. A teoria fez sucesso durante um século. Hoje se sabe que o espermatozóide carrega um conjunto de genes que nada faz sozinho, precisa formar pares com os genes do gameta feminino para originar um indivíduo. O material genético do espermatozóide se comprime em uma cabeça do tamanho de um glóbulo sangüíneo, sustentada por um corpo quase invisível de tão minúsculo-com função de uma usina de energia-e propulsionada por uma longa e agitada cauda ou flagelo. Tudo, de ponta a ponta, não ultrapassa 50 milésimos de milímetro.

Com esse porte tímido, porém, se revela um verdadeiro atleta sexual. Ninguém melhor para receber esse título do que um espermatozóide, depois de se preparar durante 74 dias para ter um excelente desempenho na hora agá. Esse é o tempo médio que o gameta humano leva para ser formado nos testículos, duas bolsas que se dividem em câmaras ou lobos, como preferem os cientistas. Dentro deles, enrolados feito serpentinas, encontram-se finíssimos tubos, os canais seminíferos, que se fossem esticados teriam cerca de 2,5 metros de extensão. Eles são forrados por células muito especiais, as espermatogônias, mães dos gametas masculinos. Ao longo da vida, o homem produz cerca de 8 trilhões de espermatozóides. "Os testículos ignoram a vida sexual do dono. Ou seja, sua linha de montagem jamais desacelera , mesmo nos períodos de abstinência" esclarece o fisiologista Francisco Gacek, professor da Universidade de São Paulo. "À medida que surgem gametas novinhos em folha, eles vão empurrando os outros, até caírem no canal eferente que leva a um tubo mais largo, conhecido por epidídimo", descreve Gacek, que realiza estudos na área de reprodução.

No corredor de espera do epidídimo, o espermatozóide humano costuma ficar de 18 horas a 21 dias, aproveitando a estada para completar seu desenvolvimento. Ele precisa afinar o pescoço que, então, ainda contém uma gota de citoplasma, o recheio líquido das células. Mas, mesmo quando já exibe a silhueta esguia característica, sua temporada no epidídimo pode terminar prorrogada diversos meses, enquanto aguarda a demanda. E sempre corre o risco de terminar a longa espera ensacado em uma camisinha, um dos mais antigos e mais populares métodos anticoncepcionais. "Se nem isso acontece, por causa de abstinência sexual, uma parte dos gametes morre e se liqüefaz", conta Gacek. "A outra parte é expulsa pela urina."

Enquanto ficam na expectativa, os espermatozóides não ousam fazer um movimento sequer, ficam apenas boiando em um fluido, a fim de poupar energia para a dura prova da fecundação. O liquido seminal propriamente dito, a mistura que compõe 93% do volume do sêmen, aparece somente no instante da ejaculação, quando espasmos contraem duas glândulas-a vesícula seminal e a próstata-, próximas à saída do canal deferente. Então, da vesícula seminal jorra um liquido viscoso, rico em frutose, moléculas de açúcar que fornecerão toda a energia dos atletas. É o único caso, por sinal, em que o organismo humano produz, por conta própria, moléculas de frutose. Pois os espermatozóides recusam outra dieta. Eles, que antes viviam em jejum, só se alimentam quando passam a mexer o flagelo, na reta final do aparelho reprodutor masculino, que é a uretra, o canal do pênis. "A partir daí, seus dias estarão contados", conclui o fisiologista, com ar didático. "O espermatozóide irá durar o tempo que durar seu suprimento de energia." Ainda assim, eles permanecem 72 horas em excelente forma para fecundar uma covardia em comparação com o óvulo, que dá o ar de sua graça apenas por 18 horas.

O sinal químico que dispara o frenético vaivém da cauda é dado Dor outro precioso ingrediente do líquido da vesícula, a prostaglandina. substância também capaz de provocar contrações no útero da mulher, ao ser lançada em suas paredes junto com a ejaculação. Esse efeito ajudaria os gametas masculinos a subir rumo a seu objetivo. A vesícula seminal ainda libera fibrinogênio, a mesma molécula que coagula o sangue, quando alguém se corta, por exemplo. No caso, é o sêmen que coagula, uma vez dentro do corpo da mulher, para evitar o refluxo dos espermatozóides que, afinal, nadaram muito para chegar ali. Mas, poucos minutos depois, quando provavelmente os gametas já deram seu tiro de largada, outra enzima presente no sêmen desfaz o coágulo.

Os cientistas se perguntavam como os espermatozóides podiam resistir à violência com que são chamados à ação. Pois a catapulta da ejaculação, que os impulsiona numa velocidade aproximada de 5 centímetros por segundo, deveria ser capaz de rompê-los ao meio. O jato do par de glândulas teria o impacto de uma onda marítima de 4 metros, arrebentando sobre uma pessoa. No ano passado, cientistas da Universidade Johns Hopkins, nos Estados 1 Unidos par e cem ter encontrado o segredo da gigantesca resistência dos espermatozóides nas nove fibras que envolvem seu flagelo. Os pesquisadores constataram que quanto maior é a cauda - e, portanto, mais vulnerável -, mais largas e unidas são essas fibras, servindo de proteção.

Contudo, descobertas como essa não alteram o ânimo do médico Arnaldo Ferrari Ninguém explica em detalhes como um homem saudável pode ter uma produção ineficiente de espermatozóides", lamenta ele, considerado um dos maiores especialistas em reprodução humana no país. Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ferrari nasceu na Itália, mas a família veio morar em Porto Alegre quando ele tinha 7 anos. "Em casa havia um sótão, onde preguei uma placa com meu nome e a palavra médico", recorda, hoje aos 62 anos. Boa parte de seu dia-a-dia é dedicada à fundação que criou há 25 anos. para investigar, entre outras coisas. o comportamento dos espermatozóides. Os laboratórios ainda engatinham na pesquisa sobre a relação desses gametas e o sistema imunológico", avalia. "Dentro dos testículos. os espermatozóides nunca entram em contato com o sangue ", explica. "Se isso acontece, graças a inflamações ou traumas, os glóbulos brancos criam anticorpos para arrasar com os espermatozóides fabricados pelo próprio organismo.

O homem com mais de 20 milhões de espermatozóides por mililitro de sêmen pode ser considerado fértil. Mas, na realidade, no 15 mililitro da ejaculação-este é o volume médio-podem existir até 400 milhões de gametas Ao contrário do que muitos imaginam, as primeiras gotas do sêmen transportam a maior concentração dessas células. Há três anos, biólogos da Universidade de Manchester, na Inglaterra, causaram furor ao sugerir que os espermatozóides na poleposition seriam verdadeiros camicases, que se sacrificariam em prol de seus irmãos. Os cientistas hoje concluem de fato, os espermatozóides não agiriam na base do eu primeiro, numa espécie de corrida egoísta, como ensinavam as aulas clássicas de Biologia. Em vez disso, eles parecem organizados como uma tropa de elite. "Sua tática de guerra é semelhante àquela criada pelos antigos romanos, conhecida por falange", conta o médico paulista Marcos Paulo de Castro. "Marcham em filas que se bifurcam. Dessa maneira, espalham-se na forma de uma pirâmide invertida, para cercar completamente a área que pretendem invadir."Especialista em Andrologia-a área da Medicina que trata do organismo masculino-, ele calcula que apenas metade desse exército é normal. "O restante pode ter duas cabeças ou dois flagelos", exemplifica. Errar, no caso, não é apenas humano: machos de qualquer espécie produzem uma grande quantidade de espermatozóides defeituosos, que eram encarados como um desleixo da natureza. Atualmente, especula-se que esses espermatozóides inférteis teriam a solidária função de abrir caminhos para seus companheiros fecundantes.

Contudo, o aspecto perfeito também pode enganar: "Alguns espermatozóides balançam a cabeça com tamanha envergadura que acabam avançando muito devagar. E como se uma pessoa nadasse com os braços abertos", compara Castro, franzindo a testa. Assim como os especialistas em Biomecânica usam recursos da Informática para flagrar os menores desvios nos movimentos de um esportista a caminho dos Jogos Olímpicos de Barcelona´92-desvios que podem afastá-lo da vitória-, os andrologistas também dispõem de computadores para analisar minúcias da agitação dos atletas espermatozóides. Há dois anos e meio, a clínica dirigida por Marcos Paulo de Castro, a Pro Pater, em São Paulo, foi a primeira a instalar esse tipo de equipamento na América Latina. "O aparelho regula a temperatura na lamina. onde se deposita o esperma, ajustando-a para os 37 graus Celsius do trajeto ao útero", mostra o andrologista. "A imagem do espermatozóide é ampliada 400 vezes e gravada em vídeo. A gravação é decodificada pelo computador."

O programa traça, por exemplo, uma linha imaginária na cabeça do espermatozóides medindo seu deslocamento. O ideal é que ela balance entre 2 e 4 milésimos de milímetro de um lado para outro, cerca de 480 vezes por minuto. Outra informação importante é a velocidade: o Ayrton Senna dos espermatozóides acelera 30 milésimos de milímetro por segundo. "Nessa velocidade, porém, o espermatozóide levaria horas para alcançar o óvulo, já que o percurso tem quase 25 centímetros", espanta-se o ginecologista Waldemar Diniz Pereira de Canalho, da Escola Paulista de Medicina. A surpresa desse professor grisalho e risonho faz sentido: afinal, o espermatozóide recebe a bandeirada de chegada em cerca de 10 minutos. O próprio Carvalho e sua equipe cronometraram essa corrida alucinante em uma experiência: "Sempre que uma paciente, por um motivo qualquer, tinha de extirpar o útero, aproveitávamos para inseminar espermatozóides", conta. "Assim, de tantos em tantos segundos, interrompíamos o trajeto, com pinças cirúrgicas, para contar quantos gametas já se encontravam em determinados pontos do percurso. A velocidade deles para o seu tamanho, é comparável à de um foguete."

Existem várias hipóteses para explicar o fenômeno: "A chave dessa velocidade está no organismo da mulher", suspeita o ginecologista. Segundo ele, o espermatozóide com o cromossomo Y-aquele que determina o sexo masculino do filho-é menor e mais leve. Resultado: sempre larga na frente. "Em compensação, demora seis horas destruindo a grossa proteção do óvulo, a zona pelúcida, cujo aspecto lembra uma casca de isopor", pondera. Nessa árdua tarefa, muitas vezes, esses espermatozóides afoitos por natureza morrem de desgaste. Enquanto isso, mais pesados e mais lentos, a maioria dos espermatozóides X, a legítima porção feminina do homem, chega com atraso. E levam a vantagem de encontrar boa parte do serviço de furar a zona pelúcida já pronta. Isso talvez justifique o maior número de nascimentos de meninas em relação a meninos.

Mas, tanto para os X como para os Y, o caminho para o óvulo é um pesadelo: há labirintos, chuvas de ácidos, esporádicos ataques de anticorpos e mesmo de outros espermatozóides. Não é à toa, só cerca de 200 espermatozóides alcançam o final da trajetória. "Essas seqüências de desafios, de seu lado, ajuda a preparar 0 espermatozóide para sua última missão, que é fecundar", especula o andrologista paulista Lister de Lima Salgueiro da Clínica Roger Abdelmassin. De acordo com o médico, substâncias do trato genital fazem as duas membranas da cabeça do espermatozóide se fundirem. "Com a união, formam-se vesículas que, frágeis, ao se chocarem com o óvulo, estouram e liberam enzimas, capazes de digerir a zona pelúcida."

Recentemente, porém. os cientistas começaram a desconfiar que o espermatozóide não mergulha de cabeça no gameta feminino, como se pensava. "A certa altura, ele já consumiu todas as enzimas dessa região. Mas ainda sobram enzimas na região intermediária ou equatorial do seu corpo", aponta Salgueiro. "Por isso, o espermatozóide tende a entrar de lado." Só um espermatozóide costuma conseguir essa glória -e talvez muitas pessoas se indaguem sobre a necessidade daquele batalhão inicial de gametas Os cientistas têm uma hipótese: a quantidade colossal de espermatozóides seria uma tentativa do macho de garantir a sua perpetuação, uma vez que as fêmeas da maioria das espécies tenderiam à infidelidade. Para elas, trair é conseguir comida extra e multiplicar sua proteção. Diante disso, os machos passam a batalhar pelas parceiras e a guerra continua com espermatozóides. Como esses gametas vivem alguns dias, teoricamente no corpo de uma fêmea podem concorrer espermatozóides de origens diferentes Tem mais chance de ganhar o macho com maior número de representantes. Os gorilas, por exemplo, que vivem em pequenos haréns, liberam apenas 65 milhões de gametas por ejaculação, diante da fartura de companheiras; já macacos que vivem em grupos onde se disputam as fêmeas, podem ejacular 2 bilhões de espermatozóides de uma só vez. Comparados com primatas, contudo, os seres humanos possuem um dos espermas de pior qualidade-em número e motilidade. Alguns antropólogos garantem que essa falha é porque o homem, em tempos primitivos, era um sossegado monógamo.

As armadilhas femininas

A recepção não é nada calorosa: quando aterrissam na cérvix da mulher, os espermatozóides podem dar de cara com uma cortina densa de um muco opaco. Além disso, o ambiente e ácido, o que dificulta as reações enzimáticas envolvidas nos batimentos dos flagelos dos recém-chegados. Quase tudo muda, porém, na época da ovulação, quando o organismo da mulher parece ter interesse em cooperar com o gameta masculino. Então, influenciado pelo hormônio estrógeno, abundante nesse período o muco se torna fluido e transparente, abrindo verdadeiros caminhos. Essas brechas de muco, cujo desenho lembra uma folha de samambaia, possuem grandes canais que levam provavelmente apenas os melhores espermatozóides direto ao óvulo. Sim, porque para ser um espermatozóide de excelente padrão não basta ser veloz-tem de seguir em frente sempre. Desse modo, os espermatozóides de pior qualidade se perdem em voltas no labirinto de muco. Quanto à acidez, o sêmen contém cálcio. liberado no suco leitoso da glândula próstata, para neutralizar o ambiente hostil. "Em alguns casos, porém, isso só não basta", adverte o professor Arnaldo Ferrari, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. "Preparo um trabalho para mostrar que cerca de 70% dos casos de infertilidade feminina, atribuídos a uma reação imunológico da mulher ao espermatozóide, são na realidade causados pela acidez excessiva. O problema é tratado facilmente, com lavagens, usando neutralizantes."


Uma barreiras sem furos

Uma camisinha deveria ser um obstáculo intransponível. "A questão é que o latex, sua atual matériaprima, se degrada com facilidade", explica a química Maria Aparecida Aledo, da Johnson & Johnson empresa líder no mercado nacional. "Ao reagir com o oxigênio do ar, ela vai perdendo a elasticidade. Daí, qualquer furo pode ser fatal." Especialista em borracha, desde que se formou há 11 anos, Maria Aparecida diz que o truque de uma camisinha é combinar um coquetel de substâncias antioxidantes com o latex, multiplicando sua longevidade. A mistura passa por dezenas de telas, que filtram eventuais coágulos; depois, aquecida, banha os moldes anatômicos. "Um por um, os preservativos recebem uma carga elétrica de 1000 volts", conta a cientista. "Como a borracha é isolante, se houver algum furo, a eletricidade será registrada em receptores do lado oposto." Além disso, uma amostra da produção precisa passar por testes de segurança: "A camisinha deve suportar 300 mililitros de água, o equivalente a uma garrafa de refrigerante", exemplifica a especialista. "Em outro teste, um equipamento simula a ação do tempo sobre o preservativo."





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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O Trem na Pista de Decolagem - Tecnologia


O TREM NA PISTA DE DECOLAGEM - Tecnologia



A linha inaugural do Maglev japonês, capaz de flutuar sobre um colchão magnético, começa a realizar as ousadas promessas dos supercondutores, fios onde a eletricidade corre sem resistência e sem perder energia.



A série de desenho animada Jetson´s, grande sucesso da televisão nos anos 60, popularizou a idéia de que, no futuro, cada família teria o seu próprio carro voador com o qual chegaria a qualquer local em vias expressas traçadas em pleno ar. Mas a concepção moderna vem ganhando contornos bem diversos: dá-se mais valor aos transportes coletivos, como trem e o metrô, do que ao pouco prático carro de família. Os próprios aviões quando se consideram as complicada instalações necessárias ao pouso e à de colagem, têm um espaço interno bastante acanhado. Tanto que, se depender do empenho dos japoneses, boa parte da aeronaves será aposentada nos próximos anos, cedendo lugar aos primeiro trens voadores da história.

Capazes de levitar sobre um colchão magnético, essas máquinas empregam inovadora tecnologia dos supercondutores-fios que transportam eletricidade sem resistência, ou seja, sem que a energia da corrente elétrica seja dissipada na forma de calor. Esse fenômeno ocorre apenas em certos materiais e assim mesmo quando submetidos a temperaturas próximas do zero absoluta. Mas a economia que propiciam, comparados aos condutores comuns, é enorme, sem contar que com que eles. podem projetar equipamentos sem precedentes. Uma ilustração simples são a bobinas magnéticas, comuns em motores e geradores de todos os tipos: como sua fiação se aquece muito pouco, pode se tornar muito mais compacta e gera potência bem maior.

São justamente bobinas desse tipo que fazem voar o trem japonês. Conhecido pelo nome Maglev- sigla inglesa para levitação magnética- ele já está voando há vários anos em pistas experimentais. Desde o final do ano passado, no entanto, tomou-se decisão de construir o novo sistema de transportes, a cargo do IPTF, Instituto de Pesquisas Técnicas Ferroviárias uma empresa privada. Na mesma época começou a ser construída a linha inaugural entre as cidades de Kofu e Yamanashi a cerca de 100 quilômetros de Tóquio. Nessa acidentada região 80% da via férrea, de 43 quilômetros estará sob túneis, o que exigirá o máximo da aerodinâmica do trem.

O motivo é que a imensa força do ar, comprimido pela aproximação do Maglev a 500 quilômetros por hora, poderia facilmente arrancá-lo dos trilhos. Daí sua geometria afiada, quase como uma agulha -um corte transversal em sua fuselagem mostraria que ela ocupa apenas 12% da área do túnel, enquanto os trens convencionais ocupam pelo menos 22%. Resolvido por ora, esse problema fundamental deverá ocupar os projetistas que procuram ampliar os horizontes das novas ferrovias. Sem a resistência do ar, prevê-se que a velocidade dos trens voadores romperá a barreira dos 1 000 quilômetros horários: Especulações sobre como viabilizar tais sonhos povoam a mente de vários cientistas e engenheiros.

Imagina-se, por exemplo, um tubo estanque de metal, quase destituído de ar, dentro do qual as composições magnéticas" deslanchariam desimpedidas. O especialista alemão Gerard O´Neill calculou como seria uma viagem em tal via expressa, num trajeto equivalente à rota São Paulo-Rio de Janeiro: ela levaria apenas 10 minutos, a uma velocidade média de 3 000 quilômetros por hora, e gastaria menos energia do que se pode obter com 1 litro de gasolina. Não se trata, é certo, de um estudo para valer, mas apenas de um exercício preliminar. Serve, no entanto, para mostrar as possibilidades das novas idéias. O fato é que mesmo no estágio atual, de 500 quilômetros horários, o impacto do Maglev será formidável.

A tendência atual em favor do transporte ferroviário já é bem clara-nos últimos meses, a Inglaterra, a Espanha e os Estados Unidos decidiram equipar algumas linhas de meia distancia com o trem francês TGV. Embora não seja magnético o TGV move-se entre 270 e 310 quilômetros horários, o que o torna um respeitável concorrente dos aviões. No caso da máquina japonesa, as vantagens são ainda maiores. Os técnicos do IPTF fizeram a comparação crucial do consumo de energia para a rota Tóquio-Osaka, de aproximadamente 500 quilômetros, e concluíram que o Maglev será duas vezes mais econômico que o avião. Além disso, a viagem terá a mesma duração, pois, apesar de o vôo ser feito a 900 quilômetros horários, é preciso computar o tempo gasto para embarcar, bem maior no caso do avião.

Apenas em trajetos muito longos, as linhas aéreas são hoje consideravelmente mais rápidas. Os técnicos também chamam a atenção para uma série de outras vantagens do Maglev, como a segurança, o conforto e os reduzidos danos ao meio ambiente. Afinal, ele voa, mas apenas a 10 centímetros do solo, e é puxado por um motor eletromagnético tão silencioso e inofensivo quanto um ímã atraindo um pedaço de metal. "Não há dúvida de que a decisão de construi-lo é um fato marcante no campo da tecnologia", saúda o físico brasileiro Roberto Nicolsky, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde é líder do grupo de pesquisas de supercondutores.

O seu ramo não é propriamente o dos meios de transporte, mas sim a aplicação à eletrônica. E os materiais que estuda são muito mais refinados que as ligas empregadas nas bobinas do Maglev, feitas de nióbio-titânio. Mas Nicolsky acredita que a tecnologia avançará por uma estrada de duas pistas, empregando supercondutores mais e menos refinados. A característica crucial das ligas de nióbio-titânio é que só se tornam supercondutoras quando mergulhadas em hélio líquido, a menos 262 graus C, cerca de 11 graus acima do zero absoluto (ou 11 kelvins, como preferem os físicos).

Isso constitui problema porque o hélio é raro e extremamente volátil- difícil de manter nos mais bem vedados vasilhames. Assim, ele restringe o uso dos supercondutores, até hoje, a alguns instrumentos científicos e aparelhos médicos, como os tomógrafos. O trem japonês é o primeiro sinal de que essas fronteiras podem se ampliar em grande escala. A partir de 1986, porém, surgiram materiais, antes inconcebíveis, que passam a conduzir eletricidade sem perda de energia a apenas 148 graus negativos (ou 125 kelvins, valor que se obtém subtraindo 148 de 273). Parece ainda muito frio, mas temperaturas dessa ordem podem ser obtidas sem ajuda da hélio: basta usar o nitrogênio liqüefeito, elemento mais comum e menos volátil que acaba custando mil vezes menos que o seu antecessor.

Esses novos supercondutores, descobertos pelos pesquisadores George Bednorz e Alex Müller, da IBM Suiça, eram curiosamente semelhantes às cerâmicas, que, em geral, não conduzem eletricidade. Hoje, numa definição mais rigorosa, eles são classificados como óxidos metálicos. O sonho dos pesquisadores, nos últimos cinco anos, tem sido encontrar supercondutores realmente "quentes", que mantenham suas propriedades à temperatura ambiente. Parece difícil chegar lá, embora, no principio, o termômetro tenha subido rapidamente de 30 kelvins até 125 kelvins, o recorde atual. Mesmo assim, em outros aspectos as pesquisas revelam novidades cada vez mais animadoras.

Um exemplo são as correntes elétrica que se podem impor aos supercondutores, cujo valor foi multiplicado diversas vezes, nos últimos anos. Agora, alcançam 100 000 ampères em cada centímetro quadrado de um supercondutor-densidade equivalente ou superior àquelas encontradas nos aparelhos elétricos comuns. Esse progresso deve-se às mudanças na composição dos óxido metálicos. Desde o principio, eles se caracterizaram por conter átomos de cobre e oxigênio em sua estrutura molecular. Mas, nas primeiras substâncias descobertas a estrutura era completada pelos elementos Trio e bário, enquanto as vedetes atuais apresentam os elementos bismuto, estrôncio e cálcio.

Surgiram novidades também na construção de equipamentos reais com os supercondutores, em vez de meras amostras de laboratório. São, certamente, máquinas modestas, como, por exemplo, um acumulador de energia elétrica inventado pelo físico Masato Murakami, do Centro Internacional de Pesquisa em Tecnologia de Supercondutores, Tóquio. Trata-se de um disco metálico equipado com imãs comuns e instalado junto de uma bobina. Esse arranjo é muito parecido com um convencional motor elétrico porque, quando a bobina é ligada à tomada, o disco gira à razão de 3 600 rotações por minuto. Mas não se trata de um motor: a função do disco é transformar energia elétrica em energia mecânica de rotação e assim conservá-la para uso posterior.

É claro que isso não funcionaria se o disco estivesse preso a um eixo, pois o atrito logo dispersaria a energia em forma de calor. No esquema de Murakami, porém, os imãs fazem o disco flutuar sobre uma placa supercondutora, resfriada a 77 kelvins. Assim, depois de uma carga inicial de eletricidade, afasta-se a bobina e o disco conserva a rotação por um tempo teoricamente indefinido. Para retirar energia, basta reaproximar a bobina desligada: o movimento dos imãs cria corrente em seus fios, e ela se torna um gerador de eletricidade. Não se trata de mágica: a energia que se obtém ao final é apenas aquela que havia sido introduzida, num primeiro momento. Na prática, mesmo nos supercondutores existe alguma perda, mas em períodos não muito longos ela é desprezível.

Em vista disso, equipamentos como esse seriam muito úteis nas hidrelétricas, que trabalham a maior parte do tempo com excesso de produção; a eletricidade acumulada nessa fase poderia ser distribuída nos horários de pico do consumo. O modelo de Murakami é ainda um protótipo, mas o próximo passo, diz ele, é construir um acumulador de 500 quilos e 3 metros de diâmetro. "Assim se poderiam armazenar 10000 quilowats-hora de energia." Inventos parecidos pipocam em todos os laboratórios do mundo desenvolvido. Há alguns meses, no entanto, surgiu uma nova substância que suplantou em brilho tudo o que se fazia no mundo dos supercondutores. Trata-se da bola de carbono, cuja molécula tem o curioso formato de uma cúpula geodésica- por isso, em homenagem ao inventor dessas cúpulas, Buckminster Fuller, ganhou o apelido de buckminsterfulereno ou apenas buckybola

Os 60 átomos de carbono se ajustam tão bem a essa estrutura que ela age como um átomo gigante, compara o químico Richard Smalley. da Universidade Rice, em Houston, Estados Unidos. Entre suas propriedades mais marcantes está uma grande resistência à compressão: mesmo depois de esmagada a quase um décimo do volume original recompõe-se por completo. Também pode ser ampliada, o que talvez melhore sua estrutura-os alemães Dirk Bakowies e Walter Thiel, da Universidade de Wuppertal, conseguiram moldar geodésicas de até 540 átomos de carbono. Ainda modesta como supercondutora, pois adquire essa propriedade a 45 kelvins, bem abaixo de outras substâncias, a buckybola parece guardar um importante trunfo na manga: composta de moléculas esféricas, conduz eletricidade igualmente bem em qualquer direção. Nos óxidos metálicos, em vez disso, a eletricidade caminha numa certa direção, preferencialmente, e ignora as outras.

Por isso, é difícil moldá-los na forma exigida pelas aplicações práticas, como fios, placas e outras. Algumas medidas preliminares indicam que a buckybola pode superar seus similares em termos de corrente. "Ela é tão boa ou melhor que os outros supercondutores", aposta o físico americano Karoly Holczer, da Universidade da Califórnia. Tudo isso parece muito distante do trem japonês. Dentro de uns poucos anos, porém, ele poderá muito bem estar funcionando com bobinas construídas a partir de buckybolas. Pelo menos essa é a estratégia que os japoneses-e também os europeus-deixam entrever em suas atitudes. De um lado, procuram dominar a tecnologia básica dos supercondutores de alta temperatura.

Mas. ao mesmo tempo, empenham-se em criar produtos acabados, o que só se pode fazer com matéria-prima mais convencional, as ligas de nióbio-titânio. Assim, quando a nova tecnologia sair do casulo, será fácil transplantá-la para esses produtos. É verdade que os Estados Unidos perseguem uma trilha diferente -uma agressiva estratégia de pesquisa que permitiria dominar. dentro de cinco anos, e de uma vez só, a tecnologia básica e suas possíveis aplicações. Naturalmente. é impossível saber quem está com a razão. Mas uma coisa é certa: os supercondutores voltaram à crista da onda para ficar. E há pouca dúvida de que, no prazo estipulado pelos especialistas americanos, inúmeras mudanças, para melhor, sacudirão a economia dos países e a vida das pessoas.

Surfe em ondas eletromagnéticas

O Maglev se move, por incrível que pareça, de acordo com o mesmo principio que permite a um surfista se deslocar sobre as ondas do mar. Mas a onda que impulsiona o trem é muito diferente das ondas do mar. A seguir, o físico Roberto Nicolsky da Universidade Federal do Rio de Janeiro, explica em detalhe como funciona essa nova e promissora tecnologia.

"A propulsão magnética é obtida por uma interação entre dois tipos de bobinas. O primeiro tipo é o das bobinas supercondutoras instaladas no próprio trem e resfriadas em hélio líquido, a 4,2 kelvins. O segundo tipo é composto por uma camada de bobinas comuns, fixadas ao longo das calhas laterais da via férrea. Estas últimas, quando energizadas por corrente elétrica, tornam-se capazes de exercer força sobre ímãs ou outras bobinas. O campo magnético responsável pela força de cada bobina é de 5 teslas, mais de 100 000 vezes mais intenso que o campo da Terra. Uma bobina de propulsão situada à frente do trem atrai sua primeira bobina supercondutora e põe os carros em movimento (figura 1).

É importante notar que a segunda bobina de propulsão repele a primeira bobina do trem: mas como está um pouco atrás desta última, reforça o movimento à frente. Isso acontece porque a corrente gira num sentido na primeira bobina, e em sentido oposto na segunda. Em outras palavras, elas têm polaridade oposta e criam forças em sentidos opostos. Tanto na via férrea como no trem, cada bobina tem polaridade invertida com relação às suas vizinhas imediatas. Pode-se pensar que haveria problema quando o trem avançasse um pouco: nesse caso, sua primeira bobina ficaria atrás de uma bobina que a repele e à frente de uma bobina que a atrai. O trem tenderia a mover-se para trás.

Isso só não acontece porque a polaridade das bobinas é invertida de forma regular, alterando continuamente o sentido das forças. As inversões constituem uma onda propagando-se ao longo da via, e quando são muito freqüentes, aceleram o trem; para freá-lo, basta reduzir a freqüência das inversões. De modo bem diverso funciona o sistema de levitação e guia do trem, pois então as bobinas supercondutoras interagem com outras bobinas. Situam-se na parte externa da calha, enquanto as bobinas de propulsão ficam na parte interna (figura 2). Além disso, não têm energia própria: são as bobinas supercondutoras que, ao se moverem junto com o trem, induzem corrente nelas. Trata-se da mesma lei física que rege o funcionamento de um gerador de Itaipu ou de um alternador de carro.

Essas bobinas "inertes" têm a forma de um oito e a parte superior do oito tem polaridade oposta à da parte inferior. O trem, inicialmente, se move sobre rodas e sua bobina supercondutora fica bem à altura mediana do oito. Nesse caso, não há indução de corrente, nem força de re-ou atração Mas pulsão ou atração. Mas quando o trem atinge os 100 quilômetros horários e recolhe as rodas, ele tende a aproximar-se do solo. Esse movimento com relação ao oito é que induz corrente na bobina de levitação. Como a corrente sempre é criada de forma a cancelar o efeito que lhe deu origem, ela gera forças que reconduzem o trem à sua posição original. Um sistema similar mantém a composição no centro da calha em que se move (figura 3). Se o veículo tende a um dos dois lados da calha, as forças magnéticas criadas pela indução se opõem ao desvio e restauram o alinhamento."





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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O Futuro enfrenta o Presente - Ecologia


O FUTURO ENFRENTA O PRESENTE - Ecologia



Congresso em Paris declara as florestas "patrimônio do futuro". Mas os proprietários querem resolver, cortando suas árvores, problemas do presente.



Se os trabalhos de preparação da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a ser realizada no Rio de Janeiro no próximo ano, fossem administrados com os mesmos critérios do Campeonato de Fórmula 1, quem sabe se poderia atribuir ao seu secretário, o canadense Maurice Strong, a condição de recordista em horas-conferência. Pois desde que foi decidida a realização da Conferência do Rio, Strong passa a vida em encontros, seminários, congressos - como se estivesse pessoalmente encarregado de mobilizar a consciência mundial para a urgência dos problemas ambientais.
O estóico canadense parece dispor de doses inesgotáveis de paciência, pois sempre emerge desses encontros exibindo saudáveis sinais de otimismo. No final de setembro passado, por exemplo, ele sobreviveu a mais duas semanas de debates no Décimo Congresso Florestal Mundial, realizado em Paris, e, de posse de uma cópia da caudalosa declaração ali produzida, pontificou: "Entre os temas tratados nos trabalhos preparatórios ao encontro mundial, nenhum é mais importante que o da floresta".
À primeira vista, parece um exagero, pois todos os problemas que compõem o negro quadro da questão ambiental são igualmente graves. Mas a frase seguinte de Strong explica e justifica a precedência: "Não há outro assunto, no que se refere ao meio ambiente e ao desenvolvimento, em que seja tão fundamental conseguir um consenso em relação às decisões a serem tomadas". E esse consenso parece difícil de se conseguir, pois a essa altura a questão florestal já está enredada num cipoal de suspeitas e mal entendidos, difícil de desembaraçar. De um lado, os países ricos, ansiosos por preservar as florestas que restam no mundo, desde que isso possa ser feito sem sacrifícios para as suas reservas monetárias; de outro, países pobres como o Brasil, donos das grandes florestas ainda existentes, preocupados em não ter sua soberania atropelada por decisões supranacionais.
Para quem olha a questão do ponto de vista desses países, o simples enunciado do tema do congresso de Paris pode parecer preocupante: "A floresta, patrimônio do futuro". Mas o secretário do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e de Recursos Naturais Renováveis, IBAMA, Antônio do Prado, um dos brasileiros naquele encontro, parecia tranqüilo. "As recomendações aprovadas propõem um melhor aproveitamento da floresta e do ecossistema florestal em sua integridade", declarou ele a SUPERINTERESSANTE, ao final da última sessão. A frase, sem dúvida, carece de significado, mas a simples presença de uma delegação brasileira nessa conferência já representa alguma coisa: o governo, apesar da selvageria e da insensatez que tem marcado o debate interno da questão florestal, não parece inclinado a se manter à margem do trato internacional que ela está recebendo.
Esse trato está apoiado em números reveladores, cruamente exibidos em Paris: a cada ano, desaparecem na África 9,7 milhões de hectares de florestas; 7,3 milhões na América Latina; e 4,7 milhões na Ásia. Indonésia, Filipinas e Tailândia são os países onde mais se destroem florestas; em Bangladesh, ao contrário, já não se destrói mais nada, pela simples e boa razão de que ali não há mais floresta alguma para ser destruída. Há locais, em todo caso, onde essa tendência está sendo revertida. Os europeus, por exemplo, que devastaram quase todo o seu continente para construir uma civilização brilhante e poderosa, estão conseguindo índices de reflorestamento que chegam aos 3% anuais-modestos, sem dúvida, mas de qualquer forma significativos.
Em toda parte, destroem-se florestas para obter mais terras para a agricultura, e a curto prazo não pode ser de outra forma, dado que as populações dos países pobres crescem sem parar. Enquanto isso, países ricos, como os da Europa e os Estados Unidos, desenvolvem um rendoso comércio internacional de produtos florestais, que lhes rendeu 70 bilhões de dólares em 1989. Já os proprietários das grandes florestas, menos equipados para explorálas de forma eficiente, contentaram se com modestos 12 bilhões. A Declaração de Paris, muito adequadamente, lança um apelo para que os países de maior capacidade técnica e financeira, ajudem os países em desenvolvimento a explorar suas florestas de maneira racional e produtiva, sem necessariamente destruílas.
Até já existe um programa já existe um Programa de Ação Florestal Tropical (PAFT), patrocinado pela FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, em português), Banco Mundial e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Países como o Peru e o Equador já prepararam planos e projetos, mas ainda aguardam a achega dos financiamentos indispensáveis; o Brasil, que não participa formalmente do PAFT, tem sido convidado para suas reuniões, por enquanto destinadas tão somente a definir o papel a ser desempenhado por um futuro grupo consultivo que trataria de acelerar o andamento dos planos e dos financiamentos. Reuniões, com afeito, não faltam. Os problemas do PAFT, por exemplo, estarão sendo discutidos outra vez em dezembro, na reunião da FAO. A Declaração de Paris, por sua vez, será submetida à quarta sessão do Comitê Preparatório da Conferência do Rio, a ser realizada em Washington em março próximo. O recorde do canadense Strong, com certeza. não estará ameaçado no futuro próximo, uma vez que Já se projetam outras conferências e congresso para tornar a debater o que ainda vai ser selecionado para os debates do Rio de Janeiro
Parece uma maneira estranha de cuidar de assuntos tão urgentes. Infelizmente, a política internacional costuma não ter pressa; mesmo pressionada pela evidência de que em breve poderá não haver mais floresta alguma para ser preservada, ela não resiste à necessidade de realizar mais debates, mais reuniões, mais congressos-dos quais resultam, quando nada, toneladas de declarações e documentos variados, eles próprios uma ameaça às árvores que nos restam, por exigirem enormes quantidades de papel.





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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O Brasileiro Condena o Brasileiro - Sociedade


O BRASILEIRO CONDENA O BRASILEIRO - Sociedade



Uma pesquisa exclusiva revela como é negativa a-auto-imagem da população: no julgamento dos brasileiros, a acusação leva a melhor.



Levado ao espelho, o brasileiro dá de cara com uma imagem perturbadora-a sua própria identidade em desordem. Certamente por força da crise que há longo tempo o invade por todos os lados, ele vê desmancharem-se diante de si conhecidas e reconfortantes fantasias. A realidade atropela as ilusões nacionais, a começar pela matriz de todas elas: a de que Deus é brasileiro. Como um saltimbanco entre um trapézio e outro, o brasileiro parece ter perdido a confiança na mitologia de suas gostosas qualidades, mas ainda não conseguiu se agarrar a uma cadeia de novas crenças, capazes de protegê-lo do abismo.
Apesar da vista embaralhada, o brasileiro lança um duro olhar sobre seus semelhantes: um meneio de reprovação percorre boa parte dos resultados de uma exclusiva pesquisa de opinião destinada a descobrir como os brasileiros se percebem atualmente. Concebido por NOS e realizado em agosto último pela empresa paulista Feedback, o inquérito abrangeu 1 200 residentes de seis grandes capitais-São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e Belém-, homens e mulheres, de 15 a 65 anos, de todos os níveis de renda e instrução.
Nesse tribunal em que juiz, promotor, réu e advogado são por definição a mesma pessoa, as condenações predominam. Ao relacionar logo de saída as características essenciais da população, metade dos entrevistados apontou apenas defeitos. As críticas mais freqüentes falam em acomodação, preguiça, apatia política. Políticos, empresários, mulheres, homens, jovens - a todos se atribui alguma culpa no cartório. Figuras públicas merecedoras de admiração praticamente inexistem: o país está sem heróis. Percebe-se, de todo modo, diferenças marcantes de julgamento conforme a renda e a região dos entrevistados.
Os mais pobres são quase sempre menos severos. Eles louvam o que consideram ser o esforço, o espírito de solidariedade e o temperamento bem-humorado dos concidadãos. Paulistas, gaúchos e mineiros estão em alta. Cariocas e baianos, em baixa. A vontade de ir embora é uma comichão mais viva do que talvez se pudesse supor. E um resultado em particular vai fundo na crise da auto-estima: a não ser para uma minoria, a afinidade com os estrangeiros radicados no país não aumenta uma vírgula pelo fato de serem eles eventualmente parecidos com os brasileiros.
Um dado assombroso: um em cada dois entrevistados não acha nada de bom nos brasileiros. Outros 11% também embora apontem atenuantes para o que criticam no povo -"injustiçado, sofredor, massacrado pelos baixos salários manobrado pelo governo". De seu lado, 17% misturam a críticas e elogios e 2,2% enfim manifestam opiniões exclusivamente positivas. Quanto mais jovens os entrevistados, mais freqüentes também as avaliações negativas. Os mais tolerantes são, disparado, os entrevistados de renda até dois salários mínimos. A tendência a juntar reprovações e aplausos aparece sobretudo entre os portadores de diploma universitário e no grupo de renda mais alta (acima de vinte salários).
A principal acusação feita aos brasileiros é a de serem acomodados. Comentários do tipo "aceitam tudo passivamente", "não lutam pelos seus objetivos", "são sossegados demais", deram o tom das respostas, notadamente entre os entrevistados mais severos. Esses juízos vieram acompanhados de uma saraivada de críticas de mesma extração: o brasileiro "é preguiçoso", "quer tudo de mão beijada", "não gosta de trabalhar", "só pensa em se divertir". Outro importante traço brasileiro seria sua condição de "politicamente alienado", "inconsciente", "desinteressado do país". E ainda: "egoísta", "individualista ", "oportunista ", "falso", "mentiroso", "desonesto".
No partido minoritário dos que só enxergam méritos nos concidadãos, o principal elogio contempla a atitude diante do trabalho. O brasileiro seria o avesso do acomodado e do preguiçoso-"esforçado", "lutador", alguém que "trabalha muito e ganha pouco". Sintomaticamente, essa convicção segue pela contramão do nível de renda, chegando a ser três vezes mais freqüente na ponta pobre do que na ponta rica da amostra. Outro atributo consistiria na solidariedade, a antítese do egoísmo: principalmente os analfabetos e os mais velhos saudaram o espírito generoso do povo, "sempre pronto a ajudar". O temperamento bem humorado, a capacidade de festejar e divenir-se ("apesar de sofrido, o brasileiro é muito alegre") foram lembrados por um quinto daqueles entrevistados, a começar dos cariocas.
Para descobrir a primeira coisa que vem à cabeça quando o assunto é o interesse básico dos brasileiros, pediu-se às pessoas uma resposta de bate-pronto, sem nenhuma elaboração. "O brasileiro se liga mesmo em...", atiçava o entrevistador. E, em mais de um quarto dos casos, a reação reflexa era "futebol", antecedendo uma extensa relação de "ligações", quase todas com o lado ameno da vida- diversão, festas, mulheres, samba, gandaia, carnaval, televisão. Apenas a sete em 100 entrevistados ocorreu dizer "dinheiro". E não mais de 4% do total imaginam que o brasileiro se liga mesmo em trabalho.
Se existisse um conjunto de características capazes de delimitar a personalidade básica dos brasileiros, quais seriam elas? Para conhecer o pensamento dos entrevistados, a pesquisa apresentou-lhes dezesseis pares de atributos opostos (exemplo: pacato/briguento), passíveis de ser associados a um hipotético modo brasileiro de ser. Os números indicam um claro consenso em relação a nove das dezesseis duplas apresentadas. Assim, segundo a maioria absoluta dos entrevistados, o brasileiro é um sonhador; apenas 9% acham que ele é o contrário disso, um espírito prático. O brasileiro também é impontual e tolerante. E ainda mão-aberta, trabalhador, otimista, sincero, religioso e egoísta. Em linhas gerais, tais resultados são coerentes com as respostas às perguntas iniciais da pesquisa. A exceção fica por conta da atitude do brasileiro diante do trabalho. Na avaliação espontânea, até entre os que só tinham elogios a fazer, menos de 10% disseram que o povo gosta de trabalhar. Aqui na avaliação estimulada, mais da metade preferiu cravar a alternativa "trabalhador" e só um quinto, "vagabundo". Na fatia de menor renda, as opiniões favoráveis alcançaram três quintos.
O conjunto das respostas revela um misto de julgamentos negativos e positivos, com algum predomínio destes últimos. Negativo, por exemplo, é chamar o brasileiro de sonhador, atrasado, egoísta. Já ao dizer que ele é tolerante, mão-aberta, trabalhador e sincero, a maioria pinta um retrato simpático de sua personagem. Em relação aos demais conceitos, as diferenças de opinião não chegam a caracterizar uma tendência em favor do aplauso ou da censura. Embora mais entrevistados tenham assinalado os adjetivos responsável, obediente, pacato, honesto, libertino, democrata-em vez de, respectivamente, irresponsável, rebelde, briguento, desonesto, puritano e autoritário -, a vantagem é sempre inferior a dez pontos percentuais. Em um caso, houve empate: 35% votaram na alternativa "bem-educado"; outros tantos, no seu avesso, "grosso".
Em busca da sintonia fina das opiniões acerca da brasilidade, pediu-se que os entrevistados apontassem a maior qualidade e o maior defeito dos patrícios. As respostas conferem com os resultados da pergunta inicial da pesquisa. O atributo "bom coração", por exemplo, reaparece encabeçando coluna das alegadas qualidades nacionais. A generosidade, o amor ao próximo e o calor humano representariam o que o brasileiro tem de melhor Novamente o fator educação parece interferir: os elogios são maiores quanto maior a instrução do entrevistado, alcançando entre os analfabetos e os de primário incompleto o dobro de citações do que entre os universitários formados. Não mais de 13% dos entrevistados declararam que a grande virtude do brasileiro é o apego ao trabalho. Provável reflexo das realidades regionais e sociais, os paulistas que pensam assim são proporcionalmente três vezes mais numerosos do que os baianos. O pacifismo, o otimismo, a hospitalidade e a disposição de "aceitar as coisas" completam o elenco das características mais citadas como a fina flor do estilo brasileiro.
Quem já não ouviu dizer (ou já não disse) que o brasileiro quer levar vantagem em tudo? Ou que o brasileiro é cordial, não guarda rancor? Para saber até que ponto as pessoas acreditam nessas generalizações, ofereceu-se aos entrevistados uma relação de dezoito frases, referentes, umas, ao brasileiro em geral, outras, a brasileiros em determinados papéis ou situações.
Na primeira categoria, verifica-se que nada supera a crença na alegria do povo. Sete em dez entrevistados, o mais alto índice, concordam totalmente com a afirmação "O brasileiro é bem-humorado, consegue rir de seus problemas". Os que mais sustentam essa crença são os mais pobres e os cariocas. Dois clássicos juízos negativos sobre a conduta das pessoas arrecadaram quase a mesma (alta) quantidade de adesões: "O brasileiro cuida mal da natureza", "O brasileiro espera que o governo faça tudo por ele".
Junto com a faixa mais pobre e menos instruída, os mineiros encabeçam a sólida maioria para quem é pura verdade outra ofuscante gema do imaginário nacional: "O brasileiro é vivo, em dificuldade sempre dá um jeitinho". O contingente que nas perguntas abertas havia fustigado a passividade brasileira voltou à cena ao ser confrontado com a afirmação "O brasileiro não luta pelos seus direitos", aprovada por maioria absoluta, mais instruídos. Coerentemente, os entrevistados repeliram a noção de que o brasileiro respeita o direito dos outros". Mas não se trata de questão líquida e certa: afinal, quatro em dez entrevistados afirmaram concordar em parte com a afirmativa. Ainda uma vez, o maior contingente de céticos, em proporção, habita os patamares mais elevados da renda e escolaridade.
E como anda a crença de que "o brasileiro quer sem pre levar vantagem em tudo"? Concordam totalmente com ela perto de três quintos da amostra. Duas afirmações muito aparentadas-"O brasileiro tem bom coração, não agüenta ver alguém sofrer" e "O brasileiro é cordial, não guarda rancor"- nenhuma por maioria absoluta. O velho clichê da cordialidade brasileira já não passa batido em São Paulo, Belém e Porto Alegre. Os mais crédulos, por sua vez, estão no ponto mais baixo da escada de renda/instrução.
De todas as afirmações para as quais se pediu o parecer dos entrevistados, nenhuma certamente tem tão forte carga emocional quanto a que acusa o brasileiro de racismo; o enunciado ofende a patriótica presunção de que o Brasil é uma democracia racial. Pois se é, muita gente ainda não percebeu, passados 103 anos do fim oficial da escravidão no pais. De fato, duas em cinco pessoas disseram concordar integralmente com a frase "o brasileiro é racista". Outras tantas concordaram em parte. E só um quinto do total discordou. A concordância plena aumenta entre as mulheres-neste caso, com uma diferença de onze pontos percentuais em relação aos homens, uma das maiores de toda a pesquisa. Diferença ainda mais acentuada se relaciona com a cor da pele: um em cada dois negros sustenta que o brasileiro é racista, contra apenas pouco mais de um terço dos brancos.
Chamados a julgar afirmações referentes a determinadas categorias de brasileiros, os entrevistados fulminaram em primeiro lugar os políticos. Três em quatro pessoas, com efeito, votaram a favor da declaração "O político brasileiro é pior do que o povo que o elegeu". Os principais inimigos dos políticos parecem ser os mais velhos e os mineiros, os mais pobres e os mais ricos. Haja inimigos. A imagem do empresariado é igualmente turva. Quase três quartos da amostra rejeitou o postulado de que "o empresário brasileiro se interessa pelos seus empregados". Uniram-se na condenação aos patrões tanto os entrevistados com renda mensal de até dois salários mínimos quanto os que ganham ao menos dez vezes isso. Já os pobres podem consolar-se. Apresentados à frase No Brasil só é pobre quem quer". que traduz a ficção segundo a qual os pobres são os responsáveis por sua pobreza, sete em cada dez entrevistados foram taxativos: não é verdade.
Na guerra dos sexos, sobram estilhaços para brasileiras e brasileiros. Sessenta e nove por cento dos homens, contra 53% das mulheres, endossam plenamente a suposição de que a mulher brasileira é muito influenciada pelas novelas de TV". Simetricamente, 61% das mulheres, contra 46% dos homens, aprovam a acusação de que "o homem brasileiro é machista, não trata a mulher como igual". E não se animem os homens pelo fato de metade da amostra apoiar a afirmação O brasileiro é um bom pai, sacrifica-se pelos filhos". O apoio tem gosto de elogio em boca própria, pois o entusiasmo do eleitorado feminino pelas virtudes paternas do brasileiro é consideravelmente menor.
Os moços tampouco escaparam da metralhadora giratória. Metade dos entrevistados disse sim à acusação de que "o jovem brasileiro não liga para o país, só pensa em consumir". E não deu outra: a concordância aumenta rigorosamente com a idade. Em contrapartida, as opiniões se dividem em relação à imagem caricata do velho sabichão. Como seria de esperar. a maioria dos mais idosos rejeitou a noção de que eles "pensam que sabem tudo, não vêem que o mundo mudou".
Tudo somado, quem é o brasileiro que o brasileiro mais admira? Os números dão o que pensar. Para 18% da amostra-e mais de 20% dos jovens-brasileiro nenhum, vivo ou morto, serve de exemplo ao país. Mais de um quinto dos entrevistados foram buscar seu brasileiro-modelo no circulo intimo de parentes e amigos. A admiração por esses anônimos cidadãos é explicada por serem eles esforçados, trabalhadores, honestos, solidários e generosos, nessa ordem. Mesmo quando o brasileiro exemplar é pescado do aquário de personalidades públicas, tamanha é a pulverização das escolhas que o campeão de votos não conquista mais de 5% das preferências nacionais. Seu nome: Tancredo Neves. Seus atributos: "patriota" e "idealista". Pela caridade, Irmã Dulce, a religiosa de Salvador. teve 4% do total-e oito vezes isso entre os baianos.
Quando querem falar mal dos habitantes de um Estado, os brasileiros costumam recorrer a uma coleção de estereótipos da mesma família daqueles que servem para rotular a população em geral. Um deles é o que despeja sobre os cariocas a acusação de serem "metidos a malandros". Pois seis em dez entrevistados na média geral subscreveram por completo esse depreciativo. Não se trata de uma conspiração anticarioca: mesmo no Rio de Janeiro, é a opinião da maioria. Um lugar-comum certamente mais insultuoso -"Os nortistas são violentos" - também mereceu aprovação do conjunto. Em Belém e Salvador, no entanto, as opiniões se dividiram.
Muitos gaúchos se abstiveram de julgar a suposta propensão dos nortistas à violência. Reciprocamente, uma ponderável parcela de entrevistados em Belém preferiu ficar no muro diante da afirmativa "Os gaúchos gostam de contar vantagem", aceita ao pé da letra por mais de um terço na própria Porto Alegre e pela metade dos paulistas. Em São Paulo, porém, apenas uma em cada quatro pessoas topou vestir a carapuça com a inscrição "Os paulistas são arrogantes". Infelizmente para eles, em todas as outras capitais a maioria se declarou convencida de que essa característica não é um mito, mas um fato.
Em dois casos, os entrevistados de uma capital foram os que mais se mostraram solidários com um xingatório dirigido indistintamente à população do respectivo Estado. Assim, além de um terço das pessoas ouvidas em Belo Horizonte depositaram seus votos na afirmação de que "os mineiros são pão-duros" -um índice superior ao de qualquer outra cidade. De duas, uma: ou os mineiros têm uma inclinação acima da média à autocrítica; ou simplesmente a avareza não é considerada motivo de vergonha pelo povo das Gerais.
Resultado bem mais grave veio de Salvador. Ali, quatro em dez pessoas apoiaram a injúria de que "os baianos são irresponsáveis", rejeitada na amostra como um todo. O tamanho do buraco onde jaz a auto-estima dos habitantes de Salvador pode ser medido por uma singela comparação: justamente em São Paulo, onde se diz existir forte preconceito contra os nordestinos em geral, o estereótipo da irresponsabilidade baiana foi recusado pela metade dos entrevistados; em Salvador, só por um em quatro.
O levantamento pediu aos entrevistados que identificassem a população do Estado à qual o Brasil inteiro deveria se assemelhar para ficar melhor (ou pior). As respostas indicam que ninguém como os gaúchos está tão satisfeito consigo mesmo. Praticamente sete em dez pessoas de Porto Alegre não hesitaram em declarar que o Brasil seria melhor se todos fossem iguais a eles- opinião compartilhada por não mais de um quinto na média das outras capitais.
Quem ganhou o título de brasileiro ideal, com folgada vantagem, foram os paulistas. Expurgados os seus próprios votos, o placar favorável a eles fica em 25% - ainda assim um desempenho inigualável. Afinal, dois quintos dos baianos e dos mineiros e mais de um terço dos cariocas admiram os paulistas sobre todos os brasileiros. Depois dos gaúchos e dos paulistas, os mineiros são os que mais parecem estar apaziguados com a sua condição: para quase a metade dos entrevistados em Belo Horizonte, o Brasil seria melhor se tivesse a cara de Minas.
Há muito tempo, quando o Rio de Janeiro era capital do país e cidade maravilhosa, e Copacabana a princesinha do mar, não seria de espantar se a maioria dos brasileiros desejasse que todos fossem iguais aos cariocas. Atualmente, só 4% pensam, assim (e só 17% dos próprios interessados). E mais fácil achar em Belém (ou mesmo em Salvador) quem gostaria que os brasileiros fossem como os paraenses (ou os baianos).
O Rio está com um problema e tanto: mais de um terço do conjunto de entrevistados e 15% dos próprios cariocas apostam que o país ficaria pior se todos os brasileiros fossem iguais aos cariocas. Esse resultado deixa com o Rio o indesejável primeiro lugar nessa perversa competição. Os vice-campeões de impopularidade são os baianos, em parte graças a eles mesmos: para uma em cada três pessoas de Salvador, nada pior que um Brasil com feições baianas. Os ganchos estão consagrados: não apenas a sua auto-rejeição é insignificante, como também é irrisória a parcela dos outros brasileiros que consideram que o pais pioraria se todos se assemelhassem aos rio-grandenses.
Se fosse possível, um em quatro brasileiros (e um em três mineiros) gostariam de nascer de novo-em outro país. E se nada impedisse, mais brasileiros (e mais cariocas) iriam viver no exterior. Regra geral, o desejo de partir (ou a fantasia de renascer em outras terras) acompanha sobretudo os mais jovens e os mais instruídos. A grande maioria que prefere ficar é liderada pelos mais pobres e pelos gaúchos. Os primeiros, já se viu, tendem a ser menos críticos em geral; estes, se sabe, estão em lua-de-mel consigo mesmos. Dois bons motivos para ficar em casa.
Como seria de supor, aqueles que gostariam de ir embora costumam ter opiniões mais duras sobre os brasileiros do que os que acham que seu lugar é aqui. De cada 100 entrevistados que só disseram coisas ruins, 58 fazem parte do primeiro grupo e 47 do segundo. Chama a atenção que somente 1% dos candidatos em potencial ao exterior tenha incluído a honestidade entre as virtudes dos concidadãos. Pior: nenhum deles acha que o brasileiro seja lutador.
Os Estados Unidos são o país preferido por 37% dos que sonham com um bilhete só de ida, e por dois terços na população mais pobre. Já a Itália é a pátria adotiva de um em cada quatro entrevistados na faixa de vinte salários para cima. Seguem-se Japão, Alemanha, França, Canadá e Portugal. Variações regionais existem: em Belém, três vezes mais entrevistados do que no resto do país gostariam de se mudar para o Japão; em Salvador, 14% optaram pela Alemanha. A idade influi também: a preferência das pessoas de 50 anos em diante por Portugal é o triplo da média.
Duas em cada cinco pessoas que acolheriam com festas um visto de permanência em língua estrangeira nos seus passaportes são movidas por uma ambição elementar: ganhar mais. Isso é especialmente verdade quando o país objeto do desejo são os Estados Unidos. Entre os brasileiros que gostariam de fazer a América, o fator remuneração foi invocado por quase dois terços dos entrevistados de menor renda. Uma certa noção do que seja qualidade de vida, traduzida em frases como "lá tem tudo que se precisa", é outro importante motivo para sonhos americanos. Outra razão ainda é a expectativa em relação às oportunidades de trabalho ("o campo ali é muito maior"). Esse otimismo aparece, por exemplo, em um quarto das respostas de Belo Horizonte-a capital do Estado que, por causa da fama de Governador Valadares, é tido como o grande exportador de brasileiros. Pode-se ler a relação dos principais motivos de emigrar como uma espécie de lista das insuficiências nacionais: ao falarem do que os leva a sonhar com o mundo lá fora, os entrevistados estão na realidade enumerando o que lhes falta cá dentro.
Escolhidos espontaneamente por quase um terço da amostra, os italianos são os estrangeiros radicados aqui com quem os brasileiros mais parecem simpatizar. Seu fã-clube se concentra em Porto Alegre e vai se adensando conforme a renda dos entrevistados. Apoiados por outros 22%, os japoneses alcançaram a medalha de prata na modalidade simpatia, notadamente graças ao voto dos paraenses e dos mais pobres. A opinião dos cariocas e dos mais velhos, por sua vez, ajudou os portugueses a conquistar o terceiro lugar. Os alemães são estimados sobretudo em Porto Alegre. Cinco em cada 100 brasileiros são decididamente xenófobos: não gostam de nenhuma colônia estrangeira.
O que faz um brasileiro gostar de alemães, portugueses e japoneses é principalmente sua (deles) dedicação ao trabalho. Tem lógica: esse atributo revelou-se um critério decisivo para os entrevistados criticarem ou elogiarem seus semelhantes. No caso da simpatia pelos italianos, o que conta, porém, é o temperamento, valorizado sobretudo pelos paulistas. Contabilizadas todas as razões de simpatia, seja qual for a nacionalidade a que se apliquem emerge de novo em primeiro lugar o apego ao trabalho. A alegria e o temperamento extrovertido são o segundo fator de atração, com quase o dobro dos votos concedidos ao espírito solidário e à boa educação. Só a 9% do total ocorreu falar em "povo parecido com o nosso" para elogiar alguma colônia estrangeira -derradeiro indício de que, para o brasileiro, o brasileiro não está mais com aquela bola toda.


Boxes da reportagem


Ser ou não ser brasileiro

A teoria nos ensina que devemos ser cidadãos. Na prática, verificamos que agir como cidadãos não é possível, nem desejável


Por Jurandir Freire Costa

Do ponto de vista psicológico, a formação da identidade nacional de uma pessoa segue as mesmas regras de formação de qualquer outra de suas possíveis identidades. Em poucas palavras. identidade é a imagem que cada um tem de si. Essa imagem é construída na relação com os outros, por meio do aprendizado e da interiorização de como se pode ou se deve desejar, sentir, pensar, falar ou agir em tais ou quais circunstâncias. Nossa identidade de adulto, por exemplo, exige que nos comportemos de maneira x em tais situações; nossa identidade profissional, de maneira y; nossa identidade religiosa de maneira z e assim por diante.
O aprendizado dessas regras é longo e se baseia em dois requesitos. O primeiro é a existência de uma tradição que transmita, de modo estável, os modelos de identidade que caracterizam dada cultura. Esta tradição diz quais são os padrões ideais de conduta que devemos desejar e aos quais devemos obedecer. Ou seja, a tradição é o patrimônio de valores que mostra como as coisas devem ser, premiando as condutas que se aproximam dos ideais e punindo aquelas que deles se afastam. O segundo requisito é a coerência do mundo de valores que forma a tradição.
Uma cultura, para sobreviver, não pode propor ideais de comportamento contraditórios entre si, nem ideais incompatíveis com a vida real das pessoas. Não pode, por exemplo, dizer a um adulto que ser bom pai é ao mesmo tempo amar e odiar os filhos, nem tampouco impor um modelo de realização da função paterna, inconciliável com as condições reais de exercício da paternidade. Nesta hipótese, desorientado psicologicamente, o indivíduo não mais saberia o que é ser bom pai ou não mais poderia ser bom pai, mesmo conhecendo as regras da paternidade ideal. Ou porque qualquer conduta poderia se enquadrar no modelo (primeiro caso); ou porque nenhuma conduta seria adequada (segundo caso).Na atual crise brasileira de valores e perspectivas, ocorre algo semelhante à desorientação mencionada no exemplo acima, no que diz respeito à identidade nacional.
Nossa tradição cultural, por diversas razões criou um ideal de cidadania política sem vínculos com a efetiva vida social dos brasileiros. Na teoria aprendemos que devemos ser cidadãos; na prática, que não é possível, nem desejável, comportarmo-nos como cidadãos. A face política do modelo de identidade nacional é permanentemente corroída pelo desrespeito aos nossos ideais de conduta.
Idealmente, ser brasileiro significa herdar a tradição democrática na qual somos todos iguais perante a lei e onde o direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade é uma propriedade inalienável de cada um de nós; na realidade, ser brasileiro significa viver em um sistema sócio-econômico injusto, onde a lei só existe para os pobres e para os inimigos e onde os direitos individuais são monopólio dos poucos que têm muito.
Preso nesse impasse, o brasileiro vem sendo coagido a reagir de duas maneiras. Na primeira, com apatia e desesperança. É o caso dos que continuam acreditando nos valores ideais da cultura e não querem converter-se ao cinismo das classes dominantes e de seus seguidores. Essas pessoas experimentam uma notável diminuição da auto-estima na identidade de cidadão, pois não aceitam conviver com o baixo padrão de moralidade vigente, mas tampouco sabem como agir honradamente sem se tornarem vitimas de abusos e humilhações de toda ordem. Deixam-se assim contagiar pela inércia ou sonham em renunciar à identidade nacional, abandonando o país. Na segunda maneira, a mais nociva, o indivíduo adere à ética da sobrevivência ou à lei do vale-tudo: pensa escapar à delinqüência, tornando-se delinqüente.
Nos dois casos, obviamente, perde se a confiança na idéia de justiça, legalidade e interesse comum. É o primeiro passo para o império do banditismo- o modo de convívio social em que a lei se confunde com o interesse de um individuo ou de um grupo e a força substitui o diálogo. No banditismo, as leis dão lugar ao mercado da violência, que tende à expansão ilimitada. Numa sociedade regida pela moral da delinqüência, a cada dia se inventam novas formas de transgressão e de desmoralização das leis e novas formas de submissão dos mais fracos aos mais fortes.
Em suma, enquanto o regime da justiça e da legalidade tem como ideal a distribuição eqüitativa do poder, dos direitos e deveres, o regime da delinqüência busca simplesmente subjugar os indivíduos aos donos do poder. Foi assim nas experiências políticas ditatoriais que conhecemos; vem sendo assim na experiência de governos pusilânimes e na prática irresponsável das elites brasileiras, que entregaram o poder, em nossa sociedade, às gangues de colarinho branco ou de pés descalços. Reagir de modo conseqüente a esse estado de coisas significa portanto começar por reconhecer que somos aquilo que nos ensinam a ser ou aquilo que acreditamos e desejamos ser, quando agimos socialmente.
A imagem que temos de nossa identidade nacional é uma espécie de profecia que se auto-realiza. Quanto mais desmoralizamos nossa identidade, mais nos convencemos de que somos cidadãos inviáveis e mais contribuímos para convencer os outros de que nada podemos fazer para mudar o status quo. E isso que o banditismo deseja. No momento, talvez pareça mais fácil descrer e desistir do que lutar por nossos direitos. No entanto, se refletirmos um pouco melhor, veremos que o impossível é apenas o inimaginável. A médio ou curto prazo, quem sabe, com um pouco mais de esforço e tenacidade, poderemos respirar aliviados e dizer: Barbárie, nunca mais. Afinal, como disse a pensadora alemã Hanna Arendt, "os homens, embora devam morrer, não nascem para morrer, mas para começar".


Jurandir Freire Costa é psicanalista, professor do Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro" (UERJ), autor de "Narcisismo em Tempos Sombrios em Tempo e Desejo (Editora Brasiliense, São Paulo. 1989) e Psicanálise e Contexto Cultural (Editora Campus, Rio, 1989)



Identidade
Cédula de identidade
Respostas mais freqüentes à pergunta "Como é o brasileiro? O que melhor define o seu jeito de ser? (em %)

É acomodado ..... 25
É preguiçoso ..... 16
É alienado
politicamente ..... 13
É trabalhador ..... 11
É alegre ..... 9
É ignorante ..... 8
É injustiçado ..... 8
É solidário ..... 8


Ou isso, ou aquilo
Concordância com afirmações sobre o comportamento do brasileiro (em %)

O brasileiro é
sonhador ..... 85
prático ..... 9

O brasileiro é
atrasado ..... 68
pontual ..... 18

O brasileiro é
tolerante ..... 61
repressivo ..... 22

O brasileiro é
mão aberta ..... 55
pão-duro ....... 19

O brasileiro é
trabalhador ..... 54
vagabundo ..... 21

O brasileiro é
otimista ...... 55
pessimista ...... 27

O brasileiro é
sincero ...... 47
fingido ...... 26

O brasileiro é
religioso ...... 47
não praticante ..... 30

O brasileiro é
egoista ..... 47
desprendido .... 34


Bom, risonho, trabalhador
Respostas mais freqüentes à pergunta " Qual a maior qualidade do brasileiro?"

Generosidade ..... 16
Alegria ...... 14
Capacidade de
trabalho .....13
Tranqüilidade .... 9
Otimismo ..... 8
Hospitalidade ..... 8



Estereótipos sob medida
Concordância com generalizações sobre determinadas categorias de brasileiros ( em % de respostas " concordo totalmente")

O político brasileiro
é pior do que o
povo que o elegeu ..... 74

A mulher brasileira
é muito influenciada
pelas novelas .... 61

O homem brasileiro
é machista ..... 54

O jovem brasileiro
só pensa em
consumir ....... 51

O idoso brasileiro
pensa que sabe tudo ...... 36

O pobre brasileiro
é pobre porque quer ..... 14

O empresário brasileiro
se interessa por seus empregados ..... 6


estrangeiros

Opções de vida
Resposta às perguntas " Se você pudesse, nasceria de novo no Brasil?" , e " Se pudesse escolher, continuaria vivendo no Brasil?" (em %)

Nasceria no
Brasil ..... 74

Nasceria em
outro país ..... 26

Continuaria
no Brasil ..... 71

Mudaria para
outro país ..... 39





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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Procura-se um buraco de 200 quilometros


PROCURA-SE UM BURACO DE 200 QUILÔMETROS - Geologia



A cratera que se supõe ter liquidado os dinossauros, há 65 milhões de anos, pode estar parcialmente enterrada sob o solo e sob o mar, na América Central.



Em 1978, uma equipe de engenheiros da companhia estatal de petróleo do México, Pemex, deu início a uma extensa pesquisa aérea ao largo da costa norte da província mexicana de Yucatán. Sua estratégia consistia em medir o fraco magnetismo do planeta-a mesma força que faz girar a agulha das bússolas. Eventuais anomalias no valor dessa força costumam indicar a presença de espessas rochas sedimentares, material depositado à superfície em outras eras e endurecido ao longo do tempo, geralmente com grandes incrustações de petróleo. A despeito de seu objetivo econômico, a expedição acabou topando com algo realmente extraordinário, do ponto de vista científico. A descoberta coube ao geofísico americano Glen Penfield, um dos membros da equipe."Assim que vi os primeiro mapas geomagnéticos, percebi duas anomalias curiosamente simétricas, dispostas a leste e a oeste da rota de vôo. A cada dia, os distúrbios apareciam mais distantes entre si, de um lado e do outro do avião. Quando chegamos à costa, já se encontravam a nada menos de 120 quilômetros uma da outra." Depois de alguns meses de trabalho, o quebra cabeça pôde ser decifrado. Estava claro que as anomalias desenhavam um gigantesco anel no solo, exatamente como se o avião voasse sobre uma cratera. A anomalia começou a ser percebida quando o aparelho cruzou sua extensa parede circular-daí a simetria dos sinais, que alcançariam o máximo afastamento entre si, na vizinhança do centro da cratera.
Mas essas paredes não podiam estar à superfície, pois o mapeamento estava sendo feito no mar. Também não se encontrava no leito marinho, como se pôde verificar sem dificuldade. O que se supõe agora é que a cratera esteja enterrada, porque sobre ela se acumularam sedimentos-lama carreada pela chuva ou poeira transportada pelo vento-durante milhões de anos. Penfield não pôde investigar o mistério de maneira conclusiva, mas imaginou que estava vendo uma das muitas crateras gigantes que, no passado, meteoritos e asteróides devem ter aberto na superfície da Terra, conforme se vê gravado na superfície da Lua, por exemplo.De fato, o cientista da Pemex pode ter encontrado os restos do asteróide que, supostamente, levou à extinção os dinossauros e inúmeras outras formas de vida, no final do período geológico designado Cretáceo. A cena é convincente: um asteróide, ou o núcleo de um cometa, medindo cerca de 8 quilômetros de diâmetro, penetrou na atmosfera com velocidade superior a 250 000 quilômetros por hora e enterrou-se nas rochas da superfície. O impacto, com a força de muitas bombas nucleares atirou toneladas de rochas derretidas e pulverizadas ao ar; as partículas mais finas desse material permaneceram em suspensão na atmosfera durante meses, acabando por enterrar todo o planeta sob um manto de escuridão.Em vista disso, cortou- se a principal fonte de energia da vida-o Sol. Plantas e animais morreram em massa, a ponto de algumas espécies desaparecerem, como foi o destino dos dinossauros. Os primeiros cientistas a pensar nessa possibilidade foram os americanos Luis e Walter Alvarez, pai e filho, ambos, então, na Universidade da Califórnia. Como sinal de que sua teoria estava correta, eles apontaram minúsculas esferas de irídio depositadas nas rochas em uma centena de pontos do planeta. Esse elemento é milhares de vezes mais abundante nos meteoritos do que na Terra, e é possível que os pontos onde se acumula tenham sido alvo de bombardeio cósmico no passado. Além disso, a forma das esferas é típica de material submetido a violenta compressão por impacto.O problema é que nem todas as supostas crateras têm a idade correta- 65 milhões de anos, época em que se nota o desaparecimento dos fósseis de dinossauros. Por outro lado, de acordo com o geólogo Robert Dietz, da Universidade do Arizona, não se encontraram ainda nem 10% das crateras que devem existir na Terra com mais de 10 quilômetros de diâmetro e idade inferior a 100 milhões de anos. Essa conclusão vem da contagem de crateras em outros corpos celestes, onde não há erosão, chuvas ou terremotos para esconder as marcas da violência cósmica no passado. Assim, a suspeita estrutura subterrânea encontrada por Penfield é a primeira que preenche todos os requisitos necessários para comprovar a hipótese dos Alvarez.Na revista americana Astronomy de julho deste ano, Dietz analisa em detalhes o que se sabe sobre o achado. A cratera, que tem mais de 170 quilômetros de diâmetro e 9 de profundidade, está enterrada 1000 metros sob o solo. Seu centro fica nas proximidades de um vilarejo, não muito distante da costa, de nome Chicxulub, palavra maia que, segundo Dietz, significa "rabo do diabo". Metade da cratera está sob o mar, e a outra metade, sob a terra, uma planície baixa, semelhante ao cerrado e coberta de curiosos poços naturais, os cenotes, como são chamados no local. Trata-se de fraturas que acumulam água da chuva e, em conjunto com outras marcas geológicas, concentram-se, significativamente, sobre a área que, por meios magnéticos, havia sido identificada com as paredes da cratera.Geólogos que estudaram a região acreditam que os cenotes podem ser explicados pela maneira como a cratera acabou sendo soterrada. A explicação é que, logo após o impacto, o rombo do asteróide teria a forma de um prato escavado no chão. Mais tarde, os sedimentos cobriram toda a superfície, transformando-se em rochas, mas restou um ponto frágil: a cobertura acima da boca do prato, que acabou cedendo, com o tempo. Isso fez com que as rochas se fraturassem exatamente no ponto de apoio disponível, a parede da cratera. Daí porque as rachaduras e cenotes da região se distribuiriam em semicírculo sobre a planície. Não há dúvida, portanto, de que as descobertas nas cercanias de Chicxulub são um candidato de peso ao título de alvo do asteróide letal."Elas estão no local certo, têm o tamanho certo, a estrutura certa e a idade certa para ser a cratera procurada", pondera Dietz. "Dificilmente a ciência pode chegar mais próximo da certeza", emenda William Boyton, planetologista da Universidade do Arizona e assistente de Alan Hildebrand, o cientista que checou e confirmou com rigor detalhes do relato original de Penfield. Nem todos têm a mesma confiança. Mesmo porque, impactos cósmicos à parte, a extinção dos dinossauros pode ter tido outras causas, ainda desconhecidas. Seja como for, parece cada vez mais próximo do fim um quebra-cabeça que atormenta os cientistas há uma década.





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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Fazendo amigos para o Ozônio - Ambiente


FAZENDO AMIGOS PARA O OZÔNIO - Ambiente



Numa corrida contra o relógio, a indústria trata de criar alternativas aos CFCs, responsáveis pelo rombo na camada do gás que protege a Terra dos raios ultravioleta do Sol.



A história dos CFCs, a sigla que tornou conhecidos no mundo leigo os clorofluorcarbonos, os gases devoradores de ozônio na alta atmosfera, pode ter, quem diria, um final feliz. Usados em refrigeração, equipamentos de ar condicionado, aerossóis, na fabricação de espumas plásticas para embalagens, na limpeza de circuitos eletrônicos e até para fazer neve artificial em estações de esqui, os CFCs eram tidos como uma daquelas maravilhas tecnológicas de. mil e uma utilidades e virtualmente nenhuma contra-indicação. Sem cor nem cheiro, não reativos nem tóxicos, não inflamáveis e ainda por cima de baixo custo, os CFCs ajudaram a popularizar os refrigeradores domésticos, nos quais circulam dentro das serpentinas que envolvem o congelador.Bom demais para ser verdade: há dezessete anos pesquisadores da Universidade da Califórnia verificaram pela primeira vez em laboratório que esses compostos químicos inventados no final da década de 20-formados, como o nome indica, por cloro, flúor e carbono-têm a nefasta propriedade de corroer a camada de ozônio que se concentra cerca de 30 000 metros acima da superfície terrestre. Poluente na troposfera, isto é, do rés-do-chão até 15 000 metros, inimigo das plantas e um dos responsáveis pelo efeito estufa, na estratosfera o ozônio funciona como um colossal filtro que defende o planeta dos raios ultravioleta do Sol, capazes de provocar câncer de pele, destruir microorganismos marinhos e reduzir o aproveitamento das culturas agrícolas. Calcula-se que esse escudo protetor já está 5% menor (e diminuindo mais depressa do que se imaginava) por culpa dos CFCs-um gênero químico que inclui cerca de vinte espécies.
A descoberta, em meados dos anos 80, de que uma verdadeira devastação no ozônio sobre a Antártida vinha ocorrendo ciclicamente, a cada primavera, abrindo ali o que se convencionou chamar "buraco", um deserto de ozônio do tamanho dos Estados Unidos, foi o que faltava para que se desencadeasse uma ação internacional inédita no combate a desastres ecológicos. Em 1989, mais de cinqüenta países comprometeram-se pelo Protocolo de Montreal, coordenado pela ONU, a ir aposentando o CFC delinqüente- até o ano 2000 para as nações industrializadas, até 2010 para as demais.Começou então uma corrida contra o relógio em busca de um gás inofensivo que possa substituir os clorofluorcarbonos na indústria com um mínimo de transtornos nos processos de produção, bem como no modo de operar e no design dos produtos que o empregam. Essa corrida mobiliza centenas de pesquisadores e uma respeitável camada de dólares. O desfecho ainda é incerto, sobretudo no que toca aos prazos, mas as empresas envolvidas emitem sinais otimistas. "As pesquisas têm andado mais depressa do que se esperava", alegra-se por exemplo Edson Dalton Raposo, gerente de departamento da Hoechst do Brasil, filial do grupo alemão que divide com outro gigante do setor químico, a Du Pont americana, uma produção global de CFCs da ordem de 8000 toneladas por ano.
O malfeitor condenado à morte é o cloro. Na alta atmosfera, uma série de reações químicas, desencadeadas pelas peculiares condições ambientais daquelas lonjuras, liberam o cloro que até lá permanece por assim dizer trancafiado dentro do composto. A radiação solar fornece energia suficiente para romper a molécula de CFC e soltar o cloro. Este reage então com o ozônio, um gás azulado de cheiro forte, cuja molécula é formada por três átomos de oxigênio (O3). Dessa mistura resulta um ozônio empobrecido, com dois átomos de oxigênio (O2), incapaz de bloquear o excesso de raios ultravioleta. Segundo estimativas da indústria, sobem aos céus todo ano 75000 toneladas de CFC. Haja cloro à solta.Os aerossóis, execrados como símbolo por excelência de mais essa agressão humana à natureza, já não contêm CFC faz tempo. Desde 1978, primeiro nos Estados Unidos, depois no resto do mundo, derivados de petróleo vêm substituindo o gás nos sprays. São misturas de butano e propano, sem o odor de enxofre que caracteriza outra de suas aplicações, o gás de cozinha. Eles cumprem com eficiência a mesma função propelente do clorofluorcarbono, auxiliando outras substâncias a se movimentar. Antes fosse tão fácil achar alternativas para o gás em todos os seus múltiplos empregos. Em certos casos, é possível que o CFC se revele insubstituível. Na esterilização de salas cirúrgicas, por exemplo, os sucessores encontrados até agora têm um inconveniente fatal: são todos inflamáveis.Nas espumas de sofás, colchões e assentos de carros, o CFC funciona como agente de expansão, criando no interior desses produtos as bolhas que os fazem ficar macios. Ou, como acontece no plástico que reveste as paredes das geladeiras, Ihe permitem isolar a temperatura de um ambiente para outro. Em alguns casos, mediante mudanças na formulação, os maiores fabricantes mundiais, como a Bayer alemã e a Dow Chemical, dos Estados Unidos, conseguiram reduzir até pela metade o uso do composto. Trata-se, em todo caso, de uma solução paliativa, tendo em vista o banimento do gás decretado em Montreal. A prioridade tornou-se selecionar os melhores entre dezenas de possíveis substitutos-originalmente havia perto de cinqüenta candidatos.
Esses produtos alternativos dividem-se em duas categorias. A primeira é a dos hidroclorofluorcarbonos (HCFCs), ou seja, o velho CFC com uma dose de hidrogênio. Ainda age sobre a camada de ozônio, mas muito menos do que a versão anterior. A segunda categoria é a dos hidrofluorcarbonos (HFCs), também com hidrogênio, mas-o que é mais importante-sem o malvado cloro, portanto, sem inconvenientes para a natureza. Dentro dessa divisão, o HCFC 123 é forte candidato para substituir o CFC 11, uma espécie que dá conta de quase 40% de todos os usos do gás, nas espumas de estofamento ou no isolamento térmico. Seu calcanhar- de-aquiles está na duvidosa compatibilidade com outros plásticos. Isto é, em vez de ficar quieto no seu canto, pode alterar a composição daqueles materiais.Um problema insuspeitado-e que nada tem a ver com o ozônio-surpreendeu recentemente as indústrias que pesquisam o HCFC 123. Descobriu-se que o composto é capaz de causar tumores benignos em ratos. A descoberta resultou de um estudo patrocinado por um consórcio de empresas americanas, como parte de um programa geral de testes do HCFC 123. Grupos de ratos foram expostos a níveis variados do composto. Os mais expostos passaram dois anos, seis horas por dia, cinco dias por semana, respirando ar que continha 5 000 partes por milhão (ppm) de HCFC 123. Em termos humanos, isso equivaleria a uma exposição a 10 ppm, oito horas por dia, cinco dias por semana, de 30 a 40 anos. Naquele grupo de 66 ratos, apareceram dez tumores do pâncreas e catorze dos testículos, todos benignos. No grupo de controle, que respirava ar normal, houve quatro casos. O fato, não explicado, alertou os cientistas. Por via das dúvidas, eles recomendaram baixar de 100 ppm para 10 ppm o nível máximo de HCFC 123. Nos sistemas de ar condicionado dos prédios da Du Pont nos Estados Unidos, por exemplo, a concentração do gás varia de 1 a 3 ppm.Outro HCFC, o 22, já está disponível. Mas isso não aumenta seu prestígio. Primeiro, porque enquanto o efeito do tipo 123 sobre o ozônio é 98% menor do que o causado pelo CFC tradicional, o ganho ecológico proporcionado pela modalidade 22 não vai além de 94%. Segundo, porque seu uso exige grandes alterações no projeto de todo o sistema de refrigeração, incluindo o compressor, aquela bola metálica preta que fica atrás da geladeira e se liga ao motor para fazer circular o gás, retirando calor do ambiente. O HCFC 22 já tinha sido adotado pela rede McDonald´s no Brasil para suceder ao nefando CFC nas antigas embalagens de isopor. Agora, à maneira da matriz americana, a rede decidiu trocar de vez as embalagens químicas pelo bom e velho papel cartão. Na mesma linha, por sinal, as caixas de poliestireno expandido para ovos isto é, com CFC, passarão a ser produzidas com papel reciclado revestido de papel virgem, por motivos de higiene.Melhor que os HCFC 123 e 22, por não conter cloro, é o HFC 134a, que possivelmente vai ocupar o lugar do CFC 12, o mais usado de todos, especialmente em geladeiras e aparelhos de ar condicionado. os equipamentos que consomem quase a metade de todos os CFCs fabricados no país. O 134a tem sobre outro composto sem cloro já existente, o HFC 152a, as vantagens de não ser inflamável, ser pouco tóxico e requerer apenas algumas modificações nos óleos lubrificantes do compressor dos sistemas de refrigeração.
Outra solução passa pelas misturas de dois ou três gases, como a do HCFC 123 com o HCFC 141, ou do HCFC 22 com o HFC 152a e o HCFC 124. O composto que resulta desses coquetéis apresenta características físicas e químicas melhores do que as dos diversos ingredientes, tomados isoladamente. Tais combinações vêm sendo desenvolvidas pela Du Pont, a mesma indústria química que, em sociedade com a montadora de veículos General Motors, foi uma das pioneiras na produção do CFC nos anos 30. (A Du Pont comprou a parte da GM em 1949.) Relatórios preliminares de instituições de pesquisa financiadas por governos e empresas indicam que os novos gases são aceitáveis, "com potencial de ataque da camada de ozônio nulo ou bastante reduzido", informa Paulo Eduardo Surnin Vieira, da Du Pont do Brasil e vice presidente do Comitê de Opções Técnicas para Espumas, da ONU.Mesmo viáveis, as substâncias que estão surgindo não representam substitutos ideais para o CFC do ponto de vista estritamente industrial. Para começar, seus custos de fabricação podem ser até cinco vezes maiores. Além disso, toda molécula contendo hidrogênio é menos estável, o que pode ser um complicador para a utilização dos compostos em cuja fórmula esteja presente. Essa desvantagem, no entanto, é uma bênção para o ozônio, pois a meia-vida dos novos gases, que é o tempo que demoram para se desfazer na atmosfera, varia de quatro a dez anos, contra cerca de 100 anos no caso do CFC.
Este é produzido a partir de uma matéria-prima relativamente comum, o tetracloreto de carbono, em que, como o nome indica, um átomo de carbono se liga a quatro átomos de cloro. Para quebrar a molécula usa-se ácido fluorídrico (um átomo de flúor ligado a um de hidrogênio). No processo de formação do gás, essas duas substâncias reagem entre si em equipamentos simples, em poucas etapas, e não deixam sobras. Já com os substitutos, a química é um pouco diferente. As reações se dão em mais etapas, os equipamentos precisam estar revestidos de ligas metálicas especiais, e há um resíduo perto de 40% de ácido fluorídrico, que demanda cuidados para não reagir inesperadamente com outras substâncias. Por isso, para produzir os compostos alternativos em grande escala, é mais fácil construir uma fábrica nova do que tentar aproveitar as instalações antigas, embora aquela custe três ou quatro vezes mais.
Tudo isso pode sugerir que se trava uma luta inglória, até porque mais da metade do mercado mundial de CFCs (750 000 toneladas/ano) deve simplesmente evaporar nos próximos dez anos. Produtos químicos de outra natureza os substituirão em atividades como limpeza de placas de circuitos impressos de computadores. Mas o fato é que ainda não se descobriu como fabricar espumas isolantes nem como refrigerar geladeiras sem recorrer a gases. Eis por que a Du Pont gastou até o ano passado cerca de 240 milhões de dólares no desenvolvimento de alternativas aos CFCs. Entre outras, a empresa lançou, sob as marcas Suva e Farmacel, hidrofluorcarbonos para aqueles fins. Pôs para funcionar em dezembro último, na cidade americana de Corpus Christi. Texas, uma fábrica destinada a produzir o HCF 134a. Uma segunda instalação, desta vez para o HCFC 123, está começando a operar em Maitland, Ontário, no Canadá. Até 1995, outras serão abertas na China, Japão e Holanda. Mas não há nenhuma prevista para substituir a fábrica de CFC em Barra Mansa, Rio de Janeiro, que será desativada nos próximos anos.A Hoechst parece preferir a cautela. "Só iremos produzir algo em escala industrial em meados de 1992, concluídos os testes"; informa Eide Paulo de Oliveira, diretor operacional da divisão industrial da subsidiária brasileira. No grupo alemão, 100 técnicos de vários países foram destacados para a pesquisa de alternativas ao CFC. A meta é chegar à produção industrial a partir de 1995, antes portanto dos prazos para a saída de cena do composto danoso ao ozônio. No Brasil, ele ainda é fabricado pela Hoechst em Suzano, na Grande São Paulo, onde foram improvisadas instalações para a produção, só para testes, do HFC 134a e do 123, as modalidades que concentram as pesquisas da empresa. "As provas começaram no ano passado e os resultados são ótimos", garante Oliveira.
Por inofensivos que sejam, no entanto, os novos gases têm baixo rendimento energético. Ou seja, resfriam ou isolam menos que o CFC. Daí o desafio: como conciliar seu emprego em ampla escala com a pretendida redução do consumo de energia dos eletrodomésticos? Parte da resposta está sendo buscada em Joinville, Santa Catarina.Ali, a Embraco, Empresa Brasileira de Compressores, mantém desde 1987 oito engenheiros e doze técnicos voltados à tarefa de definir que alterações serão necessárias nos materiais, nos óleos lubrificantes e nos compressores que movimentarão o R134a nas geladeiras. Afinal, estas vão ter de trabalhar a mais por causa do rendimento menor. "A produção de compressores com os gases alternativos dependerá dos testes com os lubrificantes", explica Ernesto Heinzelmann, diretor de pesquisa e desenvolvimento da empresa, a segunda maior produtora mundial de compressores, atrás apenas da Matsushita, no Japão. A Embraco pretende mudar toda a sua linha de produção até 1997 no caso dos produtos destinados a países desenvolvidos. O projeto dos novos compressores deve compensar a perda de capacidade energética dos sucessores do CFC.Entre os fabricantes brasileiros de geladeiras, a Brastemp já tem o que comemorar. Antes do advento dos novos gases, um ano de testes em 10 000 unidades mostrou que é possível reduzir a participação de CFC 11 no isolamento térmico dos aparelhos, de 3,5 para 2 gramas por litro de espuma que reveste as paredes do refrigerador, informa José Maria Trecco, diretor da área de desenvolvimento avançado da empresa. O resultado animou a Brastemp a empregar a nova composição química da espuma em sua linha de produção regular -40.0000 unidades por ano. Mas a meta dos pesquisadores é conseguir uma espuma com apenas 1,2 grama de CFC 11 por litro. No ano passado, a Brastemp consumiu 250 toneladas de CFC. Um bom motivo para buscar tecnologia própria que permita mais adiante trocar o pouco que restar desse gás pelos seus equivalentes."Todos os fabricantes vão usar os substitutos do CFC". raciocina Trecco, "mas quem usar menos vai ter um custo também menor".
Avanços desse tipo induzem as empresas que lidam com os CFCs no Brasil a não ver vantagem alguma em usar os dez anos extras de carência concedidos pelo Protocolo de Montreal aos países em desenvolvimento, que terão até 2010 para completar a troca de gás. A maioria dos empresários do setor acredita que existem condições de cumprir o compromisso mesmo antes do ano 2000, o prazo para o Primeiro Mundo. Eles acham que isso até vai acabar sendo bom para os negócios: o consumidor verá com muito mais simpatia os produtos cuja publicidade informar serem amigos do ozônio.

As letras, os números e a forma das moléculas

Como a família dos CFCs e a de seus substitutos vão ser cada vez mais faladas, é bom conhecer os nomes, ou siglas, e a identidade de cada membro. A estrutura e a forma de cada composto está indicada na própria sigla, por meio de letras ou de números. Assim, HCFC, ou hidroclorofluorcarbono, é uma molécula que contém hidrogênio (H), cloro (C) flúor (F) e carbono (C). Mas quantos átomos tem uma molécula? A resposta está implícita no número anexado à sigla. Somando-se 90 a esse número, tem-se o total de átomos de carbono, hidrogênio e flúor-sempre nessa ordem.Um exemplo: CFC 12. Somando se 90 a 12, obtém-se 102. O algarismo inicial (1) indica que a molécula contém um átomo de carbono; o segundo (0) indica ausência de átomos de hidrogênio; o último (2) indica dois átomos de flúor. Daí se deduz a quantidade de átomos de cloro, pois o carbono, tetravalente, pode atracar-se a apenas quatro átomos: como ele já está ligado a dois átomos de flúor, resta lugar para dois átomos de cloro. A forma dessa molécula deve ser representada com o carbono no centro e quatro traços à sua volta; cada um dos outros átomos prende-se a um desses traços.No caso de uma molécula um pouco mais complicada, como a do HCFC 123, tem- se: 123 + 90 = 213. Isso significa dois átomos de carbono, um de hidrogênio e três de flúor. Sua estrutura deve ser representada por dois átomos de carbono ligados por um traço, de modo que em volta de cada carbono, restam três ligações livres. Como quatro ligações estão reservadas, respectivamente, para um átomo de hidrogênio e três de flúor, há lugar ainda para dois átomos de cloro.Às vezes, os números vêm acompanhados de um a minúsculo, como em HFC 134a. Isso quer dizer que a molécula é assimétrica. Sua estrutura é dada pela soma 134+90 = 224 (dois átomos de carbono, dois de hidrogênio e quatro de flúor). Cada carbono gasta uma de suas ligações com seu semelhante; portanto, há seis ligações disponíveis, ocupadas por hidrogênio e flúor. Não há lugar para o cloro. Como a molécula é assimétrica, porém, os átomos não podem ser distribuídos em qualquer ligação de carbono: no caso, os dois hidrogênios ligam-se a um mesmo átomo de carbono.





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sábado, 19 de janeiro de 2013

Criatividade se Aprende na Escola - Educação


CRIATIVIDADE SE APRENDE NA ESCOLA - Educação



Instalada há doze anos num prédio do centro histórico de Roma, a S3 Studium ensina seus alunos a serem criativos e os prepara para enfrentar, com sucesso, as necessidades de um mercado de trabalho cada vez mais exigente.


Imagine uma escola onde doze estudantes bem vestidos sentam-se em torno de uma antiga e longa mesa oval de nogueira. Todos falam: ali não existe a divisão tradicional entre professor e aluno. No roteiro da aula-se é que existe algum roteiro-há uma constante mistura de realidades diferentes. Ouvem-se belíssimas citações do escritor argentino Jorge Luis Borges (1899-1986)-"O paraíso existe e está aqui na Terra, o inferno existe e consiste em não saber que aqui é o paraíso"- entremeadas a afirmações peremptórias do industrial Henry Ford (18631947)-"Os americanos podem escolher todas as cores de carro que quiserem, desde que escolham o preto".
É assim que funciona, em Roma, capital da Itália, a S3 Studium, uma escola -vá lá o nome convencional-que se propõe a ensinar criatividade a seus alunos: executivos que trabalham na indústria, na administração pública, na direção de grandes hospitais, empresas de comunicação ou complexos Turísticos. E eles não têm do que se queixar quanto à eficiência do curso. Paolo Vaselli. sociólogo recém-formado, fez uma espécie de pós-graduação na S3 e logo tornou-se um dos profissionais mais disputados da Itália na área de treinamento de executivos. Outro recém-formado, Raffaelo Merli, estava desempregado ao se matricular no curso. Atualmente, executivo da ENI (Ente Nazionale Idrocarburi), a similar italiana da Petrobrás, fareja e pesquisa novidades e avanços na área da tecnologia de combustíveis para serem eventualmente aplicados na empresa. Hoje, quem procura um emprego bem remunerado em empresas de sucesso, em qualquer ramo e profissão, tem de ser, antes de mais nada, criativo. Sem dúvida, um desafio, pois não se aprende criatividade na escola regular e, quase sempre, se é desencorajado a ousar nas primeiras experiências profissionais. Para suprir essa falha é que o sociólogo Domenico De Masi, catedrático de Sociologia do Trabalho da Universidade de Roma, fundou há doze anos a S3 Studium. Juntamente com o sociólogo francês Alain Touraine e os sociólogos americanos Daniel Bell e Alvin Toffler (autor do best seller A Terceira Onda). De Masi não só identificou o início de uma época pós-industrial como também antecipou muitas das características da organização da indústria e da sociedade em que estamos vivendo.
Nessa nova sociedade dominada pela Informática e na qual as necessidades antes supérfluas como a televisão, o esporte e a moda passaram a ser essenciais, a criatividade é uma matéria-prima preciosa. De Masi acredita que para responder à voraz demanda de novos produtos e modelos do mercado atual, cada vez mais exigente e sensível à moda, é preciso ser criativo-seja para inventar mecanismos de marketing alternativos ou métodos de produção rápidos e econômicos. Quem realizar essa tarefa no menor espaço de tempo, vence o duelo. muitas vezes mortal, com a concorrência.
O professor gosta de ressaltar a importância da criatividade na indústria automobilística; para lançar um novo modelo de carro, as montadoras européias gastam oito anos em preparativos; já os japoneses, trabalhando em grupo e eliminando a tradicional divisão do trabalho, precisam de apenas três. Na tentativa de remediar esta e outras desvantagens do mesmo gênero, os europeus procuram deter a invasão dos carros japoneses, criando obstáculos nas fronteiras.
Na S3 Studium começa-se a aprender criatividade ao atravessar a soleira da porta principal. Os móveis e quadros. por exemplo, foram herdados de cenários dos filmes de Lina Wertmüller, magníficos exemplares de Jugendstil, estilo que vigorava na Alemanha, no final do século passado. É que o apartamento onde a escola funciona pertence ao cenógrafo Enrico Jobi, marido de Lina, amigo de De Masi e responsável pela decoração. Nesse ambiente de bom gosto, profissionais de diversas áreas se encontram durante três anos -tempo de duração do curso de pós graduação, denominado Ciências Organizativas. As aulas, concentradas em um só dia da semana, começam às 9 horas e terminam às 17. E a pontualidade é uma das poucas regras da escola. Quem chega atrasado, certamente ouve uma reprimenda.
A primeira lição que se aprende ao entrar na S3 é que o ambiente é fundamental para a criatividade: "Só os superficiais não acreditam na aparência". ironiza De Masi, citando Oscar Wilde. Todo mundo é criativo pelo menos em algum campo. O importante é receber estímulos psicológicos e estéticos do ambiente", assegura o professor, um jovial e bem-humorado cinqüentão, chamado carinhosamente pelo apelido de Mimo. De fato, o clima na escola é alegre, variado e quase festivo, contrastando com a realidade do cotidiano das empresas onde trabalham alguns dos trinta alunos matriculados nas três séries do curso: executivos da indústria ou da administração pública, profissionais recém-formados em Economia, Sociologia, Física e Engenharia.
Nem todos, no entanto, moram em Roma. O engenheiro Pier Luigi Bongiovanni, por exemplo, executivo de uma empresa que produz equipamentos industriais, mora em Bergamo e viaja 624 quilômetros toda semana para assistir às aulas. Alguns estrangeiros que trabalham em Roma também freqüentam o curso. A diversificação da formação acadêmica- que mistura engenheiros, físicos, economistas e sociólogos-é intencional e é um critério levado em conta nos exames de seleção. "A criatividade pode nascer da faísca entre duas culturas ou pontos de vista diferentes", observa um dos trinta professores que acompanham individualmente, como tutores, a atividade de cada aluno.
Outra lição que o ambiente da S3 ensina é que as pessoas criativas sempre conseguem transformar os próprios limites em vantagens. As instalações da escola são pequenas, mas aconchegantes. Isso permite organizar os alunos em grupos reduzidos, o que aumenta a participação e conseqüentemente o rendimento de todos eles. O restante do programa é individual e estabelecido entre o aluno e seu tutor, que determina os livros a serem resenhados e os estágios a serem feitos. É o tutor quem acompanha também o desenvolvimento de uma pequena tese de pesquisa a ser apresentada no final do ano. A anuidade para os alunos do 1.° e 2.° ano é de 3 milhões de liras ( equivalentes a quase 900 000 cruzeiros) e para os do 3.° ano. 4 milhões (equivalentes a 1,2 milhão de cruzeiros). Como esse dinheiro mal paga as despesas, a escola recorre freqüentemente a patrocinadores escolhidos entre as empresas privadas e públicas, um dia comum de aula, em junho passado, De Masi precisou descrever uma empresa onde seu dono, geralmente o fundador, centraliza tudo. Criativo, valeu-se de uma frase do novelista francês Gustave Flaubert (1821-1880): "Madame Bovary c´est moi" (Madame Bovary sou eu). E assim ele prosseguiu a aula com os alunos descrevendo experiências de trabalho. As questões que eles tiveram de resolver se transformaram num exercício coletivo, para provar que um problema pode ter muitas soluções, umas mais criativas outras menos. Já a lição de De Masi sobre "A empresa criativa e a resistência às mudanças", para os alunos do 2.° e 3.° ano, começou com a leitura de uma página do escritor italiano Italo Calvino.
É um trecho de uma conferência sobre os planos de realidade que convivem na literatura. Depois da leitura, cada aluno teve 15 minutos para escrever as questões ou dúvidas que a leitura suscitou em relação ao tema. A discussão dessas dúvidas forneceu material para compor o quadro das características da organização ou empresa onde existe muita criatividade. Descobriu-se, então, que essa empresa não tem a forma hierárquica tradicional de uma pirâmide, onde os quadros dirigentes se situam no topo. Conclusão: uma empresa criativa é estruturada como uma rede em que os pontos de intersecção dos fios, os nós, são os momentos de controle. Por exemplo, numa redação de jornal, um momento de controle seria a reunião de pauta da manhã.
Na empresa criativa os momentos de controle são tão necessários quanto a liberdade de improvisar. Para exemplificar esse conceito, De Masi analisa como são feitas as improvisações pelas bandas de jazz. Um dos pontos de referência fixos é a composição da música sempre em 32 compassos. A seguir cada músico improvisa, mantendo, porém, os 32 compassos como referência. Terminado o improviso, todos os músicos voltam ao ponto de referência fixo inicial e repetem a música em conjunto.
Aproveitando as dúvidas levantadas pelo aluno Antonio Zazzetta. executivo do Instituto Nacional de Previdência Social italiano, o professor explicou que, além da criatividade, as características da empresa pós-industrial são a intelectualização do trabalho, a primazia da estética, a ressurreição dos valores éticos, a feminilização, a valorização da afetividade, a possibilidade de trabalhar longe da sede e em horários diferentes, a importância da individualidade e da qualidade de vida. E exemplos não faltaram. É evidente, insiste o mestre, a intelectualização do trabalho nas empresas modernas. No século passado, o pensador alemão Karl Marx (1818-1883) observou que para cada 100 operários de uma indústria existiam quatro funcionários de escritório, responsáveis pelo chamado trabalho intelectual. Hoje, dos 14 000 funcionários que a IBM tem na Itália, apenas 400 são operários, chamados de "empregados tecnológicos". É a estética que faz do célebre relógio suíço Swatch um best seller planetário, e não a precisão ou a durabilidade de seu mecanismo.O sucesso se deve também a uma estratégia de mercado inteligente que impediu a sua vulgarização. Outro bom exemplo é o da empresa Unilever, que conquistou o mercado de sorvetes populares na Itália, a pátria do sorvete, não com receitas particularmente saborosas, mas com a beleza das embalagens e com uma publicidade alegre, musical, que mirava diretamente o consumidor jovem. No Brasil, a Gessy Lever que produz os sorvetes da marca Gelatto, veiculou um anúncio do sorvete Cornetto, nesses moldes. Quem não se lembra do jovem que passeava de gôndola pelos canais de Veneza e ao cruzar com outra transportando uma mocinha roubava-lhe o sorvete ao som de uma nova versão de O sole mio? A redescoberta dos valores éticos no trabalho e nas empresas foi denunciada pelo faro cinema americano. Nos Estados Unidos, lembra De Masi, o cinema é um veículo importante de transmissão de valores. Filmes como Wall Street, Uma linda mulher, A secretária do futuro, A fogueira das vaidades, são bons exemplos de como voltou a ser fundamental um comportamento ético tanto da empresa quanto do profissional. Segundo De Masi, as empresas atuais estão totalmente despreparadas para enfrentar aspectos como a importância crescente da subjetividade, da afetividade e da feminilização do trabalho.Para o Professor o caso ocorrido com a missão conjunta inglesa e soviética no espaço, em maio passado, é sintomático. Os astronautas soviéticos não conseguiam trabalhar com a astronauta inglesa porque ela trocava de roupa com naturalidade no exíguo espaço da nave, e reclamaram ao comando da operação na Terra. "O problema é que ela se trocava na frente deles, mas não ia para a cama com eles. Eles também se trocavam diante dela, mas não aceitavam a recíproca."Da mesma forma, a maior parte dos executivos não sabe como se comportar com uma colega de trabalho ou uma cliente", constata De Masi Por fim, a última característica das empresas que o professor define como pós-industriais é a possibilidade que a Informática oferece de se trabalhar longe da sede e em outros horários. É o que ele chama de teletrabalho. Significa estar ligado com a empresa através de terminais de computadores e desenvolver suas tarefas em casa ou em escritórios pequenos, distantes da sede. Pode parecer ficção científica, mas 1,8 milhão de empregados da IBM em todo o mundo já trabalham assim. A Benetton, líder mundial na confecção de roupas esporte, conseguiu explorar bem as vantagens desse conceito: a maior parte da execução das roupas que comercializa é feita por 700 micro e pequenas empresas que realizam o trabalho em suas próprias dependências. Estudos realizados pelo próprio De Masi e alguns de seus alunos demonstraram que se 4% dos trabalhadores de Nápoles trabalhassem em casa, todos os problemas de trânsito da cidade estariam resolvidos e ainda se faria grande economia de combustível. Na Itália, Nápoles é o exemplo mais acabado de uma cidade à beira do caos, com trânsito praticamente bloqueado, serviços públicos inexistentes e níveis de poluição que já ultrapassaram o estado de alarme.
Para Linda Salerno, funcionária de uma empresa de consultoria e formação de executivos, que questionou o quadro ideal pintado por De Masi e a realidade que se encontra na maioria das empresas, a resposta foi a seguinte: Devemos explorar as potencialidades que conhecemos, responsáveis pela diferença das empresas de sucesso hoje e que serão essenciais para as empresas do futuro. O problema é dos que não querem aceitar a realidade. Com o computador pude reduzir muito as minhas horas de trabalho diárias e produzir mais. Neste caso é inevitável ser um pouco cínico e aproveitar pessoalmente o que se sabe". Terminada a lição, o grupo de alunos e professor foi a pé até uma das melhores e mais antigas sorveterias da cidade, pouco distante da escola. Ali, entre um sorvete e outro, esteticamente perfeitos, continuaram as citações de Ford, provérbios populares, Borges, Jorge Amado Shakespeare e Fellini.





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sábado, 19 de janeiro de 2013

Terra à Vista - Astronomia


TERRA À VISTA - Astronomia



A descoberta do primeiro planeta fora do sistema solar-um mundo distante, que orbita uma estrela da categoria dos pulsares nas cercanias do centro da galáxia-reacende a expectativa, tão cara à humanidade, de encontrar vida em outros mundos e pôr fim à sua solidão no Cosmo.



Senhoras e senhores, interrompemos nosso programa musical para transmitir um boletim extraordinário da Rádio Intercontinental. Informa o professor Farrel, do Observatório de Mount Jennings, em Chicago, que diversas explosões de gás incandescente ocorreram na superfície do planeta Marte." Assim começou nos Estados Unidos, numa tranqüila noite de 1938, dia das bruxas (31 de outubro), um dos mais sensacionais programas de rádio já criados, em que o diretor Orson Welles simulou a invasão da Terra por conquistadores marcianos. Em poucos minutos, novos boletins fictícios-habilmente inseridos na programação normal - convenceram cerca de 6 milhões de ouvintes, em todo o país, que as alegadas explosões eram do motor de foguetes partindo para a guerra de conquista.Estima-se que 1 milhão de pessoas ficaram seriamente assustadas e muitos milhares entraram em completo pânico, gritando nas ruas, rezando ou procurando selar as casas contra os gases das armas invasoras. Um marco na arte do suspense, o programa de Welles não fez mais que explorar a grande expectativa que as pessoas alimentam de encontrar vida em outros mundos. Trata se de um sentimento milenar, que na Antiguidade o sábio Metrodorus, da ilha grega de Chios, expressou por meio de convincente comparação. "Parece impossível que numa grande lavoura cresça apenas uma touceira de trigo, e num Universo infinito exista apenas um mundo habitado."O entusiasmo com a idéia, portanto, só poderia ter crescido quando um grupo de astrônomos ingleses anunciou, há alguns meses, a descoberta do primeiro planeta fora do sistema solar. Ele dificilmente abriga formas vivas, raciocinam os cientistas. Nem há certeza de que tal planeta realmente exista. Mesmo assim, a notícia merece toda a atenção que despertou, inclusive porque pode haver outros mundos em suas vizinhanças. Dez vezes mais pesado que a Terra, ele se encontra num dos mais improváveis lugares da galáxia, pois gira à volta de uma exótica estrela, uma vez e meia mais pesada que o Sol, mas 35 000 vezes menor. Isso significa que sua densidade é o que se chama um despropósito - tão alta que no interior do astro nem os átomos sobrevivem, e a matéria, por isso, está reduzida a duríssimos fragmentos do núcleo atômico, os nêutrons.
Daí vem o nome estrela de nêutrons, pelo qual é conhecido esse tipo de corpo celeste. E este, até onde se sabe, não pode ter um planeta por companheiro, por um simples motivo: para ter assumido a forma atual, a estrela deve ter passado, há cerca de 1 milhão de anos, por uma terrível explosão. O choque esmagou-lhe o cerne e mandou para o espaço, com violência apocalíptica, algo entre 75% e mais de 99% de suas camadas externas. Destino semelhante teriam os destroços dos planetas porventura existentes. Perplexidade é o termo que melhor descreve a reação dos cientistas. "Não consigo imaginar como o atual sistema chegou a se formar", resume o astrofísico Roger Taylor, da Universidade de Sussex, Inglaterra. Mas o próprio Taylor é quem aponta uma revolucionária saída: alterar a teoria que explica a origem das estrelas de nêutrons e repensar as idéias vigentes sobre a formação dos planetas. Uma sugestão é que os planetas se formam com muito mais facilidade e são muito mais comuns do que se poderia pensar. Essa conclusão decorre do simples fato de se encontrar um deles em condições tão adversas.
Há duas possibilidades, analisa o astrônomo David Black, do Instituto Lunar e Planetário, em Houston, Estados Unidos. A primeira: o planeta já existia antes da explosão, quando a estrela-mãe ainda tinha dezenas de vezes mais massa que o Sol (ela pode ter sido de 6 a 60 vezes mais pesada). Nesse caso, o planeta sobreviveria apenas se a estrela explodisse em câmara lenta. Isto é, se em vez de se despedaçar num único lance, ela passasse por uma série de pequenas explosões, mecanismo nunca imaginado anteriormente. "Se esse processo funcionar, será uma revolução teórica", diz Black. A segunda hipótese prevê que o planeta se formou a partir dos restos mortais da estrela-mãe, reagrupados em torno da estrela de nêutrons por ação da gravidade. É assim que se explica a origem do sistema solar, pois o Sol e seus planetas quase certamente foram fabricados com matéria-prima ejetada da barriga de outras estrelas. A diferença crucial é que não se esperava a pronta recuperação da matéria-prima pela própria estrela que a ejetou, especialmente por uma estrela de nêutrons.Enfim, sempre existe a possibilidade de que a descoberta não se confirme, embora existam diversos fatores em seu favor. O mais forte deles é que se trata de uma conclusão amadurecida ao longo de quase quatro anos por uma equipe de três astrônomos da Universidade de Manchester, Inglaterra. Chefiada por Andrew Lyne, a equipe dedicava-se ao estudo de um grupo de quarenta estrelas da categoria dos pulsares. Como todas as outras estrelas, entre muitas outras formas de radiação, os pulsares emitem ondas de rádio, mas não de maneira continua. Seus sinais são intermitentes, como uma lanterna que se liga e desliga sucessivas vezes (o nome pulsar não é, necessariamente, sinônimo de estrela de nêutrons, mas acredita-se que são o mesmo tipo de astro).Logo no início do trabalho, os ingleses perceberam que uma estranha arritmia perturbava o sinal de um dos pulsares, fazendo-o piscar mais rapidamente, em certos períodos, e mais devagar, em outros. Embora a variação fosse muito pequena-de apenas 8 milésimos de segundo-, ela contrariava a incrível regularidade apresentada por centenas de pulsares conhecidos.Assim, depois de eliminar inúmeras outras possibilidades menos radicais, a equipe foi praticamente forçada a aceitar a idéia final: a de que um planeta estava sacudindo a estrela, por meio da atração gravitacional, e alterando seus pulsos de rádio. Lyne afirma que está analisando outras oscilações nos pulsos, um pouco mais fracas, possivelmente causadas pelos puxões gravitacionais de outros planetas.
A ousadia dessa proposta não impediu que ela fosse bem recebida pela comunidade científica. Pelo menos dois cientistas-David Helfand e Thomas Hamilton, da Universidade Columbia, Estados Unidos-apresentaram uma explicação alternativa. Eles crêem que uma possível nuvem de gases eletrificados, interposta entre a estrela e a Terra, poderia distorcer os sinais da maneira que se observa.
Mas é provável que, daqui para a frente, inúmeros outros cientistas integrem-se na difícil tarefa de comprovar ou não a existência de um planeta junto ao PSR 1829-10. A resposta definitiva, é claro, interessa de maneira especial àqueles que acreditam na possibilidade de vida em outros mundos. O novo planeta, por si só, não oferece grandes esperanças, pois o tempo de 1 milhão de anos, decorrido desde o seu nascimento, é muito curto para que alguma forma viva se desenvolvesse. Além disso, ele se encontra num local particularmente violento da galáxia, bem perto do seu coração. Nada disso reduz o entusiasmo, pois quanto maior for o número de planetas no Universo, tanto maior será a chance de haver vida fora da Terra e mais fácil sua busca.


Ficha do planeta

Situada na direção da Constelação de Sagitário, a estrela PSR 1829-10 tem 20 quilômetros de raio e 1,4 vezes mais massa que o Sol, valor característico dos astros do seu tipo, os pulsares. Sua distância da Terra é de aproximadamente 30 000 anos luz (os ano luz mede cerca de 10 trilhões de quilômetros). O planeta recém-anunciado, dez vezes mais pesado que a Terra, gira a volta do pulsar a 100 milhões de quilômetros, dois terços da distância entre a Terra e o Sol e a mesma distância de Vênus ao Sol.


Balé orbital

O acaso levou os cientistas a deduzir que existe um planeta ligado pela ação da gravidade ao pulsar PSR 1829-10. Embora tenha um brilho muito fraco, esse pulsar emite, a cada segundo, três sinais bem claros de rádio. O intervalo entre os sinais deveria ser constante, mas não é. Durante seis meses, ele fica 8 milésimos de segundo mais curto. O motivo é que o planeta, enquanto gira, puxa o pulsar para perto e para longe da Terra - a distância é mínima, mas o suficiente para explicar a pequena diferença no tempo que o sinal leva para chegar à Terra.


Caçadores de mundos

Coletar dados para compreender melhor o sistema solar-por isso se procuram planetas em outras estrelas, diz o astrônomo americano David Black. "Esta é uma das prioridades da década. Queremos saber, por exemplo, que tipo de estrelas contêm planetas", Mas antes disso deve-se assegurar que eles existem e há poucas evidências. Além do planeta récem anunciado, ainda por confirmar, há sinais de que um pequeno objeto circunda a estrela HD114762, de tipo solar, e imagina-se que um anel de poeira junto à estrela Vega, na Constelação de Lira, pode ser a matéria-prima de planetas prestes a formar-se.

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domingo, 30 de dezembro de 2012

O Desafio do Superarroz - Agricultura


O DESAFIO DO SUPERARROZ - Agricultura



Mais resistentes às pragas e às secas, de caule mais forte e grãos mais polpudos, as novas variedades desse alimento milenar prometem colheitas à altura da fome de seus fãs-mais de 3 bilhões de pessoas no mundo.

Cinco em cada seis habitantes do planeta, na hora de escolher o ingrediente básico de seu cardápio, preferem um pequeno grão da cor do leite e sabor leve, que vai bem com quase todos os alimentos, doces e salgados. E, caso se queira, a refeição pode ser acompanhada de vodca e saque, feitos a partir do mesmo alimento - o arroz. O gosto por esse cereal, é claro, varia de país a país: o europeu, por exemplo, degusta a ínfima fração de 3 quilos de arroz ao ano, mas o brasileiro come o peso de uma saca, 60 quilos, e o asiático, nada menos que 180 quilos. Mas, embora freqüente a mesa dos homens há pelo menos 5 000 anos, o arroz, atualmente, transformou-se num dos maiores desafios da agricultura.
Gerar colheitas à altura de um consumo tão disseminado é um jogo duríssimo, pois as terras disponíveis já estão quase todas em uso e a população mundial- especialmente a asiática - cresce sem parar. Em vista disso, opinam os especialistas, a saída é apelar para as artes da Biotecnologia e criar uma planta inteiramente nova no tubo de ensaio. Dotado de ramos mais fortes, mais clorofila nas folhas, raízes vigorosas e resistência contra uma multidão de insetos e micróbios, o superarroz, espera-se, poderá vencer a corrida contra a superpopulação. Não se trata, dessa vez, de um simples aprimoramento da planta original, como vem sendo feito, com certo sucesso, desde o fim da Segunda Guerra.
A primeira variedade de arroz altamente produtiva, denominada IR-8, nasceu em 1966, do casamento de um arroz anão chinês com uma vigorosa planta indonésia. Já era um organismo revolucionário, pois o uso crescente de fertilizantes, nessa época, propiciava grãos maiores-tanto que a planta tradicional tombava ao solo, incapaz de suportar o peso. Apenas com a chegada da IR-8, de caule curto e firme, foi possível levar aos arrozais as modernas técnicas de adubação artificial. O mérito por essa façanha coube ao IRRI, Instituto Internacional de Pesquisa de Arroz, situado nas Filipinas e o mais importante do mundo em seu gênero. O mesmo instituto criaria, em 1982, a variedade IR-36, filha de nada menos que treze pais das mais variadas estirpes.
Em compensação, tinha defesas orgânicas apuradas contra uma dúzia de pragas e crescia mais rápido que seus avós: em 110 dias, em vez dos seis meses de praxe, estava pronto para a colheita. Não admira que tenha se tornado atualmente, a mais disseminada variedade nos campos de cultura do mundo inteiro. Seu criador, o geneticista Gurdev Khush, aposta que a IR-36 ainda está longe de pendurar as chuteiras e poderá ampliar a produção mundial em cerca de 25%, nos próximos dez anos. Apesar disso, a corrida contra a explosão demográfica é incerta e aconselha que se tomem medidas imediatas para prevenir um futuro avanço da fome.Mais importante ainda: nos últimos quatro anos, os cientistas deslindaram complicados quebra-cabeças genéticos que bloqueavam a pesquisa de novas plantas. E possível, portanto, começar a pensar numa variedade que suplante todas as anteriores. O primeiro passo, dado em 1988, foi mapear os doze cromossomos do arroz. Isto significa separar os genes uns dos outros e tentar descobrir o que faz cada um deles- por exemplo, qual torna o caule mais firme, qual permite à planta viver com pouca água e assim por diante. Ainda não existe nada tão preciso, mas os cientistas selecionaram, de saída, 135 pontos de interesse nos cromossomos.
De lá para cá, o número de pontos selecionados subiu para 300, o que reduzirá o tempo necessário para criar novas variedades, atualmente da ordem de cinco a dez anos. O trabalho exige cruzar plantas já existentes, replantar suas mudas, esperá-las crescer e checar se têm qualidades úteis. Com o mapeamento, não é preciso esperar as mudas crescerem: basta analisar seus cromossomos para saber se os genes de interesse estão ou não presentes. A expectativa, então, é cortar a demora pela metade. Mas o feito recente que causou maior entusiasmo nos pesquisadores foi a regeneração do arroz-isso significa que é possível arrancar um mero fragmento da folha ou da raiz de uma planta e fazê-la voltar à vida na forma de um novo broto. Um fenômeno trivial em muitos vegetais, a regeneração simplesmente não funcionava no arroz e em diversas plantas importantes, como o milho e o trigo. E o problema se tornava ainda mais grave porque o objetivo não era apenas regenerar a planta, mas também abrir suas células e mexer em seus cromossomos - isto é, inserir-lhes novos genes e assim alterar suas características.Para abrir uma célula vegetal, no entanto, é preciso primeiro extirpar sua parede, uma casca protetora de celulose, inexistente nos animais. Daí o nome protoplasto - célula da qual foi removida a parede. Desde 1990, diversas equipes científicas conseguiram, com sucesso, obter plantas férteis de arroz a partir de protoplastos geneticamente reformados. O próximo passo foi aprimorar a técnica de reforma: agora, é possível introduzir um gene estranho no corpo de uma bactéria que infesta o arroz. Assim, quando a bactéria penetra na célula de arroz, leva consigo o gene, que acaba incorporado aos cromossomos. Depois disso, sempre que se reproduzir, o vegetal regenerado repassa o novo gene para seus descendentes. O arroz foi o primeiro cereal em que essa técnica teve êxito. Uma das reformas genéticas que se quer impor ao arroz é a reprodução por semente. Atualmente, o plantio é feito com mudas, o que provoca considerável desperdício de tempo e trabalho. Assim, o superarroz imaginado por Khush deverá ter sementes capazes de brotar. Outro objetivo é reduzir os ramos da touceira de arroz, normalmente em número de 20 ou 25 ramos, dos quais apenas 15 geram grãos. A planta ganharia em produtividade, dizem os especialistas do IRRI, se tivesse três ou quatro ramos somente, mas bem fornidos de grãos. Alta produtividade, nesse caso, significa colher de 13 a 15 toneladas por hectare, em vez das atuais 8 ou 9 toneladas, em média.
Tais mudanças terão o sabor de uma irreverência, pelo menos nas diversas culturas em que o arroz é tradicionalmente venerado. No Japão, por exemplo, o próprio imperador é visto como uma espécie de encarnação do espírito do arroz. Na mitologia hindu, teria sido ordem expressa do deus Indra que a humanidade iniciasse o seu cultivo. Na China, sentimentos parecidos aparecem na linguagem, pois o nome chinês da planta, "mi", significa "o bom grão da vida". E não admira que seja assim, visto que o arroz selvagem é originário da Ásia-nasceu nas chamadas terras de Assam, pequeno território encravado entre a Índia e a Birmânia. Daí, ele pode ter chegado à Europa pelas mãos dos árabes e, mais tarde, os portugueses o trouxeram ao Brasil. Não seria à toa que a palavra portuguesa arroz deriva do termo árabe "ruz", acrescido do artigo "al". O evidente sucesso desse alimento entre os brasileiros infelizmente não se traduz em alta produção. Basta ver que, em média, ao longo de doze meses, cada americano consome apenas 5 quilos de arroz, mas seu país colhe 8 milhões de toneladas ao ano. No Brasil, embora o consumo seja dez vezes maior-entre 50 e 60 quilos-, a produção não é muito superior à americana, pois alcança 12 milhões de toneladas anuais.
Esse número é quinze vezes menor que o da China, campeã mundial em colheitas, com 170 milhões de toneladas. Os especialistas brasileiros acreditam que o esforço para mudar esse quadro é relativamente modesto, inclusive por causa do alto custo das pesquisas de engenharia genética. Isso, é claro, não significa que não se faz pesquisa de genética clássica, como demonstra o trabalho do japonês naturalizado brasileiro Akihiko Ando, da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), em Piracicaba, SP. Formado em Agronomia pela Universidade de Tóquio, ele há trinta anos busca um híbrido capaz de competir em rendimento e resistência com plantas japonesas e filipinas. O seu desafio, depois de cruzar esses vegetais com o arroz brasileiro, é dar estabilidade à prole resultante: apesar de os filhos desse casamento herdarem as virtudes dos pais, os netos voltam a perdê-las. Demorada, essa investigação poderia ser acelerada se houvesse mais recursos. "Na falta deles, usamos a técnica chinesa da paciência", brinca o pesquisador.De qualquer forma, os cruzamentos não tomam todo o seu tempo, parte do qual ele passa no Cena (Centro de Energia Nuclear na Agricultura), também em Piracicaba. Esse caminho Ihe foi sugerido pela própria história pessoal: quando soube da devastação causada pela bomba de Hiroxima, em agosto de 1945, Ando decidiu dedicar sua vida ao uso pacífico do átomo. No Cena, ele emprega uma bomba de cobalto para bombardear sementes de arroz com raios gama, uma forma de luz gerada pela desintegração nuclear do cobalto, mas tão violenta que provoca mutações genéticas nas sementes. Naturalmente, Ando não sabe o que vai nascer dos grãos mutantes, mas depois de descartar as inúmeras aberrações, sempre sobram plantas de alta qualidade. "Perdi a conta dos novos tipos mutantes que ajudei a batizar, mas foram muitos", orgulha-se.Produção elevada não é o único objetivo dos melhoristas de plantas, já que, depois de sobreviver às pragas e adversidades do clima, o cereal tem ainda de vencer o desafio dos fogões e panelas. Sob a ditadura das donas de casa, o alimento precisa ter um perfil para cada paladar. Os orientais, por exemplo, gostam dos grãos empapados e de um tipo chamado cateto, largo e curto, que absorve e retém bastante água. Essas qualidades dependem da quantidade de amido e amilopectina em cada tipo de planta. "O mercado é pobre, mas exigente", conta Geraldo José Aparecido, agrônomo e professor da Esalq. Fascinado pelo arroz desde a infância quando passeava pelas fazendas dos avós, ele acredita que os hábitos alimentares modernos não são razoáveis."É um desperdício raspar a camada escura que cobre os grãos não beneficiados porque as pessoas não apreciam seu gosto. Ela é muito nutritiva, contém gordura, proteína, vitaminas e sais minerais, mas vai para os porcos." A nutricionista Flora Spolidoro concorda: "O arroz polido é mais rico apenas em amido", ensina. Misturando os sotaques trazidos das suas viagens pelo mundo, ela se preocupa principalmente com a lisina, um componente de muitas proteínas, com baixo teor no grão beneficiado. "Essa carência pode comprometer o crescimento normal de uma criança", opina. Por sorte, no Brasil esse problema é contornado, já que o feijão, inseparável companheiro de prato do arroz, contém bastante lisina.
Um curioso problema gerado por hábitos alimentares é o arroz vermelho. Da mesma espécie que o branco- batizado Oryza sativa-e igualmente rico em proteína, ele não é bem aceito pelas pessoas. Pior, transformou-se em planta daninha, pois disputa o solo com o parente. Suas sementes desprendem-se fácil do caule, o que não ocorre com o arroz branco, e ficam no solo até dez anos, infestando a terra. No Rio Grande do Sul, dizem os agrônomos, ele causa perda de quase 8 milhões de sacas ao ano. Seja como for-pelo menos em princípio-, os avanços atuais viabilizam as mais profundas transformações dos seres vivos, sejam plantas ou animais. Pintar de branco um grão vermelho, por exemplo, ou somar lisina às suas reservas protéicas não seriam metas particularmente difíceis de atingir. Resultados desse tipo não são para amanhã, ou mesmo depois de amanhã. Mas não há dúvida que, dentro de poucos anos, o arroz será bem diferente daquele cereal que o homem conheceu nos primórdios da civilização.

Prato bem quente

Campos alagados, cultivados com arroz, são uma importante fonte de gás metano e, por extensão, contribuem decisivamente para o aquecimento do planeta por meio do efeito estafa. Avalia se que esses campos têm uma participação de 14% no aumento já medido na temperatura da Terra. Agora, cientistas americanos e chineses sugerem que a porcentagem pode ser bem mais alta. O motivo é simples: os dados que deram origem a esse cálculo foram obtidos em arrozais europeus e americanos, que são bem menores e geram metano em proporção bem menor que os chineses. A China produz nada menos que 36% de todo o arroz do mundo e seus campos podem gerar até 10 vezes mais metano que os ocidentais. Medidas feitas em quatro lavouras, durante duas estações de plantio, na vila de TuZu, província de Sczhuan, indica que cada metro quadrado dos alagados produz 60 miligramas de metano por hora. Essa massa de gás é cinco vezes maior que a dos arrozais americanos e quinze vezes maior que a dos espanhóis.


Sexo, nem Pensar

Antes de começar a ser cultivado, há cerca de 5 000 anos, o arroz selvagem estava bem armado para a reprodução. Suas sementes e o pólen, por exemplo, se acomodavam junto a um grande espinho, de nome arista e até 5 centímetros de comprimento e isso Ihes permitia pegar carona nas penas dos pássaros, fãs incondicionais do cereal, e voar para longe da planta-mãe. Como conseqüência diferentes plantas intercambiavam seus patrimônios genéticos, o que já não ocorre com o acomodado arroz cultivado. A culpa disso cabe ao homem, especula o agrônomo Giancarlo Xavier Oliveira, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz.O arroz selvagem, diz ele, brotava na beira de rios e lagos, de modo que as sementes, ao soltarem-se, geralmente se perdiam na lama. Em vista disso, o homem só podia colher as sementes que, por algum motivo, permaneciam mais tempo ligadas ao cacho. E, quando passou a replantá-las, começou, sem querer, a disseminar um tipo raro de arroz, cujas sementes não se desgarravam facilmente do ramo. Essas plantas inseguras são classificadas como autógamas, pois suas flores só se abrem depois de consumir o próprio pólen -ou seja, depois de fecundarem a si mesmas. "Sexo, para elas, nem pensar", diz o agrônomo.Ele conta que levou um baile na tentativa de forçar o cruzamento de variedades de arroz. Para impedir a autofecundação de urna das plantas, ele inicialmente extirpava as anteras, os órgãos masculinos, produtores de pólen, e mantinha apenas o pistilo, o órgão feminino. Depois, trazia pólen de uma planta vizinha e espalhava sobre a flor privada de anteras. Acabou driblando os hábitos sexuais do arroz moderno, mas fracassou inúmeras vezes até descobrir que, após desprender-se da planta, o pólen precisa juntar-se ao pistilo em menos de nove minutos, ou não sobrevive.

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domingo, 30 de dezembro de 2012

A velha mania de estar na MODA - Comportamento


A VELHA MANIA DE ESTAR NA MODA - Comportamento



No desfile da história, as pessoas sempre se vestiram para expressar desejos e influenciar os outros. A roupa pode ajudá-las a seduzir, a impor respeito, a se destacar na sociedade. Muitas vezes, elas querem mostrar ao mundo que estão bem informadas: é quando seguem os lançamentos dos estilistas.

Não, o primeiríssimo grito da moda não deve ter sido a folha de parreira para cobrir o sexo, como dita a Bíblia, mas peles de animais jogadas sobre os ombros feito estolas-um estilo típico do Período Paleolítico, há quase 100 000 anos. O modelo fazia sucesso por total falta de opção, já que impedia os movimentos e, ainda por cima, deixava exposta boa parte do corpo à baixa temperatura da Época Glacial. Mas, então, o homem não conseguia vestir nada diferente: teve, primeiro, de aprender a amaciar as peles; no início, com uma laboriosa mastigação, como até hoje fazem as mulheres dos esquimós; além disso, só há 40 000 anos surgiram as agulhas de chifres, para costurar os retalhos das caças sob medida para o manequim primitivo.

Quem pensa, no entanto, que a roupa só servia para espantar o frio, se engana. Os desenhos nas cavernas mostram que, mesmo nas regiões mais quentes do planeta, onde se desfilava nu há cerca de 20.000 anos, vestiam-se roupas em ocasiões muito especiais. Isto é, nos rituais mágicos, onde nasceu a moda. A ancestral latina dessa palavra, modus, se desdobra em dois significados: é maneira como algo deve ser feito e, também, a lei. Uma lei com força suficiente para impulsionar as confecções a movimentar, no ano passado, cerca de 25 bilhões de dólares, só no Brasil. O segredo desse faturamento continua sendo a magia-hoje, bordada pela publicidade-, ou seja, a crença de que um pedaço de pano dá ao usuário o poder de influenciar o mundo em que vive. Da mesma maneira como o homem primitivo tinha uma moda ou um modo de vestir para atrair a caça, para vencer uma guerra ou para cultuar os mortos, o homem moderno se veste de jeito diferente para seduzir, para fechar um negócio ou para descer a rampa de um palácio. A sensualidade se expressa na transparência de um tecido, a competência se transforma no alinhado terno, a seriedade pode ficar por conta de uma gravata francesa, marca Hermès, quem sabe.O figurino varia com o cenário. Ninguém faz ginástica de fraque", ironiza o economista Carlos Eduardo Machado. professor da Universidade de São Paulo, com pós-graduação em Comunicação. "Mas, independente disso, o fato é que esse figurino serve para cada um encarnar o seu personagem." Na opinião de Machado, em matéria de guarda-roupa, as pessoas seguem mitos ou seja, comportamentos idealizados: "A idéia inconsciente é que se você imita a aparência de uma pessoa bem-sucedida, então compartilhará esse sucesso", exemplifica. Autor de uma tese sobre indumentárias, Machado tem o aspecto desleixado, alvo de duras críticas da filha: "Ela diz que estudo moda porque não sei me vestir", e dá de ombros. Ele próprio sempre, evitou o fenômeno da imitação que diagnostica na sociedade. "Na minha adolescência, os jovens usavam topete como Elvis Presley, mas meus cabelos não paravam no lugar", Iembra o professor, hoje aos 47 anos. "Então, desisti do penteado da moda."Assim como Machado teimava com o topete diante do espelho, para ficar parecido com o ídolo americano, milhares de pessoas insistem em discar para o Centro de Atendimento ao Telespectador (CAT), instalado pela Rede Globo de Televisão, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Meia dúzia de funcionários dão conta de 10.000 ligações semanais: 2.000 delas são em busca dos endereços das lojas onde se encontram os modelitos exibidos pelos repórteres dos jornais e pelos astros das telenovelas. De acordo com os registros do CAT, a última musa foi Stela, interpretada por Glória Pires, a heroína com alma de noviça e corpo de manequim, da novela O dono do mundo. "Já me vesti como a Madonna, como a Tieta da novela e como alguma personagens de cinema", admite, compreensiva, a atriz; baiana Ingra Liberato, estrela da novela Ana Raio e Zé Trovão, exibida pela, Rede Manchete em seu horário nobre. Sua personagem uma peoa, disparou e uma exótica onda de botas, chapéus e esporas nos centros urbanos. "Isso vai desaparecer", prevê a atriz. "O Brasil não tem clima para moda country"De fato, o clima sempre foi um fator determinante da moda-a tanga provavelmente só poderia ter aparecido no escaldante Rio de Janeiro. "Atenção: a moda ousa sob medida", adverte o economista Machado. "Se ela for contra algum tabu da sociedade, não se disseminará." Dai talvez a desenvoltura das minissaias das cariocas, contrastando com a deselegância discreta das paulistanas, cantada por Caetano Veloso. " Por mais que as revistas mostrem decotes, a moda só cola nos locais onde as pessoas aceitam a idéia de mostrar o corpo", alinhava o professor.
Mas, esclareça-se, cortar tecido, para desnudar certas curvas da carne, não é sinônimo de modernidade. Há dois milênios, na Grécia Antiga, as cidadãs cretenses lançaram o topless: Da realidade, elas exibiam vestidos com mangas e saia em forma de sino, que deixavam os seios descobertos. Creta, aliás, é passarela obrigatória para quem vai seguir os passos da história da moda. Em primeiro lugar, porque ali a roupa ganhou o caráter de sedução, o qual nunca mais despiu- fora de seus arredores, as túnicas das mulheres eram muito parecidas com os trajes masculinos. A grande diferença, então, era o comprimento: nas mulheres, o tecido arrastava até os tornozelos. enquanto nos homens, mal escondia os joelhos. O mais curioso é que foi justamente na Grécia, famosa pelo legado da democracia, que a roupa passou a ser o divisor de ricos e pobres. O historiador Heródoto (484 - 420 a.C.) menciona em seus escritos um decreto ateniense que proibia os escravos e as pessoas de classes inferiores a freqüentar o teatro e outros lugares públicos com roupas tingidas. As chamadas classes superiores, no entanto, tinham liberdade para usar tons vivos, como o vermelho, o amarelo e o roxo.
Roma, nos mesmos tempos antigos, não era diferente: listras estreitas estampavam a toga de magistrados e aristocratas, enquanto as listras largas indicavam que a túnica pertencia a um senador ou a um alto oficial. Segundo o sociólogo José Carlos Durand, professor da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, da Antiguidade até o fim da Idade Média o vestuário passou a ser, cada vez mais, um símbolo de status. Na medida em que as monarquias centralizadas colocaram fim ao feudalismo, criou-se todo um código de regulamentação do vestuário. "Existiam leis que limitavam o uso de cores e dos tecidos mais raros aos poderosos", explica o professor.
Essas leis, chamadas suntuárias, foram derrubadas pela Revolução Francesa, em 1789, com seus ideais de liberdade. igualdade e fraternidade. "Até hoje, passados mais de dois séculos, a classe alta tenta se distinguir pela roupa", observa Durand, em trajes sóbrios, que denotam cuidado na escolha. "Uma moda criada pela classe alta, até chegar ao cabide do operário ou da empregada doméstica, já passou pela classe média", raciocina o sociólogo. Desse modo, ao cumprir esse trajeto, já não serve para destacar os ricos que, nessas alturas, começam a consumir outra moda."A igualdade pregada pelos revolucionários franceses ficaria sem reflexo no espelho, se a Europa não tivesse presenciado, na mesma época, entre 1760 e 1830, a chamada Revolução Industrial-esta, literalmente, deu panos para manga."Antes, o material de costura era praticamente restrito às elites", compara Durand. "As máquinas para confecção, porém, permitiram o desenvolvimento das fiações, que passaram a produzir muito mais tecido." Por sua vez, essa montanha de tecido não podia ficar às traças. "Até o final do século XVIII, ser chique era aparentar tradição, como muitas pessoas defendem até hoje", conta a economista doméstica Maria Elisa Garavello, da Universidade de São Paulo, que mora na tranqüila Piracicaba, cidade do interior do Estado. "Mas, para desencalhar suas mercadorias, a indústria passou a valorizar o novo. Surgiu, assim, a moda sazonal, os lançamentos de inverno e de verão", explica. Os homens, contudo, não escorregaram no consumismo. E desse modo, vestiram a fama de ser um sexo irredutivelmente clássico. Mas, de acordo com os estudiosos, ninguém deveria comprar essa idéia: no pouco caso masculino existia uma enorme preocupação com a moda. Aliás, talvez, nunca os homens estiveram tão sintonizados com o jogo das aparências. Afinal, imperava o ócio no Antigo Regime derrubado pelos revolucionários franceses.Nenhum homem podia fazer muita coisa, carregando entre 8 e 10 quilos de babados - era quanto pesava, em média, o traje típico de um senhor elegante, no final do século XVII. As perucas masculinas, no mesmo período, tornaram-se ainda mais longas do que no século anterior, quando eram a grande novidade. Os revolucionários, portanto, ao protestar contra o regime, adotaram um visual oposto ao vigente, ou seja, extremamente simples e sóbrio. "Estar na moda é incorporar os símbolos de determinado grupo social", justifica Maria Elisa "É como afirmar aos outros, através das roupas, que você está bem informado sobre o que se passa no mundo." De fato, a palavra demodé -do francês, fora de moda- chega a ser sinônimo de desatualizado. "O curioso é que, na mesma época, as mulheres começaram a se enfeitar cada vez mais", observa Maria Elisa. A economista, aliás, escreveu um estudo sobre o consumo de vestuário de suas companheiras de sexo. "As lojas recebem menos mulheres acima dos 30 anos", garante." As solteiras gastam muito dinheiro com roupa", suspeita. "Depois do casamento, é como se tivessem cumprido seu papel social. Então, apelam para modelos discretos e transferem os enfeites para os filhos." Segundo Elisa, as jovens se comportam de maneira oposta: "Suas roupas têm de ser realmente justas, elas detestam qualquer acréscimo de pano, que escondem os contornos do corpo", revela. Uma das mais antigas disputas do mundo da moda também nasceu logo depois da Revolução Francesa. A Inglaterra e a França começaram a se alfinetar por motivos políticos, mas a briga continuou no guarda-roupa: nas ruas londrinas, as mulheres não dispensaram os vestidos de Paris, que sempre eram os mais bordados e cheios de panos; os alfaiates ingleses, de seu lado, vingaram a onda estrangeira, com cortes exemplares de roupas masculinas. Resultado: até nestes tempos modernos, da camiseta e da calça jeans, muitas mulheres ainda sonham em possuir a obra de um costureiro francês no armário, da mesma maneira como os homens esnobam elegância ao usar o tradicional terno inglês.
A mulher só optou pela praticidade no início deste século, quando eclodiu a Primeira Guerra Mundial. Boa parte dos tecidos, já escassos, era destinada à confecção de uniformes para os soldados nos campos de batalha europeus. Na ausência do marido convocado, a mulher começou a trabalhar -muitas vezes, usando a roupa do companheiro distante ou morto na guerra. Ninguém traduziu melhor o novo comportamento feminino do que a francesa Gabrielle Chanel (1883 1971). Coco Chanel, como preferia ser chamada cortou os cabelos na nuca-no penteado que notabilizou seu nome-, substituiu o rodado dos vestidos por uma saia reta, cujo comprimento também passou pela tesoura, parando um palmo abaixo dos joelhos, facilitando a vida de quem, a partir da década de 20, teria de andar até um escritório e, quem sabe, pegar o bonde. O traje era complementado por um casaco: estava criado o famoso tailleur. O novo visual, para a época, era chocante. Mas Coco Chanel, embora tenha nascido em uma família pobre, circulava pela nata da sociedade européia-e assim, das colunas sociais, acabou sendo imitada pela multidão de trabalhadoras.
Nesse mesmo período o homem deprimido pela guerra e pela situação econômica mundial, começou a vestir, com freqüência, preto e cinza", compara Fernando de Barros, diretor da revista Claudia Moda. "Só recentemente, ele voltou a usar roupas coloridas. A moda masculina muda numa velocidade muito mais lenta do que a feminina." Para Barros, que nunca dispensa o par da gravata e do lenço guardado com falsa displicência no bolso do paletó, os homens são muito mais ligados em griffes da moda do que o sexo oposto-constatação que pode ser surpreendente. "Eles são muito mais técnicos, querem a roupa perfeita. As mulheres são mais criativas, aceitam o efêmero, querem sempre renovar", analisa com segurança.
Na verdade, as mulheres abandonaram a austeridade ainda na década de 40, quando Hollywood, a capital do cinema americano, passou a ditar a moda. Era a fantasia dos musicais contra o clima deprimente pós-Segunda Guerra. "O dia-dia incorporou o glamour dos filmes", nota a historiara da arte Cyntia Garcia, ex-estilista, diplomada em Florença, na Itália. Hoje, ela passa os dias prestando consultoria de moda a diversas confecções. "Na verdade, as pessoas o continuar seguindo a moda pelos mesmos motivos do homem primitivo A próxima revolução quem sabe, vai estar no estilo das roupas, com a chegada das fibras sintéticas", estima Cyntia. "Essas fibras permitem a criação de modelos como o próprio cinema já havia previsto para o futuro-coladas no corpo, tal como nos filmes de ficção científica. "

Cifras em voga

Há muito dinheiro dentro da cesta da costura verde e amarela: as 13 830 confecções nacionais empregam 1,6 milhão de pessoas e, juntas, faturaram cerca de 25 bilhões de dólares no ano passado. Em comparação com 1989, porém, as vendas das vinte maiores empresas da área retrocederam, em média, 18,7%. Nesse período, a indústria têxtil também diminuiu 10% de sua produção As razões da queda não estão apenas na crise econômica, que multiplica o número dos descamisados, mas também na fabricação das fibras sintéticas: no Brasil, a matéria prima tem qualidade inferior e, para agravar, são bem mais caras.





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domingo, 30 de dezembro de 2012

Dez anos para decifrar o cérebro - Biologia


DEZ ANOS PARA DECIFRAR O CÉREBRO - Biologia



Agora é pra valer: os cientistas proclamam a Década do Cérebro (1990-1999), durante a qual pretendiam desvendar todos os segredos do mais misterioso órgão do corpo humano, sera que conseguiram...

No final do ano passado, o aparelho de eletroencefalograma instalado no laboratório de neurociências da Universidade de Calgary, no Canadá, começou a desenhar ondas regulares, que representavam o ritmo cadenciado da respiração de uma Lymnaca-uma espécie de lesma marinha com pulmões. O exótico animal costuma subir à superfície da água, de instantes em instantes, abrindo um orifício para a entrada do ar. Mas, no centro de pesquisas canadense, não havia água salgada, nem lesmas. A pulsação registrada vinha, apenas, de três neurônios espetados por delgados eletrodos. O trio, em condições normais, deveria comandar a respiração da Lymnaca e aquela era a primeira vez que os cientistas conseguiam observar o sistema nervoso comandando uma função fora do organismo. Equivaleria a reproduzir uma gargalhada ou um espirro em tubo de ensaio, para se verificar literalmente a raiz do fenômeno: os neurônios, as células onde nascem todas as funções orgânicas, assim como as sensações, as emoções e os pensamentos. As células nervosas que serviram de modelo nessa experiência pioneira funcionam como um oscilador eletrônico conhecido pelos cientistas por flip-flop-dois transístores ligados de modo que um deles, ao conduzir a corrente elétrica em sua saída, impede a entrada da corrente do outro. Assim, um neurônio aciona o músculo envolvido na inspiração da lesma e, ao mesmo tempo, bloqueia um segundo neurônio, responsável por disparar o movimento da expiração. No momento seguinte, a situação se inverte. É o terceiro neurônio, no caso biológico, que controla os dois que irão oscilar, banhando-os com uma substância chamada dopamina, numa espécie de ordem química. Cientistas do mundo inteiro, agora, pretendem realizar estudos semelhantes, trocando o tipo de neurônio e substituindo, muitas vezes, a dopamina por outras substâncias neurotransmissoras, a fim de flagrar novos mecanismos do sistema nervoso.
A mesma técnica, aliás, já serviu para que neurologistas da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, assistissem à modificação neuronal provocada pela memória. Eles imitaram o cientista russo Ivan Pavlov que, no início deste século, induziu cães a salivar toda vez que ouvissem uma campainha-sinal sonoro associado com o horário da refeição. Só que, no caso, os alunos eram 29 pares de neurônios, retirados de outra espécie de lesma marinha, a Aplysia. Um neurônio sensorial, representando o papel do ouvido do cão na experiência pavloviana, recebia um estímulo e acionava em seguida um neurônio motor, equivalente à salivação do bicho. Sem a presença de um neurotransmissor específico, chamado serotonina, aquele neurônio motor reagia como se estivesse sendo estimulado pela primeira vez. Com serotonina, porém, agora consagrada como uma substância fundamental ao aprendizado, a cada repetição o segundo neurônio respondia mais depressa, porque reforçava suas ligações, os axônios, com a primeira célula.
Na realidade, ao se lidar com circuitos simples, formados por poucos neurônios, o que se espera é montar, peça por peça, o intricado quebra-cabeça do cérebro humano - a trama de nada menos que 100 bilhões de células nervosas. A tarefa hercúlea tem um prazo final bem definido: dez anos, que começaram a correr a partir do calendário de 1990. Ao menos, esse é o desafio dos cientistas americanos. Pois o presidente dos Estados Unidos, George Bush, sancionou lei instituindo a Década do Cérebro, que começou no ano passado. Nesses dez anos, as instituições governamentais ligadas à pesquisa devem destinar a maior fatia do orçamento ao estudo do sistema nervoso, enquanto as escolas e empresas privadas que financiarem essa investigação pagarão menos impostos. Com isso, a meta é injetar recursos nas experiências sobre o cérebro. O investimento é lógico: cerca de 50 milhões de americanos são vitimas de algum distúrbio neurológico e gastam, entre exames de diagnóstico e tratamento, aproximadamente 120 bilhões de dólares por ano, uma montanha de dinheiro equivalente ao valor da dívida externa brasileira. Diga-se de passagem, a Década do Cérebro arrancou com força total naquele país. Pois, logo em maio de 1990. pesquisadores da Escola de Medicina Johns Hopkins anunciaram a reprodução de neurônios humanos-células que, até então, tinham a fama de jamais se multiplicar, depois do nascimento.
A proeza foi realizada quando dois neurocirurgiões, Jeffrey Nye e Salomon Snyder, retiraram amostras do córtex-a superfície cinza-chumbo do cérebro-de uma garota de 18 meses, submetida a uma operação. As células extraídas foram mergulhadas em diversos coquetéis de nutrientes e hormônios do crescimento. Passados 21 dias, duas colônias de neurônios começaram a crescer, em vez de morrer como as outras. Elas, aliás, continuam dobrando de população a cada 72 horas. "A descoberta abre a possibilidade de testar drogas e estudar doenças de maneira direta", comemora o neurofisiologista carioca Roberto Lent, que coordena uma dúzia de grupos de pesquisas em neurociências, no Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Na opinião do cientista, embora criada nos Estados Unidos-país onde são realizadas quatro de cada dez pesquisas científicas publicadas no mundo -, a Década do Cérebro repercutirá em laboratórios distantes do território americano. "Tamanha a comunicação entre os pesquisadores, que é possível saber, no dia seguinte, de uma descoberta feita lá fora", afirma Lent, que fez doutoramento no conceituado Massachusetts Institute of Technology (MIT), com o qual há dez anos, mantém uma linha de colaboração. Um dos estudos desenvolvidos pelos cientistas cariocas é o da depressão alastrante, fenômeno descoberto pelo neurologista brasileiro Aristides Leão, ainda em 1944. "Trata-se de uma baixa elétrica global no sistema nervoso, que pode acontecer depois de uma superexcitação dos circuitos neuronais como nas epilepsias", descreve Lent. "Sabemos que isso eventualmente se relaciona com certos tipos de enxaqueca. Portanto, investigar como e por que essa depressão ocorre levará a novos tratamentos para aquelas terríveis dores de cabeça." A Medicina, sem dúvida, será a maior beneficiada com a recente efervescência dos laboratórios de Neurologia. Mas esses estudos têm ainda aplicações, visíveis no horizonte, na área de inteligência artificial. "Só conhecendo o cérebro humano é que se pode criar máquinas capazes de tomar decisões a partir de uma informação qualquer", informa Lent, que também desenvolve trabalhos de apoio aos cientistas da área de Informática da UFRJ. Nesse sentido, segundo o neurofisiologista, outra vez é mais importante investigar a intimidade das células nervosas do que insistir no mapeamento cerebral, isto é, na determinação de funções específicas para cada área do cérebro, que antes parecia ser a mania de muitos pesquisadores.
Nunca, é verdade, os cientistas reuniram tantos equipamentos para bisbilhotar o funcionamento do sistema nervoso e, conseqüentemente, para traçar mapas, indicando a participação de cada uma de suas regiões. No final dos anos 80, por exemplo, surgiu o PET, sigla em inglês para tomógrafo de emissão de pósitrons, como são chamados os elétrons com carga elétrica positiva. Esse aparelho cria a oportunidade de se observar o cérebro em plena ação: injetados na circulação, os pósitrons se chocam com os elétrons do organismo, provocando pequenas explosões que liberam raios gama. Desse modo, um detector desses raios acusa as áreas cerebrais mais irrigadas pelo sangue, logicamente, aquelas mais ativas em uma situação qualquer-quando a pessoa examinada, por exemplo, ri ou chora, dorme ou faz ginástica, faz cálculos matemáticos ou devaneia diante de um quadro.Ironicamente, novas técnicas, como o PET, mostram que o cérebro nem sempre se comporta de acordo com a expectativa. Sua estrutura é muito mais complexa do que imaginávamos", reconhece Lent. "Além disso, os mapas também podem enganar. Até há pouco tempo, acreditávamos que a linguagem dizia respeito exclusivamente ao hemisfério cerebral direito", exemplifica. "No entanto, quando ocorre uma lesão no hemisfério esquerdo, a pessoa pode continuar falando e compreender do o que ouve ou o que lê, mas deixa de exprimir suas emoções através da voz, torna-se monotonal. E o hemisfério esquerdo, portanto, que faz alguém berrar ou falar mansinho."Em vez de caçar o endereço das funções do cérebro no labirinto de sua massa cinzenta, muitos pesquisadores concentram suas atenções na possibilidade de regenerar os estragos na rede de neurônios, provocados por doenças ou traumas. "Nos anos 40, o sistema nervoso era considerado irrecuperável, isto é, uma vez lesado, danou-se", conta o neurologista Esper Cavalheiro. Chefe de um dos principais laboratórios de Neurologia Experimental do pais, o da Escola Paulista de Medicina, Cavalheiro recorda que, nos tempos de estudante, dizia-se que o papel do neurologista terminava no diagnóstico. "Isso desanimava tanto os cientistas como os investidores interessados em pesquisas", lamenta. Hoje, no entanto, Cavalheiro e seus colegas apagam da memória o velho conceito da irreversibilidade. "Caminhamos muito no sentido de reverter as lesões tanto do cérebro como do sistema nervoso periférico, ou seja, dos nervos espalhados pelo corpo", diz, com animação.A equipe de neurologistas da Escola Paulista de Medicina, por exemplo, uniu-se a pesquisadores de Biologia Molecular para criar falsos neurônios a partir de fibroblastos, células da pele envolvidas no processo de cicatrização. "Alteramos seus genes, para transformá-las em usinas de substâncias neurotransmissoras e depois as multiplicamos em meios de cultura", explica Cavalheiro. "Implantados no cérebro de cobaias, os falsos neurônios podem produzir dopamina, por exemplo, cuja escassez provoca as agruras do mal de Parkinson. A idéia é que eles acabem suprindo essa falta." A primeira etapa dessa experiência de implante tem enorme sucesso. Mas, então, o fibroblasto acostumado a se reproduzir com facilidade, para fechar rapidamente as feridas da pele, não pára de crescer. "Eles terminam se transformando em tumores cerebrais", esclarece Cavalheiro. "Mas o importante, por enquanto, é saber que somos capazes de fabricar neurônios sob medida para consertar um problema", contenta-se o pesquisador, que cogita a possibilidade de substituir os fibroblastos por neurônios retirados do sistema periférico-"como os dos nervos do intestino".
Aparentemente, o ideal seria implantar neurônios cerebrais na região lesada. "Não faz sentido, porém, criar um segundo dano no cérebro, arrancando-lhe um pedaço, para curar a primeira lesão", esclarece Cavalheiro. Para resolver o impasse, alguns países sondam a possibilidade de usar, nesses implantes, neurônios de cérebros de fetos, obtidos em abortos. Contudo, além da discussão ética, os cientistas esbarram na dificuldade de analisar o resultado dessas operações. "Até o momento, ainda não se sabe se as células fetais, uma vez implantadas, funcionam conforme o esperado ou se permanecem em um dormente estado embrionário, inabaláveis, sem provocar alterações de qualquer espécie", diz Cavalheiro com ar cauteloso.
O neurologista também se dedica à pesquisa de distúrbios, como a epilepsia, que representa cerca de 15% dos casos de doentes nervosos. "Nela é como se os neurônios, de repente, passassem a receber uma estimulação excessiva", define. "Sem compreender o novo código, eles passam sinais em alta freqüência para outros neurônios." Esse desajuste nos circuitos cerebrais pode se traduzir, enquanto dura a crise epiléptica, em movimentos involuntários, emoções como medo incontrolável ou percepção de odores inexistentes, entre inúmeros sintomas. "As causas do problema podem ser genéticas, traumáticas ou infecciosas", conta o professor. "Felizmente, hoje já se fala em neurogenética, isto é, em localizar os genes que provocam distúrbios no sistema nervoso. No futuro, quem sabe, os problemas se tornarão previsíveis, graças a exames com marcadores de DNA. Nossa meta é impedir a evolução dos distúrbios, em vez de simplesmente atenuar seus sintomas."Novos exames também buscam separar com precisão o que existe de Biologia em problemas que, antes, eram considerados puramente emocionais, como a depressão e as psicopatias. "A Psiquiatria voltou a ser Medicina, diagnosticando sintomas biológicos" opina um dos mais respeitáveis neurologistas brasileiros, César Timo-laria, professor da Universidade de São Paulo. Há mais de 25 anos, ele persegue no sistema nervoso pistas sobre a fisiologia do sono e da vigília e sobre o controle do metabolismo. "Ultimamente, examinamos as alterações do fluxo sangüíneo durante o alerta", conta Timo-Iaria. Segundo o neurologista, um dos sinais de que a pessoa está em alerta é o potencial elétrico da superfície cerebral ou córtex, que reduz a voltagem e aumenta a freqüência. Outro sinal é o diâmetro pupilar. "Embora ninguém consiga perceber a olho nu, a pupila vive oscilando conforme o grau de atenção", explica Timo-Iaria. "Durante uma conversação, ela se dilatará quando o assunto despertar maior interesse". exemplifica, sem abandonar o estilo didático. "Também existem alterações na circulação do sangue pelo cérebro, que é maior naquelas regiões que estão sendo mais solicitadas. Se estou olhando com atenção para algo, então irá mais sangue para as áreas do córtex relacionadas com a visão."De acordo com Timo-Iaria, o grande desafio desse estudo é o fato do alerta variar a todo instante. "Afinal. as pessoas estão sempre pensando. Mesmo aqueles faquires que fazem o diabo para relaxar a mente. na realidade só pensam em não pensar", brinca com as palavras o professor, orgulhoso de conhecer como poucos a língua portuguesa, aliás, sua segunda paixão, depois da Medicina. Prestar atenção, por fim, acelera o coração. Faz sentido. Para atender à demanda de sangue do cérebro, cujos neurônios em determinadas regiões foram subitamente ativados, ocorre uma dilatação dos vasos que conduzem o fluxo à cabeça. "Isso poderia acarretar uma queda brusca da pressão. Mas ocorre o contrário, pois o músculo cardíaco, para compensar, se contrai mais rápido e com mais vigor. No final, a pressão aumenta", descreve. César Timo-Iaria é aquele tipo de pessoa que nunca começa uma história sem ter um objetivo: "Qualquer fenômeno do sistema nervoso mobiliza outros sistemas do organismo", conclui.
Em suas investigações sobre o sono, ele recentemente passou a se concentrar nos sonhos de ratos-"mas pretendo, em breve, passar para gatos, animais que parecem ter nascido para a pesquisa do sistema nervoso", revela. Segundo o professor, os sonhos não provocam somente alterações nas ondas cerebrais, mas em todo o sistema nervoso, com manifestações corporais diversas. "Se alguém sonha que está seguindo uma pessoa, os olhos se movem; se sonha que escuta uma voz, os nervos do ouvido emitem sinais", garante. "Como o olfato é um sentido muito importante para os ratos, nesses animais nós registramos movimentos do focinho." Ao examinar a atividade elétrica da região cerebral do hipocampo, o neurologista flagra o instante em que o rato começa a sonhar. Outra indicação do sonho: "É a única fase do dia em que a musculatura fica completamente relaxada".
O mais interessante, porém, é que a expressão corporal do sonho costuma aparecer de meio a 2 segundos depois de seu início. "É mais ou menos o que, supõe-se, hoje, acontece na vigília. Há indícios biológicos de que uma pessoa só tem consciência de um ato ou pensamento-seja lá o que for- cerca de meio segundo após seu cérebro ter deliberado o que ela irá fazer ou idealizar." Por enquanto, porém, os melhores cérebros que se dedicam ao sistema nervoso pouco conhecem sobre esses mecanismos aquém da razão, a vala comum onde estão os desejos, os instintos, os sentimentos e, de acordo com essa teoria, também os pensamentos mais lógicos. Resta intuir se, daqui ao final da década, eles terão concluído algum raciocínio.

A estrutura mais complexa do Universo

O que se sabe sobre o emaranhado de 100 bilhões de células do cérebro humano.O cérebro humano vale muito mais do que o cerca de 1.3 quilo que pesa: se pudesse ser esticado, seria o maior entre todas as espécies, pois sua superfície cor de chumbo, o córtex, esconde nas reentrâncias nada menos de 9 décimos de sua área. Ali, no córtex, está sediada a maioria dos neurônios, células com milhares de prolongamentos, feito galhos -os dendritos, por onde chegam as informações das outras células nervosas. Na verdade, cada um dos 100 bilhões de neurônios cerebrais está ligado a 10 000 outros, aproximadamente, o que significa que ele pode receber 10 000 mensagens ao mesmo tempo. Ao processar esse colossal número de dados, o neurônio chega a uma única conclusão, que envia por uma saída exclusiva-um prolongamento chamado axônio.Um neurônio, porém, jamais encosta em outro e a informação salta no vazio graças a proteínas sintetizadas pelas próprias células nervosas: os neurotransmissores. "Hoje em dia, conhecem-se mais de 100 dessas substâncias", contabiliza o neurologista Esper Cavalheiro, da Escola Paulista de Medicina. "O mais interessante é que, cada uma delas, parece ter diversas funções no cérebro." É uma questão espacial, ou seja, de acordo com o pedaço da molécula que se encaixa em um receptor, na membrana de outro neurônio, o neurotransmissor provocará determinada reação. "Os cientistas, com freqüência, encontram novos receptores nas células cerebrais, indicando funções diferentes para neurotransmissores, cuja molécula, muitas vezes, já conheciam havia bastante tempo."


O atalho das emoções

Cientistas da Universidade de Nova York, nos Estados Unidos, há apenas seis meses, derrubaram a teoria de que as emoções são percebidas exclusivamente na área cerebral do hipocampo. Segundo eles, amor e ódio podem ser disparados por outra região, a amídala, que fica nas proximidades do tálamo, a área que coleta os sinais sensoriais. Quando se reconhece o rosto de alguém. a amídala pode adicionar o registro de que você decididamente não gosta daquela pessoa. Esse acréscimo não passa pelo córtex, ou seja, não se toma consciência da emoção-a repulsa pelo outro, no caso do exemplo, é instintiva.Trata-se de um atalho neurológico: de acordo com os cientistas, que analisaram os dados do encefalograma de voluntários com a ajuda de um computador, à reação emocional da amídala economiza 40 milissegundos em relação à reação do hipocampo. Pode parecer uma fração insignificante de tempo, mas os pesquisadores desconfiam que esse intervalo ínfimo faz a maior diferença. Assim, o tálamo pode receber uma imagem, captada pelos olhos, que o hipocampo identifica como uma corda retorcida-mas, um instante antes de isso acontecer. a amídala la já teria acionado o reflexo do pulo. desencadeado pelo medo de aquela corda ser uma cobra.





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domingo, 30 de dezembro de 2012

Biotérios Quatro e Cinco Estrelas - Biologia


BIOTÉRIOS QUATRO E CINCO ESTRELAS - Biologia



Cama trocada todos os dias, água limpíssima, refeições preparadas com esmero, ar absolutamente puro - tudo isso devem oferecer os locais em que se criam animais para experiências científicas.

Ali, não é qualquer um que consegue entrar e nem se entra de qualquer jeito. Primeiro, o visitante abandona os sapatos, pula o muro de 0,5 metro e apanha chinelos. Então, um corredor comprido conduz ao banheiro, onde quatro duchas, juntas, expulsam do corpo nu a sujeira vinda de fora. Uma roupa esterilizada fica à espera. De banho tomado e vestida como um cirurgião, a pessoa abre a porta que dá para um cubículo, menor do que um elevador, decorado apenas com um interfone. Ela, assim, pede autorização para passar e, se a resposta é positiva, recebe jatos de ar, que correm do teto em direção ao chão, para varrer eventuais clandestinos, como insetos -afinal o banheiro ainda fica em uma área considerada suja. Só quando se destranca a outra porta do cubículo, oposta à primeira, é que se vai para a chamada área limpa, freqüentada apenas por quem passou por todo esse ritual e pelos animais destinados a experiências científicas.
Esse é o roteiro de quem visita o biotério central da Universidade de Campinas (Unicamp), no interior de São Paulo, um dos raros exemplares brasileiros que seguem os padrões internacionais estabelecidos para esses locais de criação. "As portas que interrompem o percurso têm maçanetas eletrônicas, acionáveis só de um lado- o de entrar, nunca o de sair. É um caminho sem volta", explica a bióloga Delma Pegolo Alves, que coordena o setor de gnotobiologia, ou seja, das cobaias cujos parasitos do organismo são bem conhecidos. A impossibilidade de retornar é uma medida de segurança: "Caso alguém se contamine em um dos ambientes, não levará o agente da infecção para outro lugar da área limpa", diz Delma. "Isso porque, quando já está dentro de uma câmara, como chamamos a sala em que ficam os animais, a pessoa só tem uma saída, que é voltar para a área suja."
Mas não existem apenas cuidados de percurso. Um biotério, como o da Unicamp, tem de ser um lugar especial até no próprio projeto do prédio. As câmaras dos animais devem ficar no miolo da construção, cuja pressão atmosférica é programada para ser maior do que a do corredor, a qual por sua vez é maior do que a de áreas mais externas e mais sujas, entre aspas, do edifício. Desse modo, o ar tende sempre a escapar para fora. Se alguém, por exemplo, passeia por ali com um germe de carona na roupa, é grande a probabilidade do microorganismo invasor voar para longe das câmaras. "Além disso, a cada hora ocorrem quinze a dezoito trocas de ar, que é filtrado, mantendo se puríssimo", conta a bióloga. Delma planejava trabalhar em um laboratório de Medicina, quando se formou. Mas, então, assistiu a um vídeo sobre bioterismo: "Fiquei encantada", recorda. O resultado é que há cinco anos, vaidosa, desfila de colar de pérolas entre ratos e camundongos.
"Muitos cientistas nem sequer fazem idéia sobre o que é um verdadeiro biotério-muito diferente de uma sala com um amontoado de gaiolas, como, infelizmente, se encontra em diversas escolas e centros de pesquisas brasileiros", critica a imunologista Teresa Kipnis, da Universidade de São Paulo. "Ao pensar em cobaias, a maioria das pessoas lembra que costumam morrer depois de experimentos científicos, sem se preocupar em como elas passam a vida", diz ela, famosa entre os pesquisadores por lutar pelo estabelecimento de melhores biotérios no país.
De fato, muitos animais são sacrificados em laboratórios. Mas, em princípio, eles não devem sentir qualquer sofrimento. Condená-los dessa maneira faz parte da luta pela sobrevivência do homem tanto quanto se alimentar com uma salsicha-feita a partir de um porco também criado para morrer, só que sem anestesia. No Rio de Janeiro, por exemplo, o Instituto Vital Brasil mata cerca de 17 000 camundongos, oitenta cobaias e sessenta coelhos por mês. Mas, com isso, são fabricadas 60 000 doses de soro antiofídico, 120.000 doses da vacina anti-rábica e 5 milhões de doses da vacina antitetânica, produtos que podem ser vitais. Sobretudo, os animais de laboratório são fundamentais à pesquisa, que irá utilizar determinada espécie conforme sua finalidade. Hoje em dia, é verdade, os pesquisadores procuram economizar cobaias, deixando-as para a última etapa de seu trabalho, iniciado com simulações em computador ou mesmo observando-se culturas de células em tubos de ensaio.
Sem os animais, contudo, a roda das ciências biológicas não teria girado: talvez ainda se acreditasse que os organismos obedecem a leis mecanicistas sendo um punhado de células isoladas entre si, funcionando certinhas como um relógio. Na década de 1870, porém, o francês Claude Bernard (1813 -1878), um dos precursores da Fisiologia experimental demonstrou com a ajuda de cobaias que existia uma relação entre todos os órgãos. Mas hoje se sabe: não é qualquer animal que serve para o pesquisador. "Às vezes, precisamos de uma cobaia com certa doença hereditária, para estudar um fenômeno especifico. Mesmo assim, ela não pode ter outros problemas de saúde, porque isso influenciaria o resultado da experiência. Daí os biotérios oferecerem tantos cuidados quanto um berçário", compara o imunologista Mário Mariano, professor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo, ao qual pertence um dos melhores biotérios brasileiros-o de camundogos isogênicos, isto é, camundongos que possuem os mesmos genes. Dessa maneira, os camundogos da chamada linhagem Balb-C que se encontram em um laboratório brasileiro são idênticos aos Balb-C da China ou dos Estados Unidos. "Desse modo, uma experiência realizada aqui pode ser repetida em qualquer lugar do mundo", conclui Mariano.
Segundo o imunologista, as linhagens de laboratório têm duas características: sua bagagem genética é bem conhecida; além disso, são selecionados geneticamente os animais mais mansos e fáceis de manipular. No Brasil, por enquanto, o biotério da Unicamp é o único que possui um banco de embriões, para preservar essas linhagens sob medida para a pesquisa. "Não teremos de importar novamente os bichos, toda vez que eles forem contaminados", comemora o microbiologista baiano Humberto Rangel, que dirige o biotério. Os embriões são retirados das trompas maternas e congelados, cinco dias depois da fecundação, quando somam entre quatro e oito células. "Mais tarde, eles poderão ser implantados em qualquer fêmea, mesmo que ela pertença a outra linhagem", diz Rangel. Antes disso, porém, é preciso realizar a vasectomia no macho que irá acasalar com a mãe de aluguel. Sim, porque sem esse namoro prévio o organismo da fêmea, como ocorre na maioria das espécies, não produz os hormônios que mantêm a gravidez-e ela aborta.
Outra cirurgia na rotina dos biotérios é a histerectomia, no caso uma espécie de cesariana com a finalidade de limpar -no jargão dos especialistas-uma linhagem. "Quando os filhotes de uma fêmea infectada estão para nascer, nós retiramos todo o útero", descreve a veterinária Rosália Regina De Luca, acostumada a fazer a operação no biotério de isogênicos da USP, o qual ela chefia. O vidro que divide a pequena sala cirúrgica é cortado por uma banheira, repleta de solução anti-séptica. Nela, Regina mergulha o útero extraído. Um cirurgião, no outro lado, apanha a bolsa e reanima depressa uma por uma das crias, que ficaram temporariamente sem receber oxigênio. De tão pequenas, a massagem para ressuscitar o coração é feita com um cotonete. "Como, durante a gestação, os filhotes estavam protegidos pela placenta, capaz de barrar os germes, e mais tarde, durante o parto, não tiveram nenhum contato com o corpo infectado da mãe, eles nascem limpos, ou seja, sem herdar a infecção", conclui Regina.
O trabalho, porém, não termina aqui. "Programamos uma fêmea para dar crias poucos dias antes da histerectomia, assim ela pode servir de ama-de-leite. O problema é que ela só irá cooperar se for enganada", conta a veterinária. É um seqüestro: enquanto alguém distrai a mãe zelosa, outra pessoa troca os filhos legítimos pelos camundongos órfãos. "O truque é sujá-los com a maravalha que revestia a cama da primeira ninhada", revela Regina. "Com um pouco de sorte, a fêmea irá ignorar as diferenças, ao sentir o cheiro dos próprios filhotes."
No biotério de isogênicos da USP, os camundogos são SPF-sigla do nome em inglês, que significa livre de patógenos específicos. "São animais que possuem apenas as bactérias da própria flora intestinal, sem nenhum parasito estranho, capaz de provocar doenças", esclarece Regina. Por criar linhagens SPF, o biotério recebe a classificação de quatro estrelas. Sim, porque tais quais hotéis, os biotérios são devidamente estrelados. Uma única estrela recebem os biotérios onde não há nenhum tratamento especial com os animais, que no caso podem ser até doentes; duas estrelas vão para aqueles biotérios com animais sem determinadas bactérias que costumam provocar diarréias; três estrelas merecem os biotérios com barreiras, como filtros de ar para evitar as contaminações; quatro estrelas são para os que criam SPF; na categoria máxima, a das cinco estrelas, estão os biotérios de animais germfree -em inglês, livre de germes-que não têm sequer as bactérias da flora intestinal.
Manter um biotério quatro estrelas já não é fácil. O biotério da USP conta com sistemas de barreiras similares aos da Unicamp. Todo dia, os funcionários trocam cama por cama dos camundongos, forrada de maravalha de pinho. "De acordo com testes, essa madeira oferece menor risco de alergias nos animais", esclarece Regina. Tudo, do bebedouro à comida propriamente dita é esterilizado em autoclaves. O material também recebe banhos de ultravioleta, raios que têm ação bactericida. Além disso, periodicamente, é feita uma série de testes em 10% dos animais, a fim de flagar microorganismos indesejáveis. Os animais isogênicos, especificamente, exigem exames extras, com substâncias marcadoras de DNA, a fim de mapear seus genes, para verificar se continuam, de fato, idênticos entre um indivíduo e outro.
Para obter animais isogênicos, os cientistas cruzam vinte gerações de irmãos-os acasalamentos e os nascimentos ficam gravados na memória de um computador que pode fornecer rapidamente a árvore genealógica de qualquer animal do biotério. "Para saber se os bichos são isogênicos, realizamos um transplante", ensina a bióloga Sílvia Maria Gomes Massaroni, da USP. Sílvia corta a orelha de um camundongo, para costurá-la nas costas de outro. "Se não necrosar, passados 100 dias, é porque os dois organismos são idênticos", raciocina a bióloga, com jeito sereno. "Tantos cruzamentos entre irmãos, aumenta as chances de mutações".
As mutações, no entanto, às vezes são bem-vindas. "Nem sempre elas resultam em um monstrinho", afirma a bióloga Mirian Ghiraldini, da Escola Paulista de Medicina. Entre os 6 000 ratos que seu biotério abriga estão os de uma linhagem de hipertensos, que surgiu na Universidade de Quioto, no Japão. Mirian, sempre falante, mostra o aparelho que tira a pressão do rato pela cauda. "Ele é um dos modelos preferidos pelos cardiologistas", brinca. Outro mutante no biotério é um ratinho com um tipo de diabete em que não se produz o hormônio antidiurético, com o qual o organismo prende o líquido de que necessita. "Por acaso, um pesquisador americano notou que o bebedouro daquele rato estava sempre vazio", conta Mirian. "Constatada a mutação o sumiço da água fazia sentido: diabete deixa as vítimas sedentas." O metabolismo de uma cobaia pode ser avaliado em uma gaiola redonda de vidro. "Deixamos o animal doze horas ali dentro", explica Mirian. "Sabemos quanta água há no bebedouro e quantos gramas de ração, no prato. Assim, podemos calcular o consumo do animal nesse período." O Brasil também tem o seu mutante, um rato completamente careca chamado Paraíba, numa homenagem ao Estado em que apareceu. "Ele possui um sistema imunológico deficiente. Vamos cruzá-lo para tentar obter uma linhagem. Ela ajudará em pesquisas como a da AIDS", acredita.
A dificuldade do biotério da Escola Paulista de Medicina é ser multiespécie, reunindo ratos, camundongos, cobaias e coelhos. "O que não causa mal em uma espécie pode provocar doenças em outra", admite a bióloga. A pior batalha, porém, é a de um biotério cinco estrelas, para impedir o acesso de absolutamente qualquer microorganismo. O único cinco estrelas brasileiro está na Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte. Nele, os camundongos ficam dentro da proteção dos isoladores. Mas, há dois meses, mal pisou no biotério, às 7 da manhã como de costume, a técnica Ronilda Santos sentiu um cheiro estranho. Os colegas, a princípio, discordaram: "Afinal, aqui não se nota sequer o odor de ração e do pêlo dos animais, que ficam isolados", explica a técnica. Mas o nariz de Ronilda, apurado pelos quinze anos de experiência lidando com cobaias sem germes, notou que os bichos estavam contaminados. Felizmente, o biotério já importou novos animais.
O célebre microbiologista francês Louis Pasteur (1822 -1895) imaginava que seria impossível conseguir um animal sem parasitos - se existisse um ovo asséptico, então o filhote se contaminaria pela alimentação. Contudo, em 1928, R. Kimura, no Japão, e J. Reyniers, nos Estados Unidos, criaram filhotes nascidos de cesarianas com uma, dieta esterilizada. "Esses animais são extremamente úteis para a Medicina, porque têm um sistema imunológico praticamente virgem", ressalta o médico mineiro Ênio Vieira, que trouxe os primeiros exemplares de camundongos sem germes para o Brasil, há sete anos. "Só praticamente, porque os alimentos excitam as células de defesa", diz ele, especialista em alimentação.
Cheio de humor, Vieira mostra a pasta lotada de papéis-onde se lê, na etiqueta, Dia de São Nunca-perdida sobre a mesa, entre pilhas de projetos de estudos. "Com essas cobaias, podemos notar exatamente como as vitaminas influem no sistema imunológico ou observar até que ponto as cáries dentárias são provocadas pelos alimentos e pelas bactérias", conta animado. Hoje em dia, porém, ele prefere se dedicar à pesquisa de doenças freqüentes no Brasil, como o mal de Chagas. "Comparamos esses problemas em animais sem germes e animais convencionais. Temos descoberto coisas curiosas", revela. Segundo o professor, a flora bacteriana do intestino parece interagir com o organismo, ajudando-o a se defender em muitos casos. "Uma única salmonela, encontrada no alimento, é capaz de matar um camundongo sem germes", nota Vieira. "Podemos infectar o camundongo convencional com 10 000 salmonelas, que nada lhe acontece." Noventa por cento do número de células presentes no organismo humano são alheias, isto é, são bactérias da flora. "É natural que essa massa celular tenha um papel importante", opina a bióloga Leda Quércia Vieira.
Filha do professor Ênio, depois de fazer mestrado na Escócia, ela voltou para o laboratório chefiado pelo pai. É dela o desafio de entender como essas bactérias influenciam fenômenos aparentemente distantes. "Se inocularmos amostras da flora de um animal em um camundongo sem germes, ele se torna capaz de aceitar o implante de um órgão do primeiro. Sinal de que a flora tem algum papel nos mecanismos de rejeição-resta saber qual." Estudos como esse, no entanto, ficam emperrados cada vez que os bichos se contaminam. "Seremos menos dependentes quando existir mais biotérios cinco estrelas", torce Leda.

Licença para matar

No ano passado, na Inglaterra, nove cientistas perderam a licença do governo para pesquisar, acusados de realizar experiências sem anestesiar os animais. "No Brasil, falta fiscalização", reclama a bióloga Mirian Ghiraldini, da Escola Paulista de Medicina. "Poucas pessoas sabem, mas é proibido usar animais em escolas de primeiro ou segundo grau, até mesmo para mostrar em feira de ciências", exemplifica. Por sua vez, segundo a veterinária Rosália Regina De Luca, da USP, as aparências podem enganar: "O que parece tortura, às vezes é uma maneira de proteger o animal. Amarrá-lo, em certos casos. é a melhor forma de evitar que ele, ao se debater, acabe se machucando", diz ela. "Os sacrifícios, porém, só deveriam ser permitidos sem dor".

C=203.204





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domingo, 30 de dezembro de 2012

Haja Papel - Tecnologia


HAJA PAPEL - Tecnologia



Com auxílio até de computadores, as modernas indústrias papeleiras fabricam toneladas de folhas por
dia. Há, porem, o desafio de conseguir matéria-prima para a demanda gigantesca.

Separam-se os filamentos de um vegetal qualquer para misturá-los com água até que assim, em suspensão, possam se emaranhar sobre um molde poroso. Depois de prensar e secar a massa, obtém-se uma película fina de celulose. Simples, a receita básica do papel, criada há quase dois milênios. é cada vez mais aplicada. Algumas pessoas chegaram a imaginar que o enorme consumo global desse produto diminuiria com a incorporação, no dia-a-dia, de recursos como a Informática. Mas quem arriscou esse palpite acabou fazendo um papelão, porque, de fato, a última década fechou gastando o dobro de celulose em relação à anterior.
Na realidade, o que se observa são trocas de papéis: os balanços das empresas, por exemplo, vêm dispensando as tradicionais folhas sulfites para serem impressos em metros dos formulários contínuos de computadores: já o papel timbrado das cartas pode ser substituído pelo papel térmico do fax. Engordando a demanda, as campanhas ambientalistas muitas vezes triunfam no sentido de aposentar o plástico das embalagens, cuja vida se aproxima do infinito, promovendo o retorno do reciclável papel cartão. Se insistir nesse ritmo de crescimento, a necessidade de papel no ano 2000 será cinco vezes maior do que a atual, uma projeção que aflige os pesquisadores. Pois, com os indíces vigentes de reposição de árvores, não há fibra no planeta que dê conta de toda essa papelada. Ao menos, por enquanto. Hoje, a madeira representa 95% da matéria-prima fibrosa usada pela indústria papeleira. No entanto, os cientistas começam a examinar com atenção fontes alternativas, como folhas de carnaúba, palmito e, mesmo, bagaço de cana. Além disso, laboratórios americanos e japoneses desenvolvem papéis de fibras sintéticas - feito o náilon -, embora seu preço ainda seja proibitivo.
De certo modo, a história se repete: não é a primeira vez que o homem se vê obrigado a buscar novos suportes à escrita. A pedra, em que os egípcios relatavam episódios importantes há mais de 6 500 anos, foi provavelmente o primeiro deles. três mil anos mais tarde, porém, os babilônicos criaram a tábua de argila-entre eles, a educação era obrigatória, ou seja, quase todo mundo escrevia e não era nem um pouco prático fazê-lo em monolitos. A popularização da escrita, aliás, levou os povos mediterrâneos a desenvolver tabuletas portáteis cobertas de cera, que podiam ser polidas e, desse modo, grafadas repetidas vezes. Já os orientais, em geral, empregavam folhas- daí essa palavra ser sinônimo de páginas-costuradas feito livros. Os antigos gregos e romanos, contudo, preferiam gravar em chapas metálicas, até que os egípcios inventaram o papiro, no início da era cristã, trançando fatias finíssimas de uma planta com o mesmo nome, das margens do rio Nilo.
No século II, o papiro fazia tanto sucesso entre os gregos e os romanos, que os mandatários do Egito decidiram proibir sua exportação, temendo a escassez do produto. Isso disparou a corrida atrás de outros materiais e não tardou que, na cidade de Pérgamo, na Antiga Grécia (hoje, Turquia), se encontrasse o pergaminho. obtido da parte interna da pele do carneiro. Grosso e resistente, ele era ideal para os pontiagudos instrumentos de escrita dos ocidentais, que cavavam sulcos na superfície do suporte, o quais eram, depois, pacientemente preenchidos com tinta. O pergaminho, entretanto, não era liso e macio o suficiente para resolver o problema dos chineses, que praticavam a caligrafia com o delicado pincel de pêlo, inventado por eles ainda no ano 250 a.C.-só lhes restava, assim, a solução nem um pouco econômica de escrever em tecidos como a seda. E tecido, naqueles tempos antigos, podia sair tão caro quanto uma pedra preciosa.
Provavelmente, o papel já existia na China desde 0 século Il a.C., como indicam os restos em uma tumba, na província de Shensi. Mas o fato é que somente no ano 1 05 A C. o Oficial da corte. T´sai Lun anunciou ao imperador a sua invenção. Tratava-se, afinal, de um material muito mais barato do que a seda, preparado sobre uma tela de pano esticada por uma armação de bambu. Nessa superfície, vertia-se uma mistura aquosa de fibras maceradas de redes de pescar e cascas de árvores. "No fundo, fazer papel ainda é molhar as fibras, socar e deixar secar", resume a museóloga paulista Lourdes Cedran presidente da Associação Brasileira de Papel Artesanal (Abrapa), que reúne 45 sócios, dispostos a colocar literalmente as mãos na massa, imitando a velha técnica que, aliás, os chineses esconderam por 600 anos
Aproximadamente no ano 750 d.C., dois artesãos da China foram aprisionados pelos árabes. na antiga cidade de Samarkanda, aos pés das montanhas do Turquestão, hoje território soviético. A liberdade só lhes seria devolvida com uma condição-se eles ensinassem a fabricar o papel, que assim iniciou sua viagem pelo mundo. No século X, foram construídos moinhos papeleiros em Córdoba, na Espanha. "Os demais países da Europa, fervorosamente cristãos, demoraram para aceitar o produto oferecido pelos árabes", nota Lourdes. "Usava-se como desculpa a fragilidade do papel em comparação ao pergaminho."
Para diminuir essa desvantagem, os italianos da cidade de Fabriano começaram a fabricar papéis, por volta de 1268, à base de fibras de algodão e de linho, além de cola-substancia que, ao envolver as fibras, tornava-as mais resistentes às penas metálicas com que escreviam europeus. Quanto ao preço, no entanto, papel e pergaminho empatavam, pois era muito difícil conseguir roupas velhas para extrair a celulose. Quando, na Renascença, o advento da imprensa fez o consumo de papel aumentar terrivelmente, os ingleses chegaram a determinar que as pessoas só poderiam ser enterradas com trajes de lã, a fim de poupar os trapos de algodão, deixados compulsoriamente de herança para os papeleiros.
Já não se faz papel como antigamente, embora os especialistas reconheçam que o algodão oferece as melhores fibras. Economicamente é mais interessante que essa matéria-prima seja encaminhada à indústria têxtil. Mas até hoje o papel-moeda, por exemplo, não dispensa esse nobre ingrediente, que por ter fibras longuíssimas faz um produto difícil de se rasgar e de grande longevidade. O algodão demorou para ser substituído. Somente em 1719, o entomologista René de Réaumur (1683-1757) sugeriu trocá-lo pela madeira. Ele observou vespas construindo ninhos com uma pasta feita a partir da mastigação de minúsculos pedaços de troncos. Sob lentes de aumento, a obra das vespas e a dos artesãos papeleiros eram muito parecidas.
A idéia de Réaumur foi mal recebida, por questão estética: a celulose extraída da madeira dava origem a uma pasta de cor parda. Até o final do século XVIII, escrever em uma folha branca era um verdadeiro luxo-já era difícil conseguir qualquer pedaço de pano e essas folhas, particularmente, só podiam ser obtidas de tecidos igualmente alvos . Em 1744, porém, uma descoberta iria impulsionar a fabricação do papel com a celulose de árvores: o químico sueco Karl Scheele (1742-1786) isolou a molécula do cloro e revelou seus efeitos alvejantes. Ou seja, daí em diante, era possível produzir papel branco com qualquer madeira, que se tornou a protagonista do processo.
"São necessárias poucas horas desde o momento em que a árvore tomba no chão para que se comece a extração da celulose", conta Antonio dos Santos, o Riska, apelido que ganhou no time de futebol da escola primária e pelo qual é conhecido na Ripasa, uma das maiores indústrias de celulose e papel do país. Ali, ele é o gerente de produção, embora nunca tenha entrado na faculdade. "Trabalho há trinta anos no setor papeleiro", orgulha-se ele, capaz de escalar as imensas máquinas da empresa, que as vezes alcançam 10 metros de altura, para explicar cada detalhe de seu mecanismo. Em alguns segundos, equipamentos descascam os troncos de eucalipto, a espécie preferida pelos brasileiros para a extração de celulose. "As cascas são aproveitadas em caldeiras, e se transformam em combustível", diz Riska.
Outro equipamento pica as toras já descascadas com a precisão de um exímio cozinheiro, em cubos de 1,5 a 2 centímetros de espessura, nem mais, nem menos. "Esses pedaços de madeira, os cavacos, devem ser todos o mesmo tamanho para que se consiga celulose de boa qualidade", determina o gerente de produção. Faz sentido: dali, após serem lavados para não sobrar um grão de areia ou da terra, os cavacos passam para gigantescas panelas de pressão, os digestores, onde são cozinhados numa temperatura de 170 graus Célsius. "Se fossem de tamanhos diferentes, alguns cavacos ficariam no ponto antes de outros", explica Riska. O cozimento costuma demorar somente duas horas, porque esses toquinhos são mergulhados em um caldo leitoso, o licor branco, que combina soda cáustica e sulfeto de sódio, entre outros ingredientes. Essas substâncias são catalisadoras, isto é, aceleram certas reações que, no caso, provocam a dissolução na água de tudo o que não é celulose, como a lignina - outro componente da madeira, cujas propriedades vêm sendo estudadas, para seu uso industrial como adesivo ou aromatizante.
Outra lavagem com água fresca separa a celulose do restante-agora um caldo escuro, a lixívia negra, que pode ser reciclada para que os componentes formem novamente o licor branco do início do processo, em vez de poluirem rios. "A massa de celulose serve diretamente para se fazer papel pardo ou papelão", conta Riska. Ou é tratada com cloro para se tornar branca."
Na hora de fabricar o papel propriamente dito as laminas de celulose são molhadas em água, dentro de liquidificadores tamanho família. Nessa fase, misturam-se também aditivos, conforme a finalidade. "Acrescentamos sabões à base de resina vegetal, quando queremos um papel que dificilmente se desmanche em água, como o dos coadores descartáveis de café", exemplifica Riska. Indispensável, porém, é a adição do amido, que funciona como um adesivo entre as fibras de celulose.

Olhando-se um papel no microscópio, vê-se que essas fibras nem sempre se dispõem homogeneamente-ora estão mais unidas; ora, mais separadas. "Sem o amido. tapando os buracos dessa superfície, o papel daria sempre a impressão de estar engordurado, com partes mais transparentes e partes mais opacas" descreve Riska. A pasta de celulose é finalmente derramada na máquina de papel, que surgiu ainda em 1799, criada por dois ingleses, os irmãos Fourdrinier. Ela se divide em três seções: formação, prensas e secagem.
"As máquinas modernas produzem 1 200 metros de papel por minuto", informa José Luiz Malerbi gerente de marketing da Voith, empresa alemã que está entre os três maiores fabricantes mundiais de equipamentos para a indústria papeleira. "Essa velocidade é para compensar os dois anos que elas demoram para ficar prontas", brinca. Uma máquina é sempre desenhada de acordo com as características da encomenda. "Com mais de 125 metros de comprimento é 10 metros de altura, só vale a pena montá-la em seu endereço definitivo", conta Malerbi.
Os equipamentos mais recentes, como os que se encontram na fábrica da Ripasa, em Americana, interior de São Paulo, são monitorados por computador. Na tela, o técnico pode ver o desenho do tanque de celulose e conferir se ele está cheio da pasta. Com aparência de coalhada, ela se derrama em jatos na chamada mesa formadora-o que também pode ser visto na telinha -, cujo comprimento é comparável ao de uma piscina olímpica. A massa é jorrada em alta velocidade-para haver o mínino de turbulência, o que provocaria ondulações no papel-, através de inúmeros tubinhos, dispostos na mesma direção em que se pretende deixar as fibras. Isto é, no papel de boa qualidade, esses microscópicos fios de celulose não se espalham ao acaso, mas enfileiram-se longitudinal ou transversalmente.
Ao sair da mesa formadora, a composição da folha é 80% água e 20% sólidos. Parte dessa água será retirada por pesadas prensas de aço, revestidas com feltros de fibras sintéticas. O revestimento, idéia que os alemães tiveram ainda em 1829, ajuda a alisar a folha, aumentando seu brilho. No final da seção de prensagem, apenas seis em cada dez moléculas do papel, que viaja a 60 quilômetros por hora na esteira do equipamento, são de água. Durante o percurso, o líquido é sugado por rolos perfurados e, então, escoados até um tanque sob a máquina.
"Essa água é filtrada para ser novamente aproveitada", conta Eduardo Antonio Mambrim, gerente de meio ambiente da Ripasa. Depois de trabalhar trinta anos na produção de papel, ele se anima com o desafio de arrancar dessa indústria a fama que sempre teve - a de destruir florestas para conseguir matéria-prima, ser poluidora, despejando, por exemplo, o cloro do branqueamento nos rios e, ainda, consumir água indiscriminadamente. Segundo Mambrim, graças a um sistema fechado, que não permite muita perda do líquido cada máquina gasta apenas cerca de 420 000 litros de água por dia o equivalente a cerca de três banheiras comuns cheias.
Na parte final da prensagem, a folha passa por cilindros aquecidos com vapor, até ficar com 4 a 5% de água. "Nesse setor, ela pode receber ainda banhos de substâncias específicas na superfície", explica Mambrim. Por exemplo, o papel que embala seringas descartáveis são revestidos com camadas de bactericidas, servindo assim de barreira, que evita a contaminação do produto embrulhado. Cada máquina moderna fabrica entre 400 a 600 toneladas de papel por dia. No ano passado as indústrias brasileiras, juntas, produziram 1 321 000 toneladas de papel para escrever e imprimir; 246 000 toneladas de papel de imprensa para jornais; 2 269 000 toneladas de papel para embalagem; 404 000 toneladas de papel sanitário; 487 000 toneladas de cartões e cartolinas; 116 000 toneladas de papéis especiais, como os dos passaportes. Contudo, apenas um terço de todo esse papel é reciclado-isso é metade do que reaproveitam países como o Japão, a França e a Alemanha.
Para conseguir fibras para essa montanha de papel novinho em folha, a Aracruz, por exemplo, que lidera o mercado nacional de celulose, derruba 11 900 eucaliptos por dia, aproximadamente. "Para evitar danos à natureza, não basta um simples programa de reflorestamento", adverte Leopold Rodés, ex-diretor do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em São Paulo, que hoje dá consultoria à Klabin, a maior fabricante brasileira de papel. "É preciso plantar aquelas árvores com maior quantidade de madeira e mais resistentes às pragas." Para Rodés, com isso as indústrias poderiam manter a produção de papel, serrando menos eucaliptos. Segundo o engenheiro florestal José Zani Filho, da Ripasa, no Brasil o eucalipto cresce em menos de sete anos, graças a um feliz casamento de clima e solo: "No Hemisfério Norte e o mesmo na Austrália, o período de amadurecimento é de 20 a 25 anos", compara. "Podemos acelerar um pouco mais o crescimento, verificando a influência de cada componente do solo". A paixão de Zani, no entanto, é passar o dia trancafiado na estufa, em Araraquara, interior de São Paulo, onde crescem milhões de mudas de eucaliptos dentro de tubetes, feito provetas. "Escolhemos as melhores sementes sob lentes de aumento", conta. "No ano passado, plantamos 20 milhões de eucaliptos, 2 milhões a mais do que cortamos", comemora.

O nobre bagaço da cana

Fazer papel com a celulose extraida do bagaço de cana-de-açúcar começa a se tornar possível, com resultados semelhantes aos dos processos que utilizam madeiras. Pesquisas realizadas por Priscila Benar, do Instituto de Química da Unicamp, SP, mostram que o rejeito das usinas de açúcar e álcool pode ser aproveitado pelas indústrias de papel, com a vantagem de não prejudicar o ambiente. Graças a esse trabalho, ela ganhou o Prêmio Jovem Cientista de 1990, no último mês de junho.
A extração da celulose foi baseada em um método europeu que, no caso, combina madeira de pinus e solventes orgânicos, como etanol e acetona. Com um processo parecido, Priscila, primeiro, separou os componentes do bagaço, atacando-o com ácido acético, o popular vinagre, e catalisadores capazes de adiantar a obtenção da polpa de celulose. Esses reagentes são reaproveitados, numa escala de 90 a 95%, evitando a poluição ambiental.
Depois, a química de 23 anos desenvolveu um projeto, inspirado na planta piloto de uma fábrica de celulose alemã. "Nela, o espaço físico ocupado é dez vezes menor que o de uma indústria papeleira convencional, mas o rendimento é o mesmo", conta Priscila, entusiasmada. Se comprovada a eficiência do modelo criado por Priscila, o setor se beneficiará com a possibilidade de montar pequenas indústrias, nas vizinhanças das usinas de álcool e açúcar. Bolsista da Fapesp-Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, Priscila ainda não produziu papel com a celulose do bagaço: "Será a última etapa do trabalho", explica. "O lixo e a queima em caldeiras, para geração de energia, são finalidades pouco nobres para uma matéria-prima tão rica", afirma a pesquisadora.
Marcelo Afini


Arte do lixo

A garagem da casa antiga, no bairro do Sumaré, em São Paulo, abriga tachos, varais, ferros de passar. É nesse espaço que a artista plástica e museóloga Lourdes Cedran faz pequenos cartões, folhas coloridas, livros, cadernos, telas, cúpulas de luminárias, trabalhos que, hoje, estão expostos na Suíça. "Fazer papel se tornou um vício", diz ela, entre meia dúzia de gatos siameses, que passeiam pelo ateliê. A apixão surgiu em uma viagem ao Japão, quando Lourdes trouxe alguns exemplares de papel artesanal. "Tive pena de usá-los. Eles continuam intactos na gaveta", conta. Desde então, ela estuda técnicas de preparar papel, em que a máquina é substituída por moldes, os cilindros secadores, por ferros de passar roupa. O mais interessante porém, é a matéria-prima usada para esses papéis: cascas de legumes e galhos de árvores podado pela prefeitura. "O melhor desse trabalho é transformar lixo em arte", conta a artesã, que agora prepara um livro e um curso, sob encomenda da Unesco.


A fabricação do dinheiro vivo

Pode ser o pagamento de uma dívida de jogo, de drogas ou mesmo de um resgate. Na cena, comum em filmes policiais, bandido que se preza só aceita dinheiro vivo, feito com o inimitável papel-moeda. Afinal, o bom falsário engana, mas seu trabalho jamais atinje a perfeição, tamanha a tecnologia por trás de uma cédula. Além de usar fibras especiais, como as de algodão, que dão maior durabilidade às notas, esse papel especial apresenta o que se chama itens de segurança.
Basta colocar 50 cruzeiros contra a luz, por exemplo, para ver o desenho sombreado e a linha que corta a cédula verticalmente conhecido como marca-d´água, esse efeito é obtido com uma moldagem no papel, quando a massa não está completamente seca. Além disso, o dinheiro exibe inúmeras fibras coloridas, espalhadas aleatoriamente, impossíveis de ser reproduzidas em um papel depois de pronto. Há apenas treze anos, o Banco Central parou de importar o chamado papel-moeda. O Brasil, no entanto, não tinha tecnologia para fabricar o próprio dinheiro. Por isso, foi aberta uma licitação internacional: a proposta vencedora, então, foi a do Grupo Simão em parceria com o francês Arjomari, prevendo não só o repasse de tecnologia como sua instalação no Brasil.
A fábrica, fruto dessa parceria, fica no miolo do prédio de uma indústria que produz outros tipos de papéis especiais, como os dos vales-refeições. É como se uma fábrica servisse de segundo muro ou barreira para a outra duplicando a segurança", explica Michel Giordani, o neto de franceses que dirige a Arjomari no Brasil. Isso, no entanto, não dispensa circuitos de televisão, guardas e cães treinados, que cercam o edifício em Salto, no interior de São Paulo.
"Há apenas uma entrada, que também serve de saída. As paredes de cimento são capazes de resistir até a explosão de bomba", contra Michel Giordani.
Até certo ponto, a fabricação do papel-moeda é semelhante à do papel comum. Uma máquina transforma a pasta de celulose em folhas secas, que são cortadas, conforme especificações da casa da moeda. Primeiro, é feita uma contagem manual, por mulheres que verificam nota por nota, observando eventuais deformações ou bordas nas folhas, que comprometeriam a segunda contagem. Esta é realizada por máquinas: o número de folhas deve ser exato - não podem existir notas a mais nem a menos. Finalmente, o papel é transportado por caminhões-baús, enviados pelo próprio cliente, lacrados e escoltados por viaturas de seguranças armados, até o município de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, onde fica a casa da moeda. "Tinta impressão e numeração, por exemplo, são fatores menores na hora de separar o falso do verdadeiro. Só o papel responde por 70% da autenticidade de uma nota", garante giordani. O Brasil exporta esse produto para quase todos os países da América Latina. "Infelizmente, porém, os brasileiros não tratam bem suas notas. Armafanhadas em bolsos e carteiras, elas acabam se deteriorando mais rápido", lamenta Giordani. "Isso não ocorre em países onde a inflação é menor. A duração de uma nota costuma acompanhar a do valor estampado em sua face".





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domingo, 30 de dezembro de 2012

Viagem ao Início do Tempo - Cosmologia


VIAGEM AO INÍCIO DO TEMPO - Cosmologia



Novos instrumentos, em terra e no espaço, abrem uma inédita janela para o primeiro bilhão de anos da história do universo. A luz que começa a chegar desses ermos, depois de varrer a imensidão do espaço, esboça épicos momentos da criação dos mundos.

No início deste ano, após longo e exaustivo trabalho, o astrônomo inglês Richard McMahon, da Universidade de Cambridge, Inglaterra, concluiu uma busca que se poderia, sem nenhum exagero, qualificar de monumental. Seu objetivo era bater as mais remotas fronteiras do espaço visível e selecionar, entre nada menos que 25 milhões de objetos - galáxias, a maioria - , aqueles que pudessem ser classificados como quasares. Tais personagens cintilam a grandes distâncias como esfínges cósmicas, já que, até onde se pode ver, são pouco mais extensos que o sistema solar, mas emitem mais energia que bilhões de estrelas em conjunto.
McMahon, sem dúvida, encontrou o que estava procurando: identificou nove quasares recordistas em distância, e um deles, denominado BR 1202-07 é o mais longínquo já visto. Tanto que sua luz demorou 12,1 bilhões de anos para alcançar a Terra, ou seja, quando ela iniciou sua viagem, o universo era um menino de 900 milhões de anos-somente 7% de sua idade atual, avaliada em 13 bilhões de anos. Não é difícil perceber o valor de um raio que em sua rota iluminou várias regiões do cosmo e armazenou valiosas informações a seu respeito. Não é por esse motivo, no entanto, que a proeza provoca espectativa e excitação, e sim por seu significado simbólico: afinal, o primeiro bilhão de anos da história do universo nunca havia sido observado até hoje - nem mesmo de forma indireta por meio das equações que descrevem a evolução cósmica.
Na falta de melhor juízo, a cautelosa imagem que se faz desse período é a de um deserto absoluto. Apenas um gás - composto pelos átomos mais leves e simples da natureza, o hidrogênio e o hélio - encheria monotonamente o espaço em todas as direções. Suspeita se, porém, que logo será possível dar corpo, cor e movimento a esse cenário que, em vez de amorfo, se revelaria fulgurante, quase selvagem, comparado aos padrões atuais. É o que sugere o quasar recém-descoberto, que emite 25% mais energia que qualquer outro conhecido. A magnitude de sua potência só com certo esforço pode ser concebida pela mente, pois brilha com a força de 10000 galáxias do porte da Via Láctea-que contém de 100 a 200 bilhões de sóis.
Vitalidade nessa escala faz pensar que a plácida visão das estrelas em noite límpida é enganosa. Ela esconde fenômenos e corpos celestes extremamente violentos, e estes denunciam as forças responsáveis pela evolução dos astros e do Cosmo. Uma hipótese afirma, por exemplo, que os quasares não são essencialmente diferentes das galáxias, mas sim gerados por elas. Esse raciocínio pressupõe que em sua juventude as galáxias teriam um núcleo extremamente denso, repleto de estrelas, radiação e gases dispersos, em alta temperatura. A ponto de em seu centro formar se um monumental buraco negro, ou seja, uma região onde a densidade da matéria tende ao infinito e adquire força suficiente para devorar estrelas próximas. Como compensação, o monstro ejeta para o espaço um vendaval de energia.
Estima-se que o quasar BR 1202-07 abriga um buraco negro de massa 10 bilhões de vezes maior que a do Sol, capaz de sorver o lauto banquete de 100 estrelas por ano. Assim se explicaria o jorro de energia que o torna visível a incomensurável distancia. Este ano, obteve-se a primeira evidência direta de um quasar escondido no núcleo de uma radiogaláxia, a Cygnus A, assim denominada porque emite a maior parte de sua energia em ondas de rádio, forma de energia eletromagnética, como a luz. Embora muito ativa, a Cygnus A tem grande extensão no céu-por isso não se assemelha aos quasares, que aparecem nos telescópios como um ponto de luz.
Ela também está perto da Via Láctea, 750 milhões de anos-luz (1 ano-luz mede cerca de 10 trilhões de quilômetros); em comparação, 0 BR 1202-07 está a 12,1 bilhões de anos-luz). No seu coração, porém, brilha um poderoso foco de energia, como se verificou por meio dos raios infravermelhos - a radiação de calor que, ao contrário da luz, atravessa com certa facilidade a poeira cósmica. Esse é o motivo porque não se vêem quasares em galáxias do tipo da Cygnus A vistas de perfil, elas expõem aos telescópios um espesso disco de estrelas, gases e poeira e não o seu núcleo.
Aquilo que se chama de quasares, por outro lado, seriam galáxias vistas de frente: assim, expõem seu núcleos isto é, o centro do disco. A energia do quasar, nesse caso, obscurece as estrelas à volta. Esse é o raciocínio do astrônomo americano George Djorgovski, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, chefe da equipe que analisou a Cygnus A. "A interpretação lógica é que encontramos um quasar sepultado, que não podíamos ver por meios ópticos." A própria Via Láctea pode ter sido habitada por um quasar, mas, por ser idosa, esgotou a provisão de estrelas próximas que alimentavam a fera. Mesmo velho e desdentado,. porém, ele ainda agita o centro da galáxia, situado na direção da Constelação de Sagitário. a 30 000 anos-luz do Sol. Entrevê-se aí forte turbulência em massas de gases, possivelmente sob a batuta de um buraco negro ancião.
Se os quasares forem realmente o núcleo ativo das galáxias, estas já habitariam o Universo desde o seu primeiro bilhão de anos de vida. Ou ainda mais cedo, pois os quasares mais distantes não parecem jovens: haviam começado a brilhar algum tempo antes de serem avistados. "Se pudéssemos determinar em que época foram acionados, saberíamos quando as galáxias se formaram?, aposta o astrônomo americano Wallace Sargent, do Instituto de Tecnologia da Califórnia. Um dado animador é que, de acordo com alguns cientistas, as barreiras do tempo serão quebradas cada vez com maior freqüência. De fato, mal se anunciou a descoberta do BR 1202-07, surgiu outro recordista, cuja luz teria sido emitida quando o Universo tinha 870 milhões de anos.. Assim, dentro de um ano se poderá chegar ao período em que o Cosmo tinha cerca de 350 milhões de anos. Mas será difícil superar essa barreira.
"Nesse limite, até os mais brilhantes raios de luz serão apagados por incontáveis nuvens de poeira e gás intergalácticos", explica McMahon. Ele calcula que ao longo das eras a luz do quasar BR 1202-07 teria atravessado mais de 1 000 nuvens como essas muito rarefeitas, geralmente, mas tão extensas que às vezes milhares de galáxias aninham-se em uma delas. Trata-se de um dos componentes da chamada matéria escura, cuja existência tornou-se um dos mais importantes fatos estabelecidos nos últimos anos. Supõe-se que apenas 10% da massa do Universo está na forma de objetos brilhantes como as estrelas: os 90% restantes não emitem luz e são praticamente invisíveis. Parte substancial da matéria escura pode ser formada por neutrinos, partículas subatômicas que transportam muito pouca energia e por isso são difíceis de detectar. Seja como for, essa massa invisível deixa sinais claros de sua presença.
Como exerce força gravitacional extra, faz com que as estrelas de uma galáxia, por exemplo, girem mais rápido do que girariam, caso a única matéria existente fossem os corpos brilhantes. Assim, qualquer teoria sobre a evolução do Cosmo terá de levar em conta as ações desse lado negro da matéria, até agora despercebida nos assombrosos vazios entre as galáxias. Mais do que isso, a mais bem cotada teoria atual considera que no interior da matéria escura surgiram as sementesdas das galáxias. O raciocínio básico, bastante convincente, supõe que o Cosmo era realmente muito monótonos no princípio. Embora distribuídos por igual em toda parte, seria inevitável que alguns átomos se aproximassem, ainda que por breves momentos.
Mas, quando se forma uma pequena aglomeração de matéria-uma semente-, a força gravitacional cresce, nesse local, atraindo novos átomos das vizinhanças. Cria-se, assim, uma reação em cadeia: quanto mais se amplia a aglomeração, maior é sua força de atração e mais ela cresce. Viria daí a grande intimidade observada entre matéria escura e brilhante uma envolvendo a outra em grandes halos. Foi o que viu, de maneira espetacular, há alguns meses, o astrônomo Anthony Tyson, pesquisador da empresa americana AT&T. Ele verificou que a luz de uma galáxia distante era fortemente encurvada ao passar perto de um aglomerado-diversas galáxias girando em torno de um centro comum, como os planetas à volta do Sol.
A massa luminosa, por si só, não poderia forçar a luz a curvar-se tanto quanto se observava e Tyson deduziu: o que estava "vendo" era a matéria escura. "Era como se a matéria luminosa e a escura tivessem conhecimento uma da outra" compara o astrônomo. Justamente como se poderia esperar no caso de as duas formas de matéria terem evoluído juntas ao longo de bilhões de anos, elas gravitavam em perfeita sintonia à volta de um centro comum. Novos instrumentos podem fornecer chaves para dirimir dúvidas persistentes, e nesse caso, o vento sopra a favor dos pesquisadores. Já no final de 1991 começa a funcionar o maior telescópio do mundo batizado de Keck e situado no Mauna Kea, um vulcão adormecido do Havaí.
Com 36 lentes de 2 metros de diâmetro, ele promete esmiuçar aquilo que, até agora, apenas se entrevê. "Junto com outros instrumentos ele vai localizar, identificar e estudar a época de formação das primeiras estrelas e galáxias", diz o pesquisador Frederick Gillet, dos Observatórios Nacionais de Astronomia Óptica. Estados Unidos. Há grande expectativa, também, com relação a três formidáveis satélites-telescópios que, apesar dos problemas com o Hubble, os americanos pretendem colocar em órbita até o final da década. O primeiro deles, designado pela sigla GRO, foi lançado no último mês de abril com a meta de elaborar a mais ampla investigação celeste na faixa dos raios gama, a mais energética forma de radiação eletromagnética (uma partícula, ou fóton, de raio gama transporta 10 000 vezes mais energia que uma partícula de luz).
Em 1997 está programado para voar o AXAF, capaz de enxergar fótons de raios X, um pouco menos energéticos que os raios gama, e em 1999 deve subir o SIRTF, especializado em captar radiação de calor. Nessa data também ficará pronto o Telescópio Muito Grande, que os europeus estão construindo no alto dos Andes chilenos. Ele deve o nome às quatro lentes de 8 metros cada uma, capazes de torná-lo mais potente que o Keck. A simples listagem dos instrumentos impressiona os mais experientes pesquisadores, como o americano John Bahcall, do Instituto de Pesquisa Avançada de Princeton. "A Astronomia terá uma década de novidades chocantes" admira-se Bahcall.
Poucos cientistas, atualmente, arriscam-se a dar traços precisos aos esboços que fazem sobre a origem das galáxias. Exemplo disso é um livro recém-escrito (ainda não editado em português) pelo teórico americano Tony Rothman, da Universidade Harvard. Rothman faz curiosa descrição do primeiro bilhão de anos da história cósmica. "Nessa era desbotada, os planetas ainda não tinham se formado e talvez nem mesmo as primeiras estrelas e galáxias. Os mais antigos quasares datam desse período, mas os astrônomos não esperam encontrar muitos deles em tempo mais recuado", resume o cientista. A expectativa, agora, inverteu-se. Aos poucos, reduz-se a imensidão que ainda separa o início dos tempos e os homens, que, 13 bilhões de anos mais tarde, se encantam com a perspectiva de reconstituir o mundo onde nasceram.

Corrida para o passado

A chave para se calcular a idade do Universo surgiu com o astrônomo americano Edwin Hubble, que, em 1929, percebeu-não sem espanto -que todas as galáxias do céu estavam se distanciando da Terra. Era como se todo o Cosmo estivesse se esticando e a conseqüência disso irrompeu como um clarão na mente dos cientistas. Se estavam se afastando, as galáxias deviam ter estado juntas, em algum momento do passado-desde então identificado com o início dos tempos. Mais do que isso, podia-se calcular o tempo que duas galáxias haviam demorado para afastar-se uma da outra: se dois corpos estão a 10 quilômetros um do outro e se afastam a 5 quilômetros por hora., conclui-se que estiveram lado a lado duas horas antes.
Não é fácil fazer essa conta ao lidar com o conjunto do Universo. Para se ter uma idéia, as galáxias mais distantes têm de se afastar mais velozmente, já que, para chegar à distancia em que estão, não podem ter demorado mais tempo que uma galáxia próxima, mais lerda. É justamente por isso que, se o tempo andasse para trás, todas as galáxias chegariam, ao mesmo tempo, a um mesmo ponto do espaço. Outra complicação: além de acompanhar o esticamento geral do Universo, as galáxias também se atraem sob ação da gravidade. Por esse motivo, muitas galáxias próximas, em lenta expansão, estão se aproximando, e não se afastando da Terra. Por outro lado, é difícil avaliar a distancia das galáxias muito afastadas.
Todas essas dificuldades, embora não impeçam seu cálculo, introduzem grande incerteza na idade do Universo: os cientistas, muitas vezes, assinalam apenas que ela se situa entre 10 bilhões e 20 bilhões de anos. As mais aprimoradas estimativas apontam para o tempo de 13 bilhões de anos, mas ainda se trata de um número provável. Não é definitivo.





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domingo, 30 de dezembro de 2012

Ziguezagues em campo verde - ECO92


ZIGUEZAGUES EM CAMPO VERDE - ECO92



Depois de idas e vindas, topadas e desencontros, enfim começa a tomar rumo a reunião mundial das organizações não governamentais ( ONGs), que vai se realizar junto com a conferência ambiental da ONU, no Rio.

Ao pé da letra, "organização não governamental" é toda e qualquer entidade que não faz parte de um governo. Um time de futebol é uma organização não governamental tanto quanto um sindicato de padeiros ou uma sociedade de físicos. Certo? Nem sempre.
Dessa controvérsia aparentemente bizantina resultou boa parte dos ziguezagues que retardaram o plantio da conferência mundial dos verdes - o encontro paralelo à Eco-92, a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o desenvolvimento, a realizar-se no Rio em junho do ano que vem. Esta, como se sabe, vai reunir representantes oficiais de uma centena e meia de países para discutir o futuro do planeta. A outra, que à sua maneira discutirá a mesma coisa, deveria reunir-quem ? A dúvida semeou a cizânia entre os ecologistas .
"Para nós, a expressão "organização não governamental" abriga, sob o mesmo guarda-chuva, os mais diferentes setores da sociedade, desde empresas transnacionais a grupos indígenas, passando, naturalmente, pelos movimentos ambientalistas", interpreta o americano Warren Lindner, diretor executivo do Centro para o Nosso Futuro Comum , uma fundação criada na Suiça para acompanhar no mundo inteiro as atividades relacionadas com o célebre relatório da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1987, de cujo título ela tomou o nome emprestado. Com o olhar atento e o cachimbo que lhe dão ar de personagem de policial inglês, Lindner é um dos 25 membros do Internacional Facilitating Committee ( IFC) . Sediado em Genebra , o comitê nasceu no ano passado justamente para facilitar a participação da Eco- 92 de todos os setores interessados.
"Para nós, uma organização não governamental (ONG) é algo bem diferente", rebate a holandesa Joy Hyvarinen, diretora do Greenpeace Internacional o mastodôntico movimento ambientalista com sede em Amsterdam, escritórios em mais de 100 países e cerca de 6 milhões de filiados. Com a autoridade de quem representa uma das mais antigas, zangadas e eficientes entidades de defesa da natureza, Joy decreta que, para ser ONG, não basta não ser governo: "E preciso que seja uma associação de base, ligada à ecologia, sem fins lucrativos, formada por voluntários". Resultado: "Ficou difícil separar a interpretação semântica da interpretação política", resume o engenheiro Rubens Born, do Centro de Estudos e Atividades de Conservação da Natureza (Ceacon), que até há pouco representou o Brasil no IFC.
De todo modo, com a intenção de englobar aquelas organizações, formou-se o Environmental Liaison Center International (ELCI). Sediado em Nairóbi, no Quênia, esse centro internacional de enlace ambiental, como é chamado, também tem um instrumento para a Eco-92, o Steering Committe (comitê condutor). É preciso paciência e boa vontade para não se perder no matagal de siglas e nomes. Além do. IFC, do ELCI e do Steering Committee, está envolvido na preparação de, conferência paralela o Center of Non Governamental Organizations (Congo), que reúne cerca de uma centena de ONGs muito especiais-aquelas reconhecidas oficialmente pela ONU e por ela consideradas "organismo de consulta". Desse grupo de eleitos fazem parte entidades como a Federação Mundial da Juventude (que nos velho 5 tempos era o braço adolescente do movimento comunista), a União Mundial de Sindicatos Livres (que nesses mesmos tempos era o braço obreiro do movimento anticomunista), a Associação Mundial das Associações Cristãs de Moços (que dispensa apresentações, e a Federação Internacional de Organismos de Planejamento Familiar (com a qual as associações cristãs não hão de simpatizar muito).
Como o IFC, o Congo fica em Genebra. Ali trabalha Delmar Blasco, diretor executivo do International Council of Voluntary Agencies (ICVA), Conselho Internacional de Agências Voluntárias, e membro do comitê do Congo para a Eco-92. Com a tranqüilidade de quem tem a bênção do reconhecimento formal da ONTU, ele paira sobre as disputas entre o IFC e o Steering Committee. "O problema todo é que uns acham que não dá para misturar as organizações de base, sem fins lucrativos, com os setores empresariais que de certa maneira estão comprometidos com o modelo de desenvolvimento que levou a Terra à situação em que está". diz Blasco. "Algumas organizações acham que não se pode misturar água e óleo. " Ou, na versão do brasileiro Born: "Não dá para sentar à mesma mesa a UDR dos fazendeiros e as associações de índios". O pessoal do IFC, a propósito, torce o nariz diante do próprio conceito "organizações não governamentais", que a seu ver soa mais como antigovernamentais". Prefere-se ali falar em "setores independentes", para marcar a diversidade e a pluralidade desses grupos.
Para tornar ainda mais confuso o quadro. houve um problema prático com o Fórum Brasileiro das ONGs, que congrega cerca de 600 associações. Ele ainda não existia quando os organismos internacionais já se movimentavam para preparar a conferência paralela. Em pouco tempo, movidos pelo temor de perder a vez na montagem do evento, os ecologistas brasileiros se articularam, criaram o Fórum e exigiram um papel de primeira grandeza - o de
anfitriões, com a responsabilidade por toda a logística da reunião. Só que durante o terceiro encontro do comitê preparatório da ONU, o Prepcom, em Genebra, em fins de março último, as ONGs internacionais manifestaram insatisfação com a demora dos brasileiros em tomar providências. A ansiedade e a preocupação exprimiram-se de maneira "menos que diplomática", lembra diplomaticamente Beatrice Olivastri, diretora do IFC.
"Havia um desentendimento cultural muito grande e falta de confiança de parte a parte", registra por sua vez Eileen Nic, da International Organization of Consumer Unions ( Organização Internacional das Associações de Consumidores) e representantes da US
Citizen Network (Rede de Cidadãos Americanos), uma das muitas entidades que reúnem ONGs dos Estados Unidos desejosas de vir para a Eco -92. "De nosso lado, não sabemos nem quantas pessoas podem ir. O Fórum brasileiro, de seu lado, não sabe quantas querem ir e quais são as suas expectativas", desabafava Eileen tempos atrás. "Se as pessoas não souberem como ficarão hospedadas, não irão. Eu mesma não vou se tiver de dormir em barraca. Prefiro ficar em casa e acompanhar tudo pela televisão."
Seria ingênuo, em todo caso, esperar que as ONGs preparassem sua reunião com a mesma naturalidade de uma ONU, que tem dinheiro, uma legião de funcionários, o apoio dos Estadosmembros e um conjunto de procedimentos já testados. "As ONGs não têm nem um chefe nem uma direção". constata Barbara Adams, diretora do escritório de Nova York do Serviço de Ligação Não Governamental das Nações Unidas. "Mas a sua força reside justamente na sua diversidade e riqueza de idéias "
No final de maio, depois de quatro dias de reuniões que começavam às 9 da manhã e entravam madrugada adentro, no Hotel Internacional-Rio- em cujos apartamentos existe uma cesta de lixo especial para papéis a serem reciclados-, a grande família verde resolveu parar de brigar, arregaçar as mangas e trabalhar para valer, unida. Para tanto, com gente do IFC, do Steering, do Congo e do Fórum, criou-se um grupo que se ocupa da produção do congresso, definindo os locais das conferências e fazendo reservas em hotéis. Esse comitê conjunto tem dois escritórios, um em Genebra, outro no Rio. Ali pousarão as respostas aos 12 000 questionários que o Fórum fez chegar às ONGs de todo o mundo para saber de cada uma delas, entre outras coisas, quantos integrantes estarão no encontro paralelo.
"Finalmente podemos trabalhar bem", suspira Warren Lindner, o americano fumador de cachimbo do Nosso Futuro Comum, um veterano de viagens ao Brasil que se sentia seguro de si o bastante para sair desatento do seu hotel carioca num aprazível fim de tarde de maio e acabar cercado por um grupo de trombadinhas armados de navalhas. "Reagi e voltei correndo. Foi um susto e tanto." Os assaltos a turistas no Rio, tão corriqueiros que nem mais merecem destaque no noticiário policial. preocupam de maneira peculiar o embaixador Marcos Azambuja, secretário geral do Itamaraty. Falante, muito engraçado, ele é conhecido-e temido-por sua língua afiada e ironia ferina. E tanto a violência o preocupa que, há algum tempo, ao saber da inquietação dos colegas estrangeiros com a possibilidade de serem roubados durante a conferência, disparou: Minha tarefa é devolver esse pessoal com vida aos seus países. Aos diabos as suas carteiras".
Telão no Aterro mostrará as imagens do Riocentro
O espectro da insegurança ainda não parece tirar o sono dos organizadores do encontro paralelo, voltados em primeiro lugar para a tarefa de preparar os ambientes onde se realizarão os eventos. A hipótese de fazer a reunião no Autódromo de Jacarepaguá, como inicialmente se previa, foi abandonada tão logo os representantes das ONGs defrontaram com um orçamento de 1,5 milhão de dólares-o custo de adaptação do autódromo à reunião ecológica. Já que o governo brasileiro não assumiu a despesa, concluímos que seria melhor usar nossos recursos para patrocinar a vinda de ONGs do Terceiro Mundo do que desperdiçá-los com a arrumação de instalações que seriam desativadas tão logo terminasse a conferência"explica a americana Barbara Bramble, diretora de programas internacionais do World Wildlife Fund, uma das dez mais do ranking mundial das entidades ambientalistas .
Em vez de Jacarepaguá, os não governamentais vão se instalar no Aterro do Flamengo, o próprio cartão-postal do Rio, com vista para o Pão de Açúcar e o Corcovado. Um telão permitirá acompanhar ao vivo a conferência oficial, no Riocentro. Perto do Aterro, numerosos auditórios e instalações podem servir para reuniões de grupos específicos e outros eventos. É o caso do Museu de Arte Moderna e da sede da Petrobrás. A conferência das ONGs diretamente vinculadas às questões ambientais se realizará no centro de convenções do Hotel Glória, em frente ao Aterro. Deve reunir algo como 4000 pessoas-uma estimativa mais modesta que as inflacionadas previsões iniciais. " É preciso não esquecer que nossa reunião será estritamente de trabalho", observa Helga Moss, coordenadora das ONGs noruguesas. Estas integram a Aliança dos Povos do Norte para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, uma poderosa rede de associações que se espalha por toda a Europa, incluindo a União Soviética, pelos Estados Unidos e pelo Canadá.
Talvez esteja aí a principal diferença de atitude entre as ONGs ambientalistas e as entidades da chamada sociedade civil constituídas a partir de outros interesses-movimentos de jovens, mulheres, pesquisadores, indígenas, industriais, religiosos e incontáveis etc. "As ONGs têm um papel fundamental na execução das resoluções a serem adotadas na Eco-92", ressalta Jean Claude Fabby, diretor do escritório de Nova York da conferência (Unced). "Essa implementação vai além dos governos." Concorda Eduardo Gutierrez, coordenador da Unced no Brasil: "Será um desafio para as ONGs transformar palavras em papéis e papéis em ações concretas, tanto por parte dos governos quanto dos cidadãos".
É tudo que elas querem. Desde o encontro inaugural de preparação da conferência, em Nairóbi, há um ano, as ONGs marcam sob Pressão as reuniões oficiais para aumentar sua influência no processo de decisão. Graças a isso conseguiram que a ONU aprovasse a participação de ONGs de respeitável currículo na montagem da Eco-92, embora só com direito a voz, não a voto. Assim, 198 organizações foram credenciadas para acompanhar os encontros oficiais, como a mais recente sessão do comitê preparatório da ONU, que acaba de se reunir em Genebra. Em meados do ano, previa-se que o PrepCom definiria a natureza da atuação das ONGs na conferência oficial. "Queremos, no mínimo, o direito de falar na Eco 92, concedido aos empresários", declarava Carole Saint Laurent. coordenadora do WWF Intemational, outro peso pesado do ambientalismo, com sede em Gland, na Suíça.
Além de azucrinar os delegados governamentais na ONU, as ONGs têm assessorado as autoridades de seus países na elaboração dos relatórios nacionais, os documentos em que cada qual confessará a quantas anda em matéria de ecologia & economia. No Brasil, foi mais fácil falar do que fazer. No encontro de fins de maio, no Rio, o diplomata Carlos Garcia, chefe do grupo de trabalho do governo federal encarregado de preparar a Eco92, reclamou: "Há dois meses, o governo pediu ao Fórum que apresentasse um nome para o grupo do relatório nacional e até agora ninguém foi indicado". Ninguém contestou o puxão de orelha.
Pelo mundo afora, as ONGs estão tratando de estimular debates sobre temas ecológicos. Até junho de 1992, vão pipocar em todo o planeta centenas de eventos dos mais variados formatos, relacionados à pauta da Eco-92-uma agenda comparável aos inumeráveis serões musicais pelos 200 anos da morte de Mozart. Ao mesmo tempo, organizam-se redes para facilitar a troca de informações e a discussão de estratégias. Conferências telefônicas e comunicação via computador estão bastante difundidas. Toda essa coreografia vai filtrar, além de idéias, planos de viagem.. Supõe-se que venham ao Rio cerca de 10 000 pessoas. Só a Citizens Alliance for Saving the Atmosphere and the Earth (Casa), uma rede de ONGs japonesas, por exemplo, vai lotar um navio com 1200 militantes para a conferência paralela.
O ponto culminante de todo esse aquecimento se dará em Paris, entre os dias 17 e 20 de dezembro, no salão de convenções de La Villette futurístico museu das ciências a da indústria, quase na periferia da capital. Ali, com parte das despesas pagas graças ao cheque de 4,5 milhões de dólares a ser assinado pelo presidente François Mitterrand, representantes de 850 ONGs do mundo inteiro pretendem acertar os ponteiros não só para a Eco92 mas para o que vier depois. Poderá ocorrer uma amazônica queda-de-braço entre os verdes do Primeiro Mundo e os do Terceiro. "As ONGs do Sul devem atacar antes que os países desenvolvidos acusem os pobres de serem os principais causadores da destruição ambiental", atiça Henri de Riboul, chefe do ramo francês do Environment and Development of the Third World (Enda), uma ONG de origem africana que ficou de cuidar da logística da conferência do La Villette.
A grande tarefa programada para esse encontro é a elaboração das propostas a serem formalmente levadas à Eco-92, acompanhando a pauta da reunião da ONU, mas baseadas no que os verdes designam, com poluente pedantismo, como eixos transversais de reflexão. O resultado se chamará Brazil Document. Segundo Roberto Smeraldi, do ramo italiano da ONG Friends of Earth International e co-presidente do Steering Committee, o documento deverá ser distribuído a todos os governos até o fim de janeiro, ainda a tempo-esperam os ecologistas-de influir nas decisões da conferência oficial. Nada mais justo. Afinal, muito antes que os governos começassem a se inquietar com a degradação ambiental, as organizações independentes já denunciavam as agressões à natureza cansadas pelas políticas de desenvolvimento a qualquer preço. "A própria conferência é substancialmente a conferência delas", reconhece o embaixador Marcos Azambuja.
Os mais otimistas acreditam que as ONGs poderão ter um "peso político fantástico", como diz o inglês radicado no Brasil Anthony Gross. do Centro Ecumênico de Documentação e informação(Cedi), de São Paulo. "A conferência da sociedade civil fornecerá aos meios de comunicação uma avaliação constante do andamento da Eco-92, o que poderá se refletir nos próprios rumos do evento". Seja como for, o mundo não acaba em junho do ano que vem. "Nosso trabalho irá muito além da conferência", promete a portuguesa Maria Santos, que integra a bancada verde no Parlamento Europeu, em Estrasburgo. "Ela é apenas mais um passo na caminhada para tentar salvar a Terra."





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sábado, 22 de dezembro de 2012

De onde surgiu o mito do desaparecimento dos maias?


De onde surgiu o mito do desaparecimento dos maias?



Lenda de 'sumiço' de civilização ganhou vigor devido a interpretações apocalípticas de dois de seus monumentos.

A teoria do desaparecimento dos maias é tema de livros, documentários e inúmeros debates. Mas há um pequeno problema: não é correta.

Os maias são a segunda principal etnia indígena do México, depois dos nahuas. Em Yucatán, Estado no sul do país, constituem 80% da população, e há comunidades em Belize, Guatemala, Honduras e El Salvador.

São indígenas como Juan Bautista, que trabalha há 51 de seus 63 anos em um pedaço de terra que pertence a sua família há várias gerações e onde criou quatro filhos e três filhas - todos nascidos com parteira - e lhes repassou seus conhecimentos sobre os ritmos da semeadura e da colheita.

Juan Bautista, que compreende o espanhol, mas prefere falar no idioma maia, se surpreenderia se alguém lhe dissesse que milhões de pessoas pensam que ele e sua etnia não existem.

O mito do desaparecimento dos maias é tão grande que quando o novo Museu Maia de Mérida - capital de Yucatán - fez uma pesquisa sobre esse grupo indígena, a pergunta que surgia vez por outra era 'Por que desapareceram?'.

O redescobrimento
O interesse pela civilização maia ganhou novo vigor nos últimos anos devido a algumas interpretações apocalípticas de dois de seus monumentos, nos quais se fala do fim de uma era no dia 21 de dezembro.

E com o renovado interesse, ganhou força novamente a lenda de seu desaparecimento. Uma parte fundamental desta lenda é que, quando os exploradores e conquistadores europeus chegaram à zona maia, encontraram muitos dos assentamentos e antigas cidades abandonados e em ruínas.

Isso criou a falsa visão de que o povo maia havia desaparecido sem deixar rastros.No entanto, a ideia também parece emanar do momento em que a cultura maia foi 'redescoberta' no século XIX por viajantes europeus como os ingleses Frederick Catherwood e John Loyd Stephens.

'Eles veem as maravilhas das cidades maias e se perguntam 'onde estão esses antigos habitantes?'. E pensam que desapareceram', diz Daniel Juárez Cossio, funcionário da Sala Maia do Museu Nacional de Antropologia do México.

'Na minha opinião, é uma falta de interesse em reconhecer as comunidades indígenas que são as herdeiras de toda essa tradição.'

'Degenerados'
Mas não foram só os visitantes estrangeiros que não reconheceram a existência dos indígenas. O arquiteto e museólogo José Enrique Ortiz Lanz - que projetou o museu de Mérida - lembra que o destacado intelectual mexicano do século XIX Justo Sierra O'Reilly dizia que não era possível que uns 'degenerados' - como se referia aos maias de sua época - tivessem construído monumentos tão esplêndidos.

Talvez por trás do desprezo de Sierra O'Reilly também houvesse temor. Na época - 1847 - começava o que agora se conhece como a 'guerra das castas', um levante de indígenas maias contra brancos e mestiços na península de Yucatán.

Neste mesmo ano, Sierra O'Reilly viajou aos EUA para pedir ajuda para controlar o levante armado, ajuda que não conseguiu. O conflito se prolongaria até 1901.

Um pouco de verdade
Mas o desaparecimento dos maias, como quase toda a lenda, tem um pouco de verdade. Segundo Cristina Muñoz, socióloga que faz um trabalho de base com comunidades maias em Yucatán, 'sem dúvida houve uma decadência de algumas zonas'.

No entanto, o que lhe parece assombroso é que tenham conseguido controlar um território tão vasto - do sul do México ao território atual de El Salvador - quando não tinham o conceito de monarquia única.

'No momento da invasão (espanhola), havia 16 senhorios', diz Muñoz. A desintegração política é chave, mas Daniel Juárez Cossio acredita que os motivos da decadência são múltiplos.

'Não há um só fator. Para explicar em termos atuais, a referência poderia ser a queda do Muro de Berlim. Isso significou, para o nosso mundo ocidental, o colapso de certas ideologias, mas aí estão os alemães, os russos, os americanos...Os sistemas políticos caem por questões econômicas, ambientais, etc.'

E o tema ambiental parece ter sido chave nesse colapso da civilização maia. 'Fenômenos naturais como o El Niño não são exclusivos do nosso tempo, são conhecidos desde a antiguidade', diz.

'Por exemplo, vemos os estragos que o furacão Sandy provocou em Nova York, apesar de toda a tecnologia existente e formas de antecipar e mitigar os riscos. Imaginem um furacão dessas dimensões no mundo pré-hispânico.'

Os Bálcãs maias
O especialista do Museu Nacional de Antropologia faz ainda outra comparação com o mundo atual: 'Os maias eram um povo bélico. Vemos, por exemplo, a quantidade de emigração provocada pelos conflitos nos Bálcãs. Foi isso que ocorreu no mundo pré-hispânico, não são fenômenos novos nem diferentes'.

Essa 'balcanização' dos maias foi o que os espanhóis encontraram quando chegaram à região. '(Na época) Há uma batalha entre (as cidades de) Chichen Itzá e Mayapan pelo poder econômico, pelas rotas comerciais... O que ocorre é uma queda desses sistemas políticos, e estavam buscando novas formas de organização social', diz.

'O que os espanhóis encontraram foram povos indígenas divididos, brigando pela hegemonia.' Entretanto, alheio à história e às dúvidas de milhões, Juan Bautista segue ensinando a seus filhos os segredos da terra no idioma maia.





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quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Empresa sueca vende caixão de R$ 64 mil que toca músicas para o morto


Empresa sueca vende caixão de R$ 64 mil que toca músicas para o morto


Caixão com alto-falantes reproduz músicas para o morto (Foto: Reprodução)

Sistema 'CataCombo' possui alto-falantes e conexão Wi-Fi.
Parentes e amigos podem enviar músicas ao falecido de qualquer lugar.

O inventor sueco Fredrik Hjelmquist acredita que não é porque uma pessoa faleceu que o indivíduo não possa curtir uma boa música. Pensando nisso, o homem desenvolveu o “CataCombo”, que é descrito no anúncio como “o sistema mais avançado de entretenimento após a morte” (veja o vídeo, em inglês - http://www.youtube.com/watch?v=SDpC5ZYcA7M).

O produto, que custa pouco mais de 64 mil reais, é equipado com caixas de som internas que reproduzem faixas escolhidas pelo falecido e até por seus familiares. Além disso, o caixão possui um sistema de internet sem fio que permite que pessoas adicionem músicas à lista de reprodução de qualquer lugar do mundo, por meio de um aplicativo, ou mesmo da lápide do falecido, que conta com uma tela sensível ao toque ligada ao aparelho, que envia as escolhas musicais para o esquife.


Familiares e amigos podem tocar músicas diretamente da lápide ou via internet (Foto: Divulgação)

Fredrik garante no anúncio que o caixão é ligado a uma fonte de energia e tem sistema de refrigeração para que os componentes não superaqueçam. Os interessados podem entrar em contato com a empresa pelo site (http://www.catacombosoundsystem.com/), e Hjelmquist afirma que já existem empresas funerárias interessadas em vender o caixão musical.





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quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Nota de 5 dólares impressa em 1882 é leiloada por R$ 203 mil


Nota de 5 dólares impressa em 1882 é leiloada por R$ 203 mil


Nota de US$ 5 da cidade de Creed, no estado do Colorado (Foto: Divulgação)

Cédula foi impressa por banco no estado do Colorado.
Quantia era uma entre mais de 8 mil tipos de dinheiro existentes na época.

A casa de leilões “Bonhams” anunciou a venda de uma nota de 5 dólares, datada de 1882, quase duas décadas depois do fim da Guerra Civil Americana. O item, em perfeitas condições, foi vendido por cerca de R$ 203 mil.

A nota é considerada muito rara pois além de ser muito diferente do tipo de dinheiro que é impresso nos dias de hoje, a cédula é apenas uma entre os mais de 8 mil tipos de dinheiro que circulavam nos EUA no século XIX.

De acordo com o site “Planet Money”, o país foi inundado por notas que eram emitidas por bancos locais e estaduais, e serviam tanto como notas promissórias como também moeda de troca para pagar serviços e também câmbio para o banco transformar o valor em prata ou ouro.

Por causa dos diversos de valores entre notas de diferentes estados e o progresso da guerra civil (o que fazia com que o dinheiro mudasse de valor dependendo de quem estivesse ganhando o conflito), elas foram desaparecendo aos poucos. Com o fim do conflito, as cédulas convergiram e acabaram se transformaram no dólar atual.





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quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Tomografia revela que faraó egípcio teve garganta cortada



Tomografia revela que faraó egípcio teve garganta cortada


Múmia do faraó egípcio Ramsés 3º, que teve a garganta cortada (Foto: Reprodução/"British Medical Journal")

Harém armou conspiração contra imperador egípcio, sugere pesquisa.
Atentado contra Ramsés 3º ocorreu 1,1 mil anos antes de Cristo.

Um estudo realizado pela Universidade do Cairo, no Egito, em conjunto com outras instituições do país utilizou tomografia computadorizada e técnicas de medicina para confirmar que o faraó Ramsés 3º morreu ao ter a garganta cortada. A pesquisa sugere que ele foi vítima de uma conspiração realizada por seu harém por volta de 1,1 mil anos antes de Cristo.

A pesquisa, publicada no conceituado periódico "British Medical Journal", esclarece alguns pontos obscuros na história, há muito tempo debatida por egiptólogos.

Um dos documentos mais analisados da época, um papiro "judicial" do Egito antigo, afirma que no ano 1.155 antes de Cristo, mulheres que integravam o harém do faraó cometeram um atentado contra a vida dele, como parte de uma conspiração. O papiro relata que a conspiração falhou, mas não havia dados que confirmassem o homicídio.

O documento revela que foram feitos quatro julgamentos dos conspiradores e que houve punição aos responsáveis. Os dois chefes da conspiração seriam uma rainha secundária, chamada Tiy, e seu filho, o príncipe Pentawere.

O papiro é vago quanto à morte de Ramsés 3º. Primeiro, sugere que ele poderia ter morrido pouco antes ou durante o julgamento dos conspiradores. Depois, diz que a Corte que julgava o harém recebeu ordens diretas do rei, o que indica que ele estaria vivo quando houve o julgamento.

Corte profundo
Com as tomografias na múmia de Ramsés 3º, os cientistas descobriram um grande e profundo corte em sua garganta, causado por uma lâmina afiada, possivelmente, e que teria sido letal o suficiente para causar morte imediata.

Um amuleto foi encontrado dentro do ferimento, dizem os pesquisadores. O objeto foi possivelmente inserido, na época, pelos responsáveis por embalsamar o corpo do faraó.

Os cientistas analisaram ainda outra múmia, provavelmente do filho do rei, Pentawere.
A múmia possuía entre 18 e 20 anos quando morreu, e evidências como pele ferida em volta do escoço da múmia sugerem que ela foi morta de forma violenta, possivelmente por estrangulamento.

O corpo mumificado que possivelmente pertence a Pentawere não foi mumificado da forma tradicional, mas feito em um "ritual impuro", segundo os cientistas, o que indica que foi uma forma de punição por participar da conspiração.

A análise do DNA de ambas as múmias indica que existe grau de parentesco, o que "sugere fortemente que eram pai e filho", segundo os cientistas.


Tomografia mostra coluna e pescoço de faraó; estrelas indicam local onde ferimento foi causado (Foto: Reprodução/"British Medical Journal")





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quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Crânios deformados são achados em cemitério de mil anos


Crânios deformados são achados em cemitério de mil anos no México


Crânio deformado de uma das ossadas. (Foto: INAH/Divulgação)

Sítio arqueológico fica no norte do país, segundo instituto.
Cientista diz que deformação intencional pode ter matado indígenas.

Um cemitério de cerca de mil anos de idade foi encontrado perto do povoado de Onavas, no norte do México, segundo informações do Instituto Nacional de Antropologia e História do país divulgadas na última semana. Ali estavam enterradas 25 pessoas, 13 delas com deformações cranianas.

Cinco dos corpos também tinham mutilações dentárias. Este tipo de intervenção nunca tinha sido encontrada nessa região mexicana. Apenas um dos esqueletos recuperados era de mulher.

Os arqueólogos responsáveis pelo achado destacaram que o sítio tem características únicas por misturar elementos de diferentes culturas do norte do país. Cristina Garcia, da Universidade Estadual do Arizona, nos EUA, responsável pela exploração do sítio, explicou que a deformação de crânios era uma prática dos povos mesoamericanos para diferenciar determinados grupos de pessoas na sociedade.

Dos 25 corpos analisados, 17 eram de menores de idade – entre 5 meses e 16 anos. Oito são de adultos. Cristina Garcia afirmou que o fato de haver crianças pode ser um sinal de que elas morreram justamente por causa da prática de deformação craniana, que teria apertado demais sua cabeça. Esta dedução poderia ser feita, segundo a pesquisadora, porque a análise feita pelos arqueólogos não encontrou outro motivo, como alguma doença, para que tivessem morrido.



Ao todo, foram encontrados 25 esqueletos. (Foto: INAH/Divulgação)





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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Uma Nação Chamada Europa - Geografia


UMA NAÇÃO CHAMADA EUROPA - Geografia



Doze países preparam-se para inventar um continente sem fronteiras a partir de 1993. Mas essa grandiosa obra de engenharia política enfrenta agora insuspeitadas dificuldades.

Com sua eloqüência arrebatada, o escritor francês Victor Hugo proclamava em 1848: "No século XX, existirá uma nação extraordinária. Ela será grande, o que não a impedirá de ser livre. Ela será ainda mais que uma nação: será uma civilização. Ela será ainda melhor que uma nação: será uma família...". Exatamente 109 anos e duas guerras mundiais depois, sem contar as que sangraram apenas o solo europeu, o esboço dessa nação grande, livre, civilizada e familiar materializou-se em assinaturas e apertos de mão.
Em 1957, representantes de seis países Bélgica, França, Holanda, Itália e Luxemburgo-assinaram em Roma o tratado de fundação da Comunidade Econômica Européia (CEE), ou simplesmente Comunidade Européia (CE), como se diz hoje, um espaço ainda picotado por fronteiras políticas, mas franqueado ao comércio liberto de barreiras alfandegárias. O Tratado de Roma-a ser atualizado em dezembro próximo, na cúpula de Mastricht, Holanda-poderá ser venerado um dia como o marco mais importante da história européia. Até porque a construção de uma Europa unificada não tem sido nem simples nem rápida-e sobram incertezas.
A coluna dos ganhos registrou em 1973 a adesão da Grã-Bretanha, Irlanda e Dinamarca ao Mercado Comum Europeu, como o sistema se tornara conhecido. Nos anos 80, Grécia, Espanha e Portugal incorporaram-se à Europa dos portos abertos, abrindo caminho para que ao menos uma parte do sonho generoso de Victor Hugo pudesse espraiar-se por 2,2 milhões de quilômetros quadrados, do Tejo ao Reno, do Mar Egeu ao Mar do Norte. Atualmente, estão na fila de espera por um lugar no clube europeu Suécia, Austria, Turquia, Chipre e Malta. Reivindicam alguma forma de associação Polônia, Checoslováquia e Hungria.
Mas a transformação da Europa numa comunidade política-uma federação de Estados e línguas, uma Suíça tamanho família, com uma só moeda, um só parlamento, um só presidente, uma só diplomacia e um só sistema de defesa - continua tolhida pelo medo medo de países como Inglaterra, Dinamarca e Portugal de perder um pedaço de sua soberania. As palavras federação e federalismo, objeto de acalorados debates nesse último verão europeu, parecem dar alergia aos britânicos.
A 1° de julho de 1987, os doze parceiros resolveram marcar a data para a culminação do processo de integração econômica iniciado três décadas antes. Dele resultará muito mais do que o maior mercado consumidor do mundo, uma Europa de 320 milhões de habitantes, que reúne também a maior coleção de cintilantes indicadores de qualidade de vida. Se nenhum terremoto político puser o Velho Mundo de ponta-cabeça, até o primeiro dia de 1993 deverão estar suprimidas todas as barreiras físicas, técnicas, legais e fiscais que ainda entravam a livre circulação de bens, serviços, pessoas e capitais na Comunidade Européia.
Isso quer dizer, por exemplo, que ir de Munique, na Alemanha, a Milão, na Itália, será tão simples como deslocar se de Blumenau a Caxias do Sul. Ninguém pedirá ao viajante que mostre o passaporte ou abra as malas para inspeção. Quer dizer também que um dentista francês terá as mesmas facilidades que um colega espanhol para montar consultório em Barcelona. Um arquiteto grego poderá projetar um conjunto de escritórios para uma incorporadora holandesa que pretenda instalar se em Lisboa. Aconchegado numa poltrona, em seu apartamento, um dinamarquês poderá sintonizar a BBCTV de Londres para ver a final da Copa da Inglaterra de futebol. Se decidir passar as férias na Grécia, poderá comprar um bilhete aéreo Copenhague-Atenas por uma agência belga de turismo. Poderá ainda fazer um seguro-saúde numa companhia luxemburguesa, que cobrirá uma consulta médica em Paris. Um irlandês poderá abrir uma conta remunerada num banco alemão, recebendo as mesmas taxas de juros pagas aos correntistas locais. E por aí vai.
O presidente da Comissão Européia, o braço executivo da Comunidade, é o eurovisionário francês Jacques Delors para quem "o objetivo central é a união política". A direção da CE funciona em Bruxelas, na Bélgica, onde trabalham os eurocratas-16 000, pelas últimas contas-, administrando um orçamento de dar inveja a muitos países. Nunca antes, provavelmente, a não ser na China dos mandarins, tantos funcionários nomeados tiveram tamanha oportunidade de esculpir o destino de uma parcela do mundo. Os políticos se reúnem em Estrasburgo, na França, sede do Parlamento Europeu, que pouco apita. Alemanha e Itália querem fortalecer esse legislativo para compensar o poder de Bruxelas. A França não se anima muito: prefere um macroparlamento, do qual fariam parte o de Estrasburgo e os congressos nacionais.
As divergências que não são resolvidas por bem em Bruxelas acabam em Luxemburgo, onde foi instalada a Corte Européia de Justiça. Ali se dirimem pendências que vão desde a publicação, ou não, de fotos de mulheres seminuas nos jornais (como fazem os tablóides sensacionalistas ingleses) ao tamanho dos copos de chope nos bares, passando pela abertura do comércio aos domingos-e muito menos. Um acordo de última hora por exemplo poupou assoberbados juizes de se pronunciar sobre uma letra e um til. É que a Espanha foi acusada de bloquear as importações de teclados de computador que não contivessem o sinal ñ, o mesmo usado em España. Depois de contatos informais com os fabricantes, as autoridades espanholas declararam o ñ são e salvo e levantaram a proibição. O problema é que muitas vezes as decisões dos magistrados de Luxemburgo não são obedecidas. Só a Itália ignorou no ano passado 22 sentenças. como a que derrubava o veto local à importação de queijos que não tivessem determinada taxa de gordura.
O processo de acertos pretende ser o mais amplo e minucioso possível: cada pais deverá incorporar à sua legislação até o fim de 1992-daí a expressão Europa 92-282 medidas específicas. Os parceiros da CE se digladiam civilizadamente, virando pelo avesso cada mínimo aspecto que possa emperrar o mecanismo de total supressão de fronteiras. Não surpreende, portanto, que daquelas 282 provisões, 84 nem haviam ainda sido aprovadas pelo conjunto dos parceiros até julho último. E das 126 leis destinadas a institucionalizar o regime de mercado único, só 37 já tinham sido baixadas por todos os Doze.
Harmonizar normas a serem respeitadas por uma dúzia de países, que falam nove línguas diferentes, abrigam populações de origens e interesses heterogêneos, cujos governos seguem distintas políticas sociais e praticam incentivos diversos à atividade econômica e cujas riquezas, enfim, se distribuem de maneira desigual, é rigorosamente aquilo que se pode imaginar- a maior complicação. Haja detalhes. "Quando se fala em geléia, o inglês se refere a um tipo de alimento completamente diferente do produto de mesmo nome na Alemanha", exemplifica o sociólogo francês Gerard Mermet, autor de minuciosos estudos sobre a Comunidade. "Até isso foi tema de debates."
Na Europa de 1993, uma dona de casa que quiser reforçar o lanche dos pimpolhos com um pote de geléia de morangos terá à disposição, em qualquer supermercado, artigos procedentes de toda a Comunidade, classificados em dois tipos básicos: simples e extra. A diferença entre ambos, devidamente regulamentada está no volume de polpa de fruta em cada pote. A geléia extra deve conter no mínimo 45%, ao passo que a comum pode ter menos do que isso e ainda 10% de açúcar. O fabricante está obrigado a mencionar, no rótulo, o tipo de geléia. E ainda sete outras informações, entre elas, o tratamento a que o alimento foi submetido e o seu peso liquido, em gramas e mililitros-menos na Grã-Bretanha e na Irlanda, onde prevalece a insular tradição dos pints (568 mililitros) para os líqüidos e dos pounds (453,60 gramas) para os sólidos.
Até o final do ano que vem, terão sido tomadas medidas tão diversas quanto a fixação de limites para as emissões de óxidos de carbono na atmosfera, a obrigatoriedade de controle técnico em veículos com mais de cinco anos de uso, a definição da quantidade de cacau que um chocolate deve conter e o ról de direitos trabalhistas válidos em toda parte, como duração da jornada de trabalho, férias pagas e licença maternidade. Imagina-se que todas as engrenagens vão se combinar para que a Europa funcione como se fosse um só país. "Isso não quer dizer que o galo francês vá deixar de fazer cocoricó para cantar cock-a-doodle-doo. como seu semelhante inglês", brinca Michel Guillemat, não por acaso autor de um dicionário de onomatopéias chamado Cris d´Europe (Gritos da Europa).
A sua maneira, Guillemat chama a atenção para o que muitos acreditam ser uma muralha intransponível na unificação européia: as características culturais de cada pais, produto de uma longa e tumultuada história. Elas estão na base de incontáveis hábitos arraigados. O passado também fundamenta as percepções, não raro depreciativas, que os europeus têm uns dos outros. A Europa é ainda em larga escala uma colcha de bairrismos. "Ouvem-se murmúrios antieuropeístas nos pubs ingleses, nas trattorias italianas, nas tavernas gregas", registra o inglês Malcolm Bradbury, autor de duas séries de TV sobre o assunto Apenas uma minoria - de 17% entre os alemães a 3% entre os dinamarqueses-se sente mais européia do que sua própria nacionalidade.
Além disso, há o peso das diferenças de desenvolvimento-e as que delas decorrem-entre o bloco dos mais pobres, formado por Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha, de um lado, e o dos demais parceiros, de outro. Só 3% da população irlandesa, por exemplo, fala uma língua estrangeira. Na Holanda, são 43%. Em Portugal, um trabalhador dedica 2 025 horas por ano ao emprego. Já os alemães dispõem de 20% a mais de tempo livre. As desigualdades econômicas estão sendo remediadas mediante gordos planos de assistência, financiados pelo conjunto da Comunidade. No caso da Grécia, essa ajuda é da ordem de 1,6 bilhão de dólares, ou 5% do Produto Interno Bruto (PIB) grego.
A polêmica mais espinhosa tem a ver com a união monetária. O ECU (Europe Currency Unit, o ainda teórico dinheiro europeu) foi criado em 1979. Resulta de uma média ponderada das cotações de todas as moedas em curso na CEE e da participação de cada pais na balança comercial da Comunidade. Por causa disso, o marco alemão representa aproximadamente 30% de um ECU, ao passo que a dracma grega e o escudo português pesam 0,8% cada. Um ECU vale US$ 1,12. Embora um europeu já possa obter um cartão de crédito em ECUs, especial para viagens, nada indica que essa moeda irá tilintar tão cedo nos porta-níqueis das pessoas. Ou seja, quem desejar saborear um sorvete na Alemanha, a distinta confeitaria da Via del Corso, em Roma, continuará precisando desembolsar liras-e não ECUs.
"A unificação monetária é muito mais complicada do que trocar as notas da carteira", comenta o português Mário Martins, administrador da Direção de Poderes Locais do Conselho da Europa. "Substituir todo o sistema significará um choque enorme para os países pobres, que costumam desvalorizar suas moedas como remédio contra a inflação." Mas a dificuldade maior reside na resistência britânica. Enquanto oito em dez espanhóis, italianos e franceses (e seis em dez alemães) apóiam o projeto do dinheiro único, seis em dez britânicos não querem trocar suas libras por ECUs ou o que valha.
E há, grave, complexo e doloroso, o problema da imigração. A Europa dos Doze representa uma atração irresistível para milhões de africanos, asiáticos, poloneses, iugoslavos, romenos-e, no futuro, para sabe-se lá quantos cidadãos das quinze repúblicas soviéticas, beneficiados com a abertura geral dos aeroportos da URSS, prevista para 1993. Todos eles sonham em se juntar aos mais de 9 milhões de estrangeiros que vivem legalmente nos países da CE (algo como 3% da população), a maioria vinda da África do Norte, Turquia Iugoslávia, Índia e Paquistão. Calcula-se que existam outros 3 milhões de clandestinos, concentrados principalmente na Itália, França e Espanha. Os ocidentais não sabem como deter essa avalanche, que se move ao ritmo de 400 000 novos recém-chegados por ano.
Pelas atuais regras, uma vez admitidos em qualquer nação da Comunidade, os recém-chegados têm o direito de ir-e-vir de um pais a outro. Muita gente quer que os imigrantes sejam de novo submetidos ao tradicional controle de passaportes na fronteira-o que instituiria a discriminação no capítulo da livre circulação de pessoas prevista pelos acordos de julho de 1987. O pior é que o racismo na Europa aumenta na proporção da enxurrada de estrangeiros de pele escura. O caso mais notório é o da França, onde a crescente hostilidade racista em relação aos cerca de 4 milhões de imigrantes que ali vivem leva água para o moinho da Frente Nacional, 0 partido de extrema direita de Jean-Marie Le Pen. A aversão aos forasteiros é tamanha que, recentemente, ninguém menos que Jacques Chirac, o prefeito de Paris, falou em "overdose de imigração", do "barulho" e do "odor" dos imigrantes árabes e africanos.
"O cidadão comum ainda não sabe exatamente o que significará na prática a união européia", adverte o sociólogo Gerard Mermet. "Pelo menos no começo, todas as facilidades proporcionadas pela nova Europa vão servir de estímulo para que cada qual conheça o vizinho -e só." A fim de incentivar esse conhecimento, foram criados vários programas. Um dos mais famosos chama-se Euro-Community Action Scheme for Mobility of University Students (Plano de Ação da Comunidade Européia para a Mobilidade dos Estudantes Universitários)-tudo isso para permitir o acrônimo Erasmus, homenagem ao filósofo holandês Erasmo de Roterdam (1466-1536), um dos grandes intelectuais do Renascimento. O Erasmo de hoje permite que um universitário faça algumas matérias numa faculdade, outras em outra e assim por diante-em diferentes países.
"No ano que vem, 45 000 alunos devem beneficiar-se do programa", prevê a belga Anna Schmitz, uma das responsáveis pelo esquema em Bruxelas. "Começar pelos jovens tem um objetivo definido", comenta ela. "No futuro, quando estiverem ocupando cargos de decisão, eles se sentirão parte da Europa, não mais de um país." Pode ser. Na Itália, na Espanha e na Alemanha, segundo recente pesquisa, a maioria se sente mais européia do que há cinco anos. Mas, para que um rosbif-como os gauleses se referem aos ingleses-se sinta menos british e mais europeu, não basta que o engenho humano consiga ligar ilha e continente: muita água precisará ainda passar sobre o túnel da Mancha.
Sir Geoffrey Howe, o braço direito da então primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, costumava dizer que "o próximo trem europeu está para deixar a estação, com destino incerto". Hoje, os trilhos por onde corre esse trem se bifurcam. Uma via, tortuosa, conduz ao superEstado europeu, dirigido por um governo supranacional. Outra, escreve o inglês Malcolm Bradbury, termina numa "federação paneuropéia de Estados-nações, ligados pela democracia de livre-mercado, mas com laços não muito rígidos". Ou, nas palavras do analista francês Paul Fabra," o que cada vez mais determina o caráter da Comunidade é que ela é um mercado aberto mais uma Corte de Justiça"
E significativo que a secular idéia de uma Europa unida tenha começado pela economia, com a criação, em 195l, da Comunidade Européia do Carvão e do Aço. No quadro da Guerra Fria o impulso veio dos Estados Unidos: para estes nenhuma estabilidade na porção Oeste do continente, indispensável à estratégia anti-soviética, seria possível sem que França e Alemanha se reconciliassem. Tanto se reconciliaram que a parceria franco-alemã sempre foi o motor da integração européia. Mas os problemas políticos persistiram na Grã-Bretanha, que reluta diante de qualquer perda de soberania em favor das instituições da Comunidade-herança da era Thatcher. "A Europa é um gigante econômico e um pigmeu político". resume o ministro belga do Exterior, Mark Eyskens.
A reunificação da Alemanha. a derrocada das "democracias populares" a Leste, a recaída nacionalista que começou a retalhar a Iugoslávia em fins de junho último, sem falar no gigantesco ponto de interrogação que é hoje a União Soviética, polvilharam a Europa Ocidental de perplexidade. Afinal, desde 1945, quando o continente acordou do mais tenebroso pesadelo de sua história, até 1989, quando começou a fulminante demolição da Alemanha Oriental, o perfil da Comunidade foi sendo esculpido sob a influência de um cenário internacional que, década após década, parecia imutável-divisão do mundo em dois blocos e guerra menos ou mais fria entre eles. A visão de uma federação a doze, fechada no seu progresso, ficou em xeque quase da noite para o dia. "O desmoronamento da antiga Cortina de Ferro complicou o projeto europeu", nota Philippe Moreau Defarges, do Instituto Francês de Relações Internacionais (IFRI). Lech Walesa, o presidente da Polônia, é ainda mais direto: "Não queremos que a Cortina de Ferro seja substituias por uma Cortina de Prata entre um Oeste rico e um Leste pobre."

Esperanças e receios acompanham a maior proeza européia: a ligação sob o Canal da Mancha

Depois de 8 000 anos, quando submergiu a tripa de terra que unia o sudeste do que viria a ser a Inglaterra ao nordeste do que viria a ser a França as Ilhas Britânicas estão enfim tecnicamente reintegradas no continente europeu, na forma de um istmo. Na manhã de 27 de junho último. com música e champanha, ao se encontrarem as duas frentes de trabalho que abriam o último do conjunto de três túneis 40 metros abaixo do leito do Mar do Norte, que formam a maior obra do século,. completou-se o processo pelo qual a Inglaterra deixou de ser uma ilha separada da Europa por um canal-La Manche, para os franceses, English Channel, para os ingleses.
Ninguém sabe ao certo o que vai acontecer com a interação dos europeus a partir de meados de 1993, quando o conjunto for inaugurado. Cientistas sociais já vêm sendo consultados para prever, principalmente, qual será a atitude dos ingleses ao se materializar a mudança de seu horizonte insular. Pergunta-se: no momento em que o túnel estiver transportando 30 milhões de pessoas por ano e quase outro tanto em toneladas de mercadorias (o que não tardará a acontecer), como ficará a mentalidade britânica?
Segundo as pesquisas de opinião, metade da população da Inglaterra ainda se opõe ao formidável trabalho de engenharia em curso debaixo da água. Na realidade, o túnel sempre foi uma idéia mais francesa do que inglesa ainda que, a julgar pela direção das marés do turismo, deva beneficiar em primeiro lugar os súditos de Sua Majestade: afinal, para cada francês que vai passear na chuvosa Inglaterra, há quatro ingleses curtindo a douce France-atraídos, senão pela doçura do povo, com certeza pelos múltiplos sabores de sua cultura.
Por uma razão ou outra, a idéia avançou e recuou pelo menos quatro vezes desde os tempos de Napoleão. Nos seus numerosos e conturbados capítulos, a história desse túnel, não raro encharcada de bravatas patrioteiras, registra aplausos e protestos dos mais variados ângulos. No século passado, para a rainha Vitória-cujo marido, o príncipe Albert, era conhecido devoto da tecnologia moderna-, o caminho submarino seria um santo remédio contra os enjôos que azedavam suas travessias marítimas. A oposição, contudo, temia que a puritana, vitoriana moralidade inglesa fosse contaminada pelos costumes de um povo entregue aos prazeres da carne-que é como os britânicos fantasiavam o modo de ser francês. Houve quem alertasse até que, através do túnel, as doenças venéreas do continente chegariam mais depressa às ilhas.
Coisas do passado? O carro do presidente François Mitterrand foi alvejado por ovos quando ele foi à Inglaterra em 1987 para a solenidade de assinatura do tratado do túnel. Os franceses retribuíram vaiando a então primeira-ministra Margaret Thatcher quando ela compareceu às festas do bicentenário da Revolução de 1789. em Paris. Coisas de homem? Há não muito tempo, a popular revista feminina inglesa Woman´s Ow) atacou: A França é uma nação rude e arrogante . Em junho último. outra publicação inglesa o semanário Observer, exumou uma antiga entrevista da primeira-ministra francesa Edith Cresson, na qual ela teria dito que um em cada quatro britânicos é homossexual .
Talvez nada disso existisse -como tampouco existiriam a Inglaterra e a França no traçado que se conhece-, não fosse o fim da era glacial que criou o canal de 560 quilômetros de comprimento, hoje o trecho marítimo mais movimentado do mundo. O túnel em construção vai da costa de Folkestone, perto de Dover, na Inglaterra, a Sangatte, perto de Calais, na França é a parte mais estreita do canal, com 38 quilômetros, que os velozes barcos Hovercraft cobrem em cerca de uma hora. O túnel-chunnel, dizem os ingleses, numa fusão das palavras channel e tunnel-permitirá fazer a travessia em algo como 15 minutos.
A obra-três túneis ferroviários de 50 quilômetros de extensão-devia custar 9,7 bilhões de dólares, pelos cálculos iniciais. Vai sair por 14,7 bilhões. O dinheiro vem dos cofres de duas centenas de bancos e do bolso dos 560 000 esperançosos acionistas, na maioria franceses, do consórcio franco-britânico Eurotunnel, responsável pelo trabalho. que mobiliza 12 000 operários, e pela cobrança do futuro pedágio. O mais difícil foi cavar o túnel de suporte técnico. Perfuradoras especiais, com sete braços gigantescos, foram criadas para abrir e consolidar a passagem com grossas camadas de concreto.
As máquinas, capazes de mover até 10 000 toneladas de material, são identificadas pelos franceses por nomes femininos-Brigitte, Catherine, Virginie, Pascale-e por números, pelos ingleses. Vive la différence. Sob o leito do mar, as máquinas toparam com um desafio: retirar o solo argiloso, o que em si não seria difícil, se não fosse necessário ao mesmo tempo colocar o concreto para manter as paredes a salvo. A cada hora, eram extraídas 2 000 toneladas de terra e o túnel andava 4,4 metros. O rumo foi controlado por raio laser-e tão perfeitamente que, no primeiro encontro das sondas de perfuração, em outubro do ano passado, o desvio não chegou a 40 centímetros.
Uma enxurrada de turistas é o que se deve esperar daqui a dois anos, como primeira conseqüência do acesso imensamente facilitado entre ilha e continente. O comércio, um tanto tolhido pelas vagarosas viagens dos ferries que acomodam os caminhões de carga, vai se beneficiar num piscar de olhos. O que não dá para saber ainda é quanto vai durar de verdade uma viagem Londres-Paris ou Paris-Londres. Isso porque uma mistura de pouco dinheiro com muitos protestos populares esteve freando a construção de uma ferrovia de alta velocidade no lado inglês, capaz de romper o limite atual dos já arcaicos 110 quilômetros horários. Os moradores do Condado de Kent temem que a linha desfigure a paisagem da região. "o jardim da Inglaterra". Trens a 330 quilômetros por hora (160 no túnel), como sonham os franceses, fariam com que uma viagem entre a Waterloo Station, em Londres, e a Gare de l´Est, em Paris, durasse apenas três horas.
A ascensão de John Major à chefia do governo britânico deu novo animo aos partidários da modernização do sistema ferroviário local. Mesmo assim, os mais pessimistas-e os há de sobra -ainda não estão convencidos de que as primeiras viagens serão possíveis já em 1993. Eles apostam que o dinheiro não vai dar, os governos serão chamados a financiar o fim das obras e o resultado será um decepcionante atraso. Nada disso, porém, nem uma marcha à ré na integração européia, inimaginável a esta altura, conseguirá desfazer a ligação através da Mancha-a maior metamorfose geográfica produzida pelo homem nesta época de tantas formidáveis proezas.



"A politica deve prevalecer sobre a economia"

Aos 42 anos, o francês Alain Minc é uma voz dissonante no coro da unificação européia. Remando na contra-corrente, ele se dedica a apontar o que julga serem as fraquezas do modelo escolhido para a construção da Europa dos Doze. Ensaísta de renome, o menino-prodígio que já foi diretor financeiro do grupo Saint-Gobain, um dos gigantes da indústria francesa, e vice presidente de uma financeira internacional de outro colosso, o grupo italiano De Benedetti, provoca os europeístas ao afirmar que a Comunidade, antes até da adolescência já exibe traços senis.
Autor de um livro apropriadamente intitulado A grande ilusão e de um segundo, mais recente, na mesma linha, A vingança das nações, ele sustenta que não basta a integração econômica; a união européia requer "unidade política e estratégica"-notavelmente ausente, por exemplo, na Guerra do Golfo -, sobretudo para adaptar-se às dramáticas transformações ocorridas nos últimos anos na Europa Oriental. Minc, por sinal, parece não apostar um centime furado no progresso dos países recém-saídos do socialismo, nem no da própria União Soviética. Instalado em seu confortável escritório da Avenue George V, no centro nobre de Paris, ele falou recentemente conosco.

Por que tanto ceticismo em relação à nova Europa?

Até a queda do Muro de Berlim, a construção da Europa se baseava numa certa ordem. Doze países, a oeste da Cortina de Ferro, estavam inventando um superEstado. A integração econômica acarretaria automaticamente a integração monetária, que acarretaria a integração política, que acarretaria, enfim, a integração estratégica. O processo seria lento, mas isso não era problema, pois se tinha a impressão de que o mapa político europeu permaneceria estável por longos anos. Essa lógica desabou a 9 de novembro de 1989, junto com o Muro de Berlim. Tem-se agora um sistema muito mais complicado.

Que complicações são essas?

O sistema impõe três questões principais. A primeira é a necessidade de se garantir a democracia no Leste Europeu. A segunda é a insegurança estratégica da Alemanha, à falta do guarda-chuva nuclear americano e sem contar com uma defesa européia organizada; o problema alemão está na Europa Oriental, uma incógnita política. A terceira questão tem a ver com o fluxo migratório causado pelo fim da Cortina de Ferro. Estes assuntos são todos políticos, não econômicos. Portanto, tratar da integração econômica da Europa, como se nada tivesse acontecido, é ignorar questões essenciais.

Isso quer dizer que o impulso da unificação européia está condenado?

Não. Acho apenas que a construção da Europa deve se voltar para as questões políticas, devidamente dissociadas das questões econômicas. Os países do Leste poderiam aderir à Europa em sua forma política, que é a democracia, sem que isso acarrete automaticamente a sua adesão ao Mercado Comum.

A união política seria uma garantia contra o nacionalismo tanto no Leste como no Oeste?

A garantia estaria num projeto político feito por todos os 25 países europeus. Só que ainda estamos discutindo a união política da Comunidade dos Doze e isso nada tem a ver com a democracia na Polônia, por exemplo. É preciso criar um espaço político que obrigue o Leste a fixar regras em relação à democracia e aos direitos das minorias.

Qual o perigo maior para a Europa: uma volta da União Soviética aos tempos pré-Gorbachev ou uma espécie de império russo a caminho do caos?

Antes existia uma ameaça, mas nenhum risco. Agora não há ameaças, somente riscos. O espectro das possibilidades é muito maior. Vai desde a permanência do Gorbachev -Prêmio Nobel da Paz ao aparecimento de algum Saddam Hussein eslavo. Daí a importancia do problema de segurança da Alemanha, com a retirada gradual dos 400 000 soldados americanos aquartelados na Europa.

Existe alguma esperança econômica para os Países do Leste Europeu?
Não. A Europa do Leste será uma sub América Latina.

O senhor não está sendo benevolente demais em relação à América Latina?

Conheço muitos brasileiros e ouço o que eles me contam de ruim sobre a América Latina. Mesmo assim, quando comparamos, por exemplo, Brasil e Polônia, é outro universo. A terapêutica do FMI, imposta ao Brasil, beneficia ao menos uma pequena parcela da população. Na Polônia, a mesma política é ainda pior: tudo afunda porque não existe ali uma burguesia empresarial. A política de transição rápida para o capitalismo imposta aos países do Leste é absurda e ridícula.

O senhor é igualmente pessimista quanto à União Soviética?

Muito mais. A União Soviética é uma sub sub América Latina. É o quarto mundo. Uma favela brasileira comparada à periferia de Moscou é um oásis de dinamismo.

Não seria possível adotar uma espécie de Plano Marshall para a Europa do Leste, como os Estados Unidos fizeram para reconstruir a Europa Ocidental depois da guerra? (A ajuda americana foi de 70 bilhões de dólares, em valores de hoje.)

Ninguém vai querer pagar a conta.





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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Novidades nas Prateleiras das Farmácias - Biologia

NOVIDADES NAS PRATELEIRAS DAS FARMÁCIAS - Biologia



Os cientistas não pretendem apenas que, no futuro, todo mal tenha remédio. Eles procuram medicamentos mais eficazes, quase sem efeito colateral, fáceis de tomar.

Conquistar espaço nas prateleiras das farmácias é privilégio de poucas substâncias: dos mais de 5 milhões das conhecidas pela ciência, apenas cerca de 6 000 servem de princípio ativo nas fórmulas de cápsulas, comprimidos, injetáveis, xaropes, soluções e pomadas. Para cada 12 000 compostos químicos candidatos a se transformar em remédio, somente um termina aceito como fármaco - substância com ação terapêutica comprovada -, no final de exaustivos testes, que consomem até quinze anos. Sua inscrição nesse clube seleto sai cara: a pesquisa de um novo medicamento chega a custar, do início ao fim, 1 bilhão de dólares. Mas, apesar da incessante busca, os cientistas do mundo inteiro encontram, com uma dose de sorte, setenta novos fármacos por ano.Dezenas de pesquisas brasileiras, na área das ciências farmacêuticas, caminham em ritmo de conta-gotas por falta de verbas. Especialmente aquelas que procuram drogas para curar doenças do Terceiro Mundo, que não tem recursos para recuperar o investimento. O fato é que, em toda a sua história, o Brasil nunca lançou uma novidade farmacológica. Mas entrará para a lista dos contribuintes no próximo mês, quando o Ministério da Saúde deverá registrar o primeiro medicamento brasileiro, um antiinflamatório extraído da Cordia verbenacea, conhecida popularmente por erva-baleeira.
Seu princípio ativo, a molécula chamada artemetina, parece resolver desde o problema de quem, por exemplo, levou uma martelada no dedo até aliviar o sofrimento provocado pela artrite reumática. Existem, é claro, dezenas de antiinflamatórios no mercado exibindo indicações idênticas na bula. Mas, segundo o químico farmacêutico Jayme Sertié, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo, a erva-baleeira tem uma vantagem: "Ela não ataca o estômago como os outros remédios do gênero", afirma. "Ao contrário, estimula a produção de um muco, que protege a parede gástrica." Além disso, a planta - na realidade, um arbusto - é comum de ponta a ponta da costa brasileira e oferece folhas verdes de janeiro a janeiro.
O principal objetivo dos pesquisadores do Laboratório de Farmacologia de Produtos Naturais, chefiado por Sertié, é justamente descobrir fármacos em vegetais abundantes no Brasil, país que importa oito de cada dez matérias-primas dos seus medicamentos. Essa caça a remédios nas matas brasileiras tem, evidentemente, um ponto de partida. "Estudamos plantas de uso popular consagrado para certa finalidade", explica Sertié. Sem essa pista, achar um medicamento específico para determinada doença na flora brasileira seria equivalente a ganhar na loteria: no planeta devem existir entre 250 000 e 300 000 espécies vegetais, das quais o Brasil possui cerca de 150 000; dessas, por sua vez, os químicos conhecem as características de uma única planta em cada 200."Às vezes, a sorte ajuda", revela Sertié, com riso matreiro. Acende e cigarro e, baixando o tom da voz como quem faz confidências, conta que, no ano passado, aceitou um estudante como estagiário. Apesar de, na época, o laboratório não ter muito serviço, o rapaz insistia a todo instante que gostaria de fazer alguma coisa. Sertié, então, lembrou-se de três vidrinhos, esquecidos na geladeira, repletos de óleo de copaíba. Trata-se de uma substância muito usada pela indústria de cosméticos extraída de uma árvore da região do Amazonas. Para aplacar a ansiedade do estagiário, Sertié entregou-lhe o óleo, que já havia sido usado sem sucesso em outra experiência, e pediu que o testasse em ratos com tumor. Os resultados dessa ordem ao acaso surpreenderam: "Ratos com câncer vivem em torno de dez dias, enquanto aquelas cobaias sobreviveram, em média 45 dias".
O problema das drogas para combater tumores é que elas agem como uma metralhadora na mira de um mosquito - disparam uma série de tiros que acertam o alvo e estilhaçam também o que eventualmente está ao redor. "O óleo de copaíba, aplicado no tumor, destruiu apenas as células cancerosas, deixando intactas suas vizinhas sadias", comemora Sertié. O pesquisador desconfia que, de duas, uma: "Ou o óleo estimula o sistema imunológico, acentuando as defesas do organismo, ou a substância inibe a manifestação dos genes que ordenam o crescimento celular desenfreado, típico do câncer. Para saber o que realmente acontece, os pesquisadores devem iniciar, em breve, uma série de testes. Os segredos de qualquer planta costumam ser desvendados pelos especialistas em Farmacognosia, nome derivado do grego, que significa "conhecimento dos medicamentos"."Quando se quer descobrir o que uma planta tem de especial para curar determinada doença, fazemos extratos diversos, à base de água, de etanol, de clorofórmio", exemplifica a professora Elfried Bacchi, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, da USP. "Assim, conforme o solvente, vão ser liberados diferentes componentes do vegetal. Mais tarde, testamos esses sucos em cobaias, para verificar qual deles tem o efeito esperado." Uma vez encontrado o extrato certo, Elfried lança mão de equipamentos, como o cromatógrafo, que denunciam as moléculas ali presentes - uma ou mais delas devem ser o fármaco ou princípio ativo, a substância que de fato é responsável pela ação de um remédio. A palavra remédio, aliás, no vocabulário dos cientistas, designa um conjunto de substâncias, entre elas o próprio fármaco, só que acompanhado, por exemplo, de corantes, flavorizantes para dar sabor agradável, solventes para dar certa consistência.
Até os anos 20, quando surgiu a indústria da síntese de compostos químicos, a área da Farmacognosia englobava os medicamentos existentes, pois eram todos de fontes naturais. Atualmente, 48,9% dos fármacos são sintéticos, isto é, criados em laboratórios. "A indústria prefere reproduzir em tubos de ensaio aquelas moléculas encontradas na natureza, porque o processo costuma sair mais barato", observa o farmacêutico Paulo Chanel de Freitas, também do Departamento de Farmacognosia da USP. "Certas moléculas, porém, são tão complexas, que não vale a pena sintetizá-las", nota o cientista. É o caso dos chamados remédios digitálicos, derivados da planta Digitalis purpurea, usados por cardíacos para regular a pulsação. "Parece muito mais fácil obter seu fármaco das folhas, do que reproduzi-lo em laboratório", diz Chanel. "Outro exemplo é a morfina, que continua sendo extraída da papoula."Existem também os medicamentos semi-sintéticos, como os anticoncepcionais - moléculas de hormônios extraídas de planta são ligeiramente modificadas em laboratório, para ficarem idênticas às do hormônio progesterona do organismo da mulher, que impede a gravidez. "E como se a natureza realizasse metade do trabalho", explica, risonho, o químico farmacêutico Andrejus Korolkovas, nascido na União Soviética, naturalizado brasileiro, cujos livros são leitura obrigatória em escolas americanas, alemãs e japonesas. Hoje, aos 68 anos, aposentado, Korolkovas talvez trabalhe mais do que nos tempos em que lecionava. Quase diariamente, visita seu antigo gabinete na Universidade de São Paulo, para orientar o trabalho de alunos e pesquisadores, além de preparar outro livro.O método mais antigo aplicado por especialistas em síntese, como Korolkovas é o da modificação molecular. Vale tudo para criar fármacos mais eficazes - acrescentar ou retirar anéis de átomos, alterar detalhes na distribuição espacial de uma molécula ou dividi-la em estruturas mais simples. "A tendência é os medicamentos serem criados sob medida", comenta o professor. Ou seja, acusados os culpados por um problema de saúde, os pesquisadores vão investigar suas origens. Não deram trégua, por exemplo, à norepinefrina, antes conhecida por noradrenalina, o hormônio que jorra das glândulas supra-renais na corrente sanguínea, especialmente nos momentos de estresse. Os cientistas relacionam essa substância à pressão alta.
Ocorre que, no organismo, a maioria das substâncias não nascem prontas: é como se existissem linhas de montagem, que os cientistas chamam vias metabólicas. Pois os bioquímicos resolveram impedir a formação da norepinefrina analisando etapa por etapa da construção de sua molécula. Desse modo, projetaram outra molécula capaz de bloquear uma única substância, requisitada pela supra-renal para formar o hormônio. Sem essa substância a linha de montagem da norepinefrina ficou emperrada.Abre-se um inquérito semelhante para se desenvolverem novos antibióticos. "Uma bactéria e um homem têm proteínas muito parecidas. Cabe ao bioquímico farmacêutico bisbilhotar o organismo da bactéria até encontrar pequenas diferenças", determina Korolkovas. "A meta dos antibióticos sempre é impedir a formação dessa proteína exclusiva do parasita, sem afetar as proteínas também presentes no organismo humano. Caso contrário, o remédio mata o paciente."O mais promissor recurso incorporado à síntese de medicamentos é, sem dúvida, a inteligência artificial. "Até então, você iniciava a procura de um fármaco sem a certeza de encontrar, no final, uma substância que funcionasse. Já o computador pode garantir à pesquisa um final feliz", compara Korolkovas. Os programas de Informática desenvolvidos para os laboratórios farmacêuticos são capazes de quebrar as moléculas das substâncias conhecidas em centenas de pedacinhos e, ao mesmo tempo, listar as propriedades químicas de cada uma dessas pequenas porções. Assim, o pesquisador realiza suas experiências na tela do computador - o que, óbvio, economiza tempo. Pode saber o que acontecerá com determinada substância se mexer aqui ou ali, dando-lhe átomos extras ou arrancando uma parte de sua molécula. No final das alterações, o computador analisa a molécula criada na tela e a define de acordo com três parâmetros considerados fundamentais, quando se trata de um medicamento.
O primeiro deles são as forças elétricas presentes naquela molécula, pois toda reação química, olhada de perto, nada mais é do que uma troca de elétrons entre átomos. Ou seja, as cargas elétricas podem agir como ganchos, fazendo um fármaco reagir com outras substâncias - ou não. O segundo parâmetro é a solubilidade, ou seja, saber se o fármaco é mais ou menos solúvel em água ou em gordura. "Um medicamento bastante solúvel em água é rapidamente eliminado, através do suor e da urina; já um fármaco solúvel em gordura tende a se armazenar no organismo, o que pode ser perigoso se ele for muito tóxico", compara a farmacêutica Maria Amélia Barata da Silva, da USP. Finalmente, ao se sintetizar uma molécula, é indispensável conhecer direito o seu tamanho e a sua forma. Faz sentido: para uma substância qualquer causar efeito, bom ou ruim, ela deve se ligar, ainda que por poucos instantes, com células do próprio organismo do paciente - ou com a molécula de um parasita, no caso de antibióticos - para acontecer a reação. "É como se o fármaco fosse esculpido para ter encaixe perfeito no lugar desejado, como uma peça de quebra-cabeça", descreve Maria Amélia.Um dos maiores desafios dos cientistas, porém, é fazer com que esses fármacos, encontrados na natureza ou criados em laboratório, atinjam o foco de uma doença com a precisão de um antimíssil Patriot. "Inundamos o organismo de um paciente com 500 miligramas de um fármaco, quando 5 miligramas seriam suficientes, se soubéssemos dirigi-las ao lugar certo", exemplifica Hatem Fessi, professor da Universidade de Paris, cuja equipe é considerada uma espécie de vanguarda na área da Farmacotécnica encarregada de tornar as moléculas do fármaco um remédio, como se vê nas farmácias. O laboratório em que Fessi trabalha, no tranqüilo Chatenay-Malabry subúrbio parisiense, não se contenta em produzir cápsulas, pílulas, injetáveis, enfim, as formas comuns de medicamentos. Ali, se estudam, por exemplo, cápsulas tão pequeninas, os lipossomos, que seriam necessárias quarenta delas pará preencher o diâmetro de um fio de cabelo.Quando alguém engole um comprimido este é bombardeado pelos sucos gástricos, até literalmente estourar, soltando o princípio ativo. Essa liberação pode ser desastrosa. Os antiinflamatórios são casos típicos: enquanto não são absorvidos pela corrente sanguínea, ficam irritando a parede do estômago. "Os lipossomas são minúsculos, a ponto de atravessarem os poros do intestino", descreve Fessi. "Se uma molécula do antiinflamatório estiver ali dentro, não tocará as paredes do aparelho digestivo, durante o seu percurso." Segundo o professor, os lipossomas poderão resolver, entre outras coisas, o problema de diabéticos, que precisam injetar doses diárias de insulina. "Esse hormônio não pode ser tomado por via oral, porque o suco gástrico é capaz de destruí-lo. Os lipossomas, porém, podem protegê-lo da degradação." Trata-se, por enquanto, apenas de uma esperança. Afinal, é certo que a equipe de cientistas franceses conseguiu criar cápsulas em miniatura - aliás, audaciosos, começam a desenvolver as chamadas nanocápsulas, ainda mil vezes menores do que os lipossomas. Isso, no entanto, resolve somente um problema de tamanho.Resta saber se os pesquisadores terão êxito em desenvolver microcápsulas suficientemente fortes para chegarem incólumes ao seu destino - teoricamente, mergulhadas em uma solução, via oral, elas deveriam ser quebradas já no sangue, ao atravessarem o fígado. "Hoje, essas partículas parecem frágeis", reconhece Fessi. O cientista deve testar, nos próximos meses, a eficiência dos lipossomas, no tratamento de infecções e cânceres relacionados à AIDS: "A toxicidade dos medicamentos diminuirá até 30 vezes", calcula. Os franceses também experimentam grudar em cada microcápsula um anticorpo monoclonal, fabricado em laboratório para conduzir o fármaco, como um bom motorista, até o local da doença, sem ficar retido em órgãos onde sua presença é absolutamente desnecessária e, muitas vezes, até prejudicial. A farmacêutica paulistana Ida Caramico Soares, professora da Universidade de São Paulo, estagiou seis meses no laboratório francês. De lá voltou, em dezembro passado, com planos de desenvolver microcápsulas com drogas contra a malária, que são de difícil absorção. Outro projeto, porém, será disparado primeiro: "É possível criar um comprimido", ela conta, "que cole no estômago, ficando ali por algumas horas. O efeito de um remédio será prolongado, o que pode ser muito útil em algumas doenças, freqüentes no Brasil, como o mal de Chagas. Os médicos nunca têm certeza se os doentes, geralmente pessoas menos informadas, estão tomando todas as doses, como foi recomendado" diz Ida. "Aumentar os intervalos entre um comprimido e outro facilitará as coisas."


O caminho até o balcão

Cerca de 12000 compostos químicos são analisados, para se selecionar, em média, 2500 eventuais fármacos. Essas substâncias são testadas, primeiro, em animais pequenos, como ratos, aumentando o porte das cobaias até se chegar aos primatas. Conforme os resultados em macacos, começam os testes em seres humanos sadios voluntários, e, só depois, em doentes. Pode ser que, daí, nasça um novo remédio - ou não. São dez a quinze anos de trajetória sem Garantia de sucesso. Fonte: Faculdade De Ciências Farmacêuticas Da USP


Formas novas para velhos remédios

Para certas pessoas, qualquer comprimido é difícil de engolir. "O pior é que nem todo remédio pode ser encontrado na forma de gotas, porque alguns fármacos perdem efeito em combinação com a água", explica a farmacêutica Ida Caramico Soares. No futuro, porém, os comprimidos serão formados por uma espécie de esqueleto insolúvel, que confinará o princípio ativo propriamente dito. "Quanto menores os poros desse esqueleto, mais lenta será a liberação do medicamento", revela Ida. "Assim, o horário de repetir a dose ficará adiado."Quem tem medo de injeção também pode ficar otimista: os cientistas procuram substituir a picada, cuja vantagem é lançar o medicamento direto na circulação, por meios mais simples e menos dolorosos. Já começa a ser testada, por exemplo, a insulina na forma de spray, para ser vaporizada no nariz. "Aproveitam-se as mucosas, como a do olho e a do nariz", conta a farmacêutica. "Esses tecidos são irrigados por um enorme número de vasos, o que facilita o acesso rápido da droga no sangue."


Doses de exagero

No ano passado, a indústria farmacêutica aliada às empresas que prestam serviços de saúde - como os convênios médicos - conquistaram o segundo lugar no rol dos maiores anunciantes brasileiros, perdendo apenas para os fabricantes de cigarros. Para o professor Fernando Lefèvre, especialista em Educação da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, isso reforça sua teoria de que os medicamentos viraram bens de consumo, como uma roupa da moda ou um carro último tipo. "As pessoas não tomam remédio porque cismam estar doentes, o que seria hipocondria. É diferente: elas engolem um comprimido porque só assim sentem manter a saúde", raciocina o professor, que passou os anos 70 ,em Paris, estudando Semiótica, a área das ciências humanas que investiga os símbolos. "O fenômeno é mundial, isto é remédio passou a representar saúde", diz Lefèvre, que publicou recentemente um livro sobre o assunto.No Brasil. porém, existe uma agravante: a automedicação. De acordo com o Ministério da Saúde, seis em cada dez pessoas que vão à farmácia entram ali sem receita médica e saem levando alguma droga para casa. Mesmo assim, Lefèvre insiste que a automedicação é a ponta de um iceberg. "Estudos médicos mostram que noventa por cento das dores de cabeça são passageiras", exemplifica. "As pessoas, no entanto, suportam melhor a dor se engolem um analgésico - a promessa química, com receita médica ou não, de que o tormento irá terminar."

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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Apocalipse Já - Ambiente


APOCALIPSE JÁ - Ambiente



Edward Goldsmith, um dos papas do movimento ecológico, diz que a civilização moderna não presta e que a humanidade está à beira do desaparecimento. O remédio, segundo ele, é uma conversão "quase religiosa" a uma outra visão de mundo

Edward Goldsmith tinha tudo para ser o que não é - um próspero capitalista e um defensor da civilização industrial. Mas ele talvez não chegasse a ser o que é fossem outras as suas origens. Nascido em Paris há 63 anos em berço de ouro - filho de pai inglês, rico deputado pelo Partido Conservador, e de mãe francesa, de boa família rural -, pôde estudar em vários países e formar-se em Ciências Políticas, Filosofia e Economia pela prestigiosa Universidade de Oxford. Teddy, como o chamam os amigos, poderia ter sido igual a seu irmão Jimmy, ou melhor, Sir James Goldsmith, que construiu uma das maiores fortunas da Europa e foi proprietário da revista semanal francesa L´Express.A herança que Edward recebeu aos 38 anos permitiu-lhe viver tranqüilamente desde então. Ele viajou o mundo todo, cultivando seus dois grandes interesses: peregrinar pelas melhores bibliotecas e estudar as chamadas sociedades tradicionais, virtualmente intocadas pelo padrão ocidental. Acabou por apaixonar-se pelos ideais pregados pelo líder indiano Mohandas Gandhi (1869-1948), cujo pensamento inspirou em 1972 o mais célebre dos doze livros que viria a escrever Blueprint for survival (Projeto para a sobrevivência). Traduzido em dezesseis idiomas, vendeu 1 milhão de exemplares e se tornou uma das bíblias do movimento ambientalista.Edward Goldsmith é muito mais que um guru verde, daqueles que comandam justos protestos contra as queimadas na Amazônia ou a matança das baleias. É um perfeito exemplar de uma espécie que, para o bem ou para o mal, está em expansão - a dos ecologistas radicais, a vertente xiita dos defensores do ambiente que enxerga no progresso técnico-científico e na sociedade industrial nada além do Grande Satã que arrasta para a morte, senão a natureza inteira, com certeza a humanidade. Os ecofundamentalistas rejeitam a idéia de que o sistema pode ser transformado de forma a conciliar criação de riquezas. Bem-estar material e preservação do planeta. Para eles, o homem está com os dias contados se não deitar abaixo o estilo de vida das sociedades urbanas, se não banir da face da Terra a própria noção de desenvolvimento econômico e se não retomar as tradições postas à margem pela Revolução Industrial.O próprio Goldsmith já se declarou "arquipassadista". Ele é um intelectual lido, viajado, articulado e experiente. É difícil contestá-lo quando aponta o dedo contra o que há de irracional e perverso na civilização contemporânea. Não obstante, ao extremar a argumentação, resseca o raciocínio. O mundo que condena é simplificado sem matizes. Para ele por exemplo, a ciência é uma superstição que não melhorou a vida humana. Eis, no mínimo, um ato de desrespeito aos fatos. Sua construção ideológica se sustenta em bases duvidosas ("o desenvolvimento econômico cria a pobreza"), desdobra-se em generalidades ("todos os países estão mais pobres do que eram anos atrás") e culmina em certezas insuscetíveis de verificação imediata ("restam-nos apenas alguns decênios"). Editor de uma contundente revista bimestral The Ecologist, e vice-presidente da Ecoropa, um dos maiores e aguerridos movimentos ambientalistas da Europa, ele certamente dará o que falar no Brasil em junho do próximo ano, ao participar dos eventos paralelos à Eco-92, a conferência mundial sobre ambiente e desenvolvimento, promovida pela ONU no Rio de Janeiro.Casado (pela segunda vez), pai de cinco filhos, viveu os últimos anos numa fazenda na Cornualha, na ponta sudoeste da Inglaterra, onde proibiu a entrada de carros, tratores, adubos químicos e instalações de aquecimento. Agora morando no subúrbio londrino de Richmond, 20 quilômetros a sudoeste da capital, numa casa simples (mas com algumas benesses da tecnologia que ele tanto abomina, como telefone, fax e máquina de escrever elétrica), não vê a hora de voltar ao campo. De vivos olhos azuis e cabelos grisalhos, é um homem "carismático, veemente, arrebatado e também gentil e simpático", segundo a repórter Gisela Heymann, a quem concedeu a entrevista que segue.
Há catorze anos, o senhor profetizou uma reação geral contra a civilização industrial. Onde o senhor errou?
Sem dúvida fui um pouco otimista. A tomada de consciência em relação aos problemas ecológicos causados pelo desenvolvimento econômico se manifestou mais tarde, há apenas dois anos. Infelizmente, a atitude dos políticos e industriais não mudou. As pessoas têm de tomar a dianteira em relação aos governos. Estes só oferecem respostas econômicas aos problemas. Se existem mais doentes, constroem-se hospitais. Se existem mais desempregados, constroem-se mais indústrias. Não se atacam as causas dos problemas.
Mas já se tomaram decisões importantes contra a poluição. Nos Estados Unidos, não se usa mais nos sprays o gás clorofluorcarbono (CFC), que ataca a camada de ozônio. O Brasil pretende implantar até 1996 um plano para diminuir as emissões de poluentes dos veículos a motor. Isso não conta?
O CFC continua a ser usado em aparelhos de refrigeração e para a limpeza de circuitos eletrônicos. Os cortes, portanto, não foram suficientes. Os grandes problemas ambientais continuam como antes, ou pior. Nada se fez para diminuir o aquecimento do planeta ou para combater eficazmente a destruição da camada de ozônio. Nada se fez para diminuir o ritmo de destruição das florestas - salvo, ao que parece, no Brasil, onde o governo cortou as subvenções à destruição. Mas, na Malásia, por exemplo, a reação às pressões dos grupos ecologistas consistiu em cortar as árvores também à noite, para ganhar o máximo de dinheiro enquanto é tempo. E a última grande floresta africana, no Zaire, está em chamas.
O senhor escreveu no livro 5000 dias para salvar o planeta que a humanidade poderá estar extinta em trinta ou quarenta anos. Não e pessimismo demais?
Não. Estamos transformando a Terra num planeta inabitável. Aliás, já estamos condenados a conviver com um aumento da temperatura global entre 1,5 e 4 graus C previsto para o ano 2030, caso continue tudo como está, devido à duplicação do gás carbônico na atmosfera. É uma reação em cadeia. O mar, por exemplo, vai esquentar. O plâncton? que gosta de água fria, vai morrer. Isso diminuirá a capacidade dos oceanos de absorver o gás carbônico. Logo, a situação vai piorar. Não nos damos conta do que significam 3 graus a mais. Há 130 000 anos, o Sul da Inglaterra, ande fica Londres, era 3 graus mais quente. Havia ali pântanos, hipopótamos e crocodilos. Era um equilíbrio completamente diferente.
A espécie humana não se adaptaria a um clima 3 graus mais quente?
O pior nem é o aumento da temperatura. É a instabilidade do clima? sua imprevisibilidade. Já podemos constatar isso hoje. A agricultura se baseia na regularidade dos ciclos, que permite ao homem saber quando plantar e quando colher. O homem teria ainda de conviver com a destruição da camada de ozônio, o que significa não só mais casos de câncer de pele, como também o enfraquecimento do nosso sistema imunológico, o que por sua vez significa muito mais doenças. Acrescente-se o aumento drástico dos dejetos químicos que envenenam a terra e o lençol freático. Por isso? podemos dizer que nos restam apenas alguns decênios. Podem ser trinta, quarenta, cinqüenta anos. Mas não será um século. A espécie humana estará extinta nas próximas décadas, se continuarmos a destruir o planeta na mesma velocidade de hoje.
Novas tecnologias não poderão evitar essas catástrofes?
As pessoas pensam que o desenvolvimento econômico vai resolver os nossos problemas, mas não é nada disso. O desenvolvimento econômico cria a pobreza. Ele requer um enorme aporte de energia. Para isso, construímos enormes barragens que destroem o meio ambiente, a terra arável, as florestas. Construímos centrais nucleares, que são ainda piores, por causa da emissão diária de gases radioativos, o que faz aumentar consideravelmente os casos de leucemia em crianças nas regiões vizinhas. Sem falar nos acidentes, como o de Chernobyl. Todos os mecanismos quebram. Os mais complicados são mais vulneráveis. Temos é de mudar nossa forma de pensar e parar de adaptar o mundo às nossas necessidades.
Como convencer as pessoas de que o mundo moderno não presta? As populações mais pobres deixarão de sonhar com o nível de vida dos americanos e europeus de hoje?
Acontece que é impossível o Terceiro Mundo viver como os Estados Unidos ou a Europa. O mundo não poderia suportar a poluição que isso causaria. É tão absurdo como dizer que a população da Terra vai ser transferida para Vênus. Além disso, já podemos observar claramente o desabamento do mundo industrial. Nova York é uma cidade em plena falência. E os Estados Unidos são o país que consome cerca da metade da energia produzida em todo o globo. Daqui a quarenta anos, os americanos terão destruído toda a sua terra arável. As pessoas querem imitar os Estados Unidos porque não sabem o que se passa ali e são bombardeadas pela publicidade do sonho americano. É importante dizer que todos os países estão mais pobres do que eram anos atrás. Os americanos estão mais pobres hoje do que em 1972. E a população mundial não vai viver como os personagens de Dallas, mas em favelas.
O que se deveria fazer, então?
Temos de mudar totalmente nossa forma de encarar o mundo. É preciso criar uma sociedade na qual as atividades econômicas existam em pequena escala - o modelo da família ou das comunidades é o ideal. Devemos reduzir drasticamente o consumo de energia e acabar com a construção de barragens. Precisamos descentralizar as cidades, para que as pessoas possam trabalhar perto de onde moram, o que diminuiria muito a necessidade do carro particular. Não precisamos produzir bens de consumo descartáveis, que duram pouco e dilapidam os recursos naturais. Devemos voltar à agricultura sem adubos químicos, pois os biológicos são também eficazes a longo prazo.
Tudo isso significa abrir mão das conquistas da sociedade moderna, como o carro, o aquecimento central, as fraldas descartáveis, os tratores...
Sim. Sei que é muito difícil. Nossa economia é dominada pelas multinacionais. Por sua própria natureza, elas não vão jamais submeter suas atividades a fatores ecológicos, sociais e mesmo morais. Cada campanha de que participo, há trinta anos, é uma campanha contra as multinacionais. As multinacionais dominam os governos.
Se essa transformação é tão difícil assim, por que não fixar metas que não obriguem a rejeitar a tecnologia?
Porque não temos mais tempo. Ficar discutindo a redução em 10% das emissões de gás carbônico até o fim do século não adianta. Temos de diminuí-las em 60% - hoje. Estamos rodando a 100 quilômetros por hora na direção de um precipício. Diminuir a velocidade para 80 ou 50 quilômetros não significa nada. Temos é que mudar de direção.
Mas, concretamente, como se faria essa guinada?
Repito: não existe saída fácil. Tudo começa por uma conversão, quase religiosa, ao pensamento ecológico, a uma visão de mundo totalmente diferente. Para nós, a riqueza vem do funcionamento da biosfera, ou seja, do clima favorável, da terra fértil, da água fresca e abundante - condições essenciais para a vida humana neste planeta. Já a riqueza dos economistas é a riqueza manufaturada: o carro, o avião. o foguete. Temos de criar um tipo de vida que dispense essas coisas. Podemos viver sem carro, mas não sem água.
Nem a ciência pode impedir o pior?
Salvo exceções, os cientistas não comprendem o que se passa no mundo. Eles não têm nenhuma idéia do que está acontecendo.
Mas não é a ciência que nos explica como funcionam o mundo, a vida?
A ciência é uma superstição. Precisamos desacreditar a idéia de que ela é onipotente. Ela permite mudar as coisas, mas não compreendê-las. Seus modelos matemáticos são muito rudimentares. Eles não dão conta dos fenômenos sociais, cujos fatores mais importantes não são quantificáveis. Quer um exemplo? É conhecido o princípio de que o crescimento econômico é indispensável para alimentar o mundo. Na verdade, é o contrário. Na Tanzânia, depois que a economia começou a afundar, as pessoas começaram a comer pela primeira vez depois de muito tempo. Por falta de meios, as estradas não puderam ser consertadas, o que impediu a exportação de alimentos. A população foi forçada a comê-los. Em suma, não nego que a ciência pode mudar as coisas: ela pode até levar o homem à Lua. Mas de que serve essa viagem? Para nada.
Os antibióticos também não servem para nada?
A saúde não tem a ver necessariamente com os remédios. Apesar de todo o avanço da Medicina científica, a incidência de doenças (salvo a da varíola) aumenta no mundo inteiro. Aumentam a tuberculose, as moléstias venéreas, a malária, a dengue. Isso sem falar dos males da civilização, como o câncer, as doenças cardíacas, o diabete, os problemas dentários, a úlcera, a apendicite. Essas doenças quase não existiam nas civilizações primitivas. Sua incidência cresce com a industrialização.
O senhor é religioso?
Sou adepto das religiões tribais, que cultuam seus ancestrais e a natureza. O homem normal é físico e emocional. As religiões modernas baniram essas características. Os países do Norte destroem mais que os do Sul, em parte porque suas populações não são mais humanas. São robôs.





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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Supercargueiros no Ar - Tecnologia


SUPERCARGUEIROS NO AR - Tecnologia



Bombardeiros de pouco sucesso durante a Segunda Guerra Mundial, os aviões combinados ressurgiram como transportadores de cargas pesadas e podem inaugurar a era dos aviões espaciais.

Um grande hidroavião, de estranha aparência, decolou das águas de uma baia irlandesa no dia 21 de julho de 1938. Dois aviões, na verdade, ambos quadrimotores, compunham um só. O menor, batizado como Short S.20 Mercury, estava instalado nas costas do avião-mãe, Short S.21 Maia, que percorreu um bom trecho brincando sobre as ondas, inclinado pelo peso de sua carga alada e do combustível necessário para elevar a dupla à altura de 6 000 metros O engenho completo tinha o nome de Short-Mayo Composite, uma combinação idealizada pelo major Robert Mayo, engenheiro da companhia aérea britânica Imperial Airways.
Com essa experiência tentava-se proporcionar a um hidroavião autonomia suficiente para tarefas de porte naquela época, como cruzar o Atlântico. Também se pretendia encurtar o tempo gasto nas numerosas escalas que os aviões da companhia eram obrigados a fazer quando precisavam cumprir longas rotas para chegar aos distantes pontos do então extenso Império Britânico. O objetivo principal era levar mais carga, cada vez mais longe, num mesmo aparelho. Usando o avião-mãe como propulsor na decolagem, o pequeno só começava a gastar combustível quando chegava à velocidade de cruzeiro, ganhando assim mais autonomia e potencial de carga útil.Boa idéia na época, os aviões combinados acabaram atravessando décadas sem encontrar espaço no transporte de carga da aviação civil - ao governo britânico não pareceu grande vantagem transportar separadamente passageiros e cartas, as únicas cargas de então. Restritos a experiências no campo militar por muitos anos, as duplas voadoras ressurgem na virada deste século como um novo salto na aviação, quando os combinados poderão se tornar lançadores de ônibus espaciais ou de aviões em vôo semi-orbital, capazes de cumprir o trajeto Europa - Austrália em pouco mais de uma hora.
Pouco tempo antes daquele vôo iniciado na Irlanda e terminado com sucesso vinte horas depois no Canadá, os engenheiros e aviadores militares soviéticos já vinham desenvolvendo o conceito do caça parasita. Os estrategistas da época tinham um grande problema: os aviões bombardeiros polimotores, pelo grande tamanho e pouca velocidade que podiam atingir, eram alvo fácil para os inimigos. No entanto, se seu tamanho fosse reduzido a ponto de proporcionar aumento de velocidade, a carga de bombas diminuía tanto que deixava de ter valor estratégico. Uma solução óbvia seria escoltar o bombardeiro com uma frota de caças monomotores, mas estes tinham menor autonomia de vôo e não poderiam protegê-lo por toda a missão.
Para tentar sair desse beco, os soviéticos resolveram instalar os caças sob as asas dos bombardeiros, e somente ante a presença do inimigo os pequenos protetores se desprenderiam para dar combate. Diferentes soluções foram testadas, uma delas resultando em algo parecido com um vôo em formação ou um circo voador: dois caças biplanos I-5 sobre as asas do avião mãe, dois monoplanos I-16 sob elas e um monoplano I-Z suspenso por um trapézio. Na prática, ainda que os caças tenham se desprendido e voltado à mãe como previsto, tantos parasitas sobre o teórico, beneficiário ocasionavam uma redução tão drástica de carga ofensiva que anulava outra vantagem. Em plena Segunda Guerra Mundial, pensou-se em empregar esse método para aumentar o alcance dos bombardeiros. Em agosto de 1941, dois I-16 SPB destruíram uma ponte depois de serem transportados a suas proximidades debaixo das asas de um Antonov An-6. Os alemães também tentaram se valer das combinações voadoras e inventaram o Mistel: um caça monomotor, um Messerschmitt Me 109 ou um Focke Wulf 190, sobre um bombardeiro bimotor, normalmente um Junkers Ju 88. O bombardeiro não levava tripulação, somente explosivos. O piloto do caça apontava o avião-bomba para o alvo, soltava e depois voltava à base.Nunca se obtiveram resultados brilhantes com essa tática. "Colocar um avião em cima do outro, equilibrá-lo, amarrá-lo e depois soltá-lo é uma operação muito delicada", analisa o engenheiro Guido Pessotti, diretor técnico da Embraer. "São necessários tantos cuidados e tantas pessoas que o custo operacional fica altíssimo, praticamente inviável", avalia. Apesar de tamanha complicação, era comum a imagem de aviões experimentais carregados pelas mães até alturas ideais para os vôos de teste. Quando chegaram os anos 70, os aviões combinados embarcaram para outras rotas. Investiu-se neles não mais como bombas voadoras, mas como supercargueiros.
Foram os americanos que resgataram o projeto de transportar cargas pesadas nas costas dos aviões - se não cabem no porão, vão no bagageiro. O primeiro vôo, realizado em agosto de 1977, na Califórnia, foi de um Boeing 747-100 modificado, que decolou com uma carga preciosa: o Enterprise, primeiro ônibus espacial americano. Sobre o Boeing foram instalados suportes dotados de eixos explosivos, capazes de prender e depois soltar em vôo o Enterprise. Até hoje, o Boeing 747 é o transportador oficial dos ônibus espaciais dentro dos Estados Unidos entre fábricas, pistas de pouso e base de lançamento.Ao regressar de seu último vôo, o ônibus Columbia desceu na base aérea de Edwards, na Califórnia. Dali foi levado ao Centro Espacial Kennedy, na Flórida, do outro lado do país, e depois voltou à Califórnia para passar por inspeções e modificações na fábrica. Todas essas viagens foram feitas nas costas de um Boeing. Essa dupla voadora não é exatamente um avião combinado, mas descende evidentemente dele. Na Europa, a fábrica de aviões Airbus também utiliza esse método, transportando grandes componentes de aviões entre suas várias oficinas sobre outros modificados, conhecidos como Super Guppy. Há a proposta de empregar um Airbus AE 10 como meio de transporte do futuro ônibus espacial Hermès, a ser construído pela Agência Espacial Européia.Os autênticos aviões combinados, porém, não acabaram nas experiências malsucedidas da Segunda Guerra. Pelo contrário, essa idéia volta agora com força como solução ao problema da colocação em órbita de grandes cargas espaciais. Uma das propostas mais interessantes é o avião espacial. Ele partiria convencionalmente das pistas terrestres, chegaria ao espaço acelerando progressivamente até a velocidade capaz de fazê-lo ingressar em vôo orbital (27 000 quilômetros por hora), realizaria sua missão e regressaria por meios próprios à Terra, pousando como um avião comum na mesma pista de onde partiu ou em qualquer outra.É um método muito parecido com o dos ônibus espaciais, com a diferença de que o avião não é acelerado acima da atmosfera por propulsores que depois despencam, mas é carregado por outro avião. A idéia não é nova, pois já em 1942 o engenheiro alemão Eugene Sänger projetava o bombardeiro Sänger, uma espécie de foguete a ser lançado de um monotrilho e acelerado até 1700 metros de altitude. Somente nesse momento seus motores seriam ligados, iniciando então o Sänger uma trajetória balística capaz de levá-lo a cruzar o Atlântico e bombardear a América, seu objetivo final. Esse avião nunca foi além da prancheta, mas o projeto ainda vive.Um pool de empresas alemãs está encarregado hoje de colocar em prática o Sänger, com a substituição do monotrilho por um avião como acelerador. Nos estudos sobre o avião-foguete Hotol (abreviação em inglês de decolagem e pouso horizontais), projetado há alguns anos pela inglesa British Aerospace, já se cogita de abandonar a idéia original de um avião único para transformá-lo em um combinado. Para que um avião sozinho atravesse a atmosfera e continue acelerando até entrar em órbita, é preciso um motor misto de turbina, que só funciona na presença de ar, e propulsores de foguetes, movidos a hidrogênio e oxigênio líquidos.Mais simples seria, segundo a também inglesa Teledyne Brown Engineering, acelerar a primeira fase do vôo do Hotol com um Airbus 310, um Boeing 747 ou mesmo com o gigantesco soviético Antonov An-225, o maior cargueiro do mundo em atividade. Apresentado publicamente em junho de 1989, em Paris, carregando nas costas o ônibus espacial soviético Buran, o Antonov causou impacto tão grande que passou a fazer parte de projetos ocidentais. Foi a partir desse vôo que a Teledyne começou a pensar no avião soviético como lançador do Hotol.
Os soviéticos têm algumas propostas de utilizar o Antonov An-225 como avião-mãe para cargueiros com destino ao espaço. Sobre ele poderia ser colocado o Buram ou outro lançador mais simples, além de um grande tanque de combustível, o que resultaria num combinado de três etapas. Outra tripla sugestão é colocar sobre ele o Sänger inteiro (o avião-mãe e o pequeno). Por fim, o Antonov poderia carregar também o Hotol, neste caso um vôo de apenas duas etapas. Contudo, nem só para entregar encomendas no espaço serviriam os combinados voadores supersônicos.
Quando o Hotol nasceu, havia como desdobramento do projeto a intenção de criar um avião de passageiros que fizesse a rota Europa - Austrália em uma hora, trajeto que hoje um viajante percorre, com todas as escalas necessárias, em cerca de 25 horas.
Como ainda não se resolveu a questão tecnológica da propulsão de um Hotol voando sozinho, os aviões combinados passaram a ser a alternativa mais imediata para que a idéia se concretize. Em vez de voar ao redor da Terra, os aviões partem em direção ao espaço e o que vai em cima, depois de suficientemente acelerado, desprende-se para um vôo semi-orbital, ficando pouco tempo em órbita e descendo em seguida. Com esses aviões, as distâncias entre os dois lados do mundo ficariam muito menores.





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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Questões de Gosto - Comportamento


QUESTÕES DE GOSTO - Comportamento



A terceira e última reportagem com base nos resultados da pesquisa sobre os hábitos alimentares dos brasileiros, promovida por nos, examina de perto, entre outros temas, o paladar da população: o prato mais apreciado do cardápio cotidiano, a comida dos sonhos de cada qual e a mais apetitosa refeição completa.

Dinheiro, sempre o dinheiro. O fator econômico parece ser a única barreira capaz de se interpor entre o brasileiro e o seu prato, pelo menos no caso da absoluta maioria dos habitantes das grandes cidades. Para eles, impedimentos ou limitações de outra natureza, como os relacionados à saúde ou a crenças religiosas, por exemplo, mal se manifestam. De fato, os números finais do inquérito sobre os hábitos alimentares da população, encomendado por nos à empresa Feedback Serviços de Pesquisa, de São Paulo, revelam que apenas 15% dos entrevistados sujeitam-se a algum tipo de dieta ou restrição ao comer.
Das 1200 pessoas ouvidas em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Belém, não mais de 88 - entre elas, 62 mulheres - cumpriam ordens médicas de não ingerir determinadas substâncias (sal, gorduras). Três em cada quatro entrevistados jamais estiveram "de regime" e somente sete em cem tinham intenções nesse sentido. Eram mulheres também dois em três cidadãos que à época da pesquisa não comiam tudo o que gostariam, por motivos de controle de peso. Está-se falando, de qualquer forma, de uma minoria da ordem de 5% da amostra (chegando a 13% no grupo mais rico).Talvez devessem juntar-se a eles outros brasileiros - ou melhor, brasileiras. Pois mais de um quarto dos homens e praticamente a metade das mulheres informaram estar acima do peso. Esse predomínio feminino, que elas decerto jamais quiseram conquistar, mas deve ser uma das tais realidades da vida, tanto que aparece igualmente pelo mundo afora, já havia sido constatado pela Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN), realizada pelo governo federal em 1989. Segundo o estudo, cerca de um terço da população adulta pesa mais do que devia e um sexto, menos.
O fato é que, apesar de ter virado moda em certos ambientes, a idéia de praticar regularmente esportes ou ginástica está longe de apetecer à maioria da população: sete em dez entrevistados disseram que nunca ou raramente se exercitam. O restante, capaz de superar a preguiça física ao menos uma vez por semana, forma um time caracteristicamente jovem (45% no segmento de até 19 anos), de classe média para cima (47% dos que recebem mais de vinte salários mínimos) e masculino (41% ). Uma parcela das mulheres poderia ao menos alegar que já se movimenta bastante de sol a sol, ao desincumbir-se dos chamados afazeres domésticos, para ainda ter de suar a camiseta em academias esportivas.Com efeito, 90% das donas de casa ouvidas na pesquisa têm vida ativa, às vezes até demais - contra 66% no conjunto da amostra. O terço que se enquadra na tão difamada categoria dos sedentários, além de incluir mais homens do que mulheres, compõe-se principalmente, como seria de esperar, de profissionais de nível superior, na faixa mais alta de rendimentos. Compreende também, em proporção, mais adolescentes do que membros de qualquer outro grupo de idade: esses, com toda probabilidade estudantes, pelo menos tendem a compensar o sedentarismo compulsório malhando numa parte do tempo livre.Volte-se à mesa, porém, e para um tema decididamente mais saboroso. Este brasileiro, que liga tão pouco para ginásticas e regimes, o que será que realmente gosta de comer? Para descobrir o ponto certo da resposta, a pesquisa desdobrou a pergunta em três. Primeiro, pediu-se aos entrevistados que informassem qual o seu prato predileto, entre os alimentos que fazem parte do cardápio habitual. Depois, pediu-se que identificassem o seu prato ideal - aquele que, caro ou barato, consumido normalmente ou não, de preparo fácil ou difícil, disponível ou raro, mais Ihes dá água na boca. Por último, pediu-se que escolhessem, entre quatro refeições completas descritas no questionário, a que mais Ihes fala ao paladar, também independente de qualquer outra consideração.Na questão do prato predileto, nota-se de saída uma alta concentração de respostas em volta de um punhado de alternativas apenas. Isso, na verdade, confirma algumas características do padrão nacional de alimentação já reveladas pelo exame de outros resultados da pesquisa: 1) o brasileiro das grandes cidades tende a montar a sua dieta a partir de um rol relativamente restrito de possibilidades; 2) a localização geográfïca pesa nessas escolhas menos do que se imagina, fazendo com que a cesta básica do país seja bastante homogênea; 3) a renda tampouco é um fator decisivo na discriminação do gosto entre as pessoas.Pratos cuja personagem central é a carne são os preferidos da maioria absoluta no conjunto das capitais investigadas. Mesmo em São Paulo, onde a porcentagem de carnívoros é proporcionalmente menor, eles são quase a metade do total. E chegam perto de dois terços em Porto Alegre, o que dispensa comentários. A carne, quando aparece, faz a alegria da mesa do pobre - outra realidade que não deve surpreender. Esse foi, em proporção, o alimento mais citado como predileto no segmento de renda mais rasa, de dois a cinco salários mínimos por mês, ficando com dez pontos percentuais acima da média dos demais grupos de renda. Tipicamente, o carnívoro pertence ao sexo masculino e tem entre 40 e 49 anos - uma boa idade para vigiar o colesterol.A carne que o brasileiro mais aprecia na vida real nada tem de exótico. Trata-se singelamente do bom e velho (no sentido figurado, espera-se) bife. Simples, grelhado, a cavalo, ou à milanesa, ou ainda rolê, é a preferência de um quinto dos entrevistados e de quase um quarto entre os mais pobres e os adolescentes. Entre os gaúchos quase um terço. Só os pernambucanos mantêm distância do bife, preferido por magros 6% dos moradores do Recife, menos do que os que se deliciam com carnes cozidas ou assadas, frangos e galinhas e - finalmente, um regionalismo em cena - carne-de-sol.Puxadas principalmente pelos paulistas, pelas mulheres e pelo pessoal na casa dos 20 anos, as massas (leia-se, macarronada) ganharam a medalha de prata na competição das preferências entre os alimentos normalmente consumidos. Foram citadas no total por uma em cada quatro pessoas. É possível que, se a escolha se restringisse às comidas de restaurantes, a pasta destronaria a carne. Afinal, segundo um levantamento junto a 1 200 estabelecimentos de todo o país, feito pelo Guia Quatro Rodas em 1989, cinco dos dez pratos mais comuns nos cardápios são espaguetes, raviólis e pizzas. (Na presente pesquisa, a massa não perde por esperar.) Consumidos por uma minoria, peixes e frutos do mar são os preferidos de pouquíssimos brasileiros também - apenas 6%. Ali onde o consumo é mais freqüente. Maior igualmente é a preferência: em Belém, saudáveis 21% declararam-se fisgados por pirarucus, tucunarés e assemelhados de rio e mar.Das bebidas a que está acostumado, o brasileiro dá aos refrigerantes duas vezes mais preferência do que aos sucos de frutas e cervejas e quatro vezes mais do que aos vinhos. Sem surpresa, o refrigerante derrama-se absoluto sobre a população mais jovem: para seis em dez adolescentes (uma vez e meia acima da média geral) é a maneira predileta de matar a sede. É ainda por excelência a bebida dos cariocas, mas faz pouca espuma entre os pernambucanos. Cercados por uma profusão de graviolas e ciriguelas, cajus e cajás, umbus e mangabas, os habitantes do Recife preferem os sucos às colas e sodas na proporção de 39% a 25% - um resultado que fará a alegria dos naturalistas e que não se repete nem mesmo em Belém, com todos os seus cupuaçus e açaís.Em nenhuma capital a cerveja tem tantos adeptos como em Porto Alegre, onde só perde para os refrigerantes como bebida predileta. Vinho? Que a turma de Bento Gonçalves não leve a mal, mas é a opção primeira de apenas 10% dos entrevistados gaúchos, mencionada por eles menos do que pelos paulistas, cariocas e até paraenses. Do mesmo modo que a cerveja aparece como a bebida clássica do homem em geral, o vinho inebria especialmente os mais ricos (e os paulistas). É um gosto adquirido: de 3% de votos entre os jovens, transborda para o quíntuplo disso entre os que já tiveram quatro décadas de vida para aprender.O mundo da fantasia, onde por definição tudo é permitido e de onde em tese saem as respostas a perguntas do tipo "qual o seu prato ideal?", tem mais matizes do que o mundo de verdade onde é preparado o prato predileto de cada um. A imaginação comparece à sala de refeições com uma respeitável carta de diferenças entre os entrevistados. Idade, sexo, renda e, agora sim, geografia orientam as respostas. Em comparação com o quesito anterior, aumenta consideravelmente também o número de opções mencionadas: nada menos de quinze pratos tiveram no mínimo 3% de indicações.Mas não se pense que, solicitado a devanear com comida, o brasileiro se entregue a um festim mental de extravagâncias digno de um gourmet de caricatura: iguarias de nobilérrima reputação, como caviar e salmão, faisão e perdiz, trufas e endívias, definitivamente não freqüentam o imaginário alimentar do país - nem nas fatias de renda robusta. "Às vezes, mais difícil que enriquecer é acostumar-se aos queijos e vinhos da nova vida social", escreveu anos atrás o economista Cláudio de Moura e Castro, um pesquisador de veia irônica que entende de alimentação e de Brasil. Com efeito, mesmo quando pode nutrir-se de fantasia, o paladar nacional tem um quê de feijão com arroz. O prato dos sonhos sai do mesmo forno que o da realidade, talvez porque os homens desejem em primeiro lugar aquilo que conhecem. Senão, como explicar que a lasanha - robusta, vistosa, porém irremediavelmente trivial - tenha sido o prato ideal mais citado? Camadas de folhas de massa cozida, intercaladas com fatias de presunto e muçarela, polvilhadas com queijo ralado e carne moída e levadas ao forno para gratinar - eis a rústica confecção que uma amostra representativa da população urbana do país considera o supra-sumo da comida (e, talvez por isso mesmo, faz dela um dos costumeiros atrativos na mesa dominical, como já se viu).Registre-se, desde logo, que se tratou de uma votação dispersa, tanto que a lasanha vencedora não arrebatou mais de 12% do total de menções. Mas o vice-campeão, com 9%, tampouco poderia ser mais corriqueiro - o bife, não por acaso o mesmo bife contemplado com o troféu "prato predileto". Ou seja, para algo como um em dez cidadãos, a comida ideal é simplesmente a de que mais gosta entre aquelas que já fazem parte da rotina alimentar. A presença em terceiro lugar do mais distinto camarão (empatado com a feijoada, aliás) não briga com a tendência geral: o crustáceo peneídeo só chegou a essa posição por ter sido o mais citado pelos entrevistados de Belém, onde não faz figura de acepipe do outro mundo. Graças a esse mesmo tempero da familiaridade, a lagosta abocanhou no Recife duas vezes mais votos (8% ) do que na média nacional.Das seis capitais pesquisadas, a lasanha saiu consagrada em Porto Alegre, São Paulo e Recife, terminou vice em Belo Horizonte e pegou bronze no Rio e em Belém. Quem mais gosta dessa criação dos cuochi da região italiana de Bolonha, dos idos de 1750, segundo o crítico gastronômico Sílvio Lancelotti,, que aportou por aqui no começo do século, são, pela ordem, os adolescentes, as mulheres e os mais pobres. Por que será? Insondáveis são os mistérios do paladar, mas parte da resposta talvez esteja no fato de tratar-se de um alimento apetitoso, fácil de comer e que dá aquela sensação de saciedade. Já o honesto bife de todas as latitudes é o prato ideal dos mineiros, dos cariocas, dos homens, dos quarentões e, em segundo lugar, dos mais pobres. No grupo de até cinco salários mínimos, por sinal, os três pratos mais cotados concentram além de um terço dos votos, mais do que em qualquer outra faixa de renda. Os números parecem ensinar que - mesmo no reino do ideal - quando os rendimentos são parcos, estreito é o leque de escolhas.A feijoada, que a tradição autorizaria supor fosse para muita gente a delícia das delícias, só conquistou um lugar no pódio dos alimentos mais desejados graças à gula dos paulistas: em São Paulo, os que se declararam vidrados na borbulhante mistura de feijão-preto e enxundiosas carnes de segunda superaram os cultores do austero bife. Como se sabe, o nome pelo qual o sabático prato afro-brasileiro é mais conhecido é feijoada carioca. Seria o caso de perguntar por quê. No Rio, nada além de quatro entrevistados em cem a consideram comida ideal: seu cartaz não se compara nem ao da peninsular macarronada nem ao de outra alienígena iguaria que desfrutou dias de glória por aqui nos anos 50 - o guisado de origem russa chamado stroganoff, que nos cardápios virou strogonoff e no Aurélio, estrogonofe.Confirmando os dados sobre a qualidade das diferenças entre os sexos no consumo de alimentos, invariavelmente mais homens do que mulheres escolheram como seu prato ideal "comidas fortes": carnes (bifes, assados, churrascos) e feijoada. O contrário acontece quando o ideal está nas massas, no camarão e no stroganoff. Na vertente da idade, resultado curioso é a concentração do eleitorado da feijoada no grupo dos mais velhos. Na população de 50 anos para cima, eles são em termos absolutos duas vezes mais numerosos do que na média das outras faixas - e 26 vezes mais do que entre os adolescentes. Visto que a turma da terceira idade não se destacou na minoria que em outra passagem da pesquisa informara comer feijoada regularmente, tudo indica que se está diante de um rematado caso de nostalgia.Para fechar o círculo das preferências alimentares da população, os entrevistados foram convidados a escolher, levando em conta exclusivamente a satisfação do paladar, uma de quatro refeições inteiras (prato, sobremesa e bebida) inventadas pela pesquisa. Ao mesmo tempo, E organizou uma espécie de júri informal especializado, ao ouvir um total de vinte nutricionistas, nas mesmas capitais onde se realizou o inquérito, para que avaliassem esses cardápios do ponto de vista científico e em seguida fizessem suas escolhas pessoais pelo puro critério do gosto.A primeira refeição - arroz, feijão, bife, salada, goiabada com queijo e limonada - reflete aproximadamente o padrão alimentar brasileiro do dia-a-dia. "É ótima, sem defeitos. Come-se todo dia e não enjoa nunca. Se for a preferida da maioria, é prova de que a voz do povo é a voz de Deus", entusiasmou-se a gaúcha Rosa Maria de Souza, da Escola de Nutrição do Instituto Porto Alegre. "Se todo brasileiro pudesse fazer essa refeição todos os dias seria ótimo", aplaudiu Sônia Bittencourt, da Escola Nacional de Saúde Pública, da Fiocruz, no Rio de Janeiro. "Equilibrada do ponto de vista qualitativo, mas energética demais para pessoas sedentárias. Eu trocaria o doce por uma fruta", ressalvou Marlene Trigo, da Faculdade de Saúde Pública da USP.A segunda refeição - macarronada ao molho de tomate com almôndegas, torta de nozes e cerveja - inspira-se no cardápio dominical da maioria. "Calórica demais para entrar na rotina alimentar das pessoas", vetou Eliete Salomon Tudisco, da Escola Paulista de Medicina. "Muito carboidrato e pouca proteína", criticou Ana Lúcia da Conceição Pinto, da empresa Master Food, do Rio de Janeiro. "Muito carboidrato e nenhuma fibra", apontou em Belo Horizonte a pesquisadora Patrícia Maia, formada pela Universidade Federal de Ouro Preto. "Falta uma saladinha, uma fruta...", encaixou Ivete Ciconet Dorneles, nutricionista do Grêmio de Futebol Porto-alegrense.A terceira - filé de peixe grelhado com batata cozida e creme de espinafre, mamão e suco de laranja - reproduz com pequenas variações o menu light, seguido supostamente por aqueles que têm um olho nos números da balança e outro nas últimas sobre os males do colesterol. "Muito boa, com a vantagem de que no Norte peixe custa menos do que carne. Mas podia vir com arroz-feijão", analisou Walter da Silva João, diretor do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Pará, em Belém. "Seria uma maravilha, se em vez de creme de espinafre tivesse apenas espinafre batidinho", receitou no Rio Haydée Serrão Lanzillotti, da Universidade Federal Fluminense. "O espinafre poderia ser substituído pelo jerimum", preferiu Sônia Lucena de Souza Andrade, presidente do Conselho Estadual de Nutrição de Pernambuco, chamando a abóbora pelo nome indígena usado no Nordeste.A última colação, enfim - cheeseburguer duplo-salada com fritas, sorvete com calda de chocolate e farofa doce, refrigerante -, é uma paródia do fast food que todo jovem conhece. Quase todos os nutricionistas ficaram horrorizados. "Pode pôr no lixo", fuzilou Adyles Mezzomo, presidente do Conselho Regional de Nutricionistas do Rio Grande do Sul. "Abominável", acusou Ihani Beatriz Torquato, da empresa Nata, em Belo Horizonte. "Engorda, faz mal à saúde e não alimenta", arrasou Silvia Franciscato Cozzolino, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP. "Nem no McDonald´s se vê uma mistura dessas", comparou Sandra Albuquerque, da Universidade Federal de Pernambuco. "Vixi", resumiu a carioca Sônia Bittencourt, da Fiocruz.O corpo de nutricionistas premiou a refeição à base de peixe com dez sufrágios, só um a mais do que os concedidos ao arroz-feijão-bife. É aquilo que as pesquisas eleitorais chamariam empate técnico. Todos os paulistas preferiram o peixe. Todos os cariocas, menos um, escolheram o bife. Ninguém quis a macarronada. Auxiliadora Menezes de Souza, do Departamento de Nutrição da Universidade Federal do Pará, ficou, sozinha. com o cheeseburguer e companhia. Sua declaração de voto: "É uma refeição cheia de coisas deliciosas. Me daria mais prazer". E os mortais comuns? Os nutricionistas aparentemente podem suspirar aliviados. Três entrevistados em quatro optaram por um dos dois cardápios abençoados pelo saber científico: pediram peixe 39%; arroz-feijão, 37%. A maioria da minoria (14% ) cravou macarrão e somente 9% foram para o cheese-salada. Devidamente debulhados os números, fica-se sabendo quem é quem em cada partido. A confraria dos apreciadores do filé de peixe grelhado e seus elegantes pertences acolhe tipicamente os mais instruídos, os mais ricos, os quarentões, os moradores de Belém do Pará e as mulheres. Nehuma surpresa, portanto. Pode ser, no entanto, que uma parcela desse eleitorado tenha votado menos por gosto do que por julgar a alternativa "certa". Afinal, o peixe não faz parte do cardápio cotidiano na quase totalidade dos lares pesquisadas (embora em 38% dos casos seja consumido ao menos uma vez por semana).No território dos fatos previsíveis, não admira que os adeptos do bife com feijão e arroz se localizem principalmente na ponta pobre e menos instruída da amostra (sobretudo entre os pernambucanos e cariocas). É um contingente de perfil similar ao dos que gostam mais de macarrão, caracterizado pela baixa renda e escolaridade mínima ou nenhuma (nesse caso, com ligeiro predomínio de gaúchos). E a patota do burguer não podia ser outra: reúne quase um terço dos entrevistados jovens. Nutricionistas e adolescentes, pelo visto, estão precisando almoçar juntos um dia desses para ter uma conversa franca sobre comida. Os pais talvez devessem aparecer também. Pois, como lembra a nutricionista carioca Elizabeth Luiza de Souza, "as mães, sem tempo ou vontade de ir para a cozinha, levam os filhos às lanchonetes, imaginando que estão Ihes proporcionando uma alimentação equilibrada". Agradecemos aos especialistas ouvidos na fase de preparação da pesquisa: o professor José Eduardo Dutra de Oliveira, da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto; a professora Maria Antonia Martins Galeazzi, diretora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alirnentação da Unicamp; a socióloga Anna Maria Medeiros Peliano, do Ipea, e a nutricionista Flora Spolidoro, de São Paulo. A responsabilidade pelo questionário e pela análise dos resultados é exclusiva da revista.

A FOME VISTA DE PERTO

O que falta no prato do povo e o mal que isso acarreta: os feios resultados de duas grandes pesquisasSeparados por quinze anos, dois levantamentos nacionais guardam a mais opulenta coleção de informações a respeito dos hábitos alimentares e do estado nutricional da população. Foram sondagens apropriadas ao porte do problema, de tal forma que tudo o que se vem dizendo a sério sobre alimentação no país não é senão um diálogo com seus resultados. Eles acendem um holofote impiedoso sobre a panela do brasileiro. Provam que o seu tamanho, assim como o que acontece quando ela é menor que o desejável são realidades inseparáveis da renda dos cidadãos.Entre agosto de 1974 e agosto do ano seguinte, 55 000 famílias de todo o país tiveram um pedaço importante de sua intimidade devassado pelo IBGE. Instalados durante uma semana em cada casa e treinados para cercar por todos os lados os gastos das famílias com comida, os pesquisadores chegaram a pesar os produtos consumidos. Graças a tamanha bisbilhotice, o Endef (Estudo Nacional da Despesa Familiar), como se chamou essa pesquisa pioneira de 12 milhões de dólares pôde conhecer a quantidade de alimentos, calorias e proteínas ingeridos todo dia pela população.Muito depois, entre julho e setembro de 1989, 62 000 brasileiros foram eles próprios pesados e medidos pela PNSN (Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição). Concebida pelo Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição, do Ministério da Saúde, com apoio técnico do IPEA, a investigação partiu da premissa de que centímetros e quilos revelam, melhor do que qualquer outra informação singular, se um povo 6. come direito. 6. A relação altura/idade, em especial, é tida como "o indicador-síntese das condições de vida de uma nação", porque identifica a 4. desnutrição. 4 crônica.A principal descoberta do Endef foi que dois em cada três brasileiros não chegavam a consumir as 2 248 calorias diárias que se convencionou internacionalmente considerar necessárias para o desempenho normal das atividades de um adulto sadio. O consumo médio contabilizado pelo estudo foi de 2 132 calorias. Em 64% dos casos, a carência que os nutricionistas denominam débito calórico oscilava entre 200 e 400 calorias. Nada que um bom almoço todo dia não resolvesse: 100 gramas de feijão com arroz contêm 390 calorias. Em 1975 havia pelo menos 13 milhões de brasileiros desnutridos, mais do que uma São Paulo inteira, em números de hoje. Em compensação, essa ficção estatística chamada brasileiro médio estava bem-servida de proteínas, consumindo 64 gramas por dia, 11 a mais do que o padrão recomendado. Outro estudo do IBGE, em onze regiões metropolitanas, a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), de 1988, cujos resultados começaram a ser divulgados em junho último, revela que, em média, o brasileiro consome 1,03 quilo de comida por dia, incluídos 193 gramas de laticínios e 84 de carnes e pescados. Na média, o brasileiro gasta um quarto do que ganha para comer. Os mais pobres gastam 44%. Os mais ricos, 17%.Já os números produzidos pelas fitas métricas do PNSN somam um relato de boas e más notícias. A grande má notícia é que, por falta de alimentação adequada, principalmente nos primeiros meses de vida, um brasileiro (ou brasileira) de 25 anos é 7 centímetros menor do que um americano (ou americana) da mesma idade. Se for homem, sua estatura equivalerá à de um americano de 15 anos; se for mulher, à de uma americana de 12 ou 13. (A relação altura/idade na população dos Estados Unidos é o termo de comparação adotado no mundo inteiro.) A boa notícia é que o brasileiro ficou menos baixinho. Em todas as idades, até o limite de 18 anos, o brasileiro de hoje é mais alto que o de 1975. O ganho maior ocorreu entre os meninos de 1 ano: 2,6 centímetros.Isso à primeira vista provaria que o brasileiro passou a comer melhor. Os especialistas, no entanto, preferem explicar o avanço como o resultado de uma série de mudanças, ocorridas nos anos 80, que influem direta ou indiretamente na química do organismo. Na esfera pública, a melhoria do sistema de saúde e a expansão dos serviços de saneamento. Na vida particular, a forte queda das taxas de fecundidade, que fez aumentar a renda familiar por pessoa. A rigor. ninguém tornou a se instalar nos lares do país para pesar o seu pão de cada dia e responder se os centímetros adicionais adquiridos pela população procedem de pratos mais bem servidos. O único indício não é muito otimista. Trata-se de uma pesquisa de orçamentos realizada entre 1982 e 1983 pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos de São Paulo) junto a 773 famílias paulistanas. A investigação confirmou o achado do Endef de que faltam calorias, e não proteínas, nas mesas nacionais. E capturou situações de desnutrição em todas as classes de renda: metade das famílias no grupo mais pobre (meio salário mínimo per capita) e um décimo no grupo menos pobre (três ou mais salários mínimos per capita) estavam inadequadamente alimentados. Os números do Dieese e do Endef autorizam concluir que a raiz da desnutrição não está numa suposta diversidade de hábitos alimentares, mas nas quantidades consumidas, ou seja, no poder de compra de cada família, pois ricos e pobres de todas as regiões tendem a recorrer, ainda que em proporções diversas, a um mesmo conjunto básico de alimentos.Dieese e Endef chamam a atenção para uma perversidade do modelo brasileiro de (des)nutrição: supõe-se que as pessoas que ingerem menos calorias do que precisam - notadamente, os nordestinos - acabam transformando parte das proteínas de sua dieta em combustível a ser queimado no dia-a-dia. Ruim para o bolso, pior para a saúde. De um lado, porque proteínas custam mais do que calorias. De outro, porque o organismo corre o risco de se privar da matéria-prima que regenera as células e protege os tecidos. Além disso, quando se diz que uma população, em média, consome as proteínas de que necessita, se diz também que uma parte dela nem isso consegue, faltando-lhe portanto calorias e proteínas.Essa é a realidade por trás dos números geralmente mal-encarados do PNSN sobre a altura, o peso e a idade dos brasileiros. Como o de que na faixa de até 5 anos de idade, a julgar pelos quilos que Ihes faltam, quase um terço (31%) das crianças são desnutridas. No Nordeste, duas em cinco crianças apresentam algum grau de desnutrição aguda. Por outro lado, 16% dos brasileiros adultos têm baixo peso (menos de 58 quilos para

70m de estatura). Também aqui, no entanto, o país melhorou. Entre 1975 e 1989, o total de desnutridos na população até 5 anos diminuiu de 7,9 milhões para 5 milhões. Só que diminuiu menos onde deveria diminuir mais - no Nordeste.Mesmo um exame superficial dos dados do PNSN permite enxergar algo para o qual o Endef já alertava quinze anos antes: o fator renda. As crianças com desnutrição crônica se concentram nas famílias cuja renda mensal é inferior a dois salários mínimos. Em todas as idades, o déficit de altura aumenta à medida que cai a renda familiar - e é sempre maior no meio rural. E, se 20% dos jovens adultos brasileiros são tecnicamente nanicos (pelo seu grau de afastamento da estatura média dos americanos), na população que recebe até 0,25 salário mínimo o nanismo atinge 37% do total. Nanismo, advertem os cientistas, é muito mais do que uma problema de aparência. É a prova de que a plena manifestação do potencial genético de um grupo humano foi bloqueada. O culpado é aquilo que os estudiosos designam como agravo ambiental e que qualquer brasileiro pode identificar numa palavra: fome.


Últimos pratos cheios de números
Principais resultados da pesquisa (parte 3)
Estão com peso certo 48%
Estão acima do peso 39%
Estão abaixo do peso 13%
Praticam esporte ou ginástica:
raramente ou nunca 71%
uma ou duas vezes por semana 15%
três ou mais vezes por semana 14%
Nunca fizeram regime 73%
Já fizeram 11%
Estão fazendo 10%
Vão fazer 7%
Têm restrições alimentares:
nenhuma 85%
de ordem médica 7%
de controle de peso 5%
de ordem filosófica 2%
de ordem religiosa 1%
Seu prato predileto é:
carne 52%
massa 24%
peixe 6%
arroz-feijão 4%
salada 4%
feijoada 3%

Seu prato ideal é:
lasanha 12%
bife 9%
feijoada 7%
camarão 7%
stroganoff 6%

Sua refeição predileta é:
filé de peixe, batata, espinafre, mamão 39%
arroz, feijão, bife, salada, doce, queijo 37%
macarrão, almôndegas, torta 14%
x-salada, fritas, sorvete 9%

Sua bebida predileta é:
refrigerante 40%
suco 21%.





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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

A Salvação da Torre - Engenharia


A SALVAÇÃO DA TORRE - Engenharia



Fechada há mais de um ano para os turistas, a Torre de Pisa corre o risco de desabar. Para mantê-la de pé, dois projetos tentam recuperar sua fundação e sua estrutura.

Se os sete sinos da Torre de Pisa voltassem a tocar, como fizeram até 1911, a oscilação provocada pelo movimento dos seus 9 500 quilos de metal fundido e pelo som harmônico seria, quase certamente, fatal à famosa Torre inclinada. Os sinos dobrariam pela última vez. Dobrariam pela própria Torre, campanário da Catedral de Pisa, construída afastada alguns metros da igreja, como mandavam as noções de estática da Física da época - para evitar que as ondas sonoras causadas pelo toque dos sinos afetassem o equilíbrio da catedral inteira. Seria um réquiem para o monumento que, com 818 anos de vida e uma inclinação de 4,86 metros em relação à vertical, pode desabar a qualquer momento. O medo da repetição da tragédia de 1989, quando uma torre em Pavia foi ao chão, matando várias pessoas, levou o governo a fechar a Torre, e desde janeiro de 1990 não é mais possível visitá-la."É suficiente um vento forte para que a Torre desmorone", disse a nos o professor Giorgio Macchi, um dos treze especialistas italianos e estrangeiros convocados pelo governo da Itália para encontrar remédios urgentes que possam salvar um dos monumentos mais visitados do mundo. Antes de essa situação de emergência ser detectada, subir na Torre de Pisa era programa tão obrigatório para os turistas como ver o papa em Roma. De 1922 até o fechamento, 18 milhões de turistas subiram alegremente os seis lances de escada em espiral dos seus oito andares. Ao contrário dos demais campanários, dotados de uma impraticável escada de serviço, as escadas da Torre de Pisa, de 1 metro de largura, encastradas nos muros, foram feitas para serem usadas pelo público.De seu topo, a vista é de perder o fôlego. A poucos metros, sobressaindo do verde do gramado da Praça dos Milagres, a clara arquitetura da catedral, do batistério e do cemitério ofusca os olhos. Em volta, descortina-se a cidade de Pisa, entrecortada pelo Rio Arno, e ao longe o porto e o Mar Mediterrâneo. Os visitantes mais sensíveis certamente se emocionam ao lembrar a lenda de que Galileu Galilei, aproveitando-se da sua inclinação, fez em 1590 experiências para provar a constância da aceleração da gravidade na queda dos corpos. Muitos, emocionados, ignoram que a história não foi bem assim.Foi a descoberta de um ponto crítico na estrutura, que pode ceder de um momento para o outro - não a inclinação -, que obrigou o governo italiano a fechar a torre ao público e a convocar os especialistas em busca de uma solução imediata. Se o ângulo de inclinação continuar a aumentar no ritmo atual, em média 1,2 milímetro por ano, calcula-se que num dia incerto, entre 200 e 1000 anos, o centro de gravidade da torre vai se projetar para fora da base e ela se espatifará no gramado da praça.A situação de fragilidade estrutural, porém, é tão mais grave que exige medidas urgentes de segurança. A primeira vai ser enfaixar a Torre na moldura entre o primeiro e o segundo andar, onde foi identificado o ponto crítico, com três anéis formados por quatro cabos de aço inoxidável cada um. Os cabos de aço funcionarão como os aros de um barril. Devem contrabalançar provisoriamente uma fragilidade insustentável, até que uma medida definitiva seja encontrada, como explicou o professor Carlo Viggiani, da Universidade de Nápoles, um dos cientistas convocados para salvar o monumento: "Se o alicerce da Torre se apoiasse de modo igual no terreno, a pressão na sua base seria igual em todos os pontos. Como o terreno do lado sul vem cedendo progressivamente, observa-se atualmente uma pressão de 11 quilos por centímetro quadrado deste lado e uma pressão pouco maior do que zero do lado oposto. Entre o primeiro e o segundo andar, porém, existe uma pressão de 80 quilos por centímetro quadrado do lado da inclinação. Para suportar esta pressão seria necessária uma estrutura de concreto armado. Do lado oposto, há forças de tração para o alto".Não é preciso subir à Torre para poder admirar a sua original forma redonda. Da praça, como fazem diariamente 15 000 turistas, percebe-se a leveza de seis andares ornados de pórticos com harmoniosos arcos equilibrados em trinta colunas finas em cada andar. Aprecia-se também a solidez da estrutura secular de alvenaria de pedras retangulares.Muitos elementos inexplicáveis e incomuns na vida da Torre de Pisa contribuem para criar em tomo dela uma aura de mistério. A forma circular é absolutamente original. Todas as torres de campanários italianas da mesma época têm formato quadrado. Não se sabe de quem foi o projeto da Torre, pois ninguém assumiu sua autoria, enquanto os demais edifícios da praça (a catedral, o batistério e o cemitério) são assinados em diversos pontos por seus autores.A inclinação crescente desafia a compreensão dos historiadores e arquitetos. Tanto que até hoje, oito séculos depois da sua construção, existem duas correntes de opinião antagônicas entre os especialistas, que se combatem à força de livros e tratados. Para uns, a Torre foi construída inclinada de propósito, como um desafio arquitetônico e estético. Esta facção é liderada pelo decano dos catedráticos de História da Arquitetura da Itália, Guglielmo De Angelis d´Ossat. É certo que, depois de apenas três dos oito andares estarem concluídos, já se podia perceber a desigualdade da fundação sobre o solo de uma argila macia. Procurou-se compensar a inclinação construindo os andares um pouco mais altos no lado inclinado, o que só serviu para afundá-la ainda mais. Somente no século XIV, depois de várias interrupções, a Torre foi concluída, já pendente.A situação ficou mais crítica no início dos anos 60, período do boom econômico na Itália. O aumento do consumo de água levou os pisanos a explorar com ânsia crescente poços cavados nas proximidades da Praça dos Milagres. No subsolo da praça, embaixo da Torre, a cerca de 60 metros de profundidade, existe um lençol freático. A exploração dos poços nos arredores fez com que o lençol sofresse profundas oscilações, rapidamente. Segundo os especialistas, a variação chegou a até 1 metro em poucos dias. No início dos anos 70, a prefeitura decretou o fechamento dos onze poços de 50 a 200 metros de profundidade encontrados num raio de 1000 metros em torno da Torre.O movimento se estabilizou. Um aqueduto chegou a ser financiado pelo governo, mas nunca foi construído. Atualmente, a exploração do lençol freático profundo não só continua, como aumentou. À espera de novas verbas para o aqueduto, que alimentaria a cidade com água vinda de longe, o professor Viggiani explicou qual seria possivelmente a conduta da comissão de especialistas: "Nossa proposta é impermeabilizar o subsolo na zona da Praça dos Milagres, isolando o lençol freático embaixo da Torre dos demais que alimentam os poços da cidade". A idéia seria criar um diafragma que empacotasse o lençóis, possibilitando manter sob controle sua pressão interna.A solução de isolar hidraulicamente o subsolo da praça já tinha sido levantada em 1973, quando foi realizado um concurso público para projetos de estabilização da Torre. Nesse concurso, diversas soluções para reequilibrá-la foram apresentadas. A ambição de endireitar a Torre seduz a fantasia de muitos. Uma garota de Buenos Aires enviou um projeto que consistia em tirar terra aos poucos por baixo do alicerce do lado contrário ao da inclinação.O concurso selecionou os cinco meIhores projetos, misturados depois para dali sair uma solução final. A maioria das propostas previa a consolidação do alicerce com o uso de uma rede de estacas finas fincadas a grande profundidade. Um deles propôs a solidificação do terreno por meio da injeção de cimento e de aditivos químicos com aparelhos especiais. O projeto mais sofisticado pretendia endireitar parcialmente a Torre com uma tração feita por cabos ligados a estacas. Na fase atual, a única proposta pública de equilibrar a Torre foi feita pela empresa alemã DMT. Para Viggiani, que há trinta anos participa de comissões para salvar o monumento, se o caso fosse recuperar um edifício comum, o problema já estaria resolvido. "Pôr a mão numa obra de arte que atravessou mais de oito séculos de história é uma decisão mais difícil", justifica. A ousadia da proposta da DMT para salvar a Torre de Pisa só se explica pela sua experiência rotineira em endireitar prédios, igrejas e chaminés na sua região. Essen, cidade onde está sediada, é apinhada de minas de carvão, e a instabilidade do terreno progrediu no mesmo ritmo voraz do consumo de energia exigido pela industrialização da Alemanha.No currículo da DMT está mais de uma centena de endireitamentos de edifícios, inclusive uma colossal chaminé de 120 metros de altura. Seu projeto prevê um corte da Torre logo acima dos alicerces com serras de diamante, do tipo usado para extrair blocos de mármore nas minas de Carrara, no centro da Itália. Em seguida, a parte superior da Torre, apoiada numa plataforma, deverá ser levantada por 160 macacos acionados por prensas hidráulicas, com movimentos graduais de 0,1 milímetro.O peso da Torre é 14 500 toneladas, e cada guindaste pode levantar até 100 toneladas. A variação de pressão na estrutura a cada momento será mantida sob controle por computador, que ajustará automaticamente a força das prensas. O lado contrário à inclinação deverá ser abaixado. A operação será repetida até que a parte inclinada seja levantada em 20 centímetros. Este espaço será preenchido com um material de grande resistência - mármore por fora e pedra de mármore e cimento por dentro. Talvez seja de cor clara, praticamente semelhante ao mármore da Torre, ou de cor mais escura, a fim de deixar claro que é uma restauração. Outra possibilidade é fazer o corte mais embaixo ainda, de modo que o enxerto não seja visto. Depois dessa operação, a inclinação da Torre deverá se reduzir a pouco mais de 4 metros, e sua sobrevivência estará assegurada por outros oito séculos.





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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Fábrica de Foguetes -Tecnologia

FÁBRICA DE FOGUETES - Tecnologia



Sem as naves que o levaram até o espaço, o homem não saberia tanto sobre o Universo e a própria Terra. Construir foguetes para voar além da atmosfera, sob duras condições, requer eficiência e precisão.

Ao saltar do Módulo Lunar Apolo e colocar os pés na Lua , o astronauta americano Neil Armstrong virou celebridade mundial. Ao vivo, pela televisão, 520 milhões de pessoas-então 15% da população do planeta-testemunharam na noite de 20 de julho de 1969 aquele histórico "pequeno passo para um homem, gigantesco salto para a humanidade". Ao voltar para a Terra, o Módulo de Comando Apolo despencou sobre o Oceano Pacífico, completando a missão com sucesso. Hoje, as viagens dos ônibus espaciais tripulados, que não mais despencam do céu mas aterrissam comportadamente em pistas, como aviões, já não prendem telespectadores boquiabertos à frente do aparelho. Ir ao espaço se tornou uma viagem sem mistérios. Desde que os foguetes começaram a subir mais alto além da atmosfera, depois do fim da Segunda Guerra Mundial, muito mais se soube sobre o espaço, os planetas e a própria Terra. Satélites em órbita, levados por foguetes lançadores, ajudam a navegação, o estudo do clima e a previsão do tempo, e transmitem sinais de comunicação. Foguetes de sondagem carregam instrumentos para realizar pesquisas científicas como a obtenção de dados sobre o Sol ou a radiação espacial. O espaço permeado por campos gravitacionais, radiação eletromagnética, raios cósmicos e campos magnéticos de distribuição desconhecida só pôde ser estudado com maior confiabilidade depois que os foguetes voaram acima da atmosfera terrestre, que tudo distorce.
Embora hoje seja comum subir ao espaço, construir um veículo para voar além da atmosfera não é tão simples quanto fabricar um aviso, embora alguns princípios sejam semelhantes. Sujeitos a duras condições, inexistentes na Terra, como o vácuo ou as extremas variações de temperatura, os foguetes e ônibus espaciais são projetados, construídos e testados em função das condições espaciais. Lá em cima, eles nem sequer se comportam como objetos terrestres. "No espaço, os foguetes obedecem às leis que regem os corpos celestes", conta o engenheiro aeronáutico Jayme Boscov, chefe do projeto do Veículo Lançador de Satélites brasileiro, em construção no Centro Técnico Aeroespacial.
Da aprovação do projeto ao lançamento, a construção de um foguete pode durar oito anos. Esse é o tempo previsto para que fique pronto o primeiro dos nove da série Ariane 5, a ser lançado em 1995 pela Agência Espacial Européia. Uma fábrica de foguetes utiliza as mesmas ferramentas de base que uma de aviões, e não envolve muitos processos automatizados, sendo a maior parte do trabalho feita com instrumentos manuais. "A diferença é que existe muito menos margem de segurança na construção de um foguete do que na de um avião", compara Patrick Eymar, chefe de estudos da Direção de Programas de Transporte Espacial francesa. A nave espacial funciona sempre no limite, como um carro de Fórmula 1 em relação a um carro comum-é mais eficiente, mas tem mais chance de falhar.Leveza e resistência são condições básicas em naves nascidas para atravessar os 160 quilômetros de atmosfera. chegar ao vácuo e ainda entrar em órbita, o que só conseguem quando atingem a velocidade de 27 000 quilômetros por hora. Até na hora do lançamento, os ônibus espaciais precisam ter força suficiente para agüentar as fortes vibrações provocadas pelos foguetes lançadores em plena propulsão. Um foguete como o Ariane, da Agência Espacial Européia, é feito em 98% de ligas de alumínio, mesmo material empregado nos ônibus espaciais.Não é o que de mais leve existe em disponibilidade nessa indústria-a fibra de carbono é mais leve e mais resistente. O problema é o custo pois a fibra de carbono é tão cara, que seria economicamente inviável construir um foguete inteiro com esse material, que só é empregado em lugares especiais, como o nariz e as partes mais altas do foguete. Além disso, materiais compostos não-metálicos não resistem tão bem a trabalhos pesados.
No foguete de sondagem brasileiro Sonda IV, a estrutura que aloja o motor e o propelente é feita em aço de alta resistência, porque precisa agüentar as enormes pressões e temperaturas causadas pela queima do combustível. Já no VLS, o quarto estágio, aquele que carrega o satélite até o momento da entrada em órbita, é feito de kevlar e resina epóxi, materiais muito leves, mas que sofrem mais deformações do que os metálicos. Há risco de descolamentos e fissuras no bloco de propelente (combustível sólido, uma mistura à base de resina, perclorato de amônio e pó de alumínio), causando assim a explosão do propulsor. Mesmo mais frágil, vale a pena utilizá-lo ali, porque cada quilo a menos no último estágio do foguete significa 1 quilo a mais de carga útil que ele pode levar. É por essa razão que os foguetes e ônibus espaciais nunca chegam lá em cima do mesmo jeito que saíram: os estágios mais pesados, com mais combustível e motores poderosos, são desconectados do ônibus ou do estágio que leva a carga útil assim que cumprem seu papel de empurrá-los acima da atmosfera.
Em pontos críticos das naves. onde o calor é muito forte, as ligas de alumínio não dão conta do recado. É quando entram em cena as cerâmicas, capazes de resistir a temperaturas muito maiores. Nos foguetes Ariane, a cerâmica é empregada especialmente nos cilindros externos do fundo do motor do foguete principal. No lançamento, os gases expelidos na queima do combustível (hidrogênio e oxigênio líquidos) pelo motor estão a temperaturas muito elevadas, em torno de 3 000°C. Para evitar que esses gases subam e atinjam a parte posterior da nave, um escudo com cerâmica é instalado para protegê-la.
O calor da queima também deve ser mantido apenas dentro do compartimento do motor, para não se espalhar pelo resto da estrutura da nave. Por isso o compartimento é revestido de materiais resistentes e isolantes. Nos foguetes brasileiros, tecidos de amianto silício e carbono impregnados com resinas fenólicas (originárias do fenol, um derivado de petróleo), fazem esse serviço. Apesar de resistentes, os tecidos são consumidos aos poucos quando submetidos a altas temperaturas, e devem portanto ser projetados numa espessura que dure até acabar a queima. Porém, no bocal de exaustão não pode acontecer esse consumo de material, pois o foguete sobe justamente em reação à força com que os gases são expelidos pelo bocal. Alterando-se as características do bocal, a propulsão fica comprometida. Na parte mais estreita do bocal, denominada garganta da tubeira, são usados então grafites especiais de alta densidade, e carbono-carbono, materiais que resistem mais tempo à ação do calor.
Além da temperatura interna, as naves espaciais têm que enfrentar também alguns, problemas quentes do lado de fora. E o coquetel explosivo que acontece quando se misturam atmosfera e velocidade. Conforme os foguetes aceleram, o choque com as moléculas que formam o ar é cada vez mais violento e produz mais calor. Para foguetes como os lançadores, que sobem largando os estágios mais pesados pelo caminho- apenas entre 2 e 5% da massa total do foguete no momento da decolagem entram em órbita-e atingem a velocidade máxima já muito acima da atmosfera, o problema não é tão grave. Complicada mesmo é a vida dos ônibus espaciais, que atravessam a atmosfera na ida e na volta.
Num ônibus espacial como o Discovery, só entra em órbita a nave propriamente dita. Os outros três componentes na hora do lançamento-um gigantesco tanque de combustível e dois foguetes lançadores-são deixados para trás. Os lançadores participam apenas dos dois minutos iniciais do vôo. Depois são separados do tanque externo, a uma altitude de 45 quilômetros, e caem no mar, em pontos predeterminados, para poderem ser recuperados. O tanque, carregado de hidrogênio e oxigênio líquidos, acompanha a nave até poucos segundos antes de sua entrada na órbita, quando se separa e volta à atmosfera. O impacto com o ar e o calor provocado pelo atrito destroem o tanque, cujos escombros se espalham por uma área até 18 500 quilômetros do local de lançamento.
O problema maior das naves com a resistência do ar ocorre na faixa entre 10 e 30 quilômetros de altitude. Abaixo disso, embora a densidade do ar seja grande, a velocidade ainda é baixa. Acima, em altíssima velocidade, a densidade do ar é mínima. Na zona crítica, são grandes tanto a velocidade quanto a densidade. O ônibus Hermès, projeto da Agência Espacial Européia com o primeiro vôo orbital previsto para 1998, deverá reentrar na atmosfera a uma velocidade de 20 Mach (vinte vezes a velocidade do som, ou cerca de 25 000 quilômetros por hora).
O impacto provocará temperaturas de até 2 000°C no bico e nas extremidades das asas, as partes mais expostas à resistência do ar. Para que esses pedaços da nave não derretam, o Hermès, a ser construído essencialmente em alumínio, será protegido por carbono-carbono inoxidável. O resto do ônibus leva uma cobertura de "mantas" de fibra de quartzo na parte superior e carbono-silício na parte inferior. Os ônibus espaciais americanos mais novos, como o Endeavour, já não são mais revestidos com cerâmicas, mas são cobertos com carbono-carbono, especialmente no bico. Ainda que enfrentar altíssimas temperaturas seja inevitável, é sempre possível diminuir a resistência do ar dando aos veículos formas aerodinâmicas, como num avião."O ônibus espacial é basicamente um avião atracado a um foguete", compara o engenheiro da NASA Karl Kristoíferson. Difere em concepção o desenho da nave, feito para que ela deslize no espaço sem precisar de nenhum motor poderoso, ao contrário do avião, projetado para ter força. Os testes aerodinâmicos das naves espaciais realizados no ONERA (sigla em francês de Agência Nacional de Estudos e Pesquisas Aeroespaciais) são exatamente iguais aos efetuados em aviões, com a diferença de que, nos túneis de vento, a velocidade é muito maior do que a empregada em testes de maquetes de aviões.Uma das formas mais comuns de testar a aerodinâmica é por analogia hidráulica. "A baixas velocidades, o comportamento da água é idêntico ao do ar", explica o assessor de comunicações do ONERA, Serge Baume. Uma maquete exatamente igual à nave é colocada dentro de um túnel vertical, no anal se faz passar uma massa de água. Pequenos tubos colocados em locais específicos da nave soltam fios de líquidos coloridos. A água carrega esses líquidos e mostra o comportamento do ar em volta da carcaça da nave. Num teste com o Ariane 5 e o Hermès, as duas naves foram recobertas com uma tinta sensível ao calor. Com a velocidade do vento no túnel, a resistência do ar aquece, como numa situação real, o bico e as extremidades das asas, que escurecem. Quanto mais escura a tinta, maior a temperatura à qual está submetida a carcaça da nave.
Vencido o problema da atmosfera, tudo o que foi concebido em sua função, como a aerodinâmica perde a validade. Um satélite, por exemplo, não lembra nem em sombra o formato de um avião. A questão a ser resolvida, lá em cima, é a falta de ar-o vácuo. "É preciso, primeiro, que todos os instrumentos que foram concebidos aqui embaixo na presença de ar funcionem lá em cima da mesma forma", afirma Patrick Eymar, da AEROSPATIALE. Qualquer bolha de ar dentro de um aparelho tenderá a explodir, por causa da menor pressão dentro de uma nave em órbita do que na superfície.Por isso são feitas as chamadas qualificações no solo, ou a demonstração ainda em Terra de que tudo funcionará fora da atmosfera. São feitas de duas formas: por cálculo, inclusive com simulações por computador, ou por testes, realizados com materiais idênticos aos que vão voar em caixas de vácuo. Fora da atmosfera. o calor também preocupa, embora de forma diferente de quando há presença de ar. Na Terra, um aparelho submetido a alta temperatura troca calor com a atmosfera; é o que se chama de conveção natural do ar, como se ele "levasse" o calor.Isso cria dificuldades quando o ônibus espacial fica exposto à radiação solar. O lado da nave exposto ao Sol pode atingir 200°C, enquanto o outro lado, na sombra, pode descer abaixo de zero grau. Não só os materiais precisam suportar a variação de temperatura, como às vezes é preciso provocar um esfriamento da nave, se o calor for muito forte. A radiação solar, fonte muito poderosa de vários tipos de raios, como os raios X pode também perturbar a vida dos aparelhos eletrônicos a bordo, sobretudo dos computadores. "Esses aparelhos são muitas vezes blindados antes do embarque, para que a radiação não mude, por exemplo, os bits de uma calculadora". diz Patrick Eymar.
A segunda geração da eletrônica embarcada nos ônibus espaciais americanos subiu a bordo há poucos anos. É um novo sistema de computação, o AP101S, da IBM, que pesa a metade dos anteriores, é muito mais fácil de operar e processa em velocidade três vezes maior. São cinco computadores a bordo, quatro para o controle de vôo e um para tarefas domésticas. Todas as decisões tomadas pelos astronautas são calculadas pelos quatro computadores. Em seguida, comparam o resultado para certificar que todos chegaram ao mesmo resultado. Caso um deles apresente uma conclusão diferente, os outros não perdoam o erro: não só rejeitam sua decisão, como também o expulsam do processo de julgamento. Quando isso acontece, o computador que antes cuidava das tarefas domésticas é intimado a participar do controle de vôo.Antes que qualquer nave seja lançada ao espaço, é feita uma série de testes para controle de qualidade, uma preocupação maior desde que a Challenger explodiu segundos depois do lançamento, em 1986. No projeto do Ariane 5, só o motor do primeiro estágio deverá passar por 500 testes antes de ser acoplado à nave, totalizando 90 000 segundos de funcionamento, quando em vôo só trabalhará por 600 segundos. A maioria dos testes, porém, é realizada por computadores, que permitem a visualização das forças de pressão e temperatura atuantes sobre as naves. Nos Estados Unidos, sob orientação da NASA, a Martin Marietta, fabricante do tanque externo dos ônibus espaciais, desenvolveu um protótipo de sistema de inspeção de solda computadorizado, em que cada milímetro do tanque é testado com raios X sob controle de um computador. Tudo em nome da máxima eficiência e da segurança. "Não pode existir mais de uma chance em 10 milhões de que uma máquina dessas mate um homem", diz Patrick Eymar.

Para saber mais:
A conquista européia
(SUPER número 2, ano 4)
A casa do espaço
(SUPER número 12, ano 6)

Corrida contra o destino

Na corrida espacial, além do desafio tecnológico, o Brasil precisa vencer os concorrentes pouco interessados nas suas conquistas. Em mais de vinte anos de pesquisa e desenvolvimento desses veículos, o país domina a área de foguetes de sondagem, que levam como carga útil equipamentos para experiências científicas. O passo seguinte, a construção do Veículo Lançador de Satélites, está parado em dois obstáculos: as restrições impostas pelos países desenvolvidos, que se recusam a cooperações tecnológicas, e as dificuldades econômicas do próprio país. O projeto do VLS começou há seis anos, mas ninguém tem idéia de quando estará concluído.Desde a Guerra do Golfo, uma situação que já vinha complicada piorou ainda mais. Receosos de que a tecnologia de fabricação de foguetes possa ser usada para fins militares, países como os Estados Unidos chegaram ao boicote contra o VLS brasileiro. Lá, por um contrato, vinha recebendo tratamento térmico o aço de alta resistência usado no revestimento dos propulsores. Seguindo orientação governamental, as empresas que prestavam serviços como esse simplesmente não vão mais cumprir os contratos.Mesmo com todos os reveses, o projeto VLS continua sendo desenvolvido no Instituto de Aeronáutica e Espaço do Centro Técnico Aeroespacial, em São José dos Campos, São Paulo. "Não podemos jogar fora vinte anos de trabalho com pesquisas espaciais", defende o chefe do projeto, engenheiro aeronáutico Jayme Boscov. Continuar na corrida espacial não é capricho de país terceiro- mundista. A tecnologia de ponta que ela exige melhora a qualidade das indústrias que trabalham para ela. Só no VLS, há 130 indústrias nacionais envolvidas. "O programa espacial desenvolve tecnologia de ponta, recursos humanos de alto nível e tem inclusive aplicação industrial" afirma Boscov.





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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Aprendendo a Comer - Comportamento


APRENDENDO A COMER - Comportamento



A segunda rodada de resultados da pesquisa sobre os hábitos alimentares dos brasileiros revela até que ponto a população de fato se interessa por assuntos relacionados com a nutrição e o que entende a respeito. Revela também como é a divisão do trabalho doméstico no capítulo comida e quais os produtos mais consumidos.

Antigamente, para aqueles cuja mesa era risonha e farta, interessar-se por alimentação significava gostar de comer. Para aqueles cuja mesa era incerta e parca, preocupar-se com alimentação significava procurar o que comer. Mudou muito o mundo. Nas últimas décadas, começou a ser servida uma sopa de indigestas notícias, preparada por uma nova espécie de gurus, os especialistas em nutrição, e peneirada à la mode pelos meios de comunicação-e o resultado foi que preocupação e interesse por alimentos passaram a significar outra coisa, obrigando milhões de comensais a desdobrar seus guardanapos não apenas com apetite pelo prazer iminente, mas também com incerteza e ansiedade pelo que virá depois.
Que pena: justo quando a humanidade finalmente aprendeu a dominar as técnicas capazes de libertá-la do pesadelo milenar da escassez de alimentos, palavrões como agrotóxicos e aditivos, colesterol e sugar blues deram para azedar a hora do repasto. Comer bem virou ciência: qual a porcentagem máxima de gorduras saturadas admissível no total de calorias que se deve ingerir diariamente? Quais ingredientes químicos, daqueles codificados nas embalagens por meio de letras, pontos e algarismos romanos, são mesmo prejudiciais à saúde? O que contém mais fibras, um prato de lentilhas ou uma xícara de aveia? Que diferença existe entre a dieta de Scarsdale e a de Beverly Hills? Bebidas diet engordam ou não? Gado criado com hormônios é um perigo? Fertilizantes industriais ou adubos orgânicos?
Ao mesmo tempo, saber comer virou símbolo de status, prova de refinamento cultural. Livros e coleções de receitas desandaram a vender feito pão quente: 85% das pessoas dizem ter em casa algo no gênero. Na imprensa, restaurantes tornaram-se assunto de resenhas tão doutas quanto as críticas de livros, filmes e peças. Diante dessa pantagruélica feijoada de boas e más lipoproteínas, cozinha light e cucina mediterrânea, complexos de vitaminas e complexas polêmicas, como ficam os brasileiros? Será que têm gula de conhecer esse (nem sempre) admirável mundo novo? Será que no momento de empunhar os talheres pautam-se por alguma orientação médica? Ou acham tudo isso perda de tempo, conversa fiada que não enche barriga?
A pesquisa SUPERINTERESSANTE/Feedback (que entrevistou um total de 1 200 pessoas de diferentes classes em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Belém, e cujos resultados começaram a ser publicados na edição anterior) recolheu uma avaliação pessimista a respeito -e ela inaugura esta segunda rodada de apresentação dos números sobre os hábitos alimentares da população. Pode-se dizer que, diante do conjunto de questões que agitam hoje em dia o caldeirão alimentar, os brasileiros dão a impressão de ter ouvido o galo cantar mas ainda precisam aprender onde. Interessam-se, por exemplo, por agrotóxicos, sabem que a expressão calorias não engordam é uma baleia, mas ignoram informações fundamentais, como o que fazem no organismo as fibras dos alimentos vegetais.A maioria, embora pareça digerir com dificuldade a dominadora presença dos produtos industrializados, com seu bufê de conservantes, acidulantes, edulcorantes e outros antes, que tornam as embalagens cada vez mais parecidas com bulas de remédio, há muito que fez a opção preferencial pelos supermercados, onde eles reinam absolutos, e comunica estar a salvo de tabus alimentares irracionais, tipo leite com manga. Mas a divisão doméstica das tarefas de escolher, comprar e preparar comida persiste em premiar a mulher com a parte da leoa do trabalho como nos velhos tempos em que ela era chamada rainha do lar e ganha pão era coisa de homem. Provavelmente por culpa da inflação, muita gente não sabe quanto gasta com os gêneros que coloca no carrinho-uma cesta básica que se compõe de um número algo restrito de produtos, varia pouco pelo país afora e, assim como os pratos que vão à mesa de todos os dias, decididamente é um indicador trôpego de riqueza ou nobreza.
Três quartos dos pesquisados apostam que o interesse dos concidadãos pela alimentação ou é escasso ou é simplesmente nenhum. E só um em dez acredita que os outros se preocupam muito com o assunto. Nessas respostas, decerto, vai embutido um juízo não muito açucarado dos brasileiros sobre seus semelhantes. Os mais céticos são os mais ricos e os cariocas. Estes últimos, por sinal, devem saber do que estão falando: chamados a qualificar as próprias atitudes, um terço e tanto deles se descreveram francamente como pouco ou nada interessados, um resultado bem superior ao das outras cidades.
No conjunto da amostra, mais de dois terços se acham muito ou razoavelmente interessados- isto é, não vestem a carapuça da indiferença que, a seu ver, os outros fazem por merecer. Os menos interessados são também os mais pobres, o que não surpreende. E sugestivo, no entanto que entre estes, assim como entre os menos instruídos, se concentre proporcionalmente o maior número dos que se dizem muito preocupados a respeito de alimentação: quem sabe para eles isso tem a ver antes com as atribulações de adquirir comida do que com a vontade de adquirir conhecimentos.
A televisão é, disparado,. a principal fonte de informações sobre questões alimentares, citada pela maioria absoluta dos que manifestaram algum interesse por tais assuntos. A TV foi mencionada sobretudo pelos mais pobres, pelas mulheres e pelos mais velhos. A correlação mais íntima porém, é com o grau de instrução, só que às avessas: a telinha alimenta além de dois terços dos que não chegaram a completar o primário e nem sequer um terço dos que concluíram o curso superior. Já o inverso ocorre com o público de revistas e jornais. A propósito, as mulheres e os mais jovens tendem a preferir revistas, os homens e os mais velhos, jornais. Conversar sobre comida com amigos e parentes é outra forma tipicamente feminina de se informar. Tudo isso, a rigor, está dentro do esperado. O que faz arregalar os olhos é a mínima participação daquelas que, supostamente, são as melhores fontes de iluminação nesse terreno: as publicações especializadas, a escola, os médicos e os nutricionistas.A falta que eles fazem não tardará a se mostrar. Para aferir com certa segurança o que os entrevistados realmente conhecem de alimentação, pediu-se que respondessem se já ouviram falar em (e se têm interesse por) alguns temas que freqüentam qualquer curso elementar de boa nutrição: o uso de agrotóxicos nas lavouras e de conservantes na indústria de alimentos: colesterol; o papel das fibras; as diferenças entre alimentos refinados e integrais; dieta vegetariana e dieta naturalista. Aqui, aparentemente, tudo bem. É da ordem de 90% o contingente dos que garantem ter ciência da grande maioria desses assuntos. A informação só diminui em relação aos eventuais problemas de saúde causados por alimentos refinados, como arroz e açúcar brancos, e à importância das fibras: dois em cada dez entrevistados nem ouviram falar disso.Regra geral e previsível: quanto mais pobres e menos instrui das as pessoas, maior a incidência de respostas nunca ouvi falar. Assim. enquanto no computo geral apenas seis em 100 não sabem que colesterol é uma substância gordurosa que se acumula nos vasos e pode bloquear a circulação do sangue, a porcentagem de desinformados mais do que duplica entre os analfabetos e os de primário incompleto. Da mesma forma, um quinto destes -o triplo do restante-ignora o que sejam agrotóxicos. Passando do campo da informação para o do interesse, o caminho dos números é de descida e o resultado final, apenas satisfatório.
Pois. mesmo diante do tema que mais curiosidade desperta-agrotóxicos-o total de interessados não ultrapassa dois terços da amostra. Que confiança se pode ter nesse dado? Ora, é sabido que em anos recentes também no Brasil o interesse pela alimentação passou a ser valorizado socialmente, como sinal de que se é atualizado, moderno. Por isso, talvez a porcentagem dos que se declaram interessados ainda esteja algo inflacionada. De qualquer forma, o interesse aumenta de acordo com o grau de instrução-a variável decisiva nesse particular. Nas questões relacionadas a agrotóxicos, conservantes e colesterol, gira em torno de 80%, cerca de vinte pontos acima da média geral, o índice de respostas positivas entre os entrevistados de maior escolarização.
Quando o assunto é colesterol, os maiores interessados, além daqueles, são os mais ricos, as mulheres e sobretudo os mais velhos. Os mineiros, que segundo a lenda ficam de água na boca só de ouvir a palavra torresminho, lideram o pelotão dos que mais querem se atualizar sobre a perturbadora substância presente na gordura animal.
Quando o assunto são os conservantes, os maiores interessados são os mais ricos, as mulheres, a turma dos 30 anos e os paulistas. Mas é preciso adicionar um prudente grão de sal a essa manifestação de interesse, compartilhada por seis em dez dos entrevistados. Pois, diante de uma pergunta sobre leitura de embalagens de alimentos? apenas irrisórios 3%. praticamente só paulistas e cariocas, disseram olhar se o produto contém conservantes. (Em compensação, quase três quartos olham a data de validade, metade examina o estado da embalagem-e um quarto dos mais pobres procura singelamente saber o preço.)
Quando o assunto são os agrotóxicos, os maiores interessados são, de longe, os mais instruídos, os mais ricos, as mulheres, os trintões e os moradores de Belo Horizonte. Quando o assunto são as fibras, o interesse aumenta conforme a renda, a educação e a idade. As mulheres se interessam mais do que os homens; os paulistas, mais do que outros brasileiros. Quando o assunto são os alimentos refinados, de novo os principais interessados são os mais educados, os mais ricos, os trintões, as mulheres e os mineiros. Este, por sinal é um tema aberto a discussões. Há quem culpe os alimentos refinados por uma pá de doenças, incluindo alguns tipos de câncer. De certo, pode-se dizer que o refino empobrece o produto. Cem gramas de arroz integral. por exemplo, contêm 3,5 vezes mais proteínas e duas vezes mais carboidratos do que igual quantidade de arroz beneficiado. O refino também priva o alimento das fibras, cuja escassez no organismo prejudica o trânsito intestinal e pode ser a causa do aparecimento de pólipos. Cem gramas de farinha de trigo integral contêm o triplo de fibras do que a mesma quantidade de farinha refinada. Quando os assuntos são alimentos integrais, dieta vegetariana e dieta naturalista, nessa ordem, o desinteresse predomina. Estes são definitivamente, temas alheios à grande maioria dos brasileiros O partido dos desinteressados inclui sempre mais homens do que mulheres, mais pobres do que ricos e mais gaúchos do que moradores de outras capitais.Uma forma indireta de medi r o que alguém sabe realmente de um assunto consiste em Ihe perguntar se concorda ou não com uma série de afirmações correlatas. Foi o que se fez: submeteram-se à amostra onze enunciados, cinco deles comprovadamente falsos. Diante de algumas dessas armadilhas, os entrevistados saíram-se honrosamente. Assim. apenas 13% (mas um quinto dos pernambucanos) concordaram plenamente com a bobagem de que "calorias não engordam". Mesmo entre os menos bem instruídos, metade entende o suficiente de alimentação para rejeitar totalmente essa falsidade. Um pouco pior foi o desempenho geral diante de outro despropósito: "Comer muita coisa no café da manhã tira a disposição para as atividades diárias".
Um quarto dos entrevistados, de novo com destaque para os pernambucanos, caiu na esparrela. A educação faz toda a sapiência: a maioria dos que perceberam o engodo tem nível médio ou superior de escolaridade.
Convencidas por inteiro ou em parte, algo como três em cada quatro pessoas assinaram embaixo da asneira "os alimentos mais ricos em fibras fornecem mais energia" e duas em três fizeram o mesmo ao serem apresentadas ao engano, as comidas congeladas são menos nutritivas . No primeiro caso, os mais velhos, os mais pobres, os menos instruídos e os paulistas revelaram o maior desconhecimento do fato de as fibras não fornecerem energia alguma, embora sejam essenciais à digestão. E 13% não souberam o que dizer. No segundo caso, o preconceito contra o congelamento se mostrou particularmente forte entre os mais pobres e os pernambucanos, variando também na contramão do grau de escolaridade.Finalmente, uma confusão muito comum sobre nutrição induziu quase nove em dez entrevistados, principalmente entre os mais pobres e os pernambucanos (de novo), a concordar com o enunciado de que "para o organismo, o melhor alimento é o que contém mais proteínas". A crença na absoluta supremacia das comidas ricas em proteínas, como a carne, é compartilhada por 85% dos menos bem educados, contra 36% entre os donos de diploma universitário. Eliete Salomon Tudisco, professora adjunta de Nutrição da Escola Paulista de Medicina, resume o consenso entre os nutricionistas: "Não existe um único alimento bom. Uma dieta balanceada depende da associação de diversos tipos de alimentos".
A pesquisa ofereceu também um punhado de afirmações sujeitas a chuvas e trovoadas, como a de que "ao comprar alimentos, deve-se preferir produtos sem conservantes, mesmo se forem mais caros". Os entrevistados não hesitaram muito diante dessa sugestão: três quartos disseram concordar totalmente e outros 1:4%, parcialmente- o mais alto nível de apoios de toda a lista. Os mais ricos tendem a ser mais enfáticos do que os mais pobres, o que está na lógica das coisas. Aqui o fator educação pouco pesa: analfabetos e doutores, em igual proporção, recomendam evitar comida com conservantes, sinal de arraigada desconfiança em relação a alimentos industrializados que perpassa o povo de alto a baixo."O problema", comenta a nutricionista Eliete Tudisco, está em não se saber com exatidão o que cada produto contém; nem mesmo produtos que dizem não ter conservantes estão realmente isentos de aditivas." De seu lado, Célia Coli. professora assistente de Nutrição Experimental da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo, ensina que "os conservantes causam menos mal do que se pensa". Por via das dúvidas, ela aconselha, comprar produtos de empresas conceituadas, que dominam bem a tecnologia de alimentos e não expõem o consumidor a um excesso de produtos químicos"A preocupação da maioria com a pureza dos alimentos, embora bastante temperada pelas realidades da economia, manifestou-se também quando se serviu aos entrevistados um dos grandes dilemas relacionados com a idéia de uma agricultura voltada à produção em larga escala para ampliar a oferta de gêneros alimentícios a preços acessíveis-usar ou não agrotóxicos. Afirmou-se: "No Brasil de hoje. é preciso produzir mais alimentos para matar a fome do povo, e não proibir o uso de agrotóxicos". Na média ponderada das respostas (numa escala em que o apoio total vale +2 e a rejeição total -2), a afirmação foi reprovada, ficando com -0,06. Isso aconteceu mesmo nas classes de renda de até dez salários mínimos. Cidade por cidade, Porto Alegre se destaca entre os adversários dos agrotóxicos. Pelas características de sua economia, o Rio Grande do Sul é um dos Estados em que esse debate é mais freqüente e visível.Também por escassa maioria (0,08 na média ponderada), saiu vitoriosa a polêmica afirmação de que "o açúcar branco faz mal à saúde". Apesar disso, oito em dez entrevistados adoçam com ele seu café. O eleitorado contra o açúcar branco é mais numeroso acima da divisa dos dez salários mínimos. O resultado se repete quando se dividem os entrevistados entre os que não completaram o ginásio e os que terminaram a faculdade. Alguns nutricionistas, porém, parecem pensar de outro modo. Diz Célia Coli: O açúcar refinado é uma das melhores fontes de energia". Reforça Midori Ishii, professora de Nutrição da Faculdade de Medicina da USP: "E fundamental para o organismo. Ressalvam no entanto que o açúcar branco amplia o risco da obesidade, sem falar nas cáries, exigindo, de um lado, atividades físicas, e de outros hábitos rigorosos de higiene bucal.
A pesquisa identificou uma curiosa contradição. Uma nítida maioria (69%) concorda na íntegra ou em parte com uma afirmação-"A alimentação vegetariana é a mais saudável"- diante da qual os nutricionistas manifestam sérias restrições. Rebate Midori Ishii: "Bem dosado, qualquer tipo de alimentação é saudável". Mas uma maioria igualmente respeitável de leigos (67% ) apóia a tese de que "a carne é um alimento indispensável, o que permite supor que as pessoas acreditam que uma comida pode ser ao mesmo tempo insubstituível e não fazer bem. A adesão (da boca para fora) ao vegetarianismo aumenta conforme a idade e diminui conforme o nível educacional. Já a crença de que nenhum alimento substitui a carne tem o maior número de adeptos entre os menos instruídos e os mais pobres, categorias que, como se sabe, tendem a se sobrepor.
Os nutricionistas alertam para o fato de que os vegetarianos fanáticos freqüentemente apresentam deficiências de minerais como ferro e cálcio, Mas lembram que "não basta comer carne para estar bem alimentado", como diz Célia Coli. De todo modo, os brasileiros são carnívoros convictos-e nisso estão mais perto dos americanos do que dos europeus dos quais descende a grande maioria. Quando uma família pobre melhora de vida, a primeira coisa que muda em seu cardápio é a quantidade de carne bovina. Isso é bom, mas nem tanto. "Aqui se compra carne por quilo", critica José Eduardo Dutra de Oliveira, professor de Nutrição da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto e presidente da União Internacional das Ciências da Nutrição. "Nós devíamos aprender a comer carne em gramas, como os chineses, que são magros e saudáveis."A derradeira casca de banana lançada pela pesquisa para testar as idéias nutricionais dos brasileiros foi a afirmação de que "o tipo de alimento servido nas lanchonetes fast food é o melhor para os jovens"-um ponto de vista que não entusiasma os nutricionistas, embora eles achem que não há nada de visceralmente errado com uma refeição rápida à base de hambúrguer. "O perigo é fazer disso um hábito", adverte Eliete Tudisco, "pois representa uma ingestão maior de gorduras e menor de fibras do que o necessário." Os entrevistados mostraram com clareza não acreditar nas alegadas qualidades nutritivas do fast food para os jovens. Apenas um quinto concordou com o enunciado. A oposição sobe com a educação, alcançando 80% no grupo dos possuidores de diploma universitário. Entre os próprios jovens, contudo, os sufrágios favoráveis ao fast food-algo que se poderia chamar de Mcvotos- somaram um terço.
Os brasileiros talvez entendam menos de alimentação do que deveriam, mas não entendem tão pouco a ponto de complicar a sua dieta com tabus alimentares que, dadas as condições de vida da grande maioria, só acabariam servindo para piorar as estatísticas de desnutrição. Assim, ainda acreditam na lenda de que leite com manga faz mal apenas seis-isso mesmo, meia dúzia-das 1 200 pessoas ouvidas. São três homens e três mulheres. Cinco moram em São Paulo, um em Belém. Nenhum foi além do primário. Convidados por outra, pergunta a identificar eventuais restrições a comidas ou a formas de preparo, virtualmente a metade dos entrevistados não se lembrou de nenhuma. A outra metade manifestou uma miscelânea de reservas, algumas procedentes, outras quem sabe exageradas.
Na primeira categoria se enquadra a preocupação com alimentos gordurosos ou de difícil digestão-a carne de porco foi bastante citada- e com frituras em geral. Na segunda categoria, mais numerosa, reaparece a inapetência em relação à comida não feita em casa, que já se havia revelado nas respostas sobre consumo de alimentos com conservantes. Quinze por cento dos entrevistados (e 19% das mulheres) cultivam a suspeita de que alimentos industrializados ou comprados prontos em geral podem ser prejudiciais, principalmente por causa dos aditivos químicos. (As mães acrescentaram à lista negra doces, refrigerantes e chocolates.) Medo de aditivos não é coisa de iletrado: mais o manifesta quem cursou universidade.
O supermercado é por excelência o lugar onde o brasileiro compra comida: 99% dos entrevistados se abastecem nesses estabelecimentos, enquanto ao armazém, empório ou mercearia da esquina, tão populares em outros tempos, só vão 43% . Nove em dez pessoas, surpreendentemente, passam ao largo de sacolões e cooperativas de consumo. E sete em dez não mantêm relações comerciais nem sequer com os varejões. (Menos em Belo Horizonte, onde são procurados por 57% dos consumidores.) De norte a sul, mais gente vai ao supermercado do que à padaria (92%), ao açougue (90%) ou à feira (86%)-e quem estiver em busca da receita da relativa parecença dos hábitos alimentares da população pode encontrar aí um ingrediente de muita importância. Supermercados padronizam produtos e opções. Firmemente implantado na vida dos brasileiros, o supermercado não é porém procurado por, igual pela população. Um terço tem o costume de ir a ele uma vez por semana, outro terço prefere uma vez por mês e o terço restante se divide entre a quinzena e a incursão diária. O lugar onde se vive pode ter algo a ver com isso. Afinal. metade dos cariocas, por exemplo, freqüenta o supermercado semanalmente, bem mais, portanto, do que a média nacional. Já os gaúchos são os que mais comparecem todo dia ao supermercado. São também os que demonstram a maior fidelidade ao bom e velho empório: 80% deles recorrem a ele -e metade o faz dia sim, o outro também.No conjunto das capitais pesquisadas, vai-se à padaria, tipicamente, todo dia; à feira e ao açougue, toda semana. Quanto maior a renda, porém, menos comum o hábito de comprar em açougue, que não é propriamente um estabelecimento nobre (tanto que, para atrair a clientela classe A, surgiram nos últimos anos as auto-intituladas butiques de carne). De todo modo, parece haver um contra-senso na preferência dos pobres pelo açougue, visto que em geral a carne ali é mais cara. É provável que isso resulte da aversão popular à carne congelada vendida nos supermercados.
No modelo brasileiro de divisão do trabalho doméstico, ela faz e ele paga. É a mulher, de fato, quem escolhe os alimentos que a família irá comer (em 79% dos casos), quem escolhe o lugar onde eles serão comprados (75%), quem faz a compra (70%), quem decide o cardápio (85%) e quem cozinha (82%). O marido paga a conta (64%). Esse arranjo ortodoxo predomina sobretudo em Porto Alegre, onde tais porcentagens são sempre maiores do que nas outras capitais, podendo assim ser úteis aos interessados em carregar no estereótipo do machismo gaúcho.
Os maridos de Belo Horizonte, em contrapartida, são os que mais dividem os deveres conjugais quando se trata de preparar a lista de alimentos, escolher o lugar onde serão adquiridos e fazer a compra propriamente dita, sinal de que a família mineira talvez seja menos tradicional do que se diz. Já em Belém é menor o número de donas de casa que cozinham (apenas 59%)-não porque ali mais homens se disponham a encarar os mistérios do forno e fogão, mas porque em um quinto dos casos (o quádruplo da média nacional) quem cozinha é a empregada. Seja qual for a cidade, porém, nas famílias mais pobres, onde é elevado o número de mulheres que trabalham fora, é também maior a presença do marido-e de outros parentes-no conjunto das tarefas associadas à alimentação, como ir às compras.
Quando é a empregada quem cozinha, como acontece em um quinto das famílias da faixa superior de rendimentos, será que isso pode ter alguma conseqüência para a qualidade nutritiva da dieta que vai à mesa? Pode, sim, acredita a nutricionista Flora Spolidoro, do Ministério da Ação Social. A desinformação nesse terreno é grande", raciocina ela. "Não basta que a dona de casa saiba compor adequadamente o cardápio do dia-a-dia. Quem garante que o preparo será adequado?" Muitas vezes o bolso é que sai afetado. "É espantoso como se desperdiça comida neste país", acusa Flora. "O lixo dos brasileiros deve ser um dos mais ricos do mundo."Os economistas estimam que a alimentação consome algo como um terço do orçamento doméstico, sendo o item individual de maior peso na estrutura dos gastos familiares. É sabido também que a parcela abocanhada pelas despesas com comida tende a aumentar na razão inversa da renda. Ou seja, a fatia do rendimento que os mais pobres precisam desembolsar para matar a fome é proporcionalmente maior do que a dos mais ricos. Segundo uma pesquisa de 1983 do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio- Econômicos de São Paulo), enquanto as famílias paulistanas de renda per capita de até meio salário mínimo por mês comiam 36% do que ganhavam, nas famílias com renda superior a três salários mínimos per capita o mesmo índice não ultrapassava 18%.Os economistas são ensinados a fazer contas para saber das coisas, mas os mortais comuns não -e assim não se pode culpá-los por nem sempre terem na ponta da língua certos números, ainda mais em um país onde os preços há tanto tempo praticam tais piruetas que se torna praticamente impossível lembrar quanto custa cada coisa. Não admira, portanto, que apenas a metade dos entrevistados saiba quanto deixa todo mês no caixa do supermercado. O mais bem informado é o chefe da casa, que é afinal quem paga a conta; os jovens e os outros parentes que eventualmente moram Junto (sogros, pais) são os que menos sabem. Quando se trata de contabilizar os gastos com a alimentação fora do lar, a desinformação alcança quase dois terços da amostra. Comparando-se quem sabe quanto gasta (em valores absolutos) com quem não sabe, verifica-se que os membros desta última categoria tendem a atribuir à alimentação um naco maior de suas despesas.Entre os resultados da pesquisa publicados na edição passada, um dos mais esclarecedores identifica o cardápio típico da maioria, tanto nos dias úteis (arroz, feijão, carne bovina, verduras, frutas) quanto aos domingos (massas, carne de frango, doces, refrigerantes). Para fechar o círculo em torno desse capítulo-o mais importante de todos quando se pretende conhecer hábitos alimentares-, apresentou-se aos entrevistados uma extensa lista de alimentos para que indicassem quais costumam consumir e com que freqüência. As respostas apontam os ingredientes do que seria a cesta básica dos brasileiros das grandes capitais. Produto de um número relativamente pequeno de itens, sua composição é muito semelhante à da lista de alimentos mais consumidos no país, apurada já lá se vão dezesseis anos pelo Estudo Nacional de Despesa Familiar (Endef), do IBGE. Maior levantamento já realizado sobre o assunto no Brasil, o Endef descobriu não só quem consome o quê e com qual freqüência, mas também em que quantidade.
Óleo, arroz, açúcar, feijão, pão, leite, margarina, frutas, verduras, manteiga, carne bovina e queijo-nessa ordem e excluídos sal e café-são os alimentos mais ingeridos diariamente pelo conjunto da amostra. Além desses, carne de frango, batata, macarrão, ovos, peixe, doces, mandioca e gelatina, os de maior consumo uma ou mais vezes por semana, praticamente esgotam a cesta básica. A porcentagem de entrevistados que disse consumir todo dia feijão, arroz, açúcar, pão, margarina e óleo é maior na ponta pobre da amostra (renda mensal familiar de dois a cinco salários mínimos) do que na ponta rica (acima de vinte salários mínimos). No caso do feijão, a diferença pró-pobres alcança 24 pontos percentuais; no do arroz, 20 pontos. O inverso (maior consumo diário entre os mais ricos) se dá principalmente nestes casos, queijo, frutas, verduras, legumes, carne e leite, com diferenças de 35 pontos (queijo) a 16 pontos de porcentagem (carne bovina).
Esses dados confirmam que no Brasil as distinções de renda não se manifestam com todos os seus prodigiosos efeitos na hora das refeições: como já se viu quando a pesquisa arrolou os pratos que mais vão à mesa nas capitais investigadas, o cardápio que nutre a grande maioria da população é basicamente o mesmo. O que muda é a freqüência-e, com toda a certeza, a quantidade -com que certos alimentos aparecem nas mesas dispostas ao longo da escala social. Os produtos mais mencionados no segmento pobre têm em comum o fato de serem ricos em carboidratos, servindo portanto para fornecer a energia exigida pelas atividades diárias. (O feijão é ainda valiosa fonte de proteína e de ferro.) Faz sentido terem sido citados notadamente pelos homens.
Já os alimentos presentes na dieta cotidiana de um número maior de entrevistados mais ricos (e, com exceção da carne, do sexo feminino) contêm apreciáveis quantidades de proteínas e de micronutrientes (vitaminas e minerais), o que os torna essenciais ao bom funcionamento do organismo. O consumo de um alimento em particular serve de contraprova: um terço dos mais pobres raramente ou jamais come peixe; entre os mais ricos, porém, essa parcela não chega a um quinto. Do lado pobre, em suma, agrupam-se os alimentos que o povo chama "fortes"; do lado rico, ficam os alimentos "nobres". O economista Fernando Homem de Melo, da USP, e a professora Maria Antonia Martins Galeazzi, diretora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação da Unicamp, identificaram a propósito um comportamento típico: sempre que aumenta a renda de um grupo, seu padrão de consumo de alimentos tende a ficar parecido com o do segmento mais rico, mesmo quando nenhum outro hábito se altera.
De um lado a outro do país, a cesta básica inclui quase sempre os mesmos produtos. Novamente, é a freqüência do consumo que varia- sendo as diferenças, porém, bem menores do que aquelas associadas à condição econômica. A principal exceção é a farinha de mandioca. Dois terços dos entrevistados em Belém e um terço no Recife consomem-na todo dia; na média das outras cidades, seus apreciadores mal vão além de um décimo. Da mesma forma, quatro em dez paraenses incluem o charque pelo menos numa refeição por semana-quase o quádruplo da média geral. Belém, aliás, se distingue por ser a capital onde, em graus variados, o consumo cotidiano supera a média geral em sete outros casos ainda: carne bovina, leite, margarina, pão, açúcar, arroz e óleo. Ali, curiosamente, também disseram comer carne bovina todo dia 60% dos entrevistados mais pobres-e apenas 34% dos mais ricos-, o que diverge radicalmente do padrão nacional.
A situação de Porto Alegre é também muito peculiar. Os gaúchos fecham, de longe, a raia dos números referentes ao consumo diário de nada menos de nove itens, notadamente ovos, verduras cozidas, manteiga, carne bovina e frutas. Em compensação, lideram proporcionalmente o consumo semanal de três desses produtos, verduras, carne bovina e ovos (e ainda batatas). Isso indica uma predileção por dois cardápios bem diferentes -um para os dias úteis, outro para os domingos. E, de fato, como a pesquisa demonstra, os almoços domingueiros em Porto Alegre, à diferença de qualquer outra capital estudada, celebram as delícias de um prato clássico ali: churrasco com maionese.





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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Psssiu, Ouça Essa... Biologia



PSSSIU, OUÇA ESSA ... Biologia



Os médicos desmontam a aparelhagem da audição humana e descobrem técnicas para consertar seus defeitos

A equipe de cirurgiões otorrinos do Hospital das Clínicas, em São Paulo, se considera preparada para o grande desafio-em breve, ela deve implantar em dez pacientes já selecionados, totalmente surdos, um aparelho desenvolvido no Brasil, capaz de devolver-lhes a audição. "Entraremos na sala de cirurgia ainda este ano", promete o otorrino Ricardo Bento coordenador do audacioso projeto. Ao apresentá-lo, o médico paulista, de 37 anos, se exalta, agita-se na cadeira, acelera o ritmo da fala. Ele não abafa o entusiasmo, diga-se, justificado, pois os brasileiros são a quarta equipe no mundo a tentar reverter a surdez profunda, nome sugerido pelo seu ponto de origem, o ouvido interno. Ali, fica a chamada cóclea, a espiral com cerca de 35 milímetros de comprimento, em que as vibrações sonoras se transformam em impulsos para o cérebro. Sem essa conversão, reina o silêncio.
Com delicadíssimos instrumentos, os cirurgiões otorrinos consertam a maioria dos danos à audição. Eles podem, até mesmo, reconstituir um tímpano perfurado, em uma refinada plástica, usando um outro tecido do próprio paciente. Mas, até há poucos meses, as proezas cirúrgicas tinham um limite bem definido: iam, no máximo, até o ouvido médio, a porção entre o tímpano e a janela oval, onde começa o ouvido interno . A Medicina nada podia fazer por aqueles cuja causa da surdez, congênita ou não, se situava no território mais adiante, o da cóclea. Nesses casos, os aparelhos convencionais de surdez não adiantam: "Eles são amplificadores", explica Bento. "E a cóclea danificada nunca reage, por maior que seja a intensidade do som."A idéia de se criar um substituto para a cóclea surgiu na mesma época e local do sonho de conquistar a Lua. No ano em que o foguete Apollo 7 iria orbitar a Terra, 1968, o otorrino americano William House trabalhava para a NASA, a agência espacial dos Estados Unidos. Era praxe manter um otorrino por perto, sempre que se lançava um foguete tripulado: a ausência da gravidade podia provocar distúrbios de ouvido nos astronautas e, quando isso acontecia, o médico dava consulta à distância. A voz dos pacientes, porém, tinha de ser decodificada-era, afinal a época da guerra fria. Os sinais de rádio eram transformados em sinais elétricos, indecifráveis para os russos que tentassem interceptar a conversa. Na base da NASA, um equipamento interpretava os impulsos elétricos, para torná-los novamente ondas de rádio. O otorrino percebeu que aquele sistema era uma imitação da cóclea, o decodificador do ouvido. A partir daí, House criou o protótipo do aparelho de implante coclear, seguido por cientistas da Austrália e da França. Até hoje, no entanto, apenas o modelo australiano foi aprovado, no ano passado, pela rigorosa FDA (sigla de Food and Drugs Administration), o órgão do governo americano encarregado, entre outras coisas, de controlar os equipamentos medicinais. No Brasil, a estimativa dos médicos de existirem 300 000 candidatos ao implante é modesta, pois esse número baseia-se em estudos sobre a população americana, cujas mulheres são vacinadas contra rubéola. "Aqui, só essa doença em grávidas, ao atacar o ouvido do feto, representa 18% dos brasileiros com surdez profunda", compara Bento. Essas pessoas completamente surdas, por sua vez, seriam apenas cerca de um décimo dos casos de distúrbios auditivos, que aparecem sempre que há danos na aparelhagem do ouvido. "Os problemas até agravam, quando a pessoa usa aparelhos de surdez mal adaptados, porque não passaram por um médico", adverte Ricardo Bento.Os sons, da mais agradável melodia ao mais estridente ruído, são vibrações de corpos que, deslocando-se de maneira alternada provocam ondas acústicas ao seu redor, isto é, variações na pressão do ar, percebidas pelo ouvido. Este, curiosamente, deve ter tido sua origem há cerca de 500 milhões de anos, em animais incapazes de ouvir qualquer ruído, os celerenterados aquáticos, como as medusas. Pois. Acredita-se, a função primitiva do ouvido não era captar sons, e sim manter o equilíbrio do corpo-algo tão importante quanto a própria audição. Há cerca de 200 milhões de anos, cenas espécies de peixes, que tinham recursos semelhantes para equilibrar-se, desenvolveram bolsas natatórias-bexigas de ar, para ajudar o corpo a flutuar, sensíveis a ponto de contrair ou expandir de acordo com as pequenas variações na pressão da água, provocadas por uma onda sonora. Essa dança das bolsas natatórias acabava agitando os fluídos dentro daqueles órgãos de equilíbrio conectados com o cérebro-a audição, enfim, podia acontecer.
O ouvido mudou bastante, ao longo da evolução. Os seres humanos, por exemplo, perderam a mobilidade da sua parte visível, o pavilhão auditivo, que todos conhecem por orelha. Nas outras espécies, essa estrutura cartilaginosa é capaz de se mover na direção do som. Ao alcançarem a orelha, as ondas sonoras perde 2,5 centímetros no meato, grande túnel central do ouvido externo. Ali as glândulas sudoríparas da pele passaram por alterações drásticas, a ponto de praticamente abandonarem a produção do suor, para fabricarem uma cera amarga em seu lugar. Há uma boa razão para a troca: o sabor amargo espanta os insetos que ousam se aproximar dessa entrada exclusiva para o som. No final desse corredor, as ondas sonoras batem em uma finíssima membrana, com apenas três camadas de células, tão sensível que o choque de uma única molécula de hidrogênio é capaz de fazê-la tremer. Trata-se do tímpano.
Para trabalhar direito, no entanto, o tímpano precisa que a pressão do ar seja idêntica em seus dois lados. Isso é regulado por um canal, a trompa de Eustáquio, que liga o ouvido médio à faringe. Normalmente, a comunicação com a faringe permanece fechada, a não ser em situações especiais-por exemplo, quando a pessoa espirra, boceja ou deglute. Aliás, é por isso que alguns passageiros de avião carregam goma de mascar na valise. Pois, durante o vôo, a pressão externa pode repentinamente ficar muito menor que a do ouvido médio. Mascar alguma coisa, então, força a trompa de Eustáquio a se abrir. Quando isso não acontece, o passageiro desembarca com a sensação de ouvido tapado.
Encostado no tímpano, encontra-se o cabo de um ossículo chamado martelo. A proximidade dos dois faz o martelo vibrar ao embalo do tímpano, mesmo quando esse se desloca apenas 1 milionésimo de milímetro; assim, a ponta do martelo começa a batucar no osso vizinho, a bigorna. O movimento desta, por sua vez, contagia um terceiro e último osso -por sinal, o menor do organismo, do tamanho da ponta de uma caneta-, cuja aparência revela por que é chamado estribo. Essas estruturas tão frágeis assim como todas as outras do ouvido, ficam incrustadas no osso temporal, que o otorrino coreano Sung Ho Joo exibe na palma da mão, na sala do Hospital Albert Einstein, em São Paulo: "Quando operamos um ouvido, estamos sempre desviando de alguma coisa. Porque, dentro do osso temporal passa a artéria carótida que irriga o cérebro, assim como a veia que traz de volta o sangue sem oxigênio. Mas, pior, o osso é atravessado pelo nervo facial: qualquer esbarrão ali pode causar paralisia".
Quando a familia Ho Joo saiu da Coréia para Brasil em 1966, para que o filho mais velho escapasse do alistamento militar-e da guerra contra o Vietnã-, o caçula Sung, então com 10 anos, já sonhava em fazer Medicina, mas nem cogitava se especializar em ouvido, nariz e garganta. A Otorrinolaringologia ganhou sua preferência, depois de terminar a faculdade, quando um colega chamou sua atenção para a difícil tarefa de interferir no osso temporal. O médico, hoje, depois de estágios nos Estados Unidos e no Japão, orgulha-se de sua escolha. "O primeiro transplante realizado no Brasil foi justamente o de tímpano", ressalta. Os cirurgiões continuam realizando transplantes como aquele pioneiro, feito em 1962. Aliás, costuma-se transplantar também os três ossinhos do ouvido médio, que podem enrijecer-se graças ao abuso de certos medicamentos ou mesmo fraturar por causa de sons intensos, como o de um estouro.Hoje, os otorrinos têm também novas soluções: nos Estados Unidos, por exemplo, começam a ser implantados ossinhos artificiais, feitos de teflon. No caso do tímpano, opta-se pela plástica de reconstituição, sempre que a perfuração é pequena. Essa película rompe-se com certa facilidade-até mesmo por causa de um beijo estalado na orelha. Embora o escape de ar pelo furo faça a pessoa não ouvir direito, na maioria das vezes ela nem desconfia do dano, pois, como qualquer pele, o tímpano cicatriza sozinho.
A entrada do ouvido interno, a janela oval, é fechada pela própria base do pequeno estribo. Na verdade, a saída do ouvido médio é 25 vezes menor do que a entrada pelo tímpano. Esse afunilamento concentra as ondas sonoras -pois o que ocorrerá, então, poderá ser comparado ao efeito de uma pedra batendo em um lago, isto é, apenas 0,01% do som será absorvido pela água. Afinal, a cóclea é recheada de líquido. Sua estrutura é tão sensível que o cérebro mantém mecanismos para protegê-la. Quando o volume do som é estrondoso, o sistema nervoso ordena a contração de músculos ligados aos ossos do ouvido médio, e, com isso, suavizam-se as vibrações."A estratégia, porém, não é eficiente para sons muito agudos ou repentinos", esclarece Sung Ho Joo.Volume ou intensidade corresponde à amplitude das ondas sonoras, cuja unidade de medida é o decibel. "Essa unidade é um logaritmo, ou seja, a diferença entre 50 dB e 100 dB é muito maior do que o dobro", nota Ho Joo. De fato, isso corresponde ao barulho de um restaurante tranqüilo e o som de uma britadeira, respectivamente. Para a cóclea, no entanto, tão importante quanto a intensidade é a freqüência de um som, isto é, a quantidade de vezes que a onda acústica agita as moléculas do meio, durante o seu percurso-e isso é medido em hertz. Entre 20 e 200 hertz, o som é percebido como grave e, entre 7 000 e 20 000 hertz, como agudo. Mas, na verdade, o ouvido humano é um especialista em captar os tons medianos, entre 200 e 7 000 hertz, como o da voz. Essas freqüências precisam de menos volume para serem percebidas.
Se a cóclea fosse esticada, a linha resultante seria uma espécie de piano com cerca de 12 000 teclas-as células ciliadas, que funcionam como filtros, quebrando a onda sonora complexa em diversas freqüências. Pois, no ponto de partida da cóclea, os cílios agitam-se com sons agudos; à medida que se avança para a outra extremidade, as células são sensíveis a sons cada vez mais graves. O movimento da membrana basilar, em que essas células se apóiam, estimula os terminais dos nervos auditivos logo embaixo.
Desse modo, para o sistema nervoso, as diferenças de tonalidades em uma escala musical, por exemplo, são uma questão topográfica: embora o impulso elétrico de uma nota dó seja idêntico ao impulso elétrico das notas ré, mi, fá, esses estímulos partem de pontos diversos no nervo auditivo. Existem, no entanto, pessoas com a audição muito mais aguçada do que a maioria da população-e os otorrinos ainda não entendem por que isso acontece. Pode estar no cérebro o segredo do que os músicos chamam ouvido absoluto, conceito aplicável àqueles com memória fabulosa para freqüências de sons.Julio Medaglia, um dos mais renomados maestros brasileiros, lembra-se de uma prima, que abandonou o estudo do piano na infância: "Ela é capaz de ouvir uma serra elétrica e afirmar se aquilo é um si bemol ou não. Mas isso não parece ser tão importante para um músico. Arturo Toscanini não tinha ouvido absoluto", argumenta Medaglia, referindo-se ao genial maestro italiano, que morreu em 1957, em Nova York, nos Estados Unidos. O irônico é que, às vezes, ter um ouvido absoluto até atrapalha. "No coro de uma capela é comum o efeito proposital de baixar um pouco o tom no final da música. Um ouvido absoluto, no meio dos cantores, fica angustiado -e desafina em relação ao resto", exemplifica Medaglia.Mas isso nem se compara aos apuros da surdez. "O surdo costuma sentar-se encostado na parede, de frente para a porta. com medo de que alguém se aproxime sem que ele perceba". observa o otorrino Ricardo Bento. Ninguém com audição normal ou parcial consegue imaginar, o que seja o silêncio- mesmo se entrar numa câmara acústica, com zero decibel, ouvirá ainda os sons do próprio organismo, como as batidas do coração. Além disso, a audição nunca desliga. Mesmo no mais profundo dos sonos, ela permanece em alerta. Só que, nesse estado, o sistema nervoso aciona uma espécie de filtro, que seleciona informações importantes. Torna consciente, por exemplo, o toque do despertador-e, então, o ouvido acorda para qualquer som.

Para saber mais:
Silêncio: som demais
(SUPER número 1, ano 3)


O fim do mais absoluto silêncio

Há três anos, com a proposta de se criar um aparelho para substituir a cóclea do ouvido, o otorrino Ricardo Bento desceu até o subsolo do Instituto do Coração, sem São Paulo- ali, cientistas se reúnem em um dos mais avançados laboratórios de Bio-engenharia do mundo. "Ficamos motivados por ser um projeto difícil do ponto de vista da Engenharia", conta o médico e engenheiro Adolfo Leirner, que dirige o laboratório. "Mas, sobretudo, o aparelho terá resultados visíveis no horizonte." O engenheiro eletrônico Miltom Oshiro conta que os primeiros implantados usarão um aparelho não-portátil. "De acordo com seus relatos, ajustaremos a versão final do aparelho, que será carregado na cintura como um bip."Uma equipe de fonoaudiólogos ensinará os implantados a ouvir com o equipamento. De fato, não será a mesma coisa do que contar com a engenhosa maquinaria do ouvido interno normal. As 12 000 células ciliadas da cóclea, afinal, separam uma enorme gama de freqüências sonoras; o aparelho de implante, por sua vez, possui um banco de filtros capaz de separar apenas dezesseis freqüências do som, captado por um microfone. O toque de um telefone soará como um "zzzz"-os implantados, claro, serão treinados para reconhecer esse ruído. Mas o aparelho permite à informação sonora chegar a seu destino: o cérebro."Do banco de filtros, as ondas sonoras vão para um microcomputador, que seleciona aquelas com intensidade superior a 55 dB", descreve Oshiro. Então, o som é transmitido em ondas de rádio por uma antena, grudada atrás da orelha, graças a uma ímã. Sob a pele, está outro ímã, com uma antena para captar essas ondas. Um eletrodo, no lugar da cóclea, finalmente transforma o som em sinais elétricos para o nervo auditivo. Assim, é possível ouvir, ainda que as vozes sempre pareçam anasaladas, como a de um robô.


Os canais do equilíbrio

Manter-se em pé, subir ou descer escadas sem cair, caminhar firme, e não cambaleante como um bêbado -o homem só consegue ficar equilibrado graças aos chamados canais semicirculares do vestíbulo, uma câmara pequenina no labirinto. "O sistema vestibular é notoriamente o principal responsável pelo equilíbrio do corpo humano", explica o otorrino Sung Ho Joo. Em cada labirinto, encontram-se três canais dispostos em planos diferentes, preenchidos por um líquido que chacoalha conforme as rotações da cabeça. O vai-vém do liquido, por sua vez, movimenta os cílios no revestimento dos canais. "Esses cílios funcionam como interruptores: para um lado, disparam um estímulo nervoso e, para outro, inibem o sinal elétrico", descreve Sung. "No ouvido direito, porém, a direção inibidora dos movimentos ciliares é oposta àquela do ouvido esquerdo. Ou seja, é como se, enquanto um dos ouvidos diz liga, o outro dissesse desliga."Constantemente, o cérebro soma e interpreta os sinais dos seis canais semicirculares. Quando não consegue fazer isso direito, a vida se transformar em uma corda bamba-basta mexer o corpo, para sentir a ameaça do tombo, acompanhada de tonturas, o sintoma clássico da labirintite, como é conhecido o problema. "A labirintite tem causas diversas e seus efeitos podem ser percebidos em qualquer situação, não apenas quando a pessoa está em lugares altos", esclarece Sung. "Felizmente, a maioria dos casos tem tratamento."





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sábado, 15 de dezembro de 2012

Os 100 Brasileiros mais Influentes de 2012


Os 100 Brasileiros mais Influentes de 2012



Quem são as pessoas mais influentes do Brasil, aquelas capazes de liderar, inspirar ou comover os brasileiros? Na edição desta semana, como faz desde 2007, ÉPOCA apresenta a lista das 100 personalidades mais influentes do pais. Ela esta dividida nas categorias Lideres, Heróis, Construtores e Artistas. Inclui aqueles que, na avaliação da redação de ÉPOCA, mais se destacaram em 2012. Leia a revista que esta nas bancas e os textos sobre essas personalidades ou pelo conhecimento, de iluminar a história e o caráter de quem o Brasil precisa conhecer.



FONTE:
http://revistaepoca.globo.com/vida/Especial/noticia/2012/12/os-100-brasileiros-mais-influentes-de-2012.html





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quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Telescópio no Chile ganha aparelho para analisar 24 galáxias de uma vez



Telescópio no Chile ganha aparelho para analisar 24 galáxias de uma vez



KMOS tem 24 braços robóticos que poderão estudar galáxias do início do Universo (Foto: ESO/Divulgação)

KMOS ajudará a entender como sistemas evoluíram no início do Universo.
Instrumento europeu tem braços robóticos e mais de mil superfícies ópticas.

Um novo instrumento inaugurado pelo Observatório Europeu do Sul (ESO), no Chile, será capaz de registrar e estudar 24 galáxias ao mesmo tempo em luz infravermelha. O KMOS vai fornecer dados que ajudarão a entender como galáxias distantes cresceram e evoluíram no começo do Universo.

Construído por um consórcio de cinco universidades e institutos do Reino Unido e da Alemanha, em parceria com o ESO, o aparelho acaba de ser testado com sucesso no Very Large Telescope (VLT), em Paranal, no deserto do Atacama. Ele reúne 24 braços robóticos – um para cada galáxia analisada – e mais de mil superfícies ópticas.

De agosto até agora, o KMOS foi enviado da Europa para o Chile, montado, avaliado e instalado. Foram oito anos de planejamento, concepção e construção até pôr esse instrumento de segunda geração para funcionar. Antes dele, foi instalado no VLT o X-shooter, capaz de ver todo o espectro de radiação e comprimento de onda de um objeto, desde o ultravioleta até o infravermelho.

Segundo o co-pesquisador Ray Sharples, da Universidade de Durham, no Reino Unido, "a equipe aguarda com expectativa as muitas descobertas científicas futuras" do KMOS.

Em questão de meses, o instrumento poderá fazer duas coisas simultâneas para observar as galáxias em suas fases iniciais: observar muitos objetos ao mesmo tempo e mapear as características de cada um, que variam de uma região para outra. Até agora, os astrônomos só podiam fazer uma coisa de cada vez – ou captar muitos objetos ao mesmo tempo, ou analisar com detalhes um só.





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terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Anfioxo - Milhões de anos de sucesso - Imunologia


ANFIOXO: MILHÕES DE ANOS DE SUCESSO - Imunologia



Nem minhoca, nem peixe, esse habitante das praias é um caso único na natureza, pois não tem mecanismos de defesa orgânica como outros animais, mas vive muito bem

Minúsculo, pois não ultrapassa os 5 centímetros de cabo a rabo, branco e pertencente a uma linhagem que habita os oceanos há mais de 400 milhões de anos-muito mais antiga que a dos sapos-, o anfioxo é um animal como não existe outro no planeta. Entre todas as espécies de animais vertebrados ou invertebrados, apenas ele não dispõe de um mecanismo considerado básico para a proteção dos organismos: a inflamação. Diante de uma invasão por bactérias, de fato, a imediata providência de qualquer animal é mobilizar para o tecido agredido suas tropas, constituídas por células brancas do sangue, os fagócitos.
Para chegar a um invasor e literalmente sitiá-lo ou comê-lo, impedindo sua progressão no corpo, os fagócitos como que ganham vida: abandonam os vasos e abrem caminho entre outras células do corpo até a região agredida. A essa marcha se denomina migração celular e ela pode ser vista como a principal característica das inflamações. Ao mesmo tempo, o local de entrada das bactérias ou os machucados e pancadas ficam avermelhados, se aquecem e incham. Trata-se de um mecanismo essencial à existência dos seres vivos, pois tende a restabelecer o equilíbrio perdido em virtude da violência externa. Mas o anfioxo, por algum mistério da natureza. não inflama-e vive muito bem assim. Foi o que comprovou, repetidas vezes, o veterinário e biólogo brasileiro José Roberto Machado Cunha da Silva, que investiga o bizarro animal no Laboratório de Imunopatologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo. Não é problema encontrar espécimes para os experimentos, pois há anfioxos, por exemplo, nas praias do litoral paulista. Ele vive enterrado a uma profundidade de mais ou menos 10 centímetros, onde a areia está sempre encharcada de água.
Ao vê-lo, tem-se a impressão de um híbrido de peixe com minhoca, e não admira que seja assim. É que, na história da vida, os anfioxos surgiram justamente na grande transição evolutiva entre os invertebrados, como as minhocas, crustáceos e insetos, e os vertebrados, como os peixes, sapos e mamíferos. Isso faz do anfioxo, de certo modo, um parente bastante próximo do homem-na medida em que 95% de todos os animais conhecidos são invertebrados.
O anfioxo não é ainda um vertebrado -pertence ao grupo dos cordados. Embora seu corpo não tenha sequer a base da estrutura óssea-a coluna vertebral-, ele já apresenta a notocorda: um feixe de fibras gelatinosas que aparece no corpo dos vertebrados apenas quando são embriões. O corpo do anfioxo, portanto, representa um modelo muito antigo de organismo, que ao longo da evolução precedeu a forma vertebrada. Daí sua importância no estudo da Biologia.Não menos importante, mas menos conhecido, é o fato de esse animal não inflamar. Essa característica desconcertante já havia sido descrita, há 100 anos, pelo cientista russo Élie Metchnikoff(1845-1916), que demonstrou a existência de fagócitos e da inflamação em todo o mundo animal.Mas essa aparente anomalia no reino da vida ocupa apenas um curto parágrafo de um de seus livros. Surgiu, assim, a idéia de investigá-la mais profundamente-coisa que Cunha já vem fazendo ao longo de dois anos. Por meio do microscópio ótico e eletrônico, por exemplo, o cientista demonstrou que não há concentração de fagócitos ou células inflamatórias nos tecidos expostos por um corte feito na cauda do bichinho.Porém, a pele (epitélio) que reveste o corpo do animal desliza sobre a ferida, recobrindo-a 24 horas depois. A verdade, porém, é que a restituição do tecido machucado ocorre sem o "guarda-chuva" do processo inflamatório. Por isso, se instala uma verdadeira corrida contra o tempo-se nesse interim, enquanto a pele desliza, houver infecção do corte por parasitas, como bactérias ou fungos, o anfioxo ficará à sua mercê. Cunha passou a suspeitar disso quando cortou por duas vezes consecutivas a cauda de um espécime e percebeu que o deslizamento da pele que cobria a ferida não ocorreu. Ao mesmo tempo, notou que o ferimento apresentava inesperada cor vermelha-sinal de contaminação por parasitas.
Aparentemente, antes que o machucado fechasse, invasores penetraram entre os tecidos e passaram a prejudicar a recuperação do ferimento, instalando-se um letal círculo vicioso. É prematuro tentar dar respostas simples a fenômenos tão complexos e ainda pouco estudados. Não é preciso lembrar a desagradável surpresa trazida pela AIDS, contra a qual é impotente a sofisticada proteção imunológica humana.
O fato é que, mesmo sem possuir os conhecidos elementos que constituem o sistema imunológico dos vertebrados, o anfioxo é um ser muito bem sucedido. Tanto que, nos últimos 400 milhões de anos, não foi excluído da evolução mesmo sem contar com os complexos mecanismos de proteção contra as infecções que hoje conhecemos, principalmente, nos mamíferos. Viver por tão longo tempo sem células inflamatórias e sem inflamar, como é o caso do anfioxo, mostra outros caminhos, até então desconhecidos, de relações entre o hospedeiro e o parasita. Cunha acredita que o simples fato de colocar em pauta essas questões justifica plenamente sua pesquisa. Por meio dela, será possível discutir a verdadeira importância da inflamação e o real significado que o sistema imunológico desempenha nos seres vivos em geral.

C=197.991





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terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Quando o Homem Aprendeu a Montar - Arqueologia


QUANDO O HOMEM APRENDEU A MONTAR - Arqueologia



O cavalo pode ter sido domesticado muito antes do que se imaginava, acelerando o avanço da civilização. Dentes de animais fossilizados mostram que há 6 000 anos eles já usavam freio de metal

Do extremo oriental da Sibéria, quase na costa do Pacífico, até o Mediterrâneo, estende-se uma vasta planície de 4.000 quilômetros de comprimento e 500 quilômetros de largura, denominada estepe eurasiana. Coberta por vegetação rasteira, e cruzada por largos e mansos rios, essa região transformou-se, há 6.000 anos, numa verdadeira ponte entre a Europa e a Ásia, e foi palco de épicas transformações na história da humanidade. Basta ver que nesse período surgiram as chamadas línguas indo-européias, como o grego, o latim, o celta e muitas outras. Antes disso, os europeus, por exemplo, empregavam idiomas de uma família lingüística bem diversa - um desses idiomas seria o basco, o qual sobrevive como um vestígio do passado, na Espanha moderna. A mudança foi tão radical que, já nos tempos de Roma, as línguas indo-européias haviam sido adotadas por um sem número de povos, em uma área impressionante-estendendo-se da Índia à inglaterra. Não existe uma explicação consolidada sobre como se produziu tal sublevação, mas, de acordo com uma nova e extraordinária hipótese, ela tem muito a ver com a arte, ou a técnica, de cavalgar. Essa técnica teria sido dominada, a princípio, por populações relativamente pequenas e isoladas nas regiões centrais da estepe eurasiana, mais ou menos na altura da atual República Soviética da Ucrânia. A posse de montarias foi tão vantajosa que, embora marginais, esses povos expandiram-se com velocidade extraordinária e, num curto espaço de tempo, provocaram uma mudança decisiva nos padrões lingüísticos mundiais.
Trata-se de uma idéia ousada, pois contradiz, antes de mais nada, as evidências existentes até agora sobre a época em que o cavalo começou a ser domesticado. Isso teria ocorrido há 4 000 anos, e por isso não poderia ter influenciado a expansão indo-européia, que teve início dois milênios antes. O mais antigo desenho de um cavalo arreado, por exemplo, data do ano 2000 a.C., e o mais antigo pedaço de arreio já encontrado remonta a 1500 a.C. Este ano, no entanto, dois pesquisadores americanos-D. Anthony e D. Brown, da Universidade da Califórnia-identificaram o esqueleto de um cavalo que pode ter sido domesticado há nada menos que 6 000 anos.
Os seus criadores habitavam às margens do Rio Dnieper, onde é hoje a Ucrânia, a algumas centenas de quilômetros do local em que se situa Moscou. Pertencentes a uma cultura de nome Sredny Stog, falavam, supostamente, uma língua ancestral da família indo-européia. Pareciam estar numa transição, pois ainda criavam cavalos principalmente para comer, metade dos ossos encontrados nas proximidades das habitações era desse animal. Mas também sabiam montar, segundo revela uma nova e poderosa técnica de investigação. Em vez de arreios ou selas, ela busca pistas da domesticação nos próprios animais.Anthony e Brown descobriram, por exemplo, que o freio, feito de metal, deixa marcas inconfundíveis sobre os dentes dos cavalos. O efeito da corrosão do metal sobre os primeiros pré-molares é claramente visível a olho nu, pois chega a tirar-lhes quase 1 centímetro na espessura. Também há desgaste nos dentes dos cavalos selvagens, devido ao simples ato de mastigar. No entanto, medidas cuidadosas mostram que a perda, nesse caso, é de apenas 1 ou 2 milímetros.Além disso, as ranhuras deixadas pelo freio são profundas, bem diferentes das naturais. A diferença transparece com nitidez quando os dentes são examinados ao microscópio eletrônico. Com esses cuidados, a nova e controversa data promete lançar luz sobre uma fase decisiva da história da civilização, durante a qual o homem aprendeu, primeiro, a plantar e a criar animais e, em seguida, a lidar com os metais. Essas conquistas, obtidas a partir de 10.000 anos atrás, mudaram o modo de vida do homem, pois foram acompanhadas da construção de cidades e da organização de grandes impérios, como o egípcio ou o sumério.
Mas, aparentemente, foi a arte de cavalgar que deu o impulso decisivo para a disseminação daquelas descobertas. Claro, nem tudo se fez por graça exclusiva do cavalo domesticado. "O importante foi a adição do novo meio de transporte às técnicas já conhecidas da agricultura, pecuária e metalurgia", resume o divulgador científico Jared Diamond, da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia, Estados Unidos. "Esse pacote tecnológico dominou boa parte do mundo, nos 5 000 anos seguintes."Embora ainda precise ser corroborada por novas investigações, essa hipótese parece muito natural em vista do indubitável valor do cavalo. Inteligente, forte e veloz, ele parece ter sido escolhido a dedo para livrar o homem de suas limitações. Um cidadão a pé, mesmo em boa marcha, não cobria distâncias superiores a 50 quilômetros, numa jornada de um dia. Mas montado, superava sem grande esforço a marca dos 100 quilômetros. O mesmo vale para cargas transportadas a longa distância, que, em lombo de animal, podiam ultrapassar os 100 quilos, coisa impensável para um homem.
Sua característica marcante é a velocidade, pois se trata de um animal feito para correr. As pernas compridas, presas por forte musculatura ao resto do esqueleto, não podem realizar muitos movimentos: à maneira dos remos, nos barcos, elas concentram energia em poderosos impulsos à frente. Contribui para isso, a extrema especialização das patas, que, por terem um único dedo, permitem às pernas esticarem-se ao máximo durante a corrida. Não foi sempre assim. Sabe-se que as ancestrais do cavalo habitaram a Terra desde o inicio da Era Terciária, há uns 50 milhões de anos, mas esses animais eram baixos como um cão, com 25 centímetros de altura, somente.Também não contavam com a proteção dos cascos nas patas, que tinham cinco dedos. Aos poucos. à medida que perdiam os dedos, adaptaram-se à estratégia básica de seres velozes. Evolução semelhante ocorreu com os rinocerontes e as antas, parentes do cavalo. Os primeiros eqüídeos de um dedo começaram a perambular pelo planeta há cerca de 5 milhões de anos-não muito antes de surgir o gênero humano, 2 ou 3 milhões de anos mais tarde. É curioso que esses animais tenham começado a se espalhar pelo globo a partir da região hoje correspondente às Américas-de onde desapareceriam, há apenas 10.000 anos, por motivo desconhecido.
Só voltariam a estas plagas, no final do século XV, a bordo das caravelas, trazidos pelos conquistadores espanhóis. O gênero dos eqüídeos. atualmente, é formado por diversas espécies, como as zebras e os asnos, os mais antigos representantes do grupo. Mas todas as raças de cavalos pertencem a uma única espécie, de nome Equus caballus. Aí se incluem os grandes animais de carga, que são troncudos e chegam a ter 2 metros de altura, até os pôneis, que, por convenção, têm menos de 144 centímetros de altura. Essas variedades nasceram de uma raça-mãe, a mongólica, cujo habitat original era a China. Surgiram, em seguida, as raças berbere, difundida a partir da própria China: mongol, vinda do norte do Himalaia: céltica, disseminada depois da invasão da Grécia por povos asiáticos: e árabe, que proliferou no Egito.
Foram esses quatro troncos principais que deram origem às raças da atualidade, depois de demorado trabalho de seleção genética. Em cada lugar, os animais foram gradualmente escolhidos de acordo com o que se queria deles: força, velocidade ou mesmo mera beleza. Esse aperfeiçoamento, desde épocas remotas, muitas vezes transformou-se em lendas. Uma delas diz que o profeta Maomé, um dia, quis presentear os beduínos com um cavalo que os ajudasse a sobreviver no deserto. Assim. mandou soltar algumas éguas mantidas algum tempo sem água e comida, mas, antes que chegassem à margem, o profeta chamou-as de volta.
Apenas cinco obedeceram, demonstrando resistência à provação, e foi delas que nasceram os primeiros cavalos árabes. Seja como for, a verdade é que a raça tornou-se uma paixão para os homens do deserto, e mais tarde encantaram o mundo. Levada para a Europa durante a Idade Média, ela conquistou o rei da Inglaterra, Ricardo Coração de Leão, e acabou contribuindo para a criação do puro-sangue inglês, a partir de meados do século XVII. Nos cruzamentos, empregavam-se fêmeas inglesas, aristocraticamente apelidadas de "royal mares", ou éguas reais".
Os machos, ao longo do tempo, foram três garanhões orientais, cujos nomes passaram para a história: Bierly Turk, Darley Arabian e Godolphin Arabian. Este último, ainda hoje responsável por 40% dos genes de qualquer puro-sangue vivo, é personagem de uma novelesca história, pois seu verdadeiro nome era Xan e sua origem. berbere, em vez de árabe. Presenteado pelo rei de Túnis a Luis XIV, rei da França-que não ligava para cavalos -, foi vendido como animal de terceira categoria. Mas acabou reconhecido como macho excepcional e batizado de Godolphin Arabian.A raça andaluz, com origem igualmente rocambolesca, foi formada por um macho berbere, chamado Gusmán, por acaso abandonado em uma hospedaria de Córdoba, Espanha. Esse tipo de cavalo, conhecido como lusitano, deu origem às raças hoje encontradas nas Américas. No Rio Grande do Sul, por exemplo, formou-se a raça crioula, a que mais se encaixa nos padrões que definem os antigos berberes chineses. O manga- larga, muito comum no Brasil, também surgiu do andaluz, assim como o passo fino, do Peru, e o chickasaw, disseminado entre os índios da América do Norte.
Mas, para chegar a essas variedades, o cavalo percorreu um longo caminho. Até onde se sabe, as primeiras grandes criações ocorreram na fronteira da Europa com a Ásia, entre povos indo- europeus como os hicsos, citas, sármatas e mitanis. Talvez por serem originalmente nômades ou seminômades, esses povos ganharam a fama de bárbaros. Detinham, porém. a tecnologia dos animais para tração de cargas ou de veículos, e não hesitaram em usá-la na guerra. Os carros bélicos foram observados, pela primeira vez, no Egito e na Mesopotâmia, na época em que os hicsos chegaram a essa região.
Um dos seus primeiros feitos de vulto, em 1720 a.C., foi assumir o governo da antiga cidade de Avaris, importante centro regional do Império Egípcio, junto ao Mediterrâneo. Ao contrário do que se poderia pensar, as incursões nômades já não são descritas exatamente como uma invasão. Embora, vez por outra, ocorressem violentos confrontos armados entre os líderes locais e os imigrantes, na maior parte do tempo havia produtivo intercâmbio de idéias e conhecimentos.
No Egito, dessa forma, os hicsos repetiram uma estratégia comum a todos os indo-europeus. De imediato, fundaram aristocracias militares em localidades já existentes, de onde exerciam poderosa influência sobre a vida do Império. Aceitaram, por exemplo, o deus egípcio Set, que passaram a cultuar. Em troca, as populações locais podem ter assimilado o uso das montarias e aprendido a metalurgia do ferro, em contraposição ao bronze, até então dominante. Empregado nas armas, coisa impossível para o bronze, muito mole, o ferro ampliou a supremacia militar dos exércitos transportados.
O próximo passo desses exércitos, bem mais tarde, seria usar soldados montados, isto é, uma verdadeira cavalaria. Por volta do ano 1000 a.C., ela havia se tornado a mais poderosa força do exército assírio, na região onde é hoje o Irã. Sua evolução resultaria do aperfeiçoamento das armas, dos equipamentos próprios do cavalo e da equitação. Acabou por criar um grupo social favorecido, de importância crescente ao longo dos séculos. Os cavaleiros ganhariam especial notoriedade durante a Idade Média, quando apenas os nobres, filhos dos grandes senhores de terras, podiam candidatar-se a tal título.Nos exércitos, a cavalaria continuou como uma força fundamental até a metade do século XV. A partir daí, seu poder passou a ser limitado pelas pistolas e, mais ainda, pela utilização dos canhões. A arte de montar não perdeu com isso, pois havia se tornado uma apreciada forma de lazer. As corridas a cavalo estão entre os mais antigos esportes eqüestres, que tiveram destaque desde as Olimpíadas gregas. Em seguida, as corridas de bigas, em Roma e em Constantinopla, tornou-se uma febre.O entusiasmo pelas competições diminuiu nos séculos posteriores, para ressurgir apenas ao tempo das Cruzadas. A criação de escolas de equitação, a partir da Renascença, deu origem a competições como o salto, o pólo, a caça à raposa e, mais recentemente, os rodeios, enduros e cavalgadas. Como trabalhador, o cavalo está às vésperas da aposentadoria -data que se aproxima com rapidez cada vez maior. A primeira vez que o ser humano alcançou uma velocidade superior à dos cavalos foi em 1830, a bordo de uma locomotiva. E não se pode esquecer que até o século XIX era o cavalo quem puxava os bondes e ônibus. Mas, neste século, a mecanização vem celeremente substituindo a força animal mesmo na agricultura, ou, pelo menos, limitou seu uso às regiões de difícil acesso e fraco desenvolvimento industrial. Mas o renovado gosto pelos esportes eqüestres assegura que o cavalo será, por muito tempo ainda, um grande amigo do homem.

Senadores e réus de quatro patas

Os povos da Antiguidade tinham o cavalo na conta de um mito. Para os gregos, por exemplo. teria sido o deus Netuno que, a golpes de tridente, fez brotar da terra o soberbo animal, símbolo da guerra. Uma lenda árabe, em vez disso, exaltava sua velocidade, dizendo que Alá o criou a partir de uma lufada de vento. Na Índia, durante um ritual de coroação, os reis soltavam um animal sagrado que podia galopar sem restrições. Onde estivesse, ao fim de um ano, erguia-se um altar. Já nos templos japoneses, as mulheres estéreis tocavam um cavalo esculpido em bronze, em tamanho natural, na esperança de ter filhos. Havia ainda afeição extremada-até absurda, como no caso do imperador romano Calígula, que quis tornar Incitatus, seu cavalo, cônsul. Para o sábio romano Plínio, a inteligência do cavalo era quase humana, e citava o cavalo de certo rei Nicomedes, que teria se deixado morrer de fome após a morte de seu senhor. Na Idade Média, cavalos ditos sábios eram vistos como feiticeiros e queimados vivos. Os animais "respondiam" por delitos aos tribunais e há registro judiciário de vários deles condenados à morte por homicídio. Em época mais moderna, na Inglaterra, o garboso Copenhagen foi enterrado com honras militares porque mostrou valentia em batalha-pelo menos, na opinião de seu dono, o Duque de Wellington, famoso por derrotar Napoleão Bonaparte, general e estadista francês.


Um cavalo brasileiro

Formada no Brasil, a raça mangalarga ilustra como nasce um novo cavalo. Ela começou a surgir quando D. João VI deu um animal da raça berbere-pertencente à coudelaria real portuguesa-a Gabriel Francisco Junqueira, o Barão de Alfenas. Cruzado com éguas brasileiras comuns, o garanhão gerou filhos que foram selecionados para a lida com gado, caçadas e longas viagens. Mangalarga era o nome da fazenda do Barão em Pati do Alferes. RJ. A fama conquistada pelos cavalos da fazenda trazia muitos visitantes ao local e os animais logo foram denominados como "os cavalos da Fazenda Mangalarga". Não tardou para serem chamados somente pelo nome da fazenda. Os plantéis mais bonitos dessa raça continuam de posse de um parente do Barão-José Oswaldo Junqueira, que comprou seu primeiro animal no ano de 1931. O manga-larga, de porte e postura elegantes, é um cavalo de sela caracterizado pelo andamento macio e bem equilibrado, ideais para o trabalho e o passeio. Seus membros, bem aprumados e fortes, proporcionam duas maneiras de andar. Na marcha de tríplice apoio, três patas estão sempre em contato com o solo enquanto uma se desloca no ar. Na marcha trotada em diagonal, em dois tempos, o cavalo põe no chão, ao mesmo tempo, o membro anterior esquerdo e o posterior direito, e vice- versa. Os animais dessa raça têm cabeça média, de perfil retilíneo, e orelhas pequenas mas bem plantadas. As narinas são dilatadas, os olhos bem arredondados e afastados um do outro, e a boca rasgada. A linha do dorso lombar, curta, larga e musculosa, faz do manga-larga um bom cavalo para a montaria.





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terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Mozart, a Flauta Mágica


MOZART, A FLAUTA MÁGICA



O bicentenário de sua morte, este ano, desencadeou uma onda de homenagens e comemorações que nenhum outro compositor jamais recebeu. Ele fez por merecer todas elas

Olhando para meu filho de quase 13 anos, entretido em seu videogame, não posso deixar de pensar que, se ele se chamasse Wolfgang Amadeus, já seria com essa idade o autor de onze sinfonias, duas óperas, 24 sonatas para piano ou violino, missas, oratórios, serenatas e uma infinidade de peças menores. Dá para assustar, não é mesmo? O mundo teve muitos gênios precoces, mas nenhum tão impressionante quanto esse menino austríaco, cujo bicentenário de morte comemora-se este ano, dotado pela natureza de um dom misterioso, que fazia com que fluísse dele, instintivamente, desde a infância, música de qualidade inigualável.
Já é espantoso que, em 1766, aos 10 anos de idade, Wolfgang Amadeus Mozart tenha sido convidado a colaborar com Michael Haydn e Anton Adlgasser, dois compositores adultos e experientes, no oratório Die Schuldigkeir des erstens Gebotes (A obrigação do primeiro mandamento). Como Johann Sebastian Bach antes dele, Mozart não inventou formas novas. Mas levou à perfeição todas as que existiam em seu tempo. Nenhum outro compositor, na história da música, conseguiu, como ele, trabalhar com tanta inventividade todos os gêneros então existentes, da ópera à música de câmara.Mas perfeito domínio de forma não é tudo: outros compositores de seu tempo o tiveram no mesmo alto grau. Genialidade em estado puro é o que explica que suas idéias musicais vejam sempre mais originais do que as de qualquer um de seus contemporâneos. Mozart é o dono de uma das mais marcantes "assinaturas" musicais da história da música: a um amante da música clássica basta ouvir meia dúzia de compassos para saber que é dele a melodia tocada. E não apenas dispunha de uma gama imensa de recursos como sabia instintivamente empregá-los da forma mais adequada; tanto assim que foi capaz de transcender um libreto simplório como o da Flauta Mágica, transformando-a numa das mais sublimes criações da mente humana.
Dos sete filhos que Leopold Mozart-violinista, cantor, compositor e vice-mestre-de- capela do Arcebispado de Salzburgo, na Áustria-teve com sua mulher, Anna Maria Pertl, apenas dois sobreviveram. Uma menina, chamada Maria Anna, cujo apelido era Nannerl, e um menino, nascido a 27 de janeiro de 1756, dia de São João Crisóstomo, a quem foi dado o nome de Joannes Chrysostomus Wolfgang Theophilus (ou Gottlieb, em alemão, que, em 1770, época da viagem para a Itália, ele trocaria pela forma latina Amadeus).Não fosse essa data, 1756 teria sido um ano obscuro na história da humanidade. França e Inglaterra iniciaram mais uma de uma longa série de guerras inúteis. Os ingleses conseguiam, pela primeira vez, produzir veludo a partir do algodão, e um famoso cavalheiro, Giacomo Casanova, fugia da prisão em Veneza para continuar sua vida de aventura.A infância e a adolescência, Wolfgang-cujo talento para a música revelara-se desde os 3 anos de idade-as passou percorrendo as estradas européias com seu pai, que o levava a exibir-se por toda parte, como um macaquinho amestrado. Sem avaliar os danos que podia estar causando ao filho, que não tinha tempo para ser criança, Leopold não hesitava em explorar o talento do geninho, capaz, aos 6 anos, de improvisar sobre qualquer tema, executar as peças mais complexas ou fazer malabarismo tocando com um pano sobre o teclado do cravo.
Enquanto o príncipe-arcebispo de Salzburgo, para quem os Mozart trabalhavam, era o tolerante Sigismund von Schrattenbach, essas viagens constantes não foram um grande problema. Mozart tocou em Viena para o imperador Francisco I e à princesa Maria Antonieta- mais tarde, a infeliz rainha da França-, que o ajudou a levantar-se depois de um escorregão, disse: "Quando crescer, vou-me casar com você".Em Versalhes, foi recepcionado nos aposentos particulares de Madame Pompadour, a amante de Luís XV. Recebeu títulos das academias filarmônicas de Bolonha e Verona e a Ordem da Espora Dourada das mãos do papa Clemente XIV Em Roma outra prova de seu gênio: após ouvi-lo uma única vez, na Capela Sistina, reproduziu de memória o Miserere, a nove vozes, de Allegri, cuja transcrição era proibida. E -um recorde para a época-seu Mitridate alcançou vinte récitas no Scala de Milão.Mas a morte de Schrattenbach, em 1771, mudou essa situação. Seu sucessor, Hieronimus Joseph Franz von Paula, o Conde de Colloredo, era intratável, exigente, desaprovava excursões e o interesse de Mozart pela música profana. Ele ainda conseguiu,entre 1777 e 1778, fazer uma estada em Manaheim, onde entrou em contato com a orquestra- laboratório que Johann Stamitz criara para fazer pesquisas de técnica instrumental. Com Christian Cannabich, o sucessor de Stamitz, Mozart aprofundou seu conhecimento das possibilidades da escrita orquestral.
Foi em Mannheim também que conheceu a família Weber, e apaixonou-se por Aloysia, talentosa soprano, a mais velha das quatro irmãs. Mas Leopold desaprovava esse casamento, que perturbaria a carreira do filho, a quem não queria ver "reduzido a mero acompanhador de uma cantora". Para afastá-lo de Aloysia, mandou-o a Paris com a mãe; mas Anna Maria adoeceu subitamente, e morreu em julho de 1778. Mozart estava com 22 anos, e já testemunhara alguns acontecimentos de grande importância.
As colônias inglesas no remoto continente americano declararam-se independentes. Na Inglaterra, Adam Smith publicou sua Pesquisa sobre a natureza e a causa da riqueza das nações, logo reconhecida como a bíblia do novo modelo econômico que tomava conta da Europa-o capitalismo. Descobertas recentes revelavam que o ar era composto principalmente de oxigênio e nitrogênio. O mundo musical enriquecia-se com a copiosa produção de dois talentos extraordinários: o próprio Mozart e Joseph Haydn (não era parente de Michael Haydn), que já havia chegado à sua 63 a sinfonia. E um outro gênio precoce começava a ser exibido em concertos pelo pai-chamava-se Ludwig van Beethoven.Para Mozart, à dor com a perda da mãe, juntou-se a de saber que Aloysia, agora no elenco da Ópera de Munique já não se interessava mais por ele (e, no ano seguinte, se casaria com Joseph Lange, ator e pintor da corte em Viena). Tudo isso concorreu para tornar insuportáveis as pressões sofridas em Salzburgo. Em maio de 1781, Mozart pediu demissão; e foi dispensado nos termos mais humilhantes. Estava com 25 anos: restavam-lhe só mais dez para viver; mas esse seria o período mais fulgurante de sua produção, desenvolvido em Viena, um dos maiores centros musicais do mundo. Wolfgang Amadeus Mozart estava no limiar da maturidade.Decidindo-se a ficar na capital, Mozart hospedou-se na pensão da senhora Weber e, ali, apesar uma vez mais da oposição paterna, apaixonou-se por Constanze, irmã caçula de Aloysia e com ela se casou em agosto de 1782, em aberto desafio a Leopold. O casal levaria vida atribulada, acima de suas posses e, por isso mesmo, sempre cheio de dívidas; a saúde de Constanze era minada pelas gravidezes freqüentes (de seis filhos em nove anos, apenas dois sobreviveram); e a de Wolfgang-que já sofrera enfermidades graves na infância-, gradualmente solapada pela vida dissipada que levava.
Mas suas relações com Constanze sempre seriam marcadas por intensa atração física, e por uma paixão que se revela, da forma mais explícita, em cartas da mais cândida e tórrida sensualidade. É nessas cartas também que melhor se percebe-como o demonstrou o biógrafo Wolfgang Hildesheimer-o quanto o desenvolvimento psicológico dessa criança, obrigada cedo demais a comportar-se como um adulto, ficou truncado; e quantos traços do caráter desse gênio assombrosamente maduro permaneceram paradoxalmente infantis.
A última década da vida de Mozart assiste a um verdadeiro dilúvio de obras primas dos mais diversos gêneros, que jorravam dele de tal forma acabadas que os seus manuscritos pareciam cópias definitivas. É a fase de seu encontro com o italiano Lorenzo da Ponte (1749-1838), pseudônimo de Emanuele Conegliano, judeu convertido ao catolicismo, estranha mistura de padre, poeta e aventureiro, Casanova de batina, que, tendo sido obrigado a fugir da Europa por suas dívidas e intrigas galantes, seria o fundador, em Nova York, do primeiro teatro de ópera dos Estados Unidos.Esse homem-que fugira de Veneza por causa de seus "pecados de amor" e conseguira tornar-se poeta oficial da corte austríaca-escreveria para Mozart seus três maiores libretos: o das Bodas de Figão, baseado na subversiva comédia de Beaumarchais; o do Don Giovanni, história do legendário libertino sevilhano; e o Così fan tutte, ácida crítica à dissolução dos costumes em seu tempo. Mozart e Da Ponte formariam um dos grandes pares de compositor/libretista da história da ópera, realizando plenamente o ideal da fusão perfeita da música com a palavra.
É em Viena, também, que Mozart- fascinado pelo ideário liberal e humanista posto em moda pela Revolução Francesa-aderirá à Maçonaria. As lições da loja maçônica impregnarão muitas de suas obras, mas nenhuma tão intensamente quanto sua última ópera, A Flauta Mágica, resultado do encontro, nos ambientes maçônicos, com outra estranha figura: o empresário, ator e cantor Emanuel Schikaneder, que dirigia uma sala suburbana de variedades, o Theater auf der Wieden.É para esse palquinho mambembe que será concebido um dos mais sublimes testemunhos do poder criador da mente humana. Fábula ingênua e disparatada, A Flauta Mágica conta a história do príncipe Tamino, encarregado pela Rainha da Noite de libertar sua filha Pamina das garras de um suposto bruxo, Sarastro. Ele, na verdade, é o sumo-sacerdote do templo do Sol. Junto com Papageno, o locador da flauta que encanta os animais, Tamino é admitido no templo. Eles derrotam a rainha, e Tamino se casa com Pamina.Interrompida em julho de 1791 a fim de que, em poucos dias, Mozart compusesse A Clemência de Tito, para a coroação do imperador Leopoldo II, em Praga, como rei da Boêmia, A Flaura Mágica é a maior das muitas obras-primas que ele escreveu em seu último ano de vida. O Concerto para piano K 595, o Quinteto K 614, o Concerto para clarinete K 622, o Ave Verurn CorPus sucedem-se febrilmente, como se Mozart, com a saúde em frangalhos, percebesse ser pouco o tempo que Ihe restava de vida. Nos últimos dias, estava obcecado pela encomenda feita, por um misterioso mensageiro vestido de cinza, de uma Missa de Réquiem. Tratava-se do mordomo de um certo conde Franz von Walsegg, milionário habituado a comprar músicas que apresentava como suas; e que pretendia mandar cantar uma missa dos mortos por sua mulher, recém- falecida. Mas para Mozart, já perturbado pela doença, aquilo parecia um sinal do destino. Era para si mesmo que compunha aquela música fúnebre, que deixaria inacabada (a família escolheu Franz Süssmayr para terminá- la, pois fora quem o ajudara a anotar suas últimas idéias para a Lachrymosa, a 4 de dezembro, antes de entrar em coma).
Chovia torrencialmente sobre Viena, a 6 de dezembro de 1791, dia seguinte ao de sua morte. Os poucos amigos que levaram seu corpo ao cemitério entregaram-no, na porta, aos coveiros. Nunca se soube onde foram colocados seus restos mortais. Não há garantia alguma de que o crânio conservado no Mozarteum de Salzburgo seja realmente o dele. Um dos maiores gênios da humanidade passou pela vida como um fulgurante cometa e desapareceu aparentemente sem deixar rastros. Mas é sintomático que, justamente naquele momento, o jovem Beethoven começava a receber lições do mestre Haydn, na mesma Viena-e a arte da música iniciava uma nova fase de um período universalmente reconhecido como prodigioso.

O mundo homenageia Mozart

Nenhum outro artista, em toda a história da humanidade mereceu comemorações tão grandiosas. Bonecas, relógios, marcas de bebida e de chocolate, posters, álbuns de fofos -sem mencionar os inúmeros concertos que foram programados durante o ano inteiro desde Paris, a capital da França, a Dunedin, cidade perdida no interior da Nova Zelândia. De todas as formas será celebrado o bicentenário da morte do mais singular entre os gênios que a raça humana já produziu. Basta dizer que a Philips está gravando todas as suas composições catalogadas, numa série de 180 CDs, reunidos em 45 álbuns, num total de 200 horas de música, e que a Polygram já prometeu importar, a partir do segundo semestre deste ano, para distribuição no Brasil. Que também está preparando o seu Ano Mozart: A Flauta Mágica em Campinas, o Così fan tutte em São Paulo, visitas da Camerata de Salzburgo ao país, montagem de Don Giovanni no Rio e execuções em São Paulo do Réquiem e da Grande Missa K 427. A Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo organiza um Encontro Mozart, coordenado pelo filósofo Adauto Novaes, com a participação de especialistas do mundo inteiro. E o Centro Cultural do Banco do Brasil, no Rio, tem um dos mais extensos programas comemorativos, com concertos, filmes e a ópera Bodas de Fígaro, dirigida por Ítalo Rossi.


Salieri, o rival inofensivo

Durante muito tempo, o italiano Antônio Salieri (1750-1825) - desde 1788 mestre-de-capela da corte vienense-foi suspeito de, por inveja, ter envenenado Wolfgang Amadeus. Ele próprio foi o responsável pelo surgimento da lenda, pois, no fim da vida, já totalmente insano, tentou suicidar-se, alegando remorsos por ter sido o causador da morte de Mozart. Esse episódio, utilizado pelo poeta russo Aleksandr Púshkin em sua peça Mozart e Salieri (1830)-uma reflexão sobre o conflito entre o gênio e o mero talento, transformada em ópera por Nikolái Rimski-Kórsakov-, serviu de inspiração para a peça do dramaturgo inglês Peter Shaffer, em que se baseou o filme Amadeus, de Milos Forman. Trata-se, entretanto-hoje se tem certeza -, de pura lenda. Por menos que gostasse de Mozart, Salieri era bom músico: modernas reavaliações demonstrem que estava longe de ser medíocre como se quis fazer acreditar. E era generoso e um professor brilhante, como o testemunharam seus alunos: Beethoven, Schubert, Liszt ou Franz Xaver Wolfgang, o filho sobrevivente de Mozart, a quem ele muito ajudou em sua carreira de músico. E as queixas que Mozart fazia, no fim da vida, de que se sentia envenenado, podem atribuir-se à tintura de iodo que ele tomava, para tratamento da sífilis, que provoca intoxicação renal. De que morreu, então, Wolfgang Amadeus? Estudiosos nunca chegarão, provavelmente, a uma conclusão definitiva. A hipótese mais aceita, hoje, é a de que ele tenha sido vítima de moléstia provocada por problemas renais crônicos. A vida inteira, ele sofrera de doenças graves-escarlatina, varíola, febre reumática, hepatite-, cujas conseqüências foram agravadas pela vida dissipada e de trabalho intenso que levava.





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terça-feira, 11 de dezembro de 2012

A vida dentro de um ovo - Biologia


A VIDA DENTRO DE UM OVO - Biologia



Só agora os embriologistas começam compreender como o corpo humano esculpido, durante os primeiros meses de gestação

Um milésimo de milímetro à esquerda e, depois, dois milésimos de milímetro acima-indicações assim eram dadas ao micromanipulador, um aparelho criado para realizar, com precisão, movimentos imperceptíveis a olho nu. Com isso, não havia como errar na pontaria: a agulha de vidro alfinetou e seqüestrou uma célula, muito menor do que um grão de poeira. No prato sob o microscópio, boiando ilesas em um meio de cultura, restaram outras três células, grudadas entre si, que poderiam ser implantadas, mais tarde, no útero de uma mulher portadora de um defeito genético capaz de se manifestar apenas em seus filhos homens. Sim, os médicos do Hospital de Hammersmith, na Inglaterra, estavam roubando a célula de um ovo humano, fecundado em proveta no dia anterior. Tudo para testar se o embrião seria menino ou menina, garantindo desde o princípio a gestação de uma criança sadia. Apenas embriões femininos foram implantados na paciente, hoje mãe de duas garotinhas gêmeas, que devem apagar sua primeira velinha de aniversário no próximo mês.
As gêmeas nasceram perfeitas, como se o organismo esnobasse a célula embrionária extraída. "Até o décimo quinto dia de vida, as células do embrião são idênticas e totipotentes, isto é, capazes de originar qualquer órgão", explica o embriologista pernambucano Reinaldo Azoubel, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Ou seja, nessa fase, pode-se arrancar impunemente um quarto do embrião, sem que por isso venha ao mundo uma criança, por exemplo, sem perna nem coração. Como e quando essas células totipotentes se diferenciam são algumas das questões a que, até hoje, não se conseguiu responder. Nenhum cientista é capaz de explicar por que uma daquelas primeiras células se transforma em um pé, e não em uma mão.
"A Embriologia foi a área médica que mais evoluiu, nos últimos treze anos", insiste, mesmo assim, Azoubel. Ao assinalar um prazo tão exato, o médico pensava no nascimento, em 1978, da inglesinha Louise Brown, o primeiro bebê de proveta. Desde então, os embriologistas aprimoraram as técnicas de exames pré-natais e das chamadas fertilizações assistidas, ou in vitro, em que o laboratório substitui as trompas do aparelho reprodutor feminino como ponto de encontro do espermatozóide com o óvulo. "Há cinco anos, os médicos congelam embriões humanos a -190° Celsius, preservando-os durante três anos", exemplifica o obstetra, especialista em infertilidade, Dirceu Mendes Pereira, do Hospital Pró-Matre Paulista. Recentemente, chegou-se ao extremo de se perfurar o óvulo para injetar o espermatozóide, numa espécie de entrega a domicílio. "Ao permitir a manipulação de embriões humanos em laboratório", comenta Pereira, "esses avanços sobre bebês de proveta possibilitam, entre outras coisas, que os cientistas arrisquem explicações sobre como uma célula escolheria o seu destino até a oitava semana de gestação-a partir daí, o embrião se transforma em feto, porque já possui todos os órgãos formados." Esses só irão crescer e aprender a funcionar direito nos sete meses seguintes, até o parto.
Cerca de catorze horas depois da fecundação, o ovo inicia um processo de divisão, cada célula sempre se quebrando em duas. O embrião reúne 32 células e lembra uma amora-por isso, é chamado mórula-, seis dias mais tarde. "Metade desse tempo é consumida descendo o caminho da trompa; nos outros três dias, o embrião fica vagando, solto, de um lado para outro no útero", descreve Reinaldo Azoubel, com sua fala repleta de pausas "Quando se fixa na parede uterina, surge uma cavidade cheia de líquido no interior da mórula, que agora passa a se chamar blástula", explica o médico. Nesse instante, ocorre a primeiríssima diferenciação, pois as células externas da blástula se alongam, talvez estimuladas pelo contato direto com o útero, gerando o chamado trofoblasto, o tecido que dá origem a tudo o que não é embrião, ou seja, aos anexos como a placenta, o saco vitelino, o líquido amniótico.Já as células do interior da blástula, que permanecem rechonchudas e iguaizinhas entre si, são conhecidas por massa celular interna-a matéria-prima da futura criança propriamente dita. Só quando o embrião completa três semanas de idade, essa massa celular interna se distingue em três camadas-feito três grandes avenidas que vão se bifurcando em caminhos diversos, em mão única, sem retorno. Da camada interna, o endoderma, aparecem o aparelho respiratório, os genitais, parte do aparelho digestivo; a camada intermediária, ou mesoderma, por sua vez, se transforma em músculos, ossos, cartilagens, sangue, vasos, coração e rins; a camada externa, ou ectoderma, constrói coisas tão diferentes como o sistema nervoso, a pele e seus anexos."Talvez as células já tenham um endereço determinado muito antes do que a gente consegue perceber com a tecnologia atual", divaga o obstetra José Rafael Macéa, que desde os anos 70 ensina Embriologia na Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo. Pesquisas realizadas em diversos países sobre uma mosca, a drosófila, incrementam suspeitas como essa. É relativamente comum aparecerem anomalias no desenvolvimento embrionário desse inseto, como um par de asas extra ou patas em lugares inesperados. E, sempre que algo está fora de lugar no organismo ou surge em quantidade inadequada, significa que houve engano na diferenciação celular. Na caça aos responsáveis pelo erro, os cientistas chegaram a um grupo de genes, que chamaram, em inglês, homeobox: como interruptores, eles indicam o papel certo de uma célula, ao ligar ou desligar outros genes.
Existem diversas teorias sobre como eles agiriam. A mais recente foi elaborada, no último mês de abril, por uma equipe da Universidade Harvard, nos Estados Unidos. Intrigados ao observar no microscópio que muitas células morrem nas primeiras semanas de vida do embrião, os cientistas levantam a hipótese de ocorrer uma legítima competição celular. Desse modo, em vez de programadas para desempenhar uma função específica-e, portanto, formar esse e não aquele órgão-, as células teriam seus genes ativados aleatoriamente pelos homeoboxes. Ou seja, uma célula pode ter 100% dos genes ativados para se tornar um neurônio, enquanto sua vizinha teria somente, por exemplo, 70% deles recrutados. No final, acabam selecionadas, por substancial como hormônios, aquelas células que, por mero acaso, teriam vocação genética para desempenhar determinado papel. As restantes, desprezadas, morreriam.

José Rafael Macéa chama a atenção para o fato de que o ambiente onde cresce o embrião, no caso, o organismo materno, também é um fator importante na diferenciação: "Em mulheres diabéticas, o risco de malformações congênitas é três a quatro vezes maior", lembra. Outra questão é desvendar como essas células encontram no embrião o seu lugar certo-por que uma perna fica embaixo dos quadris, e não pendurada no ombro. "A notocorda, uma estrutura que aparece na terceira semana de gestação, é fundamental para o processo de migração celular, embora se desconheçam os mecanismos", diz Macéa. A notocorda funciona como eixo longitudinal no embrião, garantindo sua simetria: as células parecem compreender que devem caminhar e estacionar em um ponto exato dessa régua, de um lado ou de outro. "Quando se arranca a notocorda de cobaias, crescem fetos com defeitos horripilantes", conta Macéa.
Depois do nascimento, da notocorda só resta uma massa gelatinosa, que recheia os discos da espinha dorsal, verdadeiros amortecedores entre as vértebras. "Para caminhar, as células do embrião devem usar os mesmos mecanismos das células cancerosas, ao se espalharem no organismo", especula o obstetra paulista, especialista em Genética, Thomaz Raphael Gollop. " Entender seu processo ajudará a descobrir novos tratamentos para a doença. " Ao saber exatamente quando esse ou aquele órgão se forma, os médicos também podem, muitas vezes, evitar o aparecimento de anomalias.
Nesse sentido, a esperança está nas recentes experiências com vírus, realizadas no Instituto Pasteur, na França. Os vírus recebem o gene de uma proteína inócua, mas que o corpo humano não tem a receita para fabricar. Além disso, são incapazes de se multiplicar, ou seja, permanecem estáticos nas células que infectam. No final do ano passado, os cientistas injetaram esses vírus, através do útero, diretamente em embriões humanos. Assim, meses mais tarde, puderam notar em exames de ultra- sonografia, com injeções de substâncias marcadoras especiais, onde existia aquela proteína estranha-ela estava na mãozinha. Só tem um problema: os pesquisadores não sabem qual foi o ponto de partida, isto é, injetaram o vírus às cegas no embrião. Por isso, ainda não respondem, afinal, qual célula construiu aquela mão.


A escultura do corpo humano Na fase embrionária, aparecem todos os órgãos

Quatro dias
O ovo ainda não cresceu, apenas se subdividiu em doze a dezesseis células idênticas entre si. Graças à sua aparência, que lembra uma amora, nessa fase, o embrião é chamado mórula

Seis dias
Na fase de blástula, as células externas fixam o embrião no útero-mais tarde, elas formarão os anexos, como a placenta. A massa celular interna é que dará origem à criança

Quatro semanas
A cabeça, o tronco e uma cauda somam cerca de 7 milímetros de comprimento. Surgem os vasos sangüíneos, as vértebras primitivas. Dois gomos laterais são a semente dos braços

Cinco semanas
Agora com 12 milímetros, o embrião já tem braços e pernas-embora os dedos ainda não estejam separados entre si. A face começa a ser moldada e, mais importante, o cérebro se desenvolve

Oito semanas
O embrião se transforma em um feto, com cerca de 4 centímetros de comprimento e todos os órgãos formados. Eles, apenas, terão de crescer e aprender a funcionar até a hora do parto.


Um estranho no útero

Parecia um quadro surrealista: do útero, cercado por homens vestidos de azul, emergia o braço de um feto, erguido pelo punho fechado, do tamanho de uma bola de gude. O bisturi fez um corte de 2 centímetros na barriga do futuro bebê, com apenas 24 semanas de vida e um defeito fatal no diafragma. Para que isso acontecesse, bastou o pequeno braço ficar para fora do útero, previamente esvaziado do líquido amnéstico. O restante do corpo do feto pode permanecer naquele ambiente acolhedor, pois a mão do cirurgião foi alcançá-lo ali. Essa intrusão ocorreu, pela primeira vez, em junho de 1989, na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Só foi divulgada, no entanto, um ano mais tarde, quando se teve certeza que a criança, Blake Schultz, nascida sete semanas depois da cirurgia, era sadia.Tamanha cautela faz sentido, ao se tratar de uma área da ciência que mal começa a andar-a Medicina fetal. A dificuldade nesse tipo de cirurgia não está na fragilidade do feto, cujas cicatrizes, aliás, desaparecem antes do nascimento, tamanha a velocidade de reposição de seus tecidos. "O maior obstáculo é o útero da mulher grávida", conta o obstetra paulista Thomaz Raphael Gollop. "Ele detesta ser tocado e reage com uma série de contrações. Mesmo se, com o auxílio de drogas, o feto não é expulso logo depois da operação, o parto prematuro acaba sendo inevitável."Às vezes, contudo, o risco da cirurgia vale a pena. Tratar fetos, afinal, não é uma questão de pressa: muitos problemas, que se manifestaram já no organismo em formação, não têm conserto depois do parto. Um diafragma defeituoso, por exemplo, pode ser corrigido depois do nascimento, mas então a criança já estará condenada a uma grave insuficiência respiratória, com 75% de chances de morrer. "Nos anos 90, vamos passar do simples diagnóstico de anomalias para o tratamento de fetos, com injeções de remédios ou até driblando os riscos nas cirurgias", aposta Gollop.1- uma vez aberto o útero, os médicos ergueram para fora o braço esquerdo do feto para ligar aparelhos de monitoração-um de eletrocardiograrna e outro, o oxímetro, que mede o consumo de oxigênio. Ao mesmo tempo, o líquido amniótico foi retirado com uma seringa e preservado2-Os cirurgiões, então, fizeram um corte no abdome do feto, cujos órgãos subiram para o tórax, aproveitando uma brecha do diafragma. Os pulmões, nesse estado, tinham pouco espaço para crescer3-Os médicos empurraram os órgãos abdominais para o lugar certo4-Depois de se fechar o buraco no diafragma, a cavidade do tórax quase vazia, foi preenchida com uma solução salina5- 0 abdome do teto foi emendado com um material à prova d´água para ampliar seu volume e acomodar todos os órgãos. Com o útero costurado os médicos reinjetararm. o líquido amniótico.





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terça-feira, 11 de dezembro de 2012

O Planeta Discute o seu Destino - Ecologia

O PLANETA DISCUTE SEU DESTINO - Ecologia



A conferência sobre meio ambiente e desenvolvimento reuniu em 1992, no Rio de Janeiro, todos os chefes de governo do mundo. Deles foi a solução para o dilema que assombra a humanidade: como promover o progresso sem destruir a natureza

Quando abriu a sessão naquela manhã de fim de inverno europeu, na sala XIX do Palácio das Nações, a majestosa sede da ONU em Genebra, Suíça, o embaixador de Cingapura, Tommy Koh, tinha um grave comunicado a fazer aos representantes diplomáticos e outros enviados oficiais dos 159 países-membros ali reunidos. "Atendendo a insistentes pedidos, ficou resolvido que não se pode fumar nesta sala durante os trabalhos", decretou. "Mas não vou ficar aborrecido se alguém tiver de sair por alguns minutos para se drogar lá fora", emendou, com o bom humor pelo qual é conhecido por seus pares. Uma salva de palmas aprovou a decisão-a primeira e incomparavelmente mais fácil de todas quantas haverão de resultar de um espinhoso processo de negociações que está começando a aquecer os motores.
As negociações, assim como a reunião de Genebra presidida pelo alegre diplomata asiático, fazem parte de uma obra de relojoeiro-a montagem do que será com certeza a mais grandiosa e, espera-se, a mais fecunda iniciativa já patrocinada pela Organização das Nações Unidas em seus quatro decênios de vida nem sempre bem-sucedida. Trata-se da Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que se realizará exatamente daqui a um ano no Rio de Janeiro. O Brasil ofereceu-se para hospedar a conferência ainda no governo Sarney, o Rio foi escolhido como sede já no governo Collor e, se depender dele, seu símbolo será a Floresta da Tijuca, a única do gênero no mundo, uma ilha verde de 5 quilômetros quadrados, habitada por centenas de espécies de pássaros e milhares de espécies de insetos, cercada de vida urbana por todos os lados.Eco-92 é o nome informal da reunião e megaevento o adjetivo mais usado para qualificá-la. Com razão, pois, de 1 a 12 de junho, os pavilhões do Riocentro-um conjunto de dezenas de salões com 90 000 metros quadrados de área, entre Jacarepaguá e o Recreio dos Bandeirantes, na ponta sul da capital- serão tomados por uma legião estrangeira calculada por alto em 3 000 diplomatas e outros graúdos funcionários governamentais, mais 1000 técnicos e burocratas da ONU, mais levas de jornalistas, também na casa dos milhares. A conferência custará ao Brasil 5 milhões de dólares. Não muito longe dali, no Autódromo de Jacarepaguá, uma população cujas medidas são ainda mais difíceis de prever, podendo chegar a 20 000 pessoas, estará fazendo a conferência paralela das chamadas organizações não governamentais (ONGs), designação que recobre, além de entidades ecológicas, uma infinidade de associações civis desejosas de se manifestar sobre o futuro do planeta ou sobre temas menos grandiloqüentes, mas de seu interesse específico, como a situação de grupos indígenas.
Prova definitiva de que a discussão sobre o meio ambiente foi transplantada das barricadas da contracultura para o centro da agenda política internacional, pela primeira vez todos, mas rigorosamente todos os chefes de governo da Terra serão convidados a participar de uma conferência. E de supor que raríssimos deixem escapar a oportunidade de marcar presença naquele que se anuncia como um momento histórico-embora, a um ano de sua realização, ainda existam muitas dúvidas sobre como ele será efetivamente aproveitado. Muitos receiam que, se não forem capazes até lá de se pôr de acordo em relação ao que fazer para melhorar o ambiente global, os governantes não façam nada-a não ser deitar falação. "Essa talvez seja a última chance de garantirmos nossa existência no século XXI", adverte, por isso mesmo, à maneira de um arrebatado pregador bíblico, o canadense Maurice Strong, o self-made man de 61 anos que ocupa o cargo de subsecretário da ONU e comandará a Eco-92 na condição de seu secretário-geral.Homens do mundo, os diplomatas naturalmente não tomam ao pé da letra as palavras apocalípticas de Strong. Ainda assim, a julgar pelo desenrolar do encontro de Genebra, sob a benevolente tutela do cingapuriano Tommy Koh, parecem estar criando a coreografia apropriada a um entendimento supranacional a respeito do que provavelmente seja o supremo desafio da vida contemporânea. É uma dupla charada: de um lado, consiste em libertar da miséria três quartos da humanidade, sem que parte do resgate continue a ser pago pela natureza; de outro, consiste em preservar a prosperidade ou coisa parecida do quarto restante, desarmando a carga letal ao ambiente da tecnologia que tornou possível essa mesma prosperidade.
O que está em jogo, no limite, é saber se existe passagem para o desenvolvimento sustentável, como amam dizer os ambientalistas quando querem se referir à ainda impalpável, quem sabe utópica ordem econômica que promoveria o bem-estar material do homem sem destruir o patrimônio ecológico do mundo. "Não se trata apenas de salvar árvores, mas de entender que o modelo de desenvolvimento seguido até agora tem de ser revisto", interpreta Lucas Assunção, um dos 23 especialistas que integram o secretariado da Eco-92, presidido pelo canadense Strong. Mineiro de Belo Horizonte, economista formado nos Estados Unidos, Assunção se faz notar aos 32 anos pela carga de trabalho que acumula. Os colegas se referem a ele como o homem de três chapéus, pois, além das funções que exerce no secretariado, é responsável pela ponte entre este e o governo brasileiro e ainda é conselheiro em economia do meio ambiente na ONU.A arena onde começa a transcorrer o debate sobre a revisão econômica de que fala Assunção é o Comitê Preparatório da conferência. O PrepCom, no jargão da burocracia internacional, é que ocupou recentemente a sala vedada a fumantes no Palácio das Nações, em Genebra, fincado a dois passos de um cenário em que se combinam jardins floridos, as águas quietas do Lago Léman e montanhas decoradas pela neve- um cartão-postal que parece não pertencer ao mesmo mundo do qual se originam as imagens de pesadelo dos assuntos subjacentes à reunião, como a poluição do ar, o buraco na camada de ozônio, o desflorestamento e a desertificação, para ficar só na pauta imediata do comitê.O encontro foi o terceiro de uma série que começou em Nova York em março do ano passado, continuou em Nairóbi, no Quênia, em agosto, prosseguirá de novo em Genebra daqui a três meses e terminará em Nova York, em fevereiro do próximo ano. As duas rodadas iniciais foram dedicadas, em parte, a dar o tom geral do evento e, em parte, a acertar as regras do jogo. Estabeleceu-se, por exemplo, que a conferência deve trazer ao Rio as mais altas instâncias do poder em cada país.
A partir da terceira rodada, os delegados passaram a encarar o xis da questão-os ferimentos causados ao ambiente em nome do desenvolvimento-e começaram a desenhar sugestões para futuros acordos em torno dos remédios tidos como eficazes. "Essa é a fase mais importante de todo o projeto", avalia Assunção. "Pois durante a conferência propriamente dita, no Brasil, só vai dar tempo de assinar o que já tiver sido aprovado aqui." Concorda Jean Claude Faby, diretor do escritório da conferência em Nova York: "Seria impossível em apenas dez dias de trabalho negociar uma agenda tão complexa". As peças dessa agenda estão sendo encaixadas pelos três grupos de trabalho em que se dividiu o comitê preparatório, enquanto cuida de tecer o mais completo painel dos males ecológicos do globo, com base nos relatórios de cada país.
Aí está a incubadeira dos projetos de decisão que poderão ser oferecidos à caneta dos chefes de governo na Eco-92. A pauta do primeiro grupo abrange as questões ecológicas mais peludas, como a proteção da atmosfera, a gestão dos recursos terrestres, a preservação da biodiversidade e o impacto da biotecnologia. O segundo grupo está imerso nos problemas da defesa dos oceanos, mares e regiões costeiras, proteção dos recursos de água doce e administração dos rejeitos tóxicos e químicos produzidos pelo homem. O terceiro se movimenta no universo enganadoramente rarefeito dos assuntos jurídicos e institucionais. É onde, porém, a conferência pega no nervo das relações entre os países. Pois aqui se vão garimpar os mecanismos legais capazes de pôr em prática as decisões que se espera sejam sacramentadas no Riocentro-o que passa pelo campo minado do confronto entre a noção de soberania nacional e a realidade das calamidades que desconhecem divisões geográficas.Além disso, o grupo terá de mexer no vespeiro da origem e do trajeto do dinheiro necessário a dar vida àquelas decisões. "Quem paga quanto para quem fazer o quê?" Assim o chileno Bernardo Zentilli, companheiro de Lucas Assunção no secretariado da Eco-92, descreve com exatidão o maior caroço entalado nas boas intenções da reunião do Rio. E é seguramente nele que pensa também o secretário Maurice Strong quando proclama: "Uma das mais importantes tarefas na preparação da conferência consiste em defender, em termos persuasivos mas práticos, novas e inovadoras abordagens capazes de corrigir o desequilíbrio entre países ricos e pobres".
O que isso tem a ver com a salvação do ambiente é simples: os países rotulados com reconhecida imprecisão "em desenvolvimento" (alguns dos quais, na África e na América Latina, estão na verdade em franco processo de encolhimento) demandam livre acesso a dinheiro e às tecnologias limpas que começam a aparecer no mundo rico para que combatam a pobreza sem deitar a perder a natureza. Strong, um filho de agricultores pobres que diz ter aprendido ambientalismo com os esquimós, fez carreira na empresa privada e no governo do Canadá antes de parar na ONU e é casado com uma ativista verde, apóia a reivindicação. "É evidente", discursou ele em Nairóbi no ano passado, que os países em desenvolvimento vão precisar de recursos externos "além daqueles que já Ihes são disponíveis". Mas as rochosas realidades da economia não se dobram facilmente a orações. "Tem havido muita reticência da parte dos países industrializados em admitir que precisarão mobilizar uma considerável quantidade de recursos para esse fim", atesta Jean Claude Faby, da ONU em Nova York. Parece, mas não é necessariamente, apenas um caso de ganância.
Se é verdade que não falta no Primeiro Mundo quem já esteja farejando novas fornadas de negócios por obra e graça da projetada limpeza do planeta, e por isso não quer doar nem emprestar aquilo que imagina poder vender, tampouco falta quem, conhecendo suficientemente como funciona o mundo, receia que os dólares que vierem a ser transferidos a fundo perdido para a recuperação ambientar dos bairros pobres da Terra acabem muitas vezes tomando outros rumos. Isso bem pode acontecer nas mãos de governos autoritários, de que o Terceiro Mundo por sinal é pródigo, tão ciosos da soberania dos países que controlam quanto pouco propensos a prestar contas dos seus atos.
Presente em Genebra nos últimos dias de trabalho da terceira reunião do comitê preparatório da Eco-92, no início de abril, o chanceler brasileiro Francisco Rezek tocou no ponto inflamado da questão do dinheiro ecológico. "Nesse âmbito gostaríamos de ver abolidas as regras do mercado", afirmou ele em defesa do ponto de vista de que os critérios comerciais de praxe não podem atravessar o esforço de proteção ao meio ambiente nos países menos desenvolvidos. O ministro Rezek e o secretário da Ciência e Tecnologia, José Goldemberg, advogam a criação de um ou mais fundos internacionais para financiar os projetos de conservação da natureza. "Mas é preciso que cada fundo seja administrado por um secretariado especial", ressalva Goldemberg, "e não por instituições como o Banco Mundial ou o BID, sujeitas a pressões no contexto do problema do pagamento da dívida externa." O chanceler e o secretário são os principais mestres-de-obra das posições brasileiras na Eco-92. Já existe um precedente para a sugestão do fundo. Em junho do ano passado, uma conferência internacional para apressar as providências de proteção da camada de ozônio aprovou sem meias palavras a idéia de que as nações pobres têm direito a ajuda financeira para pagar os equipamentos e processos industriais que dispensarão até a virada do século o emprego de clorofluorcarbono (CFC), o gás que vem corroendo o escudo de ozônio na alta atmosfera- muito mais depressa, aliás, do que os cientistas previam. Os países industrializados prometeram enviar-lhes um cheque de 240 milhões de dólares para esse fim. De qualquer forma, um pedaço dessa engenharia toda resvala na quina mais áspera das conversas ecológicas entre os dois lados da linha do equador. É o problema das culpas e responsabilidades pelos danos ao ambiente. Norte e Sul vêm trocando desaforos por causa disso pelo menos desde 1972, quando a ONU promoveu em Estocolmo, Suécia, a primeira conferência mundial sobre o meio ambiente e o que se viu foram os ricos falando em "limites ao crescimento" e os pobres respondendo que "a pior poluição é a miséria". No embalo do milagre econômico do regime militar, a delegação brasileira chefiada pelo ministro do Interior, Costa Cavalcanti, chegou a considerar "bem-vinda" a poluição, por ser evidência de progresso econômico. Hoje, quem desfila pelos plenários internacionais com a bandeira do desenvolvimento a todo custo são países como a Índia e a China. Em nome de imperativos econômicos, eles resistem, por exemplo, a pôr em marcha programas destinados a banir as emissões de CFC.
De todo modo, passados vinte anos, fica difícil sustentar, como então, que as pressões ambientalistas escondem uma conspiração costurada pelos ricos para manter os pobres no seu lugar. Aparentemente, o que os ricos querem manter, isto sim, é o seu estilo de vida. Mesmo os simpatizantes das teses terceiro-mundistas apontam que, por maiores que sejam os pecados ambientais dos países industrializados, os outros tampouco podem fingir- apenas porque são pobres-que não têm contas a fazer do mal à natureza que se pratica dentro de suas fronteiras. De seu lado, as elites intelectuais do Primeiro Mundo percebem que também seus países sofrerão se recusarem socorro ecológico aos mais atrasados.
O Brasil, como se sabe, está no centro dessa nova guerra fria, devido à ligação entre as queimadas na Amazônia e o aquecimento do planeta. Brasília não pretende assinar documento algum sobre a transformação do clima da Terra que não consigne a responsabilidade dos países desenvolvidos. Assim, um texto sobre mudanças climáticas, que discrimine causas, conseqüências e soluções, poderá ser rejeitado pelos representantes brasileiros no PrepCom se tratar da redução da área das florestas tropicais de tal modo que deixe o país prensado contra a parede-e não fale das relações entre energia e clima, apontando o dedo acusador para os ricos. "Ora, não há dúvida de que a causa principal do efeito estufa é o aumento das emissões de dióxido de carbono (CO:), cujos maiores índices estão no Norte" assinala Assunção do secretariado da conferência."As coisas estão bastante difíceis", preocupa-se Goldemberg. "A conferência pode gerar ou um tratado ou um protocolo ou uma declaração, nessa ordem de importância, sobre a questão do clima", explica. Um tratado tem praticamente força de lei e prevê penas para quem não cumprir o que nele prometeu. Um protocolo consigna intenções que podem ser descumpridas sem que o mundo venha abaixo. E uma declaração talvez acabe não valendo nem o papel em que foi impressa. "O Brasil se opõe em princípio a um tratado sobre florestas tropicais,enquanto os Estados Unidos e o Japão são contra um tratado sobre o excesso de dióxido de carbono", registra ele, desconsolado. "A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos ainda aceita abordar o problema do CO2, mas a Casa Branca se recusa."Um exemplo dessa resistência está nos pífios resultados da primeira das quatro sessões previstas para a elaboração de um tratado sobre mudanças climáticas, que correm paralelas às reuniões do comitê preparatório. Depois de onze dias, delegados de 102 países foram para casa de mãos abanando. Os Estados Unidos limitaram-se a prometer que no ano 2000 as emissões do conjunto dos gases causadores do efeito estufa made in USA não serão maiores do que as de 1987. Essa contabilidade, ao incluir a redução de CFC com a qual os Estados Unidos já se haviam comprometido em 1987, autoriza na prática um aumento de 15% das emissões de CO2. E os Estados Unidos já são os maiores emitentes do mundo. Um recente estudo da academia americana de ciências (NAS) admitiu que a Terra ficará até 5°C mais quente e alertou pela primeira vez para a necessidade de retardar a mudança climática.Se se chegar a junho de 1992 sem nada mais concreto em relação ao clima do que uma simples declaração", prevê Goldemberg, "a conferência das ONGs vai azedar." Na verdade, em matéria de maus modos ecológicos é difícil dizer quem pode atirar a primeira pedra-além de ser um exercício fútil. Primeiro, porque nem o verde mais xiita ousaria sonhar com a instalação, no Riocentro, de um Tribunal de Nuremberg para julgar os crimes contra a biosfera. E segundo, porque os acusados sempre poderiam safar-se graças ao respeitável argumento de que a espécie humana melhorou de vida em razão da mesma revolução industrial que empesteou a natureza.
Dois documentos foram sugeridos ao comitê preparatório pelo incansável Maurice Strong, um veterano das refregas diplomáticas da reunião de Estocolmo, há dezenove anos, realizada sob seu comando, que acumula ainda os méritos de ter sido o primeiro diretor do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) e de haver participado da comissão que produziu em 1987 o famoso Relatório Brundtland (em homenagem a sua presidente, a ex-primeira- ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland). Intitulado Nosso futuro comum, é um retrato detalhado e devastador do estado do mundo, emoldurado por propostas de terapia que estão na raiz da Eco-92. Nele, a ONU reconheceu pela primeira vez que " a pobreza absoluta é incompatível com a preservação do meio ambiente".Strong deseja um grande acordo em torno de alguns princípios básicos. Esse acordo tomaria a forma de um breve texto, a Carta da Terra, inspirado na Carta da ONU, de 1945, que consagrou a universalidade dos direitos humanos. Para que não venha a ser apenas um aglomerado de belas letras mortas, a carta seria acompanhada de uma Agenda 21-um compromisso dos governos em relação a um conjunto de políticas voltadas para os desafios do próximo século (daí o nome). A agenda definiria um programa de trabalho com instrumentos aceitos por todos, incluindo recursos financeiros, transferência de tecnologia e ainda reformas institucionais. O essencial, para Strong, é que se concorde que o círculo vicioso da pobreza, destrutivo e imoral, precisa ser rompido. E que esse rompimento representa "um necessário investimento no futuro do nosso planeta"

Em Brasília, a precária preparação política

Ao candidatar-se a sede da Eco-92, em fins de 1988, o Brasil provocou alguma excitação nos gabinetes das Nações Unidas. Fustigado de todo lado pelas críticas às queimadas na Amazônia e à situação dos indígenas da região, o governo brasileiro poderia querer tudo-menos trazer para cá um exército multinacional de ecologistas, além de altas autoridades de uma centena e meia de países. Por isso, a oferta de Brasília foi considerada "extremamente importante", lembra Jean Claude Falby, do escritório nova-iorquino da Eco-92. Agora, o comitê preparatório da ONU acompanha a movimentação do grupo de trabalho chefiado pelo diplomata Carlos Garcia, diretor geral de Administração da Presidência da República, que tem a tarefa nada invejável de cuidar da organização prática da conferência. O "sargento Garcia", como se referem a ele os amigos, coordena as providências de uma afazia de organismos dos quais depende a infra-estrutura da reunião.O problema que parece existir é a magra preparação política do governo para a conferência. Em matéria de ecologia, ouve- se em Brasília um coro desafinado de poucas vozes. A primeira vítima dessa situação corre o risco de ser o Relatório Nacional, o retrato ecológico do país destinado ao comitê que prepara a Eco- 92. Sua elaboração coube a uma comissão interministerial centralizada na Secretaria do Meio Ambiente, dirigida pelo ecologista José Lutzenberger, com a participação de associações ambientalistas. O documento "periga não passar de um muro das lamentações, sem idéias concretas que Ihe dêem um caráter mais sério", antecipava tempos atrás um funcionário familiarizado com as andanças da comissão.Existe no governo, por sinal, um curioso sentimento em relação ao secretário do Meio Ambiente. "Ele é o nosso trunfo mais ilustre para a conferência", admite uma autoridade. "O problema é que suas idéias nada têm a ver com as da sociedade em que vivemos." De fato, Lutzenberger julga pouco produtivo discutir o que considera "a aspirina para a dor de cabeça cada vez mais forte da humanidade", como designa os "reparos técnicos" à crise ambiental. "Achar que mais desenvolvimento vai resolver os problemas provocados pelo desenvolvimento", compara, "é o mesmo que tornar a prescrever um remédio que comprovadamente faz mal ao paciente."Em conseqüência, a roupa com que o Brasil se apresentará à Eco-92 parece estar sendo confeccionada exclusivamente pelos estilistas do Itamaraty e da Secretaria de Ciência e Tecnologia. As primeiras manifestações brasileiras no comitê preparatório da ONU foram desenhadas pelo chanceler Francisco Rezek e pelo chefe da Divisão de Meio Ambiente, embaixador Luís Felipe Macedo Soares, em parceria com o secretário José Goldemberg. Nessa etapa, nem o Congresso Nacional, nem o Palácio do Planalto se envolveram com o assunto.Pode-se dizer que a vestimenta política com a qual os enviados brasileiros apareceram em Genebra ainda guarda vestígios da moda estridente ostentada na primeira grande conferência ecológica da ONU, em 1972. Sobreviveu uma tendência a envergar o vistoso conceito de soberania nacional sempre que entrassem em cena os maus passos do pais no terreno ecológico-notadamente, a questão do desflorestamento da Amazônia, associado ao efeito estufa e às extinções das espécies. O pior é que a recusa dos Estados Unidos em adotar um programa energético que reduza os riscos de uma catástrofe climática nas próximas décadas só estimula aquele tipo de reação-identificado até por um alto funcionário de Brasília como "pura xenofobia".



Ângelo Machado
Espero que surjam medidas concretas capazes de ajudar os países do Terceiro Mundo a cumprir seu dever para com a humanidade. Uma dessas medidas poderia ser a criação de um fundo internacional de proteção ambientar. Espero também que o Brasil compense o fiasco de sua atuação na conferência de Estocolmo, em 1972, onde sustentou que "o Brasil pagaria em poluição o preço de seu desenvolvimento".O zoólogo Ângelo Machado é vice presidente da Fundação Biodiversitas, de Belo Horizonte, e professor da Universidade Federal de Minas Gerais.

Jairo Costa
A conferência é uma enorme oportunidade para que outras nações tomem conhecimento do trabalho que estamos fazendo aqui. Espero que a conferência sirva ainda para integrar o nosso país no contexto das nações ecológicas. Espero também que a partir da conferência as nações mais ricas, que por sinal são as que mais poluem entendam melhor as mais pobres. Não basta cobrar é preciso que nos ajudem mais.O empresário Jairo Costa é presidente da Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza, do Rio de Janeiro.

Fábio Feldmann
Gostaria que a conferência representasse uma ruptura radical no nosso modo de pensar e de agir, que trouxesse de fato mudanças profundas no que diz respeito à ecologia. No entanto, ela corre o risco de se transformar simplesmente em um evento para os meios de comunicação uma espécie de circo de Fórmula 1, com um cenário hollywoodiano. Estamos trabalhando para que isso não aconteça.O ambientalista Fábio Feldmarm é presidente da Fundação ao Oikos (União dos Defensores da Terra) e deputado federal por São Paulo.

Sílvia Campiglia
Espero que a conferência aponte definições nítidas para os problemas que afetam diretamente o ambiente, como a utilização dos recursos naturais e a expansão urbana. Espero que as propostas e as soluções sejam imediatas. E que as prioridades sejam incrementadas o quanto antes. Ótimo que essa conferência se dê no campo da política, da diplomacia. É urgente que a consciência ecológica seja despertada entre os políticos.A professora Silvia Campiglia, formada em História Natural, é diretora do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo e coordenadora do curso de pós-graduação em Ciência Ambiental da USP.

Carlos Minc
Espero que sejam estabelecidos princípios para uma nova ética ecológica internacional-incompatível, entre outras coisas. com a venda nos países pobres, de agrotóxicos proibidos nos países onde são produzidos. Essa nova ética impediria que países como os Estados Unidos e a Alemanha, que dizem chorar com as queimadas na Amazônia, comprem ferro-gusa de Carajás, produzido com carvão vegetal das matas nativasO ambientalista Carlos Minc é deputado estadual no Rio de Janeiro.

João Augusto Fortes
Espero a reafirmação da interdependência do homem com a natureza, do Norte com o Sul. Tomara que a Eco-92 marque o começo de uma ecologia no meio humano. Ou seja, do mesmo modo que se reconhece que a força da natureza está na sua biodiversidade, se perceba que a força da sociedade está na diversidade de idéias. Dela extrairemos a força para o trabalho em favor da vida na Terra .O empresário carioca João Augusto Fortes é um das dirigentes do movimento Pró Rio.

Armando de Brito
Espero pouco da conferência em si e mais da repercussão na consciência das pessoas da discussão que acontecerá. A conferência é um encontro de governos, que costumam ser conservadores na promoção do desenvolvimento com cuidados ambientais. O importante, de todo modo, é verificar até que ponto os habitantes do Primeiro Mundo estão dispostos a abrir mão de seus padrões de consumo em favor do meio ambiente.O administrador de empresas Armando de Brito é presidente do Movimento Pró Floresta da Tijuca.

Volker Kirchoff
Espero que a conferência não se transforme numa sucessão de acusações entre países desenvolvidos e em desenvolvimento sobre a responsabilidade pela crise ambientar mundial. Espero também que a conferência não venha a ser apenas um grande show para a TV. Espero, isso sim, que seja um grande e sério diálogo, capaz de abrir os olhos dos governantes, despertar consciências e o senso de responsabilidade.O engenheiro eletrônico Volker Kirchoff coordenador geral de Ciências Espaciais e Atmosféricas do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), de São José dos Campos

José Carlos Libânio
Não espero grandes resultados da conferência oficial. O que espero é que as organizações não governamentais presentes ao Rio de Janeiro não percam a chance de dar o seu recado, deixando claro, por exemplo, que a pobreza é uma causa, não uma conseqüência, da poluição ambiental. Será necessário protestar também contra o uso do Terceiro Mundo como lata de lixo dos produtos tóxicos dos países ricos.O antropólogo José Carlos Libânio é diretor no Brasil do movimento internacional Greenpeace.

João Paulo Capobianco
Da conferência propriamente dita não espero muito. Espero mais do que virá antes e depois. A preparação à conferência é um período de muitos debates e alertas. Depois será o tempo de cobrar o cumprimento das resoluções que servirão de base para futuras leis nos países participantes. Isso tudo cabe às organizações não governamentais, as ONGs. Sem essa luta, a conferência corre o risco de ser mais um grande acontecimento para a mídia.O biólogo João Paulo Capobianco é diretor da Fundação SOS Mata Atlântica, de São Paulo


Na conferência paralela, a vez dos verdes

São dois, a rigor, os megaeventos marcados para junho do ano que vem no Rio de Janeiro. O outro é a conferência informal promovida pelas 133 organizações não governamentais (ONGs) inscritas junto à ONU, que reúnem menos ou mais frouxamente a miríade de entidades ambientalistas (ou não) espalhadas pelo mundo. Ninguém sabe quantas pessoas vão participar dessa colossal assembléia paralela. O certo é que vem gente de todo tipo e de toda parte querendo dar o seu recado particular e se fazer notar aos olhos da multidão. A dinamarquesa Hanne Strong, mulher do secretário geral da conferência, Maurice Strong, por exemplo, está organizando um comitiva de representantes de 1 500 nações indígenas-de pigmeus africanos a aborígenes australianos, passando por sioux americanos. Nos anos recentes, todos eles perceberam que, ao plantar seus problemas em terreno ecológico, alcançam uma audiência que de outro modo Ihes escapava. Os indígenas, por sinal, conseguiram o direito de representação na conferência da ONU.Nem a Prefeitura do Rio nem o governo do Estado têm qualquer compromisso oficial com a conferência paralela. Ainda assim, ambos darão apoio logístico ao evento. Os encontros das ONGs serão realizados no Autódromo de Jacarepaguá, com capacidade para 80 000 pessoas, a menos de 4 quilômetros do Riocentro. A idéia inicial dos independentes era reunir-se nos 23 000 metros quadrados de áreas externas do Riocentro, a uma pedrada de distância da conferência oficial. Mas a ONU, preocupada com a segurança dos chefes de Estado, vetou. É sabido que os mais variados matizes de verde cabem na heterogênea vegetação dos agrupamentos dedicados ao resgate da biosfera. Existem aqueles para os quais tudo se resolveria mediante uma boa e consentida reforma da sociedade urbano-industrial. Estes reconhecem que nem tudo nela é um poço de defeitos. Mas existem os fundamentalistas que só enxergam um remédio revolucionário-a completa demolição dos padrões de produção e consumo do mundo atual." A força do evento paralelo é muito grande", assinala a canadense Beatriz Olivastri, a sorridente diretora do International Facilitating Committee (IFC) que, como o nome indica, cuida de facilitar a participação dos setores independentes ao lado da Eco-92. De seu lado, a equatoriana Yolanda Kakabadse, responsável em Genebra pela ligação entre a conferência e as ONGs, Iembra com razão que foram elas "as responsáveis por grande parte da tomada de consciência da crise ecológica". lmpulsionada pelo temperamento latino e pela experiência de doze anos de trabalho na Fundação Natura, a maior organização ambientalista do Equador. Yolanda irrompe numa gloriosa certeza quando Ihe perguntam o que vai acontecer no Rio em junho de 1992: "Vai ser lindo".





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terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Maias, O Fim do Mistério - Antropologia


MAIAS, O FIM DO MISTÉRIO - Antropologia



A escrita desse povo, agora quase toda decifrada, promete elucidar mais de 1000 anos de sua nebulosa história, mascarada por lendas e preconceitos no passado

Os pântanos e florestas que cobrem boa parte da América Central abrigam, nos dias de hoje, alguns dos povos mais pobres e atrasados do mundo. O retrocesso dos últimos séculos, no entanto, é enganador. Ele interrompeu uma épica saga de nada menos que três milênios, ao longo dos quais ocorreu um dos raros momentos da história da humanidade em que inúmeros povos vizinhos subitamente despontam para a civilização. O testemunho mais impressionante desse fenômeno, na América, são as ruínas monumentais deixadas pelos maias.Em muitas histórias, ainda hoje, eles são pintados como uma gente meio mágica-que parecia ocupada apenas em adorar deuses terríveis ou em contemplar os astros, base do seu elaboradíssimo calendário. Chegou-se mesmo a especular que sua sociedade não era original da América; em vez disso, teria sido trazida por imigrantes da Antigüidade, vindos do Egito ou de algum outro lugar. Descobertas recentes, no entanto, põem por terra a mística vida maia, pois revelam que suas grandes obras não se limitavam a suntuosos templos e pirâmides, utilizados em rituais de sangue ou no culto aos governantes mortos. Havia também construções de finalidade prática, das quais as mais importantes eram vastos reservatórios que aproveitavam uma concavidade natural do terreno para coletar e armazenar a água da chuva.Tal tecnologia pode ter aberto uma inédita via para a civilização, pois era um meio de irrigar grandes parcelas de terra e, assim, ampliar a produção agrícola. Em outras palavras, significava alimento em quantidade suficiente para grandes populações. Isso foi essencial às grandes experiências históricas do passado-já que, nascidos da união de inúmeros povos, os impérios antigos deviam sua coesão, em grande parte, à capacidade de organizar a distribuição de água. Não por acaso, os faraós surgiram junto ao Rio Nilo; os reis sumérios, entre o Tigre e o Eufrates (onde é hoje o Iraque); e os monarcas chineses, às margens do Yang Tsé.Em diversas áreas da América, a ausência de grandes rios teria levado à bem-sucedida idéia dos reservatórios. Pelo menos é o que se deduz da densa população maia que, no auge, reunia dezenas de milhões de pessoas em povoados que superavam, em número, as antigas aldeias egípcias. Seus núcleos habitados, além disso, concentravam 130 pessoas por quilômetro quadrado -valor equivalente ao do Estado de São Paulo, nos dias de hoje. A expansão cultural desse povo teve inicio a partir do século I d.C.,na região de Tikal, na Guatemala. Aí se erigem as ruínas do mais portentoso conjunto cerimonial maia, dominado por uma monumental pirâmide de 70 metros, tão alta como um prédio de 23 andares.É possível que em torno dela tenha existido uma verdadeira cidade, talvez a maior que esse povo construiu. Atualmente, imagina-se que Tikal foi um mero centro administrativo e religioso, onde viviam, de fato, apenas os soberanos e sacerdotes, enquanto a população residia em aldeias agrícolas, mais ou menos distantes. Mas as ruínas incluem dezenas de construções avantajadas, que, além de santuários, podem ter sido mercados, palácios e residências. O conjunto principal ergue-se numa área de quase 100 quarteirões-em parte coberta por vastas plataformas de pedra de até 10 metros de espessura-, mas a cidade toda era dez vezes maior e cobria um quadrado de 3 quilômetros de lado.Além disso, Tikal possuía, pelo menos, seis grandes reservatórios pluviais, o maior deles com capacidade para armazenar 200 milhões de litros de água. No total, a capacidade era cinco vezes maior, isto é, 1 bilhão de litros ao ano. "Os reservatórios são um indício novo de urna forte urbanização", sugerem os antropólogos americanos Vernon Scarborough e Gary Gallopin, o primeiro da Universidade de Cincinnati e o segundo da Universidade do Estado de Nova York, ambas nos Estados Unidos. O raciocínio dos cientistas é claro: obras dessa magnitude, com centenas de metros de extensão, não poderiam ter sido realizadas por simples camponeses, inteiramente ocupados com o trabalho na terra. Para planejá-las e construí-las, deve ter sido necessário alocar trabalhadores em regime de tempo integral -isto é, homens que viviam na própria Tikal com suas famílias.Alguns desses homens, por outro lado, devem ter formado uma numerosa elite urbana, tão importante na vida hierárquica dos maias quanto a elite dos guerreiros e a dos sacerdotes. Nada disso era sequer imaginado há algumas décadas, o que é compreensível. Na época de sua descoberta, logo após a chegada de Cristóvão Colombo, em 1492, os monumentos maias estavam soterrados por uma vegetação literalmente amazônica e, já então, haviam sido abandonados fazia mais de 1000 anos. E certo que as construções estavam repletas de estranhas palavras, gravadas na pedra, onde poderia estar narrada a história dos seus construtores. Mas isso de pouco adiantava, já que ninguém conseguia decifrar os estranhos símbolos dessa escrita.Acima de tudo, a hostilidade devotada aos maias, desde o princípio, impedia qualquer análise racional da sua vida. Basta ver que muitos dos seus livros foram destruídos por motivos puramente militares-eram queimados para quebrar o ânimo dos nativos e assim facilitar sua conquista pelos espanhóis. Seus costumes, em vista disso, foram sistematicamente estigmatizados -em particular os sacrifícios de sangue, freqüentes em todas as culturas americanas. Nesses assustadores rituais, guerreiros e governantes inimigos, eram mortos a golpes de tacape, em público. Seu coração era, em seguida, extirpado e seu corpo, queimado. Essas práticas estendiam-se à intimidade dos lares onde as pessoas das castas dominantes vertiam, muitas vezes, seu próprio sangue- seu mais precioso bem, oferecido aos deuses em troca de favores.Embora repugnantes, hábitos como esse não significam que a sociedade maia era, de alguma forma, dominada por instintos sanguinários. Nem que o derramamento de sangue fosse o aspecto mais destacado de sua cultura. Em primeiro lugar, porque cultura é um conceito relativo; o que causa repugnância a um povo parece apenas normal aos olhos de outro povo. Depois, porque houve muito exagero, no passado. "Seria um erro pôr muita ênfase nos rituais de sangue", opinam, por exemplo, dois competentes estudiosos da escrita maia, os americanos David Stuart e Stephen Houston, da Universidade Vanderbilt. Eles acreditam que nos próximos anos será possível ter uma idéia mais precisa da sociedade maia, graças aos progressos na arte de decodificar sua escrita. "Metade dos símbolos para as sílabas já foi decifrada."Esses curiosos sinais representam um pequeno grupo de letras-como "wi" e "tsi", componentes da palavra "wits", que significa "colina". Ou como "a", "ha" e "wa", que formam o termo "ahaw", empregado para designar "senhor de terras" ou "governante". Ao lado dos caracteres silábicos, os maias empregavam também formas logográficas, isto é, desenhos completos para representar uma palavra. O termo "senhor de terras", por exemplo, também podia ser escrito com um simples desenho, na forma de uma face. Assim, a comparação das figuras com as palavras abre uma brecha maior para a compreensão de ambos.Ao contrário do que se supunha, os textos maias não são simples fórmulas místicas ou meras narrativas religiosas. Em grande maioria, eles descrevem eventos reais da história da América Central e do México, e podem esclarecer a desconhecida história política da região. Há grande interesse, por exemplo, em desvendar as relações entre Tikal e a cidade de Teotihuacán, que no quinto século d.C., abrigava 150 000 habitantes e era uma das maiores cidades do mundo.Tikal havia surgido 600 anos antes de Cristo, mas sua história remonta a dois e meio milênios antes disso, quando os maias iniciaram sua migração, talvez vindos de tão longe quanto a costa oeste dos Estados Unidos. Nessa época, os primeiros povos a despontar como uma civilização distinta e abrangente foram os olmecas. Mas não está claro se a região chegou a comportar verdadeiros impérios, pois as cidades fundadas durante o primeiro milênio antes de Cristo pareciam ter vida independente.No caso dos maias, os primeiros centros regionais-como Izapa e Kaminaljuyú, estabelecidos na Guatemala -criaram uma fase cultural conhecida pelo nome de Terras Altas. Quando esses centros perderam força, Tikal ergueu-se como um fenômeno marcante. Essa transição ocorreu por volta do ano 300 d.C., sob a égide de um soberano denominado Focinho Curvado, cujos emblemas exibem a imagem do deus Tlalóc, de Teotihuacán. Sabe-se também que o soberano deposto por ele era Garra de Jaguar, ligado às linhagens dominantes das Terras Altas.Portanto, insinua-se aí uma instigante trama política e há diversas outras indicações de algum tipo de aliança entre as linhagens dominantes de Tikal com as de Teotihuacán, talvez como meio de afastar a influência dos centros das Terras Altas. No governo seguinte, de Céu Tempestuoso (entre 426 e 456 d.C.), consolida-se o novo centro de poder dos maias. Nos séculos posteriores, de fato, a arquitetura e arte criada nesse período se espalhariam para leste, com a edificação de templos monumentais em localidades como Uxmal e, especialmente, Chichén Itzá. Foi a idade de ouro dos maias. Ela se encerraria abruptamente, no século IX, mais ou menos quando, ao norte, começava a erguer-se a cultura asteca.Stuart e Houston dizem que alguns textos já decifrados ilustram a intensa atividade política dos maias, nessa região. Eles contam a história de diversas cidades junto ao Lago Petebaxtun, não muito distante de Tikal. "As inscrições revelam que, nesse local, as relações entre as cidades mudaram de amistosas para hostis, e novamente para amistosas, num curto período de apenas quarenta anos."Ainda é cedo para tirar conclusões seguras a respeito dos inúmeros fatos novos levantados pela pesquisa científica. Mas o empenho com que se buscam respostas, atualmente, permite prever uma pequena revolução na história dos maias. Eles ainda somam, hoje, 4 milhões de pessoas, habitantes do México, Guatemala, Belize, Honduras e El Salvador-cerca de 4% da população desses países. E possível que o resgate de sua memória perdida, além de ajudar a entender melhor o nascimento da civilização, também abra novos horizontes para o futuro desse povo.

Mesoamérica, há 10 000 anos: berço de civilizações

Diversos povos nômades, há 10 000 anos, começaram a fixar-se na região do México e América Central, onde produziram um dos grandes inventos da pré-história: o milho. Antes disso, esse cereal era um capim cuja espiga de apenas 4 centímetros, depois do cultivo, tornou-se quase dez vezes maior. O plantio fez multiplicarem-se as aldeias permanentes, a partir de 5 000 anos atrás. A primeira grande cultura da região foi a olmeca, que construiu San Lorenzo e La Venta, entre 1200 e 900 a.C. Nos séculos seguintes, na periferia da área olmeca, floresceram cidades como Teotibnacán, numa área cultural de nome tolteca, e Monte Albán, numa área zapoteca. Ao sul, apareceram os mais antigos centros maias: Abaj Takalik, Izapa e Kaminaljuyú. Vieram, mais tarde, Tikal e Palenque e, depois, Chichén Itzá e Uxmal. Decadentes, esses últimos centros duraram até o século 14 d.C. -quando Tenochtitlán, capital do império asteca, já abrigava mais de 200 000 habitantes.


Ciência dos números, palavras e astros

Ao contrário de outros povos que chegaram ao limiar da civilização, os maias não conheciam a roda, o torno de madeira ou os metais, assim como não dispunham de animal de tração. Mas isso. em vez de diminui-los, os engrandece.. "As limitações tornam ainda mais admiráveis suas conquistas em inúmeros outros domínios", opina o arqueólogo francês Paul Gendrop. Ele refere-se, com certeza, à Arquitetura, Matemática Astronomia e escrita. Essa última parece um retrato de como nascem os símbolos. Em certos casos, ela representava as palavras por meio de figuras bem concretas, como, um rosto ou um galho de árvore; no total, existiam cerca de 1 000 símbolos desse tipo. Em outros casos, ela empregava sinais abstratos, como círculos, traços, ou formas mais complicadas.Esse segundo sistema, no entanto, era mais prático, pois as palavras podiam ser escritas com pouco mais de 100 sinais abstratos. Esses eram usados para representar sílabas, nas quais se combinavam cinco vogais e dezessete consoantes. Algumas das palavras mais importantes do vocabulário maia estavam ligadas aos seus dois calendários, onde o ano chamava-se "tún" e os meses "uinals". Num deles, considerado sagrado, o ano tinha 260 dias e era dividido em treze meses de vinte dias cada um. No outro, de uso civil, o ano tinha 365 dias e dezoito meses de vinte dias, mais cinco dias.Os dois calendários combinavam-se por meio de um incrível sistema astronômico, baseado no período de 584 dias, tempo que o planeta Vênus leva para dar uma volta completa em torno do Sol. De tal modo que, quando Vênus dava 65 voltas, passavam-se exatamente 104 anos de 365 dias e 146 anos de 260 dias. Os maias descobriram que essa coincidência de números inteiros acontecia num período mais curto-em metade de uma volta de Vênus, ou 52 anos civis. Esse período de 52 anos era, por isso, a base das suas datações históricas. A Matemática também estava associada ao calendário e aos astros, pois a numeração não se apoiava no número 10, como atualmente; em vez disso, empregava o número 20, o total de dias do mês. Os seus algarismos eram apenas três: um ponto representava o número 1; uma barra, o 5; e uma oval, o zero.





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terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Operação Tartaruga - Natureza

OPERAÇÃO TARTARUGA - Natureza



Biólogos, oceanógrafos e pescadores trabalham duro para preservar as cinco espécies de tartarugas marinhas que desovam nas praias brasileiras

Durante toda a sua existência, que pode chegar a 100 anos, a tartaruga marinha só vai à terra firme para desovar. Numa visita noturna, ela procura um lugar mais seco na areia para proteger seus ovos da maré salgada. Se algum estranho está por perto, a mãe zelosa volta para a água. Mais tarde, talvez até em outro dia, sentindo-se segura, ela arrasta, de novo, seus 200 quilos pela praia e começa a cavar o ninho com suas nadadeiras traseiras. A tarefa deixa a fêmea em um tal estado de transe, a ponto de não ser capaz de notar a aproximação de um pescador. Atenta à centena de ovos que despeja, ela pode até ser degolada, sem esboçar qualquer reação. Esse triste episódio, hoje em dia, virou raridade no litoral brasileiro. Graças ao Projeto Tartaruga Marinhas (Tamar), um dos mais bem-sucedidos trabalhos de proteção a animais em extinção no país.
Há quinze anos, um grupo de estudantes de Oceanografia da Fundação Universidade do Rio Grande viajou para o Atol das Rocas, 240 quilômetros do Norte. à noite, durante um passeio pela praia, os estudantes precisaram uma cena grotesca: doze tartarugas fêmeas estavam viradas, enquanto um pescador degolava uma a uma. Eles tiraram fotos da matança, para enviar ao Zoológico do Rio Grande do Sul. A princípio, a denúncia não teve maiores efeitos. No início dos anos 80, contudo, por motivos diversos, entidades internacionais começaram a pressionar o Instituto Nacional de Desenvolvimento Florestal (IBDF)-atual Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) -para que fossem implantados projetos de proteção à fauna marinha.O então diretor do IBDF, Roberto Petry Leal, que havia trabalhado no zoológico gaúcho, lembrou-se das fofos entregues pelos estudantes, quatro anos antes. e procurou o grupo para propor um levantamento da fauna no litoral brasileiro. Assim, em 1980, junto com uma equipe de biólogos, o casal de oceanógrafos Guy e Maria Angela Marcovaldi, mais conhecida como Neca, partia em uma viagem de dois anos pelas costas brasileiras, para localizar áreas de ocorrência de tartarugas marinhas.Nascia o Projeto Tamar, que atualmente, sob a coordenação dos dois pesquisadores, fiscaliza nada menos de 600 quilômetros de praias-90% da área de desova das tartarugas marinhas no país. A sede, instalada em 1982 na Praia do Forte, a 100 quilômetros de Salvador, na Bahia, não possuía sequer um carro para patrulhar as praias. "Nós usávamos um jeguinho", recorda Guy.Hoje, amparado em verbas de entidades internacionais e com o patrocínio do governo federal, o projeto já implantou dezesseis bases litorâneas. Em cada uma das bases, estagiários percorrem as praias à noite para proteger as fêmeas, identificadas com uma etiqueta metálica na nadadeira. com a inscrição do Tamar e um pedido de comunicação à sede caso o animal seja encontrado- é a única maneira de conhecer o roteiro de suas grandes viagens. Das oito espécies existentes no mundo, cinco delas foram encontradas nas praias brasileiras. Contemporânea dos dinossauros, a tartaruga marinha acompanhou todas as transformações do planeta nos últimos 150 milhões de anos. Ironicamente, o instante que representa o esforço em preservar a sua espécie-a reprodução-torna a tartaruga marinha vulnerável.Solitários e protegidos em alto-mar, machos e fêmeas têm encontro marcado apenas na época do acasalamento. Para acasalar-se, o macho prende-se ao corpo da companheira usando, como ganchos, as duas unhas de sua nadadeira. Na fúria do amor, que pode durar até três horas, a fêmea acaba com profundos cortes na carapaça e no pescoço. O jogo de sedução é aproveitado perversamente pelos pescadores: para atrair os machos, são lançados bonecos de madeira semelhantes às fêmeas. Eles se agarram aos bonecos, e são facilmente puxados para os barcos. Se os machos, porém, muitas vezes conseguem livrar-se dessas armadilhas, as fêmeas dificilmente têm a mesma chance, quando saem para a desova. Por isso, os cientistas supõem que, em todo o mundo, a quantidade de fêmeas já é muito menor do que a de seus colegas de sexo oposto. Para assegurar a procriação nas praias brasileiras, os participantes do Projeto Tamar não só cuidam das fêmeas, como protegem os seus ovos, recolhidos e reenterrados em cercados para a incubação, com o cuidado de reproduzir as condições da praia onde foram depositados. Parece uma tarefa simples, mas a resistência dos pequenos e pobres povoados próximos às regiões de desova, no inicio, representou um grande obstáculo. A tartaruga marinha fazia parte do cardápio dos moradores, que também comiam os ovos, colhidos com facilidade. O hábito exigiu um trabalho árduo de conscientização, com direito a sessões de vídeos sobre tartarugas, passeios de jipe nas áreas de patrulha e, ainda, aulas para crianças sobre a importância de preservar aquelas espécies. O efeito acabou sendo notável: "Antes, tartarugueiros eram aqueles pescadores que ofereciam carne de tartaruga e ovos à comunidade: hoje, o sentido é outro-eles são os fiscais do Tamar, recebendo salários para recolher os ovos e levá-los para os cercados", orgulha-se Marcovaldi.Passadas seis horas da postura, o embrião se fixa dentro do ovo, que tem o tamanho de uma bola de pingue-pongue. Ou seja. a partir daí,. qualquer rotação pode desprendê-lo do vitelo, a substância que o alimenta-essa separação significa a sua morte. Por isso, o tartarugueiro retira delicadamente os ovos, tomando o cuidado para mantê-los na posição original, acomodando-os em uma caixa de isopor, preparada com areia do mesmo local. Em seguida, ele percorre a praia até a área sob a responsabilidade de outro pescador, para Ihe entregar a caixa. É uma corrente humana: o percurso se divide em 5 a 6 quilômetros para cada tartarugueiro até a base mais próxima, onde os ovos serão reenterrados.Com os ovos protegidos nos cercados, uma nova etapa começa. Como na maioria dos répteis, não são os genes que definem o sexo dos filhotes: é a temperatura média do ambiente que, ao agir sobre certas enzimas, determina se o embrião será macho ou fêmea. Para assegurar o equilíbrio das ninhadas, a temperatura da areia nas incubadeiras do Tamar está sempre sendo monitorada. Os olhos azuis da estagiária Débora Faria faíscam quando exemplifica o processo de definição sexual das tartarugas marinhas: "Para uma das espécies, a cabeçuda, se a temperatura média da areia estiver em torno de 28° Celsius, a ninhada será toda de machos; se estiver entre 28° e 32°, a ninhada será mista; e, com a temperatura acima dos 32°, nascerão exclusivamente fêmeas". Como os outros estagiários do Tamar, Débora, uma loira esguia, estudante de Biologia na Universidade de São Paulo, é obrigada a passar o Natal, o Ano-Novo e o Carnaval longe da família, defendendo as tartarugas-nas costas brasileiras, as fêmeas desovam justamente entre setembro e março. "A variação da temperatura no período, da primavera ao verão, provoca um efeito curioso: o número de machos e fêmeas nascidos termina praticamente igual, conta Débora.Na Praia do Forte, uma das principais atrações turísticas é a própria sede do Projeto Tamar, onde tartarugas filhotes e jovens ficam expostas em tanque. Ali, os ninhos estão protegidos com grades de plástico, por causa de antigos predadores que voltaram a atacar-as raposas, numerosas na região. "Logo que a população de tartarugas volte a ser estável, a predação natural precisará ser permitida", esclarece o coordenador Guy Marcovaldi. "Nossa meta é, no futuro, não ter de interferir em nada."Não basta, porém, proteger os ovos: os filhotes também correm risco nas praias. De cada ninho enterrado, aproximadamente sessenta dias depois da postura, emerge na areia uma centena de tartaruguinhas, com 20 gramas e cerca de 5 centímetros de comprimento cada. Elas vão puxando areia para dentro do ninho, que tem cerca de 50 centímetros de profundidade, até chegarem à superfície. Devem chegar todas juntas-qualquer retardatária estará inapelavelmente condenada à morte. No percurso até o mar -cuja distância chega a 15 metros-os caranguejos são os principais inimigos a evitar, fora aves e raposas famintas.Para os recém-nascidos, há ainda o desafio de localizar o oceano: as pequenas tartarugas, mal saem da areia, levantam a cabeça e procuram no escuro da noite a brancura da espuma do mar. Por serem espécies pecilotermas, isto é, não têm temperatura própria e dependem do calor ambiente para a velocidade de seu metabolismo, os filhotes saídos do ninho quente estão cheios de energia para correrem alucinados até a água. Mas as lâmpadas de eventuais habitações próximas ao local de nascimento costumam desorientá-los. Caso se percam, arriscam-se a ver a luz do dia sem ter encontrado o mar-e o sol a pino pode matá- los de desidratação. Uma vez na água, os filhotes de tartarugas nadam vinte horas em linha reta: não param por nada, nem para conseguir alimento. Afinal, vale tudo para fugir das ondas que os devolveriam à praia. "Em mar aberto, os filhotes podem nadar 20 metros por minuto", conta Débora Faria.O destino dessa primeira viagem ninguém conhece. Os filhotes, até hoje, só são localizados no oceano com mais de 1 ano de idade. Alguns relatos de pescadores, no entanto, apontam o Mar de Sargaços, no Oceano Atlântico, a oeste das Ilhas Bahamas, como o provável berçário das jovens tartarugas. Seria, de fato, um lugar adequado para aguardar o primeiro aniversário. Pois, quando são muito pequenas, as tartarugas não conseguem mergulhar fundo em busca de alimento. No Mar de Sargaços, ao menos, existe uma densa camada de algas, onde elas poderiam viver apoiadas, comendo pequenos crustáceos. Mas é apenas uma hipótese."Os filhotes libertados nas dezesseis bases do Projeto Tamar, espantosamente, quando chegarem à maturidade -daqui a quinze ou trinta anos, dependendo da espécie-, retornarão à mesma praia em que nasceram para desovar" explica o biólogo Maurício Marczwski. " É a tradição das tartarugas marinhas." Enquanto não chega esse momento, elas navegam enormes distâncias em alto-mar, migrando para áreas de alimentação. Uma tartaruga artilhada no ano passado na Reserva Biológica de Atol das Rocas, no Rio Grande do Norte, foi encontrada seis meses depois no Senegal, no oeste da África-a nada menos de 3 680 quilômetros de distância. Se ela não tivesse sido morta, retornaria para o Brasil na época da desova. Essa assombrosa memória ainda é um mistério. O olfato, contudo, parece ser o grande sinalizador: a tartaruga marinha reconheceria o caminho de volta à praia natal pelos cheiros dos animais e plantas identificados no seu trajeto quando filhote. Há ainda a suspeita de que ela se oriente pelos astros, conferidos cada vez que vem à superfície para respirar. "A visão deve ser o seu sentido mais desenvolvido", acredita o oceanógrafo Guy Marcovaldi. "Quando chegamos perto, as tartarugas colocam a cabeça para fora d´água para olhar a nossa cara."Nesses dez anos, os biólogos, os oceanógrafos e os tartarugueiros do Projeto Tamar povoaram as costas brasileiras com nada menos do que 750000 filhotes. São tantos os riscos e mistérios do mar que, sabe-se, de cada 1000 dessas pequenas tartarugas, apenas uma ou duas sobreviverão-sem levar em conta as armadilhas humanas. Daqui a duas ou três décadas, contudo, as fêmeas sobreviventes voltarão à praia brasileira em que nasceram. Serão então bem recebidas pelos moradores, que um dia foram crianças educadas por participantes do Tamar sobre a importância desses fabulosos répteis.


Apertando os cintos

Seis de cada 10 cruzeiros gastos para sustentar o Projeto Tamar costumavam vir do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), órgão federal que, no início deste ano, teve 90% de suas verbas cortadas. Resultado em cifrões: desta vez o Ibama só poderá contribuir com 21 milhões de cruzeiros dos 160 milhões previstos para manter o projeto em 1991. "A situação do país não dá alternativa", lamenta o médico veterinário Jordan Wallwuer, chefe da Divisão de Fauna e Flora do Ibama. O Tamar conta ainda com o patrocínio de empresas e, além disso. deverá arrecadar cerca de 200 000 dólares-um quinto da verba necessária-com a venda de produtos como posters, camisetas, broches e adesivos.Finalmente, o Fundo Mundial para a Natureza (WWF) também contribui financeiramente com o projeto brasileiro. "Nossos recursos, neste ano, cresceram menos, por falta de doadores", conta Cleber Alho, representante do WWF no Brasil. "Mas o apoio à preservação das tartarugas deve ser considerado intocável."Mesmo assim, para o coordenador do projeto, Guy Marcovaldi, o Tamar corre risco: "Nesses dez anos, nós sempre expandimos. Agora, vamos estagnar ou até diminuir nossa área de atuação".



Os tipos de tartarugas

Cabeçuda (Caretta caretta)
É a espécie mais numerosa no Brasil, desovando em quase todo o litoral-no Espírito Santo, recebe o nome indígena careba. A adulta mede mais de 1 metro de comprimento e chega a pesar 180 quilos. Seu nome é merecido: possui mandíbulas grandes e fortes, semelhantes a um bico de pássaro, adaptadas para quebrar qualquer tipo de concha. Afinal, mariscos são seu prato predileto.

Tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata)
É a principal vítima dos pescadores: sua bela carapaça, com placas negras sobrepostas sobre um fundo amarelo, é vendida para indústrias de pentes e bijuterias. De tamanho médio, ela tem entre 78 e 90 centímetros de comprimento e pesa até 150 quilos. Desova no Oceano Índico e na parte ocidental do Pacífico. No Brasil,ela geralmente põe seus ovos no litoral baiano.
Lepidochelys olivacea
A menor das tartarugas marinhas brasileiras-ela tem, no máximo 65 centímetros de comprimento e seu peso raramente excede 60 quilos, graças à carapaça fina-ainda não tem nome popular. A mandíbula frágil só consegue mastigar pequenos moluscos. Seu local predileto para a desova é a Praia de Pirambu, 30 quilômetros ao norte de Aracaju, em Sergipe.
Tartaruga-verde (Chelonia mydas)
Também chamada de aruanã, ela gosta de desovar em ilhas oceânicas. No Brasil a maioria dos ninhos foi registrada em Fernando de Noronha ,na Ilha de Trindade e no Atol da Rocas. Mas é na Costa Rica que a espécie se encontra em maior quantidade. Com mais de 1 metro de comprimento e pesando cerca de 300 quilos, é a única tartaruga marinha que prefere uma dieta exclusivamente à base de algas.
Tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea)
Ela pode alcançar 2 metros de comprimento e 800 quilos. Possui uma carapaça de gomos flexíveis, semelhantes à borracha. Sua gordura é cobiçada para impermeabilizar barcos e servir de combustível para lamparinas. Grande mergulhadora,hoje a tartaruga-de-couro é rara em todo o mundo. A maioria desova na Guiana Francesa. No Brasil, neste ano, foram registradas três tartarugas no Espírito Santo.
Lora (Lepidochelvs kempi)
Além de ser a única tartaruga marinha que desova em plena luz do sol, os ninhos da pequena lora-ela tem pouco mais de 60 centímetros de comprimento e cerca de 45 quilos-têm apenas um endereço: a Praia de Rancho Nuevo, no México. Juntas, todas as tartarugas da espécie aparecem nessa praia no mesmo dia, três vezes por ano, sempre às vésperas de tempestades.
Tartaruga-negra (Chelonia agassizi)
A carapaça da tartaruga-negra é a mais arredondada em comparação com outras espécies, e pode chegar a 90 centímetros de comprimento e 65 quilos. As llhas Galápagos no Pacífico, a 965 quilômetros do Equador, receberam esse nome por causa da enorme quantidade desses répteis na região-em espanhol arcaico, galápago significa tartaruga. É ali. aliás, que essa espécie costuma desovar.
Chelonia depressa
Um pouco menor do que a tartaruga-verde, a Chelonia depressa, que aparece nas costas australianas, possui a carapaça larga, com bordas viradas para cima e uma depressão no centro. Seus ovos são os maiores e os mais pesados de todas as espécies de tartarugas. Por isso, dificilmente são atacados por predadores como caranguejos, que não conseguem arrastá-los para suas tocas.





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terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Movidos a computador - Tecnologia


MOVIDOS A COMPUTADOR - Tecnologia



A informática é hoje tão importante num carro de Fórmula 1 quanto a gasolina - sem elas, o carro não anda, ou se arrasta pela pista. Dos pneus ao santantônio, qualquer acerto mecânico ou aerodinâmico passa pela eletrônica

O carro rasga a reta a mais de 300 quilômetros por hora, levantando poeira e torcida na arquibancada. De repense, na entrada da curva, começa a perder velocidade, e vai cada vez mais lento até encostar de vez junto ao guard-rail, abrindo passagem para seus adversários. A torcida, espantada, não entende nada, pois o piloto liderava a prova desde a largada, tudo parecia perfeito. Dentro do boxe da equipe, porém, a má notícia não foi uma surpresa. Desde algumas voltas atrás, os engenheiros responsáveis pelo bom funcionamento do bólido haviam detectado um superaquecimento no motor, e sabiam que a água que deveria refrigerá-lo, vinda do radiador, estava quente demais.Essa cena é hipotética, é claro-mas foi mais ou menos o que aconteceu no boxe da McLaren, durante o Grande Prêmio de San Marino, em abril passado. Não se tratava da água, mas do óleo -e o piloto Airton Senna conseguiu chegar à vitória graças às precisas informações sobre o estado geral do carro fornecidas pelos computadores. O carro da nossa corrida imaginária, acertadinho na pista, aos olhos do público, aparecia na tela do computador como tendo sérios problemas, e tanto os engenheiros quanto o piloto estavam certos de que era quase impossível completar a prova. Esses engenheiros não são adivinhos nem têm artes com o demônio. Eles puderam denunciar o defeito do carro ao piloto, valendo-se das informações obtidas pelo sistema de telemetria e aquisição de dados. Parte do circo da Fórmula 1 desde o inicio da era dos motores turbo, em 1977, esse sistema transforma o carro em algo parecido com um paciente na UTI- entulhado de censores ligados a computadores que monitoram suas "funções vitais" e todas as outras úteis na hora de escolher a melhor regulagem."O computador mudou a Fórmula 1 para melhor", opina o jornalista italiano Franco Lini, que cobre as corridas dessa categoria desde quando ainda não estava oficializada, em 1949. "Aquilo que antes se analisava "no olho" e se ajustava manualmente é hoje feito eletronicamente, de maneira muito mais objetiva", compara. Mudar dos padrões humanos de qualidade para padrões eletrônicos significou, em uma palavra, precisão. E foi mesmo atrás dela que as equipes partiram quando os motores turbo invadiram as pistas.O motor turbo usa o gás saído do escapamento para dar pressão à mistura ar-gasolina dentro do motor, conseguindo assim mais potência. Para que funcione direito, é preciso ter um controle muito mais exato da gasolina que entra do que num motor aspirado, pois ar de mais ou de menos se traduz em perda de potência. Foi então que duas empresas, a francesa Renault e a alemã Bosch, começaram a desenvolver programas de computador para gerenciar os motores turbo, aproveitando que os equipamentos computadorizados ficavam cada vez menores. Microprocessadores pré-programados passaram então a viajar a bordo dos carros, atuando como controladores da injeção de gasolina. Como o microprocessador sabe, no meio de uma corrida, qual a quantidade de combustível que deve mandar entrar para atender às exigências do motor naquele momento?No início, a informação sobre a qualidade da mistura Ihe era fornecida por um sensor de temperatura no escapamento, que permitia distinguir misturas pobres (com muito ar) e ricas (com muita gasolina) e então fazer a correção. Esse simples sensorzinho, o Adão da eletrônica embarcada na Fórmula 1 atiçou a imaginação dos engenheiros, que vislumbraram um fabuloso futuro para seus descendentes nas pistas. "Começou-se a usar sensores de pressão no motor, depois vieram sensores na suspensão e, como isso funcionou, pensou-se em colocar atuadores para endurecer ou amolecer os amortecedores-enfim, o uso de censores cresceu como bola de neve", conta o engenheiro Octávio Guazzelli Neto, responsável por telemetria e aquisição de dados da equipe Minardi junto com o sócio Fernando Bueno de Paiva. Ajudou a esquentar essa febre uma feliz coincidência entre a necessidade de uma tecnologia e seu desenvolvimento-os carros cada vez mais leves e velozes precisavam de computadores de bordo cada vez menores e mais poderosos, e foi mesmo por essa microestrada que a informática seguiu.Dentro de um Fórmula 1 há normalmente dois computadores, um só para gerenciar o motor e o outro para receber e enviar para os boxes os dados fornecidos pelos sensores. Desenvolvido para vigiar os turbos, o computador para gerenciamento de motor continua em plena atividade nos motores aspirados hoje usados na categoria, já que os turbos foram proibidos a partir de 1989. É o computador quem decide quanto combustível vai injetar no motor para atingir a mistura ideal de ar-gasolina, como faziam os microprocessadores no início da história, só que de forma bem mais sofisticada.Em lugar da temperatura do escapamento, o computador hoje leva em conta a rotação do motor e o quanto o piloto está pisando no acelerador para controlar a abertura dos bicos injetores, recebendo informações dos sensores 100 vezes por segundo. Num banco de provas, os engenheiros já haviam estabelecido os pontos ideais de injeção-num motor que chega a 15 000 rotações por minuto há por exemplo 30 pontos, um a cada 500 giros. Durante a corrida, se o motor está num momento a 12 500 giros e o piloto pisa no acelerador com determinado ângulo, o computador junta os dados e manda os bicos injetores soltarem a quantidade de combustível exata, pelo tempo estritamente necessário (entre 0 e 5 milissegundos).Um potenciômetro colocado no cabo do acelerador informa ao computador o quanto o piloto pisou. Para medir a rotação do motor, um sensor alimentado com uma tensão elétrica é colocado lá dentro, em frente a uma peça em forma de estrela de quatro pontas, que gira junto com o motor. Cada vez que uma ponta passa pelo sensor, provoca um ruído no sinal; a quantidade de ruídos por determinado tempo resulta numa freqüência e, a partir dela, faz-se uma analogia que indica as rotações por minuto.Os outros sensores do carro funcionam pelo mesmo princípio: são alimentados com uma tensão elétrica vinda de uma bateria, modificam essa tensão conforme o objeto da medição sofre alterações e informam ao computador o quanto variou a tensão. De posse desses dados, que recebe ininterruptamente enquanto o carro roda na pista, o computador armazena-os na memória e transmite-os ao boxe, volta por volta. Isso ele faz colocando os dados numa onda de rádio, em freqüência UHF ou microondas Essa onda vai para uma antena em frente ao boxe toda vez que o carro passa por ali. Este computador não é o mesmo que gerência e vigia o funcionamento do motor. Geralmente há dois ou três em cada carro, cada um especializado em uma tarefa. Um McLaren tem vários, pois a Honda adota o método de dividir os computadores segundo sua função, cada um executando seu trabalho de forma mais especifica sob o comando de um computador central.A onda de rádio, no boxe, é transformada novamente em sinal elétrico e entra nos computadores lá instalados. É nesses aparelhos que os engenheiros analisam as informações providas pelos sensores, utilizando programas desenvolvidos especifica mente para isso. Cada equipe tem seu próprio programa, mantido longe da curiosidade dos concorrentes. "Para entendermos volts e ampères em medida de gente, fazemos uma calibração, a equivalência de medidas elétricas em quilos, milímetros, velocidade", explica Guazzelli Neto. No boxe da McLaren, os computadores têm na tela o desenho do circuito em que está acontecendo a corrida. "Colocando o cursor sobre um ponto qualquer e selecionando-o, tem-se um check-up imediato do comportamento do carro e do motor", conta o inglês Eric Silberman, relações públicas da Honda.Os sensores captam tudo o que acontece no carro em movimento: regime de motor, posição do volante, velocidade, temperatura e pressão do óleo e do combustível, temperatura e pressão ambiente, velocidade do ar, posição e carga nos amortecedores, carga na barra de suspensão (push-rod) e no próprio chassi, aceleração, temperatura da água do radiador e por aí afora. Um dos parâmetros básicos necessários para o estudo do comportamento do carro é a velocidade. Empregam-se para medi-la os chamados discos fônicos, sensores que dão picos de voltagem quando algo passa na frente deles. Um deles, fixado na roda com uma rodinha dentada que gira junto com ela, capta a passagem de cada dentinho, criando uma freqüência calibrada para um equivalente em quilômetros por hora. Saber a velocidade exata em cada ponto do circuito é fundamental-como a trajetória cumprida pelo piloto é quase sempre a mesma saber se houve perda de velocidade em curvas ou retas pode explicar voltas ruins. Outro sensor importante é o potenciômetro, usado no cabo do acelerador e nos amortecedores.Os potenciômetros parecem resistências de chuveiro em miniatura. Têm uma bobina com várias espiras, por onde passa corrente elétrica, e uma cabeça de leitura que caminha em contato com as espiras. Quando é colocada dentro do conjunto mola-amortecedor do carro, a cabeça de leitura vai se mover pelas espiras conforme o amortecedor se movimentar, absorvendo os solavancos que o carro sofre. A variação de voltagem provocada pelo andar da cabeça de leitura é calibrada para apresentar a equivalência em milímetros, e assim tem-se o comportamento do carro ao longo do circuito-e, importante, vê-se como funciona de verdade, um carro que era maravilhoso quando ainda não havia saído do projeto.Por um princípio semelhante ao potenciômetro funcionam os strain gages, microrresistências que são coladas em algumas peças para medir seu deslocamento quando submetidas a esforço. São muito usados nos push-rods, as barras que ligam as rodas aos amortecedores. Quando as barras sofrem tração, deformam-se em escalas invisíveis, mas os pequenos strain gages deformam junto. Essa deformação muda sua resistência, dá diferença de saída no sinal elétrico e tem-se ao fim a carga em quilos que cada barra está sofrendo. Por meio de uma série de cálculos, os engenheiros chegam à carga aerodinâmica ou a pressão que o ar está exercendo no carro em função de sua aerodinâmica. Isso permite saber se os testes em túnel de vento correspondem à realidade, ou seja, se o ar está empurrando aquele carro para baixo tanto quanto foi previsto. Esse número é que vai dizer também se as mudanças nos spoilers, para conseguir mais ou menos asa (maior ou menor pressão), surtem efeito no carro em movimento.Tantos dados e números servem não apenas para acertar o carro para a corrida do próximo domingo, mas criam um banco de informações que realimentam o próprio projeto inicial. Já é possível prever, em linhas gerais, como um carro vai se comportar em determinado circuito, quando os computadores são alimentados com as informações sobre os acertos executados nele Sonha-se, porém, com um programa sofisticado a tal ponto que o computador não só simularia como o carro andaria na pista, mas poderia calcular quais os acertos ideais-quantas libras nas molas da suspensão, quantos graus de inclinação nos spoilers...Nem por isso o carro andaria tão bem com um piloto ou com um barbeiro qualquer ao volante. "Com telemetria e aquisição de dados tenta-se regular o carro do melhor jeito possível para o piloto", diz Octávio Guazzelli Neto. Assim, sem se preocupar em transmitir informações a respeito do carro, ele fica liberado para fazer o que mais sabe -guiar no limite.





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Movidos a computador - Tecnologia


MOVIDOS A COMPUTADOR - Tecnologia



A informática é hoje tão importante num carro de Fórmula 1 quanto a gasolina - sem elas, o carro não anda, ou se arrasta pela pista. Dos pneus ao santantônio, qualquer acerto mecânico ou aerodinâmico passa pela eletrônica

O carro rasga a reta a mais de 300 quilômetros por hora, levantando poeira e torcida na arquibancada. De repense, na entrada da curva, começa a perder velocidade, e vai cada vez mais lento até encostar de vez junto ao guard-rail, abrindo passagem para seus adversários. A torcida, espantada, não entende nada, pois o piloto liderava a prova desde a largada, tudo parecia perfeito. Dentro do boxe da equipe, porém, a má notícia não foi uma surpresa. Desde algumas voltas atrás, os engenheiros responsáveis pelo bom funcionamento do bólido haviam detectado um superaquecimento no motor, e sabiam que a água que deveria refrigerá-lo, vinda do radiador, estava quente demais.Essa cena é hipotética, é claro-mas foi mais ou menos o que aconteceu no boxe da McLaren, durante o Grande Prêmio de San Marino, em abril passado. Não se tratava da água, mas do óleo -e o piloto Airton Senna conseguiu chegar à vitória graças às precisas informações sobre o estado geral do carro fornecidas pelos computadores. O carro da nossa corrida imaginária, acertadinho na pista, aos olhos do público, aparecia na tela do computador como tendo sérios problemas, e tanto os engenheiros quanto o piloto estavam certos de que era quase impossível completar a prova. Esses engenheiros não são adivinhos nem têm artes com o demônio. Eles puderam denunciar o defeito do carro ao piloto, valendo-se das informações obtidas pelo sistema de telemetria e aquisição de dados. Parte do circo da Fórmula 1 desde o inicio da era dos motores turbo, em 1977, esse sistema transforma o carro em algo parecido com um paciente na UTI- entulhado de censores ligados a computadores que monitoram suas "funções vitais" e todas as outras úteis na hora de escolher a melhor regulagem."O computador mudou a Fórmula 1 para melhor", opina o jornalista italiano Franco Lini, que cobre as corridas dessa categoria desde quando ainda não estava oficializada, em 1949. "Aquilo que antes se analisava "no olho" e se ajustava manualmente é hoje feito eletronicamente, de maneira muito mais objetiva", compara. Mudar dos padrões humanos de qualidade para padrões eletrônicos significou, em uma palavra, precisão. E foi mesmo atrás dela que as equipes partiram quando os motores turbo invadiram as pistas.O motor turbo usa o gás saído do escapamento para dar pressão à mistura ar-gasolina dentro do motor, conseguindo assim mais potência. Para que funcione direito, é preciso ter um controle muito mais exato da gasolina que entra do que num motor aspirado, pois ar de mais ou de menos se traduz em perda de potência. Foi então que duas empresas, a francesa Renault e a alemã Bosch, começaram a desenvolver programas de computador para gerenciar os motores turbo, aproveitando que os equipamentos computadorizados ficavam cada vez menores. Microprocessadores pré-programados passaram então a viajar a bordo dos carros, atuando como controladores da injeção de gasolina. Como o microprocessador sabe, no meio de uma corrida, qual a quantidade de combustível que deve mandar entrar para atender às exigências do motor naquele momento?No início, a informação sobre a qualidade da mistura Ihe era fornecida por um sensor de temperatura no escapamento, que permitia distinguir misturas pobres (com muito ar) e ricas (com muita gasolina) e então fazer a correção. Esse simples sensorzinho, o Adão da eletrônica embarcada na Fórmula 1 atiçou a imaginação dos engenheiros, que vislumbraram um fabuloso futuro para seus descendentes nas pistas. "Começou-se a usar sensores de pressão no motor, depois vieram sensores na suspensão e, como isso funcionou, pensou-se em colocar atuadores para endurecer ou amolecer os amortecedores-enfim, o uso de censores cresceu como bola de neve", conta o engenheiro Octávio Guazzelli Neto, responsável por telemetria e aquisição de dados da equipe Minardi junto com o sócio Fernando Bueno de Paiva. Ajudou a esquentar essa febre uma feliz coincidência entre a necessidade de uma tecnologia e seu desenvolvimento-os carros cada vez mais leves e velozes precisavam de computadores de bordo cada vez menores e mais poderosos, e foi mesmo por essa microestrada que a informática seguiu.Dentro de um Fórmula 1 há normalmente dois computadores, um só para gerenciar o motor e o outro para receber e enviar para os boxes os dados fornecidos pelos sensores. Desenvolvido para vigiar os turbos, o computador para gerenciamento de motor continua em plena atividade nos motores aspirados hoje usados na categoria, já que os turbos foram proibidos a partir de 1989. É o computador quem decide quanto combustível vai injetar no motor para atingir a mistura ideal de ar-gasolina, como faziam os microprocessadores no início da história, só que de forma bem mais sofisticada.Em lugar da temperatura do escapamento, o computador hoje leva em conta a rotação do motor e o quanto o piloto está pisando no acelerador para controlar a abertura dos bicos injetores, recebendo informações dos sensores 100 vezes por segundo. Num banco de provas, os engenheiros já haviam estabelecido os pontos ideais de injeção-num motor que chega a 15 000 rotações por minuto há por exemplo 30 pontos, um a cada 500 giros. Durante a corrida, se o motor está num momento a 12 500 giros e o piloto pisa no acelerador com determinado ângulo, o computador junta os dados e manda os bicos injetores soltarem a quantidade de combustível exata, pelo tempo estritamente necessário (entre 0 e 5 milissegundos).Um potenciômetro colocado no cabo do acelerador informa ao computador o quanto o piloto pisou. Para medir a rotação do motor, um sensor alimentado com uma tensão elétrica é colocado lá dentro, em frente a uma peça em forma de estrela de quatro pontas, que gira junto com o motor. Cada vez que uma ponta passa pelo sensor, provoca um ruído no sinal; a quantidade de ruídos por determinado tempo resulta numa freqüência e, a partir dela, faz-se uma analogia que indica as rotações por minuto.Os outros sensores do carro funcionam pelo mesmo princípio: são alimentados com uma tensão elétrica vinda de uma bateria, modificam essa tensão conforme o objeto da medição sofre alterações e informam ao computador o quanto variou a tensão. De posse desses dados, que recebe ininterruptamente enquanto o carro roda na pista, o computador armazena-os na memória e transmite-os ao boxe, volta por volta. Isso ele faz colocando os dados numa onda de rádio, em freqüência UHF ou microondas Essa onda vai para uma antena em frente ao boxe toda vez que o carro passa por ali. Este computador não é o mesmo que gerência e vigia o funcionamento do motor. Geralmente há dois ou três em cada carro, cada um especializado em uma tarefa. Um McLaren tem vários, pois a Honda adota o método de dividir os computadores segundo sua função, cada um executando seu trabalho de forma mais especifica sob o comando de um computador central.A onda de rádio, no boxe, é transformada novamente em sinal elétrico e entra nos computadores lá instalados. É nesses aparelhos que os engenheiros analisam as informações providas pelos sensores, utilizando programas desenvolvidos especifica mente para isso. Cada equipe tem seu próprio programa, mantido longe da curiosidade dos concorrentes. "Para entendermos volts e ampères em medida de gente, fazemos uma calibração, a equivalência de medidas elétricas em quilos, milímetros, velocidade", explica Guazzelli Neto. No boxe da McLaren, os computadores têm na tela o desenho do circuito em que está acontecendo a corrida. "Colocando o cursor sobre um ponto qualquer e selecionando-o, tem-se um check-up imediato do comportamento do carro e do motor", conta o inglês Eric Silberman, relações públicas da Honda.Os sensores captam tudo o que acontece no carro em movimento: regime de motor, posição do volante, velocidade, temperatura e pressão do óleo e do combustível, temperatura e pressão ambiente, velocidade do ar, posição e carga nos amortecedores, carga na barra de suspensão (push-rod) e no próprio chassi, aceleração, temperatura da água do radiador e por aí afora. Um dos parâmetros básicos necessários para o estudo do comportamento do carro é a velocidade. Empregam-se para medi-la os chamados discos fônicos, sensores que dão picos de voltagem quando algo passa na frente deles. Um deles, fixado na roda com uma rodinha dentada que gira junto com ela, capta a passagem de cada dentinho, criando uma freqüência calibrada para um equivalente em quilômetros por hora. Saber a velocidade exata em cada ponto do circuito é fundamental-como a trajetória cumprida pelo piloto é quase sempre a mesma saber se houve perda de velocidade em curvas ou retas pode explicar voltas ruins. Outro sensor importante é o potenciômetro, usado no cabo do acelerador e nos amortecedores.Os potenciômetros parecem resistências de chuveiro em miniatura. Têm uma bobina com várias espiras, por onde passa corrente elétrica, e uma cabeça de leitura que caminha em contato com as espiras. Quando é colocada dentro do conjunto mola-amortecedor do carro, a cabeça de leitura vai se mover pelas espiras conforme o amortecedor se movimentar, absorvendo os solavancos que o carro sofre. A variação de voltagem provocada pelo andar da cabeça de leitura é calibrada para apresentar a equivalência em milímetros, e assim tem-se o comportamento do carro ao longo do circuito-e, importante, vê-se como funciona de verdade, um carro que era maravilhoso quando ainda não havia saído do projeto.Por um princípio semelhante ao potenciômetro funcionam os strain gages, microrresistências que são coladas em algumas peças para medir seu deslocamento quando submetidas a esforço. São muito usados nos push-rods, as barras que ligam as rodas aos amortecedores. Quando as barras sofrem tração, deformam-se em escalas invisíveis, mas os pequenos strain gages deformam junto. Essa deformação muda sua resistência, dá diferença de saída no sinal elétrico e tem-se ao fim a carga em quilos que cada barra está sofrendo. Por meio de uma série de cálculos, os engenheiros chegam à carga aerodinâmica ou a pressão que o ar está exercendo no carro em função de sua aerodinâmica. Isso permite saber se os testes em túnel de vento correspondem à realidade, ou seja, se o ar está empurrando aquele carro para baixo tanto quanto foi previsto. Esse número é que vai dizer também se as mudanças nos spoilers, para conseguir mais ou menos asa (maior ou menor pressão), surtem efeito no carro em movimento.Tantos dados e números servem não apenas para acertar o carro para a corrida do próximo domingo, mas criam um banco de informações que realimentam o próprio projeto inicial. Já é possível prever, em linhas gerais, como um carro vai se comportar em determinado circuito, quando os computadores são alimentados com as informações sobre os acertos executados nele Sonha-se, porém, com um programa sofisticado a tal ponto que o computador não só simularia como o carro andaria na pista, mas poderia calcular quais os acertos ideais-quantas libras nas molas da suspensão, quantos graus de inclinação nos spoilers...Nem por isso o carro andaria tão bem com um piloto ou com um barbeiro qualquer ao volante. "Com telemetria e aquisição de dados tenta-se regular o carro do melhor jeito possível para o piloto", diz Octávio Guazzelli Neto. Assim, sem se preocupar em transmitir informações a respeito do carro, ele fica liberado para fazer o que mais sabe -guiar no limite.





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terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Carlos Chagas - História sem Fim


CARLOS CHAGAS: HISTÓRIA SEM FIM



Apaixonado pelo trabalho, dono de uma personalidade exuberante, o médico Carlos Chagas delineou o quadro completo de um mal que, no mundo inteiro, ficou conhecido pelo seu nome - a doença de Chagas

Descobrir uma doença já bastaria para destacar um pesquisador. Mas apenas um cientista extraordinário revelaria sozinho, além de uma doença nova, seus sintomas, sua causa e suas formas de transmissão. Pois esse longo e minucioso trabalho foi realizado, no inicio deste século, pelo médico mineiro Carlos Chagas, o descobridor do mal que hoje, em todo o mundo, é conhecido pelo seu nome e que só no Brasil, reúne cerca de 12 miIhões de vítimas. Sua investigação é ainda mais peculiar por ter sido feita às avessas da maioria dos estudos em Medicina, que normalmente parte da constatação de uma doença para então, ir atrás dos agentes causadores. Chagas, ao contrário, chegou à realidade de mal partindo de uma observação corriqueira - a de que um estranho inseto costumava picar o rosto das pessoas.

Se fosse seguir os desígnios da familia, Carlos Chagas teria sido engenheiro. Nascido em 9 de julho de 1879, Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas passou o inicio da infância na Fazenda Bom Retiro, na cidadezinha mineira de Oliveira. Quando o menino não tinha ainda 5 anos, o pai morreu, deixando uma viúva de 24 anos de idade, quatro filhos e uma fazenda por pagar. As dificuldades financeiras obrigaram a mãe de Carlos Chagas a mandá-lo, com 7 anos, para o Colégio dos Jesuítas, em Itu, no interior de São Paulo, pois ali a matrícula era grátis. Mas o garoto ficou menos de dois anos por lá.No dia 13 de maio de 1 888, ao saber que a princesa Isabel abolira a escravatura, ele fantasiou que a mãe estava tendo problemas com os negros da fazenda. E, aí, por um dos traços marcantes de sua personalidade - a determinação - explodiu: ele fugiu da escola para "salvar" a mãe. Em poucas horas foi capturado, mas depois de mostrar sua tristeza por viver longe da família acabou voltando para Minas Gerais. Começou a cursar, então, a já famosa Escola de Minas, em Ouro Preto. Em 1895, no entanto, um ataque de beribéri o levou de volta a Oliveira. Ali, encontrou o tio, Carlos Ribeiro de Castro, que acabara de chegar do Rio de Janeiro e instalara uma clínica cirúrgica na cidadezinha. Encontrou, também, sua vocação: a Medicina e a Biologia.Assim, já em 1896, aos 17 anos, ele ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Na casa onde morava com outros colegas, Carlos Chagas estudava à luz de velas-metódico, todas as noites ele só fechava os livros depois de consumir duas delas. Ainda estudante, ele tornou-se assistente do professor Francisco Fajardo, no curso de malária. Nesse tempo, também, grassava a epidemia de febre amarela, no Rio. Chagas acompanhava, sempre que podia, um de seus professores prediletos, Miguel Couto, em suas andanças pelos hospitais. Ele varava noites à beira de um leito quando sabia que um doente vivia longe da família.Ao contrário da imagem que se faz de um cientista - uma pessoa séria, sisuda, com o livro sempre grudado no nariz -, Chagas era exuberante, impetuoso, vibrante, e se apaixonava pelo que fazia. Em 1902, ainda sem saber direito que especialidade seguir, ele foi se aconselhar com Miguel Couto. Como o ex-aluno acabara de escrever uma tese sobre malária, o velho professor Ihe indicou um jovem médico recém chegado do Instituto Pasteur, em Paris, que começava a criar a Medicina Experimental no Brasil: Oswaldo Cruz. Na mesma época, Chagas passou algum tempo trabalhando no então recém criado Instituto de Manguinhos (hoje Instituto Oswaldo Cruz), mas recusou a oferta para se empregar ali. Ele preferiu aceitar um pequeno posto no Hospital dos Pestosos, em Jurujuba, na periferia do Rio de Janeiro, e abriu um consultório. Ironicamente, essa opção teve um simples motivo: Chagas acreditava não ter dons para a investigação experimental.Contudo, três anos mais tarde, em 1905, o salário do hospital e a renda do consultório já não eram suficientes pois Chagas estava casado com dona Íris e tinha um filho, Evandro. Por isso, aceitou o convite de Francisco Fajardo para trabalhar em uma campanha de profilaxia da malária na Companhia das Docas de Santos. Assim, aos 26 anos, ele deixou a família no Rio de Janeiro, para atuar na primeira campanha de profilaxia bem- sucedida no Brasil. De volta ao Rio, o cientista passou a integrar a equipe de Manguinhos, para disparar uma campanha semelhante na Baixada Fluminense. É quando cunha uma frase que se tornaria célebre: "A malária é adquirida nos domicílios humanos e raramente no exterior". Desse modo, Carlos Chagas desmontou a tese de que os focos da doença eram as proximidades dos pântanos, as margens dos rios e águas paradas. No final do ano de 1907, Oswaldo Cruz encarregou-o de uma nova missão: a Estrada de Ferro Central do Brasil prolongava suas linhas para o interior de Minas Gerais e, ao chegarem os novos trilhos a Lassance, um arraial quase às margens do Rio São Francisco, a malária devastou o acampamento dos operários.Chagas e seu colega Belisário Pena foram para lá, instalando uma espécie de hospital e laboratório em um vagão, na estação ferroviária. E foi nesse cenário que os trabalhos de Carlos Chagas tomaram um rumo imprevisto - e fundamental - para a Medicina. Na região, muitas pessoas morriam de uma doença estranha. Certa vez, Chagas resolveu fazer uma autópsia no corpo de um desses doentes e constatou grandes lesões no músculo cardíaco, o que deveria provocar a morte daquelas pessoas. Poucos dias depois, numa viagem a Pirapora, à noite, Chagas pousou numa casinha de pau-a-pique. Ali, o chefe da comissão de engenheiros que construía a estrada de ferro mostrou-lhe um inseto desconhecido, chamado chupão, chupança ou barbeiro, porque tinha o hábito de picar no rosto e chupar o sangue.O irrequieto Chagas logo capturou alguns desses insetos e examinou-lhes o aparelho digestivo, apesar de nem desconfiar da relação do que estava fazendo com o resultado da autópsia realizada dias antes. Surpreendentemente, ele encontrou no intestino do barbeiro um tripanossoma, espécie de microorganismo unicelular, de 15 milésimos de milímetro. Curioso, Chagas enviou alguns barbeiros para Oswaldo Cruz e pediu-lhe que deixasse os insetos em contato com sagüis. Vinte dias depois, de volta a Manguinhos, o cientista notou que os sagüis estavam infectados pelo mesmo tripanossoma.No dia 17 de dezembro de 1908, ele descreveu. num relatório, oTrypanosoma cruzi-sendo "cruz", uma homenagem a Oswaldo Cruz. Chagas precisava, então, descobrir as vitimas desse microorganismo. Francisco Gomes, que se tornou técnico no Instituto de Manguinhos, foi uma testemunha dessa busca. Na época, ele ainda era garoto e estava no acampamento dos cientistas quando conseguiu capturar um gambá nas imediações. "Chagas dizia: "Ih, cuidado com esse bicho". Ele correu para a barraca, foi apanhar a bandeja com o material-lâmina, tesoura etc.", conta Gomes, em um depoimento publicado nos Cadernos da Casa de Oswaldo Cruz, elaborado pela Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz). E continua: "Imprensei a cabeça do gambá, consegui segurar as patas traseiras; ele veio correndo e deu um pique na orelha, tirou uma gota de sangue, botou na lâmina, saiu correndo para a barraca. Quando olhou no microscópio, deu um tremendo berro, que ecoou pelo campo afora. Foi o segundo animal descoberto como hospedeiro do Trypanosoma cruzi. O primeiro era o tatu. Mas o primeiro ser humano foi a menina Berenice Soares de Moura, de 2 anos, que tinha acessos de febre intensos e intermitentes. Ao examinar o sangue da menina, Chagas encontrou o mesmo tripanossoma. Estava descoberta a doença de Chagas.

Até então, o único mal conhecido causado por um tripanossoma em seres humanos era a chamada doença do sono, transmitida pela mosca tsé-tsé, endêmica em muitas regiões da África. Em abril de 1909, a descoberta de Carlos Chagas foi divulgada para o mundo, com a publicação de um artigo numa revista científica alemã. Ao mesmo tempo, Oswaldo Cruz leu o trabalho na sede carioca da Academia Nacional de Medicina. Durante quatro anos, Carlos Chagas viveu entre o Rio de Janeiro e Lassance, investigando a doença. Até que, em 1912, foi enviado por Oswaldo Cruz para fazer outro trabalho de profilaxia e saneamento no vale do Amazonas. Trabalhando no meio das florestas, muitas vezes acompanhado por índios, ele percorreu os rios Solimões, Juruá, Purus, Acre, Yaco e Negro. Nesse período, trabalhou com Pacheco Leão, que foi diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.É Pacheco Leão quem conta que Chagas viveu duros dias na Amazônia: caía nos igarapés, não gostava nem da comida nem dos frutos típicos e, à noite, com os outros membros da expedição, era obrigado a caçar na mata, pois só chegava carne ao acampamento de sete em sete dias. Na Amazônia, Chagas identificou várias espécies de insetos e se revoltou com a pobreza e a ignorância, que matavam os habitantes. Em uma de suas anotações, o médico revelou ter ficado extremamente impressionado com a situação na cidadezinha de São Felipe, à beira do Rio Juruá. Ali chegando, soube que, só no primeiro semestre de 1911, haviam morrido 400 pessoas por causa da malária. "Metade dos habitantes vitimada em seis meses por uma moléstia evitável!", escreveu.

A gripe espanhola chegou ao Rio de Janeiro em 1918, quando Carlos Chagas ainda estava deprimido com a morte, no ano anterior, de Oswaldo Cruz, a quem sucedeu na direção do Instituto de Manguinhos. Em dois meses, a gripe matou 15 000 pessoas na cidade, e a população estava em pânico. Chagas foi chamado para dirigir os serviços assistenciais. Em uma semana, criou hospitais improvisados, mobilizou a parte ativa da população, instalou laboratórios de emergência. No ano seguinte, foi convidado pelo presidente da República, Epitácio Pessoa, a reformular todo o sistema de saúde do país, sendo nomeado diretor do recém-criado Departamento Nacional de Saúde Pública. Para aceitar o cargo, Chagas fez uma única exigência: continuar no comando de Manguinhos. Até 1926, ele acumulou os dois cargos. Nesse período, criou serviços de profilaxia rural, inspetorias especializadas no combate à tuberculose, à sífilis e à lepra.Chagas conseguiu também uma verba da Fundação Rockefeller para criar a Escola de Enfermagem Ana Neri. Tudo isso Ihe rendeu muita inveja: ele chegou a ser acusado de tráfico de escravas brancas em conluio com os americanos, quando chegaram ao Rio de Janeiro as primeiras enfermeiras que iam lecionar na escola. O pior foi, em 1916, quando cientistas brasileiros e argentinos fizeram uma verdadeira campanha contra suas pesquisas: "As descobertas de Carlos Chagas são uma ilusão e a doença de Chagas não existe", afirmou o argentino R. Krauss, diretor do Instituto Bacteriológico de Buenos Aires, durante um congresso.Por sorte, Chagas estava presente no evento e, no dia seguinte, falou para um auditório repleto durante duas horas e meia, demonstrando com base em documentos a validade de sua descoberta. Essas vicissitudes, porém, jamais tiraram de Carlos Chagas o bom humor. "Nossa casa era simples, mas, aos domingos, ela vivia cheia de seus amigos cientistas. Conversava-se muito, ria-se muito. Meu pai só se irritava quando alguém falava demais. Aí, ele logo emitia seu mais característico sinal de impaciência: tamborilava com os dedos", lembra Carlos Chagas Filho, que seguiu a trilha do pai no caminho da ciência.Carlos Chagas adorava repousar lendo clássicos portugueses. Citava frases inteiras de Camilo Castelo Branco e de Antero de Quental. Os anos entre 1926 - quando deixou o Departamento Nacional de Saúde Pública e se dedicou apenas a Manguinhos - e 1934, quando morreu, foram os mais felizes de sua vida. Era então um cientista reconhecido e mais de quarenta sociedades científicas estrangeiras o elegerem membro honorário. Como participante do Comitê de Higiene da Liga das Nações, viajou à Europa todos os anos. No Rio, o cientista caminhava até a praia do Flamengo para um rápido banho de mar, antes de partir para o trabalho, no Instituto de Manguinhos.Chagas carregava sempre uma marmita, preparada com esmero por sua mulher. Dona Íris não desconfiava que o marido jamais provava a comida. Chagas levava a refeição para um colega, Adolfo Lutz - o famoso médico, criador do primeiro instituto bacteriológico brasileiro, não suportava comer no refeitório de Manguinhos. No dia 8 de novembro de 1934, Carlos Chagas foi ao hospital, pela manhã, visitar um aluno operado. Mas, indisposto, resolveu não ir a Manguinhos, preferindo ficar em casa. Aos 55 anos, o cientista morreu de infarto sobre a mesa do escritório, trabalhando. Ou melhor, procurando um meio de se vencer a doença de Chagas. Hoje, calcula-se, cerca de 600 pesquisadores brasileiros dão continuidade a essa busca.

Tal pai, tal filho

Quando estava no último ano do curso de Medicina, Carlos Chagas Filho chegou perto de seu pai e disse que queria se especializar em ciências básicas. "Acho que a Medicina tropical é mais importante", respondeu Carlos Chagas, "mas ciência, no Brasil, não se faz sem ciência básica." Foi assim, com a bênção paterna, que o criador é até hoje diretor do Instituto de Biofísica do Rio de Janeiro iniciou uma carreira que o levou até a presidência da seríssima Academia Pontifícia de Ciências do Vaticano - cargo que exerceu de 1972 até 1988, convivendo com dezenas de ganhadores do Nobel.Filho mais novo do descobridor da doença de Chagas, ele nasceu no Rio de Janeiro em 12 de setembro de 1910. Depois de formado, iniciou uma meteórica carreira como professor da Faculdade Nacional de Medicina, a ponto de aos 26 anos já ser o catedrático de Física Biológica. Mas foi a partir de 1938, depois de ter estudado no Instituto Pasteur, em Paris, que ele passou a se dedicar verdadeiramente à pesquisa. Sua atenção concentrou-se sobre o poraquê, um peixe elétrico do Amazonas, a respeito do qual publicou mais de 150 trabalhos. Chagas Filho descreveu as propriedades elétricas do poraquê, até então desconhecidas, e mostrou como era sua transmissão pelos nervos do peixe.Inéditas também foram suas pesquisas sobre o curare - o veneno dos índios da Amazônia-, que permitiram a compreensão de como se distribuem no organismo algumas substâncias radioativas usadas em remédios. Em 1945, Carlos Chagas Filho fundou o Instituto de Biofísica, implantando a pesquisa científica dentro da universidade. A partir de 1947, ele iniciou sua atuação internacional, presidindo o Comitê de Estudo das Radiações Ionizantes sobre Seres Vivos, das Nações Unidas, as comissões de pesquisas da Organização Pan-Americana de Saúde e, mais tarde, da Organização Mundial de Saúde.De 1966 a 1970, o cientista morou em Paris, como representante brasileiro junto à UNESCO. Nesse período, ele se tornou vice-presidente do Comitê Internacional de Salvaguarda de Veneza, a magnífica cidade italiana que, aos poucos, afunda nas águas do Mar Adriático. Nenhuma dessas honrarias, contudo, retirou dele a gentileza e a doçura. Hoje (1991), aos 81 anos, Chagas Filho costuma ir, diariamente, ao Instituto de Biofísica. Ali, nos corredores do prédio, ele distribui cumprimentos gentis aos funcionários mais humildes e, nos laboratórios, preciosas lições aos seus alunos e pesquisadores.



Um hóspede terrível

Em princípio, a doença de Chagas deveria estar restrita aos pequenos mamíferos das matas da América, desde a Patagônia até o sul dos Estados Unidos. Bichos, enfim, como os gambás, conviviam com os barbeiros e, assim, acabavam hospedando em seu organismo o Trypanosoma cruzi. A destruição das matas possivelmente desalojou os barbeiros, que, então, invadiram os casebres de barro e pau-a-pique, onde passaram a contaminar animais domésticos e seres humanos. Inseto hematófago, ou seja, que se alimenta de sangue, o barbeiro procura o rosto para dar sua picada - que não é sentida, já que ele expele um líquido anestésico. Logo depois de picar, o inseto defeca. Nas fezes está o perigo: o tripanossoma, que aproveita a brecha da picada para entrar no organismo.Quatro a seis dias mais tarde, aparece uma mancha avermelhada e dolorosa no lugar da picada. O infectado tem febre baixa e contínua, além de falta de apetite. Na fase aguda da doença, o baço e o fígado aumentam, enquanto os batimentos cardíacos aceleram. Esses sintomas duram algumas semanas, cedendo abruptamente. Aí, o problema torna-se crônico e o coração é o órgão mais prejudicado, pois o tripanossoma prefere se hospedar em suas fibras musculares. Aos poucos, esse órgão vai se dilatando - é o chamado "coração de boi". O maior problema é que parasitas como o Trypanosoma cruzi ou o plasmódio, causador da malária, driblam o sistema de defesa do organismo, dificultando a criação de vacinas. Por enquanto, contra o mal de Chagas só existe uma receita eficaz: manter distância do barbeiro. No Brasil, porém, 12 milhões de pessoas são vítimas da doença, que costuma atingir unicamente uma classe - a dos pobres.





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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

A Cidade da Ciência - Museus


A CIDADE DA CIÊNCIA - Museus



No Parque de La Villette, em Paris, um imenso centro de exposições científicas procura atrair o grande público para um mundo antes reservado aos iniciados.Todo dia, La Cité seduz multidões

Há cinco anos, Pierre Saliot, um simpático geólogo mineralogista, abandonou seu laboratório na Escola Normal Superior de Paris para embarcar num projeto grandioso: fazer funcionar o maior museu científico do mundo. A contar pelo número de máquinas, computadores, quadros, filmes, esquemas, maquetes, livros e outros equipamentos que se espalham pelos 150 000 metros quadrados dos sete andares de um prédio extenso feito um trem de metrô, mais alto do que um foguete Ariane, "a ciência é realmente incontornável", como gosta de dizer Saliot para indicar que ela está presente em tudo nas sociedades atuais.Na Cidade das Ciências e da Indústria, ou simplesmente La Cité, no dizer dos parisienses, encravada no Parque de La Villette, na prosaica ponta nordeste de Paris, podem-se ver, tocar e entender muitos dos equipamentos que dão forma e função ao século XX. Do silicone usado para proteger fachadas de prédios, por se tratar de material hidrofóbico (que não encharca em contato com a água), ao simulador de vôo, ou seja, do que passa despercebido à maioria das pessoas ao que parece ininteligível aos olhos de um leigo, tudo que é fruto da ciência ou da técnica é tratado na Cité de forma simples porém precisa. A meta não é propriamente deslumbrar os visitantes com as maravilhas da tecnologia, mas explicar no que consiste a atividade científica e de que modo ela pode influir na vida de cada um. "O público quer saber como as coisas funcionam e como elas interferem na nossa sociedade", diz o cientista Saliot, hoje um dos diretores de exposições do centro.A Cidade das Ciências e da Indústria foi inaugurada na noite de 13 de março de 1986, quando o Cometa Halley passeava no céu. Desde então, 21 milhões de curiosos se aventuraram por seus corredores, fascinaram-se diante de exposições gigantescas ou simularam o resgate de satélites perdidos no espaço, com a ajuda de uma espécie de assento propulsor, usado pelos astronautas para esse fim. "Nosso maior desafio foi criar um museu tão grande como este sem acervo", comenta Brigitte Coutant, chefe do departamento de relações internacionais da Cité. "Esse foi um dos motivos pelos quais o fizemos com instrumentos que podem e devem ser usados, experimentados. manipulados pelas pessoas." De fato, ao contrário de um museu convencional, a maior parte da área da Cité é aberta ao público, e não reservada às coleções.

Os outros motivos que fizeram da Cité um estabelecimento tão pouco tradicional a ponto de merecer, a rigor, o nome de museu, já tinham levado os americanos a criar centros de lazer e de cultura científica para as grandes massas. O Exploratorium, de San Francisco, e o Museu do Ar e do Espaço, de Washington, foram pioneiros da filosofia sintetizada na expressão science is fun (ciência é divertido) - uma nova forma de conceber a divulgação do conhecimento. Ninguém vai a museus para ler cartazes intermináveis e incompreensíveis", argumenta Brigitte. Ao dosar com habilidade pedagogia e divertimento, a Cité acertou o ponto. O público que diariamente invade esse enorme laboratório inclui desde crianças de 3 anos a anciãos de 80. Vai-se à Cité visitar uma exposição, consultar a vasta biblioteca (260 000 volumes), estudar ou assistir de graça a filmes e vídeos sobre assuntos variados.A espinha dorsal da instituição é sua exposição permanente, chamada Explora. "Ela serve para mostrar que desde as suas origens o homem vive uma aventura extraordinária e arriscada". declama o presidente da Cidade das Ciências e da Indústria. Roger Legards, um administrador de empresas que, paradoxalmente, não tem formação científica alguma e jamais trabalhou em organizações ligadas à pesquisa. "Para acompanhar tal aventura. abordamos seis temas centrais: o Universo, a vida, a matéria, o trabalho, o homem e a comunicação." Ao percorrer o labirinto de 30 000 metros quadrados da Explora, por sinal o maior espaço destinado a exposições permanentes em toda a Europa. descobrem-se bizarros equipamentos, como a bola de som, um balão inflado com gás carbônico que, ao focalizar" o som da voz, se transforma numa espécie de concha acústica, permitindo que duas pessoas sentadas a sua volta, mas a 5 metros de distância uma da outra, mantenham uma conversa reservada, como se estivessem tête à tête.Outros engenhos mais complexos, como o computador dotado de um programa especial, testam a acuidade do ouvido do visitante. A poucos passos dali, o suiveur de regard, que se pode traduzir por "rastreador de olhar", registra os complexos movimentos dos olhos de um leitor. E esse descobre que ao folhear um livro, a vista não se desloca regularmente, da esquerda para a direita, como parece. Na seção de informática, evidentemente uma das mais procuradas, um autêntico simulador de vôo, com instrumentos de bordo, imagens, sons e um sistema computadorizado que permite que as decisões do piloto sejam tratadas em tempo real costuma criar rivalidades entre pais e filhos, todos disputando a vez de pousar num dos três aeroportos oferecidos pelo jogo. Antes de manipulá-lo porém, é preciso algum preparo para a aventura. Por isso dois filmes. Imagens do simulador e Avião, modo de usar, orientam os aeronautas novatos.Para os que preferem histórias de velhos (ou novos) lobos-do-mar, a Cité criou um espaço onde se conta em detalhes a conquista dos oceanos e se disserta sobre a vida marinha. Uma maquete em tamanho real do submarino francês Nautille, o mais moderno destinado à exploração das águas profundas, mostra como foi construído, como funciona e quais as possibilidades do engenho. Outros tantos modelos computadores, jogos e miniaturas aproveitam cada canto da ultramoderna arquitetura da Cité para cumprir a missão que é sua razão de estar ali: "Explicar e não dar respostas prontas", nas palavras do geólogo Pierre Saliot.Não saberia dizer quantos equipamentos interativos (que permitem a participação do público) estão em funcionamento na Cité", reconhece Brigitte Courant. "Só sei que para mantê-los em atividade várias equipes trabalham diariamente e os defeitos não ultrapassam 5%, o que é fabuloso." Ao todo, 1000 pessoas trabalham ali. Para abrir suas portas seis dias por semana neste ano de 1991, a Cidade das Ciências e da Indústria gastará 722 milhões de francos (cerca de 144 milhões de dólares), dos quais 80% bancados pelo governo francês. "O restante vem da venda de ingressos (35 francos ou 7 dólares, em média), do aluguel de exposições para museus do mundo inteiro e de convênios com importantes indústrias", contabiliza Brigitte Coutant. Esses convênios permitem a empresas como Apple, Philips, Kodak ou Matra montar exposições no recinto da Cité. Elas contribuem também na organização do Inventorium, um espaço concebido especialmente para crianças.Montar uma exposição não é o que se pode chamar tarefa simples. Da escolha do tema à abertura ao público, na melhor das hipóteses lá se vão dois anos. Para acertar o justo meio-termo entre simplicidade e exatidão, vários grupos de controle, integrados por cientistas, examinam desde a oportunidade de se abordar determinado assunto até um simples enunciado explicativo fixado num equipamento qualquer. "Tudo que se pretende mostrar ao público passa pelas mãos de Paul Carot, o delegado de assuntos científicos". ressalva Pierre Saliot. "Depois o assumo é estudado por um conselho, que analisa a forma pela qual o tema será apresentado. Finalmente, para cada área específica da exposição, existe um comitê científico, integrado por pessoas que trabalham em entidades de pesquisa, centros de tecnologia ou indústrias de ponta."Tudo somado, esses comitês e os que elaboram textos, ajudam a escolher fotografias e cuidam de todos os pormenores podem mobilizar 500 cientistas -para uma única exposição. "Alguns chegam a se transferir para a Cité, ficando um ou dois anos conosco em regime de dedicação integral lembra o sempre entusiástico Saliot. A política de exposições da Cidade das Ciências parte da premissa de que o público prefere a abordagem por atacado de uma questão grande complexa. em vez de pequenas mostras dedicadas a aspectos particulares de um tema. Nessa linha, o assunto de 1991 ali é a comunicação. "Vamos cercá-la de todos os lados", promete Saliot.O grande Parque de La Villette, com 35 hectares de área, abriga ainda a Cidade da Música (um conservatório de música e dança), um cinema com tela em 180 graus chamado Géode, além, naturalmente. dos espaços dedicados às exposições. O conjunto foi construído num dos muitos lugares que fizeram a história de Paris. Durante um século de 1867 até os anos 1970, quando o congelamento em grande escala modificou o comércio de carnes, a Villette era conhecida como o grande abatedouro e principal mercado do gênero da capital francesa. Quando o abate passou a ser feito nos próprios centros de criação de gado, a região foi abandonada. Em 1977, o então presidente Valéry Giscard d´Estaing criou uma "missão de estudos" para decidir se valia a pena construir ali um museu científico. Com a conclusão positiva, escolheu-se o arquiteto, Adrien Fainsilber, e a Cité começou a tomar forma.A Villette é o maior parque da cidade", compara Brigitte Coutant. Do antigo mercado, preservou-se apenas o prédio central, a Grande Halle. Tudo o mais foi construído nos moldes da arquitetura contemporânea que ao longo da década passada fariam de Paris uma das capitais mais modernas do mundo. Além do próprio prédio da Cité, chama especial atenção a Géode. Dentro dessa esfera de aço polido com 36 metros de diâmetro, uma tela abobadada e um avançadíssimo sistema de projeção produzem efeitos dignos de George Lucas. Filmes sobre o corpo humano, o espaço ou o fundo do mar transmitem à platéia-1,1 milhão de espectadores em 1990-uma inigualável sensação de realismo. Filmes, encontros e debates participam agora da comemoração dos cinco anos da Cidade. Vamos aproveitar e fazer um balanço da experiência, anuncia Brigitte Coutant. "Mas não temos a menor dúvida de que nesse período alcançamos todos os objetivos e que o público não se cansou de descobrir aqui o mundo técnico e científico que permeia nosso dia-a-dia":

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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O Povo de Asterix - História


O POVO DE ASTERIX - História



Os celtas povoaram a Europa muito antes da ascensão de Roma. Guerreiros, artesãos e artistas, tinham uma cultura voltada para o sobrenatural e uma relação mágica com a natureza. Mas sentiam medo da palavra escrita

À parte os jogadores do Boston Celtics, os monumentais astros do basquete que como o primeiro nome do time indica são americanos e nada mais, os únicos celtas que as pessoas conhecem hoje em dia não são gente de carne e osso, mas figuras de histórias em quadrinhos, os divertidos personagens capitaneados pelo diminuto Asterix. Na vida real, as legiões romanas sob o comando de Júlio César conquistaram em 58 a.C. o território da Gália, que viria a ser a França, e denominaram os habitantes locais, os celtas, gauleses. No gibi, o valoroso Asterix, dono de força sobre-humana, faz gato e sapato dos invasores, com a ajuda do descomunal Obelix. O segredo do bravo guerreiro é uma poção mágica confeccionada pelo druida, o sacerdote da aldeia.Na organização social dos celtas, até onde se sabe, o druida exercia uma multiplicidade de papéis: era não só uma espécie de ministro de Assuntos Religiosos, mas também o guardião das tradições e da cultura, maestro da moral e da teologia. Era ainda profeta e às vezes poeta (ou "bardo"), o elo de ligação por excelência entre os habitantes deste mundo e os do outro, como bruxas, fadas, deuses e seres sobrenaturais em geral. Para os historiadores especializados na antiga Europa, os druidas representam a fonte de um problema. Pois a grande dificuldade em estudar a saga desses primeiros europeus - que antes da conquista romana haviam povoado o continente desde Portugal, no extremo oeste, à Cordilheira dos Cárpatos, no leste, da Bélgica, no norte, à Itália no sul - nasce, segundo a lenda, de um decreto druida, os celtas estavam proibidos de escrever a própria história.Júlio Cesar narrou a conquista da Gália nos sete volumes do De bello gallico (Sobre a guerra gália), cujas primeiras palavras,Galia est omnia divisa in partes tres,unam quarum incolunt belgae (Toda a Gália se divide em três partes, numa das quais habitam os belgas), não há estudante de Latim capaz de esquecer. Pois o glorioso César cometeu o equívoco de afirmar que os celtas não escreveram sua história por não confiar na própria memória. Na verdade, temiam que a palavra escrita pudesse ser veículo de magia incontrolável - no fundo, um argumento muito parecido com os pretextos invocados pelos censores de qualquer época e lugar. Seja como for, o veto limitou o conhecimento da sociedade celta ao discurso mudo dos objetos encontrados nas escavações arqueológicas em sítios que há mais de 2 000 anos abrigaram povoações. Informações adicionais provêm dos relatos de outros povos antigos, que compreensivelmente descrevem os briguentos celtas sem nenhuma benevolência. Pela primeira vez, porém, graças a uma portentosa exposição organizada no Palazzo Grassi, de Veneza, sede da organização cultural da Fiat, tornou-se possível um esforço multinacional, com a participação de 200 museus 24 países, destinado a permitir uma visão de conjunto do que se sabe hoje a respeito de uma civilização fundamental na formação da Europa.

Intitulada "Os celtas, os primeiros europeus", a exposição apresenta, explica e relaciona entre si nada menos de 2.200 objetos. Nunca antes vistas lado a lado, são as peças mais significativas resgatadas pelos arqueólogos em escavações passadas e presentes realizadas em toda a Europa, como disse a SUPERINTERESSANTE o professor Daniele Vitali, um dos sete especialistas pescados pela Fiat em cinco países para cuidar do lado propriamente científico da mostra. "Muitos museus refutaram em ceder as peças. por serem muito frágeis", conta ele. "Mas consideramos o estudo dos celtas, que são afinal as raízes européias, especialmente importante às vésperas da unificação do continente", raciocina Vitali, aludindo à derrubada das barreiras alfandegárias entre os doze países da Comunidade Européia, marcada para 1992.

O professor é dono de notícias frescas sobre os celtas. Ele dirige há dez anos a escavação de uma aldeia celta em Monte Bibele, a 30 quilômetros de Bolonha, na região da Toscana, no norte da Itália. Trata-se de um vilarejo com sessenta casas, onde viviam famílias pertencentes à estirpe dos boi (nada a ver com o significado da palavra em português). O povoado foi destruído da noite para o dia pelos romanos, que assim praticamente congelaram um momento da vida cotidiana de seus habitantes. Resultado: guardadas as proporções, a povoação de Monte Bibele está para o conhecimento da vida celta assim como Pompéia, petrificada pela erupção do Vulcão Vesúvio, está para o conhecimento da vida romana. "Encontramos todas as casas bem conservadas, com paredes de pedra de 2 metros de altura. Só os tetos de madeira foram destruídos", descreve Viali. As casas conservam toda a decoração e a distribuição espacial do último dia de vida do povoado. "Achamos muitos utensílios e ferramentas de trabalho, como foices, enxadas, facões, armas, vasos, tigelas, vasilhas", enumera o professor. Em algumas casas, os moradores estavam para fazer uma refeição quando se abateu a tragédia. Isso permitiu descobrir seu cardápio cotidiano. "Eles comiam muitos cereais, como trigo e grão-de-bico, e assados de caça, informa o pesquisador. "Consumiam também maçãs e pêras. Achamos ainda vestígios de animais domésticos."Dentro de um túmulo aristocrático, anterior no tempo à aldeia de Monte Bibele, escavado no norte da Áustria, na região de Hallstatt, que dá nome ao período mais antigo da civilização celta, foram encontradas as sobras de um banquete fúnebre. A partir da análise desses restos descobriu-se que os celtas tomavam hidromel, a mais antiga bebida alcoólica fermentada, um pouco mais forte do que o vinho atual. O banquete era para nove pessoas, pois haviam sido dispostos nove cornos, que serviam para beber, nove pratos de bronze e nove taças bem grandes, também de bronze. O hidromel estava num caldeirão de origem grega.O túmulo de Hallstatt dá muitas informações adicionais sobre os costumes celtas e sua interação com outros povos. Guerreiros de truz, como os invencíveis Asterix e Obelix da ficção, os celtas eram sepultados junto com todo um arsenal do mesmo modo como tinham vivido neste. No túmulo, um quadrado de 4,70 metros por 1,20 metro de altura, acharam-se coleções de flechas e um punhal trabalhado em ouro. Numa bolsa estavam apetrechos de higiene e embelezamento e três anzóis de pesca. O corpo jazia num sofá de bronze, provavelmente de fabricação etrusca. A cabeça estava apoiada num travesseiro de ervas.O morto usava roupas de tecido e de peles e um chapéu cônico de cortiça. No pescoço, um colar, o chamado torquis, de ouro, um adereço muito significativo. "O torquis, como diziam os romanos, é o colar típico dos celtas", explica Vitali. É um aro tubular com duas dilatações na extremidade, com furos usados para o encaixe do fecho do colar. "O torquis atestava a posição social de quem o usava. Se fosse de ouro, certamente o dono seria um aristocrata", esclarece. Uma das peças mais importantes da mostra de Veneza, por sinal, é o torquis que faz parte da coleção do museu de Chatillon sur Seine, na França, com decorações de rara beleza.Uma família típica do povoado dos boi, segundo Daniele Yitali, era composta de quatro a cinco pessoas e vivia em casinhas de 20 a 30 metros quadrados, agrupadas em pequenas quadras. No povoado de Monte Bibele viviam umas 250 pessoas. No cemitério local já foram encontrados 134 túmulos, muitos deles de guerreiros mortos em combate, Inscrições funerárias (em etrusco) só aparecem no caso de homens casados com mulheres etruscas. Os etruscos haviam se estabelecido ali antes dos celtas. As inscrições descrevem a mulher e o seu parentesco com os demais. Os mais antigos relatos de que se tem noticia sobre os celtas diziam que eles eram sexualmente promíscuos, trocando freqüentemente de mulheres com parentes e amigos. Daí nasceu a lenda de que até o incesto era comum entre eles. Até hoje não foi possível conferir essas informações. "Os dados arqueológicos", ensina Vitali, "só permitem afirmar que os celtas muitas vezes se casavam com mulheres de outros povos, por exemplo, os etruscos."Segundo uma versão, foi graças a esses "bárbaros", como os romanos se referiam a eles com desprezo, que se difundiu o uso da roda. É certo que os celtas apuraram a técnica da curvatura da madeira que tornou possível o aparecimento não só da roda mas também do barril e de muitos utensílios de madeira. A invenção da carroça puxada a cavalos também Ihes é atribuída. Pelo menos as palavras latinas carrus (carro, carroça), carruca (charrua) e carpentum (carruagem) são comprovadamente de origem celta. Assim como os nomes Londres, Paris e Milão, cidades fundadas por eles.As primeiras informações sobre a presença dos celtas na Península Ibérica e na Inglaterra foram transmitidas pelos gregos, há cerca de 2 700 anos. Por volta do ano 600 a.C. eles já ocupavam também as margens do Danúbio e o sul da Alemanha. É desse período o túmulo de Hallstatt, na Áustria. O apogeu artístico e cultural celta se deu na Suíça, à beira do Lago Neuchâtel, em La Tène (daí a designação Período Lateniano), onde se formou uma aristocracia militar cujos príncipes avançaram até a região de Champagne, na França. A partir de então entre os séculos V e III a.C., movidos pelo próprio crescimento demográfico e pressionados pela presença de outros povos, espalharam-se pelo resto da Europa, virtualmente em todas as direções. Atravessaram os Bálcãs, chegando à Turquia e Asia Menor. O que unia as povoações celtas, apesar das imensas distâncias que as separavam, não era a obediência a um único rei, mas a língua, a arte e a religiãoEm 387 a.C. cometeram a temeridade de invadir e saquear Roma. Eles tentaram tomar a cidade de surpresa. Mas, segundo a lenda, foram denunciados pelo grasnido dos gansos do Monte Capitólio, sede do Senado e do poder romano, onde hoje fica a Prefeitura da capital. Para os celtas, habituados à vida no campo, um ambiente tão urbanizado e destacado da natureza como o de Roma foi uma surpresa. O professor Sabattino Moscati, presidente do comitê executivo da exposição no Palazzo Grassi, lembra a versão segundo a qual os senadores romanos esperaram os invasores, imóveis em seus assentos. Ao irromper no recinto os celtas tiveram por um momento a impressão de estar diante de uma coleção de estátuas, como as muitas que haviam visto pela cidade. Para tirar a dúvida um deles puxou a barba de um senador, que não conteve a indignação. O resultado foi que os celtas passaram todos eles pelas armas.Nos quadrinhos de Asterix, a conquista de Roma é mais divertida. O guerreiro só não consegue tomar definitivamente a cidade porque acaba derrotado pela invencível burocracia local - cujo sossegado corpanzil inferniza ainda hoje a vida diária dos romanos. Para tudo aquilo que precisasse, Asterix se via obrigado a percorrer corredores subir e descer escadas, enfrentar a empedernida má vontade e má educação dos funcionários públicos. No mundo de verdade, tirar os celtas de Roma foi mais complicado. Eles permaneceram como um pesadelo pousado sobre a cidade durante nada menos de meio século, até a assinatura de um tratado de paz em 334 a.C.Como tantas vezes acontece na história dos povos, o período da maior expansão geográfica dos celtas assinala o início de sua decadência, atribuída à ausência de uma organização política forte o suficiente para unificar as tribos pulverizadas pela Europa inteira. Atacados, de um lado, pelas legiões romanas e, de outro, pela migração dos germânicos, começaram a sucumbir cerca de 200 anos antes da era cristã. No fim do primeiro século do atual calendário, os celtas ou estavam completamente romanizados ou tinham se perdido na multidão de povos que vinham se formando no continente europeu.A grande exceção é a Irlanda, onde a civilização celta de alguma forma deixou marcas que sobreviveram até hoje. Os celtas irlandeses, também chamados galeses, souberam conservar a língua materna, o gaélico, uma derivação do celta original. Variações do gaélico são faladas na Escócia, na Bretanha francesa e, naturalmente, no País de Gales - mas é duvidoso que os atuais irlandeses pudessem ter um diálogo fluente com Asterix e seus amigos.

Os tataravós de Picasso

A arte celta e sua expressão figurativa têm uma evolução original, embora nutrida por empréstimos da arte dos povos mediterrâneos, romanos, gregos e etruscos. Os temas típicos são, muito mais do que figuras humanas, os seres sobrenaturais zoomorfos (com forma de animais) e os elementos vegetais, desenhados com linhas curvas e flexíveis. Com sua predileção pelas formas curvilíneas, os celtas usavam muito o compasso, decompondo e recompondo as figuras a ponto de torná-las quase abstratas. Mesmo os elementos inspirados na arte clássica de Grécia e Roma sofriam mutações, integrando-se no rico universo imaginário dos celtas, povoado pelos mistérios da floresta e cheio de reverência diante da natureza.O melhor período do casamento da arte celta com a dos demais povos data do século III a.C., coincidindo com a época de sua maior expansão geográfica. Quatrocentos anos depois, a arte especificamente celta desaparecerá do continente europeu sem deixar rastros. Sobreviverá, porém, nas llhas Britânicas para ressurgir, resplandecente, na arte cristã da Irlanda medieval. Elementos da velha arte celta reaparecerão também na arte gótica, com sua obsessão pelas linhas curvas na representação das formas vegetais quase sempre freqüentadas por seres fantásticos ou monstruosos.Há quem veja nessas tramas com motivos animais ou vegetais, assim como no gosto predominante entre os celtas pelas linhas sinuosas um parentesco com uma certa tendência das artes decorativas européias do fim do século passado. A proximidade entre a arte celta e tais correntes artísticas, anticlássicas" surgidas mais de dois milênios depois é interpretada como indício de que os celtas foram os primeiros europeus a promover uma rebelião artística contra o classicismo oficial de Grécia e Roma. Vítimas do conquistador romano, os celtas teriam praticado uma arte de protesto contra a opressão das normas acadêmicas. Se essa teoria for verdadeira, os contemporâneos de Asterix seriam os ancestrais mais remotos do cubismo de Pablo Picasso.





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domingo, 9 de dezembro de 2012

Coleção com 1.950 bonecos de Star Wars vai a leilão por R$ 16,4 mil



Coleção com 1.950 bonecos de Star Wars vai a leilão por R$ 16,4 mil


Coleção com mais de 1.950 miniaturas foi reunida por décadas (Foto: Reprodução)

Instituição decidiu vender miniaturas para comemorar publicação de livro.
Feita desde 1978, coleção representa 85% das figuras de ação registradas.

Para celebrar a publicação de um livro dedicado a bonecos e miniaturas de Star Wars, o "Rancho Obi-Wan", organização sem fins lucrativos que tem como objetivo apresentar ao público coleções e exibições de artigos da franquia de George Lucas, anunciou um leilão de 1.950 figuras diferentes de Star Wars no eBay
(http://www.ebay.com/itm/ws/eBayISAPI.dll?ViewItem&item=121030841377#viTabs_0).

As figuras foram colecionadas ao passar das décadas, desde 1978, e representam 85% de todas as figuras de ação documentadas, de acordo com o anúncio registrado no site de leilões. Até o momento, foram feitos 48 lances, e o preço já está na faixa dos R$ 16,4 mil, pouco acima do valor estimado pelo dono do anúncio.
A compra inclui ainda uma lista de todas as miniaturas por número de inventário e por página do livro "Star Wars: The Ultimate Action Figure Collection", que acompanha a compra, e “incontáveis” acessórios originais que acompanham as figuras. Além disso, vale lembrar que o custo de envio da coleção é de, no mínimo, R$ 1 mil.





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domingo, 9 de dezembro de 2012

Maiores árvores do mundo estão ameaçadas de extinção


Maiores árvores do mundo estão ameaçadas de extinção




Sequoia é uma das espécies ameaçadas (Foto: Frédéric Didillon / Biosphoto / AFP)

Risco vale para diferentes espécies em todo o mundo.
Extinção teria grande impacto nos ecossistemas.

As maiores e mais velhas árvores do mundo, que são os organismos vivos mais antigos do planeta, estão desaparecendo de maneira alarmante, advertiram, nesta sexta-feira (7), cientistas americanos e australianos.
Os resultados de um estudo publicado pela revista "Science" concluíram que, em todas as partes do mundo, as maiores e mais velhas árvores estão ameaçadas de desaparecer caso não existam políticas de preservação.

"É um problema mundial que ocorre em quase todos os tipos de florestas", indicou David Lindenmayer, da Universidade Nacional da Austrália, que chefiou o programa de pesquisa.

"Da mesma forma que os grandes animais, como os elefantes, os tigres ou os cetáceos [ordem que inclui baleias e golfinhos], cuja população está em forte declínio, uma série de indícios mostra que estas árvores correm o mesmo risco", ressaltou o estudo.

Lindenmayer iniciou a pesquisa com colegas da Universidade James Cook da Austrália e da Universidade de Washington nos Estados Unidos depois de ter estudado amostras da década de 1860 retiradas de florestas suecas.

Os pesquisadores constataram um inquietante desaparecimento das grandes árvores com entre 100 e 300 anos de idade em partes da Europa, Américas do Norte e do Sul, África, Ásia e Austrália.

As sorveiras da Austrália, os pinhos dos Estados Unidos, as sequoias da Califórnia e os baobás da Tanzânia são as principais espécies em perigo.

Os incêndios florestais não são os únicos responsáveis, uma vez que a taxa de mortalidade é dez vezes superior ao normal, inclusive nos anos sem incêndios.

Este fenômeno resulta, segundo afirmam cientistas, de uma combinação de fatores como o aquecimento climático, o desmatamento e a necessidade de terras agrícolas.

"Estamos falando do desaparecimento dos maiores organismos vivos do planeta e de organismos que têm um papel determinante na regulação da riqueza de nosso mundo. A tendência é, de fato, muito preocupante", declarou Bill Laurance, da Universidade James Cook.

As grandes árvores servem como habitat para várias espécies de animais, em especial para as aves. São também enormes poços de carbono, importantes reservas de substratos que permitem o desenvolvimento de um grande número de organismos e têm um papel fundamental no ciclo hidrológico.





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domingo, 9 de dezembro de 2012

Rebeldes sírios constroem tanque de guerra controlado por joystick


Rebeldes sírios constroem tanque de guerra controlado por joystick

Rebelde mostra os controles do tanque caseiro (Foto: Herve Bar/AFP)

Veículo tem metralhadora acionada por controle de videogame.
O 'Sham II' foi construído a partir de um chassi de carro.

Rebeldes sírios construíram um tanque caseiro em Bishqatin, 4 km a oeste de Aleppo. De longe o tanque parece uma grande caixa de metal enferrujado, mas uma inspeção mais minuciosa revela a mais recente conquista de rebeldes sírios: um veículo blindado, equipado com metralhadoras e câmeras, tudo controlado por um joystick.

O veículo recebeu o nome de 'Sham II' em homenagem a antiga Síria, e foi construído a partir do chassi de um carro.

O Sham II foi construído a partir de um chassi de carro (Foto: Herve Bar/AFP)



O tanque tem câmeras externas controladas pelos rebeldes (Foto: Herve Bar/AFP)




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sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Site vende bloco de Lego feito de ouro


Site vende bloco de Lego feito de ouro por R$ 30 mil


Peça dada como premiação a funcionários e parceiros comerciais está a venda por R$ 30 mil
(Foto: Divulgação)

Peça alemã foi feita em 1980 com 25g de ouro 14 quilates.
Bloco servia como premiação para funcionários e parceiros comerciais.

Uma empresa chamada “Brick Envy”(http://www.brickenvy.com/Shop/p-482-14k-Solid-Gold-LEGO-Employee-Brick-2x4-Brick-in-Display-Box.html), especializada em vender produtos relacionados a Lego, anunciou um bloco feito de 25g de ouro 14 quilates com o formato do famoso brinquedo da empresa, que custa R$ 30 mil.

De acordo com informações do produto, o bloco, feito em 1980, possui as mesmas medidas tradicionais do brinquedo, e era dado para funcionários da empresa com 25 anos de casa ou para parceiros de mercado “muito especiais” da Lego na cidade de Hohenwestedt, na Alemanha.

O site diz ainda que a premiação foi dada apenas entre 1979 e 1981, e que há pouquíssimas unidades disponíveis no mundo. O produto acompanha ainda uma caixa de plástico com o logo da empresa estampado da parte interior.


Peça tem o mesmo tamanho e formato do brinquedo tradicional da companhia (Foto: Divulgação)





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sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Artista alemão vende mesa em formato de disquete



Artista alemão vende mesa em formato de disquete por R$ 1.860


'Floppy Table' é de metal e feita à mão pelo artista (Foto: Divulgação)

Móvel de metal é feito à mão e possui 'compartimento secreto'.
Peça conta também com gravação a laser e número de série.

O artista alemão Neulant van Exel criou uma mesa de centro em formato de disquete. O móvel é de metal e feito à mão, tem 70 cm de largura, 64 cm de altura e 45 cm de profundidade. A mesa ainda possui uma gravação a laser com um número de série e um compartimento secreto, que é revelado ao arrastar a cobertura móvel.

Disponível por encomenda online, a “Floppy Table” custa R$ 1860, fora os gastos com envio. No site do artista (Veja aqui: http://floppytable.com/floppytable-images-1.html) , há mais informações sobre o produto.


Móvel possui 'compartimento secreto', revelado ao arrastar cobertura móvel (Foto: Divulgação)





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sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Artista impressiona com tatuagens hiper-realistas



Artista impressiona com tatuagens hiper-realistas no Reino Unido



Cliente exibe retrato de Einstein tatuado do braço (Foto: Reprodução)

Chris Jones trabalha em estúdio no País de Gales.
Tatuador passou 12 anos aperfeiçoando técnicas de 'realismo colorido'.

O tatuador Chris Jones se tornou famoso mundialmente por causa de seu trabalho hiper-realista, que é definido pelo artista como “realismo colorido”. Natural do País de Gales, o Jones trabalha em um estúdio em Cardiff, capital do país.

Chris passou 12 anos para melhorar sua técnica, para criar um portfólio que pudesse reproduzir o realismo fotográfico na pele de seus clientes.


O espartano 'Leônidas", do Filme '300', feito por Chris Jones (Foto: Reprodução)

Entre os desenhos feitos pelo tatuador, estão desde figuras famosas como Albert Einstein, Marilyn Monroe, personagens de filmes como Leônidas (“300”), Darth Vader ("Star Wars") até estrelas de desenho animado como da série “Muppets”. "Tatuar alguém com seu filme ou desenho favorito é sensacional”, contou Chris em entrevista ao jornal “Daily Mail”.

O artista afirma que gosta desse tipo de técnica porque é difícil e bastante desafiadora, e revelou que muitas pessoas chegam a duvidar da veracidade em alguns de seus desenhos. “Muitos não acreditam que se trata de uma tatuagem”, contou.

O portfólio do artista, contendo as tatuagens feitas recentemente, está disponível na página de Chris Jones no Facebook (Veja aqui: https://www.facebook.com/tattoosbychrisjones).


Artista passou 12 anos aperfeiçoando sua técnica de realismo colorido (Foto: Reprodução)





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sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Médicos na Índia usam vinagre para detectar câncer



Médicos na Índia usam vinagre para detectar câncer


Exame para detectar câncer de colo de útero na Índia (Foto: Getty Images/BBC)

Técnica simples está permitindo que mulheres de aldeias remotas tenham mais chance na luta contra câncer de colo de útero.

Os exames citológicos tradicionalmente usados para detectar a presença de células causadoras de câncer de colo de útero são caros e requerem equipamentos especializados. Por isso, médicos indianos estão usando um método alternativo que tem por base um material inusitado -- ácido acético, ou vinagre comum.

O método -- desenvolvido por cientistas da Universidade Johns Hopkins e de outras instituições -- está sendo usado em lugares como a aldeia de Dervan, no estado de Maharashtra, onde os médicos improvisaram uma clínica temporária em uma loja vazia.

Ele consiste em recolher, com a ajuda de uma espécie de cotonete com vinagre, material do colo do útero das pacientes. Se o vinagre fizer o material recolhido ficar branco ou amarelado, há indícios da presença de células pré-cancerígenas.

Em países como os EUA, o câncer de colo de útero costumava matar mais mulheres do que qualquer outro câncer. Hoje, porém, praticamente não há mortes em muitos países desenvolvidos graças ao exame conhecido como Papanicolau -- que permite a detecção precoce e tratamento da doença.

Na Índia, no entanto, dezenas de milhares de mulheres ainda morrem todos os anos de câncer de colo de útero. "Não é possível para nós oferecer o exame (Papanicolau) de forma tão frequente como no Ocidente", diz Surendra Shastri, do Tata Memorial Hospital, em Mumbai.

A análise do Papanicolau requer um time de especialistas bem treinados e um laboratório bem equipado, mas muitas regiões da Índia não têm nem um, nem outro. "Então, o que podemos fazer?", Shastri questiona. "Não podemos deixar que as mulheres morram".

Resistência
Os exames com vinagre são uma resposta relativamente simples e barata a esse dilema. Eles estão sendo feitos como parte de um projeto do Tata Memorial Hospital, de Mumbai, e do Hospital Walawalkar, de Dervan, dirigido pela médica Suvarna Patil.

Patil diz que quando o teste "alternativo" foi levado para as aldeias, onde passou a ser oferecido gratuitamente, as mulheres indianas não pareciam estar interessadas. Muitas achavam o exame incômodo e constrangedor, e um amplo trabalho de conscientização teve de ser implementado para quebrar sua resistência.

Profissionais da área de saúde visitaram diversas casas com seus computadores e apresentações de PowerPoint -- em um país em que, contraditoriamente, há ampla disseminação de alguns equipamentos tecnológicos, mas a qualidade dos serviços básicos ainda é precária.

Cartazes foram espalhados em ruas e praças e encontros foram realizados com líderes comunitários e estudantes.

Estratégias
Ainda assim, como contou Patil, as mulheres não pareciam convencidas da importância do exame. Uma tripla estratégia ajudou a arrefecer essa resistência.

Primeiro, uma equipe feminina de médicas e enfermeiras foi destacada para fazer os exames.

Segundo, essa equipe passou a oferecer não apenas o teste para detectar o risco de câncer de colo do útero, mas também um check-up total das pacientes, medindo sua pressão arterial, avaliando problemas dentários e ajudando a detectar diabetes e outras doenças que preocupam bastante as mulheres da região.
Para completar, os homens também passaram a ser recebidos para um check up -- e o apoio masculino foi um fator essencial para que as mulheres comparecessem a esses postos de saúde improvisados.

Essas estratégias ajudaram a causar uma mudança de atitude, que também foi impulsionada pela gradual disseminação de uma percepção positiva sobre os resultados dos exames.

Segundo Patil, pouco a pouco, as indianas começaram a perceber que ele realmente estava ajudando parentes e conhecidas a vencer o câncer.

"Elas começaram a ver os resultados. Entenderam que se o câncer é detectado em estado precoce o paciente se recupera bem", disse a médica.

"Agora, as pessoas estão vindo até nós para pedir que façamos o exame em grupos de mulheres de uma ou outra região".

*O programa "The World" é coproduzido pela BBC e a rádio pública americana PRI.





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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Velório de Niemeyer deve ficar aberto ao público por 4 horas no Planalto



Velório de Niemeyer deve ficar aberto ao público por 4 horas no Planalto



Cerimônia começa às 15h para autoridades e será aberta ao público às 16h.
Corpo do arquiteto será levado ao palácio em carro aberto.

A assessoria da Presidência da República informou na manhã desta quinta-feira (6) que o corpo do arquiteto Oscar Niemeyer será velado no Palácio do Planalto, projetado pelo próprio Niemeyer e sede do governo federal, em Brasília, das 15h às 20h.

Das 15h às 16h, o velório será aberto apenas para autoridades e jornalistas. Depois, das 16h às 20h, a cerimônia será aberta ao público. O corpo subirá a rampa do palácio acompanhado pelos Dragões da Independência, unidade que pertence ao Exército e faz a guarda da presidente.

O corpo deve sair do Rio de Janeiro às 13h e deve chegar às 14h30 na Base Aérea de Brasília, de onde sairá em carro aberto do Corpo dos Bombeiros pelo Eixo Rodoviário, que liga as asas do plano piloto de Brasília, até a Esplanada dos Ministérios.

Segundo a assessoria do Planalto, a própria presidente Dilma Rousseff telefonou para a família do arquiteto, ofereceu as dependências do palácio, e a oferta foi aceita.

Niemeyer, de 104 anos, morreu no Rio às 21h55 de quarta em decorrência de uma infecção respiratória. Ele estava internado desde 2 de novembro no Hospital Samaritano, em Botafogo, na Zona Sul.

O médico Fernando Gjorup, que cuidou do arquiteto por mais de 15 anos, disse que Niemeyer trabalhou durante a internação ao conversar com a equipe dele sobre novos projetos, mesmo aos 104 anos.

Segundo Gjorup, o arquiteto só perdeu a consciência na manhã de quarta-feira (5), após ser sedado. O arquiteto era submetido a hemodiálise e seu estado imunológico já era deficiente.

"Ele não gostava de falar sobre a saúde dele, mas sabia que já tinha passado da metade da vida. Ele nunca falou sobre morte, só falava em viver. A equipe médica tinha esperança, mas havia a fragilidade de um senhor de 104 anos”, disse Gjorup.

Quando Niemeyer morreu, cerca de 10 parentes estavam na Unidade Coronariana do hospital, entre eles a mulher, Vera, netos e sobrinhos. Reconhecido internacionalmente por suas obras, ele completaria 105 anos em15 de dezembro.

O prédio
O Palácio do Planalto foi inaugurado em 21 de abril de 1960, construído a partir de projeto de Niemeyer. No prédio fica o gabinete da presidente Dilma Rousseff.

A construção começou em 10 de julho de 1958. A inauguração do palácio ocorreu em 21 de abril de 1960, como parte das festividades da inauguração de Brasília.

104 anos
Autor de mais de 600 projetos arquitetônicos, Niemeyer decidiu festejar os seus 104 anos do jeito que mais gostava: trabalhando em seu ateliê de janelas amplas diante da Praia de Copacabana, na Zona Sul do Rio.

Em agosto de 2011, ele lançou o livro "As igrejas de Oscar Niemeyer" (Editora Nosso Caminho), na galeria de um shopping da Zona Sul do Rio.

Embora ateu convicto, o arquiteto selecionou fotos e desenhos das 16 obras religiosas, entre capelas e igrejas, que realizou ao longo de sua carreira.

"As pessoas se espantam pelo fato de, mesmo sendo comunista, me interessar pelas igrejas. E a coisa é tão natural. Eu morava com meus avós, que eram religiosos. Tinha até missa na minha casa. E eu fui criado num clima assim. Esse passado junto da família me deixou com a ideia de que os católicos são bons, que querem melhorar a vida e fazer um mundo melhor", explicou Niemeyer, na ocasião.

Histórico de internações
O arquiteto foi internado várias vezes ao longo dos últimos anos. A última foi em 2 de novembro, quando voltou ao Samaritano, seis dias depois de ter recebido alta. Desta vez, Niemeyer foi submetido a tratamento de hemodiálise e fisioterapia respiratória.

No dia 13 de outubro, o arquiteto deu entrada no Hospital Samaritano após sentir-se mal, apresentando um quadro de desidratação. Ele ficou internado por duas semanas.

Em maio, Niemeyer também esteve internado no mesmo hospital, quando deu entrada com desidratação e pneumonia. Depois de 16 dias, com passagem pela UTI, recebeu alta.

Em abril de 2011, o arquiteto ficou internado por 12 dias por causa de uma infecção urinária.

Também já foi submetido a cirurgias para a retirada da vesícula e de um tumor no intestino.
Em 2010, Niemeyer também foi internado em abril, devido a uma infecção urinária.
Em 2009, o arquiteto ficou internado por 24 dias no Samaritano, entre setembro e outubro, após dores abdominais. Ele chegou a passar por uma cirurgia para retirar um tumor no intestino grosso, uma semana depois de ter sido operado para a retirada de um cálculo na vesícula.

Em junho do mesmo ano, o arquiteto foi internado no hospital Cardiotrauma de Ipanema, também na Zona Sul, queixando-se de dores lombares. Ele passou por uma bateria de exames e recebeu alta médica algumas horas depois. Na ocasião, exames de sangue e uma tomografia indicaram que Niemeyer estava apenas com uma lombalgia.

Em 2006, o arquiteto chegou a ficar 11 dias internado, após sofrer uma queda e passar por uma cirurgia.
Filha do arquiteto morreu em junho A designer Anna Maria Niemeyer, única filha de Oscar Niemeyer, morreu aos 82 anos, em consequência de um enfisema pulmonar, em 6 de junho.

Segundo o administrador Carlos Oscar Niemeyer, filho de Anna, o avô esteve pela última vez com sua mãe, três dias antes, durante uma visita ao Hospital Samaritano, onde Anna Maria ficou mais de 40 dias internada.

Ainda de acordo com Carlos Oscar, durante o tratamento, Anna chegou a receber alta, mas voltou a ser internada no dia 1º de junho. Ela teve cinco filhos,13 netos e quatro bisnetos.

Carlos Oscar contou que sua mãe e o avô eram muito próximos e costumavam se falar todos os dias. Ele disse que Niemeyer ficou muito abalado ao receber a notícia da morte da única filha.
"O pai receber a notícia da morte de um filho é uma coisa extremamente difícil, imagina para um pai de 104 anos, a situação é ainda mais complicada", comentou Carlos, durante o sepultamento de Anna Maria Niemeyer.

Oscar Niemeyer manifestou vontade de ir ao enterro da filha no Cemitério São João Batista, em Botafogo. Mas, de acordo com os parentes, ele não compareceu após os médicos avaliarem que as condições de saúde do arquiteto não eram favoráveis.




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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Fábricas de Tecnologia - Física


FÁBRICAS DE TECNOLOGIA - Física



Os instrumentos que começam a chegar aos laboratórios nacionais são verdadeiras máquinas do tempo - com eles idealizam-se, hoje, as maravilhas de amanhã

A primeira imagem que vem à mente, quando se ouve o termo epitaxiador por feixe molecular, é a de algum fantástico veículo espacial utilizado, possivelmente, pelo herói de histórias em quadrinhos Flash Gordon para fugir do fictício planeta Mongo. Não é nada disso, com certeza, mas a imagem de ficção científica persiste mesmo depois que se descobre a verdade. Como um dos mais avançados instrumentos da Física moderna, o papel dos epitaxiadores é transformar materiais comuns no mais tênue vapor de átomos imaginável. Tanto que, em seguida, esse gás solidifica-se sobre uma placa metálica à taxa de apenas 1 milímetro a cada 1 000 horas, ou 1 milionésimo de milímetro a cada três ou quatro segundos. Isso significa que os epitaxiadores são versões ultramodernas das forjas, pois são capazes de operar em escala atômica. Diferentes substâncias, vaporizadas em seus diversos fornos, acabam cristalizadas uma por vez - em camadas infinitesimais e numa ordem precisa - de modo a gerar materiais com propriedades nunca vistas na natureza. Exemplo disso são os novos chips de arsenieto de gálio, consagrados como peças fundamentais dos discos laser, nos quais eletricidade e luz interagem para codificar e armazenar informações. Imagina-se que, nos anos vindouros, os epitaxiadores conduzam, entre outras coisas, ao computador tridimensional, ou seja, um circuito eletrônico sem partes desmontáveis, desenhado entre os átomos de um único cristal. Algo como um pedregulho dotado de inteligência´Aplicações como essa, naturalmente, transformam os epitaxiadores em cobiçados equipamentos industriais. Elas têm mais valor, no entanto, como instrumentos de pesquisa - isto é, não por aquilo que já podem fabricar, mas sim por aquilo que podem ensinar a fazer, no futuro. É com esse caráter que tais máquinas começam a chegar ao Brasil, à medida que os físicos brasileiros, de mangas arregaçadas, procuram enfrentar o desafio nada usual de seu ofício: investigar as mais distantes fronteiras da realidade e antecipar as novas conquistas tecnológicas.Para isso, foram montados quatro epitaxiadores: em Belo Horizonte, MG, e em três cidades paulistas, a capital, São Carlos e Campinas. Nesse último local, entretanto, as atenções se voltam para um instrumento ainda mais sofisticado, a fábrica de luz síncroton. Trata-se de um anel gigante, de 80 metros de circunferência, já intitulado, internacionalmente, de instrumento científico da década. Sua função é produzir feixes muito intensos de luz comum e ultravioleta, como os lasers, mas também raios X, mais energéticos e até agora inacessíveis aos lasers. Foi necessário um admirável trabalho de engenharia avançada para domar esses pulsos de energia radiante.Numa primeira etapa, partículas subatômicas, como o elétron, têm que ser aceleradas por um sofisticado sistema de ondas de rádio. Isso é feito num tubo de 9 metros de comprimento onde se faz altíssimo vácuo, encontrável apenas a 300 quilômetros acima da superfície da Terra. Injetados, em seguida, numa estrutura circular de nome síncrotron, onde são obrigados a fazer curvas apertadas a uma velocidade bem próxima à da luz, os elétrons cospem energia espetacularmente em todo o vasto contorno do anel. Os raios jorram em afiadíssimos pulsos que duram milionésimos de segundo e têm uma espessura 2 000 vezes menor que 1 centímetro.Tanto os epitaxiadores como a luz síncrotron serão usadas no setor mais dinâmico da Física atual-a Matéria Condensada-na qual trabalham 40% dos físicos do mundo e mais da metade dos brasileiros. Em poucas palavras, a Matéria Condensada procura sondar o microcosmo em que se agitam átomos e moléculas. Nesses abismos, vigoram as leis básicas que fazem o vidro ser vidro, por exemplo, ou um ímã agir como tal.Se bem compreendidas, portanto, essas leis podem tornar-se a chave de metamorfoses notáveis-a idéia é gerar, entre outras coisas, vidros com a força do aço, ou metais dotados da resistência das cerâmicas ao desgaste. O mesmo vale para as moléculas orgânicas e já há quem pense, por exemplo, em dominar o mecanismo que permite à clorofila das plantas converter energia solar em eletricidade. Ele poderia ser usado numa revolucionária usina vegetal - onde uma bateria de plantas energizariarn as redes elétricas do país. Mera especulação, por enquanto: mas ela pode concretizar-se."Os avanços ocorrem com velocidade espantosa, nessa área", argumentam os físicos em um recém-lançado livro, cujo objetivo é explicar por que, e como, é preciso modernizar os laboratórios nacionais. Com o título A Física no Brasil na próxima década, o texto tem a inovadora preocupação de fugir, sempre que possível, à linguagem técnica. Também procura pelo menos esboçar os princípios que orientam as pesquisas atuais. No fim das contas, pode ser lido como um instrutivo livro de divulgação científica. "Espero que dona Zélia, especialmente, aprenda com ele", brinca o físico Oscar Sala, da Universidade de São Paulo, em referência à ministra da Economia, Zélia Cardoso de Melo.Um dos decanos da pesquisa brasileira, três vezes presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, que diz que os recursos são escassos, mas, se bem aplicados. será possível acompanhar o ritmo internacional. Um dos pioneiros, no Brasil. da Física Nuclear, cujo pique pouco fica a dever ao setor de Matéria Condensada. Sala ajudou a construir o primeiro acelerador de partículas subatômicas da América Latina-o Van de Graff, instalado em São Paulo nos anos 50. Desde então, ele vem aprimorando a arte de extrair boa Física de verbas não tão boas assim. O próprio Van de Graff ilustra como é sempre possível improvisar.Ao final de vinte anos de bons serviços prestados, ele foi simplesmente desmontado, em meados da década de 70. Sala explica que os pesquisadores precisavam de suas peças para fazer funcionar o Pelletron, um protótipo de acelerador bem mais energético que o precedente, mas ainda emperrado por pequenos problemas, comuns nos novos equipamentos. Hoje, a máquina brasileira é uma das melhores entre as dez existentes, instaladas na Índia. Japão, Argentina, Israel e Austrália. É o mais requisitado modelo de acelerador, mas agora vamos melhorá-lo". diz o cientista. Atualmente. a energia disponível para acelerar partículas é de 8 milhões de volts, mas pode chegar a 18 milhões de volts, com ajuda de supercondutores de nióbio.São fios que, refrigerados a 270 graus negativos, conduzem eletricidade sem perda de energia na forma de calor: por isso, são altamente eficientes na construção de bobinas magnéticas. essenciais nesse tipo de instrumento. Os aceleradores podem esmiuçar muitos detalhes da Matéria Condensada, complementando a pesquisa dos lasers e fábricas de luz. Mas eles descem mais um degrau na estrutura da matéria -passam dos átomos e moléculas, para os núcleos atômicos, 100 000 vezes menores. Os fenômenos dominantes nessas dimensões são relevantes, por exemplo, para a vida das estrelas, ou para a evolução do Universo. Mas sua influência também se faz sentir no dia-a- dia. São úteis, por exemplo, para denunciar a identidade secreta dos poluentes no ar. Eles escapam à análise convencional porque só é possível examinar o ar em pequenos volumes, nos quais os poluentes acham-se em proporções minúsculas.Sob violento bombardeio das partículas nucleares, no entanto, cada substância emite raios X de maneira distinta, como se deixasse uma impressão digital. Isso permite criar controles altamente eficientes de qualidade do ar, o que vem sendo feito com ajuda do Pelletron. Mas as condições de trabalho vão ficar mais folgadas, pois o Instituto de Física da USP acaba de comprar um novo acelerador, o Mícrotron. Ainda encaixotado em Santos, à espera de verba para a construção de instalações convenientes ele deverá acelerar elétrons, e não núcleos atômicos. Também o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, no Rio de Janeiro, espera apossar-se em breve de um acelerador de novíssima geração, no qual núcleos atômicos colidem como um meio de fabricar partículas exóticas, os mésons.Quando foram descobertos na década de 40-com ajuda de um dos maiores cientistas brasileiros. César Lattes -, os mésons não eram produzidos nos aceleradores. Eles literalmente caíam do céu pois são parte dos raios cósmicos, partículas vindas do espaço e aceleradas, possivelmente, pelo magnetismo da própria galáxia. Personagens das mais profundas entranhas da matéria, eles são úteis para testar idéias teóricas básicas, como a tentativa de unificar as forças universais. Mas podem acabar numa função muito prática: estimular reações nucleares nas sonhadas usinas de fusão, cujo combustível são átomos leves, abundantes e limpos, como o hidrogênio. e não os perigosos, pesados e raros átomos de urânio, empregados atualmente.

Como se vê, os planos parecem bons, mas os obstáculos são grandes. Apenas para ficar onde está- sem ampliar sua força com relação a outros países a Física brasileira precisa crescer. E o dinheiro, embora importante, não é a única dificuldade. Formar pesquisadores altamente treinados, com graus de mestre e doutor, é um requisito indispensável. Sem eles, não há como montar equipes competitivas nas inúmeras especialidades da ciência moderna.O país, atualmente, conta com 1 100 doutores, enquanto os Estados Unidos têm um número trinta vezes maior. É certo que, ao longo dos últimos quinze anos, entre 1971 e 1986, o número de doutores cresceu cinco vezes, de 186 para 942. Mas a Física, no passado, estava mais bem equipada que hoje, na opinião de muitos cientistas: para acompanhar o ritmo internacional, o crescimento deveria ter sido maior. Agora. estima-se que seja preciso dobrar de tamanho, nos próximos cinco anos, e dobrar novamente nos cinco anos seguintes. Esse, pelo menos, é o cálculo que faz o diretor da Sociedade Brasileira de Física, Gil da Costa Marques, da USP. "Se chegarmos a isso, estaremos no caminho certo".Outro problema é a concentração de cientistas e equipamentos na Região Sudeste, em particular no Estado de São Paulo, onde estão 50% dos físicos brasileiros. A idéia é começar a distribuir melhor os cientistas e equipamentos pelo país. Na área dos aceleradores, dessa forma, além do projeto carioca, existem planos de aperfeiçoar um modelo especial, o implantador de íons, já existente na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Essa máquina acelera íons-átomos eletrizados, dos quais foram arrancados alguns elétrons e acrescentados ânions -e os injeta numa peça de metal, por exemplo, cujas propriedades se quer alterar. Muitas aplicações desse tipo de pesquisa procuram aumentar a resistência dos metais ao desgaste, e já existem empresas começando a usar implantadores de íons."Com ele, a universidade pode treinar pesquisadores e ajudar as indústrias a resolver seus problemas tecnológicos", opina Fernando Zawislak, diretor do Instituto de Física da Universidade. Por isso mesmo, acrescenta o cientista, é importante formar pesquisadores aptos a acompanhar o ritmo dos novos conhecimentos nesse setor. Num trabalho recente, por exemplo, os gaúchos mostraram que é possível alterar as características dos polímeros-de maus para bons condutores de eletricidade. De quebra, o material mostrou-se mais resistente ao calor que os condutores metálicos, propriedade relevante na construção de computadores cada vez menores sem risco de superaquecimento.No outro extremo do país, no Nordeste, a despeito de todas as dificuldades, é surpreendente o progresso no estudo de lasers de alta potência e de ímãs avançados. O Departamento de Física da Universidade Federal de Pernambuco, por exemplo, foi montado apenas a partir de 1972, com a chegada do seu primeiro doutor, o carioca Sérgio Resende. Mas tem hoje pesquisas publicadas do país: cada um dos seus 28 doutores publica 2,5 trabalhos por ano, contra apenas um, na média nacional. Uma de suas equipes mais ativas busca atualmente projetar discos magneto-óticos, ambicionados pela grande capacidade de armazenar informações.O conhecimento acumulado nessa área de ponta, acabou transformando a equipe da UFPE em fornecedora de outras universidades. Ela produz lasers convencionais, por exemplo, necessários à formação de pesquisadores no Ceará e em Alagoas. Também desenha pequenos computadores, como o Corisco, transformado num produto comercial, na década passada, pela empresa Elógica. Resende informa que o Hospital das Clínicas da UFPE está testando um novo tomógrafo desenvolvido pela Universidade. Trata-se de um aparelho que emprega fortes magnetos para mapear o interior dos organismos, com larga aplicação na Medicina.Esses fatos dão uma medida da importância dos novos instrumentos. Não há dúvida de que a ciência é cara, mas também é certo que o retorno dos investimentos é altamente compensador. Em termos financeiros, as mais recentes estatísticas européias e americanas mostram que cada cruzeiro gasto na compra ou construção de instrumentos transforma-se em 3 cruzeiros ganhos por meio da venda de alta tecnologia. Mas o mais valioso benefício da pesquisa é o próprio conhecimento-uma mercadoria que não tem preço. Desde que a ciência existe, no entanto, ela tem sido uma garantia de progresso e bem estar crescentes.

Minuciosa engenharia

A função dos instrumentos científicos é reproduzir fenômenos mal conhecidos, que ocorrem em condições extremas. Para tanto, empregam a mais alta tecnologia disponível. Um exemplo são as câmaras de vácuo, essenciais tanto aos aceleradores de partículas e fábricas de luz, como aos epitaxiadores. Nesses, por exemplo, finíssimos vapores de átomos são empregados para montar um cristal. Para evitar contaminações fatais, o ar no interior das câmaras tem que ser reduzido a quase nada -sua pressão sobre as paredes da câmara deve ser 100 bilhões de vezes menor que aquela existente fora.

Mas o ar não pode ser evacuado por bombas mecânicas, sujas demais para essa minuciosa engenharia. A sofisticada solução é bombardear o ar com radiação, para eletrizar suas moléculas. Desse modo, elas podem ser atraídas por placas também eletrificadas, às quais aderem e desimpedem o espaço interno. Outro quebra-cabeça criado pelos vácuos elevados é que duas peças do mesmo material nunca podem encostar-se: como praticamente nada existe entre elas, não há o que as proíba de soldar- se até formar uma única peça. Nos epitaxiadores, empregam-se rodas e trilhos de aço, e a única saída foi cobrir as rodas com ouro.


Máquinas milionárias

O maior projeto atual da Física brasileira é o laboratório de luz síncrotron que está sendo construído em Campinas, SP, desde 1986. No total, entre equipamentos e instalações, a obra deverá consumir, nos próximos seis ou oito anos, 10 milhões de dólares ao ano (cerca de 2,5 bilhões de cruzeiros, a preços de março de 91). Isso não impediria que o laboratório começasse a funcionar já em 1993. Ele não pertence a nenhuma universidade; está diretamente vinculado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico. No mundo inteiro há apenas 37 máquinas como essa: onze nos Estados Unidos e quatro nos países menos desenvolvidos, sendo uma no Brasil, uma em Taiwan e duas na China. O segundo lugar na conta de gastos cabe à fábrica de mésons, a ser instalada no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, no Rio, a um custo estimado de 30 milhões de dólares, amortizados ao longo da década. Além disso, dois projetos visam ampliar aceleradores de partículas existentes: o Pelletron, da USP (8 milhões de dólares) e o implantador tônico, no Rio Grande do Sul (4 milhões de dólares). Em comparação, os epitaxiadores são baratos: saem por 900 000 dólares. Existem, atualmente, 200 deles, em vários países, um terço dos quais no Japão.

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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Mundo de Ferro e Fogo - Planetas



MUNDO DE FERRO E FOGO - Planetas



A forma dos mundos próximos do Sol - a Terra inclusive - pode ser o resultado de um colossal brilhar cósmico, cujas regras estão, agora, sendo testadas em Mercúrio

Em novembro de 1973, exatos dois anos depois da entusiasmante visita da sonda americana Mariner 9 a Marte, partiu para o espaço sua sucessora, a Mariner 10, com destino a Mercúrio. A sonda aproximou-se com cuidado: nessa região, a pouco mais de 50 milhões de quilômetros da imensa massa solar, a força gravitacional é particularmente intensa e a viagem equivale a seguir uma trilha à borda de um precipício. Nenhum acidente de percurso, porém, perturbou a sonda, que em pelo menos três ocasiões conseguiu sobrevoar de perto o pequeno astro, o suficiente para ver o desolado cenário de luz intensa e sombra profunda, característico de sua superfície.

Muito pouco se sabia sobre o tipo de mundo gerado nas condições excepcionais de Mercúrio, o planeta mais próximo do Sol, o mais denso de todos e o menor, depois do longínqüo Plutão. O sucesso da expedição, em vista disso, consistiu em reunir, pela primeira vez, peças importantes de um quebra-cabeças ainda hoje não solucionado. Em poucas palavras, trata-se de descobrir as leis que governam o nascimento dos quatro planetas ditos de tipo terrestre: Mercúrio, Vênus, Terra e Marte. Situados entre o Sol e o cinturão de asteróides, esses mundos diferenciam-se dos outros por serem quase inteiramente constituídos de partes sólidas, com exceção dos mares e da atmosfera. Em contraposição, os corpos externos, além de Júpiter, são gigantescas esferas gasosas, dotadas de um núcleo sólido relativamente pequeno.

Em seu grupo, Mercúrio destaca-se por conter mais ferro que qualquer outro mundo. Sua superfície, de fato, é pouco mais que um glacê de bolo - uma fina camada de minerais rochosos, abaixo da qual há um amálgama de ferro equivalente a dois terços da massa total do planeta. Em comparação, a Terra contém dois terços de rochas e apenas um terço daquele metal, receita essa seguida de perto por todos os outros membros do grupo. Não há explicação para essa composição especial e, duas décadas após o vôo da Mariner, sua importância cresceu a ponto de incentivar idéias mirabolantes.Como a das colisões colossais entre os mundos, cujos resultados estão longe de ser conclusivos, mas constituem uma maneira inteiramente nova de investigar o passado. Sua estratégia, traçada há cerca de cinco anos pelo pesquisador George Wetherill, do Instituto Carnegie, de Washington, Estados Unidos, consiste em simular, em computador, o que acontece quando 10 bilhões de planetóides, de apenas alguns quilômetros de diâmetro, reúnem-se num vórtice à volta do Sol. Seriam embriões de planetas, a matéria-prima com a qual modelou-se o sistema solar.Num primeiro momento, a despeito de serem repetidas as colisões entre esses corpos, elas ocorrem a baixa velocidade e por isso não são destrutivas. Em vez disso, tendem a soldar os pequenos corpos entre si, fazendo-os tomar a dimensão de verdadeiros planetas. Apenas então, a grande massa dos corpos faz com que eles se atraiam com força considerável, o que leva a muitas colisões violentas e destrutivas. Depois de muitos cálculos, o computador apresentou um curioso veredicto. Durante a gênese eletrônica, surgem dois mundos que bem poderiam ser a Terra e Vênus, pois têm a massa e a posição adequadas-comparáveis à massa e à posição dos planetas reais.Em compensação, de acordo com os cálculos o sistema solar poderia conter pelo menos catorze planetas com características análogas às de Marte e Mercúrio (vinte vezes mais leve que a Terra). E isso, pelo menos por enquanto, encerra as possibilidades de análise por computador, isto é, não adianta prosseguir com os cálculos, pois há um equilíbrio entre colisões destrutivas e construtivas e o aspecto do sistema solar já não se altera com o tempo. Apesar disso, imagina-se que as colisões, de alguma forma, tenham prosseguido, no passado. Nesse caso, é possível avançar mais um pouco na investigação-e verificar, por exemplo, se um planeta predominantemente rochoso poderia acabar perdendo os minerais mais leves. O computador, portanto, foi novamente acionado, desta vez para estudar um choque entre dois dos corpos semelhantes a Mercúrio, gerados pela simulação anterior. Com o detalhe de que ambos seriam compostos principalmente por rochas, no início.

Para alegria dos pesquisadores, depois de feitas todas as contas, restou da catástrofe um único mundo de ferro, tal como o verdadeiro Mercúrio. De acordo com os defensores dessa teoria ela tem a vantagem de propiciar uma grande interação entre os corpos primitivos do sistema solar, já que as colisões misturam os ingredientes dos quais eles são leitos. Nas teorias mais convencionais, em vez disso, a força dominante é o calor do Sol.As rochas de Mercúrio por exemplo, podem ter sido simplesmente vaporizadas pelo tórrido hálito solar. Sua temperatura, atualmente já é extremamente alta-supera os 400 graus Celsius, o bastante para liquefazer o chumbo. Imagine-se, então, o que leria ocorrido no passado, quando a energia térmica à sua volta media-se na escala dos 3000 graus. Alguns cientistas propõem que tal fluxo de calor tenha sido capaz de desbastar as camadas mais superficiais do planeta, que conseguiu reter apenas certos metais, a exemplo do ferro, e os agregados mais densos de rocha.Seja como for, no estágio atual dos conhecimentos, nenhuma teoria pode explicar todas as particularidades de Mercúrio. Uma das mais intrigantes é seu forte campo magnético, descoberto pela Mariner 10. Pode-se entender o problema por meio de uma comparação com a Terra, cujo núcleo é formado por uma grande esfera de metal fluído, permeado de partículas eletrizadas. Nesse caso, a rotação desse material subterrâneo acaba gerando uma espécie de bobina ou eletroímã gigante. São essas bobinas que geram o campo magnético terrestre, conhecido desde a Antiguidade por sua ação sobre as bússolas. Em Mercúrio, no entanto, as coisas não são tão simples, pois ele não parece contar com um núcleo metálico fundido.Se esse núcleo existisse, seu calor deveria escapar gradualmente do interior do planeta Mas a energia emitida por Mercúrio consiste, simplesmente, em energia captada do Sol e devolvida para o espaço. Essa, pelo menos, é a conclusão dos astrônomos Jack Burns e Michael Ledblow, da Universidade do Estado do Novo México, Estados Unidos. Suas imagens mostram também dois intrigantes focos de calor na superfície do planeta-manchas de alta temperatura, circunscritas a duas regiões diametralmente opostas. Sua causa pode ser o esdrúxulo movimento orbital de Mercúrio, cujo dia é quase tão longo quanto o ano, pois completa seu giro em torno do Sol em apenas 88 dias terrestres, mas dá uma volta em torno de si mesmo num período equivalente a sessenta dias terrestres. O resultado é que, durante toda a primeira metade do ano, o planeta expões ao Sol apenas uma de suas faces, que fica superaquecida. Depois, é a vez da outra face, e assim por diante. Em vista disso, o solo mercuriano é um fenômeno à parte.À noite, depois de tantos dias mergulhado na escuridão, o termômetro cai para 40 graus negativos, mas, a 1 metro abaixo da superfície, ainda alcança 40 graus positivos. É difícil imaginar os fenômenos que tais condições podem gerar, mas os cientistas começam a desvelar os primeiros detalhes. É admirável, por exemplo, que a baixa gravidade mercuriana possa reter atmosfera, inclusive porque os gases aquecidos têm mais força para escapar.No entanto, os dados da Mariner 10 já haviam denunciado, pelo menos, uma levíssima brisa sobre o solo ardente, composta de hidrogênio, oxigênio e hélio. Agora, há sinais também de sódio e potássio, substâncias que, na Terra, formam minerais sólidos. É o caso do cloreto de sódio, ou sal de cozinha. Em Mercúrio, porém, esses minerais esfumam- se em vapores, talvez em virtude do forte magnetismo concentrado nas regiões polares. Infelizmente, não há viagens programadas para Mercúrio, em futuro próximo. Isso faz pensar que ainda será preciso esperar bastante tempo até que se tenha uma idéia mais aproximada sobre o pequeno recanto do Cosmo onde o homem surgiu e vive.

Infância Atribulada

Quase vinte vezes mais leve que a Terra, Mercúrio pode nunca ter acumulado grande quantidade de massa . Mas pode ter perdido parte de sua massa original na infância. Teoriza-se que as rochas superficiais teriam sido vaporizadas pelo vento solar, que então soprava a uma temperatura de 3 000 C. Uma teoria alternativa diz que a perda ocorreu durante fenomenal colisão


Piruetas no espaço curvo

Por estar muito perto da vasta massa solar, Mercúrio sofre um pequeno mas significativo desvio nas curvas do espaço, previsto pelo alemão Albert Einstein. Tornou-se, assim, o seu primeiro teste da Teoria da Relatividade. Einstein conta que cambaleou ao aplicar suas equações a um fenômeno real e obter um número bem próximo do efetivamente observado. O problema é que os planetas seguem um trajeto fixo no espaço - sua órbita, que tem a forma de uma elipse. Mas a órbita de Mercúrio muda com o tempo - seu ponto mais próximo do Sol gira lentamente, a uma taxa aproximada de 100 quilômetros por ano. Como a órbita completa mede 350 milhões de quilômetros, tem-se uma idéia de quanto o desvio é pequeno.





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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Diamantes para toda Obra - Materiais


DIAMANTES PARA TODA OBRA - Materiais



Do espaço ao fundo da Terra, o diamante entra em cena quando nenhum outro material agüenta trabalho pesado ou executado em condições adversas. Incorporado à eletrônica, ele promete revolucionar o mundo dos computadores

É apenas uma pedra, de estrutura simples, composta por átomos do elemento básico de toda forma de vida., o carbono. Raro, elaborado pela natureza há milhões de anos em camadas profundas da Terra, o diamante desde a Idade Média tem sido o ornamento mais fascinante e valioso das coroas reais e das jóias das mulheres afortunadas. Ao longo das últimas décadas ele se tornou também uma pedra preciosíssima para cientistas que pesquisam materiais.

Essa jóia, porém, não é natural nem nasce no fundo da Terra, mas em laboratórios. Como uma versão contemporânea dos alquimistas medievais, que procuravam a pedra filosofal para transformar chumbo em ouro, esses cientistas fazem diamantes a partir de substâncias tão pouco nobres como grafita ou gás metano. Longe de criar pedras para ornamentar anéis, eles buscam aperfeiçoar um material que pode se tornar o trampolim de um novo salto tecnológico, promessa mais concreta do que os badalados supercondutores cerâmicos anunciados alguns anos atrás.

Por suas propriedades, os diamantes se constituem num espécie de panacéia tecnológica, remédio para problemas em locais tão diversos quanto usinagem de metais, instrumentos medidores de radiação, computadores, naves espaciais e perfuração de petróleo. "Um diamante, seja natural ou sintético, é o material mais duro que existe", diz o físico João Herz da Jornada, chefe do Grupo de Física de Altas Pressões da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que pesquisa a síntese de diamantes há seis anos. Isso significa que a pedra risca e penetra qualquer outro material, mas não pode ser riscada por nenhum deles. Duro mas frágil: devido ao tipo de arranjo molecular dos átomos de carbono, o diamante quebra quando leva pancadas em determinados planos. Mas sua resistência à abrasão é poderosa, o que lhes permite desgastar de cerâmicas a metais e sofrer bem pouco ataque.

Diamantes são também os melhores condutores térmicos, ou seja, dissipam calor mais rápido que qualquer outra substância, ao passo que são isolantes elétricos, impedindo a passagem de correntes elétricas. Inertes quimicamente, dificilmente reagem com outras substâncias, passando incólumes por banhos de ácido capazes de dissolver metais.Tudo isso misturado numa só pedrinha, e tem-se a receita de um material quase perfeito. Até 1955, quando nos laboratórios da General Electric americana foi produzido o primeiro diamante sintético, dependia-se apenas dos naturais que haviam se dignado a subir à superfície da Terra. Somente em 1797, o químico inglês Smithson Tennant provou que o diamante era simplesmente uma forma de carbono: queimado na presença de oxigênio, virava dióxido de carbono, como acontece com a grafita ou com o reles carvão vegetal. O século e meio seguinte foi de corrida para ver quem descobria a receita de transformar grafita em diamante, em que a GE chegou primeiro.O método desenvolvido pela GE é a técnica de alta pressão e alta temperatura. Junta-se um pouco de grafita, um catalisador (metais como ferro, cobalto e níquel), faz-se um sanduíche de várias camadas, colocando-o no centro de uma câmara de alta pressão. No Laboratório de Alta Pressão da Federal gaúcha, montado com máquinas e equipamentos totalmente projetados e construídos no Brasil (e iguais aos estrangeiros ), essa câmara é o furo central de um disco de carboneto de tungstênio. uma liga superdura. Colocada numa prensa de 500 toneladas, a câmara atinge a pressão de 50 000 a 60 000 atmosferas-1 atmosfera é a pressão do ar ao nível do mar. Uma corrente elétrica passa então por dentro da câmara e aquece o sanduíche na temperatura ideal de 1 500ºC. Em cinco minutos, tem-se uma mistura solidificada de diamantes pequenininhos e metal. Um banho de ácido dissolve o metal e ficam só as pedrinhas. Parece simples, mas é preciso controlar muito bem temperatura e pressão, para que o processo seja eficiente.Acima de 1 000 graus Celsius, o diamante em pressão normal se grafitiza. Isso só não acontece na câmara por causa da alta pressão, condição em que a forma estável do carbono é o diamante. Quando se quer uma pedra maior, monocristalina, um pequeno diamante é colocado na base da câmara, e ali o carbono vai se depositar, fazendo-o crescer, num processo que pode demorar uma semana.Foi assim que o laboratório da GE fabricou seu diamante ultrapuro, com 99,9% de isótopos de carbono-12 (enquanto os naturais têm 99% ), e apenas 0,1% de carbono-13, considerado uma impureza. Esse ultrapuro consegue a proeza de conduzir calor com 50% a mais de eficiência do que o diamante natural. Do diamante, costuma-se dizer que é para sempre, mas na verdade não deveria ser nem por trinta segundos. Na temperatura e pressão da superfície da Terra, a forma estável do carbono é a grafita. O diamante é a forma metaestável, ou seja, só continua existindo porque não há energia suficiente (alta temperatura) que sacuda seus átomos e o faça retornar à forma estável, a grafita.Calcula-se em 1 bilhão de dólares anuais o mercado mundial de diamantes sintéticos, Graças a sua dureza, o diamante entra em cena na indústria toda vez que ferramentas normais não dão conta do serviço pesado. Só nos automóveis, cada um que sai da linha de montagem deixa para trás 1 quilate (0.2 grama) de diamante gasto em sua produção. Como nessa indústria trabalha-se muito com peças e ferramentas de materiais duros e abrasivos, o diamante é quem dá melhor resultado nas usinagens-retiradas de material para que as peças atinjam as dimensões exigidas- e acabamentos. como polimento de discos de freio ou dos cilindros dos motores. Quem faz esse trabalho é o chamado policristalino de diamante, ou PCD, uma das formas de aplicação do diamante industrial que nada tem a ver com as gemas vistosas incrustadas nos anéis.Quase 90% dos diamantes industriais são sintéticos. Pedrinhas minúsculas, com tamanho variável entre 1 200 e 0,25 mícrons (1 mícron é 1000 vezes menor que 1 milímetro), parecem a olho nu um punhado de purpurina extremamente brilhante. O PCD é feito com milhares de diamantes de 10 mícrons colocados sobre uma base de metal-duro, uma liga de carboneto de tungstênio com cobalto. Sob alta temperatura e pressão, o cobalto penetra nos interstícios entre os diamantes, unindo os pedacinhos num corpo agora inteiro, com formatos diversos e tamanhos de até 5 centímetros. Além da indústria automobilística, o PCD é usado na aeronáutica, para trabalhar os novos materiais leves e resistentes como kevlar e fibra de carbono."No caso da fibra de carbono, é imprescindível o uso de ferramentas que sustentem o poder de corte por muito tempo, como as de diamante, pois se ficarem cegas estragam a fibra", explica o engenheiro Luiz Carlos Caetano da Silva, da De Beers Diamantes Industriais do Brasil. Outro processo de construir ferramentas diamantadas é a sinterização, em que grãos de diamantes são misturados a ligas metálicas que aprisionam esses grãos. Essa liga cravejada de pedras pode ser posteriormente soldada a diferentes bases, formando ferramentas como rebolos, serras e limas. Uma das ferramentas mais importantes é a broca para perfuração de poços de petróleo. Com o diamante sinterizado na ponta, a broca vai perfurando várias camadas de rocha até perto de 4 000 metros de profundidade. Só o diamante consegue chegar lá inteiro-ainda que as pedras sofram desgaste no processo, ele é muito menor do que o sofrido por qualquer outro material que fosse utilizado, tornando a broca resistente por mais tempo. Segmentos sinterizados de diamantes são aplicados também em serras. Elas cortam qualquer pedra que apareça pela frente, de mármore e granito a concreto.O método mais moderno de fabricar diamantes sintéticos é chamado CVD, sigla de Chemical Vapour Deposition, ou deposição de vapor químico, inventado por soviéticos há mais de dez anos. Os avanços científicos e técnicos nesse método, nos últimos quatro anos, transformaram- no na última moda em laboratórios de todo o mundo. "Nesse processo, não se passa de uma fase a outra, mas de uma substância a outra". afirma o físico Rogério Pohlmann Livi, do Grupo de Altas Pressões da Federal do Rio Grande do Sul.A matéria-prima aqui não é a grafita, mas o gás metano (CH4). Numa proporção de mais de 99% de hidrogênio e menos de 1% de metano, o gás é levado a um recipiente de vidro protegido com quartzo e passa por um filamento de tungstênio, semelhante ao das lâmpadas domésticas, onde é aquecido a 2 000°C. A temperatura ativa o gás e quebra as ligações moleculares, ocorrendo a formação de radicais livres (CH3, CH2,CH, etc.). Em muitos experimentos o gás é ativado por microondas, Iaser ou até mesmo pelas reações químicas em maçaricos.Dentro do recipiente de vidro fica a base onde vai se formar o diamante, o substrato, geralmente uma plaquinha de silício mantida aquecida a 800°C. Cada molécula de CH3 se deposita sobre o substrato, deixando ali o carbono e liberando o hidrogênio. Os átomos de carbono se arranjam então na forma de diamante, microscópicos cristais nascendo ao longo do substrato, num processo chamado nucleação. Os pequenos cristais de diamante espalhados pela superfície crescem até se tocarem, formando uma camada continua. O resultado do CVD, portanto, é um filme de diamante policristalino, ou seja, formado por milhares de infinitesimais cristais de diamantes agregados.A invenção do CVD foi um achado. É certo que ele ainda custa muito mais do que o de alta pressão-calcula-se em 100 dólares por quilate-, pois são necessárias cerca de dez horas de um consumo extraordinário de energia para fabricar um 1 filme de 1.5 cm x 1.5 cm com até 10 mícrons de espessura. Apesar do preço ainda elevado, essa nova técnica permite o revestimento de diamante em superfícies relativamente extensas (atualmente mais de 100 centímetros quadrados) e com formas complexas, o que viabiliza um grande número de novas aplicações.Por outro lado, para campos tão diferentes como revestimentos antiabrasivos, ferramentas de corte e microeletrônica, apenas camadas muito finas-e portanto baratas-são necessárias. Estima-se que a introdução do processo CVD irá ampliar consideravelmente o mercado do diamante sintético, dos atuais 1 bilhão de dólares por ano para algo em torno de 7 bilhões de dólares por ano. Imune a radiações, o diamante daria um ótimo passageiro a bordo de naves espaciais, já que passaria ileso pelo mar de raios lá em cima, como os ultravioleta e os raios X. É uma janela perfeita também para aparelhos de raios laser. Isso tudo, se ainda não é uma realidade comercial, já é viável tecnologicamente. Porém, um dos grandes desafios pelos quais fervilham os laboratórios que pesquisam materiais em todo o mundo é aprender a usar o potencial do diamante como semicondutor, na fabricação de chips com características muito melhores do que os existentes hoje, baseados no silício.Melhor dissipador de calor já nascido ou inventado, e transportando impulsos elétricos a velocidades muito superiores à do silício o diamante poderia fazer maravilhas dentro de um computador. Os chips de silício, que fazem o trabalho de processar informação, já pedem água por tanto esforço que fazem. A movimentação dos elétrons dentro deles produz calor-assim, quanto mais informação passa mais ele fica quente-, e acima de 200 ou 300°C o chip está destruído. A 1 50°C ele já não funciona direito, um problema sério para computadores a bordo de automóveis, veículos militares e mísseis, que nem sempre trabalham sob sombra e água fresca, como aconteceu recentemente na Guerra do Golfo Pérsico. Supercomputadores, não fossem seus eficientes sistemas de refrigeração, simplesmente não poderiam funcionar.Embora seja isolante elétrico, o diamante, tal e qual o silício, vira um semicondutor quando dopado (adicionado de impurezas) com outra substância, nesse caso o boro. Só que a confecção de chips de diamante para computadores e outros equipamentos eletrônicos, pelas mesmas tecnologias existentes para o silício, esbarra na inabilidade em se produzirem camadas finas monocristalinas do material. Por enquanto, só se consegue fazer crescer filmes policristalinos (um aglomerado de monocristais).Por isso, em dezenas de laboratórios do mundo, existe hoje uma corrida louca atrás do crescimento epitaxial (com a mesma orientação cristalina) de diamante sobre silício e outros materiais, tendo como resultado as duas camadas monocristalinas. "Mesmo que isso seja conseguido, existem muitos outros problemas a serem resolvidos para a fabricação de chips comerciais, como contatos elétricos, dopagern seletiva, adesão de camadas e temperatura de funcionamento", adverte João Herz da Jornada. De qualquer forma, protótipos de diodos e transistores-peças básicas dos chips -feitos de diamante já provaram seu funcionamento em laboratório. Fazê- los trabalhar no mundo real parece ser uma questão de tempo e de desenvolvimento tecnológico. Quando esse dia chegar, os computadores verão o futuro mais brilhante.

Caixa de reflexos

Antes de ser lapidado, um diamante natural tem a aparência de uma pedra qualquer. É nos cortes sofridos durante a lapidação que ele se transforma numa verdadeira caixa refletora de luz. Qualquer que seja o formato, de circular a quadrado, o importante é dar ao diamante a proporção correta. Assim, a luz, ao entrar pela pane de cima da pedra, reflete e sai também por cima, causando aos olhos a impressão de brilho. Se a pedra ficar com um cone muito profundo, a luz reflete uma vez e escapa para o lado. Num diamante raso demais, a luz passa direto e o atravessa, sem refletir.Quando passa pelo processo de lapidação, um diamante perde metade de seu peso original. É necessário extrair cerca de 250 toneladas dos veios de kimberlito, a rocha que abriga os diamantes formados a 160 quilômetros de profundidade numa temperatura de cerca de 1 700° C, para se conseguir uma gema-uma pedra com pouca ou quase nenhuma impureza, e de tamanho suficiente para ser cortada.





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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Boas novas para o Coração - Biologia

BOAS NOVAS PARA O CORAÇÃO - Biologia



drogas, exames mais precisos e tratamentos mais eficazes - tudo para o nobre músculo do corpo humano viver melhor

Eis um drama capaz de destruir corações: o famigerado colesterol, isto é, a gordura de baixa densidade, se deposita na parede de uma artéria coronária e, numa reação de estranheza, o sangue que passa por ali coagula, tal qual acontece em cortes e feridas. Mas como, nesse caso, não se trata de uma coisa nem de outra, deve entrar em ação uma proteína, o plasminogênio, encarregada de dissolver esse coágulo formado em hora e local impróprios. Só que às vezes, por azar, no lugar desse solvente sangüíneo, gruda-se no coágulo outra substância de nome complicado, a apolipoproteína (a), ou LP (a). Por ter uma molécula muito parecida com a do plasminogênio, a LP (a) é convocada por engano para fazer um serviço para o qual ela não tem a menor competência - derreter o obstáculo à circulação. O capacitado plasminogênio, por sua vez, quando chega na região, encontra seu posto ocupado pela proteína semelhante e não pode fazer nada. O final da história é conhecido: ao impedir a passagem do sangue, o coágulo interrompe o fornecimento de oxigênio para as células do coração, que, então, morrem. É o infarto.

Essa troca infeliz, flagrada no final dos anos 80 por pesquisadores americanos, tem causado o maior rebuliço nos meios científicos, pois mostra que o colesterol-até então o principal réu nas acusações dos cardiologistas - divide a cena com outra vilã, a LP (a), que não pode ser contida por medidas simples, como dietas, pois sua dosagem no organismo é estritamente determinada pelos genes. Essa descoberta disparou uma corrida em laboratórios do mundo inteiro, à procura de uma solução para o novo problema. O coração, como se vê, continua sofrendo - e muito.A Organização Mundial da Saúde considera os problemas cardíacos como a epidemia do século. Não é à toa. Eles são a maior causa de mortalidade do planeta. Só nos Estados Unidos, todo ano, cerca de 5 milhões de pessoas recebem o diagnóstico de doente cardíaco e, dessas, 500.000 acabam morrendo. Entre os paulistanos, de acordo com um estudo da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, 26 de cada 100 mortes são provocadas pelo coração. "Fizemos o acompanhamento somente até 1981, devido à demora de sistematização dos dados", adverte uma das autoras das estatísticas, a médica epidemiologista Cecília Amaro de Lolio. "Mas os resultados podem ser projetados para os dias atuais."Essa taxa de mortalidade impressionante tende a despencar. Pois, nos últimos cinco anos, a Cardiologia avançou no sentido de fazer o mais nobre músculo do corpo humano trabalhar mais e melhor.Biólogos, farmacêuticos, médicos e cirurgiões-todos têm novidades, algumas ainda em teste, que vão desde a compreensão dos mecanismos das doenças cardíacas até diagnósticos mais precisos e tratamentos mais eficientes. As pesquisas sobre a LP (a), por exemplo, contribuem para a prevenção do infarto, o mais comum dos males que afligem o coração. Quando se desconfiou de que essa proteína, descoberta ainda na década de 60 pelo cientista sueco Kaare Berg, tinha parte da culpa pelo aparecimento dos perigosos trombos ou obstruções nas artérias, o Laboratório de Pesquisas do Instituto do Coração (Incor), em São Paulo, foi um dos primeiros a investigar a suspeita: Há um ano, comparamos o colesterol e a LP (a) no sangue de 350 pacientes. Além disso, realizamos exames de cinecoronariografia, que mostram a situação das artérias", conta o endocrinologista Raul Maranhão, coordenador do estudo, professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP.Desde que retornou, em 1985, do Instituto de Biofísica de Boston, nos Estados Unidos, onde passou dois anos, Maranhão se dedica a apontar a relação entre as diversas formas de gordura ou lipídios-e a aterosclerose, o espessamento das artérias, preliminar de muitos problemas cardíacos. E, na sua opinião, em breve a dosagem da LP (a) será tão corriqueira quanto a do colesterol, nos pedidos de exames feitos pelos cardiologistas. "Na pesquisa, pessoas normais tinham 26,3 miligramas de LA (a) por decilitro de sangue, enquanto pacientes com trombos tinham 40,3. O colesterol, nesses casos, não fez diferença" o endocrinologista.

No futuro porém, os exames para acusar esse e outros fatores de risco deverão se tornar mais precisos. Para isso, Maranhão e sua equipe tentam criar moléculas artificiais de lipídios, marcadas quimicamente, de modo que, graças a equipamentos especiais, possam ser perseguidas no organismo pelos olhares dos médicos. Isso porque se sabe que é muito relativa, por exemplo, a taxa sangüínea de colesterol obtida em certo instante. "O que interessa é quanto tempo aquele colesterol ficará na circulação", explica Maranhão. Todas as células têm receptores, que servem de entrada para o colesterol e para outros tipos de gordura. "Existem pessoas cujas células possuem receptores em menor quantidade ou defeituosos", conta o pesquisador. Resultado: a gordura, sem vazão para as células, vai se acumulando no sangue-e, muito provável, nas paredes das artérias.Técnicos do Centro de Pesquisas de Winchester, na Inglaterra, e a IBM acabam de realizar um programa, com recursos da computação gráfica, para localizar eventuais depósitos gordurosos e mostrar até que ponto eles atrapalham a passagem do sangue no coração. Tira-se uma série de radiografias da região, em ângulos diferentes, usando uma substância de contraste para delinear os vasos Com essas imagens, o computador cria uma animação, isto é, fabrica um modelo de como esses vasos se comportam durante os batimentos. Calcula-se que apenas daqui a dez anos o exame fará parte da rotina hospitalar. Hoje em dia, a situação dos vasos coronários é checada por pequenos tubos ou cateteres que filmam o seu interior.Os primeiros angioscópios, como se chama esses aparelhos, só conseguiam entrar nos vasos maiores do coração. No ano passado, contudo, cientistas franceses do Laboratório Baxter desenvolveram um cateter extremamente luminoso, cuja espessura- apenas 1 milímetro-permite um trânsito livre pela maioria dos vasos do músculo cardíaco. O novo angioscópio começa a ser usado até mesmo para orientar o gesto de cirurgiões. Mas os técnicos franceses não se contentam e pretendem acoplar pinças microscópicas ao cateter, para que ele também possa retirar os trombos. Na verdade, há cerca de dez anos, uma corrente de cardiologistas defende a substituição do bisturi por esses tubinhos, que a princípio surgiram apenas para diagnosticar, e não para curar. A chamada angioplastia com balão se tornou um procedimento comum: O cateter leva na ponta um balão de borracha que infla no local obstruído, dilatando a artéria e esmagando a gordura. Hoje, porém, mesmo seus adeptos reconhecem que a obstrução invariavelmente volta-dias, meses ou anos mais tarde."Se eu tivesse um problema cardíaco iria preferir a operação", imagina o cardiologista Euclydes Marques, da Beneficência Portuguesa, em São Paulo. Sua opinião pode parecer suspeita-afinal, Marques é um dos mais conceituados cirurgiões do país. Mas, com sua calma típica, ele tece argumentos: "Numa angioplastia, ninguém consegue prever até onde é possível inflar o balão, antes de a artéria estourar. Se isso acontece, o paciente, que antes fugia do bisturi, acaba sem escapar dele -mas numa situação pior, a da cirurgia de emergência". De fato, apesar de aparentemente traumática, a cirurgia de coração é um dos procedimentos mais seguros da Medicina moderna.Marques admite que a angioplastia é uma solução para casos específicos- "quando a obstrução é pequena", define. Ele mesmo conta que alguns pesquisadores buscam novas formas de angioplastia, usando raio laser, por exemplo. Esse passaria por uma fibra ótica flexível, conduzida por uma artéria do braço até o coração, onde derreteria depósitos de gordura. "Por enquanto, o risco de o laser errar na mira e rasgar a coronária não autoriza essa angioplastia ser praticada rotineiramente", esclarece Marques. Mais sucesso, na opinião dos médicos, vem conseguindo a chamada arterectomia: trata-se também de um cateter, só que com uma hélice giratória na ponta. "Ele funciona como uma furadeira", descreve o cirurgião. Tanto os adeptos da cirurgia como os da angioplastia ganharam um aliado na luta para salvar infartados: as chamadas drogas trombolíticas, capazes de dissolver coágulos. Injeta, das na primeira hora após o aparecimento de sintomas, como dor no peito, elas evitam a morte do paciente em 70% dos casos. Faz sentido: quanto menos tempo o coração fica privado do sangue oxigenado, menos fibras do músculo degeneram. E, daí, o que resta de músculo vivo e sadio pode ser suficiente para o coração continuar a bater. Basicamente, existem duas drogas trombolíticas-a estreptoquinase, extraída da bactéria estreptococo, e a t-PA (do inglês, ativador da plasminogênio tecidual), substância existente em doses mínimas no organismo, mas de que técnicas da Engenharia Genética possibilitam a produção em massa. Ambas têm um perigoso efeito colateral: ao impedir a coagulação sangüínea, podem provocar hemorragias graves. Nesse sentido, a t-PA tem a vantagem de agir apenas durante poucos minutos (a outra pode durar seis horas no organismo), mas é muito cara para o orçamento da maioria dos hospitais brasileiros. Por isso, médicos do Incor, em São Paulo, experimentam mais uma vez o cateter, para aplicar a estreptoquinase diretamente na placa-sua dosagem, assim, passaria a ser muito menor.Além das novas drogas, a Cardiologia ganhou, recentemente, novos aparelhos: há oito meses, na Universidade de Campinas (Unicamp), interior de São Pauto, o cardiologista Claudio Pinho e sua equipe construíram o primeiro exemplar nacional do eletrocardiograma de alta resolução. As células do coração são comparáveis a pilhas, geradoras de um potencial elétrico que o próprio coração consome para bombear sangue. A freqüência desse potencial, em um coração normal, oscila entre 100 e 120 hertz.O mais sofisticado dos aparelhos convencionais de eletrocardiograma capta somente sinais entre 0,5 e 250 hertz, desenhando os gráficos nos quais os médicos prestam tanta atenção para saber se um paciente está, ou não, à beira de um ataque do coração. Feito dessa maneira, no entanto, é possível que, logo depois de tranqüilizado pelo resultado do exame, o paciente tenha uma parada cardíaca. Isso porque o coração doente produz freqüências até 1000 hertz, que só o equipamento de alta resolução é capaz de perceber. "Um amplificador acoplado ao equipamento envia os sinais para um computador", explica Pinho. "Ele é programado para, através de equações matemáticas, fornecer detalhes sobre os batimentos cardíacos." Quando o coração não vai bem, suas pilhas ou células se tornam mais fracas e, para compensar isso, são ativadas mais vezes-daí o aumento na freqüência do potencial-pelo pequeno nódulo, no lado direito superior do músculo, que governa suas contrações. Sim, porque o coração é o único órgão com um sistema nervoso próprio.Às vezes, por causa de infecções ou de uma má irrigação de sangue, surgem outros nódulos nervosos. Obedecendo a mais de uma ordem ao mesmo tempo, o coração perde a sincronia e surgem as arritmias. A mais grave delas é a taquicardia dos ventrículos, as câmaras inferiores do coração, que mandam o sangue de um lado, o direito, para os 2 pulmões e de outro, o esquerdo, para todo o corpo. Segundo o professor Paulo Jorge Moffa, da Universidade de São Paulo, com o eletrocardiograma de alta resolução se nota o problema: "Os ventrículos aceleram a tal ponto, que não têm tempo de encher, batem no vazio. Assim, não enviam sangue para o organismo. O cérebro não agüenta essa ausência por mais de três minutos". Constatado a tempo, o problema é reversível com choques e massagens- nada suaves-no coração.Paulo Jorge Moffa dirige o setor de diagnósticos do Incor, onde são examinadas cerca de 500 pessoas por dia. Não fosse sua paixão pelos modernos equipamentos que o rodeiam, confessa, teria voltado a Casa Branca, onde nasceu, cidade interiorana paulista com 30 000 habitantes. "O progresso não chegou por lá e, por isso, é um lugar tão bonitinho", orgulha-se. Os olhos claros por trás dos óculos azuis redondos brilham mesma maneira quando se refere a uma das últimas aquisições da Cardiologia: o chamado aparelho de mapeamento de superfície, desenvolvido no Japão. "Enquanto no eletrocardiograma medem- se com eletrodos apenas doze pontos do tórax, o mapeamento registra 84 pontos", compara. O resultado é uma leitura tridimensional do músculo."Outros aparelhos de mapeamento estão sendo desenvolvidos para situar eventuais nódulos nervosos extras. Pois, se antes só havia uma solução para arritmias-o marcapasso, que aplica um corretivo no coração na forma de descarga elétrica-, agora os cirurgiões começam a extrair o pedaço do músculo que está dando ordens erradas. Para localizá-los, por enquanto, utilizam-se cateteres que se dirigem até o coração. No subsolo do Incor, porém, há quem planeje algo mais simples. Ali, atrás de uma porta automática, por onde só passa quem tem autorização, espalham-se máquinas e dispositivos de aparência estranha a um hospital: é a Divisão de Bioengenharia. Nela, 52 cientistas-físicos, bioquímicos, médicos e engenheiros- se reúnem, por exemplo, para testar válvulas cardíacas artificiais, em dispositivos que Ihes provocam, em seis meses, o desgaste equivalente a seis anos se estivessem implantadas no corpo humano. É também em seus silenciosos laboratórios que engatinha o projeto de um novo aparelho para diagnosticar arritmias-"um balão, que seria simplesmente engolido como numa endoscopia convencional, para registrar, dentro do esôfago, os fenômenos elétricos do coração". adianta Adolfo Leirner, diretor da divisão. Extremamente cauteloso, usando frases curtas, ele foge dos detalhes desse e de outro projeto em andamento - o da produção de pequenos vasos sangüíneos artificiaisA bioengenharia, área da ciência se ocupa, da criação desses dispositivos, é uma espécie de casamento perfeito para Adolfo Leirner. Em 1958, ele foi um dos primeiros da turma o antigo instituto Tecnológico da Aeronáutica, em São José dos Campos, SP. No ano seguinte, junto com o renomado cardiologista Adib Jatene, Leirner montou o primeiro aparelho de eletrocardiograma brasileiro; dois anos mais tarde, em 1961, o primeiro marcapasso. Mas foi só depois de quinze anos de experiência como engenheiro que se aventurou no vestibular da Universidade de São Paulo para Medicina. Entrou, fez o curso, deixou sua empresa de equipamentos médicos para atender em prontos socorros - vestiu, enfim, o jaleco branco em tempo integral. Há três anos, convidado a trabalhar na área de bioengenharia, voltou ao mundo dos motores elétricos, da Física de materiais e da Matemática-ainda que por meio período, antes de ir para o consultório.Seis meses atrás, Leirner e sua equipe presentearam a sala de cirurgia do Incor com um aparelho novo, testado e aprovado: o dispositivo de assistência ventricular (DAV), com 8 centímetros de diâmetro, para auxiliar a câmara inferior do coração, região do músculo que deveria ser a mais vigorosa, para expulsar com força sangue para todo o organismo. Mas, depois de uma cirurgia grave, nem sempre o ventículo volta a ser o mesmo. É relativamente comum ele demorar para retomar seu compasso costumeiro. "Em cirurgias com mais de cinco horas são instaladas na saída do ventrículo bombas centrífugas, semelhantes às de gasolina, que mandam sangue para o corpo num fluxo contínuo", conta Leirner. O DAV. porém, é capaz de ficar quinze a vinte dias no paciente." Esse prazo pode fazer uma diferença de vida ou morte para aqueles cujo coração não volta mais ao normal, em um país com uma longa fila de pacientes à espera de transplantes. Sete de cada dez doentes nessa situação, antes do DAV, esperavam em vão.Outra forma de auxílio circulatório - esta, definitiva - é a cardiomioplastia, uma cirurgia criada há seis anos na França e realizada com sucesso no Brasil desde 1988: um músculo achatado, o grande dorsal. é descolado das costas. deixando- se ali apenas a ponta. onde está sua ligação com os nervos: atravessando o tórax, o dorsal envolve o coração como um papel de embrulho e, com estímulo de eletrodos. passa a contrair e relaxar no mesmo ritmo. Faz, enfim, metade do esforço pelo coração. "O grande dorsal, porém, precisa ser treinado gradualmente, com a ajuda de estímulos elétricos, para essa nova função", revela o cirurgião Noedir Stolf, do Incor. "Ele é estriado como o músculo do braço, isto é, consegue fazer muita força, mas por pouco tempo", explica, com a mímica de um levantador de pesos. "Precisa aprender a fazer pouca força, mas trabalhar o tempo inteiro, sem ficar cansado."

Em algumas situações, a cardiomioplastia pode perfeitamente dispensar o transplante. Essa é uma técnica que, realizada pela primeira vez com sucesso em 1967, continua rodeada de problemas de difícil solução. Eles começam pela dificuldade de encontrar um doador, no momento certo, e terminam no risco das infecções que rondam todos os transplantados, obrigados a usar drogas que neutralizem o sistema imunológico do organismo-não fosse assim, esse fatalmente rejeitaria o órgão novo. Segundo Stolf, os japoneses prometem uma droga para resolver esse impasse, a FK-506, que por enquanto está sendo testada em sigilo no Hospital de Pittsburgh, nos Estados Unidos. O cirurgião, que opera em média três vezes por dia, avalia os avanços em sua área pela idade dos pacientes. "Quando comecei, há 25 anos, considerava-se um doente idoso para a cirurgia quanto era sexagenário", lembra Stolf. "Agora, cada vez tenho mais pacientes acima de 80 anos, da mesma maneira como tornam-se freqüentes as cirurgias em recém-nascidos, refletindo uma soma de progressos."

A Associação das Indústrias Farmacêuticas dos Estados Unidos estima que o número de consumidores de remédios para cardíacos deve crescer cerca de 50% nos próximos dez anos. Isso significa que, de um lado, o coração continuará sendo maltratado por seus arquiinimigos, como o estresse e a má alimentação. Em contrapartida, ele terá mais chance de sobreviver, mesmo que sofrendo.

Inimigos por todos os lados

Será que as mulheres teriam o coração mais sensível? Sob certo ponto de vista, sim: depois de um ataque cardíaco, as mulheres têm duas vezes mais chances de morrer do que os homens, segundo cientistas da Universidade de Massachusetts nos Estados Unidos. Agora, com novas pesquisas, os americanos pretendem responder por que, uma vez doente, o coração feminino parece sair mais lesado. Em compensação, antes da menopausa, as mulheres têm problemas cardíacos em menor incidência."Os hormônios femininos em plena ação protegem o organismo da aterosclerose' explica o cardiologista Radi Macruz, do Hospital da Beneficência portuguesa em São Paulo. "Eles fariam a maioria da gordura ingerida na alimentação se acumular sob a pele", especula. As muIheres, assim, se tornariam rechonchudas com mais facilidade; nos homens, de seu lado, em vez de deformar a cintura, a gordura tende a se depositar nos vasos sangüíneos.Segundo o geriatra japonês Yukio Moriguchi, que desde 1971 leciona na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul "o cardápio brasileiro inclui poucas fibras e muita carne"-e, isso provoca 18% de queda na expectativa de vida da colônia japonesa no Brasil em comparação com quem vive no Japão. Sob encomenda da Organização Mundial da Saúde, o médico acaba de realizar um estudo em que tenta corrigir a hipertensão, um mal freqüente nos colonos japoneses da Região Sul, com o auxílio exclusivo de dietas com menos carne.Em seis de cada dez muIheres, a pressão foi normalizada, conta, com forte sotaque. A pressão aumenta justamente por uma constrição das artérias: além de o coração se esforçar mais, a diminuição do espaço para o sangue transforma qualquer pequeno coágulo em um grande obstáculo. Apesar do papel da alimentação, de acordo com o cardiologista paulista Marcos Fábio Lion, especialista no problema, 95% dos casos de hipertensão têm causa ignorada. E certo, porém, que substâncias liberadas no estresse aumentam a pressão. "A fumaça do cigarro tem o mesmo efeito, com maior intensidade", ensina Lion, que exibe no consultório uma placa com os dizeres "parabéns por não fumar."





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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Novas descobertas sobre o nascimento das Galaxias - Cosmologia


NOVAS DESCOBERTAS SOBRE O NASCIMENTO DAS GALÁXIAS - Cosmologia



Mapas da época em que o Universo andava de calça curta espantam os teóricos pela rapidez com que se formam os grandes turbilhões de estrelas

"Eu não estou interessado neste ou naquele fenômeno. Eu quero saber como Deus criou o mundo, quais são os seus pensamentos. O resto é detalhe" - Albert Einstein
Quando Einstein começou a investigar a origem do Universo, em 1915, tinha apenas uma vaga idéia a respeito daquilo com que estava lidando. Basta ver que os personagens principais das suas equações eram as galáxias, formidáveis redemoinhos cósmicos, contendo bilhões de astros, e milhares de vezes mais distantes que as estrelas do céu. Mas, até então, conhecia-se apenas uma - a Via Láctea, à qual pertencem o Sol e as estrelas visíveis. E, embora os astrônomos e o próprio Einstein estivessem certos da existência de muitas outras, esse fato só seria comprovado dez anos mais tarde, em 1925. Isso mostra que muitas vezes é melhor confiar em uma boa idéia e deixar de lado os detalhes. Mais cedo ou mais tarde, porém, os detalhes tornando-se importantes - é o que está acontecendo agora, quando, segundo se estima, nada menos que 35 bilhões de galáxias se encontram ao alcance dos mais avançados instrumentos. Em vista disso, embora a visão geral dos teóricos esteja correta, surgiram inúmeros detalhes que não se encaixam adequadamente na história do Cosmo.

A própria origem das galáxias é um desafio - em princípio, as estrelas deveriam espalhar-se de maneira uniforme por todo o espaço. Que força as teria confinado nesses vótices, criando, ao mesmo tempo, imensos vazios entre eles? Para piorar, quando se reúnem milhares de galáxias numa única imagem (veja foto), descobre-se que também existem galáxias de galáxias - amontoados cada vez maiores de matéria, num processo que parece não ter fim. "Simplesmente, não sabemos como reproduzir esse fenômeno em nossas equações", resume a astrofísica Margat Geller, do centro de pesquisas Harvard-Ssmithsoniam, Estados Unidos. Ela diz que é difícil seguir as novas encontradas nos confins do Cosmo. Numa primeira escala, as galáxias reúnem-se em grupos de algumas dezenas; depois, em aglomerados de centenas; por fim, erigem super aglomerados contendo milhares de objetos (veja ilustração).Além disso, as distâncias aumentam sem parar. Dois grupos simples geralmente encontram-se a alguns milhões de anos-luz (cada ano-luz mede cerca de 10 trilhões de quilômetros), mas dois superglomerados podem estar separados por vazios de centenas de milhões de anos-luz. Até bem pouco tempo, esses amontoados não chegavam a dar dor de cabeça nos pesquisadores. Numa analogia reconfortante, eram comparados com grãos de areia numa caixa. Vistos de perto, dependendo do lugar que se observa, os grãos parecem formar montes em alguns pontos e vales em outros. À distância, porém, o conjunto de montes e vales pode acabar distribuindo-se democraticamente, pois o que falta em um ponto é compensado por excesso, em outro.O mesmo problema, portanto, poderia estar prejudicando as primeiras fotografias amplas do céu: como não abarcavam porções suficientemente grandes da caixa (ou seja, o Universo), não permitiram avaliar a verdadeira distribuição dos grãos de areia (as galáxias). A ironia, no entanto, é que, quanto mais os cientistas ampliam o seu campo de visão, mais granuloso e esburacado torna-se o Cosmo. Por outro lado é quase certo que no início dos tempos não era assim. Por incrível que pareça, antes de as estrelas nascerem, os átomos espalhavm-se pelo Universo com regularidade impecável. Pelo menos é o que mostram espantosas investigações com a do satélite americano Cobe. Sua façanha, realizada no final do ano passado foi medir a radiação remanescente do próprio Big Bang, a explosão primordial que deu início ao Universo, há quinze bilhões de anos.

Descoberta por acidente, em 1964, e denominada radiação de fundo, ela pode ser ouvida como um estranhíssimo ruído de rádio, vindo ao mesmo tempo de todos os pontos do universo. Não importa em que direção se dirija uma antena, o som se faz ouvir sempre com a mesma freqüência. Também tem sempre a mesma temperatura, o que dá uma medida de sua energia. E o fato de ela não se alterar tem um significado preciso: quer dizer que a matéria do universo, no momento da explosão, era altamente homogênea, ou muito pouco granulosa.Para se ter uma idéia, basta ver que a temperatura da radiação é de -240,4 graus celsius. A missão do cobe era checar se, em alguma direção do espaço, essa medida apresentava alguma variação por menor que fosse. Mas, embora seus instrumentos estivessem preparados para denunciar uma diferença até 25 000 vezes menor que 1 grau, nada registraram. Do ponto de vista das equações cosmológicas - que regem a evolução do universo -, trata-se de um resultado entusiasmante, pois elas pressupõem que, no início dos tempos, a matéria fosse homogênea.É o que se diz o astrofísico david schramm, um ex-campeão de luta greco-romana, atualmente a serviço da universidade de chicago, "o big bang está em grande forma e tem sido aprovado em todos os testes a que é submetido". No entanto, ele reconhece que a situação é crítica - ou, como diz o veterano james peeble, da universidade princeton, "as coisas estão confusas". Afinal, justamente porque já se sabe muito, maior é a expectativa por uma explicação. "finalmente, podemos dizer que temos um verdadeiro mapa do cosmo", garante margaret geller. É certo, por exemplo, que os superaglomerados de galáxias já eram conhecidos há dez anos. Mas não existem números precisos sobre o seu tamanho, sua massa, ou a quantidade de luz que emitem. Em suma, as informações disponíveis eram pobres."agora, graças à estatística, estamos em condições de avaliar com exatidão os dados que colhemos", anima-se o matemático Will Saunders, atualmente alocando no departamento de física da universidade oxford. Autor de um trabalho de grande impacto, publicado recentemente na revista nature (3/1/91), saunders estendeu a todo espaço medidas que até agora eram mais ou menos isoladas. Comprovou, assim, que tão comuns estruturas do tipo da grande muralha, uma imensa concentração de galáxias, descoberta por margaret geller e john hucha, também do harvard-smithsonian (superinteressante número 4 ano 4). Situada na direção da constelação de virgem, essa verdadeira cordilheira cósmica tem a descomunal extensão de meio bilhão de anos-luz.Para compensar tais massas, os astrofísicos vinham encher os vazios cósmicos com algo invisível - isto é, com matéria que não emite luz, por ser muito fria, e que isso não pôde, até hoje, ser detectada. Esses ingredientes existem, com certeza, antes de mais nada, na forma de gás e poeira. E, de fato, parecem construir a maior parte da matéria existente, como se pode verificar de maneira indireta: sem eles, por exemplo, não se conseguiria explicar a velocidade de rotação do sol em torno do centro da via láctea. Se a galáxia reunisse apenas estrelas e outros corpos luminosos, sua massa seria muito pequena e o sol giraria mais devagar do que efetivamente gira. Portanto, deve haver um grande halo de matéria escura envolvendo-a, talvez numa proporção de vezes maior que a matéria luminosa.Extrapolamos para o reto do universo, esses dados garantiriam que a homogeneidade inicial continua em vigor: apenas não está à vista. Mesmo porque, além de gás poeira, a matéria invisível também pode incluir partículas subatômicas, como os neutrinhos, produzidos com grande abundância pelo sol e as outras estrelas (superinteressante número 12, ano 4). Imagina-se que inúmeras outras partículas, ainda não descobertas, poderiam completar o cardápio. No entanto, trata-se renhida disputa para saber se tal extrapolação é suficiente para entupir os abismos da geografia cósmica. As mais recentes dificuldades surgiram após o vôo do extraordinário satélite europeu iras, capaz de observar matéria em temperaturas muito baixas.Apesar de ter voado em 1983 só agora seus dados estão terminando de ser analisados - saunders, por exemplo, utilizou-os em seus cálculos. Esse número não são a última palavra, mas sugerem que não há no meio intergalático matéria escura em quantidade suficiente para dar conta das estruturas cósmicas. Em vista disso, inúmeros cientistas -antes entusiasmados com a matéria escura - mudaram de idéia. Pensam que seria melhor tentar uma outra solução; por exemplo, uma velha hipótese, concebida pelo próprio einstein e depois abandonada. Trata-se de constante cosmológica, uma força antigravidade que agiria apenas em escala cósmica - por isso não se faz sentir na superfície da terra.Embora esse esquema possa funcionar, é visto, de antemão, com certo desagrado, pois parece artificial, ou forçado. Einstein abandonou-o por esse motivo, depois de considerá-lo o maior erro que cimeteu. David schrann é ainda mais enfático e perseverante. ´só porque não sabemos explicar certos fenômenos, não podemos abandonar nossas idéias básicas", argumenta. É até provável que, nos próximos anos, a confusão geral aumente sem precedentes no volume de novos dados sobre o cosmo. Mas isso não é mau sinal, entre eles pode estar a pista para se compreender melhor como funciona o universo. E nenhuma boa pista se deixa desvendar logo à primeira vista. É mais ou menos assim que margaret geller vê as atuais atribulações. "um dia, quando tivermos colocado todas as peças no lugar, vamos nos perguntar por que não pensamos nisto antes".

Fósseis cósmicos

Aos 30 anos, graduado Galaxia em Matemática Pura e mestre em Astronomia, o inglês Will Saunders, da Universidade de Oxford, projetou-se precocemente entre os astrofísicos pelos mapas que elaborou sobre as maiores estruturas do Universo - os superaglomerados de galáxias. Mas o exaustivo trabalho científico não o impede de pensar em outros assuntos, como a fome no mundo, ou a defesa do meio ambiente. "Se a ciência não me tomasse tanto tempo, eu provavelmente me alistaria numa organização ecológica", declarou a nós, em Londres, durante uma entrevista na qual fala de suas idéias e de sua emoção ao estudar o Cosmo

P - Você declara que está estudando os restos fósseis do Universo quando este era jovem. O que quer dizer com isso?
R - Atualmente podemos mapear uma quantidade assombrosa de galáxias, a uma distância enorme da Terra - cerca de meio bilhão de anos-luz. Isso significa que as estruturas formadas por elas não tiveram tempo de mudar, desde o tempo que o Universo nasceu. Daí o motivo da expressão "restos fósseis". A luz que agora chega à Terra foi emitida quando as galáxias eram muito jovens. Para se ter uma idéia, na época da emissão nem os dinossauros haviam surgido nesse planeta.

P - O que mostram os mapas que elaborou?
R - Eles indicam quantas galáxias existem neste ou naquele ponto do espaço. Primeiro é preciso calcular quantas galáxias. em média, existem numa imagem; em seguida, verifica-se cada ponto da imagem para avaliar se o número de galáxias é maior ou menor que a média. Mesmo com boas técnicas matemáticas, o trabalho demora anos, pois é preciso contar milhares de galáxias.

P - A evolução das galáxias é explicada pela teoria da matéria escura, que agora está sendo questionada O que você pensa disso?
R - Creio que ela não basta para explicar os fenômenos que vemos. De acordo com ela, a matéria distribuía-se de maneira muito uniforme, no início dos tempos. Mas já continha pequenas imperfeicões. Por meio de um computador, e possível analisar como elas crescem com o tempo e desse modo simular a criação das galáxias. É uma técnica incrivelmente bem-sucedida, mas não explica as estruturas que vemos. Alguns cientistas até exageram: o Universo, com todas as irregularidades, ainda é muito, mais uniforme. Entretanto, para que a teoria estivesse certa, ele teria que ser ainda mais uniforme do que é.

P - Como você encara o seu trabalho?
R - Eu penso que é maravilhoso descobrir o que existe no Universo. Eu me sinto como os grandes navegadores que, no passado, exploraram a África e descobriram a América. Mas também acho que é um pouco estúpido passar três anos contando galáxias. Quero dizer que, afinal, o Universo pode tomar conta de si mesmo. E existem assuntos mais urgentes que deveriam ocupar mais o tempo dos cientistas. como as questões sociais.





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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

No rumo das aves migratórias - Natureza


NO RUMO DAS AVES MIGRATÓRIAS - Natureza



Impulsionadas por fatores biológicos e ambientais, milhares de aves deixam anualmente suas áreas de reprodução e migram, percorrendo longas distancias para garantir a sobrevivência da espécie. Muitas se hospedam no Brasil

Todos os anos, o trinta-réis-ártico (Sterna paradisuea), uma avezinha preta e branca, com pouco menos de 40 centímetros, realiza um longo vôo de pólo a pólo. Durante nove meses, ele percorre mais de 20 000 quilômetros, do Circulo Polar Ártico até o limite da Antártida, e retorna, então, ao ponto de partida. Campeão absoluto entre as aves migrantes de longo percurso, o trinta-réis é seguido de perto, nessa maratona aérea, pelo batuiruçu (PIuvialis dominica). Este viaja 12 000 quilômetros, a uma velocidade de até 90 quilômetros por hora. desde o Pólo Ártico até os pampas argentinos. Como essas, milhares de aves de diferentes espécies, deixam seus lugares de origem, quando o inverno se aproxima no Hemisfério Norte, à procura de alimentos e temperaturas mais elevadas. Das cerca de 10 000 espécies que existem no mundo, mais de um terço migra, em maior ou menor grau, o que abrange dezenas de bilhões de aves em busca da sobrevivência.

Esse fenômeno é mais pronunciado no Hemisfério Norte, quando as aves cruzam a linha do Equador dirigindo-se para as áreas tropicais e subtropicais da América do Sul, África e Oceania, viajando sobre mares e desertos, picos nevados e grandes cidades. enfrentando tempestades, furacões e nevoeiros. Esse é o caso das mais de 6 milhões de andorinhas-azuis (Prognesubis) que todos os anos, no outono, batem asas do Canadá, Estados Unidos e norte do México e parte delas vem desembarcar no interior de São Paulo. Também um número incontável de maçaricos-brancos (Calidris alba), que se reproduzem na região ártica e cumprem uma rota migratória anual rumo à Terra do Fogo, costumam parar para um merecido descanso na Ilha de Itamaracá, em Pernambuco, onde se deliciam com moluscos e pequenos crustáceos. Ou então, na Lagoa do Peixe, no Rio Grande do Sul. Também, desde 1983, os arranha-céus paulistanos abrigam, de outubro a fevereiro, um hóspede ilustre que vem da Groenlândia: o falcão peregrino (Falco peregrinus), ave rara com menos de 1000 exemplares catalogados no mundo.Pela dimensão do território brasileiro, a chegada de diversas aves migratórias pode passar despercebida para a maioria da população, até porque as condições geográficas não favorecem grandes concentrações num único ponto. Mesmo assim, sabe-se que o país recebe todos os anos cerca de 123 espécies visitantes de longo percurso que aqui desembarcam para férias forçadas. Trata-se de um número expressivo se comparado com o número de espécies - 1 1620 - que compõem a avifauna nacional.Esses hóspedes emplumados não vêm apenas do norte. Cerca de 37% das aves que visitam o Brasil migram no sentido sul-norte. No outono, por exemplo, o andorinhão-das-tormentas (Oceanites oceanicus), deixa os ninhos no limite do continente antártico para alcançar o Norte do Canadá e nesse percurso pousa em alguns trechos do litoral verde-amarelo. Na mesma época, bandos de biguás (Phalacrocoracx olivaceus) fogem da Argentina para aterrissar no Pantanal ou nos lagos do Sul. Para a Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul, convergem periódicamente mergulhões, biguás e diferentes espécies de marrecas.Diante desse surpreendente trânsito nos céus do planeta, é de se perguntar qual o motivo de tantas idas e vindas de aves, apesar dos inúmeros perigos que enfrentam no caminho. Os cientistas atribuem o fenômeno da migração ou invernada tanto a fatores endógenos - que se originam no próprio organismo da ave - quanto exógenos - provocados pelo ambiente. Sabe-se, por exemplo, que as aves dispõem de um ritmo interno fixo, diário, por isso chamado circadiano e de um ritmo anual, denominado circanual.Tais ritmos biológicos sofrem alterações conforme a duração maior ou menor de dias e noites que varia com as estações do ano. No inverno, por exemplo, as noites são mais longas. Em função disso, o organismo tem que passar por ajustes metabólicos, e quem os efetua é a glândula hipófise, depois de receber ordens do hipotálamo. Dessa forma, as aves sabem que o inverno se aproxima e é hora de migrar. E haja fôlego para voar milhares e milhares de quilômetros sem escalas.Isso só é possível porque a hipófise dá uma força, ativando funções hormonais que produzem uma camada de gordura debaixo da pele das aves, proporcionando-lhes o combustível necessário.No caso das aves que fazem vôos muito longos, sem paradas (non stop), essa gordura chega a representar mais da metade do peso total de seu corpo. Os maçaricos, por exemplo, são mais resistentes que outras espécies de aves e aumentam em até 6% seu peso/dia. reabastecendo seus tanques de combustível rapidamente. Se de um lado essas gordurinhas a mais fornecem energia de outro representam rica fonte de alimentos. Por esse motivo e porque estão cansados da longa viagem, alguns tipos de maçaricos, como os que pousam no litoral paraense, popularmente chamados de pirão gordo, acabam se transformando em presa fácil dos pescadores, que os capturam com redes como se fossem peixes.Estudos mostram cálculos interessantes sobre o rendimento dessas reservas de gordura. Um beija-flor americano, por exemplo, que pesa 2,5 gramas, se ganhar mais 2 gramas de gordura, é capaz de voar durante 26 horas, percorrendo uma distância de 976 a 1040 quilômetros, sem parar. Os pesquisadores também constataram que as gônadas nas aves - glândulas sexuais - se desenvolvem acentuadamente antes da reprodução. Isso ocorre quando é primavera no Hemisfério Norte (outono, no Sul) e esse é o sinal para que elas empreendam a viagem de volta aos locais de origem - único lugar onde conseguem se reproduzir.As primeiras análises sobre as migrações remontam à Grécia antiga. O célebre filósofo Aristóteles (384-322 a.C.) já constatava que espécies como os pelicanos e os grous migravam, enquanto a cotovia, o melro e a rola entravam em profundo estado de letargia invernando em refúgios escondidos. Essas observações se perpetuaram através do tempo, até que no século XVI, o ornitólogo francês Pierre Belon verificou que, com a chegada do inverno, muitas aves deixavam a França indo para o norte da África, onde meses antes não eram avistadas.A partir daí, os pesquisadores começaram a demolir a teoria da hibernação e a tentar classificar as espécies viajantes, descobrir as rotas que empreendiam e entender os fatores que provocavam o deslocamento. Mesmo assim, restam algumas incógnitas. Uma delas é a orientação do vôo. No caso das aves que voam de dia, como as andorinhas, o falcão peregrino, cegonhas e flamingos, os estudos científicos apontam oara a chamada memória da espécie, ou seja, seguem uma determinada rota orientando-se por acidentes geográficos (rios, lagos, montanhas) perfeitamente conhecidos por bandos organizados de vôo.Mas e os maçaricos, marrecos e outras espécies que preferem voar à noite? Sabe-se apenas que é possível guiar-se pelas constelações, conforme demonstrou o ornitólogo alemão Frieder Sauer, realizando experiências no Planetário de Bremen. Ele capturou vários exemplares de currucas, pequenos pássaros europeus de cor acinzentada, e os colocou durante o período migratório em uma ampla abóbada que reproduzia artificialmente o céu noturno. Tão logo se recuperaram do susto inicial, os pássaros se alinharam a Sudeste, orientados pelas estrelas, prontos para seguir rumo aos países do Oriente Médio, onde tradicionalmente invernam.Não satisfeito, Sauer projetou na abóbada os céus da Alemanha, Tchecoslováquia, Hungria, Romênia e Turquia e, mais tarde, de Chipre. Nesse momento, as currucas mudaram de rumo em direção ao sul para alcançar o Vale do Nilo, no Egito. O ornitólogo constatou que elas se orientavam pelas constelações. Outros estudos tendo as andorinhas da espécie Hinundo rústica como cobaia, revelaram a existência de verdadeiros instrumentos de navegação, como relógio, barômetro, emissor e receptor de infra-sons, bússola e analisador de luz polarizada em seus diminutos cérebros.Teoricamente, o relógio permitiria à ave precisar com exatidão a hora do dia e interpretar a posição do Sol e das estrelas. O barômetro, instrumento de medir a pressão atmosférica. detecta as massas de ar e as tempestades que se aproximam. O emissor e receptor de infra-sons permitem às andorinhas receber as vibrações sonoras características de cada zona do planeta. A bússola, por sua vez, faz com que elas verifiquem a cada instante suas posições dentro do campo magnético da Terra.Por fim, o analisador de luz polarizada possibilita a perfeita visão das tramas - invisíveis ao olho humano, como os raios infravermelhos - que, variando segundo a hora do dia, formam a luz solar ao entrar em contato com a atmosfera. Acertadas ou não, estas particularidades ajudam a justificar fatos aparentemente inexplicáveis, como, por exemplo, o de um elevado número de andorinhas que foram levadas de avião da Alemanha para Madri, Londres e Atenas. Elas regressaram a seu destino de origem poucos dias depois, mesmo sem nunca terem freqüentado aquelas regiões.Hoje, os conhecimentos que se têm sobre as aves migrantes avançaram graças a diferentes métodos de rastreamento. O mais sofisticado deles está na tentativa de acompanhá-las por meio de satélites. Basta colocar nelas um minúsculo radiotransmissor e captam-se os deslocamentos com uma margem de erro de 350 metros. O problema é que o custo unitário dessa operação, em torno de 3 500 dólares, obriga os pesquisadores a adotar um sistema mais antigo e convencional - as clássicas anilhas- de plástico ou metal - cujo peso nunca ultrapassa 1% do peso das aves. As de plástico colorido são as mais usadas, pois a cor ajuda a identificar o país de origem - a azul é a usada no Brasil.Cada anel leva um código formado por uma letra e cinco números que nunca se repetem. Traz também o endereço da organização responsável, para, em caso de recuperação, ser avisada. No Brasil, quem realiza esse trabalho é o Cemave, Centro de Estudos de Migração de Aves, vinculado ao Ibama, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (veja quadro). A desvantagem do método é que ele não permite um completo acompanhamento dos deslocamentos. Mesmo assim, a prática do artilhamento é largamente difundida em todos os continentes, inclusive na Antártida.Quando anilha uma ave, o pesquisador deve anotar numa ficha os dados pertinentes, como data e local do anilhamento, número do anel, e medidas como o peso e o tamanho das asas. Eles serão úteis para interpretação e para conhecer o deslocamento da ave, caso ela seja recuperada.

No interior paulista, hóspedes tradicionais

Em meados de outubro, em plena primavera, as árvores das praças de cidades como São José do Rio Preto, Barretos, Rio Claro, Ribeirão Preto e Araraquara, recebem hóspedes internacionais: as andorinhas-azuis norte-americanas, que tradicionalmente passam férias no interior paulista. Elas gostaram tanto da hospitalidade brasileira, que é cada vez maior o número dessas aves na região de São José do Rio Preto. Há vinte anos, elas não passavam de 6 000. Mas, em 1985, cerca de 70 000 andorinhas azuis estiveram por lá. Dois anos mais tarde, as concentrações atingiram 120 000 pássaros. Entretanto, no ano passado, as condições meteorológicas não ajudaram as andorinhas que viajavam em direção à América do Sul. Os furacões que se abateram sobre a América Central e o Caribe aniquilaram boa parte delas e a população migrante não ultrapassou 15 000 aves..

As aves que mudaram de endereço

Nesse vaivém de aves, até a poluída e superpovoada capital de São Paulo entrou na rota. Garças e mergulhões escolheram como pousada as margens do lago do Instituto de Botânica. Próximo ao Jardim Zoológico, no bairro da Água Funda. Nada de anormal nisso, já que ali há peixes em abundância e não existem predadores como jacarés, gatos-do-mato e gaviões Porém, em 1990, essas aves mudaram de comportamento: em vez de retornar aos locais de origem - não se sabe especificamente de onde elas vêm - na época da reprodução preferiram ficar e acabaram por causar sérios desequilíbrios ecológicos na região.Os pesquisadores do instituto constataram que o nitrogênio que resulta das fezes daquelas aves havia queimado as folhas das árvores e cerca de 5 000 metros quadrados de mata natural foram destruídos. A esperança, para os pesquisadores, seria a diminuição dos peixes do lago. Sem ter do que se alimentar, um mergulhão, por exemplo - que come em média 700 gramas de peixe por dia -, retornaria ao seu local de origem. Mas não foi isso que aconteceu. Como as folhas das árvores caíam em maior número no lago, aumentaram a produção de plâncton, o alimento dos peixes. Dessa forma, armou-se um ciclo sem fim, que está causando muita dor de cabeça aos pesquisadores. As leis brasileiras determinam que animais fora de cativeiro são propriedade do Estado e proíbem sua caça e destruição em qualquer fase do seu desenvolvimento. No inicio deste ano, especialistas em flora e aves começaram a estudar juntos a questão para saber o que fazer Afinal, tão importante quanto preservar as aves é preservar as árvores que elas estão destruindo.



Material de trabalho

A anilha é uma espécie de passaporte internacional que ajuda os pesquisa dores a estrear as rotas das aves pelo mundo. O equipamento para esse trabalho exige ainda: 1 barbante, 2 rede japonesa 3 paquímetro e metro 4 alicates; 5 dinamômetro; 6 bolsas de plástico; 7 anilhas de metal e de plástico 8 ficha para anotar os dados mais importantes sobre as aves que foram marcadas

Do Brasil para o mundo

Por João Costa, de BrasíliaHá dez anos o Cemave, Centro de Estudos de Migração de Aves, com sede em Brasília, coordena o anilhamento de aves. Criado em 1977, por meio de um convênio entre o extinto Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF) e a Fundação para a Conservação da Natureza, só no ano seguinte, o centro passou a funcionar efetivamente, ao inaugurar o primeiro curso de anilhamento de aves. Em 1979, estava pronto o Manual de Anilhamento, definindo o sistema das anilhas brasileiras, seus códigos etc. "Estamos padronizados com o que se faz em quase todos os países do mundo", assegura o biólogo Paulo de Tarso Zuquim Antas, diretor do Cemave.Ele conta que o centro já marcou mais de 140 000 aves. E a média de 15 000 ao ano, que vinha se verificando desde 1980. deu um salto no ano passado. quando esse número passou para 20 000. Zuquim atribui o crescimento ao fato de ter aumentado o número de biólogos que ali trabalham. São seis ao todo. Além disso, a entidade conta com a colaboração de 305 anilhadores cadastrados não só no Brasil mas também no exterior. O retorno desse trabalho é medido pelo número de anilhas recuperadas: 1,5% do total de aves artilhadas. As recuperações ocorrem principalmente, no Nordeste e no Sul do país e esses são também os locais onde mais se marcam aves.O Cemave promove cursos de anilhamento para pesquisadores e cadastra anilhadores em todo o território nacional. Para maiores informações basta escrever para a Caixa Postal, 04/034, CEP 70312, Brasflia, Distrito Federal. Esse endereço também vale para avisar o centro, caso você recupere um anel. Dessa maneira, você estará contribuindo para a preservação da espécie e a proteção de um fenômeno biológico que está ameaçado pela ação predatória do homem.





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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Charcot - Anatomia da Loucura


CHARCOT: ANATOMIA DA LOUCURA



Pioneiro da Neurologia, ele ensinou os cientistas a enxergar a diversidade das doenças mentais. Suas pesquisas sobre a histeria e sua maneira de lidar com os pacientes mudaram os rumos da Medicina

Em outubro de 1985, um jovem médico chegou a Paris,vindo de Viena, na Áustria. Embora costumasse julgar-se indeciso, sua viagem à capital francesa tinha um objetivo bem definido: conhecer o "patrão", como dizia, assistir às suas aulas de Patologia Clínica e discutir com ele anatomia cerebral. O estrangeiro esperava também ter acesso a cérebros de crianças mortas para pesquisar. Só que o mestre trabalhava no Hospital La Salpétrière, onde a grande maioria dos pacientes eram mulheres - todas sofrendo de alguma forma de doença mental. E foi por isso que o visitante acabou fazendo a autópsia, não de uma criança, mas de uma mulher idosa, vitima de atrofia cerebral e epilepsia parcial. O episódio entrou para a história porque o médico se chamava Sigmund Freud e o "patrão", a quem ele ia ouvir toda terça-feira no lotado anfiteatro do La Salpétrière, era Jean-Martin Charcot.Freud tinha imensa admiração pelo trabalho de Charcot e se preocupava em agradá-lo. Acabou sendo notado. O célebre professor convidou três vezes o entusiasmado discípulo às concorridas reuniões em sua casa, no Boulevard Saint-Germain. Eles conversavam em alemão e Freud ganhou do anfitrião uma fotografia com dedicatória. De volta a Viena, pendurou o retrato na parede da sala e deu ao filho o nome de Jean Martin. Quando Charcot morreu, em 1893, aos 68 anos, o criador da psicanálise falou dele como "o maior pesquisador da jovem ciência da Neurologia, o pai dos neurologistas de todos os países e um dos maiores homens da França".Charcot não ignorava o quanto valia. Grave, sério, calado, era porém suficientemente vaidoso para raspar as têmporas a fim de acentuar os traços que julgava nobres do rosto. Era um exemplo perfeito dos cientistas de seu tempo: positivista, acreditava no inexorável progresso da ciência e na sua capacidade de explicar todo e qualquer fenômeno, em todo e qualquer campo do conhecimento. À frente de um hospício que abrigava algo como 5 000 doentes, o metódico Charcot resolveu observar, anotar, fotografar aquilo que chamava de "museu patológico vivo". Com a montanha de dados que colecionou durante os anos de permanência no La Salpétrière, assentou o estudo da Neurologia em bases científicas.Diferenciou a histeria da alienação e da epilepsia, provou que esses males, ao contrário do que se acreditava, não eram típicos do século XIX, não se manifestavam exclusivamente em mulheres, nem tampouco eram causados por distúrbios nos ovários. Descobriu diversas enfermidades novas, como a que passou a ter o seu nome (ou artropatia neurogênica, uma lesão da medula que faz os músculos das pernas e braços contrair-se), postulou que o cérebro não era uma massa homogênea, mas dividia-se em regiões que comandam, cada qual, partes distintas do corpo e criou, enfim, pela primeira vez, uma clínica de atendimento externo para doentes mentais.Embora, aos olhos de hoje, tal atendimento ambulatorial pareça algo elementar, a clínica representou uma espécie de revolução no diagnóstico das perturbações neurológicas. Assim, uma mulher com sintomas de nervosismo causados por razões as mais diversas, como esterilidade, por exemplo, não era mais internada por tempo indeterminado no pavilhão das histéricas. Os nove volumes da obra de Charcot sobre o sistema nervoso e suas doenças Ihe valeram a primeira cadeira de ensino de Neurologia do mundo. Ele veio a ser também um dos primeiros médicos especializados de que se tem noticia.Um dos três filhos de um construtor de carruagens parisiense, Jean-Martin teve a sorte de poder escolher a profissão, algo decididamente incomum na primeira metade do século passado. Ao notar nele uma extrema aptidão para o desenho, além de afiada inteligência, mas sem poder custear os estudos dos três, o pai decidiu que ao menos Jean-Martin merecia traçar os próprios rumos - entre a pintura e a Medicina. Sem escolha, o irmão mais velho herdaria a atividade paterna e o terceiro seguiria carreira militar. Jean-Martin não desapontou o fabricante de carruagens. Sua trajetória no internato dos Hospitais de Paris foi nada menos do que brilhante. Aos 28 anos defendeu tese de doutoramento sobre a gota e aos 35 ganhou fama - sem falar numa boiada de francos - por tratar do banqueiro e futuro ministro das Finanças Achille Fould. A única condição imposta pelo ilustre paciente ao jovem médico era que este aparasse os bigodes.Em 1862, com 37 anos, ingressou no famoso Asilo de Mulheres do Hospital de La Salpétrière, onde conjulgou por bom tempo as habilidades de clinico geral com as pesquisas sobre doenças do sistema nervoso. De certo modo, não havia abandonado a prática do desenho. Seu raciocínio era visual, isto é, dependia de minuciosas observações e desenhos precisos de membros atrofiados ou de rostos distorcidos de suas pacientes. Nos raros momentos de humor, também se exprimia por figuras. Ao enviar uma carta, costumava rabiscar, no lugar reservado ao nome e endereço do remetente, um galo que punha um ovo com o número seis. Os amigos não tinham dificuldade em desvendar o que significava o enigma: 6, rue du Coq (galo, em francês). Ali, Charcot morava antes de ocupar a luxuosa casa de Saint-Germain, para onde, mais tarde, convidaria o fascinado Sigmund Freud.Como, no entanto, era dado ao mais severo rigor, quando entrou para o que se supunha ser o maior hospício do mundo resolveu vasculhar sua história, assim como todos os cantos daquele trágico lugar. O asilo fora criado em 1657 para abrigar uma população que não se enquadrava nos restritos padrões sociais da época. Um ano depois da fundação, misturavam-se no seu pátio mulheres cegas, surdas, inválidas, doentes mentais ou simplesmente miseráveis. junto com crianças abandonadas. Um século mais tarde, 8 000 pessoas estavam confinadas no que já então se tinha transformado num misto de hospício com prisão de segurança máxima. A situação chegou a tal ponto que em 1792 um suposto "complô de mulheres" foi alegado para justificar um bárbaro massacre promovido pelas forças da ordem nas dependências do La Salpétrière.Em 1862, Charcot encontrou ali 4 000 internas - e fez questão de examinar uma a uma, em seu consultório. Um escândalo: na época, a praxe médica mandava o doutor ir até onde estivesse o paciente, ou seja, ele passava em revista de uma só vez dezenas ou mesmo centenas de pessoas de um pavilhão. Afrontando o costume, o novo professor fazia com que a doente entrasse em seu gabinete. Diante de ajudantes e alunos, mandava que ela se despisse enquanto seus olhos percorriam cada reação, cada anomalia. Charcot nada dizia aos discípulos que se entreolhavam. curiosos. Repetindo o processo com as sucessivas pacientes, ele fazia comparações, traçava intermináveis esquemas, diferenciava sintomas. Em casa, passava noites em claro estudando cada detalhe. Numa dessas madrugadas, constrangido, precisou chamar a mulher: de tanto enrolar os cabelos com o dedo indicador enquanto passava horas a fio debruçado sobre os estudos aprontou um nó tão grande que Madame Charcot teve de socorrer o marido com uma tesoura para que ele pudesse soltar a mão.Ao cabo de semanas de trabalho, chegou ao que lhe pareceu serem as características imutáveis e universais do grande ataque histérico, "válido para todos os tempos, todos os países e todas as raças". Para ele, a manifestação da doença se dividia em quatro fases sucessivas: a aura, estado que precede a crise, quando o doente começa a se agitar sem, no entanto, perder a consciência; a fase epileptóide, manifestada por gritos, palidez e perda de consciência; o período de contorções, também chamado "clownesco", acompanhado de atitudes passionais e gesticulações teatrais; e, finalmente, a fase de resolução, com choros, risos e delírios.Numa época em que perturbações mentais eram automaticamente associadas a comportamentos perigosos, sendo as pessoas encarceradas e postas a ferros, as pesquisas de Charcot representaram o início de uma nova compreensão dos distúrbios psíquicos, abrindo caminho, entre outras coisas, para as ousadas teorias de Freud sobre a sexualidade infantil e a repressão dos desejos. Coerente com a lógica científica em voga, Charcot optou por uma explicação estritamente biológica do problema da histeria -apontando para o fator hereditariedade -, mas não deixou de fazer alusões à influência das emoções no processo. Do mesmo modo, não lhe escapou a questão da sexualidade, mencionada na sua obra Iconografia fotográfica de La Salpétrière.O homem de pequena estatura que gostava de posar para fofos com ares de Napoleão e se sentia lisonjeado quando comparavam-no ao poeta italiano Dante Alighieri, tornou-se uma das personalidades mais controvertidas da sociedade parisiense de então. Emboradistante da política, protestou patrioticamente contra a anexação da Alsácia e da Lorena pela Alemanha na guerra franco-prussiana de 1870, recusando-se a dar aulas ou conferências naquele país. No hospital, era considerado um deus tanto pelas pacientes quanto pelas enfermeiras, estas não menos enclausuradas que as primeiras, que literalmente dedicavam as vidas àquele "grande asilo de misérias humanas".Seu nome correu mundo e trouxe-lhe à porta personalidades ilustres da política, das artes e da filosofia de muitos países. O imperador brasileiro Pedro II, por exemplo, fez questão de procurá-lo no consultório, como admirador é claro, não cliente. Durante anos, adotou o hábito de receber em casa, semanalmente, entre a primavera e o verão, a fina flor da intelectualidade francesa. Alguns colegas, porém, se insurairam contra seus métodos, sobretudo a exposição das doentes nas famosas aulas das terças-feiras, as incontáveis fotografias tiradas de todos os ângulos das infelizes mulheres. Houve quem o acusasse de farsante ao observar as sessões de hipnotismo a que recorria -e que seriam imitadas por Freud.No anfiteatro do hospício, o autoritário Charcot se recusava a explicar um ponto de vista sem demonstrá-lo "ao vivo". Mandava entrar uma das pacientes e convocava um auxiliar. "Faça-a dormir", ordenava. O assistente apoiava por alguns instantes as mãos sobre os olhos da mulher. Ela emitia apenas um suspiro antes de cair em sono profundo. Logo, começava a obedecer a cada estímulo muscular provocado por Charcot, contorcendo-se como num ataque histérico. Em resposta aos que o acusavam de fraude, ele argumentava que a doente, não dispondo de conhecimentos de Anatomia, não poderia ter simulado os movimentos que o professor alegava ter induzido. Teatro ou não, o mestre tinha um trunfo definitivo: o grande número de curas alcançadas.Recursos médicos tão diversos como eletrochoques e uma até então inédita intimidade com os sintomas de cada paciente associavam-se perfeitamente a uma imensa confiança que as pessoas sentiam naquele personagem misterioso, de olhar seguro e andar calmo. Mas ele não vivia apenas para a ciência. Amava a literatura e a música - indo até mais longe do que um amador comum. Por exemplo, leu e anotou toda a obra de Shakespeare, seu autor favorito. Apreciava Mozart e Beethoven, mas detestava Wagner, de quem dizia ser demasiado enfático. Não fosse para um concerto, jamais saía de casa às noites, nem gostava de ser importunado pela família. Seguiu à risca o exemplo paterno, decretando que a filha Jeanne deveria ser mãe de família e o filho Jean-Baptiste, médico. As ordens não foram contestadas. Jean-Baptiste, porém, entregou-lhe o diploma, engajou-se na Marinha, conquistou fama como grande explorador e morreu como herói a bordo do Porquoipas? na Antártida.Jean-Martin Charcot encarnou, como poucos, a ebulição por que passaram as ciências biológicas em geral e a Medicina em particular na segunda metade do século XIX; Com a nvençãp da anestesia, que a neurocirurgia seria praticada sem maiores problemas por seus sucessores. Foi seguidor fiel de Claude Bernard (1813-1878), o cientista francês que fundou a medicina experimental e o primeiro a defender a separação entre Nerologia e Psicologia. Em suma, puxou pela primeira vez o fio da meada que embaraçava todas as doenças mentais numa única, grande e indistinta categoria - a loucura."Existem mais coisas entre o céu e a terra do que é capaz de sonhar a vã filosofia", Charcot invocava seu bem-lido Shakespeare para justificar a obsessão de classificar separadamente cada moléstia psíquica, descrevê-la exaustivamente e tratá-la de maneira distinta e específica.





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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

O Futuro A Bordo - Tecnologia


O FUTURO A BORDO - Tecnologia



Com novos métodos e novos materiais, a arte de construir barcos a vela passa por uma revolução. Fibras de carbono e computadores proporcionam aos esportistas recursos nunca dantes imaginados

...ela preparou a partida de Ulisses com muito cuidado. Deu-lhe um grande machado de bronze, afiado dos dois lados e com um lindo cabo de oliveira, bem ajustado´ Levou-o até a ponta da ilha, onde grandes árvores tinham crescido: amieiros, álamos, pinheiros altos com o céu, madeiras que há muito tempo não tinham seiva, bem secas, que flutuam com leveza. Depois de mostrar o lugar onde essas árvores tinham crescido, Calipso, a augusta deusa, voltou para seu abrigo. Ulisses se pôs a cortar os troncos e terminou logo o trabalho. Derrubou vinte árvores ao todo, afinou-as com bronze, poliu-as com cuidado e amarrou-as com o cardeal. Calipso, a augusta deusa, trouxe então ferramentas com as quais ele perfurou os troncos, ajustou-os e, a marteladas, uniu as peças com cavilhas."Homero, poeta grego do século IX ou VIII a.C., descreve assim, na Odisséia, como Ulisses,com a ajuda da deusa Calipso, pôde construir um barco para deixar a ilha: onde estava preso depois de seu naufrágio. A balsa do mitológico herói continha ainda um mastro, uma vela, um leme e, graças à generosidade da deusa, viveres para os dezoito dias de sua viagem. Catipso cuidou também de" soprar um vento favorável, "morno e constante". que levou Ulisses calmamente até o continente. Não tão bem relacionados com o Olimpo, mas 3 000 anos à frente de lendário personagem de Homero, os alunos da renomada Escola Nacional Superior de Técnicas Avançadas (Ensta) de Paris se debruçam, desde 1986, sobre um projeto que só tem em comum com o milenar poema épico a fonte de energia. Eles pretendem bater o recorde de velocidade a vela, em poder do windsurfista Pacal Maka, que deslizou sua prancha a 42.90 nós ( 79,5 quilômetros por hora) em fevereiro de 1990, há doze anos as mekhores marcas no gênero pertencem aos praticantes daquele esporte, um dos motivos pelos quais os alunos da Ensta resolveram lançar o desafio.
Seu catamarã - barco de dois cascos - é uma estudada mistura de veleiro e avião. O nome com o qual foi batizado não deixa margem a dúvidas o.Técnicas Avançadas usa, para aproveitar o vento e cortar as ondas, algo que a indústria aeroespacial já testou, com o lastro de organizações como a NASA, para viajar no Cosmo. "De fato, utilizemos cada vez mais materiais e formas adaptadas da tecnologia que se emprega em aviões e foguetes", explica Thierry Huck. um entusiasmado terceiranista de Engenharia Naval. "Para começar, não temos velas, mas asas." Elas permitem um aproveitamento maior por serem rígidas e porque se movem em seu próprio eixo, formando ângulos parecidos com as correntes de vento. "Além disso, podemos prever o comportamento das asas muito mais facilmente do que o das velas", completa Thierry. Uma vez na água, o Técnicas Avançadas chega até a decorar.Isso porque, quando ultrapassa a velocidade de 25 nós (47 quilômetros por hora), o barco é suspenso pelo vento e navega unicamente sobre três foils, laminas colocadas sob o casco, feito pás inclinadas, o que diminui sensivelmente a superfície de atrito com a água. Construídos em fibra de carbono, um material leve e super-resistente, esses foils suportam os 700 quilos da embarcação, embora pesem 140 vezes menos. "Como o barco foi concebido com o objetivo único de bater o recorde de velocidade, tem características muito especiais", esclarece Thierry. "Uma das mais importantes é a assimetria." Como um dos cascos serve apenas para dar equilíbrio e por isso fica a maior parte do tempo fora da água, não é necessário que tenha o mesmo tamanho do outro nem o mesmo peso. "Estudamos cada centímetro do barco para que fosse o mais leve possível", conta o futuro engenheiro, "ainda que, por isso, só possa navegar em condições ideais numa determinada posição".Com toda essa tecnologia,calcula-se que o catamerã da escola francesa possa navegar 1,8 vezes mais depressa que o vento. Embora não se conheça armador ou habitué de cruzeiros marítimos interessado em copiar a fórmula exata do excêntrico veleiro da Ensta, a tendência, como da Fórmula 1 aos carros de passeio, é adaptar às possibilidades da fabricação em série as melhores soluções utilizadas em barcos concebidos às vezes para uma única regata. "É por isso que usamos em nossos veleiros de cruzeiro de hoje o que testamos na regata de ontem", resume o agitado Jean François de Premorel, diretor do também chamado Técnicas avançadas, no caso um departamento da empresa francesa Jeanneau, um dos maiores construtores de barcos a vela da Europa. Não é à toa que esse setor da Jeanneau e o barco dos alunos da Ensta têm o mesmo nome. "Ele designa bem a revolução que houve nos últimos anos em todo o processo de concepção dos barcos", orgulha-se Premorel.
Dois fatores em especial lançaram a técnica de construção naval ao patamar da alta tecnologia: os materiais compósitos e a criação auxiliada por computador. Incomparavelmente mais leves e resistentes do que os materiais tradicionais (madeira, aço e alumínio), os compósitos, como o nome indica, são um conjunto de duas ou mais estruturas com características diferentes. São um bom exemplo da transferência de tecnologia aeronáutica à construção de barcos. Como nos mais modernos aviões de combate, os cascos dos veleiros são fabricados "em sanduíche": um material, chamado alma, que fica entre duas camadas de outro, chamado pele. Assim, é possível associar a reveza de um à rigidez do outro. "Em 1984 fizemos o primeiro barco de regata totalmente em sanduíche de espuma e fibras de kevlar", conta Bruno Belmont, responsável pelo setor de competições do mesmo departamento da Jeanneau.
Hoje em dia, nesses veleiros de competição, o kevlar foi substituído por um tecido três vezes mais resistente, as fibras de carbono, do mesmo modo como a espuma cedeu lugar à "colmeia", três vezes mais leve. Trata-se, no caso, de uma estrutura em papel cartão impregnado de resina, cujo desenho é precisamente o mesmo dos engenhosos alvéolos criados pelas abelhas. Barcos de cruzeiro ainda utilizam espuma de alta densidade e balsa, esta um tipo de madeira mais leve que a cortiça. Construir um veleiro em sanduíche requer uma técnica muito apurada.Dentro de um molde do exato tamanho do casco, coloca-se o tecido de fibra de carbono, que será em seguida encharcado de resina epóxi. Sobre essa pele é assentada a alma da colmeia, que aproveita o excesso de epóxi para se colar perfeitamente ao tecido de carbono. "A precisão na colagem é importantíssima, por que interfere na resistência do casco, portanto, de todo o barco", sublinha Bruno Belmont. Por isso, nessa etapa, coloca-se uma película de plástico, que, com a ajuda de uma bomba de vácuo, será espremida contra a colmeia e a primeira pele de carbono. "O vácuo faz escapar o que sobra da resina e obriga os dois materiais a ficar indissociáveis." O produto é levado ao forno e cozido a 80°Celsius, para que a mistura endureça na forma do casco. Retirado o filme de plástico, outra camada de tecido de fibra de carbono é colocada sobre a colmeia, o que completa o sanduíche. "Repetimos então todo o processo. Impregnamos o tecido com epóxi, fazemos o vácuo e tornamos a aquecer", descreve Belmont, que aproveita o tempo livre para praticar o seu esporte preferido - a vela, óbvio.O convés, fabricado da mesma forma, é colado ao casco com resina. Os móveis são colados em seus lugares. Por último, ficam as ferragens, os cabos, o mastro e as velas, além dos instrumentos de navegação, peças essenciais para quem quer escolher o bom caminho e ganhar algumas milhas numa regata. "Antes da década de 70, navegava-se unicamente com o sextante, equipamento ótico cuja precisão é de 15 quilômetros. Os instrumentos atuais, como o GPS, sigla em inglês de Sistema de Posicionamento Global, que trabalha com o auxílio de dezoito satélites em órbita polar ligados a dezenas de centros de cálculo espalhados pelo mundo, dão o ponto exato em que o barco se situa com margem de erro não superior a 5 metros."A localização do barco, sua velocidade e as condições de tempo são analisadas por um computador de bordo que indica a melhor rota a ser percorrida", informa o engenheiro naval carioca Gustavo da Silveira Torres. um apaixonado por veleiros que passou as últimas férias percorrendo os salões náuticos de Gênova e Paris. Antes de fazer parte do mobiliário de um barco, porém, a informática participa das demais etapas do projeto e construção da nau. "Todas as plantas dos cascos, que levavam meses para ser desenhadas, agora ficam prontas em questão de dias", exemplifica o arquiteto naval Vincent Lauriot Prévost. "Todas as características que pedimos podem até ser testadas numa espécie de regata simulada em computador", acrescenta seu sócio Marc Van Peteghem. Os dois franceses se encontraram na conceituada Escola de Arquitetura Naval de Southampton, Inglaterra, e em 1983 decidiram trabalhar em dupla.No ano passado, Van Peteghem e Prévost foram os responsáveis pelo projeto de dois dos três barcos vencedores de uma das mais concorridas regatas da Europa, a Route du Rhum, a Rota do Rum, assim chamada por atravessar o Atlântico, de Saint Malo, no norte da França, a Pointe-à-Pitre, em Guadalupe, Antilhas Francesas. Os participantes são veleiros com cerca de 18 metros de comprimento. Com suas 5 toneladas, o Pierre 1", um trimarã (barco de três cascos) construído pela empresa Jeanneau e pilotado solitariamente pela francesa Florence Arthaud, completou a travessia de 7 200 quilômetros em cronometrados 14 dias, 10 horas, 8 minutos e 28 segundos, um recorde. "Muito da vitória se deve à habilidade de Florence", comenta Bruno Belmont. "Mas também foram decisivas a precisão nos cálculos e a utilização de fibras de carbono até no mastro, o que representou uma redução de 30% no peso."As velas, em tecido de fibra de kevlar, foram concebidas especialmente para essa competição, levando em conta os tipos de vento que soprariam sobre o Pierre ler entre a Europa e a América. Desenhadas por computador, as velas são recortadas a laser pela E26, uma máquina ligada ao equipamento eletrônico para ser rigorosamente fiel ao molde. Costuradas a seguir à maneira tradicional (por máquinas de costura reforçadas) ou coladas com fitas adesivas feitas também de kevlar, as velas - capazes de exercer uma força de até 50 toneladas sobre a base do mastro - são enfim testadas e ajustadas. "É como se fosse uma calça jeans", brinca Belmont. "As vezes, falta uma preguinha aqui, outra ali, para que o material possa resistir às fortes tensões das extremidades presas ao mastro e aos outros cabos, e assim aproveitar o vento ao máximo."Embora enfunada atualmente pela alta tecnologia, a idéia da navegação a vela é tão antiga quanto a mistura de medo, fascínio e curiosidade que desde os tempos primitivos a imensidão dos mares exerce sobre o ser humano. Trata-se, simplesmente, de expor ao vento uma larga superfície para que este a empurre e dessa forma desloque sobre a água tudo aquilo que estiver preso a ela. Ao longo do tempo, mesmo quando para construir uma quilha era necessário procurar na floresta um tronco de árvore com a curvatura e o tamanho desejados, a singeleza do engenho apaixonou aventureiro conquistadores e aquele tipo de pessoa que hoje em dia é chamada esportista. "Até o final do século passado, os barcos eram únicos, cada qual com sua peculiaridade", observa o engenheiro naval Gustavo da Silveira Torres. De fato, só em 1891 ficou pronto o primeiro barco em série. Era o Morbihan, feito em madeira, com cerca de 4 metros de comprimento. Seu construtor, o arquiteto francês Émile Soinet, vendeu uma dezena deles. Nenhum foi conservado.
Por isso, uma associação de aficionados resolveu construir um Morbihan, conforme os métodos tradicionais. O algo mais do projeto consistiu em realizá-lo diante do público, aproveitando uma exposição sobre o assunto promovida no fim do ano passado pela Cidade da Ciência e da Indústria, o arrojado museu científico e tecnológico de Paris. Na mesma exposição, foram construídos um barco de regata - o Transat, de 6,50 metros, em sanduíche de fibra de carbono e espuma de alta densidade - e um catamarã, em balsa. Este último foi construído aos pedaços, depois encaixados, como num quebra-cabeça. "Assim resolveram-se os problemas de espaço e de custo, pois o molde foi o mesmo para todas as partes do casco", explica Pierre Laporte, um dos responsáveis pela exposição.Em dezembro último, ao encerrar-se o 30° Salão Náutico de Paris, o armador Jean François de Premorel, da Jeanneau, exultava: "Nestes dez anos, o barco a vela vai passar por uma revolução comparável à do século passado". Ele se referia aos estudos realizados por sete firmas de engenharia ligadas ao programa Ostic, da Comunidade Econômica Européia (CEE). A idéia é transformar equipamentos tão diversos como asas de avião, construções em cimento e, é claro, mastros e cascos de barcos em objetos, digamos, falantes. Isso é o que se espera da substituição de algumas fibras de carbono dos tecidos utilizados para construir as peças por fibras óticas. Estas servirão para assinalar com um impulso luminoso eventuais distorções, dilatações e tensões dos materiais. Assim, será possível prever, por exemplo, quando um mastro está prestes a se partir. O projeto soa simples, mas a execução é complexa - tanto que deverá consumir 40 milhões de dólares e não tem prazo para terminar. Nem Calipso, a augusta deusa que tanto ajudou Ulisses a se fazer ao mar, seria capaz de levar tão longe a arte da navegação.





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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

A Multinacional da Ecologia - Ambiente


A MULTINACIONAL DA ECOLOGIA - Ambiente



Uma das maiores organizações ecológicas dos Estados Unidos, com 1 milhão de membros, o World Wildlife Fund (WWF) mostra aos 30 anos que é preciso ser profissional para defender direito a natureza

O prédio de número 1250 da Rua 24, em Washington, onde fica o World Wildlife Fund, está longe de ser modesto: pavimentado com mármores, debruado por metais e forrado de espessos carpetes, parece perfeitamente adequado a alojar o restaurante yuppie japonês Unkai, do andar térreo, ou a grande construtora Kaempfer Company, do terceiro andar. Por isso mesmo, parece estranho que uma organização ecológica ocupe três andares de tão valorizado endereço na capital dos Estados Unidos. Mas, com 1 milhão de membros e um orçamento de 50 milhões de dólares, essa não é apenas mais um ajuntamento de almas repletas de boas intenções e maus presságios em relação ao futuro do planeta, como tantas outras na coleção de siglas que formam a colorida colcha dos movimentos ambientalistas americanos.
Aos 30 anos de idade, o WWF tem tanto a ver com o estereótipo do ativismo ecologista bicho-grilo quanto Manaus com Manhattan. Terceiro lugar em número de filiados entre as entidades do gênero no país, superado apenas pelo Greenpeace e pelo National Wildlife Fund o WWF - que no Brasil se chama Fundo Mundial para a Natureza - é um exemplo do que tende a ser o movimento ecológico dos anos 90: profissional, multinacional e conciliador.

Na sua sede, 250 biólogos, zoólogos, geógrafos, economistas, contadores, secretárias e outros funcionários sentam-se todos os dias diante de computadores em pequenos e simpáticos escritórios, invarialvelmente decorados com imagens de araras, jacarés, tigres, sapos e outros ícones do reino animal. Queixam-se dos baixos salários, mas em geral gostam do que fazem - a começar pela presidente do WWF, Kathryn Fuller, que ainda por cima é bem paga, recebendo mais de 15 000 dólares por mês.

Kathryn, uma mulher alta e sorridente de 44 anos, mãe de três filhos, é "a quintessência da supermulher", define Steven Shimberg, um consultor do Senado que trabalhou com ela. Formada em Inglês e Literatura Americana em 1971, cinco anos depois graduou-se em Direito. Ao trabalhar na recém-criada Seção de Vida Selvagem e Recursos Marinhos do Departamento de Justiça do governo americano, percebeu que precisava conhecer melhor o mundo animal e acabou obtendo um diploma também em Biologia Marinha. Em 1985, quando prestava consultoria legislativa para organizações ecológicas, foi convidada para uma vice-presidência do WWF. Dois anos depois, tornou-se vice-presidente executiva. Mais dois anos, assumiu a presidência.A atividade ligada à ecologia nos Estados Unidos atrai milhares de jovens formandos, como a assistente do setor brasileiro do WWF, Sally Adams, 25 anos, diplomada em História, com mestrado em Comunicações Internacionais. "O WWF é exatamente o que eu queria como trabalho. Além de ecologia, você tem que entender de política, economia, falar línguas...", enumera ela no seu português de Portugal aprendido durante os anos em que morou em Lisboa. "Antes, ser ecologista era uma paixão. Hoje é uma profissão", resume a vice-presidente Nancy Hammond, que em 1973 deixou um emprego no departamento de marketing de uma emissora de TV para juntar-se ao WWF.Se o profissionalismo foi construído ao longo dos anos, o perfil multinacional do WWF dos Estados Unidos data da própria fundação, em 1961, como um dos muitos ramos da árvore do WWF mundial Preocupados com o desaparecimento da fauna africana, um punhado de naturalistas decidiu fundar uma entidade capaz de arrecadar fundos para a conservação em escala planetária. Tendo como símbolo o panda e com a sobrevivência assegurada por 13 000 libras esterlinas em doações, os naturalistas reunidos em Londres criaram o primeiro WWF em Zurique, Suíça, pais onde até hoje tem sede a direção do WWF Internacional, o guarda-chuva das 27 organizações afiliadas (nenhuma delas brasileira).No mundo inteiro, a família tem 3 milhões de membros e administra um orçamento anual de 130 milhões de dólares. O WWF-USA (que na Europa adota o nome World Wide Fund for Nature para não ser confundido com a matriz) divide com o irmão britânico o título de peso pesado do clã. Seu campo de atuação é o Terceiro Mundo, com ênfase especial na América Latina e no Brasil (veja quadro ao lado). Uma olhada na contabilidade do WWF em 1989 revela doações de até 99 000 dólares provenientes da companhia petrolífera Exxon, responsável pelo gigantesco vazamento de óleo no Alasca, em março daquele mesmo ano. O vice-presidente executivo do WWF, Curt Freese, biólogo de formação, afirma, contudo, que tais favores financeiros não inibem a entidade de falar grosso com as grandes corporações quando necessário."Não dependemos delas", assegura.As relações do WWF com o governo americano também vão de vento em popa. Basta dizer que o atual diretor da EPA, sigla em inglês de Agência de Proteção Ambiental - recentemente promovida à condição de secretaria do governo federal (o equivalente a ministério no léxico administrativo de Washington) -, é ninguém menos do que o ex-presidente do WWF William Reilly. Segundo um analista do setor de ecologia do Departamento de Estado, o WWF está na "ponta mais responsável" do leque de associações ecológicas americanas. Essa aveludada coexistência. que contrasta com o tom estridente das acusações trocadas entre os burocratas do Executivo e os dirigentes das entidades ambientalistas mais radicais, dá o tom do futuro, acredita a mesma fonte: "Assim como as organizações começam a entender que não podem mudar o mundo de um dia para o outro, o governo vai percebendo a importância da preservação do meio ambiente".No muro das lamentações ecológico que é o Banco Mundial, com sede em Washington, onde os lobbistas de tudo quanto é organização vão garimpar dólares para as suas causas. o WWF também tem fama de ser competentemente de centro. "E uma das organizações mais respeitáveis", qualifica Robert Goodland, um dos encarregados de analisar o possível impacto ambientar das obras financiadas pelo Banco. "E uma boa fonte de técnicos." Desde a fundação. o WWF esteve prioritariamente voltado para a preservação da vida. "Nossa atitude típica era muito protecionista", recorda a vice-presidente Nancy Hammond. "Queríamos colocar cercas, não deixar o homem entrar nas reservas. A mudança mais notável nessas três décadas foi a compreensão de que nada disso iria funcionar se as pessoas não fossem consideradas."Isso levou os ecologistas a fiscalizar de perto a atuação de organizações como o Banco Mundial, o Banco, Interamericano de Desenvolvimento e o Fundo Monetário Intemacional, responsáveis pela distribuição das porções mais apetitosas dos recursos destinados justamente a tornar menos indecentes as condições de vida da maioria das pessoas nos países pobres. Apesar da pouca experiência no ramo, os lobbistas do WWF já conquistaram alguns triunfos, como no caso do projeto de reforma da indústria madeireira da Costa do Marfim, na África ocidental, discutido pelo Banco Mundial há um ano.O projeto teoricamente serviria para frear a devastação das florestas da Costa do Marfim, país cuja taxa de desflorestamento é a maior do mundo. Impedidos, por ordens estritas da direção do Banco, de ter acesso ao plano, eles ainda assim redigiram uma análise crítica do documento, baseados nos relatos de pessoas que o haviam lido. Isso permitiu à economista Jeniffer Smith, do WWF, sustentar que, embora as metas da iniciativa fossem louváveis, o projeto não assegurava que a exploração da madeira passaria a ser feita de maneira racional; não estabelecia meios de fiscalizar nem as madeireiras nem o governo da Costa do Marfim - e tampouco oferecia métodos modernos de cultivo que permitissem à população local utilizar as mesmas terras por muitos anos, em vez de periodicamente buscar (e desmatar) novos campos férteis.Trabalhando com os WWFs de dez outros países, o time americano acabou conseguindo que todos os demais empréstimos similares ficassem na geladeira enquanto o Banco empreende uma ampla revisão de sua política para o setor. Além disso, o organismo passou a ser consultado para a elaboracão de novos projetos de financiamento da indústria madeireira ou de reflorestamento. Nada mau para quem estava apenas comecando nessa frente de batalha. Mas café pequeno perto do que o WWF obteve da Casa Branca em fins de 1 999.Em junho daquele ano, oWWF divulgou um estudo feito em grande parte pela sua agencia internacional que vigia o comercio ilegal de animais, designada apropriademente Traffic. Segundo dados de uma cuidadosa pesquisa, a população de elefantes na África havia sido reduzida pela metade em um decênio e, a persistir o ritmo da matança, eles acabariam extintos em vários países africanos em não mais de vinte anos. Os ecologistas pediram aos 103 países signatários da Convenção do Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas que banissem o comércio de marfim, principal incentivo dos caçadores. Quatro dias depois o presidente americano George Bush atendeu ao pedido, seguido logo pela Comunidade Européia. Depois, o Japão e Hong Kong, dois dos principais compradores de marfim, resolveram reduzir as suas importações. Em três semanas. o WWF havia conseguido acabar pelo menos com o comércio legal de marfim."Desenvolvimento sustentado", em ecologuês, é a expressão que resume aquilo que o WWF considera a sua missão para os anos 90: "Deter e eventualmente reverter o processo de degradação acelerada do meio ambiente natural do nosso planeta, e ajudar a construir um futuro no qual os seres humanos vivam em harmonia com a natureza". A adoção de formas de exploração econômica de acordo com esse princípio é um dos dois caminhos imaginados pelo WWF para chegar ao futuro harmonioso. O outro é a preservação da biodiversidade. A organização tem procurado pôr em prática o que prega em projetos como o das Montanhas Kilum, na República dos Camarões. Para impedir o completo desaparecimento das florestas locais até o ano 2000, o WWF vem ajudando os agricultores da região a utilizar novas técnicas de cultivo e a desenvolver o artesanato com madeiras extraídas da floresta de forma planejada. Ao mesmo tempo, tenta encontrar mercado internacional para tais produtos. Tudo isso, obviamente, requer dinheiro.A entidade vive em primeiro lugar das contribuições de seus membros, o que cobre perto de 70% de seu orçamento. Segundo, dos dólares amealhados com a venda de lenços, cartões, toalhas, livros, brincos, braceletes (em formato de golfinho), calendários, papéis para presentes (reciclados, é claro), sacolas - e quinquilharias ecológicas em geral. Os campeões de vendas são as camisetas e os bichos de pelúcia que representam espécies ameaçadas, como o panda e o mico-leão. Mas, para a diretora de marketing, Ann McClellan, o objetivo desse comércio não é o livro caixa: "É uma maneira de educar as pessoas. Com cada produto, o comprador recebe um cartão com informações sobre o WWF e o animal representado". Nos últimos cinco anos, a venda de bichos de pelúcia (fabricados por firmas no sistema de licenciamento) já engordou em mais de 1 milhão de dólares a conta bancária do WWF. Outra fonte de ingressos são as doações de membros especialmente abonados. É o caso de Ralph Lauren, que vende em suas exclusivas lojas gravatas de seda estampadas com minúsculos pendas e remete os lucros para o WWF.A organização percorreu uma longa trajetória. A vice-presidente Nancy Hammond lembra que quando entrou para o WWF, há dezessete anos, as instalações se resumiam a um minúsculo escritório e a equipe somava onze pessoas. A virada, segundo ela, começou quando o ex-secretário da Agência de Proteção Ambiental, Russel Train tornou-se presidente da organização. "Ele percebeu a necessidade de contratar profissionais para gerir os programas", diz Nancy. "E isso resultou na expansão dos anos 80."Em pelo menos dois aspectos o WWF desbravou caminhos no movimento ecológico. Como reconhece Steve Schwartzmanl da organização Environmental Defense Fund, "foi o primeiro a se dar conta da importância de fortalecer os movimentos ecológicos locais". Assim, em vez de financiar as pesquisas de americanos em países do Terceiro Mundo, o WWF hoje prefere financiar grupos autóctones, como o brasileiro SOS Mata Atlântica. O segundo caminho foi aberto em 1984 pelo então vice-presidente do WWF,, Thomas Lovejoy, especialista em Amazônia. Ele foi o pioneiro da idéia dos debt-for-natureswaps, literalmente, permutas de dívida por natureza. A transação, já realizada com dez países, e também por outras entidades, consiste na compra de títulos da dívida externa de um país, a preço reduzido, pela organização ecológica estrangeira. Depois, os títulos são doados a entidades ambientalistas do país beneficiado, que os vão repassando para o governo à medida que este libera recursos para projetos ecológicos. Assim, em vez de dólares, o governo gasta a sua própria moeda.Essas operações ocupam boa parte do tempo da presidente Kathryn Fuller. Mas os problemas ecológicos dos outros países não a impedem de criticar o que a seu ver está errado no pedaço do mundo em que vive. "Os Estados Unidos deveriam consumir menos energia. Usamos demais coisas descartáveis e já não temos onde colocá-las", denuncia. Seu prognóstico para a Terra é moderadamente otimista. "O planeta é capaz de se recuperar", acredita. "Mas desde que deixemos de agredi-lo com tamanha intensidade."

Matizes de green

Na Califórnia, cidadãos martelam longos pregos em árvores para quebrar as serras elétricas que as ameaçam. Na Virgínia, do outro lado dos Estados Unidos, advogados assinam cheques de 18 milhões de dólares para comprar um rancho no Novo México e reservá-lo à pesquisa e à preservação do hábitat. Em tese, marteladores e causídicos, membros da Earth First! uns, e da Nature Conservancy outros, estão do mesmo lado da trincheira contra a degradação física do planeta. Na verdade, representam os extremos do movimento ecológico americano e pode-se dizer que lavam as mãos depois de se cumprimentarem.Há no país pelo menos uma centena de outras organizações equilibrando-se entre o radicalismo da Earth First!, cujo diretor está preso, acusado de tramar atos de terrorismo ecológico, e o estilo um-cheque-vale-mais-que-mil-slogans da abonada Nature Conservancy, dona de 600 milhões de dólares em santuários ambientais.Existe mais gente segurando a corda na ponta rica desse cabo de guerra. Embora muitos se constranjam com a fraternal proximidade entre a Nature Conservancy e o empresariado, a maioria segue o seu exemplo de profissionalismo na obvenção de recursos. Mesmo o gigante do ecologismo americano, o Greenpeace, com seus 2,3 milhões de a filiados, célebre entre outros feitos por ter paralisado o teste de um míssil nuclear na Flórida, comanda um exército de arrecadadores de dinheiro.De seu lado a National Audubon Society produz documentários sobre a natureza para a TV com o patrocínio da General Electric. E a National Wildlife Federation vende 27 milhões por ano em bugigangas enfeitadas com imagens de bichos e plantas. A rigor, boa parte dos ecologistas, como os do Environmental Defense Fund e do Sierra Club, vive mais perto dos políticos e diretores de bancos do que da natureza. Diz um funcionário federal em Washington: "Eles têm mais controle sobre os fundos do governo destinados ao meio ambiente do que nós mesmos".


Mudança no verde

As organizações ecológicas brasileiras são hoje alguns milhares, na maioria núcleos de poucas pessoas dedicadas a uma causa especifica. Trabalhando quase sempre no anonimato e no circulo restrito de bairros, escolas ou pequenas cidades, essas organizações só aparecem quando enfrentam um problema que chega à;s páginas dos jornais. As vezes acabam se fundindo: o Movimento Pró-Juréia, o Grupo de Defesa da Juréia e a Associação Ecológica de Itanhaém, por exemplo, compõem hoje a Associação em Defesa da Juréia, uma das maiores entidades ecológicas do pais, com 1400 associados. Freqüentemente, porém, acontece o contrário: sem fonte de receita permanente, as microentidades desaparecem após alguns meses. "Calculo que apenas uma centena tenha endereço, funcionários e ação continua", estima Fábio Feldmann, o único deputado federal eleito com uma plataforma ecológica, conselheiro ou simples associado de pelo menos trinta entidades.As organizações de caráter permanente estão passando por uma fase de profissionalização semelhante à que ocorreu com as grandes congêneres americanas. "Já passou a fase do romantismo", acredita Clayton Lino, diretor de ciências da mais robusta de todas as entidades nacionais, a SOS Mata Atlântica, com 4 000 sócios e orçamento anual de 400 000 dólares. "É preciso competência para gerenciar programas, obter apoio financeiro e influenciar os órgãos oficiais", explica. Graças a doações de empresas, da contribuição de associados e de organizàções internacionais, como a própria WWF, a entidade iniciou projetos de aproveitamento de recursos naturais em benefício de populações do litoral paulista. Outros movimentos, embora menores, se sustentam da mesma maneira e também cuidam de projetos importantes. Um exemplo de bom trabalho é o da Fundação Biodiversitas, formada basicamente por cientistas da Universidade Federal de Minas Gerais, voltada para a proteção de espécies ameaçadas de extinção.


As formigas da presidente

No verão de 1989, Kathryn Fuller notou que o seu escritório não era mais exclusivamente seu. Pequenas formigas cor-de-laranja marchavam pelo fio do telefone e vasculhavam a escrivaninha, à procura de migalhas de biscoitos. Um auxiliar, solícito, prontamente se ofereceu para providenciar a dedetização. Mas Kathryn, presidente do WWF, preferiu deixar a comunidade de formigas em paz. Sábia decisão. Pois, em outubro último, ela aproveitou uma reunião do conselho diretor da organização e pediu a um de seus membros que esclarecesse a origem dos insetos. Tratava-se de ninguém menos que o entomologista Edward Wilson, da Universidade Harvard, o maior especialista do mundo em formigas e um dos autores da mais completa obra sobre o assunto. Ants, publicada no ano passado.Para surpresa de ambos, Wilson não foi capaz de identificar a espécie invasora. O cientista levou alguns exemplares para serem examinados na universidade e, na virada do ano, recebeu o não menos surpreendente resultado dos estudos: as formigas pertencem de fato a uma espécie desconhecida, do gênero Pheidole - a qual, em homenagem a Kathryn,, deverá ser chamada Pheidole fullerae. Preocupada em preservar a única colônia conhecida dessas formigas - sua sede fica no vaso de uma palmeira do escritório -, a presidente do WWF alimenta os insetos com maçãs, água açucarada, biscoitos e queijo. E proibiu a firma que cuida das plantas ali de tocar naquele vaso, onde foram plantadas outras espécies tropicais que produzem uma substância nutritiva para as formigas. "Estou criando um ecossistema tropical completo no escritório", ri Kathryn, para quem as fullerae são "um maravilhoso lembrete da extraordinária diversidade da vida na Terra".


De micos-leões a peixes-bois

Junto com a Indonésia e a Tanzânia, o Brasil é uma das principais prioridades do World Wildlife Fund. A entidade gastou aqui 1,5 milhão de dólares no ano passado e mantém um time de oito pesquisadores. "Financiamos mais de 100 projetos", orgulha-se a diretora do programa brasileiro, Lou Ann Dietz, em seu português quase perfeito, resultado de oito anos de permanência no país. Foi ela quem deu início aos planos de proteção ao lobo-guará, no Parque Nacional da Serra da Canastra, em Minas Gerais, e ao mico-leão, na Reserva de Poço das Antas, no Estado do Rio.O projeto do mico-leão, com apoio do antigo IBDF e do atual Ibama, e do qual participam noventa zôos americanos, é considerado uma das mais bem-sucedidas iniciativas conservacionistas em todo o mundo por ter conseguido que os macaquinhos se reproduzissem em cativeiro. A espécie, que estava reduzida a 100 indivíduos por causa da devastação do seu hábitat, tem hoje uma população quatro vezes maior. O programa é modelar por salvar uma espécie, preservar a natureza e promover a educação ambientar. É o efeito multiplicador buscado pelo WWF. "É preciso fazer com que os dólares rendam o máximo", frisa Lou Ann. "Afinal de contas, não somos o Banco Mundial."Outro desafio brasileiro é preservar o peixe-boi.. Embora listados entre as formas de vida ameaçadas de extinção no país, e por isso protegidos pela legislação, tanto o peixe-boi marinho quanto o amazônico ainda são pescados indiscriminadamente, por sua pele, sua carne e pelos 200 quilos de óleo que um espécime adulto proporciona. No Espírito Santo e na Bahia, o peixe-boi marinho já desapareceu. Em todo o Nordeste, devem restar menos de 200 desses mamíferos. Não há dados sobre o peixe-boi amazônico. O lento ciclo reprodutor do animal também complica as coisas: a fêmea só dá à luz um filhote por vez, depois de treze meses de gestação."A destruição dos estuários dos rios, onde eles vêm se alimentar e procriar, é mais uma causa do problema", indica Janice Wiles, que cuida no WWF da preservação do animal. Grande (chega a pesar 600 quilos) e comilão, o peixe-boi devora quantidades pantagruélicas de algas e de outros vegetais. A devastação das matas ribeirinhas provoca erosão, que deixa os rios rasos e estéreis. O trabalho de pesquisar e salvar os bichos vem sendo conduzido há quatro anos pelos oceanógrafos Eunice Oliveira e Ricardo José Soavinski, que dirigem em João Pessoa, Paraíba, o Centro Peixe-Boi Marinho, do Ibama. Além do WWF, apóiam o projeto a Conservation Foundation, também dos Estados Unidos, e a Fundação Pró-Natureza.Ao lado do estudo dos hábitos do animal, há toda uma atividade pedagógica de sabor publicitário. Munidos de camisetas, slides, filmes e folhetos pagos pelo WWF, os oceanógrafos alertam os pescadores de Pernambuco, Paraíba e Alagoas contra a matança dos mamíferos. O grupo trata ainda de estabelecer uma unidade-piloto de preservação, em Rio Tinto, Paraíba, onde já são criados peixes-bois órfãos resgatados pelo Centro. "A idéia", descreve Janice, "é mostrar que homens e animais podem conviver sem que um prejudique o outro."





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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Das pistas para as estradas - Automobilismo


DAS PISTAS PARA AS ESTRADAS - Automobilismo



Em 41 anos de correria pelas pistas, a Fórmula 1 procurou e encontrou várias soluções na busca dos melhores tempos. Muitos desses resultados viajam hoje a bordo dos carros de rua

Um torcedor de Fórmula 1 que vive num país desenvolvido e costuma dirigir por ruas e estradas depara freqüentemente com alguns nomes conhecidos: Ferrari, Honda, Renault, Ford, Lotus. Envolvidas na competição, seja com equipes inteiras ou apenas fornecendo motores, essas fábricas de automóveis são a parte mais visível de uma integração entre carros de pista e de rua que vem desde 1950, quando a Fórmula 1 ensaiou suas primeiras aceleradas. Ao longo desses anos, a busca pela maior velocidade desencadeou uma corrida tecnológica atrás de melhores motores pneus, design, suspensão - tudo o que se traduza em segundos a menos a cada volta.É o tipo de corrida que não acaba com uma bandeira quadriculada, tampouco seu fim é na pista. Mesmo que o fã de automobilismo não more na Europa e sim no Brasil, e por isso não veja Hondas e Ferraris cruzarem seu caminho, ele também está em contato com a tecnologia aprendida ao longo de 41 anos. Qualquer Fiat Uno Mille, o mais barato carro nacional, incorpora elementos experimentados primeiro no corre-corre dos circuitos. "A Fórmula 1 é o laboratório de vanguarda da indústria automobilística", disse a nós o projetista Gordon Murray, um sulafricano naturalizado inglês que passou vinte dos seus 44 anos nas pistas, viu seus carros vencerem quatro campeonatos e hoje desenvolve o supersecreto projeto do carro de rua da McLaren. "O aprimoramento dos freios, aerodinâmica. suspensão e novos materiais empregados são conseqüência do trabalho desenvolvido na Fómmula 1" exemplifica Murray.A velocidade da categoria extrapola as pistas e se reflete na corrida tecnológica entre as equipes. Pelos cálculos do projetista inglês, a aplicação de um novo material na indústria automobilistica ou aeronáutica pode levar anos, enquanto na Fórmula 1 acontece em apenas um mês. A mesma fábrica que fornece freios para a McLaren o faz também para a Mercedes-Benz e a Porsche. Se para aplicar novos produtos em carros comuns ela gasta anos em pesquisa, para desenvolver novos freios mais seguros, leves e rígidos para competição dispõe de meses.A mais evidente contribuição da Fórmula 1 aos carros de quem não é piloto está na cara. Por mais diferentes que sejam em aparência, foram o desenho e a aerodinâmica estudados na pista que inspiraram a tendência às formas arredondadas dos veículos de passeio que saem hoje das fábricas. Nos primeiros anos de campeonato, as "baratinhas" tinham motor dianteiro e uma frente enorme, quase uma parede de resistência ao ar. Ainda na década de 50 a frente foi ficando achatada até que, em 1958, o motor foi parar atrás do piloto. Pelo formato. esses carros receberam o apelido de "charutinho", e começaram a adquirir o jeitão dos atuais: baixos e de pneus largos, mas ainda com o bico reto, vertical em relação ao chão.Mais de uma década depois, em 1970, o gênio Colin Chanman projetou o Lotus 72, o primeiro carro em forma de cunha, com o bico afilado e traseira larga, por onde passou a entrar o ar de refrigeração do motor. Estava estabelecida a configuração dos modernos Fórmula 1. A partir de então, todos os projetos foram variações sobre o mesmo desenho, sempre em busca da melhor aerodinâmica. Esse conceito foi plenamente adotado pela indústria automobilistica. "Hoje, qualquer carro é em forma de cunha, sem cantos ´vivos´ que causem maior arrasto aerodinâmico", constata o engenheiro Hélio Perini, especialista em competições da Autolatina. "Até os espelhos retrovisores são arredondados". Um carro em forma de cunha nasceu para voar, pois seu perfil é idêntico ao de uma asa de avião. Como a superfície é arredondada e o fundo chato, o ar passa mais depressa em cima, criando uma baixa pressão que tira o carro do chão.Colin Chapman resolveu esse problema na Fómmula 1 concebendo, em meados da década de 70, um carro com o efeito-solo: com o fundo também curvo, o ar não passava tão rápido por baixo desse carro como nos outros, diminuindo a diferença de pressão e fazendo o bólido grudar na pista. Mas bastava um salto sobre alguma saliência do piso para o efeito ser anulado e o carro decolar, como aconteceu com o canadense Gilles Villeneuve no acidente fatal da Bélgica, em 1982, quando sua Ferrari passou por cima do pneu do carro à frente e saiu voando.No ano seguinte, o efeito-solo foi proibido, e os carros agora dependem dos aerofólios (ou spoilers), as abas dianteiras e traseiras que dão resultado contrário ao de uma asa, para ficar presos ao chão. Como os aerofólios só começam a fazer efeito em altas velocidades, o uso desta técnica nos carros de rua só faz sentido nos esportivos, feitos para andar a mais de 200 quilômetros por hora. É o caso do Mercedes-Benz 190 E 2.5-16 Evolution II, uma potência que chega a 250 quilômetros por hora. Ele foi projetado com spoilers dianteiro e traseiro de tal forma que, em velocidade, exercem uma pressão pouco maior que seu próprio peso nas partes dos pneus que tocam o solo. Quando corre, portanto, o Evolution II ganha aderência e, conseqüentemente, segurança.Não é à toa que os pára-choques dos carros novos, mesmo dos simples nacionais, deixaram de ser uma mera lâmina de aço para virar estruturas envolventes de plástico resistente. Eles não só oferecem menos resistência ao ar do que o pára-choque antigo, como, por estarem próximos ao chão, impedem que muito fluxo de ar passe por baixo do carro, criando assim uma sombra de efeito-solo. O material de que são feitos - plástico -também não está ali por acaso. Faz parte da busca pela leveza, uma idéia que ganhou corpo nos últimos vinte anos na Fórmula 1.O que leva um carro ao bom desempenho é a relação peso/potência. Quanto mais leve for, mais velocidade terá com a mesma força de motor. Desde a época do argentino Juan Manuel Fangio cinco vezes campeão mundial na década de 50, até o início dos anos 70, os carros eram construídos em alumínio, fibra de vidro e aço - eram de lata, como se costuma dizer. Os carros de Fangio e seus concorrentes tinham o triplo do peso e andavam a velocidade média três vezes menor que os atuais. A partir de 1973 entrou na pista o Kevlar, uma fibra de plástico polimerizado (com cadeias de moléculas longas e ordenadas) vinda da indústria aeronáutica. Trançado em tecido e colado com resinas especiais, o Kevlar forma uma placa muito mais leve e mais resistente do que o aço. Além dele, vários outros plásticos e ligas especiais de alumínio? também tão leves quanto fortes, foram incorporados à Fórmula 1.O pole position desses materiais, no entanto, é a fibra de carbono, levada às pistas pelas mãos de Gordon Murray e do "mago" da década, o projetista inglês John Barnard. Quando ainda estava na Brabham. no fim dos anos 70. Murray emprestou a idéia da indústria aeronáutica para começar a utilizar nos chassis essa fibra, extremamente leve e cinco vezes mais forte do que o aço. obtida pela polimerização e ordenação de moléculas de carbono. "Estudei o material e senti que poderia funcionar na Fórmula 1, como de fato tem funcionado", lembra Murray. Dois anos depois dele, em 1981, John Barnard esculpiu o chassi de uma McLaren totalmente em fibra de carbono.Esculpir o chassi não é figura de linguagem. Se no tempo da lata as placas de alumínio eram tinidas com rebites, na era do carbono as mantas de fibras trançadas são colocadas sobre um molde e coladas com resinas especiais a alta temperatura. O resultado dessa química é um ovo de Colombo: uma estrutura monobloco ao mesmo tempo muito mais leve e mais resistente a impactos do que qualquer outra que a Fórmula 1 já viu. Além de contar pontos no quesito leveza, o chassi em fibra de carbono envolve o corpo do piloto numa espécie de caixa de segurança, protegendo-o nas batidas violentas.Ainda muito cara para ser usada em larga escala, a fibra de carbono só existe nas ruas em carros ultra-sofisticados, como a Ferrari F 40. Nela, uma estrutura triangular moldada em fibra envolve o cockpit, imitando o conceito usado na Fórmula 1: em caso de acidente, evita-se que o lugar onde sentam piloto e passageiro seja muito danificado (piloto mesmo e não motorista, pois é preciso braço para guiar um invocadíssimo carro esporte que ultrapassa os 300 quilômetros por hora). Como na história da fibra de carbono, a tecnologia de ponta é aplicada com um olho no desempenho e outro na segurança. "Quando os carros eram de alumínio e com motor na frente, o piloto saia voando numa batida", conta Wilson Fittipaldi Jr., ex-piloto e construtor de carros de Fórmula 1 na década de 70, com a equipe Copersucar. Não era raro o piloto morrer por sofrer o impacto do choque em seu corpo, enquanto o carro continuava inteiro. Mesmo depois que se passou o motor para a traseira, era comum o carro partir-se ao meio, na altura do painel, dependendo da violência e do ângulo da batida. Somente depois do chassi em fibra de carbono configurou-se o carro deformável, com um cockpit super-resistente e o resto feito para quebrar, conceito que hoje move os projetistas tanto de competição como de rua.Essa forma de construção salvou a vida de pelo menos dois pilotos em dois violentos acidentes: o de Gerhard Berger em Ímola e o de Maurício Gugelmin em Paul Ricard, na temporada de 89. Em ambos, as carrocerias rias se espatifaram, voaram pneus e spoilers, mas os pilotos sobreviveram dentro dos cockpits. Nenhuma nostalgia, portanto, é mais equivocada do que sonhar com os bons tempos dos carros que não amassavam nas batidas. Eles derrubavam um poste e continuavam quase inteiros, mas os passageiros se arrebentavam porque a inércia jogava seus corpos contra a parte interna do veículo."O conceito de deformável é ter a maior dissipação de energia no impacto - faz-se a célula que protege os passageiros resistir, o resto é uma sanfona para absorver o choque", explica o engenheiro Hélio Perini. Toda essa engenharia, no entanto, pouco adianta se os ocupantes de um carro não usarem um grande achado do automobilismo incorporado às ruas: o cinto de segurança. Enquanto ficaram mais seguros ao correr, os carros tornaram-se também mais seguros ao parar.

Novamente inspirada na indústria aeronáutica, a Fórmula 1 trouxe para os veículos na década de 60 o freio a disco, uma invenção testada e aprovada primeiro nos aviões. Mais eficiente do que o antigo freio a tambor, o freio a disco tem evoluído nos materiais de que é feito: de ferro no princípio, depois de metal, hoje nas pistas o disco é de fibra de carbono, que suporta muito melhor o atrito e a alta temperatura. Wilson Fittipaldi Jr. conta que já se testa, na Fórmula 1, o disco de berílio, material resistente a temperaturas muito elevadas, permitindo uma freagem mais perfeita e equilibrada. "Em discos de metal, depois de alguns metros de freada, a alta temperatura provocada pelo atrito atinge o material e sente-se no pedal a vibração", compara Fittipaldi.Como a briga do freio é contra a alta temperatura, os engenheiros ligados à Fórmula 1 inventaram um sistema de refrigeração que já se encontra nos carros de rua mais sofisticados da Europa e do Japão. É o chamado freio a disco ventilado, em que no lugar de apenas um disco existem dois, fazendo um sanduíche de vento que permite melhor dissipação do calor. É certo que bons freios seguram um carro, mas se os pneus não tiverem a mesma qualidade é derrapagem na certa. Desde que existem automóveis, os pneus eram convencionais ou diagonais, assim chamados porque tinham carcaça (a estrutura interna) construída com tecidos de poliéster ou náilon trançados diagonalmente. Com a Fórmula 1, na década de 50, começaram a nascer os pneus radiais, que efetivamente ganharam as ruas vinte anos depois.Nos pneus radiais, a carcaça é montada a partir de malhas de aço todas no mesmo sentido, paralelas ao eixo. Um diagonal, quando faz curvas, dobra-se inteiro para o lado, as bordas perdem contato com o chão e a banda de rodagem fica ovalada. Na mesma situação, o radial, por causa do desenho e da maleabilidade das malhas de aço, dobra somente o costado (a lateral do pneu), deixando a banda de rodagem toda em contato com o chão? como se o pneu estivesse parado. Assim, não se perde performance nem segurança.Tal qual os freios, os pneus também perdem desempenho em temperatura excessiva. "Por isso a Fórmula 1 é o laboratório da Goodyear, pois é o limite de temperatura e abrasão dos pneus", diz José Di Grassi Sobrinho. gerente de produto da Goodyear. O recém lançado modelo Eagle GT+ 4, para carros de rua, é conseqüência direta do aprendizado nas pistas. Propagandeado pela fábrica como o Fórmula 1 das ruas, ele tem a construção, desenho da banda e composto da borracha - este um segredo trancado a sete chaves - muito parecidos com um pneu de chuva das pistas.A performance de um carro, seja em competição ou a passeio, é tanto melhor quanto mais o carro fica estável, grudado no chão. Pneus aderentes são um bom caminho, mas o trabalho maior é da suspensão. No início da Fórmula 1, um dos principais componentes era o feixe de molas, seis ou sete laminas de ferro sobrepostas, para absorver choques. "Mas o movimento delas , era muito inconstante e áspero, o que só melhorou com a adoção das molas helicoidais, em meados dos anos 50". diz Wilson Fittipaldi. Bem mais leves e proporcionando maior estabilidade, as molas helicoidais chegaram aos carros de rua alguns anos mais tarde.A maior atração do circo da Fórmula 1, porém, está hoje nos amortecedores reguláveis e na chamada suspensão ativa. Entra-se aqui num terreno que mistura mecânica com eletrônica e informática, evolui tão rápido quanto anda uma McLaren e pode com a mesma velocidade chegar às ruas. Amortecedores reguláveis existem desde os anos 70, e já equipam até carros brasileiros, como alguns Kadett, da General Motors. Só que a graça é fazer isso de dentro do carro, acionando botões. Se o carro está carregado ou o motorista pretende dirigir esportivamente, aperta um comando e endurece o amortecedor - uma eletroválvula injeta mais pressão no gás ou no óleo dentro dele. Em alguns carros de linha europeus, isso já é realidade.Mais graça ainda tem a suspensão ativa, controlada por um computador de bordo, que toma sozinho a decisão de endurecer ou amolecer um amortecedor. Lançada pela Williams na temporada de 1987, a suspensão funcionava por uma série de censores instalados no carro, que captavam dados como aceleração lateral, saliências da pista e o próprio peso do carro. Um computador calculava então como os amortecedores deveriam reagir, só que, durante os milésimos de segundo que levava para fazer isso, o velocíssimo carro já estava em outra situação, e por causa disso o sistema nunca funcionou direito. A saída para esse problema vai na direção do mapeamento meticuloso das pistas, para se saber, com antecedência, as dificuldades que o carro enfrentará e programar sua suspensão para deixá-lo o mais estável possível.

Num carro de rua, muito menos sofisticado que os de pista e do qual não se exige desempenho tão perfeito, a adaptação dessa tecnologia foi bem mais simples. O francês Renault 25 sai da fábrica desde 1990 com um opcional de suspensão ativa, dotado de três censores de aceleração (vertical, longitudinal e transversal) e outros dois que captam velocidade e ação sobre o pedal do freio, todos ligados a um computador central. Dependendo das irregularidades do caminho, da velocidade e do modo de dirigir do motorista, o computador sabe a cada instante se deve acionar a eletroválvula e colocar maior ou menor pressão no gás do amortecedor.A eletrônica embarcada, ou o uso da informática a bordo dos carros, promete ser o grande campo de desenvolvimento tecnológico da Fórmula 1. Já não se pensa em motores sem controle eletrônico de injeção e ignição, um sistema que elimina o carburador como lugar da mistura ar/combustível para fazê-la diretamente dentro dos cilindros do motor. A injeção direta já existia há algum tempo, mas somente no começo da década de 80 a informática entrou na jogada. Hoje, um motor que se preze não vai para a pista sem ter passado por um banco de testes, onde os engenheiros estudam quais os momentos precisos da injeção de ar/gasolina e da ignição de velas, para fazer a combustão da mistura. "Daí tira-se um mapa básico de carburação", explica o engenheiro de produção Octávio Guazzelli Neto que, junto com o sócio Fernando Bueno de Paira, desenvolve há quatro anos programas de computador para a equipe Minardi..Alimentado com esse programa básico, o computador central para gerenciamento de motor é informado durante a corrida sobre aceleração e giros do motor, escolhendo então o melhor momento de injetar combustível e soltar faísca nas velas. Nesta temporada, a sofisticação chegou ao ponto de permitir ao piloto mudar a programação da carburação de dentro do cockpit. Isso é possível porque o computador central está ligado a três ou quatro EPRONS, chips programáveis que carregam o mesmo programa do principal, caso este entre em pane. "Mas como o computador nunca pifa, colocamos nos EPRONS programas diferentes, com alterações sutis de controle do motor, que podem ser acionadas pelo piloto de acordo com a fase da corrida", diz Guazzelli.Não demorou para o controle eletrônico de injeção e ignição chegar às ruas. No Brasil, o Gol GTi e o Santana Executivo, da Volkswagen, e o Monza EF 500, da General Motors, são os únicos modelos que dispõem desse sistema. Ao lançar o esportivo CRX, a Honda japonesa tratou de anunciar que seu programa de injeção de combustível. controlado por computador, é filho direto do que foi desenvolvido para os motores campeões da Fórmula 1. No final do próximo ano, deverá sair de uma fábrica no subúrbio londrino de Woking, Inglaterra, o exemplo mais acabado do que a Fórmula 1 pode levar às ruas: o carro esporte da McLaren, uma equipe que viveu todos os seus 28 anos exclusivamente nas pistas. Gordon Murray, o projetista do carro, muda de assunto quando se fala dele, e não revela nenhum detalhe. Pelo preço estimado, porém, deduz-se que incorporará muito dos monopostos cinco vezes campeões nas últimas dez temporadas - mais de 800 000 dólares, o mesmo de uma McLaren guiada por Ayrton Senna.





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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Rita Levi-Montacini: A Detetive dos Nervos


RITA LEVI-MONTALCINI: A DETETIVE DE NERVOS



Aos 81 anos, a obstinada italiana, Prêmio Nobel de Medicina, adora uma investigação-seja nos livros policiais que lê, seja nos laboratórios onde persegue todas as pistas sobre o fator de crescimento das células nervosas

Naquela manhã de dezembro, de 1986, Rita Levi-Montalcini acordou, como todos os dias, antes que o relógio marcasse 6 da manhã. Abriu as cortinas sobre a Bala de Estocolmo e pediu à camareira do Grand Hotel o desjejum habitualmente frugal, chá e biscoitos. Diante do espelho, deu aos cabelos cândidos a costumeira onda, toda para um lado, que emoldura o rosto enrugado muito alvo, sereno, e ressalta o olhar risonho azul-claro. Finalmente, vestiu um conjunto de seda pérola, estampado com flores estilizadas, de caimento perfeito no corpo esguio, quase frágil, como o de um passarinho. Só assim, aparentemente pronta para um passeio, a elegante senhora sossegou em um canto, sentando-se na poltrona para folhear um romance policial de Agatha Christie. Há muito tempo, aprendeu a usar os livros da escritora inglesa feito um escudo diante da menor ameaça de tensão. Ela sempre carrega uma aventura do detetive Hercule Poirot, por exemplo, quando precisa enfrentar uma viagem aérea. Naquela vez, porém, as peripécias do personagem serviram para relaxar a leitora que, à noite, receberia o Prêmio Nobel de Medicina das mãos do rei Carlos Gustavo da Suécia.O Nobel premiou uma descoberta feita em parte no Brasil dos anos 50, nos laboratórios do Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro: ali, a cientista italiana teve a certeza da existência do NGF, sigla, em inglês, de fator de crescimento dos nervos. Trata-se de um fluído produzido pelo próprio organismo, que, ao tocar as células nervosas, feito uma varinha mágica, tem a espantosa propriedade de fazê-las crescer.

Hoje, com recursos da Engenharia Genética para produzir o NGF, sabe-se que sua aplicação clínica, no futuro, poderá curar uma série de doenças degenerativas do sistema nervoso-como, aliás, já está começando a se tentar na Suécia e nos Estados Unidos, para tratar o mal de Alzheimer, a atrofia dos nervos, e o mal de Parkinson, uma espécie de atrofia cerebral.

Quando o NGF foi descoberto, porém, poucas pessoas Ihe deram a devida importância, talvez porque a substância pudesse ser encontrada em quase todos os tecidos do corpo. Incansável, Rita continuou colhendo pistas do NGF, determinada a provar que a substância também está por trás de outras funções importantes, como a imunológica, ajudando o organismo a vencer suas batalhas contra agentes nocivos. A história da cientista, nesse sentido, se parece com os romances que tanto aprecia, com investigações dignas dos mais perspicazes detetives lutas-não físicas, é verdade-, perseguições implacáveis, como a dos nazistas pelo fato de ser judia, e, sobretudo, cenas de grande-emoção."No verão carioca de 1953, o NGF saiu das sombras de maneira triunfal e grandiosa, como se fosse estimulado pela atmosfera dessa exuberante manifestação de vida que é o Carnaval do Rio". descreveu a cientista em sua autobiografia, O elogio da imperfeição. "Nas vésperas do Natal de 1986, o NGF apareceu de novo em público, sob a luz dos refletores, na presença dos reis suecos, de príncipes, de damas em vestidos de gala e cavalheiros em fraque." Nessa noite, Rita Levi-Montalcini também estava vestida de gala: usava um longo desenhado pelo refinado e pouco conhecido estilista romano Roberto Capucci, autor de verdadeiras esculturas em tecidos. Na verdade, Capucci confeccionou duas roupas para a ocasião, uma bordô e outra verde com mangas roxas. E por que duas? Porque a cientista, famosa por sua vaidade, queria escolher o modelo apenas no dia de receber o prêmio. O requinte da escolha-venceu o vestido com mangas roxas, sua cor predileta-surpreendeu quem estava acostumado a vê-la com o avental branco dos laboratórios.Há sessenta anos, contudo, ninguém imaginaria que aquela jovem, nascida em Turim, passaria boa parte da vida nesse ambiente. Afinal, Rita vinha de uma família culta, mas de convicções vitorianas a respeito do papel da mulher. Na adolescência, ela teve o mesmo destino de suas duas irmãs, isto é, o chamado colegial feminino, um curso que não dava acesso à faculdade: Nina, a mais velha, resolveu se casar; Paola, irmã gêmea da pesquisadora, dedicou-se à pintura e à escultura. Já o caminho de Rita foi traçado quando ela completou 22 anos, com a doença que causou a morte de sua velha babá. Então, contrariando os princípios paternos, Rita decidiu estudar Medicina.Hoje em dia, aos 81 anos de idade, a cientista não hesita em se declarar feminista, na entrevista a SUPERINTERESSANTE, realizada em Castelporziano, uma antiga reserva de caça nos arredores de Roma. Em um cenário de bosques, onde javalis pastavam e faisões ciscavam, 21 Prêmios Nobel se reuniram, em dezembro (1991), para trocar idéias sobre como estimular a pesquisa nos países da Comunidade Européia. Ali, Rita mergulhou em lembranças dos tempos de universitária, quando teve um mestre excepcional, o professor Giuseppe Levi, conhecido por suas idéias antifascistas. "Ele tinha um método de trabalho rigoroso, mas seguia de modo apaixonado as pesquisas de seus alunos", ela recorda.Na mesma época, Giuseppe Levi orientava três futuros Nobel de Medicina: além da própria Rita, Renato Dulbecco, premiado em 1975 pela identificação dos genes desencadeadores do câncer, e Salvador Luria, laureado em 1969 pela descoberta das características dos genes de vírus e de bactérias (veja quadro). "Rita trabalhava no laboratório ao lado do meu", conta Luria. "Por isso, seu Nobel me deixou particularmente contente, apesar de ter chegado atrasado", opina o orgulhoso colega. A perseguição anti-semita durante a Segunda Guerra interrompeu a carreira dos dois jovens pesquisadores de origem judaica. Luria fugiu de bicicleta, cruzando a fronteira da Itália. Rita, por sua vez, escondeu-se no quarto, onde improvisou um laboratório, como uma Robinson Crusoe da ciência.Quando a perseguição contra os judeus estendeu-se da Alemanha para a Itália, a família Levi-Montalcini partiu de Turim para viver refugiada em Florença. Mas, no último período da guerra após o desembarque dos soldados aliados na cidade, Rita saiu do esconderijo para socorrer a população florentina em meio a uma epidemia de tifo. "Só então percebi que não tinha desprendimento emocional para clinicar", diz ela. "Por isso, decidi me dedicar à pesquisa."Assim, em 1951, Rita embarcou para os Estados Unidos, determinada a passar horas com os olhos grudados no microscópio, observando o desenvolvimento dos nervos em embriões de galinha. Naquela época, ela intuía que algo, uma substância qualquer, fazia os nervos dos embriões crescer, quando lhes enxertava células de tumores de ratos-era ali, no tumor, que devia estar o que batizou de NGF. Faltava apenas provar cientificamente a sua presença. Rita, então, pensou em recorrer a uma técnica, que havia usado nos anos 40, com o professor Giuseppe Levi-a cultura de tecido. Ou seja, ao se mergulhar células em um coquetel de nutrientes, elas continuam vivas e, desse modo, consegue-se observá-las, pode-se dizer, em plena ação. Essa técnica estava sendo desenvolvida no Brasil pela cientista alemã Hertha Meyer, que Rita conhecera em Turim. Hertha também judia, tinha fugido para o Brasil em 1939, sendo acolhida pelo biólogo e biofísico Carlos Chagas Filho, no Instituto de Biofísica, no Rio de Janeiro-cidade em que, por sinal, Hertha morou até morrer, no ano passado."Rita me escreveu pedindo para estagiar conosco, com uma bolsa da Fundação Rockefeller", conta Chagas Filho, na sala do Instituto de Biofísica que hoje leva seu nome, atrás de uma de suas duas mesas de trabalho, onde muitas vezes ele almoça. No final de 1952, Rita desembarcou no Rio de Janeiro sob um pé-d´água tropical. "Eu a encontrei no aeroporto, extrovertida, com uma capa impermeável e dois ratinhos portadores de tumor no bolso", recorda o professor. O biofísico levou a estagiária italiana direto ao laboratório, para colocar os passageiros-clandestinos em gaiolas. Só agora Rita confessa: "Eu poderia ter feito a cultura de células nos Estados Unidos. Mas, diante da possibilidade de realizar o sonho de vir para o Brasil, eu não hesitei". Ela só lamenta a falta de tempo para visitar outras cidades-"nem São Paulo eu cheguei a conhecer".Um dia depois de chegar, Rita iniciou a experiência com Hertha Meyer, preparando uma cultura de gânglios embrionários de pintos com um pedacinho do tumor de ratos. Para comparar, as duas cientistas também prepararam uma cultura apenas de gânglios de embriões. Segundo Carlos Chagas Filho, o resultado surgiu no dia seguinte: "Foi espetacular, pois o gânglio com células de tumor tinha lançado inúmeras fibras nervosas-e nada tinha acontecido com o outro gânglio. É raro uma experiência ter sucesso logo na primeira tentativa. Mas nesse caso o êxito era tão evidente, que mandei estourar uma champanhe Moët et Chandon para comemorar". O Instituto de Biofísica, embora bem - aparelhado, não dispunha de um microscópio de fotografia. Por isso, Chagas Filho entrou em seu automóvel e saiu em busca de um equipamento emprestado. Assim, Rita conseguiu provar a existência do NGF.Para o professor, hoje com 80 anos, o episódio marcou o início de uma grande amizade: "A primeira coisa que faço, quando chego a Roma, é ligar para Rita", revela o cientista, que antes de deixar a presidência da Academia de Ciências do Vaticano, há cerca de dois anos, depois de tê-la exercido por dezesseis, ia várias vezes por ano à Itália. As viagens, agora, reduzem-se a dois passeios anuais-mas o hábito de telefonar para a colega permanece. "Ela é uma das mulheres mais femininas que eu conheço", diz ele, sem esconder a admiração. Tão logo sabe que o amigo brasileiro está em Roma, Rita toma seu Alfa Romeo branco, que ela mesma pilota, para ir encontrá-lo. Invariavelmente, eles jantam juntos-ou em elegantes restaurantes, como o do Jardim Borghese, ou no apartamento que Rita divide com a irmã pintora Paola.Os sustos que Chagas Filho leva no trajeto de carro-"ela dirige muito depressa, como todos os motoristas em Roma"-são compensados pela excelência dos jantares, segundo o professor, quando são servidos "seis pratos e vinhos deliciosos", embora Rita só beba água San Pallegrino. Nos encontros, o assunto costuma ser literatura, o lazer predileto da cientista, que adora discutir sobre autores italianos modernos, como Umberto Eco e Alberto Moravia. "Rita também tem um enorme interesse pela política do país", conta Chagas Filho é conhecida sua preocupação com os estudantes pobres, para os quais ela criou uma fundação com o dinheiro de vários prêmios que já recebeu. "Eu sempre digo aos jovens que o primeiro truque é não concentrar-se excessivamente em si próprios, pois isso equivale a fechar-se em um quartinho", ela ensina. "O segundo truque é buscar com obstinação o próprio caminho. O medo da opinião alheia não deve condicionar alguém a tomar uma decisão que, no fundo, sente ser a escolha errada." Por causa de seu carisma, Rita acaba de ser convidada a participar de uma campanha de televisão contra as drogas. Mas nem sempre a pesquisadora teve essa popularidade.Rita viveu toda a década de 50 nos Estados Unidos. Quando voltou para a Universidade de Washington, depois do estágio no Rio de Janeiro, ela conheceu o bioquímico americano Stanley Cohen, com quem, anos mais tarde, dividiria o Nobel pela investigação do NGF. Juntos, eles descobriram aos poucos molécula por molécula que compõe a substância-que os dois cientistas, aliás, identificaram como uma proteína. Preocupada com a mãe idosa e com a irmã gêmea, que vivia sozinha, Rita retornou ao seu país em 1962, quando foi discriminada por muitos cientistas italianos, por ter passado tanto tempo no exterior. Em 1974, no entanto, ela foi a primeira mulher a entrar para a Pontifícia Academia de Ciências do Vaticano, por indicação de Carlos Chagas Filho Os conhecimentos sobre o NGF permitem a busca de novos tratamentos para o câncer, o crescimento desenfreado de uma célula, assim como para uma série de processos degenerativos. "Nos animais, o NGF é capaz de regenerar células nervosas, mas não temos provas de que isso ocorre com o homem. Por enquanto, é apenas uma esperança, esclarece a cientista. Fora prováveis aplicações clínicas, graças as pesquisas coordenadas por Rita, hoje se sabe que o NGF é muito mais do que o responsável pelo crescimento das células nervosas.

Descobriu-se que a substância é capaz de estimular o sistema imunológico e o endócrino. Algumas experiências mostram que esse mesmo fator é capaz de condicionar a agressividade de ratos, o que mostra sua influência até no comportamento dos seres vivos. Diante de tudo isso, em abril do ano passado, a inquieta Rita Levi, elaborou uma hipótese: "O NGF pode ser uma espécie de maestro na orquestra do organismo", especula, os olhos brilhando de entusiasmo. "Ele parece estar ligando as funções vitais."

Animada com a tese, ela não pára. Acorda quando o dia mal amanhece e vai direto para a máquina de escrever. Ela está sempre escrevendo-seja artigos, seja conferências. "Quando era adolescente, eu queria ser escritora, como a inglesa Virginia Woolf", conta. Em parte, esse sonho não deixou de ser realizado: sua autobiografia, lançada depois do Nobel, foi um best-seller nas livrarias italianas. E, agora, Rita aproveita os primeiros meses do ano para terminar dois livros de divulgação científica para o público jovem.Depois de escrever algumas folhas, ela pega o carro e dirige para o Instituto de Biologia Celular do Conselho Nacional de Pesquisa da Itália. Ali. permanece três ou quatro horas trabalhando na sua antiga paixão, o NGF, até sair para o almoço- uma dieta espartana, à base de peixes e verduras cozidas. Às 17 horas, ela volta para o laboratório, onde fica pesquisando até o anoitecer. A agenda só é diferente quando a cientista faz conferências fora de Roma, o que costuma acontecer duas vezes por semana. Rita também é uma ativa militante pela conservação da memória da comunidade hebraica italiana, causa para a qual doou parte do dinheiro recebido com o Nobel. "Apesar disso, não sou religiosa, ela assume. "Minha crença se baseia no respeito à liberdade individual."De fato, ela não tolera a menor lembrança do anti-semitismo dos tempos de guerra-e um episódio doméstico recente ilustra bem esse horror. Em seu escritório, entre prateleiras de livros e plantas. Rita tinha um pôster do líder negro americano Martin Luther King. Mas, há poucos meses, caiu nas mãos da insaciável leitora uma biografia de Lutero, o fundador do protestantismo, que a deixou escandalizada pelo pensamento anti-semita. Ao chegar no ponto final do livro, a primeira atitude de Rita foi arrancar a imagem de Luther King da parede. Ainda o considero uma pessoa muito nobre" esclarece. "Só não quero esbarrar diariamente com o nome de seu xará."

Italianos premiados

Com Rita Levi-Montalcini, dezessete italianos conquistaram o Nobel de disciplinas científicas-a Itália, aliás, é o nono país mais premiado. Isso não reflete uma tradição de investimento em pesquisa. A maioria desses pesquisadores teve de emigrar para se dedicar às suas experiências, como aconteceu com quatro dos cinco cientistas que receberam o Nobel de Medicina. Antes de Salvador Luria, Renato Dulbecco e Rita Levi Montalcini, foram contemplados Camilo Golgi, em 1906, por estudar o papel dos neurônios, e Daniele Bovet que, trabalhando na Suíça, descobriu os anti-histamínicos.


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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

O Vaivem do Bumerangue pelo Tempo - Costumes


O VAIVÉM DO BUMERANGUE PELO TEMPO - Costumes



Inventado antes da roda, o bumerangue mostra que o homem dominava mistérios do vôo há milhares de anos. Transformado num esporte, ele permite entender complicados princípios aerodinâmicos
Dizem dele que lhes deu o mantimento que eles agora têm, que são raízes de ervas; estão bem com ele, já que de um companheiro seu falam mal. E não sei a causa, mas o que ouvi dizer é que as clavas que lhe atiravam voltavam aos que as atiravam e não os matavam!
(Cartas dos primeiros jesuítas do Brasil - Período 1538-1553, org. Serafim Leite).

Este trecho de carta, escrito no século XVI pelo padre jesuíta Manuel da Nóbrega, descreve um pouco de seu contato com os índios do litoral sul paulista. Impressiona aí não a óbvia hostilidade dos nativos com o estrangeiro, a ponto de lhe atirar clavas, mas o fato de as clavas irem e voltarem sob controle - não seriam essas clavas, por acaso, bumerangues??

Embora não se possa afirmar com certeza, por falta de provas arqueológicas, essa carta sugere que os tupis-guaranis já se valiam de algum tipo de bumerangue. Para quem tinha na cabeça somente a velha idéia de que os inventores do bumerangue foram os aborígenes australianos, esse dado pode parecer surpresa. Os especialistas modernos, na verdade um pequeno grupo, não se espantam, porque sabem que o bumerangue tem uma história parecida com a do arco e flecha - atravessa civilizações e tempos históricos, sem que alguém saiba ao certo quem o inventou, quando ou como. Certeza mesmo só se tem sobre sua fidelidade às origens. O bumerangue, desde que nasceu, é o mesmo engenho aparentemente simples, quase um brinquedo, mas com uma configuração aerodinâmica bem complicadinha. O bumerangue mais velho de que se tem noticia foi encontrado na Polônia, em 1987, recebendo pela datação com carbono a idade de 23 000 anos. Nesse tempo, no Período Paleolítico Superior, o homem ainda vivia à base de caça e coleta de alimentos e usava ferramentas de pedra. Surpreendente que alguém, lá pelo Hemisfério Norte, soubesse fazer um objeto voador esculpido em presa de mamute.Os homens ainda viviam rudimentos de civilização, mas alguns já podiam, ainda que de forma indireta, imitar o vôo dos pássaros. E souberam fazer um objeto voar no céu antes de colocá-lo a rodar pelo chão, uma vez que a roda só foi inventada cerca de 15 000 anos mais tarde. Outros registros revelam bumerangues, também na Europa e na Índia, de épocas tão diversas como 7000 a.C. e 300 a.C. É difícil achar um bumerangue assim tão antigo por causa da fragilidade da madeira, material de que normalmente são feitos, pois ela se degrada em poucos anos quando em contato com o chão e exposta às intempéries.Enquanto isso, na Austrália, o bumerangue também cortava o céu em seus primeiros vôos, que aconteceram entre 8 000 e 10 000 anos atrás. Cruzando culturas, ele esteve ainda no Antigo Egito, sobretudo no período do faraó Tutancâmon (1361-1352 a.C.), em cuja tumba foram encontrados diversos bumerangues de marfim recobertos de ouro. As margens do Nilo, pinturas da época indicam que jogar bumerangue era um esporte da elite. Até na América esses objetos voadores foram parar: além do litoral sul brasileiro, foi encontrado um bumerangue de 200 anos na Amazônia, outros entre os índios hopis do deserto da América do Norte e há indícios de que os incas nas montanhas peruanas também conheciam seus segredos.E como civilizações tão diversas e distantes, na geografia e no tempo, puderam desenvolver o mesmo instrumento? Só especulações respondem a esse enigma. Supondo-se que não foram os aborígines australianos os inventores dos bumerangues, pois já existiam muito antes na Europa, então eles o conheceram a partir de algum contato entre os grupos humanos. Se houve tal contato, por que os aborígines não tomaram conhecimento também do arco e flecha. uma arma muito mais eficiente? Ainda não se conhece resposta para essas dúvidas. Mas sabe-se muito bem que nem todo pedaço de madeira torto que voava era um bumerangue.O ex-piloto francês Jacques Thomas, em seu livro Magie du boomerang (Magia do bumerangue, não lançado no Brasil), define o bumerangue, seja antigo ou moderno, como um aparelho com duas asas retas ou curvas, de perfil aerodinâmico determinado, ligadas uma à outra por uma extremidade, situadas no mesmo plano e cujos eixos longitudinais formam entre eles um ângulo mais ou menos aberto. Guardadas essas condições, tudo vale, desde que o aparelho vá e volte. Se for e não voltar, não será um bumerangue, mas um bastão de arremesso. E aqui que começa a incorreta lenda de que o bumerangue seria uma arma de caça, que mata uma presa e volta-o que não se dá, mesmo porque, depois de acertar o bicho, o bumerangue ficaria por ali mesmo.O bastão de arremesso é bem mais pesado que um bumerangue, podendo chegar a mais de 350 gramas, e o ângulo formado por suas asas é mais aberto. Quando lançado, segue girando sobre si mesmo até uma distancia de cerca de 150 metros. A vantagem de ter uma configuração aerodinâmica, ao contrário de um galho de árvore em estado bruto, é que isso lhe permite voar tão longe. Os australianos jogavam bumerangue apenas por diversão, ou para treinar caçadores. Enquanto arma de caça, o bumerangue só funcionava por vias tortas. Os aborígines estudavam a rota dos pássaros e nessa direção colocavam armadilhas no chão. Quando chegavam as aves, eles arremessavam os bumerangues e imitavam o grasnido dos falcões. Como os falcões atacam de cima para baixo, os pássaros fugiam em descida para o chão, caindo assim nas armadilhas, onde eram mortos a golpes de porrete.

Assim como ninguém sabe se o bumerangue foi inventado por todos os povos que o utilizaram, ou se seu uso se difundiu pela comunicação, também se desconhece como alguém descobriu que aquele objeto podia voar. Duas hipóteses são consi-deradas: ou é um desenvolvimento do bastão de arremesso, ou foi pensado a partir da observação da queda da folha de eucalipto e algumas sementes aladas, que chegam ao chão girando sobre si mesmas. Nem quanto à origem do nome existe consenso. Uns dizem que vem do modo como os aborígines chamavam o vento, "boomori" ou "bumarin". Outros que é a transformação da palavra "woomera" nome com o qual algumas tribos australianas chamavam uma alavanca de impulsionar lanças. Uma terceira corrente diz que é parecido com o nome que Ihe davam os turuwals. encontrados em 1770 pelo capitão inglês James Cook, quando desembarcou na Austrália-"bou-ma-rang".Seja quem for o desconhecido inventor, ele percebeu há milhares de anos os princípios aerodinâmicos que fazem o bumerangue voar. Hoje, encontram-se em seu vôo princípios semelhantes ora aos de um frisbee, um disco voador, ora aos de uma hélice, das asas de avião ou do rotor de helicóptero. Um bumerangue clássico, à primeira vista, é uma asa de avião, com um dos lados invertido: seu perfil é planoconvexo, ou seja, plano na parte de baixo (intradorso) e convexo na parte de cima (extradorso). Esse perfil aerodinâmico fuselado é que permite a sustentação: as moléculas de ar passam mais depressa pela parte de cima, criando assim uma zona de baixa pressão, e a pressão maior na parte de baixo mantém o bumerangue no ar. Reconhece-se um perfil fuselado pela existência de um bordo de ataque, arredondado, que primeiro encontra o ar, e um bordo de fuga, achatado, por onde o ar escapa. Na asa de avião, os dois bordos de ataque são virados para a frente. O bumerangue, para rodar, tem o bordo de ataque de um dos lados virado para trás.

A presença de ar é que cria as condições para seu retorno. Um bumerangue típico, feito de madeira compensada naval, deve posar no mínimo entre 70 e 80 gramas, para que não seja perturbado por brisas leves, embora ventos fortes possam interferir em sua trajetória. Quando o lançador arremessa-o para a frente, seu braço age como uma catapulta, transferindo ao bumerangue a energia cinética que o fará voar, e um golpe seco da mão solta-o girando sobre si mesmo. Pelas contas do francês Jacques Thomas em seu livro, o bumerangue parte com uma velocidade em torno de 90 quilômetros por hora e uma rotação de 10 giros por segundo.Para poder realizar a trajetória curva e voltar, o bumerangue deve ser largado com uma inclinação em relação ao eixo vertical de cerca de 10 a 40 graus. Ele inicia o vôo numa linha quase reta, até que as forças que interferem em sua trajetória vençam sua inércia e comecem a desviá-lo para a esquerda. Ao mesmo tempo em que ganha altitude, ele começa a se inclinar para a direita e se "deita", iniciando depois o retorno em direção ao lançador, a quem vai chegar praticamente na horizontal. Embora tenha cara de asa de avião, o bumerangue faz essa trajetória circular porque seu vôo mistura artes do disco voador e do helicóptero.Ao girar sobre si mesmo, o bumerangue se comporta como um disco, ou, melhor ainda, como um giroscópio. Um exemplo de giroscópio é uma roda de bicicleta. Quando está parada, ela tomba para o lado; em movimento, porém, possui a chamada propriedade de fixação no espaço, que a faz continuar rodando e conservar seu eixo de rotação, resistindo por inércia a qualquer força que tente modificar seu equilíbrio. Se alguém, segurando-a pelo eixo, tentar mudar sua direção, entrará em cena uma outra propriedade, a precessão giroscópica, que faz com que a reação se dê 90 graus à frente do local onde uma força foi aplicada. Ou seja, se uma força for aplicada no topo, em vez de a roda tombar para o chão, ela vai, de pé, desviar-se para o lado. No bumerangue em rotação, a asa que está na metade superior do círculo roda com mais impulso do que a asa que está embaixo. Isso cria o fenômeno da precessão giroscópica. A força aplicada na parte de cima resulta num desvio na frente, como acontece com a roda da bicicleta. Aí entra em cena a semelhança com o helicóptero.Para algum objeto se sustentar no ar, ou tem o perfil aerodinâmico da asa do avião ou está inclinado em relação ao vento, que passa por baixo dele e o levanta. É fácil perceber essa segunda condição colocando-se o braço para fora de um carro em movimento: se o braço e a mão estiverem retos, paralelos com o chão, o ar passa por cima e por baixo sem perturbá-los. Basta inclinar um pouco a mão para a força do vento empurrar o braço para trás. Dessa maneira é que as pás do rotor de um helicóptero, inclinadas, "seguram" o vento.Pois, quando o bumerangue, jogado já com inclinação, desvia-se pelo efeito da precessão giroscópica, levanta a frente e cria um ângulo de ataque ao ar igual ao da pá do helicóptero, pela inclinação. Por causa da velocidade do bumerangue, esse ângulo de ataque é capaz de gerar uma configuração aerodinâmica cuja soma de forças resulta, na vertical, em uma nova força, que suspende o bumerangue contra a ação da gravidade; na horizontal, o resultado é uma força centrípeta (força que faz um objeto descrever uma trajetória circular), que encurva sua trajetória para a esquerda (num bumerangue para destros). Por isso ele voa aproximadamente em círculo e volta, quando jogado corretamente.É bem provável que os pré-históricos inventores do bumerangue não se dessem conta de tanta teoria para explicar o vôo daquele objeto de madeira em forma de V. Mas hoje, quando os aborígines mantêm-no vivo menos por tradição do que para vender como souvenirs a turistas, o bumerangue virou esporte e conta com aficionados em quase todo o mundo, que vivem se correspondendo, trocando informações e estudando os princípios físicos que tornam seu brinquedo tão interessante.

Feito em casa

Passo a passo, um jeito fácil de construir um bumerangue simples em sua própria casa1 Pegue uma placa de madeira compensada de 6 milímetros de espessura. Risque 25 centímetros de comprimento e 4 centímetros de largura. Com um círculo de cartolina de 12 centímetros de diâmetro encostando nos lados internos, trace a linha curva superior. Coloque depois o círculo na parte externa e trace outra curva.2 Com um círculo de 6 centímetros de diâmetro risque a curva da ponta da asa. Serre o bumerangue com uma serra elétrica comum. 3 Olhando o bumerangue como um V invertido, desgaste um pouco a borda externa no intradorso da asa direita. No extradorso, faça um desgaste inclinado na parte interna, até o meio do bumerangue, para criar o bordo de fuga.4 Ainda nessa asa, apenas arredonde a parte externa, para criar o bordo de ataque.Repita os mesmos desgastes no extradorso da asa esquerda, mas inversamente-bordo de ataque na parte interna e bordo de fuga na parte externa. Não desgaste o intradorso da asa esquerda.5 Lixe o bumerangue até ficar bem liso, envernize-o e pinte-o com tinta spray. 6 Segure o bumerangue firmemente com a parte lisa voltada para a palma da mão direita. Dobre o braço por cima do ombro para dar impulso e depois lance-o para a frente. Solte-o com um movimento seco do punho.





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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Um Mistério Chamado Atlântida - História


UM MISTÉRIO CHAMADO ATLÂNTIDA - História



Uma ilha fantástica que desapareceu sob as águas do oceano ou uma das muitas lendas

Uma ilha fantástica que desapareceu sob as águas do oceano ou uma das muitas lendas contadas através dos tempos. Várias são as opiniões sobre a existência ou não da Atlântida, e mesmo os que nela acreditam divergem quanto a sua localização e o modo como desapareceu. A primeira referência sobre a Atlântida aparece em dois célebres diálogos de Platão, filósofo ateniense que viveu no século IV a. C. No primeiro deles, Timeu, Crítias, um dos personagens de Platão, conta a história de um povo que habitava além das Colunas de Hércules - que hoje é o Estreito de Gibraltar - e cujos "reis haviam formado um império tão grande e maravilhoso". No outro diálogo, chamado Crítias, ou A Atlântida, Platão, sempre pela boca de Crítias, fornece maiores detalhes sobre aquela sociedade. Conta que, quando os deuses dividiram as terras do planeta entre si, Poseidon (o deus dos mares) ficou com a Ilha de Atlântida. Em uma montanha no centro da ilha vivia Cleitó, uma jovem mortal por quem o deus se apaixonou. Para proteger sua amada, ele isolou a montanha, rodeando-a com água e terra, fossos e muros, alternadamente.Da união de Poseidon e Cleitó nasceram dez filhos homens, em cinco pares de gêmeos. Poseidon dividiu então a ilha em dez partes, uma para cada um dos filhos. O mais velho recebeu o nome de Atlas, que em grego significa suporte e que passou a designar a ilha intei-ra. O trono era herdado pelo filho mais velho de cada um dos reis, e o poder se conservou assim durante séculos. A ilha, segundo Platão, era maior que a Líbia e a Ásia juntas, pelo menos do que se conhecia desses territórios na época. Muito rica dispunha de grande quantidade de oricalco, uma espécie de liga de metal muito valiosa.Lá viviam muitos animais domésticos e selvagens, incluindo elefantes, e a terra proporcionava grande quantidade de frutos. Os reis tinham todo o poder sobre seu reino e faziam a maioria das leis, podendo castigar e condenar à morte quem quisessem. Contudo, o poder de um rei sobre outro era ditado pelos decretos de Poseidon. Uma inscrição gravada pelos primeiros reis sobre uma coluna de oricalco que se encontrava no templo em honra a Poseidon, no centro da ilha. ordenava que eles se reunissem periodicamente a cada cinco ou seis anos, quando acontecia um julgamento mútuo.A cerimônia se iniciava com ritos táureos. Os reis ficavam sozinhos no recinto sagrado de Poseidon, onde eram soltos vários touros. Eles tinham de capturar e degolar os animais, após o que se aspergiam com seu sangue. Jogavam parte dele no fogo, enquanto juravam respeitar as leis sagradas. Ao anoitecer, vestidos com belas túnicas, sentavam-se para serem julgados uns pelos outros.Esses reis permaneceram durante muitas gerações ligados às leis divinas e, como conta Crítias, mantinham seu senso de justiça. Mas, com o decorrer do tempo, abandonaram o principio divino e passaram a ser dominados por humanos, tornando-se ávidos de poder. Foi então que começou a decadência. Zeus, o deus do Olimpo, decidiu tomar providências e promoveu uma reunião com todos os deuses. Nesse ponto, Platão interrompe a narrativa.Entretanto, retomando oTimeu, é possível saber como Platão imaginou o fim da ilha: "Durante um dia e uma noite horríveis, todo seu exército foi tragado de um golpe pela Terra, e ainda a Ilha de Atlântida afundou no mar e desapareceu". Junito de Souza Brandão, um dos maiores especialistas brasileiros em mitologia, que estuda há quarenta anos, e autor do livro Mitologia grega não acredita na existência da Atlântida. Para ele, o interesse pela história de Platão atravessa milênios porque é inerente ao ser humano buscar um modelo de paraíso e "a Atlântida realmente existe submersa dentro de cada um que a busca".Para afirmar sua tese, Brandão, aponta o recurso usado por Platão de localizar a história em um tempo bastante remoto. Na obra Timeu, Crítias conta que tomara conhecimento da Atlântida por seu avô, que por sua vez a tinha ouvido de seu bisavô, que ouvira o tal relato do governador ateniense Sólon (630 a 560 a.C.). Sólon ficou sabendo da existência da Atlântida em uma de suas viagens ao Egito.Nessa ocasião, alguns sacerdotes Ihe contaram que possuíam escritos nar-rando como Atenas havia conseguido vencer o povo atlante quando esse tentou subjugar a cidade. O fato teria ocorrido por volta de 9 000 anos antes de Sólon, ou seja, em cerca de 10000 a.C. A origem da Atlântida, assim, perde-se no tempo. As primeiras culturas urbanas cuja existência pode ser comprovada através de restos arqueológicos começaram a se desenvolver na Mesopotâmia por volta de 2800 a.C.Várias são as hipóteses que buscam explicar a real localização da Atlântida, e muitas delas a colocam na região do Mediterrâneo. Deve-se levar em conta que os mitos gregos-de onde vêm as lendas atlânticas-foram criados por pessoas vivendo em territórios que mantinham contato muito estreito com a Creta minóica, autêntica superpotên-cia política e econômica da Antiguidade. Localizada no Mar Mediterrâneo, Creta era uma ilha muito rica e muito sofisticada, a ponto de lá existirem palácios de vários pisos. Também vale mencionar que os cretenses celebravam festas táureas. Como se pode ver, são várias as analogias entre Creta e a Atlântida.Mas há ainda outros fatos que também são relacionados com a ilha fantástica. Trata-se da enorme explosão do vulcão da Ilha de Thera, no Mar Egeu, ocorrida provavelmente no século XVI a.C. Tudo o que restou do vulcão e sua cratera foi um círculo de ilhas que os italianos chamam de Santorini e os gregos, de Thera. Em 1967, o arqueólogo grego Spyridon Marinatos descobriu os restos de uma cidade cretense da Idade do Bronze em uma dessas ilhas.A população provavelmente abandonou a ilha quando os primeiros tremores de terra anunciaram a erupção, e essa fuga teria dado origem à lenda da Atlântida. A hipótese da erupção do vulcão é reforçada pela leitura de textos bíblicos. Para alguns pesquisadores, muitos dos fenômenos que a Bíblia narra, como o escurecimento do céu sobre o Egito e a separação das águas do Mar Vermelho, foram conseqüência da explosão em Santorini.Ainda dentro da linha de pesquisas que situa a Atlântida na região do Mediterrâneo, existe outra hipótese para localizar o reino perdido. Ele poderia estar situado na pequena Ilha de Pharos, em frente ao delta do Nilo, que na Idade do Bronze possuía um grande porto. Pharos estava na área de influência política e econômica dos cretenses seu porto era dotado de uma bacia interior e outra exterior. Hoje, essas impressionantes construções portuárias estão submersas nas águas, talvez devido a um terremoto submarino.Por outro lado, o gigante Atlas dos mitos anteriores a Platão habitava na cadeia montanhosa que se encontra no Norte da África, que recebe precisamente seu nome. A esse fato deve acrescentar-se a descrição final de Platão no Timeu, quando a Atlântida já tinha sucumbido sob a fúria dos deuses: nessa zona marítima havia sérias dificuldades para a navegação devido à "quantidade de limbo que a ilha depositou ao submergir". Ainda hoje existem perigosos arrecifes na costa do Norte da Africa. Eles indicam que antigamente ali havia uma cadeia de ilhas, das quais restaram Djerba e Kerkenna.A história de Platão, entretanto, situa a Atlântida além das Colunas de Hércules, no Oceano Atlântico. Portanto, é para essa região que converge grande parte dos pesquisadores que buscam a ilha submersa. No mundo antigo existia a crença de que o Ocidente Distante era um lugar cheio de mistérios, pois as terras conhecidas se encontravam no Oriente. Mais além das Colunas de Hércules nascia a dúvida.Essas colunas têm sido identificadas freqüentemente com a civilização de Tartessos, destruída por volta de 500 a.C., e que provavelmente se situava numa região nas proximidades da cidade de Cádiz, no sul da Espanha. Curiosamente, Platão menciona essa cidade em seu relato-chama-a Gadiros-, servindo como ponto de referência para assinalar um dos extremos da Atlântida. Para muitos, há coincidências suficientes entre a civilização de Tartessos e a descrição de Platão para identificá-la como sendo a Atlântida. Se aceita, essa suposição seria então um ponto intermediário entre a hipótese mediterrânea e a do Oceano Atlântico.No fundo daquele oceano se estende uma larga cordilheira, cujos picos mais altos aparecem na sul superfície, desde a Islandia, no extremo norte do oceano, até Cabo Verde no Atlântico central inclinando-se nesse ponto para sudeste até as ilhas de Santa Helena, Ascensão e Tristão da Cunha, no Atlântico sul. Segundo a hipótese que situa a Atlântida nessas latitudes, essas ilhas seriam o último vestígio de sua existência.A teoria adquire certa credibilidade quando se centra a atenção no arquipélago das Ilhas Canárias. Localizado a 108 quilômetros da costa noroeste da África, ali os arqueólogos têm encontrado restos de antiqüissimas tumbas gigantes. Uma das hipóteses que permeia a teoria da Atlântida é que seus habitantes seriam muito altos.Porém, pesquisas antropológicas revelam que os antigos habitantes das Canárias vinham das costas africanas e teriam trazido consigo uma cultura rudimentar do Período Neolítico (por volta de 5000 a.C). Outro dado revelador é que, à exceção das Canárias e dos demais picos mencionados, toda a Cordilheira Atlântica tem estado submersa por pelo menos 60 milhões de anos. A história do homem, como grupo específico, desligado das diferentes raças de hominídeos, abrange meros 600 000 anos.O patamar submerso de Dogger Bank, no Mar do Norte, seria outra das possíveis coordenadas. Em outros tempos, ele não esteve coberto pelas águas e, mais importante, era habitado. Porém, os restos de ossos e utensílios recolhidos mostram que o desastre que ocasionou seu afundamento aconteceu no Paleolítico, há aproximadamente 500 000 anos. Os sobreviventes, dotados de uma tecnologia extremamente rudimentar, dificilmente poderiam navegar à deriva por uma grande extensão de água e chegar às costas européias e egípcias, levando consigo a recordação da catástrofe.Em meio às diversas hipóteses que localizam o continente perdido no Oceano Atlântico, contudo, uma pelo menos é bastante singular. Trata-se da que identifica a Atlântida como sendo a América do Sul. Quem defende essa tese é o físico Enrico Mattievich, um peruano de 52 anos, que vive há vinte no Brasil. Suas pesquisas sobre a Atlântida começara n em 1981, quando, já um físico respeitado em seu país, visitou as ruínas arqueológicas no Palácio de Chavin de Huantar, no Peru.Numa das partes do palácio, um verdadeiro labirinto, encontra-se a figura da Medusa (personagem da mitologia grega que tinha os cabelos em forma de serpentes, e cuja cabeça foi cortada pelo herói Perseu) gravada em pedra. Esse detalhe inspirou os primeiros pensamentos de Mattievich sobre uma possível ligação entre a América do Sul e a Grécia, mais especificamente Creta.Além disso, segundo o físico, alguns objetos encontrados no Palácio de Chavin eram feitos de uma liga de ouro e prata, que ao receber uma parte de cobre tornava-se avermelhada. Esse metal, que os incas, habitantes dessa região hoje pertencente ao Chile, chamavam de coriculque, é semelhante ao oricalco. Platão, ao referir-se a ele, dizia que tinha reflexos de fogo. Por essa razão, para Mattievich, "não faltam evidências de que os gregos alcançaram o continente americano e por centenas de anos devem ter explorado a região, rica em ouro".Como essas viagens devem ter ocorrido entre 1500 e 1200 anos antes de Platão nascer, Mattievich supõe que o filósofo tenha se enganado quando localizou a existência do continente atlântico por volta de 10000 a.C. O físico acredita que Platão tenha aproveitado o cenário, no caso a Atlântico/América, para nele desenvolver o seu modelo de sociedade ideal. Para ele o que Platão chamava de submersão do continente nada mais era que a deturpação da história, causada pelo tempo, da explosão do vulcão na Ilha de Thera.Nessa catástrofe, o que restava da frota marítima de Creta acabou e com ela o império colonialista dos micenos, que então habitavam aquela parte do mundo. O contato com a América foi interrompido como se 0 continente tivesse sido simplesmente tragado pelas águas. Mattievich, que também estuda Física aplicada a Arqueologia, afirma ser possível testar cientificamente sua teoria, lembrando que testes de rádio-carbano, por exemplo, poderiam determinar a idade de fortalezas incas para saber se as épocas coincidem.Essa teoria, como as demais, possui sua carga de verossimilhança. Porém, nenhuma delas pôde ser totalmente comprovada ante a absoluta carência de restos arqueológicos que possam ser identificados, com certeza, como sendo da Atlântida. Talvez o mistério maior não esteja em saber se ela existiu ou não, ou onde se localizava, mas por que, há tanto tempo, os homens continuam à sua procura.





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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Ecologia à moda da casa - Ambiente


ECOLOGIA À MODA DA CASA - Ambiente



As tentativas de estabelecer uma convivência harmoniosa entre a natureza e desenvolvimento .

Nos últimos seis meses, a rotina da veterinária Rose Lilian Gasparini não tem mudado muito. Cedo às 7 horas, ela já está a cavalo, pronta para uma visita de inspeção a quase uma dezena de piquetes, como são chamados os pastos de 9 hectares onde estão confinados exatos 30 cervos do Pantanal, resgatados das várzeas do Rio Tietê, inundadas pela Hidrelétrica de Três Irmãos, em São Paulo quase na divisa com Mato Grosso do Sul. Durante cerca de duas horas, ela percorre a área à procura desses animais e observa seus hábitos. Quando o sol já está alto e o calor excessivo espanta os cervos para seus esconderijos no mato, a veterinária, uma moça decidida de 23 anos, está de volta. Durante o resto do dia, o seu trabalho é mais burocrático. Ela transforma as informações que obteve em anotações que servirão para o Conhecimento dessa espécie de animais hoje em extinção, mas que outrora habitava da Região Centro-Oeste até o Sul do Brasil. Seus relatórios são valiosos: quase nada se sabe sobre esses bichos ariscos que facilmente podem morrer de susto quando capturados e pouco resistem à vida em cativeiro."É um trabalho lento, mas que vale a pena", explica a veteriná-ria. O objetivo de Rose é garantir a sobrevivência dos cervos em semicativeiro para que a espécie, no futuro, mais adaptada à presença do homem, tenha condições de voltar a viver em áreas preservadas do Estado de São Paulo. Há dois anos, recém-formada, ela nem sabia das experiências de manejo de animais silvestres em extinção, aliás, pouco conhecidas em todo o território brasileiro, onde as construtoras de hidrelétricas costumavam simplesmente abandonar os animais à própria sorte, ou executar uma operação de salvamento de última hora nas áreas prestes a serem inundadas. Na época, apesar de ser uma paulistana pouco entusiasmada com as promessas da vida campestre, Rose tinha um objetivo incomum entre os colegas: dedicar-se a uma atividade ligada à conservação do meio ambiente. "Nunca pensei na natureza como algo intocável", afirma. "Mas acredito que os seus recursos podem ser mais bem aproveitados."Hoje, trabalhando na reserva de Promissão, no interior paulista, que a Cesp (Centrais Elétricas de São Paulo) mantém como um dos lugares de preservação dos cervos do Pantanal, Rose já não é uma raridade em sua geração A tendência dos novos profissionais saídos da universidade é, cada qual em sua especialidade, procurar maneiras de estabelecer uma convivência harmoniosa entre natureza e desenvolvimento-por mais que essa idéia soe como utopia no Brasil de hoje. Em sua maioria, não são ecólogos-aliás, uma palavra tão nova que nem existe no dicionário.

A atividade também não está regulamentada, mesmo porque só existe uma Faculdade de Ecologia em todo o Brasil. Trata-se de uma das unidades da Unesp (Universidade Estadual Paulista) que fica em Rio Claro, e cuja primeira turma formou-se em 1979. Esses profissionais-cerca de 300, como calcula o professor José Galizia Tundizi, da Universidade de São Paulo, presidente da Sociedade de Ecologia do Brasil-são biólogos, biólogos, agrônomos, que trabalham em universidades, órgãos do governo, empresas de consulta ia ou entidades ecológicas. Em geral, motivados pelo trabalho que realizam, acabam aperfeiçoando os estudos em algum dos seis cursos de pós-graduação em Ecologia do pais. Quando se fala em Ecologia, a primeira imagem que vem à cabeça é a de uma ruidosa manifestação de militantes do verde contra a instalação de alguma fábrica malcheirosa, pela preservação da Mata Atlântica ou o fim da caça às baleias. E, nesse caso, a primeira impressão faz sentido. Apesar de o Brasil estar vinte anos atrasado em relação ao despertar ecológico que sacudiu os Estados Unidos, a Europa e o Japão, também por aqui as entidades preservacionistas têm chamado a atenção com campanhas pela melhoria da qualidade de vida. Talvez por isso os técnicos que estudam, identificam e apontam soluções às vezes ousadas para os problemas causados pelo homem à natureza acabem associados ao ativismo ecológico. Na realidade, acontece o contrário. A militância está deixando a fase em que valia mais o entusiasmo, para alcançar causas imediatas e se empenha na realização de projetos de manejo sustentado da natureza. Hoje, uma entidade como a Fundação SOS Mata Atlântica, por exemplo, reúne profissionais de diversas entidades governamentais e privadas visando avaliar as possibilidades de usar imagens de satélite de sensoriamento remoto para um banco de dados da floresta. A ciência ecológica, por sua vez, é muito mais antiga do que a militância com que freqüentemente passou a ser contundida. Remonta ao século XIX, época em que o cientista inglês Charles Darwin (1809-1882) revolucionou a Biologia com a sua teoria sobre o mecanismo da evolução das espécies. Como uma chave para tentar explicar por que algumas espécies ganham melhores aptidões para desbancar suas competidoras, o zoólogo alemão Ernst Haeckel (1839-1919), admirador de Darwin, usou a palavra "ecologia" pela primeira vez numa conferência proferida na Universidade de Jena, Alemanha, onde lecionava.

Junção das palavras gregas oikos (casa) e logos (conhecimento, estudo), Ecologia significa o estudo do lugar onde se vive e das relações entre os organismos e o seu ambiente. Dizem os historiadores dessa ciência que Haeckel inventou a palavra, mas não a aplicou no seu próprio trabalho sobre a morfologia-estudo das formas-de seres microscópicos. Nesse caso, a Ecologia deve muito mais a outros cientistas da época, como o naturalista alemão Alexander von Humboldt (1769-1859), que mostrou a influência do clima sobre a vegetação, e o botânico dinamarquês Eugenius Warming (1841-1924), considerado o primeiro ecólogo, por ter pesquisado como as plantas se ajustam ao calor, à luz, à alimentação e à água disponíveis.Diferentemente das ciências exatas, a Ecologia, muito mais abrangente, tomou de empréstimo os conhecimentos da Geologia, Biologia, Física e Química, para analisar um rol de fatores, como a transferência de energia e matéria - alimentos, água e oxigênio-, que afetam populações e comunidades numa determinada área. Quando fala de comunidades, a Ecologia não tem limites. "A mais nua das rochas da Antártida fervilha de microorganismos", lembra o ecólogo Sérgio Rosso, da Universidade de São Paulo. Rosso estuda, há anos, a vida das algas, dos mexilhões, dos ouriços-do-mar, das anêmonas, da vegetação, das bactérias, enfim, da rica comunidade de seres vivos que ocupa os costões rochosos brasileiros. Em sua sala, no Departamento de Ecologia, estão guardadas centenas de frascos contendo pequeninos organismos marinhos à espera de serem identificados. Minucioso, Rosso enumera em gráficos, que depois são transformados em modelos no computador, a freqüência com que essas comunidades aparecem nos rochedos do litoral. "Se eu acompanhar o ciclo de vida dessas populações durante o ano, posso identificar quando um fator anormal estiver ocorrendo", explica. Por fator anormal leia-se qualquer espécie de poluição invadindo as praias.Durante anos, os americanos fizeram esse tipo de estudo na poluidíssima Baía de Chesapeake, no nordeste dos Estados Unidos. Hoje, graças aos parâmetros ali obtidos, eles têm condições de controlar qualquer ameaça a outras áreas de risco do litoral. Rosso acredita que isso também poderia acontecer nos costões brasileiros. Ele pretende este ano concluir a análise das espécies existentes na Praia de Barequeçaba, no litoral paulista, para apresentar as sugestões de cuidados que devem ser tomados na construção de um emissário de esgotos. Da mesma forma, no Rio de Janeiro, a instalação de um pólo petroquímico em Itaguaí, próximo da Baía de Sepetiba, só terá início com a aprovação do Rima-Relatório de Impacto Ambiental-que avaliará os efeitos da indústria sobre o litoral. Quarenta anos atrás, quando começou a ser implantado o pólo petroquímico de Cubatão, no litoral paulista, ninguém se preocupou com eles. E o resultado todos conhecemos e lamentamos: Cubatão ganhou o título de campeã mundial da poluição.Essa diferença de tratamento entre o passado-quando a preocupação com o meio ambiente era rotulada de romantismo-e o presente mostra como mudaram os valores das questões de poluição. Foi-se o tempo, por exemplo. de obras como a Hidrelétrica de Balbina, ao norte de Manaus, sempre lembrada quando se fala em falta de planejamento ambiental. Balbina, inaugurada há dois anos, inundou uma área equivalente à do lago de Tucuruí, sepultando madeira nobre e um número incalculável de animais, para fornecer trinta vezes menos energia que a usina paraense. Se fosse planejada hoje, depois de promulgada a nova Constituição, sua licença dependeria de uma análise prévia do impacto ambiental que viesse a provocar.

Mais recentemente, a construção da barragem de Rosana, no Rio Paranapanema, entre São Paulo e Paraná, foi precedida por um estudo da qualidade da água e identificação de grupos de peixes, plancton e algas. Além disso, toda a área a ser inundada sofreu um processo de desmatamento. "Assim, quando o lago começou a cobrir a região, há quatro anos, não havia excesso de nutrientes provocado pela vegetação apodrecida", explica o biólogo Pedro Umberto Romanini, da Centrais Elétricas de São Paulo, responsável pelo trabalho. Durante esse tempo, Romanini fez coletas bimestrais de água e participou de pescarias periódicas na região, até poder afirmar, de maneira categórica: "Devido aos nossos cuidados, ocorreram poucas alterações no ecossistema".Quando a Rio-Santos, ligando o litoral paulista ao Rio de Janeiro, foi construída vinte anos atrás, pouca gente no Brasil dava atenção às questões da natureza. A estrada avançou pelas praias, lavouras, escarpas e matas da Serra do Mar, causando consideráveis perdas ao patrimônio turístico que pretendia valorizar. Atualmente, sem ter nas mãos um Rima, ninguém pode construir uma obra de porte com impacto ambiental. Foi assim no projeto da Rodovia do Sol, que ligaria a região metropolitana de São Paulo ao litoral norte do Estado. "Passamos semanas no meio do mato para identificar as espécies de vegetação que estariam no caminho da estrada", recorda-se o ecólogo Waldir Mantovani. Um dos raros especialistas brasileiros em fitossociologia, ou estudo das comunidades de plantas, Mantovani foi contratado como consultor da Themag Engenharia, encarregada das obras, para fazer um estudo que oferecesse subsídios ao Relatório de Impacto Ambiental.Foi um trabalho minucioso, no qual contaram-se as plantas e a variedade de espécies em encostas, fundos do vale e no alto dos morros do Parque Estadual da Serra do Mar, uma das poucas reservas da Mata Atlântica que ainda restam na costa brasileira e por onde passaria a rodovia. "O desmatamento em declives tão acentuados traria o grande perigo dos desabamentos". concluiu Mantovani. "A vegetação restante também não resistiria às alterações do terreno."

Essas considerações foram debatidas em audiências is públicas que contestaram a validade da estrada. O Estado, agora, terá de procurar uma opção que provoque menos prejuízos ecológicos, mesmo que isso signifique gastar mais, pois os órgãos ambientais só permitem que as obras sejam reali-zadas com a aprovação dos Rimas. Por isso mesmo, resume Mantovani, "esses relatórios são um recurso importante -desde que bem feitos". Mantovani se refere assim à falta de preparo de uma parte dos técnicos que produzem os relatórios. De fato, nesses tempos de aprendizado sobre como conciliar desenvolvimento com natureza, por falta de informação ou simplesmente má fé, vários diagnósticos de impacto ambiental são superficiais ou acabam omitindo problemas ecológicos e sociais.Por causa disso, pessoas como o economista Emilio Lebre La Rovere, ex -chefe da área de Energia da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), sentiram a necessidade de implantar o primeiro curso de pós-graduação em Impactos Ambientais a funcionar no país, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Seu objetivo, como coordenador do curso, é formar equipes multidisciplinares de engenheiros, economistas e outros profissionais mais acostumados a fazer contas para diminuir os custos das obras do que a pensar no preço da qualidade de vida.

Mais amplo do que a pós-graduação em Ecologia, o curso de Impactos Ambientais analisa os problemas relacionados à natureza sob o aspecto da legislação, da segurança de construções, da arquitetura e do impacto social. Segundo La Rovere, "na maioria dos órgãos do governo e da iniciativa privada, os departamentos de meio ambiente não participam do processo de decisão. É preciso mudar essa mentalidade". O exemplo da UFRJ foi seguido em São Paulo, e hoje a USP está iniciando também a sua pós-graduação em Ciências Ambientais reunindo especialistas em Engenharia, Saúde Pública, Física e, naturalmente, Ecologia. Segundo a coordenadora do curso, Sylvia Campliglia, diretora do Instituto de Biociências, "existe, no pais, uma estrutura de defesa contra problemas de meio ambiente que funciona, mas de maneira isolada. Por enquanto, estamos aprendendo a apagar incêndios. Se formarmos mão-de-obra, vamos estabelecer uma estratégia global para acabar com o fogo".





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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

A Ciência Constrói Atletas - Fisiologia


A CIÊNCIA CONSTRÓI ATLETAS - Fisiologia



A corrida atrás de medalhas leva esportistas aos laboratórios. Fisiologia do esforço, biomecânica, psicologia, tudo vale na luta por centímetros ou décimos de segundo

A garota espevitada com jeito de moleque só queria saber de jogar handebol, pois adorava marcar gols. Nem mesmo o grupo de pesquisadores que apareceu em seu colégio, e descobriu uma força fenomenal nas suas pernas de 12 anos, a fez mudar de idéia. Handebol, diziam eles, era um desperdício de talento, já que a potência privilegiada daquelas pernas faria da garota uma ótima velocista ou jogadora de basquete. A paixão por marcar gols, no entanto, falava mais alto do que uma cesta. Foram necessários muitos conselhos de uma grande jogadora de basquete da época, Norma de Oliveira, a Norminha, para que a menina enfim resolvesse se aventurar em jumps e bandejas. O basquete brasileiro ganhou assim Hortência, uma das maiores jogadoras que já pisaram quadras em todo o mundo.

Assim como pode descobrir, entre meninos e meninas aparentemente iguais, quem deles tem corpo e jeito para se transformar num grande atleta, a ciência do esporte evolui a cada dia na arte de lapidá-los. Se o extraordinário negro americano Jesse Owens conquistou quatro medalhas na Olimpíada de Berlim, em 1936, na casa e na cara de Adolf Hitler, o fez simplesmente graças a seus músculos e talento. Às vésperas do Pan-Americano em Cuba e das Olimpíadas de Barcelona 92, os atletas, para subir ao podium, não dependiam apenas de exaustivos treinamentos dirigidos por seus técnicos, mas de minuciosos testes conduzidos por cientistas. É um trabalho requintado, a ponto de se prever como as fibras musculares irão conseguir energia em cada etapa de uma prova, ou em que segundo exato o atleta ficará cansado. O objetivo é sempre um só - rendimento máximo. Antes de se construir um ganhador de medalhas, porém, é preciso saber garimpar a melhor matéria-prima.O Brasil, um país de poucos campeões olímpicos ao longo de sua história, tem um trabalho um tanto artesanal para detectar talentos para o esporte. Um deles foi elaborado pela equipe do Centro de Estudos e Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul (SP), o Celafiscs. Há dezesseis anos, o Celafiscs vem aplicando a estratégia Z, um modelo matemático que compara os dados de 15 000 pessoas de ambos os sexos e diversas faixas etárias aos de atletas de elite. É possível perceber, assim, o que um atleta tem que nós não temos. Com base nesses números, sabe-se por exemplo quanto um jogador de vôlei como Xandó salta acima da média da população. "Se um garoto de 14 anos tiver uma impulsão proporcionalmente tão boa, em relação aos outros da sua idade, é provável que se torne um bom jogador de vôlei", diz o médico esportivo Victor Matsudo, diretor do Celafiscs. É claro que boas pernas não bastam para prever que um garoto será um atleta de alto nível. Outras variáveis pesam, como coordenação motora, velocidade e até vontade treinar.As características corporais são tão importantes que, conhecendo-se quais são elas, é possível farejar um campeão. Foi o caso do judoca Aurélio Miguel, medalha de ouro na Olimpíada de Seul em 88. Aurélio possui não só uma circunferência de braço excepcional, como parece óbvio para um judoca, mas também um ótimo fôlego, que fez a diferença não tão óbvia a seu favor na final. "Esse é o segredo de Aurélio Miguel", revela Victor Matsudo. "Embora as lutas de judô durem só cinco minutos, ele lutou quatro vezes naquela noite em que ganhou a medalha. Vence a final quem tem resistência para chegar à última luta em condições físicas quase tão boas quanto as da primeira"Detalhes como esse são a diferença entre o campeão e o vice. Para poder conhecer o organismo de um atleta e saber onde ele deve ser trabalhado, fisiologistas se valem de uma parafernália de laboratório com a qual desvendam a intimidade de um corpo em movimento. Um organismo nunca está em estado normal quando corre, pula, luta ou salta, já que todo exercício físico é uma sobrecarga ao corpo, provocando alterações bioquímicas, cardiorrespiratórias e musculares. Essas alterações fisiológicas indicam que a questão prioritária do corpo é obter energia para conseguir se manter em esforço.Se um atleta se cansa antes de a prova ou de o jogo terminar, os fisiologistas do esforço, analisando tais alterações, determinam com alto grau de precisão a causa da fadiga em hora imprópria. O corpo vai buscar essa energia em três fontes. A primeira é usada apenas em casos de emergência, porque dura pouco e vem das moléculas de ATP armazenadas nas células. O ATP é uma espécie de bateria que está ali justamente para liberar energia rapidinho. Todo mundo usa ATP quando, sentado, levanta-se e começa a andar. Nos primeiros dois ou três segundos, o corpo usa o ATP armazenado, depois parte para a segunda forma de obtenção de energia, a transformação da glicose presente no sangue e nos músculos em mais ATP. Um velocista como Carl Lewis, na competição dos 100 metros rasos, que dura menos de 10 segundos para quem chega na frente, não tem tempo sequer para transformar a glicose.Se em lugar de Carl Lewis estiver na pista o brasileiro Joaquim Cruz, especialista na prova dos 800 metros, seu corpo vai, depois dos momentos iniciais, entrar no terceiro jeito de conseguir força para continuar correndo. O método agora é decompor combustíveis energéticos, como gorduras, carboidratos e proteínas, para ter como resultado gás carbônico, água e principalmente energia. Para que esse processo aconteça, é necessária a presença do oxigênio, que vai "queimar" os combustíveis.O cenário dessa reação é a mitocôndria, uma organela em formato de feijão que existe às centenas em cada célula e faz o papel de uma usina. Enquanto o atleta respira fundo e suas células consomem oxigênio, ele está na chamda atividade física aeróbia. "Essa é a forma mais eficiente de um corpo conseguir energia, pois os músculos trabalham melhor e durante mais tempo", conta Carlos Eduardo Negrão, fisiologista da Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo e integrante da Seleção brasileira de vôlei no inicio dos anos 70. 0 único inconveniente desse sistema é a semelhança com o carro a álcool: demora a esquentar. As usininhas celulares só começam a produzir energia a pleno vapor depois de alguns minutos do corpo em esforço.Porém, se por algum motivo o oxigênio inspirado pelo atleta não é suficiente para permitir a queima dos combustíveis, seu organismo apelará para a atividade anaeróbia. É a repetição do segundo estágio, quando a glicose é transformada em ATP, e é aqui que começam os problemas. Embora tenha a vantagem de proporcionar energia rapidamente, o que se torna necessário quando o corpo precisa de mais força do que as mitocôndrias são capazes de gerar, a atividade anaeróbia tem um efeito colateral - o ácido lático. Temida por atletas, técnicos e preparadores físicos, essa substância, sobra da decomposição da glicose, impede a contração muscular, provoca dores e, o que é pior, deixa o sangue ácido.Atrapalhando a produção de elementos bioquímicos que fazem cada fibra muscular se dobrar (por troca de cargas elétricas), e além disso irritando sensores nervosos da dor, o ácido lático leva o troco do corpo. O contra-ataque vem na forma de uma série de bicarbonatos, que o transformam em água e gás carbônico. Isso resolve o problema dos músculos, mas não o do sangue. Acontece que o gás carbônico continua a aumentar a acidez sanguínea, um verdadeiro desastre para o bom funcionamento das células, especialmente as nervosas. Tamanho seria o estrago provocado pelo sangue ácido, que existem células na carótida e na aorta, as duas maiores artérias do corpo humano, encarregadas exclusivamente de vigiar o seu pH (indicador de acidez).Assim, quando o sangue se torna ácido, essas sentinelas nervosas advertem o cérebro para tomar as devidas providências. "A respiração torna se então acelerada e o atleta fica ofegante", diz Negrão. "Mas isso não ocorre porque seus músculos pedem mais oxigênio, como pode parecer à primeira vista, e sim porque é necessário expulsar o excesso de gás carbônico", explica.Esse momento é flagrado em laboratório quando um atleta, pedalando ou correndo numa esteira rolante, é ligado a um aparelho computadorizado que desenha gráficos coloridos. Neles, Negrão acompanha alterações, como freqüência cardíaca, volume de ar respirado, consumo de oxigênio e volume de gás carbônico expirado. Esse aparelho - só existem dois no Brasil - revela particularidades fisiológicas impossíveis de ser detectadas sem ele. Às vezes, um atleta tem uma ventilação adequada, ou seja, respira um volume ideal de ar. "No entanto, ao calcular a pressão dentro dos pulmões, o aparelho indica se aquele atleta está levando para o sangue todo o oxigênio que inspirou", avalia Negrão. Mesmo que seu sangue receba montes de oxigênio, ele tem ainda outro limite, conhecido como VO2, que determina o volume máximo desse gás que suas células conseguem transformar em energia.Em outro exame importante, uma única gota de sangue do atleta retirada do lóbulo da orelha ou da ponta do dedo, é colocada num aparelho que indica a quantidade de ácido lático. Somada essa informação aos dados do gráfico, sabe-se em que momento o atleta passou a recorrer ao processo anaeróbio, ou seja, cansou - e isso costuma acontecer um pouco antes de seu organismo alcançar o chamado limiar aeróbio, o consumo máximo de oxigênio. É nesse ponto do esforço que o atleta deve trabalhar durante os treinamentos. Se passar desse limite, seu corpo não agüentará; se ficar abaixo dele, pode gastar horas correndo nos treinos, mas sua condição física não sairá do lugar.No caminho que leva uma promessa de campeão até o podium, contudo, a evolução do preparo físico chega na melhor das hipóteses a 20%. Por isso, é inútil preparar um maratonista para disputar uma Olimpíada se o seu consumo máximo de oxigênio é 60 mililitros por quilo por minuto. O fisiologista Antonio Carlos Silva, da Escola Paulista de Medicina, que há quinze anos se dedica à avaliação de atletas, deparou com esse caso. "Um treinamento de êxito condicionaria aquele maratonista a consumir 72 mililitros por quilo por minuto, quando sabemos que um maratonista de nível internacional supera 75", lembra Silva. O brasileiro em questão estaria derrotado antes mesmo do tiro de largada.Nem sempre, porém, a capacidade de consumir oxigênio é o fator limitante da performance. Um atleta pode consumir mais oxigênio do que outro, mas. seu adversário talvez demore mais tempo para fabricar ácido lático, um freio para os músculos, que começa a ser liberado antes de o organismo esgotar suas possibilidades de buscar energia no oxigênio. Na arrancada final embora tenha menor capacidade aeróbia, o adversário tem menos acidez no sangue e está menos cansado- o que pode se traduzir em vitória. Por isso, o objetivo do treinamento pode ser empurrar o início da produção de ácido lático cada vez mais para perto da linha de chegada, se possível para além dela.Vários motivos podem atrasar a entrada do ácido lático na jogada. Parte do ácido é transformada nos próprios músculos em substâncias inofensivas. Esse processo pode ser acelerado por algumas enzimas, cuja produção será tanto maior quanto mais o músculo for requisitado. "Existem evidências, porém, de que a capacidade de gerar enzimas também é determinada geneticamente", observa Antonio Carlos Silva. Portanto, já do berço, algumas pessoas trazem essa marca de atleta. No treinamento, a repetição interminável de movimentos em determinados músculos tem no retardamento da produção de ácido lático a razão de ser. Numa tentativa de atender à demanda implacável, as mitocôndrias das células se multiplicam. Resultado: a capacidade de gerar energia com oxigênio aumenta. Como se não bastasse, doses cada vez maiores desse gás são servidas aos músculos. Isso porque o desenvolvimento muscular é acompanhado pelo crescimento de minúsculos vasos capilares, que levam sangue oxigenado a domicílio. Na comparação do fisiologista Silva, "é como se as fibras musculares ganhassem um sistema de transporte de entrega rápida". Além disso, o exercício constante amplia as câmaras do coração do esportista. Isso aumenta o que os cientistas chamam de déficit cardíaco, o volume de sangue bombeado pelo coração em cada batimento. No auge do esforço, a freqüência cardíaca de um atleta em relação a uma pessoa sedentária, do mesmo sexo e idade, deve ser muito parecida, mas o coração bem treinado empurra muito mais sangue de uma só vez. Moral da história: o músculo do atleta aproveita mais o oxigênio, que chega em quantidades maiores e num tempo menor.Retardar a produção do ácido lático, porém, não é a estratégia ideal para todas as modalidades esportivas. Isso é muito bem adequado às atividades que exigem resistência, chamadas aeróbicas, como as provas de fundo em atletismo, natação ou ciclismo, e as partidas de basquete, vôlei ou futebol. Nos músculos desses atletas predominam as fibras lentas, que se contraem sem muita força, mas agüentam um trabalho prolongado. Já provas anaeróbicas, como os 100 metros rasos e saltos e arremessos no atletismo, ou ainda levantamento de peso, que exigem mais força do que movimento, dependem da capacidade dos músculos de estocar energia na forma de glicose. E ela o combustível preferido pelas fibras musculares rápidas, que se contraem com muita força, mas se cansam facilmente.Fica patente que os atletas são feitos sob medida para seu esporte. Enquanto os que precisam de resistência são preparados para chegar ao fim da prova ou do jogo antes que o cansaço os alcance, os que dependem da força são treinados para ganhar massa muscular, a fim de ter maior reserva de energia. Mas no esporte de alta performance, onde centímetros ou centésimos de segundo valem a vitória, os talentos naturais pouco valem se não forem levados ao limite pela ciência do esporte. Nem adianta apenas treinar, o que na opinião de Valdir Barbanti, professor da USP e preparador físico da Seleção brasileira de basquete, é simplesmente uma repetição dos movimentos certos. Se o atleta os fizer de forma errada, não evolui.

É por esse motivo que há cerca de trinta anos se desenvolve outra forma de trabalhar esportistas de alto nível, a biomecânica. Ao contrário da fisiologia, que investiga as mudanças por dentro do corpo, a biomecânica se preocupa com os aspectos externos, ou os movimentos e comportamento dos músculos durante uma competição. O ponto de partida é a antropometria, um cálculo da massa corporal segundo um modelo matemático que serve para determinar, entre outros parâmetros, o centro de gravidade do corpo - um dado fundamental quando se estuda movimento.

Mais complicada é a eletromiografia, uma técnica que permite ao pesquisador da biomecânica saber quais os músculos ativos em cada passo de um atleta. Como o músculo se contrai por troca de cargas elétricas, é possível saber se ele está em repouso ou fazendo força com o eletromiógrafo, um aparelho ligado ao corpo que capta a freqüência desse sinal elétrico. O eletromiógrafo envia o sinal a um computador e tem-se como resultado um gráfico com linhas semelhantes ao de um eletrocardiograma.Fundador do recém-criado laboratório de biomecânica da Educação Física da USP, o professor Alberto Carlos Amadio exemplifica a aplicação da eletromiografia ao estudo do salto triplo: "Sabendo quais músculos das pernas um triplista ganhador de medalhas usa em cada fase do salto, e quais ele deixa inativos, temos um modelo da ação dos músculos num salto ideal". Um atleta que aparentemente faz o movimento certo, mas deixa contraídos músculos que deveria relaxar, ou vice-versa, é flagrado em erro por esse método.A terceira área da biomecânica é a dinamometria, o estudo das forças de reação do solo ao impacto do corpo. Ela é medida pela plataforma de força, uma placa de aço sustentada por quatro pequenos aparelhos sensíveis a pressão. Ligada também a um computador, a plataforma dá os gráficos de três forças toda vez que alguém pisa ali: vertical, para baixo; horizontal, no sentido do movimento; transversal, lateralmente ao movimento. Por fim, a cinemetria analisa a posição das partes do corpo no espaço. Isso é feito com câmaras de vídeo ou filme, que registram imagens posteriormente digitalizadas e passadas a um computador.A rotina de treinos e competições sobrecarrega não só o físico de um atleta, mas também sua cabeça. O preparo psicológico, por isso, cada vez mais decide o jogo a favor de quem o tem. Ele se resume a características psicofisiológicas treináveis como músculos: atenção, concentração, percepção, memória, pensamento, sentimentos e emoção. As técnicas são variadas, desde pedir a um jogador de tênis que fixe o olhar numa bolinha por cinco minutos, até criar num jogador o hábito de visualizar a partida desde o dia anterior para entrar na quadra psicologicamente "aquecido"."A preparação psicológica é tão importante quanto a física", garante a psicóloga Regina Brandão, coordenadora do setor de psicologia do Celafiscs. "Nenhum atleta perde condicionamento físico de repente - somente a variável psicológica afeta a performance de um dia para o outro", constata. Numa Olimpíada, em que os competidores disputam várias provas eliminatórias e depois as finais, a cabeça precisa estar em ordem todo o tempo, por vários dias. Não é à toa que a normalmente inabalável frieza dos atletas soviéticos e dos países do Leste europeu os levou muitas vezes ao topo do podium - a tradição da psicologia aplicada ao esporte, na União Soviética. é centenária.Nenhum adversário conseguiu derrotar os gélidos atletas da antiga Cortina de Ferro como seu próprio destino histérico, o fim dos governos socialistas. "Quando ruiu o sistema político, ruiu o sistema científico-esportivo sustentado por ele", analisa Alberto Carlos Amadio, que estudou por cinco anos na Universidade de Colônia, na Alemanha. O modelo mais eficiente de fabricação de medalhistas de ouro foi levado a cabo pela ex-Alemanha Oriental com o Instituto de Leipzig, uma fábrica de esportistas finamente talhados por mais de 600 pesquisadores, que hoje está às moscas. "Com o fim da guerra fria entre Ocidente e Oriente, as perguntas que se fazem agora são: para onde vai o esporte de alto nÍvel, e para que somar medalhas numa Olimpíada?", especula Amadio.


O que eles têm

As diferenças entre um brasileiro comum, um maratonista e um velocista
Esse é o perfil de aptidão física de brasileiros do sexo masculino entre 20 e 22 anos de idade. Se fossem atletas dos Estados Unidos, tudo seria diferente. Os americanos pesam em média 72,62 quilos; a balança chega a apontar 83,97 quilos no caso dos velocistas, e isso pode ser uma vantagem, pois a modalidade exige uma grande massa muscular. Já o maratonista americano pesa apenas 61,27 quilos em média, quase dois quilos a menos que o brasileiro. Outro ponto para os corredores dos Estados Unidos: na maratona, os mais leves costumam chegar primeiro.Brasileiro médio peso: 63,74 quilos altura: 1,70 metro média das dobras cutâneas (gordura): \7,61 centímetros consumo máximo de oxigênio 44,58 ml/kg/min potência anaeróbia: 261,.97 metros potência das pernas (impulsão vertical): 33,13 centímetros, pressão manual: 73,73 quilos velocidade (50 metros): 7s64 volume máximo de sangue bombeado: 20 litros por minuto freqüência cardíaca no repouso: 70 batimentos por minuto Maratonista médio peso: 63,05 quilos altura: 1,74 metro média das dobras cutâneas 5,61 consumo máximo de oxigênio: 77,26 ml/kg/minpotência anaeróbia: 304,08 metros potência das pernas: 37 centímetros pressão manual 46,43 qullos velocidade (50 metros): 7s26 volume máximo sangue bombeado: 35 litros por minuto freqüência cardíaca no repouso: 45 batimentos por minuto Velocista médiopeso: 67.64 quilosaltura: 1,75 metromedia das dobras cutâneas: 5,79 centímetrosconsumo máximo de oxigênio: 59,41 ml/kg/ minpotência anaeróbia: 324,11 metrospotência das pernas: 37,65 centímetrospressão manual: 50 quilosvelocidade (50 metros): 6s64volume máximo de sangue bombeado: 25 litros por minutofreqüência cardíaca no repouso: 55 batimentos por minuto



Ao alcance dos mortais

Fabricar superatletas não é a única missão dos laboratórios de fisiologia do esforço. Ao trabalhar também com quem só se mexe por esporte os cientistas estabelecem parâmetros de atividade física para pessoas tão diferentes como crianças, idosos, mulheres grávidas, diabéticos. "Ginástica não faz bem da mesma maneira para todo mundo", adverte o fisiologista Antonio Carlos Silva. Assim como os atletas, cidadãos comuns, quando treinam menos do que o ideal, não têm benefício algum.Porém, ao fazer esforço demais, o atleta costuma parar por causa do cansaço, que literalmente trava seus músculos. "Quem não tem o mesmo preparo físico talvez não sinta nada ao cometer excessos, mas seu organismo sempre sofre algum dano", comenta Silva. Por isso, os mesmos exames realizados nos superatletas são repetidos em gente normal, para também se conhecer entre essas pessoas os limites individuais de esforço. Isso fornece subsídios a médicos e professores de educação física para que não exijam de cada pessoa mais - ou menos - do que seu organismo pode suportar.


100 METROS

Recorde atual: 9s92 (Seul, 24/9/88)Limite estimado: 9s58Recordista: Carl Lewis (Estados Unidos)
Avanços tecnológicos, como tênis mais leves, contribuem para superar marcas em modalidades que exigem velocidade. Apesar disso, a grande responsabilidade de recordes está nas pernas dos atletas. Além de possuírem uma proporção maior de fibras musculares rápidas, velocistas devem ter passada larga. Atletas pernaltas devem quebrar o recorde atual em alguns décimos de segundo.


SALTO EM ALTURA

Recorde atual 2,44 m (San Juan, 29/7/89)
Limite estimado 2,72 mRecordista: Javier Soto Mayor (Cuba)
Um excelente salto em altura é uma mistura de força, destreza e estatura. Vários recordes têm sido quebrados porque os atletas são cada vez mais técnicos e mais altos. No entanto, a força das pernas não tem acompanhado esse crescimento. Se os futuros atletas, além de mais altos, também tiverem pernas mais robustas, o recorde atual poderá ser superado em até 13 centímetros.

SALTO EM DISTÂNCIA
Recorde atual8,90 m (Cidade do México, 18/10/68)Limite estimado10,32 mRecordista: Bob Beamon (EUA)No salto em distancia, quanto mais alto você salta, mais tempo você fica no ar; quanto mais veloz é a decolagem, maior é a distância que se percorre antes de tocar o pé no solo. Atletas mais velozes terão mais facilidade para combinar esses fatores e conseguir ângulo ideal, repetindo - ou superando - o espetáculo de Bob Beamon.



400 METROS NADO LIVRE FEMININO

Recorde atual4min03s85 (Seul, 22/9/88)
Limite estimado: nenhum
Recordista: Janet Evans (EUA)
Poucas provas têm mostrado tanto progresso quanto as de natação feminina. O número de nadadoras de elite cresce, O treinamento é mais aperfeiçoado e surgem novidades, como piscinas que diminuem a formação de ondas. Pela performance das atuais nadadoras, há quem acredite que, no futuro, elas irão superar os recordes masculinos.



SALTO COM VARA

Recorde atual: 6,06 m (Nice, 10/7/88)
Limite estimado: 7,82 m
Recordista: Sergei Bubka (URSS)
O aparecimento de varas de fibra de vidro, substituindo as de alumínio e bambu, fez a curva de recordes ascender drasticamente. Afinal, a vara de fibra de vidro é como uma catapulta, que aproveita a energia do atleta, enquanto ele corre, e o impulsiona para cima. Mas alguma energia se perde em vibração - o atleta que evitar essa dispersão pulará mais alto.





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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Incansáveis Operários de Metal - Robótica


INCANSÁVEIS OPERÁRIOS DE METAL - Robótica



Cada vez mais versáteis e inteligentes, os robôs ocupam espaço nas fábricas e em postos de trabalho inacessíveis ao homem, como o fundo do mar

O homem é o mais eficiente e mais versátil animal já inventado pela natureza. Capaz de converter em força de trabalho até 20% das calorias que consome - contra apenas 10% do segundo colocado nessa categoria, o cavalo -, o organismo humano, além disso, retém o bom desempenho nas mais diversas circunstâncias, dos desertos ardentes aos pólos gelados. Mas talvez nem precise fazer isso por muito mais tempo. pois vem se encarregando de criar trabalhadores ainda melhores, os robôs. Equipados com tecnologia cada vez mais sofisticada, os novos operários enfrentam, incansáveis e sempre disponíveis, as tarefas complicadas, estressantes ou perigosas que o homem, por diversos motivos, não pode ou não deve encarar. Eles prometem, por exemplo, revolucionar a exploração do fundo do mar, que se quer transformar num permanente canteiro de obras e de pesquisas, ocupado por milhares de robôs submarinos. "Será como nos dias do Velho Oeste", entusiasma-se o empresário americano Graham Hawkes. Fundador da firma Deep Ocean Engineering, ele conta ao jornal The New York Times que está preparado para produzir e vender máquinas especializadas em serviços nas profundezas.Algumas delas já estão trabalhando em verdadeiras expedições caça-tesouros cujo objetivo é recuperar objetos valiosos que, no passado, tenham afundado com navios, aviões ou mesmo mísseis. Ainda mais promissores, no entanto, são os robôs empregados na indústria petrolífera Não é preciso ir longe para descobrir o motivo. Basta visitar os poços que a Petrobrás perfura em alto-mar, junto à costa do Rio de Janeiro. Obrigada a realizar suas atividades no leito oceânico, em profundidades que vão até os 1 000 metros, a empresa já não pode prescindir da mão-de-obra dos robôs. O maior deles atende pelo nome de Triton. Baixinho e atarracado - tem 1,32 metro de altura, 1,20 de largura e 1,42 de comprimento -, pesa 1,9 tonelada e é capaz de carregar 227 quilos de equipamentos em seus braços. A escuridão impenetrável, reinante abaixo dos 200 metros, é um problema sério, mas contornável. O Triton enxerga, antes de mais nada, por meio de duas câmaras de televisão - uma em cores e outra em preto-e-branco - e para isso tem que iluminar os objetos com quatro lâmpadas de 250 watts cada uma. Esses instrumentos, no entanto, só são eficazes quando estão bem próximos de seu alvo. "A mais de 5 metros do objetivo, o robô está completamente perdido", aponta o engenheiro mecânico José Antônio Galarza. A saída, então, é apelar para o sonar, um olho que vê o som - trata-se de um aparelho que emite ondas sonoras contra um obstáculo e, em seguida, capta os sinais refletidos por ele. De acordo com esse eco, pode desenhar as formas que encontra pela frente. Os mesmos instrumentos equipam o Scorpio, outro funcionário exemplar da Petrobrás.A diferença é que o Triton é um pouco mais forte, pois tem um motor de 50 HP, que Ihe permite enfrentar correntezas de até 3 nós, cerca de 5,5 quilômetros por hora. Já o Scorpio, com uma potência de 40 HP, não se arrisca quando o mar exige velocidade acima dos 2,5 nós. Idiossincrasias à parte, ambos conhecem bem os serviços de rotina nas grandes plataformas, como controlar o fluxo de combustível nos oleodutos abrindo e fechando suas válvulas. Ou então, fazer reparos gerais, como apertar parafusos, carregar e fixar hastes metálicas, ou desenrolar cabos elétricos e hidráulicos no leito oceânico."Teoricamente, eles podem fazer tudo o que um homem faz", explica o engenheiro eletrônico Antônio Cláudio Sant´anna. É claro que certas comparações são muito desfavoráveis. O braço mais forte do Scorpio, por exemplo, consegue realizar, no máximo, cinco movimentos diferentes, como erguer-se, girar, dobrar e assim por diante. O outro braço, chamado manipulador, é um pouco mais fraco e um pouco mais ágil, pois faz até sete movimentos diferentes. Mas, mesmo assim, fica muito aquém do braço humano, que detém a marca insuperável - pelo menos por enquanto - de 27 tipos de movimentos. Por outro lado, nenhum homem é capaz de trabalhar eficientemente a cerca de 300 metros de profundidade.Nesse caso, os robôs saem-se bem melhor que os operários, conforme se viu num teste efetuado pela Petrobrás. A experiência consistiu em fixar uma das chamadas árvores de natal", apelido que se dá ao complicado conjunto de válvulas usado para abrir e fechar os poços submarinos. Embora dois mergulhadores humanos trabalhassem nada menos que quatro horas e meia para terminar o serviço, o Scorpio, sozinho, aprontou tudo em 35 minutos. "Fez mais depressa e mais bem feito", resume Carlos Vilarinho da Costa, especialista em robótica da empresa. O teste dá uma idéia das limitações do corpo humano e, por extensão, ilustra o grande potencial do trabalho com robôs. Os poços da Petrobrás já estão no nível dos 1 000 metros, e é provável que se vá ainda mais longe Mas a marca de 320 metros é considerada como o limite de resistência dos mergulhadores, pois a pressão torna-se equivalente a 30 quilos sobre cada centímetro quadrado do seu corpo. Para evitar problemas, eles têm que ser preparados, antes da descida, durante onze longos dias Mesmo assim, não podem demorar no fundo mais que oito horas e, depois de voltar à tona, levam mais dez dias recuperando-se. As máquinas, em vez disso, são tão insensíveis à pressão da água quanto às reivindicações salariais.Podem, portanto, ampliar a exploração racional nas imensas, e ainda desconhecidas, planícies submarinas. "Mais de 90% do leito oceânico já estão acessíveis aos robôs", opina o especialista americano Robert Wernli. Ele deve saber, pois é um dos dirigentes do Centro de Pesquisas Oceânicas, da Marinha dos Estados Unidos, cujos estudos começaram ainda nos anos 60. Em 1965, um dos aparelhos projetados no Centro desceu a 26 metros e, de lá, trouxe para a superfície velhas peças de artilharia afundadas.Um ano mais tarde, o mesmo engenho realizou a proeza de recuperar uma bomba atômica que, por acidente, havia caído sob 77 metros de água, na costa da Espanha. Hoje, acreditam os pesquisadores, há pelo menos 600 robôs capazes de cumprir a mesma missão e com muito mais facilidade. Muitos deles podem mergulhar mais de 1000 metros e, além de capturar objetos, podem ainda fazer perfurações no subsolo, soldar metais ou cortar cabos. Em outras palavras, as máquinas tomaram-se mais versáteis e mais inteligentes. Isso se deve, em grande parte, aos circuitos eletrônicos acoplados às suas engrenagens. Assim, por meio de comandos mais simples, foi possível obter maior ganho de força nos braços-guindastes e de agilidade nos braços manipuladores. Outra novidade importante foram os novos materiais, como o kevlar, um plástico que tem a resistência do aço; ou o titânio, um metal forte e muito leve, que dificilmente se deixa corroer pelo sal. Os robôs que operam no Brasil empregam algo diferente - uma notável resina recheada de minúsculas esferas ocas de vidro, chamada espuma sintática. As esferas têm apenas 1 milímetro de diâmetro e, em grande quantidade, parecem um talco muito fino, cuja função é tornar mais leves as peças construídas com ela. Desse modo, pode-se contrabalançar o peso das partes de metal, que são os músculos da máquina.Afinal, enquanto fazem suas tarefas, os robôs submarinos têm que flutuar e nadar, ao contrário de seus primos da indústria, que são fixos. Essa habilidade sofisticou-se muito quando entraram em funcionamento as fibras óticas, ampliando os canais de comunicação entre o fundo mar e a superfície. São acondicionadas dentro do mesmo cabo que os operadores empregam para dirigir e acionar os robôs. A diferença é que, em vez de comandos elétricos, transportam grande quantidade de sinais eletrônicos, responsáveis pelas imagens de televisão e de sonar.Foram essas tecnologias que, a partir da década de 70, capacitaram os robôs para tarefas pretensiosas, como as que executam nas plataformas de petróleo. Ou as que podem vir a executar, dentro de mais alguns anos, em muitos outros setores. A França, por exemplo, já construiu inúmeros protótipos com o objetivo de recolher minerais raros no leito oceânico. É difícil prever se os robôs avançarão mais velozmente no mar ou nas indústrias de terra firme, nas quais vêm assumindo tarefas tais como apertar parafusos e fazer pontos de solda, num ritmo de milhares de operações ao dia. Desde 1982, por exemplo, eles desembarcaram na linha de produção da Volkswagen, em São Bernardo do Campo, SP, e acabaram tornando-se fundamentais para a empresa.Das 24 máquinas existentes na fábrica, quatro modelos, denominados R30 mais espertos. Dotados de sensores magnéticos e de calor, localizam e soldam com precisão 72 pontos diferentes na carroçaria dos carros Santana, Voyage e Fox. O capricho é tanto, que o R30 não se limita a fazer o serviço: também registra o número e a posição dos pontos de solda. Trata-se de um detalhe decisivo, pois o relatório apresentado por ele - com rigor e rapidez inigualáveis - é aceito no exterior como comprovante de qualidade. Por esse motivo, tornou-se indispensável na montagem de carros para exportação. "É uma garantia de alta homogeneidade de trabalho", confirma o engenheiro de manufatura Carlos Daniel Kibrit.Além disso, acrescenta, a máquina não reclama de insalubridade, não sofre com os acidentes de trabalho e adapta-se de imediato às mudanças, muito comuns nas modernas linhas de montagem. Embora seja cego, surdo e burro - expressão empregada por Kibrit -, o R30 está alterando toda a fábrica, pois permanece fixo em um local. Em vista disso, montou-se um verdadeiro autorama capaz de levar os carros até ele - são correias de transporte automáticas, guiadas por comandos eletrônicos. Toda a precisão é pouca, diante das rapidíssimas reações do robô, cujo cérebro eletrônico capta uma mensagem em apenas meio segundo - e, naturalmente, manda executar as tarefas com presteza equivalente.Cada gesto seu, ao longo da jornada, obedece a uma programação predeterminada, à qual obedecem, também, muitos outros equipamentos à sua volta, em perfeita sincronia. Levando isso em conta, não há como duvidar do sucesso dos novos operários - a Volkswagen, que já possui 24 máquinas, está importando outras catorze, mais sofisticadas, da Alemanha. É certo que, fora da indústria automobilística, a modernização é mais lenta, mas nem por isso deixa de existir. Já no país 48 robôs em atividade nos mais variados ramos de negócio, de acordo com a estimativa de Roberto Camanho, diretor da Sobracon, Sociedade Brasileira de Comando Numérico e Automação Industrial.Camanho diz que também aumenta o número de fabricantes brasileiros. entre os quais destacam-se empresas como a Villares-Hitachi, Metrixer e a Romi. Elas decidiram começar pelos modelos mais simples. Os mais habilidosos robôs da Petrobrás, por exemplo, são estrangeiros - o Triton é americano e o Scorpio, canadense. Seus preços oscilam entre as ponderáveis quantias de 700 000 e 1 milhão de dólares, razão por que não são comprados, mas sim alagados. Os menores, equipados apenas de urna câmara, saem por 1 200 dólares ao dia; os maiores, dotados de braços, por 2 500 dólares.Como exceção, existem nas plataformas duas simpáticas máquinas brasileiras, trabalhando a todo o vapor. Construídas pela firma Consub e batizadas de Tatuí, vêem por meio de câmaras de TV, enfrentam correntes de 2 nós e descem até os 1 000 metros. Estão preparadas para tarefas rotineiras de inspeção ou reparo de cabos. Mais importante que isso, no entanto, é seu papel simbólico, como os primeiros representantes de uma indústria de vanguarda no país.





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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Imagens muito Especiais - Tecnologia


IMAGENS MUITO ESPECIAIS - Tecnologia



Monstros e espaçonaves, trens que explodem e carros que voam são criações típicas dos magos dos efeitos especiais. Agora munidos de computadores, eles estão mudando até o modo de fazer cinema

Os carros de bombeiros da LucasArts estavam a postos no fundo do desfiladeiro. Ao longo dos paredões de pedra, as equipes de cinegrafistas entrincheiravam-se como em ninhos de metralhadoras. Faltava um minuto para o desastre de trem. Embora fosse um filme de Steven Spielberg, era a LucasArts Entertainment que cuidava dos efeitos especiais. E todas as 55 pessoas presentes naquele desfiladeiro do norte da Califórnia olhavam fixamente para o alto do penhasco, onde um viaduto ferroviário estranhamente pequeno projetava-se no ar.-Vamos lá... atenção!A voz do supervisor de efeitos visuais, Ken Ralston, amplificada por um alto-falante, ecoou com uma ressonância à altura do tríplice ganhador do prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinomatográficas de Hollywood. Ele estava prestes a detonar uma grande bolada de dinheiro de Spielberg. -Câmeras, ação!Silenciosamente, uma locomotiva-anã arremessou-se através do viaduto - para fora dele. Mergulhou em vôo de pássaro e despencou no desfiladeiro, explodindo em fumaça e clarões. No dia seguinte, os empregados da LucasArts reuniram-se numa sala de projeções para ver o que as câmeras haviam registrado. Por sorte, não apareceu no filme nenhum abutre para denunciar com seu tamanho as verdadeiras dimensões do trem condenado, quatro vezes menor do que um de verdade. Os maquetistas haviam copiado uma elegante locomotiva dos tempos dourados da Estrada de Ferro Sierra, miniaturizando-a ao ponto limite, além do qual as chamas e a fumaça já pareceriam esquisitas. Na tela, uma locomotiva antiga aparentemente em tamanho natural, perfeita em todos os detalhes, mergulhava para a perdição.Após seis meses de preparo, estava concluída uma parte de uma única tomada para De volta para o futuro III. Duraria apenas um momento na tela, mas proporcionaria uma imagem de grande impacto - e um espetáculo de trucagem artística. Os responsáveis eram alguns dos 300 peritos da Industrial Light & Magic, a divisão de efeitos visuais da LucasArts. A ILM, como é chamada, é uma virtuose da prestidigitação cinematográfica: produz maquetes em escala de espaçonaves, extraterrestres de látex, Tibetes pintados a óleo. Já ganhou dez Oscars, dois Emmys (o Oscar da TV americana) e seis prêmios da Academia Britânica.Os magos da ILM trabalham invisíveis, puxando cordéis e acionando pedais para projetar imagens intensas em nossos cérebros - de máscara negra. Darth Vader respira como um buldogue com bronquite, enquanto Luke Skywalker brande sua espada luminosa: Indiana Jones despenca montanha abaixo a bordo de um vagonete de mina; Michael J. Fox conduz seu DeLorean incrementado de volta para o futuro; e a nave estelar Enterprise, deformada pela velocidade, vai intrépida ali aonde ninguém foi antes.Mesmo escondida 640 quilômetros ao norte do centro da indústria cinematográfica de Los Angeles, numa insípida rua comercial de San Rafael, na Califórnia. a ILM faz mais negócios do que as cinco maiores concorrentes juntas. Apenas alguns de seus doze prédios têm letreiros, mas neles se lê "Kerner Optical", um disfarce para manter à distância jovens à caça de protótipos de espadas luminosas. Dessas plácidas construções saíram os reluzentes extraterrestres de Cocoon e o lodo espectral de Os caça-fantasmas II. Numa das alas estão expostos os cartazes dos mais de 50 filmes para os quais a ILM criou efeitos visuais, desde as trilogias do próprio Lucas, Guerra nas estrelas e lndiana Jones, até Uma cilada para Roger Rabbit, E. T., o extra-terrestre e A caçada ao Outubro Vermelho.Os cartazes abarcam menos de quinze anos, mas nesse tempo a ILM mudou a maneira de fazer cinema.Foi na virada do século que um mágico francês transformado em cineasta, George Méliès, inventou os "efeitos especiais" - o uso de miniaturas mecânicas, fundos pintados e da exposição múltipla de películas para enganar o olho do espectador. Por volta de 1920, os departamentos de "truques" passaram a fazer parte normal dos estúdios de cinema. A partir dos anos 50, entraram em voga as filmagens no próprio local onde se passa a história. As oficinas de efeitos dos estúdios fecharam, e os truques de cinema virtualmente se extinguiram. Os comerciais de TV e um filme ocasional do gênero 2001 - uma odisséia no espaço mantiveram vivas algumas das antigas técnicas.Então aconteceu de as ambições automobilísticas de um jovem chamado George Lucas evaporarem-se num acidente. Decidindo apostar seu entusiasmo pela fotografia numa carreira de documentarista, ele ganhou uma bolsa de estudos para a Universidade do Sul da Califórnia. Por fim, tornou-se assistente do diretor Francis Ford Coppola e chegou ao sucesso com seu próprio Loucuras de verão (American graffiti). Em 1975, começou a trabalhar num conto de fadas que se passaria num passado remoto, numa galáxia longíngua. E denominou "Industrial Light & Magic" à equipe de barbudos de blue jeans, reunidos para o projeto. Tão marcantes foram as técnicas de produção de imagens desenvolvidas pela ILM em Guerra nas estrelas que hoje, quando o arquivista da LucasArts Don Bies leva o visitante para um passeio ao acervo onde se acumulam 1 200 trajes, maquetes, criaturas e fundos pintados de filmes datando desde 1975, as próprias relíquias parecem patéticas. "Aqui está o elmo de Darth Vader", mostra Bies. O objeto é tão negro, reluzente e ameaçador como no filme, mas não passa de um plástico leve, como uma máscara infantil. Ao colocá-lo se descobre que o portentoso Vader tinha uma visão estreita do mundo, enxergando através de minúsculos furinhos.Tudo começa no departamento de arte da ILM, composto de oito pessoas. "Até que eles recebam o resultado de nosso trabalho, tudo permanece vago", diz TyRuben Ellingson, ele mesmo filho de artistas. Cita Os caçadores da arca perdida: "Tudo que o roteiro dizia era: "Eles abrem a arca e desencadeiam as forças infernais ". Imaginar vários tipos de inferno é a idéia de paraíso dos artistas da ILM. Alguns diretores levam ao departamento de arte seus storyboards - uma seqüência das cenas esboçadas como numa história em quadrinhos. "Spielberg esquematiza o filme todo em storyboard", comenta Doug Chiang, um artista da ILM que estudou Cinema na Universidade da Califórnia em Los Angeles, depois de fazer seus próprios filmes com efeitos visuais no colegial. Agora, Chiang e seus colegas transformam as idéias dos diretores em desenhos que determinam todo o visual do filme.Para De volta para o futuro II, cuja história se passa em 2015, a idéia era criar um clima dos anos 50, mas com um toque futurista. Chiang apresentou uma pré-produção, desenhada pelo colega John Bell, para uma futura lanchonete McDonald&7rsquo;s, servida por robôs. Outra ilustração mostra um táxi do futuro, um Citroën 1959 - voador. Os principais produtos do departamento de arte - além de idéias - são os storyboards detalhando cada tomada que a ILM produzirá. Num filme carregado de efeitos, os storyboards podem chegar a 1 000 páginas. Eles orientam os artistas que criam as pinturas de fundo, painéis chamados mattes. Em Indiana Jones e o templo da perdição, o arqueólogo-herói emerge de um túnel para um penhasco. A vista inteira era um painel, com um trecho sem pintura. a abertura da caverna. Ali os técnicos poderiam projetar o filme com Harrison Ford e os outros atores, enquanto a câmera filmaria tanto o painel quanto a imagem projetada. No filme pronto, o ator parece estar na borda de um alto penhasco. "Não é uma ilustração; a técnica é um jogo sutil de luz", diz Ed Jones, diretor de pós-produção da ILM, que ganhou um Oscar por combinar desenhos animados e atores em Uma cilada para Roger Rabbit. Os storyboards são também enviados às oficinas de maquetes e de criaturas da ILM, que podem ter um aspecto surrealista.Ali, numa tarde recente, duas artesãs costuravam cabelo sintético, misturado com pêlo de camelo num urso de espuma de látex que se tornaria um touro para um comercial de TV. Ao lado, três submarinos de A caçada ao Outubro Vermelho jaziam no chão. Dois homens transportando um avião de carreira para Duro de matar II passaram andando por uma réplica à altura dos joelhos do metrô de Manhattan que aparece em Ghost - do outro lado da vida. Para produzir reflexos no diminuto metrô quando as câmeras estivessem em ação, os maquetistas molharam os trilhos com álcool - água poderia ter formado gotas grandes o suficiente para trair as dimensões do trem.O supervisor de projetos da oficina de maquetes, Lorne Peterson, um veterano de Guerra nas estrelas, de barba grisalha, explica que o tamanho da miniatura depende de considerações como a profundidade de campo requerida para determinada filmagem e a massa necessária para, digamos, fazer um desastre de avião parecer verdadeiro. Algumas miniaturas devem ser suficientemente grandes para conter motores elétricos, baterias e luzes, e requerem ventiladores ou ar condicionado para evitar o superaquecimento.Para O império contra-ataca, os maquetistas criaram um planeta coberto de neve. feito de fermento e de microbalões (minúsculas esferas de vidro usadas na fabricação de plásticos). A maior parte das tomadas foi pelo sistema quadro a quadro, em que a câmera filma um quadro e os técnicos movem parte de uma miniatura ou de uma figura (como um braço) alguns centímetros. A câmera então dispara outra vez e o braço é movido um pouco mais. Quando o filme é passado na velocidade normal, a miniatura parece ganhar vida.Freqüentemente, o equipamento imaginário tem fundamento na vida real. Uma vez George Lucas sugeriu basear o desenho de um cruzador espacial num motor de popa Evinrude. E os maquetistas encarregados de criar uma gargantilha de couro simplesmente mandaram alguém à loja mais próxima para comprar uma coleira comum para cachorro. Numa cena de impacto de Indiana Jones e o templo da perdição, Jones tinha de enfrentar um vilão numa escada de cordas enquanto crocodilos nadavam lá embaixo. Por causa dos detalhes técnicos envolvidos na superposição do filme, a tomada requeria crocodilos pretos contra um fundo branco. Lorne Peterson lembrou-se de que um mecânico local criava filhotes de crocodilo como bichos de estimação e foi pedi-los emprestado. "Colocamos os filhotes em um grande tanque e o enchemos com leite em pó, que não Ihes faria mal". diz Peterson. "Então pusemos a câmera no teto, enquanto algumas pessoas ficavam nos lados do tanque, agitando galinhas mortas para fazer os crocodilos se mover."Os artistas de efeitos especiais de hoje ousam mais do que os antigos, porque o público está mais sofisticado. Imagens obtidas quadro a quadro (stop-motion), como as de King Kong, por exemplo, costumavam mover-se aos trancos, mas não saíam tremidas. Ora, como qualquer coisa filmada em movimento apresenta-se levemente tremida, a ILM desenvolveu o go-motion, em que um computador move tanto a câmera quanto a maquete, para criar um tremor realístico.A arte de construir modelos também evoluiu desde a primeira encarnação de King Kong. O fazedor de criaturas Tad Krzanowski, formado em Geofísica em sua Polônia natal e detentor de um prêmio da Academia por seu trabalho na ILM, apresentou um buldogue que está desenvolvendo para um seriado de TV: é recheado de fios, motores minúsculos e transístores. "O truque todo é fazê-lo mover-se como um animal, não como um robô", diz. No caso de alguns modelos, o operador senta se em uma cadeira repleta de fios e, quando move um braço, uma perna ou a cabeça, o robô duplica o movimento.Em um estúdio da ILM, um trem está voando. Enquanto um técnico trabalha num computador, a locomotiva em miniatura - sustentada por uma armação motorizada - executa uma dança suave diante de uma tela azul. É outra tomada para De volta para o futuro III, mas esse trem vai subir como um falcão, em vez de se arrebentar numa ravina. E a miniatura mais complicada que a ILM já construiu. O maquetista Steve Gawley dotou-a de 21 gags, ou partes ativas. Em uma dessas gags, pode-se bombar através de uma tubulação nitrogênio líquido oculto no tênder da locomotiva, a fim de congelar o revestimento exterior do trem, dando-lhe o que Gawley chama " aquela aparência de viagem no tempo". As rodas se desdobram e se movem horizontalmente. "Turboescapes de empuxo", para propelir o trem durante o vôo, acendem-se na traseira. Painéis laterais abrem-se como asas desdobráveis.No entanto, nem um mestre maquetista como Gawley poderia fazer o trem voar. Os técnicos de filmagem por velocidade controlada (motiom-control) da ILM, contudo, conseguem levá-lo às alturas. "Na verdade, é a câmera que se move - o trem parecerá voar para longe, fazer a curva e voar de volta", diz Peter Daulton, que opera o computador que controla a câmera e a miniatura. Por um terminal de vídeo ele acompanha cada movimento da peça e ajusta continuamente sua trajetória, até que esteja perfeita. A armação, dirigida pelo computador, faz o trem inclinar-se em curvas imaginárias, elevar-se em subidas imaginárias, embicar em descidas imaginárias. Ao mesmo tempo, o computador move a câmera para trás e para a frente, para cima e para baixo, enquanto Daulton faz pequenos ajustes.No fim, os espectadores acreditarão que uma locomotiva pode abrir asas e voar. Mas, primeiro, os técnicos precisarão eliminar da imagem definitiva a armação que sustenta o trem. Além do mais, o trem voa apenas contra uma tela azul; não há paisagens embaixo, nem um céu cheio de nuvens acima. Como observa o diretor de pós-produção Ed Jones, "para criarmos uma imagem, temos de criar um casamento de imagens".

John Ellis, um dos veteranos da ILM, é um campeão de casamentos de filmes, um trabalho extremamente complexo. Ao sobrepor negativos e positivos do filme, às vezes com certas partes apagadas, às vezes com partes reveladas e outras por revelar, e ainda projetando luz através do sanduíche de filmes, para combinar suas imagens num novo filme, Ellis e seus auxiliares podem remover imagens indesejadas (tais como a armação que sustenta o trem voador). Também podem combinar imagens que nunca estiveram juntas na realidade. Em sua sala, Ellis mostra uma tira de filme em que a atriz Mary Steenburgen balança de cabeça para baixo contra um fundo azul brilhante. Isso faz parte de uma tomada para De volta para o futuro III, em que a personagem, à espera do resgate iminente, pendura-se de um trem em movimento. "Mary saiu-se bem nesta cena", observa ele. "Como não podemos pendurar uma mulher de um trem. então a penduramos diante de uma tela azul, com um ventilador soprando em seus cabelos, e filmamos o trem separadamente", diz Ellis. Ergue outro pedaço de filme, em que aparecem as rodas de um trem em movimento.Passo a passo, demonstra como essa imagem e o filme de Mary Steenburgen são manipulados e combinados para acabar produzindo a cena da heroína de cabeça para baixo. "Foi a tomada mais simples de todas, e foram necessários onze pedaços diferentes de filme para compô-la", comenta. Embora O segredo do abismo não tenha despertado o entusiasmo da crítica, recebeu um Oscar de melhores efeitos visuais. Os tripulantes de uma estação de perfuração do leito submarino encontram extraterrestres no fundo do mar. Estes criam um tentáculo de água para examinar a estação. Os espectadores observam o pseudópode serpentear pela base e se comunicar com a tripulação espelhando seus rostos na sua ponta sensível. Uma tripulante enfia o dedo no pseudópode e descobre que é apenas água do mar. Os humanos amedrontados acabam batendo a porta contra ele, e sua ponta se desmancha no chão. Então o resto do pseudópode se retira para o mar. O premiado espécime se encrespa e ondula como água de verdade, mas foi criado em computador. Terminada a criação digital, foi transferido para o filme.Antes de O segredo do abismo, os especialistas em computação da ILM deram vida a um planeta morto em Jornada nas estrelas III. Em O jovem Sherlock Holmes, fizeram um cavaleiro de vidro e aço do vitral de uma igreja atacar um padre espantado. Encheram o céu de Xangai com formações de aviões de guerra em O império do Sol. Transformaram um corvo em tartaruga e uma sucessão de outros monstros em Willow - na terra da magia. E envelheceram 400 anos um horrível nazista em Indiana Jones e a última cruzada. Mas o pseudópode foi a sua obra-prima.Para mostrar como foi feito, Steve Williams, um jovem animador de Toronto, treinado nos estúdios Disney, chamou na tela a imagem de um fio enrolado como um verme: o protótipo do pseudópode. "E como se eu usasse massa de modelar digital", diz ele, movendo o mouse do computador para retorcer a imagem na tela. O operador, explica ele, pode escolher entre 17,6 milhões de tonalidades para colorir. Em um programa de computador, os animadores tinham criado uma réplica iluminada do set de filmagem. A medida que a forma do pseudópode se desenvolvia, o computador distribuia corretamente luzes e sombras. Enquanto isso, com um scanner (aparelho que decompõe uma imagem que se quer reproduzir), os animadores digitalizaram cenas já filmadas e as introduziram no computador, onde seriam fundidas com as imagens do pseudópode.Jay Ridle, supervisor de computação gráfica da ILM, diz que os técnicos digitalizaram até as feições dos atores, permitindo que o pseudópode as imitasse. "O ator senta numa cadeira e um raio laser cincunda-lhe a cabeça, medindo seus traços com precisão", diz Riddle. Os dados são então inseridos no computador. Filmes inteiros poderiam ser criados em computadores. Steve Williams prevê que "a ilusão será tão poderosa que não se poderá distinguir o que é real e o que não é". Os modelos de submarinos de A caçada ao Outubro Vermelho, por exemplo, foram filmados num estúdio seco, com vapor de óleo mineral produzindo o efeito de fundo do mar. A computação gráfica acrescentou elementos ao filme, para que a "água" parecesse mais real.De acordo com o gerente da ILM, Scott Ross, um novaiorquino de 38 anos, saxofonista nas horas vagas, a sofisticação dos efeitos visuais dá aos cineastas nova liberdade. Sete dos dez maiores sucessos da década de 80 foram filmes com efeitos visuais, observa Ross. "Agora os autores criam o que querem. sem se preocupar com a técnica de produzir aquilo", diz ele, citando O império do Sol. Alinhar centenas de aviões de verdade com milhares de extras nas ruas teria sido um problema enorme, mas o fizemos com um computador. transformando um único avião numa esquadrilha inteira Para os magos de efeitos da ILM, a realidade é só matéria-prima. Richard Wolkomir





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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Supernova - Retrato de corpo inteiro


SUPERNOVA: RETRATO DE CORPO INTEIRO



Detalhes íntimos da maior explosão estelar dos últimos 400 anos, no terceiro aniversário de sua descoberta

Dois terços do corpo humano são compostos por hidrogênio, o átomo mais simples e mais antigo que existe, pois surgiu nos primeiros instantes do Universo. A maior parte dos átomos restantes, porém. foi produzida em um dos mais impressionantes milagres da natureza: a explosão das grandes estrelas, espetáculo denominado supernova. Embora raramente visíveis, a cada quinze dias, aproximadamente, um desses cataclismos faz tremer o Cosmo, em algum ponto remoto. Então, inunda o espaço com uma quantidade inimaginável de energia, superior à luz emitida por muitos bilhões de estrelas, em conjunto. E, ao mesmo tempo que estilhaça um astro, também forja em suas entranhas uma seara de novos elementos e os espalha generosamente pelo vazio."As supernovas forjaram o ferro que circula em nosso sangue, o oxigênio que respiramos e o carbono, essencial à nossa química", ensinam os astrofísicos americanos Stan Woosley e Tom Weaver. "Elas geram e expelem as sementes da vida." Nada mais emocionante, portanto, do que assistir de perto a um momento como esse - oportunidade que, no dia 23 de fevereiro de 1987 surgiu pela primeira vez na história da humanidade. O espetáculo foi proporcionado por Sanduleak, uma estrela gigante, mas longínqua demais para ser vista a olho nu. De lá para cá, os dados acumulados sobre o destino desse astro tornaram-se a mais minuciosa descrição já obtida de uma supernova.
Esse retrato ainda não está completo, pois à medida que os escombros afastam-se e limpam o campo de visão, cresce a expectativa sobre o que teria restado da estrela original. Em princípio, ela deve dar origem a um pulsar, uma categoria de corpos cósmicos que já não pertence ao reino das estrelas. Não é fácil imaginar a sua incrível estrutura, já que tem massa maior que a do Sol, mas encerrada numa esfera de apenas 10 quilômetros de raio. Isso é o mesmo que esmagar um superpetroleiro até fazê-lo caber na cabeça de um alfinete, ou espremer o Monte Everest dentro de um tanque de lavar roupa, dando-lhe uma densidade de 100 bilhões de toneladas por litro.Como nem os átomos suportam tamanho desconforto - são triturados -, os pulsares acabam feitos das partículas chamadas nêutrons, componentes básicos dos núcleos atômicos. "Inúmeros cientistas querem ser os primeiros a registrar o nascimento de um pulsar", conta o astrofísico Francisco Jablonsky, do Instituto de Pesquisas Espaciais, o Inpe, de São José dos Campos, SP. "Embora não seja meu campo de trabalho, eu mesmo estou investigando os restos da supernova há dois anos." No final do ano passado, utilizando o telescópio de 1,60 metro de diâmetro do Observatório de Brasópolis, no Sul de Minas Gerais, Jablonsky captou um auspicioso sinal de luz, aparentemente vindo dos distantes escombros cósmicos.Mais tarde, verificou-se que era um alarme falso, como tantas vezes acontece em ciência. Antes que o desmentido viesse a público, no entanto, a mais respeitável revista cientifica do mundo, a Nature, inglesa, já havia transformado o anúncio em notícia destacada, em seu exemplar de 11 de outubro. Logo em seguida, o pesquisador Nicolas Prantzos, do Instituto de Astrofísica de Paris, deu vazão a seu entusiasmo nas páginas do jornal francês Libération. "Parece que dessa vez é para valer." Não era, mas o episódio dá uma medida da ansiedade internacional sobre o assunto.Não é para menos. A surpreendente ausência do pulsar contrasta com os detalhes admiráveis já obtidos a respeito da supernova - alguns deles registrados antes mesmo que a luz da explosão atingisse a Terra. Agora se sabe, por exemplo, que o espetáculo luminoso de Sanduleak foi precedido de uma rajada de neutrinos, partículas subatômicas que quase não interagem com a matéria e viajam com velocidade muito próxima à da luz (SUPERINTERESSANTE número 12, ano 4). Na madrugada do dia 23 de fevereiro, esses inesperados visitantes perturbaram pelo menos três aparelhos, nos Estados Unidos, no Japão e na União Soviética.
A análise de sua direção indica que eles vieram da supernova. Mais ainda: a energia que os impulsionava corresponde exatamente à força explosiva necessária para criar um pulsar. Por isso, inclusive, há tanta confiança de que a teoria esteja certa. "O que a rajada de neutrinos está nos dizendo é que, embora não possamos vê-lo, existe um pulsar na região da supernova", diz Jablonsky. Em outras palavras, se ficar provado que esse astro não existe, os teóricos vão ter trabalho para explicar a presença dos neutrinos. Até agora, porém, todas as evidências confirmam as previsões, mesmo que, em alguns pontos, elas sejam corrigidas pelos fatos.A partir deles, é possível reconstruir toda a vida das grandes estrelas, perto das quais o Sol é, ao mesmo tempo, um anão e um matusalém cósmico. Sanduleak; de fato, era dezoito vezes mais pesada e 24 vezes maior que o Sol, mas a fase mais longa de sua existência durou 10 milhões de anos, o que é quase nada, em escala astronômica. O estágio correspondente no Sol, por exemplo, já dura 5 bilhões de anos e ainda deve prolongar-se por um período de mesma duração. Não é por outro motivo que as estrelas gigantes fertilizam o Universo com mais eficiência do que as menores: durante o tempo de vida do Sol, nada menos que 500 Sanduleaks tiveram tempo de nascer, evoluir e despejar novos átomos no espaço.Isso se deve a seu próprio peso: quanto maior é a estrela, maior é a pressão sobre suas entranhas e mais rapidamente ela consome as reservas de hidrogênio de seu núcleo. Na fase inicial e mais duradoura do ciclo estelar, esses átomos fundem-se e transformam-se em hélio, o segundo ingrediente mais simples da natureza. Cada grupo de quatro átomos de hidrogênio gera um átomo de hélio e grande quantidade de energia, que é o verdadeiro alicerce das estrelas. O motivo é que ela faz pressão de dentro para fora e assim contrabalança o peso das camadas externas - tanto que, quando o estoque de hidrogênio se esgota, as estrelas tendem a desmoronar sobre si mesmas. É como tem início a segunda fase de sua vida, mais atribulada, mas muito mais rica em termos dos átomos que produz.Os detalhes coletados na agonia de Sanduleak mostram que ela deve ter-se demorado 600 000 anos nesse período crucial, durante o qual fundia hélio para fazer elementos mais pesados, em particular o carbono. Essa mudança custou-lhe uma metamorfose violenta, pois deixou de ser uma gigante azul, como nos dias da infância, e tornou-se uma supergigante vermelha. Chegou a alcançar um raio de 300 milhões de quilômetros, duas vezes a distância entre o Sol e a Terra, numa expansão que já era um primeiro processo explosivo. Embora lento e insuficiente para estilhaçar a estrela, ele fez com que parte dos seus gases escapassem para o espaço, na forma de gigantesca concha.Milênios mais tarde, a radiação emitida pela supernova alcançaria esses restos - que então cercavam Sanduleak a milhares de quilômetros de distância - e elevaria sua temperatura a 20 000 graus Celsius. Como resultado, os gases passaram a emitir raios ultravioleta e puderam ser fotografados pelo satélite americano IUE. Foi como se a própria estrela deixasse no espaço uma pista sobre os seus próximos passos, um acelerado processo de desmoronamento. Há cerca de 40000 anos, de fato, o hélio também começou a se tornou escasso e Sanduleak voltou a contrair-se, retomando, ao longo dos milênios seguintes, a bela cor azul da juventude. Naturalmente, não era a mesma coisa.
Por causa do encolhimento, a temperatura em seu núcleo alcançava, então, 500 milhões de graus Celsius, dez vezes mais alta que no estágio anterior. Isso permitiu-lhe queimar carbono para gerar átomos de neônio, mas essa reação de neutrinos, que apenas drenavam energia do núcleo, sem contribuir para sua sustentação. Portanto, a queima de carbono - iniciada nos últimos 12 000 anos - durou muito menos que a combustão do hélio. A subseqüente fusão do neônio para gerar oxigênio teria um fôlego ainda mais curto, de míseros doze anos, e a transformação do oxigênio em silício e enxofre esgotou-se depois de quatro anos. Enfim, o consumo de silício sustentou a estrela por uma breve semana e forrou o núcleo com uma variada despensa de átomos, especialmente de metais pesados, como o níquel, cobre e o ferro.
Mas a presença do ferro foi o fim do caminho, pois, além de ser preciso grande pressão para formá-lo, sua síntese não libera energia. Totalmente privado de força, o núcleo encolheu-se brutalmente, de um raio de 3 000 quilômetros para ínfimos 100 quilômetros, e explodiu com a força de milhões de sóis. O peso imenso, que elevou a temperatura em níveis inconcebíveis, acima de 1 bilhão de graus, serviu de motor para a detonação: em frações de segundo, todos os restos de combustível arderam de uma vez, e a estrela voou para o espaço, com violência. Entre os estilhaços, encontravam-se grandes quantidades de hidrogênio e hélio, que, por estarem fora do núcleo, não haviam sido queimados.Além deles, os astrônomos documentaram uma riqueza inesperada de produtos atômicos, incluindo ferro, manganês, enxofre, oxigênio, sódio, magnésio, cloro, cálcio e potássio, entre muitos outros. "Esses elementos - forjados pela estrela ou durante a própria explosão - serão, provavelmente, os componentes de algum futuro sistema solar", ponderam Stan Woosley e Tom Weaver. Por outro lado, a supernova comprimiu ainda mais o núcleo estelar - em teoria, para um raio de 10 quilômetros. O número exato só poderá ser conhecido após a identificação do pulsar. De qualquer forma, essa última contração esmigalhou os átomos do núcleo, gerando os nêutrons e a rajada de neutrinos da supernova.Como pouco interagem com a matéria, eles partiram do núcleo e atravessaram as camadas externas mais rapidamente que a luz da detonação. Por isso, foram registrados com antecedência, na madrugada do dia 23 de fevereiro, exatamente às 3h36 (hora de Brasília). Captados no Hemisfério Norte, os neutrinos tiveram que atravessar a Terra para chegar aos detectores - pois vinham do Hemisfério Sul, mais precisamente da Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia-satélite da Via Láctea. Facilmente visível como uma extensa mancha branca no céu, um pouco abaixo do Cruzeiro do Sul, a Nuvem, por um feliz acaso, estava sendo observada, apenas duas horas mais tarde, pelo astrônomo amador neozelandês Albert Jones.Jones não viu nada de anormal, mas, uma hora depois, outro amador, o australiano Robert Mc-Naught, fotografou a mesma região, onde já se via a supernova. Isso permitiu determinar que a rajada de neutrinos ganhou a corrida contra a frente luminosa por cerca de duas ou três horas. Mas Mc-Naught demorou a revelar suas imagens, e assim perdeu, por pouco, a glória de descobrir um dos maiores fenômenos naturais do século. O astrofísico canadense Ian Shelton, que acabou abiscoitando o título, topou com o evento vinte horas depois de o australiano ter tirado suas fatos. Shelton trabalhava no Observatório Las Campanas, no Chile, e, às 2h40 da manhã (hora do Chile), já pronto para dormir, resolveu dar uma olhada nas fotografias que havia obtido. Quando viu o imenso farol em seus instrumentos, saiu do Observatório para ver a explosão com os próprios olhos. Até agora, do ponto de vista da Astrofísica, talvez a supernova mais importante tenha sido aquela que os chineses registraram no ano 1054.Ela brilhou, mesmo durante o dia, cerca de uma semana, e ocorreu muito perto, a 6 000 anos-luz de distância, na Constelação do Touro. Atualmente, no local da hecatombe, existe uma feérica massa de gases em expansão, a Nebulosa do Caranguejo. Mas, embora mais distante, a supernova de 1987 tem um mérito decisivo, apesar de circunstancial: ela surgiu quando já havia instrumentos precisos para observá-la. Por isso, tornou-se, com certeza, um dos mais cobiçados alvos da moderna pesquisa astronômica. "Até traje, as supernovas eram ficção científica", declarou, na época de sua descoberta, o físico ítalo-americano Carlo Rubbia, ganhador do Prêmio Nobel em 1984. "Agora, elas se tomarão ciência de verdade."





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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

As Reações do Bom dia - Química


AS REAÇÕES DO BOM DIA - Química



De manhã, quase todas as pessoas tomam banho, lavam os cabelos, escovam os dentes, passam desodorante. Mas quase ninguém sabe o que acontece realmente durante essa rotina

Todo dia, você acorda com péssimas notícias. Na sua boca, pode ter certeza, nasceu o embrião de uma cárie. Quanto à pele, não se iluda: milhões de bactérias aproveitaram a noite para um verdadeiro banquete à base de células descascadas, suor, gordura, um ou outro glóbulo sangüíneo e eventuais resíduos de pus, que são encontrados com fartura depois de várias horas sem lavagem. Os produtos dessa comilança irão inevitavelmente fermentar, causando mau cheiro, mais cedo ou mais tarde. Água, pura e simplesmente, não resolverá o problema. Para se garantir um bom dia, é preciso lançar mão dos ácidos graxos - e aqui não se trata dos que estão presentes na gordura do leite e da manteiga no desjejum, mas dos componentes básicos de produtos como o sabonete, o xampu, o condicionador e a pasta de dentes. Conforme a combinação dessas substâncias gordurosas com outros ingredientes é que se criam as mais diversas fórmulas de beleza e higiene, responsáveis pelo faturamento de 19 bilhão de dólares, das cerca de 1000 indústrias cosméticas nacionais, no ano passado. Mas apenas os especialistas em Cosmetologia, área das Ciências Farmacêuticas que elabora essas poções perfumadas, sabem como a expectativa de cada um pode se transformar, ou não, em realidade diante do espelho - pele macia, cabelos sedosos, sorriso mais branco, sem contar a sensação de frescor anunciada pelo desodorante. "É chocante mostrar a ciência que existe por trás de um mero banho", afirma a farmacêutica Maria Elisete Ribeiro, da Universidade de São Paulo, que há vinte anos estuda composições de cosméticos. "Isso porque as pessoas preferem acreditar que o produto pode fazer milagres. E ignoram as reações químicas disparadas na rotina de todas as manhãs."Quando você mergulha na banheira ou toma uma ducha, a água só consegue arrastar algumas partículas de sujeira, coladas na superfície do corpo. Pois todo tipo de poeira ou de germe, mal encosta na pele, fica grudado em uma película oleosa. Trata-se da melhor emulsão protetora de que se tem notícia - a mistura do suor com a gordura secretada pelas glândulas sebáceas. O suor, como é ácido, dificulta a sobrevivência dos rnicroorganismos nocivos que, porventura, ousam se instalar na pele; já o sebo reveste a superfície, cobrindo certas brechas que poderiam servir de entrada para os germes. Ao longo das horas, porém, essa película engrossa, intercalando camadas de óleo e de sujeira. A pele fica cada vez mais pegajosa, e daí só tem um remédio - o sabão."Ao aquecer a mais de 80 graus Celsius qualquer espécie de gordura com soda cáustica ou outra substância muito alcalina, eu realizo uma saponificação, ou seja, fabrico sabão", explica o farmacêutico Luiz Antonio Gioielli, da Universidade de São Paulo, que há quinze anos pesquisa os ácidos graxos, o elemento comum às substâncias gordurosas. "Nessa reação, formam-se moléculas com dois pólos, um solúvel em água e outro, em gordura." Em pleno banho, essas moléculas de sabão ficam cravadas em cada minúscula gota de água, deixando para fora a sua metade capaz de se ligar à gordura do corpo. Na realidade, ninguém molha o corpo por inteiro. Uma olhada pelo microscópio mostra que as gotículas de líquido se espalham distantes entre si sobre a pele. Mas tudo bem, porque as moléculas de sabão, alcalinas, atraem feito pequenos ímãs aquele sebo, que é ácido, com pH (índice de acidez) em torno de 4,5. Seqüestrada, a sujeira oleosa é conduzida pela água, até escoar pelo ralo. "Quanto mais alcalino é um sabonete, mais gordura ele consegue retirar", conta Gioielli. Sabonetes, aliás, sempre são alcalinos. Se fosse possível fabricar um sabão realmente neutro, ele não ofereceria vantagens, porque não limparia direito. O Ministério da Saúde pretende dar um prazo para que as indústrias retirem das embalagens esse adjetivo, usado erroneamente como sinônimo de inofensivo.É verdade que, quanto menos alcalino é o sabonete, menos ele irrita a pele. Essa qualidade dependerá da proporção de gorduras animais e vegetais utilizadas como matérias-primas. "O balanço desses ingredientes também faz um sabonete ser mais duro ou mais macio", diz a farmacêutica Maria Elisete. Assim, os óleos derivados de animais com sangue quente se dissolvem em temperaturas mais elevadas do que óleos vegetais. Estes, em princípio, precisam ficar solúveis em temperaturas mais baixas para serem consumidos como fonte de energia pelas plantas e, por isso, são usados em sabonetes que derretem com facilidade.Um dos óleos mais aplicados nos chamados sabonetes finos é o de coco. Nove em cada dez estrelas nas prateleiras das perfumarias contêm esse ingrediente, idêntico ao da popular barra de sabão branco, usada para lavar roupa. "O óleo de coco, com seus doze átomos de carbono, assegura muitas bolhinhas de sabão", explica Maria Elisete. Espuma, contudo, não é sinal de limpeza. "Podem-se ter sabonetes sem um pingo de espuma, cujo efeito é apenas psicológico", garante a farmacêutica.À massa de sabão propriamente dita, os fabricantes acrescentam ainda corantes, essências de perfume e uma boa dose de óleo livre, isto é, que não passou pela saponificação. Sua função é besuntar novamente a área da qual acabou de se tirar o sebo. Pois sem a sua gordura natural, a camada externa da pele apareceria tal qual é -um forro de células mortas e esturricadas. Fora o problema da aparência, a pele seca é muito mais suscetível a irritações. É por isso que alguns discutem se não faria mal tomar banho com sabonete mais de uma vez por dia, costume de muitos brasileiros. No entanto, em condições normais, uma a duas horas depois de você ter saído do banho, sua pele já terá recuperado a oleosidade própria.Você molha a cabeça, espalha o xampu, massageia, deixa formar bastante espuma. O farmacêutico Artur Gradim, atual presidente da Associação Brasileira de Cosmetologia, resume o processo: "Lavar bem os cabelos é uma questão de eletricidade". Frases sintéticas como essa são raras quando Gradim conversa sobre cabelos, seu assunto predileto, depois de ter acumulado mais de 25 anos de experiência em diversas indústrias de cosméticos, dedicando-se com mais afinco à pesquisa de tratamentos capilares. Segundo sua descrição minuciosa, cada um dos 300 000 fios de uma cabeleira é revestido por células transparentes, sobrepostas como as telhas de uma casa. Ao escorregar fio abaixo, o sebo secretado pelo couro cabeludo não fica apenas na cutícula, como se chama essa cobertura incolor, mas entra nas frestas entre as células. "Graças a sua carga elétrica, o xampu ergue essas células para a limpeza", descreve Gradim. Os detergentes contidos em um xampu podem ser idênticos aos de um sabonete (quadro). Este, no entanto, por ser sólido, deixa resíduos presos na cutícula. Tais partículas desviam os raios luminosos, tornando os fios opacos. "Quando a cutícula está fechada, os cabelos brilham mais", conta o especialista. Quem acabou de lavar a cabeça, porém, está com as células que revestem os fios abertas, como galhos de uma árvore esbarrando uns nos outros. O atrito tem efeito certo: seus cabelos estão embaraçados.Se cabelos opacos e difíceis de pentear são sintoma de cutícula capilar aberta, então a receita de brilho e maciez é simples: basta fechar suas células. Nesse instante, entra em cena o condicionador. Além de conter doses de ácidos graxos, para repor a oleosidade perdida com a primeira etapa da lavagem, o condicionador possui carga elétrica oposta à do xampu, ou seja, positiva. Explicada dessa maneira, a fórmula de cabelos bonitos parece simples. Mas não é. Como bem sabem os físicos, cargas opostas se atraem. Portanto, os cosmetólogos devem equilibrar a eletricidade dos componentes do xampu e do condicionador, de modo que o uso combinado dos dois produtos aproxime os fios na medida certa, sem arrasar o volume dos cabelos."As vezes a intenção é dar volume como nas fórmulas com proteínas" exemplifica o químico Sérgio Bianchini, pesquisador da Universidade de Campinas, no interior de São Paulo. "As proteínas se depositam sobre os fios, tornando-os mais encorpados." Bianchini, junto com o estudante de Química Luiz Claudio Pavani, vem estudando, há dois anos, a degradação do cabelo, especialmente pelo excesso de sol. Esse é um dos temas, pode-se dizer, mais cabeludos da Cosmetologia, como pôde constatar Pavani, no final do ano passado, ao apresentar seu trabalho, com jeito tímido, a uma platéia de químicos de todo o país. Na ocasião, suas declarações foram recebidas com alguns protestos: "Nenhum produto é capaz de restaurar as pontas dos cabelos", disse o pesquisador no microfone. "Uma vez partido, um fio não tem conserto." Na ocasião, os fabricantes não gostaram do que ouviram, porque, nesse aspecto, dezenas de produtos prometem o impossível - o fio de cabelo é uma longa linha de células mortas e não há como alterar um tecido morto.

O melhor que um xampu e um condicionador podem fazer por você é proteger os fios, evitando, por exemplo, que se quebrem com a mera escovação. Semanas depois, na Unicamp, o químico Bianchini reconheceu que fabricantes e pesquisadores usam a palavra restaurar com significados diferentes. "Para um bioquímico, restaurar seria recuperar a estrutura original", diz ele. "Os produtos de beleza podem recuperar a aparência, pois são cheios de truques. Os condicionadores têm polímeros, substâncias que formam uma capa sobre o fio. Esse filme artificial, tapa buracos na cutícula e força a união das pontas, como uma cola. " O disfarce dura até se lavar a cabeça de novo."As bactérias da boca são boêmias por excelência. Aproveitam a noitada para devorarem, mais do que nunca, restos de alimentos entre os dentes. Ao mesmo tempo, se reproduzem numa velocidade espantosa: de quinze em quinze minutos, cada bactéria se divide em duas. A esbórnia é facilitada pela diminuição de saliva na madrugada - afinal, esse líquido vive expulsando algumas bactérias, goela abaixo. De manhã, portanto, ninguém deveria acordar achando que tudo está em ordem. Pois, na boca, como em todo fim de festa, tem resto de comida e sujeira por tudo quanto é lado. Os fanfarrões, junto com esses restos, se depositam nos dentes e gengivas, criando a famosa placa bacteriana."Os dentes estão sempre interagindo com o ambiente", explica o bioquímico Jaime Aparecido Cury, professor da Faculdade de Odontologia de Piracicaba. A placa bacteriana, no caso, deixa a saliva ácida, o que é péssimo para os dentes. Isso ocorre com maior intensidade se alguém ingere açúcar." A saliva e o esmalte do dente compartilham dois minerais, o cálcio e o fosfato, cuja tendência é passar do lugar mais alcalino para o mais ácido. Desse modo, quando o pH da saliva fica inferior a 5,5, ela começa a roubar cálcio e fosfato dos dentes. Com isso, depois de certo tempo, o equilíbrio ácido-básico volta a reinar. Então, os dentes podem até tomar de volta os dois minerais.No entanto, se logo de manhã, por exemplo, a pessoa toma seu café açucarado e sai de casa sem escovar os dentes, a degradação de substâncias pelas famintas bactérias reinicia. No final, os dentes acabam perdendo mais minerais. Quando os dentes mais perdem do que ganham a batalha pelo cálcio e pelo fosfato, a cárie aparece. "Ela é a própria desmineralização do esmalte", define Cury. Segundo ele, o flúor é a substância ideal para reverter o processo. Durante muito tempo, acreditou-se que o flúor protegeria os dentes ao reagir com substâncias do esmalte para construir uma verdadeira barreira de minerais. Assim, a saliva ácida passa a seqüestrar cálcio e fosfato dessa barreira, em vez de retirá-los do próprio dente. Além disso, hoje se sabe que o flúor deixa a saliva supersaturada de cálcio e de fosfato, acelerando a remineralização do esmalte.Jaime Cury é um velho defensor do flúor na pasta de dente. Há um ano e meio, desfrutou uma grande vitória, como assessor técnico do Ministério da Saúde: a Portaria número 21, a qual estabelece o padrão de 600 partículas por milhão (ppm) de flúor nas pastas de dente. Contudo, há flúor e flúor. Algumas formas químicas da substância reagem com o chamado abrasivo, o componente não-solúvel do dentifrício, normalmente à base de silício, que serve para retirar mecanicamente a sujeira, ao ser esfregado no dente. A reação cria o flúor inativo, um flúor que não serve para nada. "Há dez anos, existiam cinco marcas no mercado brasileiro que anunciavam a presença de flúor", recorda Cury. "Dessas, porém, apenas uma marca continha flúor ativo. " A situação melhorou - e muito. No ano passado, entre dezenove marcas analisadas, apenas duas, a Forhan7rsquo;s e a pasta infantil da Mônica, não passaram na prova de fogo.A batalha mais recente envolve os enxaguatórios que prometem dissolver a placa bacteriana. Um cuidadoso exame realizado pela equipe da Faculdade de Odontologia de Piracicaba, acusou que os detergentes desses produtos podem inibir até 70% do flúor. E, então, volta-se praticamente à estaca zero. Como o xampu e o sabonete, a pasta de dente também possui ácidos graxos na forma de detergente, para amolecer a placa bacteriana e os restos de alimento. "Esse detergente não pode fazer espuma, ou a pessoa engasgaria", esclarece o químico Heytor Panzerri, da USP, em Ribeirão Preto. Há vinte anos, ele busca fórmulas para a fabricação de dentifrícios mais baratos e eficazes. "Mas não importa a composição de uma pasta, quem faz o serviço pesado da limpeza é a escova de dentes", reconhece o pesquisador. "A função da pasta é apenas auxiliar." Por isso, costuma ser à base de gel, mistura de glicerina e água, que provoca o deslizamento das cerdas.A função do desodorante é evitar que bactérias, habitantes das axilas, estraguem, o seu esforço matutino para passar o dia inteiro limpo e, quem sabe, cheiroso. O suor aumenta durante o dia, para refrescar o corpo, aquecido pelo calor do sol. Mas esse líquido em si não tem o aroma desagradável graças ao qual leva má fama. O mau cheiro é devido à degradação de seus componentes por tais bactérias. "Os desodorantes são combinações de álcool, bactericidas e essências perfumadas", descreve a cosmetóloga Maria Elisete Ribeiro, da USP. "Ao diminuir a quantidade de bactérias, diminui a degradação e o mau cheiro." A maioria dos produtos também é antiperspirante, ou seja, ataca o problema por duas frentes.Além de matar os germes, os antiperspirantes reduzem a umidade de que as bactérias sobreviventes tanto gostam. Ao usá-lo, sais de alumínio ou de outros metais tapam literalmente os poros"A área de aplicação é muito pequena e, por isso, não causa problemas no sistema de controle de temperatura do organismo", esclarece Maria Elisete. Essas moléculas têm um tamanho perfeito: embora sejam grandes demais para serem absorvidas, elas se encaixam na saída do suor. O líquido acaba sendo reabsorvido pelo organismo. Mas, no decorrer do dia esses sais de alumínio vão saindo dos poros, como rolhas de champanhe. Termina o efeito do antiperspirante. Às vezes, resta o perfume. Sua combinação com o suor degradado costuma ser terrível. Afinal, se um cheiro incomoda muita gente, dois podem incomodar muito mais.

Mania nacional

O sabão é conhecido há pelo menos 2 600 anos, quando os fenícios se banhavam com uma pasta fabricada a partir da fervura da banha de cabra com cinzas de madeira. Mas não foi em todos os períodos da história que esse produto de higiene esteve em voga. Muito apreciado nas termas de Roma, o sabão desapareceu do mapa depois da queda do império Romano em 476. Só por volta do século IX, ele ressurgiu na cidade de Savona, na Itália - eis a origem de seu nome. Na época, era consumido pelos nobres. O uso do sabão se difundiu pela população apenas dez séculos mais tarde. Então, o químico alemão Justus von Liebig (1803-1873) declarou que o grau de civilização de um país podia ser indicado pela quantidade de sabão consumida.
Se isso é certo, o brasileiro pode ser considerado o povo mais civilizado da Terra, com um consumo de 12 sabonetes per capita. Essa média só é menor do que os 13 sabonetes per capita dos americanos e dos australianos. Mas deve-se levar em consideração que menos da metade dos brasileiros usa sabonetes. Isto é, no Brasil os consumidores de sabonete devem usar cerca de 24 unidades do produto por ano. Isso é seis vezes mais do que a média francesa - aliás, a mais baixa entre os países do Primeiro Mundo.

Sorriso branco, com urina

A pasta de dente foi mencionada pela primeira vez por historiadores egípcios: tratava-se de uma mistura muito abrasiva, feita com pedra-pomes triturada e vinagre.
Os antigos romanos trocaram o vinagre pela urina, à qual atribuíam-se poderes de deixar os dentes brancos. O ingrediente, um tanto exótico, foi usado até o século XVIII em diversos países europeus. Hoje se sabe que a urina era capaz de branquear os dentes por conter amônia, substância que continua sendo usada nas formulações.

Pitadas de sais

Passar perfume sobre as axilas é um hábito antigo, praticado há 5000 anos na Suméria Desodorantes, de fato, só surgiram nos Estados Unidos, no final do século passado, quando os químicos descobriram que sais de zinco poderiam inibir a produção de suor. Na época, é verdade, eles nem desconfiavam que isso acontecia porque as partículas de metal tampavam os poros. Ainda hoje, ao menos na França, a maioria das pessoas continua ignorando as propriedades dos sais de zinco e de outros metais usados em desodorante: de acordo com a Federação Nacional das Indústrias de Cosméticos Francesas, enquanto o consumo de perfume é o mais elevado do mundo - cerca de 12 frascos anuais por pessoa -, apenas três em cada dez franceses usam desodorante, apesar de metade da população só tomar banho uma vez por semana.





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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Mestres da Pintura no Laboratório - Tecnologia


MESTRES DA PINTURA NO LABORATÓRIO - Tecnologia



Obras de arte também ficam doentes, envelhecem e, se não forem tratadas, morrem. Equipamentos modernos e sofisticados ajudam os restauradores, antes que isso aconteça

Desde 1989, um dos quadros mais famosos do mundo, a Mona Lisa, do pintor italiano Leonardo da Vinci, disputa a soberania da Sala dos Estados, no Museu do Louvre, em Paris. Pois, desde então, a dez passos dessa obra-prima do século XVI, que mede apenas 4081 centímetros quadrados, um gigantesco canteiro de obras com aspecto futurista desvia a atenção das máquinas fotográficas. Atrás de vidraças, três pessoas sobem e descem agilmente em um andaime um tanto cambaleante e, não raro, passam horas a observar velhas pinceladas de quatro séculos. São restauradores que trocam seu tranqüilo ateliê pelo concorrido museu. Eles estão atentos aos mais ínfimos detalhes do maior quadro no acervo do Louvre, As bodas de Caná, que o italiano Paolo Veronese (1528-1588) pintou sobre uma tela com nada menos de 70 metros quadrados. "O canteiro é realmente impressionante", orgulha-se Nathalie Volle, chefe do Serviço de Restauração dos Museus Nacionais, que se encarrega de preservar os acervos franceses.Formada em restauração, Nathalie adora contar histórias como a da obra de Veronese: "Quando a tela foi transportada da Itália para a França, em 1797, teve de ser cortada em duas partes e, depois, remendada. Agora, para restaurá-la não será necessário sequer tirá-la da parede". Saiu ganhando também o público, com a oportunidade de assistir a um trabalho artístico quase sempre anônimo, que devido a sua importância conta, hoje, com modernos recursos científicos. Mas nenhuma tecnologia, fique claro, é capaz de apressar o serviço lento de um restaurador, sempre munido com finos cotonetes, pequenas pinças e bisturis para tratar, pacientemente, milímetro por milímetro de uma pintura. Não é de espantar, portanto, que o quadro de Veronese demore três anos para ser restaurado. Todo o cuidado é pouco: a rigor, o que se considera arte, no caso de uma pintura, são delicadas camadas de tinta, às vezes tão finas quanto fios de cabelo, comprimidas entre um suporte, como a tela, e uma camada protetora de verniz. Ao tentar consertar o suporte, limpar a sujeira depositada ou retirar o verniz envelhecido, o restaurador arrisca-se a danificar a criação do artista, isto é, a camada de tinta. Nesse sentido, os diversos exames de laboratório que vêm sendo aplicados em restauro - inclusive no de fotografias (veja quadro) - servem para dar mais segurança. Nem uma gota de solvente, destinado à limpeza do quadro, entra em contato com a tela antes que se saiba qual o tipo de tinta utilizado pelo autor, quantas camadas foram dadas, quantas restaurações já foram praticadas anteriormente. Para tanto, o ideal é que se tenha, como os franceses, na retaguarda, algo como o Ateliê de Restauração de Fotografias da Cidade de Paris, sob o comando Anne Cartier-Bresson, sobrinha do célebre fotógrafo francês Henri Cartier-Bresson, ou o Laboratório de Pesquisas dos Museus Nacionais, instalado no subsolo do Louvre, longe dos olhares dos visitantes."Estamos, junto com outras equipes européias, na vanguarda das análises de objetos de arte", conta o físico Jacques Bernard, diretor do laboratório. Ali abriga, há três anos, um aparelho de 20 metros de comprimento e 2 milhões de volts de potência-o Aglae, Acelerador Grande Louvre de Análise Elementar. Aceleradores de partículas como esse costumam ser encontrados nos centros avançados de Física, para o estudo, por exemplo, de partículas da atmosfera. Por enquanto, os franceses são os únicos a empregarem esse equipamento com a intenção de conhecer a estrutura íntima de quadros, esculturas, cerâmicas arqueológicas ou gemas.Dentro do Aglae, um feixe de prótons é impulsionado por eletroímãs até atingir 30 000 quilômetros por segundo, um décimo da velocidade da luz. Em seguida, esse feixe é literalmente espirrado do acelerador para bombardear a área de 1 milímetro quadrado da peça examinada, colocada a cerca de 10 centímetros de distância. "Os prótons excitam os átomos atingidos", explica o físico Joseph Salomon, um dos responsáveis pelo Aglae. "Isso gera raios X, que são captados por detectores especiais." Conforme o tamanho e a configuração dos átomos, o impacto da pancada de prótons, cuja energia é constante, tem uma intensidade diferente, isto é, produz determinado comprimento de onda de raio X. Segundo Salomon, dois computadores analisam essa informação e indicam, com precisão, os pigmentos que compõem a tinta.Até então, com os métodos de análise disponíveis, nenhum laboratório de restauração era capaz de distinguir, por exemplo, as duas variedades, citadas pelos historiadores da arte, do amarelo de chumbo e estanho, um pigmento muito usado a partir do século XIV pelos pintores da escola primitiva italiana, mas que desapareceu das paletas ocidentais na metade do século XVIII. O acelerador de partículas mostrou, no entanto, que a chamada variedade II contém átomos de silício, enquanto a variedade I não. Com isso, ao analisarem várias obras com a ajuda do Aglae, os cientistas concluíram que a variedade I só começou a ser usada a partir da segunda metade do século XV, quando a outra variedade já fazia parte dos quadros italianos havia 150 anos. Informações como essa contribuem para datar e, muitas vezes, autenticar uma pintura."Não se começa uma restauração sem conhecer todos componentes químicos de uma obra", afirma Vincent Pomarede, um dos responsáveis pelo Ateliê de Restauração dos Museus Classificados e Controlados da França, em seu agradável escritório, em frente ao Castelo de Versailles. Pomarede, que aliás considera a coleção do Museu de Arte de São Paulo "muito boa", também utiliza os serviços do laboratório do Louvre. Além do Aglae, esse laboratório conta com o chamado aparelho de cromatografia em fase gasosa. Nele, é evaporada uma amostra de tinta, nunca maior do que a cabeça de um alfinete, retirada cuidadosamente de uma pintura, com a ajuda do bisturi. Durante a evaporação, o aparelho identifica o teor de ácidos graxos, principais componentes das substâncias utilizadas para ligar os pigmentos de uma tinta, responsáveis muitas vezes por seu aspecto oleoso.O microscópio eletrônico, por sua vez, sempre é requisitado nos testes preliminares, para informar o tamanho dos grãos de pigmento e quantas camadas de tinta foram dadas. Pigmentos maiores costumam permitir solventes mais fortes. "Com esse exame, nota-se que Leonardo da Vinci conseguia magníficas nuances ao pintar em camadas tão dissolvidas que mais pareciam aquarelas", exemplifica Pomarede. Saber disso é uma advertência para qualquer restaurador: "É necessário cuidado na hora de limpar áreas com camadas de tinta mais finas", conta Pomarede. Os novos recursos dos laboratórios especializados em restauro, porém, não dispensam a rotina, comum desde a década de 30, de radiografar pinturas e, ainda, fotografá-las com luzes infravermelha e ultravioleta - como esses raios têm comprimentos de onda diferentes, o resultado são imagens de diferentes aspectos da obra. "A radiografia mostra o estado do suporte, ou seja, a tela, madeira ou parede sobre a qual o artista pintou", explica Pomarede. "Não adianta restaurar a pintura em si, se o suporte está estragado."Na verdade, os aparelhos de raio X usados para examinar uma obra de arte são idênticos aos encontrados em qualquer hospital. Apenas, no caso, o raio X é regulado para ter uma penetração menor, já que a tela é bem mais fina do que o corpo humano: para compensar, o tempo de exposição do filme acaba sendo maior - enquanto uma radiografia de tórax leva dois décimos de segundo, a de uma pintura demora cerca de quinze segundos.

Conforme os danos acusados pelo raio X. o suporte pode ser tratado de várias maneiras. "Se uma tela está se rasgando, eu arrumo um tecido semelhante para remendar fio por fio com a ajuda de uma lupa", conta a restauradora Nilva Leda Calixto, que participou, há quatro anos da restauro do Teatro Municipal de São Paulo. O reconhecimento desse trabalho Ihe abriu as portas do Mosteiro de São Bento, no Centro Velho da cidade. Nilva foi a primeira mulher a entrar no claustro do mosteiro, desde sua fundação em 1598, para recuperar, ali, a capela abacial (Quadro). Segundo a restauradora, que trabalha há dezoito anos no ramo, quando o suporte é madeira, o conserto não é mais fácil: depois de aplicar injeções de fungicidas, para preservar o material, trocam-se as vigas nas áreas mais porosas. Nas restaurações antigas, essas vigas eram dispostas transversalmente, bem unidas entre si, a fim de evitar a dilatação e o encolhimento da madeira de acordo com a temperatura e a umidade ambiente. O problema é que, impedido de realizar esses pequenos movimentos, o próprio suporte acabava trincando. Hoje, para evitar que isso aconteça, os franceses chegam ao requinte de esculpir vigas com roldanas minúsculas, deixando o quadro em uma espécie de liberdade condicional - os movimentos da dilatação podem ocorrer à vontade, pois, graças às vigas móveis, não provocam rachaduras, o chamado efeito craquelê na camada de tinta."A camada de tinta nunca e elástica", esclarece Nilva. "Por isso é natural que vá se quebrando ao longo dos anos, primeiro em grandes pedaços que, aos poucos, se subdividem. O craquelê aliás, é uma pista da idade do quadro: quanto menores os caquinhos coloridos, é sinal de que aquela tinta foi sujeita, durante mais tempo, ao vaivém da dilatação do suporte." Em outro exame usado pelos restauradores, a luz infravermelha, captada por uma máquina fotográfica comum ou câmara de vídeo, evidencia as primeiras camadas de tinta de uma tela, que compõem muitas vezes pinturas diferentes, inteiramente recobertas. Já a fotografia com ultravioleta mostra as camadas de tinta sobre o verniz, que podem ser desde retoques realizados pelo próprio autor da obra até restaurações posteriores. O exame do Juízo final, de Michelangelo, por exemplo - o afresco de 160 metros quadrados, atrás do altar da Capela Sistina, no Vaticano -, aponta tantas restaurações, que foi preciso consultar especialistas em Renascimento para distinguir os traços originais do genial florentino. Não é à toa que essa parede foi deixada para o final da chamada restauração do século, a da Sistina, que só ficará pronta em três anos.Quando, em 1980, uma equipe chefiada pelo minucioso Gianluigi Colallucci, chefe do Laboratório de Restauração de Pintura dos Museus do Vaticano, passou a se debruçar sobre os afrescos da capela, foram consumidos seis meses apenas para radiografar e fotografar cada centímetro de pintura. Assim, descobriu-se entre outras coisas que Michelangelo não costumava repintar as pinceladas que não o agradavam. "Se o mestre cismava com o resultado de um de seus personagens, então arrancava tanto a pintura como a massa, para começar tudo de novo", explica Colallucci. Michelangelo agia desse modo porque jamais negligenciava a técnica, embora trabalhasse num ritmo alucinado, sob a impiedosa pressão do papa Júlio II, temeroso de não ver a obra terminada antes de sua morte. Quando a mistura de cal e areia usada no acabamento da parede começava a secar, o hidróxido de cálcio formado pela união dos dois elementos passava à superfície. Nesse momento, reagia com o gás carbônico do ar e formava uma crosta de carbonato de cálcio capaz de envolver as moléculas de pigmento e com isso, fixar melhor a pintura.Essas reações químicas, assim como todos os dados referentes ao estado da parede e da tinta, foram parar na memória de um computador, instalado ao alcance das minhas mãos", conta Colallucci, que trabalha sobre uma ponte rolante em lugar do tradicional andaime. Apesar de toda a pesquisa envolvida, a restauração da Sistina tem sido alvo de uma polêmica acirrada. Afinal, ao retirar a gordura misturada com fumaça, os materiais empregados em inúmeras restaurações anteriores e a umidade causada por infiltrações de água no teto, a equipe de Colallucci revelou uma obra caracterizada por tons vivos e marcantes, o que se opõe à idéia de que o autor teria coberto algumas cenas com um véu escuro, feito com uma grossa camada de cola castanha. Surpreendidos com o colorido da capela, alguns críticos alegam que Colallucci teria cometido o pecado de alterar a obra do imortal Michelangelo."A limpeza por si só causa uma sensação muito nova", reconhece o professor Gilson Pedro, do Scriptorium de História da Arte, em São Paulo, um dos mais conceituados locais de estudo sobre a trajetória da pintura. O verniz é o único componente de uma obra que se oxida, isto é, reage com o oxigênio da atmosfera. "À medida que isso acontece, formam-se substâncias que Ihe conferem o aspecto amarelado. Esse tom dá o ar nostálgico que algumas pessoas, como eu, gostam muito", diz o professor. "Mas nem por isso posso dizer que, ao retirar simplesmente o verniz velho e a sujeira, o restaurador esteja interferindo na pintura." Segundo Gilson Pedro, existem duas escolas de restauração. "A ilusionista, de origem francesa, defende que a pintura deve voltar a ter uma aparência de obra recente", conta. "Para isso, são feitas pesquisas de cores muito precisas, para se repintar algumas áreas." Já a escola italiana seguida por Colallucci, prega que a restauração deve apenas evitar a deterioração. "A filosofia é deixar que o espectador perceba as marcas do tempo, como as rachaduras."Seja qual for a escola, os restauradores atuais concordam que seu trabalho deve ser reversível. Além de usarem materiais que possam ser facilmente retirados, eles lançam mão de equipamentos capazes de prever o futuro. Pois um verniz que fica muito bem hoje, amanhã poderá reagir com a tinta e até destruí-la. O equipamento mais avançado na realização desse teste final está no Centro de Restauração de Düsseldorf, na Alemanha - trata-se do Wetherometer. "A máquina acelera o envelhecimento de uma pequena área da pintura, já restaurada, simulando calor, vento, umidade e a ação de gases destrutivos", explica o falante Heinz Althöfer, especialista em obras contemporâneas. Paradoxalmente, essas obras são as mais ameaçadas pelo poluído mundo moderno. O dióxido de enxofre que sai do escapamento dos carros, por exemplo, se combina com a água presente na atmosfera, transformando-se em ácido sulfúrico, que corrói a pintura. É por isso que a maioria dos museus possui condicionadores de ar, mantendo o ambiente seco. Segundo Althöfer, uma das características das obras contemporâneas é quase nunca serem envernizadas, o que as torna facilmente degradáveis. "Nesses casos, não quebramos a cabeça apenas do ponto de vista técnico", conta o restaurador, "mas também para entender por que um autor criaria uma obra prevendo a sua destruição."

Retratos do Brasil

Uma mão leva o cotonete, para umedecer com solvente uma pequena área da pintura, equivalente à face de um dado. Imediatamente, a outra mão alcança aquele mesmo ponto com um algodão molhado. Os dois gessos são inseparáveis: "Eu tenho de passar um líquido que anule o efeito do solvente. Ou este continuará agindo, até retirar a tinta" mostra a restauradora Nilva Calixto sem interromper seu trabalho na capela abacial do Mosteiro de São Bento, magistral amostra paulistana do estilo ensinado, no início do século, pela tradicional Escola de Arte Beuron, na Alemanha. Quando se tem equipamentos de alta tecnologia para descrever cada componente de uma pintura, é possível selecionar de antemão os materiais mais seguros para a limpeza.Os restauradores brasileiros, no entanto, não costumam contar com esse apoio. Sua única segurança é a cautela. Se essa qualidade não existe, o resultado são manchas irreversíveis - na pintura e na história da arte, como já aconteceu em importantes museus nacionais. "Primeiro, eu experimento o solvente mais fraco, na forma mais diluída possível. Aos poucos, vou aumentando sua concentração. Se, ainda assim, essa substância não retira a sujeira e o verniz velho, eu a troco por outro solvente, um pouco mais forte", descreve Nilva. Algumas vezes, a restauradora arranca a tinta de propósito: é o chamado teste da decapagem. Com um bisturi, ela retira lasquinhas de tinta, para verificar se existem pinturas recobertas por restaurações antigas - como, aliás, constatou em uma das paredes da capela abacial, pintada em 1921 pelo monge holandês Adelbert Grenicht.De acordo com o restaurador mineiro Antonio Fernando Batista Santos, as infiltrações em paredes são uma das maiores ameaças ao patrimônio histórico nacional. Santos é formado no mais antigo curso de pós-graduação em restauração no Brasil, criado há dez anos pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais. Há sete anos, ele trabalha na Fundação Pró-Memória, encarregada de preservar a obra dos artistas barrocos mineiros. "Tenho orgulho de ter participado, há dois anos, da restauração da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto", revela. Ali, as infiltrações no teto quase destruíram o forro, pintado sobre madeira, pelo mestre do barroco Manoel da Costa Athayde, no início do século passado. Pois a água literalmente lava os chamados aglutinantes, que ligam os pigmentos entre si e ainda colam a tinta na parede. Nesses casos, os restauradores pincelam adesivos para consolidar novamente a pintura. "Mas, se passássemos um pincel na obra de Athayde, a poeira de tinta voaria", lembra Santos. A solução foi aplicar as substâncias adesivas na forma de vapor para, depois, suavemente, pressionar cada pedacinho de mais de 270 metros quadrados de pintura. "O resultado é comparável às restaurações européias", garante Santos.

Imagem recuperada

A fita adesiva era a única ferramenta contra rasgos, enquanto o pano molhado se encarregava da limpeza - até 1983, as fotografias pertencentes aos acervos dos museus franceses não tinham qualquer tratamento especial. De lá para cá, porém, elas vêm sendo encaminhadas ao Ateliê de Restauração de Fotografias da Cidade de Paris, sob o comando Anne Cartier-Bresson, sobrinha do célebre fotógrafo francês Henri Cartier-Bresson. Anne é uma das primeiras restauradoras de fotografias da Europa: "A profissão só existe há dez anos", ela conta. "Nem sabemos ainda como restaurar fotografias em cores. Podemos retirar elementos externos que as destroem, como fungos, mas é só." O desconhecimento não se deve apenas ao pouco tempo de prática. Guardadas a sete chaves pelos fabricantes, as fórmulas dos filmes variam muito de acordo com sua sensibilidade.No ateliê, sete pessoas realizam cerca de 500 restaurações por ano, de fotos em preto-e-branco, de daguerreótipos e de outros tipos de imagens gravadas em vidro ou placas de metal. O primeiro passo do trabalho é examinar quais os componentes da foto, desde o tipo de papel até o do pigmento. Depois, são feitos testes de limpeza com substâncias simples como a água ou misturas complexas, elaboradas para cada caso. "Não arriscamos destruir a imagem. Antes de mais nada, aplicamos essas substancial numa área com o mesmo diâmetro de uma ponta de lápis", descreve Anne. Quando a foto está rasgada, a colagem é realizada milímetro por milímetro, com o auxílio de um microscópio.





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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Coca-cola é isso ai - Costumes


COLA-COLA É ISSO AÍ - Costumes



A ascensão irresistível da bebida, que surgiu há um século como remédio para a indisposição, conquistou o mundo como refrigerante e já foi consumida até no espaço

Faltava menos de um ano para que a Coca-Cola, a bebida mais famosa do mundo, completasse um século. No dia 23 de abril de 1985, a direção da empresa convocou uma entrevista à imprensa em Nova York para anunciar a mais de 200 jornalistas uma novidade sensacional: a Coca-Cola ia mudar de gosto. A decisão, explicou o presidente da companhia, Roberto C. Goizueta, fora tomada depois que mais de 200 000 testes com consumidores fiéis haviam revelado uma flagrante preferência por um novo sabor, mais doce, obtido pelos químicos da Coca-Cola. A empresa não tardaria a perceber que cometera um gravíssimo engano.
O simples anúncio da mudança começou a gerar protestos antes mesmo que a versão mais adocicada chegasse ao mercado. Em poucos dias, a companhia foi bombardeada por milhares de cartas de consumidores indignados. Ao contrário do que haviam indicado as pesquisas, o público na verdade execrava a inovação e exigia a volta da fórmula clássica. Assim, passados menos de três meses, a direção da Coca-Cola chamou novamente os jornalistas, desta vez para anunciar, num episódio inédito na história das grandes corporações, que voltara atrás e relançaria o produto tal qual era conhecido.
Não é difícil compreender a reação conservadora do público. Bebida apreciada por nove em cada dez americanos, segundo os números apresentados pelos fabricantes, a Coca-Cola é um símbolo tão característico dos Estados Unidos como a Estátua da Liberdade e a bandeira das listras e estrelas. Quando o governo de algum país quer fazer um desaforo a Washington, tem sido isso aí: rompe relações diplomáticas e proíbe a venda do refrigerante. Foi o que aconteceu em Cuba de Fidel Castro em 1960 e no Irã do aiatolá Khomeini em 1980. É um paradoxo: americana até o fundo do casco, a Coca-Cola no entanto derramou-se de tal modo por todo o planeta que perdeu a identidade nacional.Nenhuma outra bebida industrializada é tão consumida: existe em pelo menos 160 dos 168 países da Terra. Depois dos americanos, os canadenses, os italianos e os espanhóis são os principais apreciadores per capita, à frente dos alemães, mexicanos e brasileiros. Estima-se que a humanidade tome todo santo dia 1,3 bilhão de litros do refrigerante, um mundaréu de água equivalente a 688 piscinas olímpicas. Volume com o qual o químico americano John Styth Pemberton jamais ousaria sonhar, ao gastar 74 dólares em 1886 para conceber sua fórmula - até porque a Coca-Cola não se destinava originalmente ao consumo de massa.
No início, era apenas mais uma entre as incontáveis beberagens apregoadas nos Estados Unidos das últimas décadas do século passado como infalíveis remédios para uma série de mazelas do corpo e do espírito, como depressões nervosas, desânimo e indisposições variadas. A maioria era uma misturança de ervas e óleos vegetais, mas várias fórmulas continham também pequenas doses de substâncias já não tão inofensivas, como álcool, ópio e cocaína.
Farmacêutico e dono de drogaria em Atlanta, capital do Estado da Georgia, no sul do país, Pemberton (1831-1888) já havia inventado um tônico, a que dera o nome de French Wine Coca, à base de álcool e folhas de coca. O elixir era uma variante do então famoso vinho Mariani, inventado por um químico da Córsega e largamente apreciado na Europa. Como um ingrediente essencial, o vinho de Bordeaux, tornara-se muito caro nos Estados Unidos, Pemberton decidiu eliminá-lo da fórmula. Para que o tônico mantivesse as alegadas propriedades revigorantes, substituiu-o por uma substância que a América descobrira com os escravos trazidos da África e que se habituara a usar como antídoto contra a ressaca: o extrato da noz de cola, o fruto da Cola acuminata, árvore da família das esterculiáceas (como o cacaueiro), de origem sudanesa. Um grão vermelho, com teor de cafeína de 24%, contendo ainda teobromina, alcalóide diurético e vasodilatador, a noz era mascada pelos nativos africanos para combater a fome e o cansaço, a exemplo do que os índios dos Andes fazem com as folhas da coca.
A combinação entre a coca e a cola, porém, dava à bebida um gosto amargo, que precisava ser disfarçado. Meses a fio, instalado em seu laboratório, Pemberton dedicou-se como um alquimista medieval a misturar dúzias de ingredientes em um xarope de cor escura e gosto agradável. Seu sócio e guarda-livros, Frank Robinson, foi quem se saiu com um nome sonoro, de fácil memorização, para o produto: Coca-Cola. Com sua caligrafia floreada, o mesmo Robinson desenhou aquela que viria a ser a inconfundível marca da bebida, patenteada em 1893. O passo seguinte foi anunciá-la como um novo medicamento capaz de suprimir a fadiga, facilitar a digestão, revigorar nervos extenuados, curar dores de cabeça, insônia, nevralgia, histeria e melancolia - tudo isso por 5 cents o copo. Como o capitalismo na época era risonho e franco, sem leis de defesa do consumidor nem castigos para a publicidade enganosa, essa milagreira Coca-Cola passou a ser vendida livremente em pequenos frascos cujos rótulos a descreviam como "deliciosa, refrescante, estimulante e revigorante!"
Estavam na moda então as soda-fountains, as ancestrais das máquinas de refrigerantes das lanchonetes de hoje. Instaladas atrás de elegantes balcões de mármore à entrada de farmácias e drogarias, distribuíam refrescos à base de água gaseificada e xarope de frutas ou de ervas. Diz a lenda que a irresistível ascensão da Coca-Cola começou numa dessas farmácias - por puro acaso. Certo dia, um cliente acometido de enxaqueca entrou na drogaria Jacob´s, em Atlanta, para comprar um frasco de Coca-Cola, com o qual esperava aliviar a dor. Decidindo tomar uma dose ali mesmo, pediu ao farmacêutico para diluir o remédio. Mr. Jacob teve a idéia de misturar o xarope à água gasosa, em vez de usar água de torneira. O freguês sentiu-se recuperado na hora, com certeza mais pelo paladar agradável da nova bebida do que por suas supostas virtudes medicinais.
Seja como for, o episódio passou de boca em boca e em pouco tempo a Coca-Cola gasosa tornou-se procurada, sendo vendida em todas as drogarias. A marca, porém, não ficaria muito tempo nas mãos de Pemberton. Cinco anos depois de inventar a.fórmula mágica, ele a vendeu a outro farmacêutico de Atlanta, Asa Griggs Candler, que se encarregaria de instalar fábricas do xarope em outras cidades. (Em 1893 surgiu a Pepsi, que hoje detém 26% do mercado americano de refrigerantes, três pontos abaixo da Coca-Cola.) Na virada do século, Candler inaugurou a prática inteligente de vender o xarope a terceiros, que fabricariam, engarrafariam e distribuiriam a bebida sob licença da Coca-Cola Company. A empresa mudaria de mãos mais uma vez, em 1919, ao ser comprada por 25 milhões de dólares pelo empresário Ernest Woodruff. Seu filho Robert iria dirigir a companhia de 1923 a 1955.Pouco a pouco, o caráter medicinal da bebida foi deixado de lado e sua publicidade conservou apenas o slogan "deliciosa e refrescante", que a acompanharia durante muitos anos. (A expressão mais famosa, "a pausa que refresca", data de 1929.) À medida que a Coca-Cola passou a ser consumida como simples refrigerante, a cocaína foi eliminada de sua composição. Em 1906, quando o Food and Drug Act entrou em vigor nos Estados Unidos, regulamentando severamente a adição em produtos alimentares e farmacêuticos de substâncias consideradas perigosas à saúde, todos os traços da droga já haviam sido suprimidos da bebida. Atualmente, a única companhia americana autorizada oficialmente a importar folhas de coca é um laboratório comercial, que extrai os alcalóides para a indústria farmacêutica e vende os resíduos da planta à Coca-Cola, que os utiliza para efeito aromatizante.Se é sabido que a Coca-Cola não contém cocaína, não se sabe até hoje precisamente o que ela contém. Sua fórmula, referida também pelo código "7 X", como num romance policial, é um dos segredos comerciais mais bem guardados do mundo. Inúmeras análises químicas já tentaram decifrá-lo, em vão. Naturalmente, os principais componentes são de domínio público, até por exigência do FDA, o órgão que controla os produtos alimentícios e medicinais nos Estados Unidos para garantir que as substâncias vendidas legalmente no país não façam mal.Sabe-se, por isso, que além de água gasosa e açúcar a fórmula contém cafeína, noz de cola, folhas de coca descocainizadas, baunilha, caramelo, limão verde, noz-moscada, canela e ácido fosfórico, mas não se conhecem as proporções desses ingredientes, nem os vários outros temperos adicionados em doses mínimas, aos quais a bebida deve seu sabor peculiar. "É exatamente como um bom perfume: pode-se imitá-lo, mas apenas o laboratório que concebeu sua fórmula é capaz de produzi-lo à perfeição", costumava explicar o proprietário Robert Woodruff. "Um bom conhecedor pode identificar com precisão grande parte de seus componentes, mas é impossível definir sua dosagem, seu fixador e outros detalhes fundamentais."Durante muitos anos, a receita secreta era transmitida oralmente apenas para um punhado de químicos e diretores da companhia. Nenhuma nota escrita era autorizada. As etiquetas dos recipientes que continham os ingredientes eram retiradas logo depois da entrega. A partir daí eles só eram identificados pelo cheiro e por seu lugar nas prateleiras. O único documento que descreve toda a receita do sucesso é mantido a sete chaves num cofre na sede da companhia em Atlanta. A Coca-Cola tanto acredita que o segredo é a alma do negócio que em 1977 preferiu renunciar ao imenso mercado representado pelos 800 milhões de habitantes da Índia, a revelar a fórmula da bebida, como queria o governo hindu para permitir a instalação da empresa.
Além da fórmula e do logotipo, a terceira principal característica da Coca-Cola é a garrafa. No começo do século, quando se difundiu a praxe do licenciamento a terceiros para a fabricação da bebida a partir do xarope fornecido pela companhia de Atlanta, não havia um modelo único de garrafa, podendo cada distribuidor utilizar os vasilhames que quisesse. Isso, naturalmente, dificultava a identificação da verdadeira bebida entre as muitas Kolas, Colas e até Nolas que pipocavam por toda parte. As campanhas publicitárias martelavam sempre: "Exija a Coca-Cola genuína. Recuse as imitações".
Levaria ainda muito tempo até se perceber que seria muito mais fácil combater os imitadores com uma embalagem padrão, de características inconfundíveis. Só em 1916, quando já existiam 153 marcas impostoras disputando o mercado com a real thing, como a chamava a publicidade, o advogado da empresa, Harold Hirsh, propôs a criação de um modelo único de garrafa. Uma concorrência foi então aberta entre os produtores de embalagens de vidro. Um deles era a Root Glass Company, de Indiana. Seu diretor, Alex Samuelson, apostou na idéia de um design capaz de ser diretamente relacionado pelo consumidor com os ingredientes que davam nome à bebida: a noz de cola e a folha de coca.Não tendo porém a menor idéia do aspecto dessas plantas, Samuelson mandou um assistente fazer uma pesquisa numa biblioteca. Este, que tampouco entendia coisa alguma de Botânica, enganou-se: em vez de trazer uma ilustração da planta da coca, trouxe o desenho de um cacau. Samuelson, naturalmente, não percebeu o erro; ao contrário. achou que a forma do cacau era extremamente adequada para inspirar uma embalagem. E foi assim que acabou nascendo a garrafa que o mundo aprenderia a identificar num piscar de olhos, bojuda no meio, alongada no gargalo e recortada em gomos. Houve até quem a comparasse às curvas sensuais da pin-up americana Mae West.
Apenas a partir de 1923, contudo, quando Robert Woodruff assumiu a presidência da empresa, a Coca-Cola decolaria para valer. Sob a direção de Woodruff, uma política comercial e publicitária extremamente dinâmica projetou a bebida internacionalmente. Desde o começo, Woodruff centrou sua estratégia na distribuição do produto e no reforço de sua imagem junto ao público. Assim que assumiu, criou as primeiras embalagens de papelão para seis garrafas (as famosas six pack), a bordo das quais a bebida adentraria em massa as casas americanas. Outra idéia revolucionária de Woodruff, esta de 1930, foram as geladeiras vermelhas para conservar o refrigerante nos pontos-de-venda, uma das quais viria a ser concebida pelo designer Raymond Loewy. Uma grande sacada, em 1933, foram os distribuidores automáticos de copos de Coca-Cola, que permitiriam à bebida estar presente, sempre gelada, em fábricas, escritórios, estádios, clubes, cinemas etc.
A conquista do mundo, porém, começou com a Segunda Guerra Mundial. Graças à antiga amizade de Woodruff com o general Dwight D. Eisenhower, comandante-em-chefe das Forças Armadas dos Estados Unidos. a empresa colheu em Washington uma autorização excepcional para importar todo o açúcar de que necessitasse, um artigo que o conflito tornara escasso e sujeito a racionamento. Isso representou uma vantagem incalculável, já que a concorrência não foi beneficiada pelo mesmo privilégio. Woodruff conseguiu a concessão seduzindo Eisenhower com a promessa de que todo soldado americano, onde quer que estivesse, poderia comprar uma garrafa de Coca-Cola por 5 cents, pelo tempo que durasse a guerra.A manobra de Woodruff permitiu-lhe ainda embarcar gratuitamente nos navios de transporte militar a maior parte das instalações de engarrafamento que a empresa montaria na Europa. Nada menos de 64 fábricas foram assim enviadas além-mar. Depois da vitória, elas permaneceram onde estavam e as populações civis substituíram a clientela militar. A partir de então, a Coca-Cola seria lançada sucessivamente em quase todos os países do mundo, incluindo a China e a União Soviética, enquanto a empresa criaria uma série de outros produtos aparentados, como a Fanta e a Cherry Coke, e ainda a Diet Coke.
Em 1985, acondicionada numa embalagem especial, ela atravessou as fronteiras do planeta a bordo do ônibus espacial Discovery, tornando-se assim o primeiro refrigerante a ser consumido no espaço. Hoje a empresa é responsável pela produção de pouco mais de 1/3 de todas as bebidas não alcoólicas consumidas no mundo, tendo faturado em 1989 quase 9 bilhões de dólares. Um sucesso que talvez tenha sido explicado melhor do que ninguém pelo falecido artista plástico americano Andy Warhol, por sinal um de seus maiores fãs: "Todo mundo bebe Coca-Cola, do garçom do bar ao presidente dos Estados Unidos, passando por você e por Elizabeth Taylor. E não há fortuna no mundo capaz de comprar uma Coca melhor do que aquela que você bebe".

É isso aqui

Em números absolutos, o Brasil é o terceiro consumidor mundial de Coca-Cola, abaixo apenas dos Estados Unidos e do México. Estima-e que em 1990 os brasileiros beberam perto de 2,6 bilhões de litros do refrigerante, o que daria algo como 17 litros para cada homem, mulher, velho e criança. É um gosto duradouro. O país foi apresentado à Coca-Cola numa época de intenso namoro com os Estados Unidos, no curso da Segunda Guerra Mundial. Para combater a influência alemã, Washington construiu uma estratégia de aproximação com o Brasil, a famosa Política de Boa Vizinhança. Dela descenderiam em linha direta os requebros de Carmen Miranda em Hollywood e as malandragens do Zé Carioca nos quadrinhos Disney - e também, em última análise, os dólares para a usina de Volta Redonda e os tiros dos pracinhas no front italiano.
As primeiras Coca-Colas made in Brazil, nas clássicas garrafinhas de 185 ml, apareceram em abril de 1942, distribuídas por uma fábrica inaugurada um mês antes no bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Logo de saída venderam-se 1 843 caixas. Em junho de 1943 foi instalada uma filial em São Paulo. Mas o decreto autorizando a Coca-Cola Company a funcionar no Brasil só seria assinado no ano seguinte pelo presidente Getúlio Vargas - que por sinal dispensou a empresa de revelar o segredo do refrigerante. De todo modo, a companhia informa ter fornecido às autoridades amostras para análises físicas, químicas e microbiológicas, além de cumprir os padrões que definem os aditivos permitidos e proibidos em alimentos e bebidas.Segundo a empresa, só alguns ingredientes do refrigerante são importados. A Coca-Cola assegura que a bebida é a mesma em qualquer parte do mundo: tem 88% de água, 9,976% de açúcar, 2% de gás carbônico e 0,024% do tal xarope que é a alma do negócio. Se a Coca brasileira parece algo mais doce, isso se deveria a variações da matéria-prima empregada como edulcorante. No Brasil, como na maioria dos países, utiliza-se o açúcar de cana.





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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Parceiros no Espaço - Satélites


PARCEIROS NO ESPAÇO - Satélites



Descobrir queimadas na Amazônia ou fazer previsão do tempo são previsões mais que conhecidas das imagens obtidas pelos satélites. Mas esse enorme banco de dados pode também ajudar a fiscalização do uso de crédito agrícola ou da expansão planejada de cidades. Uma amostra do uso que se pode fazer dessa imagens, na execução de trabalhos em terra, é apresentada a seguir em seis projetos desenvolvidos no Instituto de Pesquisas Espaciais, em São José dos Campos, SP

Em 23 agências do Banco do Brasil espalhadas por cinco Estados, os agricultores que entram à procura de financiamento para sua plantação deparam com uma estranha fotografia. Um atendente do banco Ihes mostra uma imagem feita pelo satélite Landsat cobrindo todas as fazendas da região, e cada um deve saber localizar a sua na foto. Se o agricultor pede dinheiro para plantar 100 hectares de soja, o funcionário do banco tem condições de calcular imediatamente, com uma régua especial, o tamanho da área indicada e conferir se ali há mesmo 100 hectares. Esse é só o primeiro passo do projeto Fiscalização de Propriedades Agrícolas por Satélite (Fisate), desenvolvido em convênio pelo Inpe e pelo Banco do Brasil para acompanhar a aplicação de créditos rurais.Tendo nas mãos os dados do satélite e os fornecidos pelos fazendeiros, uma equipe de quatro agrônomos do banco, supervisionada pelo Inpe, elabora um mapa no qual está indicado o que cada fazendeiro vai plantar, onde e em qual área. Alguns meses mais tarde, um pouco antes da colheita, quando a plantação estiver crescida, são analisadas novas imagens do Landsat da região cadastrada. É um jogo contra o tempo e a sorte - o período ideal para a plantação ser fotografada é de cerca de 45 dias, e, como o satélite passa por lá a cada dezesseis dias, há no máximo três chances de se obterem imagens. Se por muito azar chover nesses três dias, ou a região estiver coberta de nuvens, "cegando" o satélite, a fiscalização pode ir por água abaixo. Porém, se o tempo estiver bom, basta uma fotografia para revelar quais os fazendeiros que realmente plantaram o que prometeram com o dinheiro do banco.Isso é possível porque, pela foto do satélite, percebe-se a diferença entre uma área onde existe uma plantação desenvolvida e outra onde só há vegetação rasteira ou solo exposto. A fiscalização é simples e imediata - basta juntar o mapa que indica quais as áreas em que os fazendeiros prometeram plantar e a foto que mostra onde as plantas cresceram, processo feito num aparelho que sobrepõe imagens. Se um fazendeiro cultivou apenas metade do terreno prometido, o agrônomo do banco sabe disso apenas por olhar as imagens sobrepostas. Pode, então, mandar um fiscal até a propriedade para descobrir por que toda a área não foi plantada - e até se o dinheiro não foi desviado para outros fins.Por esse projeto, desenvolvido desde 1983 e colocado em prática desde 1986, os quatro agrônomos do banco conseguem fiscalizar até 1000 contratos de crédito agrícola por dia, de um total de 15 000 contratos por safra. Antes dele, esse trabalho tinha que ser executado no campo, com fiscais batendo de porteira em porteira atrás de informações sobre a produção da safra. "Com o Fisate criamos um método simples e impessoal de fiscalização", diz Valdete Duarte, pesquisador do Inpe e coordenador do projeto. "Sem sair do Inpe, podem-se fiscalizar lavouras no Rio Grande do Sul ou em Minas Gerais, independente de informações às vezes erradas dadas pelos próprios fazendeiros ou de intrigas de vizinhos encrenqueiros."A parceria entre o Banco do Brasil e o Inpe para aperfeiçoar a fiscalização de crédito agrícola pretende ir além da medição da área plantada. Paralelo ao Fisate corre o Projeto Estima (Estimativa de Produtividade Agrícola), tocado pelo agrônomo e pesquisador Maurício Alves Moreira. Assim que estiver concluído, o Estima vai permitir calcular, a partir de dados enviados por satélites, a produtividade de determinadas plantações - ou quantas toneladas serão colhidas por hectare. Saber o rendimento exato da colheita é fundamental para o banco: se o fazendeiro tiver algum problema na plantação e ocorrer quebra de safra, o prejuízo é coberto por um seguro. o Proagro, sustentado pelos cofres do governo.Porém, se por esperteza em excesso o fazendeiro mentir sobre a quebra da safra e conseguir ludibriar a fiscalização, lucrará duas vezes sobre o mesmo produto, vendendo sua colheita e recebendo ao mesmo tempo o seguro pelo prejuízo que não houve. É justamente isso que o banco quer evitar. Complementando o Fisate, que calcula em quantos hectares um fazendeiro plantou soja, o Estima dirá aproximadamente quantas toneladas de grãos ele vai colher. Mas até se chegar a esse cálculo o caminho é longo e complicado. Começa pela captação que o satélite Landsat faz da energia do Sol refletida pelas plantas, a chamada reflectância. Essa energia refletida aparece no espectro visível (as cores vistas pelos olhos humanos) e no infravermelho.A reflectância está diretamente relacionada com a área folhear, ou a quantidade de folhas que tem uma planta: quanto mais folhas, maior o índice de reflectância, e maior resposta se terá na região espectral do infravermelho próximo (logo abaixo do vermelho). Em tese, uma planta com maior área folhear é mais produtiva. Portanto, uma plantação com alta resposta no infravermelho próximo tem maior produtividade. Só que isso ainda não é suficiente para calcular quantas toneladas se colherão em determinada cultura. É preciso fazer a relação entre os números: saber a quantas toneladas de soja ou trigo corresponde uma determinada resposta no infravermelho captada pelo satélite. Isso só pode ser feito por pesquisar de campo, medindo-se o índice de reflectância com um radiômetro, um aparelho que capta dados como um satélite a 10 metros do solo, e comparando o índice com a produtividade da safra.Por enquanto, atendendo à necessidade do Banco do Brasil, o trabalho é feito apenas com lavouras de soja, trigo e cana-de-açúcar. É no estágio de definição de parâmetros que está o Estima atualmente. "Nosso trabalho é tentar estabelecer uma equação que permita calcular imediatamente, a partir do índice de resposta de radiação infravermelha captada pelo satélite, a produtividade de uma plantação", diz o pesquisador Maurício Alves Moreira. Quando isso for possível, ele pretende trocar o Landsat, que manda imagens a cada dezesseis dias de pedaços do Brasil, pelo satélite NOAA, esse com imagens diárias que mostram a América do Sul inteira numa foto. Em pesquisa para mais de dez anos, Moreira imagina colocar uma imagem dessas no computador e saber, com apenas um clique sobre determinado ponto, quantas toneladas uma plantação vai produzir.Nem insetos tão pequenos quanto cupins conseguem se esconder completamente dos olhos vigilantes de um satélite a 800 quilômetros de altitude. É claro que o Landsat não capta o bicho em si mas seu rastro. Por essas marcas, o agrônomo e pesquisador em sensoriamento remoto Antonio Tebaldi Tardin pôde acompanhar e medir o tamanho do estrago que os cupins causam na região de Floresta Amazônica do Parque Nacional do Xingu. A presença dos insetos na mata sempre foi normal, mas grandes quantidades deles a devastar determinada área caracteriza uma anomalia. Os primeiros alertas surgiram quando pesquisadores compararam fotografias feitas por aviões da Força Aérea americana, nas décadas de 40 e 60, com imagens de satélite captadas em meados da década de 80. Percebeu-se que algumas manchas nas fofos, correspondentes a alterações na cobertura vegetal da floresta, estavam crescendo.Como os dados do satélite revelam mudanças mas não explicam sozinhas por que ocorreram, a equipe pôs-se a campo e descobriu que as manchas crescentes eram provocadas pela ação de cupins. Em bandos, os cupins atacavam, devoravam e derrubavam árvores inteiras. A hipótese de Tardin para explicar a superpopulação de cupins é a presença do homem na região. Por causa de desmatamentos para instalação de projetos agropecuários, haveria afastamento dos pássaros, predadores dos cupins em determinada época da vida dos insetos. Numa área estudada de 12 000 quilômetros quadrados, equivalente a metade do Estado de Sergipe, o apetite dos cupins chegou a derrubar mais de 6% da mata.Cupins gostam de madeira dura, por isso comem o cerne do tronco de árvores mais velhas. Quando essas vão ao chão, deixam expostas as árvores mais novas, que têm maior atividade biológica - mais vida -, justamente por estarem em crescimento. O fervilhar de vida reflete mais radiação infravermelha da Terra para o céu e, quando captado pelo satélite previamente programado para isso, aparece na fotografia em tons mais claros. Somente pelo olhar já é possível, para quem entender o simples código das cores da foto, detectar quais são as regiões onde a vegetação está sendo afetada.Depois de pronto esse levantamento, em fins de 1986, os dados recolhidos viraram um relatório, que nunca teve aplicação prática, por falta de quem o utilizasse. Para o pesquisador Tardin, o trabalho de detectar o problema o Inpe já fez; era preciso que entidades atuantes em pesquisa científica na Amazônia estudassem a ação devastadora dos cupins, no mínimo para saber por que acontece. "Os cupins atacam árvores de grande porte e de maior valor comercial" diz Tardin. "Embora aquela não seja uma região de exploração de madeira, há o receio de que os cupins ataquem também em áreas de madeiras nobres ou onde se viva do extrativismo, casos da seringueira e castanheira", explica. A já séria questão da alteração da cobertura vegetal primitiva da floresta, e até do equilíbrio entre a população de bichos que a habita, passaria também a ser um problema econômico.O crescimento desordenado de qualquer cidade traz pilhas de problemas a longo prazo. Ora desmorona um barranco carregando para baixo uma favela, ora acontecem enchentes à menor chuva, ora contaminam-se fontes de água limpa. Para evitar que transtornos como esses possam ocorrer na região paulista do Vale do Paraíba, um projeto conjunto está sendo desenvolvido pelo Inpe e pelo Consórcio de Desenvolvimento Integrado do Vale do Paraíba. É o Mavale, que faz o macrozoneamento de todo o Vale e do litoral norte paulista, com o objetivo de fornecer dados às prefeituras para que planejem para onde suas cidades vão crescer. Cerca de 1,7 milhão de habitantes de quarenta cidades serão de alguma forma beneficiados pelo projeto, que abrange uma área de 18 000 quilômetros quadrados.Por meio de imagens dos satélites Landsat e SPOT, várias equipes de pesquisadores trabalham sob o comando de Mario Valério Filho, do Inpe, desde novembro de 1989. Colhidas as fotos enviadas pelos satélites, foram elaborados mapas representando aspectos físicos da região, como topografia, características do solo, localização das águas subterrâneas ou definição das áreas urbanas. A fase agora é de integração de todos esses mapas e dados, para que se elabore uma base de informações pela qual os homens que governam as cidades possam planejar antes de expandi-las. Um dos mapas montados é o de Aptidão Agrícola das Terras. Juntaram-se informações tais como características físico-químicas e morfológicas do solo e chegou-se à escolha de terras que podem ser usadas para a agricultura. Sobre esses dados pode-se jogar o mapa que indica áreas de proteção ambientar para saber em que terras não se pode mexer.Esse mesmo mapa de proteção ambiental, quando relacionado com o que indica a vocação das terras, permite descobrir quais podem ser exploradas com o controle da lei e os locais onde não se deve desmatar nem plantar determinadas espécies. O mesmo princípio é aplicado à expansão urbana. Feito o levantamento de áreas sujeitas a inundações ou de solo erodível, evita-se a construção de casas nesses locais, para que depois não vivam debaixo d´água nem despenquem morro abaixo em qualquer chuva - ocasiões em que a natureza leva a culpa. Outro sério problema do Vale, a escassez de água para abastecimento urbano, é possível ser contornado do espaço pelos satélites.Noventa por cento da água consumida nas cidades vêm do poluído Rio Paraíba do Sul. Um jeito de conseguir água limpa é construir poços artesianos. Pois um mapa de localização de áreas potenciais para explorar águas subterrâneas indica os melhores lugares para abrir poços, além de precisar os locais onde essa água é captada, para preservá-los. "A finalidade básica do projeto é fornecer subsídios para a exploração racional do Vale, e mostrar a eficácia do sensoriamento remoto em projetos desenvolvidos para a comunidade", define Mario Valério Filho.Preocupada com a proliferação de doenças transmitidas principalmente por insetos nos países do Terceiro Mundo, a Organização Mundial de Saúde resolveu atacá-los pelas vias espaciais. No ano passado, a OMS promoveu um congresso nos Estados Unidos para discutir como as tecnologias espaciais podem ajudar a localizar vetores de doenças. Um estudo desses já foi realizado por ingleses, que procuraram localizar na África Central rastros da mosca tsê-tsé, transmissora da doença do sono. Pelas imagens dos satélites, eles detectam onde estão cursos d´água, vegetação típica e variação de climas propícios à eclosão de insetos. Também na África, uma equipe francesa monitora o nível dos rios à procura de focos de enchentes, que costumam favorecer o aparecimento de uma doença chamada cegueira do rio.Nos Estados Unidos, a NASA se preocupa em acompanhar novas plantações de arroz, pois, como a cultura é muito irrigada, a incidência de malária cresce devido ao acúmulo de água. Para o Brasil, um estudo desse tipo, indo atrás dos possíveis focos de malária por meio de satélite, seria muito útil na Amazônia, uma região de difícil acesso e de grande incidência da doença. "Há uma relação entre degradação ambientar e ocorrência de malária", acredita Roberto Pereira da Cunha, coordenador de Relações Institucionais do Inpe e especialista em sensoriamento remoto. Ele sustenta sua tese com o exemplo de Rondônia, o Estado com mais casos de malária, e também o mais degradado por garimpos e desmatamentos.Com as imagens de satélites, vendo-se a fechada mata amazônica de cima é possível mapear a ocupação humana, a degradação ambientar e a existência de água em lagoas, poças ou áreas alaga-das, onde o mosquito transmissor da malária adora viver. Então se saberia quais os lugares mais propícios à proliferação da doença. Um dos vetores de propagação a serem estudados é o próprio homem. Por causa da mineração, há uma grande atividade migratória, com garimpeiros circulando sempre atrás dos melhores veios, levando aqueles contaminados a possibilidade de transmitir a doença por onde passam. O sensoriamento remoto funcionaria como fonte primária de dados, que depois, na mão de especialistas em doenças infecciosas, precisariam ser estudados e cruzados com outras informações para se ter inteiro o processo de proliferação da doença.A defecção de vetores de doenças por satélite é, por enquanto, uma idéia à procura de um executor. Já houve interesse demonstrado pela Universidade de Brasília, pela Fundação Oswaldo Cruz e pela própria OMS para o desenvolvimento de um projeto conjunto com o Inpe, que talvez decole ainda este ano. As informações reunidas por uma pesquisa desse porte, unindo sensoriamento remoto a especialistas em terra, poderiam servir de subsídio a órgãos como a Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (Sucam) para planejar estratégias de controle e prevenção da malária.A primeira idéia do agrônomo Vitor Celso de Carvalho e seu aluno Ademir Fernando Morelli era tentar descobrir, via satélite, por onde andam as saúvas nas pastagens brasileiras. Elas são um dos sinais de que aquele terreno em que o gado se alimenta já dá sinais de degradação, e agravam ainda mais o problema. Mas como é muito difícil achar o rastro da saúva pelo satélite, a dupla resolveu estudar e mapear primeiro todas as causas da degradação de pastagens pelo país, começando pelo Pontal do Paranapanema, a área de fronteira entre São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul. Esse local possibilita uma bela amostragem, por conter pastagens de todo tipo, sejam boas, ruins ou degradadas. Em fase de coleta de dados, o projeto utilizará imagens do satélite SPOT, de resolução maior que o Landsat, e com uma característica que os pesquisadores pretendem explorar - as imagens oblíquas.Quando programado, o SPOT pode virar suas lentes sobre determinado ponto, mesmo que já tenha passado sobre ele, e em vez de captar a imagem na vertical mostra-a de lado. "Isso dá outra riqueza nas imagens em relação à cobertura vegetal e às pastagens, e talvez nos permita obter dados mais precisos", afirma Vitor Celso de Carvalho. Ao mesmo tempo em que se captam imagens, vai-se a campo colher as informações sobre as pastagens para que depois se estabeleça a relação entre elas. "Por meio da resposta da vegetação observada pelo satélite, tenta-se estabelecer uma chave de identificação - uma determinada resposta na imagem vertical e outra na imagem oblíqua corresponderia a uma certa situação verificada no campo", explica Carvalho.Vários motivos podem causar estragos numa área de pastagens. Erosão, mau uso do solo, superpastoreio (excesso de gado em pouco espaço) são alguns deles. A saúva, quando aparece, vem como sintoma de que a pastagem sofre e acaba de estragar a vegetação, provocando prejuízos ainda maiores. O primeiro estágio do projeto, a defecção de pastagens com problemas e a possível identificação de motivos, pode evoluir futuramente para a idéia original de mapear a saúva pelo país, para que se possa controlá-la, antes que vire praga. É um trabalho apenas acadêmico, a tese de mestrado de Ademir Morelli, mas quando concluído, poderia ter uma ampla utilização prática. Ao proprietário de grandes pastagens, e às grandes fazendas exploradas por empresas multinacionais na Amazônia ou no Pantanal, bastaria uma imagem de satélite para detectar problemas em seus domínios.Assim, se é dono de uma quantidade de terra a perder de vista, o fazendeiro pode ter um monitoramento contínuo via satélite e descobrir um problema logo que a vegetação da pastagem comece a se degradar. Isso permitiria tomar decisões para combatê-lo de forma mais rápida, precisa e econômica. Para um órgão governamental como o IBGE, seria uma boa forma de obter dados rápidos e precisos sobre a quantidade de terras destinadas a pastagens, ou mesmo tipos de pastagens e sua produção.





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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Vale-tudo contra a Malária - Medicina


VALE-TUDO CONTRA A MALÁRIA - Medicina



Diante de uma doença que ameaça 1/3 da população mundial, pesquisadores percorrem todos os caminhos em busca do remédio definitivo - a vacina. É um esforço à altura do desafio

Há cerca de dez anos, centros de pesquisa, laboratórios e exames de cientistas em vários países decidiram voltar novamente suas atenções para uma doença que se acreditava vencida desde os anos 50: a malária. Também chamada maleita ou paludismo, ela é transmitida por um mosquito que transporta os parasitas causadores do mal de uma pessoa a outra, infectando-a e provocando, entre outros sintomas, acessos de febre que se repetem a cada dois ou três dias. Conhecida desde os tempos mais remotos - o médico grego Hipócrates, 500 anos antes da era cristã, já descrevera os diversos tipos da febre palustre - a malária fez incontáveis milhões de vítimas até a primeira metade deste século, quando rigorosas medidas sanitárias começaram a reduzir o ritmo de propagação da doença.Os motivos para a nova corrida às pesquisas são inequívocos e assustadores. De um lado, um dos quatro parasitas causadores da moléstia, o Plasmodium falciparum, justamente o que acarreta a forma mais grave, que pode levar à morte, desenvolveu insuspeitada resistência à nivaquina, substância que até então apresentava ótimos resultados no combate à doença. (Os outros três parasitas, Plasmodium vivax, malariae e ovale, este último mais raro, são responsáveis por versões benignas, também menos preocupantes em relação ao número de casos constatados). De outro lado, o próprio vetor da malária, o mosquito anófele, abundante em regiões tropicais, a bordo do qual viajam os parasitas, tornou-se resistente ao inseticida DDT.Junte-se a isso o quadro desolador em matéria de saneamento na grande maioria dos países onde a malária costuma atacar e ainda o desflorestamento caótico, como é tipicamente o caso associado à instalação de garimpeiros no Estado de Roraima, no extremo Norte do país. O resultado dessa coleção de desastres aparece com todos os números nos relatórios da Organização Mundial de Saúde (OMS). A entidade estima que um terço da população do planeta, algo como 1,67 bilhão de pessoas, está exposto à doença e que o número de pessoas já contaminadas é da ordem de 100 milhões. Os países mais atingidos pelo novo surto são os centro-africanos, mais Sri-Lanka. Afeganistão, Vietnã e Camboja, na Ásia; Irã, Iêmen e Iraque, no Oriente Médio; Colômbia, Venezuela, Peru, Guiana, Guiana Francesa, Suriname e ainda o Brasil, na América do Sul.A Amazônia , sozinha, é responsável pela metade do milhão de casos registrados em 1987 no continente. Em 1974, o número total nas Américas mal alcançava 270 000. Indícios de que a doença continua a se propagar com renovada rapidez na região amazônica surgem a cada levantamento. Estima-se que em 1989 nada menos de 6 000 brasileiros morreram de malária. "A malária representa uma das doenças infecciosas mais importantes do mundo", atesta o professor Luís Hildebrando Pereira da Silva, chefe da Universidade de Parasitologia Experimental do Instituto Pasteur de Paris - e não há razão para supor que ele exagera.Um dos maiores especialistas no assunto, ao lado de dois outros brasileiros, o casal Vitor e Ruth Nussenzweig , da Universidade de Nova York, o paulista Luís Hildebrando, 61 anos, mora na França desde 1962, quando se doutorou ali em Biologia Molecular. Tempos mais tarde, instalou-se na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. No entanto, o sufoco nas universidades brasileiras durante o regime militar obrigou-o a voltar ao Instituto Pasteur. Tendo dedicado os últimos dez anos de trabalho à descoberta de uma vacina contra o paludismo, em cooperação com pesquisadores de outros organismos internacionais, entre eles a Universidade de São Paulo, Hildebrando prevê que "até o final do século teremos uma vacina eficaz contra a doença".Esse prazo pode ser ainda maior. Para a pesquisadora francesa Dominique Mazier, do Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica (INSERM), e do Departamento de Parasitologia do Hospital Pitié-Salpetrière, em Paris, "se é impensável esperar uma vacina para já, um resultado dentro de dez anos é apenas provável", avalia. "Hoje só temos vacinas contra vírus (como o da poliomielite), organismos muito menores e mais simples. Já o causador da malária é um parasita, ser infinitamente mais complexo. Se compararmos o vírus a um punho fechado, o parasita teria o tamanho de uma sala. Pode-se imaginar o que essa diferença implica."Típica de zonas tropicais, a malária migrou até a Europa, particularmente à Itália, onde durante a Segunda Guerra Mundial infligiu baixas em número alarmante. Pouco depois, foi ordenada a drenagem de todos os pântanos - o ambiente preferido pelo anófele para se reproduzir - que circundavam a cidade de Roma. Seguiram-se rigorosas medidas de saneamento para eliminar o mosquito de uma vez por todas do continente europeu. Há pouco tempo, porém, mais de trinta casos da chamada "malária de aeroporto" foram registrados na França e na Suíça. Como o nome indica, trata-se da contaminação provocada pelos mosquitos que alcançam a Europa a bordo dos aviões provenientes de países, sobretudo da África, onde a doença já ultrapassou qualquer limite aceitável.Quando a fêmea do mosquito anófele se alimenta do sangue de uma pessoa contaminada, está incluindo em sua refeição alguns gametócitos, formas sexuadas precursoras dos gamelas (o equivalente, nos parasitas, aos precursores dos espermatozóides e dos óvulos na espécie humana). Os gametócitos amadurecem no estômago do mosquito onde ocorrerá a fecundação, ou seja, a união dos gametócitos fêmeas aos machos, que dará origem a um ovo, o zigoto. Os zigotos instalam-se na parede exterior do estômago do anófele até o crescimento de inúmeras células chamadas esporozoítos.

Plenos de energia, estes penetram na glândula salivar do mosquito, que será ativada a cada nova refeição, pois contém uma substância anticoagulante que ajuda a sugar o sangue humano. Injetados no corpo de uma pessoa sã através da picada do anófele, os esporozoítos navegam pela circulação sangüínea até encontrar o fígado, após uns trinta minutos de viagem. Nas células hepáticas, completarão um ciclo de amadurecimento de cerca de duas semanas, durante as quais vão se multiplicar e liberar milhões de merozoítos, que atacam especificamente os glóbulos vermelhos (daí a anemia causada pela malária).

Só quando os merozoítos invadem os glóbulos vermelhos e continuam a se multiplicar até a sua literal explosão é que começam os ataques de febre, as vertigens e os calafrios, típicos do mal. Enquanto alguns parasitas se concentram em invadir e destruir, outros merozoítos irão formar gametócitos, ainda no interior dos glóbulos vermelhos, que servirão de alimento para um novo mosquito, que os transportará ao organismo de outra pessoa.No corpo de um indivíduo não protegido, o número de parasitas desse exército de ocupação desanda a se multiplicar. Em regiões mais expostas à doença, porém, pessoas já atingidas, sem que tenham desenvolvido a malária, acabam por criar uma defesa natural contra os parasitas, pois o sistema imunológico guarda a "memória" da infecção. Segundo o professor Luís Hildebrando, não se sabe o motivo exato pelo qual o Plasmodium falciparum passou a resistir aos medicamentos clássicos. "Tudo que se pode dizer é que uma mutação genética ocorreu nesses organismos", aponta. O fato é que a única solução para o problema é a descoberta de uma vacina.Para tanto, a equipe de catorze pesquisadores da Unidade de Parasitologia Experimental do Instituto Pasteur se concentra na busca de um antígeno - substância capaz de induzir uma reação imunológica do organismo - que possa ser reproduzido sinteticamente e, sobretudo, que assegure um contra-ataque perfeito. Para escolher entre os vários candidatos possíveis a antígeno, foi necessário, antes de tudo, determinar em qual fase de seu desenvolvimento o parasita deve ser atacado, além de identificar os seus constituintes dos quais tais candidatos faziam parte. "Só essa fase exigiu anos de estudo", informa o professor. Primeiro, foi necessário fazer a clonagem do gene, ou seja, recriar fragmentos de seqüências de DNA, a molécula da herança dos seres vivos, a partir de uma seqüência original, para encontrar a informação desejada, capaz de induzir o anticorpo imunizante."O trabalho poderia estar concluído em questão de meses, não houvesse sempre um contratempo", conta Luís Hildebrando, que divide seu tempo entre a coordenação da equipe de parasitologistas em Paris e as viagens. No Senegal, o grupo acompanha a evolução da malária que atingiu todos os 300 habitantes de um lugarejo chamado Dielmon. De todo modo, seis antígenos relacionados à proteção contra a infecção já puderam ser identificados. Estágio mais avançado alcançou o professor Manoel Patarroyo, do Hospital San Juan de Diós, em Bogotá, Colômbia. Ele já testou em cerca de 30 000 pessoas uma vacina à base de peptídeos (conjunto de aminoácidos) sintéticos, que se mostrou eficaz "em 80% dos casos" em induzir uma proteção contra o Plasmodium falciparum. A vacina poderá ser testada também no Brasil a partir de 1991 em 500 adultos da região amazônica."A experiência colombiana é muito interessante, mas ainda restam dúvidas de extrema importância, como qual a duração da proteção e que acontece com o parasita depois de agredido", pondera Dominique Mazier, do INSERM francês. Outra dúvida resulta do seguinte: embora não apresentem sintomas da doença - os acessos palustres -, os indivíduos vacinados conservam parasitas em seu sangue.Em comum, as pesquisas do Instituto Pasteur e do Hospital San Juan de Diós têm a convicção de que o melhor momento para atacar o agente infeccioso é durante a proliferação do parasita no interior do glóbulo vermelho, ou seja, na fase eritrocitária. Nessa fase, o Plasmodium envia à membrana do glóbulo sangüíneo proteínas encarregadas de captar substâncias nutritivas fundamentais ao seu desenvolvimento. Com isso, modifica a estrutura do glóbulo, tornando-o facilmente identificável pelo exército que cuida da proteção do organismo. Já o grupo liderado pela professora Mazier decidiu estudar a fase anterior, em que o Plasmodium se desenvolve no fígado da pessoa contaminada. "A vantagem é que esse é um estágio intermediário e já se comprovou que as relações entre os diferentes estágios do parasita são de fundamental importância", afirma ela. Isto é se a vacina liquidasse com o Plasmodium no interior do fígado, apenas alguns merozoítos se atreveriam a atacar as células sangüíneas, numa ofensiva controlável pelo organismo. Um auxílio extra também seria possível, numa espécie de vacina-coquetel. Haveria, pois, duas oportunidades de eliminar o renitente inimigo.Extremamente complexos, os parasitas da malária são, porém, capazes de se dissimular e de se adaptar à contra-ofensiva do sistema imunológico - o que representa um complicador adicional aos cientistas. "Eu chegaria a afirmar que eles são inteligentes", brinca a doutora Dominique. Talvez por isso, o imunologista escocês Richard Carter, da Universidade de Edimburgo, tenha escolhido estudar outro tipo de vacina, chamada altruísta. Isso porque ela não imuniza o indivíduo vacinado e sim o mosquito. Original, mas ainda longe de ser viabilizada, a substância acabaria com a malária extinguindo os gamelas que se servem do anófele como meio de transporte.

No Middlesex Hospital, em Londres, um grupo de cinco pesquisadores preferiu seguir um caminho diferente. "Já que a vacina capaz de eliminar o Plasmodium é tão difícil, estamos tentando desenvolver uma vacina que apenas elimine os sintomas da doença, ou seja, a pessoa contaminada viveria com o parasita mas não se sentiria doente, porque visamos apenas as toxinas agressoras do organismo", explica a imunologista Janice Tavane.Já os brasileiros Vitor e Ruth Nussenzweig, que estudam a malária há pelo menos vinte anos, desenvolveram um antígeno que, misturado a uma substância gordurosa, retarda a absorção da vacina pelo organismo, para que este possa produzir anticorpos em maior quantidade. A fórmula começa a ser testada pelo Instituto de Pesquisas do Exército dos Estados Unidos.

Outra pesquisadora francesa, Catherine Breton, também do Instituto Pasteur, observou um exemplo da versatilidade do Plasmodium. Ao estudar o primeiro dos seis antígenos do parasita candidatos a matéria-prima da vacina, ela constatou com espanto que estava lidando com uma proteína muito especial, situada na extremidade dos merozoítos - uma enzima cujo papel consiste em destruir as cadeias de glicoproteínas que revestem o glóbulo vermelho e o protegem de organismos estranhos. De fato, o parasita só consegue aderir ao glóbulo para então invadi-lo, depois de raspar sua "cabeleira" de glicoproteínas. Logo, descobrir como bloquear a ação dessa enzima, ou como impedir que ela seja estimulada, pode significar a chave da questão.A fim de testar a capacidade de cada um daqueles candidatos, foi ainda necessário escolher um animal que desenvolvesse exatamente o mesmo tipo de infecção provocada no homem pelo Plasmodium e que, portanto, pudesse servir de cobaia nos testes das novas vacinas. Para tanto, desde 1980 o Laboratório de Imunologia Parasitária do Instituto Pasteur de Caiena, na Guiana Francesa, mantém uma criação de macacos saimiri, conhecidos comumente como macacos-esquilo. Cerca de 800 exemplares são mantidos em cativeiro; outros tantos são criados em liberdade na Ilha da Mãe, em frente a Caiena.Enquanto os pesquisadores se valem do que há de mais moderno em Biologia Molecular na guerra ao mosquito, há quem sensatamente defenda o emprego intensivo dos métodos tradicionais de combate. O uso de um simples mosquiteiro, responsável em parte pelo desaparecimento do paludismo na China, vem sendo recomendado como medida de precaução. Impregnada de um novo inseticida em fase experimental, a clássica malha não só protege as pessoas no seu abrigo como mata os mosquitos que dela se aproximam, a julgar pelo que se verificou em testes na Gâmbia. Trata-se de uma boa notícia - mesmo porque há muito chão pela frente até a vacina. Além de determinar quais os antígenos usados na elaboração do produto, "outros problemas retardam sua fabricação", avisa o professor Luís Hildebrando. "Para começar. não podemos obtê-la da forma usual, como é o caso das vacinas contra vírus e bactérias."De fato, enquanto vírus e bactérias se reproduzem à razão de milhares a cada 48 horas, o Plasmodium falciparum se multiplica por cinco no mesmo período. "Além disso, para que ocorra a reprodução do Plasmodium, é necessária a presença de glóbulos vermelhos, o que torna inviável a fabricação industrial." A alternativa seria sintetizar quimicamente os antígenos pelos métodos da Engenharia Genética, enxertando as proteínas antigênicas em bactérias que se reproduziriam em fermentadores industriais; enormes caldeirões repletos de uma substância adequada à sua proliferação. Todas essas dificuldades, mais o fato de não existir ainda nenhuma vacina contra doenças parasitárias - o que torna a tarefa uma espécie de caminhada no escuro, em que cada passo sem tropeços é saudado como uma importante conquista -, fazem da estimativa de uma vacina no prazo de dez anos uma corrida contra o relógio. "Pelo menos", garante Hildebrando, "temos a certeza de que é possível fabricá-la."

Ensinando natação a bactérias

Embora a obtenção da vacina seja o objetivo primordial dos institutos que estudam a malária, outras frentes de batalha foram abertas. Sem dúvida, a mais insólita nasceu no próprio Instituto Pasteur, em Paris. Trata-se de utilizar uma bactéria capaz de atacar as larvas dos mosquitos anófeles. A solução não teria os inconvenientes do uso de inseticidas para o ambiente e poderia contribuir de forma eficaz no combate ao paludismo - não fosse um pequeno problema: as tais bactérias não sabem nadar. Como as larvas do mosquito se desenvolvem na superfície da água, essa propriedade é essencial.O problema, contudo, não desesperou os pesquisadores. Eles recorreram à Engenharia Genética para dotar suas bactérias de certas características próprias das algas azuis, graças às quais são capazes de boiar. Ou seja, trata-se de implantar nas bactérias as seqüências de DNA que contêm os genes responsáveis por essa peculiaridade das algas. A primeira etapa, que consistiu em determinar quais os genes a serem transportados, já foi vencida, reatando a fase certamente mais difícil da sua incorporação ao material hereditário das bactérias.





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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Rock, Um Show de Tecnologia - Eletrônica


ROCK, UM SHOW DE TECNOLOGIA - Eletrônica



A explosão de música sobre o palco viaja por um complexo de fios e aparelhos até chegar aos ouvidos da platéia. É preciso ser artista para orquestrar os equipamentos de som e luz que formam o grande espetáculo

No tempo dos Beatles, ir a um show de rock para ouvir o som da banda era um rasgo de otimismo. Tudo de que os quatro de Liverpool dispunham para apresentação ao vivo eram amplificadores de potência equivalente à dos atuais sistemas de som caseiros e alto-falantes planejados para irradiar a narração de alguns lances de jogos esportivos. Com esse equipamento franciscano, tinham que se fazer ouvir acima dos gritos de milhares de fãs amontoados dentro de uma quadra de basquete. Fãs que se importavam pouco com a qualidade do som: mais interessados estavam em simplesmente ver e ficar perto de John, Paul, George e Ringo. Mas o rock rolou para os lados da eletrônica sofisticada, entrou pelos canais da tecnologia e hoje se traduz em muito mais que música - é um delírio de som pesado, luzes coloridas e efeitos visuais batendo nos ouvidos e olhos do público.Dos acordes quase inaudíveis dos Beatles às estripulias do tecnológico Prince e da sensualmente atlética Madonna sobre um palco, o rock se sofisticou, os roqueiros cortaram os cabelos, os computadores entraram em cena. A tal ponto que é possível colocar no palco um simples microcomputador que, programado para comandar vários teclados, é capaz de fazer o show sozinho. Mas o princípio de jogar música sobre a platéia, seja com tecnologia avançada ou de fundo de garagem, sempre foi o mesmo. É apenas uma questão de levar ao público o som produzido no palco, transformando a energia acústica em energia elétrica, processando-a. amplificando-a e transformando-a novamente em energia acústica.Ao montar o projeto de instalação de equipamento para um show, o primeiro cuidado do engenheiro de som é conhecer a fundo o local da apresentação, porque tudo o que existe entre a fonte sonora e o ouvido de quem escuta interfere na qualidade do som. Se atinge superfícies "vivas", como vidro e cimento, o som rebate e transforma-se em inúmeros outros sons iguais repetidos em momentos diferentes, a reverberação; se encontra superfícies "mortas" como cortinas, estofamentos ou cortiça, o som é abafado. Quando estuda o lugar em que vai preparar o projeto, o engenheiro de som não se vale apenas de seus olhos e ouvidos, mas conta com um sofisticado equipamento chamado spectrum analyser.
Esse aparelho emite um ruído conhecido por pink noise (ruído rosa), bem parecido com o barulho de uma turbina de avião, na faixa de freqüência entre 20 e 20 000 hertz, justamente a que o homem é capaz de ouvir. Entre 20 e 200 hertz estão os sons graves, entre 200 e 2 000 hertz, os sons médios, e os agudos, entre 2 000 e 20 000 hertz. Microfones espalhados por todo o local captam a resposta e informam o aparelho, em trinta bandas de freqüência, de como aquele ambiente reage à emissão de som. Ligado a um computador, o spectrum analyser detecta, por exemplo, se o ambiente absorve muito o som na freqüência de 10 000 hertz, aumentando então seu volume, ou diminuindo-o se nessa freqüência ele reverbera demais. Com essas informações o aparelho estabelece a curva ideal de equalização, ou a altura em decibéis na qual deve ficar cada uma das tais trinta bandas de freqüência.
Tudo isso para conseguir um equilíbrio entre os sons graves, médios-graves, médios e agudos. "Esse processo serve como base, mas é mesmo no ouvido que um técnico de som acerta a equalização para um show", afirma o engenheiro eletrônico José Luis Ferreira, o Gabi, dono de uma empresa que fornece equipamento para dez entre dez astros de música brasileiros e estrangeiros que tocam por aqui, de Maria Bethânia a David Bowie.
A viagem do som desde o palco até os ouvidos da platéia começa na forma de captá-lo. Para vozes e instrumentos acústicos, a única maneira é usar microfones, enquanto os instrumentos como baixo elétrico ou teclados eletrônicos são ligados diretamente à mesa de som. Na ligação direta, o sinal já elétrico sai do instrumento, passa por um transformador chamado direct box e segue para a mesa de mixagem, mas no caso da voz e dos outros instrumentos a energia acústica precisa ser transformada em elétrica pelo microfone. Como todo som é vibração de moléculas de ar na forma de ondas com determinada freqüência, a voz de um cantor, ao entrar no microfone, sensibiliza um diafragma, que se move para frente e para trás. No microfone do tipo dinâmico, uma bobina presa a um campo magnético reage à vibração do diafragma e se movimenta também, produzindo então sinais elétricos.
Vindos do microfone ou do direct box, os sinais elétricos seguem sempre para a mesa de P.A., ou public address, (endereçamento ao público, em inglês), o centro de pilotagem do som em qualquer show. Por ali passa tudo o que a platéia vai ouvir. Normalmente, as mesas usadas nos shows têm 48 canais. Isso significa que é possível captar 48 fontes sonoras diferentes para serem mixadas. A mixagem é a combinação do som de todos os canais da mesa, hora em que o operador equilibra o volume de cada canal para formar uma música em que todos os instrumentos sejam audíveis. Quanto maior o número de canais, maior a possibilidade de se controlar com precisão cada instrumento, ou cada pedaço dele. Numa bateria, pode-se colocar um microfone por peça que a compõe, como surdos, caixas ou tontons, cada um entrando por um canal. Os teclados podem ser jogados em outros quatro canais, guitarras em mais dois e assim sucessivamente. Logo que os sinais elétricos em que foram transformados os sons chegam à mesa, entram primeiro num delimitador de freqüência, quando o operador escolhe, pelo ouvido, em que freqüência os sons soam melhor. Daí passam para as bandas de equalização, nas quais toda fonte sonora será equilibrada entre seus tons graves, médio-graves, médios e agudos.
Os sons vindos do palco partem então para o subgrupo de dezesseis canais de saída, que depois são novamente agrupados em oito canais até todos os sons que entraram pelas 48 portas serem concentrados em dois canais estéreo de saída. Essa subdivisão gradativa da quantidade de canais tem duas funções. A primeira é facilitar o trabalho do operador da mesa durante um show, pois ele ficaria louco se tivesse que mexer com 48 canais ao mesmo tempo. A segunda função é servir de porta de entrada para os efeitos especiais. É por aqui que qualquer garoto do grupo de adolescentes New Kids on the Block começa a cantar como se fosse Bruce Springsteen, o roqueiro do vozeirão em estado bruto. O rack de efeitos especiais, que agrupa vários aparelhos, só falta fazer microfone dançar.Qualquer sinal, seja de voz ou de algum instrumento, sai por um dos oito canais de saída de efeitos e cai nos aparelhos do rack. Processado, ele volta à mesa por um canal de retorno de efeitos e vai parar no subgrupo dos dezesseis, já com o efeito para ser misturado aos outros sons originais. Um dos prodígios do rack é a reverberação, um tipo de eco que se provoca no som. Ela pode encorpar a voz de um cantor ou fazer uma guitarra soar mais "viva" num ambiente "morto", que abafa demais o som. Um truque semelhante é o efeito flanging, um tipo de reverberação que se dá pela variação da velocidade do sinal. Outra façanha do rack é o compressor, um aparelho que regula automaticamente o volume em pontos predeterminados. O cantor pode berrar ao microfone, que o som não sai distorcido, pois uma programação prévia determina o volume limite a partir do qual o compressor entra em ação para abaixá-lo. Além de saber a hora em que deve funcionar, ele tem na memória também o quanto deve abaixar do volume, a maneira como deve fazê-lo e por quanto tempo.
O compressor pode ser usado não só na voz, dando a impressão para quem assiste de que o cantor domina estupendamente a técnica de usar um microfone, como em qualquer outro instrumento, para manter o som do show sempre uniforme. A fim de evitar que os vários microfones espalhados pelo palco por acaso captem o som de mais de um instrumento e provoquem uma miscelânea, o rack tem um recurso chamado gate, um portão de entrada para as fontes sonoras. O gate só abre o canal de um microfone na hora em que o instrumento que ele capta é tocado, deixando-o fechado enquanto sua principal fonte de som estiver em silêncio. Isso é ótimo para a bateria, que pode ter uns oito microfones muito próximos, um em cada peça, sem correr o risco de o som do bumbo entrar pelo microfone do prato.Mas a própria mesa de P.A. tem lá suas espertezas e possibilita um efeito parecido com esse, o mute set, um controle automático de volume que permite ao técnico de som programar a mesa para desligar canais em determinados momentos. Se ele sabe que alguns instrumentos só entram em uma ou outra música do show, programa-a para ligar seus canais somente na hora em que forem começar a tocar, para que não haja perigo de entrar por ali algum som indesejável.
Depois de captados, equalizados, acrescidos de efeitos especiais e mixados, os sinais elétricos que vieram do palco vão sair da mesa pelos dois canais estéreo e continuar o caminho até chegar ao público. O próximo passo é atravessar outro rack, este de processamento de sinal de P.A. Um aparelho chamado cross-over divide os sons em graves, médio-graves, médios e agudos, e uma nova equalização será feita em busca sempre do melhor equilíbrio entre eles. É neste rack que mora o spectrum analyser, o aparelho que mostra como deve ser equalizado o som que sai da mesa em função do ambiente e do equipamento por onde ele passa. Um compressor também funciona quando necessário para evitar distorções. Desse rack os sinais elétricos seguem para os amplificadores, que vão amplificá-los e enviá-los enfim às caixas de som, também conhecidas por caixas P.A.
Nas caixas estão os alto-falantes, divididos segundo a freqüência em que reproduzem os sons: woofers reproduzem baixas freqüências, os sons graves; midranges reproduzem as médias, os sons médios; e tweeters reproduzem altas freqüências, os sons agudos. Um alto-falante é exatamente o inverso de um microfone. Nele, uma bobina, atada a um diafragma em forma de cone, é suspensa num campo magnético fixo. Quando recebe os sinais elétricos, a bobina oscila, empurrando o diafragma para a frente e para trás. O diafragma movimenta então o ar a sua frente produzindo ondas sonoras iguais às que geraram o sinal elétrico, lá nos microfones do palco.
Essa prodigiosa viagem do som desde a boca do cantor e dos instrumentos ainda não tem na saída das caixas seu final feliz. É preciso fazer com que ele chegue com perfeição a todas as pessoas da platéia, estejam elas numa casa de espetáculos com boa acústica ou no Maracanã assistindo a festivais de rock, estejam elas na cara do palco ou no fundão. A idéia de que só potência do som é igual a qualidade é mais velha que Bill Haley, o avô do rock. De nada adianta saber que um show terá 100 000 watts de potência, se não se conhecem a sensibilidade das caixas nem a maneira como foram distribuídas pelo local. Por sensibilidade entende-se a quantidade de som que a caixa põe para fora em relação à potência elétrica que recebe. Num show de rock, utilizam-se caixas mais sensíveis, a fim de se obter maior nível de pressão sonora (nome técnico de volume) para encher de música os ouvidos da moçada.Porém, se as caixas forem inadequadamente distribuídas, tanto som pode estourar os tímpanos dos roqueiros na fila do gargarejo de um show num estádio, enquanto os da última fila pensarão estar ouvindo um radinho de pilha. O segredo está em conseguir o que os especialistas chamam de boa cobertura acústica - levar o som com a mesma qualidade e o mesmo nível de pressão sonora a todos os pontos da platéia. Para que cada pessoa na multidão escute a música, a caixa de som precisa "enxergá-la", ou estar virada para ela. Isso não significa que é preciso ter 100 000 caixas apontadas para cada cabecinha no gramado e nos anéis do Maracanã, num supershow como o Rock in Rio II. É para isso que existem caixas menos diretivas, que soltam o som para a frente e para os lados como uma lanterna solta luz, e mais diretivas, que o liberam com foco mais concentrado como um facho de raios laser.
Nas torres de caixas montadas ao lado do palco de um show, as mais baixas são menos diretivas e atingem as pessoas à frente da multidão. No meio da torre, um pouco acima, ficam caixas mais diretivas, para jogar o som a quem está no meio. Por fim, no topo da torre, caixas bem mais diretivas e potentes se concentram em levar música ao pessoal do fundo, passando por cima da cabeça de quem está na frente. Porém, se o show é gigantesco, como foi The Wall, realizado por Roger Waters, ex-vocalista do grupo de rock progressivo Pink Floyd, no Muro de Berlim, em que os últimos espectadores ficaram a centenas de metros do palco, esse esquema pode ser impossível: seria preciso uma torre de dezenas de metros de altura para que as caixas enxergassem a turma de trás.
Para se conseguir que o povo distante ouça as músicas com a mesma qualidade de quem chegou mais cedo e grudou no palco, a melhor solução é espalhar torres de som pelo local, em intervalos regulares. Elas são chamadas torres de delay (atraso em inglês), porque reproduzem o som com alguns milissegundos de atraso em relação ao palco. No The Wall, havia três torres de delay - a primeira a 100 metros do palco, a segunda a 180 metros e a última a 278. O atraso é necessário porque o som leva tempo para viajar pelo ar, na velocidade de 340 metros por segundo, mas por dentro dos fios chega às caixas de som quase instantaneamente. Quem fica ao lado da torre ouve primeiro a música que vem dali, e menos de um segundo depois o som que vem das caixas ao lado do palco. Como o engenheiro calcula a distância em que cada torre fica em relação ao palco, sabe qual o atraso que deve provocar em cada uma delas para que toda a platéia ouça a mesma música ao mesmo tempo.Na montagem das torres de som, tanto se podem dispor caixas modernas, que têm num só console tweeters, midranges e woofers, como usar cada peça separadamente para compor o conjunto ideal. Em muitos shows em que se quer som pesado, os engenheiros se valem dos subwoofers, alto-falantes que reproduzem os mais graves dos sons graves. Sob o palco onde se apresenta a banda Kiss, remanescente do tempo em que heavy metal era conhecido por rock pauleira, fica uma dúzia de subwoofers soltando sons graves, daqueles que batem no peito e no tímpano do espectador como punhos feitos de ar. Quem fica perto de uma caixa dessas já não sabe se em seu peito bate o próprio coração ou a bateria.
Enquanto o som pulsa e agita o corpo dos roqueiros, outro espetáculo sobre o palco deslumbra-lhes os olhos. Não há shows de grandes bandas sem uma profusão de luzes e efeitos, como quadros coloridos a moldar cada música. Compor esse cenário requer um equipamento sofisticado, quase todo controlado por computador. O trabalho começa em estúdios como o do inglês Patrick Woodroffe, em Londres, que fez a iluminação do Rock in Rio II ao lado do brasileiro Peter Gasper. Woodroffe é o idealizador da última novidade no campo da luz - o uso de maquetes. A partir do desenho do projeto, Woodroffe constrói palcos em miniatura e trabalha neles como se fossem de verdade, colocando luzes e até a fumaça no momento exato. Tendo tudo sido testado e definido, passa-se o programa de iluminação para o disquete de um computador, que será depois inserido na mesa de controle de luz do show.
As peças básicas da iluminação de um show são os spots fixos, normalmente centenas deles presos sobre o palco para cobri-lo de diferentes cores, de acordo com as gelatinas coloridas (uma espécie de papel celofane mais consistente) que possuem. Para o Rock in Rio, estavam incluídos no projeto mais de 500. Na mesa de luz que os controla não há um botão para cada spot, mas sim para um grupo deles ou para uma cor específica. Programar a mesa é determinar que cores e grupos de spots se manipulam em cada botão. "Durante o show, basta apertar o botão certo para o computador ativar o grupo de luzes requisitado, de acordo com o programa memorizado", conta Woodroffe. Das peças móveis, as mais simples são os canhões de luz, controlados por operadores, que seguem os movimentos dos artistas no palco.O maior charme das luzes móveis, porém, são os varilites, refletores ultra-funcionais ainda não existentes no Brasil. Caixinha com um braço e um canhãozinho de luz em cima, o varilite parece um robô, pois é capaz de virar para os lados, para cima, para baixo, rodar e fazer todos os movimentos possíveis. Seu nome vem da própria companhia que o inventou e que detém o segredo de sua tecnologia. O varilite oferece uma variedade enorme de possibilidades: projeta focos grandes, pequenos, várias bolinhas, imagens quadradas, triangulares, anéis luminosos, espirais e por aí afora, e suas gelatinas coloridas produzem 6 400 combinações de cores. Mas a grande novidade das luzes não é o varilite que se move, e sim o que se locomove.Montados em carrinhos seguros por cabos e que andam sobre trilhos, esses varilites não giram só sobre o próprio eixo, mas sobem e descem, andam lateralmente e podem até fazer algumas coreografias. Quem assistiu ao show do ex-Beatle Paul McCartney no Maracanã, no ano passado, viu durante a música "Back in the USSR" o palco ficar todo vermelho e os varilites formarem um desenho que lembrava uma esquadrilha de caças soviéticos. O grande trunfo dessa tecnologia se resume a um objetivo básico: iluminar qualquer pedaço do palco.Para pilotar os varilites, técnicos exclusivos da empresa que os inventou controlam uma mesa totalmente dedicada a eles. É uma mesa pequenina, totalmente computadorizada, com uma telinha que localiza geograficamente cada um deles (no Rock in Rio seriam usados setenta). O técnico escolhe o número do varilite que quer mexer e posiciona-o, usando ou um controle parecido com o joystick de um videogame ou um par de botões giratórios e paralelos. O trabalho do iluminador é dar as intensidades necessárias a cada efeito luminoso. Os varilites são tão versáteis, que podem criar efeitos especiais. Ao redor do gramado do Maracanã, no Rock in Rio, a dupla de iluminação planejou colocar doze torres de 16 metros de altura com seis a sete varilites no topo para iluminar a platéia. Um só varilite, com sua luz, pode atravessar de um extremo ao outro do Maracanã, e o conjunto deles é capaz de criar efeitos fantásticos como uma chuva de anéis coloridos caindo sobre o público.

Outros que usaram luzes para criar efeitos mirabolantes foram os Rolling Stones, a banda mais sólida e antiga do rock, na superturnê da temporada de 1989, Steel Wheels (veja quadro). Cansados do raio laser, os Stones inauguraram o uso de pods, conjuntos de cinqüenta spots com lâmpadas de 1000 watts cada, em três posições diferentes em cada lateral do palco. Um mecanismo eletrônico possibilitava a troca instantânea das gelatinas de cada spot com uma rapidez nunca vista, permitindo uma agilidade na troca de efeitos de luz jamais tentada antes.Outro recurso de muito impacto visual, além dos efeitos de luzes ou lasers, é a fumaça, em cima do palco. O jeito mais antigo de fazer isso é usar uma resistência elétrica e um tipo de óleo que, superaquecidos, produzem fumaça espalhada por um motorzinho. O jeito mais moderno é a máquina chamada Oilcracker, que comprime óleo a uma pressão tão forte, que a fumaça acaba saindo naturalmente. Esse processo tem três vantagens: é mais limpo, produz mais fumaça e menos cheiro.Com tanta parafernália eletrônica em som e luz, os roqueiros na platéia chegam a acreditar que um grupo é absolutamente sensacional sobre um palco porque consegue tocar igualzinho ao disco. Só que isso pode ser uma questão não de competência musical, mas tecnológica. Se gente como Mick Jagger leva shows na garganta há mais de vinte anos, outros mais rasteiros levam para cima do palco trechos gravados para evitar notas fora do tom. Normalmente, músicas ou trechos são gravados em fitas digitais (DAT), de qualidade semelhante ao compact disc, que fazem a platéia pensar que os sons vêm dos instrumentos tocados à sua frente.Suponhamos que um guitarrista inseguro tenha dificuldade em executar determinado solo. Para evitar erros, a música é gravada no estúdio e, na sua hora de entrar no show, o DAT é acionado. O músico fica à vontade para fazer toda a mímica sem se preocupar com o som. Alguns grupos exageram nesse recurso, como o New Kids on the Block, para quem cantar ao vivo atrapalha: eles gravam e dublam até as próprias vozes, para ter mais liberdade na execução das coreografias.Se em alguns shows os artistas estão ali por puro enfeite, porque o som já vem pronto, pode chegar o dia em que um computador tocará sozinho. Tecnicamente isso é perfeitamente possível - basta montar uma orquestra de samplers tocando sob programação. O sampler é um aparelho digital em que se pode gravar qualquer som, até de uma frigideira, e ele faz daquilo um instrumento capaz de emitir várias notas. Em shows normais, um tecladista pode "tocar" vários teclados ao mesmo tempo, pois só tem o trabalho de acionar três ou quatro samplers pré-programados e vê-los executar a música por conta própria. No lugar de um músico, pode-se perfeitamente colocar um microcomputador programado para fazer cada sampler tocar seu "instrumento" na hora certa, e assim a eletrônica faz o show sozinha sem precisar de artistas sobre o palco. Resta saber se isso teria alguma graça.





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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Duelo ao Pôr do Sol - Natureza


DUELO AO PÔR-DO-SOL - Natureza



Nos recifes de coral, o entardecer é um tempo de conflito: a luta pela vida, exacerbada, mobiliza as energias de presas e predadores, peixes a caminho do repouso e outros que despertam para a noite

Os seres humanos são criaturas de hábitos diurnos. Essa observação, em si mesma, pode não significar muita coisa, mas tem algumas implicações para aqueles que se interessam em conhecer melhor os recifes de coral. A maioria dos mergulhadores, com ou sem cilindros de ar comprimido e demais equipamentos, se lança ao mar dia claro, digamos entre 9 da manhã e 3 da tarde. Ora, como uma visita a qualquer ambiente subaquático, seja qual for o traquejo do visitante, é sempre uma incursão por uma região fundamentalmente estranha de um mundo não domesticado, faz sentido. Mergulhar de dia é mais seguro porque permite enxergar melhor. A desvantagem é que, por maravilhoso que o recife de coral pareça durante o dia, só se tem nessas horas uma visão incompleta do que acontece ali.
Ao meio-dia, o recife está quase adormecido. Peixes diurnos de vivo colorido vasculham a área à procura de algas e de plâncton para comer. Anêmonas rosadas seguem preguiçosamente a correnteza atrás de uma refeição que esteja de passagem. Os duros corais estão em repouso, seus pólipos firmemente enrolados. E, mesmo predadores como o oportunista peixe trombeta (Fistularia tabacaria), que não é especialmente exigente quanto ao cardápio, exibem o seu melhor comportamento. Todos conhecem as regras; todos sabem o que esperar; todos mantêm uma distância segura do perigo. O resultado é uma aparência de paz capaz de induzir o mergulhador à conclusão de que o recife de coral é tão aprazível para seus habitantes quanto para os turistas que o vêem como um pedaço do paraíso.
Até a investida ocasional de um cardume de vorazes xaréus (Caranx) ou de uma solitária e veloz barracuda (Sphyraena barracuda), um acontecimento que dispersa os peixes dos corais num relâmpago de medo e fuga, mal consegue dissipar a impressão de que o coral é um lugar sossegado, uma espécie de santuário marinho onde reina a ordem. Regra geral, a impressão é correta. Como nós, os bichos se organizam de acordo com determinadas rotinas, obedecem a padrões de comodidade que evitam o desperdício de energia. Os peixes precisam de tempo e de atenção para alimentar-se e procriar; em conseqüência, as relações entre as criaturas dos corais são quase sempre estáveis. E isso vale também para o grupo de bichos que circula por ali à noite, os peixes de hábitos noturnos e os invertebrados que às vezes podem ser encontrados dormindo nas reentrâncias e fendas do coral.
De fato, na maioria das vezes, os mergulhadores percebem peixes diurnos repousando tranqüilamente em muitos dos mesmos dormitórios usados durante o dia pelos peixes noturnos. Quase nada, em pleno dia ou à noite fechada, desfaz a sensação de paz que ali se vislumbra. Visite-se, porém, o recife durante a "mudança de turno", o período entre a claridade e a escuridão, a hora em que a luz está partindo - e aquela sensação de tranqüilidade irá desaparecer. Cerca de uma hora antes do crepúsculo, quando os raios de sol incidem bem obliquamente na água, ocorre entre os peixes um aumento de atividade que parece corresponder a um aumento de ansiedade. Há um forte motivo para isso: o período crepuscular é tempo de intensa atividade no cotidiano dos animais ictiófagos, os que se alimentam de peixes. Eles se aproveitam da diminuição da luz para atacar não só os peixes a caminho das tocas onde costumam passar as noites, como principalmente os que, ainda sonados depois de um bom dia de descanso, deixam esses mesmos esconderijos.
Peixes-lagartos ( Synodus intermedius ), garoupas (Epinephelus morio ), os já mencionados xaréus e barracudas, badejos (Mycteroperca Gill), mangangás (Scorpaena plumieri) e outros predadores oportunistas tornam-se especialmente ativos durante o crepúsculo, quando a inclinação dos raios solares ressalta a silhueta dos bichos marinhos, facilitando muito a caça. Disso sabem muito bem os aficionados da pesca (para não falar nos pescadores profissionais) que anos a fio abrem mão do jantar em família para estar na água ao anoitecer.
É quando os peixes que passaram o dia se alimentando do plâncton suspenso na água começam a se reunir e a tomar o rumo do recife. Cardumes de barbeiros (Acanthurus coeruleus), bodiões (Sparisoma viride) e salmonetes (Mulleidichtys martinicus), entre outros, que haviam deixado o recife pela manhã para uma jornada dedicada à caça e/ou ao acasalamento, regressam então aos seus esconderijos noturnos.
A viagem de volta é bastante diferente das excursões diurnas ao redor do recife. Na ida, sem pressa, os peixes gastam sossegadamente o tempo a explorar recantos promissores, intrometendo-se em territórios alheios, xeretando em torno de uma cabeça-de-coral. Já no regresso, o tempo é valioso, a viagem é a sério. Tudo o que esses peixes querem é chegar logo em casa; por isso usam a mesma rota dia após dia. Tal rotina, embora economize esforço, torna esses migrantes diurnos vulneráveis aos astutos caçadores do crepúsculo, de tocaia ao longo de tais rotas, que engordam à custa dos viajantes. Os barbeiros, por exemplo, juntam-se ao anoitecer em cardumes compactos e seguem pelo fundo a toda a velocidade, por um caminho previsível, rumo à proteção do recife. Os retardatários, obviamente os mais vulneráveis, aceleram o nado para alcançar o cardume a fim de não serem apanhados sozinhos por um esperto, atento devorador de peixes.Não surpreende que os peixes diurnos fiquem irritadiços, sendo comuns entre eles as perseguições e as exibições de agressividade, sobretudo quando está em disputa um lugar de repouso. Ao anoitecer, por causa dessa ansiedade exacerbada, é especialmente difícil fotografar peixes. Assustados com o mergulhador e ainda mais com as luzes, não ficam quietos durante os dez segundos muitas vezes necessários para serem fotografados.
Esse período de elétrica inquietação não dura muito, porém. Passados dez minutos do pôr-do-sol, quase todos os peixes diurnos já encontraram abrigo e há um breve período em que todo o recife fica calmo. Enquanto a turma do dia corre a se esconder, a turma da noite acorda devagar e emerge cuidadosamente de seus esconderijos. Uns trinta minutos antes do pôr-do-sol, predadores noturnos, como o fogueira (Myripristis jacobus) e o jaguareçá (Holocentrus refus), vagarosamente começam a se arrastar para fora do recife, mas se comportam como se de alguma forma um fio invisível os mantivesse ligados a ele. Tais peixes são tipicamente cor de ferragem, vermelho-escuros ou ainda cor de cobre, tonalidades que tornam difícil enxergá-los na água noturna praticamente opaca onde se movem. É notável, ao se olhar para baixo ao longo da parede do recife de coral, no momento em que a luz diminui, o aparecimento dessas manchinhas avermelhadas, prestes a sair para mais uma noitada.Ao contrário dos peixes diurnos, que habitualmente se alimentam perto da proteção do recife, algumas espécies de hábitos noturnos não raro percorrem grandes distâncias em busca de comida. Muitos passam a o noite banqueteando-se com a relativa abundância de plâncton que se ergue das profundezas quando o sol se põe. Outros, como as corcorocas (Haemulon flavolineatum) que emitem um som que lembra um cacarejo, deixam o recife e se deslocam para leitos cobertos de vegetação onde se nutrem de invertebrados.
Para assegurar que seus passeios não atrapalhem a discrição, eles mudam de cor, trocando as listas vivas por um traje mais apagado de pois borrados. Mas, como percorrem invariavelmente os mesmos caminhos de saída do recife, corcorocas e outros peixes noturnos também ficam vulneráveis às investidas dos predadores oportunistas. Peixes-lagartos, de tocaia ao longo do percurso habitual das corcorocas, jantam os mais fracos e mais jovens; embora as presas se mantenham perto do fundo para serem menos visíveis à luz poente, muitas cometem erros fatais com freqüência suficiente para manter o nível das populações de peixes-lagartos e outros predadores.
Assim como as corcorocas garantem o sustento dos peixes-lagartos, a piaba do mar (Pempheris schomburgki), outro peixe noturno, é o manjar predileto dos peixes-trombetas e dos badejos. Na verdade, apesar da extrema ansiedade dos peixes diurnos de regresso ao fim do dia, tudo indica que os predadores do crepúsculo preferem os peixes de hábitos noturnos que se aventuram pelas águas perigosas ao redor do recife logo após o pôr-do-sol. O fato de que muitos peixes diurnos são herbívoros e de que a maioria dos noturnos é carnívora leva a suspeitar, com razão, de que a população de invertebrados muda junto com a de peixes quando anoitece.
Muitos crustáceos, vermes marinhos, estrelas-do-mar e moluscos saem à noite, para virar comida de raias (Dasyatis say), jaguareçás e outros peixes noturnos. Um mergulho à noite poderá revelar também ofiuróides enfrentando a corrente com seus longos braços preênseis e sensíveis à luz; lírios-do-mar encarapitados em esponjas ou cabeças de coral; lagostas, ofiúros, ceriantos e ouriços-do-mar raspando algas das pedras e de outras superfícies duras - e, é claro, o recluso polvo, talvez o mais impressionante e assustador invertebrado que se pode encontrar em um mergulho noturno. A "mudança deguarda" entre os invertebrados também ocorre durante o periado crepuscular, mas não parece caracterizar-se por um estado de ansiedade comparável ao dos peixes. Nada a estranhar nisso, dada a simplicidade do sistema nervoso da maioria dos invertebrados. Talvez os filósofos sejam capazes de responder se é preferível passar da claridade às trevas com o apático destemor dos camarões e dos lírios-do-mar ou com a frenética ansiedade dos barbeiros. Para os naturalistas, já é recompensa bastante observar as mudanças que os períodos crepusculares produzem nos recifes de coral.





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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Respiração a Fundo - Biologia


RESPIRAÇÃO A FUNDO - Biologia



Ao partir do nariz, o ar deveria entrar no mais eficiente aparelho de condicionamento. Mas isso geralmente não acontece, porque os caminhos que levam aos pulmões estão danificados pela fumaça da poluição e dos cigarros

Respirar, segundo o bom e velho dicionário Aurélio, é "absorver o oxigênio do ar nos pulmões". Cientistas americanos, no entanto, pretendem fazer um acréscimo a definições clássicas como essa: pois, segundo eles, repirar é também encher os pulmões com um líquido transparente, insípido e inodoro, conhecido como perfluorcarbono. Ainda nos anos 60 , descobriu-se que essa substância possui uma concentração tão grande de oxigênio, a ponto de os pulmões de cobaias serem capazes de extraí-lo com facilidade. Só no final do ano passado, porém, na Universidade de Temple, nos Estados Unidos, experimentou-se pela primeira vez em seres humanos a chamada respiração líquida, ou seja, a substituição do ar pelo perfluorcarbono. Foram sete casos de bebês prematuros demais para realizarem os movimentos respiratórios sem a ajuda de aparelhos. Um sistema foi especialmente construído para injetar nos pulmões, com extrema delicadeza, o líquido rico em oxigênio.Nenhum bebê sobreviveu, por causa de outras complicações de saúde. Mas os cientistas garantem que, apesar disso, a respiração líquida, em si, pode ser considerada um sucesso, digno de ser comemorado como um dos grandes avanços da Medicina nos últimos tempos. Trocar o gás da atmosfera por esse líquido fabricado em laboratório oferece a vantagem imediata de aposentar os tradicionais aparelhos de ventilação artificial, usados sempre que os pulmões não conseguem trabalhar por conta própria. As máquinas convencionais de ventilação, ao simularem os movimentos respiratórios, lançam ar no organismo do paciente com tanta força, que a pressão acaba arrebentando as células, aliás, são uma das mais frágeis estruturas do corpo humano. Por isso, chega a ser surpreendente que uma pessoa de meia-idade ainda tenha pulmões funcionando, bem ou mal, vivendo em um mundo coberto pela fumaça da poluição e dos cigarros, próprios ou alheios.Isso só é possível porque o ar, antes de alcançar as células pulmonares, percorre as chamadas vias aéreas, repletas de obstáculos para toda sorte de partícula tóxica. Esse caminho ainda tem mistérios que fazem alguns pesquisadores perderem o fôlego de espanto. Só para comparar: hoje em dia, o homem consegue mapear o cérebro em áreas de acordo com a função, mas ignora o papel de seis dos oito tipos de células que revestem as vias aéreas. Embora seja o protagonista do processo, o pulmão mesmo não tem segredos. Afinal, o organismo humano troca gases exatamente como as amebas, seres unicelulares que surgiram há cerca de 500 milhões de anos. Isto é, o ar atravessa uma membrana finíssima, com aproximadamente 0.5 milésimo de milímetro de espessura, e se dissolve no citoplasma, o líquido que recheia a célula. Assim, o oxigênio pode ser transportado até microscópicos vasos capilares, onde pega carona nas moléculas de hemoglobina do sangue; pelo mesmo trajeto, em direção inversa, o gás carbônico, produzido pela queima do oxigênio no organismo, é mandado para fora.
A questão é que, diferente das amebas, o homem consome muito mais oxigênio do que sua superfície corporal seria capaz de capturar. O organismo humano adulto precisa de nada menos do que 90 metros quadrados forrados de células especializadas na troca gasosa. E, de fato, ele dispõe de toda essa superfície para a absorção do oxigênio, só que dobrada milhares de vezes, a ponto de ocupar o espaço modesto de dois sacos cor-de-rosa com mais ou menos 25 centímetros de comprimento, que pesam juntos cerca de 700 gramas. Um pulmão nada tem a ver com um balão, oco por dentro. Sua estrutura pode ser descrita como uma árvore com um tronco cartilaginoso, o brônquio, que se divide ao meio em dezessete gerações, isto é, 262 000 vezes, em galhos cada vez mais finos.
Com menos de 1 milímetro de diâmetro já se pode falar em bronquíolo, um tubo sem cartilagem, formado apenas por músculo e mucosa. Presos nos brônquios, encontram-se sacos com 1 a 2 centímetros, os lobos pulmonares. Estes, por sua vez, se subdividem em saquinhos com 0,1 a 0,3 milímetro, cercados por vasos capilares: são os alvéolos , cenário efetivo das trocas gasosas. Os dois pulmões somam cerca de 300 milhões de alvéolos. "Se pudessem ser espalhados no chão, eles cobririam uma quadra de tênis", calcula o professor de Educação Física Benedito Sérgio Denadai, que vem pesquisando os mecanismos dos pulmões na Escola Paulista de Medicina, onde está instalado um dos primeiros laboratórios brasileiros de fisiologia respiratória, inaugurado há doze anos. Ali, entre outras coisas, modernos equipamentos comparam o fôlego de atletas e de pessoas sedentárias, o que entusiasma Denadai, ex-jogador de basquete na cidade de Marília, no interior de São Paulo. Em qualquer parte do planeta, o ar que se respira é composto em 22,93% por oxigênio. "No alvéolo", descreve Denadai, "o oxigênio tende a passar para o sangue, que depois de circular por todo o corpo chega ali com baixíssima concentração e, portanto, pouca pressão desse gás."Com o gás carbônico acontece o contrário, pois o sangue venoso que alcança os pulmões carrega grande quantidade dele, enquanto o ar possui apenas 0,04% dessa substância. Assim, é natural que o gás carbônico troque o aperto no sangue pelafolga no ar do interior do alvéolo. Respirar, no entanto, envolve outras questões de Física. "Se a pressão dentro dos pulmões fosse idêntica à da atmosfera, o ar não se deslocaria. É preciso haver diferenças", determina o fisiologista Ivan da Cruz Piçarro, professor da Escola Paulista de Medicina. No caso, o jogo de pressões é realizado por músculos do tórax: "As pessoas têm a ilusão de que o peito estufa na inspiração porque os pulmões se enchem. Mas, na realidade, são os pulmões que ficam cheios porque o tórax dilata", esclarece Piçarro. A contração muscular faz a caixa torácica aumentar de tamanho, e a pressão interna cai. Quando isso acontece, aproximadamente meio litro de ar entra nos pulmões, porque, mais uma vez, o gás tende a sair do lugar de maior pressão para o de menor pressão.
Na expiração, contudo, os músculos não costumam ter trabalho - basta que relaxem e a caixa torácica encolhe. Logo a pressão interna fica maior do que a pressão do ambiente e o ar escapa para fora. Se alguém fura a caixa torácica, a pressão vai embora e, dai, fica impossível respirar. É por isso que tiros e facadas no peito quase sempre matam, mesmo sem haver perfuração do pulmão ou do coração. Segundo Piçarro, a situação dos músculos respiratórios só muda durante exercícios físicos : "Então, os pulmões passam a receber até 1,5 litro de ar, cada vez que se enchem", diz ele. "Como todo esse gás precisa ser renovado rapidamente, para atender à necessidade de oxigênio durante o esforço, alguns músculos passam a se contrair para acelerar a expiração." No governo desse ritmo está o cérebro, cujas células constantemente analisam o pH (índice de acidez) do sangue, para verificar o equilíbrio entre o gás carbônico e o oxigênio (veja quadro). "Tanto faz estar numa praia, onde a pressão atmosférica é alta, ou no pico de uma montanha, onde o ar é rarefeito", revela Piçarro. "Pois o organismo regula o ritmo respiratório para absorver sempre a mesma quantidade de oxigênio."Também não importa o lugar, o gás da atmosfera nunca é suficientemente bom para entrar em contato com as exigentes células pulmonares - mesmo o mais puro ar do campo. "As vias aéreas são o mais perfeito aparelho condicionador de que se tem notícia", considera a pneumologista Ilma Aparecida Paschoal, que divide seu tempo entre as salas de aula da Universidade de Campinas, no interior de São Paulo, e as pesquisas com o microscópio eletrônico, usado para examinar as células que revestem o caminho do ar pelo nariz, seios faciais, faringe, traquéia, brônquios e bronquíolos - enfim, as vias aéreas. "As células pulmonares enrijecem e até congelam com temperaturas frias" conta a pesquisadora. "Por isso, mal entra no nariz, o ar começa a ser aquecido, graças a uma rede de vasos sangüíneos sob a mucosa, para chegar nos alvéolos com uma temperatura exata: 37 graus Celsius, nem mais, nem menos."No caso de um andarilho no calor do deserto, a função das vias aéreas pode ser a de resfriar o ar, liberando água na superfície da mucosa. "Independente do calor excessivo, enquanto respiramos, perdemos água", revela Ilma. Mais uma vez isso acontece em prol das células pulmonares, que, de tão finas, se ressecam com facilidade: o ar só pode entrar em contato com elas quando possui uma umidade relativa de 100%. Para se ter uma idéia, em épocas de chuva, a umidade relativa de uma cidade como o Rio de Janeiro fica em torno de 75%; em climas desérticos, porém, a umidade relativa média costuma ser 10%, dando mais trabalho ao aparelho respiratório. O conceito antigo de que climas secos fazem bem aos pulmões vem do fato de que algumas bactérias causadoras de doenças são aeróbicas, isto é, respiram. Assim, se a secura do ar não facilita as coisas para os pulmões, também não ajuda esses microorganismos a sobreviver.
O ar ainda pode ser considerado uma suspensão de partículas e, teoricamente, nenhuma delas deve entrar nos pulmões. Para defendê-los, as vias aéreas possuem células gorduchas, as calciformes, que não param de produzir uma substância grudenta, o muco. Dessa maneira, as partículas de poluentes vão ficando coladas nas paredes das vias aéreas, à medida que o ar passa. Esse muco, por sua vez, é constantemente arrastado para cima, até ser engolido na altura da glote, sem que se perceba. Quem realiza esse serviço de limpeza, varrendo o muco contra a força da gravidade, são minúsculas células, cada qual com 200 microscópicos cílios em média. "A coreografia dos cílios é impressionante", nota Ilma, com os olhos azuis arregalados pelo entusiasmo. De fato, se os cílios simplesmente batessem de um lado para outro o muco ficaria zanzando, sem sair do lugar. Mas não é isso o que se observa. Esses microscópicos feixes, mergulhados na camada gelatinosa que reveste as vias aéreas, realizam movimentos como os dos braços de um nadador. Ou seja, emergem e batem na frente; em seguida, se encolhem mergulhando. Dessa forma, o muco é conduzido em um único sentido - para o alto.

Quando esse transporte deixa de ser eficiente, o muco passa a se acumular. Em um ato reflexo, os músculos abdominais se contraem com violência, para que um forte jato de ar expulse esse excesso. É a tosse. O espirro tem um papel semelhante, embora cause mais efeito para limpar as vias aéreas superiores, como o nariz: após uma inspiração profunda, ocorre uma expiração súbita pela boca, com o ar atingindo uma velocidade de até 150 quilômetros por hora.
Há catorze anos, pesquisadores suecos fizeram uma descoberta curiosa: a estrutura dos cílios do aparelho respiratório é idêntica à do espermatozóide. Existem doenças hereditárias em que o homem, além de ser estéril porque seus espermatozóides são imóveis, também sofre de bronquite crônica, por causa de defeitos nos cílios. Mas raramente o transporte nas vias aéreas é mal realizado por causa de problemas genéticos como esse: "O primeiro efeito do 3. cigarro. 3 é paralisar os cílios", acusa Ilma. O pior, vem algumas tragadas mais tarde, quando essas células ficam carecas. Afinal, uma célula ciliada demora até 220 dias para se renovar. Sabe-se que entre aquelas seis células desconhecidas das vias aéreas, uma se transforma em célula ciliada, quando uma substituição é necessária. Resta saber qual delas. Só assim os pesquisadores poderão entender o câncer de pulmão, que misteriosamente sempre nasce nos brônquios. "Os poluentes devem causar alterações na metamorfose da célula desconhecida em célula ciliada. Daí surgiria a doença", suspeita Ilma. A poluição e o cigarro também causam a proliferação das células calciformes, produtoras do muco. Eis o pigarro do fumante. Faz sentido: quanto mais muco, maior a barreira entre as paredes das vias aéreas e os tóxicos, capazes de provocar queimaduras.
O problema é que o muco é um campo fértil para microorganismos e, por esse motivo, ele aumenta muito quando alguém está resfriado, por exemplo. Microorganismos nunca são bem recebidos no aparelho respiratório, que deveria ser esterilizado da garganta para baixo, graças a um batalhão de células de defesa na faringe. O invasor que passa incólume não pode respirar aliviado: a postos nas paredes das vias aéreas ficam os macrófagos, células imunológicas que literalmente engolem os inimigos. Se, mesmo assim, o microorganismos escapa, muitos portões se fecham nas passagens para os pulmões. Ou seja, os brônquios se contraem para impedir a sua entrada. Daí a dificuldade do doente para respirar.Por zelo, dentro dos alvéolos encontram-se mais macrófagos, embora nenhum microorganismo devesse entrar nessa área nobre. Quando isso acontece, a inflamação resultante é a famosa pneumonia. "Se um germe consegue vencer todas as batalhas nas vias aéreas, é sinal de que as defesas estão muito enfraquecidas, como na AlDS, ou de que estamos diante de um inimigo muito poderoso", comenta Ilma "Os médicos devem encarar qualquer caso de pneumonia com o maior respeito. Para o pneumologista Flávio Tavares Martins, do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, mais grave ainda é o enfisema, uma degeneração gradual das paredes pulmonares, que se rompem. "Isso não causa dor, só falta de ar", diz ele. "As pessoas só notam o problema quando a doença já evolui há vinte anos. Então, há pouco o que fazer."Segundo o médico, problemas pulmonares podem ser controlados com drogas e exercícios para os músculos respiratórios. Além disso, a Medicina tem realizado proezas: em novembro de 1990, na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, uma mãe transferiu parte do seu pulmão para substituir o órgão danificado na filha de 12 anos de idade. Os médicos agora esperam que a porção do pulmão materno cresça até atingir o tamanho normal na menina. Os cientistas, porém, desconhecem uma maneira de poupar os pulmões. Diferente do coração, por exemplo, não há ginástica que melhore a sua saúde: o único remédio é o luxo de respirar um ar livre de qualquer espécie de fumaça

Em ritmo acelerado

Com monitores para medir a respiração e o oxigênio absorvido pelo organismo, um atleta pedalou normalmente uma bicicleta; em seguida passou a pedalar com uma perna só. Para surpresa do fisiologista Antonio Carlos da Silva, que realizou a experiência na Escola Paulista de Medicina, a mudança fez a respiração do atleta acelerar. "Os músculos respiratórios são comandados por sinais nervosos que partem da região do tronco cerebral", explica o fisiologista. "Esses comandos, por sua vez, poderiam ser influenciados por substâncias liberadas durante a fadiga muscular.Ao agüentarem sozinhos a carga de uma bicicleta, os músculos de uma única perna se cansariam mais, portanto liberariam mais substâncias, aumentando o ritmo da respiração em um reflexo.Tradicionalmente, acreditava-se que esse ritmo era regulado apenas em função do oxigênio existente no sangue arterial, analisado por células especializadas no próprio cérebro e na artéria carótida, que parte do coração. "Para o sistema nervoso, aliás, pequenas alterações na oxigenação sanguínea são menos importantes do que variações na quantidade de gás carbônico", esclarece Silva. "Esse gás é capaz de modificar a acidez do sangue, o que prejudica o funcionamento das células, especialmente as nervosas."

Setor de Trocas: Onde se absorve oxigênio

A troca de gases ocorre em 300 milhões de saquinhos, os alvéolos, dentro dos pulmões. Ali, o oxigênio do ar passa para o sangue venoso, onde existe uma baixa concentração desse gás. Já o gás carbônico, cuja concentração sangüínea é alta, passa para o ar, que possui apenas 0,04% dessa substância.





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terça-feira, 27 de novembro de 2012

Mitológicos Reis da África - História


MITOLÓGICOS REIS DA ÁFRICA



Na Europa, eles são chamados "reis negros" da África, numa entonação que está mais para o deboche do que para a admiração. São os chefes das tribos que habitavam o continente quando os europeus iniciaram a colonização daqueles territórios. Hoje, as colônias tornaram-se países independentes, governados, quase todos, à maneira européia. Mas as tribos continuaram a existir, dentro desses Estados, cultivando suas tradições, seus hábitos, dialetos - e sobre essas questões os antigos reis ainda dão a última palavra. Seus antepassados, poderosos guerreiros, inquietaram os colonizadores europeus; hoje, eles ainda são capazes de inquietar os governantes a que estão submetidos

O mant Yav, imperador dos lundás (Zâmbia), jamais se separa de seu bracelete sagrado, símbolo de sua autoridade. Pesa 4 quilos e é feito de tendões humanos trançados como corda. Na Costa do Marfim, o governo pediu emprestadas as relíquias do rei de Agnis, para uma exposição em Paris, e esqueceu de devolvê-las. Uma maneira astuciosa de confiscar-lhe o poder. A força dos antepassados está, quase sempre, representada num objeto sagrado. Em Burundi, é um tambor; na região dos akans um tamborete; na terra dos bayékés, no Zaire, uma concha tornada sagrada pelos sacrifícios humanos feitos no passado.
As pesquisas mais autorizadas indicam que foi na África que surgiu o homem. Historiadores modernos situam o início da história africana entre o sétimo e o sexto milênio antes de Cristo. Tempo mais do que suficiente para a formação de dinastias cheias de tradições. Mas, em 1885, uma conferência realizada em Berlim, na Alemanha, decidiu a partilha do território africano entre a França, a Alemanha, a Bélgica e a Inglaterra, que intensificaram a colonização. Séculos de tradições foram destruídos em poucos anos, enquanto os exércitos daqueles países se empenhavam numa ambiciosa luta de conquista.
Duas gerações foram suficientes para a administração colonial enquadrar os reis, que perderam seus poderes de vida e morte sobre os respectivos súditos. O código penal sobrepujou o direito consuetudinário (apoiado nos costumes), mas não o eliminou de todo. Afinal, não é tão simples apagar séculos, em alguns casos milênios, de tradições. Por isso os reis negros continuam lá, liderando seus povos, conservando muito da bizarra pampa de sua realeza, ainda que seu poder efetivo em geral não vá além de decidir querelas sobre bruxarias.





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A Terra dentro de uma redoma - Espaço


A TERRA DENTRO DE UMA REDOMA - Espaço



Encerrados em uma perfeita réplica do planeta, quatro homens e quatro mulheres preparam-se para viver dois anos isolados do mundo.

O sonho de colonizar os planetas geralmente evoca uma vida de desconforto e monotonia num ambiente frio e artificial. Se depender da empresa americana Space Biospheres Ventures (SBV), no entanto, os pioneiros do cosmo mal sentirão a ausência de casa. E, para provar isso, ela construiu o que imagina ser um modelo da futuras colônias em Marte ou em outros mundos. Trata-se de uma requintada réplica da Terra, reduzida às proporções de um quarteirão e selada dentro de uma redoma de vidro e aço tão alta quanto um prédio de oito andares. Denominada Biosfera II, para diferenciá-la da Biosfera I æ a própria Terra æ , é difícil lembrar de alguma coisa que os projetistas tenham esquecido de instalar no seu interior. A começar pelos seres humanos, já que neste início de ano oito corajosos cientistas, quatro mulheres e quatro homens, devem trancafiar-se nesse planeta modelo para tentar viver dois anos desconectados do mundo.

Seria uma lúgubre perspectiva, se aí não encontrassem a riqueza paisagística e a vida dos principais habitats terrestres. Entre outras coisas, podem banhar-se em um pequeno oceano, chacoalhado por ondas artificiais e recortado por um recife de coral. Como alternativa, a poucos metros da praia, contam com a sombra de uma minifloresta tropical. Inspirada na Amazônia e muito úmida, ela situa-se em posição oposta a um terceiro ambiente, um deserto, necessariamente seco e quente. Entre esses dois pólos, além do mar, há ainda um pântano e uma savana. "A Biosfera é uma ponte entre a ciência espacial e a ecologia", aposta um dos diretores da SBV, Mark Nelson. No total povoam a redoma 3 800 espécies de animais e plantas com as mais variadas aptidões. Algumas delas servem para recortar os ambientes, como uma cortina de bambus tolerantes ao sal, providencialmente disposta entre o mar e a floresta. As plantas do deserto também têm um papel prático, pois florescem no inverno, quando as outras espécies vegetais estão em fase de dormência. Assim, a vegetação do deserto assume a tarefa essencial de absorver o gás carbônico, constantemente expirado pelos animais, e reemitir oxigênio. Essa reciclagem é tão importante, que impôs limites ao tipo e tamanho dos animais que podiam ser enclausurados.
Outro fator limitante, relacionado com esse, são as necessidades calóricas: animais que comem muito ficam de fora. Em vista disso, a maior parte dos bichos é composta por peixes, répteis e anfíbios, cujo organismo é mais lento e apresenta menor demanda energética. Os maiores mamíferos presentes, de fato, não passam de três gálagos, macacos quenianos de apenas 20 centímetros de comprimento. Isso, é claro, sem contar os humanos e suas presas, isto é, os animais domésticos incluídos como fonte de alimento. Mesmo nesse caso, porém, houve o cuidado de selecionar espécies pequenas, como um miniporco vietnamita, responsável pelo suprimento de carne, uma minicabra africana produtora de leite e minigalinhas japonesas, boas poedeiras.
Além disso, a contribuição desses animais para o cardápio restringe-se à variedade, ou um complemento à dieta básica. Da mesma forma, espera-se que pelo menos uma refeição por semana contenha frutos do mar, tais como ostras, mariscos, caranguejos e polvos. Mas nenhum desses itens compete em quantidade com as tilápias: elas fornecem o grosso das proteínas consumidas. Em seguida, vêm cinqüenta tipos de plantas cultivadas, como arroz, milho e legumes. Entre os vegetais, a variedade virá das frutas: até 85 por cento das espécies florestais são frutíferas e não haverá um único dia sem que pelo menos uma planta esteja frutificando."Os biosferianos terão a melhor dieta do mundo", opina o médico-chefe do projeto, Roy Walford, que vai ainda mais longe. Ele espera aumentar a expectativa de vida dos candidatos a colonizadores do espaço. Para isso, conta com uma fórmula que reduz o número de calorias e amplia a qualidade nutritiva das refeições. "Ratos submetidos a essa receita têm vida bem mais longa que a média da espécie", argumenta. Pode ser. Mas os verdadeiros desafios do projeto são outros. Aparentemente triviais, são muito difíceis de resolver.
Basta pensar na respiração. Ninguém se preocupa com o gás carbônico que exala ao respirar, porque as plantas o reconvertem continuamente em oxigênio. Num ambiente fechado, porém, o volume de gás carbônico cresce, em detrimento do de oxigênio, e mais cedo ou mais tarde acaba sufocando as pessoas e os animais presentes. O problema é tão sério, que na prática inviabiliza os vôos espaciais de longa duração. Os americanos, por exemplo, não podem ficar mais que dez dias em órbita, porque têm de levar consigo uma grande quantidade de oxigênio. Os cálculos mostram que cada astronauta precisa de pelo menos 5 quilos diários de alimentos, água e ar. Apenas em ar, o consumo alcança 3 quilos por dia, 60 por cento do peso total da mochila básica (os alimentos pesam 750 gramas e a água, 850 gramas).
Para que os astronautas não sufoquem, todos os dias é preciso recolher o gás carbônico gerado pela respiração e injetar nova cota de oxigênio nas cabines. Tudo isso, é claro, ocupa grande espaço no Shuttle, o principal veículo americano para operações em órbita, e custa caro - cada quilo de suprimentos sai pela pequena fortuna de 10 000 dólares. Diante desses números, fica fácil imaginar as dificuldades da grande estação orbital que os americanos planejam estacionar no espaço, em futuro próximo. Num projeto dessa envergadura, é preciso pensar em suprimentos para quatro ou cinco pessoas, em média, e durante um prazo de dois ou três anos. Nesse caso, a carga de provisões pode chegar a 20 toneladas, analisam os especialistas da NASA, a agência espacial americana.
Portanto, há razão de sobra para se pensar numa instalação auto-suficiente, isto é, que não exija novos suprimentos da Terra. É exatamente isso que se pretende com a Biosfera: estudar um meio ambiente fechado capaz de viver de si mesmo, como a Terra. Como é extremamente bem selada, tanto pode servir de suporte à vida no espaço, flutuando em órbita, como no solo hostil de um planeta vizinho. A redoma montada pela firma SBV, de fato, é capaz de reter o mesmo volume de ar, sem perdas significativas para o exterior, durante nada menos que 100 anos. Ao longo desse período, pelo menos em princípio, o oxigênio consumido seria reposto pelas plantas, em um sistema contínuo de reciclagem. Por outro lado, as fezes e a urina dos animais e do homem, seriam usadas para realimentar o solo e manter a produção vegetal em bom nível.
Algo semelhante já foi feito na União Soviética, no Instituto de Biofísica de Krasnoyarsk, onde três cientistas sobreviveram seis meses apenas com o ar reciclado por plantas. Também obtinham uma parte pequena de sua alimentação em hortas cultivadas. Apesar disso, os próprios soviéticos ainda encaram esse tipo de sistema como simples experiência e não o empregam em sua estação orbital Mir. Quando ela está ocupada, às vezes durante quase um ano, os astronautas têm que receber novas provisões regularmente. O fato é que não é brincadeira criar um sistema fechado, explica o biólogo Joe Hanson, do Laboratório de Jatopropulsão da NASA.Ele próprio imaginou uma experiência singular, mais pretensiosa do que simplesmente repor o ar com ajuda das plantas. Para isso, fabricou um globo de vidro, do tamanho de um melão, cheio de água e hermeticamente fechado, no qual encerrou um conjunto de bactérias, algas e camarões. Os camarões alimentavam-se de algas, respiravam oxigênio dissolvido na água e exalavam gás carbônico. Os seus dejetos, degradados pelas bactérias, serviam de alimento para as algas que, durante a fotossíntese, ao absorver gás carbônico, devolviam oxigênio à água. De maneira geral, o mecanismo funcionou, mas Hanson percebeu rateios perigosos em sua marcha. A reciclagem dos resíduos gasosos, por exemplo, não era constante, de modo que seu volume, em certos momentos, aumentava muito acima da média.
Essas flutuações não liquidaram os camarões porque eles toleram bem o excesso de gás carbônico. Mas os riscos aumentam muito quando se trabalha com organismos mais exigentes, afirma o cientista. "Ainda não foi possível manter vivo um vertebrado, como um peixe, por mais de dois meses." O projeto da Biosfera surgiu como uma ousada alternativa a esses resultados. Os seus autores argumentam que, quando se fala em reciclagem, talvez seja um erro tentar simplificar. Num ambiente onde vivem apenas camarões, algas e bactérias, perde-se a visão global e a grande variedade dos sistema reais. O ideal, segundo esse raciocínio, é montar habitats diversificados, como a própria Terra, e monitorá-los com precisão. Assim, os porões da Biosfera contêm um avantajado computador - o "sistema nervoso" do mundo artificial.
Ligado a 3 500 sensores espalhados pela redoma, ele é capaz de registrar dezenas de dados essenciais ao desempenho da experiência. Os sensores podem avaliar não apenas a quantidade de gases presentes na atmosfera, mas também o seu volume, já que o ar pode expandir-se ou contrair-se de acordo com a temperatura. A temperatura, por sua vez, também pode elevar-se devido ao excesso de gás carbônico, o qual retém calor por meio do temido efeito estufa. A umidade do ar é outro fator decisivo no desenvolvimento dos vegetais - uma das ousadias da Biosfera foi reunir, sob o mesmo teto, ambientes tão diferentes quanto um deserto e uma floresta tropical. O computador está preparado para ativar um sem - número de válvulas, ventiladores e bombas hidráulicas. Esse equipamento será responsável pelo controle de fenômenos como a chuva e o regime dos ventos, e também para corrigir falhas eventuais no curso dos acontecimentos. Certamente, é impossível prever o destino de um ambiente tão complexo. O oceano serve de ilustração, pois, por ser pequeno, rapidamente acumula resíduos orgânicos que absorvem oxigênio e ameaçam os corais e outros habitantes marinhos. Para que isso não aconteça, a água flui constantemente entre a superfície e o subsolo da redoma, onde passa por uma limpeza em regra. A operação, inteiramente automatizada, é feita por mais de trinta espécies de algas, que, em tanques especiais, devoram os resíduos orgânicos.
Na verdade, não há sequer garantia de que as plantas cultivadas vão sobreviver, ou se sua produção será suficiente para alimentar os humanos. Também não se sabe se os animais selvagens se adaptarão às novas circunstâncias. A maioria, num total de 45 espécies, é composta por insetos e foi escolhida por ser útil. Alguns deles revolvem o solo, outros servem de alimento para animais maiores e outros, enfim, contribuem para a reprodução das plantas, pois espalham as sementes e fazem a polinização. Resta saber se vão concretizar as expectativas.Mas as incertezas não preocupam os criadores da Biosfera. Para eles, mesmo se a reciclagem falhar, valerá a pena, pois será possível aprender com os defeitos. "A idéia é justamente essa", avalia o botânico inglês GhIllean Prance, consultor do projeto. "Preferimos reunir um grande número de espécies e observar quais delas se saem melhor. Estou preparado até para ver algumas sucumbirem à extinção." Confortavelmente instalados em apartamentos privados, os pesquisadores encerrados na Biosfera terão a tarefa de observar, em primeira mão, o desenvolvimento de seu micromundo.
Além de uma reunião informal para distribuir tarefas, realizada todos os dias, eles pretendem dedicar as manhãs à agricultura, deixando os trabalhos de pesquisa para a parte da tarde. Entre uma coisa e outra, podem ver televisão, ouvir música, ou mesmo fazer música, como é o caso do engenheiro eletrônico Taber MacCallum, autorizado a levar uma bateria para a Biosfera. A única exigência é que ele toque num quarto à prova de som, para não perturbar o trabalho - ou mesmo o descanso - dos outros. Talvez a principal diversão da equipe seja simplesmente passear em seu paraíso. Alguns dos escolhidos já haviam passado por experiência semelhante, em redomas menores construídas pela própria SBV, e estão agora encantados com o espaço disponível. É o caso da ecologista Linda Leigh, que viveu vinte dias em um módulo 300 vezes menor que a Biosfera. "Só o fato de poder me mover em três dimensões, me dá grande sensação de liberdade."Essa declaração revela uma perspectiva otimista que nem os mais ferozes críticos da experiência querem desabonar. Muitos cientistas duvidam da eficácia do projeto, em parte devido ao seu elevado preço - 180 milhões de dólares, financiados por um excêntrico bilionário americano, Edward Bass. Além disso, acredita-se que ele é complexo demais para ser monitorado, ou para, algum dia, ser enviado ao espaço. Mas a comunidade científica sempre simpatiza com a ousadia. É o que pensa, por exemplo, o especialista Arthur Galston, da Universidade Yale, para quem as perspectivas científicas são frágeis, na Biosfera. "Mesmo assim, ela abre caminho para uma região que nunca havia sido explorada antes."





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terça-feira, 27 de novembro de 2012

Ratos Humanos - Genética


RATOS HUMANOS - Genética



Fabricados num tubo de ensaio, eles têm em seu organismo substâncias ou órgãos do homem ou de outras espécies e por isso tornam-se modelosideais para o estudo de diversas doenças

As doenças, por motivos óbvios, estão entre os fenômenos naturais cuja compreensão mais interessa ao homem. Infelizmente, é impossível estudá-las por meio de experimentos, como se faz, com grande sucesso, em outras áreas do conhecimento. Certamente, não se pode provocar um distúrbio em uma pessoa para tentar elucidar as suas causas. A própria ciência, no entanto, encarregou-se de romper os limites naturais e acabou descobrindo um método excepcional de simular os males humanos no corpo dos ratos. Já existem animais especialmente talhados para desenvolver a calvície, o câncer, o diabetes e a hepatite, entre muitos outros exemplos. E, para coroar essas proezas, parece cada dia mais próxima a possibilidade de se fabricar um rato aidético.

A força da nova técnica é evidente: para estudar os males humanos, já não é preciso procurar animais naturalmente suscetíveis a doenças análogas a esses males humanos, nem tentar induzi-los por meio de drogas. Tais métodos são úteis, sem dúvida, a tal ponto que se colecionam raras linhagens de ratos com esse fim. Mas isso não é o ideal. O que se procura agora é recriar uma doença completa no organismo de uma cobaia e assim desnudar, com precisão jamais alcançada, o emaranhado de reações químicas existentes nas células. Uma analogia ajuda a entender como isso é feito. Afinal, apesar de seu volume microscópico, as células são verdadeiras fábricas. No seu interior, fazendo as vezes de engrenagens, milhares de substâncias movimentam-se para elaborar os produtos essenciais ao organismo.Não é fácil, portanto, investigar os possíveis defeitos das engrenagens, ou os equivalentes das doenças, de acordo com essa analogia. Mas, além de engrenagens, as células também têm um roteiro de trabalho, por meio do qual é muito mais simples entender o funcionamento da fábrica. Esse roteiro está inscrito nos genes, substâncias-capatazes cuja função é orientar o trabalho das substâncias-engrenagens Os problemas da calvíce, por exemplo, mostram como o estudo dos genes pode ser útil. Eles têm origem na linha de montagem da queratina, o principal ingrediente dos cabelos, cuja produção exige cerca de vinte comandos químicos diferentes.
Em vista disso, os bioquímicos decidiram sabotar pelo menos um desses comandos para ver que tipo de doença poderiam produzir. Primeiro, extraíram do organismo de uma ovelha um gene de nome IF, um dos responsáveis pela produção de queratina. Depois, num tubo de ensaio, copiaram-no diversas vezes e introduziram as cópias nas células sexuais de uma rata prenhe. Como resultado, os filhotes da rata herdaram as instruções defeituosas inseridas na mãe; por ter genes de uma outra espécie, a ovelha, esse tipo de animal é chamado transgênico. Os cientistas haviam imaginado um defeito simples, em que um gene começa a trabalhar mais do que o normal e provoca um desequilíbrio danoso na química celular. O excesso de cópias poderia simular esse efeito.
A experiência confirmou a hipótese, pois os filhotes nasceram suscetíveis à calvíce. Mais do que isso, apresentavam muitos desequilíbrios químicos efetivamente observados nas pessoas que têm problema com os cabelos. Assim, apesar de não deslindar a causa desses males, a experiência mostrou como procurar pelo fio da meada. Não se deve pensar que a questão se resume ao excesso de uma substância. A lição extraída é que uma simples mudança na quantidade altera por completo as instruções originais de um gene, sejam elas quais forem. "Os animais transgênicos desvelam as verdadeiras ações dos genes dentro dos organismos", ensina a bioquímica Brenda Leckie, do Centro de Pesquisas Médicas, de Glasgow, Escócia.
Ela analisa uma intrigante experiência, na qual alguns ratos receberam uma cópia extra do gene produtor de renina, substância associada ao controle da pressão sangüínea. Quando injetada no sangue de um animal qualquer, inclusive o homem, a renina provoca hipertensão. Nesse caso, porém, o que se observou foi algo bem diferente: embora sofressem de pressão alta, os ratos não tinham elevada concentração de renina no sangue. Isso prova que não há uma relação simples entre o excesso de trabalho de um gene e as alterações provocadas por ele. Ainda não existe uma pista bem definida sobre os furtivos caminhos desse gene. Mas há indícios de que ele estabelece uma verdadeira revolução na química dos vasos sangüíneos, do coração ou dos rins, em cujas células ele costuma trabalhar. Resultados parecidos podem advir das traquinagens bioquímicas de um gene humano, denominado Apo CIII, que hoje tornou-se suspeito personagem de diversas doenças.Quando se enxertam muitas cópias de Apo CIII numa rata, seus filhotes tornam-se superprodutores de apolipoproteína, substância aparentada ao colesterol. Como decorrência, sofrem de hipertrigliceridemia, ou HTG, distúrbio comum em pessoas com problemas nas coronárias. Em outras palavras, a experiência faz pensar que a causa da HTG é um excesso de trabalho do Apo CIII. Mas esse fato é ainda mais significativo quando se sabe que a HTG também está associada a diabetes, obesidade, pancreatite, deficiência renal crônica, estresse e até alcoolismo.
A criação de modelos para as doenças, embora recente, transformou-se na aplicação de maior sucesso dos animais transgênicos. Fabricam-se muitos outros tipos de bichos mistos, como as cabras com um gene humano produtor de insulina, cujas células tornam-se fábricas ambulantes desse importante medicamento para diabéticos. Um problema com cabras desse tipo é que a insulina brota de vários tipos de células, quando o ideal seria concentrar a produção nas tetas. Assim, seria mais prático coletá-la. De qualquer modo, considera-se que a experiência é um sucesso. Já se fazem, também, porcos magros, animais que recebem um gene humano responsável pela produção de hormônio de crescimento. Outras experiências utilizam um gene de boi do mesmo tipo, com efeito quase idêntico.
Em conseqüência disso, crescem mais esbeltos e desenvolvem uma carcaça com menor proporção de gordura, comparados a seus iguais da natureza. O mesmo pode-se fazer em organismos tão diferentes quanto o dos peixes. Esse tipo de animal, inicialmente, era acometido por severos efeitos colaterais, geralmente devido a uma imperfeita extração dos genes. No entanto, a técnica está sendo aparada rapidamente. Na realidade, os genes dos hormônios de crescimento ganharam uma aplicação mais direta: já estão nascendo porcos anões, duas vezes menores que o normal. É o que diz o geneticista Francisco Duarte, da Faculdade de Medicina (USP) de Ribeirão Preto, interior de São Paulo. "Estamos nos preparando para gerar um miniporco e um microporco", conta ele, animado com a perspectiva de iniciar a pesquisa com transgênicos no Brasil.
Esses estranhos suínos têm uma dupla finalidade. O miniporco deverá ser criado como um substituto para a leitoa, que é excessivamente gorda quando jovem. O microporco terá grande utilidade na toxicologia, para testar o nível de perigo dos agentes tóxicos industriais e agrícolas. O porco tem um organismo bastante análogo ao do homem e sua reação aos venenos pode ser considerada uma indicação confiável sobre as reações humanas. Mas o tamanho dos animais, atualmente, torna difícil criá-los em laboratórios. O pesquisador quer resolver o problema. "Os microporcos o contornarão."O trabalho em Ribeirão Preto terá início em março e deve avançar ao longo dos próximos anos. Nesse caso, haverá uma auspiciosa corrida, já que inúmeros outros laboratórios do país apostam no estudo dos animais transgênicos. No Rio de Janeiro, nas dependências da Universidade Federal, prevê-se o nascimento, em breve, do primeiro rato transgênico nacional. "Ele será o protótipo de um futuro boi transgênico imune à febre aftosa", proclama o pesquisador Rodrigo Brindeiro. A aftosa é uma das maiores ameaças aos rebanhos, e um boi capaz de resistir a ela faria uma revolução nos campos. Portanto, já de saída, abrem-se largos horizontes para uma tecnologia transgênica tipicamente brasileira.
Finalmente, um dos maiores sucessos dos últimos tempos são os ratos híbridos mas não transgênicos. Em vez de genes, logo que nascem, esses animais recebem transplantes de células humanas. Assim, crescem dotados de miniaturas de órgãos humanos, verdadeiros penetras em seu organismo. São pequenas cópias do fígado, timo, rins, pulmões e diversas outras peças básicas do corpo. O grande sucesso dessa tecnologia são recriações, na escala dos ratos, do sistema imunológico humano, uma proeza concebida e executada, em primeiro lugar, pelo médico Michael Cune, do Hospital Geral de San Francisco, na Califórnia, Estados Unidos. Seus ratos têm uma dupla capacidade.Primeiro, porque desenvolvem um sistema imunológico humano perfeitamente capaz de defendê-los. Segundo, porque esse sistema pode fracassar, exatamente como ocorre durante um ataque de AIDS. Essa segunda característica é uma triste prerrogativa dos homens, os únicos animais vulneráveis ao vírus desse mal. Mas, aparentemente, os ratos de Cune também terão esse potencial, daqui para a frente, fato que Ihes dá imenso valor para a Medicina. No inicio não se dava crédito a Cune e ainda não há certeza sobre o verdadeiro valor dos seus ratos. Agora, inúmeros outros vírus humanos infestam ratos híbridos e fortalece-se a idéia de que as doenças do homem podem ser forjadas de maneira independente do seu próprio organismo.





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terça-feira, 27 de novembro de 2012

Rebeldias da Energia Dominada - Tecnologia


REBELDIAS DA ENERGIA DOMINADA - Tecnologia



50 milhões de quilowatts movem e iluminam o país, mas os blecautes e outras panes rondam a vasta rede de distribuição de energia

Quando a primeira central elétrica começou a funcionar, no dia 12 de janeiro de 1882, em Londres, a idéia de transmitir energia pura, de um lugar para outro, empolgava o mundo. Na prática, a sociedade dessa época contentava-se com muito pouco. A festejada usina inglesa, na verdade, era incapaz de transportar sua força além de uns poucos quarteirões, e as residências beneficiadas não chegavam a um milhar. Mesmo quinze anos depois, a importante rede elétrica de Paris atendia modestos 9 250 clientes. Ao mesmo tempo, segundo o historiador Jean-Claude Debeir, a iluminação a gás servia a 350 000 residências. Para dar conta do suprimento de energia, as cidades geralmente possuíam dezenas de geradores espalhados pelos bairros.
Decorridos 100 anos, o entusiasmo dos pioneiros revela-se plenamente justificado, mas os problemas dessa notável tecnologia retornam com novo aspecto. Já não há segredo em deslocar força elétrica ao longo de centenas de quilômetros e colocá-la à disposição de milhões de consumidores. Mas, com o aumento acelerado do consumo, por exemplo, as cargas elétricas que rolam nas imensas redes modernas ameaçam fugir de controle e estimulam a busca de inovações. No Brasil, os riscos de pane crescem ano a ano. Em comparação com 1990, eles serão duas vezes maiores em 1991, cinco vezes maiores em 1992 e dez vezes maiores em 1993.Um formidável exemplo de descontrole foi o blecaute de 1985, o maior da história do país, ocasionado por uma sobrecarga de energia em São Roque, interior de São Paulo. Em conseqüência disso, durante três horas, nove Estados do Sul e do Sudeste do país pararam, em trevas. O motivo é que o excesso de força provocou uma resposta protetora que se estendeu por diversos circuitos. As hidrelétricas são interligadas em escala nacional, de tal modo que eventuais carências energéticas, numa região, podem ser rapidamente compensadas por outro sistema gerador. Trata-se de um vasto labirinto cujas dimensões podem ser avaliadas pelo Estado de São Paulo, onde a energia flui constante em uma teia de fios com 500 000 quilômetros de extensão - superior à distância da Terra à Lua, 380 000 quilômetros. Isso assegura um suprimento de energia mais estável; em compensação, distribui os problemas.
Mas mesmo uma entidade escorregadia e violenta como a energia pode ser domada e conduzida com segurança pelos corredores desse sistema. A tecnologia básica não difere da que era usada no início do século, e a principal distinção fica por conta do gigantismo moderno. A transmissão em longas distâncias, por exemplo, já havia sido dominada no inicio dos anos 30, com o uso dos transformadores. Com eles, é possível disparar as cargas em alta tensão e assim evitar as perdas de força no caminho. Para entender por quê, basta imaginar a tensão como um terreno em desnível onde as cargas rolam. Assim, quanto maior é a inclinação, maior é a velocidade de queda e menor é a chance de desvios no caminho.
Essa imagem, por si só, indica que as tensões elevadas são perigosas, pois podem traduzir-se em fortes correntes elétricas, mesmo quando a quantidade de energia é relativamente pequena. Por isso, são usadas apenas nas regiões remotas entre as cidades, em que os cabos podem correr suspensos em altas torres, fora do alcance das pessoas e dos animais. Na entrada das cidades, um transformador rebaixa a tensão impressa à carga. Isso significa tirá-la de um patamar que varia de 390 000 a 750 000 volts, para o nível de 13 000 volts, utilizados nos fios de rua. Depois de novo rebaixamento, a energia é entregue às residências a 110 ou 220 volts.
Embora útil, esse tipo de comparação não deve transmitir a falsa idéia de que a energia é algum tipo de substância ou fluido impalpável. A realidade é ao mesmo tempo mais surpreendente e mais simples que isso, pois energia quer dizer apenas trabalho - é o esforço necessário para carregar um peso, acionar um motor ou acender um fósforo. Quando uma pessoa liga o interruptor de uma lâmpada comum, por exemplo, está abrindo uma torneira de força capaz de, a cada segundo, erguer uma pedra de 6 quilos (60 newtons) a 1 metro de altura. Isso é o que significa dizer que a potência da lâmpada é igual a 60 watts.O que causa confusão, muitas vezes, é a idéia de que o trabalho possa ser empurrado ladeira abaixo. Como se empurra um empurrão? Trata-se, certamente, de um fato extraordinário, mas não há mistério nenhum. Tudo se passa, na realidade, como se as tomadas elétricas fossem os próprios rios cuja força é aproveitada pelas usinas geradoras. A fonte original da energia é o movimento da água nas hidrelétricas. Ele é usado, em primeiro lugar, para fazer rodar grandes ímãs, localizados no pé das represas. A rotação dos ímãs é importante porque, quando estão imóveis, a atração magnética não gera eletricidade. Mas, quando se movem, forçam os elétrons presentes em um fio a se moverem - ou seja, criam uma tensão entre as duas pontas do fio.Essas pontas são as mesmas que se prendem aos terminais das tomadas ou dos interruptores de luz. Dessa maneira, se vê que a transformação de um movimento em outro, continuamente, acaba transportando a força dos rios até as tomadas elétricas. A Usina de Itaipu fornece um exemplo concreto, pois o Rio Paraná despeja, a cada segundo, 100 000 toneladas de água de uma altura de 130 metros. Nesse caso, para descobrir a potência da hidrelétrica, basta multiplicar 130 por 100 000. O resultado é 13 milhões de quilowatts, ou 13 bilhões de watts, a energia que rola constantemente pelo Paraná. Com essa informação, pode-se calcular o número máximo de lâmpadas comuns, de 60 watts, que Itaipu pode acender. Basta dividir 13 bilhões por 60, obtendo-se 216 milhões de lâmpadasIsso dá uma idéia do consumo de eletricidade no país, que monta a 50 milhões de quilowatts, aproximadamente. Um problema grave é que esse gasto não é constante e tende a gerar um pico, diariamente, entre o final da tarde e o começo da noite. Assim, um dos esforços mais urgentes no Brasil de hoje é a tentativa de distribuir melhor oconsumo. Com esse fim, o plano é premiar as indústrias que deixam para ligar lâmpadas e motores nos horários de baixa demanda de energia, como de madrugada, por exemplo. Em contrapartida, existem punições para as empresas que ultrapassam um certo patamar, estabelecido como o máximo permitido nos momentos de sufoco.
Não é fácil controlar o consumo quando existem milhares de lâmpadas e centenas de motores em funcionamento, e muitos deles têm que ser ligados ou desligados, conforme as circunstâncias. Às vezes, o desligamento de uma máquina pode sobrecarregar uma outra, que acaba queimando. Um evento desse tipo, agindo em cadeia, pode tomar proporções de desastre público, razão por que diversas empresas utilizam computadores para domar a energia. Eles podem desviar energia de um local para outro, aliviando as cargas. "Esse controle preciso representa economia certa para a indústria", diz o engenheiro Edgard Franco, dono de uma firma especializada em equipamento computadorizado, sediada em São Paulo.
Os computadores também têm um papel parecido dentro do sistema nacional de transmissão e distribuição de eletricidade. Eles podem detectar com mais rapidez acidentes como o blecaute de 1985. Nos próximos anos, além disso, devem começar a funcionar diversos aparelhos automáticos destinados a supervisionar pontos críticos das redes. Um deles registra qualquer corte de corrente num circuito urbano e informa as subestações de controle. Nesse caso, não se faz propriamente economia de energia, mas a eficiência do serviço pode melhorar. O esforço vale a pena, especialmente nesse momento crítico, em que a produção de energia é menor do que deveria ser, devido ao atraso na construção de hidrelétricas.Além disso, a carência de energia é maior em regiões como São Paulo , onde a concentração de indústrias esgotou o potencial dos rios. A tal ponto que já se pensa em bater recordes na extensão das linhas para puxar energia da Região Norte. Algumas das linhas em projeto, vindas da Amazônia, têm mais de 4 000 quilômetros de cabos, o que impõe custos mais altos em termos de metais e também por causa das perdas de energia.
De imediato porém, a maior preocupação é, certamente. encontrar meios de reduzir o consumo - meta que deve ser alcançada com a ajuda de todos. É certo que a indústria abocanha a parte do leão, em termos de energia. Embora representem 80% do número de consumidores, as residências gastam apenas 18% da eletricidade total. Já as indústrias são apenas 2% dos consumidores, mas absorvem 50% da energia. A iluminação pública é o terceiro colocado nessa lista, com um gasto de 10%. Mesmo assim, há inúmeras providências que se podem tomar para reduzir os desperdícios domésticos. Apagar as lâmpadas nos cômodos vazios é um dos mais simples, mas nem por isso desimportante, pois a iluminação costuma ter um peso de 20% nas contas de energia.
A fuga de corrente por causa de fios desencapados é outro fator freqüente de perdas e pode ser detectada com facilidade. Basta desligar todas as lâmpadas e aparelhos e verificar se o marcador de energia continua girando. Em caso positivo, é preciso examinar a fiação para localizar o ponto de fuga. Enfim, deve-se ter bastante cuidado com a geladeira, a campeã de consumo, de acordo com as estatísticas. E o pior é que isso acontece, em grande parte, apenas porque as pessoas deixam as portas abertas por longos minutos enquanto examinam o interior do aparelho. A televisão também causa desperdício devido a um descaso parecido: apesar de não puxar muita energia fica muito tempo ligada, mesmo quando ninguém está olhando.Não é difícil estimar os eventuais desfalques. A potência, que vale, em média, 150 watts e vem impressa na parte de trás do aparelho, significa que ele gasta 150 unidades de energia a cada segundo. Essa unidade, o joule, é muito pequena: é preciso um pacote de 3 600 000 joules para ter um quilowatt hora, ou kWh, o padrão usado pelas companhias de eletricidade. Em compensação, apenas 1 minuto depois de ligado, o aparelho terá consumido 150 vezes 60 segundos, ou 9 000 joules. Em 1 hora, serão 60 vezes 9 000, ou 540 000 joules, que representam 0,15 kWh. Ao fim do dia, se a televisão ficar ligada durante 6 horas, o consumo alcançará 1 kWh (0,15 vezes 6). Assim, no final do mês, apenas por causa da televisão, 30 kWh serão somados à conta de energia - em uma conta mediana, de 500 kWh, isso representa 15% da despesa total. Não parece muito, mas economia se faz assim mesmo, aos poucos. Além disso, deve-se levar em conta, principalmente, o interesse geral. É evidente que todos ganharão se forem evitados inconvenientes cortes de energia.





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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Sob o Domínio de Saturno - Astronomia


SOB O DOMÍNIO DE SATURNO - Astronomia



Milhares de anéis e 18 luas de gelo compõem o universo do segundo maior planeta do sistema solar. A nave americana Cassini irá até lá para conferir toda sua grandeza.

Quando as naves americanas Voyager foram lança-das ao espaço, no início dos anos 70, tinham como missão obter as primeiras imagens detalhadas dos mais distantes planetas, cuja estrutura não pode ser examinada apenas ao telescópio. Mas assim acabaram abrindo um novo capítulo na conquista do sistema solar, pois essa região é ocupada por corpos muito diferentes da Terra e dos seus poucos vizinhos - a Lua, Mercúrio, Vênus, Marte e seus dois satélites, Fobos e Deimos, todos constituídos, basicamente, por rochas e metais. A partir de 1980, em vez disso, os cientistas descortinaram uma grande diversidade de mundos, construídos segundo uma bizarra arquitetura de gelos e de gases. Nessa nova vitrine de criações cósmicas, Saturno, o segundo maior planeta do sistema solar, ocupa um lugar especial. Antes de mais nada, por causa dos anéis - milhões de rochas geladas que flutuam praticamente encostadas à superfície do planeta, as mais próximas a apenas 17 000 quilômetros, 5 por cento da distância entre a Terra e a Lua. Em compensação, espalham-se no espaço como uma finíssima lâmina de 80 000 quilômetros de extensão e 2,5 quilômetros de espessura. O resultado é um inigualável espetáculo de equilíbrio e harmonia, no qual as rochas contrabalançam a imensa gravidade de Saturno girando à velocidade de 50 000 quilômetros por hora.Não menos impressionante, porém, é o cortejo de satélites do planeta, composto por nada menos que dezoito corpos celestes das mais variadas formas e tamanhos. Titã, por exemplo, o maior deles, é um verdadeiro achado cósmico. Por incrível que pareça, embora gelado e sem água, ele pode conter pistas importantes sobre a química da vida. Primeiro, porque possui uma atmosfera parecida à da Terra; é uma das três únicas luas dotadas de ar, junto com Tritão, de Netuno, e Io, de Júpiter. Mas apenas a Terra e Titã contêm ar com uma grande proporção de nitrogênio misturado a um pouco de metano. Em segundo lugar, ambos apresentam substâncias como o ácido cianídrico, o cianogênio e o cianoacetileno, consideradas as precursoras das moléculas orgânicas. Parece significativo que as mesmas substâncias tenham se formado em ambientes tão diferentes, e diversos cientistas, atualmente, debruçam-se sobre essa questão. Entre eles está o físico brasileiro Carlos Vianna Speller, da Universidade Federal de Santa Catarina. De posse dos dados das Voyagers, ele criou um simulacro da atmosfera titaniana em seu laboratório e agora se dedica a bombardeá-la com radiação. Assim, pretende descobrir como se formaram as substâncias que, na Terra, precederam o aparecimento dos seres vivos. "Queremos deslindar os meandros dessa química", conta.Os americanos, por outro lado, pretendem abordar essa questão mais diretamente. Estão se preparando para lançar a sonda automática Cassini, cuja meta é estacionar numa órbita próxima de Saturno e, de lá, enviar uma nave auxiliar à superfície de Titã. Equipada com inúmeros instrumentos científicos e uma câmara de TV, a pequena sonda será lançada até 1996. E quando chegar ao destino, em 2002, vai encontrar um mundo que é quase um planeta. Titã tem um raio de aproximadamente 2 000 quilômetros, não muito menor que o de Mercúrio, que mede 2 500 quilômetros, ou o de Marte, com 3 000 quilômetros. Além disso, é coberto por extensos mares de hidrocarbonetos - parentes químicos da gasolina, de grande importância nos fenômenos estudados por Speller. Esses líquidos poderiam compensar a falta da água, tão necessária às reações químicas.No entanto, ao contrário dos planetas mais conhecidos, metade do corpo de Titã é feito de gelo, pois a água era um material extremamente abundante em todo o sistema solar na época de sua formação. Os planetas e luas mais próximos do Sol, devido ao calor, perderam a maior parte de sua cota. Mas, além da órbita de Marte, a água e outras substâncias geladas condensaram-se na forma de corpos celestes. Nos outros satélites saturnianos, a importância dessa matéria-prima chega a ser maior que em Titã, pois contém de 60 a 70 por cento de gelo. Curiosamente, esses mundos distantes acabam tendo uma vida geológica mais ativa que alguns astros rochosos. É que o gelo é mais fácil de moldar - por exemplo, por meio da energia liberada durante o impacto de meteoros.Esses últimos, efetivamente, produzem mudanças drásticas nos arredores de Saturno, como se vê em Japeto, a segunda lua em tamanho, que tem metade de sua superfície coberta por uma estranha substância escura. A idéia é que se trata de uma espécie de lava, isto é, matéria do interior do satélite que, sob um forte impacto externo, fundiu-se e vazou para a superfície. "Imaginamos que essa pasta contenha amônia, gelo de água e algum outro composto escuro, de natureza incerta" arriscam os planetologistas Laurence Soderblom e Torrence Johnson, ligados à agência americana NASA. Eles afirmam que, antes dos anos 80, já se esperava que os satélites de Saturno, assim como os de Júpiter, apresentassem alto grau de atividade geológica."Mas os resultados foram muito mais amplos que o esperado". acrescentam. Réia, uma lua quase do mesmo tamanho que Japeto (com 1500 quilômetros de raio), exibe os mesmos estranhos vazamentos escuros. Em outros satélites, como Tétis, existem largas rachaduras superficiais, provavelmente devido a fortes tensões em sua crosta gelada. O próprio Saturno é um gigante de gelo, mas nesse caso há um componente adicional: a imensa massa de gases que o circunda. Embora seja 750 vezes maior que a Terra, Saturno é o planeta mais rarefeito de todo o sistema solar - se fosse possível colocá-lo em uma bacia com água, flutuaria.Isso não quer dizer que seja leve, pois é 95 vezes mais pesado que a Terra. No entanto, apenas o seu núcleo, com 5 por cento do volume total, é constituído por gelo e rocha sólida. Acima dessa, existe um mar de hidrogênio líquido e o resto são gases de hidrogênio e hélio, os mais leves da natureza. Isso faz com que a densidade do planeta se torne menor que a da água", ensina o planetologista Oscar Matsuara, da Universidade de São Paulo (USP). Outra conseqüência da massa gasosa é que ela dá a Saturno uma superfície extremamente turbulenta, já que, apesar de todo seu tamanho, ele leva somente 10 horas e 32 minutos para completar uma volta em torno de si mesmo.Como se vê, muito se aprendeu desde o tempo em que Saturno foi descoberto - ele já era conhecido pelos sábios da Babilônia, no século VII a.C. A cerca de 1 bilhão de quilômetros da Terra, era o mais longínquo planeta conhecido pelos antigos. Posteriormente, a descoberta dos anéis maravilhou o mundo. O autor da façanha foi o italiano Galileu Galilei (1564-1642), que, em julho de 1610, observou duas estranhas "orelhas" nas bordas do planeta. Seu telescópio mostrava apenas as extremidades dos anéis, pois apareciam dos lados de Saturno, bem nítidas contra o céu escuro; não permitia ver a pane central, ofuscada pelo astro, ao fundo. Assim, o enigma só foi decifrado em 1656, pelo astrônomo holandês Christiaan Huygens (1629-1695). No século seguinte, um outro engano seria derrubado pela argúcia do físico francês Pierre Simon de Laplace (17491827). A história começou com o astrônomo italiano Gian Domenico Cassini (1625-1712), que descobriu a divisão dos anéis em faixas concêntricas.Mesmo depois disso, no entanto, continuou-se a pensar que os anéis eram sólidos e formavam um único bloco - uma teoria absurda, segundo Laplace. Se os anéis formassem um bloco, disse ele, seriam destruídos por sua própria rotação, pois seu aro interno, mais próximo de Saturno, sofreria uma atração gravitacional mais intensa. Como conseqüência, tenderia a girar mais rapidamente. Já o aro externo, mais distante e menos solicitado pela força, giraria com mais lentidão. Em suma, a diferença de velocidade entre as panes destroçaria o suposto corpo único e íntegro. Por ironia, parece ter sido exatamente assim que os anéis surgiram - pelo menos é o que pensam os defensores da hipótese de que eles são os restos de um antigo satélite.Dessa vez o raciocínio pioneiro coube ao francês Édouard Roche (1820-1883), que, não contente em aceitar a idéia de Laplace, decidiu aplicá-la a um corpo qualquer. Perguntou se, então, o que aconteceria se a Lua se aproximasse cada vez mais da Terra. A resposta, é claro, teria de ser semelhante àquela que se havia obtido com os anéis: o hemisfério mais próximo da Terra seria atraído com mais força e acabaria separando-se do hemisfério mais distante. De acordo com as contas de Roche, a Lua se desintegraria quando estivesse a 15 563 quilômetros do centro da Terra. Hoje, ela está segura, pois encontra-se a 384 000 quilômetros de distância e está se afastando gradualmente. Mas há 350 milhões de anos, a apenas 18 000 quilômetros, passou bem perto da desintegração. A mesma sorte não tiveram os anéis, pois, nesse caso, o raio de Roche é de cerca de 150 000 quilômetros, contados a partir do centro de Saturno - e o mais externo deles está a pouco mais de 136 000 quilômetros de distância. Assim, eles podem ter se originado de um ou vários satélites que passaram o limite e foram destruídos.Até que as imagens das Voyagers chegassem à Terra ninguém foi capaz de antever toda a riqueza de movimentos de que são capazes essas pequenas rochas geladas. Perfiladas em milhares de faixas - e não três, como ainda se supunha dez anos atrás -, elas às vezes se apresentam emboladas, torcidas como urna rosca, ou mesmo alinhadas numa reta, em flagrante desafio à geometria circular das órbitas.Análises recentes revelam que esses fenômenos devem-se à influência gravitacional de miniluas imersas na vasta planície dos anéis. Elas impedem que as pequenas rochas se misturem, e assim criam inúmeras faixas orbitais estreitas. Por isso, recebem o apelido de "pastoras", embora em muitos casos, em vez de guiar, esse tipo de ação sirva para subverter o movimento mais usual das rochas geladas. Os anéis, então, assumem as configurações torcidas, alinhadas ou emboladas. Além desse papel peculiar, as seis miniluas identificadas até agora fazem uma ponte entre as rochas dos anéis e os satélites.Com os seus 250 quilômetros de diâmetro, em média, elas criam uma escala crescente de tamanho que começa com os 50 metros das pequenas rochas e vai até os satélites, com um diâmetro de 1000 quilômetros ou mais. Em vista disso, já não há muito sentido em diferenciar anéis e satélites, pois algumas miniluas são quase tão grandes como alguns dos menores satélites. Também é possível que novas "pastoras" sejam descobertas nos próximos anos: é difícil discerni-las no emaranhado de anéis. Por último, mas não menos interessante, há miniluas que partilham a órbita dos satélites mais próximos.Essa curiosa circunstância, embutida nas leis da gravitação, havia sido prevista em 1772 pelo matemático francês Joseph Louis Lagrange, mas nunca havia sido observada. Com toda a justiça, os corpos nessa situação são chamados de satélites lagrangianos. Fatos como esse denunciam a acanhada perspectiva que se tinha do sistema solar, até época recente. Ao mesmo tempo, revelam que os planetas têm uma dinâmica de riqueza aparentemente inexaurível. Galileu chocou os seus contemporâneos quando mostrou que os mundos distantes não eram diferentes da Terra. Reconhecer essa semelhança foi um grande avanço, naqueles tempos. Hoje, esses mundos que, mesmo entre iguais, pode haver um universo de diferenças.

Os primeiros passos da vida nos desertos gelados de Titã

Com uma temperatura de 150 graus negativos e praticamente nenhuma água em estado líquido, Titã não parece ser um bom local para o desenvolvimento da vida. Apesar disso, contém ácido cianídrico, cianogênio e cianoacetileno - substâncias que na cálida e úmida Terra, há 4 bilhões de anos, foram decisivas para o surgimento dos seres vivos. Mas como puderam formar-se nas adversas paisagens titanianas? Essa é a pergunta que o físico Carlos Vianna Speller procura responder - mesmo sem sair de seu laboratório, em Florianópolis, SC. Para isso, reproduziu a receita da atmosfera de Titã numa câmara fechada, do tamanho de uma caixa de fósforo, e bombardeia essa mistura de gases com radiação. Agora espera que a energia radioativa force as reações químicas entre os gases: isso pode ter acontecido em Titã, pois no espaço também há radiação.Parecida com o ar da Terra primitiva - antes que as bactérias começassem a fabricar oxigênio -, a atmosfera titaniana contém 95 por cento de nitrogênio, 5 por cento de metano e menor quantidade de argônio. A diferença é que é muito rarefeita e fria. Essas condições extremas, copiadas por Speller sugerem uma analogia curiosa. "É como se a Terra tivesse sido colocada no congelador." O físico não espera provar, logo de saída, que os gases são a matéria-prima das substâncias orgânicas Mas já confirmou que, sob a blitz radioativa, eles tornam-se eletricamente carregados e formam grupos. Seria o primeiro passo para a união dos gases simples em uma arquitetura química maior e mais complicada.

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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Partículas Fantasmas do Sol - Astrofísica


PARTÍCULAS FANTASMAS DO SOL - Astrofísica



Capazes de atravessar a terra como se nada houvesse em seu caminho, os neutrinos gerados pela fornalha solar revelam detalhes de sua natureza íntima.

Se o Sol, por algum motivo, parasse de produzir energia, as forças que lhe dão sustentação interna deixariam de existir. Em conseqüência disso, a imensa esfera solar desmoronaria sobre si mesma e explodiria, destruindo a Terra e todos os outros planetas. Por incrível que pareça, porém, durante muitos anos a luz e o calor que o Sol armazena assegurariam sua integridade e nenhum vestígio da catástrofe em andamento transpareceria em sua superfície. Ironicamente, o único sinal de alerta seriam partículas subatômicas, invisíveis e dificílimas de detectar, denominadas neutrinos. Foi, portanto, com grande surpresa que, depois de dar caça aos neutrinos durante duas décadas, os cientistas descobriram que essas furtivas entidades não estavam jorrando do Sol na devida proporção.
Esse fato é tão intrigante, que pelo menos durante algum tempo, chegou-se a imaginar, com seriedade, se o coração do Sol não estaria danificado. "Foi uma tentativa desesperada de eliminar o mistério", relata o físico americano Murray Gell-Mann, um dos gênios que elucidaram a mecânica das partículas subatômicas, nos últimos trinta anos. Ele esclarece que essa proposta nunca teve muitos adeptos mas expõe com clareza as estranhas proezas do neutrino, visto como uma espécie de fantasma entre as partículas elementares.
O motivo é a facilidade com que ela atravessa os mais sólidos e espessos obstáculos - por exemplo, quando escapa do centro do Sol, onde está encerrado por 650 000 quilômetros de gases altamente comprimidos. Nessa fornalha, fonte de toda a energia solar, a temperatura eleva-se a 15 milhões de graus, e um volume de gases com o tamanho de um balde chega a pesar 1 tonelada, quinze vezes mais que um balde de chumbo na Terra. Em vista disso, quando uma porção de energia toma a forma de um raio de luz, por exemplo, esse imediatamente colide com uma infinidade de átomos, em frenética agitação. E acaba prisioneiro de um violentíssimo bilhar atômico do qual demora 1 milhão de anos para fugir e chegar ao espaço. Totalmente diferente é a situação dos neutrinos: como se nada houvesse no seu caminho, trespassam o Sol com a velocidade da luz e em minutos atravessam também a Terra e toda a sua população. De acordo com a teoria, trata-se de um verdadeiro dilúvio: a cada segundo, nada menos que 600 bilhões deles atravessam o corpo de uma pessoa. Mas, naturalmente, ninguém sente o menor impacto, já que, para tais partículas, o corpo humano é tão rarefeito quanto o espaço sideral. Essa profunda falta de sensibilidade impressionou os próprios cientistas desde que, literalmente, tropeçaram no neutrino, há sessenta anos. O ponto de partida foi um inesperado sumiço de energia nos átomos de rádio, cujo núcleo periodicamente se fragmentava e emitia elétrons muito rápidos - esse fenômeno, desde então, passou a chamar-se radioatividade.
Como a energia final desses fragmentos era menor que a energia inicial contida no rádio, deduziu-se que, além do elétron, havia mais uma partícula, até então desconhecida. Ela transportaria a energia que faltava. Suas características desafiavam a imaginação, pois parecia ser mais leve que o elétron, a mais leve das partículas, e também não possuía carga elétrica (a palavra neutrino foi usada para indicar uma partícula pequena e eletricamente neutra). Apesar disso, em 1930, o físico austríaco Wolfgang Pauli (1900-1958) assumiu sua paternidade.
Bem-humorado, ele justificou sua decisão numa carta aos grandes especialistas da época, então sediados na Universidade de Zurique, na Suíça, chamando-os de "senhoras e senhores radioativos". Reconheceu seu ousado gesto, mas afirmou que era a melhor saída diante do que se observava na desintegração do rádio. Mas a existência do neutrino só foi comprovada em 1954, depois da construção das usinas nucleares, que são copiosas fontes de radiação. Mesmo assim, não foi possível medir a sua massa e, nos anos seguintes, fortaleceu-se a hipótese de que ela era rigorosamente zero.
Foi esse fato que acabou transformando o neutrino num personagem popular, mesmo fora da universidade. Prova disso é o divertido poema que o romancista americano John Updike decidiu dedicar-lhe. Intitulado "Cosmic Gall" (Indiscrição cósmica), o poema ironiza a capacidade do neutrino de atravessar todas as coisas, inclusive a intimidade de um quarto de dormir. No fim, considera tudo isso uma grande "falta de educação". Mas, não por acaso, Updike escreveu esses versos nos anos 60, período em que a importância do neutrino começou a crescer, chamando a atenção para suas folclóricas propriedades materiais. O grande físico brasileiro Mário Schenberg, atualmente aposentado pela Universidade de São Paulo, contribuiu para isso. Ele foi um dos primeiros a tomar consciência, por exemplo, do papel decisivo dessa partícula durante a explosão e morte das estrelas: ela é nada mais, nada menos que o gatilho responsável por essa explosão.
O problema é que, nos instantes finais de sua vida, as estrelas oscilam fortemente. Quando o seu combustível nuclear se esgota, tendem a desmoronar, porque é o fluxo de energia de dentro para fora que mantém as estrelas inteiras, como se fossem um balão inflado. O desmoronamento, no entanto, comprime as regiões internas e, assim, acelera a queima dos restos de combustível, aumenta a produção de energia e volta a inflar a estrela. Até a década de 40, não se conhecia nenhum meio capaz de tirar o astro agonizante desse vai-e-vem, mas Schenberg sugeriu que o neutrino poderia decidir a parada. Produzido em proporções anormalmente altas, numa das contrações finais, ele podia drenar energia para fora da estrela, já que quase não interage com a matéria. O resultado é que as camadas externas desabam num átimo e produzem uma explosão capaz de estilhaçar definitivamente a estrela.
O brasileiro recorda que, por analogia com o antigo Cassino da Urca, no Rio de Janeiro, esse mecanismo foi chamado de "Processo Urca". Ele diz que os neutrinos roubavam energia na mesma velocidade com que o dinheiro deixava o bolso dos jogadores no cassino. Esse processo foi espetacularmente comprovado, em 1987, durante a mais próxima explosão estelar já registrada pelos astrônomos, denominada Supernova 197 A. Um pouco antes da detonação, de fato, diversos detectores na Terra assinalaram uma forte vaga de neutrinos, os primeiros até então captados do espaço exterior. Foi uma dupla vitória, pois o registro também confirmou a eficiência dos detectores. O mais antigo deles, construído pelo físico americano Raymond Davis, em 1968, para tentar medir as emissões solares, emprega 600 toneladas de um detergente de tinturaria, o percloretileno. O motivo é que os átomos de cloro desse produto têm uma chance de reagir com os neutrinos e denunciá-los.
A imensa maioria passa despercebida, mas, como a quantidade é muito grande, pelo menos alguns são registrados. Desde o início, Davis sabia que o número de reações seria muito baixo- apenas três a cada dois dias. Isso é tão pouco, que a experiência poderia ser deturpada por diversos outros fenômenos produtores de neutrinos, como a radioatividade das centrais nucleares e os raios cósmicos (partículas pesadas vindas do espaço). Esse fato obrigou o físico a enterrar o seu tanque sob 2 000 metros de rochas, no fundo de uma mina abandonada, no estado de Dakota do Sul, Estados Unidos. A massa de rochas, raciocinou ele, serviria de filtro contra influências indesejáveis.
O esquema deu certo, mas foram necessários vinte anos para aprimorar o instrumento. O procedimento, em si, era bem simples, pois, de acordo com a teoria, o neutrino deveria colidir com os átomos de cloro e transformá-los em átomos de argônio. Ao cabo de algum tempo, esses últimos eram extraídos do tanque por meios químicos e contados tinha-se, assim, o número de neutrinos detectados. Na prática, porém, não era brincadeira vasculhar 600 toneladas de percloretileno. Mesmo ao cabo de dois meses, a uma taxa teórica de três neutrinos a cada dois dias, esse formidável volume esconderia apenas noventa átomos de argônio.
Depois de afastadas todas as dificuldades, surgiu a primeira evidência de que a Terra não recebia tantos neutrinos solares quanto deveria. A contagem do detector de Davis limita-se sistematicamente a apenas um neutrino a cada dois dias e desde 1987 essa medida recebeu o aval de um detector mais preciso, o Kamiokande II, construído pelos japoneses. Finalmente, há alguns meses, um sofisticado aparelho de nome Sage, montado na província de Baksan, na União Soviética, parece ter posto fim a todas as dúvidas. De qualquer forma, o número dessas complicadas "antenas" líquidas vai ampliar-se: uma delas, a Gallex, está em fase de conclusão, na Itália, e outra, a ser instalada no Canadá, encontra-se em fase de projeto.
No Brasil, existe a idéia de aproveitar, com esse fim, antigos túneis da mina de ouro de Morro Velho, em Minas Gerais. "Os primeiros estudos já foram feitos e estamos aguardando a liberação de verba para prosseguir no trabalho", diz o físico José Augusto Chinellatto, da Universidade de Campinas, SP. Desde os primeiros resultados de Davis, entretanto, as idéias sobre o dilema modificaram-se bastante, e ninguém mais duvida que as emissões do Sol estão em ordem. Os neutrinos é que parecem ser ainda mais escorregadios do que se pensava. Eles existem em três variedades diferentes e podem transformar-se uma na outra, e assim escapar dos detectores. Esses, até agora, são sensíveis apenas à variedade observada por Pauli, que sempre aparece nas desintegrações associada com o elétron.
Mas também existem neutrinos associados a mais duas partículas parecidas com o elétron, o múon e o teu. Quando os neutrinos do tipo elétron deixam o Sol, interagem fracamente com a matéria e, em decorrência disso, dois terços deles se transformam em neutrinos do tipo múon e do tipo teu. Assim se explica por que apenas um terço do fluxo original produzido pelo Sol deixa marcas nos detectores terrestres. Mas a transformação só é possível, dizem os físicos, se as partículas, tiverem massa, que, segundo os cálculos já feitos, deve ser 25.000 vezes menor que a do elétron. Não é muita coisa: para alcançar um milésimo de grama, o número de partículas que caem sobre uma pessoa a cada segundo - 600 bilhões - teria que ser 40 bilhões de vezes maior.
Mesmo assim, as conseqüências desse fato podem ser muito relevantes para a Física moderna, boa parte da qual se baseia na suposição de que a massa do neutrino é zero. O próprio destino do mundo está em jogo, pois o número de neutrinos é tão grande, que, por mais leve que seja, pode aumentar substancialmente a massa do Universo. Hoje se discute se o Cosmo vai se expandir eternamente, ou se voltará a se contrair até se tornar um ponto de altíssima densidade, tal como era no início dos tempos. A escolha de um ou outro caminho depende da sua massa total. Não se sabe, ainda, se a massa do neutrino pode ditar os rumos do Universo. Mas, como se vê, mesmo um fantasma pode decidir questões bem concretas.





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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Corujas - Rainhas da Escuridão


CORUJAS - RAINHAS DA ESCURIDÃO



A natureza fez delas excelentes caçadoras, graças à plumagem e à visão e audição privilegiadas. Os mesmos atributos que garantem sua segurança.

Todas elas têm a mesma aparência: cabeça e olhos grandes, bico curvo, plumagem macia que às vezes chega até os dedos dos pés, rabo curto, garras afiadas e as fêmeas são um pouco maiores que os machos. De olhar profundo e penetrante, as corujas parecem ameaçadoras e, embora inofensivas, são cercadas por lendas e superstições. Alguns acreditam que elas trazem sorte, mas geralmente estão associadas com mau agouro. Não é por acaso que todo filme de terror que se preze sempre tem uma coruja piando como se anunciasse a tragédia que, invariavelmente, está por vir. Predadoras noturnas, as corujas pertencem à ordem dos estrigiformes e são divididas em duas famílias: titonídeos e estrigídeos. Brancas, acinzentadas ou avermelhadas, as corujas não têm dimorfismo sexual das cores, ou seja, na mesma espécie tanto machos quanto fêmeas podem ter a mesma cor. O tamanho varia entre 12 e 70 centímetros, e a envergadura das asas pode chegar a quase 2 metros. Caçadoras por excelência, essas aves se valem, principalmente, da visão, da audição e da plumagem, três verdadeiros prodígios da evolução. Por serem enormes, os olhos se destacam e, ao contrário dos olhos humanos, enxergam perfeitamente num noite escura, porque têm grande capacidade de dilatar a pupila, captando a maior quantidade de luz possível.
Muitos fotógrafos se aproveitam disso e usam uma lanterna potente para localizar essas aves, que, sob o facho de luz, ficam com os olhos vermelhos e brilhantes. A estrutura do olho das corujas também é singular. Os bastonetes, células especializadas em captar a luz dos objetos, estão densamente concentrados na região central da retina - a fóvea, onde é a maior a incidência de raios luminosos. Já nos humanos, as fóveas têm somente células captoras de cor, ou seja, cones. "A coruja-buraqueira (Speotyto cunicularia), por exemplo, muito comum no Paraguai e no Brasil, tem quatro bastonetes para cada cone nas fóveas e, na região periférica da retina, essa proporção aumenta para mais de nove bastonetes, explica Ricardo Luiz Smith, professor de Anatomia da Escola Paulista de Medicina.
Por isso mesmo, os cientistas deduziram que as corujas não enxergam cores, ou, pelo menos, não têm uma visão desenvolvida das cores. O que não é nenhuma desvantagem, já que ela é um bicho especialmente adaptado à escuridão. Por outro lado, a disposição frontal dos olhos diminui o ângulo de observação, prejudicando a visão global. Mas a natureza compensou tal limitação com uma solução no mínimo curiosa: graças à versatilidade das vértebras do pescoço, as corujas são capazes de virar a cabeça num ângulo de 270 graus e assim conseguem olhar em todas as direções. Os ouvidos, diferentemente do que se pode imaginar, nada têm a ver com os tufos de penas que mais parecem orelhas ou chifres na cabeça de algumas espécies. Na verdade, eles estão bem escondidos debaixo de finíssimas plumas que lembram uma máscara - os chamados discos faciais. Essas penas concentram os sons e os transmitem ao ouvido externo -pequenas aberturas situadas na parte lateral da cabeça.
Em muitas espécies, o conduto auditivo esquerdo está voltado para baixo e o direito para cima, numa assimetria que favorece a percepção de ruídos, pois há uma pequena diferença nos sons que os ouvidos dessa forma conseguem captar. Eles são analisados independentemente pelo cérebro e, dessa maneira, a ave consegue saber a posição correta de quem os emitiu. "A disposição correta das penas torna os discos faciais verdadeiras conchas acústicas. O som encontra-se com elas e é enviado para as aberturas do ouvido, que funcionam como uma espécie de microfone", diz a bióloga Elizabeth Höfling, da Universidade de São Paulo.
Mas afinal, no instante crítico em que a coruja tem que identificar uma presa ou predador, o que atua primeiro? Os olhos ou os ouvidos? Apesar de enxergarem muito bem, numerosas experiências científicas provaram que, na hora H, o que conta mesmo é a audição. Uma coruja cega não teria problemas em capturar suas presas, ao passo que, surda, mesmo que apenas de um dos ouvidos, não conseguiria dar golpes tão certeiros. Mas as corujas ainda possuem uma terceira arma: as plumas extremamente sedosas estão estreitamente ligadas à audição durante a caça. A textura da plumagem faz com que elas passem despercebidas durante o vôo. Além disso, as chamadas "penas do vôo", que recobrem a borda das asas, formam uma espécie de franja, que reduz o atrito com o ar, tornando-as ainda mais silenciosas. Com tantos atributos, não é difícil imaginar como se dá uma manobra de caça em plena noite. Pousada em alguma árvore, no mais completo silêncio, a coruja gira a cabeça em todas as direções para ver se consegue captar algum indício, por mais leve que seja, de alguma presa. Em seguida, ela fixa seu infalível radar num ponto e, rápida, se lança certeira sobre a vítima. Pouco tempo depois, tranqüilamente, ela despedaça a presa com as garras afiadíssimas ou a come inteira. Apesar de contar com poderosos sucos gástricos para fazer a digestão, algumas partes do corpo das vítimas, como os ossos (principalmente os do crânio), os dentes e os pêlos, não são digeridos. Acumulam-se no estômago, para depois serem expulsas via oral em forma de pelotas, as chamadas bolotas de regurgitação, valiosas fontes no estudo da dieta desses animais.
Hoje, os pesquisadores já sabem que a parte fundamental de sua alimentação se compõe de aves, peixes às vezes, insetos e, principalmente, de pequenos mamíferos, como morcegos e roedores.
Em geral, as corujas costumam ter um único período reprodutivo por ano, mas se a caça for farta podem ter mais de um. É que existe uma relação direta entre a taxa de natalidade e a presença de alimentos. Quando a caça míngua, as fêmeas não chegam a pôr ovos, pois precisam de energia extra para formá-los. O acasalamento geralmente ocorre no começo da primavera, e a quantidade de ovos varia de espécie para espécie. Como as corujas ainda não foram suficientemente estudadas, os cientistas sabem apenas que o número de ovos que elas põem varia de acordo com a quantidade de caça.
O sucesso na reprodução também depende da escolha de um lugar seguro para o ninho, o que varia de espécie para espécie. A maioria prefere árvores ocas ou ninhos abandonados por outras aves, mas a corujinha-buraqueira, por exemplo, faz ninhos em cupinzeiros e buracos de tatu. Mais amiga das alturas, a suindara ou coruja-das-torres (Tyto alba), também comum no Brasil, prefere fazer ninhos em sótãos ou torres de igrejas. Por seus hábitos discretos, as corujas são difíceis de ser localizadas por inimigos e eventuais observadores humanos. Durante o descanso diurno, elas se empoleiram num galho, contraem a plumagem, alongam o corpo e ficam com os olhos semicerrados, para não atrair a atenção de visitantes indesejados. Quando se sentem ameaçadas, assumem uma postura intimidatória abrindo as asas pela metade e fazendo com elas um movimento de rotação, além de arrepiar as penas, estalar o bico e cravar os enormes olhos no inimigo. Por isso, qualquer um aposta que elas são quatro vezes maiores. O canto também é muito importante, tanto na defesa do território quanto na época do acasalamento. É através dele que um indivíduo se faz reconhecer pelos outros. Cada espécie tem um canto, com afinação, timbre e ritmo únicos que podem variar desde os pios dados pelas corujas maiores até os trinados das menores. Embora sem melodia como o canto de certos pássaros, algumas corujas emitem sons que podem até parecer musicais aos ouvidos humanos. Já foram muito perseguidas, principalmente por causa das falsas crenças que as cercam. Algumas vão parar nos laboratórios clandestinos de taxidermia e viram corujas empalhadas. Para os cientistas, seu futuro ainda é incerto, pelo menos enquanto não se pesquisar mais sobre essas assustadoras aves de rapina.

Difíceis de fotografar

"Para fazer fotos de um animal qualquer, é preciso conhecer seu modo de viver, seus hábitos. Assim, não prejudicamos o bicho e, ao mesmo tempo, flagramos situações interessantes. Não se trata de simplesmente dar um clic." Assim, o fotógrafo Haroldo Palo Júnior, especialista em fotos de natureza e animais, explica o trabalho que faz. Com as corujas, a tarefa é ainda mais complicada, porque são bichos noturnos e, à noite, é quase impossível localizá-las. Para isso, são necessários outros equipamentos além dos normais. Haroldo, por exemplo, quando vai fotografar uma determinada espécie de coruja, costuma levar uma potente lanterna e um gravador que reproduz os cantos de outras espécies. Assim que o gravador é ligado, as corujas que estão por perto começam a cantar, na ilusão de que precisam defender seu território de algum intruso. Os sons que elas emitem orientam o fotógrafo. A lanterna serve para focalizar os olhos dessas aves, que se tornam vermelhos e brilhantes assim que a luz bate neles. Isso acontece porque parte dessa luz reflete na retina, que é avermelhada. Para fotografar os ninhos, é preciso redobrar os cuidados, porque as corujas se tornam mais agressivas e podem ferir um fotógrafo desavisado, como aconteceu com o inglês Eric Hosking, que perdeu um olho nessa aventura.





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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Aristóreles - Máquina de Pensar


ARISTÓTELES - MÁQUINA DE PENSAR



Nada que fosse humano lhe era estranho - nem o que se
passava no céu ou na terra. Fundador da ciência, ensinou há 2 300 anos
que o conhecimento depende da razão assim como dos sentidos.

Os fatos (sobre a reprodução das abelhas) ainda não foram suficientemente estabelecidos. Se um dia o forem, o crédito deverá ser dado à observação mais do que às teorias - e às teorias apenas na medida em que tiverem sido confirmadas pelos fatos observados.
Aristóteles, Da geração dos animais

A Terra está imóvel no centro do Universo. O cérebro serve para esfriar o sangue. Casais jovens têm filhos mais fracos. O olho se torna colorido ao enxergar a cor. Os objetos pesados caem mais depressa do que os leves. A mulher é por natureza inferior ao homem. O coração é o órgão da consciência. O autor de tais disparates é considerado o maior pensador que o gênero humano produziu em aproximadamente 2000 anos, se não em todos os tempos - e nessa avaliação não há nenhum disparate. Pois, apesar dos enormes enganos que propagou, ninguém como o filósofo grego Aristóteles pesquisou, refletiu, organizou o conhecimento e escreveu sobre tantos e tão diversos assuntos deste mundo.
A sua obra, um formidável empreendimento intelectual que se esparramou por quatro centenas de pergaminhos, é invariavelmente comparada a uma enciclopédia, a Britânica do século IV antes de Cristo. Nela, de fato, com esses ou outros nomes, se fala de Astronomia a Zoologia, passando por Biologia, Ética, Física, Lógica, Metafísica, Política e Teologia. Em suma, a vida e suas implicações devidamente catalogadas. Ainda assim, Aristóteles talvez valha menos pelo muito que pensou do que pelo modo com que pensou: ao ensinar, já então, que a verdade última de uma teoria deve ser buscada, não em pressupostos arbitrários, mas na observação dos fatos de que ela trata, e ao praticar diligentemente o que pregava, tornou-se para todos os efeitos o fundador de uma atividade que marcaria fundo o destino do homem - a ciência.
Cientista revolucionário na atitude e arcaico pela pobreza das ferramentas de trabalho ao dispor de seu tempo, astrônomo sem luneta, biólogo sem microscópio, Aristóteles escreveu elegantes tolices sobre corpos celestes e terrestres em meio a engenhosas concepções a respeito da natureza das coisas (physis, como dizia). Procurou desatar o nó em que se enredara a Filosofia ao encarar o enigma da transformação da matéria com uma requintada teoria sobre o sentido e as causas do movimento. Percebeu, com extraordinária sagacidade, que nos seres vivos os traços comuns a um gênero precedem as características próprias de uma espécie; preso na camisa-de-força de sua rígida classificação hierárquica das formas vivas, por um triz não atinou com a evolução. Foi o primeiro a distinguir os fenômenos puramente físicos que causam a sensação da experiência propriamente dita da sensação; não separá-los, argumentava, equivaleria a acreditar que os espelhos enxergam.
Libertou o estudo da Ética do abraço estéril das abstrações místicas para ancorá-lo nas realidades do cotidiano, a começar dos fatos que dizem respeito à vida em comunidade (polis). Nesse sentido, ensinou para todo o sempre, o homem é zoon polytikon, animal político. Não obstante racista, conservador e escravocrata, o rol de temas sociais sobre os quais se manifestou com espírito afiado continua ainda hoje a confrontar as ciências humanas. Dos conceitos que utilizou para explicar o mundo - como gênero e espécie, forma e matéria, substância e organismo, causa e finalidade- formou-se o vocabulário científico que ajudaria a encaminhar gerações de pesquisadores no rumo seguro da descoberta e da invenção. As regras que governam o raciocínio também foram originalmente codificadas por ele, tanto para policiar o trabalho da mente, na paz da meditação filosófica, quanto para desmontar a lábia dos demagogos, na agitação da Assembléia ateniense.
Não por acaso: as preocupações de Aristóteles, como as de seu mestre Platão, embora tivessem a cabeça nas nuvens das eternas indagações sobre a origem das coisas e a natureza dos seres, fincavam os pés no chão próximo das questões relativas aos caprichos da conduta humana, às leis e às formas mais adequadas de governo - e essa dupla militância tem a cara do lugar e da época em que viviam. A interrogação primeira era antiga. Desde o século VI a.C., com efeito, os gregos jônios se destacavam ao buscar uma explicação natural para o Universo. Filósofos como Tales de Mileto, Anaximandro, Anaximenes, Anaxágoras, Heráclito, Parmênides, Empédocles, Demócrito - os chamados pré-socráticos - entraram para a História por terem tentado dizer, sem recorrer à religião, o que é e como funciona o mundo.
Mas, com a ascensão e posterior crise das cidades-estados autônomas, como Atenas, Esparta, Tebas, os homens de pensamento foram inevitavelmente atraídos também pelos problemas que iriam compor o repertório de uma ciência voltada exclusivamente para a política. O tempo de Aristóteles é o do entardecer das cidades-estados gregas em geral e de Atenas em particular. Quando ele nasceu, no verão de 384 a.C., vinte anos tinham se passado desde o fim da Guerra do Peloponeso, em que, após três décadas de desgraças, Esparta finalmente, firmou sua hegemonia sobre Atenas, sinalizando o inimigo da lenta decadência daquela que um século antes tinha alcançado o apogeu nas leis, nas artes e na cultura entre todas as sociedades da Antiguidade.
Mesmo depois da derrota, porém, não havia na Grécia inteira cidade que se lhe comparasse e que tanto fascínio pudesse exercer sobre um jovem de boa cabeça e boa família - como era o caso de Aristóteles. De origem jônica, sua terra natal era Estagira, pequena colônia helênica na Península Calcifica, na costa setentrional do Mar Egeu, região dominada pelos macedônios, cerca de 320 quilômetros ao norte de Atenas. Criou-se em Pela, capital da Macedônia, onde seu pai, Nicômaco, era médico do rei Amintas III, que viria a ser pai de Filipe II e avô de Alexandre, o Grande. Ocupação tradicional em certas famílias, a Medicina passava de geração em geração pelo aprendizado prático. Supõe-se, portanto, que Aristóteles aprendeu ao menos os rudimentos da atividade médica - e esse teria sido o germe de seu gosto pela Biologia.
Por volta dos 17 anos, depois da morte do pai, o tutor Proxeno fez a coisa certa -mandou-o estudar na melhor escola da melhor cidade grega, a Academia de Atenas. Fundada por Platão três anos antes do nascimento de Aristóteles, a Academia tanta importância dava às matemáticas que desaconselhava o ingresso nela "de quem não soubesse Geometria". É duvidoso que o jovem de Estagira tivesse maior intimidade com o mundo dos teoremas, como é certo que o futuro cientista jamais demonstraria especial apreço pelos números. De todo modo, quando se matriculou na instituição, Platão estava em Siracusa, na Sicília, tentando incutir no tirano local, Dionisio II, os ensinamentos capazes de transformá-lo em algo parecido ao ideal platônico do rei-filósofo.
Só cerca de um ano depois, o grande pensador e o estudante promissor foram apresentados um ao outro. Começou aí uma bela amizade, um convívio duradouro e uma ligação intelectual tão intrincada, no que teve de convergências e divergências, a ponto de se tornar um perene motivo de pesquisas e polêmicas entre os historiadores da Filosofia. Montanhas de teses já foram escritas sobre o indomável mistério da proporção exata de platonismo e de antiplatonismo na química das idéias aristotélicas, até porque menos de um terço dos trabalhos específicos de Aristóteles sobreviveram até os tempos atuais. Para alguns investigadores, Aristóteles operou um rompimento revolucionário com as rarefeitas abstrações do mestre - e a ciência só teria a lhe agradecer por isso. Para outros, ele não passa de um Platão diluído pelo senso comum. Para outros ainda, talvez mais imaginosos, Aristóteles foi platônico de cabo a rabo; antiplatônico mesmo teria sido seu sucessor Teofrasto, o verdadeiro autor da maioria dos tratados atribuídos a Aristóteles.
Platão dizia que o mundo que o homem percebe, caótico e mutável, é apenas uma sombra deformada do perfeito e inabalável Mundo das Idéias - e este é o único que interessa conhecer. Daí a importância da Matemática, toda ela uma coreografia mental de conceitos puros, como os números e as formas geométricas. Aristóteles, embora concordasse que o objeto último do saber é a essência das coisas, sustentava que o mundo aparente era plenamente real - e estava ao alcance da razão humana. Daí a importância da observação empírica das manifestações da natureza.
Platão, de outro lado, acreditava na existência da alma imortal. Aristóteles também acreditava na alma, porém como parte do corpo, que morre com ele. Na sociedade ideal de Platão não havia lugar nem para a família nem para a propriedade privada. Na sociedade desejada por Aristóteles, uma e outra eram indispensáveis.
É indiscutível que o professor Platão tinha na mais alta conta seu aluno do norte, a quem chamava "o leitor", pelo entusiasmo com que se dava aos textos e pelo prazer em colecioná-los, e "a mente", pelo vigor de seu intelecto. "Minha Academia compõe-se de duas partes: o corpo dos estudantes e o cérebro de Aristóteles", deslumbrava-se o dono da escola. A maioria dos historiadores afirma que ele permaneceu ali até a morte de Platão, em 348 ou 347 a.C., passados vinte anos de sua chegada a Atenas. Segundo outra versão Aristóteles deixara a Academia bem antes, por conta das discordâncias entre eles. Ressentido, o mestre teria feito então um pesado desabafo: "Aristóteles me despreza como o potro que escoiceia a mãe que o deu à luz".
O sucessor de Platão no comando da instituição foi seu sobrinho Espeusipo. Junto com os amigos e colegas Teofrasto e Xenócrates, Aristóteles deixou Atenas - e só voltaria dali a doze anos. Diz-se que a nomeação de Espeusipo frustrara Aristóteles. Na verdade, na condição de meteco, isto é, não-ateniense, pelas leis da cidade ele não poderia ser dono de escola (ou de coisa alguma). Ademais, simpatizantes de macedônios, como Aristóteles, haviam se tornado malvistos em Atenas em seguida ao recente saque da cidade estado de Olinto, ordenado por Filipe II. Aristóteles foi morar em Assos, recém-construída cidade litorânea da Ásia Menor (hoje Turquia), a leste da Ilha de Lesbos, no Mar Egeu.
Hérmias de Atarneu, um antigo escravo transformado em aventureiro, havia tomado o poder na região, governando um pequeno estado vassalo do Império Persa. Ex-integrante da Academia, queria propagar a cultura e a filosofia helênicas em terras asiáticas e para isso convidou Aristóteles e o platônico radical Xenócrates. Lecionando em Assos, ali também se casou, aos 37 anos, com Pítias, não se sabe se filha adotiva ou sobrinha de Hérmias. Não seria de admirar se Pítias tivesse 18 anos. Afinal, na Política, o filósofo escreveria que a época ideal para o homem casar-se era aos 37 e, para a mulher, aos 18. Foi, porém, um casamento breve, pois a mulher morreu ainda jovem, depois de lhe dar uma filha, batizada com o nome da mãe. Ele se casaria pela segunda vez com uma certa Hérpilis, com quem teve um filho, ao qual deu o nome do avô paterno, Nicômaco. Hérpilis sobreviveu a Aristóteles e dele recebeu uma polpuda herança, "em reconhecimento à constante afeição que ela me demonstrou", como justificou em seu testamento.
Os traços de Aristóteles nos bustos que dele existem são os de um homem bonito, de feições refinadas. Consta, no entanto, que ele tinha olhos miúdos, pernas finas como varetas e ainda por cima ciciava ao falar. Talvez para compensar, vestia-se muito bem, com túnicas e sandálias da melhor qualidade, e gostava de usar anéis. Segundo um relato, costumava aplicar compressas de óleo quente no estômago para acalmar uma dor crônica. A pacata vida em Assos foi bruscamente interrompida em 344, quando Hérmias foi aprisionado e condenado à morte pelos persas, sob a acusação de conspirar com a Macedônia contra o Grande Rei Artaxerxes. Aristóteles compôs um hino arrebatado em seu louvor, o que muito tempo depois lhe traria graves dissabores.
Prudentemente, mudou-se para Mitilene, capital de Lesbos, onde vivia seu amigo Teofrasto. Quem ganhou com isso foi a ciência. Pois ali ele se dedicou às pesquisas biológicas, estudando meticulosamente a anatomia e o comportamento de numerosas espécies marinhas. Certos órgãos do ouriço do-mar, a propósito, ficaram conhecidos como "lanternas de Aristóteles", devido à cuidadosa descrição que fez deles. Isso indica que suas pesquisas incluíam a prática da dissecação. Foi ainda o pioneiro da Embriologia, ao observar e analisar as transformações em embriões de pintos. No fim de 343 ou no início de 342 a.C., na casa dos 42 anos, reconhecido como a maior figura intelectual da Grécia, voltou a Pela, a capital da Macedônia, para atender a um convite do rei Filipe II, ser tutor de seu filho adolescente Alexandre, destinado pelo pai a liderar o já unificado mundo grego contra o Império Persa.
Como preceptor de um príncipe, Aristóteles exercia uma atividade que Platão, coerente com a sua utopia do rei- filósofo, teria sabido apreciar. Mas o que devia tornar o emprego atraente para Aristóteles estava na oportunidade de transmitir a um monarca macedônio, além da cultura grega, a sua apaixonada convicção da superioridade da raça helênica sobre todas as demais. Aristóteles acreditava piamente - e convenientemente -que os gregos eram os únicos dotados pela natureza para uma vida elevada, dedicada à arte, às ciências, às leis, à contemplação filosófica, cabendo aos bárbaros, também naturalmente, pegar no pesado como servos ou escravos. A tal ponto ia o racismo de Aristóteles, que ele aconselhava Alexandre a evitar casamentos entre gregos e não-gregos. Os historiadores, contudo, tendem a duvidar que o filósofo tenha tido alguma influência digna do nome sobre o futuro conquistador do mundo - que, por sinal, casou-se com uma nobre persa.
Em 338 a.C., os macedônios derrotam os atenienses na Batalha de Queronéia, encerrando o extraordinário período da Grécia Antiga caracterizado pelas cidades-estados independentes e inaugurando a era imperial. Mais de um historiador já chamou a atenção para o fato de que o foco do pensamento político de Aristóteles nunca deixou de ser a cidade-estado, mesmo quando até as pedras da Acrópole sabiam que a instituição estava à beira do aniquilamento. Ele deixou Pela em 336 a.C.,. ano em que Filipe II morreu assassinado e Alexandre subiu ao trono. A julgar pelo que se conhece de seus escritos, o filósofo não parece ter-se dado conta em momento algum das colossais mudanças políticas desencadeadas pelos feitos do imperador macedônio.
Depois de uma temporada de recolhimento na propriedade paterna em Estagira, Aristóteles voltou enfim a Atenas. Tinha quase 50 anos; os doze seguintes seriam os mais fecundos de sua vida intelectual. Homem de posses, tomou a decisão de abrir uma escola rival da Academia, então dirigida pelo velho amigo Xenócrates. Surgiu desse modo o Liceu, assim chamado por localizar-se numa edificação vizinha ao templo de Apolo Liceano, num bosque próximo à cidade, mencionado por Platão como um dos lugares preferidos por Sócrates para suas reflexões. Na melhor tradição socrática, o método de ensino no Liceu era o do diálogo dialético lético em vez do monólogo da aula magisterial. Havia um pátio coberto, operipatos (passeio, em grego), por onde mestres e discípulos caminhavam entretidos em altas indagações. Daí o nome, peripatética, pela qual a escola se tornou conhecida.
Aristóteles organizou o Liceu como um centro de pesquisa e de elaboração teórica nas mais diversas áreas do conhecimento - mas sempre com ênfase na Biologia e nas ciências naturais. Do velho hábito dos tempos da Academia, colecionar manuscritos, organizou uma biblioteca, talvez a primeira da História, onde ficavam também todos os materiais necessários à pesquisa, além dos espécimes animais e vegetais estudados. Era um ambiente muito mais parecido com um estabelecimento científico moderno do que com um templo dedicado à Filosofia pura. Autor prolífico, Aristóteles escrevia tanto para o consumo interno dos liceanos como para o consumo externo do grande público -e sabia ajustar o estilo ao leitor. Do conjunto de sua obra referida na Antiguidade (mais de 170 trabalhos independentes), apenas 47 alcançaram o homem moderno. Em 1831, foram editados em Berlim, no original grego, ocupando dois volumes.
Sistematizador e meticuloso como nenhum outro pensador antes dele e como poucos depois, redigia à maneira de "um professor profissional, não um profeta inspirado", na sugestiva comparação do filósofo e matemático inglês Bertrand Russell (1872-1970). Ainda bem, talvez fosse o caso de dizer, porque seu cuidado em começar a análise de qualquer assunto pela exposição das idéias manifestadas a respeito pelos antecessores fez dele o primeiro historiador da Filosofia, graças a quem foi possível conhecer como os pioneiros do pensamento racional - os pré- socráticos - concebiam a matéria, o movimento e o Universo. Em seguida, ele expunha sucessivamente os próprios pontos de vista preliminares sobre o assunto, os argumentos e objeções de terceiros, as conclusões finais a que chegava e as dúvidas que eventualmente permaneciam. O conjunto, embora uma chatice como leitura, tem a rara virtude de mostrar ao vivo um filósofo filosofando.
No verão de 323 a.C., atônita e perplexa, Atenas recebeu a incrível notícia da morte de Alexandre, o Grande, aos 33 anos. Passado o pasmo, seguiu-se uma onda antimacedônica que acabaria por atingir Aristóteles em cheio. Querendo punir o antigo preceptor de Alexandre por suas ligações presentes com o governador macedônico local, Antípater, assacaram contra ele a temível acusação de impiedade (ofensa aos deuses), a mesma que levara Sócrates à morte 76 anos antes. O pretexto não podia ser mais exótico - o poema com que, duas décadas atrás, Aristóteles havia praticamente deificado a memória do amigo Hérmias, o rei de Assos executado pelos persas. Para salvar a pele, aceitou exilar-se voluntariamente em Calcis, na Península de Eubéia, cerca de 60 quilômetros ao norte de Atenas, dizendo que assim poupava os atenienses de cometer "um segundo crime contra a Filosofia". Ali morreu em 322 a.C., aos 62 ou 63 anos, vítima talvez da doença do estômago que o teria acompanhado pela vida afora. O Liceu sobreviveu a Aristóteles mais de 250 anos. O trabalho de seu fundador, passados dois milênios, continua vivo.

Encyclopaedia Aristotelica

Lições de um filósofo sobre o mundo, a mente, a matéria, a vida e o homem

LÓGICA

A Constituição do raciocínio

Para usar uma palavra que Aristóteles apreciava, a "substância" do método de filosofar e fazer ciência era, a seu ver, a Lógica - ou, como preferia dizer, a analytika (que designava originalmente a atividade de desenrolar e acabou gerando analisar e análise). Ferramenta para o conhecimento, não um conhecimento em si, ela estabelece as leis do raciocínio, a maneira certa pela qual a razão deve operar, pouco importando se o raciocínio tem ou não fundamento na realidade. Por isso, veio a chamar-se Lógica Formal. Para muitos estudiosos, representa a jóia da coroa do currículo de Aristóteles. Dela também se disse não haver nada tão enfadonho nem tão importante. Seu mecanismo básico é a dedução, de acordo com a teoria aristotélica do conhecimento, que vai do geral ao particular. Como no exemplo clássico: todos os homens são mortais; se Sócrates é homem, logo Sócrates é mortal.
O raciocínio em si continuaria correto mesmo que na vida real só alguns homens fossem mortais ou mesmo que todos fossem imortais. O silogismo, como se chamam as conexões entre o ponto de partida e a conclusão, separa aquilo que precisa ser provado em qualquer argumento - no caso, a premissa de que todos os homens são mortais - e aquilo que é apenas decorrência: Sócrates é mortal. A Lógica de Aristóteles dominou o pensamento ocidental durante quase 2 000 anos, até que a indução, o percurso do particular para o geral, se tornasse o alicerce do método científico. Mais recentemente, no começo do século, apareceu a Lógica Simbólica, de base matemática.

METAFÍSICA

Um Deus que é puro pensamento

A obra filosófica por excelência de Aristóteles é a Metafísica - e este nome, com seu ar de inútil divagação estratosférica, que ele mesmo nunca utilizou, é responsável por uma das maiores confusões sobre o que é a Filosofia em geral e a de Aristóteles em particular. Tudo porque, ao fazer a primeira e cuidadosa edição completa dos textos do filósofo, dois séculos depois de sua morte, Andrônico de Rodes agrupou os escritos relativos aos princípios gerais dos seres sob a rubrica Metafísica, querendo com isso simplesmente situá-los no lugar adequado entre os trabalhos do mestre- ou, em bom grego, meta tà physiká, depois dos tratados da Física.
Construtor de um pensamento que ambicionava ser puramente racional e não se envergonhava de comerciar com a realidade percebida pelos sentidos, Aristóteles desenvolve em sua Metafísica uma teoria que passa longe da religião. Quando diz, por exemplo, que a forma é a substância (essência) da matéria e que a alma é a forma do corpo, ou seja, aquilo que lhe dá unidade e sentido, não está sendo "metafísico". Biólogo acima de tudo, Aristóteles sustentava inovadoramente que só é possível compreender a alma unida ao corpo mediante o qual ela se manifesta, assim como só é possível compreender a visão levando em conta o olho, sem o qual ela não funcionaria.
As transformações por que passam as coisas consistem na passagem da potência ao ato - o movimento rumo à realização mais plena possível (ato) dos atributos próprios de cada ser (potência), da mesma maneira como a árvore que resulta de sua semente. O movimento tem quatro tipos de causas: causa material, causa formal, causa eficiente e causa final. Numa estátua, a causa material é o mármore; a causa formal, a essência da estátua a ser esculpida; a causa eficiente é o artista com seu cinzel; e a causa final, como a palavra indica, a finalidade da estátua. Deus, pensamento puro, eterno, ato plenamente realizado, só toma conhecimento de si próprio. Ainda assim, é a causa final de todo movimento, pois tudo aspira à plena atualização das potencialidades, o que vem a ser a perfeição. "Deus", comparou o filósofo numa frase que se tornaria clássica, "move como o objeto do desejo."

ASTRONOMIA

A hierarquia das eternas esferas

Com toda a certeza, o mais prejudicial dos erros que Aristóteles cometeu está na sua idéia do Universo como uma coleção hierarquicamente organizada de esferas concêntricas em volta de uma Terra em esplêndido repouso no centro de tudo. Adotada como dogma pela Igreja depois que São Tomás de Aquino cristianizou o aristotelismo, no século XIII, a concepção geocêntrica do Cosmo virtualmente imobilizou a Astronomia até que, quase 300 anos depois, o polonês Nicolau Copérnico afirmasse que a Terra gira em torno do Sol e que o alemão Johannes Kepler demonstrasse que os planetas descrevem órbitas elípticas.
As esferas de Aristóteles conteriam de fora para dentro, sucessivamente, as estrelas fixas, os planetas Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno, o Sol e a Lua. Elas teriam uma substância puríssima, invisível, eterna e inalterável, a quintessência, assim chamada para distingui-la das quatro essências que, segundo Empédocles (492-432 a.C.) formariam o mundo - a terra, a água, o ar e o fogo -, todas sujeitas a decadência e renovação. Aristóteles assegurava que cada esfera gira ao redor de um eixo e arrasta consigo as respectivas estrelas e planetas, em um movimento impecavelmente circular, o supra-sumo da perfeição. Essa fantasmagoria atravessou os tempos, iludindo até luminares do porte de Copérnico, que acreditava na perfeição dos movimentos circulares.

BIOLOGIA

Uma escala para os seres vivos

No mundo extremamente ordenado de Aristóteles, cada coisa ocupa o seu lugar. Entre os seres vivos, quanto mais complexo um organismo, mais alta a sua posição na escala: as plantas ficam abaixo dos animais irracionais e estes, abaixo do homem. Naturalista de mão-cheia, ele descreveu leões e elefantes, acabando com a lenda de que os paquidermes só dormiam encostados em árvores. Estudou minuciosamente o mundo das abelhas, embora não se tivesse dado conta de que a colméia é governada por uma rainha, investigou como os insetos se acasalam e como os pássaros fazem os ninhos, deu nome e pôs em ordem hierárquica meio milhar de espécies. Herdeiro da preocupação socrática com as definições, classificou as formas de vida segundo a combinação de dois critérios, o geral (gênero) e o específico (espécie). Assim, pôde definir o homem como animal (gênero) racional (característica específica). Foi o primeiro a afirmar que quanto mais complexa for uma espécie, menos numerosa será a sua descendência a cada nascimento.


ÉTICA

No meio-termo, a excelência

Aristóteles manifesta um agudo senso prático quando trata da Moral. Não é seu alvo "que saibamos o que é a virtude, mas que possamos ser virtuosos", escreveu na Ética a Nicômaco. Virtude, para ele, quer dizer essencialmente areté, excelência, a realização melhor possível das potencialidades humanas. "As virtudes formam-se com a prática dos atos", ensinava. "O homem não faz o bem porque é bom, mas é bom porque faz o bem " Somos potencialmente bons e maus e temos a faculdade de escolher racionalmente o que desejamos ser. Aqui entra em cena a teoria aristotélica do meio-termo, herdeira da idéia de equilíbrio que marcou por inteiro a cultura grega. Toda virtude, acreditava o filósofo, é o justo meio-termo entre dois defeitos. Assim, a coragem fica entre a covardia e a temeridade; entre a prodigalidade e a mesquinharia, fica a generosidade; e assim por diante.
O meio-termo varia de uma pessoa a outra, conforme a natureza de cada qual e as circunstâncias. Os homens de Aristóteles não nascem livres e iguais em direitos - porém segundo uma hierarquia que horroriza o ideal democrático. "É naturalmente escravo quem tem tão pouca alma e tão poucos meios que deve depender de outrem", sentenciava. "E a mulher é para o homem o que o servo é para o amo."
O homem superior de Aristóteles é bom no mais elevado grau, consciente de seu valor, incapaz de um ato vergonhoso, distribui favores mas se peja de recebê- los, altivo diante dos poderosos, modesto diante dos outros, caminha devagar, fala com voz grave. Ou seja, uma miragem. A prática da excelência faz a felicidade e a felicidade plena é a Filosofia - o exercício contemplativo da razão. "A atividade da mente é vida", regozija-se Aristóteles. Como notou Bertrand Russell, "os sofrimentos da humanidade não o comovem; há na Ética uma pobreza emocional que não se encontra nos filósofos antigos".

POLÍTICA

Estado, família e propriedade

O pensamento político de Aristóteles é parente próximo da Ética. Ela mesma se subordina à política, pois não há vida humana fora da polis, a comunidade. "Na ordem da natureza, o Estado se coloca antes da família e antes de cada indivíduo, pois o todo deve forçosamente ser colocado antes das partes", argumentava. "Aquele que não pode viver em sociedade, ou que de nada precisa para bastar- se a si próprio, não faz parte do Estado; ou é um bruto ou um deus." A filosofia política de Aristóteles nasceu e viveu em função da cidade-estado onde o governo e a elaboração das leis requeriam a participação ativa dos cidadãos-excluídos os menores de 35 anos, os estrangeiros e seus descendentes diretos, as mulheres e os escravos. Ao contrário da utópica República de Platão, a Politéia, a igualmente imaginária cidade feliz de Aristóteles, valoriza a família e a propriedade privada, embora o excesso de riqueza seja tido como tão indesejável quanto o de pobreza.
A monarquia (o governo de um só), a aristocracia (o governo de poucos) e a democracia (o governo de muitos) têm todas suas vantagens e desvantagens, arroladas pelo sempre sistemático pensador - e os argumentos que enlaçam esse debate permanecem firmes ainda hoje. Aristóteles, que comparou as constituições das cidades-estados gregas, não escondia suas simpatias pelo governo aristocrático dos mais esclarecidos e mais capazes. Francamente conservador, ele advertia: "O hábito de mudar facilmente as leis é um mal. O cidadão ganhará menos com a mudança do que perderá adquirindo o hábito da insubordinação". E finalmente: "Os homens são induzidos a crer que existe algum modo miraculoso de todos se tornarem mutuamente amigos, sobretudo após a enumeração dos males que dizem ser causados pela propriedade particular. Estes males, porém, derivam de outra fonte - a natureza humana".

Atual, ainda

- Temos de expulsar Aristóteles de nós.

-Mas eu nem sequer o li, por que razão tenho de expulsá-lo de mim?

-A prova de seu domínio sobre o homem ocidental é que ele domina o pensamento de gente que nunca ouviu falar a seu respeito.

Do romance Reuben, Reuben (1964), do escritor americano Peter de Vries

Poucos filósofos terão recebido tantos elogios e críticas como Aristóteles. Para os medievais dos séculos XIII e XIV ele era O Filósofo por excelência; para os pais da ciência moderna, do século XVII, o culpado de cerca de 2 000 anos de atraso científico. Às vezes, o mesmo autor concede um elogio com uma das mãos e o retira com a outra. O filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804), que lhe tributa o louvor, um pouco exagerado, de ter feito em matéria de lógica tudo que se podia e devia fazer, considera que sua lista de categorias era um tanto desconchavada. Mereceu o respeito explícito de Charles Darwin como biólogo e de Karl Marx como teórico da Economia. Muitas vezes, depois dos xingamentos de praxe, foi repetido ou reinventado. Veja-se o artigo primeiro de As paixões da alma, de 1649, do francês René Descartes .
Na atualidade assistimos a um impressionante retorno de Aristóteles à cena filosófica, por diversos caminhos. Consideremos apenas o que diz respeito à "lógica da ação". Aqui mesmo no Brasil, um livro recente, Escritos de Filosofia II - Ética e cultura, publicado em 1988 por Henrique Cláudio de Lima Vaz, ex-professor de Filosofia da Universidade Federal de Minas Gerais, relembrou de maneira inequívoca a importância de Aristóteles neste domínio, central sem dúvida numa época tão desorientada como a nossa. De fato, o autor argumenta que podemos encontrar em Aristóteles, não soluções prontas, mas princípios válidos para equacionar as perplexidades éticas que pairam no nosso horizonte. Até pelo motivo de que, não fazendo ele apelo a nenhum critério religioso, se torna mais acessível ao mundo atual.
Aristóteles coloca no centro de sua ética e de sua política o conceito de excelência e vincula estreitamente os dois domínios: sua ética é a do cidadão, o habitante da polis. Nesta perspectiva, podemos construir uma lógica da ação no centro da qual estaria a forma de excelência denominada discernimento, cujo ato próprio é a decisão lúcida. Esta é tanto escolha adequada dos meios quanto concretização do princípio universal do agir humano - a busca da vida mais desejável e satisfatória. Não tendo se deixado levar nem pela sedução de associar a ação política à sabedoria teórica suprema nem pela tentação de fazer da política um ato técnico sem compromissos éticos, Aristóteles habilmente livrou-se de obstáculos constantes da cultura ocidental.
Sempre houve e sempre há alguém pretendendo fazer da política ou ciência rigorosa ou objeto de técnicas manipulatórias. É justamente nesse ponto (se não em outros) que Aristóteles ainda pode ser O Filósofo. Pois um dos nossos dramas é compreender que a conduta humana pode ser racional. Uma racionalidade original que supõe a memória da experiência passada, a compreensão da situação presente e a previsão do futuro. Ainda tem sentido ler o velho grego.





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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A verdade está nos bons vinhos - Química


A VERDADE ESTÁ NOS BONS VINHOS - Química



Um bom francês não pode repousar à luz do dia, viver agitado nem respirar demais enquanto envelhece. A ciência explica porque são dispensados tantos cuidados aos nobres líquidos tintos e brancos.

O vinho à mesa, liturgia.

Respeito silencioso paira sobre a toalha. A garrafa espera o gesto, o saca-rolha espera o gesto que há de ser lento e ritual.

Ergue-se o pai, grão sacerdote prende a garrafa entre os joelhos gira regira a espira metálica até o coração do gargalo. Não faz esforço não enviesa não rompe a rolha É grave, simples, de velha norma.(...)

O Vinho,
Carlos Drurnmond de Andrade

Mais do que bebida, o vinho é um ritual. Os connaisseurs o tratam como um ser vivo, que se reproduz anualmente, cada geração diferente da outra, com peculiaridades que as distinguem e as fazem mais ou menos amadas. Têm na memória os nomes das grandes marcas e das melhores safras. Deixam suas raridades repousando longe da luz e do calor, sem barulho, sem movimento. Abrem as garrafas horas antes de servi-las, para que o líquido respire; sabem a exata quantidade que devem colocar no copo, e não pode ser em qualquer copo. Não apenas o bebem, mas aspiram seu perfume, desfrutam-no. Essa profusão de ritos tem jeito de mistério, domínio exclusivo de iniciados, mas pode ser desvendada pela ciência-que tanto justifica como derruba alguns desses mitos.
Conforme querem os connaisseurs, ou conhecedores de vinho, ele tem mesmo vida. Ao contrário dos destilados, como uísque ou vodca, que saem das destilarias prontos e acabados, o vinho carrega substâncias vivas para a garrafa, repousando em estado latente ou trabalhando muito lentamente, num processo contínuo de ligação entre os elementos químicos que o formam. Esses elementos são resultado de absolutamente tudo o que aconteceu com a uva, de todas as interferências e variáveis que sofreu, desde o momento em que brotou na videira até tornar-se vinho. Essas sutis diferenças explicam o motivo de tanta badalação em torno de um tinto de Bordeaux ou um Chablis (branco) de Bourgogne, e por que nem todo vinho fica tanto melhor quanto mais envelhece.
O bom vinho começa a nascer na terra, em solo calcáreo. Esse é o tipo de solo das grandes regiões viníferas de, países como a França e Portugal. Igual a qualquer vegetal, a videira se alimenta de compostos orgânicos contendo sobretudo nitrogênio, fósforo e potássio, e os sais minerais do solo (cálcio, magnésio, sódio, ferro). Para manter sempre a mesma qualidade, a videira recebe um tratamento espartano. "A uva precisa sofrer um pouco para dar um bom vinho", diz o químico francês Alain Parentheon, chefe do laboratório de controle e desenvolvimento da Moët & Chandon, na região francesa de Champagne. "Em solos muito ricos, os nutrientes puxados da terra pelo pé da videira são distribuídos por muitas frutas e se diluem, dando uvas de menor qualidade", explica ele.
A Vitis vinifera, espécie mais cultivada pelo mundo afora para a produção de vinhos finos, se vira como pode nesse regime para acumular a maior quantidade de nutrientes. É nessa hora que pesa um dos mais importantes fatores de qualidade da uva - o clima. A videira descansa durante o inverno muito frio, assim como as demais plantas que vivem nas zonas temperadas. Na primavera começa a acordar, dá as flores e depois os frutos que vão amadurecer no verão. Uvas para vinhos finos precisam estar bem maduras, e quem vai ajudar nesse trabalho é o sol. Por isso o verão do sul europeu é tão bom para elas - há muito sol e pouquíssima chuva. As uvas começam a precisar de sol quando, já crescidinhas, transformam sua casca, verde opaca em vermelho ou branco translúcido.
Quanto mais sol recebe, mais madura a uva fica; portanto, maior teor de açúcar e menor de ácido terá. A luz e o calor solar atravessam a pele e ativam dentro da uva as enzimas, moléculas de proteínas. Uma extremidade da enzima capta gás carbônico (CO2), outra capta água (H2O), e tem-se como resultado açúcar (frutose e glicose) e oxigênio (O2). Para funcionar direito, as enzimas devem ter metais nas extremidades, aqueles mesmos que a videira puxou do solo. O teor de açúcar é fundamental, pois é ele que vai virar álcool na fabricação do vinho. Mas a intenção da Vitis vinifera ao deixar o sol entrar não era produzir um vinho de primeira, e sim sobreviver. Essa acumulação de açúcar nada mais é do que reserva de energia para sua semente, que no outono-inverno seria largada no mundo com a missão de perpetuar a espécie.
Justamente por causa do clima, o Brasil não tem vinhos de qualidade comparável aos melhores da Europa. O verão brasileiro, ao contrário do europeu, é muito úmido e chuvoso. Cai água demais sobre a videira, causando assim a diluição do açúcar, além de a uva não chegar ao mesmo ponto de maturação das européias. O enólogo Adolfo Alberto Lona, da Martini & Rossi, demonstra as conseqüências: em 1 litro de suco de uva, cada 17 gramas de açúcar produzem 1 grau de álcool. Para se obter a gradação ideal, em torno de 11 graus, é necessário ter 187 gramas de açúcar em 1 litro de suco. No Brasil, 1 litro só tem entre 150 e 160 gramas. O que falta é completado com sacarose, o açúcar de cana.
Colhidas as uvas, elas são levadas à prensagem para virar suco. No caso do vinho branco, o esmagamento é muito lento e cuidadoso, pois o suco mais equilibrado entre açúcar e ácido da uva concentra-se no meio da polpa, entre a região da pele e da semente, e é justamente o primeiro a ser liberado quando a uva sofre pressão. O mosto - suco da uva pronto para ser fermentado - fica depois pouco tempo em contato com a pele, pois é lá que estão as antocianinas, polifenóis responsáveis pela pigmentação vermelha. Por esse motivo é que mesmo uvas vermelhas produzem vinhos brancos - quanto menor o tempo de contato entre pele e mosto, menos antocianinas passarão para o líquido.
Com o vinho tinto o cuidado não é tão grande. Retirado o engaço, os "cabinhos" da uva, os frutos são todos esmagados com pele e semente. Para que o vinho adquira a cor vermelha, o mosto é deixado mais tempo em contato com a pele. Junto com as antocianinas passa grande quantidade de taninos, também polifenóis, que dão um sabor extremamente adstringente ao vinho. Aqui começam a se diferenciar os vinhos tintos dos brancos. Em conseqüência do maior contato com a pele e mesmo com as sementes, o tinto carregará muito mais substâncias e elementos químicos que o branco, sendo portanto de estrutura bem mais complexa e mais resistente. Tal resistência se traduzirá no tempo que o vinho agüenta na garrafa sem se deteriorar - o branco não passa de três anos. A vida do tinto será definida na maturação, a fase posterior à fermentação.
Todo o açúcar que a uva armazenou vai virar álcool na fermentação. O trabalho é feito pelas leveduras, microorganismos que são uma variedade de fungo. Elas existem pairando pelo ar, mas basicamente duas cepas foram selecionadas em laboratório para produzir os vinhos finos: Saccharomyces cerevisae e Saccharomyces bayanus. As leveduras transformam açúcar em álcool (etanol) e gás carbônico. Acontece uma primeira fermentação, chamada tumultuosa, depois uma segunda, em que o açúcar vai acabar de ser consumido. Nos vinhos brancos, a fermentação tem que ocorrer a baixa temperatura, até 15 graus Celsius, para que os aromas frutados e florais, provenientes da uva, não escapem junto com o gás carbônico. Esses aromas vêm de álcoois complexos, como terpenos, terpinos e terpenóides. Por isso, quando os apreciadores giram o copo suavemente sob o nariz, com ar embevecido, antes de tomar o primeiro gole, não estão apenas representando uma cena de ritual sem sentido; um desses terpenos, o geraniol, encontrado sobretudo nas uvas da região alemã do Reno, é a mesma substância química que dá aroma às rosas.
Quando do açúcar só tiver ficado um pouco, entra em cena a fermentação malo-láctica, feita dessa vez por bactérias originárias da uva. Um dos dois principais ácidos existentes na fruta, o tartárico, é bem-vindo, pois é o responsável pela adstringência refrescante do vinho. Mas o outro, o ácido málico, deixa um sabor amargo na boca. Para eliminá-lo, são ativadas as bactérias que convertem ácido málico em ácido láctico, bem menos adstringente e amargo, e em glicerina, outro componente que contribui para amaciar o sabor do vinho. Terminada a fermentação, o vinho branco já estará praticamente pronto, mas o tinto ainda terá um longo caminho a percorrer. Só a quantidade de tanino que carrega basta para deixá-lo intragável. Seu destino é então o amadurecimento, um tempo de repouso e vida mansa, indispensável para que se produzam as reações químicas que aprimorarão as propriedades organolépticas da bebida, ou seja, o conjunto de cor, sabor e aroma.
Esqueça a idéia muito difundida de que o vinho amadurece em barris de carvalho para adquirir cor - isso é coisa de uísque. O carvalho entra na história por ser uma das madeiras mais porosas que existem, permitindo assim que continuamente uma pequena quantidade de oxigênio entre em contato com a bebida. É ele que vai chamar leveduras e bactérias ao trabalho, promovendo oxidações. As oxidações fazem álcool virar aldeído, aldeídos combinados com ácidos viram ésteres, todos eles compostos orgânicos cada vez menos duros ao paladar, deixando o vinho, na linguagem dos enófilos, mais "redondo".
Nessa fase se estabelece a diferença entre vinhos tintos jovens e maduros. Jovens são os que passam pouco tempo nos barris, no máximo um ou dois anos. Conseqüentemente, acontecem nele menos oxidações, sua estrutura será mais simples e seu sabor mais adstringente. O vinho maduro repousa entre três e cinco anos nos barris, e durante esse descanso as reações químicas entre centenas de elementos tornam sua estrutura mais complexa, seu sabor e bouquet mais sofisticados. Só resistem longos envelhecimentos em garrafas os vinhos tintos maduros, dos quais os melhores Bordeaux são um belo exemplo. Eles não só resistem como pedem envelhecimento na garrafa, para continuar vagarosamente a sofrer reações da mesma maneira que no amadurecimento, até atingir o ápice na qualidade de sabor e bouquet. Um Bordeaux ou um italiano Brunello di Montalcino levam de cinco a vinte anos para chegar lá, enquanto os jovens Beaujolais e Chianti apenas de um a três anos.
Quando entra na garrafa, o vinho é composto, nesta ordem descrescente, de água, álcool, glicerina, açúcares, ácidos, ésteres e álcoois superiores. "Além dessas, existem mais
2 000 substâncias químicas em quantidades ínfimas, mas capazes de reagir umas com as outras e alterar as propriedades organolépticas do vinho", conta o bioquímico e enófilo Toshio Fujisaka. Enquanto viver na garrafa, repousando em adegas ou levando safanões em caminhões de transporte pela estrada afora, esse líquido sensível vai responder à altura do tratamento que receber. Eis o motivo de tantos mitos e ritos a cercar os vinhos nobres. O primeiro mandamento do enófilo reza que a garrafa deve ser conservada deitada, longe do calor, a no máximo 15 graus. Temperaturas maiores ativam as leveduras e bactérias que sobrevivem latentes no vinho; se acordarem, podem provocar uma nova fermentação, fazer ligações químicas indesejáveis, quebrar outras.
Caso a garrafa fique em pé, há o risco de a rolha secar, murchar e deixar entrar mais ar do que deveria, e nele vêm mais leveduras, bactérias e oxigênio, seu alimento preferido. O vinho também deve repousar quietinho, sem agitação, para que o pouco de ar que existe lá dentro não se incorpore ao líquido, pois um pouco de oxigênio que ali esteja causará oxidações. Mas nem sempre o vinho na presença de ar vira vinagre, como faz crer a lenda. Só vira se entrar em contato com a Acetobacter sp, cuja especialidade é transformar etanol em ácido acético (vinagre). Obviamente ela existe pelo ar e pode entrar na garrafa - ou não. Porém, quando a garrafa é aberta para a degustação, alguns enófilos até gostam que o ar se incorpore ao líquido, pois ficará mais fluido, tornando os álcoois e ésteres do bouquet mais voláteis e facilmente perceptíveis. Daí a recomendação para as garrafas serem abertas algum tempo antes de consumidas.
Outra obrigação do conhecedor é deixar as garrafas ao abrigo da luz, sobretudo luz solar e de lâmpadas fluorescentes. O perigo é a radiação ultravioleta, catalisadora de reações fotoquímicas, principalmente nas instáveis antocianinas, as responsáveis pela cor do vinho. A luz quebra suas ligações moleculares e sabe-se lá aonde os componentes vão se religar; o vinho branco fica amarelado, o tinto passa a ser cor de tijolo. Mudando a cor por causa das reações químicas, é bem provável que o sabor também fique comprometido. Todas essas agruras pelas quais o vinho passa não são percebidas por qualquer leigo, mas os sentidos muito aguçados e treinados dos sommeliers os denunciam com facilidade. Por isso restaurantes de altíssima categoria mantêm um desses especialistas de plantão, só para cuidar do capítulo dos vinhos: eles indicam diferenças de safras e eventualmente provam a garrafa escolhida, antes de servi-la, para assegurar que ela não se deteriorou.
Sendo assim tão sensíveis, podem os maravilhosos vinhos franceses, italianos ou portugueses resistir ao sofrimento de uma viagem através do oceano até o Brasil, e chegar aqui com a mesma qualidade? Não, ainda que isso não signifique tragicamente que não se possa mais bebê- los. Com o calor e a agitação sofridos durante a viagem, o vinho certamente passa pelas reações que o prejudicam. Quando se compra um bom vinho, deve-se deixá-lo repousar por um a dois meses numa adega, para que se recupere das canseiras da viagem. "Esse descanso pode reverter algumas reações indesejáveis que o vinho tenha sofrido, mas nunca a totalidade delas", explica Orlando Zancanaro Junior, professor de Tecnologia de Fermentações na Universidade de São Paulo. Os enófilos dos trópicos, se quiserem beber o mais puro e imaculado néctar, têm que buscá- lo na fonte.

Um exercício de sensações

Degustar um vinho é muito mais do que bebê-lo. Mesmo porque o paladar só pode dizer se ele é doce, salgado, azedo ou amargo. Para desfrutar até a última gota de sua riqueza e complexidade, os enófilos se valem também do olfato e da visão. O processo de degustação, pleno de detalhes e sutilezas, basicamente começa com o exame visual. Segura-se o copo de vinho pela haste e, contra a luz, analisam-se cor, transparência e brilho. Depois vem o exame olfativo, quando se sente o aroma (cheiro originário da uva) e o bouquet (cheiro produzido nas fases de fermentação e envelhecimento). Para isso, o copo deve ser agitado várias vezes, aspirando-se nos intervalos. Os connaisseurs, pela experiência, chegam ao luxo de distinguir odores como florais, vegetais, picantes ou balsâmicos.
A última etapa é o exame gustativo, quando se toma um grande gole de vinho deixando-o alguns segundos em contato com toda a superfície da boca. Essa cerimônia exige um copo especial, chamado tulipa, alto e de boca estreita, para evitar que o aroma e o bouquet escapem rapidamente. A capacidade de distinguir vinhos bons dos nem tanto é sobretudo um exercício de memória e comparação. O enófilo paulista Clóvis Siqueira sugere, para quem quer se iniciar na degustação, começar comparando três vinhos comuns com um de reconhecida qualidade superior, para sentir a diferença. Depois passa- se à descoberta das preferências pessoais. Pegam-se cinco garrafas de vinho produzido com a mesma uva- Cabernet Sauvignon, por exemplo - em regiões demarcadas diferentes, como Bordeaux, Rhône, Bourgogne, Rioja e Dão. Como a personalidade e a característica de cada vinho são únicas, certamente um deles agradará mais ao olhar, olfato e gosto do provador.





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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A dura jornada de um sanduíche boca adentro - Biologia


A DURA JORNADA DE UM SANDUÍCHE BOCA ADENTRO - Biologia



De cara, o alimento é esmagado. Depois, é feito em pedacinhos. O organismo não quer que sobre nada - a não ser energia.

A boca avança sobre o sanduíche. Os dentes cortam o pão e rasgam o recheio. A mordida marca a largada do percurso que o alimento fará por um tubo com cerca de 9 metros de comprimento, ora mais largo, ora mais estreito, na maior parte cheio de curvas. Alguns obstáculos diminuirão a velocidade dessa travessia, que deverá durar entre doze e catorze horas. O importante, porém, é que no final da jornada, as ligações químicas das moléculas do sanduíche estarão quebradas em porções suficientemente pequenas para permitir que elas penetrem nas células do corpo humano. Esse, aliás, é o ponto de chegada. A eficiência com que nosso organismo aproveita essa caminhada, que é o processo completo de digestão dos alimentos, garante entre outras coisas a capacidade de se decidir fazer uma refeição, andar até uma lanchonete, escolher entre as várias ofertas do cardápio, levar o sanduíche à boca e mordê-lo com vontade. Pois viver é gastar a energia proveniente do Sol, que somente as plantas conseguem aproveitar em estado, digamos assim, bruto. Pelo processo chamado fotossíntese, elas usam a energia solar como elos para construir verdadeiras correntes ou cadeias com os átomos de carbono, retirados da atmosfera. Quando essas correntes são quebradas, libera-se a energia para utilização. O corpo humano não consegue aproveitar diretamente a energia solar para formar tais cadeias. Assim, precisa consumi-las prontas, comendo os vegetais que, por sua vez alimentaram-se de plantas. Todo o processo de digestão tem por objetivo quebrar as correntes de carbono comidas nos alimentos, para que o organismo possa utilizar a energia de que precisa. Em seu sentido mais rudimentar, a vida, portanto, é uma constante busca de comida, ou melhor, das correntes ou cadeias de carbono - e a fome nada mais é do que um aviso do corpo de que a bateria está ficando descarregada. No entanto, na forma como costumam ser encontradas na alimentação, as cadeias de carbono quase sempre são muito compridas. Surge, de fato, um problema de espaço: as moléculas do sanduíche são muito grandes para penetrarem nas células.
"Por isso, o aparelho digestivo é relativamente longo. Assim, ao percorrê-lo, essas moléculas têm tempo para se tornarem menores", justifica o cirurgião Aldo Junqueira Rodrigues, especialista em Anatomia, da Universidade de São Paulo. Outra característica do tubo digestivo é ser impermeável na maior parte do trajeto do sanduíche, cujas moléculas são absorvidas apenas na reta final do intestino. Pão, carne, queijo, alface, tomate, maionese: nessa receita comum, encontram-se os três grupos de alimentos -carboidratos, gorduras e proteínas - que devem ser quebrados em órgãos diferentes do aparelho da digestão. A princípio, os ingredientes, juntos, são triturados na boca, por 32 dentes, nos adultos, ou apenas vinte, nas crianças. "Os músculos envolvidos na mastigação são tão fortes, que, com um único movimento, poderiam quebrar a dentição", comenta Junqueira. Uma mordida só não deixa ninguém banguela porque os dentes são enervados. "Os nervos que nos fazem experimentar a dor de uma cárie", diz o médico, "também nos dão a sensibilidade que regula a força aplicada em uma mordida." Enquanto a mastigação prossegue, a língua se move para todos os lados, ajudando assim a misturar o pedaço de sanduíche com a saliva.
O líquido, produzido por seis glândulas maiores e uma infinidade de glândulas menores espalhadas pela boca, é 99,5 por cento composto de água, que irá hidratar o bocado do sanduíche, transformando-o em uma papa fácil de ser engolida. A saliva ainda contém enzimas, capazes de destruir bactérias que, eventualmente, peguem carona no sanduíche. Por causa desse papel de defensora, ela não pára de ser fabricada, mesmo quando alguém permanece de boca fechada. Diariamente, uma pessoa produz cerca de 1,2 litro desse líquido, que passeia entre as gengivas, realizando uma limpeza constante. Durante a mastigação, o paladar determina se há necessidade de saliva extra. Se o sanduíche estiver salgado demais, haverá pouca salivação, gerando a sensação de sede. Mas se, acompanhando o sanduíche, a pessoa tomar uns goles de limonada haverá saliva à vontade, estimulada pelo gosto ácido que, por isso, merecidamente costuma receber o adjetivo refrescante. Já a Coca-Cola, companheira mais comum do sanduíche, não estimula nem inibe a salivação, como qualquer outro alimento ou bebida doce. Por causa do amido, um tipo de carboidrato contido no pão, a quebra química do sanduíche começa ainda na boca, graças a uma enzima salivar, conhecida como alfa-amilase. O amido possui até 2 000 átomos de carbono ligados entre si, e o máximo que o organismo consegue absorver são pequenos grupos de seis átomos - ou seja, uma mólecula de glicose.
A molécula de amido pode ser descrita como um longo colar, cujas contas, no formato de balões, seriam glicose. A enzima alfa-amilase não irá separar conta por conta, mas quebrará esse cordão em diversos pedaços, criando maltoses e dextrinas. A maltose nada mais seria do que duas contas juntas ou duas moléculas de glicose ligadas entre si. Dextrina, por sua vez, é a designação de várias moléculas de glicose, sem número específico, em cadeias menores que as do amido.
O tempo que o sanduíche permanece na boca, sendo esmagado entre os dentes, depende da vontade de cada um. Existe uma controvérsia: alguns cientistas defendem que a mastigação deve se prolongar pelo maior tempo possível, pois assim o alimento se mistura com mais saliva, o que ajuda na digestão dos carboidratos. Outros pesquisadores, porém, acreditam que o número de vezes que se mastiga um alimento faz pouca diferença, caso contrário, os desdentados morreriam de indigestão. Mas todos concordam que quanto mais triturada a comida mais fácil fica de ser engolida. A deglutição é um momento critico, quando o alimento atravessa o cruzamento entre o aparelho digestivo e o respiratório, na faringe, um tubo muscular com cerca de 12 centímetros, na altura da garganta. "Se o sanduíche pegar a via errada, na direção dos pulmões, ele logo será expulso por um jato de ar, no fenômeno do engasgo", descreve Junqueira. Os pulmões não suportam elementos estranhos. Uma partícula do sanduíche em seus domínios pode causar até pneumonia. Para evitar isso, ao mesmo tempo em que a língua joga o alimento para trás, pressionando-o contra o céu de boca, um osso chamado hióide sobe, fechando a laringe, no caminho exclusivo do ar. Se a pessoa fala de boca cheia, é bem provável que engasgue, porque a coordenação desses movimentos só é possível quando se interrompe a respiração por um ou dois segundos.
Da faringe, o bolo alimentar segue pelo esôfago, o tubo de aproximadamente 25 centímetros que vai do pescoço ao tórax. É uma pista de alta velocidade, por onde os líquidos passam em um único segundo; os alimentos sólidos demoram no máximo oito segundos. O ritmo acelerado não é mérito da força da gravidade, tanto que o sanduíche pode ser engolido quando alguém está de ponta-cabeça: a proeza se deve a movimentos ondulatórios, existentes em todo o aparelho digestivo que empurram o alimento na direção certa. O sanduíche alcança, enfim, o estômago. Se essa bolsa, de formato variável, estiver vazia, parecerá pequena como um pêssego, com espaço para guardar o conteúdo de meia xícara de chá. Mas o estômago é campeão em elasticidade, aumentando até quarenta vezes de tamanho-nas mulheres, perde apenas para o útero, que tem o triplo dessa capacidade. Estufado, o estômago pode armazenar 2 litros de alimento. Nele, os líquidos fazem uma pequena parada, de poucos minutos. O sanduíche, porém, ficará ali durante duas a seis horas, sendo sovado como uma massa de pão, com movimentos em todos os sentidos, a cada quinze ou vinte segundos. A estada do sanduíche no estômago poderá ser atrasada, se ele chegar misturado com refrigerante ou qualquer outra bebida gaseificada. O gás carbônico da bebida reagirá com o ácido clorídrico, componente do suco gástrico secretado por glândulas na parede estomacal. A combinação atrapalha a tarefa da víscera, que fica cheia de gases.
"O ácido clorídrico continua o trabalho de quebrar os carboidratos do pão. O próprio estômago não sai queimado porque é revestido por uma camada protetora de muco", conta o fisiologista Francisco Gacek, que há quinze anos dá aulas sobre o aparelho digestivo, na Universidade de São Paulo. "Quando surgem falhas nesse escudo viscoso, aparecem feridas - as úlceras ", explica o professor. Diariamente, o estômago fabrica cerca de 2 litros de suco gástrico, no qual se encontra também uma enzima, a pepsina, que inicia a quebra das proteínas, o principal ingrediente do queijo e da carne do recheio do sanduíche. As proteínas também são longas cadeias de átomos, que devem terminar o percurso da digestão na forma de pequeninas moléculas, no caso chamadas aminoácidos.
"A pepsina divide a proteína em proteoses, moléculas ainda muito grandes para a absorção", diz Gacek. Embora seja o personagem mais famoso do aparelho digestivo, é apenas isso o que o estômago faz. Logo depois, ele deixa sair uma amostra dessa pasta de sanduíche pelo chamado piloro, uma passagem estreita, sempre entreaberta. Essa pequena colherada vai para o duodeno, um trecho de 18 centímetros na entrada do intestino delgado, que tem 6 metros. "Esse é, por excelência, o órgão de digestão", opina Gacek. Faz sentido: é a única parte do aparelho digestivo que trabalhará com todos os ingredientes do sanduíche ao mesmo tempo, incluindo a gordura da maionese que, até então, continuava do mesmo jeito que entrou pela boca. "No duodeno, células especiais analisam o serviço que o intestino terá pela frente, avaliando a proporção de cada grupo de nutrientes", conta Gacek. "Como as gorduras demoram para serem quebradas, se o sanduíche tiver muita maionese, o intestino liberará hormônios, ordenando que o estômago segure a sua carga." Obedecendo a esse comando químico, o piloro se fecha. Só quando todo o alimento no intestino já estiver pronto para a absorção, o duodeno permitirá a entrada de um segundo bocado e assim por diante.
"A gordura freia a velocidade da trajetória, daí a sensação que as pessoas têm de estômago pesado quando comem. Por exemplo, uma feijoada", esclarece o fisiologista. Em 24 horas, o intestino, enrolado como um caracol, fabrica cerca de 3 litros do chamado suco intestinal, que serve apenas para dissolver a massa proveniente do estômago. As enzimas que quebrarão o sanduíche - nesse instante, já líquido como uma sopa grossa - são produzidas pelo pâncreas, uma glândula que fica fora do intestino, logo abaixo do estômago. Todos os dias, 1,5 litro de suco pancreático desemboca por um estreito canal, no inicio do duodeno e, ainda ali, começa a dividir as moléculas. Apenas 40 por cento do amido do pão se transformaram em maltose ou dextrina quando os carboidratos chegam no intestino delgado. Para completar o trabalho iniciado durante a mastigação, o suco pancreático contém uma segunda dose da enzima amilase, idêntica à da saliva. "Nenhum suco, porém, quebra a molécula de maltose em duas de glicose", revela Gacek. "As substâncias capazes de fazer isso estão grudadas nas próprias células do intestino. Por isso, o alimento perde quatro ou cinco horas para percorrer esse trecho. Só assim, há chance de a maioria das moléculas de maltose encostar em suas paredes." Formadas nesse contato, as pequeninas moléculas de glicose atravessam os microscópicos vasos capilares das células intestinais, caindo na circulação sangüínea.
Outros carboidratos, como a sacarose do açúcar de cana ou a frutose das frutas, têm um destino semelhante. O suco pancreático usa a mesma estratégia com as proteoses, usando enzimas para dividi-las em dipeptídeos, moléculas com dois aminoácidos. A separação dos aminoácidos acontece igualmente graças a substâncias coladas nas células na superfície intestinal. "A gordura, porém, é um capítulo à parte", define Gacek. Um químico descreveria uma molécula de gordura como três átomos de carbono, cada um deles, por sua vez, ligado a uma cadeia de ácidos graxos. Uma enzima presente no suco pancreático, a lipase, romperá a junção desses átomos. Resultado: cada gordura se tornará uma molécula de glicerol (como são chamados três carbonos ligados entre si) e três moléculas de ácido graxo. Contudo, essa separação ainda não será suficiente.
O problema é que, na digestão, tudo acontece em meio líquido, e a gordura, como se sabe, não se dissolve em água. Daí a importância de um último suco: a bile, produzida no fígado, que também escorre por um canal no duodeno. "Em primeiro lugar, os sais existentes na bile repartem uma gota de gordura em inúmeras gotículas, o que facilita o trabalho da lipase do pâncreas, que só age na superfície dessas moléculas", explica Gacek. "Além disso, os sais biliares, derivados do famoso colesterol, parecem um fósforo com duas cabeças. De um lado, são solúveis em água; de outro, em gordura, funcionando como um elo entre as gotículas gordurosas e a água." A gordura, então, pode ser transportada no fluxo do intestino. Como de costume, a absorção acontece quando o nutriente encosta na parede. Ali, a própria membrana celular contém gordura em sua composição. "Como gordura se dissolve em gordura, fica fácil atravessar a célula", conclui o fisiologista.
A etapa final do tubo digestivo mede cerca de 1 metro: é o intestino grosso. Em uma ou duas horas, ele absorve não só a água que se bebe como os cerca de 9 litros de sucos diversos que o aparelho digestivo despejou na trajetória do alimento. Nesse momento, o organismo traga as vitaminas e os sais minerais que estavam, principalmente, na alface e no tomate do sanduíche. Restará assim o chamado bolo fecal, que o aparelho digestivo mandará para fora do organismo-uma mistura de tudo o que não foi absorvido. O sanduíche ainda levará outras dez ou doze horas, antes de se tornar energia dentro de cada célula do corpo humano. Na verdade, uma pessoa ingere hoje o combustível que irá gastar amanhã. É ilusão, portanto, comer um chocolate antes de uma aula de ginástica, para garantir o fôlego. Ainda assim, a glicose, de todos os nutrientes, é o que se transforma mais rapidamente em energia. "Por isso, os músculos preferem usar da glicose quando precisam realizar um movimento repentino como o dos primeiros passos de uma marcha", exemplifica o bioquímico mineiro Walter Terra, da Universidade de São Paulo. A gordura, no entanto, é uma fonte de energia mais eficiente, embora demore mais para ser acionada. "Depois de algum tempo caminhando", continua o bioquímico, "os músculos abandonam a glicose, para consumirem gordura." Os aminoácidos, por sua vez, servem como matéria-prima para o organismo construir suas próprias proteínas Elas se transformam em energia somente quando não há glicose ou gordura disponível. Contudo, nas células, através de processos variados, esses três tipos de nutrientes podem se transformar em moléculas de ATP (sigla de adenosinatrifosfato), que funcionam feito uma embalagem de energia. Quando o ATP encosta nas pontas das fibras musculares, provoca uma contração. Caso se trate das fibras de um certo músculo facial, a boca poderá se abrir para, quem sabe, morder mais um sanduíche.

Um apetite misterioso

Durante muito tempo, acreditou-se que a queda na quantidade de glicose do sangue provocava a sensação de fome. Na última década, porém, poucos cientistas ousaram dar essa justificativa para a vontade de comer. "Mesmo quando alguém fica em jejum completo, a queda da chamada curva glicêmica é desprezível", nota o fisiologista Marcus Vinícius Baldo, da Universidade de São Paulo, especialista em sistema nervoso. Em teoria. na falta de alimentação, a dosagem de glicose deveria diminuir. Se isso não acontece, é porque existe um esforço do organismo, que libera uma série de hormônios, tentando manter seu funcionamento na mais perfeita normalidade. "A nova hipótese é de que esse esforço - e não a diminuição da glicose em si - seria percebido na região cerebral do hipotálamo", conta Baldo.
O fisiologista lembra que fatores secundários fazem o sistema nervoso desencadear ou aumentar a sensação de fome, como as contrações do estômago vazio ou certos estímulos captados pelos órgãos dos sentidos, como a foto de um prato ou o cheiro de uma comida. Segundo o químico Franco Lajollo, que pesquisa alimentos na USP, uma coisa é certa: "Ninguém provou que, ao se comer ou beber algo, a fome aumente ainda mais". Isso desmistificaria o conceito do aperitivo, servido antes das refeições para abrir o apetite. "O álcool, especialmente, além de ser irritante para o estômago, é uma bebida muito energética, ou seja, deve diminuir a fome e não aumentá-la", raciocina Lajollo. Em todo caso, o pesquisador reconhece que uma dose de bebida alcoólica provoca relaxamento: "Essa descontração talvez ajude as pessoas a comerem mais. Afinal, comer é também um prazer social".

Uma questão de bom gosto

Pesquisadores americanos resolveram servir a dois grupos de ratinhos menus diferentes: o primeiro grupo teve de comer uma insípida ração; o segundo, mais sortudo, recebia queijos sortidos e frutas. Os dois cardápios continham os mesmos nutrientes e uma quantidade idêntica de calorias. Mas apenas os ratinhos do segundo grupo engordaram -sinal de que comiam mais do que aqueles servidos com uma refeição sem gosto. Isso mostra que o paladar existe para reforçar a fome, estimulando os seres vivos a se alimentarem, garantindo a energia para viver. Nos seres humanos, as células gustativas, especializadas em discernir sabores, se concentram na língua, embora existam em menor proporção no céu da boca e na faringe. Guiando-se pelo formato das moléculas da comida, essas células só distinguem quatro tipos de gosto: o doce, o salgado, o azedo e o amargo.
Portanto, a princípio, são sutis as diferenças entre um sanduíche e uma sopa. Afinal, as células gustativas mandam a mesma informação para a região cerebral do tálamo: os dois pratos são salgados. O sistema nervoso só consegue fazer a diferenciação com pistas, por exemplo, de outros receptores da boca, que percebem a consistência e a temperatura da comida. Mas é um vizinho da boca que dá o voto decisivo: através da garganta, os receptores do nariz captam o cheiro do alimento sendo mastigado e revelam o que é sopa e o que é sanduíche. Isso só é difícil quando alguém está resfriado - então, tudo perde o sabor.





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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Ciência e Magia dos Fogos de Artifício - Tecnologia


CIÊNCIA E MAGIA DOS FOGOS DE ARTIFÍCIO - Tecnologia



Um espetáculo pirotécnico desperta em qualquer pessoa a impressão de magia. Mas os cientistas garantem: os desenhos multicoloridos no céu são uma maravilhosa questão de Química.

Ouve-se um assovio distante, até ocorrer a explosão em cores. O céu escuro fica estampado com riscos azuis, faíscas vermelhas, estrelinhas de ouro e chuva de prata. Surpreendem, então, luzes brancas como as de um raio e sons que imitam trovões. Esse espetáculo poderia perfeitamente ter acontecido no aniversário de uma cidade, em uma final de Copa do Mundo, em uma festa junina ou na entrada do Ano-Novo. Pois, afinal, os fogos de artifício são velhos convidados nas grandes celebrações, desde que os chineses, inventores da pólvora, começaram a utilizar tiros coloridos de morteiros, há cerca de 1 000 anos, para anunciar a vitória nas guerras. Mas só recentemente os cientistas começaram a desvendar o esplendor dessa antiga forma de comemorar, graças aos avanços da chamada pirotecnia - do grego, a arte de empregar o fogo.
O interesse dos pesquisadores não é gratuito. Na verdade, os princípios dos fogos de artifício valem para desenvolver desde sinalizadores de emergências mais eficientes até propulsores para os modernos ônibus espaciais. Tudo, em suma, é uma questão de controlar o processo da combustão, porque há maneiras e maneiras de uma substância queimar. Para que os fogos produzam esse, e não aquele, efeito visual é necessário obter uma temperatura determinada da chama e calcular a dosagem exata de gás.liberado durante a combustão. Para isso, os fogueteiros não devem errar na proporção dos componentes químicos. Quando um ingrediente entra de mais ou de menos, um leque de faíscas esverdeadas, por exemplo, pode se transformar em um borrão cor de laranja. As receitas de fogos de artifício são cheias de truques. E, para complicar, as fórmulas são mantidas em segredo, passadas de geração em geração, por famílias de tradicionais fogueteiros. O que facilita o sigilo, comum no mundo inteiro, é o fato de a indústria pirotécnica ser artesanal. Pois é impossível usar máquinas quando se trabalha com pólvora negra, a milenar invenção da China, que explode quando há atrito ou faísca. Em 1242, o monge inglês Roger Bacon (1220-1292) desvendou a fórmula do explosivo oriental, mas preferiu escrevê-la em código, por considerá-lo perigoso.
Na época, um destino idêntico foi dado às receitas de fogos, encarados como obra de feiticeiros. De qualquer modo, Bacon deve ter anotado, com símbolos estranhos, que para obter 100 gramas de pólvora são necessários 75 gramas de salitre, 15 gramas de carvão e 10 gramas de enxofre. Os fabricantes de fogos ainda acrescentam na mistura goma-laca ou breu, que servem como um ligante, envolvendo as partículas daqueles três componentes. Se isso não é feito, ao rasparem entre si, os grãos de pólvora podem disparar a combustão. A ignição ocorre quando a energia de alguma fonte -combustível, fricção, impacto ou até raios laser - quebra as ligações químicas de uma mistura pirotécnica como a pólvora. Assim, formam-se novas ligações entre os átomos, criando substâncias mais estáveis, isto é, com menos energia; nessa transformação, a energia liberada ativará a camada seguinte do grão de pólvora e assim por diante, até não existir mais material para queimar. A pólvora é ideal para a pirotecnia porque incendeia dispensando o oxigênio do ar. Esse gás essencial à combustão já está contido no salitre de sua composição. Portanto, é natural que quanto mais pólvora contenha, mais tempo dure e mais forte seja a combustão dos fogos de artifício.
Quando a famosa cascata de fogos do Hotel Méridien, no Rio de Janeiro, aconteceu pela primeira vez, no réveillon de 1977, as faíscas mal cobriam dez dos quarenta andares do edifício. "Ano após ano, a cascata crescia, porque desenvolvíamos novas fórmulas de bombas com mais pólvora", observa o francês Jean-Claude Niger, diretor técnico do Méridien. "No ano passado, conseguimos a proeza: a cascata desceu todos os 120 metros do prédio, chegando até o chão." O segredo desse espetáculo está na troca de elétrons entre os átomos de oxigênio e os átomos dos chamados combustíveis, que no caso da pólvora são o carvão e o enxofre. "Em toda reação com oxigênio existe essa troca, na qual a energia dos reagentes pode ser liberada de várias maneiras: como luz, como calor, como som", conta a química Rita Tereza dos Santos, da Universidade de São Paulo. O final pomposo da festa de Ano- Novo carioca, por exemplo, costuma apresentar o que os pirotécnicos chamam mistura de luz e som. Os químicos traduziriam isso para mistura de alumínio e pólvora branca: o metal, aquecido, libera luz; a pólvora branca (uma combinação de clorato de potássio, enxofre e alumínio) descarrega energia como ondas acústicas. É por isso que esse mesmo ingrediente entra nos rojões, que os torcedores de futebol soltam quando seu time marca um gol. A pólvora negra gera apenas calor.
Uma chama pirotécnica pode chegar a 3 600 graus Celsius. Para se ter uma idéia, segundo Rita, a temperatura da chama de um fogão doméstico costuma alcançar 800 graus Celsius. "Se o calor não se dispersa, porque está confinado em uma bomba, cria-se uma enorme pressão, que culmina separando todas as partículas, no fenômeno da explosão", descreve a química. Por isso, a primeira função da pólvora nos fogos de artifício é a propulsão, isto é, lançar a carga da bomba a 200 ou 300 metros do chão. O segundo papel da pólvora é fornecer calor para acender as chamadas baladas, pedaços de uma massa feita com produtos químicos, responsáveis pelo colorido dos fogos. Usa-se o estrôncio para se obter o vermelho e o cobre para se ter o azul; assim como um pintor misturaria na paleta as duas cores para conseguir o roxo, os pirotécnicos combinam estrôncio e cobre para fazer fogos de luz violeta.
Muitas vezes, os fogos começam de uma cor e terminam de outra, porque as baladas têm duas camadas de misturas diferentes. "Com uma família pequena de elementos químicos, recriamos as cores do arco-íris", comenta o empresário Valter Jeremias, da Caramuru, a indústria pioneira na fabricação de fogos no Brasil, fundada há 65 anos. A fábrica se espalha por uma colina, no município de Santa Branca, 88 quilômetros a leste de São Paulo. Ali, trabalham cerca de noventa funcionários, em minúsculas casinhas distantes entre si, onde ficam, no máximo, três pessoas de cada vez. O motivo disso pode ser chocante: trata-se de uma precaução, adotada no mundo inteiro, para evitar que morram muitas pessoas em eventuais explosões. Acidentes de maior ou menor gravidade acontecem com freqüência razoável, nem sempre por causa da pólvora. Depois de se moldarem as baladas, que têm do tamanho de um caroço de uva até o de uma bola de gude, a massa deve secar ao sol.
"Às vezes, o calor faz com que elas peguem fogo espontaneamente", diz Jeremias, que exibe uma bomba na mesa de trabalho. Trata-se de um tubo de cartão, com 75 centímetros de altura. Na base do cartucho, encontra-se uma pastilha grossa de pólvora, que lançará para o alto a carga do recheio-mais pólvora e as baladas. Existe ainda a bomba oriental redonda, que pode ter até o dobro do diâmetro de uma bola de basquete. "Nela, as baladas devem ser arrumadas organizadamente em todo o contorno", demonstra Jeremias. O próprio estopim ou o estouro da pastilha propulsora acende o que se chama fusível de tempo, um pavio que demora mais para queimar, encarregado de acender a carga do recheio. Assim, a pólvora no interior só explode espalhando e incendiando as baladas quando a bomba está longe do solo.
O calor liberado torna o material das baladas líquido ou gasoso. Então, as partículas começam a emitir luz, cuja cor dependerá do comprimento da onda. A luz visível são radiações eletromagnéticas que medem entre 380 nanômetros (um bilionésimo de metro), quando causam a sensação do violeta, e 780 nanômetros, quando provocam a sensação do vermelho. Os fogos são brancos reluzentes quando as baladas conseguem emitir, ao mesmo tempo, ondas de todos os comprimentos, com todas as cores do espectro. Para isso, é necessário fornecer muito calor, de modo que os pirotécnicos, quando desejam esse efeito, misturam alumínio, magnésio ou titânio à pólvora da carga. "Os metais elevam ainda mais a temperatura de uma chama", justifica a química Maria Regina Alcântara, da Universidade de São Paulo. O calor é fundamental para os três processos pelos quais as baladas produzem ondas luminosas. Um deles é a incandescência: "Quando se fornece muito calor a uma substância, é como se ela se sobrecarregasse, recusando a energia extra, devolvida na forma de luz. É o fenômeno de um ferro em brasa", informa Maria Regina.
Qualquer um pode notar que o ferro aquecido logo se torna vermelho - a primeira cor do espectro - até se alaranjar aos poucos; com mais calor, a cor passa a ser um amarelo forte; se for possível esquentá-lo ainda mais, ele assumirá tons azulados e, finalmente, ficará branco. "Do mesmo modo, nos fogos, é possível obter várias cores a partir de uma única substância existente na balada, conforme os elementos, como metais, acrescentados à pólvora - portanto, se o calor da chama é menor ou maior", esclarece Maria Regina. O mesmo não é possível nos outros dois processos de produção de luz. Na emissão atômica e na emissão molecular, uma substância qualquer só pode emitir determinado comprimento de onda luminosa, de acordo com as suas características. Na emissão atômica, os elétrons se agitam ao rodar em torno do núcleo atômico, transferindo-se para órbitas mais externas, que são mais energéticas; ao retornarem para a órbita de origem, os elétrons liberam a energia adquirida como luz. A emissão molecular é semelhante, só que a agitação é das moléculas, e não dos elétrons. "Quando as baladas são de sódio, inevitavelmente reluzem amarelo", exemplifica Maria Regina. Quando existe sódio dentro da bomba, os raios amarelos ofuscam qualquer outra onda luminosa de cor diferente.
O problema é que o sódio muitas vezes pode se formar indesejavelmente em reações durante a combustão, quando as partículas das baladas se evaporam e se misturam. Pois os fogos podem ser comparados com tubos de ensaio, repletos de elementos químicos, que se combinam quando aquecidos. "Os pirotécnicos podem usar dois ingredientes para formar uma terceira substância", conta o químico Atílio Vanin, professor da USP. É o caso das moléculas de bário, capazes de emitir a luz verde. "Frágeis, elas não duram muito mesmo em temperatura ambiente", explica Vanin. "Por isso, não devem ser colocadas diretamente nos fogos, e sim serem formadas no instante em que se precisa delas", revela o pesquisador, cuja paixão pela pirotecnia vem da infância.
No bairro paulistano do Brás, Atilio Vanin foi coroinha durante dez anos na Igreja de São Vito, que todo dia 15 de junho comemorava a festa do padroeiro com fogos. "Fascinado, aos 15 anos, eu não descansei enquanto não aprendi sozinho a fazer pólvora" lembra. Hoje, trinta anos depois, o químico reconhece que fazer fogos é muito mais difícil do que imaginava quando fabricava suas próprias bombinhas. "Leva-se em conta até o tamanho das baladas", ele observa. Ao se incendiar, uma balada pequenina brilha por brevíssimos momentos, antes de se derreter completamente. O resultado é a visão de um ponto luminoso feito uma estrela.
Uma balada maior, porém, leva mais tempo até se desfazer e, enquanto isso, vai caindo por força da gravidade; dessa maneira, faz um traço no céu, como uma chuva de fogo. "As bombas, às vezes, são divididas em diversos compartimentos que estouram em alturas diferentes, graças aos fusíveis de tempo", nota Vanin. Com esse recurso, inúmeras pequenas bombas criam o que os pirotécnicos chamam buquê de noiva - porque as explosões espalhadas lembrariam flores de faíscas. Para dar acabamento ao desenho criado pelos fogos, os pirotécnicos misturam à pólvora combustíveis que liberam mais ou menos gás, de acordo com o efeito desejado. A pressão do gás afasta as partículas incandescentes, deixando os feixes de luz distantes entre si. A tendência é cada vez mais os cientistas se interessarem pelo tema, como nos Estados Unidos, onde pesquisadores contratados pela Marinha buscam substâncias que possam produzir a cor azul.
Até hoje, sempre que se querem faíscas azuladas, usa-se o cloreto de cobre, uma substância que só gera luz em temperaturas muito elevadas. No entanto, quando o calor excede o ponto ideal, por pouco que seja, o cloreto de cobre se desintegra e aí não se tem luz alguma. Muitas vezes a descoberta de novos materiais para fogos de artifício é decorrência de decepções na prática. Um exemplo disso foi o réveillon carioca, há três anos, quando milhares de pessoas na Praia de Copacabana aguardavam o anúncio da meia-noite pela cascata de fogos do Hotel Méridien. Mas, então, os fogos começaram a pipocar em hesitantes etapas. Enquanto isso, técnicos corriam, acendendo, um por um, cerca de 200 morteiros. "Havia chovido e os estopins molhados demoravam para pegar fogo ", lembra o engenheiro Jean- Claude Niger.
Há treze anos, para promover o Ano Novo no Rio de Janeiro, Niger foi ao terraço do Méridien e amarrou de cabeça para baixo pequenas bombas de mão. Com isso, ele derreteu as juntas das janelas do prédio: "Só não levei bronca porque o efeito foi belíssimo". A traquinagem deu origem a uma tradição: no final deste mês, devem ser queimadas 46 toneladas de fogos no Ano-Novo de Copacabana. Este ano, porém, Niger buscou na Inglaterra um novo estopim impermeável, revestido de betume. Assim, Copacabana receberá 1991 com muitos artifícios - chova ou não chova.

Outros artifícios da pirotecnia

Nem sempre a pirotecnia se encarrega de obter luzes coloridas. Nos anos 30, cientistas americanos constataram que, ao se acender a combinação de siliceto de cálcio e óxido de ferro, gera-se calor, mas nenhuma luz ou gás. Por isso, na Segunda Guerra Mundial, essa mistura pirotécnica foi usada em latas de alimentos, equipadas com estopins: graças à ausência de chama, os soldados podiam aquecer a comida sem alertar os inimigos. Hoje, pesquisam-se misturas pirotécnicas até para os propulsores dos ônibus espaciais. Fusíveis de tempo, como os dos fogos, são usados nos aviões com cadeiras ejetáveis de emergência. Quando se aperta determinado botão, explode o teto da nave; o estouro aciona o fusível de tempo, que cuidará da ignição da carga de dinamite sob o chão blindado.
Desse modo, não existe o risco de a cadeira ser lançada antes de o teto ser destruído, matando o piloto. Mas, para os especialistas em combustão, o desafio mais recente foi conseguir sinalizadores para a Marinha, especiais para a luz do dia, que ofusca as faíscas dos fogos. O ideal seria uma bomba de fumaça colorida, mas o calor alcançado pelos fogos convencionais provocava a decomposição dos ingredientes corantes. O problema foi resolvido quando se descobriu uma substância para a carga dos sinalizadores, capaz de queimar em baixíssimas temperaturas, sem destruir os corantes: o açúcar.





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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Raymond Loewy - Gênio das Aparências


RAYMOND LOEWY - O GÊNIO DAS APARÊNCIAS



Pioneiro do desenho industrial, ele criou as formas mais marcantes deste século e símbolos conhecidos no mundo inteiro. Suas obras ajudaram a fazer o retrato dos tempos modernos.

Há alguns meses, o Centro Cultural Georges Pompidou, em Paris, inaugurou com estardalhaço uma retrospectiva das obras do artista pop americano Andy Warhol, falecido no passado. Logo a seguir, o mesmo centro abriu outra exposição - mas tão discretamente que de início poucos ficaram sabendo do evento. Apesar disso, os objetos que o público podia entrever do lado de fora começaram a chamar a atenção. Não que fossem raros ou exóticos. Ao contrário, estão no cotidiano de todos os visitantes que passaram a afluir à mostra, curiosos em saber o que faziam, juntos, embalagens de cigarros, bombas de gasolina, aspiradores de pó, réplicas de trens, carros e aviões.
A primeira impressão era de que ali estava um concorrente de Warhol, que se celebrou nos anos 70 reproduzindo em seus quadros latas de sopa Campbell´s e garrafas de Coca-Cola. Mas não era bem isso: enquanto a primeira exposição contemplava o pintor que fazia arte com banais produtos de consumo a segunda era dedicada ao homem que passou a vida dando-lhes forma e appeal - o desenhista industrial Raymond Loewy. Ironicamente, seu nome é conhecido apenas por uma ínfima parcela dos incontáveis milhões de pessoas que, há um punhado de gerações, nascem, crescem, ficam adultas e envelhecem cercadas de coisas - objetos, símbolos e embalagens - concebidas por Loewy.
Foi esse francês naturalizado americano, com efeito, quem criou a forma branca, maciça e sem pés que se tornou sinônimo de geladeira; o emblema de um garfo e uma faca cruzados que indica restaurante nas estradas; o primeiro modelo de automóvel de passeio de linhas aerodinâmicas; a concha que no mundo inteiro identifica a Shell; uma profusão de eletrodomésticos, materiais de escritório, máquinas fotográficas, ônibus - enfim, até uma nave espacial. Ninguém mais ou melhor do que ele modelou tudo aquilo que, aos olhos da multidão, acabaria se confundindo com a própria noção de modernidade, a aparência mais sedutora do século XX. Escultor e ideólogo de seu tempo, Loewy se fez gente na vertigem das inovações tecnológicas que mergulhariam as sociedades humanas numa era de movimento e velocidade. Segundo dos três filhos de um economista austríaco, que se casara com uma francesa da Alsácia, nasceu em 1893 perto de uma Paris prestes a perder o fôlego diante dos inventos do dia - o automóvel e o avião. Fascinado pelas peripécias de Santos-Dumont, o garoto não deixava porém de achar os primeiros aeroplanos "meio ridículos", como escreveria muitos anos depois. Aos 15 anos, disposto a criar um objeto voador mais bonito, inspirou-se na delicadeza da libélula para desenhar um aviãozinho de madeira capaz de percorrer 150 metros impulsionado por um elástico. O brinquedo virou moda; seu autor, que embora jovem teve o tino de patenteá-lo, ganhou com ele dinheiro suficiente para custear os estudos de Engenharia.
Quando a Europa afundou nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial, em 1914, o universitário Loewy foi mobilizado e partiu para a frente de batalha aborrecido - por causa do corte grosseiro de sua farda. Quase uma obsessão, as preocupações estéticas o levaram a forrar de papel as paredes de seu alojamento e, num gesto de extravagância e panache, típico da porção dândi de seu temperamento, pendurou à porta uma placa de metal onde se lia: "Studio Rue de la Paix". Se isso sugere frescuras de um almofadinha adamado, engano. Loewy voltou à vida civil com a patente de capitão e a condecoração da Cruz de Guerra por bravura em combate. O conflito o fez ver, além da feiúra das casernas, que o Velho Mundo estava de fato muito velho para seu gosto. Por isso, em 1919, aos 26 anos, com 50 dólares no bolso e muita ambição, emigrou para os Estados Unidos, onde já morava um irmão mais velho, médico de profissão. Sua paixão pela América foi fulminante. "Ao vislumbrar a bandeira com as listras e estrelas - uma verdadeira obra de arte, viril, alegre e imponente -, soube imediatamente que amaria aquele país", lembra na autobiografia publicada em 1951.
Ele se imaginava tendo de limpar a neve das ruas para ganhar o pão, de dia, e jantando de smoking com alguns milionários, à noite. Exagero, mas nem tanto: ainda sem trabalho, tomou do irmão dinheiro emprestado a fim de comprar uma elegante camisa social para tais ocasiões. No primeiro emprego, vitrinista da Macy´s, a mais popular loja de departamentos de Nova York, ficou dois dias. Ele mesmo se demitiu ao perceber que não havia sido exatamente bem recebida a sua primeira criação - uma vitrine inteira dedicada a expor um casaco de peles, arrematado por uma écharpe, um vaso de flores naturais, tudo sob forte iluminação de refletores. Os donos da loja queriam mostrar o máximo de mercadorias em um mínimo de espaço. Ele queria elegância e despojamento. Esse tipo de conflito o acompanharia anos a fio, mas ele não arredaria pé de sua inovadora marca pessoal.
Começou a fazer ilustrações para revistas de classe como Harper´s Bazaar, Vanity Fair e Vogue e nesse trabalho ficou quase dez anos. Graças aos contatos que tais publicações lhe proporcionavam, passou a freqüentar a borbulhante high society nova-iorquina do fim da década de 20, que sempre o fascinou. Loewy, adorando ambientes e pessoas chiques, movia-se à vontade nesses círculos, com seus ternos impecáveis, bigodinho de latin lover e talento inato de relações-públicas. Ávido por publicidade, mesmo quando a extraordinária ousadia de seu trabalho lhe assegurava toda a fama a que tinha direito, ele não perdia ocasião de colocar-se no foco das atenções. Literalmente: certa vez, a bordo de um avião, ao ver os fotógrafos em volta de Miss América, saiu de sua poltrona para tentar aparecer nas fotos. E nunca se deu o trabalho de desmentir a lenda de que a inconfundível garrafa de Coca-Cola era arte sua. Mas, a julgar por sua mulher, Viola, relações-públicas da Philip Morris, três décadas mais jovem, com quem se casou aos 55 anos, ele era na realidade tímido e inseguro. Se a frivolidade não chegava a incomodá-lo, o mau gosto o deixava doente. E mau gosto havia de sobra nos Estados Unidos daqueles tempos de estrepitoso crescimento industrial, que despejava nas lojas toneladas de artigos cujo desempenho era ótimo e a apresentação péssima.
Loewy acreditava que a produção em massa não era incompatível nem com a beleza nem com a funcionalidade - e esse foi seu primeiro estalo de gênio. Mandou imprimir cartões de visita com o nome, endereço e um credo: "Entre dois produtos de igual qualidade e preço, o que tiver melhor aspecto venderá mais". Mas ninguém parecia interessado nas propostas com sotaque estrangeiro daquele francês diplomado em Engenharia, mas que só havia desenhado croquis para revistas de moda. "Foi uma época de camas frias, refeições frias, chuvas frias e um monte de aspirinas", conta ele, talvez com alguma hipérbole, em suas memórias.
Em plena crise de 1929, a sorte bateu à porta de seu quarto em Manhattan na pele de Sigmund Gestetner, um inglês gordinho e míope, dono de uma fábrica de copiadoras. O modelo que Gestetner produzia era barulhento e sujava com facilidade. O mecanismo exposto fazia com que parecesse confuso e os operadores viviam tropeçando nos estranhos pés compridos da engenhoca.
Com o prazo de três dias para desenvolver um novo protótipo, Loewy começou por eliminar do aparelho as protuberâncias inúteis, diminuiu as manivelas e alojou todo o mecanismo dentro de um móvel liso, de fácil manutenção. Sem tempo para mandar executar a maquete em aço, fabricou-a ele mesmo em argila, como um escultor. Com o passar dos anos, aperfeiçoaria o método, trabalhando com gesso, isopor e plástico. A rigor, Loewy realizara apenas uma cirurgia cosmética no mimeógrafo de mister Gestetner. Mas, ao simplificá-lo, tornando o conjunto harmônico e funcional, deixou-o mais prático e sem dúvida mais atraente. O novo modelo, como seu autor previra, foi um sucesso de vendas. O público comprou a decisiva mensagem implícita na criação de Loewy: equipamentos de aparência simples certamente são simples de usar. Nascia o desenho industrial, voltado originalmente para a conquista dos consumidores americanos, duramente golpeados pela recessão econômica, mediante a sedução das formas. E a forma por excelência que Loewy tinha em mente eram as linhas elegantes, alongadas, em fluxo, do traçado aerodinâmico. Era a face futura de um mundo em constante aceleração, a sintaxe visual dos quadrinhos de Flash Gordon e Buck Rogers.
De olho nas grandes corporações e esperando realizar um sonho de infância, Loewy procurou o presidente da Pennsylvania Railroads, uma das mais ricas ferrovias particulares do país. Entrou querendo projetar fantásticas ferrovias, saiu com uma oferta para desenhar novas latas de lixo para a Estação Central de Nova York. Durante três dias, ficou espiando o comportamento de viajantes e funcionários e aprontou um modelo prático, fácil de limpar, barato e discreto. Tendo conquistado a confiança da empresa, pouco depois podia ser visto encarapitado sobre um trem a toda a velocidade, testando com bandeirinhas a resistência do ar. Suas idéias baseavam-se invariavelmente nos princípios da simplicidade e da lógica. Nas locomotivas que viria a projetar, por exemplo, as chapas de ferro fundido, habitualmente fixadas com arrebites, eram substituídas por uma única peça soldada.
Dotada dessa carapaça, a máquina ganhava velocidade e sua manutenção ficava mais econômica. De quebra, ele modificou toda a concepção interna dos vagões, para torná-los mais funcionais e confortáveis. Resultado: em um ano o movimento da Pennsylvania Railroads aumentou quase 40%. Loewy desenhou cerca de vinte locomotivas, entre elas a S1, de 1938, considerada a mais bela do mundo. Capaz de ir além de 200 quilômetros por hora, dispunha de um único farol central - o que lhe valeu o apelido de "Cíclope" - e um desviador de fumaça, tudo para facilitar a visão do maquinista. Loewy amava a velocidade. Com enorme prazer, desenvolveu alguns de seus melhores projetos para a indústria automobilística. A moda tradicional de carros altos, de linhas retas e pára-brisa vertical, ele contrapôs pára-brisa inclinado, carroceria rebaixada, pára-choques e faróis incrustados nos pára-lamas de linhas alongadas. "Os automóveis devem ser considerados obras de arte, que tem ao mesmo tempo valor prático e estético. Sobretudo, devem proporcionar conforto e sensação de liberdade", pontificava. Seu carro ideal, no entanto, surgiria apenas durante a Segunda Guerra Mundial, quando Loewy tinha já uma centena de funcionários sob suas ordens em quatro escritórios nos Estados Unidos (o principal apropriadamente instalado em um arranha-céu da Quinta Avenida, em Nova York) e outro na Inglaterra.
Em 1942, às portas da falência, a indústria de automóveis Studebaker apostou todas as fichas que lhe restavam em um modelo para quando a guerra acabasse - e deu carta branca a Loewy para concebê-lo. Sem a menor idéia de qual seria o gosto do público americano no incerto futuro de paz, limitou-se a buscar o produto que considerava perfeito: um veículo que pesasse o mínimo, desse aos passageiros o máximo de visibilidade, parecesse estar em movimento mesmo quando parado e fosse, ainda, confortável e espaçoso, elegante e refinado no conjunto.
Surgiu assim o Studebaker Commander, um produto sob medida para uma América que saía da guerra mais orgulhosa, mais rica, mais consumista e mais ostentatória do que nunca. Durante quase duas décadas, o Studebaker influenciaria a concepção dos novos modelos fabricados em Detroit - embora Loewy torcesse o nariz ao festival de cromados que infestava as carrocerias. Muito antes de se tornar uma celebridade pública, com a indispensável chancela da revista Time, que lhe inflou o ego com uma reportagem de capa em 1949, Loewy permitia-se todos os luxos que o dinheiro pode comprar. Ainda nos anos 30 era dono de um apartamento em Manhattan, uma vila na Côte d´Azur, sul da França, e um castelo nos arredores de Paris, onde recebia a crème de la crème dos grã-finos europeus. Profissionalmente, concorrendo com designers de primeiríssimo time, como Henry Dreifus, Normal Bel Geddes e Walter Dorwin Teague, tinha sobre eles a vantagem da inigualável habilidade em pensar naquilo em que ninguém havia pensado antes e em transformar o pensamento em dinheiro. Idéia original foi a metamorfose da Coldspot, um dos primeiros modelos de geladeira doméstica, comercializada nos anos 30 pela Sears. Era um trambolho grandão a se equilibrar sobre pernas magras e muito altas. Painéis e molduras sem graça e uma maçaneta de má qualidade completavam o desajeitado conjunto. "Um armário para sapatos", fulminou Loewy. Como se não bastasse a feiúra, as prateleiras, confeccionadas com fios de aço e montadas à mão, acabavam enferrujando. Loewy estudou o problema e começou a resolvê-lo - pelo exterior, como sempre.
Mais uma vez, eliminou os pés inúteis, substituindo-os por uma gaveta, o que não só aumentou a capacidade da geladeira como ainda eliminou o inconveniente de limpar essa área de difícil acesso. A maçaneta foi trocada por outra, elegante como a dos carros de luxo. A porta foi redesenhada de modo a produzir um som que indicasse estar hermeticamente fechada. Em seguida, Loewy mandou fazer prateleiras das mesmas chapas de alumínio perfurado usadas na fabricação de automóveis, à prova de ferrugem.
Fazer dinheiro com uma idéia original consistiu em projetar no ano seguinte um novo modelo, alterando apenas algumas linhas do anterior, e em repetir a dose no ano seguinte. A essa tacada comercial ele chamou "melhoria constante", um conceito até então desconhecido da indústria. Com ele, produtores e vendedores podiam provocar no consumidor o desconforto de achar que o seu exemplar estava ficando obsoleto, incentivando-o assim a trocá-lo por outro, aparentemente melhor. A Coldspot, a propósito, saltou de 60 000 para 275 000 unidades vendidas por ano. Está aí provavelmente a certidão de nascimento da chamada sociedade de consumo. "Não há linha mais bela do que a da progressão nos gráficos de vendas", escreveu o desenhista.
Muita gente boa do ramo não rezava por esse cartilha. Dizia-se que Loewy traçava seus projetos com um olho na prancheta e outro na caixa registradora - o que sem dúvida era verdade. As críticas mais contundentes procediam da velha Europa. Com suas origens na revolucionária escola alemã Bauhaus de um lado, e na Revolução Soviética, de outro, o desenho industrial europeu cresceu alimentando-se de ideologias de forte conteúdo social. Para seus praticantes, Loewy representava uma detestável manifestação do design capitalista americano. Não se pode dizer que ele tivesse ficado com insônia por isso. Em todos os seus projetos, obedecia ao credo de que o feio vende mal e que belo e funcional são faces da mesma moeda. Daí por que nenhum de seus trabalhos contém traços desnecessários ou componentes supérfluos. "O talento de um criador se traduz na sua capacidade de alcançar a simplicidade", ensinava. "Mas o verdadeiro estilo tem personalidade definida e os objetos que o possuem parecem ter vida própria." Tinha faro invejável também para os humores do público. Durante a guerra, quando havia escassez de metais, lançou um batom numa embalagem caleidoscópica de cartolina - "modesta contribuição para levantar o moral da mulher americana". Nos maços de cigarros Lucky Strike, trocou o fundo verde que imitava a camuflagem de combate, soltava tinta e parecia velho, pelo branco, luminoso e asséptico, sobre o qual aplicou a marca, em preto, dentro de um círculo sanguíneo.
Uma de suas preocupações principais no trabalho era justamente a escolha das cores. Loewy sabia que cada uma exerce um efeito próprio sobre as pessoas e as utilizava em função disso. Quando a Air France o procurou para ver como ele podia diminuir a sensação de aperto causada pela estreiteza da fuselagem do supersônico Concorde, mandou pintar uma larga faixa preta no interior do aparelho, criando com isso um efeito psicológico de evasão. Ele sabia muito sobre muitas coisas mais. Quando a NASA pediu sua contribuição para o desenho do laboratório espacial Skylab, no começo dos anos 70, decretou que cada tripulante precisaria ter uma área própria onde pudesse se isolar oito horas por dia e que a tripulação deveria fazer as refeições em conjunto. Recomendou ainda que uma grande escotilha fosse colocada nas paredes da cápsula, para que os astronautas pudessem ver a Terra. De volta do espaço, eles disseram que, sem as sugestões de Loewy, não teriam suportado a viagem.
Seu prestígio era grande no Japão, terra de um design todo particular, onde foi consultor de indústrias em reconstrução no pós-guerra. Milionário, boa vida, arauto do capitalismo, era recebido de braços abertos na União Soviética para projetar desde câmeras fotográficas a tratores. Os únicos objetos em que jamais quis pôr o signo de sua inventividade foram as armas. "O objetivo do desenho industrial é melhorar a vida das pessoas, não destruí-la", explicava. Encarnação do sonho americano, morreu aos 93 anos em Mônaco, onde mantinha uma de suas muitas propriedades suntuosas. Conservara o mesmo bigode e o mesmo peso de quando jovem, este à custa de um implacável regime. Só lamentava não ter inventado aquela que julgava a forma mais perfeita do mundo - a do ovo.

A busca do design brasileiro

Quando chegava ao Palácio Buckingham e se as conveniências reais permitiam, Lord Snowdon, o fotógrafo Tony Armstrong-Jones, então marido da princesa Margaret, não deixava de praticar um de seus rituais prediletos: sentar-se na poltrona Sherriff, como era conhecido na Inglaterra o móvel aconchegante, em couro e jacarandá, criado em 1957 pelo arquiteto carioca Sérgio Rodrigues, pioneiro na iniciativa de fazer, nas formas e nos materiais, um mobiliário genuinamente brasileiro. A "poltrona mole" de Rodrigues valeu-lhe um importante prêmio internacional e transformou-se na glória do design nacional. Na verdade, o movimento inicial nessa direção data do fim dos anos 20, quando o arquiteto russo Gregori Warchavchik concebeu os móveis da Casa Modernista, em São Paulo, também projetada por ele, a primeira realização do gênero no país.
Logo depois da Segunda Guerra Mundial, estimulado pelo italiano Pietro Maria Bardi, fundador do Museu de Arte de São Paulo, um grupo de europeus, entre eles Carlo e Ernesto Hauner, Lina Bo Bardi e Giancarlo Palanti, também se preocupou em criar um design brasileiro.
Mas só em 1958, também em São Paulo, foi montado o primeiro escritório de design, o Forminforn. Até então, quase todos os trabalhos estavam limitados ao mobiliário e, embora produzidos por fábricas, não se ajustavam aos critérios da produção industrial em série, em larga escala. e com preocupações como funcionalidade e custo.
"Em qualquer lugar, a profissionalização só começa quando tem início o ensino", diz um dos fundadores da Forminforn, o alemão Karl Heinz Bergmiller, por sinal uma das figuras centrais da pioneira Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI), do Rio de Janeiro. No entanto, apenas a partir de 1973, quando o governo passou a favorecer as exportações de manufaturados e os produtos brasileiros tiveram de concorrer no mercado internacional, o design passou a ser visto pela indústria como fator importante nos negócios. Esse interesse gerou a procura de designers. Resultado: as 26 escolas de Desenho Industrial fundadas no país já formaram cerca de 5 000 profissionais.
"Ainda assim, o design brasileiro nasceu e permanece ligado ao mobiliário", ressalva o diretor da ESDI, Pedro Luís Pereira de Souza.
De todo modo, algumas indústrias de eletrodomésticos, de metais de banheiros, de luminárias e de talheres também vêm fazendo incursões pelo design industrial - e com resultados animadores. O único produto brasileiro incluído no acervo permanente do Museu de Arte Moderna (MOMA), de Nova York, é um conjunto de talheres para camping, fabricado pela Zivi-Hércules. A grande sacada está no cabo da faca, onde duas abas laterais formam um vão para encaixar os cabos do garfo e da colher. Se o design de produtos made in Brasil ainda está decolando, o design gráfico já voa alto. Logotipos, cartazes, embalagens e outros símbolos visuais têm conseguido estabelecer atraente relação entre a imagem e a identidade de empresas e mercadorias. Isso vale tanto para bancos, por exemplo, quanto para produtos vendidos em supermercados. Nesse campo, o design gráfico brasileiro já alcançou a maioridade.

Na fronteira da obra de arte

Se nos Estados Unidos o desenho industrial surgiu associado a uma industrialização rápida e desenfreada, na Europa resultou de postulados sociais e culturais ligados aos movimentos artísticos do começo do século. Isso não impediu que surgissem designers europeus voltados para as máquinas. É o caso, entre muitos outros, do suíço Paul Jaray, que concebeu o Zepellin ainda nos idos de 1914, de Ferdinand Porsche, criador do Volkswagen e do carro que leva o seu nome, e do italiano Battista Pininfarina, que fundou em 1930 aquele que viria a ser o mais importante centro de desenho de carrocerias do mundo.
Dos atuais designers europeus, o francês Philippe Starck é o mais influenciado por Raymond Loewy. Como este, defende um desenho simples e despojado. O interior de uma casa projetada por ele parece nu. Ilusão de ótica: o telefone, as mesas, as gavetas, os armários estão todos escondidos numa superfície aparentemente lisa.
"Sou partidário do rigor, da economia de gessos e de materiais", define-se. Responsável pela impecável programação arquitetônica das salas de conferências da Cidade da Ciência La Villette, na periferia de Paris, Starck, ao contrário de Loewy, detesta automóveis. Seu prazer está em criar objetos na fronteira entre o funcional e a obra de arte, "cada vez mais úteis e cada vez menores".





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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A Evolução em Delírio - Paleontologia


A EVOLUÇÃO EM DELÍRIO - Paleontologia



Animais que não pertencem a nenhuma das grandes linhagens conhecidas revelam um período da história do planeta em que as formas vivas eram muito mais variadas e exóticas.

Burgess Shale, atualmente, é uma íngreme escarpa na face oeste das Montanhas Rochosas, no Canadá, situada a 2 500 metros de altitude. Mas as placas calcáreas que a recobrem não estiveram sempre nesses píncaros. Há 500 milhões de anos durante o obscuro período geológico do Cambriano, não passavam de lama num leito raso de mar e sobre elas perambulavam criaturas como jamais se veriam novamente na Terra. Elas revelam uma caótica disparidade de formas que, depois de enterradas e esmagadas por formidáveis movimentos geológicos, ao longo dos milênios, ficaram preservadas nas rochas canadenses. A maior parte desses animais não ia além dos 5 centímetros de comprimento e, superficialmente, se parecia com os vermes, moluscos e crustáceos comuns.
Mas eram tão diferentes dos animais modernos, que é tentador imaginá-los como extraterrestres - habitantes de um mundo distante no tempo. Foi essa a imagem que acorreu ao paleontólogo Stephen Jay Gould, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, ao descrevê-los. "Burgess Shale é como o cenário de um filme de ficção científica", compara. "Embora pouco maior que um quarteirão, exibe de quinze a vinte bizarros seres que não pertencem a nenhum grupo de animais conhecidos." Um dos mais inventivos pesquisadores da origem das espécies, Gould dedica inteiramente a essa fauna o último dos seus inúmeros livros de sucesso, Wonderful life (Vida maravilhosa, ainda não editado no Brasil). Excelente escritor, ele expõe com detalhes a perplexidade dos cientistas ao descobrirem a verdadeira identidade das "estranhas maravilhas" do Cambriano.
São seres como a Opabinia, cuja visão, inicialmente, provocou gargalhadas entre os paleontólogos. Medindo de 4 a 7 centímetros de comprimento, dotada de cinco olhos e uma inclassificável tromba frontal, ela sugere uma disparatada colagem de vários animais. À primeira vista, poderia ser um elo desconhecido entre duas grandes linhagens modernas: os anelídeos, que incluem as minhocas, e os artrópodes, representados pelas lagostas. Chegou a pensar que sua tromba era um esboço primitivo das antenas dos artrópodes, mas nenhuma conjetura plausível conseguiu desvendar a ligação entre os dois tipos de órgãos. O mesmo vale, ainda com mais razão, para o Hallucigenia, em cujo corpo tubular espetam-se sete pares de espinhos, à moda de patas, e sete enigmáticos tentáculos.
Um palpite é que os tentáculos seriam sete bocas independentes, tal como na mitológica Hidra de Lerna da Grécia Antiga. Seja como for, nada de vagamente comparável existe na moderna Biologia. Para Gould, não há como evitar a conclusão crucial: o desenho singular de inúmeros seres do Cambriano não tem paralelo em nenhuma das linhagens modernas. Representam experiências independentes e ampliam de tal maneira a disparidade da vida, que chocam as idéias convencionais sobre a evolução. Em primeiro lugar, nada explica a súbita criação de tantos animais complexos. Durante 3 bilhões de anos, a vida permanecera estável na forma de seres microscópicos e, então, em um átimo - apenas alguns milhões de anos - produziu as mais delirantes formas.
Gould pondera que, em tempos comuns, a evolução opera de maneira inteiramente diversa. As espécies se transformam lentamente e aquelas que ganham as melhores aptidões desbancam suas vizinhas. Assim, ao longo de muitos milhões de anos, as populações se alteram, e é sempre possível encontrar o registro gradual dessas alterações. Mas, durante o relâmpago criativo do Cambriano, simplesmente não houve tempo para que esse mecanismo operasse. Pelo mesmo motivo, também não se explica por que algumas linhagens sobreviveram e outras sucumbiram, como se sua sorte tivesse sido selada numa loteria. "Se o fenômeno se repetisse", imagina Gould, "os sobreviventes seriam outros e o próprio homem poderia não estar incluído entre eles."
A Terra, então, talvez fosse povoada pelos "anjos caídos", isto é, pela esdrúxula fauna do Cambriano, comparável aos anjos rebeldes expulsos do céu, descritos no livro do Apocalipse. O biólogo Richard Lewontin, de Harvard, emprega essa analogia para salientar a importância do registro fóssil de Burgess Shale, onde se descortinou, pela primeira vez, esse instante fugaz em que a vida se encontrava em máxima amplitude. Além das novas e complexas anatomias, essa criatividade se manifesta igualmente na rica ecologia de Burgess Shale - que não incluía apenas pequenos animais coletores de defeitos, mas também os grandes predadores. O exemplo mais notável é o Anamalocaris.
Com cerca de meio metro de comprimento, um gigante naquela era de pigmeus, ele era dotado de apêndices coletores de caça e uma boca circular sem igual, que tinha a forma de um anel e, embora gelatinosa, era forte o suficiente para contrair-se e decepar as presas capturadas pelos apêndices. Em vista disso, o Anomalo provavelmente encabeçava uma cadeia de predadores, que representa pelo menos 20% dos gêneros de animais encontrados em Burgess Shale. Abaixo deles, perfilava uma extensa lista de coletores de detritos, como a Wiwaxia, um ser dúbio entre os moluscos e os vermes, significativamente armado com pontudas conchas defensivas. No total, de acordo com o modo de vida e com os hábitos alimentares dos animais, distinguem-se nada menos que seis grandes categorias ecológicas nesse ambiente.
A descoberta recente de fósseis em diversos outros lugares, inclusive na China e na Austrália, mostra que a explosão criativa sacudiu todo o planeta. E parece ter sido ainda mais violenta, pois alguns desses novos achados são de um período do Cambriano que antecede os tempos de Burgess Shale. Portanto, a irrupção dos animais ocorreu num prazo ainda menor do que se imaginava. No Brasil, curiosamente, nada se encontrou até agora. "Essa fase da história parece não ter deixado registro no país", lamenta o paleontólogo Murilo Rodolfo de Lima, da Universidade de São Paulo. Seja como for, a busca mundial só começou para valer há poucos anos, embora as criaturas do Canadá sejam conhecidas desde 1909. Nesse ano, o respeitado geólogo americano Charles Walcott praticamente tropeçou nelas ao voltar de uma temporada de caça. Interpretou-as, então, como simples ancestrais dos seres modernos, e seu prestígio impediu a revisão científica dos achados pelo menos até a década de 70.
É importante ter em mente que nem todas as maravilhas do Cambriano são inteiramente originais. Muitas delas podem ser incluídas em linhagens conhecidas, como a Marrella e a Yohoia, que foram primitivos artrópodes e, portanto, aparentadas às lagostas. Mesmo assim, esses fósseis estabelecem um ramo novo entre os artrópodes. O Sanctacaris, por sua vez, pertence a um grupo ainda mais restrito: o dos quelicerados, uma das quatro divisões convencionais dos artrópodes, ao lado dos insetos, crustáceos e trilobitas (seres rastejantes dotados de muitas patas, extintos há 225 milhões de anos). Os quelicerados agrupam aranhas, escorpiões e carrapatos, mas o Sanctacaris, a exemplo da Marrella e da Yohoia, funda uma categoria diferente de todos esses animais.
Isso dá uma visão mais precisa da variedade de formas evidenciada em Burgess Shale. Nas suas rochas, apenas entre os artrópodes, estão presentes treze grandes divisões além das quatro tradicionais. Numa escala mais ampla, os paleontólogos listam pelo menos nove seres cujo organismo obedece a um desenho inteiramente desconhecido - que não se vê entre os artrópodes, anelídeos, ou qualquer outro registrado pela Paleontologia. Alguns exemplos ilustram o significado dessas diferenças arquitetônicas. A maior parte das criaturas que se vêem no dia-a-dia, efetivamente, compreende apenas cinco ou seis grandes tipos básicos, ou filos, em linguagem técnica. Segundo essa classificação, o homem pertence ao mesmo filo que os macacos, as baleias, as aves e os répteis - inclusive os ancestrais extintos desses animais, como os dinossauros.
Todos esses seres carregam as marcas registradas do seu filo: possuem coluna vertebral e têm um cérebro derivado do tubo neural. Esses traços fundamentais, por outro lado, não se encontram em nenhum outro filo do planeta: nos outros animais, o cordão nervoso original localizava-se no ventre e tinha funções muito mais limitadas que as do tubo neural. É impossível delimitar as características chaves em todos os vinte ou trinta filos existentes na Terra, em sua grande maioria formados por animais raríssimos. Mas vale a pena distinguir os mais conhecidos e comuns. As esponjas estão entre os mais simples, pois seu corpo é constituído por pouco mais que uma membrana gelatinosa.
O mesmo se pode dizer dos anelídeos: seu corpo, exagerando um pouco, parece um intestino ambulante. É um cilindro formado por diversos anéis justapostos, no qual a boca fica em uma das extremidades e o ânus, na outra. Já a arquitetura corporal dos moluscos, cujos membros mais conhecidos são as ostras, as lesmas e os polvos, é um pouco mais elaborada. Uma das novidades de seu organismo foi a inclusão de partes duras, as conchas. Os artrópodes, em seguida, são bem mais elaborados. Também têm partes duras mas suas carapaças são feitas de uma complexa substância orgânica, o fosfato de arginina, enquanto as conchas empregam uma substância mineral simples, o carbonato de cálcio. Curiosamente, do ponto de vista do homem, o mais interessante dos filos é o dos equinodermos.
Embora reúnam animais como as estrelas e os ouriços-do- mar - caracterizados por uma exótica divisão do corpo em cinco partes que se irradiam de um centro comum -, são os parentes mais próximos dos cordados, o filo do homem. Ambos surgiram a partir de seres superficialmente parecidos com lesmas do mar, cujo representante mais antigo a Pikaia, também se encontrava entre as maravilhas de Burgess Shale. É difícil diferenciá-la de um verme anelídeo mas a presença do notocórdio (um cordão de células nervosas situado nas suas costas), convenceu os paleontólogos que o descreveram, Conway Morris e Harry Wittington, de Harvard. " A Pikaia é um marco na história dos cordados", escreveram. Mas era rara, sinal de que não tinha grande importância entre os diversos outros filos da época.
"Suspeito que os cordados tinham um tênue futuro no Cambriano", opina Gould. O fato de, a despeito disso, terem sobrevivido e herdado a Terra parece-lhe puro acaso. Argumentos desse tipo tendem a ser encarados como um desafio insuperável à Teoria da Evolução, tal como formulada, no século XIX, pelo inglês Charles Darwin (1809-1882). Mas não é bem assim. "É um erro pensar que a evolução é caótica e inexplicável", esclarece Gould.
De modo geral, os mecanismos de mutação e adaptação das espécies continuam valendo: o xis do problema são as bruscas explosões criativas e as grandes extinções, que redirecionam o curso da vida de modo inesperado.
Nas palavras do biólogo Richard Lewontin, a natureza volta e meia promove uma espécie de faxina geral na casa. É curioso notar que as extinções dizimaram diversos filos do Cambriano, mas os sobreviventes, por sua vez, ganharam muitos novos ramos. Hoje, por exemplo, apenas o grupo dos insetos, entre os artrópodes, contém 1 milhão de espécies diferentes, milhares de vezes mais do que no passado. A extinção, portanto, parece ter operado com certo critério, abrindo espaço para um novo ciclo evolutivo.
Gould insiste, no entanto, que essa faxina é muito rápida e introduz uma alta dose de sorte na seleção dos sobreviventes. Em vista disso, já não se pode pensar que a evolução avança sempre no sentido da maior perfeição - como se as espécies subissem, passo a passo, uma escada para o sucesso. A história mostra, em vez disso, que pode haver muitas escadas, isto é, diversos caminhos alternativos, que, em determinado momento, a evolução pode tomar. "Assim, o que acaba acontecendo", ensina o cientista, "é a concretização de uma entre 1 bilhão de possibilidades."

Arrogantes sobreviventes

A Teoria da Evolução explica muito bem a origem das espécies, mas transmite a falsa idéia de que os animais com o tempo, se tornam cada vez mais perfeitos. Não é isso, no entanto, o que revela a pesquisa moderna, afirma o paleontólogo Stephen Jay Gould. Ele ilustra o que quer dizer com um caso excepcional, a origem dos cavalos. Ela revela com detalhes as mudanças sofridas por uma espécie já extinta, o Hyracotherium, que há cerca de 50 milhões de anos possuía quatro dedos na pata. De acordo com a teoria, essas mudanças tiveram início ao acaso, ao lado de muitas outras mutações a que todos os seres estão sujeitos. No entanto,os animais que nasciam com o dedo central mais forte corriam com mais facilidade e levavam vantagem sobre seus irmãos menos afortunados. Assim, essa tendência impôs-se gradualmente, até levar ao cavalo moderno, cujo pé possui um único dedo, perfeitamente adaptado à necessidade de correr. Gould não tem dúvida de que esse raciocínio explica a origem do cavalo, mas não prova que ele é o mais perfeito descendente do Hyracotherium. Revela apenas que foi o único a ter sobrevivido. É provável que, no passado, o cavalo tenha tido diversos tios-avôs, já que a evolução tende a gerar uma profusão de formas vivas. Muitas delas, posteriormente se extinguem, mas isso não é sinal de imperfeição; pode ter causas imponderáveis, como a queda de um grande corpo celeste sobre a Terra. "Em última instância, a extinção é o destino natural de todos os seres",. pondera Gould. Na sua opinião o homem tem dificuldade para aceitar esse fato por se considerar o ápice da evolução.
Ele cita o exemplo dos dinossauros cujo desaparecimento é visto como um fracasso. "Trata-se de simples arrogância", ataca. "Afinal, os dinossauros existiram durante 120 milhões de anos e nós existimos há apenas 250 mil anos. Não creio que tenhamos muita chance de sobreviver por um tempo 500 vezes maior e empatar com eles".





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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A Força do Sol - Energia


A FORÇA DO SOL - Energia



Utilizadas a princípio nos satélites, as células de energia fotovoltaica desceram à Terra e fazem a luz do dia virar eletricidade.

Transformar a luz do Sol diretamente em energia elétrica parece enredo de ficção científica. Mas desde que um satélite americano lançado em 1959 foi assim alimentado, a energia fotovoltaica, nome dessa quase mágica, deixou de ser sonho futurista. A técnica de usar pequenas lâminas para captar a luz do Sol e gerar eletricidade foi lentamente saindo dos laboratórios até chegar à aplicação prática na vida cotidiana. Hoje, a forma mais banal de energia fotovoltaica se encontra nos relógios e calculadoras solares. A aplicação mais importante, porém, é fornecer energia em lugares isolados, distantes das redes elétricas, o que a longo prazo pode significar uma bela solução para países subdesenvolvidos. Energia fotovoltaica é bem diferente de energia solar termal, que já existe até em residências, onde o calor do Sol é usado para aquecer água. A conversão da luz em eletricidade é feita pelas células fotovoltaicas, pequenas lâminas circulares recobertas por uma camada de décimos de milímetro de um material semicondutor, como o silício - o mesmo usado nos chips de computadores. Quando as células são expostas a uma fonte de luz, nesse caso o Sol, os fótons (partículas de luz) excitam os elétrons do semicondutor.
Com a energia absorvida dos fótons, os elétrons passam para a banda de condução do átomo e criam corrente elétrica, que será captada por pistas metálicas. As células são depois agrupadas para formar os painéis solares. Essa forma de produzir energia não causa danos ao meio ambiente, não polui e normalmente não precisa de movimentos de máquinas para funcionar. Nem por isso é a solução para todos os problemas energéticos do mundo. A energia fotovoltaica ainda é mais cara do que a proveniente de petróleo, usinas nucleares ou hidrelétricas. Foi só a partir da primeira grande crise do petróleo, no começo da década de 70, que a idéia de se usar tal energia comercialmente ganhou corpo. Naquela época, a produção de energia fotovoltaica custava nos Estados Unidos 60 dólares por kilowatt/hora. Com o desenvolvimento em laboratórios e o aumento da produção, hoje custa cerca de 30 centavos de dólar por kilowatt/hora, e mesmo assim o preço é cinco vezes superior ao das formas de energia convencionais. Por isso, não se pensa em substituir usinas por painéis solares, fazendo o mundo todo viver à luz do Sol. A energia fotovoltaica simplesmente apresenta melhores soluções para problemas que as outras fontes de energia foram menos eficientes em resolver.
A maior utilização em larga escala acontece na Califórnia, Estados Unidos, onde foram implantadas centrais elétricas fotovoltaicas pioneiras de grande porte. Compostas por gigantescos painéis com milhares de células, controlados por computador para acompanhar a trajetória do sol tal qual girassóis, elas dão suporte à rede pública fornecendo mensalmente centenas de megawatts. Os painéis solares cobrem o aumento de consumo justamente ao meio-dia, quando o sol é mais intenso e a demanda de eletricidade aumenta, porque os aparelhos de ar condicionado funcionam com potência máxima. Para substituir toda a produção de energia elétrica dos Estados Unidos por fontes de origem fotovoltaica, seria preciso um painel solar de 34 000 quilômetros quadrados, ou 0,37 por cento da área total do pais.
Quando se domina a tecnologia, a quantidade de aparelhos que surge é bem extensa. Com energia fotovoltaica já se criaram um equipamento de medição de emissões radioativas, dispensando qualquer tipo de bateria ou conexão à tomada, aparelhos de análises sangüíneas e até uma caixa de ferramentas que serve de módulo de energia fotovoltaica para a furadeira.
Na costa americana, existem hoje mais de 11 000 sinalizadores marítimos alimentados por energia fotovoltaica. As vantagens são evidentes: antes, eram substituídos aproximadamente 200 quilos de baterias por ano; com as células solares é suficiente trocar apenas 30 quilos de bateria a cada cinco anos. Já em países subdesenvolvidos e escassamente povoados, a energia fotovoltaica é a melhor maneira de fazer chegar eletricidade em lugares distantes. Hoje já existem, inclusive no Brasil, estações retransmissoras das redes de telecomunicações, em locais no meio do mato e de difícil acesso, dotadas de células fotovoltaicas para a produção da eletricidade necessária. É uma solução economicamente mais viável do que estender até lá a linha de uma rede hidrelétrica. Na Índia, um projeto levou a 700 vilarejos distantes de grandes centros a energia fotovoltaica, que permite aos povoados ter uma televisão comunitária, bombeamento de água, iluminação pública e postos telefônicos.
No âmbito doméstico, com painéis fotovoltaicos e baterias recarregáveis é possível contar com energia elétrica durante as 24 horas do dia, em qualquer parte do mundo. Para eletrificar uma casa de campo ou uma fazenda, não é necessário estender a rede elétrica, depender de gigantescas baterias ou do funcionamento de um gerador a diesel. Pode-se obter um equipamento completo de energia fotovoltaica para alimentar, silenciosamente e sem necessidade de manutenção, a iluminação, a geladeira, a TV e o sistema de radioamador. À noite, quando o sol não brilha. a energia vem de uma bateria que foi sendo carregada durante o dia.
Embora cresça 25 por cento ao ano, o mercado de energia fotovoltaica ainda é pequeno. A potência elétrica total instalada no mundo é de 40 megawatts - uma central energética convencional produz sozinha vinte vezes mais. Prevê-se que apenas pela virada do século a energia do Sol possa se tomar competitiva. Um grande passo será dado logo em 1992, quando deverá entrar em operação a primeira central solar de 50 megawatts da Califórnia, onde o Estado investe para complementar a demanda de eletricidade diurna. Outro forte impulso virá dos laboratórios, com o aperfeiçoamento da tecnologia. que permitirá maior eficiência e diminuição nos custos.
A fabricação de células solares é parecida com a produção dos chips de computadores, baseada em materiais semicondutores. Depois de purificado, o silício é fundido num cristal cilíndrico. Depois, esse cristal será cortado por uma serra de dentes de diamante em fatias muito finas. Essas lâminas passam por etapas de limpeza e recozimento em fornos de alta temperatura, quando se difunde fósforo sobre elas.
A reunião de uma camada contaminada com fósforo ao silício puro constitui a junção semicondutora responsável pelo funcionamento da célula fotovoltaica. O passo seguinte é a impressão das pistas metálicas captadoras da energia elétrica liberada. A célula está pronta para ser montada nos painéis. No princípio dos anos 80, a matéria-prima das células fotovoltaicas, o caríssimo silício monocristalino, tinha grau de eficiência de 10 por cento.
Ou seja, de toda a luz do Sol que incidia sobre a célula, apenas 10 por cento viravam energia elétrica. Na fabricação em escala industrial, esse índice subiu para 15 por cento. O grau de eficiência máximo conseguido até agora em laboratório é de 28,5 por cento. Um sílicio monocristalino é um cristal perfeito, com seus elementos dispostos de forma ordenada, como os apartamentos de um prédio. Custa caro porque muita energia é gasta para produzi-lo Existe também o silício policristalino, mais barato, porque consome menos energia em sua produção, onde os grãos são maiores e mais desorganizados, como se em lugar de um prédio houvesse um monte de casas sobrepostas. O policristalino ganha no fator custo mas perde na eficiência, pois seu rendimento máximo obtido até hoje é de 14 por cento.
Outro concorrente nessa disputa é o silício amorfo, desenvolvido em camadas não cristalinas. Diferentes das células solares, que têm o tamanho de um pires, os módulos amorfos são compostos por camadas de milésimos de milímetro de espessura, depositadas, por meio de gases, sobre lâminas de vidro ou de aço. Não há limite para o tamanho das células de silício amorfo: usinas automatizadas podem produzi-las em metros quadrados. As primeiras fábricas européias desses módulos fotovoltaicos estão em Munique, na Alemanha. O silício amorfo permite a fabricação de produtos sofisticados, como o teto solar que refrigera automóveis enquanto estão estacionados.
Com ele, também pode se tornar possível a produção de energia solar em grande escala. Em pouco tempo, as centrais ou usinas elétricas fotovoltaicas, com dimensões de quilômetros quadrados, deixarão provavelmente de ser uma utopia. Basta apenas que se consiga baratear a fabricação desse tipo de módulo, que possibilitará um dos projetos mais fascinantes para a aplicação da energia fotovoltaica. As fachadas dos grandes edifícios de escritórios, com seus milhares de metros quadrados de vidro, são ideais para receber um revestimento de silício amorfo. Assim, elas poderiam converter a luz do dia em eletricidade e atender parte da demanda energética do edifício. As primeiras experiências nesse sentido estão sendo feitas em Tóquio, no Japão.
As células solares das calculadoras de bolso nada mais são que plaquinhas de silício amorfo com um rendimento muito baixo, de apenas 3 por cento. Esse é justamente um dos problemas dessa tecnologia. O grau de eficiência alcançado até agora em células de grande dimensão é de 5 por cento, muito pouco para torná-lo comercialmente viável em demandas energéticas maiores do que uma calculadora. Outro problema é conseguir no amorfo a mesma estabilidade do silício mono ou policristalino, que mantém suas propriedades por vários anos. Em laboratório, a melhor marca alcançada foi de 15,6 por cento de rendimento, numa nova mistura de silício com cobre, índio e selênio.
A idéia que move as pesquisas e as aplicações da energia fotovoltaica não é substituir toda fonte de energia do mundo pela solar. Mesmo assim, os pesquisadores com olhos no futuro divisam grandes usinas fotovoltaicas instaladas em regiões desérticas com grande insolação. A estocagem da eletricidade produzida se daria pela produção de hidrogênio por eletrólise - hidrogênio que poderia se tornar no próximo século o principal combustível utilizado pelo homem. A curto prazo, a energia fotovoltaica tem a vantagem de ser autônoma. Ela é produzida e consumida no mesmo lugar, sem necessitar de ligação a redes de distribuição de energia. Uma residência dotada de painéis solares poderia até vender o possível excesso de energia que produzisse.

Luz para os trópicos

O Brasil dispõe de energia fotovoltaica desde 1978, quando a Telebrás importou a tecnologia solar para eletrificar uma de suas estações retransmissoras no interior de Goiás. Nessa mesma época, a Marinha também adotou o sistema para a eletrificação de seus sinalizadores e bóias. A partir de 1980, com a criação da Heliodinâmica, o Brasil não só passou a produzir células e painéis solares, como também começou a exportar células para países como Índia, Canadá, Alemanha e Estados Unidos. Um dos projetos pioneiros da Heliodinâmica foi a criação de um sistema fotovoltaico de bombeamento de água, implantado em Caicó no Rio Grande do Norte, em 1981. Os agricultores de uma fazenda no sertão passaram a dispor de água o ano todo para a lavoura.
Ainda que lentamente, o sistema já chegou a outras localidades do Nordeste e até mesmo à Ilha de Marajó, onde além de irrigar a terra, abastece bebedouros para o consumo do gado. No Pantanal Mato-grossense, muitas fazendas estão equipadas com células solares. Só que nesses lugares elas alimentam sistemas de radiocomunicação, refrigeração, iluminação, televisores e recepção de sinais via satélite por antenas parabólicas. É uma opção bem mais barata a longo prazo do que fazer chegar até lá a rede elétrica, ou mesmo fornecer energia com um gerador a diesel. Mas o investimento inicial para a implantação dos painéis ainda é maior do que o exigido para a energia convencional, o que limita sua aplicação a projetos subsidiados pelo governo ou a particulares de alto poder aquisitivo.
O Exército brasileiro entrou na era da energia solar a partir de 1988, quando equipou com energia fotovoltaica dois pelotões na Amazônia, parte do projeto de ocupação militar das fronteiras conhecido como Calha Norte. Os sistemas suprem os acampamentos com energia elétrica para iluminação externa de emergência, refrigeradores, radiocomunicação e recepção de televisão via satélite. Mesmo num estado tão eletrificado como São Paulo, ainda há lugares sem energia, onde a tecnologia fotovoltaica está sendo usada para fornecer eletricidade a postos de saúde.
Embora todo o país tenha um clima propício ao uso da energia fotovoltaica, a Região Nordeste é a que melhor se adapta a sua aplicação, por ter muito sol brilhando e deficiência de energia instalada. A Companhia Hidrelétrica do São Francisco, Chesf, tem um projeto para implantar em Recife a primeira usina de energia solar do país, com a meta de chegar a produzir 1 megawatt. Até em alto-mar a energia fotovoltaica já viajou. Quando o navegador Amyr Klink cruzou o Atlântico, seu barco a remo Paraty levava um painel de células fotovoltaicas para alimentar o radiocomunicador.





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domingo, 25 de novembro de 2012

Fusca feito de 'portões' será exibido na Alemanha



Fusca feito de 'portões' será exibido na Alemanha



Fusca estilizado será apresentado no salão de automóvel de Essen. (Foto: Marius Becker/AFP)

Fusca estilizado foi criado pelo croata Sandro Vrbanus.
Veículo conta com detalhes folhados a ouro e bancos de couro.

Um Fusca estilizado pelo croata Sandro Vrbanus será apresentado no salão de automóvel de Essen, na Alemanha, que ocorre de 1º a 9 de dezembro.

Vrbanus é proprietário de uma empresa especializada em fazer portões e cercas de metais. Ele levou quatro meses para criar o modelo, incluindo detalhes folhados a ouro e bancos de couro costurados à mão.

Vrbanus usou um Fusca ano 1970. O carro foi totalmente desmontado para criar o modelo estilizado.





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domingo, 25 de novembro de 2012

Organizações dizem que Brasil desperdiça potencial de energia limpa



Organizações dizem que Brasil desperdiça potencial de energia limpa


Usinas eólicas instaladas no Rio Grande do Sul (Foto: Divulgação/ABEEólica)

Relatório de ONGs afirma que energias solar e eólica são subaproveitadas.
Texto aponta que sistema atual de geração de energia tem grandes perdas.

Relatório elaborado por organizações não governamentais, divulgado nesta segunda-feira (12), aponta que o Brasil não aproveita seu potencial de geração de energia solar e eólica devido à falta de infraestrutura.

De acordo com o documento “O setor elétrico brasileiro e a sustentabilidade no século 21: oportunidades e desafios”, produzido por especialistas da área ambiental e técnicos de ONGs como WWF, Greenpeace e Instituto Socioambiental (ISA), gargalos técnicos impedem o crescimento dessas modalidades consideradas limpas.

O texto diz que a falta de estrutura para transmissão e distribuição de energia eólica inviabiliza a instalação de mais torres pelo país. Segundo dados do Atlas Eólico Brasileiro, o país tem potencial para gerar 143 GW apenas com a força dos ventos, número que é 12 vezes maior que a capacidade instalada da futura usina hidrelétrica de Belo Monte, em construção no Rio Xingu, no Pará.

Outro entrave citado no documento está ligado à falta de mão-de-obra e de tecnologias para suprir o setor, o que inviabilizaria uma “arrancada” na expansão desta forma de geração de eletricidade. Sobre a energia solar, o relatório aponta que se fosse aproveitada a luz solar para consumo elétrico em menos de 3% da área urbanizada do Brasil, seria possível atender a 10% de toda a demanda atual de energia elétrica do país.

No entanto, projetos do governo que implantam placas solares em regiões distantes dos grandes centros consumidores torna inviável economicamente a construção de redes de transmissão. “Os maiores entraves ao aproveitamento e à expansão da energia solar no Brasil seguem sendo a falta de incentivos e políticas públicas que consolidem a indústria e o mercado”, informa o documento.

Desperdício e custo maior ao consumidor

O texto faz críticas à política brasileira de geração de energia por hidrelétricas e aponta possíveis prejuízos ao meio ambiente e a culturas indígenas devido a implantação de empreendimentos na Amazônia.

O relatório afirma também que o país tem registrado grandes perdas de quantidades de energia elétrica devido a problemas no sistema de transmissão elétrico. Baseado em dados Tribunal de Contas da União (TCU), o documento diz que em 2004 as perdas técnicas (causadas pelas peculiaridades do sistema) e comerciais (por exemplo, instalação de "gatos") de energia no país foram de 20,28% do total gerado.

O índice supera em muito os registrados em países vizinhos como Chile (5,6%) e Colômbia somadas (11,5%%) no mesmo período. Ainda segundo o relatório, tais perdas teriam causado um reajuste de ao menos 5% na tarifa ao consumidor.


Energia solar é alternativa para obter eletricidade em meio a reserva ambiental. Distância de grandes centros consumidores inviabiliza instalação de redes transmissoras.

Perda é inevitável, diz operador nacional

De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a perda técnica é inevitável e está associada ao processo de transmissão. Segundo o órgão, o aquecimento dos cabos durante as transmissões provoca tais extravios, considerados naturais e com índices que se igualam a padrões mundiais.

Sobre as perdas comerciais, o ONS afirma que é um problema que deve ser resolvido pelas distribuidoras, já que seriam provocadas por vários fatores, entre eles, ligações clandestinas (conhecidas como gatos) em diversas cidades.

De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), entre 2007 e 2010 as perdas técnicas de energia no país atingiram índice de 7%. A Aneel não divulgou o percentual de perdas comerciais para o mesmo período.





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domingo, 25 de novembro de 2012

Conheça o pai da 'invenção' mais letal da história


Conheça o pai da 'invenção' mais letal da história


Buck Duke (Foto: BBC)

Autores debatem o legado do empreendedor americano que modernizou a indústria tabagista.

Ele parece pequeno e inofensivo - branco e com apenas oito centímetros de tamanho. Mas o cigarro é visto como um dos grandes males da saúde pública e repudiado como poucos produtos.

Mas quem o inventou e como essa pessoa pode ser responsabilizada pelas inúmeras mortes provocadas pelo cigarro?

O cirurgião americano Alton Ochsner lembra que, quando ainda era estudante de medicina em 1919, sua turma foi chamada para assistir a uma autópsia de uma vítima de câncer de pulmão. Na época, a doença era tão rara que os estudantes acharam que não teriam outra chance de testemunhar algo parecido.

Quase um século depois, estima-se que 1,1 milhão de pessoas morram por ano da doença. Cerca de 85% dos casos são relacionados a apenas um fator: tabaco.

"O cigarro é o artefato mais mortal da história da civilização humana", diz Robert Proctor, da Universidade de Stanford. 'Ele matou cerca de 100 milhões de pessoas no século 20.'

Fenômeno

Jordan Goodman, autor do livro Tabaco na História disse que, como historiador, ele teve o cuidado de não apontar o dedo a nenhum indivíduo, "mas na história do tabaco eu me sinto confiante em dizer que James Buchanan Duke - conhecido como Buck Duke - foi responsável pelo fenômeno do século 20 conhecido como cigarro".

Em 1880, aos 24 anos, Duke entrou em um nicho da indústria do tabaco - os cigarros já enrolados. Uma equipe pequena de Durham, no Estado da Carolina do Norte, enrolava a mão os cigarros Duke of Durham.
Dois anos depois, Duke percebeu uma chance de ganhar dinheiro. Ele começou a trabalhar com um jovem mecânico chamado James Bonsack, que disse que poderia construir uma máquina para fabricar cigarros.

Duke estava convencido que as pessoas estariam dispostas a fumar os cigarros perfeitamente simétricos produzidos pela máquina.

O equipamento revolucionou a indústria do tabaco. "Trata-se, essencialmente, de um cigarro de tamanho enorme, cortado em comprimentos apropriados, por lâminas rotativas", diz Robert Proctor.

Mas, como as pontas ficavam abertas, o tabaco precisava ser umedecido, para ficar rígido, e não cair do cigarro. Isso era feito com ajuda de aditivos químicos, como glicerina, açúcar e melaço.

Mas esse não era o único desafio. Antigamente, as funcionárias enrolavam cerca de 200 cigarros por turno. A nova máquina produzia 120 mil cigarros por dia - um quinto do consumo de todos os Estados Unidos, na época.

"O problema é que ele era capaz de produzir muito mais cigarros do que conseguia vender", diz Goodman. "Ele precisava entender como conquistar esse mercado."

Marketing e publicidade

A resposta estava na publicidade e no marketing. Duke patrocinou corridas, distribuiu cigarros gratuitamente em concursos de beleza e colocou anúncios nas revistas da época.

Ele também percebeu que a inclusão de figurinhas colecionáveis nas carteiras de cigarro era tão importantes quanto trabalhar na qualidade do produto. Em 1889, ele gastou US$ 800 mil em marketing (ou US$ 25 milhões, em valores de hoje em dia).

Bonsack ficou com a patente da máquina, mas, em gratidão ao apoio de Duke, deu 30% de desconto no seu aluguel ao industrial.

A vantagem competitiva - aliada à promoção vigorosa - foi fundamental para o sucesso de Duke.

Como suspeitava, as pessoas gostavam dos cigarros feitos pela máquina. Eles tinham aparência mais moderna e higiênica. Uma das campanhas enfatizava o fato de que cigarros manuais eram feitos com contato da mão e da saliva de outras pessoas.

Mas, apesar de o número de fumantes ter quadruplicado nos 15 anos até 1900, o mercado ainda era um nicho, já que a maioria das pessoas mascava tabaco ou fumava usando cachimbos ou charutos.
Duke - que também era fumante - viu o potencial competitivo dos cigarros em relação aos demais produtos. Uma das vantagens era a facilidade para acendê-los, ao contrário dos cachimbos.

"O cigarro, realmente, era usado de forma diferente", diz Proctor. "E uma das grandes ironias é que os cigarros eram considerados mais seguros do que os charutos porque eram vistos como apenas 'pequenos charutinhos'."

Mas um elo direto com câncer de pulmão não foi encontrado até 1957 na Grã-Bretanha e 1964 nos Estados Unidos.

Os cigarros chegaram a ser promovidos como benéficos à saúde. Eles eram listados nas enciclopédias farmacêuticas até 1906 e indicados por médicos para casos de tosse, resfriado e tuberculose - uma doença que é agravada pelo fumo.

Moralidade

No começo dos anos 1900, houve um movimento antitabagismo, mas ele estava mais relacionado à moralidade do que à saúde.

O crescimento no número de crianças e mulheres fumantes era parte de um debate sobre o declínio moral da sociedade. Os cigarros foram proibidos em 16 Estados americanos entre 1890 e 1927.

A atenção de Duke voltou-se para o exterior. Em 1902, ele formou a empresa britânica British American Tobacco. As embalagens e o marketing foram ajustados para mercados consumidores diferentes, mas o produto era basicamente o mesmo.

"Para ele, todos os cigarros eram iguais. Toda a globalização que hoje nos é familiar, com marcas como McDonalds e Starbucks - tudo isso foi antecipado por Duke e seus cigarros."

A indústria do cigarro continua em expansão até hoje. Apesar de ela estar em queda em determinados países desenvolvidos, no mundo emergente, a demanda por cigarros cresce 3,4% por ano. Em números globais, a indústria ainda está crescendo.

A Organização Mundial da Saúde alerta que, caso não sejam adotadas medidas preventivas, 100 milhões de pessoas morrerão de doenças relacionadas ao tabaco nos próximos 30 anos - um número superior à soma de vítimas da Aids, tuberculose, acidentes de carros e suicídios.

Mas Buck Duke pode ser responsabilizado por isso? Afinal de contas, ninguém é obrigado a fumar. Em um ensaio recente para a revista Tobacco Control, Robert Proctor argumenta que todos na indústria tabagista têm sua parcela de culpa.

"Nós temos que perceber que anúncios podem ser cancerígenos, junto com as lojas de conveniência e até farmácias que vendem cigarros. Os executivos que trabalham na indústria tabagista causam câncer, assim como os artistas que desenham as carteiras e as empresas de relações públicas e marketing que lidam com essas contas", diz Proctor.

Buck Duke morreu em 1925, antes da era dos grandes processos e da responsabilização do tabaco por doenças como câncer de pulmão.

"Eu não o culparia pelo [crescimento do] consumo de cigarros", diz Bob Durden, que é biógrafo do industrial. Ele aponta que Duke também foi responsável por ações positivas, como doações de mais de US$ 100 milhões para o Trinity College, na Carolina do Norte, que foi rebatizado de Duke University, em sua homenagem.

"Ele foi tanto um herói quanto um vilão", diz Goodman. "Buck Duke é um herói em termos de sua compreensão do mercado e da psicologia humana, da formação de preço, da publicidade. Nesse sentido, ele não é vilão. Mas ele fez o mundo fumar cigarros. E os cigarros são o grande problema do século 20."





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domingo, 25 de novembro de 2012

Conservacionistas indonésios acham 120 armadilhas para capturar tigres


Conservacionistas indonésios acham 120 armadilhas para capturar tigres

Fêmea de tigre-de-sumatra foi um dos animais pegos pelos caçadores.
Espécie nativa da região está seriamente ameaçada de extinção.

Conservacionistas na Indonésia encontraram no Parque Nacional Kerinci Seblat 120 armadilhas para capturar tigres-de-sumatra (Panthera tigris sumatrae), uma espécie seriamente ameaçada de extinção.

Na foto abaixo, tirada no dia 18 de fevereiro e divulgada nesta quarta-feira (21) pelo parque, que fica na localidade de Muko-Muko, província de Bengkulu, aparece uma fêmea chamada Dara que foi pega pelos caçadores.


Fêmea Dara foi capturada por caçadores indonésios em fevereiro (Foto: Parque Nacional Kerinci Seblat/AFP)

Nesta outra imagem, os caçadores imobilizam o animal antes de transportá-lo.


Fotos foram divulgadas nesta quarta (21) por parque nacional (Foto: Parque Nacional Kerinci Seblat/AFP)





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domingo, 25 de novembro de 2012

Robô consegue escanear 250 páginas de livros por minuto



Robô consegue escanear 250 páginas de livros por minuto



Robô escaneia 250 páginas por minuto (Foto: Divulgação)

BFS-Auto é criação de cientistas japoneses.
Páginas são escaneadas em alta resolução.

Um robô criado por cientistas japoneses consegue escanear 250 páginas de livros por minutos em alta resolução. O objetivo do aparelho, chamado de BFS-Auto, é melhorar os projetos de banco de dados e arquivos, armazenando digitalmente livros que só possuem versão em papel.

Assista ao Vídeo: http://youtu.be/03ccxwNssmo

O robô deve começar a ser vendido em 2013.

De acordo com seus criadores, a máquina consegue "ler" um romance em menos de um minuto e o dicionário da língua inglesa Oxford em cerca de 10 minutos.

A máquina fotografa duas imagens de cada página em alta resolução, com 400 pixels por polegada. Ele utiliza as duas imagens da página para criar uma terceira sem deformações da curvatura do livro. Há um suporte que muda de página automaticamente após ela ser escaneada.


Sensor laser verifica curvatura do livro e compensa na hora de formar a imagem (Foto:Divulgação)







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domingo, 25 de novembro de 2012

Cientista cita descoberta histórica em Marte


Cientista cita descoberta histórica em Marte


Robô Curiosity em Marte (Foto: Nasa/JPL-Caltech/Malin Space Science Systems)

Chefe da missão Curiosity não revelou do que pode se tratar.
Agência espacial disse que 'não há nada revolucionário'.

Um cientista da Nasa mencionou uma descoberta "digna de entrar nos livros de história" feita pelo robô Curiosity em Marte, mas em seguida a agência espacial americana reduziu as expectativas em torno do suposto feito.

"Esta descoberta vai entrar nos livros de história, parece realmente excelente", afirmou à rádio NPR John Grotzinger, chefe da missão Curiosity no Laboratório de Propulsão a Jato (JPL, na sigla em inglês) em Pasadena (Califórnia, oeste dos Estados Unidos).

Segundo a entrevista, divulgada na terça-feira (20), análises feitas pelo robô enviado ao planeta vermelho para tentar encontrar vestígios de vida no passado, teriam apontado para uma descoberta incrível. Mas os cientistas não poderiam antecipar nada mais antes de confirmar seus estudos preliminares, o que poderá levar várias semanas.

Nesta quarta-feira (21), no entanto, Guy Webster, responsável pelas relações com a imprensa do JPL, reduziu a expectativa em torno de uma descoberta revolucionária.

"No que diz respeito ao seu comentário sobre os 'livros de história', a missão em seu conjunto tem uma natureza (que a torna candidata) a entrar nos livros de história (...), não há nada específico no futuro que seja revolucionário", disse à AFP.

"John (Grotzinger) estava encantado com a qualidade das análises das amostras provenientes do veículo robótico quando estava com um jornalista em seu escritório na semana passada", explicou Webster. "Já tinha ficado entusiasmado no passado com resultados anteriores e estará de novo no futuro", acrescentou.
"A equipe científica analisa os dados de uma amostra do solo marciano, mas não se pode falar disso neste momento", continuou. "Isto não muda os procedimentos habituais: deve-se confirmar os primeiros resultados antes de torná-los públicos", afirmou.

No final de setembro, o Curiosity descobriu cascalho proveniente do leito de um antigo riacho, sustentando a hipótese da existência de água no planeta vermelho. O veículo robô, dotado de vários instrumentos de medição e análise, ainda encontrou no mês passado "objetos brilhantes" na superfície do solo, o que deixou os especialistas perplexos.





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domingo, 25 de novembro de 2012

Site diz que animais foram mortos durante filmagens de 'O Hobbit'



Site diz que animais foram mortos durante filmagens de 'O Hobbit'


Cartaz de 'O Hobbit' (Foto: Divulgação)

Fazendeiros relataram morte de 27 galinhas, cabras, cavalos e ovelhas.
Longa de Peter Jackson, que nega acusação, estreia em 14 de dezembro.

Testemunhas relataram a morte de 27 animais durante as filmagens de "O Hobbit", segundo o site TMZ e a agência Associetad Press. Após a denúncia, produtores do filme afirmaram que o número é menor. Fazendeiros da Nova Zelândia contaram que cavalos, ovelhas, cabras e galinhas morreram entre 2010 e 2011.

Segundo eles, a fazenda da locação do longa estava cheia de cenários perigosos e a alimentação era de má qualidade. De acordo com vaqueiros da região, cavalos morreram após queda em buracos.

Um representante de Peter Jackson, diretor do filme, admitiu que duas das mortes de cavalos eram evitáveis. Ele negou que foram 27 animais mortos nas filmagens. Segundo o cineasta, assim que produtores tomaram conhecimento das condições dos animais, no início de 2011, foram gastos centenas de milhares de dólares para melhorar a situação. A equipe de Jackson afirma que eram 150 animais na fazenda, e a maioria morreu por causas naturais.

Espécie de prólogo para a trilogia “O senhor dos anéis”, "O Hobbit: Uma Jornada Inesperada" estreia no dia 14 de dezembro no Brasil. Esta não é a primeira vez que o filme gera uma notícia polêmica. Desde antes do início das gravações, vários episódios inusitados foram relatados.





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domingo, 25 de novembro de 2012

Crianças querem ganhar iPad em vez de videogame no Natal



Crianças querem ganhar iPad em vez de videogame no Natal, diz pesquisa


O iPad mini e o iPad sãos os presentes mais desejados pelas crianças dos Estados Unidos
(Foto: Reuters)

Estudo da Nielsen mostra que jovens querem ganhar dispositivos iOS.
Entre os videogames, o Wii U é o mais desejado.

Um estudo divulgado nos Estados Unidos pela Nielsen afirma que as crianças do país querem ganhar iPad e outros dispositivos com o sistema iOS, da Apple, de Natal do que videogames. O tablet ficou com 48% das intenções de compra entre crianças entre 6 e 12 anos e com 21% entre os adolescentes com mais de 13 anos.

Não foi divulgado quantas crianças e adolescentes foram entrevistadas para o estudo da Nielsen.

Entre as crianças com idade entre seis e 12 anos, o Wii U, novo videogame da Nintendo ficou em segundo lugar das intenções de compra, com 39%. O iPod touch e o iPad Mini ficaram empatados em terceiro lugar com 36%, seguido pelo iPhone e pelo PC, com 33% e 31%, respectivamente.

Entre os videogames que estão nas intenções de compra desta faixa de idade, o Xbox 360 com o Kinect teve 31%; o Nintendo 3DS, 29%; o PlayStation 3, 26%; o Xbox 360, 25%; o Wii, 20%; o PSP, 18%; e o PS Vita com 14%.

Já entre os jovens acima de 13 anos, o PC ficou na segunda posição, com 19% e "tablets que não são o iPad" ficaram em terceiro lugar com 18%. O Wii U ficou na quarta posição com 17%, acima do iPhone, que teve 14% das intenções de compra.

Os dados de intenção de compra de videogames nesta faixa de idade indicam que o Xbox 360 com o Kinect teve 9%; o PlayStation 3, 8%; o Xbox 360, 7%; o Wii, 6%; o PSP, 3%; o PS Vita com 4%, e o Nintendo 3DS, 3%.





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domingo, 25 de novembro de 2012

Tóquio exibe árvore de Natal em ouro puro que custa R$ 8,8 milhões



Tóquio exibe árvore de Natal em ouro puro que custa R$ 8,8 milhões



Árvore foi feita de 40 quilos de ouro puro. (Foto: Kazuhiro Nogi/AFP)

Árvore foi feita de 40 quilos de ouro puro.
Ela é decorada com silhuetas de 50 personagens da Disney.

Para aqueles que procuram um brilho ao seu Natal deste ano, uma joalheria no centro de Tóquio tem a resposta: uma "árvore" em ouro coberta de personagens da Disney, como Mickey Mouse, Tinker Bell e Cinderela.

A árvore é feita de 40 quilos de ouro puro, mede cerca de 2,4 metros de altura e 1,2 metro de diâmetro. Ela é decorada com silhuetas recortadas em ouro puro de 50 personagens populares da Disney e envolta com laços feitos de folha de ouro.

O preço? Meros 350 milhões de ienes (US$ 4,2 milhões ou R$ 8,8 milhões).

Mas o enfeite é, de fato, um bom negócio, explicou Tomoko Ishibashi, do departamento de marketing da Tanaka Kikinzoku Jewelry, que controla a joalheria Ginza Tanaka.

"Neste momento, o ouro custa mais de 4.400 ienes por grama. Usamos ouro puro e um artesão experiente fez cada personagem da Disney à mão", disse ela sobre a decoração, que 10 artesãos levaram dois meses para completar.


Árvore está avaliada em 350 milhões de ienes (R$ 8,8 milhões). (Foto: Kazuhiro Nogi/AFP)

A combinação de ouro e personagens da Disney hipnotizou espectadores.

"É muito vívida e o ouro é muito bonito", disse Takashi Miura, um joalheiro de 36 anos. "Os personagens nela também são muito bonitos e realmente se parece com uma árvore de Natal."

Para aqueles com menos dinheiro à disposição, a loja oferece uma versão em escala reduzida que traz 20 personagens da Disney, tem 25 cm de altura e custa 2 milhões de ienes (US$ 243 mil).

Embora ninguém tenha feito ainda um pagamento inicial para a árvore maior, a miniatura já teve compradores, afirmou Ishibashi.





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domingo, 25 de novembro de 2012

Túmulos de mais de 3 mil anos são encontrados no Paquistão



Túmulos de mais de 3 mil anos são encontrados no Paquistão


Túmulo encontrado no Paquistão (Foto: AFP)

Sítio fica no Vale do Swat, região que já foi controlada pelos talibãs.
Achado mostra que cultura antiga tinha ritos funerários complexos.

Arqueólogos italianos descobriram túmulos de mais de 3 mil anos no Vale do Swat, sugerindo que existiam ritos funerários complexos nesta região paquistanesa controlada pelos talibãs há alguns anos, indicou nesta sexta-feira (23) uma autoridade.

Esta missão arqueológica italiana iniciou as escavações nos anos 50, no sítio de Udegram, no Swat, uma região do noroeste do Paquistão também conhecida como a "Suíça do Paquistão", devido a seus vales verdes que também escondem tesouros de um passado budista.

Os arqueólogos, que sabiam da existência de uma necrópole pré-budista em Udegram, descobriram recentemente nesta região "cerca de 30 túmulos, reunidos e parcialmente entrelaçados uns sobre os outros", disse à AFP Luca Maria Olivieri, chefe da missão arqueológica italiana no Paquistão.

"O cemitério parece ter funcionado entre o fim do segundo milênio antes de Cristo e a primeira metade do primeiro milênio" da mesma era, acrescentou.

Ritos
"Estes túmulos nos dizem muito acerca destas culturas antigas... que tinham ritos funerários complexos", com uma primeira etapa de decomposição dos corpos em um túmulo aberto, depois da qual os ossos eram queimados parcialmente, e guardados em um túmulo fechado, antes que um montículo fosse erguido sobre ele, explicou Olivieri.

Até o momento, os arqueólogos não encontraram evidências de armas, mas apenas fragmentos de ferro, "que são, talvez, um dos rastros mais antigos deste metal no subcontinente" indiano, acrescentou Olivieri.

Esta região está repleta de sítios budistas, pouco visitados pelos turistas estrangeiros, e que são alvo dos insurgentes talibãs, hostis à herança desta religião.

Os talibãs paquistaneses tomaram o controle do Swat entre 2007 e 2009, antes de serem derrubados por uma ofensiva do exército paquistanês.





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domingo, 25 de novembro de 2012

Estudo aponta eventos no início do envelhecimento celular



Estudo aponta eventos no início do envelhecimento celular


Imagem microscópica da levedura da espécie 'Saccharomycopsis fodiens' (Foto: B. Schlag-Edler)

Cientistas nos EUA fizeram experimentos com leveduras, um tipo de fungo.
Resultado pode ajudar a explicar fatores que influenciam longevidade.

Cientistas do Centro de Pesquisa de Câncer Fred Hutchinson, em Seattle, nos EUA, publicaram na edição da revista "Nature" desta quarta-feira (21) artigo em que apontam eventos-chave que ocorrem no início do processo de envelhecimento celular, como resultado de uma série de estudos feitos ao longo de dez anos com leveduras – um tipo de fungo.

As pesquisas, coordenadas por Daniel Gottschling e Adam Hughes, podem ajudar para entender melhor como os genes e o meio ambiente, incluindo a restrição calórica na dieta, são capazes de influenciar a longevidade e a incidência de câncer e doenças neurodegenerativas.

Os autores identificaram que a presença de acidez em uma estrutura celular chamada vacúolo, e também o funcionamento das mitocôndrias – "usinas de energia" que atuam na respiração celular – são fundamentais para explicar o processo de envelhecimento.

Os vacúolos são organelas que armazenam líquidos resultantes da nutrição ou da excreção celular, e ficam localizados dentro do citoplasma – parte da célula entre o núcleo e a membrana externa que a delimita. Nos animais, essas função é exercida pelos lisossomos.

Nesses trabalhos, os cientistas descrevem um novo mecanismo que pode ter um paralelo nas células humanas. As pesquisas começaram quando Gottschling e Hughes procuravam nas mitocôndrias a fonte dos danos relacionados à idade.

"Normalmente, as mitocôndrias são tubos bonitos e longos, mas, à medida que as células envelhecem, elas se tornam robustas e fragmentadas", explicou Gottschling, que também é professor associado do Departamento de Ciências do Genoma na Universidade de Washington.

Essas mudanças vistas em leveduras também acontecem nos humanos, como em neurônios e células do pâncreas.

O fator responsável por alterar as mitocôndrias e torná-las distorcidas e disfuncionais tem sido um mistério, mas agora os pesquisadores descobriram que mudanças específicas nos vacúolos desencadeiam os problemas nas mitocôndrias.

Os vacúolos têm duas principais tarefas: degradar proteínas e armazenar "blocos de construção" moleculares nas células. Para desempenhar tudo isso, o interior deles é altamente ácido.

No caso das leveduras, o vacúolo se torna menos ácido relativamente cedo em relação ao tempo de vida delas, e essa queda impede o armazenamento de alguns nutrientes. Isso acaba destruindo a fonte de energia das mitocôndrias, fazendo com que elas se rompam.



Processo de envelhecimento pode estar 'escondido' nos vacúolos dentro das células(Foto: Reprodução)

Ao impedir essa diminuição na acidez dos vacúolos, a função das mitocôndrias foi preservada e as células das leveduras viveram por mais tempo. O que provoca essa queda de acidez, porém, ainda é desconhecido.
"Ficamos surpresos ao descobrir que era a função de armazenamento, e não de degradação de proteínas pelos vacúolos, que parece causar a disfunção mitocondrial nas células de envelhecimento", disse Hughes.

A descoberta inesperada levou os autores a começarem a investigar os efeitos da restrição calórica – conhecida por prolongar a vida de leveduras, vermes, moscas e mamíferos – sobre a acidez dos vacúolos. Foram consideradas as semelhanças entre a biologia de leveduras e das células humanas.

Os pesquisadores também observaram que as leveduras "mães" tinham uma menor acidez nos vacúolos que as filhas recém-nascidas. Isso poderia ajudar a explicar, ainda, como o simples ato da divisão celular contribui para o envelhecimento.





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domingo, 25 de novembro de 2012

Produtores da série 'Dallas' preparam homenagem para Larry Hagman



Produtores da série 'Dallas' preparam homenagem para Larry Hagman



Larry Hagman, em foto de arquivo feita em janeiro de 2012.(Foto: Mike Blake / Arquivo / Reuters)

Notícia foi divulgada pelo site da revista 'The Hollywood Reporter'.
Ator, intérprete do popular J.R. Ewing, faleceu nesta sexta-feira (23/11).

Os roteiristas e produtores da série “Dallas” pretendem criar um episódio especial de despedida para o ator Larry Hagman, intérprete de J.R. Ewing, popular personagem da TV americana, que faleceu nesta sexta-feira (23). Ele havia gravado participação em seis episódios da segunda temporada da nova versão de “Dallas”, que deve estrear no dia 28 de janeiro. A informação foi publicada no site da revista "The Hollywood Reporter" neste sábado (24).

Ainda não se sabe de que forma a produção de “Dallas” será afetada após o falecimento do ator. De acordo com o site, a morte de Hagman não deve alterar o começo da nova temporada.
Cynthia Cidre e Michael M. Robin, produtores da série, emitiram um comunicado coletivo, assinado também pelo elenco, em que prestam suas homenagens ao ator.


Larry Hagman e Barbara Even durante lançamento da primeira temporada de "Jeannie é um gênio" em DVD, em 2006 (Foto: Jason DeCrow/AP)


Larry Hagman morreu nesta sexta-feira (23), aos 81 anos, nos Estados Unidos, em decorrência de complicações surgidas em sua luta contra o câncer. No momento da sua morte, que coincidiu com a celebração do Dia de Ação de Graças nos EUA, a família e os amigos mais próximos se encontravam junto a ele, segundo precisou um comunicado familiar. "Quando expirou, estava cercado por seus entes queridos. Partiu tranquilamente, como ele teria desejado", diz a nota divulgada por agências internacionais.





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sábado, 24 de novembro de 2012

Mensagem 'indecifrável' da II Guerra é encontrada com pombo-correio



Mensagem 'indecifrável' da II Guerra é encontrada com pombo-correio



Papel com blocos de letras foi encontrado junto aos restos do animal (Foto: Reprodução)


Inteligência britânica pediu ajuda à população para resolver mistério.
Animal carregava papel e foi encontrado morto em chaminé 70 anos depois.

Especialistas britânicos buscam decifradores que possam traduzir o conteúdo de uma mensagem codificada encontrada na pata do esqueleto de um pombo-correio morto há 70 anos, em plena Segunda Guerra Mundial. Segundo a "BBC", um limpador de chaminés encontrou o cadáver da pomba quando limpava uma chaminé em Surrey (sudeste da Inglaterra) com um estojo vermelho atado a uma pata. Dentro, havia um pedaço de papel enrolado com a inscrição "Serviço de Pombo" com 27 blocos de letras redigidas a mão.

Os decifradores do Government Communications Headquarters (CGHQ) - um centro ultrassecreto de escutas e de interceptação britânico muito bem-sucedido na guerra secreta contra os nazistas - tiveram que reconhecer que seus computadores não conseguiram decifrar o conteúdo.

Este tipo de mensagens utilizadas nas operações eram concebidas de tal maneira que apenas o emissor e o receptor pudessem decifrá-las", disse Tony, um historiador que pediu que apenas seu nome fosse revelado.
Cerca de 250.000 pombos-correios foram utilizados durante a Segunda Guerra Mundial, em particular para transmitir informações entre o continente ocupado e a Inglaterra.

Agora a esperança é que exista algum decifrador ainda vivo que possa resolver o enigma.



Animal, encontrado em chaminé, carregava mensagem do serviço secreto britânico (Foto: Reprodução)





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sexta-feira, 23 de novembro de 2012

A Ameaça dos Radicais - Biologia



A AMEAÇA DOS RADICAIS - Biologia



Quando se respira, o oxigênio pode se transformar em radicais livres, moléculas capazes de atacar as células, até destruí-las. Ao observar essa metamorfose, os cientistas esperam descobrir novos tratamentos para uma série de doenças.

Ele são criadores de encrenca dentro das células, sempre furam a fila das substâncias que precisam ser usadas quebrando a ordem que garante o bom funcionamento do organismo. E isso não é nada perto da confusão que fazem ao arrancar moléculas das membranas celulares e dos genes. Esses verdadeiros anarquistas são os radicais livres, moléculas que reagem com qualquer substância que encontram pela frente. A cada cria, surgem novas evidências de que, agindo dessa maneira promíscua, os radicais estão por trás de problemas tão diversos como o câncer e os ataques cardíacos. Alguns cientistas também desconfiam que o processo de envelhecimento seria o acúmulo dos estragos provocados por esses baderneiros. À primeira vista, portanto, caso tudo se confirme, pode parecer simples acabar com uma série de males: em teoria, basta impedir a ação dos radicais. Mas tal como acontece na política, também para a Biologia isso tem sido impossível, por uma razão muito simples: a principal fonte dos radicais é o oxigênio, um gás indispensável para a maioria dos seres vivos.
Radicais livres são, por definição moléculas instáveis, cujos átomos possuem um número ímpar de elétrons - e o elétron, a partícula eletricamente negativa que gira em torno do núcleo atômico, prefere estar acompanhado. Quando isso não acontece, a molécula incompleta é capaz de capturar elétrons de qualquer outro átomo, para recuperar o número par. Só há 21 anos se confirmou que o oxigênio é capaz de formar essas moléculas altamente reativas dentro dos organismos. Foi quando os bioquímicos americanos Irwin Fridovich e Joe McCord descobriram que quase todos os seres aeróbicos, ou seja, que respiram, sintetizam uma enzima especializada em se livrar de certo radical derivado daquele gás - sinal de que a substância existia, ali, nas células e, pior, tinha efeitos nocivos, a ponto de haver um mecanismo natural para bloqueá-las. De lá para cá, cientistas do mundo inteiro investigam o papel dos radicais nos seres vivos.
"Há muito tempo já se especulava sobre o assunto", conta o bioquímico Etelvino José Bechara, da Universidade de São Paulo, que pesquisa radicais há dezessete anos. "Existia, porém, um imenso tabu. Era difícil cogitar que o oxigênio, essencial à vida, tinha um lado vilão." No entanto, hoje se sabe que, ao se respirar, 2 a 5 por cento desse gás acabam gerando radicais livres. O cenário dessa transformação, de mocinho para bandido, na maioria das vezes é a mitocôndria, uma organela com formato de feijão, cem vezes menor do que um grão de areia, que se encontra mergulhada no citoplasma, como é chamado o líquido que recheia as células. Essa estrutura minúscula pode ser comparada ao motor onde o combustível - no caso do organismo, a glicose - é queimado, produzindo energia, gás carbônico e água.
Para se ligar a dois átomos de hidrogênio e formar uma molécula de água, o átomo de oxigênio da respiração precisa ganhar quatro elétrons. O problema é que nem sempre ele se transforma diretamente em água, pois em alguns pontos da mitocôndria aparece o que os cientistas chamam vazamentos. O nome do fenômeno não poderia descrevê-lo melhor: um elétron literalmente escapa e é logo capturado pela molécula de oxigênio. Esse gás tende naturalmente a receber um elétron de cada vez em vez de quatro, de supetão. Mas, ao receber elétrons um por um, ele passa por três estágios intermediários, antes de virar água. Nesses estágios o oxigênio é capaz de reagir com moléculas da própria célula.
Ou seja, ao ganhar um único elétron, graças ao vazamento na mitocôndria, o oxigênio se transforma em superóxido relativamente fraco, mas capaz de roubar um elétron de outra molécula para, assim, formar um par. Quando isso acontece, o superóxido volta a ser uma substância estável, o peróxido de hidrogênio, que nada mais é do que água oxigenada. A água oxigenada, portanto não é um radical, porque possui um número par de elétrons - dois a mais do que o oxigênio. Mas, ao contrário dos radicais que, de tão rápidos, reagem no mesmo lugar onde são formados, as moléculas de água oxigenada são capazes de passear de uma célula para outra, o que aumenta a probabilidade de esbarrarem em um átomo de ferro - a atração entre os dois elementos químicos pode ser fatal para a célula. Em outras palavras, ao se combinar com o ferro, a água oxigenada ganha mais um elétron - o equivalente ao oxigênio com três elétrons extras -, formando o terceiro e mais terrível dos radicais: a hidroxila, que reage instantaneamente com moléculas da célula.
Surpresa para os cientistas foi descobrir que os radicais aumentam quando se praticam exercícios físicos. "Talvez os genes programem a célula para consumir certa quantidade de oxigênio e, acima dessa dose estipulada, a mitocôndria não dê conta de transformá-lo diretamente em água", declara Bechara, que realiza uma pesquisa nessa área. A situação inversa, ou seja, quando a célula deixa de receber oxigênio, pode provocar igualmente um crescimento das moléculas reativas. Se um coágulo obstrui uma coronária, o coração termina danificado, levando muitas vezes a pessoa à morte: é o infarto. Acreditava-se que isso acontecia porque as células cardíacas ficavam sem oxigenação.
Estudos realizados nos últimos dez anos, porém, constataram que uma célula sobrevive mais tempo sem oxigênio do que se supunha, mas, nesse período, continua juntando no citoplasma os rejeitos do trabalho de suas organelas. Quando o coágulo desobstrui o vaso e a célula volta a receber o oxigênio, todo o gás acaba reagindo com aquela espécie de lixo, formando radicais livres em doses brutais. Por isso hoje em dia, naquelas cirurgias em que a circulação deve ser temporariamente interrompida com pinças especiais nas artérias, os médicos injetam um coquetel de antioxidantes nos pacientes. Antioxidantes é como são conhecidas as substâncias capazes de anular o efeito dos radicais de oxigênio. Sem saída diante da produção constante de radicais, graças à respiração, as células criaram enzimas para combatê-los. Uma dessas enzimas, a superóxido-dismutase, transforma o superóxido em água oxigenada; em seguida, entram em cena a glutationa e a catalase, que transformam aquela molécula de água oxigenada na inofensiva água pura. "Com o tempo, porém, o organismo fabrica menos antioxidantes, aumentando a chance de um radical atacar", lamenta a bioquímica Dulcinéa Parra Abdalla, da Universidade de São Paulo.
Há doze anos, ela estuda a relação dessas moléculas com diversas doenças, fazendo parte da pequena comunidade de cientistas brasileiros que se dedica aos radicais com exclusividade. "Não devemos ser mais do que uma dúzia", ela calcula. Sua pretensão, ao bisbilhotar as estratégias dos radicais em células cultivadas em laboratório, é ajudar na descoberta de novos tratamentos. "Talvez, a gente consiga drogas para bloquear radicais. Mas, por mais substâncias defensoras que haja na célula, no final é uma questão de probabilidade", admite a pesquisadora.
É, de fato, puro acaso. Se ao nascer um radical tromba com outro radical, os dois se aniquilam, porque combinam seus respectivos elétrons solitários. Ou ainda, o radical pode encontrar uma enzima antioxidante. Finalmente, é certo que algumas vitaminas, ingeridas na alimentação, também são capazes de anulá-los: é o caso da vitamina E, que, misturada às moléculas da parece celular, funciona como uma barreira, doando um elétron para o radical, tornando-o estável; a vitamina C tem o mesmo efeito, só que por ser solúvel em água, fica montando guarda no meio do citoplasma. Se o radical, contudo, não é aniquilado por nenhum desses meios, então ataca proteínas que compõem a célula, iniciando uma reação em cadeia. O radical livre seqüestra um elétron da proteína, que, desfalcada, se torna ela também um novo radical, roubando um elétron da molécula vizinha, que passa a ser um radical e assim por diante.
O problema, que todos os químicos conhecem bem, é que não se tiram ou acrescentam impunemente elétrons em uma molécula, sem alterar as suas características. "No final da cadeia, podem surgir produtos tóxicos para a célula", nota Dulcinéa. Nas membranas que revestem tanto as células como as suas estruturadas, reações disparadas pelos radicais terminam destruindo moléculas responsáveis pela flexibilidade desses tecidos. Depois de sucessivos ataques de radicais, a célula fica enrijecida. É como se surgissem trincas em sua parede protetora e, desse modo, ela vai perdendo o controle do que entra e do que sai - deixa de evitar a invasão de compostos tóxicos e permite a fuga de substâncias das quais necessita. Diante de tamanha falta de organização, a célula não trabalha direito, perdendo funcionalidade, e acaba morrendo.
Todo esse processo, em um universo de milésimos de milímetro, explica por que com a idade, por exemplo, a pele enruga, a memória começa a falhar, o fígado se torna mais lento. "Envelhecer parece ser um aumento na porcentagem de células danificadas pelos radicais", acredita Dulcinéa. Atualmente, a pesquisadora investiga, ao lado do químico cearense Hugo Monteiro, da Fundação Hemocentro, em São Paulo, a relação entre radicais livres e a formação das terríveis placas nas artérias, na chamada aterosclerose. Monteiro passou os últimos dois anos na Nova Zelândia e nos Estados Unidos estudando os mecanismos das inflamações, em que os radicais livres têm, enfim, uma ação positiva para a saúde. "Como na inflamação, o problema do colesterol envolve células do sistema imunológico", justifica o químico.
Os radicais são capazes de reagir com o chamado lipídio de baixa densidade, ou mau colesterol, que circula no sangue. Essa gordura alterada pelo oxigênio chama a atenção de células imunológicas conhecidas por macrófagos, que fazem um serviço de limpeza no organismo, engolindo uma molécula de colesterol atrás da outra. Essas células, contudo, são convocadas para recuperar eventuais machucados na parede dos vasos e, chegando ali, muitas vezes estouram de tão gorduchas, espalhando o conteúdo oxidado pela lesão. Isso atrai mais macrófagos para o lugar, criando aos poucos um monte de colesterol depositado, que pode impedir o livre trânsito do sangue. Monteiro e Dulcinéa desconfiam que a ação dos radicais vai além disso.
O cientista levanta a pista dessa suspeita: "O grande destruidor é o radical hidroxila, que aparece apenas quando se combina água oxigenada e ferro". O organismo, cauteloso, guarda microscópicos grãos desse metal em proteínas especiais, que só liberam a substância quando é muito necessário. Mas, em tubos de ensaio, Monteiro tem observado que as células imunológicas conseguem retirar o ferro das proteínas que o embalam. Com água oxigenada por perto, cria-se uma bomba capaz de arrasar vasos e artérias. Recentemente, cientistas japoneses encontraram água oxigenada na fumaça de cigarro o que talvez esclareça a maior incidência de problemas nas artérias nos fumantes.
Segundo o bioquímico Rogério Meneghini, da USP, o efeito dessa combinação bombástica pode ser visto a olho nu, quando por exemplo um surfista descolore os cabelos com água oxigenada. "A substância reage com o ferro presente nos cabelos que, em seguida, graças ao radical hidroxila formado, destrói os pigmentos", descreve o pesquisador. Meneghini é um dos pioneiros no estudo dos efeitos dos radicais nos genes. Em 1984, sua equipe propôs que o núcleo celular seria atacado pelo radical hidroxila, graças ao ferro existente nos cromossomos. "Ali, no núcleo celular, é como se os radicais livres riscassem um disquete de computador", ele compara. "Os dados perdidos, por azar, podem controlar o crescimento. Sem eles, a célula inicia uma multiplicação sem freios, característica do câncer." No entanto, é possível respirar com alívio: o organismo dá conta de sua produção habitual de oxigênio reativo. Os problemas de saúde aparecem apenas se a quota de radicais é excessiva - um risco que, sabe-se, existe para quem consome muitos medicamentos, álcool, cigarros e ainda traga os poluentes encontrados na atmosfera das grandes cidades.

Mocinhos e bandidos

A mitocôndria pode ser comparada ao motor que gera energia para a célula trabalhar, usando o oxigênio para queimar o combustível, transformando-o em água e gás carbônico. Eventualmente, vazamentos nas mitocôndrias deixam escapar espécies de oxigênio, como o radical peróxido e a água oxigenada, que podem reagir com moléculas das células.
Verdadeiros guardiões barram os baderneiros radicais e a água oxigenada, antes que desencadeiem reações perigosas para a organização celular. É o caso de enzimas fabricadas pela própria célula e das vitaminas C e E, ingeridas nos alimentos. Por azar, uma molécula de oxigênio reativo pode escapar. Se for de água oxigenada, ao encontrar uma molécula de ferro, faz surgir o radical hidroxila, capaz de reagir imediatamente com qualquer coisa. O radical hidroxila pode reagir com a membrana celular, provocando o envelhecimento.
Outro alvo desse radical são os lipídios de baixa densidade, ou mau colesterol, que passam a se depositar nos vasos sangüíneos. A hidroxila também pode cancelar as informações gravadas nos genes, o que eventualmente dispara o câncer.

Por que se respira

O aparecimento da respiração, há 500 milhões de anos, nos chamados seres aeróbicos, foi um tremendo avanço na evolução das espécies.
Assim, alguns seres puderam usar o oxigênio para transformar a glicose dos nutrientes em gás carbônico e água. Para formar esse líquido, as moléculas de glicose transferem, de uma só vez, quatro elétrons para o átomo do oxigênio, e este salto formidável gera muita energia. Os seres primitivos que não utilizavam oxigênio, como o levedo de cerveja, conseguem transformar a mesma glicose em gás carbônico e álcool, em vez de água.
Resultado: cem gramas de glicose produzem 381 000 calorias - unidade que mede a energia nos organismos - na reação com o oxigênio e apenas 31 000 calorias na reação típica das espécies que não respiram. Uma célula do pulmão humano produz 38 vezes mais energia do que gasta para trabalhar.
É uma economia e tanto: se o homem não respirasse, deveria ingerir doze vezes mais nutrientes para sobreviver.

Oxigênio extra

Durante dois meses, um grupo de ratinhos nadou uma hora por dia na piscina montada em um laboratório na Universidade de São Paulo. Após as sessões diárias, os cientistas examinavam a taxa de enzimas antioxidantes no sangue das cobaias, que parecia sempre maior do que o normal. "O aumento nessa defesa indicava que os ratinhos produziam mais radicais livres, por causa da respiração acelerada durante o exercício", raciocina o bioquímico Etelvino Bechara, um dos coordenadores da pesquisa, cujos resultados ainda estão sendo analisados. Mas já se sabe que, depois desse período de treinamento, cerca de uma em cada cem fibras musculares vermelhas dos animais acabou danificada por radicais livres.
Segundo Bechara, o fato de o esforço físico aumentar os radicais, devido ao consumo extra de oxigênio, talvez explique por que é comum encontrar ferro no suor de atletas: o organismo, zeloso, provavelmente prefere se livrar dessa substância, antes que ela ajude a formar os perigosas radicais hidroxilas. "É por isso que os médicos, freqüentemente, diagnosticam anemia por falta de ferro em corredores de maratona", exemplifica o pesquisador.

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sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Restaurantes do Ar - Tecnologia



RESTAURANTES DO AR



A delicada operação de servir 400 clientes ao mesmo tempo, com jantares quentes e bebidas geladas, enquanto um avião passa horas pelo céu.

Primeiro chegam os drinques. Uísques escoceses, aperitivos e canapés. Depois é servida a entrada, com caviar, patê de foie gras e saladas frescas. Dos pratos principais pode-se escolher entre medalhões de cervo, camarão ou mesmo sushi, sempre regados pelos melhores vinhos. Para a sobremesa, finas tortas, frutas frescas e uma tábua de queijos. É um cardápio para altos vôos - literalmente, a 10 000 metros de altura. A bordo dos aviões, os restaurantes do ar oferecem pratos sofisticados como esses ou lanches simples, à base de sanduíches. Os passageiros dos vôos de longa duração nem sequer imaginam como seu jantar e o café da manhã chegam quentes, ao mesmo tempo, para tanta gente.
Nos grandes aviões, como o Boeing 747, viajam de 400 a 500 passageiros. Alimentar esse povo durante doze horas, que é quanto duram, em média, os vôos internacionais, é tarefa complicada, que exige uma gigantesca estrutura muito bem coordenada para funcionar. A operação começa pelo catering, nome emprestado do inglês para designar a cozinha industrial onde se prepara a comida de bordo. Num catering do porte da Servair, responsável pelo abastecimento de cinqüenta companhias aéreas internacionais, sediada no Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, trabalham 1 700 funcionários. Lá são produzidas 35 000 refeições diárias. A quantidade de alimentos manipulados ali, em um ano faria as delícias dos gigantes devoradores Gargântua e Pantagruel, do romance de Rabelais. Só os pratos servidos na primeira classe exigem 133 toneladas de salmão, 50 toneladas de lagostas e 8 toneladas de caviar. Aqui no Brasil, a Varig tem o maior catering da América Latina, no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, onde 1 125 funcionários preparam diariamente cerca de 14 000 refeições, consumindo 5 toneladas de alimentos.
Cada setor do catering tem um terminal de computador onde estão registrados exatamente os vôos daquele dia e o número de passageiros em cada classe. Com esses dados calcula-se o quanto será produzido de comida. Entre a preparação de cada prato e o consumo pelos passageiros a bordo passam-se geralmente doze horas. Por isso, há um meticuloso trabalho para evitar a contaminação dos alimentos. No catering da Varig, o cuidado com a comida servida no avião começa pelo prédio. As pias estão separadas cerca de 10 centímetros das paredes para evitar acúmulo de sujeira nos cantos, e as torneiras são abertas por comandos acionados pelos pés. Mesas para corte não podem ser de madeira, pois, úmidas, viram depósitos de microorganismos; todas são de polietileno, um tipo de plástico. Os funcionários trabalham com luvas descartáveis. Existe ainda um laboratório que analisa a carga microbiológica dos alimentos desde que entram no prédio até virarem o prato pronto.
Legumes, verduras e frutas são lavados com uma mistura de água filtrada e uma solução à base de cloro, para reduzir a quantidade de microorganismos. Ali mesmo são cortados e descascados - os mais bonitos e sem defeitos serão separados naturalmente, para a primeira classe. No açougue há refrigeradores separados para carnes vermelhas, carnes brancas, peixes e frutos do mar. As carnes já saem dali cortadas e limpas, prontas para a panela, a terceira fase do processo.
No avião só duas coisas são preparadas na hora - omeletes e café, e somente na primeira classe. Tudo mais sai pronto do chão. As saladas, sanduíches e pratos frios em geral vão direto da preparação para a fase de montagem. Os pratos quentes passam pela fase de cocção, o nome técnico de cozinhar alimentos. Nessa etapa é novamente feita a separação da comida para as diferentes classes. Na primeira, a comida pronta é acondicionada em bandejas, sem separação de porções, pois o serviço é à francesa. Nas classes executiva e econômica, o prato quente é colocado numa pequena bandeja, o arcopal, em porções individuais. Tanto as bandejas quanto os arcopais são colocados então nos inserts, espécies de gaiolas de metal, e vão para as câmaras de resfriamento onde ficarão até a hora de embarque numa temperatura entre 0 e 4 graus Celsius. Os pratos frios, enguanto isso, são embalados na montagem. Para as classes econômica e executiva, a bandeja servida ao passageiro sai pronta dali, cada coisa arrumada em seu lugar. É deixado apenas o espaço livre onde será colocado o arcopal com o prato quente. aquecido momentos antes de a refeição ser servida no avião. Esse espaço livre na bandeja é calculado para que o comissário na hora de completá-la a bordo com o arcopal, gaste o menor tempo possível. Depois de montadas no catering, as bandejas de pratos frios são colocadas em carrinhos fechados, os trolleys, e ficam em câmaras de refrigeração até a hora do embarque.É nos trolleys que a comida do avião viaja. Quando são retirados das câmaras frigoríficas, pouco antes da partida, os trolleys são abastecidos com fatias de gelo seco, que conservarão a comida até a hora de ser servida aos passageiros.
O mesmo processo de armazenamento é utilizado para a comida quente. Os inserts onde é ela acondicionada são colocados também em trolleys, e neles subirão a bordo. A comida quente e a fria só se juntam na bandeja do passageiro. Em trolleys são levados também copos, talheres e toda a porcelana da primeira classe. Todo o material que estará à disposição dos passageiros, desde comida a cobertores e travesseiros, é embarcado pelas docas, terminais do catering onde são carregados os caminhões que transportam essa carga até os aviões.
Quando a comida é embarcada, apenas uma parte do trabalho está concluída. No avião, é preciso mantê-la refrigerada e aquecer os pratos quentes na hora de servi-los. A "cozinha" de bordo, chamada galley, é o lugar onde toda a comida e os equipamentos para servir ficam guardados. Um Boeing 747-341 da Varig, o Jumbo, tem por exemplo 11 galleys, 11 geladeiras, 21 inserts, 24 térmicas para guardar café e sopas, comporta 42 trolleys, 796 bandejas (2 por passageiro) e carrega 2 279 copos de cristal. Há também fornos, carrinhos de servir, compartimentos para guardar vinhos e bebidas. Isso não significa que todos os Jumbos disponham do mesmo equipamento, pois quando uma companhia aérea compra um avião ele vem só com a estrutura- é a própria companhia que faz o desenho interno, escolhendo quantas poltronas, galleys ou toaletes quer colocar.
Mesmo em vôos curtos, de 1h30 ou 2 horas, as boas companhias sempre servem uma refeição quente, quando a viagem acontece na hora do almoço ou do jantar. Até o começo da década de 60, no entanto, quem quisesse tomar uma sopa ou um café quente tinha que levá-los na garrafa térmica. Um dos primeiros aviões dotados de energia elétrica nas galleys, justamente por ser um dos primeiros aparelhos com turbinas a jato, foi o Boeing 707, utilizado em vôos comerciais a partir de 1958. É a turbina que fornece energia elétrica ao avião. Alimentada por querosene, a turbina gira e impulsiona o avião fazendo o ar passar por suas entranhas. A energia elétrica é apenas um subproduto desse esforço: o giro interno aciona um dínamo e este produz a corrente.
Dos fornos ao ar-condicionado, luzes, mostradores e comandos da cabina, tudo que depende de energia elétrica no avião funciona graças a esse movimento das turbinas. Em terra, com o avião parado, a energia vem de um gerador elétrico o APU (Auxiliary Power Unity, ou Unidade Auxiliar de Força). Não adiantaria, porém ligar um aparelho elétrico doméstico qualquer numa tomada dentro do avião. A energia produzida pelas turbinas é alternada, com freqüência de 400 hertz - ou seja, a polaridade dos fios muda 400 vezes por segundo. A corrente usada no Brasil tem freqüência de 60 hertz e na Europa, 50. Para aquecer os pratos quentes, os comissários retiram os inserts dos trolleys e os colocam diretamente dentro do forno, onde ficam de 25 a 30 minutos a cerca de 350ºC. O café, exceto o que é preparado na primeira classe, sai pronto do catering e é mantido aquecido em recipientes metálicos, as térmicas, ligados por uma tomada à energia elétrica do avião. Nas geladeiras são guardados os pratos frios da primeira classe, como cascatas de lagosta, caviar ou salmão. O gelo para as bebidas viaja em containers separados.
O cálculo das refeições que os passageiros receberão durante o vôo é feito com base no horário da saída. Quem parte à noite do Brasil para a Europa ganha o jantar, e pouco antes do fim da viagem o café da manhã. Cada passageiro tem sua quantidade de comida preparada especialmente para ele. Mesmo que não tenha fome e recuse a bandeja oferecida pelo comissário, sua porção intocada terá na chegada o mesmo destino que as sobras de outra bandejas - as chamas do incinerador. Nenhum alimento que entra num avião é reaproveitado: primeiro, por questão de higiene e para evitar contaminação; segundo, por inviabilidade econômica, pois sai mais caro fazer a triagem do que pode ser reutilizado, como potinhos de geléia fechados, do que jogar tudo fora. Depois da aterrissagem, o material usado para servir a comida - copos, talheres, trolleys, inserts e bandejas - volta ao catering para ser lavado. A mesma máquina lava as louças a alta temperatura, esteriliza, higieniza e seca. O catering da Varig só trabalha para a própria empresa, fornecendo eventualmente para companhias estrangeiras com que tem acordo, como a Japan Air Lines. Quando os aviões voltam dos vôos ao exterior são abastecidos por caterings dos aeroportos de onde partem. Na França, a Varig é uma das clientes da Servair. Outras companhias preferem levar comida suficiente para a ida e a volta. É o caso da Lufthansa. Quem embarca rumo a Frankfurt, no Rio ou em São Paulo, recebe o mesmo tipo de alimentos que os viajantes das rotas européias. Aqui, a Lufthansa se abastece somente de itens mais simples como café e água mineral. A competição entre as empresas para oferecer o melhor serviço de bordo é acirrada. É natural. O desempenho dos aviões é igual - só é possível diferenciar-se no atendimento direto ao passageiro e, nesse campo, a comida está em primeiro lugar. No último ranking dos restaurantes do ar organizado pelo jornal britânico Business Traveller, o primeiro lugar ficou com a American Airlines, que desbancou duas tradicionais campeãs, a Singapore Airlines, de Cingapura, e a Thai Airways, da Tailândia, que vinham se revezando no topo. Logo a seguir classificaram-se a British Airways, a Lufthansa e a Air France. Varig e Japan Air Lines, famosas por suas excelentes cozinhas, não participam do concurso.

Serviço de primeira

Dos espetinhos de ostras com bacon ao caviar, tudo é sofisticação na primeira classe dos vôos internacionais. Requinte que começa ainda em terra, com a escolha dos melhores ingredientes, vinhos, queijos e frutas para compor o cardápio. Diferentemente dos passageiros das classes econômica e executiva que recebem suas refeições em porções fixas nas bandejas, os de primeira classe são servidos à francesa. Recebem primeiro um menu no qual conhecem as iguarias que poderão escolher. Depois, uma bandeja com pratos de porcelana, talheres e copos de cristal. O comissário serve a comida como se fosse o garçom de um restaurante requintado, colocando no prato do passageiros apenas a porção solicitada.
Nas adegas não faltam uísques escoceses, coquetéis, licores e os melhores vinhos e champanhas franceses. As grandes companhias selecionam os vinhos de acordo com os pratos que serão servidos, e os comissários dão informações sobre castas e safras com a mesma competência de um maître. Com todo esse requinte, um jantar da primeira classe chega a durar mais de duas horas. Os comissários levam mais tempo para servir vinte passageiros na primeira classe do que 300 na classe econômica. Na Varig, o preço de um jantar de classe econômica fica em mais ou menos 16 dólares (1 280 cruzeiros, a preços de setembro), e o de primeira classe, em 40 dólares. O jantar da primeira classe feito pela Servair em Paris pode chegar a 75 dólares, fora o vinho.
Há mordomias oferecidas pelas boas companhias aéreas, porém, que não dependem da classe. São os menos especiais, oferecidos a quem os pede com 24 horas de antecedência. A Varig, por exemplo, tem treze variações de comida especial, como vegetariana, hindu, para diabéticos ou chinesa. Os passageiros judeus podem receber a refeições kosher, preparada segundo os rituais religiosos judaicos por uma única empresa americana, que fornece a comida congelada para todas as grandes empresas de aviação do mundo.





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quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Controles remotos são fontes de contaminação


Controles remotos são fontes de contaminação, aponta pesquisa


Pesquisa da UFSCar encontrou fungos e bactérias (Foto: Wilson Aiello/EPTV)

Bactérias encontradas nos objetos podem causar infecção alimentar.
Centro de pesquisas da UFSCar analisou equipamentos em São Carlos.

O controle remoto de aparelhos de televisão, rádio e DVD, equipamento muito comum nas residências, pode ser uma grande fonte de contaminação, alertam os pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Vários fungos e bactérias foram encontrados em objetos analisados no centro de pesquisa, o que pode oferecer riscos à saúde.

Um dos motivos para essa contaminação é a facilidade de deixar o equipamento em qualquer parte da casa, além do hábito de comer em frente à televisão. A estudante Raphaela Barini, de 10 anos, já encontrou o controle remoto atrás do sofá e até debaixo do tapete. Isso quando não está no seu colo enquanto come ou brinca com a cachorrinha.

“Minha cachorra já pegou uma vez e ela escondeu embaixo da cama, depois pegou de novo e escondeu atrás do sofá”, disse a garota. “Normalmente a gente deixa onde fica mais fácil e prático para pegar, às vezes nem é um lugar adequado”, comentou a médica Rita de Cássia Barini, mãe da Raphaela

O controle remoto utilizado pela família e outros dois, de outras casas, foram levados para um centro de pesquisa da universidade, onde passou por análises. Durante a análise dos controles foi detectada a presença de micro-organismos que são atraídos por restos de comida, seja de biscoito ou uma migalha de pão. Por menores que sejam, podem cair no controle e fazer com que ele vire um criadouro de fungos e bactérias.

Resultado
O resultado mostrou uma alta concentração da bactéria Estafilococos Aureus, que pode causar intoxicação de origem alimentar. “Esses são micro-organismos que, dependendo da situação de saúde de quem está manuseando o controle, pode produzir alguma doença; a Estafilococos Aureus pode produzir mal-estar, diarreia ou náuseas”, explicou Cristina Paiva de Souza, professora da UFSCar.

Rita ficou surpresa. “A gente acaba tendo vários controles e cada um fica espalhado em um cantinho da casa, então a gente vai passar a ter um pouquinho mais de cuidado e manter a higienização e a limpeza mais adequadas”, garantiu Rita.


Pesquisa da UFSCar encontrou fungos e bactérias (Foto: Wilson Aiello/EPTV)





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domingo, 18 de novembro de 2012

Equipe que inclui brasileiros cria 'músculo artificial' resistente

Equipe que inclui brasileiros cria 'músculo artificial' resistente


Nanotubos de carbono formam fibra resistente chamada de 'músculo artificial' (Foto: Science/Divulgação)

Material sintético se contrai e dilata como um músculo humano.
Produto tem grande potencial de uso na robótica, dizem pesquisadores.

Uma equipe internacional, com a participação efetiva de pesquisadores brasileiros, desenvolveu um novo tipo de material que possui características parecidas com as do músculo humano – o produto recebeu, inclusive, o nome de "músculo artificial".

O objeto consiste de nanotubos de carbono, substâncias microscópicas que formam uma fibra bastante resistente. Dentro dos espaços vazios que restam nessa fibra, os cientistas colocam algum material que tenha grande potencial de expansão sob alterações de temperatura – no caso, uma parafina.

Dessa forma, a fibra passa a responder a estímulos térmicos se expandindo ou se contraindo. Grosso modo, é a mesma coisa que a fibra muscular humana faz quando recebe os impulsos neurais – que são sinais elétricos. Por isso, o material é conhecido como "músculo artificial".

A pesquisa publicada pela revista "Science" desta quinta-feira (15) usou estímulos térmicos, mas, segundo os pesquisadores, isso pode ser feito também com estímulos elétricos, químicos ou apenas com a luz. Isso permitiria ao produto operar em condições extremas, desde temperaturas próximas dos -200º C até os 2.500º C.

Apesar do nome, a ideia não é usar o "músculo artificial" para substituir os músculos de verdade do corpo humano, pelo menos não por enquanto. Essas fibras podem ser usadas para substituir várias peças de automóveis e aviões, que seriam muito mais leves”, apontou Márcio Lima, pesquisador brasileiro que conduziu o estudo na Universidade do Texas, em Dallas, nos Estados Unidos.

Como suportam condições extremas, esses produtos podem ser aplicados em vários campos da robótica, inclusive em sondas espaciais, apontou o autor. Para o uso no corpo humano, no entanto, ainda seria necessário um longo trabalho de adaptação, e o mais indicado seria seu uso em próteses externas, com uma bateria.

Os criadores destacaram a leveza do material porque ele é capaz de suportar um peso até 100 mil vezes maior do que o seu próprio. Segundo os pesquisadores, o material é mais potente do que os motores a combustão.

"Mesmo antes de ter saído o paper [artigo científico], já tínhamos registrado a patente, porque o potencial é muito grande", destacou Mônica Jung de Andrade, brasileira que é colega de Márcio Lima em Dallas. O responsável pelo grupo é o americano Ray Baughman, da mesmo universidade.

Outros três pesquisadores brasileiros também participaram do trabalho: Douglas Galvão e Leonardo Machado, da Universidade Estadual de Campinas (SP) (Unicamp), e Alexandre Fonseca, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Bauru (SP).





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domingo, 18 de novembro de 2012

Saiba como a bicicleta revolucionou o sexo e a genética

Saiba como a bicicleta revolucionou o sexo e a genética



Bicicleta surgiu no século 19 (Foto: BBC)

Invenção foi crucial para evolução humana, diz geneticista britânico.

Que invenção pode ter sido mais revolucionária para o sexo do que a pílula anticoncepcional, a camisinha ou o Viagra? Para um dos geneticistas mais renomados da Grã-Bretanha, a resposta é clara: a bicicleta.
Stephen Jones, professor do University College de Londres (UCL), uma das mais respeitadas instituições de ensino e pesquisa do país, destaca que a invenção da bicicleta foi o evento mais importante dos últimos 100 mil anos da história da evolução humana.

Para Jones, em entrevista ao programa da BBC Science Club, a bicicleta "fez com que os homens não se limitassem mais a encontrar sua companheira sexual na porta ao lado, mas, sim, transportar-se a aldeias vizinhas e manter relações sexuais com uma mulher do povoado ao lado".

Transporte barato e eficiente
Embora a bicicleta tenha sido inventada no início do século 19, não foi até pouco mais de um século atrás que se converteu em um fenômeno de massa. Os primeiros modelos tinham rodas pesadas e pouco confiáveis, mas dois elementos transformaram a bicicleta em um dos milagres da tecnologia moderna: a corrente e as rodas com raios.

A roda com raios feitos de cabos de metal finos e esticados permitiu acelerar o funcionamento da bicicleta.
Antes da criação da corrente dentada, as rodas eram acionadas por meio de pedais acoplados, o que obrigava contar com uma roda frontal de enorme tamanho, que acabava sendo incômoda e instável.

A corrente, além das marchas, permitiu que, com apenas uma volta do pedal, a roda se movesse várias vezes e assim foi como nasceram, há um século, as bicicletas "seguras para damas". Dessa forma, essa maravilha da engenharia se converteu em um sistema de transporte barato, eficiente, e acessível a homens e mulheres de todas as classes sociais.

Mais 'paqueras' e menos piano
A imprensa da época na Grã-Bretanha reportou que a invenção mudou a forma de cortejo entre os jovens do final do século 19. Nos jornais britânicos daqueles dias, é possível encontrar notícias de que a bicicleta reduziu a frequência do comparecimento de pessoas à igreja, criou novas tendências de cortejo entre os jovens e até mesmo provocou uma diminuição no uso do piano.

Mas, além das transformações sociais, a ciência destaca que a contribuição mais importante da bicicleta se refletiu nos nossos genes. Stephen Stearns, professor de ecologia e biologia evolutiva da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, defende que a bicicleta ampliou em 48 quilômetros a distância de 'paquera' dos homens ingleses no final do século 19.

Ele diz que a invenção estimulou ainda a pavimentação das ruas, o que facilitou, mais tarde, a incorporação do automóvel ao mundo do transporte. Para os especialistas, deu-se assim o início a um processo de migração que dura até hoje.

Diversidade genética
Jones, do University College de Londres, ressalta que a distância entre o lugar de nascimento dos futuros cônjuges não parou de aumentar desde então.

O cientista pede aos leitores que se façam uma pergunta simples: Quão distante é a origem de seu marido/mulher em comparação com a dos seus pais?
"Se caminharmos por uma cidade como Londres hoje em dia, vemos uma variedade genética que não teríamos visto em outra época".

A bicicleta, segundo Jones, deu início assim a um caminho rumo à diversidade genética sem precedentes, algo que tem um papel primordial no desenvolvimento do nosso sistema imunológico -- o que teve repercussões futuras cruciais para a humanidade.

"A diversidade genética é a base da evolução, se não a tivéssemos, ainda seríamos muito parecidos com os primatas", concluiu.





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sábado, 17 de novembro de 2012

Cientistas encontram na África lanças de pedra feitas há 500 mil anos


Cientistas encontram na África lanças de pedra feitas há 500 mil anos


O estudo divulgou imagem de ao menos 13 pontas de lança encontradas em sítio arqueológico da África do Sul (Foto: Divulgação/Science)

Material teria sido elaborado por ancestral do homem moderno.
Descoberta foi publicada nesta sexta-feira na revista 'Science'.

Pontas de lança talhadas em pedra, encontradas em um sítio arqueológico da África do Sul datado de 500 mil anos atrás, sugerem que ancestrais do homem moderno já utilizavam as lanças para a caça.

Detalhes sobre essa descoberta foram publicados nesta sexta-feira (16) na revista "Science". O estudo foi realizado por cientistas da Universidade de Toronto, no Canadá. Segundo a investigação, pontas de pedra trabalhadas de maneira que pudessem ser ligadas à ponta de uma lança são comuns de ser encontradas em sítios arqueológicos que têm mais de 300 mil anos.

No entanto, os materiais em questão encontrados em 1979 durante escavação no sítio Kathu Pan 1, na África do Sul, estavam em uma área em que os vestígios ali encontrados foram feitos há 500 mil anos.

De acordo com os estudiosos, sabe-se que as lanças de pedra eram utilizadas durante o período do Homo heidelbergensis, último ancestral comum do homem moderno, o Homo sapiens, e de seu primo atualmente extinto, o homem de Neandertal. Evidências apontam que a espécie Homo heidelbergensis viveu entre 600 mil e 400 mil anos atrás.

Jayne Wilkins, do Departamento de Antropologia da Universidade de Toronto, disse que embora os Neandertais e o Homo sapiens também tenham utilizado pontas de lança feitas em pedra, a descoberta é o primeiro indício de que esta tecnologia remete a um período muito distante à época em que as duas espécies viveram.

Ainda segundo Wilkins, isso altera a compreensão sobre a adaptação dos mais antigos ancestrais do homem moderno. “A razão pela qual os arqueiros modernos equipam suas flechas com pontas finas de metal é que são muito mais devastadoras para as presas que uma simples madeira talhada. Os ancestrais dos homens parecem ter descoberto isso há muito mais tempo que achávamos”, explicou Benjamin Schoville, da Universidade do Arizona, dos Estados Unidos, co-autor do estudo.





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sábado, 17 de novembro de 2012

Site elege as 20 'mais gatas' em fotos tiradas no momento da prisão


Site elege as 20 'mais gatas' em fotos tiradas no momento da prisão



Fotos da galeria que elegeu as 'mais gatas' em fotos tiradas pela polícia (Foto: Reprodução)

Publicação de humor reuniu as melhores 'mugshots' de mulheres nos EUA.
Imagens mostram mulheres fotografadas após serem detidas.

Um site americano de humor e variedades elegeu as 20 mulheres mais bonitas em "mugshots", as fotos tiradas pela polícia dos Estados Unidos ao registrar a prisão das pessoas.

VEJA GALERIA COMPLETA:
http://thechive.com/2012/08/09/who-knew-mugshots-could-be-so-attractive-20-photos/

As fotos mostram belas mulheres descabeladas, em uniforme de presidiário e com o rosto sujo.





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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Geladeira acomoda TV, micro-ondas e pode custar até R$ 81 mil



Geladeira acomoda TV, micro-ondas e pode custar até R$ 81 mil


Com opções de personalização disponíveis, refrigerador pode custar ate R$ 81 mil (Foto:divulgação)

'Meneghini La Cambusa' é feita em madeira tem 500 opções de cores.
Compradores podem modificar aparelho com outros eletrodomésticos.

Uma loja britânica especializada em eletrodomésticos de alto padrão possui uma opção de geladeira para quem quer colocar praticamente toda a cozinha em um único aparelho, e também para aqueles dispostos a pagar, pelo menos, R$ 53 mil - isso sem contar a entrega, que fica por conta do comprador.

A “Meneghini La Cambusa" é fabricada na Itália, é feita em madeira e possui 2,2 m de altura e 2,5 de largura, podendo armazenar até 100 kg de alimentos dos mais diversos tipos. Entretanto, o que mais chama atenção são as diversas possibilidades de personalização do eletrodoméstico, que são feitas sob encomenda.

Uma das lojas que vendem a geladeira, chamada "Robey", lista na página do produto que os espaços internos da Meneghini podem acomodar aparelhos como cafeteira, micro-ondas, máquina de fazer gelo, fornos e até uma televisão, o que foi feito por alguns dos clientes. O modelo completo do refrigerador, que chega com todos os aparelhos inclusos, alcança R$ 81 mil.

Outro detalhe interessante é que o cliente pode escolher a cor que será pintada a geladeira, entre as mais de 500 tonalidades oferecidas pela empresa.

C=188.130





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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Novo chip pode levar a teste rápido de câncer e Alzheimer no futuro



Novo chip pode levar a teste rápido de câncer e Alzheimer no futuro


Microchip criado por cientistas japoneses para detectar RNA no sangue (Foto: Divulgação/Riken)

Cientistas japoneses criaram tecnologia portátil que detecta microRNA.
Concentração das moléculas aumenta no caso dessas doenças.

Cientistas japoneses criaram um pequeno dispositivo portátil que permite detectar a presença de moléculas de microRNA no sangue e em outros fluidos corporais rapidamente, com resultados em cerca de 20 minutos.

Segundo os pesquisadores do Instituto Riken de Ciência Avançada, responsáveis pelo invento, o sistema é um chip que não precisa de fonte externa de energia e que permite descobrir microRNA em volumes bem pequenos de amostras de sangue ou outros fluidos.

O estudo foi publicado nesta quarta-feira (7) no site do periódico "PLOS ONE". A invenção abre caminho para, no futuro, serem criados testes simples para detectar doenças como câncer e o Alzheimer ainda nos estágios iniciais, avaliam os cientistas.

O RNA, ou ácido ribonucleico, é uma molécula vital para os seres vivos por atuar na síntese de proteínas. Já o microRNA, segundo o estudo, é uma molécula pequena de RNA, com a função de regular a expressão dos genes em uma série de processos biológicos, como a divisão das células, sua diferenciação e sua morte.

A concentração de microRNA em fluídos corporais, como o sangue e a saliva, aumenta conforme progridem doenças como câncer e Alzheimer, afirma o estudo. Este é o efeito que os cientistas esperam detectar utilizando o dispositivo inventado.

Técnicas atuais para análise de microRNA precisam de dias para apresentar resultado e envolvem equipamentos que podem ser usados apenas por técnicos treinados, afirmam os pesquisadores.

Os cientistas esperam que o microchip, quando aperfeiçoado e com mais pesquisas, possa se tornar um novo método de diagnóstico de doenças e distúrbios em todo o mundo, principalmente em regiões mais pobres do planeta.





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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Cientistas acham lanças feitas com 'tecnologia avançada'



Cientistas acham lanças feitas com 'tecnologia avançada' pré-histórica



Lanças desenvolvidas com a 'tecnologia avançada' de 71 mil anos atrás (Foto: Benjamin Schoville/Divulgação)


Técnica que aumenta alcance das lanças foi desenvolvida há 71 mil anos.
Pesquisa também constatou que técnica era passada entre gerações.

Uma equipe internacional de cientistas encontrou na África do Sul vestígios de uma “tecnologia avançada”, desenvolvida 71 mil anos atrás, que teria revolucionado a produção de armas dos homens pré-históricos.
As lâminas de pedra eram tratadas no fogo de forma que ficavam mais finas e afiadas. Essas lâminas tinham também uma parte cega, que era presa a um pedaço de madeira ou de osso. Com isso, as lanças se tornavam projéteis, que podiam ser atirados com arcos ou propulsores – objetos longos que multiplicam a força do braço para o arremesso.

Com essa tecnologia, esses seres humanos passaram a caçar melhor, pois podiam atingir o animal de uma distância maior, sem correr riscos. Além disso, adquiriram uma vantagem sobre tribos rivais. Os autores acreditam, inclusive, que o domínio da tecnologia possa ter sido um fator importante para que a espécie prevalecesse sobre outros hominídeos, como o homem de Neandertal.

Pesquisas anteriores apontavam que a tecnologia teria surgido por volta de 60 mil anos atrás, mas que teria desaparecido nas gerações seguintes e sido reinventada mais recentemente. O atual estudo desmente essa hipótese, e mostra que a técnica foi repetida ao longo de milhares de anos, uma prova de que ela foi passada de pais para filhos.

Os resultados da pesquisa foram publicados pela versão online revista científica “Nature”. O trabalho foi liderado por Curtis Marean, da Universidade do Estado do Arizona, nos EUA, e teve a participação de especialistas da África do Sul, da Austrália e da Grécia.



Lâminas eram tratadas com fogo (Foto: Simen Oestmo/Divulgação)





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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

As cordiais acrobacias do Muriqui - Natureza



AS CORDIAIS ACROBACIAS DO MURIQUI - Natureza



O maior mamífero brasileiro, maior macaco do Continente, é um bicho ágil, sociável e de bom gênio. A ciência trata de conhecê-lo numa corrida contra o tempo: também ele pode desaparecer.

O dia amanhece. Começando a se debruçar sobre as montanhas, o sol acorda os pássaros da floresta cuidadosamente conservada da Fazenda Montes Claros, no município mineiro de Caratinga, 321 quilômetros a leste de Belo Horizonte. Aos gritos, eles disparam em busca da primeira refeição. Nos galhos mais altos das árvores, porém, outros bichos, abraçados, esperam preguiçosamente que a luz da manhã os aqueça, para só então cuidarem do desjejum vegetariano. De temperamento cordial, acrobáticos nos movimentos, eles são os muriquis, os maiores macacos das Américas e os maiores mamíferos nativos e exclusivos do Brasil. Por outros motivos também, formam uma população peculiar naquele ambiente. Para começar, tais representantes da espécie Brachyteles archnoides têm nomes próprios, quase todos em inglês, e isso se relaciona ao fato de estar em curso ali uma ambiciosa investigação científica a cargo de instituições brasileiras e americanas.
Black, Bruna e Brigitte, Cher, Cutlip e Clyde, Dian, Daniel e Diamond, Nilo, Nina e Nancy são alguns dos machos e fêmeas, adultos e jovens, cujas peripécias vêm sendo acompanhadas pela ciência tão de perto quanto permitem o habitat arbóreo, o zelo dos pesquisadores e os hábitos dos pesquisados. Graças ao dono da fazenda, Feliciano Abdalla, de 83 anos, que há mais de quarenta tomou a decisão de conservar nos 1 100 hectares da propriedade a Mata Atlântica e a integridade de seus habitantes, funciona ali desde 1976 um autêntico laboratório natural. Essa Estação Biológica, como dizem os cientistas, transformou-se no local que rendeu mais pesquisas com primatas do país.
Os primatas muriquis, às vezes chamados impropriamente monos-carvoeiros, o que costuma irritar os especialistas, fazem por merecer todas essas atenções. Em parte, por suas características, ainda mal conhecidas. Em parte, por não existirem em nenhum outro país. Mas, principalmente, porque - também eles - estão sob ameaça de extinção, dizimados pelos caçadores e pela destruição de seu magnífico território, o ecossistema único da Mata Atlântica, reduzida a menos de 10% do que devia ter sido quando aqui chegou o homem branco. Até onde é possível supor essas coisas com razoável precisão, viviam no Brasil de 400 anos atrás algo como 400 000 muriquis, designação dada pelos indígenas, querendo dizer "gente vagarosa".
Um esforço cuidadoso de recenseamento, em 1971, chegou a um total aproximado de 3 000 animais. No ano seguinte, outra contagem apurou cerca de 2 000. Os números mais recentes oscilam de 350 a não mais de 500 indivíduos, esparsos em áreas protegidas em Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo. Nos 890 hectares da Estação Biológica de Caratinga, pesquisadores brasileiros e do exterior tratam de acumular conhecimentos sobre esses macacos de 1 metro de altura e 20 quilos de peso. Os 84 muriquis da Fazenda Montes Claros dividem-se em dois grupos, Matão e Jaó, com aproximadamente o mesmo número de indivíduos. Os homens e mulheres que os estudam procedem de entidades nacionais, como a Universidade Federal de Minas Gerais e a Universidade de São Paulo, internacionais, como World Wildlife Fund, e americanas, como National Science Foundation e National Geographic Society. O primeiro pesquisador a descobrir os muriquis da Fazenda Montes Claros, em 1971, foi Álvaro Aguirre, já falecido, da Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza (FBCN), do Rio de Janeiro. Depois dele, biólogos e zoólogos freqüentaram sistematicamente o local ao longo da década e rodaram um filme, O lamento do muriqui que se tornaria um marco no esforço pelo conhecimento e pela preservação da espécie. Hoje pesquisam os muriquis o antropólogo Francisco Dyonísio e o casal de biólogos Adriana e José Rimoli, todos da USP.
Como seria de prever, muito tempo (e paciência) foi necessário até que os macacos se acostumassem com a presença desses humanos - os primeiros que não vinham para matá-los. Já nos contatos iniciais, os pesquisadores puderam perceber que os muriquis adotavam uma reação criativa ao que seria uma ameaça - o "comportamento de intimidação". Um macaco fica suspenso apenas pela cauda, de cabeça para baixo portanto; nessa posição, recolhe os membros e contrai os músculos da cauda para se elevar. Enquanto isso, outros membros do grupo se abraçam a fim de parecerem maiores e emitem ruídos intensos. Então, o muriqui suspenso estica rapidamente os braços e a cauda como se fosse se lançar sobre o homem. À distância de apenas 3 metros, é um susto e tanto para o observador. Hoje, habituados aos homens, a conduta dos muriquis chega a ser amigável. O espetáculo da intimidação saiu de cartaz por falta de agressores.
Foi a americana Karen Barbara Strier, bióloga da Universidade Harvard, quem teve a idéia de dar nomes aos muriquis, ao notar entre os quase quarenta membros do grupo estudado, o Matão, acentuadas diferenças - pigmentação do rosto, cor dos pêlos, temperamento -, que permitiam a identificação individual. Cutlip, por exemplo, é um macho de pelagem marrom-clara, sem pigmentação no nariz e com um corte (cut) no lábio (lip) inferior. De índole sossegada, aprecia ficar sentado nos galhos, o olhar distante. Irv, de pelagem escura que torna preto o seu rosto, por ser um dos mais velhos do grupo, recebe muitas atenções. A partir dos primeiros nomes, criou-se um código de letras para facilitar o desenho de árvores genealógicas: a inicial do nome dos filhos deveria ser sempre a mesma da mãe. Assim, Bruna e Brigite são filhas de Bess. Nilo e Nina descendem de Nancy. Cecília (homenagem à bióloga paulista Cecília Torres de Assumpção, falecida em 1987) vem de Cher.
Os muriquis se locomovem entre as árvores com extraordinária rapidez, erguendo sobre a cabeça os braços de 70 centímetros em movimentos pendulares. Os dedos igualmente longos permitem-lhes agarrar com firmeza mesmo os galhos mais distantes. Sua agilidade, comparável apenas à dos gibões da Ásia e dos macacos-aranha da Amazônia, faz deles os grandes acrobatas da floresta. Ao contrário dos símios africanos, asiáticos e europeus, porém, os muriquis (assim como os macacos-aranha) não têm o chamado polegar oponível, o quinto dedo que tanto ajuda a segurar e a manipular objetos. A ausência não é uma carência. mas uma adaptação à vida na copa das árvores. Para balançar-se de um galho a outro, dedos compridos funcionam como perfeitos ganchos; o polegar só iria atrapalhar o movimento.
Outra adaptação à vida na copa das árvores é a cauda preênsil de 1,20 metro, que funciona como um quinto membro na locomoção e na alimentação. Sem pêlos na face ventral, a pele ali se assemelha à da palma das suas mãos. Sensível assim ao tato, permite ao muriqui manipular objetos tão pequenos quanto uma ervilha e carregá-los durante o deslocamento. A poderosa musculatura da cauda sustenta tranqüilamente o corpo do animal pendurado.
Capaz de destinguir cores, ele identifica facilmente árvores frutíferas e folhas tenras, seus alimentos prediletos. Os olhos frontais proporcionam-lhe uma visão binocular, como a dos humanos, felinos e algumas aves de rapina. Isso possibilita avaliar com precisão a distancia dos objetos - um atributo essencial para quem vive pulando de galho em galho.
Mesmo assim, muriqui nenhum nasce sabendo saltar. As mães precisam ajudar os filhotes nas passagens mais difíceis, usando o próprio peso para aproximar os galhos de árvores diferentes ou quando a madeira for rija demais, formando com o corpo deitado, os braços e a cauda estendidos, uma ponte sobre a qual o júnior fará a travessia. Na sociedade muriqui, cuidar dos filhotes é tarefa exclusiva das mães. Nessa espécie, em que a expectativa de vida é de vinte anos, as fêmeas são férteis um mês por ano quando copulam indistintamente com vários machos. O acasalamento às vezes ocorre na presença de terceiros, sem que isso dê motivo a conflitos - algo infreqüente entre os primatas sociais. Depois de sete a oito meses, nasce o filhote (há casos de gêmeos). Durante os primeiros oito meses de vida o filhote se mantém preso ao ventre da mãe, perto das mamas. À medida que cresce, muda de posição, ficando, primeiro, agarrado lateralmente, depois nas costas, até perder definitivamente a carona materna. O desmame não ocorre antes de ano e meio, podendo dar-se aos 2 anos.
Nesse prolongado convívio com a mãe, o filhote aprende não só a saltar como também a emitir sons - um comportamento valioso à sobrevivência dos indivíduos e à coesão do grupo. Os pesquisadores da Estação Biológica de Caratinga descobriram que os muriquis produzem nada menos de 22 vocalizações distintas, cada uma com sua finalidade específica. Incluem-se aí o choro do filhote faminto, o trinado da fêmea no cio, o grito para assustar um eventual predador (como um quati atraído por um filhote que se soltou da mãe e caiu no chão). Quando o grupo se desloca, ao contrário do que ocorre com as espécies em que os machos formam um círculo protetor em volta das fêmeas e dos filhotes, o centro muriqui é masculino e a periferia, feminina.
Cena documentada pelos pesquisadores na Fazenda Montes Claros: diante de uma apetitosa árvore frutífera um enfrentamento entre o grupo Matão e o Jaó. Dois machos matões se abraçam, gritando, os olhos voltados ora para os machos jaós, ora para o parceiro. Na tentativa de impedir a aproximação dos adversários, outros cinco indivíduos se abraçam à dupla original, formando um cacho de sete machos adultos dependurados apenas pelas caudas. No entanto, o alarido da turma do Jaó, mais numerosa naquela circunstância, acaba prevalecendo e os matões desistem daquela fonte de alimento, retirando-se, como talvez fosse o caso de dizer, com o rabo entre as pernas. A importante moral da história é que a disputa foi resolvida literalmente no grito, sem combates físicos.
A escassa beligerância é uma das características mais interessantes dos muriquis. "Tão reduzida agressividade é muito incomum", comentou, admirada, a bióloga Karen Barbara Strier. Nisso eles se distinguem de outras espécies primatas, como o macaco-prego e o bugio, conhecidos pelo temperamento briguento. Dentro do grupo, mesmo quando um filhote provoca um adulto, quebrando um galho sobre sua cabeça, por exemplo, o máximo que pode acontecer é a vitima pôr o moleque a correr, mais para se livrar dele do que para castigá-lo. Tolerantes uns com os outros, dotados de grande capacidade de convívio, sua organização social é decididamente atípica, a ponto de os pesquisadores não terem conseguido identificar uma hierarquia rígida entre os indivíduos.
Embora os machos adultos - a elite muriqui - tenham mais direitos do que os jovens e, entre aqueles, os mais velhos sejam, digamos, mais iguais que os outros, não existe nada que lembre a figura do líder, o brutamontes que conquista no tapa ou na ameaça a prioridade na obtenção de comida ou no acesso a parceiras sexuais. O macho muriqui a quem o grupo concede o direito de ser o primeiro a alimentar-se não terá necessariamente a mesma primazia no acasalamento. A discriminação sexual, porém, é evidente: machos e fêmeas circulam em patotas separadas. Os grupos tampouco se misturam, embora a norma seja menos rígida quando se trata das fêmeas.
Normalmente quando chegam à idade reprodutiva, elas migram de uma turma para outra. Esse comportamento, observam os biólogos, é benéfico à espécie, pois amplia às possibilidades de adaptação às variações do meio, ao promover trocas genéticas entre os diferentes grupos e reduzir a ocorrência de problemas de consangüinidade.
Apesar desses ganhos adaptativos, o exercício da prerrogativa feminina de ir e vir não é isento de contratempos. Black que o diga. Fêmea nascida no grupo Matão, tendo se baseando para o Jaó, resolveu, para surpresa geral, tornar à casa antiga. Pois bem: durante bons cinco meses, a dita senhora foi alvo de desdém e hostilidade, permanecendo à margem da sociedade .Teimosa, ou talvez à falta de alternativas insistiu em readquirir a cidadania original. Aos poucos, as reações agressivas dos outros começaram a diminuir e, um belo dia, ela se viu novamente aceita, passando a ser procurada pelos machos tanto quanto qualquer outra dama nos períodos férteis.
Todos esses eventos da vida muriqui são diligentemente anotados pelos pesquisadores, cientes de que ainda têm muito a aprender.
O interesse não é apenas acadêmico: o conhecimento, no caso dessa população minguante, tem por objetivo "contribuir para a continuidade de sua existência", nas palavras do antropólogo paulista Francisco Dyonísio, o Dida, cuja tese de dourado trata justamente desses bichos. Ou, segundo a bióloga Adriana Rimoli, "a coleta de informações visa não só a preservar a espécie, mas também o ecossistema em que ela vive, pois são coisas integradas". Ela dá um exemplo prático do que isso pode significar: "Se um dia o local for ameaçado pela construção de uma hidrelétrica, digamos, será possível reintroduzir os muriquis em outro ambiente natural, em vez de simplesmente jogá-los num zoológico".

Um inabalável caso de amor

Há 46 anos, quando comprou a Fazenda Montes Claros, Feliciano Miguel Abdalla prometeu ao antigo dono não mexer nas matas nem nos animais que ali viviam. Era o que se podia esperar de alguém que desde pequeno tinha paixão pela terra e pelos bichos. No entanto, livrar-se dos caçadores que invadiam a região não era fácil. Certa vez, um empregado veio avisá-lo de que havia homens e cães caçando na mata. Indignado, Feliciano levantou-se, puxou as calças acima da cintura, num gesto decidido, e mandou expulsar à bala os invasores, com uma ordem expressa: "É para acertar os caçadores, não os cachorros". Pai de sete filhos, dos quais quatro mulheres, de dois casamentos, Feliciano, ou Ciano, como todos o chamam, é um homem afável, bem-humorado, bom de prosa. É também um dos fazendeiros mais ricos da região de Caratinga, no nordeste de Minas, onde nasceu: tem nada menos de doze fazendas, algumas de café e outras de gado leiteiro.
Filho de um dos muitos imigrantes libaneses que começaram a vida como mascates nos sertões das Gerais e terminaram prósperos comerciantes e fazendeiros, aos 14 anos Ciano escolheu trabalhar nas terras do pai -e nunca saiu do campo. Isso não o impediu de se tornar um homem informado, que gosta de ler e discutir sobre tudo, de política a religião. De hábitos simples, não há quem o convença a colocar luz elétrica na fazenda. Dorme pouco, acorda às 4 horas e, apesar dos 83 anos, só pára de trabalhar quando escurece. Não há um palmo da fazenda que não conheça nem um arbusto que não mereça o seu carinho. Rigoroso, não permite que se retire nem um galho sequer da mata - tão intenso o seu inabalável amor pela natureza.

A grande árvore dos primatas

Entre macacos, símios - e o próprio homem, seu aparentado -, o grupo dos primatas compreende cerca de 200 espécies, todas descendentes de um remotíssimo ancestral comum, o musaranho, pequeno mamífero comedor de insetos, do qual se originaram também seres tão diferentes entre si como os morcegos, as baleias e os tamanduás. Os primeiros primatas surgiram há uns 65 milhões de anos. Tinham hábitos noturnos, viviam tanto em árvores como no chão e se alimentavam de frutos e folhas. Por volta de 50 milhões de anos atrás, começaram a espalhar-se pelo mundo. No processo de competição por recursos vitais, acabaram varrendo do mapa outros primatas, os chamados prossímios, dos quais sobreviveram apenas os antepassados dos atuais lêmures em sossegado isolamento na ilha de Madagascar, a leste da África.
Como os símios vieram parar aqui é uma questão que divide os pesquisadores. Uma teoria sustenta que os macacos da América do Sul originaram-se de espécies africanas que atravessaram o Atlântico a bordo de jangadas - na verdade, grandes blocos de terra, recobertos de raízes, que se haviam desprendido das margens dos rios, levando consigo seus moradores. A distância relativamente pequena entre a África e a América há 40 milhões de anos torna essa hipótese plausível. Outra teoria afirma que a macacada sul-americana descende de prossímios da América do Norte que migraram por um istmo onde hoje é América Central; milhões de anos depois, quando a passagem deixou de existir, os tatataranetos daqueles viajantes, isolados, desenvolveram suas próprias linhagens e uma característica anatômica exclusiva - a cauda preênsil que funciona como um quinto membro.
Uma coisa é certa: todos os primatas sul-americanos têm um antepassado comum, tenha ele vindo por mar ou por terra. A prova está nas suas narinas achatadas e afastadas, com as aberturas orientadas lateralmente, motivo pelo qual se chamam platirrínios. Já seus primos do Velho Mundo, os catarrínios, como os gorilas, chimpanzés, babuínos e mandris, têm as narinas unidas, com as aberturas para baixo ou para a frente. Maior território da América do Sul, o Brasil é por excelência o país dos primatas, abrigando nada menos de 44 espécies, agrupadas pelos zoólogos em três famílias. Os cebídeos compreendem, entre outros, o muriqui, o bugio, o macaco-prego e o aranha, num total de 24 espécies; os calitriquídeos, como o mico-leão e o sagüi, são dezenove; calimiconídeo só existe um, o calimico-goeldi.





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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

O Mundo se Agita - Geofísica


O MUNDO SE AGITA - Geofísica



Terremotos, erupções vulcânicas, secas e inundações abalam periodicamente a Terra. Por que isso acontece? Onde entra o homem nesse processo? É possível prevenir as catástrofes?

Os cientistas ainda não têm uma explicação acabada para o que vem acontecendo. Mas há sinais evidentes de que algo está mudando na superfície terrestre. A temperatura média global, em 1989, foi de 14,2 graus Celsius, a mais alta desde que se começou a fazer medições confiáveis, há 130 anos. Os cinco anos mais quentes deste século foram registrados na década de 80 e, segundo a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOOA), dos Estados Unidos, houve um aumento de temperatura de 1,71 grau Celsius de 1900 até hoje. Apesar disso, a maioria dos climatologistas concorda que conclusões definitivas só poderão ser tiradas daqui a alguns anos, mas, de todo modo, é virtualmente cerco que essas variações têm a ver com a ação do homem.

O aquecimento do planeta, com efeito, parece estar diretamente relacionado ao efeito estufa, causado pelo aumento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera. Isso ocorre, como se sabe, principalmente por causa da queima maciça de combustíveis fósseis, os derivados de petróleo. Além disso, os gases emitidos pela indústria estão aumentando nas camadas altas da atmosfera, o que contribui para o acréscimo da temperatura. Se, como prevêem os estudos científicos, a concentração de dióxido de carbono na atmosfera crescer duas vezes e meia até o ano 2075 e a emissão dos gases afanosos continuar no ritmo atual, a temperatura terrestre poderá elevar-se entre 5 e 16 graus. Seria uma calamidade pior do que qualquer outra já experimentada pela espécie humana desde seu aparecimento na face da Terra. As secas, as ondas de calor e os furacões seriam mais freqüentes e intensos, talvez subvertendo radicalmente o clima do mundo.

Mas é preciso cautela com essas hipóteses, alerta o meteorologista Paulo Marques dos Santos, do Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo. Ressalva ele: "Ainda não foi possível manter o acompanhamento do que se passa com a atmosfera em todos os pontos ao redor do planeta ao mesmo tempo". E questiona: "Será que somente a quantidade de gás carbônico que o homem lança no ar teria realmente o poder de provocar tantas mudanças? Elas podem ser parte de algum ciclo climático ainda desconhecido". Todas essas circunstâncias só fazem aumentar o interesse pelas catástrofes naturais e o que elas podem ensinar sobre as forças inerentes ao planeta. Por isso a atenção se volta não apenas para as desgraças causadas por fenômenos climáticos- como secas, inundações, incêndios florestais -, mas também para aquelas que se relacionam com a dinâmica íntima da Terra: terremotos, erupções vulcânicas, erosões.

É preciso considerar ainda a relação que pode existir entre os fenômenos da natureza e os desastres que o homem desencadeia. "As perdas que se devem a catástrofes naturais estão crescendo como resultado do aumento da população e de sua concentração em áreas urbanas vulneráveis", aponta Frank Press, presidente da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos. "Durante os últimos vinte anos, esses desastres causaram quase 3 milhões de vítimas e afetaram 800 milhões de pessoas em todo o mundo", contabiliza. Não que a freqüência dessas catástrofes tenha aumentado nos últimos anos. "A ocorrência dos desastres naturais parece ser aproximadamente a mesma do passado", compara por sua vez o pesquisador Keillis-Berek, da Academia de Ciências da União Soviética. "O que acontece é que agora causam danos maiores por três motivos fundamentais: a explosão demográfica, a proliferação de grandes edificações e a desestabilização do solo nas metrópoles."

Essa situação alarmante levou a ONU a proclamar os anos 90 como a Década Internacional para a Redução dos Desastres Naturais. O apelo à cooperação internacional nessa área crítica pode produzir resultados concretos, eventualmente atenuando as conseqüências de um terremoto, por exemplo. Os terremotos, como se sabe, têm suas origens nos movimentos das placas tectônicas-imensos blocos de rocha rígida -que se deslocam sobre a astenosfera, a camada menos rígida do manto, que fica logo abaixo da superfície da Terra. "É muito difícil saber com precisão quando um sismo vai ocorrer", diz o professor Igor Pacca, do Instituto Astronômico e Geofísico da USP. "Um dos caminhos é observar continuamente os abalos que ocorrem em determinada região, fazendo o que se chama monitoramento sísmico, estando-se alerta a qualquer mudança na atividade desses abalos."

Em fevereiro de 1975, na região de Liaoning, China, a terra tremeu, mas causou um número reduzido de vítimas. Isso porque, além do acompanhamento científico, os chineses se valeram de um interessante recurso para se prevenir, observaram antes do abalo que os animais estavam completamente desorientados. O mesmo, porém, já não ocorreu no ano seguinte, quando, segundo dados oficiais, morreram 242 000 pessoas num terremoto em Tangshan, também na China.Na verdade, esse país, bem como o Japão, o Irã, o Afeganistão, as Filipinas, a Indonésia, a costa do Pacífico nas Américas, a Turquia e a Nova Zelândia são as principais zonas sujeitas a tremores de terra. As erupções vulcânicas têm a mesma origem dos terremotos: os movimentos das placas tetônicas. Os efeitos, naturalmente, variam. A erupção do Vulcão Kilauea no Havaí, em 1987, foi suave perto da destruição causada pelo Nevado del Ruiz, na Colômbia, em 1985, quando 23 000 pessoas morreram e a cidade de Armero foi varrida do mapa.

A razão principal da tragédia foi a mistura de lava, gelo e barro, que se transformou em verdadeiro, arrasando os lugares por onde passava. Um rio de lava pode alcançar velocidades de até 100 quilômetros por hora e percorrer centenas de quilômetros. Ele se forma quando a erupção do vulcão derrete a neve em volta da cratera. Tanto os terremotos quanto as erupções vulcânicas submarinas podem provocar os tsunamis-gigantescas ondas de até 50 metros de altura que se deslocam a cerca de 200 metros por segundo, o equivalente a 720 quilômetros por hora, mais depressa do que um avião a hélice.

A explosão do Krakatoa, na Indonésia, em 1883, levantou tsunamis que arrasaram as ilhas de Java e Sumatra e três centenas de aldeias e vilarejos.

Os furacões ou tufões também são devastadores: ventos com velocidades acima de 100 quilômetros horários se originam no mar, devido ao encontro de duas massas de ar com temperaturas diferentes. Gera-se então um ciclone, núcleo de baixa pressão, com fortes ventos que provocam vagalhões, muralhas de água com mais de 10 metros de altura. Estas, muitas vezes, chegam a alcançar a costa, espalhando destruição. A mesma queda de pressão capaz de elevar violentamente o nível das águas do mar pode formar em terra os tornados: ventos de até 500 quilômetros por hora, que arrancam árvores e casas. Dependendo do lugar onde aparecem, esses fenômenos recebem nomes diferentes: furacões, nos Estados Unidos, onde costumam ocorrer de julho a outubro; tufões, que surgem entre julho e outubro na China; ciclones, na Índia, de abril a junho e de setembro a dezembro; ciclones tropicais, entre dezembro e março nas Filipinas; willy-willies de dezembro a março na Austrália. O costume de pôr nomes nessas tempestades tropicais começou por volta de 1900, quando um meteorologista batizou os willy-willies com nomes de pessoas de quem não gostava. Desde a Segunda Guerra Mundial, os furacões passaram a receber nomes femininos, porque seriam tão imprevisíveis quanto as mulheres. O feminismo acabou com essa moda. Os dois últimos furacões que assolaram o Caribe foram chamados Gilberto e Hugo-e seus efeitos não foram tão imprevisíveis assim, graças à defecção proporcionada por satélites artificiais. Junto com os furacões, chegam as chuvas torrenciais e as inundações, agravadas às vezes, por alterações causadas pelo homem na superfície terrestre. Entre 1980 e 1985, as inundações afetaram quase 200 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, em 1983, dez dias de chuvas intensas causaram cheias que atingiram os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, deixando desabrigadas 400 000 pessoas.

Os deslizamentos de terra nas zonas montanhosas, provocados pelas chuvas, são especialmente numerosos e destrutivos nas áreas mais povoadas dos países do Terceiro Mundo, porque não se faz o planejamento do uso do solo. Em fevereiro de 1988, por exemplo, a cidade fluminense de Petrópolis ficou semidestruída pelos desabamentos ocorridos nos morros depois de chuvas intensas. Além da terra, do vento e da água, o fogo também pode se tornar um inimigo difícil de ser combatido. Os incêndios florestais de origem natural atuam como mecanismos de controle e de regulação das matas -algo muito diverso dos efeitos do fogo ateado pelo homem. No Brasil, as queimadas na Amazônia destinadas a incorporar à pecuária novas extensões de terra têm sido um escândalo internacional. Segundo dados recentes do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), o Pará é a maior vítima: já perdeu 11% de sua cobertura vegetal.

A capa vegetal do planeta, mais precisamente as selvas e florestas, tem importante missão a cumprir, regulando o regime de chuvas e o clima. Também mantém os solos compactos e firmes, favorecendo a circulação das águas e impedindo a erosão, grande inimiga desses ecossistemas. Com os incêndios, o equilíbrio se rompe, os solos se desnudam e ficam frágeis. Se essa situação se prolongar, o ambiente fresco e úmido da floresta se tornará aos poucos tórrido e seco. O Deserto do Saara foi há 70 milhões de anos uma exuberante floresta . A desertificação é um fenômeno complexo no qual influem alguns fatores como o clima e a atividade humana. Esse conjunto de interações provoca a drástica diminuição das chuvas durante prolongados períodos de tempo. A evaporação e a diminuição do fluxo das correntes de água acabam por transformar a região em deserto.

Sobretudo na África, as secas se intensificaram ao longo do século por causa do desmatamento. As instituições internacionais deram o alarme desde o início do processo, não só pelas conseqüências imediatas sobre o meio ambiente, mas também porque as secas propiciam o aparecimento de um dos desastres naturais mais temidos pelo homem: as pragas de insetos, sobretudo gafanhotos. Esses vorazes devoradores de vegetais sobrevivem em áreas distantes e semidesérticas, onde é muito difícil localizá-los e combatê-los. Dali, se lançam periodicamente ao ataque. Alguns enxames chegam a concentrar 100 milhões de indivíduos. Arrasam tudo: pastos e cultivos, flores, frutos e sementes, deixando atrás de si um rastro de desolação. A agricultura, o gado, a ecologia florestal demoram anos para se recuperar. A última invasão de gafanhotos no Norte da África, na primavera de 1988, formou uma nuvem que chegou a 35 quilômetros. Temeu-se que a praga pudesse alcançar o sul da Europa. Felizmente, esse exército devorador foi contido antes disso.

Os desastres naturais representam uma ameaça crescente para a população humana, que não cessa de crescer, e para os bens materiais que ela produz. No início do século, a Terra era habitada por 1,6 bilhão de pessoas. Hoje, esse número cresceu para 5,3 bilhões e prevê-se que, daqui a cinqüenta anos, a cifra se eleve a 12 bilhões. Se as forças naturais seguirem atuando no mesmo ritmo, o risco de perdas de vidas humanas pode duplicar. Essa é a principal motivação da campanha da ONU para reduzir os efeitos dos desastres naturais. O planejamento do futuro requer uma série de medidas que permitam identificar as zonas mais vulneráveis, organizar melhor o uso do solo, aperfeiçoar o fornecimento de serviços essenciais como água encanada, gás e eletricidade, fazer construções capazes de resistir ao desgaste de seus componentes. E, sobretudo educar as populações para torná-las aptas a se autoproteger e colaborar eficazmente nos trabalhos de salvamento e reconstrução.





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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Mergulho na Água - Ambiente


MERGULHO NA ÁGUA - Ambiente



Os cientistas estão empenhados em preservar o líquido mais extraordinário que se conhece. Para que ninguém sinta sede ou se sirva de uma bebida de má qualidade.

Não existe água para todo mundo, concluíram representantes de diversas nações em um encontro em 1980, na União Soviética. Por isso, a ONU resolveu instituir a Década do Abastecimento de Água, que se encerra este ano: cada país traçou um plano para resolver seus problemas no que diz respeito ao com toda a razão chamado precioso líquido, essencial à vida. Pode parecer estranho que esse tipo de iniciativa seja necessário neste corpo celeste que, há 29 anos, foi descrito pelo cosmonauta soviético Yuri Gagárin como o planeta azul - era, então, a primeira vez que o homem viajava ao espaço, para testemunhar a ironia de se chamar Terra a um globo colorido pelo 4/5 de superfície cobertos de água. Mas nada é tão claro quando se trata dessa substância que ainda perturba os químicos e desafia os geólogos. Afinal, embora aparentemente abundante, a água nem sempre está onde o ser humano precisa e, estando, nem sempre tem a qualidade necessária para matar a sua sede.

Calcula-se que nos últimos 100 anos a descarga de água dos rios nos mares diminuiu 6%. Em primeiro lugar, porque nunca na história da humanidade as populações cresceram tanto. Segundo, porque, além de ser seu inveterado bebedor, o homem do século XX gasta muita água nas indústrias, na higiene pessoal e em atividades prosaicas como cozinhar, regar o jardim, lavar o carro, dar banho no cachorro ou encher a piscina. Segundo a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES), em 1988 cada brasileiro consumiu em média 270 litros de água por dia, algo como duas banheiras transbordando. Cada americano, por sua vez, derrama cerca de 388 litros diariamente. Mas perto do colossal sistema de abastecimento proporcionado pela natureza, esse consumo todo parece representar apenas umas gotas a menos no oceano.

A rigor, a liquidez do planeta está garantida, pois a água vive no eterno jogo de evaporar, subindo para a atmosfera, e condensar, caindo na superfície para realimentar lençóis subterrâneos, rios, lagos, oceanos - é o ciclo hidrológico. "A falta de água, porém, é uma ameaça em algumas regiões castigadas pelo clima muito seco", adverte o geólogo Aldo Rebouças, que chefia na Universidade de São Paulo (USP) o Centro de Pesquisa da Água, o maior da América Latina. "Nos países do Norte da África, onde a precipitação anual fica em torno de 100 milímetros-aproximadamente dezesseis vezes menos do que no Brasil-, pode-se falar em crise", exemplifica. Felizmente, trata-se sempre de crises localizadas. A Terra inteira não corre perigo.

Há dois meses, o centro recebeu a visita de um grupo de técnicos líbios, encarregados do projeto de 1 bilhão de dólares do mais gigantesco sistema de abastecimento em construção. O chamado Al Kupah As Sarir (em árabe, "o rio criado pelo homem") merece o nome que tem: trezentos poços vão extrair 206 milhões de metros cúbicos de água por ano para servir à população e irrigar uma área equivalente a Porto Alegre, no Rio Grande do Sul; a fim de ser distribuída pelo país, na maior parte incrustado em um solo desértico, essa água irá percorrer 2 000 quilômetros, mais ou menos a distância entre São Paulo e Salvador, na Bahia.

Nos últimos dez anos, não faltaram sugestões para abastecer de água as áreas excessivamente esturricadas do planeta. Talvez o projeto mais arrojado seja o desenvolvido por cientistas americanos do Massachusets Institute of Technology (MIT), que pretendem transportar icebergs da região ártica até zonas pobres em chuvas. Derretidas, tais montanhas de gelo se transformariam em imensas poças de água fresca, pois a água do mar, ao congelar-se, libera todos os sais. "Os ambientalistas criticam a idéia", comenta Rebouças, da USP, "mas, por maior que seja um iceberg, em relação ao oceano é apenas uma gota, que não faria muita diferença." Ironicamente, a Década da Água corre o risco de naufragar em países que não necessitam de manobras mirabolantes para se abastecer, mas enfrentam o drama da contaminação de suas fontes, como é o caso do Brasil, dono do maior potencial de água doce da Terra.

"No sertão nordestino, famoso pela seca, cai tanta chuva quanto nos países da Europa", compara Rebouças, que há dezesseis anos defendeu uma tese na França sobre os problemas dessa região, cujo calor faz aumentar o que os cientistas chamam evapotranspiração-a água que cai, embora em doses satisfatórias, evapora-se ao encontrar o solo quente. "Estudo isso por trauma de infância", brinca esse cearense, nascido em Aracati. No restante do país, jorra água à vontade, mas a poluição aparece como um grave perigo. Nas regiões Norte e Centro-Oeste, acumulam-se os tóxicos metais pesados, como o mercúrio, usados no garimpo. Para cada 450 gramas de ouro extraídos dos rios da Amazônia, o dobro é despejado em mercúrio. Calcula-se que 100 toneladas anuais desse metal envenenam a Bacia Amazônica. Na Região Sul, a ameaça está especialmente nos produtos químicos presentes nos pesticidas usados na agricultura. Finalmente, no Sudeste, a grande concentração urbana aumenta o volume de esgoto despejado na água- problema, aliás, que aparece também em países avançados, como Canadá e Estados Unidos, que hoje trocam tecnologia entre si para salvar a região dos Grandes Lagos em sua fronteira.

Não é à toa a preocupação: embora metade do Hemisfério Norte seja constituída de água (no Hemisfério Sul, 90% do território estão submersos) e ainda que o ser humano só consiga consumir muito pouco desse volume, o líquido que pode ser efetivamente aproveitado vem de fontes raras. É como se toda a água do mundo passasse por um funil: existem 16 litros de água salgada para 1 único litro de água fresca, como os geólogos preferem designar o que os leigos conhecem por água doce; desta, 2,7 litros em cada 10 estão nas geleiras polares, que só agora os cientistas esboçam planos para aproveitar, como no caso do MIT americano. Resta ao homem, portanto, extrair água do subterrâneo, que esconde 7,2 de cada 10 litros disponíveis; ou, ainda, servir-se da água da superfície da atmosfera, escoando na forma de chuvas, que representam somente o volume de duas meras colheres de sopa para cada litro de água fresca da Terra.

Além disso, estima-se que o volume de água circulando em rios e lagos seja apenas 1/10 do volume presente na atmosfera, na forma de vapor. E, no final, praticamente a gota d´água: somente 1/5 do líquido à disposição na superfície é potável. Na verdade, a maior parte da água com potabilidade, pronta para matar a sede do homem, é subterrânea, porque o solo funciona feito uma barreira: como os lençóis aquáticos costumam ficar mais de 800 metros abaixo da superfície, os germes causadores de doenças não os alcançam por falta de oxigênio ou ainda-no caso dos microorganismos anaeróbicos, que não respiram-por falta de tempo para penetrar a terra, pois só vivem cerca de 100 dias.

A maior parte da hidrosfera-como se denomina o conjunto de águas da Terra-não serve para consumo porque é cheia de sais. Aliás, quase não existe água pura na natureza, para conseguir uma amostra 100% pura do líquido, seria necessário colher pingos de chuva logo abaixo de uma nuvem. Isso porque, mal começa a atravessar a atmosfera, a água dissolve gases e, depois, ao tocar o solo, passa a arrastar partículas. Assim, esculpe o relevo, no fenômeno da erosão, e leva toda sorte de sais para os rios, cuja correnteza por sua vez carrega mais minérios até desembocar no mar. Destino final de todos os rios, o mar vai acumulando sais, pois só a água evapora.

O oceano, porém, tem mais mistérios para os cientistas do que para os marinheiros: ainda se ignora por que ele não fica cada dia mais salgado, visto que está sempre recebendo minérios. A salinização ocorre apenas em pontos isolados, como o Mar Morto, entre Israel e Jordânia, por não existir escoamento para a água. Mas, em geral, inexplicavelmente, no mar encontram-se cerca de 30 gramas de sal por litro. Na realidade, somente onze elementos químicos compõem 99,9% dessa água que é considerada o mais complexo fluído de que se tem noticia. "A questão está no 0,1% restante, que pode conter todas as substâncias conhecidas", arrisca a química Walkyria Hunold Lara, do Instituto Oceanográfico da USP. "No mar é possível encontrar até ouro dissolvido, mas numa concentração que, com a tecnologia atual, é inviável extrair."

Walkyria gosta de comparar o mar, com seus diversos ingredientes, a um "gigantesco tanque de reações". Animada, ela é capaz de ficar horas revelando a intimidade dessa mistura salgada, que começou a ser analisada de modo científico apenas na primeira década deste século, embora os antigos gregos já proclamassem a variedade de seus componentes-além de considerar a água, junto com o ar, o fogo e a terra, a matéria-prima do Cosmo. Um dos exemplos preferidos da pesquisadora tornou-se muito falado por causa do efeito estufa: as moléculas de água, na superfície dos oceanos, seqüestram mais gás carbônico da atmosfera do que as florestas. "Aliás, o gás carbônico mantém o pH 8 (índice de acidez), que deixa a água básica, ideal à sobrevivência dos peixes marinhos."

É a capacidade da água se combinar com gases que torna possível a existência de seres aquáticos. "O oxigênio que os peixes consomem é retirado da atmosfera", esclarece o engenheiro ambiental Rubens Monteiro, que há vinte anos trabalha com controle de qualidade de água na Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), em São Paulo. As moléculas de água possuem dois átomos de hidrogênio e um único átomo de oxigênio, a sabidíssima fórmula H2O que todos aprendem na escola. O ar que se respira, por sua vez, são dois átomos de oxigênio-o que os livros de Química apontam como uma molécula de O2-, quantidade que a água não dispõe para oferecer aos seres vivos, mas pode retirar do ar. Nem sempre, contudo, o líquido consegue fazer isso com velocidade suficiente-eis um dos males da poluição.

Esclareça-se, a bem da verdade, que já existe tecnologia para tornar potável praticamente qualquer tipo de água, por mais poluída que seja. A necessidade de reciclar água contaminada, por sinal, parece estar delineada no futuro de todas as grandes cidades. O químico José Atilho Vanin, da USP, nota que muitas vezes a água é um reagente químico lento: pode-se esperar dias até que se complete uma reação de que o líquido faça parte. "Mas trata-se de uma substância extraordinária por vários motivos", ressalta. O primeiro deles, sem dúvida, é o formato da molécula, que para um leigo pode parecer um tanto simples: os átomos de hidrogênio presos ao oxigênio a exatos 105 graus, lembrando a cabeça de Mickey Mouse com suas orelhas.

Com essa arquitetura, cria-se o que os cientistas chamam dipolo, dois pólos eletrônicos separados. Ao redor do átomo de oxigênio, aglomeram-se partículas negativas; em torno dos átomos de hidrogênio concentra-se uma nuvem de partículas positivas. "Como se tivesse duas faces, a água acaba se combinando tanto com as substâncias que são atraídas por cargas elétricas positivas como por aquelas que são atraídas por cargas negativas", descreve o professor. "Por isso, ela pode dissolver qualquer um dos noventa elementos químicos naturais." A mais intrigante característica da água, no entanto, é ser capaz de flutuar quando no estado sólido, ou seja, em forma de gelo.

Isso contraria o clássico enunciado da Física segundo o qual o volume de uma substância gasosa, líquida ou sólida-diminui quando sua temperatura cai. Ao se retrair, a densidade aumenta; portanto, o sólido deveria sempre ser mais pesado do que o líquido. A água obedece a essa norma em quase todo o trajeto de queda de temperatura, mas um fenômeno estranho acontece quando ela chega a 4 graus Celsius: a partir daí, quanto mais esfria, mais a substância se expande, tornando-se mais leve. "Nessa temperatura, cada molécula de água-que no estado líquido nadava solta, tocando nas demais e até se sobrepondo a elas- vai se ligar a outras quatro moléculas, de modo organizado, desenhando uma espécie de tetraedro", descreve Vanin. "Assim, aparecem grandes espaços livres no interior dessas figuras geométricas, ocorrendo a dilatação."

Alguns pesquisadores acreditam que sem essa qualidade extraordinária não existiria vida no planeta. "Partindo da teoria de que os primeiros seres vivos surgiram no meio aquático, se o gelo não flutuasse, os períodos de glaciação teriam destruído ou solidificado aquelas formas de vida", raciocina Vanin. Faz sentido. A água do fundo do mar é mais fria e, ao congelar, sobe para a superfície. Assim, os seres vivos puderam sobreviver no fundo, onde havia liquido. Na forma líquida, por sinal, a substância participa de todas as reações químicas nos organismos. Por isso, numerosos cientistas dizem que é muito difícil existir vida, ao menos da forma como se conhece, em outros planetas. Embora o Cosmo seja rico em água, apenas em um estreito recanto do sistema solar as temperaturas permitem que ela se mantenha no estado líquido-e esse recanto, para sorte de seus inquilinos, é o planeta azulado talvez impropriamente chamado Terra.

Para saber mais:
Mundo deserto
(SUPER número 3, ano 4)


Sede de viver

Um dos pequenos grandes prazeres de todo ser humano é afogar a sede em um refrescante copo d´água. A ciência, porém, ainda não sabe o que gera essa satisfação única e imediata. "Provavelmente, quando a mucosa da boca é umedecida e o estômago se dilata com o líquido, receptores nervosos mandam sinais ao cérebro", suspeita a fisiologista Frida Zaladek Gil, da Escola Paulista de Medicina. "Mas devem existir outros disparadores da saciedade." No entanto, desde os anos 50 a ciência conhece o processo pelo qual a sede aparece, como um desejo urgente .
"Existe uma enorme quantidade de sódio dissolvido na água do organismo", explica Frida. "Ao se perder líquido-pela urina, pelo suor ou ainda na forma de vapor, pela respiração-aumenta a concentração desse mineral no sangue. O cérebro, ao notar o excesso de sódio, manda a glândula hipófise produzir hormônios que desencadeiam a sede." A água compõe 70% a 80% do organismo; nos recém-nascidos, essa proporção pode chegar a 90% por causa de seu metabolismo acelerado-afinal, todas as chamadas reações bioquímicas dependem desse fluído vital. "Por isso", informa a fisiologista, "se não renovar o seu estoque, o ser humano pode morrer de sede no prazo de dois dias."


Ciranda aquática

O conteúdo de um copo de água algum dia já flutuou pelos ares, formou nuvens, despencou como chuva, esteve no fundo da terra, navegou por rios, afundou nos mares, boiou na forma de iceberg. Ao longo de milhões de anos, pouco se perdeu do estoque original de água do planeta. A mesma água está sempre sendo bombeada no chamado ciclo hidrológico, iniciado quando o calor do Sol aquece a superfície dos continentes e dos oceanos, fazendo com que uma parte das moléculas de água evapore e suba ao céu. Além disso, ao transpirar, os seres vivos também contribuem para a reserva de vapor da atmosfera. Em determinado momento, esse vapor se condensa e volta à forma liquida transformado em chuva: cerca de 2/3 caem sobre o oceano, onde graças às correntes as moléculas de água passeiam entre a superfície e o fundo, numa viagem que pode durar 1000 anos; o restante, se não vai para os rios e lagos, infiltra-se na terra. No subterrâneo segundo o ciclo natural, o líquido fica de 200 a 10 000 anos, conforme a profundidade do lençol aquático, até borbulhar em alguma nascente ou mesmo jorrar em um fumegante gêiser, nesse instante, finalmente torna à superfície para, depois de certo tempo-alguns dias ou milhões de anos-, evaporar de novo.


A liquidez do mundo

Na Terra devem existir cerca de 12 872 000 quilômetros cúbicos de água fresca. Mas esse impressionante volume corresponde a apenas 1/16 da sua reserva hídrica. Todos os lagos, juntos, representam somente 0,01 % da água do planeta; a atmosfera não contém mais que 0,001% na forma de vapor; finalmente, os rios, somados, reúnem apenas 0,0001%.


Abrindo as torneiras

Hoje em dia, 58 brasileiros em cada 100 contam com abastecimento de água provido pelo Estado. No entanto, seis em cada dez sistemas não têm estações de tratamento, o que torna duvidosa a qualidade do líquido que oferecem. "Na estação de tratamento, ao menos, sempre que a água está contaminada, determinamos que se aumente a dose de cloro", conta a bióloga Maria Inês Zanoli Sato, encarregada do laboratório da Cetesb, onde foram testadas no ano passado 32 988 amostras da água consumida pelos paulistanos. O índice de contaminação foi de toleráveis 3%.
O cloro garante um efeito germicida desde o momento em que a água sai do reservatório até a torneira de casa. Pesquisas americanas, contudo, relacionam o seu uso com o aumento na incidência de certos tipos de câncer, como o de fígado. No século passado, antes da adição do cloro, a água era a maior fonte de contaminação de doenças graves como o tifo e a hepatite. Alguns países, entre os quais a França, experimentam outras maneiras de tratar a água, com a aplicação de gás ozônio, cujo efeito porém logo cessa. Por esse motivo, a ozonização, além de ser cara, não funcionaria no Brasil: a água, que sai limpa de uma estação de tratamento, pode ser contaminada nas caixas-d´água domésticas, cuja limpeza não é fiscalizada. Por isso, na maioria dos países europeus, a caixa-d´água é proibida -a água deve viajar diretamente da estação de tratamento para as torneiras. A tecnologia de tratamento, aliás, avançou nos últimos anos, a ponto de permitir a reutilização da água do esgoto, como vem sendo feito, por exemplo, em Israel e no Japão. "Hoje, não importa a água que entra numa estação de tratamento, mas a água que sai", esclarece o geólogo Uriel Duarte, da USP. Segundo Duarte, a médio prazo, grandes centros urbanos brasileiros terão de apelar para a reutilização. "Mas, com urgência, devemos cuidar da manutenção das redes de distribuição: se um cano fura e a água perde pressão, abre-se uma porta para a entrada dos germes", alerta. Em São Paulo, 30% da água que sai das estações de tratamento se perdem em vazamentos.

Um sólido incomum

Por que a água é diferente.

O gelo tem uma estrutura cristalina, as moléculas se combinam de maneira organizada, desenhando tetraedros. Cada átomo de hidrogênio se liga ao átomo de oxigênio de uma molécula vizinha criando uma distância entre elas. Isso provoca a expansão da substância, que assim se torna extraordinariamente menos densa no estado sólido. Quando o gelo derrete tais elos começam a se desfazer, embora mesmo na água líquida sobrem algumas pontes de hidrogênio, como as ligações são chamadas, tamanha a força de atração entre as moléculas





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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Camaleões, Mestres do Disfarce - Natureza



CAMALEÕES, MESTRES DO DISFARCE - Natureza



Inofensivos, apesar da aparência assustadora, fazem bem mais que mudar de cor: seu comportamento inteligente intriga a ciência.

Quando minha mulher mostrou a nosso vizinho a foto de um camaleão, dizendo que ele nos pertencia e havia escapado, o homem arregalou os olhos para aquela estranha criatura verde, de olhos saltados e três chifres, com garras pontudas e recurvadas para dentro, mas não pareceu reconhecê-lo. "Poderia procurá-lo na copa de seus arbustos?", implorou minha mulher. "Ele é muito lerdo e difícil de enxergar." O homem devolveu a foto, claramente convencido de que estava lidando com uma lunática. "Não se preocupe. Os camaleões não podem lhe fazer mal", disse ela. O homem, sem uma palavra, voltou-se, fechou a porta e trancou-a por dentro. Apesar da aparência assustadora de monstros pré-históricos, os verdadeiros camaleões deveriam inspirar riso e não medo - e sua conhecida habilidade de mudar de cor e aspecto é apenas uma de suas menores extravagâncias. Com um andar desengonçado e indolente, ridículas atitudes intimidadoras, globos oculares de rotação independentemente (como torretas de um bombardeio B-17), cauda preênsil (que adere e apanha coisas), dedos assimétricos, língua comprida e elástica, além de todo um arsenal grotesco de cristas, rugas e babados, o camaleão é um dos animais mais inofensivos ao homem. Enquanto quase todos os camaleões vivem na África ou em Madagascar, o camaleão comum, ou mediterrâneo, pode ser encontrado do norte da África ao sudeste da Espanha, passando pelo Oriente Médio e as ilhas do Mar Egeu.

Algumas subespécies ocorrem na Península Arábica, na Índia e em Sri Lanka. Outras habitam as selvas da bacia do Rio Congo, as ressecadas vastidões do Deserto da Namíbia e as sebes de arbustos em Nairóbi, no Quênia. Há as que sobrevivem às raras nevadas nas montanhas da África Equatorial. A maioria pertence ao gêneroChamaeleo, mas uma parte é enquadrada em outro gênero-ou em diversos, dependendo do especialista.

Os camaleões são em larga medida arborícolas e raramente descem à terra, a não ser para o acasalamento e para a postura de ovos. Quase todas as espécies passam a maior parte do dia imitando a tonalidade da casca das árvores ou as folhagens, um efeito ampliado pela forma achatada de seu corpo. Nos ramos, esperam o balanço provocado pelo vento para se deslocar, bamboleando-se de um lado para outro, como as folhas agitadas pela brisa, com a cauda estendida para se equilibrar. Utilizam-na também para se prender ao galho durante uma manobra ou na hora das refeições. Quando estão tranqüilos, costumam enrolar a cauda numa espiral bem apertada.

As patas têm os dedos alinhados em lados opostos, para maior estabilidade e firmeza, na forma de um V invertido. As patas dianteiras têm dois dedos para o lado de fora e três para o lado de dentro, enquanto as traseiras têm três dedos alinhados para fora e dois para dentro. Perturbados durante o sono, animais de algumas espécies caem ao chão por reflexo, talvez para evitar a captura por uma cobra ou lêmure. Aterrissam com a elegância de uma sacola de compras. Andam sobre a ponta das unhas, as patas estendidas. Se esse caminhar efetivamente mascara sua presença numa árvore, torna-os ridículos e visíveis em terra. São lentos: mesmo quando fogem em pânico, mal cobrem 6 metros em 1 minuto. Desprotegidos ou acuados, sua melhor defesa é assumir uma aparência ameaçadora, que adquirem ao inflar-se e expelir o ar com um som sibilante.

Nosso fugitivo era um macho da espécie Jackson, natural das florestas do Quênia e da Tanzânia. Pavoneando-se com um andar arrastado e solene, ornado com três chifres na carapaça da cabeça, assemelha-se a um tricerátops (um tipo de dinossauro) em miniatura. Nem todos os camaleões, porém, desenvolvem chifres. Alguns portam apenas os vestígios em forma de cotos, enquanto outros exibem até quatro bem desenvolvidos cornos, cuja função parece ser a de impressionar as fêmeas ou intimidar os rivais. Pouco mais de doze anos atrás, minha mulher e eu encontramos nossos primeiros camaleões, um casal da espécie Jackson, confinados num pequeno tanque de vidro numa loja de animais de estimação. Eles ficavam pelos cantos, arranhando o vidro com uma pata, girando os olhos. Pagamos a fiança e os tiramos dali.

Com o tempo, o número de nossos camaleões foi aumentando. Revelavam ao ar livre sua verdadeira personalidade. Já aos primemos raios de sol da manhã, arqueavam-se de lado para captar a luz, achatando o corpo e esticando a garganta para criar a maior superfície possível exposta. A face do corpo voltada para o sol tornava-se quase negra para absorver os raios, enquanto a outra face permanecia verde. Se um mero graveto interpunha-se entre a pele e o sol, a interferência era registrada na pele à sombra, que recuperava, naquele ponto, o verde original. Ao término de alguns minutos, aquecidos e recarregados, recobravam a cor normal e voltavam para a sua faina de caça aos insetos.

De tanto cuidar dos camaleões, acabei aprendendo quanto são vulneráveis essas criaturas de modos grotescos. Por mais que nos esforçássemos, não conseguíamos manter nossos Jacksons vivos além de dois anos. Alguns morriam em um mês ou dois de estresse. Na ausência de sol, desenvolvem raquitismo. Para sobreviver, necessitam de grandes variações de temperatura durante o dia. É essencial que tenham uma dieta variada. Atualmente, há uma razão até mais alarmante para desaconselhar a criação doméstica desses animais: a sua presença nas listas de espécies em perigo. "O maior problema é a destruição do habitat", diz o paleontólogo Richard Leakey, diretor do Departamento de Vida Selvagem do Quênia. "Muitos camaleões têm um habitat exclusivo. Quando destruímos um determinado habitat, podemos eliminar certas espécies. E a última coisa que iríamos querer seria encorajar o comércio de animais de estimação."

Durante os últimos quatro anos, o número de camaleões levados para os Estados Unidos triplicou, de cerca de 5 000 em 1985, para cerca de 15 000 em 1989. Algumas das espécies maiores são vendidas por 2 000 dólares a unidade. Os especialistas acreditam que as taxas de mortalidade dos camaleões são elevadas. Quando coletados no meio selvagem, são freqüentemente arrancados dos galhos; como eles se agarram firmemente, seus ossos se partem. É comum chegarem à loja de animais de estimação meio mortos de desnutrição e tão estressados, que são incapazes de resistir aos parasitas. Poucas semanas depois, morrem nas mãos de seus novos donos. Por isso, cada vez mais biólogos procuram estudar essas fascinantes e perturbadoras criaturas enquanto há tempo. Pesquisas em andamento cobrem tudo a respeito deles, dos hábitos à psicologia.

Jonathan Losos, da Universidade da Califórnia em Berkeley, e Al Bennett, da Universidade da Califórnia em Irvine, percorreram todo o Quênia. O propósito era estudar o modo como as diversas espécies se desenvolviam ou evoluíam em sua adaptação aos diferentes climas. Os biólogos coletaram camaleões de distintos habitats a variadas altitudes-capturaram-nos em parques de clima temperado em Nairóbi, nas encostas do Monte Quênia, onde as temperaturas podem chegar ao ponto de congelamento, e na região de cerrados, quente e árida, ao longo da fronteira com a Tanzânia. O trabalho apresentou alguns inconvenientes. "Eles nos mordiam o tempo todo", relata Losos. "Felizmente, era raro rasgarem nossa pele." Eles e seus colegas esperam elucidar a fisiologia da adaptação dos camaleões ao clima-um processo que se torna cada vez mais importante de entender, até em função do aumento da temperatura mundial.

Curiosa a respeito dos movimentos dos camaleões ao passarem de um galho a outro, a bióloga Jane Peterson, da Universidade da Califórnia do Sul, filmou e analisou as acrobacias em câmara lenta de seus animais. Concentrada na musculatura e na estrutura óssea dos lagartos, a pesquisadora focalizou-os em especial no ombro. Logo descobriu que alguns deles pareciam ter-se adaptado de maneira semelhante à dos primatas, com juntas rotatórias nos ombros para facilitar os movimentos. Flexíveis, as juntas permitem-lhes estender os membros anteriores em qualquer direção e vencer distâncias de até o dobro do comprimento do corpo. Ela considerou que esses movimentos lentos, metódicos, permitem ao camaleão mover-se discretamente entre as árvores sem chamar a atenção.

Os pesquisadores também se intrigaram diante da habilidade do camaleão em mudar de cor. O animal o faz de acordo com a intensidade de luz, seu estado de saúde ou emocional e temperatura-além do lugar onde se encontra. A teoria de que o camaleão não resiste a se tornar da cor do fundo não, tem base na realidade. Contrariamente ao mito, a maioria das mudanças de cor o torna mais visível. Junto com o aumento da luminosidade, o acasalamento e a defesa do território provocam as mais dramáticas transformações. Quando irados, nossos espécimes Jackson mudavam do verde-claro usual e uniforme para um pintalgado de preto em menos de 1 minuto e ofereciam uma configuração de diamante quando subiam nas cordas do teto. Um macho tornava os lábios amarelos para cortejar uma provável pretendente e outro saiu completamente negro de uma cirurgia. Quando o veterinário o pôs na mão de minha mulher, ele rapidamente tornou ao verde-claro.

Os camaleões possuem distintas camadas de pele, compostas de células especiais que contêm variados pigmentos. Logo abaixo da epiderme exterior fica uma camada com células nas cores verde e amarelo. Mais abaixo, vem a camada que contém as células das cores azul, branco, vermelho, laranja e violeta. A camada mais profunda contém os pigmentos marrom-escuros de melanina, a substância responsável pelo bronzeamento da pele humana. As células de melanina do camaleão têm numerosas ramificações, de modo que podem dispersar o pigmento escuro de seu centro para os "braços" externos, que penetram nas camadas superiores da pele. Estressado, o camaleão adquire uma| tonalidade escura porque, nesse estado emocional, a melanina vai para a superfície, bloqueando a camada de células brancas. Já as células de outras cores podem se expandir ou se contrair: se as células amarelas se alargam sobre as azuis, por exemplo, o animal adquire uma tonalidade verde, característica de quando está calmo.

Os camaleões vivem uma vida solitária. Os machos guardam seu território possessivamente. Qualquer intruso é recebido com extrema hostilidade. Na maioria das vezes, as batalhas territoriais consistem em exibições agressivas, sem contatos físicos. Quando dois rivais se confrontam, viram-se de lado, achatam o corpo, curvam a cauda e esticam o pescoço. Em seguida, inflam-se completamente e trocam de cores e desenhos, numa vibrante seqüência de intimidação. Finalmente, abrem a boca, expondo as cores contrastantes das membranas mucosas. Isso é muitas vezes acompanhado de uma coreografia de bamboleios laterais, entremeados de silvos sussurrados. Na maioria das espécies, tais movimentos e ruídos sinalizam o final do combate, quando um dos adversários normalmente concederá a vitória moral a outro e se afastará. Mas, em variedades maiores, ocorrerá o ataque físico, inflingindo-se danos reais que, às vezes, levam um dos oponentes à morte.

O olho do camaleão é uma maravilha ótica. Apenas a pupila desponta de uma protuberância de pele em formato de abóbada. Cada olho gira 180 graus e opera independentemente do outro. Ainda é um mistério como o cérebro tão pequeno dessas criaturas pode processar informações mutáveis e complexas relativas ao espaço. O camaleão pode localizar seus predadores sem mover a cabeça ou o corpo. Uma pesquisadora demonstrou como o camaleão depende da coordenação entre seus olhos e a língua. Ela equipou suas cobaias com óculos adaptados, distorcendo as imagens com lentes de aumento. Todos eles foram incapazes de capturar os insetos de sua escolha.

Quando o camaleão localiza um provável alimento, ambos os olhos convergem para o alvo, conferindo ao lagarto uma aparência ridiculamente vesga. Depois, ele balança um pouquinho para focalizar sua visão estereoscópica e confirmar a direção-um desvio de centímetros poderá ocasionar uma perda-e sua língua dispara como um raio. Ela pode se estender uma vez e meia o comprimento do corpo, com precisão absoluta e a tal velocidade que se torna invisível. Uma língua de 14 centímetros leva 1/16 de segundo para se estender inteira, o suficiente para capturar uma mosca em pleno vôo. A ponta da língua parece um bastão e é recoberta por uma saliva pegajosa; sua superfície abrasiva prende firmemente o alvo por aderência e então se enrola de volta com o alimento aprisionado. Vermes, lesmas e outras presas úmidas frustram o mecanismo, por não aderirem.

A natureza alcançou o maior aperfeiçoamento em matéria de camaleões em Madagascar, onde se concentram dois terços das espécies do mundo. Ali, acreditam os pesquisadores, devem ter existido os "protocamaleões", antes que a ilha se separasse do continente africano, no período Mesozóico. (Os mais antigos fósseis de camaleões datam do Mioceno, 10 milhões de anos depois.) Em Madagascar, os camaleões embarcaram em diversas viagens evolutivas. Os gêneros Oustalt e Parson podem ultrapassar 60 centímetros de comprimento, alvejando pequenos roedores a outros 60 centímetros de distância com a língua esticada. O camaleão pardalis muda de cores tão rapidamente, que um observador julgaria ter visto dois animais diferentes; o camaleão jóia lembra uma pintura abstrata.

Para algumas espécies de camaleões, a única esperança de sobrevivência talvez seja a criação em cativeiro. Sua propagação bem-sucedida poderia também reduzir a demanda de camaleões importados. Diversos zoológicos e pelo menos um criador têm desenvolvido programas de orientação em cativeiro. Os progressos têm sido lentos: os lagartos não se reproduzem bem nessa condição. A postura dos ovos é uma empresa arriscada e incerta, a que a fêmea se sujeita várias vezes ao ano. Ela desce da árvore e cava fundos buracos no solo; leva quase um dia preparando um espaço apropriado. Depois de pôr os ovos, em geral de trinta a cinqüenta, enche o buraco com terra e alisa a superfície ao redor com as patas. Toda essa atividade ocorre à luz do dia.

Meses mais tarde, os filhotes emergem, começando a caçar desde momento em que saem à superfície, todos os seus sistemas de ataque e defesa operando com eficiência total. Ainda assim, a mortalidade é elevada, pois os filhotes são devorados por aves, cobras e outros lagartos. Alguns camaleões do continente africano, como a espécie Jackson, desenvolveram um atalho reprodutivo, os filhotes nascem de parto. Nós observamos uma fêmea dar à luz a 38 bebês na haste de uma cortina. Os recém-nascidos, envolvidos por uma fina membrana, caíam ao carpete e saíam andando à procura de um lugar seguro. Levamo-lhes filhotes de grilos, que eles capturavam com a língua já na primeira tentativa. Ainda que não parecessem afetados pela queda, na floresta, a mãe os depositaria nos galhos, pressionando-os para que a membrana elástica e pegajosa aderisse.

A Califórnia é a capital do camaleão nos Estados Unidos, e San Diego é sua meca-temperaturas agradáveis e sol quase todos os dias permitem que sejam deixados ao ar livre, onde vicejam. Cheryl DeWitt uma criadora de camaleões altamente respeitada na região, tem conseguido marcantes sucessos no traiçoeiro terreno dessa exótica criação. Quando a visitamos em sua casa, mais de uma centena de répteis alinhavam-se por suas paredes em gaiolas de arame e tanques de vidro. Um camaleão egípcio equilibrava-se num viveiro de plantas para aquecer-se sob uma lâmpada. Gaiolas no terraço continham cada uma um camaleão encarapitado numa planta, tomando sol.

"Os camaleões são animais que cultivam hábitos", disse ela. "Os egípcios nos viveiros de plantas vão para o pé da escada às 10 da manhã e ficam esperando que eu os leve para fora. Mr. Rainbow, meu macho pardalis, desce da haste da cortina, onde costuma dormir para se admirar no espelho todas as manhãs." Quando visitamos Mr. Rainbow, ele estava engajado num combate com seu reflexo no espelho, globo ocular contra globo ocular diante de seu obstinado oponente. Mr. Rainbow (arco-íris em inglês) fazia jus ao nome. Durante o combate, exibiu um amarelo-vivo tingido de ferrugem, com listras verticais e verde-oliva e listras , horizontais que se moviam para cima e para baixo como água. Um vermelhão de raiva flamejava em sua garganta. Depois que DeWitt o transferiu para um arbusto ao sol, suas cores "acalmaram-se" para tons de verde.

Dando seqüência à demonstração, DeWitt apresentou um jovem Jackson na ponta do dedo, com chifres incipientes despontando na testa. "Alguns camaleões se adaptam à perda do habitat, mas a maioria não", comentou ela. "Se não aprendermos a criá-los em cativeiro, logo perderemos muitas variedades. Eu pretendo fazer minha parte." Enquanto várias espécies desses encantadores e bizarros lagartos estão com os dias contados, muitos dos seus mistérios podem continuar sem solução. "Mas a verdadeira tragédia", comenta o biólogo Jonathan Losos, "é que essas espécies podem desaparecer antes mesmo que tenhamos a chance de identificá-las-ou de compreendê-las."





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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Planeta dos Micróbios - Biologia


PLANETA DOS MICRÓBIOS - Biologia



Uma nova teoria está dando o que falar: bactérias, amebas e fungos, sempre tidos como seres inferiores, podem ser a força que molda a vida no mundo.

Muito tempo antes que a primeira planta ou o primeiro animal surgissem, durante um período de mais de 2 bilhões de anos, os únicos habitantes da Terra foram as bactérias. Não passavam de primitivas células - menos que microscópicas bolhas de gordura, 500 vezes menores que um grão de areia. Mas nesse ínfimo volume se reunia um número incrivelmente grande de substâncias diferentes. Protegidos do meio externo, mais de 1000 tipos de proteínas, ácidos e outras moléculas combinavam-se ordeiramente e permitiam à célula absorver alimentos, crescer e afinal dividir-se em duas, dando origem a um novo ser vivo. Multiplicavam-se rapidamente.
Uma única célula, no curso de uma única noite, podia formar uma família de 4,5 bilhões de indivíduos, quase toda a atual população humana. Assim, depois de algum tempo, as bactérias ocuparam todos os nichos do planeta, nas rochas, na água ou no ar. Formaram uma manta viva que se desdobrou em centenas de milhares de raças diferentes, aprendendo todos os truques químicos necessários à sobrevivência. Até hoje, de fato, não se inventou nada de novo nesse particular. Mesmo o organismo humano, embora incomparavelmente mais complexo, possui uma química semelhante à das bactérias. Esse foi o primeiro indício de que desempenhavam um papel fundamental no desenvolvimento dos outros seres. Agora, alguns cientistas vão mais longe: pensam que elas são a própria vida. "De todos os organismos da Terra, somente as bactérias são indivíduos", sustenta para espanto dos leigos e desconforto intelectual de muitos de seus pares, a microbiologista americana Lynn Margulis, da Universidade de Massachussets. Para ela, o resto -- nada menos que todas as plantas, animais e o próprio homem, sem exceção- são meras associações de antigas bactérias. Aos 51 anos, autora de sete livros, um dos quais há pouco editado em português, Microcosmos, escrito a quatro mãos com o biólogo Dorion Sagan, filho de seu casamento com o astrônomo e divulgador científico Carl Sagan, Margulis pode não estar inteiramente certa. Mas abala profundamente a velha idéia de que os micróbios são seres inferiores, superados por formas mais avançadas de vida.

Durante milênios o homem não se deu conta da importância dos microorganismos, ou sequer de que existiam. Com efeito, só puderam ser observados depois da invenção do microscópio, no início do século XVIII. E não foram recebidos com festa, pois em 1870 o biólogo francês Louis Pasteur (1822-1895) descobriu que eram a causa invisível da maior parte das doenças mais comuns. Temidos e pejorativamente chamados de germes, só agora começam a receber o respeito que merecem. Em parte, pelo impulso que podem dar à indústria moderna. Nada de surpreendente nisso: sem que tivessem consciência desse fato, desde a época dos faraós, há mais de 5 000 anos, as pessoas já empregavam bactérias e fungos para fazer pães, bebidas alcoólicas, queijos e iogurtes.

Neste século, o primeiro produto industrializado com a ajuda de fungos, na época da Primeira Guerra Mundial, foi o glicerol, um componente de explosivos. Na década seguinte, o inglês Alexander Fleming verificou que o fungo Penicillium notatum excretava toxinas contra as bactérias e podia ser cultivado em massa para a produção de remédios, os antibióticos, como viriam a ser denominados os medicamentos que mais vidas humanas salvaram. A meta atual é achar microorganismos cada vez mais eficientes, eventualmente escondidos em nichos inexplorados, como pântanos, picos gelados, leitos oceânicos, ou mesmo no organismo das plantas e animais superiores.

Ao lado disso, a seleção de estirpes e as mutações induzidas em laboratório contribuem para criar uma prolífica indústria de microoperários altamente capacitados. Alguns já estão em serviço, enquanto muitos outros começam a trabalhar em uma variada gama de funções. Aos poucos, porém, o lado prático das habilidades microbianas começou a dar lugar a um sentimento mais profundo. Está claro, atualmente, que a microvida não existe ao deus-dará, espalhada a esmo pelo mundo. Em cada local, edifica organizadas colônias que contêm não só centenas de cepas bacterianas, mas também muitos outros tipos de seres, como as algas, as amebas e os fungos. Estes últimos, em particular, surgiram na Terra muito depois das pequenas células bacterianas-há 1,5 bilhão de anos-e possuíam um novo tipo de célula, 1 000 vezes mais volumoso. Mas povoaram o planeta em íntima associação com as bactérias, até o aparecimento dos animais e das plantas, apenas 500 milhões de anos atrás.

Em escala mundial, os microorganismos criam uma formidável rede de comunicações químicas regulando toda a vida do planeta, o que fascina a cientista Lynn Margulis. "Estamos convencidos de que a comunidade das bactérias está presente em todos os lugares da Terra", dizem os microbiologistas canadenses Maurice Panisset e Sorin Sonea. Autores de um livro pioneiro sobre o assunto, A new Bacteriology, ainda não editado no Brasil, eles ensinam que as mais avançadas colônias se encontram nos solos cultivados. Um só grama de chão fervilha com a incessante atividade química de 1 bilhão a 10 bilhões de seres, o que significa que na restrita área de um quarteirão seu peso pode ultrapassar 3 toneladas. No solo brasileiro, foi possível selecionar nove gêneros de bactérias altamente eficientes na tarefa de degradar lixo. Os mais conhecidos são os Pseudomonas e Bacillus já empregados em instalações de tratamento de resíduos no Japão e nos Estados Unidos. Só o Bacillus, no Brasil, reúne 65 cepas diferentes, que digerem a maior parte dos compostos industriais. Deram conta, por exemplo, de nada menos de 167 compostos escolhidos por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Um número ainda mais impressionante é o das bactérias Rhizobium, capazes de captar nitrogênio diretamente do ar e repassá-lo gratuitamente às plantas. Importante nutriente dos vegetais, o nitrogênio geralmente tem de ser obtido na forma de caros adubos industriais. Em vista disso, se torna cada vez mais importante encontrar bactérias adubadoras, ressalta o engenheiro agrônomo Eli Sidney Lopes, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), em São Paulo. Ao longo dos anos, os pesquisadores do IAC colecionaram 800 estirpes de Rhizobium. "É um trabalho dinâmico, durante o qual as bactérias têm de ser testadas e selecionadas para atuar com eficiência em diversas variedades de plantas", conta Lopes. Também no interior dos outros organismos existem importantes microcolônias. O número de células bacterianas no corpo humano é dez vezes maior que o de células do próprio organismo. Estima-se que o homem possua 10 quatrilhões de células (o número 1 seguido de dezesseis zeros), junto às quais vivem 100 quatrilhões de bactérias (1 mais dezessete zeros).

Albergadas em maior ou menor proporção em todos os órgãos, com notória preferência pelo intestino, travam com as células hospedeiras significativas conversações em linguagem química. Mesmo as que causam doenças evocam antigas relações de vizinhança: para aderirem à membrana de uma célula e infestá-la, têm de ser reconhecidas e, ainda que a contragosto, aceitas. As bactérias capazes de desencadear moléstias letais não são exatamente um primor de inteligência. Afinal, ao matar seu anfitrião, assinam a própria sentença de morte.

Provavelmente por isso mesmo, as bactérias inofensivas são maioria, lembra o microbiologista Luís Rachid Trabulsi. Atualmente aposentado da Escola Paulista de Medicina, dirigindo uma pequena fábrica de reagentes médicos, Rachid obteve reconhecimento internacional por seus estudos sobre os milhares de cepas bacterianas intestinais, tendo seu nome sido homenageado numa delas, a Koserella trabulsii identificada cinco anos atrás nos Estados Unidos. Há indícios de que os microorganismos ajudam na digestão. Além disso, fabricam vitaminas que possivelmente são absorvidas pelo corpo humano.

A imensa disseminação das bactérias acabou forjando o próprio processo de evolução. Inicialmente diversas bactérias se associaram para gerar os novos microorganismos e estes, em seguida, se coligaram para moldar os seres superiores. A evidência mais marcante desse fenômeno são as mitocôndrias, pequenos órgãos responsáveis pela produção de energia, existentes dentro de todas as células avançadas, das algas ao homem. Embora essenciais à sobrevivência dos organismos nos quais habitam, as mitocôndrias, na verdade, Ihes são estrangeiras. Possuem os seus próprios genes, as moléculas que controlam o funcionamento das células e resguardam suas características hereditárias. Também têm uma membrana própria, parecida com a das bactérias.

A origem das mitocôndrias pode ser o resultado da maior transformação já ocorrida no ecossistema terrestre-a substituição do dióxido de carbono, o principal gás da atmosfera, pelo oxigênio. Foi uma catástrofe. Hoje, todos os organismos superiores, sem exceção, empregam o oxigênio para extrair energia vital, mas até 2 bilhões de anos atrás ele não existia. Apareceu e encheu o ar porque as bactérias, ao decompor a água, o expeliam como resíduo do seu metabolismo. O problema é que o oxigênio é extremamente reativo e tóxico para as células que não sabem usá-lo-inclusive as bactérias primitivas.

Essas só se salvaram porque surgiram estirpes mutantes com dupla personalidade: extraíam energia das reações químicas com metais, como de praxe, mas em certos casos podiam recorrer ao oxigênio, o próprio poluente que haviam criado. A microbiologista Lynn Margulis imagina que um desses seres esquizofrênicos, no passado remoto, invadiu uma bactéria incapaz de respirar oxigênio-e nunca mais saiu. Em troca de proteção e de alimento, transformava o oxigênio em providencial fonte de energia, na aliança mutuamente vantajosa para os sócios que os cientistas denominam simbiose. A vítima original, sugere Margulis, deve ter sido uma grande bactéria, semelhante à moderna Thermoplasma.

Vivendo em águas quentes e ácidas, ela só tolera o oxigênio em pequenas doses. Mas um dia pode ter sido abocanhada por outra bactéria-aparentada, por exemplo, com a moderna Bdellovibrio. Essa voraz predadora invade as vizinhas e as devora por dentro. Como sabe tirar energia do oxigênio, suas ancestrais podem ter se estabelecido no interior de uma ancestral da Thermoplasma. Outro sinal de que as simbioses moldaram a evolução dos seres vivos encontra-se na cauda dos espermatozóides. Nos micróbios assim como nos animais e nas plantas, grande número de células agita compridas caudas desse tipo para se locomover. Chamadas ondulipódios elas têm sempre a mesma estrutura molecular, não importa em que seres são encontradas. E não são usadas apenas como remos.

Todas as células superiores, no momento da reprodução, mudam sua forma interna com a ajuda de uma rede de fibras de estrutura idêntica à dos ondulipódios. Mesmo no cérebro, existem os axônios, longos braços com que as células nervosas se comunicam entre si. Margulis acredita que todos esses filamentos vieram de um mesmo organismo primitivo, cujo representante moderno seria a bactéria Treponema pallidum. Causadora da sífilis, ela pertence ao grupo dos espiroquetas, os mais rápidos microsseres conhecidos. Ainda hoje os espiroquetas retêm o hábito de aliar-se a outras células para Ihes dar mobilidade. Aparecem, de modo marcante, na ameba Mixotricha paradoxa, à qual aderem em legiões de meio milhão de indivíduos.

É uma situação curiosa, já que a própria Mixotricha é parte de outro ser, o cupim. Sem aquela, este morreria de fome-pois só se alimenta de madeira e não sabe degradá-la. Assim, a ameba se encarrega da digestão em troca de abrigo e de alimento no intestino do inseto. Naturalmente, as simbioses bem sucedidas devem ter sido raras na história da vida. Existem evidências, porém, de que os microorganismos estão o tempo todo empenhados em criar novos arranjos. Com muita sorte, o pesquisador Kwang Jeon, da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, acabou flagrando um deles em seu próprio laboratório. Isso ocorreu por puro acaso com uma colônia de amebas cujo desenvolvimento Jeon procurava acompanhar.

Infestada de bactérias, a colônia adoeceu; em conseqüência, as amebas tornaram-se hipersensíveis ao calor e ao frio, deixaram de se alimentar e se reproduziam muito raramente, a intervalos de até um mês, em vez dos dois dias de praxe. Mas nem todas morreram e as sobreviventes foram cuidadosamente selecionadas pelo pesquisador, intrigado com o desfecho do drama. Após cinco anos, as amebas aprenderam a conviver com as bactérias, em número de até 40 000 no interior de sua célula. O novo híbrido não só era saudável como também de tal forma solidário, que, quando as bactérias eram mortas, as amebas também morriam.

Depois das associações bacterianas, vieram as simbioses que conduziram aos animais e às plantas, dotados de inumeráveis células. É certo que diversas algas e fungos possuem mais de uma célula, mas a associação é frouxa: pode ser desfeita a qualquer momento sem prejuízo dos seus membros, que continuam a viver, solitários. Nas plantas e nos animais em vez disso, as células já não são organismos independentes: dividem entre si diversas tarefas vitais para formar um organismo maior. Abandonadas à própria sorte, deixam de viver. As plantas podem ter sido resultado de uma sólida associação das algas com os fungos.

Esses últimos vivem em grandes colônias nas raízes de quase todas as plantas que se conhecem, em que são essenciais. Captam nutrientes minerais do solo e garantem a refeição das suas hospedeiras. Os animais, por sua vez, teriam sido formados por grupos de amebas. O mais primitivo ser conhecido do reino animal, o Trichoplax, mal se diferencia desses seres unicelulares. É uma lesma quase transparente, visível a olho nu, às vezes encontrada nos aquário domésticos reunido um número relativamente pequeno de células. Embora muito parecidas com as da ameba, nem todas elas podem se reproduzir apenas algumas de especializaram nessa função dentro do novo organismo.

Mais que um detalhe, essa é a principal distinção entre o Trichoplax e as amebas individuais. Lynn Margulis e outros pesquisadores têm se esforçado para demonstrar que nada disso é mero acidente. Ela estima que, até hoje, 99,99% de todas as espécies que floresceram na Terra acabam extintas. Mas a manta planetária, com o seu exército celular, perdura há 3,5 bilhões de anos. Silenciosa e invisível, ela prossegue na troca constante de informações químicas e genéticas que moldam a vida e Ihe asseguram continuidade. Diante disso, não é difícil-embora pouco lisonjeiro, para quem se julga o rei da criação-imaginar que o homem e todos os outros animais sejam apenas um instante na prodigiosa aventura iniciada pelas bactérias.

Microoperários especializados

Muitos micróbios têm lugar de destaque nas atividades econômicas. Alguns exemplos:

Mineiros

Bactérias do gênero Thiobacillus absorvem e acumulam minérios em jazidas de baixo teor de cobre e de urânio, nos Estados Unidos. Para absorver 1 grama de minério são necessárias mais de 1 milhão de bactérias. O concentrado mineral é mais tarde extraído da massa viva de microorganismos.

Adubadores
Uma das coqueluches atuais. São bactérias que extraem nitrogênio do ar, se hospedam na raiz das plantas e lhes passam esse importante e caro nutriente. Existem ainda fungos que protegem as plantas de doenças ou extraem minerais do solo em seu benefício.

Produtores de alimentos

Estão entre os mais antigos e, ao mesmo tempo, os mais recentes amigos do homem. Fungos e bactérias transformados em laboratório aumentam a eficiência dos seus ancestrais que faziam pão, bebidas e queijo. Além disso, surgiram novos produtos, como proteínas, ração animal, aromatizantes, colorantes e outros aditivos alimentares.

Cirurgiões

Diversas bactérias são empregadas no transplante de genes de um organismo para outro. É útil, nesse trabalho, a habilidade natural dos micróbios em infestar células. A Agrobacterium tumefaciens, que causa câncer nas plantas, foi tornada inócua sem perder aquela propriedade.

Farmacêuticos

Já se conhecem mais de 5 000 antibióticos e a cada ano se descobrem outros 300. Cerca de 75% deles são produzidos por actinomicetes, um parente primitivo, unicelular, dos cogumelos. Produtos mais recentes obtidos com ajuda de microorganismos incluem vitaminas, insulina e hormônios.

Eletricistas

Na Inglaterra, uma estirpe da bactéria Escherichia coli foi utilizada para degradar o açúcar por meio de uma reação que libera elétrons. Produz-se, assim, uma corrente elétrica aproveitável. Um gerador experimental contendo 10 toneladas de micróbios, nutridos com 200 quilos de açúcar por hora, alcançou uma potência de 1 megawatt. Ousado, mas sai caro.

Lixeiros

Bactérias naturais ou selecionadas em laboratório são capazes de purificar a água, degradar centenas de resíduos industriais e domésticos.

Caixeiros-viajantes do sexo

As bactérias são tão peculiares, que podem ser agrupadas em um superreino à parte, em oposição aos outros seres vivos. Recebem o nome de procariotas, que significa células sem núcleo, onde os genes ficam mais ou menos dispersos. Não estão empacotados no centro da célula, como acontece com os eucariotas-todos os demais organismos. Além disso, a quantidade de genes é muito menor: de 1 000 a 5 000 nos procariotas e de 200 000 a 3 milhões nos eucariotas. A origem dessa disparidade é pouco conhecida, já que o arsenal de substâncias químicas fabricadas pelos dois tipos de células não é muito diferente e soma milhares de moléculas.

É verdade que o comportamento das células eucariotas é muito mais complicado. No seu interior, as substâncias fluem segundo uma ordem estrita. Guiadas por uma intricada rede de filamentos, viajam entre diversos órgãos internos, ou organelas, responsáveis pela produção de energia, pela confecção de proteínas e pela reprodução. Nada disso existe nas bactérias. Em compensação, elas têm muito mais facilidade para trocar genes entre si e, portanto, de alterar o seu organismo. Os seres ditos superiores têm de esperar o momento da reprodução para combinar os seus genes, mas as bactérias fazem isso o tempo todo-"como quem troca de camisa", compara a microbiologista Lynn Margulis.

Boa parte dos seus genes se divide em pequenas porções, chamadas réplicons, verdadeiros caixeiros-viajantes da sexualidade. Entram e saem sem cessar das células, com as quais trocam material genético. Vem daí a idéia de que as bactérias formam um único superorganismo mundial, unido pela rede de comunicação genética. O resultado mais conhecido desse fenômeno é a facilidade com que as bactérias se tornam resistentes aos antibióticos. Quando uma raça mutante adquire resistência, transfere os genes defensivos às vizinhas e deixa os médicos de cabelo branco.





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sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Ônibus espacial Endeavour começa a ser exibido



Ônibus espacial Endeavour começa a ser exibido em museu dos EUA

Veículo aposentado em 2011 ficará em centro de exposição de Los Angeles.
Estudantes, pais e professores se reuniram para ver cerimônia de abertura.

Milhares de pessoas compareceram na terça-feira (30) ao Centro de Ciências da Califórnia, em Los Angeles, nos EUA, para ver de perto o ônibus espacial Endeavour, aposentado no ano passado pela Nasa, junto com os outros veículos da frota.

Estudantes, pais e professores se reuniram com autoridades para assistir à cerimônia de abertura e conferir a exposição. Os participantes também receberam explicações sobre o Endeavour e as futuras missões da Nasa.



Convidados circulam pelo espaço onde ficará exibido o ônibus espacial Endeavour (Foto: Bill Ingalls/Nasa)


A inauguração faz parte de um esforço de seis dias chamado SpaceFest, que vai até este domingo (4). A Nasa planejou outras 30 exposições, atividades e manifestações educacionais em homenagem à Aeronáutica e ao passado, presente e futuro da exploração espacial.

Segundo o ex-astronauta e administrador associado da agência para educação, Leland Melvin, o lançamento dessa "nova missão" do Endeavour pode inspirar a próxima geração de exploradores.


Após cruzar os EUA, a nave deve ficar permanentemente nesse novo espaço.Astronautas da Nasa Danny Olivas (esq.), Garrett Reisman, Barbara Morgan e Leland Melvin cumprimentam as crianças que comparecem ao Centro de Ciências da Califórnia, em Los Angeles (Foto: Bill Ingalls/Nasa)

Os ônibus espaciais estiveram em atividade por 30 anos. Só o Endeavour completou 25 missões, que, entre outras tarefas, ajudaram a construir a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês). Ele substituiu o ônibus Challenger, que explodiu logo após o lançamento, em 28 de janeiro de 1986, e deixou sete astronautas mortos.

O Endeavour passou 299 dias em órbita e deu 4.671 voltas ao redor da Terra. Ao todo, percorreu 197.761.262 quilômetros.


Pneus usados no último voo do Endeavour são expostos separados do ônibus (Foto: Bill Ingalls/Nasa)

De acordo com o diretor do Centro de Pesquisa de Voos Dryden da Nasa, David McBride, a nova era da exploração espacial já está em andamento. Esta semana, a cápsula Dragon da empresa privada SpaceX partiu rumo à ISS em uma missão de abastecimento. Assim, a companhia se tornou a primeira dos EUA a ter sucesso nessa tarefa.

McBride destacou que, ao contar com a engenhosidade das empresas americanas para fazer transporte de rotina à ISS e outras viagens em órbita baixa, a Nasa pode se concentrar no desenvolvimento da cápsula tripulada Orion, que vai substituir a antiga geração de ônibus espaciais. Essa nova nave promete percorrer grandes distâncias, desde asteroides até Marte.



Dançarinos da Academia de Dança Debbie Allen fazem performance de 'Men in Black' (Foto: Bill Ingalls/Nasa)





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sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Obras assustadoras criadas para o Halloween


Obras assustadoras criadas para o Halloween

Artista Ray Vilafane esculpiu zumbi assustador em abóboras.
Em Londres, museu festejou a data com bolos em formatos bizarros.

Famoso por esculpir imagens em abóboras para o Halloween, (Dia das Bruxas), que foi comemorado nesta quarta-feira (31), o artista americano Ray Vilafane e sua equipe transformaram três das maiores abóboras dos EUA em um assustador zumbi.

Na Inglaterra, o museu de Patologia de Londres decidiu festejar a data com uma exposição com bolos no formato de órgãos doentes e membros do corpo machucados. Abaixo, reunimos algumas obras criadas para o Dia das Bruxas.



Artista Ray Vilafane, fundador de um estúdio de arte que leva seu sobrenome, reuniu sua equipe e transformou três das maiores abóboras dos EUA em um assustador zumbi, que arrasta outros mortos-vivos do chão por meio de um ramo. (Foto: Ray Vilafane/AP)



'Zumbi' arrasta outros mortos-vivos do chão usando um ramo. (Foto: Ray Vilafane/AP)



Esculturas criadas por Ray Villafane. (Foto: Barcroft/Getty Images)



Por conta do Halloween, o museu de Patologia de Londres, na Inglaterra, abriu suas portas para uma exposição com bolos no formato de órgãos doentes e membros do corpo machucados. (Foto: Ben Stansall/AFP)



Máscara do personagem 'Pinhead', da série 'Renascido do Inferno', que é vendida para a festa de Halloween. (Foto: AFP)



Abóbora personalizada criada por Villafane. (Foto: Caters)



Villafane é capaz de criar esculturas divertidas e assustadoras, além de expressivas e complexas - como esta dupla de abóboras, uma costurando a boca da outra. (Foto: Caters)





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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Pompéia Eletrônica- Informática


POMPÉIA ELETRÔNICA - Informática



A partir de ruínas, programas de computação reconstituem, rua por rua, casa por casa, a antiga cidade sepultada pelo Vesúvio.

O turista passeia pelas ruas luminosas da cidade italiana de Pompéia, 24 quilômetros ao sul de Nápoles. Quase sempre, encontra jardins bem cuidados, decorados com chafarizes. De repente, uma casa chama-lhe a atenção por suas colunas imponentes ou pelos afrescos multicoloridos. O desejo de entrar é irresistível e, sem hesitar, o viajante começa a perambular pelos cômodos repletos de utensílios antigos bem conservados e peças de inestimável valor artístico. Até há três meses, uma situação como essa só poderia acontecer na fantasia de um forasteiro imaginoso: afinal, ali só existem as ruínas da cidade destruída no dia 24 de agosto de 79 d.C. pela mais furiosa erupção do Vulcão Vesúvio. No entanto, o passeio foi real, ainda que se trate de uma realidade eletrônica.
De fato, vinte computadores interligados permitiram aos visitantes de uma recente exposição em Nova York conhecer a paisagem e a vida cotidiana do célebre lugar, antes da catástrofe. O evento, chamado Redescobrindo Pompéia, prova que, além de tudo que os homens já os mandam fazer, os computadores podem desempenhar o papel de túnel do tempo. Foi uma operação de truz. Durante dois anos, 22 técnicos em Informática e 120 arqueólogos trabalharam lado a lado no projeto Consortium Neapolis, patrocinado pelo Ministério da Cultura da Itália e por duas empresas - a Fiat e a IBM, que desenvolveu os computadores.
"A Informática ajuda a contar a história de Pompéia ao público, que assim passa a valorizar mais esse patrimônio", resumiu Ennio Presutti, presidente da IBM italiana, em entrevista a nos. "Ademais, todo o trabalho está agora à disposição dos arqueólogos". Nunca havia se compilado um número tão grande de informações sobre Pompéia, onde as primeiras escavações ocorreram 1748. Os cientistas alimentaram a memória dos computadores com mais de 300 000 dados. O primeiro passo foi analisar toda a área queimada pelo Vesúvio, que depositou 5 metros de cinza não apenas sobre Pompéia, mas também na cidade vizinha, a aristocrática Herculano, exumada pelos arqueólogos em 1719.

Em seguida, desenhou-se o mais completo mapa de Pompéia, a partir de fotografias, desenhos, anotações de cientistas e, obviamente, estudos sobre o assunto. Com o mapa devidamente traçado na tela do computador, os técnicos passaram então a se concentrar nas habitações: onde na vida real existe apenas uma parede quebrada, a máquina faz aparecer na tela um edifício em perfeito estado, resultado de complexos cálculos matemáticos, capazes de deduzir qual seria o projeto de arquitetura original. "A Informática se transformou em grande aliada para se entender o passado", reconhece o arqueólogo Norberto Luiz Guaranello da Universidade de São Paulo. Realmente, no mundo inteiro, cada dia mais arqueólogos trabalham em salas, repletas de computadores.

Para Guaranello, que há oito anos se dedica às escavações de Pompéia, nada melhor do que usar o computador para centralizar as descobertas dos cientistas. "O registro de qualquer observação feita em Pompéia, por mais simples que pareça, é fundamental", nota o arqueólogo. "A cidade está desprotegida a céu aberto: algo que pode ser visto hoje talvez não seja encontrado na mesma situação no dia seguinte." De qualquer modo, os visitantes da exposição nova-iorquina, ao atravessarem um longo corredor revestido de lava, lama e cinzas-simulando a camada que escondeu as ruínas por dezesseis séculos-, tinham a impressão de que o tempo parou nos primeiros anos da era cristã.

Na entrada, um computador programado por pesquisadores italianos do Grupo Nacional de Vulcanologia mostrava a evolução do Vesúvio, de hora em hora, nos dois dias que durou a tragédia. Em outro equipamento estava a planta da cidade, funcionando como uma espécie de guia: um simples toque em seu teclado era suficiente para localizar separadamente, por exemplo, as padarias, os palácios ou os templos. Ou, ainda, selecionar verdadeiras atrações conforme o estilo arquitetônico ou sua função. Conseguindo localizar os pontos de interesse no mapa, o visitante devia escolher por qual quarteirão gostaria de caminhar -na verdade, a decisão implicaria acionar computadores diferentes, um para cada região. Depois, bastava apontar na tela a rua desejada, um edifício e, até mesmo, no interior deste, um objeto qualquer.

Assim, ao entrar no templo conhecido como Casa dos Ritos Mágicos, podia-se ver sob todos os ângulos, como se estivesse sendo manipulada à vontade, uma mão de bronze. O computador é capaz de se comportar como um bom cicerone, fornecendo informações extras: aquela mão, por exemplo, costumava ser usada em cultos típicos da Ásia Menor, cuja influência religiosa sobre os habitantes de Pompéia era notável. Da mesma maneira, o computador informa quais os alimentos preferidos pelos antigos romanos ao apresentar a imagem de um vasilhame ou de uma magnífica peça de bronze, sempre presente nas mesas dos banquetes para conservar o calor da comida.

Os cientistas reuniram 200 objetos, escavados recentemente; ao computador coube a tarefa de colar cacos, projetar os pedaços ausentes, pintar as áreas descascadas ou descoloridas pelo tempo. O trabalho se estendeu às pinturas e afrescos, o que pôde ser notado nas famosas termas estabianas, onde os antigos habitantes aproveitavam os momentos de lazer, e no chafariz decorado com mosaicos-foi, aliás, a primeira vez que se viu um dos chafarizes de Pompéia, que, por isso mesmo, mereceu um lugar de honra, na saída da exposição. Os computadores conseguiram mesmo tornar legíveis papiros carbonizados. Programados para detectar a menor diferença no tom de uma imagem, destacaram os riscos de tinta escondidos sob a cor do carvão.

Esse tipo de programa, na verdade tem como principal objetivo ajudar a tarefa dos restauradores. A equipe italiana reconstruiu, por exemplo, um quarto com paredes revestidas por afrescos. "Uma espécie de palheta eletrônica com 64 000 tonalidades permitiu que testássemos no vídeo diversos tons de pigmento para cobrir as partes destruídas e completar o desenho", conta o arqueólogo Baldassare Conticelli, atual supervisor das ruínas de Pompéia. A restauração fica perfeita, pois o equipamento descobre qual era exatamente a tonalidade original. Isso, porém, não é o mais importante, lembra Conticelli: "Antes da Informática, os restauradores testavam os materiais diretamente em peças delicadas, que muitas vezes não suportavam as sessões de experimentação".

Expedições ao computador

A Informática e a Arqueologia ensaiaram os primeiros passos em sincronia ainda no final da década de 70, em centros de pesquisa europeus dedicados à Pré-História. Mas a idéia, na época, era usar o computador apenas como um tremendo arquivo, para guardar os relatos das expedições arqueológicas. Dez anos mais tarde, contudo, estava claro que nenhum cientista era capaz de relacionar dados, fazer cálculos e criar mapas tão depressa quanto a máquina. Os computadores, por exemplo, têm sido usados sistematicamente para orientar escavações na Garganta de Olduvai, no oeste da Tanzânia, África, onde foram achados restos dos mais antigos ancestrais da espécie humana.

O grande salto, no entanto, foi o avanço dos chamados computadores gráficos, capazes de desenhar plantas de cidades desaparecidas como Pompéia e até de projetar a restauração de ruínas. Atualmente, o recurso é aproveitado por cientistas da Universidade de Paris que trabalham com ruínas de pirâmides em Saara, no Egito. Eles pretendem recuperar a Cidade dos Mortos dos antigos egípcios com a tecnologia de Informática criada para realizar modernos projetos de urbanização-uma aventura que nem mesmo o cineasta americano Steven Spielberg ousou imaginar para seu arqueólogo Indiana Jones.

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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Árvores da Vida - Botânica


ÁRVORES DA VIDA - Botânica



Em geral, enxerga-se a floresta, raramente as árvores que a compõem. Mas alguns belos e históricos exemplares que sobrevivem em vários países, remanescentes de tempos mais felizes, mostram que elas também têm identidade.

A vida sem elas é impossível, um dia sem vê-las é assustador. Dão sombra, ar fresco e beleza a qualquer paisagem. Nada representa melhor a natureza que essas majestosas soberanas do reino vegetal-as árvores. De fato, assim como o homem é o organismo mais complexo e evoluído do reino animal, as árvores simbolizam o máximo da evolução vegetal. Se não podem andar como os animais, em compensação podem fabricar o próprio alimento. É o conhecido processo da fotossíntese, pelo qual transformam energia solar, gás carbônico e água em substancias nutritivas e oxigênio. Graças a essa capacidade, as plantas não dependem dos animais para sobreviver. Na verdade, são a fonte básica da cadeia alimentar dos seres vivos. Foi o surgimento dos vegetais, sintetizadores de oxigênio, que tornou possível a vida animal.

Mas, se as árvores são responsáveis pela preservação do homem, este nem sempre se preocupa em cuidar de suas protetoras. Raízes, troncos, folhas, flores e frutos têm sido indistintamente transformados em alimento, madeira, papel e medicamentos. Nesse processo, esqueceu- se o valor da árvore viva, que só começou a ser resgatado nos anos recentes, com a eclosão dos movimentos em defesa da natureza. No entanto, por motivos variados, certos exemplares conquistaram a simpatia humana e mereceram uma atenção que, em geral, não é dada a florestas inteiras. Por exemplo, o grande cipreste mexicano da aldeia de Tula, com 42 metros de diâmetro, ou a velha figueira de 22 metros de altura da Rua Haddock Lobo, no Jardim América, em São Paulo. "Essa atitude é prova de que o homem não é só destruidor", opina o engenheiro agrônomo Antonio Luiz Gonçalves, do Instituto de Botânica de São Paulo. "É também o único animal que preserva a vida dos mais fracos."

Tal esforço, porém, nem sempre é bem-visto por alguns pesquisadores. Eles argumentam que esse tipo de preservação tem muito pouco valor em termos científicos, pois os exemplares, na maioria das vezes, são figuras decadentes que representam mal a forma da espécie. As variedades de árvores que hoje vivem e se multiplicam no planeta são as que conseguiram sobreviver às sucessivas mudanças das condições naturais ao longo dos quase 400 milhões de anos transcorridos desde o aparecimento dessas formas vegetais de vida. "A natureza é uma fotografia do momento e as árvores preservadas servem como documento histórico de milhões de anos de evolução", justifica Gonçalves. A primeira grande alteração climática a devastar as primitivas florestas ocorreu há cerca de 300 milhões de anos, quando a temperatura da Terra caiu e o ar ressecou, transformando ricas vegetações nos atuais depósitos de carvão mineral. Nessa época, os vegetais se reproduziam exclusivamente por esporos (células reprodutivas), constituindo o antigo embrião das árvores-os chamados fetos arbóreos do grupo das pteridófitas, que se tornaram o protótipo das árvores. "São as samambaias arbóreas, um primeiro ensaio tão bem-sucedido que permanece até nossos dias", explica o engenheiro agrônomo. Depois, há 200 milhões de anos, surgiram as gimnospermas, capazes de se reproduzir por meio de sementes. Nesse grupo estão as araucárias, os pinheiros e os ciprestes, entre outros. Árvores floridas, com sementes dentro de frutos, vieram a formar, há menos de 100 milhões de anos, o terceiro e último grupo, o das angiospermas, que constituem a maior parte das árvores existentes.

As angiospermas se dividem em duas classes: as mais complexas são as monocotiledôneas, que incluem palmeiras, bananeiras, bambus e dracenas; e as dicotiledôneas, mais numerosas, que incluem carvalhos, ipês e jequitibás. Todas essas classificações podem parecer simples passatempos de botânicos excêntricos pois, afinal não é difícil reconhecer uma árvore quando se está diante de uma. Entretanto, estudos mais profundos demonstram que a estrutura anatômica de certas árvores não se diferencia muito de alguns arbustos, trepadeiras ou ervas. Assim, a partir do estudo das relações evolutivas e genéticas, o conceito de árvore passou a se associar a uma planta que renova seu crescimento a cada ano, sustenta-se com um caule simples recoberto por tecidos mortos, ditos suberificados e, na maioria das espécies, produz ramos secundários, mais conhecidos como galhos. Para crescer, as pontas dos galhos e das raízes possuem os chamados tecidos meristemáticos, compostos por células que se dividem.

O crescimento na largura é causado por outros meristemas entre a madeira e a casca. Em coníferas (árvores em forma de cone) e dicotiledôneas é fácil observar os anéis concêntricos do caule, que indicam suas idades. Desse modo, as raízes se estendem menos ou mais profundamente pelo solo, captando água e nutrientes (a seiva bruta) e por efeito, evitando a erosão. O tronco e os galhos funcionam como vasos sangüíneos, levando a seiva do solo às folhas, as quais agem como uma espécie de célula solar, que capta a luz do sol para a fotossíntese. O processo pelo qual a seiva sobe até as folhas, sem contar com uma bomba eficiente como o coração dos animais, é uma das proezas evolutivas desses vegetais. Devido à propriedade que as moléculas de água têm de ficar fortemente unidas, elas formam uma grande corrente até o topo da árvore. Assim, à medida que uma molécula evapora na superfície da folha, outra é empurrada para o seu lugar. A grande maioria das espécies de árvores faz parte da vegetação de lugares com índices de chuva ao redor de 700 milímetros por ano. Algumas espécies, como os juazeiros do Nordeste brasileiro, estão adaptadas a climas semidesérticos, mas é nas regiões tropicais, com grande quantidade de chuva, que elas aparecem em grande variedade e abundância. "Com o calor, as reações químicas se aceleram, o que permitiu o surgimento de plantas mais evoluídas, no caso as monocotiledôneas", ensina o engenheiro agrônomo Gonçalves.

Por essa razão, o Brasil apresenta uma das floras mais ricas do mundo, com muitas árvores belas e valiosas. Perobas, cerejeiras, mognos, imbúias, cedros e jacarandás, entre outras, são alguns exemplos de árvores com madeira de boa qualidade para uso nobre, isto é, para a fabricação de móveis finos. "Não admira sermos o único país do mundo com nome de árvore", lembra ele. De fato, os colonizadores portugueses chamaram sua colônia de Brasil em referência à estranha árvore de miolo cor de brasa (daí o nome pau-brasil) encontrada por aqui. Já os indígenas a denominavam Pindorama que, no idioma tupi, quer dizer "terra das palmeiras", plantas que embora pertençam a outro grupo botânico, têm o porte de árvore.

A presença das árvores na cultura dos vários povos é sinal de reverência a esses impressionantes vegetais. Não há livro sagrado que não se refira a um símbolo inspirado nelas. Da árvore genealógica hebraica, à qual pertence Jesus Cristo, até as folhas de palmeira e oliveira que celebraram a passagem do Messias por Jerusalém, a Bíblia está cheia delas. Antes, os gregos já cultuavam em sua mitologia as figuras dos sátiros e das ninfas, os espíritos das árvores. Os antigos sacerdotes druidas (no velho idioma céltico, "aqueles que conhecem o segredo do carvalho"), que habitaram a região da Inglaterra há 23 séculos, também cultuavam a floresta, oferecendo-lhe sacrifícios humanos. Não é preciso ser tão radical hoje em dia para defender a natureza, mas seria o caso de pelo menos aprender com os druidas que a boa árvore é a árvore viva.





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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Eficiência em duas rodas - Tecnologia


EFICIÊNCIA EM DUAS RODAS - Tecnologia



Graças à moderna indústria, a bicicleta é cada vez mais leve, resistente e veloz. Uma brilhante vitória para a máquina que melhor uso faz da energia humana.

Depois de pedalar 90 horas, 43 minutos e 20 segundos, o americano Gregory LeMond venceu este ano, pela terceira vez, o Tour de France, uma das maiores provas ciclísticas do gênero. Realizada há 86 anos no mês de julho, a competição costuma reunir cerca de duas centenas de esportistas de todo o mundo para percorrer 3 420 quilômetros divididos em 23 etapas, das planícies aos íngremes Alpes franceses. Ganha quem tiver o menor tempo acumulado na soma de todas as fases. Para LeMond, foi uma questão realmente pessoal. No ano passado, sua vitória apenas 8 segundos à frente do favorito, o francês Laurent Fignon, estabeleceu um recorde às avessas: foi a menor diferença de tempo entre os dois primeiros classificados registrada nessa modalidade de corrida. Na verdade, a pequena vantagem deixou margem a que os especialistas do ciclismo atribuíssem o êxito do americano não a seu esforço individual, mas à utilização de um novo aparato, destinado a aumentar a aerodinâmica de sua bicicleta.
Trata-se de uma extensão em forma de U, presa ao guidão, a qual permite ao ciclista apoiar o cotovelo sem sair da posição que proporciona o melhor rendimento das pedaladas. A uma velocidade de 40 quilômetros por hora, LeMond foi ganhando de seu adversário francês até 2 segundos por quilômetro rodado - um desempenho tão notável que levou o derrotado Fignon a adotar o dispositivo em outras provas. Em pé de igualdade este ano, os ciclistas repetiram o duelo e o americano pôde comprovar sua superioridade sem nenhuma margem de dúvida: foram longos 2 minutos e 16 segundos de vantagem sobre o segundo colocado, desta vez o italiano Claudio Chiapucci. Com sua nova vitória na clássica prova, LeMond demonstrou como somar homem e tecnologia - uma combinação que por sinal deve caracterizar a maioria dos esportes no próximo século. Como bem mostra o ciclismo, a luta pelo tempo hoje em dia é travada não só pelos competidores, mas por toda a equipe, que tem de desenvolver equipamentos cada vez melhores e mais eficientes.
Tarefa difícil, pois a bicicleta, desde sua origem, tem sido a mais eficiente máquina já criada para converter energia humana em propulsão. Apenas irrisório 1% da energia transmitida das pernas à roda traseira se perde, o que torna possível ao ciclista manter facilmente a marcha entre 16 e 19 quilômetros por hora, isto é, quase quatro vezes a velocidade do caminhar. Não é por outra razão que o formato desses veículos pouco mudou desde a virada do século, quando uma série de aperfeiçoamentos levou ao ferro-velho nostálgicas engenhocas, elos perdidos na história da evolução das bicicletas. Há exatamente 200 anos, no mesmo cenário em que LeMond cruzava a linha de chegada, o conde de Sivrac apresentava o celerípedo, um biciclo de madeira sem direção, propelido pelo impulso dos pés contra o chão, considerado hoje o precursor da bicicleta.
Depois, foram incorporados a direção, invento do barão Karl de Drais em 1818; os pedais, que o francês Ernest Michaux acoplou em 1861 à roda dianteira; a transmissão por corrente, algo que embora criado séculos antes por Leonardo da Vinci (1452-1519) só foi aplicado às bicicletas em 1879; e, por último, em 1888, os pneumáticos do inglês John Boyd Dunlop (1840-1921). Em 1984 mais um nome se juntaria a essa distinta confraria. Decidido a quebrar o recorde de velocidade contra o relógio, o ciclista italiano Francesco Moser, em vez de lançar-se a cansativos treinamentos, foi antes buscar apoio nas últimas novidades tecnológicas. A partir do estudo de suas características físicas pessoais, ele desenvolveu no computador uma bicicleta totalmente diferenciada, com quadro inclinado, guidão especial e rodas carenadas. Sobre ela, tornou-se o primeiro homem a superar a barreira dos 50 quilômetros em uma hora de pedaladas.
Até hoje, seu recorde de exatos 51,151 quilômetros no velódromo da Cidade do México ainda não foi batido, mas suas inovações já se tornaram comuns ou até mesmo obsoletas nos modelos de corrida. As rodas carenadas ou lenticulares (com o centro do aro fechado), por exemplo, uma idéia que parece datar do século passado, não haviam sido aceitas antes por ciclistas ou engenheiros. Moser demonstrou que as rodas podem ter melhor impulsão se passarem a assumir o comportamento de uma estrutura maciça, deformando-se bem menos que os vários raios finos dos modelos convencionais e cortando o ar com mais facilidade.
Seu único inconveniente para as provas fora dos velódromos-a resistência que oferecem às rajadas de ventos laterais, capazes de desequilibrar o ciclista-foi superado este ano. A empresa americana Specialized Bicycle Components criou uma nova roda com três aros grossos, feitos de material especial, mais leve e resistente, composto de uma mistura de fibras de carbono, resina epóxi, Kevlare alumínio. Desenvolvida num dos sessenta computadores CRAY existentes no mundo, sua aerodinâmica perfeita pode representar uma valiosa economia de 10 minutos numa corrida de 160 quilômetros.
Roupas colantes de menor atrito com o ar, óculos protetores envolventes e pêlos das pernas raspados: tudo é válido para conseguir melhor aerodinâmica e ganhar alguns segundos de vantagem. O polêmico guidão Scott, como é conhecido o aparato usado por LeMond, é um resumo desse esforço. O nome é uma homenagem ao ciclista americano Scott Allen, o primeiro a utilizá-lo em 1987 nas provas de triatlon, dura modalidade esportiva em que o atleta corre um trecho a pé, nada outro tanto e pedala um terceiro. Mas foi outro americano, o esquiador e ciclista Boone Lennon, quem descobriu, em recentes pesquisas no túnel de vento, que os esquiadores conseguiam um avanço maior quando diminuíam sua largura, e não altura, como se pensava até então. Assim, ao jogar os braços para a frente e apoiar os cotovelos, os ciclistas, imitando os esquiadores, diminuem sua largura sobre a bicicleta em importantes 8 centímetros. A altura, embora menos decisiva, também baixa 15 centímetros.
Além disso, o esportista adota uma posição mais relaxada, podendo respirar com maior liberdade. Antes, ele se apoiava em três pontos: a pélvis, as mãos e os pés. Mas, com esse guidão, se apóia também nos cotovelos, descansando os músculos do tronco e obtendo melhor oxigenação ao respirar. Reduzir o atrito com o ar, entretanto, não é o único caminho para melhorar o desempenho. Outro recurso é diminuir o peso da máquina, adotando novos materiais, sempre mais leves e resistentes. Dessa maneira, o peso total baixou de cerca de 12 quilos numa bicicleta comum de dez marchas para menos de 8 num modelo especial de competição.
O quadro, que compõe a estrutura básica, é a peça mais pesada e também a que mais quilos perdeu nos últimos tempos. No ano passado, o ciclista australiano Phil Anderson competiu com LeMond sobre um quadro feito de uma liga com 91% de magnésio fundido, que bate o alumínio, até então a última palavra no assunto, em leveza, resistência e custo. Na realidade, boa parte das ligas de alumínio demonstrou ser bastante frágil, apresentando algumas desvantagens. Os tubos não agüentam solda e precisam ser rosqueados e colados num processo delicado, desenvolvido pela indústria aeroespacial. Submetidos ao esforço do pedalar, os quadros tendem a se dobrar mais, quebrando-se também com maior facilidade. Já o quadro de magnésio, embora igualmente frágil, é mais resistente devido ao seu processo de construção. Com o magnésio extraído de 1 metro cúbico de água do mar, os engenheiros fazem tubos mais grossos, fundidos num molde único, o que dispensa as pesadas juntas, onde geralmente a estrutura se rompe. Os tradicionais tubos de aço, por sua vez, engrossados nos pontos onde se concentram os maiores esforços e unidos entre si por conexões soldadas, surgiram no começo do século e ainda são usados nas bicicletas comuns. Mas, desde a década de 30, misturaram-se a novos componentes metálicos, como o molibdênio, o manganês e o cromo.
Aerodinâmica perfeita e peso reduzido se juntam ainda a um último recurso na busca por velocidade-aumentar a eficiência dos componentes. E um dos sistemas que mais têm evoluído é o mecanismo de transmissão de marchas. De fato, graças à popularidade crescente das bicicletas desenhadas para rodar em qualquer terreno, que exigem muito mais das marchas, todo o sistema evoluiu bastante nos últimos cinco anos. É a chamada linha de montanha, off road (fora de estrada, em inglês) ou allterrain byke (ATB), bicicleta para todo terreno, que já representa mais da metade de todas as novas bicicletas vendidas no mundo.
Andando por entre pântanos ou montanhas, os competidores dessa modalidade de ciclismo precisam contar com quadros mais robustos, pneus mais largos e principalmente um número maior de marchas, capazes de serem mudadas com suavidade e precisão. O moderno sistema de marchas descarrilhantes, criado pelo ciclista italiano Tulio Campagnolo em 1930, era já um aperfeiçoamento que reduzia a velha preocupação em não pular as marchas ou danificar o mecanismo. Consiste em um braço na roda traseira, que move a corrente sobre um conjunto de até sete rodas dentadas de tamanhos diferentes, variando assim a intensidade da força transmitida à roda. Outro braço perto do pedal move a corrente sobre duas ou três rodas dentadas mais largas, duplicando o número de marchas possíveis para catorze ou 21. A mudança de marchas, porém, ainda tinha de ser regulada de ouvido, de acordo com o som da corrente.
O avanço definitivo só veio há quatro anos, quando a fábrica japonesa Shimano criou para as ATBs o sistema indexado, que substitui o descarrilhamento contínuo por pequenos saltos precisos. O mecanismo funciona com dentes menores, que atuam como ponto de entrada para a passagem da corrente. Este ano, foi adaptado para as rodas dentadas do eixo do pedal. As rodas passaram a ser ovais e os dentes localizam-se nos pontos onde a pressão do pedalar é menor, garantindo melhor rendimento. Além disso, a precisão alcançada permite espremer até oito rodas dentadas no eixo traseiro, o que se traduz em um total de dezesseis marchas. As inovações da Shimano não terminam aí. A última novidade, disponível até agora só para grandes equipes de corrida, é uma manopla de freio que também controla a mudança de marchas, permitindo ao ciclista realizar as duas operações sem tirar o apoio do guidão. Para frear, basta apertar a manopla normalmente; para utilizar o câmbio, deve girá-la.
A nova manopla é conectada também a um novo sistema de freios. Em vez de um, dois braços de borracha reduzem o giro das rodas, com uma intensidade 30% maior. Cabos hidráulicos reduzem o espaço a ser percorrido entre seu acionamento e a parada da bicicleta, possibilitando aos atletas retardar as freadas nas descidas, quando chegam a mais de 100 quilômetros por hora. Os pedais, como o sistema de marchas, também mudaram radicalmente nos últimos cinco anos. Cada pedalada tem sua eficiência duplicada quando se prende os pés aos pedais, como já sabiam os atletas do começo do século, pois deste modo se aproveita também o movimento dos pés para cima. Mas essa pode ser uma medida perigosa, porque não se consegue soltar os pés com rapidez em caso de acidente e, durante o esforço, as presilhas podem prender demais, impedindo a circulação do sangue nos pés.
Foi só em 1985 que o engenheiro francês Michel Beyl, da companhia Look, resolveu o problema. Ele criou um pedal que se encaixa numa plataforma fixada na sola de um sapato especial. Um movimento lateral do pé solta-o do pedal, mas como esse movimento não ocorre no pedalar normal, a plataforma serve de presilha. Recentemente, Beyl aperfeiçoou o invento de forma a permitir um leve giro dos pés, sem soltá-los dos pedais. A vantagem do chamado pedal Time é que esse giro reduz o risco de lesões nos tendões do joelho. O engenho, porém, foi superado em 1988 pelo pedal da empresa americana Aerolite, seguro e simples. Trata-se de um eixo cilíndrico que se conecta ao sapato por uma série de dentes, uma estrutura muito parecida com certas peças das asas de aviões.

Ao que parece, não há limites para os avanços tecnológicos das bicicletas de corrida. É provável que boa parte dessas inovações nunca se torne suficientemente barata para ser incorporada às bicicletas comuns, embora alguns desses aparatos já comecem a chegar ao mercado nacional de ATBs. De qualquer modo, toda novidade beneficia o consumidor. "Como acontece com os carros de Fórmula 1, o aperfeiçoamento das bicicletas de corrida ajuda os fabricantes a produzir melhores modelos para o público", compara o uruguaio naturalizado brasileiro Juan José Timon.

Ex-ciclista profissional técnico da equipe de atletas da Caloi e da Confederação Brasileira de Ciclismo há quase duas décadas, ele lembra com orgulho os muitos vencedores que já treinou: do paulista Jair Braga, campeão pan-americano em 1985, ao paranaense Mauro Ribeiro, campeão mundial de ciclismo na Itália em 1982. Segundo Timon, embora existam poucos patrocinadores no país, o Brasil ostenta mais títulos conquistados que muitos países onde esse esporte tem maior tradição. Ele cita alguns números que ajudam a entender o aparente paradoxo: "A Caloi, que investe no esporte há mais de noventa anos, gasta cerca de 3 000 dólares por ano na manutenção de bicicletas de 1 800 dólares, conduzidas por atletas treinados ao longo de pelo menos cinco anos."





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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Quebra-nervos - Costumes


QUEBRA-NERVOS - Costumes



O passatempo de juntar pedaços de imagens até formar uma cena completa chega à loucura nos diabólicos jogos criados por um ex-projetista de computadores.

No curso da revolução que derrubou o xá do Irã em 1979, seguidores do líder islâmico aiatolá Khomeini invadiram a embaixada dos Estados Unidos em Teerã, em protesto contra a ida do deposto Reza Pahlevi a Nova York. Além de fazer uma centena de reféns entre os funcionários diplomáticos americanos, os militantes mergulharam num trabalho capaz de quebrar a paciência do mais fiel xiita: juntar, uma a uma, as finas tiras de papel a que haviam sido reduzidos centenas de documentos da embaixada, fatiados pouco antes nos shreders, máquinas de destruir papel. O tormento a que se submeteram os iranianos para achar provas que incriminassem os Estados Unidos ficou famoso - mas não se iguala àquele que milhares de americanos vêm sofrendo também voluntariamente, desde 1974, quando um pequeno anúncio na revista New Yorker informava que um certo Steve Richardson, da pacata cidade de Nowich, Estado de Vermont, começara a fabricar requintados instrumentos de tortura. Richardson, um ex-projetista de computadores, de 51 anos, é um homem que os americanos amam odiar, pela exasperação e angústia que ele lhes inflige com seus perversos quebra-cabeças em madeira, arte na qual é um dos maiores mestres mundiais. Depois de enfrentar crueldades típicas, como peças extras que não se encaixam em lugar algum, falsos contornos, espaços vazios entre os encaixes e muitas outras, uma furiosa cliente disparou-lhe um telex sintetizando o sentimento que as pessoas em geral experimentam ao tentar montar um de seus puzzles: "Aaaaaaargh". Não é à toa que os jogos vêm acompanhados de um brinde irônico e apropriado-um vidro de aspirina.

Dono da Stave Puzzles, empresa cujo rol de compradores inclui nomes cintilantes para os americanos, como Du Pont e Roosevelt, e, do outro lado do Atlântico, a senhora Elizabeth Alexandra Mary, mais conhecida como Sua Majestade, a rainha da Inglaterra, Richardson não esconde sua mais diabólica intenção: "Criar um quebra-cabeça que seja possível montar, mas que ninguém consiga fazê-lo". Essa loucura tem preço-e costuma ser bem salgado, para o gênero. No ano passado, a empresa entrou para o Livro Guinness dos recordes pela venda do quebra-cabeça mais caro do mundo: um modelo exclusivo, de 2 640 peças, no valor de 7 355 dólares, algo como 650 000 cruzeiros ao câmbio paralelo de meados de julho último. É o que o autor chama "Rolls-Royce dos quebra-cabeças". Qualquer masoquista abonado pode encomendar um jogo exclusivo, com ilustrações especialmente desenhadas por artistas contratados e peças no formato desejado, incluindo iniciais do nome, datas comemorativas ou seja lá o que se imagine. Richardson, que toma o cuidado de jamais fornecer uma imagem do quebra-cabeça completo, lembra, a propósito, a peculiar encomenda com que um texano queria presentear a namorada. "À medida que ela ia colocando as peças, aparecia a figura de uma noiva e a pergunta em letra de fôrma: "Quer casar comigo?" Deu certo, pois ela disse sim."

Foi uma encomenda como essa, por sinal, que fez Richardson mudar de carreira. Formado em Matemática e com mestrado em Ciência da Computação, ele tinha um bom emprego no Estado de Nova Jersey, quando resolveu mudar-se com a família para Vermont em busca de uma vida mais calma. A pequena empresa para a qual foi trabalhar, entretanto, logo fechou as portas e ele acabou abrindo sua própria firma- a Stave, uma composição de seu primeiro nome com o do sócio Dave Tibbets. "Stave também quer dizer quebrar em pedaços", explica. No começo, especializaram-se em brinquedos sob encomenda e quebra-cabeças de papelão, além de jogos interativos. Em associação com a Liga Profissional de Futebol Americano, chegaram a desenvolver um jogo com o qual é possível brincar enquanto se assiste a uma partida pela televisão. Mas, um dia, um homem ligou.

"Ele disse que tinha visto nosso anúncio nas páginas amarelas e queria um quebra-cabeça para o aniversário da mulher. Pagava 300 dólares, mas tinha que ser de madeira", recorda Richardson. Para quem vendia produtos de papelão por 3 dólares, a encomenda era um desafio tentador. Nos meses seguintes ele, Tibbets e o sogro estudaram métodos de carpintaria, cortando margens precisas sem danificar a madeira nem a figura e encontrando a exata espessura de madeira compensada que não empenaria com o tempo ou depois de cortada em pedaços pequenos. O resultado foi uma série de desenhos de obras de arte, cuidadosamente colados e recortados numa chapa de compensado de cinco camadas, das quais a de baixo é uma cara variedade de mogno africano. Hoje, com Tibbets fora do negócio, Steve e sua mulher, Martha, responsável pela parte financeira da empresa, controlam doze cortadores e detêm uma técnica própria.

Um processo secreto de corte com trinta etapas, aliado ao caráter manual do trabalho, que utiliza uma serra elétrica de lâmina mais fina que um fio de cabelo, transforma cada quebra-cabeça numa obra única-e mais difícil de ser montada. A primeira geração de produtos da Stave ainda tinha resquícios de compaixão pelos clientes, mas a natureza impiedosa de seus quebra-cabeças logo apareceria. A segunda geração nasceu com ilustrações especialmente criadas para terem os contornos recortados, de modo a dificultar sua localização. Novas e belas armadilhas, então, vieram se acrescentar: as silhuetas, peças com o formato de uma figura humana ou de um objeto; as grandes silhuetas, formadas pela união de várias peças; as silhuetas interativas, talvez um touro e um matador conectados juntos; falsos cantos no interior e ao redor do quebra-cabeça e até uma charada dentro do jogo. Se a pessoa montar as peças, descobrirá uma seqüência de certas silhuetas e assim poderá desvendar a charada. Se fizer isso em 24 horas depois da compra, receberá um prêmio. "Adoro ouvir seus gritos de agonia enquanto você se sacrifica diante de nossas belas pecinhas de madeira", escreve Richardson nas embalagens dos jogos.

Atualmente, passados dezesseis anos da invenção do primeiro suplício, suas vítimas estão entregues aos horrores da terceira geração. Desta vez, mesmo quem finalmente encaixar as peças e formar uma figura pode, ainda assim, estar montando tudo errado. Além disso, algumas peças devem ser viradas do avesso para serem encaixadas. No desenho de um pinheiro, por exemplo, é preciso virar certas peças com a base escura para cima a fim de compor o tronco da árvore. O mais elaborado projeto em desenvolvimento na Stave é a Dollhouse village (Vila das casas de bonecas), com silhuetas em escala para se ajustarem nas salas das casas e lojas que aparecem na ilustração. Ao preço de 5 000 dólares (440 000 cruzeiros), o complicado quebra-cabeça alivia o sofrimento das pessoas com um livreto de histórias sobre famílias que moram nessa típica vila do século XIX

Às vezes, a perversidade vai longe demais. Five easy pieces (Cinco pedaços fáceis), lançado para comemorar o 1° de abril, o dia dos tolos, tinha sempre uma peça que não se encaixava, fosse como fosse montado o jogo. Muitos clientes não acharam a brincadeira engraçada e Richardson foi obrigado a comprar de volta todos os trinta exemplares fabricados. Na maior parte dos casos, porém, os fanáticos montadores de quebra-cabeças estão sempre prontos a novos desafios, como provam as muitas cartas que o inventor recebe. Um aficionado, por exemplo, costuma escrever que os quebra-cabeças são bobos demais para tomar o tempo de um homem inteligente Richardson responde que o remetente é que é bobo demais para montar um deles. Para Tizuko Morchida Kishimoto, responsável pela brinquedoteca, um acervo de brinquedos mantido na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, essa reação ao desafio dos quebra-cabeças não chega a espantar.

"As pessoas sempre gostam de fazer algo de que se julgam capazes", explica a educadora. "Quando fracassam, costumam reagir de duas formas: ou sentem ainda mais vontade de vencer o desafio, no caso, montar o quebra- cabeça, ou se frustram tanto que acabam desistindo. O jogo, portanto, não pode ser nem impossível de montar, porque só causaria frustração, nem fácil demais, porque não proporcionaria o prazer da conquista." Segundo o americano Mel Andringa, professor de Arte na Universidade de Iowa e apaixonado por puzzles, "o segredo desse passatempo é que o jogador está sempre progredindo em direção a um final feliz. Raras situações na vida conduzem a um resultado tão perfeito".

Na verdade, o prazer de transformar o caos em ordem sobre um tabuleiro vem conquistando, há mais de dois séculos, pessoas de todo tipo. É o que conta o livro Jigsaw puzzles: an illustrated history (Quebra-cabeças: uma história ilustrada), lançado este ano nos Estados Unidos por Anne D. Williams, professora de Economia em Lewiston, no Maine. Na casa em que vive com sua gata Emily, ela guarda mais de 2 000 quebra-cabeças, incluindo algumas jóias como um exemplar de chocolate e outro com peças tão pequenas que vem acompanhado de pinças. Mas o exemplar mais valioso é um mapa da Europa montado numa placa de mogno, com as fronteiras recortadas.

Trata-se de um dos mais antigos quebra-cabeças conhecidos, feito em 1766 pelo gráfico inglês John Spilsbury, a fim de facilitar o ensino de Geografia para crianças. De fato, a maioria dos quebra-cabeças antigos representavam mapas e outros motivos considerados educativos, como imagens dos profetas do Velho Testamento. Saía-se melhor quem melhor conhecesse a Bíblia. A princípio, as peças não se prendiam entre si; um vento mais forte podia arruinar o trabalho de um dia inteiro. Surgiram, então, alguns modelos com encaixes entre as peças da borda. Por volta de 1840, todas as peças dos quebra-cabeças franceses e alemães eram já interconectadas.
O maior desafio dos artesãos sempre foi, como no caso de Richardson, encontrar a matéria-prima mais adequada. No século XVIII, os quebra-cabeças eram feitos de madeiras duras, que quebravam facilmente e não se prestavam a cortes complicados. Gradualmente, os fabricantes mudaram para o pinho e outras madeiras menos duras, até que, já neste século, pouco antes da Primeira Guerra Mundial, começou-se a usar o compensado, mais leve e resistente. Na mesma época, entretanto, grandes indústrias também começaram a fazer jogos de papelão, muito mais baratos. Assim, durante a Grande Depressão americana dos anos 30, essa versão foi muito procurada. Toda semana se podia comprar nas bancas um novo quebra-cabeça de 300 peças de papelão por 25 centavos de dólar; muitas bibliotecas passaram a alugá-los. Nessa época, cerca de 2 milhões desses jogos eram vendidos semanalmente.

Uma das mais tradicionais fabricantes daqueles anos de ouro-para o quebra- cabeça, bem entendido-foi a Par Company, fundada em 1933 por dois desempregados nova-iorquinos. Os quebra-cabeças de madeira compensada fabricados por John Henriques e Frank Ware viriam a ser os preferidos dos astros preferidos pelos americanos, como Gary Cooper (1901-1961) e Marilyn Monroe (1926-1962). Certa vez um diplomata ajudou os artesãos a importar madeira só para que completassem o jogo que ele Ihes havia encomendado. A fabricação era cuidadosa: usavam lâminas especiais alemãs da espessura de 0,2 milímetro, contrataram químicos para inventar colas melhores e personalizaram seus jogos com peças no formato das iniciais dos clientes ou de silhuetas especiais. Sua marca registrada era um cavalo-marinho.

Muito do estilo de Richardson vem da arte da dupla Henriques & Ware. Eles já cortavam peças que pareciam margens (mas não eram) e bordas que, mesmo encaixadas corretamente, deixavam um espaço vazio, fazendo o jogador pensar que estava errado. As embalagens tampouco davam muita chance para se adivinhar o motivo impresso, apresentando apenas um título deliberadamente obscuro. Um cavaleiro de armadura recebeu, por exemplo, o título de "garoto em lata". Mas, quando se trata de dificultar a vida do cliente, Richardson sabe ser original, como no caso de um quebra-cabeça com a imagem de um Papai Noel, que vem com três peças extras, as quais não se encaixam em lugar algum-são os clássicos ho, ho, ho da risonha figura. Em outros, as peças se tangenciam mas não se ajustam, dependendo de uma terceira para isso. O jogo A clowder of cats (Uma cambada de gatos) só foi montado inteiro por dois dos quarenta compradores.

Uma preciosidade é Denzel the dragon (Denzel, o dragão), cujas 500 peças, que ou se sobrepõem em camadas ou se encaixam em pé, representam um dragão assediando o castelo da princesa. Preço: 2 000 dólares (176 000 cruzeiros). Há cerca de um ano, porém, parecia não haver mais artimanhas invencíveis para Richardson. Os clientes, sempre desafiando-o a criar algo insolúvel, estavam vencendo. Então, ao brincar com a areia na praia, conta ele, veio a inspiração. Começou a nascer assim a mais recente geração de quebra-nervos, cujas perfídias o autor prefere manter em segredo até que o lote esteja pronto. Com certeza, os fãs ficarão ainda mais danados da vida. Ou seja, serão clientes satisfeitos.

Quebrando cabeças brasileiras

Existem quebra-cabeças de madeira feitos um a um, como os de Richardson, e existem os fabricados em série, geralmente de papelão. Mas, para Márcio Hegenberg, diretor de marketing da fábrica de brinquedos Grow, em São Bernardo do Campo, a escala industrial de produção desses últimos jogos não Ihes tira a originalidade. Segundo ele, o verdadeiro fã de quebra-cabeças dificilmente monta uma imagem mais de uma vez. Não obstante, como o recorte das peças tende a ser o mesmo em todos os jogos, existem aficionados que preferem misturá-los para tornar o passatempo mais interessante. Num jogo comum de 1 000 unidades, podem ser encontrados entre trinta e quarenta formatos diferentes de peças. Todo ano, doze novos títulos chegam às lojas e meio milhão de jogos são vendidos no país. O maior deles, com 5 000 peças, lançado em 1986, compõe o quadro A ronda noturna, do pintor holandês Rembrandt.
Os primeiros quebra-cabeças feitos no Brasil eram de madeira, obra de alguns poucos artesãos talentosos. Há cerca de três décadas, surgiram os exemplares de papelão e poucas peças, destinados às crianças. No início, os grandes quebra-cabeças vinham com tabuleiro de papelão e cola especial importada. "Quando a pessoa acabava de montar as peças sobre o tabuleiro era só passar a cola por cima. Ela prendia e ao mesmo tempo envernizava o conjunto", descreve Márcio, que prevê a volta desses acessórios. Graças a uma nova tecnologia, que permite o corte de peças grandes de madeira pelo sistema de facas utilizado para o papelão (no qual as facas têm o formato das peças), há dois anos a madeira voltou aos quebra-cabeças nacionais em jogos mais curáveis e bonitos para crianças.





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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Sakharov - dos Átomos aos homens


SAKHAROV - DOS ÁTOMOS AOS HOMENS



O cientista soviético que encarnou a consciência moral de seu país, na defesa dos direitos humanos, foi também um mestre da Física. Ele antecipou em um quarto de século as mais avançadas teorias sobre a matéria e o Universo.

A coragem política e a integridade do físico soviético Andrei Sakharov, falecido no fim do ano passado fizeram dele o campeão da luta pelos direitos humanos em seu país. A tenacidade com que resistiu a toda sorte de provações, como os sete anos de confinamento numa cidade proibida a estrangeiros, a 400 quilômetros de Moscou, ajudou a transformá-lo numa das mais respeitadas autoridades morais do mundo contemporâneo. Paradoxalmente, o renome do ativista e pensador ainda hoje impede que se enxergue o gênio científico, à altura dos maiores criadores do século. Seu feito mais divulgado foi o de ter resolvido um formidável problema de ordem prática - projetar a bomba de hidrogênio soviética. Mas as páginas menos conhecidas da obra de Sakharov incluem investigações de grande originalidade, relacionadas com a origem da matéria e do Universo.

Formuladas inicialmente há 25 anos, suas idéias acabaram antecipando teorias as mais avançadas, como as que se propõem a unificar as forças fundamentais da natureza-o Santo Graal das pesquisas de ponta em Física. Além disso, foi o precursor dos reatores de fusão nuclear. Sua primeira proeza teórica foi explicar, em 1966, por que não existem estrelas e planetas de antimatéria. Uma espécie de antípoda dos átomos comuns, a antimatéria já era produzida com certa facilidade nos laboratórios - por que então não se podia encontrá-la na natureza? Sakharov sugeriu que, num passado remotíssimo, matéria e antimatéria se aniquilaram mutuamente na que terá sido a maior hecatombe da história universal. A antimatéria foi consumida por completo desaparecendo do Cosmo. Restou um espantoso, embora ínfimo, resíduo de matéria comum, equivalente a 0,5 bilionésimo da massa original do Universo. Todas as galáxias, estrelas e planetas existentes, sustentou Sakharov, teriam sido recicladas a partir desse resíduo primordial. Mas e esse misterioso resíduo, por que sobreviveu? Porque, antes do holocausto cósmico, respondeu o físico, matéria e antimatéria sofreram a ação de um processo que os cientistas não haviam concebido-a desintegração dos prótons, com a diferença de que os prótons de antimatéria se desintegravam um nada mais depressa do que os de matéria. Resultado: em dado instante da gênese do Universo, pressupôs Sakharov a partir de cálculos de apropriada complexidade, para cada bilhão 3 de antiprótons havia um bilhão e um; próton. Hoje, os físicos estão convencidos de que as coisas realmente se passaram assim. Um dos motivos pelos quais esse trabalho de gigante permaneceu à sombra foram as muitas atribulações da vida do cientista.

Desde o nascimento, em 1921, quatro anos depois do terremoto da Revolução comunista, Sakharov cresceu numa cidade, Moscou, onde se respirava uma atmosfera de constante agitação, com todas as tragédias e as esperanças que tais acontecimentos suscitam. Filho de uma bem-sucedida família kulturny, como dizem os russos de pessoas que apreciam a cultura, passou a infância, em clima de relativa tranqüilidade para a época e recebeu uma sólida formação básica. Aos 4 anos, já tentava ler por conta própria, mas só foi freqüentar a escola aos 12. Aprendia em casa com a ajuda do pai, Dimitri, professor de Física e autor de livros didáticos e de divulgação científica, e da mãe, Ekaterina, professora universitária de Ginástica.

O jovem Andrei lia-lia muito. Desde Os três mosqueteiros, de Alexandre Dumas, a Fausto, de Goethe e a Hamlet, de Shakespeare. Mas gostava especialmente da ficção científica de Júlio Verne, da qual diria mais tarde tratar-se de "um tributo ao engenho humano e ao poder da ciência". Esses anos felizes desabaram com a Segunda Guerra Mundial. Recém-formado, já casado (com a química Klava Vikhereva) e pai de Tânia, sua primeira filha-o casal teve outra menina e um menino-, sofreu com a fome que devastava o país invadido em 1941. Não tinha sequer residência certa: os bombardeios alemães haviam destruído a casa onde ainda vivia com os pais. A própria Universidade de Moscou, onde obtivera o diploma de físico em 1942, teve de ser evacuada e transferida para Ashkhabad, capital da desértica, remota República Turcomana, na Ásia Central.

A carreira de Sakharov começaria bem longe dos meios acadêmicos. Seus talentos seriam aproveitados (escassamente) numa metalúrgica militar em Ulianovsk, às margens do Rio Volga, a quase 1000 quilômetros de Moscou. "Trabalhávamos em dois turnos de onze horas diárias, sete dias por semana", conta Sakharov em suas memórias, publicadas há poucos meses. Embora tivesse formalmente as funções de engenheiro, nos primeiros meses o físico exerceu uma variedade de tarefas, desde lenhador a chefe de turma na linha de produção. Mesmo assim, sonhava com altas Matemáticas. Enquanto picava repolho, por exemplo, imaginava uma lei capaz de dar conta da forma das fatias cortadas. À noite, sacrificava o pouco tempo de descanso para estudar Física teórica. Querendo exercitar o espírito inventivo naquelas duras condições, acabou criando quatro novos aparelhos destinados a aprimorar o controle de qualidade na metalúrgica.

Alto, magro, sempre curvado, o que o fazia parecer mais velho, sabia ser educado e paciente apesar das ásperas circunstâncias. Dessa experiência provavelmente reteve um hábito "que me ajudava a pensar", como explicaria: lavar a própria louça depois das refeições, algo que, na radicalmente machista sociedade soviética, ainda é tarefa exclusiva de mulher, mesmo que ela ostente mais títulos acadêmicos que o marido. Passado algum tempo, Sakharov recebeu uma tarefa mais adequada às suas aptidões: pesquisador no laboratório da fábrica. Ali conheceu a mulher com quem voltaria casado a Moscou em 1944. Mas só começou a melhorar de vida cerca de dois anos mais tarde, quando conseguiu um lugar no Instituto de Física da Academia de Ciências, uma das importantes instituições soviéticas de pesquisa. Ali, há trinta anos, antes de qualquer outro país, começou-se a investigar o laser.

Sakharov pôde, finalmente, estabelecer residência e dedicar-se a estudos de alto nível. Ainda estava dando os primeiros passos nesse novo patamar quando o físico Igor Tamm (Prêmio Nobel em 1958 por sua teoria sobre um novo tipo de radiação, descoberta, por sinal, na URSS) convidou-o a trabalhar no projeto da bomba de hidrogênio. À medida que se ampliava a guerra fria entre Estados Unidos e União Soviética, Washington e Moscou aceleravam as pesquisas com armas nucleares. Quatro anos depois das bombas A que os americanos lançaram sobre o Japão em 1945, os soviéticos testaram com êxito um artefato semelhante. Mas o alvo das duas superpotências era já mais ambicioso: a bomba H.

A corrida armamentista acabou sendo decisiva para a trajetória de Sakharov-primeiro, como cientista, depois, como dissidente. Ele passou quase vinte anos praticamente confinado numa instalação secreta, embora próxima da capital, muitas vezes isolado da própria família. Sua tarefa era digna dos cérebros mais bem dotados: decifrar os enigmas da fusão termonuclear, a fonte de energia das estrelas-e também das bombas de hidrogênio. Ele estava, portanto, junto do primeiríssimo time científico da URSS, no qual se destacavam pesquisadores como o astrofísico Iacov Zeldovich.

Milhares de vezes mais violenta, a fusão é o oposto da fusão, cujo domínio tornou possível tanto a bomba A como as usinas nucleares para a produção de eletricidade. Nestas, quebram-se átomos pesados, como os de urânio, para aproveitar a energia que os mantinha unidos. Durante a fusão, ocorre o contrário: dois átomos leves, como os de hidrogênio, são comprimidos até seus núcleos se fundirem num só. O processo é mais violento porque os átomos resistem à fusão e, quando cedem, libertam vastas quantidades de energia.

Sabe-se pouco do projeto da bomba H soviética. Mas tem-se como certo que a chave para o seu funcionamento foi uma descoberta de Sakharov, ainda em 1948, até hoje mantida em segredo. Segundo ele mesmo relataria, sem entrar em detalhes, em poucos dias "a misteriosa fonte de energia das estrelas estava ao alcance das minhas mãos". Seu papel crucial na operação foi atestado pelas congratulações especiais que recebeu do governo soviético no mesmo dia em que a bomba explodiu, 12 de agosto de 1953. (A primeira bomba H americana havia sido detonada em novembro de 1952.) Alguns meses depois, com a idade de 32 anos, tornou-se o mais jovem membro do Olimpo intelectual do país-a Academia de Ciências da União Soviética. Nem esta, nem outras honrarias, porém, perturbaram seu modo de ser. Continuou a vestir-se modestamente e até o fim da vida habitou em Moscou um pequeno apartamento de dois quartos, um dos quais usava como escritório. O governo deu-lhe de presente uma dacha (casa de campo) e pagou-lhe altos salários. No fim dos anos 60, seu saldo bancário equivalia a 150 000 dólares-uma fortuna, para a época e para o país. Doou tudo a instituições de pesquisa e tratamento de câncer em seguida à morte prematura da mulher, com menos de 50 anos, vítima da doença.

Havia enfrentado a tarefa de fazer a bomba com o genuíno entusiasmo de um cientista diante dos desafios da natureza. Não era para menos. A física das explosões nucleares era vista então, como um paraíso para os teóricos. Ela Ihes permitiria, pela primeira vez, equacionar o comportamento da matéria quando sua temperatura alcança milhões de graus centígrados. Além da bomba, os fenômenos nesse campo levariam também aos primeiros reatores de fusão. Eldorado das fontes de energia do futuro, essas máquinas, seguras e limpas, consumiriam o combustível mais abundante do planeta-a água. Todos os três modelos em desenvolvimento no mundo foram sugeridos em primeiro lugar por Sakharov, no início dos anos 50. O problema desses projetos consiste em forçar os átomos a se unir. Nas estrelas, o próprio peso das camadas externas esmaga a matéria subjacente até ocorrer a fusão. Como alternativa, o cientista inventou uma espécie de torniquete magnético de nome tokamak (sigla em russo de "câmara magnética toroidal" ). A idéia básica do físico era privar os átomos dos seus elétrons para torná-los suscetíveis à ação de grandes ímãs. Estes poderiam então confiná- los num espaço cada vez mais apertado de modo a obrigar seus núcleos à fusão.

O tokamak dominou largamente as pesquisas na áreas em muitos países. A Universidade de São Paulo, por exemplo, tem um desses equipamentos. Mas os dois outros sistemas imaginados por Sakharov também se difundiram amplamente nos últimos anos. Um deles lança mão de raios laser para comprimir os átomos. O outro emprega a fusão a frio, mas é diferente das propostas que têm provocado intensa polêmica-e muitos narizes torcidos-nesse campo: sugere substituir os elétrons dos átomos por uma partícula semelhante, porém mais exótica e mais pesada, chamada múon. Em combinação com o trítio e o deutério, átomos semelhante aos do hidrogênio, o múon forma um átomo 200 vezes menor que os originais. Dessa maneira, aproxima os núcleos atômicos e tende a propiciar a fusão sem necessidade de pressões e temperaturas elevadas. Esse trabalho revelou o empenho de Sakharov em desviar a energia nuclear das aplicações puramente militares. O cientista preocupara-se desde o início com os resíduos tóxicos das bombas-a poeira radioativa que deixava à superfície do planeta um persistente legado de morte. Cedo ou tarde, segundo as suas contas, 10 000 pessoas morreriam em decorrência de uma explosão de um artefato de 1 megaton, equivalente a 1 milhão de toneladas de dinamite. Como o poder total das bombas detonadas até 1957 já alcançava 50 megatons, 500 000 pessoas estavam seriamente ameaçadas. Moscou alardeava a possibilidade de construir bombas de 100 megatons cada e Washington certamente não ficaria atrás. Obstinadamente. como seria a marca de seu comportamento nos embates futuros. Sakharov enfrentou de peito aberto a resistência dos próprios pares e dos dirigentes soviéticos, convencidos de que só uma nítida superioridade nuclear dissuadiria os americanos de atacar a URSS. Menos testes e sempre subterrâneos-eis a palavra de ordem do cientista.

Cada vez mais atritado com o Kremlin, deixou de trabalhar com os militares e voltou ao Instituto de Física, em 1965. Logo em seguida à morte da mulher, em 1968, ligou-se à médica de origem judaica Elena Bonner, uma experiente ativista em favor dos direitos civis. A despeito da viagem sem volta que tinha começado a empreender ao território da política, Sakharov aprofundou sem cessar a investigação do mundo físico. Havia iniciado pela fusão, que se passa no interior dos núcleos atômicos, em espaços da ordem de 1 quadrilionésimo de milímetro. Mais tarde, pesquisou a desintegração do próton, que ocorre numa escala um bilhão de vezes menor que a do núcleo atômico-algo que se pode expressar em fórmulas, mas está definitivamente fora do alcance da compreensão humana e, na natureza, só poderia ser observado na explosão primordial que deu origem ao Universo.

A partir de 1975, passou a perseguir um objetivo ainda mais ambicioso: reescrever as equações de Einstein sobre a gravitação. Sakharov sugeriu serem elas conseqüência dos pressupostos da Física Quântica-uma idéia que traumatizaria o velho Einstein, para quem, como se sabe, a gravitação era o fenômeno fundamental do comportamento da matéria. A empreitada de Sakharov se assemelhou ao esforço teórico do físico inglês Stephen Hawking em relação aos buracos negros-ambos radicados na fronteira mais avançada do conhecimento humano sobre o Universo. As elocubrações de Sakharov prometiam resultados cada vez mais estimulantes. Mas ele não teve tempo de alcançar esse objetivo que a outros poderia parecer tão inacessível a ponto de fazê-los arrepiar carreira a meio caminho. Aos 68 anos, foi impedido de avançar: o coração o matou durante o sono na noite de 14 dezembro de 1989.

O que mais surpreende no percurso político de Andrei Dimitrievich Sakharov não é a transformação do criador da bomba H soviética, portador da condecoração de Herói do Trabalho Socialista, em inimigo do regime. O que chama a atenção são os longos anos durante os quais, mesmo sem ter sido membro do Partido Comunista, ele deu o melhor de si ao sistema que viria a abominar. "Eu estava a par dos crimes horríveis que se cometeram", admitiria. Três tios e um primo do cientista morreram, em circunstâncias diversas, enquanto estavam presos por alegados delitos políticos. Apesar de tudo, como reconheceria honestamente, "eu me dava por satisfeito absorvendo a ideologia comunista sem questioná-la". Um ano antes de ser convidado a participar do projeto da bomba, a KGB, a polícia secreta soviética, quis que sua mulher espionasse o que ele fazia. Tendo ela se recusado, o casal foi expulso do apartamento onde morava.

Tais partículas de terror policial não diminuíram porém o entusiasmo com que aceitou a empreitada. Sakharov era movido na época por vastas emoções e pensamentos imperfeitos: a oportunidade de escalar o Everest da nova Física atômica, a convicção de que as armas termonucleares iriam assegurar a paz no mundo, o orgulho nacionalista de estar engajado num combate científico com os Estados Unidos-em suma, a mentalidade típica da guerra fria, a que tampouco estiveram imunes muitos cientistas americanos. Talvez por isso guardasse para si fosse lá o que Ihe pudessem provocar os fatos da vida na URSS daqueles anos de stalinismo, desde a obrigação de submeter à censura prévia artigos para publicações científicas até algo incomparavelmente pior-os trabalhos forçados.

Com efeito, a "Instalação", o conjunto secreto de laboratórios, campos de provas e alojamentos onde trabalharia dezoito anos na pesquisa de armas nucleares, tinha sido construída por presos de um campo vizinho. "Todas as manhãs, longas colunas cinzentas de homens vestindo jaquetas forradas, cães de guarda nos calcanhares, passavam por nossas janelas", conta em suas memórias. Não obstante, quando Stálin morreu, em 1953, Sakharov escreveu à mulher: "Estou sob o impacto da morte de um grande homem. Penso na sua humanidade". O cientista iria se envergonhar dessas palavras, porém jamais conseguiria explicá-las satisfatoriamente a si mesmo. As primeiras sementes de descontentamento foram plantadas por seus conhecimentos científicos sobre os efeitos da radioatividade e pela consciência moral que o problema Ihe despertava. Cada vez mais contrário aos testes atômicos na atmosfera, suas opiniões levaram-no a um curso de colisão com o governo soviético. Em 1961, por exemplo, ouviu do líder Nikita Kruschev, numa solenidade, que estava "enfiando o nariz onde não devia". Desde então, embora nada Ihe sucedesse pessoalmente, sua distância do regime só faria aumentar-dessa vez por outros motivos. De um lado, sob Leonid Brejnev, o Kremlin voltou a tratar com dureza os intelectuais dissidentes. De outro, o cientista passara a encarar o mundo com novos olhos.

O resultado foi o manifesto Reflexões sobre o progresso, a coexistência pacífica e a liberdade intelectual, escrito nos primeiros meses de 1968. Logo publicado no exterior, o texto faria Sakharov famoso internacionalmente e representaria o penúltimo passo da caminhada rumo à ruptura com o sistema. Nele, condenou a intolerância e o dogmatismo, advogou a democracia e o pluralismo político. O documento não poderia ter sido mais pertinente: a 21 de agosto daquele ano, tropas soviéticas entraram em Praga para depor o governo que tentava implantar na Checoslováquia o "socialismo de face humana". Era o que faltava para Sakharov, definitivamente desiludido, voltar-se plenamente à causa dos direitos humanos -e pagar caro por isso.

A passagem do campo da reflexão política para a ação em defesa dos perseguidos do regime foi franqueada também por seu convívio com a militante Elena Bonner, com quem se casaria em 1972. As pressões sobre o cientista-ativista cresceriam na mesma medida de seu engajamento. Em 1975, contemplado com o Prêmio Nobel da Paz, proibiram-no de ir a Oslo, na Noruega, para receber a honraria, entregue afinal a Elena. O pior, no entanto, estava por vir: a invasão do Afeganistão em fins de 1979, inaugurou o mais sofrido período de sua vida, que incluiria até duas greves de fome. Despojado de seus títulos, Sakharov foi confinado em 1980 na cidade de Górki. Ali ficou até a antevéspera de Natal de 1986, sempre sob estrita vigilância da KGB que fazia o possível para infernizar-lhe a vida, a ponto de roubar (mais de uma vez) os manuscritos de suas memórias. Foi Gorbachev quem acabou com o exílio do casal. "Volte a seu trabalho patriótico", instou o dirigente soviético, ao telefonar a Sakharov para informá-lo de que podia regressar a Moscou.

Embora manifestasse apoio às reformas da perestroika e considerasse Gorbachev um "líder inteligente", tinha uma noção diferente deste do que deveria ser um trabalho patriótico. Na URSS e no exterior, seus pronunciamentos contra o regime soviético não se alteraram. Eleito para o Congresso dos Deputados do Povo, em 1988, juntou-se ao time de parlamentares que, sob a inócua designação de Grupo Inter-regional, formou-se com a intenção de ser o embrião de um novo partido, tornando-se seu principal membro. Sakharov, sabe-se, era muito mais do que isso. E a simples verdade é que sua morte empobreceu, além da ciência, a vida política na União Soviética.

A crise chega à ciência

O sistema científico que produziu um Andrei Sakharov coexiste com um paradoxo que pode ser apresentado em números como convém ao assunto. De cada quatro cientistas do mundo, por exemplo, um é soviético. Mas os americanos ficaram com 137 dos 370 prêmios Nobel já conferidos; os soviéticos, com apenas dez. Proporcionalmente às respectivas populações, no entanto, a URSS diploma todo ano duas vezes mais universitários do que os Estados Unidos. É claro que só a quantidade de troféus não mede o valor real do saber produzido num pais, assim como o grande número de pesquisadores não é em si sinônimo de boa pesquisa.

No passado, o peso da ciência soviética era maior-outra face do mesmo paradoxo. Nas décadas de 30 e 40, apesar do terror stalinista e do horror da guerra, os soviéticos foram os primeiros a estudar a fonte de energia das estrelas; a origem dos átomos químicos durante o nascimento do Universo; os raios laser; os reatores de fusão nuclear; a ação da eletricidade nos metais, base para a futura invenção do computador; e o fenômeno da supercondutividade, que permite transmitir corrente elétrica sem perda de energia. Pesquisas de vanguarda foram conduzidas por cientistas de renome mundial do quilate do físico Lev Landau, falecido em 1968, do químico Nicolai Semenov ou do matemático Izrail Gelfand.

Atualmente, os mais conhecidos pesquisadores soviéticos são homens já de alguma idade. O próprio Sakharov foi um exemplo disso, assim como o seu amigo, Iacov Zeldovich, um dos grandes mestres da Astrofísica, e o físico Piotr Kapitsa, um dos criadores dos veículos espaciais soviéticos. A URSS ficou nitidamente atrás do Japão e dos Estados Unidos em áreas criticas de ciência e tecnologia como Informática, Telecomunicações e Engenharia Genética. A perda de vigor da ciência soviética acabaria espelhando a crise geral do país-algo que Sakharov não se cansou de denunciar.

Uma pessoa obsessiva

Por José Goldemberg

Tive o primeiro contato pessoal com Andrei Sakharov em janeiro de 1988, em Moscou, durante a instalação do Comitê para a Segurança e o Desenvolvimento Mundial, integrado por cientistas de vários países. Aguardei o encontro com emoção, mas minhas relações com ele foram sempre muito difíceis. Um grande cientista, Sakharov era também um homem obsessivo. Dentro do comitê, por exemplo, preocupava-se o tempo todo com os direitos civis do povo armênio. Mas não achava igualmente importante defender os direitos civis dos povos da América Central. Também fiquei chocado com sua posição em favor de Edward Teller, que dirigiu a construção da bomba de hidrogênio americana, nos anos 50. Na época, Teller enfrentou a oposição de Robert Oppenheimer, que propunha retardar ar a produção da bomba H. Sakharov acreditava que Oppenheimer estava errado. Mas, para derrotá-lo, Teller denunciou-o como comunista numa época de caça às bruxas nos Estados Unidos. Uma atitude indefensável, na minha opinião.





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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Europa, Ano 1000 - História


EUROPA, ANO 1000 - História



Na passagem do primeiro para o segundo milênio da era cristã, o Ocidente vivia mergulhado em guerras, terrores e superstições: o fim do mundo estava próximo.

Era um tempo de medo. Há mil anos, na mesma Europa que agora se prepara para ingressar, próspera e unida como nunca, no terceiro milênio do calendário cristão, os homens viviam o pior dos mundos. O irreversível desmoronamento, século após século, do que ainda restava da civilização greco-romana, depois do fim do Império Romano do Ocidente, no século V, transformara o território europeu em campo de batalha onde gerações sucessivas se guerreavam interminavelmente - visigodos e vikings, bretões e saxões, vândalos e ostrogodos, magiares e eslavos,um sem-fim de povos que não por acaso entraram para a História sob a denominação coletiva de "bárbaros". Além da violência, a miséria, a ignorância e a superstição recobriam a Europa na marca do ano 1000.

A centralização política abençoada pela Igreja na virada do século IX, com a coroação de Carlos Magno, rei dos francos e dos lombardos, no trono do Sacro Império Romano, em 800, produziu um lampejo de renascimento cultural ao redor de sua corte em Aix-la-Chapelle (ou Aachen, na atual Alemanha). O que pudesse haver de paz e progresso, porém, não sobreviveria muito tempo ao imperador, falecido em 814. Fragmentada em reinos cada vez mais fracos, apesar da tentativa de restauração imperial, em 962, comandada pelo rei germânico Otto, o Grande, a Europa Ocidental se converte numa colcha de retalhos de governos locais. Papas e imperadores, uns e outros invocando direitos divinos, competiam pelo poder, celebrando alianças movediças com príncipes, duques, condes, bispos que também acumulavam títulos de nobreza e ainda uma vasta gama de barões da terra. Tudo isso só fez apressar a pulverização do continente em feudos.
Os proprietários de terras transformavam seus domínios em unidades autônomas, territórios com fortificações feitas de árvores e espinheiros e com habitações cercadas de paliçadas. Registrou um observador do ano 888: "Cada qual quer se fazer rei a partir das próprias entranhas". A cidade, como sede da política e da administração, centro do comércio e do conhecimento, à maneira de Roma, Atenas ou Alexandria na Antigüidade clássica, virtualmente inexistia na paisagem ocidental desse período. Havia, é bem verdade, burgos descendentes dos centros fundados pelos conquistadores romanos, como também ajuntamentos de um punhado de milhares de almas, nascidos da presença, nas proximidades, de um mosteiro ou de um vale fértil, ou do fato de se situarem no centro de uma região dominada por um príncipe. Nada, porém, que se comparasse a Constantinopla (hoje Istambul), capital do Império Romano do Oriente, com suas centenas de milhares de habitantes, abastado comércio e porto movimentado.

Há cerca de mil anos, amplas extensões do continente europeu eram constituídas de florestas um mundo sombrio, estranho e ameaçador aos homens que construíam povoados, cultivavam cereais e criavam gado em grandes clareiras nas suas cercanias, numa economia de pura subsistência, da mão para a boca. A construção de castelos, abadias e mosteiros ocupava igualmente muitos braços. Mas o principal motor da atividade econômica era a guerra: a necessidade de produzir armas, acumular provisões para a tropa e pagar os mercenários em metal sonante estimulava o comércio. Perigos reais, como os animais selvagens, e terrores imaginários, como monstros e demônios, espreitavam os aldeões que adentravam a mata em busca de carne de caça e de mel, a única fonte de açúcar dos europeus de então. Vista pelos olhos de hoje, a vida cotidiana tinha tons de pesadelo.

As aldeias, com suas poucas dezenas de casas mambembes, eram de um primitivismo de dar dó-nada que pudesse lembrar nem as edificações do passado pré-cristão no Egito, Mesopotâmia, Grécia e Roma, nem as construções contemporâneas de povos tão diferentes entre si como árabes, chineses e incas. As habitações eram muito pequenas, de madeira, com coberturas de palha que chegavam rente ao chão. Janelas, quando havia, eram simples buracos. Móveis eram escassos. Animais compartilhavam o parco espaço com a família. Algumas casas eram precariamente cercadas por muros de adobe; outras, por grossas sebes de espinhos. Os germanos chamavam tais espinheiros zaun, o que daria em inglês, significativamente, thorn (espinho) e town (cidade).

Se um europeu atual caísse do céu num dia qualquer numa dessas aldeias talvez presenciasse uma cena que o deixaria escandalizado, com razão, mas cujo sentido lhe escaparia. Um homem, semidespido, corre em círculos; dois outros, tochas nas mãos, tentam queimar-lhe o traseiro, enquanto o populacho morre de rir. A grosseira palhaçada é séria: o homem está sendo castigado pelo roubo de um cachorro. O ladrão até que poderia ter se livrado do vexame se tivesse 5 soldos ou moedas de cobre para indenizar o dono do cão, mais 2 soldos de multa para o Conselho que fazia as vezes de governo do lugarejo - tão rústicos haviam se tornado a administração da justiça e o sistema de governo. A punição, em todo caso, dá idéia do valor dos cachorros em tais sociedades como auxiliares de caça freqüentemente dizimados nas incursões à floresta. Outros animais, como cervos, cavalos e falcões, eram também valorizados, com castigos à altura para os ladrões. Entre os burgúndios, povo germânico que vivia no que viria ser a Áustria, a um falcão recapturado era servido 1,5 quilo de carne crua-sobre o peito do ladrão.

O treinamento do homem medieval como caçador e guerreiro começava depois da barbatoria, o rito de iniciação que consistia na raspagem da primeira barba do jovem, por volta dos 14 anos. A partir de então, o rapaz deveria exercitar-se em corrida, natação, montaria (com o cavalo em movimento e sem estribo, que só apareceria em meados do século XI) e no manejo do arco, do machado e da espada. O homem passava da infância à condição adulta em pouco tempo porque pouco também era o tempo de vida. Morria-se geralmente por volta dos 30 anos, a mulher ainda mais cedo, quase sempre de parto. Os historiadores calculam que de cada 100 crianças nascidas vivas 45 morriam na infância. Diante disso, era preciso que houvesse muitas mulheres e muitas crianças para assegurar a sobrevivência das comunidades.

Por isso, conquistada uma aldeia, as mulheres e crianças pequenas eram levadas pelos vencedores como despojos de guerra. O resto da população, ou mais especificamente "todos aqueles capazes de mijar contra a muralha", segundo uma expressão da época, eram passados pelo fio da espada. Pelo mesmo motivo, entre os francos, quem batesse numa mulher grávida era condenado a pagar 700 soldos de multa; se matasse uma jovem solteira, portanto em idade fértil, pagaria 600 soldos. Mas, se matasse uma mulher idosa, só desembolsaria duzentas moedas. Morria-se com facilidade nas florestas, nos vilarejos e nos caminhos entre eles. Naturalmente, procurava-se viajar apenas de dia, calibrando o percurso de modo a se estar ao alcance de um mosteiro ao cair da noite. A hospitalidade, ao menos a dos religiosos, era algo sagrado na época. Os mosteiros costumavam ter dependências especiais para abrigar os viajantes, aos quais era praxe fornecer pão e vinho - uma frugalidade para os padrões alimentares vigentes. De fato, quem podia, como os monges, fartava-se de comer. A gula, aparentemente, não figurava entre os pecados capitais e a sabedoria convencional dizia que, quanto mais farta, gorda e pesada fosse uma refeição, mais saudável seria a pessoa e mais filhos poria no mundo.

Uma dieta diária à base de muito pão, sopa, lentilhas, queijo, e ainda vinho ou cerveja à farta, totalizava algo como 6 000 calorias, mais que o dobro do que se considera hoje necessário, em média, a um trabalhador braçal. Nos banquetes, que podiam durar até três dias, a comilança incluía também ovos, aves e carnes de caça.

A vida de todos os dias, para a mente medieval, estava tão impregnada de eventos extraordinários que não havia como separar realidade e fantasia. O europeu de mil anos atrás acreditava piamente em milagres e apocalipses. Como a Terra imaginada imóvel no centro do Universo, a Igreja era o único ponto fixo de referência para os homens da época-uma instituição segura num mundo onde o poder político não cessa de mudar de mãos ao sabor dos golpes de espada entre os senhores da terra e os príncipes leigos e clericais em seus eternos conflitos. No século X, uma das preocupações da Igreja tinha a ver com a persistência dos resquícios de paganismo nos cultos praticados pelas populações que de há muito professavam a fé cristã. A luta contra a herança pagã se dava, por exemplo, em relação à morte. A atitude das pessoas diante da morte era ambígua. Naquela sociedade tão brutal, em que a morte violenta fazia parte do cotidiano, os mortos eram especialmente temidos. Os cemitérios ficavam afastados das povoações e os túmulos cobertos de arbustos espinhosos para impedir que os cadáveres viessem atormentar os vivos. Além disso acreditava-se que os mortos precisavam ser apaziguados de tempos em tempos, o que se fazia mediante grandes banquetes funerários, nos quais as famílias dos falecidos os obsequiavam com comidas, cantos e danças - um costume que, pelo visto, não parece ter conhecido fronteiras ao longo da história humana. Condenando severamente esses rituais, os padres trataram de ocupar-se eles próprios da questão. Em conseqüência, cemitérios passaram a existir dentro das aldeias, ao redor das igrejas. Sepultados em campo-santo, os mortos ficariam em paz, não havendo mais razão para a angústia dos vivos nem para práticas reprováveis. E, realmente, o culto pagão dos mortos foi rareando até desaparecer de vez.

A Igreja concentrava toda a cultura erudita. O alto clero falava latim, língua em que também eram redigidos os raros documentos da época- textos que serviam para estabelecer direitos, como cartas de transferência de propriedades e notificações de decisões reais-, pois o uso da escrita, já muito restrito, desapareceu quase por completo depois de 860. Nos mosteiros, os monges copistas reproduziam minuciosamente os livros sagrados e as obras dos filósofos gregos, como Aristóteles, cujo pensamento era considerado compatível com a doutrina oficial do cristianismo. Um monge gastava um ano de trabalho para fazer uma cópia da Bíblia. Duro favor. "Embaralha a vista, causa corcunda, encurva o peito e o ventre, dá dor nos rins", deixou registrado um copista. "É uma rude provação para todo o corpo."

Dos mosteiros se propagava também, pela voz dos abades nos sermões que acompanhavam as missas, uma terrível profecia que submeteria os fiéis a outro tipo de provação: o fim do mundo exatamente no ano 1000, com a ocorrência, em sucessão, de incomparáveis acontecimentos, como a aparição do Anticristo, a volta de Jesus à Terra e o Juízo Final-o julgamento de todos os homens por Deus. A crença no fim do mundo no ano 1000 derivava de uma interpretação literal de um dos mais obscuros textos bíblicos, o Apocalipse de São João. De fato, ali se lê que "depois de se consumirem mil anos, Satanás será solto da prisão, saindo para seduzir as nações dos quatro cantos da Terra e reuní-las para a luta (...). Mas desceu um fogo do céu e as devorou (...) e os mortos foram julgados segundo as suas obras (...). Vi, então, um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra desapareceram e o mar já não existe". Esse "milenarismo crasso", como dizem os comentaristas do Novo Testamento, apropriou-se dos corações e mentes dos europeus.

Quanto mais se espalhava a profecia e mais próximo se estava da data fatal, mais apareciam indícios infalíveis do fim dos tempos -um eclipse, um incêndio inexplicável, o nascimento de um bebê monstruoso, uma praga agrícola, a passagem de um cometa no céu, o relato da aparição de uma baleia do tamanho de uma ilha na costa francesa, a grande epidemia de 997. Uma crônica de um certo Sigeberto de Gembloux descreve um "terrível tremor de terra" e a imagem de uma serpente vista através de uma fratura no céu. Muita gente doou todas as suas posses, muitos também se inflingiram cruéis castigos, a título de penitência. Os historiadores interpretam o "terror milenar" que se apossou dos europeus como uma expressão do caos político que se seguiu à desagregação do Sacro Império, desenhada com tintas fornecidas pelas Escrituras. Em 954, um Pequeno tratado do Anti- Cristo, de autoria de Adson, abade de Montier-en-Der, França, previa o fim do mundo depois de "todos os reinos estarem separados do Império Romano, ao qual haviam estado anteriormente submetidos".
O mundo, como se sabe, não acabou na passagem do milênio, nem no ano seguinte, nem no outro. Aos poucos, os homens começaram a suspeitar que o Apocalipse, afinal, não viria. Assim, em 1033, justamente no milésimo aniversário da Paixão de Cristo, um texto permitia-se festejar a "alegria dominante no Universo" - apesar da fome que devastava a Europa, do mau agouro representado por um eclipse solar e do desassossego causado pela revolta contra o papa Benedito IX, que ascendera ao trono com a extraordinária idade de 13 anos.

À espera do apocalipse: o continente na virada do milênio

Por volta do ano 1000, o Império Russo cobria a maior parte dos territórios europeus do leste, tendo o seu centro no principado de Kiev, na Ucrânia. População, língua e costumes eram eslavos. A dinastia tinha origem viking. A unidade do império era precária: Novgorod e Kiev eram governadas por diferentes membros da dinastia. Mesmo assim, amedrontava os povos balcânicos e servia de pára-choque entre os impérios e tribos do Oriente e os da Europa.

Entre a Rússia e a Alemanha, estavam, de um lado, os povos do Báltico, relativamente independentes das influências germânicas e cristãs; de outro, os reinos da Polônia, Hungria e Boêmia. Seus habitantes eram eslavos ou aparentados a eles no idioma e nos costumes, embora já começassem a se ocidentalizar.

Na Europa Ocidental, as populações da Alemanha, Itália, França e das llhas Britânicas eram cristãs, ou, como no caso dos vikings da Escandinávia, prestes a se converter ao cristianismo. O Império Bizantino se estendia, a oeste, até o sul da Itália. Mas o Reino da Sicília, assim como a Península Ibérica (menos o norte), fazia parte da Europa muçulmana.





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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Olhos e ouvidos da Terra - Espaço


OLHOS E OUVIDOS DA TERRA - Espaço



Mais de 6 000 pessoas em 150 edifícios fazem do Laboratório de Jatopropulsão, na Califórnia, o grande centro de controle das naves que começam a desbravar o Cosmo .

Se uma nave extraterrestre viesse à Terra fazer contato direto com os seus habitantes, talvez o local mais conveniente para o pouso fossem os contrafortes das montanhas San Gabriel, 20 quilômetros ao norte de Los Angeles, na Califórnia, Estados Unidos. Ali está sediado o centro nervoso da comunicação entre o planeta e o espaço profundo - o Laboratório de Jatopropulsão, mais conhecido pela sigla JPL. Pertencente ao Instituto de Tecnologia da Califórnia, o JPL é a única instituição universitária diretamente ligada às atividades da NASA, à qual se vinculou desde a fundação, em 1958. Mas a palavra laboratório, na verdade, já não a define com toda justiça. Seria mais conveniente falar em uma cidade do espaço - onde os viajantes do cosmo, com certeza, se sentiriam em casa. Na pior das hipóteses, estariam no lugar mais adequado para, em caso de necessidade, comunicar-se com planeta natal - a exemplo do E.T. de Steven Spielberg. Pois, embora parte do complexo de nada menos de 150 edifícios do JPL abrigue alojamentos e escritórios comuns, a maioria tem um ar definitivamente extraterreno. Entre outras estruturas, existem grandes galpões para a montagem de satélites e de naves, instalações para testar instrumentos e simular condições de vôo, assim como sofisticadas salas de navegação e de comunicação espacial, a verdadeira marca registrada do Laboratório. No total, ele emprega uma formidável equipe de 3 800 engenheiros e cientistas, 560 técnicos e 2130 funcionários administrativos. O fato de estarem entre os mais qualificados profissionais do mundo não os impede de cultivar um simpático estilo informal em que se mesclam o bom humor e o entusiasmo. "Aproveitam para nos pagar pouco porque gostamos da tarefa", brinca o físico Omer Divers, chefe de uma das equipes encarregadas de analisar a colossal massa de informações recebidas do espaço. Trata-se de uma peça vital na teia de comunicações montada pelo JPL ao longo dos anos. Na extremidade mais distante dela estão as dezenas de satélites e naves automáticas atualmente em operação-os olhos e os ouvidos remotos da Terra.

A nave Voyager 1, por exemplo, poderia ser o primeiro objeto de origem humana com o qual eventuais visitantes extraterrestres talvez cruzassem, pois já se encontra a 5 bilhões de quilômetros da Terra, bem além do último planeta conhecido do sistema solar, Plutão. Como um batedor avançado da civilização. A nave poderia antecipar o contato com os alienígenas e transmitir dados pormenorizados a seu respeito. Essa é a função dos satélites e naves automáticas: equipados com instrumentos de alta sensibilidade, espionam detalhes importantes do Cosmo, próximos ou longínquos. Em seguida, remetem os seus relatórios na forma de sinais eletrônicos codificados, diretamente para as três grandes estações de escuta operadas pelo JPL.

Localizadas nos Estados Unidos, na Espanha e na Austrália, cada uma conta com uma equipe de cerca de 100 pessoas e com quatro grandes antenas de rádio medindo entre 26 e 70 metros de diâmetro. A disposição das estações em continentes diferentes é proposital. Assim, em nenhum momento se perde contato com um ponto qualquer do céu. Em última instância, o conjunto de naves, censores e antenas constitui a chamada Rede do Espaço Profundo, o coração da malha de comunicações montada pelo JPL. Totalmente informatizada, a rede começa a ser interligada por meio de um único computador, o Hipercubo, o maior do mundo em sua categoria.

Capaz de comparar informações à velocidade de 400 milhões de sinais codificados por segundo, esse gigante está sendo montado pela fusão de 128 processadores independentes, cada um deles 100 vezes mais rápido que os grandes computadores comerciais em uso. Com essa inovação, fechou-se uma épica fase da história do JPL, durante a qual uma tripulação de 200 a 400 profissionais conduziu as duas naves da categoria Voyager até a periferia do sistema solar. Naturalmente, ninguém precisou deixar a Terra, pois os pilotos movem os comandos à distância, por meio de uma bem planejada troca de sinais de rádio com as naves. As mais inteligentes sondas da era espacial, as Voyagers foram guiadas, em parte, por instruções previamente embutidas nos computadores de bordo.

Quando se aproximavam de um planeta, recorriam a instruções eletrônicas mais complexas e geralmente consultavam seus aguçados censores de direção para constatar os desvios de rota, inevitáveis numa travessia tão longa. Então, comunicavam-se com o comando do JPL e aguardavam as correções transmitidas pelas grandes antenas terrestres. Ao mesmo tempo, acionavam o arsenal de instrumentos para dar inicio à investigação dos planetas. Assim, ao longo de dezessete anos, as Voyagers visitaram sucessivamente Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e os 56 satélites desses planetas. Nas cercanias de Saturno, situado a 1 bilhão de quilômetros, demoravam pelo menos uma hora para ouvir um comando da Terra; em Netuno, a diferença já chegava a quatro horas.

Apesar disso, demonstraram pontaria perfeita em vôos rasantes sobre os corpos celestes. Mesmo dispondo de um rádio de baixa potência, transmitiram para a Terra, entre montanhas de outras informações, cerca de 100 000 fotos de impecável nitidez. O êxito, nesse caso, foi completo, já que as Voyagers foram concebidas, montadas, testadas e pilotadas pelas diversas seções especializadas do JPL. Nem sempre é assim. Muitas vezes, o Laboratório pilota, ou mantém comunicação com sondas e satélites construídos por outras instituições. Foi o caso das sondas Pioneer 10 e 11, fabricadas pelo Ames Research Center, da NASA. No entanto, a história do JPL começou efetivamente décadas antes, com a tentativa de construir foguetes, nos idos de 1936.

A portentosa equipe atual não passava de um pequeno grupo de alunos do Instituto de Tecnologia da Califórnia liderado pelo engenheiro de origem húngara Theodore von Kármán (1881-1963). Na época, o grupo dispunha apenas de alguns barracões de madeira e parcos instrumentos. Não obstante, essa experiência pioneira se tornou o alicerce da futura indústria espacial americana. Até hoje o Laboratório cultiva a antiga vocação para a pesquisa de novos foguetes. Um exemplo é o projeto Tau: uma nave que deverá voar por volta da virada do século em direção ao espaço interestelar. Capaz de ejetar partículas atômicas eletricamente carregadas, o foguete levará essa nave a uma distância de 150 bilhões de quilômetros para investigar o que, de fato, existe no imenso vazio além dos planetas.

Depois da Segunda Guerra Mundial, o objetivo prioritário do JPL passou a ser a construção de satélites. O primeiro deles foi o Explorer 1-um projeto de emergência que vôou no dia 31 de janeiro de 1958, apenas quatro meses depois de os soviéticos lançarem o Sputnik, dando inicio à era espacial. A própria NASA nem sequer existia (seria criada em dezembro daquele mesmo ano), mas o trabalho do JPL impediu que os soviéticos ampliassem a dianteira obtida sobre os Estados Unidos com o primeiro satélite artificial. Atualmente, a instituição está ativamente empenhada em desenvolver e construir satélites para os mais diversos fins científicos e civis. Conta, para isso, com uma verba de 1 bilhão de dólares, dos quais cerca de 700 milhões são alocados pela NASA e o restante, por outras agências governamentais.

Pelo menos metade desse dinheiro é aplicado em novas pesquisas e na construção de instrumentos, informou a nos o porta-voz do JPL, Jim Wilson. "A outra metade é consumida pelos vôos e pelas tarefas de navegação e comunicação com as naves." Entre os mais recentes projetos criados pelo Laboratório, a Terra tem um lugar especial. Os novos satélites já estão executando, ou vão começar a executar em curto prazo, uma centena de tarefas relevantes, como criar mapas com precisão jamais alcançada, sondar a estrutura geológica do planeta sob os oceanos, ou medir o volume exato dos gases da atmosfera. Outros satélites estão ocupados com o controle da poluição, o planejamento mais racional das rotas aéreas e a identificação de novas fontes de energia. Além disso, o Laboratório possui uma divisão inteiramente dedicada ao aproveitamento dos instrumentos científicos na vida prática. Redesenhados, eles podem ter aplicações importantes, em particular como aparelhos médicos.
Mas as sondas interplanetárias continuam sendo o prato de resistência da casa. Um dos modelos surgidos depois das Voyagers é a Galileu, lançada no final de 1989 com a missão de estacionar por longo tempo nas órbitas próximas de Júpiter. Inteiramente projetada e construída pelo JPL, suas câmeras de TV possuem captadores eletrônicos de luz capazes de revelar detalhes de apenas 20 metros da superfície gasosa do planeta. Além disso, a sonda vai transportar uma pequena nave auxiliar construída fora do JPL, cujo destino é mergulhar sobre Júpiter para colher dados diretamente da sua atmosfera. Exemplo ainda mais ousado é o bólido Mariner Mark II, projetado para perseguir e fazer acrobacias em torno do cometa Kopff durante alguns meses. Para isso, será dotado de pequenos e ágeis propulsores e poderá ver o cometa de vários ângulos diferentes.
Uma nave desse tipo também poderia penetrar a salvo no perigoso reino dos asteróides, formado por milhões de pequenas rochas, situado entre Marte e Júpiter. Nunca observados de perto, os asteróides aparentemente se movimentam no espaço de maneira aleatória, mas podem se organizar de forma complexa. Foi o que descobriu recentemente o astrônomo Steven Ostro do JPL. Por sorte, ele pôde fotografar com precisão o asteróide denominado 1989 pb, de apenas 1600 metros de diâmetro. Ostro descobriu surpreso que não havia apenas um, mas sim dois asteróides. O 1989 pb era, na verdade, constituído por duas rochas girando uma em torno da outra, como um planeta e seu satélite em miniatura.
Novidades desse gênero revelam como ainda é frágil o conhecimento acumulado sobre o espaço e como é rico e diversificado o vasto mundo situado além da Lua. Também se compreende o entusiasmo com que os profissionais do JPL se atiram à conquista dos planetas vizinhos. Como diz o físico Omer Divers, o que gosta do que faz apesar da paga, "novos mistérios são mais divertidos do que os fatos conhecidos".

Cortesias da era espacial

Nem só de espaço vive o JPL. Seus cientistas também estão empenhados em transformar os instrumentos ultraprecisos utilizados pelos satélites e naves espaciais em aparelhos úteis ao dia-a-dia das pessoas comuns. Os benefícios potenciais são especialmente promissores na área médica. Um detector de moléculas eletricamente carregadas, por exemplo, está sendo incumbido de investigar o organismo de pessoas submetidas a altas doses de radiação. O objetivo é procurar danos que podem levar as células ao câncer e dar o alerta com antecedência. Outro tipo de monitor, também desenvolvido originalmente de olho nas pesquisas espaciais, integra por meio de um computador as imagens do organismo humano, mais ou menos como faz com as imagens dos planetas remetidas pelas naves. Acoplado a dispositivos como o ultrasom e a tomografia, o aparelho poderá proporcionar aos médicos pormenores ainda longe de seu alcance sobre a evolução dos pacientes de aterosclerose.
Fora da área médica, procura-se integrar por computador grande número de informações sobre o clima, a fim de repassá-las rapidamente aos pilotos e controladores de vôo.
O esquema tornaria o transporte aéreo mais seguro e eficiente, porém não é fácil de implantar. Projeto mais simples é o da conversão dos captadores de energia solar em geradores comerciais de alta eficiência. Existem ainda propostas extremamente ambiciosas, como a de remontar alguns mecanismos usados no espaço na forma de robôs-operários de alta sensibilidade. Um bom robô, como se sabe, é o que consegue diferenciar entre um aperto de mão e o ato de levantar um automóvel. A meta, no caso, é superar a dificuldade dos autômatos em manipular objetos móveis e dosar corretamente sua força.





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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Neandertais podem ter produzido ferramentas de ossos


Neandertais podem ter produzido ferramentas de ossos, diz estudo

Objetos em sítio arqueológico têm idade próxima a restos de neandertais.
Pesquisa foi publicada nesta segunda-feira (29) no periódico 'PNAS'.


Estátua mostra como seria exemplar de neandertal,em museu na Croácia (Foto: Frumm John/Hemis.Fr)

Um estudo recém-divulgado aponta que um grupo de neandertais, espécie de hominídeo já extinta, pode ter produzido ferramentas e ornamentos de ossos há cerca de 40 mil anos.
A pesquisa, conduzida por cientistas de instituições como o Instituto Max Planck, na Alemanha, e a Universidade de British Columbia, no Canadá, indica terem sido encontradas evidências da produção dos objetos por neandertais em dois sítios arqueológicos na França. O estudo foi publicado nesta segunda-feira (29), no periódico científico "PNAS".
Os dois sítios arqueológicos franceses, conhecidos como como Grotte du Renne e Saint Césaire, abrigam restos preservados dos hominídeos, que se extinguiram há cerca de 30 mil anos, e dos objetos. Para chegar ao resultado, os cientistas mediram a idade de 40 artefatos pré-históricos feitos de ossos encontrados em ambos os locais, usando uma técnica de datação por radiocarbono.

Em Grotte du Renne, os artefatos encontrados foram identificados como sendo de 44,5 mil a 41 mil anos atrás, idade que bate com a medição nos ossos de neandertais - os hominídeos no local teriam vivido há cerca de 41,9 mil anos, segundo os cientistas.

O resultado contradiz uma hipótese levantada anteriormente na comunidade científica, de que os artefatos encontrados nos sítios foram misturados com outras ferramentas produzidas por Homo sapiens que viveram na mesma época, e por isso provavelmente não teriam sido feitos por neandertais.
Os cientistas afirmam, no estudo, que a medição da data reforça "a ideia de que os objetos do 'Châtelperronian' (nome dado ao período em que os artefatos foram encontrados no sítio) foram produzidos pelos últimos neandertais da Europa ocidental".
As ferramentas e os ornamentos, inclusive, teriam sido produzidos após um período de contato com os Homo sapiens, o que indica que os neandertais podem ter aprendido este hábito, sugerem os pesquisadores.




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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Roda da Fortuna - Tecnologia


RODA DA FORTUNA - Tecnologia



O progresso humano sempre girou em torno dessa peça que só parece simples porque existe - é o mais fundamental dos inventos.

Num trecho de linha perto da cidade francesa de Tours, a sudoeste de Paris, apenas um zunido indica a passagem de um TGV (trem a grande velocidade), com suas três centenas de passageiros e suas sessenta rodas de aço. Velocidade média: 400 quilômetros por hora.

Numa estrada de terra cheia de sulcos nos arredores da cidade indiana de Ludhiãna, ao sul do Himalaia, as duas rodas de madeira de um carro de bois rangem na longa viagem de seu condutor de volta no campo. Velocidade média: 5 quilômetros por hora.

No Estado americano da Califórnia, um homem vai trabalhar a bordo de um automóvel equipado com computadores, numa experiência destinada a indicar a cada momento a rota menos impedida entre as diversas vias expressas da região. Velocidade média: 50 quilômetros por hora.

Mais depressa, mais devagar, zilhões de rodas rodam o tempo todo no mundo inteiro, transformando em movimento a atividade humana. Um dos principais indicadores do progresso material de um país é, de fato, a facilidade e a velocidade com que seus habitantes podem se transportar a si próprios e os produtos de seu trabalho. Em outras palavras: quantas rodas esse país faz circular e com qual rapidez. No Brasil, onde o sistema de transportes se baseia em estradas de rodagem, havia em 1986 (últimos dados disponíveis), mais de 13 milhões de veículos motorizados, que se deslocavam por 1,4 milhão de quilômetros de pistas. Pouco, perto dos 140 milhões de veículos e dos 6,5 milhões de quilômetros de estradas dos Estados Unidos, que ainda por cima contam com extensa malha ferroviária.
A diferença que a roda - o invento fundamental da história para o destino humano - é ao mesmo tempo evidente e incalculável. Mas um pouco de aritmética sempre ajuda. Sobre os próprios pés, e nada mais, o homem percorre num dia de viagem cerca de 30 quilômetros. E a carga máxima que pode levar às costas em qualquer distância é de aproximadamente 40 quilos. Com a domesticação das primeiras bestas de carga, por volta do quinto milênio antes de Cristo, a capacidade de carga triplicou. Depois, ao transferir o peso do lombo dos bois para um trenó - uma tosca plataforma com pesados patins de madeira -, o homem conseguiu transportar de uma só tacada mais de 1 200 quilos. Acredita-se que os egípcios, estranhamente um dos últimos povos a ingressar na era da roda, usaram trenós sobre rolos giratórios feitos de troncos de árvores para mover as pedras das pirâmides, que circularam por algumas das primeiras estradas conhecidas. Ao que parece, então, algum súdito do faraó teve a idéia genial de substituir os paus roliços por um eixo fixo, em cujas extremidades se colocaram discos de madeira.

Na verdade, a história da invenção da primeira roda é até hoje motivo de discussão entre os historiadores. Alguns sustentam que essa peça, de uma simplicidade a toda prova, mas que se manifesta só depois que se chega a ela, como a solução de certos enigmas, foi a primeira criação humana realmente original, que não se inspirou em algum modelo oferecido pela natureza. Outros, no entanto, lembram que uma das referências fundamentais do homem primitivo era o disco solar parecendo rodar em volta da Terra. Provavelmente nunca se saberá a verdade. "Por serem feitas de madeira, as rodas mais antigas se deterioraram totalmente, destruindo qualquer pista esclarecedora", observa Shozo Motoyama, diretor do Centro de História da Ciência da Universidade de São Paulo. O óbvio é que, sem a roda, o homem não iria muito longe. Afinal, as três fontes de energia utilizadas na Antigüidade (a animal, a água e o vento) eram todas exploradas por meio dessa singela peça.

As sucessivas transformações dos veículos sobre rodas também multiplicaram a rapidez e a capacidade de transporte. De volta à aritmética: valendo-se, por exemplo, de um carrinho de mão, criado na China por volta do ano 200 do calendário ocidental, o homem passou a levar de três a sete vezes mais carga do que seu antepassado sobre os ombros. Com uma bicicleta, surgida na França em 1645, deslocou-se até três vezes mais depressa do que se dependesse apenas das próprias pernas. Um documento do século V já relatava, maravilhado: "Com a caixa de rodas um homem pode carregar seu suprimento anual de comida e mesmo após 20 milhas não se sente cansado". Além de revolucionar os transportes, a roda possibilitou outro grande salto tecnológico-o movimento controlado de rotação, tornando-se parte vital em quase todas as engrenagens.

Os discos de moldagem do barro, cuja origem se confunde com a das rodas de veículos, podem ter sido as primeiras máquinas a utilizar o movimento giratório. Eram bastante simples-uma superfície horizontal, sobre a qual se colocava o barro, e um eixo para ser girado com uma das mãos, deixando a outra livre para moldar a peça. Mas já ofereciam alguns dos incontáveis benefícios da mecanização do trabalho. No século XIV, em várias partes da Europa, apareceram as rocas de fiar (uma roda com agulhas, utilizada para tecer), como aquela em que a Bela Adormecida dos contos de fada espetou o dedo. Desde então, novos engenhos baseados no mesmo princípio, cada vez mais complexos, não pararam de surgir. Aproveitando a descoberta de que uma roda grande leva mais tempo do que outra menor para dar uma volta completa, o homem construiu relógios com rodas dentadas de tamanhos diferentes, engrenadas de tal forma que a menor andasse mais rápido, criando a relação de tempo entre os ponteiros. E os teares rotativos ajudaram a tecer na Inglaterra a Revolução Industrial.

Rodas e revoluções andam juntas há muitíssimo tempo. Numa era de colossais conquistas tecnológicas, entre 5 000 e 8 000 anos atrás, na faixa de países semi- áridos entre os rios Nilo, na África, e Ganges, na Ásia, o homem aprendeu a usar a força do boi e dos ventos, inventou o arado, o barco a vela, descobriu os processos de fundição de metais, criou um calendário solar - mas, antes de tudo, construiu um carro de rodas. "O estágio do progresso naquela época já gerava excedentes de produção para serem trocados por outros, de outros lugares", explica o professor Motoyama, da USP. "Em função dessas primeiras necessidade comerciais surgiu a roda." O vestígio mais antigo do uso da roda em veículos é o desenho de uma carroça numa placa de argila, encontrada na Suméria (Mesopotâmia), datando de aproximadamente 3500 a. C. Ao que tudo indica, tratava-se de um carro fúnebre de rodas sólidas compostas, isto é, duas tábuas arredondadas presas de ambos os lados de uma tábua central, furada para se encaixar na ponta de um eixo de madeira.

Aparentemente, os sumérios descobriram que algo tão óbvio como a roda não tinha uma fórmula óbvia-como aproveitar uma fatia de um tronco-, pois uma peça feita dessa forma logo se racharia nos frágeis veios da madeira. Superada essa dificuldade, puxados por bois, os veículos ganharam usos práticos, espalhando-se pelo mundo. Foi só o começo: ainda hoje a roda continua a ser aperfeiçoada, ficando difícil imaginar tanto que os modelos atuais sejam definitivos como o dia em que o próprio instrumento se torne obsoleto. Há poucos meses, uma empresa da Califórnia apresentou a mais recente palavra em matéria de rodas de bicicleta, um modelo desenhado por supercomputadores de modo a ter a melhor aerodinâmica possível. com três aros grossos e resistentes, feitos de compostos de fibra de carbono, resina epóxi. kevlar e alumínio. As rodas tradicionais consistem em vários aros finos, os quais, embora aerodinâmicos, se deformam facilmente. Nos anos 80, discos sólidos feitos de kevlar pareciam ser a solução, mas logo se mostraram difíceis de controlar sob o efeito de ventos laterais.

A roda, portanto, está sempre sendo reinventada. A primeira mudança no projeto original atribuído aos sumérios ocorreu por volta do ano 2000 a.C., quando apareceu uma roda completamente nova, concebida mais para a rapidez do cavalo do que para a força do boi. Com raios em lugar da estrutura maciça, ela rodou pela primeira vez no carro de guerra dos povos indo- europeus-uma pequena plataforma sobre duas rodas, atrelada a um cavalo. Favorecidos pela velocidade dos veículos seus condutores conquistaram facilmente os povos do Oriente Médio, que, logo adotaram a novidade. Egípcios, gregos e romanos, sucessivamente, souberam reinventar a roda, abrindo largos espaços para ela em seu cotidiano e na sua civilização. Para conseguir um desgaste uniforme em toda a volta da roda, revestiram-na pela primeira vez com um aro, que podia ser feito ou de uma peça única de madeira curvada com vapor ou de vários segmentos emendados

Nos Jogos Olímpicos da Grécia clássica, as competições de carros com rodas desse tipo eram o esporte preferido dos ricos e, com certeza, a modalidade esportiva mais dispendiosa da Antigüidade. Mais tarde, em Roma, a grande atração, além dos gladiadores, eram as corridas de bigas (outra versão dos carros indo-europeus de muitos séculos atrás). Os celtas, por sua vez, acrescentariam importantes avanços técnicos aos carros romanos. Seus veículos foram os primeiros a ter eixos dianteiros oscilantes, capazes de virar para os lados nas curvas. A fim de reduzir o atrito com o eixo, inventou-se uma peça intermediária (o mancal), com rolamentos internos sobre os quais a roda passava a rolar mais suavemente. Um aro de ferro com diâmetro pouco menor do que a estrutura de madeira era dilatado para revestir a roda, unindo o conjunto de raios e tornando a peça mais resistente. Calcula-se que no ano 200 os robustos carros romanos podiam percorrer num dia bons 150 quilômetros, dos 80 000 da rede de estradas nos domínios do Império.

O que ainda atrasava as viagens eram as freqüentes paradas necessárias para substituir as parelhas, já que os animais se cansavam rapidamente devido ao feitio dos arreios usados. Só no século IX, arreios mais eficientes permitiriam ao animal colocar toda a sua força nas tiras de couro que puxavam as carroças. O Renascimento, no século XV, fez surgir uma nova linhagem de veículos de tração animal, cujos descendentes povoariam os caminhos do mundo até os tempos modernos, com nomes de nostálgico sabor: os carros de carga Conestoga, os rápidos cabriolés, as diligências Concord e as charretes de marcha mais suave, além das belas vitórias, aranhas, seges, caleças, carriolas, tílburis e landolés. Só não havia como fazer uma parelha correr mais depressa, mesmo nas estradas revestidas de serragem de saibro.

Ainda em 1857, as famosas diligências do Velho Oeste levavam 25 dias de viagem, dia e noite, para vencer os quase 3 000 quilômetros entre Saint Louis, no Missouri, e San Francisco, na Califórnia. Com a disseminação das locomotivas a vapor, em uso desde o inicio do século, as diligências rodaram inevitavelmente em direção aos museus. Em 1904, acabou a última linha de diligências nos Estados Unidos. A força do vapor reescrevia o papel da roda. Antes, sua função básica tinha sido a de um dispositivo passivo para reduzir o atrito entre a carga e a superfície do terreno. Mas, quando se engrena uma máquina para transmitir força às próprias rodas, estas se tornam alavancas que efetivamente conduzem o veículo que contém a carga. As primeiras locomotivas não passavam, porém, de carroças sobre trilhos e, assim, mantinham as mesmas rodas de madeira. Não demorou muito até se descobrirem as vantagens de uma sólida roda de ferro.

Ainda uma vez a aritmética: quando uma roda é tão redonda e dura como a de um vagão e se move por uma superfície tão lisa e dura como um trilho, 4 quilos de esforço mantêm facilmente em movimento mais de 1 200 quilos de carga. Na década de 1870, os arames empregados nos raios de bicicleta foram a grande novidade, seguidos, já na década seguinte, pelo aro pneumático, criado ainda em 1847 por um anônimo inglês fabricante de carruagens. Sua idéia consistia em um aro de borracha cheio de ar com uma cobertura de couro, quase o mesmo conjunto que faria entrar para a História o veterinário inglês John Boyd Dunlop (1849-1921). Os primeiros automóveis adotaram desde cedo esse tipo de revestimento para as rodas. Alguns anos passariam antes que seus aros de madeira ou de arame fossem trocados por uma peça única de ferro fundido ou de aço estampado.

Hoje, rodas e veículos diversificaram-se bastante, embora não se diferenciem no fundamental. A idade de ouro da roda, no entanto, parece que acabou. "É só listar as conquistas tecnológicas das pesquisas de ponta para ver que a roda não faz parte de nenhuma delas", aponta o professor Motoyama. De fato, o estágio da roda e da mecanização foi superado pela eletrônica, que entre tantas outras coisas tornou dispensáveis muitos deslocamentos de pessoas. É claro que a roda que transportou a humanidade até aqui jamais será aposentada, embora os símbolos mais vistosos do avanço tecnológico passem já longe dela. Afinal, o carro de bois que se arrasta a 5 quilômetros por hora nas poeirentas estradas indianas faz parte de uma paisagem que inclui usinas atômicas.

Onde a moda não rolou

Nem todos os povos da Antigüidade viram na roda uma boa idéia. Para os egípcios, por exemplo, ela não interessava. O rio Nilo lhes oferecia uma eficiente via de transporte e os trenós deslizavam com maior facilidade nas areias do deserto, onde as rodas costumavam afundar. Somente no século XVII a.C., por influência dos povos indo- europeus que alcançaram o Mediterrâneo, é que os primeiros coches egípcios com rodas e cavalos começaram a se tornar comuns. Muito antes disso e muito longe dali, na região da Lapônia, no norte do que é atualmente a Finlândia, trenós deslizavam há 7 000 anos - como ainda hoje.

Os habitantes dessa inóspita parte do globo aprenderam com seus ancestrais que a roda não é o melhor meio para carregar suprimentos sobre a tundra escorregadia ou através de terrenos pantanosos no verão e congelados no inverno. Os habitantes da América pré-colombiana tampouco criaram veículos com rodas, embora haja notícia de seu uso em brinquedos. Para alguns historiadores, a inexistência de mamíferos domesticados aptos para a tração, explica essa lacuna. Mas os chineses não consideraram que isso fosse impedimento- construíram carros leves para serem puxados por homens.





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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Um Cemitério para o lixo Atômico - Ambiente


UM CEMITÉRIO PARA O LIXO ATÔMICO - Ambiente



Falta um lugar seguro para manter longe do homem os resíduos das usinas nucleares. É uma questão de vida ou morte: eles podem continuar radioativos durante milhões de anos.

Dentro de uma piscina cheia de água, numa ins-talação anexa à usina nu-clear Angra I, no litoral sul do Estado do Rio de Janeiro, 15 toneladas de resíduos radioativos-o lixo venenoso que resulta da própria operação do rea-tor-repousam em tambores blinda-dos. Parece muito, mas é uma insig-nificância perto das 20 000 toneladas produzidas pelos reatores nucleares em funcionamento nos Estados Unidos, armazenados em tanques semelhantes. Essa, porém, é a única diferença. Por- que, no mundo inteiro, os cientistas nu-cleares enfrentam há muito tempo o mesmo desafio: encontrar quanto antes uma maneira definitiva de dispor do li-xo atômico, principalmente do chama-do material de alta atividade, proveniente do reprocessamento de elementos combustíveis, capaz de emitir radiações letais para os seres vivos durante milha-res ou até milhões de anos-uma eter-nidade, para todos os efeitos práticos. O fato de não se ter encontrado ainda a solução dessa charada, 36 anos depois da entrada em funcionamento da pri-meira usina nuclear destinada à produ-ção de eletricidade, na União Soviética, é um dos dois principais motivos pelos quais muita gente gostaria de banir tais reatores da face da Terra; o outro é o eterno risco de tragédias, como a da usina de Chernobyl, também na URSS, em 1986. Sendo pouquíssimo provável que os homens decidam dispensar os benefícios do uso pacífico da fissão nuclear-para não falar dos fins mili-tares-, os cientistas correm atrás, senão da fórmula ideal, ao menos de uma solução satisfatória para o problema do lixo. Até porque, mesmo se fosse possível aposentar por um passe de mágica os 431 reatores comerciais ligados no mundo, seus resíduos não se evaporariam. E há 123 outras usinas em construção e 37 em fase de projeto.
Nos reatores movidos a urânio, um átomo desse elemento é bombardeado por nêutrons. Seu núcleo então se divide, liberando enorme quantidade de energia, raios gama e mais dois ou três nêutrons que irão bombardear outro átomo e assim por diante. Dessa reação em cadeia brotam novas substâncias radioativas, como o plutônio, que serve para fazer bombas ou para alimentar outros tipos de reatores, e não existe na natureza. O processo gera ao todo mais de 1 000 substâncias altamente radioativas. O que não é reaproveitado no próprio reator ou para outras finalidades é o lixo atômico.
A piscina em Angra I foi projetada para acolher resíduos formados em oito anos de operação. Mas, na realidade, as 15 toneladas ali depositadas equivalem a um ano de funcionamento da usina brasileira, inaugurada em 1982. Mais lixo não se formou pela simples razão de que a usina ficou fora do ar a maior parte do tempo por causa dos intermitentes defeitos que acabaram lhe valendo o apelido vagalume, que acende e apaga, acende e apaga. "Sobra espaço na piscina, mas não devemos esperar sua capacidade se esgotar para então agir", recomenda o físico carioca Luís Pinguelli Rosa, que integra a comissão organizada na Sociedade Brasileira de Física para estudar o assunto. Pinguelli é um dos maiores incentivadores da idéia de que o governo junte em volta de uma mesa os melhores nomes do ramo para que digam o que se pode fazer a respeito-e logo.
Os cientistas têm recomendado uma variedade de alternativas. Na França, por exemplo, 20 mil metros cúbicos de lixo radioativo estão aprisionados nos armazéns de concreto da instalação nuclear de La Hague, no noroeste do país, aguardando destino definitivo. Com planos de enterrar o material de grande radioatividade, os pesquisadores franceses investigam quatro tipos de sepulturas: solos de xisto, de sal, de granito e de argila. Mesmo que uma dessas formações rochosas tenha as características ideais-algo que será confirmado apenas em 1997-, o túmulo adequado só ficaria pronto dez anos depois. Enquanto isso, as centrais nucleares francesas, responsáveis por 70% da eletricidade gerada no país, lançam cerca de 40 metros cúbicos por ano de material radioativo, ou de radiação ionizante, como dizem os cientistas. "O Brasil não está numa situação melhor, porque aqui nem se decidiu onde depositar os rejeitos de baixa atividade", critica Pinguelli.
De fato, 98% do lixo radioativo brasileiro compõe-se de rejeitos que precisam ficar isolados do contato humano durante dois ou três séculos apenas. Isso por causa do fenômeno que os físicos chamam meia-vida: o tempo necessário para que a radioatividade de uma substância caia pela metade. O césio- 137, por exemplo, material usado em equipamentos de radioterapia e que contaminou uma série de pessoas em Goiânia, em 1987, tem uma meia vida de trinta anos. Ou seja, passado esse período, restará metade da radiação inicial: depois de mais trinta anos, um quarto; após outros trinta, um oitavo; e assim por diante. Além de provir de aparelhos desativados, que mexeram com material nuclear, e da água usada para controlar a temperatura nos reatores-que tende a ficar contaminada por partículas radioativas-, o lixo de baixa e média atividade é também engordado por materiais comuns, como luvas e aventais, usados na manipulação de substâncias radioativas.
Segundo o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), do governo federal, cerca de 10 000 brasileiros lidam diariamente com elementos radioativos. "Basta que uma gota dessas substâncias respingue na roupa e o tecido passa a ser pequena fonte de radiação", informa a física chinesa, naturalizada brasileira, Cecil Chow Robilotta, da USP. Segundo ela, embora a energia nuclear seja cada vez mais usada pela Medicina para diagnosticar ou tratar doenças, a tendência é diminuir o volume do lixo radioativo dos hospitais. "Os novos exames clínicos usam substâncias que emitem radiação durante um curto período, como o tecnécio-99m, cuja meia-vida é de seis horas apenas", explica Cecil, dentro da "sala quente" do Instituto do Coracão em São Paulo, onde assessora médicos no serviço de radioisótopos. Ali, cestos de lixo revestidos de chumbo e tambores de resfriamento guardam material contaminado-aventais, seringas, pinças, chumaços de algodão-em processo natural de decaimento, a diminuição gradativa da radioatividade.
Quando a meia-vida é maior, porém, os rejeitos tanto de hospitais como de indústrias seguem para armazéns especiais. No Estado de São Paulo, o depósito fica na Cidade Universitária, na zona oeste da capital, no lugar onde funciona o IPEN. Ali se acumulavam, até o último mês de julho, 104,9 toneladas de lixo, distribuído em 615 tambores. Antes de ser armazenado, esse volume passou por um ritual, praticamente idêntico nos centros de tratamento de rejeitos radioativos do mundo inteiro. "O primeiro passo se assemelha a uma triagem, para extrair os resíduos, ou seja, a parte do lixo que ainda pode ser aproveitada", descreve o físico nuclear Achilles Suarez, responsável pela equipe que pesquisa rejeitos radioativos no IPEN. "As bombas de césio-137, quando não se prestam mais para tratar tumores, ainda podem ser aproveitadas em aparelhos de gamagrafia, que servem para fazer diagnósticos", exemplifica.
A conseqüência mais óbvia dessa, reciclagem é que o volume do lixo diminui. Também para reduzir o volume, aquilo que de fato é rejeito deve ser ainda compactado, sempre que possível. "Não faz sentido guardar 1 litro inteiro de água, se apenas poucos mililitros estão contaminados", argumenta ele. "Por isso, criamos uma espécie de concentrado radioativo." O fluído em seguida é misturado a algum tipo de sólido, como cimento ou betume, para evitar toda e qualquer dispersão durante a manipulação do material. Em outros locais, os rejeitos líquidos de alta atividade são transformados em vidro, também para impedir derramamentos. Quando o rejeito é sólido, muitas vezes é possível prensá-lo. Assim. um tambor com 0,5 metro de altura, recheado de lixo atômico, termina compactado numa pastilha de cerca de 10 centímetros de altura.
Quando Achilles Suarez entrou na faculdade, em 1957, um veterano pendurou-lhe no pescoço um cartaz: "Hoje, estudante de Física, amanhã l ixo atômico". O trote foi profético: depois de ter trabalhado mais de dezesseis anos na área de proteção radiológica do próprio IPEN, o físico acabou assumindo o setor de rejeitos em 1983. No fundo, as duas áreas têm a mesma finalidade: interpor o maior número possível de barreiras entre a fonte de radiação e o homem; A rigor, qualquer corpo serve de obstáculo para a radiação -o problema é que, conforme a fonte radioativa, o obstáculo pode se tornar menos ou mais eficiente. Quando, na reação de fissão, um átomo é bombardeado até romper o núcleo, a energia pode ser liberada por quatro tipos de radiação -alfa, beta, gama e ainda de nêutrons -que devem ser bloqueados por materiais com características diferentes. "Se o lixo for enterrado sem maiores informações sobre a sua radiação, poderá no futuro distante ficar sob os pés de quem não terá a devida noção do perigo", imagina o físico Giorgio Moscatti, da USP.
Os cientistas do setor se preocupam não só com qual seria o melhor cemitério para o lixo atômico, mas também com a necessidade de ser ele mantido sob controle constante. Por isso, não apreciam particularmente a alternativa clássica de jogar os rejeitos no mar. "Nunca se saberá direito como a embalagem estará resistindo debaixo drsquo;água, nem se poderá ter certeza de que os tambores não acabarão flutuando até alcançar uma praia", adverte o físico Vito Vanin, da USP. O mar, na verdade, foi o primeiro lixão radioativo: o Mediterrâneo recebeu 50 toneladas de rejeitos produzidos na Itália; as águas do Atlântico engoliram nada menos de 126 000 toneladas de tambores repletos de lixo dos reatores de seis outros países europeus. Os Estados Unidos despejaram no Oceano Pacífico 370 metros cúbicos (os países nem sempre adotam as mesmas unidades de medida) de material radioativo. A título de comparação, uma piscina olímpica tem 1890 metros cúbicos.
O empesteamento só cessou em 1986, quando um acordo internacional determinou que o mar só poderia ser usado quando ficasse provado que a água é capaz de diluir os elementos radioativos, sem prejuízo para a fauna e a flora marítimas. O estudo a respeito, a cargo de pesquisadores americanos, ingleses e japoneses, deverá estar pronto no início do próximo ano. É claro que o terreno ideal para a construção de um depósito subterrâneo de lixo atômico precisa ser estável-um terremoto seria capaz de rasgar os tambores recheados de matéria radioativa. Mas a impermeabilidade da rocha é ainda mais importante. Caso partículas ionizantes escapem pela embalagem do lixo, elas podem levar até 1 milhão de anos para alcançar a superfície. Já um lençol de água poderia trazer o mal à tona em alguns meses, abrindo-lhe as portas para a cadeia alimentar dos seres vivos.
"O sal é extremamente impermeável, por isso os alemães fazem bem ao depositar o lixo em minas de sal desativadas. Só que a rocha é muito plástica e talvez não suporte pesos grandes", pondera o geólogo gaúcho Gérson Dornelles, que organiza na Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) a busca de um solo adequado para enterrar o lixo nuclear brasileiro."O granito, muito mais resistente, tem a desvantagem de possuir fissuras que facilitam o escoamento de água."
A CNEN já apontou duzentas áreas de interesse para depósitos de lixo de baixa e média atividade no país. A maioria se localiza em solos argilosos, com camadas horizontais que dificultam a migração de partículas radioativas rumo à superfície, como em São Fidélis, no Rio de Janeiro, e Trindade, em Goiás. A decisão, quando vier, terá provavelmente a forma de uma lei votada pelo Congresso a partir de um projeto encaminhado pelo Executivo. Está prevista para este mês a entrega à Presidência da República de uma avaliação, elaborada por uma equipe da Secretaria Especial do Meio Ambiente, de projetos já existentes sobre rejeitos radioativos, como o de autoria do governo anterior, de junho de 1989, que já recebeu dois pareceres negativos de comissões da Câmara dos Deputados. Enquanto isso, em tambores deixados a céu aberto, cobertos precariamente e que já começam a se estragar pela corrosão, 3 460 metros cúbicos de lixo atômico aguardavam há três anos em Abadia, a 20 quilômetros de Goiânia, a decisão de Brasília sobre o seu destino.
Esse lixo se originou em um ferrovelho, quando foi violada uma cápsula de césio-137 de não mais de 3 centímetros cúbicos-o tamanho de uma borracha de lápis-, matando quatro pessoas e contaminando mais de duzentas outras. "É preciso criar um depósito, que eu chamaria de intermediário, para abrigar os rejeitos gerados em acidentes como o de Goiânia", alerta o físico José Goldemberg, secretário de Ciência e Tecnologia do governo federal. "Na época do acidente, cientistas sugeriram levar os rejeitos para a Serra do Cachimbo, no Pará, onde já existem buracos de 300 metros de profundidade, recobertos de concreto. Seria a solução perfeita", lembra ele. "Mas um grupo de índios fez uma manifestação diante do Palácio do Planalto e o governo resolveu voltar atrás. Um absurdo. Enterrado ali, o lixo não ofereceria nenhum risco."

Agentes da desordem

No organismo humano, a cada minuto, cerca de
250 000 átomos se desintegram, emitindo radiação. Além disso, uma pessoa recebe do ambiente uma média de 100 milirems (mR) por ano- rem (de Roentgen equivalent man) é a unidade usada para medir a dose de radioatividade absorvida pelo homem. Uma chapa de pulmão expõe o paciente, em média, a 17mR. Nas células, a radiação produz os chamados radicais livres, moléculas que tumultuam as funções orgânicas, ao reagir com tudo que encontram pela frente. A energia da radioatividade também pode perturbar o DNA, a molécula da hereditariedade, que programa o trabalho das células.
Estas, então, correm o risco de se tornarem cancerosas ou, no caso da célula sexual, de transmitir anomalias aos descendentes. De modo geral o organismo lida satisfatoriamente com esses agentes da desordem. "Já nos acidentes atômicos, a enorme radiação provoca mais estragos do que o organismo consegue corrigir", explica a física paulista Emico Okuno, da Universidade de São Paulo. Quando esse material radioativo penetra no organismo, causa nas células estragos 25 vezes maiores e transforma a própria vítima em fonte de radiação.


Barreiras sob medida

As embalagens para lixo atômico combinam materiais diferentes porque existem radiações e radiações. Um núcleo radioativo está sobrecarregado de energia, da qual tenta se livrar, emitindo, por exemplo, partículas idêntica ao núcleo do gás hélio constituído por dois prótons e formam as partículas alfa. São tão pesadas que se deslocam em linha reta, trombando com a primeira molécula que encontrarem pela frente: assim, uma folha de papel ou mesmo uma peça de roupa podem barrá-las. Mas, para liberar energia, o átomo também pode emitir elétrons. É a radiação beta. Bem mais leves, os elétrons caminham zanzando e se desviam de eventuais obstáculos: para barrar os raios beta é preciso, no mínimo, uma folha de alumínio; na pele, dependendo da energia, eles penetram até 0,5 centímetro.
Em busca da estabilidade, um átomo emite ainda ondas eletromagnéticas um milhão de vezes mais energéticas do que a luz, os raios gama, capazes de atravessar o corpo humano; apenas materiais muito densos, como aço e chumbo, conseguem segurá-los. Finalmente, existem os nêutrons. Embora muito penetrantes, reagem com materiais ricos em hidrogênio, sendo barrados pela água, pela parafina ou pela grafite.


Os lixões de cada um

Como vários países tentam livrar-se dos resíduos de suas instalações nucleares:
Estados Unidos - Até 1982, os rejeitos eram depositados na superfície ou jogados ao mar. Em 1983, o lixo de alta atividade foi levado para uma mina de sal no Estado do Novo México, desativada em seguida por falta de segurança. Hoje esse material está guardado no deserto de Nevada, enquanto 600 000 metros cúbicos de rejeitos de meia-vida curta se encontram espalhados por diversos depósitos.
União Soviética - Existem 35 depósitos superficiais de cimento revestido com chumbo.
Inglaterra - Desde 1986, com a proibição de lançar o lixo ao mar, procura-se um lugar para enterrar o lixo de alta atividade. Para os rejeitos de baixa atividade, construíram-se depósitos de cimento próximos a usina nuclear de Windscale Sellafield, no nordeste do país.
França - Todo o lixo está nos armazéns da usina de La Hague, no noroeste do país; estuda-se o solo de quatro regiões para construir até 2007 um depósito de grande profundidade.
Alemanha - O material de alta atividade é tratado na França e depois transportado para minas de sal no norte do país. Só os rejeitos da usina nuclear de Niederaichbach, desativada em 1983, foram enterrados a 1 200 metros de profundidade, numa mina de ferro desativada.
Suécia - Em 1988, inaugurou o primeiro depositário subterrâneo do mundo, a 140 quilômetros de Estocolmo, um conjunto de câmaras construídas em rochas de granito, com paredes revestidas de cimento e chumbo.
Japão - No ano passado, cientistas começaram a estudar a possibilidade de construir depósitos no fundo do mar, aproveitando o fato de que os sedimentos marinhos são muito pouco permeáveis.





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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Chinês 'geek' ganha túmulo em formato de computador


Chinês 'geek' ganha túmulo em formato de computador


Chinês ganhou túmulo em formato de computador. (Foto: Reprodução)

Família também manteve aberta sua conta de e-mail.
'Talvez, ele possa lê-los do outro lado', disse um amigo.

O chinês Hu Chuang, que morreu os 26 anos, ganhou um túmulo em forma de computador. Como Chuang era fissurado em tecnologia, a família mandou fazer uma lápide em forma de computador em Chongqing, segundo reportagem o jornal “Austrian Times”.

O monitor mostra a data de nascimento e morte do jovem. O pedreiro construiu ainda uma réplica de teclado, mouse e uma câmera com o retrato de Chuang.
Seus pais também mantiveram aberta sua conta de e-mail e encorajaram amigos e familiares a continuar mandando e-mails para ele. "Talvez, ele possa lê-los do outro lado", disse um amigo da família.





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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Como o homem fala - Biologia


COMO O HOMEM FALA - Biologia



E canta, chora, cochicha, geme e grita, graças a um dos mais versáteis instrumentos da natureza: as cordas vocais. A ciência já consegue ver por dentro toda a sonora riqueza da voz humana.

A platéia fica de boca fechada, sem dar um pio, para ouvir uma ária da ópera Carmen. A intérprete é Celine Imbert, paulistana de 38 anos, dona de uma elogiadíssima voz de soprano, a mais rara e requintada que uma cantora lírica pode ter. Mas o silêncio dos ouvintes naquela apresentação tinha um motivo incomum. A cigana criada no século passado pelo escritor francês Prosper Mérimée e transformada em ópera por seu conterrâneo Georges Bizet (1838-1875) provavelmente jamais havia sido vista dessa maneira: em vez da dança sensual da personagem, assistia-se então à coreografia de um tubo rosado e oco, contraindo-se e esticando-se no ritmo da música. Não se tratava de uma montagem performática de Carmen, mas da gravação de um vídeo para a Escola Paulista de Medicina, há poucos meses, Celine exibia a laringe a um distinto público de pesquisadores, graças a um equipamento desenvolvido para possibilitar que os cientistas compreendam a harmonia existente entre os gritos e os sussurros, os graves e os agudos da voz humana.
Há mais tempo do que a ciência é capaz de rastrear, o homem aprendeu a erguer, com a fala, a esplêndida catedral da linguagem, o que lhe permitiu conquistar para sempre um lugar à parte entre todos os seres vivos. Mas, até há alguns anos, existia uma única maneira de observar os mecanismos da voz: segurando-se a língua para pôr um espelho dentro da garganta. Nessa situação desconfortável, o máximo que alguém consegue é soltar grunhidos. Assim, aos estudiosos restava apenas deduzir a fisiologia a partir da anatomia, imaginando como seria a ação das cordas vocais, o par de músculos produtores do som, revestidos de mucosas, que, apesar do nome sugestivo, em nada lembram violinos ou harpas. Aliás, a julgar pela aparência, esses músculos merecem a designação menos elegante de pregas vocais, preferida pelos pesquisadores. Hoje sua imagem ficou mais nítida: ao se introduzir uma delgada fibra ótica (ligada a uma câmera de TV) pelo nariz até a laringe, como se tornou possível fazer, o aparelho fonador permanece livre e desimpedido para que a pessoa examinada fale normalmente ou, como no caso de Celine Imbert, cante uma ária.
O vídeo mostra que, vez ou outra, quando a cantora inspira, as duas cordas vocais relaxadas, uma de cada lado, formam uma fenda triangular que se chama glote. Dessa maneira, o ar trafega sem obstáculos até os pulmões, onde abastece o organismo de oxigênio. Quando o diafragma, o grande músculo que separa o tórax do abdômen, expulsa o ar para fora, pode-se romper o silêncio. Se alguém resolve soltar a voz, o cérebro ordena que os músculos da laringe fechem a glote. O ar então fica no meio do caminho, preso no canal da traquéia, entre os pulmões comprimidos pelo diafragma e a glote inapelavelmente cerrada. Mas, tamanho acaba sendo o aperto ali, que o ar, sob pressão, força a passagem estreita entre as cordas vocais e estas, imediatamente depois da fuga, voltam a se unir. O pouco do gás que escapa, no entanto, é suficiente para empurrar partículas de ar que estavam na laringe; elas, por sua vez, empurram outras partículas e assim por diante, como pedras de dominó caindo uma depois de outra. O traçado dessa cadeia de partículas teria a forma de uma onda -e de fato se trata de uma onda sonora. Na verdade, as cordas vocais abrem e fecham tão rápido que não se pode notar o movimento a olho nu. Por esse motivo, ao examinar a laringe com fibra ótica, os médicos costumam recorrer a uma luz estroboscópica, como as usadas em discotecas, que dão a ilusão da imagem em câmara lenta. Nas crianças, o movimento se repete mais de 250 vezes por segundo. Com isso, a vibração do ar é grande e o resultado é uma onda mais condensada de energia ou de alta freqüência, que gera sons mais agudos. Para preservar essa voz fina e angelical é que em tempos idos surgiu a desumana idéia de castrar rapazes destinados ao canto. Isso porque, na adolescência, a entrada em cena dos hormônios sexuais, nos meninos e nas meninas, aumenta a massa muscular do organismo; as cordas vocais, em coro com essa transformação, tornam-se mais espessas e longas-desse modo, também mais resistentes à vibração.
Nas mulheres, as cordas passam a se movimentar entre 200 e 220 vezes por segundo, enquanto nos homens o ciclo vibratório é de cerca de 110 vezes. Todos podem ouvir o efeito da diferença: a voz engrossa porque a freqüência da onda sonora se torna mais baixa. Até que a laringe se acostume com a transformação, a voz desafina, o que fica mais evidente nos homens, nos quais a mudança é drástica. No entanto, mesmo entre adultos, ninguém fala no mesmo tom o tempo inteiro. "A laringe ajusta o tamanho conforme a altura do som, grave ou agudo", explica o otorrinolaringologista Paulo Pontes, da Escola Paulista de Medicina, um dos maiores especialistas brasileiros em laringe. Ele estende a mão e a compara a uma corda vocal: "Ao fechar a mão, a pele do dorso se estira e fica mais tensa; o mesmo ocorre com a mucosa da prega vocal quando ela é estirada pelo alongamento para produzir um som mais agudo. Ao se encurtar, a prega fica menos tensa-mais massa vibra e o som é mais grave. O mesmo acontece com a mão aberta: a pele relaxa, podendo formar mais dobras."
Para falar em alto e bom tom, porém, é preciso muito mais do que cordas vocais bem afinadas pela laringe: é necessária uma lubrificação adequada. Assim, a voz enrouquece quando se fica gripado, porque o excesso de muco segura as cordas vocais. O inverso, a secura, tampouco é o ideal. "É comum querer gritar de nervoso e a voz não sair", exemplifica Pontes, "porque a tensão chega a secar as glândulas salivares e, sem lubrificação, as cordas vocais não conseguem vibrar direito." Contudo, se dependesse exclusivamente do que se passa na laringe, o homem viveria quase mudo, pois o som produzido ali é tão baixo quanto o de um cochicho. Por isso, ao longo da evolução da espécie, órgãos a serviço das funções respiratória e digestiva foram se adaptando para o trabalho extra de modular a voz humana.
As ondas sonoras geradas na glote atravessam um verdadeiro sistema de amplificadores, formado pelos próprios pulmões, mais a laringe, a faringe, a boca, o nariz e por uma série de cavidades existentes nos ossos da face, os seios paranasais. Ao entrar em uma dessas estruturas, chamadas caixas de ressonância, é como se a onda sonora batesse em uma parede e ricocheteasse; desse modo, acaba se chocando com outra onda sonora no caminho. Conforme a combinação resultante do encontro, aquela primeira onda sonora pode ser amplificada, tornando-se audível. Mas também ocorre o oposto -uma onda atenuar outra. E justamente o jogo de abafar ou de aumentar o volume de certos sons que dá ao homem uma voz quase tão rica em nuances quanto a música de um piano. As cordas vocais são como o samba de Tom Jobim: emitem uma nota só, o chamado tom fundamental; outras notas podem entrar-os tons harmônicos, múltiplos do fundamental-, mas a base é uma só, de novo como na canção. Mesmo partindo de um único tom, o homem constrói toda uma gama sonora. O médico Paulo Pontes disseca a proeza: "A onda do tom fundamental, ao atravessar as caixas de ressonância, é ampliada apenas em determinadas faixas conforme o som desejado. Assim, podemos emitir, por exemplo, o som de vogais diferentes". Tudo é calculado, embora não se perceba. O sistema nervoso comanda músculos, do abdômen até a face, de tal maneira que a onda sonora termina sendo guiada para determinados pontos de determinadas caixas de ressonância, sempre de acordo com o som.
É fácil notar, por exemplo, as alterações que ocorrem na boca, que fica escancarada para emitir um "a" de exclamação ou faz bico para produzir o acachapante "u" de uma vaia. Assim como a boca, outras caixas de ressonância, graças à ação muscular, também vivem mudando de formato. "É claro que uma bela voz vai depender de fatores físicos, como estruturas do aparelho fonador perfeitas e bem-proporcionadas", cita Pontes. "No entanto, mais importante do que isso, é saber guiar a onda sonora até a caixa de ressonância certa. É essa sensibilidade que os cantores têm de especial." De fato, o jogo de caixas de ressonância é responsável pelos atributos estéticos da voz. É o trajeto da onda sonora, abafada em algumas faixas, amplificada em outras, que resulta em um tom aveludado como o de um locutor de rádio de fim de noite ou grasnante como o de um imitador do Pato Donald. No final, cada um cria maneiras exclusivas de gerar seus sons, com esse ou aquele conjunto de movimentos musculares.
"Por isso, a voz é uma espécie de impressão digital sonora", compara a fonoaudióloga paulista Mara Behlau, a única especialista credenciada a dar pareceres em tribunais brasileiros sobre identificação de vozes. Ela trabalhou junto com peritos americanos na comparação de vozes gravadas ao telefone, quando as autoridades italianas recorreram aos Estados Unidos ao investigar o seqüestro e assassínio do primeiro-ministro Aldo Moro, em 1978. Embora o fator desenvolvimento do organismo também deva ser ouvido, a rigor o aparelho fonador é esculpido pelo uso. Assim, os órgãos de fonação do brasileiro geram com facilidade os sete fonemas vogais do português-a, é, ê, i, ó, ô, u. Isso explicaria a ginástica que é para muitos brasileiros falar outras línguas. O inglês americano, por exemplo, faz soar catorze fonemas vogais-o dobro do que os músculos dos brasileiros se habituaram a realizar. Que dizer então do sueco, que vocaliza 22 sons vocálicos.
Antes de ser moldado, porém, o aparelho fonador é capaz de aprender qualquer língua sem rastros de outros sons. Análises feitas por computadores provam que os bebês no mundo inteiro emitem no mesmo tom quatro tipos de sons. O primeiro é o grito do nascimento, algo que humano algum será capaz de repetir na vida. "É um som peculiar, pois serve para expulsar o líquido contido no trato respiratório", esclarece Mara. Por sinal, o homem é o único animal que grita ao nascer; os bichos costumam vir ao mundo calados; provavelmente, especula- se, para não denunciar sua frágil presença a ouvidos predadores.
A voz do recém-nascido, qualquer que seja a sua origem, vai do tom mais grave ao mais agudo até que a mãe perceba que ele sente fome. Mas, quando o choro se limita a um único tom, insistente e monótono, é porque a voz reclama de dor. Finalmente, os bebês também soltam sons anasalados, leves gemidos que indicam prazer. "Para o resto da vida o homem associará prazer e afeto à voz anasalada", informa Mara. Segundo ela, existem apenas três línguas em que os tons anasalados predominam: o português, o francês e o polonês. "Parte da fama de românticos dos franceses e de sensualidade dos brasileiros se deve ao idioma que eles falam", acredita a especialista.
"Cada emoção tem voz própria", garante de seu lado o psicólogo Ailton Amélio da Silva, da Universidade de São Paulo, que ensina o tema para alunos de pós-graduação. Quando Ailton começou a estudar expressões faciais em filmes e novelas, há dez anos, descobriu que era necessário tirar o som, porque a voz distrai, chamando mais a atenção do que a imagem. Há quatro anos, ele inverteu o processo e passou a ouvir apenas o som das telenovelas. Com a ajuda de computadores, a gravação é fragmentada e os segmentos, remontados ao acaso. O resultado são vozes que mantêm o tom e o ritmo originais, mas que emitem ruídos sem sentido algum. "Com uma freqüência espantosa, os ouvintes costumam identificar a emoção de quem emitiu a voz", revela o pesquisador.
Embora recentes, pesquisas nessa área já indicam pistas valiosas. Quando alguém mente, por exemplo, a voz tende a não oscilar de tom, como se o mentirosos temesse escorregar para a informação verdadeira. Quem está feliz fala mais fino e mais alto, ao contrário da voz tristonha e desanimada, mais baixa e mais grave. Fala grosso quem sente raiva, mas a voz afina e baixa de volume em situação de constrangimento. "Em épocas primitivas, quando a agressão fazia parte do convívio social, devia ser importante para cada um perceber na hora se a voz do outro revelava medo ou raiva", supõe Ailton. Algumas emoções, quando constantes, podem prejudicar a voz, de acordo com a fonoaudióloga Carla Miéle, do Hospital Albert Einstein, de São Paulo.
É o caso da tensão e da ansiedade. A respiração curta do ansioso fornece pouco fôlego para a emissão de sons. "Sem pressão suficiente do ar, as cordas vocais se esforçam em dobro e deixam de trabalhar em sincronia", descreve Carla. Surgem então ali nódulos, os famosos calos nas cordas vocais, um dos mais comuns distúrbios de voz. O problema aparece naqueles que abusam da voz, cantores, professores, políticos, locutores, mães que vivem gritando com os filhos-gente que, às vezes, acredita que pigarrear ajuda a combater a rouquidão, um sonoro mito. Felizmente, foi-se o tempo em que para resolver um problema de calos vocais a vítima corria o risco de ficar calada para sempre. Hoje em dia, microcirurgias retiram os calos, deixando as cordas vocais intactas. Aliás, justamente porque a Medicina atual consegue observar as cordas vocais em ação, como durante a audição de Celine Imbert, existe tratamento para a maioria de seus males, sem afetar a voz dos donos-algo que deveria fazer os cientistas cantar de alegria.

Aparelhos de som

A rigor, não existe um órgão cuja única função seja permitir a emissão de sons. Mesmo as cordas vocais fazem parte da laringe, que serve para conduzir o ar aos pulmões. Mas, ao longo da evolução da espécie humana, órgãos ligados à respiração e à digestão passaram a trabalhar também na produção da voz.


Jogo de ondas

Ao entrar em uma caixa de ressonância, a onda sonora bate e volta, cruzando com outra onda que vem atrás, no mesmo trajeto. No encontro, se uma onda for exatamente o oposto da outra, os dois sons se anularão. Se as duas ondas se encaixarem, acabarão se somando e dessa maneira o som será amplificado. Se, no entanto, as ondas não se encaixarem perfeitamente, o som original será abafado.


O rei da imitação

A voz do papagaio nada tem a ver com a do homem, a quem imita: para início de conversa, como nas demais aves seu som não é produzido por cordas vocais, mas por uma membrana, a seringe, situada entre os brônquios e a traquéia. De uma espécie de ave para outra existem diferenças na membrana, assim como nos músculos que a fazem vibrar para produzir a onda sonora-daí a diversidade do canto dos pássaros. "A seringe de uma ave canora é muito mais complexa do que a dos papagaios", compara a bióloga Elizabeth Hofling, da Universidade de São Paulo. Em compensação, o cérebro do papagaio tem uma capacidade de aprendizado maior para imitar sons." Outras aves conseguem a mesma proeza, como certas araras e as gralhas. Já os pássaros pretos, excelentes imitadores, preferem copiar outras espécies-por exemplo, canários.

A voz da verdade

Nem o mais hábil imitador consegue reproduzir exatamente o jeito de falar de outra pessoa. Na década de 30, os cientistas ainda não haviam descoberto que a voz é algo tão pessoal e intransferível quanto uma impressão digital. Apesar disso, em 1935, nos Estados Unidos, o jardineiro Bruno Hauptmann acabou executado pelo seqüestro e assassino de uma criança de 2 anos-foi a primeira vez em que se usou a voz como prova em um tribunal. Embora a memória costume falhar nessas coisas, o júri confiou no pai da vítima, Charles Lindbergh (1902-1974), o primeiro aviador a atravessar o Atlântico sem escalas, que reconheceu a voz do antigo empregado no telefone.
Equipamentos capazes de identificar vozes com segurança apareceram na Segunda Guerra Mundial: os americanos verificaram que as tropas alemãs costumavam usar os mesmos soldados para transmitir mensagens de rádio-assim, identificá-los seria uma forma de acompanhar os deslocamentos dos inimigos. Na época, era preciso comparar duas frases idênticas para saber se haviam sido ditas pela mesma pessoa. Atualmente, porém, computadores analisam mais de setenta indicações, ou parâmetros, para informar se duas vozes pertencem ao mesmo dono, ainda que falando línguas diferentes.

Erros gritantes

Na hora de abrir a boca para manifestar-se sobre voz, muita gente talvez devesse permanecer em silêncio para não propagar conceitos falsos como estes:

Quem muito grita pode arrebentar as cordas vocais As cordas vocais nunca arrebentam, deixando as pessoas mudas. Quem força muito a garganta pode, isso sim, ficar rouco de cansaço ou, a longo prazo, desenvolver calos nas cordas vocais.

Um gole de bebida alcoólica aquece a garganta e ajuda a voz a sair mais fácil O álcool não traz beneficio algum à voz; além disso, é um dos principais causadores de câncer de laringe.

O único mal do cigarro, para a voz, é diminuir o fôlego A fumaça do cigarro aumenta a quantidade de muco nas cordas, o que altera a voz.

Mel e limão ajudam a curar a rouquidão Esta pode ser uma excelente receita, mas para inflamação de garganta. Pois a glote se fecha quando se engole alimentos, impedindo que entrem no aparelho respiratório. Se uma gota de mel chegar a cair sobre as cordas vocais, o efeito será um enorme engasgo. O único remédio para a voz rouca é o silêncio.

Pigarrear ajuda a tornar a voz mais clara Pigarrear é um truque psicológico-a pessoa se assegura de que a voz está na garganta e não irá lhe falhar. Infelizmente, nada arranha mais as cordas vocais do que um simples pigarro.

Na velhice, a voz muda por falta de hormônios sexuais A diminuição de hormônios e o próprio envelhecimento da mucosa que reveste as cordas vocais podem afinar a voz na terceira idade. Mas, como qualquer outro músculo, cordas vocais exercitadas, como as dos cantores, mantêm a forma. Aliás, a voz chega ao ápice entre os 40 e os 50 anos de idade.





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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Pantanal, Terra das Águas - Natureza


PANTANAL, TERRA DAS ÁGUAS - Natureza



Uma das maiores planícies do mundo não é um pântano, mas um ecossistema único: pelo tamanho, pela diversidade de suas formas de vida e pelo lugar onde fica. Sua beleza é fruto disso tudo.

Começa no mês que vem a temporada das chuvas no Pantanal Mato-grossense. Como acontece infalivelmente todos os anos, desde há pelo menos 30 milênios, um mar de água deverá se elevar lentamente, invadindo toda a planície do centro da América do Sul. As dimensões dessa inundação serão colossais. Aos poucos, 2/3 dos 150 000 quilômetros quadrados do território ficarão encharcados-uma área igual à do Estado de Santa Catarina ficará embaixo da água. Caso isso acontecesse no sul do país, seria uma tragédia de proporções inimagináveis. Mas, no Pantanal, encravado entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, a chegada das águas significa renovação. Sem as enchentes, a região seria um deserto. Por causa delas, ali se encontra uma das mais deslumbrantes paisagens das Américas-aproveitá-la como cenário de telenovela é o menor tributo que o homem pode lhe prestar.
Até os anos 50, aproximadamente, os cientistas chegaram a desconfiar que, no passado remoto, um mar interior cobria a região, como um enorme lago de água salgada. Quando foi avistado pela primeira vez por uma expedição branca, no século XVI, a área estava inundada e recebeu o nome de Lago dos Xaraiés. Foi uma homenagem à tribo desse nome, da família dos guaranis, com quem os exploradores fizeram contato. O lago, depois se descobriu, não existia realmente. Mesmo durante a época das cheias, muitos terrenos, que os moradores do Pantanal chamam cordilheiras, escapam de ficar embaixo da água e, por isso mesmo, ali se refugiam bois e animais selvagens. Ademais, todo ano, durante os seis meses que dura a estiagem, quase toda a planície fica descoberta. E, com a falta de chuvas, o gado chega a passar sede.
Se não foi um mar nem um lago, o Pantanal tampouco é um pântano. Pelo menos, é o que dizem os pesquisadores, que implicam com o nome com que a região foi batizada, em época incerta, pelos habitantes do lugar. Aparentemente, eles se referiam às primeiras áreas inundadas pelos rios como pantanais-e o termo pegou. "Jamais se descobriram ali os charcos estagnados ou os lodaçais traiçoeiros típicos dos pântanos", objeta o geógrafo Aziz Ab´Saber, da Universidade de São Paulo, um dos maiores especialistas em Geomorfologia brasileira, o estudo do relevo terrestre. Ab´Saber prefere chamar o Pantanal de planície inundável - "única pelo seu tamanho porque está no interior do continente e pela diversidade de domínios da natureza", enumera.
A imagem de pântanos movediços não se aplica a nenhum pedaço do Pantanal Mato-grossense. Mesmo os filmes de terror classe B, onde costumavam aparecer, exageram as suas características. Trata-se, na verdade, de pequenos afloramentos de água estagnada, resultantes do movimento do subsolo, e de difícil escoamento. Em alguns lugares, as plantas ali acumuladas transformam-se em turfeiras, depósitos de carvão vegetal que deixam o solo mole e pegajoso, como em certas regiões da Inglaterra e também no Brasil, mais precisamente no Vale do Paraíba e em Ribeira de Iguape, São Paulo. As planícies inundáveis são muito mais comuns. Estão presentes do Amazonas ao Rio Grande do Sul e suas áreas mais facilmente alagadas são chamadas brejos, várzeas, banhados ou vargens, conforme a região. Também são comuns pelo mundo afora.
O magnífico cenário do Pantanal, hoje se sabe, enfeita um fundo de concha situado entre as terras altas bolivianas a oeste e as serras brasileiras a leste. Há cerca de 60 milhões de anos, quando se elevaram tanto a Cordilheira dos Andes como o Planalto Brasileiro, a região do Pantanal, ao contrário, esvaziou- se. Uma malha impressionante de rios, formada pelo Paraguai e seus afluentes, despencou nesse imenso anfiteatro, vinda do norte e do leste, escavando os planaltos vizinhos e acumulando os sedimentos na planície. A região foi sendo lentamente aterrada. O Rio Paraguai, muito raso para suportar a imensa descarga que recebe de seus afluentes, ainda encontrou obstáculos ao sul, ao atravessar a Serra do Bodoquena. Ao percorrer esse assoalho liso, cuja declividade não passa de 33 milímetros por quilômetro, não tem alternativa senão transbordar.
Assim, é fácil entender por que a enchente demora para baixar-avançando cerca de 10 quilômetros por dia, leva seis meses para atravessar o Pantanal. Enquanto ainda está ganhando terreno no sul, já começa a diminuir de volume no norte. Areia, vegetação decomposta, aguapés, tudo se movimenta com a cheia. Quando ocorre a vazante e a água escorre para outras paragens, fica no lugar uma sopa de detritos na qual nascem capim, ervas, arbustos e uma infinidade de flores-um conjunto exuberante de vegetação que jamais brotaria naquele solo pobre sem a contribuição das águas. Até porque no Pantanal não chove muito. Na tórrida cidade de Corumbá, no sul da planície, por exemplo, chove menos do que em São Paulo. Esse fenômeno lembra o que ocorre no Rio Nilo, na África, cujas enchentes fertilizaram o deserto e fizeram a grandeza do Egito há 5.000 anos.
Não é preciso ir muito longe para imaginar o que seria do Pantanal sem o constante vaivém das águas. Do outro lado da fronteira, no território da Bolívia, fica uma das áreas da planície do Chaco, formada na mesma época e da mesma maneira que a planície mato-grossense. Apesar do nome, que lembra charco e por isso pode dar margem a confusão, a terra ali não é úmida, mas árida. A palavra chaco vem do idioma quíchua, ainda hoje falado pelos indígenas da região, e significa terra de caça. Na sua parte central, o Chaco é um imenso descampado, dominado por bosques baixos e vegetação de savanas. Ali não ocorrem inundações. Os poucos córregos que percorrem a planície são parcamente alimentados nas cabeceiras, localizadas nos altiplanos andinos, onde raramente chove-ao contrário do que acontece nas úmidas serras nas bordas do Pantanal, onde estão as nascentes do Paraguai e seus afluentes.
Do lado de cá da fronteira, o verde se transforma à medida que o Paraguai atravessa os 700 quilômetros de seu percurso pantaneiro. De leste para oeste da planície, o grande rio e seus afluentes passam por matas, cerrados e campos que, em alguns trechos, lembram a caatinga nordestina. Na parte sul e na borda ocidental, a vegetação se parece com a dos bosques chaquenhos. Calcula-se que durante o Período Quaternário, há 20 ou 30.000 anos, espécies de vegetação tropical e subtropical dos cerrados, do Chaco e da periferia da Amazônia disputavam o espaço enquanto os rios abriam caminho na planície. É por isso que um cientista como Fernando Flávio Marques de Almeida, da Universidade Estadual de Campinas, que trocou a Engenharia pela Geologia e estuda a região há quarenta anos, desde que se apaixonou por ela, afirma que não existe um único Pantanal na região. "São quase uma dezena, cada um com características diferentes", esclarece. A gente do lugar reconhece esses pantanais por nomes diferentes: pantanal de Cáceres, ou de Poconé, ou de Nhecolândia etc.
"Trata-se de uma espécie de mosaico, onde se interpenetram diversos ecossistemas e suas respectivas faunas", concorda outro pantanólogo, Francisco de Arruda Machado, o Chico, biólogo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Filho de pescadores, nascido numa vila perto de Cuiabá, Chico só podia mesmo se especializar no estudo da multidão de peixes da bacia do Paraguai. Segundo ensina, eles representam um dos elos mais importantes da riquíssima cadeia alimentar do Pantanal, capaz de sustentar animais de grande porte, em vias de extinção em outros pontos do território brasileiro, como a onça-pintada, o lobo-guará, o tamanduá, a capivara e o cervo.
Durante a época das cheias, cardumes e mais cardumes sobem os rios para a desova, no conhecido fenômeno da piracema. Os filhotes se alimentam de microorganismos e da vegetação aquática, como os aguapés, que cobrem as áreas inundadas, ou baías, conforme se diz na região. Quando vem a vazante, muitos rios interrompem seu curso, formando uma seqüência de pequenos lagos, onde jacarés, cobras, pequenos roedores e pássaros fazem a festa. "Numa lagoa de 2 metros quadrados se encontram sessenta espécies de peixes convivendo lado a lado", contabiliza Chico, orgulhoso.
Alterar esse sistema, a conseqüência inevitável da interferência humana em larga escala na região, significa desequilibrar o ciclo de vida no Pantanal. Sabe-se, por exemplo, que o acréscimo de aguapés, provocado pelo assoreamento dos rios, e a matança indiscriminada dos jacarés, estão aumentando os cardumes de piranhas nos rios. Não existem números comparativos a respeito, mas o fato é certo. As aves -a forma de vida que mais chama a atenção no Pantanal- também estão ameaçadas. No caso, o vilão é o uso de agrotóxicos nas plantações de soja a em volta da planície. Mas a fartura de asas e plumas é tamanha que, ao menos por enquanto, ainda não há por que se preocupar.
Infinidades de aves coloridas, entre os quais espécies migradoras, habitam os viveiros pantaneiros, que às vezes cobrem mais de 1 quilômetro de bosques. Ali voam garças, araras, papagaios, biguás, maçaricos, batuíras, colhereiros -e os tuiuiús, de corpo branco e pescoço vermelho, escolhidos por sua beleza como o símbolo oficial da região. Deslumbrados com toda essa abundância, os mais entusiasmados fãs leigos do Pantanal asseguram que a região, como manancial de espécies, é ainda mais rica que a Amazônia. É e não é. Na verdade, explica o ecólogo Wellington Braz Carvalho Delitti, da USP, "as espécies da floresta são mais variadas, mas no Pantanal a quantidade é mais perceptível".

Um mundo de cheias

No coração da América do Sul, o Pantanal Mato-grossense é uma exceção à regra da formação das planícies inundáveis. As demais surgem quase sempre junto à costa e na altura dos deltas dos rios. A bacia do Amazonas, que se estende por quase 7 milhões de quilômetros quadrados, tem épocas variadas de cheias, conforme o trecho do rio, e apenas uma estreita faixa de várzea inundada. As maiores planícies inundáveis do mundo estão na Ásia. É o caso da planície do Rio Yang Tsé, na China, que ocupa 2 milhões de quilômetros quadrados, onde existem cidades, como Xangai, cujas populações também se contam aos milhões. As enchentes do Rio Yang Tsé podem inundar centenas de quilômetros de planície. Além deste, também o Rio Huang Ho, no norte da China, forma terras inundáveis e pantanosas.
No Sudeste Asiático, o Rio Mekong inunda as planícies do Laos, Camboja, Vietnã e Tailândia, sendo responsável pela principal cultura da região: o arroz. A planície do delta do Ganges, entre a Índia e Bangladesh, também forma um dos territórios mais férteis e por isso mesmo mais populosos do mundo. Ali, a paisagem alterna plantações de chá e de arroz com florestas tropicais e pântanos. Em contraste, no norte do continente, os rios siberianos Ob, Ienissei e Lena recebem a neve e o gelo derretido dos maciços da Ásia Central e inundam uma terra menos habitada e coberta pela vegetação de tundra, antes de desaguar no Ártico. Uma das planícies inundáveis mais famosas do mundo fica no delta do Mississípi, o maior rio dos Estados Unidos, que cobre uma área superior a 3 milhões de quilômetros quadrados. Antes de desaguar no Golfo do México, forma uma malha de canais, cercados por bosques baixos, povoados por uma infinidade de aves e jacarés-agora raros.

Mau exemplo na Flórida

Corresponde apenas a 6% do Pantanal Mato-grossense. No entanto, representa a maior planície inundável dos Estados Unidos. A região de Everglades (literalmente, clareira perpétua, em inglês), quase 10 mil quilômetros quadrados no sul da Flórida, foi até o século passado um emaranhado de pequenos córregos, lagos e brejos, uma terra pantanosa, habitada por crocodilos, panteras e aves a não poder mais. Hoje, quase dois terços do território estão ocupados por plantações. Grandes cidades, como Miami e Fort Lauderdale, se assentam sobre as suas bordas; uma rede de rodovias absorve a água das chuvas. O pantanal americano ficou confinado ao Parque Nacional de Everglades, que margeia o Atlântico até a ponta da península, e a algumas áreas vizinhas, onde subsistem treze espécies de animais em extinção, entre as quais, contadas uma a uma, trinta panteras.
A água circulava nessa planície sedimentar no mesmo ritmo lento de enchentes do Pantanal brasileiro. Mas em vez de um grande rio, ali está uma cadeia de lagos, ainda existente ao sul de Orlando, terra da Disneyworld. São esses lagos que alimentam o grande reservatório de Okeechobee, considerado o coração de Everglades. Dali, a água se espalha por quilômetros, inundando uma terra baixa e de vegetação rasteira até misturar-se com o mar. Para sustentar o desenvolvimento da região, todo esse sistema foi drenado. Mas, com o tempo, o solo secou. E o suprimento de água dos 5 milhões de habitantes do sul da Flórida corre o risco de entrar em colapso. Para evitar a calamidade, planeja-se o retorno aos bons velhos tempos. Isso significa restaurar o curso original de rios e o nível dos lagos, afastar os poluentes, reconstruir estradas e desapropriar terras-uma respeitável conta de 300 milhões de dólares.

Perigos no paraíso

Mesmo os ambientalistas radicais hão de concordar que, às vezes, a intervenção do homem na natureza vem para bem. A introdução do gado no paraíso mato-grossense, nas primeiras décadas deste século, por exemplo, acabou trazendo benefícios insuspeitados. A criação extensiva preencheu milhares de quilômetros quadrados com atividades econômicas que jamais perturbaram o equilíbrio ecológico. E o terreno arenoso, que não se presta à agricultura, serve perfeitamente ao florescimento de pasto, excelente alimento para bois e outros herbívoros. A região possui poucas cidades (as maiores são Campo Grande, com perto de 400 000 habitantes, Cuiabá e Corumbá) e a maior parte do território é ocupado por fazendas pastoris, daquelas que se percorre melhor de avião, escassamente povoadas.
Outros perigos, no entanto, ameaçam este éden. Recentemente, um encontro realizado em São Paulo pela Fundação Pantanal Alerta Brasil, uma organização ambientalista, mostrou a fragilidade do equilíbrio ecológico da planície. "As terras inundáveis sofrem muito com as alterações que acontecem nas bordas da planície", acusou na ocasião o geólogo José Domingos Godoy Filho, da UFMT. "O Pantanal recebe toda a carga de agrotóxicos das plantações de soja situadas nas cabeceiras dos rios e sente seus efeitos, como a erosão, assoreamento e contaminação das águas." Além disso, a mineração, praticada na beira dos rios, já transformou trechos da paisagem idílica em verdadeiras crateras. Como também lembra o geólogo, um paulista seduzido pelo Pantanal, o mercúrio usado pelos garimpeiros para localizar ouro, depois de escapar para a atmosfera, retorna ao solo e aos rios, trazido pela chuva, contamina a natureza e envenena gente e bichos. Se isso não bastasse, descobriu-se que as queimadas realizadas nos cerrados do Brasil Central elevam a níveis alarmantes a concentração de gás carbônico na atmosfera do Pantanal, durante a estação seca. Como se sabe, o gás carbônico, resultante do fogo ou da combustão de derivados de petróleo, é um dos maiores causadores do efeito estufa. Como acontece em Porto Velho, a capital de Rondônia, por causa dos gigantescos incêndios provocados pelo desmatamento da Amazônia, também em Cuiabá, no Mato Grosso, que fica ao norte do Pantanal, a fumaça das queimadas obrigou várias vezes ao fechamento do aeroporto por falta de visibilidade.
No encontro de São Paulo, os cientistas brasileiros que defendem uma ocupação menos predadora do Centro Oeste, como uma forma de evitar a destruição da paisagem do Pantanal, contaram com o apoio de um ilustre colega americano. O biólogo Estus Whittfield, diretor da área de meio ambiente do governo da Flórida, comparou a região de Everglades, no seu Estado, ao Pantanal Mato-grossense. Segundo explicou, a ocupação do pântano de Everglades causou tamanho problema no abastecimento de água do sul da Flórida que hoje os americanos estão gastando cerca de 300 milhões de dólares para curar as dores de cabeça que o desenvolvimento trouxe à região. "Se eu lhes contar a nossa história, vocês não vão querer cometer os mesmos erros", ofereceu-se Whittfield. Resta esperar que os brasileiros estejam dispostos a ouvir.

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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Terra de Trigo - Costumes


TERRA DE TRIGO - Costumes



É um dos alimentos mais antigos da história e o mais difundido do mundo. É também a principal fonte de calorias de origem vegetal consumidas pelo homem. Assombra pela variedade: há quem fale em 30000 tipos.

Depois do fruto da árvore do bem e do mal, que despejou Adão e Eva do Paraíso, fala do trigo a mais antiga referência literária a respeito da história do alimento. Provas arqueológicas efetivamente atestam sua presença numa das mais remotas moradas conhecidas da humanidade, em Jarmo, no nordeste do que hoje é o Iraque, antiga Mesopotâmia, por volta de 7 000 a.C. Desde então, o produto se espalhou planeta afora - e não existe latitude ou longitude em que ele não germine. Existe trigo em Jericó, no Oriente Médio, 250 metros abaixo do nível do mar. E existe trigo no Tibete, na Ásia Central, 3 500 metros acima. Por sua tolerância espetacular, o trigo medra nas temporadas invernais, geladas da Islândia e também no calor selvagem da Etiópia. Na verdade, não se pode descrever nenhuma espécie de comida mais abrangente ou mais importante. Nem mesmo um irmão seu, o arroz.
No globo todo, a matéria-prima essencial é sempre um grão. Pelo menos a metade dos solos cultivados da Terra se entrega a um gênero de cereal. Graças ao cereal a humanidade absorve aproximadamente 80% das calorias de que precisa. O trigo providencia 2/5 desse bolo. Mesmo nas duas nações mais superpovoadas e simultaneamente entre as menos bem alimentadas do planeta inteiro - a Índia e a China. Quase 55% das propriedades cultivadas da Áustrália abrigam trigo. A sua plantação ajuda a sustentar vibrantemente as economias de países prósperos como os Estados Unidos e o Canadá. E cresce trigo de excelente qualidade em regiões tão diferentes como Cuba, Egito e Afeganistão.
Foi na Ásia, aliás, entre o Afeganistão e Israel, que o trigo se originou, naturalmente, em tempos imemoriais. Depois, provavelmente durante o Neolítico (entre 10 000 e 7 000 anos atrás), passou a ser semeado com alguma organização. Hoje, parece impossível acertar o número das suas variedades. Um botanista alemão, Helmuth Pelshenke, contabilizou 12 000. O cientista soviético Nicolai Vazilov, mais meticuloso, anotou 30 000. Toda essa multiplicidade - que alívio! - deriva de apenas duas raízes, o chamado trigo duro, ou Triticum durum, e o trigo comum, aquele que se utiliza na farinha de pão, o Triticum vulgare. Curiosamente e espetacularmente, do T. durum não se conhece nada além de dez ou doze derivações. Todas as outras fazem parte da genealogia do T. vulgare - entre as quais, perdida pela eternidade, certamente se situa a matriz da raça, a espécie espontânea de milênios atrás.
Na tentativa de colocar alguma ordem nessa imensa confusão, botânicos modernos acabaram dividindo os tipos de trigo em pelo menos três categorias, de acordo com o número de cromossomos encontráveis nas suas células de reprodução: sete, catorze ou 21 pares. As variedades primitivas, segundo essa proposição, ostentariam meros sete pares, como uma curiosa e prosaica planta etíope, em cuja espiga se aloja um único grão. As derivações do T. vulgare, por sua vez, se provam mais sofisticadas - em geral carregam catorze pares. No seu departamento seguramente se localiza o trigo bíblico, o Kussemeth de Abraão. Também o T. durum dispõe de catorze pares. A espécie é costumeiramente apelidada "trigo de macarrão", porque com ela os árabes e os sicilianos principiaram a perpetrar as suas massas nos entornos de 1100,1200 depois de Cristo.
Daí, um degrau acima, despontam os tipos de 21 pares, os híbridos contemporâneos - na verdade, aqueles dos últimos 2 000 anos que, por intenção ou acidente, desde os idos dos gregos e dos romanos, foram-se misturando e se aperfeiçoando. Por causa dessa verdadeira orgia de casamentos genéticos, descontrolados e não codificados, o cultivador de trigo, ao semeá-lo, raramente sabe que variedade, posteriormente, irá colher. O processo é enlouquecedor. Há ocasiões em que todas as sementes parecem exatamente iguais de um tipo perfeitamente identificado e determinado. Então, ceifadas as espigas, se percebe que os grãos não oferecem uniformidade no formato, no tamanho ou mesmo na cor. Em geral, despontam, por exemplo, grãos amarelos e grãos vermelhos. Só que a sua proporção não se repete - ela se modifica, sim, doidamente, a cada nova safra.
Para complicar ainda mais a situação, os produtores americanos idealizaram a sua própria e independente classificação, a saber:
Trigo duro, vermelho, de inverno - De elevado teor de proteínas, utilizado na farinha de pães ultrafermentados e rijos.
Trigo duro, vermelho, de primavera - Com mais proteína ainda, utilizado no mesmo gênero de fabricação de pães, como os italianos.
Trigo duro, claro - Utilizado no macarrão.
Trigo branco - Utilizado em pães não-fermentados, massas para bolos, confeitos, bolachas e macarrão de segunda linha.
Trigo mole de inverno - Utilizado pouco seletivamente em pães, bolos, bolachas e confeitos de segunda linha.
As características de cada tipo ficam mais compreensíveis quando se analisa um grão de trigo e se descreve a sua composição interior. Fundamentalmente, um grão de trigo é formado por sua casca, por um endosperma e por um germe. A casca representa 14,5% do peso. O endosperma, 83%. O germe, 2,5%. Cada uma dessas partes difere da outra em termos de formulação química. O germe, no núcleo do grão, tem menos sais minerais e vitaminas; como acontece com a maioria dos cereais, o teor de tais substâncias diminui de fora para dentro. A moagem do trigo objetiva, basicamente, retirar a casca e separar o endosperma do germe. Do endosperma se consegue a farinha, em todas as suas possibilidades. Grosso modo, o endosperma de um trigo duro contém uma quantidade superior de amido. No processo de industrialização da farinha, que leva à fabricação do macarrão, esse amido se gelatiniza no cerne da massa, fazendo com que ela resista bem mais tempo às operações de cozimento - obtendo-se, assim, o chamado ponto al dente. Ao contrário, num macarrão com menos teor de amido, a massa amolece e às vezes se desfaz.
Foi o ato instintivo da mastigação que sugeriu ao homem primitivo a idéia de esmagar os grãos de trigo entre duas lascas de rocha. Com o correr das décadas, a parcela inferior da pedra se transformou em cavidade, o princípio da teoria do pilão. Inicialmente, no nomadismo, usavam-se obviamente lascas portáteis. Quando o homem se assentou, sedentário, bateu-lhe a luz de trabalhar com peças bem maiores. Estava criado o moinho. Então, choveu. A água que se mesclou à farinha a transformou numa pasta macia. E essa pasta, depois de seca e autofermentada ao relento, se mostrou interessantemente comestível. Estava pronto o pão - sem querer.
Para a ocorrência desse resultado, contribui crucialmente um dos componentes do trigo, o glúten, matrimônio de duas proteínas que se tornam formidavelmente elásticas em contato com a umidade e o calor. Mais proteínas, logo, mais elasticidade. Mais elasticidade, mais espaços aerados no corpo da massa. Pois são esses espaços que induzem ao alojamento das leveduras, comunidades autoproliferantes que levam ao crescimento da massa. O homem primitivo não sabia disso. Apenas, por habitar cavernas, casas de pedra ou de madeira, cenários superlotados de fungos e de leveduras, a sua massa aumentava de volume sem esforços particulares. Alguém, mais esperto com certeza, um dia descobriu a maravilha de injetar os fungos recolhidos de uma parede ou de um tronco na sua pasta de trigo moído e água - e se encantou com a conseqüência sensacional, a massa que aumentava três, quatro vezes o seu peso inicial.
Graças a essa peculiaridade rara, o trigo se transformou em parceiro obrigatório da evolução da humanidade. O cidadão do Neolítico já cultivava o trigo nos entornos de 7000 antes de Cristo, na região da Mesopotâmia, junto aos rios Eufrates e Tigre. A linguagem sumeriana, datada de 3100 a.C., gloriosamente informa que o homem de então já conseguia perpetrar oito bebidas diferentes, fermentadas a partir do trigo, possivelmente as mamães de todas as cervejas. A civilização sumeriana, aliás, chegava ao requinte de irrigar as suas plantações, de maneira a garantir as colheitas nas estações das secas. E a fascinação das tradições prossegue.
Por que motivo o pão sagrado dos hebreus, a matzá, não possui nenhum fermento em sua composição? Simplesmente porque os seguidores de Moisés se compeliram a fugir às pressas dos seus escravizadores no Egito. Na correria, não tiveram como acrescentar as leveduras de costume às suas massas, o seu farnel de viagem. Sobreviveram, de todo modo, com altanaria. E até hoje comemoram a façanha em sua Páscoa com a matzá sem fermento. Os fenícios denominaram um deus, Dagon, em honra do trigo. Atenas se transformou em uma potência marítima por causa da sua carência geográfica do produto - os gregos necessitavam buscá-lo além-oceano, no Oriente Médio. Nas suas assembléias populares, que se realizavam dez vezes a cada ano, os helênicos invariavelmente começavam os debates pelas análises dos relatórios a respeito dos estoques da preciosidade.
Roma assumiu o controle do Mediterrâneo nos arredores de 400 antes de Cristo porque uma derrota ateniense, em Siracusa, na ilha da Sicília, destruiu inteira a frota grega e Ihe cortou os suprimentos de trigo, alimento indispensável à disciplina dos seus soldados. O expansionismo imperial de Roma, então, levou o trigo do Oriente Médio à Europa inteira. E o expansionismo imperial da Europa, através das navegações do século XVI, levou o trigo ao Novo Mundo. Cristóvão Colombo, pessoalmente, plantou as primeiras sementes nas Antilhas, em Isabela, Porto Rico. Os mesmos espanhóis desembarcaram o produto na Argentina. Aliás, o trigo não exige práticas especiais, cresce depressa e não pede muitos cuidados de conservação, principalmente nos climas temperados. Agüenta o frio e o calor - e apenas se incomoda quando o excesso de umidade se acompanha, simultaneamente, do excesso de temperatura. Ironia. O problema não ocorre porque essa dupla ação iniba o seu crescimento, muito ao contrário. Acontece porque o trigo se desenvolve excessivamente. Tanto, que sobe glorioso aos céus, numa luxúria visual de verdes - e não se preocupa em formar espigas.





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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O Fator Acaso - Ciência


O FATOR ACASO - Ciência



Muitas descobertas e invenções acontecem por acidente: sem querer, o pesquisador encontra a solução que não estava nem procurando. Isso tem um nome peculiar - serendipidade:

Thomas Alva Edison (1847-1931), o mais prolífico dos inventores, com 1903 patentes em seu nome, tinha uma visão desconcertante da genialidade. "Ela é 1% inspiração e 99% transpiração", dizia, numa frase que ficou famosa, o incansável experimentador que deu ao mundo a lâmpada elétrica e o fonógrafo, para mencionar apenas suas invenções mais populares. Mas o que fazia Edison transpirar? Segundo uma versão, a surdez parcial de que ele padecia "influenciou fortemente sua conduta e carreira, criando motivações para muitas de suas invenções", como assegura a veneranda Enciclopédia Britânica. O exemplo de Edison mostra como podem ser tortuosos os caminhos da criação na ciência e na tecnologia. A coleção de anedotas em torno das grandes descobertas e inovações científicas sugere à primeira vista que o processo é completamente casual e caótico e, sendo único em cada caso, não forneceria uma fórmula segura para entendê-lo e praticá-lo.
A rigor, não é bem assim, mas o célebre episódio envolvendo o alemão Friedrich August Kekulé (1829-1896) parece talhado sob medida para sustentar aquela idéia. Considerado o pai da Química Orgânica estrutural, ele andava atormentado com a estrutura do benzeno, molécula-chave dos compostos orgânicos. Os cientistas não conseguiam imaginar como seis carbonos e seis hidrogênios podiam fazer uma ligação estável formando uma molécula, porque achavam que os átomos se ligavam numa espécie de fila indiana. Um dia Kekulé foi acordado no momento em que sonhava com uma serpente que engolia a própria cauda. Sigmund Freud (1856-1939), criador da Psicanálise e do conceito de símbolo fálico, pensaria em outra coisa, mas Kekulé viu prontamente que o sonho continha a solução do problema que o afligia: em vez de fila indiana, uma molécula em forma de anel fechado.
A Química está repleta de acidentes que resultaram em grandes achados. Um dos mais notáveis acaba de completar cinqüenta anos. No dia 15 de maio de 1940, as lojas de Nova York foram invadidas por multidões femininas ávidas pela primeira compra de meias de náilon - 4 milhões de pares foram vendidos em poucas horas. No entanto, esse nunca por demais louvado aperfeiçoamento da anatomia feminina, com certeza o maior em toda a história do Homo sapiens sapiens, nasceu do acaso. O náilon era apenas um dos inumeráveis polímeros testados pela Du Pont, posto de lado, sem ser patenteado, por ter um ponto de fusão baixo. O químico Julian Hill, brincando com esse rejeito industrial, enfiou um bastão de vidro no composto e, ao retirá-lo, notou que se formavam fiapos muito delgados que secavam com a aparência de fios de seda. No processo de espichamento a frio, formavam polímeros - uma cadeia molecular longa, linear e resistente como as fibras naturais produzidas em escassa quantidade pelo bicho-da-seda.
Outras vezes pesquisadores descobriram coisas completamente diferentes do que buscavam. O inventor americano John Wesley Hyatt (1837-1920) perseguia febrilmente uma maneira de fazer bolas de bilhar sintéticas, para substituir o produto fabricado com o caro marfim. Ele chegou a uma bola muito boa, à base de nitrato de celulose, polpa de papel e serragem, que tinha porém um inconveniente desagradável: tacadas mais certeiras faziam explodir o nitrato, um dos componentes da dinamite. Isso eventualmente poderia tornar o jogo mais excitante, mas os apreciadores do esporte não gostaram e a bola de Hyatt foi um fracasso. Ele não desistiu. Patenteou o celulóide, o tipo de plástico que acabou se tornando matéria-prima milionária para a confecção de colarinhos, canetas, pentes, embalagens de toda natureza e substrato de filmes.
Um livro publicado em 1989 nos Estados Unidos, Serendipity - Accidental discoveries in science ("Serendipidade - descobertas acidentais na ciência", ainda não editado no Brasil), de autoria de Royston M. Roberts professor de Química na Universidade do Texas, arrola centenas desses achados casuais. A palavra serendipidade não consta dos dicionários da língua portuguesa. Vem do árabe Sarandib, antigo nome da Ilha do Ceilão, atual Sri Lanka. O termo foi empregado pela primeira vez pelo escritor inglês Horace Walpole (1717-1797) para designar o dom de achar coisas valiosas ou agradáveis não procuradas. Numa carta, Walpole comentou um conto de fadas persa, "Os três príncipes de Serendip", no qual eles "estavam sempre realizando alguma descoberta, por acidente ou sagacidade, de coisas das quais não estavam em busca". Daí, cunhou serendipity para expressar essas felizes descobertas.
Mas, ao mencionar a sagacidade como um dos caminhos para a descoberta, Walpole ilumina um pouco mais a questão, mostrando que a invenção nunca é puramente acidental e caótica. Como Louis Pasteur (1822-1895), o inventor da pasteurização e da vacina anti-rábica, disse certa vez, "o acaso só favorece a mente preparada". Ou seja, qualquer um pode sonhar com cobras (e aproveitar a deixa para jogar no bicho), mas na mente preparada do químico Kekulé pode-se dizer que o sonho já continha a metáfora da solução que ele tanto procurava. O estalo que teve ao despertar consistiu em decifrar a mensagem que ele próprio havia escrito. O argumento de Pasteur vale também para o leigo que espichasse o náilon gosmento - nunca iria perceber a utilidade da coisa.
"As idéias não caem do céu como se viessem do nada", observa a professora Amélia Hamburger, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo, uma estudiosa da História da Ciência. "É claro que há um componente aleatório no processo de descoberta e as pessoas devem estar atentas a todo instante para reconhecer uma coisa nova", argumenta ela. "Mas, fundamentalmente, tanto na técnica quanto na ciência, é necessário ter uma grande familiaridade com o assunto." Às vezes, coisas prosaicas podem fazer toda a diferença para a mente preparada. Em 1889, os alemães Joseph von Mering e Oscar Minkowski estavam estudando a função do pâncreas na digestão. Tiraram o órgão de um cachorro para ver o que acontecia. O cão, estropiado, continuou vivo, mas os pesquisadores notaram que a quantidade de moscas tinha aumentado muito no laboratório depois da operação. Um enxame delas disputava furiosamente a urina do animal. Em vez de demitir o subalterno que cuidava da higiene do local, a dupla resolveu estudar a urina do bicho e descobriu que ela estava inundada de açúcar, um sinal já conhecido do diabete.
Mering e Minkowski perceberam imediatamente que o pâncreas devia produzir alguma substância controladora do uso do açúcar no organismo. A insulina, que faltava na urina e no metabolismo do cão operado, foi descoberta finalmente em 1921 por Charles Best e Sir Frederick G. Banting, da Universidade de Toronto, Canadá. A descoberta, que melhorou a vida de milhões de diabéticos, poderia ter demorado muito mais se 32 anos antes dois pesquisadores não estivessem atentos para reconhecer uma coisa nova, como diz a professora Amélia - no caso, as moscas que apareceram misteriosamente no laboratório.
O remédio mais popular da História, de seu lado, surgiu de um engano. Por volta de 1870, segundo o autor de Serendipity, o químico Felix Hoffman, da Bayer, estava procurando uma maneira de usar o fenol, um germicida, em infecções. Testou um extrato de uma planta da espécie Spiraea, que continha fenol. Nos primeiros experimentos a pílula de Hoffman não teve a menor utilidade no combate à infecção, mas os pacientes notaram que ela era boa para baixar a febre e para abrandar dores como as causadas pela artrite. A substância ativa do extrato era o ácido acetilsalicílico. Em homenagem à planta, o medicamento foi batizado de aspirina. É bem possível que a cura de muitas doenças esteja dormindo num frasco empoeirado em algum laboratório à espera de um acaso - como o que ocorreu na descoberta da clorpromazina, substância psicoativa que foi testada como anestésico pré-operatório na década de 40.
Os franceses Jean Delay e Pierre Deniker ficaram surpreendidos com a "quietude eufórica" dos pacientes que tomavam a droga e resolveram experimentá-la em maníacos depressivos e esquizofrênicos. Foi uma revolução médica inesperada, acontecida do dia para a noite. A partir de então, pacientes esquizofrênicos, em fase mais branda da doença, puderam deixar os hospitais e levar uma vida quase normal. Essa descoberta que ninguém perseguia levou a outra, igualmente importante. Doses excessivas de clorpromazina, notaram os médicos, provocavam sintomas nítidos do mal de Parkinson, doença que atinge dramaticamente pessoas idosas. Já se sabia que o esquizofrênico tem uma superatividade de dopamina, um neurotransmissor, no cérebro. Se a clorpromazina reduz o efeito da dopamina e se ela provoca sintomas do mal de Parkinson em pessoas normais, então, logicamente, a doença é causada por uma escassez de dopamina. De fato, o uso de L-dopa, um precursor da dopamina, mostrou-se muito eficaz para minorar o sofrimento da moléstia.
Com o aparecimento dos grandes laboratórios químico-farmacêuticos, acidentes felizes desse tipo começaram a se multiplicar. Em abril de 1957, por exemplo, químicos do laboratório Hoffman-La Roche, na Suíça, receberam a ordem de abandonar as intermináveis experiências com variantes de substâncias químicas formadas por um ou mais anéis de carbono com átomos de nitrogênio. No momento de encerrar a rodada de experiências com tais drogas, um dos pesquisadores lembrou-se de que várias delas, sintetizadas dois anos antes, nunca tinham sido testadas. Daí surgiriam o Librium e o Valium, os tranqüilizantes mais receitados no mundo.
A lista de drogas descobertas dessa maneira é longa e inclui a ciclosporina, testada sem sucesso como anticancerígeno e arquivada por décadas até se mostrar a substância que viabilizou todo um novo capítulo da história da Medicina, como o remédio anti-rejeição que permitiu a rotina atual dos transplantes de órgãos. O AZT, a única droga efetiva até agora contra os sintomas da Aids, também foi um desses felizes equívocos - nos primeiros testes era também um medíocre medicamento anticâncer. Uma importante descoberta pode ficar na obscuridade enquanto ninguém souber direito para que serve. É comum dizer que a necessidade é a mãe da invenção, mas um balanço histórico mostra que nem sempre isso é verdadeiro. Ninguém imagina um grande escritório moderno sem uma copiadora xerox. O americano Chester Carson inventou o processo xerográfico em 1938 e teve de andar seis anos em busca de um financiador. Não achou. Fundou sua própria empresa e somente vinte anos depois viu o invento comercializado.
Uma descoberta pode ficar décadas no limbo por uma variedade de motivos. A razão mais citada - e na maioria das vezes falsa - é de que grandes grupos industriais sabotam o aparecimento de novidades. Mas, pelo menos em um caso documentado, isso aconteceu. Em 1933, o americano Edwin Armstrong inventou o rádio de freqüência modulada (FM), que eliminava interferências e permitia a transmissão de sons em alta fidelidade. O dono da RCA Victor, David Sarnoff, amigo pessoal de Armstrong, rechaçou o invento unicamente porque a empresa não estava preparada para mudar seus enormes investimentos em transmissores de amplitude modulada (AM). Pior ainda, depois da Segunda Guerra Mundial as rádios FM começaram a proliferar e Armstrong enrolou-se em prolongadas batalhas judiciárias. Ao fim, as empresas, entre elas a RCA, foram condenadas a pagar-lhe mais de 20 milhões de dólares. Tarde demais porém. De desgosto, Armstrong havia se suicidado em 1954.

Proteção para a invenção

O Brasil foi o quinto país do mundo a adotar um sistema de patentes com o alvará de 1809 de dom João Vl. Mas o reconhecimento formal de um invento data de 1830, com a concessão, autorizada por dom Pedro I, do direito de exclusividade para a fabricação de uma cadeira de rodas a um certo Joaquim Marques de Oliveira. Inventores desde então não faltaram no país, mas na maioria dos casos as idéias tiveram melhor aproveitamento em países mais desenvolvidos. O padre gaúcho Landell de Moura, por exemplo, teria idealizado o primeiro telégrafo sem fio em 1893, três anos antes do italiano Marconi. Outro padre, o paraibano Francisco José de Azevedo, chegou a ganhar uma medalha de ouro na Exposição Nacional do Rio de Janeiro em 1861, para a sua máquina de escrever, mas quem industrializou a inovação foi a Remington americana, em 1873.
A lista é relativamente longa e inclui o padre Bartolomeu de Gusmão, inventor do aeróstato, e, naturalmente, Santos-Dumont com o avião, mas outros levaram a fama. Se os inventos não deram prestígio ao país, o sistema de patentes contribuiu muito para a industrialização. "O Estado tem interesse em democratizar o acesso ao conhecimento. A patente torna público um processo industrial. O inventor tem de redigir sua obra de forma que outra pessoa do ramo possa reproduzir", diz Maria Margarida Mittelbach, diretora de patentes do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). "Como recompensa para o inventor revelar seu processo, o Estado Ihe confere o título de propriedade e exclui terceiros do uso de sua invenção sem autorização prévia." O INPI tem um acervo de 18 milhões de patentes, o maior da América Latina, à disposição de quem queira tirar proveito dos conhecimentos acumulados.

Afogando em informações

Algumas pessoas têm enorme facilidade de inventar coisas. O difícil, para elas é patentear suas invenções. Todo dia o Escritório de Patentes e Marcas Industriais dos Estados Unidos, o maior do mundo, recebe aproximadamente 12 000 pedidos de patentes, julgados por 3 300 peritos, distribuídos por 2 600 escritórios especializados, da fibra ótica à pescaria. Isso pode parecer muito bom para os amantes do saber, mas na verdade a situação caminha para algo que os especialistas qualificam como a grande inundação do conhecimento. Em menos de cinco anos a quantidade de informações armazenadas em todo o mundo - considerando patentes, trabalhos científicos e dados acumulados - vai ser tão grande que se tornará praticamente impossível manuseá-las.
Para se ter idéia de como evolui o armazenamento de ciência basta lembrar que há
5 000 anos não existiam livros. Na Idade Média, o poeta Dante Alighieri era considerado um sábio porque tinha uma biblioteca com 1 338 volumes. Hoje, a Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, a maior do mundo, tem 19 milhões de volumes. O programa espacial, em pouco mais de três décadas, gerou uma quantidade de informação duas vezes maior do que a contida na Biblioteca do Congresso. Nos próximos cinco anos, a contar da entrada em funcionamento do telescópio espacial Hubble e da bateria de satélites do Sistema de Observação da Terra, os coletores automáticos de informação e os sensores dessas naves vão despejar o equivalente a uma Biblioteca do Congresso por dia, em dados para análise.
Os efeitos da inundação já se fazem sentir: a existência do famoso buraco na camada de ozônio sobre a Antártida ficou registrada, incólume, nos bancos de dados do satélite Nimbus 7 durante cinco anos. E as melhores imagens de um grande vulcão extinto em Marte - o Olimpo, o maior do sistema solar - só foram descobertas dez anos depois que a sonda Viking as enviou para a Terra.

A miragem do moto perpétuo

A descoberta mais ambicionada por inventores desavisados (ou escroques) é a máquina conhecida como moto perpétuo. Ela seria capaz de girar e até de produzir trabalho eternamente de forma gratuita - um sonho que a humanidade persegue há milênios. A história distingue dois tipos de inventores que cultivam esse delírio. Os que desconhecem ingenuamente as implacáveis leis da termodinâmica e os charlatães. O mais notável representante desse último grupo foi sem dúvida John Worrel Keely, um corpulento mecânico da Filadélfia de quase 2 metros de altura que anunciou em 1875 a construção de um moto perpétuo.
Era um motor que acionava um gerador que por sua vez devolvia energia ao motor, com um excesso que aparentemente poderia ser aproveitado. Um complicado labirinto de tubos escondia um intricado sistema de vapor que seria, segundo Keely, o segredo principal. "Um bocado de água tem vapor capaz de produzir força suficiente para mudar a trajetória da Terra", gabava-se ele aos curiosos que pagavam ingresso para ver o que era considerado a oitava maravilha do mundo. Keely arrecadou, até a sua morte, em 1898, nada menos de 1 milhão de dólares. Seu filho e herdeiro pôs tudo a perder ao abrir a casa do pai à visitação pública. No porão descobriu-se um reservatório de ar comprimido, a verdadeira fonte do movimento perpétuo.
A maioria dos caçadores do moto perpétuo, no entanto, eram pessoas ingênuas que acreditavam ser possível enganar a natureza, inspirados principalmente nas idéias do sábio Arquimedes (290 a.C.-212 a.C.) de Siracusa, Sicília. A alavanca e o parafuso, demonstrou ele, são engenhos que transformam uma pequena força numa grande ação. Isso deu origem a uma infinidade de engrenagens megalomaníacas. No século XIII, o arquiteto francês Villard de Honnecourt, por exemplo, fez uma roda com braços dobráveis. À medida que ela girava, os braços de baixo desdobravam-se, ficando maiores, enquanto os de cima dobravam-se, ficando menores. A idéia era produzir um efeito de alavanca em tomo do eixo. No século XVI, o médico inglês Robert Fludd, de resto conhecido por sua paixão pelo ocultismo, fez um moinho em que parte da água derramada voltava ao nível superior por obra e graça de um parafuso.
Não havia até então nenhuma lei física que expressamente proibisse tais coisas, mas é claro que nenhuma dessas engenhocas funcionava. Somente em 1847 o físico alemão Hermann von Helmholtz (1821-1894) enunciaria a primeira lei da Termodinâmica, pela qual a energia é conservada, nunca criada ou destruída. Helmholtz provou ser impossível a água do parafuso de Fludd voltar ao nível de onde caíra sem algum gasto de energia na sua reelevação. Outros tipos de máquina que pretendiam extrair trabalho sem usar diferenças de temperatura foram desmontados pela segunda lei da Termodinâmica formulada pelo francês Sadi Carnot (1796-1832): é impossível pôr um engenho a funcionar apenas extraindo calor do ambiente em que se encontra.
Embora essas máquinas milagrosas estejam desacreditadas desde o longínquo ano de 1775, quando a Academia de Ciências de Paris resolveu não responder à correspondência de candidatos a inventores do moto perpétuo, ainda hoje há quem perca tempo queimando neurônios para obter o milagre. O Escritório de Patentes dos Estados Unidos se recusa a examinar pedidos desse tipo, mas, por um descuido burocrático, registrou o último em 1974, sob o número 3 934 964. Naturalmente, o invento não funciona. Afinal, pilantras espertos podem burlar leis humanas tomando dinheiro de incautos mediante truques, mas ninguém pode contrariar as leis da natureza, que impedem tirar alguma·coisa do nada.





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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Plantando o Futuro - Agricultura


PLANTANDO O FUTURO - Agricultura



A ciência semeia a lavoura do século XXI: vegetais criados por Engenharia Genética, satélites que dizem a hora de matar as pragas, robôs que aram e fertilizam o solo - e até culturas sem solo algum.

No limiar dos tempos, o homem obtinha os alimentos simplesmente aproveitando os recursos que a natureza lhe fornecia. A contar de 10 mil anos atrás, quando começou a substituir a coleta pelo cultivo, aprendeu a selecionar as plantas mais produtivas. Mas as poucas alterações possíveis eram quase sempre lentas e casuais. Depois, durante milhares de anos foi descobrindo as técnicas dos cruzamentos para aumentar o rendimento das plantações. Hoje, por meio da Biotecnologia, tornou-se possível semear em laboratório as plantas mais convenientes para a alimentação. Em princípio, já é possível abrir as células de um simples vegetal do deserto, sem valor nutritivo, e roubar-lhe as instruções químicas, os genes, que lhe permitem viver com pouca água. Os genes podem, então, ser embutidos, por exemplo, nas células do milho, ampliando as possibilidades dessa cultura essencial para o homem. Na Universidade de San Diego, nos Estados Unidos, nasceu uma planta de fumo dotada de genes do vaga-lume. Em conseqüência, brilha no escuro. Em outro tipo de experiência, minúsculos fragmentos de uma planta - a ponta de uma folha, por exemplo - são cuidadosamente tratados com hormônios vegetais até se transformarem em milhares de plantas completas, todas idênticas entre si. No Brasil, essa técnica já se tornou rotina, permitindo produzir mudas de batata absolutamente iguais e isentas de qualquer doença, prontas para o plantio em larga escala. Algo parecido possibilita cortar e replantar uma vasta área de eucaliptos com árvores melhoradas, mais eficientes ou com menor custo de produção. Mas, além da Biologia, a nova agricultura pode contar com os recursos da Eletrônica. A época em que o agricultor planejava seu trabalho simplesmente olhando para o céu já se tornou passado distante. Atualmente, ele se vale de satélites e computadores para analisar o curso do clima, a qualidade do solo e o desenvolvimento das plantas. Robôs colheitadores, adubadores e semeadores já percorrem os campos. Nem todas as inovações experimentais se tornarão realidade, necessariamente, mas essas experiências acenam com a possibilidade de um mundo mais bem alimentado e, portanto, mais saudável. A seguir, uma amostra dos caminhos mais promissores.

1. Quimeras do reino vegetal

O trivial feijão brasileiro pode se transformar, no futuro, em algo como a mitológica Quimera grega, um ser com corpo de cabra e cabeça de leão. Esse pelo menos é o projeto do biólogo Luiz Antonio Barreto de Castro, do Centro Nacional de Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cenargen), em Brasília. Sua meta é criar uma variedade de feijão que tenha uma parte - um microscópico gene - da castanheira-do-pará, árvore que alcança 40 metros de altura. Com isso, o feijão "aprenderia a fabricar a albumina, uma proteína nutritiva que o organismo humano não fabrica, embora precise dela para sobreviver. O gene extraído da castanheira é enxertado na bactéria Agrobacterium tumefaciens, que infecta as células do feijão. Agente natural de câncer nas plantas, a bactéria foi transformada em inofensivo meio de inserir os genes no feijoeiro.
Cruzamento também surpreendente fizeram os biólogos canadenses da Universidade de Laval, na cidade de Quebec. Eles descobriram que é possível cruzar o trigo com o milho, ao contrário do que atestavam todas as experiências. O híbrido resultante é empacotado, um a um, na própria plantação, para evitar fecundações acidentais. Vencendo a barreira do impossível, procuram-se igualmente plantas capazes de sobreviver nas condições mais adversas. No Instituto Internacional do Arroz, nas Filipinas, o objetivo é criar uma variedade do cereal que cresça em ambientes menos úmidos do que as várzeas usuais. De outra parte, se os estudos do biólogo Jordi Gómez, do Centro de Investigação e Desenvolvimento de Barcelona na Espanha, estiverem corretos, um dia será possível cultivar milho em pleno deserto. Ele descobriu numa variedade de milho selvagem genes de resistência à desidratação, que garantiriam a sobrevivência dos exemplares cultivados - mais frágeis.

2.Metade planta, metade animal

Um dos desafios mais extravagantes da nova Genética, uma idéia que só vicejava bem na literatura de ficção científica, é a criação de um ser metade planta, metade animal. Pois na Scripps Research Foundation, na Califórnia, foi efetivamente gerado um híbrido de rato e de planta de fumo, para produzir anticorpos, muito usados na Medicina em diagnósticos - injetados no corpo de um paciente, prendem-se aos eventuais agentes agressores, como vírus e bactérias, e os denunciam. Essas substâncias de defesa do organismo são sintetizadas nas células do rato por ordem de um gene que, depois de transferido para a planta, passa a trabalhar nas suas folhas. Moídas, elas se tornam fonte abundante de uma mercadoria que, justamente por ser difícil de obter, vale cem vezes o preço do ouro. Substituindo-se o fumo por plantas leguminosas de rápido crescimento, o preço dos anticorpos poderá cair até 5 000 vezes.

3. Pragas doentes, culturas sadias

A empresa britânica Agricultural Genetics está transferindo para as próprias plantas a tarefa de combater as pragas agrícolas. Os genes que comandam a produção de certas toxinas nas bactérias foram isolados e incorporados diretamente ao material genético de algumas plantas. É o caso de um gene repassado às sementes de milho híbrido. Estas, ao serem atacadas pelas pragas lagarta-do-solo e broca-européia, as intoxicarão. A toxina produzida pelo gene evitará a multiplicação de uma proteína vital ao sistema digestivo das lagartas.
Na Bélgica, criou-se uma planta de fumo com genes da bactéria Bacillus thuringiensis, que costuma eliminar a lagarta Manduca sexta, excretando uma toxina fatal. Se bem sucedidas, essas experiências prometem substituir os pesticidas químicos por inseticidas biológicos vivos, que infectam e matam as pragas sem prejudicar o meio ambiente. O biólogo Otávio Henrique Pavan da Universidade de Campinas, trabalhou dez anos para aprimorar a pestilência do vírus DsGV, que ataca naturalmente a broca-da-cana e a lagarta da soja. Acabou produzindo um inseticida vivo e seguro contra essas pragas, muito comuns no país.
O vírus multiplica-se até 100 milhões de vezes nas células do intestino dos insetos, os quais podem contaminar outros num raio de 10 000 metros quadrados. "Nosso trabalho foi melhorar a linhagem do DsGV por seleção genética, de modo que ele possa matar 95% das pragas expostas, em vez de apenas 5%, como na natureza." Como os insetos ainda resistem por alguns dias - período em que continuam destruindo a plantação -, o entomologista americano Bruce Hammock, da Universidade da Califórnia, criou um vírus inseticida que inibe o apetite dos insetos até a morte. Para tanto, acrescentou nos vírus o gene que produz a enzima JHE, capaz de desativar o chamado hormônio juvenil, que controla o apetite das pragas em certas fases de crescimento Ao se reproduzir no interior dos insetos, o vírus dispara a produção da enzima e corta sua fome. Outra linha de pesquisa procura aumentar a resistência das plantas aos herbicidas, que geralmente incomodam tanto as culturas quanto as ervas daninhas a eliminar. Nos Estados Unidos, por exemplo, uma planta de fumo ganhou os genes anti-herbicidas da bactéria Salmonella thyphimurium. Na Universidade de Campinas, o biólogo Paulo Arruda bombardeia o núcleo das células de milho na esperança de conferir-lhes essa aptidão.

4. Fertilizantes vivos

Há muito se sabe que plantas do grupo das leguminosas, como o feijão e a soja, têm a capacidade de fertilizar o solo. Isso deve-se à simbiose dessas plantas com bactérias que captam o nitrogênio do ar. Biotecnólogos empenhados em modificar essas bactérias a fim de que passem a trabalhar também para os cereais, como o milho, o arroz ou o trigo, foram surpreendidos por uma descoberta da agrônoma brasileira Johanna Dobereiner, do Centro Nacional de Biologia do Solo, no Rio de Janeiro. No ano passado, ela anunciou que a bactéria Acetobacter diazotrophicus pode captar nitrogênio para a cana-de-açúcar, pertencente, como os cereais, à família das gramíneas. Espera-se que agora seja mais fácil criar uma bactéria adubadora para essas importantes culturas.
Segundo Johanna, é possível dispensar de imediato as 240 000 toneladas de nitrogênio químico aplicadas anualmente nos 40 000 quilômetros quadrados de lavoura de cana no Brasil, com uma economia de pelo menos 150 milhões de dólares. As experiências revelam de resto que o adubo era desnecessário: a cana passa perfeitamente bem sem a química e, se for bem irrigada, pode duplicar sua produção normal. Por esse trabalho, a agrônoma, que recebeu o prêmio científico da ONU em 1989, pesquisa agora a presença dessas bactérias na batata-doce e na mandioca. No ano passado, os americanos anunciaram a descoberta de outras bactérias que, além de fixar nitrogênio, também são capazes de captar carbono de material orgânico, constituindo grandes fontes de enriquecimento do solo.

5. Informática em campo

São cada vez mais comuns em países desenvolvidos as lavouras informatizadas. Desse modo, tornou-se possível apressar o controle do custo de produção, dos preços de venda, das últimas cotações do mercado. A Informática permite ainda manipular o cultivo de acordo com um banco de dados sobre os tipos de cultura e os cuidados mais apropriados em função da hora do dia, da temperatura, umidade, evaporação e concentração de gás carbônico. Um bom exemplo é a Rede Agritex canadense, por meio da qual milhares de agricultores do país têm acesso imediato por rádio a um grande número de informações. Integrada por satélite a diversos bancos de dados internacionais, a rede liga as diversas áreas de cultivo com 3 600 quilômetros de cabos de fibra ótica.
Já existem também certos sistemas de automação que regulam o fluxo de água e de fertilizantes numa rede de encanamentos que percorre a plantação. Sempre procurando diminuir a participação humana nas atividades mais penosas, os engenheiros criam máquinas que trabalham de forma cada vez mais independente. O robô agrícola Citrus, concebido na Espanha compõe-se de um trator que se desloca sozinho entre as árvores frutíferas. Equipado com computadores, um sistema ótico e um braço articulado, pode colher frutas de acordo com a cor, tamanho e forma. Calcula-se que seu trabalho possa render sessenta unidades por minuto, em vez das oito ou nove que se conseguem manualmente. Os tratores computadorizados do futuro seriam capazes de cavar a terra, removê-la, triturá-la, fertilizá-la, adicionar-lhe herbicidas e inseticidas e finalmente depositá-la novamente para receber as sementes - tudo isso sem que o agricultor precise mexer um dedo.

6. Cultivo sem solo

O Instituto de Física e Química Orgânica da Bielo-Rússia, União Soviética, chegou ao cúmulo: seus pesquisadores procuram dispensar o que há de mais indispensável na agricultura - o solo. Sua meta é aprimorar um suporte artificial de plástico, enriquecido com minerais, para receber comodamente as raízes das verduras. O protótipo original foi criado para funcionar na estação espacial Salyut. Alguns tipos mais antigos de solo artificial já chegavam a dispensar a terra, substituída por uma espécie de grão de plástico capaz de absorver 700 vezes o seu peso em água - trata-se das culturas hidropônicas, consideradas vantajosas nas regiões secas. Os avanços práticos mais impressionantes dos últimos tempos consistem na recuperação de áreas desérticas em Israel. Especialistas da Faculdade de Tecnologia Agrícola do Technion, em Haifa, por exemplo, introduziram capas de asfalto ou de plástico debaixo da terra a fim de reter a água das poucas chuvas ao alcance das raízes das plantas.





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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Eletricidade sob suspeita - Biofísica


ELETRICIDADE SOB SUSPEITA - Biofísica



A hipótese teve o impacto de um choque: as correntes de alta tensão podem causar câncer. Pesquisas em vários países, incluindo o Brasil, tentam saber se isso é verdade. Nada está provado; a desconfiança é forte.

As ondas eletromagnéticas são tão comuns que normalmente ninguém se dá conta delas. Estão presentes no calor que o peito da mãe transmite ao bebê, na luz do Sol e das estrelas, nas ondas de rádio e de televisão e também em torno das linhas de alta tensão que transportam pesadas cargas de energia para iluminar as cidades e mover as linhas de montagem industriais. Benéficas servas da humanidade, uma das marcas registradas do século XX, essas ondas estão agora sob a implacável luz de uma grave suspeita: mesmo nas fracas doses emitidas pela rede de distribuição de energia ou pelos eletrodomésticos, dos cobertores elétricos aos aparelhos de TV, dos secadores de cabelo às máquinas de café, elas poderiam causar câncer.
Forma modesta de radiação, as ondas eletromagnéticas se espalham pelo espaço porque a corrente elétrica nos fios não flui numa só direção como se viesse continuamente da hidrelétrica para o consumidor Ela se alterna como um pêndulo, indo e voltando de um pólo a outro. Cria assim forças elétricas e magnéticas à sua volta. O rumo da corrente se inverte sessenta vezes por segundo. Por isso, em linguagem técnica se diz que esse vai-vém representa uma freqüência de 60 hertz e corresponde à energia da radiação emitida. (Nos países europeus, a freqüência utilizada é de 50 hertz). As ondas nessa faixa são designadas pela sigla inglesa ELF. que quer dizer "freqüência extremamente baixa". Elas fazem jus ao nome: para se ter uma idéia de como são fracas, basta compará-las à luz, uma onda eletromagnética que se repete 10 trilhões de vezes por segundo.
Pelo fato de ser muito baixa a radiação emitida, a desconfiança de que ela pudesse conduzir ao câncer foi recebida com compreensível ceticismo. Não obstante a falta de apoio, um pequeno grupo de cientistas trabalhou dez anos no assunto, até que, em 1986, o Congresso dos Estados Unidos mandou estudar a questão e reconheceu que as linhas de transmissão não estão necessariamente isentas de risco. "Está claro que as ondas de baixa energia podem interagir com as células e órgãos e produzir mudanças biológicas", constata um relatório da comissão de assessoramento tecnológico do Congresso, datado de maio do ano passado, ressalvando que ainda não se sabe exatamente o que se passa com os organismos vivos expostos a tais ondas. Mas já não se pode dizer que o risco não existe.
A evidência mais importante havia sido levantada em 1979 pela bióloga e socióloga americana Nancy Wertheimer, da Universidade do Colorado. Ela comparou 900 crianças que viviam perto das linhas de alta tensão e dos transformadores de rua, na cidade de Denver, com outras tantas da mesma idade, que moravam mais longe da rede elétrica. Descobriu assim entre as primeiras uma incidência duas vezes maior de casos de câncer do sangue, ou leucemia - o que sugeriria pelo menos uma possibilidade de que doença e local de moradia estivessem relacionadas. Ignorada a princípio, a conclusão de Nancy foi confirmada em 1986 por uma equipe especialmente cética, chefiada pelo epidemiologista David Savitz, da Universidade da Carolina do Norte.,
A conclusão do estudo de Savitz - patrocinado por um grupo de empresas de eletricidade - surpreendeu a comunidade científica, embora os seus resultados. obtidos a partir de uma amostra com 500 crianças. fossem por assim dizer mais brandos que os da pesquisa de Nancy. Ele apontou no grupo vizinho à rede uma propensão à leucemia uma vez e meia maior do que no outro grupo. Do ponto de vista estritamente estatístico, isso significaria que pelo menos 10 por cento dos casos anuais de leucemia infantil registrados nos Estados Unidos poderiam ter sido causados pela eletricidade.
Em vista disso, a opinião dos especialistas americanos mudou. "Há menos de três anos, ninguém esperava encontrar nada", diz o biólogo Leonard Sagan, do Instituto de Pesquisa de Energia Elétrica de Palo Alto, na Califórnia. "Agora não se pode ignorar o conjunto de evidências." Algumas experiências indicam que as células cancerosas parecem gostar das ondas eletromagnéticas tornando-se mais numerosas e mais fortes quando banhadas por elas. Foi o que mostrou o biólogo Jerry Phillips, do Centro de Pesquisa e Terapia do Câncer, em San Antonio, também na Califórnia. Phillips utilizou dois grupos de células obtidas de pacientes de câncer e submeteu um dos grupos à radiação ELF, aquela de freqüência extremamente baixa. Como resultado, essas últimas células passaram a se multiplicar duas vezes mais rapidamente do que as células do primeiro grupo: em alguns casos a velocidade chegou a ser até vinte vezes maior.
Mesmo depois de afastada a radiação, o efeito se mantinha, mostrando que as células estavam transmitindo a nova aptidão para as suas descendentes, uma herança que se prolongava por centenas de gerações num período de meses. Ou seja, as células cancerosas, que normalmente têm um ritmo desembestado de crescimento, sob efeito da radiação parecem pisar ainda mais fundo no acelerador. Outro pesquisador, o físico Abe Liboff, da Universidade de Oakland, descobriu algo semelhante: sob efeito da radiação, os linfócitos, as células brancas do sangue, tanto normais quanto cancerosas, passam a produzir material genético em excesso, sinal de que estão de prontidão para crescer.
Barry Wilson, um pesquisador de Richland, Estado de Washington, concluiu que as ondas eletromagnéticas reduzem os níveis de melatonina, hormônio produzido pela glândula pineal, conhecido por prevenir em ratos o câncer da mama. Indícios parecidos foram assinalados por dezenas de especialistas, nos últimos anos. A primeira e até agora única pesquisa brasileira sobre o assunto abrangeu ex-funcionários da Light, no Rio de Janeiro. O epidemiologista Sérgio Koifman, da Escola Nacional de Saúde Pública, ligada à Fundação Oswaldo Cruz, descobriu que, entre 1 476 trabalhadores da empresa, falecidos de 1965 a 1986, 88 foram portadores de algum tipo de câncer - sempre numa proporção bem maior do que na população carioca em geral. Pelas estatísticas, o câncer no estômago, por exemplo, deveria ter acometido quarenta eletricitários na amostra examinada. Houve nada menos de 55 casos. Koifman verificou ainda uma incidência excessivamente alta de tumores cerebrais entre 202 daqueles 1 476 funcionários, que haviam passado muito tempo próximos de linhas de alta tensão. Isso o convenceu de que existe algum nexo entre a radiação e os males observados - embora o pesquisador advirta que os dados, muito preliminares, não autorizam conclusões taxativas. "Fica difícil, porém, imaginar que o câncer não se associa à radiação", confessa. "Estamos procurando sensibilizar as empresas do setor elétrico para a necessidade de um estudo de grandes proporções a respeito."
O estudo mais ambicioso atualmente se realiza na França e no Canadá, onde a vida de um total de 150 000 trabalhadores do setor de energia elétrica passou a ser minuciosamente esquadrinhada por uma pesquisa cuja meta é responder, com a precisão não alcançada por nenhuma das investigações anteriores, se a intimidade com a radiação de baixa freqüência é realmente prejudicial à saúde. Organizada pela empresa estatal francesa de eletricidade, a EDF, esta é desde já uma das maiores pesquisas epidemiológicas da história, que compreende ainda a análise de cada um dos 2 500 casos de câncer registrados de 1978 a 1988 entre os trabalhadores do setor.
Examinando a ficha profissional dessas pessoas, os especialistas tentam medir as doses radioativas a que elas foram submetidas e compará-las com as doses recebidas por 10 000 trabalhadores sorteados ao acaso, que não apresentaram sintomas de câncer. A comparação permitirá verificar se a doença pode ser atribuída a doses eventualmente excessivas de radiação. Durante vários meses no decorrer do estudo, todo o pessoal envolvido portou nos uniformes pequenos medidores de radiação, de modo a mapear a intensidade das ondas eletromagnéticas nos diversos postos de trabalho.
As primeiras conclusões deverão estar prontas no final de 1991. Mesmo enquanto se espera uma definição clara sobre a verdadeira ameaça representada pelas correntes elétricas, diversas medidas preventivas já estão sendo tomadas. Oito Estados americanos, por exemplo, decidiram impor limites às grandes linhas de energia que cruzam seus territórios. No caso das redes de transmissão, a idéia é programar melhor as novas linhas de modo a evitar, por via das dúvidas, que atravessem regiões populosas, ou passem perto de escolas e creches. Dentro de casa, recomenda-se estudar a disposição dos fios de forma a minimizar os campos de radiação, isto é, a distribuição da energia eletromagnética no espaço. Mas ninguém deve entrar em pânico e começar a jogar fora os seus eletrodomésticos, advertem, sem exceção, todos os especialistas. Dentro desse espírito, as fábricas americanas também estão sendo instadas a redesenhar os eletrodomésticos, ainda que os riscos oferecidos pelos velhos aparelhos convencionais, ao que tudo indica, sejam praticamente zero.
A única precaução imediata se refere aos cobertores elétricos, que só deveriam ser usados para aquecer a cama e desligados na hora de deitar. Esse cuidado está relacionado no relatório do Congresso americano, escrito sob encomenda por uma equipe de cientistas da Universidade Carnegie-Mellon. O epidemiologista David Savitz, da Carolina do Norte, também é cauteloso. "O que sabemos até agora não sugere nenhuma medida drástica de proteção", tranqüiliza.
Supondo, em todo caso, que se estabeleça para além de qualquer dúvida uma relação de causa e efeito entre eletricidade e câncer restaria explicar como se dá essa relação. Por ora, poucos cientistas ousam desenhar os hipotéticos mecanismos pelos quais a débil energia emanada dos fios elétricos poderia afetar o organismo humano. As ameaças conhecidas advêm das forças elétricas e magnéticas criadas por radiações mais potentes, como a dos raios X, empregados nas radiografias, ou a dos raios ultravioleta, emitidos pelo Sol junto com a luz. Esse tipo de onda eletromagnética recebe o nome de radiação ionizante porque é intensa o bastante para arrancar um ou mais elétrons de um átomo e transformá-lo numa partícula eletricamente carregada, chamada íon. Mas essa proeza está bem distante da radiação de 60 hertz, cuja força poderia, no máximo, acelerar íons já existentes no corpo humano.
Por causa dessa força, os íons de cálcio, importantes mensageiros químicos das células, passaram a ser encarados como um dos possíveis alvos da radiação não-ionizante. Segundo o fisiologista americano Ross Adey, de Loma Linda, Califórnia, um dos mais insistentes estudiosos do problema, as ondas eletromagnéticas facilitam o fluxo daqueles íons para fora das células, algo que pode alterar suas funções normais, incluindo o seu ritmo de reprodução, um dado crucial nas transformações cancerosas. A proposta faz sentido, especialmente porque se sabe que, quando a célula é estimulada a crescer, ocorrem mudanças drásticas no seu estoque de íons de carga positiva. Ora, uma das maneiras de saber se uma célula é cancerosa é medir o seu pH, ou seja, o número de cargas positivas. "As células tumorais se caracterizam por ter um pH mais alto", explica a bioquímica e bióloga molecular Mari Armelin, da Universidade de São Paulo. A hipótese de Adey, portanto, pode abrir uma trilha promissora na investigação, embora seja apenas um primeiro passo. Em princípio, a leucemia nada tem a ver com as ondas eletromagnéticas, pois até onde se sabe a doença começa com um desarranjo nos genes - um gene de nome abl, que funciona apenas ocasionalmente, incorpora um pedaço de outro gene e dispara a trabalhar fora de hora, iniciando a transformação maligna. O desarranjo original pode surgir por causa de um vírus, ou pode ser provocado por alguma toxina, como a cafeína ou o alcatrão do cigarro. O resultado final é um aumento desmesurado no número das células do sangue - o crescimento é tão grande que elas passam a competir com o organismo por alimento e o paciente acaba abatido por inanição.
A radiação de baixa freqüência também tem sido associada a diversos outros distúrbios, como a fadiga e a depressão; por causa disso, nos países do Leste europeu existe restrição à intensidade dos campos eletromagnéticos a que as pessoas possam ficar expostas. Na Polônia, por exemplo, a permanência por tempo indeterminado se limita a locais onde a radiação não supera certo patamar - o limite é fixado em termos do campo elétrico e vale 1 quilovolt por metro (ou 1 kV/m). Sob um fio de alta tensão, o campo elétrico chega a 10 kV/m. Na União Soviética, não se admite que alguém permaneça mais de três horas por dia sob um campo de 10 kV/m, ou mais de 10 minutos sob um campo de 20 kV/m. A expectativa é de que, a julgar pelo volume de pesquisas em curso, a preocupante pergunta sobre o nexo entre eletricidade e câncer não demore muito a ser respondida. Pode acontecer, no entanto, que a polêmica persista, à falta de resultados absolutamente conclusivos - o que não é raro em ciência. Nesse caso, como diz David Carpenter diretor da Escola de Saúde Pública do Estado de Nova York, continuaremos a ver a ponta do iceberg sem ter idéia do seu tamanho exato. "E isso nos deve preocupar a todos."

Portas abertas pela radiação

Para explicar os supostos efeitos biológicos da radiação de baixa freqüência, o físico Abe Liboff, da Universidade de Oakland, nos Estados Unidos, está investigando o comportamento dos átomos eletricamente carregados, ou íons, que desempenham papel essencial como mensageiros químicos das células. Os campos de força criados pela radiação, imagina o cientista, podem dar um impulso extra em certos íons que atravessam a membrana celular e assim se perdem. Liboff mostrou que as forças químicas próprias da membrana, também de origem eletromagnética, fazem os íons de cálcio vibrar de um lado para o outro dezesseis vezes por segundo, ou com uma freqüência de 16 hertz.
Esse número aparece em outras experiências, nas quais células expostas a ondas eletromagnéticas de 16 hertz perdem grande quantidade de íons de cálcio. Isso acontece, por exemplo, com as células cerebrais dos frangos expostos a uma radiação de 16 hertz. A conclusão de Liboff: quando a freqüência externa se iguala à freqüência natural das aberturas celulares, há uma ressonância: as forças eletromagnéticas internas e externas se somam, com inevitável aceleração dos íons. Tudo se passa como se a radiação externa escancarasse as portas químicas das células e desarranjasse a sua rotina normalmente ordeira.





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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

A dura vida das Formigas - Natureza


A DURA VIDA DAS FORMIGAS - Natureza



Elas destroem lavouras, mas também revolvem a terra e defendem sua fertilidade.
Com uma refinada organização social, não cessam de maravilhar os pesquisadores.

"Ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o Brasil", dizia na década de 40 uma campanha do Ministério da Agricultura. Desnecessário dizer que não aconteceu nem uma coisa nem outra, mas o ultimato, proferido originalmente em 1822 pelo naturalista francês August Saint-Hilaire (1779-1853) dá idéia da guerra sem quartel entre duas formas de vida muito bem organizadas: os homens e as formigas. Algumas vezes a preocupação das pessoas com os danos provocados pelas saúvas - rachaduras e buracos em leitos de estradas e em barragens, além de intensa retalhação das lavouras - desemboca em filmes com a pretensão de horrorizar, como Formigas gigantes, de 1977, em que insetos radioativos se transformam em monstros enormes. Mas, felizmente, a inquietação com os estragos provocados por tais formigas também serviu de estímulo a estudos cuidadosos sobre as saúvas e sua eficiente organização social.
De fato, entre todos os insetos, as formigas são os mais evoluídos, dotadas de extraordinária capacidade de adaptação a qualquer ambiente, com estratégias de sobrevivência baseadas numa divisão de trabalho que deixaria embasbacado um administrador de empresas. Não é à toa que as formigas tenham sobrevivido, com poucas mudanças, a mais de 100 milhões de anos de vida como espécies. Os fósseis mais antigos, encontrados em âmbar, uma resina vegetal, no Mar Báltico no norte da Europa, provam que a sua atividade agrícola começou muito antes de o homem aparecer sobre a face do planeta. Entre as mais de 1 000 espécies existentes no Brasil, as saúvas, especificamente, podem ser encontradas em toda parte, supondo-se que existam algo como 3 bilhões de indivíduos (ou 23 para cada habitante) distribuídos em 300 milhões de colônias.
Elas atraíram a atenção do paulista Mário Autuori (1907-1982), que dedicou mais de cinqüenta anos de vida a pesquisá-las. Autodidata, Autuori foi o criador de um tipo de viveiro de formigas utilizado até hoje no mundo inteiro para se observar seu trabalho subterrâneo. Diretor do Zoológico de São Paulo durante 28 anos, ele se tornou conhecido do grande público em 1976, quando participou de um programa de auditório na Rede Globo, respondendo a questões sobre formigas. Junto com as abelhas e as vespas, as formigas formam a grande ordem Hymenoptera (do grego hymen, membrana, e pteron, asa) com mais de 8 000 espécies, entre elas as onze do gênero Atta - as saúvas propriamente ditas. Estas podem ser identificadas por apresentar três pares de espinhos sobre o tórax; algumas ainda possuem um cheiro semelhante ao do limão, facilmente reconhecido por quem quer que as esmague.
O que a maioria das pessoas conhece da vida das saúvas é o que podem observar nas trilhas superpovoadas de trabalhadoras carregando folhas para o interior do ninho. Pode-se ouvir o ruído do trabalho das possantes mandíbulas das operárias cortadeiras, que chegam a medir 7 milímetros, derrubando grandes pedaços de folhas no solo. Na verdade, elas constituem os principais herbívoros dos trópicos americanos, consumindo mais vegetação do que mamíferos, lagartos ou besouros. As saúvas podem cortar entre 12% e 17% das folhas e flores produzidas nas florestas tropicais, assim como 2 milhões de toneladas de cana por safra e grande quantidade de gramíneas em terrenos abertos - dez formigueiros consomem por dia 210 quilos de capim.
As cortadeiras, vulneráveis ao ataque de um tipo de mosca que se especializou em pôr ovos sobre seu abdômen, são obrigadas a pedir ajuda a operárias menores, que viajam de carona nas suas costas, afugentando o inseto ao agitar no ar o último par de patas. Enquanto algumas cortam, outras operárias carregam o que cai ao chão, erguendo pesos várias vezes superiores ao de seu próprio corpo. No caminho de casa, as transportadoras formam uma trilha de secreção de certos perfumes, guardada por colegas maiores, que chegam a atingir 17 milímetros. São as trilhas de feromônios, que indicam por meio de um código de cheiro a quantidade de alimento presente, a distância e o número de operárias que devem se dirigir para lá. Os odores que caracterizam o sauveiro servem, ainda, de identidade química aos guardas das várias entradas do ninho - os olheiros. Verdadeiros leões-de-chácara, eles não hesitam em matar uma saúva de outro formigueiro, portanto com cheiro diferente, que se aventure por uma das trilhas rumo ao interior do ninho. Formando um exército que pode chegar a 1 000 indivíduos num único formigueiro os guardas agem também como os burocratas da casa, controlando a entrada de material vegetal e o trabalho das operárias na formação de pontos de ventilação e na retirada de grãos de terra do interior.
Grandes sauveiros podem ser facilmente identificados pelos montes de terra que acumulam na superfície, chegando a 7 metros de diâmetro e cerca de 1 metro de altura. Endurecidos como um verdadeiro telhado de barro, esses montes atraem de longe a atenção de tatus e tamanduás, cujo prato predileto - e invariável o ano inteiro - são precisamente as formigas. Outros bichos preferem esperar a época da primavera, quando as formigas aladas encarregadas da reprodução (conhecidas como içás ou tanajuras, no caso das fêmeas, e bitus, os machos) começam a revoada de acasalamento.
Pardais, bem-te-vis, lagartos, sapos, alguns besouros e também o homem incluem esses suculentos insetos em suas dietas. "Os índios tupis já preparavam há centenas de anos as ycobas (içás), palavra que significa gordura, devido ao abdômen cheio de ovos", informa o zoólogo Nélson Papavero, no livro Insetos no folclore. "Eram torradas como amendoim, moqueadas e servidas com molho de tucupi bem apimentado ou então assadas em paçoca com farinha de mandioca", descreve Papavero. Ainda segundo ele, alguns grupos indígenas usam também as gigantes saúvas-soldados como grampos para ligar as bordas de cortes na pele. A aplicação é simples: colocam as formigas para morder a ferida e arrancam seus corpos, ficando a cabeça presa ao ferimento para auxiliar a cicatrização.
Justamente para evitar os predadores, as saúvas preferem fazer o corte de folhas à noite. Mas também é possível vê-las trabalhar durante o dia, caso pressintam, por mecanismos ainda desconhecidos, a chegada de chuvas no entardecer. Durante as tempestades, as incansáveis formigas finalmente param de trabalhar para se proteger no interior dos ninhos que, embora feitos de terra, não ficam completamente inundados. As câmaras internas ou panelas, como se denominam os grandes salões no interior do sauveiro, são dispostos lateralmente aos túneis de forma a evitar que sejam destruídos pelas grandes chuvas. Como nos diversos ambientes de uma residência humana, em cada panela pratica-se um tipo de atividade diferente.
No que se poderia chamar de cozinha ou horta comunitária cultiva-se um fungo para a alimentação de toda a colônia; nos quartos funciona um tipo de berçário para os ovos das saúvas, também criados em meio ao fungo, e em outras dependências funcionam o lixão e o cemitério. O fungo que serve de alimento às formigas, o Pholiota gonglyophora, por sinal, só pode ser encontrado em panelas. Ali, operárias jardineiras, medindo de 2 a 3 milímetros, picam em partes cada vez menores os pedaços de folhas que chegam, as quais são implantadas nas esponjas de fungos, que as utilizam como alimento.
Além disso, as jardineiras retiram constantemente pedaços mortos do fungo, assim como folhas secas, e mantêm as condições climáticas ideais para o desenvolvimento do fungo - 22ºC e umidade de 80%. Longe desses cuidados, o Pholiota raramente sobrevive mas em compensação, sem sua capacidade de digerir a celulose e outras substâncias tóxicas dos vegetais, as formigas tampouco sobreviveriam. Somente as crias não são alimentadas pelos chamados corpos de frutificação que se originam das massas esponjosas de fungos. Os ovos e larvas do sauveiro são depositados também nessas massas, mas recebem ovos de alimentação postos pela rainha, que se compõem de substâncias nutritivas especiais.
Colocando centenas de ovos por dia durante os vinte anos de vida útil, a rainha, que pode chegar a 2,5 centímetros de comprimento, tem ainda a função de produzir o feromônio característico do sauveiro, o perfume que mantém a família unida. Dentro desse formigueiro, os insetos que se desenvolverem na seqüência de ovo para larva, ninfa e adulto terão assim o mesmo cheiro, mesmo que não sejam formigas. É o caso de uma espécie de besouro que deposita os ovos nas panelas de lixo dos sauveiros, onde são jogados os ovos que não se desenvolvem, as folhas secas, os pedaços de fungo e as operárias mortas. As larvas do besouro, que incorporaram o cheiro do lixo, se alimentam durante o crescimento desses restos ricos em nutrientes, sem serem incomodadas pelas formigas.
Não só outros insetos se beneficiam desse lixo, mas os próprios vegetais ganham um adubo natural para a terra próxima ao sauveiro. As saúvas, portanto exercem um importante papel ecológico juntamente com os fungos, acelerando a reciclagem dos nutrientes das plantas, que tornam ao solo para serem novamente aproveitados. Em certo sentido, isso significa que as formigas não são criaturas tão insignificantes quanto se possa pensar. Afinal, o que conta não é o indivíduo e sim a colônia inteira, uma sociedade organizada e integrada nos ciclos de vida da natureza. Para os entomologistas modernos, ao contrário do que temia o zeloso Saint-Hilaire, acabar com a saúva pode ser o mesmo que acabar com o Brasil.

Um mundo de formigas

Se todos os animais terrestres fossem colocados numa balança, 1/10 do peso - cerca de 900 000 toneladas - seria representado por formigas, um inseto com menos de um milionésimo da massa de um ser humano. Isso significa que a população de formigas é maior que a de todas as aves, répteis e anfíbios juntos, sendo estimada em torno de 10 quintilhões de indivíduos (o número 1 seguido de dezenove zeros). "Mas não é pelo peso ou pelo número que as formigas devem ser distinguidas", lembra o entomologista americano Edgard Wilson, da Universidade Harvard. "O desaparecimento desses insetos poderia levar à extinção milhares de espécies, desestabilizando a maioria dos ecossistemas." Junto com seu colega Bert Hölldobler, Wilson publicou recentemente nos Estados Unidos o alentado livro Ants (Formigas), logo aclamado como um clássico, em que analisa o comportamento de seus bichinhos preferidos e aponta várias peculiaridades de sua organização social.
Com exceção dos pólos gelados, ele encontrou formigas de 1 milímetro a 2,5 centímetros em toda parte, incluindo os áridos desertos. Juntamente com os cupins, cerca de 8 800 espécies já descritas (das 20 000 que se suspeita existirem), agrupadas em 297 gêneros, cavoucam o solo, enriquecendo-o por drenagem e aeração. Além disso, são grandes disseminadoras de sementes de plantas e ainda faxineiras que comem até 90% dos cadáveres de pequenos animais. Todos esses trabalhos são levados muito a sério. Para começar, nada de sexo - atividade exclusiva das rainhas. As trabalhadoras devem se limitar a fazer a parte que lhes toca para conservar o lar comunitário e garantir a propagação dos genes de sua parenta privilegiada. Assim, para realizar suas funções com plena eficiência, cada uma se especializa ao máximo, mudando a própria anatomia. Os soldados são fêmeas que trocaram os órgãos reprodutores por um abdômen cheio de armas biológicas. O gênero asiático Camponotus, por exemplo, é uma verdadeira bomba, que rompe o próprio corpo para lançar veneno sobre os adversários.
As lava-pés, como são conhecidas as Solenopsis invicta nativas do sul do Brasil, tem um veneno forte que causa sensação de queimadura. Elas associam-se em colônias protegidas por um contingente de até 100 000 soldados. Longe de casa, são capazes de unir-se rapidamente para o combate por meio de ordens químicas. As formigas, por sinal, dominam uma linguagem química complexa. Uma colônia comum pode farejar no ar 1 trilionésimo de grama de uma dúzia de sinais de cheiros diferentes, de acordo com os feromônios secretados no solo por várias glândulas. É desse modo que uma operária indica a outra companheira o caminho até um inseto morto. Mas o talento das formigas como químicas tem seu melhor exemplo na Oecophylla, a formiga-tecelã que vive em árvores. Presentes em abundância nas florestas da África e no sudoeste da Ásia, elas se utilizam da seda produzida pelas larvas para ligar folhas e galhos, formando grandes e seguros pavilhões aéreos, que funcionam como as teias das aranhas.
De volta ao chão, o entomologista Wilson encontrou supercolônias com formigueiros de até 6 metros de profundidade espalhados em áreas de quase 3 quilômetros quadrados. Ali, ele calculou, vivem durante mais de dez anos cerca de 1 milhão de operárias, muitas vezes procedentes de diferentes colônias de várias espécies, escravizadas pela colônia original. As maiores escravagistas são as formigas amazonas, mestras em atacar outras colegas; tão dependentes de suas escravas, nem sequer sabem conseguir comida.

Que bicho é esse?

A formiga de ponta a ponta.

1. Cabeça - abriga o cérebro e os órgãos dos sentidos
2. Ocelos - órgão estimulador da visão, percebe luz e formas
3. Olhos compostos - responsáveis pela visão de cores e formas
4. Antenas - responsáveis pelo olfato
5. Mandíbulas - funcionam como as mãos humanas, cortando, mordendo e furando
6. Tórax - ponto de articulação das patas (usadas para locomoção e percepção de sons), compreende o sistema digestivo, composto de intestino, estômago social (que ocupa quase 4/5 do tórax e é o reservatório vivo de alimento para algumas espécies) e mais dois estômagos parecidos com os dos ruminantes
7. Abdômen - local das glândulas de cheiro, respiração traqueal, coração, intestino, células filtradoras de substâncias tóxicas, órgãos reprodutores (na rainha) e ferrão (em algumas espécies)





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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Quando os Aviões se cansam - Tecnologia


QUANDO OS AVIÕES SE CANSAM - Tecnologia



Parte da fuselagem desaparece no ar - e expõe um problema que os engenheiros aeronáuticos aprendem a prevenir: a fadiga dos materiais. A segurança da estrutura, para eles, está acima de tudo.

O Boeing 737 da Aloha Airlines decolou do aeroporto da cidade de Hilo, no arquipélago do Havaí, naquele 28 de abril de 1988, e tudo levava a crer que seria mais uma breve viagem de rotina até Honolulu, numa ilha próxima. Alguns dos noventa passageiros reclamaram um pouco da turbulência no início do vôo, mas, minutos depois, olhavam já com impaciência o sinal luminoso que mandava manter os cintos de segurança atados. Santo mandamento. Pois, assim que o avião, com dezenove anos de uso, nivelou a 7 000 metros, a altitude prevista de vôo, ouviu-se um forte estrondo e, subitamente, o teto da primeira classe desapareceu no ar deixando um rombo de 6 metros na fuselagem acima e ao lado da fileira de assentos. Quase no mesmo instante, uma comissária, de pé no corredor, foi sugada para fora. O número de vítimas poderia ter sido maior, não fosse a perícia do piloto em fazer um pouso de emergência num aeroporto próximo; todos os passageiros e o restante da tripulação se salvaram. O acidente, por suas características, dramatizou um problema que há 36 anos vem tirando o sono dos responsáveis pela segurança do transporte aéreo. Em janeiro de 1954, de fato, um Havilland Comet, da família dos primeiros jatos comerciais, pertencente à hoje extinta companhia inglesa BOAC, explodiu no ar quando fazia a rota Roma-Londres. As investigações mostraram que o avião, embora não fosse idoso, apresentava sinais de desgaste - por culpa da concepção falha do modelo e da inexistência de certos testes, hoje em dia obrigatórios.
O atestado de óbito do Comet registrou como causa da morte uma doença implacável, até então desconhecida, que recebeu o nome fadiga de materiais e passou a fazer parte do vocabulário dos engenheiros aeronáuticos. Significa que, submetidos a esforços variáveis durante muito tempo, metais, plásticos e alguns tipos de madeira podem se romper subitamente, mesmo que o esforço com que estejam arcando naquele momento seja suportável. No caso do velho Comet, o desgaste na fuselagem trincou a ponta de uma das janelas, o que desencadeou a tragédia. Nas décadas seguintes, cientistas e engenheiros se debruçaram sobre as pranchetas na tentativa de evitar a repetição desse problema. Mas como, evidentemente não é possível blindar um avião feito um tanque de guerra, porque ele não sairia do chão, acidentes causados por fadiga de materiais continuam a engrossar as estatísticas dos desastres aéreos. Mesmo porque, jatos como o Boeing 737,o 727 e o DC-9, este da McDonnell Douglas, todos em operação há mais de vinte anos, apropriados para viagens curtas e médias, envelhecem rápido: as freqüentes decolagens e pousos provocam mais estresse na estrutura do que nos wide-bodies, geralmente utilizados em percursos maiores. Nem estes, porém, estão imunes ao problema. No ano passado, uma falha na trava da porta de um Jumbo 747 da empresa americana United Airlines, com dezoito anos de uso, provocou um rombo de 12 metros na fuselagem e a morte de nove passageiros. No caso da havaiana Aloha Airlines, ficou provado que parte da carcaça do Boeing 737 não agüentou o dano da fadiga acumulada de 35 000 horas de vôo, o equivalente, para os materiais, a 90 000 decolagens.
Nos tempos pioneiros, as lendárias máquinas voadoras não ofereciam dores-de-cabeça desse tipo. Afinal, o que iria corresponder à fuselagem neles não passava de uma armação de madeira normalmente reforçada com fios de aço e cantoneiras. Naqueles mais pesados que o ar, que certamente não eram projetados para durar vinte ou trinta anos, piloto e motor ficavam desconfortavelmente assentados sobre a asa inferior. Mais aperfeiçoados, os aviões de madeira continuaram a existir até os primeiros tempos da Segunda Guerra Mundial, quando os caças soviéticos Lavotchkin La-5 e La-7, feitos com esse material, deram muito trabalho aos alemães. Mas, em geral, a partir da década de 30, com o desenvolvimento das chapas de alumínio, o metal tornou-se componente obrigatório do revestimento dos aviões.
Apareceram os bimotores e trimotores metálicos, como o Junker Ju-52, alemão, e os americanos Douglas DC-2 e DC-3 - este último, o equipamento mais bem-sucedido da história da aviação, que ainda presta serviços em rincões perdidos do mundo.
Sob esse aspecto, não há novidades no ar. Os modernos aviões de transporte comercial, independente de tamanho, apresentam a mesma estrutura da época do inesquecível DC-3 e as ligas de alumínio continuam suportando a maior parte do esforço sobre a fuselagem. Embora sem a resistência do aço ou do titânio - usados para reforçar lugares críticos, como o enquadramento das portas -, tais ligas se moldam facilmente e possuem, no jargão dos engenheiros, maior tenacidade à fratura. Isso significa que a fuselagem constituída de uma pele de alumínio, mesmo afetada por uma trinca, demora mais para se romper. Depois da pele, vêm os ossos, por assim dizer. Formados de ligas longitudinais (as longarinas) e de anéis (as cavernas), naturalmente também em alumínio, dão estabilidade ao avião e distribuem a pressão pela fuselagem inteira. Por isso mesmo, as longarinas e as cavernas mais reforçadas ficam nas junções das asas, onde sempre é maior o esforço a que é submetido o material
Como um gigantesco brinquedo de montar, essa armação está presa por dezenas de milhares de rebites. Cerca de 90 000 deles entram por exemplo na construção do Brasília, o turboélice para trinta passageiros da Embraer, por sinal o campeão de vendas da empresa de São José dos Campos. Com tanto metal, não há como impedir a fadiga e a corrosão à medida que as estruturas envelhecem. Os técnicos costumam dizer que tais problemas estão para as aeronaves como a arteriosclerose para o homem. Mas a geriatria aeronáutica - é assim mesmo que se chama a técnica de prolongar a vida útil dos aviões -, conhecendo os dados vitais e a ficha clínica dos aparelhos pode pelo menos prever e controlar o desenvolvimento dessas doenças da terceira idade. E acidentes como o da Aloha Airlines oferecem o consolo de multiplicar as pesquisas sobre o assunto numa época em que muitos modelos em operação se aproximam dos limites de longevidade. O engenheiro aeronáutico Antônio Carlos Vieira Victorazzo, da Embraer, que há vinte dos seus 42 anos estuda e trabalha com estruturas de aeronaves, explica que, para cada projetista envolvido com a aerodinâmica de um aparelho, existem três outros preocupados com a carcaça. Eles passam centenas de horas estipulando as regras segundo as quais os futuros modelos poderão voar. "Os projetos devem conter obrigatoriamente informações sobre a carga exata durante as manobras, sob rajadas de vento, nos pousos e decolagens e em velocidade máxima. Isso vale para cada parte da superfície do aparelho", explica Victorazzo. "Muitas vezes, componentes estruturais são testados até serem destruídos, para se ter certeza de que suportam o esforço em vôo, assim como muitas chapas de metal tomam banhos de água salgada para se avaliar a proteção contra a corrosão."
Segurança nunca é demais. Para evitar riscos, não se fabrica um protótipo, mas vários, todos eles forçados nas provas em terra e no ar a dar tudo que podem. Para começar, os modelos são testados nos famosos túneis de vento, que fornecem, entre outras coisas. informações sobre a distribuição da pressão do ar em diferentes condições de vôo. Além de analisar o desempenho das aeronaves em condições extremas de temperatura e em freqüências de vibração, as quais provavelmente nunca serão experimentadas nas operações normais, simula-se o número de vôos diários efetivamente cumpridos nas companhias aéreas. Essas informações se acumulam nos computadores e mais tarde farão parte do currículo das naves. Assim, os protótipos do turboélice CBA-123, em construção nos hangares da Embraer, passarão por 60 000 horas de vôo simulado antes e enquanto o avião estiver em operação.
Na esteira das conferências e seminários que se seguiram ao desastre da Aloha, os fabricantes começaram a estudar até a influência da poluição e da chuva ácida sobre a fuselagem. E não foi propriamente surpresa descobrir que os jatos que operam nas proximidades de Tóquio e São Paulo precisam de uma faxina mais rigorosa. A poluição está despertando suspeitas ainda mais inquietantes: há quem alerte para a hipótese de maior corrosão e envelhecimento dos metais expostos à radiação ultravioleta, com o esgarçamento da proteção proporcionada pela camada de ozônio. Ao mesmo tempo pesquisam-se novos materiais especialmente resistentes que possam, no futuro, substituir com vantagem as estruturas metálicas convencionais. Compostos de fibras de carbono (material de mil e uma utilidades, empregado, por exemplo, em raquetes de tênis) ajudam hoje a emagrecer o A 320, a mais recente versão do Airbus europeu, e constituem os flapes inteiriços, de quase 9 metros de comprimento, que a Embraer está fabricando para os novos jatos americanos MD11. Se fossem de metal, esses flapes teriam não apenas um número maior de chapas, como também de rebites, multiplicando, portanto, os pontos potenciais de fadiga.
Por trás de todos esses estudos, esconde-se um conceito adotado obrigatoriamente há doze anos pelos fabricantes e considerado o grande responsável pela segurança de vôo. Trata-se da tolerância a danos (fail safe, em inglês), uma espécie de versão aeronáutica do dito a união faz a força. Assim, cada pequenino rebite, cada pedaço da fuselagem de um elefantino 747 são dimensionados para suportar o dobro da pressão normalmente sofrida durante sua vida. Se qualquer peça desse jogo de armar entrar em pane por algum motivo, as outras não podem substituí-la, mas têm força suficiente para sustentar o avião no ar. Orgulham-se os engenheiros da Embraer de que o Brasília foi desenhado para fazer um pouso normal, mesmo com um rombo de 80 centímetros na fuselagem. No começo de junho último, um desses aviões chocou-se com um Piper nos céus da Bélgica e, apesar dos estragos provocados na fuselagem, conseguiu pousar sem vítimas.
Fundamentais também para a segurança das aeronaves são as inspeções obrigatórias antes de cada viagem e as mais minuciosas, a intervalos regulares de horas de vôo. De posse dos manuais da indústria, os inspetores das companhias aéreas sabem quais os pontos críticos e têm condições de apanhar - com a ajuda de uma variedade de instrumentos, desde lupas a emissores acústicos, passando pelos raios X - as trincas microscópicas que podem surgir na fuselagem. Se houver uma suspeita, usa-se um líquido penetrante, capaz de denunciar a falha por microscópica que seja. "Quando se obedece a todas as regras do jogo, os problemas diminuem sensivelmente", lembra o engenheiro Victorazzo, da Embraer. "E, quando estes aparecem, devem-se a controles deficientes e verificações mal feitas." Novamente tomando como exemplo o acidente havaiano de 1988: ficou provado que a Aloha havia passado a hora de trocar as juntas, contrariando as recomendações da Boeing.
No pior desastre com uma única aeronave na história da aviação, ocorrido há cinco anos, morreram 520 pessoas. As investigações mostraram que a caverna de pressão traseira do aparelho, um Jumbo 747 da Japan Airlines, se rompeu devido a um reparo mal feito. O ar pressurizado da cabine entrou na cauda, arrebentando partes da fuselagem e danificando o sistema hidráulico. Segundo o relatório, a inspeção falhou ao não detectar a fadiga do metal. Tragédias como essa não desestimulam os especialistas. Como diz o engenheiro Victorazzo, que de avião entende tudo, menos pilotar, os desastres provocados por falhas estruturais são poucos. "Nos meus anos de serviço na Embraer não tive de lidar com nenhum", relata. "A gente que trabalha com isso sabe as precauções com segurança que existem por trás de cada aeronave e fica tranqüila", informa - sem se dar sequer o trabalho de bater na madeira para evitar a má sorte.

60 000 horas de ensaios

Nos próximos meses, os engenheiros encarregados do projeto do CBA123, o mais novo turboélice da Embraer, estarão de olho nos gráficos extraídos dos computadores da empresa. Eles mostrarão os resultados dos testes estruturais e de fadiga da fuselagem de quase 18 metros de comprimento do avião, sem contar as asas. As primeiras unidades do CBA-123 devem sair da linha de montagem em 1992. Até lá, cinco protótipos estarão sendo submetidos a uma bateria de provas no solo e no ar, que prosseguirão mesmo depois da entrega dos modelos encomendados, equivalente a 60 000 horas de vôo ou trinta anos de operações. Nos próximos meses, um dos hangares da Embraer estará ocupado por dois protótipos onde serão instalados macacos hidráulicos ligados a 10 000 medidores de tensão na fuselagem. Esses medidores registrarão em computadores qualquer alteração do metal. Segundo o engenheiro Walter Bartels, diretor do departamento de testes, quando começarem a voar para valer, os CBA-123 terão uma reserva de segurança de 50%, ou seja, poderão executar muito mais manobras do que as especificadas no manual de vôo, sem compremeter nem danificar a estrutura.





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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Depois do Hubble - Astronomia


DEPOIS DO HUBBLE - Astronomia



Três poderosos instrumentos estão na lista de espera para entrar em órbita e fazer companhia ao Telescópio Espacial Hubble. Através deles, será possível espiar na intimidade distantes corpos celestes e, quem sabe, esclarecer antigas dúvidas.

Apesar de ter funcionado só de janeiro a novembro de 1983, o IRAS (sigla em inglês para Satélite Astronômico Infravermelho) pode ser considerado um dos mais fecundos instrumentos criados pelo homem para a pesquisa do Universo. Capaz de localizar uma lâmpada de 20 watts em Plutão, o planeta mais afastado do sistema solar, ele ajudou a descobrir galáxias explosivas, estrelas recém-nascidas, gigantes vermelhas, pequenos asteróides e possíveis formações planetárias fora da órbita do Sol. Um volumoso catálogo, contendo a localização de meio milhão de fontes infravermelhas, é um dos muitos resultados de sua extraordinária atividade. Representa para os astrônomos, familiarizados com as coordenadas de ascensão e declinação (as medidas de localização dos astros), o mesmo que um guia nas mãos de um turista recém-chegado a uma metrópole desconhecida.
Só que esse instrumento utilíssimo não contém informações suficientes para se conhecer a geografia ou a história do Cosmo. Na verdade, nenhum instrumento, fincado na terra ou em órbita no céu, tem condições para tanto. Mas, juntando os pedacinhos obtidos em diferentes comprimentos de ondas de energia eletromagnética, os astrônomos pretendem ampliar ao máximo os limites do seu conhecimento. Até meados do século, eles apenas podiam usar telescópios na luz visível; mesmo assim, descobriram que a Via Láctea está longe de ser a única galáxia do Universo. Hoje, com o desenvolvimento da tecnologia espacial, que possibilita o uso de freqüências mais altas, como os raios gama, raios X e ultravioleta, e de mais baixas, como o infravermelho e o rádio, os limites do Cosmo conhecido foram estendidos quase até o Big Bang, a presumível explosão colossal, há 15 bilhões de anos, que teria dado origem a toda a matéria.
Pensando nisso, a NASA está preparando o terreno para, no próximo século, perscrutar o céu em todas as direções e de todas as maneiras. Para isso, deve lançar ao espaço nos próximos dez anos três grandes observatórios, que se juntarão ao comentadíssimo Telescópio Espacial Hubble, em órbita a 550 mil metros de altura desde abril último. O Hubble teve uma partida atribulada, marcada pelos sucessivos reveses nos foguetes americanos, mas já em maio começou a mandar para as estações terrestres as suas primeiras fotos experimentais. Com esse supertelescópio se pretende enxergar o espaço com uma nitidez sete vezes maior do que qualquer outro equipamento já construído pelo homem . Sensível não só à luz visível como também ao ultravioleta e a uma parte do infravermelho, o Hubble pode contemplar astros 350 vezes mais obscuros do que os conhecidos hoje. Espera-se que ajude a explicar a origem dos quasares que brilham a bilhões de anos-luz da Terra.
Tão poderosos nas suas especialidades quanto o Hubble na dele, estão na lista de espera dos foguetes transportadores os telescópios Gamma Ray Observatory (GRO), para a captação de raios gama, Advanced X-Ray Astrophysics Facility (AXAF), que detecta raios X, e Space Infrared Telescope Facility (SITF), funcionando no infravermelho. A nave espacial Columbia deveria ter sido lançada em julho transportando um complexo telescópio chamado Astro-1, com instrumentos na freqüência do ultravioleta e de raios X. Essa nova geração de instrumentos não vai aposentar os seus parentes terrestres. Ao contrário, explica o astrofísico Oscar Matsuura, da Universidade de São Paulo, "o avanço na tecnologia espacial cria a necessidade de mais observações no solo". Nos próximos dois anos, Matsuura vai observar com um telescópio ótico alguns milhares de corpos celestes identificados pelo IRAS, o satélite infravermelho, no céu do Hemisfério Sul.
Operando além dos limites da atmosfera terrestre, que embaça a luz visível e bloqueia quase todos os comprimentos de onda, os telescópios espaciais têm realmente uma visão mais completa do Cosmo. Mesmo comparando com as imagens obtidas nos observatórios isolados no alto das montanhas, suas fotos são mais nítidas e, por causa do contraste com o fundo escuro do céu possuem a capacidade de captar brilhos muito fracos. Apesar disso, o custo dos equipamentos espaciais e o risco de defeitos irreparáveis em órbita contribuem para fortalecer o desenvolvimento de programas terrestres. Pode-se acrescentar que, ultimamente, os avanços na Engenharia Eletrônica e na Informática têm contribuído para incentivar mais as pesquisas ao rés do chão.
Durante várias décadas, os maiores telescópios terrestres foram o soviético Zelenchukskaya, com 6 metros de diâmetro, construído no Cáucaso, e o de Monte Palomar, com 5 metros, na Califórnia. Até recentemente, não se acreditava possível construir um espelho côncavo maior e portanto mais pesado. Mas duas universidades americanas aceitaram o desafio e estão terminando de instalar no Monte Mauna Kea, um vulcão extinto no Havaí, o telescópio Keck, de 10 metros de diâmetro. Em vez de um espelho inteiriço, ele é composto de 36 segmentos hexagonais, cada um com 1,8 metro de diâmetro, separados à distância de 3 milímetros. Um complexo sistema de sensores informa ao computador cada mudança de forma e de alinhamento do espelho e aquele envia instruções de volta para reajustar o conjunto, de modo a compensar os efeitos da gravidade, da temperatura e das oscilações atmosféricas. Como resultado, o telescópio apresenta imagens quase tão nítidas quanto as dos instrumentos espaciais.
No entanto, o reinado do Keck como o maior telescópio do mundo não durará muito tempo. O consórcio de países do European Southern Observatory (ESO), ou Observatório Europeu do Sul, deve completar em 1998 um complexo de quatro telescópios de 8 metros cada um, em La Silla, no Chile. O VLT, sigla em inglês de Telescópio Muito Grande, poderá usar os instrumentos separados ou juntos. Nesse último caso, produzirá uma imagem equivalente à de um espelho de 16 metros, tirando fotos de corpos celestes dez vezes mais tênues do que aqueles captados pelo maior telescópio soviético. Em La Silla, um dos lugares mais secos e claros do mundo, no deserto montanhoso de Atacama, já operam treze telescópios óticos e um radiotelescópio. Um deles, o NTT, que significa em português Telescópio de Nova Tecnologia, manda suas imagens por satélite para o centro científico da ESO em Garching, nos arredores de Munique, na Alemanha. Segundo o astrofísico José Antônio de Freitas Pacheco, diretor do Instituto de Astronomia e Geofísica da USP, o telescópio de 2 metros que a universidade pretende instalar no Chile também transmitirá suas imagens para São Paulo via satélite.
Se tudo correr como prevê o calendário da NASA, em novembro próximo partirá o ônibus espacial Columbia, levando em seu compartimento de carga o Gamma Ray Observatory (GRO). Seus quatro instrumentos vão captar uma forma de energia tão rara e tão penetrante que percorreu o espaço durante bilhões de anos antes de chegar à Terra; felizmente, porém, foi bloqueada pela atmosfera. Os primeiros satélites de raios gama, lançados pelos Estados Unidos no final da década de 60, serviam para monitorar explosões nucleares. Mas, logo que começaram a operar, descobriram emissões que se calculava serem 100 000 vezes mais poderosas do que as radiações solares.
"Satélites como o GRO que, por sinal, têm sensibilidade 10 000 vezes maior do que seus antecessores, captam fenômenos de transferência violenta de energia", ressalta o astrofísico João Braga, do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), que há anos estuda raios gama, captados em detectores a bordo de balões. "Supõe-se que isso ocorre quando uma estrela envelhece e esgota o seu combustível nuclear", expIica ele. O núcleo se contrai e ela se transforma numa estrela de nêutrons ou, conforme a massa,. num buraco negro. "O GRO também vai observar regiões do Universo que podem ser os núcleos dos quasares, onde a temperatura chega a 1 bilhão de graus - um valor que, como tantos outros em Astronomia, escapa ao entendimento humano.
Há três anos, um colega de Braga no INPE, o astrofísico João Steiner, usou dados do satélite HEAO (High Energy Astronomical Observatory), de captação de raios X (uma forma de radiação que, como os raios gama, não se propaga na atmosfera). Combinados com os informes do IRAS e de observações na faixa ótica, tais dados permitiram-lhe descobrir 25 quasares de perfil - até então eram conhecidos apenas seis astros nessa posição. O telescópio AXAF, de raios X, com lançamento marcado para 1996, deve multiplicar por 100 a resolução do HEAO. "Todos os corpos celestes emitem raios X e alguns deles, como os candidatos a buracos negros, foram descobertos nessa faixa de radiação", entusiasma-se Steiner, antevendo as perspectivas do AXAF. Antes desse supertelescópio, deve entrar em órbita o satélite alemão Roentgen, para medir a radiação X de estrelas, restos de supernovas, galáxias e aglomerados de galáxias.
No ultravioleta, esperam-se novidades do Hubble, que conta com um espectrógrafo para medir a composição química de corpos celestes e de matéria em volta de estrelas muito quentes. Pode estar aí uma indicação para a existência de planetas até agora desconhecidos fora do sistema solar. O astrofísico Ramiro De La Reza, boliviano naturalizado suíço, que trabalha no Observatório Nacional do Rio de Janeiro, observou há pouco tempo um fato peculiar. Algumas estrelas gigantes, respeitáveis senhoras de meia-idade na cronologia astral, tinham em sua composição lítio, elemento químico muito reativo que se supunha estar presente apenas nas suas irmãs mais jovens. Com o auxílio do IUE (International Ultraviolet Explorer), lançado em 1977 e ainda em funcionamento, De La Reza pretende investigar a natureza desses astros. "Pode ser que o lítio não tenha sido detectado neles, mas em planetas ao redor", especula.
Em 1998, a NASA pretende lançar o SITF, o telescópio no infravermelho que completará o trabalho do IRAS.
Embora tenha se revelado tão útil, o IRAS fez apenas uma varredura geral do céu, sem se deter em nenhum astro em particular. O SITF, com uma sensibilidade 1 000 vezes maior, deve estudar a formação de estrelas e galáxias. Outro satélite, este de origem européia, o Infrared Space Observatory (ISO), que deverá ser lançado daqui a três anos, pretende investigar as atmosferas dos planetas gigantes, de alguns cometas e de proto-estrelas.
Embora não pertença à lista dos grandes satélites, o observatório americano Cobe sigla em inglês de Explorador de Radiação Cósmica de Fundo, pode ser considerado uma das novidades desses tempos de tecnologia astronômica espacial. Produto da radioastronomia, a captação da radiação na faixa de microondas, o Cobe procura no espaço o eco distante do Big Bang. Enquanto não o acha, já conseguiu fotografar o centro da Via Láctea, inacessível aos olhares terrestres devido à grande quantidade de matéria que ali se acumula. Dois pequenos radiotelescópios também estão sendo preparados pelos soviéticos para entrar em órbita em data não revelada. Não se sabe igualmente quando os exploradores do espaço se atreverão a construir um telescópio naquele que é considerado o melhor local para a observação astronômica: a face oculta da Lua.
No seu livro Realm of the nebulae (Domínio das nebulosas, não editado no Brasil), o astrônomo americano Edwin Hubble (1889-1953), o primeiro a formular o conceito do Universo em expansão, escreveu em relação à pesquisa astronômica que, "só quando os recursos da observação empírica cessarem, se abrirá o caminho da especulação". Se chegasse a conhecer todos os equipamentos que estão sendo preparados para entrar em ação, Hubble ficaria tranqüilo. A Astronomia ainda tem muito campo para a observação.

Janelas sob medida

Para cada faixa do espectro, usam-se instrumentos especiais como:
Raios Gama
Radiação muito curta e penetrante, de origem ainda incerta. Está presente nos processos mais violentos do Universo. Para captá-la, será lançado em novembro o Gamma Ray Observatory (GRO).
Raios X
Os primeiros candidatos a buracos negros foram descobertos porque emitiam raios X. Para captar a radiação de astros diversos estão previstos os lançamentos do satélite alemão Roentgen este ano e, em 1996, do americano AXAF.
Ultravioleta
Todos os corpos celestes emitem luz ultravioleta, especialmente as estrelas jovens. Em órbita desde 1977, o satélite IUE ainda está funcionando. O Telescópio Espacial Hubble, lançado em abril, tem instrumentos nessa faixa de radiação
Luz visível
Para captar a luz que chega à Terra, este ano começa a funcionar o Telescópio Keck, no Havaí, com 10 metros de diâmetro; em 1998, será a vez do VLT, no Chile, com 16 metros. No espaço, o Hubble, livre do embaçamento da atmosfera, vê melhor e mais longe
Infravermelho
O satélite IRAS, que funcionou durante onze meses em 1983, localizou meio milhão de fontes infravermelhas no céu. O europeu ISO, que será lançado em 1993, e o americano STIRF, previsto para 1998,. vão detalhar a pesquisa.
Microondas
Na Terra, os radiotelescópios podem captar a radiação de astros próximos como o Sol e distantes como os quasares. O satélite COBE, em órbita desde o ano passado, procura no espaço o eco do Big Bang, a explosão que teria criado o Universo.
Ondas longas
Como a atmosfera absorve totalmente a radiação nesse comprimento de onda, ela não pode ser captada da Terra. No futuro, poderá ser estudada com a instalação de um observatório na superfície lunar.

Olhos paulistas no Chile

Há vários anos, os astrônomos da Universidade de São Paulo sonham com a instalação, em algum lugar de clima seco e céu claro, de um telescópio de bom tamanho para o estudo dos astros. O maior observatório brasileiro, em Brasópolis, sul de Minas, oferece em média apenas 150 noites úteis por ano, arduamente disputadas pela centena de profissionais do país. Agora, com o acordo assinado entre o governo do Estado de São Paulo e a empresa alemã Zeiss, aquele sonho fica mais próximo da realidade. A Zeiss fornecerá um telescópio de 2 metros, que usa a combinação ótica de dois espelhos, dotado do mesmo sistema que permite aos mais modernos telescópios corrigi-los segundo as oscilações da atmosfera.
Em contrapartida, o Instituto de Astronomia e Geofísica (IAG) e a Escola Politécnica, ambos da USP, montarão a estrutura para o funcionamento do telescópio, que pode ser numa torre de 20 metros de altura, a cúpula e o sistema de aquisição de dados. O custo total do projeto é da ordem de 10 milhões de dólares, a metade comprometida na compra do equipamento. Como os melhores sítios para a observação dos astros no Hemisfério Sul ficam na Cordilheira dos Andes, os astrônomos pretendem instalar o novo telescópio na mesma região chilena onde já existem observatórios americanos e europeus. O equipamento será operado a distância, via satélite, para que ninguém precise abalar-se de São Paulo cada vez que quiser perscrutar os céus. "O telescópio não será exclusivo dos cientistas da USP". ressalva o diretor do IAG, astrofísico José Antônio de Freitas Pacheco. "Quem tiver um bom projeto de pesquisa será bem-vindo."

Idéia do mundo da Lua

Não contentes em instalar grandes telescópios no topo de montanhas na Terra ou colocá-los em órbita no espaço, os astrônomos mais imaginativos do Primeiro Mundo querem colocá-los ainda além - na face oculta da Lua. Um projeto desenvolvido pela NASA trata da montagem, ali, de trinta telescópios de 1,50 metro de diâmetro, formando uma rede cuja imagem equivaleria à de um espelho de 10 quilômetros. Com essa estrutura, os astrônomos calculam que se poderia avistar torrões de açúcar numa xícara de café na Terra. Os equipamentos seriam também capazes de perceber formas na escala de 10 metros no planeta Marte e ainda detectar eventuais planetas semelhantes aos do sistema solar em volta de outras estrelas, analisar a superfície dos grandes astros mais próximos e o conjunto de galáxias distantes.
Essa rede telescópica se beneficiaria de uma vantagem que nenhum observatório, no solo ou no espaço, tem. Como a Lua completa uma órbita ao redor do planeta em 27 dias, 7 horas e 43 minutos e sua rotação em volta do próprio eixo leva o mesmo tempo, ela mostra sempre a mesma face para a Terra, como se sabe. Assim, no outro lado, sem a interferência da luminosidade terrestre, calcula-se que seja possível observar astros cem vezes mais fracos do que os acessíveis ao Telescópio Espacial Hubble. Mas há uma pedra gigantesca no caminho desse projeto futurista: o preço. Para montar uma rede de instrumentos na Lua, seria preciso assinar um cheque de 45 bilhões de dólares, o equivalente ao custo de trinta Hubbles - sem contar os gastos com o transporte.





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terça-feira, 23 de outubro de 2012

Imagens Quentes - Fotograia

IMAGENS QUENTES - Fotografia



Substituindo a luz visível por calor, a termografia permite retratar até mesmo o ar. Essa técnica tornou-se uma ferramenta de precisão nas mais diversas atividades.

Tudo o que certos fotógrafos esperam é uma calorosa recepção - de imagens, bem entendido. São os caçadores de fotos termográficas, aquelas criadas por computadores a partir do fraco calor emitido pelos seres vivos ou por qualquer material. Eles podem ser encontrados nos mais diferentes laboratórios, de hospitais a avançados centros de pesquisas. Conhecida desde 1950, essa tecnologia baseia-se num espectro de luz abaixo dos limites visíveis, a radiação infravermelha, descoberta ainda em 1800 pelo astrônomo alemão naturalizado inglês William Herschel (1738-1822). Ao contrário do processo fotográfico comum, que depende dos raios de luz visíveis refletidos pelos objetos, a termografia vale-se da radiação térmica emitida pelo movimento normal das moléculas que compõem os materiais na forma de raios infravermelhos.
Em lugar do papel sensível à luz, termômetros especiais com gases congelados próximo ao chamado zero absoluto, 273º C negativos (no qual cessa todo movimento das moléculas) registram essas mínimas variações de temperatura. Na verdade, doses mais altas de raios infravermelhos chegam a provocar um leve aquecimento na pele e são muito úteis no tratamento de contusões musculares - com o calor, os tendões relaxam e voltam a funcionar sem dor. O claro e escuro das imagens convencionais é representado nesse sistema por um código de cores, definido por computadores em função das leituras ponto-a-ponto do termômetro. Geralmente, quanto mais quente a área lida, mais a cor tende ao vermelho. A termografia teve uma acolhida calorosa nos mais diversos campos. Durante a Segunda Guerra Mundial, por exemplo, foi desenvolvido um binóculo que usa esse sistema para permitir que se enxergue melhor à noite.
Um canhão de elétrons, parecido com aquele utilizado nos televisores, converte em imagens os sinais de eletrodos sensíveis à luz infravermelha de uma lâmpada especial. Aparelhos de detecção desse tipo de luz também são usados em mísseis teleguiados para dirigir os projéteis a alvos quentes. "No campo da Medicina as imagens termográficas servem para identificar a evolução de tumores no organismo", lembra o oncologista Flávio Franco Montoro, dono de uma das poucas clínicas brasileiras que fazem esse tipo de exame. As células cancerosas desprendem mais calor que as saudáveis, pois são mais irrigadas de sangue, cujas células de defesa tentam destruí-las. Como o sangue é quente, um trecho mais vermelho que o normal pode ser sinal de câncer. Os engenheiros mecânicos, de seu lado, descobriram na termografia um método seguro de analisar o ponto de fadiga das máquinas e estruturas. O princípio é simples: o desgaste provoca aumento na vibração e conseqüentemente na temperatura dos componentes metálicos. A cerca de 800 000 metros de altura, as antenas do satélite francês Spot captam desde 1986 as radiações infravermelhas do solo, da vegetação e mesmo da atmosfera brasileira, compondo preciosas fotos.
Essa radiação, um conjunto de ondas eletromagnéticas, é codificada e retransmitida para outra antena em Cuiabá, no Mato Grosso, e dali para o Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos, São Paulo. De acordo com o interesse, um computador em terra pode selecionar ou as imagens de minerais do subsolo, ou de desmatamentos ou de chuvas e ventos. "Assim, é possível localizar áreas de seca ou plantações esgotadas", exemplifica o engenheiro Antônio Tebaldi Tardin , responsável pelo sensoreamento remoto no Inpe. "A vegetação com pouca água e sem vida envia menos sinais e é mais escura nos gráficos." Mas o que aconteceria se uma foto desse tipo fosse feita em casa, com leves correntes de ar? Essa é a pergunta que os técnicos franceses procuraram responder com a criação do Centro Técnico para as Indústrias Aéreas e Térmicas (Cetiat), na Universidade de Orsay, perto de Paris, onde se estuda o movimento das correntes de ar.
O objetivo dos cerca de cinqüenta engenheiros do centro é resolver problemas cotidianos bastante comuns, como o das secretárias que suportam correntes de ar condicionado nas costas; cozinheiras que sufocam com o vapor das panelas, ou motoristas que transpiram enquanto têm os pés congelados. Os métodos de termografia laser empregados ali em estudos da aerodinâmica de carros, aeronaves e sistemas de ar condicionado são considerados únicos no mundo.
Para tornar o vento visível, os técnicos borrifam água próximo à fonte de ar e iluminam o local com finíssimos raios laser. A massa de ar torna-se então uma espécie de fluido colorido, cujos movimentos são gravados por uma câmara de vídeo ligada ao computador. Este analisa as diferenças de luminosidade, converte-as em códigos binários e dispõe na tela um retrato fiel e em cores da corrente de ar. Tão certo deu a idéia que já está sendo utilizada na climatização do novo Teatro de Ópera da Bastilha, em Paris, e para resolver os problemas de ventilação do metrô de Caracas, na Venezuela.

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terça-feira, 23 de outubro de 2012

Asas a Imaginação - Tecnologia


ASAS À IMAGINAÇÃO - Tecnologia



Com seu desenho aerodinâmico especial, elas mantêm os aviões no ar, suportam cargas esmagadoras e guardam no bojo rios de combustível. Levam longe a criatividade da indústria aeronáutica

Cera e penas - isso foi tudo que o mitológico arquiteto grego Dédalo precisou para construir os pares de asas que o libertaram, juntamente com o filho Ícaro, do temível Labirinto de Creta. Aprisionado na própria criação, o engenhoso Dédalo desafiou os deuses com seu vôo e acabou punido: imprudente, Ícaro não ouviu o conselho paterno, voou alto e teve as asas derretidas pelo sol, afogando-se no mar. A lenda de final infeliz, como o de tantos mitos da Grécia Antiga, é a mais conhecida metáfora do imemorial sonho humano de construir asas e voar. Hoje em dia, quando os materiais que permitem ao homem alçar-se aos ares são um tanto mais complexos do que cera e penas, o desafio nem por isso é menor.
Com bons 30 metros de comprimento e cerca de 24 toneladas, as asas de um moderno Jumbo 747 suportam cargas de quase meia tonelada para cada um de seus 511 metros quadrados de área. Carregam no interior quase 200 000 litros de combustível e quilômetros de tubos e fios, além de sustentar turbinas de até 5 toneladas. Sem dúvida, uma proeza da Engenharia aeronáutica à altura dos mais estratosféricos delírios do velho Dédalo. Mas os passageiros do Jumbo, ou, no caso, de qualquer outro avião de verdade, não precisam temer a ira dos deuses - as asas não vão se derreter. Aliás, se os passageiros que se apresentam para uma viagem sentem alguma preocupação quanto ao vôo, esta raramente tem a ver com as asas do aparelho - a não ser como um inconveniente que atrapalha a visão do cenário aéreo nos assentos próximos a elas, embora os viajantes mais experientes saibam que justamente nessa parte da aeronave a estabilidade é maior. De fato, ao contrário da idéia geral, os motores apenas impulsionam o avião, que é sustentado no ar, isso sim, pelas asas, em torno das quais gira toda a fuselagem. Assim, os assentos mais atrás e mais à frente chegam a subir e descer alguns metros em relação ao eixo transversal das asas, cada vez que o avião levanta vôo ou aterrissa, gerando certo desconforto para os passageiros.
Por essa mesma razão, quando a aviação ainda, por assim dizer, engatinhava e os motores possuíam uma fração da potência das gerações seguintes de aparelhos, bastavam simples estruturas de madeira leve ou mesmo bambu, revestidas com telas de tecido e presas com cola, cabos, pregos e parafusos, para funcionar como planos de sustentação. Afinal, as asas não passam de superfícies com perfis especiais que cortam o vento de modo a gerar um impulso ascendente. Segundo as leis da Aerodinâmica, o desenho mais abaulado da parte superior leva o ar a contorná-la mais rapidamente do que na superfície de baixo, resultando daí uma força que empurra o avião para cima. Essencialmente, é o que ocorre ao se empinar uma pipa, na qual a superfície curva de papel de seda e bambu serve como asa e a linha atua como os motores, impulsionando o conjunto para a frente. "Os aerofólios dos carros de Fórmula 1 não passam de asas invertidas", compara o capitão Maurício Pazini Brandão, engenheiro aeronáutico do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos. "Atuando de modo inverso, mantêm os carros no chão, embora estes alcancem velocidades iguais às de alguns aviões." A sustentação no ar aumenta com o chamado ângulo de ataque, em que as asas cortam o ar. O aumento tem um limite, a partir do qual a sustentação cai repentinamente, devido à formação de uma turbulência na parte superior das asas. Levar o avião até esse limite e depois deixá-lo perder altitude é, por sinal, uma manobra perigosa de pilotos de caça conhecida como estol (do inglês stall, retardar algo mediante subterfúgio).
Para fazer um potente jato ou um pequeno hidroavião subir e descer, os pilotos controlam partes móveis das asas, que aumentam ou diminuem sua superfície e, portanto, sua capacidade de sustentação. Durante a decolagem e o pouso, quando a velocidade é menor e a necessidade de sustentação maior, flaps (abas) na parte de trás e slats (ripas) na parte da frente se desdobram, aumentando as superfícies das asas. Outras engrenagens entram em ação nas diversas manobras. Os ailerons (ponta da asa, em francês) funcionam junto aos flaps sob o comando do manche. São os responsáveis pelo movimento em torno do eixo longitudinal da aeronave, uma manobra conhecida como rolamento. Os spoilers (destruidores, em inglês) são pontos de abertura da superfície das asas que permitem a passagem de ar e a queda de sustentação.
Tampouco se pode esquecer das pequenas asas traseiras que os engenheiros aeronáuticos conhecem como empenagem. Parecidas com as barbatanas de peixes, essas estruturas compõem com a cauda vertical um sistema de eixos que controla a elevação do nariz da aeronave. Quanto maior a empenagem, mais fácil manobrar o aparelho. O caça sueco Viggen, por exemplo, tem empenagem notavelmente grande em relação às asas, além das pequenas falsas asas dianteiras chamadas canard. Todos esses aparatos reduzem a velocidade necessária para a decolagem e, conseqüentemente, o tamanho das pistas - uma conquista importante, principalmente quando se trata de porta-aviões. Em certas ocasiões, a ponta da asa pode se dobrar cerca de 1 metro para cima ou para baixo, mas não chega a quebrar.
A flexibilidade das asas e a resistência dos materiais de que são construídas passam, aliás, por severos testes na grande indústria aeronáutica. Nos hangares onde é fabricado o Airbus europeu, compressores hidráulicos submetem o equipamento ao que os técnicos chamam ciclos de torção - as asas são dobradas sucessivamente para cima e para baixo a fim de se descobrir seu eventual ponto de ruptura. No interior do revestimento de placas de alumínio, esconde-se uma espécie de costela, de aço ou de titânio, altamente resistente, que abriga as bombas de combustível, os controles hidráulicos e elétricos, o próprio líquido inflamável, que ocupa todos os espaços vazios, e os bens de pouso retráteis. "São muitos os sistemas escondidos nas asas", comenta José Renato Oliveira Melo, gerente de engenharia aeronáutica da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer). "Se for necessário voar em lugares muito frios, as asas vão precisar, por exemplo, de equipamentos que impeçam a formação de gelo sobre elas."
Nesse caso, a parte da frente das asas é feita de materiais condutores ligados a filamentos elétricos que funcionam como uma resistência, não muito diferente daquelas usadas nos chuveiros, que mantém a superfície constantemente aquecida. Outras vezes, deve-se deixar espaço para os mecanismos que movimentam as asas para trás em vôos supersônicos, como acontece no caça americano F-14 Tomcat, ou no MiG23/27, soviético. De fato, a forma de flecha diminui a resistência ao avanço. O Boeing 747, por exemplo, tem asas mais enflechadas do que os outros aviões comerciais, que voam a menores velocidades transônicas (próximas à velocidade de som ou 1200 quilômetros por hora) e têm asas retas ou trapezoidais.
Todos esses conceitos aeronáuticos só chegaram a ser estudados e aplicados numa fase recente da história da aviação. A maioria das asas dos primeiros aviões foram imaginadas e testadas na prática, acumulando desastres. Mas também surgiram, na época, idéias teoricamente avançadas, como as asas traseiras do 14 bis, que podem vir a se tornar comuns nas aeronaves do futuro, desenhadas por computador. Explica-se: quanto mais para trás na fuselagem, mais as asas facilitam as manobras de pouso e decolagem. Hoje em dia, por motivos óbvios, o método de tentativa e erro foi abolido.
Em seu lugar surgiu primeiro o túnel de vento, onde a asa é submetida a uma corrente de ar produzida por um poderoso ventilador que simula as condições de vôo, tomando possível medir ali a eficiência dos modelos. Mais recentemente, poderosos computadores estenderam essa capacidade de simulação além dos limites possíveis de obter nos túneis de vento convencionais. A partir desses testes, surgiu uma pequena porém valiosa inovação no desenho convencional da asa - o wing-let, um prolongamento vertical destinado a diminuir o turbilhão de ar nas pontas tornando a estrutura mais eficiente. A última geração de jatos comerciais possui já esse aperfeiçoamento, previsto também no EMB-145 da Embraer.
A posição em que as asas se prendem à fuselagem é uma das características testadas nos túneis de vento. Assim, asas altas geralmente são utilizadas em aviões de transporte, pois fazem a fuselagem ficar mais próxima do chão, facilitando a entrada das cargas. As asas médias, por sua vez, são as mais eficientes em termos aerodinâmicos, embora com a desvantagem de ocupar muito espaço na fuselagem. Os aviões comerciais têm asas baixas, que protegem a fuselagem em caso de aterrisagens forçadas sem o trem de pouso. Novos sistemas de computadores permitem agora criar aparelhos com o máximo de desempenho e de estabilidade em superfícies de formas singulares. Dando asas à imaginação, essas complexas estruturas nascidas da criatividade dos engenheiros aeronáuticos vencem a todo instante no ar o desafio de Dédalo - e isso não é mito.





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terça-feira, 23 de outubro de 2012

Os Senhores das Trevas - Natureza


OS SENHORES DAS TREVAS - Natureza



Feios a não poder mais, dotados de lanternas orgânicas e com uma vida sexual incomparável, os peixes do fundo do mar mostram os extremos a que pode chegar a adaptação a um ambiente adverso.

No fundo do oceano, a 4 000 metros, onde a luz do Sol não desce e a temperatura média é de 2ºC, vicejam estranhas espécies de peixes escuros de aspecto horroroso aos olhos humanos, que fascinam porém os cientistas por sua adaptação à vida sob pressões praticamente insuportáveis, pouco alimento e reprodução difícil. São os peixes abissais, formas de vida extremamente peculiares. Alguns têm boca e estômago capazes de engolir e digerir presas com o dobro do seu tamanho. Nas condições do que talvez seja o mais inóspito dos ambientes, por sinal o maior habitat do mundo, muitos desses peixes desenvolveram sistemas orgânicos destinados a iluminar as trevas e atrair as presas: possuem luzes no próprio corpo, que acendem e apagam como lanternas quando necessário.
Na vastidão dos oceanos, os peixes abissais não encontram fronteiras naturais a sua circulação e assim se espalham dos trópicos até as regiões polares. Como não vive em cardumes, é normal que, ao encontrar uma companheira, um desses peixes não se arrisque a perdê-la. Em certas espécies, o macho virtualmente funde-se com a fêmea, transformando-se em um pouco mais do que um depósito de espermatozóides. Até meados do século passado, os cientistas negavam que houvesse vida no mar abaixo de 500 metros. Eles sabiam que, muito aquém da superfície, a água filtra as ondas vermelhas do espectro de luz, deixando visíveis apenas as combinações de verde e azul. Por isso, um mergulhador que cortar a mão a 100 metros de profundidade verá o sangue verde-escuro ou marrom. A 2 000 metros, a esmagadora pressão da água pode arrebentar um cilindro de mergulho.
Explorando os domínios marinhos mais profundos, as missões de pesquisa acabaram descobrindo no entanto que os obstáculos da pressão e da escuridão não são intransponíveis para os peixes. Hoje se sabe que essa classe de vertebrados, a mais antiga que existe, vive em qualquer lugar onde haja água - dos tenebrosos abismos oceânicos até a superfície do mar aberto. "Não existe um limite de profundidade para a vida", assegura o ictiólogo José de Lima Figueiredo, do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo. Há peixes que nadam a 300 ou 400 metros, mas também mergulham em profundidades de 4 000 metros ou mais ainda. Há cerca de vinte anos, os cientistas que estudavam um habitat submarino nas Ilhas Virgens, no Caribe, ficaram surpresos ao ver, numa noite escura, o que parecia um grupo de peixes piscando sem parar no meio de um recife de corais. Descobriu-se que eles pertenciam à família dos ceratióide, chamados pelos americanos lanterneye fishes (peixes-de-olho-de-lanterna) porque possuem embaixo do olho uma cavidade que abriga bactérias fosforescentes. Durante o dia, esses peixes mergulham a grandes profundidades. À noite, ausente a luz solar, sobem à superfície para se alimentar de plâncton, microorganismos que vivem em suspensão na água. Os cientistas observaram desde então que tais espécies inventaram sistemas próprios de iluminação absolutamente únicos. O Kryptophanaron, que vive nas águas do Caribe, tem sob os olhos uma cavidade que emite luz e que fica coberta por um tipo de persiana escura quando não deseja ser visto. Outras espécies, Anomalops e Photoblepharon, têm uma forma de haste com um farol na ponta, que projetam para frente e para trás da cabeça e também escondem embaixo do olho. O Pachystomias, um peixe predatório chamado peixe-dragão (dragonfish) faz jus ao nome. Não solta fogo, é claro, mas tem uma série de células fosforescentes espalhadas na boca, ao longo do corpo e debaixo do olho.
Muitos desses peixes nunca foram encontrados no Oceano Atlântico e não têm nomes vulgares em português. "Os peixes abissais não costumam cair nas redes dos pescadores e as missões científicas nacionais trabalham mais nas águas rasas da plataforma continental", explica Lima Figueiredo. Mesmo assim, existe no museu de Zoologia da USP um exemplar de peixe-dragão encontrado na costa do Rio Grande do Sul a cerca de 800 metros de profundidade. Possui o que os ictiólogos chamam barbilhão, um fio que sai por baixo da mandíbula do peixe, com um farol na ponta. Outra espécie conhecida, a dos Chauliodus, ou peixes víboras, tem uma haste que é uma extensão dos primeiros raios da nadadeira dorsal e também luzes dentro da boca para atrair a presa direto ao estômago.
Os dragões-pretos têm a peculiaridade de emitir luz vermelha. Como a maioria dos peixes não enxergam essa cor, tais membros da espécie Pachistomias microdon usam as suas lanterninhas vermelhas para se aproximar sem serem percebidos dos animais que lhes servirão de alimento. Outros peixes se distinguem pelos olhos projetados para a frente, o que lhes permite aproveitar toda a pouca luz existente. Estima-se que essas criaturas são capazes de enxergar no lusco-fusco de quinze a vinte vezes melhor do que os humanos. Os olhos tubulares do Argyropelecus, assim como do Sternoptyx, do Gigantura e ainda do Stylephora, sempre voltados para cima, enxergam contra luz que vem da superfície a silhueta de seus inimigos e da refeição em potencial. O Argyropelecus paciefiecus emite luz verde e azul na mesma intensidade da iluminação procedente da superfície; portanto tornam-se invisíveis. O habitat desempenha um papel importante na cor dos peixes. Os que vivem mais perto da superfície apresentam um tom azulado ou esverdeado, os que vivem no fundo são em geral escuros no dorso e nos lados. Os camarões das profundezas e os peixes da família dos Rondeletiidae são vermelhos porque essa cor não aparece nas águas abissais. Mas, além da cor, também a forma e a estrutura desses peixes são influenciadas pelo meio e pelo tipo de alimento. Muitos se dirigem à noite à superfície para apanhar plânctons, filtrando grandes quantidades de água através da boca e das brânquias, os órgãos da respiração. Outros, carnívoros, desenvolveram dentes avantajados, boca articulada e enorme estômago para o seu pequeno tamanho - finos e compridos, não crescem mais de 30 centímetros.
Os peixes da espécie Saccopharynx foto, parecidos com serpentes, têm a cabeça grande e uma boca que abre e fecha como uma tampa de lixo para engolir a presa. Há pequenos tubarões com grandes dentes embaixo da boca e pequenos em cima. São capazes de morder presas muito maiores do que eles próprios, arrancar um naco de carne do tamanho de metade de uma laranja e fugir deixando no lugar a marca feroz de sua boca. Nas profundezas do oceano, comer não é fácil nem freqüente; desse modo, a satisfação dessa necessidade depende muito do que sobra da produtividade da vida na superfície. A falta de alimento obriga os peixes a serem particularmente vorazes a qualquer momento: eles desconhecem a saciedade. Os Chiasmodon, peixes-pescadores, como são chamados, devoram presas duas ou três vezes maiores do que eles mesmos. As câmaras de controle remoto e, mais recentemente, os pequenos submarinos tripulados documentaram o frenesi das feiticeiras, espécie de enguias, dos isópodes (um grupo de crustáceos) e mesmo de tubarões quando a natureza provê um banquete constituído da carcaça de peixes grandes ou de baleias da superfície. O estômago dos peixes-pescadores se dilata e eles engolem caranguejos, moluscos e peixes avantajados com rapidíssimas dentadas. Os Melanocetus chegam a ter dentes na garganta para impedir que suas presas, tão arduamente caçadas, escapem enquanto estiverem sendo engolidas.
No mundo aquático, a reprodução costuma ser simples: quando chega o momento, basta que o macho e a fêmea soltem esperma e ovos na água para que, da combinação desses elementos, resulte a fecundação. Mas os peixes-pescadores de profundidade são relativamente raros e muito distribuídos por todos os oceanos. Estima-se que, para cada fêmea sexualmente amadurecida, existam de quinze a vinte machos. Portanto, não é de estranhar que vivam menos e tenham praticamente uma única função em toda a sua existência: encontrar uma fêmea e fertilizá-la. Estes solteirões afoitos têm olhos especiais para captar a luz das companheiras a distância. Supõe-se também que, dotados de grandes órgãos olfativos, sejam capazes de segui-las pelo feromônio, o cheiro que elas emitem nas correntes marítimas. Ao encontrar uma fêmea, o macho da espécie Linophryne inica, vinte vezes menor, a ela se liga pela boca. Seus corpos se fundem, a circulação torna-se comum aos dois e o macho fica reduzido à condição de escravo sexual - vivendo exclusivamente para produzir e armazenar esperma a serviço da companheira. Essa incrível simbiose atrai o interesse dos pesquisadores não apenas por tratar-se de uma exótica técnica de reprodução, mas porque talvez venha a ter grande utilidade nos negócios humanos - no tratamento da rejeição em transplantes. O sexo no fundo do mar não cessa de surpreender: em certos casos, a masculinidade ou a feminilidade é apenas uma questão idade. Entre os Gonostoma gracile, o indivíduo amadurece sexualmente como macho com 1 ano. Mas em dado momento do segundo ano de vida transforma-se em fêmea. Na família dos Paralepidídeos, os indivíduos são hermafroditas, com ovários e testículos ao mesmo tempo. Quando não encontram um parceiro, fecundam-se a si mesmos.
Os peixes abissais podem parecer grotescos, bizarros - alguns são imbatíveis em matéria de feiúra. Finos, pequenos, gelatinosos, não têm nenhuma armadura de proteção, como escamas e freqüentemente se desfazem quando estudados. Comendo pouco, gastam também pouca energia e nadam apenas o sabor das correntes. Tudo indica que seriam seres primitivos, que não evoluíram durante milhares de anos. Mas o ictiólogo americano Richard Rosemblatt, do Instituto Scripps de Oceanografia, na Califórnia, provou pela estrutura óssea que esses peixes estão no auge da evolução. Como outras espécies, que passaram a viver em praias rasas, ou em baías lamacentas, rios caudalosos ou lagoas, estas mudaram-se da superfície dos mares, seu habitat original, por motivos desconhecidos. Nos abismos profundos onde foram parar, desenvolveram as estranhas características que os transformaram em senhores das trevas.





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terça-feira, 23 de outubro de 2012

O Poder das Fibras - Saude


O PODER DAS FIBRAS - Saude



Elas formam o esqueleto dos vegetais. Como alimento, não servem rigorosamente para nada. Mas previnem doenças graves e ajudam até a manter a linha. Trinta gramas por dia é tudo que se precisa.

Em 1984, enquanto fazia os preparativos para a travessia do Atlântico, o navegador Amyr Klink tinha uma preocupação muito particular: sua constipação intestinal crônica. Se o problema do intestino preso já lhe causava tanto desconforto em terra, que aborrecimento não seria tê-lo a bordo do diminuto barco no qual passaria três meses entre o céu e o mar? O êxito de tal aventura dependia, acima de tudo, de saúde e de boa disposição física, dia após dia. "A solução foi uma dieta equilibrada, rica igualmente em todos os tipos de alimentos, incluindo fibras", conta a nutricionista Flora Spolidoro, atual secretária de Ação Social do governo federal, principal responsável pela alimentação de Klink tanto na travessia a remo do Atlântico como agora na invernagem polar na Antártida.
O que é bom para os retiros marítimos de Klink tem sido igualmente bom para a rotina de milhões de pessoas nos quatro cantos do mundo. Depois de praticamente eliminadas da dieta ocidental a partir da segunda metade do século, as fibras agora vêm sendo reconhecidas como santo remédio para muitos males de não pouca gravidade e ainda como agentes de prevenção para tantos outros. Aliás, foi justamente a virtual expulsão das fibras da mesa de refeições dos países industrializados, em conseqüência da produção em massa de alimentos refinados associada ao consumo crescente de carne vermelha, afirma um coro de pesquisadores, médicos e nutricionistas, a principal causa de disseminação de algumas das chamadas "doenças da civilização", como a constipação intestinal, a diverticulose e a diverticulite, as hemorróidas, os problemas cardiovasculares e o câncer de cólon.
O interesse pelas fibras alimentares ressurgiu na década de 70, graças principalmente às pesquisas do médico britânico Dennis Burkitt. Ele passou vinte anos na África, trabalhando como cirurgião no interior de países como Uganda e o Quênia. Foi a observação dos hábitos alimentares dos africanos e do fato de não ocorrerem entre eles várias doenças do trato digestivo, muito comuns nos países ocidentais, que o levou a formular sua hipótese sobre o papel das fibras. De fato, a dieta dos africanos das zonas rurais é excepcionalmente rica em fibras comidas em cereais integrais, farelos, frutas, legumes e verduras - um cardápio muito diferente da alimentação típica do mundo desenvolvido, carregada de produtos refinados e gorduras. Assim pensou Burkitt, era muito provável que na África negra houvesse uma relação entre a ingestão de fibras e a ausência daquelas doenças. Realmente havia.
As primeiras observações de Burkitt levaram em consideração a quantidade e a consistência das fezes produzidas por africanos e europeus. Afinal, segundo sua hipótese, tais características dos excrementos eliminados diariamente por uma pessoa poderiam estar diretamente relacionadas à freqüência de doenças como a diverticulose e o câncer de cólon. Para testar essa teoria, o cirurgião teve naturalmente de se submeter a uma nada atraente pesquisa de campo. Nisto, por sinal, o dedicado Burkitt já tinha sido precedido há mais de 200 anos por um ilustre habitante das llhas Britânicas, que embora não fosse médico também se interessou pelo assunto - o escritor satírico irlandês Jonathan Swift (1667-1745), conhecido autor das Viagens de Gulliver.
Em 1733, Swift publicou anonimamente um livro chamado Human Ordure (Excremento humano). Nele, Swift faz uma detalhada classificação das fezes eliminadas por seus compatriotas da época. O escritor chegou a sugerir nomes em latim para os vários tipos de fezes, como merdae spherulatae, segundo ele a variedade mais nociva de dejetos: redondos e duros. Burkitt concorda. Observando o resultado da atividade intestinal de africanos e europeus, o pesquisador notou, em relação à quantidade, que um africano adulto produzia de 400 a 500 gramas de fezes por dia, enquanto um europeu eliminava somente um máximo de 120 gramas. Quanto à consistência, as fezes dos africanos se caracterizavam por serem moles, enquanto as dos europeus tendiam a ser mais rígidas.
Mas que isso teria a ver com as fibras alimentares? Simplesmente que a dieta carente de fibras dificulta os movimentos do intestino grosso e resulta em fezes mais duras. Hoje é convicção virtualmente unânime de nutricionistas e médicos que estaria aí a origem de todo um rol de males. Mas há fibras e fibras. Elas existem em tecidos e em carnes.
Estas últimas são formadas por uma substância chamada colágeno e são digeridas. O que as distinguem das fibras alimentares? "Estas constituem o material que forma as paredes ou membranas celulares das plantas", esclarece a nutricionista Maria Lúcia Ferrari Cavalcanti, professora da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. "São a parte dos vegetais não digerida nem aproveitada de forma alguma pelo organismo humano." Em outras palavras, as fibras formam o esqueleto das plantas. Sem elas, um talo de grama ou uma árvore não parariam em pé.
Apesar de serem identificadas pelo mesmo nome genérico, as fibras constituem uma mistura de três tipos de substâncias: a celulose, as pentoses e a lignina. As duas primeiras são carboidratos, isto é, açúcares: a celulose é um polissacarídio - açúcares com cadeias moleculares mais longas - formado por uma seqüência de moléculas de glicose; já as pentoses são um grupo de monossacarídios, que inclui ainda a pectina e as gomas, substâncias usadas em geléias e gelatinas. A lignina, enfim, é um polímero, composto formado por aglomerações de grande número de moléculas.
Toda essa mistura pode ser comparada às estruturas de ferro e concreto usadas na construção civil. A celulose corresponderia às barras de ferro verticais, as pentoses seriam as barras transversais, as pectinas e gomas representariam o cimento e a lignina seria o maciço revestimento externo. Essas substâncias podem ser solúveis e insolúveis. Solúveis são as que se dissolvem num meio aquoso, formando um gel ou uma massa viscosa. São as pectinas e as gomas, o cimento das células vegetais. As insolúveis, ao contrário têm a capacidade de absorver a água e aumentar o próprio volume, como esponjas. São a celulose, algumas pentoses e a lignina. "Essas duas propriedades das fibras é que as tornam alimentos indispensáveis para o homem", indica a nutricionista Maria Lúcia. No sistema digestivo, uma parte delas vai absorver água e aumentar de volume enquanto a outra vai provocar a formação do gel. Não sendo digeridas nem absorvidas pelo organismo, sua presença faz aumentar a quantidade de resíduo alimentar no intestino, proporcionando massa para as fezes e estimulando a movimentação intestinal. Esse é o grande paradoxo das fibras: não alimentam nada mas são essenciais à saúde.
A capacidade de as fibras absorverem água faz também com que os excrementos fiquem mais macios, ajudando a reduzir o esforço na hora de ir ao banheiro. Ou seja, as fibras são laxantes naturais. "A propriedade laxativa de alimentos como o farelo de trigo, rico em fibras, é conhecido desde os tempos de Hipócrates", lembra Maria Lúcia, referindo-se ao célebre médico grego que viveu entre os séculos IV e V a.C. "Mas o estímulo oferecido pelas fibras ao intestino também pode prevenir o aparecimento de problemas, como a diverticulose." Esta consiste na formação de pequenas bolsas (divertículos) na parede do intestino grosso, devido ao endurecimento dos músculos intestinais e a pressões irregulares a que são submetidos. Intestino lento e fezes pequenas e duras são associadas à formação dos divertículos. Tais bolsas podem reter resíduos de fezes e assim desencadear um processo inflamatório, a diverticulite, a mesma que há cinco anos obrigou o presidente eleito Tancredo Neves a se internar no Hospital de Base de Brasília, na véspera da posse, iniciando o processo que o levaria à morte. Diverticulose e diverticulite são problemas praticamente desconhecidos entre as populações que consomem grandes quantidades de fibras. Nos países de estilo de vida ocidental, comumente atingem os mais idosos; previsivelmente, sua freqüência é bem menor entre os vegetarianos.
As evidências indicam que as fibras podem também prevenir e ajudar no tratamento de hemorróidas - varizes nas veias do anus, cuja origem parece relacionada à constipação intestinal e à eliminação de fezes muito duras. A cirurgiã Angelita Habr-Gama, especialista em aparelho digestivo do Hospital das Clínicas de São Paulo e professora da Faculdade de Medicina da USP, inclui as fibras alimentares no tratamento de seus pacientes portadores de hemorróidas e diverticulose. "Elas são de grande ajuda", diagnostica.
Pesquisas recentes mostram igualmente uma relação entre as fibras e a prevenção do câncer de cólon (parte do intestino grosso). Uma dieta rica em fibras cortaria em 40% o risco de se contrair esse câncer, cujas causas são desconhecidas. Acredita-se que a doença resulte do contato da parede intestinal com substâncias cancerígenas produzidas por bactérias existentes no cólon. O meio intestinal oferece condições de sobrevivência a uma variada flora bacteriana, que vive da fermentação dos resíduos alimentares e cuja presença faz bem ao organismo. As vezes, porém, a fermentação produz substâncias nocivas, que eventualmente podem provocar a mutação e o crescimento desenfreado de células. Se uma pessoa come fibras em quantidade suficiente, seu funcionamento intestinal fica mais rápido; logo, menos tempo aquelas substâncias permanecerão em contato com a parede intestinal, diminuindo assim os riscos do câncer - raro, não por acaso, entre os vegetarianos.
As fibras também podem ser utilizadas no controle da obesidade e em regimes alimentares. "Como elas não são digeridas pelo organismo, não fornecem calorias", diz o endocrinologista paulista Alfredo Halpern. Uma gigantesca pesquisa na China sobre os hábitos alimentares de 6 500 pessoas, que acaba de ser divulgada, revela que os chineses consomem 20% mais calorias do que os americanos, porém estes são 25% mais gordos. Ocorre que os chineses ingerem apenas 1/3 da quantidade de gordura consumida pelos americanos - e o dobro da quantidade de fibras. Sua capacidade de reter a água e inchar também favorece as dietas, pois provoca a sensação de saciedade mesmo quando se come pouco.
Fibras e diabete também têm sido objeto de pesquisas. O diabete, doença muito comum nos países industrializados, se caracteriza por uma quantidade excessiva de glicose (açúcar) no sangue, por causa de uma deficiência do hormônio insulina. Um trabalho realizado já em 1948 por médicos franceses indicou que as fibras talvez pudessem ser usadas no tratamento de diabéticos. A hipótese é que a dissolução das pectinas e das gomas e a conseqüente formação do gel retardariam a digestão dos alimentos e sua absorção pelo organismo. O gel formaria uma barreira entre os alimentos e as enzimas digestivas ou entre as moléculas simples de glicose e as paredes do intestino, responsáveis pela absorção. A digestão e a absorção retardadas fariam com que a glicose entrasse aos poucos na circulação sangüínea, sem o risco de uma elevação brusca de seu nível.
As doenças cardiovasculares, de seu lado, são consideradas um dos principais males da civilização. Se é verdade que "um homem é tão velho quanto suas artérias", como se diz, existem povos mais jovens do que outros. Entre os africanos, os japoneses e os mediterrâneos, por exemplo, a aterosclerose (endurecimento das artérias causado por depósitos gordurosos em seu interior) ocorre muito menos e mais tarde do que entre os americanos e os habitantes do norte da Europa. Do mesmo modo, os casos de infarto do miocárdio são menos freqüentes entre os primeiros. Mais uma vez as fibras? A questão alimenta discussões sem fim entre os especialistas, muitos dos quais se recusam a isolar uma única explicação. Mas algumas pesquisas cuidadosas indicam que a resposta é sim.
Um estudo realizado na Universidade de Leiden, na Holanda, em 1982, mostrou que o índice de mortalidade por doenças cardiovasculares é quatro vezes menor entre homens cuja dieta é rica em fibras. Outro trabalho, realizado em 1987 na Universidade da Califórnia, em San Diego, concluiu que o risco de infarto é significativamente menor entre as pessoas que consomem pelo menos 16 gramas de fibras diariamente. Além disso, 6 gramas a mais nessa dieta representa uma diminuição do fator de risco da ordem de 25%. As doenças cardiovasculares, como se sabe, estão associadas a altas taxas de colesterol no sangue. Imagina-se que neste caso as fibras teriam um papel semelhante ao que parecem desempenhar em relação ao diabete. O gel formado pelas fibras solúveis dificultaria a absorção do colesterol no intestino. Outros pesquisadores afirmam que as fibras insolúveis também fariam a sua parte, de modo a eliminar rapidamente o colesterol nas fezes.
Por mais polêmica que possa ser qualquer coisa que se diga sobre o que faz e o que não faz baixar o nível de colesterol no organismo, a importância das fibras na alimentação está definitivamente consagrada. O essencial, de todo modo, é manter uma dieta rica em todos os tipos de alimentos "Não adianta incluir as fibras em detrimento de outras coisas" adverte a secretária de Ação Social Flora Spolidoro. "O segredo da boa saúde é uma dieta equilibrada." O Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos recomenda a ingestão diária de 30 gramas de fibras. O brasileiro das grandes cidades, ao que tudo indica, ainda precisa chegar lá. Segundo dados do Estudo Nacional de Despesa Familiar (Endef), do IBGE, o consumo médio de fibras por pessoa em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre é de aproximadamente 20 gramas. Fibras são o prato do dia em nutrição e as pesquisas estão apenas no início. "Em 1912, foi descoberta a primeira substância a ser chamada vitamina", compara a nutricionista Maria Lúcia Cavalcanti. "Hoje, oitenta anos depois conhecemos um número surpreendente delas, assim como suas funções, não menos surpreendentes. Com as fibras será a mesma coisa."

A fibra de cada um

Teor em gramas em cada 100 g de alimento

CEREAIS

Farelo de trigo 44,0
Farelo de aveia 26,4
Milho de pipoca
estourado 16,5
Aveia, grão
integral, cru 14,0
Farinha de trigo
integral 9,6
Pão integral 8,5
Arroz integral, cru 7,2
Pão preto 5,1
Milho verde cozido 4,7
Farinha de trigo
refinada 3,0
Pão branco 2,7
Arroz integral cozido 2,4
Arroz polido cozido 0,8

OLEAGINOSAS

Amêndoa 14,3
Coco 13,6
Castanha-do-pará 9,0
Amendoim 8,1

LEGUMES, VERDURAS

Feijão cozido 7,4
Espinafre cozido 6,3
Ervilhas cozidas 5,2
Lentilhas cozidas 3,7
Cenoura cozida 3,0
Cenoura crua 2,9
Brócolis cozidos 2,9
Batata assada com
casca 2,5
Batata cozida 2,0
Repolho cozido 1,8
Couve-flor cozida 1,8
Alface 1,5

FRUTAS

Amora 7,3
Uva passa 6,8
Banana 3,4
Pêra 3,3
Morango 2,2
Ameixa 2,1
Maçã 2,0
Laranja 2,0
Tomate 1,5
Abacaxi 1,2



Roteiro de um bom bocado

Do garfo ao intestino, o alimento faz uma viagem com muitas escalas. A primeira, naturalmente, é a boca, onde a digestão já começa: produzida por glândulas, a saliva não serve apenas para amolecer a comida; ela contém componentes chamados enzimas, capazes de digerir substâncias como o amido, encontrado na batata e no arroz. Digerir quer dizer transformar substâncias complexas em simples, de modo que o organismo possa aproveitá-las. O amido, por exemplo, não pode ser aproveitado como tal. No entanto, transformado em glicose, seu composto mais simples, é absorvido sem problemas.
Da boca, o alimento passa ao esôfago, o tubo longo e fino que vai da garganta até o abdômen. É o túnel pelo qual a comida mastigada alcança o estômago. Ali, graças à profusão de sucos gástricos e à grande quantidade de enzimas, se dá a digestão propriamente dita. O bolo alimentar assim formado toma o rumo do intestino delgado onde vai sofrer a ação de outros sucos digestivos, estes enviados pelo fígado e pelo pâncreas. As secreções produzidas por esses órgãos contêm enzimas especiais capazes de digerir proteínas e gorduras. O intestino delgado é também a estação onde os alimentos já digeridos são absorvidos pelo organismo, sendo embarcados na circulação sangüínea. Os resíduos não aproveitados nesse processo todo - que incluem as fibras vegetais - passam então ao intestino grosso ou cólon, onde ficarão até ser expelidos.





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terça-feira, 23 de outubro de 2012

Toda a vida do Mundo - Ambiente


TODA A VIDA DO MUNDO - Ambiente



Há mais vida na Terra do que o homem é capaz de saber: fala-se de 5 a 30 milhões de espécies. A biodiversidade fascina os cientistas, preocupados em conhecer e salvar toda essa riqueza.

Nos tempos bíblicos, Deus ordenou ao patriarca Noé que construísse uma arca para abrigar um casal de cada espécie de bicho enquanto o mundo se afogava no dilúvio universal. A missão de Noé pode ter sido ainda mais extravagante do que a lenda sugere. De fato, passados dois séculos desde que o botânico sueco Carolus Linnaeus (1707-1778) começou a classificar as formas animais e vegetais de vida, não se sabe quantas espécies dotadas de patas, rabos, antenas, asas, guelras, folhas, caules ou raízes existem. "Em todas as classes, a cada dia se descobre uma espécie nova", garante o zoólogo Miguel Trefaut Rodrigues, da Universidade de São Paulo. Há algum tempo, com outros pesquisadores, ele passou vinte dias enfurnado na Mata Atlântica do sul da Bahia, onde encontrou nada menos de catorze espécies ao que tudo indica desconhecidas de répteis e anfíbios, incluindo uma perereca que, com seus 10 centímetros de comprimento, talvez seja uma das maiores da América do Sul.
Isso é biodiversidade, o explosivo potencial que a vida possui de se multiplicar em miríades de formas adaptadas aos mais variados ambientes. Desbravando o globo de pólo a pólo, embrenhando-se em florestas e mergulhando nos mares, o homem conseguiu descrever 1,4 milhão de espécies, como se designa a unidade biológica fundamental. Cerca de 750 000 são insetos, 41 000 são vertebrados, 250 000 são plantas e o restante é uma coleção desconjuntada de outros invertebrados, algas, fungos e ainda microorganismos como bactérias e vírus. Parece um desvario da natureza - mas é pouco mais do que uma amostra. A maioria dos biólogos concorda que aquele censo não dá conta nem da terça parte dos passageiros convidados a embarcar na arca de Noé.
Os cientistas reconhecem, por exemplo, serem parcos os seus conhecimentos sobre a diversidade e a distribuição dos insetos, uma categoria que parece ter a preferência da natureza, pois constitui folgadamente a maioria dos seres vivos. O pesquisador americano Terry Erwin e seus colaboradores do Instituto Smithsonian de Washington tiveram a santa paciência de contar, uma a uma, as espécies de bichinhos nas copas de algumas árvores na Amazônia brasileira e peruana e extrapolaram o número encontrado para a área total de florestas tropicais. Resultado: somando as espécies estimadas dos insetos às outras presumivelmente existentes ali, obtiveram um megatotal de 30 milhões de formas distintas de vida. Mesmo quem acha que esse é um cálculo inflacionado demais aceita a hipótese de que pelo menos 5 milhões de espécies povoam o mundo. E não há dúvida de que a maioria anônima está escondida no verde e na água das florestas tropicais.
Sabe-se preto no branco que mais da metade da bicharada do planeta tem seu endereço nos trópicos, mais precisamente nos 7% da superfície do globo coberta por florestas tropicais. A desmedida variedade das espécies vegetais ainda é menor que a de insetos, peixes e microorganismos. Uma pesquisa recente mostrou que 950 espécies de besouros, 80% das quais desconhecidas, estavam instaladas em apenas dezenove árvores da selva tropical do Panamá. Como em cada hectare da Floresta Amazônica existem 300 espécies de árvores, dez vezes mais do que nas regiões temperadas da América do Norte, por exemplo, não é de espantar que o Brasil, onde a floresta ocupa 42% do território, seja o campeão mundial da biodiversidade.
Segundo uma classificação elaborada pela respeitável organização ambientalista internacional World Wide Fund for Nature (Fundo Mundial para a Natureza), o Brasil é o primeiro país do mundo em número de espécies de plantas e de anfíbios, o terceiro em aves e o quarto em borboletas, répteis e mamíferos. "Das 1 100 espécies conhecidas de sempre-vivas (um tipo de flor comum em adornos), 700 encontram-se entre Minas Gerais e Bahia", contabiliza a botânica Ana Maria Giulietti, da USP. "Só numa lagoa do Parque do Rio Doce, em Minas, existem mais espécies de libélulas do que em todo o território britânico", compara, por sua vez, o entomologista Ângelo Machado, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ele é também presidente da Fundação Biodiversitas para a Conservação da Diversidade Biológica, uma entidade de cientistas ambientalistas criada há dois anos em Belo Horizonte que, como o nome já diz, se dedica à defesa desse incomparável tesouro que o homem vem dilapidando.
Machado explica por que "nossas várzeas têm mais flores, nossas flores têm mais vida", como se gabam os versos ufanistas de Gonçalves Dias. "No passado", ensina ele, "as zonas temperadas sofreram o rigor das glaciações, que sacrificaram inúmeras espécies e empurraram outras a regiões de climas mais quentes. Enquanto isso, próximo dos trópicos, o ambiente permaneceu estável, o que facilitou o desenvolvimento de ecossistemas mais ricos e complexos, adaptados a um clima com pouca variação." É o que aconteceu, não apenas no Brasil, mas também no México, na Colômbia, na África central e no sul da Ásia, igualmente bem situados no ranking da World Wide Fund. A Colômbia é o país mais rico em diversidade de espécies por unidade de área. Já a Indonésia se destaca não apenas pela variedade de espécies terrestres mas por possuir no seu litoral o mais rico tesouro de organismos marinhos.
Mesmo nas regiões tropicais existem áreas de preferência da bicharada. Perplexos com essa valorização, biólogos do mundo inteiro seguiram o exemplo do brasileiro Paulo Emílio Vanzolini e foram buscar respostas na Geomorfologia, ramo da ciência que estuda as formas do relevo terrestre. Baseado por sua vez nos trabalhos de um colega da USP, o geógrafo Aziz Ab´Saber, Vanzolini - um especialista no mecanismo de multiplicação das espécies, também conhecido por seus sambas - descobriu que a distribuição da vida nas florestas da Amazônia e na Mata Atlântica está relacionada à história antiga dessas formações. Durante a mais recente glaciação, que durou cerca de 10 000 anos, nesta parte do globo períodos frios e secos alternaram-se com outros mais quentes.
Quando o clima esfriava, as florestas encolhiam, cercadas por cerrados, pradarias e caatingas. Os pequenos grupos de espécies, isolados de seu território ancestral, lentamente começaram a se adaptar às peculiaridades locais. É o que os cientistas chamam de diferenciação em isolamento, um processo que leva ao endemismo. Este fenômeno, que ocorre em lugares menos acessíveis, montanhas e ilhas, marcou a peculiar flora e fauna da Austrália - simbolizada pelos cangurus e coalas - assim como da ilha de Madagascar, na costa oriental da África, o paraíso das orquídeas e dos primatas. Muito mais tarde, quando a floresta voltou a se expandir, aquelas espécies já tinham acumulado tantas variações genéticas que perderam por completo o parentesco com seus antepassados.
Comparados às espécies terrestres, os organismos marinhos estão mais bem distribuídos justamente porque toparam com menos barreiras físicas. Não é de estranhar, portanto, que a diversidade de espécies nos oceanos seja também menor. Em compensação, como a vida surgiu na água muitos milhões de anos antes que em terra, os oceanos abrigam formas mais antigas, como algas, moluscos, esponjas e corais. Para o biólogo Eurico Cabral de Oliveira, ex-diretor do Centro de Biologia Marinha da USP, "o equivalente marinho das florestas tropicais são os recifes de coral" - colônias de organismos invertebrados onde vivem numerosas espécies de peixes, moluscos, além de pássaros e tartarugas. "Como as florestas", compara o biólogo, "os corais são ecossistemas complexos e por isso mesmo de equilíbrio delicado."
Por pouco que se saiba sobre as espécies terrestres, ainda é muito comparado com o que se sabe dos oceanos. Recentemente - para surpresa de quem achava que a vida em profusão só existia nas águas mais iluminadas - se descobriu no fundo do Pacífico nada menos de uma centena de espécies estranhíssimas de organismos. Mais do que quaisquer outros terráqueos, são uma prova da incrível capacidade de diversificação e adaptação a todo tipo de ambiente. Costuma-se dizer que a variedade é a própria essência da vida, pois sem a matéria-prima que ela proporciona não haveria evolução. Cada organismo, como se sabe, contém uma quantidade colossal de informações genéticas que determinam todas as suas características. Mas os organismos individuais não evoluem - eles só podem crescer, reproduzir-se e morrer. As mudanças que entram para a história ocorrem nas espécies, a unidade básica da evolução. "Assim, de um mesmo ancestral podem se originar espécies tão diferentes como as lhamas que se adaptaram à Cordilheira dos Andes e os camelos aos desertos da África", lembra o biólogo Vanzolini.
Quando o clima, a água e a alimentação são constantes, as espécies podem repartir o ambiente para não tropeçar umas nas outras, ocupando diferentes nichos ecológicos, como dizem os biólogos. Nas planícies africanas, por exemplo, existem vários tipos de mamíferos que se alimentam de folhagens. Só que as girafas vão buscar o almoço nas copas das árvores, os rinocerontes preferem os arbustos e as zebras comem gramíneas. Mas o destino de uma dada espécie está sujeito a mais interferências do que é capaz de conceber a ciência humana - sem falar que o acaso desempenha um papel não desprezível nessa loteria. Desse modo, sem que se saiba ao certo por quê, algumas espécies tiveram mais sucesso, ao passo que outras passaram despercebidas pelo livro da vida e outras ainda desapareceram abruptamente durante as grandes extinções do passado, como aconteceu com os dinossauros há 65 milhões de ano.
Diante da interdependência e da complexidade dos processos que acontecem na natureza, nunca se sabe quando uma espécie pode representar um papel fundamental para a sobrevivência do homem. Assim, se não por um respeito moral à vida, ou pelo desfrute da beleza que sua variedade proporciona, o mero egoísmo aconselharia salvar o próximo. Não se trata de um raciocínio hipotético. Quem acha, por exemplo, que o mundo estaria melhor sem a enorme variedade de insetos que parecem ter nascido com a exclusiva finalidade de nos infernizar deveria dar uma olhada numa pesquisa feita pelos americanos. Eles calcularam que os insetos causavam um prejuízo de 7 bilhões de dólares anuais nos Estados Unidos. Ruim com eles, pior sem eles. Se os insetos fossem destruídos, os prejuízos que a agricultura teria com a ausência de polinização das plantas seria da ordem de 9 bilhões de dólares. Um exemplo brasileiro: se desaparecesse a mosca que poliniza o cacau no sul da Bahia ou a abelha que faz o mesmo com a castanha no Pará, estaria decretada a falência de importantes atividades econômicas dessas duas regiões.
Com o advento da Engenharia Genética, o estudo da diversidade de animais e plantas tornou-se uma prioridade científica nos países ricos. Isso porque, cada espécie, seja de macaco, barata, rosa ou bactéria, representa um estoque de genes cujo potencial apenas começa a ser arranhado. A humanidade já lucra muito com a herança transmitida por alguns organismos: calcula-se que um em cada quatro tipos de medicamentos contém ingredientes derivados de plantas silvestres. Pacientes com leucemia sobrevivem graças a substâncias contidas numa planta chamada pervinca. A dedaleira ajuda a regular os batimentos cardíacos. O cará proporciona o ingrediente ativo dos anticoncepcionais. O jaborandi combate o glaucoma. A barba-de-bode e a casca do salgueiro têm propriedades analgésicas semelhantes às da aspirina. Fungos e microorganismos-categorias ainda menos identificadas que a dos insetos - foram a chave para o desenvolvimento dos antibióticos e mais recentemente da ciclosporina, o bendito remédio que diminui os riscos de rejeição em transplantes.
O problema é que, para onde quer que se olhe, o homem parece ter declarado guerra às plantas e aos animais. É o desmatamento, os acidentes ecológicos, a ocupação desordenada e a poluição em terra. Os conservacionistas fizeram as contas e obtiveram um número de arrepiar. Se continuar o ritmo atual de destruição da natureza, nos próximos 25 anos cerca de 1,2 milhão de espécies desaparecerão por completo da face da Terra. Ou seja, estamos assistindo sem saber a um genocídio de cem espécies por dia.
O entomologista Ângelo Machado, da Fundação Biodiversitas, se irrita quando lhe perguntam por que conservar animais como o mico-leão-dourado, um primata característico da Mata Atlântica, que está na lista das 207 espécies ameaçadas de extinção elaborada pela Sociedade Brasileira de Zoologia. "O homem é uma espécie curiosa", raciocina ele. "Tem um apreço enorme pelas coisas bonitas que ele mesmo cria, mas destrói as que encontra prontas na natureza. Já imaginou se algum tipo de fungo destruidor de pinturas se alastrasse pelos museus e acabasse com a Mona Lisa ou com as telas de Van Gogh? Antes de mais nada é preciso preservar o mico-leão e outras espécies porque são obras de arte da natureza que levaram milhões de anos para serem criadas."
É possível preservar em parte, em zoológicos, jardins botânicos e bancos de sementes, o muito que ainda resta das espécies. Um exemplo é dado pelo paisagista Roberto Burle Marx. que reúne em seu sítio de Guaratiba, Rio de Janeiro, 3 500 espécies de plantas. Os ecologistas, no entanto, não querem apenas salvar espécies exóticas, mas processos evolutivos. E estes só podem ocorrer nos ecossistemas que Ihes deram abrigo. "Temos que dar chutes na direção certa", recomenda o biólogo Gustavo Fonseca, que leciona Ecologia na UFMG. "É impraticável preservar indefinidamente os ambientes naturais, mas se pode lutar por uma política realista de áreas de conservação."

Os sobreviventes e as vítimas.

O desaparecimento das espécies - e a conseqüente perda do seu material genético - é um fenômeno quase tão antigo quanto a própria vida. Os paleontólogos distinguem cinco episódios de extinção em massa durante os quais uma fração significativa de biodiversidade foi extinta. Os motivos são ignorados ou controversos. O primeiro caso ocorreu no Ordoviciano, há cerca de 450 milhões de anos, quando foram quase eliminados os trilobites, espécies de animais invertebrados. No Devoniano, desapareceu a maior parte das espécies de peixes, diminuíram os corais e os crinóides, animais marinhos. Mas a vida na Terra correu real perigo uma centena de milhões de anos adiante, no Permiano, quando mais de 90% das espécies e todos os trilobites desapareceram. Os sobreviventes abriram caminho para o aparecimento, entre outros, dos dinossauros.
As extinções continuaram. No Jurássico, morreram 75% das espécies de amonites (moluscos) e de crinóides. A mais falada extinção foi a dos dinossauros, que desapareceram no final do Cretáceo junto com os amonites. Em compensação os mamíferos se espalharam pela Terra. Muitos cientistas acusam um descendente desses mamíferos, o homem moderno, de estar promovendo a próxima extinção em massa das espécies. No seu livro O polegar do panda, o biólogo americano Stephen Jay Gould afirma que "aquele que se alegra com a diversidade da natureza e sente que aprende com cada animal tende a considerar o Homo sapiens como a maior catástrofe desde a extinção cretácea".

Comida no congelador.

Há quinze anos, a Organização de Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO) criou uma rede mundial de recursos genéticos, destinada a salvar centenas de espécies de plantas silvestres das quais o mundo pode vir a precisar como alimento e remédio. São os bancos de germoplasma, o material genético estocado nas sementes, mudas, células e sêmen, guardados em geladeira, a temperatura de 20° C negativos. No Brasil, o Centro Nacional de Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cenargen), em Brasília, mantém cerca de 35 mil amostras de sementes de espécies de mandioca, milho, batata, feijão, arroz - alimentos que fazem parte do cardápio da população - e outras que talvez só os índios e os especialistas conheçam. Ao preservar dessa maneira a diversidade da natureza, os cientistas pretendem em primeiro lugar melhorar a produtividade agrícola das espécies conhecidas, especialmente agora que a Biotecnologia e a Engenharia Genética permitem selecionar plantas mais resistentes. Muitas variedades silvestres também podem substituir as vinte espécies de plantas responsáveis pela maior parte da alimentação do homem. Pode chegar um tempo em que espécies como a quinua, um grão que já entrou na dieta básica dos incas, mas é quase desconhecido fora dos países andinos, se tornem uma das mais produtivas fontes de proteína para o homem.





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terça-feira, 23 de outubro de 2012

Velozes Raios de Sol - Energia


VELOZES RAIOS DE SOL - Energia



Os projetistas do carro solar queriam ganhar uma corrida, mas conquistaram um prêmio maior: provaram que o automóvel movido a energia limpa não é um sonho de todo impossível.

Foi dada a partida para mais um grande prêmio automobilístico. Mas desta vez não se ouve o ronco atordoante dos motores nem se vê fumaça no ar, como em qualquer corrida do gênero. Na verdade, os veículos concorrentes não têm cilindros e pistões, nem mesmo escapamentos, já que não queimam combustível - são movidos a energia solar. Trata-se da Grande Prova Mundial do Sol, realizada em 1987 na então recém-pavimentada rodovia Stuart, que atravessa o continente australiano de mar a mar. Da cidade de Darwin, na costa norte, os 25 carros vindos de sete países - Austrália, Dinamarca, Alemanha Ocidental, Japão, Paquistão, Suíça e Estados Unidos - partiram sob o sol intenso do deserto para percorrer os 3 200 quilômetros que levam até Adelaide, na costa sul. O vencedor da competição foi uma idéia: a de que o carro tal qual existe há quase um século, baseado na combustão poluente de matéria fóssil, talvez possa um dia ceder passagem a modelos movidos a energia limpa. Para Hans Tholstrup, um aventureiro australiano defensor das chamadas fontes de energias alternativas, era a realização de um antigo sonho. Em 1983, ele já tinha sido um dos primeiros a construir e dirigir um carro solar, percorrendo os 4 mil quilômetros que separam as cidades de Perth e Sydney. No rastro da publicidade em torno de seu feito, resolveu convocar os maiores fabricantes de automóveis do mundo para uma grande corrida de veículos solares, certo de que isto levaria à pesquisa e desenvolvimento desse tipo de tecnologia.
Os resultados foram melhores do que ele poderia esperar, pois entre os concorrentes estava um superprojeto da multinacional americana General Motors (GM): o Sunraycer - um jogo de palavras que se poderia traduzir livremente por raio de sol corredor (Sun-ray-racer). Em cinco dias e meio de corrida, à velocidade média de 80 quilômetros durante o dia (a ausência de Sol durante a noite obrigava todos a parar), a "barata voadora", como o carro da GM ficou conhecido devido à carapaça de coletores solares, cruzou a linha de chegada em primeiro lugar, seguido muito de longe pelo protótipo.australiano Ford Model-S, com um dia inteiro de diferença. Ao todo, catorze carros completaram a prova, o último deles um mês depois da largada. Todos ganharam o mérito de colaborar para a pesquisa séria de veículos não poluentes, em particular daqueles movidos por baterias, considerados pelos engenheiros especializados como ideais para o transporte urbano. Mas coube unicamente ao Sunraycer demonstrar que os carros solares podem alcançar uma velocidade respeitável - o máximo atingido foi 112 quilômetros por hora - com quantidades de energia surpreendentemente pequenas. Para atravessar a Austrália de cima a baixo, ele consumiu energia solar equivalente a menos de 20 litros de gasolina. Como boa parte da corrida estava prevista para uma autoestrada. as poucas regras estipulavam apenas os limites para o tamanho dos carros, que deveriam ainda obedecer às leis de tráfego locais, apresentando luzes de freio, indicadores de mudança de direção e espelhos retrovisores.
"Essa liberdade de criação nos permitiu imaginar as mais diversas configurações", conta um de seus criadores, o americano Paul MacCready, engenheiro mecânico e professor universitário, famoso anteriormente por inventar a bicicleta voadora que atravessou o canal da Mancha, entre a Inglaterra e a França, em 1977. "E, por sinal, a maior parte dos engenhos que imaginamos acabou sendo construída por outros concorrentes", orgulha-se. Além de uma aerodinâmica que conquistou os especialistas, a forma em lágrima do Sunraycer revelou-se também bastante moderna e esportiva-em suma, algo que o famoso agente 007, certamente pilotaria numa de suas aventuras.
Dos primeiros testes no túnel de vento com um modelo em escala até o protótipo real, fabricado em menos de cinco meses, os engenheiros capricharam no acabamento, incluindo uma tela que substitui o espelho retrovisor convencional, com imagens captadas por fibras ópticas na traseira do carro, e sinalizadores de direção embutidos em pequenas asas estabilizadoras no alto do capô. A parte do teto sobre o motorista foi chapada em ouro, o que garante um reflexo de até 90 por cento da luz, impedindo assim que também o piloto acabasse recebendo os raios do Sol. Para criar um veículo tão notável, entretanto, as limitações técnicas mostraram-se bem maiores que as impostas pelos organizadores da corrida. Os engenheiros da GM tiveram de extrair o máximo desempenho de cada sistema do carro que, afinal, só contaria com o escasso rendimento energético de suas células solares.
Para se ter uma idéia do problema enfrentado, basta dizer que as células fotovoltaicas de silício, comumente usadas nos satélites de comunicação, convertem em eletricidade útil algo como 10 por cento da luz solar que recebem. E o que é pior: as curvas e pregas da carroceria do carro reduziam em mais de um décimo o rendimento das células solares. Quanto maior fosse o veículo, maior seria também sua área exposta ao sol; logo, maior seria a energia captada, como nas usinas movidas a energia solar. Mas como não teria sentido desenhar um carro gigantesco, a saída deveria ser procurada em outra parte. Assim, para compensar a falta de energia, apostaram-se todas as fichas na aerodinâmica, o que acabou por garantir ao Sunraycer o mais baixo coeficiente de resistência ao ar (0,125) jamais obtido por um veículo terrestre. Os coeficientes da maioria dos carros de hoje são pelo menos o dobro. Além disso, os engenheiros substituíram as células solares comuns por outras de arsenieto de gálio, que liberam de 20 a 30 por cento mais energia para a mesma quantidade de luz.
No total, foram 9500 células, captando uma energia de até 1 550 watts ao meio-dia - o suficiente para acender quase 26 lâmpadas comuns. Na verdade, as grandes preocupações com a forma do veículo se justificavam não só pelo desempenho que dele se esperava, mas também pelo fator segurança. O protótipo precisava provar que poderia suportar os ventos fortes do deserto australiano, além do tráfego dos chamados "trens do asfalto", as enormes carretas de 150 toneladas e quase 60 metros de comprimento que circulam a mais de 110 quilômetros por hora em todo o trajeto da rodovia. Um desses pesados caminhões tipicamente australianos poderia até fazer voar longe o pequeno e leve Sunraycer, tão vulnerável nos seus 6 metros de comprimento por 2 de largura e 1 de altura.
De fato, nada é muito pesado no raio de sol corredor, a começar pela carroceria feita com um sanduíche de dois materiais plásticos leves e resistentes: o kevlar, utilizado em coletes à prova de balas e o nomex, caracterizado pela forma de colméia. O sanduíche recobre um esqueleto de tubos de alumínio - parecido com os empregados em carros de corrida comuns para proteger o piloto-que pesa apenas 7 quilos e, no entanto, suporta todo o peso do resto do carro e do passageiro: mais de 270 quilos no total. Pesando a metade de um fusca, ainda menor que ele, o Sunraycer conseguiu dispensar pneus mais grossos, bastando aqueles usados em bicicletas, cuja pressão de quase 7 mil gramas por centímetro quadrado é capaz de garantir a aderência do veículo ao solo sem aumentar o atrito
Para um determinado peso, os pneus de bicicleta têm cerca de um terço do atrito apresentado pelos pneus de automóveis e metade daquele dos pneus de motocicletas. O coração de um carro a sol é sua bateria, que armazena a energia solar, a qual nem sempre está disponível e aí apareceram mais desafios para a equipe da GM, pois as baterias não evoluíram praticamente nada desde sua concepção, há quase um século. A solução encontrada foi utilizar as caras baterias de prata-zinco, cuja capacidade de estocagem é de 3 quilowatts-hora e pesam apenas 30 quilos. As melhores baterias de ácidos, capazes de estocar a mesma quantidade de energia, pesariam quatro vezes mais.
A maior dificuldade é que esse tipo de bateria pode ser danificada se descarregada totalmente e não há um meio fácil e confiável de medir o nível de suas cargas. Para aproveitar a carga que conseguiu ser salva, o motor adequado, por sua vez, precisaria ser simples, com o mínimo de eixos e engrenagens que dissipassem a energia. Os técnicos, então, criaram o motor magnequench, com apenas 5 quilos, que fornece ao Sunraycer em média 1 cavalo de potência, ainda que em movimento possa chegar a 10, em curtas acelerações. Produzido de acordo com uma tecnologia totalmente nova, esse poderoso tipo de motor com ímãs permanentes é feito de um composto de neodímio, aço e boro, que é temperado rapidamente segundo processo desenvolvido na GM.
Toda a força do motor é transmitida diretamente ao eixo traseiro, sem engrenagens intermediárias ou câmbio de transmissão; como só há uma roda atrás, também não existe diferencial (o mecanismo que faz algumas rodas girarem mais depressa que outras nas curvas). Isso significa que o motor perde ainda menos energia para o movimento do eixo. A quantidade de eletricidade vinda das baterias é regulada por um sistema eletrônico baseado no controle de uma ponte feita de materiais semicondutores, cuja eficiência é da ordem de 98 por cento. Sobrando, assim, uma única parte móvel em todo o sistema de tração, a maior parte da freada pode ser feita pelo próprio motor, que reaproveita a energia utilizada. Durante esse processo, o tráfego nas pontes se faz no sentido inverso, recarregando as baterias com até metade do esforço gasto. O motor, portanto, pára junto com o carro. Todas essas características fizeram do Sunraycer um vencedor de múltiplas competições - por uma forma aerodinâmica perfeita, por materiais leves e resistentes, sistemas eletrônicos e mecânicos de alto desempenho etc. Mesmo assim, ainda parece impensável utilizar a radiação solar como fonte de energia para automóveis comuns. Aumentam, entretanto, as esperanças no avanço dos carros elétricos.
A própria GM apresentou no Salão do Automóvel de Los Angeles do ano passado um protótipo de carro elétrico denominado Impact, capaz de percorrer 200 quilômetros sem recarregar as baterias, à média de 90 quilômetros por hora e aceleração até 160. Assim, oitenta anos depois de um breve surto, quando o número de carros elétricos chegou até a superar o de veículos a gasolina, a explosão da crise ambiental parece criar uma forte pressão pela sua volta. "O motor elétrico é realmente limpo, sendo ideal e viável para o tráfego urbano", defende Gilmar Barreto, engenheiro elétrico da Universidade de Campinas, que circula em uma Kombi que ele adaptou para essa energia.
Segundo ele, um carro de passeio particular costuma rodar uma média de 32 quilômetros por dia dentro das cidades, um padrão de uso que não é incompatível com um veículo elétrico. Em 1985 diversas fábricas holandesas já anunciavam modelos de carros com painéis solares de pouco mais de 1 metro quadrado, com uma autonomia de até 40 quilômetros. No ano seguinte, uma estimativa indicava que 140 mil veículos nos Estados Unidos poderiam ser convertidos a motores elétricos, considerando-se que as baterias de ácido em uso garantiriam um alcance de 100 quilômetros por dia. No Brasil, uma dupla de engenheiros está construindo um carro a sol por eles projetado.
Mas contra essa esperança ainda pesa um impedimento decisivo: a capacidade de estocar energia de uma bateria convencional é irrisória comparada a um combustível fóssil. Um motor comum poderia retirar da gasolina energia suficiente para carregar seu peso inicial a 1 600 quilômetros de distância, enquanto as melhores baterias de ácidos fornecem energia para movimentar seu próprio peso menos de 16 quilômetros, ou seja, rendem cem vezes menos que a gasolina. Até que essa proporção se altere, a energia da vida, aquela que vem do Sol, não conseguirá desalojar do pódio a energia do progresso industrial, que vem dos combustíveis fósseis poluentes.

A boa luz do deserto

A maior dificuldade dos engenheiros da General Motors ao desenvolver um veículo solar certamente foi a limitada área destinada às células fotovoltaicas, que captam a energia dos raios do Sol e a transformam em eletricidade. Afinal, por melhores que sejam, as células só podem aproveitar os raios solares que recebem: 500 watts por metro quadrado nas regiões tropicais. Mas, quando espaço não é problema, a energia solar tem condições de competir em termos de preço com usinas convencionais a óleo e a carvão. É o caso da usina solar SEGS VIII, em operação desde o início do ano no deserto de Mojave, na Califórnia. Considerada a maior do mundo, gera 80 megawatts (milhões de watts) de eletricidade - o suficiente para abastecer mais de 115 mil casas - ao custo de centavos de dólar por quilowatt-hora. Até 1994, a empresa americana Luz responsável pelo projeto, espera que a usina atenda a mais de 1 milhão de pessoas, quase a população de Brasília.
Para centros industrializados como São Paulo, entretanto, a energia solar pode não ser a melhor resposta. "Se considerarmos um consumo médio de 10 mil megawatts para toda a cidade, seria preciso espalhar células numa área de 20 mil quilômetros quadrados", calcula José Roberto Moreira, diretor do Departamento de Energia da Universidade de São Paulo. Trata-se de uma área praticamente igual à da própria cidade. Embora um projeto desses seja claramente inviável para uma metrópole da extensão de São Paulo, não seria necessariamente um absurdo no caso de cidades menores. "As grandes barragens das hidrelétricas alagam porções maiores de terra", lembra Moreira.

O solarmóvel brasileiro

Um dia os pilotos brasileiros poderão vencer grandes prêmios sem causar nenhuma poluição ao meio ambiente. Está sendo construído no país um carro solar capaz de competir em corridas como a da Austrália e, quem sabe, tornar-se uma opção limpa e viável para o motorista urbano. É o chamado solarmóvel Brasil Sol, projetado por Anne Corianna Gottberg, professora de Engenharia Elétrica da Universidade de Campinas e por seu aluno Augusto Cesar Redolfi. O empreendimento começou em 1987, inspirado num grande circuito turístico realizado por veículos solares na Suíça dois anos antes.
Desde então, o carro tomou forma no papel, recebendo algumas doações, como dois motores de 0,5 HP que deverão ser acoplados diretamente às rodas traseiras, baterias de chumbo ácido e níquel-cádmio, e ainda células solares de silício capazes de gerar até 35 watts de energia. "Nossa luta agora é para conseguir mais patrocinadores e fabricar um chassi de alumínio e a carroceria, em forma de gota, em fibra de vidro", descreve Augusto. O custo do protótipo, que poderia estar pronto em menos de um ano, seria igual ao de um Monza de luxo. O solarmóvel alcançaria um máximo de 100 quilômetros por hora.





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terça-feira, 23 de outubro de 2012

Um Touro Seduziu Europa - Mitologia


UM TOURO SEDUZIU EUROPA - Mitologia



Segundo a lenda, a paixão de Zeus por uma mulher povoou a Ilha de Creta. Assim começou aquela que seria a primeira civilização genuinamente européia.

Cronos, o senhor do Universo segundo a fascinante mitologia grega, cultivava o estranho hábito de devorar seus próprios filhos, temendo que um deles o destronasse, ambicionando o poder (havia ainda um acordo com seu irmão mais velho, Titão, que desistiu do trono em favor de Cronos desde que este eliminasse os próprios filhos, a fim de que mais tarde o poder voltasse a um dos seus descendentes). Assim foram devorados Poseidon (Netuno, para os romanos), Hades (Plutão) e Hera (Juno). Grávida pela quarta vez, Réia, a mãe de todos eles, fugiu do céu e escondeu-se num vale profundo onde deu à luz Zeus (Júpiter), o qual foi imediatamente entregue aos cuidados de uma ninfa, enquanto o faminto Cronos devorava uma pedra que Réia envolvera em cueiros, para enganá-lo. A ninfa-babá levou o recém nascido para a ilha de Creta, onde o escondeu em uma gruta velada por cerrada vegetação. Ali Zeus teve uma infância de dar água na boca: foi alimentado com o leite da cabra Amaltéia, mel trazido pelas abelhas, ambrosia oferecida pelas pombas e o néctar, licor da imortalidade, que uma águia colhia diretamente na fonte divina; as ninfas Adrastéia e Ida brincavam com ele; e os sacerdotes de sua mãe, exímios no trabalho com metais, dançavam ao seu redor, batendo espadas, cujo retinir abafava seu choro e evitava sua descoberta pelo desconfiado Cronos.
Quando se tornou adulto, Zeus fez exatamente o que seu pai temia, destronou-o e assumiu o poder .Governando o Olimpo, a alta montanha onde viviam os deuses, ele viveu uma vida cheia de aventuras - e cheia de amores. Mas conservou uma especial afeição por Creta, a ilha onde passara a infância feliz, e que visitava constantemente. Um dia, estando ali assentado no cume do monte Ida, olhando distraído para os lados da distante costa da Ásia Menor, enxergou uma mulher de extraordinária beleza, brincando na praia com algumas amigas. Era Europa, filha de Agenor, rei da Fenícia. Zeus, coração ardente, tomou-se logo de paixão por aquela mortal belíssima, e imediatamente quis possuí-la. Para tanto, tomou a forma de um também belíssimo touro branco, com chifres em meia-lua. Manso e amável, o touro-Zeus brincou na praia com Europa, que confiante se sentou em seu dorso.
Zeus atirou-se ao mar, nadou até a vizinha Creta e às margens de um bucólico regato viveu um ardente romance com Europa. Do qual nasceram, em rápida sucessão, Minos, Radamanto e Sarpedão. Quando o deus enjoou de Europa, deu-a em casamento ao rei de Creta, Austerião. Quando este morreu, Minos, o primogênito de Europa, subiu ao trono - e nesse ponto a lenda começa a encontrar-se com a realidade. Pesquisas arqueológicas realizadas no começo deste século, as primeiras que se ocuparam do passado de Creta, conduzidas pelo cientista inglês Arthur Evans, demonstraram que, deuses à parte, na pequena ilha desenvolveu-se uma civilização extraordinariamente avançada, cujo apogeu aconteceu exatamente sob o comando de um monarca chamado Minos.
Evans conseguiu estabelecer que essa civilização surgiu por volta de 3000 a.C e chegou ao fim em 1400. Quando chegou ao auge do florescimento, entre 2000 e 1700, os povos gregos do continente eram pouco mais que bárbaros, e pelo menos mil anos passariam antes que Atenas se tornasse a sua capital cultural. Supõe-se que os povos responsáveis por ela vieram da África ou, mais provavelmente, da Ásia, para onde olhava Zeus quando se enamorou de Europa. Desde cedo os barcos cretenses dominaram o Mar Mediterrâneo. Eram bons barcos construídos para o que sempre foi um fecundo comércio com os povos do continente ou das ilhas vizinhas. Mas quase imediatamente começou a construção dos barcos de guerra incumbidos de defendê-los. Isso fez de Creta a primeira potência naval de que se tem notícia. Foi assim que os minóicos, como eram chamados, pouco a pouco foram deixando sua marca ao longo da costa européia, influindo decisivamente no desenvolvimento cultural e econômico dos diferentes povos que a habitavam.
Dividida, a princípio, em vários pequenos Estados, que talvez fosse melhor chamar cidades, que guerreavam constantemente entre si, Creta só chegou à unidade por volta de 2000 a.C., sob a monarquia de Minos. A capital foi estabelecida em Cnossos, quando a humanidade vivia a Idade do Bronze, e a pequena ilha era um exemplo de progresso, riqueza e cultura só superado em alguns outros poucos lugares. Os egípcios, por exemplo, já estavam utilizando o papiro e eternizando os corpos de reis, rainhas e princesas na forma de múmias. Os babilônios domesticavam galinhas e produziam o primeiro mapa do país. Os sumerianos tornavam-se os primeiros cervejeiros do mundo. Na América, os incas peruanos mal começavam a cultivar o algodão, enquanto na Ásia, os chineses, donos de uma cultura mais sofisticada, já conseguiam determinar os solstícios e os equinócios, aqueles momentos do ano em que o Sol está mais distante do equador terrestre, no primeiro caso, e corta o equador celeste no segundo.
Aos minóicos não se credita nenhuma descoberta desse porte, mas é certo que eles dispunham de conhecimentos e tecnologia que lhes permitiam viver com conforto, até mesmo com luxo e refinamento. Dominavam os segredos da produção do vinho e do azeite, os principais produtos que serviam ao comércio realizado por sua vasta frota marítima. Esgotos sanitários, utilizando uma rede de fossas e filtros à base de areia para purificação da água, eram exemplos da sofisticação atingida em sua vida cotidiana naquela época tão remota. Nessa sociedade, as mulheres tinham papel muito destacado -as estatuetas descobertas pelos arqueólogos são sempre de deusas não de deuses, e as cerimônias religiosas eram oficiadas por sacerdotisas. Nas pinturas recuperadas, as mulheres aparecem em carruagens, enquanto os homens caminham. As casas eram grandes, de um, dois, três e em alguns casos até quatro pavimentos, com muitas pinturas nas paredes. Uma característica marcante dessas pinturas é que elas não retratam cenas de guerra, substituídas por flores, borboletas, pássaros, até mesmo animais marinhos. Um campo em que os artesãos minóicos se destacaram foi a ourivesaria. Trabalhando o ouro que os navios mercantes traziam da África, suas jóias, até onde é possível garantir isso, ganharam fama em todos os países onde foram conhecidas. Sua arte de gravar em pedra chegou a incluir motivos abstratos de desenhos, como espirais e círculos concêntricos, embora sempre predominassem as figuras de animais, reais ou imaginários, os touros em particular, que desde a lenda original estiveram sempre presentes nos cultos e nas tradições cretenses. A cerimônia que marcava a passagem dos adolescentes masculinos para a condição de adultos, por exemplo, era um perigoso encontro com um desses animais em praça pública, em que os jovens deviam dar demonstração de força, coragem e destreza. Com alguma boa vontade, pode-se até situá-la como ancestral das touradas que ainda hoje encantam várias nações européias. Assim, estudar a civilização minóica que floresceu em Creta há 4 mil anos é navegar entre a história e a lenda. O próprio Arthur Evans, ao iniciar suas escavações, bateu sua picareta num dos mitos mais famosos da Antigüidade. Ao escavar onde se presumia estivesse o palácio de Cnossos, ele descobriu as ruínas do labirinto onde, diz a lenda, vivia o Minotauro. Esse monstro nasceu do romance entre a mulher de Minos, Pasifae e um belo touro que o rei deveria sacrificar ao deus Poseidon, mas preferiu guardar em suas estrebarias. É claro que a paixão de Pasifae pelo touro foi provocada pelo vingativo deus dos oceanos.
Para aproximar-se de seu amado, Pasifae foi ajudada pelo arquiteto Dédalo, que preparou para ela um disfarce de vaca tão perfeito que enganou e seduziu o touro. Nascido o Minotauro, metade touro, metade homem, Minos ordenou ao mesmo Dédalo a construção de um complicado conjunto de salas, quartos e corredores, de onde ele jamais pudesse sair. E lá viveu o pobre monstro, durante muito tempo, recebendo de Minos sete moças e sete rapazes, anualmente, que o rei recebia como tributo dos povos vencidos na guerra. Minos deu-se mal quando cobrou esse tributo de Atenas: entre os condenados estava o herói Teseu, que não apenas destruiu o Minotauro, mas conseguiu escapar do labirinto, graças ao novelo de linha que lhe fora dado pela filha do monarca, Ariadne. Aparentemente, essa espetacular vitória de Teseu é outro momento em que a lenda se encontra com a realidade. Ela deve corresponder ao momento em que outros povos, vindos do continente asiático, empreenderam a conquista de Creta que a já decadente civilização minóica não conseguia sustentar. Há vagas suspeitas de que fenômenos naturais, como terremotos, podem ter ajudado na sua destruição, mas nada é certo. Das escavações e pesquisas realizadas a partir dos trabalhos de Evans ficou a certeza de que os minóicos foram os primeiros europeus civilizados.

Do lado do Sol poente

As origens do nome Europa são obscuras, como obscuros são os motivos pelos quais passou a designar o continente. A hipótese mais razoável leva sua origem a registros de monumentos assírios, onde se contrastava asu - a terra do Sol nascente - e ereb, a terra do Sol poente, da escuridão. Assim, Ásia ficou sendo o nome do continente a leste, Europa o do continente a oeste. Como nome do continente, aparece pela primeira vez no hino homérico ao deus Apolo, do século IX a.C., designando a Grécia continental em oposição ao Peloponeso e às ilhas do mar Egeu. O nome da princesa raptada por Zeus, portanto, teria ligação com o fato de ter ela sido levada para Creta, do lado do sol poente.





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terça-feira, 23 de outubro de 2012

Antes da Torre de Babel - Linguagem

ANTES DA TORRE DE BABEL - Linguagem



Os 3 mil idiomas falados hoje no mundo podem ter a mesma origem. Na busca dessa lingua-mãe, os pesquisadores descobrem semelhanças incríveis que talvez não sejam coincidências.

Recolhido a seus aposentos numa certa noite do final do século VII a.C., Psamético, um dos últimos faraós do Egito, que reinou de 664 a 610 a.C., refletia sobre as línguas que os homens falavam. Sua riqueza e diversidade, as semelhanças e as diferenças entre as palavras, as pronúncias, as inflexões de voz, tudo o fascinava - principalmente a idéia de que essa multiplicidade tinha uma origem comum, uma língua mãe falada por toda a humanidade num tempo muito remoto, como afirmavam as lendas da época. O faraó imaginou então uma experiência engenhosa e cruel. Convencido de que, se ninguém ensinasse os bebês a falar, eles se expressariam naquele idioma original, determinou que dois irmãos gêmeos fossem tirados da mãe logo ao nascer e entregues a um pastor para que os criasse. O pastor recebeu ordens severas, sob pena de morte, de jamais pronunciar qualquer palavra na presença das crianças.
Quando completaram 2 anos, o faraó mandou que se deixasse de alimentá-las, na suposição de que a pressão da fome faria com que pedissem comida em sua "língua natural". Não se sabe bem o que aconteceu, mas tudo indica que o pastor, movido pela compaixão, não fez exatamente o que lhe havia sido ordenado. Pois o inverossímil relato enviado ao faraó informava que um dos meninos, faminto, havia pedido pão em cíntio, idioma falado antigamente na região que viria a ser a Ucrânia, na União Soviética. Assim, satisfeito com o desfecho da impiedosa pesquisa, Psamético decretou que o cíntio era a língua original da humanidade. Por incrível que pareça, a experiência seria repetida dezenove séculos mais tarde. O idealizador foi o rei germânico Frederico II (1194-1250), que pelo visto não se convenceu das conclusões do faraó. Certamente vigiado mais de perto, o experimento resultou no inevitável: os dois gêmeos morreram.
De Psamético I aos dias de hoje, passando por Frederico II, muitos outros homens igualmente curiosos se perguntaram qual teria sido e como seria possível reviver o idioma do qual brotaram todos os demais. Essa indagação se transformou modernamente numa área de pesquisa de ponta em Lingüística, a ciência que estuda a evolução das línguas, suas estruturas e possíveis inter-relações no quadro histórico e social. Os estudos viriam confirmar a crença dos antigos. Segundo o lingüista Cidmar Teodoro Pais, da Universidade de São Paulo, a comparação entre as várias línguas do planeta, tanto as ainda faladas quanto as já desaparecidas, revela efetivamente algumas características comuns que apontam para a possível existência de uma língua primeira, mãe de todas. Nesse ponto, a Lingüística parece se afinar com as mitologias que descrevem a dispersão das línguas pelo mundo.
A mais conhecida delas é a história bíblica da Torre de Babel. Segundo o Antigo Testamento, a multiplicação das línguas foi um castigo de Deus à pretensão dos homens de construir uma torre cujo topo penetrasse no céu. As lendas chinesas contam que a divisão da língua original fez com que o universo "se desviasse do caminho certo". Na mitologia persa, Arimã, o espírito do mal, pulverizou a linguagem dos homens em trinta idiomas. E um dos livros sagrados dos maias, o Popol Vuh, lamenta: "Aqui as línguas da tribo mudaram - sua fala ficou diferente. (...) Nossa língua era uma quando partimos de Tulán. Ai! Esquecemos nossa fala".
Hoje muitos lingüistas estão empenhados em passar da lenda à verdade histórica, mas a tarefa é de extrema dificuldade. O exercício da Lingüística como ciência, por sinal, está longe de ser uma atividade simples ou compensadora. Ao contrário, lingüistas freqüentemente passam anônimos pelo mundo, ao contrário de outros escavadores do passado humano, como os arqueólogos e paleontólogos. Grandes nomes da Lingüística deste século, os franceses Ferdinand de Saussure, Émile Benveniste e o americano Noam Chomsky são ilustres desconhecidos para o público leigo. "Definitivamente", resigna-se o lingüista Flávio di Giorgi, da Universidade Católica de São Paulo, "esta ciência que se faz debruçado sobre manuscritos antigos, inscrições ou reconstituições de línguas não tem qualquer vocação para ser popular."
Para quem gosta, porém. é um prato cheio. "Já me diverti muito estudando Lingüística", conta Teodoro Pais, um professor de óculos de lentes grossas, fala mansa e hábitos metódicos, no ramo há 30 de seus 50 anos de vida. Afinal, os atuais 5 bilhões de seres humanos se comunicam recorrendo a um estoque de cerca de 3 mil línguas espalhadas pelos quatro cantos do mundo. Essas, mais outros milhares já esquecidas que deixaram algum tipo de registro escrito, foram agrupadas em doze famílias lingüísticas importantes e cinqüenta menos importantes.
Essas duas grandes arrumações familiares aparentemente nada têm em comum - e eis aí a suprema dificuldade dos pesquisadores: eles farejam semelhanças onde o que salta aos olhos são diferenças. As buscas, contudo, têm o estímulo das barreiras já derrubadas. Quem diria, por exemplo, que há algum parentesco, embora remoto, entre o português e o sânscrito, uma língua falada na Índia há milhares de anos, e ainda a sua versão moderna, o hindi? E, no entanto, o parentesco existe.
Descobriram os lingüistas que esses idiomas descendem de um mesmo e único tronco, o indo-europeu, pertencendo portanto à grande família das línguas indo-européias que inclui também o grego, o armênio, o russo, o alemão, entre muitas outras. Hoje, aproximadamente a metade da população mundial tem como língua nativa um idioma dessa família. Foi justamente a descoberta do parentesco entre o sânscrito e as línguas européias, no século XVIII, que fez nascer a Lingüística histórica, dedicada a investigar essas similaridades. A tese da origem comum foi proposta em 1786 por Sir William Jones, um jurista inglês cujo passatempo era estudar as culturas orientais. A partir de então, os lingüistas europeus passaram a se dedicar a duas tarefas: uma, refazer passo a passo a árvore genealógica dessa família, trilhando a história de sua evolução, outra, reconstituir a língua perdida que dera origem a todas, o indo-europeu. Esse trabalho não se faz às cegas, ou por ensaio e erro. A pesquisa percorre o caminho aberto pelas leis lingüísticas, resultantes de outros estudos, que mostram como os sons e os sentidos das palavras evoluem com o tempo, promovendo a transformação das línguas. Essas leis são estabelecidas a partir de comparações entre palavras. Por exemplo, do latim lacte e nocte vieram as formas leite e noite. Comparando-se os termos, percebe-se que o "c" das palavras em latim virou "i" nos vocábulos em português. No século passado, o trabalho dos lingüistas se apoiou fortemente numa lei formulada em 1822 pelo alemão Jacob Grimm (1785-1863), mais conhecido pelos contos de fadas que escreveu com seu irmão Wilhelm, entre os quais Branca de Neve e os sete anões.
A lei de Grimm afirmava ser possível prever como alguns grupos de consoantes se modificariam com o tempo nas línguas indo-européias. Entre outras coisas, ele dizia que uma consoante forte ou sonora (pronunciada fazendo-se vibrar as cordas vocais) tendia a ser substituída por sua equivalente fraca ou surda (pronunciada sem vibração das cordas vocais). O "b" e o "p"constituem um par desse tipo, assim como o "d" e o "t". "B" e "d " são fortes, "p" e "t" são fracas, como se pode comprovar, pronunciando-os com a mão na garganta. Com base nessas leis, foi possível mostrar, por exemplo, que a forma dhar em sânscrito, que significa puxar, trazer, originou o inglês draw, o alemão tragen, o latim trahere e o português trazer, todos com significado semelhante. O "d" da palavra em sânscrito virou "t" nas outras línguas. Pode-se concluir ainda que a palavra em inglês evoluiu menos que nas demais, pois se manteve fiel ao som original do sânscrito.
Os lingüistas puderam assim "estabelecer um modelo confiável das relações familiares entre as línguas", conta o paulista di Giorgi, "construindo um modelo bastante aceitável do que teria sido a língua ancestral - o proto-indoeuropeu." O que se ambiciona, porém é uma descoberta muito maior. Dispondo das reconstituições dos ancestrais de grande parte das famílias mais importantes, os lingüistas tentam achar relações entre as próprias protolínguas. O primeiro e maior obstáculo é justamente o material de que dispõem. Apesar de resultarem de cuidadosa montagem científica, as protolínguas não passam de modelos, pouco mais que sombras do que terão sido as línguas antigas. Algo como um dinossauro de museu em relação ao bicho verdadeiro.
"Nesse ponto, a análise avança com base na cultura, pois não se dispõem mais de documentos escritos", explica Teodoro Pais, da USP, que conhece sânscrito e gostava de trocar cartas com os colegas em proto-indo-europeu. Toda língua produz e reflete cultura e não é à toa que, fundamentados nas palavras reconstituídas da protolíngua, os pesquisadores podem inferir com razoável margem de confiança os hábitos do povo que a falava. Com esses dados é possível construir pontes até outros grupos aparentemente não relacionados. Por exemplo, tanto nas línguas indo-européias quanto no grupo semítico, as palavras homem e terra originalmente se confundem. Em hebraico, são respectivamente adam e adamah, ambas derivadas de uma raiz comum em proto-semítico.
Em proto-indo-europeu, a palavra dheghom tem os dois significados. A parte final originou o latim homo (homem) e humus (terra, solo). Assim, embora não haja parentesco etimológico algum entre as palavras semíticas e indo-européias, é clara a semelhança quanto à maneira de pensar e classificar o mundo entre as populações de ambos os grupos lingüísticos. As mais recentes descobertas da Arqueologia e até da Genética conduzem à mesma idéia: é possível agrupar as grandes famílias em famílias ainda maiores, um avanço formidável na busca da língua-mãe. Há mais de vinte anos, os lingüistas russos Vladislav M. Illich Svitch e Aron Dolgopolsky propuseram que o indo-europeu, o semítico e a família das línguas dravídicas da Índia poderiam fazer parte de uma superfamília, chamada então nostrática. Na época, o trabalho foi encarado com desconfiança. Depois, ganhou alguma aceitação nos meios científicos. Há pouco, enfim, uma descoberta da Genética parece ter dado nova projeção ao trabalho dos soviéticos.
A partir de análises de grupos sangüineos de várias populações, a equipe do geneticista Allan C. Wilson, da Universidade da Califórnia. em Berkeley, concluiu que há um grande parentesco genético entre os falantes das línguas indo-européias, semíticas e dravídicas. Isso quer dizer que, ocupando uma vastíssima porção do planeta, da Ásia às Américas, eles têm mais em comum entre si do que, digamos, com os japoneses ou os esquimós. Essa descoberta coincide de forma espantosa com a teoria da superfamília nostrática. Em outra frente, pesquisas arqueológicas e lingüísticas estão finalmente determinando o local de origem do proto-indo-europeu-um dos objetivos dos lingüistas desde o século passado.
Até os anos 40, os pesquisadores acreditavam que o berço do indo-europeu estava situado no norte da Alemanha e da Polônia. Essa teoria, sustentada por deduções bastante ingênuas, foi usada nada ingenuamente pelos nazistas para confirmar sua teoria de que a raça tida como pura dos arianos surgira ali mesmo. Os lingüistas imaginavam que, se fosse possível estabelecer um pequeno vocabulário comum à maioria da línguas indo-européias, estariam diante de algumas palavras localizadoras, sobreviventes do proto-indo-europeu, em cuja terra natal seriam ainda faladas. Uma dessas tentativas estabeleceu três palavras localizadoras - tartaruga, faia (uma árvore) e salmão. O único lugar onde todas elas podiam ser encontradas era uma área da Europa Central entre os rios Elba, Oder e Reno, na Alemanha, de um lado, e o Vístula, na Polônia, de outro. Ali havia salmões, tartarugas e faias. Não havia tartarugas ao norte da fronteira alemã, faias a leste do Vístula nem salmões a oeste do Reno. O método acabou desacreditado, pois muitas das palavras localizadoras estão sujeitas a mudanças de sentido, não sendo portanto instrumentos confiáveis.
As pesquisas mais recentes afirmam que o proto-indo-europeu era falado há cerca de 6 mil anos na Ásia e não na Europa Central. Dois trabalhos, um do americano Colin Renfrew, outro dos soviéticos Thomas Gamkrelidze e V.V. Ivanov, concordam ao apontar o berço do indo-europeu como o planalto da Anatólia, uma região que vai da Turquia à República da Armênia, que faz parte da União Soviética. Dali, movidos pela busca de terras férteis e de novos campos de caça, os indo-europeus migraram, há uns cinco milênios, seja para a Europa, seja para a Ásia. A corrida à procura da língua-mãe está apenas começando mas desde já nessa aventura científica não faltam algumas descobertas insólitas.
Uma delas é a incrível semelhança de palavras entre as línguas indígenas da América pré-colombiana e idiomas falados pelos povos do Mediterrâneo e Oriente Médio. Por exemplo, os índios araucanos do Chile usam a mesma palavra que os antigos egípcios, anta, para designar o Sol e a mesma palavra que os antigos sumérios, bal, para machado. A palavra araucana para cidade é kar, semelhante a cidade em fenício, que é kart. Há mais: a palavra maia thallac, que designa "o que não é sólido", é semelhante a Thallath, o nome da deusa do caos na antiga Babilônia. Curiosamente, thallac lembra ainda thalassa, mar em grego, e Tlaloc, o deus asteca da chuva. Shapash, o deus-sol dos fenícios, é também o deus-sol dos índios klamath, no Oregon, Estados Unidos. Essas misteriosas semelhanças escapam a qualquer tentativa de classificação. Mas, como disse certa vez Albert Einstein, o mistério é a fonte de toda verdadeira ciência. Desde que, para resolvê-lo, não seja preciso negar comida a crianças, como fizeram um faraó egípcio e um rei germânico.

Libido, liberdade lubrificante....

"Cada palavra tem sua biografia particular", ensina o lingüista Flávio di Giorgi. O estudos dessas biografias proporciona um conhecimento íntimo do idioma e das contribuições que o enriqueceram. Alguns exemplos em português:
Tufão vem do chinês tu fong, vento forte.
Crocodilo vem do grego krokos deilos, lagarto do Nilo.
Óbvio vem do latim ob, na frente, e vias, caminho. Elementar.
Goiaba vem do tupi moim, cobrinha, e uba, fruta. Óbvio.
Xeque-mate vem do iraniano shahmat, o xá está morto.
Ébrio vem do celtibero bria, uma grande caneca de cerveja consumida nas tavernas da Península Ibérica na época dos romanos. Os que tomavam mais de uma caneca eram os exbria, além da caneca.
Sóbrio vem de sub-bria, aqueles que se contentavam com menos de uma caneca.
Libido, liberdade e lubrificante têm a mesma raiz latina lib. "Faz sentido", ensina di Giorgi. "Sentir amor erótico significa ao mesmo tempo libertar-se, estar desimpedido, lubrificado, como prova a fisiologia humana."





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terça-feira, 23 de outubro de 2012

A Vitoriosa Trama dos Polímeros - Tecnologia


A VITORIOSA TRAMA DOS POLÍMEROS - Tecnologia



O esforço da Engenharia Química na criação de fibras sintéticas melhores que as naturais deu resultado. A nova geração de tecidos tem propriedades que superam as do algodão, da seda e da lã.

Na tarde do dia 23 de abril do ano passado, milhares de pessoas vibravam com os carros de Fórmula 1 que corriam pelo Grande Prêmio de San Marino, numa das menores e mais antigas repúblicas do mundo, encravada nos montes Apeninos da Itália. De repente a vibração do público se transformou em sobressalto. O piloto austríaco Gerhard Berger perdeu o controle de sua Ferrari numa suave curva para a esquerda e bateu no muro de concreto armado, a 270 quilômetros por hora. O bólido vermelho capotou por uns 100 metros e em seguida começou a queimar. Enquanto as chamas cresciam, o público engolia em seco, temendo que Berger estivesse sendo consumido pelo fogo. Depois que os bombeiros extinguiram o incêndio e retiraram o piloto do carro, viu-se que ele sobreviveu quase ileso.
Sua vida esteve literalmente por um fio, isto é, por uma fibra chamada Nomex ou Clevyl, conforme o fabricante, que tem excepcional resistência ao fogo e com a qual se faz o tecido dos macacões que os pilotos vestem. Tecidos leves e muito resistentes como este, confeccionado com uma fibra sintética criada em 1967 pela multinacional americana Du Pont, são o produto acabado de uma tecnologia relativamente jovem, a Engenharia Química, que nasceu no final do século passado, foi descoberta pela indústria têxtil logo em seguida e já proporcionou uma variedade de artigos definitivamente incorporados à vida moderna, a começar do náilon. Esta nova geração de fibras parece representar o limite das possibilidades atuais do setor-depois de um percurso e tanto.
Na Antigüidade, com efeito, o homem só tinha nos pêlos de animais, como a lã da ovelha, e nas fibras vegetais, como o algodão, a fonte de matérias-primas para a confecção de roupas.
Depois, os chineses exploraram a fibra firme e ao mesmo tempo suave que o bicho-da-seda produz e com a qual constrói seu casulo. Desde então, até os tempos modernos, ficou sem resposta a questão de como reproduzir e melhorar as tramas naturais. Todas as fibras que existem na natureza são feitas de longas cadeias de moléculas alinhadas no sentido do comprimento - os polímeros. A celulose, por exemplo, é um polímero composto de milhares de moléculas de açúcar.
No início dos anos 20 alguns cientistas começaram a estudar essas cadeias de moléculas, descobrindo as propriedades que as mantêm tão unidas. A conclusão foi imediata: é possível criar fibras sintéticas, bastando juntar em seqüência as moléculas certas, uma após a outra. "Os primeiros pesquisadores das fibras começaram a manipular as moléculas da celulose como se fossem contas coloridas, unidas por um cordão para fazer um colar ao gosto do freguês", lembra o professor Atílio Vanin, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo. Foi assim que em 1922 se criou o rayon, uma seda artificial à base de celulose. Essas primeiras vitórias levaram à produção de fibras completamente isentas de produtos naturais.
A mais conhecida delas, o náilon (poliamida), foi descoberta pelo químico W. H. Carothers, nos Estados Unidos, em 1934. O produto revolucionou a indústria têxtil porque pela primeira vez reunia propriedades tão distintas como elasticidade e resistência, suavidade ao tato e secagem quase instantânea. Qualquer fibra é formada por outras inumeráveis fibras microscópicas. Mas nem sempre elas estão alinhadas. Na maioria das fibras naturais o emaranhado é irregular. Por isso não são muito fortes. Só quando as moléculas estão bem alinhadas é que se pode explorar ao máximo a força física que as mantém unidas. Nas fibras sintéticas, este fator de resistência pode ser controlado.
Depois de trabalhar com polímeros feitos de moléculas de fibras naturais, os cientistas descobriram que os hidrocarbonetos, extraídos do petróleo, são mais fáceis de manipular-e bem mais baratos. Destes, os mais simples são o etileno e o propileno, nos quais a coesão entre as moléculas é quebrada com calor. Unindo 10 mil moléculas de etileno se obtém um polímero chamado polietileno. Da mesma forma que de 50 mil a 200 mil moléculas de propileno formam o polipropileno. "A configuração dessas cadeias moleculares determina as propriedades dos polímeros", explica Rudy Pariser, que foi diretor de pesquisa da Du Pont americana.
Polímeros do tipo do polietileno formam, como dizem os químicos, uma massa cristalina, translúcida e termo-plástica, isto é, quando aquecidos adquirem a forma pastosa. Esta é transformada em fios espremendo-a através de uma fiandeira - uma máquina muito parecida com a que se faz macarrão. Quando o fio sai pelos orifícios da fiandeira, ainda é um amontoado desordenado de filamentos moleculares, a exemplo das fibras naturais. "Para obter uma fibra resistente é preciso estirá-la, porque só assim o emaranhado se converte em uma estrutura quase cristalina", explica Ulrich Schwair, diretor de produção da Hoechst do Brasil. A maior parte dos tecidos no mercado é formada por uma mescla de fibras naturais e sintéticas. O que favorece a criação de dois tipos básicos de estruturas: amorfas e soltas, de um lado, e cristalinas e fortes, de outro. A combinação entre ambas dá ao tecido a resistência e a elasticidade desejadas.
"Conforto é a meta dos laboratórios de pesquisa das grandes indústrias de fiação", informa o químico Jean Alfred Eisenzimmer, da Rhodia, em São Paulo. Desde que foram recrutados pelas indústrias, os engenheiros químicos têm buscado um fio sintético que seja tão macio como o algodão e a lã, mas que os supere em matéria de resistência, absorção de umidade e custo. Uma das melhores novidades é um fio sintético mais fino que uma fibra de algodão. Conhecido pelo nome de Trevira micronesse, está sendo lançado na Europa pela multinacional alemã Hoechst, que deve lançar fios de microfilamentos no mercado brasileiro a partir deste mês de junho. O polímero do micronesse é o poliéster, cujas moléculas são formadas por anéis de benzol, um hidrocarboneto hexagonal, alinhados com átomos de carbono.
Para se ter uma idéia de como reage a estrutura dessa cadeia, imagine-se uma roda de crianças que se dão as mãos e não querem se soltar. "É uma união que se fortalece quando se tenta rompê-la", ressalta Rex Delker, gerente do departamento de desenvolvimento da Hoechst do Brasil. O mesmo acontece quando se estica a fibra de poliéster e os anéis de benzol se juntam entre si. Quando as moléculas estão a 10 mícrons (milésimos de milímetro) umas das outras, as forças laterais de coesão entre elas alcançam seu ponto máximo - da mesma forma que, ao se tentar abrir a roda das crianças, elas se agarram com mais força, trocando as mãos pelos braços. Esse é o motivo pelo qual o poliéster não enruga.
Apenas 2 quilos de pasta de poliéster produzem um filamento que poderia dar a volta no planeta. Basta observar a medida técnica usada pelas indústrias, o decitex: 75/30 decitex, por exemplo, significa que com 75 gramas de pasta de poliéster se produzem 10 mil metros de um fio composto com a união de 30 fibras microscópicas. O micronesse pode alcançar a medida de 75/128 decitex.
Uma tecelagem com esse fio, numa trama que lembra a da palha num artefato de junco, produz uma superfície cujos poros são 50 vezes menores que o diâmetro de um fio de cabelo, ainda assim o suficiente para a passagem de uma molécula de suor em forma de vapor.
"Daqui para a frente, os laboratórios de pesquisa dificilmente criarão um novo polímero", prevê Antonio Buriola, gerente de fibras importadas da Du Pont do Brasil. "As inovações acontecerão na tecnologia que vai aperfeiçoar o uso dos polímeros já existentes." Uma prova de que isso já está acontecendo é o Tyvek, que combina as melhores qualidades da película plástica, do material têxtil e do papel. Na verdade, o Tyvek é um não-tecido, feito de milhões de minúsculas fibras de polietileno prensadas da mesma forma que as fibras de celulose das quais se origina o papel. Sua superfície, portanto, filtra mais de 99 por cento das partículas maiores de 0.5 mícron, sendo uma excelente proteção contra a passagem de pós químicos, como chumbo, fibra de vidro ou amianto. Roupas feitas com esse material já são usadas por empregados de usinas nucleares ou pessoas que manipulam produtos tóxicos em geral. Outra possibilidade é utilizar como matéria-prima o Teflon, o mesmo material antiaderente das frigideiras. Esse hidrato de fluorcarbono é resistente ao calor, ao ácido e à ruptura, tanto que se pode compará-lo a um metal nobre como a platina. Suas propriedades resultam da força extra que o flúor dá às cadeias de carbono. Ele é laminado até se conseguir uma membrana de centésimos de milímetro de espessura. Mesmo possuindo 1,4 milhão de poros em cada milímetro quadrado, preenchidos por ar, é mais estável que o aço.
Um teste demonstrou que um tecido de Teflon é capaz de sustentar uma coluna de água de até 80 metros de altura, sem que escape uma gota sequer. Como os jardineiros que melhoram as rosas realizando enxertos com talos de distintas espécies, também os engenheiros químicos podem combinar diferentes matérias-primas. Com um aparelho laser de alta energia, por exemplo, soldam outras cadeias moleculares nos pontos de união das moléculas dos polímeros, ampliando as propriedades dos materiais compostos dessa forma. O polímero adquire uma configuração que se pode comparar à espinha de um peixe: a coluna dorsal é a fibra principal, enquanto as espinhas laterais são as substâncias acrescentadas. Estas podem ser até mesmo essências aromáticas, se se quiser que o tecido tenha sempre, digamos, um frescor de lavanda. A próxima grande inovação no uso das fibras sintéticas para vestuário sairá dos laboratórios da Secretaria da Agricultura dos Estados Unidos. Trabalhando com substâncias politérmicas-muito sensíveis a pequenas mudanças de temperatura-, seus técnicos impregnaram um tecido comum de poliéster com um composto chamado polietilenglicol. A mistura alcança um ponto próximo ao da fusão quando absorve calor superior a 20 graus Celsius, o que num tecido acarreta uma expansão na malha dos fios. Mas, quando é posta a uma temperatura abaixo de 20 graus, a mistura se solidifica e emite o calor que antes havia absorvido, isto é, a malha se contrai e aquece o corpo de quem a está vestindo. Impregnada com essa substância, portanto, uma camiseta pode se converter em uma peça de vestuário apropriada a qualquer temperatura.
Como segurança também é conforto, os engenheiros químicos preocupados com a resistência dos tecidos buscaram um fio sintético que suportasse também o fogo. A roupa que salvou a vida do piloto Gerhard Berger é feita de uma poliamida aromática que a Du Pont vende como Nomex e a Rhodia como Clevyl. Um tipo diferente de polímero é o polibenzimidazol, ou PBI. Quando se põe fogo num tecido como esse, a quantidade de nitrogênio liberada inibe a ação das chamas, evitando que elas se propaguem. Um tecido antifogo ainda mais revolucionário é o Trevira CS, que a Hoechst acaba de lançar. É feito com um polímero fosforado, que atua como um escudo contra o calor. O fósforo reage ao fogo absorvendo o oxigênio, sem o qual não existe combustão.
Mas as vantagens dessas fibras resistentes ao fogo não se destinam apenas ao corpo humano. Atualmente são feitos com elas tecidos para forrar móveis de hotéis, escolas, escritórios e até objetos de uso de bebês - medida de segurança obrigatória nos Estados Unidos no Japão e em alguns países da Europa. Seu emprego em aviões já mostrou o que vale. A 31 de agosto de 1988, um Boeing 727 da empresa americana Delta caiu em Dallas. Embora um incêndio tenha consumido boa parte do avião, os passageiros sobreviveram graças aos novos tecidos usados na forração dos assentos, que retardaram a ação do fogo, dando tempo para que as pessoas pudessem escapar.
Não obstante a busca das indústrias químicas e têxteis por um tipo de tecido que funcione cada vez melhor de acordo com as necessidades de quem o vista, tudo indica que o próximo passo marcante nesse campo será a fabricação de uma roupa biodegradável. "Todos os fios sintéticos são resistentes a traças, bem como a outros parasitos, ao contrário das fibras naturais", lembra Delker, da Hoechst do Brasil. "É por ai que a Biotecnologia vai fazer sua entrada no setor." Espera-se que em futuro bem próximo seja possível confeccionar um tecido que, ao ser descartado, sofra com o tempo um processo natural de destruição, ou uma biodegradação, como acontece com as fibras naturais. Então, quem começou copiando a natureza, como a Engenharia Química, terá superado seu modelo ao imitá-la no que tem de melhor.

Vestindo a terra sob medida

Uma das mais recentes aplicações das fibras sintéticas são os chamados geotecidos. Feitos de polímeros muito resistentes, como o poliéster, são usados para diversos fins. Na agricultura, servem para evitar a erosão, deixando passar a água enquanto seguram a terra. Na construção civil, mantêm no lugar morros e barrancos, evitando que caiam sobre estradas e pontes. Em algumas ferrovias na Europa foram colocados logo abaixo dos trilhos para amortecer o ruído e impedir deslizamentos. Os habitantes da ilha espanhola de Tenerife, na costa noroeste da África, foram beneficiados por uma especial ousadia: um forte tecido de poliéster impermeabilizante foi usado para revestir o interior de um vulcão extinto, transformando-o numa supercaixa d7rsquo;água, abastecida constantemente pelas chuvas.





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domingo, 21 de outubro de 2012

Empresa britânica faz combustível a partir de ar e água

Empresa britânica faz combustível a partir de ar e água

Para entusiastas, uso de gás carbônico e hidrogênio em 'nova gasolina' amenizaria aquecimento global, mas muitos são céticos.


Nova gasolina? Técnica permitiria 'reciclar' gás carbônico (Foto: Reuters/BBC)

Uma pequena empresa britânica anunciou ter desenvolvido uma tecnologia que, na visão de seus entusiastas, poderia ajudar a amenizar de uma só vez a crise energética provocada pelos altos preços do petróleo e o problema do aquecimento global. Segundo a Air Fuel Synthesis, com sede no norte da Grã-Bretanha, seus cientistas e pesquisadores conseguiram produzir combustível a partir de ar e água. Mais precisamente, a partir de hidrogênio extraído de vapor d'água e gás carbônico - substância que costuma ser responsabilizada pelas mudanças climáticas.

Bom demais para ser verdade?
A novidade atraiu a atenção da imprensa britânica, principalmente depois de ter sido respaldada pela sociedade de engenheiros Institution of Mechanical Engineers, de Londres.

"Cientistas transformaram ar em combustível', anunciou o jornal Independent em sua manchete de hoje. Citando especialistas britânicos, o Daily Telegraph classificou a descoberta como 'revolucionária'. Para o tabloide Daily Mail, ela 'promete resolver a crise energética global."
A tecnologia envolvida nesse processo não é inteiramente nova. Ela já vinha sendo pesquisada por laboratórios de diversos países, entre eles o Centro de Tecnologia Industrial Tokushima, no Japão, e o Centro de Estudos de Materiais Freiburg, na Alemanha.

Basicamente, consiste em extrair dióxido de carbono do ar e hidrogênio do vapor d'água (por eletrólise) e, em seguida, combinar as duas substâncias em uma câmera de alta temperatura. O processo produz metanol, que é então processado para virar combustível.

Entusiastas e céticos
Os resultados da Air Fuel Synthesis, porém, chamaram a atenção porque a empresa conseguiu criar um pequeno protótipo de refinaria no qual a produção é feita de forma constante. E, com isso, produziu desde agosto cinco litros de combustível. Agora, ela está começando a construir uma instalação maior com a intenção de produzir, em dois anos, uma tonelada dessa gasolina por dia. E segundo o diretor da empresa, Peter Harrison, a ideia é erguer, em até 15 anos uma refinaria em escala comercial.

"Podemos mudar a economia de um país permitindo que ele produza seu próprio combustível", explicou Harrisson ao Independent o diretor da Air Fuel Synthesis. Mas nem todos estão tão entusiasmados com a iniciativa. O engenheiro químico e especialista em energia limpa Paul Fennell, do Imperial College London, é um dos céticos. Ele explica que, para levar adiante o processo de produção de combustível a partir de dióxido de carbono e vapor d'água é preciso gastar uma grande quantidade de energia elétrica.

"Trata-se de um processo custoso e que não compensa esse gasto de energia", opinou Fennell em entrevista à BBC Brasil. Para ele, faria mais sentido, do ponto de vista de eficiência energética, usar a energia elétrica diretamente - e apostar no desenvolvimento de outras formas de transporte movidas a eletricidade.

"A ideia de desenvolver uma nova técnica para criar combustível líquido à primeira vista é muito atraente porque não exige uma mudança das estruturas e sistemas de transporte usados hoje", afirma Fennel. 'Mas isso não quer dizer que essa opção seja a mais eficiente nem a mais limpa - afinal, quando o novo combustível é queimado os poluentes voltam para a atmosfera.'

Segundo Harrison, o objetivo da empresa por enquanto não é ampliar a eficiência do processo de produção de combustível a partir de dióxido de carbono, mas provar um princípio.
"Queremos mostrar que aqui na Grã-Bretanha é possível produzir petróleo a partir de ar", disse. "Esses processos são capazes de funcionar em escala industrial. Mas teremos trabalho para desenvolver as cadeias de suprimento e reduzir os custos", admitiu.





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domingo, 21 de outubro de 2012

Disputa interna impulsiona avanços - CERN

Disputa interna impulsiona avanços no maior laboratório do mundo - CERN

Equipes que pesquisam 'partícula de Deus' competem por resultados.
Grupos desenvolvem tecnologias diferentes com os mesmos objetivos.



Para um leigo, é difícil perceber as diferenças entre o Atlas (esq.) e o CMS (dir.) (Foto: Cern/Divulgação)

A concorrência entre duas equipes de cientistas é um dos motores das descobertas feitas no Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês), um túnel circular com 27 km de comprimento, construído debaixo da terra, entre a França e a Suíça, pelo Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern, na sigla em francês).

Nele, os pesquisadores aceleram e colidem partículas subatômicas para testar teorias da física. Brasileiros que trabalham em pesquisas nesse centro contaram a nos como é o ambiente de competição no que é considerado o maior laboratório do mundo.

Em julho, foi anunciada a descoberta mais impactante já feita no Cern. Foi encontrada uma partícula até então desconhecida, que, até o momento, tem tudo para ser o bóson de Higgs – apelidada de “partícula de Deus”, uma peça-chave para explicar como os objetos adquiriram massa.

Mas, nesse centro, quando uma descoberta como essa é anunciada, não ocorre uma única apresentação, e sim duas. Os resultados são publicados separadamente por duas equipes separadas, feitas em pontos diferentes dentro do LHC.

O CMS e o Atlas são dois detectores colocados em posições opostas no túnel, com o mesmo objetivo, que é encontrar novas partículas. Embora o acelerador de partículas seja o mesmo, os dois projetos são completamente independentes. Foram construídos com tecnologias diferentes e são operados por equipes separadas, usando modelos distintos.

'Um pouco na frente'
Como tentam descobrir as mesmas partículas, os dois experimentos funcionam como concorrentes. “Quando você só quer ser melhor que o concorrente, isso é extremamente positivo”, afirmou Sérgio Novaes, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), que faz parte do experimento CMS.
O pesquisador Denis Damazio é brasileiro, mas trabalha para o Laboratório Nacional Brookhaven, dos Estados Unidos, e fica na sede do Cern, em Genebra, na Suíça. Integrante do Atlas, ele contou que, nas semanas que antecederam o anúncio da descoberta do novo bóson, o clima era de tensão entre os dois grupos.

“Em uma reunião que fui, a Fabiola Gianotti [coordenadora do Atlas] disse: 'quando estiverem passando pelo pessoal do CMS, façam cara triste para não estimulá-los’”, lembrou. Na época, surgiu também um boato nos corredores de que o CMS teria resultados mais precisos do que os obtidos pelo Atlas. Até a publicação oficial, esses resultados são sigilosos e são conhecidos pelos membros do próprio grupo, que podem fazer eventuais correções e sugerir alterações.

Não sei quem criou esse boato, se bobear foi o próprio pessoal do Atlas para nos estimular”, afirmou Damazio. De toda forma, o episódio ilustra como os dois grupos se esforçam na luta pelos melhores resultados. “A graça não seria chegar muito à frente dos caras, tem que chegar um pouco à frente só”, completou o pesquisador. De fato, os dois grupos divulgaram resultados muito parecidos.

Redundância
A realização de estudos semelhantes em paralelo se justifica por uma questão científica. Toda experiência, para ser comprovada, precisa ser reproduzida por outros pesquisadores. Como se trata de umas das máquina mais poderosas do mundo, a melhor forma de criar essa redundância era construir dois detectores no mesmo túnel.

“A existência de dois detectores é praticamente obrigatória”, afirmou Alberto Santoro, líder do grupo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) junto ao CMS. Isso explica porque não é bom “chegar muito à frente”. “A gente fica curioso para confirmar se o resultado está semelhante. Se for muito diferente, um deles pode estar errado”, ponderou Fernando Marroquim, professor das universidades federais do Rio de Janeiro (UFRJ) e de São João Del Rey (UFSJ), em Minas Gerais, que coordena as pesquisas do Atlas no Brasil.

No caso do anúncio do novo bóson, em julho, a própria direção do Cern só aceitou publicar os resultados porque eles eram muito semelhantes. Se só um dos experimentos tivesse chegado à conclusão da existência do bóson, a descoberta não teria sido divulgada – outra hipótese seria divulgar dois artigos, explicando as diferenças nos resultados.

Recentemente, uma falsa descoberta que abalaria o mundo da física deu um bom exemplo de por que essa redundância é necessária. Em setembro de 2011, uma experiência realizada no próprio Cern – mas não no LHC – identificou partículas que se moviam acima da velocidade da luz. De acordo com a teoria da relatividade de Einstein, isso seria impossível.

Cientistas tentaram reproduzir os resultados daquele estudo, sem sucesso. Em março de 2012, o físico italiano Antonio Ereditato, responsável pelo experimento, pediu demissão depois que ficaram comprovados problemas técnicos nos aparelhos usados na descoberta

'Fronteira do conhecimento'
Mesmo os físicos têm dificuldades para explicar a importância de uma descoberta como a do bóson de Higgs. A experiência serve para confirmar uma teoria da física de partículas, mas, para a sociedade, não deve ter uma consequência direta em breve.

No entanto, ainda é difícil prever os resultados práticos que os estudos do LHC vão gerar. “É uma fronteira do conhecimento. Daqui pra frente, ninguém sabe de nada”, destacou Alberto Santoro, da Uerj e do CMS.

O desafio de lidar com fenômenos complexos e desconhecidos exige o desenvolvimento de novas tecnologias. As telas touchscreen, sensíveis ao toque, e a rede de computadores World Wide Web deram seus primeiros passos no Cern, onde foram feitas como ferramentas para os pesquisadores. Atualmente, o uso de tecnologias ligadas à aceleração de partículas se mostra promissor na medicina. As técnicas elaboradas pelos físicos podem resultar tanto em tratamentos contra o câncer – os prótons acelerados seriam uma alternativa mais eficaz à radioterapia – quanto em novos tipos de exame – cientistas trabalham em um novo tipo de escaneamento que promete ser melhor que a ressonância magnética.

Como o CMS e o Atlas desenvolvem tecnologias diferentes, isso aumenta a chance de que eles criem esse tipo de oportunidades. “Não chega a dobrar o potencial de descobertas, porque muita coisa se reaproveita [de outros aceleradores]”, explicou Denis Damazio, do Atlas.

C=180.830





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domingo, 21 de outubro de 2012

Americano é preso após leiloar dinossauro



Americano é preso após leiloar dinossauro por US$ 1,05 milhão

Mongólia alega que material teria sido retirado ilegalmente do país.
Advogado de suspeito diz que esqueleto teria partes de várias criaturas.



Apelidado de 'Frankenstein', esqueleto teria partes de várias criaturas. (Foto: AP)


Em meio à disputa sobre a posse de um esqueleto de um dinossauro, o americano Eric Prokopi, que se descreve como "paleontólogo comercial", foi preso na quarta-feira (17) em sua casa em Gainesville, no estado da Flórida (EUA).

Prokopi, que compra e vende esqueletos de dinossauros integrais e parciais, foi acusado de contrabando.
Em junho, autoridades dos EUA confiscaram o esqueleto, que tem 2,4 metros de altura e 7,3 de comprimento, por causa de suspeitas apresentadas pela Mongólia de que o material teria sido retirado ilegalmente do deserto de Gobi.
No entanto, segundo o advogado de Prokopi, Michael McCullough, o esqueleto é na verdade uma espécie de Frankenstein, reunindo partes de várias criaturas. A alegação foi contestada por promotores.

O comerciante de fósseis da Flórida tinha leiloado a peça por US$ 1,05 milhão (R$ 2,13 milhões) em maio. O material de divulgação do leilão sugeria que se tratava da reconstrução de um só animal, um tiranossauro bataar.

Em setembro, McCullough disse que cerca de metade da reconstrução - ossos fossilizados fundidos a uma estrutura metálica - veio de apenas uma criatura, e a outra metade, de "pelo menos duas, provavelmente muitas".





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sábado, 20 de outubro de 2012

Sucesso da novela “Avenida Brasil” atrai atenção de veículos no exterior



Sucesso da novela“Avenida Brasil” atrai atenção de veículos no exterior



The Guardian e Washington Post destacaram o sucesso da novela. Último capítulo alcançou média de 51 pontos em São Paulo, segundo dados preliminares.

O capítulo final de Avenida Brasil foi um dos maiores fenômenos de audiência da TV brasileira dos últimos anos: alcançou média de 51 pontos em São Paulo, o recorde do ano na TV brasileira, segundo dados preliminares.
Na era da revolução da informação, a novela foi acompanhada ao redor do planeta, e atraiu a atenção de alguns dos principais veículos estrangeiros.

Um artigo comparou o último capítulo de Avenida Brasil ao final da Copa, ao Carnaval e ao Dia da Independência, como uma das datas mais importantes do calendário brasileiro. Outro jornal britânico importante, o The Guardian, destacou a mudança de agenda da presidente Dilma Rousseff para não coincidir com o último capítulo da novela.

Outros veículos, como a também britânica rede BBC, o Washington Post, um dos principais jornais americanos, e a revista Forbes lembraram que a audiência espetacular da novela poderia causar sobrecarga no fornecimento de energia elétrica, o que acabou não acontecendo. Todos ressaltaram que o sucesso da novela se deve ao fato de que ela retrata a vida da nova classe média brasileira.
Durante a novela, o primeiro assunto mais comentado no Twitter no mundo era Avenida Brasil. Entre os dez primeiros tópicos cinco eram sobre a novela.

FONTE:
http://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2012/10/sucesso-da-novelaavenida-brasil-atrai-atencao-de-veiculos-no-exterior.html





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quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Cientistas acham planeta com a massa da Terra


Cientistas acham planeta com a massa da Terra em sistema 'vizinho'

Corpo celeste fica a 4,3 anos-luz de nós, mas em região não habitável.
Técnicas de observação podem ajudar a buscar mais planetas parecidos.


Sistema Alpha Centauri é o mais próximo do Sistema Solar, a 4,3 anos-luz da Terra (Foto: ESO/Divulgação)

Astrônomos europeus descobriram um planeta com quase a mesma massa da Terra que orbita uma estrela no sistema mais próximo de nós, o Alpha Centauri, a apenas 4,3 anos-luz de distância. Segundo os cientistas, esse exoplaneta – nome dado a planetas fora do Sistema Solar – é o primeiro corpo celeste "leve", parecido com o nosso, encontrado ao redor de uma estrela como o Sol.

O achado aparece na edição online da revista "Nature" desta quarta-feira (17). O planeta, porém, fica fora da chamada "zona habitável" – distância da estrela principal onde a água, se estivesse presente, estaria em estado líquido –, o que significa que esse não é um "irmão gêmeo" da Terra.
Apesar disso, os autores dizem que as técnicas de observação usadas nesse estudo são capazes de atingir a precisão necessária para pesquisar outros planetas semelhantes ao nosso.

A equipe do Observatório da Universidade de Genebra, na Suíça, e do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto, em Portugal, contou com a ajuda de um instrumento chamado Harps, instalado em um telescópio do Observatório Europeu do Sul (ESO), na localidade de La Silla, no norte do Chile.

Na concepção artística acima, o planeta está perto da estrela Alpha Centauri B – semelhante ao Sol, embora menor e não tão intensa –, e à direita da Alpha Centauri A, uma das mais brilhantes do Hemisfério Sul. Esses dois astros, junto com outro mais fraco, avermelhado e perto da Terra, chamado Proxima Centauri, formam um sistema estelar triplo na constelação do Centauro.

O planeta fica a uma distância aproximada de 6 milhões de quilômetros da Alpha Centauri B, muito mais perto do que Mercúrio está do Sol, e demora 3,2 dias para orbitar a estrela – enquanto aqui na Terra, levamos 365 dias para dar uma volta completa ao redor do Sol.

Segundo o principal autor do estudo, Xavier Dumusque, do Observatório da Universidade de Genebra, as observações foram feitas durante mais de quatro anos. Os sinais da existência do planeta são pequenos, mas reais. A equipe detectou esse corpo ao identificar desvios de movimento da estrela Alpha Centauri B, criados pela ação gravitacional do planeta em volta.
De acordo com os astrônomos, essa interação faz com que a estrela se desloque para a frente e para trás a 51 centímetros por segundo, ou 1,8 km por hora, velocidade correspondente a um bebê engatinhando.



Alpha Centauri A é vista a partir de imagens do banco de dados Digitized Sky Survey 2. O astro parece muito grande, mas é a impressão causada pela radiação dispersa na emulsão fotográfica (Foto: ESO/Divulgação)

Outros exoplanetas
O primeiro exoplaneta a orbitar uma estrela como o Sol foi visto por essa mesma equipe em 1995. Desde então, já foram descobertos outros 800. Apesar disso, a maioria dos planetas é maior que a Terra e muitos são tão grandes quanto Júpiter – o gigante do Sistema Solar. A massa mínima desse "novo" planeta foi estimada, mas a previsão geralmente se aproxima da real.

O grande desafio dos cientistas agora é encontrar um planeta com massa comparável à da Terra que orbite uma estrela como o Sol e esteja a uma distância dele favorável à vida. Na opinião da coautora Stéphane Udry, também de Genebra, esse pode ser um planeta em um sistema com vários do tipo. Isso porque, segundo achados anteriores, corpos celestes pequenos assim costumam estar em sistemas mais amplos.





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quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Estudo aponta indício de que impacto gigante pode ter formado a Lua

Estudo aponta indício de que impacto gigante pode ter formado a Lua

Isótopos de zinco pesados foram encontrados em pedras lunares.
Pesquisa foi publicada na 'Nature' nesta quarta-feira (17).


Concepção artística de uma colisão planetária mostra um impacto semelhante ao que teria ocorrido na Terra e levando à criação da Lua (Foto: Divulgação/Nasa/JPL-Caltech)

Cientistas da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, e da Universidade de Bristol, no Reino Unido, divulgaram um estudo com evidências que reforçam a ideia de que a Lua pode ter sido formada após o impacto gigante de um corpo celeste contra uma versão primitiva da Terra.

A pesquisa, publicada na edição online da "Nature" desta quarta-feira (17), compara isótopos de zinco encontrados em pedras vulcânicas lunares com a composição do zinco encontrado na Terra e em Marte.

Segundo os cientistas, os isótopos lunares são mais pesados e parecem ter sido formados em um grande processo de vaporização, mais do que em atividade vulcânica ocorrida na Lua. O zinco serve como uma "pista" para a história da formação dos planetas, diz o estudo.

A evaporação estaria ligada à origem do satélite, segundo os pesquisadores. Para eles, o estudo dá "evidências consistentes" que podem confirmar um modelo de formação da Lua pelo impacto de corpo celeste com tamanho parecido ao de Marte contra a Terra.

Segundo eles, há "fortes indícios" de condensação de zinco em escala planetária na formação da Lua. Isótopos de zinco mais pesados teriam condensado mais rápido do que átomos mais leves do mesmo elemento, e sua presença indicaria que nuvens de vapor de rocha estariam presentes no surgimento do satélite.

"Uma colisão com muita energia pode ter derretido o corpo causador do impacto, e a maioria do seu material pode ter permanecido na Terra", sugerem os cientistas no estudo. Já materiais de silicato devem ter entrado em órbita e mais tarde foram acrescidos de outras substâncias vaporizadas que originaram a Lua, segundo a pesquisa.

Mais duas
Outras duas pesquisas sobre o mesmo assunto foram publicadas na edição online da revista "Science" desta quarta-feira (17). Cientistas da Universidade Harvard e do Southwest Research Institute, ambos nos EUA, simularam em computadores como seria a colisão de uma Terra primitiva com um grande corpo celeste, para analisar a viabilidade da teoria.
Tanto o estudo de Harvard quanto o do instituto reforçam a ideia do impacto e apontam que a teoria pode estar certa, levando em conta o formato que a Lua tem atualmente e a angulação da Terra.





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quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Assim caminha a Humanidade - Biologia



ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE - Biologia



Andar, correr, pular, chutar, dançar: pesquisas revelam passo a passo todo o trabalho mal recompensado dos pés e ensinam como proteger essa eficiente estrutura.

O jogador está parado, esperando a ordem do juiz para cobrar o pênalti. Ao soar o apito, ele dá alguns passos para trás, corre, chuta a bola com violenta precisão e comemora o gol aos saltos de alegria. A torcida eufórica talvez ponha nas nuvens a pontaria do artilheiro ou a força do chute, mas poucos se lembrarão dos verdadeiros responsáveis pela proeza, aqueles que sustentaram o atleta, impulsionaram o corpo a toda velocidade e enfim lançaram a bola na direção da rede - os pés. Aliás, além de não lembrar o que é devido, quase ninguém olha direito por onde anda, até porque andar é um ato reflexo, algo que se faz sem pensar. Assim, costuma-se passar distraidamente por cima dos pés, estes pedestres trabalhadores que estão em serviço mesmo quando imóveis, como os do jogador à espera do apito do juiz, e, em movimento, fazem a humanidade caminhar também no sentido figurado da palavra. Se uma pessoa permanece estática ou se ela anda, se dispara correndo ou sai pulando, para cada situação existe uma expressão corporal específica dos pés - um modo próprio de pisar. Os ossos, os músculos e os ligamentos de cada pé se comportam de forma diferente no passo de uma bailarina ou na marcha de um soldado, por exemplo. Essa versatilidade permite ao homem se movimentar segundo os mais diversos ritmos e coreografias. Em compensação, um bicho, ao andar de quatro, tropeça menos do que o ser humano que, para ter mãos livres e com elas modelar o mundo, ergueu duas patas, tornando-se bípede. Pôr apenas dois pés pelas mãos no chão tem um preço, que qualquer estudante de Geometria entende: onde existem no mínimo três pontos - e no caso dos quadrúpedes existem quatro - passa um plano, figura que se assenta com facilidade na superfície; já por dois pontos, formados pelos dois pés, só pode passar uma linha. Ou seja, é como se o homem sempre estivesse em uma corda bamba.
Resultado: o ser humano é o único animal com problemas de coluna e com eventuais dores de cansaço nos pés, embora estes permaneçam firmes no chão. "O equilíbrio é possível principalmente porque a sua estrutura óssea não é uma peça única soldada", nota o professor de Anatomia Aldo Junqueira Rodrigues, da Universidade de São Paulo, enquanto movimenta o esqueleto de um pé sobre a mesa, mostrando como os 26 ossos se acomodam aos altos e baixos de uma superfície coberta de livros e papéis. Além desse jogo de balanço, são responsáveis pela eficiência dos pés na tarefa de suportar o corpo 21 tiras fibrosas resistentes, os chamados ligamentos, que amarram os ossos para formar três arcos de sustentação: um lateral, um longitudinal e um transversal. "A maioria das pontes é em arco, a estrutura considerada ideal pelos engenheiros para agüentar grandes pesos", compara Rodrigues.
De fato, cada pé tem de 20 a 25 centímetros quadrados de área para sustentar um adulto parado no ponto de ônibus ou na fila de um banco. Quando uma pessoa fica em pé, a ponta da coluna lombar, conhecida como sacro, divide o peso em partes iguais sobre as duas pernas. Assim como a pedra angular de uma ponte reparte a carga pelas duas extremidades, a articulação que liga a perna ao pé distribui o peso do corpo entre o calcanhar e a base dos dedos. Mas como, na verdade, aquela articulação não fica bem no meio, como no caso da pedra, cerca de 70 por cento da carga acaba pesando sobre o calcanhar e apenas os 30 por cento restantes são sustentados na ponta do pé.
A situação só muda quando a contração dos músculos da perna e um leve requebrar da bacia arrancam um pé do chão: é quando se dá o primeiro passo de uma caminhada. "Então todo o peso fica sobre um único calcanhar e vai se deslocando para os dois primeiros dedos", descreve o anatomista Rodrigues, em pé na sua sala, reproduzindo em câmara lenta os movimentos. A mímica, porém, não sai perfeita porque, desde que sofreu um acidente na fazenda, no início do ano, o médico anda com problemas no hálux, o popular dedão. É esse dedo que, durante frações de segundo, suporta todo o corpo e, feito uma alavanca, dá o impulso jogando o pé para trás, marcando o início de um novo passo.
Não se negue, porém, a importância dos outros dedos, que em eternos pequenos movimentos vão agarrando o solo a cada passo. Sem eles, o homem sacolejaria como uma carroça com a roda lisa de madeira passando aos trancos sobre os obstáculos existentes no chão. Os dedos equivalem, portanto, às ranhuras esculpidas no pneu de um trator, razão pela qual é capaz de atravessar tranqüilamente os terrenos mais difíceis. "É por isso que, usando sapatos, os quais dificultam o mexer dos dedos, é muito mais complicado subir em uma árvore", exemplifica o ortopedista paranaense Guglielmo Mistrorigo. Um passeio pode se tornar muito mais cansativo, contudo, para quem não tem as curvaturas dos pés - são os chamados pés planos, como dizem os médicos, ou pés chatos, como diz todo mundo. Neles, as articulações da região plantar desabam a ponto de repuxar os ligamentos dos dedos; estes, dessa forma, mal encostam no chão para auxiliar o andar.
Assim, os quarenta músculos dos pés acabam tendo um trabalho extra para avançar - daí que o dono do pé chato é um preguiçoso por justa causa, pois caminhar poucos metros que seja lhe custa o dobro de energia em relação ao pé normal e, eventualmente, provoca dores. "A criança com pé chato vive pedindo colo", observa Mistrorigo. Mas, na infância, quando os ligamentos são frouxos e a musculatura ainda é fraca, o pé chato é quase uma unanimidade. Na criança os arcos podem até existir, mas quando elas ficam em pé o peso do corpo os achata - por isso, os primeiros passos do ser humano são desengonçados, como se calçasse pés-de-pato.
No final dos anos 60, Mistrorigo encontrou em uma festa a mãe de duas ex-pacientes, às quais ele havia receitado as tradicionais botas ortopédicas, com palmilhas que forçam a formação dos arcos. "A mulher elogiou o tratamento", recorda-se o ortopedista. "Mas, antes que eu saboreasse o comentário, ela acrescentou que as botinhas eram tão eficazes que as filhas só as usavam três vezes por semana e, mesmo assim, ficaram curadas." Desconfiado, Mistrorigo mais tarde arriscou abandonar as "botinhas milagrosas" em alguns casos e, desse modo, constatou algo que durante muito tempo deixou seus colegas com um pé atrás: "O pé plano nas crianças costuma ser um fenômeno temporário, que se corrige naturalmente sem a ajuda do médico".
De fato, um estudo com mais de 3 mil pessoas, publicado por ortopedistas americanos no início do ano, confirmou que apenas uma em cada 25 crianças continua com pés chatos depois dos 6 anos, calçando ou não palmilhas ortopédicas. Segundo o professor Henrique Sodré Fialho, da Escola Paulista de Medicina, que há dez anos se dedica exclusivamente ao estudo dos pés, tanto o pé normal como o chato ou ainda o cavo - aquele com arcos exagerados - não dão um passo sequer sem exigir conforto, "sem manter as estruturas no lugar certo para caminhar". Nesse sentido, o mundo caminha muito mal - porque caminha calçado. O sapato, criado ao que tudo indica pelos egípcios há 4 mil anos para proteger a sola natural dos pés, tornou-se com o tempo e com a moda um confinamento, algo que impede a acomodação correta dos ossos.
Cada homem que reclama de dores provocadas por esse verdadeiro espartilho pode estar certo de que a queixa é compartilhada por dezoito mulheres. A proporção é uma questão de altura. Embora os homens costumem calçar dois ou três números maiores do que as mulheres, graças ao seu esqueleto avantajado, a única diferença entre o pé masculino e o feminino é que este último tende a sofrer o castigo adicional do uso costumeiro de saltos altos, os quais deixam o pé feito uma ladeira sobre a qual o peso rola para baixo. "O melhor modelo de sapato é o do homem", receita o médico Sodré. Mas, cá entre nós, o andar de Marilyn Monroe não seria tão sinuosamente sedutor se ela calçasse um mocassino baixo de bico largo em vez de um salto agulha 7,5.
Os saltos, na realidade, foram uma invenção de machos, criados no século XVI para os oficiais do exército francês acomodarem o pé no estribo das montarias. No entanto, ao adotá-los, há pouco mais de cem anos, as mulheres parecem intuitivamente ter aprendido uma lição de anatomia. "Para compensar o peso jogado para a frente", descreve Sodré, "a coluna lombar vai para trás, arrebitando o bumbum." Além disso, os saltos ajudam a mulher a exibir uma antiga marca de feminilidade, isto é, caminhar a passinhos curtos, como gueixas. Isso porque andar é empurrar o chão para trás: ao contrair-se, o músculo da barriga da perna, que termina no tendão de Aquiles, flexiona os artelhos e apóia o calcanhar; o mesmo músculo se estica e, então, como uma alavanca, o pé puxa o solo.
Quanto maior o salto do sapato, menos o pé consegue fazer tal flexão e, portanto, menor a alavanca e menor o passo. Aliás, é justamente para aumentar a alavanca que os atletas largam agachados nas corridas, com os pés totalmente flexionados. Correr, porém, é outra história, pois de acordo com o ortopedista Flávio Murachovsky, do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, "há instantes em que ambos os pés ficam no ar e só as pontas tocam o solo". Para quem busca velocidade, bater o calcanhar no chão é amortecer o impacto - e o ritmo. Mas o que não falta, segundo Murachovsky, é gente pisando errado ao acelerar a marcha. As conseqüências mais comuns são as entorses, quando o osso do tornozelo sai e volta imediatamente para o seu lugar. "O deslocamento, embora breve, é suficiente para machucar os ligamentos ao redor", explica o médico, especialista em traumas. Para o ortopedista paulista Osny Salomão, o avanço atual da Ortopedia foi possível graças ao aparecimento, há cerca de dez anos, da Biomecânica, a área da ciência que estuda os movimentos do homem. Hoje se sabe, por exemplo, que um pé se cansa menos ao chutar uma bola com força do que nas freadas repentinas que um jogador é obrigado a dar para driblar o adversário - algo que exige muito mais habilidade. Forçam mais os pés, no entanto, os jogadores de vôlei que, nas cortadas, caem sobre os pés com um peso quatro vezes maior do que o apontado na balança. Sempre que se pula numa quadra ou numa aula da saltitante ginástica aeróbica, quem faz força é a perna, mas quem pode sofrer são os pés: a musculatura relaxa para que os ossinhos, um por um, com diferença de frações de segundo, se amontoem ao bater no solo.
Quanto mais forte o impulso, maior o pulo e menor a capacidade dos amortecedores do pé. Assim, por exemplo, quando o jogador Oscar, da seleção brasileira de basquete, com seus 2,04 metros e 102 quilos, volta do salto para fazer uma cesta, seus pés sofrem um impacto de 800 quilos a uma tonelada. "Mas o pé mais problemático é o da bailarina", sustenta Osny Salomão que, aliás, se considera privilegiado por nunca ter sentido, em seus 54 anos, uma dor no pé. Quem vê o suave deslizar de um par de sapatilhas no palco não imagina que elas costumam calçar pés deformados por calos - que nada mais são do que a resposta da pele a uma situação de aperto. No caso, o aperto provocado pelos ossos metatarsianos dos dedos que, afinal, não nasceram para enfrentar, na posição vertical, a força da gravidade.
"Apesar da aparência, o problema não está tanto em ficar na ponta do pé, já que a musculatura da bailarina começa a ser treinada, a partir dos 5 anos, para diminuir o esforço dos ossos", revela Salomão. "O pior mesmo é o número de horas que uma bailarina ensaia diariamente." Sim, porque as articulações do pé suportam pegar no pesado por tempo limitado: a pressão constante faz o material rígido dos ossos e ligamentos ceder, causando um desgaste chamado artrose, que torna os movimentos difíceis como os de uma máquina enferrujada. Nos esportes, ao menos, existe uma corrida tecnológica para evitar seqüelas desse tipo, desde que nos anos 70 surgiram os primeiros tênis especiais para corrida . Justa preocupação: o carioca, ao praticar jogging em Copacabana, talvez nunca tenha se dado conta de que, percorrendo a praia de ponta a ponta, estará tocando o solo cerca de 10 mil vezes com um impacto equivalente a duas vezes e meia o peso do corpo.
"Atualmente, os pesquisadores sabem que cada esporte merece um tênis projetado especificamente para diminuir os riscos de lesões e melhorar o desempenho do atleta", conta o médico Mário Donato, que fez doutorado em Biomecânica na Escócia e comanda um bem montado laboratório na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Criar tênis para os brasileiros tem sido uma tarefa sob medida: uma pesquisa realizada há dois anos pela UFRJ apontou, por exemplo, que o pé nacional é cerca de 2 centímetros mais largo do que a média dos pés europeus. É irônico, mas, numa época em que a Medicina caminha a passos largos, prolongando a saúde de cada órgão, justamente as pessoas que mais correm, pulam e caminham, ou ainda driblam e chutam bolas a gol impecavelmente, têm a vida útil dos pés abreviada: os ligamentos afrouxam, os ossos se deslocam, a pele cria calos, a distribuição equilibrada do peso é perturbada. Conhecer a força que o pé faz é meio caminho andado para proteger essa estrutura que garante ao homem o direito de ir e vir.

Pé ante pé

Tudo que acontece durante um passo.

O pé flexiona-se, apoiando-se no calcanhar, para onde o peso do corpo se desloca.
Então, encosta completamente no chão, dividindo o peso do corpo pelas duas extremidades enquanto o joelho começa a se dobrar para dar impulso. Ao mesmo tempo, o osso da bacia, na altura dos quadris, inclina-se para encurtar a outra perna e assim arrancar o outro pé do chão. Como o corpo é levado para a frente, graças ao impulso do joelho, a carga sobre os pés começa a se deslocar em direção aos dedos; à medida que isso acontece, o calcanhar vai se erguendo. Nesse instante, praticamente todo corpo é sustentado pelos dois primeiros dedos; o hálux, ou dedão, empurra o solo para trás e as articulações do joelho tiram o pé do chão. Enquanto isso, o outro pé já deve esperar flexionado, apoiado no calcanhar - é o início de um novo passo.

Anatomia de um tênis

Fazer o pé se sentir como se despencasse sobre uma cama de algodão: há quinze anos essa tem sido a pretensão dos fabricantes de tênis. Assim surgiram os solados porosos, usados até hoje, cujas inúmeras bolsinhas de ar absorvem choques. Mas, "com o tempo, o emborrachado acaba se compactando", nota Amaury Rosenberg, gerente de marketing no Brasil da Nike, que vende 70 milhões de pares por ano no mundo inteiro. Por isso foram criados dispositivos para completar o sistema amortecedor, como bolsas de líquidos ou molas de um vinil especial embutidos no solado. Há dez anos, a Nike criou o airbag (bolsa de ar, em inglês): um gás, cuja fórmula é guardada a sete chaves, é encapsulado para funcionar como um trampolim, transformando o impacto em impulso. "Com isso, o atleta se cansa menos", garante Rosenberg.
Outro objetivo dos tênis modernos é evitar torções: as palmilhas agora costumam ter uma espécie de moldura para que o pé não saia do lugar. Para que o calcanhar tampouco se mexa acrescentou-se uma peça rígida de plástico, o contraforte, moldada no seu formato. Um dos detalhes mais importantes, porém, são aquelas ranhuras visíveis na sola de borracha, que tornam o calçado especialmente adequado a certos movimentos. Nos tênis de basquete, por exemplo, o desenho de uma espiral ajuda o pé a deslizar nos giros necessários durante a partida.

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quinta-feira, 18 de outubro de 2012

O Cinema vai à Ciência - Cultura


O CINEMA VAI À CIÊNCIA - Cultura



Os filmes nos quais o cientista é o principal personagem mudaram muito. Mas sempre ajudaram a criar uma idéia de ciência na imaginação popular-para o bem ou para o mal.

No filme De volta para o futuro, de Robert Zemeckis, o jovem Marty McFly tem de provar ao incrédulo cientista Doc que veio de outra época e precisa de ajuda para regressar a 1985. O argumento decisivo de McFly é o galo que adorna a cabeça de Doc. No cinema é muito comum cientista levar pancada na cabeça antes de descobrir alguma coisa espetacular. No caso, Doc levou a sua antes de inventar o equipamento graças ao qual seu amigo daria o passeio no tempo. Ao que se saiba, Albert Einstein não precisou desse expediente rude para ter o clarão da Teoria da Relatividade, mas, por causa da famosa foto onde aparece de cabelos desgrenhados e língua de fora, contribuiu decisivamente para esculpir uma das imagens mais correntes do cientista no cinema e nos meios de comunicação. Embora essa caricatura entre o aloprado e o excêntrico seja a imagem mais imediata que o público tem do cientista, o cinema e a chamada indústria cultural vêm na verdade proporcionando uma ampla variedade de tipos de fazedores de ciência. O leque inclui desde o gênero bonachão, personificado pelo já citado Doc, até, no extremo oposto, o tenebroso Doutor Silvana das histórias em quadrinhos, que tanto trabalho dava ao Capitão Marvel - para não falar do mais perigoso de todos, o Barão Doutor Frankenstein, criador do monstro do mesmo nome. O assunto, por sinal, já saiu da tela para o prelo: um livro editado no ano passado na Inglaterra trata justamente de esmiuçar a imagem dos cientistas que o grande público foi levado a ter por meio do cinema, esse poderoso veículo de formação de modas, atitudes e opiniões. Monsters and mad scientists (Monstros e cientistas malucos), ainda não editado no Brasil, de autoria do sociólogo inglês Andrew Tudor, da Universidade de York, é o resultado da análise de quase mil filmes produzidos entre 1931 e 1984. A pesquisa mostra que a ciência e o cientista estão entre os principais filões de inspiração para o gênero terror. "Em quase um quarto desses filmes a ciência é a principal fonte das ameaças", escreve o autor. A idéia geral de Tudor é que entre a década de 30 e a de 80 mudou radicalmente a visão que o público havia adquirido da ciência. Levou muito até que a maioria das pessoas deixasse de idealizar e ao mesmo tempo temer o cientista, como se fosse uma espécie de bruxo, e percebesse que em todos os outros aspectos ele é um homem comum.
Nos filmes da década de 30, indica o levantamento do sociólogo inglês, o cientista é desenhado como um tipo esquisito, soturno, habitando invariavelmente um casarão ou castelo em local ermo. Naqueles idos - quando começavam a germinar proezas científicas e tecnológicas tão distintas entre si mas igualmente decisivas para moldar a vida contemporânea, como a televisão, o antibiótico, os vôos espaciais e a energia nuclear -, o protótipo do cientista era o obcecado Barão Frankenstein, aparecido originalmente no romance da inglesa Mary Wollstonecraft Shelley em 1818 e filmado em 1931 pelo diretor americano James Whale. Não existia ainda a idéia da ciência como instituição e trabalho coletivo - ela era sempre a atividade misteriosa de um cidadão isolado em seu castelo, varando madrugadas, escudado invariavelmente por um auxiliar algo debilóide e objeto permanente dos cochichos dos inquietos aldeões.
A Medicina representava a face mais visível da ciência para o grande público. O cientista típico do cinema, portanto, era um híbrido de clínico, cirurgião e pesquisador, que agregava a seus bisturis uma parafernália de substâncias e equipamentos bizarros, que rendiam nas telas inquietantes cenários de retortas e tubos de ensaio borbulhantes. É a paisagem por excelência do clássico O médico e o monstro (Doctor Jekyll and Mister Hyde), baseado no romance escrito em 1886 pelo escocês Robert Louis Stevenson e filmado por Victor Fleming em 1941. As substâncias que ele prepara laboriosamente noite adentro interferem na essência mesma da vida - sua alma se torna má a ponto de transformar também sua aparência física.
Junto com os aparatos importados da Química a eletricidade entrava em cena a fim de produzir os impressionantes efeitos visuais necessários para trazer à vida as criações dos cientistas ensandecidos, como o semi-humano Frankenstein. Os filmes daqueles anos embaralham sem cerimônia alguma as novidades científicas, como se a chave que dá acesso aos mistérios da vida fosse um pastiche das últimas fornadas de invenções e descobertas da vida real. O cientista louco transpõe a barreira do conhecimento proibido e faz com que os outros sofram as conseqüências do seu desatino - pelo qual, no fim de tudo, pagará caro. Algumas vezes ele é um crente quase místico no poder do conhecimento e o desastre acontece quando libera inadvertidamente forças incontroláveis. Outras vezes é um pacífico e racional estudioso que acaba corrompido pela tentação obsessiva de ir aonde ninguém foi. Alheio ao perigo, acaba quase sempre vítima das forças que liberou. Esse esquema rendeu todo um filão.
É o que acontece em A mosca (The fly), filmado originalmente em 1958 por Kurt Neuman e refilmado em 1986 por David Cronenberg. André, o cientista, é movido por impulsos desinteressados de fazer bem à humanidade com sua máquina de transferência de matéria, que revolucionaria os transportes além da imaginação. Mas, sem perceber, ele entra na cabine do aparelho em companhia de uma mosca e volta da experiência com a cabeça e o braço do inseto. Quando o cientista convence sua mulher a destruí-lo numa prensa hidráulica, junto com suas notas e aparelhos (na primeira versão), o filme não faz uma condenação radical da ciência, mas um alerta a respeito dos riscos acidentais da atividade científica.
Pior é aquele que salta as fronteiras seguras do saber convencional para fins deliberadamente maléficos a fim de se vingar de alguém - quase sempre de outros cientistas que Ihe prejudicaram a carreira ou por não reconhecer sua genialidade ou por ridicularizar suas teorias. Nas histórias em quadrinhos é o caso do Doutor Silvana, o eterno pesadelo do Capitão Marvel com seus sonhos de se tornar o senhor do Universo. O cinema dá novo alcance a essas caricaturas, mas o temor que elas inspiram é provavelmente o mais antigo dos homens - o medo de que o conhecimento traga a infelicidade. Afinal, diz a narrativa bíblica, Adão e Eva foram expulsos do paraíso por haverem provado a fruta da árvore do conhecimento.
Os antropólogos chamam também a atenção para o mito grego de Pandora e sua caixa. Ela foi criada do barro, entre gargalhadas, por Zeus, como forma de punir o roubo do fogo, ou seja, o acesso ao conhecimento, perpretado por Prometeu. Embora tivesse sido repetidamente advertida para não fazê-lo, Pandora abriu a caixa deixando escapar toda sorte de desgraças. Numa variante mais moderna, o Doutor Fausto, personagem do poeta alemão Goethe (1749-1832), faz um pacto com o demônio em troca do saber absoluto. Esses mesmos temas ganham no cinema outro impacto com os efeitos especiais. Tudo aquilo que antes ficava por conta da imaginação, na tela se converte em explosões mortíferas, jatos de sangue e profusão de entranhas e deformidades de causar engulhos.
Na primeira geração de filmes que focalizam a figura do cientista, a partir da década de 30, o cinema praticamente só trabalhou com histórias desse tipo, materializando a concepção do cientista como pessoa diferente das demais, que se mete em aventuras proibidas pelas leis naturais - e pelos mandamentos divinos. Embora aquela concepção tenha caído em desuso, trocada por outra em que a ciência já é mostrada como instituição, exemplares do gênero ainda freqüentam as telas, como remanescentes da tradição primitiva. É o caso de A prometida (The bride), filmado por Franc Roddam em 1985. O roqueiro Sting é o Barão Frankenstein, desta vez empenhado em produzir para seu monstro uma companheira pela qual se apaixona.
Reanimator (A morte é só o começo), de Stuart Gordon, 1985, é outro desses remanescentes anacrônicos do gênero ciência- troglodita. O cientista consegue um soro que traz mortos de volta à vida. A idéia de que a ciência não é apenas nem principalmente obra de pessoas isoladas ou de acontecimentos fortuitos se desenvolve a partir da Segunda Guerra Mundial, quando as bombas voadoras alemãs que assolaram Londres e, sobretudo, as bombas atômicas que devastaram Hiroxima e Nagasáqui fizeram a humanidade dar-se conta da existência de verdadeiros exércitos produtores de ciência e tecnologia por trás dos feitos militares.
O cinema leva algum tempo para sintonizar a nova percepção, mas acaba mudando também. As duas versões de A bolha assassina (Tine bubble) ilustram essa mudança. Na primeira versão, dirigida por Irving S. Yearworth Jr. em 1958, o ser gelatinoso que engolia pessoas vinha do espaço - um acidente imprevisível. A imagem da ciência é salvadora: a bolha maléfica é derrotada pelo engenho humano, que a congela. Isso reflete quem sabe os anos de progresso e prosperidade então vividos pelos Estados Unidos e o encantamento dos americanos com o incessante aparecimento de produtos científico-tecnológicos cada vez melhores, de eletrodomésticos a medicamentos.
Raros filmes daquele período colocam o homem de saber sob luz tão favorável como o sombrio Vampiro de almas (Invasion of the body snatchers), produzido em 1956 sob a direção de Don Siegel e refilmado em 1978 por Philip Kaufman (intitulado no Brasil Invasão de corpos). Numa pequena cidade americana, uma força misteriosa, provavelmente extraterrestre, começa a se infiltrar entre os habitantes, substituindo-os por duplicatas destituídas de vontade própria. O filme foi analisado ora como expressão do anticomunismo típico da guerra fria ora como denúncia do macarthismo nos Estados Unidos. Seja como for, o médico do lugar é o único a conservar a razão e a enfrentar corajosamente a invasão maligna.
Na segunda versão de A bolha assassina, filmada em 1988 por Chuck Russel, a ameaça não é casual, mas vem de um laboratório de armas bacteriológicas, onde a bolha foi produzida por uma ciência degenerada, que virou uma instituição a serviço do poder. Não por acaso, nos anos 80 poucas pessoas minimamente informadas ainda conservam uma visão inocente, digamos, da ciência, como atividade sempre voltada para o bem. Mesmo que o fantasma do holocausto nuclear tenha se recolhido a segundo plano, o risco de acidentes em usinas nucleares destinadas à produção de eletricidade, a avalanche de problemas ambientais sem solução e a suspeita de que nem sempre o trabalho nos grandes laboratórios e centros de pesquisa transcorre no melhor dos mundos morais, percorrendo em linha reta o caminho até a verdade - tudo isso fez com que o sentimento popular positivo em relação aos cientistas se tornasse temperado pelo realismo.
A cobrança de uma responsabilidade social dos cientistas, uma idéia que vinha germinando há bastante tempo, pode ter influenciado o clima do qual saíram filmes como Piranha (Joe Dante, 1978), no qual uma "bomba genética" projetada pelo Pentágono para ser usada no Vietnã escapa para os rios americanos. Como nem sempre a ciência resiste a tais desatinos, sua imagem torna-se ambígua. O progressismo do imediato pós-guerra considerava a ciência uma instituição indispensável e ponto final. Depois, tomou forma o problema de saber qual o preço que se deve pagar pelo progresso proporcionado pela ciência, reconhecidamente uma atividade de risco.
Os desastres acontecem por azar do personagem, como em A mosca, não porque a ciência seja intrinsecamente má. Com isso o gênero perde muito de sua força. Em vez de a ciência ser a ameaça, desde então se assiste à ascensão de novos perigos escondidos nas dobras da mais rotineira normalidade. Sua origem é o sobrenatural puro, que ataca sem o menor aviso, mesmo sem ter sido despertado pela imprudência humana em busca do conhecimento. Segue-se toda uma leva de filmes de vampiros, zumbis (alguns deles criados por cientistas, mas aí o papel da ciência é acidental), lobisomens e monstros em série, onde a carga de terror vem acondicionada em competentes efeitos especiais. Todo cidadão pode ser vítima deles, ainda que nada tenha feito para merecer a visita do mal. A idéia é de que o terror é absurdo e inescapável. O perigo não é mais o saber esotérico ou hermético que desencadeia acontecimentos incontroláveis. Nem é mais uma dádiva usada erradamente. O terror agora está embutido dentro do homem. As várias sextas-feiras de pavor que empolgam agora os apreciadores do gênero são morticínios despropositados.
Marcam, imaginam os otimistas, uma volta de 180 graus. O conhecimento não é mais perigoso. A ciência migrou dos castelos góticos para os edifícios de linhas esguias, onde os conhecimentos da ciência tanto podem servir para levar o homem ao espaço como para aperfeiçoar aparelhos de videocassette.
O terror se origina atualmente daquilo que a ciência não conhece e que escapa ao controle racional do homem. O cientista maluco, hoje, antes provoca riso e simpatia, como o inventivo mas algo trapalhão Doc, de De volta para o futuro. No entanto, pode-se apostar que a última década do século promete um catálogo de perigos potenciais sem precedentes oferecidos pela ciência e a tecnologia. Seres como o Robocop (Paul Verhoeven, 1987) ou os andróides de Blade Runner (O caçador de andróides), de 1982, direção de Ridley Scott, são uma espécie de trailer do que vem por aí. Pelo menos no cinema, a Engenharia Genética, que na vida real ainda não trançou as amarras morais destinadas a impedir que futuramente venha a criar frankensteins de verdade, já pode fazer os monstros que bem entender, manipulando genes ao gosto da produção.
A ciência como atividade organizada, que parecia ter acabado com a imagem do cientista maluco e solitário, agora, ironicamente, pode ressuscitá-lo. Assim, o roteiro para um filme realista sobre terror e ciência nos próximos anos incluiria um biólogo molecular expulso de uma universidade por ter realizado experiências eticamente condenáveis. Vingativo, iria para um local ermo prosseguir o trabalho. Levaria apenas um kit de Engenharia Genética com alguns tubos de enzimas de restrição e outros reagentes vendidos livremente, que lhe permitiriam isolar e manipular genes de animais ou humanos, microinjeções e vírus, para criar um óvulo alterado. Tudo isso muito discretamente, sem os raios e as explosões da década de 30. Mas com resultados muito mais imprevisíveis e aterrorizantes.Tomara que seja só cinema.





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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Destino: Terra - Espaço


DESTINO: TERRA - Espaço



A preocupação com o ambiente invade os programas espaciais. Uma batelada de novos satélites vai ajudar os cientistas a entender melhor o que acontece com o planeta.

Durante os últimos 33 anos, desde que os soviéticos lançaram ao espaço o primeiro satélite artificial, o homem se acostumou a pensar nas conquistas espaciais como uma corrida para chegar cada vez mais longe. O Sputnik foi jogado numa órbita entre 228 e 947 quilômetros de distância. Em 1969, astronautas pisaram na Lua, a 384 mil quilômetros da Terra. Depois, naves automáticas rumaram para outros mundos, pousando em Marte e Vênus, tiraram fotos inesquecíveis dos gigantes Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. A sonda Pioneer cruzou os limites do sistema solar e enviou sinais a mais de 6 bilhões de quilômetros. Mas aquela que talvez venha a ser a maior conquista de todos os tempos e está sendo planejada agora dirá respeito a um corpo celeste do qual se supõe conhecer muita coisa: a própria Terra. A idéia de explorar do alto a casa do homem começou a tomar corpo num período relativamente breve. Há três anos, a então astronauta Sally Ryde, hoje professora da Universidade de Stanford, na Califórnia, referiu-se a uma certa Missão ao Planeta Terra no seu relatório sobre o futuro do programa espacial americano depois do desastre com a nave Challenger em 1986. O relatório feito a pedido da NASA desestimulava a busca de proezas mais ousadas, como a ida do homem a Marte ou o estabelecimento de uma colônia lunar, mostrando que a ciência espacial bem poderia contribuir para necessárias pesquisas aqui mesmo na Terra. Mas foi preciso que a crise ambiental se transformasse em assunto de todos os dias para que os promotores da conquista do espaço começassem a pensar seriamente em usar mais esse valioso instrumento para enxergar melhor o que acontece no quintal terrestre.
Na realidade, há anos que o homem aproveita os avanços tecnológicos que possibilitaram às naves espaciais ir tão longe para ter uma idéia melhor das ameaças ao meio ambiente. Já no final da década de 70, por exemplo, as imagens enviadas pelo satélite meteorológico Nimbus-7 deram aos cientistas a péssima noticia de que havia um buraco sazonal na camada de ozônio sobre a Antártida, um dos mais sérios problemas criados pela poluição industrial. As naves espaciais documentaram também o desmatamento das florestas tropicais, a desertificação na África, o ar envenenado das grandes cidades e o mau uso do solo. Os satélites de sensoriamento remoto verdadeiros olhos no espaço, captaram as radiações emitidas pela superfície do planeta tanto na faixa do visível como no infravermelho e em microondas.
Com essas imagens hoje se faz desde a avaliação dos recursos naturais a estimativas de colheitas agrícolas, passando pela observação de acidentes ecológicos, além de planejamento urbano e cartográfico. Mas os instrumentos disponíveis precisam evoluir muito para documentar todas as complexas interações entre o solo, os oceanos e a atmosfera. "A física e a química do funcionamento do planeta ainda não foram compreendidas e a nossa habilidade de prever mudanças é falha", diagnostica o microbiólogo sueco Thomas Rosswall, diretor-executivo do Programa Internacional de Geosfera e Biosfera (IGBP), ouvido por nos. Ele esteve há pouco no Brasil para participar de um seminário sobre mudanças ambientais na América Latina, no Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) em São José dos Campos.
Segundo explicou, o programa IGBP, que funciona em 34 países, pretende justamente reunir dados que permitam aos pesquisadores prever a repercussão da atividade humana no meio ambiente, especialmente nas concentrações e misturas de gases na atmosfera, no clima e nas interações entre esses fenômenos. "Para isso precisamos de novos e mais eficientes instrumentos de trabalho", afirmou o cientista. "Não podemos compreender o funcionamento da Terra apenas vigiando aqui e medindo acolá, sem integrar todas as peças no quebra-cabeça." Para facilitar essa integração, cujos benefícios talvez incluam projeções menos polêmicas sobre as conseqüências do efeito estufa sobre o nível dos mares, os países envolvidos na exploração espacial planejam lançar até o final da década de 90 quinze satélites equipados com instrumentos para medir praticamente tudo que vale a pena neste mundo - da espessura do gelo na Groenlândia à força das tempestades tropicais no Oceano Índico.
Para o sueco Rosswall, esta nova versão daquilo que Sally Ride chamou Missão ao Planeta Terra apenas terá sentido se todas as informações forem usadas em pesquisas interdisciplinares - diferentemente dos experimentos espaciais anteriores que coletavam dados apenas para determinados estudos. Em sua opinião, "só assim os cientistas vão entender o delicado sistema de funcionamento do planeta e influenciar os responsáveis pelas decisões políticas para que tomem as medidas necessárias à redução da atividade destrutiva do homem".
O maior dos projetos que compõem a Missão ao Planeta Terra é o Earth Observing System (EOS), ou Sistema de Observação da Terra, de responsabilidade sobretudo da NASA, composto a princípio de duas séries de três plataformas polares, pesando cada uma 15 toneladas e com carga útil de 3,5 toneladas. Como comparação, um satélite de sensoriamento remoto da série Landsat, atualmente em órbita, pesa cerca de oito vezes menos. O projeto prevê o funcionamento ao mesmo tempo de duas plataformas, uma de cada série. O primeiro lançamento será em 1997. Cada plataforma ficará em órbita durante cinco anos a 824 quilômetros de altitude. Como os lançamentos serão sucessivos, espera-se que durante quinze anos o sistema forneça informações praticamente diárias sobre o planeta. Fazem também parte do projeto outras plataformas semelhantes, que serão lançadas pelo Japão e pela Agência Espacial Européia, e ainda a colocação de uma série de pequenos satélites em órbita equatorial com missões específicas, como por exemplo acompanhar as variações na espessura da camada de ozônio na atmosfera.
Se a NASA conseguir os dólares necessários, serão lançados mais cinco satélites em órbita geoestacionária a 36 mil quilômetros do equador. Nessa altitude, igual à dos satélites meteorológicos, estarão sempre na mesma posição e assim poderão medir qualquer processo no planeta de maneira contínua. Desde já, a Missão ao Planeta Terra é considerada um dos maiores e mais caros projetos concebidos pela agência espacial americana-estima-se que terá um orçamento de 20 bilhões de dólares, uns 3 milhões a menos do que serão gastos na controvertida estação espacial Freedom, onde também se prevê a instalação de medidores de chuva, de ventos e de radiação solar na região equatorial. Os defensores da Missão batalham para que os Estados Unidos o adotem como prioridade nacional, à maneira do projeto Apolo na década de 60, que levou o homem à Lua. Desta vez, poucos teriam a coragem de dizer, como então, que se trata de dinheiro jogado fora para satisfazer uma vaidade patriótica: o projeto pode ajudar a recuperar o meio em que o homem vive.
Embora o lançamento da primeira plataforma polar EOS só vá ocorrer daqui a sete anos - se não houver atrasos -, o seu funcionamento está sendo desenhado desde já. "É um projeto que requer planejamento e um complexo programa de análise e tratamento de dados", informa o engenheiro agrônomo Getúlio Batista, do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE). "O Sistema de Observação da Terra deve coletar mil vezes mais informações do que os satélites Landsat." Batista, que vai passar os próximos dois anos no Goddard Space Flight Center, em Maryland, Estados Unidos, é o coordenador de um dos 55 projetos aprovados pela NASA para serem desenvolvidos com o auxílio dos dezenove sensores da plataforma polar. Ele vai acompanhar o ciclo da água na Amazônia para entender como o desmatamento afeta o ecossistema da floresta tropical.
"É uma oportunidade única para estudar o papel da floresta no clima do globo", entusiasma-se o pesquisador, um dos integrantes da equipe de sensoriamento remoto do INPE acostumada a denunciar com imagens vindas do espaço a extensão das queimadas brasileiras. Os satélites atuais não são capazes de detectar as taxas de evaporação e transpiração da floresta, o que significa que até hoje não se sabe com precisão quanto chove de verdade na Amazônia. Mas os sensores da plataforma polar do EOS podem medir temperatura, umidade e quantidade de poeira na atmosfera. Eles também vão fornecer a cada três dias, com resolução de até 500 metros, imagens da vegetação - ou de sua perda - na superfície da floresta.
A plataforma polar do EOS conta ainda com um instrumento de alta resolução e sensibilidade para observar mudanças biológicas nos rios da Amazônia, capaz de rivalizar com os satélites-espiões que Estados Unidos e União Soviética tanto apreciam para bisbilhotar as armas secretas um do outro. "Será uma espécie de lente zoom no espaço", compara Batista. "O sensor tem resolução de 30 metros, igual ao do Landsat, mas suas bandas espectrais, divisões das faixas de luz, serão 192, contra sete do satélite americano e quatro do francês Spot", contabiliza o pesquisador. "Com ele vamos acompanhar a vazão dos rios, a quantidade de sedimentos depositados, a qualidade da água nos reservatórios e o impacto das barragens." Esse mesmo sensor poderá identificar minerais e tipos de solos, quantidade de plânctons nas zonas costeiras, impurezas na neve e o efeito da umidade e da poluição nas folhas. Haja pesquisadores para interpretar tamanha constelação de dados.
Outro instrumento, dotado de laser deve medir os movimentos da crosta terrestre -proporcionando, quem sabe, informações de vital importância a populações de áreas sujeitas a terremotos, como a Califórnia -, a cobertura da camada de gelo nos pólos e até a altura das ondas oceânicas. E um radar, enfim, fará o mapeamento das terras, mares e superfícies geladas mesmo nos dias nublados e durante a noite. Além de participarem do EOS, os países que já mandaram seus brinquedos ao espaço têm outros projetos em andamento para esta década. Um deles é o Topex/ Poseidon, um empreendimento conjunto dos Estados Unidos e da Agência Espacial Européia, que será lançado em dois anos. Como o nome sugere, o engenho deverá estudar os padrões de circulação dos oceanos e sua relação com as mudanças no clima terrestre.
O satélite americano Space Radar Observatory, por sua vez, com lançamento marcado também para 1992, será o primeiro a fazer um mapeamento completo do planeta por radar, o que certamente será a alegria dos geógrafos. Mais importante ainda, o aparelho medirá as taxas de dióxido de carbono da atmosfera que são o principal indicador do efeito estufa. Os japoneses devem lançar o Geotail, destinado a estudar a energia na magnetosfera, camada além da ionosfera que se estende até a faixa-limite do espaço interplanetário. Os soviéticos têm dois satélites programados para estudar a influência da energia solar no planeta, um tema que por sinal vem mobilizando especialmente os cientistas desde o ano passado devido à intensificação da atividade do Sol neste período.
Estudar a Terra certamente não provoca tanta excitação quanto o sonho de enviar missões tripuladas a outros planetas, mas os próprios cientistas que têm a cabeça em Marte ou mais longe ainda estão acordando para o imperativo de que consertar o planeta é prioritário à sobrevivência da humanidade. Como diz o astrofísico americano John Eddy, da Universidade do Colorado, um dos integrantes do Programa Internacional de Geosfera e Biosfera, "quando escreverem o livro da História do século XXI, as próximas gerações se perguntarão porque demoramos tanto até olhar para a nossa casa". Antes tarde do que nunca: justamente para recuperar o tempo perdido, o Ano Internacional do Espaço, marcado para 1992 a fim de coincidir com as comemorações dos quinhentos anos da descoberta da América, será dedicado à Missão ao Planeta Terra.

A cor do mar e o efeito estufa

Que será que os plânctons, microscópicos organismos da superfície dos oceanos, tem a ver com o equilíbrio climático da Terra? As imagens coloridas dos oceanos transmitidas pelo satélite Nimbus-7 de 1978 a 1986 dão uma pista e mostram de maneira exemplar o que os cientistas do Programa Internacional de Geosfera e Biosfera (IGBP) querem dizer quando falam em interação dos processos físicos, químicos e biológicos do sistema terrestre. Como os vegetais do solo, os plânctons contêm clorofila e outros pigmentos que absorvem a luz solar nas faixas azul, amarela e vermelha do espectro. Assim, existe uma relação entre as cores das camadas superiores do oceano, captadas pelos sensores do infravermelho do satélite, e a concentração de plânctons ali.
Os cientistas que estudam o clima terrestre, os climatologistas, não sabem ainda qual o volume de dióxido de carbono, emitido pela queima de combustíveis fósseis, que acaba absorvido pelos oceanos, mas calculam que seja significativo. Uma boa porcentagem desse gás, um dos principais causadores do efeito estufa, é usada biologicamente pelos plânctons na fotossíntese e portanto não contribui para o aquecimento da atmosfera. Esses organismos também são responsáveis pela absorção de nitrogênio e partículas de fósforo e ferro da atmosfera na síntese de proteínas. Quanto eles absorvem dessas substâncias é uma questão por responder. E a resposta pode fornecer uma indicação a mais sobre a quantas anda o ar do mundo.





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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Longa vida aos moços - Biologia


LONGA VIDA AOS MOÇOS - Biologia



O que significa ficar velho? Os estragos da idade são inevitáveis? A fonte da juventude existe? Começando a encontrar as respostas, os pesquisadores têm uma boa notícia a dar: longevidade é algo que se ganha desde cedo.

Será que alguém pode apagar 75 velinhas e ainda se considerar na meia idade? De certo ponto de vista, até que não seria muita pretensão, pois apenas com base no estoque de 10 bilhões de células nervosas que o cérebro possui ao nascer pode-se calcular que o organismo humano está programado para viver 150 anos. No entanto, feliz de quem consegue chegar com saúde à metade disso. Alimentação inadequada, estresse, sedentarismo, álcool, drogas, fumo: em vez de morrerem de 10 mil a 100 mil daquelas células por dia, o normal dos 30 anos em diante, influências ambientais podem multiplicar por dez a rapidez do envelhecimento. Tão ruim como viver de menos, se não pior, porém, é viver mal: a memória falha, a pele resseca, a estatura encolhe, a gordura aumenta, os músculos enfraquecem, os reflexos diminuem, os pulmões enrijecem o coração se cansa-e tudo tende a fazer da velhice o naufrágio de que falava o estadista francês Charles de Gaulle, que por sinal ainda estava no poder aos 78 anos e morreu dias antes, de completar 80.
Não é por acaso que as novas gerações de gerontologistas, como se chamam os doutores em envelhecimento, preferem dar mais vida aos anos do que simplesmente mais anos de vida, no jogo de palavras do professor Edward Schneider, da Universidade da Califórnia do Sul, nos Estados Unidos. Ali, como talvez em nenhum outro lugar, aprendeu-se a prorrogar a qualquer preço o tempo dos idosos. Na corrida pela vida, a preocupação com a longevidade deixou em segundo plano o interesse pela qualidade. É compreensível: adiar o desgaste do organismo é, afinal, um empreendimento complicado, não só porque os cientistas não têm controle sobre a vida que os homens levam, mas principalmente porque ninguém conhece tintim por tintim os comos e os porquês do envelhecimento. Ramo das ciências biológicas, a gerontologia é uma guapa quarentona, ou seja, uma criança, comparada com a pediatria, por exemplo.
No entanto, o que há de novo nessa área, uma enxurrada de experiências e descobertas fascinantes, é de entusiasmar velhos - e jovens. De fato, dessas descobertas nasce a certeza de que o jogo da longevidade começa a ser decidido já na adolescência. A multiplicação das pesquisas resulta de um surto inédito de interesse pelo assunto, motivado, sem dúvida, por existir cada vez mais gente idosa no planeta. No início do século, a expectativa de vida na média dos países industrializados oscilava em torno de 50 anos; hoje, quem nasce no Japão ou na Escandinávia, campeões mundiais de longevidade, tem toda chance de chegar a 85, ainda mais se for mulher. No Brasil, a esperança média se detém por volta dos 67 anos. Graças à elevação dos padrões de vida e às conquistas da Medicina, nunca antes a proporção de velhos no conjunto da população foi tão grande como deverá ser já nas primeiras décadas do próximo século - com conseqüências sociais e econômicas que apenas se comece a imaginar.
Em compensação, a Terra nunca hospedou tantos doentes crônicos, como chama a atenção o professor Luiz Roberto Ramos, da Escola Paulista de Medicina, 36 anos, que coordena para a Organização Pan- Americana de Saúde uma pesquisa sobre idosos brasileiros. "Nosso desafio é evitar os problemas de saúde na terceira idade, quando a capacidade funcional do organismo gradualmente se esgota", afirma. "Se vivêssemos 150 anos, morreríamos todos de diabete, porque já- não restariam no pâncreas células ainda aptas a produzir o hormônio insulina necessário à metabolização do açúcar." O envelhecimento, nesse conceito, é portanto um processo que caminha a passos microscópicos, na medida em que célula após célula vai deixando de cumprir sua função.
Como muitos de seus pares, Ramos acredita que cada espécie tem uma duração máxima de vida, programada por um calendário biológico que passa dos pais para os filhos. No homem, convencionou-se estabelecer esse teto teórico em 120 anos. O recorde de longevidade - 117 anos bem contados- pertence a um cidadão japonês, falecido na década de 80. Um estudo recente veio reforçar a teoria genética do envelhecimento. Ao estudar o câncer em cobaias, pesquisadores americanos e japoneses localizaram recentemente a moradia do gerontogene-o gene responsável pelo processo de senescência, como dizem os cientistas. Ele residiria no primeiro dos 23 pares de cromossomos existentes no homem. O cromossomo número 1 ou está ausente ou está alterado nas células dos tumores. Estas podem ser consideradas imortais, pois não param de se multiplicar. Os geneticistas concluíram que o cromossomo 1 é o encarregado de frear essa reprodução, como ocorre na velhice, quando as células demoram cada vez mais para se renovar.
Cada órgão, na realidade, tem idade própria para começar a render menos. O primeiro é o cérebro. "Do mesmo modo como nos transformamos de crianças em adolescentes e de adolescentes em adultos, a velhice é mais uma metamorfose", compara o geriatra Wilson Jacob, do Hospital das Clínicas, em São Paulo. Nenhuma outra etapa da existência humana, contudo, é tão cercada de mal-entendidos e crenças equivocadas. Para evitar confusões ainda maiores, os cientistas distinguem entre senilidade, o envelhecimento fisiológico normal e senescência, a velhice acompanhada de doenças crônicas, como artrite, hipertensão, diabete, má digestão, insuficiência renal, desidratação.
A princípio programado pelos gerontogenes para se tornar senil, como uma forma de obsolescência planejada, o organismo é empurrado por incontáveis fatores ambientais para o vale de lágrimas da senescência. "Influi até a temperatura do lugar onde vivemos", exemplifica Jacob. Uma pesquisa com moscas drosófilas mostrou que, mantidas a uma temperatura de 18 graus, elas viviam o dobro do que outras, a 30. Mas o homem não deve se encantar com a idéia de que o frio possa congelar o fluir do tempo. "Para os seres humanos, tudo indica que não são as temperaturas altas que envelhecem, mas as mudanças bruscas de clima", indica Jacob, apoiando- se em estatísticas de diversas partes do mundo. "O aquece-esfria constante parece aumentar a incidência das doenças típicas da velhice."
Esses problemas de saúde só mostram a sua face na terceira idade, a partir dos 60 anos. Na última década, surgiu o conceito de que para ser um idoso sadio é preciso ter tido até mesmo uma infância sadia. Médicos japoneses encontraram nos vasos sangüíneos de garotos de 10 anos de idade uma finíssima estria de gordura, possível embrião da aterosclerose - a formação de placas eventualmente fatais nas artérias -, cujos sintomas se manifestam somente quando metade da passagem para o sangue já está obstruída. É como se o organismo esperasse a velhice para acender o estopim de uma bomba armada ao longo de quase toda uma vida. A única exceção é o câncer, que não é uma doença lenta, mas aparece com maior probabilidade no idoso porque seu sistema imunológico é menos eficiente
De fato, no decorrer da vida, não é impossível que uma pessoa tenha tido milhares de cânceres sem jamais ficar sabendo. Isso porque em cada caso o sistema imunológico eliminou a célula doente em menos tempo do que se leva para dizer oncologia. Os tumores, portanto, só aparecem quando existe uma falha nessa segurança, por escassez de guardas em serviço, como acontece no idoso. Daí porque os cientistas concordam em que a senescência é uma forma abrandada de AIDS - vulnerável, o sistema imunológico já não se livra das fontes de infecção. Mas, se alguém quiser assistir a uma discussão interminável basta convidar dois gerontologistas para explicar por que as células ativas diminuem com a idade. Atualmente, a maioria dos cientistas têm fortes suspeitas de que tudo seja conseqüência da ação nefasta dos chamados radicais livres, moléculas pouco maiores do que um átomo, subprodutos do processo respiratório pelo qual o organismo queima oxigênio para obter energia.
Logo que são liberados nas células, reagem com a primeira molécula que encontram pela frente, formando ligações verdadeiramente perigosas, a ponto de poderem provocar mutações nos genes. Quando um radical livre se combina com o colesterol, por exemplo, a molécula dessa gordura, que navegava diluída no sangue, se solidifica, pronta a se depositar nas artérias. Pior é o efeito dos radicais quando se chocam com as células, alterando a permeabilidade de suas membranas. "A célula perde o controle do que entra ou sai dela e acaba morrendo, ou por deixar escapar moléculas vitais ou por inchar de substâncias tóxicas", descreve o geriatra israelense Efrain Olszewer, há dez anos no Brasil. Olszewer, que dispara palavras feito um adolescente entusiasmado, mas aparenta ser mais velho que seus 35 anos, é um ardoroso partidário da teoria dos radicais livres como explicação para o envelhecimento.
Ele cita um estudo realizado há cinco anos em um laboratório americano. A experiência mostrou que permaneciam mais tempo jovens aquelas cobaias cujos organismos produziam maior quantidade de enzimas capazes de bloquear os tais radicais. Sim, porque o mesmo organismo que produz o veneno pode igualmente oferecer o antídoto: se uma célula libera até mil radicais livres por dia, também fabrica substâncias, chamadas antioxidantes, que reagem com aquelas moléculas antes que saiam fazendo o estrago de praxe. A má notícia é que esses antioxidantes, assim como ocorre com as células em geral, tornam-se escassos à medida que os anos passam. Olszewer compara o processo à história do ovo e da galinha: "É difícil saber se o excesso de radicais livres, na velhice, é causado pela ausência de enzimas bloqueadoras ou se a ausência de enzimas resulta do fato de os radicais livres terem aniquilado dentro das células as estruturas que as produzem".
Outra teoria bastante aceita para explicar o envelhecimento é a das chamadas reações cruzadas. Uma proteína é formada por centenas de moléculas, os aminoácidos, dispostas em ordem determinada pelos genes como as contas de um colar. Mas, de vez em quando, os genes erram o comando e o resultado é uma reação cruzada: a receita embaralhada de duas ou mais substâncias faz a célula fabricar uma proteína de que não necessita e que só pode atrapalhar a rotina normal no organismo. O sistema imunológico costuma reparar o erro, enviando células macrófagas que literalmente engolem as companheiras cuja linha de montagem está defeituosa. Mas a situação desanda quando diminuem os efetivos do exército de macrófagas. Os cientistas já perceberam que, ao funcionar como uma espécie de cola entre as moléculas, o açúcar dos alimentos facilita as reações cruzadas. Mas não há prova de que restringir o seu consumo faça alguma diferença.
Para ver a quantas anda a longevidade de um paciente, o geriatra Olszewer utiliza um microscópio comum com um dispositivo que amplia a imagem de uma gota de sangue em vídeo. Só assim é possível enxergar com nitidez a quantidade de pontinhos brancos, os radicais livres. Há receitas para combatê-los, como ingerir vitamina C, cujas moléculas seriam igualmente capazes de bloqueá-los. O campeão da idéia de consumir grandes doses da vitamina é o bioquímico americano Linus Pauling, 89 anos completados em fevereiro último, duas vezes Prêmio Nobel. No entanto, o envelhecimento em si é inevitável e tudo a que a Medicina aspira é torná-lo tão agradável como pode ser qualquer outra fase da vida. A grande maioria dos gerontologistas exclui de seu léxico a palavra rejuvenescimento por designar algo impossível. Mesmo assim, clínicas luxuosas oferecem tratamentos que prometem apagar os sinais da idade como se passassem uma borracha nos vincos da pele.
Nenhuma terapia causa tanta polêmica como a desenvolvida na década de 50 pela geriatra romena Ana Aslan, falecida aos 91 anos em 1988. Ela descobriu por acaso os efeitos alegadamente rejuvenescedores da procaína, um anestésico leve. Segundo a médica, aumentando a capacidade da célula absorver oxigênio, a procaína teria poderes de mexer com os ponteiros da idade. Experiências realizadas mais tarde concluíram porém que a procaína seria apenas um bom antidepressivo, daí o alto astral dos pacientes da doutora Aslan. "Acontece que as experiências foram realizadas com procaína pura e não com o extrato criado por ela, ao qual se acrescentam outras substâncias capazes de potencializar a sua ação", retruca o geriatra paraibano Eduardo Gomes de Azevedo, 38 anos, que estagiou durante dois anos com a doutora Aslan e hoje cuida de manter a vitalidade de pacientes ilustres, como o rei do futebol Pelé, 50 anos, a jornalista Marília Gabriela, 41, o governador gaúcho Pedro Simon, 60, e a cantora Elba Ramalho, 38.
Com seu jeito agitado, Azevedo adverte que nenhum tratamento para evitar a senescência dará certo se as pessoas não lutarem contra o estresse. O cardiologista carioca Sérgio Vaisman, que há sete anos trabalha com prevenção de doenças crônicas em São Paulo, concorda à sua maneira: "Uma vida agitada em excesso no período da infância à juventude provoca males irrecuperáveis mais tarde". Uma de suas maiores preocupações é explicar como a ginástica que se faz hoje causa benefícios amanhã: "Está provado que o organismo sedentário acumula mais radicais livres", justifica. Mas Vaisman tem poucas oportunidades de dar esse tipo de conselho. "As pessoas não entendem que podem prevenir bem cedo a maioria dos males comuns à terceira idade", lamenta. "Acreditam que o envelhecimento só começa quando pode ser visto no espelho "

Explosão da terceira idade

O brasileiro que nascesse no início da Segunda Guerra Mundial teria uma expectativa de vida de 39 anos; hoje, meio século depois, essa expectativa já supera 65 anos, embora sejam grandes as disparidades regionais. Como nesse período a taxa de fecundidade no país caiu cerca de 40 por cento, não cessa de aumentar a proporção de idosos no conjunto da população. O grande salto vai se dar neste decênio: no ano 2000, doze em cada cem brasileiros terão 60 anos ou mais-o dobro da proporção atual. A mudança no desenho da pirâmide demográfica, como se chama a forma pela qual uma população se distribui por grupos de idade, é muito mais nítida no Primeiro Mundo. De cada cem europeus que festejarem o advento do século XXI, 36 estarão na terceira idade. O lado complicado desses números todos é que a cada ano menos gente deve sustentar mais gente - sem esquecer que o idoso gasta três vezes mais do que o jovem, por causa das salgadas despesas com saúde e cuidados em geral. Dos mais de 25,5 milhões de velhos americanos (11 por cento da população), 6 milhões precisam de acompanhamento médico permanente. A discussão sobre quem deve pagar e como a conta da velhice prolongada vai longe e requer aritméticas criativas. No Japão, por exemplo, sexagenários aposentados já recebem convites para voltar à ativa de alguma forma. Os brasileiros que se preparem.

Idéias caducas

Muito do que se fala sobre o idoso ou do que se receita para rejuvenescer não passa de velhas crendices. Aposente esses mitos:
Pessoas idosas devem comer bastante para manter a saúde
É certo que a falta de apetite crônica leva à desnutrição. Mas, desde que se suplemente a dieta com vitaminas e sais minerais, os gerontólogos asseguram que o idoso pode viver melhor se cortar até um terço das calorias das refeições. Experiências com cobaias comprovam que quanto mais calorias o organismo recebe, mais tende a produzir os maléficos radicais livres que prejudicam o sistema imunológico - e isso ocorre em pessoas jovens também.
Todo velho é desmemoriado
Os idosos de fato levam mais tempo para fixar informações novas. Isso não significa porém que não consigam gravar, por exemplo, um número de telefone, desde que o repitam algumas vezes, como, por sinal, gente mais jovem também faz. E, no caso de lembranças mais antigas, simplesmente não há problema.
A velhice, na mulher, começa a partir da menopausa
A menopausa marca apenas o envelhecimento do aparelho reprodutor feminino, que por falta de hormônios perde a fertilidade da juventude. Mas o organismo como um todo, tanto nas mulheres como nos homens, começa a envelhecer muito antes, pelo cérebro.
Os homens demoram mais do que mulheres a aparentar a idade
As aparências enganam apenas os olhares desatentos, pois em geral no organismo masculino os músculos começam a ser gradualmente substituídos por gordura a partir dos 35 anos; nas mulheres, isso só costuma acontecer depois da menopausa, que raramente ocorre antes dos 45 anos de idade.
A idade biológica corresponde à idade cronológica
Nem sempre. Duas pessoas nascidas na mesma época podem ser comparadas a carros fabricados no mesmo ano: aquele que foi bem cuidado pelo proprietário terá um desempenho muito melhor do que aquele que sofreu acidentes e não passou por uma boa revisão. Assim, alguém cuja cédula de identidade revele 40 anos pode perfeitamente bem sentir-se como se tivesse 30 - ou vice-versa.
O interesse sexual diminui ou desaparece com a idade
A afirmação não tem fundamento biológico, mesmo no caso dos homens que com o passar dos anos perdem parcialmente a ereção. A diminuição ou a ausência do desejo sexual tem a ver, isso sim, com dificuldades psicológicas muitas vezes resultantes de convenções sociais.

Tudo começa na cabeça

Cada órgão tem um tempo certo para envelhecer.
Por volta dos 25 anos a pele começa a perder água. A partir dos 30 desaparecem gradativamente as fibras de colágeno, que prendem as suas células. Em conseqüência, o tecido perde elasticidade, enrugando-se. A partir dos 40 anos, começa a afinar, esticando: grande demais para o corpo cede à gravidade e pende, depois dos 50.
As células cerebrais, os neurônios, começam a morrer perto dos 30 anos e o processo não pára. Resultado: aos 80 anos o cérebro pesa quase 10 por cento menos. A irrigação sangüínea diminui e os neurônios trocam mensagens mais devagar. Como as informações requerem mais tempo para serem fixadas, maior a dificuldade de recordar fatos recentes.
Até os 50 anos, cada milímetro da língua possui 245 receptores nervosos do paladar. Depois eles vão desaparecendo, até que aos 70 anos não restam mais de 80 receptores por milímetro.
A partir dos 40 anos, enfraquecida pela perda de moléculas de cálcio que ocorre no esqueleto inteiro, as vértebras se aproximam cedendo à gravidade: aos 50 anos a estatura diminui em média 0,5 centímetro e aos 70 o idoso já esta cerca de 2 centímetros mais baixo. A perda de cálcio é mais acentuada nas mulheres após os 50 anos por causa da deficiência hormonal.
Por causa da perda de células a partir dos 30 anos, os rins se atrofiam e aos 50 anos já perderam 30 por cento do peso. Por isso, o sangue demora mais a ser filtrado, a produção de urina diminui e ela pode se tornar menos densa - daí o risco maior de intoxicações em idosos.
Depois dos 35 anos, a atividade do organismo torna-se cada vez mais lenta, por alterações nas glândulas, o que afeta a produção de hormônios.
Aos 30 anos, numa pessoa com 80 quilos, cerca de 30 correspondem aos músculos. Nas quatro décadas seguintes a musculatura perde aproximadamente 5 quilos, por causa da morte de fibras. Aos 65, a força muscular está limitada a 75 por cento.
As lentes endurecem ao longo da vida, mas a dificuldade de focalizar objetos só costuma aparecer a partir dos 45 anos- amareladas pelo tempo, as lentes impedem que, a partir dos 60, se distingam tons entre o azul a o verde.
Entre 35 e 40 anos, a elasticidade diminui, o que torna mais difícil expirar e, portanto, eliminar todo o gás carbônico. Aos 80 anos assim, a capacidade respiratória cai pela metade.
Entre 30 e 35 anos, as fibras e válvulas do coração enrijecem, dificultando os batimentos que, em conseqüência, diminuem. Em situação de esforço físico, o coração jovem bate cerca de 200 vezes por minuto. aos 40 anos, 182 vezes aos 50, 171: aos 60, 59. Por causa da obstrução gradativa das artérias, a chance de infarto dos 50 anos em diante é duzentas vezes maior.
Entre 45 e 50 anos, as mucosas que revestem o estômago e os intestinos se ressecam, o que diminui a produção de sucos digestivos e a absorção de sais minerais: a digestão, a partir dai, torna-se mais lenta.

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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Expressão Corporal - Natureza


EXPRESSÃO CORPORAL - Natureza



A abelha tem um código próprio para dizer às companheiras que achou alimento, onde ele está e se é pouco ou muito: a dança. Os estudiosos estão admirados com essa linguagem.

Quando, em 1973, o zoólogo alemão Karl von Frisch, da Universidade de Munique, recebeu o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia por haver desvendado uma nova forma de comunicação no mundo animal, graças a pesquisas iniciadas em 1920 sobre a vida das abelhas, os cientistas passaram a encarar a abelha doméstica (Apis mellifera) não só como produtora de mel, mas importante fonte de material para a então recém nascida Etologia, a ciência que estuda o comportamento dos animais. Frisch, falecido em 1982, dedicou mais de cinqüenta dos seus 96 anos ao estudo das abelhas, de sua linguagem e métodos de orientação, tendo revelado ao mundo como elas se valem da dança para informar às companheiras a localização, distância e qualidade do alimento que encontram.
A melífera é sem dúvida alguma a espécie de abelha mais conhecida. A subespécie adansonii, a famosa abelha- africana, tem sido tratada com sensacionalismo em filmes e reportagens. Exageros à parte, ela realmente sabe se defender bastante bem. Esse atributo, aliado a sua estrutura social e a uma desenvolvida forma de linguagem, a torna muito adaptada a seu ambiente original assim como a outros onde o homem a introduziu. As abelhas (Apoidea) formam um grupo de organismos com aproximadamente 20 mil espécies, algumas das quais vivem em sociedades organizadas hierarquicamente, como certas formigas e cupins.
Esse tipo de organização social divide os membros da colônia conforme a função que exercem. No caso da melífera existem três categorias, a rainha, o zangão e as operárias. A rainha é responsável principalmente por duas funções, a reprodutora, colocando em média de 2 mil a 3 mil ovos por dia, e a de agregação da colônia. A rainha mantém a colônia coesa por odores - substâncias químicas produzidas por ela e disseminadas pelas operárias a toda a população do reino. O zangão tem somente a função reprodutora, sendo inútil para qualquer outra atividade. As operárias (de 50 mil a 80 mil indivíduos em cada colméia) dividem, conforme a idade, um número bastante grande de atividades - cuidar da cria, construir e limpar os favos, receber e buscar néctar e pólen, remover o lixo, guardar a colméia.
O propósito principal de Frisch era observar a atividade das operárias, já que são elas as dançarinas. Ele tentou associar esse comportamento à busca de alimento. Montou colméias com poucos favos, fechados por vidros nas laterais, para observar o movimento das abelhas. Ao redor, em leque e em diferentes ângulos em relação à saída da colméia, colocou vários alimentadores contendo xaropes de açúcar onde as abelhas pudessem buscar comida. Num dos alimentadores próximos à colméia marcaram-se algumas abelhas para ver o que faziam ao voltar à colônia com o alimento coletado. Montado o aparato do experimento e iniciada a observação, revelaram-se as mais surpreendentes descobertas. As abelhas marcadas dançavam na superfície do favo e assim comunicavam precisamente às outras abelhas a direção e a distância da fonte de alimento, sua quantidade e odor. Dançando num favo vertical e no escuro, as abelhas têm noção da posição do Sol e da direção a ser seguida para buscar o alimento lá fora, no plano horizontal. As melíferas transmitem essas informações basicamente por meio de dois tipos de dança: em círculo, para indicar distâncias curtas (por volta de 25 metros) e em forma de 8, a chamada "dança do requebrado", para distâncias além de 100 metros. Na União Soviética, um pesquisador observou que, quanto mais longe a fonte de alimento, mais duradoura a dança do requebrado a cargo da operária campeira, como é chamada a abelha cuja função é buscar néctar, pólen, resina e água fora da colônia. A distância é avaliada pelo gasto de energia durante o vôo, medido pela quantidade de açúcar que ela consome.
Um pesquisador treinou abelhas a andar dentro de tubos para obter alimento. Se a distância entre a colméia e o alimentador fosse de 3 a 4 metros, as abelhas dançavam como se tivessem voado de 50 a 100 metros. Mais tarde, outro grupo de pesquisadores verificou que o gasto de energia para uma abelha caminhar 3 metros equivalia a um vôo de 55 metros Quando a operária campeira chega à colméia, procedente de uma farta fonte de alimento, fornece uma gota de alimento a outras operárias. Isso para que a acompanhem na dança pela qual ela informará onde encontrou a comida. As operárias acompanham-na, procurando estar sempre em contato tátil com a dançarina, pelas antenas e corpo a corpo. No interior da colméia é como se houvesse uma linha imaginária, num fio de prumo vertical ao solo, que representaria a direção colméia-Sol. A partir dessa linha imaginária a dançarina indica a direção a ser tomada. Por exemplo, se a fonte de alimento estiver na direção do Sol a partir da saída da colméia, ela fará a dança do 8 virada para cima do favo. Se a fonte de alimento estiver 60 graus à direita do Sol, ela dançará rigorosamente a 60 graus desse fio de prumo. Foi também Frisch quem descobriu que, à medida que o Sol se movimenta, a abelha corrige o ângulo mediante novas danças em outras direções, sempre conforme a posição do Sol. As melíferas são capazes de ver o Sol mesmo em dias muito nublados, em virtude de sua sensibilidade à luz ultravioleta que atravessa as nuvens. A comunicação pela dança se tornou tão aperfeiçoada que, mesmo depois do anoitecer, as abelhas sabem a posição do Sol com alguma precisão. A quantidade de alimento é indicada pelas campeiras por sua empolgação durante a dança. Ou seja, quanto maior a oferta de comida, mais ela requebra ao traçar em ziguezagues o desenho do número 8 na superfície do favo. Essa dança pode ser observada tanto nas melíferas européias quanto nas africanas.
Um estudo comparativo entre duas subespécies, a cárnica e a italiana, revelou que seus membros não só se comunicavam pela dança, como tinham dialetos, por assim dizer. Além da dança em círculo e do requebrado, a italiana pratica ainda uma forma intermediária, a chamada dança em foice, para localizar alimentos entre 15 e 100 metros. A Apis florea faz ninhos dependurados em galhos sobre os quais as operárias dançam no plano horizontal, pois precisam ver o Sol para indicar a fonte de alimento. A Apis dorsata consegue transpor a informação para o plano vertical, mas ainda necessita enxergar o Sol enquanto dança. Só as melíferas são capazes de transpor a informação horizontal para a vertical e memorizar a posição do Sol, executando a dança no escuro. Isso lhes permite instalar colônias em locais mais protegidos.
As melíferas também se utilizam da dança durante a enxameagem, o processo pelo qual as colméias se reproduzem. Consiste basicamente na formação de uma colônia a partir de algumas operárias que acompanharão a rainha para construir um novo lar. Enquanto isso, na colônia velha estará nascendo uma nova rainha. Durante o vôo migratório, o enxame pára em alguns pontos e algumas campeiras saem em busca do lugar ideal.
Quando voltam, dançam da mesma maneira. Se duas abelhas estiverem dançando próximas uma da outra mostrando lugares diferentes, a que estiver dançando menos intensamente partirá em busca de um ponto ainda melhor. Quando todas as campeiras indicam o mesmo lugar, portanto, o melhor de todos, o enxame então se desloca para ali, onde irá construir a nova moradia.
Outras maneiras de comunicação - químicas, táteis e sonoras - que poderia haver entre as melíferas também foram pesquisadas. A tal ponto que, num congresso internacional de apicultura, em Maryland, Estados Unidos, em 1967, o cientista Denis L. Johnson entre outros, criticou as descobertas de Frisch, por falta de controle em alguns experimentos, tornando inconsistente a hipótese da dança. Ao repetir o experimento de Frisch com algumas modificações, Johnson chegou a resultados que não apoiavam as teorias do alemão. Segundo os americanos, as melíferas indicam sua fonte de alimento por sinais químicos como também por sons. Johnson afirmou que na busca de determinada fonte de alimento bastava o contato com uma campeira recém-chegada. bem-sucedida, para que as outras achassem o alimento.
A polêmica estimulou um grupo de pesquisadores brasileiros a investigar o assunto. Foram coordenados pelo zoólogo Warwick Kerr, então pertencente ao Departamento de Genética da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, no interior paulista, atualmente lecionando no Departamento de Biociências da Universidade Federal de Uberlândia. O professor Lionel Gonçalves, da equipe de Kerr, passou a checar as duas hipóteses mediante onze experimentos. Concluiu que 67 por cento da informação que as abelhas obtêm se origina do cheiro da fonte de alimento e 33 por cento vem da dança. Isso não significa que a linguagem da dança seja menos importante. Pois, embora menor em porcentagem, a dança indica com maior precisão do que o cheiro o rumo a ser seguido até o alimento e a sua distância da colméia. De certa forma, é como se o homem transmitisse mais informações gesticulando do que falando. Mas as palavras designam as coisas com maior exatidão. Essa característica representa um grande feito adaptativo e confere às melíferas, que existem há mais de 30 milhões de anos, uma vantagem de peso na competição com outras espécies. Investigando algumas dessas espécies, o professor Kerr e seu colega Ronald Ribbands, do Departamento de Abelhas da Estação Experimental de Rothamsted, na Inglaterra, concluíram que a comunicação pelo cheiro é também um método eficiente. Segundo Kerr, diversas abelhas sem ferrão possuem como único sistema de orientação o cheiro da fonte de alimento e as substâncias químicas que deixam pelo caminho, formando uma trilha.
Algumas das abelhas sem ferrão, conhecidas como mandaçaias, comunicam a distância em que se encontra o alimento por sons diferentes: à medida que se aproximam (ou se afastam) da comida, o som que emitem se modifica, tornando-se mais ou menos intenso. Então Kerr concluiu que tanto as melíferas como as mandaçaias utilizam o mesmo sistema para indicar a distância, o som, mas que cada uma possui sistemas próprios de orientação. As pesquisas nesse campo estão longe de se esgotar. Atualmente, o cientista americano Mark W. Moffet tenta desvendar os detalhes da comunicação pela dança. Ele projetou um robozinho do tamanho de uma abelha. Ligado a um computador que imita as danças executadas, esse simulador mecânico emite sons e ainda fornece gotas de xarope de açúcar para que as operárias o acompanhem na dança.

A longa viagem das africanas

Na década de 50, o zoólogo Warwick Kerr provocou em Rio Claro, no interior paulista. cruzamentos entre abelhas-européias já criadas no Brasil e abelhas-africanas enviadas de além- mar. A intenção era boa, pois, apesar da maior agressividade da africana, ela tinha se mostrado muito mais produtiva do que a outra, podendo proporcionar lucros aos apicultores. As novas colméias foram mantidas em uma área reservada, podendo suas habitantes visitar as flores próximas e os alimentadores com xarope de açúcar, colocados por perto para que as colônias não se enfraquecessem. Para evitar o cruzamento desordenado entre colônias de européias e africanas, a enxameagem sem controle, colocou-se em frente à saída das colméias uma tela cujos orifícios impediam a passagem da rainha e dos zangões, embora permitissem o trânsito das operárias em busca do alimento.
Certa vez, porém, um encarregado da manutenção das colônias deixou de recolocar essas telinhas. Resultado: algumas dessas colônias formaram enxames com novas rainhas que abandonaram as colméias experimentais. O grupo, inicialmente com cerca de trinta enxames, conseguiu se multiplicar ao longo do tempo e assim a abelha-africana foi migrando rumo ao norte à velocidade de 200 a 300 quilômetros por ano. A partir do núcleo de Rio Claro, espalhou- se pela América do Sul e América Central, tendo se aproximado da fronteira sul dos Estados Unidos. No México existem atualmente dois centros que funcionam como barreira a essa migração.
São núcleos de abelhas-européias junto às quais as africanas param obrigatoriamente. Isso as fará cruzar com aquela subespécie, criando um híbrido menos assustador . A abelha- africana, por sinal, embora possa representar um perigo em potencial não é um monstro: sua agressividade tem sido pintada com tintas talvez carregadas demais. No Brasil ela representa um duplo benefício para os apicultores, pois as colônias híbridas africanizadas, além de muito produtivas, ao absorver a agressividade das Apis africanas, diminuem o índice de roubos nos apiários.





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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Castigo do Céu - Chuva Ácida



CASTIGO DO CÉU - Chuva Ácida



A chuva ácida faz cair sobre o homem a poluição que ele mesmo lança ao ar. As gotas contaminadas estão envenenando florestas e lagos, corroem monumentos e podem fazer mal à saúde.

Há três meses, setecentos cientistas de mais de trinta países reuniram-se em Hilton Head, na Carolina do Sul, Estados Unidos, para discutir um problema que está literalmente caindo sobre a cabeça de todos: a chuva. Não bastasse provocar um rombo na camada de ozônio da alta atmosfera e ameaçar o planeta de superaquecimento, a poluição, nas suas diversas modalidades, também envenena a chuva - algo tão benfazejo e essencial à vida como o próprio ar. Em conseqüência, 10 mil lagos na Suécia estão praticamente mortos. Na Noruega, outros 2 mil perderam seus peixes. Na Alemanha Ocidental, 35 por cento das florestas estão doentes. O Taj Mahal, um dos mais belos monumentos hindus, está perdendo a sua imaculada cor branca. E na Península de Yucatán, ao sul do México, a chuva está rapidamente destruindo obras da civilização maia, que floresceu ali pelo menos 1500 anos antes da chegada do homem branco.
No Brasil, a poluição da chuva quase não é estudada. Isso não quer dizer que os aguaceiros que aqui desabam sejam sempre limpos. Há quatro anos, pesquisadores da Universidade Federal Fluminense constataram que a vegetação da Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro, estava sendo afetada pela sujeira da chuva. Outros estudos, estes realizados pela Universidade Federal de Viçosa, mostraram que a flora do Parque Florestal do Rio Doce, nas proximidades do Vale do Aço, em Minas Gerais, também teria sido atingida. Apesar disso, o químico Cláudio Alonso, da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), que controla a poluição do ar em São Paulo, afirma que "o problema não tem a gravidade que adquiriu em outros países".
Como sempre, em todos os lugares onde a chuva está servindo de meio de transporte para a poluição, os vilões da história são as indústrias e os veículos que despejam no ar, todo santo dia, toneladas de dióxido de enxofre e óxidos de nitrogênio. Esses gases reagem com o vapor de água e outros compostos químicos da atmosfera para formar os perigosos ácido sulfúrico (H2SO4) e ácido nítrico (HNO3). Nem por isso se deve entrar em pânico quando um toró nos apanha desprevenidos sem guarda- chuva - o risco maior ainda é ficar resfriado. "Ninguém vai sentir picadas na pele ou ficar com a roupa corroída por causa da poluição", brinca Cláudio Alonso, da Cetesb. "O problema da chuva ácida é a degradação do meio ambiente a longo prazo."
Além de poluir rios e lagos e acabar com a flora e a fauna aquática, a chuva ácida se infiltra no solo liberando certos metais potencialmente tóxicos, como alumínio, chumbo e cádmio. Estes podem se introduzir na cadeia alimentar através das plantas e acabar prejudicando a saúde do homem. Segundo o médico Paulo Saldiva, do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Universidade de São Paulo, "a presença de gotículas ácidas na atmosfera talvez represente um risco para a saúde de asmáticos, pessoas com infecções pulmonares, crianças e velhos".
Ao contrário do que se imagina, mesmo nos locais mais limpos, como o Ártico, a água da chuva é levemente ácida, ou seja, tem pH 5,6. O pH mede o teor de íons positivos de hidrogênio de uma solução. (Por uma convenção, pH designa o inverso do logaritmo da concentração desses íons.) Explica o professor Ivano Gutz, do Instituto de Química da USP, que a tabela do pH vai de zero a catorze: "Quanto maior for a concentração daqueles íons, menor será o pH logo, mais ácida a chuva". Em várias cidades do oeste da Europa e do leste dos Estados Unidos, a chuva chegou a ter pH entre 2 e 3, ou seja, entre o do vinagre e o do suco de limão. A diferença é maior do que parece: uma chuva com pH3 contém dez vezes mais hidrogênio do que outra com pH 4 e cem vezes mais do que outra com pH 5. Gutz, porém, explica que o conceito de chuva ácida vai mais além: "A acidez é a ponta do iceberg. Como a manifestação mais óbvia de que a chuva está poluída é o baixo pH, adota-se o nome chuva ácida para qualquer precipitação com alto teor de poluentes".
Nesses últimos anos, quando o homem parece acordar para os estragos que vem causando à natureza, a chuva ácida costuma ser citada - até com certo exagero - como uma espécie de holocausto ecológico recente em forma líquida. Mas a ameaça é quase tão antiga quanto a própria Revolução Industrial. A expressão foi usada originalmente no século passado, mais precisamente em 1872, quando o químico inglês Robert Argus Smith analisou a qualidade do ar da cidade de Manchester. No seu livro Air and rain: the beginnings of a chemical climatology (Ar e chuva: os inícios de uma climatologia química), Smith estabelece pela primeira vez uma ligação entre o pH da chuva e a combustão do carvão naquele centro industrial. Quase meio século depois, o biólogo norueguês Knut Dahl reconhecia a relação entre a acidez das chuvas e a morte de plantas e peixes em vários lagos de seu país.
Os lagos saudáveis em toda a Escandinávia, aqueles dos cartões-postais, teriam um pH em torno de 7,0. Em muitos deles, esse valor baixou para 5,0. A acidez matou algas, plânctons e insetos. Sem esta vida microscópica, as águas adquiriram uma transparência não natural. Depois, à medida que o pH baixava, desapareceram os peixes, em especial salmões e trutas. Enfim, os pássaros, sem ter o que comer, também sumiram. Na primeira Conferência Mundial do Meio Ambiente, realizada em Estocolmo, em 1972 (a próxima, por sinal, será no Brasil, em 1992), os suecos deram o alerta. Se a guerra química do homem contra a natureza continuasse, em cinqüenta anos, calcularam eles, metade dos lagos de seu país estariam mortos. Por ironia da sorte - ou mais exatamente devido ao complexo mecanismo do clima no planeta -, suecos e noruegueses estavam arcando com um desastre armado a bons mil quilômetros de distância, na nevoenta e industrializada Inglaterra.
As correntes de ar que se deslocavam do oceano para o continente carregavam a maior parte dos 5 milhões de toneladas anuais de dióxido de enxofre expelidas pelas centrais elétricas movidas a carvão das Ilhas Britânicas. Quando alcança o sul da Noruega e o sudoeste da Suécia, a mistura poluída se precipita sob a forma de chuva. Calcula- se que algumas regiões da Suécia chegaram a ser contempladas todo ano com um presente de grego: 2 gramas de ácido sulfúrico por metro quadrado de chão. A Península Escandinava não foi a única premiada. As emissões de dióxido de enxofre na Europa na última década foram estimadas em 70 milhões de toneladas anuais. Esses gases não respeitaram fronteiras: Alemanha Ocidental, França, Checoslováquia, União Soviética, Itália e Espanha tiveram sua cota de participação no involuntário comércio internacional de poluição. No Brasil, a termelétrica de Candiota, em Bagé, Rio Grande do Sul, por queimar carvão de má qualidade, acidifica as chuvas que caem no Uruguai. Paradoxalmente, até as medidas antipoluentes adotadas na década de 70 contribuíram para o mercado exportador da chuva ácida. Foi o que aconteceu, por exemplo, no Parque Nacional de Adirondack, uma extensa área verde no nordeste dos Estados Unidos com montanhas e lagos aprazíveis, protegidos por uma rigorosa legislação de defesa do meio ambiente. Ninguém imaginaria que naquele paraíso terrestre houvesse qualquer sinal de poluição. Mas em 1976 constatou-se que os peixes de mais da metade dos lagos de Adirondack haviam desaparecido. De onde veio o veneno que teria acabado com eles? O autor do crime estava a cerca de 800 quilômetros do Parque. Trata-se do complexo siderúrgico de Sudbury, em Ontário, no Canadá.
Para impedir que a poluição prejudicasse as áreas vizinhas, em Sudbury as chaminés têm descomunais 400 metros de altura. Lançados às camadas mais altas da atmosfera, os gases venenosos são levados pelo ventos que sopram para o leste até encontrar a barreira dos Montes Apalaches e se precipitar como chuva ácida em pleno parque. Os americanos se queixaram, mas não puderam fazer papel de vítima inocente. Segundo as últimas pesquisas, o Canadá recebe dos Estados Unidos quatro vezes mais dióxido de enxofre e onze vezes mais óxido de nitrogênio do que envia para esse país.
As florestas da América do Norte não foram afetadas pela chuva ácida. Mas, na Europa, os efeitos parecem devastadores. Na Alemanha Ocidental, Suíça, França e Áustria, as árvores estão doentes, talvez porque o solo ou o tipo de vegetação seja especialmente vulnerável à acidez. Na Alemanha, uma paisagem desoladora: pinheiros e abetos, antes grandiosos, apresentam folhagem amarelada, com manchas escuras que provam a falta de nutrientes (cálcio e magnésio). As árvores mais afetadas já perderam a folhagem: os troncos nus estão cobertos de ramos finos, raquíticos e quebradiços.
Nas cidades, a corrosão dos monumentos, edifícios e veículos é de duas a dez vezes mais rápida do que no campo. Na região de Katowice, no sul da Polônia, por exemplo, os trens não podem correr a mais de 40 quilômetros por hora devido à corrosão dos trilhos. Os gregos, por sua vez, estão lutando contra o tempo para contra-atacar a chuva ácida que aos poucos dissolve seus conhecidos monumentos históricos. Para o especialista em corrosão, T. N. Skoulidikis, alguns dos grandes templos do seu país, como o Partenon, em Atenas, se deterioraram mais nesse último quarto de século do que em todos os 2 400 anos anteriores. A poluição praticamente já apagou as delicadas frisas e figuras gravadas na entrada da construção.
Ali, a solução de ácido sulfúrico reage com o mármore transformando a superfície em gesso macio. Problema semelhante se suspeita que esteja ocorrendo com o Coliseu, em Roma. Às vezes, são falsos alarmes. Quando as esculturas dos doze profetas, obra em pedra-sabão do Aleijadinho, na cidade mineira de Congonhas do Campo, começaram a ser corroídas, afirmou-se que a culpada era também a chuva ácida. Dessa vez, parece que tudo não passou de um ataque de fungos. Melhor sorte não tiveram os monumentos no sul do México. Um estudo mostrou que as esculturas e ruínas maias estão sendo destruídas pela chuva ácida.
Na América do Sul, chuvas com pH médio 4,7 têm sido registradas tanto em áreas urbanas e industrializadas como em regiões remotas. "Isso não quer dizer que a poluição se espalhou por toda parte", tranqüiliza a física Lycia Moreira Nordemann, do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) de São José dos Campos, no interior paulista, uma das poucas pesquisadoras brasileiras de chuva. Ela observa, por exemplo, que os estudos realizados na floresta amazônica mostraram que os valores dos pH na região (entre 4,5 e 4,7) estão próximos daqueles observados em áreas das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. A explicação é natural. A chuva ácida provem da oxidação do sulfeto de hidrogênio, ou seja a reação do sulfeto em contato com o oxigênio do ar, que se volatiliza nas regiões alagadas. Mas resulta principalmente da grande quantidade de ácidos orgânicos emitidos pela própria floresta.
Nos últimos dois anos, a equipe de Lycia Nordemann analisou a composição das chuvas em seis cidades do litoral brasileiro. "Nossa preocupação foi determinar o índice de poluição e não apenas o pH", frisa a pesquisadora. Como exemplo, ela cita o caso de Cubatão, cidade em que já havia medido a acidez da chuva há cinco anos. Naquela época, quando Cubatão era considerada um dos lugares mais poluídos do mundo, o pH da chuva ali era 6,4, ou seja, acima do índice perigoso. Isso porque uma das principais fontes de poluição, as indústrias de adubos químicos, jogavam no ar toneladas de fosfato de cálcio que acabavam por neutralizar a acidez da chuva. "O pH da água estava dentro dos padrões, mas havia uma concentração elevada de poluentes", interpreta Lycia.
Ela afirma que a poluição começa a ser detectada na costa cearense e já é pronunciada na região fluminense de Niterói. Ali, o pH é 5,5, o que em princípio deveria ser tranqüilizador. "Mas a acidez que poderia resultar da alta concentração de nitratos e sulfetos é neutralizada pela presença de cálcio e amônio", avalia Lycia. A pesquisadora do INPE concorda com o químico da Cetesb, Cláudio Alonso, quando ele sustenta que a chuva ácida, por enquanto, não é um problema grave - nem em São Paulo, onde o pH gira em torno de 5,0. Mas a pesquisadora avisa: "Se a emissão de dióxido de enxofre e de óxido de nitrogênio aumentar, aí poderemos ter motivo de preocupação, porque nossos solos já são naturalmente muito ácidos".

Males para a saúde

Desde que os cientistas começaram a estudar os efeitos da chuva ácida, especulou-se sobre os danos que ela causaria ao organismo humano. Mas os médicos não chegaram a resultados conclusivos. Segundo o patologista Paulo Saldiva, do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da USP, tudo indica que as partículas ácidas presentes na chuva têm efeito cumulativo sobre o organismo, podendo acelerar o desenvolvimento de doenças em pessoas menos saudáveis. "Em geral, antes de alcançar os pulmões, as partículas se acumulam no nariz e na garganta", informa. "Quando isso acontece, pioram os casos de asma, rinite e sinusite alérgica."
Se as partículas de ácido sulfúrico e ácido nítrico solúveis na chuva se infiltram nos brônquios, reduzem os seus mecanismos de defesa contra infecções. Isso, segundo Saldiva, predispõe ao aparecimento de broncopneumonias. "Se chegam aos pulmões", diagnostica, "podem aumentar os riscos de enfisemas." Ele acredita que o acúmulo de secreção, a forma de defesa do organismo contra os intrusos, pode obrigar o coração a um trabalho extra para bombear o sangue através dos pulmões - o que predisporia a doenças cardiovasculares. Por último, os olhos expostos à poluição da chuva têm probabilidade maior de apresentar conjuntivite.

Onde o organismo sofre

Nariz e garganta
Mais casos de asma e sinusite.
Olhos
Maior probabilidade de conjuntivite.
Brônquios
Predisposição à broncopneumonia.
Pulmões
Riscos de enfisema.
Coração
Mais doenças cardiovasculares.


Em busca do guarda-chuva

Cerca de 90 por cento do dióxido de enxofre encontrado no ar da Noruega vem de outros países. É claro que os noruegueses pouco poderão fazer para salvar seus lagos do envenenamento, se não contarem com a ajuda dos vizinhos europeus. Isso vale também para outros países do continente. Assim, há dois anos, os membros do Mercado Comum Europeu assinaram um acordo que prevê, até 2003, a redução pela metade no total das emissões do dióxido de enxofre em relação aos níveis da década de 80. O mesmo acordo determina uma redução de 30 por cento nas emissões de óxido de nitrogênio até 1998. O documento estabelece patamares diferentes para cada país segundo o volume de poluentes que atravessa suas fronteiras e sua dependência do carvão, uma das maiores fontes de enxofre.
Aproveitando os novos ventos políticos, os países ocidentais se prontificaram a ajudar os vizinhos do Leste europeu. As duas Alemanhas, por exemplo, assinaram um acordo de intercâmbio de tecnologia e controle da qualidade do ar. A Suécia ofereceu 45 milhões de dólares para assistência ambiental à Polônia nos próximos três anos; os Estados Unidos repartirão outros 40 milhões entre a Polônia e a Hungria. Na frente interna americana, por outro lado, corre solto no Congresso e na Casa Branca o debate sobre a ampliação do Clean Air Act, legislação ambiental criada em 1970 e nunca obedecida ao pé da letra, visando reduzir pela metade as emissões dos gases geradores da chuva ácida.





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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Puro Som - Tecnologia


PURO SOM - Tecnologia



Nunca se ouviu música igual: técnicas derivadas da Informática e das pesquisas com raio laser proporcionam nos compact discs um registro sonoro impecável e a salvo de desgastes.

Luz! Computador! Som! Não importa se é um acorde suave de um concerto de Vivaldi ou um estrondo de guitarra de rock, os amantes da música em todo o mundo estão encantados com o que ouvem em seus novos toca-discos a laser, um som tão puro como o que, durante uma gravação, preenche os estúdios protegidos contra qualquer outro ruído. Esse prazer é dado pelo compact disc (disco compacto), ou simplesmente CD, um disco de plástico revestido de alumínio, com apenas 12 centímetros de diâmetro e 16 gramas de peso, capaz de armazenar 70 minutos de som - o dobro de um disco comum -, graças à união da tecnologia do laser com a da Informática.
A ilusão proporcionada pelo CD, que faz o ouvinte imaginar-se sentado no meio de uma orquestra durante um concerto, deixa mudos os fabricantes, cujos estoques evaporam sem que eles sequer gastem muito dinheiro em publicidade. Meros dois anos depois que a Sony japonesa e a Philips holandesa lançaram o sistema, na Feira de Áudio de 1982, no Japão, as vendas mundiais da última maravilha da alta tecnologia em matéria de bens de consumo já haviam alcançado a marca de 20 milhões de unidades. Isso faz do toca-discos a laser o eletrodoméstico de difusão mais rápida na história do setor. O videocassete, outra estrela ascendente da eletrônica, levou quase sete anos para chegar ao mesmo ponto.
Uma das poucas inovações reais no método de se registrar e reproduzir sons, desde que em 1877 o inventor americano Thomas Edison (1847-1931) criou o fonógrafo, o sistema seduz os ouvidos também pelas suas credenciais de "bem perene", isto é, uma tecnologia que se apresenta como insuperável. Foi, de fato, uma transformação que merece ser chamada revolucionária. Os LPs atuais, uma criação do engenheiro húngaro- americano Peter Goldmark em 1948, arquivam o som sob a forma de pequenas irregularidades esculpidas em sulcos num prato de vinil, um tipo de plástico. Quando uma agulha de diamante percorre esses entalhes, a vibração gera uma corrente elétrica variável, que é convertida em som. Os toca-fitas, de seu lado, lêem o som em partículas magnetizadas numa tira de plástico. Nos dois casos, o processo é conhecido como analógico, no qual o som ouvido é uma réplica física do som gravado.
A extraordinária vantagem do toca-discos a laser, como se sabe, é que este dispensa a agulha ou a cabeça de leitura de fitas, que permanecem em atrito com a superfície de gravação, provocando distorções e inevitável desgaste. Num processo semelhante ao utilizado pelos computadores, os sons são convertidos em códigos digitais binários, ou seja, combinações de zero e um, armazenadas no disco em 2,5 bilhões de microscópicos relevos altos e baixos. No lugar da agulha, um fino feixe de raios laser atravessa o plástico e "varre" o disco, que começa girando à velocidade de quinhentas rotações por minuto, que cai gradativamente para 250, para que a leitura do laser se mantenha constante enquanto o feixe vai do centro para a periferia.
Um diodo fotossensível acoplado a um tipo de microcomputador capta os reflexos dos raios na camada de alumínio - que variam de acordo com a ondulação impressa no plástico - e reconverte os códigos digitais em som. Isso só é possível, portanto, porque as diferenças no relevo do disco fazem com que os reflexos de luz também sejam fisicamente diferentes. Como não há qualquer contato mecânico com a superfície do disco, o som ouvido está livre de distorções. Mesmo que o laser passe sobre marcas profundas, daquelas capazes de fazer saltar longe a agulha de um toca-discos convencional, o microcomputador usará o material gravado imediatamente antes e depois do risco para cobrir a ausência de informação no lugar. Além da impecável qualidade do som, o processo digital dispõe dos mesmos recursos dos sistemas computadorizados. Assim, sua memória permite selecionar músicas inteiras ou apenas certos trechos, para o ouvinte programar o próprio repertório, e todos os comandos podem ser dados a distância, por meio de um controle remoto - como só uma face é gravada, ninguém precisa levantar-se para virar o disco.
Melhor ainda: como o princípio básico de leitura é comum a todos os toca-discos a laser, mesmo o modelo mais simples - o disc-walkman lançado pela Sony no Brasil há dois anos - apresenta a mesma qualidade de som que os maiores e mais avançados sistemas. Difícil mesmo, muito mais difícil do que no caso das fitas- cassetes e dos LPs comuns, é fazer um compact disc. Afinal, em um único lado do disco, cerca de 720 mil sulcos de 0,1 mícron (milésimo de milímetro) de profundidade, chamados pits, estão cheios de pontos que refletem ou não o laser, compondo códigos equivalentes a até 250 mil páginas de informação, seja ela programas de computador, imagens ou sons.
Até 1984 os CDs só eram produzidos no Japão e na Alemanha: transcorridos menos de quatro anos, cerca de oitenta fabricantes se habilitaram em mais de uma dezena de países, incluindo o Brasil. "Investimos 18 milhões de dólares na importação de tecnologia e de equipamentos, além do treinamento de técnicos no exterior", conta Roberto Pol, gerente da empresa paulista Microservice, a única fabricante de CDs na América Latina. Segundo Pol, a confecção de um CD nacional começa nos Estados Unidos, para onde são enviadas as grandes fitas magnéticas profissionais com a gravação das músicas feita em estúdio. Já nessa fase se manifesta a diferença de qualidade. Em cada disco, uma senha de três letras indica os processos utilizados na gravação, mixagem (ou mistura) de sons e industrialização. Quanto mais CDs, de digital, a senha contiver, melhor a qualidade.
Nos estúdios americanos a fita analógica recebe códigos digitais, impressos por um fino feixe de laser de íons de argônio em um vidro revestido com uma camada sensível, apropriadamente designado "mãe". O feixe de luz azul de 457,8 nanômetros (milionésimos de milímetro) deixa o canhão de emissão de raios com uma potência de 5 watts - o que é muito para um laser. No caminho até a placa de vidro, porém, o raio perde grande parte de sua energia. Desse modo, ao chegar ao ponto focal, o de maior concentração de luz, a potência do raio se limita a ínfimos 4 miliwatts - o suficiente para expor a camada de verniz sensível à luz. No final, a placa de vidro ainda passa por um banho alcalino para remover os excessos de verniz e só então recebe uma cobertura de níquel, que assim adquire a sua forma definitiva com todos os pits em alto relevo.
A niquelação pode ser feita por evaporação, a técnica mais antiga, ou por pulverização. Na primeira, os átomos de metal saltam de um recipiente aquecido para a "mãe", sob elevado vácuo, depositando-se como um floco metálico sobre a superfície. Essa casca metálica, o "pai", é retirada para servir de molde na prensagem do produto comercializado, de plástico. Geralmente, existem vários pais para um mesmo disco, pois cada um consegue reproduzir no máximo 10 mil unidades. No Brasil, como em qualquer país produtor de CDs, o pai é tratado como uma pessoa que fosse passar por uma cirurgia. Realmente, todo o processo de fabricação transcorre em ambientes onde o ar, a exemplo das salas de operação dos melhores hospitais, é rigorosamente filtrado - um grão de pó que seja comprometerá o CD, já que o laser pode refletir-se nele. Assim, enquanto nos hospitais se admite até 33 mil partículas de poeira por metro cúbico de ar, na empresa as salas têm menos de um décimo disso em circulação.
Os técnicos usam roupas especiais, feitas de tydek, um tecido de papel, e passam por uma câmara onde um jato de ar de alta intensidade remove o que houver de sujeira do traje. Além disso, em alguns países, todo o ambiente é mantido sob pressões atmosféricas mais altas que o normal a fim de reter eventuais partículas no solo e impedir que alcancem as máquinas. Em determinados recintos, as pessoas evitam até mesmo falar, embora usem máscaras, para não propagar partículas. Apesar de todos esses cuidados, o trabalho consiste apenas em fiscalizar os robôs, que fazem tudo, menos embalar o produto final. "Começamos por tratar o policarbonato, um tipo de plástico descreve Pol enquanto exibe um punhado de grãos transparentes da resina. Aquecidos até se liquefazerem e injetados sob alta pressão contra o molde, 14 gramas de policarbonato, a matéria-prima do disco, se formam, com as ranhuras impressas, por um resfriamento brusco.
Uma fina camada de 80 nanômetros de alumínio de alto brilho é depositada a seguir sobre um dos lados por um método parecido com aquele utilizado na criação do "pai". Isso torna os discos tão brilhantes que a luz neles se reflete com as cores do arco-íris. Para proteger o metal, ele é envernizado com 500 miligramas de uma laca especial muito resistente, sobre a qual finalmente é aplicado o texto de identificação, por meio de técnicas de silk screen, o mesmo processo utilizado para imprimir imagens em camisetas - e o disco está pronto. Pelo menos 9 milhões de unidades deverão ser fabricadas este ano no Brasil, contra 4,5 milhões no ano passado e 1,8 milhão em 1988. A produção cada vez maior, no país e no exterior, está baixando o preço real do CD e dos toca-discos nas lojas, assim como aconteceu com outros bens de consumo eletrônicos.
Em 1983, os aparelhos eram vendidos no mercado internacional por cerca de 1000 dólares e cada disco por 20. Hoje, no exterior, pode-se encontrar toca- discos por menos de 200 dólares (três vezes mais no Brasil) e CDs por 12 (mesmo preço aqui). Isso explica por que os compact discs de música popular aumentaram, em toda parte, de algo como 25 por cento do total das gravações para 70 por cento. Desde o primeiro disco a laser nacional, uma seleção de músicas do cantor Caetano Veloso, lançado em 1987, o preço do CD brasileiro também tem ficado mais acessível. No começo, um CD custava tanto quanto quatro LPs. "Hoje em dia, nas lojas de departamentos, que mantêm grandes estoques, o preço se equivale", compara Pol, da Microservice. "Nas lojas de discos, que compram menos, fica difícil manter a paridade, mas como o CD contém o equivalente a dois LPs, ainda estamos em condições de competir."
No mundo inteiro o resultado da concorrência parece já estar definido - a favor do laser. No ano passado, a produção dos disquinhos brilhantes superou a de LPs, cujas vendas, por sinal, caíram pela metade em cinco anos de confronto com a nova tecnologia. Na verdade, o consumo das tradicionais bolachas de vinil foi superado desde 1985 pelos cassetes que, aos dezoito anos de existência e graças principalmente ao advento do sistema portátil walkman, chegaram ao auge da aceitação popular. O receio de que os long-playings estejam com os dias contados tem feito soar as únicas notas desafinadas na sinfonia de elogios aos CDs. Nos Estados Unidos, o especialista Harry Pearson, editor do periódico Absolute Sound, atacou: "O compact disc não capta todas as nuances do som e não permite distinguir entre um violino e uma viola". A primeira afirmação é verdadeira. A segunda, não. Mas a ameaça mais séria à nova tecnologia apareceu em 1988, quando a fabricante inglesa Nimbus Records acusou defeitos de fabricação nos discos. Segundo a Nimbus, empresários gananciosos estariam diminuindo a qualidade do produto, usando tintas corrosivas e esmaltes de vida curta, o que exporia o alumínio e comprometeria o som. Além disso, afirmou-se que, embora as campanhas apregoem que os discos sejam virtualmente eternos, a vida útil de um CD seria de dez anos no máximo-aproximadamente a metade de um vinil. Tudo leva a crer, porém, que isso não tem fundamento. Nem por isso se deve manuseá-lo descuidadamente: como o LP, ele pode riscar-se, ficar empoeirado ou engordurado, em prejuízo da qualidade do som. "Felizmente aquela onda já passou", suspira Pol.
Segundo ele, defeitos numa produção em série podem ocorrer, apesar do controle de qualidade em quatro etapas, mas as lojas trocam sem problemas o produto defeituoso. Os padrões internacionais de produção admitem um máximo de quinhentos erros de leitura de sons por segundo. Parece muito, mas nem é perceptível pelo ouvido humano. Para assegurar essa qualidade, o disco pronto é submetido a uma inspeção visual - nenhuma luz pode passar por ele, caso contrário não haverá reflexão do laser. Depois o computador e um toca-discos profissional fazem a leitura integral do conteúdo e emitem um relatório. Prova de que o disco compacto veio para ficar, fabricantes e consumidores dão as boas- vindas às novas versões da tecnologia laser. Mais baratos e totalmente compatíveis com os toca- discos a laser disponíveis, os mini-CDs, com 8 centímetros de diâmetro e até 20 minutos de gravação, já podem ser encontrados nas lojas de vários países. Mas o CD-V ("V" de vídeo), embora viável tecnologicamente, ainda precisa diminuir de tamanho (os discos têm o tamanho de um LP) e vencer a dura concorrência com o videotape antes de ser produzido em massa. O sonho dos técnicos, em todo caso, é chegar a um sistema capaz de ler e gravar com a mesma perfeição uma infinidade de sons, imagens e informações. O mundo será, então, mais redondo, brilhante e achatado.

Pirataria digital

Uma nova expressão, "musical pirata", entrou para o léxico dos apreciadores de música. Refere-se aos discos e fitas, analógicos e digitais, lançados no mercado de forma irregular, obra de contraventores ou de inocentes audiófilos que não vêem mal algum em gravar algumas músicas para os amigos. Para os auto-denominados "produtores independentes", que ignoram direitos autorais alheios, o advento da tecnologia digital oferece a possibilidade de gerar cópias clandestinas tão boas quanto os originais. No Brasil, onde o preço de um sistema a laser e dos próprios discos ainda é elevado para a grande maioria da população, multiplicam-se os clubes de locação de CDs e os discos acabam sendo copiados em fitas cassetes. Justamente prevendo a proliferação dessas cópias não autorizadas, os grandes produtores multinacionais de música tentaram em vão boicotar o disco laser.
Perdida essa batalha, hoje sua dor de cabeça é outra: segurar a expansão da nova tecnologia DAT (Digital Audio Tape-Recorder, ou gravador de fita digital). Provido de, um circuito que permite converter sinais analógicos em digitais, oferecendo assim uma qualidade sonora igual à do CD, esse novo gravador-reprodutor foi lançado em 1987 no Japão e em pouco mais de um ano vendeu mais de 70 mil unidades. Sua fita, de duas horas de gravação e de tamanho equivalente à metade de um cassete comum, promete rivalizar em breve com o sistema laser, levando sobre este a vantagem de aceitar várias gravações - exatamente o atributo contra o qual investe a indústria do disco. Nos Estados Unidos, produtores de música e fabricantes parecem ter chegado a um acordo: cada gravador conterá um chip que irá determinar um código digital específico na fita, quando esta receber a primeira cópia. Esse código bloqueará novas cópias dessa fita. Assim, os consumidores poderão copiar um CD, mas essa versão não poderá ser usada para produzir outras fitas.

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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O Mistério dos Círculos - Meteorologia


O MISTÉRIO DOS CÍRCULOS - Meteorologia



Marcas aparecem nos campos do sudoeste de Inglaterra e desafiam os cientistas
Ninguém consegue explicar a origem dessas formações redondas e de traçado perfeito.A melhor hipótese joga com o clima.

A descoberta não poderia ter sido mais estranha. Na manhã do dia 21 de julho de 1980, o agricultor John Scul estancou no meio de seu campo de trigo, em Wiltshire, sudoeste da Inglaterra, ao notar um círculo de cereais amassados com cerca de 20 metros de diâmetro. A área, de bordas bem delimitadas, parecia ter passado pelas abas de gigantescos ventiladores. O mesmo fenômeno havia ocorrido meses antes, também da noite para o dia, algumas centenas de metros mais adiante, sem que Scull tivesse a mais remota explicação para a novidade. O alarme foi dado imediatamente e logo a plantação do obscuro agricultor inglês se encheu de curiosos. Os círculos se tornaram, previsivelmente, o tema predileto dos jornais e das intermináveis conversas regadas a cerveja escura nos pubs da região. Nos anos que se seguiram, nada menos de algumas centenas de formações semelhantes começaram a aparecer, sempre no verão, nos campos de cereais daquela parte da Inglaterra. A epidemia alcançou o auge no ano passado, quando se registrou o aparecimento de 250 marcas de diversos tamanhos. Assim, aquilo que não passara, a princípio, de uma curiosidade, bem ao gosto do espírito inglês, transformou-se numa enorme controvérsia com a participação de um público diversificado de cientistas, agricultores, membros das forças armadas e, como não poderia deixar de ser, os místicos de praxe.
Como muito se falasse e nada se descobrisse, os deputados de Wiltshire e Hampshire, os dois condados mais atingidos, levaram o tema à Câmara dos Comuns, na expectativa de criar um auê que levasse o governo da primeira ministra Margaret Thatcher a patrocinar uma investigação em regra. No entanto, embora a Dama de Ferro também se dissesse curiosa sobre o assunto, não liberou uma única libra para o estudo das inexplicadas ocorrências, razão pela qual o assunto nunca pôde ser examinado com rigor científico. Daí, inevitavelmente, surgiram as teorias mais bizarras para apontar a origem do fenômeno - apostou-se em nuvens de pássaros, guerra bacteriológica, experiências com armas secretas, esquadrilhas de helicópteros ultravelozes. E inevitavelmente também, não faltou quem jurasse que as marcas seriam conseqüência das andanças de extraterrestres; quem sabe os trigais ingleses até fossem locais de pouso de discos voadores
De objetivo, pouco se sabe sobre tais círculos. Calcula-se que já existam mil deles na Inglaterra. Não se tem certeza sobre os números porque algumas marcas são isoladas e pouco visíveis. Além disso, muitos fazendeiros se recusam a comunicar sua existência para não serem importunados por visitantes curiosos, lunáticos ou mesmo hostis. Agricultores da Escócia minimizaram as ocorrências dizendo que se manifestam há centenas de anos. Mas, de fato, começaram a ser notadas apenas em 1980. Afirma-se também que círculos semelhantes foram encontrados nos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão, porém em nenhum desses países o assunto foi estudado a sério. É certo que em parte alguma o fenômeno tomou proporções iguais às da Inglaterra. As fotografias aéreas mostram circunferências cujos diâmetros variam entre 10 e 40 metros, onde os cereais amassados se inclinam no sentido dos ponteiros do relógio. Existem outros tipos de desenhos menores, compostos de dois a cinco círculos em torno de um círculo maior no centro, como satélites rodeando um planeta. Nenhuma dessas formações é exatamente igual a outra, embora todas sejam perfeitamente demarcadas. A maioria aparece em trigais, mas houve casos em plantações de aveia, milho e cevada.
Curiosamente, do lado de fora das marcas, as plantas não sofrem qualquer alteração. Do lado de dentro, os caules não estão cortados, mas apenas vergados, continuando a crescer de forma inclinada. Por causa dessa aparência tão simétrica, suspeitou-se que os círculos tivessem sido traçados por mãos humanas, desejosas de publicidade. E isso em alguns casos realmente ocorreu. Há dois anos, os alvoroçados caçadores de círculos receberam a notícia de que um agricultor tinha notado traços bizarros em sua plantação. Ao observar esses traços, a bordo de um avião, eles perceberam que alguém havia escrito com trator no trigal em letras garrafais: We are not alone (Não estamos sós). Ocorreram outras brincadeiras desse tipo e alguns ingleses chegaram a dar entrevistas jurando serem os autores de todos os círculos. As fraudes, no entanto, se distinguem perfeitamente das marcas originais que, segundo os estudiosos, são impossíveis de imitar por meios mecânicos. Além disso, seria muito difícil aos falsificadores agir sem deixar um rastro de destroços na plantação ou traçar no meio da noite um círculo de vários metros de diâmetro sem serem descobertos. Mas se não são artificiais, as marcas tampouco apareceram devido a pragas de fungos ou por efeito de fertilização excessiva. A primeira providência dos agricultores foi enviar as espigas dos locais atingidos para exame em laboratório; os resultados mostraram que elas estavam perfeitamente normais.
Se valerem os argumentos de Terence Meaden, um tímido e obstinado professor de Física aposentado da pequena cidade de Bradford-on-Avon em Wiltshire, uma das regiões mais assoladas pelas ocorrências, "as explicações podem ser encontradas na Meteorologia". Meaden fundou uma sociedade chamada Tornado and Storm Research Organization (TORO), para pesquisar os efeitos de fenômenos atmosféricos pouco conhecidos como raios bola, furacões secos e principalmente os círculos. Meaden se tornou popular ao escrever o livro The circle effectand its mysteries (O efeito círculo e seus mistérios), em que tenta explicar que vem acontecendo na Inglaterra um fenômeno perfeitamente natural resultante de nuvens ionizadas na atmosfera. Tais nuvens segundo o professor, apareceriam sobre terrenos ondulados, perto de colinas, onde o vento cria redemoinhos que se transformam em turbilhões. Esses pequenos furacões, carregados de eletricidade, se deslocam sobre os campos até baixarem bruscamente sobre o solo deixando os famosos traços circulares que identificam sua passagem. Meaden afirma que o fenômeno não é visível como os furacões e os redemoinhos de poeira e vento porque os minifuracões são muito rápidos e não carregam uma quantidade tão grande de partículas de poeira ou vapor de água. Quando as nuvens se dividem em muitas formações que giram em torno de um núcleo, deixam na vegetação marcas que parecem um pequeno sistema planetário.
Em seu livro, o professor chama esse fenômeno vórtice de plasma e explica que seria semelhante ao raio bola, uma espécie de esfera de gás ionizado que, ao atingir um condutor, como a ponta da asa de um avião, provoca choques. Há alguns anos, quando o raio bola era desconhecido dos meteorologistas, a ocorrência foi muitas vezes confundida com o aparecimento de discos voadores. A hipótese meteorológica, no entanto, tem seus críticos na Inglaterra. Dois outros pesquisadores, os engenheiros Colin Andrews e Pat Delgado, que dedicam o tempo livre à investigação dos círculos, escreveram outro livro de sucesso sobre o tema. Em Circles phenomenon research (Pesquisa sobre o fenômeno dos círculos), argumentam que os desenhos são muito complexos para serem resultado de perturbações meteorológicas. Para os autores, "as observações oficiais do tempo provam que as condicões climáticas eram perfeitamente estáveis quando se formaram os círculos. Há, de outro lado, terrenos com as mesmas configurações em que os círculos apareceram e onde eles jamais se produziram ".
Pat Delgado começou a investigar o fenômeno em 1981. Em 1985 associou-se a Andrews, um especialista em radares. Eles já visitaram seiscentos círculos no sudoeste da Inglaterra e montaram um laboratório, com fotos e mapas das ocorrências, no jardim da casa de Andrews em Hampshire. Em julho do ano passado, os dois engenheiros convenceram cinqüenta voluntários a se postarem nos campos onde costumam aparecer os círculos para fotografar o momento das formações. Durante três semanas eles estiveram atentos até que uma noite verificaram que havia marcas ao redor sem que ninguém tivesse notado qualquer coisa de anormal. Esses e outros episódios levaram Andrews e Delgado a sustentar que "uma força desconhecida, manipulada por uma inteligência superior, é responsável pelo fenômeno". Lembram que na região da Inglaterra onde são freqüentes as marcas se encontram as misteriosas formações de pedra de Stonehenge, onde se acredita que cerimônias de adoração do Sol eram realizadas há 4 mil anos.
O meteorologista e astrônomo Paulo Marques dos Santos, da Universidade de São Paulo, que acompanhou a polêmica sobre os círculos pela imprensa confessa não acreditar em nenhuma das explicações. "Apesar de tanto falatório, ninguém deu uma resposta satisfatória para a existência dos círculos", comenta. Ele respeita a crença alheia em fenômenos sobrenaturais mas se mostra muito cético quanto a essas manifestações. "Nos meus 31 anos de observação do céu jamais vi nada que não tivesse uma explicação física", garante. Marques dos Santos não descarta uma explicação climática para as ocorrências., ainda que discorde do professor Terence Meaden: "Do que se conhece de Meteorologia, nada se sabe sobre esse fenômeno chamado vórtice do plasma. É preciso analisar a pressão atmosférica, a velocidade do ar, a temperatura, para entender o que está ocorrendo". Resta esperar o próximo verão europeu, que começa em junho, para alguém estudar também esses fatores. Isto é, se os círculos tornarem a aparecer.





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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Prometeu, Mártir e Herói - Mitologia


PROMETEU, MÁRTIR E HERÓI - Mitologia



Um dos mais poderosos mitos de todos os tempos conta a tragédia do titã que roubou o fogo do Olimpo para dá-lo aos homens. Simboliza o eterno combate pela liberdade e o conhecimento.

Para os antigos gregos, a conquista do fogo estava intimamente ligada à luta pela liberdade. Basta ver como eles contavam a história do domínio do fogo - num dos mais poderosos mitos já criados pelo homem. Existia no Olimpo, a montanha em que moravam os deuses, um titã (deus gigante) muito brincalhão, chamado Prometeu (que significa o que pensa antes), descendente do casamento de Urano, o céu, com Gea, a Terra. Eles tiveram, entre outros filhos, Japetos, que viria a ser pai de Prometeu. Como Zeus, a divindade suprema, era filho de Cronos, o tempo, irmão de Japetos, Zeus e Prometeu eram primos. Ora, Prometeu vivia fazendo artes e piadas. Uma de suas brincadeiras, justamente, foi criar o ser humano, ou melhor, só o homem, o sexo masculino, e colocar nele uma centelha do fogo divino, a alma. Os homens assim criados assumiram o compromisso de homenagear Zeus com sacrifícios animais. Em troca, podiam usar o fogo, até então considerado exclusivo das divindades.
Mas pouco depois Prometeu fez outra brincadeira: escondeu a carne de um animal sacrificado, de modo que Zeus ficou só com os ossos e a gordura. Irritado ao descobrir o engano, Zeus retirou o fogo dos homens e proibiu que eles o utilizassem novamente. Os homens começaram a passar frio e fome, pois não podiam mais usar o fogo nem para se aquecer, nem para cercar a caça, nem para moldar as armas usadas na caça, nem para cozinhar os alimentos, dos quais muitos, como os cereais, deixaram assim de ser comestíveis. Penalizado com a situação dos homens - afinal ele fora o seu criador -, Prometeu fez uma brincadeira a sério: roubou uma brasa da forja de Hefaistos, o deus ferreiro, escondeu-a no oco de um pau, com o qual saiu do Olimpo, sem que os outros deuses percebessem que desse modo ele estava entregando o fogo de novo aos homens. Com isso, os homens puderam voltar a fazer tudo o que precisavam para sobreviver.
Quando soube que o fogo tinha sido roubado do Olimpo, Zeus ficou furioso e resolveu se vingar duplamente: dos homens e de Prometeu. Dos homens, Zeus se vingou criando a primeira mulher, Pandora, com a idéia de que as mulheres passassem a infernizar-lhes a vida. E, de fato, Pandora logo seduziu Epimeteu (que significa, o que só pensa depois), um irmão menos esperto de Prometeu. E Epimeteu, ao contrário do que lhe aconselhava o irmão, casou-se com Pandora. Esta então abriu uma caixinha - os antigos, por sinal, designavam o objeto "caixinha" pela palavra "boceta"- e da caixinha ou boceta saíram todos os males que desde então têm atazanado os homens, como as discórdias, as doenças e a necessidade de trabalhar duro para sobreviver. Em seguida, Pandora fechou a tampa da caixinha, com o que ficou presa dentro dela a Esperança, desde então inacessível aos homens. Contra Prometeu, a vingança de Zeus foi particularmente cruel.
O deus supremo ordenou que o deus ferreiro Hefaistos forjasse uma corrente indestrutível, de elos invioláveis - incumbência que ele aceitou de bom grado porque afinal fora de sua forja que Prometeu roubara o fogo. Com essa corrente a toda prova, Prometeu ficou acorrentado ao alto de um pico no Cáucaso - onde hoje fica a Geórgia, na União Soviética, portanto bem longe do Olimpo grego - condenado a ter o fígado eternamente devorado por uma águia. Cada vez que a águia terminava de devorar todo o fígado de Prometeu, a víscera renascia e a águia começava de novo a devorá-lo. Esse castigo impiedoso - e acima de tudo injusto, pois que mal podiam os homens mortais fazer com o fogo contra os deuses imortais? - deveria em princípio durar eternamente. E durou mesmo alguns séculos ou milênios, até que o herói Héracles (Hércules, para os romanos) entrou em cena. Para os gregos antigos, um herói era o filho de uma divindade com um ser humano, sendo portanto mais poderoso que um homem, mas não imortal como um deus. No caso, Héracles era filho de Zeus com a humana Alcmena. Ele matou a águia e com sua força literalmente hercúlea arrebentou a corrente dita indestrutível, libertando Prometeu.
O mito de Prometeu acabou se tornando a metáfora de um mártir pela liberdade, a terrível saga de quem ousa se contrapor à tirania arbitrária dos que governam o destino humano, como no caso de Zeus. Prometeu representa também um símbolo da luta pela civilização e a cultura, pois diz a lenda que, com o fogo, ele outorgou também à humanidade, as artes e as ciências. A aventura da busca do conhecimento, a matéria-prima da liberdade, imprimiu na mente humana, desde os tempos antigos, um claro sentido de tragédia. O sofrimento de Prometeu, ao menos, é redimido pela intervenção de Héracles. Outra lenda, porém, é irremediavelmente implacável: a expulsão de Adão e Eva do Éden não teve volta. Eles foram punidos por provarem do fruto da árvore do bem e do mal, ou seja, por terem se apropriado de uma preciosidade, o saber, tão exclusivo da divindade como o fogo dos senhores do Olimpo.
A história emocionante da conquista do fogo e da cultura por Prometeu há milênios inspira poetas e prosadores, suscitando diversas interpretações do mito. Um dos primeiros foi o grego Ésquilo (525-456 a.C.), que em sua peça Prometeu acorrentado, até hoje considerada um hino à liberdade, mostra Prometeu, preso à montanha e perseguido pela águias conversando com sucessivos visitantes que lhe trazem notícias. O titã reage violentamente contra o castigo imposto por Zeus. Sabe-se que Ésquilo escreveu ainda dois outros textos sobre o mesmo tema, Prometeu libertado e Prometeu traz o fogo, mas essas peças se perderam. Cerca de 23 séculos depois, o dramaturgo alemão Johann Elias Schlegel, em 1797, e o poeta inglês George Gordon Byron, em 1816, escreveram também sobre Prometeu. Nessa época, o personagem inspirou uma das maiores mudanças na história da música ocidental. Até fins do século XVIII, de fato, não era costume os grandes compositores fazerem música de balé, deixada para autores quase desconhecidos. Mas o alemão Ludwig van Beethoven (1770-1827) abriu a primeira exceção para uma coreografia do italiano Salvatore Vigno e em 1801 compôs a música do balé As criaturas de Prometeu.
Exatamente dois decênios mais tarde, o poeta inglês Percy Bysshe Shelley (1792-1822), que passou os últimos anos da vida na Itália, lançou em 1821 a peça em versos Prometeu libertado. Shelley continuou a história de Ésquilo: Prometeu, que representa a espiritualidade, consegue destronar Zeus, símbolo do apego às coisas materiais, e assim começa uma nova idade de ouro para a humanidade. Depois foi a vez do suíço Carl Spitteler (1845-1924), que em 1880 publicou a epopéia Prometeu e Epimeteu, em que dá vazão a sua espiritualidade aristocrática e pessimista, que quer distância dos outros seres humanos. Não satisfeito com a beleza formal de sua obra, Spitteler tornou a publicá-la, reescrita, em 1924, por sinal, ano de sua morte, acrescentando ao trabalho uma recusa ao progresso material.
Talvez mais característica do espírito moderno seja a versão do francês André Gide (1869-1951), que em 1899 lançou o conto filosófico Prometeu mal acorrentado, fazendo uma reflexão sobre a luta de cada ser humano para conquistar seus próprios valores individuais e não os valores impostos pela sociedade. Gide escreve que Prometeu conseguiu comer a águia, símbolo das paixões que fazem o homem sofrer, e assim reencontrou seu equilíbrio. O titã da mitologia grega sobrevive ainda no nome do metal raro promécio, elemento ainda não encontrado na natureza, mas isolado em laboratório em 1947 - tal como o homem apropriou-se do fogo milênios atrás.





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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Motorzinhos do Progresso - Tecnologia

MOTORZINHOS DO PROGRESSO - Tecnologia



Engenheiros esculpem máquinas tão pequenas que não podem ser vistas a olho nu. A micromecânica promete avanços comparáveis aos da miniaturização na eletrônica.

O coração bate cada vez mais perto e a turbulência da corrente sangüínea obriga as turbinas do microrrobô a funcionar a toda potência. Tendo finalmente chegado ao destino - a artéria aorta -, o engenho prende-se firmemente às paredes do vaso, esticando o braço mecânico. Começa então o trabalho: minúsculas serras rasgam, limam e trituram os depósitos de cálcio que ameaçavam impedir a passagem do sangue até o músculo cardíaco. Exaustas as baterias, o engenho se deixa arrastar rumo ao ponto de saída do organismo, um pequeno corte na pele do paciente. Missão cumprida. A cena, por enquanto, faz parte do filme Viagem fantástica, de 1966, ou de sua versão de 1987, Viagem insólita. de Steven Spielberg. Mas, se depender dos esforços de Iwao Fujimasa um especialista em coração artificial da Universidade de Tóquio, tal operação deixará de ser fantasia mais cedo do que se pensa. Pois, sob o seu comando, um grupo de vinte pesquisadores planeja construir, em meros três anos, um robô com menos de 1 milímetro de diâmetro, capaz de insólitas incursões medicinais por dentro de órgãos e artérias. Para transformar a ficção em realidade, porém, o grupo precisa obter equipamentos com medidas mil vezes inferiores às menores peças disponíveis atualmente - estas já imperceptíveis a olho nu. Adaptando as máquinas utilizadas para a produção de microchips de computadores, partes móveis de 0,127 milímetro de diâmetro começam a ser feitas em silício graças a uma variação da técnica de fotolitografia normalmente utilizada. Ao que tudo indica, a miniaturização da tecnologia, que tem feito grandes progressos nos últimos quarenta anos, desde a invenção do transístor está passando por um novo salto evolutivo. É o advento da micromecânica. com suas válvulas, molas, engrenagens e alavancas que caberiam facilmente às dúzias dentro de uma letra "o". Aparelhos construídos com tais componentes poderão, um dia atuar em variados campos, da microcirurgia à exploração espacial em miniespaçonaves "Dentro de 25 anos as micromáquinas terão feito pelas máquinas o que a microeletrônica fez pela eletrônica",. previu em 1988 um documento da Fundação Nacional de Ciências dos Estados Unidos. E os investimentos estão crescendo para colocar centenas de partes móveis e circuitos elétricos em um só chip de silício.
Pressionados pela guerra fria e pela corrida espacial. os cientistas americanos do final da década de 50 em diante desencadearam um combate à parte para reduzir o tamanho dos materiais eletrônicos necessários como guias de mísseis, criando toda uma linhagem de equipamentos leves, de fácil lançamento ao espaço. Foram os japoneses, porém, que enxergaram o que poderia render a aplicação da tecnologia de miniaturização ao mercado de consumo. Calcula-se que não passe de cinqüenta em todo o mundo o número de especialistas em tecnologia de micromáquinas, mas os primeiros resultados do seu trabalho estão pipocando em vários lugares. Na Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, nos Estados Unidos, pesquisadores criaram uma pílula, pouco maior que uma drágea de vitamina comum, que contém um termômetro de silício e todos os instrumentos eletrônicos necessários para transmitir suas medições, instantaneamente, a um equipamento externo. Entusiasmados, os cientistas imaginam que na área médica a miniaturização irá desembocar. por exemplo na fabricação de pílulas inteligentes. capazes de transmitir informações sobre o ritmo cardíaco, as funções nervosas ou a acidez do estômago de um paciente.
Outro grupo, da Universidade da Califórnia, em Berkeley, já construiu um motor de silício de diâmetro não muito superior a um pêlo humano, que pode rodar 500 vezes por minuto. Antes de vir a movimentar microrrobôs, como se espera, esses motores já servem como ventiladores de circuitos integrados, que necessitam resfriamento constante. O relatório da Fundação Nacional de Ciências inclui entre os microequipamentos que despontam no horizonte da virada do século peças miniaturizadas capazes de engendrar uma nova geração de minúsculos computadores, gravadores e câmaras de vídeo. Os próprios pesquisadores reconhecem que a maioria das aplicações possíveis do encolhimento
de motores e ferramentas ainda precisa ser imaginada. "A micromecânica surge como o elo que faltava entre a engenharia mecânica e a eletrônica", aponta Gilmar Barreto, professor de Engenharia Elétrica da Universidade de Campinas (Unicamp). "Enquanto os sistemas eletrônicos diminuíram sem parar nos últimos tempos, as partes mecânicas não conseguiram seguir no mesmo ritmo." De fato, ao montar as peças, mesmo as mãos do mais hábil relojoeiro têm seus limites, assim como os materiais e as ferramentas empregadas. O fino trabalho de precisão sob potentes lentes de aumento não basta para levar a mecânica à escala do mícron (milésimo de milímetro). E, embora os construtores conheçam os conceitos de dureza dos materiais e de fricção e resistência do ar válidos para máquinas comuns, eles já não se aplicam nessa ordem de pequenez impondo novos desafios. "As propriedades físicas e químicas dos materiais mudam com as suas dimensões" explica Fernando Galembeck, especialista em Química dos Materiais da Unicamp. O mesmo, por sinal, acontece na natureza, observou certa vez o paleontólogo americano Stephen Jay Gould para explicar por que um elefante não poderia ficar do tamanho de uma formiga e continuar a ser um elefante e vice-versa.
No reino das coisas criadas pelo homem, os processos de trabalho em escalas tão reduzidas são muito mais químicos do que propriamente mecânicos. Afinal, a estrutura molecular da matéria-prima das peças é praticamente da mesma proporção que o conjunto inteiro. Ao se esculpir chips com ácidos, por exemplo, os finos caminhos por onde correm as informações eletrônicas precisam de um pavimento de silício absolutamente perfeito. Qualquer defeito nos cristais desse metal equivaleria a uma grande cratera. Além disso, alguns artefatos chegam mesmo a ter propriedades distintas, de acordo com o número e a disposição de seus átomos. A microfabricação oferece assim todo um novo campo de montagem e de experimentação de teorias, com máquinas e peças por enquanto existentes apenas em complicadas simulações de computador. "Graças à Informática, hoje conhecemos bem as propriedades elétricas do silício, cabe agora explorar também seus atributos mecânicos", lembra Galembeck. Para surpresa de muitos cientistas, o silício tem se mostrado mais forte que o aço inoxidável a ponto de poder ser levemente flexionado várias vezes sem perigo de quebrar. Outros materiais também estão na mira dos pesquisadores. Stephen C. Jacobsen, da Universidade americana de Utah, cria motores de metal e plástico, apelidados wobble (bamboleio, em inglês), nos quais um campo magnético induz o rotor ou eixo central a girar. Um deles está girando há mais de um ano sem parar. Embora muito pequeno, se estivesse girando numa estrada, seus mais de 10 bilhões de rotações já teriam sido o suficiente para levá-lo a meio caminho de uma viagem ao redor do planeta.
A diferença dos motores de silício, que são menores e giram mais depressa, mas com pouca potência, o wobble tem maior torque, devendo ser o mais adequado para mover componentes de futuros microrrobôs. "Centenas de milhares de réplicas desse tipo de motor poderiam ser produzidas em massa, simplesmente cortando-o em fatias como um salame", sugere seu criador. Além dos microrrobôs, que na linguagem técnica são chamados atuadores, isto é, aqueles que movem e fazem tarefas, outros mecanismos podem se valer da mesma tecnologia. A multinacional americana Texas Instruments estuda um chip coberto por 1 milhão de espelhos móveis que pode vir a ser a chave para os computadores ópticos. Serviria também como uma espécie de seletor de canais em sistemas telefônicos ópticos, onde espelhos cuja direção é controlada eletronicamente refletiriam pulsos de raios laser em diferentes rumos, efetuando ligações telefônicas. A micromecânica deverá criar, ainda, uma nova geração de microssensores, os instrumentos que darão sentidos humanos aos computadores. Um deles, por exemplo, integrado em um computador, funcionaria como um diminuto ouvido, captando o som da fala para transformá-la em impulsos eletrônicos nos sonhados aparelhos ativados pela voz.
"Para medir os fenômenos físicos", explica o físico Douglas Zampieri, que pesquisa na Unicamp o papel da eletrônica na robótica, "é preciso um sistema mecânico; se estiver acoplado a um robô, esse sistema não pode atrapalhar seus movimentos, pois estes devem ser medidos no tempo exato em que acontecem. Daí a necessidade de serem pequenos."
Tais sensores podem ser úteis em qualquer equipamento automatizado, principalmente aqueles em situação adversa a um mecânico de carne e osso. Para a futura estação orbital Freedom, por exemplo , planeja-se a construção de robôs operários com sentido tátil tão sensível quanto o do homem. Na verdade, grande número de sensores microscópicos já são empregados para medir a temperatura, a pressão do ar e a aceleração de aviões e carros. Só a General Motors americana consome anualmente cerca de 7 milhões de sensores de pressão em silício. Desenvolvidos uma década atrás, hoje podem ser encontrados na maioria dos automóveis com injeção eletrônica de combustível, onde melhoram a combustão por monitorar a pressão do ar.
São muito simples: uma fina membrana, com cerca de um quarto da espessura de um fio de cabelo, que se flexiona em resposta às mudanças de pressão.O movimento altera a condutividade elétrica do silício por um circuito no próprio chip.
"Este novo sistema deve substituir carburadores até 1997, quando as leis relativas à emissão de gases entrarem numa fase mais rigorosa", informa José Fernando Penteado, gerente de projetos da GM do Brasil. "A injeção regulada por sensores reduz a liberação de gases tóxicos." Daqui a cinco anos, os fabricantes acreditam que o carro típico deverá ter cerca de cinqüenta sensores de silício, programados para controlar o desempenho de freios, motor, suspensão etc. "Atualmente, os modelos mais luxuosos brasileiros contam com quase vinte", compara Penteado. Por enquanto, equipamentos como esses estão sendo testados em uso no ônibus espacial Discovery para medir as pressões da cabina e do sistema hidráulico e ainda avaliar o desempenho de mais de 250 pontos diferentes em toda a nave.
Do espaço para a vida cotidiana, os sensores estão ganhando novos usos a cada dia. No Japão, alguns aspiradores de pó valem-se do microengenho para ajustar automaticamente a máquina em diferentes tipos de carpetes. Técnicas recentes estão permitindo criar eixos mais finos que o fio de uma teia de aranha e rodas dentadas menores que um grão de poeira. A fantasia levada às últimas conseqüências consiste agora na criação de um robô capaz de operar em escala atômica, fabricando matéria molécula por molécula. Será a era da nanotecnologia, a manipulação de objetos medidos em nanômetros, bilionésimos de metro.

Finíssima sintonia

A micromecânica apresenta personagens grandes e pequenos. Além de peças e equipamentos encolhidos, aparelhos de tamanho normal aproveitam a nova tecnologia para funcionar a apenas alguns mícrons uns dos outros, como as pás de uma turbina tipo fan dos jatos comerciais. É o caso, também, da cabeça de leitura magnética dos discos de computadores, que gira a quase 160 quilômetros por hora à distância de ínfimos 200 nanômetros, ou 200 bilionésimos de metro, da superfície do disco. "Seria o mesmo que pilotar um Jumbo a toda velocidade a uma polegada do chão", compara John Foster, pesquisados da IBM americana, a qual tem como lema "pense grande", mas (ou por isso mesmo) investe muito em microtecnologia.
Os lubrificantes daqueles discos, sujeitos às decolagens e pousos das cabeças magnéticas, chegam a operar ainda mais de perto - com as mais inesperadas conseqüências. No ano passado, pesquisadores da Universidade de Santa Bárbara, na Califórnia, descobriram que, devido ao atrito muito peculiar causado pela proximidade, as estruturas moleculares da camada de 1 nanômetro de espessura do lubrificante se confundem com as do próprio disco. Um tipo de laser conhecido como quantum-well, muito utilizado em comunicações por fibra óptica, também age em escalas reduzidas. A camada de material semicondutor responsável pela emissão de seus raios é gerada por um processo capaz de depositar coberturas de até 20 nanômetros sobre praticamente qualquer superfície. Intimidade é isso aí.





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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Cerco ao Campo - Parque Nacional das Emas


CERCO AO CAMPO - Parque Nacional das Emas



O Parque Nacional das Emas, a maior área de cerrados do país e principal reduto de sua fauna, corre perigo: as piores ameaças são os periódicos incêndios e os agrotóxicos nas fazendas próximas.

Vista do alto, a paisagem lembra as savanas africanas. E, embora não existam ali animais de grande porte, como elefantes, girafas e rinocerontes, o Parque Nacional das Emas acolhe a mais diversificada fauna dos cerrados brasileiros - o valioso ecossistema que na época do Descobrimento ocupava nada menos de 1 quarto de todo o território nacional e hoje, reduzido a 1 décimo de 1 por cento da área primitiva, não conta sequer com proteção formal específica na nova Constituição. Criado em 1961, na divisa de Mato Grosso e Goiás. recebeu o nome por abrigar grande número de emas. a maior ave brasileira (30 quilos de peso e 1.40 metro de altura).
Apesar da semelhança com a savana, a ausência de mamíferos de grande porte no cerrado é explicada por ocorrências de milhões de anos atrás, quando a América do Sul e a África formavam um só continente. Depois da separação, os ancestrais da fauna atual brasileira e africana evoluíram segundo as pressões dos respectivos ambientes, do que resultou uma acentuada diversificação das espécies. Pelas características da vegetação, o cerrado permite avistar facilmente a sua fauna, desde aves até mamíferos. Essa formação vegetal serve de habitat para uma infinidade de animais, como o lobo-guará, o veado-campeiro, o cervo do-pantanal, a suçuarana, o tamanduá, as araras, os tucanos, os tatus, as queixadas, os cupins, além de grande número de aves de rapina.
Embora algumas dessas espécies também sejam encontradas no Pantanal e na Floresta Amazônica, outras só existem nessa reserva, o que aumenta a importância de sua preservação. Os cerrados do Parque das Emas apresentam quatro tipos de vegetação: os campos limpos, dominados por plantas rasteiras e gramíneas; os campos sujos, com alguns arbustos dispersos na paisagem; o cerrado propriamente dito, com vegetação arbustiva não muito densa; e o cerradão, quase um bosque. As árvores típicas, de casca e folhas grossas, têm aparência retorcida, com 5 a 6 metros de altura. Devido à freqüente exposição ao fogo e ao ataque de insetos e doenças. essa vegetação desenvolveu grande resistência às ameaças físicas e biológicas do próprio meio. Ao todo são cerca de 770 espécies de arbustos e árvores, 205 delas também encontradas na Mata Atlântica e duzentas na Floresta Amazônica.
Nas áreas de campos limpos sobressaem cerca de 25 milhões de cupinzeiros, alguns com 2,5 metros de altura. Sua coloração varia do acinzentado ao avermelhado, conforme o tipo de solo com que foram construídos, o que gera um efeito paisagístico bastante interessante. Curioso mesmo, porém, é o seu aspecto nas noites de primavera. Durante esse período as colônias de cupins apresentam o maior fenômeno de bioluminescência - emissão de luz produzida por seres vivos - registrado no mundo. No inicio da estação das chuvas, ao anoitecer, milhares de larvas de uma espécie de vaga-lume (Elaterídeo) emitem intensa luz esverdeada, salpicando a paisagem com uma miríade de pontos luminosos.
Tudo começa quando a fêmea da espécie, depois de ser fecundada, deposita os ovos no pé dos cupinzeiros. Ali se transformam em larvas e cavam buraquinhos nas paredes do próprio cupinzeiro, onde farão suas casas. À noite acendem suas "luzes", para infelicidade dos insetos. Atraídos pela claridade muitos deles descobrem tarde demais que se trata de uma armadilha de caça montada pela voraz larva predadora Mariposas, cupins e formigas aladas são as principais vítimas dessa adaptação biológica. Mas nem tudo é maravilha para as larvas de vaga-lumes. As grandes queimadas que acontecem com freqüência na área do parque tendem a diminuir a população daquele inseto tornando o espetáculo luminoso menos intenso ano a ano.
A rigidez dos cupinzeiros. por outro lado, não é garantia absoluta de invulnerabilidade. Existem no cerrado muitos devoradores de insetos. que perturbam a vida dessa habitação comunitária, como o tamanduá-bandeira, o tamanduá-mirim, os tatus-canastras, pebas e galinhas e ainda um pequeno roedor (Oximyterus). Os tamanduás e os tatus possuem as patas dianteiras muito bem adaptadas para quebrar ou escavar o cupinzeiro, abrindo caminho até os cupins. Apesar da péssima visão que o impede de enxergar mesmo esses enormes cupinzeiros, o tamanduá, para compensar, tem excelente olfato. (Por isso. aliás, é possível chegar bem perto desse animal quando se caminha contra o vento.)
Alguns dos animais que povoam o parque estão com os nomes em listas oficiais de espécies ameaçadas de extinção. Entre eles o lobo-guará, que se alimenta de pequenos vertebrados, mas, principalmente, da fruta-do-lobo, um arbusto com frutos arredondados e folhas muito espinhosas. Existem também na região outros cães selvagens, como o cachorro-do-mato e a raposa-do-campo. A ave mais freqüente, a ema, já foi vista em bandos de mais de oitenta espécimes, entre machos e fêmeas. A vegetação aberta do cerrado também é um prato cheio para as aves de rapina. como as corujas, os gaviões e os urubus, todas dotadas de excelente visão. O urubu-rei, uma das espécies em vias de extinção, é um bom representante desse grupo de aves caçadoras, com 1,80 metro de envergadura (distância de asa a asa) e cerca de 30 quilos de peso.
Já o diminuto falcão quiriquiri, uma das menores aves de rapina do mundo (com 25 centímetros de altura), representa o outro extremo. Alimentando-se de lagartixas, gafanhotos e insetos grandes. As margens dos rios da região são cobertas por uma formação vegetal denominada mata ciliar que se acredita ser uma "invasão" da Floresta Amazônica no ecossistema do cerrado. É constituída por árvores mais altas, apresentando-se como uma formação de bosques densos ao longo dos rios. Serve de habitat e refúgio a uma série de animais. O maior mamífero da América do Sul, a anta, que pode ultrapassar os 200 quilos, assim como a capivara, o maior roedor do mundo ainda são encontradas com freqüência nas proximidades dos cursos de água.
Diversos predadores buscam esse ambiente atrás de caças como a capivara. A suçuarana ou puma, um felino com cerca de 60 quilos, se alimenta de roedores e de grandes mamíferos como o veado. Em suas investidas, costuma esconder o que sobrou para comer mais tarde cobrindo os restos de sua presa com folhas e ramos. As estações do ano ali são bastante definidas. No inverno, a estação seca, os dias são muito quentes, com a temperatura acima de 30 graus, e as noites muito frias, abaixo de 10. É nessa época que a vegetação já esturricada se transforma em excelente combustível para os incêndios. "A situação se agrava depois das geadas, que costumam acontecer de três em três anos", observa o técnico agrícola Antonio Malheiros, que vive no parque há 28 anos e o dirige há dezessete. No verão, a estação das águas, desabam chuvas torrenciais. Nesse período do ano a vegetação é mais exuberante e os chamados herbívoros gastadores, como o veado-campeiro e o cervo-do-pantanal aproveitam para criar seus filhotes.
Essas chuvas alcançam a Amazônia pelas nascentes do rio Araguaia, que por sinal já fizeram parte da área do parque. Na década de 70, em pleno regime militar, um decreto do então presidente Emílio Médici tomou do parque 50 mil quilômetros quadrados, que acabaram transformados em propriedades particulares. Nelas, o desmatamento para a formação de pastagens e cultivo descaracterizaram a região, favorecendo a erosão do terreno e a formação de enormes voçorocas (desmoronamentos por erosão subterrânea), destruindo assim a beleza natural daquelas nascentes. A área das Emas ainda engloba a maioria das nascentes do Rio Formoso e da margem direita do Rio Jacuba, ambos de águas cristalinas. Nos meandros do Formoso é possível enxergar o leito do rio em locais com até 3 metros de profundidade. Um mergulho nesses rios revela um pequeno "bosque subaquático", que se forma pela facilidade com que os raios solares penetram na água.
Como o parque está ilhado em meio a um mar de soja, as características desses rios começam a se alterar. O solo, que boa parte do ano fica totalmente exposto sem cultivo algum, é facilmente carregado pelas chuvas em direção aos rios, principalmente para o Jacuba, parte de cujas nascentes fica fora do parque. Esses sedimentos turvam a água, prejudicando o crescimento de plantas e algas e, conseqüentemente, afetam os invertebrados e peixes que dela se nutrem, interferindo em toda a cadeia alimentar aquática. Isso sem contar o dano à beleza natural das águas. Com o passar dos anos, o excesso de sedimentos irá assorear, ou seja fará subir o leito do rio, deixando-o cada vez mais raso.
Mais grave ainda são as toneladas de agrotóxicos despejados por aviões nas plantações vizinhas, que também acabam carregados pelas chuvas para as águas do parque, alterando sua qualidade, comprometendo a vida aquática e a de todos os animais que dela se utilizam. O parque é todo delimitado por uma cerca de arame de oito fios. Mas isso não impede que as espertas emas cruzem a fronteira à procura dos grãos de soja, abundantes na época da colheita. Nesse período, temendo a praga das lagartas, o agricultor combate-as com pesticidas. Comendo o grão ou as lagartas, a ema ingere assim grandes quantidades desses produtos químicos. Se fosse respeitada a legislação que obriga a existência de um cinturão verde de 20 por cento das fazendas ao redor das áreas preservadas, a situação poderia ser minimizada. Problemas desse tipo acumulam-se de modo a ameaçar o maior refúgio de fauna de cerrado do país, patrimônio genético de importância incalculável.

A fauna paga o preço maior

Quando a vegetação tropical pega fogo não é difícil descobrir como tudo começou. Os incêndios de origem natural, geralmente conseqüência de um relâmpago, não chegam a atingir grandes proporções, pois as descargas elétricas são logo seguidas de fortes chuvas. Identificam-se ainda pelo formato circular da queimada e tendem a ocorrer nos meses de junho a setembro, tempo seco na região Centro-Oeste do país. Mas como se sabe, o principal causador de incêndios na mata é o homem. No Parque das Emas, incêndios criminosos traduzem a ambição dos fazendeiros vizinhos de estender suas plantações de soja. O incêndio de julho de 1988, que destruiu 80 por cento de sua área - algo como 1 000 quilômetros quadrados, o equivalente a 70 por cento do município de São Paulo -, foi o quarto de grandes proporções desde a sua criação, há quase trinta anos.
O fogo trouxe prejuízos cumulativos à fauna da região, principalmente a algumas aves, como a perdiz e a ema, que fazem os ninhos no solo na época da seca. Entre os mamíferos a vítima por excelência é o tamanduá-bandeira: por causa da péssima visão e do andar muito lento, lhe é muitas vezes impossível escapar das chamas. Mas nem sempre a rapidez assegura a sobrevivência: veados-campeiros quebram o pescoço na tentativa desesperada de pular a cerca dos limites do parque. Uma técnica simples e eficiente de reduzir o alcance dos incêndios consiste em criar aceiros - faixas de 20 a 60 metros de largura onde se deve manter a vegetação rasa ou já queimada - para isolar a área destruída. Se a planejada rede de aceiros no Parque das Emas tivesse ficado pronta a tempo o fogo de 1988 não teria sido tão devastador.
Os efeitos locais de uma queimada variam conforme a cobertura vegetal que houver sobre o solo e o ambiente da região. Como a Floresta Amazônica e a Mata Atlântica são formações vegetais mais densas e com maior biomassa, a temperatura se eleva mais, causando danos imediatos aos seres vivos e à composição dos nutrientes do solo. Já no cerrado a temperatura da chama sobre o solo às vezes não chega a ultrapassar o calor da simples exposição ao sol diário. Em solos pobres em matéria orgânica, como o do cerrado, o fogo acelera a longo prazo a reciclagem de minerais, o que favorece o crescimento das plantas. Nesse ambiente bastante suscetível a incêndios, as plantas desenvolveram ao longo de milhares de anos adaptações que lhes favoreceram a sobrevivência. Elas possuem cascas grossas para se proteger do fogo e produzem sementes resistentes a altas temperaturas. Algumas delas florescem logo após as queimadas. Isso permite a um inseto localizar facilmente uma flor num mar negro de carvão e recolher o pólen necessário à fecundação de outra flor, restabelecendo assim o ciclo da vida.





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Anatomia de um grão de poeira - Fotografia


ANATOMIA DE UM GRÃO DE POEIRA - Fotografia



O microscópio eletrônico documenta um mundo no qual o homem está imerso, mas a vista não alcança. O pó de toda parte abriga milhares de fungos e um estranhíssimo aracnídeo.

O ambiente é escuro, silencioso e abafado. A paisagem faz lembrar os escombros de uma guerra devastadora. O único sinal de vida provém de uma criatura monstruosa, que parece um rinoceronte de seis pernas com mandíbulas de crustáceo, andando vagarosamente por cima de um monte de entulho onde se misturam pedaços disformes de outras criaturas. Cego, o monstro perscruta o local com tentáculos de grande sensibilidade, à procura de seu alimento predileto: pele morta de seres humanos.
De repente, um turbilhão de vento começa a soprar, erguendo boa parte de toda aquela sujeira. Agarrada às grandes hastes que brotam do chão e se assemelham a compridos troncos nus de árvores desfolhadas, a criatura tenta resistir à tempestade. Mas a força sorvedoura é tão forte que o estranho ser é carregado para longe, desaparecendo na escuridão.
Na verdade, o que parecia o desfecho de uma cena de ficção científica nada mais é que a limpeza de um carpete por um aspirador, vista em escala microscópica, ao rés do chão. O ente monstruoso não passa de um aracnídeo, designado pelos cientistas Dermatophagoides farinae, o doméstico ácaro. E o entulho amontoado, uma coleção de fragmentos de fios de cabelo, pêlos de animais, pólens, pedacinhos de asas e de patas de pernilongos e pulgas, restos de fibras sintéticas de roupa, fungos, cristais e lascas de pele humana descamada. Tudo isso reunido numa simples bolinha de algo incomparavelmente banal - o pó, encontrado em qualquer ambiente, mesmo naqueles que acabaram de ser submetidos a uma restauradora faxina. Tão corriqueiro é o pó que até meados dos anos 60 nenhum cientista se preocupou em olhá-lo ao microscópio, a não ser por mera curiosidade. O interesse em pesquisar a poeira foi motivado pelo já citado ácaro, do qual quase nada se conhecia.
A difusão do microscópio eletrônico , permitindo esquadrinhar e fotografar o universo das coisas menos que milimétricas, ampliando-se até centenas de milhares de vezes, proporcionou informações surpreendentes, sobre o pó e seu principalmente personagem. Para conseguir uma boa amostra da composição da poeira de algum lugar, no entanto, não é preciso ir ao microscópio: basta examinar o conteúdo de um aspirador que acabou de ser usado; por sinal, o cheiro característico do aparelho quando ligado resulta da queima de poeira que penetra no motor. Nos Estados Unidos, onde há estatísticas até sobre isso, calcula-se que 43 milhões de toneladas de poeira flutuam no ar todo ano - 72 por cento de origem natural e 28 por cento produzidas pelo homem. A forma mais comum são partículas de terra procedentes do solo, seguidas de perto pelo sal, cujos minúsculos cristais evaporam dos oceanos à razão de 300 milhões de toneladas por ano. Terra ou sal, as partículas viajam pelas correntes de ar e penetram em qualquer ambiente, por mais fechado que esteja; ou então são levadas a grandes altitudes onde irão formar o núcleo dos pingos de chuva. Se não houvesse poeira não existiriam nuvens no céu.
Os eventos naturais que mais produzem pó são a atividade vulcânica e os incêndios florestais. Em certos anos, a queima de florestas foi responsável por 7 por cento de toda a poeira do mundo. Mas os vulcões são imbatíveis nesse jogo. A maior produção já registrada foi do vulcão Krakatoa, na Indonésia, que explodiu em agosto de 1883. Essa catástrofe despejou cerca de 6500 metros cúbicos de terra na atmosfera, o que daria para encher o espaço de cinco piscinas olímpicas. Três anos mais tarde sua presença no ar ainda prejudicava a luminosidade durante o dia em muitas áreas do mundo. Ou seja, parte do trivial pó doméstico pode ter passaporte estrangeiro. Ou mais ainda, segundo o americano John Ferguson, especialista no assunto. "A casa de qualquer pessoa não apenas possui poeira de vários locais do planeta, mas também, poeira extraterrestre, transportada por meteoros e meteoritos, que acabam por aumentar a massa da Terra em dezenas de milhares de toneladas todos os anos", contabiliza ele.
Muito embora poeira seja sinônimo de sujeira, também é responsável por um dos mais bonitos espetáculos da natureza. Acontece que as partículas de pó tem a capacidade de dispersar a luz em diferentes comprimentos de onda. Quando o Sol está alto no céu, apresenta uma coloração amarelo-esbranquiçada porque os raios incidem em ângulo quase reto sobre a superfície terrestre, sofrendo pouca interferência ao passar pela camada de poeira suspensa no ar. No final da tarde, porém, tanto o Sol como o poente adquirem uma bela cor avermelhada porque quanto menor o ângulo de incidência dos raios maior a quantidade de poeira que eles têm de atravessar na linha do horizonte. A mudança de cor se dá porque as partículas dispersam com mais facilidade as ondas de luz de menor comprimento - as do lado do espectro que tende para o azul - do que as ondas maiores, do lado vermelho. A ironia da história é que nas grandes cidades o acaso tende a ser mais rubro, portanto mais esplêndido, quanto maior a poluição do ar, que aumenta a quantidade de partículas em suspensão.
Há sempre mais pó dentro de casa do que fora - uma informação que deve despertar a dona de casa que vive passando o dedo nos móveis para ver se estão imaculadamente limpos. Pois os ambientes fechados proporcionam as condições ideais de umidade, temperatura e isolamento para a manutenção de um típico habitat de poeira. Por isso mesmo, ao contrário do que poderia supor a mesma dona de casa, deixar as janelas por algum tempo antes ajuda a limpar do que a sujar a casa, a menos, é claro, que se viva ao lado de uma indústria poluidora. Segundo o por assim dizer poeirólogo Richard Williams, do Centro de Pesquisas Sarnoff, nos Estados Unidos, "as bolinhas de poeira crescem em locais onde não são perturbadas, particularmente embaixo de móveis, cantos de quartos, frestas de assoalho ou mesmo fora dos espaços de circulação da casa".Parte do pó que habita algumas residências é composta também de ínfimas bolinhas de borracha, produto do atrito dos pneus dos veículos com o asfalto das ruas. Essas borrachinhas costumam freqüentar apartamentos entre o terceiro e o sétimo andares de um prédio, pelo simples motivo de corresponderem à altura em que esse tipo de partícula fica em suspensão.
Mas, afinal, quanto pó existe no ambiente de uma cidade grande? É claro que a resposta pode variar enormemente, até porque também variam os critérios de medição. De todo modo, um cálculo aproximado sugere que uma cidade do porte de São Paulo abriga 120 microgramas de partículas de poeira por metro cúbico de ar. Como em condições normais uma pessoa respira por dia pouco mais de 5 metros cúbicos de ar, isso significa que cada paulistano inala em média diariamente algo como 600 microgramas de partículas de poeira.
"O ar de São Paulo é mais empoeirado que o de Nova York ou de Los Angeles", afirma o químico paulista Cláudio Alonso, da Cetesb, a empresa de saneamento ambiental do Estado, com a autoridade de quem acabou de concluir um estudo comparativo sobre o ar das três cidades. Em que medida poeira demais é um perigo? Se a atmosfera não estiver envenenada pelos gases da poluição, o problema pode não ser alarmante, pois a maior parte daquelas partículas é exalada de volta. Muitas delas, é bem verdade, ficam presas nos pêlos das narinas, na garganta e nos pulmões. Na maioria das pessoas, o organismo não reage a essa intrusão por falta de anticorpos específicos. Os alérgicos, ao contrário, devido ao seu sistema imunológico ultra-sensível, respondem de forma exacerbada a alguns dos corpos estranhos que são inalados ou que penetram através da pele .
A poeira que se junta nos cantos do teto tem origem inconfudível - é obra das teias de aranha. Essa parenta do ácaro faz a teia com objetivo de capturar seu jantar. Se nenhum inseto cair na armadilha, ela mudará o ponto de caça, deixando a teia para trás. O que torna aquele trançado de fibras de proteína pegajosa um excelente coletor de partículas de pó. De tudo que se pode achar num minúsculo tufo de poeira, os ácaros são os mais curiosos. Esses bichinhos - os mesmos cujas fotos devidamente ampliadas lembram o citado rinoceronte com queixada de crustáceo - se alimenta principalmente dos cerca de 50 milhões de microscópicos farelos de pele que se desprendem de um corpo humano todos os dias. Existem muitas espécies de ácaros no mundo e todos os anos são registradas novas descobertas. Habitam camas, travesseiros, sofás e, sobretudo, o interior de pequeninas bolas de poeira. Dez ácaros cabem no ponto que fecha esta frase.
"Numa cama de casal se calcula que vivem cerca de 2 milhões de ácaros", afirma o professor Domingos Baggio, chefe do Laboratório de Acarologia Médica da Universidade de São Paulo (USP). "Isso porque o corpo humano fornece, durante oito horas por dia, temperatura, umidade e farta descamação de pele." Felizmente, os ácaros de poeiras são diferentes de seus primos, os carrapatos, e não se alojam na superfície da pele. Somente são nocivos para quem for alérgico aos fungos de que eles se utilizam para digerir o alimento. Em lugares onde houver uma grande concentração de ácaros certamente haverá fungos suficientes para sensibilizar o sistema imunológico de um alérgico. Sem contar com vinte bolinhas de fezes que cada ácaro produz por dia, facilmente inaladas. Como aracnídeos, os ácaros e as aranhas tiveram um ancestral comum a 300 milhões de anos. Mas enquanto as aranhas evoluíram e se tornaram caçadoras que enxergam suas presas, o ácaro é uma espécie de animal de rapina - porque se alimenta de organismos mortos - e é cego. Seu meio preferido de locomoção é a carona, na garupa de uma barata ou de uma mosca. Isso quando não se deixa levar ao sabor das correntes de ar. Tem a vida breve, 45 dias no máximo.
O fungo, por sua vez, é encontrado na mais variadas formas e cores. O Aspergillus niger, por exemplo, muito comum na poeira, tem a forma de pequenos pontos pretos e, embora pareça mofo, não é. Esse fungo pode causar irritações respiratórias ou infecções no aparelho auditivo das pessoas que praticam a natação, pois estas costumam ter os ouvidos mais úmidos do que o normal. "Nenhum desses fungos é patogênico, isto é não carregam consigo qualquer tipo de doença", tranqüiliza a pesquisadora americana Chris Carothers, do Maryland Medical Laboratory. "Oportunistas, aproveitam de um sistema imunológico debilitado, crescendo sobre o corpo ou no seu interior. "Calcula-se que existam entre 50 mil e 200 mil espécies de fungos - o que dá formas de microvida que, perigosas ou inofensivas, repartem com o ser humano o espaço do qual ele se julga senhor absoluto. Ou, como diz Shakespeare, pela boca de Hamlet, o homem é a "quintessência do pó."

Xeretando com elétrons

No clássico romance do irlandês Jonathan Swift (1667-1745), Viagens de Gulliver, o personagem descobre uma ilha chamada Liliput e fica maravilhado com a reduzida estatura dos seus habitantes. Ao fazer funcionar um microscópio eletrônico em 1931, o cientista alemão que o construiu, Ernest Ruska (1906 -1988) há de ter sentido uma emoção semelhante à de Gulliver. Pela primeira vez, olhos humanos penetravam em um mundo em que a ordem de grandeza é de 1 mícron, a milésima parte do milímetro. O que diferencia o microscópio eletrônico do óptico é o uso de um feixe de elétrons no lugar da luz - o feixe tem um comprimento de onda mil vezes menor, permitindo perceber formas em escala molecular. Os elétrons se enfeixam quando passam por campos magnéticos que agem como lentes, fazendo-os convergir sobre o material que se quer enxergar. Em seguida são refletidos para outro conjunto de lentes magnéticas que, finalmente, os conduzem a um
filme especial, sensível ao seu impacto. O processo permite ampliar uma imagem até 500 mil vezes.





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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

As duas faces do Estresse - Biologia



AS DUAS FACES DO ESTRESSE - Biologia



Uma tempestade de hormônios prepara o organismo para se defender de uma agressão. Mas o mesmo processo pode fazer mal à saúde: então se diz que alguém está estressado.

Toca a campainha de casa, mas o efeito para o organismo é o de uma sirene de alarme: todo o combustível armazenado para pôr o corpo em ação, constituído de moléculas de açúcar e de gordura, é despejado no sangue, que jorra na direção dos músculos, enquanto o coração acelera o ritmo da circulação. Nesse corre-corre. os vasos sangüíneos da pele se fecham, a digestão pára, o sistema imunológico é parcialmente desativado. O resultado é o estresse, a resposta do organismo - um personagem conhecido por sua prudência - a qualquer estímulo ambiental que fuja da rotina e, portanto, possa representar uma ameaça a sua integridade. A todo momento, por assim dizer, as pessoas se estressam, ou seja, têm o corpo preparado para escapar de situações corriqueiras a não poder mais, como uma voz que irrompe no silêncio, um esbarrão na fila do cinema, uma luz que se acende de repente, uma colherada de sopa escaldante, um cheiro estranho no ar. Na fração de segundo seguinte, porém, quando se reconhece que o acontecimento é inofensivo. aquele complexo sistema de emergência costuma ser cancelado. Alguns, no entanto, não conseguem colocar um ponto final no processo e por isso vivem muito mal - vivem estressados. Pessoa sempre cansada ou de mau humor, que reclama de dores aqui e acolá, não come direito, vira-e-mexe perde o sono, adoece, espirra e se coça por alergias - esse hoje nítido perfil de alguém estressado não compunha até há pouco tempo uma imagem clara para a Medicina, empenhada em compreender um problema cada vez mais comum, a ponto de o termo estresse ser usado a torto e a direito por todo mundo. Nos últimos anos de tanto bisbilhotar a intimidade dos organismos à beira de um ataque de nervos e apesar das perguntas sobre o assunto ainda sem resposta ou de resposta controversa, os cientistas conseguiram visualizar aquilo que, de fato, é a essência do estresse: uma saudável tempestade de substâncias químicas capaz, porém, de fazer alguém perder a saúde.
A palavra estresse - do inglês stress, conceito da Física relacionado à condição dos materiais submetidos à ação de forças externas - foi tomada emprestada pelo fisiologista canadense Hans Selye, em 1936, para explicar o que havia acontecido com as cobaias de seu laboratório. Então recém-formado, Selye dedicava-se a testar certa droga, injetando-a em ratos. A substância pareceu-lhe causar terríveis alterações nas cobaias, como úlceras, atrofia dos tecidos onde se produzem as células imunológicas e crescimento das glândulas supra-renais. Para seu espanto, o pesquisador verificou que o grupo de controle, as cobaias que haviam recebido injeções de uma solução salina, apresentavam os mesmos sintomas.
Mais tarde Selye notou que o comportamento dos animais também era idêntico diante de estímulos tão diversos como barulho, frio ou calor excessivos, substâncias tóxicas. Diante disso, definiu estresse como a reação não específica de um organismo a qualquer agressão - e assim proporcionou aos colegas que o sucederiam bons motivos para ficarem estressados, porque a definição era insuficiente e os mecanismos da citada reação insistiam em permanecer irritantemente obscuros. Hoje em dia, embora o tema ainda contenha mais charadas do que os cientistas gostariam eles ao menos trabalham com uma definição aperfeiçoada: estresse seria o desgaste total de um organismo, causado por estímulos que o excitem - desagradáveis ou agradáveis.
"Só agora sabemos que existe uma dúzia de hormônios envolvidos no processo", observa o endocrinologista Antonio Roberto Chacra, professor da Escola Paulista de Medicina. "De fato, sem esses hormônios todo ser vivo ficaria inerte diante de um imprevisto." E já que se fala em hormônios, sem estresse não haveria sequer a saudável paquera. Pois, quando um rapaz olha para uma moça, começa no organismo dela uma fulminante reação em cadeia. O estímulo visual é captado por receptores nos olhos. Estes disparam um sinal elétrico para o cérebro e a mensagem é recebida em uma região da massa cinzenta - o tálamo, uma espécie de agência que concentra as notícias transmitidas sem cessar pelo organismo.
O tálamo repassa as mensagens a outra estrutura situada logo abaixo e por isso mesmo chamada hipotálamo, que se encarrega de preparar o corpo para a defesa ou o ataque, liderando uma substância que cientistas americanos descobriram há nove anos, o CRF (sigla em inglês de fator de produção no córtex). Trata-se de um mensageiro que excita a glândula hipófise, também situada no cérebro. Estimulada, ela passa a produzir uma segunda substância, o ACTH (hormônio adrenocorticotrópico) que, jogada no sangue, desencadeia diversas reações. O principal destinatário do ACTH são as glândulas supra-renais, que fabricam uma série de hormônios responsáveis pelos sintomas típicos de um sobressalto, como a sensação de frio no estômago e a taquicardia.
Ao chegar no fígado, o ACTH faz com que a glândula libere parte da glicose armazenada em suas células, de modo que os músculos tenham energia à vontade para movimentar-se, ou seja, voltando enfim ao exemplo do que acontece com a moça olhada pelo rapaz, como se ela tivesse duas saídas apenas: fugir ou saltar sobre o paquerador. No reino animal, o dilema flight or fight como é conhecido em inglês, se resolve literalmente: o bicho confrontado com uma ameaça potencial ou dispara ou ataca. Entre os homens, na teia dos contatos sociais de todo dia, a mesma escolha é transfigurada pelas múltiplas embalagens necessárias ao convívio civilizado; o disfarce é tão perfeito que a fuga ou o enfrentamento às vezes não são percebidos com nitidez nem sequer pelo fugitivo (ou agressor), como se a ação concreta de resposta ao estímulo se escondesse debaixo de uma metáfora - a ação aparente. Mas, na intimidade do organismo, a situação não é menos estressante.
Uma dose moderada daqueles hormônios é fundamental para que se tenha um desempenho adequado nas tarefas cotidianas. "Minha aula seria maçante se eu não estivesse um pouquinho estressado", exemplifica o professor Chacra. Por aí se percebe que o estresse, a princípio, é algo muito positivo, pois são os hormônios envolvidos no processo que permitem ao cérebro prestar atenção, relacionar idéias. ser criativo - todas condições necessárias à sobrevivência. O problema - e haja problema - é que o estresse pode também prejudicar, caso exista em excesso. "É curioso como uma estratégia que nos ajuda a viver pode causar até a morte", pondera o psicólogo Esdras Vasconcellos, da Universidade de São Paulo, que durante dezessete anos estudou doenças psicossomáticas na Alemanha e agora comanda na USP uma pesquisa sobre as conseqüências do estresse em pacientes com AIDS.
Segundo ele, o ACTH liberado pela hipófise estimula as supra-renais a produzir dois tipos de hormônios, os glicocorticóides e os mineralocorticóides. "Ambos têm como principal meta mobilizar energia para uma espécie de fuga", explica o pesquisador. As supra-renais recebem ainda outro tipo de estímulo, uma mensagem elétrica direta do cérebro que faz a medula fabricar outros dois hormônios, a tão falada adrenalina e a noradrenalina. Verdadeiras injeções de ânimo, aumentam o ritmo de trabalho em todo o organismo. Não é à toa que, entre outros efeitos, a temperatura sobe. "Por isso um dos sintomas clássicos do estresse é justamente o suor frio", aponta Vasconcellos. "É a forma pela qual o organismo libera o excesso de calor, tentando literalmente esfriar a cabeça."
Para alívio de todos, ao mesmo tempo em que o hipotálamo ordena a reação de estresse, suas células nervosas enviam uma espécie de comunicado à superfície cinza-escuro do cérebro, região capaz de avaliar situações. Assim, muitas vezes os sintomas do estresse nem sequer se manifestam, pois é como se, uma fração de segundo depois de acionado o alarme do organismo fosse desligado por uma substância sintetizada pelas próprias células cerebrais. Mas, quando os estímulos estressantes ficam muito freqüentes, o sistema nervoso acaba considerando perda de tempo consultar o córtex, a estrutura capaz de distinguir um grito ameaçador de uma canção de ninar. E assim, agindo por reflexo, o organismo alarma-se por qualquer bobagem. desencadeando tempestade em copo de água.
O pior vem a seguir. Depois de certo tempo, cansado do jogo de liga-desliga, o organismo fica ligado de uma vez por todas: a partir daí, começa o chamado destresse, ou fase de resistência. O nome faz sentido: ao modificar o ritmo de funcionamento, o corpo deixa de perceber os sintomas clássicos do estresse. Aí não existe mais taquicardia - a aceleração súbita da pulsação - porque o coração já bate rotineiramente noventa vezes por minuto e não mais de 60 a 80 vezes, como seria normal. Do mesmo modo, não se sente mais tontura por mudanças da pressão sangüínea; ela já se estabilizou em valores 10 a 30 por cento mais altos do que a norma. O aparelho digestivo, enfim, trabalha agora o tempo todo devagar, quase parando; demora até quatro vezes mais que antes para dar conta de uma refeição. Nesse pico de atividade, o cérebro por algum motivo passa a inibir a ação das defesas do organismo contra agressores. "Provavelmente, essas células são ativadas por substâncias fabricadas pelo timo uma glândula situada sobre o coração, cujo trabalho o estresse acaba inibindo", supõe o psicólogo Vasconcellos. Depois de um ano acompanhando aidéticos, o cientista sente-se seguro em afirmar que aqueles mais estressados são os que sofrem mais infecções oportunistas, doenças raras em pessoas com saúde normal, mas para as quais os aidéticos são indefesos.
Já a relação entre estresse e câncer não é aceita pela unanimidade dos cientistas, embora tenha sido afirmada há exatos vinte anos, em função de uma pesquisa com ratos. A afirmação mexe com uma das maiores controvérsias sobre os efeitos do estresse: sua suposta relação com o aparecimento ou a piora de um sem-número de males, a começar pelo câncer. Levada às últimas conseqüências, a idéia de que estresse adoece significa que o doente é a própria causa da sua doença, na medida em que ele se tornou um estressado crônico por ter, em derradeira análise, um comportamento inadequado ao ambiente. Isso não é o mesmo que dizer que o fumante é responsável por seu próprio enfisema: neste caso, a relação de causa e efeito já está estabelecida para além de qualquer dúvida. Diversos trabalhos sugerem que, por razões misteriosas, a reação do sistema imunológico em pessoas estressadas melhora com exercícios físicos. Para a psicóloga Marilda Novaes Lipp, do Centro de Controle do Estresse, de Campinas, no interior de São Paulo, a ginástica ajuda o organismo a eliminar o excesso da adrenalina, na sua opinião, a grande responsável
pela maior parte dos males causados pelo estresse. Segundo Marilda, que durante treze anos estudou o problema nos Estados Unidos, voltando ao país no início da década de 80, "quando o estresse mal era conhecido por aqui", a adrenalina excessiva sempre ataca mais determinado órgão, conforme a pessoa. Seqüelas de estresse aparecem sem relação com sexo ou idade - aliás, de acordo com especialistas. se tornam cada vez mais comuns em crianças.
O homem é o único ser capaz de produzir o seu próprio estresse. Entre os animais. o estresse tem a ver exclusivamente com o estímulo externo, como o ataque de um predador. Numa avaliacão instantânea, ditada pelos reflexos da experiência, o bicho sob ameaça de agressão escolherá fugir ou lutar - em qualquer hipótese, o episódio tenderá a se esgotar em si mesmo, supondo, é claro, que a vítima vença o combate. Ficará nela a memória do ocorrido, de inestimável importância para o próximo enfrentamento. Mas, por falta de um córtex cerebral igual ao humano, bicho algum pode entregar-se a batalhas (ou fugas) imaginárias, cevando pensamentos capazes de despertar emoções negativas e conflitos íntimos - tidos como geradores de estresse. Os cientistas acreditam que tais estados subjetivos podem ativar o hipotálamo da mesma maneira que estímulos objetivos do meio ambiente.
"A maioria das pessoas parece estressada por alimentar preocupações", avalia a socióloga Nelly Candeias, uma senhora risonha que cultiva dúzias de violetas em seu gabinete e coordena na Universidade de São Paulo pesquisas de Saúde Pública - seu tema de estimação há quinze anos. Recentemente Nelly investigou a incidência de estresse em enfermeiras, profissão que apresenta um dos mais altos índices do problema no Brasil. "Depois de ensiná-las a controlar o estresse, evitando aqueles pensamentos que só tornam as coisas piores, conseguimos diminuir sintomas como a hipertensão", assegura ela. Aparentemente, não se trata do poder do pensamento positivo ou qualquer baboseira do gênero. Tudo leva a crer que ao se recuperar a calma, o cérebro libera endorfinas, analgésicos naturais, e produz outras substâncias que cortam o processo do estresse. "A cada dia", informa Nelly, "os cientistas trazem uma nova evidência de que parar cinco minutos para relaxar faz toda a diferença."

Sistema de alarme em ação

A fim de reagir aos imprevistos, o organismo, cauteloso, está sempre pronto para acionar seu complexo dispositivo de segurança:
1- Como uma rede de radares, receptores espalhados por todo o corpo captam qualquer alteração no ambiente, como um som;
2 - Os sinais captados chegam ao tálamo cerebral. Este, ao mesmo tempo em que repassa a informação ao córtex a área capaz de analisar a situação, envia a mensagem nervosa ao hipotálamo, que prepara a reação do organismo diante da emergência;
3 - Depois de receber a ordem do hipotálamo, a glândula hipófise libera mensageiros químicos, os ACTH, que disparam na direção das glândulas supra-renais;
4 - Com a chegada dos mensageiros da hipófise, as glândulas supra-renais despacham imediatamente substâncias químicas a destinos diferentes;
5 - A adrenalina dispersa-se pelo organismo inteiro, ordenando que acelere o ritmo de trabalho;
6 - Os mineralocorticóides seguem para órgãos específicos, como o estômago, mandando que interrompam o seu trabalho, a fim de poupar energia para um ataque ou uma eventual fuga;
7 - Os glicorticóides têm a incumbência de retirar o combustível armazenado nas células, para entregá-lo aos músculos.

A medida certa

Às vezes, estar estressado é estar numa boa. Isso porque se consegue resolver mil coisas ao mesmo tempo: a adrenalina e a noradrenalina ativam os circuitos do cérebro. Mas, aos poucos, esses mesmos hormônios transformam o corpo em uma bomba-relógio: as paredes dos vasos ficam cada vez mais grossas, dificultando a passagem do sangue; o coração começa a ficar cansado e, mais dia, menos dia, como no proverbial copo de água prestes a transbordar, uma cota adicional de adrenalina provocada por uma emoção mais forte faz o músculo cardíaco se contrair em um espasmo - é o infarto. Mas não se imagine sombra e água fresca seja a melhor receita contra os danos do estresse: está provado que, deixando de tomar uma dose moderada de tensão, o sistema nervoso reage como se vivesse em luta-livre. Ou seja, com grandes quantidades de hormônios do estresse. Pesquisas americanas indicam que pessoas submetidas a pouco estresse no dia-a-dia têm o dobro de problemas de saúde que aquelas com estresse tolerável.

Problema para menores

Certa vez, o professor de Pediatria Francisco De Fiore da Universidade de São Paulo recebeu no consultório um garoto de 11 anos com uma dor de estômago tão forte e repentina que se suspeitou de intoxicação. "Mas quando fiz os exames constatei que era uma úlcera", lembra o médico de 61 anos, 40 dos quais tratando crianças. "É cada vez mais comum o estresse infantil", constata. De fato, segundo levantamento recente da Organização Mundial de Saúde, uma em cada cinco crianças nos países ocidentais é estressada, sendo os motivos mais comuns a separação dos pais e o excesso de obrigações escolares.
"Nas crianças, os problemas cardíacos não chegam aparecer, pois o coração em crescimento consegue dar conta da sobrecarga do estresse", explica De Fiore. No entanto, isso não acontece com o estômago e o sistema imunológico. Assim, nas crianças, estresse costuma ser sinônimo de má digestão, resfriados constantes e todo tipo de alergias."





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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Paredes no Espaço - Astronomia


PAREDES NO ESPAÇO - Astronomia



Ao olhar o céu, astrofísicos americanos e brasileiros enxergam formas inesperadas que sugerem novas explicações para a evolução do Universo. Fala-se muito, por exemplo, em matéria escura.

Ajoelhados no chão, numa sala do segundo andar do Departamento de Astronomia do Observatório Nacional, na Zona Norte do Rio de Janeiro, dois homens conversam animadamente. Cercados por meia dúzia de mapas contendo milhares de pontinhos pretos, Luiz Roberto Nicolaci e Paulo Pellegrini, amigos e colegas, não se parecem de modo algum com a imagem caricata associada ao seu ganha-pão: sisudos astrofísicos com a cabeça voltada exclusivamente para temas transcendentais e desligados da vida real, como os mistérios do Universo. Nicolaci, 39 anos, moreno e barbudo, é agitado demais. Pellegrini um ano mais velho, alto e magro, talvez estivesse mais à vontade numa academia esportiva. Apesar disso, estes pesquisadores passaram os últimos nove anos observando pacientemente a posição de 3 mil galáxias a fim de montar imagens em três dimensões do céu visto do hemisfério sul. Tais figuras, junto com outras que estão surgindo no hemisfério norte, são fundamentais para esclarecer um dos mais caros dilemas dos cosmologistas modernos: como o Universo evoluiu até chegar à estrutura atual - sempre em mudança, sempre em movimento. Em 1981, com o apoio do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian de Cambridge, no Estado americano de Massachusetts, a pequena equipe brasileira formada por Nicolaci, Pellegrini, mais o astrônomo Christopher Willner e três técnicos, todos do Observatório Nacional, começou a passar o pente fino em regiões do Universo à procura de galáxias. Para isso, usaram o maior telescópio do país, de 1,60 metro, instalado em Brazópolis,. sul de Minas Gerais. Acoplado ao equipamento, um detector eletrônico ampliava milhares de vezes a luz quase imperceptível das galáxias remotas e a enviava a um computador que por sua vez transformava essas informações em gráficos.
Ao cabo de seis anos, terminado o primeiro levantamento, os pesquisadores tiveram a maior surpresa. "Quanto mais estudávamos os mapas", lembra Pellegrini, "mais nos convencíamos de que ali havia uma colossal estrutura semelhante a uma parede, que nunca tinha sido notada antes". A princípio, os coordenadores da pesquisa em Harvard, os americanos Margaret Geller e John Huchra, reagiram com compreensível cautela. Mas no final do ano passado, ao concluir o mais completo mapa já realizado da localização de galáxias - com 400 milhões de anos-luz de alcance (o dobro do levantamento inicial brasileiro) -, confirmaram as observações de Brazópolis. As fatias do Universo, desenhadas no computador. mostravam um curioso alinhamento de galáxias, logo chamado The Great Wall (a grande parede, ou muralha, em inglês). A divulgação da descoberta da instigante estrutura omitiu que, antes dos astrônomos americanos, seus colegas brasileiros já haviam sugerido a existência de formas igualmente complexas no céu do hemisfério sul. "Elas não têm a mesma densidade de galáxias avistada no norte, mas o tamanho é comparável", calcula Pellegrini. A dupla americana Huchra e Geller sugere que a Grande Parede tem 500 milhões de anos-luz de extensão. Juntando o mapa feito em Harvard com a mais recente cartografia cósmica produzida no Brasil, que tem igual profundidade pode-se supor que a estrutura, na verdade, se estende de um hemisfério a outro, superando a medida a que chegou o time de Harvard.
Os cosmologistas sabem que o Universo contém bilhões e bilhões de galáxias, como a Via Láctea, onde o Sol e seu séquito de planetas estão instalados. As galáxias se reúnem em aglomerados e superaglomerados, alguns insignificantes em escala cósmica, outros enormes de perder o fôlego, absorvendo imensas coleções de estrelas. São espirais normais, a exemplo da Via Láctea, ou espirais barradas, com um rio de gás, poeira e estrelas correndo em direção ao centro, ou ainda galáxias elípticas, simples bolas de estrelas em forma de esfera ou de elipse. Como o Universo está em expansão, todas essas galáxias estão se afastando umas das outras. Há vinte anos, julgava-se que elas estavam mais ou menos distribuídas por toda parte. Mas os progressos no campo das observações astronômicas permitiram descobrir que o Universo possuía grandes regiões vazias e filamentos de galáxias.
Para definir a forma como elas se agruparam, os astrônomos deram asas à imaginação. Falou-se em estruturas planas, lembrando panquecas. Outra hipótese fez uma analogia com esponjas. Assim como o material poroso de uma esponja é todo conectado entre si, as regiões densas de galáxias estariam também interligadas. O mesmo valeria para os espaços vazios, comparados a buracos por onde numa esponja flui a água. No Observatório Nacional, os astrofísicos Pellegrini e Nicolaci falaram em imensas estruturas planas, que não se curvam, e se cortam em todas as direções. Mas a dupla Huchra e Geller chegou a outro conceito, ao afirmar que todas as galáxias, aglomerados e superaglomerados estão distribuídos nas superfícies de bolhas de sabão.
Aperfeiçoando a metáfora da esponja, Huchra e Geller afirmam que os mapas das galáxias lembram "espuma de detergente no fundo da pia de cozinha" ou, numa versão menos doméstica, "espuma de cerveja na borda de um copo". Se for assim, atalhou outro astrofísico americano, Jeremiah Ostriker, da Universidade de Princeton pode-se conceber uma teoria engenhosa para explicar essas formas. Segundo ele. no começo do Universo formaram-se multidões de estrelas. Estas, no final de sua evolução, explodiram, transformando-se em supernovas. À medida que tais explosões foram se sucedendo, a matéria acabou cuspida para longe, criando o halo das bolhas avistadas por Huchra e Geller. Ainda é cedo para apostar em panquecas ou esponjas ou bolhas de sabão - ou paredes. "Essas imagens estão nos limites das pesquisas atuais", esclarece o astrofísico Ronaldo de Souza, da Universidade de São Paulo, que nos últimos anos participou de uma estatística da distribuição de vazios no espaço, feita pelos especialistas do Observatório Espacial Europeu, na Alemanha.
Para Ronaldo de Souza, "é preciso ter cautela". Explica: "Não creio que já estejamos na fase de dizer qual a forma do Universo". Jogando também com cuidado, Paulo Pellegrini, do Observatório Nacional, lembra que o seu levantamento corresponde a apenas 1 décimo de bilionésimo do volume do Universo conhecido e que o tamanho das estruturas é limitado pela extensão da pesquisa. "Só vamos ter mais certeza sobre o que vemos quando aprofundarmos o campo da amostra e as formas geométricas começarem a se repetir", adverte. Aprofundar o campo não é fácil, porém. Os astrônomos têm catalogadas 33 mil galáxias nos atlas estelares. Estes, como os mapas terrestres comuns, mostram só os ângulos onde as estrelas podem ser encontradas, algo como as latitudes e longitudes da Terra. Para ter uma imagem da posição real das galáxias no Universo, os astrofísicos precisam acrescentar aos mapas uma terceira coordenada: a distância que separa a Terra das galáxias.
Isso se consegue medindo o redshift, o desvio para a cor vermelha do espectro de luz, que consiste na mudança do comprimento da onda causada pelo rápido afastamento de um astro em relação ao observador. No Universo em expansão, quanto mais depressa as galáxias se afastam, mais distantes se encontram. Os astrônomos de Harvard, que puderam dispor todas as noites de um telescópio exclusivo, mesmo assim demoraram três anos para catalogar a posição de 3 mil galáxias. No Brasil, a realidade é mais dura. O tempo disponível no telescópio de Brazópolis deve ser dividido por toda a comunidade astronômica e o que sobra não é muito. Durante boa parte das noites, o céu está encoberto, impedindo as observações. Por isso, o levantamento das galáxias no hemisfério sul levou o dobro do tempo gasto em trabalho similar nos Estados Unidos. "As pesquisas foram transferidas para o Observatório Astronômico El Leoncito, no norte da Argentina, onde as condições atmosféricas e de infra-estrutura são mais favoráveis", conta Pellegrini. Ali, nos últimos anos, os brasileiros levantaram a posição de galáxias a 400 milhões de anos- luz de alcance. Nicolaci agora está em Harvard, para aperfeiçoar os métodos de observação.
Ao tentar explicar como o Universo evoluiu, os cosmologistas tornaram-se uma espécie de arqueólogos do espaço. Eles passaram a escavar a memória do Cosmo, descobrindo astros mais distantes, portanto mais antigos, que nasceram pouco depois do Big Bang, a presumível explosão que deu início à expansão do Universo entre 15 e 20 bilhões de anos atrás.
Descobriram que na sopa de partículas e energia que se seguiu à explosão, aos poucos foram se organizando núcleos de átomos mais complexos, que por sua vez terminariam constituindo as galáxias, estrelas, planetas e até os microscópicos habitantes da pequenina Terra. A história do Universo é a história da matéria que se organiza. Mas nem o cientista mais genial pode dizer com certeza quando isso começou a acontecer. "Pode ser que grandes estruturas como as galáxias tenham surgido da evolução de estruturas menores como as estrelas. Ou pode ter acontecido exatamente o contrário: uma grande nebulosa aos poucos foi tomando formas menores até surgirem galáxias e dentro delas as estrelas", especula o astrofíco João Steiner, pesquisador do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), de São José dos Campos, que trabalhou com John Huchra em Harvard. Para tentar descobrir a hipótese correta, seu colega Thyrso Villela Neto, também do INPE, está à procura de irregularidades na radiação de fundo cósmico, a emanação de energia que preenche o Universo e que seria uma espécie de registro fóssil da explosão inicial. Essas irregularidades indicariam pequenas variações na densidade da matéria inicial que serviriam de sementes para as galáxias. Enquanto Villela Neto instala seus instrumentos em balões, os cientistas da NASA, mais apetrechados, usam uma sonda espacial. Em novembro do ano passado, eles lançaram o COBE, sigla em inglês para Explorador de Radiação Cósmica de Fundo .
Seja como for, as estruturas avistadas recentemente nos mapas celestes significam mais dor de cabeça para os cosmologistas. A Grande Parede, suspiram eles, é muito extensa para ter se juntado pela atração gravitacional dos astros no curto tempo, em escala cósmica naturalmente, transcorrido desde o Big Bang - a menos que existissem inúmeros caroços na densidade da matéria após a explosão. Mas os dados obtidos pelo COBE e pelos balões não revelaram imperfeição alguma na homogeneidade inicial do Universo. Uma explicação alternativa poderia estar na chamada matéria escura, uma idéia exótica para os leigos, mas aceita com naturalidade pelos astrônomos.
Essa matéria invisível e misteriosa, que ocupa um enorme espaço no interior das galáxias e em volta delas, não se encontra nas estrelas nem no gás ou na poeira. No entanto, segundo cálculos hipotéticos ela é responsável por 90 por cento - isto mesmo, 90 por cento - da massa do Cosmo. Conseqüentemente. pode ser a chave para explicar como ele é feito. O problema é que as simulações do movimento coletivo de milhares de galáxias não mostram estruturas tão descomunais como a Parede. Vai ver é apenas uma amostra do cenário, digamos, um pedaço de uma muralha ainda maior - ou como cantaria o grupo Pink Floyd, "all in all it was all just bricks in the wall", tudo somado, apenas tijolos na parede. A teoria tem mais perguntas do que respostas, mais lacunas do que espaços preenchidos. Mas os cientistas não entregam os pontos. "Estamos vivendo o processo da descoberta", diz João Steiner do INPE. "Isto pode ser frustrante para quem gosta de explicações imediatas, mas é muito gratificante para quem participa das pesquisas.

Viagem no tempo

Daqui a dois meses, um enorme balão de hidrogênio será lançado da base do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) em Cachoeira Paulista, no interior de São Paulo, para ver a infância do Universo como nunca havia sido vista antes. Trata-se do primeiro experimento conjunto do INPE e da Universidade de Roma a fim de medir possíveis variações na intensidade da radiação de fundo cósmico, uma espécie de eco do Big Bang. Até hoje, as únicas variações registradas se devem aos movimentos da própria Terra e da Via Láctea. Os valores que servem de base para os cálculos foram fixados pelo brasileiro Thyrso Villela Neto, coordenador do projeto pelo INPE.
Em 1981, o astrofísico italiano Francesco Melchiorri havia feito medições, também a bordo de balões, mas na faixa do infravermelho, tendo notado algumas irregutaridades na radiação. A experiência será repetida com instrumentos mais sensíveis, primeiro em Cachoeira Paulista e mais tarde na Itália. Se forem confirmadas, as variações podem revelar o momento da infância do Universo em que se formaram as primeiras galáxias. O satélite COBE, que ficará dois anos no espaço também fará medições no infravermelho. "Resta esperar", diz Thyrso Villela, "os resultados dos dois projetos."

Relíquias de explosão

Mais finas do que um átomo, mais explosivas que uma supernova, quase tão velozes quanto a luz, as chamadas cordas cósmicas poderiam servir para explicar como, desde o Big Bang, o Universo se dividiu em grandes vazios e incontáveis aglomerados de galáxias. Só que, até agora, tais cordas - um emaranhado de fios que teria preservado a imensa energia primordial do Cosmo - existem apenas na cabeça de meia dúzia de cientistas. Dois deles, Jeremiah Ostriker, da Universidade de Princeton, e Lennox Cowie, da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, dizem que as cordas seriam relíquias do tempo da Grande Explosão. Como o gelo que não se solidifica de maneira uniforme, poderiam ser imperfeições que apareceram à medida que o Cosmo esfriou e se expandiu.
Imensas e pesadíssimas, as cordas teriam atração gravitacional suficiente para juntar grande quantidade de matéria à sua volta. Esse material formaria multidões de estrelas gigantescas e pouco estáveis, que explodiram em pouco tempo. Como fogos de artifício, tais explosões desencadeariam uma reação em cadeia. A onda de choque resultante expulsaria tudo o que encontrasse no caminho, deixando gigantescas regiões vazias. O material primitivo disperso pelas explosões formaria as bolhas avistadas nos mapas do Universo.





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domingo, 14 de outubro de 2012

O Mundo de cada um - Ambiente


O MUNDO DE CADA UM - Ambiente



Os ecologistas acham que qualquer pessoa pode fazer algo para mudar o planeta e - dizem como. Esse é o mote do Dia da Terra.

A nave espacial Terra não transporta passageiros. Somos todos tripulantes.
Marshall McLuhan (1911-1980), sociólogo canadense

No quarto domingo deste mês, dia 22, pelo menos um em cada cinqüenta homens, mulheres e crianças dos quatro cantos do mundo, algo como 100 milhões de pessoas ao todo, fará a sua parte naquela que será a maior manifestação coletiva da história: a comemoração do Dia da Terra.
Trata-se de uma invenção americana que agora, ao completar vinte anos, já transpôs todas as fronteiras, nas asas dos movimentos de defesa do ambiente.
O importante é que um evento dessa grandeza tem tudo para carimbar com o signo da universalidade um tipo de preocupação e de ativismo que de modo geral ainda permanece confinado aos guetos verdes da militância ecológica. E não é por outro motivo que a palavra de ordem deste Dia da Terra, modelo 1990 é a desafiadora pergunta "Quem diz que você não pode mudar o mundo?"
Eis um declarado, irrestrito convite à ação individual para deter o processo de deterioração de um planeta que em seus presumíveis 4,5 bilhões de anos sobreviveu a traumas geológicos e climáticos sem que neles houvesse a marca da mão do homem. No entanto, em um prazo muitíssimo mais curto, medido no horizonte de um punhado de gerações, a Terra provavelmente não será a mesma que o homem se acostumou a conhecer ao longo de alguns milênios. E para que ela não mude tanto a ponto de desfigurar ou mesmo impedir a presença humana em sua superfície é que se quer convencer cada pessoa de que está ao seu alcance fazer algo para mudar esse mundo de previsões apocalípticas, subscritas pela ciência, das quais emergem o pesadelo do buraco na camada de ozônio e o horror do efeito estufa.
Além da penetração maior dos nefastos raios ultravioleta, o acúmulo de gás carbônico na atmosfera, rastro do avanço mal traçado da civilização industrial apoiada na queima de combustíveis fósseis, poderá fazer com que a temperatura do globo aumente até 4,5 graus centígrados nos próximos cinqüenta anos. Com isso o clima que tornou possível a existência humana em quase todos os rincões da Terra se tornará irreconhecível: o nível dos oceanos subirá o suficiente para inundar enormes áreas costeiras e transformar solos férteis em desertos salgados - catástrofes que prenunciarão outras, afetando o conjunto da natureza.
Nesse cenário cada vez mais verossímil, no mínimo 8 bilhões de pessoas terão de ganhar o pão e a água de todo dia em condições dramaticamente adversas. Até que ponto mudanças no comportamento individual podem abrandar esse cenário? Para os ambientalistas, pequenas alterações de hábitos cotidianos tenderão a acumular benefícios em escala literalmente planetária, sendo o primeiro deles a percepção de que governos complacentes e empresas gananciosas não são os únicos vilões nessa história: cada qual tem seu grão de responsabilidade própria pela avalanche de desacertos ecológicos que castiga o mundo.
Embora produtores de apenas 5 por cento do gás carbônico lançado na atmosfera, menos de um quarto do volume made USA, os brasileiros sem dúvida estão entre os mais cobrados a se engajar na luta para salvar a Terra. A razão não há criança que ignore. A Amazônia Legal brasileira representa, afinal, um terço de todas as florestas tropicais do globo e sua preservação tornou-se uma preocupação mundial. Duas mil queimadas por dia, em média, já destruíram nos últimos anos quase um décimo da mata tropical e lançaram aos céus uma quantidade de gás carbônico suficiente para figurar entre os culpados pelo efeito estufa.
A Amazônia certamente não será salva por pequenas mudanças de hábitos cotidianos de pessoas vivendo a milhares de quilômetros da floresta, mas entre o que se passa na mata e o que se faz na cidade existe um parentesco que a vista não alcança - e que os ecologistas se esforçam por exibir assim como evidenciam o nexo entre as diversas agressões ao ambiente. "Temos a destruição das nascentes dos rios pelo garimpo, caça e pesca predatórias incontroláveis, cidades ameaçadas por nuvens de fumaça e praias imundas", relaciona o jornalista Fernando César Mesquita, 51 anos, presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no governo José Sarney. "Temos, acima de tudo, um problema cultural. As pessoas ainda não reconhecem o seu papel no ambiente."
Mas é patente que já há algum tempo os ventos sopram a favor do ambientalismo. Em 1988, por exemplo, cálculos americanos indicavam que a população mundial de militantes do que se convencionou chamar movimentos ecológicos somava 13 milhões de pessoas; na virada para os anos 90, outros 3 milhões se incorporaram à onda verde. No Brasil, a contabilidade disponível se refere a organizações: são já mais de 2 500 entidades ambientalistas, a maioria núcleos de algumas centenas de pessoas dedicadas à defesa de causas específicas. A maior é a Fundação S.O.S. Mata Atlântica, com 3 mil sócios. Outra de bom tamanho é a Associação de Defesa da Juréia, cujos 1400 sócios pretendem preservar a região paulista da Mata Atlântica entre Peruíbe e Iguape.
"Há quinze anos, se você falasse em meio ambiente seria rotulado de romântico e antiprogressista", lembra o arquiteto Clayton Ferreira Lino, diretor da Fundação S.O.S Mata Atlântica, em São Paulo. "Atualmente, em compensação, a verdadeira militância convive com a moda da militância". E entre o discurso bonito e a prática de cada um existe um abismo", critica. Isso talvez se entenda pela constatação de que a bandeira verde nem sempre é leve. Muitas vezes, a busca do melhor para o meio ambiente exige no dia-a-dia individual mais paciência, mais despesas, menos conforto imediato. Isso explicaria por que, embora quatro em cada cinco americanos se considerem ambientalistas, poucos entre eles mudam a própria vida para mudar o mundo - a população dos Estados Unidos roda cerca de 1 bilhão de quilômetros por ano, queimando pouco mais de um quarto do combustível usado na Terra.
"Ninguém está pedindo para que se ande a pé", assegura o engenheiro Gabriel Murgel Branco, gerente do Programa de Controle de Veículos (Proconve), um bem-preparado plano de metas, aprovado há três anos pelo governo federal, que prevê a fabricação de carros nacionais menos poluidores, estabelecendo limites graduais de emissão de gases pelo escapamento. "Se as pessoas regulassem o motor com freqüência, seguindo sempre a indicação do fabricante, se só comprassem peças originais que garantam o desempenho programado para aquele motor e, finalmente, se não inventassem na garagem coquetéis incrementados de combustível, apenas com isso a poluição nas cidades diminuiria no mínimo 30 por cento", garante o engenheiro.
Se com um automóvel bem cuidado se pode atenuar parte do problema do aquecimento da atmosfera e mesmo da chuva ácida - a reação das gotas com os poluentes do ar -, em relação à poluição marinha a ação individual só tem a saída da precaução. Claro que jogar lixo na praia é arruinar o lugar ao sol do próprio usuário sujão, mas há coisa pior neste departamento. Na opinião de Luiz Roberto Tomazzi, diretor do Instituto de Oceanografia da Universidade de São Paulo, a grande inimiga dos mares é a especulação imobiliária. "Ao tirar os vegetais à beira-mar, o solo exposto à erosão é arrastado pela chuva para o mar; ali, as partículas de terra ficam em suspensão, impedindo a luz de penetrar na água", ele explica. "Assim, sem poder realizar a fotossíntese (a conversão de energia solar em nutrientes), morrem vegetais aquáticos e, em seguida, seus dependentes sucessivos, até chegar aos peixes. Nesse toma-lá, dá-cá todo o ecossistema marinho fica abalado."
Quando, meses atrás, técnicos da Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo chegaram à Ilha Comprida, no litoral sul paulista, descobriram que ali tinham sido vendidos 300 mil lotes em uma área que, para se evitar o excesso de esgoto, comportaria no máximo 70 mil. "Quem compra um terreno no litoral deve exigir um comprovante de que o loteamento tem licença do órgão ambiental da região", aconselha Ivan Gânglio, diretor de Planejamento Ambiental da Secretaria. "Caso contrário, estará comprando hoje um pedaço do paraíso, para ter amanhã uma casa no inferno."
Quem se encontra no litoral ainda tem de cuidar em dobro do desperdício de água. Apenas 3 por cento da água que banha o planeta serviria para matar a sede do homem, ou seja, é água fresca; ocorre, porém, que três quartos desse total permanecem congelados nas regiões polares. Para tornar o líquido ainda mais precioso, três em cada dez lençóis aquáticos subterrâneos - formados pela chuva filtrada pela terra que se satura a determinada profundidade - estão contaminados também devido ao uso exagerado de pesticidas na agricultura, cujos resíduos tóxicos são arrastados solo abaixo pela água.
Para o geólogo Nélson Ellert, da Universidade de São Paulo, que há dez anos pesquisa a poluição desses lençóis, "o consumo excessivo de água causa estragos principalmente na região litorânea". Ali costuma haver o que se chama sobreexplotação, ou seja, a água fresca, menos densa fica sobre um lençol de água salgada, mais densa. "A diminuição em ritmo acelerado do volume de água doce faz subir aquela água que está logo abaixo, salgando portanto toda a fonte. O fenômeno não é raro, informa o pesquisador, citando áreas do litoral do Rio Grande do Norte, entre os casos mais recentes.
No hemisfério norte, cada vez com mais freqüência quem vai lavar as mãos depara com uma torneira seca e não se surpreende com isso: equipamentos hidráulicos modernos acoplam células fotossensíveis, que fazem a água jorrar apenas quando as mãos estiverem na direção do jato. Isso evita por exemplo a velha cena da escovação dos dentes enquanto a água fresca escorre pelo ralo, um descuido de quem desconhece o seu valor para o homem. Estuda-se também acima do equador a possibilidade de reaproveitar no vaso sanitário a água usada na pia. Faz sentido: cada vez que se aperta a válvula da descarga. o jato contém no mínimo 5 litros de água fresca tratada, a mesma que serviria para a higiene pessoal.
O desperdício é provavelmente o mais curto estopim da bomba ecológica que está para estourar nos próximos anos. Aparece camuflado nas atitudes mais inocentes. como a da dona de casa caprichosa que verte doses generosas de amaciante de roupa no tanque. "Detergentes, sabões, amaciantes, tudo isso no mercado nacional é declarado biodegradável, ou seja, suas moléculas são naturalmente assimiladas pelo ambiente. Mas na prática é outra história", adverte o químico Omar El Seoud, da Universidade de São Paulo, especialista no assunto. "Se o esgoto não passar por três etapas de tratamento - o que nem sempre acontece -, o produto não terá condições de ser degradado, transformando-se em mais uma substância tóxica no ambiente", adverte. "Por isso. ultrapassar a recomendação da embalagem é gerar doses extras de poluição."
Pior é quando se trata daquilo que se joga fora - no sentido literal: a humanidade precisará de aterros suficientes para os 60 milhões de toneladas de lixo que se estima serão produzidos nos próximos sessenta anos. O problema não é apenas a falta de espaço, que já desespera os americanos, por exemplo, mas a contaminação do solo, quando este não é preparado para receber os resíduos, como acontece com oito de cada dez aterros no Brasil. "A única saída é a reciclagem", prevê a engenheira Maria Helena Orth, diretora de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), uma mulher bem-vestida e de hábitos refinados que há quinze anos está de olho nos cerca de 700 gramas que cada brasileiro põe fora todo dia. "É a metade do que ele consome", calcula.
Reaproveitar aquilo que se elimina é um costume em relação ao qual o Brasil
engatinha. O Japão, mestre nessa tecnologia recicla aproximadamente
metade dos 100 milhões de toneladas do lixo produzidos por ano - fabricam com a matéria-prima das lixeiras, entre outras coisas, papel higiênico suficiente para embrulhar a Terra quatro vezes. Na Europa Ocidental, em média, um terço do lixo é reciclado: para estimular a população a separar embalagens de resíduos orgânicos. os franceses até criaram postos onde se trocam garrafas latas e caixas de papelão por billets de metrô ou de ônibus.
Muitas vezes, pode-se ajudar o ambiente simplesmente criando menos lixo, como, fiel às suas convicções, pretende o deputado federal Fábio Feldman, do PSDB de São Paulo, primeiro representante do ambientalismo no Congresso. Ele prepara um projeto pelo qual a indústria que utiliza embalagens descartáveis terá a obrigação de reaver 40 por cento desse material depois de vendido. "O consumidor deveria optar pelo descartável só em último caso, quando vai viajar, por exemplo, ensina. Seria ingênuo em todo caso imaginar que, se cada um cuidar das pequenas questões, as grandes se resolverão sozinhas.
O zelo ecológico na vida pessoal não exclui outras formas de ação, destinadas a influenciar as decisões dos poderosos deste mundo. É por isso que cientistas laureados como o astrônomo Carl Sagan e o químico Linus Pauling, além de manterem regulados os motores de seus carros, como se presume, assinam manifestos dirigidos ao governo americano pedindo leis mais duras de defesa do ambiente. Não é por mero otimismo que observadores como a socióloga Laura Tetti, da Cetesb, a agência de saneamento ambiental do governo paulista, acreditam que as pessoas estão dispostas a pagar o preço necessário para conservar o ambiente e, em última análise, a própria qualidade de vida. "Já passou a fase do ambientalismo romântico", analisa ela. "Todos agora querem receitas para cooperar."

Dinheiro no lixo

No Brasil, apenas 0,8 por cento do lixo é reaproveitado - e isso graças aos garrafeiros e catadores de papel. Mas o governo começa a remexer o problema. De dezembro do ano passado a março último, os moradores do bairro paulistano de Vila Madalena participaram de uma experiência pioneira: receberam sacolas para recolher papéis, latas, vidros, enfim, materiais recicláveis que habitualmente vão parar no lixo. Mais que o zelo ambiental, o que moveu a Prefeitura foi a preocupação com o dinheiro. Não é para menos: tratar as 12 mil toneladas de lixo que os paulistanos produzem todos os dias consome 15 de cada 100 cruzados da receita municipal. Em quatro meses de experiência a Administração conseguiu vender 70 toneladas daquele tipo de material - diante desse resultado,o projeto deverá ser implantado para valer na cidade.





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domingo, 14 de outubro de 2012

A Rainha dos Reis - Cleopatra



A RAINHA DOS REIS - Cleopatra



Para reviver a glória dos faraós do Egito, ela seduziu os dois mais poderosos chefes romanos de seu tempo. Um terceiro a derrotou.

Ano 51 a.C. Cleópatra, aos 18 anos, torna-se rainha do Egito com a morte de seu pai Ptolomeu XII. É provável que os oráculos profetizassem que a jovem ambiciosa, meio grega, meio macedônica, estava destinada a interferir nos meandros da História. Mas tudo que Cleópatra queria era manter-se no poder. O Egito, celeiro do mundo ocidental e uma das nações mais ricas do Mediterrâneo, representava um troféu muito cobiçado pelos inquietos romanos; afinal, uma centena de anos antes eles haviam começado sua expansão para o Oriente. Mais de uma vez falara-se em anexação e o próprio pai de Cleópatra só conseguiu manter-se no trono distribuindo subornos. Assim, a rainha ainda adolescente sabia muito bem que o caminho para a permanência no poder passava por Roma - e seus governantes. Tornou-se amante e aliada de Júlio César (100-44 a.C.), o primeiro ditador romano. Mais tarde, conquistou as atenções de seu sucessor, Marco Antônio (82 ou 81-30 a.C.).
A história desses romances, misto de desejo e jogo de interesses, repercutiria intensamente na política romana, que passava por um período crucial. A República, implantada em 509 a.C., agonizava em meio à guerra civil. Os generais mais ricos, que podiam pagar seus exércitos, procuravam obter o poder para si. "Nesse tabuleiro de xadrez Cleópatra manobra com habilidade", avalia o professor de História Antiga Ciro Flamarion Cardoso, da Universidade Federal Fluminense. "Num mundo em que os negócios do Estado estavam nas mãos dos homens, ela usou a sedução para vencer como estadista." A personagem Cleópatra, na maioria dos livros de História, encarna como nenhuma outra mulher da Antigüidade o papel de irresistível sedutora. "Mas esta é uma visão deformada", critica Flamarion Cardoso, que se diz um admirador da figura histórica da rainha. "Cleópatra foi uma administradora competente, uma mulher culta, que além do mais devia ter consideráveis dotes eróticos. Apostou na sua estratégia e perdeu. E a História não costuma ter complacência com os vencidos."
Surpreendentemente, apenas há poucas décadas, passou-se a pesquisar com outro enfoque a vida da rainha do Egito. Até então, baseados no que diziam seus inimigos, que por sinal não eram poucos, os textos clássicos a descreveram de maneira extremamente pejorativa- mulher venal, amante de orgias, que conseguiu, com seus ardís, enfeitiçar dois generais romanos. Além das lendas, são poucos os registros históricos dignos desse nome sobre Cleópatra. Para evocar a sua aparência existem algumas efígies em moedas e um busto no Museu Britânico, em Londres. Não se sabe, portanto, se a moça tinha os olhos claros e cabelos loiros dos macedônios, ou a tez morena dos gregos. Parecia ter olhos grandes, boca pequena e bem desenhada. "Se o seu nariz tivesse sido mais curto, toda a face da Terra teria mudado", disse o matemático francês Blaise Pascal (1623-1662), pioneiro da Teoria da Probabilidade. O nariz era aquilino . O fato é que a beleza não constituía o seu maior atributo. Plutarco, o historiador romano que viveu um século depois, explicava de outro modo o fascínio que ela exercia: "A presença de Cleópatra era irresistível e havia tal encanto em sua pessoa e no seu modo de falar, misturado com uma força singular que permeava cada palavra e cada gesto, que a todos ela subjugava."
Cleópatra pertencia à dinastia de Ptolomeu, um dos generais de Alexandre, o Grande (356 a.C.-323 a.C.), cujo império se estendia do Egito até a Índia. "Alexandre, de origem macedônica absorveu a cultura oriental e se comportou como um monarca divino", classifica o professor de História Antiga Ricardo Mário Gonçalves, da Universidade de São Paulo. "Os sucessores imitaram o seu exemplo." Depois da morte do imperador, suas terras foram divididas, cabendo a Ptolomeu o Egito. Para consolidar seu poder, o general se fez sagrar faraó, retomando as tradições das linhagens que comandaram o país durante três milênios, sob cuja autoridade se desenvolveu uma peculiar civilização de que as pirâmides são o signo mais conhecido. Cleópatra VII Thea Philopator (deusa que ama o pai, em grego) era o seu nome todo. Herdeira da dinastia ptolomaica, gostava de vestir-se como Ísis, a deusa-mãe, de quem se dizia a reencarnação.
Nascida em 69 a.C., na rica Alexandria cujo porto era o mais importante da época, nada mais natural que Cleópatra se sentisse uma deusa. Dos jardins do seu palácio, ela podia ver algumas das maravilhas legadas ao mundo por seus antepassados: a mais famosa biblioteca da Antigüidade, com mais de 700 mil volumes, e um museu freqüentado por sábios do Mediterrâneo. Os Ptolomeu eram patronos das artes e muito do que se conhece hoje de filosofia e ciência gregas foi conservado em Alexandria, a capital do Egito. Do palácio também se avistava a féerica agitação do porto, os monumentos e o magnífico farol, construído por Ptolomeu II, uma das Sete Maravilhas do Mundo. Como regente do Egito, Cleópatra controlava, com a ajuda de administradores gregos, não só a vida da cidade mas a agricultura ao longo do Nilo, de onde provinha a fabulosa riqueza de seu país. Dispondo de poder absoluto, tinha objetivos definidos para o seu reinado, além de obstinação suficiente para dedicar a vida à realização de suas ambições: garantir a riqueza e a independência do Egito e restaurar a glória dos faraós.
Cercada de uma corte corrupta, Cleópatra não tinha escrúpulos. Mandou matar quatro dos cinco irmãos (dois homens e três mulheres) que podiam atrapalhar-lhe os planos. Era porém uma mulher culta. Nas negociações comerciais e nos encontros diplomáticos dispensava intérpretes, sendo a única rainha macedônica a falar o egípcio - além de nove outras línguas. Durante o seu reinado, patrocinou as artes e as ciências e teria, segundo alguns historiadores, escrito duas obras: um improvável tratado sobre pesos e medidas e outro, mais compatível com sua figura no imaginário popular, sobre penteados e cosméticos. Para conquistar a confiança do povo, subiu o Nilo até Tebas, onde presidiu uma cerimônia de culto ao touro sagrado, manifestação do deus Ra. Nos 21 anos em que governou o Egito, evitou que a massa se rebelasse, o que contraria a afirmação de que era odiada por sua crueldade.
Em compensação, logo que se tornou rainha, enfrentou a primeira conspiração palaciana. Como de costume entre os Ptolomeu, Cleópatra deveria dividir o trono com seu irmão Ptolomeu XIII, de apenas 10 anos, de quem era formalmente a mulher. Temendo, com bons motivos, que ela pretendesse governar sozinha, os tutores do irmão-marido a expulsaram para a Síria. Nesse meio tempo, o triunvirato que governava Roma desde 60 a.C. havia se desfeito e César disputava com Pompeu o controle da República. Pompeu foi assassinado em 48 a.C.. no Egito, para onde César se dirigiu com suas legiões. A fim de entrar incógnita em Alexandria e conquistar as graças de César, Cleópatra arquitetou um plano ao seu estilo. Detalhe miúdo, ela se fez embrulhar num tapete, colocado nos ombros de um servo. Pode-se imaginar a expressão do ditador romano, ao ver o que continha o tapete desdobrado aos seus pés. Não espanta que a apresentação tenha terminado na cama. Seja como for, no dia seguinte César entregaria o controle do Egito para Cleópatra. Era um presente sujeito a condições. Em troca, a rainha, que mais tarde deu à luz a um filho apropriadamente chamado Cesário Ihe garantiu riquezas para sustentar seus exércitos.
Assim, apesar do que diziam as más línguas da época, a sedução de César não era cega. Mas, ao voltar a Roma, em 46 a.C., depois de uma vitoriosa campanha na Ásia Menor, o ditador convidou a rainha a visitá-lo. E, para provar a todos que Cleópatra era mais do que uma amante casual, mandou colocar sua estátua no templo dos próprios ancestrais dedicado a Vênus, como se sabe, a deusa do amor e da beleza na mitologia romana. César tinha então 54 anos. Cleópatra, 23. Os dias do conquistador, no entanto, estavam contados. Os inimigos acreditavam que ele pretendia tornar-se rei e instalar o governo do império em Alexandria para ficar junto da amante. Em 44 a.C., num dos episódios mais dramáticos da história de Roma, César foi assassinado por um grupo de republicanos. Sua morte pôs um fim à primeira campanha de Cleópatra pelo poder. Discretamente, retirou-se para o Egito à espera dos desdobramentos que não tardariam, na luta em Roma.
Divulgado por Marco Antônio, o melhor amigo de César, o testamento do finado não mencionava sequer uma vez o nome de Cleópatra nem fornecia indicação de um eventual projeto monárquico. Os conspiradores que acreditavam que a morte de César traria de volta a República tiveram de sair do país. Formou-se um novo triunvirato com Marco Antônio, Otávio - um jovem de 18 anos, herdeiro de César - e Lépido, o maior de seus generais. Logo ficou claro que a ambição dos dois primeiros iria jogá-los um contra o outro. Em 42 a.C., na primeira batalha de que os dois participam juntos, em Filipos, na Grécia, o maior quinhão da glória cabe a Marco Antônio - ou assim parece, já que nessa época Otávio era apenas um rapaz doente. Para consolidar o poder recém-conquistado, Antônio sonha com uma invasão da Pérsia e, para esse objetivo, convoca todos os aliados da República Romana a um encontro em Tarso, na Síria. É a oportunidade que Cleópatra esperava para voltar à História. Sua entrada é nada menos que triunfal. Baseado nos textos de Plutarco, o dramaturgo inglês William Shakespeare (1564-1616) imortalizaria acenara peça Antônio e Cleópatra, em que a rainha, adornada como Vênus, aparece na popa dourada de um barco com velas de cor púrpura enfunadas ao vento. Cleópatra se faz abanar com plumas de avestruz por meninos vestidos de Cupido, enquanto, ao som de flautas, oboés e alaúdes, escravos movem ritmicamente os remos de prata. A ser verdadeira a cena, Hollywood não terá inventado nada de novo na breguíssima reconstrução de Cleópatra, filmado em 1963, com Elizabeth Taylor. Dado a festas e ostentações, como poderia Marco Antônio resistir? No golpe de misericórdia, Cleópatra, aos 29 anos e no auge de seus encantos, convida o general quarentão para um banquete inigualável. Segundo Plutarco, dai em diante Cleópatra fez o que quis de Marco Antônio: "Ela despertou e inflamou paixões até então adormecidas em sua natureza, abafou e finalmente corrompeu quaisquer resquícios de bondade e justiça que ainda subsistissem nele."Na realidade, o general era emotivo, bêbado e mulherengo", precisa Flamarion Cardoso, da Universidade Federal Fluminense.
Marco Antônio desistiu da campanha da Pérsia e aceitou o convite da rainha para visitar Alexandria. Na bela cidade eles formaram uma sociedade chamada "os que vivem para o prazer", bem ao gosto do general romano. Em 34 a.C., Antônio deu a Cleópatra, como prova de amor, a ilha de Chipre, mais a Líbia e a Síria, a Armênia, a Média (no noroeste do atual Irã) e a Cilícia (sudeste da atual Turquia) - e, é claro, o velho Egito. Em troca, como já havia acontecido com César, a rainha sustentaria com suas riquezas as legiões romanas. Marco Antônio foi um amante mais generoso do que seu antecessor. Numa das festas que promoveu, deu a Cleópatra o título de Rainha dos Reis, repartindo entre Cesário, o filho que ela tivera com César e as três crianças que eram filhos dela consigo, partes das terras conquistadas pelo seu exército. Em Roma, tais doações foram usadas por Otávio para indispor o populacho contra seu rival. Segundo o professor Ricardo Gonçalves, "ao unir-se com Cleópatra, Marco Antônio tornou-se para os romanos um monarca despótico e absolutista. Enquanto Otávio, embora também quisesse o poder absoluto, parecia agir como um defensor da República." Não tardou que ambos se guerreassem. A batalha de Ácio, no leste da Grécia. em 31 a.C., foi definitiva. Embora seu exército fosse melhor preparado, Antônio não conseguiu furar o bloqueio marítimo montado por Otávio. Cleópatra, ao lado do amante, foi a primeira a reconhecer a derrota e fugir para o Egito. Para não perdê-la, Marco Antônio foi atrás, abandonando os que ainda lutavam - pecado imperdoável para um chefe militar. No Egito, o par formou a sociedade dos "inseparáveis na morte". Como bom soldado, ele matou-se com a espada. Cleópatra, porém, tinha apego à vida. Prisioneira dos romanos, com 39 anos, apelou para a velha fórmula, tentando seduzir Otávio. Mas este recusou o jogo. Não restou mais nada à rainha senão suicidar-se, fazendo-se picar por uma áspide, pequena cobra venenosa.

O mito masculino da mulher fatal

Morena, cabelos negros, olhos cor de violeta. Assim era a Cleópatra made in Hollywood, por quem o público masculino suspirava em 1963. Não só o público: o ator inglês Richard Burton, que fazia Marco Antônio no filme, sucumbiu aos encantos, como se diz, de Elizabeth Taylor-Cleópatra e com ela viveu um longo, intermitente e tempestuoso casamento. O episódio, que um dia talvez vire filme também, foi um acréscimo primoroso para fixar no imaginário popular o mito de Cleópatra mulher fatal, cuja dimensão trágica está em ser ela ao mesmo tempo prêmio e perdição para o homem. "Cleópatra é capaz de deixar qualquer homem a seus pés, mas homem algum pode ser feliz a seu lado", resume o professor Flávio Di Giorgi, que leciona Lingüística e Teoria Literária na PUC de São Paulo.
Com uma história que mistura política, intriga, violência, luxo e erotismo, é natural que a arte se apropriasse da figura da rainha do Egito, desde as pinturas que descrevem de forma romântica e grandiloqüente o seu suicídio às peças de Shakespeare e Bernard Shaw e ao romance histórico de Théophile Gautier. Vivendo num ambiente de opulência e sensualidade - a corte dos faraós na faustosa Alexandria - Cleópatra é esculpida como a mulher irresistível que usa o corpo para conseguir o que quer dos homens e depois os descarta. Ou, segundo analisa o psicanalista Renato Mezan, também professor da PUC, "como ela não tem existência real, sendo apenas a projeção dos desejos masculinos, o mito a despoja de sentimentos".





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domingo, 14 de outubro de 2012

Um Show entre o Céu e a Terra - Física



UM SHOW ENTRE O CÉU E A TERRA - Física



O relâmpago é um dos eventos naturais mais fáceis de observar - e mais difíceis de estudar. As nuvens onde ocorrem as descargas que os produzem ainda guardam alguns mistérios.

No principio, há mais de 4 bilhões de anos, quando a Terra estava em formação, existiam na atmosfera apenas nuvens dos quatro gases chamados primordiais: amônia, metano, hidrogênio e vapor de água. Eis que, inesperadamente, começam a irromper relâmpagos por toda parte. Tempos depois, surgem os primeiros compostos orgânicos, matéria-prima para o aparecimento de vida no planeta. Esse grandioso acontecimento, já reproduzido em escala de laboratório, dá a medida da importância dos relâmpagos na complexa engrenagem da natureza. De fato, a colossal quantidade de energia elétrica liberada no evento - de que o relâmpago, um clarão intenso e breve, é a rigor apenas o produto - foi a força que naquele passado remoto rompeu as moléculas dos quatro gases; o resultado, a partir da recomposição dos fragmentos de moléculas, foi o nascimento dos aminoácidos estrutura básica das proteínas, os tijolos da vida. Até hoje, porém, a mesma ciência que se revelou capaz de conceber e reproduzir o mais plausível momento culminante da origem da matéria orgânica na Terra ainda não conseguiu esclarecer plenamente os segredos dessa espetacular descarga de eletricidade tão comum e efêmera que acontece cerca de cem vezes por segundo pelo mundo afora.
Desde que o pensador, diplomata, inventor e cientista americano Benjamin Franklin (1706-1790) demonstrou que um relâmpago é a evidência de uma fantástica descarga de eletricidade, incontáveis pesquisas têm procurado descobrir o que acontece no interior das nuvens onde ela se origina. No entanto, apesar de toda a tecnologia atualmente disponível para tais investigações, a natureza dos relâmpagos e o mecanismo pelo qual nuvens de chuva são eletrificadas permanecem obscuras. Franklin observara em 1752, por exemplo, que "as nuvens de uma pancada de chuva estão em sua maioria no estado negativo de eletricidade, mas algumas vezes num estado positivo".
Só recentemente se esclareceu o dilema se essa descrição ambígua foi resultado de uma observação falha ou se é a ambigüidade inerente ao fenômeno. É inerente. O criativo cientista americano provou, em todo caso, que o relâmpago transfere cargas tanto positivas quanto negativas de uma área da nuvem para outra ou entre a nuvem e a Terra. Para que essa transferência aconteça, a nuvem tem de estar eletrificada, ou seja, é necessário que as cargas positivas e negativas dentro dela estejam separadas. Mas como será que essas cargas se separam? Por enquanto, somente uma parte da pergunta foi respondida.
Todo e qualquer objeto possui cargas positivas e negativas. Quando é igual o número de umas e outras, não existindo carga alguma sobrando - e há um equilíbrio entre cargas opostas -, se diz que esses objetos são eletricamente neutros. Alguns acontecimentos microfísicos, porém, podem causar uma separação de cargas, com o resultado de que, embora o objeto como um todo permaneça neutro, uma área tem mais cargas positivas ou negativas do que outra. Nesse caso, o objeto está carregado ou eletrificado. A separação das cargas é medida em volts. Quanto maior a separação, maior a voltagem. Quando se anda dentro de um quarto, por exemplo, todo o quarto permanece neutro, mas a ação de atrito dos sapatos sobre um tapete carrega-o com uma polaridade, ficando os sapatos e o corpo da pessoa com polaridade oposta. Isso pode acarretar uma diferença de potencial de vários volts entre as cargas positivas e negativas. O que fica evidente quando se provoca uma pequena descarga elétrica ao se tocar no trinco da porta.
A descarga tornada visível no relâmpago pode surgir numa tempestade de gelo ou numa tempestade de areia. Bem como numa erupção vulcânica, numa explosão nuclear e, aparentemente, até mesmo em pleno céu azul. Mas os cientistas preferem analisar a mais familiar de todas: a que sai da nuvem em direção à Terra e, ao voltar, se manifesta no clarão. Tudo começa quando o ar quente e úmido próximo ao solo se eleva na atmosfera e, chegando a certa altitude, esfria. O resultado é uma nuvem em forma de bigorna, chamada cúmulo-nimbo pelos meteorologistas. No seu estágio mais avançado, esse tipo de nuvem tem uma conformação macia, parecida a um monte de algodão flutuando no ar, com uma base escura, resultado da interrupção da passagem da luz do Sol. Quando um cúmulonimbo alcança uma altura de cerca de 10 mil metros, a baixíssima temperatura na sua parte mais alta (35° C abaixo de zero) provoca a precipitação de partículas de água e cristais de gelo.
À medida que os pingos de chuva e os cristais caem no interior da nuvem, arrastam o ar consigo. Assim, violentas correntes descem por dentro da nuvem, com velocidades de até 200 quilômetros por hora. Mais água e partículas de gelo são carregadas por esses ventos, alcançando também altas velocidades. Ao longo do caminho, o choque entre as partículas torna algumas delas eletrificadas: perdem ou ganham elétrons e assim adquirem cargas positivas ou negativas. "Já se tem certeza de que concentrações de cargas positivas e negativas ficam separadas no interior da nuvem, embora não se saiba por que isso acontece", escreveu Earle Williams, professor de Meteorologia do Massachusetts Institute of Technology, nos Estados Unidos. As cargas positivas se concentram no topo da nuvem, bem como, em menor quantidade, na parte mais baixa. Na região central ficam as cargas negativas.
Um típico raio acontece quando o campo elétrico em qualquer parte da nuvem se torna tão forte com a intensidade das correntes de ventos que arranca um elétron de uma molécula de ar, tornando-a carregada e, por isso mesmo, transformando aquela parte do ar de isolante em condutor elétrico. Instantaneamente, 10 20 (o número 1 seguido de vinte zeros) elétrons são arrancados numa descomunal reação em cadeia, criando o chamado raio precursor: um raio muito tênue, com carga negativa, que ainda não pode ser visto a olho nu, dispara do fundo da nuvem em direção à Terra, completando o percurso em milionésimos de segundo; seu traçado se assemelha aos galhos de uma árvore porque corre pelos caminhos mais fáceis que encontra, da mesma forma que a água que escorre por um vidro se ramifica.
A quantidade de corrente nessa descida não passa de algumas centenas de ampères (um típico circuito elétrico doméstico carrega apenas 15 ampéres). Quando esse raio chega perto do chão, a carga positiva da Terra se intensifica naquele lugar e dispara uma descarga em sentido contrário ao do raio. Aí sim, ocorre o espetáculo. A luminosidade do raio de retorno, ou seja, o relâmpago, é o que realmente se enxerga a distância.
Ele percorre, com um terço da velocidade da luz, o mesmo caminho aberto pelo raio precursor, descarregando entre 10 mil e 200 mil ampères e alcançando uma temperatura cinco vezes maior que a da superfície do Sol. Quase instantaneamente, outro raio é disparado pela nuvem em direção ao solo, seguindo o mesmo traçado do anterior. E mais outro relâmpago de retorno deixa a Terra e vai em direção à nuvem. Isso se repete três ou quatro vezes - o recorde registrado é 26 vezes. "Mas, sejam quantos forem os raios que sobem e descem, o olho humano os enxerga como se fossem apenas um", explica o pesquisador Osmar Pinto Jr., do Departamento de Geofísica Espacial do Instituto de Pesquisas Espaciais ((INPE), em São José dos Campos, São Paulo.
Como o ar em volta do relâmpago aquece instantaneamente e se expande, cria uma onda de choque inicialmente supersônica que depois se iguala à velocidade do som. É o momento em que se ouve o trovão. No mar, o evento é mais raro, porque na área atingida pelo raio precursor precisa haver uma grande concentração de cargas positivas, o que é incomum na superfície dos oceanos. A vontade dos cientistas de entender a origem dos raios nas nuvens de tempestades não é apenas acadêmica. Existe a preocupação de reduzir eventualmente o risco de danos às pessoas e às propriedades. Calcula-se que centenas de pessoas morrem todos os anos eletrocutadas por raios. Recentemente, constatou-se também que o relâmpago de retorno é tão rápido e seu pico de corrente tão poderoso, que as indústrias eletrônica e aeroespacial terão de reformular suas tecnologias. Isso porque a aguardada próxima geração de aviões comerciais deveria empregar os chamados novos materiais, laminados de grafite e epóxi, mais suscetíveis aos relâmpagos do que o alumínio e o titânio empregados atualmente.
A carcaça de metal de um avião, assim como a de um automóvel, forma o que os físicos chamam gaiola de Faraday, em alusão ao cientista inglês Michael Faraday (1791-1867), um dos precursores dos estudos sobre o eletromagnetismo. Na gaiola, a corrente elétrica flui em torno do metal mas não no seu interior. Uma vez que o grafite e o epóxi não conduzem energia elétrica, não têm como manter a eletricidade do raio do lado de fora dos aviões. "Não apenas os computadores de navegação e os sistemas de comunicação, mas também qualquer outro dos mais recentes aviões à base de microcircuitos ficariam mais vulneráveis", inquieta-se Philip Krider, pesquisador da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos. Um raio pode matar porque é uma corrente elétrica de alta voltagem. Embora dure apenas frações de segundo, fulmina pelo choque ou pelo calor que produz. As estatísticas informam que os homens estão mais sujeitos a serem atingidos do que as mulheres - pela simples razão de que mais homens do que mulheres trabalham a céu aberto.
Mas os raios também podem matar ou pelo menos ferir dentro de quatro paredes, especialmente se a vítima estiver perto de bombas de água ou circuitos elétricos. Uma antena de TV no alto de uma torre pode ser um perigo à medida que conduza a corrente elétrica para dentro de casa, via antenas domésticas. Esses acidentes só não acontecem com mais freqüência nas cidades grandes porque as descargas são atraídas para os pára-raios dos edifícios - como se sabe, uma invenção do velho Franklin. De todos os mitos a respeito de relâmpagos e trovões, o de que um raio nunca acerta o mesmo lugar duas vezes seguidas já foi derrubado pelas pesquisas: como o campo elétrico permanece por algum tempo depois de uma descarga, existe realmente a possibilidade de que outro raio volte a fazer o mesmo trajeto.

Um casal nas nuvens

Uma das formas de estudar uma nuvem de tempestade e seus relâmpagos é ir à origem do acontecimento - por meio de balões atmosféricos. No final do ano passado, um casal de físicos do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) iniciou uma cuidadosa investigação do fenômeno depois de lançar um balão desse tipo. O lançamento foi um dia de festa, não por tratar-se de uma proeza científica, mas porque os pesquisadores Osmar Pinto Jr. e Iara Cardoso de Almeida Pinto comemoraram dez anos de casados justamente naquela data. Tendo se doutorado praticamente juntos em Ciência Espacial, no próprio INPE, trabalham em equipe para desvendar os mistérios dos relâmpagos. Nessa pesquisa eles utilizam uma sonda esférica de alumínio pesando 50 quilos, pintada com tinta especial à base de carbono, em cujo interior instalaram vários equipamentos de medição.
Num passeio que não durou mais de dez horas, a sonda permitiu medir as cargas elétricas dentro das nuvens de tempestade, os raios e a atuação dessas nuvens nas camadas superiores da atmosfera. O balão levou a esfera a 30 mil metros de altitude e seguiu uma rota a oeste de Cachoeira Paulista, município do interior de São Paulo onde está instalado um centro de lançamento de balões do INPE. "Um dos resultados práticos imediatos do estudo será a possibilidade de alterar algumas rotas de aviões comerciais, para ficarem fora das regiões com maior concentração de cúmulos-nimbos", relata Osmar, "além de obter mais informações para os sistemas de proteção das redes de transmissão de energia elétrica."





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domingo, 14 de outubro de 2012

Além do porto - Paulo Coelho


Além do porto - Paulo Coelho

Dom, 14/10/12 por Paulo Coelho

Um eremita do mosteiro de Sceta se aproximou do Abade Teodoro:
“Sei exatamente qual o objetivo da vida. Sei o que Deus pede ao homem, e conheço a melhor maneira de servi-lo. E, mesmo assim, sou incapaz de fazer aquilo tudo que devia estar fazendo para servir ao Senhor”.
“Você sabe que existe uma cidade do outro lado do oceano”, respondeu Teodoro. “Mas ainda não encontrou o navio, não colocou sua bagagem a bordo, e não cruzou o mar. Por que ficar comentando como ela é, e como devemos caminhar por suas ruas? Coloque em prática o que você está dizendo, e o caminho se mostrará por si mesmo”.

Fonte:
http://g1.globo.com/platb/paulocoelho/2012/10/14/alem-do-porto-2/





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domingo, 14 de outubro de 2012

Camundongos podem aprender a cantar


Camundongos podem aprender a cantar

Camundongos podem aprender a cantar, aponta estudo
Pesquisadores dizem que animais têm mecanismos cerebrais e comportamentais semelhantes a humanos.


Camundongo teria mecanismo cerebral e comportamental semelhante a humanos e pássaros (Foto: BBC)

Camundongos são capazes de aprender canções com base nos sons que escutam, afirmam pesquisadores americanos. Segundo novos estudos publicados no periódico "PLoS ONE", quando camundongos compartilham o mesmo espaço, eles aprendem a modular seus tons de voz entre si. E têm mecanismos cerebrais e comportamentais semelhantes a humanos e pássaros no que diz respeito à aprendizagem vocal.

Mas alguns acadêmicos se dizem céticos quanto à pesquisa, alegando que as provas são insuficientes para tais conclusões. Pesquisas prévias nesse campo haviam mostrado que camundongos machos seriam capazes de cantar canções complexas quando diante de fêmeas, e essas canções seriam uma parte importante do "namoro".

Essas "serenatas" são ultrassônicas - entre 50 e 100 Khz, muito além dos tons que podem ser captados pelos humanos. Quando esses sons são processados para se tornarem audíveis ao ouvido humano, eles soam como uma série de assobios de lamento.

Habilidade rara
Há tempos já se presume que camundongos seriam incapazes de mudar a sequência de seus tons de voz. Essa habilidade, chamada de aprendizado vocal, é rara na natureza - é restrita a alguns pássaros, como papagaios, a baleias, golfinhos, leões-marinhos, morcegos e elefantes.Mas, nos experimentos recém-divulgados, pesquisadores da Universidade de Duke (EUA) afirmam ter descoberto que os camundongos têm tanto os circuitos cerebrais como os atributos comportamentais para o aprendizado vocal. O cientista Erich Jarvis, que supervisionou o estudo, disse à BBC que as descobertas mudaram seu entendimento a respeito de como os camundongos produzem sons. "Descobrimos que, nos camundongos, os caminhos que estão ao menos modulando essas vocalizações estão no prosencéfalo, como em humanos", afirmou.
Jarvis fez a ressalva de que o estudo não apresenta provas claras de que os camundongos têm exatamente a mesma habilidade vocal que pássaros e humanos. Mas avalia que há um espectro de diferentes graus de habilidades para diferentes espécies. "Acreditamos que os camundongos estejam em um estágio intermediário de habilidade, entre uma galinha e um pássaro, ou mesmo entre um primata não-humano e um humano", afirmou o cientista.


Viver em harmonia
Quando camundongos machos com diferentes tons vocais foram colocados no mesmo ambiente, descobriu-se que seus tons gradualmente se equilibraram após cerca de oito semanas. Segundo Jarvis, trata-se de uma evolução importante. "Ao colocarmos uma fêmea na gaiola com dois machos, descobrimos que um macho mudou seu tom para ficar parecido com o do outro", diz o pesquisador. "Em geral, o animal menor muda seu tom para se equiparar ao animal maior."
Mas nem todos os cientistas concordam. Kurt Hammerschmidt, especialista em comunicação vocal no Centro Primata Alemão, em Goettingen, lançou dúvidas a respeito das descobertas do estudo sobre camundongos machos. "A história de convergência de tons é pouco convincente", afirmou. Jarvis rebateu dizendo que o ceticismo é infundado. "A reclamação (de Hammerschmidt) é de que não usamos animais o suficiente, mas descobrimos isso (a convergência de tons) em 12 pares de camundongos. Ao menos sob o nosso ponto de vista, isso é confiável e estatisticamente significativo"





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domingo, 14 de outubro de 2012

Estudo derruba mito de recriar dinossauros


Estudo derruba mito de recriar dinossauros

Estudo derruba mito de recriar dinossauros com DNA fossilizado
Material genético não sobrevive a mais de 6,8 milhões de anos.
Filme de Steven Spielberg, 'Parque dos Dinossauros', aborda possibilidade.

Cientistas da Universidade Murdoch, da Austrália, descobriram que o DNA encontrado em material fossilizado não sobrevive a mais de 6,8 milhões de anos o que torna "altamente improvável" a extração de material genético de dinossauros para recriá-los na atualidade.

O estudo, publicado na última edição da revista da academia de ciências britânica, pode derrubar o mito que nascem com o filme "Parque dos Dinossauros", lançado em 1993 pelo diretor Steven Spielberg.

Na obra de ficção científica, o DNA dos dinossauros poderia ser extraído de mosquitos preservados em âmbar durante milhões de anos. Tais informações genéticas ajudariam na reconstrução de cromossomos dos répteis pré-históricos para reproduzi-los.

Em entrevista ao jornal australiano "Sydney Morning Herald, o cientista Mike Bunce, um dos autores da investigação, afirma que desde a década de 1990 o mito de recriar dinossauros permaneceu forte.



Réplica de dinossauro gigante. Estudo afirma que é impossível coletar material genético fossilizado há mais de 65 milhões de anos (Foto: Divulgação / Expo Mundo Jurássico)

Para conhecer a viabilidade do experimento, Bunce e seu colega, Morten Allentoft, decidiram estudar o período de sobrevivência do DNA a partir dos restos de 158 moas, uma espécie de ave gigante já extinta e que vivia na Nova Zelândia.

A partir dessa experiência, os pesquisadores descobriram que o DNA sobrevive em fragmentos ósseos por apenas" 6,8 milhões de anos, se for conservado a uma temperatura de -5 ºC. De acordo com os pesquisadores, condições ambientais como temperatura, ataques microbianos e oxigenação também afetam o processo de decadência do DNA.

No entanto, o cientista australiano disse que é provável que se possa extrair uma quantidade significativa de material genético de restos fósseis com cerca de 1 milhão de anos, que estejam conservados em ambientes gélidos.

Ainda assim, existem outras dificuldades para extrair o DNA de insetos conservados em âmbar, já que eles tendem a desintegrar-se devido a seu estado de decomposição e o material costuma estar contaminado e incompleto.

C=178.129





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domingo, 14 de outubro de 2012

Francês e americano ganham Nobel de Física de 2012


Francês e americano ganham Nobel de Física de 2012

Eles desenvolveram 'métodos de manipulação de sistemas quânticos'.
Anúncio aconteceu nesta terça-feira (9), na Suécia.

O Prêmio Nobel de Física de 2012 foi oferecido nesta terça-feira (9) ao francês Serge Haroche, do Collège de France, e ao americano David J. Wineland, da Universidade do Colorado, ambos de 68 anos, por seus trabalhos com "inovadores métodos experimentais que permitem medição e manipulação de sistemas quânticos individuais".

Eles desenvolveram formas de medir partículas quânticas (de escala minúscula) sem destruí-las, algo que antes parecia inatingível. Os premiados foram escolhidos pela Academia Real de Ciências da Suécia, que concedeu a eles um prêmio de 8 milhões de coroas suecas (US$ 1,2 milhão).
"Eles abriram a porta para uma nova era de experimentação em física quântica", declarou a Academia Real em nota.


Serge Haroche (esquerda) e David J. Wineland (Foto: Colllège de France e NIST/Divulgação)


“Para partículas individuais de luz ou matéria, as leis da física clássica deixam de se aplicar e assume a física quântica. Mas as partículas individuais não são facilmente isoladas do seu meio e elas perdem suas misteriosas propriedades quânticas, assim que interagem com o mundo exterior. Assim, muitos fenômenos aparentemente bizarros previstos pela física quântica não podiam ser diretamente observados”, explicou a academia.

Através de seus métodos de laboratório, Haroche e Wineland, juntamente com seus grupos de pesquisa, conseguiram medir e controlar estados quânticos muito frágeis, antes inacessíveis para observação direta. Esses novos métodos lhes permitem analisar, controlar e contar as partículas.
Embora desenvolvidos independentemente, seus métodos têm muitas coisas em comum. David Wineland prendeu átomos eletricamente carregados - ou íons – em “armadilhas”, controlando-os e medindo-os com a luz (fótons). Serge Haroche fez o caminho inverso: ele controla e mede fótons aprisionados através do envio de átomos por uma “armadilha”.


O professor Per Delsing explica, com dois espelhos, a forma como Haroche aprisiona fótons com uma 'armadilha', durante o anúncio do Nobel nesta terça-feira (9) (Foto: Reprodução)


Ambos trabalham no campo da óptica quântica e estudam a interação fundamental entre a luz e a matéria, área que tem progredido consideravelmente desde meados da década de 1980. Para a instituição sueca, seus inovadores métodos permitiram a esse tipo de pesquisa a dar os primeiros passos para a construção de um novo tipo de computador superrápido, com base na física quântica.

A pesquisa também levou à construção de relógios extremamente precisos que poderiam se tornar a base para um novo padrão de tempo, com mais de cem vezes maior precisão do que os relógios atuais de césio.



História do prêmio Nobel

Desde 1901, o Nobel de Física foi concedido a 192 pessoas em 105 premiações. O mais jovem a ser premiado foi Lawrence Bragg, que em 1915, quando ganhou, tinha apenas 25 anos. Ele é o mais jovem ganhador de qualquer Nobel, não apenas de física. O mais velho ganhador do de física é Raymond Davis Junior, que tinha 88 anos quando levou o prêmio, em 2002. John bardeen foi o único físico a receber o prêmio duas vezes - uma vez por seu trabalho com semicondutores e outra por sua pesquisa com supercondutividade. Em mais de um século de premiações, apenas duas mulheres ganharam o Nobel de Física.


Últimos ganhadores

Confira abaixo os últimos ganhadores do Nobel de Física:

2011: Saul Perlmutter e Adam Riess (Estados Unidos) e Brian Schmidt (Austrália/Estados Unidos)

2010: Andre Geim (Países-Baixos), Konstantin Novoselov (Rússia/Grã-Bretanha)

2009: Charles Kao (Estados Unidos/Grã-Bretanha), Willard Boyle (Estados Unidos/Canadá), George Smith (Estados Unidos)

2008: Yoichiro Nambu (Estados Unidos), Makoto Kobayashi e Toshihide Maskawa (Japão)

2007: Albert Fert (França) e Peter Grünberg (Alemanha)

2006: John C. Mather (Estados Unidos) e George F. Smoot (Estados Unidos)

2005: Roy J. Glauber (Estados Unidos), John L. Hall (Estados Unidos) e Theodor W. H¤nsch (Alemanha)

2004: David J. Gross, H. David Politzer e Frank Wilczek (Estados Unidos)

2003: Alexei A. Abrikosov (Rússia/Estados Unidos), Vitaly Ginzburg (Rússia) e Antony J. eggett (Grã-Bretanha/Estados Unidos)

2002: Raymond Davis Jr (Estados Unidos), Masatoshi Koshiba (Japão), e Riccardo Giacconi (Estados Unidos)





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domingo, 14 de outubro de 2012

Abóbora de 911 quilos e outros vegetais gigantes


Abóbora de 911 quilos e outros vegetais gigantes


13/10/2012 07h00 - Atualizado em 13/10/2012 07h00

Veja lista com abóbora de 911 quilos e outros vegetais gigantes

Na Inglaterra, produtor bateu recorde com cebola de 8,19 kg.
Em Israel, Yitzhak Yazdantana colheu um pepino de 1,18 metro.

No dia 28 de setembro, o norte-americano Ron Wallace bateu o recorde mundial com uma abóbora de 911 quilos que ele cultivava em sua propriedade. Ele exibiu o vegetal gigante em uma feira agrícola em Topsfield, no estado de Massachusetts (EUA). Wallace ganhou um prêmio de US$ 15,5 mil (R$ 31,5 mil). Confira abaixo esse e outros vegetais gigantes.



Ron Wallace bateu o recorde mundial ao cultivar abóbora de 911 quilos. (Foto: Reprodução)



Em setembro deste ano, o produtor de vegetais gigantes Peter Glazebrook bateu o recorde mundial com uma cebola de 8,19 quilos, superando seu próprio recorde em quase 60 gramas. (Foto: Christopher Furlong/Getty Images)



Abobrinha de 54,32 quilos, que foi cultivada por Peter Glazebrook, foi um dos vencedores da competição de vegetais gigantes, em setembro de 2012, durante uma feira em Harrogate, na Inglaterra. (Foto: Christopher Furlong/Getty Images)



O fazendeiro libanês Khalil Semhat segura batata doce gigante, em dezembro de 2008, na cidade de Tyre. O legume pesava 11,3 quilos. (Foto: AFP)



Em 2009, o israelense Yitzhak Yazdantana colheu um pepino de 1,18 metro na horta de sua casa em Petah Tikva, próximo a Tel Aviv. (Foto: Gil Cohen Magen/Reuters)





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quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Chá de todas as horas - Costumes



CHÁ DE TODAS AS HORAS - Costumes



Das folhas de uma planta originária da Índia se faz a mais apreciada infusão do mundo. Um escritor, não por acaso inglês, chegou a dizer que sua falta abalaria a ordem do Universo.

Todas as tardes, por volta das 17 horas, no longo intervalo entre as refeições, a duquesa Anna de Beresford, mulher do sétimo duque de Beresford, conselheiro da Coroa britânica, costumava ficar indisposta, com a sensação de vazio no estômago. Para amenizar o desconforto, ela ordenava à criada que Ihe levasse aos aposentos uma bandeja com chá, pão e manteiga. O mal-estar passava e o hábito da duquesa começou a ser imitado pelas amigas, pelas amigas das amigas e também pelos respectivos maridos. E foi assim que ofive orsquo;clock tea, tendo nascido em 1840, como um santo remédio para aplacar o apetite da senhora de Beresford, dez anos depois tinha se tornado uma instituição nacional, o chá das cinco, tão confiável como a monarquia e tão inevitável como os impostos. As ladies da sociedade passaram a se reunir ao entardecer em volta dos elegantes serviços de porcelana para contar os últimos mexericos, enquanto os homens discutiam as mais recentes peripécias da expansão colonial britânica também sorvendo a fumegante infusão, um símbolo da respeitabilidade do Império e da era vitoriana.
A tal ponto o chá se instalou na vida britânica que o escritor Rudyard Kipling (1865-1936), um dos grandes propagandistas das virtudes civilizadoras da política colonial de Sua Majestade, permitia-se advertir que "a falta de chá durante uma semana abalaria a ordem do Universo". O poder das folhas dessa planta da família das camélias, conhecida pelos botânicos como Thea sinensis (chá da China), era tão difundido que um século antes já havia servido indiretamente de estopim para o movimento de libertação dos Estados Unidos. Em 1773, a três anos do nascimento da nação, americanos de Boston, na então colônia britânica de Massachusetts, disfarçados de índios, jogaram ao mar 342 caixas de chá que esperavam o desembarque a bordo de três veleiros da Companhia das Índias Orientais. Indignados com tamanha provocação, os ingleses adotaram uma série de represálias que apenas serviram para unir as colônias contra o domínio imperial e apressar a Guerra de Independência.
No Brasil, onde se bebe em média cinco xícaras de chá por ano, menos do que um inglês numa semana, é difícil avaliar a presença da Thea sinensis na história dos costumes humanos - ingleses ou não. Por estas paragens, de fato, a palavra chá continua comumente associada à idéia de um geralmente infalível remédio caseiro contra males prosaicos o suficiente para dispensar a mão-de-obra da ida ao médico, males que afligem de preferência a metade menos nobre do corpo humano. Sinônimo de várias ervas de propriedades medicinais específicas, o chá tal qual é falado incorretamente no Brasil tanto pode ser a erva-doce como a camomila, a carqueja e o confrei, o boldo e a catuaba, talvez os mais conhecidos entre algumas centenas de modalidades de nomes peculiares, como alfavaca e espinheira santa, cavalinha e cana-do-brejo, cáscara-sagrada e pepino-de-são-gregório. A confusão está em chamar chá, nome próprio de uma planta, a infusão de um sem-número de ervas - cujos atributos terapêuticos são com justa razão levados a sério pela veneranda Medicina chinesa, que prefere ainda hoje prescrever em forma natural os princípios ativos sintetizados em laboratório. Pois a verdadeira Thea sinensis, a bebida estimulante, rica em cafeína, cuja falta "abalaria a ordem do Universo" e cujo nome contém um equívoco geográfico é um arbusto originário, não da China, mas de Assam, região do norte da Índia.
O arbusto mede pouco mais de 1 metro de altura e tem folhas pequenas, ovaladas, de cor verde-escura. As melhores folhinhas, ou pekoes, na versão ocidentalizada do chinês pak-ho, são colhidas nas montanhas da Índia, Sri-Lanka (Ceilão), China, Japão e Indonésia. Há também variedades que proporcionam uma bebida aprazível, procedentes de lugares tão diversos como o Quênia, no coração da África, e o Vale do Ribeira, no sul de São Paulo. Venha de onde vier o chá, a receita é sempre a mesma. As folhas, inteiras ou moídas, devem permanecer em água fervente de três a cinco minutos. Para o chá a granel, usa-se uma colher de sobremesa para cada quatro xícaras. Os ingleses preferem temperar a infusão forte com um pouco de leite, uma fórmula menos difundida que o chá com limão dos europeus do Leste e dos americanos. Os japoneses usam as folhas verdes, não fermentadas e muito amargas na sua célebre cerimônia do chá. Em climas mais tropicais, há quem goste de chá gelado, que deve ser derramado aos poucos num copo cheio de gelo.
Quentes ou frios, os melhores chás, como os melhores vinhos, resultam de colheitas especiais, têm sabores distintos e irresistíveis aromas remanescentes de ervas, flores, frutas e especiarias. Um dos mais apreciados, por exemplo, é o Darjeeling, colhido nas escarpas do Himalaia, na Índia. Outro é o Oolong, originário de Formosa. Outro ainda chama-se Earl Grey, aromatizado com tangerina, cujo nome é uma homenagem ao chanceler inglês Edward Grey (1862-1933), que descobriu essa maravilha numa viagem diplomática ao Oriente. Foi, aliás, nessa parte do mundo que surgiu o costume de tomar chá. Diz a lenda que, para manter-se acordado, um certo monge budista hindu, de nome Bodhidarma, que introduziu a doutrina zen no Japão e na China, no século VI da era cristã, cortou as próprias pálpebras. No lugar onde caíram nasceu a planta cujas folhas em infusão serviriam para mantê-lo desperto durante as longas horas que dedicava à meditação. A lenda, como se vê, consagra as propriedades estimulantes do chá, mas falha na data de seu aparecimento. O mais provável é que se tornou conhecido muito antes, há cerca de 2 mil anos, quando o budismo se alastrou pela China.
Os primeiros consumidores do chá preferiam-no sólido. As folhas eram cozidas em vapor, espremidas e secas. Formavam assim bolos misturados com arroz, gengibre, sal, casca de laranja, cravo, leite e cebola. Até hoje, no Tibete, uma espécie de bolo de chá, o tsampa, é saboreado com manteiga de iaque, o gado do lugar. Mais tarde, os chineses começaram a apreciar o chá bebida, feito de folhas moídas em infusão na água fervente. Esse método se difundiu para o Japão, onde, até o século XII, o mancha, como se chamava o chá verde em pó, era consumido apenas pelos monges budistas. Duzentos anos depois, o hábito já havia transposto as portas dos mosteiros e atravessado os umbrais dos palácios. Os convidados da corte, depois de provarem várias xícaras de chá, tratavam de identificar as melhores regiões produtoras; quando acertavam, ganhavam belos prêmios.
Como esse costume tivesse se tornado moda, as plantações prosperaram e o chá se tornou uma bebida tão popular no Japão como o cafezinho seria no Brasil. Em contraste, as tradições associadas ao seu consumo desapareceram da China com as invasões mongóis do século XIII. embora os chineses ainda produzam e apreciem em larga escala a bebida. No Oriente como no Ocidente, o processo de transformação do chá não difere muito desde então. O connaisseur sabe que uma importante referência para avaliar a qualidade da bebida é a parte da planta utilizada para beneficiamento. As folhas superiores, naturalmente as mais novas, são também as melhores. No passado, eram as únicas que serviam. A colheita manual feita, por exemplo, na região indiana de Darjeeling, ainda hoje se limita a essas folhas e as duas seguintes. Mas, fora dali, no mundo inteiro, a colheita é quase sempre mecanizada, o que exclui qualquer seleção. As fases posteriores de produção obedecem as mesmas regras dos tempos antigos. No processo de beneficiamento, espalham-se as folhas sobre prateleiras de bambu para secar. Depois são enroladas a fim de não quebrar. Atualmente, as máquinas retiram todo o suco das folhas. No caso do chá preto, elas ainda passam por um período de fermentação, antes de serem classificadas. Os bons produtores de chá possuem provadores especializados em notar as mínimas diferenças nas amostras. Em geral, as melhores folhas chamam-se orange pekoe, por causa das pontas alaranjadas. Em seguida, vêm as pekoe, pekoe souchong (folhas pequenas, grossas e mais velhas) e as souchong (ainda mais velhas). Mas a classificação pode ser mais complicada. Os chás do tipo oolong, por exemplo, variam conforme a estação em que é feita a colheita. Existem pelo menos oito qualidades, cujo gosto vai da castanha ao mel. As folhas quebradas (broken, em inglês) obedecem às mesmas classificações. Muitos consumidores, no entanto, só conhecem os chás de folhas pulverizadas, chamadas fannings ou dusts, de qualidade relativamente inferior, vendidos em saquinhos.
No Ocidente, até o século XVI, a rigor, nem sequer se conhecia a planta asiática. Somente em 1550, o autor veneziano Gian Battista Ramusio (1485-1557), citando mercadores da Pérsia, exaltaria as virtudes medicinais do chá na obra Delle navigationi et viaggi, sua versão das aventuras de Marco Polo. Também nessa época, os portugueses que estabeleceram uma colônia em Macau, no sul da China, tomaram contato com a Thea sinensis pela primeira vez. Mas, não sabendo como fazer o chá de folhas secas, perderam a glória de serem os primeiros a levá-lo à Europa. Esse privilégio coube aos navegadores holandeses, que compraram toda a produção de uma pequena ilha japonesa no interior da baía de Nagasáqui.
No Velho Mundo, o chá precisou concorrer com duas outras bebidas estimulantes que também abriam caminho rumo às xícaras dos consumidores: o café e o chocolate. Para vencê-los, a propaganda nos jornais londrinos louvava as qualidades "dessa bebida chinesa, aprovada pelos médicos e chamada pelos chineses tcha, por outras nações tay, aliás, tea". Dissesse o que dissesse a publicidade, o sabor, no entanto, não ajudava. Pois, enquanto todos apreciavam as delícias do café árabe bem forte ou do chocolate quentinho, aquela que viria a ser a bebida nacional inglesa tinha então o gosto de um purgante. Certamente porque ninguém sabia como prepará-la - às vezes a infusão ficava guardada feito cerveja em barril durante semanas, antes de ir para as xícaras. Um horror que bem poderia servir de fundamento à antiga teoria oriental de que o homem branco não passa de um bárbaro sem o mais remoto refinamento. Não é de admirar, portanto, que antes de ser apreciado pelo seu delicioso sabor o chá fosse procurado por suas faladas qualidades medicinais.
No tempo em que a falta de higiene e o excesso de ignorância reduziam drasticamente a expectativa de vida das populações européias, o chá era considerado uma espécie de panacéia - capaz de curar desde pedra na bexiga a diarréia, passando por cansaço e melancolia. Na verdade, como exigia água fervida para o seu preparo, indiretamente impediu a disseminação de verminoses. A par disso, as folhinhas da Thea sinensis de fato podem fazer bem à saúde. "O chá contém vitamina B1 e B2, além de potássio, que contribui para a regularidade dos batimentos cardíacos", informa a nutricionista Flora Spolidoro, responsável por uma empresa de projetos alimentares em São Paulo. "E em sua composição entram tanino e cafeína, ambos excelentes digestivos." A cafeína, que aparece em maior proporção no café, também serve para estimular o cérebro e o sistema nervoso, proporcionando bem-estar. Isso deu origem à crença popular de que uma xícara de chá preto antes de dormir tem efeito calmante. Ledo engano: pode, isso sim, acarretar uma indesejável insônia. Aliás, tomada indiscriminadamente, a bebida não é aconselhada para quem é nervoso, tenso ou sofre de problemas cardíacos. Como não tem sal nem calorias, recomenda-se, porém sem açúcar, em casos de complicações estomacais.
Segundo cálculos de 1830, cada súdito de Sua Majestade britânica, homem, mulher e criança com mais de 10 anos, consumia pelo menos uma xícara por dia, o que dava uma média de 14 toneladas de chá por ano. Naquele mesmo ano, em comparação, o resto do mundo todo não bebia mais de 10 toneladas de chá. Atualmente, a produção mundial é de 1 bilhão de toneladas anuais, das quais 20 por cento made in India e 15 por cento consumidas na Inglaterra e Irlanda do Norte. Surpreende até certo ponto que o chá tenha conseguido tamanha popularidade na Inglaterra, pois, no século XVIII, a bebida custava caro ali. Uma libra-peso de folhas, ou 453,5 gramas, valia um terço do salário de um trabalhador qualificado. Ainda assim, os fabricantes de cerveja escocesa se ressentiam da concorrência. Em documento datado de 1742 fizeram a queixa suprema:"Mesmo as famílias mais miseráveis acompanham suas refeições da manhã com chá... em vez de cerveja". Como os impostos eram extorsivos, poucos se sentiam constrangjdos em apelar para o contrabando. Nas costas da Irlanda e da Inglaterra, os párocos reservavam esconderijos para os contrabandistas perseguidos, em troca, é claro, de um, digamos, dízimo das preciosas folhas. Havia até chá falsificado: mistura de folhas autênticas com cinzas de outras plantas, sulfato de ferro e estrume de carneiro.
Só quando os ingleses passaram a importar o chá diretamente da Índia, em 1834, a bebida tornou-se efetivamente acessível a quase todos os bolsos. A preciosa bebida dos ingleses só voltou a ser racionada durante a Segunda Guerra Mundial, com o fechamento dos centros de produção no Oriente, e no inicio da década de 50. Com a entrada em cena do café solúvel e a enxurrada dos refrigerantes do tipo cola, o chá passou por seu mais duro teste de popularidade. Muitos jovens, na onda contestatária dos anos 60, adotaram a pose de torcer o nariz para o que chamavam com desprezo "essa água quente dos velhos". Mais recentemente, a franja mais radical da geração verde incluiu o chá preto no rol de produtos tabus para a saúde, junto com o café, o açúcar, as bebidas alcoólicas e as carnes vermelhas. Ao que tudo indica, pouco importa: segundo as últimas estatísticas, o chá aparece nas xícaras de metade da população mundial. E na Inglaterra, para variar, onde o consumo anual por habitante é de quase 3 quilos de folhas, só perde para outra bebida: a água.

A cerimônia da serenidade

No Japão, tomar chá pode ser um ritual, nascido nos mosteiros zen. A liturgia, ou chanoyu (água quente para o chá), parece uma interminável sucessão de meros gestos de boas maneiras. Mas, para os japoneses, cada procedimento exprime a filosofia de vida baseada na simplicidade, no bom gosto e na harmonia com o mundo. A cerimônia ocorre numa casa de chá, construída com a aparente modéstia de uma choupana e separada das instalações principais da residência do anfitrião. Num dos cantos há sempre um nicho, onde é colocado um rolo de pergaminhos e um arranjo de flores. A sala também contém um fogareiro usado para a preparação da bebida. Os convidados entram agachados por uma pequena porta, para sugerir humildade. Mas o ritual propriamente dito começa antes, com o oferecimento de água fresca para uma purificação simbólica. Enquanto participam da cerimônia, os visitantes tratam de mostrar com reverência a sua apreciação da casa, do jardim, dos utensílios, da decoração do ambiente e dos arranjos.
Finalmente, o anfitrião oferece doces enquanto prepara a infusão do matcha - chá verde em pó - no pequeno fogareiro. A cerimônia toda pode durar quatro horas e termina com novas reverências, agradecimentos e gestos de humildade. Para Sokei Hayashi, há seis anos em São Paulo ensinando as minúcias do ritual, ao oferecer a bebida aos visitantes, "o anfitrião procura compartilhar a paz numa tigela de chá". Para quem pensa que o chanoyu não encontra mais lugar no Japão supermodernizado de hoje, mestre Hayashi informa que cerca de 100 mil pessoas se matriculam todo ano no Centro Urasenke, uma das mais tradicionais escolas de chá do país. Em São Paulo, no ano passado, trezentas pessoas, na maioria descendentes de imigrantes, interrompiam uma vez por semana sua rotina para buscar a serenidade na tigela de chá.

Era uma vez no Brasil

Há cerca de cinqüenta anos, o imigrante japonês radicado no Brasil Torazo Okamoto e sua mulher Hishe fizeram uma viagem à ilha do Ceilão, hoje Sri Lanka, de onde trouxeram sessenta sementes de chá. Dito deste modo, pode parecer uma banalidade. Mas a operação envolveu uma série de peripécias dignas de filme de espionagem. A planta, que se desenvolvia tão bem na ilha, não podia ser exportada. Suas sementes acabaram contrabandeadas, escondidas dentro do pão que os marinheiros do navio de Okamoto levavam para o lanche. Ao, longo de dois meses de travessia, o esperto imigrante tratou de alojar as sementes em baldes de madeira cheios de terra. Resultado: ao chegarem afinal ao Brasil, mais precisamente em Registro, na região sul paulista, as sementes da Thea sinensis tinham germinado e se tornariam as ancestrais das plantinhas cultivadas nos 2 mil alqueires dos campos de chá da região.
A história de Okamoto, falecido em 1977, é contada por seu filho Hitoshi, um senhor de 60 anos, proprietário do Chá Ribeira, não por acaso o maior dos seis fabricantes brasileiros da infusão. A variedade que o pai se apressou em cultivar no pequeno pedaço de terra que recebeu ao desembarcar aqui pela primeira vez em 1919, era mais indicada para fazer chá verde, não-fermentado, popular apenas entre os imigrantes. "O velho não podia competir com o chá preto, na época importado da Índia pela Lipton", lembra Hitoshi. "Por isso aventurou-se ao Ceilão." Hoje a lavoura do chá do Vale do Ribeira representa a quase totalidade da produção nacional de 10 mil toneladas, ou seja, irrisório 0,5 por cento da oferta mundial. O consumo de chá neste país do café também é desprezível, mas, segundo Hitoshi, "se cada brasileiro tomasse uma xícara de chá por mês, a produção não atenderia o consumo porque 80 por cento do total é exportado".

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quarta-feira, 3 de outubro de 2012

O Impossível Sob Medida - Cinema

O IMPOSSÍVEL SOB MEDIDA - Cinema



Quando um filme precisa mostrar algo que não existe, entra em cena a equipe de uma empresa fundada em Londres por quatro biólogos, há mais de vinte anos. São os gênios dos efeitos especiais .

Eles são capazes de criar do nada um inseto pré-histórico. Podem fazer com que uma gota de sangue caia no chão e fique do tamanho de uma cachoeira - ou que um famoso roqueiro apareça arrancando a pele do rosto, deixando os ossos à vista. Essa é uma amostra dos truques extraordinários perpetrados por quatro ingleses, Peter Parks, Gerald Thompson, John Palling e Sean Morris, que têm em comum o fato de serem amigos, a condição de biólogos e a propriedade da Oxford Scientific Films, empresa por eles fundada em Londres, em 1968. Naquele ano, os quatro decidiram abandonar a pesquisa científica para ganhar a vida num ramo com o qual não tinham a menor familiaridade - produção de cinema. De início, queriam colocar em filme os mesmos eventos naturais que até então haviam observado nas pesquisas de laboratório. Nenhum deles poderia imaginar que a ousadia acabaria por se transformar numa das mais renomadas empresas de efeitos especiais do mundo. Ao lado da americana Industrial Light & Magic, de George Lucas - responsável por maravilhas como a série Guerra nas estrelas, ET, Os caçadores da arca perdida e Indiana Jones -, a Oxford ocupa lugar de honra no rol das companhias que vivem de fazer com que o impossível pareça realidade.
As regras do jogo são enganadoramente simples: diretores de longa-metragens, documentários ou videoclips expõem suas idéias e os cientistas e técnicos tratam de materializá-las em celulóide ou teipe, por mais estapafúrdias que sejam, e ainda que isso lhes custe alguns fios de cabelos brancos a mais ou uma crise nervosa. "É uma faca de dois gumes", suspira Peter Parks, um dos fundadores da empresa. "Se temos êxito, todo mundo nos acha fantásticos, mas se falhamos, que Deus nos ajude." Previsivelmente, os primeiros tempos foram caóticos. "Muitas das coisas que fizemos eram um horror, porém no meio de todo aquele lixo, brilhavam uma ou duas jóias", recorda Parks, um dos remanescentes da gangue dos quatro que inventou a Oxford. O outro é Sean Morris. "Como éramos ingênuos, estávamos sempre tentando fazer coisas que ninguém mais queria ou podia filmar." Muitas das tentativas foram bem-sucedidas e envolviam um esforço considerável para conseguir as imagens desejadas a qualquer preço. "Um dos nossos principais objetivos era tentar colocar as câmaras em lugares pouco usuais", lembra Parks. "Quem, com um mínimo de bom senso, haveria de querer prender uma câmara com cabos na copa de um altíssimo carvalho para filmá-lo na medida em que caía? Quem colocaria uma segunda câmara no ponto exato onde a árvore iria desabar? E quem conseguiria fazer tudo isso sem danificar o equipamento?", exemplifica. Atribulações de todo tipo não faltaram nos primeiros tempos, como hospedar, no estúdio, durante um ano, uma colônia de ratos selvagens para conseguir seqüências de um parto. Ou então alojar pulgas em gotas de orvalho numa teia de aranha, ou ainda flagrar de dentro de uma árvore o instante em que um inseto depositava seus ovos. Boa parte do trabalho da recém-fundada Oxford consistia em extravagâncias cinematográficas desse tipo. "Por isso, as pessoas acabavam achando que éramos capazes de fazer qualquer coisa", sorri Parks. "Se tivessem dado uma olhada nos nossos cestos de lixo, mudariam de idéia." De fato, pode-se dizer que os truques criados pela equipe exigem muita inspiração e não menos transpiração.
Envolvem a criação de maquetes, cenários ou de bonecos teleguiados, o uso de câmaras com diferentes objetivas e formatos de filmes, e filmagens em diferentes velocidades. Esconder uma câmara para filmar determinado animal seu habitat é rotina; quando isso não é possível, constrói-se um ambiente o mais parecido possível para que o animal se adapte a ele. Em outras ocasiões, faz-se o próprio animal. Bem humorados, os técnicos gostam de lembrar os trabalhos que lhes deram mais dores de cabeça. Um deles foi atender o diretor inglês John Boorman, autor de Esperança e glória, que queria filmar o vôo de uma águia para seu filme A floresta de esmeraldas, de 1986.
A primeira tarefa foi convencer Boorman de que, se ele queria realmente que a águia se movimentasse de acordo com sua concepção, teria de aceitar um pássaro artificial. O sistema empregado foi o mesmo que fez o Super-Homem voar nas telas de todo o mundo ou o que produz intermináveis batalhas galácticas entre naves espaciais. Usa-se um fundo azul contra o qual filma-se o objeto ou pessoa durante o vôo - suspensos por um cabo invisível. Tanto o cabo quanto a câmara se movem segundo uma trajetória desenhada previamente por um computador. Depois incorpora-se o cenário do vôo. No caso da águia de Boorman, trabalhando com duas aves mortas, Philip Sharpe, um dos técnicos, montou as partes essenciais sobre um corpo de fibra de vidro que incluía quatro motores auxiliares controlados à distância. Assim, o pássaro podia balançar a cauda e mover a cabeça. Tais movimentos permitiam simular o vôo. O modelo foi suspenso por um cabo e operado por controle manual. No fim, a águia artificial voou como Boorman queria.
Desafio ainda maior, o maior de todos, por sinal, foi produzir um filme para o Museu Smithsonian do Espaço e da Aviação de Washington. Tratava-se de filmar o vôo de uma libélula primitiva sobre um pantanoso bosque pré-histórico. Além das trucagens, a seqüência tinha que estar fundamentada em dados científicos - a reconstrução da libélula e do bosque deveria produzir uma cena verossímil em relação ao que se acredita terem sido uma e outro naquele passado remoto. Como era necessário ainda fazer as tomadas da perspectiva da cabeça e das asas do inseto, não se poderia utilizar o processo da tela azul. A princípio pensou-se em usar umas lentes chamadas "olhos de inseto", fabricadas pela própria Oxford, que dividem a tela em cem imagens, como se supõe fariam os órgãos visuais da libélula. Depois, porém, Parks e sua equipe optaram por uma solução mais espetacular e infinitamente mais complicada: realizar a filmagem em formato Imax.
Isso consiste no uso de um negativo de 70 milímetros que corre na horizontal dentro de uma câmara especialmente construída para a película. Nas filmagens convencionais, os filmes correm dentro da câmara em posição vertical. O sistema foi criado pela firma canadense Imax Corporation para permitir a projeção em telas muito amplas e em salas onde a distância da primeira à última fila é pequena, de modo a proporcionar aos espectadores o preenchimento de seu campo visual com uma imagem enorme e de grande definição. No entanto, a Oxford só pôde contar com as três câmaras necessárias no mesmo dia em que as filmagens começaram. Por isso, todo o trabalho de desenho e engenharia teve de ser feito às cegas. "Em seis meses envelhecemos quase dez anos", exagera Parks ao descrever a epopéia. O problema foi resolvido construindo uma reprodução da câmara a fim de simular as condições da filmagem. Mas não acabaram aí os problemas. Restava construir a libélula e a complexa armação sobre a qual o inseto deveria ser montado. Para conseguir uma filmagem convincente, a libélula deveria ser capaz de girar e inclinar a cabeça, olhar para os lados, mover as asas a uma velocidade variável e ainda inclinar-se e balançar-se.
Finalmente, construiu-se uma complicada armação movida por motores auxiliares, pela qual passava um emaranhado de cabos de controle, que forçosamente teriam de estar escondidos da câmara. Ao mesmo tempo, construiu-se o cenário: uma selva dividida em duas partes; a primeira mais aberta, com uma pequena extensão de água; e a segunda, mais fechada e de espessa vegetação. Durante a filmagem, era preciso conferir o tempo todo a iluminação dos dois ambientes para que o público não notasse as mudanças de cenário. Assim, aquele aglomerado de troncos e de vegetação adquiriu um aspecto muito real, sobretudo quando um enxame de grilos ali se instalou. "A floresta parecia mesmo verdadeira",assegura Parks. O resultado é a foto de abertura desta reportagem, verossímil e grandiosa. Mas nem sempre as maravilhosas idéias dos clientes podem ser colocadas em prática; outras vezes, o projeto original acaba sofrendo mudanças, do esboço à realização. Esse foi o caso da construção do imaginário Umbrij, um curioso bicho, bípede e pançudo, com um focinho parecido ao do urso formigueiro.
Originalmente, a criatura não precisava se assemelhar a nenhum animal verdadeiro, embora devesse parecer um animal de verdade, capaz de deslocar-se, mover-se e até mudar de expressão. Um ano depois dos primeiros esboços, Umbrij já existia em desenho animado. Na versão final, seu nariz lembrava mais a tromba de um elefante. O técnico Philip Sharpe o havia construído com uma série de mecanismos que lhe davam grande mobilidade. Eles se dividiam pela tromba e continuavam pelo crânio. Como este também devia se movimentar, era preciso introduzir peças que controlassem os olhos, a boca, as orelhas etc. Por isso, Umbrij ficou com a cabeça um pouco maior do que o previsto. Quando o animal começou a se mover, porém, poucos espectadores duvidaram de sua autenticidade.
Um dos trabalhos mais memoráveis para videoclip foi com o cantor de rock americano Lou Reed. Ele buscava um efeito arrepiante para o vídeo de sua canção No money down; no final da música, queria arrancar a pele e a carne do rosto, deixando descoberta uma parte do crânio. Analisando o problema, os técnicos escolheram a única alternativa possível: construir um robô de Reed, o qual - este sim - arrancaria a pele do rosto como se fosse humano. A maior parte do vídeo correria por conta do próprio Lou Reed interpretando sua canção. Na edição, em dado momento a imagem do roqueiro seria substituída pela do robô. Como é óbvio, o fundamental era o espectador não perceber o instante em que se produzia a mudança, sob pena de acabar com o impacto visual que o efeito provocaria. Por isso, não bastava que o robô se parecesse com Reed. Tinha de ser ele. A saída foi fabricar um tronco mecânico cheio de circuitos e motores auxiliares. vestido com camisa e casaco idênticos aos que o cantor utilizaria no videoclip. Acionados, os mecanismos dos braços começariam a arrancar o que estivesse à altura do rosto.
A cabeça, também um cipoal de engrenagens, foi protegida com uma espécie de couraça, adequadamente pintada de cor de osso para que parecesse com o crânio humano que ficaria à mostra com todos os detalhes depois da destruição do rosto. Na mandíbula colocaram-se dentes, pois eles seriam vistos durante o "desmascaramento". A couraça ganhou pele, à base de látex, e olhos. Uma peruca e um par de óculos escuros completaram a figura. Com a iluminação adequada, a réplica poderia substituir perfeitamente o Lou Reed original durante o tempo que fosse necessário. O resultado foi o que se desejava: no final da canção, os telespectadores puderam ver o cantor levar as mãos ao rosto, arranhar-se furiosamente e arrancar a pele ao ritmo da música, deixando o crânio à mostra, numa cena digna dos filmes da série A hora do pesadelo e seu Freddy Krueger.
Ainda mais repugnante foi o resultado de outro trabalhinho, por encomenda do diretor inglês Alan Parker para seu aplaudido filme Pink Floyd - The wall. Ele queria simplesmente uma cabeça humana sendo devorada por vermes. Para conseguir esse efeito usou-se o mesmo procedimento pelo qual se obtém a ilusão de ver um botão transformando-se em flor em poucos segundos, quando na realidade o processo é muitíssimo mais demorado. As câmaras filmam o objeto de modo contínuo, quadro a quadro, a intervalos regulares; depois, as cenas são projetadas na velocidade necessária.
No caso, tratava-se de filmar um monte de vermes de verdade comendo uma cabeça de látex. Ora, como o material revelou-se pouco apetitoso, a cabeça acabou sendo feita de carne de porco moída com olhos de cordeiro. A idéia funcionou, mas durante a filmagem os estúdios tornaram-se um ambiente insuportável: embora se tivesse colocado uma chapa isolante na sala, o cheiro da carne em decomposição invadiu tudo. A profissionalização adquirida ao longo dos anos e a consoladora expressão "que seja tudo pela arte", ajudaram os técnicos a suportar a tarefa.
Depois de todo o desconforto, porém, Parker eliminou a cena quando da montagem definitiva. Ficaram outras, também feitas pela mesma equipe. Uma delas, logo no começo do filme, mostra o personagem principal, interpretado pelo ator Bob Geldof, trancado num quarto de hotel, olhando a televisão sem mover um só músculo. A câmara começa focalizando a esfera de seu relógio de pulso, que cresce a ponto de ocupar metade da tela; logo, a câmara desce lentamente mostrando o pulso e a mão caída e dá um giro de 180 graus ao redor do cigarro que o ator tem entre os dedos. Depois, sobe por seu braço, chega até o rosto e se aproxima mais e mais até encher o quadro com a pupila negra do olho de Geldof. A cena dura poucos minutos, mas foi preciso um dia inteiro de trabalho e nove tomadas para rodá-la. Quando o ator se fere, em outra cena, gotas de sangue caem de seu dedo no chão, lentamente, com uma impressionante riqueza de detalhes. Nesse caso, o efeito especial consiste, não em fabricar uma situação impossível na vida real, mas em mostrar a realidade de modo especialmente dramático. Para uma coisa ou outra, haja talento.





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quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Mundo Deserto - Geologia



MUNDO DESERTO - Geologia



Um terço das terras do planeta são extensões estéreis. É o resultado da açào milenar das forças que moldam o clima. Agora, o homem começa a fazer a sua parte - para piorar tudo.

Para atravessar em 1990 o deserto de Gobi, que se estende por 1600 desolados quilômetros na Mongólia, Asia Central, o explorador britânico Sir Aurel Stein, se muniu de muita coragem e de um antigo mapa. Nele, um viajante veneziano chamado Marco Polo tinha anotado, seiscentos anos antes, 28 indicações literalmente vitais para uma travessia desse porte - os oásis, onde pudera matar a sede nos quatro anos que levou para ir de Bassora, no extremo norte do Golfo Pérsico, a Pequim, na China. Para Sir Aurel, que passou quinze anos em Gobi, o mapa foi um guia precioso: sua exatidão poupou a caravana que comandava do risco de perecer por falta de água. Pior sorte tiveram os pioneiros colonizadores da Austrália, no século passado. Convencidos de que havia uma espécie de grande mar interior no centro do território, como o Cáspio, no sul da União Soviética - já que a maioria dos rios ali correm em direção ao mar - empreenderam expedições que acabaram liquidadas ou pelas setas dos aborígenes ou pela implacável aridez da natureza.
Experiências tão diversas como aquelas recheiam a volumosa, multissecular crônica dos desbravadores, cientistas, comerciantes e aventureiros que por motivos não menos variados ousaram confrontar as imensidões inóspitas de terras conhecidas como desertos, que, somadas, ocupam uma área surpreendente. "Se descontarmos as calotas glaciais, constituem pouco mais de um terço das terras emersas do planeta", calcula o professor francês Pierre Rognon, geólogo especializado no estudo dos desertos, ou Eremologia, como dizem seus praticantes. "E em todo esse espaço, a vida se limita a poucas e obstinadas plantas e animais, além dos bandos nômades, cada vez menos numerosos." Diretor do Laboratório de Geodinâmica dos Meios Continentais da Universidade de Paris VI, Rognon conhece como poucos o maior e mais famoso deserto do mundo: o Saara, que atravessa onze países no norte da África e cujos 8,6 milhões de quilômetros quadrados - pouco mais que um Brasil inteiro - ele vem pesquisando desde 1953, viajando de camelo, jipe e helicóptero. Haja dedicação: ali, a temperatura alcança 43 graus de dia e desce a 10 graus à noite.
Como o nome quer dizer em árabe antigo, é um "espaço vazio de solo nu e sem vegetação". A descrição traça adequadamente o perfil das regiões desérticas do globo, caracterizadas por receberem menos de 250 milímetros anuais de chuva. A origem dos desertos está diretamente ligada ao clima da Terra. Não por acaso, a maioria deles se situa nos trópicos, onde zonas de alta pressão impedem que a superfície seja umedecida. Segundo a explicação mais aceita pelos cientistas, isso acontece porque nas zonas de clima tropical, mais próximas ao Equador, o Sol se avizinha do zênite, o ponto mais alto da abóbada celeste. Sua radiação, que por isso incide quase perpendicularmente, é em boa parte absorvida pela superfície, que a transforma em calor. O ar assim aquecido, por ser mais leve, ganha as camadas superiores da atmosfera, leva consigo grande quantidade de vapor de água proveniente dos oceanos e cria, num processo semelhante ao de um desentupidor de pia, uma zona de baixa pressão acima do solo.
À medida que o ar sobe, encontra regiões cada vez mais frias e começa a se expandir em direção aos pólos, dissipando seu calor. O vapor de água, que se condensa na presença do frio, forma pesadas nuvens que desabam em temporais que irrigam florestas como a da Amazônia, onde chove 3 mil milímetros anuais, ou do Vietnã. O ar, já então ressecado e resfriado, se torna mais denso e começa a descer exatamente sobre os trópicos, formando assim as zonas de alta pressão, também chamadas anticiclones. Quando chega perto da superfície, é atraído pela região vizinha, de baixa pressão - e o ciclo recomeça. Dessa forma, superfícies imensas no norte da África, na Austrália e na Península Arábica ficam privadas de chuva, pois o ar não consegue levar a água até elas. Existem ainda desertos, como os do Peru e do Chile, que devem sua extrema aridez a cadeias de montanhas, no caso os Andes, que barram a passagem das nuvens carregadas de água. E existem, enfim, os desertos de gelo, dos quais o melhor exemplo é a Antártida, com seus 13 milhões de quilômetros quadrados. Ironicamente, embora retenha o maior volume de água doce do planeta, a Antártida quase desconhece a chuva. "É o deserto perfeito", define Rognon. "Ali, caem por ano ínfimos 127 milímetros, como na região de Tanezrouft, no coração do Saara. Além disso, o frio intenso, que chega a 50 graus centígrados abaixo de zero, contribui para restringir dramaticamente quaisquer manifestações de vida." Embora pareçam à primeira vista extremos opostos, os desertos quentes e frios apresentam estranhas coincidências quanto às origens. Como um espelho, o gelo reflete a maior parte da radiação solar em direção à alta atmosfera e o ar é resfriado sem cessar em contato com a superfície.
Principalmente nos desertos quentes, onde as dunas penteadas pelo vento não representam mais de um quinto da área total, a natureza parece um eterno vazio, para além de qualquer mudança possível. Grande engano. Em 1981, a nave espacial americana Columbia, dotada de um aparelho de radar que emitia os sinais captados do solo para uma estação receptora nos Estados Unidos, sepultou aquela percepção. Vasculhando um trecho do Deserto da Líbia entre o Egito e o Sudão, onde a camada de areia é particularmente espessa e pode esperar até seis anos por uma chuva, a nave transmitiu uma imagem desconcertante para a equipe de geólogos de plantão em terra."Meu Deus, que aconteceu com a areia?", reagiu atordoada a cientista Carol Breed. Alguns minutos foram necessários para que se percebesse que o solo, de tão seco, foi incapaz de refletir as ondas eletromagnéticas do radar. A radiação ecoou, isso sim, nas rochas 5 metros abaixo da superfície. As fotografias resultantes, um verdadeiro tesouro, permitem dizer que, há mais de 20 mil anos, o Saara era uma região cortada por numerosos rios e, portanto, apta a abrigar exuberante vegetação e muitas formas de vida, incluindo a espécie humana. No meio do deserto onde hoje apenas algumas aves migratórias arriscam as penas, pode-se de fato encontrar um mar de inscrições rupestres, teslemunhas da ocupação humana da época do Neolítico, há cerca de 9 500 anos. São desenhos reveladores: mostram crocodilos, leões, girafas. elefantes e hipopótamos uma fauna pouco dada a freqüentar regiões extremamente áridas. Mas, naqueles idos, quando o bicho homem começava a adquirir endereço certo e sabido com a prática da agricultura, as terras do norte africano, embora cada vez menos providas de umidade, ainda podiam amparar a presença de vida.
A exploração superintensiva do solo acabaria ao longo do tempo por interromper o ciclo vital primitivo oriundo de um passado muito mais longínquo. Realmente, troncos fossilizados do que teriam sido frondosas árvores são indícios inequívocos de que o Saara foi há 70 milhões de anos uma exuberante floresta. A África estava então a mais de meio caminho de sua localização atual - as áreas que correspondem a países norte-africanos, como Argélia, Marrocos, Líbia e Egito, se encontravam na linha do Equador, onde estão hoje Gabão, Zaire, Uganda e Quênia, no coração do continente. Ainda antes disso, na quase inimaginável época que remonta a meio bilhão de anos, a placa africana fazia parte do aglomerado de terras situadas no Pólo Sul, ou seja, era um imenso deserto de gelo.
O fenômeno inverso também ocorreu: calcula-se que a Terra tenha tido desertos no mínimo desde o período Permiano, que terminou há 230 milhões de anos. Florestas como a da Amazônia, por exemplo, eram regiões semi-áridas naquele período. "A prova disso", aponta o geólogo Kenitiro Suguio, do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo, "é que ainda há pontos onde a vegetação típica das savanas secas convive com a floresta úmida."As mudanças geológicas fizeram desaparecer os desertos desta parte do mundo, para sorte dos brasileiros. O maior deles era o da Bacia Sedimentar do Paraná, que existiu no Jurássico, há mais de 135 milhões de anos, tomando todo o sul do continente. "Dentro desta grande evolução, existem pequenos ciclos", precisa o geólogo francês Pierre Rognon. "Há épocas, como a atual, em que as regiões áridas se expandem e outras em que elas encolhem até quase desaparecer."Hoje, apenas algumas variedades de escorpiões, serpentes e besouros se aventuram por zonas como o "Quarteirão (ou corredor) Vazio", no sul da Península Arábica, uma das áreas menos habitadas do mundo.
Ali onde o clima é um pouco menos infernal, até alguns pequenos mamíferos insistem em sobreviver, ao custo de drásticas mutações. As espertas raposas do deserto, por exemplo, desenvolveram longas orelhas para, ao que tudo indica, aumentar a superfície de evaporação e assim manter estável a temperatura interna do corpo. Os lagartos chegaram a um verdadeiro requinte. Algumas espécies adquiriram nada menos que pálpebras transparentes, espécie de óculos naturais que permitem ao animal permanecer eternamente com os olhos fechados, a melhor defesa contra as tempestades de areia. Outros mamíferos armazenam na cauda grandes quantidades de gordura, que podem ser metabolizadas em água, num processo equivalente ao da corcova dos dromedários. Já as franzinas e desfolhadas plantas, por disputar cada gota das raríssimas chuvas, crescem a uma boa distância umas das outras e esticam as raízes por dezenas de metros para captar o máximo possível de umidade.
Os únicos lugares onde se pode encontrar formas de vida um pouco mais exuberantes são os oásis, que representam menos de 0,5 por cento das áreas desérticas. Sua origem é curiosa. As águas das chuvas que caem sobre encostas de montanhas, às vezes a milhares de quilômetros, infiltram-se em rochas porosas e seguem cursos que podem se dirigir para as regiões desérticas. Se, em pleno deserto, um vale ou uma fenda entre as rochas forem mais baixos que a zona regada pelas chuvas, a água aflora, podendo formar-se uma espécie de lago constantemente alimentado, ao redor do qual se juntam bichos e pessoas em busca de sombra e água fresca. Ainda hoje, grupos nômades mantêm a tradição de viver sob tendas desmontáveis, com seus magros rebanhos, prontos a levantar acampamento assim que percebem a escassez do precioso líquido. As cidades da periferia do Saara, instaladas perto de indústrias e assoladas por um invencível crescimento demográfico, causam por sua vez um fenômeno que assusta cada vez mais os estudiosos. Trata-se da desertificação, a formação de desertos pelo homem, que galopa à assustadora velocidade de 60 mil quilômetros quadrados por ano, o equivalente a quarenta cidades do tamanho de São Paulo.
Associando-se aos fatores naturais.como a falta de chuvas e os fortes ventos, o homem perpetra outra agressão ao ambiente, já não bastassem o efeito estufa, o buraco no ozônio e a chuva ácida. De fato, o crescimento demográfico nas áreas semi-áridas leva à ampliação dos rebanhos, que devoram as pastagens e esterilizam enormes extensões de terra. A produção de alimentos diminui devido ao encurtamento dos ciclos de plantio e colheita. Exausto, o solo passa a sofrer a erosão. Isso força o homem a buscar novas terras, incluindo as florestas nativas. As árvores são cortadas e consumidas, os arbustos e as plantas rasteiras comidos ou esmagados pelos animais; o solo, nu, é então varrido pelo vento e pela areia, que se liberta e invade as terras vizinhas. "Não há dúvida de que aí está um dos grandes problemas a serem resolvidos no século XXI", comentou recentemente o geógrafo francês Edmond Bernus, dias antes de partir para uma temporada de dois anos no miserável Mali, no noroeste da África. O Mali, onde vivem atualmente mais de 8 milhões de pessoas, será, ao que tudo indica, o primeiro país do mundo a ficar literalmente inabitável em conseqüência dessa catástrofe ecológica.

Os cinco maiores vazios .

a-Nome
b-Localização
c-Área (km2)
d-Chuvas (mm/ano)
e-Temperatura (máx. e min. em C°)
_______________
a- Saara
b- Norte da África
c- 8 600 000 km2
d- 200 mm/ano
e- 43C°máx. e 10C°min
_______________
a- Arábia
b- Sudoeste da Ásia
c- 2 330 000 km2
d- 100 mm/ano
e- 51C° máx. e 12C° min.
_______________
a- Gobi
b- Ásia Central
c- 1 166 000 70 km2 a
d- 200 mm/ano
e- 45C° máx. e -40C°min.
_______________
a- Patagônia
b- América do Sul
c- 673 000 90 km2 a
d- 430 mm/ano
e- 45C° máx. e -11C° min.
_______________
a- Grande Vitória
b- Sudoeste da Austrália
c- 647 000km2
d- sem dados
e- sem dados


O inferno branco.

A paisagem sugere um ofuscante tapete de gelo que se perde no horizonte, como na imensidão da Antártida. O calor, não raro, alcança calamitosos 50 graus. Trata-se, provavelmente, do lugar mais inóspito do planeta - a Depressão de Danakil, 5 mil quilômetros quadrados de puro inferno entre as montanhas que cortam a Etiópia, a oeste, e o Mar Vermelho, a leste, na África oriental. A brancura do cenário se deve à enorme camada de sal que recobre o solo e, em alguns pontos, desce 5 mil metros terra adentro. Isso porque, há muitos milhares de anos, a depressão era um braço do Mar Vermelho. Devido à intensa atividade vulcânica e das placas terrestres na região, o mar dividiu-se em grandes lagos. Estes, castigados pelo sol, acabaram por evaporar, deixando apenas a camada salina, algo como 1 milhão de toneladas ao todo, principal fonte de sobrevivência dos nativos das áreas próximas. Arrancados a golpes de picareta, os blocos de sal são transportados por mulas até o mercado de Makale, a 120 quilômetros, onde a carga é vendida aos comerciantes africanos.

Uma árida batalha.

Em 1974, após uma prolongada seca na região da África conhecida como Sahel - faixa de terra árida ao sul do Saara -, a ONU convocou uma Conferência Mundial sobre Desertificação. Delegados do mundo inteiro se reuniram em Nairóbi, no Quênia, para estudar medidas que evitassem a expansão das áreas desérticas, como havia ocorrido no Sahel. Na época, estimava-se que um em cada oito seres humanos, a metade do gado bovino, um terço dos bovinos e dois terços dos caprinos já viviam nessas áreas, sendo necessários investimentos anuais da ordem de 4,5 bilhões de dólares para frear o processo até a virada do século. Esses números pioraram tanto, sem que se passasse dos projetos aos atos efetivos de combate à calamidade, que, uma década depois, previa-se que um terço da superfície do planeta estará morto até o ano 2000, ameaçando a já precária sobrevivência de 850 milhões de pessoas.
"A desertificação não é propriamente a formação de dunas, mas o esgotamento de toda a capacidade do solo de suportar a vida", define o geólogo João José Bigarela, presidente da Associação de Defesa e Educação Ambiental de Curitiba, conhecido pela sua luta em defesa da natureza. "Entendido o processo como o aumento da aridez, podemos ver exemplos em todo o pais", adverte ele.
O Brasil, segundo dados de 1983, da ONU, tinha cerca de 780 quilômetros quadrados de áreas desertificadas, concentradas principalmente no Nordeste, onde viviam mais de 10 milhões de pessoas. As autoridades negam a desertificação, entendendo o termo no sentido mais restrito, mas o fato é que a substituição das florestas tropicais pelo plantio extensivo para exportação, prática por sinal comum desde a chegada do homem branco ao continente, vem criando e alargando regiões áridas e semi-áridas.
Em menos de um século, por exemplo, destruiu-se 81 por cento da cobertura florestal do Estado de São Paulo. O Pontal do Paranapanema, na divisa com Mato Grosso, com mais de 1 500 quilômetros quadrados de área verde em 1950, está totalmente devastado, a exemplo das florestas subtropicais que cobriam a maior parte do território paranaense ou da Zona da Mata nordestina. Pelo menos 500 mil quilômetros quadrados do sertão nordestino já viraram desertos de verdade. Da mesma forma, os menos irrigados pampas gaúchos cresceram, apenas na última década, mais de 20 quilômetros quadrados. Até a floresta amazônica acusa o problema. Explica Bigarela: "Devido à composição química da terra e à grande quantidade de detritos vegetais que a cobre, o desmatamento ali nem chega a liberar para o cultivo solos férteis, que se degradam pela erosão das águas das chuvas."





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quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Os Verdadeiros Segredos do Sexo - Biologia



OS VERDADEIROS SEGREDOS DO SEXO - Biologia



Os cientistas finalmente descobriram por que as espécies se reproduzem daquela maneira que todos conhecem - ou de outra, sem graça nenhuma.

Semelhantes a finíssimos fios de cabelos, certas algas que os biólogos chamam Spyrogira, constituídas por uma só carreira de células, não cessam de crescer e multiplicar-se. A célula, na ponta, duplica-se o tempo todo, até que a alga, de tão longa, acaba por se quebrar - a partir desse instante, passam a existir duas algas e o processo continua. Há quatro anos, cientistas canadenses notaram na emaranhada cabeleira verde que forma a planta aquática um acontecimento incomum nessa rotina: de repente, brotou um microscópico espinho em uma célula; esta, com o novo acessório, furou a alga vizinha, injetando-lhe o seu material genético. Daí surgiu uma teoria tão excitante que, hoje em dia, quando o assunto é reprodução sexual, a conversa tem de começar pelas algas. Afinal, antes daquela descoberta, todo cientista interessado em estudar esse assunto antigo como a vida corria o risco de levar para a cama um motivo de insônia. Pois, por absurdo que pareça, do ponto de vista estritamente biológico não se conhecia uma boa razão para haver sexo.
Um paradoxo sempre intrigou os pesquisadores da reprodução: os seres vivos gastam um tempo precioso em busca de um parceiro; quando o encontram, muitas vezes precisam proteger o achado de rivais poderosos com unhas e dentes - no sentido literal, ou figurado, conforme a espécie. Além disso ainda se despende uma respeitável quantidade de energia nos jogos de sedução. E as armas mais eficazes para a conquista podem às vezes voltar-se contra seus donos. O pavão, exemplo típico de exibicionista, pode atrair várias fêmeas com o charme de sua cauda, mas em compensação mal consegue fugir de um predador devido ao peso de seu leque de penas multicoloridas. Mesmo quando todo o esforço vale a pena, no caso individual ou da espécie, o sexo como forma de reprodução perde de longe para a reprodução assexuada.
É pura matemática: enquanto cada indivíduo assexuado é capaz de ter um filho, na reprodução sexuada são necessários dois indivíduos para nascer um filho. O resultado é que, desconhecendo o sexo, uma espécie pode se reproduzir duas vezes mais depressa. Como uma lei biológica elementar faz com que qualquer espécie tenda a propagar o seu estoque genético ao máximo - isto é, mediante o nascimento do maior número possível de indivíduos -, então o certo seria antes só do que acompanhado. Mas não é isso o que se observa na natureza e aí está o paradoxo: apenas a minoria de 15 mil espécies animais, dos 2 milhões existentes no planeta, prefere se reproduzir assexuadamente, ou seja, crescendo e se dividindo, como a alga Spyrogira.
"Diante disso, podemos imaginar que a princípio fazer sexo devia parecer uma excelente opção", avalia o geneticista Oswaldo Frota-Pessoa, da Universidade de São Paulo. Em outras palavras, de alguma maneira a reprodução sexual teria de aumentar a quantidade de filhos - o que, de fato, o sexo não proporcionou. Mas, do ponto de vista dos genes, como a espetada das Spyrogira mostrou, a reprodução sexual representava um ótimo negócio: as algas continuavam a se reproduzir assexuadamente e, dessa maneira, o material genético injetado passava a ser copiado não em um, mas em dois organismos, o que espetou e o que foi espetado. A alga que recebeu os genes estranhos, por sua vez, também se tornava capaz de penetrar em uma célula alheia e assim, rapidamente, a reprodução sexual se espalhou. Supõe-se que com as células primitivas, as bactérias, algo semelhante tenha ocorrido.
"O sexo surgiu graças a genes parasitas, que se disseminaram feito uma praga", sugere Frota-Pessoa, um paulista de cabeça branca, quatro filhos, com o olhar entusiasmado de um adolescente ao falar de sexo. Motivos de entusiasmo não lhe faltam. Ele, afinal, estuda o assunto há mais de quarenta dos seus 72 anos, escreveu 44 livros e já perdeu o cálculo de quantas vezes, uma página aqui, um capítulo ali, questionou a consagrada teoria da variabilidade dos genes, que aponta como a grande vantagem do sexo o fato de embaralhar as características maternas e paternas, criando em uma mesma espécie seres geneticamente diversificados, portanto com maiores chances de sobrevivência. Essa qualidade é uma feliz conseqüência do intercâmbio de material genético, o que, por definição, é sexo - mas jamais a sua razão de ser.
As células da maioria das espécies são diplóides, ou seja, possuem duas cópias de cada gene; os genes, por sua vez, formam cordões, os chamados cromossomos, que se distribuem aos pares (23, no caso dos humanos). A única exceção são as células sexuais, também conhecidas como gametas, que têm somente uma cópia de cada cromossomo. Caso contrário, se os gametas também fossem diplóides, o número de cromossomos dobraria a cada geração. É quase impossível, contudo, que os cromossomos de um par sejam idênticos, pois as duas cópias de um gene, ao serem reunidas na reprodução sexual, costumam se apresentar em versões diferentes: no par que determina a cor dos olhos, por exemplo, um gene pode indicar o azul e a sua cara metade pode indicar o castanho. No ser humano, que possui mais de 100 mil genes, as possibilidades de combinações beiram o infinito. E assim cada ser é praticamente único.
Pode-se dizer que em uma população sexuada sempre existem, por exemplo, indivíduos mais adaptados à seca e outros mais preparados para viver em clima úmido. Na reprodução assexuada, porém, os filhos são cópias idênticas dos pais, cujo organismo por definição está pronto apenas para enfrentar o aqui e o agora - uma lástima num mundo em que o normal é a mudança. Um estudo de geneticistas americanos mostra que as espécies assexuadas conhecidas são derivadas das sexuadas - sinal de que as formas primitivas, que ignoravam o sexo, não conseguiram chegar até os dias atuais, justamente por falta de jogo de cintura genético.
É sempre assim: em espécies em que o sexo é a norma, uma mutação genética faz eventualmente aparecer uma fêmea assexuada, portadora de óvulos já prontos para gerar um embrião. Esta, é claro, acaba se reproduzindo com tamanha velocidade que logo se espalha por grandes áreas. Ora, como na competição por alimentos costuma vencer quem pertence ao time mais numeroso, a população assexuada tende a sobreviver aos indivíduos sexuados que lhe deram origem. O processo mata a charada com que topou há 23 anos a bióloga Denise Peccinini Seale, da Universidade de São Paulo, quando foi pela primeira vez à Amazônia analisar células de uma família de pequenos lagartos que atende pelo nome de Cnemidophorus. Depois de 45 horas subindo o rio Trombetas, chegou ao vilarejo de Oriximiná, onde, para sua surpresa, encontrou uma população dos répteis constituída só de fêmeas.
Dois anos antes, outro pesquisador havia encontrado também machos por ali. Seu desaparecimento, em tão pouco tempo, se explica pela existência de uma fêmea capaz de se reproduzir sem ajuda alheia. Os biólogos já sabiam que os lagartos, ao passar por mutações genéticas, tornam-se capazes desse tipo de reprodução, a partenogênese. "Mas, a essa altura, eu queria saber se encontraria sexo entre os lagartos caso continuasse subindo os rios da região", conta Denise. Ela voltou à Amazônia outras quinze vezes em 21 anos. E, graças a tantas viagens, completou recentemente um trabalho, em cooperação com cientistas americanos, que pode ser considerado uma verdadeira revolução sexual: por causa de um complicado sistema de divisão celular, a meiose, a fêmea partenogênica também tem a diversidade dos genes, até então o grande trunfo de quem praticava sexo. "Como o filhote não é um clone da mãe, passamos a admitir a existência de uma reprodução sexual modificada", resume a bióloga.
Quem prefere sexo na versão original, no entanto, pode ficar tranqüilo. É teoricamente impossível para a maioria das atuais espécies sexuadas deixar os machos de lado, pois milhares de genes, ao longo da evolução, acabaram se envolvendo com o sexo. No princípio, a vida desconhecia a diferença entre feminino e masculino: a célula, como a da alga Spyrogira, fazia o papel de fêmea ao receber os genes alheios; mais tarde, fazia as vezes de macho ao penetrar em outra para injetar o material genético. Alguns genes, contudo, pouco a pouco foram se especializando. O processo culmina com o aparecimento, em algumas plantas, dos gametas, células cuja única função é reproduzir o indivíduo.
Também a partir de então aparece uma divisão de trabalho: alguns organismos cuidam de fabricar gametas pequenos, que se locomovem com facilidade e possuem enzimas especiais para romper a barreira de outra célula - e eis que surge o macho, mestre na arte de fecundar; outros organismos produzem gametas maiores, dentro dos quais começa a se desenvolver o novo indivíduo - e brota a fêmea, especialista em dar crias. A maioria das plantas no entanto é hermafrodita, isto é, possui tanto o minúsculo grão de pólen do macho como o óvulo da fêmea em que a semente será gerada. Faz sentido: com as raízes fincadas no chão, uma roseira não pode ir ao encontro amoroso de outra. As plantas dependem do vento, dos insetos e dos pássaros - cupidos que, atraídos pelas cores que vibram e pelo perfume que os vegetais exalam na época do acasalamento, abandonam o pólen de uma flor em outra. Se cada vegetal tivesse apenas um sexo, seria grande a chance de que o pólen de uma planta macho pousasse em outra planta macho - e então não haveria reprodução. No entanto, concentrar a energia exclusivamente em um sexo torna a produção de gametas mais eficaz e por isso, no reino animal, um hermafrodita como o caracol é um bicho raro. Bom para ele. Pois, quando se arrasta por um solo arenoso, feito molusco, qualquer distância pode tornar um amor impossível; logo, tem de tirar todo proveito dos momentos passados ao lado do parceiro: os dois seres se esticam, ficam em posição vertical e se enroscam em um abraço que pode durar um dia inteiro; enquanto isso, fabricam agulhas finas de um material semelhante ao das conchas, através das quais um caracol fecunda o outro.
O que faz os caracóis insistir na procura do parceiro são genes responsáveis pela atração. "De nada adiantaria a capacidade de realizar sexo, se um ser não sentisse compulsão de se acasalar", raciocina o geneticista Frota-Pessoa. Um galo, mesmo criado em isolamento, ao ver uma galinha começa a circular em torno dela, fazendo-lhe a corte. O sistema nervoso de todo animal já nasce programado para o sexo. Como uma espécie de seguro adicional, os genes ainda fazem com que certas glândulas jorrem hormônios, que desencadeiam o desejo, a pulsão sexual.
Para os bichos, verdadeiras tentações são substâncias chamadas feromônios, cujos odores atraem machos na direção de fêmeas e vice-versa. No caso do homem, nenhum perfume é assim tão irresistível. O sexo, é claro, tem cheiros próprios, provocados por alterações no organismo, que eventualmente convidam a mais sexo. O olfato, porém, tem um papel secundário no desejo humano. Segundo o neuroendocrinologista Marcello Delano Bronstein, do Hospital das Clínicas de São Paulo, algumas gotas de um perfume como o celebrado Chanel n° 5 provocam a febre devastadora pela qual tais essências são tão apreciadas, por causa da testosterona, o hormônio sexual masculino - que, aliás, as glândulas femininas também produzem, em doses dez vezes inferiores, o suficiente para acender a paixão. "Pessoas com taxas baixas do hormônio têm a libido diminuída", nota o médico. Nada indica, porém, que dosagens maiores de testosterona aumentem o desejo, como se acreditava no passado. Outro hormônio ligado ao sexo, mas de forma negativa, é a prolactina, cujas taxas aumentam na mulher durante a gravidez e na amamentação, diminuindo o desejo.
Alguns cientistas suspeitam que, nos animais superiores, a falta de interesse da fêmea pelo parceiro, após o parto, tem a função de permitir que ela dedique suas energias aos filhotes. E no final das contas - o que pode surpreender muito paquerador -, os filhos estão sempre por trás da recusa de uma fêmea. Ao menos foi isso o que observou o naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882) ao estudar o que chamou a seleção sexual, ou seja, os estratagemas que as espécies desenvolveram a fim de que os indivíduos possam seduzir-se uns aos outros. Segundo Darwin, uma das primeiras formas de vida a se enfeitar para esse jogo foram as anêmonas, plantas aquáticas que se distinguem pelo colorido. Na maioria das espécies, o sim é prerrogativa da dama. Nada mais justo, pois ela precisa escolher um macho que lhe proporcione as maiores chances de perpetuação dos próprios genes. Para tanto, contam a aparência e a persistência do cavalheiro; seu comportamento é percebido pela fêmea como indício da maior ou menor disposição de cuidar da prole que virá.
A drosófila, pequenina variedade de mosca, é um exemplo típico de astúcia feminina, atiçando o macho, mas sem cooperar na hora agá - isso só acontecerá muitas piruetas mais tarde, quando, excitada pela dança do casanova ao seu redor, a fêmea permite a aproximação. "Por instinto", explica Frota-Pessoa, "a drosófila reconhece naquele que perde mais tempo com acrobacias a intenção de ficar a seu lado quando nascerem os filhotes." O comportamento sexual dos bichos parece sempre mostrar uma lógica ditada pela natureza. No homem, porém, o sexo, como tantas outras manifestações, é uma requintada mistura de natureza e cultura, instinto e aprendizado. Ao criar símbolos, o ser humano fez da sedução um jogo complexo, em que a fantasia desempenha um papel essencial. Sendo a única espécie para a qual o sexo não depende de cio nem tem data marcada, como acontece com os outros animais, o homem pôde transformar o prazer físico em erotismo - e este em amor.

Onde o macho não entra.

Em duas espécies de vertebrados, peixes e lagartos, os filhotes herdam genes apenas da mãe. Certos peixes se reproduzem por ginogênese, um processo em que a fêmea se vale do estímulo do macho para desovar mas, depois, quando começam as divisões celulares, os genes trazidos pelo espermatozóide são deixados de lado e o embrião se desenvolve só com a herança materna. Nos lagartos ocorre a partenogênese - um modo de reprodução por sinal comum entre os insetos -, em que uma fêmea, aparentemente igual a qualquer outra companheira sexuada de espécie, produz um óvulo diplóide, ou seja, com duas cópias de genes, portanto capaz de gerar o embrião sem ser fecundado pelo macho.
De acordo com um estudo recente, as células dessas fêmeas se dividem por meiose, uma forma de embaralhar os genes típica da reprodução sexuada: os cromossomos se duplicam, formando dois pares de gêmeos idênticos; os pares são cortados por enzimas em diversos pontos; recombinados, criarão novos cromossomos. A célula, já com quatro pares de cromossomos, se divide para voltar a ser diplóide. Segundo a bióloga Denise Peccinini Seale, da Universidade de São Paulo, "a meiose é tão bem realizada por esses lagartos que, comparando as fêmeas partenogênicas com os indivíduos sexuados da mesma espécie, as primeiras têm mais diversidade nos genes".

Amar é....

Amar, de certo modo, é ter reações químicas em cascata. No caso da espécie humana, quatro milhões de receptores na pele podem captar os carinhos recebidos e enviar a mensagem do prazer ao cérebro. Este, a princípio, manda as glândulas competentes liberar cortisona, açúcares e adrenalina no sangue. O coquetel mexe com o organismo: o coração e a respiração disparam, o metabolismo se acelera, os vasos capilares se dilatam. Com isso, a pele fica ruborizada e a temperatura do corpo aumenta. Devido a todo esse calor, as glândulas, da pele, que se concentram em regiões como os órgãos genitais, funcionam a pleno vapor, produzindo substâncias cujo odor típico aumenta a excitação.
O cérebro torna então a reagir, desta vez autorizando a liberação de dopamina, um hormônio de efeito antidepressivo, nas células nervosas. Quando a mistura de agentes químicos parece chegar ao ponto de ebulição, o sistema nervoso, cauteloso por experiência, envia acetilcolina, um hormônio antagonista das substâncias excitantes. A súbita interrupção causa um espasmo que o corpo, no limite do estresse, como uma corda de violino distendida ao máximo, recebe com o maior prazer - é o orgasmo. Em seguida, o cérebro encerra o expediente com a liberação das endorfinas, analgésicos naturais que provocam a sensacão de relaxamento após o sexo.

Como a vida se defende

A fêmea do dourado, peixe comum nos rios brasileiros, produz 5 mil óvulos sobre os quais o macho esparrama milhões de espermatozóides; o casal se reproduz cerca de 15 vezes durante seus dezoito anos de vida - e, no final, restam apenas um ou dois herdeiros. Milhares de óvulos deixaram de ser fecundados, não vingaram ou foram repasto de predadores. Por isso, a natureza desenvolveu mecanismos de proteção à vida que chega. Os répteis deram um grande passo: seus óvulos, bem maiores, já contêm os nutrientes para os embriões, enquanto até os anfíbios o embrião tinha de se nutrir diretamente da água, dependendo assim do ambiente. Também com os répteis surge o acasalamento, ou seja, o organismo feminino passa a ser o território da fecundação.
As técnicas de segurança ficaram ainda mais aperfeiçoadas com os mamíferos. Marsupiais como os cangurus são uma amostra dessa passagem: além de ser interna a fecundação, o embrião formado começa a se desenvolver no útero, de onde ele sairá para alcançar com as próprias garras uma espécie de bolsa na barriga da mãe; daí alcança as tetas, completando dessa maneira o seu desenvolvimento. Nos demais mamíferos, porém, o filhote só é expulso do ventre materno quando seu organismo já está pronto para a vida.





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terça-feira, 2 de outubro de 2012

Diario de um Cosmonauta - Espaço


DIÁRIO DE UM COSMONAUTA - Espaço



A vida cotidiana, com suas alegria e desconfortos, a bordo de uma estação espacial, nas palavras do cosmonauta russo Valentin Lebedev. Ele permaneceu 211 dias em órbita.

Ao contrário dos americanos que mandam seus astronautas ao espaço em missões que duram não mais de três a quatro dias, os soviéticos apostam há vários anos nas longas permanências, acreditando que isso lhes será útil em futuras viagens a planetas distantes. Atualmente, a estação orbital Mir abriga dois cosmonautas desde setembro do ano passado. Em 1988 Vladimir Titov e Musa Manarov bateram o recorde de 366 dias de permanência no espaço. Antes deles, Valentin Lebedev e Anatoli Berezovoi viveram em órbita da Terra durante 211 dias, a bordo da estação espacial Saliut 7. A missão durou de 13 de maio a 10 de dezembro de 1982. Todos os dias Lebedev anotava suas impressões num diário que seguramente é o mais rico relato pessoal já elaborado sobre a aventura humana além das fronteiras terrestres. O resumo a seguir, traduzido do russo por Serguei Ignatiev, em Moscou, especialmente para SUPERINTERESSANTE, proporciona uma atmosfera completa e divertida do cotidiano de um cosmonauta em serviço.

SETEMBRO 11

É dia de tomar banho. Uma limpeza da cabeça aos pés. Liussia (diminutivo de Liudmila, mulher de Lebedev) e Vitalik (Vital, seu filho) vieram para a sessão de comunicação e parecem bem. Meu filho mostrou pela televisão seu boletim escolar. Só notas altas. Perguntei-lhe se eram valores do trimestre. Disse que não, que são da semana. Parabéns! Que alegria ver e ouvir meu filho. Quem dera tivéssemos uma filha também! Em seguida, fui me lavar. Durante o banho, a velha e calosa pele das plantas dos pés rebentou e despreendeu-se por completo, como a casca de uma batata. Isso porque aqui não andamos apoiados nos pés. Agora eles estão parecidos com os de um recém-nascido: rosados, revestidos de uma fina pele enrugada. Ainda que seja trabalhoso tomar um rápido banho em pleno Cosmo - porque, antes de começar, você deve montar o box, abastecê-lo de água e, depois de se lavar, desmontar, jogar fora a água suja e limpar o invólucro - acho que vale a pena, tamanho é o prazer que dá! Terminado o banho, ponho roupas limpas: camisa, ceroulas e meias. Vestido assim, preparo uma comida quente, saborosa.

SETEMBRO 14

Dia de revisão do "contrato de trabalho": devemos decidir se prolongamos o prazo de permanência no Cosmo. Hoje também estamos realizando experiências geofísicas. Fotografamos os territórios da União Soviética, de Cuba e dos países africanos com os quais temos acordos na prospecção de recursos naturais. Também registramos com a câmera de vídeo o que Iúri Gagárin viu ao dar uma volta ao redor do planeta (em 1961). Tudo como se fosse com os olhos dele, os do primeiro homem que viu nossa Terra do Cosmo. Às 2 da tarde nos fizeram a proposta de continuar o vôo, ou seja, prolongá-lo quarenta dias além do prazo inicialmente previsto. Respondemos que sim, desde que voar mais de duzentos dias não fosse um objetivo em si, quer dizer, desde que o novo prazo se justificasse com trabalho suplementar. Pedimos que nos fossem dadas melhores condições para o cumprimento das experiências e mais autonomia na organização da jornada de trabalho. E que fosse considerada a possibilidade de mais uma saída ao espaço exterior. Argumentamos que isso ajudaria a motivar o corpo para o novo trabalho e melhorar nossa disposição emocional. Responderam que discutiriam com os especialistas. Agora, temos pela frente mais três meses de vôo, perspectiva que, para ser franco, parece dura.

SETEMBRO 18

Hoje o dia é de descanso. Cada um se ocupa de suas próprias coisas. Peguei a câmera para fotografar a estrutura do horizonte da Terra com o visor ótico Puma, que tem um poder de ampliação de quinze vezes. Quero registrar ainda a aurora boreal com um filme em cores, bem como o nascer-do-sol, que é um belo espetáculo. Ao passar por trás da atmosfera, o Sol não tem aquela forma redonda a que estamos tão habituados na Terra. Daqui, parece achatado e, à medida que se levanta no horizonte, vai adquirindo uma forma arredondada, como uma bola sendo inflada. Um fenômeno interessante e empolgante. O horizonte é um arco-íris vivo, com faixas coloridas sendo substituídas por outras, variando em largura, brilho, número de camadas e densidade das cores, fazendo com que a atmosfera pareça um prisma manipulando os componentes do espectro solar para formar uma faixa branca cada vez mais intensa.
A filmagem do Sol comporta um sério problema: com um aumento de quinze vezes, o ângulo de visão é muito pequeno. Sem contar que se é obrigado a usar um filtro de luz que reduz a luminosidade mil vezes, o que dificulta a operação de apontar a câmera para o lugar em que o astro vai nascer. É preciso olhar durante muito tempo pela vigia da nave para mirar bem. Para isso, tive de colocar a camisa sobre a cabeça e nela abrir dois orifícios, como se fosse uma máscara, protegendo assim o rosto e os olhos. Uma vez cheguei a queimar os olhos, que ficaram com a esclerótica coberta por uma película amarela - um horror! - e tive de me tratar com um ungüento especial da farmácia de bordo.

SETEMBRO 20

Acordamos às 5 e 30. Temos a acoplagem com o transportador Progress-15. O encontro com o veículo de carga é sempre um acontecimento emocionante. Nele vêm novos aparelhos, para novos e interessantes trabalhos. Chegam também outras coisas bastante agradáveis: presentes dos companheiros de solo, correspondência de casa, edições recentes de jornais e revistas. Esse veículo em particular é importante porque é o último da nossa missão e é dele que depende a prorrogação da permanência em vôo, pois traz combustível, alimentação e água. Depois da acoplagem, tivemos uma sensação de alívio. O vôo vai continuar. Para nós é habitual dizer "chegou o transportador espacial". Mas como a nave Progress nos localiza no espaço? Como se acopla com a estação? Vou tentar explicar.

Uma vez lançado, o transportador espacial é orientado para a órbita de encontro por manobras comandadas da Terra. A fim de garantir a precisão no momento do encontro, um sistema de radionavegação chamado Igla é ligado quando o transportador chega a 20 quilômetros da estação espacial. Estabelecido o contato de rádio entre a nave e a estação, os dois veículos ficam se falando continuamente, trocando informações sobre velocidade, distância e posição angular. Nós permanecemos como simples espectadores. Quando os propulsores de orientação são ligados, ouvem-se pancadas surdas no casco, como se fosse um tambor. Durante o movimento de rotação para acertar a posição de acoplagem, sente-se uma pequena aceleração, momento em que os objetos que não estão presos começam a voar pela estação. À tarde, recebemos o sinal positivo para abrir a escotilha do veículo de carga. Entramos nele. Ainda bem que não há guardas alfandegários no espaço.

SETEMBRO 21

Dia de descarga do Progress. Dormi mal. É muito bom estar habituado a esse tipo de trabalho, sabendo por onde começar. É uma operação semelhante ao ato de trinchar um peixe, que você ou pode simplesmente cortar de qualquer jeito e a muito custo, ou dividi-lo da forma certa, rápida e elegante. É o que fizemos com nosso transportador: concluímos o trabalho em apenas um dia, dois antes do prazo programado. E, quando nos disseram que ainda havia cartas numa caixa no fundo do veículo, justamente no local em que existe uma escotilha por onde o lixo é expelido, pus-me a cavar como uma toupeira, afastando as cargas que encontrava no caminho, até alcançar a presa. Fiz esse trabalho sem os óculos de proteção. Torci para que nenhuma farpa metálica caísse nos olhos. Saí do transportador com as cartas, o rosto brilhando de suor e com algumas farpas coladas nele.

Encontramos no pacote de guloseimas mostarda, mel, amêndoas, damasco; nossas mulheres haviam acrescentado ainda caranguejos, caviar, cebola e alho. Mas o melhor é o pão de Tula, enviado por Liudmila. É pena que não temos leite gelado. Ao fim do dia, abrimos um grande e grosso envelope ricamente decorado. Dentro encontramos algumas cartas, uma série de desenhos e propostas relativas a futuras experiências no Cosmo - todas feitas por crianças que participaram de um concurso. Algumas das idéias são bastante curiosas, como a de cortar uma minhoca e verificar se, em órbita, sua pele se regenera. Ou saber se as formigas são capazes de construir um formigueiro no estado de imponderabilidade. Ou então descobrir qual seria a forma de uma pérola feita por um molusco a bordo da estação. Quando acabamos de ler essas cartas, percebemos que as crianças conseguiram realizar seu propósito: nos deixaram desconcertados.

SETEMBRO 23

Dia reservado a trabalhos de reparação, estando também previsto continuar a mexer no transportador espacial. Substituímos o conjunto de aparelhagens médicas e trocamos a água do reservatório. Não estou com vontade de fazer observações visuais. Sinto cansaço. Meu corpo parece uma mola sem nenhum milímetro de folga e muito tensa.
Vem uma certa apatia. Tudo parece aborrecido. O apetite, entretanto, continua bom, graças a Deus. Lavamos o rosto com lenços úmidos. Escovamos os dentes com uma espécie de dedal coberto por um antisséptico. Você põe no dedo e esfrega os dentes e as gengivas. Uma coisa agradável e cômoda. Também se pode utilizar a escova comum com pasta de dentes, mas aí existe o problema de como enxaguar depois a boca. Temos de aplicar obrigatoriamente um creme no rosto para evitar a secura e irritação da pele.

Limpamos o corpo todo com toalhas úmidas e depois o secamos com toalhas secas. Uma sensação prazerosa. Depois de terminada a descarga do Progress, nossa estação está uma verdadeira bagunça. Estão flutuando entre nós sacos cheios de equipamentos. Pelo tom das vozes vindas da Terra, percebemos que o pessoal está tomando o cuidado de nos tratar de maneira especial. Eles falam conosco como quem lida com doentes, preocupados com a duração prolongada do vôo. Não compreendem que isso é muito pior porque estraga nossa disposição. À noite, li algumas revistas acomodado em meu lugar preferido, no compartimento onde as naves engatam. Agora, vou dormir.

SETEMBRO 27

Dormi muito bem, um sono de quase onze horas. Ao me levantar, sentia uma pequena dor de cabeça. Mas, pouco depois, passou. À noite, senti o estômago. Acho que foi uma leve gastrite. Tivemos de nos preparar para as experiências durante toda a manhã. Quase não falamos. Quando comecei a experiência com o fotômetro eletrônico, vi Tolia (Anatoli, companheiro de vôo de Lebedev) chegar perto e dizer: "Vamos fazer juntos". Fizemos um bom trabalho. Registramos três estrelas: Beta de Cisne, Vega e Altair. Lembro-me de ter lido em vários artigos que, em órbita, alguns cosmonautas enxergaram casas esparsas, um navio no mar e até um ônibus correndo pela estrada.
Será que isso é possível? Vamos ver. A capacidade de resolução do olho humano com boa visão permite distinguir, de uma altura de 350 quilômetros, objetos com dimensões da ordem de 100 metros, ou seja, navios e os maiores edifícios. Em certas condições atmosféricas, com uma iluminação solar favorável e a presença de sombras, é possível discernir coisas menores. Distinguir um veículo e ainda por cima afirmar que é um ônibus é impossível a olho nu. Isso porque é difícil isolar pequenos objetos entre uma infinidade de coisas semelhantes e sobre um fundo muito retalhado. Não digo que, com uma rara combinação de condições atmosféricas sobre determinadas regiões, a camada aérea não possa funcionar como uma lente, possibilitando uma melhora súbita da visibilidade. Eu, porém, nunca vi.

NOVEMBRO 06

Pela manhã, executamos uma nova experiência científica. Depois começamos os preparativos para o banho. Me distraí e não fechei direito o recipiente onde colhemos a urina, por isso a tampa pulou fora com a pressão, brotando também água suja misturada com a urina. Uma grande gota amarela ficou pendurada no extremo da mangueira. Grande coisa! Fiz a limpeza. A propósito, não sentimos aqui nojo por tais coisas, compreendendo que tudo isso é nosso, só dos dois. Tomei uma ducha. Tenho sentido ultimamente dor na coluna. Sei, por experiência terrestre, que isso acontece quando pratico pouco esporte. Os músculos se enfraquecem. Por isso fica difícil para a coluna sustentar o peso do corpo, originando uma compressão das vértebras. Aqui, em órbita, acontece o contrário: elas se dilatam. Como voamos há muito tempo, perdemos o sentido do tempo. Sabemos que muito já se passou, mas não podemos perceber exatamente quanto, como fazemos quando estamos em terra. Lá se vive a primavera, o verão, o outono, o inverno e as férias. Aqui, tudo está envolto por um tempo anônimo, uma sucessão de luz e escuridão, quinze vezes por dia.

NOVEMBRO 11

Dia da morte de Leonid Brejnev (chefe do governo soviético desde 1964). Lançamento do ônibus espacial americano Columbia. Acordei por volta das 5 da madrugada. Levantei mais cedo para filmar o Extremo Oriente em videoteipe. Vejo a cama de Tolia vazia. Olho para o compartimento de trabalho e o descubro deitado e encolhido no aparelho de esteira rolante. Perguntei o que tinha acontecido. Ele disse que não estava se sentindo bem, parecendo intoxicação, uma dor no lado esquerdo do abdômen. Ao cabo de uma hora, vejo o homem ainda sofrendo. Fui até a farmácia e peguei dois remédios e um comprimido de carvão ativado. Sobrevoamos o território soviético. Digo a Tolia que não temos o direito de esconder sua dor e sugiro entrar em contato com a Terra e informá-los. Ele concorda. Estamos passando sobre o litoral do Extremo Oriente, não estando programada nessa volta uma sessão de comunicação. Faço a chamada: "Aqui Elbrus-2, responda-me". Entra o operador de plantão do posto terrestre em Ussuriisk. Peço ligação para o Centro de Controle de Vôos. Atende Viktor. Solicito um médico, vem correndo Valera, médico de turno. Expliquei-lhe tudo e aí saímos da zona de radiovisibilidade. Somente na comunicação seguinte, às 8 da manhã, tive nova conversa com Valera e ele recomendou aplicar uma injeção de atropina. Peguei na farmácia uma seringa e disse: "Vamos, Tolia, mostre o seu traseiro porque vou te dar uma agulhada". Segurei metade da agulha com os dedos para que não entrasse toda na carne. Ele disse que nem sequer percebeu quando apliquei. Uma hora depois se sentia aliviado. Na sessão de comunicação seguinte, já haviam reunido uma junta médica para decidir se devíamos ou não aterrissar. Coisa absurda: passar nove anos se preparando para o vôo, voar meio ano e ter de aterrissar uma semana antes do recorde de permanência no espaço. Como se isso fosse pouco, entra Riumin (cosmonauta que à época trabalhava no Centro de Controle dos Vôos): "Rapazes, estamos preparados para trazê-los de volta". Bolas! Depois do almoço, o pessoal de terra pediu que, pelo sim, pelo não, nos preparássemos para a descida. Ao meio-dia, Tolia já não parecia tão aborrecido. Digo-lhe: "Vamos então comunicar que aterrissamos".

DEZEMBRO 13

(Depois do regresso) Dia de repouso. Sinto-me muito mais aliviado, já sem aquele cansaço no corpo. Levanto os objetos com mais facilidade, me mexo na cama sem esforço. Participamos de uma entrevista coletiva. Fiquei contente porque parece ter sido uma boa conversa. De dia, fiz um treino na piscina, uma caminhada, exercícios fáceis para as pernas e os braços. Fica-se cansado rapidamente. Estou com bom apetite. Já recuperei o peso de 72 quilos. No primeiro dia em terra estava com 70,5 quilos. Os médicos estão contentes. O restabelecimento é normal. Só alterações no sangue. Isso porque o organismo se adaptou à imponderabilidade. Agora se inicia o processo contrário. De manhã, fiz uma brincadeira: pus a máscara de fantasia trazida a bordo da estação por Jean-Loup Chrétien (cosmonauta francês que esteve na Saliut). É uma máscara feia. Depois de colocá-la na cabeça deitei na cama e fiquei imóvel. Alguém foi correndo aos médicos assustado com o que viu. Quando Ivan Skiba, chefe da seção médica, Slava Bogdachevski e o psicólogo entraram no meu quarto, virei o rosto para eles e lancei um grito feroz. Ficaram apavorados. Aconteceu uma cena muda, com minha máscara refletindo-se nas suas fisionomias desfiguradas pelo susto. Quando voltaram a si, desataram a rir. O psicólogo diagnosticou: "Se o paciente está brincando, é sinal de que tudo vai bem".

A vocação de voar

Recentemente, o cosmonauta Valentin Lebedev falou de sua vida a Serguei Ignatiev, em Moscou, com exclusividade para nós. Excertos:

Nasci a 14 de abril de 1942, em Moscou. Russo. Nossa família é "terrestre", isto é, nenhum dos seus membros foi ligado à aviação. Minha mãe era dona-de-casa. Meu pai, oficial das Forças Blindadas. Eu, entretanto, sempre tive grande vontade de voar. Talvez por ter devorado muita literatura sobre pilotos. Em 1959, ao terminar o curso secundário, com 17 anos, ingressei na Escola de Aviação de Oremburgo, às margens do Ural, rio que representa a fronteira natural entre a Europa e a Ásia - por sinal, daquela escola saiu também Iúri Gagárin, o primeiro homem a ir ao espaço. Estudei um ano e em 1960 enfrentei novamente a opção: onde continuar os estudos? Decidi permanecer ligado à aviação. Ainda no mesmo ano, ingressei no Instituto Superior de Aviação em Moscou. Essa escola forma especialistas em veículos espaciais. Contudo, não perdi a esperança de voar. Era no clube de aviação que realizava meus sonhos. De início, aprendi a pilotar um planador. Depois, o aparelho a hélice Iak-18. Finalmente, o jato L-29. Em 1966, terminado o curso no instituto, fui enviado para trabalhar no Centro de Projetos Serguei Koroliov. Naquela época, o centro desenvolvia um projeto de pouso na Lua.
Como queria continuar os estudos, ingressei no curso de pós-graduação por correspondência do instituto. Ao enfrentar os exames médicos para ser admitido no Grupo de Cosmonautas, só fui aprovado depois de sete tentativas. A razão foram os muitos traumatismos resultantes da prática de esportes. Treinei, trabalhei e voei muito, até que finalmente, em 1972, fui admitido no Grupo. Logo em 1973 fiz companhia a Piotr Klimuk na missão Soiuz-13. Passamos oito dias no espaço, estudando estrelas através do telescópio Orion-2. Em 1974, defendi tese de pré-doutoramento sobre aparelhos de treinamento para vôos espaciais. Depois, voltei ao trabalho no centro de projetos, fazendo preparativos para um novo lançamento. Em 1982, fiquei 211 dias em órbita da Terra a bordo da estação Saliut-7, com Anatoli Berezovoi. Em 1985, três anos depois do vôo com Berezovoi defendi tese de doutoramento sobre "Métodos para aumentar a eficácia das pesquisas científicas a bordo de estações espaciais". Ainda estou na ativa como cosmonauta, trabalhando como vice-diretor científico do Instituto de Geografia da Academia de Ciências da URSS.
Liudmila, minha mulher, fez um curso no Instituto Tecnológico para a Indústria Alimentar, de Moscou. Trabalhou uma temporada comigo, realizando uma pesquisa tecnológica sobre alimentação de cosmonautas. Nosso filho Vitali nasceu em 1972. Agora, é estudante do Instituto de Direito de Moscou. Gosta de esportes e não se interessa por aviação, certamente por causa das minhas intermináveis e enfadonhas conversas. É obstinado, mas muito compassivo. Na ausência de uma filha, resta-me a esperança de uma neta. Os meus passatempos são caça, natação e esqui. Durante as férias, prefiro ir com a família a lugares novos, fazer viagens improvisadas. O que é fácil, já que vivemos num país gigantesco, impossível de conhecer durante uma vida.

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terça-feira, 2 de outubro de 2012

Religião e Poder - Maomé


RELIGIÃO E PODER - Maomé



A saga do guardador de rebanhos que fundou o islamismo, o fundamento da identidade árabe.

No dia 4 de junho de 1989, as televisões do mundo inteiro mostraram as imagens do enterro do aiatolá Khomeini no Irã. Pelo menos 1 milhão de pessoas seguiu o cortejo. Para os olhos ocidentais, foi um espetáculo assustador - cenas dramáticas de choro, confusão, desespero, histeria, numa impressionante manifestação de fervor religioso. Para os cerca de 840 milhões de muçulmanos que hoje em dia vivem no planeta, nada mais compreensível: afinal, a morte do aiatolá é a repetição da própria morte do profeta Maomé, o fundador da mais nova das grandes religiões, o islamismo. Até o século VI, quando nasceu Maomé, a Península Arábica permaneceu quase inacessível ao Ocidente. Região desértica, com 2,6 milhões de quilômetros quadrados, permaneceu a salvo dos conquistadores romanos, graças, exatamente, à sua situação geográfica - isolada ao norte pelo Mar Mediterrâneo, ao sul pelo Oceano Índico e a oeste pelo Mar Vermelho. Nas regiões à beira-mar, no sul, (onde hoje ficam os dois Iêmens vicejaram algumas civilizações). O mais conhecido dos reinos foi o de Sabá; escavações recentes mostraram vestígios de palácios monumentais e estátuas na cidade de Marib - capital do reino. Pelo relato de cronistas gregos, persas e romanos, conclui-se que a região, rica e próspera, merecia mesmo ser chamada Arábia Feliz.No resto da península, viviam os sarracenos - beduínos nômades, de origem semítica, com a pele branca mas tostada pelo sol. Sua forma de organização social se baseava nas tribos, onde conviviam os clãs. Aldeias com casas de barro se erguiam em torno dos oásis, separados entre si por longas distâncias. Em princípio, não havia propriedade individual: os rebanhos e as raras pastagens eram coletivas. Mas isso não impedia que alguns clãs fossem mais ricos que outros, em função das pilhagens - uma prática comum - ou de operações comerciais. No início do século VI, os bizantinos e os persas começaram a disputar a rota da seda, que passava pelo corredor que ligava a Síria à Palestina. A Península Arábica tornou-se por isso um caminho mais seguro para o comércio.A cidade mais importante da região era Meca. Não apenas era um posto de abastecimento de água para as caravanas, como estava situada numa encruzilhada de caminhos que levavam ao Egito, à Síria e à Mesopotâmia. Não muito longe, também, ficava o porto de Dajedda, no Mar Vermelho. Mas não era só isso que fazia Meca importante. No século V, os coraixitas - uma das grandes tribos da parte norte da Península Arábica -, liderados por Qasayy, dominaram a cidade expulsando a tribo de Khozaa, que ali reinava, para assegurar o comércio. Qasayy teve a habilidade de transformar Meca em um grande centro de peregrinação religiosa: ali estava a Caaba (cubo), um edifício retangular, de pedra, com 15 metros de altura. Num dos ângulos a famosa Pedra Negra, segundo a tradição árabe trazida pelo anjo Gabriel - provavelmente um meteorito. Mas, além das divindades árabes, havia na Caaba outros ídolos de diferentes tribos e religiões.
Quando Maomé nasceu - não se sabe bem se em 569, 570 ou 571 -, Meca deixara de ser um mero posto de passagem para se transformar num próspero centro comercial. O certo é que o menino nasceu órfão do pai, Abd Alla, do clã Hashim, um ramo pobre da tribo coraixita, que detinha o poder na cidade. Três dias depois do casamento, Abd Allah partira em viagem de negócios e morrera em Medina, então chamada Iatribe. Dois meses depois de sua morte, a viúva, Amina, dava à luz Mohammed (o Louvado), um nome incomum, na época. Como era tradição, o menino foi criado por uma ama, Halima, guardando rebanhos nas regiões montanhosas. Quando tinha 7 anos, a mãe morreu e o avô paterno, Abd al-Mutallib, o adotou. Mas a perda das pessoas mais próximas parece ter sido uma constante na vida do menino. Dois anos depois, o avô também morreu e ele passou aos cuidados do tio Abu Talib, um experiente condutor de caravanas.
Aos 12 anos, o menino fez sua primeira viagem ao lado do tio. Foi até Bosra, na Síria - e segundo os relatos, nessa viagem os dois encontraram um monge, de nome Bahira, que predisse a missão profética de Maomé. "Volta com teu sobrinho para teu país e protege-o dos judeus", teria dito Bahira a Abu Talib. "Se eles chegarem a vê-lo e dele souberem o que eu sei, tentarão prejudicá-lo." Os judeus estavam fixados em várias colônias da península, com sua religião antiga e monoteísta. Indiferente à profecia, o rapaz continuou sua vida e, aos 20 anos, passou a trabalhar para uma viúva rica de Meca, Kadidja. Ela era, certamente, uma mulher fora do comum. Ao contrário do costume árabe, que condenava as viúvas a se colocar sob a tutela de um parente homem e a viver de luto, ela continuou à frente dos negócios do marido, aumentando o patrimônio herdado. Mas tudo indica que, embora rica, ela não pertencia a um clã que tivesse boa posição na tribo dos coraixitas. Já Maomé, embora pobre, era trabalhador, respeitado e saído de um clã da tribo dominante em Meca. Numa mistura de amor e cálculo, os dois se casaram. Maomé tinha 25 anos e Kadidja, 40.Apesar da diferença de idade, o casamento foi feliz - tanto que Maomé, enquanto Kadidja viveu, só teve a ela como mulher, embora a tradição árabe permitisse que ele tivesse tantas mulheres quantas pudesse sustentar.
Com o casamento, Maomé passou a desfrutar uma situação econômica invejável. Podia viajar à frente das caravanas da mulher, conhecendo terras, pessoas e novos costumes. "Foi certamente nessas viagens que ele teve despertado o interesse religioso", interpreta Rogério Ribas, professor de História Medieval do Oriente, da Universidade Federal Fluminense. "É mesmo possível que ele fosse um membro do hanif, grupo contrário à idolatria que existia em Meca." Além disso, conta o professor, "a idéia de um deus único não era novidade na região, onde existiam comunidades de judeus e de cristãos. Nem era novidade, também, a idéia de uma unidade de poder entre os árabes, que havia chegado através da tribo dos kinda, que tentara uni-los por meio da língua".
Maomé beirava os 40 anos quando, durante o Ramadã, o mês de peregrinação a Meca e à Caaba, subiu com a família ao Monte Hira, para o retiro tradicional. Conta-se que, certa noite, ele dormia numa gruta quando uma figura misteriosa, segurando um rolo de pano coberto de sinais, ordenou: "Lê!" "Não sei ler", respondeu Maomé. "Lê", repetiu duas vezes a figura, enquanto quase sufocava Maomé, enrolando o pano em torno de seu pescoço. O homem, que era analfabeto, leu. Ao acordar, saiu da gruta e, no alto, viu um anjo que lhe dizia: "Maomé, és o mensageiro de Alá e eu sou Gabriel". Apavorado, pensando estar possuído por um djin - um espírito para os árabes - correu até onde estava Kadidja, em busca de socorro. Ela o consolou e desde o começo acreditou na missão do marido.
Mas, para Maomé, a convicção não veio tão fácil. Após a primeira revelação, vieram outras. Ele pressentia a chegada dos êxtases porque era assaltado por fortes suores e zumbido nos ouvidos. Muitas vezes chegava a desmaiar. No início, Maomé pensou que estava enlouquecendo e a idéia do suicídio passou, diversas vezes, por sua cabeça. Mas, aos poucos, convenceu-se de que era um profeta. Nos três anos que se seguiram à primeira revelação, a missão ficou reservada à mulher, ao filho adotivo Zeid, ao primo Ali e aos amigos Othman, seu genro, e Abu-Bekr, futuro sogro, rico e influente comerciante de Meca. Até que o anjo deu-lhe ordem de pregar aos árabes. E o principal tema da pregação era, exatamente, a existência de um só deus, Alá.
Na fase inicial, Maomé não se considerava fundador de uma nova religião. Menos ainda tinha a intenção de criar a partir dela um Estado árabe. Nessa época, ele achava que era apenas uma pessoa que recebera a missão de advertir seus concidadãos sobre o dia do Juízo Final revelado aos judeus e cristãos nas Escrituras. Embora não conseguisse muitos seguidores, atraiu a oposição dos governantes de Meca. "Não só Maomé atacava as crenças tradicionais como ameaçava os lucros que a cidade tirava da peregrinação anual feita à Caaba", explica o professor Rogério Ribas. Enquanto o tio Abu Talib viveu, Maomé foi protegido da oposição dos coraixitas. Mas, em 619, com a sua morte, ele começou a correr riscos. É que o sucessor do tio na liderança do clã foi Abu Lahab - um declarado adversário do profeta.
As ameaças obrigaram Maomé a procurar outra cidade onde morar e recebeu um convite formal de mercadores de Medina para se instalar ali, cerca de 300 quilômetros ao norte de Meca. Maomé seguiu para lá no ano de 622, com cerca de trezentos adeptos. Essa migração (hijra, em árabe, ou hégira) de Meca para Medina marca uma virada de Maomé e uma revolução no Islã. A data foi adotada, corretamente, como o ponto de partida do calendário muçulmano. Do simples cidadão que era em Meca, Maomé tornou-se, em Medina, o chefe supremo da comunidade. Foi a partir daí também, que mudou o teor das revelações. Enquanto esteve em Meca, Maomé pregou a existência de um só deus e a ele submissão total (islam em árabe). Em Medina, as revelações assumiram caráter mais objetivo, com normas de organização social e política. Foram, concretamente, as regras básicas para a formação de um Estado muçulmano (o termo muçulmano vem do árabe muslim, que significa submisso)."A ida para Medina deu condições para que as propostas de Maomé deixassem de ter um caráter apenas religioso e passassem a ter um caráter político", ensina o professor Ribas. "Maomé queria formar uma sociedade de poder, que lhe permitisse expandir a revelação. Os judeus de Medina perceberam o projeto político de Maomé e o que era uma questão religiosa passou a ser uma luta de poder." O profeta terminou massacrando os judeus medinenses e iniciou também o djihad, a guerra santa de conquista de Meca, considerada a cidade sagrada do Islã. As caravanas que saiam ou se dirigiam a Meca eram assaltadas em nome de Alá. A lei do profeta, nesses casos, era simples e clara: quatro quintos do butim iam para a comunidade (a umma) e o outro quinto, para o profeta - que mais tarde será o Estado.
Após vários anos de lutas, na primavera de 628 Maomé sentiu-se suficientemente forte para atacar Meca. No caminho, porém, ele percebeu que a tentativa não daria certo e transformou a incursão numa peregrinação pacífica. Mas os coraixitas, temerosos, terminaram assinando um armistício de dez anos. O acordo, porém, não foi respeitado pelo profeta. Em 630, ele marchou sobre Meca com 10 mil homens e tomou a cidade sem enfrentar resistência. Maomé concedeu anistia a todos os inimigos, destruiu os ídolos da Caaba, respeitando a Pedra Negra. Em seguida, proclamou Meca a cidade santa do Islã. Estavam firmemente assentadas as bases do novo Estado teocrático.Nessa época, Maomé tinha 60 anos e viveria apenas mais dois. A essa altura, ele tinha um grande harém - iniciado depois da morte da mulher Kadidja. Segundo Aisha, sua mulher preferida, filha do amigo e sucessor Abu-Bekr, Maomé sempre dizia que havia três delícias no mundo: as belas mulheres, os bons perfumes e, naturalmente, as preces. Além das várias mulheres, o profeta não tinha luxos. Não admitia bebidas alcoólicas - proibidas aos muçulmanos -, não comia carne de porco e se alimentava quase sempre de mel, leite, pão e tâmaras. Em casa, era um marido exemplar: dividia escrupulosamente as noites entre as mulheres, fazia compras nos mercados, varria o chão e, muitas vezes, era flagrado remendando suas roupas, na entrada da casa. Em fins de maio de 632, ficou doente. Tinha febres e constantes dores de cabeça. Durante quinze dias, não saiu da cama. Em 4 de junho, mesmo doente levantou-se e foi à mesquita orar. Quando chegou, a oração do alvorecer já havia começado. O celebrante (imam) era seu sogro, Abu-Bekr. Ao perceber a presença de Maomé, ele recuou para que o profeta assumisse o seu posto. Mas Maomé suavemente empurrou-o à frente, mandando que continuasse a celebração. Era a designação do sucessor. De volta à casa, Maomé entrou em agonia e a 7 de junho morreu no colo de Aisha. O jovem órfão havia deixado uma vasta obra - não apenas uma nova religião, como também um livro de revelações que se transformou no guia do comportamento de milhões de pessoas. Mais ainda: Maomé havia criado uma vasta comunidade e um Estado árabe.

Sob o governo do Corão

O islamismo é uma religião revelada e seus seguidores proclamam sua obediência a um único deus. A frase "não há outro Deus além de Alá e Maomé é o seu profeta" é a base de tudo. As revelações de Maomé são chamadas em árabe quran, ou seja, declamação, recitação. Daí o nome Corão ou Alcorão (Al Quran), o livro sagrado dos muçulmanos. Nele estão as regras que governam a vida de 840 milhões de pessoas em todo o mundo. O Corão é dividido em 114 suras, ou capítulos, de tamanhos variados. Cada sura, por sua vez, se subdivide em versículos num total de 6 211. Mas ao contrário dos outros livros sagrados - como a Bíblia dos cristãos ou a Torá dos judeus - o Corão não dispõe de nenhuma ordem, sequer cronológica. Sucessivas revelações, em circunstâncias e tempos diversos, formam um conjunto fragmentado. Mas esse desordenamento não impede que o livro seja a fonte primária e fundamental de todas as atividades do cotidiano dos muçulmanos.Desde pequena, a criança muçulmana começa a decorar o Corão. No dia-a-dia, o livro é recitado na porta das mesquitas e nas cinco orações diárias. É no Corão que os seguidores de Maomé vão buscar conselhos para as mais comezinhas questões,como a maneira de se vestir ou de receber um convidado em casa. Além do Corão, existem duas outras fontes de "revelação" feitas por Alá: a sunna ou tradição, que é o relato da vida, da palavra e das ações de Maomé. E os hadits, a narração oral ou escrita, dos feitos e ditos do profeta e que confirmam a sunna. Ao contrário de outras religiões que impõem uma série de obrigações aos seguidores, o Islã exige o cumprimento de apenas seis preceitos, que são conhecidos como "os pilares do Islã": crer em um único deus, Alá; orar cinco vezes ao dia, com a cabeça voltada em direção a Meca; praticar a caridade: jejuar no Ramadã; orar em comum ao meio-dia da sexta-feira e fazer a peregrinação à cidade santa ao menos uma vez na vida.





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terça-feira, 2 de outubro de 2012

Quase uma Estrela - Astronomia



QUASE UMA ESTRELA - Astronomia



Como é o pequeno sistema solar formado por Júpiter e sua família de luas?
A resposta começará a vir em 1995, quando a sonda Galileo tem um encontro marcado com o planeta.

Disse certa vez o celebrado escritor de ficção científica Isaac Asimov que, se um visitante do espaço contemplasse a distância o sistema solar, acabaria concluindo que o "único objeto que interessa por essas bandas é aquele grande planeta, o quinto a partir do Sol. Tudo o mais são fragmentos de matéria que não merecem consideração." O imaginário observador extragalático estaria se referindo, é claro, a Júpiter, o maior planeta do sistema solar, não por acaso assim chamado em homenagem ao deus máximo da mitologia para os romanos. Calcula-se que Júpiter possui 70 cento de toda a matéria que gira em torno do Sol. É tão gigantesco que no seu interior caberiam folgadamente mais de mil Terras. Comparadas a tal gigante, até os planetas mais avantajados, como Urano, Netuno e Saturno - este, o segundo maior - não passam de anões.Não é de estranhar, portanto, que, quando foi formado junto com os outros planetas, há cerca de 4,5 bilhões de anos, Júpiter podia perfeitamente bem se transformar numa estrela. Se isso tivesse acontecido, os habitantes deste pequeno mundo chamado Terra , a cerca de 600 milhões de quilômetros de distância, passariam pela provavelmente desconfortável experiência de viver com dois sóis no céu e talvez nenhuma noite. Não seria uma novidade na Via Láctea, onde a maioria das estrelas é binária, ou seja, faz parte de sistemas duplos.Mas o Sol permaneceu solitário: Júpiter teria que acumular cinqüenta vezes mais massa para que a temperatura no seu interior desse início às reações de fusão nuclear que caracterizam uma estrela, e ele passasse a brilhar com luz própria.
Como isso não ocorreu, o planeta se tornou uma espécie de bola gigantesca de gases - hidrogênio, hélio, metano e amônia - que por motivos ainda não explicados pela Astronomia emite duas vezes mais energia do que recebe do Sol. Dotado de um sistema particular de dezesseis luas, Júpiter passou a ser um alvo importante das sondas espaciais. Quatro delas, as Pioneer 10 e 11 e as Voyager 1 e 2, mostraram imagens fantásticas da atmosfera multicolorida desse planeta, que lhe dão a aparência de um ovo de Páscoa achatado, pintado a mão. Outra sonda, a novata Galileo, lançada em 18 de outubro do ano passado, promete determinar a composição química e o estado físico da atmosfera do gigante, quando dele se aproximar em dezembro de 1995.
"As observações convencionais feitas na Terra não podem se comparar aos resultados obtidos pelas sondas espaciais" reconhece o astrônomo Jair Barroso, do Observatório Nacional, no Rio de Janeiro. "Mas ainda podem trazer alguma contribuição." Pensando assim, este astrônomo carioca, um cinqüentão calmo e meticuloso, pretende passar algumas noites em claro no fim do ano, em Brazópolis, sul de Minas, onde estão os telescópios do Laboratório Nacional de Astrofísica, para observar as órbitas dos quatro maiores satélites de Júpiter - Io, Europa, Ganimedes e Calisto. À primeira vista, a tarefa não requer muito esforço nem habilidade para quem, como ele, está acostumado a observar estrelas a milhares de anos-luz de distância.
Afinal, Júpiter é conhecido desde a Antiguidade, por ser o segundo astro mais brilhante no céu (depois de Vênus e, naturalmente, sem contar o Sol e a Lua), podendo portanto ser localizado facilmente a olho nu. Além disso, seus satélites, todos com nomes de amigos e amantes dos deuses, foram avistados por Galileu (1564-1642) há mais de trezentos anos com uma simples luneta. Mas Barroso não se limita a observar. Ele está engajado num projeto coordenado pelo astrônomo francês Jean Arnot e com a participação de pesquisadores de várias partes do mundo que usam a técnica de fotometria rápida, ou seja, a análise das variações da intensidade de luz recebida dos satélites em intervalos de milésimos de segundo. Com esse método é possível calcular a posição das luas de Júpiter com uma precisão de 100 quilômetros - menos da metade da distância do Rio a Brazópolis."Estas observações vão beneficiar a Galileo, que será a primeira sonda espacial a navegar entre todos os grandes satélites do planeta", comenta Barroso. Considerada um dos mais perfeitos equipamentos no espaço, devido à extraordinária precisão dos seus instrumentos, a Galileo - cujo nome presta homenagem ao cientista que descobriu as luas de Júpiter - deve percorrer dez órbitas em volta do planeta. Durante quase dois anos, essa maravilha de pouco mais de 1 metro de diâmetro colecionará imagens mil vezes mais próximas e com uma resolução dezenas de vezes mais nítida do que as produzidas pelas sondas que a antecederam. Seu programa inclui ainda uma acrobacia suicida. Baseado numa experiência semelhante realizada em 1978 pela sonda Pioneer 1 em Vênus, uma parte da nave deve se separar do corpo principal e mergulhar na atmosfera de Júpiter.
Construída para resistir a pressões vinte vezes maiores que as existentes na Terra, a minissonda descerá no planeta a uma estonteante velocidade de 200 mil quilômetros por hora até que a desaceleração torne possível a abertura de um pára-quedas. Antes que seja destruída, a cápsula enviará à NASA uma série de dados sobre a estrutura física da atmosfera de Júpiter. Será um dossiê e tanto. Pois, por tudo o que se sabe, Júpiter é um planeta muito peculiar. Nele não existem montanhas, vales, vulcões ou lagos subterrâneos. Apenas um vasto oceano de gás e nuvens densas. Por causa disso, sua atmosfera mais parece com repulsiva fumaça que exala do caldeirão de uma feiticeira dos velhos contos infantis de terror.
Abraçando todo o planeta, se estendem camadas e mais camadas de nuvens de centenas de quilômetros de espessura. Como na Terra, ali as correntes de ar se deslocam dos pólos para o equador a baixas altitudes e do equador para os pólos a altitudes mais elevadas. Mas pára aí a semelhança. Em Júpiter, as faixas ascendentes são brancas e provavelmente têm em sua composição cristais de amônia. As mais profundas e quentes, de cor marrom-avermelhada, podem conter cristais de fósforo, enxofre ou, não é impossível, até mesmo alguma substância orgânica. Como tudo o que se refere a Júpiter é exagerado, sua rotação também é a mais rápida do sistema solar.
O planeta tem o diâmetro onze vezes maior que o da Terra; no entanto gira em torno do seu eixo em menos da metade do tempo. "Por causa desse deslocamento rápido, as nuvens a distância parecem se mover em faixas paralelas e são cortadas intermitentemente por grandes turbilhões", comenta o astrônomo Oscar Matsuura, da Universidade de São Paulo, um estudioso da física dos planetas. Perto do equador de Júpiter avista-se, com o auxílio de telescópios, uma das mais misteriosas peculiaridades desse carrossel climático: a Grande Mancha Vermelha, conhecida desde 1610 e cuja área é quase igual à da Terra. "Nesses últimos trezentos anos, esse colossal furacão se expandiu, contraiu, escureceu, clareou, mas nunca deixou de soprar", surpreende-se o astrônomo.Justamente um dos objetivos da sonda é colocar na balança a proporção de gases existente nessa atmosfera gelada - ali a temperatura gira em torno de 150 graus negativos. "Parece que estamos participando de uma pesquisa arqueológica", entusiasma-se Matsuura. "Júpiter reteve desde a sua origem a maior parte do material de que foi composto e portanto deve ter a mesma natureza química da nebulosa que formou o sistema solar." Matsuura calcula que esse mundo de gases deve ter no centro uma massa informe de rocha e ferro. Em volta dela, numa zona onde o calor chega a 400 graus Celsius e onde a pressão é inconcebíveis 3 milhões de vezes maior que a da atmosfera da Terra, deve existir um grande oceano derretido e escuro de hidrogênio. Nessas condições, afirmam os físicos, o hidrogênio, embora líquido, se torna um condutor elétrico como qualquer metal, com a peculiaridade de não oferecer resistência à passagem de correntes, como se fosse uma cerâmica supercondutora. O que alguns planetas têm demais, em outros não existe. Na Terra, por exemplo, sonha-se com a produção em laboratório de hidrogênio supercondutor a altas temperaturas, o que levaria a uma revolução na indústria eletrônica. Em Júpiter, o hidrogênio metálico é tão abundante que dele se origina o campo magnético do planeta, que, para variar, é também o maior do sistema solar. Além disso, recebe os vapores de enxofre ionizados na atmosfera, provenientes dos vulcões em atividade do satélite Io. Quando passar por Júpiter, a Galileo vai analisar as partículas do campo magnético e medir sua densidade e carga elétrica.
Até março de 1979, data do encontro da Voyager 1 com as luas Io e Calisto, os satélites de Júpiter chamados galileanos constituíam pontos de luz ofuscados pelo brilho do planeta gigante. "Sua aparência era completamente desconhecida", lembra o astrônomo Sylvio Ferraz Mello, da Universidade de São Paulo. Há vinte anos, Ferraz Mello, então trabalhando na sua tese de doutoramento sobre a órbita desses satélites, teve que bancar o detetive para descobrir o pouco que se conhecia dos astros. Hoje já existem fotografias não só de lo e Calisto, mas também de seus semelhantes Europa e Ganimedes, tiradas pela Voyager 2 também em 1979, e ainda dos anéis muito tênues, feitos de poeira e gás, em volta do planeta. "Não é impossível que esses anéis sejam restos de corpos maiores cujas partículas estão demorando para se dissipar", especula Ferraz Mello.
Para o astrônomo, "o sistema solar não é um atlas imutável, mas um sistema em constante modificação". Os quatro grandes satélites, por exemplo, tiveram histórias geológicas e evoluções diferentes. Calisto, o mais afastado de Júpiter, ganha a distinção de ser o objeto mais esburacado do sistema solar. Suas camadas de gelo não puderam impedir as marcas do impacto de milhões de meteoritos na superfície. E, em pelo menos um lugar, o calor provocado pelo choque de um projétil grande fundiu o material da superfície cavando uma depressão de 600 metros de diâmetro parecida com os mares lunares.Ganimedes também é uma mistura de rocha e gelo parcialmente coberta de crateras. Ali, o derramamento de lavas vulcânicas limpou uma parte da superfície, deixando áreas claras e escuras, estas últimas as mais esburacadas. Europa, um globo onde o chão é coberto de pólo a pólo com o que parece uma teia de aranha, lembra a rede de canais que os terrestres mais imaginosos pensavam ter sido construída pelos hipotéticos habitantes de Marte. Europa já foi inteirinho coberto de gelo. Hoje sua carapaça possui rachaduras, espécies de janelas que permitem a passagem da luz.Nas fotos das Voyagers podem ser vistos vulcões gelados que lançam cristais de gelo e água no céu de Europa. Por isso, cientistas da Associação Americana de Geofísica formularam a ousada hipótese de que a luz, penetrando nas rachaduras, poderia assegurar a sobrevivência de microorganismos em oceanos subterrâneos do satélite, como aqueles encontrados sob o gelo perpétuo que cobre os lagos antárticos da Terra. O mais colorido de todos os satélites de Júpiter chama-se Io e tem o tamanho da Lua terrestre. Queimado de amarelo e vermelho e salpicado de pontos negros, ou vulcões, Io já foi comparado a uma pizza descomunal. O calor gerado pela enorme força gravitacional de Júpiter, do qual está muito próximo, detona explosões de enxofre e sulfeto de enxofre do seu interior. Quando isso acontece, o material jorra dos vulcões a quilômetros de altura para depois voltar sob a forma de neve sulfúrica. Io tem atmosfera - uma raridade entre os satélites do sistema solar compartilhada apenas por Titã, de Saturno, e Tritão, de Netuno - composta de uma fina camada de dióxido de enxofre. Diante de tanto enxofre, os especialistas da NASA costumam brincar que se Io fosse realmente uma pizza teria um insuportável cheiro de ovo podre.Se os quatro grandes satélites de Júpiter fossem do tamanho de uma bola de futebol, os doze menores não passariam de um grão de areia - sem falar na possibilidade de que haja outros mais ainda invisíveis. Desses pequenos astros conhecidos, quatro sobrevivem como podem no ambiente hostil muito próximo de Júpiter, expostos ao contínuo bombardeio de partículas carregadas de sua magnetosfera e de dejetos sulfurosos dos vulcões de Io.
Em órbitas mais afastadas estão quatro luas companheiras, também com diâmetro de algumas centenas de quilômetros. Tanto estas como as quatro mais distantes, que giram no sentido oposto ao da rotação do planeta, podem ser asteróides, arrancados de suas primitivas órbitas entre Marte e Júpiter por uma espécie de cabo-de-guerra gravitacional em que o planeta derrotou o Sol. A gigantesca atração gravitacional de Júpiter teria afetado até o próprio cinturão de asteróides, onde se concentram milhares de pedaços de astros "Há evidências indiretas de que ali começou a se formar um planeta que por algum motivo desconhecido não vingou", explica Ferraz Mello, da USP. "Os fragmentos foram confinados a determinadas órbitas por causa da influência de Júpiter." Quase uma estrela dotado de uma família de satélites e influenciando os astros a seu redor, Júpiter pode mesmo ser considerado um sistema solar em miniatura - se é que essa palavra pode ser aplicada a um corpo tão gigantesco. Quando a Voyager 2 passou perto dele, há mais de dez anos, foram enviadas à Terra 18 mil fotografias. Ainda hoje elas estão sendo analisadas. Resta agora esperar mais cinco anos para que a sonda Galileo, dotada de aparelhos mais modernos do que os da Voyager 2, mande mais uma batelada - não apenas de imagens bonitas, mas principalmente de informações importantes sobre o sistema solar, a origem e o processo de evolução dos nove planetas e de seu pequeno sol.

A longa viagem da Galileo

A 18 de outubro do ano passado, foi lançado de Cabo Canaveral, na Flórida, o ônibus espacial Atlantis, levando a sonda Galileo. Começou então para a nave uma jornada de 4 bilhões de quilômetros, em cinco etapas, ao final das quais alcançará o seu destino: o planeta Júpiter. Da mesma forma que as Voyagers, suas antecessoras, a Galileo recorre aos campos gravitacionais de outros planetas para acelerar sua velocidade sem necessitar de propulsores potentes, mas também perigosos e antieconômicos - um procedimento que os técnicos da NASA apelidaram de "estilingue cósmico". A primeira escala, marcada para este mês, é o planeta Vênus, pelo qual passará a 19 mil quilômetros de distância. Em dezembro a Galileo torna a se aproximar da Terra, aproveitando para tirar fotografias da face escura da Lua. Depois de mais idas e vindas, a Galileo toma definitivamente o rumo de Júpiter em agosto de 1993. No caminho, deve fazer uma visita ao satélite Io, quatro a Calisto e Europa e cinco a Ganimedes, a distâncias de centenas a dezenas de milhares de quilômetros. É quando ela realiza suas atividades mais importantes. O corpo principal da sonda e a cápsula que dela se desprenderá, para mergulhar na atmosfera de Júpiter, são dotados de espectrômetros a fim de medir a composição e a temperatura da atmosfera jupiteriana e captar suas eventuais moléculas orgânicas. As duas partes da Galileo possuem também detectores de partículas energéticas e de plasma para medir o campo magnético e um instrumento para calcular as massas e as órbitas precisas do planeta e seus satélites. As câmaras mandarão às estações rastreadoras da NASA as imagens dos astros, sob a forma de sinais digitais, com uma resolução inferior a 1 quilômetro.Todo esse equipamento está protegido por um escudo térmico contra as altas temperaturas de Júpiter e por uma espécie de pára-sol, contra a ação dos raios solares. Quando passar perto do Sol, durante o longo trajeto até Júpiter, a Galileo vai analisar a nuvem de hidrogênio que se supõe ser de origem cometária que se vê à sua volta. Na distância em que estará da Terra, a Galileo não poderá contar com painéis solares para fornecer a energia necessárias às suas comunicações e ao funcionamento dos instrumentos científicos. A NASA optou então por instalar dois geradores de eletricidade movidos a plutônio, o material radioativo que resulta da fissão do urânio, acondicionados em cápsulas de irídio, um metal extremamente duro, capaz de resistir a uma explosão semelhante à que destruiu o ônibus espacial Challenger há quatro anos. Essa foi também a fonte de energia das Voyagers, lançadas em 1977. Mesmo assim, grupos antinucleares americanos tentaram sustar o embarque da Galileo, para impedir eventual contaminação radioativa do espaço.





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terça-feira, 2 de outubro de 2012

O Fim da Natureza - Ambiente


O FIM DA NATUREZA - Ambiente



O mais assustador na nova natureza que o homem está construindo é sua imprevisibilidade pois o aquecimento da Terra provocado pelo efeito estufa acaba com a regularidade do mundo natural.

A natureza, acreditamos, dura para sempre. Ela se move com infinita lentidão pelos muitos períodos de sua história, cujos nomes mal conseguimos lembrar das aulas de Geologia no colégio - Cambriano, Devoniano,Triássico, Cretáceo, Pleistoceno. A era dos trilobites começou há 600 milhões de anos. Os dinossauros viveram durante 150 milhões de anos. Visto que mesmo 1 milhão de anos é algo totalmente impenetrável, a mensagem é: nada acontece depressa. As mudanças levam um tempo inimaginável, "geológico". Essa idéia é essencialmente enganadora. Em outras palavras, nosso senso de um futuro ilimitado é uma ilusão. Ao longo de uma vida ou de uma década ou de um ano, grandes mudanças, impessoais e dramáticas podem ocorrer. O tempo normal nos parece imune a tais enormes modificações. No entanto, não o é. Nas últimas três décadas, por exemplo, a quantidade de dióxido de carbono na atmosfera aumentou mais de 10 por cento, de aproximadamente 315 partes por milhão para 350 partes por milhão. Na década passada, um imenso "buraco" na camada de ozônio abriu-se sobre o Pólo Sul em cada primavera e a porcentagem de florestas na Alemanha Ocidental danificadas pela chuva ácida subiu de menos de 10 por cento para mais de 50 por cento.Da mesma maneira confortadora com que pensamos o tempo como imponderavelmente extenso, consideramos a Terra inconcebivelmente ampla. Mas o mundo não é tão grande quanto intuitivamente acreditamos - o espaço pode ser tão breve como o tempo. Daí que o nosso senso de permanência do mundo natural é o resultado de uma perspectiva sutilmente distorcida. Mudanças no mundo capazes de nos afetar podem acontecer no período de uma vida. Sem reconhecê-lo, já atravessamos o umbral de uma dessas mudanças.Acredito que estamos no fim da natureza. Com isso não quero dizer o fim do mundo. A chuva continuará a cair e o Sol continuará a brilhar. Quando digo "natureza", refiro-me a um certo conjunto de idéias sobre o mundo e sobre o nosso lugar dentro dele. Mas a morte dessas idéias começa com mudanças concretas na realidade ao nosso redor, mudanças que os cientistas são capazes de medir. O sueco Svante Arrhenius (Prêmio Nobel em 1903), ao fazer um levantamento das primeiras décadas da Revolução Industrial, percebeu que o homem estava queimando carvão num ritmo sem precedentes. Os cientistas já sabiam que o dióxido de carbono, um subproduto da queima de combustíveis fósseis, aprisionava a radiação solar infravermelha que de outro modo seria refletida de volta para o espaço. Mas foi Arrhenius quem fez os primeiros cálculos dos possíveis efeitos da acelerada produção de dióxido de carbono pelo homem. A temperatura média global, ele concluiu, subiria nada menos de 9 graus Fahrenheit (12,8 graus centígrados se a quantidade de dióxido de carbono no ar dobrasse em relação aos níveis pré-industriais).Essa idéia flutuou na obscuridade durante muitíssimo tempo. Então, em 1957, dois cientistas da Califórnia, Roger Revelle e Hans Suess, descobriram que a camada superior dos oceanos, onde o ar e a água se encontram, absorveria menos da metade do excesso de dióxido de carbono produzido pelo homem. Embora haja outros aspectos nessa história - o esgotamento do ozônio, a chuva ácida, a engenharia genética -, a questão do fim da natureza centra-se no que acontecerá ao tempo. Quando perfuramos um campo de petróleo, alcançamos um vasto reservatório de matéria orgânica - os restos fossilizados de algas aquáticas. Nós os desenterramos. Quando queimamos petróleo - ou carvão, ou metano (gás natural) -, liberamos seu carbono na atmosfera sob a forma de dióxido de carbono. No curso de aproximadamente cem anos, nossos motores e indústrias liberaram uma porção muito grande do carbono sepultado ao longo dos últimos 500 milhões de anos. É como se alguém poupasse a vida inteira e então gastasse tudo em uma única fantástica semana de devassidão. A atmosfera terrestre é sobretudo nitrogênio e oxigênio; é apenas cerca de 0,035 por cento dióxido de carbono, pouco mais que um vestígio. As preocupações com o efeito estufa se referem ao aumento desse número para 0,055 ou 0,06 por cento, que não é muito. Mas o bastante para tornar tudo diferente. Os fatos essenciais são demográficos e econômicos, não químicos. A população do mundo mais que triplicou neste século e a produção industrial cresceu cinqüenta vezes. Quatro quintos desse crescimento se deu desde 1950, quase todo baseado em combustíveis fósseis. No próximo meio século, o mundo irá consumir mais energia - 2 ou 3 por cento a mais por ano, segundo a maioria das estimativas. E os maiores acréscimos poderão ocorrer no uso do carvão, que expele mais dióxido de carbono do que qualquer outro combustível.A queima de combustíveis fósseis não é a única causa do aumento de dióxido de carbono na atmosfera. As queimadas das florestas também remetem nuvens de dióxido de carbono para o ar. O desflorestamento atualmente acrescenta à atmosfera cerca de 1 bilhão de toneladas de carbono por ano, o que é 20 por cento ou mais da quantidade produzida pela queima de combustíveis fósseis. O hectare queimado de floresta tropical logo se converte em deserto ou pasto. E onde há pasto há gado. As vacas sustentam no estômago enorme quantidade de bactérias anaeróbicas, que partem a celulose que elas mastigam. Os bichinhos que digerem a celulose excretam metano, o mesmo gás natural que usamos como combustível. E o metano não queimado, como o dióxido de carbono, aprisiona a radiação infravermelha e aquece a Terra. Na verdade, o metano é vinte vezes mais eficiente do que o dióxido de carbono no aquecimento da Terra.A enorme quantidade daquelas bactérias metanogênicas é coisa do homem. A humanidade possui bem mais de 1 bilhão de cabeças de gado, sem mencionar um grande número de camelos, cavalos, porcos, carneiros e bodes: juntos, eles despejam anualmente no ar cerca de 73 milhões de toneladas de metano - um aumento de 435 por cento no último século. Aumentamos também o número de cupins. Como as vacas, os cupins abrigam bactérias metanogênicas, razão pela qual eles conseguem digerir madeira. Calcula-se que haja mais de meia tonelada de cupins para cada homem, mulher e criança na Terra. Os cupins excretam quantidades fenomenais de metano: um único cupinzeiro pode eliminar 5 litros por minuto. A lama destituída de oxigênio do fundo dos pântanos sempre abrigou bactérias produtoras de metano. Mas os arrozais talvez sejam ainda mais eficientes: liberam nada menos de 115 milhões de toneladas de metano anualmente. E os arrozais precisam aumentar em número e tamanho todo ano para alimentar a crescente população mundial. E tem mais: alguns cientistas começaram a achar que essas fontes por si sós não respondem por todo o metano.Enorme quantidade desse gás está trancada sob a forma de hidrato na tundra e na lama dos declives continentais. Se o efeito estufa aquecer os oceanos, se começar a degelar o permafrost (solo permanentemente congelado), então aqueles gelos podem ir se dissolvendo. Algumas estimativas da liberação potencial de metano dos oceanos chegam a 600 milhões de toneladas por ano - essa quantidade mais que dobraria a presente concentração atmosférica. A concentração de metano na atmosfera flutuou entre 0,3 e 0,7 partes por milhão pelos últimos 160 mil anos, alcançando os níveis mais altos durante os períodos mais quentes da Terra. Em 1987, o metano compunha 1,7 parte por milhão da atmosfera. O nível está aumentando ao ritmo de 1 por cento ao ano. O fato singelo é que o ar ao nosso redor - mesmo onde é limpo, recende a primavera e está povoado de pássaros - mudou significativamente. Alteramos substancialmente a atmosfera terrestre. E isso vai mudar a vida de cada um de nós. Quando o dióxido de carbono (ou a combinação equivalente de dióxido de carbono e outros gases de estufa) dobrar em relação aos níveis pré-Revolução Industrial, a temperatura média global aumentará, de 1,5 a 5,5 graus centígrados. Uma idéia pode tornar-se extinta assim como um animal ou uma planta. A idéia, no caso, é "natureza" - a província selvagem, o mundo à parte do homem sob cujas regras ele nasce e morre. É cedo ainda para dizer exatamente quão mais forte o vento irá soprar, quão mais quente o Sol irá brilhar. Isso fica para o futuro. Mas os seus significados já mudaram. A idéia de natureza não sobreviverá à nova poluição global - o dióxido de carbono, o metano e assemelhados. Privamos a natureza de sua independência e isso é fatal ao seu significado. A independência da natureza é o seu significado. É verdade que esta não é a primeira enorme ruptura da história do globo. Há cerca de 2 bilhões de anos, a proliferação de um tipo particular de cianobactéria causou um aumento de oxigênio na atmosfera de uma parte por milhão para cinco. "Essa foi de longe a maior crise de poluição que a Terra já suportou", escreveu a microbiologista Lynn Margulis.Pode-se argumentar: a crise atual também é "natural", visto que o homem é parte da natureza. Mas este é um argumento semântico. Quando digo que acabamos com a natureza, não estou afirmando que os processos naturais tenham cessado mas que fizemos cessar aquilo que - pelo menos nos tempos modernos - definiu a natureza para nós: sua separação da sociedade humana. Um motivo pelo qual não prestamos especial atenção ao mundo natural, separado e ao nosso redor, é que ele sempre esteve ali e presumimos que sempre estará. À medida que desaparece, sua importância básica torna-se mais clara. Acima de tudo o mais, o mundo exibe uma ordem adorável, confortadora na sua complexidade. E a parte mais atraente dessa harmonia talvez seja a sua permanência - o sentido de que somos parte de algo cujas raízes se estendem quase desde sempre e seus galhos avançam tanto quanto. A nova natureza de nossa autoria pode não ser previsivelmente violenta. Ela não será previsivelmente nada e vamos precisar de muito tempo para estabelecermos nossa relação com ela, se é que o conseguiremos. A característica saliente dessa nova natureza é sua imprevisibilidade, assim como o traço característico da velha natureza era a sua confiabilidade. Não estamos necessariamente condenados a sofrer algum cataclismo, mas não podemos mais supor que não estejamos condenados. A própria incerteza é o primeiro cataclismo e talvez o mais profundo.A mais falada conseqüência específica do aquecimento global é provavelmente o esperado aumento do nível do mar como resultado do derretimento polar. Mesmo que nada se derretesse, o acréscimo de calor elevaria consideravelmente o nível do mar. Água quente ocupa mais espaço do que água fria; a expansão térmica, dado um aumento global de temperatura entre 1,5 e 5,5 graus, deve elevar o nível do mar em 30 centímetros. Já é amplamente aceito que o nível do mar vai elevar-se significativamente ao longo das próximas décadas. A Agência de Proteção Ambiental, dos Estados Unidos, estimou uma elevação entre 1,50 e 2,10 metros por volta do ano 2100. Ao longo do século, a elevação no nível global do mar será superior a 90 centímetros. Isso significa que o mar alcançará uma altura sem precedentes na história da civilização.Dióxido de carbono e outros gases de estufa vêm de toda parte; portanto, a situação que eles criam só pode ser corrigida corrigindo-se tudo. Pequenas substituições e consertos rápidos não constituem solução. O tamanho e a complexidade do sistema industrial que construímos tornam fisicamente difíceis mesmo pequenas correções de curso. Sem uma população estática, até mesmo as metas mais imediatas e óbvias, como retardar o desflorestamento ou reduzir o consumo de combustíveis fósseis, parecem remotas. O efeito estufa é freqüentemente comparado à destruição da camada de ozônio, outro exemplo de poluição atmosférica com implicações globais. Mas a destruição da camada de ozônio pode ser e provavelmente será resolvida quando cessarmos de produzir as substâncias químicas que atualmente a destroem. O problema do aquecimento global, no entanto, não cede ao mesmo tipo de solução. Com ação agressiva, podemos "estabilizar" a situação a um nível que seja apenas moderadamente horrendo, mas não podemos resolvê-la. Isso não quer dizer que não devamos agir. Devemos agir de toda maneira possível e imediatamente.Estamos no fim de uma era - o porre centenário de petróleo, gás e carvão que nos proporcionou tanto os confortos como os apuros atuais. Mesmo os cientistas que mais clamam com estridência por controles sobre as emissões, dizem fazê-lo, porém, a fim de retardar o aquecimento para que possamos nos adaptar a ele. O ajustamento ao mundo da estufa não será fácil; somos profundamente viciados em petróleo. Nosso impulso será o de adaptar, não nós mesmos, mas a Terra - de descobrir uma nova maneira de manter nosso domínio e, daí, os estilos de vida com os quais nos acostumamos. Inventaremos novos instrumentos, novas tecnologias, para nos mantermos vivos no planeta, num mundo "macroadministrado". O problema, em outras palavras, não é simplesmente que a combustão de petróleo libera dióxido de carbono que, por força de sua estrutura molecular, captura o calor do Sol. O problema é que a natureza, a força independente que nos rodeou desde os nossos primeiros dias, não consegue coexistir com os nossos números e os nossos hábitos. Bem que poderemos criar um mundo capaz de suportar esses números e hábitos, mas será um mundo artificial - uma estação espacial. Ou, quem sabe, poderíamos mudar os nossos hábitos. A ecologia profunda sugere que em vez de dar ordens melhores aprendamos a dar cada vez menos ordens - de modo a mergulhar novamente no mundo natural. Tais ecologistas questionam a base industrial de nossa civilização, a necessidade de crescer eternamente em riqueza e números.Essas idéias são pelo menos um ponto de partida para aqueles interessados em salvar um mundo que está sumindo depressa. São idéias radicais, mas vivemos num momento radical. Vivemos no fim da natureza, o instante em que o caráter essencial do mundo está mudando. Se o nosso modo de vida está acabando com a natureza, não é radical falar em transformar nosso modo de vida. Como é óbvio, tal mudança será colossalmente difícil. É também difícil voltar as costas à idéia do crescimento econômico, que nos foi vendida como resposta à pobreza que aflige a maior parte do planeta. Mas um mundo superaquecido, desprovido de ozônio, seria provavelmente mais cruel para os pobres do que para os ricos e, se o nosso desejo é amenizar a pobreza, limitar o nosso padrão de vida e partilhar o nosso excedente devem funcionar tão bem quanto. O fim da natureza é um salto no desconhecido, tão assustador porque é desconhecido como porque o mundo pode tornar-se quente ou seco ou chicoteado por furacões. Mas esta poderia ser a época em que as pessoas decidam pelo menos não ir adiante na senda que têm percorrido - quando fizermos não apenas os ajustes tecnológicos necessários para preservar o mundo do superaquecimento, mas também os ajustes mentais necessários para assegurar que nunca mais tornaremos a pôr nosso bem à frente de tudo o mais. Este é o caminho que escolhi, porque oferece um fiapo de esperança num mundo vivo, eterno e significativo.





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terça-feira, 2 de outubro de 2012

O Corpo em Expansão - Biologia



O CORPO EM EXPANSÃO - Biologia



Durante o crescimento, uma seqüência de metamorfoses transforma o bebê no complexo organismo do homem adulto.

Nada mais errado do que pensar que uma criança é um adulto em miniatura. Entre a célula-ovo fecundada, com seus 200 milionésimos de milímetros e os 60 trilhões de células do organismo plenamente desenvolvido, há não apenas um enorme aumento de tamanho mas uma tremenda sucessão de metamorfose que se desenrolam por mais de vinte anos. Trata-se do maior projeto de expansão de que se tem notícia e é impossível registrá-lo apenas em centímetros. É preciso usar outros sistemas de medida, como o termômetro. Sem a ajuda de agasalhos o bebê não conseguiria manter a temperatura de 36 graus Celsius que o corpo humano exige para funcionar direito. Afinal, a maior parte das substâncias encarregadas de segurar o calor no organismo, fabricadas pela glândula tireóide (no pescoço), está sendo consumida em uma tarefa nobre: amadurecer o sistema nervoso, para que se possa, desde o início da vida, gravar nesse computador o maior número de informações sobre o mundo onde ele vai viver.
No começo da vida, mesmo aqueles adultos que se tornaram refinados gourmets tiveram um paladar bastante limitado. Há uma experiência clássica que comprova isso: oferece-se a um recém-nascido soluções de vitamina, leite de vaca e leite materno. Só a última opção desse cardápio é recebida sem choro ou careta. Sinal de que o bebê ou sente o sabor apenas do leite materno ou o cérebro está programado pelos genes a dar um gosto horrível a todos os outros alimentos. Uma sábia precaução do sistema nervoso: o aleitamento materno é a única maneira de garantir que o organismo receberá no início da vida toda a matéria-prima necessária para o crescimento."O sistema nervoso ajusta os ponteiros do relógio biológico, despertando padrões de comportamento conforme a fase do crescimento", explica o cronobiologista José Cipolla Neto, da Universidade de São Paulo, preocupado em verificar as mudanças nos ritmos do organismo, como o de sono e vigília. "Ser pequeno é ser um grande dorminhoco", ele exemplifica. De fato, o recém-nascido passa dezesseis horas por dia dormindo. Mais tarde a quantidade de sono diminui aos poucos, alcançando o padrão adulto por volta dos 4 anos. Não é à toa que o período em que o corpo mais espicha dura até essa idade. A hipófise - uma glândula situada logo abaixo da região cerebral do hipotálamo - aproveita as duas primeiras horas de sono para fabricar uma substância cujo nome é exatamente hormônio do crescimento. "Como o bebê dorme cerca de três horas, desperta, para em seguida adormecer de novo ", conclui Cipolla," é lógico que nele essa produção acaba sendo maior."Nas células, o hormônio do crescimento alcança o núcleo navegando por um mar de gotículas gordurosas, onde existem proteínas mergulhadas. Ali, os hormônios reagem com os genes que, assim, liberam o molde de uma proteína, sob a forma de uma molécula de RNA (ácido ribonucléico). O molde então é copiado pelas substâncias fora do núcleo. Como é preciso fazer cópias de um por um das centenas de aminoácidos que formam uma proteína, pode demorar muitos dias até a reprodução ficar pronta. Mas, quando finalmente isso ocorre, a célula aumenta de volume por conter mais proteína - e, algumas vezes, se divide. Apesar de o hormônio do crescimento ser o protagonista dessa ação, ele pode contracenar com outros hormônios, como os sexuais, produzidos a partir da adolescência pelos ovários nas meninas e pelos testículos nos meninos. Além de promoverem o crescimento - especialmente de músculos nos rapazes e de gordura nas moças -, esses hormônios são os responsáveis pelo desenvolvimento das características que marcam na aparência adulta a oposição entre masculino e feminino. Por exemplo, barbas e seios. "Curiosamente, o garoto recém-nascido possui doses dez vezes maiores de hormônios sexuais do que o adulto", conta o endocrinologista Fábio Bessa Lima, da Universidade de São Paulo. "E como a produção dessas substâncias só é retomada na puberdade, seus órgãos genitais, ao contrário do restante do corpo, diminuem nas primeiras semanas de vida". Essa quantidade de hormônios tem uma razão de ser: apesar de o sexo masculino já ter sido determinado pelos genes, todo embrião tende a formar um corpo feminino. São necessárias, portanto, doses elevadas do hormônio masculino, a partir do terceiro mês de gestação, para garantir que o menino continuará menino. O hormônio do crescimento começa a ser fabricado pelo embrião na mesma época - sua entrada em cena é tão impressionante que, se continuasse se desenvolvendo no mesmo ritmo após o nascimento, o ser humano alcançaria o tamanho adulto aos 2 anos de idade. "Não que exista mais hormônio do crescimento nesse período de gestação", esclarece Bessa Lima. "A maioria das taxas hormonais, aliás, permanecem idênticas por toda a vida. Ocorre que, à medida que se cresce, as células perdem receptores, as portas de entrada para os hormônios."Nunca, porém, se aumenta de tamanho simultaneamente da cabeça aos pés, pois nesse jogo de abrir e fechar receptores nas células o organismo estabelece, de acordo com a sua necessidade, o que deve aumentar de tamanho em cada momento. Assim, na gestação, os braços e as pernas - curtos no bebê - parecem sair perdendo. A cabeça, por sua vez, é proporcionalmente maior do que em qualquer outra etapa da vida. E, como se essa vantagem inicial não bastasse, ela se torna cada vez mais larga, até o sexto mês, porque não pára de aumentar a fontanela - conhecida por moleira -, um espaço de até 4 centímetros entre os ossos superiores do crânio, que se fecha por volta dos 2 anos de idade. Não são tanto os cerca de 330 gramas do cérebro ao nascer que exigem essa reserva de espaço. A questão é que o cérebro é o órgão que mais cresce após o nascimento (SUPERINTERESSANTE número 12, ano 3): até o sexto mês, deverá ter a metade do tamanho de um cérebro adulto e esse desenvolvimento não pode ser impedido por falta de lugar disponível entre os ossos cranianos.Trata-se de um privilégio - nenhum outro órgão dispõe dessa folga de espaço para crescer. No tronco, onde estão quase todas as vísceras, o aperto é tamanho que o apêndice, que no adulto fica na altura da virilha, só encontra um cantinho entre o umbigo e a costela da criança. A bexiga é empurrada de tal maneira que encosta na superfície interna do abdome. O que aumenta ainda mais o sufoco é o fato de o fígado já nascer quase com o seu tamanho definitivo: enquanto em pessoas bem crescidas ocupa um quarto do abdome, na parte superior direita, na criança ela se esparrama da costela até um local pouco abaixo do umbigo - daí a barriga saliente característica das crianças."Para não impedir a saída pelo canal de parto, o corpo nessa fase acomoda todos os órgãos com uma incrível economia de espaço. É um projeto perfeito", define, o cirurgião Aldo Junqueira Rodrigues Júnior, que, desde a época de estudante tem endereço certo: o departamento de Anatomia da Faculdade de Medicina da USP. Certamente, os ossos são os primeiros a aumentar de tamanho, definindo os limites do corpo - caso contrário, se as vísceras crescessem na frente, o homem literalmente não caberia em si. "De qualquer modo, o corpo humano tenta sempre contrabalançar: o que cresce muito hoje, cresce pouco amanhã", explica Aldo Junqueira. Por causa de sua desproporção no recém-nascido, as pernas e os braços, alternando-se em fases, são os que mais crescem na infância. Se, graças aos diversos fatores envolvidos no crescimento - hormonais, nutricionais e ambientais -, os braços foram além dos padrões daquela idade em seu momento de crescer, as pernas em compensação espicharão menos. A recíproca é verdadeira. E assim, nesse jogo, o produto final do crescimento são pessoas com os mais diversos tipos físicos: troncudos, franzinos, pernas longas.Na adolescência, é a vez de os ossos do tronco aumentarem e, finalmente, as vísceras comprimidas desde o nascimento descerem e se acomodarem. Nessa lei de equilíbrio, a cabeça, que já veio ao mundo com um tamanho respeitável - metade do tamanho que terá na idade adulta -, é a parte que menos cresce; o que não significa que sua aparência permaneça inalterada. No bebê, a mandíbula, em forma de V, possui um ângulo obtuso e, como seu ramo ascendente é bem mais curto, o queixo acaba puxado para trás, dando um aspecto arredondado à face, as órbitas, por sua vez, são maiores, criando a impressão de que a criança vive com os olhos arregalados. Após os 6 anos, no entanto, as feições se alteram: a mandíbula forma um ângulo cada vez mais reto; pois, além de crescerem os ossos faciais, começam a surgir os 32 dentes permanentes, que são relativamente maiores. O homem primitivo tinha quatro dentes a mais na boca, os quatro molares, que ainda aparecem em uma de cada 500 pessoas negras - a incidência cai para a metade em brancos. "O número de dentes continua diminuindo", comenta o odontologista Henrique Lefévre Neto, da Universidade de São Paulo. "Com freqüência aparecem casos em meu consultório de gente que precisa arrancar os sisos por falta de espaço." Uma das explicações para o fenômeno é a falta de uso dos dentes, já que a alimentação do homem moderno exige um esforço menor de mastigação. Aliás, o crescimento também altera a necessidade de alimentos, no sentido inverso do que muitas pessoas imaginam. Entre um bebê mamando e um adolescente devorando um prato cheio, pode-se apostar que a aparência engana, pois é o primeiro quem está se alimentando mais, comparando a ingestão de calorias e o tamanho do corpo. Tem lógica: "Quem é menor tende a crescer mais e, para isso, precisa de matéria-prima", explica a nutricionista paulista Flora Spolidoro. Isto é, olhando de perto, o crescimento é uma contínua deposição de proteínas, cálcio e fósforo, que o organismo não fabrica e precisa obter no cardápio de todo dia. Finalmente, ainda é preciso uma molécula de vitamina C, que feito cimento cola a célula recém-formada às já existentes. "Estudos de Fisiologia", conta a nutricionista, "mostram ainda que a fome é mais freqüente nos primeiros anos de vida."Isso porque é na infância, principalmente nos três primeiros anos, que o cérebro forma ligações entre as suas células - prolongamentos feito uma rede cruzando as informações memorizadas -, gastando muita glicose. Quando o nível dessa substância despenca no sangue, vem a fome: "Eis também o motivo de a merenda escolar existir em qualquer lugar do mundo, caso contrário a criança não memoriza as informações que recebe em aula", justifica Flora. Com o crescimento tem-se também cada vez mais gordura na massa cinzenta. É um excelente sinal. O revestimento branco e gorduroso chamado mielina acelera as mensagens nervosas. O recém nascido só possui mielina em áreas cerebrais primitivas e por isso possui apenas reflexos, como o de sugar tudo o que lhe chega à boca. À medida que a mielina cresce e reveste novas áreas, surgem os movimentos voluntários.
O pediatra Paulo Roberto Carvalho se dedica há mais de dez anos a estudar a evolução dos movimentos, que ensina aos estudantes de Educação Física da USP. "O controle é do cérebro. A primeira parte que se movimenta voluntariamente, por volta de um mês de idade, são os olhos - a retina, afinal, é uma extensão do próprio cérebro. E, por último, depois até de aprender a andar, a criança controlará a evacuação", explica. No início, a criança, ao olhar para um objeto, vê apenas uma mancha. Ao querer descobrir do que se trata, passa a enxergar duas manchas a segunda é o seu próprio braço, que lhe parece algo fora do corpo. A essa altura, ela já movimenta o pescoço: "Embora seja capaz de escutar desde a época do útero", explica a fonoaudióloga Liliane Desgualdo Pereira, da Escola Paulista de Medicina, "só quando movimenta o pescoço a criança aprende a localizar sons. E há quem diga que, com isso, ela desenvolve a percepção de espaço." Assim, entre 1 e 2 anos de idade, quando também já sabe que aquele braço lhe pertence, ela consegue calcular o movimento para, por exemplo, pegar um brinquedo. "No início, porém, faz esforço enorme, movendo dos ombros aos dedos. Só com o tempo aprende que basta mover os dedos para apanhar o que quer", descreve Paulo Roberto. "O movimento tende a se tornar mais simples para o organismo poupar energia." Segundo o médico, porém, na adolescência existe uma espécie de regressão.O corpo cresce rápido demais e o cérebro não consegue se adaptar à mesma velocidade. "O sistema nervoso continua comandando um bracinho quando na realidade existe um braço imenso", explica o pediatra. "É por isso que nessa idade todos são desajeitados, esbarram em objetos, derrubam coisas." O neurologista José Salomão, da Escola Paulista de Medicina, não considera saudável estimular o crescimento do sistema nervoso, como acontece, por exemplo, quando se ensinam duas línguas, simultaneamente, à criança. E justifica: "No desenvolvimento, tudo tem o seu momento adequado. Não é à toa que se aprende a escrever por volta dos 6 ou 7 anos: só com essa idade a mielina avançou até as áreas cerebrais responsáveis pela escrita". A capa de gordura, aliás, continua a crescer muito além da adolescência, até por volta dos 26 anos. O interessante, porém, é que parar de crescer não significa virar o Cabo da Boa Esperança, rumo à velhice. "Na realidade", explica o professor Salomão, "desde o nascimento cada centímetro que o organismo conquista são milhares de neurônios vencidos pelo desgaste." Crescer, teoricamente, faz envelhecer, mas quem de partida conta com 20 bilhões de células nervosas não sentirá o tamanho dessa perda.

ESTÍMULO PARA CRESCER

O crescimento envolve um complexo sistema de mensagens químicas. Por ordem do cérebro, a hipófise libera o hormônio do crescimento, que agirá diretamente na cartilagem dos ossos, desencadeando a formação de novas células. Além disso, esse hormônio tem uma ação indireta, reagindo com as células do fígado para formar a somatomedina C que, no final das contas. também provocará o crescimento dos ossos da mesma maneira. Na adolescência, a hipófise aumenta a fabricação de FSH e LH (do inglês Follicle-stimulating hormone ou "hormônio estimulante dos folículos" e luteinising hormone ou "hormônio luteinizante", respectivamente), que ao chegarem aos testículos dos meninos e aos ovários das meninas estimulam a produção de óvulos e espermatozóides e dos hormônios sexuais. "Eles fazem crescer rápido, mas também aceleram o fechamento da cartilagem", explica o endocrinologista Marcello Delano Bronstein, do Hospital das Clínicas em São Paulo.É comum aparecer em seu consultório um adolescente cansado de ser o baixote da turma: "Se os raios X mostram que ele tem pouca reserva de cartilagem para crescer, não posso receitar o hormônio sexual para ter um adolescente alto amanhã e um adulto baixo depois de amanhã", justifica o médico. Apesar de não oferecer o mesmo risco, por ser um remédio caro, extraído de cadáveres, o hormônio do crescimento costumava ser receitado apenas em casos de deficiência da hipófise. Felizmente, graças à Engenharia Genética que conseguiu sintetizá-lo, o hormônio do crescimento já está sendo testado na Europa em crianças normais, porém com estatura inferior à média. "Se der certo", imagina Bronstein, "nada impedirá que se cresça além dos limites dos genes. No futuro, os hormônios criarão super-homens."

ALTOS E BAIXOS

Desde o primeiro instante de vida, quando o ser humano não é maior do que um grão de areia, sua estatura final está escrita em diversos genes. "No entanto, bastam alterações em um único gene para arrasar todo o crescimento", calcula o ginecologista Thomaz Raphael Gollop, especialista em Genética, do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. É o caso do anão, o herdeiro de um gene defeituoso, cujo corpo desenvolve funções de adulto, mas permanece com estatura de criança. "Além disso, conforme os estímulos do organismo", diz o médico, "podem ser feitas correções nos genes, crescendo-se mais ou crescendo-se menos do que o programado."Acreditava-se que os genes do crescimento eram influenciados apenas por fatores físicos, como os hormônios e doenças pulmonares crônicas: com a respiração prejudicada, as células têm menos oxigênio para queimar no crescimento - não é à toa que a criança com bronquite costuma ser um adulto franzino. Hoje, porém, diversos estudos provam que, da mesma maneira como o estresse pode levar a hipófise a ordenar uma maior liberação de ácidos no estômago, causando uma úlcera, as emoções negativas também diminuem a safra de hormônio do crescimento. Resultado: criança com problemas psicológicos tende a ser baixa, por mais altos que sejam os pais.





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segunda-feira, 1 de outubro de 2012

A Conquista Européia - Espaço


A CONQUISTA EUROPÉIA - Espaço



Com o lançamento de novos satélites e sondas, foguetes mais poderosos e um laboratório em órbita, a Europa se prepara para competir com os americanos e soviéticos fora da Terra.

Hermes, que na mitologia grega era filho de Zeus e mensageiro dos deuses, é agora um microônibus espacial criado pela Agência Espacial Européia para dar apoio e servir de leva-e-traz na futura estação tripulada que será construída em órbita da Terra. Como os ônibus espaciais americanos Columbia, Discovery e Atlantis, e o soviético Buran, o pequeno Hermes sobe como um foguete, mas desce planando para pousar como um avião comum numa pista de aeroporto. Ele será lançado em 1996, se tudo correr de acordo com o cronograma, pelo Ariane-5, um foguete tamanho família capaz de colocar dezenas de toneladas de carga em órbita. O Ariane -5 e o Hermes são trunfos poderosos dos europeus na acirrada competição com os americanos e soviéticos pela conquista do espaço. Uma competição em que eles reconhecem estar em terceiro lugar, até porque investem apenas uma quarta parte do que a agência americana NASA gasta no espaço. "Nossa estratégia é compensar com maior eficiência os avanços das outras potências", entusiasma-se o engenheiro francês Frédéric d´Allest, diretor-geral do CNES (Centro Nacional de Estudos Espaciais), um dos responsáveis pelo sucesso dos foguetes antecessores do Ariane-5, que renderam à Europa 50 por cento do mercado mundial de lançamento de satélites. Enquanto chineses e japoneses ainda engatinham no espaço e os americanos mal definiram suas prioridades depois do acidente do Challenger, os europeus já têm a receita para conquistar sua completa independência tecnológica e um lugar assegurado no Cosmos. Se der certo, o sucesso chegará em dez anos no mínino.
Em primeiro lugar, a ESA pretende continuar com os lançamentos da série Ariane, iniciados em 1979 da base de Kourou na Guiana Francesa. Depois, vão colocar em órbita o Hermes, capaz de enviar uma tripulação até o Columbus, o laborátorio europeu que será acoplado à estação americana Freedom.
O desenvolvimento desses três projetos prevê um investimento de 13 bilhões de dólares, 10 bilhões de dólares a menos do que a NASA pretende gastar apenas com a construção da Freedom. Nenhum dos países europeus poderia desenvolver por sua própria conta um programa dessas proporções. Ele será financiado pelos trezes membros da ESA - Alemanha Ocidental, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Inglaterra, Itália, Irlanda, Holanda, Noruega, Suécia, Suíça e principalmente a França, que desde a década de 60 desenvolve um programa autônomo no espaço. Além desse plano a longo prazo, a ESA pretende continuar com os lançamentos que já vem fazendo de satélites de observação meteorológica, para orientação de navegação marítima e aérea, telecomunicações e coleta de informações científicas. Visando à maior eficiência pregada por d´Allest, a ESA criou o Grande Simulador Espacial em Noordwijk, na Holanda, onde os satélites são submetidos às mesmas condições de quase ausência de gravidade, bombardeio de radiação e choque térmico existentes no espaço.
Já passou pelo simulador e deve entrar em órbita até o fim do ano o satélite ERS-1, para sensoriamento remoto. A exemplo dos seus colegas da linha Spot, também europeus, ele servirá para fotografar a Terra, mais na faixa de microondas. Isto significa que suas imagens vão revelar a superfície do planeta sob a cobertura de poluição ou de chuva, o que é de extrema importância, por exemplo, nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, que estão sempre encobertas por nuvens. A ESA também prosseguirá o seu programa de lançamento de satélites meteorológicos da série Meteosat, estacionados a 36 mil quilômetros em órbita equatorial. As imagens desses satélites são muito utilizadas porque cobrem extensas áreas e chegam a cada trinta minutos à Terra. Também está previsto para junho deste ano o lançamento do Olympus, o mais novo modelo de satélite de comunicação que pretende a integração, via televisão, de todo o território europeu.
No que se refere à pesquisa do sistema solar, os europeus participam, junto com os americanos, da missão Cassini, que prevê o lançamento de uma nave em direção a Saturno em 1996. Uma sonda européia deve analisar a atmosfera e a composição do solo de Titã, um satélite do planeta que tem as mesmas características ambientais que a Terra apresentava antes do início da vida, há cerca de 2 bilhões de anos. A nave Ulisses, também resultado da colaboração com os americanos, tem lançamento previsto para o próximo dia 5 de outubro. Ela deve ficar na órbita do Sol e passar pelos seus pólos, sempre em posição impossível de serem observados da Terra. Depois da Ulisses, subirá a Soho, em 1995. Ela estacionará a uma distância segura do Sol, perto o suficiente para poder analisar o seu comportamento. E em seguida os Cluster, quatro pequenos satélites que observarão a interrelação do plasma solar com o campo magnético terrestre. Mas a base que sustenta o cenário europeu de independência espacial é o Ariane-5, cujo lançamento está previsto para 1995. Com esse foguete, de mais de 50 metros de altura, será possível competir com os Titãs americanos e o soviético Energia. Ele é um veículo de três estágios que usa um motor de hidrogênio e oxigênio líquido capaz de colocar 4,5 toneladas de carga em órbitas muito altas, ou seja, qualquer tipo de satélite. Ele também poderá carregar 20 toneladas de equipamento em órbita baixa, ou o microônibus Hermes, que levará tripulantes e material para a estação espacial. Com o Ariane-5, os europeus podem realizar todos os seus projetos sem depender de carona nos propulsores das grandes potências.
Mesmo os foguetes Ariane-4, usados atualmente, são importantes substitutos dos ônibus espaciais, embora tenham a desvantagem de carregar metade da carga. Em 8 de agosto do ano passado, um modelo do Ariane-4 colocou em órbita o satélite Hipparcos, que deveria elaborar um catálogo da posição das estrelas com uma precisão cinqüenta vezes maior do que a dos observatórios terrestres. O lançamento foi bem-sucedido, mas o satélite apresentou um problema ao se posicionar em órbita. Se ele sobreviver mais alguns meses, poderá cumprir uma parte de sua missão. O contratempo, no entanto, serviu para mostrar os riscos do programa espacial, em que "é preciso aprender com as derrotas e partilhar os benefícios", como afirmou diplomaticamente o engenheiro Frédéric d´Allest, do CNES.Nos próximos dois anos será a vez de enviar o ISO (Observatório Espacial Infravermelho, em inglês) também a bordo de um Ariane-4. Ele deverá captar as menores fontes de calor emitidas por corpos longínquos. Se tudo correr bem dessa vez, o ISO terá duas missões: aperfeiçoar a cartografia do infravermelho, já realizada pelo satélite IRAS, que funcionou de janeiro a novembro de 1983, e descobrir astros ainda desconhecidos. Para coroar a sua programação, a Europa Ocidental pode construir e lançar com seus próprios meios uma estação espacial com tripulação permanente, caso os Estados Unidos decidam novos cortes nas verbas destinadas à Freedom. "Se a cooperação com os americanos ficar impossível, temos a capacidade para desenvolver nosso projeto de forma autônoma", aposta o diretor do Centro Espacial Francês, Jean-Marie Luton. Mas a princípio ele calcula que o laboratório Columbus, de forma cilíndrica e medindo 13 metros, será acoplado ao núcleo principal da Freedom e servirá para pesquisas científicas. Está prevista também a construção de um outro módulo, chamado Eureca, mantido a cerca de 50 quilômetros da estação para ser usado em experiências que não podem sofrer perturbações pela presença constante de tripulantes. Será construída outra plataforma, a DRS, para a ligação entre a estação, as torres retransmissoras terrestres e as naves intermediárias como o Hermes. A primeira missão do Hermes será levar a tripulação de espaçonautas - como os europeus orgulhosamente gostam de chamar os seus homens no espaço, para diferenciar dos austronautas americanos e cosmosnautas soviéticos - à Columbus. A nave mede 16 metros de comprimento. A cabine de comando, que pode ser ejetada em caso de acidente, tem espaço para três tripulantes. Atrás dela há um compartimento pressurizado que serve de dormitório, cozinha, laboratório e área de exercício, e junto da cauda funciona a câmara de onde se pode sair para passeios no espaço.
O desenho do Hermes foi modificado para permitir que a nave seja acoplada à Mir, onde os soviéticos costumam bater recordes de permanência no espaço. Como fazem com os americanos, os europeus realizam programas conjuntos com os soviéticos. Foi na antecessora da Mir, a Salyut-7, por exemplo, que o francês Jean Loup Chrétien passou uma temporada em 1982. Mas a direção da ESA está convencida de que, assim que começar a funcionar, o Columbus vai permitir "mais independência e um aumento radical da capacidade de trabalho e de experimentação do homem no espaço". Depois disso, ela espera que sua obstinação seja recompensada e a Europa se torne finalmente uma potência espacial do primeiro time.





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segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Belos e Mortíferos Nudibrânquios - Natureza

BELOS E MORTÍFEROS NUDIBRÂNQUIOS - Natureza



O esplendor destes seres hipnotiza. Mas, para os inimigos, estes predadores vorazes dispõem de um fabuloso arsenal de ácidos e venenos, retirados dos próprios adversários.

Parecem invenções de crianças talentosas ou exercícios de imaginação. Com suas cores quase brilhantes, apresentam tal profusão de saliências onduladas, órgãos sensitivos e florestas de "dedos" sinuosos que é difícil distinguir qual lado é qual. Lindos, delicados, de aspecto inofensivo, são os equivalentes subaquáticos das borboletas. Mas também são animais, sobrevivendo no mundo do coma-ou-seja comido, às vezes presas, às vezes predadores. Mais ainda, fizeram uma aposta no jogo da evolução, abrindo mão do abrigo que sempre protegeu os animais de seu tipo, e parecem ter vencido com folga. Os nudibrânquios filigranados são lesmas-do-mar, fotografados sob a água não como modelos bonitos, mas como seres vivos empenhados na luta pela sobrevivência. Foram observados defendendo-se, atacando, comendo, escondendo-se, batendo em retirada, picando, nadando. Todos são carnívoros, pelo menos até onde se sabe, predadores vorazes e de movimentos lentos que se alimentam de presas ainda mais vagarosas ou imóveis. Pertencendo à subclasse dos moluscos conhecidos como opistobrânquios, seus integrantes mais numerosos e conhecidos são os nudibrânquios (literalmente, guelras ou brânquias nuas; na maioria das espécies, as plumas das guelras ficam na parte externa do corpo).
Todas as lesmas-do-mar têm uma língua áspera chamada rádula; possuem também um "pé" carnudo que as propele para a frente, seja através de contrações musculares, seja pelo movimento concatenado dos pêlos localizados na parte inferior do pé. A subespécie dos nudibrânquios que compõe a grande maioria da subclasse, exibe na cabeça um par de órgãos sensores. Em linhas gerais, os nudibrânquios são caramujos, com uma diferença: eles abriram mão da proteção da concha no seu estágio adulto. No lugar dela, recorrem a um vasto arsenal de defesa para proteger seus corpos macios num oceano cheio de predadores esfomeados. A ausência da concha torna-os mais ágeis. Por isso, embora a maioria dos nudibrânquios ainda rasteje no fundo do mar, muitos são capazes de nadar, ao menos o suficiente para procurar um parceiro ou fugir de algum predador. Mesmo sem a concha para dificultar seus movimentos, a maior parte dos nudibrânquios não usa a fuga como principal meio de defesa. Ao contrário, permanecem no chão, apostando suas vidas no êxito da camuflagem ou da guerra química.Cores vivas podem ser úteis para advertir predadores de que as pretendidas presas são nocivas ou mesmo tóxicas; as cores são úteis também para o animal se esconder: um nudibrânquio vermelho-vivo "desaparece" quando estacionado sobre uma esponja do mar da mesma cor. O nudibrânquio freqüentemente adquire a cor do alimento que costuma consumir. A dieta da espécie vermelha, por exemplo, é a esponja do mar vermelha. O rosa-brilhante do Hopkinsia rosacea um nudibrânquio da costa do Pacífico, resulta de um pigmento carotenóide específico, a hopkinsiaxantina; esse pigmento só é encontrado no biozoário Eurystomella bilabiata, que, por coincidência, é o alimento daquele nudibrânquio. A guerra química é a arma escolhida por muitos nudibrânquios para se defenderem. Alguns segregam ácidos, e estes causam sensações que muitos peixes, mas nem todos, acham extremamente desagradáveis. Outros produzem toxinas, algumas delas tão poderosas que um único nudibrânquio colocado num balde com peixes ou caranguejos pode matá-los em cerca de uma hora (em circunstâncias normais, o inimigo recebe uma dose pequena, suficiente para repeli-lo mas não para matá-lo).
Um grupo de nudibrânquios conhecidos como eolídeos utiliza as armas de suas próprias vitimas. Eles se alimentam de outra categoria de invertebrados marinhos, os celenterados, especialmente hidróides e anêmonas-do-mar. Estas últimas, por sua vez, têm uma característica comum aos celenterados: a produção de nematocistos, pequenas cápsulas que podem disparar um filamento enrolado e oco, semelhante ao arpão de uma baleeira. O nematocisto fura a pele da vítima e injeta uma toxina (é assim que as águas-vivas, outro grupo de celenterados, queima banhistas). Quando um eolídio come um hidróide ou uma anêmona-do-mar, ingere os nematocistos sem maiores problemas. O sistema digestivo do nudibrânquio neutraliza os nematocistos maduros, mas envia os imaturos para as bolsas especiais que possui na ponta dos "dedos", ou ceratos, onde vão se transformar em verdadeiras armas. Os ceratos são freqüentemente a parte mais colorida do nudibrânquio podem atrair a atenção do predador, desviando-a da cabeça ou das regiões vitais do animal.
Um peixe que morder esses apêndices receberá um bocado de nematocistos, além de algumas secreções de gosto horrível, e rapidamente perderá o interesse pelo banquete. O nudibrânquio então rastejará para longe usando seu pé gastrópode e rapidamente conseguirá regenerar os ceratos perdidos. Alguns nudibrânquios têm a capacidade desconcertante de romper os ceratos que um predador houver abocanhado, do mesmo modo que alguns lagartos deixam a cauda com o predador enquanto escapam. Das cerca de 3 mil espécies de opistobrânquios conhecidos, aproximadamente 2500 são nudibrânquios. Destes, as lesmas-do-mar são encontradas em todos os oceanos, das regiões polares aos trópicos, e em virtualmente todo tipo de hábitat. Elas variam em tamanho, desde espécimes pequenos o suficiente para rastejar entre grãos de areia até a lebre-do-mar, um dos maiores gastrópodes do mundo, que pode chegar a 1 metro e pesar 66 quilos.
Apesar desse sucesso evolutivo e de seu arsenal de defesas, os nudibrânquios não levam uma vida despreocupada. Já foram vistos caranguejos arrancando os ceratos de eolídeos antes de devorá-los. E alguns opistobrânquios preferem consumir os seus iguais. De qualquer forma, um mecanismo de defesa pode ser considerado um sucesso mesmo quando o nudibrânquio que o utiliza é morto: se a refeição tiver um sabor amargo para o vencedor, ele evitará nudibrânquios no futuro. Então, a espécie inteira sai ganhando. Mas há mais coisas na vida, é claro, do que tentar saber quem está devorando quem, até mesmo para os gastrópodes subaquáticos sem concha. E não é surpreendente que essas criaturas fantasiadas de cores alegres tenham desenvolvido formas interessantes de lidar com esse desafio universal. Todos os opistobrânquios são hermafroditas; cada indivíduo possui órgãos reprodutores dos dois sexos. Qualquer membro de determinada espécie pode acasalar-se com outro.
Na maior parte dos casos, dois nudibrânquios se colocam em direções opostas, de tal modo que o lado direito de um se une com o do outro, e trocam esperma; assim, ambos são fertilizados. Grupos de lebres-do-mar formam longas correntes de acasalamento, em que cada animal faz o papel de macho para o que está a frente e o de fêmea para o que está atrás. O Onchidoris bilamellata, o nudibrânquio que se alimenta de craca, já foi visto algumas vezes congregado aos milhares, em grandes grupos de acasalamento. Os ovos são postos em massas gelatinosas, que se grudam a alguma superfície dura. Os ovos da maioria dos nudibrânquios dão origem a larvas que já nascem nadando, movendo-se com outros plânctons e dispersando-se ao longo da costa. Nesse estágio, exibem a concha característica de sua classe. Mas depois de um período variável descem ao fundo do mar, pousando muitas vezes diretamente sobre um indivíduo de cuja espécie eles irão se alimentar quando adultos. Eles se transformam em adolescentes, já sem a concha, e finalmente em adultos. Existem muitas coisas não sabidas sobre os nudibrânquios incluindo o que alguns comem. Eles são difíceis de estudar porque tendem a ser transitórios; ao contrário da maioria dos invertebrados marinhos, não se pode contar com sua presença quando se precisa deles. Biólogos começaram recentemente a estudar o papel dos nudibrânquios em relação a outras espécies. Eles não são propriamente dominantes em determinada área, ao que parece, mas pelo menos em alguns casos influenciam que outros organismos dominem ou não. Um nudibrânquio encontrado ao longo das costas de todo o hemisfério norte, chamado em inglês shaggy rug (tapete peludo, desgrenhado), alimenta-se de anêmonas-do-mar, especialmente de uma de vida longa que pode dominar uma área considerável ao competir com sucesso com outros organismos sésseis (seres que, não tendo suporte próprio, se "enraízam" em outros organismos, como cracas e ostras).
Tanto estudos de laboratório como pesquisas de campo sugerem que a predação exercida pelo nudibrânquio impede o monopólio da anêmona-do-mar e deixa espaço para outras espécies se desenvolverem, aumentando assim a diferenciação da comunidade. O grande número de nudibrânquios que se alimentam de esponjas pode ter um impacto similar na costa do Pacífico, onde estes organismos são potencialmente dominantes. Os nudibrânquios são mais do que belas curiosidades biológicas. Os humanos, como sempre, já acharam utilidade para eles. Poucos são comestíveis; só um, o tochni tem servido de alimento regular para os índios aleútes e para os habitantes das Ilhas Kurilas, na União Soviética. Outros nudibrânquios especialmente as lebres-do-mar, são usados na medicina chinesa. Os opistobrânquios têm um valor maior nas pesquisas neurofisiológicas. Como a fabulosa lula, que revelou tantas coisas aos pesquisadores, alguns têm células nervosas imensas: quase 1 milímetro de diâmetro no caso da lebre-do-mar da Califórnia.
Os neurônios não são apenas grandes: são tão constantes em sua posição e coloração que células correspondentes podem ser facilmente localizadas em outros indivíduos. Os fisiologistas podem assim ter certeza do que estão descobrindo, especialmente à medida que fazem a conexão entre nervos específicos e ações complexas do corpo. Por esse motivo, uma das espécies foi coletada tão intensivamente que, em alguns lugares, poucos adultos podem ainda ser encontrados. Ao fim e ao cabo, no entanto, não são nem os avanços neurológicos nem a promessa de uma compreensão ecológica melhor que tornam esses pequenos moluscos facilmente reconhecidos por biólogos e mergulhadores. Eles são tão coloridos e suas formas tão maravilhosamente improváveis que nem é preciso perguntar para que servem.





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segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Colosso de Rodas - Tecnologia


COLOSSO DE RODAS - Tecnologia



Antes e depois de voar, um avião percorre quilômetros de pista. É quando entra em ação um equipamento surpreendentemente complexo - o trem de pouso.

O aviso "apaguem os cigarros e apertem os cintos" alerta os passageiros que o avião está prestes a pousar. Instantes depois, um novo ruído se junta ao das turbinas. Nada de assustar é apenas a descida dos trens de pouso, que dura 30 segundos e a bordo se traduz por um leve tremor nos assentos. Na verdade, essa pequena trepidação antecipa um formidável impacto - o contato dos pneus com o solo a 235 quilômetros por hora. Escondidos na fuselagem durante o vôo, os trens de aterrissagem suportam, mais que qualquer outra parte do avião, enormes esforços a cada pouso e decolagem. Já para suportar suas pesadas responsabilidades, os trens reúnem o que há de mais avançado em tecnologia aeronáutica. Rodas, pneus, freios e amortecedores, elementos típicos dos veículos que não saem do chão, também são essenciais para os aparelhos que voam, ainda que sejam menos ostensivos e menos glamurosos do que asas e reatores.
Cada trem de pouso pode pesar quase 3 toneladas - algo como 3 a 4 por cento de toda a aeronave - mas agüentam até o triplo desse peso total no choque com a pista. No caso de um Jumbo 747, o maior avião de passageiros da atualidade, as dezoito rodas dos cinco trens de pouso levam apenas 4 centésimos de segundo após o encontro com o cimento para acelerar à mesma velocidade do avião, enquanto suportam o impacto das 285 toneladas da aeronave. O atrito com a pista eleva a temperatura da borracha dos pneus a mais de 80 graus centígrados. Com o cinto apertado, o passageiro sente no corpo quando um anteparo na saída de ar das turbinas é acionado para mudar a direção do impulso, reduzindo a velocidade do aparelho. Ao mesmo tempo, dispositivos aerodinâmicos das asas diminuem a sustentação no ar e cravam o avião ao solo. Sensores instalados nos trens de pouso indicam então que as rodas giram e os amortecedores estão comprimidos, atestando desse modo que o avião definitivamente está no chão. É a vez de controles hidráulicos acionarem os freios automáticos das rodas reduzindo a marcha até uns 60 quilômetros por hora. Desse ponto em diante o piloto geralmente aciona o freio manual e, girando outro manche, conduz o aparelho, já lentamente, ao ponto de estacionamento.
Até o próximo vôo, o trem de pouso servirá como um simples suporte em terra, enquanto os mecânicos responsáveis pela manutenção tratam de reparar ou substituir as peças desgastadas. "Sabemos que o bom estado das rodas e pneus significa segurança ao serem exigidas ao máximo. As inspeções, portanto, ocorrem, a cada pouso em todos os aeroportos, onde há um intercâmbio de peças de reserva entre as companhias", explica Itacir Silvestrin, engenheiro-chefe de manutenção da Varig. "Após trezentas horas de vôo, o avião vai finalmente para o hangar e todo o trem é desmontado e revisado." Em seu departamento, que ocupa uma vasta área próxima ao Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, mais de 2 mil pessoas cuidam da conservação periódica de uma frota de 72 aeronaves, das quais oito 747.
De fato, uma boa medida dessa preocupação está na lista de manutenção das aeronaves entre um vôo e outro. Segundo Itacir, os trens de pouso chegam a ocupar o terceiro lugar em número de reparos e os gastos com freios e pneus só são superados pelos das peças dos motores. Os grandes esforços a que se sujeitam os 125 centímetros de diâmetro desses pneus de aviação limitam realmente sua vida normal a um máximo de 200 ciclos - sendo cada ciclo uma média de 10 quilômetros de rodagem em pistas de acesso à pista de decolagem, manobras no pátio de estacionamento e trechos de impulso em cada decolagem e pouso. Para sorte das companhias, entretanto, os pneus podem ser recauchutados várias vezes sem perder a qualidade. "A carcaça do pneu de aviação tem uma estrutura diferente. Os pneus de um Jumbo, por exemplo, que só perdem em tamanho para os de um modelo DC-10 agüentam até oito recauchutagens". informa Itacir. Ele faz uma afirmação surpreendente:"Ao contrário do que acontece com os carros, confiamos mais num pneu usado, já testado na prática, do que em um novo". Os freios desses gigantes sofrem ainda mais, tendo uma expectativa de vida útil da ordem de setecentos pousos. Seus discos múltiplos giram paralelamente em alta velocidade até serem comprimidos uns contra os outros por vários mecanismos hidráulicos, que seguram a rotação das rodas, provocando um aquecimento superior a 260 graus centígrados
Embora a última geração de discos já seja feita de materiais especialmente resistentes, como o berílio ou o carbono não há como evitar o desgaste provocado por tamanho atrito. Com todos esses problemas e mesmo desempenhando um papel vital, os trens de pouso não são considerados peças críticas para a segurança do avião, como é o caso do motor. "Afinal, é possível aterrissar sem os trens - e os projetistas consideram essa alternativa no desenvolvimento dos aparelhos: mas não dá para voar sem motores", compara o engenheiro aeronáutico Luis Carlos Affonso, da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), a qual tem mais de 4 mil unidades vendidas em 21 anos de existência.
Houve tempo, de fato, em que os trens de pouso eram considerados desnecessários e mesmo inconvenientes. Era o tempo dos pioneiros da aviação, quando um pequeno motor movimentava um engenho de juncos, arames e telas. que somava alguns poucos quilos. Ao contrário do 14 bis de Santos Dumont, por exemplo, o mais pesado que o ar dos americanos Orville e Wilbur Wright não contava com nenhum trem de pouso. Para sair do chão, o biplano dos irmãos Wright utilizava apenas trilhos metálicos para diminuir o atrito com o terreno, o único problema que parecia preocupar esses pioneiros. Para aterrissar, o processo era ainda mais rústico: a própria estrutura suportava o golpe do encontro com o solo.
A maioria dos projetistas que os sucederam entretanto, logo passou a incluir rodas em suas fantásticas máquinas voadoras. O grande desafio dos primeiros adeptos do trem de pouso era resolver os problemas no ar, quando a superfície do trem opunha tal resistência ao vento que dificultava o avanço. E, à medida que se elevava a velocidade de cruzeiro possível de ser alcançada, o problema ficava potencialmente maior. É que, de acordo com uma equação básica de aerodinâmica, a resistência do ar sobe ao quadrado cada vez que se duplica a velocidade. Isso significa que se um corpo a 60 quilômetros por hora oferece uma resistência de valor quatro, quando estiver a 120 quilômetros horários a resistência chegará a dezesseis.
Assim, o que parecia ser uma solução definitiva também tinha seus inconvenientes e os engenheiros trataram de buscar novas opções. Uma delas foi a utilização de um carro de decolagem, que se desprendia do avião tão logo este deixava o solo. Obviamente, essa idéia não resistiu muito tempo, já que o pouso se dava diretamente sobre a fuselagem, como nos velhos engenhos dos irmãos Wright. Mesmo assim, alguns aviões de combate, como o caça alemão Messerschmitt ME163 "Komet", que alcançava 1000 quilômetros por hora, chegaram a adotar o desconfortável sistema. Temível caça a jato da Segunda Guerra Mundial, o Komet teve mais perdas durante as aterrissagens do que em situações de combate. Enquanto uma idéia melhor não surgia, as aeronaves que pousavam e decolavam na água começaram a ganhar terreno - por assim dizer.
O perfil em forma de canoa desses hidroaviões demonstrou ter, desde o início, uma aerodinâmica perfeita, muito superior aos seus parentes terrestres com trem fixo. O modelo anfíbio Catalina dos anos 40, por exemplo, só foi aposentado pela Força Aérea Brasileira há pouco mais de três anos. Mas, como nem sempre se tem uma superfície de água para utilizar como aeródromo, os engenheiros buscaram uma nova alternativa - esconder as rodas dentro da fuselagem ou da asa durante o vôo e retirá-las para pouso. Boa e exigente idéia. Afinal, um mecanismo que permita a retração e extensão das patas de rodas é sempre complicado de construir e inevitavelmente mais pesado que um equipamento fixo.
Tanto assim que até hoje o clássico trem imóvel, simples e robusto, sobrevive em alguns modelos. É o caso da maioria dos pequenos aviões de turismo. Na maior parte das vezes, esses aparelhos resolvem seus problemas de aerodinâmica com revestimentos nas rodas, que reduzem a resistência do ar. As primeiras aeronaves a incorporar efetivamente os trens escamoteáveis foram os caças de combate. Os pilotos desses primeiros modelos tinham de ser verdadeiros ases para controlar o avião. Pois, justamente durante as fases mais críticas, da decolagem ou aterrissagem, eram obrigados a um trabalho braçal: girar a manivela que por meio de cabos de aço movimentaria o aterrissador até seu alojamento. A história desses equipamentos registra uma série de acidentes com pilotos que simplesmente esqueciam de baixar o trem de pouso nesses momentos de tensão.
Desde então, a tecnologia de transportes aéreos desenvolveu vários sistemas alternativos de apoio aos mecanismos de controle do avião para reduzir os riscos provocados, entre outras coisas, por peças defeituosas. É o que o engenheiro Affonso, da Embraer, chama de redundância: em caso de pane em qualquer sistema, há sempre outro de reserva pronto para executar a mesma função. Assim, se os trens de pouso não obedecerem ao comando para abaixar, sempre se poderá destravá-los manualmente e deixá-los cair por gravidade (sistema free fall, ou queda livre). Existem normas internacionais especificando tais mecanismos de segurança. "No caso dos aviões grandes e mesmo na maioria dos modelos feitos por nós, que transportam apenas duas dezenas de passageiros, a norma é uma só", explica Affonso. Para os aviões militares as regras são outras.
O AMX, um caça de última geração desenvolvido pela Embraer em conjunto com empresas italianas, conta, por exemplo, com apenas um pneu em cada trem de pouso, uma falta de redundância inadmissível em aviões civis, que transportam não uma, mas até 408 pessoas - nenhuma delas, por sinal, acomodada em assentos ejetáveis. Para Affonso, o exemplo do AMX ilustra bem como o trem de pouso realmente define o projeto final da aeronave. "Além disso, um avião começa a ser projetado pela posição do trem de pouso em relação à fuselagem e às asas", lembra. Desde a Segunda Guerra Mundial, utiliza-se um trem dianteiro (proa) e um par de trens principais presos às asas ou à fuselagem, próximos ao centro de gravidade do aparelho (ponto de equilíbrio entre os pesos dianteiro e de cauda).
A roda de proa substituiu a rodilha traseira clássica dos velhos DC-3, que não tinha como ser recolhida durante o vôo, diminuindo o risco de pilonagem (como os aviadores se referem à capotagem durante o pouso), aumentando a visibilidade do piloto e facilitando a freada. Seguindo também esse raciocínio o tipo de pneu utilizado pode indicar o tempo de vôo que se pretende: os pneus radiais - largamente empregados por automóveis devido à sua alta resistência - só na última década começaram a ser adotados por algumas companhias de aviação e, mesmo assim, exclusivamente para determinadas viagens curtas com pouco tempo de permanência em terra. Para viagens longas, não vale a pena carregar esse tipo de pneu e sim outros mais leves. Mas, se os aviões passaram a imitar os carros nesse aspecto, em outros acontece o inverso. E a razão disso é fácil de entender. Com a redução da velocidade o avião necessariamente vai para o chão e passa a funcionar como um improvável grande automóvel alado, dotado de todos os recursos e sujeito a problemas bem conhecidos de qualquer motorista.
A aquaplanagem, por exemplo, é um problema comum em pouso sobre pistas molhadas, que preocupa os engenheiros aeronáuticos há muito tempo. Ocorre quando partículas de óleo misturam-se à água da chuva, formando uma fina camada escorregadia sobre a pista. Em alta velocidade, os pneus podem se despregar do solo, girando em falso e perdendo a eficácia aderente ao frear. A solução, que mais tarde foi transplantada em vários modelos de carro, consiste em um mecanismo que detecta o bloqueio das rodas, atenuando a pressão dos freios, de forma que elas voltem a girar. Para o motor também continuar girando, sem se encharcar e morrer, os trens foram desenhados para jogar a água em outra direção. O estouro de um pneu, outro problema comum a qualquer automóvel, contém um risco maior. Por isso se os pneus se aquecerem até o ponto crítico, a 150 graus centígrados, uma válvula se romperá e irá liberar o ar lentamente, antes que ocorra o acidente. "Os atuais desafios que enfrentamos ao desenvolver novos projetos reúnem diversas áreas especializadas", descreve o engenheiro Affonso. A engenharia de materiais, por exemplo, deverá substituir o alumínio forjado e o aço dos trens por compostos metálicos de carbono.
A mecânica e a eletrônica poderão, em pouco tempo, apresentar um amortecedor inteligente, que se ajuste a fim de suportar o impacto específico de cada situação, tornando os pousos mais confortáveis. O trem de pouso dos ônibus espaciais americanos é apontado pelos técnicos como um modelo a seguir. Muito embora neles os freios e pneus resistam pouco aos fortes impactos das aterrissagens (o máximo é cinco pousos), todo o complicado sistema de freios é acionado por comandos eletroeletrônicos. É o chamado freio by wire, que dispensa os pesados cabos de acionamento mecânico "Quase tudo isso é viável e um dia vai estar nos aviões que circulam por aí", prevê Affonso. Mas isso os passageiros provavelmente não vão notar. Afinal ao subir num avião, poucos se dão conta de que ele também tem pneus.

TREM DE GUERRA

As duras provas pelas quais passa o trem de pouso de um avião comercial são, como dizem os especialistas em aviação militar, brincadeira de criança, comparadas às provações a que estão sujeitas as versões utilizadas nos aparelhos de combate. Os pneus do SR-71, um jato americano capaz de voar a 3600 quilômetros por hora (três vezes a velocidade do som) precisam, por exemplo, de proteção especial para não se queimarem sob o enorme calor gerado pelo atrito do avião com o ar. Grandes caixas de titânio metal resistente a altas temperaturas, abrigam os pneus do SR-71, que possuem ainda uma cobertura especial de alumínio. Mas o caso extremo é o das aeronaves embarcadas em porta-aviões. Ali, as condições de pouso e decolagem são críticas tanto para os trens quanto para os pilotos: o espaço é mínimo e a pista se move. Na decolagem, as 30 toneladas de um caça como o F-14 americano, capaz de carregar 7 mil quilos de armamentos, se precipitam para a frente, acelerando a 240 quilômetros por hora em menos de 2 segundos. Depois de vencer menos de 90 metros já está no ar. Pior será a volta, a 250 quilômetros por hora, sobre a instável superfície do navio e a parada, quase instantânea, graças a um tipo de gancho instalado na sua traseira, que se prende a um cabo de aço atravessado sobre a pista. Um erro de pilotagem ou um defeito no trem de pouso e o aparelho vai por água abaixo, literalmente - isso se não colidir com a torre de comando do navio.





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segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O Dia em que o Homem Nasceu - Antropologia



O DIA EM QUE O HOMEM NASCEU - Antropologia



Novos achados apontam a África como berço do ser humano moderno, numa data muito mais recente do que se pensava.

Em algum momento do passado, entre 92 mil e 45 mil anos atrás, numa caverna nos arredores de onde hoje existe a cidade de Nazaré, em Israel, um grupo de homens, mulheres e crianças olhou para o horizonte e viu se aproximar outro grupo de indivíduos que, de longe, tinham uma aparência familiar. Quando os forasteiros chegaram mais perto, porém, os moradores da caverna perceberam que aqueles não eram seus semelhantes. Enquanto os habitantes do local tinham pele escura, estatura mediana e andar equilibrado, os recém-chegados eram claros, atarracados e cambaleavam. Apenas uma característica era comum a todos: a curiosidade recíproca. Os da caverna - que viria a ter o nome de Qafzeh - faziam parte de uma espécie que agora a ciência identifica como Homo sapiens sapiens, os humanos anatomicamente modernos. Mais ainda: eram, ao que tudo indica, os primeiros representantes dessa espécie. Os visitantes, por sua vez, vindos das terras geladas da Europa, também eram humanos, mas de outra variedade, possivelmente mais arcaica, a dos Homo sapiens neanderthalensis - os homens de Neandertal.
A origem do primeiro sapiens sapiens esteve por muito tempo ligada ao homem de Neandertal. O ser humano moderno era classificado como pertencente ao gênero Homo, um primata da família dos hominídeos, espécie sapiens (sábio). E o Neandertal era tido como um antepassado direto não sapiens, o Homo neanderthalensis. Mas, nos últimos cinco anos, descobertas arqueológicas e pesquisas de laboratório têm mostrado que essa concepção está errada. Os humanos de anatomia moderna - subespécie sapiens sapiens - não descendem daquele homem das cavernas européias, cujos fósseis foram achados pela primeira vez em 1856, no vale de Neander (daí o nome), Alemanha. Os antropólogos agora acreditam também que a convivência competitiva com os sapiens sapiens foi o motivo da extinção dos neandertalenses. Essa nova concepção da origem do homem atual tem causado um acalorado debate entre os especialistas no assunto. As razões para a excitação são muitas, com um ingrediente perturbador adicional: a entrada em cena dos geneticistas num campo antes exclusivo dos especialistas em ossos e pedras.
A história que as novas pesquisas estão contando é que os humanos modernos surgiram há cerca de 200 mil anos na região central da África, a partir de onde teriam migrado para a Europa e Ásia, através do Oriente Médio, provavelmente competindo pelos recursos alimentares disponíveis com humanos mais primitivos e tomando o seu lugar. A teoria até então mais aceita sobre a origem do ser humano moderno começou a desmoronar em março do ano passado. Christopher Stringer, do departamento de Paleontologia do Museu Britânico de História Natural, e seu colega Peter Andrew publicaram um trabalho na revista americana Science, expondo uma hipótese revolucionária. Para tanto, os dois pesquisadores ingleses não apenas estudaram a fundo achados recentes de fósseis como se valeram do apoio de outras áreas de pesquisa, como a biogeografia e a ecologia. Sem serem dogmáticos, Stringer e Andrew dizem que as maiores evidências "favorecem uma origem recente para o Homo sapiens sapiens na África", cristalizando o que já era uma convicção popular induzida pela origem também africana dos primatas. Até há bem pouco tempo os cientistas estiveram inclinados a acreditar que o humano moderno surgiu na Europa e que os fósseis do homem de Cro-Magnon, encontrados na França, em 1868, seriam uma prova disso. Outra prova estaria nas espetaculares cavernas com pinturas, no sul da França e no norte da Espanha.
Convencidos, a partir de novas evidências, de que enxergavam a verdadeira pré-história da raça humana, Stringer e Andrew sustentam que tudo teria começado no sul da África. O Homo erectus - que na escala evolutiva dos primatas sucederia o Homo habilis e seria o último antes da linhagem sapiens arcaica, tendo vivido entre 1,6 milhão e 300 mil anos atrás começou a deixar sua terra natal há cerca de 1 milhão de anos, motivado principalmente, supõem os cientistas, pela curiosidade de saber o que havia além do horizonte. Acompanhando o traçado do que se chama hoje o Vale da Grande Fenda Africana - que vai do norte de Moçambique até o norte da Etiópia, recheado de rios e lagos ao longo de seus 3 840 quilômetros -, chegou, passados muitos séculos, ao Oriente Próximo, de onde, finalmente, alcançou a Europa e a Ásia. Registros fósseis mostram que populações de erectus existiram nesses dois continentes até 300 mil anos atrás. "Desse ponto em diante", diz Stringer, "começa-se a ver sinais de mudança nos achados, com a presença de fósseis, já não mais do Homo erectus nem tampouco de humanos modernos." Na verdade, eles apresentam um mosaico de caracteres de ambas as espécies. Um desses mosaicos, o crânio de Petralona, foi desenterrado de uma caverna distante cerca de 48 quilômetros de Salônica, no nordeste da Grécia. "É certo que não se tratava de um Homo erectus". assegura Stringer. Mosaicos similares - que lembram o Homo sapiens arcaico - foram desenterrados em vários lugares da Grã-Bretanha, Alemanha, Oriente Próximo e África.Juntos, dão uma clara indicação de que alguma coisa nova, não percebida antes, aconteceu na pré-história humana entre 300 mil e 50 mil anos atrás - período em que se completou a metamorfose do Homo erectus em Homo sapiens sapiens, passando pelo Homo sapiens arcaico. Aqueles achados alimentaram duas interpretações opostas sobre como se deu a revolução no desenvolvimento do animal humano. A primeira, conhecida como teoria do candelabro, põe grande ênfase na cultura - que compreende organização social, rituais, divisão do trabalho, tecnologia de armas e ferramentas - como motor da evolução nos estágios mais recentes da pré-história humana. A cultura, nova e poderosa força de seleção natural, teria influído em todas as populações de Homo erectus espalhadas pelo mundo. Impulsionados por ela, os erectus teriam evoluído de forma independente até o Homo sapiens sapiens em várias partes do planeta. "Apelidei essa concepção de teoria do candelabro", diz o antropólogo William Howells, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, "para destacar que a ramificação aconteceu próxima à base da árvore evolucionária."Se foi assim, a origem dos humanos modernos em todo o mundo não teria envolvido migrações recentes. As diferenças raciais de hoje seriam maiores e mais profundas que tão somente a cor da pele.
A segunda interpretação, que também Howells denominou hipótese Arca de Noé, favorecida pela maioria dos cientistas, afirma que o Homo sapiens sapiens, descendente dos Homo erectus que permaneceram em solo africano, teria surgido num único lugar - a região austral da África. A partir dali, grupos teriam se espalhado por todo o planeta substituindo as populações humanas primitivas. Se for essa a teoria correta, o homem anatomicamente moderno se irradiou do centro de origem, num movimento ondulatório semelhante ao provocado por uma gota que cai num balde de água. As diferenças raciais existentes na humanidade, portanto, seriam muito recentes."Existe uma certa resistência em aceitar a teoria do candelabro porque é difícil crer que resultados biológicos semelhantes tenham acontecido simultaneamente e de forma independente", explica o professor Walter Neves, que coordena o Programa de Biologia Humana do Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém, e que recentemente discutiu o assunto numa visita que fez a seu colega Stringer, em Londres. "Mesmo assim. continuo partidário dessa teoria. "Essa fidelidade se baseia no que ele acredita sejam evidências de uma "sapientização" simultânea acontecida na Europa, Oriente Médio, Ásia e África. Fósseis de seres de aparência convincentemente moderna e com idades bem mais antigas foram encontrados fora da Europa. Um desses fósseis jazia no Monte Carmel, próximo de Haifa, em Israel. Numa caverna, Mugharet es-Skhûl, os restos de dois indivíduos mostram traços que, embora não completamente modernos, parecem mais avançados que os do Neandertal. Submetidos ao teste de datação, alcançaram a idade de 45 mil anos e por isso mesmo têm sido considerados por alguns antropólogos como remanescentes de uma população intermediária entre o Neandertal e o Homo sapiens sapiens. Fósseis de outra caverna próxima, a já citada Qafzeh, também preenchem esse padrão. São os vestígios de onze indivíduos, todos com notável aspecto moderno. O mais impressionante é sua idade: 92 mil anos, duas vezes mais do que todas as datas previamente estabelecidas para os humanos modernos europeus. Isso fortalece a hipótese de um fenômeno de substituição de uma espécie por outra nessa parte do mundo.
Essas novas descobertas representam para alguns antropólogos evidências convincentes de que o humano moderno teve berço africano e não outro. A Genética reforça essa tese. Os antropólogos que estudam os fósseis desenham a árvore genealógica da espécie humana fazendo comparações entre a anatomia dos ossos desenterrados e a dos seres atuais. É um trabalho de baixo para cima no traçado da árvore genealógica. Com os geneticistas acontece ao contrário. Eles têm apenas as extremidades dos ramos dessa árvore para trabalhar - as populações humanas modernas. Seu objetivo é determinar há quanto tempo as etnias que compõem a espécie humana - negros, amarelos, caucasianos, etc. - estão separadas e como se relacionam entre si. A mais conhecida contribuição da Genética foi o descobrimento no coração do continente africano daquela que seria a mãe da espécie: a Eva de cor negra A popularidade dessa, literalmente, mãe preta resulta da técnica genética utilizada pelos cientistas Allan Wilson, Mark Stoneking e Rebecca Cann, todos da Universidade Berkeley, nos Estados Unidos.
Eles recorreram a um relógio genético existente na mitocôndria - a microscópica estrutura cujo papel é gerar energia dentro de cada célula. Acontece que a mitocôndria contém uma cadeia de material genético, o DNA, que acumula mutações dez vezes mais depressa do que o DNA do núcleo da própria célula. Analisando o DNA mitocondrial de 150 mulheres de quatro populações geográficas distintas - da África, Ásia, Europa, Austrália e Nova Guiné -, os pesquisadores de Berkeley começaram então a buscar padrões. "Uma das coisas mais admiráveis", comenta Allan Wilson, "é que há pouca diferença entre as populações, o que significa que elas se separaram uma da outra muito recentemente." Apesar das similaridades, dois grupos principais sobressaem: um contém somente padrões africanos de DNA, enquanto o outro é formado por padrões comuns a todos os grupos. "Fica claro que o grupo africano é o mais antigo de todos", concluiu Wilson. No entanto para o professor Francisco Salzano, titular do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, que trabalha há trinta anos nessa área, "qualquer estimativa alcançada pelas técnicas genéticas ainda deve ser vista com cautela". Supondo, contudo, que a hipótese Arca de Noé esteja correta e que os humanos modernos evoluíram na África há cerca de 200 mil anos, fica a pergunta: a partir de quem eles evoluíram? A resposta tradicional seria: a partir do Homo erectus. Um número crescente de antropólogos, porém, acredita que o Homo erectus não é tudo que parece."Quem existia na África naquele tempo não era o Homo erectus, mas uma espécie diferente de Homo. E foi essa espécie - que ainda não tem nome - que deu à luz o Homo sapiens arcaico", afirma Peter Andrew, um colega do inovador Christopher Stringer no Museu Britânico. Mais tarde, outras migrações envolvendo humanos totalmente modernos, sapiens sapiens, substituíram as populações estabelecidas dos sapiens arcaicos, incluindo o Neandertal. Teriam os humanos modernos sobrevivido no lugar dos sapiens arcaicos porque seriam ecologicamente mais bem-sucedidos? Tudo indica que sim. Erik Trinkaus, antropólogo da Universidade do Novo México, acredita que a anatomia do Neandertal, por exemplo, mostra que ele era muito menos eficiente provedor que o humano moderno. Isto é, a teoria de substituição não implica uma total dizimação de uma espécie por outra, mas simplesmente um lento desgaste de uma delas pelo modo de subsistência pouca coisa superior da outra. O que, então, pode ter dotado os humanos modernos dessa pequena mas decisiva vantagem competitiva? As respostas são as mais diversas. Alguns pesquisadores acreditam que uma inteligência maior teria propiciado uma capacidade de planejamento mais complexa. Outros buscam na linguagem o instrumento que teria dado aos humanos modernos não apenas um refinado meio de comunicação, mas certamente o atributo que nenhum outro ser vivo possui: pensar. E com quem se parecia esse antepassado direto do homem? Anatomicamente, dizem os pesquisadores, era semelhante aos povos equatoriais de hoje - pele escura, poucos pêlos, estatura mediana, com mandíbulas, nariz e boca levemente pronunciados. Os que deixaram a África austral e rumaram para o norte teriam ficado cada vez mais pálidos em conseqüência de uma adaptação evolutiva à diminuição da intensidade dos raios de sol.
A História Natural avalia que a maioria das espécies animais vive cerca de 2 milhões de anos antes de entrar em um processo de extinção ou de evolução para uma nova espécie. O Homo sapiens sapiens, pelo que se deduz agora, habita o planeta somente há 200 mil anos. Ele alterou, porém, a velocidade do tempo de evolução com o acelerador da cultura. Por isso, acredita-se que o futuro da espécie continuará dependendo principalmente das realizações culturais, na acepção mais ampla da palavra. Nesse sentido, o rápido desenvolvimento da Biologia Molecular e da Engenharia Genética oferecem pelo menos um vislumbre de que mudanças fisiológicas, se acontecerem, dependerão mais do próprio homem do que da caprichosa roleta da natureza.

O parente que ficou pelo caminho

"Nenhum evento tão pobre em evidências tem instigado nossa imaginação de forma tão rica quanto o encontro dos povos Neandertal e Cro-Magnon na Europa há cerca de 30 mil anos", diz o paleontólogo Stephen Jay Gould, festejado professor de História da Ciência na Universidade Harvard, nos Estados Unidos. "Alguma coisa fundamental sobre nossa origem deve estar escondida nesse contato entre nossos ancestrais e nossos parentes colaterais mais próximos. "Com o aumento das evidências de que o Neandertal não foi um antepassado direto do homem moderno, aumentou ainda mais a curiosidade sobre sua vida e os motivos de sua extinção. Ele existiu no período da evolução humana delimitado entre o Homo erectus e o Homo sapiens sapiens. Justamente o papel que teria desempenhado nessa transição é agora objeto dos mais acalorados debates. A começar pelo nome científico que o descreveria com mais precisão: Homo sapiens neanderthalensis ou Homo neanderthalensis. A primeira forma o coloca como um ancestral direto do homem, a segunda como um parente mais distante, membro de uma espécie separada. "Enquanto não conhecermos a história completa do Neandertal, não podemos afirmar se ele foi ou não inferior ao sapiens sapiens na escala evolutiva", afirma o professor Walter Neves, do Museu Goeldi, em Belém do Pará.O desaparecimento do Neandertal, iniciado há 45 mil anos no Oriente Próximo, se processou como uma onda que o varreu do leste para o oeste durante cerca de 10 mil anos. Alguns pesquisadores crêem que chegou a haver acasalamentos entre neandertalenses e humanos modernos. "Existe um pouco de Neandertal em todos nós", supõe o antropólogo americano Milford Wolpoff.Opinião não compartilhada por seu colega da Universidade do Novo México, Erik Trinkaus, segundo o qual "as proporções dos membros dos primeiros humanos modernos na Europa são típicas dos povos equatoriais, não de povos adaptados aos climas frios, como os Neandertal". Caso a teoria mais recente esteja correta, isso significa que os neandertalenses realmente foram invadidos pelo povo Cro-Magnon oriundo da migração das terras africanas. De toda forma, não há a menor dúvida de que a convivência desigual com os mais bem-dotados Cro-Magnon foi o que fez o Neandertal desaparecer da face da Terra.





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domingo, 30 de setembro de 2012

Arqueólogos acham indícios de divisão de classes na Idade da Pedra


Arqueólogos acham indícios de divisão de classes na Idade da Pedra

Pesquisadores israelenses encontraram produtos importados e 'de luxo' em terreno onde estrada será construída.

A escavação arqueológica no sítio de Ein Zippori, no norte de Israel, revelou a existência de uma comunidade pré-histórica do período Neolítico, onde já havia uma elite que possuía "objetos de luxo" importados de países distantes.

Os trabalhos, realizados pelo Departamento de Antiguidades de Israel, começaram há um ano, mas só agora as descobertas foram reveladas à imprensa.
No local, estava planejada a construção de uma estrada. No entanto, como essa região é conhecida pela abundância de antiguidades, costuma-se fazer a chamada "escavação de salvamento" – uma operação preliminar para garantir que os trabalhos não destruam itens importantes que possam estar enterrados na área.



Objetos raros e importados sinalizam divisão de classes sociais já no período Neolítico (Foto: Clara Amit)


Os diretores da escavação, os arqueólogos Ianir Milevski e Nimrod Getzov, se surpreenderam ao descobrir uma grande comunidade pré-histórica, com restos de casas cujas fundações foram feitas de pedra e paredes erguidas com tijolos de barro.
De acordo com Milevski, costuma-se pensar que nesse período da história humana as sociedades fossem "mais igualitárias".
"No entanto, as escavações revelaram indícios de que há 7 mil anos já havia uma pequena camada da sociedade que possuía objetos raros, o que a maioria da população não tinha", disse
Milevski.



Placa de pedra com avestruzes talhados foi considerada pelos arqueólogos objeto de 'luxo' (Foto: Clara Amit)

Objetos 'de luxo' importados

Na escavação, foram encontrados milhares de objetos de pedra, sílex (rocha sedimentar) e cerâmica, mas o que chamou a atenção dos pesquisadores foram objetos raros feitos de materiais que não existiam nessa região.
Entre os objetos raros, estão lâminas feitas de rocha obsidiana, cuja fonte mais próxima se encontra na Turquia, e placas de pedra com desenhos próprios da cultura da Mesopotâmia (onde hoje se encontra o Iraque) e da Síria.
"Entre os objetos mais importantes que descobrimos, está uma placa de pedra com a imagem de duas avestruzes talhadas. É um trabalho simples, mas muito elegante e que nos remete à cultura da Mesopotâmia daquele período", disse Milevsky.
Também foram descobertas pequenas bacias de pedra feitas "com uma delicadeza impressionante" e, em uma delas, estavam cerca de 200 contas de colar – pretas, brancas e vermelhas.
O arqueólogo explicou que, como a comunidade era de um período anterior à descoberta do metal, a fabricação de objetos "tão delicados" era especialmente complexa e só uma elite poderia possuir objetos de tão difícil fabricação.
"Para fazer o buraco nas contas do colar, era necessária uma furadeira de poucos milímetros. Trata-se de uma técnica muito sofisticada para o período que estamos pesquisando", acrescentou Milevski.

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domingo, 30 de setembro de 2012

Esculturas de bronze de 7 mil anos de idade são encontradas na Sérvia



Esculturas de bronze de 7 mil anos de idade são encontradas na Sérvia

Peças foram descobertas no sítio arqueológico de Plocnik, no sul do país.
Manuseio de cobre e outros metais nos Bálcãs ocorreu antes do previsto.

Esculturas de bronze de 7 mil anos foram achadas no sítio arqueológico de Plocnik, no sul da Sérvia, a cerca de 300 km da capital Belgrado.

Os objetos pertencem a um povoado que viveu na região dos Bálcãs durante o período Neolítico, por volta de 5.300 a.C.

Abaixo, aparecem uma figura feminina e um machado de bronze.



Peças foram feitas por tribos que viveram nos Bálcãs por volta de 5.300 a.C. (Foto: Marko Djurica/Reuters)

Segundo os arqueólogos, as descobertas indicam que essas tribos já processavam bronze, cobre e outros metais antes do que havia sido previsto.



Figura feminina sem cabeça e pedaços de madeira e pedra (dir.) são achados (Foto: Marko Djurica/Reuters)

Nas imagens acima, aparece à esquerda uma figura feminina sem cabeça e, à direita, pedaços de metal e pedra encontrados no sítio.



Sítio arqueológico de Plocnik fica no sul da Sérvia, a 300 km da capital Belgrado (Foto: Marko Djurica/Reuters)





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sábado, 29 de setembro de 2012

Computadores alugados clicaram secretamente usuários fazendo sexo nos EUA


Computadores alugados clicaram secretamente usuários fazendo sexo nos EUA

Investigação de autoridades americanas revelou ainda que dados sigilosos, como senhas e dados bancários, estavam expostos.



Computadores alugados clicaram secretamente usuários fazendo sexo nos EUA (Foto: BBC)

Uma investigação feita por autoridades americanas com sete companhias que alugam computadores nos Estados Unidos revelou que diversas das máquinas registraram secretamente fotos de seus clientes, alguns deles durante atos sexuais.

Os computadores investigados possuíam o software PC Rental Agent, da empresa Designerware, que coleta dados pessoais e até fotos dos usuários. Acredita-se que o PC Rental Agent esteja instalado em aproximadamente 420 mil computadores em todo o mundo.

A investigação foi feita pela Comissão Federal de Comércio (FTC, em inglês), uma agência do governo americano dedicada à proteção dos direitos dos consumidores.

A FTC disse que o aspecto mais nocivo do software é um dispositivo chamado Detective Mode ('modo detetive'), que é ativado quando os usuários não devolvem os computadores alugados dentro do prazo correto, ou quando não pagam pelo seu uso.

O Detective Mode era usado pelas locadoras americanas para rastrear os computadores e ajudar a recuperá-los das mãos dos usuários. O dispositivo faz com que uma janela se abra na tela, pedindo dados como telefone e e-mail dos usuários.

Mas o software vai além, e registra também dados como usuário e senha de contas de e-mail, sites de mídia social e de instituições financeiras.
A investigação revelou que dados ainda mais sensíveis foram coletados - como número da previdência social, históricos médicos, e-mails trocados com médicos e extratos de conta corrente e de cartão de crédito.

'Em vários casos, a ação do Detective Mode sobre a webcam tirou fotos de crianças, pessoas parcialmente nuas e casais realizando atividades sexuais', diz um dos relatórios da investigação.

A Designerware não comentou a investigação. A FTC determinou que esse tipo de software não pode ser usado pelas empresas americanas de locação de computadores.
Para o especialista em segurança online Graham Cluley, que trabalha na empresa britânica Sophos, este caso ressalta a importância de se verificar como funcionam todos os dispositivos do computador, especialmente em casos em que a máquina não pertence ao usuário.

'Sempre que você está usando o computador de outra pessoa, seja ele emprestado ou alugado, você pode nem sempre saber de todos os softwares que estão sendo utilizados e o que cada um está fazendo', disse Cluley à BBC.

'Se você for alugar um computador, leia a letra miúda no contrato, e pense duas vezes antes de fazer algo pessoal demais.'





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sábado, 29 de setembro de 2012

Hebe Camargo morre aos 83 anos


29/09/2012 13h16 - Atualizado em 29/09/2012 19h09

Hebe Camargo morre aos 83 anos

Hebe fez várias cirurgias e tratamentos após descobrir câncer em 2010.
Consagrada como apresentadora de TV, ela começou a carreira cantando.



Hebe é um dos maiores ícones da televisão brasileira e ficou internada pela última vez por quase duas semanas em agosto. Nos últimos dois anos passou por cirurgias e tratamentos contra o câncer.
O velório começa nesta noite no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado de São Paulo, no Morumbi. Inicialmente, o velório estava marcado para às 18h – o carro funerário chegou à casa da apresentadora por volta das 16h15 e deixou a residência perto das 19h. Já o sepultamento está marcado para as 9h30 deste domingo (30), no cemitério Gethsemani, afirmam funcionários do local e o governo do Estado de São Paulo.
A morte da diva causa repercussão entre artistas e políticos brasileiros nesta tarde. A presidente Dilma Rousseff divulgou nota oficial em que se refere a Hebe como “minha querida amiga” e diz que ela foi “uma das mais importantes personalidades da televisão brasileira.”

A apresentadora Ana Maria Braga publicou no Twitter uma homenagem: “Os amigos do Sorriso da TV brasileira, Hebe, choram a Estrela que se vai. Saudade”, escreveu."Uma mulher estupenda, corajosa, e uma entrevistadora franca e leal. Vai deixar muitas saudades. O exemplo dela foi dignificante", declarou o deputado federal pelo PP de São Paulo, Paulo Maluf. Já o apresentador Jô Soares comentou a impressão que Hebe causava nas pessoas: "Uma vez, eu fui intérprete de uma entrevista dela com várias pessoas. E todas se referiam a ela como uma grande senhora, uma grande estrela. Ela realmente tinha uma certeza do que fazia que era sensacional. Ela estava acima do bem e do mal”.

FONTE:
http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2012/09/hebe-camargo-morre-aos-83-anos.html





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quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Naves Sob Medida - Espaço



NAVES SOB MEDIDA - Espaço



Os novos trajes dos astronautas deixaram de ser apenas uma proteção contra um ambiente hostil para se tornar uma ferramenta de trabalho fora das estações orbitais.

Desde os anos 30, quando Buck Rogers era o herói do espaço nas histórias em quadrinho, os astronautas - de ficção, depois de verdade - são reconhecidos pelas roupas extravagantes que usam. Para os cientistas, contudo, não se trata de extravagância alguma. Ao projetar os trajes a ser usados, por exemplo, pelos tripulantes de ônibus espaciais nas chamadas atividades extraveiculares - ou Eva, no jargão da NASA -, eles buscam criar, para cada astronauta, o equivalente a uma nave sob medida. De fato, a moda espacial de hoje em dia avança tanto em relação às roupas dos pioneiros das incursões ao Cosmo, no final dos anos 50, como a estação Mir em comparação com a Vostock pilotada pelo cosmonauta Iúri Gagárin.
Nos tempos heróicos da aventura espacial, esses trajes serviam basicamente para manter a pressão sangüínea dos astronautas em níveis aceitáveis, quando a nave entrava em órbita terrestre, além, obviamente, de supri-los de oxigênio. A questão ficou complicada quando tiveram início as missões que envolviam as Eva. É fácil entender por quê. Sem a proteção proporcionada pela nave espacial, o astronauta depende de um traje extraveicular que impeça de ele ser torrado pelo Sol, ou que suas veias saltem através da pele, ou que um micrometeorito o atravesse como um tiro de fuzil.
Confeccionar um traje espacial, portanto, é como fabricar um salvavidas: o que interessa é a função, não a estética. Mesmo assim, tem lá suas semelhanças com a encomenda de um modelo exclusivo a um grande costureiro francês: custa muito caro, é feito sob medida e, o que é pior, não é reutilizável. O próprio ato de envergá-lo exige cuidados dignos de uma grande dama da França de antes da Revolução preparando-se para um baile de gala em Versalhes: dependendo da missão, vestir um traje espacial pode requerer um trabalho meticuloso de algumas horas. Para pisar na Lua, há vinte anos, por exemplo, o astronauta americano Neil Armstrong usou uma roupa pressurizada de nada menos de 21 camadas, sob as quais havia uma complexa aparelhagem de sobrevivência.
Atualmente, os projetistas de trajes para astronautas estão pensando nas futuras estações espaciais, como a Freedom, que os Estados Unidos lançaram em 1995, das quais os passeios ao exterior serão mais freqüentes, com várias saídas no mesmo dia. Até hoje, um astronauta precisa se submeter a um período de pré-respiração antes de colocar o traje. Isso se não quiser que a diferença de pressão fora da Terra faça com que o nitrogênio de sua corrente sangüínea forme bolhas que podem levá-lo à morte. Esses períodos de pré-respiração duram cerca de quatro horas, durante as quais o astronauta consome oxigênio puro para expurgar o nitrogênio do organismo. Demasiado tempo, sem dúvida, se for necessário sair da nave mais de uma vez ao dia. O ideal seria que a pressão arterial do interior da estação - similar à da Terra - fosse mantida nos trajes.
Até há pouco, porém, isso parecia impossível, porque muita pressão dentro do traje acabaria por transformá-lo numa espécie de armadura cósmica, prejudicando a mobilidade do astronauta. No entanto, se depender de Hubert Vykukal, do Ames Research Center, da NASA, a solução pode estar próxima. Sua criação, o traje AX-5, feito inteiramente de alumínio, pode manter uma pressão interna de até uma atmosfera (1,033 quilo por centímetro quadrado), que é a pressão ao nível do mar, sem comprometer a mobilidade. A única exceção é a área das luvas, onde os movimentos são mais freqüentes, pressurizada a 600 gramas por centímetro quadrado, pouco mais da metade de uma atmosfera. Por sinal, a mesma pressão que outro projetista americano, apropriadamente chamado Joseph Kosmo, conseguiu para todo o seu modelo Mark-3.
A maior inovação desses dois trajes, porém, está na solução encontrada para que sejam utilizados por qualquer outro astronauta - o que promete acabar com um crônico contratempo das viagens espaciais. O segredo se localiza na região do dorso, onde foram instalados anéis de expansão, que aumentam longitudinalmente o tamanho do traje. Assim, tanto um hipotético astronauta de 1,60 m quanto um mais plausível, de 1,90 m, poderiam usar o mesmo traje - uma facilidade de dar inveja a qualquer pai de filhos adolescentes. Dependendo da altura da pessoa, anéis são encaixados ou retirados.
Outra novidade muito útil é o artifício criado para facilitar o trabalho de vestir e despir o traje. O astronauta literalmente entra na roupa como se entrasse numa mininave espacial. Essa concepção certamente contribuirá para mudar o conceito dos trajes espaciais herdado de Buck Rogers. Daqui para a frente, a vestimenta do astronauta não será tão-somente uma carapaça de proteção, mas uma ferramenta de trabalho no espaço. Dentro dela, o astronauta poderá ir mais longe da nave, com mais auto-suficiência, e, na volta, guardá-la no guardaroupa da estação para que outro colega possa também fazer uso de seus recursos.

Na ficção científica, a moda do exotismo

A ficção científica sempre apelou para o exótico na concepção dos trajes espaciais de seus heróis. Já em 1934, o idealizador do personagem de história em quadrinhos Buck Rogers cobria-o com uma vestimenta supostamente capaz de protegê-lo contra condições hostis nos planetas onde vivia suas aventuras - embora, vista pelos olhos atuais, não pareça dar proteção nem mesmo aqui na Terra. Da mesma forma, num dos primeiros seriados levados à TV, no final dos anos 50, Flash Gordon surgia paramentado como um cavaleiro europeu do século XIX. Nos anos 60, Jane Fonda foi transformada numa cinematográfica Barbarella dentro de um modelito de acrílico que Ihe valorizava as formas e expunha o umbigo a todos os perigos. Só a partir do filme 2001 - uma odisséia no espaço de 1969, os cineastas passaram a buscar ajuda especializada para vestir seus personagens espaciais com um mínimo de realismo.





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quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Congestionamento Invisível - Comunicações



CONGESTIONAMENTO INVISÍVEL - Comunicações



Há algo no ar além dos aviões de carreira: a superlotação dos caminhos por onde viajam as ondas eletromagnéticas que transportam um número cada vez maior de sinais de rádio, TV e telefone. Como desafogar esse trânsito?

Quando alguém, dentro do ônibus ou do carro, é obrigado a enfrentar o trânsito infernal de qualquer grande cidade não imagina que acima de sua cabeça outro meio de transporte também disputa um espaço cada vez mais concorrido. São as ondas eletromagnéticas de variadas intensidades, amplitudes e freqüências, que vão e vêm carregando todo tipo de mensagens e imagens. Não se pode vê-las, mas elas estão lá, assim como em toda parte ao redor do mundo - certos tipos de ondas, como algumas de radiodifusão e todas as de televisão, conseguem atravessar a ionosfera terrestre, a 100 mil metros de altitude, e se propagar pelo Cosmo.
É muito difícil estimar o número de todos os tipos de ondas eletromagnéticas que trafegam pela atmosfera. Para se ter uma idéia basta pensar que existem dezenas de milhares de estações de radiodifusão e pouco mais de mil estações de TV espalhadas pelo mundo. Somem-se a esse número os milhões de aparelhos de radiocomunicação instalados em aviões civis e militares, navios, carros de polícia e de bombeiros, ambulâncias, radioamadores e serviços de telecomunicações estatais e privados via satélite. Se todas as ondas eletromagnéticas fossem visíveis a olho nu, o mundo certamente ficaria irreconhecível.
O atual congestionamento do espectro eletromagnético é uma boa medida da necessidade de comunicação entre as pessoas. Desde os primeiros passos da civilização, essa necessidade levou o homem a criar meios de enviar mensagens a distância. Para trocar informações, enviar notícias e saudações já foram usadas as mais diversas formas de comunicação, como pombos-correio, nuvens de fumaça ou mensageiros a cavalo, em carroças ou em navios. Há não mais de cem anos uma mensagem demorava cerca de um mês para ir de navio do Ocidente ao Japão. Até que em 1864 James Clerk Maxwell, professor de Física experimental em Cambridge, na Inglaterra, provou que uma corrente elétrica poderia se propagar à velocidade da luz (300 mil quilômetros por segundo) na forma de ondas.
Pouco tempo depois. em 1888, o físico alemão Heinrich Hertz demonstrou que a previsão de Maxwell era verdadeira. Mas foi o físico italiano Guglielmo Marconi quem primeiro usou as ondas eletromagnéticas em 1901 para transmitir uma mensagem através do Oceano Atlântico. O eletromagnetismo é uma das quatro forças fundamentais que compõem o Universo - junto com a gravitação e as interações nucleares forte e fraca. Uma forma de enxergar o campo magnético (um dos componentes das ondas eletromagnéticas) é fazer a velha experiência escolar de espalhar limalha de ferro numa cartolina e colocar sobre ela uma barra de ímã - imediatamente as minúsculas partículas metálicas se alinham ao longo do campo.
Embora ainda não se conheça tudo sobre essa energia, ela tem sido amplamente explorada nos últimos cinqüenta anos. Depois que se descobriu que uma onda eletromagnética pode se propagar por longas distâncias, o desafio tem sido o de aperfeiçoar técnicas para fazê-la carregar uma quantidade cada vez maior de informação mais e mais longe. Essa onda é chamada portadora porque transporta uma mensagem embutida na variação de sua amplitude e na freqüência com que oscila. Para alguém transmitir um sinal qualquer basta fazer com que um pulso de corrente elétrica passe por uma antena. Como a energia elétrica pode ser uma corrente alternada - porque está constantemente alternando sua polarização, entre positivo e negativo -, no momento em que o pulso é positivo a corrente provoca uma oscilação magnética no campo à volta da antena em certo sentido. Quando o pulso fica negativo, a oscilação é no sentido oposto. Assim, a constância desse movimento alternado cria uma onda.
A grande idéia de Marconi foi a de influir nos pulsos elétricos que passam pela antena de forma similar às batidas dos tambores usados para enviar mensagens entre tribos africanas. Aumentar e diminuir a velocidade das batidas dos pulsos (ou seu ciclo) altera a freqüência com que a onda eletromagnética sobe e desce. Da mesma forma que aumentar e diminuir a força do pulso interfere no tamanho da onda. Foi a Primeira Guerra Mundial que desencadeou a exploração das freqüências de ondas de rádio como meio de comunicação, com a produção em massa de transmissores e receptores encomendados pelos exércitos em conflito. Foi também a partir daí que a atividade radiofônica começou a ser controlada pelos governos.
No final dos anos 20, somente nos Estados Unidos já existiam 732 estações transmissoras de programas de rádio que, particularmente nas maiores cidades, sobrepunham suas ondas umas às outras, criando interferências que tornavam incompreensível a recepção. Para pôr ordem nessa torre de Babel, as autoridades começaram então a regulamentar o uso do que se chamava impropriamente o "éter" (os espaços por onde as ondas se propagam). O rápido crescimento do número de estações de radiodifusão mostrou que as ondas eletromagnéticas são um recurso limitado, que, se não for bem distribuído, gera uma grande confusão. É um recurso natural tanto quanto o são a água e o ar.
A rigor, as ondas servem da mesma forma que as embalagens de produtos das prateleiras dos supermercados: as latas de ervilha devem conter ervilhas que serão compradas por quem quer consumir ervilhas. O fabricante de xampu não pode usar uma lata de ervilhas para vender seu produto pela simples razão de que quem estiver precisando de xampu não vai buscá-lo na prateleira de latas de ervilhas. Como as ondas eletromagnéticas são utilizadas para o transporte de todo tipo de comunicação, podem ser entendidas como embalagens de produtos muito diferentes. Basta imaginar como seria absurdo um piloto de linha aérea ligar o aparelho de comunicação do avião e ouvir música de uma estação de rádio comercial em vez das instruções do controlador de vôo do aeroporto.
Para evitar desastres como esse, a solução foi definir um tipo de onda para cada tipo de usuário. Disciplinou-se o uso do espectro das ondas eletromagnéticas: uma distribuição dessas ondas de acordo com a freqüência. É uma escala dividida em bandas ou faixas ocupadas por ondas que vão das freqüências mais baixas, 30 ciclos por segundo ou 30 hertz (em homenagem ao cientista alemão) até as mais altas de 300 gigahertz ou 300 bilhões de hertz. As ondas curtas e médias são refletidas pela ionosfera e por isso mesmo usadas pelos serviços de radiodifusão que desejam atingir locais distantes - geralmente estações de rádio estatais, como a Radiobrás com sua Voz do Brasil, a Voz da América, do governo americano, ou a emissora pública BBC de Londres.
Da mesma forma fazem os radioamadores, cujos equipamentos têm potência para alcançar outros países. As telecomunicações via satélite, por sua vez, usam freqüências extremamente altas, chamadas microondas, porque conseguem atravessar todas as camadas da atmosfera. Portanto, cada usuário deve utilizar determinada faixa de comprimento de onda, ou faixa de freqüência, alocada para o fim a que ele se propõe. A divisão desse espectro foi definida por um acordo internacional de 1959, mas desde então sucessivas reuniões da União Internacional de Telecomunicações (UIT), ligada à ONU, têm aperfeiçoado e realocado algumas faixas na medida da evolução da tecnologia. Embora o espectro da UIT tenha limites bem definidos, cada país membro da organização estabeleceu pequenas variações de acordo com suas próprias necessidades.
Como se pode perceber na escala do espectro brasileiro, algumas faixas já estão bastante congestionadas. Em São Paulo, onde existe o maior fluxo de telecomunicações do país, na faixa de freqüências muito altas (VHF. do inglês very high frequencies), que vai de 30 megahertz (30 milhões de hertz) até 300 megahertz. não cabe mais nada. É por ela que são transmitidos os sinais de televisão VHF, como os da Rede Globo ou os do SBT, de algumas estações de rádio FM (freqüência modulada) e ainda comunicações de navios, aviões e até de alguns radioamadores. Embora uma imagem de TV precise de um total de 6 megahertz (MHz), tanto na faixa de VHF como na de UHF (ultra high frequencies, dos 300 MHz até os 3 GHz - gigahertz), cabem de fato apenas sete canais na faixa de VHF e pouco mais de dez na de UHF.
Isso porque, além de serem obrigados a compartilhar esse espaço com outros serviços, os canais receberam do governo mais 6 MHz para que não houvesse interferência entre um e outro, o que inevitavelmente aconteceria se existissem emissoras do 2 ao 13. Sendo assim. quem deseja a concessão de uma nova estação de TV em São Paulo precisa utilizar as UHF, como já é o caso da TV +, que ocupa o canal 29, e a TV Jovem Pan, canal 16, ainda em caráter experimental. Este ano deverão estar no ar mais dois ou três canais em UHF, entre eles o 32 da TV Abril.
Embora a situação de São Paulo não seja a mesma em todo o país, o espectro brasileiro já encontra alguma dificuldade para acomodar todas as transformações pelas quais as telecomunicações passaram nos últimos vinte anos. Tanto que o mapa da distribuição de serviços por faixas de onda está sendo revisto pelo Dentel, órgão do Ministério das Comunicações que regula o assunto. Algumas faixas já foram redefinidas. "O mapa mais atualizado e disponível é de 1975 e de lá para cá muita coisa mudou, como as comunicações no meio rural, por exemplo, explica Ivan Pereira Pena, diretor da área de telecomunicações do Dentel. Como a telefonia rural ainda é muito precária, os fazendeiros se comunicam por rádio, numa determinada freqüência que. evidentemente, não pode ser pública.
O exemplo do congestionamento paulista, porém, nem chega perto da situação muito mais estrangulada do espectro americano. Nos Estados Unidos, no caso das TVs, além da ocupação total da faixa de VHF em quase todas as grandes cidades, boa parte das UHF também estão sendo usadas. Outros tipos de serviço criam um aperto ainda mais difícil de administrar. Apenas o governo, incluindo as forças armadas, utiliza boa parte do espectro para telecomunicações reservadas. Pesquisas científicas em Radioastronomia, outro tanto. O caso da telefonia móvel é bem representativo. Esse tipo de telefone funciona à base de ondas de rádio, geralmente em VHF, e pode ser transportado para todo lugar, dentro do carro ou até mesmo na pasta. A demanda pela telefonia móvel cresceu muito nos Estados Unidos nos últimos anos; para atendê-la, as companhias telefônicas reivindicam a ocupação de faixas de UHF, em sua maior parte originalmente destinadas às redes de TV.
Concorrem por esse mesmo espaço os serviços de radiofonia móvel que atendem à polícia e aos bombeiros. Sem falar nas grandes redes de TV que querem investir na HDTV - televisão de alta definição. É que a HDTV, ainda em desenvolvimento, precisará de faixas 50 a 100 por cento maiores que as das televisões comuns. Embora também o brasileiro ainda esteja distante da maravilha que será a HDTV, está próximo de usufruir a comodidade da telefonia móvel. No ano passado, o governo abriu concorrência para que empresas privadas comecem a explorar esse mercado em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Ainda não existe decisão oficial acerca da faixa de onda a ser usada por esses telefones, mas é muito provável que seja em UHF.
Como a tendência geral é aumentar o número de usuários de um espaço que fisicamente não pode crescer, governos e universidades de vários países, entre eles o Brasil, estão patrocinando estudos para maximizar o aproveitamento do espectro. Uma hipótese é a digitalização de sinais - transformar os sinais de rádio e TV em sinais digitais, a linguagem usada pelos computadores -, o que reduziria bastante o espaço ocupado por uma transmissão. Mas ainda resta desenvolver tecnologia de baixo custo para esse fim. "O maior desafio é definir uma tecnologia que possa ser produzida em massa", observa Joseph Straubhaar, professor do Departamento de Telecomunicações da Universidade do Estado de Michigan, temporariamente lecionando na Universidade de São Paulo. Enquanto isso não acontece, existe uma alternativa que pode desafogar bastante o congestionamento do espectro: o uso dos cabos de fibra ótica, capazes de transportar quantidades colossais de dados por um fio de fibra de vidro da espessura de um cabelo, sem ocupar o espectro eletromagnético no meio ambiente.

Confusão ganha a guerra eletrônica

Nos momentos finais da Segunda Guerra Mundial, o primeiro-ministro britânico Winston Churchill previu que os futuros conflitos passariam a ser travados principalmente entre engenheiros eletrônicos militares. Quarenta anos depois, os fatos lhe dão razão: o novo campo de batalha é efetivamente o espectro eletromagnético. Mas, ao contrário da distribuição organizada que existe entre os usuários dos serviços pacíficos, é justamente a confusão o que mais interessa aos guerreiros eletrônicos. Foi assim que os argentinos conseguiram pôr a pique o navio britânico Sheffield na Guerra das Malvinas, em 1982.
Um caça supersônico argentino Etendard localizou o Sheffield utilizando um sinal de radar com ondas eletromagnéticas tão precisas e potentes que os marinheiros ingleses o confundiram com os sinais de radar de seus próprios caças Harrier. Depois foi só lançar um missil Exocet também equipado com um sofisticado sistema de orientação eletrônica. O radar do Sheffield apenas percebeu seu engano segundos antes do impacto. Na guerra eletrônica as melhores armas são as que conseguem fazer o melhor uso de determinadas faixas de ondas. Como a informação rápida e exata é imprescindível até mesmo para a menor das unidades de combate, ganha quem possuir os equipamentos com os quais se possa comunicar sem que o inimigo interfira.





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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Artista venezuelano faz sucesso com tatuagens hiper-realistas


Artista venezuelano faz sucesso com tatuagens hiper-realistas


Tatuagem que lembra braço mecânico é destaque.

Yomico Moreno mantém estúdio de tatuagens em Caracas.


O artista venezuelano Yomico Moreno, que mantém um estúdio de tatuagens em Caracas, ganhou



destaque por causa de suas tatuagens hiper-realistas.



Tatuagem feita pelo artista Yomico Moreno lembra um braço mecânico. (Foto: Reprodução)
Em seu site, Moreno traz inúmeros trabalhos. A tatuagem que lembra um braço mecânico é uma
das que chamam atenção.

Yomico Moreno ganhou destaque por causa de suas tatuagens hiper-realistas. (Foto: Reprodução)


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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Museu recria história da humanidade com 1,5 milhão de peças Lego


26/09/2012 08h38 - Atualizado em 26/09/2012 08h57
Museu recria história da humanidade com 1,5 milhão de peças lego
Mostra pode ser visitada na cidade alemã de Hamburgo.
Exposição reproduz com peças Lego cenários da história.
O museu arqueológico Helms, na cidade alemã de Hamburgo, recria a partir desta quarta-feira em uma exposição a história da humanidade com o uso de 1,5 milhão de peças lego.



Exposição reproduz com peças Lego cenários da história. (Foto: Reprodução/Helmsmuseum.de)
A mostra, intitulada 'Viagem pelo tempo de lego', ilustra ao longo de 30 metros doze ambientes, que vão desde uma aldeia neandertal até uma estação espacial, passando pela Roma antiga, com seus moradores e gladiadores, todos feitos de lego.
Para construir os ambientes, que já puderam ser vistos anteriormente no Museu Neandertal de Mettmann, foram gastos cinco meses na montagem das peças.
A exposição, que sucede a bem-sucedida mostra sobre a Idade do Gelo, reproduz com detalhes cenários da história da humanidade.
O visitante pode ver homens pré-históricos caçando um mamute, gladiadores lutando na areia e colonos americanos guiando seus rebanhos pelas planícies.
Entre as diversas maquetes, figuram paisagens como os Jardins Suspensos de Babilônia, a Grande Pirâmide de Gizé e a Grande Muralha chinesa, assim como modelos de navios vikings, castelos da Idade Média e naves espaciais.
A exposição é complementada com objetos originais da coleção do museu arqueológico, como um machado de pedra de um caçador de mamute, tabuletas cuneiformes de Mesopotâmia, cerâmica do Egito dos faraós e flechas de índios da América do Norte.
A exposição fica em cartaz até 31 de janeiro de 2013.




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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Cientistas criam "bola de futebol" mais fina que um fio de cabelo


25/09/2012 06h00 - Atualizado em 25/09/2012 06h00

Cientistas criam 'bola de futebol' mais fina que um fio de cabelo

Superfície da 'suprabola coloidal' tem gomos como um bola de futebol.
Objeto poderia ser aplicado na produção desde remédios até televisores.

Cientistas anunciaram nesta segunda-feira (24) a criação de uma “bola de futebol” que é mais fina que um fio de cabelo. O avanço pode ter diversas aplicações no campo da nanotecnologia, sendo usado na produção desde remédios até televisores.
As bolas são formadas por um conjunto de micropartículas de poliestireno, que é um tipo de plástico. As partículas se juntam em uma esfera quase perfeita por meio de um processo natural, usando a evaporação da água.



À esquerda, a microbola; à direita, a superfície em detalhes, com os 'gomos' da bola (Foto)

A equipe de Álvaro Marín, da Universidade de Twente, na Holanda, colocou as micropartículas suspensas em água. Essa solução foi colocada sobre uma superfície “hidrofóbica”, ou seja, que repele a água.
Nessa superfície, a solução fica praticamente suspensa. As gotículas de água se apoiam sobre pequenos pontos como em uma cama de pregos – os cientistas chamaram esse efeito de “faquir”, em referência a quem pratica a técnica de se deitar sobre essas camas.

Sobre esses “pregos” as gotículas de água adquirem um formato redondo e mantêm esse formato durante a evaporação, mesmo quando adquirem tamanhos microscópicos. Quando toda a água evapora, as micropartículas de poliestireno se juntam no mesmo formato redondo, criando as “microbolas de futebol”.
A comparação com bolas de futebol foi feita pelos próprios pesquisadores, porque cada micropartícula fica marcada na superfície, em um pentágono que lembra a costura dos gomos de uma bola. O nome científico do objeto é “suprabola coloidal”.
“Nossa principal motivação era construir uma estrutura microscópica como essa de uma forma passiva, sem manipulação complexa. É o que chamamos de ‘automontagem’ e é a abordagem que tentamos seguir para construir coisas no mundo microscópico”, afirmou Marín.
O pesquisador disse que o objeto poderia ser usado para encapsular medicamentos com segurança, já que envolve pouca manipulação. Ele afirmou ainda que o objeto tem “propriedades ópticas interessantes”, e que pode ser usado nesse sentido, na produção de televisores, por exemplo.
O estudo foi publicado pela "PNAS", revista da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos.





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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

ISS pode ter que fazer manobra para desviar de lixo espacial


26/09/2012 14h18 - Atualizado em 26/09/2012 14h18
ISS pode ter que fazer manobra para desviar de lixo espacial

Satélite aposentado russo pode entrar na rota da estação espacial.
Em 2011, astronautas buscaram refúgio em nave por situação semelhante.



Mapa mostra lixo espacial na órbita terrestre
(Foto: Nasa / AP Photo)

A Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) pode ser obrigada a manobrar para se esquivar dos restos de um satélite de espionagem militar russo abandonado, informou nesta quarta-feira (26) um porta-voz do Centro de Controle de Voos Espaciais (CCVE) da Rússia.
"Dois pedaços do aparelho espacial Kosmos-2251 podem ameaçar a segurança da estação. Para evitar o lixo espacial, pode ser necessária uma manobra da ISS", afirmou a fonte à agência "Interfax".
Em caso de necessidade, a plataforma orbital poderia corrigir sua órbita já nesta quinta-feira, com ajuda do cargueiro europeu ATV. Em janeiro, a estação corrigiu sua órbita para evitar a colisão com um fragmento de satélite americano Iridium-33.

Os restos deste satélite se espalharam pela órbita terrestre em 10 de fevereiro de 2009, depois que ele se chocou com o Kosmos-2251, o que fez com que ambos se partissem em mais de mil fragmentos.
Em junho de 2011, a perigosa proximidade do lixo, que passou a apenas 250 metros da estação, obrigou os seis tripulantes a evacuar a plataforma e buscar refúgio nas naves Soyuz que nela estavam acopladas.
A corporação aeroespacial russa Energuia constrói uma nave tripulada para recolher lixo espacial, principal ameaça para a ISS. Os pesquisadores das principais agências espaciais acreditam que mais de 700 mil fragmentos de lixo espacial vaguem na órbita terrestre.





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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Ardente Prazer - Cebola e Alho


ARDENTE PRAZER - Cebola e Alho



O alho e a cebola estão entre os primeiros vegetais que o homem aprendeu a cultivar. Valeu a pena - apesar do cheiro e do choro.

Diz uma antiqüíssima lenda turca que, ao ser expulso por Deus do Paraíso, Satanás ao menos conseguiu cair sobre a Terra com equilíbrio e galhardia. Onde o Demônio colocou o seu pé esquerdo nasceu o alho. Onde ele pôs o pé direito brotou a cebola. De fato, tais produtos referem muito do Inferno em seu caráter e na sua biológica composição. A cebola, especialmente, ostenta em seu bulbo uma essência volátil e lacrimogênea, fortemente sulfurosa e cianídrica, como deve ser o Reinado das Trevas, se de fato existir em algum lugar.
Parentes muito próximos, o alho e a cebola, como o aspargo, provêm todos da ordem das Lilifloras. Como também a cebolinha-verde, a echalota e o poró, cebola e alho fazem parte da família botânica das Liliáceas e do gênero Allium, conforme a clássica descrição do taxionomista sueco Carolus Linnaeus (1707-1778). Desse ramo em diante, todavia, a confusão se estabelece através de 950 espécies diferentes.
A cebola se chama Allium cepa. O alho, A. sativum. O poró, A. porrum ou A. ampeloprasum, dependendo do definidor. A cebolinha-verde, A. shoenoprasum, A. fistulosum ou A. tuberosum. Denomina-se igualmente A. fistulosum a cebolinha-de-inverno, scallion para os ingleses e scalogno para os italianos, muito semelhante à verde, com a raiz bem mais gorducha e alentada. E ainda existe quem considere no mesmo molde a famosíssima echalota, miúda, de pele bronzeada e no formato de um dente gigantesco de alho, na realidade A. ascalonicum. O motivo da bagunça é fácil de explicar. Ocorre que o gênero Allium é desconhecido em estado selvagem.
Suas plantas estão entre as primeiras que o homem aprendeu a cultivar, perto de 10 ou 12 mil anos atrás, e todas parecem derivar de um certo A. oschaninii, que, posteriormente, por meio de misturas e hibridações, abriu-se no atual leque formidável de variedades bem semelhantes e ao mesmo tempo, em seus mais íntimos meandros, totalmente diferenciáveis. Só na categoria da A. cepa há perto de 350 subtipos no formato, na cor, no aroma e no paladar. Ocorreu um emaranhado de perplexidades, por conseqüência, na determinação histórica do nome comum do produto.
A meada provavelmente iniciou-se no grego arcaico kepe, que significava ardência, e aos poucos foi-se transformando em kepaia e, no latim, virou caepa e no gaulês se tornou cepa e cive, civet, ciboulette. Simultaneamente, nos dialetos românicos, falava-se em unio, pois a cebola é monocotiledônea, ou seja, possui uma única membrana embrionária ao redor da sua semente individual. De unio se chegou a unionen, a ungeon, a oingnon e enfim ao francês oignon e ao inglês onion. Felizmente perdeu-se na obscuridade o termo aigrum, que nos idos medievais se utilizava para caracterizar o alho, a cebola, a echalota, a raiz-forte e até o agrião.
Quem chorou primeiro ao cortar uma cebola? Provavelmente os mesopotâmicos, os assírios e os caldeus que a transportaram ao Egito. Uma inscrição cuneiforme na linguagem gráfica mais primitiva que se conhece, a sumeriana, relata que autoridades da cidade de Babilônia foram punidas, nos entornos de 2400 a.C., por roubarem a iguaria, acompanhada de pepinos, que os cidadãos deixavam num templo de oferendas divinas. O venerando Código de Hammurabi, princípio de todas as leis do planeta, já estipulava que os miseráveis receberiam como donativo do governo uma ração mensal de pão e cebola - aliás, o alimento básico dos escravos que erigiram as pirâmides de Quéops, Quéfrem e Miquerinos.
Era hábito, naqueles tempos, rodearem-se os corpos dos defuntos mumificados com cebolas, particularmente entre o tórax e os braços, sobre os olhos e junto às orelhas, e em toda a zona pélvica. Havia a crença de que o produto, por causa das suas infindáveis folhas superpostas, funcionaria como um caminho no rumo da imortalidade. Mágica sabedoria. De fato a A. cepa dispõe da comprovada propriedade de auxiliar a conservação de outros alimentos, graças a um de seus componentes químicos, o qüercitol, admirável antioxidante e antifermentante natural. Ainda hoje, na França, sobrevive uma curiosa seita religiosa, com cerca de 4 mil fanáticos, que adoram a cebola como uma deidade capaz de lhes assegurar a vida eterna - cada fiel da coisa come meia dúzia delas, cruas, por dia. No século de Péricles, entre 500 e 400 a.C., o então famoso mercado ateniense de vegetais se destacava pelo vasto rol de espécies que os gregos comiam com alho, repolho, ervilhas e lentilhas.
Não se sabe exatamente, porém, de que maneira e quando a cebola desembarcou em Roma. No último século antes de Cristo, o poeta Horácio glorificou a A. cepa como um componente crucial de sua "dieta econômica". Marcus Gavius Apicius, na mesma época, desandou a usar a cebola nas receitas então muito requintadas de seu pioneiríssimo compêndio gastronômico, como integrante de marinadas, molhos ou companhia para pratos de carne ou de peixe. Logo, pão com cebola passou a representar uma combinação muito comum no desjejum dos romanos, rapidamente apegados ao seu cultivo na península inteira, em especial nas áreas mais pobres do centro e do sul.
No primeiro livro sobre agricultura jamais escrito, o filósofo Lucius Yunius Moderatus Columella, nos entornos do ano 50, manifestou a sua paixão ardente pela cebola de Pompéia, nos arredores de Nápoles. Ironicamente, quando os arqueólogos escavaram as ruínas da cidade destruída em minutos por uma erupção do vulcão Vesúvio, um dos itens encontrados foi uma cesta de cebolas calcinadas pelo calor. Local do achado: um bordel, circunstância capaz de demonstrar que os freqüentadores e/ou as damas do local não se constrangiam com a pungência da iguaria.
Nas feiras romanas, de todo modo, os vendedores de cebola eram obrigados a expor a sua mercadoria bem distante dos tabuleiros com frutas e outros vegetais. Apenas por volta de 110, quando o imperador Trajano construiu o seu fantástico mercado em Roma, a cebola mereceu mais respeito num recanto da edificação em que réstias gigantescas, como uma floresta de estalactites, desciam do teto ao piso do andar inferior. Germanos e eslavos também se fascinaram com o produto, uma escolta indispensável de seus assados. Carlos Magno (742-814), o inspirado e visionário rei dos francos, fundador do Sacro Império Romano - Germânico, dominador de um território que se espraiava da Áustria à Bélgica, exigiu a sua plantação organizada nas hortas de seu palácio; aliás, grande gastrônomo e fascinado pela agronomia, ele foi o responsável pela implantação extensiva na Europa de uma infinidade de cultivares.
A cebola fazia parte obrigatória das relações de dotes que os camponeses entregavam, como pagamento de impostos, aos senhores feudais. Na Inglaterra de Elizabeth I (1533-1603), o matrimônio de cebola e alho-poró, representava a salada predileta da aristocracia. E A. cepa ia fazendo o seu providencial sucesso também no Novo Mundo. Em 1624, um certo padre francês, Père Marchette, instalou uma colônia num ponto remotíssimo ao sul do Lago Michigan, nos futuros Estados Unidos, e deu-lhe o nome de Chicago, a palavra que os nativos locais utilizavam para definir o forte olor que emanava das abundantes plantações de cebola da região. Tal iguaria acabou codificada, por Linnaeus, como Allium canadensis.
Do outro lado do planeta, os arquitetos eslavos se baseavam nos desenhos bulbosos da A. cepa e das suas variedades para com eles enfeitarem as cúpulas e as torres das igrejas, um hábito que se estenderia do apogeu do czarismo russo até a vitória dos revolucionários comunistas sobre o despotismo e o desgoverno de Nicolau II em 1917. Nesse trajeto, ninguém resolveu, porém, a questão do choro induzido imediatamente pelo corte de uma cebola.
As simpatias antilágrimas se multiplicaram, certamente a um número incomparável dentro das atividades culinárias. Há quem descasque e fatie o produto debaixo da água ou perto do fogo, na esperança de dissipar os gases da incômoda essência. Há quem congele a cebola antecipadamente e há quem lhe dê um banho de forno aceso em ponto forte. Há quem coloque um palito de fósforo na boca - a madeira teria a capacidade de absorver a oleosidade sulfurosa e cianídrica que a cebola dissipa no ar. Há, enfim, quem crie uma máscara protetora, mordendo uma lasca bem grande de casca de pão.
Patetices à parte, a solução ideal é sempre a mais simples e mais prática. Basta talhar a cebola ao meio e então cortá-la finalmente, no sentido vertical, o miolo voltado para baixo, com uma faca bem delgada, superafiada, com movimentos firmes, que separem sem machucar. O cheiro que perdurar nas mãos pode ser eliminado com sal e limão, ou sal e vinagre. Encontram-se amostras de A. cepa o ano inteiro, embora as melhores costumem maturar nos meses de frio. A produção mundial, em 1988, situou-se em torno de 20 milhões de toneladas, quase a metade delas proveniente da Ásia, em particular da China, o maior plantador mundial.
O Brasil participa com quase 3,5 por cento da produção, 650 mil toneladas, 40 por cento colhidas no Estado de São Paulo, dos tipos Baía-Piracicaba (de aspecto periforme, bojudo, película clara e interior creme-avermelhado) e Monte Alegre (de bulbo esférico e tonalidades creme-amareladas). Em geral, as cebolas menores e mais jovens apresentam maciez e pungência superiores, devendo ser privilegiadas, na gastronomia, em relação às maiores e às idosas. De todo modo, durante o cozimento, praticamente todos os tipos de A. cepa se igualam. O ideal é se escolherem cebolas firmes, de bom peso em relação ao seu volume, com as peles exteriores bem secas e transparentes, sem machucaduras ou brotos aparentes. Evitar, sempre, as molengas, umedecidas ou transpirantes, com pontos pretos nas camadas de fora.
Dependuradas em algum lugar fresco, enxuto, escuro e ventilado, as cebolas podem resistir várias semanas ao armazenamento, sem desperdício de suas características alquímicas. Evitar, sempre, sacos de plástico ou outro material não poroso. Jamais guardar cebolas no refrigerador. No caso, eventual, de surgirem brotos numa A. cepa, os seus verdes podem tranqüilamente ser utilizados como cebolinhas. No departamento das técnicas culinárias, a A. cepa é tratada com extrema simplicidade. Os seus múltiplos métodos de cozimento não exigem espertezas especiais de chef algum. De todo modo parece interessante revelar alguns truques. Por exemplo, quando se despejam cebolas inteiras num caldo ou molho, não se esquecer de furá-las até o meio, com um garfo ou um espeto, cruzadamente, a fim de aliviar as pressões internas e impedir que o bulbo exploda. Durante uma fritura, usar o fogo forte exclusivamente no princípio da operação e rebaixar a chama pouco a pouco para que os óleos essenciais do produto se misturem à gordura em vez de se evaporar. Nunca permitir que as cebolas se queimem, pois isso as tornará acres e difíceis de digerir.
A A. cepa não se destaca por seu conteúdo vitamínico. Dentre os sais minerais que contém, os mais abundantes são o cálcio, o potássio, o sódio, o fósforo e principalmente o flúor. Na sua composição, 88 por cento corresponde à água e 10 por cento aos glicídios, numa correlação de aproximadamente 40 calorias por cada 100 gramas. Medicinalmente, desde os mesopotâmicos a cebola carrega a tradição de ser um bom diurético, auxiliando as funções renais. Também se comprovou a sua competência no tratamento das bronquites asmáticas de estimulação alérgica.

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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Dez Teorias à Procura de uma Prova - Ciências


DEZ TEORIAS À PROCURA DE UMA PROVA - Ciências



Um Universo que se divide sem cessar em infinitos outros mundos. Um planeta dotado de vida, cujos habitantes são escravos de seus genes e um dia serão imortais, fazendo parte de máquinas mais inteligentes do que eles. Eis algumas das hipóteses que perturbam o senso comum e desafiam a própria ciência enquanto esperam o julgamento.

No século XVII, era preciso ter boa dose de imaginação e mente aberta a idéias novas, por mais anticonvencionais que fossem, para aceitar que a Terra girava ao redor do Sol e não o contrário. Os mesmos predicados eram necessários no século passado para que se começasse a desconfiar da existência de organismos ainda menores do que as bactérias, os vírus. Neste século, especialmente nos últimos quarenta anos, as ciências se expandiram tanto e em tantas direções que apenas imaginação e mente aberta não parecem bastar para receber com o devido respeito as elucubrações científicas que a toda hora vêm contradizer verdades aceitas. Isso porque, freqüentemente, as novidades oferecidas pelos cientistas tendem a lidar com conceitos e acontecimentos cada vez mais distantes não só da experiência cotidiana como também dos horizontes intelectuais das pessoas leigas.
Como encarar, por exemplo, a idéia de que o Universo pode possuir uma brecha no espaço e tempo semelhante a um buraco aberto por um verme na polpa de uma fruta? Ou que toda matéria orgânica seria dotada de uma espécie de memória que Ihe permite assumir a sua forma específica? Ou ainda que a Terra é um gigantesco ser vivo, que controla os entes que a habitam? Dez dessas teorias são apresentadas nestas páginas. Elas têm em comum, além da aparente excentricidade, o fato de não haverem ainda vencido cabalmente o desafio da demonstração: só o futuro dirá se de fato desencadearam as revoluções científicas que prometiam ou não passaram de lamentáveis enganos. Instigantes como são, em todo caso, e por trazerem as assinaturas de pesquisadores profissionais ligados quase sempre a boas casas do ramo, merecem ser apreciadas com imaginação e mente aberta - até porque, como já foi dito, se a realidade fosse apenas aquilo que aparenta ser, a ciência seria desnecessária.

1 Teorema de Bell

"Quem não estiver preocupado com o teorema de Bell é porque tem uma pedra no lugar do cérebro", afirmou certa vez, maldosamente, a renomada revista científica Physics Today. "Quem", no caso, não seria um mortal comum, preocupado com as trivialidades do mundo aparente, mas algum desbravador dos rarefeitos territórios da Física de Partículas, alguém familiarizado, por exemplo, com o chamado Paradoxo de Einstein - Podolsky-Rosen, ou EPR. Trata-se do mortífero torpedo intelectual armado em 1935 por Einstein e seus colegas Boris Podolsky e Nathan Rosen para pôr a pique o polêmico Princípio da Incerteza, formulado oito anos antes pelo alemão Werner Heisenberg e que constitui um dos fundamentos da Mecânica Quântica. Tal princípio afirma a primazia do acaso na ordem universal; contra ela o mesmo Einstein comentou com sarcasmo que "Deus não joga dados".
Ao contrário da Relatividade, a teoria quântica sustenta que a mera observação de um fenômeno pode afetar o dito fenômeno - pelo menos no plano subatômico. Ou seja, a ciência não pode garantir que algo aconteceu efetivamente; apenas pode dizer que existe a probabilidade de algo ter acontecido. Pois bem. Reduzida aos seus termos mais simples, a armadilha montada pela trinca de físicos antiquânticos consistiu em enunciar que a medição de uma partícula jamais poderia afetar outra partícula gêmea que estivesse a anos-luz de distância, pois nada pode viajar mais depressa do que a luz.
Mas, se a Mecânica Quântica estivesse certa, ao mudar o movimento de rotação interna (spin) de uma partícula pertencente a um sistema de duas partículas idênticas, sua irmã gêmea seria afetada, estivesse onde estivesse. Em 1964, o físico americano John Bell, trabalhando no CERN de Genebra, atual Laboratório Europeu de Física de Partículas, construiu a base teórica para se testar experimentalmente o paradoxo EPR. Ele desenvolveu uma fórmula matemática que ficou conhecida como a Desigualdade de Bell, por expressar a diferença entre a teoria quântica e a Relatividade. O resto foi uma questão de tempo. Em 1982, de fato, os resultados de uma experiência com partículas de luz, conduzida pelo francês Alain Aspect, da Universidade de Paris, permitiram concluir que os quânticos afinal estavam com a razão - provavelmente.

2 Hipótese Gaia

O planeta Terra está vivo e pode regular a sua geologia, o seu clima e os seres que o habitam. Esta é a essência da Hipótese Gaia, exposta pela primeira vez há quase vinte anos pelo biólogo inglês James Lovelock e considerada atualmente a Bíblia dos ecologistas. Parece estranho à primeira vista que uma bola de rocha fundida, flutuando em algum ponto da Via Láctea, esteja viva e dotada de um mecanismo auto-regulador. Mas Lovelock, um estudioso de várias disciplinas que já foi consultor da NASA, compara o planeta a uma árvore gigante, com 99 por cento de madeira morta, e apenas uma fina película de tecido vivo sobre a superfície.
Segundo a teoria de Lovelock, que recebeu o nome de Gaia em homenagem à deusa grega que designa a Terra, os seres que povoam o planeta se encarregam de produzir dióxido de carbono e outros gases que mantêm a temperatura de sua superfície. São esses mesmos seres que regulam a turbulenta e instável mistura gasosa da atmosfera, ao utilizá-la ao mesmo tempo como fonte de matéria-prima e depósito de materiais que não necessitam. Lovelock afirma, por exemplo, que um dos fatores de equilíbrio do planeta são as florestas, que, ao causar seus próprios incêndios, mantêm a taxa de oxigênio do ar e assim se auto-renovam.
Se a concentração de oxigênio na atmosfera fosse de 30 por cento em vez dos 21 por cento normais, especula o biólogo, os incêndios florestais seriam devastadores. Se, ao contrário, a taxa fosse só de 12 por cento, não haveria incêndios e as florestas acabariam. Qual o papel do homem nesse eterno jogo de xadrez entre a vida e o ambiente? Para Lovelock, o ser humano, parte desse sistema, contribui ao ajuste do equilíbrio terrestre. Mas, adverte, à medida que o homem o altera e prejudica o ecossistema da Terra, ela própria se encarregará de eliminá-lo. Isso lembra inevitavelmente a teoria da mão invisível do mercado, tão cara aos economistas liberais clássicos. Segundo eles, o mercado tende por si só a regular os interesses conflitantes de vendedores e compradores de bens e serviços de modo a manter o sistema em permanente equilíbrio. Existiria também a mão invisível da natureza?

3 Mundos múltiplos

Os princípios da Mecânica Quântica, desenvolvidos a partir da década de 20, segundo os quais a matéria tanto pode manifestar-se como partícula ou como onda, levaram os físicos americanos Hugh Everett III e Bryce De Witt a conclusões que desafiam o senso comum. Segundo afirmam, se existir esse Universo descontínuo implícito nas hipóteses quânticas, a cada momento podem estar sendo criados novos mundos separados e inacessíveis entre si. Ou como afirmou De Witt, atualmente na Universidade do Texas, referindo-se ao movimento que ocorre nas microscópicas dimensões subatômicas da matéria: "As transições quânticas existentes em cada estrela, em cada galáxia, em cada canto remoto do Cosmo, fazem com que ele se divida em incontáveis cópias de si mesmo". De Witt explica que não se trata de algo comparável a imagens espelhadas dos corpos celestes conhecidos, como por exemplo uma Terra igual a esta do outro lado do Universo. Para ele, tais cópias do Cosmo teriam suas próprias dimensões de espaço e tempo, portanto não seriam observáveis nem acessíveis de forma alguma.

4 Universo de dez dimensões

As três dimensões conhecidas do homem são apenas uma fração do total que existe no Universo - dez, das quais nove espaciais e uma temporal. Toda essa abundância existe com certeza, senão no Universo, ao menos na teoria das supercordas, formulada, entre outros, pelos físicos John Schwartz, americano, e Michael Green, inglês. Cordas, naturalmente, é força de expressão. Trata-se de fios inacreditavelmente extensos, finos e pesados nos quais se teria cristalizado, logo depois da formação do Universo, parte da energia liberada na Grande Explosão.
A noção de supercordas é uma conseqüência da teoria sobre a unificação das forças básicas do Universo, o que englobaria a gravitação. As dez dimensões, no caso, são artifícios matemáticos que permitiriam essa unificação. Para que o Universo viesse a ser o que é, concebe-se que seis daquelas dimensões se compactaram durante o processo do Big Bang. Em contrapartida, as outras quatro - comprimento, altura, largura e o tempo - se expandiram. Segundo Schwartz e Green, ainda deve existir algum resíduo cósmico daquela compactação fantástica. Mas onde estariam as seis dimensões ocultas? Em tudo, respondem os pesquisadores, ocupando porém um espaço imperceptível, algo como a expressão 10-33, ou seja, o número 1 antecedido de 33 zeros.

5 Campos morfogenéticos

Quando, em 1981, o jovem biólogo inglês Rupert Sheldrake (rima com Mandrake) publicou a obra em que expunha sua excêntrica teoria dos campos morfogenéticos, a respeitada revista científica britânica Nature afirmou que o livro era "o melhor candidato que havia aparecido em muitos anos para ser lançado ao fogo". Um colega de Sheldrake, talvez mais caridoso, limitou-se a dizer que suas idéias eram "moderadamente brutas". De fato, contrariando os conceitos fundamentais da Biologia Molecular, Sheldrake, um especialista em fisiologia vegetal que foi trabalhar na mística Índia, formulou a hipótese de que a forma e mesmo a conduta de toda matéria orgânica, das células aos organismos complexos, é determinada por um tipo peculiaríssimo de memória, os campos morfogenéticos.
Graças a eles, por exemplo, o DNA de uma célula da pele do braço saberia por assim dizer que pertence ao braço e não ao fígado - e isso explicaria por que as formas de um organismo se preservam, embora as células se renovem sem cessar. Em outras palavras, cada nova célula já nasceria conhecendo o seu lugar, sem ter sido ensinada pela herança das miríades de células que a antecederam. Mais ainda: essa misteriosa, impalpável memória se acumularia entre os seres vivos de uma mesma espécie de tal modo que os novos membros aprenderiam determinada tarefa sempre mais facilmente do que seus ancestrais.
Segundo Sheldrake, o campo morfogenético estaria para a Biologia como o campo gravitacional está para a Física: uma área elástica na qual uma grande massa provocou um afundamento. O campo das formas seria semelhante, uma dimensão plana até aparecer o primeiro átomo, que nela produzirá a primeira dobra; quando a forma estiver completa, haverá ali um vale. Quanto mais a forma se repetir, mais fundo será o vale - alcançando profundidades abissais no caso de formas com milhões de anos de existência. As células encontrariam o campo morfogenético que lhes corresponde por meio de um efeito que Sheldrake denomina ressonância morfogenética, algo tão imaterial que não seria descabido comparar à telepatia. E o DNA, enfim, seria a antena que captaria as mensagens pelas quais as células se orientariam.

6 Buraco de verme

Um dos conceitos da Física moderna que mais arrepia o senso comum e soa extravagante mesmo para ouvidos habituados aos malabarismos cosmológicos é o do buraco de verme - nada menos do que um rasgo no tecido do espaço e tempo ou, como já foi comparado, um túnel às paragens mais remotas do Universo. A idéia de que o Cosmo possa comportar tal abertura, da mesma forma que uma fruta pode conter em sua polpa uma cavidade aberta por um inseto, foi anunciada num congresso científico americano há exatamente um ano pelo físico Alan Guth, do Massachusetts Institute of Technology, o respeitado MIT. No início da década, Guth também espantou muita gente ao propor a teoria chamada do Universo inflacionário, segundo a qual, uma fração de segundo depois do Big Bang, a matéria, ainda incrivelmente condensada, começou a inflar como um balão e nunca mais parou, gerando o Universo conhecido.
O conceito do buraco de verme descende em linha direta da noção da Relatividade formulada por Albert Einstein. Nela, o genial físico sustentava que corpos extremamente densos ou maciços distorcem o espaço e o tempo nas proximidades. Ora, raciocinou Guth, uma dessas distorções poderia assumir matematicamente a forma de um tubo. atravessando o Universo por dentro. Daí a analogia com o buraco através do qual um bichinho entra numa maçã, percorre o seu interior por esse atalho e sai do outro lado muito mais depressa do que se tivesse feito o mesmo itinerário rastejando pela casca.
A implicação da idéia para a Cosmologia é atordoantemente simples: a partir do buraco de verme, um novo Universo poderia formar-se, "criando seu próprio tempo e espaço no processo", segundo teoriza Guth. Já para a fantasia científica, a implicação não é menos embriagadora: a partir do buraco seria possível fazer viagens instantâneas no tempo, rumo ao futuro bem como ao passado. O problema é que o buraco aberto pelos conceitos de Guth seria mais estreito do que um átomo, com a desvantagem adicional, por razões que a razão mal consegue conhecer, de sumir no mesmo momento em que se formou.

7 Era do silício

As previsões aterradoras de certos contos de ficção científica de um Universo dominado pelas máquinas, em que o homem seria apenas um escravo dos computadores, não assustam o cientista da NASA Robert Jastrow. Astrônomo e geólogo, Jastrow lidera uma corrente de pensamento entre o místico e o científico que acredita na possibilidade de uma fusão do homem com os equipamentos por ele criados, visando a sua própria imortalidade - e não acha nada de errado nisso. "A Terra está assistindo ao fim da era em que a vida se baseou no carbono", assegura o cientista, referindo-se à matéria-prima dos seres vivos. "Em seu lugar estão começando a aparecer novas formas de existência - indestrutíveis imortais, com infinitas possibilidades - baseadas no silício", a matéria-prima dos chips eletrônicos.
Segundo as surpreendentes idéias de Jastrow e de outros que pensam como ele, o computador cada vez mais especializado salvará a humanidade de um mundo cada vez mais complexo. O engenheiro americano James McAlear, por exemplo, fundou uma empresa especializada na fabricação de biochips. O seu grande sonho é criar uma espécie de cyborg, como o personagem do seriado americano de televisão, parte humano e parte máquina, que supere em eficiência os simples mortais.

8 Memória holográfica

Durante muito tempo se pensou que a memória habitasse no cérebro um espaço determinado. Pensou-se também que esse domicílio ficasse na região chamada hipocampo, no centro da cidade cerebral - e de fato o hipocampo tem papel decisivo na fixação das informações a serem armazenadas no processo de memorização. A idéia de que as lembranças têm residência fixa foi um desdobramento da teoria segundo a qual cada manifestação do organismo, sem exceções, possui casa própria na anatomia do cérebro. Embora elegante, esse modelo não conseguiu passar pela prova das experiências em laboratório. Isso induziu os cientistas a buscar uma hipótese alternativa para explicar o mistério da memória.
Entre outros, o neurofisiologista americano Karl Pribram, da Universidade de Stanford, na Califórnia, acabou encontrando o que lhe pareceu a chave do enigma: a memória não se localizaria em algum ponto específico da estrutura cerebral, como um documento impresso apenas ali, mas se distribuiria igualmente por toda parte do cérebro, como um holograma no espaço. Justamente ao conhecer os fundamentos matemáticos do holograma, descobertos pelo húngaro Denis Gabor, pesquisadores como Pribram perceberam de estalo as analogias entre aquela técnica e a memória. No holograma, com efeito, as informações se encontram uniformemente divididas, ou seja, cada parte contém a imagem do conjunto. Segundo Pribram, todos os estímulos chegam ao cérebro como se fossem dados matemáticos percorrendo as células nos impulsos nervosos. E o cérebro os codifica em forma de holograma, armazenado como uma impressão na estrutura cerebral inteira.

9 Panspermia

No começo do século, o físico-químico sueco Svante Arrhenius (1859-1927), Prêmio Nobel em 1903, sugeriu que as minúsculas formas primordiais de vida na Terra vieram do espaço, propelidas por algum vento cósmico. Embora não tivesse base científica, a suposição serviria de fundamento, várias décadas depois, para uma original hipótese sustentada pelo cientista inglês Fred Hoyle e pelo cingalês Chandra Vickramansinghe. Para eles, os microorganismos originais alcançaram a Terra a bordo de um cometa que desabou aqui há cerca de 4 bilhões de anos. A hipótese contesta a idéia mais aceita sobre a origem da vida terrestre a partir da chamada sopa primitiva onde se teriam formado, com o concurso da energia desencadeada por chuvas de relâmpagos, as primeiras moléculas orgânicas; delas se originariam os aminoácidos, as proteínas, os genes e, enfim, por sucessivas mutações, organismos cada vez mais complexos.
Hoyle calcula que, para surgir uma única proteína, teriam sido necessárias algo como 1040 (o número 1 seguido de quarenta zeros) tentativas de combinações de aminoácidos - uma probabilidade virtualmente nula mesmo nessa loteria de dimensões cósmicas. Já o cometa, argumenta ele, é um maravilhoso veículo interestelar, cuja cauda desprende um calor capaz de proteger seus eventuais micropassageiros das baixíssimas temperaturas no espaço. Na suposta colisão com a Terra, tais passageiros foram parar num ambiente paradisíaco, onde a água do oceano e a radiação solar lhes davam sustento e condições de se desenvolver. Essa hipótese supõe que a vida surge em toda parte no Universo, daí o nome panspermia (do grego pan, total, e sperma, semente). É. Pode ser.

10 Gene egoísta

O biólogo inglês Richard Dawkins, professor da Universidade de Oxford, defende uma idéia assustadora: todo ser vivo é na essência um escravo de seus genes e tudo o que faz se destina no fundo a garantir a sobrevivência, não exatamente de si próprio como indivíduo, mas dessas moléculas da vida. E a evolução seria o mecanismo que proporcionaria condições cada vez melhores à existência e à reprodução dos genes. Assim, dotados da extraordinária propriedade de criar cópias de si mesmos, os genes induziriam o processo de seleção natural sempre de modo a aumentar as suas chances de perpetuar-se. Isso equivale a dizer, por exemplo, que um peixe é uma máquina destinada a assegurar a sobrevivência de genes no meio aquático, assim como os pássaros no meio aéreo.
O gene, de acordo com essa tese, poderia ser comparado a um patrão que tivesse uma e apenas uma idéia fixa - sobreviver a qualquer custo - e obrigasse os seus servos a trabalhar para sempre exclusivamente com tal objetivo. Isso engendraria o egoísmo humano, também absoluto, mesmo quando o que se manifesta é o seu oposto, o altruísmo, o comportamento capaz de desconsiderar conveniências pessoais em beneficio do outro. Nada disso, sustenta Dawkins. Toda conduta expressa uma insondável estratégia dos genes, como se eles tivessem procedido a uma análise exaustiva, em cada caso, do que assegura maior probabilidade de sobrevivência. Ou seja, o altruísmo seria o egoísmo mais eficiente para uma situação especifica. Dawkins jura que ele mesmo não consegue acostumar-se com essa sua idéia. Não deve ser o único.





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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

A Grande Família dos Elefantes - Natureza



A GRANDE FAMÍLIA DOS ELEFANTES - Natureza



Durante trezes anos, duas cientistas viram de perto como vivem os maiores animais terrestres e fizeram uma descoberta: pelos laços sociais que mantêm, são parecidos com o homem.

Gordo, orelhas grandes, nariz alongado e dentuço. Se fosse homem seria um homem muito estranho. Como se trata do elefante, a comparação faz mais sentido do que se imagina. Afinal, o maior ser vivo terrestre parece ter muito em comum com os humanos, como descobriram as zoólogas americanas Cynthia Moss e Joyce Poole, após treze anos observando grupos desses paquidermes no Parque Nacional de Amboseli, ao pé do monte Kilimanjaro, no Quênia, África Oriental. A maior novidade, revelada no livro Elephant Memories (Memórias de Elefante, ainda não publicado no Brasil), é que esses robustos animais possuem uma rede de vínculos sociais muito mais complexa, por exemplo, que a de outros mamíferos superiores, como os chimpanzés e os gorilas.
Da mesma forma que nas sociedades humanas, a família ocupa o lugar central na vida dos elefantes. Ou ocupava - antes que o extermínio em massa provocado pelo comércio de presas, afinal proibido, desarticulasse por falta de indivíduos a organização social da espécie. Uma família de paquidermes se compõe de dez a trinta espécimes, dirigidos por uma velha e experiente elefanta, obedecida igualmente por todos - com exceção dos machos adultos -, desde os filhotes até as mães, tias e outras avós na casa dos sessenta anos, idade em que começam a perder definitivamente os dentes, para morrer em seguida. Mesmo quando uma fêmea velha perde o posto de chefe de manada, para outra mais jovem, não perde o respeito e as atenções da família, que Ihe reconhece a experiência.
Boas avós, aproveitam a aposentadoria para cuidar ativamente dos netos menores. Elas não são as únicas nesta tarefa. Na verdade, as mães em fase de amamentação e os bebês-elefante, que as seguem por toda a parte, recebem proteção e cuidados especiais dos outros membros da família, incluindo outras mães. Fora desses estreitos laços familiares, uma manada de fêmeas e filhotes marchando em fila também mantém contato com outras manadas em busca de comida. Se a vegetação for abundante após a época das chuvas, nos meses de janeiro e fevereiro, mais de cem animais podem se reunir de madrugada ou no fim da tarde para pastar em grupo - num único dia um deles é capaz de comer até 225 quilos de vegetação, ou seja, algo como 0,03 de seu peso; para um homem de 70 quilos, isso equivaleria a ingerir diariamente pouco mais de 2 quilos de comida. Outra missão coletiva é afugentar inimigos, como é o caso dos leões. Se alguma cria for atacada, as fêmeas, não importando sua relação familiar com a vítima ou sua posição hierárquica dentro da manada defenderão com toda força o filhote. Apesar dos mais de 100 quilos de um elefante recém-nascido, a preocupação com sua fragilidade não é um exagero de mães corujas.
De certa forma como o homem, que nasce despreparado para sobreviver sozinho após nove meses de gestação, os bebês-jumbo vêm ao mundo precisando ser cuidadosamente liberados do ventre da mãe pelas trombas das tias, que trabalham como excelentes parteiras, antes de se tornarem babás. Depois de 22 meses de gestação, os filhotes aprendem a colocar-se sobre as patas, ainda cambaleantes, e a deslocar-se junto com a manada logo no primeiro dia de existência. Em compensação, não sabem mamar corretamente. Inexperientes, podem confundir a mãe com uma tia que não dispõe de leite, um erro habitual que explica a elevada taxa de mortalidade entre crias menores de dois anos. Ainda que a alimentação do filhote seja completada com matéria vegetal a partir dos três ou quatro meses, o leite materno é fundamental para seu desenvolvimento. Ao nascer, um macho pesa apenas 2 por cento do seu peso de adulto, que pode chegar a 7 toneladas (a altura alcançará 4 metros, até o lombo). Já as fêmeas mais volumosas chegam a 3,6 toneladas e 3,5 metros.
Mesmo entre os elefantes um pouco mais velhos a amamentação pode representar a diferença entre a vida e a morte na época da seca, quando o alimento e a água escasseiam.
O período em que o leite materno está disponível dura normalmente três anos e termina quando a mãe dá à luz um novo bebê. Mas a falta de alimento obviamente torna o leite menos nutritivo e abundante. Cynthia e Joyce, as pesquisadoras americanas, observaram que os filhotes machos consomem mais alimentos que as fêmeas e continuam a buscar com insistência as tetas da mãe até os oito anos de idade. Assim, nos tempos de seca, embora privilegiados pelas mães, os machos sofrem mais com a falta de leite. Daí porque apenas metade deles chega à idade adulta. A expectativa de vida das fêmeas, ao contrário, é maior: só um terço morre antes dos doze anos. Não só nisso os elefantes machos manifestam um comportamento bem diferente. Na sociedade paquiderme existe uma separação estrita dos sexos: não há machos que liderem manadas mistas.
Os jovens permanecem no circuito familiar um máximo de doze anos, idade em que abandonam a manada para viver solitários quase todo o ano ou entrar para a sua versão de clube do Bolinha, onde quem manda é o elefante maior ou mais forte. Durante a juventude, os machos não contam para nada na hierarquia social e até os 25 anos não representam ameaça ao poder dos maiores. A partir dos 30 anos, quando começam a competir pelas fêmeas, tornam-se violentos, a ponto de serem temidos por outros mais velhos. Nessa idade, ocorre o fenômeno conhecido como musth, provocado pelo aumento do hormônio sexual testosterona no organismo, que excita o animal, tornando-o agressivo por um período de aproximadamente três meses.
Essa mudança temporária de comportamento só havia sido documentada antes entre os elefantes asiáticos, uma espécie diferente, de porte menor, que habita a península indiana e o Sudeste asiático, onde são ao mesmo tempo santificados e utilizados como animais de carga. Em seu livro, Cynthia descreve uma daquelas lutas por fêmeas: "Dionysius, um magnífico exemplar de 5,5 toneladas de peso, não temia nenhum adversário até que se encontrou com Iain. Lutaram quase oito horas no extremo de um bosque de acácias, enquanto o resto da manada os observava. Finalmente, Dionysius caiu ao solo. Havia perdido, ainda que, dessa vez, conservasse a vida." Em ambas as espécies, o macho vencedor da batalha passa a investir em seguida contra a fêmea, que é acossada, encurralada e montada sucessivamente. Em três ou quatro dias, o trombudo Dom Juan perde o interesse pela fêmea e deixa o campo livre a outros candidatos. Ao se aproximarem da manada masculina, as fêmeas são atraídas pelos perfumes afrodisíacos produzidos pelos machos nos momentos de excitação sexual.
Glândulas situadas na altura das têmporas segregam essa substância odorífera. Muito sociáveis e comunicativos, os elefantes também têm uma vida amorosa apaixonante fora do período de acasalamento. É comum vê-los se apalpando e se acariciando com a tromba. Revestida por grande número de condutos nervosos, esta se caracteriza pela forte sensibilidade. Algumas vezes eles a introduzem ousadamente na boca do outro, fazendo lembrar beijos ardorosos do cinema. Em outras ocasiões, um elefante furioso pode utilizá-la para golpear o solo ameaçadoramente numa situação de conflito. Na verdade, a tromba de um elefante é como uma ferramenta de múltiplos usos, equivalente, guardadas as devidas proporções, à mão humana. Valendo-se dela, os paquidermes podem arrancar com grande facilidade ervas e rochas e transportar ou deslocar enormes troncos de madeira. Mas o elefante não nasce sabendo do que sua tromba é capaz. O elefante jovem muitas vezes limita-se a conservá-la na boca, como um bebê chupando o dedo. Para realizar tarefas mais complicadas como animal de tração, são precisos pelo menos vinte anos de treino com domesticadores especializados.
A tromba é imprescindível para beber. O elefante, verdadeira caixa-d´água ambulante, pode sugar de uma só vez até vinte litros de água, que ficam armazenados em seu estômago como reserva para ser esguichada sobre a cabeça e assim resfriar seu cérebro sensível durante as longas caminhadas sob o sol. Graças a este recurso, esses animais conseguem suportar as longas estiagens da savana africana, embora tenham poucas glândulas sudoríparas na pele, cuja espessura não é tão grande quanto o volume do corpo que recobre. Depois da tromba, as orelhas são as partes mais comunicativas dos paquidermes. A tal ponto que se pode dizer que os elefantes falam pelas orelhas.
Na espécie africana, cada uma pode medir até dois metros quadrados de área, constituindo um dos sistemas de percepção mais sensíveis entre todos os seres vivos: distinguem e analisam as diferentes expressões sonoras de seus semelhantes como se formassem uma verdadeira linguagem. Ajustáveis em diversas posições, também servem como um perfeito sistema de sinalização, parecido com as bandeirolas utilizadas para orientar as manobras dos aviões em aeroportos. Assim, o bater de orelhas contra a cabeça pode significar ou uma saudação, quando duas famílias amigas se reencontram, ou um simples chamado da fêmea para suas crias. Quando dois machos se preparam para a luta, abrem ao máximo as orelhas a fim de se apresentarem maiores aos olhos do inimigo.
As orelhas dos elefantes são também inconfundíveis documentos de identificação. Não apenas possuem formas individuais, mas apresentam, com o decorrer das longas vidas dos bichos, marcas especiais como cavidades e riscas. Esta característica permitiu às investigadoras americanas saber quem era quem na vastidão dos 200 quilômetros quadrados do Parque Nacional de Amboseli. "Cada orelha é como uma impressão digital humana. O que fizemos foi fotografar cada uma dessas "impressões" para classificar e estudar depois os animais", conta Cynthia Moss. Ela e sua companheira só não conseguiram encontrar os lendários cemitérios de elefantes, descritos pelos nativos da região.
A conclusão das pesquisadoras é que tais cemitérios não existem, embora seja verdade que os elefantes se retiram para morrer solitários em um lugar onde esperam obter água e abrigo sem muito esforço. "O que esses colossos parecem ter é um pressentimento da morte", explica Joyce Poole. Quando uma manada encontra um colega sem vida, todos param, inspecionam cuidadosamente com suas trombas o corpo imóvel - como para determinar sua identidade - e o cobrem com terra e folhagens. Os elefantes que acabam de perder um parente direto seguem a manada à distância durante alguns dias. É sua maneira peculiar de manifestar publicamente o luto pela perda de um ente querido.

Presas fáceis

Dez anos atrás, 1,3 milhão de elefantes pisavam o solo da África. Hoje existem talvez 625 mil. Os números falam por si: nesse ritmo a espécie desaparecerá inteiramente no tempo recorde de dez anos. E nunca antes a sobrevivência da espécie dependeu menos da adaptação ao meio natural do que das decisões de homens engravatados instalados a vários milhares de quilômetros das savanas africanas. De fato, em outubro último, delegados de uma centena de nações reuniram-se em Lausanne, na Suíça, para tentar salvar os elefantes. Eles representavam os países que assinaram a Convenção Internacional sobre Comércio de Espécies em Extinção (CITES, na sigla em inglês), de 1986 que regula o comércio do marfim, obtido das presas de elefantes, além de outros produtos de animais em extinção.
A vítima mais próxima, em mais de um sentido, é o rinoceronte, abatido por causa do seu chifre. Segundo a versão anterior do acordo, os elefantes podiam ser livremente comercializados dentro de cotas estabelecidas pelos países que possuem manadas. Agora, 76 votos declararam a espécie em extinção, não podendo mais ser caçada, na mesma condição de gorilas e pandas. A decisão ganhou o apoio mundial para acabar com o mercado do marfim, que movimenta anualmente 1 bilhão de dólares, o equivalente, por exemplo, ao valor da produção brasileira de suco de laranja.
Entretanto, países africanos como Zimbábue, Burundi e Moçambique, que sustentam suas economias com o marfim, negam-se a respeitar o acordo. Calcula-se que, apenas durante a semana dos debates na Suíça, cerca de mil elefantes foram mortos naqueles países por caçadores mercenários. A fascinação pelo marfim faz parte da história humana há mais de 5 mil anos. Pentes e utensílios dessa modalidade de osso foram encontrados em antigas tumbas egípcias. Acredita-se que o rei hebreu Salomão pode ter se sentado em um trono de marfim.
Neste século, o marfim tornou-se uma matéria-prima industrial. Na década de 20, por exemplo, milhares de elefantes foram mortos para atender à demanda dos Estados Unidos de 60 mil bolas de bilhar, além de incontáveis teclas de pianos. Hong Kong, o maior mercado do mundo, importou 3 900 toneladas de marfim na última década, o que representou a morte de mais de 400 mil elefantes. Na verdade, se a regulamentação agora pretendida perder a batalha para a beleza meramente decorativa de uma estatueta, a derradeira esperança dos elefantes poderá ser o consumidor. Afinal, depende de cada um comparar o enfeite à terrível imagem dos animais com as presas arrancadas, e tomar a decisão certa.

Que bicho é esse?

Tamanho e peso são algumas das mais evidentes características dos elefantes, que podem ser de duas espécies: Loxodonta africana, encontrada ao sul do deserto do Saara, e Elephas maximus, nativa da península indiana e do Sudeste asiático, ambas da família Elephantidae, ordem Proboscidea. O elefante africano é maior, com até 7 toneladas e 4 metros contra um máximo de 5 toneladas e 3 metros de seu distante primo asiático. Sua figura também é facilmente reconhecida pelo inconfundível nariz alongado - a tromba -, pernas em forma de coluna, cinco dedos nas patas, orelhas grandes (especialmente a variedade africana) e cabeça ainda maior. Em geral. os elefantes são cinza ou marrom, com pêlos esparsos e presas, estas ausentes apenas nas fêmeas da espécie indiana. Os mamutes, uma espécie de elefante de pêlos avermelhados e longas presas, foram uma variedade pré-histórica de 2,5 milhões de anos, semelhante à dos elefantes de hoje, apenas adaptada ao clima frio do hemisfério norte. O elefante que se conhece hoje já podia ser encontrado cerca de 20 milhões de anos atrás.





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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Fenícia S.A. Comércio & Navegação - História



FENÍCIA S.A. COMÉRCIO & NAVEGAÇÃO - História



Qualquer porto onde os magníficos barcos fenícios atracassem logo se transformava em fervilhante mercado. Eles foram os negociantes por excelência da Antigüidade.

É natural pensar que um povo que passou capítulo por capítulo de sua história dominado por grandes potências não tivesse muitas chances de se destacar. Pior quando se trata de uma nação que nunca foi unida e, ainda por cima, viveu em uma região acidentada e com poucos recursos naturais. No entanto, os fenícios venceram todos esses obstáculos e, enquanto a humanidade dava os primeiros passos na escrita e o uso habitual da moeda apenas tinha começado a substituir o primitivo sistema de trocas, eles já exibiam o faro dos grandes homens de negócio. Com a mais poderosa frota da Antigüidade, criaram entrepostos para o seu comércio em diversos pontos estratégicos e assim acabaram dominando o cenário econômico da época.
À diferença de outros povos antigos, não se pode dizer que os fenícios devam a sua glória a invenções originais. Antes de mais nada, sua vantagem era possuir um notável senso prático, adaptando e aperfeiçoando as obras alheias. Se os egípcios, por exemplo, foram responsáveis pela idéia de escrever em inumeráveis hieróglifos, os fenícios tiveram a iniciativa de facilitar a compreensão da escrita desenvolvendo um alfabeto limitado a 22 letras. Na verdade, eles são atípicos em muitos outros aspectos, a começar por sua origem praticamente desconhecida.
Sabe-se apenas que, há quase 5 mil anos, vários grupos estabeleceram-se em aldeias de pescadores, ao norte de uma estreita faixa no litoral do Mediterrâneo. Em comum tinham somente a pele cor de cobre e a língua semita. Segundo o historiador grego Heródoto (484 a.C.-430 a.C.), teriam vindo do Oceano Índico, o que contradiz as hipóteses da maioria dos estudiosos modernos, segundo os quais aqueles grupos teriam migrado, por motivos misteriosos, da região entre o Mar Morto e o Mar Vermelho. Os documentos assinados pelos próprios fenícios decepcionam quem procure pistas, pois sempre que falavam de si faziam referência somente ao endereço para o qual haviam mudado; e como aquela região mediterrânea era conhecida na Antigüidade por terras de Canaã, eles se auto-denominaram cananeus.
Mais tarde, porém, por volta do segundo milênio antes de Cristo, conheceram os gregos, que os chamavam phoinix - de onde viria a palavra fenício -, que quer dizer vermelho. De duas, uma: ou os gregos se referiam à pele bronzeada daqueles tais cananeus ou prestavam homenagem ao mais requisitado item de qualquer mercado fenício: a púrpura, substância usada para tingir tecidos, extraída do molusco múrex. Tamanho sucesso não era para menos: naquela época, a maioria dos homens se vestia nos monótonos tons acinzentados entre o preto e o branco dos tecidos naturais. Colorir, nos tempos dos fenícios, era sinal evidente de boa posição social e vem daí o fato de que, durante muito tempo, o vermelho fosse associado aos nobres e ao poder.
Justamente porque os fenícios tinham a oferta certa para atrair os consumidores, aquelas pequenas aldeias em Canaã se tornaram autênticas cidades: na Síria, havia Ugarit - atual Ras-Shamra; onde viria a ser o atormentado Líbano, encontravam-se Tiro, ainda hoje com esse nome, e Biblos, que agora se chama Jubeil; no norte da África, na região em que está a Tunísia, ficava Cartago, talvez a cidade fenícia de maior importância histórica, por ter sido a única a desafiar os grandes impérios, como o romano.
Cada cidade cuidava exclusivamente de seus próprios negócios. Para defender seus interesses, possuíam monarcas, cujo trono era passado de pai para filho. Como os textos bíblicos mostram, os monarcas eram também os que mais lucravam. Mas justiça se faça: boa parte do sucesso dos fenícios no comércio se deveu à política de boa vizinhança de seus reis. Era, afinal um talento necessário quando se tinha vizinhos tão fortes: ao norte, o Império Hitita; ao sul, o Egito; a leste, os assírios e os babilônios; a oeste, a ilha de Creta. Os reis fenícios aceitavam até pagar tributos - tudo era válido, desde que tivessem livre iniciativa no comércio. Outra estratégia dos monarcas era permitir que estrangeiros viessem morar em suas cidades, com pleno direito de abrir qualquer negócio - uma autêntica raridade naqueles idos. É bem verdade que, embora levasse a fama, nem sempre o rei era autor das táticas brilhantes a ele atribuídas. Suas decisões eram respaldadas por um governador civil que, por sua vez, liderava um conselho das famílias mais influentes da cidade - aquelas que equipavam a marinha mercante e custeavam expedições. Assim, na Fenícia a monarquia e a oligarquia andavam de mãos dadas.
O rei ainda prestava contas aos sacerdotes, que usavam boa parte dos lucros das cidades para construir templos a toda uma coleção de deuses. Apesar do progresso que alcançaram, os fenícios obedeciam às imposições de uma religião primitiva. As mulheres, por exemplo, tinham de oferecer a virgindade aos sacerdotes do templo de Ashtart, a deusa da fertilidade. Para garantir o fluir das estações, crianças eram sacrificadas em altares a céu aberto.
Informações como essas sobre os costumes dos fenícios eram raridades até meados do século passado, quando os historiadores sabiam apenas o que contam as passagens bíblicas, além de algumas citações do poeta grego Homero, que viveu provavelmente no século IX a.C. Mas o descobrimento casual, em 1855, de um sarcófago na atual cidade libanesa de Sayda (Sidon) despertou uma verdadeira febre nos arqueólogos. Tratava-se do sarcófago de Eshmun´azor, que reinou naquela região no século XI a.C.
Existem, é claro, questões que continuam sem resposta: não se tem idéia. por exemplo, do tamanho da população fenícia. Mas ficou claro que de fato os fenícios eram não só competentes comerciantes como ainda os mais hábeis construtores de barcos da Antigüidade. Essa fama já havia sido espalhada pelos egípcios, cujas inscrições deixadas em pirâmides contam que certa vez, por volta de 2600 a.C., o faraó Sakuré comprou quarenta embarcações fenícias, feitas com um tipo de madeira de qualidade e abundante na região - o cedro, que viria a ser o símbolo do Líbano. Essa madeira clara foi durante séculos um grande trunfo.
Afinal, durante catorze séculos, de 2600 a.C. a 1200 a.C., a Fenícia ficou sob o domínio do Egito, que, além de cobrar pirâmides de taxas, impôs aos dominados seus valores artísticos e religiosos. Mas, como dos portos da Fenícia seguia todo o cedro de que os egípcios precisavam para as suas construções, os fenícios tiveram como barganhar com eles e assim obter a garantia de negociar o que quisessem com quem bem entendessem. Por volta do século XIII a.C., porém, o Egito já não era a única potência a dominar a Fenícia: havia também os hititas. Mas, para impedir que a luta entre os dois impérios rivais Ihes atrapalhasse a vida, as cidades fenícias dividiram o seu apoio.
Só um século mais tarde, a invasão dos indo-europeus, os chamados povos do mar, provocou a queda do império hitita e o retraimento do Egito. Então a Fenícia pôde experimentar o sabor da independência: seus gigantescos cedros serviram para construir barcos que até por volta do século XIII a.C. foram praticamente os únicos donos do Mediterrâneo. O que era bom, porém, durou pouco e a lista de povos que invadiram a região é quase de perder o fôlego. De início, os fenícios passaram a ser dominados pelos assírios, que desejavam uma saída para o mar. Em 612 a.C., pelo mesmo motivo, é a vez dos povos babilônios ditarem as regras na Fenícia; cerca de setenta anos depois, contudo, os babilônios foram dominados pelos persas e, conseqüentemente, o poder também mudou de mãos na Fenícia. Mais tarde, os fenícios ficariam sob o comando dos gregos e, em seguida, obedeceriam aos romanos.
No entanto, nessa interminável seqüência de conturbações existia um oásis construído sobre rochedos, os quais serviam de proteção natural contra os invasores: a cidade fenícia de Tiro. Essa condição privilegiada ajudou seus cidadãos a iniciar uma corrida sem paralelo na história antiga. Por onde os navegantes de Tiro passavam, construíam aldeias, mais parecidas com grandes mercados. Chegaram a alcançar até a região da atual Espanha. onde por volta de 1100 a.C. fundaram a cidade portuária de Gadir - hoje Cádiz - na costa atlântica. Com o tempo, Gadir tornou-se o centro econômico mais importante da região, monopolizando o comércio de toda a faixa entre o norte da Argélia e a ilha de Ibiza, além do litoral atlântico do Marrocos.
Quando os fenícios fundaram essa colônia, talvez nem esperassem tanto. A princípio, sua única ambição em relação a Gadir era extrair a prata, metal facilmente encontrado em seus arredores. Já não seria um mau negócio: a prata tinha no Oriente consumidores fiéis, que a comprariam a qualquer preço. Boas oportunidades de lucrar nunca passavam despercebidas aos fenícios, cuja mola propulsora sempre foi o comércio. Inspirados nessa atividade, chegaram a lançar novidades na arte da navegação. As embarcações fenícias eram facilmente identificadas pelo casco arredondado, que aumentava o espaço interno, permitindo maior volume de carga.
Os fenícios também inventaram os trirremes, barcos que, graças a três fileiras superpostas de remos, podiam ser tocados com velocidade, mesmo quando o vento não dava força, soprando as velas. Já os barcos de guerra ganharam o esporão, uma espécie de espigão metálico instalado na proa, com o qual se punham a pique navios inimigos. Mas é interessante notar que os fenícios jamais recorreram à força para expandir seu território. Os navios de guerra serviam muito mais para afugentar os piratas que tentavam roubar suas preciosas mercadorias.
Extremamente persuasivos, os fenícios não gozavam, porém, da fama de comerciantes honrados onde quer que desembarcassem. Não sem motivo: com freqüência convidavam gentilmente os filhos de nativos a conhecer o barco, para então capturá-los e vendê-los como escravos. Às vezes ficavam poucos dias oferecendo seus produtos e, em seguida, levantavam âncora. Vendiam azeite, cereais e vinho, mas o carro-chefe eram os artigos de luxo, como pratos de ouro, garrafas de marfim, enfeites de prata ou de bronze, cerâmica fina e vidros com perfumes e ungüentos. Aos povos mais beligerantes, ofereciam ainda lanças e escudos de ferro.
Excelentes artesãos, seria exagero considerá-los originais. Suas obras, longe de serem criativas, seguiam sempre a moda do freguês. Sob a milenar hegemonia egípcia, por exemplo, a arte fenícia era uma cópia dos traços inscritos nas pirâmides; já quando a Grécia dominou o cenário, os fenícios rapidamente adotaram um estilo à grega. No final, acabaram influenciados por diversas culturas, pois supõe-se que tenham entrado em contato com quase todas as civilizações da Ásia Menor e do Ocidente, além de povos primitivos africanos. Quando entraram em decadência, depois de terem os romanos conquistado Tiro, em 332 a.C., e destruído Cartago em 146 a.C., os fenícios provavelmente nem sequer falavam sua língua de origem, mas sim uma mistura de grego e aramaico.
A perda de características próprias ajudou a apagar suas marcas registradas nos lugares pelos quais passaram. No entanto, documentos de outras civilizações antigas indicam que, se os fenícios pagaram o preço de serem muito influenciáveis, tiveram pelo mesmo motivo um papel na História muito maior do que o de grandes comerciantes. De porto em porto, os fenícios divulgavam a cultura de um povo para outro. Sabe-se que ensinaram aos gregos os princípios de Aritmética e Astronomia descobertos pelos povos orientais. E, dessa maneira, acabaram sendo os transmissores de informações sem as quais o homem não teria saído da Antigüidade com o mesmo grau de conhecimento.

O primeiro bê-a-bá

Com tantos mercados, tantas ofertas, tantos fregueses, os fenícios só encontraram uma saída para os negócios não se enredarem em um emaranhado de mal-entendidos: registrar em placas de barro cada compra e cada venda. Na prática, porém, a teoria era inviável: seria preciso passar uma vida inteira aprendendo os significados do complexo sistema de hieróglifos - as centenas de sinais gráficos criados pelos egípcios e usados pelos povos antigos que engatinhavam na arte da escrita. Mas, sempre dispostos a destruir obstáculos, os fenícios não descartaram a idéia e assim nasceu aquela que seria sua maior herança à humanidade: o alfabeto.
Não se tem, infelizmente, a menor idéia de como conseguiram simplificar o processo egípcio a ponto de chegar a um sistema que funcionava com apenas 22 sinais. Na verdade, pouco se sabia sobre a escrita fenícia até o pesquisador francês Pierre Montet descobrir, em 1923, em Biblos, cidade histórica do Líbano, o sarcófago do rei Ahiram - peça decorada com inscrições lidas da direita para a esquerda. Hoje o sarcófago está guardado no Museu Nacional de Beirute. "Embora aquele texto seja o mais antigo, outras descobertas arqueológicas também são documentos valiosos sobre o alfabeto fenício", nota Haiganuch Sarian, coordenadora do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, onde, aliás, existe uma reprodução em gesso do famoso sarcófago, feita por volta do século XII a.C.
O fato é que ao se compararem diversas inscrições se constatou que as cidades fenícias podiam falar a mesma língua, mas não a escreviam da mesma maneira. Apesar das pequenas variações, quando em 1750 o inglês John Swinton, encarregado de conservar os arquivos da Universidade de Oxford, resolveu aproveitar os momentos de folga para debruçar-se sobre inscrições fenícias encontradas na Ilha de Chipre, a decifração foi relativamente rápida. É que tanto a língua como a escrita da Fenícia eram muito parecidas com o idioma hebraico. Assim, tornou-se possível traduzir toda a coleção disponível de textos funerários e registros comerciais deixados por aquele povo que, até onde se conhece, não se interessou em produzir nenhum tipo de literatura. Os fenícios tampouco se interessaram em ensinar sua escrita aos compradores de suas mercadorias. Na verdade, foram os gregos que, ao colonizar cidades fenícias por volta do ano 800 a.C., tomaram a iniciativa de importar o alfabeto para o Ocidente, acrescentando-lhe uma novidade - as vogais. Mais tarde, os povos itálicos igualmente adaptariam aquele primeiro alfabeto, criando ramificações que estão na origem de todas as formas modernas de escrita.

Ascensão e queda de Cartago

Quando o sacerdote fenício Arquebas foi assassinado, por volta de 814 a.C., sua mulher, a princesa Elisa, fugiu da cidade de Tiro, acompanhada por vários aristocratas, disposta a fundar uma nova cidade. O grupo acabou se estabelecendo em uma península no norte da África, numa região próxima a Túnis, atual capital da Tunísia. Assim surgiu a única cidade fenícia que não viveu exclusivamente para o comércio: Cartago preocupava-se também com o poder. Dominou rotas marítimas, explorou províncias e chegou a guerrear com grandes potências. Disputou com os gregos diversas colônias na Península Ibérica. Roma, no entanto foi sua pior inimiga.
Enquanto a economia romana se baseava na agricultura, as relações com Cartago foram das mais amigáveis. Mas o clima de camaradagem desapareceu quando o interesse de Roma despertou na direção do Mediterrâneo. Cartago então propôs dois tratados em 306 a.C. para limitar pacificamente as áreas de influência dos dois Estados. Tudo ia bem até entrar em pauta a ilha de Sicília - um ponto estratégico nas rotas para o Oriente, do qual ninguém queria abrir mão. Sem acordo, veio a primeira guerra púnica, que terminaria apenas em 241 a.C., quando os cartagineses cederam.
Além de perderem a Sicília, tiveram de amargar por mais de três anos a revolta dos mercenários estrangeiros que queriam receber seu pagamento. Mal o comandante Amílcar Barca pôs fim à confusão, criou bases militares na Espanha, para comprar novas brigas com Roma. Assim, romanos e cartagineses voltaram a entrar em conflito em 218 a.C. e 149 a.C. Em 146 a.C., enfim, os romanos conseguiram sitiar Cartago, aniquilar o exército local e arrasar a cidade. Os sobreviventes do massacre foram vendidos como escravos e ficou proibida qualquer outra construção em solo cartaginês.





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terça-feira, 18 de setembro de 2012

De Olho no Olho - Biologia



DE OLHO NO OLHO - Biologia



Em uma esfera com quase 3 centímetros de diâmetro, jogos de luzes acendem no cérebro o sentido mais precioso - a visão.

Com olhar clínico dá para notar que, de certo ponto de vista, os anos 80 foram marcados pela inovação: em Brasília, três roqueiros lançaram o grito "por que você não olha pra mim?" e logo o país fez coro ao conjunto Paralamas do Sucesso - "eu não nasci de óculos, eu não era assim". A ciência, por sua vez, também em ritmo de inconformismo, criou mais tratamentos para os olhos do que em qualquer outra época. Resultado: ao se reunirem em novembro passado, nos Estados Unidos, 15 mil oftalmologistas de diversos países deixaram claro que surgiram e se aperfeiçoaram recentemente espetaculares soluções para distúrbios da visão
Os médicos ainda aproveitaram o grande encontro para dar largada a novas pesquisas, prevendo que os anos 90 serão vistos com outros olhos - dentro dos quais, por exemplo, milimétricas lentes implantadas substituirão os desconfortáveis óculos bifocais, usados por quem precisa de auxílio para enxergar tanto de longe como de perto. Só uma minoria da população pode ficar indiferente a esses incríveis avanços da Oftalmologia. Afinal, em cada dez pessoas, no máximo duas vêem a vida com bons olhos - ou seja, sem necessitar de óculos, lentes de contato ou cirurgia. Não que o mundo venha enxergando cada vez pior: desde que o homem é homem, olhar de lince é privilégio de poucos.
Apenas isso hoje fica mais evidente graças a fatores como melhores técnicas de diagnóstico e o fato de se viver mais tempo, proporcionando um prazo maior para os problemas surgirem. Como nem todos percebem naturalmente imagens nítidas, talvez alguns encarem o olho como uma máquina fotográfica defeituosa. Essa, no entanto, é uma visão desfocada dos fatos. Pois, na realidade, o olho humano é uma estrutura magnífica, cuja esfera, com quase 3 centímetros de diâmetro, é percorrida pelos raios luminosos ao longo de um caminho completamente transparente.
De saída, a luz atravessa a córnea, a saliência de 1 milímetro de espessura na parte central da superfície ocular. Dali, os quatro milímetros seguintes do seu trajeto em direção ao fundo do olho, a luz se move por uma câmara repleta de líquido, o humor aquoso, que sempre está se renovando, para transportar oxigênio e glicose às lentes naturais do olho - ou seja, à córnea e ao cristalino. Antes de alcançar essa segunda lente, porém, a luz tem de passar pela pupila, uma porta que se escancara no escuro, deixando o olho ser invadido por toda a luz disponível no ambiente, mas que, se ela for excessiva, permanecerá apenas entreaberta, barrando-a em parte. Quem controla esse abre-fecha é uma espécie de diafragma, a íris, cuja pigmentação faz com que seja logo reconhecida por qualquer um - afinal, trata-se da parte colorida dos olhos.
Já a pupila, que parece um ponto preto, na verdade não tem cor, pois é um simples buraco. "O fato é que a luz entra, mas não sai. Daí o preto, por causa da ausência de luz dentro do olho", explica o oftalmologista Harley Bicas, da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto. Às vezes em fotos, para tristeza do modelo, a pupila aparece vermelha: é que, se o fotógrafo exagerar na luminosidade, parte da luz do flash acabará refletindo o avermelhado fundo do olho. Isso porque a pupila é uma estrada reta até aquela região forrada de células sensíveis à luz, conhecida como retina. Antes de alcançá-la, porém, os raios luminosos ainda passam por uma lente biconvexa - o cristalino - e por uma gelatina, o corpo vítreo, cuja função, ao rechear o globo ocular, é manter suas estruturas no lugar.
Sob essa pressão, a retina permanece colada sobre a coróide, uma camada cor de vinho, riquíssima em sangue, que serve de revestimento interno para quase toda a esfera ocular. Essa camada, por sua vez, encontra-se deitada sobre um tecido cuja espessura, que não ultrapassa 1 milímetro, esconde a sua grande resistência - trata-se da esclera, o tecido branco que embrulha praticamente todo o olho, conferindo-lhe o formato ligeiramente ovalado. De acordo com o professor Bicas, todas as estruturas do olho existem em função da nobre retina, considerada uma extensão do cérebro. O próprio jogo de lentes de que o olho dispõe serve para desviar a luz, de modo que os raios paralelos refletidos por um objeto qualquer, ao entrarem no olho, começam a se aproximar, até se cruzarem em um ponto exatamente sobre a retina. Ao menos, isso acontece em quem tem visão normal, que os médicos chamam de emétrope (do grego eu, boa; metr, medida; ops, olho).
Enxergar perfeitamente, portanto, é ter curvas perfeitas - e a razão disso é mais uma questão de Física do que de Biologia. Assim, o vidro plano de uma janela deixa os raios luminosos atravessá-lo sem nenhum desvio ou refração; no entanto, à medida que se encurva um vidro qualquer, os raios luminosos quebram as suas linhas para fora, o que se chama divergência, ou para dentro, a convergência. Dessa maneira, para a imagem se formar sobre a retina, a curvatura da córnea deve torná-la uma lente de 43 dioptrias, capaz de focar a 2,3 centímetros. A dioptria é a unidade da distância focal que se costuma chamar grau. O cristalino, com seus 4 milímetros de espessura. possui 19 dioptrias, mas é capaz de alterar sua curvatura, graças a minúsculos músculos, para acertar o foco dos objetos na mira do olhar.
Quando a curvatura de uma ou das duas lentes é mais acentuada, a convergência da luz acaba sendo maior e, assim, os raios se encontram antes de alcançar a retina. É o caso do míope ao contemplar uma figura mais distante. O ponto de luz formado fora de lugar, ao ser refletido na retina, cria uma imagem muito maior do que a real. E, no entanto, nenhum míope, a olho nu, se sente numa terra de gigantes, mas numa paisagem de brumas. "O tamanho do desenho é dobrado, mas a tinta disponível é a mesma", compara Bicas. "É como se a retina tivesse a luz de uma estrela para colorir a área de um cometa. O resultado pode ser tão diluído que, para o míope, aquela estrela se torna uma mancha fraca, confundindo-se com o pano de fundo do céu." Em pessoas chamadas hipermétropes, as lentes, ao contrário, são menos curvas, atrasando a convergência da luz quando fitam algo de perto. "A imagem se forma atrás da retina", explica o médico. Bicas gosta de ficar horas rabiscando esquemas para traçar a trajetória da luz ou descrever os mecanismos das lentes dos óculos. Talvez porque esse campo seja filho direto da Física e primo da Matemática.
Afinal, ele queria ser engenheiro, mas a Medicina era um dos bons cursos em Ribeirão Preto, cidade do interior paulista onde nasceu e atualmente leciona. "Optei pela Oftalmologia", ele conta, "porque não queria ver sangue e, em cirurgia de olho, quando o paciente perde uma gota, já é uma hemorragia." O oftalmologista explica que miopia e hipermetropia não são doenças e, sim, o que chama vício de refração. Faz sentido, caso contrário deveriam se considerar todos os recém-nascidos doentes. Ao nascer, as pessoas são hipermétropes por excelência. Até os 4 anos de idade, o olho vai se desenvolvendo e a tendência é o ponto de convergência da luz se deslocar em direção à retina. Sete em cada dez pessoas, porém, não chegam lá e continuam hipermétropes. Entre 10 e 20 por cento acabam com visão normal. Feitas todas as estatísticas, cerca de 15 por cento são míopes. Essa incidência é um pouco menor em pessoas de etnia negra e chega a 52 por cento entre os orientais. Isso porque desvios de refração costumam ser determinados pelos genes.
Ultimamente as pessoas têm procurado se livrar dessa herança com o auxílio de um delicado bisturi de diamante que, ao fazer microincisões na córnea, pode aumentar ou diminuir a sua curvatura. "A operação não resolve o problema de todos", adverte o oftalmologista Newton Kara José, da Universidade de Campinas. "O paciente deve enxergar bem com os dois olhos, de óculos", afirma. Além disso, a cirurgia não é um sucesso absoluto: há casos de pacientes que ficaram com astigmatismo após esse tipo de intervenção. O astigmatismo não é um terceiro vício de refração. Ocorre que as lentes dos olhos podem ser irregulares, ou seja, caso fossem feitos um corte horizontal e outro vertical no globo ocular poderiam se notar diferenças na curvatura de uma mesma lente.
O astigmata, enfim, é aquele que vê imagens alongadas como as dos quadros do pintor italiano Amedeo Modigliani (1884-920) - que, aliás, tinha esse vício. Mas contemplar as coisas como elas realmente são não diz respeito apenas à refração da luz. Para a visão, uma rosa é uma rosa quando está na mira da área central da retina, o que pode acontecer graças aos seis músculos que movimentam o globo ocular. Nessa região central concentram-se 7 milhões de células que lembram cones - e justamente recebem este nome. Sem cones não se reconheceria o rosa da rosa, porque são eles as únicas células que decifram as tonalidades. Embora os mecanismos não estejam muito claros para os cientistas, supõe-se que os cones possuam três pigmentos: um, específico para o verde; outro, para o azul; o último, para o vermelho.
Conforme o comprimento de onda - que por definição é cor - determinada luz reage com um ou mais pigmentos e isso dispara a mensagem elétrica ao cérebro. O interessante é que, se o olho for estimulado por uma cor durante muito tempo, literalmente esgotam-se os pigmentos daquela reação. Quando se fixa o olhar em uma luminária e, em seguida, se o desvia para uma parede branca, por exemplo, durante alguns segundos se vê uma imagem fantasma daquela lâmpada. O fenômeno, chamado pelos oftalmologistas pós-imagem, desaparece em pouco tempo. Mas está provado que os cones levam alguns minutos mais para restabelecer seu estoque de pigmento. Por isso, os cientistas suspeitam que, para os cones, a pós imagem continua existindo, mas o cérebro simplesmente a ignora.
Quanto maior, porém, o afastamento do centro da retina, menos cones se encontram; até que, na região periférica, existem exclusivamente bastonetes, formidável ajuntamento de 120 milhões de células especializadas em captar a forma dos objetos. Por isso, olhando-a de soslaio, uma flor é apenas um vulto. Os bastonetes não percebem o mundo colorido, mas em compensação, ao contrário dos cones, trabalham até no escuro. Daí que à noite todos os gatos são pardos. Cones e bastonetes não são diferentes apenas em questões de claro e escuro. Na retina, a luz vai diretamente à camada mais profunda, onde ficam essas células. O sinal elétrico gerado nelas segue para uma segunda camada, onde estão as chamadas células bipolares, para daí irem às células ganglionares.
Destas últimas saem prolongamentos que, unidos, formam o nervo ótico. Cada cone tem uma célula ganglionar a seu serviço, transmitindo-lhe a mensagem com exclusividade. Daí a capacidade do centro da retina de captar os mínimos detalhes. Mas cada grupo de bastonetes possui, por sua vez, uma célula ganglionar em comum, que envia ao cérebro uma espécie de síntese. Assim, com a chamada visão periférica ninguém consegue saber exatamente o que está vendo. No entanto, percebe-se que algo está ali. É lógico que o olho não chega a esse tipo de conclusão. "Quem enxerga de fato é o cérebro", afirma o professor Kara, da Unicamp. "E o problema é que até hoje muito pouco se sabe sobre como ele interpreta as imagens gravadas pelo olhar."
De alguma maneira, o cérebro coloca tudo em seus devidos lugares. Pois o que Ihe chega é uma imagem invertida - de ponta-cabeça -, com o lado direito no lugar do esquerdo, devido ao jogo de refração dentro do olho. Mais misteriosa ainda é a forma pela qual o cérebro consegue fundir a imagem dos olhos, pois parte da imagem captada por cada um dos olhos humanos se superpõe. Sabe-se que a fusão só será possível se as duas imagens caírem em regiões equivalentes nas respectivas retinas, ao contrário do que acontece no estrabismo - condição em que os olhos não se movimentam em perfeita sincronia. O estrábico, porém, não vê os objetos em dose dupla, como muitos imaginam, pois o cérebro, mais uma vez, trata de escolher a imagem de um dos olhos e esquecer a de outro.
O estrabismo, portanto, seria principalmente um problema estético - se a maioria das vítimas não fossem crianças. Há nove anos, os neurobiologistas suecos David Hubel e Nils Wiesel fizeram uma experiência reveladora, que Ihes valeu um Prêmio Nobel. Eles vedaram um dos olhos de filhotes de gatos; três meses mais tarde, quando tiraram os tampões, os bichanos estavam cegos daquele olho. Daí se concluiu que nos primeiros tempos de vida o sistema nervoso aprende a ver. Numa criança estrábica, aquele olho, cuja imagem for suprimida pelo cérebro, reagirá como se tivesse sido vedado, perdendo-se, portanto, a insubstituível oportunidade de aprender a olhar.
Uma pesquisa com 13 mil crianças paulistas apontou que 4 por cento delas têm ambliopia, o popular olho preguiçoso: como um olho demora mais do que outro para focalizar, o cérebro recorre ao mesmo abandono do estrabismo. O problema maior, na opinião do professor Kara, é que as pessoas desconhecem o bê-á-bá nos cuidados com os olhos. Com 7 anos, por exemplo, a visão já está irreversivelmente comprometida. Mas muitos acham que exames oftalmológicos só podem ser feitos quando a criança está em idade escolar. Engano: é possível realizá-los até em recém-nascidos. "Existem aparelhos capazes de mostrar as respostas cerebrais à luz", conta Kara. Outro equipamento mede a refração no fundo do olho, permitindo qualquer diagnóstico em 1 minuto cronometrado.
A tecnologia tem igualmente incrementado o tratamento de problemas sérios como o glaucoma, que faz uma vítima em cada 50 brasileiros com mais de 40 anos. Neste caso há uma obstrução do filtro por onde escoa o humor aquoso que vive se renovando. Resultado: sem ter por onde sair, o líquido se acumula e a pressão interna do olho aumenta. O sangue encontra resistência para entrar e, como a sua irrigação diminui, as células nervosas degeneram para sempre.
Hoje, porém, os médicos fazem microscópicos orifícios com laser para servir de ralo ao humor aquoso. Também têm surgido novas cirurgias para catarata, doença em que o cristalino se torna opaco. Esse cristalino, atualmente, é substituído por uma lente artificial intra-ocular, que dispensa o uso de óculos na maioria dos casos. Segundo o oftalmologista paulista Alfredo Tranjan Neto, a última novidade nessa área é uma lente flexível. "Por ser dobrável, pode ser introduzida por um corte de 3 milímetros, três vezes menor que o da cirurgia de implante que vínhamos fazendo", explica Tranjan. A cirurgia toda dura 15 a 20 minutos. O paciente leva um único ponto e vai direto para casa.
Os médicos agora esperam a liberação das lentes intra-oculares bifocais. "Para isso, falta saber se, com o uso dessa lente, o cérebro consegue encontrar automaticamente o foco", esclarece Tranjan. Lentes assim já podem ser implantadas para corrigir miopia e hipermetropia. Mas há quem não se contente com esse avanço. Na Europa, estudam-se em laboratório implantes de córneas de peixes em seres humanos. Os franceses preferem a solução tradicional das lentes de contato - só que feitas de proteína animal. Cientistas americanos, por sua vez, já realizam uma cirurgia que extrai a córnea para congelá-la e em seguida esculpem-lhe uma nova curvatura, antes do reimplante. Quem viver verá.

Desvios de trajetos

Normalmente, os raios luminosos se encontram sobre a retina; na miopia, porém, a curvatura acentuada das lentes faz a imagem se formar antes

A curvatura insuficiente do hipermétrope forma a imagem atrás da retina; no astigmata, lentes irregulares causam dois tipos de desvio


Mitos à vista

Em matéria de visão, as pessoas às vezes acabam fazendo o que não devem e evitando o que é inofensivo. É preciso ficar de olho vivo nas idéias falsas:

Olhos claros são mais sensíveis à luz
A sensibilidade excessiva à luz tem a ver com pigmentos da retina - não da íris - e com a dilatação da pupila, um orifício igual em olhos de qualquer cor.

As lágrimas surgem apenas quando se chora
Todos os dias os olhos produzem 30 miligramas (quase uma colher de sopa) de lágrima, um lubrificante natural que escorre pelo nariz, sendo engolida junto com a saliva. As emoções e certas substâncias como as presentes na cebola, estimulam as glândulas lacrimais, que aceleram o ritmo de produção. Quando isso ocorre, a lágrima feita às pressas sai mais diluída do que o normal.

Ler no escuro é prejudicial
A iluminação ruim cansa os olhos mais depressa, porém não deixa seqüelas. E uma luz fraca para um adulto pode ser confortável para uma criança, cujos cones da retina exigem muito menos luminosidade para um desempenho perfeito.

Quem força a vista acaba precisando de óculos
O esforço para enxergar é conseqüência, jamais causa, dos chamados vícios de refração, como a miopia. As pessoas, aliás, costumam herdar esses distúrbios que, portanto, nada têm a ver com seus hábitos.

Os míopes são mais inteligentes
A criança míope tende a gostar mais de ler do que as outras, porque tem facilidade para enxergar de perto - ao contrário da maioria das crianças, que é hipermétrope. Daí a sua imagem de primeira da classe.

No fundo, o reflexo da saúde

Ninguém, ao procurar um oftalmologista, espera ficar sabendo a quantas anda o seu coração. Mas até que poderia. Isso porque - como nenhum outro órgão tomado isoladamente - os olhos revelam tantas informações preciosas sobre a saúde de cada um. Assim, podem ser diagnosticados problemas que nada têm a ver com a visão. Basta o médico dar uma olhada na retina para verificar, por exemplo, se o paciente tem hipertensão: quando o problema existe, os pequenos vasos do fundo do olho se contraem a ponto de alguns deles não permitirem a passagem do sangue.
Outro distúrbio vascular, a aterosclerose, também se reflete ali. As artérias oculares são das primeiras a se calcificar, como sintoma da doença, e aparecem feito linhas brancas na retina. O oftalmologista também pode diagnosticar a diabete, que produz manchas vermelhas no fundo dos olhos, sinal de dilatação nos microvasos. Tumores cerebrais e doenças nervosas, porém, deixam atestados mais graves: suas marcas são pontos escuros na retina, formados por células degeneradas, já incapazes de enxergar.

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terça-feira, 18 de setembro de 2012

As Surpresas de Netuno - Astronomia



AS SURPRESAS DE NETUNO - Astronomia



O segundo planeta mais distante do Sol se revela um mundo turbulento, circundado de satélites e anéis. Sua lua, Tritão, é uma atração à parte, com geleiras e vulcões de
nitrogênio congelado.

Nunca mais o planeta Netuno será considerado apenas um mundo gigante, meio azul meio verde, quase desconhecido, nos confins do sistema solar. Desde meados do ano passado, quando a sonda americana Voyager 2 sobrevoou os topos das nuvens coloridas, Netuno ganhou uma luzidia cédula nova de identidade, com foto e impressão digital para astrônomo nenhum pôr defeito. As imagens da Voyager 2 revelaram, ao contrário do que se pensava, um planeta ativo, com tempestades e ventos arrasadores, circundado por nada menos de oito luas e cinco anéis, além de uma camada de poeira. Tritão, antes um satélite apagado desse mundo distante, tornou-se depois das imagens da Voyager 2 um dos mais curiosos corpos do sistema solar.
Sabia-se pouco sobre Netuno, é certo, mas havia bons motivos para isso. Oitavo planeta em ordem de afastamento do sol, situado a 4,3 bilhões de quilômetros da Terra, Netuno está tão distante que não é visível a olho nu, assim como Plutão. Mesmo com o auxílio do maior telescópio brasileiro, o refletor de 1,6 metro do Laboratório Nacional de Astrofísica, em Minas Gerais, parece "um minúsculo círculo de luz com uma cor meio estranha brilhando no céu", como descreve o astrônomo Roberto Martins, do Observatório Nacional do Rio de Janeiro, que há poucos meses observou o astro noites a fio para medir a órbita de seus satélites. Foi preciso que a Voyager 2, no seu giro de doze anos pelos planetas gigantes, que a levou às vizinhanças de Júpiter, Saturno e Urano, passasse a 4850 quilômetros de Netuno no dia 25 de agosto último, para que se pudesse finalmente dar uma boa olhada nesse remoto mundo verde e no seu curioso satélite, Tritão.
Os estudos anteriores à sonda haviam mostrado que Netuno é o quarto maior planeta do sistema, depois de Júpiter, Saturno, e Urano, o que já não é pouco. Com diâmetro de 50 mil quilômetros, é quatro vezes maior que a Terra. Desde que foi descoberto em 1846, ainda não completou uma volta em torno do Sol. Explica-se: está tão distante que seu movimento de translação dura 164 anos e 280 dias terrestres. À distância que se encontra do Sol, não é de admirar que seja gelado. A temperatura ali fica na marca de 200 graus centígrados negativos. Em Tritão, considerado o lugar mais frio do sistema solar, desce a menos de 240 graus.
Netuno guarda a honra de ser o primeiro planeta cuja existência foi deduzida por cálculos matemáticos antes da observação ótica. Desde o fim do século XVIII se suspeitava que um corpo estranho estava alterando a trajetória prevista de Urano, até então o planeta mais distante conhecido. Ao estudar o movimento deste astro, o astrônomo inglês John C. Adams (1819-1892), em Cambridge, e seu colega francês Urbain Le Verrier (1811-1877), em Paris, descobriram, cada qual por si, que as alterações da órbita de Urano se deviam à influência de um astro ainda mais afastado do Sol. Embora Adams e Le Verrier tivessem concluído os cálculos praticamente juntos, não tiveram a mesma sorte na divulgação dos resultados.
As observações do astrônomo inglês, enviadas ao Observatório Real de Greenwich, não foram levadas a sério. Já Le Verrier comunicou suas conclusões ao Observatório de Berlim. Ali, na noite de 23 de setembro de 1846, o alemão Johann Galle (1812-1910) viu o planeta Netuno pela primeira vez. Por sugestão de Le Verrier, Netuno, que possuía uma cor azul esverdeada, recebeu o nome da versão romana do deus grego do mar, originalmente Poseidon. Seus satélites - Tritão, avistado um mês depois, e Nereida, observado apenas em 1949 - receberam seus nomes em homenagem a figuras da mitologia marinha.
Além de influir, na órbita de Urano, Netuno também se parece com ele. Tem quase a mesma composição, massa e tamanho. Como Urano, Netuno tem um centro rochoso envolvido numa bola gigante de neve suja. Essa capa congelada parece feita de água e metano. Em volta fica a atmosfera: hidrogênio e hélio misturados com metano. E por sinal o metano, que absorve a luz vermelha, é o responsável pela cor azul esverdeada do planeta. Essa aparência bizarra de Netuno, Urano e dos outros grandes planetas, tão diferentes da Terra e de seus vizinhos Vênus ou Marte, tem uma explicação que remonta à formação desses astros.
À medida que se vai além de Marte no sistema solar, penetra-se nos domínios dos planetas gigantes, formados por pequenos núcleos rochosos encapados por grandes esferas de compostos voláteis liquefeitos e gases. Ali não existem superfícies sólidas, a não ser nos satélites. Isso porque a matéria-prima da nebulosa que formou os planetas há 4,6 bilhões de anos variou de acordo com a vizinhança do Sol. Os mais próximos se tornaram ricos em minerais resistentes ao calor, como ferro, óxidos e silicatos. Os mais distantes, de temperatura mais baixa, concentraram os elementos voláteis: hélio, hidrogênio e outros compostos seus, como metano (CH4), amônia (NH3) e água (H2O).
"O crescimento desses astros pode ser comparado ao de uma bola de neve", explica o astrônomo Oscar Matsuura, da Universidade de São Paulo. "O material de que são compostos se agrega com facilidade e, por isso, quanto mais cresceram, mais atraíram outros elementos à sua volta." Matsuura, que dedicou dezessete dos seus 50 anos ao estudo dos cometas, acabou por se tornar também um interessado na formação do sistema solar. Ele explica que, durante bilhões de anos, este canto do Universo foi o cenário de uma batalha cósmica, na qual asteróides, cometas e meteoros colidiam com o que encontrassem pelo caminho. "As testemunhas mais evidentes desse período turbulento são as milhares de crateras da Lua", indica o astrônomo.
Quando um desses corpos caía na atmosfera de Netuno ou de qualquer outro planeta gigante, obviamente não deixava crateras como provas do choque. Para Matsuura, "existe uma longa história de colisões também no sistema solar exterior". O astrônomo confirma assim informações da NASA, onde geólogos e astrônomos, que trabalharam na interpretação das imagens das sondas espaciais como a Voyager 2, não se cansam de constatar que poucas coisas permaneceram intocadas nessa parte mais afastada do Sol. Uma evidência disso são os anéis.
Nenhum planeta do sistema interior tem anéis, todos os exteriores, com exceção de Plutão, têm pelo menos um. No caso de Netuno, desde 1984, os telescópios terrestres mostraram o que pareciam ser anéis incompletos, chamados arcos. "Se fossem realmente arcos, seriam os primeiros avistados ao redor de um planeta", comenta o astrônomo Jair Barroso, do Observatório Nacional do Rio de Janeiro. Barroso especializou-se numa técnica de observação conhecida como ocultação de estrelas. Ou seja, utilizando um fotômetro fotoelétrico rápido acoplado ao telescópio, ele registra a passagem de um astro por trás de outro - um fenômeno que ocorre às vezes em ínfimos um ou dois segundos.
Assim foram percebidos os anéis de Urano e os supostos arcos de Netuno. No começo de agosto de 1989, a Voyager 2 mostrou que entre estes últimos havia segmentos poeirentos muito tênues, por isso mesmo não observados da Terra. As imagens mostraram pelo menos cinco anéis, um deles tão tênue que parece uma camada de poeira. Eles lembram incontáveis luazinhas geladas orbitando o planeta. Podem representar relíquias de um período em que cometas e asteróides batiam nos planetas e se fragmentavam, sendo então capturados pela gravidade do planeta. Ou podem ser restos de uma lua que vagou muito perto e foi despedaçada pela atração de Netuno.
A Voyager 2 descobriu também seis novos satélites rodeando Netuno, designados temporariamente 1989 N1 a N6. "Todos são pequenos e apagados pelo brilho do planeta. Por isso nunca puderam ser avistados da Terra", explica Roberto Martins, o pesquisador de satélites, do Observatório Nacional. As seis luas recém-descobertas tem entre 50 e 200 quilômetros de diâmetro, com exceção da primeira, que chega a 300 quilômetros, quase do tamanho de Nereida. As imagens de suas superfícies escuras, frias e esburacadas reforçam as teorias de catástrofes durante a sua formação. Como a Lua terrestre cheia de crateras, os pequenos satélites netunianos permaneceram intocados nos últimos bilhões de anos.
Nereida, pouco observada pela sonda espacial, tem uma estrutura física ainda desconhecida. Seu formato é irregular e a órbita, a mais excêntrica de todos os satélites: chega a cerca de 1 milhão de quilômetros de Netuno e se afasta para quase 9 milhões de quilômetros de distância. Tritão, por sua vez, com um diâmetro de 4 mil quilômetros, é um dos maiores satélites do sistema solar. Curiosamente, gira em sentido contrário ao das outras luas e ao do próprio planeta. Por causa disso, e da atração gravitacional do astro maior, está se aproximando inexoravelmente de Netuno, e daqui a 100 milhões de anos deverá se partir em pedacinhos, formando talvez um magnífico anel em volta do planeta. "Provavelmente Tritão foi capturado pela atração gravitacional netuniana", especula o astrônomo Matsuura. "Todavia, a captura requer condições muito especiais", ressalva.
Segundo ele, a ciência ainda não tem respostas definitivas sobre a formação dos satélites, apenas algumas hipóteses. "Ou são pedaços do planeta despedaçados pelo choque provocado pela passagem de um grande corpo naquele período de catástrofes, ou objetos espaciais condensados na época de formação do planeta: como estão um pouco mais distantes, não se espatifaram transformando-se em partículas de poeira congelada, como ocorreu com os anéis."
Com tantas informações novas sobre os planetas gigantes, desde o encontro da mesma Voyager 2 com o planeta Urano, há três anos, a equipe da NASA responsável pela sonda vinha aguardando as surpresas de Netuno. O planeta começou a ser observado atentamente muitos meses antes da aproximação máxima. Esperava-se então que as imagens revelassem um mundo tranqüilo, como acontecera na passagem pelo seu irmão mais parecido. Mas desde o princípio começaram a surgir sinais de turbulência. A atmosfera de Netuno revelou faixas distintas e gigantescos pontos escuros. que significam tempestades. As câmeras da nave espacial captaram imagens belíssimas de bancos paralelos de nuvens douradas fazendo sombra sobre nuvens azuis mais embaixo. Havia furacões, um deles com mais de 13 mil quilômetros de extensão, ou seja, com dimensões equivalentes ao diâmetro da Terra inteira.
Essa superventania, que gira na contramão, ou seja, no sentido oposto ao da rotação do planeta, dá uma volta completa por Netuno em 18 horas e 20 minutos, duas horas a mais do que o dia local. Chamada Grande Mancha Escura, ela demonstrou ser mãe fecunda: mais ao sul de onde girava, a Voyager 2 registrou duas manchas menores. Uma delas, uma nuvem branca de metano, se desloca tão rapidamente, a mais de 800 mil quilômetros por hora, que foi apelidada galhofeiramente pelos técnicos da NASA de Scooter (patinete, em inglês). A outra mancha, sem um nome especial, mas quase tão rápida, apresenta como peculiaridade um núcleo mais claro, provavelmente também de metano.
Onde Netuno consegue tanta energia para sustentar fenômenos climáticos desse porte é um perfeito mistério. No caso da Terra, a energia vem do Sol, mas a 4,5 bilhões de quilômetros, Netuno recebe bem menos radiação. Mesmo assim sua atmosfera chega a ser mais dinâmica do que a de Júpiter, seu irmão maior. "Pode ser que o planeta não tenha terminado de se acomodar e possua uma fonte interna de calor", admite Matsuura. "Como Netuno possui campo magnético, isso ajudaria a trazer essa energia para a superfície." O campo magnético de Netuno foi outra das surpresas da Voyager 2. A sonda registrou um forte ruído de rádio ao passar pela turbulência de gases e partículas que formam a magnetosfera do planeta. Ao sobrevoar o lado escuro de Netuno, as câmeras captaram imagens de uma aurora boreal nas regiões polares. Este, como se sabe, é um fenômeno luminoso produzido pela excitação de moléculas por partículas eletricamente carregadas.
As imagens do maior sócio de Netuno, o satélite Tritão, despertaram ainda mais curiosidade nos cientistas da NASA. Descobriu-se um mundo gelado, digno dos filmes de ficção científica, esculpido de duas formas distintas. Uma delas, bastante lisa, formada por campos brilhantes, como se tivessem sido envernizados por algum tipo de material vulcânico. Outra, mais acidentada, apresenta montanhas, crateras e geleiras de metano e nitrogênio congelado. Nessa região existe pelo menos um vulcão ativo, de onde jorram jatos de gás pressurizados, com toda a probabilidade nitrogênio carregado de cristais de gelo e partículas escuras. Provavelmente Tritão tenha sido um planeta independente, como Plutão, com quem se parece em tamanho e talvez em composição. Por algum motivo, foi capturado por Netuno e entrou em órbita ao redor desse planeta. Por ser muito frio e relativamente grande, é capaz de reter uma atmosfera, sendo um dos três astros conhecidos do sistema solar com atmosfera em parte constituída de nitrogênio. Os outros dois são a Terra e Titã, este uma lua de Saturno quase tão grande quanto o planeta Marte.
Na Terra, como se sabe, a composição da atmosfera, entre outras condições específicas, foi favorável ao desenvolvimento da vida. Alguns cientistas, como o físico Carlos Viana Speller, do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), na cidade paulista de São José dos Campos, estudam, com as informações enviadas pela Voyager 2, a existência na atmosfera de Titã de compostos orgânicos básicos para as moléculas precursoras da vida. "Se Tritão possui uma composição favorável, pode merecer um estudo semelhante ao de Titã", comenta Speller. Não é de estranhar. Como observou o astrônomo Edward Stone, da NASA, que recebeu as imagens do satélite, "Tritão é diferente de tudo que já havíamos visto, e pode ser considerado um dos mais interessantes corpos celestes".





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terça-feira, 18 de setembro de 2012

Caras e Bocas - Psicologia



CARAS E BOCAS - Psicologia



Elas dizem mais do que as palavras. Para quem sabe ver, dizem até aquilo que as palavras às vezes escondem. Por isso, a ciência tanto procura decifrar o código das expressões faciais.

Diante da expressão de zanga do gordo Oliver Hardy e do ar de choro do magro Stan Laurel é difícil conter o riso. Para saber a sério o que esse riso tem a ver com a sensação de alegria, pesquisadores americanos convidaram dois grupos de estudantes para uma sessão de filmes da mais bem-humorada dupla da história do cinema. Enquanto suas trapalhadas se sucediam na tela, as reações fisiológicas dos jovens eram monitoradas por meio de eletroencefalogramas. Foi possível verificar assim que os membros de um dos grupos saíram da sala literalmente menos felizes - não por acaso, talvez, tratava-se daqueles a quem se havia pedido que procurassem não esboçar sequer um sorriso durante a exibição das comédias.
Era onde os pesquisadores queriam chegar, comprovando a surpreendente e controvertida teoria de que a expressão facial não apenas traduz um sentimento mas também o estimula. Ou seja, quem ri porque está feliz fica ainda mais feliz porque ri. Essa experiência faz parte de um fecundo campo de estudo da Psicologia contemporânea, que pretende decifrar o mais ostensivo dos mistérios do comportamento humano - o sentido das expressões faciais, como o riso e o choro, o espanto e o desdém, a raiva e o nojo. A linguagem do rosto é provavelmente a forma mais comum de comunicação entre as pessoas: fala-se mais com caras e bocas do que com palavras. Com certeza, falam-se também mais verdades. Os sinais visíveis do que vai dentro de cada um muitas vezes contradizem a arrumação racional das palavras.
Sentir determinada emoção é sempre experimentar determinada reação fisiológica. Entre outros sintomas, por exemplo, a tristeza é a diminuição do ritmo respiratório; a raiva e o medo têm em comum a secreção do hormônio adrenalina, que dispara o coração preparando o organismo para o ataque ou a fuga; por sua vez, a sensação de alegria, a emoção testada naquela experiência americana, é um aumento na produção de endorfinas, hormônios analgésicos e calmantes naturais, que criam o bem-estar da felicidade. A quantidade desse hormônio era muito maior no organismo dos estudantes que puderam rir à vontade nos filmes do Gordo e o Magro.
Alguns pesquisadores acreditam que os nervos do rosto, ao informar o cérebro da posição exata dos músculos faciais, desencadeiam as reações fisiológicas correspondentes às diversas emoções. A idéia é instigante mas não é nova. O psicólogo e filósofo americano William James (1842-1910) propôs que, diante de um perigo, uma pessoa não se põe a correr propriamente porque sente medo, mas sente medo porque corre - e a teoria tem seguidores até hoje. O fato é que atualmente a maioria dos cientistas admite o caminho de mão dupla: "O que se expressa no rosto pode afetar a reação do cérebro", concorda o neurologista Luiz Augusto Franco de Andrade, da Escola Paulista de Medicina. Mas a recíproca, segundo o médico, é verdadeira.
"Pacientes com mal de Parkinson, em que falta no cérebro a substância dopamina, têm bastante dificuldade de fazer expressões faciais", exemplifica Andrade. "Do mesmo modo, suponho que, se a atividade bioquímica do cérebro estiver acentuada, a pessoa mostrará melhor no rosto aquilo que sente." Mas afirmar que um jogo preciso dos músculos da face reforça ou mesmo cria uma sensação é algo que pode fazer muita gente torcer os lábios de desconfiança. Pois, se fosse assim, argumenta-se, um japonês educado para não expressar sentimentos negativos ficaria menos triste ao encarar uma situação pesarosa com aquele sorriso que os ocidentais dizem ser tipicamente amarelo.
A discussão, na verdade, existe desde 1872, quando o naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882) defendeu em seu livro A expressão das emoções em homens e animais que algumas expressões faciais são comuns ao gênero humano. Estudos sistemáticos comprovando a tese de Darwin, porém, se firmaram só há uns trinta anos. O psicólogo americano Paul Ekman, que estuda caras e bocas desde 1953, é autor de uma famosa experiência a respeito. Em Tóquio, ele convidou pessoas para assistir, uma a uma, a um documentário com cenas de acidentes, queimaduras e cirurgias, enquanto filmava suas reações - sem elas saberem, é claro.
Na piores cenas do documentário, o espectador japonês, ao lado de quem Ekman estava sentado, dava um sorriso; então o psicólogo se levantava, fingindo que ia dar um telefonema. O resultado apareceu com nitidez no filme feito às escondidas: toda vez que ficava sozinho, o espectador não sorria, mas contorcia o rosto de horror diante das imagens sangrentas, como faria qualquer pessoa não guiada por uma cultura que manda disfarçar sentimentos negativos. Segundo Ekman, toda cultura impõe as chamadas regras de exibição, normas que inibem ou enfatizam determinada expressão facial.
"Entre os brasileiros uma clássica regra de exibição é a de que homem não chora", exemplifica o psicólogo Ailton Amélio da Silva, da Universidade de São Paulo, autor de uma tese sobre as expressões faciais das emoções. De acordo com ele, os psicólogos afirmam que a cara de no mínimo sete emoções é idêntica em quaisquer seres humanos. À medida que as enumera, o rosto de Ailton, um psicólogo que passou mais de um ano treinando músculos faciais em frente ao espelho, vai se transfigurando. Enquanto fala, monta traço a traço as máscaras do medo, da raiva, da surpresa, do nojo, do desprezo, da tristeza e, finalmente da alegria. "Como notas musicais que compõem infinitas melodias, as expressões básicas se misturam, formando outras muito complexas", compara.
O que torna mais difícil decifrá-las, porém, é seu tempo de vida - muitas vezes não duram mais de 1 segundo. Brevidade, contudo, não quer dizer escassez: quanto mais complexa for uma espécie do ponto de vista evolutivo, maior será a capacidade de seus membros de criar expressões diferentes com o rosto. Por isso, de todos os seres deste mundo nenhum é tão careteiro como o homem, cujos 22 pares de músculos faciais - metade do lado esquerdo, metade do lado direito - podem formar mais de mil expressões. Se alguém conseguisse demonstrar voluntariamente toda essa habilidade, o espetáculo terminaria porém em alguns minutos, tão ágeis são esses músculos.
A capacidade de distinguir expressões parece ser herdada, fazendo parte do que os cientistas chamam memória biológica. Numa experiência pioneira realizada por pesquisadores americanos, macacos criados em regime de isolamento, sem verem sequer rostos humanos, postos diante da fotografia de outro macaco com expressão agressiva, apresentavam reações típicas do medo. Pesquisas como esta reforçam a teoria de que a compreensão da linguagem silenciosa da face é fundamental à sobrevivência. Tanto nos animais como nos seres humanos, essa compreensão pode variar. Está provado que tóxicos como o álcool e a maconha - esta com a injusta fama de aguçar a sensibilidade - confundem o indivíduo no reconhecimento das expressões faciais. Um fato curioso, comprovado mas ainda não muito claro para os cientistas, é que a bebida alcoólica tende a atrapalhar a percepção de duas expressões específicas - a do desprezo e a da raiva. Também é comum a crença de que a criança, por não compreender bem o significado das palavras, perceberia melhor trejeitos faciais do que o adulto. Tudo indica que isso é falso. "Há pessoas mais sensíveis do que outras, independentemente da idade", explica a psiquiatra Maria Cristina Ferrari, da Universidade de São Paulo.
Especialista em crianças, ela reconhece a importância do rosto na educação. Conta, a propósito, o caso de uma garotinha de 4 anos que nas sessões de terapia sempre desenhava uma bruxa para representar a mãe - por sinal, uma mulher muito bonita. Por acaso, certo dia a psiquiatra viu a mãe dar uma bronca na filha e, ao observar seu rosto transtornado de raiva, matou a charada dos desenhos da menina. Comenta Maria Cristina: "Uns tapas no bumbum não fazem mal, desde que o adulto não expresse raiva no rosto. Caso contrário, a criança entende que está sendo punida não porque fez algo errado mas porque não é amada".
No entanto, a própria psiquiatra, mãe de dois filhos pequenos, reconhece que é preciso muito autocontrole para não exibir raiva diante de uma malcriação. Se é verdade que tudo que está na cara é um sentimento. "Posso mostrar no rosto o meu cansaço", diferencia o psicólogo Arno Engelmann, da USP. Nascido na Alemanha, há 59 anos, ele vive há 51 no Brasil e há 25 estuda o que chama estados subjetivos - um conceito que se aplica tanto às emoções quanto às "sensações não muito localizadas, sono, interesse, distração", como define.
Após longa e criteriosa pesquisa, Engelmann conseguiu determinar nada menos de 370 estados subjetivos. Agora, ele está entusiasmado com um novo projeto - gravar o rosto de entrevistados, na tentativa de captar expressões faciais, se é que existem, relacionadas a cada um daqueles estados. "É uma pesquisa pioneira no Brasil", revela, os olhos brilhando de orgulho. Engelmann lembra que há expressões não provocadas por emoções, como os emblemas - gestos mudos que substituem palavras. Exemplos: mostrar a língua no lugar de xingar, piscar os olhos em sinal de aprovação, abrir a boca em vez de dizer que ficou boquiaberto de espanto e por aí afora. Engelmann também cita os chamados sinais de conversação, a pontuação de um diálogo que aparece no rosto. "As vezes, só pelo olhar do outro dá para notar que ele quer nos interromper para fazer uma observação", diz o psicólogo.
O olhar, de fato, é a expressão suprema. Geralmente, enquanto se fala, não se olha o tempo inteiro para o interlocutor. Este, de seu lado, também ora desvia os olhos, ora volta a encarar. Desconfortável sempre é o olhar fixo do outro, com toda probabilidade uma herança do medo experimentado pelos ancestrais. Psicólogos observaram macacos Rhesus reagirem com violência apenas porque o pesquisador os encarava olho a olho. Não só quando sustentados ou quando zanzam de um lado para outro os olhos se exprimem. As pupilas, garantem os cientistas, também revelam segredos. Em condições idênticas de luz - portanto, sem razões fisiológicas para se contrair ou se dilatar -, as pupilas diminuem diante de uma imagem desagradável e aumentam diante de algo prazeroso, por exemplo, uma pessoa atraente. Esse é, aliás, um dos indicadores mais comuns do flerte. Outros sinais de namoro que transparecem na face - habitualmente identificados como a expressão viva de quem está amando - resultam do fato de os músculos ficarem mais tensos, com isso retendo mais sangue.
Mas é na boca que nasce a mais humana das expressões: o sorriso. A careta de raiva, por exemplo, é muito semelhante tanto na aparência quanto nos músculos envolvidos à exibição dos dentes que caracteriza o focinho de qualquer mamífero antes de partir para o ataque. Já o sorriso - e não só o da Mona Lisa - é sempre enigmático. Ao menos o sorriso genuíno, que derrama alegria. Isso porque o movimento facial do riso aparece apenas nos primatas, mas com a função de apaziguar outro animal; ao se sentir ameaçado, o macaco repuxa os lábios para cima e emite um som, parecido com o de uma risada. Segundo estudiosos, tal sorriso simiesco promove um efeito calmante na macacada.
Esse mesmo sorriso pálido e sem graça também aparece no rosto humano. Há histórias de guerra relatando episódios de soldados que se sentiram desarmados quando o inimigo lhe sorriu. Mas é um mistério como, na evolução do homem, do riso inseguro brotou a risada feliz. Outra particularidade humana é fingir no rosto aquilo que não sente. E o sorriso é a arma mais usada da mentira, porque, segundo os cientistas, além de ser uma expressão positiva, de todos os componentes do rosto o homem tem mais controle sobre a boca. Assim, o sorriso mascara a tristeza, aumenta na aparência a dose de satisfação de rever alguém, esconde rancores, afirma o desprezo. "Reconhecer o verdadeiro riso é uma das últimas etapas de um treinamento para identificar expressões faciais", informa o psicólogo Ailton Amélio, da USP.
No entanto, se todos podem controlar a boca, apenas uma em cada dez pessoas consegue impedir a formação de rugas na testa quando o sorriso vem disfarçar a tristeza. Mais difícil ainda é camuflar sorrisos falsos, ditados pelas convenções sociais. A verdadeira risada contrai os músculos orbiculares, em torno dos olhos, formando pequenas rugas laterais, feito pés-de-galinha. De acordo com os especialistas, mesmo os mentirosos profissionais, como os atores, que reproduzem esses movimentos menos sujeitos ao controle da vontade, não o fazem no ritmo natural.Pois um riso nasce aos poucos, se sustenta e esmorece - tudo isso em cerca de 10 segundos. O falso sorriso pode surgir do nada e desaparecer de repente. O austríaco Sigmund Freud, fundador da Psicanálise, que sabia das coisas, sabia também que a face humana é um baú de informações sobre os sentimentos mais íntimos. "Quem tem olhos para ver pode se convencer de que nenhum mortal consegue guardar um segredo", escreveu ele. "A traição brota pelos poros." O que ele queria dizer está na cara.

Retratos das emoções

Quando se olha alguém, um dos erros mais comuns é ver medo em um rosto apenas surpreso. Isso porque, mesmo quando as emoções não se misturam no semblante, há músculos que trabalham em mais de uma expressão. Mas o olhar atento não se engana, pois cada sentimento traça sua máscara própria no rosto humano, como mostra a seqüência de caras do psicólogo Ailton Amélio da Silva, da Universidade de São Paulo.

Medo - As sobrancelhas também se erguem, mas se aproximam por causa da contração do músculo piramidal do nariz - o único da face que nenhum treino ensina a dominar - e assim formam rugas verticais na testa; as pálpebras inferiores e superiores sobem, diminuindo os olhos; a boca, aberta ou fechada, fica tensa.

Nojo - As sobrancelhas se abaixam, sem se aproximar; o lábio superior é puxado para cima, empurrando as bochechas na mesma direção; assim, podem aparecer rugas no nariz; o lábio inferior se contrai para fora.

Surpresa - Ao se erguerem, as sobrancelhas costumam formar rugas horizontais na testa; as pálpebras superiores sobem, sem tensão; o maxilar relaxa, deixando a boca entreaberta e abaixando as pálpebras inferiores - daí os olhos se arregalarem.

Tristeza - Apenas o canto interno das sobrancelhas se eleva; os cantos da boca caem; de modo geral, todos os músculos faciais perdem tônus, criando a expressão típica do abatimento.

Alegria - Os lábios são puxados para trás e para cima, empurrando as bochechas; as pálpebras inferiores também se elevam e aparecem rugas na parte externa dos olhos, feito pés-de-galinha; um detalhe fundamental é que não existe tensão na testa.

Raiva - As sobrancelhas se aproximam, só que abaixadas; a tensão em torno da boca comprime os lábios.

Desprezo - Os lábios se comprimem, um contra o outro, e um canto é puxado para cima.

Primeiras caretas

Com menos de duas semanas, o recém-nascido já tenta imitar expressões faciais do adulto. Assim, abre a boca e faz beicinho, franze o cenho, arregala os olhos. Aproximadamente no terceiro mês, o bebê aprende a sorrir sempre que alguém se aproxima. Na verdade, nessa fase ele reage com um sorriso, como se agradecesse a companhia, toda vez que enxerga o que os cientistas chamam T - as linhas formadas pelos olhos, nariz e boca. Numa experiência clássica, cientistas aproximaram de uma criança um T esculpido em madeira e obtiveram o mesmo sorriso. Por volta do oitavo mês, porém a criança já reconhece rostos. Então sua face começa a revelar todos os matizes do humor, mostrando que aprendeu o bê-á-bá da fisionomia.





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terça-feira, 18 de setembro de 2012

Vôo sem Veneno - Tecnologia



VÔO SEM VENENOS - Tecnologia



Novos ventos sopram do leste: ar puro. O hidrogênio, um gás que não polui, é o combustível do Tu-155, o avião experimental soviético que promete uma revolução.

Cada vez que alguém pergunta ao engenheiro soviético Aleksandr Tupolev por que escolheu o hidrogênio como combustível para seu novo avião de passageiros - o Tu-155 - ele responde com toda simplicidade: "Porque o produto de sua combustão é água". Ele explica, então, que a queima do querosene normalmente utilizado pela aviação polui o ar com substâncias como o gás carbônico (CO2), que contribui para o famoso efeito estufa, a retenção de calor na atmosfera terrestre. De fato, uma das características mais atraentes do hidrogênio como combustível é que ele não polui - exatamente porque o resto de sua queima é água e não um rastro de fumaça tóxica. Por isso nada mudou nos céus de Moscou no dia 15 de abril de 1988, quando o Tu-155 fez um vôo experimental de 21 minutos, o primeiro de uma bem-sucedida série.
Sua vantagem não é apenas a ausência de poluição: além de pesar um terço a menos do que o querosene, o hidrogênio é mais eficiente em motores a explosão, pois contém em seus átomos de três a quatro vezes mais energia explosiva do que qualquer outro elemento químico. Há dez anos, essas qualidades levaram a revista americana Aviation Week a prever: "Quando o hidrogênio, embora obtido por processos pouco econômicos, se tornar viável em função da escassez de petróleo, teremos o avião a hidrogênio liquefeito. Ele será 26 por cento mais leve e 30 por cento mais barato, devendo os seus propulsores serem muito mais seguros e terem uma capacidade de carga e autonomia iguais aos atuais".
O problema é que não é nada fácil lidar com o hidrogênio, como bem sabem os técnicos do Centro de Projetos Aeronáuticos que, por sinal, leva o nome do pai do engenheiro Aleksandr, o célebre projetista Andrei Nikolaievich Tupolev (1888-1972), criador da ampla família de jatos Tu. Para o desenvolvimento de uma aeronave capaz de aproveitar a enorme energia do hidrogênio, muitos desafios tecnológicos tiveram de ser vencidos ao longo de dez anos de intensas pesquisas. Em primeiro lugar, as restrições de peso e volume nos aviões obrigam ao armazenamento do gás em estado líquido e em permanente ebulição.
Isso significa uma temperatura de 253 graus negativos no interior dos tanques, que obviamente devem ter total isolamento térmico e ser pressurizados por um sistema que lhes assegure níveis superiores aos dos valores atmosféricos normais, principalmente quando o avião alcança grandes altitudes, onde a pressão do ar é menor. Nos aparelhos modernos, os tanques de combustível situam--se nas asas, mas esses tanques especiais, cujo volume total é quatro vezes maior, só podem ser alojados no interior do avião, aumentando o risco de explosões fatais. Para entender os problemas de segurança numa aeronave desse tipo, basta simular um acidente como o vazamento de combustível.
No sistema convencional, o que escapa é querosene, que depende de uma faísca muito grande para inflamar-se. Já no sistema de combustão de hidrogênio, qualquer problema de despressurização pode liberar gases que ocupariam instantaneamente todo o interior do avião, misturando-se com o ar e inflamando-se com facilidade: nesse caso, seria suficiente a energia de uma faísca quase dez vezes inferior à que incendeia os combustíveis hidrocarbonados (querosene). "Nossos problemas estavam entre o gelo e o fogo", lembra Aleksandr, referindo-se à necessidade de manter baixas temperaturas nos tanques e ao mesmo tempo evitar vazamentos que pudessem provocar explosões.
Antes de tudo, era preciso isolar perfeitamente os sistemas envolvidos com o hidrogênio. Assim, o protótipo experimental, um avião comercial Tu-154B adaptado, cedeu grande parte da área em geral destinada aos passageiros a um compartimento hermético, onde foram instalados tanques de duplo revestimento com capacidade para vôos de uma hora e meia de duração, no máximo. Os técnicos reconhecem que é pouco tempo de vôo e pouco espaço para passageiros, mas argumentam que a grande capacidade energética do hidrogênio permite armazenar um volume três vezes inferior ao do combustível convencional para o mesmo consumo, aumentando desse modo a capacidade de "carga viva" do avião.
No compartimento de combustível, detectores de fumaça e sensores controlam automaticamente os sistemas de ventilação, equipados com tanques de azoto (nitrogênio), elemento químico que em caso de fogo rapidamente substitui o oxigênio do ar e extingue as chamas.
O propulsor NK-88, desenvolvido pelo engenheiro Nikolai Kusnetsov, funciona com hidrogênio gasoso e também com gás natural liquefeito. Entre os tanques e o propulsor, portanto, o combustível passa do estado líquido para o gasoso, ao percorrer tubos revestidos a vácuo, que se enchem de hélio cada vez que o propulsor está inativo. Esse tampão de hélio previne o contato do ar à temperatura ambiente com o gélido hidrogênio líquido, substituindo-o em caso de vazamento e diminuindo os riscos, por não ser inflamável. Todos os outros sistemas do avião foram instalados à margem do compartimento do motor. Além disso, os feixes de cabos elétricos e os condutos hidráulicos foram devidamente isolados com materiais que evitam faíscas e são constantemente ventilados em vôo pela corrente de ar resultante do próprio deslocamento do aparelho. Além de criar o avião a hidrogênio, foi preciso projetar e construir as instalações de abastecimento em terra. Pois também quando a aeronave está no solo todo cuidado é pouco. Um dos maiores perigos é a possibilidade de uma pequena porção de ar ficar no tanque do avião supostamente vazio depois do vôo. Submetido às temperaturas abaixo de zero do tanque, esta bolha se solidifica, podendo, se alcançar o propulsor, formar uma mistura explosiva com o hidrogênio em ebulição.
O enorme risco de acidentes levou a equipe de projetistas a submeter o avião às mais duras provas. "Quanto mais difíceis os exercícios, mais fácil a batalha", resume Aleksandr, citando um dito militar russo. Mas as barreiras científicas e também psicológicas que mantinham o projeto imobilizado nas pranchetas de alguns poucos engenheiros sonhadores só foram definitivamente superadas com os vôos experimentais do Tu-155. Tanto que a imprensa soviética já anunciou o desenvolvimento de um novo jato comercial, o Tu-204, que, embora programado para funcionar inicialmente a querosene, poderá utilizar também o hidrogênio.

A barreira dos custos

Por que, sendo tão energético e não poluente, o hidrogênio ainda não se tornou o combustível mais usado pelo homem? "As barreiras são mais econômicas do que tecnológicas", responde Ennio Peres da Silva, diretor do Laboratório de Hidrogênio da Universidade de Campinas (Unicamp). É caro produzir o hidrogênio, que ou é extraído do petróleo, ou é obtido da decomposição elétrica da água. Além disso, o processo de liquefação do gás é mais complicado do que no caso de outros elementos: o hidrogênio precisa ser esfriado a 180 graus negativos para só então ser liquefeito, o que ocorre a 253 graus negativos (apenas 20 graus acima da menor temperatura possível de ser obtida). Para Ennio esse raciocínio tanto vale para o Tu-155 quanto para o carro movido a gás de cozinha - ambos seguros e viáveis tecnologicamente, mas impraticáveis em termos econômicos.
"Tudo o que os soviéticos fizeram no avião, a rigor, foi construir uma garrafa térmica perfeita", compara ele. Na verdade, as dificuldades tecnológicas também existem. Mesmo os mais herméticos tanques de hidrogênio criados pela indústria espacial costumam perder 0,5 por cento de combustível ao dia pela simples evaporação. De qualquer forma, a solução de problemas desse tipo está ao alcance dos técnicos - há bastante tempo. Segundo Ennio, desde 1980, por sinal, o Laboratório da Unicamp tem um projeto de carro a hidrogênio. A idéia no entanto, não encontrou interessados em financiá-la nem no Brasil nem no exterior.

Extraído dos artigos "O Tu voa a hidrogênio", de Kolessova, e "Uma opção para manter o céu limpo", de Aleksandr Tupolev, publicados na revista soviética Ciência e vida.





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terça-feira, 18 de setembro de 2012

Sabor de Espuma - Champanhe



SABOR DE ESPUMA - Champanhe



Gerações de agricultores torceram o nariz para aquele estranho vinho que fermentava duas vezes. Quando souberam aprisionar sua inigualável efervescência, nasceu a mais feliz das bebidas - o champanhe.

Conta a lenda que, ao provar a bebida espumante que havia inventado, o monge beneditino Dom Pérignon, incorrendo com certeza no pecado da soberba, exclamou: "Estou bebendo estrelas". A hipérbole, bela e romântica, é uma apropriada homenagem às siderais virtudes de seu vinho incomparável - mas a verdade dos fatos não deve perder a sobriedade. Pois o champanhe não foi propriamente inventado, porém surgiu graças a uma série de circunstâncias peculiares. Seria até mais acertado dizer que o champanhe se inventou a si mesmo do que atribuir a quem quer que seja o seu advento. Mas, quando é mais interessante que a realidade, a lenda é que acaba prevalecendo, principalmente se contribui para os bons fluidos da indústria do champanhe.
Afinal, a empresa francesa Moet-Chandon, de longe a maior produtora, tem um célebre champanhe com o nome Dom Pérignon e até comprou a abadia de Hautvillers - de cujas adegas o monge era encarregado, entre 1668 e 1715 - para montar um atraente museu do vinho. A região de Champagne fica no norte da França, a cerca de 150 quilômetros de Paris. Os principais pontos de referência para localizá-la são o Rio Marne e as cidades de Épernay, Reims e Ay, que praticamente centralizam toda a produção vinícola do lugar.
A região empresta o nome à bebida e isso deixa bem claro que podem existir muitos espumantes, mas só um champanhe, aquele feito ali mesmo, assim como nem toda aguardente de uva é um cognac. A primeira das circunstância sque levaram ao nascimento do champagne foram as peculiaridades de clima e solo da própria região, onde os invernos são frios, muito duros. Champagne designa na agricultura francesa um campo aberto com uma fina camada superior de terra arável e um subsolo com muito calcário. Mais parece uma massa compacta de giz, na qual os habitantes do lugar, durante gerações, cavaram túneis para se proteger das guerras e pilhagens. Esses túneis acabaram sendo usados para produzir e armazenar vinhos. A Champagne, com efeito, foi uma das regiões da Europa mais assoladas pelas guerras. Ali, Clóvis (466-511) ganhou a batalha que levou à sua coroação e ao estabelecimento da monarquia francesa; em Reims, ele foi sagrado pelo bispo que seria beatificado como Saint Rémy.
Para se ter uma idéia dos estragos que as guerras provocaram na região, basta dizer que a cidade de Épernay foi saqueada e destruída nada menos de 25 vezes ao longo da história. Também neste século, a Champagne assistiu a muitas batalhas no decorrer da duas guerras mundiais, notadamente a do Marne, que praticamente decidiu a Primeira Guerra. A catedral de Reims, uma das mais bonitas da Europa, ainda guarda as cicatrizes dos bombardeios alemães. O vinho que era feito ali no tempo de Dom Pérignon nada tinha a ver com o espumante. Para começar, era tinto, não branco. Além disso havia um problema muito sério, derivado das condições climáticas e geográficas, e combatido de todas as maneiras possíveis por gerações de vinhateiros. Em vão, felizmente. É que o vinho feito na boca do inverno tornava a fermentar, a criar uma efervescência, quando a temperatura começava a subir na primavera. Durante o inverno, o vinho ficava tranqüilo nas crayères (túneis), mas na primavera voltava a trabalhar. A produção em massa da garrafa e a utilização da rolha de cortiça completaram o cenário que levaria ao espumante. Usada pelos antigos romanos para fechar suas ânforas, a rolha caiu no esquecimento durante a Idade Média, quando barris de madeira passaram a ser utilizados para armazenar e transportar o vinho. Para irritação dos franceses, os ingleses reivindicam a primazia pela boa idéia de tapar o champanhe com rolha, o que lhes transferiria parte da glória do vinho. Já os espanhóis garantem que foram eles que mostraram a Dom Pérignon e a outros vinhateiros franceses as virtudes da rolha de cortiça, comum em seu país.
Seja de quem tiver sido a idéia, a rolha representou um grande progresso. Antes, as garrafas eram fechadas com chumaços de algodão ou com trapos embebidos em azeite. A garrafa, por sinal, era conhecida já no Egito antigo, embora naqueles idos fosse usada apenas para levar o vinho à mesa. Durante a Idade Média e na Renascença, a Sereníssima República de Veneza detinha a liderança na produção artesanal de garrafas. No século XVIII, com a Revolução Industrial, a garrafa passou a ser fabricada em série, principalmente na Inglaterra, e começou a ser usada também para acolher vinhos. Estes então puderam envelhecer tranqüilamente, sem virar vinagre. O porto, famoso vinho de Portugal, foi o primeiro a ser engarrafado e arrolhado. Assim, com a garrafa e a rolha, os vinhateiros franceses do fim do século XVII adquiriram os meios para aprisionar aquela efervescência que tanto incomodara os seus antepassados. Nascia o champanhe. E certamente o monge Dom Pérignon usou as inovações técnicas da época. Ele pode não ter inventado a bebida, mas seguramente teve papel importante em seu desenvolvimento. Dizia-se que, já velho e cego, Dom Pérignon podia afirmar, só provando as uvas, de que área da Champagne elas vinham.
A ele se credita também o chamado corte champenois, que é a mistura das uvas com as quais o champanhe é feito até hoje: pinot noir, que traz o corpo e lhe dá o aroma característico; pinot meunier, ou pinot do moleiro, assim chamada porque suas folhas são cobertas por um pó branco, que lembra a farinha - a uva mais comum, responsável pelo paladar frutado; e a chardonnay, que dá ao vinho elegância e frescor. O champanhe acabou conquistando a corte da França e depois o mundo. Madame Pompadour (1721-1764), a célebre amante de Luís XV, contribuiu muito para difundir o seu consumo ao dizer que era a única bebida capaz de tornar as mulheres mais belas. Durante a Revolução Francesa, a bebida caiu em desgraça; afinal, representava o luxo aristocrático. Mas não durou muito a supremacia da doutrina sobre o prazer. Na época de Napoleão, foi reabilitada e voltou a ser popular. Posteriormente, no começo deste século, tornou-se o símbolo espoucante de uma época alegre e irresponsável, a belle époque, quando corria como água nos melhores restaurantes e cabarés de Paris.
Hoje é o vinho mais conhecido no mundo inteiro, presença constante em comemorações de toda espécie, desde festas familiares a lançamentos de navios, sem contar os rituais da vitória nas corridas de Fórmula 1. Há poucos meses, quando milhares de alemães orientais conseguiram passar para o Ocidente via Hungria, os jornais mostraram nas primeiras páginas fotos de felizes emigrantes em seus carros, já em território austríaco, com os novos passaportes numa das mãos e uma garrafa de bom sekt, a versão alemã do champanhe, na outra. Não deixa de ser irônico que, mesmo não o tendo inventado, um bom e piedoso monge esteja ligado ao nascimento desse vinho mundano por excelência, que justifica plenamente a máxima de Anthelme Brillat-Savarin (1755-1826), o grande teórico da gastronomia francesa e emérito fazedor de frases: "O Bourgogne faz a gente pensar em bobagens, o Bordeaux faz a gente falar bobagens e o champanhe faz a gente fazer bobagens".
É evidente que não se faz mais champanhe como nos tempos de Dom Pérignon, mas os princípios básicos para produzir e aprisionar a espuma são os mesmos. O vinho contínua passando por duas fermentações, a primeira nas cubas e a segunda nas próprias garrafas. É essa fermentação na garrafa a essência do chamado método champanhês. Para se produzir o champanhe, primeiro é preciso amassar as uvas com muito cuidado para não retirar a cor das cascas. É que aquelas duas uvas usadas na elaboração da bebida - a pinot noir e a pinot meunier - são tintas; portanto, é necessário prensá-las cuidadosamente para que a cor não passe para o mosto.
Acontece, então, a fermentação alcoólica. Nesse processo, o açúcar do mosto se transforma em álcool pela ação dos fermentos, liberando gás carbônico e gerando calor. Um processo simples, comum a todos os vinhos, conhecido pelo homem desde a Antigüidade, mas que só foi cientificamente explicado por Louis Pasteur, no século passado. Depois de feito o corte, ou seja, a mistura de vinhos de várias procedências, ele vai para as garrafas junto com as substâncias que vão provocar a segunda fermentação. Começa o processo da prise de mousse, a transformação do vinho sossegado em espumante. O próximo passo, que dura três meses, é a retirada dos restos dos fermentos. As garrafas são então colocadas nas pupîtres, armações de madeira onde ficam presas pelo gargalo.
Esse processo é chamado remuage. Nele, operários especializados vão virando as garrafas com movimentos firmes e precisos para que os fermentos se desprendam das paredes do vidro. Ao mesmo tempo, colocam as garrafas de cabeça para baixo. Cada trabalhador vira seis mil garrafas por dia. Vê-los em ação lembra as cenas do célebre filme Tempos modernos, em que Charles Chaplin descreve com imagens hilariantes a tirania do trabalho condicionado pelo ritmo da máquina. Finalmente, vem o dégorgement. Os fermentos já estão colados à rolha (ou às tampinhas, bastante usadas hoje em dia) e só os gargalos são congelados. Ao ser expulso, esse gelo leva consigo os fermentos; as garrafas são completadas com vinho já pronto. Junto, vai a quantidade de açúcar que determina o tipo do champanhe: nature, sem açúcar nenhum; brut, bem seco, com 9 a 15 gramas de açúcar por litro; extra brut, de 12 a 15 gramas; sec, com 17 a 35 gramas; demi-sec, com 33 a 50 gramas; e doux, doce, com mais de 50 gramas de açúcar. Tintim.

A batalha do bom nome

Mais de 500 milhões de garrafas descansam tranqüilamente no imenso labirinto de cerca de 200 quilômetros de túneis (as crayères), nas regiões de Reims e Épernay. Esses túneis fazem a delícia dos turistas que vão ver ali como nasce o champanhe. Para cada garrafa vendida, os produtores mantêm duas nas caves a fim de garantir o estoque nos anos mais fracos, quando a oferta não dá para o consumo. Isso é relativamente comum, pois nessa região fria as geadas fazem grandes estragos nas parreiras. Nos anos melhores, naturalmente, as reservas aumentam. Em 1987, por exemplo, a Champagne produziu 257 milhões de garrafas e vendeu 195,4 milhões. As restantes foram se juntar àquele estoque regulador.
A champagne não tem problemas para colocar seus vinhos no mercado, mas zela muito bem pelo seu nome. Os produtores argumentam que espumantes existem muitos, mas champagne é um só, e já foram à Justiça muitas vezes para evitar que o nome fosse usado por produtos de outras regiões. No Mercado Comum Europeu e nos outros países que também fazem parte da Organização Internacional do Vinho está condenada até a indicação nos rótulos da expressão méthode champenoise - para significar que o espumante foi feito por processo idêntico ao usado na Champagne, de segunda fermentação na garrafa. Como muitas regiões da França e praticamente todos os países que fabricam vinhos têm os seus espumantes, vão ter de encontrar outra maneira para indicar que seus produtos foram feitos por aquele método.
Na Itália, por exemplo, já se usa a inscrição método clássico e na Espanha a palavra cava no rótulo é sinal de que espumante foi elaborado pelo sistema champanhês. No Brasil, o nome Champanha é legal, pois a Justiça decidiu que poderia ser usado pelos fabricantes nacionais. Aqui com duas exceções, o método mais usado é o Charmat, mais simples e rápido. Nele, a segunda fermentação, aquela que faz a espuma, é produzida em grandes cubas fechadas, as autoclaves. Independente do sistema, alguns espumantes brasileiros estão entre os melhores vinhos produzidos no país.

Abertura lenta e gradual

Como os demais espumantes, o champanhe deve ser servido bem gelado, de preferência num balde com muito gelo e um pouco de água. Mas não deve ficar muito tempo na geladeira e sim ser resfriado no dia em que for servido. Por maior que seja a tentação num ambiente de festa, desaconselha-se espoucar a rolha. O estouro faz perder o gás e ainda derrama vinho, o que é um sério desperdício. Assim, é melhor não sacudir a garrafa, mas abri-la com todo o cuidado. Ao retirar a armação de arame que protege a rolha, é prudente colocar sobre ela o polegar, pois algumas rolhas saltam espontaneamente com uma velocidade incrível e podem causar problemas, sobretudo se atingirem partes delicadas, como os olhos. Depois, com a ajuda de um guardanapo, deve-se girar a rolha aos poucos. Se ela não ceder, pode-se fazer pressão em vários pontos com o polegar, como se fosse uma alavanca.
Quando a rolha ceder, volta-se aos movimentos delicados e circulares. Se nada disso der certo, o jeito é colocar o gargalo (e só o gargalo) sob um jato de água quente. Para servir, o copo ideal é a flûte, taça fininha e comprida. Nela, as borbulhas - que os vinhateiros tiveram tanto trabalho para fazer - não desaparecem rapidamente e o vinho contínua espumante por mais tempo, ao contrário do que ocorre com a taça tradicional, bem aberta e rasa. Diz a lenda que essa taça teria sido moldada nos seios da desditosa rainha Maria Antonieta. Com todo respeito às formas e à memória de Sua Alteza, tais taças devem ser deixadas para acepipes mais triviais, como sorvetes ou saladas de frutas.





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terça-feira, 18 de setembro de 2012

Todo o Dinheiro do Mundo - História



TODO O DINHEIRO DO MUNDO - Historia



O dinheiro parece tão indispensável que não há quem ache ter demais. Na sua milenar trajetória, vale também como medida das mudanças nas sociedades humanas.

Ao morrer, em 1715, o rei francês Luís XIV deixou o Tesouro Nacional em petição de miséria. Era uma situação sob medida para um astuto economista escocês chamado John Law, cujas propostas de reforma bancária não haviam porém entusiasmado seus compatriotas e cujo currículo incluía o assassínio de um desafeto em duelo e a autoria de um tratado sobre moedas e comércio. Law desembarcou em Paris em 1716 ansioso por oferecer ao regente da Coroa, o duque de Orléans, um remédio infalível para a falência do governo. O esquema era um ovo de Colombo: o regente lhe daria a permissão para abrir um banco e, em troca, o banco assumiria não só a dívida pública mas também os débitos pessoais de Sua Alteza, emitindo títulos pelos quais se comprometia com os credores a pagar o seu valor em ouro e prata.
Os metais preciosos viriam do Novo Mundo, mais precisamente dos vastos territórios franceses na América do Norte, no que hoje são os Estados de Louisiana e Mississípi, onde haveria incalculáveis reservas minerais a serem exploradas por um companhia criada por Law - em regime de monopólio, naturalmente. Mais do que depressa, o duque aceitou. E, enquanto os franceses acreditaram no projeto, tudo correu às mil maravilhas. As ações da companhia do escocês dispararam na Bolsa parisiense, a Coroa livrou-se de suas dívidas e os credores sonharam com fortunas em ouro e prata.
Mas não demorou até que se descobrisse que não havia metal nobre capaz de servir de lastro aos papagaios emitidos pela Banque Royale de Mister Law. O banco quebrou, o banqueiro fugiu da França (para morrer na miséria em Veneza) e os franceses mais desbocados recomendaram que aqueles papéis fossem usados para outro fim. O episódio entrou para a história como uma parábola sobre a confiança dos homens no valor do dinheiro e das promessas que não valem o papel em que são impressas. Tudo começou há bem mais de 2 mil anos, provavelmente no século VII a.C., quando os comerciantes da rica cidade de Lídia, Ásia Menor, começaram a trocar as mercadorias que adquiriam, não por outras mercadorias, como era o costume, mas por pequenos discos feitos de uma rara liga de ouro e prata existente na região, de nome electrum, em latim.
Em pouco tempo, essas plaquetas, cuja marca registrada era a estampa com o símbolo do rei, como um leão ou um escaravelho, espalharam-se pelas cidades gregas do Mediterrâneo e por suas colônias na Sicília e na Itália. Não tardou muito para que a idéia de usar discos semelhantes, feitos de ouro ou prata, se espalhasse pelo mundo. Os romanos chamaram essas placas monetae, tabletes de metal, e delas se originou algo que, mesmo não trazendo felicidade, como costumam dizer os que não o tem tanto quanto gostariam, é com certeza um dos supremos motivos de alegria e de aflição do homem: o dinheiro.
Na realidade, a idéia de trocar bens como alimentos, vestimentas, cabeças de gado, utensílios e mesmo escravos por peças de metal antecede à fundação da cidade de Lídia. De fato, desde que o homem do Período Neolítico, há cerca de 10 mil anos, deixou de perambular atrás de casa e comida, passando a viver em grupos com endereço certo e sabido, e a trabalhar a terra, começou a produzir mais do que era capaz de consumir. Surgiu assim aquilo que os economistas tanto apreciam - o excedente. E a partir daí a vida humana não seria mais a mesma.
Alguns produtos excedentes, mas nem por isso menos valorizados, transformaram-se em mercadoria de troca, inaugurando o toma-lá-dá-cá que se tornaria atividade central das sociedades humanas e assumiria o nome de comércio. Gêneros bem votados nesse primitivo sistema de trocas era o sal, que deu origem à palavra salário, e o gado, do qual derivou o termo pecúnia. Os metais foram uma preferência natural daqueles protocomerciantes, porque não se estragavam, podiam ser partidos em pedacinhos e carregados com facilidade, ao contrário, por exemplo, de uma vaca. Ao que se sabe, os chineses tiveram a primazia de usar peças de bronze de diferentes formatos, para efeito de negócios, cerca de 3 mil anos atrás.
No entanto, a criação de sistemas comerciais à base de moedas de ouro, prata ou cobre, cada qual com a indicação do seu peso, foi mesmo uma idéia dos espertos lídios. Durante o reinado de Alexandre, o Grande da Macedônia, no século IV a.C., adotou-se a praxe, repetida até hoje nas cédulas de papel, de estampar nas moedas a cabeça do soberano. O objetivo era menos usar a real efígie como aval do peso e da qualidade atribuídos ao metal do que promover o culto da personalidade de Suas Majestades - naturalmente, por iniciativa deles próprios. Às vezes, porém, podia se dar o reverso da medalha. Após a morte do imperador romano Calígula, no primeiro século da era cristã, por exemplo, todo o dinheiro por ele patrocinado foi recolhido e fundido para que nem o nome nem as feições do tirano entrassem para a história.
"Que ninguém tenha dúvidas", ensinou o festejado economista americano John Kenneth Galbraith, no magnífico seriado que escreveu para a televisão, A era da incerteza: "Poucas invenções humanas se prestaram tanto aos abusos como o dinheiro". De fato, séculos a fio após o seu aparecimento, ninguém em parte alguma tinha como saber de antemão se as moedas valiam o que diziam. Os mais desconfiados adquiriram o hábito de morder o metal antes de aceitá-lo, para perceber pela consistência se era realmente ouro, prata ou bronze - isso, além de exigir bons dentes, o que não era lá muito comum naqueles tempos, supunha um refinado conhecimento, também algo incomum, para a felicidade geral dos falsários.
Estes, ao longo da História, freqüentemente residiam nos melhores palácios e não precisavam se esconder da polícia: os governantes mais esbanjadores ou premidos pelas necessidades, ou ambas as coisas - e que parecem ter sido a maioria -, descobriram que a quantidade de metal precioso nas moedas podia ser discretamente reduzida e substituída. Os gregos, sobretudo os atenienses, parecem ter resistido à tentação de aguar sua moeda, por entender que essa política, a longo prazo seria desastrosa para os negócios da cidade-estado, algo merecedor dos aplausos mais entusiásticos dos modernos economistas da escola apropriadamente chamada monetarista.
Assim, após a divisão do Império Romano em 395, com a reafirmação de influência grega na fatia oriental, em Constantinopla, o besante, a moeda local, foi reconhecido como símbolo de dinheiro forte. Mas do lado de cá do Mar Egeu, o exemplo grego não pegou bem, sobretudo em Roma, cujos governantes pareciam querer levar vantagem em tudo, sempre. No século II, o denário - moeda de prata que deu origem à palavra dinheiro - de prata possuía, se tanto, uns 5 por cento; os outros 95 eram puro cobre. Seguindo a lição que vinha de cima, os comerciantes ainda raspavam o pouco de prata que restava nas bordas das moedas para aumentar os seus lucros.
A prática era sedutora demais para não se propagar durante a Idade Média, uma época em que qualquer um - reis, sacerdotes, senhores feudais e nobres em geral - podia fazer dinheiro, literalmente, sem controle algum. A tal ponto chegou esse festival de falsidades na Europa que no ocaso dos tempos medievais nem sequer o camponês mais inocente ainda acreditava no valor da face do dinheiro que recebia. Criou-se o hábito de pesá-lo, antes de consumar qualquer transação. E, no final do século XVI, com a Revolução Comercial, quando os mercadores de Amsterdam, nos Países Baixos, se tornaram os maiores negociantes europeus, foi preciso publicar um manual listando toda a parafernália de moedas em curso. Conseguiu-se enumerar 846 dinheiros diferentes, cada qual com variadas porcentagens de ouro e prata.
Adulteradas, cortadas, limadas, as moedas medievais acabaram por se tornar algo que horrorizaria os velhos lídios - um senhor complicador para a boa marcha da economia. E muita gente começou a pensar seriamente em cambiar o sistema. Nicolau Copérnico (1473-1543), o astrônomo polonês que formulou a teoria de que a Terra gira em torno do Sol, e não o contrário, muitas vezes mandou para o espaço os assuntos cósmicos em troca de algo mais palpável, como a idéia da criação de uma moeda unificada em cada país. Atribui-se a ele a ajuizada afirmação de que "entre as desgraças que habitualmente levam à decadência dos reinos, principados e repúblicas, as quatros principais são as lutas, as pestes, a terra estéril e a deterioração do dinheiro".
Copérnico não foi o único homem de gênio interessado em tornar o metal menos vil. Além de projetar helicópteros, submarinos, espingardas e teares, e de pintar sorrisos enigmáticos, o italiano Leonardo da Vinci (1452-1519) projetou máquinas mais modernas para a fabricação de moedas. Até aquela época, elas eram feitas uma a uma, ensanduichando-se um metal entre duas matrizes. A partir do século XV, graças a Leonardo e outros, elas passaram a ser produzidas em série, com cilindros de lâminas de metal onde se cortavam muitas moedas ao mesmo tempo. Depois disso, ganharam bordas requintadas, que serviam também de proteção contra os raspadores de ouro e prata.
Qualidade e quantidade, no entanto, não dependiam apenas do método de fabricação, mas dos rumos da economia. Durante a interminável Guerra dos Cem Anos na Europa (1339-1453), as despesas públicas dos reinos chegaram a ser quatro vezes maiores que os recursos de que os monarcas dispunham. O remédio foi apelar para a velha prática romana. Cada governante passou a cunhar o dobro de moedas do que recebia de impostos. O dinheiro resultante continuava a se chamar coroa, libra ou franco, conforme o país, mas o valor era obviamente menor. "Era como andar de bicicleta", compara o professor Hilário Franco Júnior, da Universidade de São Paulo, autor de uma história econômica. "Uma vez iniciado o processo, os reis não podiam parar."
No século XVI, quando o ouro do Novo Mundo inundou a Europa, trazido pelos galeões espanhóis e portugueses, aconteceu o processo inverso. Já não havia necessidade de adulterar as moedas, pois circulava metal nobre suficiente para dar, vender e emprestar. Em 1580, por exemplo, a Casa da Moeda da Espanha fabricou oito vezes mais dinheiro do que em 1520. Como sempre as pessoas comuns pagavam a conta: se antes o dinheiro perdia valor por falta de lastro, agora perdia poder de compra por excesso de reservas. Ou seja, com tanto metal em circulação, o resultado foi um aumento explosivo nos preços.
O caminho estava aberto para a grande mudança que iria ocorrer com o advento do papel-moeda. A rigor, isso não era novidade na Europa, desde que os primeiros mercadores e prestamistas - os banquerii de Veneza e Gênova - usaram papéis manuscritos como promessas de pagamento aos seus portadores, os ancestrais das promissórias de hoje. Mas à medida que nasciam os bancos estatais, o sistema de títulos entrou em alta por ser mais seguro e fácil de transportar. "Essas notas ainda não podiam ser chamadas de dinheiro, pois apenas em operações determinadas substituíam as moedas", explica Hilário Franco, da USP.
Como no caso das moedas, a teoria de Galbraith de que "poucas invenções humanas se prestaram tanto aos abusos como o dinheiro" se repetiu na história do papel, haja vista, entre tantos outros, o pouco edificante episódio protagonizado por John Law e pelo duque de Orléans na França do século XVIII. "O papel-moeda só funciona quando existe confiança em que haja uma reserva por trás que lhe assegure o valor", explica o economista Flávio Saes, professor de História Econômica, também da USP. Foi o que aconteceu em 1689 nas colônias inglesas da América. Naquele ano, Inglaterra e França iniciaram uma guerra pela posse do Canadá. A colônia de Massachusetts, no nordeste dos atuais Estados Unidos, foi convocada a criar uma milícia para combater do lado dos ingleses. Na falta de moeda para pagar os soldados e comprar suprimentos, o governo autorizou a impressão de papel com valor equivalente. Terminada a guerra, as notas seriam honradas pelos ingleses. Como os cidadãos confiavam que teriam o dinheiro na troca, esses antepassados do dólar entraram rapidamente em circulação. Resultado: por volta da metade do século XVIII, todas as treze colônias americanas usavam papel como dinheiro.
As notas inventadas nas colônias inglesas pagaram a Guerra da Independência americana. Da mesma forma, na França, os assignats - que tinham como garantia as terras pertencentes à Igreja e aos nobres - sustentaram o início da Revolução de 1789. O dinheiro impresso também sustentou a rebelião dos Estados Confederados na Guerra de Secessão americana de 1861 a 1865, lastreado na produção de algodão dos Estados do Sul, e a Revolução Russa em 1917. Em todos esses casos, porém, como foram emitidas em grande quantidade e sem lastro suficiente, as cédulas acabaram provocando um fenômeno com o qual todo brasileiro está hiperfamiliarizado: uma grande inflação. Seja como for, o papel-moeda virou sinônimo de dinheiro.
"As moedas não se tornaram obsoletas", observa Ítalo Gasparini Filho, chefe do Departamento do Meio Circulante do Banco Central, ouvido por Marta San Juan França. "Mas com o tempo passaram a ser utilizadas apenas para fazer o troco ou em pequenas poupanças." O fim das moedas de ouro e prata marcou também o fim da utilização dos metais nobres como lastro da economia. "Atualmente o que fixa o valor das moedas nos mercados internacionais são as relações comerciais entre os países", explica o professor Flávio Saes. As notas se expandiram, ganharam novas cores, vinhetas e desenhos. Os motivos são estéticos, mas também ideológicos. O dólar, assim chamado por causa do táler, moeda alemã do século XV, homenageia heróis americanos.
Em outros lugares, as notas apresentam o brasão do país, monumentos, lugares, espécimes da fauna e flora, e símbolos dos principais recursos econômicos. "A tendência atual no mundo inteiro é homenagear as figuras das artes, das ciências e da literatura", informa Ítalo Gasparini, do Banco Central. Ele lembra por exemplo o caso do ex-presidente Juscelino Kubitschek, cuja imagem foi vetada em 1984 pelo general-presidente João Batista Figueiredo para a cédula de 10 mil cruzeiros. Gasparini acredita que as cédulas ainda vão durar muito tempo, tanto quanto as moedas. Mas economistas como Flávio Saes acreditam que a tendência é o virtual desaparecimento do dinheiro vivo nas transações cotidianas, substituído pelos cheques e cartões de crédito. "No futuro, em vez de papel, teremos terminais de compra", prevê Saes. "Além das transferências normais entre bancos, os computadores vão se encarregar também dos negócios menores."
O fundamento do processo, porém, continuará a ser o mesmo, ou seja, o contrato social implícito em todo e qualquer ato envolvendo dinheiro. Esse pacto é o que faz com que uma pessoa aceite dinheiro (ou seus equivalentes, como cheque, cartão etc.) de outra; ela sabe que quando chegar a sua vez de fazer um pagamento o recebedor também o aceitará. O dinheiro vale, portanto, porque as pessoas confiam no seu valor. De todas as convenções que tornam possível a vida em sociedade, poucas certamente hão de ser tão fortes de duradouras.

Muitos nomes, pouco valor

São 2,3 bilhões de cédulas e 1,2 bilhão de moedas. Essa foi a produção apenas deste ano da Casa da Moeda do Brasil, a maior fábrica de dinheiro da América Latina, responsável não apenas pelos desvalorizados cruzados novos como também por uma parte das notas em circulação no Equador. Toda a dinheirama brasileira tem um padrão comum: as moedas são muito simples, finas, de aço inoxidável. As notas, que exibem brasileiros ilustres como Machado de Assis, Portinari, Carlos Chagas, Carlos Drummond de Andrade e Cecília Meireles, têm cinco valores diferentes. O valor, naturalmente, vai depender da economia do país - e essa é outra história.
Desde o período colonial, com efeito, o Brasil teve 37 tipos diferentes de dinheiro, sempre em função da inflação. As oficinas monetárias, que funcionaram em Salvador, Recife, Rio de Janeiro e Vila Rica, criaram o real, que ficou conhecido no início do século XX como mil-réis. Dobrões, patacas, vinténs, cruzados e tostões são algumas das variações dessa moeda que sempre perdeu a corrida para a alta dos preços. No passado, a emissão sem controle de dinheiro por bancos diferentes muitas vezes inundou o país de moedas sem lastro, causando sérias crises.
Centralizar a emissão de dinheiro foi algo que só ocorreu um 1964, com a criação do Banco Central. Mas, com a economia desorganizada, o cruzeiro, instituído em 1942, deu lugar em 1967 ao cruzeiro novo. Um milhão passou a valer mil e mil passou a valer um. A história se repetiria: com o tempo o cruzeiro deixou de ser novo e foi adquirindo um número cada vez maior de zeros, até que em fevereiro de 1986 tornou-se cruzado (três zeros a menos) e cruzado novo (menos três) no início deste ano. No andar da carruagem, o Brasil chegará à década de 90 já com outro dinheiro.





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segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O Endereço da Inteligência - Biologia



O ENDEREÇO DA INTELIGÊNCIA - Biologia



Cem trilhões de conexões celulares, em eterna troca de informações, tecem a estrutura mais complexa do Universo: o cérebro humano.

Preste atenção. Ler este pedido é possível porque os olhos traduziram a imagem de cada letra em centenas de milhares de sinais elétricos que, em linha quase reta, escorregaram até a parte de trás da massa gelatinosa abrigada na caixa do crânio. Daquela região, próxima à nuca, foram disparados outros milhares de mensagens que se esparramaram pelas laterais, encontrando na superfície rugosa da massa uma área capaz de reconhecer as letras e montar palavras. Em seguida, partiram dali, em todas as direções, ondas elétricas que, ao varrer a víscera cinzenta, encontraram o significado da frase, escondido em um canto qualquer da memória.
Compreendida, a ordem foi comparada a outras mensagens, desde relatórios sobre o organismo a informações sobre o ambiente, que chegam a todo instante ao cérebro humano - uma construção tão complexa que os melhores cérebros que se dedicaram a estudá-la concluíram, sem preocupação com a modéstia, que não existe nada igual em todo o Universo conhecido. Então, se ao cérebro que defrontou com a primeira linha deste texto nada pareceu mais importante do que o pedido de prestar atenção, se por algum motivo não brotou na memória uma forte saudade nem irrompeu no organismo uma dor de dente, é bem capaz que o sistema nervoso tenha decidido escalar mais células para interpretar a leitura, atendendo à solicitação. E, caso todo o processo tenha ocorrido, durou exatamente o tempo necessário para ler as quatro primeiras palavras do texto.
De uma célula para outra, no entanto, a informação trafega no cérebro 1 milhão de vezes mais devagar do que um sinal de computador. Apesar da desvantagem inicial, porém, o cérebro consegue reconhecer um rosto em fração de segundo; portanto, no final das contas, está um corpo à frente da Informática. A diferença é possível porque bilhões de células nervosas, os neurônios, podem trabalhar ao mesmo tempo na solução de um único problema, como identificar uma forma ou compreender uma ordem, enquanto um computador processa bovinamente, passo a passo, as informações que recebe. Só recentemente começaram experiências para fazê-los trabalhar em paralelo, como o cérebro humano.
Apenas nos últimos dez anos os cientistas começaram a desvendar para valer os mecanismos cerebrais que tornam o homem inteligente. E as últimas descobertas aconselham apagar da memória a gasta analogia do computador. Parece muito mais adequado comparar o cérebro humano a um movimentado pregão da Bolsa ou a um igualmente agitado debate estudantil em que as informações pipocam de forma desorganizada e muitas vezes prevalece quem fala mais alto. No ano passado, cientistas americanos concluíram que qualquer estímulo que chega ao cérebro não segue uma rota definida, mas percorre diversos caminhos de neurônios, e alguns vão levar a dados que nada têm a ver com a assunto tratado.
Mas sempre que determinado estímulo encontra uma espécie de eco em algum dado estocado na memória, esse circuito passa a ser mais ativado, como se gritasse alto e bom som uma pista. No final, é como se o cérebro escolhesse as pistas e, por intuição, decidisse em favor de uma resposta, mesmo que incompleta, pelos dados de que dispõe. Graças a essa maneira aparentemente desajeitada de ser inteligente, às vezes nem com muito esforço o homem resolve equações cuja solução uma calculadora de bolso daria em um zás-trás.
Em contrapartida, é essa fórmula de sempre trabalhar simultaneamente com um grande número de informações que dá à inteligência humana toda a flexibilidade, fazendo com que o homem seja capaz de reconhecer depois de muito tempo um amigo que deixou crescer a barba, ou de imaginar um passeio de gôndola sem nunca ter pisado em Veneza e, principalmente, de lidar com toda sorte de imprevistos. Para chegar a essa compreensão dos mecanismos da inteligência, os americanos criaram um computador programado de acordo com os conhecimentos que se tem sobre a anatomia cerebral, ou seja, a forma como os neurônios se distribuem. É que na geometria dessas células de 1 centésimo de milímetro de diâmetro e de seus prolongamentos pode estar o segredo de ser humano.
Cada um dos 100 bilhões de neurônios do cérebro está ligado a 10 mil outros e assim é capaz de receber 10 mil mensagens ao mesmo tempo; a partir desse colossal volume de informações, o neurônio tira uma única conclusão, a qual, por sua vez, pode ser comunicada a milhares de outras células.
Calcula-se que existam entre os neurônios nada menos de 100 trilhões de contatos, as sinapses. Junto com a câmara de pósitrons, o único aparelho que permite visualizar o cérebro em atividade, o computador simulador de neurônios é um dos recentes recursos que podem ajudar o homem a conhecer os segredos da sua inteligência. Mas devagar com o andor. "Podemos entender os mecanismos básicos. No entanto, dizer que a gente entenda tudo é um grande exagero", adverte o neurologista Esper Cavalheiro da Escola Paulista de Medicina. "Conhecemos muito melhor o cérebro do macaco do que o do homem", informa esse professor, que passa o dia no laboratório. "O chimpanzé, por exemplo, é um dos animais mais inteligentes, pois pode até aprender uma dúzia de palavras em linguagem de surdo-mudo e manter certa comunicação com seres humanos", compara. "Mas, entre o cérebro do chimpanzé e o do homem existe um abismo."
A quantidade de novos genes que o homem adquiriu na evolução, em relação aos genes de seus ancestrais primatas, é muito pequena para justificar o avanço no sistema nervoso. Esse salto para a inteligência é um dos maiores enigmas da espécie humana. "Coincidência ou não", aponta Cavalheiro, "junto com o crescimento da área ligada a funções intelectuais, aparece a linguagem, uma aquisição que permite aos homens registrar informações, de maneira que cada geração não precise reinventar a roda. Os outros animais, sem aquela parte frontal do cérebro, não deixam história."
Se pudesse ser esticado, o cérebro humano também seria o maior entre os de todas as espécies. Pois, na realidade, a sua superfície cor de chumbo, o córtex, esconde nas reentrâncias nada menos de 9 décimos de sua área. E, em matéria de cérebro, ter uma vasta superfície vale muito mais do que a víscera pesa - afinal, seu quase 1,3 quilo ( 1,350 nos homens e 1,100 nas mulheres) é metade de um cérebro de baleia colocado na balança. A importância do córtex se deve ao fato de sediar a maior parte dos neurônios, as células nervosas que deixam fluir as idéias. Tais células foram observadas pela primeira vez em 1873 pelo fisiologista italiano Camillo Golgi (1843-1926), que descreveu seus milhares de prolongamentos espalhados feito galhos: são os dendritos, a porta de entrada das mensagens enviadas por outras células; o neurônio possui ainda um único axônio, ponto de partida da informação que processa.
São esses prolongamentos revestidos de uma substância branca que cruzam o cérebro de um lado para outro, tecendo a massa branca na parte interna da víscera. O fisiologista espanhol Santiago Ramón y Cajal (1852-1934) notou em 1889 que os prolongamentos dos neurônios, medindo de milésimos de milímetro até mais de 1 metro, não formam fios contínuos, feito cabos elétricos. Pois, na realidade, uma célula nervosa não encosta em outra. Uma informação salta o vazio entre um neurônio e outro graças a proteínas muito especiais, sintetizadas nas próprias células nervosas: são os neurotransmissores. Até a década de 70 se conhecia uma dúzia dessas substâncias mensageiras químicas; hoje os cientistas contabilizam mais de cinqüenta.
"Isolá-las e conhecer as suas principais propriedades é uma coisa", esclarece o neurologista Jorge Facure da Universidade de Campinas, no interior de São Paulo. "Mas ao se verem os neurônios em ação é quase impossível saber quais neurotransmissores estão sendo liberados naquele momento." Faz sentido: afinal, muitos neurônios fabricam mais de uma dessas substâncias, selecionando o momento de usá-las, a concentração e até a dose indicada, tudo conforme o sinal que pretendem transmitir. "Nos Estados Unidos", conta o médico Facure, que já trabalhou ali, "existem prédios inteiros ocupados por laboratórios dedicados exclusivamente ao estudo de neurotransmissores, tal a sua complexidade."
Há dois anos, Facure está à frente de uma equipe da Unicamp concentrada numa das mais instigantes investigações sobre o cérebro humano: trinta pesquisadores das mais diversas áreas - da Medicina à Informática, da Física à Psicologia - reúnem todos os dados ao alcance da ciência para tentar descobrir se existe alguma relação entre a mente e a matéria. Em outras palavras, a pesquisa confronta a delicada questão da possível existência de uma mente - que alguns preferem chamar alma - habitando os circuitos nervosos e controlando o funcionamento cerebral.
De fato, tão complicado como entender a inteligência é compreender por que ela se manifesta de maneira diferente de pessoa para pessoa. Ou seja, compreender por que uns são mais criativos do que outros, por que há quem goste de compor música e quem prefira escrever, como enfim a inteligência se desdobra em infinitos perfis. De acordo com os cientistas, para se tirar alguma conclusão dessa trama cerebral, o fio da meada é a comunicação entre os neurônios, cujas membranas funcionam feito uma divisória, separando cargas elétricas opostas: dentro da célula nervosa existem substâncias predominantemente negativas e, do lado de fora, encontram-se substâncias predominantemente positivas.
Um estímulo qualquer, como a visão de um retrato, subitamente inverte a situação: dentro do neurônio a eletricidade passa a ser positiva e, fora, negativa. A inversão, que dura um ínfimo milésimo de segundo, gera uma onda elétrica que percorre o neurônio de ponta a ponta. Ao alcançar o final do axônio - que se bifurca sucessivamente -, a corrente elétrica provoca uma alteração na membrana da célula. Assim, abrem-se brechas por onde escapam espécies de pacotes recheados de determinado neurotransmissor. Os pacotes logo se encaixam nos dendritos das células nervosas e ali se derretem, liberando o mensageiro químico. Este, por sua vez, provoca a inversão de carga que gera o sinal elétrico.
Para o neurônio que recebe a informação, as coisas não são tão simples. Afinal, é alcançado ao mesmo tempo por milhares de outras mensagens. "O sinal elétrico resultante não é necessariamente a soma de todos os sinais recebidos", explica Esper Cavalheiro, da Escola Paulista de Medicina, enquanto rabisca um exemplo. Segundo tal esquema, se alguém segura uma xícara de café muito quente, um neurônio pode ordenar: "larga"; um segundo neurônio, porém, passa a informação de que aquela é uma raríssima peça de porcelana chinesa. Provavelmente, a segunda mensagem irá atenuar a intensidade da primeira, de modo que a pessoa, apesar da dor, controlará o movimento da mão até pousar a xícara com cuidado sobre um móvel.
De acordo com as informações que um neurônio está habituado a receber, vai formando um comportamento. Passa a precisar de certa quantidade de energia, a produzir determinada dose de proteína, a reagir de modo específico a um estímulo. No final, um neurônio é sempre diferente de outro. Pode-se perguntar, no entanto, como o cérebro interpreta separadamente cada informação, sem confundi-las. O segredo é receber as mensagens por dendritos diferentes. Um neurônio, capaz de calcular a distância de onde veio uma mensagem, pode assim concluir qual de suas entradas ou dendritos foi usada naquela vez e, conseqüentemente, qual neurônio a está enviando.
O neurônio vai além: ao decodificar determinado sinal, sabe que a célula que o enviou está, por sua vez, sendo estimulada por tais e quais neurônios. Alguns cientistas, porém, acham que essa explicação é um tanto simplista.. Na opinião do neurofisiologista Luiz Menna-Barreto, da Universidade de São Paulo, não se pode entender o mecanismo de compreensão de mensagens quando se pensa em um único ou mesmo em poucos neurônios. "O cérebro sempre raciocina em cima de centenas de milhares de células nervosas. É muito mais adequado imaginá-lo como um jogo de batalha naval em três dimensões, onde os pontos assinalados seriam neurônios ativados", sugere Menna-Barreto. "Conforme o padrão formado por esses pontos, o cérebro entende um significado."
Existem neurônios que já nascem sabendo o que fazer: é o caso dos que controlam o ritmo cardíaco, feito marca-passos, disparando constantemente ondas elétricas em uma freqüência predeterminada. Outros, porém, surgem como folhas em branco, mas, à medida que um estímulo chega ali pela primeira vez, fica gravado para sempre de alguma maneira ainda não muito clara para os cientistas. Ou seja, aquele neurônio ativado passará a gerar regularmente a onda elétrica desencadeada pelo estímulo, que pode até já ter desaparecido.
Do mesmo modo, na batalha naval imaginada por Menna-Barreto, existem padrões inatos de comportamento cerebral, como os do sono. Mas outros padrões são criados pela experiência. Isso é possível graças à mais fantástica característica do cérebro humano: a plasticidade. Pode-se visualizar as ligações entre os neurônios como caminhos, a maior parte deles criados na infância. No decorrer da vida, o cérebro deixa de lado na memória as ruas por onde transitam poucas informações. Em compensação, rasga novas estradas e abre avenidas nas áreas por onde passam muitos estímulos nervosos. Isto é, faz crescer novos prolongamentos unindo mais neurônios ou aumenta as áreas de contato, as sinapses, já existentes entre as células.
"Quanto mais sinapses, mais recursos de informações", resume o neurologista Saul Cypel, do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. "Logo, mais inteligente ou criativo aquele cérebro tende a ser." Segundo ele, a existência de mais sinapses em determinadas áreas cerebrais justificaria uma facilidade maior para lidar com um assunto do que com outro. "Alguém que cresceu ouvindo música", exemplifica, "provavelmente desenvolveu muitas sinapses na área do cérebro responsável por esse tipo de percepção. Daí, tende a ter talento para a música." Se a habilidade pode ser, fisiologicamente, questão de prática, não se pode esquecer de outro ingrediente fundamental à plasticidade das células nervosas: a emoção, algo que em neurologuês pode ser descrito como um mero conjunto de reações químicas na massa cinzenta.
O sistema nervoso tende a formar as tão importantes conexões entre as suas células ali onde existe uma dose concentrada de afeto. A percepção auditiva dos pais é um exemplo claro: o menor choramingo do filho explode, na calada da noite, como efeito despertador de uma turbina de Boeing. Isso porque a emoção fixa as sinapses: assim, toda informação relacionada àquela criança merece atenção do cérebro. Na realidade, a emoção está em jogo mesmo nas atividades mais banais do dia-a-dia. Toda vez que se lê um texto, os trechos mais marcantes, agradáveis ou desagradáveis, ganham mais sinapses no cérebro. É o afeto que ajuda a determinar a importância e a permanência de um registro na memória. Mas, de qualquer maneira, toda informação nova é gravada nos neurônios e forma sinais elétricos, que de seu lado inauguram diferentes caminhos de axônios para compreendê-la. Em suma, ninguém é exatamente o mesmo após ler uma matéria como esta.

Flagrando os miolos em ação

Médicos americanos pediram a voluntários que resolvessem problemas de raciocínio abstrato - e concluíram que o cérebro daqueles que se saíram melhor no teste consumia um terço a menos de energia. Isso leva à suspeita de que quanto mais neurônios conectados, menor o esforço do sistema nervoso para raciocinar. Descobertas como essa são possíveis graças à câmara de pósitrons, que permite aos cientistas bisbilhotar a intimidade do metabolismo cerebral. Os pósitrons são partículas que, imediatamente após sua emissão, se combinam com uma substância radioativa.
As combinações são interpretadas por um computador que desenha do cérebro uma imagem parecida com a de uma tomografia. O truque do exame está em ligar, por exemplo, flúor radioativo, que permanece cerca de meia hora no organismo, com aquilo que se pretende observar. Assim, ligado à glicose - combustível que o cérebro consome seis vezes mais do que qualquer outro órgão - o flúor acusa as áreas que gastam mais energia. Com o mesmo método pode-se examinar a ação de drogas e neurotransmissores.

Uma escalada em três degraus

Até os 20 anos de idade aproximadamente, o sistema nervoso ainda é capaz de alterar a sua arquitetura formando novas sinapses. No entanto, como para tantas outras coisas, os primeiros anos de vida são os mais importantes no desenvolvimento cerebral, que obedece a um rígido passo-a-passo. Nos primeiros meses surgem nas chamadas regiões primárias conexões nervosas que fazem o bebê perceber, por exemplo, um objeto escuro. Sem elas, não se formariam, nos três primeiros anos de vida, sinapses nas áreas cerebrais secundárias, que já são capazes de interpretar informações com maior riqueza de detalhes - o objeto escuro é reconhecido como uma caneta.
Isso leva ao terceiro e mais importante passo: o surgimento de sinapses em áreas de associação, especializadas em cruzar as informações mais diversas no cérebro, verdadeiros pontos de convergência. Segundo o neurologista Saul Cypel, de São Paulo, as experiências são fundamentais para o cérebro poder escalar os três degraus do seu desenvolvimento: "Prova disso é que crianças paralíticas, justamente pela impossibilidade de explorar o mundo ao seu redor, tornam-se adultos com dificuldade de perceber, por exemplo, distância e dimensões".

Tudo que o cérebro faz para reconhecer um rosto

1) Uma pessoa vê um rosto que lhe parece familiar, mas por algum motivo não identifica imediatamente de quem se trata. O cérebro então registra os traços essenciais daquela imagem - o bigode, o formato da face e do nariz.
2) Com essas pistas, a memória busca retratos aparentados. Assim o cérebro compara a imagem que vê com as lembranças de um ex-chefe, de um antigo médico da família, de um primo distante, de um professor dos tempos de colégio. Este último possui o mesmo formato de rosto e tem nariz e cabelos iguais. Mas na imagem gravada na memória o seu rosto aparece de barba.
3) Sem ter certeza absoluta, o cérebro se decide pelo professor, cujo rosto é o mais parecido. A partir daí, surgem lembranças: a de que certa vez o professor ofereceu uma feijoada, a do rosto de sua amiga, a de que ele tocava violão - e tudo vai reforçar a decisão de que é de fato o professor, só que sem barba.
4) Um computador não chegaria a essa resposta, a menos que encontrasse dados idênticos na memória. Além disso, processaria as informações uma por uma, enquanto na verdade o cérebro pode acionar ao mesmo tempo milhões de lembranças arquivadas.

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segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A Conquista da Passagem Noroeste - Lugares



A CONQUISTA DA PASSAGEM NOROESTE - Lugares



Dois modernos exploradores, a bordo de um veleiro catamarã, conseguiram atravessar os 4 mil quilômetros do gelado Oceano Ártico, ao norte do Canadá, apenas com a força do vento.

Os nomes dos acidentes geográficos no labirinto de ilhas que formam o norte do território canadense, 800 quilômetros acima do Círculo Polar Ártico, homenageiam os muitos exploradores que ali estiveram em busca de uma rota marítima entre o Atlântico e o Pacífico, passando pela América do Norte. Baffin, Hudson, Parry, Fox, Davis, Bylot são figuras lendárias que arriscaram as vidas atraídos pela promessa de fama e fortuna a quem abrisse a chamada Passagem Noroeste. Neste século, até navios de grande porte já fizeram a travessia. Mas só no ano passado dois exploradores canadenses, o esportista Jeff MacInnis, 26 anos, e o fotógrafo Mike Beedell, 32, conseguiram navegar pelas águas gélidas e perigosas, a bordo de um pequeno veleiro.
Foi o explorador norueguês Roald Amundsen - o mesmo que em 1911 conquistaria o pólo Sul - o primeiro a travessar a Passagem Noroeste. Na história da região há um lugar especial para o navegador inglês Sir John Franklin, que em 1845 se perdeu ao largo da Ilha Rei Guilherme com seus dois navios e 129 homens. As várias expedições para resgatá-lo e sua tripulação não encontraram nenhum vestígio do naufrágio, mas serviram para mapear melhor o caminho entre as ilhas geladas. O sonho dos navegadores dos países de Atlântico Norte era abrir a Passagem Noroeste para o tráfego marítimo comercial, o que diminuiria, por exemplo, a distância entre Londres e Tóquio de 23 mil quilômetros (via Cabo da Boa Esperança, contornando a África) para apenas 12 mil. Mas o frio, a ameaça de gigantescos icebergs e as violentas tempestades de neve nunca fizeram a rota muito popular entre as companhias de navegação.
Veteranos de expedições ao Ártico, Jeff MacInnis e Mike Beedell sabiam o que os aguardava quando iniciaram a viagem a 20 de julho de 1986, em Inuvik, quase na fronteira entre o Canadá e o Estado americano do Alasca. Por isso eles se prepararam durante dois anos. Escolheram também um surpreendente meio de transporte para a empreitada: um veleiro catamarã do tipo Hobie Cat, feito de fiberglass e medindo apenas 18 pés (5,5 metros) - quatro vezes menor do que o veleiro dotado de motor, Gjöa, usado por Amundsen na sua viagem pioneira. O Perceptiond´água, como foi chamado, provou ser o barco ideal naquelas circunstâncias.
Pequeno, ainda assim o valente catamarã enfrentou as tempestades geladas na zona polar com bastante estabilidade. Deslizou suavemente pelas passagens estreitas entre as ilhas. E, quando o gelo se tornou um obstáculo intransponível, ele pôde ser arrastado, embora com muito esforço, pela tripulação. "Nós lhe devemos não apenas nosso sucesso como também nossas vidas", escreveria MacInnis em seu diário no final da viagem. Para enfrentar o frio de 20 a 30 graus negativos, os dois viajantes usaram roupas térmicas à prova d´água criadas para os pilotos de combate americanos. Tomaram o cuidado de não ficar amarrados ao barco: embora fosse grande a tentação de se sentirem mais seguros, o número de cabos a bordo era mais do que suficiente.
Além disso, se por infelicidade o Perception virasse ou afundasse, eles não correriam o risco de serem arrastados juntos. Durante a fase dos preparativos, MacInnis e Beedell estudaram o relato de seus antecessores, mas sabiam que não podiam prevenir-se 100 por cento contra um encontro com certeza fatal com alguns dos cerca de 50 mil icebergs que se calcula haver espalhados pela região. Mas isso não aconteceu. A primeira parte da viagem foi tranqüila. No final do breve verão polar, eles se divertiram na Baía de Cambridge, Ilha Vitória. Haviam percorrido mais de mil quilômetros.
Para aproveitar os longos dias, os dois tripulantes do Perception passavam às vezes quase vinte horas velejando. Paravam apenas para acampar sobre a neve ou a terra, quando isso fosse possível. As refeições não consumiam muito tempo. MacInnis e Beedell haviam optado por uma dieta de alimentos leves mas calóricos para enfrentar a dura viagem. Levavam leite em pó, frutas secas, queijo e pratos prontos congelados. Naturalmente, mantê-los na temperatura adequada não era problema. Para as refeições, usavam um fogareiro a gás que também servia para aquecer o casco duplo do catamarã. Feito de fiberglass, o casco precisava ser esfregado com resina de epóxi para não estragar. Os exploradores não precisavam se preocupar com água. No verão, o sal se separa do gelo derretido na superfície do oceano, que assim se torna uma fonte inesgotável de água potável.
O gelo, contudo, era uma preocupação constante. Para os dois viajantes, parecia um gigantesco caleidoscópio, cujas peças se mexiam sem cessar até se juntarem de um momento para o outro formando uma massa compacta. Apesar desse obstáculo portentoso, que teimava em atrapalhar o cronograma de viagem, MacInnis e Beedell fizeram quase 2 mil quilômetros durante o verão de 1987, na segunda tentativa de conquistar a Passagem Noroeste. Conseguiram ultrapassar o trecho de triste memória, ao lado da Ilha Vitória, onde os navios do inglês Franklin naufragaram no século passado. E, na mesma baía, viram um fenômeno intrigante: colinas que queimam permanentemente. Não se trata de diabólicas chamas eternas num lugar de eternas geleiras; mas da combustão, em contato com o oxigênio do ar, de um mineral existente na região chamado jarosita.
Onde outros barcos mais possantes fracassaram, o Perception avançou impávido. Quando o gelo fechava o caminho, a dupla de aventureiros punha os músculos para funcionar e empurrava o barco. Beedell calcula que graças a esse expediente puderam percorrer mais de 50 quilômetros - não de um estirão só, é claro. Afinal, levar o barco de 315 quilos (quase um terço do peso de um fusca) pelo gelo ártico era uma tarefa extenuante, a que eles se entregavam em último recurso. A tripulação não podia nem pensar em descansar enquanto o Perception não tivesse ultrapassado as correntes parcialmente derretidas de neve. Se a água congelasse, o casco do veleiro ficaria preso na armadilha de gelo.
Enquanto arrastavam o barco, fustigados pelo vento, MacInnis e Beedell rezavam para não cair nas pequenas poças de neve e água derretida ou para não rasgar a roupa, ou ainda para não machucar ou quebrar uma perna. Entre os equipamentos indispensáveis à viagem havia um rádio por meio do qual os dois exploradores mantinham contato com a civilização e assim tomavam conhecimento das previsões de Meteorologia. Mas eles estavam também cientes de que, se acontecesse um infortúnio, seria impossível o socorro localizá-los naquele labirinto de ilhas estreitas. Se um deles se machucasse, o outro sozinho não teria condição alguma de arrastar o barco - e mais o parceiro - quilômetros a fio. No final do segundo verão, cansados do frio e da neve, MacInnis e Beedell pararam na Ilha Somerset, onde deixaram o barco e foram resgatados por ar.
Durante a viagem, eles não ficaram completamente sozinhos. Ao contrário, tiveram companheiros das mais diversas espécies. As focas eram visitas mais constantes. Quando o vento não soprava com força, elas nadavam horas ao lado do Perception, fazendo graciosas piruetas na superfície. Nos dias mais quentes, estendiam-se sobre os blocos de gelo para preguiçosos banhos de sol. Já quase no fim da viagem, MacInnis descobriu sobre um rochedo um ninho de peludos falcões. Uma raposa do Ártico, exausta depois de uma tempestade, fez companhia aos viajantes durante um dos acampamentos. Búfalos também rondaram os intrusos, quando ergueram sua barraca nas Ilhas Richardson.
No terceiro verão, na Ilha de Baffin, um enorme urso branco chegou a entrar na tenda, quando MacInnis e Beedell dormiam um sono dos justos, aconchegados nos seus sacos de dormir. Naturalmente, eles portavam cada um uma arma para emergências, mas eram lúcidos o suficiente para não usá-las num lugar fechado e sem luz para um quase suicida disparo a queima-roupa. Portanto, mantiveram-se completamente quietos enquanto o urso farejava em volta. Depois de alguns minutos, que pareceram horas aos viajantes, sem encontrar nada que o interessasse, o peludo visitante se retirou calmamente. A mesma sorte não teve uma pequena foca, alimento predileto dos ursos polares. Apanhada por dois desses animais, ao largo das Ilhas Tasmania, não houve tempo para que MacInnis e Beedell a salvassem. Quando se aproximaram, os ursos fugiram deixando para trás a foca estraçalhada.
Nas costas da Ilha Somerset, os expedicionários foram premiados com um espetáculo inesquecível: dezenas de baleias brancas brincando despreocupadamente nas águas transparentes. MacInnis e Beedell podiam ver suas formas fantasmagóricas sob o casco do barco. Os graciosos animais pareciam curiosos pela embarcação, mas não se atreviam a se aproximar muito. Todo verão, centenas de baleias brancas se reúnem nos mares da Baía de Cunningham, ao largo da Ilha Somerset, atraídas pela limpidez das águas. Para estudar o seu comportamento migratório, o governo canadense mantém uma pequena estação de pesquisa na região.
Quando MacInnis e Beedell passaram por ali, três pesquisadores - os biólogos canadenses Tom Smith e Kathy Frost, e o inglês Tony Martin, especialista em cetáceos - ocupavam a estação. Eles procuravam colocar pequenos transmissores de rádio no dorso das baleias para monitorar seus movimentos. Os sinais via satélite, seriam captados no Laboratório de Pesquisa da Universidade de Cambridge, na Inglaterra. O grupo tinha conseguido colocar um transmissor - uma pequena maleta verde - num dos animais, que, por coincidência, os navegantes haviam visto e fotografado dois dias antes da baía.
Para MacInnis e Beedell, o laboratório de pesquisa - apenas um barracão de madeira - parecia um hotel cinco estrelas em comparação com os precários acampamentos que eles próprios montavam. Depois do interminável regime alimentar à base de congelados puderam regalar-se com carne e verduras frescas. Seu aparecimento também foi motivo de alegria na estação. Justamente naquele dia, duas baleias haviam encalhado, devido à maré baixa, no delta de um pequeno riacho que desaguava na baía. Com a ajuda dos dois novos e musculosos pares de braços, os cientistas conseguiram etiquetar e medir os cetáceos. Um deles, uma fêmea de quase 4 metros, era muito grande para ser levada até alto-mar. Teria de esperar pela próxima maré. Sua acompanhante, também uma fêmea, mas ainda filhote, foi arrastada até águas mais profundas onde, depois de algumas acrobacias, desapareceu.
No final do terceiro verão, MacInnis e Beedell estavam finalmente na reta final na Baía Pond. Mas, apesar da impaciência ainda tiveram de esperar alguns dias. Os ventos que haviam castigado o barco tão ferozmente nas etapas anteriores da viagem desapareceram da região justamente quando mais eram necessários. Assim, os remos, que até aquele momento haviam sido usados principalmente como antenas de rádio, pás ou cortadores de gelo, acabaram servindo para aquilo que tinham sido fabricados: MacInnis e Beedell tiveram de remar os últimos quilômetros. À frente dos dois navegantes, as casas de teto baixo da Ilha de Baffin, emolduradas pelas montanhas glaciais mais distantes, eram uma recompensa que não poderia ser adiada. No dia 17 de Agosto de 1988, dois anos e 4 mil quilômetros depois, Jeff MacInnis e Mike Beedell alcançavam o seu destino. Etapa depois de etapa, a Passagem Noroeste estava finalmente conquistada.





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segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A Volta dos Dinossauros - Paleontologia



A VOLTA DOS DINOSSAUROS - Paleontologia



Nenhuma forma de vida instigou tanto a imaginação humana como a dos dinossauros. Por conta desse fascínio surgiram os robossauros - réplicas automatizadas que imitam perfeitamente os originais.

O cenário é tranqüilo. Um Triceratops pasta sossegado no vale. De repente, algo chama a atenção, um ruído talvez. Ele ergue então a cabeça, fareja o ar, vira os olhos e começa a caminhar, ameaçador. O movimento dos seus músculos é visível sob a pele. Eis que o bicho gigantesco joga o focinho para trás e dá um rugido de estremecer a terra. Apavoradas, as crianças que o vêem agarram-se às pernas dos pais; outras riem nervosamente. Não é para menos. Com seus quase 8 metros de comprimento e cerca de 5 toneladas de peso, dois chifres na testa e um no nariz, esse ser descomunal aterrorizaria o mais destemido dos homens. Para sorte da espécie, homens e dinossauros jamais se cruzaram sobre a face do planeta, ao contrário do que sugerem as histórias em quadrinhos tipo Brucutu e os desenhos animados tipo Flintstones: mais de 60 milhões de anos separam os derradeiros Triceratops e assemelhados dos primeiros Homo. Daí porque aquela cena espetacular é exatamente isso - um espetáculo, que por sinal faz a festa dos freqüentadores de museus de História Natural e de exibições de fósseis dos grandes répteis do passado remoto. Os donos do show são chamados robossauros por seus criadores - e estes bem merecem o sucesso de público e crítica das crianças.
Pois não só é preciso entender muito de Paleontologia para construir réplicas tão realistas daqueles animais como também é preciso entender muito de máquinas para fazê-las funcionar com tanta naturalidade. O projeto resulta de um trabalho de equipe que associa paleontólogos, engenheiros, desenhistas e escultores. O rigor da criação tenta ressuscitar representantes da espécie que desde os primeiros achados fósseis foi conquistando como nenhuma outra a imaginação humana. Senhores absolutos da Terra durante 140 milhões de anos, os dinossauros desapareceram há 65 milhões de anos por motivos ainda não esclarecidos de todo, sendo a hipótese mais aceita a que fala em drásticas mudanças no clima do planeta em conseqüência da colisão com um não identificado corpo celeste. Certamente reside nisso parte do fascínio do homem pelos dinossauros - o mesmo fascínio que levou o americano Chris Mays a deixar uma bem-sucedida carreira de vinte anos como piloto de aviões para tornar-se um igualmente bem-sucedido fabricante de robossauros.
Mays já tinha visto os dinossauros mecânicos japoneses e sabia que alguns estavam à venda depois de terem percorrido um bom número de exposições. Não teve dúvidas: importou um Triceratops e resolveu doá-lo ao Museu de História Natural de Los Angeles. O presente chegou em meio a um banquete que a instituição oferecia. A cena foi inusitada: atrás dos garçons que circulavam entre as mesas servindo iguarias estava estacionado um dinossauro com 4 metros de comprimento e quase 3 toneladas de peso, a metade do tamanho normal de um Triceratops. O sucesso foi total. A partir daí, Mays resolveu adquirir réplicas. Nessa altura, início dos anos 80, ele não sabia no que sua iniciativa ia dar realmente, pois o destino lógico dos seus dinossauros eram os museus públicos e estes naquela época sofriam cortes de verbas.
Mesmo assim, ele seguiu em frente com seu projeto. Quando alguns desses bichos mecanizados começaram a ser exibidos, foi uma sensação: tanta gente veio vê-los que em três meses o museu já tinha atraído o número de visitantes que normalmente levaria um ano inteiro para aparecer. Assim em 1982, junto com seu vizinho Tom Stifter, Mays fundou a Dinamation International Corporation, a única empresa no mundo que fabrica dinossauros robotizados, talvez não por acaso instalada em Orange Country, sul da Califórnia, a cerca de 20 quilômetros da Disneylândia.
Mas, contrastando com o Pato Donald, Mickey Mouse ou Tio Patinhas, personagens saídos exclusivamente da imaginação genial de Walt Disney, os robôs da Dinamation procuram ser fiéis ao que se sabe sobre os dinossauros e o mundo em que viviam, embora também contenham uma respeitável dose de criatividade dos seus construtores. Para tanto, Stifter e Mays contam com paleontólogos que orientam a construção, não apenas do ponto de vista anatômico dos animais mas também do que se supõe tenha sido meu modo de vida: o que comiam, que tipo de ambiente habitavam, como os espécimes adultos se relacionavam com os mais novos, que tipo de grupo formavam, como se reproduziam.
Os sulcos e cicatrizes existentes na superfície de um osso como o fêmur permitem saber, por exemplo, os pontos onde os músculos se uniam. Mandíbulas e dentes relatam se pertenciam a um carnívoro ou a um herbívoro. Os paleontólogos valem-se também das pegadas fossilizadas. No Texas, um campo cheio delas indicava um bando de apatossauros (também chamados brontossauros) com seus 21 metros de comprimento e 30 toneladas de peso deslocando-se ao longo de um rio. Nas laterais, os adultos, machos e fêmeas, protegiam os menores que iam no meio. Rodeando esses herbívoros gigantes estão os rastros de um alossauro, um terrível predador com quase 14 metros de comprimento, que certamente se preparava para atacar.
Fabricar dinossauros requer todas essas informações, particularmente dados sobre sua anatomia. Que peso o esqueleto podia suportar? Que tipo de movimento os ossos poderiam articular? Onde os músculos se prendiam e de que tamanho eram? Para fabricar réplicas as mais fiéis possíveis, a Dinamation contratou uma equipe de autoridades no assunto, como Robert Bakker, da Universidade do Colorado, e George L. Callison, biólogo da Universidade de Long Beach, na Califórnia. São eles, juntamente com os engenheiros, os responsáveis pelo modo como as criaturas saem das pranchetas para serem confeccionadas por escultores e artistas.
Como os dinossauros integraram espécies com os mais variados tamanhos e formas - por exemplo, crânios em forma de capacete, chifres na testa e no nariz, placas no dorso, espinhos na cauda -, nem mesmo a mais desenfreada imaginação poderia superá-los. Os cientistas contam com fósseis de ossos, pegadas, ovos e poucas impressões de pele para trabalhar. Isso parece pouco, mas para os paleontólogos representa uma fonte abundante de informações. Quem dá vida às criaturas são os artistas. Com cuidado, eles planejam as expressões faciais, a cor dos olhos, as rugas, a textura e a cor da pele, até os sons emitidos pelos monstrengos.
"É algo completamente diferente criar um animal quase real à base de borracha, pêlos sintéticos, tubos de plástico e metal como se fosse verdadeiro", constata o professor George Callison, referindo-se ao trabalho dos artistas. Primeiro em minuciosos rascunhos, depois em maquetes de argila, nada escapa aos escultores. As próprias miniaturas são tão convincentes que se começassem a andar pela sala seriam confundidas com bichinhos de estimação. As dificuldades desenvolvidas na feitura e operação dos robossauros são as mais extravagantes. Os olhos, por exemplo, podem virar antes de as pálpebras se fecharem resultando numa indesejável piscadela sinistra. Também as manivelas e pistões que movem a engrenagem dos robôs tendem a girar a velocidades diferentes.
Com isso as pernas e o corpo dos sauros perdem a sincronia, como se o bicho estivesse tendo um acesso de espasmos. Em climas úmidos, o material que compõe o revestimento da réplica pode ficar pegajoso, fazendo desaparecer as rugas naturais ali onde a pele dobra. O robosssauro, enfim, só funciona bem durante umas quarenta horas. Depois tende a apresentar defeitos e precisa ser novamente regulado. No caso do Tyrannosaurus rex, o mais terrível dos carnívoros, que se estende por até 15 metros de comprimento e em posição bípede alcançava 6 metros de altura, a Dinamation optou por construir apenas a cabeça em tamanho natural, já que esta e os dentes são o que há de realmente importante no bichão. Pronta, a estátua de argila recebe placas de fibra de vidro ou de qualquer outro material rígido e leve.
Elas serão montadas de forma a criar o esqueleto do dinossauros sobre o qual será moldada a pele, feita de poliuretano. Enquanto isso, os engenheiros projetam os esqueletos metálicos, espécie de sistema nervoso e respiratório do robossauro. Os especialistas em robótica se valem de pistões, manivelas, válvulas e tubos de ar para sincronizar todos os movimentos do animal - que evidentemente devem parecer naturais. O ar comprimido flui pelos tubos de plásticos para assegurar a suavidade dos movimentos. Pronto o esqueleto, os artistas o recobrem com a pele.
O trabalho leva no mínimo um dia, pois inclui preparar as cavidades dos olhos para que os globos oculares se encaixem perfeitamente e estofar qualquer área de depressão que exista debaixo da pele. Então, os engenheiros começam a programar os sons que o robô fará. Como não existem obviamente registros fósseis sonoros, os cientistas e os artistas precisam recorrer à imaginação e a empréstimos de outras espécies para decidir qual o tipo de ruído que mais combinaria com os dinossauros. Por isso, um programador grava por meio de um sistema digital rosnados, uivos e assemelhados de vários animais. Surgem assim os sons das réplicas dos dinossauros. A pintura é a etapa final. Todo o processo, que pode durar de doze a dezoito meses, dá aos espectadores uma impecável ilusão.
De qualquer forma, as réplicas robotizadas da Dinamation, que incluem também mamutes peludos, tigres dente-de-sabre, baleias pré-históricas e preguiças gigantes são a versão mais sofisticada de uma secular imitação. Em 1854, uma exposição no Palácio de Cristal de Londres apresentou ao público reproduções em tamanho natural de iguanodontes, megalossauros e outros animais extintos.
As cópias estavam longe de ser perfeitas, mas a exposição foi um acontecimento e tanto.
Além de fabricar robôs, a Dinamation financia expedições científicas e colabora na criação de um museu de dinossauros no Colorado. Também co-produziu o filme Dinossauros, dinossauros, um musical mesozóico ainda não exibido no Brasil. Segundo Chris Mays, o ex-piloto que ganha a vida produzindo espécimes extintos, não se trata apenas de diversão ou lucro. O objetivo é aproximar as pessoas comuns do mundo da ciência. "Queremos fazer do ensino algo divertido e e do qual se possa participar, e temos nos dinossauros o ponto de partida".

Réplicas nordestinas

Dificuldades nunca se desanimaram o italiano radicado no Brasil Giuseppe Leonardi, padre e paleontólogo. Tanto assim que de julho de 1985 até o início deste ano ele conseguiu construir, juntamente com o escultor João Carlos Moreira do Museu Emílio Goeldi de Belém e a ajuda de dois técnicos, dez réplicas de dinossauros, entre celurossauros, alossauros e tiranossauros. Tudo isso, num modesto galpão emprestado e transformado em laboratório. Desde 1975, Leonardi pesquisa no vale do rio do Peixe, próximo à cidade de Sousa, Paraíba, a impressionante variedade de pegadas fossilizadas deixadas pelas cerca de seiscentas espécies diferentes de dinossauros que viveram na região há 150 milhões de anos.
A partir das pegadas, identificando o animal a que pertenceram, Leonardi e Moreira elaboraram o projeto das réplicas. Então, constrói-se uma armação de madeira sobre a qual irão camadas de argila - para marcar os músculos, dobras, placas e escamas - e de gesso. Depois, por uma abertura nesse gesso, retira-se a armação de madeira . Em seguida, o protótipo é coberto com camadas de fibras de vidro ou de resina sintética, enquanto, por dentro, coloca-se uma armação de ferro. "Usamos técnicas simplificadas e mais baratas, mas o material tem de suportar o sol do sertão, onde queremos que as réplicas fiquem, ao lado das pegadas, como se os dinossauros estivessem vivos, caminhando", explica Leonardi. O projeto está parado por falta de recursos e de lugar - o que é uma pena, porque dele depende a preservação daquele precioso sítio paleontológico.

Pré-história pelo correio

A população dos dinossauros nos Estados Unidos escapou dos museus e chegou às agências do Correio. Desde outubro último, com efeito, circulam no país quatro selos que estampam esses bichões de estimação dos americanos. Mas o lançamento fez rugir de indignação os paleontólogos porque um dos selos identificou como brontossauro o dinossauro cujo nome científico de verdade é apatossauro.





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segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A Casa dos Horrores Nucleares - Armas



A CASA DOS HORRORES NUCLEARES - Armas



O arsenal mais terrível do mundo tem seu lugar para a posteridade - se é que haverá alguma. Um museu americano guarda uma completa coleção de bombas atômicas e mísseis para turista ver.

Na manhã de 6 de agosto de 1945, quase ao fim da Segunda Guerra Mundial, o bombardeiro B-29 americano Enola Gay lançou a ainda não testada bomba de urânio Little Boy sobre a cidade de Hiroxima, a sudoeste de Honshu, a principal ilha japonesa. Ela rebentou no ar a 600 metros de altura e liberou uma energia equivalente a 20 quilotons (20 mil toneladas) do explosivo químico TNT, matando 64 mil pessoas instantaneamente. Três dias depois, após sobrevoar inutilmente durante 45 minutos um segundo alvo, a cidade de Kokura, sem visualizá-la, o avião mudou de rumo. E Fat Man, outra bomba, esta de plutônio, arrasou mais da metade da área de Nagasaki, no sul do Japão. Passados seis meses, 40 mil pessoas haviam morrido. O número de vítimas poderia ter sido ainda maior e incluir cidadãos americanos caso o mau tempo não tivesse afastado o bombardeiro 1500 metros do alvo: isso salvou a vida de 1300 prisioneiros de um campo de concentração japonês desconhecido dos Estados Unidos.
A devastação causada por essas bombas acabou de vez com a guerra, provocou espanto e horror no mundo inteiro, mas não impediu o desenvolvimento das armas atômicas - muito ao contrário. Elas instituíram o chamado "equilíbrio do terror", sustentado pelas mais de 25 mil ogivas nucleares das duas superpotências, Estados Unidos e União Soviética, capazes de exterminarem múltiplas vezes a vida na Terra. O potencial das bombas de fusão, ou termo nucleares, é da ordem de 60 megatons (60 milhões de toneladas de TNT). É como se cada ser humano se tivesse tornado um refém da paz armada. É inegável também que o arsenal nuclear exerce uma atração algo mórbida sobre muita gente. E um lugar onde isso pode ser percebido claramente é o Museu Atômico Nacional, que funciona na cidade de Albuquerque, no estado americano do Novo México. "As pessoas se alegram de conhecer a tecnologia das armas atômicas", comenta Joni Hezlep, o diretor do Museu.
"Grátis! Educativo! Fascinante!", proclama o folheto distribuído aos quase 150 mil turistas que todo ano percorrem o ambiente escuro do velho hangar de helicópteros, hipnotizados pela visão de 68 armas nucleares iluminadas, imagens de cogumelos atômicos e pôsteres com a história das bombas. Sentado ao lado de uma Mark-17, a primeira bomba termonuclear desenhada para ser lançada de avião, o turista aperta um botão e logo aparece na tela de TV um filme das primeiras provas realizadas com ela. Esta versão moderna de "casa dos horrores" reúne sobras de guerra e material de treinamento.
O orçamento do Museu é suficiente para a permanente renovação do acervo. Exemplares de safras recentes da indústria bélica repousam, ainda encaixotados, atrás do hangar, entre a sucata de um jato supersônico F-105, peças de foguetes e uma coleção de mísseis,. Segundo o historiador do Museu, Richard L. Ray, a intenção não é chocar e sim conservar e exibir os equipamentos como parte da História. "Todo mundo sabe o que faz uma bomba desta. Não precisamos mostrar corpos carbonizados", justifica. Ele conta que dois sobreviventes de Hiroxima e Nagasaqui visitaram o Museu o acharam um boa idéia, apesar de não ter fotos que lembrem o martírio japonês. Ao observar as réplicas de Fat Man e Little Boy, lembra o historiador, os dois caíram de joelhos a chorar.
A maioria das armas expostas tem nomes muito atrativos: Lulu (bomba de explosão em profundidade submarina). Walleye (bomba de planagem), Honest John (míssil terra-ar) e David Crockett, SUBROC e ASROC (foguetes de lançamento submarino e anti-submarino). Os arsenais nucleares encontram-se divididos em três categorias: os mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs), lançados de terra; os mísseis lançados de submarinos (SLBMs), de menor porte e precisão; e os bombardeiros estratégicos. Para o observador atento, as armas mais antigas traem suas origens. É que muito da evolução ocorrida até se chegar aos mísseis modernos derivou das pesquisas desenvolvidas durante a guerra, há quase meio século, pela Alemanha nazista.
De fato, no dia 8 de setembro de 1944, cinco minutos depois de ser disparada de Haia, a capital da Holanda, então sob domínio alemão, a uma velocidade de 5 mil quilômetros por hora, caía em Londres o primeiro foguete nazista, batizado de V-2. Estava inaugurada a era das armas automáticas de longo alcance. Com a vitória dos aliados em 1945, mais de cem especialistas alemães, a começar pelo físico Wernher von Braun, foram acolhidos nos Estados Unidos (os russos também carregaram tantos quanto puderam). Além do pessoal, os americanos tomaram setenta dos mais avançados foguetes alemães para testes de treinamento. União Soviética, França e Inglaterra trataram igualmente de obter informações sobre foguetes e mísseis. A história dos testes nucleares também faz parte do roteiro do Museu Nacional. Toda semana, caravanas de turistas percorrem 200 quilômetros no escaldante deserto do Novo México até a Base Aérea de Alamogordo, para conhecer ao local da primeira explosão atômica do Mundo.
Mais de mil pessoas se aglomeram na cratera aberta pela bomba, enquanto os alto-falantes repetem sem parar a gravação da contagem regressiva original e o som autêntico da explosão. Em um reboque próximo, outra réplica de Fat Man mais parece a caricatura de uma bomba que o potente patriarca de uma família já excessivamente prolífera. Nesse desolado lugar, às 5h30 do dia 16 de julho de 1945, o Fat Man original explodiu no alto de uma torre de aço de 30 metros de altura.
Os cientistas acompanharam a explosão em abrigos subterrâneos a quase 100 quilômetros de distância. Primeiro foi uma luz intensa iluminando montanhas a 16 quilômetros, depois uma súbita onda de calor e um grande estrondo, assim que as ondas de choque ecoaram no vale. Uma bola de fogo surgiu rapidamente, seguida do cogumelo de 12 mil metros que iria tornar-se a imagem mais ameaçadora do século. A bomba havia gerado uma força explosiva equivalente a 20 mil toneladas de TNT. Rodeando o local da torre há uma cratera de mais de 300 metros de diâmetro por 3 de profundidade. A intensa pressão e o calor gerado pela fissão dos átomos fundiram a areia a ponto de convertê-la em uma matéria sólida, cristalina, de cor verde-jade. Essas pedras verdes se chamam trinitita, devido ao nome em código do projeto de teste - Trinity.
Sob o intenso sol do deserto, os turistas passeiam agachados, buscando trinitita. Aparentemente, não leram por inteiro o folheto que adverte: "Já que este material ainda retém um pequeno nível de radiação, que pode representar risco se suas partículas de pó forem inaladas ou ingeridas, pede-se não recolher pedras ou escavar o solo". Todo o lugar ainda é ligeiramente radioativo. O programa informa que "as crianças pequenas e as mulheres grávidas correm maior risco potencial" e avisa as pessoas que não comam, bebam, fumem ou levem animais domésticos ali. Enquanto se ouve um discurso ao ar livre de Robert Krohn, um dos cientistas que testemunharam a explosão, não é incomum ver sacerdotes de seitas místicas, seguidos de grupos vestidos de branco, gritando para exorcizar a "semente da destruição". As poucas sementes que germinaram ali, mais de quarenta anos depois do teste, mostram na verdade que o terreno volta a dar sinal de vida, não de destruição.
Carregando o seu souvenir radioativo, o turista da era atômica prossegue seu passeio, seguindo ao norte de Albuquerque até Los Alamos, o lugar onde a bomba foi efetivamente concebida. Ali funciona o Museu Científico Bradbury, a outra face do Museu Atômico Nacional. As salas bem iluminadas estão cheias de recordações dos primeiros dias da energia nuclear e, se se esquecer Hiroxima, o equilíbrio do terror e o acidente de Chernobyl, fica até fácil admirar essa grande conquista científica. De fato, o controle do poder do átomo representa um dos maiores resultados da atividade humana organizada. Em menos de cinco anos, cientistas de diferentes nacionalidades, trabalhando em várias frentes de pesquisa, transformaram a teoria em realidade. Foi o físico italiano Enrico Fermi (1901 - 1954) quem iniciou as primeiras experiências. Ele realizou uma série de testes com o urânio e o tório radioativos, recebendo o Prêmio Nobel em 1938 pelo que se acreditou serem novos elementos químicos.
A palavra grega átomo quer dizer, como se sabe, indivisível, e a idéia de partir a unidade básica da matéria ainda era estranha para os cientistas. Naquele mesmo ano, entretanto, os físicos austríacos Lise Meitner e Otto Frisch provaram que Fermi obtivera, isto sim, a quebra do núcleo de urânio em elementos menores, com grande liberação que, a partir de determinada quantidade de material, a chamada massa crítica, a fissão do núcleo do átomo criaria uma rápida reação em cadeia gerando ainda mais energia. O boneco de gesso em tamanho natural do físico J. Robert Oppenheimer, o responsável pelo laboratório de Los Alamos, recebe os visitantes do Museu Bradbury com um olhar triste. Na verdade, muitos dos cientistas envolvidos no projeto de construção da bomba não comemoraram propriamente o seu sucesso.
Num documento conhecido como Franck Report, eles pediram ao governo americano que não utilizasse a bomba. Mas o imprevisto aconteceu - o presidente Franklin Roosevelt morreu e Harry Truman assumiu, autorizando o bombardeio ao Japão. Desde aquela época, a energia nuclear saiu definitivamente do controle de um punhado de cientistas para se tornar propriedade cada vez mais comum. A França começou desenvolvendo energia nuclear para fins pacíficos, passando em 1960 a testar suas próprias armas. Os chineses começaram seu programa nuclear em 1958 com a ajuda soviética. Em 1964 testaram sua primeira arma de urânio e avançaram rápido para o estágio dos mísseis termonucleares, alcançado em explosão nuclear em 1980. A Índia também realizou uma explosão nuclear em 1974, demonstrando que não só os países ricos podem ter armas desse porte.
Calcula-se que já tenham sua bomba ou estejam em condições de produzi-la a curto prazo cerca de vinte outros países, entre eles África do Sul, Argentina, Brasil, as duas Coréias, Formosa, Irã, Iraque, Israel, Líbia e Paquistão. Ironicamente, a ameaça da proliferação de armas nucleares no Terceiro Mundo coincide com o sepultamento (que se espera definitivo) da Guerra Fria entre os blocos militares comandados por Washington e Moscou. Nas palavras de Joni Hezlep, de Albuquerque, "as armas que se podem ver num museu são as mais importantes: servem para lembrar que são um seguro de vida; é uma maneira terrível de ver o problema, mas a realidade é essa. São dissuasivas, não são?"

Os arsenais que ameaçam a Terra....

O projeto para a construção de armas termonucleares ou bombas H (de hidrogênio) começou já em 1942, paralelamente ao desenvolvimento das armas de fissão, mas não foi uma prioridade, mesmo depois da guerra, pois dependia de um potente sistema de aquecimento. Para se ter uma idéia da potência desse sistema, basta dizer que o Sol é uma bomba termonuclear, que consome deutério, o hidrogênio radioativo, a 10 milhões de graus centígrados. Em uma bomba, só a energia liberada por um mecanismo de fissão forneceria a temperatura suficiente para a ignição do combustível de deutério. A fissão ou quebra do núcleo - utilizada nas bombas lançadas contra o Japão - com certeza fundiria os átomos de deutério, liberando energia muitas vezes superior.
Tamanha energia despertou muitos cientistas para o fato de que o efeito devastador dessas armas não se restringiria a alvos militares e eles torciam para que ela jamais fosse produzida. Mas com a Guerra Fria entre EUA e URSS essa esperança foi por água abaixo. A informação dos primeiros computadores nos laboratórios militares simplificou cálculos tidos como quase impossíveis, viabilizando o teste inicial com a bomba H em 1952. As ogivas termonucleares, junto com a miniaturização e o refinamento dos mecanismos de controle de sua direção, representaram um salto tecnológico significativo no aperfeiçoamento dos arsenais atômicos na década de 50.
São dessa época os mísseis de longo alcance Pershing, Atlas (o primeiro intercontinental), Titan I e II, capazes de acertar com uma precisão de 200 metros um alvo a até 8 mil quilômetros, como a distância entre a capital brasileira, Brasília, e a cidade americana de Nova York. O desenvolvimento de combustíveis sólidos, mais facilmente armazenados, levou à criação, em 1958, do míssil submarino Polaris, além do Minuteman, o primeiro a ser lançado de um silo subterrâneo, como os que aparecem no filme O dia seguinte. Suas versões mais recentes datam de 1971. Trata-se do Minuteman III e do Poseidon, cujas múltiplas ogivas podem ser dirigidas a alvos diferentes após o lançamento.
A última palavra em arma nuclear nos Estados Unidos é o míssil MX, ou Peacekeeper (Mantenedor da paz), desenhado para lançar 21 ogivas de 10 megatons cada para alvos separados a mais de 8 mil quilômetros. A Inglaterra, que desenvolveu o míssil Blue Streak logo após a Segunda Guerra Mundial, cancelou o seu programa de pesquisas em 1960. A França aproveitou a tecnologia de foguetes no desenvolvimento do veículo espacial Diamant. A União Soviética seguiu os americanos na corrida armamentista, produzindo a série Frog de grandes foguetes de combustível sólido, além de inúmeros mísseis: Scud, Skean, Savage, SS-6, Sark, Serb, Sawfly, todos eles altamente móveis, montados em veículos de transporte ou submarinos nucleares.
Os foguetes Sasin e Scrag, de 1964, foram responsáveis pelos lançamentos de veículos em órbita. E foi o míssil soviético Sandal, montado em Cuba, que quase provocou a Terceira Guerra Mundial em 1962. Diante do bloqueio e das ameaças de ação militar dos Estados Unidos, os mísseis foram desmontados e retirados. A mesma sorte não tiveram os habitantes do atol de Bikini, no Pacífico Sul. Eles é que foram removidos, pouco antes dos primeiros testes atômicos americanos, em 1946. A explosão de 23 bombas ali fez desaparecer várias ilhas e transformou toda a região num inferno radioativo.

....e os acordos que podem salvá-la.

O famoso "telefone vermelho", uma linha direta de telex entre a Casa Branca e o Kremlin, foi a primeira providência sensata para evitar uma guerra nuclear por acidente ou por falta de uma palavra apaziguadora. Dois meses depois de sua implantação, em junho de 1963, veio o tratado que proíbe testes nucleares na atmosfera, debaixo d´água e no espaço. O tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, de julho de 1968, o passo seguinte na lenta, difícil e incerta caminhada pelo desarmamento atômico, proíbe os membros do Clube Nuclear de facilitar o ingresso de novos sócios, mediante a transferência de armas nucleares ou da tecnologia para produzi-las.
As tortuosas negociações entre americanos e soviéticos sobre armas nucleares conheceram uma nova fase na década de 70, quando o líder soviético Leonid Brejnev assinou vários acordos com sucessivos presidentes americanos. A assinatura do tratado que restringe o número e a localização dos sistemas antibalísticos - os mísseis que garantem a defesa de áreas vitais - foi o primeiro deles, em 1972. O acordo Salt-I, firmado em maio daquele ano em Moscou com o presidente Richard Nixon, congelou por cinco anos os testes e a instalação de mísseis balísticos intercontinentais.
Assinado em junho de 1979, mas nunca ratificado pelos Estados Unidos em represália à intervenção soviética no Afeganistão, o acordo Salt-II fixou um número máximo de veículos de lançamento e mísseis estratégicos: 2.400 - ainda uma colossal enormidade. Mais recentemente, o presidente Ronald Reagan e o líder soviético Mikhail Gorbachev colocaram seus nomes num documento inédito na história das negociações sobre desarmamento. O acordo, de dezembro de 1987, sacramentado em Moscou em 1988, elimina toda uma categoria de armas nucleares - os mísseis de médio alcance instalados na Europa. Os dois dirigentes abriram então a perspectiva de novos entendimentos, dessa vez para reduzir os respectivos arsenais pela metade. Cabe ao atual presidente americano, George Bush, ao lado de Gorbachev, continuar escrevendo esta história.





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quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Para que servem os Aditivos - Química



PARA QUE SERVEM OS ADITIVOS - Química



Motores melhores exigem melhores combustíveis - e para isso foram aperfeiçoadas mais de 400 substâncias, sempre com o objetivo de prolongar a vida útil dos automóveis.

O Brasil tornou-se este ano o primeiro país do mundo a eliminar de sua gasolina o chumbo tetraetila, o aditivo mais comumente usado para melhorar o rendimento desse combustível. Entre outros benefícios, a eliminação permitirá, a partir de 1992, o uso de filtros catalisadores nas descargas dos automóveis, reduzindo pela metade a emissão de poluentes que prejudicam a qualidade do ar . Embora seja o mais eficaz de todos, o chumbo tetraetila é somente um entre as mais de quatrocentas substâncias adicionadas aos carburantes dos automóveis. Os aditivos cumprem funções tão diferentes como lubrificar as engrenagens, prevenir a ferrugem e economizar combustível.
Desde a crise mundial do petróleo, há cerca de quinze anos, quando as cotações alcançaram níveis estratosféricos, a indústria automobilística dos países desenvolvidos tem concentrado esforços e recursos para reduzir os gastos de combustível. Numa conquista sem precedentes no setor, técnicos e engenheiros conseguiram destrinchar os complicados processos da combustão no interior dos cilindros dos automóveis, chegando a novas soluções. O resultado foi toda uma geração de motores muito mais econômicos.
Atualmente, essas máquinas consomem 20 por cento menos gasolina do que há dez anos, além de serem mais silenciosas e expulsarem um volume entre 50 e 90 por cento menor de substâncias indesejáveis. Mas, para acompanhar a melhora no rendimento dos motores, de nada valeriam combustíveis de baixa qualidade. Assim, juntamente com a evolução dos engenhos foram produzidas as substâncias que formariam o caldo energético adequado para a combustão nos automóveis. Motores são máquinas delicadas. Não é suficiente revisá-los quando muito uma vez por ano, como geralmente se costuma fazer. Ao contrário, as peças precisam de manutenção constante, para que o veículo rode muitos milhares de quilômetros. Mas não é necessário passar a vida indo ao mecânico. Pois para cumprir essa função nada melhor que o próprio carburante. Sempre em contato com as partes móveis do motor, o combustível pode ser o melhor agente de limpeza, lubrificação e rendimento, bastando adicionar-lhe os produtos certos.
Os primeiros aditivos foram usados para melhorar o rendimento das substâncias em combustão. No caso da gasolina usavam-se aditivos - como o chumbo de tetraetila, depois substituído pelo álcool etílico - para melhorar a octanagem. Também chamado número octano, a octanagem é a resistência do carburante à auto-inflamação. O número octano não representa a quantidade deste hidrocarboneto no combustível. Foi escolhido como o número 100 de uma escala em que o número zero é o hepto-normal, que detona com extrema facilidade. Preparam-se misturas dos dois combustíveis, que são testados em motor padrão, com taxa de compressão variável. Se a mistura de 80 por cento octano e 20 por cento heptano tiver a mesma resistência à detonação que a gasolina que se quer avaliar, diz-se que o seu número é 80.
Num motor, a gasolina deve queimar progressivamente e somente ao contato com a centelha produzida pela vela de ignição. De um combustível com um baixo número octano, diz-se que explode, isto é, já começa a queimar devido à compressão e ao calor a que está sujeito na câmara de combustão do automóvel. Essa queima não progressiva provoca muita turbulência na câmara, afetando o rendimento do motor. Justamente aquilo que se quer evitar em um máquina a gasolina precisa ser provocado nos motores que consomem óleo diesel.
Pois, ao contrário da gasolina, o diesel deve ter uma grande capacidade de explodir, ou seja, de inflamar-se imediatamente ao ser injetado na câmara de combustão. Essa qualidade do combustível diesel é chamada cetanagem e medida pelo número cetano. Quanto maior for este número, maior será a capacidade de auto-inflamação do combustível - e melhor, portanto, o diesel. Também aqui o número cetano não indica a quantidade deste hidrocarboneto no óleo diesel. Ele é o número 100 de uma escala onde o número 15 é o heptametilnonano. Preparam-se misturas em proporções variáveis dos dois combustíveis para serem experimentados em motor diesel padrão. O teor cetano dessa mistura de referência que apresentar a mesma demora de inflamação exprimirá o número cetano do combustível. Os aditivos mais usados para aumentar o número cetano incluem substâncias de nomes arrevesados como o nitrato de isopropila e nitrato de amila.
Recentemente, as refinarias de petróleo passaram a desenvolver pesquisas visando melhorar a qualidade do óleo diesel. Os químicos pretendem criar um superdiesel, do mesmo modo como existem as gasolinas super, que evitará que os motores se cansem antes da hora. O novo diesel será mais puro e potente, além de proporcionar maior proteção contra a corrosão. Graças a determinada categoria de aditivos, outra vantagem do novo diesel, segundo os químicos, será a ausência de espuma, que às vezes causa problemas na hora de encher os tanques dos veículos. Os aditivos antiespuma funcionam como os detergentes ao dissolver gorduras, enquanto os anticorrosivos aderem às paredes internas do tanque, formando uma camada protetora.
A gasolina tem aditivos semelhantes, que agem contra a oxidação das paredes do tanque. Essa oxidação é inevitável, já que a gasolina contém sempre certa quantidade de água em dissolução. Quando a temperatura diminui, a água se condensa, formando pequenas gotas que podem oxidar as partes metálicas com as quais estão em contato. Mas não é somente a água que prejudica o aproveitamento dos combustíveis. É preciso preservá-los também dos efeitos do calor nos tubos de aspiração e na câmara de combustão. Um ponto especialmente delicado é a válvula de admissão, que, com o motor em funcionamento, tem de suportar uma enorme diferença de temperatura.
Em contato com o combustível, essa diferença provoca em alguns locais a formação de depósitos de carvão. Para evitar isso, usam-se aditivos que dissolvem essas pequenas crostas, limpando as válvulas e prevenindo um novo acúmulo. "Tudo aquilo que se coloca no automóvel tende a formar pequenos depósitos", informa o engenheiro Nedo Eston de Eston, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva. Segundo ele, outro aditivo comumente usado na gasolina reduz a velocidade de oxidação das substâncias presentes nos combustíveis.
No tanque de gasolina, em contato com o oxigênio, os hidrocarbonetos - moléculas de carbono e hidrogênio, componentes básicos dos derivados de petróleo - acabam reagindo e formando "gomas", compostos de moléculas grandes, semelhantes à borracha, que vão se acumulando e podem entupir o carburador. Os aditivos, geralmente derivados de amônia, tomam o lugar dos hidrocarbonetos nas reações de oxidação. Nos países do hemisfério norte, os combustíveis devem ter também aditivos capazes de impedir a formação de gelo, por causa das baixas temperaturas no inverno. Em geral, os aditivos evitam a formação de gelo, abaixando o ponto de congelamento do carburante.
A dependência mútua entre as máquinas e os carburantes chegou a um ponto tal que estes últimos passaram a ser uma peça a mais nos motores. Motores e combustíveis devem adaptar-se perfeitamente uns aos outros, tendo em vista o melhor rendimento da máquina. Desde a crise energética de 1973, é tão grande o medo da falta de combustível que, apesar da relativa abundância atual e dos preços vantajosos, o mundo inteiro pesquisas novas alternativas para livrar-se da tirania dos derivados de petróleo.
Além do receio de que problemas políticos tornem novamente escasso o suprimento de gasolina a preços insuportáveis, há o problema cada vez mais inquietante das danosas conseqüências ambientais provocadas pelas emissões dos gases resultantes da queima da gasolina nos motores dos automóveis - o efeito estufa. Sabe-se também que as reservas de petróleo não vão durar eternamente. Como bem conhecem os brasileiros, quando se fala em combustíveis alternativos, sempre se pensa em derivados de matéria-prima vegetal. E avanços significativos têm sido conseguidos nessa área. O álcool brasileiro, por exemplo, melhorou muito desde a criação do Proálcool, em 1975, assegura o engenheiro Eston de Eston. "O álcool era muito corrosivo no começo", lembra ele. "Quando o programa foi iniciado havia alguns álcoois que eram muito ácidos, enquanto outros eram muito alcalinos. O ideal seria um álcool neutro."
Hoje, embora as especificações para a fabricação sejam mais rigorosas, a qualidade do álcool ainda varia de uma destilaria para outra. Ao álcool produzido no Brasil, ao contrário da gasolina e do óleo diesel, não é acrescentado nenhum aditivo. Ele é comprado puro nos postos, onde o usuário pode escolher entre os aditivos disponíveis, dos quais a maior parte consiste de anticorrosivos. Atualmente, nos Estados Unidos, por força da chamada Lei do Ar Puro (Clean Air Act), avançam as pesquisas sobre o metanol, álcool de madeira, como substituto da gasolina. Em vários países europeus ocorre o mesmo. Os testes são feitos em motores a gasolina, que permitem um controle mais preciso da injeção e da queima do combustível.
O controle eletrônico desses motores permite calcular o momento exato em que se deve produzir a centelha na vela. Outras pesquisas chegaram a desenvolver um motor capaz de consumir tanto gasolina como álcoois de alta octanagem, ou ainda a mistura dos dois combustíveis em qualquer proporção. Todas as pesquisas buscam em última análise o combustível do futuro, uma substância ou fonte de energia ainda sem contornos definidos. Já foi demonstrada a viabilidade de novas tecnologias e de novos combustíveis, embora aparentemente nenhum tenha se mostrado rentável a ponto de substituir a refinação do petróleo. Essa busca continuará representando uma espécie de Santo Graal da sociedade tecnológica deste final de século.

Eliminando o indesejável

A retirada do chumbo tetraetila da gasolina é uma tendência internacional. Na Europa, a eliminação total acontecerá em 1992, quando a Comunidade Econômica Européia estiver efetivamente integrada. Nos Estados Unidos, 20 por cento da gasolina utilizada nos automóveis ainda contém o aditivo. Segundo o engenheiro Fernando Ferreira Amaro, superintendente de produção da refinaria da Petrobrás em Cubatão, o chumbo diluído na gasolina é um obstáculo à utilização dos filtros catalisadores, substâncias a base de metais nobres que completam a combustão dos gases produzidos durante a queima do combustível, tornado-o menos nocivo. Por exemplo, os filtros são capazes de transformar monóxido de carbono (CO), conhecido pelos seus efeitos danosos sobre a circulação sangüínea, em dióxido de carbono (CO2), uma combinação menos prejudicial à saúde.
Além de inviabilizar o uso de catalisadores nos veículos, sabe-se que cerca de 80 por cento da quantidade de chumbo adicionado à gasolina são emitidos para a atmosfera na forma de vários compostos. Essas substâncias, geralmente transformadas em partículas, podem ser inaladas pelo homem, causando vários problemas ao sistema respiratório. Além disso, tais partículas podem se depositar nos solos e nos cursos de água, criando outras vias de contaminação. As características tóxicas do chumbo não são os únicos problemas que resultam de seu uso nos combustíveis. São aquelas partículas que costumam causar a redução da visibilidade nas grandes cidades. Finalmente, o uso de aditivos à base de chumbo também inviabiliza a utilização de componentes de alta tecnologia de controle de poluição, suscetíveis de serem contaminados, como os sensores de oxigênio e as válvulas de recirculação dos gases de escapamento.





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quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Kepler: Os Caminhos dos Planetas



KEPLER: OS CAMINHOS DOS PLANETAS



Em pleno século XVII, ele estabeleceu as três leis gerais que descrevem as órbitas planetárias e promoveu uma revolução na Astronomia.

Johannes Kepler foi concebido às 4h37 da madrugada do dia 16 de maio de 1571 na aldeia de Weill região da Suábia, Sudoeste da Alemanha - e nasceu às 15h30 de 27 de dezembro, exatamente 224 dias, 9 horas e 33 minutos mais tarde. Esses são, pelo menos, os cálculos inscritos numa espécie de horóscopo que Kepler fez para si mesmo e sua família. Segundo o documento, seus parentes formavam uma formidável constelação de indivíduos degenerados, neuróticos ou francamente malucos. O que não impediria Kepler de revolucionar a Astronomia, estabelecendo as três leis gerais das órbitas planetárias, base sobre a qual o físico inglês Isaac Newton construiria, em 1665, a grande síntese da gravitação universal.
Kepler era uma criança enfermiça, de membros delicados, e sofria de miopia e poliocopia anocular (visão múltipla). Mas, graças à inteligência brilhante, foi aceito aos 13 anos no seminário teológico de Adelberg. Ganhara uma bolsa de estudo concedida pelo duque de Wurttemberg. Neurótico, como era de esperar, Kepler abominou o seminário em geral e seus colegas em particular. Atormentado por problemas de relacionamento, refugiou-se nos estudos. Tornou-se muito bem-visto pelos professores, alguns dos quais permaneceram seus amigos ao longo de toda a sua existência.
Há várias indicações de que no final da adolescência seu temperamento tornou-se mais fácil. Diplomou-se pela Faculdade de Artes da Universidade de Tubingen aos 20 anos e ingressou então na Faculdade Teológica, onde estudou mais quatro anos. Antes que pudesse prestar os exames finais, recebeu um proposta para ocupar o posto de professor de Matemática e Astronomia de Graz, capital da Estíria, província austríaca. Além das aulas, Kepler devia preparar todos os anos um calendário de previsões astrológicas, tarefa que ele classificava de "diversão simiesca e sacrílega", mas lhe rendia vinte florins extras. "O espírito habituado à dedução matemática, quando se vê frente a frente com os falsos alicerces da Astrologia", lamentava-se ele, "resiste longamente como um burro teimoso até que, compelido pelas pancadas e pragas, mergulha o pé no imundo lamaçal".
O acontecimento capital de sua estada em Graz, no entanto, foi uma espécie de lampejo que lhe atravessou o espírito em 9 de julho de 1595, no instante em que desenhava figuras geométricas no quadro-negro. Note-se que essa famosa descoberta era inteiramente equivocada e hoje parece estapafúrdia. Kepler estava ensinando a seus alunos o sistema heliocêntrico - os planetas girando em torno do Sol, grande novidade exposta havia apenas doze anos pelo astrônomo polonês Nicolau Copérnico (SUPERINTERESSANTE número 1, ano 3). Subitamente, pareceu-lhe muito significativo o fato de existirem apenas seis planetas (Urano, Netuno e Plutão ainda não haviam sido descobertos) e cinco sólidos perfeitos: tetraedro, cubo, octaedro, dodecaedro e icosaedro.
Ocorreu-lhe inscrever e circunscrever esses cinco sólidos em seis esferas. E verificou que a distância entre as diferentes esferas era proporcional à distância real existente entre as órbitas dos diferentes planetas. Ou melhor, mais ou menos proporcional. Porque, se os números concordavam aproximadamente no caso de Marte, da Terra e de Vênus, tornavam-se totalmente discrepantes para Júpiter e Mercúrio. Kepler "quebrou o galho" alegando que a discrepância em relação a Júpiter não espantaria ninguém, já que o planeta ficava "longe demais". Quanto a Mercúrio, recorreu provisoriamente à fraude, alterando o número segundo suas conveniências.
Mas era honesto demais para se contentar com esses subterfúgios e, na tentativa de provar sua teoria maluca, mergulhou em pesquisas persistentes e detalhadas sobre o sistema solar. Em 1596, aos 24 anos, Kepler publicou um resumo de suas primeira tentativas na obra intitulada Mysterium cosmographicum. No ano seguinte, casou-se. O horóscopo do dia do casamento, 27 de abril de 1597, que apresentava um "céu calamitoso" cumpriu-se integralmente.
Após atormentar a paciência do marido durante catorze anos, Barbara Kepler morreu louca. A vida do casal foi agitada. Mal tinham se casado, quando o jovem arquiduque Fernando de Hamburgo (mais tarde imperador Fernando II) achou que era hora de varrer as províncias austríacas da heresia luterana. No verão de 1598, a escola de Kepler fechou as portas e em setembro todos os professores luteranos receberam ordem de abandonar as províncias. Kepler, que tinha amigos entre os jesuítas, conseguiu evitar o exílio forçado, mas perdeu o emprego. A prudência recomendava que fosse procurar novos ares.
Há algum tempo ele desejava visitar o famoso astrônomo dinamarquês Ticho Brahe no observatório de Uraniborg, na ilha de Hven entre Copenhague, na Dinamarca, e Helsingborg, na Suécia. Ticho, obcecado pela idéia de precisão nas observações que fazia, dedicara-se a construir instrumentos científicos cada vez mais perfeitos e a comparar uns com os outros, para conhecer o erro inerente a cada um. Com eles produziu, ao longo de 35 anos, grossos volumes de anotações, espantosamente precisas para os padrões da época, que pretendia utilizar para reentronizar a Terra como o centro do Universo - posição da qual começava a ser afastada desde a publicação dos trabalhos de Nicolau Copérnico.
O notável observador tinha, no entanto, escassos dotes para a Matemática - daí alegrar-se com a perspectiva de ter Kepler a seu lado, a fim de fornecer-lhe os cálculos necessários para dar sustentação à sua idéia. Kepler, ao contrário, esperava ter acesso aos volumes de Ticho para desenvolver suas próprias teorias a respeito sobretudo da movimentação dos planetas. A hora era boa à execução do projeto, tanto mais que, por coincidência, Ticho se desentendera com o rei Cristiano IV e acabara de se mudar da longínqua Uraniborg para a cidade de Praga, capital da atual Tchecoslováquia, onde recebera o posto de Matemático Imperial das mãos do imperador Rodolfo II.
Os dois homens já se correspondiam há algum tempo e, sabendo que Kepler se encontrava em situação precária, Ticho convidou-o a mudar-se para Praga, onde poderia viver e trabalhar como seu hóspede no castelo de Benatek. A convivência diária entre eles foi, no entanto, um pesadelo. Kepler pretendia trabalhar em paz. Encontrou o castelo em reformas para a instalação do observatório e cheio de visitantes e membros da corte pessoal de Ticho Brahe. O pior é que não conseguia obter os dados que tanto desejava.
Queixou-se numa carta: "Ticho não permite que eu participe de suas experiências. Só durante as refeições, entre outros assuntos, ele menciona, de passagem, hoje o número do apogeu de um planeta, amanhã outro dado qualquer". Sabe-se lá qual seria o fim da relação entre os dois astrônomos se a morte não tivesse chegado para separá-lo dezoito meses depois do primeiro encontro. Ticho Brahe morreu inesperadamente e foi enterrado em Praga em 4 de novembro de 1601. Dois dias mais tarde, Kepler foi nomeado para sucedê-lo no posto de Matemático Imperial. Em Praga, Kepler ficou os onze anos seguintes, boa parte dos quais dedicou a cuidadosas observações da trajetória do planeta Marte.
Foi o período mais fértil de sua vida, sobretudo porque, confrontado com o fato de que Marte não se comportava nem como desejava Ticho Brahe nem como descrito no trabalho de Copérnico, pôs-se a elaborar sua própria teoria para dar seqüência às observações. Em 1601, publicou sua obra-prima, Astronomia Nova, que trazia duas de suas três leis planetárias fundamentais. A primeira delas afirma que os planetas descrevem órbitas em forma de elipses com o Sol em um dos seus focos. A segunda lei afirma que a velocidade dos planetas varia de tal forma que percorrem áreas iguais em tempos iguais.
São as primeiras leis naturais no sentido moderno, na medida em que utilizam termos matemáticos para descrever relações universais governando fenômenos particulares. Com ela, a Astronomia separou-se da Teologia para unir-se à Física. Não foi um divórcio fácil. Desde os gregos, filósofos afirmavam que os astros percorriam trajetórias circulares em velocidade uniforme. A tarefa dos astrônomos consistia, sobretudo, em construir sistemas cada vez mais complicados para conciliar essa "verdade decretada" com as observações que iam fazendo com seus próprios olhos.
Um dos sistemas em voga no tempo de Kepler distinguia dois centros para o sistema solar: um centro físico, que seria o próprio Sol, e um centro geométrico (não coincidente com o primeiro) eqüidistante de todos os pontos da órbita circular. Dava-se, igualmente, muita importância ao chamado punctum equans, ponto a partir do qual o planeta apresentava a velocidade angular constante. Kepler gastou cinco anos e cobriu novecentas páginas com cálculos em letra pequena na tentativa de determinar esses três pontos para o caso de Marte. Fracassou. Somente então, esgotadas todas as possibilidades, ousou examinar a hipótese de astros percorrendo órbitas não circulares em velocidades variáveis. Refez os cálculos e sem mais idéias preconcebidas e dentro de um ano encontrou as duas primeiras leis.
Nunca teria chegado a esse resultado se não tivesse herdado as observações acumuladas ao longo dos anos por Ticho Brahe. No último estágio de seus cálculos, empregou 180 medidas diferentes da distância entre o Sol e Marte. Mas de nada lhe adiantariam todos esses números se não possuísse também poderosa intuição sobre os mecanismos do Universo. Foi assim, por exemplo, que muito antes de Newton ele já descrevia a gravitação universal nos seguintes termos: "Se duas pedras fossem colocadas em qualquer lugar do espaço, uma perto da outra, e fora do alcance de um terceiro corpo material, unir-se-iam, à maneira dos corpos magnéticos, num ponto intermediário, aproximando-se cada uma em proporção à massa da outra".
E mais adiante: "Se a Terra cessasse de atrair as águas do mar, os mares se ergueriam e iriam ter à Lua (...)". "Se a força de atração da Lua chega até a Terra, segue-se que a força de atração da Terra, com maior razão, vai até a Lua e ainda mais longe." Caso Kepler tivesse se preocupado em conciliar a idéia da atração universal com suas próprias leis, poderia ter ido ainda mais longe. Mas parece ter recuado por uma espécie de repugnância filosófica partilhada por Galileu, Descartes - e o próprio Newton, de início - diante dessa força fantasmagórica capaz de agir a distâncias astronômicas, sem agente intermediário e de maneira instantânea, um conceito aparentemente místico e não "científico", indigno de cientistas modernos como ele.
Outros interesses e preocupações iriam ocupá-lo nos anos seguintes. Galileu publicou na Itália o Mensageiro das Estrelas, em que anunciava algumas descobertas feitas com o uso de um novo e revolucionário aparelho, o telescópio - e a que mais controvérsias causou foi a descoberta de quatro planetas (na verdade, satélites) girando ao redor de Júpiter. Kepler foi o primeiro nome de peso a apoiar o trabalho de Galileu, mas nem por isso conseguiu que estes lhe enviasse um telescópio para suas próprias observações. Quando conseguiu um, emprestado pelo duque de Colônia, escreveu Dioptrice, um tratado no qual lança as bases da Ótica, novo ramo da Física.
Com 141 definições, axiomas e proposições precisas e austeras, o tratado é uma exceção na sua obra cheia de digressões filosóficas. O ano de 1611 trouxe-lhe uma série de desgraças. Rodolfo II, seu protetor, foi obrigado a abdicar do trono, a vida em Praga tornou-se insuportável pelos efeitos acumulados da guerra civil e das epidemias. Morreram-lhe a mulher e um filho. Conseguiu conservar o posto de Matemático Imperial, mas foi transferido para a cidade de Linz, na Áustria, onde viveria catorze anos, até a idade de 55. Ali também não lhe faltaram peripécias. Casou-se novamente e dessa vez parece ter sido mais feliz. Susanna deu-lhe sete filhos. Em compensação, enfrentou horas dramáticas durante o processo de sua própria mãe, acusada de feitiçaria. Ainda assim continuou produzindo e, em 1618, terminou Harmonice Mundi (Harmonia do Mundo), uma espécie de síntese geral englobando Geometria, Música, Astrologia e Astronomia.
O fracasso dessa ambição desmedida só não foi absoluto porque, no meio de toda a barafunda que é o livro, aparece anunciada com toda a clareza a sua terceira lei sobre as órbitas planetárias: "Os quadrados dos períodos de revolução de dois planetas quaisquer estão entre si como os cubos de suas distâncias médias do Sol". Nos onze últimos anos que ainda lhe restariam de vida, Kepler publicou mais duas obras importantes: a Epitome astronomiae copernicanae e as Tabulae rudolphinae. Na Epitome ele demonstra que as leis planetárias originalmente deduzidas para o caso de Marte também são válidas para todos os outros planetas conhecidos, também para a Lua e para os satélites de Júpiter.
As Tabulae rudolphinae - assim batizadas em honra do imperador Rodolfo II - são as observações de Ticho Brahe, organizadas e ampliadas pelo próprio Kepler. Além de tabelas e regras para a localização dos planetas, o livro traz um catálogo de pouco mais de mil estrelas. Com a Europa convulsionada pela Guerra dos Trinta Anos, a vida particular de Kepler tornou-se cada vez mais problemática. Parte de Linz foi destruída por um incêndio durante a revolução camponesa de 1626 e ele deixou a cidade sem planos definitivos. Viveu um ano em Ulm, visitou Praga e acabou se instalando no condado de Sagan, na Silésia. Estava na miséria. O salário de Matemático Imperial, teoricamente muito bom, raramente chegava a ser pago. Em outubro de 1629, tomou o rumo de Viena, nova sede da corte, com a idéia de cobrar pelo menos parte do que lhe era devido. Morreu no caminho, poucos dias depois de chegar à cidade de Ratisbona - ou a Regensburg, segundo outra versão -, em 15 de novembro de 1630. Sua sepultura acabou destruída.

As três leis, em resumo

1 - A órbita de um planeta P tem a forma de elipse com o Sol S em um dos seus focos. T é a Terra.
2 - Os planetas percorrem áreas iguais em tempos iguais, como para ir de B a A, de D a C, de F a E. As áreas BSA, DSC e FSE são iguais.
3- Os quadrados dos períodos de revolução de dois planetas quaisquer estão entre si da mesma forma que os cubos de suas distâncias médias do Sol. Isso se aplica também a Urano, Netuno e Plutão, que Kepler não chegou a conhecer.

Por analogia entre a idéia e a observação.

Por Albert Einstein

Em nossos tempos, justamente os momentos de grandes preocupações e de grandes tumultos, os homens e suas políticas não nos fazem muito felizes. Por isso estamos particularmente comovidos e confortados ao refletirmos sobre um homem tão notável e tão impávido quanto Kepler. No seu tempo, a existência de leis gerais para os fenômenos da natureza não gozava de nenhuma certeza. Por conseguinte, ele devia ter uma singular convicção sobre essas leis para lhes consagrar, dezenas de anos a fio, todas as suas forças, num trabalho obstinado e imensamente complicado.
Com efeito, ele procura compreender empiricamente o movimento dos planetas e as leis matemáticas que o expressam. Está sozinho. Ninguém o apoia nem o compreende. Copérnico fizera notar, antes dele, que o melhor meio de compreender e de explicitar os movimentos aparentes dos planetas consiste em considerar esses movimentos como revoluções ao redor de um suposto ponto fixo, o Sol. Portanto, se o movimento de um planeta ao redor do Sol como centro fosse uniforme e circular, seria singularmente fácil descobrir, a partir da Terra, o aspecto desses movimentos. Mas, na realidade, os fenômenos são mais complexos e o trabalho do observador muito mais delicado. Foi preciso primeiro determinar tais movimentos empiricamente, utilizando as tabelas de observação de Ticho Brahe,. Somente depois desse enfadonho trabalho, tornou-se possível encarar ou sonhar com as leis gerais a que se moldariam esses movimentos.
Mas o trabalho de observação dos movimentos reais de revolução é muito árduo e, para tomar consciência deles, é preciso meditar na evidência: jamais se observa em momento determinado o lugar real de um planeta. Sabe-se somente em que direção ele é observado da Terra, que, por seu lado, perfaz ao redor do Sol um movimento cujas leis ainda não são conhecidas. As dificuldades pareciam praticamente insuperáveis.
Kepler viu-se forçado a encontrar o meio para organizar o caos. A princípio, ele descobre que é preciso tentar determinar o movimento da própria Terra. Ora, esse problema seria simplesmente insolúvel se só existisse o Sol, a Terra, as estrelas fixas, com a exclusão dos outros planetas. Porque se poderia, empiricamente, determinar a variação anual da direção da linha reta Sol-Terra (movimento aparente do Sol em relação às estrelas fixas). Mas seria só isso. Poder-se-ia também descobrir que todas essas direções se situariam num plano fixo em relação às estrelas, na medida em que a precisão das observações recolhidas na época permitira formulá-lo. Porque ainda não existia o telescópio!
Ora, era preciso determinar como a linha Sol-Terra evolui ao redor do Sol. Kepler notou então que, a cada ano, regularmente, a velocidade angular desse movimento se modificava. Mas essa verificação não ajudou muito, porque não se conhecia ainda a razão por que a distância da Terra ao Sol variava. Se apenas se conhecessem as modificações anuais dessa distância, ter-se-ia podido determinar a verdadeira forma da órbita da Terra e a maneira como se realiza.
Kepler encontrou um processo admirável para resolver o dilema. Em primeiro lugar, de acordo com os resultados das observações solares, ele viu que a velocidade do percurso aparente do Sol contra o último horizonte das estrelas fixas é diferente nas diversas épocas do ano. Mas viu também que a velocidade angular desse movimento permanece sempre a mesma na mesma época do ano astronômico. Portanto, a velocidade de rotação da linha Terra-Sol é sempre a mesma, se está dirigida para a mesma região das estrelas fixas. Pode-se, então, supor que a órbita da Terra se fecha sobre si mesma e que ela a realiza todos os anos da mesma maneira.
Essa descoberta já significou um progresso. Mas como determinar a verdadeira forma da órbita da Terra? Imaginemos uma lanterna M, colocada em algum lugar no plano da órbita, que lança viva luz e conserva uma posição fixa, conforme já verificamos. Ela constituirá então, para a determinação da órbita terrestre, uma espécie de ponto fixo de triangulação ao qual os habitantes da Terra poderiam se referir em qualquer época do ano. Precisemos ainda que essa lanterna está mais afastada do Sol do que da Terra. Graças a ela, pode-se avaliar a órbita terrestre.
Ora, a cada ano, existe um momento em que a Terra T se situa exatamente sobre a linha que liga o Sol S à lanterna M. Se, nesse momento, se observar da Terra T a lanterna M, essa direção será também a direção SM (Sol-lanterna). Imaginemos essa última direção traçada no céu. Imaginemos agora uma outra posição da Terra, em outro momento. Já que, da Terra, se pode ver tão bem o Sol S quanto a lanterna M, o ângulo em T do triângulo STM se torna conhecido. Mas conhece-se também pela observação direta do Sol a direção ST em relação às estrelas fixas, ao passo que anteriormente a direção da linha SM em relação às estrelas fixas fora determinada de uma vez por todas. Conhece-se igualmente no triângulo STM o ângulo em S. Portanto, escolhendo-se à vontade uma base SM, pode-se traçar no papel, graças ao conhecimento dos dois ângulos em T e em S, o triângulo STM. Será então possível operar assim várias vezes durante o ano e, de cada vez, se desenhar no papel um localização para a Terra T, com a data correspondente e sua posição em relação à base SM, fixa de uma vez por todas. Kepler determinou assim, empiricamente, a órbita terrestre.
Porém, objetarão, onde é que Kepler encontrou a lanterna M? Seu gênio, sustentado pela inesgotável e benéfica natureza, ajudou-o a encontrar. Podia, por exemplo, utilizar o planeta Marte. Sua revolução anual, isto é, o tempo que Marte leva para realizar uma volta ao redor do Sol, era conhecida. Pode acontecer o caso em que Sol, Terra, Marte se encontrem exatamente na mesma linha. Ora, essa posição de Marte repete-se a cada vez depois de um, dois etc. anos marcianos, porque Marte realiza uma trajetória fechada. Nesses momentos conhecidos, SM apresenta sempre a mesma base, ao passo que a Terra se situa sempre em um ponto diferente de sua órbita. Portanto, nesses momentos, as observações sobre o Sol e Marte oferecem um meio para se conhecer a verdadeira órbita da Terra, pois o planeta Marte reproduz nessa situação a função de lanterna imaginada e descrita acima.
Kepler descobriu assim a forma justa da órbita terrestre, bem como a maneira pela qual a Terra a realiza. Temos de admirar e glorificar Kepler por sua intuição e sua fecundidade. A órbita terrestre estava então empiricamente determinada; conhece-se a qualquer momento a linha SA em sua posição e grandeza verdadeiras. Portanto, em princípio, não devia ser muito mais difícil para Kepler calcular, pelo mesmo processo e por observações, as órbitas e os movimentos dos outros planetas. Mas na realidade isso apresentava enorme dificuldades, porque as matemáticas de seu tempo ainda não eram primárias.
Contudo, Kepler ocupou sua vida com uma segunda questão, igualmente complexa. As órbitas, ele as conhecia empiricamente, mas seria preciso deduzir suas leis desses resultados empíricos. Ele estabeleceu uma suposição sobre a natureza matemática da curva da órbita e foi verificá-la depois por meio de enormes cálculos numéricos. E, se os resultados não coincidiam com a suposição, ele imaginava outra hipótese e verificava de novo. Executou prodigiosas pesquisas e obteve um resultado conforme a hipótese ao imaginar o seguinte: a órbita é uma elipse da qual o Sol ocupa um dos focos. Encontrou então a lei pela qual a velocidade varia durante uma revolução, no ponto em que a linha Sol-planeta realiza, em tempos idênticos, superfícies idênticas. Enfim, Kepler descobriu que os quadrados de durações de revolução são proporcionais às terceiras potências dos grandes eixos de elipses.
Nós admiramos esse homem maravilhoso. Porém, para além desse sentimento de admiração e veneração, temos a impressão de nos comunicar não mais com um ser humano mas com a natureza e o mistério de que estamos cercados desde nosso nascimento. A razão humana, eu o creio muito profundamente, parece obrigada a elaborar antes e espontaneamente formas cuja existência na natureza se aplicará a demonstrar em seguida. A obra genial de Kepler prova essa intuição de maneira particularmente convincente. Ele dá testemunho de que o conhecimento não se inspira unicamente na simples experiência, mas fundamentalmente na analogia entre a concepção do homem e a observação que faz.

O veemente advogado de Katherine

Entre 1615 e 1629, 38 mulheres acusadas de feitiçaria foram queimadas vivas na praça principal de Weill, a aldeia onde nasceu Kepler. Em Leomberg, a localidade vizinha, outras seis tiveram a mesma sorte, apenas na primavera de 1615. Katherine, a mãe de Kepler, que estava vivendo em Leomberg e era especialmente malquista, logo se viu cercada por suspeitas. Segundo se comentava, ela teria oferecido bebidas à mulher de um certo Bastian Meyer e ao mestre-escola Beutelspacher. O mestre-escola ficou paralítico e a senhora Meyer morreu de mal súbito. Também morreram os dois filhos do alfaiate Daniel Schmidt, supostas vítimas de seu mau-olhado. Diziam todos na aldeia, enfim, que ela era capaz de entrar nas casas através das portas fechadas e que mandara o coveiro desenterrar o crânio de seu próprio pai para fazer uma taça.
Mas o que parece ter desencadeado a abertura do processo foi uma briga com a mulher do vidraceiro Jacob Reinho, cujo irmão tinha certa influência por ser barbeiro da corte do duque de Wurttemberg. Nos seis anos seguintes, deixando de lado antigos desentendimentos, Kepler dedicou-se à tarefa de salvar sua mão da fogueira. Sua conhecida veemência parece ter impressionado desfavoravelmente o escrivão que deixou anotado: "A acusada apareceu neste tribunal acompanhada, infelizmente, pelo filho Johannes Kepler, matemático". A fase final do processo demorou um ano. O ato de acusação continha 49 itens e o da defesa, redigido em sua maior parte pelo próprio Kepler, se estendia por 128 páginas. Katherine foi finalmente libertada, mas não pôde voltar a Leomberg. A população local estava decidida a linchá-la.

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quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A Luz Dentro do Túnel - Física



A LUZ DENTRO DO TÚNEL - Física



O nome próprio é portentoso: Grande Colisor Elétron-Pósitron. O nome de família não é menos respeitável: superacelerador de partículas. Trata-se do maior instrumento de pesquisa do mundo. Serve para estudar a vida íntima do átomo e a origem do Cosmo.

Cerca de 100 metros abaixo do solo, na periferia da cidade de Genebra, na Suíça, funciona o maior complexo científico já construído no planeta. Na superfície, a paisagem da região de fronteira com a França é de um sossegado cartão-postal de outros tempos: pequenos bosques, pastagens e a cordilheira do Jura, que separa os dois países. Mas, ao tomar num dos oito pontos de acesso construídos no campo o que em circunstâncias normais seria apropriadamente chamado elevador, o visitante mergulha de repente num mundo de vertigem - uma espécie de catedral subterrânea feita de aço e governada por dispositivos eletrônicos. São os controladores do LEP, iniciais em inglês de Grande (Colisor) Elétron-Pósitron, um túnel em formato de anel de 27 quilômetros de circunferência e 7 metros de diâmetro.
Trata-se da jóia da coroa de um dos mais renomados estabelecimentos de pesquisa do século, o CERN, sigla que originalmente designava em francês o Centro Europeu de Investigações Nucleares, depois rebatizado Laboratório Europeu de Física de Partículas, exemplo de bem-sucedida colaboração internacional em ciência. Inaugurado há apenas quatro meses, o LEP nasceu para ajudar a conhecer mais de perto algumas das frações ínfimas de matéria do Universo. É um paradoxo: para devassar essas partículas que não medem mais de 1 bilionésimo de milésimo de milímetro, os físicos europeus tiveram de construir uma estrutura gigantesca.
A instalação pode ser comparada a um autódromo, por onde os elétrons, componentes dos átomos com carga elétrica negativa, se precipitam em desvairada corrida. Em sentido contrário precipitam-se as antipartículas pósitrons - elétrons com carga positiva. Nesse proposital curso de colisão, milhares e milhares de partículas e antipartículas, deslocando-se quase à velocidade da luz, acabam por se aniquilar mutuamente, liberando energia equivalente à fissão de quinhentos núcleos de átomos de urânio. Mas esse é apenas um valor teórico: não se trata ali de experiências atômicas, ao menos no sentido comum da expressão. O que os físicos pretendem com os choques que planejaram é servir-se depois de uma salada de partículas básicas, coisa ainda menor que o elétron e que sua imagem espelhada, o pósitron.
A estrutura fantástica do LEP obedece ao mesmo princípio de outros equipamentos semelhantes, embora bem mais modestos, que começaram a ser construídos - e não por acaso - ainda na década de 20, um período de grandes avanços na Física. Eram os chamados Atom-smashers (quebradores de átomos) com os quais os pesquisadores fabricavam, por assim dizer, partículas em profusão, dotadas de altas energias. Nos anos 30 surgiram os primeiros aceleradores de partículas que funcionavam de certo modo como os tubos de TV que bombardeiam a tela com feixes de elétrons. Com esse tipo de aparelho, a ciência descobriu quase tudo o que se sabe atualmente sobre a natureza mais profunda dos átomos e de suas partículas elementares.
O LEP é tipicamente um caso em que tamanho é documento: sua importância está nas suas medidas. Os catorze países europeus que são os condôminos do CERN bancaram com maior ou menor boa vontade os 800 milhões de dólares do projeto, que custou seis anos de trabalho. Para abrir as bolsas mais fechadas, como as do governo inglês da primeira-ministra Margaret Thatcher, não faltaram pressões dos físicos da entidade, entre os quais um bom número de luzidios prêmios Nobel - a começar pelo cinematográfico diretor-geral, o italiano Carlo Rubbia, uma rara combinação de competência e grandiloqüência (ou de confiança e arrogância, diriam seus desafetos). Rubbia, 55 anos, foi o mais vistoso garoto-propaganda dos aceleradores - para ele, "o principal caminho que deve ser trilhado pela ciência básica".
Comparados com o LEP, seus irmãos mais velhos do resto do mundo parecem anões. Os primeiros ciclotrons, ou aceleradores circulares, construídos na década de 50, tinham um punhado de metros de circunferência. À medida que a busca por novas partículas começou a exigir gastos de energia cada vez maiores, as máquinas também foram crescendo. Surgiram então os sincrotons, dos quais o maior exemplo é o Fermilab, no Estado americano de Illinois, com quase 7 quilômetros de circunferência, portanto menos de um quarto do LEP. Na década de 60, a Universidade de Stanford, na Califórnia , começou a projetar uma nova família de aceleradores - os lineares, onde as partículas percorrem seus trajetos em linha reta.
Segundo seus adeptos, o acelerador linear é uma variante melhor e mais econômica dos circulares. Segundo os partidários do círculo, é só mais econômico. A última das máquinas de Stanford, com 5 quilômetros de comprimento, foi inaugurada no ano passado. No Brasil, cujos físicos tendem a ser mais modernos que os equipamentos com os quais trabalham, o maior acelerador é o Pelletron, da Universidade de São Paulo, com 40 metros. "Vamos também construir um acelerador linear duas vezes maior, que será acoplado ao Pelletron dentro de três anos", promete o físico Oscar Sala, do Departamento de Física Nuclear do Instituto de Física da USP.
Em escala de Primeiro Mundo e segundo as regras do jogo do que se chama nos Estados Unidos big science, para designar programas e equipamentos científicos bilionários, como o controvertido Projeto Genoma e a também polêmica Estação Espacial Freedom, a novidade no setor é colossal: a construção do SSC, Supercondutor Supercolisor, um acelerador de 85 quilômetros de circunferência, no Texas. Sua missão científica será provocar trombadas de prótons e antiprótons. Seu objetivo político será devolver aos Estados Unidos a liderança no setor da Física de partículas, apropriada pelos europeus - antes que os japoneses entrem em campo e resolvam ampliar o seu acelerador de prótons de algumas centenas de metros em Tsukuba. Obviamente, uma instalação daquele porte e de tamanha complexidade tem preço à altura - e por isso o Congresso americano reluta em aprovar o seu orçamento de 4,4 bilhões de dólares.
Para os cientistas, os aceleradores nunca foram tão indispensáveis. "Temos razões teóricas para acreditar que alcançamos o conhecimento sobre os blocos fundamentais de construção da natureza ou, pelo menos, que estamos muito próximos disso", afirma o físico mais conhecido do mundo, o inglês Stephen Hawking, autor do best-seller Uma breve história do tempo. De fato, com a ajuda dos aceleradores se descobriu que tudo o que existe - rigorosamente tudo - é feito apenas de três famílias de partículas elementares indivisíveis: quarks, léptons e bósons. Os quarks fazem os nêutrons e prótons no núcleo dos átomos. Os léptons fazem os elétrons, entre outras coisas. Os bósons formam uma classe especial de partículas mensageiras, responsáveis pelas interações entre as outras famílias.
Essas mensageiras ajudam grupos de quarks e outros de léptons a se combinar com as quatro forças básicas que regem o Universo, criando todos os corpos compostos. Tais forças, como se sabe, são a gravitacional, o eletromagnetismo e as interações forte (responsável pela coesão do núcleo atômico) e fraca (que rege os fenômenos da radioatividade). Desde Einstein, na década de 30, os físicos acreditam que essas forças são manifestações de uma força única que agiu somente nos instantes que se seguiram ao Big Bang, a explosão que teria originado o Universo.
Assim, num dos desdobramentos científicos mais surpreendentes dos tempos atuais, os pesquisadores chegaram à conclusão de que a procura pelas partículas infinitamente pequenas e o estudo do espaço-tempo infinitamente grande eram no fundo atividades gêmeas. Ou seja, a Física não consegue esclarecer as dúvidas essenciais sobre a natureza da matéria sem responder ao mesmo tempo às questões cosmológicas sobre a origem do Universo. "O LEP pode fornecer um modelo do que aconteceu naqueles instantes iniciais", acredita a física Maria Elena Pol, que desde 1988 trabalha no CERN.
Maria Elena, uma argentina que morou no Rio de Janeiro durante treze dos seus 40 anos, é ligada ao Centro Brasileiro de Pesquisa Físicas (CBPF). Ela encarna o entusiasmo despertado nos cientistas do mundo inteiro pelas pesquisa da Física de partículas. O CERN, por sinal, parece uma filial das Nações Unidas, com seus 5 mil pesquisadores oriundos de 64 países. Seis vieram do Brasil, além de Maria Elena, que se considera "brasileira de coração". Ronald Shellard, professor da PUC do Rio de Janeiro, especializado em programas de computadores que simulam partículas atômicas, é o único brasileiro funcionário da instituição. Os outros, físicos e especialistas em informática, são bolsistas do CNPq (Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Aos poucos eles serão transferidos para as equipes que lidam diretamente com os detectores das colisões de partículas.
Todos esses cientistas têm um objetivo imediato comum: produzir em grande quantidade uma partícula fugidia avistada pela primeira vez em 1983 por Rubbia e pelo holandês Simon van der Meer e que por isso mesmo foram contemplados com o Prêmio Nobel. Trata-se da partícula Zº (lê-se Z zero, em que zero significa ausência de carga elétrica). Esse bóson mais os bósons W+ (carga positiva) e W- (negativa) confirmaram a unificação entre a força eletromagnética e a nuclear fraca, proposta teoricamente nos anos 60 pelos americanos Steven Weinberg e Sheldon Glashow e pelo paquistanês Abdus Salam - não por coincidência, também ganhadores do Nobel.
No Universo primitivo, diz a teoria, 10 bilionésimos de segundo, depois do Big Bang, os bósons W e Zº, portadores da força fraca, se comportavam da mesma maneira que os fótons, os mensageiros luminosos da força eletromagnética. A melhor maneira de conseguir o bóson de partícula Zº é fazer a colisão elétron-pósitron. Os aceleradores menos grandiosos que o LEP também proporcionavam esse tipo de trombada, mas sua energia era insuficiente para produzir muitas partículas. De seu lado, o último modelo de acelerador em Stanford tem energia suficiente mas obtém poucas colisões - justamente por ser linear. A energia das partículas é medida em eletronvolts, ou seja, a energia que um elétron capta de um campo elétrico de 1 volt. Somente acelerando elétrons a 70 GeV, ou 70 bilhões de eletronvolts, se conseguem colisões suficientes para o aparecimento da requisitadíssima Zº.
O SPS (Super Sincroton de Prótons) do CERN, onde Rubbia e Van der Meer fizeram a sua descoberta, colide prótons e antiprótons, mas, pela barafunda que fica do choque, não é ideal para se constatar a presença da partícula Zº. O LEP foi inaugurado a 17 de julho. Em um mês de atividade, antes que todas as máquinas estivessem perfeitamente calibradas, já produzia algumas centenas dessas partículas. A expectativa dos físicos de Genebra era comemorar a chegada de 1990 com uma produção da ordem de 10 mil por dia.
Não é um processo fácil. Para começar, é preciso obter grande quantidade de matéria-prima, ou seja, elétrons e pósitrons, criados em outros aceleradores de tamanho menor. A cada 12 minutos, em média, dois pacotes de elétrons e dois de pósitrons são lançados no LEP. A palavra pacote dá uma idéia modesta de quantidade: os quatro juntos contêm o estonteante total de 5 trilhões de partículas e circulam a velocidades próximas à da luz. De acordo com a teoria de que o peso de um corpo se multiplica por causa do aumento da velocidade, cada partícula em movimento no anel pesa 100 mil vezes mais do que parada. Um rato acelerado à mesma velocidade pesaria tanto quanto um elefante. Para que matéria e antimatéria consigam se chocar, o cilindro a vácuo onde voam as duas pesadas manadas de partículas foi construído com uma precisão de milímetros.
Feito de alumínio e revestido de chumbo - para impedir a passagem da radiação emitida pelos feixes de elétrons e pósitrons -, o tubo de 20 centímetros de diâmetro é resfriado a água e mantido à prova de impurezas. Os 27 quilômetros de extensão do LEP que uma daquelas partículas percorre em 1 décimo milésimo de segundo não desenham um círculo perfeito. Oito partes curvas de 2.800 metros de comprimento cada, ligadas por oito partes retas de diferentes tamanhos, dão ao acelerador um formato oval.
Isso porque, quando os feixes de partículas são forçados a fazer uma curva, perdem parte da energia. Para que ela seja mantida no mesmo nível, as partes retas foram equipadas com aceleradores eletromagnéticos. Estes, ao atrair e repelir elétrons e pósitrons, acabam por impulsioná-los antes e depois das viradas, mais ou menos como se uma supermão providencial desse uma empurrada na McLaren de Ayrton Senna, à entrada e à saída de cada curva numa competição de Fórmula 1. Ao todo, o anel possui 4.712 ímãs de ferro, que guiam e concentram os feixes de partículas de forma que eles batam de frente. Dentro do cavernoso túnel do LEP estão alojadas 60 mil toneladas de equipamento, o equivalente ao peso de quase 240 jatos comerciais DC-10. Entre a massa de cabos e aparelhos eletrônicos circula um monotrilho para o deslocamento de pessoal.
"Quanto maior o acelerador, melhor a qualidade das colisões, porque as partículas conservam mais energia em curvas menos acentuadas", explicou à nos, em Genebra, o físico francês Manfres Buhler-Broglin, chefe do Grupo Administrativo do LEP. "Se tivéssemos construído um acelerador linear, o que seria bem mais barato, só teríamos uma chance de fazer as partículas colidir. No circular, as chances são inúmeras porque as mantemos na mesma trajetória". Para enxergar o que acontece com as partículas que se movimentam no interior do acelerador e captar colisões, os físicos ergueram quatro laboratórios de detecção, plantados em pontos eqüidistantes ao longo do trajeto.
"Temos de ser ágeis para aproveitar tudo o que possa acontecer durante as colisões", observa a física Maria Elena. Exatamente por isso, cada um foi construído de maneira diferente - e desenvolvido por cientistas diferentes. O objetivo da direção do CERN foi justamente "estimular a concorrência e controlar melhor o resultado das análises", informa Buhler-Borglin. As colisões acontecem para todos, mas alguns detectores são mais especializados que outros. Seus nomes são uma sopa de letrinhas. Aleph (a letra A do alfabeto hebraico) significa Apparatus for LEP pHysics e Opal, Ommi Purpose Apparatus for LEP. Elas identificam os dois detectores mais clássicos, com tecnologias já consagradas.
Eles simplesmente contabilizam a energia que cada partícula perdeu nos choques, devidamente registrada em dois calorímetros. Mas essa descrição sumária não dá conta da espantosa complexidade das máquinas e dos experimentos dos quais participam. A olhos leigos, há algo de monstruoso e também de mágico no ambiente. O que mais impressiona, relata a enviada especial de SUPERINTERESSANTE, são os 12 mil blocos de vidro e chumbo do calorímetro do Opal.
Cada detector habita um espaço de 20 metros de altura por 70 metros de comprimento, como um prédio de sete andares que ocupasse a metade de um campo de futebol. Parecem grandes fábricas subterrâneas. L3, o maior detector de todos, tem também a maior bobina eletromagnética já fabricada no mundo. Com 16 metros de altura, ela consumiu mais ferro (8.500 toneladas) do que a Torre Eiffel, de 300 metros. Delphi, o detector de concepção mais arrojado, serve para testar tecnologia nunca antes empregadas. Ele possui onze camadas superpostas, cada qual apropriada para registrar um tipo diferente de partícula. Quando ocorre uma colisão, seus fragmentos são rastreados em cada camada, assim como o tempo de vida da partícula. Delphi pode identificar com especial precisão as características dos bósons W e Zº.
Pode também distinguir outro personagem de nome estranho e igualmente precioso. Chama-se bóson de Higgs, em homenagem ao cientista inglês Peter Higgs, que previu teoricamente sua existência. A partícula permitiria explicar como a energia se transforma em massa e vice-versa dentro do átomo. Ou seja, explicar o porquê da fórmula de Einstein E= mc2, energia é igual à massa multiplicada pelo quadrado da velocidade da luz. Com o Delphi, os físicos também querem saber quanto tempo dura a partícula Z antes de ela se desintegrar. Quando se souber isso, se poderá conhecer indiretamente o número de partículas elementares com as quais ela interage.
Não se pense que essas exóticas preocupações tenham a ver apenas com os arcanos da Física de partículas. Ao longo do tempo, o estudo do infinitamente pequeno rendeu mil e uma aplicações cotidianas. Começando no início da década de 30, os cientistas aprenderam a manipular os elétrons que fluem em volta do núcleo dos átomos. Isso acabou por revolucionar o mundo, permitindo as tecnologias do rádio, da televisão e inaugurando a era da informática. Depois da Segunda Guerra Mundial, o foco das pesquisas passou para o núcleo do átomo. A descoberta dos prótons e nêutrons levou à invenção da radioterapia, aos reatores nucleares e, mais recentemente, aos métodos ultramodernos na fabricação de microcircuitos.
Os avanços na Física de partículas elementares ainda são relativamente recentes - portanto é cedo para arrolar aplicações práticas. "É difícil imaginar o que vai resultar dessas pesquisas", acautela-se o físico de partículas Giorgio Moscati, da Universidade de São Paulo. Já Steven Weinberg, o ganhador do Prêmio Nobel pelos cálculos teóricos sobre a unificação das forças eletromagnética e fraca, prevê um enriquecimento científico: "Podemos descobrir alguma partícula estranha para a qual não há nenhuma evidência e isso abriria um capítulo inteiramente novo na ciência".

Na pista do quark desaparecido

Na busca da fronteira final do átomo, os cientistas descobriram que por mais que dividissem e subdividissem a matéria jamais chegariam à menor fração possível. Ocorre que suas partes isoladas não têm existência própria. Os quarks, tijolos básicos de todas as substâncias, se juntaram logo depois de surgir para formar os nêutrons e os prótons, os constituintes do núcleo do átomo. Ao fazer colidir prótons e nêutrons nos aceleradores, se consegue indiretamente descobrir algumas propriedades dos quarks. Assim, nas duas últimas décadas foi descoberta uma família de seis quarks realmente indivisíveis.
São chamados de up (para cima), down (para baixo), strange (estranho), charm (charme), bottom (fundo) e top (topo). De todos eles, somente a existência do quark top não foi comprovada. Os físicos esperam encontrar muitas combinações em que entrariam este ainda desconhecido top. Pode ser que exista mais de uma família de quarks. Quanto mais famílias existirem, maior quantidade de combinações de partículas elementares poderá gerar uma partícula composta. A partícula mensageira Zº é a via de acesso a novas descobertas nessa área - daí a corrida entre físicos europeus e americanos para fabricar o maior número possível de Zº. Nessa corrida, desde julho último a Europa assumiu a dianteira.





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quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Perfeito Manequim - Tecnologia



PERFEITO MANEQUIM - Tecnologia



Uma nova geração de robôs imita com crescente realismo o corpo humano e suas funções. Um deles até consegue suar a camisa - literalmente. Mais difícil é o homem imitar certos robôs.

Como qualquer pessoa, ele fala, anda, cruza as pernas e chuta bola. O mais novo tipo de recruta a alistar-se no Exército americano parece assim exatamente igual aos outros - ou quase. Pois, apesar de trabalhar horas a fio sem sequer parar para descansar e ainda por cima expor-se a grandes riscos, jamais se queixa em segredo de seus superiores, nem sonha com uma licença, como um praça normal. Um autêntico caxias, em suma. Com tais virtudes sobre-humanas, só poderia ser o que é - um manequim robotizado. Ele tem uma missão na vida, digamos assim: testar trajes de proteção para uso em situações de extremo perigo, mesmo para um soldado.
Manny, como é apropriadamente chamado esse robusto manequim de 1,80 m e 75 quilos, pode lembrar à primeira vista um simples boneco de polietileno do tipo que se vê em lojas de departamentos. Nada menos verdadeiro: ele é o robô mais parecido com o homem que o homem já conseguiu produzir. Construir uma máquina à nossa imagem e semelhança é tarefa relativamente fácil - quando a criatura se destina a operar em estúdios de cinema, ajudando a compor a grande ilusão proporcionada pela arte dos efeitos especiais. Mas na vida real tudo muda de figura. Por isso, como ninguém tinha ainda construído robôs tão humanóides, os cientistas e engenheiros do Laboratório Battele, nos arredores de Washington, tiveram de dar tratos à bola e improvisar bastante para criar o manequim-soldado.
"Quando começamos o projeto, deparamos com um desafio evidente", conta Dave Benett, gerente de pesquisa da empresa. "O corpo humano é muito complexo e bem desenhado - não é fácil imitá-lo". Depois de três anos de gestação e investimentos que passaram a marca de 2 milhões de dólares, chegou finalmente ao campo de provas do Exército, em Dugway, Utah, o equipamento que combina robótica avançada, multiprocessadores de dados, Bioengenharia, computação gráfica e novos produtos químicos. De fato, para determinar como os movimentos do corpo, a transpiração e até a respiração desgastam os pesados trajes militares, várias funções humanas tiveram de ser reproduzidas com o máximo de fidelidade.
Extremamente articulados - ao menos no sentido mecânico da expressão -, Manny tem 42 graus de movimento livre em quinze juntas, bem menos que as setenta e tantas juntas de um homem, é certo, mas o suficiente para imitar nossos movimentos básicos. Tubos e eixos formam o esqueleto, preso atrás por um suporte ligado ao cérebro de computadores. O movimento é executado por músculos hidráulicos, isto é cilindros dotados de pistões que esticam e se retraem em cada junta. No início do projeto, os técnicos descobriram e resolveram testar um braço mecânico utilizado num show do cantor pop Michael Jackson. Deu certo. A respiração por sua vez é simulada pelo movimento do peito para dentro e para fora, além do ar úmido que sai da boca e do nariz. Placas de filmes sensíveis cobrem o corpo, dando-lhe temperatura própria.
Ao exercitar-se, Manny se aquece, respira mais rápido e começa a transpirar como uma pessoa de verdade. Um sistema de finos tubos leva água a vários pontos na superfície da pele, na tentativa de imitar a função dos 2 milhões de glândulas de transpiração existentes na derme humana. Para sorte de Manny, sua pele tem uma composição especial para lhe dar aspecto humano e proteger da contaminação o seu interior. No cérebro do robô, um arquivo de movimentos básicos, facilmente acionados por comandos de computador, coloca-o em atividade pelo tempo que se quiser. Sua agilidade foi conseguida graças à gravação da imagem de um atleta em ação. Os computadores marcaram as posições do corpo em uma parte do filme e agora as reproduzem com a coordenação do movimento de todas as juntas, no tempo e na velocidade correta.
Quando der baixa do Exército, Manny já tem emprego garantido. As indústrias americanas que mexem com detritos tóxicos e proteção contra fogo, além da agência espacial NASA, também precisam testar trajes mais seguros. A medição da resistência que as roupas proporcionam ao corpo, uma das atribuições do manequim-robô, pode ajudar um dia a criar trajes mais confortáveis, servindo às confecções. São aplicações como essas - testar materiais de uso humano - que justificam a construção de robôs com aparência de homem, um tendência que se afirma cada vez mais no campo da robótica. Não é de hoje que existem aparelhos para substituir mão-de-obra e, afinal, este é o conceito mais amplo de robótica, termo derivado do checo robota, que significa trabalho forçado.
As máquinas operadas automaticamente já substituíram o homem em muitos serviços ingratos, monótonos ou perigosos. A presença de braços computadorizados deixou de ser novidade nas linhas de produção industrial - a tal ponto que muitos projetistas passaram a se perguntar se o corpo humano não seria, afinal, um molde muito inadequado para o design de robôs.
Assim, técnicos procuram desenvolver modelos com um terceiro olho, ou um pescoço modular, que dobra de comprimento, ou ainda juntas com rotação total. Mas a maioria dos pesquisadores tenta imitar o ente mais complexo criado pela natureza nestes últimos 3 bilhões de anos terrestres - o próprio homem. A lista dos mais recentes avanços nesse campo é digna de um conto de ficção científica: no Instituto de Tecnologia de Tóquio, por exemplo, o professor Toyosaka Moriizumi anunciou, no ano passado, a criação de um robô capaz de sentir cheiros. Seu criador promete uma grande utilização do robô farejador no departamento de controle de qualidade das indústrias de alimentos e de cosméticos.
Após vinte anos de pesquisa, outro japonês, Ichiro Kato, lançou o robô andarilho WL-10, que imita com perfeição o andar humano. A destreza da mão também já foi aperfeiçoada pelos pesquisadores - no caso, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos. Além de funções repetitivas e de aplicar força bruta, a mão de um robô de última geração realiza delicadas operações cerebrais, ajuda em missões policiais de alto risco e cuida de idosos e deficientes físicos. O robô Infant, criação de uma pequena companhia americana, reproduz as funções do cérebro para aprender a se adaptar a novas situações, igualzinho ao homem. Um motor elétrico, da espessura de um fio de cabelo, foi criado na Universidade da Califórnia para acionar robôs microscópicos que os cientistas pretendem usar a fim de explorar o interior do corpo humano - a vida assim imita a arte do filme. A viagem fantástica.
O sonhado computador que não só é capaz de obedecer a comandos de voz, como também de falar, tem seu nascimento previsto pata 1993 pela maior empresa mundial de informática, a IBM. Apesar de tais conquistas, as pesquisas esbarram ainda num limite decisivo: a chave para se fazer robôs mais espertos está na esperteza dos computadores que os controlam e, como se sabe, não há computador que se compare ao cérebro humano. De fato, a maioria dos robôs e assemelhados em uso hoje no espaço, sob o mar e em instalações atômicas são operados a distância por pessoas. Os construtores de robôs chamam a isso telerrobótica - uma extensão dos sentidos e da capacidade de manipulação. "A idéia é estar lá sem ir até lá", resume John Merrit, consultor da indústria americana de robótica.
O que o operador tem a fazer é usar um capacete que recebe os sons e as imagens da máquina, a qual repete seus movimentos, graças à armadura eletrônica colocada nos braços do homem. A telerrobótica é importante em situações de alto risco, em que se precisa contar com o julgamento e a inventividade humana - qualidades ainda inconcebíveis num computador. O desenvolvimento atual da telerrobótica é uma das principais razões para imitar os padrões típicos do homem. Isso porque, quanto mais se consegue reproduzir a experiência das pessoas em certas tarefas, mais facilmente elas conseguem comandá-lo. "Você esquece onde realmente está. Com o robô diante de si, parece que você se vê encarnado nele", ilustra Merrit.
Para conseguir essa sensação, que os especialistas chamam telepresença, a tecnologia de vídeo teve de desenvolver um sistema semelhante aos olhos - duas câmaras paralelas captam a mesma imagem, criando a percepção de profundidade espacial que uma simples tela de TV não oferece. Todas as pesquisas sobre máquinas, para surpresa de muitos cientistas, abriram um novo caminho para conhecer os seres humanos . Os robôs que se tornaram parte do mundo moderno não se parecem, de forma alguma, com os andróides que a ficção científica e a imaginação popular anteciparam há muitos anos. Mas hoje efetivamente se conhece - e se aprende a imitar - a máquina humana com uma riqueza de detalhes inimaginável aos avôs dos atuais fazedores de robôs. Manny que o diga.





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quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Um Espelho para o Cosmo - Astronomia



UM ESPELHO PARA O COSMO - Astronomia



A saga da construção do Telescópio Espacial Hubble, o mais perfeito instrumento ótico já construído, é um prodígio de rigor e criatividade.

Há três anos os astrônomos esperam por esse dia. Finalmente, se não surgirem novos problemas, em março 1990 o Telescópio Espacial Hubble foi despachado ao espaço, embalado na nave tripulada Discovery; para ficar em órbita da Terra, a 550 mil metros de altitude. Com o lançamento prejudicado pelos sucessivos atrasos no programa espacial americano, o telescópio repousou num galpão esterilizado na Califórnia. Quase tão fascinante quanto as descobertas que graças a ele será possível realizar foi sua construção, que levou cinco anos. A começar pela manufatura do seu espelho principal, cuja superfície refletirá e focalizará a luz dos astros, que será depois transmitida à Terra como uma emissão de TV. O jornalista americano Terry Dunkle acompanhou a aventura. Seu relato:
Em 1981, quando foi escolhida pela NASA para executar o projeto do espelho do Hubble, a Perkin-Elmer Corporation, empresa americana especializada em instrumentos óticos e eletrônicos, teve que deixar de lado todas as outras encomendas. Um exército de engenheiros desenhou então um tubo de 13 metros de comprimento , dotado de sensores capazes de focalizar um vaga-lume a milhares de quilômetros. Esse tubo serviu de abrigo ao espelho de 2m47 metros de diâmetro, no formato de uma rodela de abacaxi com um furo no centro. Quando o telescópio ficou pronto, cinco anos e 1,5 bilhão de dólares depois, estava preparado para enxergar o espaço com uma nitidez sete vezes maior do que qualquer outro equipamento semelhante já construído pelo homem.
Mas a manufatura do espelho- um trabalho caro e artesanal - havia começado alguns anos antes, em 1977, quando foi feita a moldagem do vidro. Para que o conjunto do Hubble, um engenho de 11 toneladas, não ficasse ainda mais pesado, o que causaria problemas no espaço, o espelho não foi projetado como um corpo sólido, mas como duas finas fatias de silicato de titânio - material de pouca dilatação térmica -, feito um sanduíche recheado de ar. Como as duas fatias não poderiam encostar uma na outra, foram colocados ali tubos de vidro, que deram ao conjunto a aparência de uma sofisticada embalagem de ovos. Assim, o espelho é 90 por cento ar. Até a curva quase hiperbólica do vidro foi obtida aquecendo-se e moldando-se o ar na forma de um telhado de cogumelo.
Até o momento em que se começou a construir o Hubble, ninguém havia pensado em fazer algo semelhante. Por isso, a NASA se cercou de todos os lados: além de encomendar a peça à Perkin-Elmer, pediu outra à empresa rival, Eastman-Kodak, reservando-se o direito de ficar com aquela que fosse de qualidade superior. Pode-se portanto imaginar o nervosismo do engenheiro Jack Kurdock, da Perkin-Elmer, quando num dia cinzento de novembro de 1981, junto com três companheiros de equipe, se preparava para cobrir o espelho com uma camada refletora de alumínio. Se o trabalho apresentasse qualquer defeito, estaria prejudicado o sonho daqueles técnicos de ajudar os astrônomos a ver mais longe no espaço e no tempo, quem sabe até o início do Universo.
Para que o telescópio funcionasse direito, isto é, transformasse em estrelas e galáxias os brilhos captados a milhares de anos-luz de distância, o espelho principal deveria aproveitar o máximo da luz coletada. E o máximo de aproveitamento só poderia ser obtido se o espelho fosse um bom refletor, algo que o desempenho do engenheiro Kurdock precisaria garantir. "Ele teria de refletir pelo menos 70 por cento da luz no ultravioleta", lembra o engenheiro. "Mas essa porcentagem é maior do que aquela obtida em qualquer telescópio feito anteriormente".
A fim de vencer esse desafio, as especificações da cobertura eram as mais exigentes que Kurdock, um homem calmo, com pelo menos vinte anos de experiência nesse tipo de serviço, já tinha enfrentado. Para começar, a Perkin-Elmer necessitou construir uma câmara de vácuo espacial, de quase dois andares, com paredes de aço de 2 centímetros de espessura e uma grande janela no teto. "Era nessa fenda que o espelho entrava", explica Kurdock. Ele mostrou como o grande disco, a rodela de abacaxi, era colocado num anel gigantesco de metal, capaz de transportá-lo feito um elevador até a base da câmara. Ali ficavam oito recipientes cheios de alumínio, ligados a canhões de elétrons.
Se a superfície do espelho contivesse qualquer traço de poeira, esta se vaporizaria na câmara de vácuo e cobriria o espelho com uma fina camada de moléculas de hidrocarbonetos. Por isso, o disco teria de ser lavado com água destilada e colocado para secar como um lençol no varal. Mas havia um problema: sendo ele muito pesado para ficar de pé, corria o risco de se espatifar depois do banho. Daí, foi necessário desenhar uma espécie de fôrma de bolo feita de aço, que, ajustada nas costas do espelho (que não receberia cobertura), ajudaria a distribuir o peso e a eliminar a tensão. Todos os passos da operação limpeza foram cuidadosamente planejados. "Existia o perigo real de deixar cair o espelho nessa fase", comenta Kurdock, lembrando-se de um incidente infeliz ocorrido no passado.
Alguns anos antes, com efeito, a Perkin-Elmer fora escolhida para fazer o espelho de quase 1 metro do telescópio Copernicus, também da NASA. Em dado momento do processo, quatro operários tiveram de transportá-lo. Um deles tropeçou e o espelho caiu, espalhando vidro para todos os lados. "Quando se trabalha com um material tão delicado, você tem de estar pronto para problemas desse tipo", diz o resignado Kurdock. O próprio espelho do Hubble já tinha pregado algumas peças. Numa primeira fase, que durou dois anos, ele foi polido, para perder qualquer rugosidade. Certa vez, durante uma inspeção de rotina, um dos operários percebeu logo abaixo da superfície gelada do vidro um risco finíssimo que refletia a luz de uma forma que lembrava uma xícara de chá.
"Foi um momento de pânico", recorda Ronald Rigby, engenheiro-chefe encarregado dessa parte da operação. Num grande pedaço de vidro, até o risco mais fino significa um desastre. Uma mudança de temperatura, por exemplo, pode abalar a estrutura do espelho e provocar uma rachadura monstruosa. Assim, se a xícara de chá não fosse removida e a ferida isolada, o risco poderia crescer. O problema era tão sério que quase provocou uma briga entre as pessoas que trabalhavam no projeto. Rigby queria atacar o vidro com uma broca e fazer um buraco que isolasse totalmente a área. Outro engenheiro, cujo trabalho era prever se o Hubble poderia sobreviver ao lançamento na Atlantis, temia os prejuízos que essa abertura traria ao espelho.
Por isso, ele preferia não abrir buraco algum, mas usar a broca em volta da fatia do espelho atingida, e somente ao redor do risco. Embora causasse menos estrago, essa solução representava outro sério perigo, pois a pressão da ferramenta em volta da xícara de chá poderia provocar uma grande rachadura. Mesmo assim, foi a técnica escolhida. Isso porque o buraco que Rigby pretendia fazer poderia poluir com poeira de vidro o interior praticamente oco do espelho. No espaço, a poeira flutuaria pelo telescópio, prejudicando irremediavelmente seu foco. Assim, após três semanas de discussão e pânico, eles arriscaram a operação limpeza por cima. Em seguida, fazendo figa, esperaram pelo crack da rachadura - que, afinal, não aconteceu.
Apesar disso, muita gente na Perkin-Elmer ficou irritada com a alteração. Deixem para lá, disse Rigby, com a experiência de 25 anos na manufatura de espelhos de telescópios. "Quando terminarmos, vocês se lembrarão dela como de uma verruga no ombro de uma mulher bonita". Ele se referia à fase final do polimento, para a qual foi construída uma espécie de cama de faquir, feita de barras de titânio, tendo em cada ponta uma safira, ajustada nas costas do espelho. Custo da peça: 2 milhões de dólares. Apoiado confortavelmente por baixo nessa cara armação, que permitia que a pressão exercida sobre o disco obedecesse à curvatura da superfície, o espelho foi esfregado dia e noite durante meses.
Foi uma tarefa exaustiva e irritante. O polimento exige uma técnica curiosa, que consiste em esfregar milímetro por milímetro do disco de vidro, coberto com uma substância abrasiva, no caso um pouco de piche. Para que o piche não risque o vidro, usa-se sobre ele um pó que pode ser - por incrível que pareça - rouge. Utilizando um dispositivo de laser que, ao bater na superfície do vidro, produzia uma série de padrões de interferência, os engenheiros foram capazes de descobrir irregularidades de bilionésimos de milímetro. Fazendo uma comparação, eles calcularam que se o espelho tivesse o tamanho do golfo do México suas ondas não teriam mais de 1 milímetro de altura. Diante de tamanha perfeição, a responsabilidade final de todos ficou ainda maior. Quando chegou o grande dia da cobertura, em novembro de 1981, o disco, impecavelmente limpo e polido, foi instalado na câmara de vácuo.
Durante uma semana, bombas tiraram todo o ar interno, até que a pressão ficou mil vezes menor do que aquela que o telescópio encontrará a 550 mil metros da Terra. Em seguida, a equipe de Kurdock começou a rodar o espelho devagar, a fim de obter uma cobertura uniforme. Foram ligados os canhões de elétrons para que os raios de alta energia vaporizassem o alumínio. Este, tornando-se mais leve, se elevaria, agarrando-se ao vidro. A camada de alumínio não deveria ter mais de 80 nanômetros - cada nanômetro vale um milionésimo de milímetro - e seria protegida por uma camada de fluoreto de magnésio.
Três minutos depois de iniciada a operação, tudo estava terminado. Aberta a câmara, os técnicos entraram para ver o resultado da obra. Por um instante, pensaram que alguém havia roubado o espelho. Nada ali era visível, apenas um teto inexplicavelmente alto. "Percebi depois que estava olhando para um reflexo num espelho com um brilho fantástico", conta Kurdock. Mais tarde, os testes mostraram que a cobertura tinha 80 por cento de reflexão, dez a mais do que a NASA havia exigido. Os astrônomos sonhavam com um aproveitamento de 47 por cento da luz coletada pelo telescópio. Conseguiram 57 por cento.
É claro que, depois de uma obra dessas, Rigby e Kurdock foram promovidos. O primeiro está supervisionando para a NASA a construção do futuro telescópio espacial de raios X. Mas, quando se lembra do grande espelho do Hubble, nem ele consegue acreditar que tenha sido capaz de executar tamanha maravilha. "Nunca verei outro espelho como aquele", afirma Rigby, nostálgico. Ao que Kurdock responde com uma risada, lembrando os anos de agonia para construí-lo: "Eu também espero que nunca mais". O engenheiro William Fastie, da NASA, que acompanhou o trabalho, dá o veredicto final: "O Telescópio Espacial Hubble tem o espelho mais perfeito já construído. Não tenho dúvidas de que com ele enxergaremos centenas de milhões de anos-luz além do que esperávamos".

A odisséia do Hipparcos

No jogo arriscado das expedições ao espaço, muitas vezes a euforia e a decepção viajam de mãos dadas. Euforia era o que não faltava, por exemplo na noite de 8 de agosto, na base de Kourou, na Guiana Francesa. Era o lançamento do foguete Ariane-4, levando a bordo o satélite Hipparcos, a estrela do programa da agência espacial européia (ESA). O lançamento prometia colocar em órbita a 36 mil quilômetros da Terra o Hipparcos, um projeto de dez anos e 390 milhões de dólares. Seu grandioso objetivo: elaborar um catálogo da posição das estrelas no céu, com precisão 50 vezes maior do que a obtida pelos melhores observadores.
Mas as semanas que se seguiram à euforia do lançamento foram de decepção. Uma falha no seu motor principal obrigou o Hipparcos a habitar uma órbita elíptica a meros 200 quilômetros da Terra na sua passagem mais próxima. As tentativas para reativar o engenho fracassaram e o motor auxiliar só poderia elevar o satélite a 800 quilômetros. A essa altura, ele seria obrigado a atravessar o cinturão de Van Allen - zona carregada de partículas que envolve a Terra e que poderia prejudicar seus painéis solares.
O Hipparcos, sigla em inglês de Satélite de Coleta de Paralaxe de Alta Precisão, também presta uma homenagem ao astrônomo grego Hiparco, que, dois séculos antes da era cristã, foi o primeiro a determinar a posição das estrelas. Hiparco ainda calculou a distância da Terra à Lua, medindo o paralaxe lunar, o ângulo formado pelo seu deslocamento aparente como resultado do movimento da Terra em relação ao Sol. O satélite europeu foi concebido para usar os mesmos métodos a fim de localizar 120 mil estrelas num raio de 3 mil anos luz do sistema solar.
O Hipparcos deveria observar cada estrela de dois pontos opostos na rotação da Terra em volta do Sol. A cada vez, a estrela estará situada em posição diferente em relação aos astros mais afastados. Calculando-se o ângulo formado por essa variação, obtém-se sua distância real. O telescópio é um monumento à precisão: instalado na Torre Eiffel, em Paris, enxergaria uma moeda na mão de uma pessoa no topo do Empire State Building, em Nova York, a 7 mil quilômetros. Se ele sobreviver pelo menos seis meses na órbita em que o mau motor o deixou, cumprirá a missão pela metade. Para a astrônoma Ana Stefanovitch, do Observatório de Medon, em Paris, "ainda assim seu catálogo será duas vezes melhor do que os que temos agora".

O que é o quê no Hubble

O Telescópio Espacial é um grande tubo de 13 metros de comprimento. A luz que entra pela abertura bate no espelho principal e se reflete num outro menor, o secundário. Depois volta e atravessa o orifício do espelho principal para se concentrar nas câmaras e outros instrumentos científicos. Controladores da Terra mandam instruções por rádio aos computadores de bordo. Por sua vez, as imagens do Hubble, traduzidas em sinais digitais, são transmitidas para as antenas da NASA.
1 - Abertura
Fecha automaticamente para proteger os instrumentos sensíveis, caso o espelho focalize o Sol por acidente.
2 - Painéis solares
Abastecem o telescópio da energia necessária à operação dos equipamentos.
3 - Espelho principal
A cobertura permite detectar, além da luz visível, a luz ultravioleta.
4 - Antena de rádio
Faz ligação com a Terra: o Hubble é capaz de transmitir 1 milhão de unidades de informação por segundo.
5 - Espelho secundário
Colocado 5 metros à frente do principal, ajuda a focalizar a luz nos instrumentos de bordo.
6 - Câmaras
A primeira câmara obtém as imagens mais vistosas. A segunda capta o brilho de objetos pouco luminosos e distantes.
7 - Fotômetro
Permite medidas precisas da intensidade da luz dos astros - um dado importante para determinar sua posição no espaço.
8 - Espectrógrafos
Medem a composição química dos astros. Podem assim obter informações sobre seus movimentos, temperatura e características físicas.

Câmaras, ação, luzes

No fim da década de 20, o astrônomo americano Edwin Hubble (1889-1953) comprovou que o Universo conhecido não é estático, mas continua a se expandir desde que teria surgido de uma explosão inicial que espalhou partículas elementares por todos os lados. Ele sustentou também que a Via Láctea é apenas uma entre milhares de galáxias em expansão. Agora, a expectativa dos cientistas que deram o nome de Hubble ao mais importante instrumento astronômico da atualidade é utilizá-lo para viajar ao passado e chegar o mais rápido possível ao momento do tão falado Big Bang, há cerca de 15 bilhões de anos. Como isso será possível?
Livre do embaçamento da atmosfera da Terra, que bloqueia uma parte da luz visível e quase toda a radiação ultravioleta, o Hubble poderá multiplicar por cinqüenta o número de corpos celestes ao alcance dos dois maiores telescópios do mundo - o de Palomar, na Califórnia, Estados Unidos, com lentes de 5 metros de diâmetro, e o de Zelenchukskaya, no Cáucaso, União Soviética, com lentes de 6 metros. Desse modo, os quasares, os mais remotos pontos luminosos já observados, a pelo menos 12 bilhões de anos-luz da Terra, podem aparecer como galáxia no auge da juventude.
Ao enxergar mais longe no espaço, os astrônomos estarão flagrando os objetos celestes como eram em épocas anteriores, por causa do tempo que a luz demora para atravessar distâncias cósmicas. "É impossível prever todas as maravilhas ao alcance do Hubble", entusiasma-se Lyman Spitzer, astrônomo da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, considerado o idealizador do Telescópio espacial. Spitzer lembra que, "antes das observações feitas com o telescópio Monte Palomar, há menos de trinta anos, os próprios quasares eram desconhecidos".
Apesar disso, a anatomia do Hubble nada tem de especial. Trata-se de um telescópio refletor comum, conhecido como Cassegrain, em homenagem ao físico francês do século XVII, inventor do modelo, que usa a combinação ótica de dois espelhos. Os raios luminosos vindos dos astros focalizados batem no espelho principal de 2,4 metros, côncavo, e se refletem em outro menor, de 30 centímetros, convexo, colocado num tubo 5 metros à frente. Em seguida voltam e atravessam um orifício central de 60 centímetros do espelho maior para enfim se concentrar no compartimento dos aparelhos. Ali, um fotômetro e dois espectrômetros analisam a luz para determinar a composição química e a velocidade dos corpos observados, enquanto duas câmaras fotografam os astros na luz visível, no ultravioleta e no infravermelho.
A primeira câmara, de grande alcance, capta todos os raios luminosos. A segunda, mais seletiva, capta brilhos muito fracos. Como acontece nos melhores telescópios terrestres, as câmaras do Hubble usarão dispositivos do tipo CCD, semelhantes a câmaras de vídeo e cuja sensibilidade é cinqüenta vezes superior à dos filmes fotográficos. Painéis solares com 2,4 quilowatts de capacidade serão responsáveis pelo abastecimento de energia. Além desses equipamentos, o Hubble terá um sensor estelar e um giroscópio, que permitirão a sua extraordinária pontaria. Assim, durante os quinze anos de vida útil do engenho, galáxias hoje indistintas nos telescópios comuns se revelarão como uma multidão de estrelas. E, se existirem, até sistemas planetários desconhecidos poderão aparecer em torno de estrelas próximas do Sol.
Se o Hubble estivesse na Terra, bastaria aos astrônomos apontá-lo para o ponto desejado, na ocasião e hora propícias, a fim de fazerem as suas observações. Mas, estando ele a 550 mil metros do planeta, as operações de manobra do instrumento,. como se pode imaginar, serão um pouco complicadas. Segundo o astrônomo brasileiro Francisco Jablonski, do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), "vão exigir paciência, planejamento exaustivo e um complexo programa de computador para tratamento e análise de dados". Por esses motivos, a NASA criou o Instituto de Ciências do Telescópio Espacial, em Baltimore, Maryland.
Ali, centenas de astrônomos já estudam as propostas de utilização do Hubble, apresentadas por cientistas do mundo todo, e planejam a sua movimentada agenda de trabalho. O astrônomo Ivo Busko, também do INPE, é o único brasileiro a participar dessa fase da operação. Ele está ajudando a criar um catálogo de referência das estrelas, uma espécie de enciclopédia do espaço, guardada em discos óticos. Com os dados desse catálogo, os astrônomos poderão ter em mãos um mapa tridimensional das vizinhanças dos astros que pretendem observar. Esperava-se que outras informações igualmente inéditas fossem fornecidas pelo satélite francês Hipparcos, lançado no mês de agosto último.
Quem quiser o auxílio do Telescópio Espacial para suas observações terá de entrar numa extensa fila de espera: uma primeira triagem selecionou 162 projetos de pesquisa. Os cinco instrumentos de Hubble têm dezenas de modos de operação que envolvem diferentes combinações de filtros, aberturas e foco. Todas as comunicações com o telescópio serão feitas via rádio pela antena rastreadora de satélites da NASA no Novo México e controladas pelo Centro Espacial Goddard em Maryland. Ou seja, tanto as instruções da Terra como a transmissão de imagens do espaço se darão nos moldes habituais dos satélites de comunicação.





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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Precioso Líquido - O Sangue


PRECIOSO LÍQUIDO - O Sangue



Cinco litros de sangue percorrem 96.500 quilômetros de vasos para distribuir pelo organismo oxigênio, nutrientes e armas de defesa. A ciência aprende a mergulhar fundo nesse fluido vital.

Como as pedrinhas de um caleidoscópio, enquanto dançam, se transformam, no interior dos ossos, minúsculas células vão mudando de cor e de forma. Algumas se tornam gorduchas, avermelhadas e bicôncavas. Outras, de um branco quase transparente, assumem diversos formatos. No final da metamorfose, todas escoam formando finíssimos riachos do fluido mais nobre do corpo - o sangue. Nele, o exército de defesa do organismo mergulha, o oxigênio nada e os nutrientes flutuam. Sem a sua irrigação o homem não sobreviveria e, talvez por ter sido essa intuição, cultiva desde os tempos primitivos a idéia de que a própria alma pulsa ao embalo do coração ao longo de seus quase 96.500 quilômetros de veias e artérias.
Em um piscar de olhos, rigorosamente cronometrado, perdem-se 8 milhões de células sangüíneas, mas no mesmíssimo instante a medula óssea produz outras tantas. Estas, enfileiradas, após duas horas e meia de frenético ritmo industrial, poderiam formar uma ponte entre o Rio de Janeiro e Londres. Somente no ano passado cientistas americanos conseguiram isolar as células matrizes na medula óssea de cobaias - e não se poderia criticá-los se estivessem comemorando até hoje.
Pois essas verdadeiras sementes orgânicas, que dão origem às diversas células que compõem o sangue, vinham se escondendo da ciência há mais de três décadas. Existe apenas uma fugidia célula matriz sangüínea em cada 10 mil células da medula; assim, beneficiada por essa camuflagem, ela sempre escapava ao olhar dos microscópios. A descoberta da célula-mãe é um dos recentes avanços da Hematologia, a área da Medicina que estuda o sangue - uma substância que surgiu na escala evolutiva com os anfíbios, há 340 milhões de anos. Observando as transformações dessa célula, os pesquisadores querem agora descobrir os 5 litros de sangue que circulam no corpo de um adulto, representando até 7 por cento de seu peso. A rigor, os cientistas consideram o sangue um tecido, cujas partículas sólidas, as células, estão submersas em um meio líquido de cor amarelada, o plasma, formado basicamente por água. "O plasma é importantíssimo", explica o hematologista Dalton Chamone, professor da Universidade de São Paulo, "pois nele se dissolvem os nutrientes e a proteínas fundamentais, como os chamados fatores de coagulação, que evitam a perda do sangue, quando, por exemplo, nos cortamos".
Em uma única gota do líquido, porém, moram aproximadamente 9 mil glóbulos brancos, os linfócitos, como são chamadas as células do sangue que formam o sistema imunológico, encarregado de defender o organismo contra toda sorte de invasores, desde um grão de poeira até um vírus. Na mesma gota de sangue existem ainda de 250 mil a 500 mil plaquetas, partículas que flutuam livremente até ocorrer a menor lesão em um vaso. Então, elas se agregam, construindo uma barreira à passagem da corrente sangüínea, para evitar a hemorragia. Mas sem dúvida são os mais famosos componentes do sangue. Até porque é sua proteína, a hemoglobina, que lhe confere o tom vermelho vivo.
"Sem dúvida, as hemácias andam em moda hoje em dia", ironiza o hematologista Celso Guerra, professor da Escola Paulista de Medicina, referindo-se aos atletas que se preocupam com a quantidade de glóbulos que corre em suas veias. A razão é simples: são as hemácias que transportam o oxigênio da respiração pelo corpo. Nas células, onde o sangue desemboca através de microscópicos vasos capilares, o oxigênio é queimado, a hemácia se liga ao gás carbônico, que será despejado nos pulmões .
Como os músculos consomem muito oxigênio para realizar o seu trabalho, o raciocínio de alguns esportistas é de que quanto mais hemácias houver no sangue mais combustível haverá para queimar nas competições. Existem várias fórmulas para aumentar a quantidade de glóbulos vermelhos. A mais simples é treinar em lugares altos, onde o ar é mais rarefeito. Quando cai a pressão atmosférica, o ar chega com menos força aos pulmões. Com isso, estes captam menos oxigênio. Numa tentativa de compensar a perda, um hormônio produzido nos rins ordena à medula que intensifique a linha de montagem das hemácias. Na opinião de Guerra, que há mais de três anos vem analisando o sangue de atletas brasileiros, todo o esforço para ganhar umas hemacias a mais pode ser em vão. "De que adianta ter glóbulos vermelhos se dentro destes não há ferro suficiente para carregar o oxigênio?", pergunta. De fato, é por falta deste mineral no cardápio do dia-a-dia que um em cada cinco brasileiros homens é anêmico.
No caso das mulheres, que têm uma perda extra de ferro pela menstruação, a relação dobra: duas em cada cinco. O retrato de um país de gente pálida é o reflexo de um poder de compra ainda mais anêmico: o salário magro não compra carne e é do ferro existente em suas entranhas que o sangue precisa.
Outros alimentos, como o espinafre e o feijão, possuem o ferro ligado a moléculas de substâncias que o organismo não absorve com facilidade. Estima-se que durante a vida uma pessoa produza cerca de meia tonelada de glóbulos vermelhos, que se mantêm na circulação por quatro meses, até se romperem no baço e no fígado; as vísceras quebram seus componentes para serem remontados na medula óssea. Uma simples alfinetada na ponta do dedo faz derramar em torno de 5 milhões de glóbulos vermelhos. No entanto, pode-se sobreviver se cada gota de sangue dispuser de metade disso.
Mesmo assim, à menor espetadela, o organismo cauteloso dispara o alarme para uma valorosa guarda de segurança, que impede a fuga do sangue: trata-se do complexo processo de coagulação .
Mal um vaso se machuca, cuida de mandar dois sinais: uma mensagem elétrica segue pelos nervos até o cérebro - e este ordena a contração dos músculos na área ferida, diminuindo a passagem do sangue por ali; a outra mensagem é química e se dirige às plaquetas existentes na circulação. Estas, na verdade, são fragmentos de células gigantes situadas nas paredes da medula óssea. Ao perceberem as substâncias secretadas pelo tecido lesado, as plaquetas se agregam. Ativam assim uma enzima do plasma que, por sua vez, reage com uma proteína, o fibrinogênio, também do plasma.
O fibrinogênio se transforma então em fibrina, o fio insolúvel que tece uma rede para amarrar os glóbulos vermelhos: é o coágulo. Na realidade, o processo se desdobra em várias fases, das quais participam no mínimo doze fatores de coagulação, proteínas que seguem à risca a ordem de entrada em cena na operação destinada a estancar a hemorragia. A falta de um único desses fatores corta a corrente de eventos da coagulação. É o que acontece na hemofilia, doença hereditária transmitida sempre pela mãe, cujas vítimas, sempre do sexo masculino, não possuem o chamado fator número VIII.
A complexidade do processo é uma estratégia de segurança: dessa maneira, o organismo não produz coágulos sem a garantia de reações químicas que atestam a existência de uma lesão. Basta, porém, um pequeno coágulo de 2 milímetros de diâmetro para obstruir fatalmente uma artéria do coração, como ocorre no infarto. Os riscos, sem dúvida, são maiores em pessoas hipertensas. Nelas, o sangue pressiona com força as paredes dos vasos, provocando uma espécie de erosão. Formam-se em conseqüência verdadeiras brechas onde plaquetas e glóbulos vermelhos se instalam, erguendo um montículo; este vai barrando a gordura polissaturada, o colesterol de alta densidade (HDL) que circulava.
Como se estranhassem a infiltração da gordura, confundindo-a com uma nova lesão, as plaquetas voltam a se juntar sobre o lugar, aumentando o monte que se eleva no caminho do sangue. Chega enfim o momento em que o líquido não encontra passagem. A pressão sangüínea é mantida sob o controle de diversos hormônios produzidos nos rins. Além de estresse e cigarro, que prejudicam a síntese constante dessas substâncias, com o passar dos anos a safra delas diminui. "É por isso". explica o professor Chamone, da USP, "que pessoas mais velhas tendem a ter pressão alta".
Em matéria de sangue, contudo, os cuidados com a pressão e com o colesterol já não são os únicos hoje em dia. Pelo risco de contaminação, as pessoas têm medo de receber sangue, algo necessário nas cirurgias, sempre quando há perda acima de 0,5 litro do precioso líquido - o que se dá em mais da metade das intervenções. Quando a perda é menor, os médicos podem, por exemplo, repor apenas soro fisiológico: o coração não perdoa uma queda brusca no volume do fluido que bombeia, ameaçando falhar. O fato é que nos últimos anos muito mais gente do que em qualquer outra época soube que, da mesma forma como distribui a vida pelo corpo, o sangue pode espalhar a morte quando contaminado por vírus de doenças como a AIDS.
"Em cirurgias pré-marcadas, os pacientes preferem a autotransfusão", conta Fábio Jatene, cirurgião do Instituto do Coração (Incor), de São Paulo. Há onze anos ele começou a estudar técnicas para reaproveitar o sangue de pacientes. O então médico recém-formado se interessou pelo campo mais por ser pouco vasculhado do que pelos benefícios que só ficariam evidentes com o surgimento da AIDS. Hoje ele entra duas ou três vezes por dia em centros cirúrgicos para aplicar autotransfusões. Todo sangue que jorra na operação é sugado por um equipamento e reinjetado no paciente. A técnica também é usada para aproveitar o sangue que drena no pós-operatório.
"Entre 50 e 70 por cento dos pacientes que demandam transfusão acabam recebendo sangue alheio", calcula Fábio, "embora, devido à autotransfusão, o volume de sangue estranho que se injeta seja muito menor". A autotransfusão não chega a ser novidade. Cientistas ingleses já aplicavam o método no século passado, mas o costume saiu de moda por causa das dificuldades técnicas e da noção de altruísmo que vicejou no século XX. "O certo era doar sangue a um ilustre desconhecido e este, de seu lado, deveria aceitar o sangue de um benemérito anônimo", resume o hemoterapeuta Nelson Hamerschlak, que participa da chefia de um dos mais modernos bancos de sangue do país, instalado no quarto andar do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
Rodeados pelos equipamentos do banco, Hamerschlak detém-se e declara: "A beleza da minha profissão é usar todas as engenhocas para atacar o perigo de contaminação por todos os lados". Um médico pode tomar todas as precauções que a ciência proporciona ao realizar uma transfusão e, apesar de toda essa cautela, o paciente ser vítima de um efeito colateral - como se diz no jargão -, o sangue contaminado. Os chamados testes de compatibilidade determinam com segurança os fatores sangüíneos - proteínas existentes nos glóbulos vermelhos contra as quais o receptor do sangue pode produzir anticorpos.
Por exemplo, pode-se ter sangue com proteínas A, B, AB ou O. O sangue tipo O é conhecido como doador universal para transfusão de glóbulos vermelhos porque não contém fatores que reagem com anticorpos, podendo ser injetado em qualquer pessoa; quem possui sangue O, porém, só pode receber sangue do mesmo tipo. O sangue AB é o receptor universal porque, ao contrário do O, só deve ser doado a pessoas do mesmo tipo sangüíneo. Mas, como possui tanto proteína A como B, não reage ao receber qualquer sangue. Outro fator de compatibilidade sangüínea é o Rhesus, assim chamado por ter sido descoberto em macacos dessa espécies. Quem possui determinadas proteínas nos glóbulos vermelhos é Rh positivo e pode receber o sangue que não possui a mesma proteína; este sangue, porém, o Rh negativo, só pode ser misturado a sangue igualmente sem a proteína. Os fatores ABO e Rh são os mais importantes, embora existam cerca de trezentos fatores sangüíneos conhecidos.
No entanto, no que diz respeito a doenças, além da margem de erro na exatidão dos testes, há o que os médicos conhecem por "janela", ou seja, o período em que o sangue da pessoa já contaminada ainda não produziu anticorpos suficientes para serem detectados.
A janela, em casos de portadores do vírus da AIDS, dura em média oito semanas. Nos Estados Unidos, com vinte vezes mais casos de AIDS que o Brasil, não passa de ínfimo 0,03 por cento o índice de doadores cujos exames flagraram a presença do anticorpo do vírus da AIDS. Já nos bancos de sangue brasileiros o índice de aidéticos entre os doadores chega a alarmante 0,7 por cento dos casos. Para Hamerschlak, do Albert Einstein, os números são uma clara indicação de que pessoas do grupo de risco procuram na doação uma maneira de fazer gratuitamente o teste da AIDS. "Quando se trata de sangue, sempre há risco", sentencia ele.
Mas no Brasil os números disponíveis demonstram que o risco pode estar além da conta. Na média nacional, caso nenhum sangue fosse testado, quem recebe transfusão teria 0,6 por cento de chance de pegar AIDS, 1,3 por cento de contrair hepatite, 1,8 por cento doença de Chagas e 2,4 por cento outras infecções. Para se ter uma idéia do perigo que correriam os 100 mil hemofílicos brasileiros, cada um deles precisa receber 100 doações por ano. A fim de reduzir os riscos de contaminação, além de restringir a lista de doadores, os modernos bancos de sangue contam com o benefício da tecnologia médica - as processadoras, máquinas capazes de selecionar no próprio sangue do doador o componente que está sendo procurado. Ou seja, ele deixa de doar o meio litro de sempre de "sangue total", como dizem os hematologistas, para ceder apenas, por exemplo, glóbulos brancos ou plaquetas, e assim por diante.
"Como as células têm peso diferente, posso escolher exatamente aquelas que preciso retirar do sangue, através da centrifugação", explica o médico Leonel Szterling, também do Hospital Albert Einstein, enquanto colhe plaquetas do sangue de uma doadora. Através da lente côncava do aparelho podem-se ver várias esferas, formadas pelo sangue que gira em alta velocidade. No centro, feito uma bola de fogo, concentram-se os glóbulos vermelhos, cercados pela aura clara dos glóbulos brancos. Em seguida vem a esfera amarela pálida das plaquetas, que, pouco a pouco, preenchem um saquinho de plástico.
O restante do sangue é devolvido ato contínuo à doadora, cujo volume de plaquetas em poucos dias voltará ao normal. "Pelo processo convencional, separando as plaquetas contidas em meio litro de sangue doado, eu precisaria de umas oito doações para conseguir o mesmo saquinho", compara Szterling. Os hemoterapeutas, especialistas em tratamento das doenças do sangue, também estão usando esse tipo de equipamento para retirar o excesso de glóbulos brancos que atacam o próprio organismo, nos casos das doenças auto-imunes, como a artrite.
No futuro, as processadoras talvez serão aplicadas apenas nesses tratamentos. Ao menos, é o que esperam os pesquisadores do Centro de Biotecnologia do Instituto Butantã, em São Paulo, que acenam com uma descoberta capaz de acabar com o drama da contaminação por doações: uma enzima que dissolve rigorosamente todo e qualquer vírus, purificando o sangue em pouco mais de 24 horas. De acordo com o médico Isaías Raw, respeitado pesquisador em Bioquímica, que dirige os estudos, trata-se de uma variação do método criado pelo Banco de Sangue de Nova York, que usa um solvente por sinal muito comum em armas químicas, combinado com um detergente da bile produzido no fígado, para destruir a carapaça do vírus.
"Seu material genético fica porém intacto", informa Raw, "enquanto acrescentamos à fórmula uma enzima capaz de derreter o vírus completamente sem danificar as células do sangue. "Outra frente promissora de pesquisas na área está na placenta humana, que contém cerca de 300 mililitros de sangue. Os franceses desenvolveram na década de 70 a técnica de moer placentas para garimpar os coágulos de sangue. Por isso, compram anualmente 20 milhões de placentas do mundo inteiro. A idéia dos pesquisadores do Butantã não é somente colher o sangue contido na placenta mas tentar isolar nela os hormônios que fazem crescer os capilares.
"No futuro", imagina Raw, "as operações de safena poderão ser substituídas por injeções dessas substâncias, que ofereceriam à circulação sangüínea caminhos alternativos desimpedidos". A mais fascinante de todas as promessas talvez seja a do chamado sangue artificial, um líquido branco e leitoso, criado por cientistas japoneses, que ainda está longe de substituir o bom, velho e rubro sangue natural, mas abre animadoras possibilidades nesse campo. A descoberta data da década de 60, quando cientistas americanos sem querer deixaram cair um ratinho em um recipiente com uma emulsão de perfluorcarbono, composto capaz de dissolver gases, razão pela qual é usado, por exemplo, na fabricação de refrigerantes. Para espanto de todos, a cobaia, submersa, continuou respirando normalmente.
A razão disso, descobriu-se depois, é a alta concentração de oxigênio contido no perfluorcarbono - ou seja, ar à vontade. Nas primeiras experiências com seres humanos, no final dos anos 70, o sangue artificial só funcionou como recurso de emergência, pois quando se injetavam mais de 200 mililitros o líquido manifestava efeitos tóxicos. Hoje, embora muitos médicos tenham suas dúvidas, os japoneses garantem poder transfundir até 2 litros do sangue leitoso. Como diria o diabo do romance Fausto, do poeta alemão Goethe, "o sangue é mesmo um suco muito peculiar".

Quando o sangue sobe à cabeça

Quando se sente medo, o coração dispara, preparando o organismo para escapar da situação. Mas se o medo é de sangue a natureza abre exceção: como se temesse um sangramento, os batimentos cardíacos diminuem e a pressão cai tanto a ponto de causar enjôos ou tonturas. Mas por que alguém sente mal-estar, medo ou asco ao ver sangue? Para a psicóloga Maria Helena Bromberg, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, o sangue em si está relacionado à vida e às emoções fortes - daí jorrarem expressões como "ter sangue quente". Mas o sangue que se vê habitualmente está associado a situações negativas - acidentes, ferimentos, doenças. "Então ele adquire significado oposto", acredita Maria Helena.
Por isso, ao ver o líquido ao vivo e em sua cor carmim, o pálido desconforto pode transformar-se em pânico - pânico da morte, em suma. Existem, é claro, pessoas que até gostam de ver sangue, mesmo que não saibam disso. Para o fundador da Psicanálise, Sigmund Freud, o líquido vermelho é também símbolo de intimidade sexual. Ele por certo não acreditava em vampiros, como o conde Drácula da histórias de terror, mas usou a expressão vampirismo para definir casos em que a visão do sangue ajuda a excitar sexualmente alguém - um comportamento, portanto, aparentado do sadismo.

Imagens correndo nas veias

. Quando se abrem nos vasos brechas por onde o fluido possa escapar, arma-se um verdadeiro esquema de segurança. Mas o excesso de zelo pode levar a fatais obstruções nas artérias do coração.
1) O menor ferimento que permita a fuga de uma única gota de sangue faz o organismo disparar um alarme através de sinais químicos do tecido lesado. Isso faz com que as plaquetas começam a se juntar
2) A plaqueta, cuja imagem aparece ampliada nesta foto, é na realidade um fragmento de células da medula óssea.
3) As plaquetas se detêm na ferida para dificultar a passagem do sangue. Os pontos menores são glóbulos brancos criando uma barreira química à passagem dos germes.
4) Três a seis minutos após a lesão, milhares de plaquetas agregadas formam uma película transparente para ativar proteínas no plasma.
5) Uma das proteínas do plasma, o fibrogênio, reagindo com os chamados fatores de coagulação, começa a tecer uma verdadeira rede de fios insolúveis.
6) Completamente presos por aquela rede, os glóbulos vermelhos que tentavam escapar formam um coagulo: é o fim da hemorragia.
7) O interior da artéria coronária de uma pessoa hipertensa: a forte pressão do sangue contra a parede do vaso provoca uma erosão.
8) Persistindo pressão alta, o fluxo do sangue levanta camadas com se estivesse descascando a superfície do vaso. Este, então, pode romper-se facilmente.
9) Os glóbulos vermelhos se instalam nas cavidades assim formadas.
10) Para evitar a fuga dos glóbulos vermelhos, inicia-se processo de coagulação comum a qualquer ferimento: só que a artéria herdará para sempre uma espécie de cicatriz.
11) A cicatriz, feito uma placa, acaba ficando impregnada de partículas de colesterol presente na circulação.
12) O jogo de sucessivas coagulações e depósitos de colesterol forma um montículo que pode, eventualmente, obstruir o fluxo sangüíneo e provocar o infarto.

Uma gota de verdade

Com uma agulha, a enfermeira do laboratório espeta o dedo do paciente e deposita a gota em um aparelho do tamanho de um controle remoto de TV. O equipamento analisa a luz refletida pelas moléculas sangüíneas e indica em um mostrador digital a quantidade de glóbulos vermelhos - assim, em instantes, é possível diagnosticar anemia, o que antes consumia horas de contagem das hemácias ao microscópio. A nova técnica é excepcional - seja pela inovação em si, seja porque a esmagadora maioria dos exames segue outros procedimentos. Normalmente os laboratórios de análises clínicas misturam à amostra de sangue produtos químicos capazes de provocar reações se nela existirem substâncias específicas. Cada um daqueles produtos (ou bactérias, eventualmente) destina-se a fornecer uma determinada resposta. Eles fazem as substâncias do sangue aglutinar-se, mudar de cor ou ficar radioativas. Conforme o tipo de reação, pode-se saber não só o mal que aflige o paciente, como a presença de um vírus, mas também dados do tipo taxa de hormônios, de açúcar, de colesterol etc. Qualquer infecção se revela no exame. A rigor, toda doença deixa pistas no sangue, mas nem por isso o exame de sangue é sempre o melhor caminho para o diagnóstico de uma doença. Um distúrbio cardíaco, por exemplo, pode ser indiretamente flagrado na análise por causa do aumento do número de uma certa enzima, liberada pelas células danificadas do coração. Mas é muito mais simples - e eficaz - fazer um eletrocardiograma.

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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A Reabilitação do Tomate - Costumes



A REABILITAÇÃO DO TOMATE - Costumes



O tomate dos astecas já foi temido como se fosse veneno. Hoje se sabe que é um dos melhores frutos da terra.

Certamente o pão. Talvez o arroz. Nenhum outro alimento, todavia, pode-se orgulhar de sua abrangência multinacional, de sua inabalável universalidade, como o trivial tomate. Sim, trivial, e ao mesmo tempo belo, vibrante, disponível e sensual, o tomate de 2002 utilidades, capaz de se portar com galhardia num cardápio inteiro, da entrada à sobremesa. O tomate da elementar salada e o tomate dos rubros sorvetes que há uma década encantam os desserts das cozinhas novas da Europa e dos Estados Unidos. Mais fantástico ainda, o poder do tomate é recentíssimo. Fala-se do pão já na Bíblia. Existe arroz no Oriente há mais de cinco milênios. O tomate, todavia, não se tornou conhecido na civilização antes do século XVI. E não virou alimento de verdade antes do século XVII.
Na ciência apelidado de Solanum lycopersicum em seu estado selvagem, e de Solanum esculentum na sua versão cultivada, o tomate se originou na costa latino-americana do Pacífico, desde o Peru até o México. Daí o seu nome asteca tomatl. Ostentava então um mínimo tamanho, como um jiló, e era extremamente perecível, apodrecendo meras horas depois de colhido. Navegadores espanhóis levaram sua sementes ao Velho Mundo, provavelmente impressionados com a sua rápida proliferação: qualquer criança pode plantar um tomateiro num canto do quintal que a planta crescerá sem nenhum cuidado especial. Os ibéricos, todavia, instantaneamente repudiaram a novidade.Ocorre que, naqueles idos, a Europa tinha pavor de outra filha da família das solanáceas, a venenosa beladona, de idêntico formato, textura semelhante e pele negra. Ocorre, também, que, na tentativa de evitar a fruta, os espanhóis decidiram experimentar os seus verdes talos e as suas folhas, com patéticas conseqüências - disenterias e intoxicações. Nos arredores de 1535, a corte da Espanha decidiu a questão com um edito real, liberando o tomate exclusivamente para uso decorativo, em arranjos de mesa, por exemplo. Os alquimistas e os botânicos de plantão poderiam muito bem ter economizado o tempo do planeta, analisando a matéria-prima e definindo sua perfeita utilização. Fraquejaram, porém.
Em 1544, o veneziano Pierandrea Mattioli admitiu o parentesco do tomate com a preciosa berinjela que os sicilianos já consumiam com paixão. Matioli, no entanto, batizou o tomate de mela insana, o pomo doentio. Vários dos seus colegas, assustados com a parecença das suas folhas com aquelas da perigosa mandrágora, engataram no raciocínio do veneziano e desaconselharam a iguaria. Inúmeras gerações de suas sementes, de todo modo, começaram a viajar da Espanha à Itália, ou pelas costas francesas, ou via Mar Mediterrâneo. Por volta de 1600, sob o sol majestoso da província da Campânia, na Velha Bota, o Solanum lycopersicum havia crescido de volume e adquirido uma coloração sensacional. Incapaz de resistir a seu sanguíneo magnetismo, algum cozinheiro napolitano mais inspirado mesclou lâminas de tomate a uma salada de alface, dentes de alho e azeite. Deu certo no sabor - com a vantagem nem um pouco desprezível de que ninguém morreu.
O cuca esperto voltou a ousar e fritou fatias hipnotizantes em óleo e manteiga. Maravilha inigualável. Daí para o molho dos spaghetti foi seguramente um passo apenas. Consagrado em Nápolis, o tomate refez o seu trajeto através da Europa. Àquela altura carregava títulos bem mais charmosos do que mela insana, ora o pomo d´oro, ou fruto de ouro, ora o pomo d´amore, o fruto do amor. Subiu à Alemanha com a alcunha de Paradiseapfel, a maçã do paraíso. Aterrissou até mesmo na Polônia, como pomodory. Só nos meados do século XVIII, entretanto, a solanácea resgataria seu nome de batismo. Ao realizar as investigações que redundariam na sua obra fundamental, o biólogo sueco Carl von Linné, o Linnaeus ( 1707-1778), pioneiro no mundo a definir um sistema adequado de identificação dos gêneros e das espécies das plantas e dos animais, ainda com cautela sugeriu o seu consumo sem muitas restrições. Linnaeus refez a linhagem genética do tomate, cristalizando a sua descendência do tomatl das Américas.
Daí o português tomate, o francês idem, o espanhol também, o alemão Tomate com a inicial maiúscula dos substantivos tedescos, o inglês tomato, o holandês tomaat, o turco Tomates. De banido e vilipendiado, o produto se internacionalizou e hoje é apreciado até na China e no Japão. Foi o medo caseiro de suas possíveis agressões que, no princípio de seu uso culinário, compeliu as mamães italianas a perpetuar os seus capitosos molhos de spaghetti em cinco ou seis horas de meticuloso cozimento. Imaginavam elas que o longo tempo de caldeirão ajudaria a eliminar todas as eventuais toxinas dos seus pomidori. Tolice. E inutilidade. Na realidade, estavam queimando o que existia de nutriente na matéria-prima.
Hoje, sabe-se que em meros cinco minutos de fogo de médio porte, acima de 60 graus centígrados, um vero sugo de tomates começa a perder todos os seus nutrientes principais, os sais minerais que se sublimam com a água evaporada. O pavor, de todo modo, se transformou em tradição. Determinados chefs amadores, e mesmo os profissionais, se envaidecem quando afirmam a demora quase absurda com que cometem os seus molhos. Oficialmente, o primeiro mestre a se aproveitar sabiamente do tomate numa panela foi o romano Francesco Leonardi, cozinheiro predileto de Catarina II da Rússia. A Leonardi, cujo apogeu pode ser datado entre 1750 e 1780, se atribui a receita de sugo que serve de base a todas as outras espalhadas pela Terra: solanácea macerada em azeite, na companhia de um pouco de cebola, cenoura e salsão, tudo refogadinho meigamente e então passado numa peneira ultrafina.
Por emulação, os chefs franceses da imperatriz Eugénie, mulher de Napoleão III, acabariam introduzindo o molho de tomates na corte de Paris. A rendição total ao sucesso do produto aconteceu por intermédio do naturalista Charles Darwin (1809-1882), o pesquisador da origem e da evolução das espécies. Um fanático pela solanácea, quase diariamente Darwin se aboletava em casa num banquinho de jardim bem à frente de um pomar de tomateiros, e lá ficava minutos a fio, a soar um cintilante trombone, na esperança de estimular o crescimento dos frutos com a sua música solene. Pelo menos é o que consta.
Do molho de tomates nasceu o catsup ( na versão chinesa ) ou Ketchup
(interpretação britânica da palavra ). A raiz da preciosidade é discutível. Não, contudo, a delícia da sua combinação, o suco reduzido da fruta na companhia de um bom vinagre e especiarias. Num dos seus mágicos livros. As aventuras de Mr. Pickwick, datado de 1836, o inglês Charles Dickens fez o seu caro personagem encerrar cripticamente uma carta: "Um picadão e molho de tomates. Do seu Pickwick". Com certeza o filósofo ambulante de Dickens se referia ao Ketchup.
O momento culminante da história do tomate levaria pouco além de cinqüenta anos para eclodir. Aconteceu em Nápoles, em junho de 1889, quando o pizzaiolo Raffaele Esposito foi convidado a preparar em repasto em homenagem à rainha Margherita, da Itália recém-unificada. Esperto e politiqueiro, Esposito resolveu compor uma pizza nas três cores da bandeira do país, o verde, o branco e o vermelho. Resolveu a questão cobrindo o disco de massa com purê de tomates frescos, lascas de mozzarella de búfala e folhas rebrilhantes de manjericão. Elogiado por sua Majestade, deu à pizza o nome, Margherita.
A solanácea, que já se casava perfeitamente ao macarrão em suas infinitas variedades, encontraria mais um motivo para pretender a eternidade. Cerca de uma década atrás, um levantamento da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, colocou o tomate na décima quarta posição entre os alimentos mais nutritivos da natureza - atrás dos brócolos, espinafres, couves-de-bruxelas, vagens, ervilhas, aspargos, alcachofras, couves-flores, batatas-doces, cenouras, milho verde, batatas comuns e repolhos. Ao mesmo tempo, porém, o tomate foi relacionado na liderança dos alimentos que, pelo volume de seu consumo, mais contribuem com nutrientes para as dietas da humanidade: à frente das laranjas, batatas comuns, alfaces, milho verde, bananas, cenouras, repolhos, cebolas, batatas-doces, ervilhas, espinafres, brócolos, vagens, aspargos e couves-flores. Um grande passo para uma iguaria tão jovem.
De baixíssimas calorias, meras dezenove a cada 100 gramas, o Solanum lycopersicum é riquíssimo em vitaminas e sais minerais, particularmente sódio, potássio, cálcio, fósforo e ferro, vitamina A (um agente da defesa orgânica contra as infecções ) e vitamina C (ou ácido ascórbico, protetor do sistema vascular e importante na cicatrização de machucaduras). Opostamente ao que se imagina, o tomate é um produto ácido somente na lenda. Uma das suas qualidades principais: alcaliniza, ou torna básicos, os fluidos do corpo, a água, o soro e o sangue, complicando, assim, a proliferação de bactérias e outros microorganismos indesejáveis.
Melhor, como sugere o seu próprio nome italiano, o tomate adora absorver as energias do Sol. Consegue conservá-las até o amadurecimento e as desprende, saudavelmente, num simples contato com os lábios, a língua e as papilas gustativas. E não se devem retirar a sua pele e suas sementes a não ser em casos extremos de dificuldades digestivas e estomacais. As sementes, principalmente, são recobertas por uma substância mucilaginosa, viscosa, que lubrifica as paredes intestinais e facilita o desprendimento dos dejetos. A pele, por sua vez, contém a celulose que dá consistência aos alimentos. Muita gente acredita que o tomate estimula as diarréias. Errado. Esse risco só existe quando se ingere o fruto sem a casca. De ação desintoxicante e regeneradora dos tecidos, o seu suco fresco e natural, ingerido imediatamente depois de perpetrado, para que as vitaminas não se enfraqueçam, auxilia na terapia das inflamações e de certos distúrbios cardíacos produzidos pelo espassamento do sangue.
Na gastronomia, devem-se escolher, invariavelmente, aqueles bem firmes, homogeneamente vermelhos, que os feirantes costumam vender para saladas. E fugir dos que os mesmos feirantes, picaretas, oferecem para o molho. Esses, infelizmente, não passam de frutos passados e amassados nos fundos das caixas, coisa que gente ignorante ou inescrupulosa não hesita em mandar adiante a fim de salvar o seu bolso.

Ouro rubro o ano inteiro

Existem no planeta vários tipos diferentes de tomate. O caseiro e mais comum se chama, apropriadamente, money maker, fazedor de dinheiro. É abundante nos cachos da haste-mãe, mas por ser tão prolífico acaba oferecendo um resultado irregular no tamanho e na cor. A sua contrapartida é o marmande, o tomatão-caqui, um híbrido de evolução complexa que exige um solo de colina para a maior movimentação da águas ao redor das suas raízes. Na Itália predomina o espetacular San Marzano, de desenho alongado, polpa muito espessa e sementes miudinhas.
Originalmente, o tomate medrava e amadurecia apenas nos meses de primavera, de setembro a dezembro no hemisfério sul, de março a junho no hemisfério norte. O homem, contudo, aprendeu a controlar as manhas da matéria-prima. Hoje é possível, digamos assim, enganar o tomateiro, por meio do calor artificial das estufas, de modo que ele proponha os seus frutos no ano inteiro sem variações de qualidade. No Brasil, o Estado de São Paulo dispõe das mais modernas e preciosas condições de produção, por causa da proximidade de grandes indústrias de processamento de molhos e purês. Em peso, a colheita nacional de tomates atinge a casa dos 2 milhões de toneladas anuais - quase um terço do total proveniente de São Paulo. O Estado de Pernambuco ocupa o segundo lugar, com aproximadamente 280 mil toneladas.

À moda do autor

A receita que segue carrega uma sabedoria de cinco gerações - com os devidos enriquecimentos. Trata-se do sugo essencial de tomates que herdei de meus ancestrais e que atualmente cometo de acordo com os modernos parâmetros que a teoria e a prática me ensinaram. Sua companhia ideal: obviamente os spaghetti de número 8.

Ingredientes (para oito pessoas):
- um salsão inteiro
- duas cenouras
- 6 colheres (de sopa) de azeite de oliva
- 6 colheres (de sopa) de manteiga
- 6 quilos de tomates maduros mas de polpa rija, cortados ao meio e livres do entalhe das hastes e dos eventuais brancos internos
- 100 gramas de cogumelos secos
- sal, pimenta-do-reino moída no momento e noz-moscada raladinha na hora

Modo de Fazer

Abro o salsão e lavo perfeitamente suas folhas, do bulbo aos verdes superiores. Corto em tiras, esfregando com vigor. Elimino alguns milímetros de suas cabeças e corto em fatias, grosseiramente. Num caldeirão bem fundo, aqueço o azeite e a manteiga, sem permitir que dourem. Lanço o salsão e as cenouras. Mexo, entusiasmadamente, com uma colher de madeira, até que comece, a transpirar, cerca de 3 a 4 minutos.
Despejo os tomates. Mexo e remexo por mais cerca de 2 a 3 minutos. Rebaixo a chama ao mínimo viável. Tampo a panela. Mantenho por 15 minutos, remisturando a cada 3. Agrego os cogumelos. Mexo e remexo. Mantenho por mais 15 minutos, sempre com o caldeirão coberto. Retiro. Bato tudo no liquidificador, de maneira a injetar ar no molho e a torná-lo mais leve. Passo numa peneira fina. Devolvo à panela e condimento com sal, pimenta-do-reino e noz-moscada. Observação: com a mesma base é possível conseguir um excelente molho de tomates e carne.
Para as mesmas oito pessoas, uso uma peça bem torneada e sem gorduras de coxão duro, 1 quilo, mais um pedaço de uns 10 centímetros de lingüiça calabresa e picante. Depois de refogar o salsão e as cenouras, incorporo o músculo e a lingüiça e lhes dou uma rápida e equilibrada bronzeada. Então, despejo os tomates. Quando retiro os ingredientes para batê-los no liquidificador, deixo o músculo e a lingüiça de lado - e os devolvo ao molho a fim de reaquecer tudo. Nesse caso, dependendo da textura da carne, talvez seja preciso mantê-la em cozimento por mais tempo além do indicado. O ponto ideal ocorre quando o músculo se mostra macio e quase desmanchável à ponta de um garfo.





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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Natureza Mestre-de-obras - Arquitetura


NATUREZA MESTRE-DE-OBRAS - Arquitetura



O modo pelo qual os bichos constroem seus abrigos pode ter inspirado as edificações humanas. É o que diz uma instigante teoria - a Bioarquitetura.

Em igrejas e outros prédios ricamente ornamentados, cheios de reentrâncias, dezenas de pombos se aninham em cada cavidade. No forro do telhado de certas casas, famílias de gambás e morcegos disputam um espaço. Estes são exemplos de como os animais sabem tirar proveito da arquitetura humana. Mas o contrário talvez ocorra também: a arquitetura animal inspiraria o talento humano. De fato, há quem diga até que ao longo da história essa situação se manifeste com tanto maior freqüência quanto maior o grau de progresso das sociedades humanas. A tal ponto que isso daria ensejo a uma nova especialidade científica, dedicada a investigar as idéias que o homem supostamente toma emprestado dos bichos na hora de fazer sua casa - a Bioarquitetura.
Para os defensores dessa idéia, bastaria examinar o caso mais trivial de todos - uma parede. Antigamente, a função de uma parede era sustentar o teto. Daí ser uma estrutura compacta, pesada. No entanto, depois que o homem aprendeu a erguer pilares para desempenhar essa função, as paredes viraram apenas elementos de separação entre ambientes, sólidos, mas leves. E nada mais resistente e leve do que os favos de abelhas, compostos de uma sucessão de compartimentos hexagonais ocos. A solução proporcionada pelas abelhas resolve também o problema de levantar paredes que devem deixar passar a luz. Outra aplicação ainda do que se poderia chamar de apiarquitetura estaria nas adegas, onde a estrutura dos suportes de garrafas lembra inevitavelmente o design interno das colméias.
Às adegas se chega descendo os degraus de uma escada - freqüentemente uma construção helicoidal ou em caracol, que comunica diferentes alturas em um mínimo espaço. Seria suficiente observar uma concha cortada na transversal para descobrir a semelhança - um braço ou eixo central, em torno do qual se dispõe um corredor de acesso. O próprio símbolo por excelência da habitação humana - o telhado - trairia sua verdadeira origem. Com a finalidade básica de proteger da chuva o interior das casas, seu desenho parece associado à disposição das escamas dos peixes e das asas das mariposas. Delas seriam cópias fiéis as ricas placas de ardósia ou as comuns telhas de barro cozido. No passado mais remoto, especulam os técnicos da Bioarquitetura, a imitação devia ser a regra. O homem, segundo eles, procurava reproduzir à sua maneira a natureza circundante. Naquele estágio de primitivismo absoluto, ele se limitava a resolver seus problemas de habitação adotando recursos do reino animal. O objetivo, antes de mais nada, era conseguir uma morada segura e, quando possível, confortável. E foi nos buracos que o homem teria encontrado pela primeira vez esses atributos.
À falta de cavidades naturais, construiu seus lares picando ou escavando a rocha, tal como fazem os pássaros abelheiros e, na terra roedores como o texugo. Os antropólogos descobriram cavernas escavadas pela mão humana um tipo de túnel de entrada com ligeira inclinação ascendente. Trata-se, originalmente, de uma especialidade do martim-pescador. Esse pequeno pássaro aprendeu a construir na beira dos rios galerias inclinadas o suficiente para evitar que no período das cheias a água invadisse o quarto das crianças, quer dizer, a câmara de filhotes.
Como acontece com as cavernas naturais, onde uma infinidade de estalactites e estalagmites contribui para sustentar o teto, as construções humanas - muitos milênios depois que o homem se mudou das cavernas - recorrem a colunas e pilares, repartidos de forma regular para distribuir por igual o peso. Nesse caso, portanto, o professor de Arquitetura teria sido o reino mineral, não o animal. Atualmente já se sabe construir abóbadas sem aquele tipo de suporte, como na estação de telecomunicações espaciais de Pleumeur-Bodou, na Bretanha, França.
Especialistas afirmam que a obra segue os princípios físicos de uma bolha - o frágil envoltório permanece estável graças ao equilíbrio entre a pressão do ar interno e a tensão superficial. Nessa enorme bolha se conseguiu uma economia de 90 por cento do peso calculado, algo impossível de ser obtido pelos métodos convencionais. Já os partidários da Bioarquitetura compararam aquela estação à estrutura de um ovo, capaz de suportar grandes pressões sobre seus pólos. Para eles, o que supõem ser a imitação dos padrões naturais se justifica pela premissa de que tudo o que a natureza exibe é produto da evolução, portanto fruto de uma adequação milenar às circunstâncias do ambiente.
O castor, por exemplo, para represar as águas, prende nas margens dos rios galhos e troncos, que ele mesmo corta com seus dentes desenvolvidos. O resultado, por incrível que pareça, pode ser ainda mais sólido que as réplicas humanas em concreto armado. O segredo está na elasticidade dos troncos, capazes de suportar o impacto das cheias sem rachar, como ocorria com as primeiras represas de cimento. Depois, os engenheiros tornaram - deliberadamente ou não - a imitar os bichos ao construir represas que, como as barragens dos castores, apresentam poros para a passagem permanente de pequenas quantidades de água, mantendo o nível da superfície. Muitas vezes, quando as construções dos castores perturbam o homem, o único remédio é queimá-las, tamanha a sua solidez.
"O que temos", explica o engenheiro civil paulista Augusto Vasconcelos, uma das poucas autoridades brasileiras em Bioarquitetura, "são seres que aprenderam a construir boas casas e foram preservados pela seleção natural." Ele observa que os animais bem adaptados criaram estruturas de abrigo, armazenamento e aprisionamento sem dispor de nenhum instrumento de medida. Já o que o homem arquiteto fez foi não criação, mas manipulação daquilo que a natureza ensinou. Vasconcelos, que intercala em sua biblioteca de Engenharia livros de Biologia, identifica-se apenas como um apreciador apaixonado do assunto.
Ma sua invejável capacidade de discorrer sobre comportamento animal, com muita riqueza de exemplos, costuma valer-lhe seguidos convites para palestras. "Só vemos aquilo que sabemos, por isso temos de estudar a natureza para ver o que ela pode nos ensinar", pontifica. Mas esse é apenas o primeiro passo. Antes de aplicar um recurso copiado, mesmo os construtores ou arquitetos ditos naturalistas têm de levá-lo aos laboratórios de ensaio a fim de submetê-lo as situações piores que as reais. Mais do que o conteúdo estético e demais considerações do gênero em arquitetura o principal é a segurança e o bem-estar dos moradores - e, nesse sentido, a natureza ainda é o melhor banco de provas já criado. O pioneiro da Bioarquitetura, como matéria de pesquisa e estudo, foi o austríaco, apesar do nome, Raoul H. France, que, no século XIX, aventurou-se a construir diversas teorias sobre a aplicação de superfícies de estrutura oca ou flutuante.
Naqueles tempos se praticava em toda a Europa - e, por imitação, nas Américas - uma arquitetura tradicionalista, e as inovações revolucionárias, excessivamente teóricas e pouco experimentadas, eram vistas com muita desconfiança. Em outras palavras, os profissionais limitavam- se a encolher os ombros e esperar que novos acontecimentos certificassem a valia da inovação. E precisou passar um século para que o assunto ganhasse atenção. A universidade alemã de Stuttgart foi a pioneira nesse terreno, com a fundação do Instituto para Estruturas de Suporte de Superfícies, com pesquisadores encarregados de investigar tudo o que se relacionasse como novos materiais ou com desenhos que aliviassem o peso das construções, sem torná-las menos resistentes. A partir daí, procurou-se a resposta na natureza.
Em pouco tempo, estudiosos dessa área tornaram-se ávidos investigadores das relações entre os elementos naturais e os edifícios construídos, idealizando ainda novos procedimentos de execução. Eles afirmaram, por exemplo, que a configuração de pórticos monumentais é aparentada às cavernas, sobretudo as de rocha calcária ou quartzita, que resolvem sua fragilidade superior com um pontal no meio do vão.
Os bioarquitetos comparam-nas visualmente aos edifícios religiosos, como catedrais, igrejas e abadias. Eles trataram de estabelecer parentesco entre a paisagem natural e a paisagem humana a partir de uma multiplicidade de pontos de vista, levando em conta estruturas, funções e formas externas. Daí surgiu, entre outras, a chamada teoria do abeto, que pretende resolver na prancheta os eventuais problemas causados pelo choque do vento nas edificações com base nessa árvore típica dos climas temperados. Fincada no alto das montanhas, sua situação a qualifica como verdadeiro modelo de adaptação às ventanias.
Podendo chegar aos 45 metros de altura, o abeto tem uma forma cônica ou piramidal, com a copa um tanto esvaziada e galhos com ramos finos - um conjunto que deixa passar o ar sem arquear-se.
Sua réplica em construções poderá ser encontrada principalmente em companários e outros arremates de cúpulas e telhados dos edifícios religiosos. Mas os estudos localizaram um campo ainda mais interessante no produto do trabalho daqueles animais tipicamente construtores. Existem aí, de fato, técnicas para todos os gostos, algumas tão complexas e refinadas como as do homem. O mundo animal tem, por exemplo, arquitetos que privilegiam as cavidades esculpidas, como os pássaros carpinteiros; ou as clássicas enramadas, como as cegonhas, águias e abutres; ou as moradas semi-esféricas, como os confortáveis ninhos de pêlo, lã ou musgo dos pintassilgos, tentilhões e rouxinóis; ou de barro, como o do conhecido joão-de-barro; ou, ainda, os labirintos de peças rigorosamente idênticas entre si, admiráveis obras das abelhas e cupins.
Observando as proezas arquitetônicas que desempenham papel essencial na sobrevivência das espécies, o homem resolveu pelo menos um problema que durante muito tempo desafiou as melhores réguas e compassos. Décadas a fio, os desenhistas perderam o jogo para a questão de como projetar estádios com tetos, por causa da grande superfície que haveriam de cobrir. Hoje, porém, os estádios cobertos já são comuns. Tomando como referência a teia de aranha, arquitetos desenharam a gigantesca cobertura do Estádio Olímpico de Munique. Ao vê-la de longe, percebe-se que existem dezenas de fios que sustentam a teia propriamente dita com total segurança.
O campo de comparações se alarga ainda mais quando se levam em conta as espécies menores, usualmente fora de alcance visual humano. Desde pequenas aranhas, que fazem sua casa como falsos frutos dos carvalhos (as galhas), os caranguejos ermitões, que pegam uma concha qualquer e a seguram durante toda a vida sobre o corpo, até as vespas e pulgões, que vivem dentro de bolhas que eles mesmo fabricam, todos desenvolveram técnicas próprias que os habilitam a multiplicar-se e competir pela sobrevivência em condições favoráveis.
A Bioarquitetura definitivamente supõe uma certa inovação no conceito de construção das sociedades civilizadas. Arquitetos futuristas asseguram que é possível erguer grandes cidades com edifícios que tenham personalidade própria, sem por isso deixar de serem atraentes e seguros. De seu lado, porém, arquitetos naturalistas, como o paulista Fábio Canteiro, criticam o que consideram tendência exibicionista da arquitetura contemporânea. "As grandes cidades são catástrofes em potencial e as pessoas são cúmplices disso sem perceber", acusa. Para viver o que diz, ele construiu sua casa na periferia de São Paulo, integrando-a com a criação de cães, gatos, aves, coelhos, abelhas, peixes e vários tipos de plantas. "O homem brigou com a terra e a cobriu de cimento", teoriza ele. "Nós somos parte da terra e devemos nos sentir em casa, apenas convivendo com a natureza." Ou, quando isso não for possível, pode-se acrescentar, sabendo tirar partido de sua rica diversidade na busca de soluções tipicamente humanas para problemas tipicamente humanos.

Raízes, ossos e chifres

Também no caso dos materiais, a Bioarquitetura justifica a aplicação de seus postulados na construção de uma residência. Por exemplo: como as raízes das árvores, que se prendem à terra e às rochas, as modernas placas de fundação exercem efeito semelhante integradas ao cimento, ao suportarem o peso dos pilares, autênticos troncos recheados de ferro que, por sua vez, sustentam pisos superiores ou o teto. A grande vantagem das estruturas naturais aparece aqui claramente. Se os troncos por algum motivo se inclinam, as raízes passam a crescer do lado oposto para compensar o peso e evitar a queda da árvore. Uma casa nessas condições, simplesmente ruiria.
Em países sujeitos a terremotos, os bioarquitetos sugerem trocar o concreto armado tradicional por outro à base de materiais porosos, a fim de aumentar a resistência dos edifícios. A exemplo do osso fêmur humano, cuja estrutura reticulada é capaz de suportar o peso de mais de quinze pessoas, ou dos chifres dos cervos, que, com a mesma estrutura, resistem a fortíssimos golpes e tensões transversais, o concreto armado feito de pedras porosas, como a fonolita (perlita), deverá pesar menos e permitir que a superfície das pedras mantenha perfeita aderência.





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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Na Montanha dos Deuses - Mitologia



NA MONTANHA DOS DEUSES - Mitologia



Os gregos antigos instalaram suas divindades no pico do Olimpo, a mais alta montanha que conheciam. Ali, os deuses levavam a vida que os homens gostariam de pedir para si.

Uma montanha de exatamente 2917 metros de altura, perdida nos confins do nordeste da Grécia, entre as regiões da Tessália e da Macedônia, influencia desde há perto de 3 mil anos toda a cultura ocidental. E as histórias que se contam dessa montanha são importantes até hoje no cotidiano, no pensamento, nos hábitos e costumes - até na ciência. É o monte Olimpo, que de acordo com a religião dos gregos antigos - seguida do século IX a.C. ao IV d.C., até ser substituída pelo cristianismo - era a morada de seus deuses. Hoje, o Olimpo é a sede de um parque nacional, preservado pelo governo grego. Mas, pelo menos mil anos antes de Cristo, com suas escarpas abruptas, seus altos eternamente cobertos de neves e geralmente encobertos pelas nuvens, o Olimpo, a montanha mais alta conhecida pelos gregos - ou melhor, seu pico então inacessível -, foi conhecido como a casa dos deuses, mais ou menos como os devotos de outras religiões concebem o céu.
Esses deuses, que tinham forma humana, mas eram maiores, mais belos e mais leves que os humanos (sendo capazes até de voar e, acima de tudo, imortais), viviam uma vida cheia de peripécias e aventuras, marcada por intrigas entre eles próprios e entre eles e os seres humanos a que influenciavam. À descrição das vidas dos deuses se dá o nome de mitologia. A palavra mito é grega e quer dizer "palavra final", pois a mitologia era usada como explicação definitiva dos fenômenos da natureza e da sociedade.
A mitologia grega, adotada depois pelos romanos, que deram outros nomes aos mesmos deuses, foi codificada no século IX a.C. pelo poeta grego Homero, em suas epopéias Ilíada e Odisséia, e um século depois pelo poeta Hesíodo, em sua Genealogia dos deuses. A religião não era hierarquizada nem dogmática. Ou seja, não havia um grupo de sacerdotes encarregado de manter a pureza das verdades doutrinárias. E aquelas codificações variavam enormemente de época para época e de região para região. De qualquer modo, em todas as variantes, os deuses eram comandados por um ser supremo, Zeus (Júpiter para os romanos). Zeus é outra forma da palavra do antigo indo-europeu que deu em português as palavras Deus e justiça. Júpiter é a junção das palavras latinas jus e pater. Jus é o "fazer jus", que deu justo e justiça, e pater quer dizer pai. Ou seja, pai da justiça.
Zeus originariamente era o deus do clima dos antigos gregos. Tratava-se de nômades guerreiros que, chegando do centro da Europa em ondas sucessivas onde hoje é a Grécia, ali encontraram uma civilização agrícola avançada - baseada na metalurgia do bronze e no cultivo de uva, oliva, trigo e cevada - que tinha seus próprios deuses. Ou melhor, deusas, pois os homens primitivos, ao se fixarem à terra, costumavam cultuar divindades femininas que pudessem assegurar aos seus campos a fertilidade, associada às mulheres. Já os povos guerreiros, como os gregos eram inicialmente, adotavam em geral divindades masculinas, por exemplo, Zeus, o deus das tempestades, que enviava raios à Terra.
Sendo guerreiros, os gregos dominaram os pacíficos povos agrícolas que ocupavam o que hoje é a Grécia. Essa dominação foi se dando de 2000 a.C. até por volta de 1000 a.C. , tempo mais que suficiente para o idioma grego se impor aos povos vencidos e para haver uma fusão das culturas entre dominantes e dominados. Assim, quando a religião grega foi codificada por Homero e Hesíodo, Zeus aparece casado com Hera (Juno para os romanos), originalmente uma deusa dos povos anteriores aos gregos - antigos cretenses e micenianos - associada à fertilidade. No Olimpo grego, Hera passou a ser a deusa da maternidade e da vida doméstica, e assim, de deusa rural, ela se tornou urbana.
A mitodologia diz que Zeus teve casos e filhos com várias outras deusas e ainda com mulheres comuns. Contra elas, Hera vivia armando ciumentas intrigas. Mas quem era Zeus? No princípio, segundo Hesíodo, havia o Caos, que em grego quer dizer vazio. Caos, porém, teve dois filhos, Urano, o céu, e Géia, a Terra. Urano e Géia tiveram vários filhos, entre eles Cronos, o tempo, e Réia. Cronos e Réia casaram e tiveram vários filhos. Mas Cronos, que atacou o próprio pai Urano, também devorou cada um dos seus filhos, até que Réia deu à luz Zeus e escondeu o bebê, substituindo-o nas fraldas por uma pedra. Por engano, na ânsia de devorar seus filhos, Cronos engoliu a pedra.
Oculto do pai, Zeus cresceu e desenvolveu-se como um jovem vigoroso, que acabou derrotando Cronos numa luta e o obrigou a vomitar todos os filhos que engolira. Assim, Zeus libertou, entre outros, dois irmãos com os quais partilhou o mundo conhecido dos gregos: Zeus ficou com o céu, Posêidon (Netuno para os romanos) com os oceanos e os rios, e Hades (Plutão) com o mundo subterrâneo, ou inferno. Como morada, Zeus ficou com o Olimpo, não só porque era a montanha mais alta e, portanto, mais próxima do céu como também porque seu pico sobressai entre as nuvens. De modo que se criou a noção de que na morada dos deuses, acima das nuvens, jamais poderia haver tempestades.
Outros irmãos de Zeus foram também vomitados por Cronos, como Hera, com a qual ele se casou, e Deméter, que os romanos conheciam como Ceres, nome de que derivou a palavra cereal. Ela era cultuada como a deusa da agricultura. Por isso não morava no Olimpo e sim no reino vegetal. Deméter teve uma filha com Zeus, Perséfone, raptada por Hades para viver com ele no submundo. Deméter então queixou-se a Zeus e este decidiu que Perséfone passaria um terço de cada ano com Hades e dois terços com a mãe, no reino vegetal. E aqui está uma das funções do mito, a de explicar a natureza: o terço do ano que Perséfone vivia no inferno era identificado com o seco verão grego, no qual a vegetação sobrevivia precariamente. Mas renascia quando Perséfone voltava para a casa da mãe.
Além de Hera, a mulher oficial, Zeus aprontava das suas. Disfarçando-se de cisne, seduziu Leda, mulher do rei de Esparta, e com ela teve os filhos Helena e Dóscuros (os gêmeos protetores da navegação). Com Europa, filha do rei da Fenícia, a quem seduziu disfarçado de touro, Zeus teve os filhos Minos, rei de Creta, e Radamanto, rei das ilhas Cíclades.
Ambos se tornaram juízes dos mortos no submundo. O rapto de Helena, casada com Menelau, rei de Esparta, acabou, segundo Homero, desencadeando a guerra entre gregos e troianos. Páris, o raptor, era da família real de Tróia.
Essa novela poderia se estender indefinidamente, pois a mitologia tem centenas e centenas de histórias com uma multidão de deuses, heróis (filhos de um deus ou deusa com um simples mortal) e seres humanos. Não faltam também guerras e catástrofes, além de episódios de criação das artes e das ciências como o de Prometeu, o deus que, por ter roubado o fogo dos deuses e o entregado aos humanos, foi condenado por Zeus a ficar eternamente acorrentado a um rochedo e a ter seu fígado repetidamente devorado por uma águia. Entre os deuses mais importantes pode-se citar ainda Afrodite (Vênus), a deusa da beleza.
Ela nasceu junto à ilha de Chipre, na espuma criada no mar pelos órgãos genitais de Urano, que haviam sido cortados e lançados ao mar por Cronos. Afrodite casou-se com Hefaistos (Vulcano), o deus das forjas e dos vulcões, ferreiro dos deuses. Hefaistos, que nasceu coxo, era filho de Zeus e Hera. Deusa da beleza e do sexo, Afrodite teve vários casos extraconjugais. O mais célebre foi com Ares (Marte), deus da guerra e também filho de Zeus e Hera. Apolo , filho de Zeus e Leto, era o mais cultuado, pois enviava presságios aos humanos.
Importante também era Atena (Minerva ). A deusa da sabedoria não tinha mãe, pois nascera da cabeça de Zeus. Tornou-se a protetora da cidade de Atenas.
A mitologia grega sobrevive nas palavras que se usam hoje, como Deus, justiça, cereal etc., nos nomes dos planetas, na palavra geografia, a ciência de Géia. Assim, essa distante montanha, que emprestou o nome à cidade de Olimpo, no Sul da Grécia, onde no Século VIII a.C. começaram a ser disputadas as Olimpíadas, é uma presença permanente no cotidiano das pessoas. O teatro, por exemplo, tem origem nos coros entoados pelas sacerdotisas embriagadas por Dioniso, deus do vinho e das orgias, que os romanos chamavam Baco. Daí originou-se a palavra bacanal. Enquanto as artes plásticas descendem das pinturas e das estátuas com imagens dos deuses gregos, a arquitetura ainda usa colunas, pórticos e naves dos antigos templos da Grécia.
E a vida continua povoada de mitos, pois até hoje a ciência se baseia em dois axiomas que - do ponto de vista estritamente lógico - são tão impossíveis de provar como os antigos mitos gregos: o de que o mundo existe fora da mente humana e o de que ele pode ser conhecido pela mente. Isso sem contar os mitos que geraram grandes descobertas científicas, como o da atração secreta entre as coisas, que levou Newton a descobrir a gravitação universal; ou o de que o movimento dos planetas influencia o sangue, graças ao qual o inglês Willian Harvey (1578-1657) descobriu a circulação sanguínea. E, enfim, o mito de que o movimento das marés, que teria ajudado o naturalista também inglês Charles Darwin a se interessar pela anatomia das espécies. Assim, os mitos criados pelos antigos gregos transformaram-se em eternos companheiros do homens.

Um dia no Olimpo

Como era o cotidiano dos deuses no Olimpo? Invejável, sem dúvida. O único trabalhador era Hefaistos, o ferreiro, que produzia os artefatos - ferraduras para o cavalo alado Pégaso, armas para Ares e para os demais. Os outros viviam em festas e banquetes, presididos por Zeus, de onde só saíam para intervir nos destinos humanos e no dos animais, plantas e elementos. Zeus podia abrir o banquete ordenando que a copeira Hebe, sua filha com Hera, servisse a ambrosia, o alimento dos deuses, semelhante ao mel de abelhas, que deu o nome ao famoso doce. Mas a bebida, o néctar, derivado do mel (uma das primeira bebidas alcoólicas usadas pelos seres humanos foi o mel fermentado, ou hidromel), que deu o nome à substância das flores a partir da qual as abelhas produzem o mel, era servida por Ganimedes. Este, um mortal chamado ao Olimpo, filho de Laomedonte, rei de Tróia. Por sua beleza, esse garçon do Olimpo despertava paixões, não entre as deusas, mas entre os deuses, já que os gregos consideravam o homossexualismo normal.
Durante o banquete Ártemis (Diana para os romanos, deusa da caça) podia comunicar quantas mulheres morreriam naquele dia na Terra, pois era ela quem causava a morte das mulheres, enquanto os homens destinados a morrer seriam indicados ou por Apolo, em caso de morte natural, ou por Ares, em caso de morte violenta. Éris, a deusa da discórdia, não tendo sido convidada para um desses banquetes, armou uma intriga: mandou pôr ao centro da mesa um pomo (maçã dourada) com a dedicatória: "À mais bela das presentes".
Hera, Afrodite e Atena disputaram a preciosa fruta, que deu origem à expressão "o ponto da discórdia", e pediram a arbitragem de Zeus, que atribuiu o julgamento a Páris. Este acabou indicando Helena como a mais bela, iniciando com ela um relacionamento que levaria à guerra de Tróia. Ao fim de um desses banquetes, Zeus anunciou que o herói Héracles (Hércules para os romanos), seu filho com a humana Alcmena, seria imortalizado - para o quê, bastaria ele comer ambrosia e beber néctar - a fim de poder casar com Hebe, a copeira. Mesmo imortalizado, Hércules não poderia morar no Olimpo, por não ser deus: iria para os Campos Elísios ("campos dos abençoados"), o paraíso dos heróis, cujo nome foi dado aos palácios do governo da França e do Estado de São Paulo, embora esses palácios raramente sejam habitados por heróis.





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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

As quatro estaçoes dos Ursos - Natureza


AS QUATRO ESTAÇÕES DOS URSOS - Natureza



São mesmo uns bichos curiosos: na primavera, cuidam da boa forma; no verão, são namorados fiéis; no outono, se empanturram; e no inverno dormem, mas não hibernam .

Despertada pelo sol da primavera, após mais de três meses de sono, a fêmea pela primeira vez olha a cria com atenção. O urso, um dos mais bizarros animais da face da Terra, nasce assim de uma mãe sonolenta, cujo corpo lhe serve de felpudo cobertor no início da vida, quando apenas dorme e mama. Os bichos adultos nem sequer sentem necessidade de se alimentar enquanto dura o frio e a família não sai da toca por nada. Isso porque, no inverno, o metabolismo dos ursos faz maravilhas, reciclando as substâncias do organismo, sem perder muita coisa. Mas um urso pode de repente ficar completamente alerta por causa de um ruído e até lutar com quem o despertou.
Daí seu comportamento nos meses frios ser considerado uma falsa hibernação, o que o torna um animal ainda mais peculiar. O urso não entra para o seleto clube dos hibernantes, do qual fazem parte o esquilo e o morcego, por razões que só os fisiologistas compreendem bem. Apesar de poupar energia refugiando-se em um longo sono, sua temperatura, por exemplo, não cai suficientemente para se falar em hibernação - um estado em que o organismo está fisiologicamente à beira da morte. Assim, enquanto um esquilo quase se congela ao hibernar, os termômetros marcam apenas 9 graus abaixo do normal no corpo de um urso adormecido.
Esse singular metabolismo chega a interessar cientistas que imaginam descobrir aí novas terapias para doenças humanas. É verdade que nem todo urso dorme dessa maneira. O urso-polar não imita a hibernação como seus primos de outras latitudes, pois, além de estar acostumado ao clima invariavelmente gelado dos pólos, tampouco tem problemas de abastecimento : seu prato predileto, a foca, está ao alcance das patas o ano inteiro. De fato, há ursos e ursos, cada qual com suas manias. Ocorre que a família dos ursídeos, os últimos carnívoros que surgiram na evolução das espécies, há cerca de 6 milhões de anos, se espalhou da Eurásia para todo o globo, com exceção do continente africano.
Conforme o ambiente em que se desenvolveu, o bicho adotou hábitos apropriados e até se transformou morfologicamente, o que deu origem a várias espécies. Muitos outros animais, por serem fisicamente parecidos, são confundidos com membros da família. É o caso, principalmente, do panda, que não é ursídeo mas ailuropódeo. Certamente, o pai de toda a legítima família é o Ursus spelaeus, o extinto urso das cavernas, um feroz parente dos cães. Ao se adaptar a determinados ambientes escassos em caça, porém, certos ursos perderam os caninos afiados do ancestral. Hoje se considera que os ursos são capazes de devorar um variado cardápio: de castanhas a raízes e frutas, de peixes a pequenos roedores, de mel a insetos.
Embora cada espécie tenha suas preferências, com fome qualquer urso traça o que vier. Ou seja, é um animal carnívoro, como dizem os biólogos. No entanto, é bom que se esclareça os ursos parecem não apreciar a carne humana e só atacam o homem com patadas fatais quando se sentem ameaçados. No outono, eles se tornam verdadeiros glutões e passam vinte horas por dia mastigando o que encontram pela frente. Cada adulto começa a consumir cerca de 20 mil calorias diárias, cinco vezes mais do que o habitual. "A gula, no caso, é uma excelente tática de sobrevivência", justifica o zoólogo Rogério Ribeiro da Universidade de São Paulo, que estuda ursos entre tantos outros bichos.
No final da estação, o urso já formou uma camada de gordura de aproximadamente 15 centímetros. "O tecido gorduroso não serve apenas como reserva de energia para o período em que o animal dormirá", explica Ribeiro, "mas também é um isolante térmico, o segredo da manutenção de calor no corpo". Obeso após tanta comilança, o urso procura um lugar para a temporada de inverno, que nem sempre é a tradicional toca. Os zoólogos observam que parece existir um gosto individual, de forma que alguns ursos insistem em determinada escolha ano após ano, mesmo sem ser a ideal.
Desse modo, é comum um urso-pardo, na América do Norte, perambular até encontrar um canto qualquer que lhe agrade e construir ali uma espécie de ninho a céu aberto. O animal às vezes termina coberto por um lençol branco de neve, mas isso não incomoda o extravagante dorminhoco. Quando os ursos despertam com o calor da primavera, a primeira providência é recuperar a boa forma para um namoro de verão, a época do acasalamento. Na família dos ursídeos , seja qual for a espécie, os machos têm fama de amantes fiéis, capazes eventualmente de perseguir, com a ajuda do faro apuradíssimo, a fêmea com que se acasalaram em anos anteriores. Para conferir até onde ia, literalmente, o romantismo da fera, pesquisadores espanhóis vestiram um exemplar de urso-pardo com uma coleira dotada de emissores de radar, para acompanhar seus passos. Salsero (intrometido), como foi apelidado o bicho, começou a seguir a fêmea por quem se sentiu atraído.
Esta, por charme ou impulso da natureza, correu mais de 100 quilômetros até se deixar alcançar. A história de amor teria tido logo um final feliz se não aparecesse um rival. A briga de machos por uma fêmea, no caso dos ursos, lembra cenas de filmes pastelão. Os rivais passam rasteiras, batem as palmas das patas feito inimigos desajeitados. A real intenção dos contendores não é machucar o outro, mas vencê-lo pelo cansaço. Como ganhador da luta, Salsero recebeu de prêmio os carinhos da fêmea. Mas, para surpresa dos pesquisadores, o vencido não saiu de cena. Afastado, aguardou pacientemente o dia seguinte, sabendo que teria direito às mesmas atenções, só que depois de um campeão. Pois, para as fêmeas dos ursos, as paixões parecem eternas apenas enquanto duram.
Os filhotes, normalmente um ou dois, nascem após sete meses, já em pleno inverno. Mesmo em espécies como o urso-pardo, em que o adulto chega a pesar mais de 200 quilos, as crias são pequenas e frágeis, não ultrapassando 400 gramas na balança - daí o encanto que esses bichinhos provocam. A mãe, uma exímia professora, passa dois anos e meio ensinando os filhotes a buscar comida e a se defender. O treinamento inclui várias técnicas de caça e pesca. O estilo do acasalamento e a persistência da mãe são traços comuns a todos os ursos, como também o gosto por amplos territórios. O urso-pardo, por exemplo, se irrita quando tem companhia em seu pedaço - um espaço de 200 metros quadrados.
As espécies, porém, evoluíram com temperamentos muito diferentes. Talvez em resposta a tais diferenças, os sentimentos do homem em relação a esses animais gorduchos também variam conforme o lugar. Na América do Norte, por exemplo, a relação entre ursos e homens sempre foi das mais amistosas. Os índios americanos venderam o urso como um animal sagrado, o qual, aliás, aparece desenhado em totens e amuletos. Uma lenda indígena conta que certa vez um castor, cansado de roer os cedros dos bosques, começou a devorar a lua, até a noite ficar em completa escuridão. A grande Mãe pediu então a um corvo para capturar outra lua, colocada sobre a sua casa. A partir daí o urso ficou incumbido de cuidar que ninguém roube a lua da noite. Certas tribos americanas também acreditam que os homens são descendentes dos ursos. Os europeus, por sua vez, preferem tradicionalmente o urso na mira de uma espingarda. Os antigos romanos o descrevem como uma fera, que matava ou quebrava os braços dos soldados.
Na Suíça, uma lenda atribui a fundação da cidade de Berna - depois de Zurique a segunda mais populosa do país -, em 1191, a um duque alemão que decidiu dar-lhe o nome do primeiro animal que matou na região: um urso, é claro, ou bär, em sua língua. É também o famoso símbolo de Berlim. A primeira descrição completa do mamífero, porém, surgiu em um livro de caça escrito em meados do século XIV a pedido do rei Afonso XI, de Castilha e León. Emblema de força e resistência, o urso aparece em muitos brasões europeus. Isso não impediu que até recentemente os espanhóis incluíssem ursos nas touradas - prática afinal proibida em 1973. É possível que o costume tenha sido herdado da França, pois os parisienses, até o século passado, apostavam em brigas de ursos e cachorros. O pretexto para tudo isso era a crença de que o urso-pardo, a única espécie européia fora do círculo polar, é sempre um bicho feroz.
Na verdade, o urso-pardo ou Ursus arctos, com seus 2 metros de altura, agride homens apenas quando provocado. Suas duas centenas de quilos são mantidas habitualmente com uma singela dieta à base de morangos, amoras, groselhas, raízes e, claro, mel. No entanto, em épocas menos fartas, esse animal de pelugem que varia do preto ao marrom-escuro e acobreado não hesita em atacar criações de gado. Até a Idade Média, podia ser visto em todo o território europeu. Hoje, as populações de ursos-pardos se concentram nas áreas selvagens de montanhas, sobretudo na União Soviética - quem não se lembra do ursinho Micha, mascote das Olimpíadas de Moscou em 1980?
Já na América do Norte existem três espécies de ursos, das quais a dos grizzly ou Ursus horribilis tem mais de oitenta subespécies catalogadas. Com seus 3 metros de altura e quase 800 quilos, o acizentado grizzly é sem dúvida o maior carnívoro terrestre. Bem mais forte do que um leão ou um tigre, um grizzly esfomeado ataca pequenos roedores ou resolve pescar salmões. Isso mesmo: essa é uma espécie de exímios pescadores que, sobre pedras nas corredeiras, tiram os peixes da água com ágeis patadas.
O célebre urso-polar branco ou Tharlarctos maritimus habita todo o círculo polar ártico, sobre blocos flutuantes de gelo. "É incrível como se adaptou a um meio tão hostil, tornando-se diferente do resto da família", comenta o zoólogo Rogério Ribeiro, da Universidade de São Paulo. De fato, o urso-polar se transformou tanto, mas tanto, que mal pode ser considerado um animal terrestre, pois passa mais de dois terços da vida dentro das águas geladas. As patas e o peito são mais largos que os de seus primos de terra firme, o que lhe facilita a natação. "Além disso", nota o zoólogo, "é o único urso cujas plantas das patas são peludas; com isso, desliza sobre o gelo como se calçasse esquis."
Na Ásia, a família também passou por modificações morfológicas importantes. Ali, os ursos-preguiças, por exemplo, também chamados Ursus ursinus, têm um beiço semelhante ao do tamanduá para abocanhar alimentos que, na Índia, onde vivem, podem encontrar com facilidade: formigas e cupins. Suas garras também são mais afiadas e compridas pelo mesmo bom motivo, pois dessa maneira os preguiças conseguem cavar a terra. O nome preguiça desse urso de pêlo curto e crespo surgiu por causa de seu modo na infância: o filhote se agarra aos ombros da mãe e dali só sai quando, com cerca de 6 meses de idade e 10 quilos, é expulso do colo pela exausta genitora.
O mais curioso dos ursos, cujos hábitos os cientistas conhecem muito pouco e cuja população nem é estimada, é o urso-de-óculos ou Tremarctos ornatus. Trata-se do único membro da família ursídea que vive na América do Sul, nos bosques que contornam a cordilheira andina e nas montanhas com mais de mil metros de altitude na região noroeste da floresta amazônica, onde o Brasil faz fronteira com o Peru. O nome desse bicho essencialmente herbívoro é devido às manchas brancas nos olhos, que causam a impressão de que está de óculos.
Desde 1973, um acordo internacional proíbe a caça aos ursos; só podem ser abatidos em legítima defesa. A medida faz sentido. Afinal, não existem mais de 10 mil ursos-pardos na Europa. O número pode não parecer alarmante, mas é. Pois esses animais, que vivem até 30 anos, começam a se reproduzir tarde. As fêmeas geram no máximo um par de filhotes e só então se acasalam novamente. Se não houver cuidado, o urso pode engrossar a já extensa lista de animais em extinção.

Imitando o sono dos ursos

Para sobreviver, um organismo quebra moléculas. O que sobra dessa operação é a uréia, uma substância que, ao se acumular no sangue, leva à morte. Mas, durante o inverno, os ursos produzem tão pouca uréia que os rins nem têm de filtrá-la como de costume. Cientistas americanos querem saber como eles conseguem a proeza. Parece que um dos segredos dos animais é obter energia exclusivamente da gordura acumulada no corpo roliço, graças à mesma substância que os faz dormir no inverno. Queimada a gordura, sobram apenas água e gás carbônico, ou seja, nenhuma uréia.
Para imitar os ursos, setenta pacientes de insuficiência renal seguiram uma dieta à base de gordura e assim dispensaram por dez dias a hemodiálise - filtração artificial do sangue que costuma ser aplicada três vezes por semana. Agora os pesquisadores querem isolar o hormônio do sono dos ursos, capaz de fazer o organismo transformar todo alimento em gordura e daí obter energia, o que reduz a produção de uréia. Com isso poderá surgir um remédio para seres humanos, os quais, dispensando o trabalho dos rins, como os ursos durante o sono, conseguirão aguardar por mais tempo o inevitável transplante.

Parecem, mas não são

Afinal, o que faz de um urso um urso? Segundo o zoólogo Ladislaw Deutsch, de São Paulo, o essencial é um pré-molar pontiagudo pronto para dilacerar em vez de mastigar, o que faz dos ursos típicos carnívoros, como cães e felinos. Alguns animais, por exemplo certas focas, não têm nem essa outra característica dos ursos e, no entanto, recebem o seu nome. Mas há casos, como o do panda, em que até a presença de pré-molares engana.
A ficha dos falsos ursos:
Urso-panda - É tão parecido com um urso de verdade que, durante muito tempo, os próprios zoólogos o consideravam da mesma família. Estudos minuciosos provaram porém que, embora também seja carnívoro, não tem ancestrais com os ursos.

Urso-gato - Bem menor que o panda, pertence na verdade à mesma família ailuropódeo.

Urso-lavador - Também conhecido como mapache, pertence à família dos procionídeos, que talvez tenham sido aparentados com os ursos no início da evolução.

Ursos-marinhos - Por esse nome são chamadas oito espécies de focas que têm uma pelugem nas costas. Essa característica teria criado a confusão com os ursos.

Retrato de família
As principais espécies

Nome popular : grizzly
Nome científico: Ursus horribilis
Aparência: o pêlo varia do acinzentado ao marrom;
é feroz quando provocado
Quanto mede:2,5 a 3 metros
cerca de 780 quilos
O que come: mel, insetos, roedores e frutas
Onde vive: em toda a América do Norte, especialmente na fronteira do Canadá e Estados Unidos
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Nome popular: polar
Nome científico: Tharlarctos maritimus
Aparência: o pêlo branco ou muito claro chega a cobrir as plantas das patas
Quanto mede: cerca de 1,5 metro
Quanto pesa: cerca de 400 quilos
O que come: peixes e focas
Onde vive: sobre blocos flutuantes de gelo, em todo o círculo polar ártico
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Nome popular: preto
Nome científico: Enarctos americanus
Aparência: pêlo negro, corpo roliço, é o mais brincalhão de todos
Quanto mede: cerca de 1,5 metro
Quanto pesa: de 250 a 300 quilos
O que come: raízes, mel e frutas
Onde vive: na América do Norte, dos bosques californianos ao estreito de Bering
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Nome popular: tibetano
Nome científico: Selenarctos thibetanus
Aparência: apresenta um mancha branca em forma de meia-lua; por isso é conhecido também como urso-de-lua
Quanto mede: 1,2 a 1,5 metro
Quanto pesa: de 100 a 125 quilos
O que come: prefere pequenos roedores, mas costuma atacar gado e comer carniça
Onde vive: na Ásia, do Irã às ilhas setentrionais do Japão, sempre em regiões altas.
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Nome popular: preguiça
Nome científico: Ursus ursinus
Aparência: o focinho é mais comprido que o de outras espécies, daí também ser chamado de urso-beiçudo
Quanto mede: de 1,5 a 1,8 metro
Quanto pesa: cerca de 150 quilos
O que come: predileção por formigas e cupins
Onde vive: na Índia e no Sri Lanka
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Nome popular: malaio
Nome científico: Helarctos malayanus
Aparência: pêlo escuro com uma mancha dourada no peito, devido à qual é chamado urso-sol;
é o menor de todos no Quanto mede: máximo 1 metro
Quanto pesa: cerca de 45 quilos
O que come: mel e pequenos roedores
Onde vive: no Sudeste da Ásia e na Oceania
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Nome popular: urso-de-óculos
Nome científico: Tremarchos ornatus
Aparência: preto, com manchas brancas nos olhos
Quanto mede: de 1 a 1,5 metro
Quanto pesa: cerca de 140 quilos
O que come: raízes e folhas, especialmente as de palmeira
Onde vive: nas selvas que contornam a cordilheira dos Andes e na região noroeste da floresta amazônica

Nome popular: pardo
Nome científico: Ursus arctos
Aparência: o pêlo varia do marrom ao acobreado
Quanto mede: 2 metros
Quanto pesa: cerca de 200 quilos
O que come: frutas, mel, insetos e roedores
Onde vive: nas montanhas européias





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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Arrancando a Dor - Odontologia



ARRANCANDO A DOR - Odontologia



As sessões de sofrimento na cadeira do dentista estão com os dias contados. Novos equipamentos, materiais e técnicas prometem vida melhor para os pacientes e os profissionais.

A palavra dentista está associada para milhões de pessoas, à sensação de medo. E não é para menos. Salvo os muitos jovens, que já nasceram sob o signo das tecnologias que começam a ser aplicadas ao tratamento dentário, não há quem não tenha sofrido ao tratar os dentes. Com uma rapidez impressionante, porém, as histórias de terror na cadeira do dentista vão ficando distantes. em vários países, uma especialização profissional crescentemente detalhada, o desenvolvimento de técnicas avançadíssimas e a indispensável contribuição da Química tratam de espantar os velhos fantasmas dos consultórios. Ali as novas estrelas são cada vez mais os computadores e o laser.
Foi uma longa caminhada. De todos os equipamentos com que se defronta o paciente na sala do dentista nada assusta mais do que a broca a motor. Mas a verdade é que na sua versão mais moderna o aparelho, capaz de produzir 200 mil rotações por minuto, é um bálsamo comparado às brocas do passado. A alta rotação abrevia consideravelmente o processo de perfurações da coroa e evita as temidas vibrações das brocas antigas, que estremeciam a cabeça do paciente. Para os menos resistentes à dor há sempre o recurso da anestesia, com uma picada dolorida e de sabor desagradável, mas providencial no temível momento em que a broca se aproxima do nervo.
Diante disso, quem vai se lembrar que a perfuração a motor existe há apenas cem anos? De fato, em 1872 surgiram as primeiras brocas movidas a pedal, que lembravam máquinas de costura. Só então tornou-se possível escavar buracos lisos e uniformes, condição essencial a uma perfeita obturação do dente cariado. Mas o ritmo de trabalho desse engenho era de apenas 2 mil rotações por minuto. Perto do que havia, foi um progresso e tanto - o primeiro de uma série. Pois, antes da broca a metal, era a tortura: as cáries, tecidos dentários destruídos por bactérias, eram removidas com uma lima - a frio. Não é à toa que as gravuras da Idade Média, mostrando cenas de tratamento, por assim dizer de dentes mais parecem retratos de interrogatórios do Tribunal da Inquisição.
O dentista às portas do século XXI tem à sua disposição novíssimos métodos de tratamento, um moderno instrumental e materiais cada vez mais resistentes. Tanto assim que já se pode antever o tratamento sem dor - mesmo sem anestesia. Um bom exemplo é um aparelho para a remoção de pequenas cáries, que não perfura o esmalte dentário: simplesmente dissolve a cárie mediante um produto químico especial. O método, desenvolvido nos Estados Unidos, tem dado bons resultados, por exemplo, com pacientes da Faculdade de Odontologia da Universidade de Munique, na Alemanha. Apesar disso, não consegue encontrar mercado suficiente para a produção industrial. "O problema é que ele não se aplica a cáries mais profundas", explica Mário Sérgio Limberte, cirurgião-dentista de São Paulo, com 25 anos de experiência em reabilitação oral. "E, para cáries pequenas, a broca resolve bem", diz ele.
A grande esperança do momento em matéria de tratamento de cáries é a broca a laser, que vem sendo testada nos Estados Unidos e na Alemanha. O laser dentário trabalha com luz ultravioleta (UV) de ondas extremamente curtas, é rápido e principalmente indolor. Cada raio luminoso age por ínfimos bilionésimos de segundo - algo tão breve que os nervos humanos nem chegam a registrar. Os finíssimos raios UV-laser têm a vantagem adicional de trabalhar com a precisão de 1 milésimo de milímetro, graças a que retiram muito menos da valiosa substância dental do que a broca mecânica.
"O laser certamente fará parte da Odontologia do futuro", aposta Antônio Giordani, um gaúcho radicado em São Paulo, que desde o início de sua carreira de cirurgião-dentista tem como preocupação básica diminuir a dor do paciente . "O que os pesquisadores ainda não sabem é até que nível de extensão das cáries será possível empregar o laser", diz ele. Enquanto se procura conhecer a resposta, os dentistas vão dispondo do recurso para outras funções, como, por exemplo, acelerar a cicatrização de cirurgias e afecções da boca e auxiliar no tratamento de certos tipos de dores musculares na face e inflamações.
Rapidez, perfeição e supressão da dor. Estas são as metas para as quais se volta a revolução odontológica. O avanço é tanto que os pesquisadores entraram entusiasmados até mesmo pelos domínios da estética. Em vários países, entre eles o Brasil, é possível fazer uma espécie de maquiagem nos dentes anteriores. Trata-se da aplicação de um revestimento laminado de porcelana, que recobre dentes escuros ou manchados, devolvendo a alegria de sorrir, como dizem os comerciais de dentifrício, para quem se envergonhava de abrir a boca.
Uma das áreas de ponta na pesquisa odontológica é a dos materiais para obturação e prótese. A perfeição chegou com as resinas compostas, que proporcionam resultados difíceis de distinguir dos dentes naturais . Quando é eliminada a região doente do esmalte dentário, o local precisa ser novamente preenchido e vedado. Isso até os curandeiros medievais já sabiam, mas até o começo do século passado não se conhecia nenhum material confiável para esse fim. Os dentistas testaram as mais diversas substâncias. Chumbo e estanho fundidos eram derramados nos buracos. Até cera chegou a ser usada, com o inconveniente de exigir reposição diária. Hoje, as últimas palavras no assunto são, de um lado, as metalocerâmicas para encapar dentes danificados e, de outro, um aparelho que está sendo experimentado em clínicas americanas, suíças e alemãs, para fazer as peças com perfeição.
Trata-se de um computador programado para fornecer um molde óptico da cavidade dentária, com precisão micrométrica. O dentista simplesmente coloca uma minicâmera de vídeo sobre o dente aberto e obtém uma imagem. Essa aparece na tela do computador, permitindo que a cavidade a ser recoberta seja delimitada com exatidão. Com base nas medidas fornecidas pelo computador, em quinze minutos é possível com uma pequena fresa de diamante esculpir a peça de restauração num bloco de porcelana ou cerâmica.
Além de preencher muito melhor a cavidade do que o amálgama introduzido com calcador, a cerâmica combina perfeitamente com a cor do dente: não fica vestígio algum de que houve ali um reparo. "Com esse aparelho será possível obturar vários dentes em poucas horas", prevê o cirurgião-dentista Mário Sérgio Limberte. A novidade, em todo caso, ainda não chegou ao Brasil. Mesmo nos Estados Unidos, a técnica é usada há apenas um ano. E pensar que ao longo da história humana os dentes seriamente cariados eram arrancados, pois não se acreditava que pudessem ser salvos.
Este, por sinal, sempre foi o primeiro mandamento dos práticos-dentistas: em caso de dor de dente, tira-se o dente. Em tempos idos, a dor de dente foi um flagelo que não distinguia poderosos e plebeus. E os historiadores se perguntam quantas desgraças desabaram sobre os povos por culpa de cáries sem cura. Acredita-se, por exemplo, que o rei Luís XIV, quando resolveu acabar com a liberdade religiosa dos protestantes franceses, em 1685, estivesse fora de controle por causa de uma dor de dente. Nesse estado, ele não teria sido capaz de avaliar que seu gesto provocaria o êxodo de 400 mil nobres e burgueses protestantes - o creme do creme da elite mercantil do país -, causando uma sangria de riquezas e espíritos empreendedores da qual a França talvez jamais tenha se recuperado.
Outro exemplo de estragos que a dor de dente pode provocar é dado pelo rei Gustavo I da Suécia (1496-1560). Ele era temido tanto por amigos quanto por inimigos, pelo seu humor instável e pelas reações tirânicas que era capaz. Sabe-se hoje que tal comportamento era fruto de cáries tão devastadoras que quase corríam o monárquico maxilar. Tanto se padeceu de dor de dente que o homem capaz de extirpar o mal pela raiz ficava famoso em dois tempos. Tiradentes, enforcado em 1792 por seus ideais de liberdade, talvez fosse mais conhecido na época em Minas Gerais pela habilidade como dentista prático do que por suas idéias políticas. Dela se dizia que punha e tirava dentes com a competência de um mestre. De fato, Tiradentes não se limitava a tirar dentes, como a grande maioria de seus colegas. Ele também colocava coroas artificiais, feitas possivelmente de marfim ou de osso de boi.
A preocupação em recolocar dentes perdidos é bem mais antiga do que talvez se imagine. Há 2500 anos os fenícios prendiam arames nas partes sadias da arcada dentária para segurar as peças substitutas. Uma prática de pouca eficácia, mas que servia para disfarçar as falhas de aspecto desagradável, razão pela qual sobreviveu até o século passado. Os dentes naturais retirados de cadáveres eram os substitutos de maior aceitação.
Mas havia de tudo. Num museu da época Colômbia, uma mandíbula da época dos incas exibe, no lugar do dente extraído, uma concha lapidada. Todos esses recursos apresentavam um inconveniente: não podiam ser forçados. Por isso era regra tirar a prótese na hora de comer. O primeiro presidente dos Estados Unidos, George Washington (1732-1799), quando jovem, mandou fazer uma prótese de dentes de hipopótamo para a boca inteira, unindo com uma mola a dentadura superior à inferior, como era costume. A história registra que, ao falar, Washington contraía o rosto de maneira estranha por causa da prótese. Em certa ocasião, quando teve que se deixar retratar, o pintor o aconselhou a colocar algodão na boca, como recheio. O resultado está ainda hoje ao alcance da vista de quem tenha em mãos uma nota de 1 dólar. O presidente americano aparece com o rosto todo embolotado, como se sofresse de uma doença da pele. As dificuldades de hoje, comparadas às agruras do passado, são inegavelmente pequenas. A chamada terceira dentição, no entanto, ainda é um senhor problema. Quando se trata de substituir um dente, os dois vizinhos são trabalhados como se fossem pilares e revestidos de coroas. O dente substituto é então soldado entre as coroas.
Esta é a versão moderna da ponte dentária dos fenícios. Ocorre, porém, que as superfícies de contato entre o dente artificial e os naturais freqüentemente deixam espaço livre onde se acumula placa bacteriana. A razão principal está na construção da ponte, a partir de moldes de gesso. Aqui, mais uma vez, o computador é chamado em auxílio da Odontologia. Com ele, o grau de precisão de encaixe pode ser melhorado de vários centésimos para 20 milésimos de milímetro. A construção da ponte é igual à da obturação por computador, mas seu uso ainda está limitado aos centros de pesquisa.
"Apesar do progresso nessa área, a ponte está sendo menos usada que os implantes", diz Ângelo Luciano Roccella, presidente da Associação Paulista de Implantologia Oral. "A vantagem do implante é que os dentes sadios não são afetados", observa. As opções de implante são grandes. Podem-se usar parafusos, pinos ou lâminas de metal, fixadas no maxilar, como se fossem raízes. Os metais empregados também variam, já que alguns são bem-aceitos pelo organismo humano. Recentemente, descobriu-se que o titânio, um metal empregado há anos em implantes, tem a rara propriedade de estimular a formação óssea à sua volta, fazendo com que a raiz artificial acabe se integrando como se fosse parte do próprio osso. Com a raiz bem ancorada, fixam-se nela os dentes. Um implante realizado com essa técnica dura pelo menos dez anos.

Estímulos que relaxam.

Há mais de vinte anos, quando começou a trabalhar no Rio Grande do Sul, o cirugião-dentista Antônio Giordani já se preocupava com a angústia e a dor de seus pacientes. Como paliativo, ele procurava criar um ambiente menos tenso à base de música suave e sons naturais gravados com o maior capricho. Hoje radicado em São Paulo, Giordani trocou a música por um sofisticado aparelho de relaxamento. Trata-se do Mio Tens 14, por ele desenvolvido há sete anos e do qual existem no Brasil quase 2 mil aparelhos em uso. O Mio Tens produz estimulação nervosa através da pele, combinando efeitos de alta e baixa freqüência traduzidos por impulsos. Na baixa freqüência, o ritmo é de quarenta a cem impulsos por minuto, simultâneos aos cem impulsos por segundo provocados pela alta freqüência. A sensação é de um certo torpor na pele acompanhado de relaxamento muscular. Não é raro o paciente dormir cinco minutos depois do aparelho ter sido ligado. Do tamanho de um rádio-relógio de cabeceira, o Mio Tens 14 é conectado à pele por eletrodos adesivos e descartáveis, semelhantes aos dos eletrocardiogramas. Os eletrodos sobre a articulação mandibular, ao lado dos ouvidos e na testa. A estimulação nesses pontos libera mais endorfinas, analgésicos naturais do organismo. "O Mio Tens não substitui a anestesia em tratamentos maiores", ressalva Giordani, "mas deixa o paciente tranqüilo para ser anestesiado e tratado".

Meia escova por habitante.

Com os primeiros colonizadores portugueses vieram para o Brasil mestres de diversos ofícios, entre eles os cirurgiões, cuja prática profissional era regulamentada por lei, e os barbeiros, que, além de cortar cabelo e barbear, extraíam dentes. Até o século XVII, porém, a prática do tira-dentes não era regulamentada e só em 1631 foi instituída multa para quem tirasse dentes sem licença. Mas os primeiros cursos de Odontologia no Brasil só foram criados em 1884.
Nos cem anos que se seguiram o país viu aumentar, de um lado as condições de aperfeiçoamento da Odontologia e, de outro, a população de desdentados, que deve estar beirando os 25 milhões de brasileiros, algo como um em cinco habitantes. Dados da indústria indicam que são vendidos no país 70 milhões de escovas de dentes por ano. o que dá cerca de meia escova por habitante. Não é por outro motivo que os profissionais da área vivem falando na necessidade de se criarem hábitos de alimentação e higiene para melhorar a prevenção à cárie - a grande inimiga da boa dentição.





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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A Irmã da Terra - Vênus



A IRMÃ DA TERRA - Vênus



Vênus, o planeta mais próximo, é também o mais parecido com o nosso. Uma sonda espacial está a caminho para descobrir até onde vão as semelhanças e diferenças.

O dia 4 de maio deste ano foi uma data especial para uma dezena de cientistas que trabalham no Laboratório de Jatopropulsão da NASA, em Pasadena, Califórnia. Naquele dia, no centro de lançamentos de Cabo Canaveral, na Flórida, subiu o ônibus espacial Atlantis , levando a bordo uma preciosa carga científica. Trata-se da sonda Magalhães, uma nave-robô de 4 toneladas, cuja construção sofreu durante nove anos os reveses da falta de dinheiro e de rumos do programa espacial americano. Quando finalmente pôde ser embarcada na Atlantis, a Magalhães portava menos instrumentos do que a princípio se planejara para ela. Mas, graças ao empenho dos cientistas de Pasadena, que durante essa década trabalharam no projeto, a nave conservava intacto o seu objetivo principal.
Assim, em agosto do ano que vem, quando entrar em órbita em torno de Vênus, a 40 milhões de quilômetros da Terra, a sonda Magalhães traçará durante 243 dias, com auxílio do radar, o mais completo mapa da superfície do planeta. "Tudo o que sabemos sobre o sistema solar mostra que Vênus, além de ser o mais próximo, é também o planeta mais parecido com a Terra", disse para nós o geólogo da NASA Stephen Saunders, cientista-chefe da missão Magalhães. Saunders, que se especializou em Geologia Planetária, uma área de pesquisa inexistente no Brasil, já realizou estudos sobre a composição da Lua e do planeta Marte. Ele acha que as oportunidades de conhecimento oferecidas por Vênus são muito mais interessantes. Segundo afirmou, "a sonda Magalhães ajudará a responder a várias questões obscuras sobre o processo geológico desse planeta gêmeo e, por extensão, da própria Terra".
Estudar Vênus, que tem quase o mesmo tamanho, densidade e massa da Terra, significa observar de longe, naturalmente sob condições um pouco diferentes, os mesmos processos de formação do nosso planeta, sem a interferência da erosão causada pelos ventos e pela chuva. Os cientistas sabem que o tamanho e a massa de um planeta interferem na sua evolução e aparência atual. Mercúrio, Marte e a Lua (para esses efeitos considerada um planeta) têm uma casca única, rígida, que se formou no início de sua história. A maior parte da superfície desses corpos celestes provavelmente não viu uma camada fresca de lava em mais de 1 bilhão de anos. Embora pareçam ter tido vulcões em erupção no início de suas vidas, estes podem ser considerados geologicamente mortos há muito tempo.
Comparada com essa quietude, "a Terra possui o interior ativo e sua superfície é bastante nova", nota o geofísico Remy Anterrana, da Universidade de São Paulo. O planeta é formado por uma série de camadas de rochas dispostas em placas de centenas de quilômetros de espessura, que se movimentam vários centímetros por ano. O gigantesco balé das placas é responsável pela deriva continental, que faz os continentes se afastarem ou se aproximarem uns dos outros. Quando as placas raspam umas nas outras, ocorrem os terremotos. quando se separam, o espaço que se abre é preenchido pelo magma, rocha em estado líquido que, ao atingir a superfície, se solidifica e começa a fazer parte da crosta terrestre.
Vênus pode ter tido ou continuar tendo um processo semelhante. Com a ajuda da sonda Magalhães, os cientistas esperam reconhecer formas de sua superfície do tamanho de um campo de futebol. Ironicamente, essa proeza não pode ser duplicada para o caso do leito dos oceanos terrestres - a água impede o mapeamento do radar. Exatamente por isso, geólogos planetários, como Saunders, da NASA, têm a esperança de esclarecer com os dados de Vênus alguns processos geológicos pouco previsíveis na Terra, como, por exemplo, os terremotos. "O mapeamento que será feito pela Magalhães pode revelar processos semelhantes aos que ocorrem na chamada dorsal mesoatlântica, entre a costa da América do Sul e a África, responsável pelo deslocamento desses dois continentes", explica Saunders.
Tudo isso, porém, ainda é apenas especulação. Os cientistas sabem muito pouco a respeito de Vênus, menos até do que sobre outros planetas mais distantes, como Mercúrio e Marte. O motivo não é difícil de explicar. Apesar de ser conhecida desde a Antigüidade, por ser visível a olho nu como uma estrela, paradoxalmente Vênus mal pode ser avistada pelos telescópios. Sua atmosfera, cem vezes mais densa que a da Terra, esconde totalmente a paisagem do planeta. Ao ser localizada pela manhã ou ao entardecer, ela parece mais brilhante apenas porque suas nuvens refletem a luz solar - daí os seus outros nomes Estrela d´alva e Estrela Vésper. No século passado, quando os telescópios apontados na sua direção comprovavam que o planeta era coberto de nuvens, os cientistas pensaram que poderia se tratar de neblina causada por vapor de água.
Concluiu-se em seguida que devia chover muito em Vênus, como acontecia na Terra há cerca de 600 milhões de anos. Daí a imaginar-se um mundo de ilhas pantanosas cercado por mares turbulentos foi um passo. Mais tarde, dezenas de romances de ficção científica e incontáveis histórias em quadrinhos se apoderaram da idéia e a modificaram ao seu estilo. Por isso, heróis espaciais como Flash Gordon costumavam se perder nos oceanos imaginários de Vênus. Até que, em 1962, a sonda espacial Mariner 2 passou perto do planeta e descobriu que a temperatura embaixo das nuvens variava em torno de tórridos 400 graus centígrados. Depois, catorze sondas soviéticas e quatro americanas visitaram Vênus e descobriram um mundo terrivelmente inóspito.
As nuvens são compostas de 96 por cento de dióxido de carbono. Esse gás permite a passagem da luz, mas não a do calor. Ao alcançar o solo de Vênus, a luz se transforma parcialmente em calor, que não consegue sair do planeta, aquecendo violentamente a superfície. É o chamado efeito estufa , que aqui na Terra resulta do aumento da poluição. Para completar, as nuvens também são formadas por gotinhas de ácido sulfúrico concentrado. Imagina-se que algumas das sondas soviéticas que tentaram pousar no planeta foram simplesmente dissolvidas ao atravessar chuvas letais de ácido sulfúrico. Descobriu-se que a pressão local é noventa vezes maior do que a da atmosfera terrestre. Como diz o astrônomo e divulgador científico americano Carl Sagan, "com esse calor, pressão, gases nocivos e uma atmosfera avermelhada Vênus parece menos com a deusa do amor que lhe deu o nome do que com uma encarnação do inferno".
As naves soviéticas Venera 9 e 10 RR foram as primeiras a transmitir imagens do planeta em junho de 1975. Elas mostraram uma paisagem desoladora: Vênus é um deserto coalhado de pedras cor de ferrugem, emoldurado por um céu alaranjado - conseqüência da pesada atmosfera que absorve os raios ultravioleta do Sol. Mas as imagens de Vênus só alcançam algumas dezenas de metros de visibilidade. Além desse ponto são raras, pois o calor literalmente frita os instrumentos em pouco tempo e as naves não conseguem sobreviver mais do que algumas horas. A maioria das informações sobre o planeta foi obtida pelos radares, instalados nos radiotelescópios da Terra ou a bordo de sondas espaciais, que podem "ver" através das nuvens. As antenas de radar das sondas americanas Pioneer 1 e 2, por exemplo, lançadas em 1978, fizeram vários mapas da superfície de Vênus.
São mapas bem mais rudimentares do que aqueles que se pretende conseguir com a Magalhães. Mostram regiões planas, semelhantes aos mares lunares, cuja origem parece ser vulcânica. Nessas planícies, o solo é formado por fluxos de lava basáltica que fluíram de crateras e depressões circulares e depois se solidificaram como caramelo ou massa de vidraceiro. Ali também existem longas colinas com quilômetros de largura, acidentes topográficos de formato circular, chamados coroas, e milhares de crateras, resultantes do impacto de meteoritos. Calculando-se o número de crateras por área, os geólogos descobriram que a idade da superfície de Vênus é de cerca de 600 milhões de anos, portanto muito mais jovem do que a da Lua (3,5 bilhões de anos), porém bem mais velha que a da Terra (somente 100 milhões de anos).
Para o astrônomo Massayoshi Tsuchida, da Universidade de São Paulo, "isso mostra que as atividades vulcânicas em Vênus ocorreram até recentemente". Segundo afirma, "pode ser até que elas ainda estejam acontecendo em pequena escala, sendo abafadas pela forte pressão atmosférica". Os dados do radar também mostraram duas regiões mais elevadas ou continentes, chamadas Afrodite e Ishtar, como as deusas do amor da Grécia e da Babilônia. Ishtar, situado no hemisfério norte venusiano, é um pouco menor do que o Brasil, enquanto Afrodite, perto do equador, tem o dobro do tamanho de Ishtar. Ali ficam as montanhas Maxwell, com 11 mil metros de altura, portanto mais altas do que o Everest, com cerca de 8 mil metros, o ponto mais alto da Terra. Em Vênus também existem planaltos menores, com diâmetro aproximado de mil a 2 mil quilômetros, cuja origem é provavelmente vulcânica.
Com o auxílio da Radioastronomia, conseguiu-se determinar a duração do dia venusiano. É curioso: o tempo gasto por Vênus para dar uma volta completa em torno do Sol (225 dias terrestres) é menor do que o tempo que demora para dar uma volta completa em redor de si mesma (243 dias terrestres). Como o planeta gira ao redor do seu eixo na direção oposta à dos seus outros irmãos do sistema solar, o Sol ali surge a oeste e se põe a leste, levando 118 dias terrestres entre um amanhecer e outro. Ou seja, em Vênus o dia é mais longo que a noite.
Além disso, Vênus apresenta quase exatamente a mesma face para a Terra cada vez que está mais próxima deste lado do sistema solar. Em sua longa viagem em direção ao planeta vizinho, a Magalhães deveria aproveitar esse momento para o encontro. Mas, por problemas que nada têm a ver com a Astronomia, isso não vai ocorrer. Antes de se encontrar com Vênus, a sonda dará uma volta e meia ao redor do Sol. O tempo adicional de vôo da Magalhães é uma curiosa conseqüência do desastre da Challenger em que morreram todos os sete tripulantes. A Magalhães foi a primeira sonda a ser lançada por um ônibus espacial após a tragédia e teve de pagar um tributo à segurança dos astronautas da Atlantis que a transportava. Ela foi dotada de um propulsor menos possante que o considerado ideal e colocada em órbita antes da hora. Este mês, ela estará cruzando a órbita de Vênus, mas o planeta não estará lá. A nave voltará então para a órbita terrestre, onde ganhará impulso graças à força de gravidade e partirá de novo até Vênus, dando uma volta extra em torno do Sol enquanto espera que o planeta passe pelo ponto certo. O melhor momento para o lançamento da Magalhães seria em novembro, mas a época foi reservada para a sonda Galileu, que deverá visitar Júpiter.
Assim que alcançar Vênus, a Magalhães passará algumas semanas checando os instrumentos e depois entrará em ação. Apontando sua antena de 3,7 metros de diâmetro - emprestada da sucata da sonda espacial Voyager 2 - em direção do planeta, ela fará extraordinárias imagens de 25 quilômetros de largura por 16 mil quilômetros de comprimento de sua superfície. Os cientistas da NASA chamam essas imagens macarrões. Mapear Vênus equivaleria a enrolar 1852 fios de macarrão em torno do planeta, começando do pólo norte e terminando no sul. Todos esses sinais serão combinados em seguida a fim de serem transmitidos para a Terra. No final da missão, haverá uma quantidade maior de informações sobre Vênus do que aquelas obtidas por todas as outras sondas americanas e soviéticas combinadas.
O que a Magalhães fornecerá, basicamente, serão informações geológicas. Ela não dirá nada sobre a atmosfera do planeta: os instrumentos que mediriam as diferentes temperaturas das várias camadas do indigesto ar venusiano, assim como a influência do vento solar, foram cortados por falta de verba. Como a nave não pousará no planeta, tampouco poderá fornecer informações adicionais sobre a química de sua superfície. Mas, ao fazer um inventário global das crateras de impacto de Vênus, a nave talvez desvende as forças tectônicas que agem sobre o planeta, de modo a compará-las com as que existem na Terra.
Poderá também investigar a ocorrência de antigos terraços marinhos e cicatrizes de rios e canais que indicariam a existência de água no passado. Como enumera Stephen Saunders, o cientista-chefe do projeto, "esperamos encontrar novas formas de relevo, grandes montanhas vulcânicas, mais crateras de impacto - enfim, sinais de todas as forças importantes que modelam a forma de um planeta". De fato, o objetivo de Saunders e dos outros cientistas que trabalham com a sonda Magalhães é mais ambicioso. Eles querem explicar por que Vênus, o vizinho mais próximo da Terra e por muitos motivos considerada sua irmã gêmea, por outras razões pode ser também uma completa estranha.

O mesmo efeito em dois mundos

Desde que as primeiras sondas espaciais passaram perto de Vênus na década de 60, sabe-se que o vizinho planeta sofreu em grau máximo um descontrolado efeito estufa, tornando-se um deserto seco, onde a temperatura alcança em média 400 graus centígrados, o suficiente para derreter chumbo. Descobrir como isso aconteceu em Vênus pode ensinar muito a uma Terra que começa a experimentar inequívocos sintomas do efeito estufa em sua própria atmosfera. Como no caso de Vênus, a Terra sofre um aumento de temperatura devido à presença de dióxido de carbono no ar. Durante milhões de anos, esse gás, gerado naturalmente pela respiração de plantas e animais, foi um fator de equilíbrio na manutenção do clima terrestre.
Até que neste século XX o acúmulo da queima de combustíveis fósseis, como petróleo, carvão e madeira, resultante da expansão da atividade industrial e do crescimento urbano, fez com que se depositasse no ar uma quantidade maior de gases poluentes. As indústrias, principalmente no hemisfério norte, também começaram a despejar na atmosfera compostos de enxofre e nitrogênio que, reagindo com a água, criaram a chuva ácida. Esta nada mais é do que chuva de ácido sulfúrico - outro fenômeno comum em Vênus. Afirma Stephen Saunders, cientista-chefe da missão Magalhães da NASA : "É claro que o aumento de gases poluentes na atmosfera terrestre é insignificante comparado com Vênus. Mas o estudo do clima desse planeta pode ajudar a conhecer os limites perigosos do efeito estufa".

Atibaia acha balões em Vênus

Em junho de 1985, dois balões de 3 metros e meio de diâmetro lançados das sondas soviéticas Vega 1 e 2, transmitiram durante 48 horas para a Terra dados sobre a atmosfera de Vênus. Foi a primeira vez que uma experiência desse tipo foi tentada em outro planeta - um efeito duplamente comemorado no Rádio Observatório do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), em Atibaia, São Paulo. Para medir a posição e a velocidade dos balões a 109 milhões de quilômetros, a antena parabólica de 13,7 metros do radioobservatório participou ativamente da rede mundial formada para receber os sinais em vários pontos da Terra.
Na ocasião, foi utilizada a técnica de VLBI (Very Long Base Line Interferometry, ou Interferometria de Base Muito Longa), que permitiu a localização dos balões com margem de erro de apenas 10 quilômetros. Os dados do VLBI de vinte radioobservatórios, três deles no hemisfério sul, foram gravados em fita magnética e enviados ao Laboratório de Jatopropulsão da NASA em Pasadena para serem analisados em conjunto. A rede apenas identificou e localizou os balões em Vênus, enquanto os dados sobre o planeta foram captados pelos laboratórios soviéticos.
Segundo o físico Pierre Kaufmann, chefe do grupo que operou o radioobservatório de Atibaia, "a participação brasileira foi cientificamente importante, pois representou um avanço considerável nas técnicas de localização de objetos no espaço". Os balões deslocaram-se por 12 mil quilômetros à velocidade de 250 quilômetros por hora, enfrentando durante esse tempo grandes períodos de turbulência. Depois de lançar os balões na atmosfera de Vênus, as sondas soviéticas Vega 1 e 2 aproximaram-se do cometa Halley e transmitiram uma série de dados sobre a composição do seu núcleo.





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terça-feira, 4 de setembro de 2012

A Invasão da Luz - Tecnologia



A INVASÃO DA LUZ - Tecnologia



O domínio dos elétrons no mundo moderno começa a ser partilhado por raios luminosos. A optoeletrônica promete velocíssimos computadores de laser e guias óticos.

No princípio era a eletrônica. Desde o século XIX, quando os físicos elaboraram as primeiras teorias sobre o eletromagnetismo, o mundo se ergueu apoiado na energia do movimento dessas minúsculas partículas que habitam os átomos. Os elétrons fizeram funcionar válvulas de rádio, lâmpadas elétricas, motores. Por fios de cobre levaram de casa em casa sinais de voz em telefones e energia para acionar os novos aparelhos. Depois, transportaram informações dentro dos chips dos computadores. Em suma, o domínio da eletrônica na tarefa de sustentar a civilização contemporânea foi absoluto - até que a luz se atravessou no seu caminho. De fato, onde antes só havia elétrons, começam a aparecer pulsos luminosos, os fótons. É a época da afirmação da optoeletrônica, uma nova tecnologia que já se manifesta da telefonia à computação. "Optoeletrônica é a interação entre radiação luminosa e matéria, entre fótons e elétrons", resume o físico Antônio Carlos Bordeaux Rego, chefe do laboratório que pesquisa o assunto na Telebrás, em Campinas. A interação entre eletricidade e luz pode ser a porta aberta para um caminho verdadeiramente revolucionário - os computadores óticos. Em seu interior não haverá corrente elétrica viajando através dos chips, mas pulsos de luz emitidos por laser, viajando por guias óticos e transportando informações a velocidades até 1 milhão de vezes maiores que as dos computadores eletrônicos.
Esse é o sonho de pesquisadores de vários países, como o engenheiro americano Alan Huang, que trabalha nos laboratórios da multinacional AT & T Bell, em Nova Jersey, na tentativa de construir um chip ótico. A corrida pelo domínio dessa tecnologia passa também pelo Japão, onde foi formado um pool liderado por onze grandes empresas a fim de acelerar as pesquisas. Na Escócia, o cientista Desmond Smith, da Universidade Heriot-Watt, de Edimburgo, trabalha num dos maiores projetos de computador ótico do mundo.
E, no Brasil, o avançado laboratório do centro de pesquisas da Telebrás, em Campinas, desenvolve um circuito optoeletrônico integrado - a última palavra em matéria de telecomunicações- para aproveitar as melhores qualidades tanto da luz como dos elétrons a fim de aumentar a capacidade de transmissão de informações. O funcionamento de um dispositivo laser é um típico exemplo dessa tecnologia. Uma descarga elétrica excita os elétrons de algum material semicondutor, que absorve e depois emite fótons ou pulsos de luz. Pela eletricidade, produz-se assim uma luz bem-comportada - emitida numa única freqüência e direção e ainda com coerência, isto é, todas as ondas partem ao mesmo tempo. Por isso, ao contrário da dispersiva luz de uma lâmpada, o laser serve para transportar informações.
Uma onda de luz é igual a qualquer outra onda eletromagnética - de rádio ou TV, por exemplo -, mas tem como característica a freqüência muito mais alta. É justamente isso que lhe dá o poder de transportar mais dados. Daí tornar-se a tecnologia ótica, senão uma alternativa capaz de aposentar a eletrônica, ao menos um complemento poderoso à utilização dos elétrons. além de ser mais rápida, a onda de luz é formada por pulsos de energia luminosa que não possuem carga ou matéria. Em condições normais, um raio de luz não interfere em outro - basta ver os fachos de duas lanternas que se cruzam sem se desviar de suas trajetórias.
Os elétrons, ao contrário, são partículas com carga e massa que interagem uns com os outros. Quando um sinal elétrico é transportado num fio de cobre, os elétrons vão se chocando pelo caminho, produzindo calor e dispersando o sinal original. Nas cerâmicas supercondutoras, a temperaturas ainda muito baixas, os elétrons viajam sem colidir, não havendo portanto perda de energia. As trombadas e interações entre os elétrons acarretam dois problemas básicos nos equipamentos modernos. O primeiro diz respeito ao chamado ruído de comunicação. Distribuídos pelos subterrâneos das cidades, os fios de telefone podem eventualmente passar perto do motor de uma máquina em uma obra qualquer. O campo eletromagnético ali criado é suficiente para perturbar os sinais telefônicos e levar ao aparelho, além das vozes, quaisquer outros ruídos.
O mesmo acontece quando fios muito próximos são atingidos pela água da chuva: os sinais se misturam devido à ligação formada pela água e o que se ouve é linha cruzada. A segunda grande limitação da eletrônica está dentro dos computadores. Nos chips, ou seja, nas minúsculas centrais de processamento de dados, a informação viaja a bordo dos elétrons, criando uma linguagem lógica que se baseia na passagem, ou não, da corrente elétrica. O trânsito dos elétrons a altas velocidades dentro dos chips gera calor. Se não fossem dotados de sistemas de refrigeração, os supercomputadores, que trabalham com extraordinária rapidez, teriam seus chips derretidos, tamanho o calor produzido.
"Estamos chegando ao limite de integração possível num chip", nota o físico José Mauro Leal Costa, diretor de tecnologia da empresa ABC Sistemas, de São Paulo, responsável pela implantação do projeto brasileiro de fibras óticas. Com isso ele quer dizer que, se forem colocados mais circuitos nos atuais chips de silício, ou os elétrons acabarão se misturando devido à proximidade, ou o chip se desintegrará de tão quente. Mas há luz no fim do túnel - literalmente. Através das fibras óticas, a luz do laser é capaz de transportar muito mais informações, sem sofrer interferências nem produzir calor. Os circuitos apenas óticos teriam a desvantagem do tamanho: eles não seriam tão pequenos e compactos quanto os eletrônicos, porque a luz se dispersa mais do que elétrons e assim acaba ocupando mais espaço.
Mas as possibilidades da luz, quando aplicadas às telecomunicações, para começo de conversa acabam com os congestionamentos. Um cabo de plástico carrega em quatro fibras óticas tão finas como um fio de cabelo a mesma quantidade de informações que um cabo com 4 mil pares de fios de cobre. E, como os fótons não se metem uns com os outros nem sofrem interferências, pode chover canivete que as linhas telefônicas não se cruzam. Desde a criação da fibra ótica, patenteada em meados da década de 50, passando pela invenção do laser em 1960, a comunicação ótica foi aperfeiçoada até ser comercialmente implantada no final da década de 70 nos Estados Unidos e logo em seguida no Brasil. Por enquanto, ainda há muito elétron na vida da fibra ótica. As linhas de telefone funcionam da seguinte maneira: o usuário faz a chamada, o sinal elétrico chega à central telefônica e entra num aparelho de laser, que o transforma em luz. A luz embarca então na fibra ótica e viaja até seu destino, que pode ser uma cidade a cerca de 500 quilômetros de distância.
Ali, na central telefônica, a luz entra num fotodetector, é convertida novamente em sinal elétrico e chega ao destinatário por fios comuns. É como se a informação tomasse um ônibus para sair da cidade, entrasse num trem expresso ultra-rápido onde cabem milhões de passageiros e na outra cidade voltasse a tomar um ônibus convencional para chegar ao destino. É apenas questão de tempo e viabilidade econômica levar o trem até a porta da casa do passageiro, ou seja, dotar os aparelhos telefônicos de lasers e fotodetectores. Durante o trajeto da luz pela fibra, sempre que o sinal enfraquece, é convertido em sinal elétrico, depois amplificado, convertido em luz novamente para então continuar seu caminho. Mas já começam a surgir amplificadores que atuam externamente sobre a luz, dispensando as conversões elétricas. Com isso, a qualidade e a confiabilidade do sistema ficam bem maiores.
O primeiro sistema ótico brasileiro foi instalado em 1982 no Rio de Janeiro entre Jacarepaguá e Cidade de Deus. De lá para cá, a substituição dos cabos de cobre por fibras óticas foi calcada nos atributos da luz: mais informação em menos espaço, sinal mais puro e baixo custo.
As fibras permitem que viajem por elas não apenas sinais de áudio, mas também de vídeo e dados de computador. Às vezes isso acontece de maneira combinada, como nos sistemas ISDN (Integrated Service Digital Network, ou rede digital de serviços integrados), responsável pelos videofones, videoconferências etc. Além disso, a luz ajudou a melhorar os bens de consumo eletrônicos. O melhor exemplo são os compact discs (CDs), nos quais as informações gravadas digitalmente são lidas mediante um laser semicondutor e um fotodiodo, que convertem os impulsos elétricos em sinais luminosos e vice-versa. Outros exemplos são as chamadas câmeras de vídeo CCD, digitalizadas, e os televisores de tela plana, em que o cristal líquido substitui os tubos de raios catódicos.
Como laser e computador podem falar a mesma linguagem digital, a comunicação entre rede e centrais fica mais ágil. Já existem espalhadas em grandes empresas americanas redes internas de fibras óticas. No Brasil, as centrais telefônicas de grandes cidades como Rio e São Paulo são interligadas por mais de 40 mil quilômetros de fibras instaladas para esse fim. A luz atravessa também os mares dentro do TAT-8, a primeira rede transoceânica de fibras óticas entre Estados Unidos e Europa.
Quando todos os meios de comunicação estiverem ligados por fibras óticas, o mundo ficará parecido com o projeto - ainda experimental e portanto de pouca viabilidade econômica - implantado no início da década na cidade japonesa de Higashi Ikoma e no balneário francês de Biarritz. Ali, o computador doméstico acessa facilmente qualquer central de telecompras ou de prestação de serviços. A televisão interativa permite que um usuário se comunique com a central ou com outro usuário, escolhendo, a partir de um cardápio, desde telejogos até programas educacionais. Toda comunicação livre de interferências eletromagnéticas é mais segura. Num avião comercial de grande porte, por exemplo, os comandos da cabine do piloto são ligados aos respectivos aparelhos por fios convencionais.
Não é improvável que a proximidade entre eles provoque um ruído na comunicação, resultando no envio de informações erradas, como o destravamento de um trem de pouso. Se os comandos forem interligados por fibras óticas, o problema desaparece. O mais avançado bombardeiro construído recentemente nos Estados Unidos, que voou pela primeira vez em julho último, o multimilionário (70 bilhões de dólares ) e controvertido Stealth, chamado avião invisível por driblar a vigilância dos sistemas de detecção antiaéreos, faz uso extensivo das fibras óticas. Este é um dos fatores que o tornam imperceptível aos radares, por não produzir as ondas eletromagnéticas dos aparelhos eletrônicos. Na Medicina, a tecnologia das fibras óticas funciona como um periscópio dentro do corpo humano.
Embora não seja mistério há mais de vinte anos, a tecnologia da luz ainda engatinha quando se trata da revolução dos computadores óticos. Para começar, o tempo que dura o tráfego de informações dentro dos computadores é da ordem de nanossegundo (1 bilionésimo de segundo ou 10-9 segundos). Já o tempo da viagem de transmissão da luz que seria usado nos computadores variaria de picossegundo (1 trilionésimo de segundo ou 10-12 segundos ) a femtossegundo (1 quadrilionésimo de segundo ou 10-15 segundos ). Ou seja, chegaria a ser 1 milhão de vezes mais rápida. Ao aproveitá-la, pretende-se obter computadores que processem maior quantidade de informações de forma mais limpa (sem ruídos) e mais econômica. Essa evolução é nada mais que natural: afinal, os gigantescos computadores a válvula foram movidos depois a transistores e, como hoje, a circuitos integrados, sempre mais potentes.
O próximo passo em direção aos chips de máxima velocidade é a criação do dispositivo ótico integrado. É um circuito por onde transitam sinais de luz coordenados por sinais eletrônicos. A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) acaba de desenvolver um arranjo de fotodetectores - o primeiro passo na direção do circuito - feito de silício. Mas o silício tem a desvantagem de produzir calor ao receber uma corrente elétrica. Por isso, a Telebrás, também em Campinas, a exemplo dos grandes laboratórios de pesquisa em fibra ótica do mundo, prefere trabalhar com compostos de nomes exóticos como arsenieto de gálio ou fosfeto de índio, que também transmitem luz.
Com esses materiais, ela já desenvolveu uma tecnologia própria de lasers semicondutores e fotodetectores para a indústria nacional de telecomunicações que têm o tamanho de um grão de sal. Num futuro computador optoeletrônico, o trabalho de construir a lógica binária do sim-não, que consiste no atributo da máquina em deixar ou não passar corrente, ainda seria feito por elétrons que interagem, ao passo que os guias óticos fariam o transporte das informações transmitidas pelo laser semicondutor. A maioria dos cientistas, como o físico Bordeaux Rego, da Telebrás, pensa que esse é o melhor caminho: os elétrons fariam o que bem sabem - ligar ou desligar - e os fótons entrariam com sua capacidade de transportar informação com maior rapidez. Mas o americano de origem chinesa Alan Huang, da AT & T Bell, sonha com a possibilidade de construir um computador totalmente ótico.
Só que a mesma propriedade que faz a luz parecer perfeita comporta-se como o feitiço que vira contra o feiticeiro na hora de construir a linguagem lógica. Ou seja, como os fótons não interagem, não podem se colocar em movimento ou parar uns aos outros, como fazem os elétrons, impedindo assim o liga-desliga dos chips eletrônicos. A Física diz que é possível criar um meio próprio onde os fótons interajam, mas nesse caso eles se misturariam tanto que seria difícil controlá-los. Para Alan Huang, isso não é empecilho. Ele está tão empenhado em seu projeto que chegou a passar dias a fio trancado no laboratório, equipado com forno de microondas, geladeira com freezer bem estocado e sacos de dormir para ele e seus doze colaboradores.
O computador idealizado por Huang - que por enquanto ainda é uma engenhoca de pouco uso prático - não teria fios, mas pulsos de laser que transportariam dados passando através de minúsculos interruptores óticos. O xis do problema é construir um interruptor que reaja à luz do laser e possa criar uma linguagem lógica a partir do claro-escuro. A equipe de Huang chegou a um interruptor feito de arsenieto de gálio, que responde a correntes elétricas tornando-se ou transparente, ou opaco. Mas não conseguiu fazê-lo manter a mesma propriedade quando estimulado por sinais de laser.
No mesmo laboratório, dois outros cientistas, David Miller e Jill Henry, vêm desenvolvendo há três anos o SEED ( Self Eletro-optic Effect Device ), um chip eletrônico que funciona quando estimulado também por fótons. Até hoje, porém, nenhum protótipo desse tipo que efetivamente funcione em larga escala foi construído ou testado. Os cientistas da Bell acham que vai levar anos até que um chip ótico tenha a mesma confiabilidade e eficiência dos chips eletrônicos. Enquanto a luz total não vem, a optoeletrônica vai mandar nesse jogo, casando as melhores qualidades da ótica e da eletrônica, como já está acontecendo nas telecomunicações e na indústria eletrônica de consumo.

Petisco para peixes

O primeiro cabo transoceânico de fibras foi instalado em dezembro do ano passado, ligando Tuckerton, na costa leste dos Estados Unidos, a Widemouth, no sul da Inglaterra, e a Penmarch, no noroeste da França. Com 6 700 quilômetros de extensão, o cabo, chamado TAT-8, transmite simultaneamente 40 mil conversas telefônicas, quase cinco vezes mais do que seu antecessor de cobre. Mas a construção e a instalação, que duraram sete anos, foram menos problemáticas do que manter o cabo a salvo dos tubarões, que adoram morder cabos de fibras óticas.
O problema já havia sido detectado em 1985, quando cabos de fibra ótica entre as ilhas Canárias e Tenerife, no Atlântico, pararam de funcionar trinta dias depois de instalados, vítimas de mordidas dos tubarões. Os cabos anteriores, feitos de cobre e cobertos de metal, tinham o diâmetro de alguns metros e por isso não serviam de petisco. Já os de fibra ótica têm apenas 30 centímetros de diâmetro e podem ser estraçalhados. Por isso, antes de instalados no fundo do mar, são revestidos de aço coberto de polietileno. Quando o material foi testado, os cientistas encomendaram um mecanismo que imita a ação de uma arcada dentária, parecido com que foi construído para o filme Tubarão, instalaram-no numa piscina e deram-lhe vários cabos para mastigar, até chegar à solução impermeável a quaisquer dentes.

Por dentro do corpo

Além de revolucionar a comunicação e os computadores, as fibras óticas estão permitindo aos médicos ver as doenças com os próprios olhos dentro do corpo humano. Através de pequenas incisões, as fibras são introduzidas nos caminhos naturais do organismo e vasculham pulmões, intestinos, coração e outros órgãos antes inacessíveis. Essa viagem interior, que até há poucos anos só existia em história de ficção científica, é feita pelo fibroscópio, um aparelho que consiste em dois feixes de fibras óticas, um para iluminar o tecido corporal e outro para transmitir a imagem.
A ponta do primeiro feixe á alimentada com uma fonte de luz. A luz percorre as fibras óticas e ilumina o órgão que o médico quer ver. Uma lente capta então a luz refletida e a focaliza no feixe de transmissão, em que cada fibra corresponde a um ponto da imagem. A imagem completa aparece num visor, podendo ser gravada por uma câmera ou mostrada num monitor de TV. Olhando pelo fibroscópio, o médico pode, por exemplo, detectar pólipos nos intestinos, depois removidos por diminutos instrumentos cirúrgicos ou por feixe de laser.
Sensores de fibras óticas também são capazes de fazer análises do sangue do paciente no próprio consultório, tornando o processo mais rápido. Pequenas cirurgias são igualmente possíveis, com a vantagem de dispensar o corte de tecidos saudáveis - o feixe de laser transportado pelas fibras óticas cauteriza veias em hemorragias intestinais e vaporiza placas e coágulos sanguíneos em artérias cardíacas.





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A Invasão da Luz - Tecnologia



A INVASÃO DA LUZ - Tecnologia



O domínio dos elétrons no mundo moderno começa a ser partilhado por raios luminosos. A optoeletrônica promete velocíssimos computadores de laser e guias óticos.

No princípio era a eletrônica. Desde o século XIX, quando os físicos elaboraram as primeiras teorias sobre o eletromagnetismo, o mundo se ergueu apoiado na energia do movimento dessas minúsculas partículas que habitam os átomos. Os elétrons fizeram funcionar válvulas de rádio, lâmpadas elétricas, motores. Por fios de cobre levaram de casa em casa sinais de voz em telefones e energia para acionar os novos aparelhos. Depois, transportaram informações dentro dos chips dos computadores. Em suma, o domínio da eletrônica na tarefa de sustentar a civilização contemporânea foi absoluto - até que a luz se atravessou no seu caminho. De fato, onde antes só havia elétrons, começam a aparecer pulsos luminosos, os fótons. É a época da afirmação da optoeletrônica, uma nova tecnologia que já se manifesta da telefonia à computação. "Optoeletrônica é a interação entre radiação luminosa e matéria, entre fótons e elétrons", resume o físico Antônio Carlos Bordeaux Rego, chefe do laboratório que pesquisa o assunto na Telebrás, em Campinas. A interação entre eletricidade e luz pode ser a porta aberta para um caminho verdadeiramente revolucionário - os computadores óticos. Em seu interior não haverá corrente elétrica viajando através dos chips, mas pulsos de luz emitidos por laser, viajando por guias óticos e transportando informações a velocidades até 1 milhão de vezes maiores que as dos computadores eletrônicos.
Esse é o sonho de pesquisadores de vários países, como o engenheiro americano Alan Huang, que trabalha nos laboratórios da multinacional AT & T Bell, em Nova Jersey, na tentativa de construir um chip ótico. A corrida pelo domínio dessa tecnologia passa também pelo Japão, onde foi formado um pool liderado por onze grandes empresas a fim de acelerar as pesquisas. Na Escócia, o cientista Desmond Smith, da Universidade Heriot-Watt, de Edimburgo, trabalha num dos maiores projetos de computador ótico do mundo.
E, no Brasil, o avançado laboratório do centro de pesquisas da Telebrás, em Campinas, desenvolve um circuito optoeletrônico integrado - a última palavra em matéria de telecomunicações- para aproveitar as melhores qualidades tanto da luz como dos elétrons a fim de aumentar a capacidade de transmissão de informações. O funcionamento de um dispositivo laser é um típico exemplo dessa tecnologia. Uma descarga elétrica excita os elétrons de algum material semicondutor, que absorve e depois emite fótons ou pulsos de luz. Pela eletricidade, produz-se assim uma luz bem-comportada - emitida numa única freqüência e direção e ainda com coerência, isto é, todas as ondas partem ao mesmo tempo. Por isso, ao contrário da dispersiva luz de uma lâmpada, o laser serve para transportar informações.
Uma onda de luz é igual a qualquer outra onda eletromagnética - de rádio ou TV, por exemplo -, mas tem como característica a freqüência muito mais alta. É justamente isso que lhe dá o poder de transportar mais dados. Daí tornar-se a tecnologia ótica, senão uma alternativa capaz de aposentar a eletrônica, ao menos um complemento poderoso à utilização dos elétrons. além de ser mais rápida, a onda de luz é formada por pulsos de energia luminosa que não possuem carga ou matéria. Em condições normais, um raio de luz não interfere em outro - basta ver os fachos de duas lanternas que se cruzam sem se desviar de suas trajetórias.
Os elétrons, ao contrário, são partículas com carga e massa que interagem uns com os outros. Quando um sinal elétrico é transportado num fio de cobre, os elétrons vão se chocando pelo caminho, produzindo calor e dispersando o sinal original. Nas cerâmicas supercondutoras, a temperaturas ainda muito baixas, os elétrons viajam sem colidir, não havendo portanto perda de energia. As trombadas e interações entre os elétrons acarretam dois problemas básicos nos equipamentos modernos. O primeiro diz respeito ao chamado ruído de comunicação. Distribuídos pelos subterrâneos das cidades, os fios de telefone podem eventualmente passar perto do motor de uma máquina em uma obra qualquer. O campo eletromagnético ali criado é suficiente para perturbar os sinais telefônicos e levar ao aparelho, além das vozes, quaisquer outros ruídos.
O mesmo acontece quando fios muito próximos são atingidos pela água da chuva: os sinais se misturam devido à ligação formada pela água e o que se ouve é linha cruzada. A segunda grande limitação da eletrônica está dentro dos computadores. Nos chips, ou seja, nas minúsculas centrais de processamento de dados, a informação viaja a bordo dos elétrons, criando uma linguagem lógica que se baseia na passagem, ou não, da corrente elétrica. O trânsito dos elétrons a altas velocidades dentro dos chips gera calor. Se não fossem dotados de sistemas de refrigeração, os supercomputadores, que trabalham com extraordinária rapidez, teriam seus chips derretidos, tamanho o calor produzido.
"Estamos chegando ao limite de integração possível num chip", nota o físico José Mauro Leal Costa, diretor de tecnologia da empresa ABC Sistemas, de São Paulo, responsável pela implantação do projeto brasileiro de fibras óticas. Com isso ele quer dizer que, se forem colocados mais circuitos nos atuais chips de silício, ou os elétrons acabarão se misturando devido à proximidade, ou o chip se desintegrará de tão quente. Mas há luz no fim do túnel - literalmente. Através das fibras óticas, a luz do laser é capaz de transportar muito mais informações, sem sofrer interferências nem produzir calor. Os circuitos apenas óticos teriam a desvantagem do tamanho: eles não seriam tão pequenos e compactos quanto os eletrônicos, porque a luz se dispersa mais do que elétrons e assim acaba ocupando mais espaço.
Mas as possibilidades da luz, quando aplicadas às telecomunicações, para começo de conversa acabam com os congestionamentos. Um cabo de plástico carrega em quatro fibras óticas tão finas como um fio de cabelo a mesma quantidade de informações que um cabo com 4 mil pares de fios de cobre. E, como os fótons não se metem uns com os outros nem sofrem interferências, pode chover canivete que as linhas telefônicas não se cruzam. Desde a criação da fibra ótica, patenteada em meados da década de 50, passando pela invenção do laser em 1960, a comunicação ótica foi aperfeiçoada até ser comercialmente implantada no final da década de 70 nos Estados Unidos e logo em seguida no Brasil. Por enquanto, ainda há muito elétron na vida da fibra ótica. As linhas de telefone funcionam da seguinte maneira: o usuário faz a chamada, o sinal elétrico chega à central telefônica e entra num aparelho de laser, que o transforma em luz. A luz embarca então na fibra ótica e viaja até seu destino, que pode ser uma cidade a cerca de 500 quilômetros de distância.
Ali, na central telefônica, a luz entra num fotodetector, é convertida novamente em sinal elétrico e chega ao destinatário por fios comuns. É como se a informação tomasse um ônibus para sair da cidade, entrasse num trem expresso ultra-rápido onde cabem milhões de passageiros e na outra cidade voltasse a tomar um ônibus convencional para chegar ao destino. É apenas questão de tempo e viabilidade econômica levar o trem até a porta da casa do passageiro, ou seja, dotar os aparelhos telefônicos de lasers e fotodetectores. Durante o trajeto da luz pela fibra, sempre que o sinal enfraquece, é convertido em sinal elétrico, depois amplificado, convertido em luz novamente para então continuar seu caminho. Mas já começam a surgir amplificadores que atuam externamente sobre a luz, dispensando as conversões elétricas. Com isso, a qualidade e a confiabilidade do sistema ficam bem maiores.
O primeiro sistema ótico brasileiro foi instalado em 1982 no Rio de Janeiro entre Jacarepaguá e Cidade de Deus. De lá para cá, a substituição dos cabos de cobre por fibras óticas foi calcada nos atributos da luz: mais informação em menos espaço, sinal mais puro e baixo custo.
As fibras permitem que viajem por elas não apenas sinais de áudio, mas também de vídeo e dados de computador. Às vezes isso acontece de maneira combinada, como nos sistemas ISDN (Integrated Service Digital Network, ou rede digital de serviços integrados), responsável pelos videofones, videoconferências etc. Além disso, a luz ajudou a melhorar os bens de consumo eletrônicos. O melhor exemplo são os compact discs (CDs), nos quais as informações gravadas digitalmente são lidas mediante um laser semicondutor e um fotodiodo, que convertem os impulsos elétricos em sinais luminosos e vice-versa. Outros exemplos são as chamadas câmeras de vídeo CCD, digitalizadas, e os televisores de tela plana, em que o cristal líquido substitui os tubos de raios catódicos.
Como laser e computador podem falar a mesma linguagem digital, a comunicação entre rede e centrais fica mais ágil. Já existem espalhadas em grandes empresas americanas redes internas de fibras óticas. No Brasil, as centrais telefônicas de grandes cidades como Rio e São Paulo são interligadas por mais de 40 mil quilômetros de fibras instaladas para esse fim. A luz atravessa também os mares dentro do TAT-8, a primeira rede transoceânica de fibras óticas entre Estados Unidos e Europa.
Quando todos os meios de comunicação estiverem ligados por fibras óticas, o mundo ficará parecido com o projeto - ainda experimental e portanto de pouca viabilidade econômica - implantado no início da década na cidade japonesa de Higashi Ikoma e no balneário francês de Biarritz. Ali, o computador doméstico acessa facilmente qualquer central de telecompras ou de prestação de serviços. A televisão interativa permite que um usuário se comunique com a central ou com outro usuário, escolhendo, a partir de um cardápio, desde telejogos até programas educacionais. Toda comunicação livre de interferências eletromagnéticas é mais segura. Num avião comercial de grande porte, por exemplo, os comandos da cabine do piloto são ligados aos respectivos aparelhos por fios convencionais.
Não é improvável que a proximidade entre eles provoque um ruído na comunicação, resultando no envio de informações erradas, como o destravamento de um trem de pouso. Se os comandos forem interligados por fibras óticas, o problema desaparece. O mais avançado bombardeiro construído recentemente nos Estados Unidos, que voou pela primeira vez em julho último, o multimilionário (70 bilhões de dólares ) e controvertido Stealth, chamado avião invisível por driblar a vigilância dos sistemas de detecção antiaéreos, faz uso extensivo das fibras óticas. Este é um dos fatores que o tornam imperceptível aos radares, por não produzir as ondas eletromagnéticas dos aparelhos eletrônicos. Na Medicina, a tecnologia das fibras óticas funciona como um periscópio dentro do corpo humano.
Embora não seja mistério há mais de vinte anos, a tecnologia da luz ainda engatinha quando se trata da revolução dos computadores óticos. Para começar, o tempo que dura o tráfego de informações dentro dos computadores é da ordem de nanossegundo (1 bilionésimo de segundo ou 10-9 segundos). Já o tempo da viagem de transmissão da luz que seria usado nos computadores variaria de picossegundo (1 trilionésimo de segundo ou 10-12 segundos ) a femtossegundo (1 quadrilionésimo de segundo ou 10-15 segundos ). Ou seja, chegaria a ser 1 milhão de vezes mais rápida. Ao aproveitá-la, pretende-se obter computadores que processem maior quantidade de informações de forma mais limpa (sem ruídos) e mais econômica. Essa evolução é nada mais que natural: afinal, os gigantescos computadores a válvula foram movidos depois a transistores e, como hoje, a circuitos integrados, sempre mais potentes.
O próximo passo em direção aos chips de máxima velocidade é a criação do dispositivo ótico integrado. É um circuito por onde transitam sinais de luz coordenados por sinais eletrônicos. A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) acaba de desenvolver um arranjo de fotodetectores - o primeiro passo na direção do circuito - feito de silício. Mas o silício tem a desvantagem de produzir calor ao receber uma corrente elétrica. Por isso, a Telebrás, também em Campinas, a exemplo dos grandes laboratórios de pesquisa em fibra ótica do mundo, prefere trabalhar com compostos de nomes exóticos como arsenieto de gálio ou fosfeto de índio, que também transmitem luz.
Com esses materiais, ela já desenvolveu uma tecnologia própria de lasers semicondutores e fotodetectores para a indústria nacional de telecomunicações que têm o tamanho de um grão de sal. Num futuro computador optoeletrônico, o trabalho de construir a lógica binária do sim-não, que consiste no atributo da máquina em deixar ou não passar corrente, ainda seria feito por elétrons que interagem, ao passo que os guias óticos fariam o transporte das informações transmitidas pelo laser semicondutor. A maioria dos cientistas, como o físico Bordeaux Rego, da Telebrás, pensa que esse é o melhor caminho: os elétrons fariam o que bem sabem - ligar ou desligar - e os fótons entrariam com sua capacidade de transportar informação com maior rapidez. Mas o americano de origem chinesa Alan Huang, da AT & T Bell, sonha com a possibilidade de construir um computador totalmente ótico.
Só que a mesma propriedade que faz a luz parecer perfeita comporta-se como o feitiço que vira contra o feiticeiro na hora de construir a linguagem lógica. Ou seja, como os fótons não interagem, não podem se colocar em movimento ou parar uns aos outros, como fazem os elétrons, impedindo assim o liga-desliga dos chips eletrônicos. A Física diz que é possível criar um meio próprio onde os fótons interajam, mas nesse caso eles se misturariam tanto que seria difícil controlá-los. Para Alan Huang, isso não é empecilho. Ele está tão empenhado em seu projeto que chegou a passar dias a fio trancado no laboratório, equipado com forno de microondas, geladeira com freezer bem estocado e sacos de dormir para ele e seus doze colaboradores.
O computador idealizado por Huang - que por enquanto ainda é uma engenhoca de pouco uso prático - não teria fios, mas pulsos de laser que transportariam dados passando através de minúsculos interruptores óticos. O xis do problema é construir um interruptor que reaja à luz do laser e possa criar uma linguagem lógica a partir do claro-escuro. A equipe de Huang chegou a um interruptor feito de arsenieto de gálio, que responde a correntes elétricas tornando-se ou transparente, ou opaco. Mas não conseguiu fazê-lo manter a mesma propriedade quando estimulado por sinais de laser.
No mesmo laboratório, dois outros cientistas, David Miller e Jill Henry, vêm desenvolvendo há três anos o SEED ( Self Eletro-optic Effect Device ), um chip eletrônico que funciona quando estimulado também por fótons. Até hoje, porém, nenhum protótipo desse tipo que efetivamente funcione em larga escala foi construído ou testado. Os cientistas da Bell acham que vai levar anos até que um chip ótico tenha a mesma confiabilidade e eficiência dos chips eletrônicos. Enquanto a luz total não vem, a optoeletrônica vai mandar nesse jogo, casando as melhores qualidades da ótica e da eletrônica, como já está acontecendo nas telecomunicações e na indústria eletrônica de consumo.

Petisco para peixes

O primeiro cabo transoceânico de fibras foi instalado em dezembro do ano passado, ligando Tuckerton, na costa leste dos Estados Unidos, a Widemouth, no sul da Inglaterra, e a Penmarch, no noroeste da França. Com 6 700 quilômetros de extensão, o cabo, chamado TAT-8, transmite simultaneamente 40 mil conversas telefônicas, quase cinco vezes mais do que seu antecessor de cobre. Mas a construção e a instalação, que duraram sete anos, foram menos problemáticas do que manter o cabo a salvo dos tubarões, que adoram morder cabos de fibras óticas.
O problema já havia sido detectado em 1985, quando cabos de fibra ótica entre as ilhas Canárias e Tenerife, no Atlântico, pararam de funcionar trinta dias depois de instalados, vítimas de mordidas dos tubarões. Os cabos anteriores, feitos de cobre e cobertos de metal, tinham o diâmetro de alguns metros e por isso não serviam de petisco. Já os de fibra ótica têm apenas 30 centímetros de diâmetro e podem ser estraçalhados. Por isso, antes de instalados no fundo do mar, são revestidos de aço coberto de polietileno. Quando o material foi testado, os cientistas encomendaram um mecanismo que imita a ação de uma arcada dentária, parecido com que foi construído para o filme Tubarão, instalaram-no numa piscina e deram-lhe vários cabos para mastigar, até chegar à solução impermeável a quaisquer dentes.

Por dentro do corpo

Além de revolucionar a comunicação e os computadores, as fibras óticas estão permitindo aos médicos ver as doenças com os próprios olhos dentro do corpo humano. Através de pequenas incisões, as fibras são introduzidas nos caminhos naturais do organismo e vasculham pulmões, intestinos, coração e outros órgãos antes inacessíveis. Essa viagem interior, que até há poucos anos só existia em história de ficção científica, é feita pelo fibroscópio, um aparelho que consiste em dois feixes de fibras óticas, um para iluminar o tecido corporal e outro para transmitir a imagem.
A ponta do primeiro feixe á alimentada com uma fonte de luz. A luz percorre as fibras óticas e ilumina o órgão que o médico quer ver. Uma lente capta então a luz refletida e a focaliza no feixe de transmissão, em que cada fibra corresponde a um ponto da imagem. A imagem completa aparece num visor, podendo ser gravada por uma câmera ou mostrada num monitor de TV. Olhando pelo fibroscópio, o médico pode, por exemplo, detectar pólipos nos intestinos, depois removidos por diminutos instrumentos cirúrgicos ou por feixe de laser.
Sensores de fibras óticas também são capazes de fazer análises do sangue do paciente no próprio consultório, tornando o processo mais rápido. Pequenas cirurgias são igualmente possíveis, com a vantagem de dispensar o corte de tecidos saudáveis - o feixe de laser transportado pelas fibras óticas cauteriza veias em hemorragias intestinais e vaporiza placas e coágulos sanguíneos em artérias cardíacas.





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terça-feira, 4 de setembro de 2012

Gutenberg: As Primeiras Impressões


GUTENBERG: AS PRIMEIRAS IMPRESSÕES



Um ourives curioso e intelectual inventa na Idade Média a prensa tipográfica, porta para o moderno mundo da difusão do conhecimento .

O ano do nascimento é incerto. De sua vida pouco se sabe, pois são raros os documentos que contam sua história. Nem poderia mesmo haver um extenso registro escrito sobre um homem que viveu na Idade Média, quando ler e escrever era privilégio de minorias, ainda que ele fosse o responsável por uma invenção que tornou a palavra escrita acessível a todos e assim ditou os caminhos por onde passaria a cultura humana. Afinal, somente depois que Johannes Gutenberg inventou a prensa tipográfica, as informações e o conhecimento começaram a ser divulgados de forma sistemática. Seu invento permaneceu o mesmo praticamente por quatro séculos. Hoje, ainda que ultrapassado tecnologicamente, sobrevive enquanto idéia, sempre onde houver palavras impressas sobre papel.
Johannes Gensfleisch nasceu entre 1395 e 1400 em Mainz, às margens do Reno, no coração da Alemanha. Conhecido por Gutenberg, o sobrenome de sua mãe, era filho de uma família de burgueses, uma classe que despertava na estrutura social da época, prosperando no comércio e nas incipientes indústrias. Na Alemanha daqueles tempos de ocaso medieval, a burguesia já ousava contestar o poder dos nobres - e a contestação se dava por disputas armadas. Mas a infância e a adolescência de Gutenberg transcorreram em tempos de trégua e paz. Por volta de seus 20 anos, porém, novas disputas entre nobres e burgueses o forçaram a deixar a já não tão pacata cidade natal e o jovem culto e bem-educado foi parar em Estrasburgo, cidade na fronteira franco-alemã, que viria a fazer parte da França.
Interessado pelas ciências e pelas artes, Gutenberg gostava também de pedras preciosas e delas fez seu ofício, tornando-se joalheiro e ourives. Em 1437, em plena atividade, em Estrasburgo, foi chamado à Justiça por uma senhorita de nome Ana Isernen Thur. Motivo: Gutenberg lhe havia prometido casamento e a moça resolveu cobrar a promessa. O ourives não fugiu ao compromisso e casou-se com Ana. Empobrecido, Gutenberg se ocupava da feitura de finas jóias, mas não podia fazer o que adorava - ler e estudar. Os livros confeccionados a mão eram caros demais e Gutenberg não tinha condições de pagar por eles.
Naquela época, copiar um livro era um trabalho fenomenal. Levava tanto tempo que só os monges nos conventos podiam passar dias executando essa tarefa - em latim, é claro. Por isso, os assuntos das obras eram quase sempre religiosos. O gênio inventivo, mas carente de recursos, de Gutenberg não se conformava e imaginava um meio de produzir grandes quantidades de livros de forma muito mais rápida, para que qualquer pessoa alfabetizada pudesse ler sobre qualquer assunto. A impressão propriamente dita já existia; ele só teve de usar a cabeça para juntar várias técnicas e criar a imprensa - algo tão simples quanto o ovo em pé, de Colombo.
A história da impressão sobre papel começara na China, no final do século II da era cristã. Os chineses sabiam fabricar papel, tinta e usar placas de mármore com o texto entalhado como matriz. Quatro séculos depois, o mármore foi trocado por um material mais fácil de ser trabalhado, o bloco de madeira. Os mais antigos textos impressos que se conhecem são orações budistas. Foram feitos no Japão entre os anos 764 e 770; o primeiro livro propriamente dito de que se tem notícia apareceu na China em 868. O desenvolvimento da escrita deu novo salto no século XI graças a um alquimista chinês, Pi Cheng, que inventou algo parecido com tipos móveis - letras reutilizáveis, agrupadas para formar textos.
Mas por alguma razão ignorada o invento não prosperou e desapareceu junto com seu inventor. Até essa época, a Europa só conhecia da tipografia o papel. No século VIII, os chineses começaram a distribuí-lo como mercadoria no mundo árabe. A técnica de fabricação foi revelada aos árabes por prisioneiros chineses. Daí até o século XIII as usinas de papel proliferaram de Bagdá, no atual Iraque, à Espanha, então sob domínio mouro. Mas o manual de instruções não veio junto - ou seja, o processo tipográfico permaneceu firmemente guardado em mãos chinesas. Somente no fim do século XIV se desenvolveram por ali a xilografia, impressão com matriz de madeira, e a metalografia, com matriz de metal. Um rudimento de impressão de textos por xilografia apareceu com um holandês de nome Laurens Coster, mas a qualidade final era tão ruim que a inovação virou letra morta.
Tal qual os chineses, a Europa já conhecia no princípio do século XV o papel, a tinta e a matriz. Faltava apenas uma idéia por assim dizer luminosa que juntasse isso tudo num só equipamento. É quando entra em cena Johannes Gutenberg, o ourives culto e curioso. Ao que consta, as primeiras idéias sobre imprensa lhe ocorreram quando observava um anel com o qual os nobres selavam documentos, neles imprimindo o brasão da família. Esse anel tinha o brasão escavado em metal ou pedra preciosa e deixava uma impressão em alto-relevo sobre o lacre quente. Gutenberg achou que o mesmo princípio serviria para imprimir letras, mas logo viu que o método deveria ser posto de cabeça para baixo: em vez de escavada num bloco de madeira, a parte que serviria para imprimir deveria ficar em alto-relevo.
Foi assim que ele imprimiu várias imagens de São Cristóvão e, como bom católico, as levou ao bispo de Estrasburgo. O bispo não podia imaginar como o ourives conseguira tantas imagens iguais, já que seus monges levavam muito tempo para desenhar apenas uma. Gutenberg, fazendo segredo de seu invento, saiu da conversa carregado de encomendas de imagens religiosas, solicitadas por sua excelência reverendíssima. Mas seu alvo continuava sendo imprimir uma página inteira. Para tanto, obteve do bispo um livro emprestado e entalhou uma página na madeira. Obviamente, as palavras saíram ao contrário, um contratempo que naturalmente não acontecia com as imagens dos santos.
Como era apenas uma questão de inverter os termos do problema, esculpiu as letras ao contrário na madeira - e deu certo. Gutenberg logo percebeu, porém, que esculpir página por página um livro em placas de madeira era um trabalho descomunal. Pensou então em cunhar as letras separadamente, primeiro em madeira depois em chumbo fundido. Inventou uma forma que pudesse segurar os tipos juntos para compor uma página. Fabricou ainda tintas e escovas próprias para espalhá-las sobre os tipos. Até aí seu trabalho se equiparava ao dos chineses de séculos atrás. Faltava o pulo-do-gato - tornar o processo mecânico, para imprimir mais rápido e com melhor qualidade do que a mão.
Gutenberg desatou o nó: adaptou uma prensa que servia para produzir vinhos. O mecanismo consistia em um suporte fixo e uma parte superior móvel em forma de parafuso. A fôrma com os tipos unidos era colocada sobre o suporte, recebia uma camada de tinta e por cima a folha de papel. A parte superior era depois movida para baixo, pressionando o papel contra os tipos. Estava inventada a impressão tipográfica, uma tecnologia que sobreviveria com poucas modificações até o século XIX. Mas, então, havia muito que deixara de ser apenas um aparato para produzir cópias com rapidez. O invento de Gutenberg fizera desabar sobre uma Europa em mutação social, econômica e religiosa a idéia da difusão do conhecimento. Foi mais lenha na fogueira da efervescência cultural que acabaria por consumir a Idade Média.
A invenção da imprensa na aurora dessa época também de grandes descobertas foi metade causa, metade efeito do movimento de transformações pelas quais passava o mundo europeu. O continente assistia ao nascimento da burguesia mercantil como ator político, buscando desalojar a aristocracia rural do centro das decisões. No campo das idéias religiosas, eclodia a crise que levaria à Reforma protestante. A disseminação dos protestos de Lutero, na escala que ocorreu, só foi possível graças ao invento daquele outro alemão dado à ourivesaría. A curiosidade intelectual já tinha levado à criação das primeiras universidades, no século XII, e apontava agora na direção de se recuperar o conhecimento humano proveniente de qualquer fonte, como as obras dos antigos gregos e romanos, familiares apenas aos doutores da Igreja.
A sociedade em que vivia Gutenberg passava por um crescimento populacional comparável ao aumento da produtividade na indústria e no comércio. Na Idade Média descobriu-se a pólvora, o relógio mecânico, aperfeiçoou-se a navegação a vela, que levaria os europeus a novos mundos. A Itália florescia em pleno Renascimento, irradiando a Europa com um desejo de enriquecimento cultural e civilização mais dinâmica. Só faltava colocar todas essas idéias no papel.
Foi o que fez Gutenberg. Os livros impressos com sua invenção disseminaram o hábito de ler e escrever e deixaram a cultura ao alcance das novas classes sociais, cujo poderio deitava raízes nas cidades. Como a vida de Johannes Gutenberg passou quase sem registro, a data da invenção da prensa tipográfica é igualmente incerta. Tudo o que se sabe do inventor é o que consta de documentos comerciais ou judiciários. Mas esses poucos papéis permitiram deduzir que, durante suas pesquisas sobre tipografia em Estrasburgo, ele gastou todo o dinheiro antes que chegasse a produzir qualquer coisa que lhe proporcionasse uma renda. Por volta de 1438, formou uma sociedade com três burgueses da cidade, Andreas Dritzehn, Hans Riffe e Andreas Heilmann. Gutenberg já tinha então construído sua prensa, um segredo que guardava a sete chaves. Começou publicando folhetos e livretos religiosos, mas a morte de Dritzehn naquele mesmo ano lhe trouxe problemas com a Justiça.
Os irmãos de Dritzehn processaram Gutenberg porque queriam herdar o direito de entrar na sociedade. Perderam a causa. Foi nos documentos desse processo que apareceram os primeiros registros do invento. A publicação dos livretos religiosos, que Gutenberg vendia como se fossem manuscritos, continuou por algum tempo, até que a bancarrota total o levou de volta à cidade natal de Mainz. Provavelmente já estava ali quando imprimiu o Weltgeritch (Juízo do mundo), um poema alemão anônimo, considerado o mais antigo testemunho da tipografia européia, do qual sobrou apenas uma página. Em 1448, portanto com cerca de 50 anos, Gutenberg conseguiu o patrocínio de um financiador chamado Johann Fust, a quem confiou o segredo da invenção, para imprimir seu primeiro livro. Fust investiu no trabalho de Gutenberg 800 florins, soma considerável na época. Dois anos depois, mais 800 florins saíram do bolso de Fust para a mão de Gutenberg, mas a conta cobrada foi amarga.
Gutenberg trabalhava com auxílio de Peter Schöffer, um artesão de tipos tão bom quanto ele próprio. Em 1455, como o livro não estivesse pronto, Fust cobrou judicialmente a devolução do financiamento. Gutenberg tentou imprimir às pressas as Cartas de indulgência do papa Nicolau V, de venda rápida, mas não escapou à falência. A oficina de impressão caiu nas mãos de Fust e Schöffer, que por volta de 1456 publicaram o primeiro livro impresso: a chamada Bíblia de 42 linhas, obra de 642 páginas, com tiragem de duzentos exemplares. Tinha esse nome porque cada uma das duas colunas em suas páginas tinha 42 linhas. Saiu sem data nem local ou nome dos impressores. Era, oficialmente, a Bíblia de Fust. Mas, fazendo justiça ao seu verdadeiro autor, foi apelidada de "Bíblia de Gutenberg".
Johann Fust e Peter Schöffer, que viria a se tornar seu genro, publicaram um ano depois o primeiro livro com indicação de data, local de edição e impressores, o Saltério latino, uma versão dos salmos do Antigo Testamento. Fust parecia ter a noção de que o invento em seu poder era fantástico - ele fazia seus empregados jurar sobre a Bíblia que não revelariam a ninguém os segredos da impressão e mantinha-os sob algo próximo a um cárcere privado. O pobre e desonrado Gutenberg, por sua vez só escapou da ruína total graças à proteção de um generoso funcionário municipal de Mainz, Konrad Humery que lhe proporcionou os meios de montar outra oficina de impressão.
Não se sabe ao certo se Gutenberg deu continuidade ao seu trabalho. Acredita-se que tenha imprimido ainda o Catholicon, do frade Johannes Balbus, e uma Bíblia de 36 linhas. Mas a autoria da impressão dessas duas obras, principalmente a da Bíblia, é duvidosa, pois são de qualidade inferior à que Gutenberg já alcançara. Em 1462, Gutenberg voltou a Estrasburgo para fugir de novas guerras em Mainz. Três anos depois, ele regressaria à terra natal sob a proteção do arcebispo Adolfo II, que ainda por cima lhe proporcionou uma pensão, garantindo roupas, comida e vinho. Em fevereiro de 1468, com aproximadamente 70 anos,o inventor da prensa tipográfica morreu.
A desavença com Johann Fust quase custara a Gutenberg a paternidade de seu invento. A Bíblia de 42 linhas saiu sem créditos e o Saltério,que usava a mesma técnica, levava apenas o crédito de Fust e Schöffer. A escassa documentação poderia deixar obscuro também esse ponto em sua vida, não fosse o esforço de alguns contemporâneos, como o padre Adam Gelthus, que fez inscrever no túmulo de Gutenberg: "O inventor da arte de imprimir". O próprio neto de Fust e filho de Schöffer, Johannes, eliminou as dúvidas ao escrever na dedicatória de um livro ao imperador Maximiliano, em 1505, ter sido a arte da tipografia inventada em Mainz "pelo engenhoso Johannes Gutenberg".





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terça-feira, 4 de setembro de 2012

As Dimensões do Metro - Pesos e Medidas


AS DIMENSÕES DO METRO - Pesos e Medidas



Uma das mais antigas criações humanas, os pesos e as medidas surgiram para facilitar o comércio primitivo. Depois, ajudaram a conhecer o mundo.

Paris, 25 de junho de 1792. Por ordem da Academia Francesa de Ciências, uma equipe de respeitáveis físicos, astrônomos e agrimensores deu início a uma tarefa nascida do mesmo espírito racionalista que iluminara a Revolução de 1789. Naquela manhã de verão, eles se puseram em campo para medir a distância entre Barcelona, no nordeste da Espanha, e Dunquerque, noroeste da França, correspondente a um arco do meridiano que passava por Paris. O que se pretendia era encontrar uma base objetiva para definir cientificamente uma unidade a partir da qual fosse possível estabelecer um conjunto de medidas aceito por todos. O novo sistema, fundamentado no metro surgiu para pôr fim à colossal confusão de pesos e medidas fixados com mais do que razoável margem de arbítrio e que representavam um estorvo de proporções crescentes para a vida de toda gente na Europa em expansão econômica.
Essa confusão vinha de muito longe e a História do Ocidente registra mais de uma tentativa de pôr ordem na casa das dimensões utilizadas pelo homem para funcionar no mundo. O imperador Carlos Magno, no século VIII, e o rei inglês João Sem Terra, no século XIII, foram duas cabeças coroadas que se preocuparam com o assunto, baixaram decretos e instituíram medidas, cuja imprecisão, vista pelos olhos atuais, chegava a ser cômica. De fato, de tal maneira o homem incorporou à vida diária as unidades (de comprimento, massa, volume, principalmente), como parâmetros constantes e portanto confiáveis, que parece impossível conceber a civilização, e quem sabe a própria existência humana, dissociada do ato de medir e pesar. Quando as primeiras comunidades começaram a dispor de excedentes alimentares, nasceu o comércio primitivo, o sistema de trocas. Este exigia que se fizessem comparações - a forma básica de avaliar grandezas.
Ora, para realizar essas comparações, era necessário naturalmente um ponto de referência estabelecido de comum acordo. O homem primitivo logo deve ter-se dado conta de que dispunha de uma referência capaz de ser aceita sem resmungos por seus semelhantes - o próprio corpo. Assim, a mão e o pé foram adotados como as unidades inaugurais de comprimento. Há 25 séculos, um filósofo grego de nome Protágoras afirmou que "o homem é a medida de todas as coisas", querendo com isso coroar a importância absoluta que conferia aos humanos na ordem universal. A expressão, pelo visto, também ilustraria o antiqüíssimo costume humano de buscar em si mesmo os padrões para cotejar grandezas.
A criação do sistema métrico consistiu precisamente em atirar essa tradição à lata do lixo da História, não porque os cientistas e filósofos franceses dos séculos XVII e XVIII repudiassem o humanismo - muito ao contrário -, mas porque se deram conta de que o humanismo seria melhor servido por um sistema de pesos e medidas que pudesse ser aceito com naturalidade por todos os homens, sem distinção.
Não só as primeiríssimas unidades de comprimento mas também as de peso fundamentaram-se no corpo humano. No caso do peso, supõe-se que o homem comparava o que ele mesmo conseguia carregar com a capacidade de carga de um animal. Como o sistema não primava exatamente pelo conforto, foi descartado no devido tempo em favor de uma referência mais racional - um recipiente. O desdobramento lógico foi a balança, cuja invenção, 5 mil anos antes de Cristo, parece ter antecedido em dois milênios a das unidades de peso, originárias do Egito e da Mesopotâmia (parte do atual Iraque). O mais antigo padrão de medida linear - que originou medidas de área e volume - também foi concebido no Egito, por volta de 3000 a.C. Era o côvado, baseado no comprimento do braço, desde o cotovelo até a ponta do dedo médio. O submúltiplo básico era o dígito, como o nome sugere, da largura de um dedo. O côvado que os egípcios usavam como padrão era um bloco de granito negro de 52,4 centímetros de comprimento, subdividido em 28 dígitos.
Estes, por sua vez, eram divididos em até dezesseis partes - cada uma dedicada a uma divindade. Conforme hieróglifos da época, a padronização do côvado se deve ao faraó Anemenés I, que reinou entre 1991 e 1962 a.C. A precisão das barras de um côvado como unidade de medida pode ser atestada até hoje: após 4 500 anos de sua construção, os lados da pirâmide de Quéops variam apenas 0,05 por cento da largura média de 230 metros. Devido à inundação anual do rio Nilo, os agricultores egípcios desenvolveram métodos e instrumentos específicos para medir suas terras, baseados nas cheias. Eram feitas marcas nas margens dos rios, provavelmente com pedras. Quando as águas recuavam, os limites das propriedades podiam ser prontamente restabelecidos. As medidas agrárias originaram também uma atividade curiosa: a dos esticadores de corda. Esses agrimensores primitivos mediam as plantações com cordas graduadas com nós, cada nó valendo 2 côvados. A Babilônia, que ficava no sul do atual Iraque, e cuja civilização alcançou o apogeu entre os séculos VI e VII a.C., também gerou um rol de medidas. A mais antiga unidade babilônica era a mina, padrão de peso, que variava entre 500 e 600 gramas.
Um milênio havia transcorrido quando Carlos Magno, além de unificar as terras cristãs da Europa Ocidental, tentou uniformizar as medidas. Instituiu, entre outras coisas, a libra esterlina (350 gramas) para distingui-la dos padrões não-oficiais. A palavra esterlina vem do inglês medieval steorra, estrela. Por isso, a libra padrão de Carlos Magno trazia a gravura de uma estrela em alto-relevo. Não consta, porém, que tais padrões gozassem de popularidade comparável a uma medida da Antiguidade, campeã absoluta a seu tempo - por motivos óbvios. Era o velho pé, pous em grego. O matemático Pitágoras, que viveu no século VI a.C., observou que os estádios de várias cidades da Grécia eram todos divididos em 600 pés. Dai surgiu outra medida - o estádio, equivalente a 600 pés, como se os brasileiros adotassem o Maracanã, igual a 110 metros. Os romanos, que conquistaram a Grécia em 146 a.C., dividiram o pé grego em 12 onças (unciae) ou polegadas (polex), usando a mesma subdivisão para o peso - cuja unidade era a libra (cerca de 325 gramas).
Depois dos ensaios unificadores de Carlos Magno com sua libra estelar, quatro séculos se passaram até que um monarca europeu fizesse algo para disciplinar a balbúrdia das dimensões utilizadas pelos mortais comuns. O rei inglês João Sem Terra, o mesmo que em 1215 assinou a Magna Carta - a primeira declaração de direitos e deveres surgida na Europa -, anos mais tarde baixou um decreto chamado Padrão de Pesos e Medidas. O decreto foi tão bem aceito que vigorou quase seiscentos anos; seu problema era a imprecisão das medidas. A jarda real, por exemplo, unidade de comprimento, media três pés, "nem mais nem menos", como dizia o decreto. Interpretar a lei devia ser uma dor de cabeça, pois, é óbvio, os pés variam de pessoa para pessoa. Naqueles tempos, o pé real era, evidentemente, o pé do rei. Assim, a cada novo soberano, mudava o pé padrão e, conseqüentemente, todas as outras unidades derivadas.
No século XVII, cientistas europeus tentaram desenvolver um sistema racional e uniforme de pesos e medidas, para acabar com a desordem medieval - que atrapalhava, entre outras coisas, a incipiente comunicação científica. Em 1670, Gabriel Mouton (1618-1694), matemático e vigário da paróquia de São Paulo,em Lyon, na França, propôs um sistema baseado num padrão universal e invariável: a própria Terra. Era a primeira vez que alguém deixava de lado o homem no mundo das medições. A idéia era simples: medir a distância do equador ao pólo norte, através do meridiano que passa por Paris; um décimo de milionésimo daquela distância seria o metro (do grego metron, medida), com múltiplos e submúltiplos decimais. Esses múltiplos seriam criados a partir dos prefixos numéricos gregos, como kilo, mil, e centi, cem.
A proposta de Mouton, embora revolucionária, serviu apenas para mais de um século de discussões acadêmicas, porque o absolutismo político reinante na Europa não acolhia de bom grado novas idéias. Somente a Revolução Francesa de 1789 possibilitaria o ambiente político propício para um modelo que rompesse com os padrões da Idade Média. Em 1790, o influente pensador Charles-Maurice de Talleyrand (1754-1838) recomendou que a Academia Francesa de Ciências reformulasse os padrões de medida vigentes no país.
Para tanto, a Academia criou um comitê com as melhores cabeças da época, entre as quais o pai da Química moderna, Antoine-Laurent Lavoisier (SI nº 8, ano 3). Ele foi incumbido de calcular o peso de um volume conhecido de água, para determinar a unidade de massa. Em 1792, a Academia ressuscitou as idéias de Gabriel Mouton e mandou medir o meridiano de Paris. Nesse mesmo ano, uma equipe de físicos, astrônomos e geodesistas iniciou os trabalhos. Eles mediram a distância entre Barcelona e Dunquerque. Isso porque, para medir o segmento de meridiano era preciso escolher um arco, ou seja, um pedaço do quadrante. O arco entre Dunquerque e Barcelona ocupa 9,5 graus do quadrante. Como um quarto de circunferência tem 90 graus, calcula-se por extrapolação astronômica o comprimento total. Os pontos extremos desse arco básico não foram escolhidos ao acaso: Dunquerque e Barcelona ficam ao nível do mar, o que facilitou a medição.
Além disso, como a Terra não é perfeitamente esférica, os meridianos têm forma de elipse. A maior curvatura encontra-se no equador; a menor, nos pólos. Por essa razão, os graus da subdivisão dos meridianos aumentam do equador para os pólos. Escolhendo-se uma parte da Europa, entre a França e a Espanha, próxima ao paralelo 45 - que indica a distância ao equador -, fica-se num meio termo. Dessa forma, tornava-se mais fácil calcular o valor médio de um dos noventa graus que dividem o quadrante todo. Com esse método, os cientistas chegaram a 5 130 740 toesas, unidade dos tempos de Carlos Magno, ou aproximadamente 10 mil quilômetros - com uma margem de erro de 0,023 por cento, segundo medições recentes. Dividindo esse valor por 10 milhões, como sugerira o bom vigário Mouton, chegou-se ao metro, um padrão constante como o tamanho do planeta que lhe deu origem.
Em junho de 1799, finalmente, o metro padrão, uma barra de platina, foi apresentado à Assembléia Nacional, que oficializou o chamado sistema métrico na França. Os outros padrões foram calculados a partir do metro. O grama, unidade básica de massa, era igual à massa de 1 decímetro cúbico de água pura, à temperatura de sua maior densidade (4º C). Depois, um cilindro de platina, conhecido como Quilograma dos Arquivos, foi declarado padrão para 1000 gramas. O litro foi definido como o volume equivalente ao de um cubo com 10 centímetros de lado - um decímetro cúbico. Também foi definida a unidade de área, o are, igual a um quadrado com 10 metros de comprimento.
O sistema métrico acabou conquistando toda a Europa, não só por ser mais prático e lógico mas na esteira das vitórias militares de Napoleão Bonaparte. Napoleão ainda permitiu o uso do sistema antigo na França. Mas as vantagens do sistema métrico prevaleceram e, em 1840, ele foi declarado o único sistema legal do país - o que de novo ajudou a espalhar o metro pelo mundo. Trinta e cinco anos depois, tornou-se oficial também no Brasil. Os países anglo-saxões resistiram muito mais à inovação gaulesa. A Inglaterra só em 1963 decidiu abandonar legalmente o sistema antigo de polegadas, libras e galões - mas ainda hoje a libra-moeda, decimalizada, compra não 1 quilo de carne, mas 2,2 libras-peso.
A unificação da Europa, prevista para 1992, deverá apressar o fim dessa dualidade. Em conseqüência, até os renitentes americanos terão de aceitara hegemonia do metro, em última análise, para não perder dinheiro. O engenheiro José Carlos de Castro Waeny, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo, vai mais longe:"Todo progresso científico e tecnológico está amarrado ao progresso dos sistemas de medidas".

Metro, quilo e segundo, hoje

Os padrões de medidas criados no século XVIII não tinham a precisão exigida pela ciência atual. Por isso, uma convenção formulou, em 1960, o novo Sistema Internacional de Medidas, conhecido como SI. (Mais tarde, em 1983, a 17ª Conferência Geral de Pesos e Medidas alterou a definição do metro padrão internacional.) Suas unidades básicas são:

Comprimento: metro. Definido como o comprimento do trajeto percorrido pela luz, no vácuo, durante um intervalo de tempo de 1/299 792 458 de segundo.

Massa: quilograma. O padrão é um cilindro de platina iridiada, depositado no Escritório Internacional de Pesos e Medidas, em Sèvres, na França.

Tempo: segundo. A duração de 9 192 631 770 ciclos de uma determinada radiação de transição (mudança de nível energético) do átomo de césio.


No Brasil varas, onças e jeiras.

O Brasil, no tempo da colônia e mesmo no Império, tinha um sistema de medidas muito confuso e diversificado. O comprimento, por exemplo, era medido em palmos, côvados, varas, braças e léguas; o peso (ou a massa) em libras, onças e quintais; a área, em jeiras e alqueires. Em 1862, dom Pedro II determinou a adoção do sistema métrico decimal. Em 1875, o Brasil foi um dos vinte países que assinaram, em Paris, o Tratado do Metro, ratificando o uso oficial do novo sistema. Apesar do pioneirismo, o sistema métrico não é absoluto no país até hoje.
Tintas e solventes industriais, por exemplo, são geralmente vendidos não em litros, mas em latas de 1 galão (4,54 litros, padrão inglês, ou 3,78 litros, padrão americano); barras de ferro e tubulações para a construção civil são comercializados não em centímetros, mas em polegadas (2,54 cm); e, como todos sabem, os calibradores de pneus dos postos de gasolina expressam a pressão em libras-força por polegada quadrada - normalmente conhecida apenas por libras, quando a unidade oficial de pressão é o pascal. Se ela fosse usada, em vez de pedir ao frentista que deixasse os pneus com 26 libras, o motorista falaria em 169 quilopascals (kPa).
Sérgio Ballerini, diretor do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), nota que "o problema está na estrutura educacional brasileira, pois até mesmo nas faculdades se ensina a medir em polegadas". Embora o Inmetro possa aplicar pesadas multas aos que não usam o sistema métrico, Ballerini prefere, pessoalmente, investir na conscientização. Assim,diante de recentes anúncios de refrigerantes; que apregoavam as vantagens de seus "litrões" e "superlitros", o Inmetro limitou-se a mandar cartas de advertência aos fabricantes.





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terça-feira, 4 de setembro de 2012

Um Modelo de Segurança - Automóveis



UM MODELO DE SEGURANÇA - Automóveis



A indústria provoca horrorosas colisões para testar novas técnicas e equipamentos capazes de proteger melhor os passageiros.

Quem compra um carro não espera apenas que seja veloz e econômico, mas principalmente seguro. Nos últimos 25 anos, a industria automobilística de países como os Estados Unidos, a Alemanha e o Japão, vem desenvolvendo uma tecnologia voltada para dotar o veículo - ou, mais precisamente, quem o dirige - de maior proteção contra acidentes. Para isso, automóveis são testados em laboratórios, antes de enfrentar as ruas. Os acidentes controlados procuram reproduzir as condições em que um carro se encontraria no momento de um acidente real - e os possíveis efeitos sobre a lataria e os ocupantes. Estatisticamente, 80 por cento dos acidentes acontecem a menos de 50 quilômetros por hora. E desses apenas cinco em cem fazem vítimas. Mesmo assim, haja acidentes: os 50 mil mortos e os 270 mil feridos no trânsito em todo o Brasil no ano passado formam uma soma assustadora. A segurança depende sobretudo do motorista: a grande maioria dos acidentes continua sendo atribuída a falhas humanas. Quando se fala em segurança, os especialistas fazem uma distinção. Ela pode ser ativa ou passiva. A ativa engloba o chamado leito carroçável, que vai desde uma trilha no mato até uma rodovia com quatro pistas de rolamento; significa também a potência do motor para realizar ultrapassagens rápidas. Já a segurança passiva é aquela que o carro oferece em caso de acidente: uma cabine de lata que proteja os.passageiros como uma armadura.
Se o problema é proteger os passageiros, por que não fazer então um carro forte como um tanque de guerra? Um blindado certamente ficaria imune a qualquer batida, mas não livraria o motorista dos efeitos do choque. A melhor solução, verificou-se, é uma carroceria que assimile a energia liberada subitamente numa colisão, encolhendo-se como uma sanfona e afastando o perigo da cabine dos passageiros. "Hoje em dia se reclama que a lataria dos carros é muito fina, em comparação com a dos carros mais antigos", observa o engenheiro Torquato Carvalho, da GM do Brasil. "Mas quem reclama disso não percebe que as latarias antigas protegiam somente o carro, não os passageiros."
De fato, um robusto Aero-Willys, por exemplo, que marcou época no país nos anos 60, sairia ileso, praticamente, de uma colisão com qualquer carro atual. Mas transferiria o choque ao motorista, devido à inércia - ou seja, como se o próprio motorista tivesse trombado com outro veículo. A desaceleração abrupta na hora do choque pode causar danos fatais aos órgãos internos do corpo humano. Por isso, é necessário que se considere o carro uma gaiola de segurança. O impacto de uma colisão é difícil de conceber. Um corretor de seguros certa vez participou de um teste controlado, descrente dos efeitos de batidas a baixa velocidade. O resultado foi uma semana com o corpo dolorido: ele se chocara a 8 quilômetros por hora com um bloco de concreto.
Mesmo nos testes simulados, tudo se passa tão depressa que só é possível acompanhar um acidente por meio de várias câmeras de alta velocidade, que congelam a seqüência dos movimentos. Além disso, bonecos recheados de sensores eletrônicos são colocados no lugar dos passageiros para que se estudem os efeitos da aceleração e desaceleração repentinas. Sensores também são dispostos na carroceria para medir as forças que seriam transmitidas aos passageiros numa colisão de verdade. Os motoristas que não usam o cinto de segurança não sabem a que tipo de força estão sujeitos. Numa batida a 30 quilômetros por hora, por exemplo, sem o cinto, os braços e pernas do motorista descuidado teriam de suportar o impacto de nada menos de 1,5 tonelada.
Já a 50 quilômetros por hora, o esforço seria de 2 toneladas - o que até hoje nenhum halterofilista sequer sonhou levantar. Bater a essa velocidade moderada é o mesmo que cair do quinto andar de um edifício. Para frear, nessas condições, são necessários cerca de 10 metros. Num choque frontal, entretanto, esse espaço é reduzido a 50 ou 60 centímetros. Os carros modernos são construídos de forma que se calcule previamente como o veículo se amassaria em diferentes velocidades para, com esses dados, afastar a zona de impacto da cabine dos passageiros com a chamada estrutura diferenciada. Dependendo da marca, as estruturas atuais suportam choques entre 4 e 6 quilômetros por hora sem maiores danos.
Até 16 quilômetros por hora, um dispositivo conhecido como caixa de choque é eficiente para proteger a lataria. Trata-se de duas peças metálicas, descartáveis, colocadas logo atrás do pára-choque. Numa batida leve, suportam o choque, retorcendo-se fortemente, e deixam a carroceria intacta. Mas os acidentes não acontecem apenas a velocidades ciclísticas. Acima de 16 quilômetros por hora, começam a comprometer a estrutura do carro. Somente então começa o efeito de amassamento na tampa do motor, nos pára-lamas e nas rodas. Numa colisão, todas as partes sustentadoras da lataria são pressionadas e toda a parte anterior encolhe como mola para neutralizar a violência do choque - e deixar os passageiros fora de perigo. No Brasil, o teste de colisão frontal (a 50 quilômetros por hora, contra uma parede) é exigido legalmente das montadoras pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran).
Na prática, começa-se a proteger os passageiros a partir de uma estrutura projetada de acordo com os testes de colisão, capaz de absorver choques sem machucar ninguém. A lataria é então reforçada com perfis de aço, desenhados para assimilar o máximo de energia. Internamente, são usados apenas materiais macios - e deformáveis durante um acidente. Assim, a barra da direção tem de ser retrátil, isto é, encolher com o impacto, mesmo quando a direção não é regulável. Além disso, o volante tem de quebrar sem formar lascas, para não ferir quem estiver dirigindo. Os vidros também têm a função de reter os ocupantes porque, qualquer que seja o acidente, é mais seguro ficar dentro do carro. Por outro lado, o vidro não pode ser muito resistente, para não causar grandes traumatismos em caso de batida com a cabeça.
Outro importante item básico de segurança são as portas, que não devem se abrir durante um choque ou capotamento. As travas mais recentes permitem que a porta seja aberta mesmo com a. maçaneta amassada. A forma de amassamento irá depender, além da velocidade, da maneira como a zona de impacto for projetada. Dependerá também da qualidade da lataria. Por isso, o carro mais duro poderá, visto de fora, apresentar menos danos, mas, em troca, os passageiros sofrerão mais. De qualquer forma, o fato de o carro ser mais ou menos resistente não faz diferença, pois convencionou-se que, acima de 50 quilômetros por hora, a destruição é total.
As estatísticas de acidentes mostram que 60 por cento das colisões com vítimas graves são choques frontais. Destes, dois em cada três são choques parcialmente laterais. Pois o motorista, no último instante, procura instintivamente desviar-se da batida, torcendo a direção para o lado. Por essa razão, na construção de automóveis já se raciocina com acidentes frontais lateralmente deslocados. Nesse tipo de acidente, o choque não se distribui igualmente pela superfície frontal, o que faz os carros se encaixarem como peças de um quebra-cabeça. Para melhor distribuir a pancada, os suportes do motor são construídos de forma a resistir a uma carga maior e assim manter o amassamento uniforme. Se o choque for muito violento, os suportes devem se romper, soltando o motor, para não penetrar na cabine.
A grande dor de cabeça dos fabricantes, o ponto fraco das colisões, é o choque lateral. Ali, nas portas, a zona de amassamento é extremamente curta: apenas de 25 a 40 centímetros entre a lataria da porta e o ombro do motorista, dependendo da marca do carro. O que é realmente muito pouco espaço para postes, árvores ou pára-choques alheios. Por isso, as laterais têm uma estrutura mais rígida que a frente e a traseira. A fim de minimizar os choques laterais, as carrocerias desviam as forças do choque para as colunas do carro, pelas fechaduras e dobradiças.As soleiras também assimilam parte da energia do impacto, conduzindo-a ao assoalho do carro. Para alguns construtores, já se chegou ao máximo de proteção lateral. Os aprimoramentos possíveis relacionam-se com os pontos de fixação do cinto de segurança. Mas somente afivelar o cinto não resolve - principalmente se ele estiver muito frouxo.
Os carros mais luxuosos incorporam um enrolador automático que estica o cinto em centésimos de segundo, durante uma freada mais violenta. Em alguns modelos americanos, há um dispositivo de segurança adicional: o airbag. Trata-se do conhecido saco de ar que infla instantaneamente após qualquer colisão, amortecendo o corpo do passageiro. Os airbags ainda não tiveram sua eficácia totalmente comprovada, razão pela qual não são obrigatórios em nenhum país. Como as almofadas de ar só se liberam nos acidentes em que os passageiros são lançados para a frente, já se cogita colocar airbags nas colunas das portas. Mas isso não é tarefa fácil: num choque frontal ainda se dispõe de um intervalo de pelo menos 50 milésimos de segundo, nos quais os passageiros se movimentam para a frente. Lateralmente, esse tempo se reduz a bem menos da metade. E o que é pior: a própria lateral danificada atrapalha o acionamento do airbag. Por esse motivo, muitas experiências ainda serão necessárias antes que as almofadas de ar possam proteger a região das têmporas do motorista - se é que isso é realmente possível.
A última novidade em segurança automotiva é a chamada cadeira multifuncional, desenvolvida por um fabricante alemão. Esse banco tem, entre outras maravilhas, motores para alterar as posições do encosto, do assento e do apoio de cabeça. A tudo isso soma-se um apoio lateral, um cinto de segurança de três pontos, apoiados no próprio banco: sob grande impacto, ele se movimenta para frente, diminuindo a pressão do cinto sobre o corpo, que assim é freado elástica e gradativamente.
Nenhum desses sistemas de proteção adiantará, se quem estiver ao volante não observar algumas regras básicas de segurança. Afinal, o automóvel é projetado apenas para levar passageiros e não - como muitos motoristas parecem acreditar - funcionar como um aríete sobre rodas. Roberto Salvador Scaringella, presidente do Contran, acha que a solução está na educação para o trânsito: "Não adianta projetar carros seguros se o próprio motorista não tiver segurança ao dirigir".





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terça-feira, 4 de setembro de 2012

Bicho do Homem - Bicho da Seda



BICHO DO HOMEM - Bicho da Seda



Domesticado há milhares de anos, submetido a incontáveis cruzamentos, o bicho-da-seda não mais existe em estado natural: é um morto-vivo, incapaz até mesmo de reproduzir-se em liberdade.

O cultivo do bicho-da-seda e da abelha existe há milênios. Esses dois tipos de inseto quase nada têm em comum além de terem sido intensamente multiplicados pelo homem. Seus modos de vida também são tão divergentes que o longo processo de domesticação a que foram submetidos praticamente não afetou as abelhas; mas, por outro lado, transformou os bichos-da-seda em verdadeiros monstrengos, tornando-os incapazes de sobreviver em liberdade. O drástico processo degenerativo que os atinge começou quando os primitivos habitantes da Ásia Central descobriram que os fios produzidos pelas lagartas de uma espécie de mariposa eram excelentes para a confecção de cordões e tecidos.
A partir de então - e durante 4 mil anos - as lagartas tecedoras ou bichos-da-seda passaram a ser incessantemente recolhidas da natureza e introduzidas em recintos destinados à proliferação, locais onde encontravam com fartura a sua única fonte de alimento: folhas de amoreira. Naqueles ambientes artificiais, completavam todo o seu ciclo vital (em que o cobiçado casulo de seda representa apenas a fase intermediária entre a lagarta e o inseto adulto). Em todas as borboletas e mariposas a reprodução se dá por meio do acasalamento na fase adulta, pois na fase de larva (como lagartas ou taturanas) elas são desprovidas de órgãos sexuais.
Os bichos-da-seda não escapam à regra. Suas lagartas, segundo desenhos chineses elaborados há mais de 3 mil anos, transformavam-se em mariposas de grandes asas esbranquiçadas e esvoaçavam em torno das lanternas à noite. Elas foram catalogadas cientificamente como Bombix mori. No entanto, aquela antiga descrição chinesa ficou bastante distanciada do que realmente são hoje os bichos-da-seda em sua forma adulta. Atualmente, não existem em estado nativo e se desconhece a época em que desapareceram das florestas da China. E possível que isso tenha ocorrido há mais de 2 mil anos.
Pouco a pouco, introduzidas em grandes quantidades nos viveiros de criação, as lagartas do bicho-da-seda passaram a ficar protegidas de seus inimigos naturais. O mesmo aconteceu com as mariposas que, a partir de então, não precisaram mais escapar dos ataques de pássaros ou morcegos. Isso deve ter sido o bastante para que os genes responsáveis pelo exercício das funções fundamentais de autodefesa do animal deixassem de desempenhar papel decisivo na sua sobrevivência.
Ao mesmo tempo, foram criadas pelos sericicultores novas raças de lagartas que atendessem exclusivamente aos interesses da produção da seda. Isso era conseguido mediante cruzamentos artificiais que selecionavam os indivíduos com tendência a fornecer apenas maior quantidade e melhor qualidade em seus fios. Quando a indústria da seda atingiu finalmente seus objetivos, apurando as raças que lhe assegurariam um notável rendimento, os bichos-da-seda já haviam sido transformados em animais degenerados. Todas as atuais mariposas descendentes das antigas Bombix mori, que agora só podem ser encontradas em poder dos sericicultores, dos quais, fiéis operárias, são desajeitados insetos com pesados abdomes e asas atrofiadas, incapacitados para o vôo e, portanto, sem condição alguma de se reproduzirem novamente em liberdade, pois, entre as mariposas, tanto as manobras de acasalamento como de postura dos ovos são tipicamente aéreas. Assim, o bicho-da-seda foi transformado num verdadeiro morto-vivo na listagem atual das espécies; extinto em sua terra de origem, mas mundialmente preservado em cativeiro.
A melhor hipótese até agora formulada para explicar o desaparecimento do bicho-da-seda em estado selvagem é a que admite que tenha acontecido um tipo de "contaminação genética" das populações selvagens por parte das domesticadas. Era difícil conceber que os chineses houvessem erradicado por completo aquele inseto, principalmente nas regiões montanhosas onde era tão comum. Teria sido impossível, por exemplo, capturar toda uma população de Bombix mori sediada ao longo dos vales escarpados onde floresciam as amoreiras silvestres, o alimento natural das lagartas.
Depois de vários séculos de cultivo, as populações domesticadas já haviam sofrido incontáveis cruzamentos induzidos pelos criadores. Mas, assim mesmo, para os indivíduos que conseguissem escapar, deveriam surgir chances de acasalamento com seus parentes selvagens. Nesses encontros, os genes responsáveis pela degeneração da espécie passavam para as populações selvagens. O resultado óbvio de tais contaminações se revelaria, mais cedo ou mais tarde, como uma total inaptidão às rigorosas condições da luta pela sobrevivência. Assim, pouco a pouco, os bichos-da-seda passaram a percorrer o desastroso caminho da extinção.
Se, por um lado, o verdadeiro bicho-da-seda foi banido da natureza pela mão do homem, por outro acabaram por ser encontradas, em várias partes do mundo, muitas outras espécies de lagartas tecedoras, em estado selvagem, que ainda não foram devidamente aproveitadas para a obtenção da seda em escala industrial. Já estão relacionadas quarenta espécies produtoras de seda em todo o mundo; quatro delas vivem em território brasileiro. O principal motivo pelo qual ainda não foram utilizadas pelos sericicultores é o pouco investimento que habitualmente se faz em pesquisa. Provavelmente, seria necessário que durante alguns anos essas espécies recebessem especial atenção, algo que foi concedido ao bicho-da-seda durante séculos, para que surgissem novas e promissoras indústrias de seda.
Hoje, as seleções artificiais responsáveis pelo aprimoramento genético de animais e plantas são concluídas com muito maior rapidez do que há 4 milênios, quando os chineses se preocuparam em caprichar nas qualidades de seu bicho-da-seda. Um relacionamento biológico coloca, por exemplo, o gênero de mariposas conhecido como Antheraea quase no nível de grande produtora de seda das tradicionais Bombix. Pelo menos na Índia, esse tipo de mariposa já é responsável por uma notável indústria de seda montada sobre o que ali se denomina mariposa do tussah.
Os fios tecidos por suas lagartas são considerados de qualidade inferior aos produzidos pelas Bombix, não só pela coloração mais parda como também pela menor resistência. Mas isso não impediu que a Índia chegasse a faturar 10 milhões de dólares anuais nesta década só com a participação de indústrias tipicamente artesanais, que trabalham com os conhecimentos adquiridos ao longo de várias gerações em sociedades tribais. Atualmente, mais de 100 mil famílias se ocupam da fabricação do tussah, que serve para a confecção de um tecido muito difundido com o nome de shantung. Aproximadamente 1 milhão de famílias encontra emprego na indústria do shantung.
A distribuição geográfica das mariposas do gênero Antheraea se estende por todo o sudeste da Ásia e noroeste da Austrália, saltando depois para a América, desde o sul do Canadá até a Colômbia e uma pequena parte da Amazônia brasileira. As florestas que abrigam as populações da Antheraea estão sendo dizimadas para abrir espaço a pastagens e fornecer madeira de lenha, duas atividades menos lucrativas que a da produção de seda bem orientada numa mesma área. Aqui no Brasil apenas uma das quatro espécies de bicho-da-seda foi experimentada em cultivo.
A primeira notícia que se conhece da existência de seda brasileira data de 1810 e se refere a "uma boa seda produzida por um bicho indígena", provavelmente a Rothschildia aurota, vulgarmente conhecida por borboleta-espelho devido às quatro placas transparentes que possui nas asas. A resistência dos fios da aurota é superior à de muitas espécies da Antheraea, mas a tecelã brasileira perde para as demais porque enrola de maneira muito irregular a seda em torno do casulo e com isso impossibilita um perfeito desfiamento. Ainda assim, existem estudos para o aprimoramento de raças mais viáveis de bichos-da-seda brasileiros. Uma das grandes vantagens desse cultivo seria a sua integração com as plantações de mandioca, mamona, cajueiro, pessegueiro ou laranjeira, pois as lagartas se alimentam de todas essas plantas.

A seda verde da China.

A história da seda e dos bichos que a produzem está repleta de surpresas. A última delas aconteceu há pouco mais de uma década num território situado no noroeste da China, a Manchúria. Ali, junto às margens de um lago, foi encontrada uma nova espécie de bicho-da-seda que apresenta a notável característica de tecer seu casulo com fios de coloração esverdeada. O fio verde, que a princípio pareceu representar uma desvantagem frente ao exigente mercado da seda, acabou se revelando uma grande qualidade daquelas lagartas chinesas. Além de sua resistência superior à do fio tradicional, a seda verde conquistou de saída um lugar de destaque por enriquecer a indústria com novas possibilidades de combinações de fios em tecidos decorados.
Considerando a milenar história do cultivo da seda, a descoberta da nova espécie de lagarta tecedora ainda pode ser considerada recente. E, possivelmente, o comércio da seda verde ainda não atingiu a expressão que poderá conquistar no futuro. Na América do Sul, dentro de uma extensa região que compreende o noroeste da Amazônia, vivem algumas espécies de bichos-da-seda em estado selvagem. Talvez em breve tenhamos a surpresa de vê-los incluídos entre os mais cobiçados produtores de fios de seda do planeta.





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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

O Fascínio dos Cometas - Astronomia


O FASCÍNIO DOS COMETAS - Astronomia



Sempre foram um espetáculo para os observadores. Mas os cientistas também querem arrancar deles a verdade sobre a origem do sistema solar.

No Laboratório Nacional de Astrofísica, no Pico do Dias, município mineiro de Brasópolis, houve noites em que os astrônomos desviaram o foco dos telescópios das regiões mais longínquas do Universo e solenemente desprezaram a possibilidade de enxergar novas galáxias, estrelas ou até mesmo corpos estranhos como os quasares. Em vez disso, como tantos outros colegas e observadores amadores do mundo todo, eles se aglomeraram feito crianças no observatório, a 1860 metros de altura, e, sem se importar com o ar gelado da montanha, ficaram pacientemente esmiuçando o céu à procura de um risco luminoso.
"Foi emocionante", recorda o fotógrafo Rodrigo Campos, do Observatório Nacional. De setembro de 1985 a julho de 1986, sob orientação do professor Oscar Matsuura, da Universidade de São Paulo, Rodrigo tirou 280 placas fotográficas daquele risco - o caprichoso cometa Halley. Para ele, como para os demais observadores do cometa, a aparição do Halley foi um evento único, pelo qual valia a pena esquecer temporariamente todas as outras pesquisas. "Não tanto pelo visual, porque o Halley não foi tão espetacular assim. Mas pelo fascínio que cerca o seu aparecimento", explica Rodrigo. Ex-fotógrafo de publicidade que há dez anos se dedica a registrar o desfile de astros no céu, ele já viu e fotografou os cometas menos populares mas não menos importantes que o Halley, como o Giacobini-Zinner, Wilson e IRAS-Araki-Alcock.
Essa predileção pelos cometas, como ele mesmo define, não tem nada a ver com a forma majestosa desses astros - uma fita de luz de quilômetros de comprimento, às vezes mais brilhante do que qualquer estrela. Por isso, os antigos poeticamente associavam os cometas a mulheres de longas cabeleiras penteadas pelo vento para trás. E daí a origem do nome, derivado da palavra grega que significa cabelo. Mas os modernos astrônomos não estão preocupados com poesia. Para eles, os cometas são dignos de estudo como relíquias do passado, fósseis siderais de 4,6 bilhões de anos, remanescentes dos primeiros tempos de formação do sistema solar. Armazenados na chamada Nuvem de Oort, além de Plutão, estão protegidos pela distância dos efeitos da radiação e do impacto dos meteoritos. Além disso, não manifestam naquelas lonjuras atividade vulcânica nem outros fenômenos que afetaram satélites e planetas.
De vez em quando, por algum motivo ainda mal compreendido - que pode ser a passagem de uma estrela ou mesmo o efeito das marés da Via Láctea (como entre a Lua e a Terra)-, rompe-se o equilíbrio gravitacional que mantém os cometas quietos e a distância, e alguns deles desabam para as vizinhanças do Sol. Isso não é muito raro. "Acho que observamos uma média de dez visitas por ano", calcula o astrônomo e matemático Masayoshi Tsuchida, da Universidade de São Paulo. "Em setembro, por exemplo, estamos recebendo o cometa Brorsen-Metcalf. Será a terceira vez que se tem conhecimento de que ele dá uma volta pelo sistema solar e a primeira prevista com antecipação".
Mas, para desapontamento do fã-clube terrestre, nem sempre - ou melhor, quase nunca - os cometas anunciam a sua chegada com a pompa do Halley. Em geral, aparecem como meros borrões no céu e fica por conta da imaginação ou do alcance dos instrumentos óticos vê-los como são. Os núcleos são uma espécie de iceberg - pedaços de rocha cobertos de gelo de cerca de 5 a 10 quilômetros de diâmetro. A medida que se aproximam do Sol, algumas porções do gelo começam a derreter. Na sua superfície formam-se gêiseres que derramam jatos de partículas finas ao redor. A gravidade do núcleo é tão pequena que qualquer lufada de gás e poeira escapa para o espaço. Assim, esses icebergs passam a ser envolvidos por uma nuvem de poeira, cristais de gelo e gás. É a coma ou cabeleira.
A última metamorfose é a mais espetacular e intrigante: aparece a cauda, ou o véu de partículas finas, sopradas em direção contrária ao Sol, sem a qual nenhum cometa consegue manter o seu prestígio. As vezes, até exageram: ganham duas ou mais caudas, uma reta, azul, de gás ionizado, outra mais curva, amarela, de poeira. Essas caudas, porém, são a mais ilusória de todas as partes do cometa - na verdade são quase um truque de ótica. Compostas de partículas ínfimas e rarefeitas, quase não têm massa. O que as torna visíveis e espetaculares é a luz do Sol refletida - como os primeiros raios da manhã que percorrem uma superfície empoeirada. O fenômeno é conhecido desde o século XVII, quando o físico inglês Isaac Newton (1643-1727) sugeriu que "a cauda de um cometa com milhares de quilômetros de comprimento, se submetida ao mesmo grau de condensação da Terra, poderia ser facilmente guardada num dedal".
Em fotos tiradas por um satélite da Força Aérea americana, descobriu-se que alguns cometas seguem uma trajetória tão próxima do Sol que acabam sendo engolidos por ele. Outros possuem órbitas quase parabólicas, com períodos de milhares de anos. Há ainda aqueles cuja passagem pelo sistema solar se restringe a uma única vez. Mas um bom número de cometas sofre uma drástica alteração de sua trajetória quando passa perto de um planeta - em geral Júpiter, o maior de todos - e por isso fica aprisionado no sistema solar. Depois de vários retornos, esses cometas perdem muito material, tornam-se menos ativos, levantam pouca poeira e a cauda deixa de ser tão espetacular.
Por tudo isso, os cometas podem ser classificados como astros inconstantes; embora relativamente freqüentes, descobri-los é quase como ganhar na loteria. "Para os astrônomos profissionais é muito mais difícil flagrá-los pela primeira vez", comenta o carioca João Luiz Kohl, do Observatório Nacional, cuja tese de doutoramento, sobre a rotação do Halley, foi feita no Observatório de Medon, em Paris. Ele explica que "no apertado cronograma das observações, não sobram noites para procurar astros tão caprichosos". Segundo Kohl, os cometas são normalmente descobertos por amadores - insistentes caçadores desses corpos celestes, que por conta própria exploram sistematicamente o espaço e percebem a presença de um ponto de luz onde só havia treva.
É o caso do fazendeiro Vicente Ferreira de Assis Neto, que observa cometas há trinta dos seus 52 anos de vida. Longe da poluição atmosférica e das luzes ofuscantes das grandes cidades, ele instalou em suas terras no município de São Francisco de Paula, no oeste de Minas, um telescópio de 30 centímetros, com o qual fez uma descoberta independente do cometa White-Ortiz-Bolelli, a 23 de maio de 1970, cinco dias depois que foi avistado pela primeira vez.
O cometa recebeu esse nome em homenagem a seus três descobridores: o então estudante australiano G.L. White e o piloto Emílio Ortiz, da Air France, e o astrônomo profissional Carlos Bolelli, do Observatório de Cerro Tololo, no Chile. Assis Neto, que mantém correspondência com a União Astronômica Internacional, não perde a esperança de dar seu próprio nome a um cometa: "Tenho certeza de que vou descobrir mais um nos próximos anos", confia.
Por sorte, a tentativa de compreender os cometas conta com preciosos aliados do passado. Em toda a História foram catalogados cerca de mil cometas, embora algumas centenas tenham sido avistados em mais de uma aparição. Seu estranho comportamento, associado à crendice de que os movimentos dos corpos celestes influenciam os destinos humanos, fizeram com que, no passado, os cometas fossem ligados a acontecimentos excepcionais - bons e maus. Após a passagem de um cometa em 64 d.C., por exemplo, o imperador romano Nero teria ordenado uma de suas célebres matanças. A estrela de Belém, que os astrônomos modernos supõem tratar-se de uma conjunção de Júpiter e Saturno ocorrida no ano 6 a.C., foi retratada por Giotto no afresco de 1304, Adoração dos Magos, como um cometa. Outro espécime foi registrado pelas crônicas européias do século XII, coincidindo com a época das cruzadas - e tanto cristãos como mouros teriam pensado tratar-se de maus presságios.
O pensador grego Aristóteles, do século III a.C., acreditava que os cometas fossem gases luminescentes espalhados na atmosfera terrestre. Essa concepção só foi abandonada no século XVI, quando o astrônomo dinamarquês Tycho Brahe (1546-1601) demonstrou que o cometa de 1577 passou a pelo menos seis vezes a distância da Lua. Mesmo assim, muito tempo depois ainda se acreditava que os cometas fossem astros transitórios, bem diferentes das estrelas e planetas. Essa idéia sobreviveu até aos cálculos de Kepler, Copérnico e Galileu no século XVI sobre o movimento dos astros. Só a partir do século XVII, quando Newton mostrou que todos os corpos pesados se movem uns em torno dos outros segundo as leis rígidas de gravitação, começou-se a pensar que também os cometas deveriam ter uma órbita.
Coube a um amigo de Newton, o astrônomo, também inglês, Edmond Halley (1656-1742), provar que o cometa por ele observado em 1682 era o mesmo de 1456, 1531 e 1607 - e que os chineses já o haviam registrado desde 240 a.C. Halley previu então a sua volta para 1758. Ele morreu dezessete anos antes de ver confirmada a hipótese. Mas na data prevista, brilhando de novo entre as estrelas, lá estava o cometa - o mesmo que em 1986, 228 anos depois, causaria tanto entusiasmo entre os astrônomos do Laboratório Nacional de Astrofísica, em Minas. Se nesta sua mais recente aparição o astro que passou para a História com o nome de Halley não deu um show de primeira grandeza como se esperava, a Astronomia proporcionou um espetáculo à parte. Milhares de estudos, medições e análises - em terra e por meio de sondas espaciais - ainda estão esmiuçando todos os seus segredos.
Ao cortar a cabeleira do Halley, quando chegou a cerca de 500 quilômetros do seu núcleo, a sonda européia Giotto foi a grande estrela dos astrônomos. Ela resistiu milagrosamente à chuva de poeira e mandou 3 mil fotos eletrônicas do coração do cometa, que mede 15 quilômetros de comprimento por 4 de largura. Antes dessa sonda, outras quatro pequenas naves repletas de instrumentos - as japonesas Sakisake e Suisei e as soviéticas Vega 1 e 2 - circularam pelas imediações. Os Estados Unidos reutilizaram dois de seus satélites no espaço, a Pioneer 12, em órbita de Vênus, e o Solar Maximum Mission, para acompanhar o Halley. Depois da passagem de todas essas sondas, os cientistas do Programa Internacional de Observação do Halley puderam descrever o núcleo do cometa como "uma batata torta com a superfície coberta de irregularidades que lembram montanhas, vulcões e crateras".
Essa batata torta é uma bola de gelo e de grãos de rocha de silicatos, além de compostos moleculares, alguns dos quais orgânicos, isto é, formados à base de carbono. A presença desses compostos levou cientistas como o astrônomo inglês e dublê de escritor de ficção científica Fred Hoyle e o cingalês Chandra Wickramasinghe a sustentar uma hipótese no mínimo imaginosa: ao longo de centenas de milhões de anos, segundo eles, células primitivas, talvez bactérias espalhadas pelo espaço interestelar, teriam se incorporado a cometas quando estes se condensaram a partir da nebulosa solar. Essas células, afirmam os cientistas, poderiam ter chegado à Terra trazidas por um desses astros que se chocaram com o planeta há bilhões de anos.
Que ocasionalmente cometas atingem a Terra parece certo. Alguns cientistas acreditam, por exemplo,que uma pequena parte de um cometa chamado Encke explodiu na atmosfera da Sibéria central, a nordeste da Rússia, em 1908, causando um tremendo incêndio na floresta de Tunguska, que aniquilou árvores numa área de 500 quilômetros quadrados (SI n.º 12, ano 2). As superfícies da Lua e de outros satélites - preservados da erosão provocada por ventos e pela água - também exibem a marca de inúmeras colisões com corpos que vieram do espaço. Muitos destes, dizem os astrônomos, podem ter sido cometas - vivos e mortos. Os cometas vivos ainda estariam em plena atividade. Já os mortos teriam perdido boa parte da matéria após várias passagens pela proximidade do Sol e formariam centenas de asteróides com órbitas que cruzam a da Terra.
Mas a idéia de que as condições típicas de um cometa seriam propicias à existência da vida é um pouco difícil de aceitar. Mesmo assim, dois cientistas ingleses - o Prêmio Nobel de Medicina de 1962, Francis Crick, co-descobridor da estrutura molecular do DNA (o constituinte fundamental dos genes), e o químico Leslie Orgel propuseram uma alternativa igualmente curiosa. Para eles, os cometas teriam trazido no núcleo os precursores químicos da vida, em forma de aminoácidos e outras moléculas. Há alguns meses, químicos do Instituto Scripps de Oceanografia, na Califórnia, identificaram dois tipos de aminoácidos de origem extraterrestre em rochas datadas de 65 milhões de anos.
A descoberta veio acrescentar um pouco mais de romance à vida já fantástica dos cometas. Discute-se, por exemplo, se um deles teria sido responsável pela extinção dos dinossauros, há 65 milhões de anos. A tese foi apresentada pela primeira vez em 1979, pelo Prêmio Nobel de Física Luis Alvarez e por seu filho, o geólogo Walter Alvarez. Para eles, um cometa ao chocar-se com a Terra produziu poeira suficiente em suspensão para que o céu escurecesse, como ocorreria hoje depois de uma guerra nuclear. A ausência de luz solar faria a temperatura cair, levando à extinção a maioria das espécies da Terra, entre elas os dinossauros.
Enquanto muitos aspectos da história dos cometas já foram compreendidos, outros ainda continuam um completo mistério. As pesquisas, portanto, prosseguem. A agência espacial americana NASA pretende lançar nos próximos anos a nave CRAF (sigla em inglês de Encontro com Cometa e Sobrevôo de Asteróide), que tentará interceptar um cometa até o final do século. Será um encontro e tanto. Segundo o astrônomo Kohl, do Observatório Nacional, "a CRAF disporá de um perfurador parecido com o que se usa nos poços de petróleo para retirar uma amostra do material que compõe o núcleo do cometa".

Na cauda das catástrofes

Quando foi exposta pela primeira vez, a idéia de que há 65 milhões de anos um cometa teria se chocado com a Terra foi recebida por muitos com desdém. Mas, para os cientistas, a associação entre catástrofes e cometas não é brincadeira. Afinal, se esses astros têm quilômetros de extensão e viajam a grande velocidade pelo mesmo pedaço do sistema solar em que está a Terra, não é improvável que mais cedo ou mais tarde um deles atinja o planeta - se é que isso já não aconteceu. Cientistas da Universidade de Boston estudam, por exemplo, o que parece ter sido uma grande cratera de 200 quilômetros de diâmetro, fotografada pelo satélite Meteosat, no oeste da Checoslováquia. O local poderia ser o ponto de impacto de um cometa.
Mas a extinção em massa dos dinossauros não foi a única da história da Terra. Os paleontólogos John Sepkiski e David Raup, da Universidade de Chicago, descobriram que a cada 26 milhões de anos, mais ou menos regularmente, plantas e animais morreram por todo o planeta. Nenhum fenômeno terrestre explica esse desaparecimento. Levantou-se então a hipótese de que, quando o Sol passa num determinado plano da Via Láctea, as espirais de poeira levantadas perturbam a Nuvem de Oort, que descarrega enxurradas de cometas em direção aos planetas.
Para outros cientistas americanos, como o físico Richard Muller, da Universidade de Berkeley, na Califórnia, o Sol teria uma companheira invisível em órbita muito longa. Em determinado momento do seu caminho, esta estrela se aproximaria da Nuvem de Oort, fazendo chover cometas em direção da Terra. Muller pensou em vários nomes para esta estrela perigosa. Escolheu Nêmesis, a deusa grega da vingança e da justiça.

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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

A Face Oculta do Caos - Física



A FACE OCULTA DO CAOS - Física



Um grupo de jovens pesquisadores rebeldes arma-se de equações e computadores para desencadear a revolução científica que vê um dos mais estranhos segredos do mundo material: existe ordem onde menos poderia parecer. Como uma torneira que pinga.

Santa Cruz era o mais novo campus da Universidade da Califórnia, esculpido num cenário de livro de histórias, uma hora ao Sul de São Francisco. As pessoas às vezes diziam que mais parecia uma reserva florestal do que uma faculdade. Os prédios ficavam aninhados entre sequóias e, bem no espírito da década de 60, seus planejadores fizeram questão de conservar todas as árvores. Como outros departamentos, o de Física teve de ser criado do nada, começando com um corpo docente de aproximadamente quinze físicos, todos muito ativos e, na memória, jovens. Sua diversidade de interesses convinha a um corpo de aluno brilhantes e inconformistas. Pelo menos os professores pensavam assim. No final da década de 70, o departamento deparou-se com uma míni-revolução, um levante entre os estudantes graduados. O que estes queriam aprender ninguém podia ensinar - uma disciplina recém-criada e mal definida chamada caos. Dez anos depois, o caos tornou-se um dos campos da ciência que mais rápido cresce, oferecendo uma nova maneira de encontrar ordem que aparentemente não têm ordem alguma. Médicos descobrem uma ordem surpreendente na fatal desordem capaz de vencer o coração humano, um tremor espasmódico que é a causa primeira de uma morte súbita e inexplicável. Economistas estão desencavando velhas cotações de bolsas de valores para tentar um novo tipo de análise. Percepções que começaram com Física e Matemática puras remeteram diretamente ao mundo natural - as formas das nuvens, o comportamento dos relâmpagos, o entrelaçamento microscópico dos vasos sanguíneos, a aglomeração galáctica de estrelas. Cientistas estão encontrando padrões universais no comportamento do tempo, no comportamento dos carros congestionando vias expressas, no comportamento do petróleo fluindo nos oleodutos subterrâneos. A nova ciência começou a modificar a maneira pela qual executivos tomam decisões sobre seguros, a maneira pela qual astrônomos olham o sistema solar, a maneira pela qual teóricos políticos falam das tensões que levam a conflitos armados.
Novas idéias podem ser difíceis de ser concebidas e a inexperiente ciência do caos colidiu com algumas tradições firmemente enraizadas - por exemplo, a crença de que sistemas simples devem produzir comportamento simples e ordenados. Quando um punhado de estudantes da Santa Cruz se enredou nos primeiros fios enovelados da nova ciência, perceberam-se totalmente sozinhos. Fora dali, em diversos laboratórios e departamentos de Física, alguns cientistas apaixonadamente iconoclastas estavam criando uma nova disciplina. Um meteorologista, Eduardo Lorenz, tinha descoberto um formato misterioso, mais tarde denominado estranho atrator, que iluminava a caótica imprevisibilidade do tempo que faz na terra.
Um matemático, Benoit Mandelbrot, havia descoberto uma família de padrões que se tornou o fundamento da Geometria fractal. Um físico, Mitchell Feigenbaum, descobria ligações insuspeitadas entre famílias inteiras dos sistemas caóticos, desenvolvendo uma teoria que relacionaria fluidos turbulentos a circuitos eletrônicos flutuantes aos ritmos da própria vida. Todos eles estavam reexaminando muitos sistemas físicos aparentemente fortuitos ou caóticos, descobrindo novas maneiras de formular equações para descrevê-los e daí usando computadores para criar padrões visuais a partir das equações - padrões que não eram óbvios de nenhum outro modo.
Os estudantes, que apenas se iniciavam nessas descobertas instigantes, não sabiam como proceder. A educação de um físico depende do sistema de orientadores e orientados. Um bom orientador ajuda seu aluno a escolher problemas administráveis e fecundos. Se o relacionamento der certo, a influência do professor ajudará o estudante a conseguir emprego. Mas em 1977 não havia orientadores na área do caos. Não havia aulas de caos, nem manuais sobre caos, nem sequer uma publicação dedicada ao caos. Os estudantes tinham de inventar eles próprios o campo de estudos - e, ao fazê-lo, eles conseguiram desenvolver o assunto para todo o mundo.
Em Santa Cruz, o caos começou com um estudante barbudo, natural de Boston e formado pela Universidade de Harvard, chamado Robert Stetson Shaw, que em 1977 estava para completar 31 anos. Isso fazia dele praticamente o mais velho da turma. Sua carreira em Harvard havia sido interrompida diversas vezes, primeiro pelo serviço militar, depois pela decisão de viver numa comunidade e ainda por outras experiências improvisadas. Shaw era quieto, tímido, mas de forte presença. Ele estava a poucos meses de completar sua tese de doutorado em supercondutividade, então um assunto respeitável, embora de certa forma estagnado.
Ninguém estava particularmente preocupado com o fato de ele perder seu tempo lá embaixo no prédio de Física brincando com um computador analógico. Na evolução dos computadores, os analógicos representavam um beco sem saída. Computadores digitais, construídos a partir de circuitos que podiam ser ligados ou desligados, zero ou um, sim ou não, davam respostas precisas às perguntas feitas pelos programadores. Computadores analógicos, por sua própria concepção, eram muito vagos.
Em sua estrutura não havia interruptores do tipo sim-não, mas circuitos eletrônicos como resistências e condensadores, facilmente reconhecidos por qualquer pessoa que tivesse lidado com rádios, antes que a miniaturização de aparelhos eletrônicos solid-state impedisse que amadores desmontassem tais equipamentos. O computador analógico de Santa Cruz era uma coisa pesada e empoeirada, com um painel de madeira na fachada, como aqueles usados antigamente em mesas telefônicas. Programar um computador analógico era questão de conectar e desconectar fios. Ao conceber diversas combinações de circuitos, um programador simula sistemas de equações de modo a fazê-los adaptar-se perfeitamente a problemas de engenharia. Digamos que alguém queira projetar uma suspensão de automóvel capaz de proporcionar a viagem mais suave possível. Um condensador substitui a mola, indutores representam a massa e assim por diante. Obtém-se um modelo feito de metal e elétrons, bastante rápido e - o que é melhor - facilmente ajustável . Simplesmente girando-se botões, pode-se tornar as molas mais fortes ou a fricção mais fraca. E podem-se observar os resultados sob a forma de um osciloscópio.
Um belo dia, um amigo astrofísico, William Burke, entregou a Shaw uma folha de papel com três equações rabiscadas e pediu-lhe que as colocasse em seu computador. As equações pareciam simples. Edward Lorenz as havia escolhido como um método despojado para calcular um processo conhecido em Meteorologia, os movimentos ascendentes e descendentes do ar ou da água, chamado convecção. Shaw levou apenas poucas horas para conectar os fios adequados e ajustar os botões. Alguns minutos mais tarde, ele viu aparecer na tela um padrão peculiar, cambiante e infinitamente complicado - e soube então que nunca terminaria sua tese sobre supercondutividade.
A tela de Shaw proporcionava uma maneira de criar diagramas abstratos de comportamento dinâmico de longo prazo de qualquer sistema físico - uma bolinha de gude imóvel no fundo de um buraco, um relógio de pêndulo balançando monotonamente ou o tumulto imprevisível do tempo na Terra. Para a bolinha de gude em repouso, o diagrama seria simplesmente um ponto. Para um sistema periodicamente cíclico como o relógio de pêndulo, o diagrama teria a forma de uma lançada. Para o sistema enganadoramente simples das três equações da convecção, o diagrama era algo completamente diferente. Esse sistema de fluidos ascendentes e descendentes comportava-se caoticamente como a própria atmosfera, um sistema muito mais complicado, embora relacionado a ele. Um sistema caótico nunca se repete de uma maneira periódica e o diagrama que Shaw começava a estudar nunca girava em torno de si do mesmo modo.
Em vez disso, tinha uma forma intricada e recorrente, uma espécie de dupla espiral, enrolando-se primeiro numa direção, depois em outra. Shaw sabia que Edward Lorenz, do MIT (Massachusetts Institute of Technology), havia descoberto esse tipo de padrão em 1963. Lorenz reconheceu sua importância quando tentava fazer previsões do tempo no computador. Mas a natureza caótica do atrator significa que previsões de longo prazo seriam impossíveis.
Ao mesmo tempo, o estranho atrator revelava padrões inesperados. Era sinônimo de desordem e imprevisibilidade mas, ainda assim, significava um novo tipo de ordem no tumulto. Dois cientistas franceses, David Roelle e Floris Takens, mais tarde dariam a esses padrões seu nome provocativo: estranhos atratores. Shaw conhecia a nova linguagem da geometria fractal. No entanto, muito tempo havia passado antes que ele, assim como outros envolvidos em trabalhos do mesmo gênero, reconhecesse que a forma diante de seus olhos era um fractal, o que significa que revelava novas complexidades em escalas cada vez menores.
Assim, ele passou várias noites no laboratório observando o ponto verde do osciloscópio percorrendo a tela, traçando sem parar seu roteiro caótico e nunca exatamente no mesmo modo. O percurso da forma permaneceu na retina, oscilante e vibrante, diferente de qualquer objeto que Shaw conhecera em suas pesquisas. Parecia ter vida própria. Prendia a mente como uma chama que se move em padrões que nunca se repetem. Em criança, Shaw tinha tido ilusões a respeito do que seria a ciência - uma disparada romântica ao desconhecido. Isso, finalmente, era alguma coisa à altura de suas ilusões. E ele estava atraindo atenções. Ocorre que a entrada do Departamento de Física era bem do outro lado do corredor e muita gente passava por ali.
Um dos que começaram a aparecer por lá foi Ralph Abraham, professor de Matemática. "Tudo o que tem a fazer é colocar suas mãos nesses botões e, de repente, estará explorando esse novo mundo no qual você é um dos primeiros viajantes e nem vai querer subir para tomar um pouco de ar", diz Abraham. "Shaw teve a experiência espontânea em que apenas um pouco de exploração revela todos os segredos". Logo Shaw começou a ter colegas. Doyne Farmer, natural do Novo México, alto, magro, cabelos cor de areia, tornou-se o porta -voz mais articulado do grupo que veio a se autodenominar Coletivo dos Sistemas Dinâmicos (outros, às vezes, chamavam-no Os Conspiradores do Caos).
Em 1977, Doyne tinha 24 anos, era todo energia e entusiasmo, uma máquina de idéias. O membro mais jovem do grupo era James Crutchfield, pequeno e atarracado, um estilista do windsurf e, o que era mais importante para o coletivo, um mestre nato em computação. Norman Packard, amigo de infância de Farmer, criado na mesma cidade de Silver City, no Novo México, chegara a Santa Cruz naquele outono, bem quando Farmer começava um ano de licença, disposto a dedicar toda sua energia ao plano de aplicar as leis do movimento ao jogo da roleta
O empreendimento da roleta era tão sério quanto forçado. Durante mais de uma década Farmer e Packard, junto com um grupo mutável de colegas físicos e alguns curiosos adotaram-no. Eles calcularam inclinações e trajetórias, escreveram e reescreveram programas, adaptaram computadores especiais nos sapatos e fizeram nervosas incursões a cassinos. Deve ser dito que o projeto proporcionou um treinamento incomum em análises rápidas de sistemas dinâmicos, mas fez pouco para tranqüilizar os professores de física de Santa Cruz. Tampouco eles entenderam por que Shaw abandonara sua tese sobre supercondutividade.
Por mais que estivesse entediado, raciocinavam, ele sempre poderia passar correndo pelas formalidades, acabar seu doutorado e entrar no mundo real. Quanto ao caos, havia questões de adequação acadêmica. Ninguém em Santa Cruz estava qualificado para supervisionar um curso neste campo-sem nome. E certamente não havia empregos para graduados com este tipo de especialidade. Mesmo assim, o coletivo tomou forma. Quando alguns equipamentos eletrônicos começaram a desaparecer de noite, tornou-se aconselhável procurá-los no antigo laboratório de Shaw, de Física de baixas temperaturas. Tracejadores de gráficos, conversores e filtros eletrônicos começaram a se acumular. Um grupo de físicos de partículas que trabalhava no mesmo corredor tinha um pequeno computador digital destinado ao ferro-velho. Foi parar no laboratório de Shaw.
A atabalhoada sensibilidade do grupo ajudava muito. Shaw tinha crescido brincando com engenhocas eletrônicas. Packard consertava aparelhos de TV. Crutchfield pertencia à primeira geração de matemáticos que considerava a lógica dos computadores uma linguagem natural. O prédio de Física em si era como o de qualquer lugar, com pisos de cimento e paredes sempre pedindo uma nova demão de pintura, mas a sala ocupada pelo grupo do caos criou sua própria atmosfera, com pilhas de escritos, fotografias de nativos do Taiti nas paredes e, como não poderia deixar de ser, impressos de computadores de estranhos atratores.
Praticamente a qualquer hora um visitante podia ver membros do grupo reorganizando circuitos, arrancando fios remendados, discutindo sobre consciência ou evolução, ajustando o painel de um osciloscópio, ou apenas observando um brilhante ponto verde traçar uma curva de luz, sua órbita vibrando e agitada como algo vivo. A educação tradicional na dinâmica dos sistemas físicos nunca revelara o potencial de tal complexidade porque se concentrava em sistemas lineares. Um sistema linear obedece às leis da proporção - quanto mais depressa se vai, mais longe se chega. A linearidade torna os cálculos fáceis ou, ao menos, manejáveis. Infelizmente, a maioria dos sistemas do mundo real não é linear.
Eles contêm uma certa torção, como a fricção, que não varia puramente como uma função de outras variáveis. A não-linearidade exigia cálculos mais difíceis. Era a mosca na sopa previsível da Mecânica clássica. Poucos consideraram a não-linearidade uma força criativa; mas foi a não-linearidade que criou os padrões misteriosamente belos dos estranhos atratores. "Não-linear era uma palavra que você só encontrava no final do livro", diz Farmer. "Um estudante de Física fazia um curso de Matemática e o último capítulo tratava de equações não-lineares. Geralmente essa parte era deixada de lado." Shaw e seus colegas tiveram de canalizar seu entusiasmo natural para um programa científico. Eles precisavam fazer perguntas que pudessem ser respondidas e que valessem a pena ser respondidas. Eles buscaram meios de interligar teoria e pesquisa - aí, pensavam, estava o vazio a ser preenchido. Antes mesmo de começar, foram obrigados a aprender o que era sabido e o que não era, e isso em si foi um desafio formidável.
Eles não tinham noção disso, mas seus problemas simbolizavam as barreiras que os pioneiros em caos enfrentavam nas mais diversas instituições - um punhado de pesquisadores, normalmente trabalhando por conta própria, receosos de discutir suas idéias não ortodoxas com os colegas. Os estudantes de Santa Cruz eram impedidos pela tendência de avançar aos poucos em ciência, particularmente quando um novo tema se atravessava em subdisciplinas estabelecidas. Freqüentemente, eles não tinham idéia se estavam em território novo ou conhecido e, na verdade, parte de seu trabalho seguia paralelo a descobertas feitas por matemáticos soviéticos. Logo perceberam que muitos tipos de questões poderiam ser levantados sobre os possíveis comportamentos de sistemas físicos simples e os estranhos atratores que eles produziam. Quais as suas formas características? O que a Geometria revelava sobre a física dos sistemas físicos correlatos? Um físico sempre quer calcular medidas. O que havia para ser medido nessas fantasmagóricas imagens em movimento?
Shaw e os outros tentaram isolar as qualidades especiais que tornavam os estranhos atratores tão encantadores. A imprevisibilidade era uma delas - mas onde encontrar os calibres para medir tal qualidade? A essa altura, o coletivo reunia-se com freqüência em um velho casarão não longe da praia. Nele se amontoavam móveis de segunda mão e equipamentos de computador destinados ao problema da roleta e à pesquisa dos estranhos atratores. Convivendo com esses estranhos atratores dia e noite, os jovens físicos começaram a reconhecê-los (ou a pensar que o faziam) nos fenômenos que sacudiam, batiam e oscilavam na vida cotidiana. Eles tinham de jogar esse jogo. Perguntavam-se: onde fica o mais próximo estranho atrator? Estaria no pára-choque barulhento do carro? Na bandeira tremulando a esmo na brisa? Numa folha que flutuava? "Você não enxerga algo até descobrir a metáfora correta que lhe faz percebê-lo", diz Shaw. Não tardou que seu amigo astrofísico Burke ficasse perfeitamente convencido de que o velocímetro de seu carro oscilava do modo não-linear típico do estranho atrator.
Shaw, ocupando-se de um projeto experimental que iria mantê-lo entretido por anos, adotou um sistema dinâmico tão caseiro quanto algum físico pudesse imaginar: uma torneira pingando. Como gerador de organização, uma torneira pingando oferece pouco para se trabalhar. Mas, para um investigador iniciante do caos, a torneira pingando provou ter certas vantagens. Todo mundo tem dela uma imagem mental. O fluxo de dados é o mais unidimensional possível: uma batida ritmada de pontos isolados mensuráveis no tempo. Nenhuma dessas qualidades poderia ser encontrada em sistemas que o grupo de Santa Cruz iria explorar mais tarde - o sistema imunológico humano, por exemplo, ou o perturbador efeito da interação de feixes que prejudicava inexplicavelmente o desempenho de partículas em colisão do Acelerador Linear de Stanford, ao norte de Santa Cruz.
Na torneira pingando, tudo que existe é a solitária linha de dados. E não é nem uma variação contínua de velocidade ou temperatura - apenas uma lista dos tempos de gotejamento. Os pingos podem ser regulares. Ou, como qualquer um descobre ao ajustar uma torneira, podem tornar-se irregulares e aparentemente imprevisíveis. Solicitado a organizar um ataque a um sistema como esse, um físico tradicional começaria por montar um modelo físico o mais completo possível. Os processos que norteiam a formação e a ruptura das gotas são compreensíveis, ainda que não sejam tão simples como possam parecer. Uma variável importante é o ritmo do fluxo. (Este deve ser lento, comparado à maioria dos sistemas hidrodinâmicos. Normalmente, Shaw observava o ritmo de uma a dez gotas por segundo.) Outras variáveis incluem a viscosidade do fluxo e a tensão de superfície.
Uma gota de água pendendo de uma torneira, à espera do momento de se romper, assume uma forma tridimensional complicada e apenas o cálculo dessa forma era, como diz Shaw, "o estado de arte em matéria de cálculo por computador". Uma gota enchendo-se de água é como um pequeno saco elástico de tensão superficial, oscilando para lá e para cá, aumentando a massa e expandindo as paredes até a ruptura.
Um físico que tentasse construir um modelo completo do problema da gota, formulando um conjunto de equações para depois tentar resolvê-las, acabaria no mato sem cachorro. Uma alternativa seria esquecer a Física e observar apenas os dados, como se estivessem saindo de uma caixa-preta. Dada uma lista de números representando intervalos entre as gotas, será que um especialista em dinâmica caótica encontraria algo útil para dizer? Na verdade, como foi comprovado mais tarde, podem-se conceber métodos para organizar esses dados dentro da Física e esses métodos se mostraram decisivos no que diz respeito à aplicação do caos a problemas do mundo real. Shaw começou a meio caminho entre esses dois extremos, fazendo uma espécie de caricatura de um modelo físico completo. Ele fez um resumo rudimentar da Física das gotas, imaginando um peso que pendesse de uma mola. O peso aumenta constantemente. A mola estica e o peso desce cada vez mais. A certa altura, uma porção do peso se rompe. A quantidade que se desprendesse, Shaw supôs arbitrariamente, dependeria apenas da velocidade da queda do peso descendente quando atingisse o ponto de ruptura.
Então, naturalmente, o peso restante voltaria para a posição anterior, como fazem as molas, com oscilações que estudantes aprendem a delinear usando equações normais. A característica interessante do modelo - a única característica interessante - era a torção não-linear que possibilita o comportamento caótico. O tempo preciso de uma gota dependia do ritmo do fluxo, é claro, mas dependia também de como a elasticidade desse saco de tensão superficial interagia com o peso que aumentava constantemente. Se uma gota iniciasse sua vida já em queda, ela se romperia mais cedo. Se acaso se formasse quando sua superfície inferior estivesse subindo, poderia encher-se com um pouco mais de água antes de romper-se.
Será que o modelo de Shaw geraria tanta complexidade como uma torneira de verdade? E essa complexidade seria da mesma espécie? Shaw instalou-se em um laboratório no prédio de Física, com uma grande tina de plástico de água sobre a cabeça. Quando uma gota caía, interrompia um feixe de luz e na sala ao lado um microcomputador marcava o tempo. Enquanto isso, Shaw fazia suas equações e operava o computador analógico, produzindo uma torrente de dados imaginários, muito parecidos às gotas da torneira real. Mas, para ir além, Shaw necessitava de um modo de colher dados puros de qualquer experiência e trabalhar com equações e estranhos atratores que pudessem revelar padrões ocultos.
Com um sistema mais complicado,uma variável poderia ser graficamente relacionada a outra, correlacionando mudanças na temperatura ou na velocidade com o passar do tempo. Mas a torneira pingando proporcionava apenas uma série de tempos. Shaw tentou, então, uma técnica desenvolvida pelo grupo de Santa Cruz, que foi talvez sua contribuição prática mais esperta e duradoura ao progresso do caos - um método de reconstruir um estranho atrator invisível que poderia ser aplicado a qualquer série de dados. Para os dados da torneira pingando, Shaw construiu um gráfico no qual o eixo horizontal representava um intervalo de tempo entre duas gotas e o eixo vertical representava o intervalo de tempo entre as duas seguintes.
Se entre a gota número um e a gota número dois decorressem 150 milésimos de segundo, e depois 150 milésimos de segundo decorressem entre a gota número dois e a gota número três, ele marcava um ponto na posição 150-150. Era tudo que havia a fazer. Se o gotejamento fosse regular, o gráfico seria apropriadamente inerte. Cada ponto cairia no mesmo lugar. O gráfico seria um simples ponto. Ou quase - na verdade, a primeira diferença entre a torneira pingando no computador e a torneira real era que esta estava sujeita a distúrbios, ou "ruído", sendo extremamente sensível. Shaw acabou fazendo a maior parte de seu trabalho à noite, quando o tráfego de pessoas no corredor era mínimo. O barulho significava que, em vez do simples ponto previsto pela teoria, ele veria uma mancha ligeiramente indistinta.
A medida que o fluxo aumentasse, o sistema passaria por uma mudança repentina nas suas características. Então as gotas cairiam em pares repetidos.Um intervalo poderia ser de 150 milésimos de segundo e o próximo, de 80. Assim, o gráfico mostraria duas manchas indistintas, uma centrada em 150-80 e outra em 80-150 e assim por diante. O verdadeiro teste ocorreu no momento em que o padrão se tornou caótico, quando o ritmo do fluxo foi novamente modificado. Se fosse mesmo fortuito, haveria pontos dispersos por todo o gráfico. Mas, se um estranho atrator estivesse oculto nos dados, poderia se revelar como um padrão vago mas perceptível.
Muitas vezes acontecia serem necessárias três dimensões para se ver a estrutura; mas isso não era problema. Em vez de assinalar cada intervalo em relação ao próximo, os cientistas assinalavam cada intervalo em relação a cada um dos dois subseqüentes. Era um truque, um artifício. Normalmente, um gráfico tridimensional requer o conhecimento de três variáveis independentes em um sistema. O truque possibilitava três variáveis pelo preço de uma. Refletiu a crença desses cientistas de que a ordem está tão profundamente contida na aparente desordem que encontraria um modo de se expressar, mesmo a pesquisadores que não soubessem quais variáveis físicas medir.
No caso da torneira de Shaw, as imagens ilustram o fato. Em três dimensões, sobretudo, os padrões apareciam como rastros de fumaça saindo de um avião, desses que escrevem no céu, descontrolado. Shaw poderia combinar sinais gráficos dos dados experimentais com os dados produzidos pelo modelo computadorizado, sendo a principal diferença o fato de os dados reais aparecerem sempre mais indistintos, manchados pelo ruído. Mas a estrutura era inconfundível. A medida que os meses passavam, a transição de rebeldes para físicos era lenta. De vez em quando, sentados em um café ou trabalhando em seu laboratório, um ou outro estudante tinha de conter o espanto que sua fantasia científica ainda não tinha eliminado. "Meu Deus, ainda estamos fazendo isso e ainda faz sentido", dizia Crutchfield. "Ainda estamos aqui: Até onde isso irá?"
A maioria dos professores de Física viu-se numa posição difícil. "Não tínhamos orientador, ninguém para nos dizer o que fazer", diz Shaw. "Durante anos ficamos numa situação à parte e isso persiste até hoje. Nunca tivemos recursos financeiros em Santa Cruz. Cada um de nós trabalhou períodos consideráveis sem receber nada e o tempo todo era uma operação de fundo de quintal, sem orientação intelectual ou de qualquer outro tipo." Cada membro do coletivo era chamado de lado de tempos em tempos para conversas francas. Eles eram advertidos de que, mesmo se de alguma forma fosse encontrada uma maneira de justificar um doutorado, ninguém seria capaz de ajudar os estudantes a conseguir um emprego em um campo inexistente.
Isso podia ser uma moda passageira, diziam os professores, e depois como é que vocês vão ficar? Na verdade, fora do abrigo de sequóias nas colinas de Santa Cruz, o caos estava criando seu próprio estabelecimento científico e o Coletivo dos Sistemas Dinâmicos deveria se juntar a ele. O ponto de inflexão foi uma aparição surpresa em um encontro sobre Física de matéria condensada realizado em Laguna Beach em 1978. O coletivo não fora convidado, mas apareceu assim mesmo, amontoando-se na caminhonete Ford 1959 de Shaw, apelidada por eles "Sonho Cremoso". Por via das dúvidas, o grupo levou equipamentos, incluindo um enorme monitor de TV e um videoteipe. Quando um orador convidado cancelou sua presença à última hora, Shaw avançou e tomou seu lugar.
A ocasião foi perfeita. O caos já ostentava a fama de ser mencionado a meia voz, mas poucos dos físicos presentes à conferência sabiam do que se tratava. Shaw começou então explicando os diferentes tipos de atratores, dos comuns aos estranhos; a princípio, os estados inertes (quando tudo fica imóvel); depois, ciclos periódicos (quando tudo oscila); e, por fim, estranhos atratores caóticos (o restante). Ele demonstrou sua teoria com gráficos computadorizados em videoteipe. ("Os meios audiovisuais nos deram uma vantagem", diz Shaw. "Podíamos hipnotizá-los com flashes de luz.") Ele ilustrou o atrator de Lorenz e a torneira que pinga. A palestra foi um triunfo popular e vários professores de Santa Cruz estavam no auditório, vendo o caos pela primeira vez através dos olhos de seus colegas.
Mas o coletivo não podia durar para sempre. Quanto mais se aproximava do mundo real da ciência, mais perto da separação se encontrava. Seus membros começaram a pensar no futuro individual e passaram a colaborar com físicos e matemáticos estabelecidos em outros lugares. Tendo aprendido a procurar estranhos atratores em bandeiras tremulantes e em velocímetros defeituosos, os cientistas fizeram questão de detectar os sintomas do caos em toda a Física atual. Peculiaridades outrora desprezadas como ruído - flutuações surpreendentes, regularidades misturadas a irregularidades - eram explicadas agora nos termos da nova ciência. Tais efeitos pipocaram de repente em escritos a respeito de tudo, desde lasers até circuitos eletrônicos.
Quando o coletivo se dissolveu - seus membros se dirigindo às mais importantes instituições de Física, do Laboratório Nacional de Los Álamos ao Instituto de Estudos Avançados de Princeton e à Universidade da Califórnia em Berkeley -, alguns professores de Santa Cruz também já haviam aderido ao caos. Eles estavam se associando a um movimento: químicos, ecologistas, economistas, climatologistas tentam atualmente reconstruir estranhos atratores a partir de dados brutos, assim como Shaw fizera em seus estudos com a torneira gotejante.
Especialistas em finanças usam as técnicas desenvolvidas pelo grupo de Santa Cruz para analisar décadas de cotações diárias de bolsas de valores,buscando padrões que acreditam existir ali. Muitos fisiólogos acreditam agora que o caos proporciona um modo de prever - e talvez de tratar - ritmos irregulares no processo que governa a vida, desde a respiração até os batimentos cardíacos e até a função do cérebro. No MIT, médicos comparam eletrocardiogramas humanos com dados de um modelo de computador de contrações cardíacas caóticas, numa tentativa de prever com bastante antecedência quando o órgão sofrerá um espasmo fatal.
Ecologistas usam a Matemática do caos para descobrir como, na ausência de mudanças ambientais fortuitas, populações de espécies podem crescer ou diminuir desordenadamente por conta própria. Packard estuda a tendência de processos caóticos de criar padrões complexos em fenômenos como flocos de neve, cuja forma delicada incorpora uma mistura de estabilidade e instabilidade que só agora começa a ser compreendida. Ele e Farmer utilizam a Física dos sistemas dinâmicos para estudar o sistema imunológico humano, com seus bilhões de componentes e sua capacidade de aprender, memorizar e reconhecer padrões. Para esses cientistas e seus colegas, o caos tornou-se um conjunto de instrumentos capaz de elucidar fatos aparentemente casuais.
Mas é também uma série de atitudes em relação à complexidade - uma nova maneira de ver. Eles sentem que estão revertendo uma tendência científica de analisar sistemas em termos de suas partes constituintes - quarks, cromossomos ou nêutrons. "A tendência científica, particularmente em Física, tem sido pelo reducionismo, uma constante fragmentação das coisas em minúsculos pedacinhos", diz Farmer. "O que as pessoas estão finalmente percebendo é que esse processo é um beco sem saída. Os cientistas estão muito mais interessados na idéia de que o todo pode ser maior que a soma da partes."





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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Lavoisier: A Outra Revolução de 1789 - Química



LAVOISIER: A OUTRA REVOLUÇÃO DE 1789 - Química



No ano da queda da Bastilha, um cientista derruba velhos enganos e ergue a Química moderna. Mas tudo termina em tragédia.

O francês Antoine Lavoisier, fundador da Química atual, nasceu rico, teve sorte no amor, viu sua obra reconhecida e festejada muito além das fronteiras de sua terra. Ao se aproximar dos 50 anos, tinha tudo para se considerar feliz. De repente, sua sorte deu uma virada. Escapou por pouco de um linchamento, foi encarcerado, morreu na guilhotina e acabou enterrado numa vala comum. Tanto sua desgraça quanto o motivo maior de sua glória datam de 1789, ano em que os franceses tomam a fortaleza da Bastilha e ele lança o seu Tratado elementar de Química. Com a queda da Bastilha, começava a Revolução Francesa; com o seu livro, uma das maiores revoluções científicas de todos os tempos.
Não foi por suas idéias sobre Química que Lavoisier perdeu a cabeça sob a lâmina da guilhotina. Mas, sendo homem extraordinariamente versátil, além de se dedicar à ciência, desenvolvera durante a vida um amplo rol de atividades. E, naturalmente, fizera inimigos. A acusação número um contra ele foi a de ter servido à monarquia como fermier-général, coletor de impostos, ocupação intolerável para os revolucionários, dado o caráter literalmente revoltante dos tributos extorquidos pelo Ancien Régime. Ainda assim teria talvez escapado como tantos de seus colegas se um dos seus mais ferrenhos desafetos - um médico charlatão que tentara inutilmente, devido à oposição de Lavoisier, obter a aprovação da Academia de Ciência para suas teses de magnetismo animal - não tivesse se convertido no todo-poderoso panfletário Jean-Paul Marat.
Lavoisier, politicamente, não era nenhum reacionário. Suas idéias talvez fossem o melhor que se poderia esperar de suas origens sociais. Ele nasceu em Paris no dia 26 de agosto de 1743. Pelo lado paterno, sua árvore genealógica começa por um modesto cocheiro da cidadezinha de Villers-Cotterets; do lado materno, por um açougueiro de Paris. Mas o pai e os dois avôs já eram advogados de renome e fortuna considerável. Essa fortuna permitiu ao pai adquirir um título de nobreza, como faziam muitos burgueses. Lavoisier pôde assim estudar no Colégio Mazarin, um dos melhores da França.
Aos 18 anos, entrou para a Faculdade de Direito, mas fazia excursões científicas pelos arredores de Paris e ainda freqüentava cursos de História Natural. O interesse pela Química foi despertado por Guillaume Rouelle, personagem excêntrica, que gostava de surpreender os alunos provocando explosões inesperadas. Nessa época, segunda metade do século XVIII, a ciência na França avançava desordenadamente. A Matemática e a Astronomia saltaram à frente com a publicação de três grandes tratados: Mecânica Analítica, de Joseph-Louis Lagrange (1736-1813), Mecânica Celeste, de Pierre-Simon Laplace (1749-1827), e Geometria Descritiva, de Gaspard Monge (1746-1818).
Esses três autores, todos detentores de títulos de nobreza, futuros colegas de Lavoisier na Academia de Ciências, seguiram destinos diversos durante a Revolução Francesa - mas todos conservaram a cabeça e não tiveram propriamente do que se queixar. De resto, a ciência da época era sobretudo qualitativa: balanças e outros instrumentos de medida eram raros em laboratórios. Embora a existência da pressão do ar já houvesse sido demonstrada mais de um século antes pelo italiano Evangelista Torricelli (1608-1647), o inventor do barômetro, a composição química da atmosfera e seu papel nos processos de combustão, oxidação e decomposição ainda eram ignorados.
A teoria do flogisto, concebida pelo alemão Georg Ernest Stahl (1660-1734), era aceita por todos. O flogisto seria uma substância presente em todos os materiais combustíveis dos quais se liberava na combustão. Acreditava-se igualmente, segundo a tradição da alquimia, que a matéria podia surgir do nada e se dispersar no nada. Experiências de laboratório malconduzidas reforçavam essa convicção. Como não se levava em conta a existência de gases, parecia freqüentemente que o peso de um composto era maior (ou menor) que o de seus componentes. Isso levava à conclusão de que a matéria estava sendo criada (ou destruída) ou ainda de que o peso das substâncias era uma característica sujeita, como a cor, a variações durante os processos químicos.
O combate à teoria do flogisto, que levara a Química a um beco sem saída, e a defesa da Lei da Conservação da Massa, base quantitativa de toda a Química moderna, foram as duas grandes tarefas científicas da trajetória de Lavoisier. Aos 23 anos, recebera 100 mil libras de herança da mãe e outras 200 mil que o pai lhe doara para começo de vida. Poderia se dedicar exclusivamente à carreira científica, iniciada de forma meteórica, pois aos 25 anos era membro da Academia de Ciências. Mas foi então que resolveu entrar para o mundo dos negócios. Pelo sistema em vigor na França monárquica, os escorchantes impostos - dos quais nobreza e clero estavam isentos - podiam ser coletados por particulares. Era um sistema corrupto, além de opressivo.
Para participar da Ferme Générale, como era chamada a muito lucrativa associação dos coletores, o interessado deveria adiantar 1,5 milhão de libras ao Tesouro real, pelo direito de receber e guardar para si o que arrecadasse além de determinada cota durante seis anos. Com recursos próprios e emprestados, Lavoisier conseguiu reunir 500 mil libras, adquirindo assim um terço de uma cota na Ferme Générale. A história dos coletores estava recheada de escândalos. Mas havia também homens escrupulosos, de espírito aberto, interessados em modernizar o sistema. Um deles era Jacques Paulze, cujo salão em Paris era freqüentado por muitos liberais. Quem mais interessou o jovem Lavoisier no salão de Jacques Paulze, porém, foi sua filha, Marie Paulze.
Embora Marie tivesse apenas 14 anos e Lavoisier já andasse pelos 28, isso não era considerado empecilho. Ao contrário, com a chegada de Lavoisier, Marie encontrou um pretexto para se livrar de um nobre arruinado de 50 anos que queria se casar com ela. O casamento com Lavoisier parece ter sido feliz. Marie Paulze também se interessava por ciência e colaborou intensamente acompanhando as experiências do marido, tomando medidas e notas, ilustrando acuradamente a aparelhagem empregada. Além disso, traduzia e vertia obras técnicas do e para o inglês. Ele era um homem extremamente organizado. De manhã, fazia ciência das 6 às 8; à noite, das 7 às 10. No meio tempo, ocupava-se de mil e um encargos. Mas, toda semana, um dia inteiro era dedicado a experiência. Prova de sua paixão pela ciência, chamava-o jour de bonheur, dia de felicidade.
As funções iniciais de Lavoisier na empresa de coletores impunham-lhe viagens longas e freqüentes pelas províncias francesas. Mas sempre achava tempo para seus interesses científicos. Depois de alguns trabalhos sobre a natureza do gesso e sobre os diversos tipos possíveis de iluminação pública da época, Lavoisier iniciou o seu combate contra a teoria do flogisto. O que primeiro lhe chamou a atenção foi um fato notado um século antes pelo irlandês Robert Boyle (1627-1691): ao se aquecer um metal até que ele se torne calcinado, o resíduo pesa mais do que o material original. Lavoisier repetiu a experiência com vários metais e com o enxofre, obtendo o mesmo resultado.
Ao contrário do que pretendia a teoria do flogisto, portanto, nada estava sendo liberado, mas algo vinha se juntar à substância aquecida. Hoje se sabe que o oxigênio presente no ar é que se combina com ela. Lavoisier intuiu esse fenômeno já em 1774 ao enviar para a Academia de Ciências uma coleção de trabalhos, um dos quais sobre "a existência de um fluido elástico fixado em algumas substâncias e sobre os fenômenos que resultam de sua liberação e fixação". Vários anos seriam necessários ainda para demonstrar cientificamente a composição do ar, por meio de uma experiência que se tornaria um clássico na história da Química.
Em 1783, Lavoisier sintetizou a água, misturando oxigênio e hidrogênio dentro de um grande frasco e desencadeando a reação através de uma centelha elétrica. Pouco mais tarde, conseguiu inverter o processo. Fez passar água muito lentamente por um cano de espingarda aquecido ao rubro e cheio de limalha de ferro. Com o calor, o oxigênio da água oxidava a limalha de ferro, ficando retido no caminho, enquanto o hidrogênio escapava livre pelo outro lado. A importância maior de Lavoisier não está, porém, no ineditismo de suas experiências, pois muitas foram inspiradas ou mesmo diretamente copiadas de seus colegas. A diferença está nas conclusões que ele soube tirar - estas sim, inteiramente originais.
Os químicos ingleses Joseph Priestley (1733-1804) e Henry Cavendish (1731-1810) são casos típicos de pesquisadores bem-sucedidos e teóricos equivocados. Trabalhador incansável, Priestley experimentava em todas as direções. Seu caderno de notas está cheio de expressões do tipo: "Mal podia eu esperar", "qual não foi minha surpresa", "por mero acaso tentei", etc. Priestley isolou o oxigênio antes de Lavoisier e comunicou-lhe pessoalmente a descoberta numa visita a Paris. Ocorre, no entanto, que ele acreditava ter descoberto "ar desflogistificado". O mesmo ocorreu com Lord Cavendish e a síntese da água.
Dono da imensa riqueza da casa dos Cavendish, o cientista inglês passava a vida isolado no laboratório. Ele conseguiu a síntese da água, numa experiência feita diante de seu secretário, Blagden, que por sua vez contou a novidade a Lavoisier. Cavendish, no entanto nunca chegou à interpretação correta. O hidrogênio utilizado na experiência queimava tão bem que, para ele, só poderia ser flogisto puro. Um dos primeiros na França a aderir às novas idéias de Lavoisier foi Louis Berthollet, que descobrira a possibilidade de produzir explosivos a partir do clorato de potássio.
Logo vieram se juntar a ele Antoine de Fourcroy, conferencista e escritor brilhante, e Guyton de Morveau, considerado, até então, o maior químico da França. Durante oito meses, Lavoisier, Berthollet, Fourcroy e De Morveau trabalharam juntos numa nomenclatura química de acordo com os conhecimentos que iam nascendo. Foi então que surgiram os nomes oxigênio e hidrogênio e as grandes categorias que permanecem até hoje, como óxidos, sulfatos, ácidos, álcalis etc. A Química nova aposentava a suposição herdada da Grécia Antiga de que o ar, a água, a terra e o fogo eram os elementos básicos, indivisíveis, da matéria. E identificava o gás, o líquido e o sólido como estados de agregação de uma dada substância, sujeita a diferentes graus de calor.
Os quatro se encontravam no Arsenal de Paris, depósito central e maior fábrica de pólvora da França, que a partir de 1775 vinha sendo dirigido por Lavoisier. Desde que tomara posse como régisseur des poudres (literalmente, diretor de pólvoras), ele conseguira transformar a pólvora francesa, de péssima qualidade, numa das melhores, se não na melhor do mundo - atributo que décadas depois faria a felicidade dos exércitos de Napoleão. As folgadas instalações do Arsenal serviram a Lavoisier de residência, de laboratório para suas experiências e de escritório, onde centralizava um número cada vez maior de atividades.
A Revolução de 1789 encontrou em Lavoisier um partidário da moderação, disposto, ainda assim, a colaborar com o novo regime - até porque tinha idéias sociais razoavelmente adiantadas para o seu tempo. Como representante da cidadezinha de Romorantin-Lanthenay nas Assembléias Provinciais, apresentara em 1788 uma série de propostas progressistas liberando os camponeses do trabalho obrigatório e gratuito na construção de estradas, acabando com as prisões arbitrárias e com a censura à imprensa. Os revolucionários, de seu lado, também pareciam interessados em contar com a colaboração de tão ilustre figura. Assim, em setembro de 1789, três meses depois da queda da Bastilha, foi chamado a participar da direção do Banco da França, encarregado de supervisionar a emissão de assignats, bônus do governo com garantia das terras tomadas à Igreja.
No ano seguinte, integra o comitê de cientistas incumbidos de estabelecer o sistema decimal de pesos e medidas - um legado do espírito racional que inspirou a Revolução. Em 1790 é chamado, junto com outros cinco economistas, para o Comitê Diretor do Tesouro Nacional. No entanto, outras forças trabalhavam contra ele. De início foram apenas incidentes isolados, embora perigosos. No dia 12 de julho, por exemplo, antevéspera da tomada da Bastilha, o povo amotinado atacou as detestadas muralhas de Paris, mandadas erguer pelo rei por sugestão do coletor de impostos Lavoisier, para combater o contrabando de mercadorias. Nelas, fortunas haviam sido gastas em portas ornamentais. No dia 13, a multidão corre ao Arsenal em busca de pólvora. Mas encontra apenas parte dos estoques - o resto já tinha sido transferido para a Bastilha. Não se sabe se Lavoisier ordenara a transferência, se é que ocorreu, por iniciativa própria ou por ordem superior. Seja como for, aos olhos de alguns revolucionários, o cientista ficou marcado como o homem que tentou esconder a pólvora da revolução - um pecado capital.
Logo no mês seguinte, outro incidente do mesmo gênero engrossou a animosidade contra Lavoisier. Uma barcaça carregada de pólvora para fins industriais seguia da cidade de Nantes para Metz quando foi interceptada por um grupo de revolucionários. Lavoisier esclareceu que se tratava realmente de pólvora industrial, e não militar, e mandou liberar as barcaças. Uma confusão de ordens e mal-entendidos, porém, fez o povo, furioso, conduzir Lavoisier à Guarda Nacional, ameaçando enforcá-lo em cada lampião do caminho.
O incidente termina por aí e segue-se uma breve calmaria. Em fevereiro de 1791, porém, Jean-Paul Marat escreve no seu jornal L´Ami du Peuple ("O Amigo do Povo") que Lavoisier é o "corifeu dos charlatães", aquele que "aprisionou Paris numa muralha que custou aos pobres 30 milhões". Marat termina seu artigo lamentando que ele não tenha sido enforcado num lampião. O cerco vai se fechando. Em maio, a Assembléia Nacional dissolve a Ferme Générale e dá um prazo de dois anos para que os coletores acertem suas contas, devolvendo ao Estado os ganhos indevidos. Em 1792, Lavoisier é constrangido a se demitir de suas funções no Tesouro e no Arsenal. E Antoine de Fourcroy - logo ele, que fora tão amigo de Lavoisier - pede que os acadêmicos façam um expurgo de "certos membros culpados de monarquismo ou de falta de civismo".
A essa altura, a Academia de Ciências já não estava recebendo subvenções e Lavoisier sustentava do próprio bolso seus colegas sem recursos. Gastou com isso 20 mil libras. Já era o tempo do Tribunal Revolucionário de Robespierre e Saint-Just. A Revolução entrara no período do Terror. Lavoisier é aconselhado a fugir de Paris, mas fica. Em novembro de 1793 é decretada a prisão dos coletores. Lavoisier ainda poderia ter escapado. A polícia foi procurá-lo nos apartamentos do Arsenal, onde ele não residia havia mais de um ano. Avisado, foi esconder-se na casa de um amigo humilde, ex-zelador da Academia de Ciências. Três dias mais tarde, no entanto, sabendo que seu sogro já estava preso, reaparece e é logo detido.
Depois de um mês e meio na prisão de Port Libre, os coletores foram transferidos para a própria sede da Ferme Générale, que, nesse meio tempo, ganhava cadeado nas portas e barras nas janelas. Ali trabalharam mais um mês no acerto de contas com o Estado. O relatório final dos coletores ficou pronto no final de janeiro. Uma comissão de auditores concluiu em 5 de maio que eles desviaram 32 milhões de libras e, assim sendo, deveriam comparecer diante do Tribunal Revolucionário. Na mesma noite, certo do que o esperava, Lavoisier escreveu a um primo, com resignação e ironia: "Tive uma carreira longa e, sobretudo, feliz. Que mais eu poderia desejar? Os eventos com os quais estou envolvido provavelmente me pouparão os dissabores da velhice. Hei de morrer em plena posse de minhas faculdades".
Para defender os coletores no processo por atividades contra-revolucionárias, o Estado havia nomeado quatro advogados, que, antes do julgamento, só conseguiram falar quinze minutos com cada acusado. Aberta a sessão pelo juiz Coffinhal, vice-presidente do Tribunal Revolucionário, um dos advogados tentou ler um documento favorável a Lavoisier, mas teve a palavra cassada pelo juiz. Este entrou para a História como tendo dito na ocasião que "a República não precisa de cientistas"- mas a frase é provavelmente apócrifa. Quatro horas depois, os jurados deram sua sentença: com exceção de três réus, todos foram condenados à morte. A execução, na guilhotina erguida na praça da Revolução, depois denominada praça da Concórdia, deu-se na madrugada de 8 de maio.
Os amigos influentes talvez pudessem ter salvo Lavoisier, mas não ousaram afrontar o Terror. Apenas uma delegação do Liceu das Artes enviou ao condenado uma coroa de flores - "a consolação da amizade", registram os anais do Liceu, "para coroar a cabeça prestes a tombar sob o cutelo". Informado de sua morte, o matemático Lagrange cunhou a frase: "Num instante cortaram-lhe a cabeça, mas outra igual talvez não surja na França num século". A reabilitação do cientista não tardou. Em 1795 foi inaugurado um busto de Lavoisier, com a inscrição "vítima da tirania". Mas então já tinham sido guilhotinados o promotor, o juiz e cinco dos doze jurados que o condenaram. Sem falar no próprio Robespierre.

A descoberta do oxigênio.

Na clássica experiência sobre a composição do ar, inicialmente Lavoisier colocou determinada quantidade de mercúrio, cuidadosamente pesada, no interior de uma retorta. O bico da retorta comunicava-se com o ar aprisionado na parte superior de um frasco virado de gargalo para baixo numa bacia de água. (À medida que o volume de ar diminuísse ou aumentasse, o nível da água subiria ou desceria dentro do frasco.) Em seguida, ele aqueceu a retorta lentamente durante dez dias. Um pó avermelhado começou a se formar na superfície do mercúrio, ao mesmo tempo que o ar aprisionado perdia um quinto do seu volume. Obviamente, o mercúrio estava consumindo ar para formar o pó avermelhado, o óxido de mercúrio.
Mas ainda sobrara certa quantidade de ar aprisionado e esse "ar" era certamente de uma espécie diversa, pois nele as velas se apagavam e as cobaias que o aspiravam logo morriam. De fato, tratava-se do gás nitrogênio. Depois Lavoisier transportou o óxido de mercúrio para uma retorta menor, aqueceu-a e recolheu o gás que escapava num outro recipiente. Nesse gás, que ele inicialmente chamou de "eminentemente respirável" e depois batizou de oxigênio, as velas queimavam vigorosamente e as cobaias respiravam muito bem. Finalmente, o cientista misturou os dois tipos de gás, obtendo ar comum.





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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Uma Casa em Órbita - Espaço


UMA CASA EM ÓRBITA - Espaço



Daqui a seis anos começará a surgir a Freedom, a maior estação espacial já planejada pelo homem. Ela será o lar de oito astronautas e servirá para experiências em microorganismos.

Após um dia de intenso trabalho, um bom jantar, uma conversa com a família, uma partida de xadrez e o sono merecido. No dia seguinte, exercícios para manter a forma, uma ducha revigorante, café da manhã reforçado e tudo recomeça. A rotina, típica dos nossos dias, não teria nada de excepcional se não fosse vivida por uma equipe de oito astronautas afastados do cotidiano terrestre durante bons seis meses. Para esses homens e mulheres, atividades corriqueiras, como tomar banho ou se alimentar, não serão o que se pode chamar tarefas banais. O capítulo banho, por exemplo, pode se arrastar por mais de uma hora, enquanto a acomodação confortável no vaso sanitário, entre cintos de segurança e prendedores de pé, não será algo instantâneo como na velha Terra - e lá se irão outros preciosos minutos.
Problemas aparentemente menores como esses fazem parte da infindável pauta dos engenheiros da agência espacial americana NASA, que há algum tempo estudam maneiras de tornar a vida no espaço um pouco mais parecida com a que segue por aqui, apesar da quase total ausência de gravidade. Ultimamente, tais estudos se tornaram ainda mais urgentes porque os Estados Unidos, os países da Comunidade Econômica Européia
(menos a Inglaterra), além do Japão e do Canadá, concentram esforços no que é considerado hoje um dos mais ousados e por isso mesmo polêmicos projetos da conquista espacial: a estação orbital Freedom (liberdade, em inglês), a última grande incursão tripulada ao espaço deste século. Trata-se de um hotel-laboratório permanente de 110 metros de comprimento, ou um campo de futebol, que aqueles países pretendem montar a cerca de 400 mil metros da Terra.
Se o projeto levantar vôo financeiramente - o que depende sobretudo do Congresso americano, do qual se espera o sinal verde para 15 dos 23 bilhões de dólares que se supõe necessários ao empreendimento -, no final de 1995 um ônibus espacial sairá de Cábo Canaveral, na Flórida, carregado com 18 toneladas de material de construção. A carga será abandonada durante algumas semanas em órbita até que outra nave leve os astronautas ao serviço. Presos apenas por cabos, começarão em pleno espaço a montar a estação. Esse processo se repetirá ao longo de dois anos. Se o calendário for cumprido conforme os planos atuais, em 1998, vinte vôos depois, a Freedom estará pronta para receber os primeiros inquilinos.
A experiência não é inédita. A começar de 1973, a União Soviética lançou sete estações Salyut (saudação, em russo), precursoras da atual Mir (paz), que com seus 40 metros de comprimento fica bem atrás em termos de tamanho e capacidade de acomodação do custoso projeto ocidental. Embora pequena, a Mir abrigou até três cosmonautas em missões de longa duração. No ano passado, os cosmonautas Vladimir Titov e Musa Manarov permaneceram a bordo o tempo recorde de 366 dias, 19 horas e 30 minutos. Os americanos também já tiveram uma experiência com estação orbital: o laboratório Skylab, onde, em 1973, três astronautas passaram 84 dias. Em 1979, seis anos e quatro versões depois, uma pane no sistema de correção de órbita fez com que o último Skylab se espatifasse na atmosfera. Anunciada em 1984 pelo então presidente Ronald Reagan, a Freedom deve continuar com mais recursos o trabalho de sua antecessora. Para os defensores do projeto nos Estados Unidos, ela é a base em que se assenta o futuro do programa espacial americano.
Para os críticos, não passa de uma extravagância: experiências a bordo dos ônibus espaciais - cujos lançamentos custam cerca de 50 milhões de dólares - ou mesmo numa estação mais modesta, segundo esses críticos, produziriam resultados iguais. Pode ser. Mas a diferença é que em nenhuma dessas naves oito astronautas poderiam viver quase normalmente. "A Freedom é uma excelente oportunidade para preparar o homem para longas viagens espaciais", justifica o físico John Bartoe, coordenador científico do projeto, ouvido por SI.
A estação é uma grande arcabouço horizontal de tubos ultraleves de fibra de carbono e epóxi. Nas duas pontas serão instalados painéis solares contendo cada um 250 mil células fotovoltaicas. Calcula-se que a estação levará 91 minutos para dar uma volta completa em torno da Terra. Durante os 54 minutos em que estiver voltada para o Sol em cada giro, poderá captar 75 mil watts de energia, suficientes para abastecer com folga os quatro módulos pressurizados - um de habitação e três laboratórios - no centro dessa torre espacial. A parte habitável terá paredes duplas de alumínio para amenizar o possível impacto do lixo à solta no espaço - restos de foguetes e satélites deixados em órbita.
Além de construir todo o arcabouço de estação, a NASA está encarregada de projetar o módulo habitacional e um dos laboratórios, de forma cilíndrica e medindo 13 metros de comprimento. De seu lado, a Agência Espacial Européia (ESA) pretende fazer um laboratório acoplado, além de um terceiro, que nem sequer precisará da estação para funcionar. Será uma nave solitária, mantida a cerca de 50 quilômetros da Freedom e usada para experiências científicas, que não poderiam ser realizadas a bordo por causa das interferências no ambiente produzidas pela presença dos astronautas. A cada seis meses, a tripulação de plantão da Freedom trará o módulo-laboratório para a estação, trocará seus experimentos por outros para em seguida liberá-lo por mais seis meses de vôo orbital independente.
Já a contribuição japonesa ao projeto será mais modesta: um laboratório de 10 metros, um pouco menor do que as versões americana e européia. Todo o conjunto será servido por um braço mecânico - contribuição do Canadá para a estação -, quase um robô móvel capaz de operar equipamentos, manipular ferramentas e consertar instrumentos. É com esse braço - e com mais outro a ser construído pelos americanos para tarefas mais delicadas - que os astronautas pretendem montar a estação no espaço.
Imaginada com tanta antecedência, essa configuração por certo não é definitiva. "Pelo menos mais cinco módulos poderão ser acrescentados no futuro", anuncia Bartoe, da NASA. Europeus, japoneses e americanos também querem construir mais cinco satélites. Estes, ao contrário da Freedom - em órbita equatorial -, devem girar em volta dos pólos. O módulo habitacional com cerca de 13 metros de comprimento será o coração da Freedom. Parecido com o carro-leito de um trem, terá um corredor comprido cercado por todos os lados - literalmente, porque na ausência de gravidade não existe chão nem teto - por armários, cabines, bancadas de trabalho, painéis de controle e pelo menos uma grande janela com direito a uma paisagem para ninguém botar defeito: o planeta Terra. Os astronautas da Skylab que passaram 84 dias no Cosmo eram ex-pilotos de testes acostumados com espaços apertados e imunes à claustrofobia. Mesmo assim, houve ocasiões em que eles se sentiram "como se estivéssemos enterrados vivos num caixão", nas palavras do astronauta Gerald Carr.
A fim de contornar esse problema. a NASA pretende fazer tudo para transformar a estação num lugar bom para viver e trabalhar - e nesse sentido ela proporcionará lições valiosas para futuras viagens a outros planetas. "A Freedom não deve refletir apenas a habilidade da tripulação em sobreviver em condições adversas", lembra a psicóloga da NASA Ivonne Clearwater. Mesmo porque, refletindo os novos tempos que se anunciam para a conquista espacial, ela não só terá uma população heterogênea, em termos das aptidões de cada um, o que já acontece nos ônibus espaciais, mas também de várias nacionalidades, moda que começou nas estações soviéticas. "A Freedom terá provavelmente astronautas da Europa e do Japão", disse a SI em Paris o engenheiro francês Patrick Eymar, da empresa Aerospatiale, encarregada da construção da parte européia da Freedom.
Mantido o esquema atual, cada astronauta terá seu próprio quarto - se é que assim se pode chamar a área um pouco maior que uma cabine telefônica. Mas, como chão, paredes e teto poderão ser usados indistintamente, segundo os engenheiros, ninguém terá a sensação de sardinha em lata tão conhecida das gerações anteriores de viajantes espaciais. Cada quarto terá um saco de dormir preso à parede, pois a ausência de gravidade dispensa cama tradicional. Gavetas e armários estarão ao alcance da mão, bem como o terminal de vídeo, mediante o qual os astronautas poderão se comunicar com a Terra e programar suas atividades diárias. "Não se descarta a possibilidade de enviar mulheres ou mesmo casais para a estação". informa o americano Bartoe. Neste último caso, as paredes entre dois quartos individuais seriam retiradas. Mas cada astronauta terá o seu saco de dormir individual. Para ajudar a tripulação a reproduzir a sensação de pés na Terra, os módulos terão o que supostamente seria o chão pintado de uma cor mais escura do que o suposto teto.
A rotina diária dos oito astronautas deverá ser igual à do cotidiano terrestre: oito horas de trabalho, oito de lazer e oito de sono. Durante as horas reservadas à pesquisa, os cientistas poderão estudar temas tão díspares como a formação de cristais de proteína, dinâmica de materiais e a fisiologia de plantas, animais e deles próprios em condições extraterrestres. "Programar o lazer dos astronautas também é importante", frisa o engenheiro Max Grimard, chefe do chamado Programa de Infra-estrutura Orbital da Aerospatiale. A tripulação poderá ouvir música, assistir a um vídeo ou conversar com a família no centro de controle da NASA em Houston, Texas.
Como os cosmonautas soviéticos na Mir (SI n.º 11, ano 2), os futuros moradores da Freedom terão de adaptar o organismo às condições do Cosmo. Viver na ausência de gravidade pode trazer conseqüências desagradáveis para a saúde. Os músculos, por exemplo, quase não são utilizados e acabam perdendo a rigidez - daí a preocupação com a ginástica corretiva. Além de usar roupas especiais com elásticos que exercem pressão sobre os músculos, os astronautas poderão recorrer a aparelhos clássicos para quem quer, ou precisa, manter a forma: uma esteira rolante, obviamente com cintos que prendem os pés ao tapete, e a bicicleta ergonométrica, também munida de presilhas. Os astronautas também serão submetidos a eletrocardiogramas diários, pois, devido à microgravidade, a atividade cardíaca é menor.
A cada três meses, a tripulação receberá a visita de um ônibus espacial encarregado de levar alimentos, água, roupas e cartas de casa. "Uma das nossas maiores preocupações é diminuir ao máximo a carga transportável", diz o francês Grimard. Por isso, os técnicos estudam maneiras de purificar cada gota de água e cada molécula de oxigênio a bordo. O dióxido de carbono (CO2 ) eliminado na respiração será recuperado para a obtenção de oxigênio. A água - inclusive da urina - será reaproveitada na higiene das roupas, pratos e nos banhos. Ela só não servirá para beber. "Do ponto de vista psicológico não se pode exigir de um astronauta que passe seis meses bebendo urina reciclada", brinca Patrick Eymar.
Já a comida não deverá ser produzida a bordo. Cardápios completos serão enviados na forma desidratada ou congelada. A cozinha de bordo terá dois fornos de microondas e um freezer-geladeira, além de uma máquina de lavar pratos, naturalmente. Esses eletrodomésticos são um luxo para astronautas acostumados à comida padrão dos ônibus espaciais. Mesmo assim, preparar um delicioso filé com fritas a bordo da Freedom não será uma tarefa fácil: como sempre, qualquer alimento deve estar bem encaixado no prato para não flutuar pela nave, obrigando o faminto astronauta a uma indesejável brincadeira de pega-pega.
"Tomar banho na estação também será uma operação complicada e desagradável", reconhece o francês Eymar. A água flutuando livremente é um aborrecimento, além de prejudicar os experimentos de bordo. Assim, cada astronauta deverá sugar com uma espécie de aspirador até a última gota que sobrou dentro do boxe, antes de abri-lo. Da mesma forma, o que os engenheiros chamam polidamente waste management system (sistema de administração de dejetos), ou, em bom português, privada, será dotado de um aspirador para evitar que os tais dejetos flutuem livremente pela estação. A propósito, o cosmonauta soviético Georgy Grechko conta que em 1985, quando esteve na Salyut 7, viu, flutuando no espaço, sacos de fezes jogados da nave.
Nos próximos anos - se for efetivamente dada a largada para a construção da Freedom -, cientistas de universidades e grandes empresas estarão começando a planejar a utilização da estação. Segundo o físico Bartoe, da NASA, o tempo a bordo será controlado da mesma forma como os institutos astronômicos dividem o tempo de uso de seus telescópios. Só que, nesse caso, não para ver estrelas, mas para conseguir remédios, plantas e materiais melhores. Mas o grande sonho dos participantes do programa é fazer da Freedom um local para reabastecer e prestar serviços a satélites, além de trampolim para foguetes que se dirijam a lugares ainda mais distantes - a Lua ou o planeta Marte.

Liberdade e Paz

As diferenças entre a estação americana e a soviética
FREEDOM
Comprimento 110 metros
espaço interno 448 metros cúbicos
área útil 166 metros quadrados
peso 320 toneladas
consumo de
energia 75 quilowatts

MIR
Comprimento 40 metros
espaço interno 125 metros cúbicos
área útil 52 metros quadrados
peso 50 toneladas
consumo de
energia 16 quilowatts


Dos pólos ao espaço

A experiência de passar seis meses no espaço dentro de uma estação parecida com um vagão de trem faz parte do original tema de estudo de uma pesquisadora brasileira, a socióloga Lúcia Regina Marcondes D´Elia, há oito meses em Paris a convite do Centro de Estudos Árticos, para analisar o comportamento dos ocupantes das bases francesas na região polar norte. Suas conclusões e mais o relato da duas viagens que fez à Antártida, em 1984 e 1985, serão levadas à NASA para ajudar a agência a elaborar métodos de treinamento dos astronautas da Freedom.
"Astronautas, pesquisadores polares, tripulações de submarinos e operários de plataformas marítimas de petróleo têm muita coisa em comum", identifica a socióloga. "Todos estão confinados em espaços limitados que, por serem inóspitos, podem oferecer perigo. Por isso, eles são obrigados a aprender um conceito de vida em comunidade, onde de cada um depende a sobrevivência de todos." Ela explica que em geral tais profissionais são extremamente individualistas, o que complica a adaptação.
Além de observar o comportamento alheio, Lúcia Regina aplicou na Antártida e no Ártico testes cronobiológicos para avaliar a influência do ambiente sobre os períodos de vigília e sono, além de testes de níveis de percepção, afetados ali pela falta de estímulo, como cores e formas. Mas, para ela, um dos melhores materiais de pesquisa está no reaproveitamento do espaço pelos seus habitantes. "Por mais que se queira projetar um quarto racional e esteticamente perfeito, ele sempre será rearrumado por seu ocupante", comenta. "Um objeto pessoal aqui, uma foto acolá dão ao lugar mais insólito uma aparência de casa normal."





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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

O Nome dos Números - Misticismo



O NOME DOS NÚMEROS - Misticismo



A última palavra em pseudociência é a numerologia, que atribui poderes mágicos aos algarismos - uma crença tão antiga como o ser humano.

Ser o número 1 nisto ou naquilo, no fundo é o que a maioria das pessoas sempre quer. Mas querer não é poder. Quem não pode trate de mudar de nome ou vá comemorar o aniversário em outro dia. Ao menos, é a solução radical que os numerologistas encontram para todo e qualquer problema: relacionando as letras do alfabeto a algarismos, eles calculam todos os números que são parte da vida de uma pessoa. Então, através de análises complicadas, fazem uma série de combinações, subtraem letras aqui, somam letras acolá, resultando desse coquetel de cifras um novo nome, graças ao qual o inocente usuário espera que - 1, 2, 3, já - a vida, como num passe de mágica, fique cem vezes melhor.
Para a numerologia, que vem contabilizando um número crescente de adeptos, cada algarismo tem significados próprios, positivos e negativos. As letras, por sua vez, são enumeradas de 1 a 9 conforme a ordem alfabética: assim o A tem valor igual a 1; o B, igual a 2; o C, igual a 3; o I, igual a 9; o J, igual a 1 novamente, sempre reiniciando o ciclo, até a última letra, Z. Quando a soma dos valores de um nome ou de uma data resulta em mais de um algarismo, os numerologistas fazem uma redução: por exemplo, 23 transforma-se em 5, porque equivale a 2 mais 3.
Nos receituários dos praticantes dessa modalidade de esporte místico, para conhecer as características da personalidade manda-se somar as letras do nome completo; já os desejos seriam revelados pela soma das vogais; a aparência seria o resultado das consoantes somadas; a data de aniversário representaria o destino. E assim por diante, são tiradas um sem-número de conclusões. No final das contas, essa nova mania é, talvez, uma das mais velhas fascinações do homem - brincar com os números que ele próprio criou atribuindo-lhes poderes e significados muito além da mera expressão de certas quantidades.
É bem verdade que o homem primitivo se veria diante de um problema insolúvel se tivesse de responder quantos lados tem um quadrado. Pois, como os antropólogos descobriram, para ele só havia o 1 e o 2, sendo o 3 literalmente demais. Portanto, desde as sociedades antigas, a idéia de 3 é a do infinito - daí, quem sabe, tenha surgido a trindade Pai, Filho e Espírito Santo do cristianismo ou o ato de bater três vezes na madeira, como fazem os supersticiosos ao querer afastar algo para sempre. Foi na Grécia, no século VI a.C., porém, que surgiu um verdadeiro encantamento pelos números, formando-se até uma sociedade secreta, em que os iniciados chegavam a fazer voto de silêncio por vários anos - a escola pitagórica.
"Pitágoras ( que viveu entre 580 a 500 a.C., aproximadamente) ficou conhecido como matemático, mas, antes de tudo, era um místico", define o uruguaio César Polcino Milies, que leciona História da Matemática na Universidade de São Paulo. Muito do que hoje é para os cientistas a teoria dos números - que estuda as suas propriedades - foram conceitos que Pitágoras criou, na tentativa ao mesmo tempo religiosa e filosófica de compreender o Universo.
Para os pitagóricos, cada número tinha atributos que se comunicavam às coisas, através das medidas de suas dimensões, por exemplo. E, como "tudo é número"- o lema de Pitágoras -, tudo era animado e divino. O 1, por ser imutável, seria a razão; o 2, que pode mudar, porque dividido por si mesmo dá 1 e multiplicado dá 4, seria a opinião; o 3 seria a criatividade que leva à expansão, porque é o primeiro número que multiplicado por si mesmo dá um resultado - 9 - maior do que somado, 6; a justiça seria o 4, pois o quadrado tem quatro lados iguais.
Ao descobrir a raiz quadrada de 2, Pitágoras achou que tinha encontrado um número maldito, que não era criação dos deuses porque parecia inexistir na natureza. Diz a lenda que os discípulos do matemático que contassem esse segredo eram condenados à morte. Hoje, ninguém pensaria em usar um amuleto contra a maldição do número 1,4142135. Mas não falta quem prefira se precaver em relação ao 13, azarento de marca maior, abolido das fileiras numeradas de teatros e até de aviões em alguns países. Na hora das refeições, tremem os supersticiosos, o 13 produz os efeitos mais devastadores: se esse for o número de pessoas à mesa, uma delas irá certamente morrer.
A bobagem já dura quase 2 mil anos, pois se acredita que tenha surgido quando Cristo se reuniu aos doze discípulos na Última Ceia, antes de morrer na cruz. A Bíblia, por sinal, é fonte de muitos números místicos, como o 7 das virtudes e também dos pecados capitais ou ainda o 10, dos mandamentos. Interpretando seus textos, um teólogo alemão do século XVI, Peter Bungus, consumiu mais de seiscentas das setecentas páginas que escreveu sobre numerologia para defender a tese de que o número do demônio era 666. Como bom católico, Bungus aproveitou para concluir que o nome do líder de Reforma Protestante, Martinho Lutero (1483-1546) tinha o mesmo valor. Lutero, que não desdenhava uma boa querela, respondeu que 666 era a duração do regime papal, alegrando-se com a idéia de que o papado estaria no fim. Essa briga do diabo é exemplo do uso aleatório da chamada numerologia cabalística, uma invenção dos antigos hebreus para interpretar textos sagrados, mediante a associação de letras e números.
Além do fascínio pitagórico pelos números, a numerologia que hoje se pratica em consultórios - onde um diagnóstico de personalidade ou uma descrição de futuro saía, em fins de maio, por cerca de 100 cruzados novos - também foi influenciada pela cabala.
Cabalisticamente, frases com o mesmo número de palavras do mesmo valor numérico, embora não pareçam ter correlação, podem ser interpretadas juntas. Assim, quando a Bíblia menciona que Eleazar reuniu 318 soldados para salvar Lot, sobrinho do patriarca Abraão, o tamanho da tropa pôde chamar a atenção por ser tão preciso. "É que o valor numérico de Eleazar é 318", explica César Polcino, que apesar de matemático se interessa por misticismo e até acredita que cada número é uma espécie de força - confissão um tanto herética na sala onde ele trabalha, repleta de severos livros de Álgebra.
De seu lado, embora admita conhecer pouco a nova numerologia, o carioca Nilton Bonder não tem a mesma fé de que por trás de seu nome - cuja soma é 4 - existam números responsáveis, por exemplo, por seu gosto pelo surfe. Sua opinião é alicerçada pelo conhecimento do judaísmo que sua função de rabino exige. "A numerologia da cabala serve para inúmeros jogos de interpretação", nota ele. "Mas tudo é feito dentro de um contexto limitado, como os versículos bíblicos. Então, se brinco com números e chego a outro número, isso tem de fazer sentido no texto." Ele cita o exemplo da palavra crianças em hebraico (ieladim), cujo valor é a soma de pai (aba) e mãe (íma) nessa língua, como se também aí a união do casal gerasse filhos.
"Mas extrapolar a técnica para todo o universo de um indivíduo é criar um jogo de interpretações infinito", diz Bonder. Certamente não é a opinião dos numerologistas, como o carioca João Bosco Cavalero Viegas, judeu convertido, que começou a estudar cabala há 23 anos, graças ao bisavô materno, um espanhol maçom que lhe deixou uma biblioteca de herança. Bosco já foi jornalista e produtor de moda. Hoje, porém, dá cursos e atende clientes em busca de mapas numerológicos.
"Sei quem me procura de cara", comenta como propaganda de suas habilidades, referindo-se, é claro, ao número da pessoa. Ele próprio, por exemplo, é 3 - daí justifica "fazer mil coisas ao mesmo tempo, falar várias línguas". Embora garanta acertar no julgamento que faz dos clientes, o que Bosco lhe oferece são números com duas versões - uma, das qualidades que todos gostariam de possuir; outra, dos defeitos inerentes àquele algarismo. Há números, de acordo com ele, positivos apenas em certos casos. Exemplifica: " O número 4 é ótimo para nome de loja, pois dá estabilidade financeira. Mas alguém com um nome 4 é estagnado".
O conceito de que números são forças e que os nomes - pelo fato de se associar a um algarismo - representam a união de tais forças é antigo na magia. Seu equivalente pode ser encontrado nos contos infantis, com seus sinsalabins, abre-te-sésamos e abracadabras - todas palavras dotadas de poderes mágicos. Bosco admite ser muito místico e aproveita qualquer ocasião - "até tomando um chope"- para divulgar a idéia de que o nome faz a pessoa e ainda imprime o seu destino, junto com a data do aniversário. Mesmo assim, evita rebatizar as pessoas - a última moda em misticismo aplicado, especialidade de outro numerologista carioca, Gilson Chveid Oen (nome verdadeiro).
Por sua causa, a cantora Sandra Sá hoje é Sandra de Sá, o humorista Chico Anísio virou Chico Anysio e - provavelmente para decepção de suas fãs - o compositor e cantor Jorge Ben quer agora ser chamado de Jorge Benjor. São exemplos de gente conhecida entre as quase 5 mil pessoas que, segundo Gilson, mudaram o nome após visitá-lo. Ele diz se identificar como numerologista "apenas para vender o meu peixe". Então, o que Gilson faz? Sua resposta é que estuda o que chama arcanos cerebrais, de acordo com uma teoria de sua própria lavra que, compara sem corar, é "tão revolucionária quanto a da Relatividade".
Durante dezessete anos esse ex-engenheiro diz ter estudado os símbolos que envolvem o ser humano nas diferentes culturas e depois passou a associar os mesmos símbolos a números de 0 a 9. "O cérebro faz isso, porque como o homem tem dez dedos aprendeu a raciocinar sobre essa base." Dessa maneira, segundo ele, o homem está ligado ao 1 porque, em todas as versões sobre a sua origem, ele chegou antes da mulher. Mas as associações podem durar décadas ou milênios: "Se a mulher dominar o mundo, talvez após mil anos ela deixe de ser associada ao número 2 e passe a ser número 1".
Para Gilson, todo pensamento, som ou imagem tocaria os arcanos cerebrais por suas letras assim como um pianista dedilha as teclas. Se a música em questão aparecer a toda hora, acabará fazendo parte da, digamos, trilha sonora de cada um. Em outras palavras, os estímulos que um nome provoca no cérebro acabariam sendo incorporados por ele.
"São como mantras", diz Gilson, fazendo uma analogia com a tradição hindu de entoar sons que teriam efeitos sobre o corpo e a mente. Um mantra negativo e "moderníssimo" é a palavra futebol, pronunciada em todas as esquinas. "Ela só mexe com arcanos emocionais, e é por isso que todos perdem a cabeça num jogo ou numa discussão sobre o assunto", comenta. Mas o futebol brasileiro, de acordo com essa teoria, ainda se salva pela letra E, do arcano 5 do prazer - daí o seu espírito alegre. Em inglês a palavra não tem E e sim A (football), letra inexistente na versão portuguesa e que, segundo Gilson, é do arcano do individualismo - algo aparentemente incompatível com um esporte coletivo. Continuando nesses jogos, a natação soma o mesmo 9 da agressiva luta livre; idem tênis e hóquei, que somam 5.
Certamente, um numerologista justificaria as diferenças fazendo outras análises. Afinal, seu ganha-pão consiste justamente em montar e desmontar palavras, inverter o sentido de sílabas, fazer pirâmides numéricas somando os números dos nomes de dois em dois até restar um. Quem quiser chame isso de ciência. Já em relação à numerologia mística, que não se pretende ciência, é simples questão de fé. O homem é um criador de símbolos, algo que o distingue de todos os outros seres. Assim, quando o numerologista diz que o nome da pessoa que o consulta tem o mesmo número que chuva, maçã, cinza, verão, andorinha ou o que for, o cliente seguramente acabará fazendo uma associação e dará ao nome uma interpretação simbólica. Esta, de uma forma ou de outra, acabará fazendo sentido - porque todas as pessoas são um pouco feias, um pouco alegres, um pouco deprimidas, um pouco céticas, um pouco crédulas.

Os números dos candidatos

Brincando com os algarismos, à maneira dos numerologistas, pode-se imaginar o que as urnas de 15 de novembro reservariam aos principais presidenciáveis. O ponto de partida é a soma do número do ano (1+9+8+9 =9) com a data de aniversário de casa um:

Aureliano Chaves
O número do seu ano é 5, que causa certo nervosismo. Combinado com os números do nome, o 5 tende a perturbar suas idéias.

Fernando Collor de Mello
Os números de seu nome passam a imagem de transformação. Mas quem vive um ano número 9, como ele, precisa romper com todos os vínculos do passado.

Leonel Brizola
Os números de suas letras criam um imenso carisma. Mas seu ano é 4, considerado um período difícil.

Luís Inácio Lula da Silva
Como Ulysses e Covas, seu número do ano também é 7. A união com valores numéricos de suas letras acentua suas convicções e aumenta sua determinação.

Mário Covas
Como Ulysses e Lula, seu número do ano é 7. Mas esse número, combinado com o 8 da soma de suas letras, aumenta seu potencial de trabalho.

Paulo Maluf
Seu ano é 1, o número do sucesso, que coincide com o número de seu nome: por isso, poderá tirar vantagem de qualquer situação.

Ulysses Guimarães
Seu número do ano é 7, o número da introspecção. Por isso tende a ser incompreendido até dentro de seu partido. A união com o 9 das vogais de seu nome, porém, indica uma surpresa nos quatro últimos meses do ano.

Os números dos nomes

Para os numerologistas, todas as letras de um nome, somadas e reduzidas a um único algarismo, geram determinada personalidade. Quando a soma é 10, o número é 1. Se for 11, porém, não se faz a redução para 2, porque a numerologia considera esse número sagrado.
1 Trabalha com afinco e consegue o que quer; egoísta, prefere agir sozinho. Por exemplo: Maguila, Fausto Silva, Carlos Drummond de Andrade.
2 Diplomático, pode se tornar um maria-vai-com-as-outras. Perfeccionista, adora conhecer pessoas, desde que não tenha de falar de si. Sigmund Freud, Fernando Sabino.
3 Sempre alegre, é um verdadeiro artista. Não resiste ao esoterismo. Donald Trump, Sílvio Santos, Jô Soares.
4 Lento, detesta novidades. Prefere uma árdua discussão filosófica a um bate-papo descontraído. Ringo Starr, Luíza Brunet, Joelmir Beting.
5 Leviano, adora aventuras. Apesar de inquieto e nervoso, é cheio de magnetismo, especialmente com o sexo oposto. Stephen William Hawking, Gilberto Gil, José Sarney.
6 Símbolo da família, gosta de um lar, doce lar. Odeia bagunça: quer pôr ordem na casa e no mundo. Walt Disney, Sting, Ivo Pitanguy.
7 Pessoa com senso estético apuradíssimo e dona de sentimentos elevados. Mas é péssima para negócios, sendo a vítima ideal para trambiqueiros. Steven Spielberg, Rita Lee.
8 O que ele quer é poder e para isso usa o espírito prático. É especialista em se aproximar de quem possa ajudá-lo a fazer sucesso. Ayrton Senna, Roberto Carlos, Cláudia Raia.
9 Símbolo da loucura, o portador desse número quer ser onipotente e onipresente a qualquer custo. Albert Einstein, Lobão.
11 Responsável por grandes revelações, com vocação para a pesquisa. Nunca lhe falta inspiração. Leonardo da Vinci, Adolph Hitler, Hector Babenco.





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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Resposta Errada - Alergia


RESPOSTA ERRADA - Alergia



Quando o organismo exagera ao defender-se de um agente externo, o resultado é a alergia, um mal que aflige uma em cada dez pessoas e contra o qual começa a nascer uma geração de potentes remédios.

Os inimigos se encaram, fazem uma pausa e partem para o primeiro combate de uma guerra sem-fim. De um lado, células do sistema imunológico; de outro, substâncias inofensivas à maioria das pessoas, mas que para a minoria são veneno: nelas, o arsenal de defesa é tão numeroso que acaba deixando em ruínas os campos de batalha do organismo. Uma em cada dez pessoas é vítima da situação, o que classifica a alergia como a sexta maior doença em incidência. Não há saída, o mundo é mesmo cheio de pólen, pó, pêlos, produtos químicos - em todo lugar, a qualquer momento, algo pode detonar uma crise. A Medicina auxilia como pode, aliviando os sintomas. Pois as pesquisas só muito recentemente desvendaram as estratégias dos ataques de alergia, permitindo traçar caminhos para terapias mais eficazes.
A explosão de novas descobertas com certeza fará diferença, no futuro, para os cerca de 177 mil brasileiros alérgicos que devem nascer ao longo deste ano. Talvez eles nem venham a sentir na pele o peso dessa herança.
Sim, é de herança que se trata, porque o comportamento anormal das células imunológicas tem raízes familiares - e por isso pode ficar latente. Com pais alérgicos, uma pessoa tem 50 por cento de chances de um belo dia ser surpreendida, por exemplo, pelo desejo compulsivo de se coçar após comer uma salada de tomates; quando só o pai ou a mãe tem o problema, a chance se reduz a um quarto. No entanto, o padrão herdado nem sempre é seguido à risca. Filho de quem é alérgico a chocolate devora às vezes bombons impunemente. Mas pode ficar literalmente sem fôlego pelo perfume da mãe.
Seus genes, afinal, não trazem o retrato falado de um inimigo da família, mas a predisposição para fabricar armas específicas contra estranhos que por si só fazem mal à saúde. Essas armas são, na verdade, um tipo especial de anticorpo - chamado imunoglobulina E ou simplesmente IgE - descoberto na década de 60 por um casal japonês, Kimishige e Teruko Ishizaga, que então cursava Medicina nos Estados Unidos. Como as IgE, produzidas por certos glóbulos sangüíneos, eram dez vezes mais numerosas em pessoas alérgicas, os pesquisadores perceberam que, nesses casos, alguma culpa elas deviam ter pelo tremendo engano que comete o sistema imunológico ao engalfinhar-se com o que habitualmente não incomoda a grande maioria das pessoas.
O comportamento diferente do sistema de defesa, aliás, inspirou o austríaco Clemens von Pirquet (1874-1929), o inventor do teste de tuberculose, a criar a palavra alergia, do grego allos (outros) e erguia (reação). Mas o termo tinha um sentido muito vago, pois englobava desde a saudável vermelhidão que indica a eficácia de uma vacina até as lesões de pele ou pruridos que certas pessoas manifestam ao tomar um inocente suco. Por isso, nos anos 50, o nome passou a definir apenas as reações negativas do organismo. Mas ainda se acreditava que os sintomas alérgicos eram causados por falhas nas defesas orgânicas, como se, paradoxalmente, elas conseguissem lidar com micróbios insidiosos e vacilassem diante da inevitável presença de pó.
A descoberta da IgE, portanto, colocaria as pesquisas no eixo: ou seja, demonstrou-se que a alergia não é típica dos organismos indefesos, mas dos intolerantes, que compram briga por qualquer bobagem. A luta nunca se trava de imediato. Ao cismarem com determinada substância, então promovida a alérgeno -, passa-se um tempo durante o qual cada encontro com o inimigo estimula a produção das IgE. Com sua forma em "Y", elas fincam suas hastes em basófilos, células existentes no sangue, ou em mastócitos, células que se encontram ali onde o corpo humano se abre para o mundo, ou seja, na pele, nos canais do aparelho respiratório, nos caminhos do aparelho digestivo.
Após vários encontros já se forma um batalhão em torno dessas células, todas recheadas de pequenos grãos, os mediadores, assim chamados porque intervêm em diversas reações fisiológicas. Com o exército de IgE a postos, os contatos seguintes com o alérgeno não serão nada diplomáticos. Os alérgenos serão atraídos para os anticorpos; ao se unirem, alterações químicas agirão como se disparassem uma granada, explodindo as células que serviam de guarita. Voam mediadores por todos os lados. Conforme o local do acidente, tem-se uma reação tóxica: no nariz, os grãos provocam a coriza; nos pulmões, contraem os brônquios, causando a asma; nos olhos, irritam até levarem às lágrimas; na pele, fazem as misérias das urticárias.
Os mediadores costumam ser liberados em quantidades mínimas. A histamina, o mediador mais conhecido, serve para manter normais as condições de pressão e temperatura. Em dias muito frios, o nariz vermelho e inchado que compõe o visual de quem se arrisca a longas caminhadas denuncia a sua ação. A finalidade não é deixar ninguém com cara de palhaço: com o seu poder de regular o tônus dos vasos sangüíneos, a histamina faz com que estes se alarguem quando o ar está abaixo dos aproximadamente 37 graus que os pulmões apreciam; assim, o inchaço dificulta a passagem da corrente fria pelas vias aéreas, dando um tempo maior para o ar se aquecer no corpo.
As placas vermelhas estampadas na pele com urticária, do mesmo modo como o inchaço, resultam de uma ação semelhante, mas aí provocada pela inundação de histamina nos tecidos, após o vazamento dos mastócitos. "Quem aparece no local errado sempre acaba fazendo bobagem. É o caso dos mediadores nas alergias", compara o alergista Charles Naspitz, da Escola Paulista de Medicina. Levada a extremos, a bobagem pode custar a vida: quando todos os tecidos do corpo estão sensibilizados em relação a certo alérgeno, uma quantidade ínfima deste é suficiente para espalhar histamina da cabeça aos pés; os vasos aumentam a ponto de a pressão cair a zero e o sangue perder o embalo para continuar circulando; a garganta, como todo o resto do corpo, incha por dentro, fechando a entrada para o ar. Este conjunto de sintomas caracteriza o choque anafilático, um caso fatal em cada milhão de casos de alergia.
Se todo mal, porém, fosse a histamina, as alergias já teriam remédio há mais de cinqüenta anos, quando foram descobertos os anti-histamínicos - substâncias que encostam nas células nos pontos exatos em que o mediador costuma se encaixar para realizar alterações químicas. Os remédios anti-histamínicos têm apenas um defeito: no cérebro, a histamina ajuda a manter-nos acordados; ao bloqueá-la ali, alguns anti-histamínicos provocam sonolência. "A reação varia conforme o organismo", observa o alergista Naspitz na própria família. "Minha filha dorme o dia todo se tomar uma única dose; já o irmão não sente nada."
Farmacologistas americanos criaram há cinco anos moléculas de anti-histamínicos que não atravessam o cérebro e, portanto, livram os pacientes dos bocejos. No entanto, segundo Naspitz, embora seja um avanço importante, os velhos remédios ainda são o melhor alívio para os casos de coceiras. Sedantes ou não, os anti-histamínicos funcionam em dois terços das alergias. Isso porque a histamina só merece o cartaz que tem em questões de pele. Nas alergias respiratórias, por exemplo, seu nome se perde numa lista de quinze a vinte mediadores em ação.
Entre estes, nos episódios de asma em particular, rouba a cena o PAF (sigla em inglês de "fator ativador de plaquetas"), que uma equipe do Instituto Pasteur, em Paris, comandada pelo farmacologista brasileiro Bernardo Boris Vargaftig, provou desempenhar três papéis de destaque (SI nº 8, ano 2). A descoberta é, sem dúvida, o mais recente capítulo na pesquisa sobre asma, problema que representa cerca de metade dos casos totais de alergias. Para se ter idéia, uma em cada dez crianças levadas aos prontos-socorros paulistanos sofre de crises asmáticas.
A doença também tem um custo social. Segundo estatísticas dos Estados Unidos, onde há mais de 10 milhões de asmáticos, as crises causam 8 milhões de faltas ao emprego e 130 milhões de ausências na escola, por ano. Descoberto ainda em 1972 pelo cientista francês Jacques Benveniste, o PAF só teve suas propriedades reveladas a partir do momento que a equipe chefiada por Vargaftig resolveu estudá-lo. "O PAF tem funções chocantes", conta o cientista. De fato, a substância liberada pelas células basófilos está presente em processo tão diversos quanto úlceras, rejeição de transplantes e problemas oculares.
Liberado graças ao alérgeno, na asma o PAF demonstra sua nefasta versatilidade. Seu efeito imediato é o de contrair os brônquios, o que Vargaftig provou aplicando a substância em cobaias e conseguindo com isso simular crise asmáticas. O pior é que o PAF também prepara o terreno para outras crises. Hoje se sabe que as chamadas crises tardias podem ocorrer quando a raiz de todo o mal - o alérgeno - nem está mais por perto. É que o PAF desencadeia um efeito cascata, convocando células ligadas a processos inflamatórios que, por sua vez, atraem outras até que, entre as recrutadas, chegam aos pulmões substâncias irritantes. Reagindo à agressão, os brônquios voltam a se contrair, numa crise tardia.
De seu lado, percebendo a contração, o cérebro pode exigir o comparecimento de mais células inflamatórias - é uma bola de neve. O PAF convoca também os eosinófilos, que correm no sangue. Essas células, que combatem parasitos como as lombrigas, soltam tóxicos que lesam as mucosas pulmonares. Eis porque os asmáticos tossem por qualquer coisa, embora nem toda asma seja alérgica: além das mucosas fragilizadas, os brônquios, também por causa do PAF, ficam cobertos por camadas mais espessas de muco, o que impede seus cílios de se movimentarem para se livrar de partículas estranhas.
"Se alguém tem um acesso de asma quando outro acende um cigarro, o alérgeno pode nem ser a fumaça. Pois a partir de certo ponto o pulmão fica sensível a quase tudo", explica o médico Júlio Croce, da Universidade de São Paulo, que há mais de trinta anos estuda o assunto. Descobrir o verdadeiro culpado é fundamental, porque a única cura comprovada para uma alergia é ficar longe do alérgeno.
O diagnóstico é realizado em clima detetivesco. O médico investiga os hábitos do paciente para levantar alguns suspeitos e testá-los na vítima. Mas, mesmo que uma substância provoque, por exemplo, uma irritação ao ser injetada sob a pele, o fato em si não é prova suficiente para acusá-la. Afinal, a pessoa pode ter anticorpos contra algo - daí a reação -, sem que esse algo seja o responsável pelos acessos de espirro ou pelo ardor nos olhos. Por via das dúvidas, o suspeito número 1 é afastado da vida do doente. Ainda que os sintomas desapareçam com a medida, os testes devem ser repetidos algumas vezes para se descartar a hipótese de coincidência. Identificado o alérgeno, pode-se tentar o uso de vacinas, na esperança de tornar o organismo inacessível a sua presença. Para Croce, quem passa as férias na praia conhece o mecanismo do tratamento por intuição.
"Os insetos", diz ele, "parecem castigar apenas os turistas, porque a maioria dos caiçaras não fica com os sinais inchados das picadas. Na verdade, o organismo deles pode ter se acostumado com as toxinas desses insetos." Contudo, nem sempre as vacinas cumprem seu papel: após anos de paciência, uma pessoa alérgica pode descobrir que nada faz seus anticorpos desistirem da luta. Existem pessoas que, por azar, tornam-se alérgicas a substâncias com as quais são obrigadas a lidar no trabalho. O mais grave, no entanto, é que algo como oito em dez pessoas com rinite ou asma são alérgicas ao pó domiciliar - ou, mais precisamente, reagem às fezes de seres microscópicos, os ácaros, primos distantes das aranhas.
Como cada grama de pó contém 5 mil desses invisíveis insetos, e 2 milhões deles dividem o espaço do leito com um casal, todo mundo os culpava pelas alergias, até que no início deste ano um cientista australiano provou que as fezes dos germes têm substâncias alérgenas muito mais potentes. "Isso explica porque boa parte dos extratos de alérgenos do corpo dos ácaros não funcionava bem para testes, muito menos para vacinas", esclarece o patologista Domingos Baggio, da Universidade de São Paulo.
Há dez anos, por mera curiosidade, ele foi conhecer os " tais ácaros", através das lentes de seu microscópio. Interessado, passou a dedicar tempo integral ao bichinho. A certa altura, o professor resolveu montar um aparelho para obter extratos de alérgenos de ácaros. A idéia é que quanto mais puros forem esses concentrados, mais eficazes serão. Os sofisticados equipamentos dos centros de pesquisa do hemisfério norte chegam próximo, mas não alcançam a perfeição. Por isso, Baggio ficou muito surpreendido quando o americano Thomas Platts-Mills, considerado maior acarologista do mundo, o procurou para saber como havia conseguido extratos 100 por cento puros de oito alérgenos de ácaros. Com jeito tranqüilo, o professor de 63 anos e cabelos grisalhos pisca os olhos: "Deixei que morresse de curiosidade. E também porque nem tive tempo para tirar patente".
Os extratos já estão sendo testados até na Finlândia, onde, aliás, a necessidade de boas vacinas é grande: prova de que alergia é hereditária, ali 65 por cento da população é alérgica a pó. Engraçado mesmo será quando se descobrir em que consiste o famoso equipamento de Baggio: entre as principais peças figuram potes de creme de leite. Baggio, porém está mais entusiasmado em revelar outro segredo. Por muito tempo os cientistas buscaram a causa de certas dermatites crônicas relativamente comuns, que parecem pruridos nas dobras do corpo, como cotovelos, joelhos, calcanhares.
Junto com o professor Júlio Croce, Baggio colecionou novecentos casos, nos últimos oito anos, mostrando que a alergia nada mais era do que o ácaro atacando outra vez num território bem diferente dos pulmões. "Passaram na nossa frente", lamenta o pesquisador, pousando um livro em inglês sobre a mesa. Baggio encomendou a obra recém-publicada por acaso, sem saber direito o conteúdo. E, para sua surpresa, a autora, uma cientista holandesa, provava a mesma tese sobre as dermatites. Com uma diferença: não reuniu mais de trezentos casos. Mas Baggio conhece o motivo do comportamento anormal dos ácaros: por razões diversas, eles não conseguem encontrar comida no ambiente e começam a mordiscar o corpo humano. "Isso ninguém publicou", revela o professor, como se tirasse uma carta da manga.
Quanto mais se conhece a intimidade dos processos alérgicos, maiores são as chances de vencê-los. Assim como as revelações sobre os ácaros levam a vacinas mais eficientes, a descoberta do PAF faz surgir substâncias capazes de anular seus efeitos, liquidando o mal da asma. Alguns desses antiPAFs, atualmente em testes clínicos, podem chegar ao mercado em dois ou três anos. Os cientistas também buscam bloqueadores de íons de cálcio, pois provavelmente é a passagem desses íons, dos anticorpos para o interior dos mastócitos, que detona a explosão dos mediadores, tipo histamina. Remédios como esse cortariam os sintomas das alergias.
O reverso dessa esperança é a evidência estatística de que o número de alérgicos dobrou na última década, de acordo com estudos europeus. Não é certo que o suspeito mais fácil, a poluição, seja realmente o culpado. Certo é que a síntese de novas substâncias praticamente todos os dias aumenta o rol dos alérgenos. Por isso os produtos deveriam especificar todos os ingredientes que contêm. Quando se afirma que apenas 2 por cento das alergias são causadas por alimento, não se sabe se a porcentagem baixa é conseqüência da ignorância em relação ao conteúdo de um enlatado ou de uma garrafa de refrigerante - algo que a legislação brasileira, por exemplo, não obriga a indústria a divulgar. Mesmo em relação a remédios, nunca se sabe: a bula de uma pomada para alergias especifica os princípios ativos e fornece apenas a porcentagem de excipiente. Por excipiente, porém, pode se entender um complexo de até vinte substâncias. Quem usa a pomada para tratar de uma urticária pode ironicamente ser alérgico a uma delas.

Idéias irritantes

A hipótese de ser surpreendido por uma crise alérgica não é exatamente agradável. Por isso, alguns acham que todo cuidado é pouco e acreditam piamente em mitos como estes:

Alergia não tem cura
Pode ter, sim. Na teoria, manter-se longe do alérgeno por muito tempo pode fazer com que o organismo o esqueça, não produzindo anticorpos no reencontro. Na prática, isso foi observado apenas em crianças - poucas vezes, diga-se -, talvez porque seu sistema imunológico ainda esteja em desenvolvimento.

Pêlos provocam alergias respiratórias
Grande demais para ser aspirado, o pêlo leva a culpa por outras substâncias: cães e gatos, por exemplo, ao lamber-se deixam proteínas da saliva e mesmo caspinhas de sua pele no ambiente. Estas, sim, podem ser alérgenas.

Em casa de pessoas alérgicas a pó, os tapetes devem ser limpos com mais freqüência
Em casas de pessoas alérgicas a pó não pode haver tapete nem carpete. Pesquisas realizadas há poucos meses na Universidade de São Paulo mostram que após meio ano de uso o achatamento das fibras cria um refúgio seguro para os ácaros, os microscópicos bichos do pó. Dali, não há aspirador nem pano úmido que os arranque.

Crises de asma num momento difícil são chantagem emocional
Estresse e reações emocionais fortes efetivamente desencadeiam, por mecanismos desconhecidos, a liberação de mediadores - mas só em pessoas já alérgicas.

Gripe mal curada pode virar asma
Como o nariz de quem sofre de rinite alérgica vive escorrendo, confunde-se o problema com uma gripe que custa a passar. Eventualmente, a histamina liberada pelos mastócitos do nariz chega aos pulmões e irrita os brônquios - daí a asma. Mas isso ocorre nos casos de rinite.





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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Memórias da Terra - Paleontologia



MEMÓRIAS DA TERRA - Paleontologia



Restos de animais e plantas preservados na rocha, os fósseis permitem contar a história do planeta. Sua pesquisa é uma aventura que empolga os cientistas.

Há mais ou menos 120 milhões de anos, quando o oceano Atlântico ainda não banhava o litoral brasileiro, a região hoje denominada Recôncavo, no litoral da Bahia, era um imenso lago, assim como a bacia dos atuais Estados de Alagoas e Sergipe. Pois, nesses remotos tempos, o grande continente de Gondwana começou a se desmembrar como resultado da deriva continental - que faz as massas de terra se afastarem umas das outras. Nesse processo, as costas do que viriam a ser a África e a América do Sul se separaram, fazendo surgir grandes depressões, que foram ocupadas inicialmente por lagos e depois por mares. A reconstituição de eventos tão grandiosos e antigos como esses se fundamenta na Paleontologia, uma ciência que só tomou impulso há quase dois séculos - menos do que um piscar de olhos na biografia da Terra - e tem conseguido fazer apaixonantes descobertas sobre o planeta e a gênese de seus habitantes.
Junção das palavras gregas palaiós (antigo), ontos (ser) e logos (conhecimento, estudo), Paleontologia é basicamente a análise dos fósseis. Quando se fala em fóssil, a primeira imagem que vem à cabeça é de alguma coisa velha, empoeirada. E nesse caso, de fato, a primeira impressão é a que vale, já que o termo fóssil, do latim fossilis, significa justamente "extraído da terra". Talvez por isso, os paleontólogos, que estudam, identificam e tiram conclusões às vezes ousadas a partir dessas estranhas formas eternizadas na pedra, acabaram associados a excêntricos colecionadores de objetos que não se sabe para que servem. A realidade, no entanto, é mais movimentada. Não fossem as rochas e os fósseis que elas hospedam, os paleontólogos não teriam como contar a história de tudo que viveu e ficou preservado na face da Terra.
A utilidade do estudo dos fósseis só foi demonstrada no início do século XIX, com os trabalhos do naturalista inglês William Smith e do francês Georges Cuvier - este, considerado o pai da Paleontologia. A partir da análise de vertebrados fósseis, Cuvier (1769-1832) chegou a conclusões que puderam ser aplicadas também aos invertebrados, por meio de comparações com espécies vivas. Cuvier estava convencido de que ao longo da história da Terra grandes e periódicas catástrofes extinguiram as faunas existentes, abrindo espaço para outras, biologicamente mais organizadas.
Cuvier era um cientista de fino faro, mas essa idéia tinha um ancestral. Muito antes, na Grécia Antiga, o filósofo e poeta Xenófanes de Colofon já observara no século VI a.C. restos de conchas e de animais marinhos fossilizados na ilha de Paros e os atribuiu a periódicos cataclismos, durante os quais as águas faziam desaparecer populações inteiras de homens e animais. Ainda hoje, a questão das extinções em massa tem sido uma das preocupações da Paleontologia. É geralmente nas rochas sedimentares que os paleontólogos buscam indícios que esclareçam como se deu a evolução da vida na Terra e em que condições bichos e plantas viveram. Da mesma forma como os detetives de histórias policiais colhem e investigam pistas, assim procedem os paleontólogos. Suas pistas são os fósseis. Diferentemente de outras ciências, como a Física, que procura descobrir quais são e como agem as forças que governam a matéria, por meio de cálculos e equações, criando teorias as mais abrangentes possíveis, a Paleontologia não se dedica a aplicar regras universais como E = mc2. Tomando de empréstimo os conhecimentos da Geologia e da Biologia, ela fala de um rol de fatores, do clima à Genética e à Astronomia - tudo para descrever a origem das coisas.
Os fósseis são uma espécie de arquivo onde está registrada a memória da evolução do planeta. Basta saber ler e interpretar. Tanto as plantas quanto os animais fósseis servem para definir a geografia de uma determinada região. Se em lugares hoje de baixas altitudes se encontram restos de plantas típicas de grandes altitudes, é sinal de que em outras épocas ocorreram ali mudanças topográficas. Da mesma forma, os fósseis são fundamentais para a datação das rochas. Estas são formadas por uma sucessão de camadas que foram se depositando em diferentes épocas. Assim, como o processo evolutivo é irreversível, cada etapa marcando uma fase única na história do planeta, quando um pesquisador encontra um grupo de espécies fósseis em determinada camada de uma rocha e outro grupo igual cravado numa rocha em outro local mais distante, pode supor que as camadas se depositaram na mesma época. Portanto devem ter a mesma idade.
No entanto, a matéria-prima da pesquisa é mais escassa do que se pode supor. "O fóssil é, por sua natureza, a exceção, não a regra", lembra Murilo Rodolfo de Lima, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Paleontologia e professor do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo. Isso porque, após a morte, animais e plantas se decompõem com rapidez, impedindo a fossilização que ocorre quando a matéria orgânica vai sendo gradualmente substituída por minerais. Daí por que apenas 5 por cento do seres vivos do passado chegam a ser encontrados fossilizados. "Como os fósseis ilustram o grande livro de rochas que compõem a Terra, ainda existem muitas páginas em branco, dificultando o entendimento dos capítulos que compõem", compara o professor Murilo.
Além dos fósseis, os paleontólogos também se valem de observações da vida no presente para imaginar como ela pode ter sido no passado - é, em paleontologuês, o princípio do atualismo. "Se o pesquisador encontra um coral fóssil, sabe que ele viveu em águas rasas, pois os corais de hoje não sobrevivem em águas profundas. Ele sabe também que as águas eram límpidas e pouco agitadas e a temperatura girava em torno de 18 e 20 graus", detalha o paleontólogo Josué Camargo Mendes, uma das maiores autoridades brasileiras em Paleontologia, ciência que reúne no país cerca de 250 praticantes, quase sempre graduados em Geologia, Biologia, Geografia e História Natural. Josué foi professor e pesquisador da USP por 38 anos antes de se aposentar.
Mas interpretações como aquela às vezes falham, alerta o professor. Os crinóides, por exemplo, parentes dos ouriços-do-mar, vivem hoje em águas profundas. No passado viviam predominantemente em águas rasas, como as conchas de praia. "Ocorreu que o clima mudou nos últimos 64 milhões de anos, tendo havido uma glaciação muito extensa nos hemisférios norte e sul. Isso, com certeza, determinou mudanças de hábitos e hábitats entre esses seres", explica Josué. Assim, o princípio do atualismo, apenas, não é suficiente para reconstituir o modo de vida de animais e plantas.
Mas, afinal, de que serve saber tudo isso? "É preciso entender o que ocorreu no passado para saber o que pode acontecer no futuro", responde Murilo Rodolfo de Lima, da USP. Mas o exemplo mais claro da utilidade dos fósseis está na indústria do petróleo. Do estudo dos microfósseis, diminutos seres que só podem ser vistos através de microscópios estereoscópicos, petrográficos, ou por modernos microscópios eletrônicos de varredura, reside boa parte do sucesso das perfurações.
Achar um macrofóssil completo (como o de um dinossauro), para os paleontólogos é como acertar a quina da Loto. Quase sempre, os pesquisadores têm de se contentar com fragmentos e voltar repetidas vezes ao local da descoberta à procura de outros pedacinhos que os ajudem a montar o complicado quebra-cabeça que é a razão de ser de sua atividade. Vestígios fósseis representados por pegadas, como as que existem, de dinossauros, no sertão da Paraíba, indícios fisiológicos fossilizados de animais, como excrementos, ou pedregulhos que um dia estiveram no estômago de uma ave também são material de estudo. E ainda fósseis quase perfeitos de mamute nas tundras geladas da Sibéria ou insetos fossilizados em nódulos de âmbar. Isso sem contar os fósseis de ancestrais humanos primitivos que são disputados tanto pelos paleontólogos quanto pelos arqueólogos.
Os achados fósseis dos antepassados humanos de 15 até 6 milhões de anos atrás são tão poucos que caberiam numa caixa de sapatos, como observaram Richard Leakey e Roger Lewin em seu livro O povo do lago. No trabalho de campo, os paleontólogos acabam sendo protagonistas de aventuras nada acadêmicas. São, por assim dizer, os ossos do ofício. "Enfrentei muitos ninhos de marimbondos, cobras e escorpiões", conta o italiano Guido Borgomanero, paleontólogo autodidata e ex-cônsul geral da Itália no Paraná e Santa Catarina. "Os paleontólogos têm que ter bunda de ferro", brinca ele.
Com razão, pois pesquisar no gelo polar a 50 graus abaixo de zero ou enfrentar temperaturas de até 60 graus positivos no deserto do Saara exige muito amor à ciência. Sem falar nas longas caminhadas por encostas íngremes onde o risco de cair e se ferir é permanente. "Eu caí algumas vezes em cima de plantas cheias de espinhos", relata Guido, um sexagenário bem-humorado, que há trinta anos se dedica à Paleontologia. O resultado de seu trabalho é a fantástica coleção particular de fósseis que ele guarda em sua casa, em Curitiba. Se não a maior da América do Sul, é certamente a mais variada. Entre os cerca de seiscentos exemplares que a compõem, há uma peça única no mundo, descoberta na chapada do Araripe, no Ceará: um par de asas de pterossauro, enorme réptil voador, que viveu há cerca de 130 milhões de anos.
Com 2,48 metros de envergadura, as asas estão em perfeita seqüência anatômica, osso após osso. Também faz parte da coleção um réptil fóssil, o Stereosternum tumidum, de cerca de 230 milhões de anos, que o próprio Guido encontrou em Assistência, na região de Rio Claro, interior de São Paulo. Um paleontólogo em pleno trabalho de campo pode ser facilmente confundido com um trabalhador rural. Afinal, no meio do mato, boné na cabeça, ele maneja alavancas, talhadeiras, pás, enxadas e martelos. Por isso não há nenhum exagero quando se diz que o preparo físico é fundamental para quem se propõe a caçar fósseis.
Depois de escavar e encontrar fragmentos enterrados nas rochas, a etapa seguinte não é menos cuidadosa: anota-se o local onde foi encontrado o exemplar, em que tipo de rocha e em que camada ele estava. Então embala-se o material adequadamente - usando sacos plásticos, jornais, fita crepe e caixas - para que não se quebre durante a viagem até o laboratório, onde será preparado para análise. As técnicas de preparação, assim como as de coleta, variam de acordo com o fóssil e as características da rocha na qual se encontra. Se esta não for desgastada corretamente por meios químicos ou mecânicos, há risco de destruí-lo. Daí a importância dessas técnicas.
"Mas parece que muitos pesquisadores não pensam assim, pois a maioria dos trabalhos publicados em algumas áreas da Paleontologia não se refere a elas", lamenta Fernando Fittipaldi, pesquisador da USP. Para estudar a epiderme que recobre externamente folhas fósseis, Fernando teve de desenvolver técnicas específicas, já que ninguém no Brasil havia trabalhado com isso antes.
"Perdi meus cabelos testando essas técnicas", diz ele, precocemente calvo aos 38 anos. "A preparação química, mecânica ou as duas são procedimentos necessários, pois os fósseis podem estar total ou parcialmente envolvidos nos sedimentos e todo cuidado é pouco: é preciso controlar o tempo de desgaste com brocas e também o tempo em que eles ficam no ácido e qualquer vacilação pode pôr tudo a perder", explica por sua vez Marcello Guimarães Simões, que cuida do Laboratório de Paleontologia de Invertebrados do Instituto de Geociências da USP.
A preparação mecânica implica o uso de martelos, talhadeiras, brocas (como as dos dentistas), vibradores tanto para desgastar quanto para provocar vibrações, além de aparelhos que expelem jatos de areia e limpam sem desfigurar a anatomia do fóssil e, ainda, aparelhos de ultra-sonografia. Já a preparação química requer ácidos. Para fósseis constituídos de sílica ou fosfato, por exemplo, utiliza-se o ácido acético. Outros são preparados só com água oxigenada.
Mas não só na coleta e preparação corre-se o risco de perder um belo fóssil. Marcello Guimarães e Fernando Fittipaldi, que costumam trabalhar juntos na coleta de campo, embora tenham especialidades diferentes, lembram um tronco fossilizado que encontraram certa vez quando pesquisavam em Itaquaquecetuba, perto de São Paulo. Depois de carregarem o tronco nas costas por quase uma hora, atravessando rios, fugindo de vacas e levando alguns tombos, chegaram finalmente até o carro e trouxeram o fóssil para a USP.
Como ele estava sujo, decidiram lavá-lo. Só que a reação da água com as substâncias químicas nele contidas começou a desagregá-lo. Alguns dias depois, a porta da sala em que ele estava guardado bateu com força e ele pulverizou-se. "Lavar o tronco foi fatal, demos um fora", reconhece Marcello, "e lá se foi um belo fóssil." Seja pesquisando no campo em condições nem sempre ideais, testando técnicas em laboratório ou estudando minuciosamente um fóssil, o que pode levar mais de uma semana, uma das maiores virtudes no trabalho do paleontólogo é, sem dúvida, a paciência.

Pequenos grandes fósseis

Eles são tão diminutos que só podem ser observados através de microscópios. E são tão leves que se não estiverem colados a uma lâmina basta um espirro e sumirão no ar. Apesar de tais desvantagens, os microfósseis são essenciais às pesquisas da indústria petrolífera. Explica-se: os lagos e mares que existiram em tempos remotos são hoje as bacias sedimentares onde se instalam as plataformas de exploração. "Para se procurar petróleo é preciso conhecer muito bem a história geológica de uma bacia sedimentar", assegura Dimas Dias Brito, da equipe de 28 paleontólogos do Centro de Pesquisas da Petrobrás, no Rio de Janeiro.
Isso só é possível por meio dos microfósseis, que permitem determinar a idade das rochas de maneira bem precisa. "A vantagem de trabalhar com eles é que em apenas alguns gramas de rocha encontram-se milhares de exemplares bem preservados", explica Dimas, há treze anos nessa atividade. Os ostracodes, crustáceos cujo tamanho médio varia de 0,5 a 1,5 milímetro, são juntamente com os palinomorfos (grãos de pólen e esporos de plantas) os mais importantes para datar antigas camadas de rochas lacustres de uma bacia. Seu hábitat se confunde com o próprio hábitat em que ocorreu a deposição das rochas geradoras de todo o petróleo existente no Brasil. Já os foraminíferos, protozoários de 0,02 a 44 milímetros, são importantes na reconstituição da história dos oceanos por serem essencialmente marinhos. Menores que os ostracodes e os foraminíferos são os nanofósseis, algas calcárias ou fragmentos delas, de menos de 0,03 milímetro. Graças a eles, os pesquisadores puderam datar as rochas da bacia de Campos, no litoral fluminense.

Pistas falsas

Se os fósseis são o registro mais seguro que os pesquisadores têm para reconstruir o remoto passado do planeta, falsificá-los é colocar em dúvida a própria pesquisa paleontológica. Mas essas coisas acontecem. Recentemente, John Talent, um cientista australiano acusou o renomado professor Viswa Jit Gupta, da Universidade de Panjab, na Índia, de ter enviado fósseis a um colega alemão, como se tivessem sido descobertos por ele na cordilheira do Himalaia. Eram do Marrocos.
O mais célebre caso de fraude paleontológica, porém, ocorreu no começo do século, quando o arqueólogo inglês Charles Dawson anunciou ter encontrado exemplares fósseis do que seria o homem de Piltdown, em Sussex, na Inglaterra. A descoberta teve um papel decisivo nos rumos das pesquisas sobre a origem e a evolução do homem. Mas, em 1953, exames espectrográficos com raios X e testes com flúor revelaram uma grosseira montagem: os fragmentos cranianos pertenciam, na realidade, a um Homo sapiens de 10 mil anos; o maxilar, cujo dentes foram limados para simular desgaste e envelhecidos quimicamente, era provavelmente de um orangotango. E o homem de Piltdown sumiu dos livros de Paleontologia.





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domingo, 2 de setembro de 2012

Derretimento de geleira na Itália revela munição


Derretimento de geleira na Itália revela munição da 1ª Guerra Mundial
Quase 200 objetos foram encontrados em montanha de Trentino, na Itália.
Munição teria sido usada em batalhas entre 1915 e 1918.

Mais de 200 peças de munição usadas na 1ª Guerra Mundial surgiram depois do derretimento de geleira no pico de uma montanha em Trentino, na Itália. Cada peça encontrada pesa entre 7 e 10 kg.
Os artefatos de guerra foram descobertos a uma altitude de 3.200 metros quando a geleira Ago de Nardis foi parcialmente derretida devido a uma recente onda de calor que atingiu em picos mais altos da Itália. A unidade de polícia dos Alpes viu pontos de metal emergirem do gelo espalhados em uma área de 100 metros quadrados. As fotos foram feitas na última sexta-feira (31)
Especialistas estiveram no local e disseram que as munições não foram descartadas, mas utilizadas durante a série de batalhas entre os exércitos do Império Austro-Húngaro e Itália entre 1915 e 1918.

Foto mostra munição usada na 1ª Guerra Mundial descoberta na Itália. (Foto: Maffei Glauco/EPA/EFE)





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domingo, 2 de setembro de 2012

Cientistas prendem chip de rádio em mais de mil formigas



Cientistas prendem chip de rádio em mais de mil formigas no Reino Unido
Pesquisa visa desvendar comunicação de inseto da Grã-Bretanha.
Área estudada pela Universidade de York abriga vários ninhos de formiga.

Cientistas da Universidade de York, no Reino Unido, prenderam chips de rádio em mais de mil formigas de uma espécie de floresta para estudar como elas se comunicam, seu comportamento e o trajeto que fazem entre seus ninhos.
O animal pesquisado é um tipo comum na região norte da Grã-Bretanha. A experiência está sendo realizada em Longshaw, uma área de proteção ambiental inglesa em que é possível encontrar milhares de ninhos deste tipo de formiga e cerca de 50 milhões de espécimes.

Formiga recebe chip de rádio preso às suas costas (Foto: Changing Views/Universidade de York/Divulgação)
Os transmissores vão permitir saber como as formigas "falam" com suas colegas em outros ninhos, que são interligadas por uma rede de passagens e possuem centenas de rainhas.
A ideia é reunir o material para fazer o controle das formigas e da floresta em que elas são encontradas. Os radiotransmissores têm cerca de um milímetro de tamanho.
Cada transmissor funciona como um "documento de identidade" para marcar a formiga, afirmou o cientista responsável pelo estudo, o biólogo Samuel Ellis, ao site da Universidade de York. Ele ressaltou que estes insetos formam um sistema "complexo" de vida e possuem um intrincado" método de comunicação, até agora pouco conhecido pela ciência.
Ellis afirmou que a pesquisa é inédita e deve durar três anos, aproximadamente.





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sábado, 1 de setembro de 2012

RPG em 1996 - "RPG & CARDS" Jornal O Globo


RPG em 1996 - "RPG & CARDS" Jornal O Globo
Nada como voltar no tempo e ver como era RPG em 1996, nestas 4 reportagens do Jornal Globo que divulgou lançamentos mais que esperados para a época.



Anjos e Demônios travam uma batalha celestial
'ovo jogo da Steve Jackson, 'In Nomine', é' Jma adaptação de um RPG clássico francês
Alexandre Cabral

O pecado mortal para qualquer editora de RPG é prometer e não cumprir. Durante dois anos a Steve Jackson Games anunciou que iria adaptar para o inglês "In Nomine", Jogo Francês que coloca os jogadores na pele de anjos ou demônios na luta pela salvação (ou perdição) das almas humanas. Prometeu mais: regras simples (diferentemente de seu sistema principal, o "GURPS"); desenhos coloridos de primeira; cenário e personagens detalhados. Diante da demora, parecia que promessa não seria cumprida. Más os hereges que duvidavam estavam enganados. Desta vez o autor da versão americana, Derek Pearcy, e seu ilustrador, Dan Smith, vão para o céu, pois "In Nomine" tem tudo isso. Ele também teve o mérito de conseguir reunir dois jogos (na França há dois livros básicos. "Magna Veritas", para os anjos, e "In Nomine Satanis". para os demônios) num só Trabalho de primeira na arte e no texto. O jogo é ambientado no mundo moderno. Os seres celestiais (anjos ou demónios) incorporam na Terra com freqüência e têm que cumprir diferentes missões, desde proteger uma personalidade importante ou recuperar uma relíquia sagrada até simplesmente promover o bem ou o mal. Para (quem já curte cenários como "Vampiro, a Máscara", "In Nomine" é uma aquisição obrigatória. Mesmo quem não é um fiel da linha Storyteller, tem neste jogo uma opção criativa, e bem-feita.
Na ilustração acima ESTE É BAAL, O Príncipe dos Demônios, um dos personagens do jogo, que traz ilustrações de ótima qualidade



Aventuras vividas na Cidade Maravilhosa
Uerj promove concurso para jovens autores de RPG soltarem a imaginação sobre o Rio
Alexandre Cabral

A violência, a qualidade dos transportes e do ensino público são apenas alguns dos problemas das grandes cidades. Pensando numa maneira criativa de enfrentar e buscar soluções para tais questões, o Centro de Tecnologia Educacional (CTE) da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) propôs um desafio aos jogadores e mestres de RPG: a criação de um sistema de jogo cujo cenário seja o Rio de Janeiro, levando em conta as aventuras e desventuras dos cariocas. O concurso é gratuito e aberto a qualquer pessoa. Os interessados devem escrever um RPG completo, ambientado no Rio, e entregá-lo até 25 de outubro no CTE, na Uerj (Rua São Francisco Xavier 524, bloco F/sala 10043, Maracanã). Informações pelos telefones 587-7410 e 587-7152. As inscrições também podem ser feitas na Banca do Osny, na esquina da Avenida Rio Branco com a Rua São José (tel.: 533-9029). A disputa será dividida em três categorias, de acordo com a faixa etária, e premiará os melhores trabalhos com R$ 1.500. Os autores nacionais, como Artur Vecchi, criador do "Monstros", gostaram da iniciativa: — O RPG sempre desperta o interesse dos jovens. Só o prazo de entrega é que ficou curto para escrever um trabalho tão complexo — diz ele. Para Igor Morais, autor do primeiro jogo nacional, "Tagmar", o futuro do RPG é sair da área de entretenimento puro, passando a ser usado também na educação e até no treinamento empresarial: — Um RPG tem que ser bom como jogo e como leitura. Quanto às regras, basta que não atrapalhem a imaginação dos jogadores — conclui..
Marcelo/Editoria de Arte



Lobisomens marcam presença em novidades internacionais
Lançamentos trazem personagens inspirados em cards. As versões em português não devem chegar por aqui tão cedo
Alexandre Cabral

Lobisomens sempre povoaram as aventuras clássicas de terror ou fantasia. Primeiro com o RPG, e depois na versão cardgame. a White Wolf investiu em cima deste mito. O sucesso continua e, apesar da época de vacas magras que vive o mercado editorial, os lobos vão muito bem, mesmo. Prova disso é a continuidade de módulos lançados lá fora para expandir o sistema. Os livros de Tribos (semelhan-tes aos livros de Clã dos vampiros, que já estão saindo no Brasil) estão quase completos e o último lançamento foi algo inédito: o primeiro módulo para um RPG inspirado nos personagens do cardgame, e não vice-versa. "Warriors of the Apocalipse" é o livro que traz as fichas de personagem dos principais cards do jogo, adaptados para o cenário de role playing. Ele funciona também como um suplemento para criar histórias enfocando os conflitos que acontecem entre os próprios Garous à medida que se aproxima o conflito final entre os defensores de Gaia e a forças destrutivas da Wyrm. Quem não domina o inglês terá que esperar um
pouco: a Devir prometeu para breve a edição brasileira do "Livro dos Jogadores" para "Lobisomem", e só depois disso poderá trazer os livros das Tribos e as demais novidades deste RPG.

Ilha do Governador se firma como point de RPG
Aventuras de diversos sistemas, palestras e vídeos (de "Arquivo X" até animação japonesa e "Jornada nas estrelas"). Isso tudo vai rolar na próxima sexta-feira, dia 21 de junho, das 10h às 17h, no "RPG Cult Con", evento aberto ao público que será organizado pela Interativa Jogos e pela Cultura Inglesa. Completando o dia, haverá um live action, às 19h, no qual os jogadores atuarão numa representação ambientada na Inglaterra da Era Vitoriana completa com Sherlock Holmes, Príncipe de Gales e outras figuras reais ou imaginárias. Inscrições para o live e maiores informações pelos telefones 463 2100 e 462 1887. Se você quiser apenas jogar RPG nas mesas ou assistir aos vídeos, basta aparecer no dia (o endereço é Rua Cam-bauba 281, Ilha do Governador). É grátis, e vale a pena participar. Eventos como esse são raros.



Quando o leitor também é o heroi da aventura
Livro-jogo ambientado em Tagmar explora os conflitos sociais num mundo de fantasia
Alexandre Cabral

Os livros-jogos são uma opção prática de diversão. Lançados no Brasil pela Marques Saraiva, atravês da coleção "Aventuras Fantásticas", conquistaram milhares de adeptos com uma fórmula simples: histórias em que o leitor interage com o texto. Ele é o herói da aventura e decide quais caminhos a seguir, afetando o desenrolar da trama e seu desfecho. Para jogar basta ter papel, lápis e dois dados comuns. Agora a pequena GSA, pioneira em produtos escritos e produzidos no Brasil, lança "Estandarte Sangrento", livro-jogo ambientado no mundo de fantasia de Tagmar. A aventura tem tudo que os fãs do gênero apreciam: combates, charadas, equipamentos, etc. O que torna o livro de Ricardo Andreiolo cativante e original são alguns temas raramente vistos nos livros-jogos. Para começar, o grande vilão não é um dragão devorador de criancinhas nem o feiticeiro maligno do topo da montanha. Andreiolo aposenta estes clichês e apresenta o próprio rei da nação de Marana como antagonista. O tirano envolve a vila do herói (ou seja, do leitor) numa terrível guerra civil. Para detê-lo, você precisará viajar à distante Sensera, capital do reino, para libertar o sábio Rofir (este sim um feiticeiro), seu mestre e mentor do povoado. Assim, apesar dos encontros com monstros e outros inimigos, o centro da saga é o conflito entre o poderoso monarca e seus servos contra o valoroso herói revolucionário e seu povo oprimido. Quebrando outro tabu, o protagonista não age sozinho. Conta, desde o início, com a ajuda de um guerreiro e de um elfo. A interação do leitor com esses ajudantes é instigante. Você passa a ler e jogar preocupado não apenas com o que vai acontecer ao seu personagem como também com o que vai acontecer a seus companheiros, que podem morrer ou separar-se do herói, influindo diretamente na trama. Os desenhos internos, bem acima da média, tornam "Estandarte Sangrento" um livro-jogo e uma história imperdíveis •





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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Casal Britânico descobre poço do século 16


Casal britânico descobre poço do século 16 na sala de casa
Casal mora na cidade de Plymouth.
Buraco tem 84 centímetros de diâmetro.



Casal descobriu poço de dez metros de profundidade sob sofá. (Foto: Reprodução/Daily Mail)

Colin Steer, de 61 anos, e sua esposa, Vanessa, se mudaram para a casa há 24 anos. Na época, eles notaram pela primeira vez uma ligeira depressão no chão da sala, mas não quiseram explorar.
No entanto, depois de se aposentar, Colin decidiu ver o que tinha sob o chão. Com ajuda de um amigo, ele passou três dias limpando o buraco, que tem cerca de 84 centímetros de diâmetro.
De acordo com o "Daily Mail", o buraco remonta, pelo menos, ao século 16.
FONTE: yahoogroups.com





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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A Promessa da Fusão - Tecnologia


A PROMESSA DE FUSÃO - Tecnologia



A mesma energia que faz o Sol brilhar pode ser a força sem-fim com que sonha o homem. Para domesticá-la, os cientistas inventaram máquinas milionárias. Mas os resultados vão demorar.

Nos laboratórios do Instituto de Física Max Planck, em Garching, perto de Munique, no sul da Alemanha, sessenta cientistas americanos, japoneses, soviéticos e de outros países europeus trabalham há um ano num raro projeto sem fronteiras destinado a retirar energia limpa e barata do átomo - uma fantasia que o homem abriga desde que começou a manipulá-lo há meio século. Trata-se do desenho do International Thermonuclear Experimental Reactor (ITER), ou Reator Experimental Termonuclear Internacional, uma supermáquina cujo valor deve alcançar alguns bilhões de dólares. Não é para menos: o equipamento deve ser capaz de controlar as reações nucleares de fusão - as mesmas que mantêm acesas as estrelas - o tempo suficiente para que a energia resultante possa mover uma turbina ou fazer andar um automóvel melhor que a eletricidade ou os combustíveis fósseis de hoje.
Os cientistas do ITER devem ter tomado um susto do tamanho do seu projeto ao saber, há poucos meses, que nos Estados Unidos uma dupla de químicos chegou ao santo graal da fusão, segundo anunciaram, com uma experiência tipo fundo de quintal, ao alcance de qualquer estudante do ramo. Logo se viu, porém, que não era bem isso - ou nada disso, na pior das hipóteses. A fulgurante ascensão e queda da fusão a frio, como ficou conhecida a alegada proeza, mostra que o trabalho em curso na Alemanha, embora portentoso, é apenas um passo no complexo, caro, demorado e incerto plano de dominar a energia virtualmente ilimitada que ocorre na fusão.
Quando o projeto do ITER ficar pronto, em 1991, os países que dele participam poderão enfim começar a construir um reator de potência equivalente ao dobro da usina nuclear de Angra 1, ou 1200 megawatts. Naturalmente, o reator será apenas um protótipo para a continuação das pesquisas. Pois, até que se desenvolvam aparelhos comerciais de fusão, uma infinidade de problemas técnicos terá de ser resolvida. Até onde é possível prever essas coisas, a idéia não é utópica. No entanto, mesmo os cálculos mais otimistas jogam só para depois do ano 2050 a substituição dos atuais combustíveis pela energia de fusão, também chamada termonuclear.
O que no fim da Segunda Guerra Mundial parecia relativamente fácil de ser obtido aos cientistas excitados com o recém-conquistado domínio do átomo, com o passar do tempo demonstrou ser um desafio quase intransponível. O homem havia aprendido a produzir energia a partir da quebra ou fissão dos átomos, um processo que deu origem às bombas atômicas e às usinas nucleares para o fornecimento de eletricidade.
Nos reatores de fissão, os átomos de urânio são despedaçados, liberando grandes quantidades de energia - é a temível radioatividade. A fusão de hidrogênio, ou de suas variantes deutério e trítio, produz calor e pouquíssima radioatividade, mas exige gigantescas injeções de energia para alimentar um processo contínuo. Por isso, todas as tentativas de realizá-la em laboratório gastaram bem mais energia do que a obtida com a experiência. Ou seja, não teria sentido usar o processo na vida real.
A fusão acontece quando dois núcleos de átomos leves se juntam para formar um terceiro mais pesado, mas cuja massa é menor do que a soma dos elementos originais. A diferença corresponde à energia liberada. No Sol, por exemplo, se fundem inimagináveis 564 milhões de toneladas de hidrogênio por segundo, dando origem a 560 milhões de toneladas de hélio, numa temperatura de 20 milhões de graus e sob uma pressão 100 bilhões de vezes maior do que a pressão atmosférica. Nessa colossal fornalha, os 4 milhões de toneladas de hidrogênio que não viraram hélio viraram energia - graças à qual o homem existe e tenta reproduzir o processo. "Estamos na posição de Prometeu", compara o físico alemão Max Schluter, do Instituto Max Planck, referindo-se ao herói da mitologia grega que roubou o fogo dos deuses para dá-los aos homens. "Como Prometeu, queremos imitar o fogo do Sol aqui na Terra. "
Para fazer isso, os cientistas pensaram construir uma espécie de forno com as mesmas características das estrelas. Normalmente, os núcleos dos átomos se repelem porque têm carga elétrica do mesmo sinal. Para que a fusão possa ocorrer, é preciso aproximar os núcleos a distâncias tão ínfimas, a tal ponto que as forças de atração superem as de repulsão. Descobriu-se que os candidatos naturais para esse casamento são os isótopos (ou variedades) de hidrogênio, como o deutério (com um próton e um nêutron no núcleo). Usando a força bruta, ou seja, aquecendo as partículas de matéria a milhões de graus e em altas densidades, os pesquisadores fazem com que tais isótopos se transformem numa mistura de elétrons livres e núcleos de átomos. É o plasma, nem líquido, nem sólido, nem gás: o quarto estado da matéria.
Nesse estado meio fantasmagórico, as partículas colidem umas com as outras em velocidades altíssimas até que, em razão dos choques, acabam por unir-se, produzindo núcleos mais pesados, algumas partículas soltas - e, o mais importante, grandes quantidades de energia. Assim, pode resultar da colisão hélio 3 (formado por dois prótons e um nêutron) mais um nêutron excedente; ou trítio ( um próton e dois nêutrons), mais um próton excedente. É raro, mas também pode acontecer que a fusão produza hélio 4 (dois prótons e dois nêutrons) e mais energia .
Em 1945, o físico húngaro naturalizado americano Edward Teller sugeriu que se usasse a bomba atômica recém-inventada como espoleta para desencadear a fusão nuclear, pois a força de sua explosão forneceria as temperaturas e pressões necessárias.
A idéia seria posta em prática alguns anos depois. No dia 1 de novembro de 1952, de fato, os americanos detonaram a primeira bomba de hidrogênio, a bomba H, numa ilha do oceano Pacífico. Provou-se assim que a fusão na Terra era possível, mas, para que ela tivesse outra finalidade que não acabar com a vida na Terra, teria de ser controlada.
No entanto, para a construção de qualquer reator que produzisse energia pela fusão de hidrogênio, as condições pareciam proibitivas: seria preciso investir inicialmente uma quantidade de energia seis vezes superior à temperatura do interior do Sol, para compensar a diferença de pressão. Em cada centímetro cúbico desse reator deveriam existir no mínimo 100 trilhões de partículas que, devido ao calor, estariam sob forte pressão. A energia contida nesse gás teria de se manter durante pelo menos um segundo. A única facilidade seria o combustível. Afinal, em cada metro cúbico de água do mar há 33 gramas de deutério, o primo pesado do hidrogênio. Mas qualquer material que entrasse em contato com o plasma, à temperatura de centenas de milhões de graus, acabaria derretido. Por isso se pensou usar como recipiente uma estranha gaiola magnética que impedisse o gás de se aproximar da parede metálica do reator. Na prática, isso equivaleria a "prender um pudim trêmulo com elástico", como disse certa vez o físico Edward Teller. E, de fato, no começo, as gaiolas magnéticas vazavam gás por todos os lados.
No final da década de 50 começou uma corrida pela melhor técnica de aprisionamento do plasma. As primeiras máquinas para esse fim, inventadas nos Estados Unidos, eram tubos em formato de rosquinha chamados jocosamente perhapstron (equipamento do talvez) e, pelos mais céticos, impossibletron (equipamento do impossível). Em seguida surgiu o stellarator, um tipo de reator em que o plasma é mantido num forno com a aparência de um anel, rodeado de bobinas magnéticas feitas de grossos fios condutores. Na União Soviética, os físicos Andrei Sakharov, Prêmio Nobel da Paz de 1975, e Igor Tamm (1895-1971), Prêmio Nobel de Física de 1958, aperfeiçoaram a idéia e ajudaram a criar o hoje célebre tokamak, cujo nome é formado pelas primeiras sílabas das palavras russas correspondentes à câmara toroidal de bobinas magnéticas. Para o físico Ivan da Cunha Nascimento, da Universidade de São Paulo, considerado um dos raros especialistas brasileiros em fusão, "os tokamaks são a maior esperança de se conseguir ganho de energia com a fusão".
Trata-se de um aparelho formado por tubo metálico fechado na forma de uma câmara de pneu - ou toróide, em linguagem científica. À sua volta existe um enrolamento. Percorrido por uma corrente elétrica, nele surge um poderoso campo magnético que envolve o plasma como as cascas de uma cebola. Existe também outro campo magnético vertical para colocar o plasma mais corretamente. Nos aparelhos experimentais, como o que existe na Universidade de São Paulo, conseguiu-se temperaturas de até 5 milhões de graus. O recorde mundial de temperatura obtido até agora são os 200 milhões de graus do tokamak da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. Nesse aparelho de 2,5 metros de raio (oito vezes maior que o da USP), apesar dos bons resultados ainda não se conseguiu produzir energia igual à consumida na experiência. O maior e mais bem-sucedido reator de pesquisas, porém, é o JET (Joint European Torus), de Culham, Inglaterra, como o nome diz, uma operação conjunta dos países da Comunidade Econômica Européia.
O JET produz temperaturas superiores a 100 milhões de graus e também alcança a densidade necessária. Apesar de seus quase 3 metros de raio, o toróide ainda é pequeno demais para se conseguir simultaneamente as duas coisas. "Por isso pensamos num sucessor do modelo JET", explica seu diretor, o físico francês Paul-Henri Rebut. Os europeus pretendem construir outro reator - o Next European Torus (NET), se o projeto do ITER, na Alemanha, não for adiante. Mas antes têm de resolver alguns inconvenientes, Por exemplo, pode acontecer que o trítio, que é radioativo, escape sob a forma de gás. Além disso, a parede de aço do reator, submetida ao constante bombardeio de partículas, tem de ser substituída depois de alguns anos.
Diante desses problemas, não é de admirar que, de tempos em tempos, os pesquisadores sonhem com algum atalho na busca da fusão. O caso mais espalhafatoso foi o dos pesquisadores Stanley Pons e Martin Fleischmann, da Universidade de Utah, nos Estados Unidos. Em março último, eles anunciaram ter conseguido a fusão a frio, isto é, à temperatura ambiente, usando pouco mais que um bateria parecida com a dos automóveis. Antes deles, houve outras alegações semelhantes que no fim caíram no ridículo.
Em 1951, por exemplo, o presidente da Argentina, Juan Domingos Perón, proclamou orgulhosamente que o físico alemão Ronald Richter havia produzido em Buenos Aires a energia de fusão com materiais baratos. Era tudo fraude, porém. Richter foi preso e nunca mais se ouviu falar de suas experiências. Sete anos depois, o inglês Sir John Cockcroft anunciou um novo milagre: sua máquina chamada Zeta produzira uma reação que, de boa-fé, ele acreditou ser fusão nuclear. Constatado o equívoco, Cockcroft retratou-se.
As experiências com fusão nuclear mais promissoras, além das que usam o confinamento magnético, são as que se baseiam no laser, cujo raio luminoso concentra num pequeno ponto grandes quantidades de energia. É algo extremamente sofisticado. As experiências realizadas no Laboratório Nacional Lawrence Livermore, da Califórnia, fazem parte das pesquisas ligadas ao criticado projeto Guerra nas Estrelas e são, por isso, secretas. Outros testes são feitos no Japão. Sabe-se que átomos de deutério e trítio solidificados são feitos no Japão. Sabe-se que átomos de deutério e trítio solidificados são aprisionados em incríveis esferas ocas de metal de milésimos de milímetro de diâmetro, confinadas numa câmara de vácuo. Em seguida, os átomos são submetidos a um fogo cruzado de 20 feixes de 100 trilhões de watts de laser durante 1 bilionésimo de segundo. Atingidas por todos os lados pelo bombardeio, as bolinhas se aquecem tanto que se comprimem até fundirem. Só que, como no caso dos tokamaks, não se conseguiu obter mais energia do que a aplicada no processo.
Outra tentativa original consiste em reduzir a temperatura em que a fusão ocorre, usando partículas atômicas chamadas múons, que se formam naturalmente pela ação dos raios cósmicos ou nos aceleradores de partículas dos laboratórios. Quando se bombardeia uma mistura de deutério e trítio com múons, eles tendem a substituir os elétrons em volta dos átomos. Mas, como são 207 vezes mais pesados, giram tão próximos do núcleo que fazem o átomo original literalmente encolher. Isso leva os núcleos a se aproximar tanto que podem se fundir. Então, os múons ficam novamente livres e o ciclo recomeça.
Esse bizarros personagens ganharam alguma notoriedade fora dos arcanos científicos quando se sugeriu que a suposta fusão a frio de Utah talvez se tivesse originado devido à presença de múons na atmosfera. Pelo menos é esta a hipótese do físico americano Stephen Jones, também de Utah, que igualmente realizou experiências na área. O problema é que, como a vida dos múons é muito breve, os pesquisadores tentam descobrir quantas reações os múons podem realizar antes de decaírem. Só então se poderá saber se o processo é econômico em termos do que entra e do que sai de energia. Os aceleradores de partículas nos Estados Unidos, União Soviética, Japão e Suíça conseguiram por enquanto um número insuficiente de reações para se obter saldo de energia positivo.
Por modestas que sejam as esperanças de chegar à fusão e por mais caras que sejam as pesquisas, a promessa de energia ilimitada é ilimitadamente sedutora. Segundo todos os cálculos, as futuras usinas de fusão nuclear poderão extrair de 1 metro cúbico de água uma quantidade de energia igual à de 2 mil barris de petróleo. E tudo isso praticamente sem radioatividade; portanto, sem o lixo atômico das usinas nucleares. Além disso, sem produzir dióxido de carbono, como os combustíveis fósseis que envenenam o clima da Terra. Soa a ficção científica, sem dúvida. Mas, com tantas maravilhas no distante horizonte, os pesquisadores de fusão não rejeitam, em princípio, nenhuma possibilidade. O século XXI verá o resultado.

A alternativa fria demolida

Desde março último a fins de maio, cientistas do mundo inteiro discutiram se houve mesmo fusão nuclear com geração de calor nas experiências realizadas em Utah, nos Estados Unidos, de um lado pelos químicos Stanley Pons e Martin Fleischmann e de outro pelo físico Steven Jones. Logo em seguida à ruidosa proclamação da proeza, uma febre de ensaios semelhantes propagou-se pelos institutos de pesquisa de muitos países, entre eles o Brasil. "Todo cientista com um pouco de sangue nas veias quis fazer também a experiência", concede o professor Iuda Goldman, do Instituto de Física da USP. Toda essa pilha de ensaios serviu para congelar o entusiasmo inicialmente provocado pela alegada fusão a frio.
Enquanto a maioria dos testes deu em nada, em alguns parece ter ocorrido geração de nêutrons, um indício de fusão, mas a quantidade de energia obtida foi tão pequena que nem sequer pôde ser medida. Diante das incertezas, centenas de cientistas de diversas áreas reuniram-se nos Estados Unidos no final de maio para uma avaliação global do assunto. Com raríssimas exceções, os pesquisadores demoliram a expectativa de que a fusão a frio pudesse ter alguma utilidade como fonte de energia. O veredicto dos especialistas foi de que as experiências de Pons e Fleischmann constituíam apenas um fenômeno esotérico.
A idéia da dupla foi muito simples. Em vez de aproximar os núcleos de deutério aumentando a temperatura e obrigando-os a colidir uns com os outros, fizeram passar uma corrente elétrica por dois condutores de platina e paládio mergulhados em água pesada (D2O). Dessa forma, o deutério de carga positiva, é atraído pelo paládio, de carga negativa. Aprisionados na estrutura cristalina do paládio, os núcleos do deutério se aproximam como se estivessem comprimidos. O resultado seria o mesmo que se consegue a altas temperaturas: a fusão de núcleos de deutério com a produção de energia. Como em nenhuma parte os cientistas conseguiram obter por esse meio a quantidade de calor mencionada por Pons e Fleischmann e estes vinham se recusando a fornecer detalhes de sua experiência -, prevaleceu a convicção de que tudo não passou de uma falsa esperança.

Progressos brasileiros.

Confinar a matéria nas condições necessárias à fusão nuclear exige experiências com equipamentos grandes e caros, daqueles que só existem em países ricos. Mas várias instituições brasileiras de pesquisa realizam estudos sobre o confinamento do plasma, ou gás ionizado, essencial ao desenvolvimento da fusão. No Instituto de Física da USP, por exemplo, funciona desde 1980 o único aparelho tokamak da América Latina. Foi inteiramente planejado e construído no país e tem poucos componentes importados. É uma máquina de pequeno porte, com raio de temperatura de cerca de 2 milhões de graus.
Já no Laboratório de Plasma de Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) começou a funcionar este ano um toróide compacto que consegue temperaturas de 5 milhões de graus, embora por um tempo menor do que com os tokamaks convencionais. Também a Universidade Federal Fluminense, em Niterói, possui uma máquina linear importada da Alemanha; o Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), enfim, construiu um aparelho de confinamento magnético do tipo toroidal, ainda em implantação, com 12 centímetros de raio e que chega a 1 milhão de graus.





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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Civilização das Baratas - Natureza


CIVILIZAÇÃO DAS BARATAS - Natureza



Compartilham a casa do homem e sobrevivem nos mais diversos ambientes. Transmitem doenças terríveis e proliferam apesar das chineladas e dos inseticidas.

As seis patas espinhentas e ágeis da barata são capazes de transportar algo muito mais detestável do que o próprio inseto. Em algum ponto daquele corpo pode estar alojada a microscópica bactéria da peste, ou a da febre tifóide ou, pior ainda, o vírus da poliomielite. Uma espécie particular de virose - Herpes blattae - é facilmente disseminada devido ao abominável hábito que as baratas têm de roer os lábios das pessoas durante o sono. Além de recolherem partículas de alimentos que permaneceram aderidas aos cantos da boca, as baratas costumam introduzir a cabeça nas narinas dos adormecidos para saborear demoradamente as secreções nasais. É claro que este comportamento qualifica a barata, pelo menos em potencial, como uma perigosa vetora de doenças. Ela contribui também para a transmissão da cólera, da bouba, do carbúnculo e de vários tipos de conjuntivite.
Qualquer tipo de barata doméstica representa um dos subprodutos mais corriqueiros das civilizações e quando prolifera com facilidade transforma-se num indicador de falta de higiene. Desde que passaram a desfrutar de novos abrigos e fontes de alimento, graças aos descuidos com a limpeza dos antigos agrupamentos humanos, algumas espécies de baratas revelaram-se ávidas degustadoras de tudo o que serve de comida para nós. E do que não serve também. Atualmente, as baratas que se tornaram caseiras não poupam sequer os fios dos eletrodomésticos.
Para nós é reconfortante saber que das mais de 3 mil espécies de baratas que habitam o planeta apenas quatro são consideradas prejudiciais à saúde pública, por terem se tornado insetos caseiros. As demais espécies se mantêm a distância dos seres humanos, espalhadas por quase todos os ambientes naturais, sobrevivendo em regiões tão divergentes entre si como os desertos e as florestas tropicais. A grande barreira ecológica para esses insetos é o frio intenso, mas nem mesmo isso privou os lapões - que habitam o norte da Europa - do convívio noturno com uma minúscula e incômoda baratinha que costuma se aquecer em seus dormitórios.
As baratas caseiras não representam nenhum papel na cadeia ecológica: elas são apenas uma praga. Já as suas irmãs silvestres desempenham variadas tarefas na reciclagem de material orgânico vegetal e animal e servem de alimento para vários predadores, animais noturnos como elas. A distribuição geográfica das baratas caseiras ampliou-se bastante na época das grandes navegações. As antigas caravelas costumavam transportar milhares de baratas através dos oceanos, deixando que elas fundassem novas e prósperas colônias nos continentes recém-descobertos.
O relato mais impressionante sobre o problema das baratas em viagens transoceânicas foi feito em 1587 por Sir Francis Drake, um intrépido comandante a serviço da rainha da Inglaterra. Depois de tomar dos espanhóis o valioso galeão San Felipe, ele descreveu em seu diário de bordo o início de uma nova e terrível luta contra a incalculável multidão de baratas que infestava a nau espanhola. Drake acabou perdendo a batalha para elas e a sua derrota revelou-se um sombrio prenúncio de que as baratas não deixariam tão cedo de atormentar os viajantes marítimos.
Para quem já tentou eliminar uma barata, o aparente insucesso do famoso pirata inglês não causa espanto. O animal é capaz de se arrastar dezenas de metros com as vísceras expostas devido a uma potente chinelada, esconder-se e ser visto mais tarde roendo restos de comida no mesmo local onde havia sido surpreendido. Mesmo depois de decapitadas, as baratas conseguem se evadir com a agilidade de sempre. Um gânglio nervoso situado no tórax substitui parte das funções do cérebro e passa a coordenar os movimentos da fuga. Se a barata sem cabeça corre, como de costume, para um lugar escuro é porque seu corpo possui um revestimento de células sensíveis à luz. Assim, mesmo desprovida dos olhos, ela consegue localizar as sombras e desaparecer na escuridão.
Na verdade, os olhos não desempenham uma grande função para essa típica passeadora noturna. De muito maior importância são as duas longas antenas recobertas por milhares de poros e de pelinhos microscópicos. Operando como órgãos táteis e olfativos simultaneamente, as antenas revelam uma espantosa acuidade sensorial ao detectar substâncias nocivas ao inseto, protegendo-o contra as poderosas iscas venenosas e inseticidas líquidos usados para combatê-lo.
As antenas também são utilizadas como sensores de direção. Sem elas, as baratas perdem a noção de estar indo para a direita ou para a esquerda. Numa experiência que se tornou clássica, várias baratas foram submetidas a pequenos choques elétricos quando fugiam para uma das extremidades de um tubo em forma de T. Elas aprenderam a superar a sua normal aversão pela luz e passaram a correr para o lado luminoso depois de levarem choques sucessivos dentro do braço escuro do tubo. Mas, com uma das antenas removida, o inseto já não apresentava mais o resultado do treinamento. A amputação da antena esquerda de uma barata treinada para fugir para esse lado causava-lhe quase sempre uma desastrosa evasão à direita, encaminhando-a aos fios elétricos. Essa experiência também demonstrou que a velocidade e a retenção do aprendizado é bastante desigual entre baratas da mesma espécie. O número de choques usado para treiná-las foi de vinte a cem. Depois, verificou-se que baratas diversas retiveram o aprendizado por um tempo que variou de cinco minutos a uma hora.
Comprovadamente, o cérebro de uma barata não é o responsável pelo excelente desempenho desse tipo de inseto na luta pela sobrevivência. Admitimos que a barata seja um "bicho que deu certo", porque ela pouco modificou sua estrutura externa quando comparada com os fósseis de suas ancestrais, insetos que existiram há 320 milhões de anos. O ambiente em que viveram as baratas pré-históricas assemelhava-se ao de uma luxuriante e superúmida floresta tropical. Foi naquele cenário que, em circunstâncias desconhecidas, alguns grupos de baratas passaram a diferenciar-se acentuadamente dos demais, não só na anatomia mas, sobretudo, no comportamento. Lentamente, nos agrupamentos de baratas mutantes surgiram procedimentos típicos de insetos sociais e suas congregações passaram a se organizar em castas orientadas para a execução das variadas tarefas de construção, reprodução, defesa e obtenção de alimentos. Por fim, elas alcançaram os dias de hoje estruturadas em sólidas sociedades que viemos a denominar de termiteiros ou cupinzeiros.
Cupins e baratas são tão aparentados entre si que um especialista já propôs reuni-los numa mesma ordem de insetos. Curiosamente, os dois caminhos evolutivos seguidos por esses insetos culminaram nas formas atuais, combatidas pelo homem.
Um fato notável: dezoito espécies de microorganismos encontradas no trato digestivo de uma barata norte-americana são da mesma família encontrada nos intestinos dos cupins. Esses protozoários e bactérias atuam auxiliando o inseto na digestão de substâncias resistentes como, por exemplo, a celulose. Eles podem ser transferidos artificialmente do organismo da barata para o do cupim e, assim mesmo, continuarem a se reproduzir com sucesso. Complexas adaptações entre microorganismos e insetos demonstram que as relações entre eles são simbióticas, isto é, esses relacionamentos são de vital importância para ambos. Isso ficou comprovado quando se descobriu que os insetos podem apresentar os mais diversos mecanismos de transferência de microorganismos para seus descendentes.
Nas baratas, as bactérias simbiontes migram do intestino para os ovários, instalam-se sobre a superfície dos óvulos do inseto e, depois, infiltram-se dentro deles, garantindo sua "cadeira cativa" nas baratinhas da geração seguinte. No momento da postura, um pequeno aglomerado de ovos fica protegido por uma rígida embalagem fabricada por glândulas abdominais do inseto: a ooteca ou ovoteca. A dureza da ovoteca é resultante da mistura de duas substâncias que só endurecem quando entram em contato, reagindo entre si como acontece com certas colas dotadas de grande poder de adesão (e vendidas em dois tubos separados). A enorme barata caseira, de colorido castanho-avermelhado, deposita dezesseis ovos em cada ovoteca. Ela vive no máximo dois anos, mas consegue produzir em média cinqüenta ovotecas e gerar, ao menos em teoria, uma descendência de oitocentas baratinhas, que demoram 45 dias para nascer. Mesmo que apenas uma minúscula parte delas atinja a idade adulta, escapando de parasitos, predadores e dos produtos químicos aplicados para exterminá-las, podemos ficar certos de que surgirão aos milhares ao menor descuido em nossa vigilância. A barata avermelhada é uma das quatro espécies que atingiram o grau de "doméstica", o que significa que dificilmente nos livraremos dela.

Medo de barata

- Barata? Bicho nojento...
- Medo? Nenhum... Pensando bem, só de barata. Comentários desse tipo não são incomuns, do mesmo modo que não é raro ver gente subindo em mesas ou cadeiras para fugir desse pequenino ser. E incrível como o homem, apesar de sua racionalidade, sente-se à mercê de um inseto frágil, desprovido de recursos para agressão. Só mesmo a mente humana poderia tê-lo transformado num monstro tão forte e poderoso, capaz de fazer uma pessoa literalmente gritar de pavor.
O absurdo dessa contradição pode ser percebido por qualquer observador, mas não faz sentido para quem vive tal angústia. Ela pode até parecer um medo real da barata, mas não é. É de seus próprios impulsos agressivos, muitas vezes sentidos como inadmissíveis e por isso mesmo inacessíveis ao conhecimento, que a pessoa tem medo. E como a mente humana precisa, de alguma forma, lidar com essas suas peculiaridades, prega uma peça na pessoa que não consegue ter esse contato íntimo consigo mesma.
A mente passa, então, a mostrar claramente à pessoa que sentimentos hostis existem - contanto que sejam manifestados contra a barata. O medo real é do que se passa dentro, e não fora da pessoa. O de fora apenas se ajusta certinho a esses medos, que tanto podem ser de baratas como de ratos, cobras ou seja lá o que for capaz de lembrar o que de ruim pode nos acontecer: doenças, morte, impotência etc. São horrores guardados nos nossos porões, muitas vezes sentidos como se fossem esgotos parecidos com os que servem de morada às baratas: cheios de sujeiras e coisas estragadas.
Como não é fácil tomar consciência desses sentimentos, a pessoa tende muitas vezes a deixá-los intocados. Sente por eles a mesma repugnância que sente pela barata. Por sinal costuma-se chamar essa repugnância de nojo, a mesma palavra que designa situações de luto, tristeza ou mágoa profunda. Nas situações difíceis de suas vidas, que não estão prontas para suportar ou administrar, tais pessoas sentem-se enojadas, com um terrível mal-estar psicológico. Também essa repugnância pela situação problemática é parecida com a que se passa em relação à barata. Ambas se apresentam sorrateiramente, ameaçando nossa onipotência (desejo de poder qualquer coisa, inclusive acabar com as baratas). Manda-se embora, e elas voltam. Mostram a impotência da pessoa, sua incapacidade de enfrentar o inesperado.
Certamente, para quem não tem acesso às suas próprias situações interiores, essa explicação não terá sentido. Tais pessoas ainda não se deram conta da existência de seu mundo interno, cheio de medos, angústias, fantasias, embora sejam exímias observadoras das situações externas de medo - são as chamadas medrosas, que gritam de pavor diante de uma barata. Mas que ninguém se iluda. Nesse caso, não há medo real, apenas a busca de uma forma mais simples de lidar com aquelas aflições e angústias.





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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Pasteur: Ciência das Ruas


PASTEUR: CIÊNCIA NAS RUAS



O criador da vacina anti-rábica e da Microbiologia uniu as experiências de laboratório às demandas da vida cotidiana.

Quase um século após a morte de Louis Pasteur seu nome está impresso no cotidiano de milhões de pessoas. Em cada saquinho de leite comprado numa padaria, por exemplo, a embalagem avisa que o produto está pasteurizado, ou seja, livre de germes causadores de doenças. O cientista francês também empresta o nome a 27 institutos de pesquisa e tratamento de doenças infecciosas e parasitárias espalhados pelo mundo. Era assim mesmo que o químico e microbiologista Louis Pasteur gostava de fazer ciência: em contato com a vida real, confirmando suas teorias com experiências e preocupando-se em divulgar os resultados de suas pesquisas, para que fossem aplicados em benefício da indústria, da Medicina ou da agricultura. A ciência de Pasteur, antes de tudo, estava casada com o dia-a-dia.
Além da pasteurização, o nome de Pasteur é prontamente associado ao da vacina anti-rábica. Embora essas duas descobertas sejam as mais famosas, ele também foi o pioneiro da Microbiologia, inaugurou um ramo da Química chamado Estereoquímica e sobretudo provou que são os microorganismos que causam as doenças e os processos de fermentação. Antes de Pasteur, a Medicina mal conhecia as causas das doenças contagiosas e por isso era incapaz tanto de preveni-las como de tratá-las. A cirurgia era o último recurso em que se pensava para salvar um doente, pois a menor incisão do bisturi freqüentemente era uma porta aberta para a morte. Pasteur provocou uma revolução científica que transformaria as condições da existência humana.
Durante sua infância, porém, nada sugeria a inteligência curiosa do futuro brilhante cientista. Filho de um curtidor de couros, Pasteur nasceu em 27 de dezembro de 1822, na pequena cidade de Dolé, no leste da França, a 370 quilômetros de Paris. Até os 20 anos, ainda que aluno razoável, só tinha olhos para o desenho. Os trabalhos dessa época, que incluem pastéis, litografias e desenhos, estão expostos em seu museu, em Paris, e revelam uma técnica surpreendente, embora puramente intuitiva. Numa dessas pinturas, Pasteur retratou o pai - e o quadro permite supor que, se o autor tivesse seguido a carreira de artista plástico, teria feito sucesso.
Mas estudar era preciso e Pasteur formou-se no colégio de Besançon, onde junto com o diploma recebeu o veredicto implacável do professor de Química: "Medíocre". É nessa época que seu temperamento obstinado começa a despertar.Em Paris, ao prestar concurso para a Escola Normal Superior, foi aprovado em décimo quinto lugar entre 22 candidatos. Insatisfeito, deixa o curso, prepara-se para novo exame e é aprovado no ano seguinte - dessa vez em quarto lugar. Leva o curso tão a sério que recebe sucessivas cartas do pai pedindo-lhe para reduzir o ritmo de trabalho. Em 1848, um ano depois de obter o doutorado, apresentou à Academia de Ciências de Paris uma descoberta notável em Química.
Pasteur investigara os cristais do ácido paratartárico, que havia sido recentemente descoberto. Para tanto, dispunha de equipamentos bastante rudimentares: seus microscópios eram capazes de proporcionar aumentos de até 800 vezes - pouco mais que os modelos amadores de hoje em dia. Pasteur demonstraria que um dos cristais do ácido paratartárico que era igual aos do ácido tartárico podia ser utilizado na nutrição de microorganismos, enquanto o outro não era assimilado por organismos vivos. Baseado nesses experimentos, elaborou a teoria da assimetria molecular, segundo a qual as propriedades biológicas das substâncias químicas não dependem apenas da natureza dos átomos que formam suas moléculas mas também da disposição desses átomos no espaço. Esse novo ramo da ciência receberia o nome de Estereoquímica.
Em 1849, aos 27 anos, Pasteur foi nomeado professor de Química da Universidade de Estrasburgo, onde conheceu a jovem Marie Laurent, filha do reitor. Apaixonado a ponto de não conseguir concentrar-se em mais nada, decide pedi-la em casamento, não sem antes - como exigia a praxe da época - mandar uma carta ao senhor reitor explicando sua origem humilde e condição financeira apenas razoável. Pelo visto, a carta foi bem recebida, pois dois meses depois Pasteur casou-se com Marie, que permaneceria sua colaboradora dedicada por mais de 45 anos. O casal teve cinco filhos, mas três meninas morreram de doença ainda crianças, sobrevivendo apenas os filhos Jean-Baptiste e Marie-Louise. Jean-Baptiste seria o grande companheiro dos últimos anos do pai, quando este sofreu dois derrames sucessivos.
Pasteur revelou-se um excelente professor. Sério, introspectivo, preparava as aulas meticulosamente, preocupado com todos os detalhes, procurando os termos mais adequados e um perfeito encadeamento de idéias. Jamais afirmava algo sem uma demonstração. Quando assumiu o posto de reitor da Universidade de Lille, em 1854, colocou em prática conceitos modernos de educação. Instituiu cursos noturnos para os jovens trabalhadores, levava os alunos às fábricas da região e organizava cursos práticos, para demonstrar a relação que acreditava existir entre teoria e prática. Nesse sentido, estava perfeitamente sintonizado com as melhores tendências de seu tempo tão carregado de inovações.
Em sua atividade, Pasteur exibia um caráter obstinado. Além de administrador da Escola Normal, onde ficou conhecido pelo seu apego militar à hierarquia e à disciplina, ensinava Química na Sorbonne e dedicava várias horas do dia à pesquisa, trabalhando até nos fins de semana."Tenho a impressão de que estarei cometendo um roubo se passar um dia sem trabalhar", dizia. Jamais deixou de prosseguir nas suas pesquisas, mesmo quando, no início de seu período como diretor da Escola Normal, o laboratório colocado à sua disposição não passava de um sótão inabitável. Depois de três anos ali, transferiu-se para um minúsculo pavilhão, onde, para que coubesse todo o material de que precisava, era obrigado a trabalhar ajoelhado.
Essa foi, não obstante, uma fase extremamente produtiva. O acaso o desviou de suas pesquisas com cristais, o grande fascínio de sua vida. Ele havia descoberto que um dos dois tipos de cristais do ácido paratartárico, que se dissocia na fermentação, servia para alimentar microorganismos. Pasteur concluiu então que a fermentação só poderia ser causada por uma substância viva, ao contrário do que imaginavam os químicos. Assim, a fermentação passou a ser o tema de suas novas pesquisas.
Em 1854, quando Pasteur começou a se interessar pelos micróbios, o nome nem sequer existia: esses seres microscópicos eram conhecidos como animálculos, levedos, vibriões ou glóbulos. Sua presença era notada nas fermentações, sem que se conhecesse porém, sua função exata no processo. Com um estudo que se estenderia por mais de quinze anos, Pasteur criaria as bases da ciência hoje conhecida como Microbiologia. O início desse trabalho deu-se em 1856, quando um industrial de Lille solicitou-lhe ajuda. Proprietário de uma destilaria, ele se preocupava com o destino de sua produção de álcool de beterraba, comprometida por muitos problemas cujas causas não conseguia identificar.
Pasteur constatou então que o suco da beterraba apresentava os tais animálculos: redondos, quando a fermentação era sadia; e alongados, quando defeituosa. O mesmo fenômeno se repetia na fermentação do leite. Observando ao microscópio o movimento dos glóbulos, Pasteur concluiu que sua febril atividade alterava a composição do líquido. O próximo passo seria determinar a procedência desses seres que agiam como fermento. Pasteur acreditava que os germes viviam em suspensão no ar e decidiu provar a hipótese.
Em primeiro lugar, imaginou recolher amostras de poeira, mediante um dispositivo concebido por ele mesmo para aspirar o ar da rua: um tubo que tinha numa das pontas um algodão funcionando como rolha. Esse algodão seria em seguida introduzido num frasco cheio de líquido fermentável e colocado em uma estufa a uma temperatura de 25 a 30 graus centígrados. Ao final de alguns dias, o líquido estaria coberto por uma camada mais espessa, sinal de que os microorganismos do ar, captados pelo algodão, tinham-se desenvolvido. Sempre cuidadoso, Pasteur tomou certas precauções: primeiro, certificou-se de que tanto o tubo com o algodão como o frasco estavam totalmente desinfetados.
Também o líquido fermentável utilizado na experiência fora mantido em uma estufa à temperatura de 110 graus. Além disso, num procedimento que se tornaria habitual em todo tipo de pesquisa, outro frasco, cheio do mesmo tipo de líquido, foi utilizado como termo de comparação - ao contrário do outro, nele não se introduziu o algodão contaminado. Concluída a experiência, o líquido em contato com o algodão poluído estava fermentado, enquanto o que permanecera em condições assépticas continuava puro, comprovando a teoria de Pasteur. A demonstração, contudo, não foi suficiente para convencer os cientistas partidários da teoria da "geração espontânea", segundo a qual os organismos sadios desenvolviam doenças espontâneamente.
As ciências biológicas, apesar de todo o salto cultural do século XIX, ainda abrigavam erros e crendices do passado. Acreditava-se, por exemplo, que a própria carne produzia os vermes que surgiam com a putrefação, e não que esses vermes estivessem no ambiente. Para convencer os críticos, Pasteur desenvolveu uma técnica mais complexa capaz de comprovar sua tese. Durante o ano de 1860, percorreu diferentes lugares da França coletando amostras de ar em pequenas balões de vidro. Expostos no pátio do Observatório de Paris, os líquidos contidos nos balões ficaram turvos pela fermentação, enquanto em Chamonix, a 2 mil metros de altitude, apenas um entre vinte balões revelou a existência de microorganismos.
Pasteur pôde então afirmar que a poeira em suspensão no ar era a origem exclusiva da vida nas infusões e que os germes estão repartidos de forma desigual. Ao lado dos estudos sobre geração espontânea, Pasteur prosseguia nas pesquisas sobre fermentação. Depois do álcool de beterraba, passou a estudar o vinho, o vinagre e a cerveja, identificando os germes que tornavam as bebidas amargas e impróprias para consumo. As experiências com o ar ensinaram-lhe que os instrumentos mal esterilizados transformam-se em refúgio de bactérias, que podem ser eliminadas a altas temperaturas.
Assim, descobriu que um calor da ordem de 60 graus impede a proliferação daqueles germes no vinho, cerveja, vinagre e leite. Recomendou então aos produtores que conservassem os líquidos a essa temperatura até embalá-los em recipientes assépticos e hermeticamente fechados. Esse procedimento, adotado hoje em todo o mundo, deve o nome a seu inventor: pasteurização. Em 1873, já membro da reverenciada Academia Francesa, Pasteur continua seu tenaz combate às moléstias infecciosas. De todas as doenças mortais da época, existia uma que o interessava especialmente, e cuja cura, descoberta por ele próprio no início da década de 80, lhe traria fama mundial - a raiva.
Transmitida por cães, raposas ou lobos, a raiva mata depois de uma longa agonia, em que as vítimas são pouco a pouco dominadas por uma paralisia, seguida de fortes convulsões, e acometidas de intensa sede, ao mesmo tempo que manifestam forte aversão aos líquidos. Antes de Pasteur, os doentes eram tratados segundo métodos os mais estranhos e ineficazes, como a ingestão do fígado de um, animal raivoso, ou de olhos de caranguejo, banhos de imersão no oceano ou ainda compressas de pólvora. A primeira descoberta de Pasteur foi a de que a raiva era uma doença do sistema nervoso e que só se manifestava quando o micróbio atingia o cérebro numa viagem cujo ponto de partida era a mordida. Quanto mais provida de nervos fosse a área atingida, mais rápido seria esse percurso.
Depois de isolar o vírus causador da raiva em tecidos de animais contaminados - embora ignorasse o próprio conceito de vírus, os detalhes de sua ação no organismo e os mecanismos de sua reprodução -, Pasteur conseguiu produzi-lo numa forma atenuada e chegou à vacina, que se provou eficiente quando testada em cobaias. Faltava-lhe, porém, confiança para testá-la em seres humanos. Mais do que o risco de falhar e ser impiedosamente massacrado pelos críticos - que não lhe perdoavam ter fuzilado a idéia da geração espontânea -, Pasteur temia sacrificar vidas humanas. Já estava pronto para testar a vacina em si próprio, quando as circunstâncias mudaram seus planos. No dia 6 de julho de 1885, foi levado a seu laboratório um menino de 9 anos, Joseph Meister, que havia sido mordido mais de quinze vezes por um cão raivoso.
Depois de ouvir o médico que examinou Meister, Pasteur convenceu-se de que a qualquer momento o menino ia contrair a doença e decidiu aplicar-lhe o tratamento. Durante dez dias, certamente os dez mais longos dias da vida de Pasteur, pontuados de angústia, insônia e até febre, Meister recebeu treze aplicações de vacina no abdômen. Várias semanas se passaram sem que a doença se manifestasse.
Meister estava salvo. Depois, sucederam-se várias outras curas e a novidade se espalhou, levando um número cada vez maior de pessoas mordidas a seu laboratório - vindas não só de Paris e do interior da França como também de outros países, até da longínqua Rússia. Em 1886, de 726 pessoas tratadas, apenas quatro não puderam ser salvas e, mesmo assim, porque, mordidas no rosto ou na cabeça, só foram levadas a Pasteur muito tempo depois de atacadas.
Foi o caso de Louise Pelletier. uma menina de 10 anos, mordida na cabeça e levada ao laboratório 37 dias mais tarde. Seu estado, a essa altura, já era desesperador. Pasteur sabia que a vacina não teria nenhum efeito. Sabia também que seus adversários só estavam à espera de uma tragédia para retomar os ataques contra ele. Apesar disso, o desejo de salvar uma vida prevaleceu acima de qualquer consideração racional: Pasteur submeteu a menina ao tratamento, que, como ele imaginava, não deu resultado. Quando ela morreu , dias mais tarde, o cientista, que não arredara pé de sua cabeceira, teve uma incontrolável crise de choro.
O pequeno laboratório de Pasteur já não comportava tantas pessoas em busca de tratamento contra a raiva.Por isso, ele solicitou à Academia de Ciências a criação de um estabelecimento especial para vacinação contra raiva, que acabou construído com donativos vindos de toda parte. Entre os doadores, estava o imperador brasileiro Pedro II, cujo busto ornamenta a biblioteca do estabelecimento, chamado, naturalmente, Instituto Pasteur. Inaugurado em novembro de 1888, até hoje é um dos mais importantes centros de pesquisa do mundo.
Louis Pasteur dirigiu o instituto até sua morte, em 28 de setembro de 1895, aos 72 anos. No seu septuagésimo aniversário, recebeu a última grande homenagem em vida, no grande anfiteatro da Sorbonne, a universidade de Paris. Hemiplégico, apoiado ao braço do presidente da República, foi aplaudido de pé por centenas de personalidades do mundo inteiro, vindas especialmente para a cerimônia. E Pasteur, o típico cientista do século XIX que chamava a si a responsabilidade de desenvolver pesquisas sem depender de instituições, declarou com deliberada modéstia: "Minha contribuição foi pequena, mas tenho a consciência de ter feito o que pude". .

Da raiva à AIDS.

O Instituto Pasteur comemorou em Paris seu centenário em 1988 com o mesmo propósito de seu criador: vencer as doenças e melhorar as condições de saúde pública. Mas suas instalações mudaram muito desde que Pasteur o inaugurou. Vários edifícios foram anexados ao prédio inicial e o conjunto abriga hoje mais de 2 mil pessoas, das quais quinhentas são pesquisadoras permanentes. As atividades de pesquisa do Instituto são repartidas em oitenta unidades, dedicadas à Microbiologia, à Biologia do desenvolvimento e à Imunologia.
Entre as pesquisas recentes mais importantes estão a elaboração da vacina contra a hepatite B, que começou a ser distribuída publicamente em 1981, e a busca de uma vacina contra a malária, que pode ser viabilizada nos próximos cinco anos. A pesquisa, por sinal é dirigida pelo médico brasileiro Luís Hildebrando Pereira da Silva. Em 1983, a equipe chefiada pelos médicos Jean-Luc Montagnier, Jean-Claude Chermann e Françoise Barré foi a primeira a identificar o vírus da AIDS, e o Instituto criou um laboratório especialmente para combater a doença.
Mas não há só pesquisa no Instituto Pasteur. Existem ali também um hospital especializado nas doenças pesquisadas pelos cientistas, centros de referência que prestam serviços de controle epidemiológico junto ao Ministério da Saúde francês e à Organização Mundial de Saúde, dois museus e um centro de estudos pós-universitários. O velho Pasteur teria de que se orgulhar.





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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A Longa Viagem do Atum - Costumes


A LONGA VIAGEM DO ATUM - Costumes



Um peixe de sangue quente, raridade nos oceanos, capaz de nadar a 70 quilômetros por hora, fornece um superlativo alimento que o homem descobriu há milênios.

O homem primitivo descobriu o mar e o atum ao mesmo tempo. Aconteceu na Pré-história, cerca de 25 mil anos atrás. E aconteceu em praticamente todo o planeta, das regiões geladas às zonas mais equatoriais. "Nenhum outro peixe se mostrou tão importante através das eras", determina o especialista Waverley Root, a maior autoridade mundial na investigação da evolução da gastronomia. "Em termos de volume, de utilização, de competência e de versatilidade". Competência, disse Root? Precisamente. Uma palavra que se encaixa às mil maravilhas ao atum, um bicho que antologicamente batalha com o arenque e com o bacalhau na relação dos prediletos dos estômagos universais. Um bicho que, todavia, ganha sempre a briga que interessa - a da sobrevivência essencial.
Da família dos escombrídeos, subfamília dos tunídeos, o atum se subdivide em treze espécies de características assemelhadas, mas só uma de qualidades superpreciosas de sabor e capacidade nutritiva. Atum-verdadeiro, só três: na ciência, o Thunnus.thynnus,o T. alalunga e o Euthynnus pelamis, peixes com peculiaridades que apenas recentemente a Biologia marinha conseguiu descobrir: as razões da sua competência, da cor e do paladar diferenciados da sua carne estão no fato de o atum-verdadeiro - ao contrário de quase todos os seus parceiros subaquáticos, possuir muito sangue - e sangue quente.
Os pescados em geral têm a carne branca precisamente por falta de hemoglobina. E quase todos desperdiçam calor, através das suas guelras, no processo de respiração. O atum-verdadeiro, todavia, consegue manter o ardor interno graças a uma admirável circunstância metabólica que lhe permite usar também os músculos do corpo na coleta e na filtragem do oxigênio à sua disposição nos oceanos. Um processo exatamente igual, embora de resultado invertido, àquele que move os aparelhos de ar-condicionado ou mesmo os refrigeradores domésticos.
Ocorre que as suas células musculares contêm fartos reservatórios de carboidratos, os reguladores da energização dos organismos vivos. Por meio de um sistema de trocas, que a Física explica bem, a energização dos músculos do corpo do atum-verdadeiro eleva e mantém alta a sua temperatura circulatória. O sangue venoso, devidamente aquecido, abana os músculos e faz o seu caminho de volta rumo ao coração e às guelras do bicho. No trajeto, passa por entre os vasos que trazem, das guelras e do coração, o sangue novo, arterial, ainda frio, enriquecido com o oxigênio extraído do oceano. Nesse jogo de corrente e contracorrente, o sangue novo vai atingindo a mesma temperatura do venoso. Em determinados pontos, inclusive, fica até mais vibrante. O que faz do atum-verdadeiro uma raridade impressionante: a sua temperatura interna é maior do que a das águas que habita.
Isso lhe permite viajar mais depressa e para muito mais longe do que qualquer outro peixe. E isso então lhe permite defender-se melhor das intempéries, das bactérias e dos fungos. Um único animal além do atum-verdadeiro, o caribu das neves canadenses carrega esse donativo da natureza: retirar o seu calor inclusive do frio. Escavações paleolíticas no norte da Europa encontraram ossos e outros restos de atum-verdadeiro, arenque e bacalhau. Escavações paleolíticas no sul da Europa só acharam ossos de atum-verdadeiro - o que prova a sua competência, a sua mobilidade, ou seja, a sua potencialidade de globetrotter, um morador do mundo todo, milênios e milênios atrás, como nenhum outro concorrente.
Pena que, na gastronomia, tantA gente confunda os Thunnus e o Euthynnus pelamis com seus primos mais pobres e muito menos eficientes. Para entender as razões, é necessário descrever os peixes e as suas características primordiais. O T. thynnus, que os americanos chamam de bluefin e os brasileiros de albacora azul, se assemelha muito ao T. alalunga, à albacora-branca ou yellowfin. Os seus formatos são quase idênticos. O T. thynnus.apenas ostenta uma nadadeira dorsal em tom de anil-brilhante, contra o quase dourado do T. alalunga, que, por sua vez, exibe uma nadadeira lateral muito comprida, daí a razão do seu apelido latino. A albacora-branca alcança facilmente os 130 centímetros de comprimento. Da albacora-azul já se capturaram exemplares de 5 metros.
O E. pelamis, também batizado de Katsuwonus pelamis, em inglês skip-jack, se destaca pelo ventre marcado por sete listras longitudinais e alcança habitualmente os 70 centímetros. Trata-se do tunídeo mais abundante nas costas brasileiras. A albacora-branca participa em 5 por cento do mercado do atum-verdadeiro. O Thunnus thynnus, porém, só no Mediterrâneo italiano. A confusão principia quando se chama de atum aos bonitos, às cavalas e, pior ainda, às serrinhas. Os bonitos ainda são aparentados dos tunídeos, da espécie dos Euthynnus aletteratus.
As cavalas (Scomberomorus cavalla) e as serras (Sarda sarda), sim, pertencem ao ramo dos escombrídeos, mas possuem carnes brancas, sem o paladar dos tunídeos. No Brasil, é comuníssimo vender-se serra e cavala por bonito. E é comuníssimo vender-se bonito por atum. Muito maiores em tamanho e peso, os tunídeos apresentam-se com músculos mais sólidos e mais compactos, de postas enormemente generosas, cuja abundância de veias e artérias se transforma em lascas precisas no instante do cozimento e, enfim, do deleite da mastigação. É evidentemente muito maior o aproveitamento econômico, na indústria e em casa, do atum-verdadeiro. Antigamente, e ainda hoje em muitas plagas do Mediterrâneo, capturava-se o atum-verdadeiro com redes em forma de labirintos - da última etapa, nenhum peixe podia escapar. O método era, contudo, predatório em demasia. Não selecionava tamanhos, idades, sexos ou subespécies. Criou-se, assim, um método diferente de pegá-lo, aparentemente mais elementar, porém definitivamente produtivo. Para praticá-lo, basta ver onde se localizam as plataformas petroleiras e os cardumes dos peixes-voadores, os pitéus prediletos dos Thunnus e do Euthynnus pelamis. Vários barcos, de bom tamanho, circundam a região determinada.
Então, dezenas de pescadores lançam ao mar sardinhas vivas e as suas varas poderosas em cujos anzóis apenas se dependuram pequenos tubos flexíveis e vazados, caninhos de plástico branco. Com o movimento das embarcações e com a ajuda de um esguicho de água, o atum-verdadeiro confunde o brilho com a correria dos peixes-voadores e abocanha os anzóis. Curiosamente, o bicho não reage como um marlim ou um espadarte, espetaculares no esporte da pesca oceânica.
Paira um certo conformismo no comportamento do atum-verdadeiro, que percebe o seu aprisionamento. E isso as características singulares do belo peixe também explicam com facilidade. Trata-se de uma animal que preza os grandes espaços livres. Um tunídeo, quaisquer que sejam as suas dimensões, costuma se locomover à fantástica velocidade de vinte comprimentos por segundo - num exemplar de 1 metro, a loucura de 20 metros por segundo, o dobro do que conseguem os Carl Lewis e os Ben Johnson, quase um terço de um carro de Fórmula 1 em plena reta. Em média, um atum-verdadeiro percorre em torno de 70 quilômetros por hora, o peixe mais rápido do mundo depois do sailfish, o agulhão. O atum-verdadeiro é mais veloz dentro da água, apesar da fricção, do que o peixe-voador quando salta na atmosfera, acima da superfície.
Muito bem. Tal bicho não aceita qualquer tipo de restrição ao seu caminho. Se encontra uma rede ou um anzol que tolham a sua liberdade, assume pragmaticamente a derrota. Saltita e se contorce fora da água, exclusivamente porque nenhum atum-verdadeiro deixa de sofrer o momento da morte. Aliás, o tunídeo nem chega a sofrer o momento da morte como muitos outros peixes, capazes de resistir infindáveis minutos à falta do seu meio aquático. Por causa do sangue quente e da necessidade praticamente imediata de renovação de oxigênio, o atum-verdadeiro se asfixia bem depressa. Coisa triste, mas providencial com relação à qualidade da sua carne. Na sua agonia, acontece uma liberação insignificante de adrenalina, que normalmente enrijece as fibras.
Depois de capturado, o peixe é eviscerado, com a retirada dos órgãos e das glândulas, que estimulam a putrefação. O bicho entra, então, em equipamentos grandiosos de cozimento por vapor e na etapa final de sua limpeza, com o cone da cabeça e da cauda, a retirada da pele e das espinhas e a sua divisão em postas para o envasamento. Cerca de 80 por cento do atum se mantém sólido, compacto, superlativo. O atum que se devora com pão, numa salada, numa massa, ou cru, nos delicados shashimi. Os outros 20 por cento, igualmente de categoria em sua essência, são, todavia, desfiados; é o chamado grated tuna, o atum moído para as pizzas, por exemplo. Devidamente enlatado com um pingo de sal, o produto atravessa, finalmente, o indispensável processo de esterilização em poderosas autoclaves. O Brasil pode se orgulhar da sua pesca e da sua industrialização de atum-verdadeiro sob parâmetros internacionais, exportando para toda a América Latina, Inglaterra, França, Alemanha Ocidental e Japão - este um dos países que mais consomem o atum-verdadeiro.

Tonno alla trapanese.

A mais antológica receita gastronômica de atum-verdadeiro vem da ilha italiana da Sicília, de onde procede no mínimo metade das 100 mil toneladas do peixe produzidas anualmente pela Velha Bota. Trata-se dos spaghetti con il tonno alla trapanese, da região de onde proveio, sete séculos atrás, o clã normando dos Lancellotti.
Ingredientes, para quatro pessoas: 500 gramas de spaghetti, 5 litros de água fresca e declorada, 2 colheres (de sopa) de sal, 1 colher (de mesa) de azeite de oliva, 4 xícaras (de chá) de polpas de tomates bem vermelhos, picadinhas, 2 xícaras (de chá) de atum-verdadeiro, sólido, desmanchado com a ponta de um garfo, 1 xícara (de chá) de lascas de azeitonas-verdes, preferivelmente as do tipo Gordal, 1 colher (de sopa) de alecrim picadinho, 1 colher (de café) de orégano, 1/2 colher (de café) de pimenta-vermelha, em pó, 1 colher (de mesa) de alcaparras.
Modo de fazer: na água fervente e já salgada, colocar o macarrão para cozinhar. Paralelamente, aquecer o azeite e nele refogar os tomates, mexendo em fogo brando, por cerca de 5 minutos. Incorporar o atum, 1 minuto antes do ponto al dente da massa. Retirar, escorrer e banhar com mais azeite. Despejar a massa na panela do molho.Agregar o alecrim, o orégano, a pimenta-vermelha e as alcaparras. Misturar, delicadamente. Terminar o cozimento da massa e servir imediatamente.





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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A Serviço do Mal - Tecnologia


A SERVIÇO DO MAL - Tecnologia



A mesma ciência que inventou os inseticidas produz uma praga terrível: as armas químicas.

Qualquer guerra é um espetáculo sangrento e abominável. Mas até para matar há limites: as armas não devem causar ferimentos supérfluos, cruéis, desumanos ou degradantes. Isso em teoria. Pois o homem inventa, produz, armazena e está pronto para usar um arsenal tão perverso que até a tênue ética da mortandade fica manchada. São as armas químicas, chamadas "bomba atômica dos pobres", pois podem ser preparadas em qualquer país que disponha de uma indústria de fertilizantes químicos ou pesticidas medianamente desenvolvida.
Meses atrás, por exemplo, descobriu-se na Líbia uma fábrica de armas químicas disfarçada de indústria farmacêutica. E uma mostra real desse pesadelo ficou registrada em março do ano passado no ataque iraquiano com gás mostarda à aldeia de Halabja, um lugarejo em seu território que havia sido invadido pelo Irã, habitado pelos curdos. Cinco mil civis foram mortos. Sete mil ficaram feridos. As imagens das vítimas paralisadas em agonia horrorizaram o mundo. Por sua vez, a União Soviética foi acusada de usar gases incapacitantes contra os rebeldes no Afeganistão.
A idéia de aniquilar o inimigo por envenenamento é bem antiga. Já na Índia de 2000 a.C. era comum empregar nas guerras cortinas de fumaça, dispositivos incendiários e vapores tóxicos. O historiador grego Tucídides conta que na Guerra do Peloponeso (431-404 a.C.) os espartanos colocavam madeira impregnada com enxofre e piche ao redor dos muros das cidades inimigas, criando vapores sufocantes. No fim do século XIX, na Guerra dos Bôeres, na África do Sul, as tropas inglesas inventaram um artifício para lançar ácido pícrico, um explosivo. O engenho não funcionou, mas começaram aí as tentativas de ganhar combates com armas tóxicas. No entanto, com o desenvolvimento da ciência, começou também a fabricação de substâncias poderosamente venenosas para fins militares.
A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) marcou a entrada da química nos campos de batalha. Em 1915, o cientista alemão Fritz Haber teve uma idéia para obrigar as tropas inimigas a sair da proteção das trincheiras e aceitar o combate a céu aberto: espalhou gás cloro num front perto da cidade belga de Ypres. Foi uma devastação - 5 mil desprevenidos soldados franceses foram mortos e outros 10 mil ficaram feridos. O cloro pertence ao grupo dos gases sufocantes, que irritam e ressecam as vias respiratórias. Para aliviar a irritação, o organismo segrega líquido nos pulmões, provocando um edema. A vítima morre literalmente afogada.
Como se não bastasse o cloro, a desenvolvida indústria química alemã -especialmente a tristemente famosa IG Farben - redescobriu o gás mostarda, inventado meio século antes na Inglaterra. Além de atacar o revestimento das vias respiratórias provocando feridas e inchaço, esse gás com cheiro de mostarda (daí o nome) provoca bolhas e queimaduras na pele e cegueira temporária. Inalado em grande quantidade, mata. Os franceses retrucaram como cianeto de hidrogênio e o ácido prússico, chamados gases do sangue. Quando inaladas, as moléculas desses gases se unem à hemoglobina do sangue, impedindo-a de se combinar com o oxigênio para transportá-lo às células do corpo, causando a morte.
Ao todo, as mortes provocadas por gases venenosos na Primeira Guerra Mundial somaram perto de 100 mil; os feridos, em torno de 1,3 milhão. A fama de vilão porém recaiu exclusivamente sobre Fritz Haber, o mentor do ataque alemão a Ypres. Pouco lhe valeu ser contemplado com o Prêmio Nobel de Química em 1918 - sob protesto dos cientistas - por ter conseguido a síntese da amônia, inventando assim os fertilizantes químicos. Quando Hitler chegou ao poder na Alemanha em 1933, Haber, por ser judeu, emigrou para a Inglaterra. Ao encontrá-lo em Londres, logo em seguida, o físico inglês Ernest Rutherford , também Prêmio Nobel, recusou-se a apertar-lhe a mão. O criador da guerra química morreu no ano seguinte, de ataque cardíaco. Em 1925, a Liga das Nações, precursora da ONU, havia proibido no Protocolo de Genebra o uso militar de gases asfixiantes, tóxicos e outros, assim como o de agentes bacteriológicos.
A Liga omitiu-se, porém, quanto a fabricação e estocagem desses venenos. Mal tinha secado a tinta do protocolo, a Espanha reprimiu a gás mostarda uma revolta em Marrocos, então sua possessão. E em 1931 o Japão usou fartamente armas químicas na invasão da Manchúria, onde também realizaria horrendas experiências de guerra bacteriológica. Em 1936, as tropas italianas jogaram gás mostarda na Etiópia, matando homens, animais e envenenando rios.
Naquele mesmo ano, na IG Farben alemã, um químico chamado Gerhard Schrader estava incumbido da pacífica tarefa de desenvolver inseticidas. Trabalhando com organofosforados - compostos de carbono, hidrogênio e oxigênio misturados ao fósforo -, Schrader sintetizou um produto tão mortífero que era impossível usá-lo como inseticida. Estava criado o tabun, o primeiro dos gases neurotóxicos (que agem sobre os nervos), até hoje a mais terrível espécie de arma química já inventada. Dois anos mais tarde, Schrader inventou o sarin; e já nos estertores da Segunda Guerra Mundial, em 1944, criou o soman, oito vezes mais letal que o primeiro e duas vezes mais que o segundo.
Os gases dos nervos matam em minutos. Atuam inibindo uma enzima chamada acetilcolinesterase, necessária ao controle dos movimentos musculares. Essa enzima bloqueia os impulsos nervosos que ativam os músculos. Quando o gás neurotóxico é absorvido, por inalação e contato com a pele, a produção da enzima cessa imediatamente. Todos os músculos então se contraem sem parar e acabam estrangulando os pulmões e o coração. É mais ou menos assim, por asfixia, que morrem os insetos atacados com inseticidas.
Os gases mortíferos dos nazistas não chegaram aos campos de batalha, mas foram empregados em larga escala no assassínio de populações inteiras: a IG Farben desenvolveu o zyklon-B, o gás usado pelos nazistas para matar milhões de judeus nas câmaras dos campos de extermínio. Terminada a guerra, os aliados se apoderaram das técnicas e dos estoques da IG Farben. Em pouco tempo, carregamentos secretos de gases dos nervos chegaram aos Estados Unidos e à União Soviética. Ainda havia o que aperfeiçoar nessa área.No começo da década de 50, a empresa química inglesa ICI criou a chamada família V, com os gases VE e VX, muitas vezes mais tóxicos que os dos alemães se é que é possível imaginar isso.
A praga continuou a cruzar novas fronteiras. Durante os sete anos da Guerra Civil no Iêmen do Norte, de 1962 a 1969, as tropas egípcias que participavam do conflito usaram armas químicas vindas da União Soviética. O maior escândalo, porém, aconteceu do lado americano. Na Guerra do Vietnã, os Estados Unidos jogaram, além do conhecido incendiário napalm, toneladas de gás lacrimogêneo, que irrita os olhos e as vias respiratórias, deixando as vítimas fora de combate por algum tempo. O gás lacrimogêneo é usado em muitos países para dispersar manifestações de rua.
Pior que isso foi o emprego dos desfolhantes, conhecidos como agentes laranja, azul e branco. Os desfolhantes haviam sido inventados no fim da Segunda Guerra, no principal laboratório de pesquisa do Exército dos Estados Unidos, em Fort Detrick. Tais herbicidas servem para destruir ervas daninhas nas plantações. O agente laranja, o mais usado no Vietnã, mistura de dois herbicidas, tinha o objetivo de destruir plantações e florestas, principalmente matas fechadas à beira dos rios, de onde os guerrilheiros vietcongues fustigavam tropas americanas.
Dessa vez, porém, os cientistas honraram a ética da profissão e pressionaram o Congresso americano a proibir a fabricação de armas químicas. De fato, a produção dessas armas chegou a ser suspensa em 1969. A população despertou para o problema um ano antes, quando durante testes com gases neurotóxicos na base militar de Dugway, no Utah, um vazamento do produto matou 6 mil carneiros das redondezas.O perigo de viver perto dos armazéns de veneno já não podia ser subestimado. A notícia do acidente só chegou ao conhecimento da opinião pública por causa da morte dos carneiros, que não pôde ser ocultada. Mas é virtualmente impossível, nos Estados Unidos ou em qualquer outro país, identificar os cientistas a serviço do mal.
Em nome da segurança nacional, eles permanecem sempre anônimos, da mesma forma que os laboratórios envolvidos nas experiências. Mas, como os gases, informações vazam. Na Universidade da Pensilvânia, em 1965, a desconfiança de um estudante levou à descoberta de dois contratos secretos com o Pentágono para pesquisa em guerra química e biológica. Empresas como a Dow Chemical e a Monsanto foram acusadas de fabricar desfolhantes. Na Alemanha, pelo menos treze empresas fornecem pesticidas aparentemente inocentes a países do Terceiro Mundo. A rigor, raras armas químicas conhecidas foram criadas em laboratórios exclusivamente militares - cientistas acadêmicos ou empregados em indústrias sempre estiveram por trás dessas pesquisas.
Não é preciso construir instalações especiais para fabricar armas químicas. Para a vida ou para a morte, a indústria química funciona do mesmo modo, com dois processos: conversões químicas e operações unitárias. Conversões são reações entre produtos químicos nos reatores, recipientes de aço inoxidável revestidos às vezes de materiais cerâmicos ou plásticos. Operações unitárias são as conversões físicas, como destilação, evaporação ou filtração. A grande diferença entre uma indústria química qualquer e uma produtora de gases venenosos está no cuidado de quem lida com o material. Naturalmente, quanto mais tóxicos os produtos, maior a necessidade de segurança. Já lançar armas químicas é uma operação semelhante a um ataque normal de artilharia - com a diferença de que as bombas não carregam apenas explosivos, mas também gases. Como os venenos químicos são perigosos também para quem os joga, os atacantes devem estar protegidos contra eles. Pensando nisso, os americanos desenvolveram as chamadas armas binárias. Estas têm dois compartimentos, cada um com uma substância por si só pouco tóxica. A mistura ocorre na hora da explosão, formando gás mortal.
Mesmo que os combatentes estejam protegidos com máscaras e roupas emborrachadas, a luta prolongada no front envenenado pode ser cruel. As roupas, extremamente desconfortáveis, tendem a provocar desidratação. Estudos soviéticos mostraram que, depois de usar a roupa protetora por dezoito horas seguidas, um soldado fica totalmente fora de combate. Os soldados britânicos, de seu lado, levam presos ao uniforme pequenos papéis que mudam de cor na presença de gases tóxicos. Ao perceber que foi atacado com gás dos nervos, o soldado se aplica imediatamente uma injeção de atropina, um antídoto que traz consigo. A atropina, substância derivada de uma planta chamada beladona, faz no organismo o papel da acetilcolinesterase inibida pelo gás. Porém, se o alarme for falso, a atropina fará com que a pessoa sinta os mesmos efeitos que o gás lhe provocaria.
O serviço de inteligência americano, CIA, calcula que vinte países têm armas químicas e outros dez estão na fila para começar a produzi-las. Os arsenais conhecidos estão nos Estados Unidos (30 mil toneladas), na União Soviética (400 mil toneladas), na França e no Iraque. Os países que provavelmente têm mas não confessam são Egito, Síria, Líbia, Israel, Irã, Etiópia, Birmânia, Tailândia, Coréia do Norte, Coréia do Sul, Vietnã, Formosa, China, África do Sul e Cuba. Nas mãos das superpotências nucleares, pouca diferença fazem os estoques químicos.
O equilíbrio pode romper-se, porém, com a propagação de armas semelhantes pelo mundo afora - o mesmo temor, por sinal, inspirou os esforços contra a proliferação nuclear. A indignação causada pelo ataque iraquiano a Halabja serviu ao menos para disparar uma nova investida pelo desarmamento químico. No começo do ano, em Paris, representantes de 149 países condenaram o uso de armas químicas como passo inicial para futuro acordo de completo banimento. Quem viver verá.

Um bombardeio de doenças.

Existe algo ainda mais cruel que os gases venenosos. São as armas biológicas - bactérias para matar o inimigo de doença. As mais cotadas propagam males como dengue, botulismo, antraz e peste. O dengue, uma febre tropical causada por vírus, é comum no Brasil e provoca principalmente dor e rigidez nas juntas do corpo. Pelo menos não é fatal. Já o botulismo é um envenenamento por uma toxina segregada por uma bactéria. Um dos mais poderosos venenos conhecidos, a toxina danifica o sistema nervoso, causando a morte pela paralisia dos músculos respiratórios.
Bacilo nocivo aos animais, o antraz pode ser fatal ao homem se for ingerido ou inalado. Dentro do organismo, o bacilo ataca o coração e outros órgãos vitais. As bombas de peste seriam das formas bubônica e pneumônica. A primeira não é fatal, mas a pneumônica mata por edema pulmonar. Aperfeiçoados pela engenharia genética, mesmo os vírus e bactérias não mortais podem se tornar resistentes a qualquer antibiótico ou outra defesa conhecida, vitimando populações inteiras. Na Segunda Guerra Mundial, o Japão atacou onze cidades chinesas com bombas bacteriológicas. Além disso, japoneses e alemães usaram prisioneiros como cobaias em experiências com agentes infecciosos.
A Convenção das Armas Biológicas e Toxinas, de 1972, proíbe o seu desenvolvimento, produção e estocagem. A despeito disso, calcula-se que uma dezena de países fabricam tais armas. Ao contrário das suas parentes químicas, essas nunca foram usadas em larga escala nos campos de batalha. Para o especialista inglês Julian Perry Robinson, da Universidade de Sussex, uma explicação pode estar no fato de que o uso de um organismo vivo para atacar outro dá margem a todo tipo de situações imprevisíveis "e os militares não gostam de armas que não possam controlar".





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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Força Fígado - Biologia


FORÇA, FÍGADO - Biologia



Distribui energia, atende emergências, cuida do lixo, faz mil coisas ao mesmo tempo e não reclama do serviço.

Saúde! em seguida a esse voto, o organismo é brindado com goles de um rico combustível misturado a um requintado veneno. Seja uma esportiva cerveja ou um doméstico licor da vovó, toda bebida alcoólica tem essas qualidades paradoxais. O bem só se separa do mal quando o álcool, junto com os nutrientes absorvidos na digestão, escorrega no sangue, sendo sugado por uma esponja vermelho-escura, no lado direito do abdome. É ali, no fígado, a maior glândula do organismo com seus 8 a 10 centímetros de largura, que parte das moléculas da bebida é queimada e transformada em energia, enquanto as sobras tóxicas são trituradas e eliminadas feito lixo. E isso é apenas o começo da conversa quando o assunto é fígado - um personagem muito comentado nas bocas que apreciam um trago, embora poucos saibam ao certo qual o seu papel na história.
É, com certeza, um papel de primeira grandeza. Literalmente insubstituível, o fígado está no centro do espetáculo de uma série de processos vitais, tanto que, sem o órgão, retirado numa cirurgia ou danificado por doença, não se sobrevive em média por mais de cinco horas - para agoniados cirurgiões que fazem transplantes, uma atividade de ponta na Medicina moderna. Toda essa importância costuma ser ignorada e as pessoas, muitas vezes, cometem a ingratidão de retribuir o trabalho do órgão com críticas por eventos pelos quais nem sequer é responsável, como as dores na parte superior do abdome ou a ressaca. Os próprios cientistas, embora não perpetrem tais disparates, admitem com candura que ainda têm muito a aprender a respeito dessa nobre víscera.
Já a fama e a glória vão habitualmente para os coadjuvantes: os rins, por exemplo, são consagrados por limparem o sangue, excretando uma substância chamada uréia que leva embora uma série de moléculas nocivas. A uréia, na realidade, é fabricada pelo fígado, que também produz diariamente 100 gramas de proteínas - 90 por cento do que o homem precisa. O fígado, ainda, destrói os micróbios que eventualmente driblaram as células de defesa no intestino; possibilita a absorção de certos nutrientes; armazena substâncias; elimina os glóbulos sanguíneos envelhecidos; e - ufa - manda energia para todo o organismo.
Com aproximadamente 2 quilos que se acomodariam na palma da mão, sem forma muito definida, pois se deixa achatar ao mero contato com seus vizinhos, como o rim direito e o estômago, o fígado pode ser comparado a uma alfândega. Suas células, especialmente as que recobrem os vasos, agem efetivamente como fiscais aduaneiros: revistam a bagagem do sangue, para separar o que merece e o que não merece ter livre trânsito no organismo. Mas, mesmo que parte do álcool tenha recebido visto de entrada, nem sempre suas partículas devem se transformar em energia - algo que, às vezes, o organismo tem de sobra.
Nesse caso, o fígado aproveita as partículas de álcool para construir redondas moléculas gordurosas, como uma espécie de provisão para eventuais períodos de jejum. Essa reserva para tempos de vacas magras fica estocada em depósitos situados, por exemplo, na altura da cintura - fenômeno que alguns freqüentadores de bar eventualmente observam no espelho. O processo, porém, pode levar até mais de 24 horas, pois o álcool é metabolizado um pouco de cada vez, à medida que o sangue atravessa o fígado, à velocidade de cerca de 2 litros por minuto. É bem verdade que um pouco de álcool que ficou para uma próxima rodada, circulando pelo corpo até alcançar novamente a glândula, acaba sendo queimado em outras regiões.
Ainda quando isso ocorre, porém,o fígado não fica de fora da operação. Afinal, é quem envia às células o combustível necessário a essa espécie de fogueira bioquímica. A entrega é feita ao gosto do consumidor, do modo que as células do organismo aceitam, ou seja, sob a forma de glicose - um açúcar solúvel em água, que o fígado fabrica a partir de ingredientes diversos, como os carboidratos do macarrão, os glicídios do chocolate, a lactose do leite. No entanto, se esse trabalho se complica - ou porque a quantidade de bebida é grande ou porque o bebedor está se alimentando pouco -, o fígado tenta contornar o problema, orientado pelos hormônios da glândula pancreática que regulam os níveis de açúcar no sangue.
Assim, as insolúveis moléculas de glicogênio guardadas nas suas células são convertidas em glicose, como se os hormônios pancreáticos retirassem um alimento da geladeira para consumo imediato. De fato, as células que formam o fígado armazenam uma série de substâncias para casos de necessidade. Esse hábito preventivo se manifesta ainda no feto, quando a glândula começa a estocar, aproximadamente após o terceiro mês de gestação, algumas substâncias de que poderá precisar nos primeiros tempos de vida, por não estarem presentes, ao menos em quantidade suficiente, no leite materno.
Eventualmente usado para metabolizar doses extras de bebida, o estoque de açúcar no fígado não dura muito, assegurando combustível apenas por um dia. O fígado, porém, não pode deixar que falte energia ali onde ela é essencial - no coração e no cérebro, peças vitais da máquina humana. Por isso, para manter o organismo vivo, a víscera faz qualquer negócio: o recurso mais rápido é roubar proteína dos músculos, desmontando suas moléculas, cujos componentes - carbono, oxigênio e hidrogênio - serão recombinados de acordo com a fórmula da glicose (C6H12O6).
"Esse processo de autocanibalismo ocorre também quando se faz um regime drástico, sendo uma das causas da sensação de fraqueza que o acompanha", explica o médico paulista Erkki Larsson, do Hospital Albert Einstein de São Paulo, especializado em doenças do fígado, órgão que o ocupa há mais de vinte de seus 46 anos. Outro recurso utilizado pelo fígado, quando o alarme dos hormônios pancreáticos denuncia a carência de glicose, é mobilizar gordura para fazer com suas moléculas algo semelhante ao que faz com as proteínas musculares. O mecanismo, aliás, é intuitivamente conhecido pelos cozinheiros desde a Idade Média, quando aparece na França o hábito de servir álcool aos gansos a fim de que seu fígado, amaciado pela gordura mobilizada, fique no ponto ideal para a elaboração do patê de foie gras (fígado gordo).
Uma receita ainda mais antiga mandava fazer o caminho inverso: encher a ave de comida e, de preferência, imobilizá-la para que a sobrecarga de energia crie depósitos gordurosos nas células hepáticas. "Algo semelhante ocorre com a pessoa que come muito e leva uma vida sedentária", adverte Larsson. "Essa infiltração de gordura facilita o aparecimento de diversas doenças." A ponte entre a Biologia e a gastronomia é sólida e duradoura: afinal, a palavra fígado deriva do latim ficatum, derivado por sua vez do grego fykotón, nutrido com figos, numa alusão às aves a que se dava esse fruto, para conferir um sabor especial às pastas feitas com seu fígado.
Os romanos podiam entender de boa mesa, mas não eram propriamente doutores em fisiologia do aparelho digestivo. E o fígado permaneceu quase um ilustre desconhecido ao longo dos séculos. Apenas nos anos 60, por exemplo, descobriu-se que os milimétricos cilindros - os lóbulos - formados pelas células do fígado em torno dos vasos sanguíneos são unidades independentes, ou seja, em caso de doença podem ser extraídos cirurgicamente, sem prejuízo dos lóbulos vizinhos. Até então, o desconhecimento dessa realidade representava um pesadelo para os médicos: freqüentemente os cortes provocavam hemorragias fatais no paciente.
Continuam nebulosas, porém, as razões pelas quais na história da.vida na Terra o fígado surge apenas nos vertebrados, há cerca de 400 milhões de anos; a víscera é parecida em todas as espécies - a do porco, porém, é a mais semelhante ao fígado humano. Antes dos vertebrados, os seres vivos tinham grupos de células diferentes para realizar cada uma das funções que o fígado veio a monopolizar; o processo parece subverter a direção habitual da evolução dos organismos.cuja pedra de toque é a especialização das funções. Dizer que a hexagonal célula hepática tem mil e uma utilidades não é mera força de expressão:cientistas consideram que certas tarefas por ela realizadas, como a síntese de proteínas, são essenciais para outras atividades orgânicas, como a formação de tecidos.
Desdobrando esse raciocínio, a soma das funções do fígado alcança, com tranqüilidade, a casa do milhar. "Muitos cientistas passam a vida estudando só uma função do fígado", observa Erkki Larsson. Para ilustrar o que diz, tira da estante, ao lado de sua mesa, volumes que mais lembram dicionários, cada qual dedicado a um tema que, às vezes, se limita a detalhes de como as células hepáticas fazem essa ou aquela reação. Apesar de toda a versatilidade do órgão, falta-lhe um mecanismo capaz de organizar as prioridades em sua disputada agenda. Ao passarem pelo fígado, é como se todas as substâncias, de toxinas a nutrientes, desejassem ocupar suas células por uns instantes.
Como na velha dança-das-cadeiras, onde quem não senta cai fora do jogo, as partículas que não encontram lugar disponível no fígado são expulsas na correnteza do sangue, por uma veia larga, a centrolobular, que vai em direção, ao coração. As partículas rejeitadas fazem então uma longa volta por todo o organismo, até uma nova oportunidade, quando tornam ao fígado ou junto com o sangue oxigenado que o irriga ou com o sangue carregado de substâncias do intestino, do baço e do pâncreas. Nessa competição metabólica não basta chegar primeiro:a quantidade também conta. Quanto maior o número de moléculas de uma dada substância, maior a probabilidade de encontrarem pausa nas células hepáticas.
Dessa maneira, se a maioria das suas 50 bilhões de células - algo como 5 centésimos do total existente no corpo humano - está queimando moléculas de álcool em certo momento, o fígado pouco pode fazer se bater à sua porta, de repente, uma droga de efeitos muito tóxicos. Isso explica porque algumas pessoas, sob o efeito de bebida alcoólica, sofrem intoxicações, às vezes fatais, até por medicamentos aos quais já estavam acostumadas. Contudo, é comum atribuir-se a essas sobrecargas uma série de sintomas que nada tem a ver com o fígado. Não é raro, por exemplo, ouvir alguém reclamando de dor no fígado, após uma refeição pesada. Não se pode negar a dor alheia, mas uma coisa é certa: é muito mais provável que a origem do mal-estar esteja em outro órgão do aparelho digestivo.
O fígado pode até ter muito trabalho para quebrar as gorduras ingeridas, mas nunca reclama do serviço, ou, se reclama, reclama em silêncio, pois nem sequer possui nervos para mandar ao cérebro a mensagem, que produz a sensação dolorosa. E bem verdade que o fígado é recoberto por uma membrana, esta, sim, cheia de nervos. Contudo, só há dor em duas situações específicas: nas doenças graves em estado avançado, nas quais o fígado pode crescer até cinco vezes, ou nas infecções agudas em que de uma hora para outra a glândula incha. Já nos casos de doenças que se desenvolvem lentamente, como muitas hepatites crônicas, os nervos da dor se estendem aos poucos e não produzem sensação alguma.
Outra crendice é associar estados de embriaguez ou de ressaca ao fígado, quando na realidade os sintomas se devem aos efeitos do álcool sobre o cérebro e o restante do aparelho digestivo. Os tão procurados medicamentos à base de alcachofra fazem bem, não porque atuem sobre o fígado, como se imagina, mas porque facilitam a digestão. É fato, porém, que tanto a bebida alcoólica como qualquer remédio, em maior ou menor grau, ao entrarem nas células hepáticas irritam a sua delicadíssima membrana. Se essa agressão for crônica, as células irão degenerar, transformando-se num inútil tecido conjuntivo, semelhante a uma cicatriz: é a cirrose, um problema sem volta. Como diminui sua área de operação, o fígado acaba realizando, num ritmo mais lento, as suas atividades.
O fígado normal produz, diariamente, cerca de 700 mililitros de bílis, um líquido de gosto amargo cujas funções mais importantes são digerir a gordura e eliminar parte da escória do metabolismo. A principal matéria-prima para fabricar a bílis são as moléculas de colesterol que o fígado produz ou colhe no sangue a partir das gorduras ingeridas. Mas a sua típica cor ferruginosa é dada por uma proteína, a bilirrubina, que surge quando o próprio fígado, junto com o baço e a medula óssea, quebra os glóbulos vermelhos já envelhecidos. Aliás, um sinal seguro de que algo está errado com o fígado é quando o organismo não consegue eliminar direito a bilirrubina.
Então, ela se acumula nos tecidos, deixando a pele e os olhos amarelados- sintoma que os médicos chamam icterícia. Com exceção do açúcar, liberado de acordo com as necessidades orgânicas, o restante da produção do fígado não é feito sob encomenda. Assim, as células hepáticas vivem montando a seu gosto diversas proteínas, ao combinar os aminoácidos absorvidos na digestão. No entanto, não há desperdício nesse jogo de armar, pois se alguma proteína volta intacta ao fígado, após ter circulado pelo corpo em busca de quem a quisesse, as células hepáticas a desmontam e aproveitam o seu material outra vez.
Entre as proteínas mais importantes sintetizadas pelo fígado estão os fatores de coagulação do sangue, que são feitos com o auxílio da vitamina K. Isso significa que o mau estado do fígado pode ser a razão do fato de um corte no dedo demorar a cicatrizar. "É por isso que os problemas hepáticos podem causar hemorragia", explica o cirurgião Marcelo Sette. Há oito anos o pernambucano Sette trabalha numa ala de corredores claros e decoração moderna, que contrasta com o restante das instalações da Faculdade de Medicina da USP - o lugar é a Unidade de Fígado, cuja equipe é reconhecida por seus pioneirismos.
Em dezembro do ano passado, por exemplo, a equipe usou pela primeira vez uma espécie de fita adesiva para fechar os vasos sanguíneos do fígado, durante uma cirurgia. A técnica deu certo e até março último nenhuma das cirurgias necessitou de transfusão - um procedimento até então indispensável. Sette é responsável pela área de Hemodinâmica. Ele estuda os fluxos dos vasos que irrigam ou saem do fígado e, através de um exame de cateterismo, semelhante ao que se faz no coração, pode diagnosticar inúmeras doenças.
O catéter, pequeno tubo que passeia pelos vasos do fígado, monitorado por equipamento de ultra-som, está entre o que há de mais moderno em tratamento do órgão: é capaz, por exemplo, de retirar cálculos ou fazer desobstruções inflando balões dentro daqueles canais. Apesar de tais avanços, a ciência ainda não encontrou medicamentos capazes de proteger as células hepáticas. Pelo menos é o que diz a Medicina convencional, alopática. Todos concordam, porém, que a melhor maneira de dar força ao fígado é tratá-lo bem, evitando excessos alimentares, doses extras de bebida e a mania de tomar remédios por qualquer bobagem.

Sentimentos figadais.

Desde a Antigüidade se associa o fígado ao humor, da mesma forma como se atribui ao coração a paternidade das emoções. Não é sem motivo que a depressão conhecida como melancolia tem o nome que tem: vem da conjugação das palavras gregas melanós (negro) e cholé (bílis). Ou seja, a tristeza teria a ver com a secreção desse suco. Já para os chineses, há milhares de anos o fígado é par constante do sentimento de raiva. Por isso, a Medicina chinesa tradicionalista assegura que os tratamentos para o fígado deixam a pessoa mais calma, assim como as técnicas de relaxamento fazem bem ao órgão. De alguma forma esses conceitos fazem parte da cultura popular no mundo inteiro. Usa-se, por exemplo, a expressão "desopilar o fígado" com o significado de promover alegria e se diz de quem tem mau gênio que sofre do fígado. Não obstante, a ciência ocidental não consegue estabelecer relação entre uma obstrução nas vias biliares e um acesso de cólera.

Um caso único de regeneração.

O fogo era um privilégio divino, segundo os antigos gregos, até que Prometeu roubasse uma faísca para dar aos mortais. Por essa ousadia, Zeus mandou amarrar Prometeu em uma pedra, a fim de que uma águia comesse um pedaço de seu fígado diariamente. O maior deus do Olimpo sabia o que estava fazendo: o fígado é o único órgão que se regenera, e o castigo seria eterno. Hoje se sabe que essa regeneração é regulada pelo equilíbrio entre as exigências do organismo e a população de células hepáticas: alguns hormônios, principalmente a insulina do pâncreas, estimulam as divisões celulares até que o fígado tenha tamanho suficiente para dar conta do serviço. "Muitas vezes retiramos três quartos de um fígado e observamos o remanescente recuperar a massa extraída, conta o cirurgião Silvano Raia, 57 anos, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Há dois anos, Raia transplantou o fígado de um menino de 8 anos numa pessoa adulta que pesava apenas 52 quilos, numa cirurgia pioneira no mundo inteiro. Em poucas semanas o órgão implantado alcançou o tamanho do fígado de uma mulher adulta e hoje a paciente leva vida normal. Em dezembro do ano passado, Raia voltou a chamar a atenção, dessa vez por ter realizado o primeiro transplante intervivos do mundo. Um terço do fígado da paranaense Jane Moraes foi transplantado em sua filha Débora, de 4 anos. "Um mês depois, o fígado da mãe já tinha voltado ao tamanho normal", conta Raia. Ele considera a cirurgia um sucesso, embora a menina receptora tenha falecido. "Ela morreu de complicações cerebrais". garante o médico, "que nada tinham a ver com o transplante."





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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

O Maior Espetáculo - Espaço



O MAIOR ESPETÁCULO - Espaço



Há quarenta e três anos, um bilhão de pessoas viram aquilo que ainda hoje é o feito mais audacioso da corrida espacial - a descida na Lua.

No dia 20 de julho de 1969 , um domingo, dois homens pisaram pela primeira vez na Lua. Um deles, o comandante Neil Armstrong, de 38 anos, um tímido ex-piloto de testes de aviões americanos, escorregou na escada da pequena nave com a qual pousou na superfície lunar e por pouco não imprimiu ali a mão antes do pé. O outro, Edwin Aldrin, "Buzz", igualmente com 38 anos, veterano piloto de jatos da Força Aérea dos Estados Unidos, sentiu uma vontade humaníssima de fazer xixi. E fez, dentro do traje de astronauta, reforçado com 21 camadas de tecido, numa bolsa de coleta para tais contingências. A 96 mil metros de altura, o ex-piloto de testes Michael Collins, de 38 anos, como os outros, encarregado de pilotar o módulo de comando da Columbia, só conseguiria sentir-se verdadeiramente aliviado no dia seguinte, quando seus dois companheiros se uniram a ele para a viagem de volta a Terra.
Passados vinte anos do evento literalmente mais espetacular da história humana documentada, que esgotou os estoques da melhor retórica da espécie, a conquista do Cosmo parece menos próxima, em parte porque o programa espacial americano perdeu a direção, enquanto o soviético segue uma rota lenta, gradual, segura - e sem muito charme. Além disso, a ida a Lua ocorreu num período efervescente, marcado por mudanças de toda a sorte, em que a confiança nas possibilidades de resultados imediatos da ação humana era seguramente maior, assim como o encantamento com a tecnologia. A Lua, em suma, chegou antes da crise do petróleo, antes dos microcomputadores e antes que as preocupações com a saúde do planeta virassem moda.
Quando Collins, Aldrin e Armstrong partiram a bordo da nave Apolo 11 na luminosa manhã de 16 de julho, 1 milhão de pessoas munidas de câmeras e binóculos se apinhavam nas vizinhanças de Cabo Canaveral, depois chamado Cabo Kennedy, na Flórida, onde até hoje ocorre a grande maioria dos lançamentos espaciais americanos. Nada menos de 850 jornalistas de 55 países, falando 33 línguas diferentes, registraram o acontecimento. Calcula-se que cerca de 1 bilhão de pessoas, algo como um em cada quatro seres humanos, viram pela TV quando, às 23h56min20s (horário de Brasília) do dia 20, o comandante Armstrong, já recuperado do escorregão, cuidadosamente ergueu o pé esquerdo e marcou o solo do Mar da Tranqüilidade - a planície escolhida para a alunissagem.
"Este é um pequeno passo para o homem, um gigantesco salto para a humanidade", disse o emocionado Armstrong, numa frase que inevitavelmente ecoou pelo mundo. Quem estava de olho na tela naquele momento não deve ter esquecido a sua figura fantasmagórica movendo-se desajeitadamente devido à ínfima gravidade (um sexto da que existe na Terra) a 384 mil quilômetros de distância. O astronauta contou à base de controle e a todos que o ouviam que o chão da Lua era fino e poeirento. "Adere à sola e aos lados das minhas botas, formando uma camada fina como poeira de carvão", descreveu. Vinte minutos depois, Aldrin uniu-se a ele. Com as duas mãos agarradas à escada, experimentou o solo da Lua e sua gravidade com dois pulos de pés juntos. "Lindo, lindo", exclamou, surpreendido com a facilidade de movimentação.
Os dois astronautas passaram 2 horas e 10 minutos no Mar da Tranqüilidade. Numa das pernas do módulo, chamado Eagle (águia, em inglês), havia uma placa comemorativa. Neil Armstrong leu então em voz alta:"Aqui, homens do planeta Terra pisaram na Lua pela primeira vez. Nós viemos em paz, em nome de toda a humanidade". O texto levava a assinatura dos três tripulantes e a do então presidente americano Richard Nixon. A dupla ainda fixou a bandeira dos Estados Unidos e ouviu pelo rádio as congratulações de Nixon, que falava da Casa Branca.
A liturgia prosseguiu com Armstrong afirmando que eles representavam não apenas os Estados Unidos mas os homens de todas as nações, que têm interesse, curiosidade e visão do futuro". Em seguida, ele e Aldrin começaram o trabalho de colher os 27 quilos de pedras e pó da Lua que nos anos seguintes fariam a alegria de muitos cientistas. Depois, instalaram um sismógrafo, um refletor de raios laser, uma antena de comunicação, um painel para o estudo dos ventos solares e uma câmera de TV. Terminadas as tarefas, os astronautas voltaram à Eagle e tentaram em vão dormir, apertados e sem conforto, atulhados nos 4,5 metros quadrados do interior do módulo lunar.
Começaram enfim os preparativos para o regresso. A metade inferior da Eagle ficou na Lua. A parte de cima do pequeno módulo elevou-se da superfície até encontrar o seu parceiro em órbita. Os dois veículos alinharam-se para o acoplamento. Enquanto Aldrin e Armstrong se reuniam a Collins na Columbia, o resto da Eagle foi deixado rodando em volta da Lua, cada vez com menos impulso, até se espatifar de encontro ao solo. A 24 de julho, oito dias, três horas e 18 minutos depois de lançada de Cabo Canaveral, a Apolo mergulhou nas lonjuras do Pacífico sul, na altura da Polinésia. Uma das mais antigas fantasias do homem - ir à Lua e voltar são e salvo - finalmente tinha se tornado realidade.
Aquele "pequeno passo" havia começado a rigor muitos anos antes, em 1945, quando a Segunda Guerra Mundial terminava com a derrocada da Alemanha nazista e dos seus parceiros japoneses. Os vencedores, os Estados Unidos e a União Soviética, lançaram-se à disputa de um dos mais valiosos espólios da guerra - os cientistas alemães envolvidos na fabricação das bombas V-2, as precursoras dos foguetes. Embora os americanos tivessem capturado o maior número e os melhores entre eles, como o notório Wernher von Braun, e os pusessem a trabalhar no desenvolvimento de mísseis teleguiados, foram os soviéticos que saíram na frente na corrida espacial. A 4 de outubro de 1957 surpreenderam o mundo e humilharam os Estados Unidos ao lançar o Sputnik, primeiro satélite artificial da Terra.
A 12 de abril de 1961, o cosmonauta, como dizem os russos, Iúri Gagárin (1934-1968) completou o primeiro vôo orbital tripulado. Único ser humano até então a ver o planeta do espaço, Gagárin informou: "A Terra é azul". Menos poeticamente, o líder soviético Nikita Kruschev (1894-1971) lançou o desafio: "Que os países capitalistas tentem alcançar-nos". Os americanos aceitaram. No mesmo ano de 1961, o presidente John Kennedy (1917-1963) pediu a seus assessores um plano ambicioso o suficiente para segundo se dizia na época, "ganhar as manchetes dos jornais e por meio delas conquistar o coração de todos os povos do mundo": levar um homem à Lua e trazê-lo de volta.
Os americanos mergulharam no projeto com a mesma gana que tiveram vinte anos antes ao entrar na guerra em seguida ao ataque japonês à base de Pearl Harbor. As melhores cabeças foram recrutadas pela agência espacial NASA para elaborar três missões - Mercury, Gemini e Apolo - com tipos diferentes de naves e foguetes, que sucessivamente levariam astronautas cada vez mais longe até alcançar a Lua. Enquanto isso, os soviéticos desenvolviam as Vostok, Voskhod e Soyuz; estas últimas aperfeiçoadas até se tornarem hoje os veículos transportadores de cosmonautas para a estação espacial Mir, há três anos no espaço.
Foi também em 1961 que os americanos começaram a selecionar os astronautas para o programa espacial. A escolha, descrita no romance The right stuff, de Tom Wolfe (não editado no Brasil), depois transformado no filme Os eleitos, de 1983, era feita entre os pilotos de testes da Marinha, Força Aérea e Fuzileiros Navais. Homens como Armstrong, Aldrin e Collins tinham de ser bons aviadores, ter nível universitário e boa estrutura psicológica para enfrentar situações difíceis e imprevistas. Comentou-se na época que os três escolhidos para a viagem histórica à Lua eram os mais sérios e menos comunicativos astronautas do programa espacial - características da personalidade que não mudaram até hoje. Armstrong e Aldrin foram pilotos na guerra da Coréia e já haviam participado do projeto Gemini.
Collins, outro veterano da Gemini, deveria ter voado na Apolo 8 que realizou as primeiras órbitas tripuladas em volta da Lua, em dezembro de 1968; mas uma cirurgia de última hora fez com que fosse substituído e acabasse entrando para a tripulação da Apolo 11. Em 1967, teoricamente, soviéticos e americanos já possuíam os fantásticos foguetes e naves que poderiam fazer a viagem à Lua de ida e volta.
Mas durante um ensaio de lançamento da Apolo 1, a 27 de janeiro daquele ano, uma explosão matou os tripulantes Virgil Grissom, Edward White e Roger Chaffee. Três meses depois, nova tragédia ocorreu do lado soviético. A destruição do pára-quedas de freagem da Soyuz 1 matou o cosmonauta Vladimir Komarov. As naves foram redesenhadas para atender a maior preocupação com a segurança.
Nos Estados Unidos, os veículos seguintes da série Apolo, até o de número 6, não foram tripulados. Mas, no início de 1969, quase ao mesmo tempo, soviéticos e americanos estavam prontos para reiniciar a corrida espacial. Antes que se pudesse enviar homens à Lua, já havia sido preciso despachar várias naves não-tripuladas para descobrir se a alunissagem seria mesmo praticável. Era necessário, por exemplo, avaliar o comportamento dos mecanismos de freagem e pouso nas condições de baixa gravidade e nenhuma atmosfera do satélite.
Sabia-se que as manchas escuras da superfície lunar, que receberam o nome de mares, eram na realidade planícies cheias de crateras, mas não se tinha certeza de que poderiam suportar o peso de uma nave. Essa possibilidade foi confirmada com as primeiras fotos enviadas pelas sondas Ranger a partir de 1964. Por sua vez, a nave soviética Luna 9 conseguiu realizar o primeiro pouso suave na Lua, antecipando-se em alguns meses às americanas Surveyor. Nos anos seguintes, naves dos dois países mostraram imagens de TV da Lua, provando que além de pó havia matéria firme na superfície.
Estava enfim preparado o caminho para a Apolo 11, uma pequena nave de 45 toneladas, composta de um módulo de comando, serviço e lunar. Ela foi lançada no bico do maior foguete já construído, o Saturno 5, de três estágios e 110 metros de altura, mais alto do que um edifício de 35 andares. No momento da partida, o Saturno pesava mais de 3 mil toneladas, algo como vinte jumbos juntos, a maior parte constituída de combustível destinado a acelerar a carga à velocidade de 40 mil quilômetros por hora. O primeiro estágio do foguete queimava oxigênio líquido misturado com querosene, produzindo uma fogueira colossal que emocionou a multidão aglomerada para acompanhar a partida da nave (pela TV, os Estados Unidos viram tudo em cores; os outros países, ainda em preto-e-branco).
Foi um espetáculo impressionante, para dizer o mínimo. Quando o foguete começou a subir, suas 3.500 toneladas de empuxo provocaram um ruído tão insuportável que chegou a matar os pássaros que voavam nas proximidades. O megaprojeto havia custado 22 bilhões de dólares, quase dez vezes mais do que o lançamento do ônibus espacial Discovery em outubro do ano passado - isso sem contar a inflação acumulada no período. O módulo de comando, ou Columbia, um compartimento pequeno, de uns 6 metros quadrados, era o centro de controle da nave. Os três tripulantes dispunham de poltronas individuais, uma ao lado da outra, razão pela qual precisavam tomar cuidado para não atrapalhar uns aos outros. A sua frente e nas laterais ficavam os painéis de instrumentos.
Por baixo das poltronas estavam as "camas" onde os astronautas dormiam protegidos para não flutuar na nave sem gravidade. Havia também uma série de armários com comida desidratada, roupas e equipamentos auxiliares. À direita dos armários ficava o "banheiro", ou, mais precisamente, o canto onde os astronautas se aliviavam usando pequenas bolsas de plástico. As paredes da nave eram providas de quadrados de velcro, um produto que ficaria muito conhecido como fecho de bolsas e tênis, que servia para que os equipamentos manuais não flutuassem. Atrás do Columbia, vinha o módulo de serviço com o sistema de propulsão e retrofoguetes e finalmente o módulo lunar Eagle.
O alvo da Apolo 11, a rigor, não seria a Lua, mas um ponto no espaço onde ela estaria quatro dias após o lançamento, prevendo-se o seu movimento em torno da Terra. De acordo com a operação, denominada TLI -Injeção Translunar -, quem pilotava efetivamente a nave eram as leis da Física enunciadas no século XVII pelo físico inglês Isaac Newton. Como ele descobriu, Terra, Sol e Lua atraem os corpos como se fossem ímãs. Por isso, os foguetes da Apolo foram acionados durante 3 segundos. Nesta mínima fração de tempo, os astronautas, tendo a nave sob controle, voltaram-na para a direção calculada, de modo a fazê-la escapar do campo gravitacional da Terra e ser atraído pela gravidade lunar.
Durante o trajeto, os astronautas usaram uma técnica para impedir que metade da nave - a que estava voltada para o Sol - literalmente torrasse e a outra se congelasse. Com uma leve ignição dos foguetes auxiliares, eles faziam-na girar lentamente em seu próprio eixo, como um frango assado no espeto. Com o auxílio do computador de bordo, a Apolo executava um movimento de rotação de 3 décimos de grau por segundo, o que significava uma volta completa a cada 20 minutos, para que o calor e o frio se distribuíssem de maneira uniforme por toda a sua superfície.
Somente após o regresso à Terra os técnicos da NASA descobriram que Armstrong e Aldrin por pouco não espatifaram a Eagle de encontro à Lua. De fato, depois de soltarem o módulo da nave-mãe, os astronautas foram descendo gradualmente até onde acreditavam estar o local de pouso - o Mar da Tranqüilidade, escolhido por ser plano e próximo ao equador, o que facilitaria a volta. Mas, quando Armstrong esquadrinhou pela escotilha o terreno já bem próximo, não sabia onde estava. Utilizando o controle manual, dirigiu a Eagle para onde imaginava ficar a cratera que seria seu ponto de referência, enquanto Aldrin controlava o combustível. Faltavam não mais de 30 segundos para que este acabasse quando Armstrong pousou - 1 quilômetro além do ponto marcado.
Enquanto Armstrong, Aldrin e Collins, já de volta, eram recolhidos do mar pelo porta-aviões Hornet, uma nave soviética, a Luna 15, se perdia em algum ponto entre o planeta e o satélite. Lançada dois dias antes da Apolo, sem tripulantes, tinha como objetivo recolher amostras do solo lunar e voltar à Terra. Até hoje não se sabe o que aconteceu com a Luna - não faltando quem suponha que ela tenha sido desviada de sua trajetória por sinais de rádio americanos. O mundo, de qualquer maneira, estava mais preocupado com os três participantes da primeira grande odisséia extraterrestre. Malcheirosos, depois de oito dias sem tomar banho, durante os quais foram obrigados a usar uma precária privada, tiveram de vestir um traje à prova de contaminação antes de deixar a cápsula espacial. Para se ter certeza de que não tinham trazido nenhum microorganismo lunar eventualmente daninho aos terráqueos, ficaram de quarentena em companhia de algumas cobaias. Se algo acontecesse a elas, seria a prova de que estavam contaminados.
Como se sabe, nada aconteceu. Depois de desfilarem em carro aberto com as famílias nas principais cidades americanas, sob a infalível chuva de papel picado, os astronautas fizeram-uma série de viagens promocionais pelo mundo - Armstrong e Collins estiveram, por exemplo, em outubro de 1969 no Brasil. No mês seguinte, outros três americanos - Charles Conrad, Alan Bean e Richard Gordon - tornaram à Lua a bordo da Apolo 12. Como da primeira vez, a expedição foi, viu e voltou sem problemas. Os Estados Unidos continuaram com o programa lunar até 1972. Ao todo enviaram dezoito homens em seis Apolos. Desses, doze puseram os pés no satélite. Depois começou a era dos ônibus espaciais, capazes de orbitar a Terra e voltar inúmeras vezes. A União Soviética, de seu lado, optou por não mandar cosmonautas à Lua. Mas suas naves ali estiveram até 1976, enquanto se desenvolvia o projeto das estações espaciais Salyut e, depois, Mir.
Passados vinte anos, nunca mais houve um acontecimento na história da conquista espacial de impacto comparável àquele - à exceção da tragédia da Challenger em janeiro de 1986. A ida à Lua, vista na perspectiva do tempo, representa acima de tudo o triunfo da vontade humana. Bem pensadas as coisas, é até possível que, pelos padrões atuais de segurança nos vôos ao espaço, a aventura da Apolo 11 não teria sido autorizada. E, por maior que tenha sido, por exemplo, o aporte tecnológico para as viagens espaciais trazido pela estratégia de encarapitar uma pequena nave num potentíssimo foguete de múltiplos estágios, ou por mais importantes que tenham sido para a ciência as pedras lunares coletadas pelos astronautas, é certo que nada supera até hoje a força simbólica daquele primeiro passo a 20 de julho de 1969.

Depois da Lua

Neil Armstrong, o homem que pisou na Lua pela primeira vez, hoje prefere manter os pés bem firmes em terra, de preferência na sua fazenda em Ohio, no nordeste dos Estados Unidos, onde vive com a mulher e dois filhos. De temperamento introspectivo, o ex-astronauta, às vésperas de completar 59 anos, detesta falar de sua experiência espacial. Já em 1970 ele deixou a NASA para se tornar professor de Engenharia Aeronáutica e Mecânica Aplicada na Universidade de Ohio. Nos dez anos seguintes, só tornou a ser visto uma vez por milhões de pessoas - num comercial da Chrysler. Depois disso, como presidente de uma empresa especializada em programas de computador para aviões executivos, voltou a fazer uma viagem histórica em janeiro de 1988 - como um dos convidados do vôo do Jumbo que deu a volta ao mundo no tempo recorde de 36 horas, 54 minutos e 15 segundos. "Meu passeio lunar foi uma experiência de pedestre", comparou, brincando.
Em 1986, nomeado vice-presidente da comissão do Congresso que investigou as causas do desastre do ônibus espacial Challenger, afirmou que, "como sociedade, temos parte da responsabilidade pelo acidente, devido à enorme pressão que fazemos sobre a NASA". Mas defendeu a continuidade dos vôos com a construção de uma base permanente no espaço. Edwin Aldrin, o companheiro de Armstrong, não foi exatamente feliz nos últimos vinte anos. Divorciado duas vezes, sofreu de depressão e alcoolismo depois de deixar a carreira de astronauta em 1971. Ele atribui parte de seus problemas à viagem lunar. Lembra, por exemplo, que ao voltar à Terra esperava ser recebido como herói pela família. Mas ao reencontrar o pai ouviu a desconcertante pergunta: "Por que você não foi o primeiro?"
Depois de tanto tempo, com 59 anos e mais tranqüilo, casado pela terceira vez, Aldrin dirige uma empresa de consultoria espacial e se revela defensor de uma missão a Marte. "Todos os astronautas que estiveram na Lua deveriam lutar para que esse seja o próximo objetivo espacial americano; diz. Dos três tripulantes da Apolo 11, Michael Collins foi o único que não andou na Lua, mas a ele cabe cuidar de certo modo da memória da viagem. Avesso a falar da proeza - "o melhor da comemoração é não dar entrevistas", comentou certa vez -, como diretor da Instituição Smithsonian ajudou a instalar em Washington o célebre Museu de Aeronáutica e Espaço, onde existe um réplica do módulo lunar.
Quatro meses após o primeiro pouso do homem na Lua, três astronautas bem mais extrovertidos que os primeiros repetiram a experiência. Charles Conrad; Alan Bean e Richard Gordon, da Apolo 12, hoje ainda se sentem muito orgulhosos da viagem. Conrad, de 58 anos, um dos vice-presidentes da macroempresa de aviação McDonnell Douglas, gosta de dizer que pediria demissão do cargo se lhe fosse oferecida outra oportunidade de voltar ao espaço. Alan Bean, que desceu à Lua junto com Conrad, tem uma frase pronta para o acontecimento: "Tive o privilégio de realizar um sonho". Bean, hoje com 57 anos, tornou-se pintor desde que deixou a NASA em 1981. Seu tema preferido é o espaço, naturalmente.
Richard Gordon, o piloto do módulo da Apolo 12, é dono de uma empresa de equipamentos de computação na Califórnia. Aos 59 anos, não se furta a refletir sobre as repercussões íntimas da aventura. "Depois de uma viagem como aquela, todos os valores pessoais são questionados", ele disse a SI. Gordon associa a missão à Lua a um episódio doloroso de sua vida: "De toda aquela excitação guardei dentro de mim uma imagem, o nosso planeta Terra, tão bonito e frágil. Quando meu filho Jimmy, com 22 anos, morreu num acidente de automóvel em 1982, compreendi o que sentira ao contemplar a solidão do nosso planeta. Fora dele é como se estivéssemos mortos".





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quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Inflação Humana - Demografia



INFLAÇÃO HUMANA - Demografia



Existe gente demais no mundo? Ou o que há é gente demais nas cidades? De toda forma, a superpopulação agride a Terra, inferniza a vida e gera um problema tamanho família.

Aconteceu tudo em tempo recorde. Num abrir e fechar de olhos, a contar no relógio da História da espécie, ou numa fração infinitesimal disso, no calendário da História do planeta, o homem disse adeus a um modo de vida que inventara há uns 10 mil anos, quando pela primeira vez plantou uma semente, e escolheu crescer e multiplicar-se em aglomerações de pedra e cal - as cidades, um mundo de maravilhas, mas também um mundo literalmente à parte da natureza desta Terra. A vertiginosa rapidez da mudança é, de fato, de tirar a respiração - e esse ritmo, por sinal, tem muito a ver com as mazelas que a própria mudança engendrou.
Há apenas 89 anos, quando estava para começar um novo século, nove em cada dez homens, mulheres e crianças, que somavam uma população global de 1,65 bilhão de seres, ainda viviam no campo. Pois daqui a onze anos, quando estiver para começar um novo milênio, pouco menos da metade dos estimados 6 bilhões de pessoas habitará cidades. E desses quase 3 bilhões de citadinos nada menos de 485 milhões, ou seja, numa proporção de três para vinte, se apertarão em meia centena de metrópoles e megametrópoles de 5 milhões de habitantes para cima cada uma. Nesse período, por exemplo, São Paulo terá deixado de ser uma acanhada cidade de 240 mil almas (em 1900) para ascender à condição de segundo maior centro urbano do planeta, com 24 milhões de habitantes, o que representa um crescimento de colossais 9.900 por cento. E São Paulo é só um entre dezenas de casos de igual porte.
Dificilmente se encontrará metamorfose comparável a tamanha irrupção em qualquer outro capítulo da acidentada aventura do homem. Os números não são apenas espantosos. Constituem o caroço de uma realidade cada vez mais difícil de digerir. Servem para desenhar os contornos de um labirinto aparentemente sem saída ou sem saída até onde a vista alcança. Porque a crise da superpopulação humana e do congestionamento urbano já não se pesa na balança ingênua dos bons velhos tempos em que se lotava um dos pratos com pessoas enquanto se polvilhava o outro com grãos para, ao fim e ao cabo, provar judiciosamente que a oferta de comida, em escala planetária, não conseguiria crescer tanto e tão depressa como o número de bocas famintas. O buraco agora é mais profundo.
É claro que gente demais costuma andar de braço dado com alimento de menos - e aí estão largas fatias da Ásia e da África para provar que essa antiga verdade ainda sobrevive. Mas na dança macabra da pobreza com a proliferação humana nem sempre se enxerga com nitidez quem guia quem, sendo legítimo afirmar que as pessoas têm mais filhos porque são pobres (e portanto precisam mais braços para a lavoura, por assim dizer) e não que se tornaram pobres por terem tido mais filhos - sempre supondo, naturalmente, que se não quisessem tê-los saberiam como evitá-los. O problema em todo caso é outro: quando os demógrafos começaram a falar em explosão demográfica, a produção mundial de proteínas realmente perdia a corrida para a produção mundial de bebês e muita gente jurava que iria ser assim até o fim dos tempos. A ciência, porém, deu conta dessa profecia.
A revolução agrícola iniciada nos anos 60 e a revolução da engenharia genética que já desponta devem afugentar o fantasma da escassez alimentar, ficando por resolver a engenharia social da distribuição da fartura. Vista pelos inquietos olhos deste final de século, a questão populacional tem duas outras carrancas. A primeira assombra as combalidas relações do homem com a natureza. A segunda, as relações entre os próprios homens. Num caso, são os ecologistas que ficam de cabelo em pé. "A proliferação humana é a maior ameaça ao ambiente do planeta", denuncia o biólogo americano Paul Ehrlich, da Universidade de Stanford, Califórnia, autor do best-seller The population bomb, ainda não editado no Brasil.
No outro caso, quem se atormenta são os urbanistas, sociólogos e demais estudiosos da conduta humana. Não importa apenas saber quantos homens a Terra pode alimentar, mas a partir de qual densidade os homens começarão a se odiar uns aos outros", alertou certa vez o etólogo austríaco Konrad Lorentz, Prêmio Nobel de Medicina de 1973, morto em fevereiro último. Ele pensava na inevitável deterioração da qualidade de vida e do convívio entre as pessoas, obrigadas a pelejar às cotoveladas pelos seus direitos de cidadania em ajuntamentos urbanos cada vez mais inchados, onde as asperezas do dia-a-dia cobram de todos e de cada um pesados tributos emocionais, pagos geralmente na moeda da violência.
Na vertente ecológica, o aumento acelerado da população mundial - que simplesmente dobrou de 2,5 bilhões para os atuais 5 bilhões em menos de quarenta anos - é apontado como principal responsável pelos desastres acumulados que ameaçam a vida na Terra, desde o efeito estufa até a extinção em escala sem precedentes de espécies animais e vegetais,do buraco na camada de ozônio ao esgotamento dos solos e de recursos minerais. Para o biólogo Paul Ehrlich, a vítima preferencial da superpopulação são os ecossistemas -o conjunto de formas de vida e de processos naturais em equilíbrio dinâmico que tornam o mundo habitável. Os serviços que tais ecossistemas oferecem à humanidade são literalmente vitais", ensina ele.
Um desses serviços, ameaçados não só pelo aumento físico das populações como também pelas condições em que se dá a expansão da presença humana na Terra, é o que determina a qualidade da mistura de gases na atmosfera. Como se sabe, a respiração de animais e plantas consiste numa ciranda de oxigênio e dióxido de carbono. Este é usado pelas algas e plantas verdes terrestres para fixar a luz solar no processo da fotossíntese, da qual um subproduto é o oxigênio.Também se sabe que a queima de combustíveis fósseis, como carvão e petróleo, e o desmatamento por atacado desequilibram aquele jogo da vida, ao aumentar a quantidade de dióxido de carbono no ar. Pois bem. Recente pesquisa conduzida por cientistas americanos mostrou que existe uma íntima relação entre a concentração de gás carbônico na atmosfera e o crescimento populacional.
Trabalhando com medições de dióxido de carbono de um lado e de índices de expansão demográfica de outro, ao longo de um período de 26 anos; encerrado em 1983, os pesquisadoras verificaram estatisticamente o parentesco muito próximo entre as duas séries de dados. Ou seja, o ritmo do aumento da concentração do gás segue rigorosamente o ritmo do aumento da população mundial. Outro efeito potencialmente maligno da proliferação humana atinge aquilo que os cientistas chamam "produtividade da rede primária" - a energia total obtida do Sol por algas, plantas e bactérias (a fonte básica de alimento para os animais) menos o que elas próprias gastam para sobreviver.
Pois bem de novo: calcula-se que a espécie humana - uma entre milhões de formas de vida na face da Terra - se apropria de aproximadamente 40 por cento do potencial da produtividade do conjunto dos ecossistemas. As eventuais conseqüências de tamanha voracidade daqui a uns quarenta anos, quando as projeções indicam que haverá duas vezes mais gente do que hoje no mundo, é matéria aberta à especulação. Mas não é difícil imaginar, por exemplo, os efeitos ambientais da expansão em marcha batida das atividades agrícolas. Porque, por mais que a tecnologia faça aumentar a produtividade por unidade de terreno cultivado, o alargamento das fronteiras agrícolas em escala mundial será indispensável para que a humanidade tenha o que comer - pelo menos conforme os nem sempre satisfatórios padrões atuais.
Isso significa que extensões florestais essenciais à delicada contracorrente que torna suportável o clima na Terra terão de ser convertidas em plantações ou pastos. O uso cada vez mais intensivo do solo, por outro lado, irá requerer doses também maiores de fertilizantes sintéticos, o que deve modificar dramaticamente a química das terras da Terra. A água potável, outro recurso natural não renovável, tampouco fica imune à superpopulação. Mais gente, logicamente, usa mais água - e a velocidade do crescimento do consumo já é maior que o tempo necessário à recuperação dos mananciais.
Essa dor de cabeça que o homem está vertendo tem tudo a ver com a explosão das cidades. O aumento avassalador das áreas urbanizadas se traduz em novas ruas, avenidas, estradas asfaltadas. Tudo isso acaba por impermeabilizar o solo, impedindo que os lençóis subterrâneos sejam realimentados pelas águas das chuvas. Resultado: a cidade precisa capturar mananciais cada vez mais distantes, o que, entre outras conseqüências, irá pesar no bolso do consumidor. E dê-se ele por feliz se o seu dinheiro pelo menos servir para comprar confortos essenciais, como água à vontade. Pois tal qual os demais serviços urbanos afogados em gente, o abastecimento de água e esgoto tende a piorar no futuro.
Hoje, na maior cidade brasileira e terceira maior cidade do mundo, São Paulo, com seus 16 milhões de habitantes, cerca de 550 mil pessoas todo dia deixam de receber água. As autoridades explicam que o sistema não consegue acompanhar o ritmo com que novos conjuntos habitacionais brotam da noite para o dia nas quebradas da inflada periferia. Esse é apenas um exemplo, uma entre tantas contas que formam o colar de aborrecimentos da supercidade atual. Existem aí dois paradoxos: a metrópole passa mal porque deu certo e corre o risco de ficar pior sempre que melhora.
Com efeito, poucos experimentos humanos se revelaram tão bem-sucedidos como a grande cidade - provavelmente a mais vistosa criatura da civilização industrial-capitalista que aflorou no século passado. Foi em lugares como Londres, Paris, Berlim e Nova York que tomou forma e substância a explosão do engenho humano, que produziu a nunca por demais louvada moderna cultura ocidental - nas artes e no comportamento, na ciência e na tecnologia, na política .e na organização da sociedade. Acima de tudo, a vida urbana proporcionou ao homem o prêmio maior da liberdade. Mesmo ao mais ácido e competente crítico do mundo burguês há cem anos, o filósofo alemão Karl Marx, não escapou o fato de que o modo de vida engendrado pela metrópole capitalista libertou o homem do fardo da "idiotia rural", como ele afirmava.
Para dar um salto no tempo e alcançar um só exemplo: a revolução na conduta individual das últimas três décadas é simplesmente impensável dissociada das pulsações da cidade grande. Nada mais natural, portanto, que de um continente para outro, através dos oceanos, ou dentro de um mesmo país, ao longo de estradas poeirentas, todos os caminhos conduzissem o homem das esquálidas aldeias do passado ao reino da esperança encarnada na ruidosa agitação urbana. A busca da cidade foi responsável até bem pouco pelos maiores movimentos migratórios da crônica humana - e a partir daí, com variações determinadas pela História, a Geografia e a Economia, a cidade começou a não mais dar conta do recado.
Não tardou que os administradores percebessem que estavam acorrentados a um círculo de ferro. Pois quanto mais investissem na melhora do conjunto de bens e serviços urbanos, mais depressa essa melhora seria tragada por uma overdose de uso. É simples: para desafogar o trânsito, por exemplo, gastam-se caminhões de dinheiro na abertura de novas vias, que justamente por tornarem mais fácil a circulação tendem a atrair um número maior de veículos - e o tráfego volta a empacar. Guardadas as proporções, o mesmo se aplica a tudo de bom e necessário que a cidade tem a oferecer, sobretudo às populações mais pobres - o conjunto de conveniências que foi exatamente o chamariz para legiões de migrantes. As conseqüências desse interminável inchaço da demanda não há citadino que não as conheça na pele.
De todas as doenças que acometem a metrópole, nenhum sintoma parece tão desconfortável como o sufoco no trânsito que asfixia o cotidiano de ricos e pobres e para o qual não há medicamento eficaz à vista em parte alguma - a menos que se adotassem cirurgias sociais tão severas que atropelariam o sagrado direito de ir e vir. Mesmo sem ousar tanto, a tendência é restringir cada vez mais o uso do automóvel particular, seja pelo fechamento puro e simples - de áreas crescentes ao carro de passeio, seja mediante a cobrança de pedágios extorsivos pelo acesso ao centro, por exemplo. Pode ser pouco, mas é imprescindível: mesmo sem isso não há cidade grande capaz de permitir que toda a sua frota saia à rua ao mesmo tempo; e ainda que um bom número de carros permaneça sempre quieto nas garagens, a regra é a hora do rush virtualmente imobilizar um número maior de ruas durante períodos cada vez mais longos.
Os resultados são previsíveis: numa capital como Paris, em cuja área metropolitana vivem 8 milhões de pessoas e em cujas ruas rodam todo dia 1,3 milhão de carros, a velocidade média de deslocamento nos períodos de pico não chega a 13 quilômetros por hora - uma toada que deve acometer muitos parisienses de nostalgia do tempo das carruagens puxadas por garbosos cavalos - que, além de tudo, não enchiam o ar de monóxido de carbono. Considerado o problema do estrangulamento urbano em dimensão mundial, o dado mais inquietante é empobrecimento - em todos os sentidos - da metrópole. A grande cidade está se tornando, em primeiro lugar.uma grande cidade pobre. A regra atual, ao que todos os números indicam, é a ascensão das sofridas metrópoles do Terceiro Mundo ao ranking das cidades mais povoadas do planeta.
Em 1970, por exemplo, pertenciam ao time dos pobres apenas cinco das doze urbes mais povoadas; em 1985 tornaram-se oito; e no ano 2000 deverão ser dez, lideradas pela inabitável Cidade do México, com seus 25,8 milhões de moradores previstos, ficando apenas Tóquio (20,2 milhões) e Nova York (10,8 milhões) para fazer as honras da casa em nome do Primeiro Mundo. Ou, por outra: em 1914, para cada habitante do hemisfério norte havia outro no sul. No ano passado.para cada nortista já havia três do lado de cá do equador. E no ano 2008 a proporção será de um para seis. A primeira lição desses números está em que o que ainda passa por qualidade de vida em tais ajuntamentos tende a piorar à medida que for encolhendo a receita por habitante à disposição dos governos, pela simples razão de que quanto mais pobre a população, menor o valor dos impostos arrecadados.menor portanto a possibilidade de investimentos públicos capazes de melhorar a vida dessa mesma população.
Onde foi que homem errou, ao ocupar tanto e de forma tão desigual a superfície do planeta? Eis uma questão sujeita a chuvas e trovoadas, para a qual os especialistas oferecem as mais disparatadas explicações.muitas vezes em função das idéias políticas de cada um. Os conservadores, por exemplo, dirão que a culpa é dos pobres, sempre tão férteis e tão imprevidentes. Os progressistas acusarão as injustiças na distribuição da renda, tanto dentro de cada país como entre os países. Para além dessas simplificações, no entanto, pode-se dizer com alguma margem de confiança que tudo começou com os avanços da Medicina.
De fato, como resultado da revolução científica do século passado, não só os adultos começaram a morrer mais tarde como a mortalidade infantil iniciou uma queda sem volta. Assim, a população mundial cresceu 70 por cento entre 1800 e 1900, e outros 50 por cento entre 1900 e 1950. Na década de 60, a espécie humana multiplicava-se alegremente ao ritmo de pouco mais de 2 por cento ao ano. Parece nada, mas é uma explosão: uma taxa de crescimento anual da ordem de 2,5 por cento significa dobrar a população em menos de trinta anos. Isso exige, apenas para manter o padrão de vida da geração anterior, dobrar também toda a malha de bens e serviços à disposição dessa massa humana - desde o número de casas ao de vagas nas escolas, desde a produtividade agrícola à capacidade do sistema de transportes. Haja dinheiro.
Pois enquanto isso, na mesma década de 60, a taxa de crescimento da população brasileira roçava os 3 por cento - passando de 5 nas cidades (quase 6 por cento em São Paulo). Na verdade, a explosão demográfica há muito que não se propagava por igual no mundo. No hemisfério norte laico e moderno, a pílula anticoncepcional recém-inventada mantinha a demografia sob controle, havendo países, como a França e a Alemanha, onde a população até diminuía ligeiramente, descontados os contingentes de imigrantes africanos, turcos, portugueses e iugoslavos. Mas o Brasil e outras nações ao sul do equador passaram a conhecer o que os cientistas chamam transição demográfica - e que em bom português significa o pior dos dois mundos.
Pois, de um lado, o padrão material de vida melhorou, prolongando a existência dos velhos e encurtando as estatísticas de mortalidade das crianças; de outro lado, porém, nessa etapa os padrões de comportamento ainda permaneciam em larga medida tradicionais, incluindo-se aí arraigadas resistências culturais ao planejamento familiar. Isso, mais as migrações internas, explica o fantástico crescimento das cidades maiores. A década de 80 encaminha-se para o fim registrando que o Homo sapiens cresce à razão de 1,7 por cento no mundo. Os demógrafos, porém, não estão soltando rojões. A queda em relação aos anos 60 reflete, segundo eles, apenas a continuação da curva embicada para baixo da natalidade nos países ricos - somada aos efeitos do feroz programa de controle da natalidade adotado na China (1,1 bilhão de habitantes), sob o lema "uma família, um filho".
No conjunto dos países pobres, suspiram os demógrafos, a situação não mudou muito. Os africanos, por exemplo, crescem ao ritmo de 2,9 por cento ao ano. Não espanta, por isso, que na virada do século a empoeirada Kinshasa, capital do Zaire, deva ter 5 milhões e Lagos, na Nigéria, mais de 8. Sem falar no Cairo, no Egito, com 11 milhões. Com tanta gente no pedaço urbano mais pobre do globo, a aritmética apronta uma crueldade: mesmo que despenquem as porcentagens de crescimento demográfico (o que ainda não aconteceu), em números absolutos a população das cidades continuará a galopar. E, como diz o ambientalista americano Paul Ehrlich, "os ecossistemas respondem ao impacto de gente, não de taxas". Os ecossistemas e tudo mais, diga-se.
Pelo menos uma convicção os demógrafos tendem a ter em comum: a chave para o controle populacional nos países chamados em desenvolvimento é a melhora da condição social das mulheres. E nesse ponto os especialistas dizem enxergar uma luz no fim do túnel no caso brasileiro. "A taxa de fecundidade da mulher no Brasil vem diminuindo desde 1965", informa a demógrafa paulista Neide Patarra, da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados). Ela se refere à relação declinante do total de filhos nascidos no país e o total de mulheres em idade reprodutiva, de 15 a 50 anos. "Hoje, 70 por cento das brasileiras em idade fértil usam anticoncepcionais", contabiliza. De seu lado, o sociólogo Vilmar Faria, da Universidade de São Paulo, autor de pesquisas sobre o assunto, acredita que quatro fatores contribuíram indiretamente para isso.
Seriam eles: o crédito direto ao consumidor (que ampliou a compra de bens domésticos em detrimento dos gastos relacionados à reprodução da família); a melhora na Previdência (que amenizou a necessidade de ter muitos filhos para sustentar os pais na velhice); o acesso mais fácil aos serviços de saúde (com o mesmo resultado); e, enfim, o desenvolvimento dos meios de informação (que modernizaram os costumes). "As famílias pobres estão tendo menos filhos", concorda o urbanista Jorge Wilheim, secretário do Meio Ambiente em São Paulo.Com não pouco otimismo. ele aposta que "a perspectiva da grande cidade brasileira não é o cataclismo, mas a estabilização".
De novo é o problema dos índices e dos números absolutos. Pois, ainda que a taxa de crescimento da população paulistana congele em 2,3 por cento no ano 2000, como se prevê,contra 3,4 por cento hoje, bastarão 34 anos para que essa população simplesmente duplique. E o Brasil, então, sétimo país mais populoso do mundo,terá de prover pão e bem-estar para 245 milhões de cidadãos. Um século e meio antes de Cristo, numa cidade grega chamada Megalópolis, que apesar do nome não tinha mais de 6 mil habitantes, vivia um historiador chamado Políbio, a quem muito preocupava o pouco entusiasmo de seus patrícios em gerar descendentes. "Vai ser um suicídio coletivo", costumava advertir. Talvez o velho Políbio não tivesse outro comentário a fazer se conhecesse as estatísticas da proliferação humana às portas do século XXI.

Megametrópoles do ano 2000.
Na virada do século, 485 milhões de pessoas estarão vivendo em cidades com 5 milhões de habitantes ou mais.

Acompanhando o sentido do aumento das populações, o inchaço das cidades atinge principalmente os países mais pobres. Prova disso é que, no ano 2000, das 48 metrópoles de 5 milhões de habitantes para cima, 36 estarão localizadas no Terceiro Mundo - e, destas 21 na Ásia. Entre as regiões menos desenvolvidas, porém, a América Latina lidera a urbanização: em 1985, sete em cada dez latino-americanos já moravam em cidades. Na virada do século, serão praticamente oito em dez.

A dança das cidades

De meados do século passado até o fim da Segunda Guerra Mundial, a cidade grande era tipicamente uma expressão dos grandes países - basta pensar em Londres, Paris, Nova York, Berlim. Desde então, nas metrópoles mais ricas, a população tendeu a estabilizar-se, quando não diminuiu efetivamente - com a notável exceção de Tóquio. Enquanto isso, a explosão das megacidades arrasa o Terceiro Mundo e subverte o ranking das maiores concentrações urbanas do planeta. Em 1970, por exemplo, Calcutá, na Índia, nem ao menos figurava entre as doze mais do mundo, então lideradas por Nova York. Em 1985, já com Tóquio na cabeça, Calcutá tinha massa humana suficiente para colocar-se em sexto lugar. No ano 2000, quando a Cidade do México for o maior ajuntamento urbano da Terra, Calcutá estará no quarto posto. São Paulo conhece bem este filme: de décima maior em 1970 saltou para terceira em quinze anos e deve subir mais um degrau até o ano 2000. Essas cidades sediam as chamadas "nações de miséria". Segundo o economista Carlos Lessa, da Unicamp pertencem a tais nações três em cada dez habitantes do Brasil urbano.

Explosão na Terra

No século passado, a humanidade cresceu algo como 70 por cento. Neste, os números da demografia rebentam as costuras: até o ano 2000 a espécie humana terá aumentado cerca de 270 por cento em relação a 1900. Todo dia, 220 mil bebês vêm ao mundo. Apesar disso, o ritmo de crescimento da população mundial está diminuindo, sobretudo por causado planejamento familiar voluntário, adotado como regra geral nos países mais ricos. Também pesa nessa conta, porém, a severíssima política de controle da natalidade imposta pelo governo da China, às voltas com seu mais de 1 bilhão de cidadãos,onde a meta oficial é "uma família,um filho". Isso permite prever que no início do século XXI a humanidade estará crescendo à razão de 1,4 por cento ao ano, contra 1,7 por cento hoje em dia. No entanto, há quem receie que essa tendência venha a ser detida nos países modernos por uma espécie de contra-revolução dos costumes resultante da epidemia da AIDS; com a monogamia de novo em alta, as pessoas passariam a casar mais cedo, a ficar casadas mais tempo com o mesmo cônjuge - e a ter mais filhos que o planejado.

Estouro no Brasil

Tendo se multiplicado por cinco no século passado, a população brasileira deverá ter crescido outras dez vezes quando o calendário marcar o início do século XXI - um estouro por qualquer lado que se olhe os números. Mas podia ser pior. Em 1974 o IBGE concluía de suas projeções que no ano 2000 o Brasil teria 200 milhões de habitantes. As estimativas mais recentes, porém, indicam uma população vizinha dos 180 milhões, havendo até quem desenhe um total otimista de 170 milhões. Num país onde os governos sempre resistiram à idéia de patrocinar ativamente políticas de planejamento familiar, a desaceleração das taxas demográficas mostra o efeito de uma série de mudanças na economia, na sociedade, nos costumes: calcula-se que sete em dez brasileiras em idade fértil usam anticoncepcionais. Não raro, a queda dos índices de natalidade reflete também situações de patologia, nos abonos e esterilizações nem sempre consentidas. O Brasil, de todo modo, não vive uma crise demográfica como a Índia, a China e a maioria dos países africanos. O problema de arrepiar, aqui, é a explosão das cidades.

Haja espaço

Quando já se é grande, qualquer crescimento adicional, por discreto que seja, representa muito - em números absolutos. Essa elementar verdade aritmética, que faz a delícia dos milionários, por exemplo, é a face mais impiedosa da crise social que anda de braço dado com a proliferação urbana no Terceiro Mundo. É só imaginar a montanha de dinheiro, tecnologia, bens, serviços e equipamentos necessários para ao menos não piorar o padrão de vida do grosso da população de metrópoles como Cidade do México e São Paulo, Bombaim e Calcutá, onde o número de habitantes ameaça simplesmente dobrar em 25 anos ou pouco mais, se não caírem as taxas de crescimento atuais. Mesmo que se confirmem as projeções da ONU, segundo as quais mexicanos e paulistanos festejarão o novo século multiplicando-se à razão de 2,3 por cento ao ano (contra uns 3,5 hoje), a população das duas cidades duplicará em 34 anos.

Onde estão os brasileiros.

Nestes vinte anos finais do século, nenhuma região do pais crescerá tanto como o Norte. De fato, em 1980 as vastidões amazônicas abrigavam esparsos 1,65 habitantes por quilômetro quadrado. No ano 2000, serão 3,2 habitantes - o dobro, portanto. Com isso, os nortistas serão ainda apenas 6,4 por cento do povo brasileiro (contra 5,6 % atualmente). Também representando pouco no conjunto da população, os habitantes do Centro-Oeste, com a expansão da fronteira agrícola, produzirão um aumento de 70 % na densidade demográfica da região - de 4 habitantes por quilômetro quadrado para 6,8. Os números amargos vêm do Sudeste, onde a densidade demográfica, que já é a maior do país com 56,3 habitantes/km2, deverá alcançar 84,5 habitantes/km2 na virada do século. Esse adensamento tornará a vida ainda mais difícil nas áreas metropolitanas de São Paulo, do Rio de Janeiro e Belo Horizonte. No todo, a densidade demográfica no Brasil irá a 21,1 habitantes/km2, 50 por cento a mais do que em 1980.





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quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Ciência ao molho Béarnaise - Química



CIÊNCIA AO MOLHO BÉARNAISE - Química



Quando menos se espera, uma das glórias da cozinha francesas desanda. Os cientistas explicam por que às vezes isso ocorre e por que às vezes não.

A primeira vista parece simples: de fato, não há dificuldade alguma em ferver um punhado de estragão e cebola picada numa mistura de vinagre e vinho até que boa parte do líquido tenha se evaporado. Depois de coada, a infusão volta ao fogo brando e a ela acrescentam-se gemas. Em seguida, já fora do fogo, manteiga derretida, aos poucos e sem parar de bater. Sal, pimenta, umas gotinhas de limão, salsinha picada, e está pronta uma das glorias da cozinha clássica francesa: o molho béarnaise, fino acompanhamento para aves, peixes e, principalmente, carnes grelhadas. Mas, como bem sabem os doutores de forno e fogão, as aparências enganam.
Esse é um dos molhos mais difíceis de fazer. Só quem já se aventurou a prepará-lo conhece as armadilhas escondidas na operação. Pois, mesmo que o cozinheiro não tenha feito nada de errado, a iguaria pode desandar quando menos se espera. A arte de cozinhar, que não é senão provocar reações químicas entre substâncias, tem dessas coisas. Mas aquilo que pode parecer um insondável mistério, como a causa do desastre de uma sauce tão ingênua, se explica pela teoria científica - a rigor, por duas teorias.
O risco está justamente no fato de que o molho béarnaise resulta de coisas que não se misturam como água (contida no vinagre e no vinho) e gordura (da manteiga). Por isso, a mistura pode transformar-se, em questão de segundos, numa espécie não exatamente apetitosa de flutuantes ovos mexidos.
É o que os químicos chamam floculação - isso quando ainda houver alguma chance de recuperar a mistura, por meio de artifícios que os cozinheiros profissionais conhecem bem. Mas, se tais macetes culinários falharem, é porque aconteceu o pior: a chamada coagulação, um fracasso literalmente irreversível.
A tragédia pode ter suas causas no superaquecimento, por puro descuido do cuca - pois o molho exige cozimento em fogo brando, de preferência em banho-maria -, e também nos processos físico-químicos que têm a ver com a composição dos ingredientes usados na receita. Pelas classificações da Química, molhos do tipo béarnaise pertencem à categoria das emulsões ou suspensões coloidais. Ou seja: partículas líquidas de gordura suspensas em outro líquido, no caso, o que resultou da infusão do vinho, vinagre e estragão. Quem se sai bem ao preparar esse molho saiba que conseguiu uma proeza - harmonizar os contrários. O mérito não é só do chef. Às vezes, sem que se dê conta, ele foi ajudado pela interação correta entre partículas de gordura, graças à qual elas se mantêm em suspensão.
Essa interação, que envolve forças de atração e de repulsão, é que assegura estabilidade e consistência a um béarnaise. Qualquer alteração nos ingredientes - na quantidade ou na qualidade - ou no modo de prepará-los pode romper o sutil equilíbrio que determina a intensidade daquelas forças, levando o molho ao lixo. Duas teorias explicam porque uma preparação como essa, fruto de substâncias que não se misturam, pode dar certo - ou não. Uma delas diz respeito às já citadas forças de atração e repulsão.
As forças de atração das partículas, chamadas forças de Van der Waals (VDW) em homenagem a seu descobridor, o físico holandês Johannes Diederik van der Waals (1837-1923), deveriam fazer com que as partículas se aglomerassem. No entanto, isso não ocorre, porque existem forças de repulsão. Elas se originam quando as partículas de manteiga entram em contato com o líquido e recebem a carga elétrica proveniente do ácido acético que contém o vinagre. As partículas de manteiga se comportam como se fossem bolinhas carregadas de eletricidade. Essas cargas, se forem positivas, vão atrair cargas negativas e vice-versa. Em volta de cada bolinha se estabelece, portanto, o que os cientistas chamam de dupla camada elétrica difusa.
Assim, quando elas se aproximam, atraídas pelas forças VDW, suas cargas elétricas interagem criando forças de repulsão - forças de Coulomb, descobertas pelo físico francês Charles-Augustin de Coulomb (1736-1806). Como as partículas estão em agitação, devido ao calor, conseguem se manter equilibradas (ou seja, sem se agregarem) e em conseqüência o molho fica homogêneo. Se, entretanto, ocorrer um superaquecimento, eliminando as cargas elétricas na sua superfície, as partículas de manteiga, em vez de se repelirem, se juntarão - e adeus molho béarnaise.
A segunda teoria baseia-se no efeito emulsificante da lecitina, substância da gema do ovo, numa suspensão de óleo em água. É que a lecitina possui geralmente numa de suas extremidades uma cadeia de átomos de carbono e hidrogênio chamada lipofílica, porque é solúvel em gordura. Logo, o grupo é atraído para dentro das partículas de manteiga. Na outra extremidade há um grupo de átomos chamado polar (eletricamente carregado), que por sua vez é atraído pela água - e essa atração separa para sempre a carga negativa da positiva. No caso do molho béarnaise, as partículas de manteiga são revestidas pela lecitina e a isso os cientistas denominam emulsificação.
Ou seja, a lecitina se orienta de forma que sua extremidade lipofílica se enterre nas partículas de manteiga, enquanto a extremidade polar é atraída pela água. Assim se forma - sempre segundo essa teoria - uma firme superfície carregada ao redor de cada partícula, impedindo sua fusão com as outras. Dessa forma, o molho não desanda. Processo semelhante ocorre com sabões e detergentes no processo de limpeza. Por serem substâncias capazes de interagir com gordura e água, também têm uma extremidade polar e outra lipofílica. Se alguém tentar enxaguar um prato engordurado verá que a gordura se mantém inalterada. Mas, se colocar detergente ou sabão, a gordura sairá na água. Pois a extremidade lipofílica do detergente é atraída pela gordura do prato.
Já a outra extremidade, a polar, se junta com a água - e tudo fica em pratos limpos. De volta ao molho: além da lecitina, a gema do ovo contém colesterol, outro agente emulsificante e um velho desafeto do coração humano. A diferença entre a lecitina e o colesterol é que enquanto a primeira favorece a suspensão do óleo em água, o colesterol, ao contrário favorece a suspensão de água em óleo. Para que as gemas cumpram seu papel no preparo do molho béarnaise, é preciso que a lecitina predomine sobre o colesterol. Para isso é necessário utilizar ovos frescos.
Isso porque, com o tempo de armazenamento, a lecitina se decompõe progressivamente, perdendo suas propriedades. Já o colesterol não se altera. A predominância do colesterol sobre a lecitina faz o molho desandar. Enfim, para evitar pontos de superaquecimento durante o preparo, o ideal é usar uma panela de cobre, que garante calor uniforme, ou uma panela de inox, que obtém o mesmo efeito em banho-maria. Experiências realizadas em laboratório indicam que a temperatura ideal para o cozimento é de 65 graus. A 70 graus, o molho flocula; acima dessa marca, é coagulação na certa. Nesse caso, o recurso é começar tudo de novo - ou mandar buscar uma pizza na esquina.

RECEITA DO CHEF JOSÉ

"Não é difícil fazer um molho béarnaise, mas é preciso ter muito carinho", confidencia o cearense José Pereira de Souza, chef de cuisine do restaurante Le Coq Hardy, em São Paulo, três estrelas no Guia Quatro Rodas. Ele deve saber o que está dizendo: no ofício há dezenove anos, aprendeu em primeira mão, com um francês, naturalmente, os segredos dos pratos e sauces que fazem a fama da cozinha francesa. Sua receita de molho béarnaise:
INGREDIENTES: (porção para 4 pessoas), 2 cebolas roxas, médias, picadas, meio copo de vinho branco seco, meio copo de vinagre de vinho branco. Uma colher (de sopa) bem cheia de estragão, 4 gemas, 180 gramas de manteiga sal e pimenta-branca a gosto, salsinha picada, gotas de limão.
MODO DE FAZER: Mistura-se a cebola com o vinho, o vinagre e o estragão numa panela de cobre e leva-se para ferver em fogo brando até que o líquido se reduza a um quarto da quantidade inicial. Depois de coado, adicionam-se as gemas, ainda em fogo brando, batendo sem parar. Quando estiverem cozidas, isto é, misturadas ao líquido, com a consistência de um creme, tira-se a panela do fogo. Rapidamente, em outra panela, derrete-se a manteiga, que não pode dourar, pois a espuma que ela faz ao derreter se separará do restante - o que será fatal para o molho.
A manteiga deve ser escorrida aos poucos sobre a mistura das gemas com o líquido, sem parar de bater até se obter um creme homogêneo. Caso o molho desande, com a manteiga derretida transformada em pedaços no meio do líquido, basta colocar em outra panela uma colher(de sopa) de água, levar ao fogo brando e ir juntando aos poucos o molho desandado, batendo sempre. O batedor deve ser de arame, em forma de pêra. Então, resta misturar o sal, a pimenta, as gotas de limão, a salsinha picada e levar o molho imediatamente à mesa. O tempo de preparo é de dez minutos. Depois de pronto, o molho não deve ser aquecido ou levado à geladeira.

EM HONRA AO REI

O molho béarnaise tem o nome de quem nasce na região de Béarn, no sudoeste da França - mas ele próprio não nasceu ali. O nome é uma homenagem enviesada a Henrique IV (1553-1610), primeiro rei da dinastia Bourbon e filho ilustre da cidade de Pau, na região de Béarn. A alquimia que envolve o preparo do molho surgiu das mãos hábeis de um certo Collinet, de que só se sabe que era cozinheiro do restaurante Pavillon Henri IV, em Saint-Germain-en-Laye, a noroeste de Paris, por volta de 1830. Talvez inspirado no nome do restaurante, Collinet decidiu honrar o rei, a sua maneira - dois séculos depois de sua morte.





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quarta-feira, 29 de agosto de 2012

O Novo Mundo de Galileu - Ciência Moderna



O NOVO MUNDO DE GALILEU - Ciência Moderna



Ele concebeu novas formas de pensar e pesquisar. Em seus dias, foi perseguido e humilhado por causa disso. Mas a história o reconheceu como o pai da ciência moderna.

Por ter afirmado que a Terra se move em tono do Sol, Galileu Galilei, um dos gênios da grande revolução científica do século XVII, foi preso e, sob ameaça de tortura, obrigado a uma retratação humilhante. Seu julgamento pelos tribunais da Inquisição é um dos grandes marcos negativos da história do pensamento. Diante da Inquisição, Galileu representa a eterna luta entre a rebeldia e o conformismo intelectual, entre a liberdade de pensamento e a censura. É também a demonstração cabal de que uma verdade pode ser sufocada de modo brutal, mas não indefinidamente.
No entanto, a importância de Galileu vai muito além do seu histórico confronto com a Inquisição. Em torno de sua figura criaram-se lendas e equívocos. Muitos o admiram por coisas que não fez - por exemplo, não inventou o telescópio, nem o termômetro, nem o relógio de pêndulo. Mas é certo que, sem sua participação direta, essas invenções não teriam sido desenvolvidas em sua época. Também nunca atirou pesos do alto da torre de Pisa, para demonstrar que corpos de massas diferentes caem com a mesma velocidade. Chegou a essa conclusão realizando experiências com bolas de ferro que fazia rolar sobre um plano inclinado.
Sua maior contribuição à ciência, por sinal, não está numa descoberta particular, mas no fato de ter reabilitado em novas bases o método experimental, que andava esquecido desde os tempos de Arquimedes. Nesse sentido, pode ser considerado, sem exagero, o pai da Física moderna.
Galileu Galilei nasceu na cidade de Pisa em 1564, mesmo ano da morte do pintor e escultor Michelangelo Buonarrotti e do nascimento do dramaturgo inglês William Shakespeare. Exatos 31 anos antes, o matemático e astrônomo polonês Nicolau Copérnico publicara sua obra maior - Das revoluções dos corpos celestes -, defendendo a teoria de que a Terra se move em torno do Sol e não o contrário. Essa teoria seria defendida e desenvolvida por Galileu e seu contemporâneo Johannes Kepler, que primeiro descreveu a trajetória elíptica dos planetas. A síntese final desses trabalhos foi a Teoria da Gravitação Universal, formulada pelo físico e matemático inglês Isaac Newton que, por coincidência, nasceu em 1642, o mesmo ano em que Galileu morreu.
Filho de Vincenzo Galilei, músico, o futuro cientista começou seus estudos superiores na Escola de Medicina de Pisa, em 1581. Quatro anos depois, abandonou o cursou por falta de dinheiro - embora houvesse quarenta bolsas disponíveis, ele não conseguiu nenhuma. Mas sua verdadeira vocação não estava na Medicina, e sim na Física. Aos 17 anos, assistindo a uma cerimônia na catedral de Pisa, observou um lustre que oscilava no teto. Controlando o tempo pelos seus próprios batimentos cardíacos, verificou que o intervalo entre cada oscilação era sempre o mesmo, não importando a amplitude do movimento.
Repetiu a experiência mais tarde, e sugeriu que essa característica do pêndulo poderia tornar os relógios mais precisos. A idéia foi logo aproveitada por outros inventores e, apenas três décadas após a morte de Galileu, o erro médio dos melhores relógios havia caído de 15 minutos por dia para apenas 10 segundos. Ao abandonar a Faculdade de Medicina, foi lecionar em Florença. Durante os quatro anos em que trabalhou ali, publicou um trabalho em que descrevia a balança hidrostática - essa, sim, uma invenção sua - utilizada para medir o peso específico dos sólidos ou a densidade dos líquidos. Graças a esse trabalho, tornou-se, aos 25 anos, professor de Matemática - e foi lecionar na Universidade de Pisa, que quatro anos antes lhe recusara uma bolsa como estudante.
Mas foi em Pádua, onde viveu dezoito anos - de 1592 a 1610 -, lecionando Matemática, que desenvolveu a parte mais consistente de suas pesquisas, sobretudo as relativas à resistência dos materiais, que lhe foram sugeridas pela observação dos trabalhos nos estaleiros navais do Arsenal de Veneza, que visitou várias vezes. O problema era descobrir por que estruturas geometricamente semelhantes, de máquinas ou edifícios, tendo desempenho satisfatório quando construídas em determinada escala, fracassam ao serem construídas em escala maior. Galileu encontrou a explicação e estabeleceu sistemas de cálculo que permitiram obter o dimensionamento seguro das estruturas.
Já então estava, também, convencido do acerto das teorias de Copérnico sobre a movimentação dos astros, mas em suas aulas continuava a ensinar que a Terra era o centro do Universo e em torno dela giravam planetas e estrelas. Não tinha medo da Inquisição, ainda, pois nessa época a própria Igreja não dava importância ao assunto. Conforme confessou numa carta escrita a Kepler, datada de 1597, temia o ridículo. E tinha razão. A imobilidade da Terra não era apenas uma teoria defendida pela tradição da escola de Aristóteles, mas sobretudo parecia perfeitamente de acordo com o senso comum.
Qualquer pessoa pode observar, diariamente, que o Sol, a Lua e as estrelas se movimentam; no entanto, nada havia, na época, que pudesse mostrar o movimento da Terra, sugerido teoricamente apenas em complicados cálculos matemáticos. Assim, era fácil imaginar: se a Terra estivesse em movimento, as pessoas sobre ela perderiam o equilíbrio e as nuvens e a Lua ficariam irremediavelmente para trás. O debate teria permanecido nesse nível, se não ocorresse a invenção do telescópio, não se sabe ao certo por quem nem onde. Os primeiros telescópios surgiram na Holanda, por volta de 1600 e logo se espalharam por toda a Europa. Galileu construiu seu próprio telescópio sem nunca ter visto um. Bastou-lhe a descrição do instrumento que aparecera em Veneza. O primeiro aumentava nove vezes; o segundo, trinta vezes, e era superior a qualquer outro já fabricado.
O grande mérito de Galileu foi apontar seu telescópio para o céu. Descobriu, assim, tantas coisas novas que em poucos meses escreveu e publicou o Sidereus Nuncius ( O mensageiro das estrelas), um opúsculo de apenas 24 páginas extraordinariamente rico em revelações. A Lua, relatou ele, não tem uma superfície lisa, mas está cheia de irregularidades, como a Terra. Voltando-se para as estrelas, que então se supunha fixas, surpreendeu-se ao descobrir miríades de outras jamais vistas, "que em número superam mais de dez vezes as anteriormente conhecidas". Percebeu que a Via Láctea não era constituída, como pretendia Aristóteles, por "exalações celestiais", mas era um aglomerado de estrelas. E descobriu quatro planetas - hoje dizemos satélites - girando em torno de Júpiter.
Não havia, ainda, nenhuma prova conclusiva do acerto do sistema heliocêntrico proposto por Copérnico. Mas já ficava difícil admitir que a Terra era o centro do Universo, se havia corpos girando em torno de Júpiter. E como continuar acreditando no dogma de que as estrelas haviam sido criadas apenas para deleite dos homens, se a maior parte delas era invisível a olho nu? As resistências ao uso do telescópio, sobretudo na Astronomia, foram tão grandes que o próprio Galileu considerou necessário conferir com rigor a exatidão dos seus instrumentos.
Focalizava a distância os mais variados objetos e em seguida ia observá-los de perto, para ver se a olho nu se confirmavam as imagens observadas de longe pelo instrumento. Ainda assim, as duas primeiras demonstrações públicas não foram um sucesso. Em 24 de abril de 1610, em Bolonha, pretendeu mostrar os satélites de Júpiter a um grupo de convidados ilustres. Ninguém saiu convencido de nada. Não que fossem todos mal-intencionados - apenas, embora o telescópio de Galileu fosse o melhor já construído, era ainda muito precário. Seu campo visual era tão pequeno que o milagre não seria conseguir enxergar os satélites, mas localizar no céu o próprio planeta Júpiter.
Logo, no entanto, Galileu recebeu o apoio entusiasmado de Kepler, então no auge do prestígio como matemático imperial na corte de Praga. Em seguida, converteram-se algumas das mais destacadas figuras da ordem dos jesuítas, que chegaram a homenageá-lo em Roma, onde o próprio papa Paulo V o recebeu numa audiência amistosa. Para coroar tudo, foi convidado a morar em Florença, como "primeiro matemático e filósofo dos Medicis". Tudo isso aconteceu em 1610, quando ele tinha 46 anos. Como se explica que 23 anos mais tarde estivesse em desgraça submetido aos juízes da Inquisição?
Dois motivos diversos contribuíram para isso. Primeiro, a mudança política da Igreja Católica, causada pela pregação protestante que, tomando ao pé da letra as palavras da Bíblia, multiplicava seus adeptos por toda a Europa. Roma decidiu fortalecer sua própria ortodoxia e começou a vigiar teorias suspeitas, como as defendidas por Galileu. Mas seu pior inimigo foi seu próprio temperamento. Ou melhor, uma das facetas de seu temperamento contraditório. Conforme a hora e as circunstância, Galileu sabia mostrar-se alegre e comunicativo, amigo das boas coisas da vida. Foi descrito como uma pessoa capaz de apreciar uma discussão literária, uma refeição preparada com requinte ou uma bela companhia feminina. Mesmo sua correspondência de caráter científico com o discípulo Benedetto Castelli contém comentários bem-humorados sobre os queijos e as pipas de vinho que eles se enviavam mutuamente.
Nunca se casou, mas não lhe faltaram aventuras amorosas: teve quatro filhos e filhas, uma das quais tornou-se freira carmelita e viveu em sua companhia até a morte. Mas a personalidade de Galileu tinha um lado sombrio: quando entrava em polêmicas científicas, era sarcástico, brutal, de um orgulho desmedido. Gastou muita energia atacando supostos rivais. Em 1616, finalmente, deu-se seu primeiro confronto com a Igreja. Representava o Vaticano o cardeal Roberto Belarmino, autor do catecismo em sua forma moderna, e que seria beatificado em 1923 e santificado em 1930. Era, aos 73 anos, Geral dos jesuítas, consultor do Santo Oficio, Mestre de Questões Controversas no Colégio Romano e maior teólogo da cristandade. Pessoalmente parecia inclinar-se pela teoria de Copérnico, mas estava em minoria entre os teólogos da Inquisição. Ainda assim, concedeu a Galileu autorização para continuar a estudá-la, como hipótese matemática, mas não para defendê-la publicamente.
Galileu afastou-se da polêmica durante sete anos. Voltou com força redobrada em 1623, quando seu grande amigo, o cardeal Maffeo Barberini, foi eleito papa com o nome de Urbano VIII. Já com a saúde abalada, foi recebido pelo pontífice em seis longas audiências. Foram-lhe conferidas honras e favores, e permissão para descrever abertamente as teses de Copérnico, desde que descrevesse simultaneamente e de forma imparcial as teorias tradicionais. Deveria concluir afirmando a impossibilidade de decidir qual era a mais correta, visto que Deus, sendo onipotente, poderia atingir os fins observados pelo homem da maneira que melhor entendesse.
Oito anos mais tarde, em 1632, Galileu publicou os Diálogos sobre os dois maiores sistemas do mundo - Ptolomeu e Copérnico. À primeira vista, seguia a orientação papal, tanto que o livro recebeu o imprimatur. A obra reproduz uma conversa entre três personagens: Salviati que defende as teses de Copérnico; Sagredo, um observador neutro; e Simplicius, defensor de Aristóteles e Ptolomeu. Mas Salviati é sempre brilhante, Sagredo logo abandona a imparcialidade e passa a apoiá-lo com entusiasmo e Simplicius é pouco mais que um idiota, ridicularizado do princípio ao fim.
Publicada a obra, Urbano VIII percebeu que fora enganado e pôs a máquina da Inquisição em marcha. A acusação principal contra Galileu era desobediência às ordens recebidas do cardeal Belarmino para não defender as idéias de Copérnico. No primeiro interrogatório, abril de 1633, o réu alegou que tudo não passara de um mal-entendido: "Nem mantive nem defendi no meu livro a opinião de a Terra se mover e o Sol permanecer estacionário demonstrando antes o oposto, e mostrando serem fracos e não conclusivos os argumentos de Copérnico". Ninguém poderia acreditar nisso, pois no livro incriminado o autor chamava os adversários de Copérnico de "anões mentais", idiotas" e "indignos do nome de seres humanos".
Aconselhado por um cardeal amigo, o sábio mudou de tática no segundo interrogatório. Admitiu que um leitor desprevenido, diante de alguns trechos do livros, poderia imaginar tratar-se de uma defesa de Copérnico, mas garantia não ter sido essa sua intenção. E se propunha escrever uma continuação do diálogo, em que deixaria claro seu modo de pensar. No terceiro interrogatório, sob ameaça de tortura que afinal não se concretizou, os inquisidores tentaram fazê-lo confessar que acreditava mesmo no que dizia Copérnico - o que, aliás, estava evidente no livro. Galileu não confessou e recebeu a sentença: os Diálogos foram proibidos, o autor obrigado a abjurar da opinião copernicana segundo uma fórmula que lhe passaram. De quebra, condenaram-no à prisão domiciliar, enquanto aprouvesse ao Santo Ofício. Não se pode dizer que, materialmente, tenha sido maltratado. Sua prisão era um apartamento de cinco aposentos, com janelas dando para os jardins do Vaticano, criado particular e mordomo para cuidar das refeições e do vinho. Seus últimos anos de vida, na companhia dos discípulos Torricelli e Vincenzo Viviani, foram dos mais produtivos.
Em 1636 terminou Diálogos relativos a duas novas ciências, obra na qual retoma, de forma ordenada, observações sobre dinâmica que fora acumulando durante toda a vida. Lança, igualmente, as bases do estudo racional da resistência dos materiais. A igreja demorou alguns séculos, mas acabou reconhecendo o erro cometido. Em 1983, frente a uma platéia de mais de trinta ganhadores do Prêmio Nobel e centenas de cientistas do grupo Ciência para a Paz, reunidos para homenagear o 350º aniversário do livro proibido, o papa João Paulo II admitiu: "A experiência da Igreja durante o caso Galileu e depois dele levou a uma atitude mais madura e a uma compreensão mais acurada de sua própria autoridade".

O MÉTODO CIENTÍFICO DE GALILEU.

É no próprio centro do movimento renascentista, em que pintores e arquitetos confiam no que seus próprios olhos percebem, que Galileu Galilei propõe seu método experimental. Pois é nos Discursos sobre duas novas ciências, escritos nos anos de reclusão, após ter sido condenado pela Inquisição, que surge mais nitidamente o método galileano, sob o qual se constrói a ciência moderna.
É o seguinte: premido pela necessidade de resolver um problema, quando ainda não tenho condições de chegar a uma solução analítica, baseio-me numa conjectura. Isto é, em algo ainda não necessariamente verdadeiro. Algo ideal, pois não necessariamente induzido de observação empírica e também não necessariamente evidente por si mesmo. Mas algo plausível, diante de tudo o que já se conhece, na época, sobre o fenômeno.
Por exemplo: é plausível, mas não evidente, que na ausência de resistências de atrito ou do ar, os corpos caiam com velocidade uniformemente crescente com o tempo, independentemente de seu peso, tamanho e forma. A partir dessa conjectura deduzo - preferencialmente com o emprego da Matemática - conclusões particulares. Por exemplo: posso demonstrar matematicamente que, se os corpos caírem com velocidade uniformemente acelerada, sem sofrer resistência, os espaços percorridos em intervalos iguais de tempo estarão entre si como os números ímpares: 1, 3, 5, 7... Isto é, no primeiro segundo caem de uma certa altura h; no segundo, 3h; no terceiro, 5h etc.
Para verificar essa conclusão, faço uma experiência. Mas não é uma qualquer; não é uma observação ocasional do fenômeno. É um experimento organizado e interpretado de acordo com a conjectura. Por exemplo: armo um plano inclinado e sobre ele deixo rolar uma bola, em vez de deixá-la cair livremente. Com isso elimino a resistência do ar. Por outro lado, a canaleta do plano inclinado é bem polida e a bola é dura e lisa para eliminar o atrito. Divido as alturas do plano inclinado segundo os números primos: 1,3,5,... Deixo rolar a bola e, se os tempos para percorrer essas alturas são iguais, então a conjectura será verdadeira. No experimento de Galileu, repetido várias vezes, assim se deu. Portanto, a conjectura é verdadeira: os corpos caem com velocidade uniformemente acelerada.É esse o método galileano: o da verificação experimental de um conjectura - a qual pode ser, inclusive, contrária a toda evidência e não precisa ser necessariamente induzida de fenômenos observados. Torna-se verdadeira se o experimento com ela concordar. O método foi tão revolucionário que transformou a ciência em algo radicalmente novo. Antes dele, era evidente que a Terra estava parada e que ocupava um lugar privilegiado no Cosmo. Tudo que ele tentou demostrar contrariava a evidência. Deveria, portanto, ser falso. No entanto, ele tinha razão. Era uma razão nova que se instituíra no mundo fazendo surgir uma nova verdade e, com essa, o mundo moderno.
O engenheiro Milton Vargas é professor de Metodologia da Pesquisa da Escola Politécnica da USP





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quarta-feira, 29 de agosto de 2012

O Papel de Cada Um - Comportamento


O PAPEL DE CADA UM - Comportamento



Todos levantam a voz para clamar contra a poluição, mas poucos se levantam para jogar seu lixo no cesto. Como acabar com essa sujeira?

Morador de uma cidade grande, João Brasileiro engole diariamente a fumaça lançada no ar por automóveis e fábricas. Tossindo de raiva, acende o último cigarro e joga o maço pela janela do carro. No domingo de sol, leva os filhos a passear no parque e compra sorvetes para os garotos. Cada um, é claro, vai jogar o copinho ou papel por cima do ombro assim que degustar a iguaria. Quando vai à praia, Brasileiro fica horrorizado com o mar sujo pelos esgotos e esbraveja enquanto toma um refrigerante e come uma espiga de milho, cujos vestígios ficarão repousando na areia quando ele sair de lá. Brasileiro gosta muito de reclamar da poluição e da sujeira - dos outros. Em seu próprio rastro, que ele ignora, acumulam-se quilos de detritos - restos de alimentos, copos, latas, garrafas, papéis e toda sorte de objetos dos mais variados materiais e usos, atirados nas ruas, praias, estradas, parques, casas de espetáculo e por aí afora. O lado mais detestável do lixo espalhado em tudo quanto é lugar público, às vezes pelas mesmas pessoas que debateram contra a poluição industrial, é justamente aquele que agride os olhos. Desde que a sociedade ocidental começou a se preocupar com higiene e limpeza pública, no contexto da modernização trazida pela Revolução Industrial do século XVIII, lixo e sujeira se tornaram objeto de repugnância. Aos poucos, a noção de asseio passou a fazer parte dos valores cultivados pelos europeus - pelo menos das classes sociais cujas condições de vida lhes permitiam preocupar-se com isso.
Limpeza, dentro de casa e fora dela, foi sendo associada a boa educação, prova, por sua vez, de boa posição na sociedade. O homem ocidental, em suma, aprendeu a torcer o nariz à sujeira à medida que o desenvolvimento das cidades deu origem ao modo de vida urbano, entendendo-se por isso, entre tantas outras coisas, a prática de tratar o próximo com respeito (urbanidade) e não emporcalhar o que é de todos - o espaço público. "Qualquer lixo nas ruas provoca um efeito multiplicador de desleixo. Se o lugar está limpo, a pessoa sente constrangimento em ser a primeira a sujar", observa Arlindo Phillipi Jr., da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.
Ainda que fosse apenas uma questão estética, a sujeira a nossos pés já seria suficiente para provocar desagrado. Ocorre, porém, que o lixo esparramado é também um problema de saúde. Todo lixo pode ser dividido basicamente em material orgânico e inorgânico. Orgânico é todo dejeto biodegradável, como restos de comida - cascas de frutas, por exemplo -, que serão decompostos pela ação de microorganismos, o que se chama apodrecimento. Largado na rua, esse lixo apodrecido servirá de alimento a ratos, baratas e moscas, transmissores de doenças. Naturalmente, quanto maior o volume de detritos orgânicos, com mais facilidade poderão crescer e multiplicar-se.
A parte inorgânica do lixo é composta de dejetos que não apodrecem, como papel, plástico, borracha, metais e vidro. Tais restos também contribuem para a proliferação de formas daninhas de vida, para as quais servem de ninho. Além disso, podem causar estragos quando não são varridos das ruas. Com a chuva, plásticos e papéis navegam na enxurradas até as bocas-de-lobo e galerias pluviais, que, se não forem limpas periodicamente, entopem, provocando as inundações tão conhecidas dos habitantes das cidades brasileiras. O mesmo acontece em lugares onde há córregos não canalizados, que representam verdadeiros depósitos de lixo em potencial para os moradores dos barracos instalados nas sua margens, onde muitas vezes nem chegam os serviços de limpeza pública.
Longe do asfalto, os transtornos causados pela sujeira não são menores. Uma praia transformada em monturo por hordas de turistas até que é capaz de absorver boa parte dos dejetos, mas devolve o excesso na mesma moeda. Ou seja, restos de alimentos aqui e ali podem sofrer decomposição de modo a ser absorvidos pela areia, mas nas praias mais movimentadas os banhistas sempre conseguem sujar muito mais rápido do que o solo consegue absorver. Como nas cidades, a conseqüência do lixão à beira-mar é a proliferação de moscas e, o que é próprio das praias, o aparecimento de uma profusão de doenças de pele. Quando os detritos são latas e vidros, os riscos de acidentes para pés descalços são óbvios.
Restos de papel também acabam sendo absorvidos em alguns anos, mas quem espalha embalagens plásticas deve saber que está deixando rastro para os arqueólogos do futuro. De fato, plásticos e borrachas simplesmente não são decompostos pela natureza, permanecendo indefinidamente onde foram deixados se ninguém os retirar. "A poluição da praia pelo lixo é pequena em relação à poluição industrial, mas atinge diretamente os indivíduos", compara João Meirelles Filho, vice-presidente da Fundação S.O.S. Mata Atlântica, que batalha pela preservação da natureza no litoral do país. O lixo que se jogou ontem é o foco de contaminação de amanhã.
Os esgotos lançados ao mar podem causar hepatite e gastroenterite, por bactérias. Já o lixo em decomposição na areia, deixado pelo próprio turista em animadas férias, pode provocar micoses por ação dos fungos nos objetos orgânicos. Conclusões apressadas e socialmente míopes levam a supor que o acúmulo de detritos nas areias é coisa de farofeiros - os turistas dominicais que chegam em caravanas de ônibus para ruidosos piqueniques à beira-mar. "O lixo deixado nas praias freqüentadas pela classe alta é muito maior", assegura João Meirelles, da S.O.S. Nas praias do Guarujá, as preferidas da burguesia paulistana, por exemplo, são recolhidas 180 toneladas de lixo por mês. Nos meses de temporada, quando a população local duplica, a quantidade de lixo é quase quatro vezes maior.
Quanto mais gente, mais - ou muito mais - lixo pelo caminho. Em São Paulo, são coletadas diariamente 12 mil toneladas de lixo, volume que a coloca em quarto lugar no ranking mundial das cidades produtoras de dejetos, depois da Cidade do México, Nova York e Tóquio. Desse total, porém, mais de um quarto, ou 3600 toneladas, vêm exclusivamente da varreção das ruas. É o produto acabado, literalmente, do comportamento anti-social.
Dói no bolso, é feio, faz mal à saúde - e descreve à sua maneira o lado menos envaidecedor da convivência dos brasileiros com seu país. É uma paisagem que começa a ser desenhada a partir da idéia de que o Brasil é um paraíso inesgotável. Aqui, onde o mar é mais azul, o sol mais amarelo e os periquitos mais verdes, em se plantando tudo dá - e em se sujando tudo some.
"Como o país é muito grande, temos a falsa noção de que, se um lugar ficar sujo, podemos partir para outro", avalia a socióloga Laura Tetti, diretora da Companhia Estadual de Tecnologia e Saneamento Básico ( Cetesb), em São Paulo. Mais grave do que isso, é outra suposição implícita na conduta das pessoas. "O brasileiro pensa que o espaço público é, não o espaço de todos, mas o espaço de ninguém", resume Laura.
Ser um cidadão respeitador de sinais de trânsito ou das regras básicas de limpeza nunca esteve exatamente na moda, assim como o próprio substantivo. "No Brasil, ´cidadão´ é uma das formas que o policial usa para chamar o infrator", ironiza a engenheira ambiental Wanda Maria Risso, da Faculdade de Saúde Pública da USP. De fato, o brasileiro, como não encara a rua como um bem que também lhe pertence e não respeita o próprio como a si mesmo, suja o que é de todos sem cerimônia. O engenheiro Celso Giosa, diretor de operações do Metrô de São Paulo, vai além da educação. "O brasileiro tem um comportamento condizente com a sociedade em que vive", diz. Sua afirmação está respaldada na experiência de comandar uma ilha de limpeza dentro da metrópole.
Não raro, porém, até o bem-educado cidadão, consciente de que ele mesmo acaba se prejudicando ao pontilhar de detritos a sua passagem cotidiana pela cidade onde vive, consegue exercer seu respeito por ela. Caminhando por ruas onde é tão difícil achar uma lixeira como um bilhete premiado, enfrenta uma situação que beira o ridículo quando quer se desfazer civilizadamente de algo. "O sujeito chega a se sentir um idiota por ser o único a perambular com um papel de sorvete na mão procurando um cesto, enquanto todo mundo joga mil coisas no chão", comenta Paulo Ganc, diretor do Departamento de Limpeza Urbana de São Paulo.
A prova, novamente, está nos números. Das 17300 lixeiras encomendadas para a capital, apenas umas 3500 estão instaladas. As empresas que colocariam as lixeiras, em troca da venda de espaço publicitário nas caixas, desistem no meio do caminho, pela boa e simples razão de que o nível de depredação chega a 100 por cento - um desastre muito pior, portanto, do que acomete os orelhões. No entanto, jogar toda a culpa nos ombros da população é fechar os olhos ao outro lado do problema - a origem da falta de educação que faz o brasileiro comportar-se como se comporta.
Tadayuki Yoshimura, diretor de operações da Vega Sopave, empresa de limpeza pública que atua em dez cidades brasileiras, lembra o exemplo de Tóquio. Escolhida para sediar os jogos olímpicos de 1964, a capital do Japão, na época tão suja quanto qualquer grande cidade brasileira, foi bombardeada por uma campanha de limpeza sem precedentes. Lixeiras foram espalhadas pelas calçadas e a população tornou-se alvo de uma maciça doutrinação para jogar o lixo ali dentro, e não no chão. Afinal, o que diriam do país os milhares de turistas esperados para o evento? Ao final de quatro anos, às vésperas da abertura da Olimpíada, Tóquio era um modelo de limpeza para estrangeiro nenhum pôr defeito - e continua desse modo até hoje. "Não adianta dizer que o brasileiro é mal-educado se ninguém começar a fazer algo para mudar", nota, sensatamente, Tadayuki Yoshimura.
Diga-se, a bem da verdade, que o brasileiro não está nem um pouco sozinho no planeta em matéria de maus hábitos no capítulo de limpeza. Há poucos meses, a Comissão Real de Belas-Artes da Inglaterra concluiu, num estudo que Londres - quem diria? - se tornou "suja, degradante e deprimente". A comissão atribuiu o acúmulo de sujeira nas ruas e nos intermináveis corredores das estações do metrô à falta de disciplina pessoal do grosso de seus 6,8 milhões de habitantes, que espalham lixo em qualquer lugar. Já em Paris, onde parece haver tantos cachorros quanto crianças, o maior problema são as calçadas pontilhadas de excrementos em tamanha quantidade que os limpadores a bordo de motocicletas não conseguem dar conta da limpeza.
Um passeio pela outrora imaculada avenida Champs Elysées sugere que em matéria de descaso pelo que fazem seus animais de estimação, muitos parisienses superam até certos donos de cachorros de Copacabana ou Ipanema. Em compensação, os motoristas alemães, por exemplo, têm o que ensinar aos brasileiros. Seus carros já vêm equipados com uma armação para um saquinho de plástico junto ao console, onde os passageiros depositarão o lixo pessoal. Mesmo porque o gesto displicente de jogar um papel de bala pela janela pode custar caro, sob a forma de multas não menos pesadas do que o castigo por furar um sinal vermelho. Em certos estados americanos, como a Califórnia, placas ao longo das estradas informam aos motorista que jogar lixo pela janela pode valer uma multa de mil dólares.
Para tirar a sujeira de cada um do caminho de todos, o bom senso diz que a preparação dos espíritos deve começar nas escolas de primeiro grau. É um investimento a longo prazo, mas indispensável se deseja ter uma população adulta capaz de se interessar pelo ambiente não apenas da boca para fora. Enquanto essas crianças não crescem, os grandes também podem ser reeducados por campanha. Essa é a estratégia adotada pela Fundação S.O.S Mata Atlântica, que recentemente divulgou em jornais e revistas do país um anúncio com o título: "Qual o animal que deixou essas pegadas?" São latas, maços de cigarros e pacotes de biscoitos largados por gatões e gatinhas nas praias e nas matas. A publicitária Helga Miethke, da agência DPZ, que criou o anúncio, escolheu o caminho do bom humor ao comparar a um animal o despreocupado que sinaliza com lixo os lugares por onde passa. "É melhor ser bem-humorado do que agressivo ou paternalista", diz Helga.
No Rio de Janeiro, a prefeitura também foi à luta no último verão com uma campanha para que o carioca não despejasse os restos de seu piquenique na areia. Foram espalhadas lixeiras nas praias a cada 70 metros - pois ninguém se disporia a colocar o lixo nas lixeiras dos calçadões. Em São Paulo, a Cetesb, com o apoio da Rede Globo e da Tang, investiu numa campanha no litoral, cobrindo 24 praias e alcançando cerca de 2,5 milhões de pessoas. Uma equipe de quatrocentos monitores distribuía sacos plásticos aos freqüentadores, tentando convencê-los com uma conversa simpática a jogar ali o lixo.
Em Curitiba, por fim, o prefeito Jayme Lerner teve uma idéia original para tornar a cidade mais limpa: trocar lixo por vale-transporte onde os caminhões da limpeza não chegam: 10 quilos recolhidos pelos moradores valem 17 centavos. Enquanto faz uma campanha de impacto imediato nos meios de comunicação, a S.O.S. Mata Atlântica também aposta no futuro, com o Programa de Educação Ambiental dirigido a escolas. A engenheira florestal Marina Ugo Santo, coordenadora do programa, não deixa por menos: para ela, dispor do lixo não é um favor, mas um dever. "O problema do lixo é de quem o produz", define Marina. "Se você está numa praia e sabe que lá não tem lixeira, paciência: guarde o lixo para jogar mais tarde no lugar certo." Em matéria de lixo, portanto, o papel de cada um é sua própria responsabilidade.

A BRIGA DOS GRAFITES.

Não é apenas no chão que o espaço comum é invadido. Como se não bastassem as pichações, muros e paredes têm sido há algum tempo usados como canal de manifestação daquilo que para seus autores é arte rebelde, mas para muita gente não passa de garatujas de mau gosto - os grafites. A controvérsia corre solta. "Pichação é lixo, grafite de boa qualidade é arte", defende a crítica de arte Angélica de Moraes. O artista plástico e grafiteiro Hudinilson Jr. sustenta que o grafite tem até a função de preservar muros e paredes encobrindo a poluição de cartazes, fuligem e pichações. "É uma maneira de levar para a rua a idéia de arte", argumenta Hudinilson. Com desenhos e personagens que tanto podem significar um comentário irônico à vida da cidade como alusões a histórias em quadrinhos, os grafites, geralmente bem-humorados, não agridem tanto quanto as pichações, mas para alguns carregam uma cor autoritária. Afinal, depois que foi pintado, quem passa pelo local é obrigado a vê-lo, goste ou não - como também ocorre com os outdoors de publicidade. É por esse motivo que o crítico João Cândido Galvão, curador da Bienal de São Paulo, julga severamente o grafite: "É uma arte fascista".

UM EXEMPLO SOB O SOLO

Ao longo das 37 estações do metrô paulistano, é difícil ver um papel sobrando. Se alguém jogar algo no chão, logo surgirá um funcionário encarregado de apanhar o lixo fora do lugar. Não há pichações nas paredes e os bancos raramente aparecem quebrados ou riscados. Com 2 milhões de usuários por dia, o metrô completa quase quinze anos como um lugar público excepcionalmente limpo - uma raridade mundial em termos de transporte subterrâneo. Como se explica isso? Desde que o metrô foi inaugurado, sabíamos que o essencial seria ter o usuário do nosso lado", conta Celso Giosa, diretor de operações.
Para tanto, a companhia precisou mostrar serviço: todos os dias são retiradas das estações, plataformas, terminais e trens 3,7 toneladas de lixo. Limpezas completas são feitas por todas as dependências do metrô em busca do menor resquício de sujeira. À noite, o lixo é retirado das plataformas por uma composição que circula sem passageiros. Tantos empenho custa à empresa cerca de 670 mil cruzados novos por mês - e nenhum centavo em reparos de estragos provocados por sujeira, porque não há o que reparar. O ambiente limpo constrange o passageiro que, de outro modo, se sentiria tentado a jogar lixo no chão. Não é incomum pessoas saírem do trem numa estação, apenas para colocar o lixo no cesto - e voltar ao carro.





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quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Fábrica de Estrelas - Astronomia


FÁBRICA DE ESTRELAS - Astronomia



A Via Láctea abriga 250 bilhões de astros como o Sol. Nossa galáxia pode explicar alguns enigmas cósmicos, como a natureza da chamada "matéria escura". É possível que seu núcleo seja um buraco negro.

No árido deserto do Novo México, nos Estados Unidos, 27 radiotelescópios alinhados na forma de Y observam atentamente o céu. O conjunto forma o VLA (Very Large Array, traduzido habitualmente por Arranjo de Muito Longa Base), uma espécie de antena gigante capaz de detectar emissões de ondas eletromagnéticas das mais distantes galáxias. Há seis anos, um grupo de astrônomo do Instituto de Tecnologia da Califórnia (CalTech) apontou o VLA na direção da constelação de Sagitário, onde fica o núcleo da Via Láctea. Quando os computadores combinaram os sinais recebidos em cada uma das 27 antenas, estava pronta a primeira imagem da extraordinária fonte de energia ali existente - algo como 10 milhões de sóis.
"Supõe-se pelo tamanho e pela forma dessa fonte de energia que no coração da Via Láctea existe um buraco negro", concluiu o astrônomo Kwok Yung Lo, da equipe do CalTech, referindo-se aos estranhos corpos, cuja existência ainda não foi comprovada, que exerceriam tamanha atração gravitacional sobre tudo que está a sua volta que nem a luz escaparia.
Pesquisas como a de Lo e seus colegas mostram que as respostas a algumas indagações importantes sobre a origem e a evolução do Universo - por exemplo, se o Cosmo está mesmo se expandindo - podem ser encontradas aqui mesmo na nossa galáxia, que abriga o Sol e o seu séquito de planetas, entre os quais a Terra. Deixada de lado durante algum tempo em favor de galáxias mais distantes, nestes últimos anos a Via Láctea "voltou ao centro das atenções", como afirma a astrônoma Sandra dos Anjos, da Universidade de São Paulo. Equipados com novos telescópios e sensores eletrônicos, os cientistas tentam construir uma imagem mais completa da Galáxia, o que antes não era possível por que suas nuvens de gás e poeira prejudicavam a observação. A nova imagem mostra que a Via Láctea, como as outras centenas de bilhões de galáxias que se calcula haver no Universo conhecido, é uma fábrica que transforma matéria gasosa em estrelas. Ela se condensou na mesma época que suas irmãs, até 10 bilhões de anos atrás, a partir de uma nuvem primordial de gás em movimento, composta na maior parte de hidrogênio, com alguma porcentagem de hélio.
Essa colossal nuvem começou a se contrair pela ação da força gravitacional até ficar com uma aparência que pode ser comparada à de dois ovos fritos colados entre si pelas claras. A região interna, densa e concentrada, onde se supõe existir o buraco negro, gira mais rapidamente em redor de si mesma, como se fosse um corpo sólido. Já no disco em volta do núcleo, as nuvens de gás giram mais devagar. É o mesmo princípio, em escala descomunal, que permitiu a criação de um sistema planetário ao redor do Sol. Em torno desse conjunto, distribuídos numa imensa esfera chamada halo, estão os aglomerados globulares, formados por centenas de milhares de estrelas.
Desde Nicolau Copérnico ( 1473-1543) se sabe que a Terra não é o centro do sistema solar. Mas por muito tempo ainda se acreditou que o Sol estivesse no centro da Via Láctea. Em 1917, o astrônomo americano Harlow Shapley (1885-1972), considerado um dos fundadores da Cosmologia moderna, acabou com essa idéia. Ao medir as distâncias da Terra de alguns aglomerados globulares que giram perto do centro da Galáxia. Shapley pôs o sistema solar no seu devido lugar: nos subúrbios do disco da Via Láctea, longe do centro cerca de 30 mil anos-luz ou inimagináveis 285 quatrilhões de quilômetros. A Via Láctea, ela própria, faz parte do que se chama Grupo Local, uma família de umas vinte galáxias por assim dizer vizinhas, entre as quais as conhecidas Andrômeda e as Nuvens de Magalhães, onde foi avistada há dois anos a supernova 1987 A. O Grupo Local parece dirigir-se para uma superconcentração de galáxias que se imagina também estar sendo atraída por um aglomerado ainda maior e mais distante.
No interior da Via Láctea, há cerca de 10 bilhões de anos, começaram a aparecer os primeiros embriões de estrelas formados pela condenação de hidrogênio. No núcleo desses embriões, reações termonucleares transformaram o hidrogênio em outros elementos químicos: primeiro, hélio e depois carbono, que, por sua vez, provocou novas reações. Quando isso ocorreu, nasceram as primeiras estrelas e uma descomunal quantidade de energia foi liberada para o espaço sob a forma de luz e outras radiações eletromagnéticas. Dependendo de sua massa, depois de alguns bilhões de anos, muitas daquelas estrelas explodiram, expelindo o seu conteúdo para as nuvens de gás. Essas nuvens gigantescas são as incubadeiras de outras estrelas da Galáxia. Chamam-se nebulosas porque, vistas da Terra, parecem manchas esbranquiçadas, pois o seu interior é iluminado por uma infinidade de estrelas recém-nascidas.
Parte da matéria-prima que compôs o Sol e os planetas , bem como a combinação de átomos que tornou possível a vida na Terra, foi gerada no forno das primeiras gerações de estrelas da galáxia. "Somos todos feitos de pedacinhos de estrelas", ousa o astrônomo Roberto Boczko, da Universidade de São Paulo. Ele explica que o espaço entre as estrelas é povoado por um arsenal de moléculas, formadas por átomos expelidos pelas próprias estrelas.
Depois de bilhões de anos, as moléculas se organizaram de forma cada vez mais complexa. Já foram identificadas cerca de cem moléculas diferentes, algumas simples, como carbono, oxigênio e nitrogênio, outras mais complexas, como o cianopentacetileno. "Cada tipo de molécula tem uma assinatura - uma freqüência única de rádio", atesta o astrônomo Eugênio Scalise, do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), que há cinco anos pesquisa a existência de moléculas de água nas proximidades de estrelas muito jovens.
Quem olha para o céu numa noite límpida e sem luar percebe a Via Láctea como uma brilhante faixa leitosa. Daí o nome: aos antigos romanos parecia um caminho de leite. Se fosse possível retratá-la de cima, a Via Láctea pareceria uma imensa espiral girando como um cata-vento em torno do núcleo. Os braços dos cata-vento indicam concentrações de matéria e são formados por estrelas e nebulosas. Esses braços são interrompidos por nuvens de poeira. O espaço em volta, embora pareça vazio, possui hidrogênio e outros gases, de forma rarefeita. O caminho de leite dos romanos é a Via Láctea como que vista de perfil. A quantidade de estrelas que ela parece abrigar depende de onde se encontra e para onde olha o observador - fora da faixa branca os espaços são pouco povoados. Na faixa, se vêem tantas estrelas que parecem formar uma única massa luminosa.
Com diâmetro de 100 mil anos-luz, que corresponde à metade da distância da Terra à Grande Nuvem de Magalhães, a Via Láctea tem cerca de 250 bilhões de estrelas (todas as 6 mil estrelas que se avistam a olho nu da Terra estão na Via Láctea). Mas uma boa parte da massa da Galáxia não se encontra nas estrelas, no gás ou nas moléculas interestelares até agora observadas. Ela pertence a alguma coisa que os astrônomos designam por matéria escura, por enquanto invisível, que ocupa um gordo naco de espaço, provavelmente na periferia do disco galáctico. "Não podemos ver a matéria escura, mas sabemos que existe pela influência gravitacional que exerce sobre os demais componentes observáveis da Galáxia", explica Roberto Boczko. Em outras palavras, a Via Láctea não teria exatamente a forma que aparenta se não houvesse essa misteriosa matéria escura à sua volta.
"O cálculo da massa do Universo, que é um dos parâmetros usados para medir a sua evolução, deverá levar em conta a matéria escura", esclarece Boczko. "Com esse dado será possível dizer se o Universo está mesmo em expansão, com as galáxias se afastando umas das outras como pontos na superfície de um balão de borracha que se enche." Em teoria, a matéria escura pode ser qualquer coisa, de prótons a planetas. Alguns astrônomos acreditam que se trata de corpos conhecidos, como estrelas anãs pouco luminosas ou asteróides pequenos demais para serem visíveis.
Outros acham que a matéria escura é constituída de partículas subatômicas ainda desconhecidas. Seja qual for a verdade, sua eventual descoberta nesta ou em outras galáxias será com certeza um extraordinário avanço científico, comparável por exemplo à captação em 1965 da radiação de fundo remanescente do Big Bang, a explosão que deu origem à expansão do Universo. Se a Terra ficasse no núcleo da Via Láctea, as noites seriam muitíssimo mais estreladas. Enquanto a vizinha mais próxima do Sol, Alfa, da constelação de Centauro, está a 4 anos-luz de distância, o intervalo entre as estrelas do núcleo da Via Láctea é bem menor, quase igual ao dos planetas em relação ao Sol.
A distância entre a Terra e o Sol, por exemplo, é de 8 minutos-luz. Acredita-se que as estrelas do núcleo estão sendo atraídas para um ponto central, onde se supõe existir o buraco negro, revelado nas imagens captadas pelo VLA sob a orientação dos astrônomos do CalTech. Ultimamente, imagens ainda melhores do caroço da Via Láctea mostram que ali existe um aglomerado de fontes de calor. Pode ser que a massa combinada daqueles astros seja responsável pela atração exercida pelo núcleo - como se ali existisse não um, mas vários pequenos buracos negros. Para o astrônomo americano George Rieke, da Universidade do Arizona, "há evidências muito fortes de que as galáxias vizinhas, como Andrômeda, têm grandes buracos negros no centro". Mas ele adverte: "Isso não significa que a Via Láctea tenha que seguir a mesma regra". Uma das teorias correntes sobre os buracos negros afirma que eles seriam os motores que fornecem aos quasares a sua extraordinária capacidade de radiação.
As emissões dos quasares, cujo nome significa fonte de rádio quase-estelar (do inglês quasi-stellar radio source), são captadas de galáxias distantes bilhões de anos-luz da Terra. São testemunhas dos primeiros tempos do Universo, ou seja, o jardim de infância das galáxias atuais. Alguns astrônomos acreditam que à medida que os quasares se apagam as galáxias amadurecem e herdam os buracos negros em seu núcleo. Segundo o astrônomo inglês Donald Lynden-Bell, da Universidade de Cambridge, e um dos mais respeitados estudiosos da Via Láctea, "os núcleos das galáxias são os cemitérios dos quasares que vemos brilhando na aurora do Universo".
Há menos de dez anos, os astrônomos descobriram que as nuvens de gás quente em volta do núcleo da Via Láctea formam um arco agitado por enormes raios, resultado da ação de poderosas forças magnéticas. O espetáculo deve ser impressionante: esses raios, uma espécie de relâmpagos cósmicos, se estendem às vezes por centenas de anos-luz de distância. "Ao que parece, as nuvens de gás quente devem conduzir eletricidade, fornecendo o alimento necessário a esses relâmpagos", especula um dos seus descobridores, o americano Marc Morris, da Universidade da Califórnia. Esta, porém, não é a única manifestação de atividade magnética no núcleo da Via Láctea. Astrônomos japoneses captaram as emissões de ondas gigantes de matéria rarefeita que se elevam várias centenas de anos-luz acima do plano da Galáxia e podem ser comparadas aos turbilhões de plasma que agitam a superfície solar.
Como em tantos outros campos da ciência, o que já se aprendeu sobre a Via Láctea rivaliza com o que ainda se ignora a seu respeito. Pode ser que nos próximos anos se saiba explicar alguns grandes mistérios, como a natureza da matéria escura e a constituição do núcleo galáctico - que, em última análise, estão ligados à origem e evolução do Universo. Como reconhece o astrônomo Marc Morris, "quanto mais se aprende sobre a Via Láctea mais complicada ela fica. Mas também se pode dizer que fica mais interessante:".

AS IRMÃS DO SOL

Quando uma nuvem de gás nos braços em espiral da Via Láctea se contrai devido à própria gravidade, começam a ocorrer as reações termonucleares que fazem nascer as estrelas. Algumas, como as supergigantes vermelhas, são milhares de vezes mais brilhantes que o Sol; outras, como as anãs brancas, emitem uma luz tão fraca que equivale a 1 milionésimo da luminosidade solar. Essa espantosa diversidade tem uma explicação simples: trata-se apenas de uma questão de massa e idade. As estrelas mais pesadas produzem mais energia, sendo portanto mais brilhantes e quentes que as de massa menor. O Sol, por outro lado, deve esgotar seu combustível em 5 bilhões de anos. Então terá o tamanho de uma gigante vermelha, para depois murchar e virar uma anã branca. Sua massa será igual à que tem hoje, comprimida, numa esfera do tamanho da Terra.
Se a maioria da estrelas morre pacificamente de velhice, algumas, sobretudo as de maior massa, têm um final violento. Quando a estrela chega ao fim de sua fase de super-gigante vermelha as reações nucleares próximas ao núcleo ficam tão fortes que tudo explode e a matéria que compõe o astro é projetada em fragmentos no espaço: é a supernova. Nessa explosão colossal, a supernova brilha brevemente como 1 bilhão de sóis. Depois da explosão, seu núcleo se contrai até que ela se transforme numa estrela de nêutrons ou pulsar. Ao girar feito um turbilhão, a estrela de nêutrons emite radiações rigorosamente regulares, como os lampejos de um farol.
Teoricamente, o centro de uma estrela se transformará numa anã branca ou num pulsar, conforme a sua massa. Mas, caso essa massa seja excepcionalmente grande, quando a estrela se contrair nada conseguirá impedir o seu colapso; e quanto maior o núcleo, e ao mesmo tempo mais concentrado, maior será também a força gravitacional. A estrela transforma-se então num buraco negro.





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quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Cem anos nos céus de Paris - Torre Eiffel


CEM ANOS NOS CÉUS DE PARIS - Torre Eiffel



Inaugurada em maio de 1889, a Torre Eiffel é um prodígio de engenharia e o símbolo de um tempo. Seus 300 metros ergueram as aspirações de um mundo em transformação.

No dia 15 de maio de 1989, uma das mais belas filhas da França completou a respeitável idade de 100 anos. Símbolos por excelência de Paris, como o Coliseu é de Roma e o Cristo Redentor do Rio de Janeiro, a Torre Eiffel - construção vizinha à margem esquerda do Sena, num dos pontos mais elegantes da cidade - é também um dos símbolos característicos de um período de formidável expansão da civilização humana, na esteira da Revolução Industrial desencadeada na Inglaterra. Naquele final do século XIX, tudo era movimento e mudança, inovação e invento. Por toda parte vicejava a ordem burguesa, cujo grande edifício político começara a ser construído na Revolução de 1789 na França - em celebração da qual se decidiu erguer em Paris um marco imperecível. Para não melindrar as muitas monarquias ainda existentes, porém, optou-se por festejar o advento da República francesa longe da memória da guilhotina, valorizando mais o presente e o futuro.
Era uma idéia esculpida sob medida para um homem que encarnava em seu métier o espírito ousado da época - Gustave Eiffel, engenheiro nascido em Dijon, a terra da mostarda, no sul do país, em 1832. Monsieur Eiffel era um construtor de pontes, conhecido também pela criação de algumas obras nada convencionais, como a estrutura da Estátua da Liberdade, em Nova York, a cúpula do observatório de Nice, no sul da França - que tinha a peculiaridade de poder ser girada apenas com as mãos, devido a um genial mecanismo apoiado num lençol de água. Usando seu extraordinário talento para cálculos, concebeu pontes como se fossem kits, para serem montadas em poucas horas. Foi um sucesso de vendas, pois Eiffel era ainda um excelente homem de negócios.
Cinco anos antes do centenário da Revolução Francesa, os organizadores da Exibição Universal de Paris, de 1889 - uma exposição periódica de inventos do mundo inteiro -, tomaram a decisão de construir um monumento para honrar a data. Seria uma torre de mil pés (304,8 metros), altura que pairava como um desafio ao engenho tecnológico do tempo. Dois engenheiros da construtora Eiffel, Emile Nouguier e Maurice Koechlin, trabalhavam então no projeto de um imenso pilar de ferro - o material da moda, na época - formado por quatro bases que se encontravam no topo. Segundo seu desenho, a torre seria intercalada por plataformas metálicas, o que serviria para fixar a construção.
As plantas foram apresentadas a Eiffel. Este, embora não aparentasse maior interesse, permitiu que os dois discípulos continuassem com os estudos. A eles se juntou o arquiteto Stephen Souvestre, outro veterano da empresa, responsável por diversas modificações no projeto inicial. Para começar, Souvestre idealizou um imenso salão envidraçado que ocuparia todo o primeiro andar. O salão e as quatro colunas seriam unidos por arcos monumentais, que não só dariam impressão de maior estabilidade ao conjunto como também serviriam de portão de entrada da Exibição.
Tais alterações e, sobretudo, a possibilidade de ser o primeiro a levantar uma obra de 300 metros, despertaram a vaidade do construtor. Em março de 1885, Eiffel se apressou a exibir o projeto à Sociedade dos Engenheiros Civis. Resultado: quando o ministro do Comércio, Eduard Leckroy, abriu a concorrência para a escolha da torre, o texto deixava claro qual tinha sido a fonte de inspiração: "Sugerimos que se pense na alternativa de projetar uma torre de ferro de 300 metros de altura, com quatro pilares de base, que formem um quadrado de 125 metros de lado..."
A 12 de junho, a comissão julgadora anunciou a decisão, de resto já esperada por todos: entre setecentos projetos de 107 autores, o de Gustave Eiffel tinha sido escolhido para o monumento à Revolução. Ele receberia uma subvenção de 1,5 milhão de francos para os trabalhos, que custariam na verdade 7,8 milhões - uma dinheirama equivalente ao custo de 20 mil casas de padrão médio. O resto do orçamento deveria ser levantado pelo próprio Eiffel. Ele teria, em compensação, o direito de explorar o monumento por vinte anos. Era pegar ou largar. Eiffel pegou. O terreno doado pela Prefeitura de Paris, ficava junto aos jardins do Campo de Marte na Rive gauche. Nos dezoito meses seguintes, cinquenta engenheiros desenharam nada menos de 5 300 plantas. As 18 038 peças da torre foram pré-fabricadas, nas oficinas Lavallois-Perret, algo até então nunca tentado em obras de grande porte (nesses casos, as peças eram produzidas no local da montagem).
De 150 a 300 operários trabalharam na construção da torre propriamente dita, enquanto outros tantos fabricaram os 2,5 milhões de parafusos e o milhão de rebites que uniriam com precisão de décimos de milímetro todas as partes desse gigantesco brinquedo de montar. As vigas já subiam no tamanho certo e devidamente furadas - só os parafusos eram fixados no local. Para sustentar os quatro pilares voltados para os pontos cardeais, que deveriam repousar sob o solo num lençol arenoso, foi necessário remover 30 mil metros cúbicos de lodo, argila e terra; só isso consumiu quase meio ano de trabalho. Mais uma vez, Eiffel se mostrou revolucionário: para trabalhar no subsolo, utilizou caixas de ar comprimido que eram progressivamente empurradas até alcançar a profundidade ideal. Depois, preenchidas com cimento, serviram de fundações para a torre.
Houve quem não gostasse da idéia de espetar nos céus de Paris tão extravagante agulha de ferro. Um respeitável número de artistas, por exemplo, redigiu uma carta de protesto contra a "aberração" que "ofendia o bom gosto dos franceses". O escritor Guy de Maupassant, por exemplo, dizia tratar-se de um "esqueleto horroroso". Impassível Eiffel levou adiante seu propósito. A construção acima do solo finalmente começou a 1 de julho de 1887. A maior dificuldade era atingir o primeiro andar. A partir dali a estrutura básica estaria armada, bastando apenas, por assim dizer, empilhar algumas toneladas de traves e parafusos.
Antes disso, porém, os quatro pés eram colunas inclinadas, soltas no espaço. Foi preciso escorá-las com postes de madeira que sustentavam as caixas de areia onde as colunas de ferro se apoiavam. Estas atingiam a inclinação exata à medida que, pouco a pouco, se escoava a areia. Além disso, sob cada uma das quatro bases, foi colocado um macaco hidráulico, para ajustar a altura ideal. O resultado foi uma perfeita coincidência dos quatro pilares a 57 metros de altura - não foi preciso limar ou cortar 1 centímetro sequer. As obras, em si, logo viraram uma grande atração: parisienses, franceses de outras cidades e até estrangeiros vinham todos contemplar a colossal armação.
A perfeição do trabalho entusiasmou tanto os franceses que alguns deles se dispuseram a escalar 345 degraus, o equivalente a dezenove andares de um prédio, até uma barraca improvisada onde o exigente Eiffel e sua equipe festejavam a proeza. Seu desafio seguinte era a altura. Como não existiam guindastes capazes de içar peças a tamanha elevação, o engenheiro recorreu a um sistema inovador que, depois de imaginado, parece óbvio: a própria torre sustentaria quatro gruas a vapor para transportar as vigas.
À medida que a construção subisse, as roldanas das gruas também seriam deslocadas para andares superiores. Quatro meses depois, alcançou-se o segundo andar.
Para que os trabalhadores não perdessem tempo subindo e descendo intermináveis escadas, Eiffel autorizou a construção de duas cantinas nas plataformas. O preço das refeições era módico: 65 centimes, pouco mais da metade do que os peões recebiam por um hora de serviço. Não obstante, e talvez motivados pela inquietação do final do trabalho, em setembro de 1888 os operários entraram em greve por melhores salários. Quatro dias parados depois, as reivindicações foram atendidas. Para Eiffel valia a pena pagar a diferença para não perder a batalha contra o tempo. Pouco mais tarde, outra greve eclodia. Dessa vez, porém, Eiffel foi inflexível: não só não aumentou os salários como também puniu de maneira peculiar os líderes do movimento, confinando-os ao primeiro andar - um humilhante rebaixamento para quem construía a grande obra de engenharia do século.
A tarefa de encaixar as milhares de peças do imenso quebra-cabeça tornava-se cada vez mais rápida: a torre afinava à medida que ganhava altura. Erguidas pelo sistema das gruas, as peças levavam em média apenas 15 minutos para alcançar a altura de 200 metros. Em fevereiro de 1889, quando a torre alcançou 264 metros, um obscuro matemático francês, cujo nome não entrou para a história, previu seu desmoronamento; naturalmente, nada aconteceu - ela se mantinha absolutamente rígida. O vento, esse sim, era uma das principais preocupações de Eiffel, construtor de uma ponte que ruiu sob um vendaval noturno. Para não correr riscos parecidos, o engenheiro desenhou a torre de maneira que resistisse a rajadas de até 250 quilômetros por hora, algo que os parisienses jamais tiveram o dissabor de ver nestes cem anos.
Mesmo nesse caso extremo, a estrutura da torre permitiria que a ponte se movesse nada menos de 70 centímetros, sem apresentar, contudo, o menor perigo (o recorde até hoje foram apenas 15 centímetros). Além do vento, também o sol influi na dança porque a face da torre diretamente exposta ao calor dos seus raios se dilata mais depressa, fazendo o conjunto se inclinar levemente na direção oposta. Hoje, um monitor de TV instalado no primeiro andar mostra aos visitantes, graças a um sistema de visualização por raios infravermelhos, como a torre oscila lá em cima.
A 31 de março de 1889, a construção estava pronta. Nos exatos dois anos, dois meses e cinco dias de trabalho, vários recordes foram batidos.
Em primeiro lugar, com seus 300,65 metros, a torre permaneceria a estrutura mais alta do mundo até a inauguração do Empire State Building, em Nova York, com 380 metros, 41 anos depois. (Atualmente, a mais alta construção é a torre da TV Nacional da Polônia, em Varsóvia com 646 metros.)
Além disso, numa época em que a segurança no trabalho era mínima, a inexistência de acidentes fatais foi um marco à parte. Enfim, trata-se, literalmente de um monumento à leveza. Perfeitamente encaixadas, devido aos impecáveis cálculos de Monsieur Eiffel, as 7 300 toneladas da torre propriamente dita exercem uma pressão de apenas 4,5 quilos por centímetro quadrado de seus pés - equivalente à pressão sobre uma cadeira exercida por uma pessoa sentada.
Mantidas as proporções reais entre altura e peso, se a Torre Eiffel medisse apenas 30 centímetros, como uma régua escolar, pesaria 7 gramas, como uma folha de papel. Ainda assim, pode suportar um total de 10 416 pessoas em suas três plataformas - e, desde que foi inaugurada, o que nunca faltou ali foi justamente muita gente. Só no primeiro ano de existência, foi visitada por 2 milhões de pessoas - pouco menos que toda a população de Paris na época. Cobrando 5 francos por uma excursão até o topo - de elevador, naturalmente - e 2 até o primeiro andar, a Sociedade da Torre, então fundada, logo arrecadou 6 milhões de francos, o suficiente não só para reembolsar os banqueiros que financiaram o engenheiro Eiffel mas também para fazer dele próprio um milionário.
Em pouco tempo, a fama do monumento e de seu autor correram mundo. O inventor americano Thomas Edison se apressou a cruzar o Atlântico e ver com os próprios olhos a nova maravilha. Eiffel, para ele, era nada menos que o "engenheiro de Deus". Os seis meses que durou a Exibição foram uma festa permanente. Eiffel, já perto dos 60 anos, tinha um prazer especial em convidar as pessoas para conhecer seus laboratórios, instalados num apartamento particular no terceiro andar do monumento. À época, ele se interessava por Astronomia, Meteorologia e Aerodinâmica, a que iria se dedicar integralmente anos depois. Para a nata da sociedade, o creme de la creme parisiense, não havia nada mais charmoso que almoçar num dos dois restaurantes do primeiro andar e comprar o diário Le Figaro no segundo, onde funcionaram a redação e as oficinas do jornal durante a mostra.
No entanto, um fantasma pairava sobre a torre - o limite de vinte anos da concessão outorgada a Eiffel. Ou seja, a partir de 1909, a inigualável torre de peças encaixadas poderia ser transformada numa montanha de sucata. Era preciso, portanto, torná-la útil para que sobrevivesse. O engenheiro, então com cerca de 70 anos, já tendo construído no Campo de Marte o primeiro túnel de vento do mundo para experimentos em Aerodinâmica, não parara de pensar no futuro de sua obra-prima. Em 1898, um certo Eugène Ducreter obtivera licença para instalar a antena de um aparelho de telégrafo sem fio no topo da torre. Eiffel logo percebeu que aí estava a garantia de longa vida para o monumento. No fim de 1903 ofereceu a torre ao Exército para a instalação dos equipamentos necessários à telegrafia militar. A oferta foi prontamente aceita.
Proporcionando uma visão de 360 graus a uma distância (em dias claros) de até 70 quilômetros, a torre possuía evidente utilidade como posto de observação militar. Por isso mesmo, ficou fechada aos civis nas duas guerras mundiais. Desde então, continua a servir como ponto de apoio a sistemas de comunicação. Em meados da década de 30 foram realizadas ali as primeiras experiências francesas com emissão de imagens - e em 1946 uma antena de TV instalada no topo elevou a altura da torre a 320 metros. Atualmente, ela pode receber e transmitir os sinais de seis emissoras de TV e dez estações FM de rádio. Passados cem anos, a majestosa construção permanece como uma das maiores atrações turísticas do mundo, visitada anualmente por cerca de 4 milhões de pessoas, que levam como souvenirs 1,5 milhão de cartões-postais e 100 mil chaveiros com o formato da torre.

O ENGENHEIRO QUE PENSAVA GRANDE

O vencedor do concurso para o monumento da Exibição Universal de 1889 era um circunspecto cavalheiro de 53 anos, frios olhos azuis, baixote e rechonchudo, autoritário por temperamento e antimonarquista por convicção. Do pai, um veterano das guerras napoleônicas, Gustave Eiffel tinha herdado o espírito sonhador e inventivo; da mãe, a verdadeira chefe da família, o senso prático e o tino para negócios. Em 1857, aos 25 anos, de posse de um diploma de engenheiro químico da École Centrale de Paris, começou a trabalhar numa fábrica de máquinas a vapor e material para ferrovias. Tão bem se saiu que, no ano seguinte, já em outro emprego, supervisionou a construção de uma ponte ferroviária sobre o rio Garonne, em Bordéus, a maior do gênero na França.
Era a primeira de uma centena de obras que lhe dariam fama e fortuna como um dos grandes construtores de pontes de seu tempo, com obras pelos quatro cantos do mundo, da Rússia à Indochina, da Áustria ao Peru. Desde os 35 anos tinha sua própria empresa de engenharia e não se distinguia exatamente pela modéstia: todo fim de ano tinha o costume de dar um retrato seu de presente à mulher, Marie Gandelet, com quem se casara aos 30 anos e com quem teria cinco filhos. Marie morreu em 1877 de doença pulmonar. Muita gente não gostava de Monsieur Eiffel. Dizia-se que não primava pela lisura nos negócios e se apropriava com muita ligeireza de idéias alheias.
Um episódio em especial deu munição aos seus inimigos. Em 1887, no mesmo ano em que a Torre começava a surgir em Paris, projetou as eclusas do canal do Panamá - o que teria sido a maior obra de sua vida, não fosse um escândalo envolvendo acusações de corrupção que estourou no ano seguinte, mal haviam começado os trabalhos. A participação de Eiffel no caso nunca ficou efetivamente provada. Mesmo assim, foi condenado a dois anos de prisão, sentença depois suspensa pelo Supremo Tribunal. Inaugurada a Torre, o autor trocou as obras pelas pesquisas ligadas à aerodinâmica. Ao morrer, em 1923, aos 91 anos, tinha a seu crédito mais de 5 mil experiências e pelo menos dois projetos futuristas: o de um túnel sob o canal da Mancha, entre a França e a Inglaterra, de 1890, e o de um avião de combate de alta velocidade, de 1917.





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quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Um Santuário para os Rinocerontes - Natureza



UM SANTUÁRIO PARA OS RINOCERONTES - Natureza



Os governos de países africanos patrocinam operações de salvamento para manter fora da mira dos caçadores de chifres os sobreviventes das chacinas que quase extinguiram duas espécies desses animais.

Depois de milhões de anos de existência relativamente pacífica, este século tem sido uma calamidade para um bicho sonolento e solitário, míope e vegetariano, de casca grossa e humor imprevisível, que mede mais de 3 metros do focinho ao rabo e pesa um bom par de toneladas - o poderoso rinoceronte. Para sua desgraça, o homem cismou de acreditar que o par de chifres que ele carrega acima do nariz, o maior com uns 60 centímetros, tem extraordinárias propriedades medicinais quando reduzido a pó: analgésico, antiespasmódico, antiinflamatório, diurético e, ainda por cima, afrodisíaco.
Ao que tudo indica, os primeiros a acreditar nessa lenda foram os chineses. Outros povos do Oriente, igualmente desinformados, aderiram ao mito, apesar dos desmentidos zangados dos médicos e da negativa igualmente cabal de sucessivos testes de laboratório, o mais recente deles realizado na Suíça em 1982. Resultado: o pó de chifre de rinoceronte é vendido a peso de ouro e o animal paga por isso com a vida. Trata-se, para piorar as coisas, de um produto em alta, cujo preço multiplicou-se por cem - isso mesmo, cem - nos últimos cinco anos. Nos mercados semiclandestinos de Cingapura, Formosa e Hong Kong, o quilo de chifre transformado em pó alcança milhares de dólares, batendo folgadamente o ouro.
Além disso, no Iêmen do Norte, no Oriente Médio, um cabo de adaga esculpido do mesmo material chega a ser negociado por mais de 10 mil dólares. A caça a esse remanescente da Pré-história equivale a um verdadeiro genocídio. De fato, se no fim do século passado, como se supõe, as cinco espécies de rinocerontes existentes no mundo (duas na África e três na Ásia) somavam 1 milhão de indivíduos, hoje o total é estimado em 10 mil. A maior espécie asiática (Rhinoceros unicornis) sobrevive no Nepal e no noroeste da Índia, com mil indivíduos. Outras se extinguem nas ilhas de Java e Sunda e nas Florestas da Birmânia e Malásia. Nas savanas da África, o alvo predileto dos caçadores é o chamado rinoceronte-preto (Diceros bicornis).
No Zimbábue, país do Sudeste africano até há pouco tido como um dos derradeiros lugares seguros para essa espécie, em média um rinoceronte é abatido todos os dias a tiros de fuzil de grosso calibre. Há duas décadas, ainda existiam 60 mil rinocerontes-pretos livres, fora de reservas e parques zoológicos. Atualmente, não devem restar mais de 3 mil, cerca de quinhentos dos quais no Zimbábue, a antiga Rodésia, que considera esse bicho um símbolo nacional. O rinoceronte-preto pesa entre 1700 quilos e poucos mais de 2 toneladas, perdendo em tamanho e peso para a outra espécie de rinocerontes africanos, a dos brancos (Ceratotherium simmum), que chega a pesar 4 toneladas.
Pretos e brancos, na realidade, têm a mesma cor de lama acinzentado-escura - os nomes são conseqüência de um mal-entendido. Os exploradores ingleses achavam que wodje - palavra de língua africana significando "grande" - queria dizer white, "branco"; a outra espécie acabou sendo conhecida como preta, por simples oposição. Apesar do tamanho e da blindagem que os reveste, ao pegar embalo os rinocerontes africanos são capazes de correr a 50 quilômetros por hora - um desempenho terrível quando eles investem contra outros bichos em rompantes de fúria, mas definitivamente insuficiente para escapar aos caçadores profissionais de armas azeitadas e mira excelente.
O rinoceronte é diferente de outros animais chifrudos: seus tão valorizados cornos têm uma composição peculiar, pois nada mais são do que um compacto de finíssimos fios de cabelo unidos pela proteína queratina, substância dura que forma também as unhas. Na Ásia está cada dia mais difícil comprar chifre de rinoceronte - não tanto por causa da vigilância dos governos, mas pela escassez de animais. Por isso, os caçadores de rinocerontes, capazes de arrancar seus chifres em menos de 45 segundos, depois de abater o animal, partiram rumo à África nesta última década. O Zimbábue, porque sempre tratou de proibir a atividade desses invasores, foi o último país procurado pelos comerciantes de chifres.
Mesmo assim, desde 1985, quando o governo decretou o estado de emergência para impedir a carnificina, os guardas-florestais já encontraram aproximadamente quinhentos rinocerontes mortos. O número verdadeiro, imagina-se, deve ser até maior. O governo acabou autorizando que guardas-florestais fossem treinados como guerrilheiros com ordens de atirar para matar, instalados em vários postos de vigia ao longo dos 200 quilômetros da margem direita do rio Zambeze, na fronteira norte com Zâmbia - a porta de entrada da maioria dos caçadores. Além disso, foi iniciado um programa salvador destinado a deslocar animais do vale do Zambeze até os santuários de rinocerontes - verdadeiros esconderijos sob proteção oficial, cuja localização exata é mantida o quanto possível em segredo. Já existem seis desses refúgios, cada um com 26 mil hectares.
Para garantir a sobrevivência dos rinocerontes-pretos ainda existentes em seu território, o Zimbábue precisa ter outras dez áreas como essas. Como o país é pobre e as operações de salvamento são caras, apenas dois ou três animais são transferidos por dia. Mesmo com tais limitações os números demonstram que o projeto vale a pena: dois anos após seu início, já se conseguiu tirar nada menos de trezentos animais da mira dos caçadores. Toda a operação transcorre em ritmo de aventura. Para resgatar um rinoceronte-preto são necessários mais de cinquenta homens. Ao se avistar o animal, ele é alvejado por um projétil disparado de um fuzil que contém uma dose de tranquilizante. Esta deve ser a menor possível, pois se sabe que os rinocerontes são bastante sensíveis à droga.
Atordoado, o animal nem chega a tombar: fica parado, como se tivesse perdido a vontade ou a força para se movimentar. Nas vezes em que isso não acontece imediatamente, o rinoceronte ainda corre alguns quilômetros até o remédio produzir total efeito. Para que ele não escape, o helicóptero de onde toda a operação é coordenada indica pelo rádio o lugar em que o animal se encontra. Então, deslocam-se para ali caminhões e dezenas de homens a pé. Estes, por sinal, costumam ser os primeiros a chegar, por causa da precariedade das estradas naquelas lonjuras. Há ocasiões em que os veículos só chegam ao rinoceronte depois de quatro horas de viagem, quando o bicho já foi amarrado e deitado de lado, para evitar que sufoque, como pode acontecer caso o anestésico o faça desmoronar.
Para colocar o animal no caminhão, o ideal seria um equipamento mecânico. À falta deste, é preciso a força de quarenta homens e o serviço não dura menos de meia hora. Já no acampamento do Parque Nacional do Zimbábue, o rinoceronte é deixado numa jaula a céu aberto. Ali, um veterinário examina o seu sangue e a sua resistência motora. Em seguida, o bicho é numerado. A rotina do acampamento gira em torno das refeições desses hóspedes temporários, que parecem fazer questão de manter todo o seu espantoso peso: sempre comendo, são capazes de ingerir até 100 quilos de alimentos por dia. Por isso, é necessária uma equipe para colher galhos e mais galhos, oferecidos sem cessar aos animais.
Nem todos os rinocerontes-pretos, contudo, vão para os refúgios. Alguns são exportados para criar novas populações em outros países. O Quênia, na África Oriental, valeu-se desse recurso depois que seus rinocerontes estiveram à beira da extinção há dez anos. O Quênia, por sinal, é uma prova de que uma política inteligente de preservação da vida animal dá resultados. No começo do ano, o governo de Nairóbi anunciou orgulhosamente que o número de rinocerontes-pretos em suas quatro reservas especiais tinha superado a casa de seiscentos, um ganho de uma centena em relação aos dados estimados em 1988.
Ao chegar ao parque, o rinoceronte não é libertado de imediato. O problema é que esse animal imenso, com fama de ranzinza e capaz de reações violentas quando não está acostumado ao contato com humanos, é na realidade um grande medroso. Com o choque da captura ainda presente na memória, se fosse libertado na hora da chegada aproveitaria a oportunidade sem pestanejar: sairia feito um fugitivo em desabalada carreira, até perder o fôlego, algo extremamente perigoso para uma espécie cujo sistema respiratório é frágil em situações de sobrecarga física. Ainda enjaulado, o rinoceronte permanece observado pelos veterinários e recebe um tratamento de primeira classe, que inclui refrescantes chuveiradas todos os dias. Depois de algum tempo, quando se percebe que o rinoceronte se acostumou ao novo ambiente, é solto, enfim, para viver em paz, longe dos caçadores como seus ancestrais.

BICHO DE FARO FINO, DADO A ACESSOS DE IRA

Há 55 milhões de anos, a família dos Rhinocerotidae era formada por espécies que circulavam também em amplas regiões da Europa. Fósseis congelados mostram que na Sibéria havia uma espécie de rinoceronte cujo corpo era coberto por espessa camada de lã. As cinco espécies que sobreviveram até os tempos atuais têm, ao contrário, um couro pelado, embora muito resistente. Enxergando como um míope sem óculos, o rinoceronte se guia por um apurado faro, graças ao qual localiza o alvo de suas chifradas. Quem o observa, aliás, tem a falsa impressão de que ele vive afiando sua arma natural, pela maneira como esfrega nos galhos das árvores os dois chifres (o rinoceronte da Índia e o de Java só possuem um).
De qualquer modo, seus acessos de fúria não parecem ter motivo claro para os zoólogos. Afinal, com a imponência de seu tamanho, o rinoceronte adulto desconhece o que é ter inimigos - qual leão se atreveria a lançar seus 200 quilos contra as 2 ou 3 toneladas desse brutamontes? O rinoceronte, além de forte, é antes de tudo um solitário. É cada um por si, a não ser nas épocas de acasalamento. Essas não são freqüentes - um fato natural que também contribui para manter relativamente baixo o crescimento demográfico dos rinocerontes. As fêmeas preferem intervalos de até quatro anos entre uma gestação e outra. Compreende-se: a gestação dura dezenove meses. Para dificultar ainda mais a sobrevivência da espécie, tende a nascer só um filhote por gravidez - e este levará oito anos até se tornar sexualmente maduro





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terça-feira, 28 de agosto de 2012

A Batalha da Balança - Biologia


A BATALHA DA BALANÇA - Biologia



Por que uns são gordos e outros magros? Por que uns engordam com facilidade e outros comem muito e ainda emagrecem? As respostas estão nas engrenagens da máquina humana.

Recentemente, ao completar 50 anos, um responsável pai de família resolveu fazer um seguro de vida. "Nunca se sabe o que pode acontecer", raciocinou, sensatamente. Dirigiu-se então a uma companhia de seguros indicada por um amigo. Escolhido o plano de pagamento, o cliente assustou-se com a quantia que teria de desembolsar todo mês. "Mas isso é muito mais do que meu amigo paga, no mesmo plano", reclamou. O motivo logo foi-lhe explicado. Como ele não só pesava 30 quilos a mais do que o amigo mas também estava muito acima da média de peso de pessoas do seu tipo físico, o acréscimo era inevitável.
A idéia de cobrar mais caro pelos seguros de pessoas com excesso de peso surgiu nos Estados Unidos há alguns anos, devido à descoberta de que as pessoas gordas são mais suscetíveis a doenças, algumas das quais podem apressar a sua morte. Entre os males que geralmente acompanham o excesso de gordura, destacam-se os problemas cardiovasculares, principalmente a aterosclerose - entupimento das artérias causado por hipertensão ou por aumento do nível do colesterol, ambas complicações associadas ao excesso de gordura - , e a insuficiência cardíaca. Tendo conhecimento desses dados, as companhias de seguros foram criando, com a ajuda de especialistas, tabelas de correspondência entre o peso, a altura e o sexo de um indivíduo. A idéia era estabelecer uma base para o peso ideal de cada um, segundo um conjunto de características biológicas e físicas.
Essas tabelas são aceitas pelos médicos como uma referência confiável para avaliar a quantas andam seus pacientes em matéria de peso, mas elas não se destinam a esclarecer as causas das enormes diferenças que pode haver entre as pessoas nesse particular. Por que uns parecem viver permanentemente em regime de greve de fome e ainda assim perdem todas as batalhas contra a balança? E por que outros se deliciam, sem sentimentos de culpa, com uma porção extra de torta de chocolate e ainda assim permanecem esbeltos? A Medicina tem uma tonelada de respostas para dúvidas desse gênero. Mas, como acontece com muita gente em relação ao próprio peso, os cientistas não estão satisfeitos com o que sabem.
De fato, é difícil saber: não faltam enigmas por trás dessa questão aparentemente simples. O peso é um traço característico de uma pessoa, assim como a altura ou a cor dos olhos. A sua constância, em condições normais de saúde, é um prodígio da natureza. Exprime o equilíbrio entre as entradas e saídas de energias no organismo, como o extrato de uma conta bancária em que débitos e créditos estão bem administrados.
Por exemplo: se não houvesse um consumo equivalente de energia, uma colherzinha de açúcar a mais por dia acarretaria, ao fim de trinta anos, um aumento de peso de 20 quilos. O segredo da constância de peso num indivíduo saudável está na constância de certa quantidade de gordura no corpo. Nome genérico dado a substâncias como o glicerol e os ácidos graxos, a gordura habita células específicas, chamadas adipócitos, que constituem o tecido adiposo (de adipe, gordura em latim). O obeso é aquele cuja massa adiposa representa mais de 20 por cento do peso do corpo (25 por cento no caso das mulheres). Sob a forma de gordura, o tecido adiposo armazena 95 por cento das reservas energéticas do organismo. Os outros 5 por cento são supridos pelas reservas de glicogênio - um derivado da glicose - existentes no fígado e no tecido muscular. Embora seja o responsável pelos volumes e saliências que, geralmente concentrados em volta da cintura, fazem a infelicidade de tanta gente, o tecido adiposo é também o que torna os corpos mais atraentes, modelando as formas ao rechear os espaços entre ossos e músculos.
Para manter constante o peso, o organismo deve, portanto, gastar tudo o que ganha por meio dos alimentos. Se todos gastassem por igual, a questão se resolveria com uma simples operação aritmética: gordos seriam aqueles que comem mais do que precisam, e magros, os que comem menos. É lógico que comer demais está na base de todo excesso de peso, mas há situações em que a fisiologia desarruma a lógica. No caso dos magros que comem muito e dos gordos que se alimentam muito mal, o problema não parece ser o que entra em forma de alimento, mas o que sai em forma de energia. Todos os nutrientes contidos nos alimentos e bebidas que o homem ingere são utilizados para fazer o organismo funcionar.
Proteínas são transformadas para a produção de hormônios e enzimas; carboidratos - os açúcares - são queimados para a produção de energia; as gorduras - ou lípides - vão constituir a reserva adiposa. As reações bioquímicas que ocorrem nos processos de digestão, absorção e armazenamento dos nutrientes são extremamente complexas, mas todas estão a serviço de uma nobre causa: como dizem os médicos, o organismo deve manter o seu equilíbrio homeostático. Isto é, precisa conservar o seu meio interno constante, ao mesmo tempo que gere suas economias. O corpo humano é um modelo de avareza: tudo o que sobra do processo de digestão dos alimentos será transformado em gordura e em glicogênio. Esse potencial energético fica inteiro à disposição do organismo, até que este resolva utilizá-lo em situações de grande necessidade de calorias.
O gasto total de energia de um indivíduo - homem ou mulher, jovem ou velho - resulta de três fatores: o metabolismo basal, a termogênese e as atividades físicas. O metabolismo basal representa o gasto de calorias de uma pessoa em jejum e em repouso. É a energia requerida para as atividades necessárias à sobrevivência do organismo, como a respiração e os batimentos cardíacos. O metabolismo basal varia com a quantidade de chamada massa corpórea magra. Essa massa, formada pelos músculos e por outros órgãos, é que depende da energia para desempenhar suas funções biológicas. Quanto mais massa corpórea magra, maior será a energia despendida no metabolismo basal.
Esse fator também pode variar com o sexo e a idade. Os homens apresentam um metabolismo basal mais elevado (medindo a partir da respiração), já que possuem maior quantidade de massa corpórea magra do que as mulheres. Os mais jovens, igualmente, gastam mais para manter suas funções vitais do que as pessoas de meia-idade e os velhos, que já alcançaram a maturidade física e não precisam despender muita energia. Em condições normais, 73 por cento do consumo de energia pelo organismo se destina ao metabolismo basal. O resto é dividido entre os outros dois fatores. As atividades físicas ficam com 12 por cento e a termogênese com 15 por cento dos gastos calóricos do corpo.
A termogênese, por sua vez, é a energia consumida durante a digestão, a absorção, o transporte e a utilização dos nutrientes. A absorção intestinal, por exemplo, consome cerca de 3 por cento da energia fornecida pelos alimentos durante uma refeição. A estocagem de gordura no tecido adiposo custa 2 por cento e a conversão de glicose em glicogênio para o fígado consome algo como 6 por cento da energia total. A variação de temperatura também exige um maior ou menor dispêndio de energia. Quando está frio, o organismo deve gastar mais para manter a temperatura interna constante. Já em temperaturas mais altas, isso não é necessário. A termogênese ainda pode variar de acordo com o estado psicológico.
Situações de estresse, por exemplo, fazem com que o organismo gaste mais energia para funcionar. Por isso é comum pessoas em períodos emocionalmente difíceis perderem peso, ainda que se alimentem como sempre. Mas o contrário também pode acontecer, quando se passa a comer mais como forma de compensação psicológica numa situação de crise. Trata-se, segundo o psiquiatra Sérgio Bettarello da Universidade de São Paulo, de um comportamento aprendido na infância: "Se a mãe alimenta o filho toda vez que ele chora, a comida pode virar um substituto para outra emoções".
Um importante mecanismo de queima das reservas adiposas do corpo é comandado pelo hipotálamo, uma pequena região em forma de funil, situada na base do cérebro. A queima depende da liberação de um hormônio chamado noradrenalina, que age diretamente sobre o tecido adiposo. Quando o hormônio chega ali, transportado pela corrente sanguínea, é reconhecido por outras substâncias que, a partir de então, desencadeiam o processo de queima das gorduras, transformando-as em energia. Qualquer desequilíbrio na delicada trama que regula as entradas e saídas de energia pode ser o responsável pelo fato de alguém ser gordo ou magro
Segundo várias pesquisas, todas relacionadas à gordura, esses mecanismos são sujeitos a falhas. Isso não quer dizer que a magreza excessiva não possa resultar de um defeito naquela engrenagem. Quer dizer apenas que a esmagadora maioria das pesquisas busca descobrir mais sobre a gordura - e não sobre o seu oposto. Não é de estranhar: no mundo inteiro, apesar das legiões de desnutridos, a obesidade é que causa maior preocupação. De fato, não é todo dia que se vê uma pessoa indo ao médico porque precisa engordar. Nem as revistas femininas têm o hábito de publicar dietas de engorda. Nem, enfim, se morre do coração por escassez de quilos.
Segundo o endocrinologista Alfredo Halpern, da USP, existem pessoas que apresentam um déficit calórico nos gastos de energia, isto é, nelas, o organismo desempenha suas funções muito economicamente, poupando energia. Essas pessoas, fatalmente, acabam engordando. Hoje em dia, uma batelada de estudos em vários países tenta localizar esse déficit e identificar suas causas. Algumas pesquisas flagram o déficit nos mecanismos da termogênese. Isso pode acontecer no caso de pessoas que gastam menos energia ao se alimentar. "São indivíduos que aproveitam melhor os alimentos, devido a uma causa não muito bem esclarecida", diz Halpern. Essa causa pode estar na intrincada rede de reações químicas envolvidas nesses processos.
Os cientistas já conseguiram demonstrar, por exemplo, que a hiperfagia - a vontade irresistível de comer - pode estar relacionada às substâncias liberadas pelo hipotálamo. De fato, é nessa parte do cérebro que se localizam dois centros importantíssimos para o processo de alimentação: os centros da fome e da saciedade. Ao contrário do que pode parecer, fome e saciedade não são duas faces da mesma moeda. A necessidade de ingerir comida, de um lado, e a satisfação provocada por certa quantidade de alimento, de outro, são duas sensações distintas, geradas em locais diferentes do hipotálamo. As pesquisas mostram que ambas as sensações dependem de uma infinidade de estímulos químicos e hormonais desencadeados dentro ou fora do organismo.
O hormônio noradrenalina, por exemplo, age no centro da fome, diminuindo a sua intensidade, enquanto outro hormônio, chamado serotonina, age no centro da saciedade, aguçando esta sensação. Existem evidências de que certas pessoas com problemas de excesso de peso apresentam níveis menores de serotonina no centro da saciedade. Isso faz com que elas nunca se sintam plenamente satisfeitas por mais que se alimentem. Outras pesquisas, relacionadas às atividades físicas de gordos e magros, são motivo de controvérsia. Os cientistas já observaram que os gordos geralmente têm menos atividade do que os magros - entendendo-se por atividade física tudo que se faz com o corpo.
A observação tem sentido. Afinal o trabalho que os gordos devem fazer é bem maior, pois o esforço é diretamente proporcional à massa que carregam. Mas também essa regra tem suas exceções. Existem gordos superativos que, apesar de toda a movimentação, mantêm os seus quilos. E existem os magros sedentários, que, apesar da aversão por qualquer tipo de atividade física, mantêm-se esbeltos e saudáveis. Uma pista importante para se compreender melhor parte desses aparentes contra-sensos surgiu recentemente nos Estados Unidos: pesquisadores verificaram que pessoas mais gordas apresentam menos movimentos involuntários do que as outras. O conjunto desses movimentos, denominado fidgeting (inquietar-se, agitar-se em inglês), inclui atos, como coçar a cabeça, cruzar e descruzar as pernas, acender um cigarro ou andar de um lado para o outro.
Onde quer que ocorram, os desequilíbrios no processo de ganho e perda de energia talvez tenham uma causa anterior. Assim, as respostas às questões envolvendo obesidade estariam codificadas nas sequência de DNA - a bagagem genética de todo ser vivo - presente nos cromossomos das células. Embora os estudos sobre o assunto sejam indiretos - lidam com famílias e gêmeos, por exemplo, mas não investigam o que ocorre em nível molecular - os cientistas tendem a acreditar pelo menos que os genes herdados dos pais podem determinar o peso de um indivíduo na vida adulta - algo que, de resto, a observação do senso comum sempre sustentou.
Uma pesquisa sobre obesidade, realizada pouco tempo atrás na França, revelou que 69 por cento dos entrevistados, todos gordos, tinham pelo menos um dos genitores com problemas de gordura; outros 18 por cento tinham pai e mãe na mesma situação. Em geral, o risco de uma criança se tornar gorda chega a 40 por cento se um dos pais tiver excesso de peso; e dobra se os dois apresentarem a característica. Se nenhum deles for obeso, a taxa cai para 10 por cento.
Então, ser gordo ou magro é uma fatalidade contra a qual não adianta lutar? Nem tanto. Embora, como se viu, os filhos de pais gordos apresentem uma grande disposição para imitá-los, isso não é inevitável. Basta que a pessoa vigie o que come - tipo e quantidade de alimentos - durante toda a vida. O que, como se sabe, é mais fácil dizer que fazer. Durante algum tempo, as pesquisas sobre as bases genéticas que influem no peso esbarraram em um problema: os hábitos alimentares da família, ou seja, o fato de uma pessoa ser gorda ou magra poderia mesmo traduzir uma questão de herança, mas não herança genética - e sim dos hábitos alimentares adquiridos desde a infância. Assim, gordos e magros seriam aquilo que aprenderam a comer.
Como em tantas outras áreas da ciência, o que está em jogo aqui é a interminável polêmica sobre o que pesa mais na vida: a hereditariedade ou o ambiente. Os partidários da primazia genética citam estudos em países escandinavos com filhos adotivos: eles têm, em adulto, maior correspondência de peso com os pais biológicos do que com os que os adotaram, não importam quais tenham sido os hábitos alimentares da casa em que foram criados. A rigor, os filhos parecem ter maior correspondência de peso com suas mães biológicas - o que fornece uma arma aos defensores do fator ambiente. Pois, para eles, isso prova que o peso, em última instância, seria determinado pelo tipo de nutrição recebido pelo feto.
De fato, outros estudos com gêmeos univitelinos - originários de um único óvulo - mostram que o irmão mais pesado ao nascer tende a se tornar obeso em adulto. Como sua bagagem genética é idêntica, a diferença só poderia resultar da circunstância de um deles absorver melhor a alimentação intra-uterina. Seja qual for a predisposição genética de cada um, os hábitos alimentares acabam dizendo a última palavra. Ao contrário dos outros bichos, o homem aprendeu a comer por prazer. Além disso, estudos indicam que nos países desenvolvidos se come menos do que há cem anos e, no entanto, se engorda mais.
O homem ocidental deste final de século XX chega aos 50 anos, como o pai de família que queria fazer um seguro e se surpreendeu com o custo, carregando em média 12 quilos além do que pesava aos 20 anos. A culpa - está provado - é da variedade de nossa dieta. Numa pesquisa, camundongos submetidos a uma dieta sempre igual só comiam ao ter fome, mantendo assim o peso constante. Quando a dieta era alterada todos os dias, incluindo-se grande variedade de alimento, os ratos engordavam rapidamente. Ser um Stan Laurel ou um Oliver Hardy depende, em suma, de um variado cardápio de circunstâncias - em que muitas vezes o que parece desimportante pode ser decisivo e aquilo que se toma por fundamental pode ser apenas uma exceção. Muitos gordos, por exemplos, juram, sem ir ao médico, que seu sofrimento é fruto de uma "disfunção glandular". Ledo engano. Problemas glandulares são responsáveis por apenas cinco em cada cem casos de obesidade.

GORDOS & MAGROS DE PESO.

Do alto dos seus 120 quilos, muito desigualmente distribuídos por 1,70 de altura, o gordo mais famoso do Brasil, o humorista Jô Soares, 51 anos, é a prova viva de que o talento e a inteligência podem não só neutralizar o que em outras circunstâncias talvez fosse uma avantajada desvantagem como ainda transformá-la em trampolim para o sucesso. Jô, que não faz dieta, mas vigia a balança para manter o atual peso, que julga "ideal", vigia também a própria imagem pública para não virar uma espécie de gordo profissional. Por isso, entre outros cuidados, foge do assunto obesidade, que o persegue "desde que me entendo por gente" para não se tornar "chato e repetitivo". E zela para que sua arte não fique escrava do peso. "Meu humor não é humor de gordo", esclarece. "Meus personagens não ficam entalados em cadeias."
Vinte e três quilos mais magra e dezesseis anos mais jovem que o carioca Jô Soares, outra gorda muito popular no país, a cantora paulista Cida Moreira - cujo repertório vai de rock a canções alemãs dos anos 20 - usa a obesidade no palco à maneira de um recurso teatral. "Fica bacana", diz. Mas, se pudesse, seria magra: "Primeiro, por uma questão de saúde. Segundo, porque é mais bonito". Tentar, ela bem que tentou; "Fiz todas as dietas milagrosas", conta. "Mas no fim engordava tudo de novo." Resta o consolo de que, com 1,72 m e 97 quilos, está bem abaixo do seu recorde de 140.
Na outra ponta da balança, a também cantora Ná Ozzetti, com 51 quilos espetados em 1,70 de altura, irradia felicidade: "Nunca tive problema por ser magra", entoa. Do time da nova geração de cantoras paulistas, tão eclética quanto Cida Moreira, Ná, 30 anos, é de deixar gordos de todas as idades ralados de inveja: come de tudo, bastante, várias vezes ao dia. "Vai ver, sou magra de ruindade". brinca. Outro magro famoso de bem com seu peso, é o espigado senador pernambucano Marco Maciel, do PFL, cujo 1,80 de altura abriga não mais de 56 quilos. "Nunca fiz regime", conta o hiperativo ex-governador e ex-ministro, conhecido também pelas magras horas que dedica ao sono todas as noites. A falta de peso, por sinal, foi-lhe muito útil certa vez. Aos 18 anos, leve como uma pluma nos seus 45 quilos, acabou dispensado do serviço militar. "Foi ótimo", lembra Maciel "pois tinha acabado de entrar na faculdade."


O ENGODO DAS DIETAS.

Ser gordo ou magro também pode ser questão de moda. A opulenta Vênus do pintor italiano Botticelli (1445-1510) foi considerada durante muito tempo um símbolo de feminilidade, assim como as banhistas do francês Renoir (1841-1919). Hoje não há mulher que não trema em imaginar-se com um corpo como o delas. A preocupação ocidental com o peso e a gordura é um fenômeno que começou depois da Segunda Guerra Mundial para explodir na década de 60, como parte da revolução dos costumes. As décadas seguintes viram a disseminação das dietas - de Beverly Hills, do abacaxi, do leite, da lua, do astronauta e da alga, entre outras. a maior parte delas não passa de engodo. Logo depois do período de contenção, os quilos tendem a voltar, às vezes em dobro. É significativo que, mesmo carecendo de base científica, os livros que veiculam essas dietas são consumidos aos milhões.
Para o endocrinologista Alfredo Halpern, numa dieta, tão importante quanto o número de calorias ingeridas é a sua procedência - proteínas, lípides ou carboidratos. Ou seja, nem sempre dois alimentos com igual número de calorias engordam por igual. Segundo ele, a maior novidade na área das dietas é o reconhecimento de que fibras não absorvíveis, como as do arroz, pão integral e alguns vegetais, podem ajudar na perda de peso - talvez porque diminuam a absorção de nutrientes ou porque retardem o esvaziamento do estômago. Um meio controvertido de diminuir a ingestão de calorias é o uso de medicamentos. São os anorexígenos, que inibem o apetite. A maioria dos médicos evita receitá-los, a não ser em casos imprescindíveis, devido aos efeitos colaterais sobre o sistema nervoso.


A VANTAGEM DOS BICHOS.

Gordura não é problema para os animais selvagens. Eles mantêm um peso constante durante toda a vida porque só comem quando precisam repor os gastos de energia. Isso já não acontece com os animais domésticos, que entram no regime alimentar da casa onde moram e acabam engordando, como o famoso gato Garfield. Homens e animais se distinguem a esse respeito por mais uma característica também: a composição do tecido adiposo animal permite-lhe ser mais energético (é marrom, enquanto a gordura humana é amarela). O tecido animal é perfeitamente adaptado à termogênese, podendo ser queimado rapidamente. Essa queima ultra-rápida é útil sempre que uma grande quantidade de energia é necessária, tanto no dia da caça quanto no do caçador. Graças à queima instantânea, animais como o urso conseguem se levantar de uma só vez depois de meses de hibernação, período em que seu metabolismo basal chega a níveis muito baixos. Curiosamente, o tecido adiposo marrom existe também nos recém-nascidos humanos, mas depois desaparece. É um meio de a natureza equipar os bebês para a chegada a um ambiente frio e inóspito.





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terça-feira, 28 de agosto de 2012

Santos Dumont: As Asas do Homem - Inventor


SANTOS DUMONT: AS ASAS DO HOMEM - Inventor



Um inventor de talento, apaixonado pelos dasafios, realizou o sonho impossível, mas não suportou ver sua primazia contestada.

Temos um fato preciso: um homem saindo do solo percorreu mais de 100 metros em uma máquina voadora", escreveu o capitão Ferdinand Ferber na revista francesa Aérophile, em 1906. Encantado com a visão do brasileiro Alberto Santos-Dumont e seu 14 bis sobrevoando os campos de Bagatelle, em Paris, ele derramava seu entusiasmo: "Não se trata de um desses resultados apócrifos ou simplesmente declarados, como aqueles dos irmãos Wright!" Havia, de fato, motivo para a comparação: no dia 23 de outubro daquele ano, o 14 bis - uma engenhoca de pano, bambu e alumínio, de 10 metros de comprimento, com uma hélice instalada na ré e um motor Antoinette de 50 HP - levantou vôo diante de uma comissão do Aeroclube da França para um soberbo passeio de 60 metros, Deslumbrados, os membros da comissão esqueceram de cronometrar o tempo de vôo. Assim, Santos Dumont precisou repetir a proeza: no dia 12 de novembro, voou 220 metros em 21 segundos. Saiu de Bagatelle nos ombros de uma multidão extasiada.
Seria de supor, diante de tantos testemunhos, que a ninguém ocorresse contestar a primazia de Santos-Dumont como o herói que deu asas ao homem, rompeu a barreira do "mais pesado que o ar", inventou o vôo mecânico, tripulado e controlado pelo piloto - o pai da aviação, em suma. Mas não. Os Estados Unidos têm seus próprios inventores do avião, os irmãos Orville e Wilbur Wright, que teriam voado em diferentes aparelhos entre 1903 e 1905. E o próprio capitão Ferber, um dos maiores ídolos da aviação francesa, moderou seu entusiasmo por Santos-Dumont ao se tornar representante das patentes Wright na Europa.
A glória forçosamente dividida com os americanos torturou o petit brésilien, o pequeno brasileiro, como Santos-Dumont gostava de ser chamado pelos parisienses. Ele jamais tolerou ter de descer um degrau que fosse do pódio da paternidade e ser alinhado entre outros pioneiros da aviação. A torrente de mágoa só faria crescer nos anos seguintes, embora no Brasil ele fosse idolatrado como um dos gênios do progresso humano e não lhe faltassem homenagens na França, além de convites de todo o mundo. Acontece que até naqueles momentos de glória Santos-Dumont era um homem amargurado - a mesma amargura o levaria a pôr fim à vida em 1932, em um hotel do Guarujá, no litoral paulista.
Hipersensível de temperamento e franzino de corpo (sua altura é dada entre 1,52 m e 1,58 m conforme seus biógrafos), Santos-Dumont nasceu em uma família muito rica, o que o poupou, para o bem ou para o mal, da tarefa de ganhar o pão. Seu pai, Henrique Dumont, filho de imigrantes franceses, era um engenheiro ousado, que rasgou estradas e túneis pelos sertões, antes de se tornar o "rei do café", em São Paulo, introduzindo métodos modernos na cafeicultura. A mãe, Francisca Santos, descendia de uma abastada e tradicional família mineira de Ouro Preto. O menino Alberto, sexto filho do casal, nasceu em 20 de julho de 1873, no sítio Cabangu, no distrito de Palmira, hoje a cidade que leva o seu sobrenome, em Minas Gerais.
Desde o início, na fazenda Arindeúva, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, onde se criou, Alberto via-se derrotado pelos irmãos e primos em tudo que se referisse a capacidade física. Escapou pelo lado da imaginação, devorando as mirabolantes aventuras de Júlio Verne e exercitando, nas máquinas da fazenda, sua espantosa habilidade mecânica. Com Phileas Fogg, o herói de Verne em A volta ao mundo em 80 dias, sonhou, pela primeira vez, em voar. Seu destino estava escrito nas nuvens. Em 1897, subiria pela primeira vez em um balão, em Paris. Deixou um relato emocionado: "Subimos. No mesmo instante o vento parou de soprar. Era como se tivesse se imobilizado, á partida, a corrente de ar, que nos comunicava sua velocidade".
No início da década de 1890, o patriarca Henrique transformou-se numa sombra do quê costumava ser - uma queda do cavalo o deixara aleijado. Em 1891, em busca de tratamento médico, levou toda a família a Paris. Para Alberto, foi a oportunidade de visitar a Exposição Universal e ver pela primeira vez um motor de combustão interna. "Parei diante dele como pregado pelo destino", contaria. De volta ao Brasil, a família Dumont trouxe um Daimler - a marca que, no futuro, ficaria conhecida como Mercedes-Benz. Esse carro a vapor, com fornalha, caldeira e chaminé, que rodou, barulhento e sacolejante, pelas ruas mal pavimentadas de São Paulo, teria sido o primeiro automóvel a chegar à América do Sul.
Pouco antes de morrer, em 1891, o pai emancipou os filhos menores (Alberto estava perto de completar 18 anos) e entregou a cada um sua parte na herança. Ao futuro inventor deu um valioso conselho, que revelava não só que conhecia os atributos do filho como também que não receava contrariar os cânones pelos quais se pautavam as boas famílias da época ao escolher a profissão dos descendentes: "Desista de ser doutor, vá estudar mecânica". Santos-Dumont seguiu o conselho à risca. Foi a Paris.
Ali, a Exposição Universal de 1900 mostrava as últimas novidades industriais e as máquinas mais modernas, firmando a posição da capital francesa na eterna disputa com Londres pelo título de mais importante cidade do mundo. A Torre Eiffel, erguida no Campo de Marte, marcava com ferro e elegância a supremacia da cidade-luz. A Gare du Nord, os jardins do Luxemburgo, as calçadas de Saint-Germain estavam atulhadas de estrangeiros, turistas ou imigrantes; ouviam-se línguas estranhas por todo lado. Ao mesmo tempo, os conflitos sociais e outras mazelas apareciam à luz do dia. O affaire Dreyfus - a injusta condenação por traição de um oficial do Exército de família judaica - quase leva o país à guerra civil. O jovem Alberto Santos-Dumont estava alheio a tudo, porém.
Sua primeira preocupação, logo ao chegar à França, foi comprar um Peugeot de 3 HP. Depois experimentou os mototriciclos. E descobriu os balões. Ver subir os balões era a grande diversão dos parisienses naquele fin de siècle. Mas Santos-Dumont queria mais do que ver - e tinha os meios para isso. Por 250 francos, voou durante duas horas num balão de 750 metros cúbicos da dupla Lachambre e Mechuron. "Tudo se me apresentava muito simples e muito fácil. Não senti vertigem nem medo", relataria mais tarde. Depois disso dividia seu tempo entre passeios em balões - mais de trinta ascensões só em 1898 - e corridas de automóvel, de que participava e chegou a organizar.
Por fim, projetou e encomendou a Lachambre um balão: 6 metros de diâmetro, formato esférico, invólucro de seda japonesa envernizada, com capacidade para 113 metros cúbicos de gás, pesando 14 quilos. A rede, que em outros balões chegava a pesar até 50 quilos, nesse tinha pouco menos de 2; a barquinha, geralmente de 20 quilos, pesava seis; a corda de compensação, equivalente à linha nas pipas, com 100 metros de comprimento, pesava 8 quilos e havia ainda uma âncora de 3 quilos. Era o primeiro balão de Santos-Dumont, "o menor, o mais lindo, o único que teve nome, Brasil", como ele declamaria.
Em Paris circulavam as maiores celebridades - Thomas Edison com suas lâmpadas e fonógrafos, Henry Ford com seus motores a explosão, Guglielmo Marconi com o telégrafo sem fio. Louis Lumière projetava filmes em telas gigantes, Sigmund Freud dissertava sobre a histeria. Charles Darwin tinha estado lá. Pierre e Marie Curie pesquisavam o radium. Degas, Renoir, Cézanne, Matisse e até um certo jovem espanhol chamado Pablo Picasso podiam ser encontrados nos cafés. Pois mesmo nesse universo de estrelas Santos-Dumont ficou famoso da noite para o dia. Seu panamá desabado virou moda, o cabelo repartido ao meio foi imitado. Ainda assim, era um homem tímido e taciturno.
Sua idéia era combinar um balão com motor a explosão e conduzir o aparelho, em vez de deixar que o vento o levasse. Aperfeiçoou um pequeno motor a gasolina e o instalou no novo balão, o Santos-Dumont n° 1, SD-1. Em setembro de 1898, leva-o ao Jardim da Aclimação, tenta subir contra o vento e passa o vexame de bater nas árvores. Seguiram-se os balões números 2 e 3 e assim por diante, cada um com uma inovação. Já consagrado entre os aeronautas, Santos-Dumont comprou um grande terreno em Saint-Cloud, na periferia de Paris, onde construiu hangar e oficinas.
Toda Paris falava desse pequeno, magro, bigodudo, intrépido brasileiro. Suas proezas enchiam de orgulho os compatriotas, às voltas, deste lado do Atlântico, com um país já sem escravos e com um novo regime político, a República. A princesa Isabel, exilada na França, envia a Santos-Dumont uma medalha de São Bento, como proteção contra acidentes. Ele passa a usá-la numa pulseira. Daí a origem de uma de suas idéias de maior sucesso, o relógio de pulso, que mandou fazer na famosa Casa Cartier. Em 1904, já tinha colecionado aventuras aéreas suficientes para contá-las em um livro, escrito em francês, naturalmente: Dans l´air.
Santos-Dumont era um inventor de talento com alma de esportista. Assim, dispôs-se a vencer o grande desafio aos balonistas, constituído pelo Prêmio Deutsch de la Meurthe: 100 mil francos para quem fosse capaz de subir em Saint-Cloud, circunavegar a Torre Eiffel e voltar ao ponto de partida, em até 30 minutos. Em julho de 1901, tentou vencer a prova com o SD-5, mas, empoleirado no selim de bicicleta de seu aparelho, colidiu com um telhado da praça do Trocadéro, no centro de Paris. O balão explodiu, mas Santos- Dumont escapou ileso. Três meses depois contornava a Torre Eiffel e recebia o dinheiro do prêmio, que tratou de distribuir entre seus auxiliares e os pobres da cidade. No Rio de Janeiro e em São Paulo, a notícia foi recebida com um entusiasmo de copa do mundo. "Santos-Dumont, o pioneiro dos ares", cumprimenta-o Thomas Edison, a quem o aeronauta considera, por sua vez, "o maior gênio da humanidade". Pleno de entusiasmo, o brasileiro constrói mais de dez dirigíveis. Só o SD-8 jamais existiu - Santos-Dumont, supersticioso ao extremo, abominava, ninguém sabe por que, o número 8 e as notas de 50 francos.
Com o SD-9, conhecido como Balladeuse (compositora de baladas) ia de um lado a outro de Paris; certa vez, pousou no centro da cidade, desceu com seu terno de riscas, colarinho alto, gravata impecável, e foi sentar-se num café. A capital delirava com seu balonista predileto. Um dia, o próprio Júlio Verne foi cumprimentá-lo. O menino de Cabangu ficou encantado - sentia-se o próprio Phileas Fogg, pronto para vôos fantásticos.
Em 1903 veio ao Brasil e foi recebido no Rio como herói nacional. Seu navio foi escoltado por embarcações embandeiradas, espocaram foguetes, soaram os sinos. O Brasil vivia um surto de modernização e ninguém melhor que Santos-Dumont encarnava os novos tempos. "A Europa curva-se ante o Brasil", exultou o poeta Eduardo das Neves, cunhando uma patriotada que seria motivo de galhofa décadas depois. O Rio de Janeiro possuía, em 1903, 700 mil habitantes e seis automóveis (com chauffeurs contratados a peso de ouro na Europa), e não ignorava as últimas invenções que o cinema, outra novidade, se encarregava de popularizar. Por sua vez, o homenageado olhava tudo com desconforto: suas reservas emocionais pareciam rondar o vermelho.
As experiências com o 14 bis, marco decisivo na trajetória de Santos-Dumont e na antiqüíssima aspiração do homem para se firmar no espaço foram iniciadas em julho de 1906. No primeiro projeto, o avião estava acoplado ao balão SD-14 - daí o nome 14 bis. O modelo tinha 12 metros de envergadura e 10 de comprimento. Era um biplano formado de seis células de bambu e juntas de alumínio. O conjunto pesava, incluindo o aviador, cerca de 220 quilos. O motor a gasolina, com 16 cilindros, tinha a potência de 24 HP, depois aumentada para 50. Santos-Dumont desatou o aparelho do balão e o atrelou a um burrico - a idéia era fustigar o animal para que corresse pela pista. Mas, finalmente, decidiu decolar com a força do motor.
Depois de alguns testes, Santos-Dumont candidatou-se a dois prêmios do Aeroclube da França. Na primeira prova, aquela que os juízes não cronometraram, o estranho pássaro e seu tripulante subiram a uma altura entre 2 e 3 metros e voaram a distância de 60 metros. Na segunda, subiram 4 metros e percorreram 220 metros em 21 segundos. Em contraste com a façanha reivindicada pelos irmãos Wright, os vôos do brasileiro foram públicos. O Aeroclube da França até ergueu um monumento em honra a seus recordes.
Um parêntese é necessário para recolocar a interminável questão do mais pesado que o ar: na virada do século, os céus de Paris estavam povoados de balões, enquanto no solo um punhado de inventores tentava subir com todo tipo de engenho. Mesmo naquele memorável 12 de novembro de 1906, Santos-Dumont por pouco não termina a prova em segundo, pois o piloto Louis Blériot, que em 1909 seria o primeiro a cruzar o canal da Mancha, deveria voar antes do brasileiro - mas seu enorme biplano não saiu do chão. Só então houve os gestos famosos, registrados para a posteridade no filme da Pathé: Santos-Dumont acena pedindo que a multidão se afaste. E pode-se perceber claramente o momento em que grita: "Larguem tudo!"
Depois de algumas experiências com o SD-15, com o qual pretendia vencer a prova de vôo de 1 quilômetro em circuito fechado, Santos-Dumont construiu seu terceiro e último avião, o Demoiselle (senhorita). Pequeno e elegante, fazia jus ao nome. Era um monoplano com superfície de seda. A fuselagem, feita inicialmente de bambu, tinha 6 metros de comprimento, com o leme adaptado na cauda. Oito vezes menor que o 14 bis, o Demoiselle pesava apenas 120 quilos, incluindo os 50 do piloto. Com esse avião ele se divertiu pousando nos parques dos castelos e casas de campo. Mas logo se fartou de tudo. Em 1909, Santos Dumont tinha 36 anos e sua vida criativa estava encerrada.
Ele mergulhara na aventura movido pela paixão de experimentar os limites do homem e pelo prazer de mexer com máquinas. Milionário, empolgava-se com as corridas de automóveis e as provas aéreas, mas não estava disposto a transformar seu prestígio em negócios. Nem sequer tirou patente de seus inventos. Preferiu entregá-los à humanidade e permitir que outros comercializassem seus aviões. "O sr. Santos-Dumont não constrói nem deseja construir aeroplanos para vender", espantava-se o jornal Le Matin, em 17 de Setembro de 1910. Uma explicação pouco caridosa para tal desprendimento diria ter sido ele causado por uma esclerose múltipla, que se agravou a partir de então.
Nos oito anos seguintes, Santos-Dumont, com os nervos em frangalhos, dedicou-se a intermináveis viagens. Em 1918, decidiu construir uma casa em Petrópolis, transformada depois em museu, contando com a tranqüilidade da serra fluminense. A residência, que ficou conhecida como "A encantada", escreve Gondim da Fonseca, um de seus biógrafos, "é um documento alarmante de superstições". A escada, por exemplo, construída com meios-degraus, só permite iniciar a subida com o pé direito.
Volta para a Europa em 1924, mas os nervos o obrigam a passar longo tempo internado em um sanatório suíço. Decide então regressar ao Brasil. Mas a desgraça o aguarda. O hidroplano Santos-Dumont, com um grupo de intelectuais a bordo que pretendia homenageá-lo, cai no mar e todos morrem. Santos-Dumont entra em profunda depressão. Desde a Primeira Guerra Mundial, aliás, ele se sentia culpado pelo morticínio acarretado por sua invenção. Em 1914, tinha dirigido um apelo à Sociedade das Nações propondo inutilmente a proibição do uso militar de máquinas voadoras. Não obstante, alistou-se como motorista no Exército francês.
Por ter deixado de apagar as luzes durante um blecaute, foi acusado de espionagem. Desfeitas as dúvidas, as autoridades pediram desculpas, mas o incidente o deixou abalado. Ele, que sempre fora solitário, tornou-se quase recluso. Jamais se casou, apesar de relatos de aventuras com coristas e damas da sociedade. Seu implacável biógrafo Gondim da Fonseca sustenta, porém, que Santos-Dumont morreu virgem.
Em 1929, voltou à França para receber a Legião de Honra, a mais alta condecoração do país. Dois anos depois, um sobrinho - Henrique Dumont Villares - foi buscá-lo e o levou para um hotel de luxo no Guarujá, a 70 quilômetros de São Paulo. No dia 9 de julho de 1932, explodia a revolta constitucionalista em São Paulo contra o governo Vargas. Santos-Dumont, emocionado com a rebelião, escreve seu derradeiro "apelo de quem sempre visou a glória de sua pátria dentro do progresso harmônico da humanidade". Mas não suportou ver, da janela do hotel, os aviões federais que iam bombardear forças paulistas. No dia 23, seu corpo foi encontrado enforcado no banheiro do hotel.

Proeza sem testemunhas.

Em meados de 1904, os irmãos Orville e Wilbur Wright convocaram a imprensa para exibir um invento espetacular: o avião. A imprensa compareceu ao campo de provas em Kitty Hawk. um lugarejo perdido no Estado de Ohio, no nordeste dos Estados Unidos. O motor falhou, porém, e a demonstração foi suspensa. No dia seguinte, os jornalistas voltaram e o motor falhou novamente. Em 9 de setembro de 1904, enfim, Wilbur conseguiu voar. Em 14 de novembro percorreu quase 5 quilômetros em um vôo de 5 minutos. Uma lástima que ninguém tenha testemunhado tais proezas.
Há um terceiro vôo na carreira desses intrépidos inventores - às 10h35 do dia 17 de dezembro de 1903, Orville pilotou o primeiro aparelho mais pesado que o ar a sair do chão. Também dessa vez não houve testemunhas, mas os Wright distribuíram uma foto do acontecimento. "Uma foto, o que prova uma foto ?", protestava Santos-Dumont sempre que a questão surgia em seu caminho. Esses três vôos, cujas únicas evidências são uma foto e as palavras de seus autores, desafiam o pioneirismo de Alberto Santos-Dumont. Como os Estados Unidos apóiam oficialmente a pretensão dos Wright, em muitos compêndios o brasileiro é citado como "o primeiro homem a voar na Europa".
Em 1907, Wilbur empacotou seu avião - Orville estava no hospital, restabelecendo-se de um grave acidente - e foi à Europa tentar a sorte. Mas demorou a voar, pois exigia 250 mil dólares pela demonstração e não encontrou ninguém disposto a pagar tamanha fortuna. Há sérias dúvidas sobre a natureza de seus vôos. "Os irmãos Wright inventaram o avião, mas esqueceram da decolagem, zombava Edouard Boudariat, um pioneiro da aviação francesa. De fato, a 8 de agosto de 1908, o aeroplano dos americanos voou, afinal, em Le Mans, percorrendo quase 300 metros. Tratava-se de um novo recorde e mereceu grande publicidade. Mas, naquele momento em que já havia tantos aeroplanos no ar, o aparelho dos Wright ainda precisava de uma catapulta para decolar.





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terça-feira, 28 de agosto de 2012

Cidadãos em Armas - História


CIDADÃOS EM ARMAS - História



Nascido da Revolução Francesa, há 200 anos, o moderno serviço militar variou conforme a época e o país. Mas ainda é tema de debates.

Uma espécie de ritual de iniciação cívica espera neste 1989 o 1,4 milhão de brasileiros que completam 18 anos: comparecer a uma junta de alistamento militar. Destes, porém, algo como um em cada dez irá realmente vestir farda, pois as Forças Armadas não comportam a multidão de jovens que o serviço militar obrigatório despeja anualmente às portas dos quartéis. Nem por isso o ato de se alistar perde em simbolismo e tradição - estar apto a pegar em armas em defesa dos seus é um comportamento que remonta ao tempo dos mais antigos ancestrais do homem. Mas o serviço militar universal e obrigatório - um dever de todo cidadão, dentro de certas condições, que variam de país para pais - é uma invenção muito recente: surgiu da Revolução Francesa, exatamente há duzentos anos.
Logo após a tomada da Bastilha, a 14 de julho de 1789, que dá inicio à derrubada da monarquia, os revolucionários franceses tornaram totalmente voluntário o serviço militar: só um exército assim constituído seria digno de uma nação de homens livres, iguais e fraternos. No entanto, a República logo se via obrigada a esquecer aquele conceito para defender-se da invasão de tropas dos reinos vizinhos, cujos soberanos temiam propagar-se pela Europa o mal republicano.
"Os homens jovens deverão lutar, os casados forjarão as armas e transportarão os suprimentos, as mulheres confeccionarão tendas e uniformes e servirão nos hospitais, os meninos transformarão a roupa branca em bandagem, os velhos serão levados às praças públicas para elevar o moral dos combatentes e pregar a unidade da República e o ódio aos reis", determinava a ordem da levée en masse (recrutamento em massa),baixada pela Convenção da Revolução Francesa a 23 de agosto de 1793. Para muitos historiadores, esse foi o primeiro decreto de serviço militar universal e obrigatório.
Com a levée en masse, a França recrutou 300 mil cidadãos e expulsou os invasores. Uma importante mudança conceitual estava em curso. No passado, lutar pelo rei era uma obrigação que fazia parte da condição de súdito. Na nova França, o serviço militar tornava-se um dever do cidadão livre para com o Estado. O recrutamento universal, ao chamar às casernas todas as classes sociais, era igualmente uma resposta revolucionária ao sistema anterior, baseado nos odiosos privilégios característicos do ancien régime. Ainda estava vivo na memória do povo, por exemplo, o comportamento selvagem das duas companhias de mosqueteiros (os cinza e os negros) estacionadas em Paris no reinado de Luís XIV, o Rei Sol (1638-1715).
Recrutados exclusivamente entre os chamados gentis-homens e comandados por oficiais oriundos da alta nobreza, os mosqueteiros portavam-se como em terra inimiga. Se as tropas regulares e permanentes eram privilégio da aristocracia, o exército mobilizado para a guerra era o flagelo da plebe. Os recrutadores, geralmente sargentos de carreira ou malfeitores contratados para o serviço, tratavam de alistar pela força ou pela astúcia os jovens pobres, fazendo com que garatujassem a assinatura num termo de compromisso. Era também comum oferecer aos criminosos a opção entre a cadeia e o quartel.
No Ocidente moderno as guerras eram travadas por soldados profissionais - a palavra soldado, aliás, vem de solidus, a moeda de pagamento dos legionários romanos, que deu também soldo. O alto custo explica por que os efetivos eram pequenos em comparação com as populações em idade de guerrear. Muitas vezes, o saque das populações civis era a única forma de garantir o soldo da soldadesca. As tropas mercenárias na Europa do século XVI raramente ultrapassavam 20 ou 30 mil homens. Para se ter uma idéia, os efetivos da PM paulista somam 75 mil soldados. A partir do século seguinte, os exércitos nacionais dobraram de tamanho. Quem primeiro atirou nessa direção foi Frederico Guilherme I (1688-1740),o rei-sargento da Prússia, ao ordenar a incorporação de milhares de súditos.
Em 1803, quando se tornou imperador da França, Napoleão Bonaparte institucionalizou o serviço militar obrigatório, que a República tentara, em vão, abolir. Graças à conscrição universal, Napoleão pôde mobilizar em dado momento 1 milhão de soldados, ou um em cada vinte franceses, sem distinção de sexo ou idade.
Forçados por Napoleão a limitar o tamanho de seu exército, entre 1807 e 1813 os prussianos responderam com uma esperteza: passaram a convocar o número máximo permitido de soldados (42 mil), dar-lhes alguns meses de treinamento rigoroso, dispensar a maioria e convocar outro contingente. A artimanha permitiu à Prússia organizar uma poderosa reserva sem desafiar formalmente o imperador francês. O sistema sobreviveu à derrota de Napoleão e, assim, em 1870 uma formidável massa de conscritos alemães, reforçada por grandes contingentes de reservistas, impôs uma derrota histórica ao pequeno exército profissional francês. O serviço militar compulsório havia sido abolido após a morte de Napoleão em 1821. O resultado foi a reintrodução do serviço obrigatório.
Obrigatório, sim, porém não mais igualitário: franceses abastados podiam trocar a caserna pelo trabalho voluntário; além disso, os membros de muitas profissões - médicos, clérigos e funcionários públicos, entre outros - estavam isentos. A facilidade com que os mais ricos driblam o serviço militar sempre causou polêmica em toda parte. Na Espanha, por exemplo, o envio de conscritos para lutar no Marrocos, em 1906, provocou sangrenta revolta popular em Barcelona. Não era para menos: até 1912, para fugir ao recrutamento, bastava pagar certo número de pesetas ao Estado. Ainda hoje, na maioria dos países - o Brasil entre eles - é possível supor, olhando as fileiras de recrutas, que dezoito anos antes só os pobres tiveram filhos. No Brasil, os estudantes do segundo grau têm a alternativa de servir no Centro de Preparação dos Oficiais da Reserva (CPOR).
No século XIX, o recrutamento obrigatório se tornou regra na Europa mas em poucos lugares assumiu rigor igual ao da Rússia czarista. Homens de pouca sorte e ainda menor fortuna podiam ser convocados por toda a vida. Também ali, entretanto, o convocado podia comprar a isenção ao pagar a alguém disposto a substituí-lo nas fileiras do czar. Em contraste, em 1918, o recém-formado Exército Vermelho, organizado pelo revolucionário Leon Trotsky, era composto de voluntários. A guerra civil que se seguiu à revolução obrigou o governo bolchevique a restabelecer o serviço militar obrigatório. Isso permitiu arregimentar 5,5 milhões de soldados.
Nos Estados Unidos, a conscrição foi adotada por nortistas e sulistas na Guerra de Secessão (1861-1865) e depois abandonada até a Primeira Guerra Mundial. Entre as potências ocidentais, aliás, apenas os Estados Unidos e a Grã-Bretanha dispensavam o recrutamento compulsório em tempo de paz. Em maio de 1939, quatro meses antes da eclosão da Segunda Guerra Mundial, a Grã-Bretanha instituiu o serviço obrigatório; só em 1960 o alistamento voluntário seria restabelecido. A idéia do serviço militar já deixara havia muito de ser exclusivamente européia. No Extremo Oriente, o Japão trocou em 1873 o militarismo hereditário pelo recrutamento compulsório. Apesar da elitista tradição samurai, a idéia de um exército de massa rapidamente se integrou à cultura do país.
Depois da Segunda Guerra Mundial, quase todos os países adotaram o serviço militar obrigatório com diferentes graus de rigor. Exemplo de programa de rara severidade, o Estado de Israel, criado em 1948, convoca todos os cidadãos, homens e mulheres, por dois anos de vida militar ativa e os mantém por mais duas décadas sujeitos a um mês de serviço a cada ano. Se isso se explica pelo eterno estado de guerra entre judeus e árabes, que dizer da Suíça, que leva tão longe sua posição de neutralidade em política internacional a ponto de nem fazer parte da ONU ? Pois a neutralíssima Suíça, além de exigir de seus cidadãos a prestação de serviço militar, também mantém perfeitamente adestrados os seus reservistas: até os 50 anos, todos os homens participam de regulares períodos de treinamento e têm o dever adicional de guardar em casa as peças essenciais do equipamento: uniforme, fuzil - e o multiutilitário canivete suíço.
As regras do serviço militar sempre espelham de certa forma algum aspecto da fisionomia do país. A China, onde durante 5 mil anos os cargos militares eram reservados aos mandarins incapazes de assumir melhores posições no serviço público, agora também convoca as mulheres para aprenderem as artes marciais. Na União Soviética, a previsão é de que a modernização em curso nas Forças Armadas mais a redução das tropas convencionais, anunciada no fim do ano passado pelo líder Mikhail Gorbachev, atenuem os deveres militares da população. Mas dificilmente o novo padrão imitará os Estados Unidos, desde 1973 sem conscrição em tempo de paz, ainda que o alistamento para eventual convocação tenha sido restabelecido em 1980.
Com relativo atraso, o Brasil adotou o sistema em 1916, quando a Primeira Guerra Mundial sangrava a Europa. A medida coincidiu com o processo de modernização e profissionalização das Forças Armadas sob inspiração francesa e deu ao Exército brasileiro sua feição atual: um corpo de oficiais permanentes e profissionais e um largo contingente de conscritos. Na época, é verdade, a questão transpôs os muros dos quartéis e inflamou a opinião pública.
"A farda para todos; para todos o dever, a honra e o sacrifício", defendia o poeta parnasiano Olavo Bilac (1865-1918), à frente de um movimento pela introdução da conscrição obrigatória (por isso, ele foi honrado como Patrono do Serviço Militar e a data de seu aniversário, 16 de dezembro, é o Dia do Reservista). Embora os estados, que gozavam naquele tempo de larga autonomia política, temessem entregar ao governo federal tamanho potencial militar, o quartel era visto já na República Velha como um eficiente recurso para integrar à vida nacional setores marginalizados da população. O mesmo conceito ainda está de pé, sete décadas depois.
Antes de aprenderem a manejar o fuzil - argumentam os militares brasileiros -, muitos recrutas são apresentados à escova de dentes. O papel do serviço militar é o de "um grande centro educacional", define o ministro da Aeronáutica,, brigadeiro Moreira Lima, contrapondo-se à idéia de que o único objetivo é preparar o conscrito para a guerra.
Essas definições nunca são demais neste assunto que suscita polêmicas há duzentos anos. Sobretudo porque nas últimas duas décadas o sistema de conscrição entrou em crise em muitos países. Há muitos argumentos - até religiosos - contra o serviço militar, mas a principal objeção é puramente técnica. A crescente sofisticação e complexidade da máquina de guerra neste final de século tão marcado pela tecnologia exige soldados profissionais. Prova disso, na Guerra das Malvinas, em 1982, um reduzido contingente de tropas profissionais britânicas triturou força bem maior de conscritos argentinos. Antes disso, já em 1969, um estudo, do Pentágono mostrou que os conscritos recém-chegados ao Vietnam sofriam duas vezes mais baixas que os veteranos.
Dados como esses, agravados pelos protestos contra a guerra no Sudeste asiático, liquidaram o serviço obrigatório nos Estados Unidos. Hoje, embora o Pentágono esteja satisfeito com o desempenho de seus 2,1 milhões de voluntários (engajados por quatro anos, com salário inicial para soldado raso de 600 dólares), tramita no Congresso americano uma série de projetos restabelecendo a conscrição obrigatória ou criando algum tipo de serviço nacional civil, a exemplo do existente na França.

Os que dizem "não".

Em outubro de 1965, o assistente social David Millar, um americano de 22 anos, encostou um fósforo aceso a seu certificado de alistamento militar. "Espero que este seja um gesto significativo", disse à multidão reunida em Nova York para protestar contra a guerra no Vietnam. Dias depois, David era preso e processado pelo governo americano. O gesto, porém, foi significativo - colocou a questão da objeção de consciência ao serviço militar na ordem do dia. A queima de certificados propagou-se como um incêndio entre os jovens americanos, apesar das prisões e processos. Oito anos depois, na esteira do fiasco no Vietnam, o serviço militar obrigatório foi abolido. Durante a intervenção americana no Sudeste asiático, 50 mil jovens fugiram do país (de preferência para o Canadá) a fim de escapar à conscrição.
A origem da guerra entre o serviço militar e os pacifistas se perde no tempo, mas tomou impulso na Europa a partir do século XVI, sobretudo por escrúpulos religiosos. Os governos sempre relutaram em isentar seus cidadãos por imperativos de consciência. No século passado, porém, mesmo as rigorosas Rússia e Prússia abriam exceção para os menonitas, membros de uma seita evangélica que se recusam a pegar em armas. Na França, a objeção - qualquer que fosse o motivo - só começou a ser aceita nos anos 60, junto com os protestos contra a guerra colonial na Argélia. Os países da Escandinávia são exemplos de liberalismo: reconhecem todos os tipos de objeções e providenciam serviços civis aos pacifistas.
As Testemunhas de Jeová - uma seita protestante com 1 milhão de adeptos em todo o mundo - enfrentam dissabores por suas convicções. No Brasil, que não aceita objeções de consciência, as Testemunhas de Jeová pagam alto preço pela fidelidade de suas convicções - a perda dos direitos políticos. No ano passado, por exemplo, isso aconteceu a 738 membros da seita. E ainda tramitam no Ministério da Justiça processos contra outros 2 mil jovens por se recusarem a receber treinamento militar.

A batalha da seleção.

O brasileiro tem uma chance em dez de prestar o serviço militar. Antes de qualquer coisa, apenas metade do 1,4 milhão de jovens alistados anualmente vive em municípios que fornecem efetivos às três Armas. Após os testes físico, cultural, psicológico e moral, somente 200 mil são considerados aptos. Mas pouco mais de 150 mil .são de fato incorporados, a maioria ao Exército. Os demais passam a integrar o excedente de contingente e podem, ainda que seja improvável, ser chamados a qualquer momento.
Os critérios estipulados pelo Estado Maior das Forças Armadas (EMFA), em 1967, exigem do recruta uma altura mínima de 1,55 m, 46 quilos, pelo menos vinte dentes sadios e ausência de doenças graves ou "desvios de comportamento", como o homossexualismo.
Os principais motivos de rejeição são, na realidade, decorrentes das más condições de vida dos brasileiros. Segundo dados do Exército, em 1987 problemas dentários eliminaram 26 por cento dos alistados; deficiências de peso e altura, causadas sobretudo pela desnutrição, reprovaram outros 9 por cento; problemas de coluna vêm em terceiro lugar, seguidos pela deficiência visual. O número de inaptos variou, nos últimos anos, entre 40 e 57 por cento.
A razão disso é a preocupação das Forças Armadas em selecionar os jovens segundo um contingente-tipo - padrões antropométricos e culturais mais elevados exigidos por cada Arma. No aspecto cultural, o Exército pretende elevar em cinco anos do atual 1 por cento para 15 a participação de universitários entre os conscritos.





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terça-feira, 28 de agosto de 2012

Trens a Jato - Tecnologia


TRENS A JATO - Tecnologia



Uma nova geração de trens ultra-rápidos está revolucionando um meio de transporte que parecia condenado. A ferrovia ressurge até como alternativa às viagens aéreas.

Percorrer os 586 quilômetros entre São Paulo e Belo Horizonte em apenas 2 horas e 55 minutos a bordo de um trem velocíssimo, equipado com poltronas anatômicas, vídeo, telefone e sala de reunião, pode soar como um sonho aos 1.300 passageiros que viajam diariamente de avião entre as duas capitais. Pois, além de proporcionar tanto conforto, um trem como esse ainda teria a vantagem de partir do centro da cidade, ou quase isso, ao contrário do avião, que requer um trajeto de ida e volta do aeroporto quase sempre mais demorado que o vôo. No caso da viagem São Paulo - Belo Horizonte, mesmo em dias de pouco tráfego nas ruas, como nos fins de semana, esse percurso adicional pode consumir 1 hora e 40 minutos.
Para acabar com semelhantes transtornos e, além disso, desafogar o cada vez mais congestionado espaço aéreo das suas principais cidades, a França, a Alemanha e o Japão estão construindo um sistema ferroviário de última geração baseado em trens super-rápidos, capazes de transportar cerca de quinhentos passageiros - mais, portanto que um Jumbo - a até 400 quilômetros por hora. Naqueles países, ficou provado que em distâncias da ordem de 500 quilômetros chega-se antes ao ponto final da viagem indo de trem em vez de avião. As novas composições são legítimas descendentes, alimentadas pelas mais modernas tecnologias, dos comboios que fizeram parte da paisagem européia desde 1825, quando pela primeira vez uma locomotiva a vapor resfolegou a 24 quilômetros por hora pelo interior da Inglaterra.
Já em 1895, o expresso noturno cobriu os 869 quilômetros entre Londres e Aberdeen, na Escócia, em 8 horas e 32 minutos, numa média - respeitável até hoje - de 105 quilômetros por hora, incluindo três paradas de 2 minutos cada. Ao longo dos anos, modelos dos mais esdrúxulos costumavam causar impacto - o protótipo criado em 1931 por um certo alemão chamado Kruckenberg, impulsionado por uma hélice, chegou a alcançar 230 quilômetros por hora.
Mas foi somente em 1964, 85 anos depois da viagem inaugural, em Berlim, da locomotiva elétrica, que o primeiro trem de alta velocidade disparou nos trilhos. Trata-se do Shinkansen, o trem-bala japonês, construído para coincidir com a Olimpíada de Tóquio no mesmo ano. A primeira linha, de 549 quilômetros, entre a capital e a cidade de Osaka, encurtou o tempo de viagem de 8 horas para 2 horas e 56 minutos, com duas paradas. Os japoneses dizem que é possível acertar os relógios pela partida do trem-bala, tamanha a sua pontualidade. Hoje, existem no Japão 2 100 quilômetros de vias férreas especiais, por onde circulam trens que transportam nada menos de 400 mil pessoas por dia à velocidade média de 210 quilômetros por hora. Em breve, com os novos modelos Shinkansen 100, a média será de 300 quilômetros por hora. E o melhor de tudo é que nesses 25 anos o sistema não registrou um único acidente sequer.
Não é para menos: embora risquem a paisagem urbana, os trilhos nunca são atravessados indisciplinadamente por pedestres ou carros. Além disso, a velocidade ao longo do percurso é rigidamente controlada por computadores, assim como a manutenção das composições. O maquinista, se é que ainda se pode chamá-lo assim, é um engenheiro altamente qualificado, apesar de suas atribuições serem mínimas - se quiser, ele pode até dormir. Do ponto de vista comercial, os trens-bala são um negócio da China: no trecho mais viajado do Japão (Tóquio-Osaka), o trem atrai 88 por cento dos passageiros, enquanto a ponte aérea, com aviões Jumbo, fica somente com 12 por cento. No Brasil, excluído o transporte particular, usam a ponte aérea 30 por cento dos viajantes entre Rio e São Paulo. Os demais vão de ônibus (69 por cento) ou de trem (1 por cento).
Depois dos japoneses, os franceses são os que acumulam maior experiência no ramo dos supertrens. Desde 1983 circulam diariamente entre Paris e Lyon os famosos TGVPSE (Trains a Grand Vitesse Paris Sud Est, ou Trens a Grande Velocidade Paris Sudeste), os primeiros do tipo na Europa. O percurso de 430 quilômetros é coberto em duas horas. Embora a bitola (distância entre os trilhos) seja a mesma dos trens convencionais, a companhia ferroviária francesa optou por construir linhas exclusivas para o tráfego dos super-rápidos. É que, pelo fato de correrem a 270 quilômetros por hora - mais ainda que os japoneses, portanto -, qualquer imperfeição na linha pode causar um acidente. A trepidação também seria imensamente maior.
Alguns trechos, porém, foram especialmente reformados para comportar a passagem dos TGVs. Nesses locais, sua velocidade máxima cai para 200 quilômetros por hora. A versão final da primeira geração de TGVs saiu das oficinas em 1978. Ainda na fase de testes, em 1981, um dos trens bateu o recorde mundial de velocidade: 380 quilômetros por hora. Hoje em dia, os TGVs compõem-se de oito vagões, com capacidade para 386 passageiros, e duas unidades motrizes, nas pontas do trem. Cada uma delas leva seis motores com a potência total de 6 360 kW, que transmitem sua força a seis truques - as plataformas sobre rodas que sustentam o vagão.
Para rodar com segurança a altíssima velocidade, o TGV precisa, obviamente, de um potente sistema de freios. São três conjuntos que funcionam a meia capacidade - a outra metade fica na reserva para uma emergência. Um dos sistemas é o freio reostático, que se assemelha ao freio motor do automóvel. Ele age sobre o motor do trem e não sobre as rodas, portanto como um gerador - ao contrário do motor elétrico, que acelera a composição. Assim, dissipa energia, reduzindo a velocidade. Em abril do ano passado, a ferrovia estatal francesa apresentou o protótipo do TGV A (de Atlantique), que deve cobrir o trajeto Paris-Tours (200 quilômetros) e Paris-Le Mans (180 quilômetros) a 300 quilômetros por hora. Seu desenho externo não é muito diferente dos TGV PSE, apesar de alguns aperfeiçoamentos importantes.
O número de lugares, por exemplo, cresceu 25 por cento - no total, com as locomotivas, o novo trem mede 238 metros de comprimento (40 a mais, por exemplo, que o viaduto do Chá, no centro de São Paulo). Apesar do tamanho, o passageiro de um TGV A tem a sensação de estar num carro silencioso, tamanho o seu conforto. O já sofisticado sistema de freios também foi melhorado. A 300 quilômetros por hora, o super-rápido pode ser detido, em caso de emergência, em apenas 3.300 metros, 500 a menos do que uma pista de pouso e decolagem de aviões Jumbo.
O sistema de freios a disco tem a vantagem de dispensar ventilação, o que aumenta em 3 por cento sua aerodinâmica, além de economizar energia. Embora pareça irrelevante, esse aspecto é de vital importância, porque a resistência do ar aumenta mais que proporcionalmente à velocidade. Os 30 quilômetros por hora que o TGV A tem de vantagem sobre seus semelhantes mais idosos aparentemente não são tão significativos. Na verdade, esse número exprime um grande salto tecnológico. Para que a velocidade aumentasse nessa proporção, foi preciso dobrar a capacidade de tração dos motores - em vez de 530 kW de potência, cada um passou a ter 1.100 kW.
O sistema de controle da composição deverá ser comandado por computadores, por meio de uma rede chamada Tornado. São três centrais dentro do trem: uma para informar o condutor do estado da maior parte dos circuitos, incluindo um diagnóstico sobre as condições da viagem e indicações sobre eventuais defeitos; a segunda central nivela o clima no interior dos vagões e ainda mostra numa tela de vídeo dados como horário, velocidade, conexões e previsão de tempo; por último, há uma central para os motores, que checa cada detalhe de seus sistemas. O TGV A é, sem dúvida, um dos mais avançados super-rápidos já projetados. Seu maior concorrente, no entanto, está sendo construído do outro lado da fronteira francesa.
A Alemanha tem um bem-montado plano de linhas férreas para a virada do século, que deverá estar totalmente concluído em 1995. O trajeto a ser construído especialmente para os trens de alta velocidade cobrirá dois eixos norte-sul paralelos que cortam o país: Hamburgo-Munique (via Colônia ou via Hannover). As linhas transversais deverão ser assistidas por ferrovias adaptadas. A primeira linha comercial será inaugurada em 1991 no trecho de 320 quilômetros entre Hannover e Würzburg, que deverá ser percorrido pelos novos modelos ICE (Intercity Experimental). Em maio do ano passado, o mesmo ICE superou o recorde mundial dos franceses, alcançando 406 quilômetros por hora.
As curvas de cada linha férrea terão, seguindo os exemplos da França e Japão, um raio de 3 e meio a 7 mil metros, para amenizar a ação da força centrífuga. Ao contrário dos outros países, a Alemanha construirá um grande número de túneis, o que constitui um problema a mais, principalmente porque a massa de ar deslocada quando duas composições se cruzam à velocidade somada de 600 quilômetros por hora é espetacularmente grande.
O ICE foi projetado por um consórcio de empresas que iniciaram suas pesquisas no final dos anos 60. A apresentação do modelo final justificou o tempo empatado: é o mais avançado tecnologicamente e também o mais caro trem rápido do mundo.
Seus projetistas enfatizaram a aerodinâmica, para reduzir a influência da resistência do ar e ainda evitar os efeitos dos ventos laterais e dos cruzamentos de trens nos túneis. No primeiro terço da unidade motriz, não existe nenhuma saliência perceptível. Da mesma forma, as uniões entre os vagões são perfeitamente lisas. Embora esses sejam avanços importantes, o que faz do ICE o melhor trem já testado é o motor. Seu sistema elimina boa parte dos equipamentos intermediários que transmitem a energia dos cabos às rodas. O resultado é uma diminuição de peso e, principalmente, maior simplicidade mecânica - quanto menos peças, menos desgaste e menos manutenção. O conforto dos passageiros fica por conta das poltronas anatômicas móveis, com serviços adicionais como fones de ouvido, interfone e telas para visualização de informações. Em áreas comuns existem terminais de videotexto, telefones, cinemas, bar e restaurante.
Mas os planos ferroviários de cada país não são desenvolvidos isoladamente: para que a Europa possa interligar seus meios de transportes, tendo em vista a unificação ditada pelo Mercado Comum Europeu em 1992, países com menos tecnologia devem adaptar suas condições às novas necessidades. A Itália, por exemplo, tem um programa de ferrovias de alta velocidade que deve ser concluído apenas no ano 2000. Prevê a construção de uma linha exclusiva de trens que correrão a 300 quilômetros por hora, num trajeto em forma de T que unirá Turim a Veneza e Milão a Roma.
A longo prazo, a Sicília também será unida ao continente por uma ponte ou um túnel, por onde passarão os trens italianos ETR 500. A maior novidade é o fato de os motores estarem divididos ao longo da composição e não mais concentrados em duas locomotivas. Um dos projetos mais importantes do novo enlace ferroviário europeu é, sem dúvida, o túnel sob o canal da Mancha. Embora deva estar pronto em 1993, ainda não se sabe que tipo de trens serão usados para aproximar França e Inglaterra. Países menos desenvolvidos, mas igualmente preocupados com o estrangulamento dos transportes entre suas principais cidades, também pesquisam sistemas semelhantes aos europeus e japoneses.
O Brasil, por exemplo, ensaia uma nova tecnologia que, embora modesta, pode ser aproveitada em trens urbanos. Trata-se do aeromóvel, movido a vento, projetado pelo engenheiro gaúcho Oskar Coester, que circula em Porto Alegre num trecho experimental de 650 metros. A concepção é simples: sob o trem e preso a ele corre uma haste vertical na qual é grudada uma pá de metal. Esta corre dentro de uma construção de concreto que é ao mesmo tempo o trilho. Com um ventilador, na extremidade do trajeto, pode-se empurrar a pá, que por sua vez empurra o trem, ou puxá-la, forçando o trem na direção oposta - tudo depende do sentido de rotação do ventilador.
O aeromóvel tem a vantagem de ocupar pouquíssimo espaço: ele é relativamente fino e não precisa ser pesado, porque não conta com a força do atrito para se mover. Por outro lado, seu sistema apresenta desperdício de energia. Segundo Aldo Michelini, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT), "passar a energia elétrica do ventilador e depois para o trem ocasiona muitas perdas, porque há um intermediário. É mais fácil usar a energia para mover diretamente a composição". A despeito das dúvidas sobre seu funcionamento, o gaúcho Coester acaba de vender um exemplar do aeromóvel à Indonésia.
Em outra escala estão os planos para o freqüentadíssimo trecho Rio-São Paulo, onde deverá começar a ser construída dentro de um ano a primeira linha comercial de trens rápidos do país. O sistema, que poderá ser importado do Japão, França ou Alemanha, deverá transportar passageiros entre as duas cidades à velocidade mínima de 200 quilômetros por hora. Com isso, o tempo de viagem ficará em 2 horas e 10 minutos - de centro a centro das capitais. A linha representa muito pouco para a solução do tráfego de paulistas e cariocas, mas vai desafogar a mais congestionada rota de aviões do país: a famosa ponte aérea, a primeira do gênero no mundo, criada em 1959, e a segunda mais movimentada do planeta, depois do shuttle entre Nova York e Washington. Enquanto isso, na Europa, o complexo ferroviário deve encurtar ainda mais as distâncias, integrando também fisicamente um continente cada vez mais integrado na economia. A tecnologia da virada do século chega a toda velocidade.

Acima dos trilhos.

Há algo de novo no ar além dos trens de carreira. Alemães e japoneses já começaram a projetar os Maglev , as composições do futuro.O princípio é o da levitação eletromagnética; o efeito é o deslocamento dos vagões a altíssima velocidade, sem atrito, logo sem desagaste, com mínimo consumo de energia e, sobretudo, sem poluição. O modelo germânico, chamado Transrapid, do qual já foram construídos sete protótipos, usa eletroímãs tradicionais para fazer o trem levitar a 1 centímetro dos trilhos. O sistema consiste em uma seqüência de pólos invertidos, instalados na parte inferior dos trilhos e no interior de uma espécie de asa que abraça os trilhos por baixo. Com a atração de pólos opostos, o trem levita e, como a seqüência é logo invertida, o ímã da frente do trilho atrai o de trás no vagão, fazendo com que este seja impulsionado.
Na lateral da asa, outros ímãs ajudam a dirigir o trem - não houvesse uma lei que obriga a presença de condutores nos trens alemães, o Transrapid poderia ser "pilotado" apenas por um controlador em terra. Já o protótipo japonês, o Maglev MLU, usará as faladas cerâmicas supercondutoras, que não desperdiçam energia, para ser impulsionado. A tecnologia, ainda não completamente dominada, requer processos especiais, como o resfriamento das cerâmicas com hélio líquido - enquanto não se chega à supercondutividade a temperatura ambiente. Ao contrário do Transrapid, o MLU flutua por repulsão, a 10 centímetros dos trilhos. Na linha de testes, já alcançou 500 quilômetros por hora, enquanto o modelo alemão chegou a 412 quilômetros horários. Embora mais lento, o Transrapid tem a vantagem de usar um sistema já bastante conhecido, o que o torna economicamente mais viável.





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terça-feira, 28 de agosto de 2012

O Vulção que saiu do Mar - A Ilha de Trindade

O VULCÃO QUE SAIU DO MAR - A Ilha de Trindade



A 1 200 quilômetros do litoral brasileiro, a ilha de Trindade parece um mundo misterioso, onde ainda sobrevive uma fauna primitiva de estranhos costumes.

Na altura do litoral do Estado do Espírito Santo, existe uma monumental cordilheira formada por vulcões submarinos. Perpendicular à costa brasileira, ela se estende por mais de mil quilômetros ao longo dos paralelos de 20º e 21º em direção ao sudoeste da África. Os pontos culminantes da cordilheira estão submersos a poucas dezenas de metros da superfície. Entretanto, as bases dessas montanhas estão entre 3 e 4 mil metros de profundidade. Na extremidade oriental da cadeia, distantes 1.200 quilômetros do litoral de Vitória, surgem os únicos vestígios visíveis à superfície: os rochedos que formam o minúsculo arquipélago de Martim Vaz e a ilha de Trindade.
Trindade é a cumeeira de uma enorme construção vulcânica submersa. Seus picos escarpados de quase 600 metros, como as partes visíveis de um iceberg, representam apenas a décima parte da altura de uma gigantesca montanha submarina em forma de cone. A base de toda essa formação alcança um diâmetro de 50 quilômetros e repousa na escuridão abissal do Atlântico sobre uma espessa camada de rocha.
Foram necessários milhares de anos para que todo aquele edifício submerso ficasse concluído. Imaginar a grandiosidade de uma Trindade pré-histórica parece impossível. A ilha é hoje um amontoado de escombros, uma sucessão de carcaças vulcânicas atoladas em sua própria desagregação. Há enorme quantidade de lavas derramadas através de antigos canais condutores, misturando os mais diversos materiais. É provável que a derradeira manifestação vulcânica em Trindade tenha se dado por volta de 5 mil anos atrás, e ocorreu na parte oriental da ilha, quando então se formou uma cratera com mais de 200 metros de raio, elevando-se outro tanto sobre o nível do mar.
Só restou de pé uma pequena parte do arco daquela cratera. Todo o resto desabou, criando com as ruínas uma acidentada plataforma de rochas pontiagudas, semi-encobertas pelo mar. A violência dos vagalhões que atingem essa região acabou por abrir uma enorme brecha, um túnel, que transpassou o imenso paredão de lava da antiga cratera e formou uma pequena praia no interior da ilha. Ondas com mais de 5 metros de altura formam-se dentro do túnel e se desfazem num leque de espuma no outro lado do paredão.
Quando terminou a longa fase de vulcanismo e o relevo da ilha ficou definitivamente modelado, Trindade passou a receber as primeiras pinceladas do mundo verde, que não tardaram a recobrir as rochas das encostas com extensos bosques tropicais. Aves marinhas, caranguejos e uma multidão de insetos desfrutam, há muito tempo, de um cenário descrito como paradisíaco por uma expedição inglesa que ali aportou no dia 15 de abril de 1700. A bordo do navio encontrava-se o matemático e astrônomo inglês Edmond Halley, notável por ter calculado a trajetória do cometa que ganhou seu nome e por sua influência no trabalho de seu contemporâneo Isaac Newton. Ele havia sido encarregado pelo governo inglês de realizar pesquisas e medições do magnetismo terrestre. Infelizmente, naquele mesmo dia, foram soltos os primeiros porcos e cabritos em Trindade - bichos que iriam devastar a vegetação da ilha.
Assim, desde o início do século XVIII, Trindade passou a receber certos hóspedes muito indesejáveis e prejudiciais a seu equilíbrio ecológico. Depois dos porcos e das cabras, foram trazidos cachorros e gatos, não faltando também a figura cosmopolita do camundongo.
Mesmo tendo sido duramente golpeada em seu equilíbrio ecológico, Trindade ainda abriga diversos representantes de sua fauna primitiva. Há uma praia inteiramente tomada por pequenas crateras de 2 metros de diâmetro. Umas ao lado das outras, sugerem algo como o resultado de um intenso bombardeio sobre a superfície fofa das areias brancas. Esse panorama vem sendo elaborado há séculos por grandes tartarugas marinhas, que chegam às centenas para ali enterrar seus ovos.
Trata-se da Chelonia mydas, ou tartaruga-verde, uma das cinco espécies de tartarugas marinhas encontradas em águas oceânicas. No Atlântico Sul, apenas as ilhas de Ascensão, atol das Rocas e Trindade são visitadas pelas fêmeas na época da desova.
Enormes caranguejos terrestres também freqüentam as praias, principalmente na hora em que o sol começa a desaparecer. Eles saem de dentro de buracos escavados na areia ou descem das encostas mais próximas do mar, alimentando-se de quase tudo que encontram pela frente, inclusive os ovos e filhotes recém-nascidos da tartaruga-verde. Ainda que uma fêmea da Chelonia mydas deposite em média quinhentos ovos, poucos escapam à voracidade dos caranguejos. Muito bem adaptados a viver sobre as montanhas, os caranguejos desenvolveram hábitos alimentares que os libertaram de permanecer nas praias. Além de conseguirem subir em árvores e devorar até larvas de insetos, escalam as mais íngremes encostas e não poupam sequer os ninhos das aves marinhas.
A fauna e a flora de Trindade já mereceram diversos estudos mas ainda deverão contribuir com muitas respostas para questões ligadas à biogeografia e à genética. No momento, a maior preocupação compartilhada por especialistas - dos mais diversos setores da ciência - em relação a Trindade reside na sua preservação. As relíquias botânicas da ilha encontram-se ameaçadas por um insaciável herbívoro: o cabrito. Atualmente, ele vive em bandos espalhados pelas partes mais altas, onde a vegetação é mais exuberante e onde se encontra o hábitat da Cyathea copelandii, um feto arborescente ou samambaia-gigante.
Sua presença em Trindade foi um enigma para os botânicos, até que se descobriu o mecanismo de propagação dessa planta. As samambaias-gigantes são descendentes dos minúsculos esporos de samambaias pré-históricas que circularam dentro de altíssimas correntes aéreas sobre o Atlântico há milhares de anos. Dessa mesma forma aterrissaram em alguma época em Trindade as sementes de uma pequena orquídea, do gênero Polystachya, que se adaptou muito bem aos bosques sombrios e úmidos nos pontos mais altos da ilha.
Há um único enigma em Trindade que talvez continue para sempre sem resposta: a existência ou não de um impressionante tesouro escondido entre suas rochas. Conta-se que, após a independência do Peru, em 1821, galeões espanhóis transportavam os tesouros da catedral de Lima com destino à Espanha, quando foram interceptados por piratas ingleses. Estes, depois do saque, teriam guardado os despojos em algum ponto da ilha. Parece pura fantasia. A grande riqueza que Trindade continua nos oferecendo, à plena luz do dia, é uma espetacular amostragem do vulcanismo submarino ocorrido no Atlântico Sul. .





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terça-feira, 28 de agosto de 2012

Ilustres Desconhecidas - As Vitaminas


ILUSTRES DESCONHECIDAS - As Vitaminas



Uns precisam delas sem desconfiar da falta que fazem. Outros as procuram na hora errada e podem comprar encrenca. Todos falam em vitaminas, mas nem os cientistas sabem direito o que de fato elas são.

Elas estão na boca do povo porque, dizem as más-línguas, embelezam, atacam agentes nocivos, espantam o cansaço, aumentam o desejo, abrem o apetite, tonificam os músculos, melhoram o raciocínio, aceleram o crescimento das crianças e freiam o envelhecimento. Todos consideram essas substâncias legítimas promotoras da boa saúde. Cientistas lembram que as vitaminas ajudam em tantas funções que, sem elas, o organismo não consegue cumprir todas as suas tarefas.
Elas merecem o nome dado, em 1911, por Casimir Funk (1884-1967): vita, do latim, por serem fundamentais à "vida" até dos microorganismos; já "amina" foi uma generalização precipitada do bioquímico polonês: tempos depois, descobriu-se que, ao contrário do que esse termo dá a entender, nem sempre essas substâncias derivam da amônia. As diferenças, aliás, não se limitam às suas fórmulas químicas. Vitaminas são nutrientes essenciais de que o organismo necessita em pequeníssimas quantidades - e esta definição é o único ponto em comum entre dezenas de substâncias, cada qual com um comportamento particular. Contudo, dessas dezenas apenas treze recebem dos biólogos o crachá de vitamina, por serem julgadas as mais importantes ou porque o organismo humano é incapaz de produzi-las. A ordem em que esses compostos orgânicos foram identificados transformou-se em ordem alfabética, o que faz um suco de frutas parecer sopa de letrinhas, ao se analisarem as vitaminas contidas: A, B, C, D, E, K..
A letra B, na verdade, designa um complexo de oito vitaminas muito diversas, mas que confundiram os pesquisadores à primeira vista por terem sido encontradas nas mesmas fontes alimentares. As confusões, aliás, também eram comuns porque algumas moléculas de vitaminas são parecidas, até que se combinem com outras substâncias no organismo para serem ativadas. A maior parte dessas transformações ocorre no fígado, como se ali as vitaminas assumissem um encargo especial de trabalho no complexo laboratório do organismo humano, onde se operam as mais diversas reações químicas.
Prontas para entrar em ação, elas às vezes reagem com outras moléculas, como faz a vitamina A, a fim de formar pigmento do olho que precisa ser renovado para se enxergar em detalhes ou ainda, quando está no escuro, para se perceberem as formas dos objetos num jogo de sombras. As vitaminas também reagiriam com os chamados radicais livres - complexas substâncias com cerca de mil átomos de hidrogênio, formadas por fatores diversos como álcool e fumo. A reação, no caso, foi observada apenas em laboratório, mas, se ocorre no corpo humano, então as vitaminas conseguem literalmente tirar um anarquista de circulação: muito reativo, o radical livre logo se gruda em uma célula e fica ali para atrapalhar. Com o tempo, há mais anarquistas e mais confusão criam.
Por isso, esses radicais estão ligados a processos degenerativos como o câncer e o envelhecimento.Neste caso, eles se acumulam, agarrados às fibras de colágeno que amarram as células dos tecidos. Estas acabam se rompendo como uma rede sob excesso de peso - quando isso ocorre, as rugas aparecem no rosto. Ao formar substâncias e neutralizar outras, as vitaminas são protagonistas nas reações e, uma vez que são transformadas, se desgastam no desempenho desse papel. No entanto, é como coadjuvante que elas atuam na maioria dos processos bioquímicos, nas chamadas reações enzimáticas, que, entre outras coisas, compõem a digestão.
O amido que se come no pão, por exemplo, mistura-se com a água no aparelho digestivo e forma o substrato, ou seja, a matéria-prima de um produto que o organismo precisa fabricar. O produto, neste caso, é um combustível das células, obtido quando certa enzima quebra as moléculas da matéria-prima, recombinando as partes de um modo diferente - o da fórmula da glicose. Para isso, as moléculas têm uma região, o sítio catalítico, que serve feito luva, para as enzimas. Algumas vezes, porém, sobra espaço, e as enzimas, dentro do sítio catalítico, dançam de um lado para outro. Sem um bom contato, as reações para formar o produto não se desencadeiam. Neste aspecto, pode-se dizer que uma refeição cheia de gorduras, carboidratos e proteínas é nada, senão houver vitamina.
Esta ajusta a enzima como o calço de uma mesa bamba e, no final, sai intacta. Assim, é usada várias vezes em reações semelhantes, antes de ser eliminada. Daí porque os alimentos só precisam repor milésimos ou até milionésimos de grama desse nutriente. Seguindo à risca a dose diária recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), quem viver setenta anos terá consumido apenas cerca de 30 gramas de B1 ou tiamina, as quais nem transbordariam numa xícara de cafezinho. A importância desse consumo, porém, vale muito mais do que pesa. Se a ingestão de qualquer vitamina for inferior ao ideal, paga-se a diferença com a própria saúde. .
Carência extrema de vitamina B1, por exemplo - cuja função é manter os nervos que controlam os movimentos -, gera uma doença conhecida na China há mais de 4 mil anos: o beribéri, cujo nome significa ao pé da letra "não posso", alusão à dificuldade da vítima em se mexer. Mas as doenças, sejam menos ou mais graves, não são o alarme da falta de vitaminas. De acordo com o médico Hélio Vanucchi, da Universidade de São Paulo (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto), "elas já são a última etapa de um processo de deficiência". Estudando o problema há dezoito de seus 46 anos, ele explica que no início o organismo esgota as reservas desses nutrientes e, em seguida, certas funções orgânicas que dependiam da sua presença são interrompidas ou se tornam mais lentas; ainda nesse estágio, não há sintomas.
Só na terceira fase, às vésperas de ficar doente, a pessoa sente que algo está errado. "Mas as sensações são tão imprecisas, como perda de apetite ou irritabilidade, que poucos procuram um médico", conta Vanucchi. "E, se procuram, sem ver sinal aparente de doença o médico pode não chegar ao diagnóstico." Na área em que esse paulista de Araraquara se especializou, a Nutrologia - estudo em Medicina da ação dos nutrientes -, costuma-se considerar que para cada caso clínico existem nove ou dez casos de carência da mesma vitamina nos estágios anteriores, tão difíceis de ser percebidos. A duração de todo o processo varia conforme a vitamina que falta: doses insuficientes de A transparecem após cerca de oito meses, enquanto um período quatro vezes menor pode ser o bastante para que a vitaminaC a menos provoque o escorbuto.
O risco de se ter a doença, caracterizada por hemorragias, não existe apenas nos livros de História, que relatam expedições marítimas fracassadas por sua causa. Um estudo na França, realizado em 1980, mostra que 30 por cento dos idosos são deficientes em vitamina C. Aliás, os franceses, de paladar tão requintado, consomem apenas 80 por cento da dosagem ideal dessa vitamina e também de A, B2 e B6. Os dados americanos são mais surpreendentes: somente 35 por cento das pessoas têm alimentação adequada para suprir as necessidades diárias de vitaminas.
Não há pesquisas semelhantes de quanta vitamina é servida no prato do brasileiro, mas um levantamento de possíveis deficiências partiria de um número já estabelecido: 40 milhões de subnutridos. Outra preocupação estatística brasileira são os 12 milhões de alcoólatras. "O alcoolismo hoje é a maior causa de doenças por falta de vitaminas, na população adulta mundial", avalia o médico Vanucchi. Além de comer menos - logo, ingerir menos vitaminas - o alcoólatra gasta uma imensa quantidade de vitaminas do complexo B para metabolizar a bebida. Seu organismo ainda requisita maiores volumes de todas as vitaminas que de algum modo reparam os danos nos tecidos causados pelo álcool.
Contudo, não são apenas os que têm problemas de saúde, como os alcoólatras, que devem se preocupar com as doses de vitamina de todos os dias. Na opinião do bioquímico Miguel Sérgio Zucas, da Faculdade de Educação Física da USP, os atletas devem ficar de olho no consumo de B1 , B2 e niacina. Enquanto trabalham, os músculos produzem uma substância, o ácido pirúvico, que sem a vitamina B1 , transforma-se em ácido lático. "Este tem um efeito irritante", explica Zucas, "e é o responsável pelas dores musculares após a ginástica."
As outras duas vitaminas agem na obtenção de energia em exercícios de baixa intensidade e longa duração. "Sem elas, o cansaço chega mais rápido", afirma o bioquímico, que cuidou para que os três nutrientes não faltassem aos atletas das seleções brasileiras de vôlei, basquete e ciclismo, participantes dos últimos Jogos Olímpicos em Seul. A experiência de onze anos estudando quando os nutrientes entram em campo não resolve seu maior problema: "É difícil calcular quanta vitamina um atleta consome.
Se ele me disser que gosta de alface, em princípio cheia de B1, não me tranqüilizo. Como vou saber se a B1 ainda está ali? Hoje são comuns as práticas que destroem essa vitamina, como jogar bicarbonato nos vegetais para deixá-los mais bonitos".
A preocupação de Zucas faz sentido: os alimentos parecem não ser os mesmos, a começar porque as moléculas das vitaminas são sensíveis a mudanças de pH (medida do teor de acidez ou alcalinidade de uma substância), alterações de calor, umidade, luz, presença de oxigênio, deficiências do armazenamento e outros fatores que participam da industrialização. Um nutricionista americano analisou 730 alimentos industrializados. Em números redondos, os vegetais perdem quase a metade das vitaminas, enquanto nas carnes restou somente um terço do teor inicial desses nutrientes. "As perdas podem ser maiores na preparação doméstica, ao passo que os equipamentos usados na indústria, por exemplo, não deixam escapar o vapor", defende Pablo Padin Fernandez, engenheiro de alimentos da Roche, laboratório líder no mercado mundial de vitaminas.
De fato, as vitaminas se dividem em dois grupos: A, D, E e K se dissolvem em gordura e por isso são chamada de lipossolúveis; já a vitamina C e o complexo B formam as hidrossolúveis, que se diluem na água. Este grupo foge pelo vapor ou pela própria água do cozimento. A indústria tem ao menos, o recurso de adicionar vitaminas sintetizadas para reparar perdas e danos dos produtos em relação aos seus ingredientes frescos. "Pode-se acrescentar qualquer vitamina a qualquer alimento", garante Fernandez.
De fato, esses aditivos podem até enriquecer produtos de grande consumo com as vitaminas das quais a população está mais carente. Nesse sentido, a primeira experiência foi em 1916, quando os dinamarqueses acrescentaram vitamina A na margarina para compensar a substituição da manteiga exportada, rica naquele nutriente. Desde então, outros países seguiram o exemplo. O Canadá foi o primeiro a criar, em 1975, um conselho de nutrição que, quando as autoridades sanitárias julgam necessário, ordena suplementações nos alimentos a serem consumidos em dada região. Nesta década, o Japão, a Suíça e a Grã-Bretanha adotaram políticas semelhantes. Nesses países, a adição de vitaminas em alimentos também passa por rigoroso controle. Chega a ser proibido acrescentar as vitaminas das quais a população está bem suprida.
Não é mais que um mito o conceito de que é melhor ter vitaminas em excesso do que não tê-las. Na verdade, a presença de uma vitamina acima de certo nível faz tão mal quanto sua ausência. Acreditava-se que somente as lipossolúveis ofereciam esse risco, por se depositarem em tecidos gordurosos e no fígado, enquanto o excesso de hidrossolúveis seria eliminado pelo suor e pela urina. As pesquisas mais recentes mostram que mesmo essas vitaminas solúveis em água podem ter efeito tóxico se ingeridas em altas quantidades. Apenas esses efeitos demoram mais para aparecer.
A observação aumenta a polêmica em torno da teoria de que grandes doses de vitamina C seriam capazes de curar ou prevenir resfriados. É verdade que as superdoses têm o aval de ninguém menos que o cientista americano Linus Pauling, Prêmio Nobel de Química em 1954 (e da Paz oito anos mais tarde). "O excesso dessa vitamina ajuda a formar oxalatos, substâncias que produzem os cálculos renais", diz Bruno Carlos de Almeida Cunha, professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP.
Pauling, no entanto, se auto prescreve 10 gramas diários de vitamina C, equivalentes a duzentos copos de suco de laranja. Nos anos 60, ele proclamou que a vitamina C aliviara os sintomas de um resfriado, e desde então as vendas dessa vitamina quadruplicam em cada inverno europeu. Em laboratório, a vitamina C mostrou que pode matar vírus, como o da gripe. Mas não há provas suficientes de que faça o mesmo no corpo humano.
Na verdade, é bastante nebulosa a área entre o necessário à saúde e os excessos nocivos. Teoricamente, nas dosagens intermediárias, as vitaminas poderiam curar doenças. Na prática, só é certo que são o melhor remédio para as doenças que sua própria ausência provoca.

Descoberta em etapas.

Certas comidas fazem as cobaias crescer, por isso os cientistas do início deste século passaram a buscar os "fatores de crescimento", ingredientes então invisíveis e misteriosos. Em 1911, o bioquímico polonês Casimir Funk notou que algo nas leveduras era essencial à própria existência de microorganismos e concluiu que os tais fatores, pesquisados no mundo inteiro, promoviam muito mais do que o crescimento. Daí cunhou o termo vitamina, antes mesmo de saber quais moléculas de fato estava observando. No caso, eram as vitaminas do complexo B , mas o nome definiu todos aqueles fatores de crescimento.
Mais tarde começou á diferenciação, a descoberta de que diferentes vitaminas têm funções diferentes e diferentes propriedades químicas, mas o nome continuou sendo aplicado a todas elas.





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domingo, 26 de agosto de 2012

Chip de Macintosh de 1987 guarda fotos de engenheiros da Apple


Chip de Macintosh de 1987 guarda fotos de engenheiros da Apple



Um grupo de hackers de Nova York resolveu examinar um chip usado no computador Macintosh SE, fabricado pela Apple em 1987. Em meio aos códigos responsáveis pelo funcionamento básico do sistema estavam quatro fotografias com a equipe de engenheiros que desenvolveu o computador. As imagens são datadas de 20 de novembro de 1986, segundo uma mensagem secreta também disponível no chip.
As imagens já eram conhecidas de entusiastas da plataforma e estariam disponíveis em outros computadores da linha do "Macintosh Plus", mas isso não está confirmado – muitas pessoas afirmam que o sistema trava ao tentar executar os comandos que exibem as fotos.
As fotografias compartilham com os códigos de funcionamento do computador o espaço de 256 KB do chip usado no Macintosh SE. O software básico do Macintosh SE usava apenas 89 KB do total.
Os "fuçadores" que examinaram o chip descobriram que as imagens estão compactadas no formato PackBits, criado pela Apple em 1984 e usado no programa MacPaint. Para extrair as imagens do chip, eles fizeram um pequeno programa capaz de descompactar as imagens.

O chip ainda traz uma linha de caracteres que seriam as iniciais dos desenvolvedores – "JCSLWRLBBMABOEMTDAHJTCFJLMBKCRCLAKEHBRDCDAFSHFT" – e mais outros dados que, segundo os hackers, parecem ser um áudio. Ainda não se sabe o teor desses dados.
Comentando o artigo dos hackers, intitulado "Ghost in the ROM" (veja aqui: http://www.nycresistor.com/2012/08/21/ghosts-in-the-rom/), o engenheiro Brian McGhie disse ter sido o responsável pela inclusão das fotos. Ele afirmou que faltou no dia em que as fotos foram tiradas e que precisou editar uma das fotografias para se incluir na imagem do time.





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domingo, 26 de agosto de 2012

Morre Neil Armstrong, primeiro homem na Lua

25/08/2012 16h15 - Atualizado em 25/08/2012 20h34

Morre Neil Armstrong, primeiro homem na Lua
Armstrong passou por uma cirurgia de coração em 7 de agosto. Americano comandou a Apollo 11 e pisou na Lua em 20 de julho de 1969.



O primeiro homem a pisar na Lua, Neil Armstrong, morreu aos 82 anos nos Estados Unidos neste sábado (25), informou a família do astronauta em nota à imprensa.
"Estamos de coração partido ao dividir a notícia de que Neil Armstrong faleceu após complicações ligadas a procedimentos cardiovasculares", diz a nota. "Neil foi um marido, pai, avó, irmão e amigo amoroso."
Em 7 de agosto, ele passou por uma cirurgia de emergência no coração, após médicos encontrarem quatro entupimentos em suas artérias, e desde então estava se recuperando no hospital em Cincinnati, onde morava com a esposa.
No Twitter, a Nasa ofereceu "seus sentimentos pela morte de Neil Armstrong, ex-piloto de testes, astronauta e primeiro homem na Lua."

FONTE:
http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2012/08/morre-neil-armstrong-primeiro-homem-pisar-na-lua-dizem-agencias.html

http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2012/08/primeiro-homem-na-lua-passa-por-cirurgia-de-emergencia-no-coracao.html





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domingo, 26 de agosto de 2012

Descartes - A Razão acima de tudo - Filosofia



DESCARTES: A RAZÃO ACIMA DE TUDO - Filosofia



O filósofo diz: "Penso, logo existo" e lança as bases da grande revolução no conhecimento.

O rigoroso inverno de 1619 imobilizou o exército de Maximiliano da Baviera. Um percalço militar irrelevante para o desfecho da Guerra dos Trinta Anos, que ensangüentaria a Europa, mas que teve inesperada e decisiva importância para a Filosofia e a ciência moderna. René Descartes, jovem francês de 23 anos engajado nas tropas bávaras, aproveitou o frio para se isolar em um quarto de estalagem nas cercanias de Ulm, na Alemanha, e - como era de seu gosto - passar dias em febril atividade intelectual. Na madrugada gelada de 11 de novembro, as centelhas de seu cérebro explodiram em sonhos agitados - em um deles, o Espírito da Verdade lhe abria os tesouros da Ciência. Na manhã seguinte, superexcitado, Descartes concluiu estar no limiar de uma "ciência admirável".
"Penso, logo existo", sua máxima mais conhecida e que viria a ser a viga de sustentação do racionalismo moderno começou a nascer naquelas horas. Nas imagens dos sonhos, o jovem pretendeu ver símbolos de iluminação e indicadores da missão a que deveria consagrar sua vida: unificar todos os conhecimentos humanos sobre bases racionais. Foi ali, ao pé de uma estufa a carvão, a espada inútil encostada à parede, que Descartes pela primeira vez teve a idéia de aplicar a álgebra à geometria e a Matemática a todas as coisas. Ele desempenhou com tamanha habilidade a tarefa de dar novos alicerces ao edifício do pensamento que passou à História como o "pai da Filosofia moderna", cuja obra é o ponto de partida obrigatório para se entender as origens do modo de pensar que tornaria possíveis as revoluções científicas dos séculos seguintes.
Mas isso não estava nos cálculos do lar de Descartes, uma próspera família burguesa radicada entre Tours e Poitiers, no coração da França, e tradicionalmente dedicada ao comércio e à Medicina. Graças a uma bem azeitada estratégia matrimonial, no final do século XVI os Descartes tinham-se ligado a famílias ricas e notáveis da província - os Sain e os Brochard -, e estavam em franca ascensão social. Como era de se desejar para um gentil-homem daqueles tempos não de todo esquecidos do passado medieval, o avó Pierre combatera nas guerras religiosas; a mãe, Jeanne, era filha do tenente-general de polícia de Poitiers. E Joachin Descartes, o pai, chegou a conselheiro do rei no Parlamento da Bretanha título com o qual é identificado na ata de batismo de René, nascido em La Haye-Touraine, a 31 de março de 1596, terceiro e último filho do casal.
Jeanne Brochard morreu tuberculosa um ano depois e ninguém dava um vintém pela sobrevivência do filho. Ele herdara da mãe os pulmões fracos e uma tosse crônica que jamais o abandonaria. Mas o menino de aparência delicada tinha a mente ágil, e Joachin viu nele seu sucessor nos negócios e no Parlamento. Decidido a preparar René para um futuro brilhante, enviou-o em 1606 para o colégio jesuíta de La Flèche, às margens do rio Loire. Fundada apenas dois anos antes, graças à generosidade do rei Henrique IV, o fundador da dinastia Bourbon, a dos Luíses, a escola já era considerada uma das melhores da Europa. Em 1610, quando o soberano morreu e seu coração foi transladado para a capela de La Flèche, o menino René Descartes, monarquista convicto como seria por toda a vida, assistiu emocionado às solenidades.
Como sua saúde frágil era notória, Descartes recebeu permissão para ficar na cama quanto quisesse - o privilégio era igualmente um prêmio a seu brilhante desempenho escolar. Adulto, Descartes manteria o hábito de trabalhar no leito e cultivaria a mesma solidão dos tempos do La Flèche, a ponto de ter tomado, ainda jovem, a decisão de não casar. Mas teve lá suas aventuras: em 1635 nasceu Francine, sua filha com Helena, uma criada. Tampouco seria o sucessor do pai, missão assumida pelo filho mais velho, Pierre. Mas a herança paterna permitiu-lhe viver igual a outros gentis-homens de seu tempo: de forma modesta, mas sem trabalhar. Havia outras heranças a considerar, contudo. O século XVI virara de ponta-cabeça a vida do homem ocidental. Navegadores e aventureiros rasgavam mares e continentes, descobrindo terras e povos.
A efervescência cultural da Renascença criara uma vaga que não cessava de afogar as velhas certezas da Filosofia e da ciência baseadas sobretudo nos escritos do grego Aristóteles e na autoridade da Bíblia. O prestígio do Estado e da Igreja estavam igualmente corroídos pela dissidência política e pela Reforma protestante. Um novo mundo nascia. Mesmo em retirada, porém, a velhas instituições permaneciam, no início do século XVII, robustas o suficiente para queimar na fogueira um certo número de pensadores atrevidos.
A Europa sabia então possuir músculos capazes de arrasar e pilhar impérios na América e de saquear as costas africanas e asiáticas. Mas chocava-se com a revelação de que outros povos viviam segundo padrões bem diferentes daqueles que pareciam os únicos legítimos. Natural que os ventos fossem de perturbação e descrença. "Só há opiniões neste mundo incerto", concluía, desanimado, o pensador francês Michel de Montaigne (1533-1592), o mais célebre dos céticos.
Quando Descartes vai para a escola, está na ordem do dia a busca de um novo caminho para o conhecimento, uma trilha que escape aos labirintos das discussões estéreis. Em poucas palavras, falta um método para a ciência. Em La Flèche, Descartes ainda não sabe, mas será um dos pensadores responsáveis por uma das duas principais vertentes do pensamento moderno - ao buscar na razão a recuperação da certeza científica, dará origem ao racionalismo; o outro percurso será traçado pelo inglês Francis Bacon (1561-1626), que propõe formular as leis científicas partindo de casos e eventos particulares, raiz do experimentalismo.
La Flèche está, contudo, no contrafluxo da história. A escola, onde o latim é a única língua admitida e Cícero o autor mais lido, é um sólido bastião da herança medieval. Descartes fica profundamente decepcionado com a repetição incessante de antigas verdades, sem lugar para, a dúvida. Está fascinado, porém, com a Matemática e se espanta que, "sendo seus conhecimentos tão firmes e sólidos, nunca tivesse conduzido a algo mais elevado". Em 1614, vai cursar Direito na Universidade de Poitiers, de onde sairá dois anos depois com um diploma de doutor e a mesma opinião sobre a erudição tradicional. Nela, as teses mais contraditórias são "cultivadas pelos melhores espíritos", escreveria mais tarde.
Nos meses seguintes, Descartes vive entre a Bretanha e Paris, onde perambula pelos salões mundanos e começa a ficar, conhecido nos círculos intelectuais. É então que conhece o padre Mersenne, seu confidente e consultor por toda a vida. Em 1618, querendo continuar os estudos, parece-lhe razoável fazê-lo na academia militar que Maurício de Nassau - o mesmo que governou Pernambuco - criara em Breda, na Holanda. Vestir farda estrangeira não era nada de extraordinário, visto que Holanda e França eram aliadas nas guerras religiosas contra a Espanha. Em Breda, conhece o médico Isaac Beekman, oito anos mais velho, com quem faz as primeiras experiências sobre a refração da luz e estuda a obra científica do italiano Galileu. No ano seguinte, Descartes abandona o exército do protestante Nassau e se alista nas tropas que o católico Maximiliano da Baviera reunia contra o rei da Boêmia.
O jovem oficial vive um período místico e, em Ulm, ingressa na Associação Rosa Cruz, uma sociedade semi-secreta que recomenda a seus membros o exercício gratuito da Medicina. Seus manuscritos dessa época estão perdidos, mas os títulos dão idéia do que lhe ia pela mente: Parnassas (a região das musas), Olympica (relativo aos deuses). O rigoroso inverno de 1619 em Ulm, em que a tempestade cerebral definiria seu destino, foi recordado por Descartes como uma temporada de solidão e fértil experiência intelectual: "Não encontrando nenhuma conversação que me divertisse e não tendo, além disso, por felicidade, preocupações ou paixões que me perturbassem, ficava todo o dia fechado sozinho num cômodo aquecido por uma estufa, onde dispunha de todo o tempo para me entreter com meus pensamentos.
Descartes estava convencido de que daria uma contribuição decisiva à ciência do conhecimento - na verdade, ele era extremamente vaidoso e se considerava um gênio. "Verdadeira generosidade, que faz que um homem se estime no mais alto ponto em que se pode legitimamente estimar" escreve a Mersenne, relatando suas ambições pessoais. Em 1619, dá início às viagens que se prolongariam por uma década. Entre 1623 e 1625, tendo abandonado a vida militar, vive na Itália, onde faz peregrinação ao santuário de Nossa Senhora de Loreto. Católico fervoroso, Descartes pagava uma promessa. Entre 1626 e 1628, fixa residência em Paris, onde se ocupa de Matemática e dióptrica, o ramo da Física que estuda a refração da luz. Só não abandonou a Filosofia porque o cardeal Pedra de Berulle o animou a servir à causa da religião contra os libertinos. Depois de Henrique IV, subiu ao trono francês seu filho, Luís XIII (de 1610 a 1643). Mas quem de fato governava era o cardeal Richelieu.
Durante dezoito anos, a partir de 1624, Richelieu administrou uma espécie de política desenvolvimentista à moda do século XVII, fomentando o comércio e a indústria. Os engenhos mecânicos proliferavam e estava na ordem do dia ser cientista. Nas ruas de Paris, é possível que Descartes tenha cruzado com Isaac de Portau, Henry d´Aramitz ou mesmo Armand de Sillégue d´Athos, os espadachins famosos da Guarda do Rei que inspiraram os três mosqueteiros de Alexandre Dumas. Ao contrário daqueles contemporâneos sempre às voltas com duelos, porém, Descartes foi um guerreiro relutante - por exemplo, mais um observador do que um combatente na Guerra dos Trinta Anos.
Em 1628, Descartes decide mudar-se para a Holanda, uma terra de tolerância religiosa e, por isso mesmo, de efervescência intelectual, onde viverá quase todo o resto de sua vida. Nessa época, ele era já autor de um certo número de textos sobre Matemática, Física e Filosofia, mas ainda não entregara a obra capaz de revelar a "ciência admirável" que, presunçoso, prometera publicamente. Em 1633, está pronto, enfim, o Tratado do mundo, contendo uma explicação ordenada de todos os fenômenos naturais, da formação dos planetas e da gravidade. até chegar ao homem e ao corpo humano. Mas, justamente nesse ano, Galileu foi condenado pela Inquisição por dizer que a Terra se move ao redor do Sol. Precavido, Descartes engaveta seu livro e resolve dali por diante ser discreto e evitar qualquer confronto com a religião.
"Ando tão assustado", escreveu a Mersenne em 22 de julho de 1633, que estou quase resolvido a queimar todos os meus papéis ou, pelo menos, não deixá-los a ninguém. Confesso que, se isso (o movimento da Terra) é falso, todos os fundamentos de minha filosofia também o são." O Tratado ficou entre os papéis de Descartes e só foi publicado em 1677. Ele não abandonou, porém, a idéia de divulgar suas teses científicas, partindo da Filosofia para criar uma nova Matemática e, sobre ela, edificar uma nova ciência. Assim, em 1637, precede seus três ensaios - Meteoros, Dióptrica e Geometria - de um Discurso do método.
Nessa sua mais famosa obra, expõe por inteiro a metodologia da dúvida, começando por destruir tudo: sua crença na existência do mundo, dos objetos, de seu próprio corpo, de Deus, Tudo pode ser pura ilusão, sonho. Mas resta uma certeza: " Penso logo existo" (Cogito, ergo sum, em latim). Descartes reconstrói o Universo, demonstra sua própria natureza, reafirma a existência de Deus, das coisas materiais e, por fim, distingue corpo e alma no homem. O mais importante - e que constitui a metodologia básica do cartesianismo - é considerar como verdadeiro somente o que for possível intuir com clareza e evidência.
Descartes estava seguro de ter chegado à mais sólida filosofia jamais pensada. Mas nem por isso ficou livre da polêmica. Para evitar dissabores (não esqueceu Galileu nas mãos do Santo Ofício), costuma submeter seus trabalhos à crítica dos teólogos e os publica, junto com as eventuais objeções. Mas, mesmo na tolerante Holanda, os ministros e acadêmicos se irritam com a repercussão de sua filosofia e vão à luta em defesa de Aristóteles.
A 17 de março de 1642, o Parlamento de Utrecht proíbe que as idéias de Descartes sejam ensinadas na cidade, " primeiro, porque são novas; depois, porque desviam a juventude da velha e sã filosofia". Com isso, Descartes encheu-se de brios e passa a se defender dos ataques pessoais. Em 1645, a Universidade de Groningen o perdoa, mas a Justiça de Utrecht considera difamatória sua réplica. Dois anos depois, um teólogo da Universidade de Leyden, ainda na Holanda, o acusa de blasfemo, crime punido pela lei. Descartes precisa pedir socorro ao embaixador francês.
Isso não foi suficiente, porém, para melhorar suas relações com a terra natal. Em 1647, em Paris, onde o cardeal Mazarino, sucessor de Richelieu, lhe concede uma pensão, que por sinal jamais será paga, Descartes encontra o jovem Blaise Pascal (1623-l662), a quem sugere experiências sobre o vácuo usando o mercúrio. No ano seguinte, novamente em Paris, encontra a cidade em ebulição política e tomada por barricadas. "O ar de Paris me predispõe a conceber quimeras em lugar de pensamentos filosóficos. Vejo ali tantas pessoas que se enganam em suas opiniões e cálculos que isso me parece uma enfermidade universal", comenta, azedo. Descartes prefere mais que nunca evitar os assuntos polêmicos, ocupando-se sobretudo de questões morais. É o que mostra sua correspondência com a princesa Isabel, filha de Frederico, rei destronado da centro-européia Boêmia, exilado na Holanda.
A última obra do filósofo, As paixões da alma, de 1649, procura entender os sentimentos e tirar conclusões éticas. Nesse ano, ainda que relutante, Descartes aceita um convite para viver na corte sueca. A realeza européia está ávida de brilho intelectual, mas a rainha Cristina, da Suécia, tinha excêntrica noção de como utilizar os serviços do filósofo - ela o chamava para conversar três vezes por semana, às 5 horas da manhã. Visitar o castelo em plena madrugada, no severo inverno nórdico, foi demais para os pulmões delicados de Descartes. A 11 de fevereiro de 1650, ele morreu de tuberculose, em Estocolmo, aos 54 anos de idade. O corpo foi enviado para ser enterrado na terra natal. Mas a cabeça só voltou à França em 1809 - em macabra homenagem à sua inteligência, os suecos conservaram seu crânio por mais de um século e meio.

O homem que calculava

Qualquer ginasiano conhece uma das mais populares contribuições de René Descartes à Matemática: os a, b, x, e y da álgebra. Foi Descartes, de fato, quem primeiro usou as letras iniciais do alfabeto para representar as constantes e as últimas letras para as variáveis de uma equação. Ele também introduziu o uso de expoentes e o símbolo da raiz quadrada. Mas sua grande proeza foi combinar álgebra e geometria, tornando mais fácil a solução de problemas bastante complexos isoladamente - o resultado da fusão ganhou o nome de geometria analítica. Descartes foi responsável, igualmente, pela primeira classificação sistemática das curvas e de seu cálculo - as coordenadas cartesianas.
São conhecidos seus avançados estudos sobre a refração da luz e a confecção de eficientes lunetas. Ele imaginou ainda a gravidade como uma espécie de turbilhão gerado pelo movimento da Terra no fluido que tudo preenche (Descartes não acreditava na existência do vazio). O planeta giraria em torno do Sol obedecendo ao mesmo princípio: um vórtice criado pelo movimento de um sólido no fluido. Tais conceitos hoje parecem pueris, mas deram origem ao mecanicismo nas ciências naturais. Aos olhos do século XX, porém, é na anatomia que Descartes comete seus piores vexames. Ele supunha, por exemplo, que a glândula pineal era uma característica do ser humano e a descreveu como a conexão entre corpo e alma. Poucas décadas mais tarde, já se sabia que répteis primitivos também tinham essa glândula - e ainda mais desenvolvida que no homem.

Em latim, só o nome

Como era praxe em seu tempo, René Descartes assinou suas obras com uma versão latinizada de seu nome: Renatus Cartesius. Daí seu sistema filosófico ser chamado cartesiano. No início do século XVII, na verdade, o latim já estava em declínio como língua universal da cultura e o próprio Descartes preferia escrever em francês. A publicação em língua vulgar do Discurso do método, em 1637, é uma espécie de atestado de maturidade intelectual do idioma francês, convertido por Descartes em respeitável veículo para a erudição. Além disso, o abandono do latim - que Descartes reservou apenas para o público acadêmico - permitiu ampla divulgação de seu trabalho, abrindo as portas do conhecimento aos burgueses semiletrados.
Se não foi o primeiro a filosofar na França, Descartes foi o primeiro a filosofar em francês. E isso teve tamanho impacto na terra natal que o pensamento cartesiano se tornou um símbolo de identidade nacional, uma espécie de brasão da inteligentsia francesa. Mas, para além de qualquer fronteira, Descartes legou à humanidade uma nova maneira de raciocinar, capaz de ser usada para provar até mesmo que boa parte de sua própria filosofia está errada. Da mesma forma que na álgebra as equações de grau superior são convertidas em equações mais fáceis de resolver, o método cartesiano propõe-se a dividir as questões em idéias cada vez mais básicas e simples, até obter um conhecimento legítimo: a verdade. Para o professor Carlos Alberto Ribeiro de Moura, da Universidade de São Paulo, não pode haver dúvida sobre a decisiva contribuição do filósofo do século XVII ao pensamento moderno. Diz ele: "Devemos a Descartes a teoria da verdade como problema filosófico".





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domingo, 26 de agosto de 2012

A Lei de Murphy - Sua Origem.


A Lei de Murphy - Sua Origem.


Você já ouviu falar da famigerada Lei de Murphy? Provavelmente sim. Normalmente ela é citada quando algo dá errado, ou melhor, quando parece que algo errado tinha que acontecer necessariamente com você.

Eu já tinha ouvido falar sobre a origem da Lei de Murphy, mas esses dias encontrei uma explicação com vários detalhes sobre a tal lei do azar. E se você quer saber se esse tal Murphy realmente existiu, a resposta é sim. Entenda melhor como tudo isso começou lendo o texto a seguir:
Quando algo começa a dar errado, é comum ouvirmos: “Isso é lei de Murphy!” As livrarias estão cheias de livros que falam dessas leis para cada área da vida.
Leis de Murphy na empresa, no colégio, no futebol… Há um monte delas.
De modo geral, as leis de Murphy são a certeza do fracasso.

Tudo começou com uma brincadeira feita por Edward Murphy, um engenheiro da Força Aérea Americana. Após a falha de um experimento em 1949, ele havia dito que “se uma coisa pode dar errado, certamente dará, pois o pão do pobre só cai com a manteiga para baixo”.
Todos riram com a piadinha, e o major John Stapp resolveu citar esse episódio numa palestra que deu depois do ocorrido. Dentro de poucos meses, a “lei de Murphy” já havia se espalhado por todos os setores aeroespaciais e chegou a fazer parte do dicionário Webster em 1958. Hoje ela é famosa no mundo inteiro.
Tragicamente ou tipicamente, o próprio Edward Murphy não lucrou nem um centavo com a febre de publicações baseadas na sua lei. Seria isso a “lei de Murphy” aplicada a Murphy?
via Impacto Cerebral e e-mail de YAHOOGROUPS.COM
Link: http://impactocerebral.blogspot.com/2011/01/como-surgiu-lei-de-murphy.html





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domingo, 26 de agosto de 2012

Os 10 Dedos do Homem - Matemática

Os 10 Dedos do Homem - Matemática



Um pesquisador desenvolveu uma teoria interessante sobre a quantidade de membros que devemos ter. A ideia mistura enunciados de teorias da evolução, tanto de Lamarck (que diz que os membros se modificam ao longo do tempo para se adaptar ao ambiente) quanto de Darwin (que enuncia a seleção natural, onde aqueles já bem adaptados procriam, e os não adaptados desaparecem). Em determinado ponto da pesquisa, ele se perguntou: porque nós temos 10 dedos?
Ele partiu do princípio que o sistema decimal talvez não fosse mais adequado para a nossa espécie, que oito dedos (quatro em cada mão) já seriam suficientes para o homo sapiens, como em Os Simpsons. A ideia era demonstrar matematicamente o motivo pelo qual nós temos 10 dedos. Ele usou uma fórmula baseada em uma constante que ele criou em um estudo anterior, no qual enunciou a “Lei dos membros”.
O cálculo, basicamente, é o seguinte. Os dedos devem ter um comprimento mínimo. Esse “comprimento exigido” é igual ao diâmetro da palma. Ele usou o cálculo geométrico que converte diâmetro em circunferência (isso porque ele considerou como seria se a mão, sem o braço, daria uma volta de 360 graus), para saber que distância teria uma circunferência em torno da mão. Esse cálculo se utiliza do número ? (Pi, aproximadamente 3,14), e o resultado é que caberiam 9,42 dedos nessa circunferência. Mas como essa circunferência é “aberta” em apenas um dos lados (no outro, temos o pulso, ligado ao resto braço), deve-se considerar apenas meia circunferência. Aí, cabem 4,71 dedos, ou seja, quase cinco por mão. [Scientific Blogging]
E com tantas utilidades para os 10 dedos, o ser humano resolve fazer isso:


LINKS:
http://www.changizi.com/limb.html
http://www.scientificblogging.com/mark_changizi/why_do_we_have_ten_fingers
http://criacionista.blogspot.com/2010/05/por-que-temos-dez-dedos.html
http://hypescience.com/porque-nos-temos-10-dedos
FONTE: YAHOOGROUPS.COM





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domingo, 26 de agosto de 2012

O Dia das Comunicações - 5 de Maio.

O Dia das Comunicações - 5 de Maio.



O 5 de maio é o Dia das Comunicações, data em que nasceu o Marechal Rondon, reconhecido como o Patrono das Comunicações por ter contribuído para a integração do território nacional brasileiro por meio da construção de linhas telegráficas.
Nascido Cândido Mariano da Silva, em 5 de maio de 1865, Rondon foi cadete da Escola Militar da Praia Vermelha e participou ativamente dos movimentos abolicionista e republicano. As ações que lhe renderam o título de Patrono das Comunicações tiveram início em 1889, quando se tornou chefe do distrito telegráfico de Mato Grosso e participou na construção das Linhas Telegráficas de Cuiabá. Sua obra mais importante, a linha telegráfica de Cuiabá a Santo Antonio do Madeira, começou a ser construída logo em seguida, em 1907.
A comissão de Rondon foi a primeira a alcançar a região amazônica, na mesma época em que era construída a ferrovia Madeira-Mamoré. As duas obras ajudaram a ocupar a região do atual estado de Rondônia, que recebeu esse nome, em 1956, em homenagem ao marechal desbravador. Até então era chamado de Guaporé. Às linhas telegráficas, os índios deram o apelido de “língua do Mariano”. Rondon a elas se referia com entusiasmo, usando a expressão “sondas do progresso”.
Bacharel em Matemática e em Ciências Físicas e Naturais, Rondon fez levantamentos topográficos, zoológicos, botânicos, etnográficos e lingüísticos da região percorrida nos trabalhos de construção das linhas telegráficas. Como chefe de diversas missões demarcatórias de fronteiras, percorreu mais de 100 mil quilômetros de sertões, descobriu serras, planaltos, montanhas e rios, e elaborou as primeiras cartas geográficas de cerca de 500 mil quilômetros quadrados, até então totalmente desconhecidos dos registros nacionais.
Por sua contribuição ao conhecimento científico, recebeu várias homenagens e muitas condecorações de instituições científicas brasileiras e estrangeiras, como a medalha de ouro do Prêmio Livingstone, conferida pela Sociedade Geográfica de Nova York. Por sua dedicação aos povos indígenas do Brasil, esse descendente de índios terenas, bororos e guanás foi convidado para ser o primeiro diretor do Serviço de Proteção aos Índios e Localização dos Trabalhadores Nacionais (SPI), criado em 1910. Por muitos anos, foi, ainda, presidente do Conselho Nacional de Proteção aos Índios (CNPI), hoje, Fundação Nacional do Índio (Funai).

Hoje, sabemos que as comunicações englobam tecnologias muito mais avançadas que o telégrafo. Mas com certeza esse homem deu uma contribuição enorme para a expansão das telecomunicações no Brasil, pois ele sabia a importância de manter as pessoas conectadas, onde quer que estivessem.

Viva Rondon!
Fonte: equipe de jornalismo da Anatel. (yahoogroups.com)





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domingo, 26 de agosto de 2012

O Dia Mundial da Internet - 17 de Maio


O Dia Mundial da Internet - 17 de Maio

O Dia Mundial da Sociedade da Informação, conhecido popularmente como Dia Mundial da Internet, foi instituído no dia 17 de maio de 2005 após uma Assembléia Geral das Nações Unidas, na Tunísia. A CMSI (Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação) propôs à ONU (Organização das Nações Unidas) a criação de uma data comemorativa para a inclusão digital. Uma das metas da CMSI era diminuir a exclusão digital e interligar, a partir da internet, países desenvolvidos e subdesenvolvidos, garantindo acesso mundial à rede.



No dia 17 de maio de 2006, a UNESCO celebrou a data, promovendo a conscientização pública para os benefícios proporcionados pela internet, como o compartilhamento de ideias e informações sem restrição.

Antes de 2005, o dia 17 de maio era conhecido como o Dia Mundial das Telecomunicações, em comemoração à fundação da União Internacional de Telecomunicações (UIT), ocorrida em 1865. Portanto, o Dia Mundial da Internet mostra a evolução das mídias expostas na mesma data, incluindo a internet como uma ferramenta importante de comunicação.
A UIT comemora a data com uma premiação anual aos que mais colaboraram com o desenvolvimento tecnológico no mundo. Em 2011 o tema abordado foi “Uma Vida Melhor em Comunidades Rurais com Tecnologia da Informação”. Uma das grandes ganhadoras foi a presidente da Finlândia, Tarja Halonen, que deu acesso à banda larga para todos os cidadãos.
O mesmo prêmio já entregue ao ex-presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, por levar inclusão e proteção digital a escolas brasileiras.
Via Olhar Digital e yahoogroups.com





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domingo, 26 de agosto de 2012

A Primeira Foto Publicada na Internet - Cernettes

A Primeira Foto Publicada na Internet - Cernettes



Sim, tudo indica que esta foi a primeira foto publicada na Internet.
Por incrível que pareça, a foto das meninas do Les Horrible Cernettes, um grupo musical de comédia que surgiu no Cern, a Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear e maior laboratório de física de partículas do mundo, é parte importante da história da internet. Há 20 anos, essa era a primeira imagem publicada na web.
A foto foi tirada pelo cientista Silvano de Gennaro em 18 de julho de 1992, no CERN Hardronic Festival, um festival de rock realizado dentro do laboratório em Genebra. Segundo o site The Telegraph, ele esperava as cantoras saírem do palco para tirar uma foto para a capa do disco do grupo. Ele pediu a elas para que se inclinassem e sorrissem e tirou a foto em sua câmera Canon EOS 650.
Em uma página no site do Cern, o cientista conta como a foto foi parar na web. “O meu colega Tim Berners-Lee pediu-me algumas fotos digitalizadas ‘das meninas do Cern’ para publicá-las em algum tipo de sistema de informação que ele tinha acabado de inventar, a chamado World Wide Web”, escreveu. “Eu tinha apenas uma vaga ideia do que era, mas eu digitalizei algumas fotos no meu Mac e enviei por FTP para o hoje famoso ‘info.cern.ch’”, relembra, comemorando a autoria da primeira imagem clicada em um navegador de internet.
Uma das ex-integrantes do grupo, Colette Marx-Nielsen, hoje com 50 anos, disse para a revista americana Motherboard que as pessoas não conseguem entender a importância da foto. “As vezes eu mostro e digo ‘eu estou na primeira foto da Worl Wide Web’, mas as pessoas realmente não se importam”, afirmou Colette.
Abaixo você vê a foto original, sem os efeitos para a capa do disco das Cernettes:


Da esquerda para a direita: Angela Higney, Michele de Gennaro, Colette Marx-Neilsen, Lynn Veronneau.
Aqui você pode conferir o site oficial das moças, que ainda está no ar!
UPDATE: No dia 21 de julho de 2012 as Cernettes farão sua última apresentação e vão abandonar os palcos após 22 anos de carreira. =(
via Terra, Gizmodo e yahoogroups.com
SAIBA MAIS:
http://musiclub.web.cern.ch/MusiClub/bands/cernettes/
http://musiclub.web.cern.ch/MusiClub/bands/cernettes/goodbye.html





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domingo, 26 de agosto de 2012

O Dia da Toalha - 5 de Maio

O Dia da Toalha - 5 de Maio


O Dia da Toalha é celebrado no dia 25 de Maio como uma homenagem dos fãs ao autor da série O Guia do Mochileiro das Galáxias, Douglas Adams.
A saga de cinco livros conta a história de Arthur Dent e seus amigos em aventuras pela galáxia e pelo tempo. Um detalhe importante da história é a importância da toalha para os “viajantes da galáxia”, a qual seria útil para as mais variadas e inimagináveis situações.
FONTE: Wikipedia

Em 2005, foi lançado pela Touchstone e pela Spyglass o longa metragem baseado no primeiro livro da série. Existem várias diferenças entre a história do livro e o filme, todas acrescentadas pelo próprio Douglas Adams que sempre criou um roteiro diferente para cada versão do Guia.



A citação original, que faz referência à grandeza da toalha, é encontrada no capítulo 3 do livro de Adams:

A toalha é um dos objetos mais úteis para um mochileiro interestelar. Em parte devido a seu valor prático: você pode usar a toalha como agasalho quando atravessar as frias luas de Beta de Jagla; pode deitar-se sobre ela nas reluzentes praias de areia marmórea de Santragino V, respirando os inebriantes vapores marítimos; você pode agitar a toalha em situações de emergência para pedir socorro. E entre inúmeras outras funções, naturalmente, pode usá-la para enxugar-se com ela se ainda estiver razoavelmente limpa.
Porém o mais importante é o imenso valor psicológico da toalha. Por algum motivo, quando um estrito (isto é, um não-mochileiro) descobre que um mochileiro tem uma toalha, ele automaticamente conclui que ele tem também escova de dentes, esponja, sabonete, lata de biscoitos, garrafinha de aguardente, bússola, mapa, barbante, repelente, capa de chuva, traje espacial, etc, etc.
Além disso, o estrito terá prazer em emprestar ao mochileiro qualquer um desses objetos, ou muitos outros, que o mochileiro por acaso tenha “acidentalmente perdido”. O que o estrito vai pensar é que, se um sujeito é capaz de rodar por toda a Galáxia, acampar, pedir carona, lutar contra terríveis obstáculos, dar a volta por cima e ainda assim saber onde está sua toalha, esse sujeito claramente merece respeito.


Com isso, após o falecimento de Douglas Adams, os fãs do autor resolveram homenageá-lo. Como sua mais conhecida obra é O Guia do Mochileiro das Galáxias, e como no livro o autor dedicou um página inteira sobre a toalha e sua importância para os mochileiros das galáxias, decidiu-se então pelo uso da toalha como tema da homenagem.
O dia 25 de Maio de 2001 foi o dia em que foi feita a primeira homenagem. Depois discutiu-se sobre a possibilidade de alterar o dia para 42 dias após a data de falecimento, devido a outro detalhe da saga, que afirma que a resposta para questão fundamental da vida, o universo e tudo mais seria 42. De todo modo, acabou continuando a data da primeira comemoração, 25 de Maio. A data é lembrada pelos fãs que carregam uma toalha durante o dia inteiro com eles. Alguns usam como uma capa, outros como um turbante, enfim cada um usa a toalha como deseja, desde que esteja consigo a toalha.
Com a popularização das redes sociais na internet, a data tornou-se tema de várias manifestações na rede no dia 25 de maio.
- No Twitter, durante todo o dia 25 DE MAIO é possível acompanhar os termos #towelday,#diadatoalha e Toalha que provavelmente vão ocupar os Trending Topics mundiais, os assuntos mais comentados do microblog em todo o mundo.
- O site Twibbon, responsável por criar campanhas no Twitter e no Facebook alterando a imagem de exibição dos usuários automaticamente, registrou desde o ano de 2010 mais de 1600 adeptos da campanha “#towelday”, que insere as frase “Don’t Panic / Carry a Towel” em seus avatares.
- O serviço de fotos Flickr já registra mais de 1700 fotos com a tag “towelday” de usuários orgulhosos mostrando suas toalhas.
Então é isso aí. Faça no dia 25 de maio sua parte nesta homenagem! Leve sua toalha para a rua, para o trabalho, para a escola, para a faculdade e o mais importante: Não entre em pânico!
Informações da Wikipedia e Tarja Preta

FONTE: YAHOOGROUPS.COM





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sábado, 18 de agosto de 2012

Pela Seleção Artificial - Biologia



PELA SELEÇÃO ARTIFICIAL - Biologia



Graças ao transplante de genes, a engenharia genética começa a produzir animais com características que não existem na natureza. Eles abrem fantásticas perspectivas à pesquisa científica, à produção de drogas difíceis de se obter e à alimentação da humanidade. São os chamados animais transgênicos, portadores de genes "estrangeiros" que o homem introduziu artificialmente em seu organismo.

Em menos de dez anos, eles saíram da ficção para entrar na história. Desde 1982, quando dois grupos de pesquisadores americanos das universidades de Washington e Pensilvânia criaram camundongos gigantes, animais antes inexistentes na natureza começaram a ser produzidos pela engenharia genética. Porcos maiores e com menos gordura, camundongos portadores de células cancerígenas ou do vírus da AIDS e camundongas produzindo leite com uma substância para tratar ataques cardíacos já são realidade em laboratórios. Chamados animais transgênicos por carregarem em seu DNA genes "estrangeiros" vindos de outros organismos, eles são mais que um simples exercício de criação e manipulação da vida. Os transgênicos foram criados e são pesquisados com propósitos muito bem definidos - científicos e comerciais.
Falar em animais transgênicos não significa enumerar uma lista de monstrinhos. Muitos deles têm aparência absolutamente normal, a despeito das fantasias sobre bichos com corpo de boi e cabeça de cavalo, mesmo porque esses fazem parte de outra história. São os híbridos, simples cruzamento de duas espécies que pode produzir coisas exóticas como a cabra-ovelha, mas nada têm a ver com o sofisticado transplante de genes. Os animais transgênicos existem por alguns motivos básicos. O primeiro é servir aos cientistas como modelos vivos para observação dos mecanismos que regem o funcionamento dos genes.
"Num, animal, o gene que nos interessa estudar fica exposto a tudo o que acontece num organismo vivo, como a ação de hormônios e de outros fatores reguladores", diz Vera Soares, professora do Departamento de Parasitologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo. Um animal desses também é capaz de funcionar como "fábrica" em larga escala de algumas drogas difíceis de se conseguir por métodos tradicionais.
A outra razão que move os criadores desses animais é econômica, e não é nova. Os transgênicos podem significar um desenvolvimento muito rápido de uma atividade existente desde que o homem começou a domesticar e criar animais para consumo - o melhoramento genético. A vaca holandesa, que produz muito mais leite do que as outras, é produto de anos de seleção e cruzamento entre as melhores representantes da espécie.
Embora as pesquisas com animais transgênicos ainda estejam nos primeiros passos, estimativas modestas calculam que já existem mais de mil raças de camundongos, mais de doze variedades de porcos, várias espécies de coelhos e peixes, pelo menos duas linhagens de ratos, duas ovelhas e duas vacas. Produzi-los ainda requer prática, habilidade e muita paciência, pois as técnicas ainda não estão suficientemente desenvolvidas.
A produção de um animal transgênico começa com a escolha de um gene que se quer colocar no animal - num camundongo, por exemplo. Primeiro, esse gene é clonado, ou seja, reproduzido várias vezes em bactérias. Com centenas de genes à disposição, o cientista tem três técnicas para introdução no animal. Todas começam e terminam da mesma forma, sendo diferentes no momento de introduzir o gene "estrangeiro" no embrião.
A técnica mais utilizada, e mais desenvolvida até agora, é a microinjeção celular. Começa com a preparação das camundongas com hormônios, para que possam ter superovulação e assim fornecer mais material ao cientista. As camundongas são cruzadas e, dali a algumas horas, os ovos (óvulos recém-fertilizados) são retirados por meio de uma microcirurgia e estes animais são sacrificados. De um grupo de doze camundongas, o cientista retira cerca de duzentos ovos. No estágio de apenas uma célula, os ovos são postos em meio de cultura. O próximo passo é a injeção da solução que contém as cópias do gene que se quer colocar no animal. Com uma minúscula pipeta, o cientista injeta os genes em um dos dois pró-núcleos do ovo, auxiliado por uma pipeta de sustentação. É fundamental que o ovo ainda não se tenha dividido em mais de uma célula, pois, do contrário, nem todas as células do futuro camundongo terão o gene estranho e nem todos os seus descendentes serão também transgênicos.
Depois da injeção, os ovos são implantados, mediante uma pequena cirurgia, em camundongas preparadas para a gravidez, cruzadas anteriormente com camundongos estéreis. Em vinte dias, quando os filhotes nascerem, o cientista faz um teste para descobrir quais deles são transgênicos, já que a margem de sucesso é entre 2 e 5 por cento dos ovos originais. Alguns ovos não sobrevivem à injeção ou aos transplantes, e muitas vezes o gene injetado simplesmente não "pega" no DNA do animal.
Outras técnicas de fazer com que o gene estranho chegue ao DNA do embrião são a infecção por retrovírus e a colonização por células embrionárias. Na primeira, um retrovírus é modificado e recebe o gene que o cientista quer implantar. Os embriões, já com oito células e chamados blastocistos, são postos no mesmo meio de cultura dos retrovírus, sendo infectados e recebendo "por tabela" o novo gene. Na segunda e mais recente técnica, conhecida como EK ou ES, o gene é introduzido na célula embrionária, que tem capacidade de diferenciação, ou seja, multiplica-se e coloniza o embrião posto na mesma cultura, carregando o gene para as células do futuro animal.
Todo esse aparato, embora pareça preciso, é tão delicado quanto cortar um palito de fósforo com um serrote. Na microinjeção celular, o cientista precisa de mãos muito firmes para acertar o pequeno pró-núcleo do ovo. São colocadas várias cópias do gene justamente para aumentar a probabilidade de que alguma delas se incorpore ao DNA - num processo parecido ao da corrida dos espermatozóides para fecundar um óvulo.
Dentro de laboratórios, as vidas transgênicas já são um fato consumado, desde o começo da década de 80. Foi quando os pesquisadores Ralph Brinster, da Universidade da Pensilvânia, e Richard Palmer, da Universidade de Washington, criaram o "supercamundongo". Eles introduziram o gene do hormônio de crescimento do camundongo sob o controle da seqüência de outro gene. O resultado foi que o camundongo passou a produzir hormônio de crescimento no fígado, em vez de produzir na glândula pituitária, o que liberou o gene estrangeiro do controle da produção de hormônio. Os camundongos cresceram mais depressa e ficaram maiores do que o normal, mas muitas fêmeas eram estéreis. Em experimentos posteriores, os cientistas implantaram o gene do hormônio de crescimento humano em camundongos, que novamente cresceram mais e aparentemente não tiveram problemas de reprodução.
A entrada dos animais transgênicos na cena da pesquisa começa quando cientistas como Philip Leder e Timothy Stewart, da Universidade Harvard, em Cambridge, Massachusetts, constroem uma linhagem de camundongos portadores de oncogenes - genes ligados ao câncer. Numa geração desses camundongos, Leder comprovou que metade das fêmeas desenvolveram câncer de mama. Além de testar novos tratamentos da doença com mais eficiência, os pesquisadores podem entender melhor os genes que estariam ligados ao desenvolvimento do câncer. O trabalho de Philip Leder ficou famoso e suscitou polêmica por ter conseguido, em abril de 1988, a primeira patente de um animal concedida pelo Serviço de Patentes dos Estados Unidos.
Camundongos não pegam AIDS, mas o pesquisador americano Malcom Martin, do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, criou uma raça de camundongos potencialmente aidéticos. Injetando uma seqüência de DNA, obtida de vírus da AIDS, em ovos de camundongas, Martin obteve alguns filhotes que possuíam o vírus, embora se saiba que os camundongos não desenvolvem a doença da mesma maneira que os humanos.
Na linha de cura de doenças, uma das sensações é a raça de camundongas que produz leite com uma substância humana chamada TPA, que dissolve coágulos sanguíneos. A raça foi criada pelos cientistas americanos do National Institute of Health e da empresa Integrated Genetics. Há outros meios mais difíceis e caros de se obter o TPA por engenharia genética, mas com os animais transgênicos essa substância usada no tratamento de doenças cardíacas poderia tornar-se corriqueira. Se a idéia de. tomar leite de camundonga provoca um nó no estômago, Katherine Gordon, pesquisadora da Integrated Genetics, avisa que no próximo ano se espera produzir o TPA no leite de cabra. Pelos seus cálculos, um rebanho de trezentas cabras poderá suprir a demanda mundial de TPA.
Enquanto isso, em Edimburgo, na Escócia, cientistas tentam criar ovelhas transgênicas que produzam remédios no leite. O objetivo dos escoceses é conseguir grandes quantidades dos fatores sanguíneos 8 e 9, fundamentais para a coagulação do sangue, que os hemofílicos não possuem. Atualmente, esses fatores são obtidos de sangue humano, um método dispendioso e perigoso devido ao risco de contaminação pela AIDS. Bastaria, portanto, tomar o leite dessas ovelhas em lugar das injeções de fatores sanguíneos para que o hemofílico controlasse a doença. Essas proteínas coagulantes são produzidas normalmente no fígado. A equipe escocesa quer que as ovelhas as produzam nas glândulas mamárias, e para isso juntou o gene que comanda a fabricação do fator 9 à seqüência do DNA de um gene que controla a produção de leite na ovelha.
Dentro de alguns anos, os animais transgênicos passarão dos laboratórios à mesa dos cidadãos que comem carne. Já existe um suíno que, tendo recebido o gene do hormônio de crescimento humano, se desenvolveu com maior porcentagem de carne e menos gordura. A perspectiva que se abre para os criadores de animais cujo destino é o abatedouro é enorme. A melhoria das raças pode chegar a peixes gigantes e frangos imunes a determinadas doenças.
Todas as frentes de pesquisa com animais transgênicos têm um outro horizonte em comum - os dólares. Se o camundongo de Harvard foi patenteado, e dezenas de outros animais aguardam na fila, é porque ele pode ser vendido a outros centros de pesquisa, e sobre seus filhotes serão cobrados royalties. A empresa americana Stratagene aceita encomendas para produzir camundongos transgênicos ao módico preço de 7 mil dólares. Os animais que secretam leite com drogas são também fonte de renda. E quanto se pode lucrar com a patente de uma raça de bois enormes com 20 ou 30 por cento a mais de carne, vendida a fazendeiros? "Esses animais vão produzir proteínas a tão baixo custo, daqui a uns dez anos, que não vai compensar criar gado da maneira tradicional", afirma Octavio Henrique Pavan, professor do Departamento de Genética da Universidade de Campinas.
Na conhecida indigência da pesquisa brasileira, o único laboratório de animais transgênicos do país está em fase de instalação pela pesquisadora Vera Soares, da Universidade de São Paulo. No período de seis meses a um ano, ela espera conseguir os primeiros resultados no estudo de resistência e suscetibilidade a infecções parasitárias. Se o Brasil não correr para recuperar dezenas de anos de atraso na pesquisa com engenharia genética, pode pagar caro no futuro. "Se não se investir agora, vamos ter que comprar tecnologia de fora a um preço alto, e nem vamos ter gente treinada para saber o que estamos comprando', prevê o geneticista Carlos Menck, do Instituto de Biociências da USP. O potencial da engenharia genética na construção de novos organismos animais é imenso. A medida que as técnicas vão sendo aperfeiçoadas, torna-se possibilidade concreta o maior conhecimento do funcionamento dos genes e das doenças genéticas, ao lado da produção em larga escala de remédios originários de proteínas humanas.

Os cientistas e os monstros.

A polêmica nasceu junto com os primeiros camundonguinhos transgênicos. Os cientistas resolveram brincar de Deus, criando novas formas de vida, ou estão apenas trilhando o inexorável caminho do avanço da ciência? Pode-se desfiar um longo rosário das maravilhas que os animais transgênicos são capazes de fazer, desde ampliar o conhecimento sobre doenças genéticas até produzir remédios para salvar muitas vidas humanas. O pesadelo de ver um bicho mutante de laboratório solto pelo mundo, porém, é bem real. "A introdução de novos genes em bichos selvagens, por um possível cruzamento com animais que escapassem do laboratório, é ruim porque pode alterar o equilíbrio gênico", diz Vera Soares, da USP. Para ela, essa mistura de animais é uma possibilidade remota, mas há quem veja esse quadro com cores mais sombrias.
"Um problema ecológico causado por um animal transgênico no meio ambiente é real, e deve ser considerado para cada forma devida que se cria", afirma Carlos Menck. O deputado federal Fábio Feldmann, defensor da bandeira ecológica, vê com muito receio as experiências com animais transgênicos. Ele não é contra, em princípio, mas defende a participação da sociedade nas discussões sobre tais experimentos. Nos Estados Unidos, o debate é permanente. No final de janeiro, a prestigiosa Smithsonian Institution colocou no ar um programa - "A trama da vida" - da sua série de televisão Smithsonian World, quase todo dedicado a essa questão. Naquele país, o maior adversário dos animais transgênicos é Jeremy Rifkin, diretor da Fundação de Tendências Econômicas. Rifkin costuma imaginar cenários catastróficos como conseqüência da fuga de animais de laboratório para o mundo de fora, como o espalhamento do genoma do vírus da AIDS pelos ratinhos transgênicos aidéticos.
Mexer tão profundamente com a vida traz outro problema que não é ecológico, mas ético. Se hoje se consegue criar raças de ratos ou porcos, manipular genes humanos parece ser uma questão de tempo e de aperfeiçoamento de técnicas. Muitos cientistas podem ser veementemente contra, mas o potencial existe. "Em vinte anos, teremos maneiras muito eficientes de fazer uma raça humana transgênica" acredita Octavio Henrique Pavan, da Unicamp. Tudo pode começar com a "nobre missão" de curar doenças genéticas. Daí para se escolher a cor dos olhos do filho por vaidade, ou mudar a constituição do homem por motivos escusos, pode ser um passo. Para onde, ninguém sabe.





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sábado, 18 de agosto de 2012

Os Primeiros Brasileiros - Arqueologia



OS PRIMEIROS BRASILEIROS - Arqueologia



Uma grande polêmica divide os cientistas: desde quando existe gente neste lado do mundo? Há sinais de que o homem pode ter estado no Brasil há muito mais tempo do que se imaginava: 41 500 anos.

A estrada avança no meio da imensa planície árida da caatinga. Dos dois lados, uma vegetação densa e espinhosa, composta de arbustos e de árvores raquíticas, resiste ao calor de 40 graus. De vez em quando, avista-se um lagarto ou cobra à beira do caminho. Senão, uma dezena de cabras, parte de um rebanho sertanejo, que atravessa a estrada à procura de água. Quase não há gente. Nos poucos sítios que existem na região, as famílias sobrevivem graças ao roçado conquistado no solo seco e à pequena criação. No município piauiense de São Raimundo Nonato, 520 quilômetros ao sul de Teresina, o tempo parece que parou.
Foi justamente nesse lugar esquecido que a arqueóloga paulista de origem francesa Niède Guidon, professora visitante da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Escola de Altos Estudos Sociais de Paris, encontrou vestígios do que teria sido o primeiro homem brasileiro. Há muita controvérsia sobre a presença do homem no continente . Os mais antigos traços comprovados de sua passagem foram achados no início da década de 70 nos Estados Unidos. Datam de 19 mil anos. E a teoria mais aceita sobre a origem do homem americano afirma que ele veio da Ásia há 20 ou 30 mil ano. Enquanto, por isso mesmo, uma respeitável parcela de estudiosos se recusa a aceitar a existência de vestígios com mais de 20 mil anos na América do Sul. Niède sustenta, com base nas escavações que vem fazendo em São Raimundo Nonato, que os primitivos assentamentos humanos brasileiros datam de mais do que isso: pelo menos 41.500 anos.
"Quem duvida que vá conhecer o nosso trabalho", desafia a arqueóloga, de 55 anos, amável mas decidida, cujos cabelos grisalhos talvez se expliquem pelos rigores da caatinga. Em dezoito anos de trabalho em São Raimundo Nonato, Niède criou a Fundação Museu do Homem Americano, com verbas de diversas instituições científicas do Brasil e do exterior, e levou ao sertão do Piauí paleontólogos, geólogos, botânicos; enfim, uma variedade de especialistas necessários em qualquer escavação arqueológica séria. Quem esteve ali, como Robson Bonnichsen, diretor do Centro de Estudo do Homem Primitivo, da Universidade de Maine, Estados Unidos, admite: "As descobertas de São Raimundo Nonato podem mudar toda a teoria sobre a presença do homem na América".
O trabalho de Niède Guidon e de seus colegas - cujo número pode chegar a duas dezenas na estação seca de julho-agosto - consiste basicamente em descobrir e decifrar os tesouros arqueológicos escondidos numa cadeia montanhosa a alguns quilômetros de São Raimundo Nonato. São desfiladeiros e penhascos íngremes, conhecidos apenas dos caçadores da região. Quem passa pela estrada empoeirada que corta a planície do sul do Piauí pode imaginar que aquele paredão de pedra talvez tenha sido no passado um ponto de referência seguro para o bando de nômades que vagueavam há milênios naquela região. Ali existem cerca de trezentos abrigos, muitos dos quais com restos de pintura, utensílios de pedra, sepulturas e ossos de diversos animais, alguns até no nível do solo. Decifrar os enigmas contidos nesses abrigos é uma aventura digna dos filmes de Indiana Jones.
A própria Niède já passou por uma experiência que por pouco não lhe custou a vida. Há dois anos, ela desceu por meio de cordas numa gruta calcária sem nenhuma proteção. No meio do percurso foi atacada por um enxame de abelhas africanas que tinham sua colméia numa das saliências da rocha. Ao ser içada, estava coberta de picadas. Desde o episódio, uma engenhoca móvel com uma câmera de vídeo comandada a distância e insensível a picadas passou a abrir caminho para os arqueólogos. Mesmo assim, eles agora usam máscaras e roupas protetoras, apesar do calor. Entre os abrigos da região, o mais famoso é sem dúvida o Boqueirão da Pedra Furada. Trata-se de uma plataforma escavada pela erosão na parede de pedra, a cerca de 20 metros abaixo da superfície. Durante milênios, supõem os pesquisadores, os caçadores que passavam pela região devem ter escolhido sempre o mesmo ponto do esconderijo para fazer fogo.
De fato, restos de fogueiras - pedaços carbonizados das mais diversas formas e tamanhos - se sobrepõem em 8 metros de sucessivas camadas geológicas com datações que começam em 5 mil anos, vão a 17 mil, 32 mil e finalmente 41.500 anos - as mais antigas do continente, segundo essa contagem. O método usado na datação baseia-se nas medições do decaimento radioativo do elemento carbono-14 que toda matéria orgânica perde, num ritmo constante e conhecido, assim que começa a se decompor.
Por não ser matéria orgânica, não foi possível datar as lascas de pedras encontradas junto às fogueiras e que poderiam ter sido instrumentos feitos pelo homem em data incerta e não sabida. O problema todo é que não há certeza alguma sobre a origem de tais fogueiras. Tanto elas podem ter sido acesas pela mão humana como podem ter sido causadas por raios ou ainda por combustão espontânea. Se a equipe de Niède Guidon conseguir achar ali algum resto de osso humano igualmente antigo, a polêmica estará virtualmente encerrada. Isso não aconteceu em sete anos de pesquisa local. Mas a falta de tal prova não parece afetar a arqueóloga. "Se o homem pré-histórico brasileiro enterrava seus mortos, nós vamos acabar encontrando", confia.
Os antropólogos não sabem o que os brasileiros pré-históricos faziam com seus mortos antes de 11 mil anos atrás. Mas, em 1979, uma equipe da Universidade Federal de Minas Gerais encontrou sepulturas de 9 a 11 mil anos de idade em Santana do Riacho, ao norte de Belo Horizonte. Pertenciam ao povo de Lagoa Santa, um grupo de caçadores de animais de pequeno porte, cujos vestígios foram descobertos pela primeira vez no século passado pelo naturalista e paleontólogo dinamarquês Peter Lund (1801-1880). As mais antigas sepulturas humanas datam de 60 mil anos e foram encontradas em Shanidar, no Iraque.
O que mais chama a atenção na maioria dos abrigos são os painéis em tons de vermelho, preto, branco e cinza pintados pelos ancestrais brasileiros de 10 a 20 mil anos (lascas com tinta vermelha foram encontradas na camada arqueológica correspondente a 17 mil anos). Os homens e animais desenhados nas rochas estão muitas vezes reunidos, formando cenas variadas. Ao lado de veados, tatus, emas, lagartos e onças vêem-se imagens de dança, execuções, caça e relações sexuais. O material usado na fabricação das tintas ainda é um mistério. Suspeita-se que o vermelho tenha sido retirado do óxido de ferro encontrado numa pedra que na região recebe o nome de tauá.
Para resgatar essas imagens do passado, muitas vezes pintadas em lugares inacessíveis, os arqueólogos fotografam e copiam as cenas em plástico transparente com pincel atômico. "É impressionante", declara Niède. "As mais antigas provam que a arte na América remonta quase à mesma época da arte na Europa." Ela se refere às espetaculares pinturas e gravações em pedra deixadas pelos europeus há 17 mil anos em cavernas na França e Espanha, como as de Lascaux e Altamira, que representam cavalos, renas, bisões e ursos. Segundo Niède, enquanto seus primos europeus pintavam gigantescas imagens nas cavernas, o homem primitivo brasileiro exercitava sua arte em escala mais modesta, mas de maneira igualmente surpreendente, nas grutas do Piauí.
Quem teria sido esse brasileiro? "Provavelmente, membro de uma tribo de caçadores nômades que se espalhou por uma área bem grande do território", responde Niède. "Pinturas parecidas foram encontradas em várias regiões do Nordeste e na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso", explica. Os antepassados desse brasileiro vieram da Ásia a pé pelo estreito de Bering, que separa a Sibéria do Alasca, na ponta noroeste da América. Essa travessia só foi possível em época de glaciação, quando a Terra esfriou e boa parte dos continentes ficou coberta por um manto gelado. Os estudiosos da evolução do clima da Terra dizem que o homem teve três oportunidades para fazer a travessia durante a última glaciação: há 70 mil, 30 mil e 13 mil anos. Nessa ocasião formou-se uma ponte ligando a Ásia à América. Depois disso, a comunicação só foi possível por mar.
Seja como for, a origem do homem americano está nas estepes asiáticas. Isso é fácil de perceber pela semelhança racial das populações do continente; do estreito de Bering, no noroeste, à Terra do Fogo, no extremo sul, tudo o que se sabe dos primitivos habitantes do continente parece confirmar sua origem asiática. Eles descendem dos caçadores e coletores nômades que chegaram a América como parte do processo de migração que já estava ocorrendo no Velho Mundo e que começou na África, passando pela Europa, Ásia e Austrália. Os recém-chegados viviam em pequenos bandos, provavelmente compostos de famílias aparentadas. Sabiam lascar pedras e fazer pontas de projéteis.
Existem dezenas de possíveis testemunhos de sua passagem pelo continente. Os mais antigos são os polêmicos restos de fogueiras de São Raimundo Nonato no Piauí. Em Monte Verde, no Chile, foram encontrados sinais que sugerem presença humana há 33 mil anos. Em Old Crow, no Alasca, há vestígios datados em 27 mil anos. Em Tlapecoya, no México, acredita-se que o homem teria estado ali há 22 mil ou 24 mil anos. O único de todos esses sítios arqueológicos cuja autenticidade é aceita sem discussão pelos cientistas fica em Meadowcroft, no Estado americano da Pensilvânia, e tem 19 mil anos. Ali foram encontrados quatrocentos instrumentos de pedra lascada, ossos de várias espécies-animais, restos de fogueira e uma espécie de balaio feito de casca de árvore. Há datações mais antigas em Meadowcroft, mas ainda precisam ser comprovadas.
Antes do encontro de vestígios da antiga presença do homem no atual território brasileiro, supunha-se que o roteiro dos primitivos habitantes da América do Sul passava primeiro pelo oeste da cordilheira dos Andes, descia à Patagônia e depois subia até o Amazonas via sul, leste, centro e nordeste do continente. Mas a arqueologia no Brasil deu um salto nos últimos anos. Pesquisadores encontraram traços de ocupação humana com mais de 10 mil anos em Mato Grosso, 20 mil anos no Planalto Central e 8 mil anos na Serra dos Carajás. Isso sem falar no caso da arqueóloga Maria Beltrão, que datou seus achados na Bahia em 300 mil anos - um exagero de antiguidade rejeitado até pelos entusiasmados defensores da teoria de que havia gente por aqui há mais tempo do que a antropologia convencional aceita.
Agora se acredita que, ao atravessar a faixa que separa a América do Norte da América do Sul, os homens primitivos seguiram três rumos diferentes.
Com base no exame do pólen fossilizado de espécies vegetais, os estudiosos da Pré-história descrevem um Brasil irreconhecível aos olhos atuais: eles calculam que o clima na região amazônica era mais seco e a vegetação igual à dos cerrados que hoje existem no Centro-Oeste. O Nordeste também devia ser diferente, com um clima bem melhor: por toda a região foram encontrados ossos de animais de grande porte que não poderiam sobreviver na caatinga - preguiças-gigantes de 3 metros de altura, capivaras, emas, tigres dente-de-sabre e bichos vagamente aparentados aos atuais camelos e lhamas. Atraídos por essa fauna é que os caçadores nômades teriam se abrigado em lugares como as tocas do Piauí.
Essa situação perdurou até o fim das glaciações que ocorreram no hemisfério norte há cerca de 10 mil anos. A partir de então, o clima foi mudando em todo o continente. As florestas substituíram os campos e as regiões antes úmidas se converteram em semidesertos. Na mesma época, os desenhos dos abrigos do Piauí começaram a mudar. Os pesquisadores supõem que um povo de técnica artística bem mais pobre substituiu os pioneiros habitantes da região. Não se sabe que fim levaram os primeiros piauienses. Podem ter sido dizimados por outros bandos humanos. Podem ter partido em busca de ares melhores. De todo modo, 5 mil anos antes da chegada dos portugueses, outros homens também deixaram suas marcas nos abrigos. Os últimos a chegar foram provavelmente os índios denominados pimenteiras, totalmente dizimados pelos colonizadores.
Como, a rigor, as pesquisas arqueológicas estão apenas começando, novas descobertas podem mudar essa história, da mesma forma que as descobertas de Niède Guidon no Piauí puseram em xeque as teses clássicas sobre a origem do homem no continente. Para os arqueólogos brasileiros, tudo isso significa um incentivo às escavações. O prêmio: encontrar restos de ossos humanos com datações de 30 a 40 mil anos acima de qualquer suspeita.

De onde vem o carvão do Piauí.

Há dez anos, desde que começou a divulgar as datações mais antigas de seus achados no Piauí, a arqueóloga Niède Guidon está em conflito com uma ala de estudiosos da Pré-história do continente. Liderados pela antropóloga americana Betty Meggers, de 66 anos, esses pesquisadores dizem não haver provas da existência do homem na América há mais de 20 mil anos. Coordenadora de pesquisas internacionais do respeitado Instituto Smithsonian de Washington, Betty Meggers ajudou a formar toda uma geração de arqueólogos brasileiros. Ela esteve pela primeira vez no país em 1948 e sua tese de doutoramento trata da cerâmica dos povos primitivos da ilha de Marajó.
Betty contesta com veemência as afirmações de Niède. "Não se pode datar o carvão (dos restos de fogueiras) e atribuir sua idade a uma população pré-histórica, pois esses vestígios talvez tenham resultado de um incêndio espontâneo", disse a SUPERINTERESSANTE em Washington. "Além disso, se o material estiver contaminado, não importa a qualidade do laboratório que faça a datação, o resultado será sempre enganoso. Segundo seu colega do Smithsonian, Dennis Joe Stanford, "Meggers não pretende ser radical, mas apenas chamar a atenção para os problemas que podem interferir no esforço honesto de determinar a idade de um acampamento do homem primitivo".

Baús de ossos.

Se os primeiros homens chegaram à América há dezenas de milhares de anos, onde estão as ossadas que ajudariam a comprovar sua aventura? Na arqueologia americana o que não falta são ossos humanos. Só o Instituto Smithsonian de Washington possui 30 mil crânios primitivos. No Piauí foram encontrados dois esqueletos de 8 e 10 mil anos. Na zona arqueológica de Lagoa Santa, Minas Gerais, foram encontrados quinhentos esqueletos, muitos deles no século passado pelo paleontólogo dinamarquês Peter Lund. Como era comum na época, Lund descartou os ossos e ficou com os crânios, hoje espalhados por museus brasileiros e europeus. O problema é que esses vestígios do homem pré-histórico não foram datados como manda o figurino. .
O método de datação pela radioatividade do carbono-14 consiste em determinar o número de anos decorridos desde a decomposição da amostra até o período atual. A amostra é queimada num forno sob uma corrente de oxigênio que transforma o carbono em gás carbônico, purificado e estocado durante cerca de um mês, para que os gases radioativos recolhidos sejam eliminados e contados. Poucos laboratórios estão habilitados a esse tipo de contagem; entre eles o do Instituto Gif-sur-Yvette, na França, e Beta Analytic, em Miami, nos Estados Unidos, onde foram feitas as análises do Piauí. Se houver qualquer contaminação por impurezas ou poluições recentes, a datação pode ser alterada.
O método do carbono-14 nasceu em 1946, mas passou a ser amplamente utilizado só na década de 60, muito tempo depois que os ossos dos primitivos americanos passaram de mão em mão. Assim, embora haja muitos candidatos ao posto de Primeiro Americano, nenhum apresenta currículos convincentes. Existe o Homem de Marmes, descoberto perto de Washington (na verdade, restos de pelo menos cinco indivíduos); o Homem de Midland, no Texas (na verdade uma mulher); a Criança Taber (um bebê encontrado perto de Alberta, no Canadá); o Homem de Tepexpan, achado no México.
Uma coleção de esqueletos encontrados na Califórnia dá uma idéia da confusão que cerca o assunto. Um desses esqueletos, o Homem de Yuha, foi datado com quatro idades diferentes, entre 10 mil e 23.600 anos. Outros dois foram datados em 1975 com 48 mil e 70 mil anos de idade. Uma década mais tarde, esses esqueletos rejuvenesceram: passaram a ter 11 mil e 8.300 anos.

Um autêntico sapiens sapiens.

Se o homem viveu efetivamente há 40 mil anos no que hoje é o Piauí, era membro da família do Homo sapiens sapiens, que existiu há 92 mil anos, segundo descobertas mais recentes em Ratzeh, Israel. Ele corresponde ao que os cientistas chamam de homem anatomicamente moderno. Esse homem vivia em bandos nômades de caçadores-coletores, entre os quais já se esboçava uma certa divisão de trabalho. Aos homens estava reservada a caça dos grandes mamíferos: veados, renas, mamutes e bisões. Suspeita-se que eles chegaram a domesticar cavalos. Em rios ou no litoral, costumavam pescar com arpão. Às mulheres cabia a colheita de frutas e a coleta de mariscos, além da criação das crianças.
O homem primitivo podia viver em cavernas, mas estava mais acostumado a construir tendas de pele, fáceis de transportar, quando ele se deslocava a fim de acompanhar a migração da caça. Vestia-se também de peles e sabia usar o fogo para aquecer-se e cozinhar. Enterrava os mortos com os joelhos dobrados, às vezes coberto com seus colares e adornos feitos de conchas e dentes de animais. Fabricava numerosos instrumentos de lâmina de pedra e pontas de ossos, arpões, além de ferramentas destinadas a raspar e esquartejar animais, abrir buracos nas peles, fazer incisões em ossos.
Até hoje não se sabe o que impulsionou esse homem a desenhar enormes animais nas cavernas européias - a mais antigas datam de 30 mil anos. Mas não foi somente nas cavernas, cujo maior exemplo está em Lascaux, na França, que ele deixou sua arte. Durante todo o período paleolítico superior, compreendido desde o aparecimento do Homo sapiens sapiens até o início da agricultura, há 10 mil anos, o homem primitivo deixou sua marca em adornos, esculturas de pedra, barro e ossos de chifres de antílopes. As imagens humanas eram poucas e rudimentares. As mais conhecidas são as chamadas Vênus, estatuetas com nádegas e seios exagerados, que supostamente representam a fertilidade ou a deusa-mãe.





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sábado, 18 de agosto de 2012

Terra Quente - Ambiente


TERRA QUENTE - Ambiente



Cientistas acumulam provas de que o clima do planeta está esquentando por causa do efeito estufa. E alertam para as mudanças que podem ocorrer, como a elevação do nível dos mares.

Há mais de um século o homem vem sujando o céu. Carros, fábricas e queimadas liberam para a atmosfera 5,5 bilhões de toneladas anuais de dióxido de carbono, mais uma quantidade incalculável de outros poluentes, que elevam progressivamente a temperatura da Terra e podem gerar mudanças climáticas sem precedentes. Trata-se do efeito estufa, a propriedade que determinados gases têm de aprisionar o calor do Sol na atmosfera, impedindo que ele escape para o espaço depois de refletido pela Terra. Em condições normais, esses gases ajudam a manter a temperatura do planeta na média atual de 15 graus. Liberados em quantidades acima de limites ainda não determinados com precisão, podem provocar catástrofes.
"Já está na hora de enfrentarmos com seriedade esse problema", alerta o climatologista americano James Hansen, chefe do Instituto de Estudos Espaciais Goddard da NASA. Há evidências muito fortes de que o efeito estufa já está acontecendo. Hansen fez essa declaração pela primeira vez em meados do ano passado diante de uma comissão do Senado americano, e desde então se tornou uma das vozes mais ouvidas sobre o assunto. Segundo seus estudos, a temperatura do mundo subiu 0,18 grau centígrado neste século, com o registro das maiores ondas de calor na década de 80. Se for mantida essa tendência, nos próximos cinqüenta anos o planeta terá um aquecimento de 4 a 5 graus centígrados, o que causaria o degelo das calotas polares, elevação do nível dos mares e inundação de cidades litorâneas.
Essa notícia por si só já mereceu na época a primeira página dos jornais. Mas, além disso, justamente no ano passado, ocorreram vários fenômenos climáticos - inundações em Bangladesh, seca e calor excessivos nos Estados Unidos, furacões na América Central - que pareciam ser uma prévia do apocalipse anunciado para daqui a cinqüenta anos. Aparentemente, tais fenômenos estão mais ligados ao esfriamento cíclico das águas do oceano Pacífico que provoca alterações climáticas em todo o planeta. "Não se pode dizer que o que ocorreu no ano passado foi resultado do efeito "estufa", opina o engenheiro alemão naturalizado brasileiro Volker Kirshhoff, do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE),"mas não há dúvida de que o processo de aquecimento global do planeta já está em andamento."
Para Kirshhoff, que há sete anos estuda a variação da quantidade de gases poluentes sobre o Brasil, "são tantos os fatores que fazem rodar a engrenagem do clima no planeta que é impossível isolar um deles e apontar como o culpado de um determinado fenômeno". É por isso que todos os cientistas concordam com o perigo do efeito estufa e anunciam sua proximidade. Mas ainda há muitos que recebem com reserva alertas tão insistentes como o de Hansen. Um recente relatório da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica(NOAA), dos Estados Unidos, por exemplo, afirma que a temperatura média daquele país manteve-se estável desde o começo do século. Em relação ao Brasil não existem levantamentos desse tipo.
Os gases que se acumulam na atmosfera como resultado da atividade industrial e do crescimento urbano - dióxido de carbono (CO2), principalmente, mas também metano(CH4), óxido nitroso (N2O), ozônio(O3) e clorofluorcarbonos (CFCs) - são transparentes à luz visível como o vidro de uma estufa, permitindo que os raios do Sol aqueçam a superfície terrestre. Quando a Terra devolve o calor em excesso, não é mais sob a forma de luz, mas de radiação infravermelha. Como os gases poluentes absorvem a radiação, uma parte do calor que deveria ser eliminada fica na atmosfera. Esse aquecimento ainda não foi percebido porque, além de muito pequeno, se confunde com as variações de temperaturas regionais. Na Lua, por exemplo, onde não existe atmosfera, e portanto não há dióxido de carbono para reter o calor, durante o dia a temperatura é de 100 graus e à noite baixa para 150 graus negativos.
Durante os últimos 10 mil anos, o dióxido de carbono, gerado naturalmente pela respiração de plantas e animais, foi sempre um fator de equilíbrio na manutenção da temperatura da Terra. Cientistas chegaram a medir a quantidade desse gás existente em bolhas de ar aprisionadas há milênios em camadas de neve, embaixo do gelo na Antártida , para saber se ela aumentou e diminuiu de acordo com a expansão e recuo das geleiras durante as glaciações. Por outro lado, no planeta Vênus, onde predomina o dióxido de carbono, a temperatura chega a 500 graus. E em Marte, onde a densidade do dióxido de carbono é muito baixa, a temperatura vai a 140 graus negativos .
Até o final do século passado, a quantidade de dióxido de carbono descarregado no céu nunca excedeu a proporção perfeitamente aceitável de 280 partes por milhão, Mas começaram então a surgir as chaminés das fábricas que usavam carvão como combustível, os oleodutos e os malcheirosos escapamentos de veículos. O crescimento das cidades e a ocupação desordenada e predatória das florestas tropicais iniciaram um processo de desmatamento cujo maior exemplo ocorreu, por coincidência, também no ano passado. Baseado em dados dos satélites meteorológicos, o INPE calculou que foram queimados 200 mil quilômetros quadrados de mata na Amazônia, uma área do tamanho do Paraná.
Depois se descobriu que o fogo não atingiu tamanha proporção, mas contribuiu realmente para uma descarga incalculável de poluentes no ar. As florestas liberam na atmosfera metano e óxido nitroso, absorvidos em parte por elas mesmas. Mas, embora funcionem como um filtro, recebendo de volta, através da fotossíntese, uma parte do dióxido de carbono que ajudaram a produzir, elas não têm o maior peso no fenômeno de limpeza da atmosfera. Esse papel cabe aos oceanos, que absorvem grandes quantidades desse gás. Atualmente, o CO2 da atmosfera aumentou para 350 partes por milhão e em 2050 calcula-se que chegue a insuportáveis 500 a 700 ppm.
Mas não é apenas esse gás que causa estragos na atmosfera. Os clorofluorcarbonos (CFCs), gases usados em sprays, aparelhos de refrigeração e embalagens plásticas, são duplamente prejudiciais. Quando atingem a baixa atmosfera, eles contribuem para o efeito estufa. Acima de 15 mil metros de altitude, destroem a camada de ozônio que protege a Terra dos raios ultravioleta do Sol. O próprio ozônio, que nas alturas beneficia tanto a Terra, quando aparece em baixas altitudes, liberado pela queima de combustíveis, contribui para o efeito estufa.
O metano, gerado pela decomposição de matéria orgânica em aterros, depósitos de lixo, arrozais inundados e pela queima de madeira, também tem a sua parcela de culpa. Além do metano, existe o óxido nitroso, que tem como fonte principal o nitrogênio, mas também é resultado da queima de carvão e petróleo. "Em breve, eles poderão provocar um aquecimento igual ou maior de temperatura do que o dióxido de carbono", alerta Volker Kirshhoff. Medições realizadas pelo INPE, em Natal, no Rio Grande do Norte, revelam que, em certos meses do ano, a concentração de ozônio sobre o Nordeste chega a dobrar, provavelmente como resultado das queimadas no Brasil Central.
Segundo os cientistas, as conseqüências do efeito estufa não seriam iguais em todo o planeta. Nos trópicos, o aumento da temperatura ficaria em torno de 1 a 2 graus, enquanto nas regiões polares seria de 6 a 8 graus. As fotos tiradas pelo satélite meteorológico Nimbus mostram que o efeito estufa pode já estar acontecendo. Ao fazer uma comparação das imagens nos últimos quinze anos, a NASA descobriu que o perímetro do mar de gelo em volta dos pólos está diminuindo. O aquecimento dos mares polares modifica o sistema de correntes marítimas que influencia indiretamente o clima.
O ar mais quente provoca maior evaporação da água do mar, mais nuvens e aumento geral das chuvas. Mas, como o regime de ventos também será alterado, as chuvas poderão ser mais intensas em áreas hoje desérticas, como o Norte da África e o Nordeste do Brasil. Por outro lado, acredita-se que lugares hoje férteis, como o Meio-Oeste americano, sofreriam com a falta de água. Se uma parte das calotas polares derretesse com o calor, o nível do mar subiria pelo menos 1 metro, inundando ilhas e áreas costeiras baixas. Holanda e Bangladesh sumiriam do mapa, bem como cidades como Miami, Rio de Janeiro ou parte de Nova York.
No final da época plistocena, há 14 mil anos, a Terra teve um aquecimento semelhante, mas isso ocorreu ao longo de 2 mil anos, o que deu tempo às espécies de se adaptarem. Agora, o efeito estufa pode produzir um aumento igual de temperatura em apenas cinqüenta anos. "Estamos alterando o meio ambiente muito mais depressa do que podemos prever as conseqüências", lembra o climatologista americano Stephen Schneider, do Centro de Pesquisas Atmosféricas dos Estados Unidos .Para ele, alterações tão rápidas poderão acelerar a extinção de grande número de espécies de plantas e animais, além de provocar o aparecimento de novas pragas e o aumento dos insetos.
Um seminário promovido recentemente pelo Fundo Mundial da Vida Selvagem, em Washington, para discutir as conseqüências do efeito estufa sobre a vida vegetal e animal, concluiu que insetos daninhos como a mosca tsé-tsé, que leva à doença do sono, e só vive na região central da África, poderão invadir países como a África do Sul, que hoje têm clima temperado. Os pássaros migradores terão seu hábitat na tundra ártica destruído. Além disso, quando o calor aumenta, jacarés e lagartos, por exemplo, produzem mais crias do sexo masculino e as tartarugas só têm filhotes do sexo feminino, o que pode levar à extinção desses animais.
Com o clima mais quente, especulam os especialistas, as ervas daninhas e os insetos vão ter uma explosão populacional, aumentando o número de pragas. As florestas temperadas, do tipo que hoje existe nos Estados Unidos, sobreviverão apenas no Canadá, uma vez que, mais ao sul, a vegetação será igual à de um imenso país tropical. Uma parte do dióxido de carbono em excesso na atmosfera será absorvido pela vegetação, que crescerá mais rapidamente. Por causa disso, as plantas acabarão retirando mais nutrientes do solo, forçando a utilização de mais fertilizantes.
Enfim, se as previsões forem confirmadas, as perspectivas não são nada boas. Mas, como a contribuição do homem para o efeito estufa vem de tantas atividades básicas, na realidade é muito difícil parar o processo. A esperança é que seja possível torná-lo mais lento. Um primeiro passo para isso seria banir a produção industrial de clorofluorcarbonos. O Protocolo de Montreal, assinado em 1987, prevê a redução no uso desse gás pela metade até 1999.
Esse tipo de acordo não serve para limitar o uso de outros gases poluentes, como o dióxido de carbono, que é resultado do processo global de produção industrial. Apenas como exemplo, não existem nem mesmo dados confiáveis sobre a quantidade de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso produzido pelas queimadas na Amazônia. Preocupados com esse assunto, representantes de vários países se reuniram recentemente em Toronto, no Canadá, para uma Conferência Mundial sobre Mudanças Atmosféricas. Ficou clara a necessidade de se adotarem medidas para aumentar a eficiência no uso de combustíveis fósseis, para a preservação de florestas e para o incentivo de fontes alternativas de energia. Mas ninguém tem a mais remota idéia de como será possível conseguir isso.
Mesmo porque uma ameaça remota e especulativa como o efeito estufa não é suficiente para entusiasmar a maioria dos países a limitar o seu progresso. Apesar disso, os cientistas mais preocupados insistem em que o efeito estufa não deve ser minimizado. Como registrou o climatologista americano Michael McElroy, da Universidade Harvard, durante os debates que antecederam a assinatura do Protocolo de Montreal, "se o mundo aceitar o desafio, será possível desacelerar o ritmo de mudanças climáticas, ganhando tempo para inventar estratégias que possam diminuir os seus custos para a sociedade e a economia. Como alternativa podemos fechar os olhos, cruzar os dedos e pagar a conta quando ela vencer".

O combustível ideal.

Poderá levar cinqüenta anos, cem anos ou mais, porém, aproxima-se a época em que os combustíveis fósseis - como o petróleo, o carvão e o gás natural - terão de ser definitivamente substituídos por outras formas de energia que não contribuam para o efeito estufa. Em busca de alternativas, o homem já tentou utilizar o potencial do Sol, dos ventos, do mar, das plantas e até do lixo urbano e rural, porém sem resultados. Essas possibilidades não podem ser desenvolvidas com a mesma facilidade em qualquer lugar do planeta. Por essa razão, os cientistas acreditam que a energia nuclear de fusão é o único combustível viável, porque não produz lixo radioativo - como as usinas nucleares de fissão atuais-, além de ter uma fonte inesgotável no hidrogênio extraído da água.
"Quando o processo de fusão nuclear for dominado, o homem poderá extrair de 1 metro cúbico de água uma quantidade de energia igual à contida em 2 mil barris de óleo cru", afirmou o cientista Carlo Rubbia, Prêmio Nobel de Física de 1984, num encontro recente na Suíça sobre os efeitos climáticos da poluição ambiental. "Mil metros cúbicos de mar contém a energia correspondente a todas as reservas conhecidas de petróleo."





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sábado, 18 de agosto de 2012

Santo Óleo de Olivas - Costumes


SANTO ÓLEO DE OLIVAS - Costumes



O gosto por azeites e azeitonas existe há milênios e fez surgir símbolos e histórias. Mas o melhor de tudo é uma descoberta recente: dão vida ao coração.

Com a exceção de alguns fanáticos adoradores, como este escriba, o mundo não se comoveria quase nada se uma praga marciana anunciasse a súbita destruição de todas as oliveiras do planeta. O barman mais obstinado talvez sofresse três semanas até descobrir que uma pelotinha de melão marinada em vinagre não iria arruinar o seu Dry Martini. O pasteleiro menos criativo talvez demorasse quatro meses até encontrar nas lascas dos pepinos em conserva a parceria verde ideal dos seus recheios de carne moída. O montador de saladas e o fazedor de pizzas, esses, ah, esses nem sequer se abalariam, enfim aliviados da operação cotidiana do descaroçamento de um zilhar de azeitonas.
Azeitonas, quem quer saber delas, enfim? Confesso que eu choraria anos seguidos, sempre ao entrar da madrugada, pela ausência das suculentas companheiras da estirpe cordial que representam a minha derradeira refeição de cada jornada, quatro ou cinco olivas enormes, rebrilhantemente verdes, que costumo sugar até que o caroço peça o socorro dos céus. Para mim e para um punhado de idólatras severos da venerável preciosidade, as azeitonas são indispensáveis ao prazer da gastronomia mais pura e mais singela. O resto do Universo só entraria em choque ao descobrir o esgotamento dos estoques de azeite.
Sim, o azeite. Afinal, praticamente ninguém pensa que o fim das oliveiras não representa, apenas, a escassez irreparável dos seus frutos. Com eles, não se esqueçam todos, por favor, igualmente se acabaria o azeite - tempero mais antigo na história da humanidade. Uma relíquia tão formidável que, nela, cinco ou seis milênios atrás, os pré-mesopotâmicos untavam os seus corpos nas ocasiões de nevasca, a fim de se proteger do frio que atravessava as suas roupas. Na ciência Olea europaea, a oliveira tem origens definitivamente mediterrâneas - mais provavelmente, e mais especificamente, a ilha de Creta, no sul da Grécia.
O seu fruto, a sua essência, o seu azeite determinaram os caminhos da cozinha de todo o Oriente Médio, do sul dos Balcãs, da Itália, da Provença francesa, da Espanha e de Portugal. E determinaram com um vigor e uma profundidade que até hoje esses trajetos parecem imitáveis - como permanecerão, enquanto a oliveira continuar a existir. Em tempo: acalmem-se os apavorados. Retirarei o enquanto da frase acima. A oliveira é uma planta indestrutível, quase eterna. Junto à Acrópole de Atenas, por exemplo, há um exemplar com mais de doze séculos de vida. Na Itália, são várias as árvores comprovadamente bem mais idosas. E nem o terrível inverno europeu de 1985, com as suas tempestades de gelo grosso, conseguiu assustá-las. As antigas se mostraram até mesmo mais resistentes do que as novas.
Poderosíssima oliveira. Nem por isso pouco versátil. Ao contrário: foi exatamente a sua multiplicidade de funções que fez por ela se apaixonarem os clássicos helenos e romanos. As damas da época, entre os anos 400 a.C e 200 d.C., usavam o azeite como alisador de cabelos, proteção solar e ainda aromatizante da pele. Nas cerimônias de casamento de então, o óleo de oliva assumia o papel de homérico equivalente ao Chanel nº 5 da atriz Catherine Deneuve. O azeite também funcionava como emulsão de limpeza, pois não se conhecia o sabão. Ou como remédio para dores várias: hoje está provado que as azeitonas contêm altos teores de ácido acetilsalicílico, o ingrediente das aspirinas.
Queimado em lâmpadas de argila, provia as fontes mais baratas e duradouras de iluminação artificial. Servia até como lubrificante na construção civil, de modo a facilitar o deslizamento das enormes pedras com que se erigiam os templos e os edifícios públicos daqueles idos. A polpa dos frutos, depois de prensada até se extrair o azeite, se transformava em alimento de animais ou fertilizantes de hortaliças. O primeiro dos óleos obtidos era ideal na preservação de outros alimentos - como até hoje ocorre com as anchovas, o atum, as sardinhas e infinitos gêneros de conserva.
O líquido residual tinha a propriedade admirável de matar fungos e afugentar insetos - uma lamparina de azeite afasta os mosquitos de uma casa de praia melhor do que qualquer repelente artificial. Nem mesmo a madeira, duríssima, se desperdiçava. A Bíblia assegura que peças de oliveira foram utilizadas na construção do tabernáculo do templo de Salomão. A presença da planta, da azeitona e do azeite na religião e na mitologia, aliás, é assombrosa. A pomba que Noé enviou de sua arca para saber se as águas do dilúvio haviam baixado o suficiente para buscar um porto voltou com a boa nova no bico - um ramo de oliveira.
"A luz de Deus é como a lâmpada que toma o seu fulgor do azeite da oliveira, essa planta abençoada", ensina Maomé no Alcorão. O Zeus dos gregos também não se esqueceu de valorizar o óleo da azeitona. Houve uma vez, no Olimpo, em que Netuno, deus dos oceanos, e Atena, deusa da sabedoria, se desafiaram pela posse de uma região sagrada. Para convencer Zeus das suas razões, Netuno rasgou uma rocha com o tridente e fez brotar, pela primeira vez, a água do mar. Atena, de seu lado, apenas arou um pedaço de terra e lhe ordenou que desse vida à mais útil de todas as árvores. Apareceu a oliveira e por ela Zeus se afeiçoou, entregando a Atena a posse da tal região - onde atualmente está a Acrópole dos deuses helênicos.
Quando escreveu os códigos legais da Babilônia, cerca de 2.500 anos antes de Cristo, o patriarca Hammurabi regulou, através do artigo 104, o comércio do azeite em suas terras. Desejava, sabiamente, impedir que os seus povos guerreassem pela posse do produto. Os cristãos escolheram a oliveira como símbolo da paz, e o seu azeite como instrumento do batismo e da unção dos novos sacerdotes, hábito certamente herdado dos hebreus, que assim sagravam seus reis. Pena que, ao se defenderem das invasões barbáricas dos períodos mais obscurantistas da Idade Média, muitas fortificações, em nome da preservação dos ensinamentos de Jesus, tenham despejado toneladas de óleo fervente nas cabeças dos seus inimigos. Péssimo costume, aquele. Sobravam poucas azeitonas para o deleite dos glutões.
A proporção desfavorável, de todo modo, continua. De acordo com os dados mais recentes, da produção mundial de olivas são transformados em azeite perto de 95 por cento dos frutos. Frutos? O rigor da botânica não permite que uma azeitona seja chamado fruto ou fruta. Trata-se, na verdade, de uma drupa, de endocarpo duro e uma única semente. A coloração de sua casca é inicialmente verde, com nuanças mais ou menos acinzentadas. No correr da maturação, a superfície vai tomando um caráter dourado, depois acastanhado, depois arroxeado, até assumir, na maior parte das variedades, um aspecto negro-violáceo. Quanto mais escura a azeitona, mais tempo ela ficou no pé antes de ser recolhida. O processo de captação varia de acordo com o avanço tecnológico do plantador.
Antigamente, nas áreas mais primitivas, a operação se desenvolvia de maneira absolutamente manual e sem levar em conta os diferentes tempos de amadurecimento numa mesma planta. Simplesmente se aguardava que as drupas caíssem ao chão para catá-las. Os produtores mais evoluídos, todavia, podam as suas árvores e eliminam os frutos feios e/ou machucados, beneficiando as azeitonas boas e equilibrando a sua maturação. A seleção visual se faz a distância mesmo. Quando sente o momento exato da colheita, o plantador envolve a oliveira de redes e, com um braço mecânico, sacode-lhe o tronco até que todas as drupas tenham tombado. Das redes, elas são dispostas em grelhas de metal, para a lavagem e eliminação de folhas e de ramos importunos.
Daí se inicia uma fase crucial, que consiste na eliminação de um princípio amargo, nada apetitoso, existente em todas as olivas. Trata-se da oleuropeína, encontrável em quantidade decrescente das verdes às pretas. Ela pode ser suprimida de duas formas praticamente opostas: pelo banho das azeitonas em salmoura comum de cozinha, ao natural; ou pela sua imersão em soluções alcalinas à base de soda cáustica, ou seja, a curtição.
Uma oliva madura contém, em média, entre 20 e 22 por cento de óleo disponível - o limite mínimo é 15 por cento e o máximo, 36 por cento. A produção do azeite começa já na fase da colheita. Quanto mais íntegro estiver o fruto, melhor será a qualidade do líquido resultante. Evitam-se, sempre, as drupas desabadas ao solo, pois o seu contato com o húmus, ainda que insignificante, contamina a polpa com parasitos e microorganismos capazes de aumentar, irreversivelmente, os teores de acidez do óleo.
Capturadas e bem selecionadas, as azeitonas são encaminhadas a um frantoio, espécie de tanque de deposição em que ocorrem três ações sucessivas. Primeiro, a moagem das polpas e dos caroços. Depois, a chamada espadelagem, a lenta e delicada remistura da pasta das polpas e dos eventuais resíduos sólidos, o que estimula a liberação contínua do óleo natural. Finalmente, acontece a extração propriamente dita, por superpressão ou por centrifugação. Existem quatro grandes categorias de azeites de oliva. O óleo extravirgem, verde-escuro, picante, muito perfumado, provém de uma primeira e única prensagem, extraído de drupas no seu mais justo e preciso grau de maturação. O óleo virgem, entre amarelo-escuro e verde-médio, de sabor frutado, lembrando as nozes, provém de duas prensagens e é mais ácido que o extravirgem. O óleo puro surge do tratamento dos resíduos das prensagens com solventes que lhe dão uma tonalidade amarelo-clara mas não lhe retiram o paladar e a competência. O óleo fino, a quarta categoria, recebe um acréscimo de água aos solventes até que se assimilem os mais remotos resquícios de polpa.
Quanto mais próximo do extravirgem, menos acidez o azeite contém. Os italianos consideram tão seriamente essas diferenças de classificação que, em muitos restaurantes da Bota, além do menu e da carta de vinhos, há completíssimos cardápios de tipos e marcas de azeite, nos quais o comensal pode escolher o gênero de sua predileção. Ao contrário das bebidas fermentadas e de vários destilados, porém, jamais se deve envelhecer um azeite. Os especialistas juram que mesmo um extravirgem de procedência excepcional, idealmente conservado, não sobrevive mais de ano e meio sem ficar rançoso.
A propósito, também ao contrário das bebidas fermentadas e de vários destilados, um azeite não se reconhece, antecipadamente, pelo aroma, o seu bouquet. Indispensável saboreá-lo para identificar as suas qualidades. A técnica degustativa dos óleos de oliva é requintadíssima, arte de poucos mestres. Primeiro, colhe-se o líquido com uma impecável colher de prata. Leva-se a colher à boca e, delicadamente, sorve-se o azeite sem engolir. O óleo tem de estacionar atrás dos lábios semicerrados, passeando através do palato durante um máximo de quinze segundos. Fundamental, então, é trazer o líquido de volta à boca - com muito cuidado para que não desabe sobre a roupa - e expeli-lo com a possível elegância.
Essa expulsão é fundamental na degustação. Graças a ela se reconhecem os retrogostos do azeite - alcachofras, pinóis, frutas secas, se ele é doce, liso, arredondado, se é vivo ou já está cansado. Um óleo exausto, ou rançoso, certamente não faz mal à saúde. Não deve, contudo, ser utilizado cru - somente em frituras. E é nas frituras que o azeite de oliva mostra a sua superioridade sobre todos os outros. Grandes produtores de extravirgens consideram uma heresia aquecer-se a sua criação. De fato, ferido, o óleo modifica a sua composição química e, por extensão, a sua personalidade. Ocorre, porém, que o azeite de oliva se modifica muito menos do que qualquer similar.
O segredo que ninguém explica: todo óleo caseiro ou comestível ostenta determinado índice de hidratação. E, porque esses níveis são diferentes, cada óleo ferve e frita numa faixa de calor. Além de certo degrau, o óleo atinge e, pior, ultrapassa aquilo que os italianos chamam punto di fumo, o momento em que o produto principia a eliminar, na frigideira ou na panela, uma tênue nebulosidade, perfeitamente visível na superfície. Esse é o instante em que o óleo se decompõe quimicamente, liberando um elemento tóxico e nocivo, a acroleína. Pois o punto di fumo do azeite de oliva é bem mais elevado que o dos outros óleos vegetais - cerca de 290 graus centígrados contra os entornos de 230 a 240 para os de cereais.
Os europeus e os americanos sabem disso - porque se informam e se educam suficientemente a respeito da própria alimentação. E porque a sua legislação lhes concede as proteções imprescindíveis, a partir da complexidade do que deve ser escrito nos rótulos e nas embalagens dos produtos comestíveis. No Brasil, contudo, até sem querer as regras oficiais podem prejudicar os produtos melhores e mais honestos. Um exemplo basta. Certas marcas, sincera ou falsamente tradicionais, vendem mais, exclusivamente pelo nome ou pela fama, do que conteúdos de qualidade superior ainda sem o necessário prestígio formal.
Da Apúlia italiana, o calcanhar da Bota, saem azeites excepcionais, perto de 10 por cento de toda a produção mundial. Ainda assim, mesmo no Mediterrâneo, determinados óleos nobres são comercializados com dísticos de fantasia - Antiche Fattorie, San Giuliano, Tricarico e até mesmo Toscana, uma província mais nobre da península. Um paradoxo: o azeite apuliano é fartamente melhor do que aquele produzido nos arredores de Florença e, no entanto, precisa do apelido de Toscana para sobreviver além de suas fronteiras. Não seria diferente por aqui. O brasileiro compra e consome azeites espanhóis, portugueses e até argentinos, na confiança de se tratar de produtos importados. De fato, são legitimamente importados. Ostentam mesmo os selos competentes das nações de origem no topo das latas. Só que o conteúdo é inferior ao de vários óleos importados a granel e enlatados no país.
Mais grave ainda, ninguém é obrigado a apor, na embalagem, a proporção exata de certas misturas, os óleos combinados de oliva e de cereais - como a soja. Somente se escreve que são misturas. Mas quanto vem de azeitonas e quanto dos outros grãos? Não se sabe, até que se mandem analisar as latas. Quem tiver dinheiro e paciência para bancar a experiência, seguramente se assustará com a impressionante variabilidade na relação - dentro de uma mesma procedência, numa mesma temporada. A oliveira, a azeitona e o azeite, sim, são eternos. Não parecem indestrutíveis, contudo, a saúde e o bem-estar da população.

O fio que salva

Aos olhos dos defensores de dietas menos competentes, o fio dourado que pende de uma lata de efetivo azeite de oliva não passa de uma ameaça à saúde. Ledo e ridículo engano. A Medicina já modificou sua maneira de encarar o azeite, para alegria dos seus adoradores. Inicialmente foi o médico americano Ancel Keys, doutor em Cardiologia e catedrático da Universidade de Minnesota, depois de quase três décadas de pesquisa, quem anunciou os primores da chamada dieta mediterrânea, à base de vegetais, carnes brancas, pães e massas, tudo condimentado com óleo de oliva: constatou ele que os habitantes das regiões vizinhas à ilha da Sicília e ao sul da Itália ostentam algumas das mais baixas incidências de problemas circulatórios em todo o globo. Depois, Marjorie Whelan e Scott Grundy, do Centro Nutricional de Dallas, também nos Estados Unidos, demonstraram a insuspeitada eficiência do azeite na prevenção dos males do coração.
A revelação das suas benesses cardíacas tem bases de enorme seriedade, visto que o mesmo Ancel Keys, no começo da década de 50, participara com destaque do grupo de pesquisadores que constatou a presença nociva do excesso de colesterol nas artérias dos americanos, por culpa de uma combinação literalmente letal: muita comida gordurosa e pouca atividade física.
Mas há gorduras e gorduras, sabe-se hoje. Grosso modo, elas se dividem em saturadas, monoinsaturadas e polinsaturadas, de acordo com a sua estrutura molecular e a combinação de átomos de carbono e de hidrogênio. A gordura saturada é sólida à temperatura ambiente, enquanto a insaturada se liquefaz. A gordura saturada provém basicamente de animais, como a que encapa certas peças de carne, e laticínios, como a manteiga. As gorduras insaturadas provêm basicamente de vegetais. Mesmo assim, o óleo de dendê contém 49 por cento de gorduras saturadas, enquanto no óleo de oliva, rico em gorduras polinsaturadas, aquelas são insignificante minoria - 13 por cento.
Na companhia das gorduras existem outros elementos, os ácidos, que têm a peculiaridade de dissolvê-las ou diluí-las, naturalmente. É o caso dos fitosteróis, abundantes no azeite, mais o ácido oleico e o ácido linoleico, que o organismo não sintetiza sozinho e por isso precisam ser assimilados via alimentos. Tais ácidos, de um lado, dissolvem a placas de gordura que acabam por se depositar nas artérias, transportadas por partículas chamadas LDL (iniciais em inglês de lipoproteínas de baixa densidade, já apelidadas de colesterol-mau). De outro lado, os ácidos ostentam a bendita faculdade de aumentar os teores do chamado colesterol-bom ou HDL (lipoproteínas de alta densidade), que varre da circulação o excesso do outro colesterol. Passe o azeite, por favor.





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sábado, 18 de agosto de 2012

A Hora das Estrelas - Narcisismo

A HORA DAS ESTRELAS - Narcisismo



Existe gente que se ama tanto, mas tanto, que se acha um sol, em volta do qual tudo deve girar. A isso os psicólogos chamam de narcisismo -- um modo de ser que parece estar na moda.

Já virou lugar comum dizer que, se nos anos 60 imperava o um-por-todos, vinte anos depois passou a predominar a lei do cada-um-por-si. A chave dessa mudança estaria na redescoberta da individualidade, em prejuízo das preocupações políticas e sociais que foram a marca do comportamento de duas décadas atrás. É possível que exista um pouco de sociologia de porta de bar nesse diagnóstico. Mas é inegável que a valorização do eu vem sendo a mais recente verdade da chamada cultura de massa: a palavra da moda é narcisismo - o amor a si mesmo sobre todas as coisas.
A saudável auto-estima que cada qual deve sentir estaria cedendo lugar a um ofuscante, exclusivista culto pelo próprio umbigo, uma situação em que todos competiriam para ser a estrela mais luminosa do pedaço. Uma pesquisa aponta que, na década passada, um de cada dez livros nas listas dos mais vendidos tratava de temas relacionados a narcisismo. Aliás, temas tão diversos quanto autoconhecimento e sucesso, ginástica e etiqueta - em princípio, tudo o que pode ajudar no desempenho social atrai o narcisista, um aprendiz sedento de saber mais para aparentar melhor. Atualmente, livros sobre esses assuntos ocupam o dobro do espaço nas listas dos best-sellers, indicando que, mesmo se a valorização do eu não aumentou desde então, ao menos devem existir muito mais narcisistas comparando livros. E se suspeita que, entre eles, os jovens formam o maior contingente.
"A nova geração é narcisista", denuncia a jornalista de TV Marília Gabriela, 40 anos, mãe de um rapaz de 17. "São os jovens que chegam na festa e dançam sozinhos", tenta definir. Esse distanciamento do outro é, de fato uma característica de quem se preocupa mais consigo mesmo do que com o mundo a sua volta. Foi em 1914 que o psicanalista austríaco Sigmund Freud escreveu pela primeira vez sobre esse comportamento a que chamou de narcisismo, inspirado no mito grego do jovem que se apaixona pela própria imagem espelhada num lago.
A rigor, Freud descreveu como narcisista uma fase do desenvolvimento da personalidade correspondente aos primeiros anos de vida, quando a criança se relaciona com o mundo como se ela estivesse no centro de tudo, pois basta chorar que logo chega alguém para niná-la, aliviar-lhe a dor, matar sua fome. Para ela, não existe, então, o outro, que é confundido com uma parte de si mesma - uma resposta "sua" às suas próprias manifestações de desejo. A criança só ultrapassa essa fase quando começa a amar alguém - no início, a figura paterna, no caso das meninas, ou a materna, no dos meninos.
Freud dizia ainda que a criança começa então a investir sua energia vital, ou libido, para fora de si. Em pessoas consideradas normais, essa energia permanecerá em constante movimento pela vida inteira, ora investida no próprio indivíduo - instantes de narcisismo que todos têm portanto -, ora investida no outro. Uma explicação para o possível aumento do narcisismo na nova geração é que esta cresceu mais exposta aos meios de comunicação, divulgadores dos modismos que um narciso que se preza segue religiosamente. Também a vida familiar mudou bastante e as crianças têm menos contato com os pais. "Pode ser que, por causa da ausência dos pais ou por problemas familiares, a criança não reconhece no outro o objetivo do seu amor, que passa então a ser dedicado a si própria", supõe a psicóloga paulista Elisabete Della Rosa Pimentel. O narcisismo também poderia ser provocado por uma frustração tão forte que faz a vítima buscar refúgio num mecanismo primitivo, que já lhe proporcionou muito prazer no passado - o amor irrestrito por si mesmo. Para os psicanalistas, o narcisismo só é considerado doentio quando não há equilíbrio entre investir no outro, predominando o primeiro.
As psicoses são exemplos extremos, pois aí a pessoa não consegue estabelecer contato com os outros - estes como que existem apenas para fazer figuração num teatro escrito, dirigido e representado por ela própria. A paranóia, mais conhecida como mania de perseguição misturada a delírios de grandeza, também é uma espécie de narcisismo desvairado, porque o paranóico se acha tão importante a ponto de ter a ilusão de que todos o observam, todos só falam nele e tudo o que desejam é prejudicá-lo, ou seja, volta à condição infantil de centro do mundo. Em todas as pessoas, porém, há momentos em que o amor próprio predomina, e isso nem sempre tem a ver com a vaidade - o sentimento mais comumente ligado à idéia que as pessoas fazem de narcisismo.
"O narcisismo moderado pode até ser fundamental para a preservação do equilíbrio psíquico", esclarece Elisabete Pimentel. Quando alguém sofre um baque emocional, a primeira reação tende a ser fechar-se como uma concha para lamber as próprias feridas e, mal ou bem, resolver o que fazer em seguida. Esses momentos narcisistas - porque a libido está voltada para dentro - podem variar da mera introspecção à mais cava depressão. Desse ponto de vista, uma lista dos campeões de narcisismo não poderia deixar de lado o escritor francês Marcel Proust (1871-1922), que consumiu anos de sua vida refletindo sobre o tempo perdido, uma busca que resultou nos sete volumes de uma das maiores obras literárias do século.
O narcisismo também aparece na paixão: o início de um namoro, afinal, sempre é uma troca de afinidades, quando um parece refletir os gostos do outro. A diferença entre os narcisistas e os demais é que aqueles deixam de amar quando o cotidiano denuncia as pequenas diferenças; pensam então que foi tudo engano e continuam a busca interminável do príncipe encantado ou da mulher nota dez - alguém, em suma, feito à própria imagem e semelhança. Para os psicólogos, essas manifestações são mais comuns quando faltam condições adequadas de vida e escasseiam as perspectivas de progresso. Em situações sociais adversas, voltar-se para si pode ser um modo de defender-se de novas frustrações: um sintoma típico é o desinteresse pela política, a arena onde se decidem os destinos coletivos. A antropóloga Liana Trindade, da Universidade de São Paulo, observa que efetivamente os obstáculos sociais, assim como a massificação típica das sociedades modernas, fazem aumentar o narcisismo. Ela o compara ao recurso à magia: "Do mesmo modo que o bebê age como se pudesse manipular o ambiente por meio de seus atos, na magia há a crença de dominar o outro por meio de rituais".
Talvez por isso, também na população brasileira, que já não consegue planejar a vida para o dia seguinte, parece aumentar a procura de toda sorte de jogos adivinhatórios, como búzios e tarô.
Mas não é apenas o interesse pelo oculto que flagra o narcisismo dos últimos anos. Ele fica evidenciado também por algo aparentemente tão distante daquilo como a explosão das academias de ginástica. Para Mauro Guiselini, diretor-técnico da Companhia Athletica, um dos muitos templos paulistanos do culto à forma física, "o aspecto mais positivo desse voltar-se a si é que o homem recuperou a consciência do corpo", pois, para ele, não há amor próprio sem amor ao próprio físico - assim como os gregos acreditavam que belos espíritos só habitavam belas moradas.
Essa preocupação com o corpo, que a princípio surgia apenas diante do espelho de cada um, agora se reflete ainda em manifestações coletivas pela saúde, como as recentes campanhas contra o fumo e a poluição. Mauro, contudo, não nega que existem os exagerados - aqueles que têm tanto prazer em cultivar suas formas que acabam perdendo o interesse pelo que lhes é diferente - o sexo oposto, por exemplo. A extrema vaidade física, aliás, foi a primeira definição de narcisismo dada pelo médico alemão Paul Näcke em 1899. Ele a usava para descrever aqueles que se excitavam diante da própria imagem no espelho. Até hoje, passado quase um século, surgem ainda definições de comportamentos rotulados de narcisistas.
"Por isso é raro encontrar quem admita merecer o adjetivo ou saiba indicar alguém merecedor", justifica o psicanalista carioca Eduardo Mascarenhas - que as más-línguas dizem ser, ele próprio, um narcisista de marca. "Na verdade as pessoas se sentem inseguras para falar do assunto, quando não sabem qual das várias significações para narcisismo está na mente do interlocutor". Narcisismo, por exemplo, talvez seja quem determine que todos devam se comportar de acordo com suas idéias e sua vontade, por não conseguir se imaginar na pele de outrem, não perceber o que os outros pensam ou sentem; sofre, portanto, de uma ilusão de onipotência capaz de transformá-lo em um ditador - em casa, na escola, no trabalho ou, se não houver um sistema eficiente de contrapesos, no país. Por aí pode-se ver que o narcisismo, longe de ser uma característica confinada ao íntimo de cada qual, pode interferir poderosamente nas relações entre as pessoas, embora essa interferência permaneça quase sempre mascarada.
São narcisistas também aqueles que julgam suas próprias idéias o máximo. Os políticos, muitas vezes, servem de legenda para esse perfil. "Todos querem a vitória e a permanência no poder. E para isso têm de fazer mais do que os outros, aparecer mais, prometer o melhor", reconhece o senador paulista e presidenciável Mário Covas, do PSDB. O problema, segundo ele, aparece quando a imagem não corresponde ao real. "Dai o político dispara acusações pessoais aos concorrentes, chamando a atenção para si, não por suas virtudes, mas a partir dos defeitos alheios". Os narcisistas que se acham o máximo também fazem tudo para evitar maiores decepções. O mecanismo usado pela famosíssima diva do cinema dos anos 30, Greta Garbo - que se isolou do mundo no auge da carreira -, talvez não seja, guardadas as proporções, muito diferente do da moça que, numa reunião, fica repentinamente calada após a chegada de uma mulher bonita. É que esses narcisos não entram em disputa, para permanecerem invictos na sua suposta superioridade.
Sinônimo de narcisista é igualmente o conquistador, aquele que acha que com um único olhar terá o mundo a seus pés. Inevitável lembrar o roqueiro do grupo RPM, Paulo Ricardo, 26 anos, famoso por um tal "olhar 43", presente na letra de sua canção mais popular e que ele próprio não cansa de disparar do palco. "É preciso se achar o bom mesmo. Além disso, o público gosta de ídolos".
Os artistas, de modo geral, levam a fama de narcisistas. "Eles têm a insegurança comum a qualquer pessoa, que é o medo de não ser amado", teoriza Roberto Talma, diretor de novelas da Rede Globo. "Mas esse sentimento pode se acentuar, exacerbando o narcisismo, porque afinal são julgados por milhões de pessoas". Beatriz Segall que o diga. Há poucos meses, sua personagem Odete Reutmann, na novela Vale Tudo, uma egocêntrica típica, tornou-se uma verdadeira onda nacional, despertando ódios e amores.
A propósito da relação entre fama e narcisismo, a atriz não finge modéstia: "Não deixo de gozar o prazer do sucesso. Mas não perco de vista que é apenas um momento, importando somente o que resta - o prestígio". Aí Beatriz demonstra orgulho, um sentimento que, ao contrário da vaidade - qualidade do que é vão - expressa uma estima sedimentada nas ações que realiza. É nesse amor pelo que faz que o autodenominado criador de arte ("Odeio a palavra produtor") Fernando Bicudo, 42 anos, ex-diretor do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, define o novo narcisismo que, na sua opinião, dominará a cena nos próximos anos: "As pessoas julgarão os problemas do mundo como sendo seus também". Exemplo de novo narcisista? Bicudo aponta o cantor inglês Sting, belo, bem-sucedido, e que vai à luta pelos direitos humanos.

Um amor impossível

A mais antiga versão do mito grego de Narciso - que inspirou a teoria freudiana do narcisismo - é atribuída ao poeta romano Ovídio (43 a.C.-17 d.C.). Segundo ele, Narciso nasceu depois que a ninfa Liríope, sua mãe, se banhou nas águas do rio Zéfiro. Tão belo era o menino que a mãe ficou preocupada, pois os deuses não admitiam que um mortal fosse mais bonito do que eles, habitantes do Olimpo. Liríope ouviu então de um oráculo que o filho viveria enquanto não visse a si próprio.
Certo dia, sentindo sede, Narciso se aproxima de um lago. Mas, ao deparar na água com a própria imagem, que não sabia ser sua, sentiu irresistível paixão. Eco, uma ninfa que o seguia, ainda tentou avisá-lo de que aquele rosto era o seu mesmo. Foi em vão, porque só conseguia repetir as últimas palavras do que ouvia, vítima também ela da ira dos deuses. E Narciso, não conseguindo se afastar da imagem refletida, definha de fome e sede. Ao perceber, enfim, que aquele era o seu próprio rosto, chora ao dar-se conta de que jamais poderia abraçar o objeto amado. Suas lágrimas turvaram a água. Narciso achou que a imagem estava fugindo e morreu de desespero.





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sábado, 18 de agosto de 2012

No Tempo dos Corsários - História


NO TEMPO DOS CORSÁRIOS - História



No século XVII, os piratas aterrorizavam os mares. Seu alvo principal eram os galeões espanhóis cheios de ouro do Novo Mundo. Foram instrumentos de uma luta entre nações.

Em maio de 1701, quem percorresse as margens do rio Tâmisa, em Londres, depararia com um espetáculo macabro: cadáveres pendurados em estacas balançando com o movimento das águas. Eram corpos de piratas que tinham sido condenados a morrer na forca. A inusitada exposição destinava-se a chamar a atenção dos marinheiros para o que lhes aconteceria caso fossem capturados como piratas. A terrível advertência fazia parte dos esforços da Inglaterra em por fim à pirataria - cujo governo, por sinal, a estimulara cem anos antes - e assim tranqüilizar os comerciantes que viam seus negócios ameaçados pelos ladrões dos mares. Entre os desconhecidos corpos de marinheiros que pendiam em Londres naquela primavera do início do século XVIII, um ao menos era de um personagem importante: o capitão da marinha William Kidd, que em 1695 desertou com navio e tudo, tornando-se um dos mais célebres piratas da época.
Preso em Boston, na então colônia inglesa da América do Norte, o escocês Kidd foi julgado e executado em Londres. Na verdade, a pirataria não era propriamente uma novidade na Europa daqueles notáveis tempos de expansão econômica e marítima. Tão antiga quanto a própria história da navegação, a pirataria se fez presente desde os tempos antigos, passando pelo Egito e Grécia até o império romano. Depois, durante a Idade Média, teve nos vikings nórdicos seus mais ferozes praticantes. Além deles, também ingleses, franceses, holandeses, irlandeses e árabes dedicaram-se ao ofício pouco nobilitante de despojar de suas riquezas navios em alto-mar. Por representarem um transtorno à boa marcha dos negócios por via marítima, os piratas sempre estiveram sujeitos a severas punições.
Apesar disso, houve época em que a atividade chegou a ser estimulada por vários governos. No século XVI, os ingleses sentiam-se ameaçados pela Invencível Armada espanhola, montada graças ao ouro saqueado das Américas. Em 1567, com suas naus equipadas com o que havia de mais moderno em matéria de armas de fogo, a Espanha acabou por bloquear o tráfego comercial marítimo entre as Ilhas Britânicas e os Países Baixos. Para dar o troco aos espanhóis, a Inglaterra criou e manteve durante vinte anos uma verdadeira frota mercenária: os corsários, navegadores aos quais outorgavam cartas de corso (do latim cursus, viagem por mar). Tratava-se, na verdade, de autorizações para roubar: as cartas permitiam que eles abordassem os galeões espanhóis que traziam para a Europa as riquezas das colônias do Novo Mundo.
O cenário era o mar das Antilhas, na América Central. "A vantagem para os ingleses é que as frotas que levavam os tesouros espanhóis tinham data marcada para sair e rota conhecida, o que facilitava o trabalho dos piratas. Mesmo assim os combatentes eram ferozes, pois as frotas eram sempre escoltadas", explica a historiadora Janice Theodoro da Silva, da USP, especializada em América colonial. "O investimento que a Inglaterra fazia na pirataria tinha retorno certo", avalia a historiadora. "Embora as despesas fossem enormes, o butim era compensador". A rigor, a Inglaterra não era a única nação cujo comércio exterior se ressentia da presença espanhola nos mares - e por isso recorria aos corsários. A França, por exemplo, também se valia dessa arma.
A diferença é que a Inglaterra soube utilizá-la como ninguém, até porque alguns dos mais célebres piratas eram súditos de Sua Majestade Britânica. O melhor exemplo disso foi o audacioso Francis Drake, que entre 1577 e 1580, com o apoio da rainha Elizabeth I, realizou uma viagem de circunavegação do mundo em seu navio The Golden Hind, passando pelo estreito de Magalhães, que liga no sul da América o Atlântico ao Pacífico. Já que estava mesmo por ali, aproveitou para saquear a costa do Pacífico e capturar o ouro, a prata e as pedras preciosas dos galeões espanhóis. Ao regressar à Inglaterra, foi recebido com todas as honras pela rainha e condecorado com o título de sir.
O suporte da coroa britânica à pirataria enfureceu de tal forma o rei Felipe II da Espanha que acabou declarando guerra aos ingleses. Foi uma decisão que mudou o curso da história européia. Pois em 1588, há quatrocentos anos, a Invencível Armada, com seus 133 navios, foi destroçada - e essa foi uma das causas do declínio político e econômico da Espanha no mundo e da ascensão da Inglaterra. Corsários, flibusteiros, bucaneiros ou pura e simplesmente piratas, financiados por governos ou por ricos comerciantes, tinham sempre um único objetivo, como, aliás, todo ladrão que se preze, em alto-mar ou terra firme: fazer fortuna pilhando a fortuna alheia. No entanto, como em tudo na vida, nem sempre eram bem-sucedidos.
Qualquer marinheiro que embarcasse num navio pirata sabia, por exemplo, que sem presa não haveria paga. Por isso, era uma gente disposta a tudo. Quando o capitão do navio finalmente conseguia arrebanhar a tripulação de que precisava para zarpar, estabelecia as regras para a divisão do produto do saque. Os interessados ficavam então sabendo que, terminada a pilhagem, as mercadorias seriam vendidas; calculado seu valor total, deduziam-se as despesas de viagem (um terço era pago a quem havia financiado o, digamos, empreendimento) e o restante era repartido. Ao capitão, naturalmente, cabia a parte do tubarão - algo como um terço do produto do saque; os marinheiros de primeira viagem ficavam com os trocados.
Mas, veterano ou novato, o marinheiro que primeiro gritasse "vela à vista" receberia 100 moedas. Se houvesse combates e algum marinheiro saísse mutilado, seria indenizado: quem perdesse um olho ou um braço recebia 600 moedas; a perda de um dedo (do pé ou da mão) era recompensada com 100 moedas. Tais obrigações deviam ser cumpridas à risca pelo capitão; em contrapartida exigia-se que os marinheiros não se acovardassem nem se embriagassem na iminência de uma abordagem - o que, apesar de tudo, era comum. Para saber se um marinheiro estava ou não bêbado, submetia-se o suspeito à prova de andar em linha reta - e não se admitia culpar o balanço do mar pelos ziguezagues.
Os piratas embarcavam nessa vida movidos pela ganância, mas suportavam o dia-a-dia a bordo movidos a álcool, rum de preferência. Conta-se até que certa vez uma navio de piratas demorou três dias para capturar um galeão por falta de homens sóbrios. Mas havia ocasiões em que era permitido festejar e beber até cair. Isso acontecia quando os navios atravessavam determinados marcos geográficos como o estreito da Flórida (que separa o mar das Antilhas do golfo do México) ou a linha do equador (marco imaginário que divide o hemisfério norte do hemisfério sul). Então um dos piratas se vestia de rei e, acompanhado de sua corte, todos vestidos de forma espalhafatosa, batizava os que nunca haviam cruzado a fronteira. O batismo variava desde o afogamento simulado num barril até um passeio sobre uma tábua suspensa na proa e então mergulhada na água, uma, duas, três vezes. Depois, os calouros que resistissem a essa verdadeira tortura recebiam um apelido que lhes dava a tripulação. A cerimônia, por assim dizer, terminava com uma batalha de água que se espalhava pelo navio e geralmente com homéricos porres. Esse costume talvez tenha dado origem às festas que os navios de passageiros promovem até hoje para comemorar a travessia do equador.
Mas a vida no mar nas regiões tropicais estava longe das lendas que a literatura e o cinema se encarregariam de difundir. As ilhas onde os piratas aportavam podiam ser ensolaradas, com praias cobertas de palmeiras e cachoeiras de águas límpidas. Mas, apesar do cenário paradisíaco, os ladrões do mar costumavam padecer - e muitas vezes morriam - de tudo quanto fosse doença. Como nem sempre as provisões que levavam eram suficientes para a incerta vida marítima - as tempestades, por exemplo, podiam tirar os navios da rota -, os piratas acabavam a pão e água (ou nem isso) até chegar a um porto seguro onde pudessem reabastecer os navios. Freqüentemente, a comida não só era pouca mas inadequada. A falta de vitamina C, por exemplo fazia o marinheiro morrer de escorbuto, doença que se caracteriza por provocar fortes hemorragias. Trechos de um depoimento deixado por um pirata anônimo, citado pelo historiador Edward Ritchie, da Universidade da Califórnia, dá uma idéia do que podia ser a vida de pirata:
"Muitas são as misérias que os marinheiros enfrentam quando adoecem, sendo poucos os meios de se reconfortarem, pois então não podem buscar a carne e a bebida que acham que lhes farão bem (...) E, quando o marinheiro morre, é ´enterrado´ rapidamente, poupando aos amigos e conhecidos o trabalho de ir à igreja e mandar dobrar os sinos (...) Em lugar disso eles apenas o costuram num cobertor velho ou num pedaço de lona, amarram em seus pés duas ou três balas de canhão e o lançam ao mar". Havia ainda problemas mais prosaicos. Por exemplo, o constante contato com a água salgada decompunha as roupas rapidamente e os piratas se viam obrigados a usar as sedas e brocados que haviam pilhado - e que não eram propriamente os trajes mais adequados para o clima e o serviço.
Não espanta assim que, se a primeira ambição de um pirata fosse enriquecer, a segunda era voltar para casa o quanto antes. Em casa, alguns piratas bem-sucedidos, tinham prêmios adicionais à espera. Além de Sir Francis Drake, houve o caso do inglês Henry Morgan. No comando de uma frota que chegou a ter 36 navios, ele percorreu o mar das Antilhas durante dezessete anos. Mas em 1672 foi preso e reconduzido à Inglaterra. Ali, no entanto, foi feito cavaleiro e ainda por cima nomeado governador da Jamaica - com a incumbência de reprimir a atividade de seus ex-companheiros. Morgan morreu em 1688, aos 53 anos, em santa paz e cercado de todas as homenagens.
Foi por essa época, no final do século XVII, que as colônias inglesas, francesas e holandesas nas Antilhas começaram a atrair aventureiros de todo tipo. Como não tinham terras e a economia colonial girava em torno de plantações que utilizavam mão-de-obra escrava, esses forasteiros acabaram confinados a alguns povoados. Por força do isolamento, organizaram-se em confrarias para tentar a sorte no mar, dedicando-se também à pirataria. Como algumas dessas colônias eram pobres, seus governadores, sem meios de combater os piratas, não tinham outra saída senão aliar-se a eles. Por isso, alguns portos antilhanos, como Port Royal, Anguila e a ilha de Tortuga, transformaram-se em célebres esconderijos de piratas.
Tanto nos povoados que freqüentavam quanto nos seus navios, as regras eram informais. Num livro sobre pirataria, tema que fascinou o inglês Daniel Defoe (1660-1731), autor do clássico romance Robinson Crusoé, narra que, muitas vezes, os piratas elegiam democraticamente seus capitães. Eles também acabaram substituindo a tradicional bandeira vermelha sem emblema, a marca registrada dos navios corsários, pelo pano negro estampado com a caveira e os ossos cruzados. Os ladrões do mar, entretanto, já estavam com os dias contados.
No início do século XVIII, já estabelecida como a nação mais rica e poderosa do mundo, a Inglaterra dispensou definitivamente os serviços dos piratas - e declarou aberta a temporada de caça à pirataria. Assim o governo britânico cumpria com algum atraso o compromisso assinado em 1670, no Tratado de Madri. A primeira lei inglesa instituindo tribunais especiais para julgar os piratas capturados data de 1700. Foi graças a essa lei que o capitão William Kidd acabou executado e teve seu corpo exposto em Londres em 1701. Dezessete anos depois, chegou a vez de outro pirata famoso, Edward Teach, o Barba Negra, que assolava as colônias inglesas da costa sudeste da América do Norte. Ele costumava buscar refúgio em Charleston, na Carolina do Sul, mas os habitantes do lugar acabariam criando coragem e trataram de dar cabo de tão perniciosa figura. Assim, Barba Negra terminou seus dias linchado. Os corsários saíam da história para virar lenda.





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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Pauling: Ciência sem Barreiras


PAULING: CIÊNCIA SEM BARREIRAS



Ele descobriu por que o mundo não se desmancha e o que mantém o homem vivo. Ajudou a acabar com testes atômicos na atmosfera e quer provar que a vitamina C é um santo remédio.

Parece um pescador português, com sua boina, enorme suéter e calças bufantes. Os gestos são largos e tranqüilos, os olhos acesos e inquietos. Às vésperas de completar 88 anos, no último dia 28 de fevereiro, o pioneiro da Biologia Molecular, Linus Carl Pauling, ainda se mantinha fiel ao hábito de se deslocar uma vez por semana de sua casa fincada num imenso parque em Big Sur, na Califórnia, com magnífica vista para o Pacífico, até o Instituto de Ciência e Medicina que leva o seu nome, em Menlo Park, a 40 quilômetros de São Francisco. "Há tanta coisa a fazer", explicava ele, autor de quase setecentos trabalhos e uma dúzia de livros. Mas não é tarefa, é prazer o que o move: "Gosto de entender o mundo, sempre tive enorme interesse em aprender. Sinto enorme satisfação em ter idéias, fazer descobertas".
As idéias e as descobertas do químico Linus Pauling sobre os mecanismos pelos quais os átomos se combinam (as ligações químicas) e sobre a estrutura molecular fizeram dele uma das figuras dominantes da ciência - a ponto de ter sido colocado no mesmo patamar de Isaac Newton, Marie Curie e até Albert Einstein. Mais de cinqüenta universidades do mundo inteiro já lhe concederam títulos honoríficos. Condecorações ele as recebeu tanto em Washington quanto em Moscou. E, glória das glórias, ganhou duas vezes o Prêmio Nobel, algo que nenhum outro cientista conseguiu sozinho até hoje. Mas as idéias e as descobertas de Pauling, ao transbordar da quietude dos laboratórios para as turbulentas realidades do mundo, também lhe valeram inimizades, ameaças e perseguições políticas no período macarthista que turvou a democracia americana na década de 50.
A trajetória de Pauling acompanhou o desenvolvimento do mais formidável aparato de produção de conhecimentos da história da humanidade. De fato, nunca houve um país como os Estados Unidos, onde se gastou (e se gasta) tanto dinheiro em ciência e tecnologia e onde tanta gente viveu (e vive) de fazer e aplicar ciência. Mas Pauling foi tudo, menos um produto passivo dessa grande indústria do saber - se não pela militância em favor da abolição das armas atômicas, certamente pela incomum desenvoltura com que se habitou a saltar de um ramo científico para outro, transitando, como um intelectual do Renascimento, da Química para a Física, da Biologia à Medicina, uma atitude geralmente desestimulada nas ultra-especializadas instituições de pesquisa americanas.
De modo algum, porém, foi infalível. Dono de fenomenal memória - assunto sobre o qual também formulou teorias - e desprovido do receio de manifestar suas intuições, Pauling costumava dizer-se adepto do "método do estocástico": adivinhar a verdade a partir de conjecturas. Algumas vezes, porém, memória, intuição e coragem de especular acabaram por levá-lo a erros ou precipitações. Há quem assim avalie, por exemplo, sua defesa da vitamina C como remédio para quase todos os males, câncer incluído. Como o definiu o professor de Química e História da Ciência Aaron Ihde, da Universidade de Wisconsin, "o êxito de Pauling baseou-se na sua capacidade de perceber depressa novos problemas, reconhecer relações entre os fenômenos e apresentar idéias não convencionais. Seus conceitos, mesmo equivocados, estimularam o debate e a pesquisa".
Foi sempre assim. No povoado de Condon, no remoto Estado americano de Oregon, onde nasceu em 1901, Linus dividia o tempo vendo o pai farmacêutico misturar poções para doentes, lendo o que lhe caísse nas mãos, colecionando insetos e minerais, aprendendo alemão com a avó, grego com um vizinho e chinês com outro. Em suma, um caso perfeito para os adeptos da teoria de que os grandes homens já se mostram quando pequenos.
Com tantos interesses na bagagem, logo depois de fazer 16 anos, em 1917, foi para a universidade, ainda no Oregon. Como não tinha dinheiro para pagar os estudos, vivia de bicos, cortando lenha, limpando o chão do dormitório feminino e ajudando na cozinha.
Isso não o impedia de inscrever-se nos cursos mais puxados, Química, Física, Matemática, Metalurgia e, ainda por cima, Literatura Inglesa. O fim da Primeira Guerra Mundial foi duplamente auspicioso para Linus. Ao voltar das frentes de batalha na Europa, milhares de jovens americanos queriam retomar os estudos. As matrículas nas universidades multiplicaram-se e não havia professores suficientes para ensinar essa enorme leva de alunos novos. Pauling tinha impressionado tão bem seus professores que, ao terminar o terceiro ano da faculdade, foi convidado para ensinar Química aos alunos do segundo ano.
Ao começar as aulas, resolveu descobrir o quanto eles já sabiam da matéria. Olhou o primeiro nome da lista de chamada e perguntou: "Ava Hellen Miller, que sabe de hidróxido de amônio?". Aparentemente a moça sabia muito, porque, a partir da resposta, o jovem professor não conseguiu parar de olhar para ela. Não demorou para que começassem a namorar. No fim das aulas, passavam horas conversando sobre poesia, arte, literatura - e política, tema que Ava acompanhava com interesse e que ele não entendia bem. Certo dia, em 1920, enquanto folheava publicações que juntavam poeira no Departamento de Química, Pauling descobriu um livro que iria influenciar profundamente sua vida.
Tratava-se de um artigo de Gilbert Lewis, da Universidade de Berkeley, então um dos químicos-físicos mais conhecidos do país. O texto começava com o óbvio: da mesma forma que tijolos são feitos de pequenas partículas de barro assadas juntas - dizia -, as moléculas são feitas de átomos ligados uns aos outros. A novidade era a teoria com que Lewis explicava como esses átomos se mantinham juntos, formando moléculas que duraram milhares de anos, como as pirâmides do Egito, ou milhões, como os ossos dos dinossauros. O autor chamava isso chemical bond, "ligação química".
Pauling ficou fascinado. Se pudesse aprender mais a respeito dessa ligação química, poderia entender de fato o que impede o mundo de se desmanchar. Decidiu então dedicar-se ao enigma da estrutura da matéria. Candidatou-se a um curso de doutorado em três universidades. Aceito pelas três, escolheu o Instituto de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena, mais conhecido como Caltech, porque, sendo mais nova, nela teria mais liberdade para trabalhar. Além disso, o Caltech ofereceu-lhe um cargo de monitor, o que lhe permitiria ganhar dinheiro enquanto estudasse. "Era uma solução perfeita", recordou ele recentemente.
No Caltech, os nove professores e sete assistentes do Departamento de Química tinham discussões apaixonadas sobre átomos e moléculas - um território ainda por desbravar naqueles anos 20. Pauling aprendeu a usar uma técnica muito nova para espiar a matéria na intimidade. Nela, um feixe de raios X atravessa um cristal. Os átomos de cristal desviam os raios X para uma chapa fotográfica. A imagem ali registrada permite perceber a estrutura molecular dos cristais. Depois de dezenas de experiências, com a ajuda de colegas, ele descobriu as posições dos átomos nos cristais. Também conseguiu determinar as distâncias entre os átomos, de um lado, e os ângulos entre as ligações que os mantêm juntos, de outro. São justamente esses os fatores que definem a estrutura das moléculas.
No seu primeiro ano de Caltech, o ponto alto de cada semana era um seminário conduzido pelo conhecido professor de Física Richard Tolman. Este sustentava que as leis da Física podiam ser usadas para resolver problemas da Química. Pauling ficou impressionado com a idéia - que marcaria decisivamente o rumo de suas pesquisas futuras. Em junho de 1923, tão logo o ano letivo terminou, ele pegou um velho Ford que tinha comprado por 25 dólares e foi para o Oregon, a fim de casar com Ava Hellen. Ele tinha 25 anos. Ela 19. A união duraria 58 anos, até ela morrer em dezembro de 1981.
Quando chegou a hora de Pauling apresentar a tese de doutoramento, em 1925, foi fácil - bastou juntar os artigos que já tinha publicado a respeito da estrutura dos cristais. Resultado: seu diploma trazia a rara expressão latina Summa cum laude, "Com a máxima honra". Aquele foi um belo ano. Em abril tinha nascido o primeiro filho do casal, Linus Junior, que seria psiquiatra. O pai tirou alguns dias para brincar com a criança e logo voltou à carga intensa de trabalho que sempre o caracterizaria. Em breve, a separação ficaria ainda maior, devido a uma bolsa de estudos na Europa. Deixando o filho com a mãe de Ava, o casal circulou entre Munique, Copenhague e Zurique. Era um período excitante nos círculos científicos europeus. Idéias revolucionárias começavam a ser discutidas. Uma delas era a Mecânica Quântica, que trata do movimento das partículas subatômicas. Pauling tinha ouvido falar disso no Caltech e queria aprender mais.
Durante um ano e meio ele visitou os principais centros de pesquisa europeus, tentando absorver o máximo. Ao voltar para a América, tinha uma idéia mais nítida do caminho que iria tomar: ele queria explicar plenamente o mecanismo pelo qual os átomos se juntam para virar moléculas, combinando a Mecânica Quântica com os efeitos dos raios X. Promovido a professor assistente, com 26 anos, era o membro mais jovem do corpo docente. Para disfarçar o rosto de garotão, deixou a barba crescer. Isso teria resolvido o problema da aparência juvenil se ele não usasse tanto camisas do Havaí estampadas com dançarinas de hula-hula.
Junto com seus assistentes, nessa época começou a fazer modelos de moléculas com papel colorido, a fim de facilitar o entendimento dos alunos. Isso acabou virando uma das suas contribuições mais frutíferas para a Química moderna. A representação das moléculas em modelos tridimensionais, com as ligações químicas num plano perpendicular, facilita extraordinariamente a visualização dos detalhes. Só o computador, muito tempo depois, faria melhor. Graças a um desses modelos, em fins de 1930 Pauling acabou resolvendo o problema das ligações químicas, que o intrigava havia dez anos. Numa única noite ele rastreou as forças que garantem a estabilidade em cristais e as codificou segundo seis princípios.
Ele, numa conversa recente conosco, contou como o estalo de gênio matou o problema que desafiava cientistas do mundo inteiro. "Um belo dia consegui contornar as dificuldades matemáticas simplificando a questão. Fiquei tão excitado e feliz que passei a noite inteira elaborando e resolvendo equações. À medida que as fazia, descobria que eram tão simples que podiam ser resolvidas em minutos. Eu resolvia uma equação e pegava a resposta, resolvia outra e conseguia outra resposta e assim por diante. Fiquei cada vez mais eufórico e escrevi uma série de equações numa madrugada. Foi uma fantástica noitada", contou ele, mais de meio século depois. O resultado foi um artigo de 34 páginas que virou a base para um clássico da literatura científica, A natureza da ligação química e a estrutura das moléculas e cristais.
Certa vez, depois de olhar uma amostra de asbesto num microscópio, ele a pôs na palma da mão e começou a apertá-la. O mineral, conhecido por não conduzir calor e induzir câncer nos pulmões quando aspirado, começou a se desmanchar. Era feito de fibras tão finas quanto fios de cabelo. Virando-se para um assistente, ele perguntou: "Se podemos entender as fibras de asbesto, por que não entendemos também as fibras do corpo humano? O cabelo, os músculos, até as unhas são feitas de fibras", comentou. Logo, Pauling começou a estudar as moléculas de proteína do cabelo humano. Era a primeira vez em que se desviava dos minérios para pesquisar algo vivo. Pauling percebeu que para entender o corpo humano precisaria entender a estrutura das moléculas de proteínas que o compõem. Em meados da década de 30 já se sabia que as proteínas são formadas por cadeias de aminoácidos. Mas ninguém havia explicado como os elos dessas cadeias se combinavam. Com seu assistente Robert Corey, Pauling começou então uma pesquisa de dez anos sobre proteínas, trabalhando com raios X.
Um dia, o chefe do Departamento de Química de Caltech passou pelo laboratório de seu já ilustre subordinado para saber das novidades. "Em que anda metido agora, Linus?", perguntou. "Sangue, sangue", respondeu Pauling, no estilo das histórias policiais que ambos adoravam.
De fato, ele vinha estudando com medições magnéticas a macromolécula de hemoglobina que dá a cor vermelha ao sangue e transporta o oxigênio. De tanto lidar com "sangue, sangue", como brincou, Pauling descobriu que certo tipo de anemia hereditária, chamada falciforme, era causada por uma célula defeituosa, que lembra uma foice. Desde então, ele não deixaria de investigar o funcionamento da máquina humana.
Numa fria manhã de primavera, em 1948, ao fazer uma conferência na Universidade de Oxford, na Inglaterra, o cientista resfriou-se e resolveu descansar alguns dias. No primeiro dia ficou na cama lendo histórias policiais. No segundo, cansado de ler, começou a divagar, pensando na estrutura das proteínas. Pegou então uma folha de papel, desenhou os átomos com as ligações químicas entre eles e depois dobrou o papel de modo a entortar a ligação no ângulo certo. Continuou fazendo isso para obter a posição correta e de repente percebeu que tinha montado algo parecido com uma escada espiral cujas curvas eram formadas por hidrogênio. Estava descoberta em algumas horas a chamada hélice alfa - a forma como a natureza combina cadeias de aminoácidos em estruturas espirais. E Pauling estava a um passo de uma das supremas descobertas deste século - a estrutura do DNA, a molécula da hereditariedade.
Eram vários os cientistas empenhados nessa busca. "O que queríamos, acima de tudo, era chegar antes de Linus Pauling", confessaria anos depois o professor americano James Watson, de Harvard. Certo dia de 1953, ele e seu colega inglês Francis Crick receberiam a notícia de que Pauling havia conseguido a proeza. "Meu estômago encolheu de apreensão", lembra Watson. Mas, à medida que começou a estudar as ilustrações que acompanhavam o trabalho de Pauling, percebeu algo estranho: o mestre, que no ano seguinte receberia o Prêmio Nobel de Química, havia cometido um erro elementar, inadmissível até num primeiranista. Animados, Watson e Crick retomaram a pesquisa com redobrado vigor e desvendaram a estrutura do DNA.
A partir de então, Pauling voltou-se para as doenças, tentando encontrar na nutrição a cura dos males que atingem o homem. Em 1964 saiu do Caltech e dez anos depois decidiu formar seu próprio Instituto Linus Pauling de Ciência e Medicina, para continuar as pesquisas sobre doenças com inteira liberdade. Ele próprio escolheu o local, em Menlo Park, perto de São Francisco, onde vinha trabalhando dois ou três dias por semana. O instituto tem vinte pesquisadores com nível de doutorado e um orçamento de 3,5 milhões de dólares por ano, a maior parte doações particulares - nenhuma delas da indústria farmacêutica, ao contrário do que suspeitam os adversários de sua cruzada em prol do consumo maciço de vitamina C. Um dos principais doadores é outra figura legendária - o milionário Armand Hammer, 90 anos, presidente da Occidental Petroleum. A ele Pauling dedicou seu último livro.

A polêmica da vitamina C

Com o olhar divertido, o velho Linus Pauling começava uma conferência na Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, no fim do ano passado. Caminhando de um lado para outro, disse que antigamente tomava 6 gramas de vitamina C por dia. "Mas há pouco tempo reli um de meus livros e descobri que não estava seguindo minha própria receita. Aumentei a dose para 10 gramas diários. Estou rejuvenescendo", garantiu. Há quase vinte anos o cientista vem promovendo a vitamina C (ácido ascórbico) como panacéia para quase todos os males do homem moderno e nessa cruzada correu mundo, tendo estado três vezes no Brasil, a última em 1985.
Ele baseia seu argumento na evolução. Por alguma razão ainda não determinada, afirma, o organismo do homem primitivo perdeu a capacidade de fabricar a vitamina C, ao contrário da grande maioria dos animais. "A cabra, por exemplo, faz 13 gramas diários dessa vitamina", ensina. "O governo americano recomenda que tomemos 60 miligramas por dia de vitamina C", informa, para arrematar: "Acho que a cabra sabe muito mais que os homens". Desde que publicou seu primeiro livro a respeito, Vitamina C: gripes e resfriados, editado no Brasil em 1972, foi acusado de abdicar da posição de cientista objetivo e assumir o papel de garoto-propaganda da indústria farmacêutica.
A Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos recusou-se a publicar um de seus artigos sobre o assunto. Mas ele não desistiu, até que uma versão mais substancial foi finalmente aceita. Mais tarde, graças a um trabalho conjunto com o cientista escocês Ewan Cameron, passou a afirmar que a vitamina C ajuda a prevenir o câncer e pode prolongar a vida útil dos cancerosos - teses não suficientemente demonstradas, que encontram defensores e inimigos igualmente apaixonados. Da vitamina C, ele evoluiu para a questão da nutrição em geral. Na sua opinião, a ciência da nutrição estagnou há muito tempo. "Os velhos professores parecem tão satisfeitos com o que descobriram cinqüenta anos atrás que ignoram os avanços da Bioquímica, da Biologia Molecular e da Medicina", acusa. Mas seus oponentes acham que a mesma acusação se aplica ao próprio Pauling. A controvérsia sobre suas idéias não há de cessar tão cedo. Ele dá de ombros: "É bom estar à frente da história".





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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Crime no Microscópio - Tecnologia


CRIME NO MICROSCÓPIO - Tecnologia



Equipamentos de alta precisão e pesquisa científica podem ajudar a polícia a resolver casos misteriosos.

Sherlock Holmes, o mais famoso detetive de todos os tempos, foi dotado por seu criador, o escritor inglês Conan Doyle (1859-1930), de santa paciência, incomum sagacidade e, principalmente, inigualável capacidade de raciocínio lógico - virtudes fundamentais na ficção assim como na vida real. Como se sabe, os policiais encarregados de investigar crimes às vezes tão misteriosos como os que mobilizam o talento de Holmes fazem (ou deviam fazer) da dedução uma de suas principais armas. Mas eles contam cada vez mais com uma bateria de outros recursos nem sempre acessíveis aos detetives da literatura policial clássica. Proporcionados pela ciência, tais recursos permitem identificar várias pistas que levam com segurança à descoberta dos criminosos.
Uma informação muitas vezes essencial para se elucidar um crime é o sexo do criminoso. Neste caso, segundo a geneticista Gilka Figaro Gattas, da Faculdade de Medicina da USP, "a pesquisa da cromatina X e Y pode fornecer a resposta". Trata-se de um exame que busca no núcleo das células indícios da existência dos cromossomos X, da mulher, e Y, exclusivo do homem. O teste pode ser feito num fio de cabelo, numa gota de sangue ou mesmo nos vestígios de saliva encontrados na ponta de um cigarro. Isso porque algumas células, durante a interfase, período no qual não se multiplicam, apresentam características distintas. As células femininas possuem um ponto escuro, resultante da aglutinação dos dois cromossomos X.
Nas masculinas, pode-se perceber a fluorescência emitida pelo cromossomo Y, ao adicionar-se um corante, de nome quinicrina, usado especialmente para esse fim. A luz é perceptível através de um microscópio de imunofluorescência. Equipado com lentes especiais, capta justamente essa luminosidade. A técnica pode ser considerada recente - o exame da cromatina X começou a ser usado na década de 50; já o da cromatina Y foi criado na década de 70. Muito mais antigo, mas nem por isso menos importante, é o clássico exame das impressões digitais. Em 1858, um funcionário colonial do governo inglês na Índia, William Herschel, observou que mercadores chineses da região de Bengala vez por outra firmavam documentos com a impressão dos polegares.
Não se sabe a origem do costume; sabe-se apenas que o inglês passou a adotá-lo quando teve de organizar o pagamento de grande número de funcionários indianos aposentados. Como não conseguia distinguir uns dos outros, pois todos lhe pareciam ter a mesma cor de pele, cabelo e olhos, decidiu pedir, aos que não sabiam escrever, a assinatura por meio das impressões digitais - tentando assim prevenir eventuais tentativas de fraudes. Porque, tendo ele observado atentamente as marcas, concluiu que as linhas das pontas dos dedos apresentam características únicas em cada indivíduo.
O primeiro investigador de polícia a utilizar essa informação na busca de criminosos viria a ser o francês Alphonse Bertillon, em 1883. A técnica para colher impressões digitais deixadas em copos ou maçanetas, para ficar apenas nos exemplos típicos da literatura policial, é muito simples: basta pincelar na superfície carbonato de chumbo, um pó fino e branco, para que apareça na hora o desenho da polpa do dedo de quem a tocou. Se a superfície for igualmente branca, pode-se utilizar pó de ferro ou negro-de-fumo. As substâncias se agregam à gordura do suor deixada nos objetos. Já no caso de impressões deixadas em papel, usa-se a ninidrina, um reagente orgânico que também se combina com o suor, porém mais lentamente. Em 48 horas a substância revela o desenho das digitais.
Aplicado o pó, o perito põe uma fita adesiva sobre as impressões. O desenho passa para a fita, que então é colada numa lâmina de vidro. "Só a lâmina é levada ao laboratório", explica Nobel Icibaci, perito de datiloscopia do Instituto de Identificação de São Paulo. "Ali ela é fotografada para a identificação por computador". O grau de informatização da polícia brasileira ainda é precário. Só estão arquivadas as fichas dos criminosos de alta periculosidade. Por isso, um delinqüente primário nunca poderá ser identificado por meio dessa técnica. Mas um suspeito nessas condições poderá ser reconhecido, comparando-se as impressões com aquelas existentes na repartição policial que emitiu sua célula de identidade.
As possibilidades de programas de computador destinados à polícia científica são inúmeras. Na França, por exemplo, um completo banco de dados que contém as informações sobre todos os crimes ocorridos desde 1986 pode ser consultado a qualquer hora, em qualquer um dos nada menos de 12 mil terminais da polícia espalhados pelo país. No caso da investigação datiloscópica, depois de fornecer a fotografia da impressão digital com seus sinais característicos, tais como bifurcações, interrupções e finais de linhas, o perito recebe uma lista de trinta possíveis criminosos, com notas numa escala de zero a 4.800, que variam de acordo com as semelhanças entre o desenho da prova e o de suas fichas.
"Se a nota for muito alta, a polícia pode ir atrás do suspeito que é certeza", afirma Carlos Alberto de Souza, engenheiro que cuida da manutenção do sistema da Polícia Científica de São Paulo. Esse grau de precisão é o que torna os laudos técnicos pouco questionáveis. Eles costumam ser considerados decisivos num julgamento. "Provas científicas não esquecem nem são influenciáveis", defende Leonardo Frankenthal, advogado criminalista de São Paulo. "Anos atrás trabalhei no caso de um cidadão acusado de homicídio", conta ele. "Sete testemunhas oculares afirmaram que a bala que havia atingido a vítima tinha sido disparada do revólver de meu cliente. O laudo da balística, porém, descartou essa possibilidade. Então ganhamos a causa sem nenhum problema".
Realmente, um laboratório de balística da polícia técnica pode fornecer um resultado exato nessas questões. Com o revólver do suspeito, o perito atira num balde de acrílico cheio de glicose, uma substância extremamente viscosa, para que a bala possa ser recuperada sem nenhuma lesão. Depois, compara-se o projétil com o que foi retirado da vítima, num microscópio que justapõe a parte anterior de uma bala à posterior de outra. Se suas raias e estrias, formadas pelo atrito do cano da arma, coincidirem, certamente o projétil que atingiu a vítima foi disparado pelo mesmo revólver.
"Essas características são únicas; é como se fossem as impressões digitais da arma", compara Milton Farignolli, diretor-técnico dos laboratórios do Instituto de Criminalística de São Paulo. Ali também são realizados testes que detectam nas mãos do suspeito fragmentos microscópicos de chumbo expelidos no momento do tiro. O exame é feito através da reação provocada por uma substância química cuja exata composição é mantida em sigilo. Com o mesmo composto, é possível medir o diâmetro do círculo formado por resquícios de chumbo deixados na roupa. A medida informa a distância do disparo - quanto maior o círculo, mais longe estava o atirador. "O teste residuográfico representa metade de todo o trabalho do laboratório", conta o químico Souza Lima, do Instituto de Criminalística de São Paulo. Para a análise que visa identificar os diversos componentes de um material metálico, a polícia científica pode utilizar um moderno aparelho de nome imponente: o espectrofotômetro de absorção atômica. Seu funcionamento se baseia no fato de que o elétrons situados em camadas ao redor do núcleo de um átomo vibram com freqüências diferentes.
Cada grupo de elétrons em determinada camada se movimenta de forma distinta tanto daqueles do mesmo elemento químico quanto daqueles presentes em outros elementos químicos.
Tais elétrons só captam freqüências iguais às que emitem. Por isso, o espectrofotômetro é dotado de lâmpadas que emitem vibrações idênticas às de cada elemento. Existe, por exemplo, uma lâmpada específica para a detecção de mercúrio, outra para o ferro e assim por diante. Se o material examinado absorver a radiação emitida pela lâmpada, é sinal de que vibra em semelhante freqüência. Dependendo do grau de absorção, fica-se sabendo a quantidade do material contida na peça. Quando se quer investigar fraudes em documentos, os recursos técnicos são evidentemente essenciais. No Brasil, quando se suspeita, por exemplo de que uma cédula de identidade é falsa, o papel é submetido a um aparelho que emite luz ultravioleta.
Em caso de adulteração, o documento mostrará pequenos pontos fluorescentes. É que a tinta utilizada em falsificações dificilmente será a mesma daquela usada pela Casa da Moeda, que imprime as cédulas. Já através de um microscópio de luz infravermelha, o perito pode reconhecer se um documento foi "lavado", ou seja, se os dizeres foram apagados com substâncias químicas para depois alterar-se o texto. Em casos de seqüestro, um equipamento da maior utilidade é o espectrógrafo de som. Trata-se de um aparelho de uso rotineiro nos Estados Unidos, capaz de captar ruídos produzidos pela voz humana, porém imperceptíveis ao ouvido.
Por mais que se queira imitar a voz de alguém, esses sons não podem ser reproduzidos. Comparando-se duas falas, a máquina informa com 98 por cento de acerto se elas pertencem à mesma pessoa. O segredo está em transformar os sons em impulsos elétricos. O espectrógrafo é usado desde o início da década de 70. Acoplado a um computador, este pode, em questão de segundos, comparar os dois gráficos elaborados pelo espectrógrafo. Se isso pode parecer uma proeza, ainda mais fascinante é o trabalho de identificar uma pessoa apenas a partir de fragmentos de ossos. Segundo o legista Daniel Muñoz, professor de Medicina Legal da USP e famoso por ter identificado em 1985 o cadáver do médico nazista Josef Mengele - responsável por experiências bárbaras com prisioneiros em campos de extermínio -, "a partir de ossos de um indivíduo, pode-se levantar com certa precisão uma série de dados, como o sexo, a idade e o grupo étnico a que pertence".
Se, por exemplo, um dos ângulos do osso da bacia chamado infrapúbico tiver cerca de 90 graus, é sinal de que pertence, muito provavelmente, a uma mulher, porque essa abertura faz parte da conformação necessária para o nascimento de uma criança. No homem, a abertura fica em torno de 60 graus. Sabendo-se o sexo, basta multiplicar a extensão do fêmur, o maior osso do corpo humano, por 3,66 (nos homens) ou 3,71 (nas mulheres) para que se obtenha a altura aproximada de indivíduo.
O método foi elaborado pelo francês Alexandre Lacassagne, num dos mestres da Medicina Legal do século passado. Um dos exames mais comuns e decisivos para a identificação de cadáveres é a comparação da arcada dentária com a registrada na ficha do dentista. Um pouco mais complicada é o processo da prosopografia, no qual se sobrepõem fotografias do crânio às do rosto da pessoa quando viva. "Se houver coincidência dos pontos anatômicos do crânio e do rosto, como os olhos e a cavidade orbital, a boca e a abertura da arcada dentária e do crânio, é muito difícil que não sejam da mesma pessoa", afirma o legista Muñoz. "A dificuldade está em fotografar o crânio exatamente do mesmo ângulo que a foto do rosto".
Atualmente, a prosopografia é feita com câmaras de vídeo, que permitem movimentar a imagem até a posição desejada. "Recebi um pedaço de osso de mais ou menos 2 centímetros quadrados, que uma mulher encontrou em sua nova casa", conta Muñoz, exemplificando os pedidos estranhos que o laboratório do IML recebe. "Ela o entregou à polícia depois de saber que uma pessoa havia sido morta naquele local." Mas como saber se o osso era realmente da pessoa assassinada?
Como quem junta as peças de um quebra-cabeças, o primeiro passo foi verificar se se tratava de um osso humano. O primeiro passo foi realizar testes para identificar proteínas humanas, como a antiglobulina, capazes de resistir à morte do indivíduo. O resultado, no caso, foi positivo. Depois, identificou-se a que lugar do corpo aquele osso poderia pertencer. "Era um osso de crânio, porque tinha sulcos, marcas das artérias que passam pelas meninges, membranas protetoras do cérebro."
O último exame, porém, foi decisivo: uma análise química constatou incrustações de chumbo. Enigma resolvido: o osso era uma parte do crânio expelida pela ação de um tiro que atravessou a cabeça. Portanto, pertencia mesmo à pessoa que havia sido morta naquela casa. Elementar, meu caro Watson.

Impressão genética

Sob a forma de um código de barras, igual ao que existe em produtos vendidos em supermercados, a molécula de DNA, que contém todas as informações genéticas de cada indivíduo, constará em pouco tempo dos documentos de identificação de franceses e ingleses. Isso porque o pesquisador britânico Alec Jeffreys descobriu, há três anos, que os pares de bases, substâncias químicas que se combinam para formar o DNA (ácido desoxirribonucléico), se agrupam em seqüências que se repetem de modo diferente de pessoa para pessoa. "Apenas dois em cada 9 bilhões de casos apresentam o mesmo padrão de seqüência", afirma a geneticista Gilka Gattas, da USP.
O exame para a determinação da identidade genética pode ser feito a partir dos mais diversos materiais: a raiz de um fio de cabelo, um pedaço de tecido (vivo ou morto), uma gota de sangue ou de líquido seminal. Como uma impressão digital genética, o código do DNA permite não só identificar autores de crimes como estupros mas também esclarecer casos de paternidade contestada, já que metade dos cromossomos de cada pessoa é herdada do pai e metade da mãe.





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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Os Ritmos do Homem - Cronobiologia



OS RITMOS DO HOMEM - Cronobiologia



Uma nova ciência diz que o organismo funciona segundo o compasso da natureza. O amor, a saúde, o trabalho, tudo seria questão de ciclos.

O calor alterna com o frio, a chuva substitui a seca, dias claros afastam dias cinzentos. Refletindo a caminhada da Terra ao redor do Sol, o cenário da vida se altera a cada estação, mudando o comportamento das espécies, que tratam de sobreviver da melhor maneira: assim, as plantas em certa época germinam, em outra desabrocham e em outra ainda perdem folhas, enquanto os animais migram em certos meses, em outros se acasalam. Os seres vivos também se adaptaram ao vaivém diário de luz e escuridão. Se há plantas que reservam para a fotossíntese os horários em que a luz é ideal, as abelhas por sua vez deixam seus vôos para quando as flores liberam mais pólen - algo que elas percebem como uma diferença na luminosidade do ambiente.
Em todas as espécies há fenômenos semelhantes por se repetirem de tempos em tempos com a regularidade de um relógio ou calendário. Os seres humanos não são exceção: também entram na dança dos chamados ritmos biológicos. Sair para o trabalho em determinada hora, almoçar sempre por volta do meio-dia, descansar ao menos um dia por semana - todas as pessoas têm noção dos ritmos necessários ao funcionamento da vida em sociedade. Mas poucos percebem a rotina interna do organismo, onde cada função tem um ritmo próprio, determinando, por exemplo, momentos do dia em que nos sentimos mais dispostos e outros em que - asseguram os cientistas - ficamos mais vulneráveis a doenças.
Esses ritmos são estudados pela cronobiologia, área das ciências médicas e biológicas que foi reconhecida oficialmente em 1960. Mas, na verdade, o primeiro cientista a suspeitar da existência de autênticos relógios biológicos foi um astrônomo - o francês Jean-Jacques De Mairan, que, em 1729, observou que uma planta - a mimosa-sensitiva - ao lado do seu telescópio abria conforme a luminosidade. Intrigado, levou o vaso para o porão, dentro de um baú. De Mairan verificou que mesmo nessas condições de total escuridão a planta continuava a se movimentar como se acompanhasse o dia e a noite. O astrônomo relatou a experiência à Academia de Ciências de Paris, que a tratou - e o seu autor - com soberano desprezo.
Afinal, para os cientistas da época os ritmos biológicos apenas deviam refletir as mudanças ambientais e não, como se acredita hoje, se manifestar em sincronia com elas. "Os ritmos são herdados e os fatores ambientais, a que chamamos de sincronizadores, servem apenas para ajustar os ponteiros dos relógios biológicos", esclarece o neurofisiologista José Cipolla-Neto, um dos fundadores do grupo multidisciplinar que estuda o assunto há oito anos na Universidade de São Paulo. A cronobiologia afirma que a maioria dos ciclos biológicos humanos se dá num período de 25,2 horas - daí a expressão ritmo circadiano, cerca de um dia.
Existem, é claro, diferenças de pessoa para pessoa: a "zero hora" de uma não é necessariamente a de outra. Os matutinos acordam e dormem cedo, enquanto os vespertinos preferem ir para cama por volta das 3 da madrugada, para só acordar perto do meio-dia. Isso é muito significativo, pois os ciclos de todas as funções são arrastados pelo ciclo do sono. Em qualquer caso, os estímulos externos servem apenas para sincronizar os ritmos internos com o ambiente, pois o organismo não se comporta à noite como de dia, importando pouco o fato de se estar dormindo ou acordado. "Nos seres humanos há um sincronizador muito particular: as relações sociais", ressalta Cipolla.
A luz, porém, é de longe o sincronizador mais poderoso para a maioria dos seres vivos. Impressionadas pela luminosidade, as células da retina disparam através dos nervos óticos uma mensagem elétrica que alcança o hipotálamo, na base do cérebro. Além de comandar as glândulas do organismo, o hipotálamo possui um pequeno núcleo onde se localiza o relógio biológico, considerado essencial à manutenção dos ritmos. A luminosidade do dia impede de trabalhar a glândula pineal, localizada na área dorsal do cérebro e comandada pelo hipotálamo. Desbloqueada à noite - pois a luz artificial é muito fraca para produzir o mesmo efeito -, ela começa a liberar um hormônio, a melatonina, que, além de induzir o sono, age como uma espécie de mestre-sala para todos os ritmos biológicos.
"É como se o organismo compreendesse que existe um antes e um depois da melatonina", tenta definir Cipolla. A melatonina, ainda por cima, estimula certas células imunológicas que combatem tumores - estes, descobriu-se recentemente, se desenvolvem mais depressa durante o dia. Algumas horas após o início da produção de melatonina, outra glândula - a hipófise - começa a segregar o chamado hormônio do crescimento, cujo pico no organismo se dá por volta das 3 da madrugada. Estes são responsáveis, por exemplo, pela renovação das células, um processo que se repete noite após noite, ritmicamente. Outro hormônio, o cortisol, é produzido pelas glândulas supra-renais pouco antes de a pessoa despertar.
Faz sentido, porque o cortisol prepara o organismo para a atividade; é por isso que uma sessão de ginástica de manhã cansa menos do que à noite, quando aquele hormônio não é produzido. Interrompida a produção da melatonina pela luz do dia, outros hormônios passam a ser sintetizados, como os da glândula tireóide logo de manhã. O sobe-desce dos níveis hormonais constitui os ritmos biológicos das pessoas. É o caso da preguiça que muita gente experimenta entre as 13 e 15 horas e que nada tem a ver com o fato de se ter ingerido ou não um farto almoço. Tem a ver, isso sim, com a maré baixa da atividade nas áreas cerebrais responsáveis pela atenção. A fome tampouco aparece por acaso no meio dia e à noite: é nesses períodos que o aparelho digestivo já está preparado, pois produziu enzimas.
Daí por que se recomenda manter o horário das refeições: quando isso não acontece, o alimento encontra o estômago despreparado e, por mais leve que seja, acarreta má digestão. Além disso, na falta do que digerir, as enzimas produzidas na hora marcada, pelo relógio biológico atacam o próprio aparelho digestivo, dando aquela conhecida sensação de ardor e, pior ainda, formando as dolorosas úlceras.
Tudo é ritmo e nem a dor escapa disso - embora inevitável, ela varia de intensidade. Um chute na canela logo ao amanhecer pode ser mais suportável do que um chute igual à tarde, quando as células nervosas estão mais ativas. Já a madrugada é o pior momento para se ter uma sensação dolorosa. Aliás, nesse mesmo período dá-se uma queda no sistema imunológico e os processos inflamatórios tendem a se acentuar enquanto se dorme - quem nunca teve a impressão de dormir com a garganta irritada e acordar mal conseguindo engolir? Não é à toa que as piores dores de dente - que beiram o insuportável por geralmente estar relacionadas à inflamação dos nervos - costumam pegar a vítima de pijama.
Os ciclos circadianos, porém, não são os únicos a governar os ritmos humanos. A menstruação é um exemplo típico de ciclo mensal. Existem ainda os ciclos circanuais, que duram, como o nome indica, cerca de um ano. Pesquisas mostram que em qualquer parte do mundo a taxa de natalidade tende a ser maior na primavera. Isso indica que até na gélida Finlândia - e não apenas em países ensolarados como o Brasil - os amores de verão costumam ser irresistíveis. Os cientistas suspeitam que, assim como outras espécies costumam se acasalar em determinada estação para que as crias também nasçam em meses mais adequados à sobrevivência, por algum motivo desconhecido, ao longo da evolução, os homens escolheram a primavera como a época ideal para o nascimento dos filhos. Por isso, cerca de nove meses antes - ou seja, no verão -, aumentariam os níveis de hormônios sexuais que despertam o desejo.
Não seria pela temperatura que o organismo percebe a mudança de estações, e sim pela quantidade de luz, que varia conforme as estações. A cronobiologia responsabiliza a diminuição da quantidade de luz, típica do inverno, especialmente no hemisfério norte, pelo aumento de surtos de depressão nos meses frios. Por isso, em países europeus e nos Estados Unidos já se trata a depressão com fototerapia, em que estímulos de luz servem para acertar os ponteiros do relógio biológico. O paciente é isolado num ambiente desprovido de qualquer sugestão da hora do dia, como uma janela, por exemplo.
Os médicos então medem alguns parâmetros fundamentais como o hormônio cortisol, que deve ser produzido nas primeiras horas da manhã, e a temperatura, que deve atingir seu ponto máximo às 18 horas. Assim, são determinadas as características dos ritmos biológicos naturais. Essas características dizem como está funcionando o relógio biológico - se está atrasado ou adiantado. Quando o estímulo de lâmpadas de 10 mil lux (unidade de luminosidade) é dado na passagem do dia para a noite, o relógio biológico atrasa, pois o organismo reage como se o dia tivesse continuado. Já quando o estímulo é aplicado na passagem da noite para o dia, o relógio se adianta, como se o dia tivesse chegado mais cedo.
Os resultados do tratamento - ainda não disponível no Brasil - podem durar pelo menos um mês; depois é preciso repeti-lo. A fototerapia também é usada para combater o chamado jet lag, expressão inglesa que designa a sensação de mal-estar que sofrem os passageiros de vôos de longa duração. Na realidade, a sensação é provocada pela passagem abrupta de um fuso horário para outro. A velocidade cria um descompasso entre o que ocorre no organismo e o mundo exterior. O relógio biológico fica por assim dizer desregulado em relação à rotina do ambiente.
Como o ciclo humano tem mais de 24 horas - 25,2 horas, como já se viu -, é mais fácil atrasar os ritmos do organismo do que adiantá-los. Ou seja, quem voa no sentido leste-oeste sofre menos, porque no leste é mais tarde: quando é meio-dia em Brasília, por exemplo, os ponteiros de Paris já marcam 16 horas. Assim, um viajante da França se adapta ao horário brasileiro bem mais depressa do que o brasileiro desembarcando na França - três vezes mais depressa, calculam os pesquisadores. Uma das áreas de vanguarda da cronobiologia é o estudo do ajustamento entre os vários ciclos biológicos.
Após estagiar dois anos com o médico americano Franz Halberg - o inventor do termo "ciclos circadianos"-, o biólogo Nélson Marques, da USP, pesquisa a medicina dos ciclos de aproximadamente uma semana. Procura-se também saber como os pequenos ciclos de poucas horas formam os ciclos circadianos e estes formam por etapas sucessivas os circanuais. Essa cadeia harmônica parece romper-se no idoso, que dorme poucas horas à noite e tende a cochilar várias vezes ao dia. "Alguns acreditam que as conexões entre os ciclos se desfazem com o tempo", informa Marques. "Mas existem os que acham que o próprio envelhecimento seria conseqüência e não causa desse desajuste".
Em todo caso, é pela falta de sincronia que os cronobiologistas explicam as doenças. O biomédico Luiz Menna-Barreto, do grupo paulista de cronobiologistas, exemplifica com o caso de trabalhadores noturnos, cujos ritmos não se invertem, e, conseqüentemente, poderiam ter uma estimativa de vida quase 10 por cento menor do que os outros". Um dos objetivos da cronobiologia, aliás, é aplicar o conhecimento dos ritmos ao estudo do desempenho humano, orientando as empresas no sentido de aproveitar os picos de disposição dos funcionários e, em compensação, admitir menor produção nos horários em que os ritmos caem.
Tudo isso - os cientistas fazem questão de advertir - nada tem a ver com os velhos biorritmos em moda na década de 70, invenção de um americano que calculava três ciclos - de 23, 29 e 33 dias -, correspondentes ao desempenho físico, emocional e intelectual, respectivamente. Tais ciclos partiam da data de nascimento de cada qual e os pontos de intersecção eram considerados dias críticos, sujeitos a desgraças de todo tipo. Tanto os cronobiologistas rejeitam essa idéia que até aboliram o termo "biorritmo" do seu jargão para evitar confusões.
Biorritmo é um caso típico do que se convencionou chamar pseudociência. Em primeiro lugar, nenhum ritmo poderia ser calculado a partir do nascimento, porque o feto já possui alguns ritmos próprios, como o dos batimentos cardíacos. Além disso, a duração de tais ciclos foi estabelecida a partir de ocultismos, como a numerologia. Enfim, nenhum teste hormonal ou de desempenho físico comprovou até hoje as alegações da teoria do biorritmo.
A área talvez mais quente de atuação da cronobiologia se refere ao uso de medicamentos. "Descobriu-se que as drogas têm efeitos diferentes conforme o momento do dia", conta o médico José Cipolla-Neto. "Não só uma droga é mais eficaz em certas horas como também em outras pode gerar efeitos colaterais mais intensos". Assim, em vez de acreditar que o ideal seria manter uma droga em níveis constantes na corrente sangüínea até o final do tratamento, baseados em pesquisas os cronobiologistas apostam na teoria da dose certa no momento certo: as anestesias locais, por exemplo, durariam o dobro do tempo se aplicadas entre 13 e 15 horas, quando deveriam ser marcadas as cirurgias mais longas. A cronobiologia é recente demais para que todas as suas descobertas sejam aceitas sem discussão. Mas parece no mínimo sensato afirmar, como ela faz, que também a saúde é uma questão de manter o ritmo - os altos e os baixos da atividade do organismo.

Relógios para todos os gostos

Até há alguns anos, os cronobiologistas costumavam citar certas "moscas arrítmicas"- insetos que pareciam não obedecer a ciclos biológicos. Mais tarde ficou provado que, na realidade, essas moscas tinham ciclos tão breves que podiam se repetir até mais de vinte vezes ao dia. Caía de vez, então, a hipótese de que algum ser vivo poderia não ter ritmos. Mas o fato de todos viverem ritmicamente não os torna semelhantes, muito ao contrário. O relógio biológico, de acordo com os cientistas, é uma espécie de carteira de identidade das espécies que combina tantas informações a ponto de tornar seu portador um indivíduo praticamente único.
Os ritmos da natureza variam muito: há insetos que batem as asas vinte vezes por segundo, como certas borboletas, e outros que as batem setecentas vezes no mesmo período, como a mosca-da-fruta; enquanto o coração do hipopótamo dá por volta de 20 batimentos por minuto, em passarinhos chegam a ser mil os batimentos num intervalo idêntico. A única semelhança entre as espécies acaba sendo o sincronizador, conforme o ambiente em que evoluíram. Assim, caranguejos e algas, por exemplo, guiam seus ritmos principalmente pelas marés. Já para a maioria dos insetos e para todos os répteis, que não desenvolveram suficientemente o sentido da visão, é a temperatura ambiental o que mais regula seus ciclos. Em mamíferos e aves, porém, é a luz que acerta o relógio biológico.

O enigma dos sete dias

Durante dois meses e meio, a bióloga Mírian Marques passou pelo menos oito horas por dia numa pequena sala iluminada por uma única lâmpada vermelha do Museu de Zoologia de São Paulo. Ali, um microscópio eletrônico ampliava-lhe a imagem de insetos Collembola - uma classe primitiva, sem asa, que não mede mais de 1,5 milímetro e vive sob a terra. A luz vermelha servia para que Mírian pudesse observá-los sem que estes recebessem o estímulo luminoso. "Livres assim de um sincronizador que poderia alterar-lhes os ritmos, verifiquei que eles têm ciclos biológicos de cerca de uma semana, pois trocam a cutícula (espécie de esqueleto externo) a cada três dias e meio e põem ovos a cada sete", explica a bióloga, para quem essa constatação poderá ser importante para a compreensão dos ciclos biológicos humanos.
De fato, há algum tempo se quer provar que existem também ciclos de sete dias - certas células do sangue humano, por exemplo, se multiplicam nesse intervalo. Seriam, por sinal, os únicos sem um correspondente no ambiente. Por isso, alguns cronobiologistas mais cautelosos afirmam que eles poderiam ter sido desencadeados por influência da organização social humana, que dividiu o tempo em semanas de sete dias. "Outra corrente supõe que na realidade a semana teria sete dias porque esse número respeitaria alguns ciclos biológicos", contrapõe Mírian. "Tanto assim que algumas civilizações antigas, que experimentaram semanas de cinco, dez ou doze dias, acabaram se fixando em sete."





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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Vida Noturna - Natureza


VIDA NOTURNA - Natureza



Morcegos, sapos, cobras, lobos, corujas, gambás - uma infinidade de animais desperta para a luta quando a noite cai. Graças a atributos especiais, tomam conta de um mundo onde o homem vale pouco.

Quando a noite cai, centenas de sapos iniciam seu costumeiro e ensurdecedor coro na lagoa de uma floresta. Silenciosamente alguns morcegos se aproximam. Os sapos, então, param de coaxar. Os morcegos hesitam alguns instantes e depois vão embora. Tão logo a sinfonia recomeça, os morcegos voltam. De repente, um deles solta um guincho e arremete contra a água. Ao retornar, traz na boca um sapo. Essa cena, incomum aos olhos humanos, foi registrada pelo zoólogo americano Merlin D. Tuttle, numa estação de pesquisa da Smithsonian Institution, no Panamá, graças a uma lente infravermelha que permitiu que ele enxergasse em plena escuridão.
Os sapos são, provavelmente, os mais barulhentos representantes das inúmeras formas de vida que se distinguem por preferir a noite ao dia. Assim que escurece, coaxam para chamar as fêmeas e os outros companheiros. Cada espécie tem um modo próprio de fazê-lo - e, o que é ainda mais peculiar, uma hora certa para se manifestar. O anoitecer é também quando eles saem para caçar insetos e são caçados por outros bichos, seus parceiros de boêmia, como os morcegos. O Trachops cirrhosus fotografado por Tuttle é uma espécie que tem nos sapos seu alimento preferido. Mamíferos, os morcegos são famosos por sua excepcional adaptação à escassa luz noturna. Como se sabe, eles possuem uma espécie de radar sonoro embutidos que lhes permite localizar obstáculos pelo retorno das ondas curtas que emitem quando guincham, estalando a língua.
Ao colidir com algo, a onda sonora é refletida em forma de ecos, que por assim dizer balizam o caminho entre o morcego e o obstáculo. Os morcegos podem emitir até 300 ondas por segundo; quando estas retornam, são captadas pelas enormes orelhas e por um sensibilíssimo receptor no cérebro. Dessa forma, eles conseguem caçar na mais negra das noites. Esses animais certamente figuram entre os seres mais detestados e temidos pelo homem - o que, segundo os especialistas, é uma rematada asneira. A eles se relacionam toda sorte de histórias macabras. O que talvez se explique pelo fato de se tratar de animais de pelagem escura que durante o dia se escondem em cavernas e à noite saem guinchando por aí.
O cinema herdou da literatura de terror, inspirada em lendas medievais, a imagem do morcego como repugnante monstro. Em 1897, o irlandês Bram Stoker escreveu o clássico Drácula, a arrepiante história do conde que de dia dorme num caixão e nas noites de lua cheia se transforma em vampiro, atacando as pessoas - que, por sua vez, assim também se tornam vampiros. Na verdade, vampiro é o nome pelo qual se designam as raras espécies de morcegos hematófagos, ou seja, que se alimentam de sangue. Com seus caninos afiados cortam a carne das vítimas e lambem o sangue - sugar sangue é uma exclusividade do fictício conde Drácula; neste caso, a vida não imita a arte. À parte dos hematófagos, os morcegos se alimentam de frutas e insetos e não atacam o homem.
Ao contrário das lendas, a sua condição de insetívoros os torna aliados dos humanos, pois é sabido que os insetos são os maiores concorrentes do homem na face de Terra. De fato, do milhão e meio de espécies que circulam pela superfície do planeta, mais da metade aproximadamente é constituída de insetos. "Não há outro animal que se compare aos morcegos em termos de adaptação e exploração do meio ambiente", resume o zoólogo Ladislau Deutsch, especialista em mamíferos, que durante dezesseis anos trabalhou no Zoológico de São Paulo e atualmente se dedica a implantar projetos de parques, reservas e novos zôos. Os morcegos são até capazes, por exemplo, de distinguir um sapo venenoso de um não venenoso. Os sapos venenosos, ao contrário das cobras, não inoculam peçonha, mas se forem comidos por outros animais o envenenamento é certo.
Desse fascinante e misterioso mundo noturno, os seres humanos estão virtualmente excluídos. Quando se aventuram numa floresta escura só conseguem ouvir algo, como o pio das corujas, o coaxar dos sapos, o cricrilar dos grilos ou os esturros de uma onça. Enxergar, então, nem se fala. É que os diurnos humanos não possuem os equipamentos corporais necessários para se movimentar na ausência da luz; portanto, dependem quase exclusivamente dos olhos, que funcionam à base de impulsos luminosos. Já os animais se valem de outras formas de investigação do ambiente, como cheirar, tatear, ouvir e degustar.
No homem esses atributos são precariamente desenvolvidos, se comparados aos bichos da noite. Também o sistema auditivo humano é inapto para captar os sons da noite. Ainda bem, pois do contrário os tímpanos seriam bombardeados pelo ensurdecedor barulho dos morcegos que, como já se registrou pode atingir até 160 decibéis - muito mais do que o produzido por uma turbina de avião e cerca de 40 decibéis acima do limite suportável pelo ouvido humano. Entretanto, graças ao desenvolvimento de sofisticados recursos de pesquisa, tornou-se possível aos cientistas espionar os bichos da noite em seu hábitat sem perturbá-los. Amplificadores eletrônicos, microfones de ultra-som e radares são alguns dos equipamentos capazes de revelar sons antes inacessíveis. Para tanto, os pesquisadores capturam alguns daqueles animais e neles colocam um pequeno transmissor antes de devolvê-los à liberdade.
O mesmo princípio permite monitorar à distância o pulso, a freqüência respiratória e a temperatura corporal dos habitantes da noite. Também as lentes infravermelhas, como as utilizadas pelo zoólogo Tuttle para a foto do ataque do morcego ao sapo, são valiosos instrumentos no estudo do comportamento da fauna noturna.
Mas, afinal, o que levou alguns animais a se adaptarem à vida noturna e outros à diurna? Segundo o biomédico Luiz Menna Barreto, da USP, "as condições ambientais, embora tendam a ser as mesmas para todos os seres vivos, acabam por influenciá-los de formas diferentes". Ou seja, à medida que a evolução favorece a diversidade, promovendo mutações e espécies diferentes, cada uma delas desenvolve sua própria maneira de interagir com o ambiente para sobreviver; se para algumas espécies a luz é fundamental, já outras dependem da temperatura e da umidade. Assim, pode-se dizer que a preferência pela noite ou pelo dia foi determinada tanto por pressões internas como externas.
As primeiras são de natureza genética e consistem no conjunto de características que um animal desenvolve. Ele pode ter, por exemplo, um olfato excepcional, mas se orientar mal pela luz. Para um bicho assim, as probabilidades de sobrevivência são maiores à noite. Já as pressões externas são representadas pelos predadores - para escapar de seus inimigos mais fortes, alguns animais esperam que eles durmam, para só então começar a viver. É por essa razão que animais de hábitos diferentes podem conviver no mesmo nocho ecológico, porém em turnos diferentes.
Um bom exemplo da influência das pressões internas e externas é o dos atuais mamíferos. Seus antepassados mais remotos, do tamanho dos ratos e semelhantes aos gambás, coexistiram com os dinossauros há cerca de 100 milhões de anos. Pequenos e indefesos, deviam procurar proteção à noite para escapar a seus colossais predadores de hábitos diurnos. Já as aves desenvolveram hábitos diurnos porque, dotadas de asas, podiam voar para o alto das copoas das árvores, um abrigo tão ou mais seguro do que o da escuridão. Nada mais natural, então, que preferissem o dia.
A exceção fica por conta das corujas, que de dia se escondem e à noite caçam roedores. Entre as muitas espécies de corujas, a mais comum é a Tyto alba, conhecida como coruja- das-torres. De uma altura de 10 metros, ela distingue na escuridão qualquer coisa que se movimente no solo. Além de possuir uma visão cem vezes melhor que a dos homens, a coruja-das-torres consegue enxergar com apenas 10 por cento da luz que o olho humano necessita para distinguir alguma coisa. É que ela tem olhos enormes em relação ao seu tamanho, e a forma alongada (ao contrário do esférico sistema ótico humano) se alarga em direção à retina, abrindo espaço entre a pupila e o cristalino. Também os gambás, mamíferos noturnos, são dotados de grandes olhos para captar o máximo de luz possível.
Para os bichos que dependem da temperatura ou mesmo da umidade, a noite tem seus atrativos: a pressão do ar e a umidade se modificam drasticamente, proporcionando melhores condições de sobrevivência, especialmente àqueles animais que simplesmente se ressecariam após algumas horas de exposição ao sol, como é o caso dos sapos, pererecas e rãs. Por outro lado, o calor das regiões tropicais e de desertos torna grande parte dos animais adaptados e ativos à noite. Não seria exagero dizer que o dia e a noite são mundos totalmente diferentes, embora o cenário seja o mesmo. Num dia de verão, por exemplo, o calor do solo aquece o ar que se eleva na atmosfera e provoca uma circulação vertical na qual os odores, representados por moléculas de substâncias químicas, se expandem rapidamente.
À noite, no entanto, o ar refresca, a circulação diminui e os odores permanecem por mais tempo. Quem se aproveita disso são as mariposas, borboletas noturnas: os machos localizam as fêmeas pelos cheiros que elas emitem para a fecundação. Iguaria preferida de muitas espécies de morcegos, com o tempo as mariposas foram criando defesas contra tais predadores. Elas acabam por desenvolver uma percepção auditiva capaz de identificar o radar dos morcegos, permitindo-lhes assim escapar aos seus botes. Mecanismos de defesa desse ou de outros tipos são comuns no mundo da noite. Para sobreviver, os animais noturnos criaram sistemas de percepção altamente complexos.
Especialmente notáveis são os termômetros corporais que as cobras venenosas desenvolveram. Rainhas da noite, elas se distinguem das não venenosas pelos dois orifícios que possuem atrás das narinas - as fossetas loreais, que captam o calor dos animais próximos. Guiadas pelo foco de calor, as cobras chegam às suas vítimas. Pesquisadores da Universidade da Califórnia descobriram que as cascavéis têm nas fossetas uma concentrada carga de 150 mil células nervosas sensíveis ao calor - cinco vezes mais que a quantidade de "termômetros" distribuídos pelo corpo humano.
Esse conglomerado celular permite às cobras medir não apenas o calor irradiado por um ser vivo mas também avaliar o tamanho aproximado e a forma do bicho. Se este for grande demais para enfrentar, dá tempo de fugir. Sem as fossetas, pode-se dizer, uma cobra não é nada. Para provar isso, os mesmos pesquisadores da Universidade da Califórnia fizeram a seguinte experiência: cobriram as fossetas de uma cascavel com um esparadrapo e soltaram-na no meio de uma dúzia de camundongos. Após alguns dias, a cobra não capturara um ratinho sequer. Era como se estivesse cega, embora os olhos enxergassem perfeitamente.
Além dos morcegos e das cobras venenosas, as onças (malhadas ou pretas) são os bichos da noite mais temidos pelo homem. Mas elas não costumam atacar; preferem até as regiões onde a presença humana é menos freqüente. As onças são importantes no controle da população de roedores porque se alimentam de capivaras, pacas e cutias. No entanto, à medida que os humanos concorrem com elas, caçando seus alimentos, acabam por atacar animais que normalmente não fariam parte de seu cardápio predileto, como os bezerros. Existem, enfim, mamíferos de hábitos diurnos, como raposas, lebres, veados e porcos selvagens que se vêem obrigados a se adaptar à vida noturna, seja para escapar aos transtornos provocados por tratores e máquinas agrícolas em geral, seja para fugir à ação predatória do homem. Nesse processo de trocar o dia pela noite, o homem é uma poderosa influência capaz de provocar mudanças nos hábitos de outras espécies.





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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

À Procura de Extraterrestres - SETI


À PROCURA DE EXTRATERRESTRES - SETI



Vai começar a mais ampla busca de inteligência fora da Terra. Com radiotelescópios e computadores, a Nasa se prepara para ouvir sinais de outros planetas.

Como fazia regularmente, havia cinco anos, o operador de plantão no observatório astronômico da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, passou naquela manhã de agosto de 1977 para recolher as dezenas de metros de papel impresso pelo computador acoplado ao radiotelescópio de 53 metros. Sempre havia, nesses papéis, milhares de números - sinal de que o radiotelescópio captara apenas as caóticas radioemissões produzidas por estrelas, pulsares, quasares e demais corpos celestes naturais. Naquela manhã de agosto, porém, quatro letras se destacavam tão nitidamente entre os milhares de números impressos que o operador, entusiasmado, anotou ao lado: Wow!
É o correspondente, em inglês, ao nosso uau! e o espanto do operador era justificado: na programação que alimenta o computador ligado ao radiotelescópio, letras significam a recepção de uma mensagem coerente, que jamais poderia ser produzida pelos corpos naturais do Universo. "Era exatamente como imaginávamos uma emissão de origem inteligente", lembrou para NOS o astrônomo Robert Dixon , coordenador do projeto de radioescuta da Universidade de Ohio. Imediatamente o radiotelescópio foi colocado a operar na mesma freqüência em que havia captado os sinais decodificados em letras, mas os sinais coerentes não se repetiram.
Decorrido doze anos, Dixon, que contínua como um estóico sacerdote, sempre à míngua de verbas e voluntários, a tocar seu projeto de escuta do Universo, à procura de inteligência fora da Terra, comenta o incidente que passou para a história com o nome de "o grande Wow". "Estou convencido de que há outras civilizações no Universo. Mas talvez nunca saibamos se os sinais que captamos eram de alguma delas". Como Robert Dixon, algumas centenas de cientistas dispersos por países como a União Soviética, a Inglaterra, a Austrália, a França ou o Canadá, além dos Estados Unidos, naturalmente, tentam provar que a Terra não é o único ponto do Cosmo habitado por vida inteligente. Desde 1960 eles esquadrinham o céu do hemisfério norte (somente no próximo ano astrônomos argentinos treinados nos Estados Unidos começarão a pesquisar no hemisfério sul). Foram mais de 450 mil horas de escuta, o que corresponde a 18.770 dias, ou 51 anos de trabalho ininterrupto.
Muitas vezes apareceram letras em lugar de números, é verdade. Em março, de 1967, os astrônomos Jocelyn Bell e Anthony Hewish, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, mediam a cintilação de um quasar - distante corpo celeste que emite poderosíssimas radiações - quando começaram a receber sinais ritmados. A reação, inevitável, foi imaginar que eram extraterrestres chamando, e a fonte de radiação chegou a ser batizada LGM, iniciais de little green men, alusão às velhas histórias de ficção científica que descreviam os marcianos como homenzinhos verdes. Mas não tardou que a alegria se esvaísse - descobriu-se que as radiações vinham de um pulsar, uma estrela de rotação ultra-rápida que emite sinais tão rigorosamente sincronizados que por eles se acertam os mais preciosos relógios da Terra.
Bell e Hewish pelo menos ficaram com a glória de ter feito a primeira observação de um pulsar. Nem todos tiveram essa sorte. Há oito anos a astrônoma americana Jill Tarter, que trabalha para a NASA, captou sinais estranhos durante cinco dias seguidos, no radiotelescópio de Arecibo, em Porto Rico. "Ficamos entusiasmados", conta ela. "Parecia que alguma coisa estava acontecendo". Para decepção geral, descobriu-se que todos os dias, às 20 horas, quando a estrela, para a qual o radiotelescópio estava apontado, aparecia no céu, mudava o turno dos vigias do observatório e a primeira providência do que saía era ligar o transceptor de rádio do seu automóvel na faixa de cidadão.
No grande Wow!, porém, nada disso aconteceu. Durante semanas e meses, procuraram-se radiorreceptores, estações locais, aviões civis e militares, mesmo satélites artificiais - nenhum artefato humano foi localizado como possível emissor daquelas letras fantásticas. Mas ninguém desanimou por causa disso. Pacientemente, os astrônomos continuaram a ouvir o céu. Em 1992 eles receberão uma ajuda poderosa: nesse ano, se não sofrer novos cortes de verbas, a NASA colocará em ação na Califórnia, no Ames Research Center, em San Jose, e no Jet Propulsion Laboratory, em Pasadena, perto de Los Angeles, o mais poderoso programa de escuta celeste já sonhado.
Em todos esses lugares, os cientistas têm a mesma esperança: se existirem seres inteligentes em outros planetas - e por tudo o que se conhece da evolução da vida na Terra há razões para supor que ela possa ter ocorrido em outros pontos do Universo -, tais seres acabarão por entrar em
contato. Pode ser de maneira involuntária, como talvez venha a acontecer com as transmissões de TV e radar da Terra que seguem incessantemente para o espaço e, em tese, um dia serão captadas por eventuais habitantes. Ou pode ser por meio de uma mensagem deliberada numa freqüência capaz de ser identificada em qualquer canto do Universo.
A data de 1992 para iniciar o projeto SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence) da NASA não foi escolhido ao acaso. À sua maneira, a agência espacial americana pretende homenagear o navegador genovês Cristóvão Colombo, que, exatos quinhentos anos antes, abriu caminho à descoberta de novas civilizações ao pôr os pés na América. Em seu escritório no Ames Research Center, uma das diretoras do programa, a astrônoma Jill Tarter, uma simpática loira de 44 anos, modos decididos e fala macia, informou a NOS que a NASA gastará 2,5 milhões de dólares no projeto - uma insignificância perto dos 600 milhões que custou o lançamento do ônibus espacial Discovery no ano passado. Ainda assim, esse dinheiro permitirá que durante dez anos sejam examinadas mais emissões de rádio interestelares do que o total estudado por todos os projetos até este ano.
Nem os astrônomos da NASA nem os de outras instituições dedicadas ao SETI têm intenção de enviar sondas espaciais a outros planetas; da mesma forma, não esperam receber visitas do espaço - apesar de tudo aquilo que dizem os caçadores de OVNIs, os objetos voadores não identificados que, segundo a imaginação popular, costumam visitar a Terra e desaparecer sem deixar vestígios . Como resume Jill Tarter, "não existem provas da existência de discos voadores".
Se um contato pessoal com os extraterrestres é uma possibilidade extremamente remota, raciocinam os cientistas, nada impede que - caso eles existam - enviem sinais de vida. O homem aprendeu há pelo menos 32 anos, quando captou pela primeira vez os sinais do satélite soviético Sputnik, que grandes antenas parabólicas dotadas de receptores sensíveis podem detectar emissões artificiais de rádio vindas do espaço - se forem apontadas para a direção certa, na hora certa e sintonizadas na freqüência certa. Um astrônomo de muita sorte, ou dedicado a um trabalho paciente e sistemático durante anos, poderia distinguir esses sinais. Seriam uma espécie de música harmônica em meio à dissonância dos ruídos do espaço. Em termos de ficção, equivaleriam à seqüência de notas que o cineasta Steven Spielberg inventou como mensagem dos extraterrestres no filme Contatos Imediatos do Terceiro Grau, de 1977.
O projeto SETI multiplicará enormemente as chances de se ouvirem sinais no espaço. Para isso, disporá de um MCSA, sigla em inglês de Analisador Espectral Multicanal, acoplado a um supercomputador. Ligado à antena de um radiotelescópio como o de Arecibo, em Porto Rico, de 305 metros de diâmetro, o MCSA é capaz de analisar ao mesmo tempo o equivalente a 10 milhões de "emissoras de rádio" espaciais, identificando automaticamente qualquer transmissão de sinais coerentes. Tão seletivo é o sistema que, se fosse um aparelho de rádio comum, poderia, entre os milhões de estações sintonizadas, ignorar por exemplo as que estivessem transmitindo rock e registrar apenas música clássica. "Com a tecnologia disponível há cinco anos, isso não seria possível", explica Jill Tarter, do Ames. "Agora podemos até escolher entre vários modelos de equipamentos".
A NASA vai prestar atenção no comprimento de onda de 18 centímetros, correspondente à faixa de rádio em torno de 1.666 megahertz. Esta é a freqüência emitida pela molécula de hidroxila (OH), formada de oxigênio e hidrogênio resultantes da decomposição da água. Cada vez que uma dessas incontáveis moléculas se movimenta - e isso ocorre a todo instante em todos os cantos do Universo -, libera uma ínfima quantidade de energia captada graças à sensibilidade dos radiotelescópios, mesmo a milhares de anos-luz de distância.
Segundo os cientistas, seres extraterrestres inteligentes, cuja vida dependa da existência da água em seu ambiente e em seus organismos, usariam aquela freqüência como marca registrada de uma forma de matéria que lhes é familiar e que, presumivelmente, seria essencial à vida também em outros planetas. Assim, se tais ETs de fato existirem, transmitiriam mensagens nessa faixa, na expectativa de que outras civilizações na escuta iriam sintonizá-la. Com base nessa hipótese, a faixa de freqüência dos 1.666 megahertz é chamada pelos astrônomos americanos waterhole, algo como poço de água, porque os extraterrestres se aglomerariam em redor dela feito animais silvestres ao redor de um poço.
Como em geral essa faixa de freqüência é razoavelmente descongestionada, é usada esporadicamente no rastreamento de satélites artificiais. "Mas nos próximos anos ela poderá estar atulhada de sinais", alerta Jill Tarter. "Então será mais difícil ouvir mensagens do espaço". Porém, a grande questão é outra: como distinguir entre os ruídos captados pelos radiotelescópios alguma coisa que possa ser interpretada sem erro como uma mensagem do tipo "alô, alguém aí?", vinda de algum planeta cujo endereço cósmico é incerto e não sabido. Por essa razão, Jill Tarter compara seu trabalho ao de um detetive. "Temos que ser extremamente cautelosos", comenta ela. "Se captássemos algum sinal suspeito, isso precisaria antes de mais nada ser confirmado por outros radiotelescópios de várias partes do mundo. Só então anunciaríamos a descoberta".
É fácil imaginar o que aconteceria então - e errar. Pois, de fato, além da previsível comoção mundial, tudo continuaria como dantes. Afinal, localizar uma mensagem é uma coisa; decifrá-la é outra completamente diferente e muitíssimo mais trabalhosa. Podem passar dezenas de anos antes que o homem entenda o que seus supostos interlocutores extraterrestres tinham a dizer. Por isso não é de estranhar que cientistas como o astrônomo americano Frank Drake, um dos pioneiros na busca de extraterrestres, até suspeitem que eles já fizeram contato com a Terra, mas os sinais não foram levados em consideração. Para Drake, "é muito possível que os sinais tidos como alarme falso no passado fossem realmente emitidos por ETs". Em abril de 1960, por exemplo, ele examinou as estrelas Epsilon Eridani e Tau Ceti, respectivamente a 11 e 12 anos-luz da Terra. Drake denominou essa experiência de Projeto Ozma, em alusão ao distante reino de Oz da história do americano Frank Baum.
Uma vez, Drake captou sinais estranhos que hoje acredita terem sido produzidos na própria Terra. A lembrança marcou-o: "Durante algum tempo fui tomado de uma imensa euforia. Era como se algo muito importante estivesse acontecendo, algo que mudaria completamente a qualidade de vida na Terra". Pelo menos em parte, seu palpite estava certo. Há dois anos um grupo de astrônomos canadenses descobriu fortes evidências de que a estrela Epsílon Eridani possui pelo menos um planeta tão grande quanto o colossal Júpiter.
Aliás, boa parte do problema da existência de planetas fora do sistema solar está não só nos equipamentos disponíveis na Terra para localizá-los mas também na pouca visibilidade proporcionada pela atmosfera. Assim, se estivessem em Epsílon Eridani, num planeta semelhante ao nosso, os mais modernos instrumentos de observação fabricados na Terra, ainda assim dali eles não conseguiram registrar a presença de Júpiter. Por isso, já no tempo do Projeto Ozma se desconfiava, mas não se tinha nenhuma evidência, de que existiam planetas fora do sistema solar. Agora pelo menos se fotografou um sistema planetário em formação na estrela Beta Pictoris, a 50 anos-luz da Terra.
Funciona na Universidade de Harvard, em Massachusetts, o maior programa contínuo de busca de extraterrestres. Trata-se do META (sigla de Megachannel Extraterrestrial Assay) ou Análise Megacanal Extraterrestre), financiado pela Sociedade Planetária, entidade particular presidida pelo conhecido astrônomo e divulgador científico americano Carl Sagan, que visa apoiar programas de exploração no espaço. O META tem a capacidade de acompanhar 8 milhões de emissões de rádio ao mesmo tempo. Conta Thomas McDonough, coordenador do programa junto à Sociedade Planetária, que, quando foi criada, em 1985, era capaz de acompanhar somente 131 mil emissões. "Foi o cineasta Steven Spielberg quem doou o dinheiro que faltava para ampliar o sistema", lembra McDonough.
Se uma civilização extraterrestre estivesse tentando estabelecer algum tipo de comunicação, em que direção seguiria a mensagem? Nesse tipo de correspondência se pode dizer que o destinatário é quem fica à procura do remetente - e não sabe onde encontrá-lo. Há algumas pistas, mas nenhum indício seguro. Uma maneira seria esquadrinhar rapidamente todo o céu em busca de sinais. Outra, mais demorada, procuraria contato diretamente com os alvos mais promissores.
A NASA pretende usar grandes radiotelescópios, como o já citado de Arecibo, para passar um pente fino por cerca de mil estrelas parecidas com o Sol, catalogadas pela União Astronômica Internacional, e portanto candidatas em potencial a possuírem sistemas planetários. Na escala do Universo isso é menos que uma insignificância: corresponde a décima parte de 1 por cento do espaço conhecido. De seu lado, para completar a pesquisa, o Jet Propulsion Laboratory de Pasadena pretende usar o pente grosso, fazendo uma varredura total do céu com os mesmos radiotelescópios usados normalmente no rastreamento das sondas espaciais. Segundo o astrônomo Michael Klein, encarregado dessa parte do projeto, "em sete anos teremos dado um passeio completo pelo céu à procura de sinais extraterrestres".
Mas nem tudo nessa pesquisa será feito nos Estados Unidos. Desde o começo do ano, astrônomos argentinos estão aprendendo como funciona o META, na Universidade de Harvard. Eles pretendem usar o radiotelescópio de 40 metros de diâmetro, instalado em Vila Elisa, a 40 quilômetros de Buenos Aires, para sintonizar estrelas parecidas com o Sol, cuja a radiação só pode ser captada no hemisfério sul. O Brasil, no entanto, não vai usar nesse projeto a antena de 13,7 metros de diâmetro do rádio-observatório do INPE, em Atibaia, São Paulo.
Embora possa ser sintonizada na freqüência de 1.666 megahertz, aquela do poço de água, a antena do INPE não tem a mesma sensibilidade dos receptores maiores. Ainda assim já serviu para a busca de sinais extraterrestres. Há dois anos, o astrônomo William Vilas-Boas captou ondas de rádio vindas de uma das estrelas da constelação de Fornax, a 20 anos-luz da Terra. Com o auxílio do radar da Aeronáutica da Barreira do Inferno, em Natal, as emissões foram retransmitidas em outubro passado para o ponto de origem, como quem diz "mensagem recebida".
Como os sinais de rádio viajam à velocidade da luz, só em 2008, ou seja, vinte anos depois, os eventuais habitantes de um eventual planeta ao redor de uma estrela da constelação de Fornax estarão recebendo os sinais retransmitidos pelo astrônomo brasileiro. Essa, aliás, é uma das ironias da comunicação em escala cósmica. Tome-se, por exemplo, o caso da TV, que os astrônomos consideram o mais potente transmissor da Terra. Vai demorar ainda algum tempo até que os habitantes de um planeta distante possam assistir ao programa "Notícias da Terra", transmitido no dia 26 de dezembro último pela rede americana ABC especialmente para ETs, mas que também pôde ser visto nos Estados Unidos.
Por enquanto, se existirem extraterrestres, digamos, em algum planeta na órbita da estrela Gamma Cephei, a 48 anos-luz de distância, só em 1984 eles receberiam os primeiros sinais de TV originários da Terra emitidos em 1936. Não foi um bom programa. Mostra o ditador nazista Adolf Hitler discursando na abertura dos Jogos Olímpicos de Berlim, três anos antes de começar a carnificina recorde da Segunda Guerra Mundial.
Não é à toa que os astrônomos terrestres preferem ouvir a ser ouvidos. "Não pretendemos transmitir nenhuma mensagem", informa Michael Klein, o risonho e comunicativo chefe do projeto da NASA em Pasadena. "Acredito que é mais sensato ser cuidadoso. A melhor política é ouvir antes de começar a gritar na selva". Apesar dessa atitude, a NASA não resistiu à idéia de mandar um recado ao espaço. Como se sabe, as sondas espaciais Pioneer 10 e 11, lançadas em 1971 e 1972, levaram na bagagem placas de alumínio anodizado com o desenho de um homem e de uma mulher nus, um diagrama do sistema solar com as distâncias relativas dos planetas, além de informações sobre o átomo de hidrogênio.
Em 1977, os astrônomos Carl Sagan e Frank Drake tiveram a idéia de colocar nas naves Voyager 1 e 2, que seriam lançadas naquele ano, um disco-mensagem com informações científicas, músicas e saudações em quase todas as línguas faladas na Terra, além de sons de animais. Antes disso, a 16 de novembro de 1974, foi emitida pelo radiotelescópio de Arecibo a primeira e ainda única mensagem radiofônica destinada a extraterrestres.
Traduzida, a mensagem codificada em sistema binário resulta numa figura com a especificação dos elementos químicos dos seres vivos, o número de habitantes do planeta e sua aparência. A mensagem avisa onde ficam a Terra e o radiotelescópio que fez a transmissão. Ela foi dirigida à constelação de Hércules, talvez por ser a mais povoada de estrelas da Via Láctea. Se houver alguém à escuta ali, infelizmente receberá a correspondência com uma certa demora - 25 mil anos, exatamente.
"Essas dificuldades mostram que a procura é difícil. Mas não chegamos a desanimar", comenta o químico Cyril Ponnamperuma, da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, que assessorou os experimentos da sonda Viking, destinados a identificar moléculas orgânicas no planeta Marte. A Viking não descobriu vestígios de vida no solo marciano, mas nem por isso se descartou a possibilidade de que ela tenha existido num passado muito distante. No que se refere ao SETI, insiste Ponnamperuma, "começamos há pouco tempo e as distâncias são imensas. Mas sou otimista".
É bom que seja. Pois, além desses obstáculos, há o problema adicional da sincronia - é preciso que a mensagem recebida pela Terra proceda de um planeta cujos habitantes estejam mais ou menos em pé de igualdade conosco em matéria de tecnologia, isso para não falar em outras dimensões da civilização como o grau de desenvolvimento social e político, sem o que o diálogo ficaria talvez impossível. E tudo tem que ocorrer em tempos compatíveis para nós e para eles. Segundo o celebrado escritor de ficção científica Isaac Asimov, isso já é incentivo suficiente para procurá-los. Pois, como observa de seu lado o astrônomo húngaro Christophe Kotanyi, atualmente no INPE, "na base de tudo estão as eternas indagações do homem - o que somos, de onde viemos e para onde vamos".

Querido símbolo da Terra

Um Sol amarelo, uma imensa bola azul representando a Terra e outra menor, branca, para a Lua. Assim é a bandeira que o astrônomo americano Robert Dixon, da Universidade de Ohio, e um dos mais respeitados pesquisadores de sinais extraterrestres, usou para simbolizar o planeta Terra. Dixon aproveitou a idéia de um agricultor do Estado americano de Illinois, chamado James Cadle, que criou a bandeira como emblema de uma ação que representasse a humanidade como um todo. Agora ela serve para informar que a Terra está à espera de sinais de outras civilizações: pode ser encontrada tanto nos escritórios do projeto SETI, da NASA, na Califórnia, como no Instituto Argentino de Radioastronomia, perto de Buenos Aires, e ainda no observatório de Zelenchukskaya, no Cáucaso, União Soviética, onde está localizado o maior telescópio ótico do mundo.
É um final nobre para uma história que começou mal. Antes da primeira missão tripulada à Lua, em 1969, um grupo de cientistas americanos propôs o hasteamento ali de uma bandeira que representasse toda a humanidade - para dizer que os avanços científicos que permitiram a era das viagens espaciais pertenciam ao mundo inteiro e não a esse ou àquele país. A idéia não foi aceita e a bandeira americana está fincada até hoje na Lua.


Nihil obstat

"No princípio, Deus criou o céu e a terra", começa a Bíblia. Mais adiante está escrito: "Disse também Deus: ´Façamos o homem a nossa imagem, conforme a nossa semelhança; domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos, sobre toda a Terra e sobre a Terra´. Lidos ao pé da letra, esses textos poderiam induzir os cristãos a negar a hipótese de vida inteligente fora da Terra. Mas não é isso que acontece. "A existência de vida em outros planetas seria mais um a prova da ação de Deus", afirma o reverendo Silas Pereira Barbosa, pastor da Igreja Metodista no Brasil.
De seu lado, o bispo católico Angélico Sândalo Bernardino é taxativo: "Jamais a Igreja disse que a vida só existe na Terra". Mas a Igreja tampouco diz o contrário. Segundo o teólogo Benjamin de Souza Neto, da Ordem dos Beneditinos, o Vaticano não tem posição oficial sobre o assunto. Para ele, a crença em Deus parte da premissa de que toda forma de vida é obra sua. "Nesses termos, a existência de vida inteligente fora da Terra é uma hipótese aceitável", raciocina. "Será preciso apenas analisar o caráter da mediação às formas de vida extra-humanas".


Rastros de vida

Há cerca de 4,6 bilhões de anos a Terra se formou a partir da condensação de gases e poeira interestelares. Fantásticas descargas elétricas e a luz ultravioleta do Sol separaram as moléculas simples, ricas em hidrogênio, existentes na atmosfera primitiva, em fragmentos que se recombinaram formando moléculas cada vez mais complexas. Dessa primitiva sopa orgânica surgiu uma molécula capaz de fazer cópias de si mesma, dando início ao processo da vida. Teoricamente esse processo pode ter-se repetido em outros lugares, pois todo o Universo é formado pelos mesmos elementos.
Foram descobertas substâncias orgânicas em enormes nebulosas. A sonda espacial Giotto, que passou perto do cometa de Halley há três anos, constatou estar ele coberto por uma camada negra, composta entre outras coisas de carbono, um dos elementos essenciais à vida. Há mesmo cientistas que especulam com a hipótese de que a vida tenha chegado à Terra a bordo de cometas ou meteoros. Também é possível que em outros rincões do Universo moléculas semelhantes às proteínas e ácidos nucléicos que originaram a vida na Terra tenham se combinado formando organismos diferentes.
Nisso acredita a astrônoma Jill Tarter, do projeto SETI, da NASA. Ela supõe que em algum lugar "esses organismos evoluíram até formar seres inteligentes"- um processo que, segundo o astrônomo Carl Sagan, poderia ocorrer em meio milhão de planetas, só na Via Láctea. Como seriam esses seres? "Os que estamos procurando teriam algum tipo de mão para manusear equipamentos, uma cabeça e um rabo para se movimentar", imagina Jill. "Além de um sistema nervoso que os capacite a analisar o ambiente e a se comunicar".





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sábado, 11 de agosto de 2012

Sob o Regime dos Hormônios - Organismo


SOB O REGIME DOS HORMÔNIOS - Organismo



Eles são talvez as substâncias mais complexas produzidas no organismo. Circulando no sangue em quantidades ínfimas, controlam o metabolismo, as funções sexuais e até a personalidade.


Sem nenhum aviso, tio Toby havia passado, pouco a pouco, do estado de consciência para o que parecia um sono profundo. O processo fora tão paulatino que, a princípio, ninguém na família se dera conta dos períodos cada vez maiores de sono em que ele vivia. Agora, sentado na sua poltrona favorita na sala, era apenas um ornamento, uma peça da mobília com a qual a família pouco se importava. Não dava trabalho - de tempos em tempos era cuidado, mudando de posição ou alimentado. Nada mais. Fazia sete anos que vivia adormecido, até que outro membro da família adoeceu e um médico foi chamado.
Após ter atendido o paciente, o médico reparou naquela silenciosa figura dormindo na poltrona. Pedindo para examiná-lo, chegou a pensar que tio Toby, como soube que era seu nome, estava morto - a pele era fria como a de um cadáver, mas um pulso quase imperceptível estava presente. Transferido para o hospital, os exames demonstraram que sua taxa de hormônio tireoidiano circulante era mínima, o que é chamado hipotireoidismo.
Pouco a pouco, os médicos foram introduzindo no seu organismo esse hormônio, fundamental no controle do metabolismo. A cautela era necessária, pois durante sete anos todos os órgãos haviam se adaptado àquele estado de hibernação. Quando o pulso e a temperatura voltaram ao normal, ele recobrou a consciência. Com a voz rouca, começou a indagar sobre fatos ocorridos sete anos antes. Tudo corria bem, até que um tumor maligno foi descoberto no pulmão. Nada pode ser feito. Em poucos dias ele morreu. A história de tio Toby ocorreu em Londres, em 1957. Foi um caso extremo, mas desde então se sabe do risco de se administrar o hormônio da tireóide: o organismo pode não aguentar. Mesmo assim, algumas clínicas de emagrecimento o utilizam para acelerar o metabolismo, fazendo o corpo queimar mais calorias.
Uma pessoa normal, de 70 quilos, tem dentro de si o ínfimo total de 9 milionésimos de grama desse hormônio. Ele .é produzido numa glândula situada na parte anterior do pescoço a tireóide (do grego thyreos, escudo, e eidos, semelhante; ou seja, semelhante a um escudo) e a menor alteração para mais ou para menos na quantidade fabricada provoca sérios distúrbios. O hormônio tireoidiano é apenas um entre as quase duas dezenas de substâncias consideradas hormônios (do grego hormon, excitar, estimular). A natureza química dos hormônios é bem conhecida. Quase todos são proteínas (longas cadeias de aminoácidos) ou peptídios (pequenas cadeias de aminoácidos). Mas os produzidos pela glândula supra-renal, ou pelos testículos e ovários, são esteróides, um complexo anel de átomos de carbono ligados a um lipídio (gordura).
Os efeitos fisiológicos das secreções endócrinas, ou seja, dos hormônios lançados pelas glândulas na circulação há muito tempo foram incluídos entre os mais dramáticos da Medicina. Por exemplo, as múltiplas alterações, no organismo após uma castração eram conhecidas desde os tempos remotos. Em meados do século passado, começou-se a estudar as consequências da remoção cirúrgica de diversas outras glândulas.
Ao contrário de órgãos como o coração ou o estômago, que cumprem sua função de modo direto, os do sistema endócrino somente chamaram a atenção dos primeiros fisiologistas quando havia algo de errado no seu funcionamento. Desde então a Endocrinologia (a ciência que estuda os hormônios) procura descobrir os mecanismos responsáveis pelo excesso ou pela falta de estimulação hormonal.
Como os hormônios normalmente circulam em concentrações extremamente baixas, os tecidos onde atuam precisam ser sensíveis mesmo a alterações insignificantes nessas concentrações, amplificando o sinal hormonal numa complexa seqüência de processos. Deles resulta uma resposta bioquímica, que aparece sob a forma de uma alteração fisiólogica - por exemplo, no caso do hipotireoidismo, a apatia e a sonolência, que chegaram ao extremo no episódio de tio Toby. No início do século, já se havia estudado a maioria das síndromes (conjunto de sintomas que caracterizam uma doença) causadas, como se viria a saber, pelo excesso de hormônios liberado por uma glândula. Mais recentemente descobriu-se que uma enorme variedade de processos que atuam sobre o crescimento e a diferenciação dos sexos dependem diretamente da ação dos hormônios.
Os hormônios estão dissolvidos no sangue, mas seus efeitos podem ser encontrados por todo o organismo. É um equilíbrio delicadíssimo: qualquer transtorno na produção de um hormônio afeta a maioria dos sistemas e órgãos. São alguns exemplos as mudanças características na pele, no sistema nervoso central, na musculatura, no trato intestinal, no coração e nos vasos sanguíneos - no caso de hipotireoidismo grave; e as alterações na visão, na pressão arterial, na função sexual e modificações psicológicas - no caso de insuficiência hipofisária (ausência dos hormônios produzidos na hipófise). O fato de nenhum hormônio agir isoladamente foi, por sinal, um dos principais problemas enfrentados pelos primeiros pesquisadores.
Durante muito tempo, os estudos dependeram basicamente de testes com animais, nos quais os cientistas observaram as alterações provocadas tanto pela falta como pelo excesso da secreção. Mas era extremamente difícil avaliar a reação em determinado órgão, pois praticamente não havia como separar, de um lado, a reação diretamente provocada pela substância e, de outro, o efeito causado pelos demais órgãos envolvidos. O desenvolvimento de técnicas bioquímicas e da Biologia celular e molecular permitiu passar das simples observações de efeitos hormonais para experimentos que finalmente tornaram possível decifrar a intimidade desses processos.
O caso do diabetes mellitus é um bom exemplo. As mais antigas descrições da doença foram feitas no Egito, há 3 mil anos. No início da era cristã, os médicos romanos Aretaeus e Celsus deram-lhe o nome pela qual é conhecida até hoje e que significa "sifão"(diabetes, em grego), pois o paciente urina constantemente, como se fosse um sifão "adocicado" (mellitus, mel em latim), dado que sua principal característica é a urina doce. Essa afecção possuía nome e sobrenome para distingui-la de outra semelhante- o diabetes insipidus -, em que, apesar da volumosa quantidade, a urina não é doce.
O diabetes insipidus é causado pela falta do hormônio antidiurético, produzido pela hipófise, uma glândula do tamanho de uma ervilha, situada na base do cérebro. Esse hormônio concentra a urina nos rins, reabsorvendo a água. Em 1889, dois fisiologistas alemães Joseph von Mering e Oscar Minkowski, foram os primeiros a produzir o diabetes mellitus experimentalmente, removendo o pâncreas -glândula abdominal que auxilia a digestão - de um cão. Espantados, observaram que a urina do animal operado atraía as formigas - era doce.
Sabia-se que o pâncreas fabrica enzimas digestivas, despejando-as através de um pequeno duto no intestino para decompor os alimentos, o que o caracteriza como uma glândula exócrina; havia-se descoberto então que ele também produz algo que controla o metabolismo dos açúcares, permitindo ao fígado e a outros órgãos converter alimento em energia, algo que passava diretamente para a circulação, propriedade das glândulas endócrinas. Age, em suma, como uma glândula ao mesmo tempo exócrina e endócrina. Os estudos, no entanto, mostraram que nem toda agressão ao pâncreas causava aquela forma de diabetes; se um pequeno aglomerado de células não fosse afetado, a doença não se manifestava.
Essas células haviam sido descobertas em 1869 por um estudante alemão de Medicina chamado Paul Langerhans. As ilhotas de Langerhans, como ficaram conhecidas, correspondem a apenas 1 por cento do peso do pâncreas, ou seja, algo como 0,5 grama. A misteriosa substância ali produzida foi então chamada insulina (do latim, insula, ilha). Aproximadamente 1 milhão de ilhotas de Langerhans existem espalhadas no tecido pancreático, cada uma delas com pouco mais de 2 mil células produtoras do hormônio - as células beta. Isolada finalmente em, 1921, já no ano seguinte a insulina foi pela primeira vez usada para tratar um paciente diabético.
A insulina aumenta a captação da glicose pelas células. A glicose é usada como combustível pelos músculos ou armazenada como glicogênio ou, então, gordura. Esse processo ocorre em poucos minutos. Na ausência da insulina, a glicose permanece no sangue. No caso do diabetes tipo I (ou insulino-dependente), o paciente precisa tomar injeções diárias do hormônio para suprir a falta. Suas células beta deixaram de funcionar ao serem atacadas pelos próprios anticorpos da pessoa; trata-se, portanto, de uma doença auto-imune, em que o sistema imunológica agride células e tecidos.
No diabetes tipo II (ou não insulino-dependente), o pâncreas produz a insulina, mas o paciente não consegue usá-la efetivamente. A razão é conhecida: para que os hormônios cumpram sua função é preciso haver receptores nas células alvo. "Cada receptor é tão especifico como a fechadura para uma chave", compara o endocrinologista Jairo Hidal, da Escola Paulista de Medicina. "No caso do diabetes tipo II, existe a chave, mas não a fechadura. "Decifrada a estrutura da insulina, ou seja, a seqüência de aminoácidos que formam essa proteína, foi possível sintetizá-la, com as técnicas da Engenharia Genética, diminuindo assim os riscos do uso de uma proteína animal, como é o caso das insulinas retiradas do pâncreas bovino ou suíno. O pâncreas é uma das poucas glândulas não comandadas pela glândula mestra chamada hipófise, já que a própria presença da glicose é o que ativa a produção do hormônio. Todas as demais glândulas do organismo - como a tireóide, a supra-renal, os testículos e os ovários - são reguladas por hormônios específicos da hipófise, os quais determinam a quantidade de hormônios que essas glândulas devem fabricar.
Mesmo a hipófise, no entanto, depende de outro órgão, o hipotálamo, localizado logo acima dela, na base do cérebro, e que justamente é o elo de ligação entre eles. Assim, uma disfunção se manifesta quando ocorre uma falha no trajeto hipotálamo-hipófise-glândula periférica - células alvo. O sistema, quando funciona, possui autênticos mecanismos de relojoeiro capazes de amortecer o impacto de uma produção exagerada do hormônio da tireóide, por exemplo, fazendo a hipófise deixar de estimular a glândula responsável. O processo pode ser comparado ao aquecimento do radiador de um automóvel, algo que não traz maiores problemas quando a luz de alerta está funcionando, mas é capaz de fundir o motor, se ela não acender.
Um dos mais notáveis exemplos desse delicadíssimo jogo é o ciclo menstrual feminino. Uma série de hormônios precisa funcionar em perfeita sintonia para que o processo ocorra regularmente a cada 28 dias. No entanto existe um longo período no qual a mulher não ovula - a gravidez. Por esse motivo foi relativamente fácil criar uma pílula que evitasse a ovulação -bastava tentar reproduzir, dentro de certos limites, aquele ciclo natural.
Como o homem não possui uma pausa fisiológica na fabricação de espermatozóides, a pílula masculina é teoricamente muito mais complexa. Alterar as taxas hormonais do organismo como é muitas vezes indispensável em Medicina, significa de certo modo atirar no que se vê e acertar no que não se vê, pois é impossível dirigir a ação dos hormônios apenas para o órgão desejado. É por esse motivo que os atletas que procuram aumentara massa muscular com hormônios anabolizantes correm o risco de ficar estéreis, sujeitos a doenças infecciosas ou, ainda, mentalmente perturbados. O sistema é tão fantasticamente complicado que a injeção de um hormônio externo pode, muitas vezes, inibir para sempre o funcionamento do próprio órgão que o produziria naturalmente. Este fica como se entrasse em férias, visto que o produto está vindo de fora.
Quando foram descobertas as cortisonas (substâncias que simulam a ação dos hormônios produzidos pela glândula supra-renal), pensou-se ter achado a cura para uma série de doenças, entre elas a artrite reumatóide. Logo, no entanto, os clínicos começaram a verificar quase uma verdadeira epidemia de psicose maníaco-depressiva castigando seus pacientes. Dependentes da cortisona, inchados, com as supra-renais preguiçosas e as juntas progressivamente degeneradas, eles pagavam um preço por demais elevado, apesar da euforia maníaca por eles demonstrada. Com hormônios não se brinca. .

Substâncias do futuro

O número de hormônios conhecidos, fabricados pelo organismo, aumenta progressivamente, à medida que as técnicas de detecção da Biologia celular e molecular se tornam mais sofisticadas. O número atual ultrapassa em muito as duas dezenas de substâncias produzidas pelas principais glândulas endócrinas. A própria pele, por exemplo, é capaz de secretar hormônios, como o fator de crescimento epitelial, que poderá ser utilizado, depois de sintetizado em laboratório, na produção de enxertos de pele para os queimados -umas poucas células retiradas do paciente, colocadas em culturas com o hormônio, irão se multiplicar, formando uma nova pele artificial.
Do mesmo modo, o fator de crescimento dos nervos, outro hormônio descoberto recentemente, será fundamental para regenerar lesões nervosas. Com as técnicas da Engenharia Genética, os pesquisadores esperam não apenas sintetizar hormônios, como já é feito com a insulina e o hormônio do crescimento, mas modificar sua estrutura molecular de modo a criar substâncias com ações específicas num determinado órgão, ou de maior potência. Como hoje se sabe que o próprio cérebro produz uma enorme variedade de hormônios, um dos campos mais férteis para as pesquisas nos próximos anos é o da Psiconeuroendocrinologia. Segundo Antônio Roberto Chacra, professor de Endocrinologia da Escola Paulista de Medicina, "será então possível descobrir as bases bioquímicas de doenças como a esquizofrenia, a psicose maníaco-depressiva e até mesmo a depressão". Os diabéticos, por sua vez, poderão beneficiar-se do implante de células produtoras de insulina, revestidas com polímeros semipermeáveis, espécies de plásticos que permitem a passagem da insulina e da glicose, mas não dos anticorpos, evitando assim o fisco da rejeição.


Como o organismo fabrica um hormônio

l - A glândula
O pâncreas, localizado junto ao estômago e ao intestino, não só produz enzimas digestivas que ajudam o intestino delgado a metabolizar os alimentos, como libera na corrente sanguínea hormônios que permitem ao fígado e outros órgãos gerar energia

2 - As ilhotas
Apenas 1 por cento do pâncreas - as Ilhotas de Langerhans, aglomerados de células espalhados ao longo do tecido produtor de enzimas - está envolvido na fabricação de hormônios como a insulina. Os capilares, por sua vez, fornecem os nutrientes de que o órgão necessita e transportam os hormônios ao resto do corpo

3 - A insulina
Uma ilhota consiste principalmente em células alfa (que produzem glucagônio) e células beta (que produzem insulina) Ambos os hormônios agem em conjunto para regular o consumo de energia pelo organismo: a insulina faz aumentar a absorção de açúcar e outros nutrientes, diminuindo assim sua presença no sangue; o glucagônio tem o efeito oposto

4 - A produção
A - Núcleo da célula: o DNA do núcleo dirige a síntese uma molécula precursora da insulina
B - Mitocondria: a energia da mitocondria (a fonte de força da célula) sente para sintetizar e transportar a insulina
C - Aparelho de Golgi: aqui as precursoras se transformam em insulina e são encapsuladas para a secreção
D - Cápsulas de insulina: as cápsulas deslocam-se rumo á membrana da célula
E - Membrana da célula: a cápsula se funde com a membrana, liberando a insulina no sangue





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sábado, 4 de agosto de 2012

Cogumelos, Charme e Veneno - Fungos


COGUMELOS, CHARME E VENENO - Fungos



Cercados de lendas e apreciados no mundo inteiro, os cogumelos formam espécies muito peculiares, que ajudam a limpar a matéria orgânica acumulada nas florestas.

Segundo antigas lendas irlandesas, pequenos seres imaginários chamados duendes costumavam aparecer nas florestas durante a noite, para brincar e dançar com as fadas. O lugar escolhido pelos homenzinhos para suas festas era sempre o interior do que as histórias chamavam, apropriadamente, de "anéis de duendes", ou seja, uma circunferência formada por dezenas de cogumelos cujo diâmetro pode medir até 6 metros. Os cogumelos - que de fato assumem muitas vezes essa configuração - serviram para delimitar o espaço da festa e para que os duendes ali se sentassem. Dizia-se ainda que uma série de castigos desabaria sobre quem se atrevesse a desmanchar um desses círculos. Em muitos outros países existiam também histórias fantásticas sobre cogumelos, seus poderes mágicos e os perigos que apresentam.
Isso reflete na realidade, o fato de que durante muito tempo pouco se soube sobre esses estranhos fungos, alguns dos quais capazes de produzir efeitos não menos bizarros em quem os consome. Diz uma história que a nobre italiana Lucrécia Bórgia (1480-1519) costumava oferecer aos seus inimigos poções à base de cogumelos venenosos. Outra lenda sustenta que o imperador francês Napoleão Bonaparte (1769-1821) só conseguiu gerar um filho graças aos efeitos afrodisíacos das trufas - espécie de cogumelos subterrâneos. Já povos antigos que habitavam a região de Kamchatka, extremo leste da União Soviética, mascavam algumas espécies alucinógenas, a pretexto de encontrar assim o espírito nelas oculto.
A razão para tanto folclore é simples: segundo a bióloga Vera Bonini, do Instituto de Botânica de São Paulo, existem nada menos de 200 mil espécies desses fungos, assumindo formas e cores diversas, capazes de brotar até em meios os mais inóspitos. Os cogumelos são, na verdade, apenas uma parte visível a olho nu de fungos já desenvolvidos em escala microscópica. Extremamente resistentes, os fungos podem se associar a algas, formando os liquens, e assim habitar tranqüilamente as geleiras dos pólos.
Da mesma forma, podem ocorrer em desertos, no alto das montanhas, no interior das cavernas, em densas florestas ou em campos abertos. Mas a fama dos cogumelos não é feita só de fantasias, que certamente nasceram de acidentes com espécies venenosas ou alucinógenas.
Os champiginons, como dizem os franceses, ou funghi, como são chamados pelos italianos, figuram hoje entre os pratos mais apreciados no mundo inteiro. Não que seu uso culinário seja recente: na antiga Roma, Júlio César (100-44 a.C.) deu o próprio nome ao cogumelo preferido, Amanita Caesare. Mas talvez a mais antiga espécie de que se tem notícia seja a que os japoneses cultivam há mais de dois milênios: a shii-take - Leutinus edodes --, que nasce em troncos de árvores mortas. Na França, onde são muito consumidos, as experiências de cultivo foram realizadas, pela primeira vez, por Olivier de Serres, agrônomo da corte de Luís XIV, no século XVII.
O cientista fermentava pedaços de terra revolvida com matéria orgânica decomposta e sobre ela jogava esporos, que fazem o papel das sementes, da espécie Agaricus bisporus. No entanto, foi apenas no século passado que esse alimento passou a ser largamente consumido, a despeito das advertências sobre seus perigos. Em 1835, em sua viagem pelo oceano Pacífico o naturalista inglês Charles Darwin observou os hábitos alimentares dos nativos da Terra do Fogo, no extremo sul da Argentina. Darwin notou que mulheres e crianças comiam enormes quantidades de fungos em estado natural. Os cogumelos representavam seu principal alimento, com acréscimo de alguns frutos silvestres. Os nativos sabiam muito bem o que comiam.
Embora sejam constituídos em 90 por cento de água, os cogumelos têm um surpreendente potencial nutritivo. "Uma pessoa de 70 quilos pode muito bem se alimentar de 200 gramas diários de cogumelos e mais uma pílula de ferro, único composto em que são deficitários", explica a bióloga Vera Bonini. Por terem grande quantidade de proteínas - 4 por cento de seu peso, mais, por exemplo, que a batata, o pimentão, a berinjela ou a cenoura -, os cogumelos estimulam a atividade imunológica do organismo, deixando-o mais resistente a doenças. Não é à toa que os franceses os batizaram de carne dos pobres. Mas seus valores nutritivos não param por aí. Os cogumelos ainda são ricos em vitaminas do complexo B e fósforo.
Parece fora de dúvida dizer que os fungos fazem parte do reino vegetal, mas, por estranho que pareça, não é bem assim. Os cientistas preferem classificá-los à parte, tantas são suas diferenças em relação às plantas. A maior e mais importante delas é o fato de os cogumelos não possuírem clorofila, o que os impede de obter seu alimento a partir da energia solar, mediante a fotossíntese, como é regra no reino vegetal. Os fungos se nutrem da degradação de matéria orgânica do solo, árvores mortas, folhas secas - ou até de estrume de animais, como é o caso do cogumelo do gênero Psilocybe, extremamente alucinógeno, por sinal um dos poucos venenosos encontrados no Brasil.
Reconhecer se um cogumelo é comestível ou venenoso é mais difícil do que se pode imaginar. Os métodos populares conhecidos são considerados insuficientes pelos especialistas, como verificar se sua coloração muda ao toque das mãos, se têm um anel na parte superior do talo ou ainda por suas tonalidades ou manchas. Na verdade, para distinguir o que é o que no mundo dos cogumelos, todos esses fatores são importantes, além de muitos outros, como, por exemplo, o tamanho, a cor dos esporos, a forma do anel ou pequenas escamas que podem aparecer na parte superior do chapéu. Em certas regiões da Europa, sair em busca de cogumelos após a chuva, de preferência no outono, é atividade bastante comum, e a sabedoria passa de pai para filho.
Mesmo assim, ocorrem, a cada ano, alguns casos de envenenamento, às vezes mortais. Mas as raras fatalidades não chegam a desencorajar as famílias, que saem a campo munidas até de livros de identificação. Depois de classificadas, as espécies comestíveis se transformam quase sempre numa festejada e suculenta omelete. Efêmeros e frágeis, os cogumelos, porém, não esperam muito até serem colhidos. Algumas espécies têm brevíssimos ciclos de vida: em horas, nascem, crescem, murcham ou se transformam em um simples borrão de tinta, como é o caso do gênero Coprinus, que em apenas seis horas se autodestrói, ficando reduzido a uma pequena mancha escura.
A vida de um fungo começa quando dois esporos da mesma espécie caem no solo ou em outro material propício à germinação. Cada um deles forma pequenos filamentos (hifas) pela duplicação de suas células. Uma grande quantidade de hifas emaranhadas forma o micélio, que se parece com uma teia de aranha microscópica. Quando dois micélios se juntam, os citoplasmas de suas células (conteúdo gelatinoso onde o núcleo está mergulhado) se unem e elas reiniciam o processo de duplicação. As células com dois núcleos se subdividem, dando origem a mais filamentos, cada vez mais próximos uns dos outros. Essas fibras se organizam, emergem da terra e formando o corpo do cogumelo. Primeiro nasce o talo, ou estipe, depois o chapéu, ou píleo, e por último as lamelas, que se encontram protegidas embaixo do píleo.
Nelas, algumas células fundem seus núcleos formando outras, chamadas basídeos. Em seguida, pelo fenômeno da meiose, esse único núcleo se divide em quatro, que serão os esporos, responsáveis pela reprodução (veja esquema). O número de esporos produzido em cada cogumelo é estarrecedor: trilhões deles se espalham pelo campo das maneiras mais inesperadas. A ação do vento é, sem dúvida, a maior responsável pela sua dispersão, e eles podem percorrer quilômetros até cair no chão. Outras espécies emanam um forte cheiro, que atrai os insetos; depois que estes encostam no cogumelo, saem carregados do finíssimo pó. Mas há espécies que contam com o acaso, como, por exemplo, o Lycoperdon perlatum. Minúscula e muito diferente dos cogumelos tradicionais, essa espécie se parece com uma almofadinha que contém um orifício na parte de cima. Seus esporos são formados no interior do cogumelo, de onde só conseguem sair sob pressão da pata de um animal, ou caso caia um temporal, ou ainda se qualquer outra força os pressionar, como a um tubo de pasta de dentes.
Como não são capazes de transformar energia solar em alimento, os cogumelos contam com poderosos recursos: uma série de enzimas capazes de dissolver e transformar substâncias como a clorofila e a lignina encontradas nas plantas. Cada espécie produz tipos diferentes de enzimas, de acordo com os compostos que devem absorver. "Se os fungos não exercessem essa função degradadora, certamente grande parte da floresta estaria repleta de detritos vegetais, como toras de árvores e folhas mortas", explica o biólogo paulista Gilberto Martho. "Os fungos junto com as bactérias, são imprescindíveis na reciclagem da matéria orgânica e na transformação do detrito em alimento aproveitável."
Se, de um lado, eles ajudam a manter o ecossistema, de outro são ferozmente combatidos, por estragar madeiras recém-abatidas ou mesmo já secas, que seriam usadas na produção industrial. Mas alguns cogumelos se utilizam ainda de outra fonte de alimento. As deliciosas trufas, por exemplo, sobrevivem apenas quando associadas a outros vegetais, especialmente o carvalho. Neste caso, quando os micélios se unem, estendem sua "teia" até a raiz da árvore, de onde recebem alimentos que se formam pela fotossíntese. Em troca, cedem outras substâncias já degradadas.
Já os orelhas-de-pau, ou poliporídeos, nascem em árvores vivas, e delas se alimentam durante anos, formando uma espécie de grande concha, extremamente dura e resistente. As espécies proporcionam um banquete de surpresas: cogumelos fluorescentes, que podem ser fotografados à noite, ou com aspecto de alga marinha ou de um singelo ninho de passarinho. Calcula-se que existam no Brasil centenas de espécies. A maioria é menor e mais seca que na Europa, já que o clima não é úmido o bastante. De qualquer forma, muitos cogumelos ainda se prestam às mais fantasiosas fábulas, enquanto outros, às reais delícias da arte culinária. .

Ao gosto brasileiro

Ao contrário dos orientais, acostumados a consumir vários tipos de cogumelos, no Brasil apenas duas espécies são apreciadas: o Agaricus, mais conhecido como champignon, e o Pleurotus, cogumelo gigante de gosto acentuado. O primeiro começou a ser cultivado em 1953, em pequenas quantidades. Com a vinda de imigrantes da ilha de Formosa, poucos anos depois estabeleceu-se uma cultura permanente, em especial no município paulista de Moji das Cruzes, responsável hoje por cerca de 70 porcento da produção nacional, estimada em 3 mil toneladas por ano. Os Estados Unidos, o maior produtor mundial, colhem anualmente por volta de 135 mil toneladas. A produção brasileira atende apenas ao mercado interno, devido aos preços elevados e à falta de controle de qualidade.
Segundo Edson de Souza, técnico de laboratório do Centro de Pesquisa de Cogumelos Comestíveis (CEPEC) de Moji das Cruzes, as indústrias responsáveis pelo processamento do cogumelo, para conservação (em lata ou em vidro) ou comercialização em estado cru, costumam lavar o fungo com bissulfito de sódio, um sal capaz de clarear o alimento, mas que tem efeitos cancerígenos. A legislação brasileira permite o uso do composto em concentrações prefixadas. Para o professor de Farmácia Andreyus Korolkovas, da USP, "a substância de fato faz mal ao organismo, mas apenas em grandes quantidades; por via das dúvidas, é recomendável que se lave cada cogumelo antes de consumi-lo".





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sábado, 4 de agosto de 2012

Próxima parada Netuno - Voyager 2


PRÓXIMA PARADA: NETUNO - Voyager 2



A Voyager 2, o mais eficiente aparelho de engenharia espacial construído pelo homem chega este ano perto do planeta Netuno, antes de cruzar as fronteiras do sistema solar.

O corpo tem o peso e o tamanho de um Monza, mas a aparência lembra um grande guarda-chuva. Se fosse um foguete, não haveria combustível suficiente para levá-la aonde está - a 5 bilhões de quilômetros da Terra, a caminho de Netuno, em cujas imediações, por assim dizer, chegará no próximo mês de agosto. Apesar disso, a sonda espacial Voyager 2 é um meio de transporte supereconômico: seus três geradores nucleares produzem 389 watts de potência, metade do que gasta uma reles cafeteira elétrica. É o bastante para a viagem que a levará além do sistema solar. A Voyager 2 foi lançada em agosto de 1977, por estranho que pareça menos de um mês antes da Voyager 1. Esta cruzou as órbitas de Júpiter e Saturno e continua viajando.
Até hoje as sondas gêmeas Voyager são consideradas a maior realização científica do programa espacial americano, incluída a descida do homem na Lua. "A quantidade de informações que as sondas enviaram e ainda estão enviando do espaço é tão grande que ainda não houve tempo para digeri-la. Pode ser que os seus dados revelem novas surpresas", afirma o astrônomo Roberto Boczko, da Universidade de São Paulo. O que mais sobressai no aspecto das Voyager é a antena parabólica, parecida com um prato de sopa, e que mede 3,7 metros de diâmetro. É graças a essa antena que as sondas se comunicam com a Terra.
Colado na base do prato há um compartimento de alumínio de forma arredondada onde estão guardados os instrumentos da nave. Ali funcionam três computadores - na realidade são seis, mas três ficam de reserva. Enquanto um deles controla o cotidiano da nave, os outros governam seus movimentos e as informações coletadas pelos instrumentos de medição. A capacidade de memória dos seis juntos não vai além de 68 kilobytes, semelhante à de um micro de uso pessoal. Os estranhos guarda-chuvas espaciais possuem, ainda, dois braços.
Num deles estão instalados os geradores que produzem eletricidade a partir do calor resultante da desintegração radioativa do óxido de plutônio, um combustível nuclear. Como o roteiro das Voyager afastou-as muito do Sol, não puderam ser equipadas com painéis solares à maneira de suas precursoras Mariner, que seguiram na direção oposta para conhecer Vênus e Mercúrio. No outro braço, as Voyager carregam uma plataforma com os demais instrumentos científicos e as câmeras de vídeo. As sondas têm um gravador digital de oito trilhas - parecido com um videocassete - onde estão registradas as informações, inclusive as fotos feitas pelas duas vidicons, as câmeras. Entre os braços há uma antena comprida, onde estão instalados o magnetómetro - que, como o nome diz, registra a intensidade dos campos magnéticos dos planetas - e os medidores de plasma (gás ionizado rarefeito espalhado pelo espaço) e de ondas de rádio provenientes do espaço.
Como as fotos enviadas pelas Voyager chegam à Terra? Os computadores das naves transformam as imagens obtidas pelas câmeras em sinais digitais que são enviados pelo rádio, a bilhões de quilômetros de distância, para os radiotelescópios terrestres. A NASA possui três estações rastreadoras - uma perto de Madri, na Espanha, outra no deserto de Mojave, na Califórnia, e uma terceira em Canberra, na Austrália. Estas retransmitem os sinais via satélite a uma série de torres de transmissão de microondas na Califórnia, que os enviam aos computadores do Laboratório de Jatopropulsão (JPL), em Pasadena, ao norte de Los Angeles, que refazem as imagens.
As fotos das Voyager lembram as telefotos de jornal, feitas de milhões de pontos, cada um com uma gradação diferente de cinza. Os pontos são tão pequenos e juntos que permitem ver nitidamente o contorno dos objetos. Após o processamento, que pode adicionar cor às imagens, os pontos são armazenados num disco magnético parecido com um filme fotográfico.
"Só a Voyager 2 enviou 18 mil fotografias de Júpiter para a Terra", informa o engenheiro Douglas Griffith, encarregado da missão Voyager 2 para Netuno. "Isso representa uma tremenda quantidade de informações. Não são apenas imagens bonitas mas dados importantes sobre a formação do sistema solar, a origem da Terra e o processo de evolução dos planetas."
No 5.° andar do edifício de oito andares de número 264 do JPL, em Pasadena, onde funciona o cérebro das Voyager, o movimento desde já é intenso. Até 24 de agosto, quando a Voyager 2 passar a apenas 5 mil quilômetros acima da atmosfera de Netuno, os 220 técnicos que a vigiam dia e noite estarão checando cada instrumento de bordo para que não haja nenhuma falha nessa sua grande cerimônia de despedida do sistema solar. A expectativa dos técnicos é otimista. Afinal, como lembra Griffith, há oito anos a nave funciona sem problemas.
Antes disso, porém, ela pregou algumas boas peças. Em 1981, por exemplo, quando passou por Saturno, emperrou um dos dispositivos mecânicos que movimentam a plataforma onde estão instaladas as câmeras de TV. Embora os controladores tivessem conseguido fazê-lo movimentar-se de novo, não ficaram convencidos de que funcionava bem. Por via das dúvidas, inventaram uma forma de tirar as fotos sem precisar acionar a plataforma, fazendo com que toda a Voyager 2 se movimente junto com a câmera.
Problema bem mais complexo já havia acontecido sete meses depois do seu lançamento, quando uma descarga elétrica destruiu o rádio principal e danificou o equipamento de reserva. Parecia que a Voyager 2 ficaria para sempre surda aos chamados da Terra, pois somente o rádio principal era capaz de procurar e sintonizar automaticamente os sinais do JPL. Como o rádio reserva estava avariado, sua faixa de busca de freqüência ficou reduzida a um milésimo da faixa do rádio principal. Assim, os operadores da Terra precisam calcular a velocidade da nave quando o sinal a atinge e ainda a temperatura local quando a mensagem é recebida para sintonizar com o rádio reserva, pois mudanças na temperatura da nave alteram a freqüência do rádio.
Não é tarefa fácil. As estações de rádio da Terra emitem 50 mil watts de potência e o sinal da Voyager é de apenas 22 watts, inferior ao de uma lâmpada comum. Além disso, como o sinal se irradia pelo espaço em todas as direções, a fração recebida pela Terra é de apenas um bilionésimo de milionésimo de watt. Nem mesmo as três estações rastreadoras da NASA juntas foram suficientes para captar os sinais da Voyager 2 quando ela passou ao largo de Urano, em janeiro de 1986. A agência espacial americana teve de pedir socorro a outros radiotelescópios espalhados pelo mundo. Atualmente a Voyager 2 está tão longe que os sinais levam por volta de quatro horas para alcançar a Terra, embora viajando à velocidade da luz.
Em 1965, quando se começou a pensar no projeto, mandar uma sonda a Júpiter parecia uma missão impossível: o homem nem tinha chegado à Lua (o que só faria quatro anos mais tarde) e as sondas não-tripuladas como a Mariner 4 só tinham ido a Marte, o planeta mais próximo da Terra depois de Vênus. Uma viagem a Júpiter, centenas de milhões de quilômetros além de Marte e do perigoso cinturão de asteróides contra alguns dos quais as naves poderiam se chocar, significaria uma viagem de pelo menos nove anos, ou seja, tanto tempo quanto havia transcorrido desde o lançamento do Sputnik soviético, o primeiro satélite artificial da Terra, em outubro de 1957, até aquela data. Para vencer esses obstáculos, os engenheiros da NASA tiveram de improvisar. Uma sonda espacial funciona como um projétil em vôo livre. Como ensina a Física, um objeto solto no espaço flutua e fica indefinidamente sob a ação de uma força até que outra aja sobre ele.
Se um homem pudesse lançar uma bola para além da órbita da Terra, essa bola continuaria sua trajetória, com praticamente a mesma velocidade, para sempre, a menos que colidisse com um planeta ou sofresse a interferência de outra força, como o campo gravitacional de um planeta. A velocidade das Voyager - 63 mil quilômetros por hora - e a direção são influenciadas pela força gravitacional do Sol e dos planetas que elas encontram ao longo de sua trajetória. Para escapar da gravidade terrestre foi preciso o empurrão de um poderoso foguete Titan-Centaur. Quando as duas naves ultrapassaram cerca de um terço do caminho entre a Terra e Júpiter, a gravidade deste último planeta começou a atrai-las mais que a da Terra, acelerando as velocidades.
Essa ajuda involuntária já havia sido experimentada em 1973, quando a Mariner l0 usou o campo gravitacional de Vênus como "posto de abastecimento" até Mercúrio. Mas os engenheiros das Voyager contaram com um golpe de sorte adicional. Uma configuração favorável dos planetas permitiu que as naves alcançassem Júpiter em menos de dois anos e Saturno em quatro. Então houve uma alteração nas rotas. A Voyager 1 continuou seu caminho, sem se encontrar com mais nenhum planeta, embora continue em contato com a Terra. A Voyager 2 passou, nove anos depois do lançamento, por Urano e passa doze anos depois por Netuno. Para isso, usou a gravidade dos planetas como um estilingue, ou seja, a velocidade orbital de Júpiter e sua gravidade aceleraram a nave em direção a Saturno, daí a Urano e Netuno.
Mas isso só foi possível porque os planetas estavam colocados um à frente do outro e do mesmo lado do Sol. A última vez que isso tinha ocorrido, no começo do século passado, Napoleão Bonaparte se preparava para ocupar a Europa, enquanto nos Estados Unidos os pioneiros começavam a conquista do Oeste. O Brasil, naquela época, ainda estava para receber a visita de dom João VI, que abriria os portos da colônia às nações amigas. É claro que os engenheiros do JPL não deixariam de tirar vantagem da posição dos astros. Assim em 20 de agosto de 1977, partia a Voyager 2 do mesmo Cabo Canaveral que arremessaria nove anos mais tarde a Challenger, para a sua destruição. No dia 5 de setembro de 1977 foi a vez da Voyager 1.
A Voyager 1 não teve um papel tão extenso quanto sua irmã gêmea na abertura de novas fronteiras do Universo. Ela passou perto de Io e Calisto, duas das dezesseis luas de Júpiter, em 1979, ganhando tamanha velocidade que chegou a Saturno antes da Voyager 2, em 1981, muito cedo para ser desviada a Urano. Em compensação, pôde avistar Titã, Réia e Mimas, três dos satélites de Saturno. A Voyager 2 passou por Europa e Ganimedes - satélites de Júpiter -, ganhou impulso até Saturno, onde chegou perto dos seus satélites Tétis e Encélado, e continuou sua trajetória até Urano e agora Netuno.
Em 1990, as duas Voyager estarão além de Plutão, preparando-se para deixar o sistema solar. Os astrônomos calculam que, daqui a 40 mil anos, a Voyager 1 estará a um ano-luz de outro sol, na constelação de Ursa Maior. Depois disso, é pura especulação. Mas, apesar de todos os seus cálculos precisos, os engenheiros do JPL gostam de especulações. Eles acreditam, por exemplo, que mesmo depois de milhares de anos, as duas sondas podem alcançar outro sistema planetário parecido com o sistema solar - se houver, naturalmente.
Nesse caso, elas poderiam ser capturadas por uma civilização extraterrestre - se houver, naturalmente. As naves estão equipadas para o que der e vier: cada uma leva um pequeno videodisco instalado na parede do seu corpo principal. No envoltório há o desenho de um átomo de hidrogênio, o elemento mais comum do Universo, a posição da Terra em relação ao Sol, além de um desenho em escala da nave. Dentro está o disco propriamente dito, com imagens da Terra, saudações em 54 idiomas e trechos de música, de rock a Beethoven. .

Cartões-postais planetários

Há vinte anos, o sistema solar não parecia tão belo quanto hoje. Foram as sondas espaciais que enviaram as primeiras imagens (depois coloridas artificialmente no computador) de mundos agora não tão desconhecidos. Júpiter, por exemplo foi observado de perto pela primeira vez em 1973 e1974 pelas Pioneer 10 e 11, mas somente as câmeras de TV das Voyager mostraram detalhes desse gigante - o maior planeta do sistema solar - e de suas luas. As Voyager exploraram cinco dos satélites de Júpiter e descobriram outros dois, aumentando seu número para dezesseis.
As Voyager também mostraram cinco novos satélites em volta de Saturno, além dos doze já conhecidos. Deram uma boa olhada em Titã, o maior satélite de Saturno, e o único do sistema solar com atmosfera. Como essa atmosfera é muito parecida com a mistura de hidrogênio, metano e outros gases, que existia na Terra há 2 bilhões de anos, especulou-se sobre a existência de substâncias que poderiam dar origem á vida em Titã. Essa hipótese, porém, não foi comprovada pelas naves. Em compensação, as Voyager mostraram pela primeira vez os cerca de mil anéis constituídos de fragmentos de rocha congelada e .pedaços de gelo que giram em torno de Saturno. Esse mesmo material acumulado pode ter formado o próprio planeta e seus satélites.
Primeira nave a passar por Urano, a Voyager 2 descobriu dez novos satélites em volta do plane-ta, além dos cinco já conhecidos. A sonda enviou fotos que evidenciam choques de meteoros, alguns de grandes dimensões, contra a superfície do planeta e de suas luas. O material que espirrou dos choques pode ter formado os dez discos em torno de Urano, vistos pela primeira vez pela própria Voyager. A sonda constatou outro fato surpreendente: os pólos magnéticos de Urano não coincidem com seus pólos geográficos. O que levou os cientistas à conclusão de que Urano rola como uma bola ao redor do Sol e não gira como um pião, a exemplo dos outros planetas.
Quando se encontrar com Netuno, as fotos da Voyager 2 mostrarão as variações da atmosfera desse planeta, já sugeridas pelos telescópios da Terra, além de auroras e outros fenômenos eletromagnéticos. Os astrónomos também suspeitam que Netuno tenha pequenos anéis ao redor, por causa da maneira como a luz é bloqueada. Enfim, em agosto, também poderão ver outros satélites, além dos dois conhecidos de Netuno.

Companheiras de viagem

A primeira tentativa de enviar uma sonda não-tripulada a outros planetas ocorreu em 1961 - oito anos antes de o homem pisar na Lua pela primeira vez. A nave soviética Venera 1 chegou a ter um lançamento bem-sucedido, mas em seguida perdeu o contato com a Terra. O mesmo aconteceu um ano depois com a sua colega Mars. Aliás, o projeto soviético para Marte não teve muito êxito, o que é curioso, pois a série Venera na .década de 70 fotografou a superfície do planeta Vênus, um objetivo bem mais difícil.
Em 1962, a Mariner 2 foi a primeira missão planetária que deu certo. Ela passou por Vênus e mandou informações valiosas sobre o seu clima hostil. Em 1978, a Pioneer 1 mapeou com a ajuda do radar a superfície de Vênus. Marte foi contatado pela primeira vez em 1965 pela Mariner 4, que tirou fotografias das crateras e descobriu a tênue atmosfera de dióxido de carbono. Nos anos seguintes, novas informações marcianas foram fornecidas pelas Mariner 6, 7 e 9. Em 1976, duas Viking pousaram no solo de Marte. Antes disso, em 1973, a Pioneer l0, já havia passado por Júpiter, tirando suas primeiras fotos. Um ano depois, a Pioneer 11 fazia o mesmo com Saturno.





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sábado, 4 de agosto de 2012

Coisas de Gênio - Psicologia Infantil

COISAS DE GÊNIO - Psicologia Infantil



Associação de idéias é imediata: a criança capaz de enfrentar complicados problemas matemáticos tem algo de diferente - é um ser superdotado. Mas o que será que os superdotados têm de diferente? A resposta definitiva ainda não foi encontrada, mas os cientistas trabalham com uma suspeita: qualquer pessoa pode ser genial.

Diante dos olhares de espanto da imperatriz Maria Teresa, da Áustria, aos 6 anos de idade Wolfgang Amadeus Mozart fazia brotar do piano os acordes inspirados de suas primeiras sonatas. Três anos mais tarde, tomado por uma irremediável aversão ao estudo convencional, decidiu que dali em diante só leria partituras. Ninguém pode lamentar ter perdido em Mozart um químico apenas medíocre ou um escriturário esforçado. Pior seria se a humanidade tivesse inibido a floração de um dos seus mais talentosos compositores - o que poderia perfeitamente bem acontecer se Mozart não vivesse na Salzburgo do século XVIII, uma cidade voltada para as artes. Hoje em dia Mozart talvez já tivesse sido induzido pela família ou pelos professores a esquecer o fascínio pela música em troca de um dez no boletim. Lamentável, pois Mozart é um exemplo de pessoa superdotada.
O conceito de superdotado, até há pouco tempo, servia de legenda para a imagem caricatural do garoto franzino, craque não no futebol e sim em complicadas questões de Química, Matemática ou Física, entre outros saberes que costumam driblar a meninada dita normal. Hoje se sabe que nem todo superdotado tem o perfil de primeiro da classe. Além das pessoas com inteligência acima da média, superdotados também são aqueles com capacidade excepcional para realizar tarefas, muitas vezes à distância de salas de aula e laboratórios. É certo que em algumas pessoas existe algo diferente que as faz geniais.
Sem dúvida, os fatores culturais impõem seus limites à genialidade. Ao esboçar um helicóptero em pleno século XV, quando o homem nem sequer podia imaginar o automóvel, o florentino Leonardo da Vinci só poderia ser tachado de visionário. Da mesma forma, se Isaac Newton tivesse nascido numa tribo da Nova Guiné, e não na Inglaterra do século XVII, não teria chegado a formular a lei da gravitação, porque para os guinéus, ser inteligente é saber de cor e salteado o nome de 10 mil clãs. Entre os limites erguidos pelos valores culturais, porém, nascem três superdotados em cada cem pessoas, independentemente de raça, sexo ou classe social, segundo as estatísticas.
Isso significa que, dos cerca de 4 milhões de brasileiros que devem nascer este ano, 120 mil merecem estar nessa categoria - o equivalente à população inteira de uma cidade como Teresópolis, no Estado do Rio. Significa também que o Brasil, com seus mais de 140 milhões de cidadãos, teria uma formidável legião de 4 milhões de gênios em potencial, como se toda a população de Santa Catarina, por exemplo, fosse constituída de superdotados. Não é preciso que alguém os ensine a ser brilhantes. Em geral, eles desenvolvem espontaneamente o seu talento - daí fenômenos como os de crianças que até aprendem a ler sozinhas ou que desmontam e montam o rádio do pai sem causar danos.
"A.habilidade do superdotado costuma aparecer cedo. Mas isso não significa que não possa haver um superdotado adulto perdido na multidão", esclarece o psicólogo paulista Oswaldo Barros Santos, que há dez anos observa o comportamento dessa gente tão especial, na condição de um dos fundadores da Associação Brasileira para Superdotados, com sede no Rio de Janeiro.
Oswaldo aponta como característica marcante no superdotado o amor intrínseco pelo trabalho. "Eles costumam fazer as coisas para si e muitas vezes nem divulgam o que criam ou descobrem, dispensando a platéia."
Essa atitude, em certas ocasiões, é interpretada com timidez. Contudo, dificilmente a timidez impede o superdotado de chamar a atenção. Isso porque, embora possa desenvolver bem mais certas habilidades do que outras, o superdotado não costuma ser muito ruim em nada. Seu desempenho, em geral, é sempre superior ao da média das pessoas.
O psicólogo nega que tamanho talento lhes cause problemas. "A não ser na infância", admite Oswaldo, "pois o superdotado amadurece mais cedo." É o caso da menina que, com 8 anos de idade, quer ir a uma festa à noite com uma garota de 12. Os pais podem proibi-la; as crianças mais velhas podem rejeitar sua companhia. Surgem, então, conflitos superados na vida adulta, quando ela terá liberdade para fazer o que quiser. Se os pesquisadores do comportamento, como os psicólogos, podem comparar certo número de casos de superdotação e daí tirar conclusões, o mesmo não acontece com os médicos.
O interesse pelo assunto é recente e ainda não existem amplos estudos do cérebro de superdotados que permitam o entendimento dessa condição", justifica o neurologista infantil Saul Cypel, da Universidade de São Paulo. Cauteloso como seus colegas diante do fenômeno, Cypel não encontra explicações na Medicina para o fato de os superdotados amadurecerem mais cedo, muito menos para a simples existência de pessoas excepcionalmente talentosas. Só há hipóteses e mesmo assim ainda à espera de comprovação no exame de cérebros.
Quando morreu Albert Einstein - um gênio acima de qualquer suspeita -, seu crânio foi aberto em busca de indícios físicos para sua genialidade. Mas o estudo do cérebro einsteiniano não levou a nada - talvez por falta de comparações. Uma hipótese, em todo caso, é a de que as células cerebrais no superdotado têm um número maior de conexões entre si do que numa pessoa comum. "Teoricamente, quanto mais conexões nessas células, melhores os recursos intelectuais de alguém", explica Cypel. Ampliadas pelo microscópio, essas conexões formadas no decorrer da vida parecem finas ramificações das células nervosas. É como se cada célula ou grupo de células guardasse certa quantidade de informações e essas conexões permitissem toda sorte de associação entre elas.
"Mais conexões ajudam a buscar na memória pistas para criar soluções adequadas a qualquer problema", suspeita Cypel. Segundo ele, também é possível que os neurotransmissores - substâncias responsáveis pelos estímulos nervosos - funcionem de maneira peculiar nos superdotados.
Outros cientistas desconfiam que a superdotação possa ser causada por pequenas lesões ocorridas antes ainda do nascimento. A estranha idéia surgiu da observação dos idiots savants (idiotas sábios), pessoas retardadas devido a lesões cerebrais e, não obstante, capazes de exercer alguma atividade extremamente bem. Assim, os médicos citam casos de retardados capazes de realizar de cabeça complexos cálculos matemáticos. A superdotação não teria a mesma origem? "É apenas uma teoria", acautela Cypel.
Para a bióloga gaúcha Eni Peinado Viñolo, da Universidade Católica de Porto Alegre, qualquer explicação isolada para o fenômeno é incompleta. "Todo o organismo do superdotado parece funcionar de forma mais harmônica do que na maioria das pessoas", frisa ela. Uma das razões estaria nos hormônios, produzidos em doses ideais no superdotado. Como os hormônios mexem com as emoções, o superdotado nem é muito lento para decidir, nem explode de impaciência. "Também demora mais para alcançar o estado de estresse, o que o deixa mais apto ao estudo ou ao trabalho", diz Eni. Hormônios bem sintonizados não fabricam superdotados, mas seriam parte da resposta para o enigma.
A bióloga aponta ainda um fator, insuspeitado para os leigos, que após anos de estudo ela considera "importantíssimo": a capacidade do organismo de absorver proteínas, substâncias essenciais para o sistema nervoso. Essa característica, transmitida geneticamente, faz com que certas pessoas consigam assimilar mais nutrientes até do que outras, beneficiadas por uma quantidade maior de alimento. "Isso ajuda a explicar por que a mesma proporção de superdotados aparece nas pessoas, seja qual for a sua condição social e econômica", nota Eni.
Tampouco há sinais de grandes diferenças entre homens e mulheres nesse terreno. Mas testes realizados por psicólogos americanos na década de 70 produziram um curioso resultado: em Matemática, os homens superdotados são, inexplicavelmente, melhores do que as mulheres superdotadas - e nas outras áreas testadas os resultados se equivalem. De acordo com outro estudo, entre crianças superdotadas a incidência de miopia é quatro vezes maior do que nas demais crianças da mesma idade. Em compensação, as crianças superdotadas tendem a ser mais altas e mais robustas. Além disso, uma terceira pesquisa indica que em cada três canhotos, dois são superdotados.
Mas não se tem a menor idéia da relação - se é que existe - entre genialidade, de um lado, e miopia ou robustez, ou ainda canhotismo, de outro. Por enquanto, os cientistas estão mais preocupados em verificar o papel da genética na superdotação. A crença de que filho de gênio é gênio difundiu-se muito, embora a ciência não assine embaixo. Nos Estados Unidos, por exemplo, centenas de mulheres se candidataram a uma doação de um certo Instituto de Seleção Germinal, fundado por um magnata americano em 1980, com o expresso objetivo de "aperfeiçoar a espécie humana".
Seria, talvez, mais um banco de esperma, não tivesse entre os seus doadores prêmios Nobel como o físico William Shockley, que na década de 50 inventou o transístor. No entanto, para a decepção das candidatas as mães de superdotados (mulheres geralmente casadas com homens estéreis) filhos de pais ilustres, até hoje não nasceu nenhum gênio. Outra linha de pesquisa sustenta que qualquer um pode ser gênio, independentemente da bagagem genética desde que seja estimulado nos primeiros anos de vida. Pesquisadores soviéticos acreditam que o terceiro ano de vida é o limite máximo para se aumentar a capacidade intelectual de alguém.
Por isso, os pais são exortados a proporcionar aos bebês todo tipo de estímulo sensorial: jogos de luzes, audição de ruídos diversos, massagens, além de muita ginástica, porque o desenvolvimento do sistema nervoso acompanharia o desenvolvimento físico geral. Nos Estados Unidos, métodos muito parecidos estão sendo usados, e o treinamento pode começar na barriga da mãe. Através de aparelhos ligados ao ventre da gestante, o feto ouviria de sinfonias a concertos de rock, além das vozes dos pais. Os adeptos dessa prática asseguram que os bebês, após esse aprendizado intra-uterino, nascem mais fortes e desenvolvem reflexos precocemente.
Na pior das hipóteses, mal não há de fazer. O psicólogo americano Glenn Doman, citado até no filme Presente de grego, estrelado pela atriz Diane Keaton, é um dos pioneiros na educação de superbebês. No seu instituto, em Filadélfia, Doman alega que consegue ensinar crianças de 3 anos a ler, falar uma língua estrangeira e ainda dominar as quatro operações com números de até dois algarismos. Essas proezas costumam ser divulgadas com boa dose de sensacionalismo, mas as explicações são relativamente simples. Uma criança tem facilidade natural para aprender mais de um idioma, como qualquer filho de emigrante sabe. Em relação a saber ler e calcular, Doman admite que seus superpacientes não entendem nada do que fazem, apenas decoram o que lhes é mostrado em desenhos e fotos. Esse tipo de treinamento é visto com extrema reserva pela maioria dos pedagogos. Eles acham que decorar coisas demais nos primeiros anos de vida pode até inibir a criatividade. Mas Doman insiste que a criatividade pode ficar para depois: o importante, segundo ele, é armazenar o máximo de informações num primeiro momento. O cérebro seria programável como a memória de um computador, diz ele.
Outros centros de estudos surgem não propriamente para criar gênios, e sim para desenvolver os superdotados identificados em escolas comuns. Japão, Estados Unidos, Israel e União Soviética são os países que mais investem em centros de estudos especiais para superdotados e têm, juntos, cerca de 2 mil desses centros. Entre os educadores, porém, há uma polêmica. Muitos, como a pedagoga Therezinha Fram, presidente da Associação Brasileira para Superdotados, em São Paulo, acham que "os superdotados não devem ser separados. As escolas comuns é que devem enriquecer seus currículos, prevendo que terão alunos com um nível de exigência maior do que a média".
Propostas nessa direção foram apresentadas no I Encontro de Brasília sobre Superdotados, em novembro último. Após três dias de debates, 180 especialistas entregaram ao Ministério da Educação um documento no qual solicitam que as empresas e as escolas criem projetos para os superdotados aperfeiçoarem seus talentos. Serve de modelo o projeto da Universidade de Campinas, onde, ainda este ano, haverá cursos para crianças com grande habilidade para a Informática. Na reunião de Brasília, também se apontou a necessidade de ensinar as professoras a identificar alunos superdotados. Muitos educadores, por exemplo, parecem achar que estudante com nota baixa não pode ser superdotado em hipótese alguma. Mas nem sempre o boletim é o melhor atestado de superdotação - o contrário pode ser verdade. "É relativamente comum o superdotado ir mal na escola", conta Therezinha. "Por exemplo, alguém com muito talento em Matemática pode se fechar num mundo de cálculos e se esquecer das demais matérias." Outra característica comum é a indisciplina, porque o superdotado aprende em cinco minutos aquilo que seus colegas levam uma hora. "E daí o resto do tempo é consumido em atitudes que muitas vezes irritam o professor mal preparado", comenta a pedagoga. Os famosos testes de Q.I.(quociente de inteligência) também já foram aposentados enquanto instrumentos para avaliar a superdotação. Entre outros motivos, porque em testes desse tipo a rapidez com que as respostas são dadas conta pontos - e o superdotado não é necessariamente o mais rápido, mas aquele que analisa o problema de maneira mais profunda e original.
Além disso, os cientistas sabem que a inteligência não é um atributo que se define exclusivamente como uma rua de mão única. Observando os superdotados, eles descobriram que existem pessoas com um incrível poder de síntese e que são apenas medíocres na capacidade de analisar um problema; outras são criativas, mas não usam a lógica. Enfim, como diria Einstein, ser inteligente é muito relativo. Na maneira convencional de ver as coisas, só é gênio quem sabe usar a cabeça de modo excepcional. Na verdade, qualquer aptidão humana exercida com soberba mestria é coisa de superdotado. Como a música de Mozart. Ou o futebol de Pelé. .

As melhores notas

Eram oitenta vagas para candidatos do mundo inteiro, despertando o interesse de músicos que sonhavam estudar com o francês Pierre Boulez, um dos maiores regentes e compositores da atualidade. O cartaz sobre o curso - realizado na França em julho passado - chamou a atenção de um violinista curitibano de 17 anos, que começou a compor com apenas 7. Rodolfo Richter mandou uma fita a Boulez e este, depois de ouvi-la, garantiu-lhe a vaga no curso, na certeza de que o jovem é um dos grandes talentos artísticos atuais.
"Nem sei por que me envolvi tão cedo com a música", diz Rodolfo, que por sinal também tem dois irmãos músicos e fica sem jeito ao ouvir a palavra superdotado.
O último ano do curso colegial ele "vai tocando", enquanto lamenta não ter oito horas (mas apenas cinco) para o violino. A vontade de se aperfeiçoar o leva a viajar duas vezes por mês a São Paulo para tomar aulas. Este ano pretende conseguir uma bolsa para o exterior - o que, a julgar pela opinião de Boulez, não lhe será difícil.

Os gostos de um autor

Como a grande maioria dos garotos de sua idade, Leandro de Campos Gomes, 14 anos, não sabe direito o que vai fazer quando crescer: "Pode ser Astrofísica ou Engenharia", responde despreocupadamente. Mas, como raríssimos de sua idade, ele tem sérios projetos para este ano: terminar dois livros, um de contos e outro, técnico, sobre programação de computadores. Leandro bem pode ser chamado de superdotado. Sua estréia como autor foi há um ano, quando publicou uma breve história do computador, após ler mais de duzentos textos sobre o assunto.
O micro e as prateleiras cheias disputam o espaço de seu pequeno quarto, numa casa de classe média em Campinas, no interior paulista. É ali que Leandro, filho de pai jornalista e mãe dona de casa, passa horas entregue à sua diversão predileta: os livros de ficção científica de lsaac Asimov. "O garoto entende de computador como poucos e ainda consegue transmitir suas idéias como quem está habituado à literatura, define Jaime Pinsky, editor de Leandro. Menino de poucas palavras, ele parece não se entusiasmar com elogios desse tipo: "Se tenho mais facilidade com algumas coisas, isso não me torna diferente dos meus amigos.

Inteligências em jogo

O único brasileiro a ser finalista em um campeonato mundial de xadrez é um gaúcho de 8 anos. Giovani Portilho Vescovi, menino com ar de adolescente, mal havia completado 2 anos quando, de tanto observar o pai, aprendeu sozinho a montar o tabuleiro. Aos 6 começou a treinar o jogo num clube de São Paulo, para onde a família se mudou. No ano seguinte, obteve em Porto Rico a taça de vice-campeão do torneio mundial na categoria infantil. " Foram seis horas de jogo", lembra Giovani com displicência, como se fosse natural alguém de sua idade ficar tanto tempo debruçado sobre um tabuleiro.
Mas Giovani não é o único campeão da família nem o único dos Vescovi a candidatar-se ao título de superdotado: o irmão Giuliano, dois anos mais novo, também treina xadrez diariamente desde os 4 anos, quando estudava os movimentos do jogo pelas ilustrações de um livro, já que então não sabia ler. "É divertido", resume Giuliano com o ar travesso que falta ao irmão. Campeão paulista na categoria dente-de-leite no ano passado, Giuliano quer enfrentar novos adversários por um motivo muito especial: "Ganhar uma taça desse tamanho", diz abrindo os braços. Já Giovani treina para participar, daqui a dois meses, no Open Americano de Nova York. O treino só é interrompido na hora de brincar. Mas brincar, para ele, muitas vezes significa resolver problemas de livros de Matemática da sexta série - um verdadeiro desafio, para quem ainda está na terceira.

Prêmio ao texto

Avisada à última hora do concurso, a estudante Arlene Corigliano correu contra o relógio para traçar em poucas páginas um paralelo entre a sociedade brasileira atual e a do fim do século passado, como esta aparece no livro O cortiço, de Aluísio Azevedo, que havia lido dois anos antes, aos 15. A professora da Escola Municipal Caetano de Campos, onde Arlene estuda em São Paulo, mandou o texto para a XIII Bienal Internacional do Livro, no ano passado, e aconteceu o que ela previa: a moça ficou com o primeiro lugar, entre milhares de redações de estudantes paulistas.
"Ela não é talentosa por ter simplesmente vencido um concurso", esclarece a professora Yauko Shiguematsu, " mas sim porque, não importa o tema, seus textos prendem até a última linha." Arlene tem uma característica típica dos superdotados - o talento manifestou-se espontaneamente. Sempre gesticulando, ela não se intimida em revelar que só conheceu o primeiro romance na adolescência, por obrigação escolar. Mesmo assim vinha escrevendo desde menina "uma redação por dia". A diferença é que agora Arlene se habituou a ler, embora nem sempre lhe sobre dinheiro para comprar romances. Por isso, trocou a viagem a que tinha direito, graças ao primeiro lugar na Bienal, por cinqüenta livros.





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sábado, 4 de agosto de 2012

O Atol das 100 mil Aves - Atol das Rocas


O ATOL DAS 100 MIL AVES - Atol das Rocas



Consideradas em tempos remotos um perigo para a navegação, duas ilhotas a 240 quilômetros da costa brasileira são um verdadeiro paraíso para as aves marinhas.

Durante quatro séculos, o atol das Rocas (do catalão, rochas) foi sinônimo de um arrepiante pesadelo para a navegação. À sua volta, o fundo do mar transformou-se num cemitério de navios despedaçados, e a fina camada de areia que recobre seus traiçoeiros recifes serviu de sepultura para um número incontável de náufragos. Situada a 240 quilômetros da costa do Rio Grande do Norte, Rocas, como todo atol, é uma formação circular de recifes, criada pela superposição milenar de algas calcárias sobre uma gigantesca montanha submersa. Trata-se de um quase imperceptível anel semi-inundado, composto de areia, algas e corais, onde duas ilhotas planas e estreitas são a única parte visível.
Uma delas é chamada ilha do Farol e a outra, num silencioso testemunho das tragédias que ali ocorreram, ficou rotulada de ilha do Cemitério. O atol das Rocas recebeu muitos nomes diferentes desde o século XVI, quando os navegantes, temendo atravessar à noite aquela região - a perigosa zona do "paralelo das Rocas" -, tentavam assinalar em seus mapas a localização aproximada do perigoso baixio. Em 1852, as duas ilhotas foram mapeadas por um oficial americano e batizadas com o nome de The Grass, Islands, ou As Ilhas do Capim.
O militar ficara impressionado com a abundância de uma espécie de capim que recobria quase totalmente as duas ilhas. Na ocasião, ele plantou ali várias mudas de coqueiros, na esperança de que servissem como sinais de advertência aos navegantes, visíveis a longa distância, depois de crescidos; uma técnica consagrada pela marinha inglesa para sinalizar os atóis do Pacífico. O primeiro farol somente veio a ser instalado em 1887, pelo governo brasileiro. Durante quarenta anos a ilha foi habitada por famílias de faroleiros. Desprovida de água doce, uma grande cisterna foi então construída para o abastecimento dos moradores. Na virada do século, um pequeno descuido provocou uma tragédia: uma torneira deixada aberta por uma criança esgotou todo o conteúdo da reserva, matando a família de sede. Apenas o pai sobreviveu, aguentando o suficiente para atrair a atenção dos tripulantes de um navio distante, ateando fogo à vegetação.
Finalmente, em 1924, o atol ganhou um farol automático, e as ilhas continuaram a servir de moradia para milhares de seres vivos que, para sua sorte, não dependem da ingestão de água doce para sobreviver. Em Rocas existem aproximadamente 100 mil aves marinhas. De acordo com a época do ano, podem ser identificadas de quinze a vinte espécies de aves habitando o atol. Dessas, apenas cinco - duas espécies de mergulhões, duas de Anous e a andorinha-do-mar - fazem ali o seu lar, reproduzindo-se e criando os filhotes. As outras são companheiras temporárias, pescadoras errantes ou viajantes, como a fragata e o maçariquinho, que utilizam as Rocas como escala no longo vôo de migração entre a Patagônia e o Canadá.
Um mecanismo adaptativo nessas aves permite que sobrevivam bebendo água salgada. Uma glândula especial retira do organismo o excesso de sal ingerido, eliminando-o através dos orifícios situados no bico, acima das narinas, sob a forma de um líquido cristalino, que contém alta concentração de cloreto de sódio. Antigamente acreditava-se que o suprimento de água das aves marinhas era obtido exclusivamente por meio da alimentação - isto é, absorvido indiretamente durante a digestão dos pedaços de peixes, moluscos e crustáceos. Sabe-se hoje, porém, que até os filhotes alimentados no ninho ingerem água do mar junto com os pedaços de pescado semidigeridos, regurgitados pelos pais.
Caminhar por alguns lugares do atol significa acionar um ensurdecedor alarme de grasnidos e de bater de asas. A atitude das diferentes espécies, quando um estranho se aproxima do ninho, varia. Os dois tipos de atobás, ou mergulhões, que fazem seus ninhos nas Rocas (Sula Leucogaster e Sula dactylatra), não costumam fugir e permanecem junto às crias grasnindo agitadamente. Já as andorinhas-do-mar (Sterna fuscata) iniciam uma estonteante revoada, para em seguida permanecer pairando e gritando pouco acima do intruso. A quarta espécie, a viuvinha-preta (Anous stolidus), é arisca e não permite grandes aproximações, e, quando está com um filhote crescido, costuma se retirar caminhando junto à cria.
O atol das Rocas é considerado um importante viveiro natural para tais aves, mas não é essa a única razão de ter sido legalizado como a primeira reserva biológica marinha do Brasil. Duas espécies de tartarugas oceânicas fazem ali a desova anual. Tanto a tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) como a enorme tartaruga-verde(Chelonia mydas) encontram nas areias do atol um dos poucos pontos de procriação em todo o Atlântico. É durante a noite que as mydas escavam os buracos onde depositam os ovos. Elas alcançam as areias do atol depois de atravessar algum dos canais que dão acesso à laguna interna - manobra que só conseguem executar quando a maré está alta.
A corpulenta carcaça e o peso de 300 quilos deixariam a mydas encalhada se tentasse cruzar qualquer outra zona mais rasa. No final das três ou cinco viagens para a postura, as tartarugas-verdes enterram em média 120 ovos. Quatro meses depois, também durante a noite, surgem as tartaruguinhas de dentro da areia. Aos milhares, elas abandonam o atol e se dispersam em todas as direções no oceano. Boa parte delas é devorada ali mesmo, pois as águas do atol abrigam enorme quantidade de peixes.
E este é mais um dos motivos pelos quais Rocas foi transformado em reserva biológica. Em alguns meses, a temperatura da água permanece em torno de 30 graus centígrados e permite ao mergulhador uma visibilidade de até 50 metros. Os paredões submersos do anel de recifes são entrecortados por grande número de fendas, além de esburacados com tocas de todos os diâmetros. Um verdadeiro paraíso para meros, badejos e lagostas. Próximo aos recifes rondam as barracudas em pequenos grupos de três ou cinco. Um pouco mais distantes, deslizam, solitários, os sempre temidos tubarões, embora as espécies locais não sejam consideradas perigosas.
Isso não exclui alguns visitantes indesejados. É assim, comum a presença do tubarão corta-garoupa (Carcharias limbatus), um animal que chega a medir 3 metros, muito bem servido de dentes, cujo maior perigo está no fato de vir abocanhar os peixes arpoados por mergulhadores. Algumas espécies mais perigosas, como a tintureira ou o anequim (tubarão-.branco), também já foram avistadas. Para as aves marinhas, Rocas é um lugar relativamente sossegado, pois não existe ali nenhum predador que as ameace. As aves mortas são devoradas lentamente por uma legião de insetos necrófagos (que se alimentam de cadáveres), como besouros, baratas, tesourinhas, e alguns crustáceos. Ali também é possível encontrar uma espécie de escorpião (Tityussp.) que por falta de inimigos naturais tornou-se abundante na ilha do Farol.
Por uma curiosa ironia, o próprio mar, a grande fonte de alimento das aves, transformou-se simultaneamente no seu controlador natural, impedindo a explosão populacional. De tempos em tempos, uma vigorosa maré inunda as partes mais baixas das ilhotas, afogando centenas de filhotes, ao arrastá-los para o oceano. Um número incalculável de insetos e escorpiões é também varrido para o mar, onde acabam devorados em poucos instantes pelos cardumes mais atentos. Nesse vai-e-vem contínuo do oceano, a vida flui e reflui em perfeito equilíbrio no atol das Rocas. Um equilíbrio constantemente ameaçado pela silhueta de barcos pesqueiros no horizonte. É essa a verdadeira maré predatória da qual o atol deve ser protegido. Por esse motivo é proibida a pesca ao seu redor.





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sábado, 4 de agosto de 2012

Átomos à Vista - Microscópio de tunelamento Eletrônico


ÁTOMOS À VISTA - Microscópio de tunelamento Eletrônico



O microscópio de tunelamento eletrônico, que deu o Prêmio Nobel de Física a seus inventores, permite observar pela primeira vez a estrutura básica da matéria.

Quando a tela do computador começou a mostrar átomo por átomo a combinação da molécula de benzeno, o pequeno grupo de cientistas do laboratório de pesquisas básicas da IBM em Almaden, na Califórnia, ficou eufórico. "Aquele foi um dos grandes momentos da minha vida", recorda o japonês Hiroko Ohtahi, um dos responsáveis pela proeza junto com seus colegas Bob Wilson, Shirley Chiang e Mathew Mate. Depois de meses de paciente preparação, os quatro conseguiram produzir, com a ajuda do mais sofisticado microscópio inventado pelo homem, o scanning tunneling microscope (STM), chamado no Brasil de microscópio de tunelamento eletrônico, a primeira foto completa da molécula de benzeno - em cores e três dimensões.
Curiosamente, a imagem confirmava um sonho do químico alemão August Kekule (1829 - 1896): os seis átomos de carbono mais os seis de hidrogênio que compõem a estrutura química do benzeno lembram a forma de um bolinho. Alguns anos antes de Kekule nascer, já se conheciam os componentes desse solvente, muito usado hoje em dia como parte da gasolina e de lubrificantes. Mas a forma como os átomos estavam dispostos na molécula só tinha aparecido em sonho do químico alemão - ele os tinha visto como uma cobra enrolada. No início do século, ela foi determinada de maneira indireta por experiências químicas e análises de raios X. Mas só em julho do ano passado, quando se realizou a experiência de Almaden, se conseguiu ver realmente o desenho da molécula. Confirmou-se assim, mais uma vez, a vocação do microscópio, um aparelho que nos últimos cem anos esteve associado a grande parte do progresso alcançado pela ciência.
Desta vez, a descoberta deveu-se a um tipo tão novo de microscópio que a sua contribuição à pesquisa básica e aplicada está apenas começando. Em 1981, quando o STM foi inventado, desencadeou-se uma corrida para dar forma áquilo que os gregos já conheciam desde o século V a. C., mas que nunca havia sido visto - os átomos, partículas básicas de todas as coisas. Com esses antecedentes, não foi surpresa para ninguém que o alemão Gerd Binnig e o suíço Heinrich Rohrer, pesquisadores da IBM na Suíça e inventores do microscópio de tunelamento eletrônico, ganhassem o Prêmio Nobel de Física em 1986.
Junto com Binnig e Rohrer, também foi premiado o físico alemão Ernest Ruska (1906-1988), que inventou o microscópio eletrônico em 1931, instrumento precioso ainda hoje na análise dos materiais. Antes de Ruska, os microscópios óticos, que utilizam lentes de cristal e luz visível, conseguiam aumentar até 2 500 vezes um objeto, o suficiente para se verem bactérias e células. Ruska conseguiu com seu aparelho - que usa, em vez de luz, feixes de elétrons - ampliar 20 mil vezes as amostras. Alguns tipos de vírus puderam então materializar-se nas telas do equipamento.
Nessa corrida para ver o muitíssimo pequeno, o microscópio de tunelamento eletrônico popularizou uma unidade de referência criada no século XIX - o angstrom, ou 1 décimo de bilionésimo de metro - em homenagem ao físico sueco Anders Angstrom (1814-1874). Geralmente, um átomo tem de 2 a 3 angstrom de diâmetro. Com os microscópios eletrônicos se consegue ver, ainda que com pouca clareza, algumas moléculas grandes. As mais interessantes são as proteínas e o ácido desoxirribonucléico (DNA),encontrado nas células que constituem a bagagem genética dos seres vivos. Mas, como os aparelhos usam um feixe de elétrons para bombardear os objetos que estudam, às vezes as moléculas são danificadas. E as estruturas dessas moléculas ficam borradas, portanto difíceis de distinguir.
Os novos aparelhos inventados pelos cientistas da IBM não produzem uma imagem emitindo feixes de elétrons sobre uma amostra - logo, ela não se altera. Eles tampouco usam lentes nem precisam de iluminação especial. O princípio de funcionamento lembra o de uma agulha de toca-discos mas em escala infinitamente menor. Na extremidade, a agulha tem a espessura de apenas um átomo. Ela percorre a superfície da amostra sem nunca tocá-la. Mas, graças a um sistema mecânico de precisão, a distância que separa a agulha da amostra é quase imperceptível, apenas 5 a 10 angstrom. Se vigorassem as leis da Física clássica, essa distância funcionaria como um muro: os elétrons acumulados na ponta da agulha não teriam energia suficiente para vencê-lo.
Mas as descobertas da Mecânica quântica feitas em 1900 pelo físico alemão Max Planck (1858-1947) mostraram que em determinadas circunstâncias, os elétrons podem penetrar barreiras sem ter energia suficiente para isso. É como se escavassem pouco a pouco um túnel na barreira de força até ultrapassá-la. Os físicos chamam esse fenômeno de efeito túnel. Para que ocorra, basta que a agulha encontre no caminho uma elevação tão pequena como a décima parte do tamanho de um átomo. Ao saltar da agulha para essa ínfima elevação, o elétron gera uma corrente elétrica que aparece como um ponto luminoso na tela do computador acoplado ao microscópio.
O movimento de vaivém da agulha mostra em detalhes a superfície da amostra. Enquanto a ponta passa sobre as protuberâncias, a corrente aumenta. Se a ponta passa por um buraco, a corrente diminui. O resultado desse percurso é um mapa da trajetória da ponta da agulha, onde as protuberâncias são os átomos e os buracos, as lacunas entre eles. O computador mostra o resultado final aumentado 100 milhões de vezes em branco e preto, com dezesseis níveis de cinza ou em 106 tonalidades de cores artificiais. Ele também pode filtrar, corrigir ou sombrear a imagem. Gerd Binnig disse a MIDIA, nos Estados Unidos, que sua invenção já permitiu compreender muito melhor a estrutura do silício, o material usado na fabricação dos milimétricos chips de computador.
Aliás, não foi por acaso que o microscópio de tunelamento eletrônico nasceu nos laboratórios da IBM, o maior fabricante mundial de computadores. É através de sua superfície que materiais como o silício trocam partículas, energia e informações com o ambiente. Para compreender processos como a corrosão e a oxidação de metais, ou o resultado de reações químicas é fundamental identificar os componentes da superfície do material. Binnig diz que o microscópio de tunelamento também tem sido usado para mapear a estrutura eletrônica da superfície de metais e ligas, tendo em vista o estudo da supercondutividade, a propriedade que alguns materiais possuem de transportar eletricidade sem perda de energia, o que pode aumentar a capacidade dos computadores mais alguns bilhões de vezes
No Brasil, esse microscópio ainda é uma novidade. Segundo o engenheiro químico Pedro Kiyohara, do Laboratório de Microscopia Eletrônica da Universidade de São Paulo , "como todo aparelho novo, o STM tem um custo muito elevado e suas aplicações se restringem a campos particulares de pesquisa". Na Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara, por exemplo, o físico Paul Hansma descobriu grânulos de ferrugem se formando num pedaço de aço inoxidável que tinha ficado quinze minutos imerso em água do mar. Conforme o cientista americano, "nenhum outro método de detecção poderia ter identificado o processo de corrosão num estágio tão inicial".
No começo, o microscópio inventado por Binning e Rohrer tinha um problema: não funcionava com objetos que não conduzem eletricidade. Isso era um sério obstáculo ao seu uso no estudo de moléculas orgânicas e, portanto, em Medicina e Biologia. Para aumentar a dificuldade, essas moléculas são muito menos rígidas do que, por exemplo, as moléculas metálicas e, mesmo preparadas adequadamente, nem sempre ficam paradas no lugar. O obstáculo foi superado quando os inventores do STM e colegas seus na Suíça testaram amostras de moléculas orgânicas congeladas e cobertas com uma camada finíssima de metal
Algumas das imagens mais espetaculares produzidas pelo microscópio de tunelamento foram do próprio DNA. A estrutura desse componente essencial à vida, bastante semelhante a uma escada em espiral, havia sido prevista teoricamente na década de 50 pelos bioquímicos James Watson, Francis Crick e Maurice Walkins, que ganharam o prêmio Nobel de 1962 por isso. Mas a estrutura do DNA só foi avistada com nitidez no início do ano passado pelo biólogo Giorgio Travaglini, do Instituto Suíço de Tecnologia. Agora, seu colega americano Stuart Lindsay, da Universidade do Arizona, pretende mapear os degraus da escada do DNA para descobrir como as proteínas se ligam às moléculas para regular a atividade genética.
Outro pesquisador, Joe Zasadzinski, da Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara, fotografou a substância bioquímica fosfolipídica que permite ao pulmão contrair-se e expandir-se à medida que se respira. Muitos bebês prematuros nascem com insuficiência respiratória por falta dessa substância. Um estudo mais profundo do tecido pulmonar a partir das imagens no microscópio pode ser o primeiro passo para a invenção de um substituto sintético ou para algo que estimule o organismo a produzi-la.
Juntando toda a informação obtida por esse microscópio revolucionário, surge uma nova e surpreendente visão da vida em escala menos que mínima. Com o passar do tempo, os cientistas estarão descobrindo outros campos de aplicação do microscópio na Medicina, Física e Biologia. Como observa Binnig, com quem tudo começou: "Fico admirado com as descobertas que estão sendo feitas quase diariamente. Estamos numa era privilegiada".

Um mundo cada vez menor

A bióloga Marina Silveira gosta de ver tudo muito pequeno. Isso é necessário ao seu trabalho no laboratório de Microscopia Eletrônica do Instituto de Física da Universidade de São Paulo. Ali se realizam todos os dias testes de controle de qualidade e análises de composição química de metais, vidros, fibras têxteis, cerâmicas e também material orgânico - como os microturbelários, seres que vivem nas raízes de plantas de água doce e que são objeto especial de estudo da bióloga. "Para se ter uma idéia do que estamos observando, imagine alguma coisa que exista às centenas de milhares numa xícara de café. E que, apesar de ter 1 ou 2 milímetros de tamanho, pode ser ampliada 200 mil vezes, a ponto de vermos detalhes do seu corpo", compara.
O Laboratório de Microscopia da USP possui três microscópios eletrônicos - dois chamados de transmissão e um de varredura -, além de dois microscópios óticos, sendo um apenas para análise da superfície de metais. Os microscópios óticos consistem basicamente em uma fonte de luz e três conjuntos de lentes. A lente condensadora focaliza a luz sobre o objeto, cuja imagem aumentada se forma por meio da ação combinada das lentes objetiva e ocular. Quando se vê um objeto no microscópio é porque seus contornos constituem um obstáculo à passagem das ondas luminosas, absorvendo algumas e permitindo a difusão de outras. O comprimento de onda da luz visível é de 0,0005 centímetro e os maiores detalhes visíveis sob um microscópio de luz devem ter no mínimo uma separação de 0,000025 centímetro. Com os microscópios óticos, inventados no século XVII pelo comerciante de tecidos holandês Antonie van Leeuwenhoek (1632-1723), ainda hoje se faz análise de sangue, de componentes de ligas metálicas e o estuado de células animais e vegetais.
No Laboratório de Microscopia da USP, eles são auxiliares dos microscópios eletrônicos, que têm um alto poder de resolução. Isso porque, em vez de luz, eles usam feixes de elétrons, cujo comprimento de onda é até mil vezes menor. O físico alemão Ernst Ruska, inventor do microscópio eletrônico, baseou seu trabalho num fenômeno previsto pelo físico francês Louis de Broglie (1892-1987) nos anos 20: utilizando um campo. magnético de determinadas características, é possível concentrar um feixe de elétrons da mesma maneira que a luz pode ser concentrada com uma lente de vidro.
Os microscópios eletrônicos de transmissão ampliam 1 milhão de vezes, mas o normal são aumentos de até 500 mil vezes. Na USP, servem, por exemplo, para detectar alterações na estrutura dos minerais que compõem a argila usada na indústria de cerâmica. Outro tipo de microscópio eletrônico, o de varredura, só observa a superfície dos materiais, mas tem uma profundidade de campo capaz de ampliar as amostras em três dimensões. "É muito usado em Biologia, em que as propriedades dos materiais orgânicos - formados por moléculas complexas ligadas umas às outras - só podem ser vistas em estruturas tridimensionais", explica Marina Silveira.
O aperfeiçoamento da fotografia também ajudou a melhorar os microscópios. Atualmente, eles têm câmeras automáticas controladas por microcomputadores que vão registrando as imagens à medida que se formam diante das lentes. A automação permite ajustamentos a diferentes condições de luz, foco, contraste e fluorescência. Programas de computadores permitem isolar certas características indesejáveis da imagem produzida pelo microscópio e eliminá-las, deixando visível apenas as que se quer estudar.





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sábado, 21 de julho de 2012

O Mais Rico Tesouro da América - Arqueologia


O MAIS RICO TESOURO DA AMÉRICA - Arqueologia



A partir de peças roubadas de uma sepultura, arqueólogos descobrem no Peru uma preciosa coleção que permite reconstruir a antiga civilização pré-colombiana dos mochicas.

Há dois anos, quando o arqueólogo Walter Alva foi chamado às pressas, no meio da noite, à delegacia da cidade de Chiclayo, na costa norte do Peru, imaginava encontrar ali um ladrão de tumbas, como tantos que infestam as ruínas das velhas civilizações que antecederam o homem branco naquelas paragens. Mas, para sua surpresa, encontrou uma coleção de peças antigas - que se revelaria um dos mais preciosos tesouros pré-colombianos encontrados até então. Haviam sido roubadas de uma sepultura de um dos monumentos de adobe que se erguem em Sipán - lugarejo a 26 quilômetros de Chiclayo - e confiscadas pela polícia na casa de um dos ladrões. Vasos de cerâmica, peças de cobre, estatuetas, adornos de ouro e prata e até uma pequena cabeça humana em ouro com as pálpebras esculpidas em prata e os olhos em lápis-lazúli faziam parte da inesperada descoberta.
Eram, sem dúvida, objetos de arte fabricados pelos mochicas, povo que habitou a costa norte peruana antes dos incas, dezessete séculos atrás. Pela riqueza das peças, Alva, diretor do Museu Arqueológico Bruning, em Lambayeque, também no Peru, logo imaginou que deveriam ter saído de uma sepultura suntuosa: provavelmente de alguém muito importante ou quem sabe de um governante. Mas sua hipótese só poderia ser testada com escavações no local e, mesmo assim, com o risco de não se encontrar mais nada. Afinal, essa era apenas uma entre as tantas sepulturas saqueadas que se encontram dentro das enormes e antigas estruturas de adobe - huacas, como são chamadas pelos peruanos. Algumas delas chegam a 40 metros de altura. Pilhá-las é um hábito tão comum quanto antigo, pelo menos desde os conquistadores espanhóis, que em 1532 iniciaram os saques aos monumentos, esburacando tudo o que encontravam, em busca de ouro.
Quatro séculos se passaram e essas construções históricas continuam a ser um alvo fácil para os ladrões. Os huaqueros, como são chamados, agem livremente, estimulados sobretudo pelos altos preços que os colecionadores pagam por peças antigas. Para se ter uma idéia, uma pequena cabeça de ouro mochica vale 100 mil dólares. Por tudo isso, raras vezes os arqueólogos tiveram a oportunidade de encontrar sepulturas importantes que já não tivessem sido roubadas.
Decidido, Alva imediatamente montou um acampamento na base do monumento saqueado. Se conseguisse explorar o local antes que outros huaqueros aparecessem, poderia, quem sabe, descobrir novas pistas sobre a civilização mochica, que surgiu, expandiu-se e desapareceu aproximadamente entre os séculos I e VIII da era cristã. Embora contemporâneos dos maias, seus adiantados vizinhos da região que se estende do sul do México à Costa Rica, os mochicas não desenvolveram, como aqueles, um sistema de escrita. "Tudo o que se sabe a seu respeito vem das pinturas em cerâmica", conta Vera Penteado Coelho, do Museu Paulista da USP, uma das maiores autoridades brasileiras em arqueologia peruana. "As cenas pintadas reproduzem desde animais, plantas, insetos até as doenças que havia entre eles", descreve Vera, que durante três anos estudou no Peru.
De fato, os mochicas reproduziram nas cerâmicas rostos com rugas e verrugas, sem falar nos olhares que conseguem transmitir tristeza mesmo atrás de um sorriso. Além de hábeis artesãos, foram também engenheiros e arquitetos competentíssimos, embora não tivessem erguido grandiosas construções, como fizeram os incas. Para sobreviver na estreita faixa desértica entre a cordilheira dos Andes e o oceano Pacífico, os mochicas desenvolveram uma imensa rede de canais, aproveitando os rios que descem da cordilheira, para transformar a região num vale fértil.
Aperfeiçoando as técnicas de irrigação, os mochicas estenderam seus domínios ao longo de 354 quilômetros, onde viviam 50 mil pessoas, que habitavam modestas casas de barro e palha. Além disso, usando tijolos retangulares de adobe - mistura de barro cozido com cascalho -, construíam enormes templos e pirâmides de topo achatado, que, apesar do nome, não tinham a mesma função das egípcias. As construções mochicas eram usadas também em vida, não só após a morte, Quando morria uma figura ilustre, erguia-se dentro delas uma câmara para abrigar o morto. Com ele enterravam-se objetos de uso pessoal e oferendas - geralmente, elas implicavam o sacrifício daqueles que o serviram em vida. Basicamente as pirâmides funcionavam como templos, centros administrativos e depósitos de tecidos e cerâmicas.
Os mochicas usavam cerâmicas como recipientes de comidas e bebidas, entre elas a chicha, obtida pela fermentação do milho moído, uma exclusividade da classe dominante de guerreiros e sacerdotes. Sua dieta, rica em proteínas, é de dar inveja a muitos peruanos nos dias de hoje. Cultivavam abacate, milho, feijão, amendoim, mandioca, abóbora e pimenta e incluíam nas refeições patos, porquinhos-da-índia, pitus (camarões de água doce) e muito peixe. Para pescar, os mochicas alcançavam as ilhas do Pacífico montados em botes que mais se pareciam a pranchas de surfe. A tradição mochica sobreviveu aos séculos: até hoje, nas areias da vila de Santa Rosa, não muito longe de Sipán, é possível ver os botes, que os pescadores locais chamam de caballitos (cavalinhos), semelhantes a pranchas, secando na praia.
Não se sabe muita coisa sobre a religião dos mochicas. As cerâmicas mostram com freqüência as duas faces de um jaguar com os caninos salientes e ameaçadores. Supõe-se que seja uma divindade de nome Ai-apaec, cujo significado é desconhecido. Uma imagem em cobre desse felino de duas faces com os dentes feitos de conchas foi encontrada pela polícia na casa do huaquero de Sipán. O uso que os mochicas faziam de materiais como o lápis-lazúli e as conchas é um indício de que teriam comerciado com povos distantes que viviam nos territórios dos atuais Equador, de onde proviriam as conchas, e Chile, onde buscariam lápis-lazúli.
As escavações da equipe de arqueólogos em Sipán começaram efetivamente em abril de 1987 graças à colaboração de empresas locais, órgãos de cultura peruanos e uma doação de 47 mil dólares da centenária revista-americana National Geographic. Foi um trabalho longo e difícil. Munidos de pás e delicados pincéis, os arqueólogos realizaram ali uma verdadeira cirurgia. Somente um ano depois, descobriram-se marcas de vigas de madeira que teriam apoiado o teto de uma câmara retangular.
Com cuidado, os arqueólogos retiraram a grossa camada de areia que encobria o local e, surpresos, viram surgir centenas de potes, jarras, canecas e recipientes de cerâmica. Mais de mil peças foram inventariadas. Os pesquisadores concluíram que a câmara era o maior depósito de cerâmicas pré-colombianas já encontrado até então. Nelas aparecia com freqüência a cena de dois homens esforçando-se para baixar, com cordas, um caixão numa sepultura. Outra cena que se repetia em várias peças mostrava prisioneiros amarrados, nus, com uma corda no pescoço. Ainda nessa câmara, os arqueólogos encontraram um esqueleto humano. Como um contorcionista, estava arqueado sobre suas costas, com os braços cruzados e os joelhos forçados para trás. Próximo à ossada, pedaços de folhas de cobre e uma máscara também de cobre indicavam não se tratar de alguém propriamente ilustre.
Ele poderia ter sido sacrificado em honra de uma pessoa muito importante, enterrada mais abaixo, supuseram os arqueólogos. Não estavam enganados. Três metros e meio abaixo do contorcionista, surgia um segundo esqueleto humano, muito deteriorado, devendo ter pertencido a um homem de cerca de 20 anos. Fragmentos de cobre na sua cabeça e um escudo na cintura não deixavam dúvidas de que fora um guerreiro. Um dado chamou a atenção dos pesquisadores - a ossada não tinha pés. Teriam sido amputados antes ou depois da morte?
De todo modo, os arqueólogos se convenceram de que a ausência de pés simbolizava o dever de ficar sempre em seu posto, vigilante. Por isso chamaram o esqueleto de guardião. Mas, afinal, a quem ou o que ele guardaria? Para saber era preciso continuar escavando. Num dos cantos da câmara, 50 centímetros abaixo, novas marcas de vigas de madeira foram achadas e logo surgia um caixão selado, para espanto e alegria dos pesquisadores. Pois, pela primara vez na história da arqueologia peruana, descobria-se um caixão nessas condições.
Com tubos de ar e pincéis, ele foi aberto, e a primeira coisa que os arqueólogos notaram foi um adorno de cabeça em cobre, em formato de V, no qual tinha sido esculpida uma figura de homem com um enfeite no nariz. Coberta por um punhado de terra, debaixo do adorno, apareceu uma miniatura de ouro: um homenzinho vestido com uma túnica de turquesa. Era um objeto perfeito e, na opinião dos pesquisadores, a mais fina jóia pré-colombiana jamais vista. Tratava-se, na verdade, de parte de um grande brinco redondo. O brinco devia pertencer ao dono da sepultura - certamente alguém muito importante. Por isso, foi balizado de Lorde de Sipán.
Partes de uma máscara de ouro - olhos, nariz, queixo e uma bochecha - estavam sobre a cabeça do esqueleto. Peças de turquesa delicadamente trabalhadas formavam mosaicos redondos, usados como brincos, retratando guerreiros e animais. As sandálias de cobre que cobriam os pés do lorde não apresentavam sinais de uso. Duras e pesadas, deviam ser reservadas às cerimónias, se bem que isso pouca diferença fazia, pois as cerâmicas mostravam que os mochicas ilustres eram carregados em liteiras por homens comuns.
Junto ao lorde estavam um escudo de cobre e um chocalho de ouro. Ambos exibiam a mesma cena esculpida em alto-relevo: um homem vestido de guerreiro agarrava um prisioneiro pelos cabelos e batia em sua cabeça com um bastão, lembrando um sacrifício humano. Após analisar os fragmentos do esqueleto, o antropólogo John Verano, da Smithsonian Institution, de Washington, calculou que o homem deveria ter 1,52 m de altura e cerca de 30 anos quando morreu - não se tem como saber de quê. Nas duas pontas do caixão havia ossos de mulheres, certamente concubinas do lorde. Do lado direito, ossos de um homem e, com ele, os ossos de um cão. Ao que tudo indica, deve ter sido um aprendiz de guerreiro e teria cerca de 40 anos ao morrer.
À esquerda o esqueleto de outro homem, também de 40 anos. Os escudos de cobre, adornos de cabeça e bastões de guerra a seu lado levaram os arqueólogos a concluir que se tratava de um guerreiro. Homens e mulheres provavelmente haviam sido sacrificados em honra ao morto. Se, de fato, os objetos encontrados no caixão foram usados pelo dono, é certo que ele foi um guerreiro. A tanga de ouro que pendia da parte de trás do cinto, o ornamento de cabeça em forma de crescente, o enfeite de nariz e os sinos também presos ao cinto eram vestimentas exclusivas de guerreiros.
No entanto, por se tratar de objetos trabalhados com esmero em ouro e prata, ele não poderia ter sido apenas um guerreiro, e sim um sacerdote guerreiro, o mesmo que presidia as cerimônias rituais em que prisioneiros de guerra eram decapitados em homenagem às divindades. Como o militarismo e a religião eram características inseparáveis da sociedade mochica, compreende-se por que sua arte é tão pródiga em cenas de guerra. As representações artísticas permitem deduzir que a função da guerra para eles resumia-se à captura de inimigos para sacrificá-los depois, cortando-lhes o pescoço.
Não há indícios de que os prisioneiros de guerra se transformassem em escravos e mesmo de que houvesse escravidão entre os mochicas. As pinturas mostram também que o sangue dos sacrificados era recolhido em recipientes e mostrado às pessoas ilustres - elas se distinguem nas cenas pela elegância das roupas. O chocalho de ouro que os arqueólogos encontraram no caixão é o mesmo que aparece preso à liteira do sacerdote guerreiro, como mostram as pinturas. Entre os objetos que a polícia encontrou na casado ladrão em Sipán, também estavam um chocalho de prata - igual ao de ouro achado junto ao lorde - , uma faca de ouro, braceletes, brincos e um ornamento de cabeça em forma decrescente.
Diante dessas evidências, os arqueólogos levantaram a hipótese de Sipán ter sido o local escolhido pelos mochicas para enterrar seus mortos ilustres. A certeza só virá á medida que as escavações prosseguirem. Quem sabe os pesquisadores possam descobrir também por que a partir do ano 700 da era cristã a civilização mochica entrou em declínio. Os historiadores acreditam que ela foi minada por progressivas invasões de povos vindos do sul. Seja como for, a descoberta de Sipán proporcionou aos pesquisadores a rara oportunidade de comparar as pinturas em cerâmicas que se encontram em museus e coleções particulares com as peças encontradas nas sepulturas e, a partir daí, reconstituir a vida dessa civilização pré-colombiana.

A arte mochica no Brasil

Nos últimos vinte anos, a Universidade da Califórnia, em Los Angeles, recolheu uma formidável documentação sobre a arte mochica. Ao todo são 125 mil fotografias de peças de cerâmica, cobre, ouro, prata e pedras preciosas, que se encontram espalhadas pelo mundo. Em seus desenhos estão retratados a arquitetura, os instrumentos, as cerimônias, as divindades e atividades - como a caça, a tecelagem e os combates - a que se dedicaram os mochicas. Com base nessas fotos, os arqueólogos peruanos puderam comparar os valiosos objetos encontrados na tumba do Lorde de Sipán e descobrir quem ele era naquela hierarquizada sociedade. No Brasil os exemplares do artesanato mochica - basicamente vasilhames de cerâmica - são muito representativos.
A maior coleção está no Museu Paulista da USP - o Museu do Ipiranga, como é mais conhecido. São 33 peças, doadas à instituição pelo arqueólogo alemão Max Uhle, em 1912. O museu costuma realizar mostras periódicas dessa e de outras coleções de artesanato pré-colombiano. Bem mais modesta, mas não menos valiosa, é a coleção em exposição permanente no Museu de Arqueologia da USP, na Cidade Universitária. São apenas sete vasos- um deles é pintado e os outros são moldados como figuras humanas, de animais e vegetais - , e neles estão representadas a habilidade e delicadeza da arte mochica.





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sábado, 21 de julho de 2012

As Janelas da Terra - Geologia



AS JANELAS DA TERRA - Geologia



Os vulcões oferecem espetáculos ao mesmo tempo trágicos e deslumbrantes. Causam morte e devastação, mas tiveram papel fundamental na formação do planetas. Sem eles não haveria atmosfera.

No dia 27 de agosto de 1883, o navio Batavia Queens singrava tranqüilo o mar de Java, na Indonésia, Extremo Oriente, quando foi surpreendido por uma formidável explosão e acabou engolido pelo mar - em Hollywood. Pois o barco só existiu no filme Krakatoa, o inferno de Java, que 85 anos depois reconstituiu em cores, no melhor estilo do que na década de 70 seria chamado cinema-catástrofe, a pior erupção vulcânica de todos os tempos. A ficção, no entanto, não deve ter ficado muito distante do que realmente aconteceu naquele dia de 1883. Relatos da época dão conta de que as explosões do Krakatoa repercutiram num raio de 5 mil quilômetros.
Ondas descomunais levantaram-se no mar e estenderam-se sobre as colinas das ilhas de Java e Sumatra, arrasando cerca de trezentas aldeias e vilas. Morreram 36 mil pessoas. Na derradeira explosão o Krakatoa afundou no mar fragorosamente. Calcula-se que o volume de matéria sólida regurgitado pelo vulcão, que subiu a 50 quilômetros de altura, foi da ordem de 18 mil quilômetros cúbicos, o equivalente, por exemplo, a 113 mil barris de petróleo ou um quinto da produção diária brasileira no ano passado. Dois terços daquele material caíram num raio de 30 quilômetros, formando um banco de pedras-pomes que, durante bom tempo, impediu a navegação na área; o terço restante permaneceu, suspenso na atmosfera em forma de poeira e se espalhou pelo planeta inteiro. Foi por isso que em toda parte, nos dois anos seguintes, o pôr-do-sol ficou mais avermelhado.
Para os nativos de Java e arredores, esse apocalipse provocado pelo vulcão só podia ser um castigo dos céus. Não se tratava propriamente de uma crendice nova: muito tempo antes, nos séculos VIII e IX, os antepassados dos javaneses achavam que as turbulências vulcânicas que assolavam aquelas paragens eram a manifestação do poder de Siva - o terrível deus hindu da fertilidade. Longe dali, também os antigos gregos e romanos provavelmente associavam tais erupções aos deuses. Tanto que a própria palavra vulcão vem do latim Vulcanus, deus romano do fogo (Hefestos para os gregos), representado com uma forja na mão.
As erupções vulcânicas são geradas nas profundezas do planeta. Assim, da mesma forma que os terremotos, os vulcões constituem autênticas janelas por onde os cientistas observam o que ocorre no manto da Terra - a camada que fica logo abaixo da crosta. Mais que isso, o papel do vulcanismo na formação do planeta é fundamental. Sem as erupções, não haveria, por exemplo, cadeias de montanhas. E, sem os gases e vapores que os vulcões expelem, a atmosfera não existiria, impedindo portanto o surgimento da vida. Tanto as erupções quanto os terremotos se originam no movimento das placas tectônicas - gigantescos blocos de rocha rígida que se movimentam sobre a astenosfera, a camada não rígida do manto - responsável pela deriva continental, que faz os continentes se afastarem ou se aproximarem uns dos outros.
Nesse colossal balé, as placas podem colidir: quando isso acontece, uma delas mergulha sob a outra ou debaixo do continente. De acordo com os geólogos, há no mundo dez grandes placas e diversas outras menores, todas em constante movimento de alguns centímetros por ano. "As erupções ocorrem, de preferência, nas margens dessas placas", explica o geólogo Mário Figueiredo, da USP. Segundo ele, o vulcanismo não resulta apenas da colisão de placas, também do afastamento delas. O espaço que se abre então é preenchido pelo magma - rocha em estado liquido - que começa a subir em direção à superfície, irrompendo em forma de lava.
Dependendo do movimento das placas, convergente ou divergente, formam-se vulcões diferentes, tanto na forma (menos ou mais cônicos) quanto na maneira como irrompem (com rios de lava ou violentas explosões). É possível distinguir três tipos principais de vulcão na superfície terrestre. Um é o que ocorre nas cadeias mesoceânicas, localizadas na região central do oceano Atlântico (que inclui as ilhas de Tristão da Cunha, São Paulo, Açores e se estende até a Islândia, já no Atlântico Norte), do Pacífico e do Indico. Nessa vasta área, os vulcões são o resultado do movimento de placas divergentes. Sua forma não é tão cônica, suas crateras são mais largas e suas encostas mais espraiadas do que as dos vulcões do segundo tipo - os que se estendem pelo chamado cinturão de fogo que contorna o oceano Pacífico desde a América do Sul, chegando ao Japão e à Nova Zelândia.
Estes são conseqüência da colisão de placas. Enquanto na América do Sul o choque faz com que uma das placas oceânicas mergulhe sob a placa continental, no Japão e na Nova Zelândia as erupções são causadas pelo mergulho de uma placa oceânica sob outra. Nesse caso formam-se o que os geólogos denominam arcos de ilhas. No cinturão de fogo, os vulcões são mais cônicos e muito explosivos. Embora as erupções ocorram predominantemente nas margens das placas, há também casos de vulcanismo no interior das placas, chamados intraplacas. É o terceiro tipo. Um bom exemplo são os vulcões do Havaí. Ali, há no manto uma área conhecida como ponto quente. Trata-se de um foco de calor intenso, fixo, que estimula a produção de magma enquanto a placa se movimenta.
O magma chega à superfície e vai formando novas ilhas, que, por sua vez, se alinham com as mais antigas. Por meio da observação das ilhas novas e antigas, os pesquisadores podem saber como se dá o movimento das placas nessa região. Os célebres vulcões Etna e Vesúvio, na Itália, não se enquadram nesses tipos de vulcanismo. Eles são considerados intermediários entre os de arcos de ilhas e os das margens convergentes. Nem por isso são menos explosivos. Já os vulcões do leste da África são resultado de um mecanismo que ocorre na placa continental - ela se afina, vai se rompendo e possibilita as erupções. Isso pode levar à abertura de uma nova bacia oceânica. As erupções são tanto mais violentas e perigosas quanto mais viscoso for o magma, cuja composição varia.
Ele é formado basicamente de oxigênio sob a forma de óxidos metálicos, principalmente de óxido de silício ou sílica. Também entram nessa composição alumínio, ferro, magnésio, sódio, potássio, cálcio, titânio e manganês, além de carbono, flúor e enxofre. Quando o teor de sílica é baixo, a viscosidade é pequena e as erupções liberam rios de lava sem grandes explosões. É o caso dos vulcões da Islândia e do Havaí. Mas, à medida que o teor de sílica aumenta, o magma torna-se mais viscoso e não flui. Por isso, em vez de correr num rio de lava, explode por força da pressão.
Foi assim durante a erupção do vulcão Santa Helena, no Estado de Washington, extremo noroeste dos Estados Unidos, em 1980, que vomitou pedras, gelo, nuvens de gases quentes e lava. A grande devastação ficou por contada torrente de lama que se formou com o derretimento da neve que encobria suas encostas e desceu pelos rios, inundando o vale ao redor. Como não havia povoados próximos, o número de vítimas foi comparativamente pequeno - 61 pessoas. A explosão durou nove horas e calcula-se que equivaleu a 27 mil bombas como a lançada sobre Hiroshima durante a II Guerra Mundial, sem os efeitos radioativos, naturalmente. Depois da erupção, o Santa Helena até diminuiu de tamanho, devido à quantidade de material que jogou na atmosfera.
Muito pior foi outra explosão recente - a do Nevado del Ruiz, que em 1985 destruiu a cidade colombiana de Armero e matou 23 mil pessoas. Como no caso do Santa Helena, a causa da tragédia foram as torrentes de lama. Rápidas e violentas, podem percorrer distâncias de até 180 quilômetros em apenas duas horas e meia, arrastando tudo por onde passam. Nessa categoria está o El Chichón, no México, cuja última erupção, em 1982, durou sete dias e lançou 500 milhões de toneladas de cinzas na atmosfera. O material cobriu um quarto da superfície terrestre e bloqueou pelo menos 10 por cento da radiação solar. Onze aldeias foram varridas do mapa; a tragédia só não foi maior porque a população foi retirada a tempo.
A fina camada de poeira que uma explosão como essa ocasiona permanece muito tempo na atmosfera e certamente influência o clima da Terra. Foi o que aconteceu em conseqüência da explosão do Tambora, na Indonésia, em 1815. Ela provocou tal onda de frio no hemisfério norte que não houve para americanos e canadenses o ano ficou conhecido como aquele que não "houve verão". As erupções do Vesúvio, que sepultaram Pompéia e Herculano em 79 da era cristã, e as do Etna, em 1669, são comparadas pelos cientistas às mais catastróficas quanto ao lançamento de pedras, gases, cinzas e lava. Juntos, o Vesúvio e o Etna mataram 40 mil pessoas. Nessas explosões violentas, os gases expelidos combinam-se entre si e com a água, formando ácidos que não apenas matam por asfixia mas também por queimaduras.
Ao contrário desses, o Mauna Loa - o maior vulcão do mundo em altura, com 10 mil metros acima do fundo do oceano e 4 mil acima do nível do mar - e o Kilauea, ambos no Havaí, cujas maiores erupções aconteceram em 1835 e em 1924, não causaram tanta destruição porque a boa viscosidade do magma permitiu que este fluísse em rios de lava. Existem muitos vulcões ativos - adormecidos ou não - em todo o planeta, mas não se sabe exatamente quantos. Os cientistas estimam que haja entre 500 e 700 na superfície. Muitos outros permanecem no fundo do mar, longe dos olhos humanos.
"A dificuldade em precisar o número está em que não há qualquer característica que indique se um vulcão está ou não extinto", atesta o geólogo Mário Figueiredo. Ele dá como exemplo: "Quando estive na Antártida, visitei a ilha Pingüim, cujo vulcão deve ter irrompido pela última vez há cerca de duzentos anos. É muito pouco tempo em termos geológicos para dizer que esteja extinto". No Brasil não há vulcões, mas já houve há uma eternidade. Entre 73 e 48 milhões de anos atrás, quando a América e a África já eram continentes separados, dois vulcões entraram em erupção onde hoje é o Rio de Janeiro: os cientistas chegaram ao requinte de descobrir que um deles ficava na serra do Mendanha, no atual bairro de Campo Grande, e outro na serra de Madureira, onde está a cidade de Nova Iguaçu. O Brasil não tem vulcões ativos há muito tempo porque está afastado das margens das placas tectônicas.
Da mesma forma não acontecem erupções na ilha de Fernando de Noronha há 1 milhão de anos, o que prova que se extinguiu o vulcão que ali existia. Entre os vulcões ativos alguns têm pequenas e constantes erupções, como o Stromboli, na ilha do mesmo nome, no mar Tirreno, na Itália. À noite, transforma-se em espetáculo para turistas que ali fotografam as erupções sem perigo algum. Se de um lado as manifestações vulcânicas não são passíveis de controle, de outro podem ser previstas a tempo de impedir grandes tragédias, com a retirada da população.
Preocupados em diminuir os efeitos catastróficos das erupções, os vulcanólogos vêm desenvolvendo experiências inéditas. Em 1983, por exemplo, geólogos italianos conseguiram por meio de explosões de dinamite bloquear os caminhos por onde corria a lava do Etna, desviando-a para um lado do vulcão onde não havia aldeias. No ano passado, pesquisadores franceses conseguiram projetar um simulador de vulcões. Trata-se de um aparelho de 50 quilos que possui um reservatório, onde ficaria o magma, e um conduto, que o levaria à superfície. No reservatório foram injetados líquidos viscosos de composição semelhante à do magma; à medida que a pressão e a temperatura aumentavam, os cientistas colhiam dados sobre as bolhas que a fusão do material produzia, os fluxos de gases e a viscosidade.
A observação era feita por duas câmeras de vídeo com as objetivas mergulhadas no líquido viscoso. Assim, os pesquisadores conseguiram um modelo quantitativo que reproduz os fenômenos que ocorrem no interior de um vulcão. Dessa forma, as possibilidades que se tem de prever erupções são cada vez maiores. E isso não deixa de ser auspicioso para os hóspedes que precisam defender-se das instabilidades de um planeta sempre em movimento.

Uma erupção de energia

"Os vulcões podem sepultar cidades, mas têm também suas aplicações práticas", sustenta a geofísica Marta Mantovani, do Instituto Astronômico e Geofísico da USP. Ela se refere ao possível aproveitamento da energia que vem da terra, chamada geotérmica, para a produção de energia elétrica a baixo custo, e outras aplicações, como o aquecimento de habitações - o que a toma atraente fonte alternativa para países carentes tanto de recursos como de energia. Nas regiões vulcânicas, parte do calor contido no magma se dissipa nas erupções. Mas a porção maior permanece aquecendo as rochas e seus fluidos. Estes estão presentes nas áreas por onde o magma sobe em direção à superfície. Os fluidos aquecidos só conseguirão subir senão forem barrados por uma cobertura de rochas impermeáveis. Se isso acontece, apenas uma mínima parte daqueles fluidos rompe o obstáculo; o resto vai formar os campos geotérmicos, que uma vez perfurados fornecerão energia. Nesses campos, as temperaturas alcançam de 200 a 300 graus, mesmo a profundidades inferiores a mil metros. Quando a broca penetra na formação porosa onde estão os fluidos, eles alcançam a superfície rapidamente devido à pressão. Canalizados, movimentam as turbinas de uma usina geradora de eletricidade. Os pioneiros na exploração dessa modalidade foram os italianos: desde o início do século uma central movida a energia geotérmica existe em Larderello, na Toscana. Sua capacidade instalada é da ordem de 400 Mw, ou dois terços da malfadada usina nuclear de Angra I, em Angra dos Reis. Uma central semelhante serve para aquecer as habitações da gélida Reykjavík, capital da Islândia. Outras usinas funcionam no México e em El Salvador, periodicamente assolados por desastres vulcânicos. Assim, as manifestações da natureza que castigam populações inteiras podem também beneficiá-las.





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sábado, 21 de julho de 2012

Um Inimigo na Intimidade - AIDS



UM INIMIGO NA INTIMIDADE - AIDS



Nunca antes se aprendeu tanto sobre uma doença em tão pouco tempo, como no caso da AIDS. Isso torna possível controlar a sua propagação, mas ainda não permite pensar em cura.

A AIDS provocou uma reviravolta em muitos dos conceitos mais otimistas da Medicina. De fato, com a descoberta dos antibióticos na década de 40, os médicos puderam pela primeira vez intervir no curso das doenças. O então novo medicamento tornava possível matar o agente infeccioso depois de ter ele invadido o paciente. Chegou--se a pensar que os antibióticos, junto com as vacinas, fariam desaparecer da face da Terra as doenças infectoparasitárias -- aquelas causadas por vírus, fungos, bactérias, protozoários ou vermes. Mas o aparecimento da AIDS mudou todas as expectativas.
Com ela surgira algo inimaginável: uma nova e desconhecida doença. Desde que os primeiros casos foram relatados há sete anos nos Estados Unidos, calcula--se o número total de vítimas em 300 mil em todo o mundo, mas supõe--se que haja até 10 milhões de pessoas contaminadas. Estima-se que a AIDS já matou entre 50 mil e 120 mil pessoas. O alarme soou pela primeira vez no Centro de Controle das Doenças (CDC), em Atlanta, Estados Unidos, quando nos oito meses anteriores a junho de 1981, cinco casos de pneumonia causada por protozoário -- o Pneumocystis carinii -- foram relatados, todos na região de Los Angeles.
Só para se ter idéia da surpresa que isso causou, entre novembro de 1967 e dezembro de 1979 apenas dois casos dessa pneumonia haviam aparecido em todo o país. Ela ocorre quando o sistema imunológico de um paciente está profundamente afetado pelo câncer ou por potentes medicamentos que se destinam justamente a enfraquecer as defesas naturais do organismo. É a chamada infecção oportunista. Todos aqueles cinco novos casos, no entanto, haviam ocorrido em jovens homossexuais, cujos sistemas imunológicos não tinham motivo aparente para ter deixado de funcionar.
Na mesma época, o CDC começou a receber informes de uma série de patologias inesperadas em pacientes homossexuais: o sarcoma de Kaposi (um tipo de câncer), aumento dos gânglios linfáticos, linfoma (câncer dos glóbulos brancos) e outros. Mais uma vez, a única ligação entre os novos casos era o fato de que algo estava deixando em frangalhos o sistema imunológico dessas pessoas. Os achados clínicos eram consistentes o bastante para poderem ser reunidos numa síndrome (conjunto de sinais e sintomas que identificam uma doença) inteiramente nova.
Os primeiros estudos indicaram que a principal característica dos homossexuais afetados pela doença era o número elevado de parceiros sexuais -- entre 60 e 80 por ano. Logo, a transmissão deveria se dar pelo ato sexual. Foi quando surgiram os primeiros casos entre os hemofílicos -- que recebem regularmente um grande número de transfusões sanguíneas. Em dezembro de 1982, o número de homens e mulheres homossexuais contaminados correspondia a 20 por cento dos casos. Isto fez com que fosse reconhecida a via sanguínea de transmissão e que a doença passasse a ser chamada AIDS ( Síndrome da Imunodeficiência Adquirida ).
Tornava-se cada vez mais claro que a causa da AIDS era um agente infeccioso, provavelmente um vírus. Esta hipótese foi confirmada em 1983, quando as equipes de Luc Montagnier, do Instituto Pasteur, em Paris, e de Robert Gallo, do Instituto Nacional do Câncer, nos Estados Unidos, conseguiram isolar o vírus, chamado pelo francês de LAV e pelo americano de HTLV-III, e que mais tarde teve a nomenclatura unificada para HIV (Human Immunodeficiency Virus). Logo chamou a atenção dos pesquisadores o fato de a AIDS ser causada por um retrovírus. Como todos os vírus, os retrovírus precisam utilizar a matéria-prima existente no interior da célula para se reproduzir.
Mas possuem uma característica que os diferencia dos demais: normalmente, no interior do núcleo celular, o DNA, a molécula responsável pela hereditariedade, informa outra substância, o RNA, como fabricar proteínas; os retrovírus, no entanto, produzem uma proteína que põe o processo de ponta-cabeça, fazendo com que seu próprio RNA modifique o DNA celular; este passa então a fabricar as proteínas necessárias para formar outros vírus. O DNA assim alterado pode permanecer incorporado ao material genético do hospedeiro de forma latente; até que seja ativado para produzir novos vírus.
Duplicando-se de modo controlado, o vírus pode então viver muitos anos no interior das células, sem matá-las. Essa característica genética certamente surgiu como uma adaptação desenvolvida pelos retrovírus capazes de infeccionar uma espécie animal de maior longevidade -- em relação aos demais mamíferos --, como o homem. Buscando os caminhos dessa adaptação, os pesquisadores passaram a estudar vírus semelhantes que pudessem infeccionar outros primatas. Dois anos após a descoberta dos primeiros retrovírus humanos, foi isolado um vírus em macacos -- o SIV, Simian Immunodeficiency Virus --, em espécies asiáticas e africanas.
O macaco-verde da África revelou-se um verdadeiro reservatório natural do SIV. Embora 30 a 70 por cento dos animais estivessem contaminados, não ficavam doentes. Quando um macaco asiático foi colocado junto aos africanos, morreu de linfoma. Aparentemente, os macacos africanos desenvolveram um mecanismo que impede um vírus letal de causar a doença. Conhecer os mecanismos dessa imunidade seria um caminho para tentar reproduzi-la no caso da infecção pelo HIV. O SIV é um parente próximo do HIV, mas faltava um elo nessa cadeia evolutiva, um vírus intermediário. Tal vírus, se existisse, deveria ser encontrado em grupos de alto risco na África.
Um estudo realizado em prostitutas africanas -- sujeitas às contaminações sexuais, já que homossexuais e viciados em drogas são raros no continente -- revelou que 10 por cento delas, na África Ocidental, tinham anticorpos que reagiam tanto ao HIV como ao SIV, e até melhor com este último. O que sugeria haver ali uma infecção diferente da encontrada na Europa, nos Estados Unidos ou mesmo na África Central. Esse novo vírus, mais próximo ao SIV que ao HIV, foi chamado HIV-2. Ao que tudo indica, os indivíduos por ele contaminados não desenvolvem a AIDS. Ou o HIV-2 é antigo o suficiente para ter a virulência, ou é recente, e não houve tempo para que os infeccionados apresentassem a doença.
Mas como é possível detectar uma infecção num indivíduo aparentemente sadio? Os testes usados tanto nesse estudo como na prática diária servem para demonstrar a presença de anticorpos contra o HIV no sangue, confirmando o diagnóstico da AIDS nos pacientes, ou analisando o estoque de sangue usado nas transfusões. Esses testes serviram para confirmar a suspeita de que os casos clínicos de AIDS correspondem apenas a uma pequena fração do número total de pessoas infeccionadas. Logo após ter tido contato com o vírus, o indivíduo permanece sem apresentar sintomas durante seis meses a um ano.
Nessa fase, ainda não existem anticorpos presentes no sangue. É a chamada Fase zero -- soronegativa. Os epidemiologistas adotaram a Fase zero para reforçar o fato de que atualmente a exposição ao vírus é um fator mais importante do que pertencer a algum "grupo de risco". Assim que o organismo passa a produzir anticorpos e a presença do vírus é estabelecida (soropositvo), os pacientes entram na Fase 1, que pode não apresentar sintomas, ou assemelhar-se à mononucleose, com fadiga, febre ou dor de cabeça. Esses sintomas desaparecem em poucas semanas, quando então surgem as ínguas que caracterizam Fase 2.
Esta pode durar até cinco anos sem debilitar muito o paciente. Os problemas começam da Fase 3 em diante (são seis, ao todo), quando o sistema imunológico vai ficando abalado e as infecções oportunistas se instalam. Nada disso teria acontecido se o vírus não houvesse encontrado um ponto de atração nas células que comandam as defesas do organismo e ali começasse a invasão. Trata-se de uma proteína, antígeno CD4 (um antígeno é uma molécula que pode ser reconhecida por um anticorpo), encontrada no revestimento dos linfócitos T-auxiliares. É a perda destas células que causa a deteriorização do sistema imunológico (SUPERINTERESSANTE nº 7, ano 2 ).
Uma proteína da capa viral, a glicoproteína gp120 ( que contém açúcares ), liga-se com facilidade à CD4. E é justamente nessa ligação que alguns medicamentos experimentais procuram atuar. As primeiras tentativas de se criar uma "rolha" para a gp120 não foram bem-sucedidas; por outro lado, cobrir a CD4 celular significaria criar, de certo modo, anticorpos para atacar células do próprio organismo; promissora, porém, é a proposta de se injetar no sangue a proteína CD4 livre, que iria grudar-se na capa do vírus, imobilizando-o. Isso evitaria a infecção, já que o vírus fica inerte enquanto não puder penetrar numa célula.
Mas uma vez que ele ali tenha penetrado, a tática é outra. A procura de um medicamento que agisse no interior da célula rendeu frutos no primeiro semestre de 1985, quando trezentos compostos foram testados e quinze conseguiram impedir que o vírus se multiplicasse. Entre eles estava o AZT (azidotimidina). Embora prolongue a sobrevida dos pacientes, o AZT é extremamente tóxico, chegando a provocar anemia. Sua grande vantagem talvez tenha sido a velocidade com que foi desenvolvido, testado e liberado. Novos medicamentos devem surgir. Como o AZT, a grande maioria deles tentará impedir a ação das enzimas virais.
Mas, para evitar que uma pessoa se contamine, só mesmo a vacina. Apesar dos muitos milhares de dólares investidos na pesquisa de uma vacina antiAIDS, ela não deverá estar ao alcance do público antes da virada do século. Não são poucos os problemas no caminho: para começar, o vírus destrói as próprias células que deveriam ser ativadas pela vacina; além disso, não existe um animal que serviria de modelo aos estudos, pelo simples fato de que nenhum deles fica doente ao contrair a AIDS; e, mesmo que surja algum, e os resultados forem satisfatórios, como fazer na etapa seguinte para testá-lo em pessoas sadias?
Pois uma vacina só é considerada eficaz se proteger um indivíduo da doença; e, como os vacinados, por motivos éticos, não podem passar a agir como se fossem invulneráveis, mas devem ser advertidos para praticarem "sexo com segurança", como saber se a vacina realmente os protegeu, ou se não desenvolveram a doença apenas devido à escolha consciente de parceiros? E já que o período de latência pode chegar a cinco anos ou mais, por quanto tempo devem os voluntários ser acompanhados, antes de se chegar a uma conclusão sobre a eficácia da vacina experimental? Finalmente, não pode haver o menor risco de que o vacinado contraia a AIDS da própria vacina, uma possibilidade remota mas real nas vacinas à base de vírus inativados.
Com as técnicas da Engenharia Genética, espera-se poder fabricar vacinas a partir de subunidades do HIV, ou então introduzi-las em outra vacina existente, como a da varicela, por exemplo. Numa época em que a Medicina pensava ter, se não a resposta, pelo menos a pista para a cura das doenças infecciosas, surge a AIDS, uma afecção mortal que mexe com a sexualidade e a moral de nossa época. A desgraça da AIDS ao menos criou uma mobilização mundial sem precedentes e em tempo recorde a Medicina avançou a passos largos, com recursos e motivação. Nunca antes uma doença foi tanto pesquisada em tão pouco tempo. Se isso pode não ser um consolo à altura da devastação já causada pelo HIV, certamente é uma esperança no poder da ciência.





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sábado, 21 de julho de 2012

Palavra de Homem - Antropologia


PALAVRA DE HOMEM - Antropologia



Como, quando e por que o ser humano passou a falar? As mais recentes respostas contam uma história apaixonante, que começa com um pequeno comedor de insetos.

Um casal de namorados troca juras de amor. O locutor de um jogo de futebol transmite um lance pela ponta esquerda. Um cientista faz uma comunicação sobre buracos negros num congresso de Astrofísica. Por incrível que pareça, essas três situações podem estar relacionadas às remotas andanças de um pequeno mamífero comedor de insetos, semelhante ao atual musaranho, que vivia há uns 65 milhões de anos, mais ou menos à época em que os dinossauros sumiram da face da Terra. Pois aquelas situações têm algo em comum: o uso da linguagem. E as hipóteses mais recentes sobre as origens da linguagem -- apresentadas há poucos meses num seminário internacional que reuniu 150 especialistas em Cortona, na Toscana, Itália -- envolvem justamente as antiqüíssimas aventuras daquele mamífero comedor de insetos.
Do que se discutiu em Cortona, emergiu a convicção de que a linguagem -- um mecanismo de comunicação que a rigor só os humanos possuem -- não teve um início único, bem demarcado no tempo. Mas foi produto de uma série de processos, separados uns dos outros às vezes por muitos milhões de anos e que vieram a se combinar no ser humano. Os organizadores do simpósio de Cortona, os antropólogos italianos Brunetto Chiarelli e Andréa Campero Ciani, fizeram uma síntese das discussões ali travadas, que vale como uma síntese das hipóteses mais aceitas até agora sobre as origens da linguagem. É claro que muitas incertezas e controvérsias permanecem -- como, de resto, em praticamente tudo o que diz respeito à vida dos antepassados do homem. Mesmo quando os especialistas (paleontólogos, antropólogos, biólogos, entre outros) concordam em relação a um evento, por exemplo, podem divergir quanto ao período aproximado em que ele se deu. O capítulo da linguagem não é exceção.
A história contada por Chiarelli e Ciani começa quando os musaranhos, acostumados aos campos, passaram a subir às árvores das florestas. Nesse nicho ecológico, com o decorrer das gerações, eles passaram a desenvolver características mais adequadas ao novo ambiente. Primeiro, começaram a desenvolver a visão binocular, em que as imagens vistas pelos dois olhos se confundem numa imagem única, tridimensional. A par disso, surge a visão em cores. Isso multiplica as chances de sobrevivência no ambiente multiforme da floresta, onde perceber detalhes (um animal predador escondido na folhagem) pode fazer a diferença entre a vida e a morte.
Outra adaptação anatômica de importantíssimas conseqüências foi o surgimento do polegar, oponível aos outros dedos da mão, o que facilita agarrar-se aos galhos das árvores, permitindo ao animal caminhar entre elas sem o risco de andar no chão exposto às feras. Sem esses dois processos, o ser humano -- descendente daquele insetívoro parecido com o musaranho -- não poderia ter desenvolvido, dezenas de milhões de anos depois, a capacidade de falar e entender o que os outros falam. Isso porque, sem a visão tridimensional e colorida, o ser humano não teria conseguido traçar um mapa mental de seu ambiente -- e assim não poderia comunicar a outro ser humano onde achar comida. E sem o polegar oponível aos outros dedos -- uma característica que o homem partilha com os demais primatas seus parentes, o chimpanzé, o gorila e o orangotango -- a mão não se teria libertado da necessidade de ajudar o andar sobre o chão, como fazem os quadrúpedes.
O difícil é precisar quando todas essas mudanças ocorreram . Fala-se em algo como 15 milhões de anos atrás, quando viviam os Dryopithecus, dos quais teriam descendido tanto o homem como os primatas modernos. É certo, em todo caso, que os indivíduos da mais antiga espécie hominídea conhecida, o Australopithecus afarensis, que viveu há pelo menos 3 milhões de anos ( SUPERINTERESSANTE nº 9, ano 2 ), já exibiam a postura ereta -- um efeito a longo prazo do polegar oponível. Livre da tarefa de andar, a mão libertou também a boca da tarefa de segurar a comida, que passou a ser agarrada com o polegar preênsil. Libertada da tarefa de pegar os alimentos, a boca, por sua vez, depois de passar também ela por transformações anatômicas relacionadas à postura ereta, estaria bem depois disponível para outras ocupações, como falar.
Mas não pára aí a influência, na origem da linguagem, da mão dotada do polegar oponível. Pois isso permitiu que uma das mãos, a direita, se especializasse na manipulação de objetos -- alimentos, paus, pedras --, enquanto a outra se especializava na localização espacial. Essa divisão de funções levou à chamada lateralização do cérebro dos primatas: o hemisfério esquerdo do córtex cerebral passou a coordenar os movimentos do lado direito do corpo, enquanto o hemisfério direito passou a lidar com o lado esquerdo. Isso tem muito a ver com a linguagem, pois, quando falamos, acionamos áreas especializadas do lado esquerdo do córtex cerebral, que movimentam o aparelho fonador e tornam possível dizer frases inteligíveis.
No seminário de Cortona, os antropólogos dataram a partir de 15 milhões de anos atrás o início da segunda fase dos processos que levaram à linguagem humana. Nessa época, na África, as florestas começaram a regredir e seu espaço ficou cada vez mais ocupado pelo campo aberto, a savana. Os primatas de então, descendentes dos assemelhados ao musaranho e adaptados à vida silvícola, viram-se forçados a novas mudanças em conseqüência da transformação no habitat. Os que ficaram na floresta -- e acabaram dando origem aos ancestrais do chimpanzé e do gorila -- , dispondo de um território menor e com grande concentração de alimentos vegetais, desenvolveram ao longo das gerações um potente aparelho masticatório, para aproveitar ao máximo os vegetais disponíveis.
Daí a feição característica dos antropóides, com suas grandes bocas e queixos. Já os ancestrais do ser humano se desenvolveram na savana, onde os alimentos estavam muito mais dispersos por um território bem maior que o da floresta. Isso, ao que tudo indica, favoreceu neles a formação de um mapa mental mais sofisticado que o dos silvícolas. Resultado: aumentou o tecido cerebral e modificaram-se as proporções do crânio em relação à face -- daí a feição característica dos hominídeos e dos seres humanos.
Ora, o aumento da caixa craniana e a diminuição relativa da face se deram paralelamente à intensificação da postura ereta dos ancestrais do homem. Por isso, o bulbo raquidiano, que une o tecido cerebral ao tecido nervoso da medula da coluna vertebral, ficou nos seres humanos a passar verticalmente, pelo pescoço ereto, e não mais horizontalmente, como acontece com os outros animais. Com isso, a laringe do ser humano (o oco da garganta) ficou afundada, trazendo consigo a língua, que ficou presa mais para perto da garganta. A laringe tornou-se assim uma caixa de ressonância bem mais aperfeiçoada e a língua passou a ter mais espaço na boca -- duas características fundamentais para a funcionalidade do aparelho fonador humano.
Mas, se isso explica como surgiu o aparelho capaz de emitir por volta de cinqüenta sons básicos, que se combinam para criar o infinito da linguagem, não explica por que os seres humanos passaram a usá-lo para se comunicarem uns com os outros. (O papagaio, por exemplo, desenvolveu um aparelho fonador capaz de emitir sons semelhantes aos do homem, mas não o usa para se comunicar com os seus iguais). Além disso, não se sabe quando o aparelho fonador começa a ser usado para produzir uma linguagem. Afinal, a fala não deixa marcas fósseis que permitam datar com precisão as suas origens. Os pesquisadores acreditam que a linguagem oral é muitíssimo mais antiga que a escrita, surgida há apenas 6 mil anos.
De qualquer forma, todas aquelas mudanças anatômicas fizeram diminuir a boca dos ancestrais do homem. Mas esse, já ereto, pôde usar as mãos para preparar os alimentos antes de enfiá-los na boca -- inicialmente cortando-os em pedaços, depois moendo-os e por fim cozinhando-os. Assim, foi-se desenvolvendo o modo de vida especificamente humano. Ocorre ainda que, para sobreviver na savana ,onde havia menos alimentos vegetais disponíveis, os hominídeos dependiam de alimentos animais, particularmente de animais de grande porte. Para caçá-los, aprenderam, de um lado, a agir em grupo; e, de outro, a usar instrumentos (primeiro, pedras e paus disponíveis naturalmente; depois, objetos já adaptados a suas necessidades).
Isso estimulou a comunicação entre os hominídeos em escala maior que em outras espécies, nas quais, salvo exceções, cada indivíduo tende a obter o seu alimento basicamente sozinho e sempre sem o uso de instrumentos. Para a origem da linguagem, o uso de artefatos foi ainda mais importante do que a associação dos caçadores, mesmo porque há animais que organizam caças coletivas sem se comunicarem, como o cão caçador da África. Pois havia a imperiosa necessidade de ensinar aos outros como produzir e usar os instrumentos. Supõe-se que a primeira linguagem humana tenha sido mais gestual do que oral. A fala, como os gritos de outros primatas, devia tão somente acompanhar os gestos. Mas, à medida que as mãos passavam a ficar cada vez mais ocupadas com os instrumentos, havia menos disponibilidade para os gestos.
É muito possível que a linguagem seja qual for a origem, se tenha basicamente desenvolvido a partir das necessidades da divisão do trabalho. Os primeiros agrupamentos humanos organizados já contavam com divisão de tarefas entre caçadores, coletores de vegetais, preparadores de alimentos, responsáveis pelas crianças. Essa primitiva, porém já complexa, rede social exigia uma forma de comunicação mais sofisticada que o gesto ou o grito -- a linguagem. Ela permitiu que fosse criado o universo específico do ser humano. Com efeito, o animal ou tem comportamentos inatos, instintivos, ou tem comportamentos que aprendeu individualmente, mas -- na grande maioria das espécies -- é capaz de transmiti-los a seus semelhantes.
Com a linguagem humana, os comportamentos aprendidos individualmente puderam ser transmitidos aos outros indivíduos e às gerações sucessivas. A par disso, cresceu enormemente a malha de informações comuns ao grupo, multiplicando suas possibilidades de sobrevivência. O fato de estar a linguagem relacionada com a divisão do trabalho pode ser indiretamente comprovado pelo estudo das abelhas, seres que também trabalham coletivamente e que, segundo a maioria dos zoólogos, foram os únicos, além do homem, a desenvolver uma linguagem com símbolos abstratos.
A dança das abelhas comunica em que direção e a que distância há flores com mel -- uma linguagem muito diferente, por exemplo, dos gritos do ganso quando vê uma fera, que apenas comunica aos outros gansos o medo que está sentindo. Já um homem pode dizer a outro não só que sente fome -- o que podia indicar apenas com um grito --, mas que sentiu fome ontem. A partir do uso da linguagem é que o ser humano desenvolveu raciocínios mais complexos do que os animais. Ao que parece, outros animais também pensam, embora esse assunto dê margem a intermináveis polêmicas entre os cientistas. Mas o seu pensamento não tem a ferramenta generalizadora da linguagem. Assim, mesmo que o animal possa tirar conclusões de um acontecimento, não pode generalizá-las nem transmiti-las aos companheiros.
Se a linguagem está relacionada ao trabalho e ao raciocínio lógico, também está relacionada com a liberdade do ser humano. O psicopedagogo soviético Lev Vygotsky (1896-1934), cujos trabalhos tiveram sua divulgação restringida na era stalinista, mostrou como a criança diz a si mesma, primeiro em voz alta e depois internalizadamente, o que quer fazer e o que vai fazer. A linguagem para si mesmo é o pensamento que desencadeia os atos voluntários, diferentes dos atos reflexos dos animais. O homem sabe que na linguagem está a liberdade e tudo que o torna humano: o raciocínio, a inteligência, a criatividade; e a possibilidade de comunicar a conquista do raciocínio de cada indivíduo, da inteligência de cada grupo, da criatividade de cada sociedade. Tudo que é humano -- as pirâmides, os poemas e as naves espaciais -- existe assim porque há 65 milhões de anos um mamífero que comia insetos começou a subir às árvores.

Inglês para chimpanzés

Há três séculos, em 1661, após ter visto um babuíno em Londres, o pensador Samuel Pepys, presidente da Royal Society, escreveu: "Acredito que ele já entenda bem o inglês e sou de opinião que pode ser ensinado a falar ou a fazer sinais". Essa fantasia de transmitir a linguagem humana a macacos só seria levada a sério nos tempos atuais -- com resultados desanimadores. Nos anos 50, por exemplo, o casal de cientistas americanos Keith e Cathy Hayes, após quatro anos de intenso treinamento, só tinha conseguido ensinar à chimpanzé Viki quatro palavras ma ("mamãe"), pa ("papai"), cup ("xícara") e up ("de pé").
O biolinguista americano Philip Lieberman, uma das maiores autoridades mundiais no assunto, explica as limitações do chimpanzé não como uma prova de falta de inteligência mas como resultado das diferenças entre o parelho fonador do homem e dos antropóides. "O homem pode produzir sons em tempo infinitamente mais veloz", escreveu Lieberman. "Se fôssemos constituídos como o chimpanzé, ao falar esqueceríamos o início de uma frase antes de tê-la pronunciado por inteiro." Mas não seria possível ensinar os símios a se expressar por sinais, como sugeriu o velho Pepys? Foi o que decidiu, em 1965, outro casal de cientistas americanos, Allen e Beatrice Gardner.
Num famoso experimento, eles ensinaram a chimpanzé Washoe a usar gestos da "linguagem americana de sinais", usada para educar surdos-mudos. Criando Washoe como se fosse um bebê, até com direito a mamadeira e instruindo-a no uso dos objetos do lar, os Gardner conseguiram que ela aprendesse o significado de 150 sinais. Washoe aprendeu a expressar por gestos, frases como "eu, Washoe, espelho". querendo dizer "eu, Washoe, apareço no espelho", e "carro, supermercado, laranja", querendo dizer "vá pegar o carro para ir ao supermercado buscar laranjas" ( a chimpanzé tinha sido informada de que não havia laranjas em casa).
Depois dessa e de outras tentativas, os cientistas concluíram que os chimpanzés são capazes de associar símbolos a objetos, mas não de formular verdadeiras frases e muito menos expressar idéias. Mesmo a associação de símbolos a objetos só parece ocorrer em condições artificiais criadas pelo homem. No seu ambiente natural, os chimpanzés no máximo gritam quando percebem alguma ameaça ou gesticulam para impor uns aos outros a hierarquia social e sexual. Os experimentos indicam em todo o caso que, submetidos à pressão de um ambiente semelhante ao humano, os chimpanzés conseguem se superar.
Isso é mais uma comprovação da chamada "lei do excesso", segundo a qual cada espécie dispõe de capacidades superiores às que usa para sobreviver naturalmente em seu meio (por exemplo, o cachorro aprende truques de circo que dele exigem muito mais que sua vida normal). Resta saber quais serão as capacidades do ser humano não exigidas até agora por suas condições de vida.





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sábado, 21 de julho de 2012

Salvando a Pele - Vida Moderna



SALVANDO A PELE - Vida Moderna



Uma pequena película incolor é a musa do verão no mundo dos cosméticos: o filtro solar, a arma mais eficaz para uma boa temporada na praia.

Munidas do tradicional equipamento (esteira, guarda-sol, toalha e bronzeador), multidões de banhistas cumprem, neste começo de ano, o prazeroso dever de todo santo verão" bronzear a pele. O objetivo da maioria é se queimar no menor tempo possível e assim exibir, praticamente de um dia para o outro, o tom moreno que se tornou um dos mais valorizados sinais exteriores de saúde e beleza da atualidade, Não raro, porém, o máximo que esses incautos conseguem é um vermelho-camarão nada atraente, cercado de bolhas e manchas às vezes incuráveis. Essa verdadeira adoração ao sol foi proposta já na década de 20 pela famosa estilista francesa Coco Chanel. Na época, porém, as damas recusaram a novidade, preferindo manter-se sob a proteção de sombrinhas, chapéus e até luvas.
A moda ainda era conservar a pele o mais alva possível -- se não por informações sobre os perigos do sol, ao menos pela força do hábito. A tradição, nesse sentido, funcionava como um eficiente filtro solar. Foi apenas a partir de 1936, quando os trabalhadores franceses conquistaram a semana de 40 horas e as férias remuneradas, que os europeus começaram a ir em massa para a praia, de preferência a ensolarada costa do mar Mediterrâneo. Depois da Segunda Guerra, o novo hábito propagou-se pelos quatro cantos do mundo. Levou tempo até os cientistas perceberem que isso tinha a ver com outro fenômeno: o gradativo inchaço das estatísticas sobre incidência de câncer da pele em todos os países.
Hoje não há mais dúvida: "É preciso perder a mania de achar que pele bronzeada é sinal de saúde". adverte o dermatologista Mario Grimblat, do Hospital Albert Einstein, de São Paulo. "A exposição exagerada ao sol é extremamente perigosa." Ao contrário do que se poderia pensar, toda a traquitanda que as pessoas levam à praia não é suficiente para proteger o organismo dos danos causados pelo excesso de radiação. Esconder-se sob uma barraca, por exemplo, não quer dizer estar livre de queimaduras, porque os raios responsáveis por elas, além de invisíveis, podem ser emitidos de três maneiras: irradiação direta; reflexão por partículas em suspensão no ar; ou ainda reflexão pelo solo ( a areia, por ser clara, emana 17 por cento da radiação recebida).
Da mesma forma, besuntar o corpo com um óleo qualquer não significa obter um visto de permanência sob a radiação. É essencial que o produto contenha um ou mais filtros solares -- substância que, se usada corretamente, age como uma barreira, esta, sim, eficaz, contra o Sol. Essa estrela, distante 149 milhões de quilômetros da Terra, é a sede de reações termonucleares que transformam 564 milhões de toneladas de hidrogênio em 560 toneladas de hélio por segundo ( SUPERINTERESSANTE nº 2, ano 2 ). Os 4 milhões de toneladas que sobram produzem uma irradiação eletromagnética que se espalha através do espaço em todas as direções.
Ela é formada por uma série contínua de raios de diferentes comprimentos de ondas, que vão dos raios cósmicos às ondas radioelétricas. Apenas uma pequena parte desse espectro é visível; corresponde aos raios que medem de 400 a 800 nanômetros ( um nanômetro é a bilionésima parte do metro). Acima da fração visível situam-se os raios infravermelhos, responsáveis pelo calor, e abaixo dela, os ultravioletas, que, apesar de constituírem apenas 10 por cento de toda a radiação que chega ao planeta, são os mais perigosos à saúde humana. Esta faixa é ainda dividida em três zonas: UVA (ultravioleta longos, de 320 a 400 nanômetros), UVB (ultravioleta médios, de 280 a 320 nanômetros) e UVC (ultravioleta curtos, de 180 a 280 nanômetros).
Estes últimos são retidos a cerca de 11 quilômetros acima da superfície terrestre, numa faixa de 30 mil metros de espessura, pela ameaçada camada de ozônio. Caso os UVC chegassem ao solo, acabariam com qualquer tipo de vida, pois, exercendo uma arrasadora ação germicida, destruiriam a cadeia ecológica da qual todos fazem parte. Sentado em sua cadeira reclinável, entre uma olhadela no jornal e um gole de limonada, o corajoso banhista não percebe os efeitos dos ultravioleta, responsáveis pelo escurecimento da pele e também por sua irritação. Mesmo à sombra, os UVB, que são mais energéticos, atingem as camadas mais superficiais da derme, causando uma dilatação dos capilares sanguíneos e, por isso, a chamada vermelhidão.
Já os UVA, menos energéticos, chegam até as camadas mais profundas e estimulam a produção da melanina, substância que causa o bronzeamento. No entanto, muito próximas à melanina, encontram-se também as fibras de elastina e colágeno, que sustentam a pele -- uma vez atingidas, essas proteínas perdem a rigidez e provocam o envelhecimento precoce. O trajeto percorrido pela irradiação direta -- aquela que não é refletida nem pelo ar, nem pelo solo -- altera a intensidade dos raios ultravioleta. Desta forma, quanto menor a distância entre o Sol e a Terra, mais rica a irradiação em UVB. Por isso, ficar se tostando entre as 10 horas da manhã e as 3 horas da tarde não é propriamente uma atitude inteligente.
"Mesmo logo cedo ou no final da tarde", adverte o dr. Grimblat, "o certo é usar filtro solar." Essa eficiente arma química não nasceu ontem: foi desenvolvida nos Estados Unidos na década de 40, durante a Segunda Guerra Mundial. Preocupados com a mortandade causada por queimaduras nas tropas do Pacífico, os militares americanos encomendaram aos pesquisadores uma substância capaz de proteger os soldados do sol escaldante da região. Os filtros solares químicos, como foram chamados, são todos sintéticos. Não há nenhum mistério envolvido em sua fabricação e adição em uma série de cosméticos.
Defendem a estrutura e as funções celulares da pele ao absorver e espalhar os raios que nela incidem. Isso porque suas moléculas possuem um ciclo benzeno, ou anel aromático, isto é, seis átomos de carbono unidos em forma de anel. Essa estrutura molecular caracteriza-se por conter uma grande quantidade de elétrons instáveis, como se estivessem buscando uma reação química para se rearranjarem. "Quando parte da radiação solar incide sobre o filtro, rearruma os elétrons", explica Lisabeth Braun, que leciona no curso de pós-graduação de Dermatologia da Santa Casa, no Rio de Janeiro. "Outra parte dos raios é refletida pelo próprio filtro. Assim, só cerca de 10 por cento deles chegam a atingir a pele."
Modificadas, as moléculas perdem parte de seu poder de ação. Logo, quanto maior a quantidade de filtro aplicada sobre a pele, maior o seu fator de proteção, porque mais radiação será consumida na tarefa de rearranjar os elétrons do filtro. "As pessoas passam muito pouco protetor, como se fosse um escudo blindado", critica Lisabeth. Na verdade, o filtro deve ser espalhado generosamente e também várias vezes no período de exposição ao sol, principalmente depois de mergulhos e atividades que aumentam a transpiração. Além disso, deve-se escolher o índice de proteção mais adequado para cada tonalidade de pele. O fator de proteção solar (FPS) é indicado por números.
No Brasil, onde o uso de filtros nas fórmulas dos bronzeadores passou a ser obrigatória em 1983, o máximo FPS encontrado em produtos industrializados é 15. Isso quer dizer que uma pessoa que passa adequadamente o filtro pode ficar exposta ao sol 15 vezes mais tempo do que poderia ficar sem nenhuma proteção. O tempo que alguém pode permanecer desprotegido varia. O limite, segundo os dermatologistas, é dado pelo aparecimento de sintomas de irritação. Nos Estados Unidos, os produtos podem chegar ao FPS 33. Naturalmente, quanto mais clara a cor da pele, maior será o fator de proteção necessário.
Eliane Brenner, também professora de Dermatologia na Santa Casa carioca, lembra ainda que existem vários tipos de filtros solares: "Alguns barram a ação dos UVA, outros dos UVB, e ainda outros protegem contra as duas radiações; o ideal é usar um bronzeador que contenha os dois filtros e, por isso, ofereça proteção completa". Felizmente, proteção completa não significa bloquear de todo a passagem dos raios solares, pois eles também são fundamentais à saúde do organismo ao estimular, por exemplo, a produção de vitamina D. O uso dos filtros solares não está restrito aos bronzeadores. Produtos que prometem defender os cabelos das agressões típicas do verão, como o ressecamento provocado pelo sol, atuam exatamente da mesma forma: assim como os novos bastões para os lábios e os cremes específicos para a região próxima dos olhos, que por ser mais fina é também mais sensível.
"O que muda é só o veículo", explica Eliane. "O filtro pode estar dentro de um creme, loção, gel ou pomada, dependendo da região do corpo onde deve ser aplicado -- a proteção será semelhante em todos os casos." Apesar da popularidade mundial dos filtros solares, os cientistas continuam a pesquisar substâncias que ofereçam o menor risco de alergia possível.
Atualmente, o produto mais usado chama-se ácido paraminobenzóico (Paba), que é o derivado do benzeno que melhor utiliza as características do anel aromático no filtro solar. Seu uso, porém, pode eventualmente irritar a pele de quem for alérgico à penicilina, ao ácido acetilsalicílico ou a outros medicamentos de estrutura molecular semelhante. Mesmo com riscos, não há quem negue a importância dessas armaduras químicas. Tanto que, em cidades de verão prolongado, como o Rio de Janeiro, os médicos recomendam seu uso diário, mesmo fora da praia. Para os que insistem em ver o verão passar estirados na areia, o filtro é, sem dúvida, um item absolutamente essencial. Se ele não estiver na bagagem do banhista, este provavelmente acabará se parecendo com o moreno cor de jambo que gostaria de parecer - e esse ainda será o menor dos riscos a que estará exposto.





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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Copérnico: A Terra em seu devido lugar



COPÉRNICO: A TERRA EM SEU DEVIDO LUGAR - História



A história do sábio que provou que os planetas giram em volta do Sol é a história de uma idéia que faz uma revolução no modo de ver o mundo.

Todos os dias, o sol surge a leste e desaparece a oeste. À noite, a Lua e as estrelas percorrem o mesmo caminho. Tudo, no Universo, parece girar em torno da Terra. Não admira que essa idéia tenha ocorrido aos primeiros antepassados do homem. Em plena era dos satélites artificiais, dos vôos espaciais, dos supertelescópios óticos e radiotelescópios, sabe--se que ela está errada; mas nossos antepassados, que tinham apenas os olhos para observar o céu, demoraram alguns milhares de anos para descobrir o erro. Descoberto, foi preciso travar uma longa batalha para conseguir que a verdade fosse aceita. O processo consagrou o nome do astrônomo e matemático polonês Nicolau Copérnico, o primeiro estudioso a demonstrar com observações e cálculos precisos que a Terra não é o centro do Universo, mas apenas um pequeno astro que, como todos os outros, executa movimentos variados pelo espaço.
Copérnico foi o mais novo dos quatro filhos de um comerciante polonês da cidade de Torun, na conturbada fronteira com a Alemanha. Nasceu em 19 de fevereiro de 1473 e aos 10 anos ficou órfão, o que o colocou sob a proteção do tio, Lucas Waczenrode, que logo depois se tornaria bispo de Ermland. São duas informações importantíssimas: mostram que Copérnico viveu em pleno Renascimento, luminoso período da história da humanidade em que a cultura e o saber fizeram avanços revolucionários; e viveu como servidor da Igreja Católica, condição que lhe dava acesso a todo o saber avaramente entesourado pela milenar instituição.
Em 1491, aos 18 anos portanto, Copérnico entrou para a Universidade de Cracóvia, ainda na Polônia. Ali ele se interessou pela Matemática e pela Astronomia -- mas sobretudo embebeu--se do humanismo pregado com liberdade por alguns mestres. Era um vigoroso movimento que se alastrava pela Europa, depois de ter tomado conta da Itália sob inspiração do renascer do interesse pelo conhecimento das coisas do homem e do mundo onde vive. O tio bispo pensava conseguir--lhe um lugar no trabalho religioso da catedral de Frauenberg, na sua diocese, na Prússia, mas ele teve de esperar até 1501 pela sinecura.
Enquanto esperava, foi estudar à custa do tio na Itália -- primeiro em Bolonha, ostensivamente para aprender Direito Canônico, embora a observação por ele publicada dissesse respeito ao eclipse da estrela Aldebarã e não a qualquer passagem das Sagradas Escrituras. Aperfeiçoou--se sobretudo em Matemática, e antes de concluir os estudos já dava conferências até mesmo em Roma, a sede mundial da Igreja. Ali, uma palestra sua sobre as inferências matemáticas de um eclipse lunar recém--acontecido foi vivamente aplaudida pelos assistentes. Em 1500 voltou à Polônia, mas apenas para convencer os superiores (o tio em particular) de que seria conveniente saber Medicina para melhor exercer o sacerdócio.
E assim ganhou outros cinco anos na Itália, mais precisamente em Pádua. Quando retornou à Polônia, em 1506, então definitivamente, era um humanista que sabia grego, Matemática, Astronomia -- e tinha diplomas de advogado e médico. Considerava--se culturalmente apto para o que se propunha, e não sem razão. Suas habilidades como médico tornaram--no um sacerdote muito popular entre ricos e pobres. Seus conhecimentos de Matemática permitiram--lhe participar da elaboração de uma abrangente reforma monetária em seu país. E até como chefe militar deu provas de competência, comandando os monges do castelo de Allenstein na resistência aos ataques dos Cavaleiros Teutônicos, em 1520. O castelo não se rendeu.
De volta da Itália, Copérnico ficou agregado ao castelo do tio, em Heilsberg, como médico particular. Seguramente mais da metade do seu tempo era dedicado à Astronomia, sua verdadeira paixão. Mas ele era prudente, cauteloso, ao contrário do temperamento que se atribui aos eslavos: por ocasião do concílio de Latrão, em 1515, a Igreja o convidou a opinar sobre a reforma do calendário; cortesmente, recusou, alegando que pouco sabia sobre os movimentos dos astros para elaborar um calendário adequado.
O movimento dos astros -- esta era a verdadeira questão para ele. Tudo o que se sabia a respeito vinha ainda das observações daqueles antepassados que supunham que a Terra estava imóvel, no centro do Universo, e todos os outros astros giravam em torno dela. Muitos pensadores ilustres ocuparam--se dessa questão. Mas foi um astrônomo nascido em Alexandria, no Egito, chamado Cláudio Ptolomeu, quem compilou tudo o que se havia observado e pensado antes, para formar um vasto sistema que pretendia explicar o funcionamento do Universo. Este tem sido, ao longo dos séculos, o grande sonho da humanidade -- e continua sendo até hoje.
De Ptolomeu sabe--se pouco. Nasceu na segunda metade do primeiro século da era cristã. Quis o acaso, assim, que estivesse no local certo, no tempo certo, para desfrutar de outro glorioso momento da história da cultura. Pois havia em Alexandria uma biblioteca notável, cuja construção começara pelo menos trezentos anos antes. Ali trabalharam e estudaram sábios de renome: Filon, Eratóstenes, Euclides, Estrabão, Aristarco, Hiparco e muitos, muitos outros. Entre tantos houve alguns que acharam que um Universo com o Sol ao centro seria mais lógico. Mas a idéia da Terra no centro tinha a seu favor as preferências de Aristóteles e Platão, dois pesos pesados da cultura ocidental.
E foi por aí que Ptolomeu seguiu, depois de ter considerado (e logo abandonado) a hipótese do Sol como centro de tudo. Quando a Igreja cristã conseguiu estabelecer seu domínio religioso, intelectual e político sobre o mundo ocidental então conhecido, o sistema de Ptolomeu, chamado geocentrismo, se tornou quase um artigo de fé. Criticá--lo seria criticar a própria Bíblia -- algo impensável num mundo governado pela religião. E assim foi por toda a Idade Média, o longo milênio em que a cultura se recolheu às igrejas e conventos e a população leiga ficou entregue à ignorância. Mesmo para os sábios ligados à Igreja, cultura era forma inútil de ler, reler, conhecer até os mais insignificantes detalhes o que havia sido pensado e escrito pelos filósofos antigos, Aristóteles sobretudo.
Sobre o Universo, esse pensamento dizia que, sendo uma criação divina, era simples e perfeito. Ora, o círculo é a forma mais simples e perfeita; daí porque se supunha que todos os corpos tinham forma redonda e executavam, em torno da Terra, movimentos segundo órbitas circulares. Quando Copérnico nasceu, a Idade Média estava chegando ao fim; muitos já não acreditavam que saber fosse apenas conhecer o que os antigos haviam escrito, mas que era importante também observar, pesquisar, conferir. Isso, em todos os campos do conhecimento e também na Astronomia.
As primeiras observações mostraram que um Universo composto da Lua, do Sol, dos planetas Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno e ainda das estrelas, tudo girando ao redor da Terra em órbitas circulares, seria uma tremenda confusão. O problema não era novo, já havia preocupado o próprio Ptolomeu, que em seu livro clássico Almagesto (um dos raros a sobreviver à destruição da biblioteca de Alexandria no século III) havia estabelecido que os corpos celestes não giram diretamente em torno da Terra. Haveria no céu círculos grandes, chamados condutores, pelos quais eles se moveriam em volta da Terra; mas executariam outro movimento circular menor -- o epiciclo -- dentro do condutor. As estrelas, por seu lado, estariam fixas dentro de seu condutor.
Mas ainda não dava certo. Planetas, os gregos já haviam observado, são corpos errantes (planeta quer dizer isso mesmo em grego), que andam para lá e para cá. Copérnico, no castelo do tio, começou a fazer observações sistemáticas do céu. Marte, sobretudo, despertou--lhe a atenção. Noite após noite acompanhou seu movimento e o que descobriu parecia assombroso. Embora seus instrumentos fossem rudimentares, percebeu que a velocidade do planeta era cada vez menor. Um dia, parou por completo. Copérnico esperou que Marte se movimentasse outra vez e, quando isso aconteceu, voltou para trás. De novo baixou a velocidade, até parar de todo; andou outra vez, tornou a parar. Por fim, recomeçou a andar, de novo para a frente.
Se o movimento de Marte fosse realmente esse (e deveria ser, se a Terra estivesse parada no seu lugar), era preciso renunciar à idéia das órbitas circulares perfeitas. Os epiciclos de Ptolomeu eram a resposta ainda aceita a essa questão, mas outra pergunta ficava sem resposta: por que os planetas se tornavam cada vez maiores, mais brilhantes, ao longo de sua trajetória? Ou cresciam, o que parecia absurdo; ou ficavam tão mais perto da Terra que certamente estariam saindo dos epiciclos onde deveriam permanecer. Entre 1510 e 1514, com a tranqüilidade que lhe era característica, Copérnico pôs--se a estudar os pensadores antigos que ousaram dar um movimento à Terra e colocar o Sol como centro do Universo.
Depois de minuciosos cálculos matemáticos, Copérnico deduziu: a Terra executa uma rotação completa em torno de seu eixo. Isso explica o movimento aparente do Sol e das estrelas, produzindo o dia e a noite. Mas ainda não explicava as caminhadas errantes de Marte e dos demais planetas. O erro, ele descobriu logo depois com novos cálculos, estava em atribuir ao Sol o movimento circular anual que, na verdade, é executado pela Terra.
Isso já era boa parte dos problemas e Copérnico animou--se a escrever um pequeno comentário sobre o movimento dos corpos celestes a partir de sua arrumação no céu. Sobrinho do bispo, a quem servia no castelo episcopal, sabia como ninguém que sua teoria causaria enorme rebuliço na Igreja e seria ferozmente combatida. Colocou--a para circular, prudentemente, apenas entre os amigos mais chegados, rotulando--a sempre como uma hipótese para calcular as posições futuras dos astros.
Um daqueles amigos observou: se os planetas se movem anualmente em torno do Sol e diariamente sobre seu eixo, então Vênus e Mercúrio devem apresentar fases, como a Lua. Seguro de si, Copérnico garantiu: "Eles realmente têm fases. Quando lhe aprouver, o bom Deus dará ao homem meios de observá--las". Outro problema permanecia insolúvel para os recursos da época: se a Terra realmente executasse aquele movimento anual, então deveria haver uma alteração na posição das estrelas, dentro da sua esfera, ao longo do ano. É o que se chama paralaxe anual. Copérnico assegurou que a paralaxe existia mas não podia ser observada, porque as estrelas estavam a enorme distância da Terra. Isso levava a rever a idéia que se tinha, então, do tamanho do Universo.
A Igreja Católica não se abalou de imediato com a "hipótese". O papa Clemente VII deu--lhe sua aprovação formal e pediu a Copérnico uma demonstração matemática de suas teorias. Mas o feroz reformador protestante Martinho Lutero não foi condescendente. "A Bíblia diz que Josué mandou o Sol parar no firmamento e não a Terra", comentou irado, para mostrar que a nova teoria contrariava as escrituras sagradas. Ele se referia ao episódio em que os judeus, de volta do exílio no Egito, lutavam para conquistar suas terras na Palestina. Uma batalha especialmente dura contra os amorreus não chegaria ao fim antes do anoitecer e, então, Josué, que sucedera a Moisés na liderança do povo, ordenou: "Sol, detém--te em Gideon e tu, Lua, no vale de Aijalon". Segundo a Bíblia, os dois astros se mantiveram imóveis quase um dia inteiro e a batalha foi vencida.
Copérnico, mais prudente do que nunca, recusava--se a entrar em polêmicas. Pouco antes, com a morte do tio, precisara deixar o castelo de Heilsberg para assumir sua tarefas na catedral de Frauenburg. Ali, juntou oitocentas pedras e uma barrica de cal que seriam usadas nas obras da igreja e construiu para si uma torre sem teto, que transformou em observatório. Iniciou então uma série de observações do céu, exatas e minuciosas, com as quais confirmou (ou retificou, quando necessário) pontos de sua teoria. Paralelamente, lia e relia os autores antigos.
Supõe--se que estivesse reunindo o peso de quantos pensadores pudesse para dar sustentação à sua obra definitiva, Das revoluções dos corpos celestes. Ele a escrevia devagar, conferindo tudo, observando e pensando. Por volta de 1540, auxiliado pelo professor de Matemática da Universidade de Wittenberg, Georg Joachim Rheticus, Copérnico deu os retoques finais em sua teoria. Rheticus preparou um folheto, a que chamou Primeiro relato, onde falava apenas do movimento da Terra. Outros relatos deveriam aparecer, mas Copérnico finalmente se decidiu. Sua teoria estava completa, testada e conferida, e ele, já doente, acreditava--se no fim da vida e fora do alcance de uma possível perseguição por parte da Igreja. Ainda assim, julgou melhor fazer a impressão em Nuremberg, cidade alemã sob influência protestante. Foi o pastor luterano Andreas Osiander quem cuidou do trabalho -- e aparentemente tinha mais medo de Lutero do que Copérnico do papa. Por sua conta, sem pedir licença ao autor, colocou um prefácio onde informava aos leitores que aquilo não era uma visão real do Universo, mas apenas "um cálculo coerente com a observação".
Como Osiander não assinou seu prefácio, os leitores pensaram que essa era a opinião do autor. O próprio Copérnico não pôde protestar, pois consta que o primeiro exemplar do livro, levado às pressas por um mensageiro, foi encontrá--lo a 24 de maio de 1543 no leito de morte -- e ele nem sequer conseguiu virar a primeira página. De qualquer forma, tornara--se pública a teoria heliocêntrica. Lutero já reclamara antes: "Ela vai virar a Astronomia de cabeça para baixo". Copérnico via mais além: tirando o homem e a Terra do centro de tudo, sua teoria levaria à revisão da forma de encarar o enigma da formação do Universo, do surgimento da vida e do próprio homem.
Mas isso se faria devagar, bem ao ritmo daqueles tempos. Durante trinta anos nada aconteceu de prático. Então começou a ser conhecido o nome de um frade dominicano disposto a investir contra toda a sabedoria esclerosada que a Igreja insistia em manter inviolada. Chamava--se Giordano Bruno. Ao contrário de Copérnico, era ousado, irreverente, polemista, como costumavam ser os do sul da Itália. Durante anos viajou pela Europa, de capital em capital, de universidade em universidade. Invariavelmente, por se tornar incômodo, acabava expulso. Foi bater em Veneza e lá caiu nas mãos da Inquisição, que durante seis longos anos usou todos os recursos para fazê--lo abjurar tais idéias. Bruno, é verdade, vacilou várias vezes, mas sempre se recompôs -- e por isso acabou na fogueira, em 17 de fevereiro de 1600, aos 52 anos.
O heliocentrismo, em todo caso, sobreviveu à fogueira, com um acréscimo que Bruno fizera: a idéia do Universo infinito. Exatamente quando ele viajava para Veneza, onde começaria seu martírio, chegava à Universidade de Pádua um jovem professor que ergueria do chão a bandeira da nova idéia. Galileu Galilei era o oposto de Bruno -- prudente como Copérnico, meticuloso no trabalho e nas pesquisas, avesso a controvérsias. Passou à história como o pai da moderna ciência, pois tinha a mania de tudo pesquisar, experimentar, conferir. Por essas virtudes, foi também perseguido pela Igreja, à qual prestava serviços. Tendo sabido que fora oferecido ao bispo de Veneza um aparelho que tornava possível enxergar mais longe, obteve uma simples descrição do objeto e então, com seus conhecimentos de ótica, que preferia chamar perspectiva, construiu seu próprio telescópio.
Com ele, mirou o céu e enxergou com os próprios olhos pelo menos duas provas de que Copérnico estava certo: quatro luas davam voltas em Júpiter, o que significava que pelo menos aqueles quatro corpos celestes não giravam em torno da Terra: e, Vênus, como o polonês anunciara, tinha fases como a Lua. Estava--se em 1610. O Renascimento já era movimento consagrado, mas a Igreja supôs que poderia continuar escondendo a verdade. Os sábios religiosos simplesmente recusaram--se a olhar pelo telescópio e, fiéis a Aristóteles, continuaram a sustentar que a Terra, imóvel, era o centro do Universo. Galileu foi condenado à prisão perpétua, oficialmente abjurou sua idéias para escapar à tortura e morreu em 1642, aos 78 anos.
Mas o heliocentrismo não morreu com ele. Mais ao norte, na Alemanha, um astrônomo e matemático de notável capacidade já anos antes se tornara seu porta--voz. Johannes Kepler, nascido em 1571, tinha duas armas poderosas, que faltaram a Copérnico: o telescópio, que lhe permitia observar os corpos celestes, e uma enorme coleção de dados preciosos sobre a movimentação dos astros, de autoria de seu mestre Tycho Brahe. Este, por ironia, dedicara--se anos a fio a essas observações, anotando tudo com extremo rigor, porque sonhava restabelecer o sistema de Ptolomeu, ainda que com algumas adaptações.
Kepler reviu tudo o que já se pensara a respeito, corrigiu os erros cometidos pelo próprio Copérnico e chegou à descoberta de que as órbitas dos planetas em torno do Sol são elípticas, e não circulares -- e que o Sol está num dos focos, não no centro dessa elipse. Por isso, quando está mais próximo do Sol, o planeta anda mais depressa; quando está mais longe, anda mais devagar. Kepler mostrou ainda que, qualquer que seja a velocidade, a área percorrida pelo raio vetor (a reta imaginária que liga o planeta ao Sol), num mesmo período de tempo, é sempre igual. Estava explicado aquele comportamento, observado por Copérnico. Mas Das revoluções dos corpos celestes continuou, inutilmente por sinal, no Index das obras proibidas pelo Vaticano até 1835 -- apenas três anos antes que, como diria Copérnico, o bom Deus concedesse aos homens capacidade para medir até mesmo a paralaxe anual das estrelas, a única parte da grande obra revolucionária que ainda faltava comprovar na prática.





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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Sabe da última - Comportamento



SABE DA ÚLTIMA? Comportamento



A mais antiga modalidade de comunicação social continua a fazer parte da vida de todos. Afinal, quem já não ouviu ou ajudou a passar adiante um boato? Nisso há uma lição sobre a natureza humana.

É sempre tudo muito parecido: uma história que ninguém sabe exatamente de onde saiu passa de boca em boca e, em questão de horas, se tanto, com os devidos acréscimos e bordados, vira verdade verdadeira. É o boato, um dos mais assíduos freqüentadores de conversas, em toda parte e de todo tipo de gente. Costuma crescer feito bola de neve em situações de tensão e ansiedade. E pode murchar como um balão furado assim que alguém se dá ao trabalho de conferir o rumor antes de passá-lo adiante, o que porém raramente acontece. Às vezes, sobrevive a todas as checagens - e aí vira lenda.
Um exemplo clássico que correu mundo por se referir a uma celebridade foi o da morte do beatle Paul McCartney, que chegou a ser notícia de primeira página nos Estados Unidos em 1967, nos anos de glória do conjunto. Paul, naturalmente, estava vivo da silva - mas nem isso iria convencer os partidários da teoria do passamento do senhor McCartney, como o americano que telefonou para uma estação de rádio de Detroit munido da seguinte prova: na música "Strawberry Fields Forever" do disco Magical Mistery Tour, gravado naquele ano de 1967, era possível ouvir, depois de uma filtragem de sons, uma voz que dizia "I buried Paul" ("eu enterrei Paul). Outras evidências do gênero foram arranjadas para demonstrar que o boato era fato. Na capa do disco Sergeant Pepper´s Lonely Hearts Club Band, por exemplo, podia-se ler numa guitarra a inscrição "Paul is dead".
E assim a história foi sendo enriquecida com detalhes do arco-da-velha: ele teria morrido em um acidente automobilístico em novembro de 1966 e fora substituído por um dublê. A lenda se alimentaria ainda das imagens da capa do último disco do conjunto, Abbey Road, gravado em 1970, onde Paul aparece descalço, como são enterradas algumas pessoas na Inglaterra; a foto também mostra um carro placa LMW 28 IF. Era só o que faltava: os boateiros entenderam que, se ("if") Paul estivesse vivo, teria 28 anos. Por aí se vê como fecunda, por assim dizer, a imaginação dos que não abrem mão de um bom rumor, apesar de todas as evidências da vida real.
Mas o boateiro não é uma pessoa diferente das demais ou coisa que o valha. Não há quem, com maior ou menor convicção, não tenha sido cúmplice da difusão de uma história, geralmente envolvendo gente famosa, sem ter a menor idéia se era verdadeira ou não. Ou, o que ainda é mais comum, sem se perguntar se o boato não teria sido plantado de propósito por alguém interessado em beneficiar-se da circulação da notícia falsa. Passar adiante um boato, em suma, parece parte da condição humana. Muitos boatos nascem de um mal-entendido. Alguém tira uma conclusão errada do que vê, lê ou escuta, confunde um gesto ou uma frase, e pronto - faz brotar uma inverdade que, levada às últimas conseqüências, pode envenenar a reputação de pessoas inocentes antes mesmo que fiquem sabendo dos rumores em que caíram.
Pois nem sempre o reino da verdade se restabelece com igual rapidez. Como no episódio do beatle Paul, há boatos que resistem, impávidos, aos mais contundentes golpes da realidade. Mas uma coisa todos eles têm em comum: sua fonte primária é sempre anônima. Rastrear a origem de um boato é tarefa tanto mais difícil quanto maior e mais complexo for o ambiente social onde ele surgiu, reflete o antropólogo José Guilherme Cantor Magnani, da USP. Para ele, "só numa pequena cidade do interior, onde a rede de relações é quase transparente, um boato pode ser rapidamente checado: é possível saber sua fonte e restabelecer sua cadeia de transmissão, pois todos se conhecem".
Mas, do mesmo modo que uma nota falsa só é aceita se a falsificação for de boa qualidade (a menos que a pessoa seja muito desatenta ou desinformada), o boato, para circular com rapidez e desenvoltura, precisa ser verossímil, seja quanto ao contéudo seja quanto à fonte. Quem conta a história deve estar em condições de responder de boca cheia à pergunta "Como você soube?" ou "Quem foi que contou?" Boato ideal, portanto, é aquele que tem cara, cor e cheiro de verdade -- e ainda por cima tem o aval de alguém tido como uma pessoa que sabe das coisas. Esses são ingredientes indispensáveis para quem pretenda cozinhar uma história com a intenção de ganhar algo ao servi-la a determinado público.
O Brasil, como se sabe, tem sido uma terra pródiga em boatos. Tanto assim que no ano passado até um certo dia -- sempre às quintas-feiras -- passaram a ter as histórias destinadas a provocar sobressaltos nos mercados financeiros, com o efeito de erguer ou derrubar as cotações de ações ou da dupla verde-amarela (dólar e ouro). No final de outubro, por exemplo, os avanços olímpicos da inflação deram credibilidade a uma porção de lendas sobre pacotes econômicos recheados de crueldades, como o bloqueio de depósitos em cadernetas de poupança. No embalo da boataria, chegou a circular até em lugares por onde anda gente séria a notícia de que os militares haviam voltado a tomar o poder no país. O fôlego dessa asneira durou pouco (esse é o típico boato fácil de checar), mas o suficiente, com certeza, para alguém ganhar e alguém perder dinheiro.
Não muito diferente são os boatos criados para fazer mal a candidatos a cargos públicos. Esse tipo de rumor apela freqüentemente para questões de ordem moral: propaga-se contra o candidato histórias de corrupção ou de escândalos na vida familiar, das quais ou ele não conseguirá se livrar ou só se livrará tarde demais -- quando tiver já perdido a eleição. Como não há quem não goste de falar mal de políticos, essas histórias percorrem o eleitorado a jato. No entanto, para serem realmente eficazes, devem machucar a vítima ali onde dói mais: o boato deve acusá-lo de algo que seja um grave pecado naquela sociedade, naquele momento.
Do contrário, o eleitor pode até acreditar no rumor (e ajudar a espantá-lo) e nem por isso deixa de votar no candidato. Os psicólogos americanos Gordon Allport e Leo Postman registraram casos dessa natureza em seu clássico livro The Psychology of Rumor, de 1953. Eles contam que Thomas Jefferson, terceiro presidente dos Estados Unidos, de 1801 a 1809, foi acusado quando candidato de ser ateu. Difícil imaginar algo mais devastador na América daquele tempo. Um gênero de boato de fácil aceitação e largo trânsito é o que anuncia a morte de alguém muito famoso -- como já se viu no caso de Paul McCartney.
Em setembro do ano passado, dias antes da promulgação da Constituição, correu no Brasil o boato de que o deputado Ulysses Guimarães, 72 anos, presidente da assembléia Nacional Constituinte, havia morrido. A notícia foi transmitida de Brasília ainda de madrugada pelo repórter de uma rádio paulista, que aparentemente se confundiu com uma nebulosa informação obtida na redação de um jornal local. A família do doutor Ulysses, que dormia placidamente, teve o dissabor de ser despertada por um colar de telefonemas -- alguns, mais afoitos, até de pêsames. Esse foi o maior dano causado pelo boato ao vivíssimo político, virtual candidato presidencial.
A imprensa, que vive de apurar e transmitir informações presumidamente confiáveis, tem sua parte de culpa na geração e difusão de boatos. Também no ano passado o sisudo jornal parisiense Le Monde tropeçou num telefonema recebido de Roma e decretou o falecimento da atriz italiana Monica Vitti. Constatado o erro, com o jornal já nas bancas, só restou ao Le Monde mandar à atriz uma corbeille de rosas, "vermelhas de vergonha". A falta de informações suficientes sobre um assunto ou uma celebridade às vezes é o que basta para instalar a boataria. De acordo com o antropólogo Cantor Magnani, "o boato é sempre uma fonte alternativa que se contrapõe a uma verdade oficial e seu efeito é o de substituir a notícia oficial ou colocá-la em xeque".
O caso do assassínio do presidente dos Estados Unidos John Kennedy, em 1963, é um exemplo disso. Até hoje, bom número de americanos -- para não falar da opinião pública de outros países -- duvida da versão oficial de que ele foi morto por um solitário chamado Lee Oswald. Acreditam, isto sim, que Oswald fazia parte de uma conspiração envolvendo organizações de grosso calibre e figurões jamais identificados. Há poucos meses, uma TV inglesa afirmou ter provas de que Kennedy pretendia desfechar uma dura ofensiva. Tenham ou não razão os jornalistas ingleses, sua versão representa mais lenha na fogueira dos duradouros boatos sobre a tragédia de Dallas.
O Brasil tem sua própria coleção de boatos em volta de uma das maiores tragédias de sua história recente -- a agonia e morte de presidente eleito Tancredo Neves em 1985. De 14 de março, véspera da posse, quando ele foi internado às pressas no Hospital de Base de Brasília, até sua morte, a 21 de abril, o país mergulhou numa boataria nunca antes vista. De início, os meios de comunicação apresentaram ao público uma versão suavizada dos problemas de saúde de Tancredo, e depois veicularam o fogo cruzado entre as equipes médicas que o assistiram, enquanto ele era submetido a cirurgia após cirurgia. Só restou então ao povo desinformado acreditar no boato de que a verdade sobre o caso era toda outra e estava sendo escondida de propósito: Tancredo tinha sido vítima de um atentado a tiros.
Tais boatos ricochetearam na repórter da TV Globo Glória Maria que, por coincidência -- e nada como uma boa coincidência para fermentar um rumor --, não estava aparecendo no vídeo. Nada mais lógico do que concluir que ela também tinha sido ferida no atentado a Tancredo. Em situações de insegurança, o povo desconfia das versões oficiais dos acontecimentos e os boatos políticos e econômicos proliferam feito cogumelos após a chuva. "Quando a população se sente perdida, aterrorizada, o boato se propaga rapidamente, pois qualquer informação que chega é bem-vinda", constata o psicanalista e sociólogo Manoel Tosta Berlinck, da Unicamp.
O meio artístico é também um campo fértil para a germinação de boatos, às vezes criados ou amplificados por emissoras ou publicações sensacionalistas. É comum pipocar a notícia de que um ator ou cantor está muito doente. Se um pequeno fato ajudar, então o boato estará com a vida feita. Em junho de 1987, o ator e cantor Fábio Jr. foi internado às pressas no Instituto do Coração, em São Paulo. Logo correu que ele tinha sofrido uma cirurgia delicada, que sua doença era conseqüência do uso excessivo de drogas e que ele estava à morte. O cantor tinha na verdade uma pericardite (inflamação na membrana do coração) que o deixou fora de combate por duas semanas -- nada mais.
A irreverente cantora Rita Lee também teve de se haver com o falatório sobre sua saúde. Como ficou bom tempo sem se apresentar, em 1984, isso bastou para que se espalhasse que ela estava com leucemia. Em seguida, uma aparição no "Rock in Rio", no início de 1985, só serviu para dar força à história. Afinal, Rita estava muito magra, afônica e usava peruca. Se para um boateiro meio sintoma basta, que dizer de três? Na realidade, magra a cantora sempre foi e se usava perucas era porque gostava. Compositora de talento, ela não deixou barato e logo deu o troco, compondo a música "Não, titia", com o refrão: "Não titia, eu não estou com leucemia". Mas nem todas as vítimas de boatos reagem como o mesmo bom humor -- muito antes pelo contrário.
Por trás da transmissão de um boato, oculta-se muitas vezes uma questão de prestígio social. Afinal, quem detém informações aparece aos olhos de seus pares como algo que está "por dentro", sabe logo o que os demais ignoram e, em certo sentido, é mais que os outros -- ao menos enquanto suas informações não forem desmentidas. Mesmo quando forem, como a origem do boato é quase sempre anônima, o transmissor tem a seu favor a circunstância atenuante de não ter se comprometido até o fundo da alma com aquilo que transmitiu. "Contar uma história que os demais desconhecem faz com que a pessoa seja mais respeitada pelo grupo", resume o psiquiatra José Cássio Simões Vieira.
Boato vem do latim boatus, significando "mugido, grito agudo". Na Antiga Roma, os imperadores, cientes de que a plebe gostava tanto de um rumor quanto de uma luta de gladiadores, nomearam os delatores (do latim delatio, que significa contar, referir), cujo trabalho era circular pelas ruas e levar ao imperador a vox populi. Caso os boatos fossem prejudiciais à imagem do imperador, os delatores, como agentes desse verdadeiro serviço nacional de informações, versados nas artes da guerra psicológica adversa, lançavam boatos em sentido contrário.
Um exemplo é o incêndio de Roma em 64. Não há quem não tenha aprendido que o responsável foi o insano imperador Nero. Mas é possível que essa versão tenha nascido do fato de ser Nero um imperador impopular. No episódio, de nada adiantou o desmentido oficial; para se defender, Nero recorreu então à contra-informação: os responsáveis pelo incêndio foram os cristãos, na época uma minoria hostilizada -- e mais que depressa a fúria da plebe voltou-se contra eles. Nem todo boato pode ter um fundo de verdade, ao contrário do que quer o ditado. Mas seguramente todo boato tem alguma verdade a ensinar sobre o comportamento das pessoas e o funcionamento das sociedades em que elas vivem.
Por acreditar nisso, o sociólogo francês Jean-Noël Kapferer criou em Paris, em 1984, uma Fundação para o Estudo e a Informação sobre os Rumores, que em pouco tempo recolheu um formidável acervo de 10 mil boatos -- entre eles, o de que o presidente americano Richard Nixon, em visita à China em 1972, furtou uma valiosíssima xícara antiga de porcelana. Com esse farto material, às vezes subversivo, Kapferer escreveu um autêntico tratado sobre o assunto, Rumeurs ("Rumores"). No livro, o caçador de boatos tenta explicar como eles nascem, se desenvolvem e sobrevivem, apesar (ou por causa) da avalanche de informações produzidas diariamente pelos meios de comunicação.
Kapferer lembra que, antes da invenção da escrita, a transmissão de notícias de boca em boca era o único canal de comunicação social -- não havia então como distinguir o que hoje se chama boato (a notícia oral) da verdade dos fatos (como se presume sejam as notícias da imprensa). Para o sociólogo, nem todo boato é falso assim como nem toda notícia é verdadeira, embora esta seja a única passível de controle. Segundo Kapferer, todos os homens carregam pela vida afora uma bagagem de idéias, opiniões, imagens e crenças sobre o mundo que o rodeia, a maioria adquiridas simplesmente por ouvir dizer, num processo lento, gradual -- e imperceptível. "O boato", escreve ele, "recria esse processo de forma acelerada, de modo a torná-la perceptível". Daí a conclusão que o estudo do boato proporciona -- não é que o homem acredite naquilo que é verdade provada; mas a prova da verdade de algo é o fato de o homem acreditar nisso.





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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Sete Glórias Antigas - Historia



SETE GLÓRIAS ANTIGAS - História



Das pirâmides do Egito ao Colosso de Rodes, sete formidáveis construções merecem dos gergos o título de "maravilhas". Seis delas sumiram quase sem deixar traço. Terão existido realmente?

Muitos séculos antes da era cristã, os povos do Mediterrâneo tiveram o privilégio de conhecer os monumentos que para os gregos eram as maiores realizações materiais da Antigüidade, as sete maravilhas do mundo: as Pirâmides do Egito, o Farol de Alexandria, os Jardins Suspensos da Babilônia, o Templo de Ártemis, a Estátua de Zeus, o Mausoléu de Halicarnasso e o Colosso de Rodes. A relação que data do século II a.C., é atribuída a Antípater, poeta grego nascido em Sidon, no atual Líbano. A idéia surgiu com o desenvolvimento da erudição, o conhecimento acumulado em cada área da atividade humana.
Com o auxílio da literatura de viagens, que descrevia paisagens físicas, construções e costumes, também chamada literatura de mirabilia (do latim, que vale a pena ver), nasceu o inventário das maravilhas, limitadas não se saber por que a sete. Construídas em diferentes épocas, é quase certo que todas ainda estavam em pé em meados do século II a.C., mas não mais no tempo de Antípater. Delas só restaram as pirâmides do Egito. Quanto às outras, pairam muitas dúvidas: a data exata de construção e destruição, o tamanho real e até que aspecto de fato teriam tido.
Enquanto imagens do Colosso de Rodes e da Estátua de Zeus foram reconstruídas com base em descrições incompletas e reproduções estilizadas em moedas, o Farol de Alexandria, o Templo de Ártemis e o Mausoléu de Halicarnasso puderam ser desenhados graças a documentos históricos considerados bastante próximos do original. Dos Jardins Suspensos da Babilônia nem se sabe sequer quando desapareceram. Não que se tenha certeza absoluta da época em que tiveram fim os outros monumentos, mas para alguns deles é possível, ao menos, mencionar datas prováveis.
As primeiras reconstruções dessas maravilhas, embora fantasiosas muitas vezes, surgiram nos séculos XVI e XVII. Algumas são atribuídas ao jesuíta alemão Athanasius Kircher (1601-1680), que pesquisou uma vasta gama de assuntos e escreveu 44 livros. Reproduções mais verossímeis só puderam ser feitas quando os arqueólogos começaram a estudar o que restou de algumas maravilhas, a partir dos séculos XVIII e XIX. Do que se descobriu, emerge uma certeza: a lista do velho Antípater pode estar incompleta -- por que não inclui, por exemplo, o Pártenon, de Atenas? -- , mas as obras selecionadas devem ter sido, de fato, maravilhosas.

AS PIRÂMIDES DO EGITO
Dois milhões de blocos

As três pirâmides do Egito ocupam merecidamente o primeiro lugar da relação. Construídas entre 2551 e 2495 a.C. para servirem de túmulo aos faraós, são também os mais antigos dos sete monumentos. Prova do alto nível da ciência e tecnologia do Antigo Egito, com soluções de engenharia admiráveis para qualquer época e lugar, erguem-se imponentes na planície de Gizé, a 15 quilômetros do Cairo. A maior é a de Quéops, o segundo rei da IV dinastia. Segundo o historiador grego Heródoto, sua construção mobilizou 100 mil trabalhadores durante vinte anos. Com 146 metros de altura -- o equivalente a um edifício de 48 andares -- , foi a primeira a ser construída, com mais de 2 milhões de blocos de pedra.
As pirâmides tinham, inicialmente, uma base hexagonal, isto é, de seis lados. A partir da pirâmide monumental (que não faz parte das sete maravilhas), atribuída ao rei Snefru, a estrutura básica alargou-se até se transformar num bloco compacto de alvenaria com oito terraços, preenchidos com blocos de pedra que se encaixavam perfeitamente, formando um aclive em degraus. Recoberta a construção com uma massa lisa de pedra calcária, resultou uma verdadeira pirâmide geométrica.
Um pouco menor que a de Quéops, a pirâmide de Faraó Quéfren tinha 143 metros de altura: a terceira, de Miquerinos, 66 metros. Provavelmente, os próprios faraós, foram os arquivos das suas pirâmides, onde, segundo a crença, eles ressuscitariam. O apogeu do poder real no Egito deu-se justamente no período correspondente à IV dinastia, quando a centralização era a marca registrada do sistema político.

O FAROL DE ALEXANDRIA
120 metros em mármore

Na ilha que fica diante da cidade de Alexandria, no Egito, ergueu-se o mais famoso farol da Antigüidade. Por isso a ilha foi chamada Faros (farol, em grego). Modelo para a construção dos que o sucederam, o Farol de Alexandria foi classificado como a segunda maravilha do mundo. Todo de mármore e com 120 metros de altura -- três vezes o Cristo Redentor no Rio de Janeiro --, foi construído por volta de 280 a.C. pelo arquiteto grego Sóstrato de Cnidos, por ordem de Ptolomeu II, rei grego que governava o Egito. Diz a lenda que Sóstrato procurou um material resistente à água do mar e por isso a torre teria sido construída sobre gigantescos blocos de vidro. Mas não há nenhum indício disso.
Com três estágios superpostos -- o primeiro, quadrado; o segundo, octogonal; e o terceiro, cilíndrico --, dispunha de mecanismos que assinalavam a passagem do Sol, a direção dos ventos e as horas. Por uma rampa em espiral chegava-se ao topo, onde à noite brilhava uma chama para guiar os navegantes. Compreende-se a avançada tecnologia: Alexandria tinha-se tornado naquela época um centro de ciências e artes para onde convergiam os maiores intelectuais da Antigüidade.
Cumpria-se assim a vontade de Alexandre, o Grande, que ao fundar a cidade, em 332 a.C., queria transformá-la em centro mundial do comércio, da cultura e do ensino. Os reis que o sucederam deram continuidade a sua obra. Sob o reinado de Ptolomeu I (323-285 a.C.), por exemplo, o matemático grego Euclides criou o primeiro sistema de geometria. Também ali o astrônomo Aristarco de Santos chegou à conclusão de que o Sol e não a Terra era o centro do Universo. Calcula-se que o farol tenha sido destruído entre os séculos XII e XIV. Mas não se sabe como nem por quê.

OS JARDINS SUSPENSOS DA BABILÔNIA
Seis montanhas artificiais

A terceira maravilha são os Jardins Suspensos da Babilônia, construídos por volta de 600 a.C., às margens do rio Eufrates, na Mesopotâmia - no atual sul do Iraque. Os jardins, na verdade, eram seis montanhas artificiais feitas de tijolos de barro cozido, com terraços superpostos onde foram plantadas árvores e flores. Calcula-se que estivessem apoiados em colunas cuja altura variava de 25 a 100 metros. Para se chegar aos terraços subia-se por uma escada de mármore; entre as folhagens havia mesas e fontes. Os jardins ficavam próximos ao palácio do rei Nabucodonosor II, que os teria mandado construir em homenagem à mulher, Amitis, saudosa das montanhas do lugar onde nascera.
Capital do império caldeu, a Babilônia, sob Nabucodonosor, tornou-se a cidade mais rica do mundo antigo. Vivia do comércio e da navegação, buscando produtos na Arábia e na Índia e exportando lã, cevada e tecidos. Como não dispunham de pedras, os babilônios usavam em suas construções tijolos de barro cozido e azulejos esmaltados. No século V a.C., Heródoto dizia que a Babilônia "ultrapassava em esplendor qualquer cidade do mundo conhecido". Mas em 539 a.C. o império caldeu foi conquistado pelos persas e dois séculos mais tarde passou a ser dominado por Alexandre, o Grande, tornando-se parte da civilização helenística. Depois da morte de Alexandre (323 a.C.), a Babilônia deixou de ser a capital do império. Começou assim sua decadência. Não se sabe quando os jardins foram destruídos; sobre as ruínas da Babilônia ergueu-se, hoje, a cidade de Al-Hillah, a 160 quilômetros de Bagdá, a capital do Iraque.

O TEMPLO DE ÁRTEMIS
200 anos de construção

Em Éfeso, na Ásia Menor, ficava o templo da deusa Ártemis, a quarta maravilha. Sua construção começou na metade do século VI a.C. , por ordem do conquistador Creso, rei da Lídia -- região montanhosa que hoje é o oeste da Turquia. Com 90 metros de altura -- como a estátua da Liberdade, em Nova York -- e 45 de largura, o templo era decorado com magníficas obras de arte. Protetora da cidade e deusa dos bosques e animais, Ártemis (Diana, para os romanos) foi esculpida em ébano, ouro, prata e pedra preta. Tinha as pernas e quadris cobertos por uma saia comprida decorada com relevos de animais. Da cintura para cima, três fileiras de seios se superpunham. Um ornamento em forma de pilar lhe adornava a cabeça.
Nesse período da história grega, chamado Arcaico (século VIII- século V a.C.), quando Éfeso, graças a seu porto, era uma das mais importantes cidades do Egeu e do Mediterrâneo, a escultura tinha alcançado seu ponto alto entre os gregos. Não é, pois, de estranhar que o templo de Ártemis tenha ficado famoso por suas esculturas e objetos de ouro e marfim -- alguns dos quais se encontram no Museu Britânico, em Londres. Quando, no século I, o escritor romano Plínio, o Velho, afirmou que esse magnífico templo, com 127 colunas (36 decoradas) demorou duzentos anos para ser construído, não foi levado a sério. Mas, no século XIX, quando os arqueólogos conseguiram determinar o lugar onde foi erguido deu-se finalmente razão a Plínio. O templo foi incendiado no século III a.C. por um certo Heróstrato, que assim pretendia tornar-se imortal. Pelo visto, conseguiu. Reconstruído, destruído e ainda outra vez reconstruído, o templo foi finalmente arrasado em 262 pelos godos, povo germânico que durante o século III invadiu províncias romanas na Ásia Menor e na península balcânica.

A ESTÁTUA DE ZEUS
Marfim, ébano e pedrarias

Na cidade grega de Olímpia, na planície do Peloponeso, estava a quinta maravilha: a estátua de Zeus, esculpida pelo célebre ateniense Fídias, no século V a.C., quando a cidade já caíra sob o domínio de Esparta. Essa é considerada sua obra-prima. Tanto os gregos amavam seus trabalhos que dizia-se que ele revelava aos homens a imagem dos deuses. Supõe-se que a construção da estátua tenha levado cerca de oito anos. Zeus (Júpiter, para os romanos) era o senhor do Olimpo, a morada das divindades. A estátua media de 12 a 15 metros de altura -- o equivalente a um prédio de cinco andares -- e era toda de marfim e ébano. Seus olhos eram pedras preciosas.
Fídias esculpiu Zeus sentado num trono. Na mão direita levava a estatueta de Nike, deusa da Vitória; na esquerda, uma esfera sob a qual se debruçava uma águia. Supõe-se que, como em representações de outros artistas, o Zeus de Fídias também mostrasse o cenho franzido. A lenda dizia que quando Zeus franzia a fronte o Olimpo todo tremia. Quando a estátua foi construída, a rivalidade entre Atenas e Esparta pela hegemonia no Mediterrâneo e na Grécia continental mergulhou os gregos numa sucessão de guerras. Os combates, no entanto, não prejudicaram as realizações culturais e artísticas da época. Ao contrário, o século V a.C. ficou conhecido como o século de ouro na história grega devido ao extraordinário florescimento da arquitetura, escultura e outras artes. A estátua de Zeus foi destruída nesse mesmo século V a.C.

O MAUSOLÉU DE HALICARNASSO
Pirâmide de 24 degraus

No século IV a.C. , Artemísia, mulher de Mausolo, rei da Cária, mandou construir um túmulo em homenagem ao marido: o Mausoléu de Halicarnasso, que viria a ser a sexta maravilha do mundo. Halicarnasso era a capital da Cária -- região que englobava cidades gregas ao longo do mar Egeu e das montanhas do interior e hoje faz parte da Turquia. Durante o reinado de Mausolo (370-353 a.C.), a cidade conheceu grande progresso com a construção de edifícios públicos; extensa muralha devia protegê-la de ataques. O romano Plínio descreveu o mausoléu como um suntuoso monumento sustentado por 36 colunas. Com quase 50 metros de altura, ocupava uma área superior a 1200 metros quadrados. Acima da base quadrada, erguia-se uma pirâmide de 24 degraus que tinha no topo uma carruagem de mármore puxada por quatro cavalos.
Dentro ficavam as estátuas de Artemísia e Mausolo, além de trabalhos de Escopas, considerado um dos maiores escultores da Grécia do século IV. Algumas dessas esculturas, como uma estátua de 4,5 metros, provavelmente de Mausolo, encontram-se no Museu Britânico. O túmulo foi destruído, provavelmente por um terremoto, em algum momento entre os séculos XI e XV. As pedras que sobraram da destruição acabaram sendo aproveitadas na construção de edifícios locais. Ficou do nome do rei Mausolo a palavra mausoléu, usada para designar monumentos funerários.

O COLOSSO DE RODES
Um pé em cada margem

Uma embarcação que chegasse à ilha grega de Rodes, no Mediterrâneo, por volta de 280 a.C., passaria obrigatoriamente entre as pernas da enorme estátua de Apolo (Hélio, para os romanos), deus do Sol e protetor do lugar. É que o Colosso de Rodes, como foi chamada a sétima maravilha do mundo, tinha um pé fincado em cada margem do canal que dava acesso ao porto. Com 30 metros de altura, toda de bronze e oca, a estátua começou a ser esculpida em 292 a.C., pelo escultor Chares, de Lindus, uma das cidades da ilha, que a concluiu doze anos depois. Conta-se que o povo de Rodes mandou construir o monumento para comemorar a retirada das tropas do rei macedônio Demétrio Poliorcetes, que promovera longo cerco à ilha na tentativa de conquistá-la. Demétrio era filho do general Antígono, que após a morte de Alexandre, o Grande, herdou uma parte do império grego.
O material empregado na escultura foi obtido a partir da fundição dos armamentos que os macedônios ali abandonaram. A estátua ficou em pé por apenas 55 anos, quando um terremoto a jogou ao fundo da baía de Rodes onde ficou esquecida até a chegada dos árabes, no século VII. Estes, então, a quebraram e venderam como sucata. Para se ter uma idéia do volume do material, foram necessários novecentos camelos para transportá-lo. Essa, que foi considerada uma obra maravilhosa, teria no entanto levado Chares a suicidar-se, logo depois de tê-la terminado, desgostoso com o pouco reconhecimento público ao monumento. No ano passado, o assunto Colosso de Rodes voltou brevemente à tona: uma vidente australiana ganhou notoriedade ao assegurar que em determinado local da baía estava uma das mãos da estátua. Mas a pedra retirada do fundo do mar, conforme instruções da vidente, não tinha nada a ver com a escultura.





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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Cores ao Vivo - Natureza



CORES AO VIVO - Natureza



A exuberância das cores no reino animal tem muito a ver com a sobrevivência das espécies. Para algumas delas, o colorido é um verdadeiro código de sinais.

Azul-esverdeado ou verde-azulado? Muita gente optaria pela primeira forma e o mesmo ocorreria com um cientista que estivesse descrevendo, por exemplo, uma nova espécie de besouro colorido. Isso porque a visão humana é particularmente sensível a um determinado comprimento de onda luminosa que se convencionou chamar azul-esverdeado. Mas o que enxergaria o próprio besouro ao olhar para um companheiro da mesma espécie? Esse é um dos problemas com que se deparam os estudiosos do comportamento animal. Pois ainda é muito pouco o que se sabe a respeito da visão cromática dos animais -- e esse desconhecimento tem colocado em xeque muitas antigas suposições sobre o uso que eles fazem de seus surpreendentes coloridos.
Um animal, uma planta ou mesmo qualquer objeto que vemos como "colorido" possui uma superfície capaz de refletir ou emitir ondas eletromagnéticas dentro de certas variações. Os limites para essas variações são ditados pelos próprios comprimentos das ondas. Estas, se forem demasiadamente longas ou, ao contrário, muito curtas, deixarão de estimular a retina humana e, em conseqüência, o sistema nervoso, tornando impossível perceber a "cor". As diferentes nuances das cores são produzidas por variações no tamanho e na freqüência de radiações eletromagnéticas com um comprimento de onda inferior a um micrômetro (a milésima parte de um milímetro). A percepção das cores principia com o estímulo proporcionado pelas ondas de 0,39 micrômetro (o violeta) e termina na faixa de 0,78 micrômetro (o vermelho). Tanto as ondas mais longas que o vermelho (infravermelho) como as mais curtas que o violeta (ultravioleta) não são percebidas como cor. São, portanto, invisíveis para a vista humana e a da maioria dos animais.
O austríaco Karl von Frisch, um dos ganhadores do Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia em 1973, estudou a percepção das cores nas abelhas, descobrindo que esses insetos são particularmente atraídos por uma forma semelhante à cruz de Malta (aquela das caravelas portuguesas). Intrigado, descobriu que, banhando certas flores na luz ultravioleta, esse desenho invisível para os homens aparecia. As abelhas e também as formigas possuem sistemas óticos que ultrapassam, portanto, os limites da visão humana. Elas captam o ultravioleta, embora sejam absolutamente cegas para o vermelho. Conhecendo a faixa de visão de certos insetos, foi possível criar uma lâmpada, usada nas varandas das casas e nas fazendas, que não atrai os insetos que normalmente procuram a luz -- a cor dessas lâmpadas para eles é invisível, ou seja, não podem saber quando elas estão acesas ou apagadas. Do mesmo modo, as lâmpadas infravermelhas à venda no comércio emitem também um pouco de radiação vermelha, pois, se irradiassem apenas o intravermelho, seria impossível perceber visualmente quando estão ligadas ou desligadas.
A maioria dos mamíferos não enxerga as cores. Em algumas espécies a visão cromática é ainda considerada duvidosa; com certeza mesmo existe apenas entre os primatas. O ser humano foi privilegiado por uma magnifica visão colorida do mundo que só em alguns aspectos é superada pela inigualável acuidade cromática de certas aves. Como, por exemplo, algumas espécies de beija-flor, capazes de perceber nuances na coloração alaranjada das flores das bromeliáceas que denunciam uma concentração maior de néctar; essas nuances são totalmente inexistentes para os olhos humanos.
Entre os próprios homens, porém, varia imensamente a sensibilidade para a captação das cores. Além dos daltônicos, que não distinguem o verde do vermelho (eles sabem, contudo, que nos sinais de trânsito o vermelho fica sempre acima do verde), já foram identificadas algumas dezenas de outras variedades do daltonismo, batizadas com nomes excêntricos. Assim, existem os dicromatas protanópicos, que não distinguem o azul-esverdeado do branco e vermelho e consideram o amarelo e o laranja iguais; os dicromatas trianópicos, que só percebem o extremo vermelho do espectro e confundem o azul e o verde; e até alguns incríveis tricomatas anômalos, que percebem deficientemente todas as cores.
A visão cromática amplia consideravelmente o universo das informações visuais e assim representa uma grande vantagem para os animais de atividade diurna. Com o cair da noite a percepção das cores deixa de ter sentido para a maioria das espécies, com exceção dos vagalumes -- cujos lampejos esverdeados funcionam como chamariz sexual -- e dos seres humanos, irresistivelmente deslumbrados pelo ofuscante colorido noturno das metrópoles. Não é por acaso que os coloridos animais escolhidos para enfeitar gaiolas, aquários e exuberantes coleções de insetos pertencem ao seletíssimo grupo dos que possuem visão cromática.
Para eles, as cores funcionam como um verdadeiro código de sinais. De acordo com a situação, a cor cumpre seu papel. O etologista austríaco (que estuda o comportamento animal) Konrad Lorenz já observara que a exibição do colorido nas escamas de um peixe ou nas penas de uma ave serve tanto para atrair a fêmea como para manter à distância os demais machos e assim delimitar o território. As cores podem também ser da maior importância na camuflagem natural dos animais -- o chamado mimetismo dos caçadores, como a pelagem das onças, e o das presas, como as penas da fêmea do faisão, por exemplo.
De modo geral, pode--se afirmar que nesses bichos as cores são o resultado de um longo processo de seleção natural, em que elas cumprem muito bem os seus papéis. Isso não significa, porém, que todo e qualquer tipo de coloração deva estar desempenhando uma função adaptativa essencial na vida animal. Afinal, os mecanismos de seleção natural tendem a favorecer a propagação das características que colocam as espécies, e dentro delas os indivíduos, em vantagem na luta pela sobrevivência -- em detrimento das características que prejudicam a adaptação dos animais ao meio ambiente.
Já as características "neutras", que não jogam nem a favor nem contra a sobrevivência, permanecem, por assim dizer, quietas no seu canto. Assim, se um belo colorido não prejudicar a perpetuação de uma espécie, poderá continuar enfeitando os seus representantes por muito tempo. As cores surgem sobre o revestimento externo de um animal sem obedecer a nenhum critério determinado, ainda que possam vir a desempenhar papéis de sinalizadores, como se viu. Sobre penas, escamas ou pêlos, elas se apresentam de duas formas bem características: cores estruturais e cores pigmentares.
Quando a luz sofre alterações ao atingir certas estruturas do revestimento animal, surgem as cores estruturais. Um bom exemplo desse fenômeno é o que acontece com a luz ao incidir sobre as asas brilhantes de uma borboleta-azul (SUPERINTERESSANTE nº 1, ano 1). Se os raios luminosos incidirem verticalmente sobre a superfície da asa, a cor refletida será o azul. Já alterações nos ângulos de incidência de luz provocarão variações de reflexos azuis-esverdeados, azuis-violeta e até mesmo algumas nuances de vermelho-púrpura. Isso acontece porque as asas dessa borboleta estão recobertas de minúsculas escamas, umas ao lado das outras. Cada uma possui uma série de ranhuras microscópicas que agem como microprismas, decompondo os raios luminosos em vários componentes -- o mesmo fenômeno que ocorre nas rachaduras de um LP. Nessas circunstâncias os olhos percebem aquilo que se costuma chamar de iridescência.
Já as cores pigmentares resultam da presença de certa categoria de moléculas junto à superfície de revestimento do animal. Parte da luz que incide sobre esses pigmentos é absorvida e parte é refletida. Nesse caso, a parte refletida é percebida como uma "cor". Na prática, porém, as cores decorrem de um processo bem mais complicado pois num único animal colorido podem coexistir cores estruturais e pigmentares. As cores pigmentares são geralmente menos estáveis que as outras. Suas moléculas muitas vezes fluem através da hemolinfa -- o equivalente ao sangue nos insetos -- ou ficam alojadas em microscópicas vesículas constantemente irrigadas pelos fluidos do organismo. Com o animal morto, em pouco tempo as cores começam a se desvanecer. É o que acontece com os pálidos bichos conservados em álcool ou formol nos museus. Murchos e decorados, parecem advertir que a extrema beleza alcançada por aqueles organismos precisa ser conservada -- viva.





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segunda-feira, 16 de julho de 2012

O Mundo da Lua - Astronomia



O MUNDO DA LUA - Astronomia



O vizinho mais próximo da Terra ainda guarda muitos segredos. Alguns cientistas dizem até que é um planeta - não um satélite. Enquanto isso, renovam-se planos para uma base lunar.

Tudo começou há vinte anos. Naquele histórico 20 de julho de 1969, cerca de 1 bilhão de pessoas -- um terço da humanidade -- viram emocionadas pela televisão o astronauta americano Neil Armstrong pisar pela primeira vez o solo lunar, depois de uma viagem de quatro dias a bordo da Apolo 11. O ato foi saudado como "um pequeno passo para o homem, um gigantesco salto para a humanidade". Era o ponto culminante da corrida espacial em que se empenhavam americanos e soviéticos desde 1957, quando Moscou anunciou o lançamento do Sputnik, primeiro satélite artificial da Terra.
Depois da proeza da Apolo 11, pensou-se fazer da Lua a primeira escala de uma viagem que levaria o homem para planetas ainda mais distantes. Algo assim como um posto de abastecimento no meio de uma estrada deserta. Muita gente sonhou também com uma colônia humana na Lua -- longe das crises e dos problemas que os terráqueos costumam criar em seu habitat natural. Os astrônomos queriam construir ali um observatório, aproveitando a ausência de atmosfera, que atrapalha os telescópios terrestres. E todo o mundo queria saber mais sobre esse astro, de repente tão próximo da Terra.
Nos anos que se seguiram, o homem arranhou como pôde a superfície da Lua -- garimpou suas rochas, tirou fotografias de seus acidentes geográficos, constatou ali a ocorrência de 10 mil terremotos e o impacto de 2 mil meteoritos. Trouxe 385 quilos de amostras de seu solo para estudar nos laboratórios. Medidores de radiação, radares, refletores de laser e sismógrafos enviaram 1 trilhão de bits de informações para abastecer os computadores da NASA no Centro Espacial Johnson, no Texas. Muito se aprendeu sobre as andanças e o corpo da Lua. Mesmo assim, ela conservou bem guardados alguns de seus segredos mais importantes.
Para começar, os cientistas vêem a Lua ora como satélite, ora como planeta. Embora seu diâmetro seja quatro vezes menor que o da Terra, ela é um dos maiores satélites existentes no sistema solar, perdendo por pouco para Mercúrio, o menor de todos os planetas. Os astrônomos às vezes dizem que o sistema Terra-Lua forma um planeta binário. "Nenhum outro planeta do sistema solar tem um satélite comparativamente tão grande", observa o astrônomo Sylvio Ferraz Mello, da Universidade de São Paulo. Às vezes também dizem que "planeta ou satélite", no fundo é uma questão semântica". Mas o astrônomo Wagner Sessim, do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), de São José dos Campos, não deixa por menos: "Ao contrário do que se ensina na escola, a Lua não é um satélite da Terra. Terra e Lua giram uma em torno da outra e ambas em torno do Sol".
Satélite ou não, a Lua deve ter começado como um pequeno planeta que há 4,6 bilhões de anos disputou com a Terra o material existente nesse pedaço do sistema solar. Por algum motivo que não se conhece, a Terra evoluiu mais depressa, acumulou mais material e tornou-se sensivelmente maior. A Lua, que ficou menor que a Terra, acabou capturada pela atração gravitacional do planeta e passou a girar em sua volta. Outra hipótese, que o astrônomo Ferraz Mello considera "fantasia", afirma que durante aquele turbulento período um planeta em formação -- quem sabe do tamanho de Marte -- pode ter-se chocado com a Terra e dos estilhaços nasceu a Lua.
Quando os primeiros répteis deixaram os mares e se fixaram na superfície terrestre, há 350 bilhões de anos, enxergavam a Lua 22 vezes maior do que ela parece hoje. Não que seu tamanho fosse maior então -- apenas estava mais perto da Terra. Atualmente, sua órbita caprichosa ora a afasta 406 mil quilômetros, ora a aproxima até 356 mil quilômetros da Terra. Esse movimento dura 27 dias e oito horas -- o mesmo tempo que a Lua leva para dar uma volta completa em torno de si mesma. É por esse motivo que, como se sabe, a Lua sempre tem a mesma face voltada para a Terra. Há 350 milhões de anos, porém, o dia tinha apenas 21 horas e 9 minutos, porque a Terra girava mais depressa sobre seu eixo, e o ano 400 dias. Em compensação, a Lua estava a apenas 18 mil quilômetros de distância.
Esse jogo de aproximação e afastamento que se repete até hoje entre a Terra e a Lua é embalado pelo ritmo das marés, ou seja, pela atração gravitacional que a Lua exerce sobre os oceanos, continentes e até sobre a atmosfera do planeta. Como o freio de um carro, as marés reduzem a velocidade de rotação da Terra. À meia-noite do último dia de 1987, por exemplo, todos os relógios do mundo tiveram de ser atrasados 1 segundo para acompanhar o atraso na velocidade de rotação da Terra. Ao contrário de um relógio, a Lua compensa o atraso aumentando sua órbita -- todo ano ela se afasta 3 centímetros do planeta. Segundo o astrônomo Paulo Benevides, da USP, o movimento é inexorável: "A Lua vai continuar se afastando até que a Terra demore tanto para dar uma volta completa entorno de si quanto a Lua em torno dela. Quando isso acontecer, a Terra terá apenas uma face voltada para a Lua".
Lua quer dizer "luminosa" em latim. Para os antigos, de fato, ela parecia um astro liso e brilhante. Mas desde 1610, quando o italiano Galileu Galilei (1564-1642) apontou pela primeira vez uma luneta em sua direção, se sabe que a Lua é esburacada como, na clássica metáfora, um queijo suíço. Aliás, os românticos podem debitar a Galileu o fato de o homem aprender a vê-la realisticamente. "A Lua não é lisa nem esférica", dizia ele. "É feia, esburacada, coberta de montanhas e sulcada de vale profundos."
Supõe-se que a Lua tenha mais de 500 mil crateras com diâmetro superior a 1 quilômetro, algo como dez campos de futebol enfileirados, e alguns bilhões de mini e microcrateras. Elas são um testemunho mudo de um passado de colisões ocorridas há mais de 4 bilhões de anos. Naquela época, o sistema solar mais parecia um campo de batalha cósmica, onde asteróides e cometas faziam o papel de balas de canhão caindo por todos os lados. Quando uma dessas balas atingia um planeta ou satélite, a explosão abria um buraco de cratera. Para o geólogo americano Harold Masurky, o impacto de alguns desses objetos era tão violento que "o chão devia tremer como um prato de geléia".
Se a Lua foi tão castigada por esse colossal fogo cruzado, por que o mesmo não teria acontecido com a Terra? De fato, o bombardeio cósmico não poupou nem a Terra nem os outros corpos do sistema solar. Só que a grande maioria das feridas cicatrizou com o tempo -- no caso da Terra, devido à ação da água e dos ventos. Como na Lua quase não há erosão, até crateras minúsculas foram preservadas. De perto, é uma paisagem ao mesmo tempo monótona e aterradora. A centenas de milhares de quilômetros, porém, a aparência é bem mais plácida.
Mesmo assim, a Lua inspirou lendas e superstições mais que qualquer outro corpo celeste. Nas noites de lua cheia quando a luz do Sol incide diretamente sobre sua face voltada para a Terra, o homem se acostumou a imaginar que ali se moviam estranhas criaturas -- entre elas um garboso cavaleiro São Jorge em luta contra o dragão. A realidade é bem menos delirante. As manchas escuras da Lua, que sugeriam ao homem medieval o perfil do santo, são apenas planícies basálticas que receberam o nome latino de maria (plural de mar) porque os astrônomos do século XVII as confundiram com oceanos -- algo de que, por sinal, a Lua não possui nem um pingo na superfície.
As regiões prateadas que brilham mais intensamente são montanhas. Elas cobrem 60 por cento da face visível da Lua e quase todo o lado oculto, que o homem conhece somente pelas fotografias. Para não fugir à regra lunática, tanto as planícies quanto as montanhas são crivadas de crateras. O bombardeio dos meteoritos também produziu rachaduras que se irradiam da boca das crateras. Os 385 quilos de pedras trazidos pelas naves espaciais americanas e soviéticas forneceram algumas pistas sobre a turbulenta história da Lua.
Durante seus primeiros 200 milhões de anos, era apenas uma massa com a superfície derretida, constantemente bombardeada pelos projéteis espaciais. Demorou outros tantos 300 milhões de anos para que a crosta se solidificasse. Embora mais esparso, o bombardeio continuou. O impacto dos objetos cavou enormes depressões assemelhadas a golfos e baías, principalmente na face iluminada da Lua, onde a crosta era menos espessa. O calor provocado pelo impacto de projéteis fundiu o material da superfície. Terremotos e vulcões trouxeram à tona um mundo de lava que preencheu os golfos, constituindo os "mares lunares". Nos últimos 3 bilhões de anos, o aspecto da Lua sofreu poucas transformações. Os impactos dos meteoritos em sua superfície tornaram-se mais raros. Ao mesmo tempo, a Lua foi lentamente se resfriando.
Um dos pais da Astronomia moderna o alemão Johannes Kepler (1571-1630) chegou a imaginar que as crateras da Lua, que pareciam perfeitamente circulares, fossem uma prova da "existência de alguma raça capaz de grandes construções", como a Muralha da China, que pode ser vista fora da Terra. Na verdade, embora a Lua ainda não tenha sido explorada palmo a palmo, a existência de seres lunáticos é uma possibilidade virtualmente nula. Por causa de sua baixa gravidade, a Lua não tem atmosfera ficando indefesa diante da carga brutal de radiação cósmica ultravioleta, X e gama, capaz de destruir qualquer forma de vida. Para completar, a temperatura ali não é nada favorável: de dia, sobe a 100 graus; à noite, baixa para 150 graus negativos.
É esse mundo inóspito que o homem novamente pensa conquistar. O objetivo agora não é apenas fincar uma bandeira que marque a hegemonia numa disputa pela conquista do espaço, como aconteceu há vinte anos, quando os americanos, à frente dos soviéticos, pisaram pela primeira vez na Lua. Desde aquela época, a NASA acumulou centenas de projetos de construção de uma base lunar. Mas, passado o clima de competição com a União Soviética, arrefeceram os impulsos de dar segmento ao feito da Apolo. Só depois do desastre da Challenger, em janeiro de 1986, que pôs em xeque o programa espacial americano, novas idéias foram admitidas e velhas idéias foram reavaliadas -- entre elas a da base lunar.
"Sinto que agora a possibilidade começa a entusiasmar", comenta o físico Wendell Mendell, responsável pelo projeto lunar no Centro Espacial Johnson. "Já estamos pensando até nos detalhes", diz ele. Isso não quer dizer, porém, que o governo americano já tenha resolvido efetivamente bancar o projeto. As incursões espaciais da União Soviética, por outro lado, passam ao que tudo indica bem longe da Lua. Em todo caso, segundo os planos americanos, seria estabelecida de início uma colônia de seis a doze pioneiros, que viveriam em abrigos subterrâneos para escapar da radiação cósmica e das mudanças de temperatura. Esses abrigos seriam formados por balões cheios de ar, cobertos de sacos de areia ou tijolos feitos de solo lunar. Com a energia obtida por células solares esses primeiros colonos da Lua, teriam calor e eletricidade.
A tecnologia necessária para a concretização desse sonho já existe. Num relatório sobre os possíveis caminhos do projeto espacial americano, uma comissão chefiada pela ex-astronauta Sally Ride afirma que entre 1995 e 2015 a NASA poderia enviar tripulações à Lua para, num prazo de trinta dias, instalar os equipamentos necessários a uma futura base permanente. Nessa primeira fase, todo o material usado na base, inclusive para a construção de abrigos, iria da Terra. Uma vez estabelecidos, diz o relatório, os astronautas ocupariam a base por mais duzentos dias, pesquisando minerais. Então estariam preparados para a auto-suficiência.
Esse primeiro oásis lunar serviria basicamente de trampolim para foguetes destinados a lugares mais distantes. Pois um dos principais obstáculos ao lançamento de naves interplanetárias a partir da Terra é a força gravitacional. Com a baixa gravidade da Lua, não seria mais preciso construir gigantes ainda maiores do que o Saturno 5, que impulsionou a nave Apolo à Lua. Aliás, na era dos ônibus espaciais reutilizáveis, como o Discovery, é difícil imaginar um foguete tão grande quanto o que seria necessário, por exemplo, para levar o homem a Marte. A Lua serviria também como depósito de combustível -- responsável por 70 por cento do peso de uma nave. O combustível, basicamente oxigênio líquido, seria extraído quimicamente do solo lunar. Do basalto, se retiraria água e resíduos sólidos. A água seria separada por eletrólise em hidrogênio e oxigênio.
Graças a baixa gravidade lunar também se poderia fabricar ligas metálicas impossíveis de obter na Terra pela diferença de densidade dos materiais. Teoricamente, um metal leve como o alumínio poderia fazer parte de uma nova liga, digamos, com chumbo, com propriedades ideais para um novo produto industrial. Há ainda estudos para a fabricação na Lua de cerâmicas supercondutoras. Atualmente, elas conduzem eletricidade sem perda de energia a temperaturas de 148 graus negativos. Na Lua, como essa temperatura existe em locais onde não bate sol, o processo fica mais fácil.
Remédios, cristais e outros produtos desconhecidos na Terra também poderiam ser fabricados ali. Experiências nesse sentido, por sinal, já foram realizadas nos laboratórios espaciais. A primeira viagem do ônibus espacial Discovery depois do desastre com a Challenger serviu entre outras coisas para testar a fabricação do AZT, droga usada no tratamento da AIDS. Enfim, a conquista da Lua não é ficção científica. O homem já tem uma bagagem de conhecimentos suficientes para a empreitada -- a questão é saber se há vontade de tocá-la.
O problema é complexo. De um lado, a colonização da Lua significaria dar seqüência prática ao "gigantesco salto para a humanidade", que foi, há vinte anos, a primeira alunissagem. Além disso, uma base lunar também daria à aventura espacial o sentido de permanência que não teve até hoje. Ou seja, montar casa na Lua equivaleria a cortar o cordão umbilical com a Terra. De outro lado, porém, resta saber se, na ponta do lápis, os eventuais benefícios dessa excitante cartada futurista compensariam o investimento de bilhões de dólares que talvez pudessem ser gastos para melhorar a vida na própria Terra.

Lendas lunáticas
Mesmo na era espacial há quem acredite que a Lua exerça poderosa influência sobre plantas, animais e seres humanos. Essa lenda provavelmente começou quando o homem pré-histórico imaginou que a sucessão das quatro fases da Lua - nova, crescente, cheia e minguante -- era um ato de vontade daquele corpo celeste, o único por sinal a não mostrar sempre a mesma imagem. Tratada como divindade, a Lua regeria a flutuação dos humores e emoções das pessoas. Sobreviveu até os dias de hoje, devidamente reforçada pela Astrologia, a crendice de que ela afeta o sistema nervoso, fertilidade e até a saúde dos cabelos.
Durante a Lua cheia, que por coincidência também é a preferida dos lobisomens e mulas-sem-cabeça, aumentam os casos de loucura e os crimes passionais, as clínicas psiquiátricas recebem mais pacientes e nas maternidades cresce o número de partos. "Tudo bobagem", afirma o neurologista José Levy, do Hospital das Clínicas, em São Paulo. "Não há qualquer estatística que comprove alteração do número de partos em qualquer fase da Lua", garante por sua vez o presidente da Sociedade Brasileira de Ginecologia, Thomas Gollop. E, para decepção dos que se preocupam com o viço dos cabelos, o dermatologista Mário Grimblat comunica: "Não faz a menor diferença a lua em que se corta o cabelo".





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sábado, 14 de julho de 2012

Silêncio: Som demais - Ambiente



SILÊNCIO: SOM DEMAIS - Ambiente



Existem razões, além do risco de surdez, que tornam imperativo diminuir o barulho nas grandes cidades brasileiras. Existem também meios de conseguir isso.

As buzinas disparam, as sirenes apitam, as máquinas rangem, os motores roncam, as construções batucam, as motos rugem, os alto-falantes gritam, as pessoas berram. Essa orquestra, sem nenhuma harmonia, toca a estridente trilha sonora do cotidiano nas grandes cidades brasileiras. Não é difícil constatar que a cada dia essa permanente agressão aos ouvidos torna as pessoas mais surdas -- basta observar a freqüência com que é preciso elevar a voz para se fazer entender numa conversação. Se isso já não bastasse, os cientistas garantem que a perda da audição é apenas parte dos males causados pela poluição sonora. Está provado que o barulho em excesso traz toda uma série de conseqüências perturbadoras para a saúde -- de insônia a partos prematuros de úlceras a perda de reflexos. E diante disso não se pode silenciar mesmo porque não faltam leis e técnicas contra o barulho.
Na hora de verificar onde o ruído fala mais alto, com os brasileiros, infelizmente, não há quem possa: Rio de Janeiro e São Paulo são, nessa ordem, as metrópoles mais barulhentas do mundo. Eis um resultado que seria melhor comentar baixinho do que festejar com rojões. Afinal, não é propriamente prova de vida civilizada o fato de que abrir a janela para certas ruas cariocas e paulistanas seja equivalente a estar no terraço de um aeroporto, ouvindo os jatos arranhar o ar. Oitenta por cento dessa barulheira infernal é causada pelos veículos, que também são os principais culpados pelo ruído de outras agitadas cidades do mundo.
Mas da cacofonia que machuca os ouvidos do pobre homem urbano fazem parte ainda outros tantos sons que resultam simplesmente da falta de educação. "Por causa dos carros, o barulho vai se espalhando pelas cidades", observa Ualfrido del Carlo, diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. A lógica é a seguinte: como as ruas de muito trânsito não oferecem espaço para mais carros (e, conseqüentemente, para mais barulho), os motoristas passam a procurar cada vez mais caminhos alternativos, até então sossegados. "O silêncio habitará ilhas cada vez menores nos espaços urbanos", prevê Ualfrido, que pesquisa a questão do ruído há vinte de seus 46 anos.
Filho de um violinista, Ualfrido também queria ser músico, mas a vocação não soou bem ao pai, que preferia vê-lo com um diploma de faculdade. Formado afinal em Engenharia Eletrônica, Ualfrido só achou um jeito de se reencontrar a aptidão musical -- especializou-se em barulho, o que o levou ao urbanismo. A solução não é tão bizarra como pode parecer: para os ouvidos da ciência, uma sinfônica e uma batedeira em ação devem ser avaliadas pelos mesmos parâmetros. Pois, em termos estritamente físicos, todo som é simplesmente uma variação na pressão do ar, captada pela orelha.
Essa variação é causada pela vibração de corpos, que ao se deslocar alternadamente, provocam ondas acústicas a seu redor. Estas se diluem à medida que se afastam do ponto de origem e apenas se transformam em som ou sensação auditiva quando alcançam a orelha. O barulho é, portanto, subjetivo. No percurso, a onda acústica agita as moléculas de ar certo número de vezes -- e isso é justamente o que se chama freqüência do som, medida em hertz. Os infrasons, ondas acústicas com menos de 20 hertz, não são captados pelo homem nem por qualquer outro animal.
Entre 20 e 200 hertz, o som é sentido como grave, e, entre 2.000 e 20.000 hertz, é percebido como agudo. Acima de 20.000 hertz existem os chamados ultra-sons, que apenas alguns animais, como cães e gatos, conseguem ouvir. Mesmo assim, a sensibilidade do ser humano à freqüência do som é admirável. O aparelho auditivo do homem pode ser comparado a uma balança que fosse capaz de pesar volumes de 1 quilo a uma tonelada. Nem todos os matizes sonoros, porém são captados com a mesma facilidade: o homem ouve melhor os sons médios, entre 200 e 2.000 hertz, que precisam de menos volume ou intensidade para serem percebidos. Como a voz humana.
"Por isso, nos grandes concertos de rock, as bandas abusam dos amplificadores de som", explica o urbanista Ualfrido del Carlo. "Só com muita intensidade de som a platéia consegue ir além dos sons médios, distinguindo os graves e os agudos da música. Fica tudo, então, no mesmo nível para o aparelho auditivo." O volume ou intensidade do som corresponde à amplitude das ondas acústicas, cuja unidade de medida é o
decibel ( dB). Zero decibel só existe no papel dos livros de Física e em laboratórios de acústica, pois o silêncio absoluto não existe no mundo real.
Somente o ruído discreto de folhas carregadas pelo vento já equivale a 15 decibéis. Um segredo cochichado na orelha faz o dobro de barulho -- 30 decibéis. A fala humana, em tom normal, oscila em torno de 60 dB -- a metade do que o homem pode suportar sem que o barulho literalmente lhe estoure os tímpanos. Isso não significa que um grito que faz aparentemente o dobro de barulho, ensurdeça, porque o decibel é, na realidade, uma medida logarítmica. Ou seja: doze carros não fazem duas vezes mais barulho do que seis carros -- produzem apenas três decibéis de ruído a mais.
A dificuldade para os cientistas está em determinar em quantos decibéis começa exatamente o que se considera barulho. Por definição, barulho é todo som desagradável e neste ponto o problema torna-se bastante subjetivo -- depende até do local onde as pessoas se encontrem. Um trabalho do Instituto de Pesquisas Tecnológicas da USP mostra que em casa, em salas de leitura ou em escritórios, as pessoas consideram o ambiente muito barulhento quando o som ultrapassa 50 decibéis, o ruído de um carro pouco ruidoso. Mas o trabalhadores de oficinas acham que, com essa mesma intensidade de som, o ambiente está calmíssimo -- para eles, por força do hábito, o inferno só começa a partir de 70 decibéis, o som da passagem de um trem de passageiros.
"Acima de 70 decibéis -- ou 90, para pessoas acostumadas com ambientes ruidosos --, o barulho começa a alternar as estruturas da orelha", diagnostica o médico Yotaka Fukuda, da Escola Paulista de Medicina. Segundo ele, nos grandes congestionamentos as pessoas ficam habitualmente expostas a até 100 decibéis. "Elas vão perdendo a audição tão gradualmente que nem notam", comenta. Numa orelha existem cerca de 20 mil células sensitivas que, submetidas ao impacto de um som muito alto, incham, dando a conhecida sensação de ouvidos tapados. Algumas perdem a resistência e estouram -- daí o dano é irreversível. O tempo de exposição ao barulho também conta: ninguém fica impunemente mais do que meia hora numa discoteca -- onde, em média, o som varia entre 107 e 115 decibéis.
Por isso, as danceterias americanas são obrigadas a afixar o seguinte aviso na porta: "Aqui você está sujeito à surdez". Segundo os cientistas, o humor e a sociabilidade das pessoas pioram quando o barulho golpeia o que se chama audição primitiva -- aquela que permite escutar o som dos próprios movimentos. Uma experiência numa universidade americana provou que o barulho faz diminuir o interesse pelos outros e as boas maneiras. Pequenos grupos de estudantes acompanharam o pesquisador num passeio pelo prédio; ao atravessarem determinado corredor, alto-falantes escondidos faziam soar um barulho; então o cientista deixava cair um livro: apenas seis em cada dez estudantes tomaram a iniciativa de pegá-lo. Repetida a experiência com outro grupo e dobrada a intensidade do barulho no corredor, só três em cada dez alunos resolveram catar o livro.
É provável que essa maior indiferença tenha a ver com a agressão sofrida pela chamada audição de alarme -- aquela que desencadeia uma série de reações fisiológicas destinadas a preparar o organismo para uma situação de risco. Ou seja, o choque sonoro, como o de um objeto caindo no chão, faz subir a produção do hormônio adrenalina, induzindo o indivíduo a concentrar a atenção na causa do barulho inesperado. Trata-se portanto de um recurso biológico de defesa. Com a atenção voltada para o ruído, sobra menos interesse para outros acontecimentos e outras pessoas.
Um estudo realizado pela Universidade de Düsseldorf, na Alemanha, mostra que os moradores de bairros industriais sofrem não apenas de distúrbios auditivos, como de sérios problemas cardíacos e digestivos, ao que tudo indica devido ao estado de estresse crônico imposto pelo barulho. Outra pesquisa, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, indica que nem sequer os fetos ficam imunes a ambientes com muito estardalhaço. Equipamentos ultra-sensíveis permitiram saber que, a um som forte, a freqüência cardíaca dos fetos -- normalmente entre 130 e 150 batimentos por minuto -- pulava para até 170. Na mesma linha, pesquisadores canadenses verificaram que crianças cujas mães trabalharam em lugares muito ruidosos durante a gestação ouvem três vezes pior do que outras crianças.
Também são alterações hormonais e de pressão sanguínea as causas de algo que todos sabem por experiência própria: barulho tira a capacidade de concentração. Os franceses, por exemplo, descobriram que alunos de colégios situados em ruas calmas conseguem memorizar até quatro vezes mais o conteúdo das aulas. Além disso, sons intensos demais diminuem a rapidez dos reflexos.
Por estranho que seja ouvir isso, apesar de tudo os cientistas acreditam num futuro mais silencioso -- pelo menos no que depender de soluções tecnológicas. Uma delas são os equipamentos de antibarulho que já estão sendo testados em laboratórios na Europa e nos Estados Unidos para futura instalação em indústrias, aeroportos e outros locais ruidosos. Trata-se de computadores capazes de analisar a onda acústica que produz o som indesejável e de sintetizar outro som, igualmente ruidoso, mas cuja onda é o oposto daquela que faz o barulho. Quando as duas ondas opostas se chocam no ar, todo e qualquer barulho desaparece (SUPERINTERESSANTE, Nº 2 , ano 1).
Há soluções bem mais simples, como as apontadas pelo arquiteto João Baring, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas da USP. "No Brasil, as pessoas acham que barulho não tem remédio, mas isso não é verdade", diz ele. "Poucos sabem que existem, entre outros recursos, janelas acústicas, com um dispositivo de lã de vidro num dos lados, que deixa passar o ar, mas absorve as ondas sonoras." Segundo Baring, as construtoras não usam esses equipamentos "porque não existe interesse na própria sociedade". Em países como a França e a Suíça, tais recursos são obrigatórios nas edificações em lugares barulhentos.
Toda tecnologia antibarulho não sairá dos centros de pesquisa enquanto a sociedade não pedir silêncio. "Podemos fiscalizar casas noturnas e impor medidas de proteção acústica. Não podemos, porém, impedir que as pessoas saiam de lá falando alto, em plena madrugada", exemplifica o arquiteto Baring. Ele dirige, por sinal, a equipe que elabora um projeto destinado a melhorar a Lei do Silêncio, em vigor em São Paulo desde 1974. Mesmo com imperfeições, a legislação de combate à poluição sonora nas cidades brasileiras poderia ser muito mais acionada para melhorar a qualidade de vida, se houvesse da parte de autoridades e cidadãos disposição para tanto.
Há, decerto, neste mundo moderno, coisas inevitavelmente barulhentas, cujo uso poderia ser restringido a boa educação; o exemplo clássico é a buzina. E há coisas não necessariamente barulhentas, cujo uso inadequado as torna uma agressão ao próximo, pela falta de educação dos donos; é o caso típico das motos com escapamento aberto e dos aparelhos de som no volume máximo. Isso tem conserto. Há dez anos, Tóquio era a capital mundial do barulho. Iniciou-se então ali uma campanha que apelava principalmente para o bom senso das pessoas. Diariamente a televisão local advertia: "Caro telespectador, são 22 horas. Por favor, reduza o volume ao mínimo". Os japoneses devem ter obedecido a essa e a outras regras simples de convivência silenciosa, tanto que, embora seja a terceira mais populosa cidade do mundo, com 8,5 milhões de habitantes, hoje Tóquio é apenas a décima na lista das metrópoles mais barulhentas -- aquela mesma que apresenta São Paulo em segundo lugar e Rio de Janeiro em primeiro.

O caminho das ondas

Alguém fala suas cordas vocais vibram a ponto de deslocar o ar sob a forma de ondas. Quando elas alcançam o aparelho auditivo do receptor, existe ainda um longo caminho, embora percorrido em frações de segundo, até que se transformem em sensação sonora. A porta de entrada é o pavilhão auditivo, que é apenas parte da orelha. Nessa estrutura cartilaginosa há músculos, provavelmente menos desenvolvidos que no homem primitivo -- este terá sido capaz de apontar a orelha na direção da fonte sonora, como fazem os cães e os cavalos.
Na chamada orelha externa (que inclui o pavilhão auditivo), a onda sonora percorre um canal com cerca de 2,5 centímetros; é o conduto auditivo, que termina na abertura para a orelha média. Essa abertura é barrada por uma membrana, o tímpano, que vibra como um gongo quando atingida pela onda acústica. Então, o martelo -- o pequeno osso ao qual o tímpano está ligado -- se move e serve de alavanca para um segundo osso, a bigorna, que por fim movimenta o estribo, o menor osso do corpo humano. Toda essa agitação de ossinhos, aliada ao dado de que as ondas sonoras só podem sair por uma passagem 25 vezes menor do que o tímpano, serve para concentrar o som. É preciso aumentar bastante o volume do que se ouve.
Afinal, as ondas sonoras bateram no meio líquido da orelha interna, onde, como o impacto amortecido de uma pedra ao bater num lago, só 0,01 por cento do som é absorvido. O líquido preenche um labirinto em forma de caracol. Dentro dos canais do labirinto existem células sensitivas com 35 a 140 cílios cada. A vibração no líquido agita os cílios, que então disparam um sinal elétrico para o conglomerado de células nervosas no eixo do caracol. Dali, transformada em onda elétrica, a onda acústica percorre o nervo auditivo até o córtex cerebral, onde o ser humano não só percebe o som como o interpreta.





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sábado, 14 de julho de 2012

A Ciência vai ao parque - Física



A CIÊNCIA VAI AO PARQUE - Física



Os projetistas das montanhas-russas usam princípios descobertos há pelo menos 300 anos para criar os mais vertiginosos percursos, deixando os passageiros até de cabeça para baixo, a 100 quilômetros por hora.

Com uma mistura de entusiasmo e apreensão, os passageiros do pequeno vagão vêem o alto dos trilhos se aproximar lentamente. Atingindo o cume, começa uma arrepiante sucessão de abismos abruptos, curvas inesperadas e subidas de tirar o fôlego. Tudo isso acontece em cerca de dois minutos numa montanha-russa --embora para os passageiros pareça uma eternidade. O objetivo dos projetistas, naturalmente, é criar o trajeto mais emocionante, de modo a proporcionar o maior número possível de sobressaltos por metro de viagem, sem o menor risco -- pois nisso está toda a graça do brinquedo. A velocidade dos carros parece muito maior que a real, pela proximidade dos trilhos e os apavorantes loops não passam de bem planejadas estruturas, tudo graças ao concurso das leis da Física.
Começa o passeio e o pequeno vagão é lentamente puxado até o ponto mais alto da montanha-russa. Quanto mais alto for esse ponto, maior será a energia do carro -- no caso, trata-se da energia potencial, que ao se transformar em energia cinética durante a descida aumentará progressivamente a velocidade do vagão. Qualquer objeto levantando do solo contém energia potencial, criada pela força da gravidade. Mas a corda de um relógio por exemplo, ou um pedaço de elástico esticado também possuem energia potencial armazenada. Em Física clássica, energia potencial e energia cinética são as duas faces da energia mecânica.
A palavra energia foi usada pela primeira vez num texto científico em 1807 pela Royal Society inglesa, por sugestão do médico e físico Thomas Young (1773-1829). Outra de suas idéias brilhantes, mas que permaneceu despercebida nos arquivos da ciência, foi a definição de energia como a capacidade de realizar trabalho, ou seja, deslocar determinada massa por uma distância. Essa definição é o ponto-chave para a compreensão do conceito -- e também para se entender os segredos da montanha-russa. Depois de ultrapassar o topo do ponto de partida, o vagão escorrega em desabalada viagem ladeira abaixo sem a ajuda de motores ou máquinas, como um carrinho de rolimã ou um skate.
Durante o trajeto, a energia mecânica do vagão é também utilizada de forma inteligente -- ela serve para mover uma série de geradores que fornecem eletricidade às lâmpadas que iluminam a montanha-russa. A energia excedente é canalizada para os acumuladores (baterias), onde é convertida em energia química. Esta poderá ser novamente transformada em eletricidade, sempre que necessário. Alguém poderia pensar que assim se obtém energia de graça. Mas, como dizia Lord Keynes em relação aos fatos da economia, nada é gratuito no Universo -- a energia necessária para o guincho puxar o vagão até o início do percurso é muito superior à energia gerada na descida. A diferença transformou-se em calor.
O mesmo acontece com uma bola de pingue-pongue: ao ser largada sobre uma superfície qualquer, voltará quase à altura original e irá quicando cada vez mais até parar na superfície. Se não houvesse perdas, a bola voltaria sempre à altura inicial, mas a energia se dissipa sob a forma de calor. Uma das mais importantes propriedades da energia -- com lugar cativo nas montanhas-russas -- é o intercâmbio entre suas várias formas. Os físicos não conseguem imaginar uma exceção sequer à regra de que qualquer forma de energia pode ser convertida em outra. No caso da montanha-russa, o movimento das rodas gera eletricidade. São elas ainda as responsáveis pela velocidade desenvolvida.
A única força capaz de deter o trem é o atrito. Na ausência total de atrito, os passageiros embarcariam numa viagem sem fim, subindo e descendo os obstáculos incansavelmente (desde, é claro, que tenham sido levados até o início do trajeto). Por outro lado, se o atrito fosse máximo, o trem não sairia do lugar. As rodas, embora consigam diminuir grande parte do efeito do atrito, não chegam a eliminá-lo. Por esse motivo, todos os veículos de detêm após certo tempo. Descobrir o mistério que mantém os corpos em movimento sempre foi um dos maiores desafios para a ciência. Suponha-se que, cessada a força, cessasse também o movimento.
Mas, em 1638, o físico italiano Galileu Galilei deduziu que a suposição era falsa. Quatro anos mais tarde nasceria o homem que resolveria de vez a questão -- o inglês Isaac Newton (1642-1727). A lei da Inércia, ou Primeira Lei de Newton, diz que um corpo permanecerá no estado em que estiver até que alguém venha dar-lhe um impulso. Mas o que aconteceria com o corpo se, no lugar do impulso, fosse empurrado continuamente? Essa força produziria um aumento progressivo na sua velocidade. É a aceleração, descrita na Segunda Lei de Newton. No parque de diversões, em queda livre, o vagão sofre a ação da força da gravidade, portanto acelera. No entanto, não cai na vertical, mas percorre um longo plano inclinado, disfarçado pelos vales e picos do trajeto.
Eliminando-se as curvas para a direita ou para a esquerda numa montanha-russa, seu perfil poderia ser traçado dentro de um triângulo retângulo, apoiado no seu maior cateto; o cateto oposto seria o ponto de partida. Dali em diante, encontraria uma série de ondulações cada vez menores. Todas as curvas que servem para fazer o vagão voltar ao ponto de partida têm um desenho circular. Já os vales e picos seguem um trajeto parabólico, assim como a imagem espelhada do movimento de uma bola que cai da borda de uma mesa.
"A vantagem da trajetória parabólica", explica o físico Ernst Hamburger, da Universidade de São Paulo, "é que o componente horizontal do movimento não é afetado; assim, toda energia é utilizada para vencer as ladeiras do percurso e não para tocar o vagão adiante. "A velocidade obtida na descida é usada para superar a próxima subida. E é tão elevada a velocidade desses carrinhos que, antes ainda da primeira curva, os freios precisam entrar em ação. Eles nada mais são que pontos de grande atrito e, numa montanha-russa moderna, estão permanentemente acionados -- pois, na posição de repouso, freiam os vagões.
Nos primeiros modelos, do começo do século, um funcionário era encarregado de frear o carro quando ele se aproximava de pontos predeterminados. "Nos trechos de alta velocidade dos modelos atuais, um mecanismo desengata os freios; havendo algum problema, automaticamente o vagão é brecado ao voltarem os freios à posição desligada", explica o engenheiro Laerte de Souza, responsável pelos equipamentos do Playcenter, em São Paulo. Nesse instante, a pastilha do freio que está junto aos trilhos morde uma lâmina de metal que sai da lateral dos vagões, aplicando o atrito máximo para impedir o movimento. A energia mecânica do vagão é assim transformada em calor.
Boa parte das inovações adotadas nos últimos anos nos parques de diversões se deve não à Física ou à Matemática, mas aos materiais empregados. Antigamente, as montanhas-russas eram de madeira. Hoje são de aço e necessitam muito menos manutenção. Importante também é a nova configuração dos trilhos - são tubulares; um par de rodas como que abraça os tubos de cada lado, permitindo movimentos muito mais bruscos em alta velocidade. Os novos trilhos liberaram a imaginação dos projetistas. Munidos de computadores, eles conseguem criar os mais extravagantes projetos. "Com o computador é possível saber o que vai acontecer, antes mesmo de desenhar o percurso no papel", festeja Bill Cobb, um projetista de Dallas, nos Estados Unidos.
Outro grande aliado dos engenheiros é o acelerômetro, um pequeno instrumento que, levado na mão do passageiro, permite medir a intensidade e a direção das forças em diversos pontos do percurso. As leituras são feitas em g, que representa o valor da aceleração da gravidade. Os pilotos de jatos, quando obrigados a manobras mais arriscadas, conseguem suportar até 11 g - onze vezes a força da gravidade -- antes de perder a consciência. Os acelerômetros são bastante usados pelos desenhistas que se dedicam a renovar montanhas-russas antigas, a fim de torná-las mais seguras.
Naqueles modelos, é o comum os acelerômetros indicarem valores até mesmo negativos em certos pontos, principalmente nas pequenas lombadas. Isso que dizer que o passageiro perigosamente, perde o contato com o assento. As lombadas são então corrigidas para até 0,3 g -- três décimos da gravidade. Com isso o passageiro se sentirá mais leve, mas não sairá da cadeira. "A tecnologia tornou possível submeter o passageiro às mais incríveis acrobacias, consideradas impossíveis há dez anos", afirma Randy Geisler, presidente da Associação dos Entusiastas de Montanhas-Russas, com sede em Chicago, ouvido por NÓS nos Estados Unidos.
O motivo de tanto arrebatamento é um novo traçado: o loop, que permite ao carrinho ficar literalmente de cabeça para baixo. Fazer um trem viajar de ponta-cabeça era uma velha aspiração dos projetistas. A primeira tentativa ocorreu no século passado, em Coney Island, Nova York, no ano de 1887. Mas o que parecia ser a escolha mais lógica -- o círculo de 360 graus -- não funcionou. O problema é que, quando o vagão entra em alta velocidade num círculo perfeito, a subida é muito brusca, gerando uma força centrífuga de tal intensidade que pressiona os passageiros violentamente contra o assento. No topo ocorre o inverso: o carro desacelera subitamente e se a velocidade cair abaixo de certo limite, a gravidade irá puxar os passageiros de seus assentos, quando estiverem de cabeça para baixo.
A solução matemática para esses inconvenientes já existia, porém, desde o longínquo ano de 1744. Uma curva especial, chamada clotóide, ou espiral de Cornu, havia sido descoberta então por um dos mais prolíficos e geniais matemáticos de todos os tempos, o suiço Leonhard Euler (1707-1783). Mas só em 1977 os projetistas se deram conta de que a curva de Euler era a solução perfeita -- o seu raio variável controla a velocidade do vagão, de acordo com a Lei da Conservação do Momento Angular. Esta se manifesta, por exemplo, quando se gira uma pequena pedra na ponta de um barbante, de modo a fazê-la enrolar no dedo indicador. À medida que diminui o barbante, aumenta a velocidade.
Assim, o vagão entrando num loop em forma de gota move-se a uma velocidade inferior à que teria num círculo, diminuindo também a força centrífuga sobre os passageiros. No topo, o raio da curva é bem menor. com isso, o vagão gira mais rápido do que num círculo. Cria-se uma força centrífuga mais elevada, capaz de superar a atração da gravidade, o que mantém os passageiros seguros nos assentos. Essa inovação permitiu loops bastantes altos, já que os carros não perdem velocidade. O maior loop do mundo, com 40 metros de altura, é o da montanha-russa chamada Shock Wave (Onda de Choque), em Illinois, Estados Unidos.
A Shock Wave é também a mais alta e mais veloz montanha-russa do mundo: o ponto inicial do passeio está a 52 metros de altura (o equivalente a 17 andares); logo em seguida vem uma queda de 47 metros, quando a velocidade chega a 113 quilômetros por hora. O grande loop é apenas o início de uma série de enlouquecidas manobras que duram 2 minutos e 20 segundos. No total, os passageiros ficam sete vezes de cabeça para baixo. "É uma loucura", orgulha-se seu criador, Ronald Toomer, ex-desenhista de foguetes, responsável também por uma série de inovações na construção das montanhas-russas americanas.
Pelo visto, não é um brinquedo para qualquer um. Paul Ruben, um americano fanático por montanhas-russas, a ponto de editar uma revista sobre o assunto, confessa que não suportou mais de cinco voltas seguidas na Shock Wave. "Depois, comecei a sentir tudo estranho por dentro", disse à SUPERINTERESSANTE. O único loop existente no Brasil, o do Tivoli Park, no Rio de Janeiro, a rigor é um parafuso: não gira no mesmo plano, mas se desenvolve como um saca-rolhas. Sua altura é inferior a 10 metros e a velocidade máxima é de 80 quilômetros por hora. A montanha-russa do Playcenter de São Paulo tem 12 metros de altura e alcança 70 quilômetros por hora.
Os especialistas, como Toomer e Ruben, apontam uma diferença fundamental entre as montanhas-russa tradicionais e as que possuem um loop: nas primeiras, pequenos carrinhos transportam sucessivamente até quatro passageiros; já no segundo tipo, um só comboio leva té 28 passageiros. Segundo os físicos, não é preciso maior massa para vencer o loop. Mas os projetistas usam a massa do comboio, por exemplo, para ajudar a vencer o atrito de uma roda defeituosa e completar a volta. Do mesmo modo, nem todas as modificações baseadas na Física garantem total segurança - o cinto e outros equipamentos similares devem ser usados, ainda que a própria força centrífuga mantenha o passageiro firmemente grudado no assento.
A Terceira Lei de Newton, também conhecida como a Lei da Ação e Reação, pode também explicar que tipo de forças atuam durante o loop. Ela diz que, para toda a força exercida sobre um corpo, surge outra igual, em sentido contrário. No interior de um parafuso, como o do Tivoli Park, o passageiro sofre uma aceleração centrífuga de 2 g, ou seja, seu peso dobra. Segundo a Terceira Lei de Newton, se os trilhos não segurassem o vagão, ele sairia voando pelo espaço. A reação (centrípeta) de apoio do trilho sobre o carrinho equivale à força (centrífuga) com que o carrinho comprime o trilho.
As montanhas-russas são tão científicas que muitas escolas levam os alunos aos parques de diversões para uma verdadeira aula experimental de Física. Adepto dessa prática é o físico Moacyr Ribeiro do Valle Filho, da Universidade de São Paulo. "As relações da Física estão presentes em todos os momentos da vida", teoriza ele. "Assim, em vez de aplicar um exemplo para cada fenômeno, resolvi estudar todos os fenômenos presentes num determinado exemplo. Moacyr Ribeiro, que justamente prepara uma tese de doutorado sobre o uso do parque de diversões nas aulas de Física, tem um ponto de vista muito claro sobre o que faz a graça do brinquedo: "O apoio visual é indispensável, já que todas as forças envolvidas somente variam a pressão do passageiro contra o assento. Um cego numa montanha-russa não acharia o passeio muito extraordinário".

Uma história só de altos

As estruturas de madeira, cobertas de gelo e neve, que os russos do século XVII usavam para deslizar no inverno, são o primeiro registro que se tem de montanha artificial para divertimento do público. As maiores e mais populares eram as de São Petersburgo, na época a capital do império russo, que tinham adeptos tanto entre o povo quanto entre a aristocracia. Em 1804, os franceses copiaram a idéia, com algumas modificações: o gelo foi eliminado e as lâminas do tobogã substituídas por rodinhas. A primeira a funcionar em Paris foi chamada apropriadamente montagne russe.
Em 1884, o inventor americano LaMarcus A. Thompson melhorou a versão francesa fazendo os carrinhos deslizarem por uma superfície ondulada. Sua montanha alcançava quase 10 quilômetros por hora na descida - um espanto, na época. Os passageiros tinham de saltar para que os atendentes empurrassem o carrinho até o topo da segunda inclinação, onde os passageiros tornavam a embarcar. A partir de 1900 surgiram as montanhas-russas mais modernas, aproveitando a própria energia acumulada na subida.
Em seguida, veio a forma fechada, para deixar os passageiros no mesmo ponto de onde partiram, e todas as variações de percurso, como o "8", por exemplo. Foi o projetista americano Ronald Toomer quem, em 1975, conseguiu pela primeira vez colocar um carrinho de cabeça para baixo, usando um grande parafuso. Na hora do teste inicial ele ficou só olhando já que odeia os rápidos movimentos das montanhas-russas e outros equipamentos dos parques de diversões: "Passo mal", justifica-se ele.





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sábado, 14 de julho de 2012

De onde vem a violência - Comportamento Humano



DE ONDE VEM A VIOLÊNCIA - Comportamento Humano



Os cientistas entram em conflito: o homem é violento por natureza ou a sociedade é que o faz assim?

O sangue é expelido com vigor em direção aos locais onde é mais necessário - o cérebro, para o raciocínio rápido, e os músculos, que devem trabalhar a plena capacidade. Não falta energia para o combate, pois o fígado passa a sintetizar mais açúcar. Também se aceleram os processos de coagulação, reduzindo as conseqüências de possíveis perdas de sangue. Estas são as reações de qualquer mamífero, incluindo o homem, quando numa situação de luta. Instintivamente, o corpo se prepara para o ataque, diante de qualquer ameaça - real ou imaginária. Essa vontade de brigar tem raízes biológicas? Eis uma grave questão, que coloca os cientistas em conflito, prontos para reagir agressivamente. Como qualquer ser humano, eles estão dispostos a defender vigorosamente suas posições, neste caso de maneira inglória - pois a rigor ninguém sabe ao certo por que se dá um soco. Um modo de tentar saber é olhar os bichos. Existem, entre os animais, diversos tipos de agressividade. A mais conhecida é a predatória, que faz um carnívoro matar para comer. Em algumas espécies que vivem em grupo, como os elefantes, brigas feias também surgem na defesa do território de cada um. Além disso, a agressividade pode aparecer na disputa pela fêmea - garanhões trocam coices e patadas por uma bela égua, por exemplo. Existe ainda a agressividade dominante, imposta por um líder justamente para evitar desentendimentos entre os liderados. Nos ratos, há sempre um indivíduo que domina o grupo: diante de qualquer desordem, ele se aproxima e faz gestos ameaçadores, como se fosse atacar. Nunca chega às vias de fato, mas a encenação inibe os animais que desejam brigar entre si. "A mais intensa agressividade é a da mãe na defesa dos filhotes. Devido a mudanças hormonais após o parto, qualquer fêmea vira uma leoa", acredita o professor Frederico Graeff, da Universidade de São Paulo - Ribeirão Preto, um dos raros especialistas brasileiros num ramo relativamente novo da ciência, a Psicobiologia. Há quase vinte anos, Graeff estuda as reações biológicas da agressividade. Fica difícil, contudo, comparar uma mulher a uma leoa. "O potencial biológico da agressão existe no ser humano", ele sustenta, "mas esse potencial mudou bastante durante a evolução. principalmente desde que o homem saiu de seu ambiente natural e passou a construir seu habitat - a selva de pedra das cidades." Essa mudança de ambiente, para o psicobiólogo, teve séries conseqüências. Numa briga entre lobos, para comparar, o perdedor oferece o pescoço. O gesto é suficiente para desencadear automaticamente uma série de reações fisiológicas no vencedor que aplacam a sua ira. Nos animais de uma mesma espécie, a expressão de medo e submissão costuma provocar esse efeito calmante. Mas os homens, como se sabe, são capazes de matar sem se abalar pelo olhar de súplica de suas vitimas. "Seria ingenuidade afirmar que isso é instinto biológico, pois aí o que agiu foi a cultura", opina Graeff. A idéia de que o homem tem uma fera dentro de si, ou seja, possui uma incorrigível tendência biológica a agir agressivamente, não é nova, mas virou moda no final da década de 60, com as teorias do austríaco Konrad Lorenz, um dos criadores da Etologia, ciência que compara o comportamento dos animais. Para Lorenz, a agressão é desencadeada quando o animal observa algumas características - chave de um rival potencial. Isso seria suficiente para provocar um ataque cego, mesmo que o outro seja mais forte. Se por algum motivo o ataque não se consumar, a raiva se acumulará como numa espécie de reservatório, até que algo ou alguém sirva de gota d´água, fazendo transbordar de uma só vez a agressividade reprimida. Se assim fosse, o homem nunca deveria reprimir seus impulsos agressivos. Seria ruim para ele e pior para os outros - porque sua violência ficaria ainda maior a longo prazo.. Ocorre, porém, que justamente a capacidade de governar suas emoções - boas ou más - é que distingue o homem dos outros animais e permite, apesar de tudo, a vida em sociedade. O etólogo austríaco diz que não é preciso ensinar um animal a brigar. Mas parece que não é bem assim. Cientistas ingleses descobriram que galinhas criadas isoladas umas das outras não adquiriram a noção de perigo: em vez de fugir, passaram a atacar inimigos muito mais potentes, como cachorros. E macacas também criadas em isolamento atacaram os machos da própria espécie, sem permitir maiores aproximações. Segundo os cientistas, isso mostra que Lorenz tinha razão ao afirmar que a agressividade é instintiva, pois ninguém perde a oportunidade de brigar; mas errou ao negar a importância do aprendizado. "Ao que consta, é o meio que modula a agressividade e ensina os seres a usá-la dentro do contexto", acredita o psicólogo Luiz Cláudio Figueiredo, da Universidade de São Paulo. Especialista em comportamento, ele também discorda de Lorenz quanto à possibilidade de se acumular a agressividade na pessoa. Existem até experiências negando a teoria de que a agressividade se acumula. Peixes mantidos em isolamento - logo, impedidos de brigar - tornam-se mais pacíficos, o que indica que não há reservatório biológico algum acumulando gotas de ira. Se existisse, os peixes estariam transbordando de raiva, pois isolados não podem dar vazão à agressividade. Por outro lado, as pesquisas apóiam Lorenz quando ele relaciona os impulsos agressivos a mudanças hormonais. O nível de hormônios do estresse - que preparam o corpo para grandes esforços - aumenta até 400 vezes em ratos, durante uma briga. Os hormônios sexuais masculinos também parecem ter grande importância para as espécies em que a propagação passa necessariamente pela competição sexual. Ratos castrados, por exemplo, perdem quase toda a agressividade. Mas os hormônios não se acumulam e depois se dispersam, como supõe o cientista austríaco. "Estou convencido de que a agressividade tem muitos aspectos biológicos", admite o psicólogo Luiz Cláudio Figueiredo. "Em laboratório, faço ratinhos brigar por comida e assim seleciono sucessivamente os vencedores. Os filhotes destes costumam ser bem mais agressivos", conta. "Da mesma maneira, observo que existem pessoas naturalmente mais agressivas do que outras, embora tenham recebido a mesma educação e as mesmas influências do ambiente." "De fato, há uma predisposição genética para a agressividade", confirma o geneticista Oswaldo Frota-Pessoa, da Universidade de São Paulo, conhecido por investigar em que medida o comportamento humano é herança biológica. Mas ele adverte: "Não existe um gene que seja única e exclusivamente responsável por uma crise de cólera". Segundo Frota-Pessoa, durante a evolução, os genes dos indivíduos de qualquer espécie que agiram mais adequadamente em relação ao meio foram perpetuados. "Por isso, como a maioria das características físicas e comportamentais normais, a predisposição para a agressividade também é transmitida por um grupo de genes." Ou seja, estes apenas determinam a probabilidade de a pessoa ser agressiva. O resto é com a vida. "Alguém com alta predisposição para a violência e que vive num meio violento é claro que terá maiores oportunidades de agir com agressividade, exemplifica o geneticista.Mas uma educação ultrapacífica diminui as chances de qualquer um ser agressivo. O ambiente e a biologia interagem." A idéia de interação é partilhada com a antropóloga paulista Carmem Cinira Macedo, que pesquisa a questão da violência. "Nos últimos anos, houve uma tendência a tratar a violência como um fato natural", analisa. "Assim é cômodo pensar que bandido é bandido e não vale a pena tentar corrigi-lo." Ela cita um trabalho clássico da antropóloga americana Margareth Mead (1901-1978), que se preocupou em verificar se de fato o homem é mais agressivo do que a mulher. A antropóloga estudou três sociedades primitivas africanas: na primeira, tanto homens quanto mulheres eram muito agressivos; na segunda, ambos os sexos eram extremamente dóceis; na última, as mulheres eram bem mais agressivas. "Logo, os padrões de agressividade são dados pela cultura", conclui Carmem. "Para ser aceito pelo grupo, o indivíduo tende ou a reprimir ou a exacerbar os impulsos agressivos, sempre conforme os valores vigentes. O controle da sociedade parece ser a única forma eficaz de conter a agressividade, sejam quais forem as suas raízes". observa. Para o sociólogo paulista Sérgio Adorno, que há catorze anos pesquisa a marginalidade, "as pessoas sempre agirão agressivamente. A questão é fazer com que essa agressividade permaneça num nível tolerável. O preço de viver em sociedade é controlar os impulsos". Em alguns países, como na Inglaterra, tenta - se deliberadamente desestimular o suposto instinto agressivo dos seres humanos. As crianças inglesas não encontram revólveres nas prateleiras de lojas de brinquedos nem assistem a filmes e desenhos de super - heróis que fazem justiça com muito sangue. Isso certamente não faz dos ingleses modelos de pacifismo, como bem sabem os torcedores de futebol de toda a Europa. De todo modo, o desestímulo à violência como forma de resolver as diferenças entre as pessoas deve fazer-se acompanhar de alternativas inofensivas ao exercício da agressividade, pois o homem é o único animal capaz de dar um sentido positivo a seus impulsos agressivos. Segundo os psicólogos, quando se participa de competições esportivas ou mesmo quando se trabalha com afinco, é a agressividade que está sendo colocada para fora. Só o homem também é capaz de deixar para amanhã o que não deve fazer hoje - agredir o próximo. Mas a capacidade de dissimular acaba às vezes revestindo a agressividade humana de sua pior forma - a vingança minuciosamente planejada. Um animal irracional pronto para agredir não disfarça - rosna, mostra garras e dentes afiados. O homem, ao contrário, pode pronunciar palavras ásperas com voz doce e mansa. Tudo isso, para os cientistas, torna muito complicado definir o comportamento agressivo humano exclusivamente a partir de uma de suas duas heranças - a genética ou a cultural. Uma coisa é certa, pelo menos para nós, humanos da era atômica: a lei do mais forte, Ievada até o fim, pode cobrar um preço que a espécie não terá jamais como pagar.

O caso do Y a mais

Para alívio das mulheres, no final da década de 60 cientistas americanos levantaram a hipótese de que a tendência à violência era herdada no cromossomo Y, que só os homens têm. A teoria surgiu após os exames em um policial americano que, sem motivo aparente, entrou no alojamento de um hospital, em julho de 1966, e matou oito enfermeiros. Os pesquisadores imaginaram ter encontrado uma justificativa genética para o crime, pois o policial era um homem com XYY, ou seja, enquanto um homem normal tem apenas um par de cromossomos XY (os outros 22 pares seriam XX), o assassino tinha dois pares; A descoberta estimulou - exames presidiários - e de fato surgiram mais casos de XYY. Parecia estar nisso a chave para explicar por que algumas pessoas são extremamente agressivas.
Recentemente, porém, a hipótese foi derrubada. Estudos realizados em pessoas comuns mostraram que um cromossomo Y adicional torna o homem mais alto, desengonçado e inseguro, mas não necessariamente mais agressivo. Comenta o geneticista Carlos Alberto Moreira, do Instituto de Ciências Biomédicas de São Paulo: "Com uma amostragem apenas de presidiários, é claro que qualquer um que fosse encontrado por lá - XY ou XYY - tenderia a ser muito agressivo".





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sábado, 14 de julho de 2012

Thomas Edison - O Gênio da Lâmpada



THOMAS EDISON, O GÊNIO DA LÂMPADA



O mais fértil inventor de todos os tempos criou o fonógrafo, a lâmpada elétrica, o projetor de cinema e aperfeiçoou o telefone. Traçou desse modo o perfil do mundo de hoje.

Decididamente, o professor não gostava dele. "O garoto é confuso da cabeça, não consegue aprender", queixava- se o reverendo Engle daquele menino de 8 anos, agitado e perguntador, os cabelos eternamente despenteados, que se recusava a decorar as lições, como faziam todos os alunos - e ainda por cima ouvia mal. Naquele ano de 1855, o reverendo Engle era o único professor da única sala de aula da cidadezinha de Milan, no estado americano de Ohio, perto da fronteira com o Canadá - e, assim, o implacável diagnóstico fulminou, três meses depois de ter começado, a carreira escolar do estudante Thomas Alva Edison. Foi irremediável: nunca mais ele voltaria a freqüentar um lugar de ensino. Pode-se especular por toda a eternidade que diferença teria feito para a história pessoal de Edison se ele tivesse tido um professor menos bitolado, que não confundisse excesso de curiosidade com falta de inteligência. É bem possível que as rotinas da educação arcaica terminassem por asfixiar a desmedida vontade de saber daquele aluno irrequieto - e, isso sim, poderia ter feito enorme diferença para o perfil dos tempos modernos. Pois raras pessoas ajudaram tanto a esculpir o mundo atual como Thomas Alva Edison, o inventor da lâmpada elétrica e do fonógrafo, do microfone e do projetor de cinema, para citar apenas as de maior repercussão entre as literalmente mil - e - tantas utilidades que ele criou ou aperfeiçoou ao longo de uma vida trabalhada virtualmente sem tréguas quase até o final de seus 84 anos. Edison foi a encarnação mais que perfeita do supremo mito americano do self made man - o homem que principia de baixo e apenas pelos próprios méritos termina coberto de glória e fortuna. Edison e os Estados Unidos parecem ter nascido um para o outro. Em 1865, quando acaba a guerra civil entre o Norte e o Sul, que matou 617 mil americanos, Edison tem 18 anos e ganha a vida como telegrafista. Em 1929, quando a quebra da Bolsa de Nova York anuncia os anos negros da Depressão, ele já passou dos 80 e festeja meio século da criação da lâmpada elétrica. Entre essas duas datas, os Estados Unidos deram um salto sem precedentes. A explosão capitalista, que criou em tempo recorde um país vertiginoso, exigia incessantes inovações técnicas. E a tecnologia, ao produzi-las, acelerava ainda mais o ritmo das mudanças em todos os setores. Num país insaciavelmente ávido por novidades, Edison esteve sempre no meio dessa roda-viva.Ele provavelmente não teria ido muito longe se não tivesse tido a mãe que teve. Ex-professora, casada com um pequeno comerciante chamado Samuel Edison, Nancy sentia por Thomas especial carinho, talvez por ter sido ele o caçula de seus sete filhos, três falecidos em criança, todos bem mais velhos que o menino. Além de afeto, Nancy tinha suficiente sensibilidade para perceber que não havia nada de errado com Al - a culpa, ela sabia, era da escola que o rejeitava. E assim passou a educá-lo em casa, cercando-o de livros de História e Ciência, peças de Shakespeare e romances de Charles Dickens. O filho não a decepcionaria. Leitor apaixonado pelo que lhe caísse nas mãos, apreciava especialmente escritos científicos. Não contente em ler, sentia necessidade de repetir as experiências mostradas nos livros de Química, acabando por montar em casa um pequeno laboratório. Os tempos, porém, eram difíceis para Samuel Edison, que a essa altura já se havia mudado com a família, em busca de melhores oportunidades, para Port Huron, Michigan, junto à fronteira canadense. Não só para pagar os materiais necessários a suas experiências mas principalmente para ajudar no sustento da casa, Al arranjou emprego no trem diário que ligava Port Huron a Detroit, a futura capital mundial do automóvel. Eram três horas e meia para ir, outras tantas para voltar e seis horas entre uma viagem e outra - tempo mais que suficiente para vender a bordo frutas, balas, bombons, biscoitos e chocolates (na ida), tudo isso mais a edição vespertina do Free Press, o principal jornal de Detroit (na volta), e ainda para longas sessões de leitura, seja no bagageiro do trem, seja na biblioteca pública da cidade. Tempo suficiente também para experiências no laboratório que Al foi instalando a bordo, no sacolejante bagageiro, com a benevolente cumplicidade do chefe do trem, seduzido pelo espírito empreendedor daquele garoto mal-ajambrado de 12 anos.
Naquela época, o que fascinava os americanos, mais ou, menos como hoje o computador, era a eletricidade, cujos segredos começaram a ser desvendados pelo inglês Michael Faraday e o alemão Simon Ohm cerca de trinta anos antes de Edison nascer. Mas o que fascinava especialmente o rapaz era uma aplicação específica da eletricidade - o telégrafo, inventado nos anos 1830 pelo americano Samuel Morse, em honra de quem passou a ser chamado o código de pontos e traços usado para a transmissão de mensagens por impulsos elétricos através de fios. A imprensa e o telégrafo capturaram a imaginação de Al. Com o dinheiro que Ihe rendia a venda de guloseimas e jornais, comprou em Detroit uma impressora de terceira mão para publicar um mal escrito semanário de avisos e fofocas, The Weekly Herald, O Arauto Semanal, inteiramente produzido por ele próprio no trem. As possibilidades abertas pelo telégrafo para a difusão instantânea de notícias não escaparam ao jovem Edison, naqueles anos em que os americanos ansiavam por informações das furiosas batalhas da guerra civil. Aos 15 anos, solitário e tímido, não sabia se queria ser jornalista ou telegrafista. Por ora ganhava dinheiro com o jornalismo e a telegrafia, vendendo por preços exorbitantes os papéis impressos em Detroit com as notícias mais quentes da guerra. Um belo dia, o balanço do trem derrubou os frascos do laboratório e uma das traquitandas químicas pôs fogo no bagageiro. Assim que conseguiu controlar o incêndio, o chefe da composição arremessou para fora o inflamável material de pesquisa junto com o desconcertado pesquisador - não sem antes aplicar-lhe severo corretivo. Das muitas lendas inventadas sobre a carreira de Edison, talvez a mais popular atribui à sova que levou naquele infausto dia de 1862 a surdez quase total que o acompanhou vida afora. Na verdade, seus problemas de audição vinham desde os 6 anos. causados pela escarlatina que o atacou então. No máximo, a agressão no trem pode ter agravado a deficiência. Despejado, perambulou pelos Estados Unidos, aprendendo e praticando telegrafia. Revelou-se em pouco tempo um operador de primeira. Mas a rotina do trabalho o enfastiava e ele combatia o tédio passando trotes; assim, quando não se demitia, acabava demitido. Em dado momento, resolveu com dois outros companheiros ser telegrafista no Brasil. Como o navio em que deviam partir de Nova Orleans atrasou muito, desistiu da idéia. Os amigos embarcaram; consta que acabaram morrendo de febre amarela. Por essa época, compra de segunda mão os dois volumes de Pesquisas experimentais em eletricidade, do inglês Faraday, por sinal também um autodidata, onde se demonstra como a energia mecânica pode se converter em eletricidade. O livro parece ter tido um impacto excepcional sobre seu inquieto leitor. Com 21 anos, telegrafista em Boston, morando num quarto de pensão transformado num misto de biblioteca e laboratório, Tom, como já era chamado, descobriu um rumo para a vida - ser inventor. "Tenho muito que fazer e o tempo é curto", teria dito a um companheiro de pensão. Vou arregaçar as mangas." O que ele entendia por arregaçar as mangas logo tomaria forma na invenção pela qual recebeu a primeira patente - uma máquina de votar para o Congresso dos Estados Unidos. Tratava-se, portanto, de um ancestral do sistema eletrônico de votação hoje usado em muitos parlamentos, inclusive no Brasil. Edison conhecia eletricidade, mas não conhecia os políticos. Para sua imensa surpresa eles não manifestaram o menor interesse pela engenhoca. Já em Nova York, onde desembarcou sem um centavo no bolso, passou semanas a fio à custa de um ou outro conhecido. Sua dieta Iimitava-se a café com pastel de maçã. "Por sorte, eu gostava", lembraria anos mais tarde. Por um golpe do acaso, estava no lugar certo quando quebrou a máquina que transmitia pelo telégrafo as cotações do ouro na Bolsa. É claro que ele consertou a máquina em tempo recorde e é claro que foi recompensado com um emprego na companhia responsável pela divulgação do sobe-e-desce dos negócios com ouro. Logo Edison inventou um teletipo para registrar automaticamente numa fita de papel as cotações das ações na Bolsa. Ao oferecer o invento a um escritório de Wall Street, esperava receber por ele 5 mil dólares. Pagaram-lhe. sem que ousasse pedir tanto, 40 mil. O dinheiro durou um mês, gasto todo ele em equipamentos para a firma de engenharia elétrica que montara com dois sócios numa velha loja perto do pátio da estação de bens de Jersey City. depois transferida para um casarão de três andares em Newark, também em Nova Jersey. Era o mais moço dos sócios, mas seu apelido era "o Velho". Morando em quarto alugado, sem se importar com sono, comida e roupas, começava o dia às 6 da manhã e só se recolhia depois da meia - noite. De negócios, entendia pouco e gostava menos. Vida social, tinha nenhuma. Trabalhava pelo prazer de remover os problemas no caminho de seus inventos, sempre pelo método do ensaio e erro. Era persistente como um obcecado, paciente como um sábio. Entrou para a história a sua frase: "Gênio é 1 por cento inspiração e 99 por cento transpiração". Em 1876, aos 29 anos, construiu por conta própria aquilo que os historiadores consideram seu maior invento - o primeiro laboratório não universitário de pesquisas industriais de que se tem notícia. Instalada num casarão que ergueu num ermo do interior de Nova Jersey chamado Menlo Park, essa verdadeira fábrica de invenções antecipou em quase um século os centros de pesquisa mantidos por empresas multinacionais do porte da IBM, Dupont e AT&T. Ali, o patrão Edison trabalhava de igual para igual com o mais novato de seus empregados. Só não Ihe ocorria que algum deles pudesse ter uma atitude diversa da sua própria dedicação integral, irrestrita e exclusiva ao trabalho. Com esses era tirânico; em dias de mau humor despedia a torto e a direito. No Natal de 1871 casou-se com uma jovem de 16 anos, Mary Stilwell, que trabalhava em Menlo Park perfurando fitas telegráficas. Diz a lenda que ele a pediu em casamento batendo em código morse numa moeda. Outra lenda diz que, saindo da igreja, deixou-a em casa e foi trabalhar até altas horas. É certo que a amava, embora o casamento viesse sempre em segundo lugar. Isso não mudou nem com o nascimento dos filhos. Apelidou a primeira, Marion, de Dot (ponto, em morse), Junior, o segundo, era Dash (traço). Havia ainda William, o caçula. Quando Mary morreu, aos 29 anos, de febre tifóide, o viúvo descobriu que eles Ihe eram estranhos. Um ano e meio depois, casou-se com Mina Miller, filha de um fabricante de equipamentos agrícolas de Boston, com quem viria a ter uma menina, Madeleine, e os meninos Charles e Theodore. No dia 14 de janeiro de 1876, Edison avisou o Escritório de Patentes dos Estados Unidos que estava trabalhando num invento destinado a transmitir a voz humana por um fio elétrico. Exatamente um mês depois, um certo Alexander Graham Bell entrou com um pedido de patente para o telefone. No dia 10 de março, pela primeira vez o som da voz humana foi transmitido pelo aparelho patenteado por Bell. Seu telefone, porém, era ainda um artefato primitivo e Edison tratou de aperfeiçoá-lo. O que o desafiava era encontrar um material que convertesse o som da voz em corrente elétrica com mais clareza. Fiel a seu estilo, inventou cinqüenta aparelhos diferentes até dar-se por satisfeito com o transmissor à base de carbono em uso ainda hoje - e foi ele quem pela primeira vez gritou ao bocal, em vez do costumeiro "alguém aí?", simplesmente "alô". Enquanto aperfeiçoava o telefone de Bell, ocorreu a Edison que, se o som podia ser convertido em impulsos elétricos. também deveria ser possível gravá-lo para ouvi-lo depois. Esboçou então um sistema que consistia em um diafragma, ou seja, uma membrana fina que vibrava quando atingida por ondas sonoras, uma agulha presa ao diafragma e um cilindro rotativo recoberto por uma folha de estanho. A vibração do diafragma se transmitia à agulha, que fazia um sulco na folha metálica. Esta, por estar presa ao cilindro acionado por uma manivela, girava. Terminada a gravação, fazia-se a agulha voltar ao ponto de partida. Mas então, ao girar-se a manivela, a agulha percorria a trilha do sulco; a vibração era transmitida ao diafragma, que assim reproduzia o som gravado. O próprio Edison inaugurou seu fonógrafo, ou "a máquina de falar", como ficaria conhecida no começo, recitando os versos da mais famosa canção infantil em língua inglesa: Mary had a little lamb" ("Mary tinha um carneirinho"). O fonógrafo fez de Edison, então com 31 anos, uma celebridade nacional - e desse pódio ele jamais desceria até morrer, meio século mais tarde. Apesar disso, o invento permaneceu praticamente tal e qual durante quase uma década. O próprio Edison e seus maravilhados contemporâneos não viam no fonógrafo aplicação comercial imediata. Ademais, Iogo a energia criativa do inventor se voltaria para outra direção - a luz elétrica. Naquele final dos anos 70, o uso da eletricidade para iluminação não era mais novidade. Já se conhecia a lâmpada de arco, que iluminava ao lançar em curva uma corrente entre duas hastes eletrificadas. Mas a luz era ofuscante, durava pouco e produzia tremendo calor. Na época, as casas ainda eram iluminadas pela chama das velas, embora nas maiores cidades os lampiões de gás fossem amplamente usados nas ruas, teatros e grandes escritórios, mas, além de caro, o gás cheirava mal e não havia para ele um sistema geral de distribuição. Edison tinha na cabeça a idéia de conseguir uma luz suave como a do gás sem suas desvantagens. O resultado, a lâmpada elétrica, foi a invenção que Ihe daria mais problemas e trabalho. À primeira vista, o desafio parecia simples: tratava-se de achar um material que ficasse incandescente quando a corrente elétrica passasse por ele e fazer com esse material um fio fino, um filamento. Como outros inventores, Edison acreditava que esse filamento precisaria ficar isolado dentro de um bulbo de vidro do qual o ar tivesse sido retirado, pois o oxigênio facilita a combustão. Mesmo no vácuo, porém, todas as dezenas e dezenas de filamentos diferentes testados pela equipe de Edison queimavam em poucos minutos. Durante mais de um ano, ele e seus assistentes faziam e testavam filamentos de todos os materiais possíveis e imagináveis. De experiência em experiência, chegaram ao fio de algodão carbonizado. Foi, literalmente, uma idéia luminosa. Acesa a 21 de outubro de 1879, a lâmpada brilhou 45 horas seguidas. Edison não pregou olho enquanto isso. Quando, tendo já aperfeiçoado o invento, convidou um repórter do New York Herald para contar a boa nova, foi mais que uma consagração. Edison passou a ser chamado de mágico e gênio para cima. Tornara-se provavelmente o homem mais admirado do mundo. Mas a lâmpada era só meio caminho andado, se tanto. Era preciso criar, peça por peça, um sistema de geração e distribuição de eletricidade acessível a toda a população. Hoje em dia, quando tudo isso é rotina, pode-se ter apenas uma vaga idéia do tamanho da empreitada que permitiu a Edison produzir e distribuir energia elétrica a uma parte de Nova York em 1882. A tarefa rendeu ao inventor nada menos de 360 patentes que o ajudariam a tornar-se milionário. Mas, como ninguém é perfeito, ele perdeu tempo e dinheiro teimando, contra todas as provas em contrário, que o melhor sistema de transmissão de eletricidade a longas distâncias era o da corrente contínua, na qual os elétrons fluem numa mesma direção. Durante muitos anos, sem base alguma, Edison dizia que o sistema de corrente alternada, no qual os elétrons fluem ora numa ora noutra direção, era ineficaz e perigoso. Ele chegou a eletrocutar animais para demonstrar os supostos riscos da corrente alternada - e só se rendeu depois que o sistema por ele condenado foi adotado em toda parte. Uma das últimas invenções de Edison a marcar profundamente a civilização moderna foi o projetor de cinema, que ele chamava de cinetoscópio e estava para a imagem como o fonógrafo para o som. Patenteado em 1891, o aparelho era uma caixa de madeira dentro da qual havia uma lâmpada e um rolo de filme de fotografias com uma seqüência de imagens. Por um orifício na caixa via-se a grande ilusão: acionado por uma manivela, o filme rodava, dando a impressão de movimento. Em 1903, no primeiro estúdio de cinema dos Estados Unidos, em West Orange, Nova Jersey, ele produziu O grande assalto ao trem, o primeiro filme a contar uma história de ficção. Consagrado como "o mais útil cidadão americano", Thomas Alva Edison viveu intensamente até o fim. Apesar de todos os esforços, comparáveis aos que empregou para inventar a lâmpada, não conseguiu produzir o carro de seus sonhos - movido a eletricidade gerada por uma bateria. Entregou os pontos depois de 10 mil experiências e 1 milhão de dólares. Morreu em 1931, aos 84 anos, certo de algumas verdades básicas. Como a de que "pensar é um hábito que ou se aprende quando se é moço ou talvez nunca mais". No dia de seu enterro, todas as luzes dos Estados Unidos foram apagadas durante 1 minuto.





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sábado, 14 de julho de 2012

Gigantes para todo Serviço - Bioquímica


GIGANTES PARA TODO SERVIÇO - Bioquímica



Sem as macromoléculas, a vida seria impossível. Elas fazem de tudo no organismo: circulam o oxigênio, mudam de forma para ficar mais eficientes e até constroem outras moléculas.

Durante uma corrida, a respiração compassada do atleta é apenas o início de um ciclo cujo resultado final é a energia utilizada. A cada fração de segundo, dentro do organismo, uma infinidade de substâncias cumpre seus papéis de modo tão sofisticado que parece perder sentido a antiga separação entre matéria inanimada e seres vivos. Pois cada uma dessas substâncias aparenta ter vida própria, ainda que todas sejam simples moléculas - a menor partícula de matéria que conserva suas propriedades. Elas são capazes de mudar de forma por conta própria como se dotadas de raciocínio; em outros casos, agem como verdadeiros veículos de transporte de carga, entregando outras moléculas no endereço certo; e podem até construir moléculas tão complexas quanto elas mesmas. Num organismo vivo, as moléculas são tudo - como pedreiros, constroem as células, utilizando para isso ferramentas e tijolos também feitos de moléculas. No entanto, a água e os sais são moléculas igualmente - e não possuem tais características. Já as moléculas da vida - as proteínas que formam os tecidos, o DNA da hereditariedade e a hemoglobina do sangue - são muitíssimo maiores em tamanho e peso. Por esse motivo são chamadas macromoléculas. Mas o que as torna tão especiais? Basta flagrar uma delas em ação no organismo. Por exemplo, a hemoglobina, responsável pela respiração. Seu trabalho começa no pulmão, onde se distribui pelos finíssimos vasos sangüíneos que irrigam os alvéolos pulmonares. Quando o ar é inspirado, enchendo os alvéolos, o oxigênio atravessa a fina membrana alveolar e se dissolve no sangue. Apenas desse modo, o oxigênio vital já poderia chegar às demais células do organismo. Mas há outro método muitíssimo mais eficiente: no interior dos glóbulos vermelhos do sangue (as hemácias), a hemoglobina permite o transporte de trinta a cem vezes mais oxigênio do que seria possível se estivesse simplesmente dissolvido. O corpo de um homem de 70 quilos contém aproximadamente 750 gramas de hemoglobina, uma molécula cuja estrutura somente pôde ser desvendada após o aparecimento da técnica da cristalografia por raios X na década de 30. Ainda assim, foram precisos mais de vinte anos para que a equipe da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, comandada pelo pesquisador austríaco M. F. Perutz, conseguisse montar o quebra - cabeça molecular, apresentando em 1959 a sua arquitetura externa. Perutz declarou na época sentir-se como "um explorador que havia descoberto um novo continente, mas sem chegar ao fim da viagem, pois o modelo não revela nenhuma pista do mecanismo molecular do transporte de oxigênio". Muitos afirmaram que o modelo de hemoglobina apresentado era diferente do que deveria acontecer no seu ambiente natural, constituído pelas hemácias. A hemoglobina, afinal, é composta de longas seqüências de aminoácidos, como contas de um colar, cada uma delas ligadas a um átomo de ferro cercado por um anel de carbono. É a esse átomo de ferro que se liga a molécula de oxigênio (O2). Uma solução de hemoglobina tem a cor púrpura, como a do sangue venoso, mas, quando se borbulha nela oxigênio, torna-se escarlate como o sangue arterial. A presença do oxigênio sob a pressão dos alvéolos pulmonares forma a oxi-hemoglobina, que é transportada pela circulação. Ao chegar aos capilares que irrigam as células, o oxigênio é liberado e uma molécula de gás carbônico (CO2) ocupa seu lugar, formando a desoxi - hemoglobina, que reinicia a viagem de volta, para ser expelida nos pulmões. Tudo isso ocorre umas doze vezes por minuto, estando o ritmo respiratório de uma pessoa em condições normais. A oxi-hemoglobina e a desoxi- hemoglobina formam cristais diferentes, como se fossem substâncias sem parentesco entre si. Os cientistas ficaram atordoados ao descobrir que a hemoglobina não é um simples tanque de oxigênio, mas um verdadeiro pulmão molecular, mudando de estrutura cada vez que absorve ou libera O2. A rigor, sendo uma forma de matéria tão inanimada quanto a água, a hemoglobina não deveria ser capaz de alterar a sua estrutura - e foi isso que deixou os pesquisadores especialmente intrigados. Depois de muito investigar, concluíram que a solução da charada parece estar na maneira como os 12 mil átomos que formam a molécula da hemoglobina conseguem trabalhar juntos. De fato, essa máquina molecular, mantida coesa graças a forças elétricas, adota uma forma bem precisa quando está descarregada - assemelha-se a uma ostra, com quatro conchas articuladas formando uma esfera. As conchas são rígidas, mas se abrem sob o bombardeio que sofrem das moléculas de oxigênio, permitindo que elas grudem na fresta entre uma concha e outra, bem onde estão localizados os átomos de ferro. Como numa requintada coreografia, a ligação da primeira molécula de oxigênio é que desencadeia o processo de abertura das três outras ligações. Essa capacidade de ligar-se ao oxigênio ou ao gás carbônico, no entanto, tem uma desvantagem: a afinidade da hemoglobina com o monóxido de carbono (CO), que sai dos escapamentos de automóveis e da fumaça do cigarro, é 210 vezes maior que a sua atração pelo oxigênio. Ou seja, a hemoglobina prefere o monóxido de carbono mesmo quando sua presença no ar é 210 vezes menor que a do oxigênio. Quem acende um cigarro atrás do outro pode bloquear 20 por cento dos pontos de ligação para o oxigênio que existem na hemoglobina. Desse modo, menos O2 é transportado pelo sangue. Quando o monóxido de carbono entra em contato com a hemoglobina, resulta uma ligação muito estável, tornando-se quase impossível deslocar as moléculas desse gás. Em casos de severa intoxicação, os médicos costumam administrar oxigênio sob pressão, para melhorar o estado geral do paciente, conseguindo assim desfazer essa ligação. Mas por que teria a hemoglobina tamanha afinidade com uma substância tão venenosa como o monóxido de carbono? Os cientistas não têm uma resposta pronta e acabada. Eles supõem que, por não ser o CO um gás comumente encontrável na natureza e, além disso, pouco solúvel em água, a hemoglobina não teria como prevenir-se contra essa ligação. Os bioquímicos estão estudando os possíveis ancestrais da hemoglobina humana para descobrir como chegou a ser o que é. Ela resulta de 4 bilhões de anos de evolução, desde que os primeiros aminoácidos propiciaram o aparecimento da vida. Segundo o professor John Hopfield, da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, a hemoglobina tem para a Bioquímica a mesma importância do hidrogênio para a Física, pois serve de padrão tanto para novas teorias como para técnicas experimentais. "A hemoglobina", afirma Hopfield. "é o protótipo das moléculas protéicas que alteram sua estrutura em resposta a um estímulo químico." Mas por que a natureza teve tanto trabalho para realizar uma tarefa aparentemente tão simples? As formas mais primitivas de vida é que desenvolveram uma molécula transportadora de oxigênio. Os moluscos, como as ostras, e os artrópodes, como os caranguejos, utilizam a hemocianina, um complexo protéico ao redor de um átomo de cobre. A variação da temperatura ambiente, porém, desestabiliza essa molécula e o animal morre. Segundo o químico Ricardo Ferreira, da Universidade Federal de Pernambuco, que pesquisa a evolução da hemoglobina, algumas espécies de lulas-gigantes do mar do Norte, na Europa, costumam aparecer mortas quando sobe a temperatura. Ele compara: "A hemoglobina, com suas quatro cadeias protéicas e um núcleo de ferro, dotou os animais de grande resistência, o que não seria possível com a hemocianina. Há 500 milhões de anos, nos peixes da classe Agnatha (enguias e lampreias), surgiu a mais antiga forma de hemoglobina, com apenas uma cadeia protéica. Passaram-se 50 milhões de anos até surgir a forma de quatro cadeias, todas absolutamente iguais. A hemoglobina moderna, com dois pares diferentes, apareceu também entre os peixes, há 430 milhões de anos. Mas, quando, em épocas remotas, estes saíram da água, passando a respirar o ar, diminuiu logicamente a afinidade pelo oxigênio, relativamente escasso na água. "É muito mais fácil retirar o oxigênio do ar, onde sua concentração é sempre da ordem de 21 por cento", explica o biólogo Arno Schwantes, da Universidade Federal de São Carlos, no interior paulista, "do que respirar o oxigênio dissolvido na água, onde é preciso uma hemoglobina que tenha grande atração pelo gás". Nas células, em geral, existe até 1 bilhão de macromoléculas dos mais diversos tipos. E cada uma delas tão sofisticada quanto a hemoglobina. Apenas no cérebro, segundo os cálculos do biólogo austríaco Paul Weiss, autor de estudos pioneiros sobre o sistema nervoso, existe cerca de 1 quatrilhão de células, ou 1015. Além disso, Weiss estimou que cada célula tem cerca de 10 mil vezes mais moléculas que o número de estrelas da Via Láctea. Nem todas, é claro, são macromoléculas. Para ser classificada como tal, uma substância precisa pesar 10 mil vezes mais que o átomo de hidrogênio. O peso molecular é contado em dáltons (d); 1 dálton equivale ao peso de um átomo de hidrogênio. A molécula de oxigênio (O2) tem o peso molecular de 32 d, e a da água (H2O), 18 d. Já o açúcar (C12H22O11), por exemplo, pesa 342 d. Parece muito, mas é quase nada perto de uma proteína do leite, que tem nada menos de 5 941 átomos e pesa 42 020 d. Na verdade, trata-se ainda de uma pequena proteína, pois o peso médio dessas substâncias costuma girar em torno de 60 mil dáltons. A hemoglobina, que não é exatamente uma proteína, mas um derivado protéico, pesa 64 450 d. Um hormônio produzido pela glândula tireóide, que controla o metabolismo humano. pesa 630 mil dáltons. Enfim, o DNA, a molécula regente da organização celular, pode ser considerado um dos campeões entre as macromoléculas, com seus quase 2 bilhões de dáltons. As proteínas, a hemoglobina e o DNA são macromoléculas fundamentais para se entender o maior de todos os mistérios - a vida. Ela pode ser considerada como um esforço por parte do organismo para manter as extremamente complexas moléculas que o compõem. A dificuldade da tarefa pode ser avaliada a partir do fato de que uma característica da maior parte das moléculas protéicas é ser extremamente instável, comparada com outras estruturas químicas. Fatores tão diversos, como o calor da mão humana ou a exposição ao ar, são suficientes em alguns casos para alterar de tal forma uma solução protéica que ela se torna biologicamente inútil. Que a vida possa existir, construída com moléculas tão frágeis que chegam a ser evanescentes, não é surpreendente, mas inevitável. Pois a vida implica ajustar-se rapidamente a novas condições. Existe algo num organismo vivo que o torna capaz de ajustar-se sem parar, absorvendo energia, apesar de mudanças na pressão atmosférica, na concentração de oxigênio, na temperatura, ou ainda em qualquer outra das centenas de variáveis do meio ambiente. Esse algo são as macromoléculas.

Longos colares da vida

Da geléia de mocotó aos xampus, tudo hoje em dia parece conter uma categoria muito popular de macromoléculas, as proteínas - assim como cerca de três quartos dos sólidos do organismo, que são pura proteína. Muitas delas atendem por nomes familiares: hormônios, anticorpos, enzimas, genes. Sua importância não poderia ser maior. Sem as enzimas, por exemplo, nenhuma reação química seria possível no organismo. Cabelo, pele e unha, por sua vez, são feitos de queratina, uma proteína estrutural, ou seja, responsável pelo revestimento externo do corpo. As propriedades das proteínas, que explicam suas múltiplas funções, são tão extensas que constituem o capítulo principal da Bioquímica. Como todas as macromoléculas, as proteínas são longos colares de aminoácidos, apenas catorze dos quais estão presentes no organismo em quantidades significativas. Os outros estão nos alimentos. A única fonte de aminoácidos que permite ao organismo sintetizar novas proteínas é uma dieta que também contenha proteínas animais (carne, leite e ovos) e vegetais (grãos). No estômago e no intestino, essas proteínas são partidas em cadeias cada vez menores até se chegar aos elementos básicos, os aminoácidos, que são então absorvidos. Em média, uma molécula protéica possui quinhentos aminoácidos, combinados nas mais variadas seqüências. As possibilidades são de tirar o fôlego: com apenas dez aminoácidos é possível construir 3,5 milhões de proteínas diferentes; com vinte aminoácidos esse número dispara a estratosféricos 2,5 quintilhões (2,5 x 1018) de arranjos. Isso porque basta uma única mudança num aminoácido para se ter uma nova proteína. Desse modo, a natureza-a que não pode ser acusada de imprevidente - fabrica proteínas específicas para todas as tarefas possíveis e imagináveis, livre do risco de ficar sem alternativas. Apenas recentemente as novas técnicas de Biologia Molecular permitiram aos pesquisadores identificar a estrutura de algumas proteínas e criar por Engenharia Genética bactérias capazes de produzi-las em grande escala. Os primeiros frutos dessa revolução são a insulina humana para o tratamento da diabete, o hormônio do crescimento e a proteína TPA, que dissolve os coágulos sangüíneos durante um ataque cardíaco. Animados, os cientistas tentam agora criar nada menos que uma nova classe de proteínas inexistentes na natureza - uma substância que combina as propriedades dos anticorpos e das enzimas e por isso leva o nome de anticorpo catalítico ou abzima. Com ela será possível produzir um remédio capaz ao mesmo tempo de localizar uma célula cancerosa (função de anticorpo) e destruir sua membrana (função enzimática). E as proteínas dos xampus? Estas servem apenas para dar volume ao penteado, um efeito puramente cosmético, pois a pele não as absorve. De modo que a melhor receita para ter cabelos ricos e sedosos, como diz a propaganda, ainda é uma dieta balanceada.





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sábado, 14 de julho de 2012

O Império do Caviar - Alimento



O IMPÉRIO DO CAVIAR - Alimento



De um peixe horrendo, antiqüíssimo e desprezado, o esturjão, vem o alimento mais caro do mundo. Mas já houve tempo em que era servido de graça para acompanhar aperitivos.

Um quilo custa mais de 1000 dólares, o equivalente a quase 100 gramas de ouro puro. O metal se guarda, por avareza, investimento ou precaução. O caviar, porém, se come, e rapidamente - e na maior parte das vezes quem come o caviar nem mesmo sabe quanto a preciosidade custa, sem falar nas origens e razões do seu soberano paladar. São milênios de evolução. Aliás, muito e muito mais de mil milênios. Pois o caviar se compõe das ovas bem conservadas de um peixe antiqüíssimo, o esturjão, cuja origem a Zoologia data em 1 milhão de séculos atrás.
Raros seres na natureza se demonstram tão horrendos como o esturjão. Da classe dos Osteichtytes, aqueles de esqueleto - osteocartilaginoso, que predominam nas águas doces do hemisfério setentrional, o esturjão faz parte da ordem dos Condrostídeos e , já foi muito abundante, na América do Norte, Europa, Ásia oriental e, principalmente, em todas as bacias fluviais que demandam o mar Negro e o mar Cáspio, ao sul da União Soviética. Oito décadas atrás, o esturjão era um peixe tão comum que as suas ovas acompanhavam gratuitamente os drinques servidos no bar do famoso Waldorf - Astoria Hotel, de Nova York. Naqueles tempos, só nos Estados Unidos, se - capturavam 11 mil toneladas do condrostídeo a cada ano. A sua carne, seca, servia de alimento aos estratos mais pobres da população da Nova Inglaterra. O caviar se desperdiçava, sem idéia da sua majestade. Os europeus, igualmente, dilapidaram a iguaria matriz e, por extensão, as suas conseqüências essenciais. Resultado da exploração indiscriminada - hoje, o peixe só existe nos entornos do Cáucaso e do Turquestão e em algumas paragens chinesas nas fronteiras dos rios Mekong e Yang-tsé. Numa frase: porque o planeta invariavelmente desprezou o esturjão como comida vulgar, sem imaginar as riquezas escondidas no belo ventre de cada fêmea, o condrostídeo enfrenta a ameaça da extinção. Situação patética, essa, pelo potencial prolífico do bicho e pelo exagerado volume que ele pode adquirir se protegido da predação.
Mais de 25 espécies ainda sobrevivem ao sul da União Soviética, no Irã e nas fraldas himalaicas da China. Quase todas consistem em peixes de corpo alongado e coberto por cinco faixas sucessivas de placas rijas como as escamas de uma armadura medieval. A cabeça faz lembrar a ponta de um aríete e a boca, surpreendentemente miúda e desdentada, se localiza abaixo da couraça dianteira. Quatro bigodes gorduchos se dependuram nos maxilares e uma nadadeira dorsal e cinco ventrais anunciam a cauda, espinhosa e em leque. Qualquer peixe é capaz de crescer indefinidamente, quando não morre de doença ou de velhice ou quando não sucumbe à mão impiedosa do ser humano. O esturjão pode chegar a 10 metros de comprimento com um peso formidável de 500 quilos, o que redunda, às vezes, em 150 quilos de caviar. O esturjão habitualmente mora nos fundos lodosos das redondezas dos deltas dos grandes rios e ali estaciona do verão até o inverno. Nos meses de primavera, reanimado pelo aumento da temperatura, corre em busca das tocas salobras da foz, a fim de depositar seu caviar. A maturidade sexual ocorre entre os 18 e os 20 anos e um esturjão adulto e sadio consegue expelir entre 800 mil e 2,4 milhões de ovas impecáveis, em torno de 3 milímetros cada qual. Já se recolheram esturjões com perto de 100 anos de idade e muito mais de 10 milhões de ovas.
A sua alimentação consiste em pequenos crustáceos da lama, outros peixes insignificantes - e particularmente as larvas gordurosas de microinsetos e de vermes. Nos entornos do Cáspio e do Negro, o condrostídeo é, atualmente, o único peixe de importância alimentar e comercial. Das espécies utilizáveis, a mais providencial é o beluga (na ciência, Acipenser huso), de dimensões mais alentadas e um caviar soberbo, nos limites dos 2 milímetros de diâmetro e numa cor que varia do cinzento ao negro-brilhante. Também requisitado, o sevruga (Acipenser stellatus) ostenta ovas miúdas, de pouco mais de 1 milímetro, quase claras e transparentes. O refinadíssimo sterlet (Acipenser ruthenus), nas bordas do desaparecimento fatal, além das ovas minúsculas e amarelo-avermelhadas, com 0,7 milímetro em média, oferece à gastronomia o privilégio da sua saborosíssima bexiga natatória, o órgão que permite ao peixe manter-se em equilíbrio na água sem afundar. Resta o tipo mais econômico e trivial, bem trivial, 500 dólares por quilo, o esturjão osetra, ou osetrova (Acipenser sturio), de ovas entre o dourado e o castanho. O trajeto que conecta o esturjão ao caviar é rapidíssimo. Retirado da água, em cardumes, por meio de redes, coloca-se o peixe em tanques, nos barcos pesqueiros ou nos píers de atracação e dali, com extrema cautela, se arrasta o bicho, num lampejo, às bancadas de industrialização. Tudo ocorre em plataformas limpíssimas, de pedra ou de aço inoxidável. Ainda vivo, o peixe passa por uma verdadeira incisão cirúrgica que Ihe abre o ventre, em absoluta esterilização, e dele extrai o saco ovariano com o magnífico caviar. Quem pratica a operação possui uma especialização transcendental. Primeiro, sabe distinguir as fêmeas dos machos, que são devolvidos a seu meio ambiente de raiz. Depois, comete o corte sem ferir a proteção membranosa da raridade. Retiradas com angelical delicadeza, as bagagens do caviar tombam, então, sobre grelhas metálicas de trama calculada para cada espécie e cada dimensão de peixe. Nessas grelhas, o saco se rompe, e possibilita que as pelotinhas caiam em recipientes absolutamente desinfetados e secos. Lavam-se as ovas em água doce, várias e várias repetições. E elas se entregam enfim à magia que irá transformá-las em relíquias - a etapa apelidada de salgamento, coordenada por um profissional com, no mínimo, dez ou doze anos de experiência e observação. O mestre e grande sacerdote do caviar é a figura responsável pelo sucesso admirável ou pelo fracasso irrecuperável de toda a aventura. O mestre analisa o tamanho das ovas, o seu grau de maturação e, em função do examinado, decide a quantidade de sal a incorporar o conjunto: na pior das hipóteses, cerca de 3 por cento do peso da matéria - prima. O sal serve para eliminar a untuosidade original do caviar, torná-lo mais consistente, aumentar-lhe a resistência e afinar o seu sabor. Como um cirurgião diante de uma deliberação crucial, o mestre e sacerdote, de luvas nas mãos e máscara no rosto, mistura meigamente as ovas ao sal acrescentado, de modo a homogeneizar a sua criação. Cinco minutos depois, testa o que trabalhou e, satisfeito, retira as proteções. Operação perfeita, em 99 por cento das situações. O caviar nasceu. Da separação dos esturjões machos e da incisão nos esturjões fêmeas até a glória do operador, transcorreram meras três horas Na linha de produção, as ratinhas e os recipientes de vidro permanecem à espera do que irá preenchê-los. O melhor caviar se apelida malossol, palavra russa que significa, exatamente, "superpouco sal". O privilégio do batismo malossol se destina àqueles produtos que o sacerdote julga insuperáveis no equilíbrio e na qualidade e, por isso, não precisam de corretivos. Menos de 10 por cento da produção mundial merece a caracterização. Num segundo plano se situa o caviar prensado, o payusnaya, espécie de gelatina que se obtém das ovas muito maduras e particularmente grandes, além das que se rompem no manuseio do caviar. Uma imperfeição, sem dúvida, mas ainda assim uma iguaria, 300 dólares o quilo. Parentes pobres do caviar são as ovas de salmão ou correlatos, principalmente os peixes das águas geladas dos rios dinamarqueses, de tonalidade dourado - refulgente, perfeitamente comestíveis, assim como as ovas de tainha ou de pacu que começam a aparecer no Brasil ou ainda a botarga dos italianos. Único problema: comerciantes inescrupulosos tingem esse falso caviar de negro, com sépia de lulas jovens, uma combinação que, entre outros perigos, estimula a fulminante deterioração do produto depois de sua embalagem ser aberta e as ovas expostas aos fungos existentes no ar. Gastronomicamente, o Ocidente aprendeu a apreciar o caviar apenas na Idade Média, quando os cristãos de Ferrara, na Itália, descobriram que os judeus evisceravam os esturjões então abundantes no rio Pó em busca das ovas. Uma curiosidade importante: a religião hebraica não libera o esturjão, peixe limoso, como alimento kosher, ausente de impurezas; o caviar de mil anos atrás, porém, já devia ser tão singular e delicioso que os israelitas ortodoxos da Bota inteligentemente acharam uma brecha em seu Talmude que Ihes permitisse o consumo das ovas. Da Itália, o caviar - palavra que vem do turco khavyar - subiu a Europa pelos Alpes. No século XVIII, o produto se transformou em paixão na corte francesa de Luís XIV e de seu insaciável ministro Jean-Baptiste Colbert. Na Rússia czarista, a corte real impôs uma lei, que perdurou até o século XIX, obrigando os pescadores a enviar ao palácio um mínimo de 11 toneladas de caviar de primeiríssima qualidade a cada novo ano. E mesmo a Revolução Comunista não se poupou dos prazeres formidáveis da iguaria: Josef Stálin exigia que ao menos 2/5 do caviar de sterlet fossem remetidos às cozinhas cremlinianas, exatamente a mesma participação cobrada de comum acordo pelo xá da Pérsia. Não se sabe se a glasnost, na URSS, e os aiatolás, no Irã, continuam abusando do privilégio do domínio quase total dos produtos do sterlet. Por que o caviar custa tão caro? Os preços elevados não advêm, somente, da sua raridade. Na verdade, a metodologia artesanal da preparação ajuda as despesas a subirem a picos estratosféricos - assim como a complexidade da pesca de peixes bem acima dos 100 e até dos 200 quilos em geral. Como a dificuldade em se retirarem os esturjões ainda vivos dos barcos, manualmente, sem deixar que eles se machuquem. Como a imperiosidade de se removerem as ovas imediatamente, de modo que não percam o seu frescor. Como, enfim, a sensibilidade de quem agrega o sal às pelotinhas diante de um dilema cruel: mais cloreto de sódio, mais conservação e menos sabor natural; menos cloreto de sódio, mais perigo e mais grandeza de paladar. Nesse impasse reside a diferença entre o processamento soviético e o processamento iraniano. Na URSS, hoje em dia, aposta-se na segurança, enquanto no Irã o objetivo é manter a qualidade. E, do ponto de vista da nutrição, como se localiza o caviar? Todas as suas espécies são muito ricas em proteínas, mas também ostentam taxas altíssimas de gorduras e de colesterol. Em contrapartida, ironicamente, todas possuem grandes dosagens de ômega-3, um ácido graxo cuja principal propriedade é, precisamente, dissolver o colesterol e impedir que ele crie placas na corrente sangüínea dos humanos. Detalhe importante: a fim de flavorizarem seus produtos, muitos exportadores iranianos adicionam bórax, ou borato de sódio, ao caviar. Tal circunstância tem de estar explicada no rótulo de cada lata ou de cada vidro. Não se provou, ainda, a nocividade do bórax para os efeitos da alimentação. Nos Estados Unidos, de todo modo, são rigorosamente proibidas as vendas de ovas imersas em borato de sódio. Um francês de origens armênias, Christian Petrossian, detém atualmente o domínio internacional das negociações com caviar e, por isso, manipula à sua vontade as cotações das ovas do esturjão. Herdeiro de uma família tradicionalíssima em seu departamento, Petrossian controla o mercado de duas sedes, em Paris e em Nova York. A casa francesa foi fundada em 1922 e pelos seus caixas passam milhões de dólares a cada mês. "Crise? Nunca ouvi essa palavra", brinca Petrossian com o seu próprio poder. "Eu vendo sonhos e festas, e na fantasia não existe crise." Ele confia tanto na classe superlativa de sua clientela que não hesita em aceitar encomendas pelo seu telefone parisiense 45.51.59.73.

Liturgias de um prazer

Caviar, não se mastiga, jamais. Caviar, apaixonadamente, se degusta com a língua, as refulgentes pelotinhas de encontro ao céu da boca, onde devem se romper à compressão, liberando nas papilas um sabor incomparável, um microsuco picante e untuoso a se lavar, preferivelmente, com um gole imediato de vodka legítima e supergelada. Caviar não se come, nunca. Caviar, respeitosamente, se desfruta, em pouquíssimas companhias. A tradição balcânica sugere a escolta dos blinis - delicadas lâminas de massa de farinha e leite, pequenas panquequinhas que embrulham as ovas com um tico de manteiga à temperatura ambiente. Isso basta, embora existam aqueles que preferem ampliar a relação das parcerias: clara e gema, cozidas, picadinhas; cebola crua, triturada; creme de leite, azedo; torradas frescas no lugar dos blinis. Para beber, além da vodka, uma única alternativa: um champagne, ou algum outro espumante de superior categoria. Só, com exclusividade. Por 1000 dólares o quilo, afinal, respeitem - se os máximos requintes. Caviar se serve, por exemplo, num recipiente apropriado de porcelana, vidro ou prata, no qual se encaixa, perfeitamente, a latinha original, de marca bem visível aos olhos dos comensais. Esse recipiente se localiza dentro de um outro, maior, obrigatoriamente de prata, com abundante gelo picado. Aberta a sua embalagem, o caviar deteriora rapidamente se não for colocado sob a proteção de baixa temperatura. A colher do serviço, igualmente, precisa ser de prata, especial, as bordas bem finas, de modo a não romperem as pelotinhas no momento da colheita. E nada pode sobrar. O caviar não se devolve ao refrigerador. Cuidado com eventuais canapés perpetrados com antecedência, todos, obrigatoriamente, - têm de ser guardados em ambiente fresco e protegido, de modo a se preservar a qualidade das ovas sensíveis. Restaurantes famosos já cometem algumas receitas exóticas com o caviar. Está na moda um tal de filet mignon à moscovita, as ovas desembarcadas sobre a carne e flambadas com um pouco de vodka. Este escriba uma ocasião experimentou um prato de massa, penne, com tirinhas de salmão, o destilado russo - polonês de cereais e caviar por cima. Tudo bem, na cozinha tudo se permite. Mais do que heresia, porém, é tolice e contra -s enso aquecer-se aquilo que a magia propõe como gelado. Caviar se homenageia, se possível, à luz cálida das velas.





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sábado, 14 de julho de 2012

A Estratégia das Aranhas - Natureza



A ESTRATÉGIA DAS ARANHAS - Natureza



Atacadas pelo homem, recorrem a engenhosos meios para sobreviver. E até proliferam quando se mexe em seu habitat. Mais temidas que conhecidas, seus atributos como inseticidas naturais acabam sendo pouco aproveitados.

Uma esquadrilha de jatos da Força Aérea Brasileira decolou da Base de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, numa ensolarada manhã de julho de 1961 para cumprir uma missão inacreditável: destruir um ninho de aranhas. Os aviões de combate estavam equipados com poderosas bombas incendiárias, prontos para lançá-las sobre um recanto da baia de Guanabara, na zona norte da cidade. Em poucos instantes, um verdadeiro inferno de chamas espalhou-se por uma pequena nesga de terra junto à ilha do Fundão. Um destacamento de soldados da vizinha Base Aérea do Galeão completou o serviço, encharcando de gasolina e colocando fogo nos poucos metros quadrados que haviam escapado ao bombardeio. A área transformou-se num deserto de cinzas fumegantes, levando as autoridades sanitárias do então Estado da Guanabara a anunciar com satisfação uma fulminante vitória contra o reduto daquelas indesejáveis criaturas de oito pernas. Proclamou-se que a ilha do Fundão ficara livre de um terrível aracnídeo, cientificamente conhecido como Latrodectus curacaviensis. Trata-se, na verdade, de uma minúscula e pacata aranhazinha com listras pretas e vermelhas no abdome (daí o nome popular, flamenguinha), cujo veneno, acreditava-se, seria fatal para o homem. O uso de aviões de guerra contra aranhas pode parecer aberrante. Mas é um excelente exemplo do pavor que elas inspiram - e da falta de conhecimentos com que freqüentemente o homem as enfrenta. De fato, o que ninguém poderia imaginar é que as flamenguinhas dispunham de uma engenhosa estratégia de retirada e que sobreviveriam aos milhares ao ataque, formando colônias em outros pontos do litoral carioca. Os hábitos da curacaviensis eram então pouco conhecidos - principalmente o comportamento dos filhotes. Uma jovem flamenguinha, tão logo abandona o convívio com o resto da ninhada, tece um pequeno balão de fios de teia grudado - ao abdome. Ao menor deslocamento de ar, o balão levanta o bichinho, que com as correntes ascendentes de ar quente pode chegar à altitude de várias centenas de metros.Lá no alto, a pequena balonista até controla o nível do vôo, aumentando ou diminuindo o volume do balão; consegue assim aterrissar quando bem entender. Não é difícil imaginar o que aconteceu na ilha do Fundão, quando as primeiras bombas de napalm atingiram o solo. Os grandes deslocamentos de ar causados pelos impactos dos projéteis e as colunas ascendentes de ar quente produzidas pelos incêndios carregaram para a atmosfera uma enorme quantidade de jovens curacaviensis em seus balões de seda. Portanto, enquanto a velha geração de aranhas ardia no solo da ilha, suas descendentes planavam tranqüilamente ao sabor das correntes aéreas sobre a baía de Guanabara - algumas rumando para Niterói, outras em direção à Barra da Tijuca e mais além. Ironicamente, um ano depois do bombardeio, uma nova e saudável colônia de flamenguinhas foi encontrada nas proximidades da Base Aérea de Santa Cruz, exatamente de onde havia partido a missão exterminadora. O bizarro caso das flamenguinhas fez com que o zoólogo Herman Lent, então diretor da Seção de Entomologia do Instituto Oswaldo Cruz, apresentasse um extenso relatório condenando o espetacular e ineficiente método de combate às aranhas e aconselhando que, no futuro, fossem utilizadas apenas as técnicas convencionais de borrifação com DDT ou BHC, supervisionadas por especialistas. A própria picada da Latrodectus curacaviensis foi considerada de baixa periculosidade, em comparação com a da Latrodectus mactans - a famosa viúva-negra -, a ponto de o dr. Lent prever que as flamenguinhas não iriam atacar a população. O cientista estava certo: até hoje, banhistas e aranhas compartilham alguns pontos da orla marítima carioca sem maiores problemas. Mas poucos seres aterrorizam tanto quanto as aranhas. Anos depois do bombardeio das flamenguinhas, apareceram na Imprensa paulista reportagens sobre uma incontrolável invasão de aranhas no elegante bairro do Morumbi, na zona sul de São Paulo. Donas de casa, em pânico, descreviam arrepiantes encontros noturnos com enormes criaturas peludas que trafegavam pelos aposentos das mansões. As aranhas do Morumbi, segundo os relatos, eram consideravelmente maiores e mais agressivas que as curacaviensis bombardeadas no Rio. E pior - eram das duas espécies responsáveis pela maioria dos acidentes com aranhas em todo o Brasil. Uma delas, a aranha-armadeira (Phoneutria nigriventer), possuidora de um veneno perigoso, principalmente para as crianças. E a outra, a aranha-lobo (Lycosa erytrognata), cuja peçonha provoca forte reação na região da picada. Nenhuma delas faz teias. Quando os técnicos do Instituto Butantã inspecionaram o bairro, conseguiram coletar, em apenas dois ou três quarteirões, centenas desses aracnídeos, dentro e fora das casas. Mas não confirmaram a suposta invasão, pois, muito antes dos loteamentos e construções, as aranhas - lobo e as armadeiras já viviam nas matas da região do Morumbi. Aparentemente, a própria ocupação urbana estimulara a sua procriação, na medida em que as construções acabaram por afastar os principais predadores naturais daquelas aranhas - várias espécies de lagartos e vespas - caçadoras. Além disso, o lixo que se acumulara nos terrenos baldios deixara proliferar enorme quantidade de baratas e outros insetos, considerados o prato predileto dos aracnídeos, assim como o costume de amontoar o entulho das obras no fundo dos quintais propiciou excelentes abrigos para as duas espécies de aranhas. Desse modo, o próprio homem articulou a suposta invasão, proporcionando casa e comida em abundância e, simultaneamente, livrando as aranhas dos seus inimigos naturais. No Morumbi, os mesmos fatores que estimularam a proliferação daquelas espécies também causaram grande aumento nas populações de escorpiões e de uma pequena e tímida aranha - a Loxosceles rufescens, ou aranha-marrom. Pouco maior que a flamenguinha, ela possui um poderoso veneno capaz de levar à morte por insuficiência renal, ou seja, os rins da vítima deixam de funcionar. Ao contrário da aranha-lobo ou da armadeira, que são animais errantes, a aranha-marrom prefere viver dentro das casas, escondida durante o dia atrás de móvel ou de quadro encostado à parede. Os raros acidentes causados por esta espécie acontecem quase sempre quando a vítima veste roupa que ficou pendurada junto à parede durante a noite, onde a aranha se escondeu. A importância das aranhas como devoradoras de insetos, principalmente daquelas que constroem delicadas teias nos jardins, pode ser avaliada pela incrível quantidade de moscas, mosquitos, cupins e baratas que consomem anualmente.
Mas nem todas as aranhas tecem teias e ficam à espera de suas vítimas. Algumas vivem em tocas, atacando os insetos que passam por ali; outras são caçadoras, vagando à procura da próxima refeição. Os habitantes das grandes metrópoles deveriam aprender a olhá-las com mais simpatia e aproveitá-las como eficientes inseticidas naturais em todas as áreas verdes disponíveis. No entanto, é recomendável uma cuidadosa escolha, pois não é exatamente agradável acordar com uma assustadora armadeira no travesseiro.

Os olhos contam tudo

A aranha não é um inseto. Apesar de pertencer ao mesmo filo, o dos artrópodes (que têm patas articuladas), é de uma classe própria, Arachnida, da qual fazem parte também os carrapatos e os escorpiões. As aranhas possuem quatro pares de patas e o corpo dividido em apenas duas porções: um rechonchudo abdome e uma estrutura dianteira denominada cefalotórax. Este nome estranho significa apenas que, nos aracnídeos, a cabeça e o tórax estão fundidos numa única peça. No cefalotórax acomodam-se, além das oito patas, os olhos e as peças bucais do animal.
O número e a disposição dos olhos no cefalotórax são características de fundamental importância para o reconhecimento das aranhas, principalmente das três espécies mais venenosas existentes no Brasil: as armadeiras, assim chamadas pela agressividade com que erguem as patas dianteiras quando ameaçadas, armando o bote, pertencem ao gênero Phoneutria, que tem oito olhos - dois situados logo acima das peças bucais, quatro numa fileira superior e mais dois no topo do cefalotórax; as aranhas-lobo, do gênero Lycosa, também contam com oito olhos, mas quatro deles se alinham acima das peças bucais, vindo logo em seguida outros dois, bem maiores, e o último par no topo; as aranhas-marrons, do gênero Loxosceles, só possuem seis olhos, numa única fileira, agrupados aos pares.
Todas as aranhas são peçonhentas, isto é, inoculam em suas vítimas, geralmente insetos, uma substância que mata ou paralisa e desempenha muitas vezes a função de suco digestivo. Utilizam para isso as duas presas pontiagudas, chamadas quelíceras. No homem, o veneno das aranhas-lobo faz apodrecer os tecidos do local atingido. O das aranhas-marrons, também destrói os glóbulos vermelhos do sangue, o que causa obstrução renal. E o das armadeiras provoca uma dor tão intensa que acarreta hipertensão, sudorese (suores) e taquicardia (aumento dos batimentos cardíacos). Entretanto, poucas espécies injetam um veneno capaz de pôr em risco a vida humana, a não ser no caso de indivíduos de pouco peso ou em más condições físicas.
Ainda que se possa contar com soros específicos para a picada de cada uma das aranhas perigosas, a melhor forma de lidar com elas é conhecer seus hábitos e procurar evitá- las - já que não é o caso de ficar contando seus olhos para saber se são menos ou mais venenosas. O maior número de acidentes acontece nos meses mais frios, durante as horas quentes do dia, e a metade dos casos, dentro de casa. As aranhas podem entrar numa casa por diversos motivos, mas não com o propósito de atacar o homem. Quando suas habitações naturais nas florestas e campos são devastadas por queimadas ou desmatamentos, ou quando suas tocas subterrâneas são revolvidas ou inundadas, elas começam a vagar à procura de novos abrigos.
Épocas de muito frio ou calor, bem como o período de acasalamento, também provocam o mesmo comportamento. Algumas espécies levam uma vida errante, sempre em busca de esconderijos para repousar durante o dia e de onde possam sair à caça com a chegada da noite. Tanto para aquelas sem endereço fixo como para as que procuram um abrigo mais duradouro, as casas, principalmente em sítios. chácaras ou praias, se apresentam como uma ótima opção. É conveniente, então, para evitar visitas inesperadas, vedar as frestas em janelas, portas e telhados, fazer dedetizações sistemáticas e jamais acumular entulho no quintal.





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sábado, 14 de julho de 2012

A vida no plural - Biologia



A VIDA NO PLURAL - Biologia



Ter a identidade espelhada num irmão gêmeo e participar de um eterno jogo de comparações. Mas elas ajudam a explicar como a herança e o ambiente formam o ser humano.

Eles chamam a atenção desde que se os conhece por gente. São mimados em dobro e causam confusão por dois - ou mais. Quem os vê não resiste a caçar diferenças mínimas em suas aparências e semelhanças em suas personalidades. Mas, sobre o sucesso que fazem por serem tão iguais, suas opiniões divergem: existem os que não conseguem imaginar a existência no singular; para eles, um é muito pouco. Outros, cansados de mal - entendidos, acham que dois é demais. A vida aos pares é assim mesmo, ambígua: há momentos constrangedores, outros cômicos, há situações irritantes, outras incomuns. Apenas duas em cada noventa pessoas sabem o que é ter a identidade espelhada num irmão gêmeo. E a ciência começa a saber por que isso acontece.
Mas se os gêmeos são motivo de curiosidade, no passado eles eram considerados nada menos do que sobrenaturais. É compreensível. Sem explicações científicas, o que o homem primitivo podia imaginar ao ver nascer duas ou mais crianças, quando só esperava uma? Se o parto coincidisse com períodos de farta colheita, os bebês eram louvados como benfeitores. Se fosse época de enchente, de seca ou de fome, então os recém - nascidos eram os culpados pela desgraça. Mesmo nos dias atuais, em algumas tribos americanas nascimentos múltiplos são recebidos como bênçãos.
Já em tribos do sudeste da África, como na dos zulus, quando alguém mostra dois dedos para outro, não está desejando paz e amor - e sim gêmeos, para eles sinônimo de muito azar. Em geral, porém, quem tem filhos gêmeos se acha uma pessoa de sorte, apesar de trocar o dobro de fraldas. O que observa a psiquiatra paulista Dulce Machado, autora de um livro sobre o assunto. "A mãe de gêmeos se sente mais mãe", nota. Esse orgulho pode ter origens muito remotas. Afinal, as primeiras representações de gêmeos, (estatuetas e desenhos em cavernas), que datam de mais de 2 800 anos, mostram as mães como deusas.
Os próprios gêmeos eram considerados algo divino na Antiguidade. Um dos mitos clássicos da Grécia é o de Castor e Pólux, filhos de Leda, mulher do rei de Esparta. Embora idênticos, seus pais eram diferentes: o de Castor era o rei, portanto mortal; o de Pólux era Zeus, imortal habitante do Olimpo. Quando Castor morre numa batalha, o irmão pede ao pai para compartilhar o seu destino. E assim Zeus os transforma na constelação de Gêmeos, que, segundo os astrólogos, rege a dupla personalidade de quem nasce entre 21 de maio e 20 de junho.
Mas nem todos os gêmeos que ficaram para a história se davam tão bem quanto os irmãos espartanos, pois na maioria dos mitos representam características tão antagônicas que terminam rivais. O Antigo Testamento, por exemplo, descreve brigas de Esaú e Jacó ainda no útero da mãe, Rebeca, mulher do patriarca Isaac. Outros íntimos inimigos foram Rômulo e Remo, lendários fundadores de Roma. Filhos do deus da guerra, Marte, na hora de decidir quem governaria a cidade recém criada, Rômulo assassinou Remo. Sem chegar a tais extremos, não raro alguns gêmeos tornam-se rivais depois de adultos. "Quando são tratados em casa como se fossem uma única pessoa, não criam uma auto-imagem", analisa a psiquiatra Dulce Machado. "Resultado: mais velhos, tanto buscam uma identidade que acabam rivalizando como se precisassem ser o oposto do outro." Tudo o que é feito em casa para reforçar a semelhança - como o condenável e renitente costume de vestir gêmeos igual - também acaba reforçando esse conflito, que tende a explodir na adolescência. "É normal na infância os gêmeos gostarem mais de brincar entre si", comenta a psiquiatra Dulce. "Alguns chegam a criar uma linguagem própria, que só eles compreendem."
Uma recente pesquisa nos Estados Unidos mostra que cerca de metade dos gêmeos usavam um código secreto de comunicação na infância. Além disso, quase toda criança se aproveita da condição de gêmeo para confundir os adultos - e os psicólogos asseguram que não há nada de errado nisso. Mas existem exceções. Os gêmeos paulistanos Juca e Chico Kfouri, de 10 anos, não acham graça em inverter os papéis. "Nunca fizemos isso", garante Juca. "Mesmo assim, meu irmão já levou bronca da professora por coisas que eu fiz." Talvez por isso, Chico acha que "a coisa mais chata do mundo" é ser confundido.
"Eu, por exemplo, sou são-paulino roxo", identifica-se Chico. "Já o Juca é corintiano fanático. É a nossa grande diferença." A verdade é que eles não querem ser iguais, mas são. Afinal, trata-se de gêmeos idênticos (ou monozigóticos, como dizem os biólogos): carregam rigorosamente a mesmíssima bagagem genética. Originam-se quando o óvulo fecundado por um único espermatozóide se divide por igual em dois ou mais blocos, que passam a crescer independentemente. Por que isso acontece? "A ciência ainda não tem resposta", diz o obstetra Thomaz Rafael Gollop, do Hospital Albert Einstein, de São Paulo.
"Tudo torna-se mais misterioso pelo fato de que qualquer mulher pode ter gêmeos idênticos, mesmo quando não existem casos semelhantes na família", esclarece Gollop. Um em cada três pares de gêmeos é idêntico. Os demais podem ser fraternos (também chamados dizigóticos). Estes, sim, costumam nascer em famílias onde já existem gêmeos. Enquanto os idênticos sempre têm o mesmo sexo, os fraternos podem ser homens e mulheres. Aliás, eles podem ser diferentes em tudo, porque resultam da fecundação de dois óvulos por dois espermatozóides.
Recentemente, os cientistas descobriram que há mais dois tipos de gêmeos. Existe a hipótese de que, raríssimas vezes, também por motivos ainda desconhecidos, o óvulo pode se dividir antes mesmo de ser fecundado - e, quando isso acontece, a fecundação se dá por dois espermatozóides. Os gêmeos que nascem dessa união chamados semi - idênticos, são 50 por cento iguais geneticamente. Pode ser ainda que uma mulher, grávida de poucos dias, engravide de novo, vindo a conceber outra criança do mesmo ou de outro pai. Neste caso, os filhos, embora gêmeos pelo simples fato de nascerem juntos, seriam meio irmãos. Impossível? Até setembro último já foram comprovados quatro casos assim no mundo inteiro.
Seja de que tipo forem, os gêmeos têm motivo de sobra para se considerar muito especiais. A começar pelas escassas possibilidades de existirem. "Numa maternidade de grande movimento, onde ocorrem setenta partos por dia, nasce um par de gêmeos a cada 36 horas", calcula o obstetra Gollop. Trigêmeos são ainda mais raros: um caso em cada 8 mil partos. Quádruplos nascem na proporção de um caso para cada 700 mil pessoas que vêm ao mundo; e quíntuplos, enfim, são um caso para cada 62 milhões de partos.
Na verdade, a freqüência de gravidez múltipla é muito maior - uma em cada cinco gestações. Na maioria dos casos, porém, um dos fetos acaba absorvido pelo organismo. Gêmeos idênticos distribuem- se igualmente por todas as raças. Mas os negros têm o dobro de chances dos brancos de gerar fraternos - a razão estaria na taxa maior de hormônios das mulheres negras. Em compensação, os brancos têm duas vezes mais chances de ter gêmeos que os orientais - aparentemente, também por uma questão de hormônios. Não raro, as pessoas confundem as causas. Os iorubas, do oeste da África, são imbatíveis em matéria de partos múltiplos - cerca de cinco em cada cem partos (cinco vezes mais, em números redondos, que no Brasil). Eles acreditam que os gêmeos nascem quando as mulheres fazem bonecos de bebês, chamados ijedi, e entoam cantos apropriados. Em meados deste ano, porém, pesquisadores descobriram por que as mulheres iorubas tendem a ovular mais de uma vez ao mês. O segredo está no inhame, a base de sua dieta. O tubérculo, parecido com a batata e comum no norte brasileiro possui uma substância que estimula os hormônios responsáveis pelo amadurecimento dos óvulos. De qualquer maneira, cientistas do mundo inteiro têm dado atenção dobrada aos gêmeos - em particular aos idênticos. É que eles são a única fonte para se descobrir até que ponto se é o que se vive e até que ponto se e o que se nasce - ou seda, a eterna questão do papel do meio ambiente e da hereditariedade na formação do ser humano. De fato, ao se comparar as semelhanças entre gêmeos idênticos, pode-se descobrir quais características físicas e psíquicas foram herdadas e quais foram adquiridas. A geneticista Glória Dal Colletto, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo, pesquisa o assunto há quinze anos e calcula ter mais de trezentos pares de gêmeos catalogados.
Pois bem, Glória desenvolveu um método para descobrir quando gêmeos são ou não idênticos, analisando mais de vinte variáveis nas linhas das palmas das mãos e dos dedos. Ela percebeu, por exemplo, que a mão esquerda de um gêmeo é muito mais parecida com a mão esquerda do irmão do que com sua própria mão direita. Não é apenas por curiosidade acadêmica que os cientistas querem identificar os gêmeos idênticos. Estes interessam para estudos pioneiros, como os que vêm sendo realizados há nove longos anos por uma equipe liderada pelo psicólogo Thomas Bouchard Junior, em Minnesota, nos Estados Unidos. Tudo começou quando Bouchard leu uma notícia sobre o reencontro de dois gêmeos, após décadas de separação. Ao procurá-los, ficou tão surpreso com a massa de coincidências que encontrou que resolveu estudar quantos pares de gêmeos fosse possível. Os 3 mil que já conseguiu reunir proporcionaram-lhe uma coleção de histórias espantosas. Tome-se o caso de Jim Lewis e Jim Springer, 39 anos, separados quando tinham poucos meses de idade e adotados por famílias diferentes.
Logo na primeira conversa, os irmãos descobriram que casaram com mulher do mesmo nome (Betty), deram aos filhos também o mesmo nome (James e Alan), dirigiam a mesma marca de carro (Chevrolet), da mesma cor (azul), tinham a mesma atividade (bombeiro), gostavam do mesmo passatempo (marcenaria), passavam as férias na mesma praia e tinham, cada qual, um cachorro chamado Toy. Os cientistas esperam um dia explicar coisas assim. Eles não ousam afirmar que todos os gêmeos idênticos necessariamente vivem vidas parecidas por causa dos genes. Mas pelo menos estão convencidos de que gêmeos que foram criados juntos são menos parecidos do que aqueles que foram separados na infância. Estes, afinal, não precisaram distinguir-se um do outro para adquirir identidade própria. "Como gêmeos idênticos têm heranças genéticas iguais, qualquer diferença nos resultados dos exames a que os pesquisadores os submetem só pode ser resultado do ambiente", explica a geneticista Glória Dal Colletto.
Por mais que tenham hábitos diferentes, gêmeos idênticos tendem a ter, por exemplo, as mesmas doenças nos mesmíssimos períodos de suas vidas - desde uma curável apendicite a fatais ataques cardíacos. Também começam a usar óculos com a mesma idade, quando é o caso. Isto significa que os genes não só trazem a tendência a sofrer de certos males como também funcionam feito verdadeiras bombas-relógio. Nos exames de eletroencefalograma, gêmeos idênticos mostraram ter ondas cerebrais muito semelhantes. Isto é, diante de certos estímulos visuais e sonoros, seus cérebros reagem quase com a mesma intensidade.
Os testes de personalidade de gêmeos idênticos, realizados na mesma época, são mais parecidos entre si do que os testes de uma mesma pessoa realizados em momentos diversos de sua vida. A partir de tais exames concluiu-se que, em três de cada cinco gêmeos, traços de personalidade e comportamento tão diversos como capacidade de imaginar, espírito de liderança, tendência ao estresse e desejo de correr riscos parecem resultar mais dos genes que do ambiente em que viveram. A mais hereditária das características, porém, deve ser a timidez, 96 por cento dos tímidos têm irmão gêmeo tímido. Já a agressividade, a sociabilidade e a inteligência seriam mais influenciáveis pelo meio e pelas condições de educação. O sentimento do medo também pode ser herdado. Os pesquisadores citam a propósito o caso de gêmeas que não se viam havia mais de trinta anos e sentiam idêntico pavor de nadar.
Os cientistas esclarecem que os genes não determinam rigorosamente o destino, mas podem, isto sim, deixar as pessoas predispostas a fazer determinadas coisas: dessa maneira, pode-se herdar uma maior sensibilidade ao ambiente - o que se transformaria em ansiedade ou em depressão conforme o meio em que se vivesse. O estudo de um grupo de cientistas europeus mostra que essa predisposição pode ter largo alcance. Eles pediram a 3 800 pares de gêmeos idênticos que opinassem sobre assuntos tão diversos como música por computador e política. Viu-se que os gêmeos tinham a mesma opinião a respeito de sete em cada dez questões. Se os genes parecem jogar um papel tão decisivo na vida das pessoas, seria o caso de achar que gêmeos idênticos são também personalidades gêmeas. Essa, porém, é uma idéia que muitos deles definitivamente não aceitam.

Um pelo outro

Uma briga de escola: um garoto chorando se aproxima da professora e diz que tomou um soco - só não sabe direito de qual daqueles dois colegas. A professora, para resolver logo a questão, pede ao irmão, quatro anos mais velho, dos acusados para apontar o culpado. Inútil: ele ainda não sabia quem era quem entre os gêmeos Roberto e Renato Piza de Toledo, na época com 5 anos. Tanto pior para Roberto - acabou sendo punido por algo que não fez. Filhos de um casal de classe média alta de São Paulo, educados sem a preocupação de fazê-los nem iguais, nem diferentes, os meninos não parecem ter problemas pelo fato de serem gêmeos - apesar das confusões que às vezes castigam o inocente e absolvem o culpado.
"De vez em quando é até bom que troquem um pelo outro", comenta Roberto. Mas eles se dão por satisfeitos em saber que têm lá suas diferenças. Renato, o mais falante, gosta de Matemática, por exemplo. Roberto, o caladão da dupla, prefere Português.
A competição entre eles se resume em saber quem está mais alto - uma corrida em que o vencedor se alterna a cada mês.

Tudo a duas
O único ano em que Geórgia e Roberta Dias Montellato, 21 anos, ficaram separadas foi um desastre: então na quarta série primária, as gêmeas quase foram reprovadas. "Não havia mais estímulo para estudar depois que nos mudaram de classe", lembra Roberta. que, por sinal, fez as provas finais no lugar de Geórgia para salvar a irmã. Hoje elas estudam Propaganda juntas. E, como se não bastasse, trabalham na mesma agência de publicidade. "Sempre fomos assim", conta Geórgia. "Só quando éramos pequenas uma queria ser muito diferente da outra. Mas isso não durou muito."
Trabalhando também como modelos fotográficos, já posaram para anúncios de - é claro - copiadoras. "Dividimos tudo", diz Roberta, "nem as roupas escapam." Essa mania de dividir já chegou a extremos: depois de namorar com Geórgia um ano e meio, um rapaz ficou com Roberta, também durante um ano e meio. "Coitado dele: foi um carma duplo", admite Roberta.

Tripla confusão
Quando nasceram, há 26 anos, Rodrigo, Adão e Diogo Machado - por ordem de entrada em cena no mundo - saíram nos jornais. Afinal, eram os primeiros trigêmeos conhecidos da história da cidade paulista de Campinas. A fama, porém, não agradou a nenhum dos três. Na infância, protegiam-se da curiosidade alheia com uma cadela fila que rosnava ameaçadoramente para quem quer que se aproximasse demais daqueles garotinhos tão parecidos.
"Só aos 18 anos fizemos uma brincadeira", conta Rodrigo, publicitário. "Ficamos os três lado a lado, propositadamente calados e sem expressão no rosto, na porta de um bar. Todos que entravam tropeçavam numa mesinha, distraídos com as nossas figuras." Para Diogo, advogado, "é preciso ter responsabilidade tripla quando se tem irmãos gêmeos. O que eu fizer hoje pode pegar mal para eles amanhã". Uma vez Diogo, solteiro como os irmãos, foi beijado por engano pela namorada de Rodrigo. Adão, por sua vez, um engravatado empresário, não gostou de quase ser expulso de um restaurante por uma conta que Rodrigo, de brincadeira, deixara de pagar. "De tanto sermos confundidos, aprendemos que não vale a pena parar para explicar quem é quem, quando cumprimentam um de nós na rua como se fosse outro", diz Adão. "Respondemos a todos por qualquer dos três nomes.

Humores diferentes
Gêmeos gostam de brincar juntos. Mas, há 33 anos, quando tinham 6 de idade, os irmãos Chico e Paulo Caruso começaram uma brincadeira que levam a sério até hoje: o desenho. Cartunistas de talento - Chico, no jornal O Globo, Paulo, na revista Isto É Senhor -, têm em comum a fina percepção das coisas e dos personagens da política brasileira, sua especialidade, retratados com humor implacável. Chico tem o traço mais conciso. Paulo, mais exuberante. "Nossa grande diferença hoje é o peso", brinca Chico, 80 quilos, 20 a menos que Paulo. Por telefone, os mal - entendidos ainda acontecem: a voz de um é a voz do outro. Mas logo se percebe quem é quem: Chico é mais afável; Paulo, mais casmurro. "O Chico sempre teve um forte problema de identidade. Acho que ele não gosta tanto de ser comparado a mim" diz Paulo. O irmão reconhece "Ter um irmão gêmeo é muito chato".


Quatro tipos de gêmeos: tudo começa no óvulo

1 - Quando, por motivos ainda desconhecidos para a ciência, um óvulo fecundado por um único espermatozóide se divide em partes iguais, formam-se gêmeos geneticamente idênticos.

2 - Um mesmo óvulo pode se dividir antes de ser fecundado por mais de um espermatozóide. Chamados semi-idênticos, os gêmeos são iguais só na metade dos genes - os herdados da mãe.

3 - Gêmeos fraternos se formam quando a mulher libera dois ou mais óvulos de uma vez. Estes são fecundados por espermatozóides diferentes e os babes são tão iguais quanto irmãos comuns.

4 - Em casos extremamente raros, um óvulo pode ser fecundado quando a mulher já está grávida de poucas semanas. Os gêmeos podem até ter país diferentes; neste caso, serão meio-irmãos.





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sábado, 14 de julho de 2012

Aventuras nas Trevas - Geologia



AVENTURA NAS TREVAS - Geologia



Com equipamentos especiais e muita coragem, pesquisadores de vários ramos da ciência desvendam os segredos do mundo fascinante das cavernas.

"Isto não é um treinamento." A frase assustou os trinta espeleólogos, como são designados os estudiosos das cavernas, entregues ao que deveria ser um exercício simulado de salvamento. A finalidade era montar uma equipe especializada em socorro, como as que existem em países da Europa e nos Estados Unidos, mas o treino terminou antes do previsto, dando lugar a uma operação real que poucos estão aptos a executar. Uma pesquisadora deveria fingir ter caído de um lance de 15 metros do chamado Abismo do Juvenal, no município de Iporanga, vale do Ribeira, no sul de São Paulo - a maior caverna do gênero no Brasil, com 252 metros de altura. Na queda, ela simularia uma fratura na clavícula. Uma maca seria usada para o resgate, numa manobra extremamente complicada. A maca teve de ser desmontada para passar por estreitos labirintos, o que fez com que, em vez dos quarenta minutos previstos, só essa primeira etapa demorasse quatro horas. Chegando ao fundo, a surpresa desagradável: a espeleóloga estava em estado de hipotermia, vítima de uma queda brusca de temperatura. Imediatamente, o exercício se transformou num salvamento verdadeiro. "A experiência foi muito marcante. Alguns colegas fizeram coisas impossíveis, como carregar a maca com uma só mão", conta João Allievi, 38 anos, presidente da Sociedade Brasileira de Espeleologia, que há catorze anos percorre as cavernas do Brasil. O grupo levou cerca de vinte horas para chegar, a salvo, ao topo do abismo. Mesmo quando acidentes não ocorrem, a espeleologia - esta mistura de esporte e pesquisa científica - não é atividade fácil: são necessários equipamentos especiais, geralmente importados, além de ótimo preparo físico, para escalar morros, atravessar rios subterrâneos, descer abismos e caminhar horas a fio sobre um solo cheio de buracos e reentrâncias. Mas para os 1500 espeleólogos militantes do Brasil a aventura sem dúvida vale a pena. "Depois de nos acostumarmos com o escuro e com a falta de horizonte - o reator de carbureto preso ao capacete ilumina no máximo 20 metros à frente -, começamos a perceber um mundo completamente diferente", conta Allievi. "E, acredite, é até relaxante."
De fato, atravessada a boca da caverna, que pode ser ou tão pequena, a ponto de dificultar a passagem, ou grande como um prédio de 58 andares (a maior do Brasil, chamada Casa de Pedra, também em Iporanga, mede cerca de 170 metros de altura), a paisagem se transforma, resultando em um cenário ao mesmo tempo assustador e fascinante. Para começar, o verde desaparece, porque, sem a luz solar, não acontece nas plantas o processo de armazenamento de nutrientes conhecido como fotossíntese, sem o qual elas não sobrevivem. Em conseqüência, a fauna também rareia, porque não há comida para todos. "Os animais cavernícolas - aranhas, besouros, mosquitos - não podem ser exigentes", comenta Eleonora Trajano, zoóloga da Universidade de São Paulo, especializada em bioespeleologia. "Eles têm de aproveitar os detritos trazidos pelos rios, os bichos que acabaram caindo ou se perdendo no interior das cavernas, ou ainda o guano (dejetos) dos morcegos, que, por sua vez, se alimentam do lado de fora."
Como se sabe, a grande atração das grutas (cavernas horizontais) e abismos (cavernas verticais) são as estranhas esculturas, chamadas espeleotemas, que crescem lenta e ininterruptamente durante milhares de anos, presas ao chão, às paredes ou mesmo penduradas no teto. As mais conhecidas são espécies de cones formados pelo gotejamento de água com carbonato de cálcio (mineral principal das rochas calcárias). Parte dessa mistura fica presa ao teto, formando as estalactites, enquanto outra pinga no chão, acumulando-se em estalagmites. Dependendo do clima da região, uma formação dessas leva em média meio século para crescer 1 centímetro.
"O clima mais favorável à formação das ornamentações e das próprias cavernas é o tropical úmido", informa o geólogo Ivo Karmann, da USP. "O calor e a umidade aumentam a vegetação, que libera no solo dióxido de carbono. A substância, por sua vez, torna ácida a água da chuva, e a acidez corrói facilmente as rochas." Naturalmente, a dissolução não é algo que aconteça do dia para a noite; muito ao contrário. Uma caverna antiga, totalmente preenchida por espeleotemas, pode ter 500 mil anos. Essa é a idade das mais antigas cavernas brasileiras, situadas no vale do Ribeira, nos Estados de São Paulo e Paraná.
Ao longo dessa eternidade, a água da chuva foi-se infiltrando no solo, descendo por ranhuras e fendas até encontrar o lençol freático, local já preenchido por água. Quando isso ocorre, os dois líquidos se misturam e começam a abrir condutos subterrâneos. Com os movimentos de acomodação de regiões da crosta terrestre, a água procura caminhos mais fáceis para correr. O túnel original, então, é preenchido por ar. A sustentação daqueles condutos, no entanto, é muito precária e eles acabam desmoronando. Formam assim imensos salões até encontrar uma abertura natural para o meio externo. Blocos de pedras, desníveis e fendas se alternam no caminho, além de rios que aproveitam os condutos subterrâneos para escoar.
Para os estudiosos das cavernas, quanto mais obstáculos, melhor. Depois de alguns passos, pode-se encontrar uma galeria até então inexplorada. "No começo, a gente nem percebe o que está em volta, porque os olhos estão fixos no chão", lembra Allievi. "Só depois de algum tempo começamos a perceber todos os detalhes." Além das estalactites e estalagmites, outras ornamentações enriquecem os salões. Às vezes, a gota que se infiltra é tão pequena que nem chega a cair. Forma assim frágeis esculturas, que podem crescer para os lados, dar voltas e até subir, guiadas pelo próprio processo de cristalização.
As helictites, como elas são chamadas, têm desenhos tão estranhos quanto delicados. Podem sugerir uma espiral, um arranjo de flores ou até um malabarista, como a encontrada na caverna de Santana, em Iporanga. Outras formas, ainda mais frágeis e quebradiças, completam a estranha paisagem: cabelos de anjo, agulhas, flores de calcita e as raríssimas pérolas, que se distinguem por crescer soltas dentro de poças de água. Para descobrir novos desenhos, salões, outras entradas de uma caverna já conhecida, os pesquisadores se preparam durante dias. A ajuda dos moradores da região é fundamental quando se quer achar grutas e abismos: eles sabem onde estão os sumidouros (o ponto em que um rio desaparece para correr nas galerias subterrâneas) e as ressurgências (onde o rio volta à superfície). Uns e outros são indícios da existência de cavernas nas imediações.
Munidos de cordas, travas, capacetes e até coletes salva-vidas, os espeleólogos, sempre em grupo, começam a pesquisa. Os trechos mais perigosos são, sem dúvida, os rios, lagos e cachoeiras: afinal, no escuro é difícil, quase impossível, determinar a profundidade ou mesmo o tamanho das massas de água. Além disso, a correnteza pode ser forte a ponto de arrastar o mergulhador para dentro de um conduto ou para baixo de uma pedra. Em abril deste ano, um grupo de espeleólogos se aventurou pela caverna de Santana. O objetivo era chegar ao salão Taqueupa, famoso pela beleza de seus espeleotemas.
A viagem de ida e volta requer, no mínimo, dois dias de andanças dentro da caverna - dos quais dezesseis horas galgando aclives, descendo abismos, atravessando cachoeiras. Depois de uma noite, o grupo percebeu que o nível do rio tinha subido pelo menos 3 metros por causa das chuvas, atingindo o teto do conduto e, portanto, impedindo a passagem para a outra margem. O nível só voltaria ao normal dois dias depois. Precavidos, os exploradores tinham bastante comida, carbureto e pilhas para lanternas, reservas indispensáveis em tais situações. Longas estacas nas cavernas não são muito raras. Já na sua primeira experiência em grutas, em 1975, a bioespeleóloga Eleonora Trajano ficou nada menos de quinze dias na chamada Operação Tatus I, na qual onze pesquisadores do Centro Excursionista Universitário da USP permaneceram na caverna de Santana. virtualmente sem comunicação com a equipe externa. Apenas avisavam por um intercomunicador o horário em que acordavam ou iam dormir. Sem saber quando era dia ou quando era noite, os pesquisadores perderam a noção do tempo. Os ciclos de vigília chegaram a durar 36 horas e os de sono, dezoito. Operação semelhante foi realizada em 1987, dessa vez por grupos de espeleólogos mineiros. Durante 21 dias, eles pesquisaram exaustivamente a gruta do Padre, no município de Santana, sudoeste da Bahia. Eleonora estuda, durante suas excursões, a evolução de uma espécie de bagres sem olhos. Esses peixes, isolados do mundo exterior há pelo menos 10 mil anos, mudaram em virtude da escuridão. Ficaram albinos, pois a pigmentação tornou-se inútil, já que ali não há luz da qual o peixe precise ser protegido. A ausência de luz também acabou com a necessidade da visão. Assim se modificaram igualmente algumas espécies de invertebrados, como besouros, centopéias e crustáceos. Em compensação, tendem a desenvolver mais o tato e o olfato. Em muitas partes do mundo, as cavernas talvez sejam o melhor lugar para encontrar, em perfeito estado de conservação, vestígios humanos de tempos antigos. Na pré - história, há dezenas de milhares de anos, o homem usava as bocas de cavernas como morada, abrigo temporário, acampamento de caça ou local de cerimônias. As provas dessa ocupação estão muitas vezes intactas, protegidas do sol, da chuva e sob temperatura constante. "Chegamos a encontrar fogueiras inteiras, pontas de lanças, cerâmicas, restos de alimentos e até cemitérios de antigas tribos indígenas", relata a arqueóloga Erika Marion Robrahn, da USP. Os ossos calcinados com marcas de cortes, por exemplo, sugerem animais descarnados nas refeições. Não muito longe, um círculo de lascas indica que alguém sentou-se ali para esculpir objetos pontiagudos. Nas paredes estão as célebres pinturas rupestres. As mais antigas têm formas vagamente geométricas. Depois, surgem os desenhos de animais. Finalmente, o homem aparece representado em todas as suas atividades: caça, pesca, ritos primitivos, partos, etc. As escavações em busca de sinais dos grupos que em épocas distintas ocuparam tais grutas atraem um número crescente de pesquisadores. Eles sabem que no silêncio das cavernas, onde o tempo parece correr mais lentamente, muitos segredos ainda esperam ser revelados.

Um homem das cavernas

Quando o calouro da Faculdade de Direito João Allievi foi procurado em 1972 pelo Centro Excursionista Universitário da USP para dar um curso de mergulho, sua especialidade até então, não podia imaginar que a partir daí sua vida iria tomar outro rumo. Pois, numa excursão, teve a oportunidade de conhecer as esculturas de pedra da caverna do Morro Preto, em Iporanga, no sul de São Paulo. Foi um deslumbramento - e ele, então, passou a ocupar todo o tempo livre com explorações no vale do Ribeira e em São Domingos, no centro de Goiás. Depois de se formar, teve outro motivo para ir com freqüência a Iporanga: defender, como advogado, as sessenta famílias que viviam há mais de um século no Bairro da Serra, na zona rural do município, ameaçadas de expulsão. "Depois de seis anos, dei a sorte de ganhar o processo", conta Allievi com modéstia. Durante esse tempo, nas inúmeras viagens à região, aproveitou para fotografar todas as cavernas, rios e cachoeiras que encontrava. Acabou por formar um vasto arquivo de imagens e por escrever um livro sobre cavernas brasileiras em parceria com o arquiteto e também espeleólogo Clayton Ferreira Lino. Há cinco anos, Allievi abandonou a advocacia para se dedicar a uma empresa especializada em turismo ecológico e à Sociedade Brasileira de Espeleologia. Ele resume sua experiência: "Não há nada melhor do que integrar-se à natureza".





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sábado, 14 de julho de 2012

A Indomável Energia das Marés - Ecologia



A INDOMÁVEL ENERGIA DAS MARÉS - Ecologia



As ondas, as marés e o calor dos oceanos abrigam reservas energéticas inesgotáveis. O difícil é domesticar essa força selvagem para convertê-la de modo eficiente em eletricidade.

As gigantescas massas de água que cobrem dois terços do planeta constituem o maior coletor de energia solar imaginável. Os raios solares não apenas aquecem a água da superfície, como também põem em movimento a maquinaria dos ventos que produz as ondas. Finalmente, as marés, originadas pela atração lunar, que a cada 12 horas e 25 minutos varrem os litorais, também representam uma tentadora fonte energética. Em conjunto, a temperatura dos oceanos, as ondas e as marés poderiam proporcionar muito mais energia do que a humanidade seria capaz de gastar - hoje ou no futuro, mesmo considerando que o consumo global simplesmente dobra de dez em dez anos.
O problema está em como aproveitar essas inesgotáveis reservas. É um desafio à altura do prêmio, algo comparável ao aproveitamento das fabulosas possibilidades da fusão nuclear. Apesar das experiências que se sucederam desde os anos 60, não se desenvolveu ainda uma tecnologia eficaz para a exploração comercial em grande escala desses tesouros marinhos, como aconteceu com as usinas hidrelétricas, alimentadas pelas águas represadas dos rios, que fornecem atualmente 10 por cento da eletricidade consumida no - mundo (no Brasil, 94 por cento).
A idéia de extrair a energia acumulada nos oceanos, utilizando a diferença da maré alta e da maré baixa, até que não é nova. Já no século XII havia na Europa moinhos submarinos, que eram instalados na entrada de estreitas baías - o fluxo e o refluxo das águas moviam as pedras de moer. Mas os pioneiros da exploração moderna das marés foram os habitantes de Husum, pequena ilha alemã no mar do Norte. Ali, por volta de 1915, os tanques para o cultivo de ostras estavam ligados ao mar por um canal, onde turbinas moviam um minigerador elétrico durante a passagem da água das marés; a eletricidade assim produzida era suficiente para iluminar o povoado. Muito mais tarde, em 1967, os franceses construíram a primeira central mareomotriz (ou maré motriz, ou maré - elétrica; ainda não existe um termo oficial em português), ligada à rede nacional de transmissão. Uma barragem de 750 metros de comprimento, equipada com 24 turbinas, fecha a foz do rio Rance, na Bretanha, noroeste da França. Com a potência de 240 megawatts (MW), ou 240 mil quilowatts (kW), suficiente para a demanda de uma cidade com 200 mil habitantes, a usina de Rance é a única no mundo a produzir, com lucro, eletricidade em quantidade industrial a partir das marés.
O exemplo francês estimulou os soviéticos em 1968 a instalar perto de Murmansk, no mar de Barents, Círculo Polar Ártico, uma usina piloto de 20 MW, que serviria de teste para um projeto colossal, capaz de gerar 100 mil MW, ou oito vezes mais que ltaipu. A usina exigiria a construção de um gigantesco dique de mais de 100 quilômetros de comprimento. Mas a idéia foi arquivada quando se verificou que seria economicamente inviável. O desenvolvimento de um novo tipo de turbina, chamada Straflo (do inglês, straight flow, fluxo direto), permitiu reduzir em um terço os custos de uma usina mareomotriz.
Os canadenses foram os primeiros a empregá-la. Em 1984, acionaram uma usina experimental de 20 MW, instalada na baía de Fundy (na fronteira com os Estados Unidos, na costa Leste), onde o desnível de 20 metros entre as marés é o maior do mundo (na usina de Rance, por exemplo, a diferença é de 13,5 metros). Se os testes forem satisfatórios, até o final do século poderá ser construída na baía de Fundy uma usina mareomotriz de 5 500 MW. No Brasil, que não prima por marés de grande desnível, existem três lugares adequados à construção dessas usinas, relaciona o professor Reyner Rizzo, do Departamento de Oceanografia Física da Universidade de São Paulo: na foz do rio Mearim, no Maranhão, na foz do Tocantins, no Pará, e na foz da margem esquerda do Amazonas, no Amapá. "O impacto ambiental seria mínimo", explica Rizzo, "pois a água represada pela barragem não inundaria terras novas, apenas aquelas que a própria maré já cobre."
Mais surpreendentes ainda são as especulações sobre o aproveitamento energético do movimento das ondas: em teoria, se fosse possível equipar os litorais do planeta com conversores energéticos, as centrais elétricas existentes poderiam ser desativadas.
Basta pensar que uma onda de 3 metros de altura contém pelo menos 25 kW de energia por metro de frente. O difícil, talvez impossível, é transformar eficientemente toda essa energia em eletricidade - os dispositivos desenhados até hoje são em geral de baixo rendimento. E não é por falta de idéias - desde 1890, somente na Inglaterra foram concedidas mais de 350 patentes a dispositivos para aquela finalidade.
A maioria usa o mesmo princípio: a onda pressiona um corpo oco, comprimindo o ar ou um líquido que move uma turbina ligada a um gerador. Com esse processo, a central experimental de Kaimei, uma balsa de 80 por 12 metros, equipada com turbinas verticais, funciona desde 1979 em frente da costa japonesa, produzindo 2 MW de potência. Na Noruega, cujo litoral é constantemente fustigado por poderosas ondas, foi construída em 1985 uma minicentral numa ilha perto da cidade de Bergen, na costa Oeste. Ao contrário do sistema japonês, o equipamento não flutua no mar, mas está encravado numa escarpa. Produz 0,5 MW, o suficiente para abastecer uma vila de cinqüenta casas. A instalação consiste em um cilindro de concreto, disposto verticalmente num nicho aberto com explosivos na rocha. A extremidade inferior, submersa, recebe o impacto das ondas, que comprimem o ar coluna acima no cilindro. O ar, sob pressão, movimenta a turbina, antes de escapar pela extremidade superior. O movimento rítmico das ondas assegura que a turbina gere eletricidade sem parar. Mas o projeto mais original é, sem dúvida, o do engenheiro Stephen Salter, da Universidade de Edimburgo, na Escócia. Modelos reduzidos dele já foram testados no lago Ness - aquele mesmo do suposto monstro.
O sistema chama-se "pato de Salter" (Salter´s cam, em inglês, eixo excêntrico de Salter; o nome em português vem do fato de o equipamento imitar o movimento das nadadeiras de um pato). Consiste numa série de flutuadores, semelhantes ao flap dos aviões, ligados a um eixo paralelo à praia. A parte mais bojuda dos "patos", enfrenta as ondas, cujo movimento rítmico faz bater os flutuadores, girando o eixo que aciona a turbina como um pedal de bicicleta, que só transmite o movimento numa direção. O rendimento desse sistema promete ser excelente, pois parece capaz de aproveitar 80 por cento da energia das ondas. É esperar para ver. Quando os preços do petróleo dispararam na década de 70, os americanos chegaram a imaginar que outro sistema, as centrais térmicas marinhas, oferecesse a saída para a crise energética que ameaçava frear a economia mundial.
O pioneiro dessa técnica tinha sido um inventor solitário e voluntarioso, o francês Georges Claude, que na década de 30 investiu toda a sua considerável fortuna na construção de uma dessas usinas nas costas brasileiras. Ele aportou em outubro de 1934 no Rio de Janeiro, a bordo do cargueiro La Tunisie, onde recebeu as boas - vindas e os votos de boa sorte de ninguém menos que o presidente Getúlio Vargas. Claude, então com 64 anos de idade, enriquecera com a invenção, em 1910, do tubo de gás neon para iluminação, mas considerava um desafio ainda maior a busca de novas fontes de energia. Ele demonstrara que uma diferença de 18 graus entre a temperatura das águas aquecidas da superfície e as mais frias da profundidade do oceano era suficiente para movimentar um sistema fechado no qual a amônia, ou a água, num ambiente de vácuo parcial, se evapora, movendo uma turbina que gera eletricidade, e volta a se condensar, para tornar a evaporar, movimentando novamente a turbina e assim por diante. Com obstinação - e muito dinheiro -, Claude construíra uma usina experimental na baía de Matanzas, em Cuba. Se o princípio do sistema tinha uma aparência simples, a sua execução foi extremamente trabalhosa.
Um tubo precisava trazer a água da superfície do mar para a usina na beira da praia; um segundo e enorme tubo, de 1 metro de diâmetro e quase 1 quilômetro de comprimento, sugaria a água do fundo do mar para a unidade de refrigeração. Claude chegou a montar uma via férrea de 2 quilômetros em direção ao mar para fazer mergulhar o tubo. Na terceira tentativa, no dia 7 de setembro de 1930, os cubanos viram finalmente chegar a água à usina, na temperatura de 11 graus, e a eletricidade começar a ser produzida. Claude instalou depois uma nova usina a bordo de um navio cargueiro.
Em alto-mar, raciocinava o inventor, não enfrentaria o problema de trazer o tubo à praia - ele desceria verticalmente do próprio casco do navio. Com essa tarefa, o La Tunisie chegou ao Rio de Janeiro. Depois de quatro meses de preparativos, começou a delicada operação de descer os 800 metros de tubo. Mas o movimento das ondas impediu a soldagem perfeita de uma das 112 seções - e o projeto acabou indo água abaixo. Georges Claude morreu arruinado em 1960, sem realizar seu sonho. A técnica porém sobreviveu, conhecida pela sigla ETM (energia térmica dos mares), ou OTEC em inglês (ocean thermic energy conversion, conversão da energia térmica dos oceanos).
O governo francês voltaria a utilizá-la em 1948, com a construção de uma usina experimental ao largo de Abidjan, na Costa do Marfim, África Ocidental. O projeto mais ambicioso até agora foi o da companhia americana Lockheed, no início dos anos 70, abandonado afinal por razões econômicas. Seria uma gigantesca central dotada dos recursos tecnológicos de que Claude não dispunha em sua época: do tamanho de um superpetroleiro de 300 mil toneladas, flutuaria no mar como um iceberg, no qual apenas a torre de acesso, de 16 metros, estaria acima da superfície.
Da parte inferior da estrutura submersa penderiam os tubos - com 500 a 700 metros de comprimento - para sugar a água fria; pela parte superior, entraria a água aquecida da superfície um líquido operante de baixo ponto de ebulição (que vira vapor em temperaturas relativamente baixas), como o amoníaco, o freon ou o propano, impulsionaria as turbinas. Ainda que o rendimento final fosse irrisório, pois 97 por cento da energia produzida era consumido no próprio processo de bombear a água de tamanha profundidade, os quatro geradores previstos no projeto proporcionariam uma potência de 60 MW. Com os preços do petróleo nas nuvens, a operação então se justificava. Mas quando as cotações desabaram, esse e outros projetos de conversão de energia térmica dos oceanos foram arquivados. Resta aguardar a próxima crise energética para saber se a humanidade tentará novamente aproveitar a imensa generosidade dos mares, com outras tecnologias cada vez mais avançadas, ou se permanecerão os oceanos para sempre indomáveis.

Ondas de vento

Todo surfista sonha com a onda perfeita, aquela que vem quebrando progressivamente, de uma extremidade a outra, permitindo as mais ousadas evoluções sobre a prancha. Como os célebres "tubos" de Jeffrey´s Bay, na África do Sul, onde é possível ficar até dois minutos descendo a mesma onda. Perfeitas, ou imperfeitas, as ondas se formam a partir da ação dos ventos sobre a superfície do mar. Existe uma correlação bem definida entre a velocidade do vento e o tamanho das ondas. Tanto que a escala Beaufort, que mede a intensidade dos ventos, baseia-se na observação do aspecto da superfície marinha.
Uma vez formadas, as ondas viajam pelo alto - mar até encontrar as águas comparativamente mais rasas, próximas à terra. Nesse encontro, a base das ondas começa a sofrer certa resistência. Isso faz aumentar sua altura. À medida que o fundo se torna mais raso, a crista da onda, que não está sujeita a essa resistência, tende a prosseguir com maior velocidade. E a onda quebra. Se o fundo do mar é rochoso, como no Havaí, as ondas alcançam grande altura; já na areia, a energia é absorvida, do que resultam ondas menores.





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sábado, 7 de julho de 2012

Campeões Medievais - História


CAMPEÕES MEDIEVAIS - História



Ninguém como os cavaleiros andantes conquistou a imaginação popular da Europa medieval.Cantados em prosa e verso, seus feitos venceram a passagem do tempo. Mas na vida real nem tudo era glória.

"Então Boorz correu até os três cavaleiros e disse-lhes: "Guardai-vos de mim, eu vos desafio". Eles ficaram maravilhados com sua coragem e, para não parecerem covardes, decidiram não atacar juntos. No primeiro que se adiantou, Boorz deu tão forte golpe de lança que o derrubou; depois, investiu contra o outro que já avançava, e também o derrubou, tão violentamente que o cavalo caiu por cima dele. O terceiro, ao ver esses lances, fugiu. Boorz não quis persegui-lo. Foi olhar os dois que havia derrubado, e Gamaliel correu até ele e lhe pediu: "Senhor Boorz, outorgue-me que fique com as armas de um desses cavaleiros". Gamaliel pegou o elmo e a espada de um dos cavaleiros, e seu cavalo, e correu até o Castelo de Galahad, a quem rogou que o fizesse cavaleiro." Boorz e Galahad são dois lendários cavaleiros da Távola Redonda, a qual o rei Artur instalou em seu castelo de Camelot, na Inglaterra, para significar que ali pelo menos os nobres cavaleiros eram iguais. Gamaliel é o escudeiro que acompanha seu valoroso cavaleiro e sonha ser como ele. Esse é apenas o singelo relato, devidamente traduzido para linguagem moderna, de uma das aventuras que enchem as páginas dos dois volumes de A demanda do Santo Graal - as mil peripécias vividas por aqueles cavaleiros na busca do cálice onde teria sido recolhido o sangue de Jesus, durante a crucificação.
Tudo isso é lenda, das mais encantadoras, por sinal. Mas, como tantas outras ao longo dos tempos, essa também tem suas origens solidamente fincadas na realidade. O mundo cristão vivia, na Europa, tempos difíceis, cheios de medo e ignorância. De um lado, assustava-o a derrocada dos grandes impérios que fez com que o poder se diluísse nas mãos de milhares de proprietários rurais, capazes tão - somente de prover a própria segurança; de outro, a crescente ameaça do poder muçulmano que ocupava a Espanha e Portugal e fazia incursões por toda parte. Natural, portanto, que a chegada do ano 1000 fosse precedida de profecias catastróficas, que anunciavam tudo de mau para aquele pequeno mundo espremido nos territórios onde alguns séculos depois surgiriam a França, a Alemanha, os países da Europa Central, a própria Itália e a Inglaterra do outro lado do canal da Mancha. Quando o ano 1000 chegou, nada de especialmente catastrófico aconteceu. Aconteceram, sim, modificações muito positivas na vida dos cristãos europeus. Por exemplo, eles começaram a utilizar melhor a força motriz das águas dos rios e assim puderam construir moinhos que dispensaram o uso dos trabalhadores no preparo dos cereais. Com muita mão - de - obra disponível, lançaram-se à regulagem dos rios, construíram açudes, drenaram os pântanos e conquistaram vastas áreas de terras férteis para a agricultura. Ao mesmo tempo, técnicas mais apuradas na fundição do ferro permitiram a construção de ferramentas agrícolas melhores, sobretudo arados e grades. Os arreios tornaram-se mais eficientes e, assim, a força de tração dos cavalos podia ser melhor aproveitada.
Essa renovação técnica, de aparência tão simples, provocou uma completa mudança da vida rural. Conseqüência: colheitas muito maiores, comida em abundância e pessoas mais fortes e saudáveis. Já não havia grandes períodos de fome, antes tão comuns. Mas uma outra novidade tecnológica, de aparência tão simples quanto as anteriores, iria provocar profundas modificações na arte da guerra - e, por conseqüência, na própria organização social.
Foi o estribo que permitiu ao cavaleiro firmar-se melhor sobre o cavalo, ficando com as mãos livres enquanto executava manobras complicadas. Os cristãos tinham muita dificuldade em lutar contra os árabes, muito mais ágeis, unidos e numerosos. A cavalo, os guerreiros cristãos puderam proteger-se melhor, com escudos e armaduras de metal, e usar lanças e espadas mais pesadas. O resultado imediato foi o abandono das táticas de arremesso de projéteis com arcos ou catapultas: O combate passou a ser um encontro corpo a corpo.
Outra conseqüência imediata foi a especialização dos guerreiros. Já não bastava recrutar camponeses a esmo para a batalha. Esses guerreiros precisavam de cavalos, armaduras, escudos, espadas e lanças. Tudo muito dispendioso - só os nobres, ou seus protegidos, tinham condições, então, de se dedicar à carreira das armas. Embora as canções de gesta, os poemas medievais que narram aventuras guerreiras, falem de jovens plebeus que se ordenavam cavaleiros, "a maioria dos que constituíam a cavalaria eram senhores feudais e talvez os que entre eles possuíssem apenas o cavalo fossem exceção", observa o professor Vítor Deodato da Silva, que há 26 anos leciona História Medieval na Universidade de São Paulo.
O que fazia, de fato, um cavaleiro desses? Se fosse de família rica, poderia custear seu próprio aprendizado. Mais comum, porém, era ser de boa linhagem familiar, mas de escassos recursos. Dependia, então, da generosidade de algum rico senhor, que o financiava até a ordenação; a partir daí, ele se integrava ao exército desse nobre, participando de suas guerras particulares. Até os 12 anos o aspirante a cavaleiro vivia com a família, aprendendo os rudimentos de equitação, a caça e o manejo das armas. A partir daí, já no castelo do padrinho, completava sua educação. E, enquanto aprendia, trabalhava como serviçal servindo à mesa, limpando as armas, cuidando dos cavalos.
Um capítulo importante de sua formação era o aprendizado da ética da cavalaria, baseada em três grandes princípios: lealdade e fidelidade à palavra empenhada; generosidade, proteção e assistência aos necessitados; obediência à Igreja e defesa dos sacerdotes e de seus bens. Na condição de escudeiro, o candidato acompanhava o senhor na caça, nos torneios ou na guerra. Sua ordenação coincidia, geralmente, com uma grande festa religiosa ou civil. Antes do grande momento, o futuro cavaleiro confessava seus pecados, comungava, passava uma noite em vigília de armas. Só depois recebia do padrinho a espada, as esporas, a cota de malha, o elmo, o escudo e a lança.
No mundo da fantasia, os cavaleiros viajavam de um lado para outro, combatiam mouros e infiéis, dragões, feiticeiros, outros cavaleiros - e suspiravam por suas donzelas. Na vida real, sua existência era um pouco diferente, embora pelo menos o capítulo das mulheres se aproximasse bastante do que constava nas canções de gesta. O pai de Lalang, um bravo cavaleiro francês, recomendou-lhe: "Poucos homens nobres alcançaram a alta virtude da proeza se não tiveram uma dama ou uma donzela de que estavam apaixonados". Pelas damas faziam-se promessas difíceis, extravagantes mesmo. Os companheiros de armas do rei inglês Eduardo III juraram às suas damas, em 1337, que andariam com um olho tapado por uma pala preta enquanto não cumprissem determinada façanha.
Uns mais, outros menos fantasiosos, os romances de cavalaria giravam, em geral, em torno do interminável conflito entre os Capeto - a dinastia que dominava, entre 987 e 1328. o território que viria a ser a França - e os Plantageneta, que dominaram a Inglaterra de 1154 a 1485. Essas autênticas guerras particulares foram um dos traços marcantes da sociedade medieval européia.
A guerra, mais do que um esforço para conquistar territórios, era uma busca de despojos. Os bens saqueados do adversário vencido serviam para pagar aos mercenários, fortificar o castelo, recompensar os vassalos. Naturalmente, os cavaleiros que acompanhavam os senhores beneficiavam-se desses saques - os cantados ideais cavalheirescos não implicavam nenhum respeito especial pelos adversários vencidos ou por suas fortunas. Em geral, as lutas eram suspensas em novembro, com a chegada do inverno, e só recomeçavam em março, com a primavera. Mas, a partir do século XII, a Igreja começou a impor aos nobres guerreiros suas próprias restrições. Tornaram-se tantas, com o correr do tempo, que houve época em que era proibido atacar mulheres, crianças, comerciantes, agricultores, padres, moinhos, igrejas, colheitas, animais domésticos. E guerrear durante a Quaresma, a Páscoa, Pentecostes e da noite de sexta-feira até a manhã da segunda. Ninguém se arriscava a desrespeitar essas regras; o castigo era a excomunhão - terrível, pois quem não fosse cristão na Europa daquele tempo estava banido da sociedade, literalmente.
À medida que cresciam as restrições à guerra de verdade, os cavaleiros passaram a dedicar-se mais e mais aos torneios, que se tornaram a principal diversão do povo. A maioria se realizava na França, e era comum os cavaleiros ingleses atravessarem o canal para participar deles. Guilherme Marechal, talvez o mais famoso cavaleiro inglês desse tempo, levou essa vida de viagens constantes durante 25 anos, acompanhando seu senhor, primeiro o rei Estêvão, em cuja corte cresceu e se educou, e depois o filho do rei Henrique II. Na época, só o filho mais velho herdava os bens da família. Como Marechal não era primogênito, precisou dedicar-se à carreira das armas para fazer fortuna e conquistar suas terras.
A organização de um torneio envolvia muita gente e dinheiro. Era preciso alojar os participantes, oferecer-lhes banquetes e festas, que alegrassem as noites. Os combates começavam ao raiar do dia e só terminavam à noite e eram uma atividade de equipe. Num descampado sem limites precisos, erguiam-se áreas neutras cercadas de madeira onde os cavaleiros descansavam entre um combate e outro.
De cada lado do campo se postava numerosa tropa. Era um festival de cores: bandeiras, lenços, braçadeiras azuis e brancas, lanças azuis, vermelhas, douradas, prateadas, listradas; elmos de ferro coloridos reluziam ao sol. Cotas de malha, escudos, espadas e cavalos magníficos ajudavam a compor o belo cenário. Os combates eram singulares, cavaleiro contra cavaleiro. Eles se golpeavam com as lanças, pois o objetivo era apenas derrubar o adversário - vestido com armadura tão pesada, fora do cavalo, no chão, o combatente ficava imobilizado. O vencedor ficava com o cavalo, os arreios e as armas do vencido, que se tornava seu prisioneiro. Para se libertar, era obrigado a pagar resgate.
No último dia do torneio, o cavaleiro considerado mais valente e cortês recebia um prêmio simbólico da mais nobre entre as damas presentes. E assim, de torneio em torneio, de aldeia em aldeia, sob o comando de um príncipe ou conde, os cavaleiros viviam suas aventuras e conquistavam fortuna. Mas, fora desse pequeno mundo fantástico e maravilhoso, o mundo real mudava. As grandes colheitas transformavam-se em riqueza, que fomentava o comércio, a circulação de mercadorias e bens em geral. A necessidade de segurança para essas atividades fez com que o poder, pouco a pouco, escapasse das mãos dos senhores feudais. Arcos e bestas capazes de atirar flechas e dardos com força prodigiosa começaram a violar a invulnerabilidade das armaduras.
Finalmente, quando por volta do século XIII se acertaram no Ocidente o refino do salitre e as proporções em que ele deveria ser misturado ao enxofre e ao carvão de madeira, a pólvora começou a fazer ouvir sua voz potente - e junto com a inexpugnabilidade dos castelos e das armaduras desmoronou aquele reino de ócio, privilégio e fantasia.
"O desgaste da cavalaria está ligado à evolução das técnicas de guerra e a modificações dentro do próprio sistema feudal", explica Vânia Leite Fróes, professora de História Medieval na Universidade Federal Fluminense. À medida que o poder dos reis foi-se fortalecendo, as tropas particulares cederam espaço aos exércitos nacionais. E quando Guilherme Marechal morreu, em 1219, a cavalaria andante de que ele era um paradigma já começava a exibir sinais de decadência, que logo a tornaria um ponto apenas na efervescente cultura européia.

Uma figura quixotesca

Inspirado nos romances de cavalaria dos séculos XII e XIII, o espanhol Miguel de Cervantes Saavedra (1547-1616) escreveu, em pleno século XVII, O engenhoso fidalgo Dom Quixote de La Mancha, um romance que satiriza os cavaleiros andantes, já completamente fora de moda na época. Dom Quixote, ou o Cavaleiro da Triste Figura, como ficou conhecido, era magro, alto e meio capenga. Seu cavalo também era uma tristeza: velho e desnutrido, chamava-se Rocinante, em alusão ao rocim, um tipo de cavalo de tração, empregado nas lavouras européia. No Brasil, seria o popular pangaré. Dom Quixote não passava de um fidalgo espanhol empobrecido chamado Alonso de Quijano, que certo dia resolveu tomar como verdades as façanhas dos heróis dos livros, tornando-se um deles.
Sua ordenação deu-se num albergue que ele imaginava ser um castelo; como elmo, que ele acreditava mágico, usava na cabeça uma modesta bacia de barbeiro. Sua paixão ideal e impossível, Dulcinéia, que ele supunha ser uma linda donzela, era uma simples camponesa. Seu escudeiro, um simplório camponês de nome Sancho Pança, embarcou muito a contragosto nas miragens do estranho cavaleiro e senhor, seguindo-o fielmente, à falta de alternativa. Assim, os dois percorreram a Espanha travando inglórias batalhas contra moinhos de vento, que na imaginação de Quixote eram imensos gigantes maus. Talvez o primeiro anti-herói da literatura ocidental, Quixote fez de sua vida uma sucessão de equívocos. Quando volta à sua aldeia, já quase à morte, recupera a razão e torna a ser Alonso de Quijano. É o triunfo da vida real sobre os dourados castelos que os romances de cavalaria construíam no ar.



As armas dos barões

Poucos vestígios restaram dos armamentos que os cavaleiros utilizavam. A partir de desenhos e descrições literárias, os historiadores reconstituíram o pesado equipamento militar medieval:Cota de malha: espécie de túnica de ferro ou aço que ia até os joelhos. Um capuz envolvia o pescoço, a nuca e o queixo. Composta por cerca de 30 mil anéis, pesava até 12 quilos. No século XIV, acrescentaram-se placas de ferro ou latão, aumentando o peso da armadura em prejuízo da flexibilidade do cavaleiro.Elmo: a princípio um capacete de aço com uma calota em cima. De um aro espesso na base pendia uma barra de ferro retangular para proteger o nariz. Com o tempo, a parte de trás desceu até a nuca e a barra passou a proteger também as faces.Escudo: em forma de amêndoa, media 1,5 metro de altura por 70 centímetros de largura. Uma ponta permitia fixá-lo ao chão. À medida que a cota foi reforçada por placas, perdeu importância como proteção, tornando-se menor.Espada: a mais comum era a "normanda", com 1 metro de comprimento, pesava 2 quilos. Era usada com as duas mãos - mais para espancar os adversários do que para perfurá-los.Lança: a haste era feita de madeira rígida e a ponta de ferro tinha a forma de losango, folha ou cone. Costumava medir 3 metros e pesar entre 2 e 5 quilos.





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sábado, 7 de julho de 2012

Que Vergonha - Comportamento


QUE VERGONHA - Comportamento



Uma das emoções mais poderosas que se é capaz de sentir é também uma das manifestações humanas menos estudadas: só recentemente a ciência começou a entender por que tanta gente "morre de vergonha".

Nenhum gesto provavelmente é mais universal, impulsivo e intenso que o de cobrir o rosto com as mãos. E a expressão física de uma emoção que não há quem já não tenha tido o desprazer de experimentar e que, além disso, costuma manifestar-se traiçoeiramente, quando menos se espera - a vergonha. Por incrível que pareça, só há pouco tempo os psicólogos se deram conta, constrangidos, de que nunca haviam encarado a vergonha com a atenção que ela merece. Tampouco os cientistas sociais podem vangloriar-se de saber muita coisa sobre o papel dela na vida em sociedade, além do fato de ser em algumas culturas um poderoso detonador de comportamentos extremados.
No entanto, com o que já aprenderam a seu respeito, os pesquisadores têm bons motivos para desconfiar que a vergonha é muito mais do que aparenta - seria, na verdade, um sentimento essencial à condição humana, capaz de influenciar todos os outros. Assim, ela é que estaria na raiz dos desconfortos à primeira vista inexplicáveis que atravessam as relações entre as pessoas e acabam sendo atribuídos aos mais variados fatores. Pois, se há algo de que a vergonha tem horror é se mostrar. De fato, cada qual sabe por experiência própria que é mais fácil admitir uma porção de emoções consideradas negativas, como a raiva, a frustração, até o medo, do que ser obrigado a reconhecer publicamente que praticou algo socialmente reprovável, um ato vergonhoso.
Do mesmo modo, a dor do convívio secreto com a culpa pode não machucar tanto quanto a vergonha: esta, Para quem é levado a senti-la, ainda pode ser mais destrutiva que o ódio. A vergonha fere a personalidade ali onde ela é mais vulnerável - aos olhos da multidão. É o flagrante da conduta reprovável, que submete o réu ao impiedoso julgamento dos outros. "O olhar de condenação do próximo, sempre humilhante, é o castigo por agir mal", resume o psiquiatra Antonio Carlos Cesarino. Daí o gesto automático de cobrir o rosto - como se as mãos estivessem cobrindo, num ato protetor, a personalidade subitamente desvendada à reprovação alheia. Os outros são os juízes mas o que conta de fato são as regras do jogo - literalmente.
Pois, mesmo quando aparenta ser outra coisa, a vergonha exprime sempre algum tipo de relação entre a pessoa e as normas de comportamento na sociedade em que ela vive. Descontadas todas as diferenças individuais, a começar pelas de temperamento, quanto mais forte for determinado mandamento social, mais acentuada será a vergonha sentida pelo transgressor ao ser flagrado. Uma proibição absoluta, um tabu, tende a provocar uma vergonha insuportável em quem for apanhado atropelando-a. Nesse sentido, a vergonha é um preciosíssimo termômetro - permite medir a vitalidade de dada norma social a partir das reações que sua transgressão tende a provocar; se a vergonha for pouca, é sinal de que a regra em questão já não representa grande coisa para a sociedade ou parte dela.
Como quase tudo na vida, é na mais tenra infância que a vergonha dá pela primeira vez o ar de sua desgraça. Segundo os estudiosos, ela faz parte do próprio processo pelo qual a criança se percebe a si mesma como indivíduo. Pouco antes dos 2 anos, ela nota que os adultos, sobretudo a mãe, lhe dirigem mensagens emocionais - carinho, alegria, zanga, tristeza. Descobre então que pelo que faz ou deixa de fazer acaba influindo no conteúdo dessas emoções. Se sorri, por exemplo, ganha agrados; se quebra um vaso, provoca mau humor. Em pouco tempo, aprende a orgulhar-se das emoções "boas" que proporciona e a envergonhar-se das "más".
O papel dos adultos nessa fase é decisivo. "E no convívio com a mãe que a criança vai construindo sua autoimagem", diz a psicóloga Sílvia Maria Vilela Ribeiro. A criança que não se sentir amada tenderá a envergonhar-se de si própria, mesmo quando não tiver feito nada de errado.
Mais velha, irá envergonhar-se por imaginários defeitos físicos - até determinada cor dos olhos poderá impor-lhe o sofrido sentimento de ser diferente, de estar com o passo errado em relação ao grupo. E, como as crianças costumam ser implacáveis fiscais do "certo" e "errado" que muitas vezes elas próprias estipulam, o menino ou menina com auto - estima em baixa não precisará procurar muito para achar motivos de vergonha.
Pode-se sentir vergonha virtualmente por qualquer coisa, mas na cultura ocidental é difícil encontrar uma causa tão profundamente arreigada como o corpo humano, cujas "vergonhas" devem permanecer cobertas assim que se passa da idade da inocência - ou, na metáfora bíblica, desde que Adão e Eva provaram do fruto da árvore do Bem e do Mal. A nudez e a sexualidade, apesar de todas as voltas e reviravoltas por que já passou o mundo no interminável capítulo da chamada moral sexual, continuam a ser o território predileto dos conflitos sobre vergonha (ou falta de). Mesmo ai, porém, o comportamento humano não cessa de surpreender.
A fotógrafa Vânia Toledo, que vive de fotografar o corpo alheio como veio ao mundo e para isso gasta às vezes longo tempo fazendo seus modelos perder a inibição, conta um episódio que a desconsertou. "Certa vez precisei fotografar uma mulher nua em vários pontos da cidade. Pois a moça era tão desinibida, capaz de tirar a roupa com a maior naturalidade em plena estação do metrô, que quem acabou envergonhada fui eu mesma." Insondáveis de fato são os caminhos da alma humana. A atriz e manequim Luma de Oliveira jura que não sentiu nem um pouco de vergonha quando posou nua pela primeira vez, mas não esquece a vergonha que passou numa festa junina, aos 10 anos de idade, quando nenhum menino a tirou para dançar a quadrilha: "Peguei minhas coisas e voltei para casa arrasada'.
A vaidade ferida envergonha feito um pecado, sabem muito bem os praticantes da profissão que provavelmente reúne o maior elenco de vaidosos desavergonhados de que se tem notícia - a profissão de ator. Não pode ser de outro modo. Afinal, o ator vive daquilo que é a própria essência da vergonha para as pessoas comuns - o ato de expor-se aos outros. E o que faz um ator passar vergonha? "É sentir-se rejeitado pelo público', responde a consagrada Fernanda Montenegro, que em 38 anos de palcos não errou o bastante para saber como dói a rejeição. Mesmo assim ela recorda uma cena constrangedora há mais de vinte anos, quando abria uma porta no mesmo instante em que um pires caía no chão. Fernanda entrou e pisou no pires. Envergonhada, sem saber onde pôr a cara, atravessou o palco a jato e embarafustou pela outra porta. Mas o tempo e a experiência são um santo remédio contra a vergonha. Recentemente, interpretando Fedra, de Racine, a mesma Fernanda esqueceu um monólogo. Não teve vergonha: encarou a platéia e anunciou que ia recomeçar a cena. "Há trinta anos, teria sido um tormento", diz. Como toda vergonha é vergonha de expor-se, os consultórios médicos vivem repletos de pacientes envergonhados de expor as mazelas (reais ou imaginárias) que os afligem e que, afinal de contas, os acabaram levando até ali. Em seus dezenove anos de prática, o clínico Arthur Beltrame Ribeiro viu suficientes casos de vergonha para tirar duas regras gerais: "Os homens são mais inibidos que as mulheres em falar de seus sintomas; as doenças venéreas e a impotência são as que mais envergonham".
O sintoma por excelência da vergonha - o rubor - resulta fisiologicamente da ação do sistema límbico (parte do cérebro) sobre o sistema nervoso autônomo: com a dilatação dos vasos do rosto e do pescoço, o sangue aflui, deixando a pessoa corada - e fazendo-a perversamente passar recibo perante o mundo de que está envergonhada. Não se sabe por que o organismo recorre justamente a essa forma tão cruelmente ostensiva de exprimir vergonha.
Parece antiga como o mundo, a relação entre vergonha, de um lado, e honra e caráter, de outro. "A noção de honra é o valor que a pessoa julga ter diante de sua comunidade e a vergonha é a perda dessa condição honrada", explica a antropóloga Lívia Maria Neves de Holanda, da Universidade Federal Fluminense. Nas sociedades tradicionais, como as latinas, ter vergonha na cara é um atributo absolutamente indispensável. Os espanhóis da Andaluzia chamam os ciganos de sin verguenza porque os consideram ladrões e mentirosos. E costumam dizer que honra e vergonha são como cristal -quebrou, não tem conserto. Já nas regiões mais rústicas da Itália. como no sul, a vergonha se recompõe na vendetta, a vingança contra quem atentou à honra, entendida esta como algo que ultrapassa invariavelmente a pessoa para assentar-se na família. Daí as verdadeiras guerras que ensanguentam gerações sucessivas e famílias inteiras. Geralmente, tudo começa - para variar, com alguma ofensa, real ou presumida, à moralidade sexual. E termina, já se sabe, em violência.
A violência como exorcismo final da vergonha nem sempre se volta contra o outro. Em sociedades onde "perder a face' por algum acontecimento vergonhoso é uma provação literalmente insuportável para alguém, o remédio socialmente prescrito é a autoimolação, o suicídio ritual. O exemplo seguramente mais conhecido é o do haraquiri japonês, uma prática terrível cujas origens se confundem com a saga de seus praticantes, os guerreiros samurais. Durante o primeiro surto de modernização do país, o período Meiji (1868 - 1912), o haraquiri foi oficialmente proscrito. Isso não impediu que em 1945, ao ouvir de viva voz do imperador Hiroíto que o Japão se rendera aos americanos, um certo número de súditos se suicidasse diante do palácio imperial, em Tóquio: a capitulação agredia de tal forma os valores militaristas que lhes haviam sido inculcados que só o haraquiri poderia redimir a vergonha nacional.
Por aí se vê como certos padrões culturais extremamente rígidos podem fazer com que "morrer de vergonha" não seja apenas uma força de expressão do cotidiano. Afinal, muita gente morre de vergonha em situações tão inocentes como levar um tombo em plena rua. Como não há quem ignore, a vergonha não está propriamente no escorregão, mas no riso acusador dos gaiatos que sempre aparecem nessas ocasiões. Mas nisso está paradoxalmente o santo remédio para pôr em seus devidos termos constrangimentos e vergonhas que não trazem nada de bom para ninguém: uma solene gargalhada. Muito antes de começarem a entender os mistérios da vergonha, os psicólogos descobriram que as pessoas capazes de rir de seus próprios defeitos têm mais chances de superá-los - e assim deitar fora muita vergonha inútil. Como diz Claúdio Paiva, responsável pelos textos do programa TV Pirata, da Rede Globo, "quem faz humor não pode ter vergonha de nada".





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sábado, 7 de julho de 2012

Nos Confins dos Tempos - Física


NOS CONFINS DO TEMPO - Física



Na maior naturalidade, os cientistas lidam com números de tirar a respiração de qualquer um - desde bilionésimos de segundo (e muito menos ainda) a bilhões de anos (e ainda muito mais). Assim, conseguem conceber o Big Bang, o início do Universo, numa fração de tempo da ordem de 10-43 de segundo. E estimam que toda a matéria terminará dentro de buracos negros em 10-30 anos.

A Física moderna não deixa por menos: com a ajuda de um mesmo conjunto de leis, propõe-se a explicar o que acontece tanto no universo microscópico do átomo quanto na colossal imensidão do Cosmo. Isso, entre muitas outras conseqüências, torna extremamente difícil conciliar as portentosas escalas de tempo relacionadas com os fenômenos naturais, que ocorrem no muitíssimo grande e no muitíssimo pequeno. Basta ver, por exemplo, que a vida média de uma estrela é da ordem de 10 bilhões de anos, ao passo que as partículas existentes no átomo morrem, renascem e voltam a morrer e a renascer 1 milhão de vezes no fugaz intervalo de 1 segundo.
Um modo de lidar melhor com esses números formidáveis consiste em substituir a duração do tempo pelas distâncias percorridas pela luz, sabidamente a personagem mais veloz do Universo. Assim fica relativamente fácil visualizar e comparar as dimensões medidas. Em 10 bilhões de anos, por exemplo, a luz pode atravessar algo como a metade do Universo; mesmo no espaço de 1 segundo ela viaja 300 mil quilômetros. No entanto, durante a curta vida de uma partícula subatômica, o espaço percorrido não ultrapassará meros 300 metros. Comparações semelhantes permitem traduzir toda a longa escada do tempo, do nascimento ao fim do Universo.
Na medida em que as unidades de tempo tendem a se tornar incrivelmente grandes ou pequenas nos distantes limites da realidade, é útil recorrer a um expediente comprovadamente prático - as potências de 10. Assim, em vez de escrever mil usando o algarismo 1 seguido de três zeros (1000), emprega-se o símbolo 103. O expoente é sempre igual à quantidade de zeros da expressão numérica - no caso, três. Ou seja, 10 000, com quatro zeros, escreve-se 104 e assim por diante. O mesmo vale para números menores do que 1: basta contar quantos algarismos existem à direita da vírgula. Um milésimo de segundo, por exemplo, pode ser expresso sob a forma 0,001. Ou, por causa dos três algarismos depois da vírgula, 10-3. Um décimo milésimo (0,0001) é 10-4, e por aí afora. As potências assinalam as etapas das viagens aos confins do tempo.
Do maior para o menor

1 segundo Um segundo é um intervalo de tempo muito curto, mas mesmo assim pode-se percebê-lo. Os primeiros a medir o segundo com precisão foram os babilônios, há 3 mil anos. Eles tinham uma escala de números dividida em sessenta partes - e não em dez como no sistema numérico atual. No caso do relógio, herdou-se esse costume, pois o dia tem 24 horas - o que corresponde a dois quintos de sessenta -, a hora tem 60 minutos e o minuto, 60 segundos.
A medida de um segundo, obtida matematicamente, tem no entanto muitos correspondentes naturais. Na fisiologia humana, por exemplo, é o tempo que dura uma batida do coração em condições normais. Já no que se presume seja a história do Universo, foi ao fim do primeiríssimo segundo que se formaram as mais leves partículas fundamentais da matéria, como o elétron. Não eram importantes, nesse começo de tudo, as partículas mais pesadas, como o próton. Elétrons e prótons acabarão por se juntar no interior das estrelas, para formar os átomos dos elementos químicos oxigênio, carbono, ferro e tantos outros.


10-1
Quando se divide 1 segundo por 10, o intervalo de tempo resultante começa a se afastar de qualquer coisa perceptível no mundo cotidiano. A limitação não é uma exclusividade humana. Os caramujos, por exemplo, não conseguem distinguir um fato que aconteça um décimo de segundo depois de outro: ambos os eventos se misturam em seu cérebro. Mas para a luz, que corre à velocidade máxima possível no Universo - 300 mil quilômetros por segundo -, esse tempo fugaz é bem longo: o suficiente para dar uma volta inteira em torno da Terra.
A percepção humana alcança o seu limite perto da milésima parte de segundo. O ouvido já não consegue captar um som emitido 2 milésimos de segundo depois de outro. Assim, uma sucessão de apitos com esse intervalo parece um único apito contínuo. Não obstante, essa escala de tempo é muito comum nas reações químicas que ocorrem no organismo humano: quando uma célula se multiplica, dividindo-se em duas, a substância responsável pelos traços hereditários em seu interior, conhecida como DNA (ácido desoxirribonucléico), gira em torno de si mesma em exatamente 1 milésimo de segundo. Essa rotação permite à molécula de DNA formar uma cópia de si própria, de modo que cada nova célula gerada pelo processo de divisão acaba tendo a sua substância da hereditariedade.
Outros acontecimentos podem ser medidos nesse intervalo de tempo: as minúsculas asas da mosca batem uma vez; o avião mais rápido do mundo - o jato americano SR-71 Blackbird - percorre 1 metro em vôo. Na história do Universo, o primeiro milésimo de segundo marca o momento em que a luz se desembaraça da matéria superdensa e passa a se expandir livremente, como uma espécie de brilho do Big Bang, a grande explosão que deu origem ao mundo.10-6
Em um microssegundo, a milionésima parte de um segundo, a luz percorre 300 metros. Após o Big Bang, foi quando surgiram os prótons e outros "tijolos" usados na construção dos átomos, como os nêutrons. Um microssegundo é também todo o tempo de vida dos múons, partículas da família dos elétrons que, justamente por essa existência efêmera, não têm papel relevante na estrutura da matéria comum, isto é, nos átomos e moléculas.

10-10
A Física moderna, como é notório, foi muito além dos babilônias: ela já não define o segundo como a sexagésima parte do minuto, mas como o tempo que um átomo de césio demora para vibrar 10 bilhões de vezes. Assim, os mais refinados relógios são acertados de acordo com o tempo de vibração do átomo de césio, 1 décimo bilionésimo de segundo. Na história do Universo, esse instante coincidiu com o aparecimento da força eletromagnética, aquela que faz funcionar as pilhas e também cria o poder de atração dos ímãs. Antes disso, o eletromagnetismo não se distinguia da força nuclear fraca, cujo efeito hoje é totalmente diverso, pois provoca a emissão de radioatividade em substâncias como o urânio.
10-15 Pouco a pouco, os intervalos de tempo se tornam ínfimos demais para serem medidos com as grandes unidades tradicionais, como o segundo. Surgiu por isso o femtossegundo, um quatrilhão de vezes menor do que 1 segundo. A luz demora pelo menos 200 femtossegundo, para percorrer a largura de um fio de cabelo, que em média é dez vezes mais fino que 1 milímetro. O mais curto lampejo de raio laser que se consegue produzir no laboratório dura ainda 10 femtossegundos.
10-18 O attosegundo é uma unidade de tempo mil vezes menor que o femtossegundo e mil quatrilhões de vezes menor que 1 segundo. É um instante tão fantasticamente breve que durante ele a luz percorre apenas a irrisória distância equivalente a três átomos de hidrogênio enfileirados (para formar 1 centímetro é preciso enfileirar 100 milhões de átomos iguais a esse).
10-23 No mundo velocíssimo do interior dos átomos, o tempo se torna mera sombra do segundo. O tempo de 10-23 segundos, por exemplo, é 100 milhões de quatrilhões de vezes menor que o segundo. É quanto a luz demora para percorrer uma distância igual ao diâmetro de um próton, uma partícula 100 mil vezes menor que o átomo de hidrogênio.10-35
Esse instante, na história do Universo, marca o aparecimento da força nuclear forte, ou seja, uma nova forma de interação das partículas. Até então, havia apenas duas interações: a força gravitacional e aquela que devia reunir as interações nucleares fraca e forte e ainda o eletromagnetismo. Em 10-35 segundos depois do Big Bang, a força nuclear forte passou a causar um novo efeito sobre as partículas, que só se verifica hoje nas reações atômicas.
10-43É o chamado tempo de Planck, o mais breve momento que a Física pode imaginar - e uma homenagem ao cientista alemão Max Planck (1858 - 1947), Prêmio Nobel de Física de 1918. Por isso o conhecimento do Universo só vai até esse ponto: é como se ai tivesse ocorrido o Big Bang. Antes disso, as teorias dão respostas contraditórias ou paradoxais. Algumas especulações recentes imaginam que em sua mais tenra idade o Universo estava vazio: ainda não havia matéria porque toda a energia disponível servia para dar forma harmônica ao espaço e ao tempo. A quebra dessa harmonia primordial teria feito a energia pipocar dentro do Universo sob a forma de partículas materiais.
Do menor para o maior
1 ano Qual o maior intervalo de tempo que se pode medir no Universo? A resposta a essa pergunta deve começar com os seres vivos, cuja existência é relativamente curta; mas em seguida é preciso pensar nas estrelas, que vivem muito tempo. A unidade é sempre o ano, o período que a Terra consome para dar uma volta completa em torno do Sol, num percurso de 1,35 bilhão de quilômetros.102
Entre os animais superiores, apenas alguns vivem mais de 100 anos, como o homem, em casos excepcionais, e as tartarugas, que chegam a 200 anos. Algumas árvores, como a sequóia americana, se aproximam dos 5 mil anos de idade.
104 Dez mil anos medidos no passado indicam a época em que apareceram as primeiras cidades, como, por exemplo, Jericó, na Palestina, citada na Bíblia. Ao fim de 10 mil anos, um caramujo que se deslocasse à velocidade de 100 metros por hora teria viajado 9,5 milhões de quilômetros. Isso é bem além da Lua, que fica a cerca de 400 mil quilômetros da Terra, mas não o suficiente para o imaginário caramujo desembarcar em algum planeta.106
Para chegar à origem do gênero humano seria preciso recuar no tempo mais de 1 milhão de anos, quando vivia o Homo erectus, um ancestral que sabia usar fogo e fabricar instrumentos de pedra um pouco menos primitivos do que os do Homo habilis, que o antecedeu na escala evolutiva. Depois de viajar 1,5 milhão de anos, o caramujo imaginário alcançaria o planeta Saturno.108
Antes de os mamíferos ocuparem o planeta, os seres dominantes eram os répteis, cujos representantes modernos são os jacarés, as cobras e os lagartos. Mas, há 100 milhões de anos, os reis da Terra eram os dinossauros, cuja extinção é um dos maiores mistérios da história da vida na Terra e motivo de intermináveis discussões entre os cientistas. Nesse intervalo de tempo, o caracol imaginário viajaria muito além de todos os planetas conhecidos e estaria cruzando a região povoada por pequenas pedras de gelo, nas fronteiras do sistema solar, onde nascem os cometas e por onde começa a passear a nave espacial Pioneer 10.1010
A escala de 10 bilhões de anos serve para medir a idade presumível do Universo. Os físicos chegaram a essa ordem de grandeza tomando como referência as transformações radioativas dos átomos na Terra e a composição química das estrelas, analisada a partir da luz que elas emitem. Os estudos indicam que o Universo tem no máximo 20 bilhões de anos, o maior intervalo de tempo já decorrido. Mesmo assim, a aventura do lerdo caramujo o teria levado apenas à metade da distância da estrela mais próxima, Alfa Centauri, a 4 anos-luz da Terra.1020
Quando se multiplica a idade do Universo por dez bilhões, o período obtido é imenso - bastante descomunal para que as estrelas tenham desaparecido. Mais cedo ou mais tarde, com efeito, todas elas desmoronam sob o próprio peso. A gravidade nesses escombros é tão alta que os novos astros resultantes, chamados pulsares, são formados por partículas nucleares, os nêutrons. Eles estão de tal modo compactados que uma estrela do tamanho do Sol ficaria reduzida a uma esfera com um raio equivalente ao do centro de São Paulo, cerca de 3 quilômetros. Em alguns casos, os próprios nêutrons seriam esmagados, transformando a estrela em um buraco negro. Nessa época, finalmente, o caramujo chega aos confins do Universo conhecido.1030
Enfim, toda a matéria do Universo termina dentro de buracos negros. Apenas uma ou outra pequena estrela, já morta, vaga, solitária, entre os grandes vórtices negros que a essa altura perfuram a estrutura do espaço por todos os lados. São abismos pelos quais se pode "cair fora" do mundo. Para onde, a Ciência ainda não sabe dizer. Logo em seguida, as partículas pesadas, como os prótons, começam a se desintegrar, fragmentando-se em partículas mais leves, como os elétrons.1065
No tempo de 1065 anos, os próprios buracos negros começam a evaporar-se rumo à "morte térmica", que parece ser o destino final do mundo. De acordo com a lei segundo a qual o calor sempre corre dos corpos mais quentes para os mais frios - e nunca no sentido inverso -, toda a matéria terminará por se transformar em simples radiação. Isto é, uma forma de matéria desestruturada, monotonamente distribuída por igual. Depois de virtualmente incontáveis milênios, a radiação pode voltar a se concentrar em buracos negros - mas apenas para tornar a escapar em seguida. Os físicos imaginam incríveis períodos de tempo, estendendo-se até 102 000 anos, onde nada mais acontece. E um retrato desolador do que a Ciência pensa ser a eternidade.





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sábado, 7 de julho de 2012

Lembranças do Céu - Cosmonauta


LEMBRANÇAS DO CÉU - Cosmonauta



Quase um ano depois de bater o recorde de permanência em órbita, o cosmonauta Iúri Romanenko prova que o homem pode suportar longas viagens espaciais. E ele já fala em "rever as estrelas de perto".
Desde Iúri Gagárin, o primeiro homem a alcançar o espaço em 12 de abril de 1961, a União Soviética não festejava um herói semelhante - nem se colecionaram tantos conhecimentos sobre os efeitos no ser humano da prolongada permanência a bordo de uma nave em órbita. O coronel aviador Iúri Romanenko, 43 anos, nascido numa aldeia ao norte do mar Cáspio, foi lançado a 6 de fevereiro do ano passado, junto com Alexander Laveikin, à estação Mir - a precursora das grandes cidades orbitais do futuro -, a bordo da sonda Soiuz, na ponta de um poderoso foguete Próton.
Romanenko ficou na Mir exatos 326 dias, 11 horas e 40 minutos, batendo o recorde de permanência no espaço, que até então era de 236 dias. Nesses quase onze meses a 330 quilômetros da Terra, ele enfrentou não poucos momentos de aflição. Por exemplo, quando seu companheiro de viagem, Laveikin, 36 anos, teve de ser substituído, devido a problemas no coração, por Alexander Alexandrov, 45 anos, depois de 167 dias em órbita. Não faltaram outros contratempos.
Enquanto estiveram juntos, Romanenko e Laveikin recepcionaram o Quantum, primeiro dos quatro módulos científicos previstos para ligar-se à Mir. O Quantum aumentou os acanhados 56 metros quadrados (14 de comprimento por 4 de largura) que os cosmonautas tinham para se movimentar. Mas o módulo não pôde ser acoplado imediatamente. Os dois precisaram ficar 3 horas e 40 minutos fora da nave até descobrir que um reles pedaço de pano - um exemplo acabado do que se convencionou chamar lixo espacial - estava impedindo o engate do Quantum. Dias depois, os cosmonautas deram um novo passeio forçado de quase uma hora no espaço para aumentar a capacidade dos painéis solares que abastecem de energia a estação, devido ao gasto adicional provocado pelo módulo. Romanenko e seu companheiro realizaram em todo caso experiências importantes, como a produção de novos materiais para a indústria eletrônica e de informática. Fizeram ainda uma série de observações da supernova de Shelton e de fontes de raios X no núcleo da Via Láctea e outras galáxias. A 21 de dezembro, a Soiuz levou à Mir os cosmonautas Vladimir Titov e Musa Manarov. Oito dias depois, Romanenko e Alexandrov finalmente voltaram à Terra. Ficou acertado, em princípio, que Titov e Manarov permaneceriam na Mir pelo menos até empatar a marca de Romanenko, no dia 11 deste mês.
Até há poucos anos, considerava-se impossível que o organismo humano suportasse mais de três meses no claustrofóbico laboratório orbital e na ausência de gravidade. Ao orientar seu programa espacial para viagens de longo curso, que devem culminar com a chegada a Marte, prevista para 2010, os soviéticos se encarregaram de desmentir aquela idéia. Desde 1980, nas estações Saliut 6 e 7, e desde 1986 na Mir, praticamente a cada dois anos seus cosmonautas têm quebrado recordes um atrás do outro, culminando com a temporada de Romanenko.
Um dos objetivos das prolongadas missões espaciais é testar a capacidade de adaptação dos organismos às condições do Cosmo. Viver na ausência de gravidade pode trazer conseqüências desagradáveis. Os médicos que observaram a saúde de Alexander Laveikin jamais poderiam prever as irregularidades no ritmo cardíaco que o obrigaram a antecipar a volta à Terra. Para evitar surpresas desse tipo, o médico Valeri Paliakov foi enviado à Mir em agosto último para examinar a saúde dos cosmonautas Vladimir Titov e Musa Manarov. "O mal - estar começa logo depois da partida", resume Vladimir Titov que passou 236 dias na Saliut 7 em 1984. "Braços e pernas não obedecem às ordens."
Sabe-se que a falta de gravidade, ou seja, de peso, afeta o equilíbrio, o senso de orientação e a maioria dos reflexos. Por isso, são comuns os relatos de vertigens e dificuldades de coordenação - houve até casos de alucinação ou ilusões sensoriais. A ausência de gravidade também é responsável pela atrofia de certos músculos que não são exigidos como na Terra. Ocorrem também mudanças na aparência. Sem peso, o sangue naturalmente se acumula na cabeça.A cara fica inchada, a voz anasalada. O corpo interpreta esses sintomas como um crescimento anormal do volume sangüíneo e reduz a produção de líquidos. Em conseqüência, não se sente mais sede e diminui a quantidade de urina.
Numa semana, perde-se cerca de 4 quilos e 15 por cento do plasma sangüíneo. Além de emagrecer, os cosmonautas também crescem. Sem a gravidade, o intervalo entre as vértebras aumenta, o esqueleto estica. Daí a preocupação com a ginástica corretiva. O mais importante, porém, ocorre com o coração. Como não precisa mais lutar com a gravidade para bombear sangue, começa a atrofiar. Foi o que aconteceu a Laveikin. Ainda estão longe de se completarem os estudos sobre esses efeitos - sem esquecer as pressões psicológicas - por que passam os cosmonautas. Mas, se Romanenko servir de exemplo, as perspectivas são entusiasmantes, pois desde a volta ele parece esbanjar vitalidade e equilíbrio emocional. Na estância hidromineral de Kislovodsk, a leste do mar Negro, onde mora com a mulher Alevtina e os filhos Roman, 16 anos, e Artiom, 10, ele recebeu recentemente o jornalista italiano Gigi Moncalvo, da revista Europeo, para falar de sua experiência. Os principais trechos da entrevista:Como você se tornou cosmonauta? Tudo indicava que eu seguiria carreira na Marinha, como meu pai. Mas meus ídolos eram Valeri Cicalov, piloto aventureiro dos anos 30, e Iúri Gagárin, que fez o primeiro vôo em volta da Terra. Por isso acabei entrando para a Academia Militar de Aviação, onde me formei engenheiro - piloto. Em 1970, com 26 anos, entrei para a equipe de cosmonautas treinados na Cidade das Estrelas, perto de Moscou. Três anos depois fui escalado para a equipe reserva da missão soviético - americana Apolo - Soiuz, onde acabei servindo como oficial de comunicação. Meu primeiro vôo se deu em 1978, quando passei 96 dias na estação orbital Saliut 6, junto com Georgi Grechko.Depois do seu recorde de permanência na Mir, afirmou-se na imprensa ocidental que você não estava bem de saúde. Como se sente? Sinto-me bem. Muito melhor do que na volta da Saliut 6. Desta vez, quando voltei à Terra, não me senti cansado. Tanto que insisti para sair da nave andando. Mas o pessoal de terra me levou numa maca por temer que eu poderia quebrar as pernas depois de tanto tempo vivendo num ambiente sem gravidade.O que mais o incomodou fisicamente enquanto esteve a bordo da Mir? Minha maior dificuldade não foi o esforço físico, mas a falta de esforço. A ausência de gravidade no espaço pode ser agradável, mas também perigosa. Ela afeta o senso de equilíbrio, a circulação sangüínea e outras funções vitais do organismo. Por isso fazemos ginástica o tempo todo.É verdade que você cresceu alguns centímetros enquanto esteve na Mir?No espaço, a sua altura muda durante o dia. De manhã, você pode estar 3 centímetros mais alto. A tarde, depois da ginástica, a altura volta ao normal. Quando, de volta à Terra, fui colocado numa maca especialmente desenhada para as minhas medidas, percebi que não cabia direito nela.E os seus músculos? Os médicos constataram atrofia dos músculos, principalmente das pernas, que não estavam acostumadas a carregar o peso do corpo. Emagreci 1 quilo e 600 gramas, mas o meu colega Alexander Alexandrov engordou 2 quilos e 300. Depois de Gagárin, os médicos se perguntavam se a permanência de uma hora e meia no espaço podia prejudicar a saúde. Ora, depois de 326 dias, qualquer um pode constatar que não me transformei num marciano.O seu temperamento mudou? Mudou para melhor. É uma experiência fascinante ver a Terra do alto. Quando se está confinado num espaço tão pequeno como na estação orbital e ao mesmo tempo tão longe de tudo, começa-se a pensar mais na humanidade. Na volta, percebi que me sentia mais amigo dos outros, queria parar as pessoas na rua e contar minha aventura. Sinto mais amor pela natureza, pela música. Quero estar mais tempo ao ar livre.(Alevtina, mulher de Romanenko, interrompe: "Ele voltou a tocar guitarra, o que não fazia há muitos anos, e começou a compor canções de amor. No dia do nosso aniversário de casamento ele fez uma música que enviou à Terra como presente".)Compus 25 canções na Mir. Não que me sentisse isolado. Podia ver os rostos das pessoas no Centro de Controle da Cidade das Estrelas pelo monitor de TV. Freqüentemente assistia programas de televisão e uma vez por semana falava com a família pela TV. Numa dessas ocasiões, meu filho Artiom me pediu para tirar uma foto da Lua.Como você fazia para tomar banho ou fazer a barba? Eu me barbeava exatamente como faço na Terra, com a diferença de que o barbeador elétrico tinha um pequeno aspirador de pó que recolhia os pêlos num saquinho. Tomar banho não é fácil. Experimentamos um método novo, com duas mangueiras - uma para trazer água e outra para aspirá-la. Ficávamos fechados num envoltório de plástico com as duas mangueiras nas mãos, mas nunca conseguíamos aspirar todas as gotas de água. Então voltamos ao velho sistema: uma toalha empapada de lavanda ou xampu. Depois de 326 dias tomando banho desse jeito, o dermatologista não constatou nenhuma irritação da pele.E para comer, quais eram as dificuldades? Nós tínhamos de segurar nas mãos tudo o que fôssemos usar. Eu fazia minhas refeições segurando na mão direita uma faca, uma colher e um pão que não fazia migalhas. Na esquerda, um guardanapo e outro alimento. Dispúnhamos de refeições desidratadas para acrescentar água. Lembro do cardápio de Natal: galinha com ameixas, esturjão em molho de tomate gelatinado, suco de grapefruit, frutas e pão. A comida, os jornais, os livros e as fitas de vídeo e música vinham pelo veículo transportador Progresso. Ao todo, fez sete viagens até a Mir. Mas o que recebíamos com mais prazer eram as cartas da família e as mensagens dos amigos de toda a União Soviética.Alguma vez você sentiu medo? Não. Tanto eu como meus companheiros estávamos muito bem preparados. Nos primeiros três meses, quando todas as funções físicas mudam, é mais difícil a adaptação. Mas depois o organismo se habitua ao espaço. Não senti medo nem mesmo de ter problemas cardíacos como Laveikin.E saudade, você sentia? Quando somos escalados para uma temporada no espaço, temos dois anos de preparação. Mesmo assim, no início do vôo, a falta da família pesa muito. Mas depois acontece como com os atletas da maratona: começa o "segundo fôlego", aquele que nos dá a força necessária para vencer.Quanto você ganha? Recebeu algum aumento de salário depois da viagem? Ganho o salário de um coronel da Força Aérea (cerca de 500 rublos ou 800 dólares - 300 mil cruzados ao câmbio oficial de setembro). Como recompensa, recebi, assim como os colegas, um carro Volga (carro de passeio de quatro (portas).Gostaria de ser escalado para a primeira viagem tripulada a Marte? Gosto de grandes desafios. Antes da minha permanência na Mir. os especialistas diziam que um homem só poderia resistir seis meses no espaço. Acho que contribuímos para mudar essa crença. Tanto que a viagem a Marte deverá durar três anos. Numa de minhas canções, eu digo: "Quando partimos, não esquecemos de saudar os que ficam / Estamos de novo a caminho para rever as estrelas de perto".

Diário de um cosmonauta
De 13 de maio a 10 de dezembro de 1982, portanto durante 211 dias, os cosmonautas Valentin Lebedev e Anatoli Berezovoi estiveram a bordo da estação orbital Saliut 7. Nesse período, Lebedev anotou suas impressões num diário, que seria depois publicado na revista soviética Ciência e Vida. Trata-se de uma descrição única do cotidiano e do trabalho do homem no Cosmo. Excertos do mês de setembro:10 de setembro - Completamos 121 dias no espaço. Hoje é dia de médico. Para não repetir sempre os mesmos movimentos, improvisamos alguns exercícios que não estão nos planos da Terra. Há 12 dias ingerimos alimentos suplementares. Os médicos nos aconseIham a tomar mais água. Surgiram os primeiros brotos na horta. Temos rabanete, repolho, tomate e pepino) trigo cresce rápido.11 de setembro - Conversei com Vitali pela TV. Mostrou suas notas. Só tinha 10. Vitali sabe como agradar ao pai. Depois tomamos banho. A pele de meus pés está fina como a de um bebê. Vesti uma roupa de baixo limpa. Com o corpo limpo, parece que o cansaço desaparece.12 de setembro - Medimos hoje o nível de ruído da estação. Temos centenas de aparelhos funcionando ao mesmo tempo. No pequeno espaço de que dispomos, o barulho é ensurdecedor. Estamos prontos para voltar.13 de setembro - À tarde chegou a notícia: nossa missão poderá ser prolongada até dezembro, quando bateremos novo recorde no espaço. Concordamos, desde que nos seja dada mais independência na programação.14 de setembro - Foi autorizada oficialmente a prorrogação do vôo. Eu e Tolia (Anatoli Berezovoi) concordamos que na volta à Terra descansaremos em lugares separados. Não existe hostilidade entre nós, mas já cansamos da companhia um do outro no espaço apertado da estação.15 de setembro - Hoje nem tive tempo de olhar para a Terra. Perdi meio dia de trabalho por causa de dois erros de comunicação do Centro de Controle. O que vocês dizem disso?16 de setembro - A estação ficou silenciosa, não ouvimos música. Converso pouco com Tolia Estou dormindo mal, levanto às 4 ou 5 horas. Assim que o cansaço se vai, volta a preocupação e eu acordo.17 de setembro - Sinto dores no estômago. Aqui é preciso lutar contra o desânimo e a fraqueza do corpo. O único remédio é a ginástica.18 de setembro - Para acabar com o mau humor, trabalho. O mais cansativo são as freqüentes comunicações com a Terra. É sempre a mesma conversa. Como se sentem? O que estão fazendo? Dormiram bem? Em vôos demorados começa a surgir um problema psicológico sério entre os que estão na Terra e no espaço.





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sábado, 7 de julho de 2012

Na Era das Cerâmicas - Materiais Nobres



NA ERA DAS CERÂMICAS - Materiais Nobres



Leves, resistentes, estáveis, novos materiais substituem os metais numa infinidade de produtos - de facas de cozinha a peças de aviões. Suas vantagens surpreendem.

O motor do automóvel roncava baixinho, apesar da velocidade de quase 200 quilômetros por hora. Com as janelas fechadas, apenas a música do disco laser preenchia o silêncio da viagem. De repente, uma curva inesperada, o ruído de uma freada, o carro arremete para fora da rodovia. Depois de bater numa árvore, fica preso numa cerca de arame. O pára-choque e a carroçaria absorvem o impacto. Quando chega o socorro, as tesouras dos bombeiros cortam os arames como se fossem barbantes. O motorista vive: o cinto de segurança impediu que o rosto fosse atingido. Mas a perna está quebrada. No hospital, uma prótese é colocada no lugar do osso - logo ela estará biologicamente integrada ao organismo.
Os principais personagens dessa história são as coisas. O motor do carro acidentado é quase todo feito de cerâmica e plástico. O pára-choque também é de plástico. A carroçaria, de tela de carbono. As tesouras dos bombeiros são de cerâmica. A prótese, enfim, é de grafite - e o importante é que todos esses materiais não apenas existem como já estão sendo utilizados em escala crescente. Pastilhas de cerâmicas, por exemplo, protegem o nariz dos ônibus espaciais americanos, como o Discovery. Há quatro anos, um motor de competição, quase inteiramente construído de plástico, vem sendo testado nos Estados Unidos. Mesmo no Brasil, quase 10 por cento do peso dos últimos modelos dos automóveis de passeio corresponde a componentes de plástico. No avião bimotor Brasília, fabricado pela Embraer, fibras de carbono, de vidro e de Kevlar substituam os metais em diversos pontos da fuselagem. Para se ter uma idéia das vantagens que esses novos materiais proporcionam, só com as cadeiras de fibra há uma economia de 70 quilos - e cada 10 quilos poupados no peso de uma aeronave representam quase 2 quilômetros a mais em autonomia de vôo. Nos Estados Unidos, na Europa e no Japão já se encontram a venda facas e tesouras de cerâmica dos mais antigos materiais fabricados pelo homem, mas comumente associado a artefatos banais como vasos, potes e louças.
Essas facas são uma pequena amostra do que podem as cerâmicas: são leves, inoxidáveis, resistentes e jamais perdem o fio. Tecnicamente, uma cerâmica, é um aglomerado de microcristais, entremeados de óxidos metálicos e dos sais carbetos e nitretos. Por sua vez, a grafite da ponta do lápis, depois de receber um tratamento especial, transforma-se num duríssimo composto, o carbono-carbono, usado na indústria aeronáutica, assim como na Medicina. Não há exagero em afirmar que isso representa um salto tecnológico de extraordinário alcance.
Depois da Idade da Pedra, do Bronze, do Ferro e, já no mundo contemporâneo, dos Plásticos, o homem mergulha na criação de novos materiais que prometem revolucionar desde os objetos mais comuns do cotidiano até os sofisticados equipamentos usados nas indústrias de alta precisão: são quase tão duros quanto o diamante, mais resistentes que o aço, mais leves que o alumínio e tão práticos quanto a madeira. As cerâmicas: podem ainda ser supercondutoras, transportando eletricidade sem perdas. Quando o homem descobriu como utilizar os metais, teve à sua disposição um material de notáveis qualidades, pois são resistentes, bons condutores de calor e eletricidade e ainda facilmente usináveis, ou seja, podem ser moldados, trabalhados e lixados.
No entanto, quase todos os metais são extremamente pesados e pouco resistentes à corrosão. Para os engenheiros, possuem ainda uma superposição desnecessária de qualidades - uma panela, por exemplo, além de impermeável e boa condutora de calor, não precisa ter todos os muitos atributos que caracterizam os metais, sem falar nos defeitos que os fazem perder pontos para as cerâmicas. Nestas, a estrutura proporciona uma estabilidade química que se manifesta como invulnerabilidade à degradação ambiental, resistindo até mesmo à água do mar, assim como à dissolução por solventes, ácidos ou álcalis (soda e potassa). Como os óxidos metálicos fazem parte da composição das cerâmicas, é impossível que se oxidem ainda mais (seja por combustão ou outra reação química. Na verdade, uma cerâmica já foi "queimada", "oxidada", ou "corrida" de tal forma que não pode mais sofrer outras degradações. É, portanto, extremamente estável. Se é grande a resistência química das cerâmicas, não fica para trás a força da atração física entre seus átomos - o que lhes confere um alto ponto de fusão, rigidez e dureza, ou seja, só se derretem a altíssimas temperaturas, não cedem e são difíceis de riscar. No entanto, é tão forte essa atração molecular que, quando uma cerâmica é golpeada, ela racha. Num metal, as camadas deslizam, acomodando- se numa pequena depressão quando ele é golpeado. A rígida estrutura das cerâmicas, não permite a mesma acomodação e elas se partem. Evidentemente, para que se pudesse criar os mais variados objetos de cerâmica, esse inconveniente teve de ser superado.
Os pesquisadores descobriram que minúsculos poros e impurezas aumentam a fragilidade do material. Usando métodos refinados na preparação da massa e fornos de alta precisão, foi possível conseguir uma cerâmica menos frágil. Quando, por exemplo, uma faca de metal parece riscar um prato de porcelana ao cortar um bife, na verdade é ela que perde o fio, deixando um rastro de pó de metal. Portanto, não foi o prato que se riscou. Isso se explica pelo fato de ser a porcelana mais dura que o metal. Uma tesoura de cerâmica é capaz de cortar uma tela metálica sem ficar marcada, e um relógio de cerâmica terá o aspecto de novo durante a vida toda. "Apenas ferramentas de diamante são capazes de aparar peças de cerâmica explica o professor Anselmo Ortega Boschi, do Departamento de Engenharia de Materiais da Universidade Federal de São Carlos, em São Paulo. Ali, por sinal, estão alguns dos mais importantes centros brasileiros de pesquisa no campo de novos materiais.Enquanto está na forma pastosa, a argila é facilmente moldável, mas depois de colocada na fôrma e de ir ao forno, não mais. Os moldes, portanto, têm de ser milimetricamente exatos, para a peça sair perfeita. Como há milhares de anos, é ainda dos fornos que saem as cerâmicas, Depois de queimadas, são capazes de resistir a temperaturas acima de mil graus centígrados. Usadas nos motores de automóveis, poderão trazer grande economia, pois, trabalhando a temperaturas mais elevadas, eliminam a necessidade de sistemas de refrigeração. Por outro lado, como proporcionam uma queima mais completa do combustível, diminuem a quantidade de poluentes eliminados na atmosfera.
Nos Estados Unidos, um caminhão de 4 toneladas e meia foi equipado com um motor diesel revestido internamente de cerâmica. Depois de 10 mil quilômetros de testes, os resultados foram surpreendentes - era de 30 a 50 por cento mais econômico que os motores comuns. Além disso, o revestimento de cerâmica dispensava o radiador e outras 360 peças do sistema de refrigeração, ou seja, 190 quilos a menos. Esse motor, fabricado para o Exército americano, deve começar a ser produzido no ano que vem.
Foi também procurando um material mais leve que os metais e resistente ao calor que o engenheiro americano Matthew Holtzberg fabricou em 1984 um motor de apenas 84 quilos, 100 a menos que os convencionais. Ele usou um plástico especial chamado Torlon. Seu motor equipou um carro de corrida Lola T- 616 GT, conseguindo uma altíssima potência a 9 400 rotações por minuto (rpm), enquanto nos motores metálicos essa potência só é possível a partir de 14 000 rpm, com maior desgaste de peças e maior consumo de combustível.
Os plásticos são derivados de petróleo, cujas moléculas formam polímeros, ou seja, longas cadeias repetidas das moléculas à base de carbono, como contas num colar. Mudando os átomos de lugar, dentro dessas cadeias, os cientistas conseguem alterar as propriedades dos plásticos, adequando-os aos mais diversos usos. Desse modo foram criados plásticos especiais, como o Torlon e o Kevlar, este último um material cuja resistência à tração é superior à do aço, sendo usado na aeronáutica e em capacetes e coletes à prova de balas. Plásticos como o Kevlar existem apenas sob a forma de fios fortíssimos. Quando trançados numa malha, criam uma espécie de tecido semelhante ao utilizado nos cintos de segurança dos automóveis. Esse tecido, embebido em resina, é cortado segundo o molde da peça a ser fabricada; depois de empilhado, até atingir a espessura desejada, segue para a autoclave.
Ali, submetido a temperaturas que variam de 120 a 180 graus centígrados, sob pressão, o tecido mistura-se à resina, formando uma placa delgada de altíssima resistência. Esse material chama-se compósito e tem causado uma revolução à parte na construção de aviões, por ser leve e moldável, substituindo com vantagem os metais - que, por sua vez, haviam substituído a madeira usada nos tempos heróicos da aviação.
Com os compósitos pode-se criar uma peça única, inteiriça, como o flap de quase 9 metros de comprimento que a Embraer está fabricando para o novo jato americano MD-11 da McDonnel Douglas. "Se ele fosse de metal", explica com gestos largos o engenheiro Ney Pasqualini Bevacqua, chefe de fabricação de materiais compostos da Embraer, em São José dos Campos (SP), "teria não apenas um maior número de partes como também rebites, para unir essas partes, criando pontos de fragilidade estrutural."
Na imensa sala onde são fabricadas as peças de materiais compostos na Embraer, todos os cuidados foram tomados para evitar que alguma impureza se deposite entre as mantas de fibra - o ar é absolutamente filtrado, assim como a pressão no interior da sala é maior que a pressão atmosférica do exterior, evitando a entrada de poeira através de uma telha quebrada, por exemplo: o uso constante de luvas é obrigatório para os técnicos que manipulam o material, pois também a oleosidade da pele pode criar um ponto de fragilidade na peça pronta.
No avião Brasília, 2 200 partes são feitas de materiais compostos. Uma cadeira de passageiro, cuja estrutura é toda de metal, pesa cerca de 8 quilos. As novas peças, feitas de compósitos, pesam pouco mais de 5 quilos. Mas não basta pesar menos. Uma cadeira, por exemplo, deve ser capaz de agüentar choques de até 9g, ou seja, nove vezes a aceleração da gravidade. E as novas cadeiras passaram no teste.
Leves, duros e resistentes, os compósitos, depois de prontos, criaram um novo problema - como cortar uma chapa de Kevlar se todos os tipos de serra perdiam o fio antes de chegar ao final do corte. Uma solução engenhosa acabou sendo encontrada: um finíssimo jato de água (de 0,1 a 0,3 milímetro de diâmetro) sai do bico de safira da máquina de corte com uma pressão de 40 a 50 mil libras por polegada quadrada (psi). Para se ter uma idéia do que isso representa, o pneu de um automóvel de passeio é calibrado para uma pressão que não chega a 30 psi. Quando se quer um material que resista à tração e tenha boa rigidez, a fibra de carbono é a escolhida. Como se trata de material de fácil modelagem, os compósitos dão aos projetistas maior liberdade na criação das estruturas. Até o final da década, os materiais compostos serão quase 65 por cento do peso total das aeronaves.
Os novos materiais trouxeram também grandes avanços à Engenharia Biomédica na criação de próteses, como artérias e ossos artificiais. A prótese de grafite, por exemplo, foi desenvolvida na França, na década de 70. Mas não se trata da grafite comum - há muito tempo se sabe que o diamante e a grafite são, na verdade, duas formas de cristais de carbono. É possível criar diamantes sintéticos submetendo a grafite a altíssimas pressões e temperaturas. Técnicos japoneses desenvolveram um sistema que consiste numa espécie de canhão de ar comprimido com um cano muito comprido e fechado na ponta.
A bala, cheia de grafite, é disparada e, como não tem por onde sair, o impacto no final do cano é suficiente para criar pequenos diamantes. Já a quebradiça grafite pode também ser transformada num material mais resistente, depois de receber uma injeção de carbono líquido ou gasoso, em câmaras de alta pressão, à temperatura de mil graus centígrados. O novo material, batizado de carbono-carbono, é leve como o alumínio e mais resistente que o eco ao impacto, ao atrito e ao calor. Ele pode ser usado tanto nos discos de freio do supersônico Concorde como em próteses cirúrgicas - enfim, em todos os tipos de peças que exigem resistência, durabilidade e leveza excepcionais.
O impacto do emprego desses novos materiais de mil e uma utilidades nas sociedades industriais não pode ser subestimado. O homem moderno vive imerso num mundo de objetos manufaturados, todos eles produtos da tecnologia de transformação de matérias-primas existentes na natureza. O consumo dessas matérias-primas nos países desenvolvidos alcança números formidáveis. Calcula-se, por exemplo, que nos Estados Unidos a quantidade de produtos usados num ano, requer a extração e o processamento de quase 10 toneladas de minérios por habitante, sem contar os combustíveis e o material reaproveitado. O uso intensivo dos novos materiais tornará os países menos dependentes da posse de jazidas minerais. A argila - matéria-prima das cerâmicas - existe em vastas quantidades no mundo inteiro. Os novos materiais, assim, serão de quem dominar a tecnologia de sua produção.

Primeiros passos
O aspecto dos laboratórios pode não impressionar, assim como o que ali se produz - pequenas barras de aproximadamente 4 centímetros de comprimento por 1 de largura. Mas elas representam o que se faz de mais avançado no país em pesquisas de novos materiais. No Departamento de Engenharia de Materiais (DeMa) da Universidade Federal de São Carlos, no interior paulista, nove professores lutam com a crônica falta de verbas para dominar a tecnologia das cerâmicas avançadas. No Brasil existem apenas vinte profissionais com grau de doutor nesta área - e todos estudaram no estrangeiro.
Apesar das limitações, o entusiasmo é grande nessa equipe que chama a atenção pela idade de seus membros - na faixa dos 30 anos. "Estamos ainda aprendendo a trabalhar com a cerâmica de alumina e a de zircônia, enquanto os japoneses já estão vendendo tesouras e facas de zircônia", reconhece o professor Anselmo Baschi, 35 anos, subchefe do DeMa. As pequenas barras de cerâmica criadas no laboratório da Universidade são submetidas a rigorosos testes, para avaliar suas propriedades. As fórmulas são depois repassadas às indústrias nacionais.
A Metal Leve, indústria paulista de autopeças, por exemplo, está desenvolvendo um cabeçote de pistão experimental revestido de cerâmica de alumina; a Keramus Cerâmicas Especializadas, de São Carlos, criada por ex-professores e alunos, vende peças das chamadas Cerâmicas técnicas, um estágio anterior ao das Cerâmicas avançadas. Explica o químico João Castral, gerente de desenvolvimento e controle de qualidade da Keramus: "Em se tratando de Cerâmicas as menores imperfeições têm que ser detectadas, pois o material não pode trincar ou rachar, como é o caso das peças do freio para o metrô".





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sábado, 7 de julho de 2012

Oswaldo Cruz - Tudo pela Vida



OSWALDO CRUZ: TUDO PELA SAÚDE



Um médico tímido, de poucas palavras, viciado em trabalho, enfrentou o ódio de uma cidade para erradicar a peste bubônica e a febre amarela. E inaugurou a pesquisa científica no Brasil.

Em 1902, quando o paulista Francisco de Paula Rodrigues Alves tomou posse como presidente dos Estados Unidos do Brasil, a capital do país o Rio de Janeiro, não era propriamente uma cidade maravilhosa. As ruas sem calçamento, os cortiços, os esgotos lançados a céu aberto, as poças de água estagnada cheias de insetos - tudo isso castigava os 700 mil cariocas com surtos epidêmicos de peste bubônica, varíola e febre amarela. Só a febre mataria naquele ano quase mil pessoas. Não surpreende, portanto, que logo ao se instalar no Palácio do Catete, sede do governo, Rodrigues Alves partisse para cumprir a principal meta que se fixara: a reforma sanitária e urbana da cidade.
Para cuidar da reurbanização, Rodrigues Alves nomeou prefeito o engenheiro Pereira Passos. Para cuidar da reforma sanitárias, seu ministro do Interior. J.J. Seabra, indicou-lhe um certo Oswaldo Cruz. "Mas quem é esse Oswaldo Cruz?", perguntou o presidente. Nem Seabra, porém, o conhecia pessoalmente. O nome fora recomendado pelo médico particular do ministro, Egídio de Sales Guerra, que sabia do trabalho como bacteriologista de Oswaldo Gonçalves Cruz, um jovem colega de 30 anos, que dirigia o Instituto Soroterápico do Rio de Janeiro. Primeiro brasileiro a estudar no Instituto Pasteur, em Paris, especializou-se em Microbiologia, sua paixão desde que, apenas aos 15 anos, entrara no curso de Medicina da Faculdade Nacional do Rio de Janeiro, em 1988, o Instituto Pasteur associava teorias e prática a fim de resolver problemas de saúde, produzindo as vacinas para prevenir doenças, como a raiva, por exemplo.
No fim do século XIX, ao se descobrir que certas moléstias eram causadas por microorganismos, as atenções dos pesquisadores se voltaram para a Bacteriologia. Quando Oswaldo Cruz chegou ao Pasteur tomou contato com as novas técnicas de produção de soros e vacinas - daí especializou - se em soroterapia. A dedicação ao trabalho não impedia o pesquisador brasileiro de aprender em Paris a apreciar as artes, como os poemas de Charles Baudelaire, o célebre autor de As flores do mal.
Ao fim de três anos regressou ao Rio disposto a aplicar o que aprendera. Com apenas 27 anos e os cabelos prematuramente grisalhos, instalou o primeiro laboratório de análises clínicas da cidade. Meses depois, em outubro de 1899, irrompeu no porto de Santos um surto de peste bubônica, doença transmitida pela picada das pulgas de ratos infectados. Em dezembro, a peste chegou a São Paulo. Em janeiro, ao Rio. Era preciso fabricar no Brasil o soro e a vacina contra a doença - importados da Europa com dificuldade.
O barão de Pedro Afonso, diretor do Instituto Vacínico, pediu ao bacteriologista Émile Roux (1853 - 1933), diretor do Instituto Pasteur, que lhe mandasse de Paris um especialista capaz de levar o trabalho adiante. Para surpresa do barão, Roux, o descobridor do soro antidiftérico, respondeu que o melhor especialista já estava no Brasil - era Oswaldo Cruz. Em julho de 1900, em duas casinhas de uma fazenda da prefeitura em Manguinhos, na zona norte do Rio, começava a funcionar o Instituto Soroterápico. Meio ano depois já se produziam ali o soro e a vacina contra a peste. Era um grupo restrito de pesquisadores, entre eles o estudante de Medicina Ezequiel Dias, indicado por um amigo de Oswaldo Cruz.
"O senhor conhece alguma coisa de Bacteriologia?", perguntou-lhe o cientista. Ezequiel, embora precisasse muito do emprego, respondeu que não. Oswaldo Cruz sorriu: "Pois está muito bem. Essa é uma das condições que exijo". Tempos depois, explicaria por quê: "É muito simples. Se você soubesse alguma coisa da matéria, devia ser muito pouco, o que só serviria para torná-lo presunçoso e dificultar seu aprendizado. Eu prefiro certos ignorantes".
As condições de trabalho devem ter-lhe dado saudade do Instituto Pasteur. Para chegar a Manguinhos ou se tomava o único trem diário no centro do Rio - uma viagem que demorava 40 minutos com uma baldeação - ou se precisava caminhar 9 quilômetros, debaixo de sol, naturalmente. A outra alternativa - ir de charrete - não devia ser lá muito confortável, dada a buraqueira dos caminhos no Rio do início do século. Apesar das dificuldades, Oswaldo Cruz empenhou-se em fazer do laboratório um centro de pesquisas, destinado a formar especialistas em doenças tropicais, que viria a ser a primeira escola de Biologia e Medicina Experimental do Brasil. Assim já em 1903 começou a construção de um edifício de cinco andares - em estilo mourisco, por escolha do próprio Oswaldo. O prédio, que se avista ainda hoje da avenida Brasil, na entrada do Rio, foi inaugurado em 1910. Desde 1908, já se chamava Instituto Oswaldo Cruz.
Nervoso, hipertenso, Oswaldo Cruz era viciado em trabalho. Desde os tempos de Paris, acostumara-se a varar noites estudando. Certa vez, escrevendo ao amigo Sales Guerra, pediu que não se preocupasse com suas "lamúrias": "Habituei-me a explorar isto a que por eufemismo chamo neurastenia. O que preciso é de trabalho". De estatura mediana, atarracado, olhos negros e vasto bigode, era homem de poucas palavras - isso, numa época em que, nas elites, a oratória era essencial à figura masculina, da mesma forma que o fraque, o chapéu coco, o bigode e um título de doutor, fosse em Direito ou em Medicina.
Oswaldo, fiel a sua timidez, não gostava de homenagens e discursos. Por isso, quando o novo prédio de Manguinhos foi inaugurado, não houve sequer placa comemorativa. Eleito, em 1912, para a Academia Brasileira de Letras, tendo aceito a candidatura por muita insistência de amigos, pode-se supor que o inevitável discurso de posse e o não menos obrigatório fardão representaram para ele um autêntico sacrifício.
Como diretor da Saúde Pública do governo federal, Oswaldo Cruz viria a ser a figura mais controvertida do país. O fundador da pesquisa científica no Brasil há de ter sofrido com tanta fama. Já na Faculdade, a timidez o prejudicara. Embora assíduo e estudioso, não foi um aluno destacado; quase não falava. Nas provas orais, atrapalhava-se, tropeçava nas palavras e raramente conseguia mostrar o que sabia. O interesse pela Medicina ele herdou, com certeza, do pai, o médico carioca Bento Gonçalves Cruz que durante alguns anos foi clinicar na pacata São Luis do Paraitinga, em São Paulo. Ali, em 1872, nasceu Oswaldo, o primeiro e único filho homem dos seis filhos do casal Bento e Amália.
Em 1877, o doutor Bento voltou ao Rio e montou uma clínica na Gávea. Nessa época, Oswaldo já aprendera com a mãe a ler, escrever e arrumar a cama todos os dias. Essa exigência devia ser levada muito a sério. Certa vez. Oswaldo saiu do colégio no meio de uma aula e correu para casa. Motivo: esquecera de arrumar a cama. No final de 1892, terminou o curso de Medicina. No mesmo dia em que entregou sua tese - A veiculação microbiana pelas águas -, assistiu a morte do pai, depois de longa doença. A partir de então assumiu seu lugar na clínica e incorporou o Gonçalves do sobrenome do pai, passando a assinar Oswaldo Gonçalves Cruz.
Casou-se logo depois, no início de 1893, com Emília Fonseca, sua namoradinha de infância. O sogro, um rico comerciante, lhe deu de presente de casamento o que Oswaldo mais queria: um pequeno mas bem equipado laboratório, que montou no primeiro andar da casa onde foi morar com a mulher. Teve seis filhos, dos quais três homens que seguiram a carreira do pai. Um deles, Bento, chegou a trabalhar ao seu lado. Fascinado pela Microbiologia Oswaldo gostava muito mais de estudar que de clinicar. E foi para estudar que deixou o Brasil com a família em 1896, indo para Paris.
Ao assumir a direção da Saúde Pública em março de 1903, para sanear o Rio de Janeiro, como queria o presidente Rodrigues Alves, Oswaldo Cruz estava a par das pesquisas do médico cubano Carlos Juan Finlay. Dois anos antes, Finlay conseguira provar que a febre amarela, doença típica dos meses de verão, era transmitida pela picada de um pernilongo - o Aedes Aegypti - que depositava larvas em poças de água parada.
Assim, o único modo de evitar a propagação da doença era exterminar esses focos, o que Finlay logo tratou de fazer em Havana. Com base na experiência cubana, Oswaldo Cruz sentiu-se encorajado a prometer a Rodrigues Alves que em três anos erradicaria a febre amarela. Enquanto isso, o engenheiro Pereira Passos começava a reurbanização da capital, alargando ruas, demolindo casas, derrubando quiosques, toscas construções de madeira e zinco onde se vendiam comidas e bebidas em condições de higiene facilmente imagináveis.
Impaciente, Oswaldo Cruz não esperou que o Congresso liberasse a verba que lhe permitiria contratar 1200 homens para auxiliá-lo no combate aos pernilongos. Começou o trabalho com os 85 homens da Saúde Pública - os famosos mata - mosquitos, com o emblema de uma cruz nos bonés. Eles percorriam quintais, jardins, sótãos e porões, aplicando inseticidas. Lacravam caixas-d´água, jogavam petróleo nos alagados e removiam os doentes para os hospitais de isolamento. Era uma verdadeira revolução na ainda provinciana cidade.
O povo, desinformado do que se pretendia com todo esse barulho, a princípio achou graça. Mas os comerciantes e proprietários de imóveis de aluguel, sentindo-se prejudicados com as demolições, começaram a protestar. E nesse Rio de Janeiro do começo do século, onde Machado de Assis escrevia Dom Casmurro e Euclides da Cunha aprontava Os Sertões, a ignorância, tão disseminada como a falta de higiene, fazia multiplicar os protestos. Pereira Passos e Oswaldo Cruz passaram a ser alvejados diariamente na imprensa e pelos adversários do governo de Rodrigues Alves. Entre estes, destacavam-se os positivistas.
O positivismo, concebido pelo pensador francês Augusto Comte (1798 - 1857), afirmava que a experiência - e não as idéias abstratas - devia dar a última palavra em ciência. Muito em moda na Europa do século XIX, teve importância decisiva na formação dos militares brasileiros que proclamaram a República em 1889.
Mas os positivistas que hostilizavam Oswaldo Cruz eram outras cabeças: duvidavam que microorganismos pudessem causar doenças como a varíola e passaram a contestar duramente as medidas sanitárias impostas, como atentatórias à liberdade individual. A campanha contra Oswaldo Cruz tomou conta da cidade. Houve quem impetrasse habeas corpus contra as inspeções domiciliares dos mata-mosquitos. Rodrigues Alves chegou a pedir a Oswaldo Cruz que fosse menos rígido, mas ele ameaçou se demitir. Diante disso, o presidente lhe deu mão forte, convencido de que o jovem médico tinha razão.
Os resultados não tardariam a aparecer: o número de mortes causadas pela febre amarela no Rio caiu de 584 em 1903 para 48 no ano seguinte. Em 1905, os óbitos voltaram a aumentar, mas no começo de 1907 Oswaldo Cruz pôde anunciar que a epidemia de febre amarela estava erradicado. Nesses quatro anos, Oswaldo também atacou a peste bubônica e a varíola. A bordo de uma lancha especial aplicava-se gás sulfuroso e vapores de fenol nos navios suspeitos; brigadas percorriam os bairros mais pobres para exterminar os ratos. "Esses homens, que ganham por mês uma bagatela", anunciou Oswaldo Cruz numa entrevista, "têm a obrigação de trazer todos os dias cinco ratos cada um. Os que trouxerem a mais serão pagos a 300 réis por cabeça."
Mais de 50 mil ratos foram exterminados. Em abril de 1904, a peste foi dada como extinta no Rio. Já a campanha contra a varíola - doença causada por um vírus que se manifestava sobretudo no inverno - foi até mais difícil que o combate à febre amarela. Explica-se: o único remédio antivaríola era a vacinação obrigatória - e contra ela se insurgiram os positivistas, a imprensa e a população. Enquanto o Congresso debatia a obrigatoriedade ou não da vacina -descoberta pelo médico inglês Edward Jenner (1749-1823), nada menos que 108 anos antes - cresciam os casos de varíola maior e mais importante cidade brasileira: no segundo semestre de 1904 a doença matava em média 130 pessoas por semana.
As crendices usadas como argumentos contra a vacina eram muitas: dizia-se que o remédio não funcionava e ainda por cima transmitia sífilis e tuberculose. Apelava-se também para a moral e os bons costumes: numa época em que as mulheres nem sequer mostravam os tornozelos, com seus vestidos longos e saiotes por baixo, onde já se viu vacinar senhoras e senhoritas na coxa? Caricaturas mostravam Oswaldo Cruz como um sedutor barato que perseguia as mocinhas, tentando vaciná-las com segundas intenções. Nesse clima explodiu a Revolta da Vacina apoiada pelos cadetes da Escola Militar. Para controlar a agitação, o governo voltou atrás e revogou a obrigatoriedade da vacina, aprovada pelo Congresso em outubro de 1904. A varíola só desapareceria do Brasil oficialmente em 1971.
De todo modo, o Rio era outra cidade depois de Rodrigues Alves: nas largas avenidas de calçamento de macadame já circulavam automóveis - a mais nova conquista da tecnologia: em 1908, cafés ao estilo europeu com mesinhas na calçada se espalhavam pela avenida Central (atual Rio Branco). O trabalho de saneamento foi reconhecido internacionalmente em 1907, quando Oswaldo Cruz recebeu a medalha de ouro da Exposição Internacional de Higiene, em Berlim.Três anos depois, embora com a saúde abalada em conseqüência de sérias lesões renais, passou oitenta dias na Amazônia, para tentar diminuir os casos de malária, transmitida pela picada de um mosquito, que dizimava os trabalhadores da construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré.
Depois foi a Belém combater a febre amarela - dessa vez com o apoio do povo. Em 1915, como sua saúde piorasse, Oswaldo decidiu mudar-se para Petrópolis, onde passava os dias a cultivar flores. Ele plantou ali as primeiras hortênsias, No ano seguinte foi nomeado prefeito da cidade, mas por não se envolver com nenhum dos partidos políticos rivais tornou-se de novo alvo de intensa campanha de difamação. A 11 de fevereiro de 1917, com fortes crises renais complicadas por problemas respiratórios, Oswaldo Cruz morreu aos 44 anos. Estavam a seu lado a família e os amigos fiéis Carlos Chagas, pesquisador e discípulo, e Sales Guerra - o mesmo que havia indicado seu nome ao ministro J.J. Seabra para comandar a reforma sanitária do Rio de Janeiro.

Da peste à AIDS
Da semente plantada por Oswaldo Cruz ergueu-se uma duradoura instituição de investigação científica. Nas nove unidades da Fundação que leva seu nome, atualmente 300 pesquisadores tratam de aprofundar os conhecimentos sobre as doenças infecciosas e parasitárias que afligem a população. Ali se produzem vacinas contra sarampo, febre amarela, meningite (tipo A e C), cólera, febre tifóide e pálio. Ali também se faz a análise e o controle de qualidade de remédios e alimentos. Funciona ainda na Fundação, conhecida como Fiocruz, um hospital especializado em doenças infecciosas. Como toda instituição de pesquisa no Brasil que depende do governo, a Fiocruz passa volta e meia por períodos de penúria.
Nada comparável porém ao Massacre de Manguinhos - a perseguição de que foram vítimas os seus cientistas no governo Médici (1969-1974). Muitos tiveram cassados seus direitos políticos, perderam o emprego e foram obrigados a deixar o país. Só muito recentemente, a Fiocruz recuperou as condições de trabalho anteriores ao massacre. Da descoberta do Trypanosoma cruzi por Carlos Chagas, em 1909, à cura da leishmaniose, em 1913, e à fabricação de kits para diagnóstico de AIDS, a partir de 1987, Manguinhos coleciona um rol de realizações à altura da dedicação do seu fundador.


Três dias de guerra
Entre 11 e 14 de novembro de 1904, o Rio de Janeiro transformou-se em praça de guerra. Era a rebelião popular contra a vacinação antivariólica obrigatória. A população montou barricadas para enfrentar os vacinadores e os soldados, agredidos com latas e pedras. O quebra-quebra dominou o centro da cidade e o governo perdeu o controle da situação. Arandelas de gás partidas, postes de iluminação vergados, fragmentos de vidro por toda parte, paralelepípedos arrancados, bondes virados e incendiados, 700 presos, 65 feridos e 20 mortos - esse foi o saldo do protesto, conhecido como a Revolta da Vacina. Na noite do dia 14, quando tudo parecia enfim ter se acalmado, os cadetes da Escola Militar da Praia Vermelha, sob o comando do general Silvestre Travassos, amotinaram-se em apoio à população.
Nessa mesma noite, a casa de Oswaldo Cruz, na rua Voluntários da Pátria, em Botafogo, foi apedrejada e contra ela vários tiros foram disparados. A revolta na Escola Militar foi rapidamente controlada pelas tropas governistas, e o general Travassos, morto. Na verdade, a lei da vacina foi a gota de água na maré de insatisfação popular contra a carestia, os problemas da urbanização a toque de caixa e o desemprego. Quatro anos depois, uma epidemia de varíola mataria 6 400 cariocas, quase duas vezes mais do que em 1904. Ao longo deste século, muitas vezes faltou quem cuidasse da saúde pública no Brasil com a mesma garra de Oswaldo Cruz. Resultado: 71 anos após a sua morte, "não conseguimos ainda acabar com o mal da Chagas, a malária, o tétano e a paralisia infantil", constata o sanitarista Sérgio Arouca, presidente da Fundação Oswaldo Cruz. "Faltam investimentos na área social e a saúde pública nunca foi considerada prioritária."





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quinta-feira, 5 de julho de 2012

A Ilha dos Tesouros - Ilha Cardoso


A ILHA DOS TESOUROS - Ilha do Cardoso



A ilha do Cardoso, no litoral sul de São Paulo, está sendo preservada para que centenas de espécies animais e vegetais possam sobreviver.

Conta a lenda que em 1627 apareceu na vila de Iguape, no litoral sul de São Paulo, um velho marinheiro desertor. Ele trazia embrulhado em folhas de plantas uma boa quantidade de ouro. O marinheiro dizia que, perdida entre a floresta e os morros da ilha do Cardoso, 60 quilômetros ao sul de Iguape, havia uma lagoa tão cheia de ouro que até a mata possuía um brilho dourado. O ouro, jurava ele, era suficiente para cobrir as ruas da vila e bastava mergulhar as mãos nas águas da lagoa para trazê-las carregadas do metal. Centenas de pessoas tentaram, em vão, descobrir ouro na lagoa da ilha do Cardoso. Mas até hoje ela é conhecida como lagoa Dourada.
São outros, na verdade, os tesouros dessa ilha - a UNESCO, organismo das Nações Unidas que trata de assuntos de ciência e cultura, a incluiu entre os lugares que devem ser preservados em caráter de urgência. De fato, a ilha é um dos últimos santuários ecológicos do mundo, criadouro de aves, camarões, ostras e peixes que, além de povoar todo o litoral sul do Brasil, alcançam o Rio Grande do Norte (a quase 4 mil quilômetros de distância), como ficou comprovado por pesquisas do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo. Desde 1962 transformada em Parque Estadual, a ilha do Cardoso está tecnicamente sob a proteção do governo.
Localizada na altura da divisa de São Paulo com o Paraná, quase 90 por cento dos seus 14 mil hectares (140 quilômetros quadrados) estão cobertos pela mata atlântica. Trata-se de uma verdadeira ilha dentro de outra, uma minúscula amostra do que foram as majestosas florestas litorâneas de antigamente. Separada do continente por um estreito canal de águas salobras, uma linha divisória natural entre o passado e o presente da costa brasileira, e defronte à ilha de Cananéia, é um valioso estoque natural de plantas e animais que sobreviveram às ações devastadoras da colonização.
Para os ecologistas, o enorme valor ambiental da ilha do Cardoso apóia-se num tripé paisagístico de primeira grandeza: mangue, restinga e mata atlântica. O Departamento Estadual de Recursos Naturais de São Paulo vem desenvolvendo desde 1985 na própria ilha, cursos abertos a escolas em geral com o objetivo de discutir a relação homem - natureza. Para isso, existem ali laboratórios de Biologia e alojamento para estudantes e monitores na extremidade norte da ilha. O único povoado, a vila do Marujá, onde vive a grande maioria das noventa famílias de pescadores que constituem a população do Cardoso, fica no outro lado, entre a ilha propriamente dita e a restinga que avança no território paranaense. A característica principal de uma restinga é a de ganhar terreno do mar, estirar uma ponta de areia a partir de um ponto da costa, criando, a princípio, apenas um quebramar natural. Muitas vezes, no entanto, ela se prolonga, seguindo o remanso que criou, e se transforma numa comprida planície paralela à costa, como é o caso, por exemplo, da restinga da Marambaia, no Estado do Rio. Vários fatores contribuem para a formação de uma restinga, mas pelo menos três são fundamentais: a presença de mares rasos; a existência de uma corrente litorânea esbarrando numa ponta da costa; a abundância de areia em suspensão na água do mar - e, naturalmente, muito tempo. Uma restinga como a da ilha do Cardoso leva, no mínimo, 7 mil anos para se formar.
A costa brasileira tem belos exemplos de restingas. As mais impressionantes pelo tamanho são as do Rio Grande do Sul, abrigando as lagoas dos Patos e Mirim. Na ilha do Cardoso, a restinga se estende por quase 40 quilômetros, formando um pequeno mundo de transição para os seres vivos instalados entre a praia e a mata. A vegetação das restingas é uma verdadeira salada mista criada pelo encontro das plantas colonizadoras da areia com aquelas que vivem nas planícies e serras litorâneas. Há uma interpenetração nesse encontro, mas ainda assim é possível encontrar uma certa ordem no aparecimento das espécies vegetais desde a praia até o interior.
As mais próximas da praia são as que melhor suportam a salinidade do ambiente. Além do contínuo borrifo da maresia, elas agüentam o próprio sal deixado pela maré alta ou trazido pela brisa depois que seca a areia da praia. Sol, calor, sal, areia e a constante evaporação de qualquer fonte de umidade - não é de espantar que a paisagem de uma restinga se pareça, em alguns lugares, com as caatingas do sertão nordestino. São cactos, bromélias e capins - uma vegetação que os índios chamavam de jundu. Ela forma uma zona de transição entre as plantas da beira da praia e a mata atlântica, quando o solo arenoso ganha uma camada de folhas secas, tornando-se mais rico em matéria orgânica e permitindo o desenvolvimento de plantas num ambiente úmido e sombreado.
Distantes da praia, as árvores alcançam alturas de 20 ou 30 metros. Ali, samambaias gigantes e uma enorme quantidade de cipós já denunciam a presença da mata atlântica. As espécies mais resistentes, como a quaresmeira (gênero Tibouchina), que após uma queimada é das primeiras a fazer o reflorestamento natural, podem chegar a poucos metros do mar. A mata atlântica recobre não apenas todo o interior da ilha como até o topo dos morros (o mais alto mede 800 - metros), constantemente envoltos em neblina. De dentro dessa massa vegetal surgem pequenos riachos de água doce que correm para o mar. Nos canais tranqüilos do manguezal, a água doce que desceu das montanhas mistura-se e lentamente com o sal trazido pelas marés. O resultado é uma água salobra, uma espécie de sopa turva e morna enriquecida por argilas e restos de vegetais decompostos.
O mangue é considerado pelos biólogos marinhos como uma incubadeira natural para inúmeras espécies de peixes que, depois de acrescidos, vão para o alto - mar. Tainhas, robalos, camarões e caranguejos começam suas vidas como minúsculos habitantes do mangue. Boa parte do consumo de frutos do mar no país depende, portanto, da preservação dos manguezais. que já vão se tornando escassos ao longo do litoral brasileiro.
Antigamente eles pontilhavam o litoral, do Amapá até o sul de Santa Catarina. Mas foram sistematicamente destruídos por aterros e derrubadas, a pretexto de obras de saneamento. Afinal, o mangue sempre teve fama de lugar insalubre, foco de doenças malignas transmitidas pelos mosquitos abundantes que se desenvolvem nas poças de água. Só recentemente houve uma conscientização da importância desse ecossistema. Mas os aterros e derrubadas continuam, agora por outros motivos - abertura de loteamentos e corte de madeira para carvão.
Se isso continuar, muitas conseqüências desagradáveis irão castigar os moradores dessas regiões. A pior delas poderá ser uma deformação rápida e descontrolada dos terrenos adjacentes aos manguezais destruídos, resultante da derrubada dos quebramares naturais que são o emaranhado das raízes das árvores típicas do mangue. Na região da ilha do Cardoso, o mangue é ainda uma paisagem de inesperada harmonia no encontro da floresta com o mar. E isso talvez valha mais do que o ouro dos sonhos do velho marinheiro.





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quinta-feira, 5 de julho de 2012

As Armas do Ar - Ambiente - Poluição


AS ARMAS DO AR - Ambiente - Poluição



Contra a poluição cada vez mais assustadora nas grandes cidades, novas tecnologias entram em cena para mudar o desempenho do principal culpado: o automóvel.

Ligar a ignição e percorrer os 4 quilômetros da praia carioca de Copacabana - que mal poderia causar um inocente passeio de carro pela avenida Atlântica? Na melhor das hipóteses, isto é, se for veículo zero e impecavelmente regulado, só nesse trajeto sairiam pelo escapamento 96 gramas de monóxido de carbono, 8,4 gramas de hidrocarbonetos e 8 gramas de óxido de nitrogênio. Ou seja, quatro a dez vezes mais do que poderia emitir um carro com equipamentos antipoluentes, como os que rodam em outros países. E. mesmo assim, dependendo de uma série de outros fatores ambientais, como topografia, direção dos ventos, clima, o resultado serão índices de poluição às vezes intoleráveis à saúde.
Pois aqueles gases de nomes complicados aos não - iniciados em Química têm efeitos ainda mais complicados sobre os seres vivos, desde atrofia em plantas até alergias, problemas respiratórios e mesmo risco de câncer em animais e homens. Como se já não bastassem as inacreditáveis estatísticas de mortandade causada por acidentes com carros no mundo inteiro-nos últimos dez anos, milhões de mortos e 300 milhões de feridos. Os Estados Unidos, em meados dos anos 60, foram os primeiros a promulgar leis para diminuir a emissão de poluentes. Japão, Austrália e Suíça fizeram o mesmo. Detalhe: na época, não havia tecnologia consagrada capaz de tal proeza.
Mas a pressão dos cidadãos sobre os governos e destes sobre a indústria serviu para acelerar o desenvolvimento de equipamentos avançados como catalisadores e controles eletrônicos de combustível, que reduzem a poluição, em alguns casos, quase a zero. Hoje em dia, tão poluídas estão as cidades do planeta que todos os países estão preocupados em fabricar tais equipamentos; afinal, circulam no mundo 400 milhões de veículos movidos a gasolina, diesel ou álcool. Destes, três em cada cem, ou 12 milhões, rodam em solo brasileiro. O Brasil, em marcha mais lenta, só agora caminha para essa tecnologia, depois de episódios de autêntica marcha à ré.
Cerca de 90 por cento da poluição nas grandes cidades brasileiras é de responsabilidade dos veículos. O mal se agrava a partir de fenômenos como a inversão térmica, quando as camadas superiores de ar tornam-se mais quentes e leves - ao invés de mais frias que as inferiores -, impedindo a circulação natural do ar e formando barreiras à dispersão dos poluentes. Daí o smog-palavra inglesa que casa smoke (fumaça) com fog (névoa), a massa tóxica cinzento-avermelhada que se avista no horizonte, em dias de sol. Não é à toa que, só no ano passado, os níveis de monóxido de carbono no ar da capital paulista ultrapassaram 400 vezes o padrão normal, de 9 ppm (partes por milhão), ou seja, mais de uma vez por dia.
Carros a gasolina emitem o dobro desse gás em relação aos carros a álcool, mas nem por isso estes são inofensivos. "Nenhum país como o Brasil tem tamanha quantidade de aldeídos na atmosfera", compara o biólogo Hamilton Targa, que pesquisa poluentes na Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo), referindo-se às substâncias que os carros a álcool emitem quase três vezes mais em relação aos a gasolina. "Existem estudos com animais mostrando que os aldeídos alteram as células e, assim, provocam o câncer", informa o biólogo.
O médico Gyorgy Böhm, do Laboratório de Poluição Atmosférica da Faculdade de Medicina da USP, diverge: "As substâncias liberadas pela gasolina são muito mais nocivas, pelo que pude observar desde 1975, quando iniciei minhas experiências", diz ele. Mas o Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), aprovado pelo governo federal há dois anos a fim de implantar os equipamentos antipoluentes nos carros nacionais, não faz distinção entre álcool e gasolina. Em parte porque as tecnologias de controle são as mesmas. Em parte porque um dos criadores do Proconve, o engenheiro paulistano Gabriel Murgel Branco, acha inútil tentar comparar dos "males qual é o pior". E em parte pelo fato de que carros a álcool e a gasolina quase empatam como emissores de poluentes. Na verdade, estes se beneficiaram indiretamente.
"Isso se deve à tecnologia que tivemos de desenvolver para motores a álcool, que só trabalham bem quando recebem uma dose exata de combustível. Resultado: no final os automóveis a gasolina também lucraram", explica Murgel Branco. Dosar o combustível é fundamental. Numa combustão perfeita, a combinação de combustível com o oxigênio do ar deve produzir apenas gás carbônico e vapor de água. Mas, no motor a explosão dos automóveis, concebido pelo alemão Nikolaus August Otto, há mais de cem anos, esse casamento nunca é perfeito. É verdade que apenas uma parte mínima dos gases que saem pelo escapamento são poluentes - cerca de 1 por cento, segundo a indústria automobilística, e 10 por cento, segundo a Cetesb. Mas essa quantidade proporcionalmente pequena já é um grande problema.
Quando ocorre a chamada mistura rica - em que há excesso de combustível -, parte dele fica sem reagir ou reage pela metade, formando os hidrocarbonetos e monóxido de carbono. Já quando o carburador acerta a mistura, a eficiência do motor é máxima, mas das altas temperaturas obtidas surgem os óxidos de nitrogênio. "A questão dos poluentes está sempre ligada ao desempenho dos carros. Quanto menos potência o carro necessitar, menos poluirá", diz o engenheiro Murgel Branco. "Isso até que facilita as coisas. Se fizesse um programa que prometesse um ar melhor, nem todos se interessariam. Mas, como para ter um ar mais limpo é preciso um carro mais econômico, qualquer cidadão se interessa."
A idéia do Proconve surgiu há - mais de dez anos, quando engenheiros da Cetesb, onde Murgel Branco é superintendente de pesquisas, começaram a testar os modelos de carros nacionais em laboratório. Os carros são colocados em rolos sobre o chão que oferecem a mesma resistência do chão das ruas. Então, simula-se o anda - e - pára do trânsito em velocidades que variam de zero a 90 quilômetros por hora, num total de 12 quilômetros. Nessa extensão, um aparelho capta os gases do escapamento, que são misturados com ar filtrado, para não se condensarem. Uma amostra é colhida em sacos plásticos e depois passada a sofisticados analisadores que medem a quantidade de cada substância presente.
Na primeira das três fases do Proconve, que entrou em vigor este ano, os novos lançamentos devem estar dentro da média de emissão dos modelos já existentes no mercado: 24 gramas de monóxido de carbono por quilômetro (quando há veículos que jogam no ar quase o dobro disso); 2,1 gramas de hidrocarbonetos (existem modelos que emitem 30 por cento mais do que isso); 2 gramas por quilômetro de óxido de nitrogênio (o valor máximo emitido por certos modelos nacionais é 10 por cento maior).
Em junho do ano que vem, metade da produção nacional deverá sair das fábricas respeitando tais limites; em janeiro de 1990, será a produção inteira. Os carros que poluem mais do que a média precisarão ou receber equipamentos antipoluentes ou ter um motor mais bem regulado-como, aliás, prefere a indústria. Mas, daqui a quatro anos, na segunda fase do programa, certamente uma simples calibrada não conduzirá a indústria automobilística aos novos limites exigidos. Será necessário recorrer, por exemplo, à injeção eletrônica- uma espécie de computador que regula o motor a cada segundo, calculando a demanda de combustível conforme os dados captados por sensores de aceleração, de temperatura e de pressão atmosférica.
A injeção eletrônica - que ainda não foi desenvolvida para motores a álcool - economiza até 20 por cento de combustível. O mais importante, porém, é que ela prepara o carro para receber o catalisador, um equipamento capaz de reduzir a poluição em 90 por cento, mas que só funciona com motores rigorosamente regulados. O catalisador é uma espécie de filtro cilíndrico de cerâmica impregnado de metais preciosos: platina e ródio para os carros a gasolina, palácio para os carros a álcool. O cilindro, envolto por uma carapaça de ferro aluminizado ou de aço inoxidável, é colocado no escapamento, a cerca de 1 metro do motor.
A primeira vista, parece uma colméia, com uma infinidade de canais a serem atravessados pelos gases a uma temperatura de nada menos de 500 graus centígrados. "Um grama dessa cerâmica tem de 200 a 1000 metros quadrados de superfície", contabiliza o químico Modesto Danese, que estuda o assunto no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) da USP. A cerâmica que vai para o catalisador pesa em torno de 1 quilo. Em contato com os metais, os poluentes são convertidos nos inofensivos vapor de água, nitrogênio puro e gás carbônico. Os carros que o Brasil exporta para os Estados Unidos já saem da fábrica devidamente equipados, respondendo às rigorosas exigências da legislação americana.
Recentemente, o químico Fernando Galembeck, da Universidade Estadual de Campinas, anunciou o projeto de um catalisador mais econômico: um chumaço de lã de vidro impregnado de óxido de manganês. "Por enquanto, só testamos sua eficiência em relação ao monóxido de carbono. O resultado foi 90 por cento positivo para os carros a álcool e 60 por cento para os a gasolina." Mas, para o administrador e químico José da Silva Neves, diretor da subsidiária brasileira da multinacional Degussa da qual as montadoras importam catalisadores para os carros destinados ao exterior, o problema maior está fora do alcance desse equipamento.
"A gasolina brasileira tem chumbo na sua composição e este metal estraga qualquer catalisador em pouco tempo", explica Neves, desalentado. De fato, a adição de chumbo parece ser o maior empecilho para o Proconve. Metal pesado que se acumula no organismo, seja qual for a dose, é usado para aumentar a eficiência da gasolina. Mais de 0,01 ml de chumbo por litro de combustível, porém, destrói o catalisador. Segundo a Petrobrás, a quantidade de chumbo acrescentado à gasolina no Brasil varia de acordo com cada refinaria.
Isso significa que nem todos os brasileiros sofrem por igual as conseqüências dessa adição. Os paranaenses, por exemplo, consomem gasolina com 0,01 ml de chumbo por litro; os paulistas 0,42; os cariocas e os capixabas, as piores vítimas, 0,68. O limite legal é de 0,80 ml por litro. Muitos países, a começar pela União Soviética em 1959, aboliram o chumbo do combustível, por ser este também um poluente que causa incuráveis doenças no sistema nervoso e nos ossos. Nos Estados Unidos, gasolina sem chumbo é disponível desde 1974.
De forma indireta, o Proconve espera que o mesmo aconteça no Brasil, pois exige tamanha redução nos limites de emissão de poluentes, que os catalisadores, o único recurso conhecido, tornam-se inevitáveis. Apesar disso, a Petrobrás avisa que o chumbo será eliminado da gasolina apenas daqui a seis anos. Até lá, é bem provável que sejam impostas restrições ao uso do carro particular nas áreas mais atingidas pela poluição nas grandes cidades. Será para valer, então, o ensaio realizado num dia do último inverno em São Paulo, quando o centro ficou livre do transporte individual e se pôde ali, enfim, respirar um pouco de ar limpo. Se depender da população, esse veto ao uso do carro em certas circunstâncias será bem recebido. De fato, segundo uma pesquisa, 96 por cento dos paulistanos aprovaram a primeira experiência.

Os grandes poluentes

Nome
Monóxido de carbono (CO)
O que é Molécula formada por um átomo de carbono e um átomo de oxigênio
Como Age Ao combinar-se à hemoglobina do sangue nolugar do oxigênio, impede que este circule no organismo
O que provoca no Organismo Dores de cabeça, desconforto, cansaço, palpitações no coração, vertigem, diminuição dos reflexos; em ambiente fechado, mata

Nome
Óxidos de nitrogênio (NOx)
O que é Molécula formada por um átomo de nitrogênio e um ou mais átomos de oxigênio
Como Age Transforma-se em ácido ní- trico quando entra em contato com líquidos do organismo , como a lágrima
O que provoca no Organismo Irritação nos olhos, nariz, garganta e pulmões. Agrava doenças respira

Nome
Hidrocarbonetos (HC)
O que é Compostos formados por uma cadeia de átomos de carbono e hidrogênio
Como Age Não se sabe
O que provoca no Organismo Supõe-se que alguns hidrocarbonetos causem câncer

Nome
Ozônio (O3)
O que éMolécula formada por três átomos de oxigênio. Ozônio não é produzido diretamente por veículos; é uma combinação de óxidos de nitrogênio e hidrocarbonetos na presença de luz solar
Como Age Não se sabe
O que provoca no Organismo Irritação nas mucosas, redução na capacidade pulmonar Acredita-se que destrua enzimas e proteínas

Nome
Chumbo
O que é Metal pesado
Como Age Acumula-se no organismo
O que provoca no Organismo Saturnismo - um lento envenenamento que causa uma degeneração no sistema nervoso central e doenças nos ossos, principalmente em crianças

Nome
Aldeídos
O que é Compostos formados por uma cadeia de átomos de carbono e hidrogênio e um átomo de oxigênio
Como Age Não se sabe
O que provoca no Organismo Acredita-se que o aldeído fórmico tumores em cobaias. Sobre os efeitos no homem ainda não há informações

Nome
Material particulado
O que é Poeira e fuligem emitida -por veículos a diesel
Como Age Abaixo de 10 milionésimos de milímetro, não são retidas pelas defesas naturais do organismo (pêlos das mucosas)
O que provoca no Organismo Irritação e entupimento dos alvéolos pulmonares





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quinta-feira, 5 de julho de 2012

O Trabalho de Dormir - Biologia


O TRABALHO DE DORMIR - Biologia



Desde que surgiu, o homem dorme - e ainda não sabe exatamente por quê. Mas a ciência já descobriu que dormir não é o contrário de estar acordado e que o cérebro não dorme nem no sono.

Há os que são felizes na cama, dormem bem obrigado, e passam o dia lépidos e fagueiros. Há também os que bocejam a todo instante, como se uma noite inteira de sono fosse pouco. Há ainda, é claro, quem rola e rola entre os lençóis e mal dorme. Só não há quem viva sem dormir. Sem comer, pode-se agüentar duas semanas ou mais ainda, como conseguem os campeões da arte de jejuar. Sem pregar o olho, morre-se em sete dias - presumem os médicos. Além de indispensável, o sono é certamente a atividade humana mais carregada de fascínio e mistério - a que desperta os mais primitivos temores, associados ao desconhecido, à desproteção e à morte. Ao mesmo tempo, é uma insubstituível fonte de prazer. Todos os vertebrados dormem. Os invertebrados, não; mas mesmo estes como os insetos, alternam períodos de ação e repouso. Apesar do muito que ainda falta saber sobre os mecanismos do sono, faz tempo que os cientistas acordaram para uma verdade básica o sono não é apenas um outro nome para repouso. É um estado fisiológico especial - as ondas cerebrais se alteram em relação ao período de vigília os músculos chegam à condição atonia, ou seja, total inércia; os globos oculares se movimentam como se a pessoa acompanhasse algo com olhar, embora as pálpebras estejam fechadas.
Basicamente são esses - ondas cerebrais, estado muscular e movimento dos olhos - os parâmetros usados pelos cientistas para caracterizar clinicamente o sono. Mas existe uma série de outros indicadores, como taxas hormonais, ritmo da respiração, freqüência de batimentos cardíacos, que também mudam quando se dorme. Todas essas alterações devem fazer sentido para o organismo. Afinal, as pessoas pagam um alto preço quando ousam passar as 24 horas do dia em claro. Está provado que, sem a cota diária de sono, a capacidade de prestar atenção diminui drasticamente. Em compensação, fica-se mais agressivo e sensível. E, após mais de dois dias sem dormir, o corpo se entrega a dores, como se tivesse levado uma surra. Há 2 400 anos, Aristóteles já descrevia o sono como uma necessidade do organismo. O filósofo grego só errou ao atribuí-lo ao coração. Hoje se sabe que o sono é uma atividade cerebral. A palavra "atividade", aliás, vem a calhar, porque a rigor o cérebro nunca descansa - nem no sono, como o cientista alemão Hans Berger provou pela primeira vez na década de 20. Com um aparelho de eletroencefalograma - desenvolvido a seu pedido pelo cunhado engenheiro -, Berger demonstrou que as ondas cerebrais jamais cessam. A partir daí, muitos cientistas voltaram-se ao desafio de entender o sono. A primeira descoberta importante, porém, só se deu na década de 50, quando o estudante americano, filho de poloneses, Eugene Aserinsky, cumprindo uma tarefa determinada por seu professor, o fisiologista Nathaniel Kleitman, foi espiar crianças adormecidas. Meticuloso, Aserinsky anotou tudo o que viu, inclusive que os olhos das crianças mexiam-se freneticamente durante alguns momentos, a intervalos de hora e meia. Kleitmam desconfiou da informação do aluno. Parecia notável demais para nunca ter sido percebido. Percebido, de fato, tinha sido. Mas ninguém Ihe dera importância. Sorte - da dupla Aserinsky - Kleitman. Pois o professor não só confirmou o fenômeno, como notou que justamente nesse estágio do sono, chamado a partir de então REM (Rapid Eye Movement, "movimento rápido do olho"), o eletroencefalograma era muito parecido com o de alguém em vigília. Mas, ao mesmo tempo, acordar uma pessoa em pleno estado REM é dificílimo, razão pela qual é também chamado sono paradoxal (Alguns pesquisadores preferem sono dessincronizado, devido ao traçado gráfico das ondas cerebrais.). O sono tem quatro outros estágios, conhecidos como não-REM ou sincronizados. O estágio 1, que pode durar até sete minutos, corresponde à transição da vigília para o sono. "Nessa fase, pode-se despertar por qualquer coisa e ter noção do que acontece diz o neurologista Rubens Reimão chefe do Centro de Distúrbios do Sono, do Hospital Albert Einstein, São Paulo. Nos estágios 2 e 3, o sono vai-se aprofundando cada vez mais, diminui a freqüência das ondas cerebrais e os músculos se relaxam. Enfim, o estágio 4 - o último antes do REM - começa cerca de uma hora depois que se adormece. Parece ter o papel fundamental de restaurar certas funções do corpo - a locomotora, por exemplo. Ou seja, recupera-se aí o desgaste do dia anterior e prepara-se o desempenho do dia seguinte. "O estágio 4 parece estar ligado à atividade física", explica Reimão, "porque sua duração tende a aumentar após um dia de muita ginástica." Já o sono REM é maior após um dia de intensa atividade intelectual. Por isso, os cientistas acreditam que sua função seja a de restaurar o próprio cérebro. Este, aliás, aproveita o período REM para sintetizar neurotransmissores, substâncias que ajudam suas células a enviar os impulsos nervosos. O primeiro sono REM da noite não dura mais de três minutos. Então, volta-se aos estágios 4, 3 e 2, regressivamente, até o ciclo recomeçar. Em cada mudança de um estágio para outro - e não só nessas horas -, o corpo muda de posição. Pode-se despertar de manhã com a sensação de ter dormido "como uma pedra", mas isso não significa, na verdade, ausência de movimento. Um adulto normal mexe-se no sono dezoito vezes, em média. "O sono tem de três a seis ciclos", esclarece Reimão, que estuda o assunto há quase uma década e já trabalhou num dos maiores laboratórios de sono, nos Estados Unidos. "A cada volta, aumenta a proporção de sono REM, a ponto de, no último ciclo, durar cerca de uma hora." O que mais intriga os cientistas é o fato de os sonhos acontecerem justamente no estágio REM, embora também se possa sonhar em qualquer outro estágio. Em experiências, 95 por cento das pessoas acordadas nessa fase lembravam-se de um sonho; o mesmo só acontecia com uma em cada dez pessoas despertadas em outros períodos. Outra característica do sono REM, a atonia ou inércia muscular, tem a ver, aparentemente, com o ato de sonhar. Suspeita-se que o cérebro bloqueia os comandos para os músculos - exceto os dos olhos, do coração e dos envolvidos na respiração - a fim de evitar que o corpo adormecido manifeste o sonho em movimentos eventualmente perigosos para o sonhador e para quem estiver a seu lado. A agitação corporal durante um sonho indica uma ocorrência relativamente rara - o sonho em estágio não - REM. Cientistas franceses localizaram as células nervosas encarregadas de realizar o bloqueio muscular em pleno tronco cerebral - região que liga o cérebro à espinha. Ao extrair tais células de gatos, estes passaram a se movimentar no estágio REM como se estivessem brigando ou lambendo pratos invisíveis - enfim, expressavam com o corpo aquilo que sonhavam. Existe um sem - número de teorias e hipóteses para explicar o ponto de vista neurológico porque se sonha. Cientistas americanos chegaram a sugerir que, como no sonho REM o cérebro está hiperestimulado ocorreriam ao acaso comunicações entre as células nervosas. Esse contato casual, como se as células esbarrassem sem querer entre si, produziria os sonhos. A psicanálise, de seu lado, rejeita a idéia de que sonho possa não ter função, embora não se pronuncie sobre seus mecanismo fisiológicos. Para Sigmund Freud, fundador da Psicanálise, todo sonho manifesta, na linguagem cifrada do inconsciente, um desejo e um temor. Tanta importância ele atribuía às mensagens contidas num sonho para autoconhecimento do indivíduo que comparava um sonho não interpretado a uma carta importante que se joga fora sem abrir. O fato é que todos sonham, embora nem sempre se consiga recordar os sonhos inteiros - algo que Freud explica como uma espécie de censura interna. Já que o REM é o sono dos sonhos, pode-se afirmar que os maiores sonhadores são os bebês: não só eles dormem 17 das 24 horas do dia com quase a metade desse sono é REM.
No adulto, que dorme cerca de sete horas, apenas um quarto do tempo de sono é reservado aos sonhos. A clássica recomendação de dormir sete a oito horas por noite não tem fundamento na Medicina. "A predisposição para dormir um número maior ou menor de horas é herdada", explica o médico Rubens Reimão. "Sete horas é apenas uma média estatística." O problema de quem só se satisfaz dormindo nove ou dez horas não é de saúde mas de imagem pública.Quanto mais uma sociedade valoriza o trabalho, a atividade, menos bem-vistos são os dorminhocos. Na França, até o século XVII, antes ainda, portanto, da Revolução Industrial, o verbo rever (sonhar) queria dizer algo ruim- vagabundear. Herança desse preconceito é a crença, comprovadamente falsa, de que pessoas "superiores" (gênios, por exemplo) dormem pouco. Napoleão Bonaparte - o exemplo mais citado nesse contexto, com suas escassas quatro horas de sono por noite - teria afirmado que "os homens precisam dormir seis horas; as mulheres, sete; os imbecis, oito", frase que a ciência se encarregaria de provar pouco inteligente. Pessoas idosas tendem a dormir menos e nem por isso são mais bem - dotadas. Mas não é só a duração média do sono que parece determinada geneticamente - a hora em que se vai para a cama também. A Cronobiologia - recente área do conhecimento que estuda a interação do tempo com os ritmos do organismo - divide as pessoas em três tipos, de acordo com seu sono: os indiferentes, os vespertinos e os matutinos. Os primeiros, a imensa maioria, são capazes de se habituar a dormir e acordar, em qualquer horário, o que não quer dizer que sejam capazes de adormecer a qualquer momento.
Os vespertinos - um em dez - têm os ciclos de produção de hormônios ligeiramente atrasados em relação aos demais; por isso, o pico de seu desempenho físico e mental ocorre à tarde e à noite. O vespertino não deixa de acordar cedo, se necessário; mas, se possível, ficará na cama até o meio - dia. "Finalmente, existem os matutinos como eu", define-se José Cipolla-Neto, neurofisiologista da Faculdade de Ciências Biomédicas da USP. "O matutino, que representa 15 por cento dos casos, acorda espontaneamente por volta das 6 da manhã, mas, em compensação, tende a ficar imprestável após as 23 horas." Essa classificação nada tem de comportamental, garante Cipolla: "Basta medir os hormônios de alguém para determinar seus picos de fadiga". Até onde os pesquisadores, conseguem verificar essas coisas, todos os vertebrados são bimodais, que dizer, sentem sono duas vezes por dia. Para os humanos, um desses períodos ocorre entre 12 e 14 horas, tenha, ou não almoçado. De qualquer maneira a célebre siesta espanhola - o hábito de dormir após o almoço - teria aí seu fundamento orgânico. "O importante é que o ritmo biológico não muda", diz Cipolla. "Assim, pelo fato de ter evoluído como um animal diurno, o homem jamais conseguirá trocar a noite pelo dia sem prejuízos para saúde." Quem tem um trabalho noturno recupera de dia apenas 10 por cento do sono REM, mesmo que durma tanto quanto dormiria à noite. Resultado: tendência a problemas cardíacos, gástricos, sem falar no estresse emocional. De todo modo, os cientistas sabem menos do que gostariam sobre o que acontece com o organismo inteiro durante o sono. "O significado do sono ainda é uma incógnita, apesar da imensa quantidade de informação sobre suas manifestações e mecanismos", admite o fisiologista Cesar Timo-Iaría, da Faculdade de Medicina da USP, "seduzido há mais de trinta anos pelo assunto". O sistema nervoso, diz o professor sofre alterações funcionais muito tensas durante o sono, mas. ao contrário do que se imagina, algumas regiões do encéfalo tornam-se mais ativas nesse estado. Uma das teorias mais curiosas sugere que o sono é o estado mais importante do organismo: em vez de o sono servir para nos manter ativos na vigília, nesta o cérebro acordaria o restante do corpo apenas para a pessoa buscar alimento e sobreviver. A verdade - ao menos a verdade aceita até agora - é que vigília do sono não são estados opostos, mas complementares, maneiras diferentes de existir.

Problemas na cama
Uma lista de espera das mais concorridas é a de quem pretende dormir no Centro de Distúrbios do Sono, criado há dois anos no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Em seis das sete noites da semana, seus leitos estão ocupados. Afinal, três em cada dez pessoas têm problemas de sono. Para descobrir o que Ihes estraga a noite, o jeito é dormir com eletrodos colados no corpo e ligados a um polígrafo, aparelho que mede ondas cerebrais, tensão muscular, movimento dos olhos e ainda a respiração nasal e bucal. O resultado é um calhamaço que pesa mais de 6 quilos - 1500 páginas de gráficos que o neurologista Rubens Reimão lê atentamente. "Cada distúrbio está relacionado a certo estágio do sono", diz ele. "Por exemplo, o sonambulismo, em que se fica metade dormindo e metade acordado, é típico do estágio 2." Reimão, que nunca teve a menor dificuldade para dormir, relaciona mais de cinqüenta distúrbios conhecidos do sono. "Quem reclama de muita sonolência pode estar com narcolepsia, uma alteração bioquímica no cérebro, hoje controlada com remédios", exemplifica o médico. Mas quem boceja muito de dia pode ser que ronque e tenha dificuldade respiratória à noite - e perde o sono por isso. Essa dificuldade respiratória ou apnéia é uma obstrução parcial da faringe: fica-se sem respirar por alguns segundos, até o cérebro reclamar, e daí se puxa o ar num único golpe forçado. A maioria se queixa mesmo, porém, de insônia, que geralmente tem causas fisiológicas. O psiquiatra Ricardo Moreno, do Hospital das Clinicas de São Paulo, acredita que a ansiedade também é uma das grandes culpadas pela dificuldade de se adormecer. "Já quem sofre de depressão dorme rapidamente, mas acorda dali a poucas horas", compara o médico. O curioso é que, acordando-se essas pessoas em plena fase REM do sono, quando ocorrem os sonhos, a depressão vai embora. "Isso só está sendo feito como experiência", ressalta Moreno, "pois não sabemos por que, impedindo alguém de sonhar, interrompemos o quadro depressivo."


Mitos noturnos
A verdade às vezes cochila, quando se fala em sono. E quem acredita em tudo o que se ouve por aí pode estar dormindo no ponto. Eis alguns enganos mais comuns a respeito. Leite morno, à noite, ajuda a pegar no sono De fato, o leite possui um aminoácido que induz o sono. Mas seria preciso beber vários litros para obter o efeito. Além disso, a reação leva algumas horas para se manifestar. Logo, supõe-se que o copo de leite só teria efeitos psicológicos.Bebida alcoólica facilita o sonoMeia-verdade: o álcool ajuda adormecer logo, mas sua ação no cérebro impede que se alcancem os estágios mais profundos do sono. Resultado: acorda-se com a sensação de ressaca. Quem faz ginástica dorme melhorVerdade apenas para os que se exercitam de manhã ou à tarde - o que diminui a ansiedade, graças à liberação de hormônios de efeito analgésico, como endorfinas. Mas quem freqüenta academias à noite estimula tanto o organismo que o sono tende a demorar para chegar. Existem pessoas com sono leveTodas as pessoas passam por estágios de sono mais leve e mais profundo, numa mesma noite. O azar é ser acordado justamente quando se está nos primeiros estágios de sono, que são os mais leves. Dorme-se melhor no frioEstá provado que não se chega a estágios profundos de sono (ou eles duram menos) quando a temperatura ambiente é desagradável. Assim, teoricamente, é tão difícil ter sonhos numa noite de inverno quanto numa noite de verão.





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quinta-feira, 5 de julho de 2012

Terras Invisíveis - Sistema Solar


TERRAS INVISÍVEIS - Sistema Solar



O sistema solar, acreditam os astrônomos, não é um caso único no Universo. Só na Via Láctea pode haver um trilhão de planetas. Como eles se formaram? E por que nenhum deles foi visto até hoje?

O astrofísico americano Fred Gilled pretendia apenas calibrar os instrumentos a bordo do Satélite Astronômico Infravermelho (IRAS) quando, numa tarde de agosto de 1983, acionou os controles remotos instalados no Observatório de Kitt Peak, no Arizona. Como de praxe, ele apontou os sensores do satélite, em órbita acima da turbulenta atmosfera da Terra, em direção à estrela Vega, uma velha conhecida dos astrônomos - por ser estável e muito brilhante, ela é normalmente usada como padrão comparativo de outras estrelas. Para surpresa de Gillet, Vega não se comportou como ele esperava. A energia captada pelo satélite na forma de radiação infravermelha não vinha apenas da estrela, mas de imensas distâncias ao redor. Gillet viu-se frente a uma conclusão de tirar o fôlego: o IRAS, por acaso, acabara de captar os sinais de um aglomerado de objetos de planetas, girando em torno da estrela Vega, a 26 anos-luz, ou 250 trilhões de quilômetros da Terra. Foi um acontecimento e tanto. Pela primeira vez, os astrônomos obtiveram uma indicação mais forte de algo de que há muito suspeitavam:
o Sol e o sistema por ele regido não são uma realidade única no Universo. Outras estrelas podem estar cercadas de planetas - e nesses planetas pode haver alguma forma de vida.Mas naquele momento, nem depois, nenhum instrumento de observação do Cosmo forneceu a tão desejada prova definitiva de que em algum lugar do Universo existe um planeta com características semelhantes às desta Terra - ou, a rigor, com quaisquer outras características. Permitindo observar o espaço de uma forma até então inexplorada, o IRAS apenas - o que já não foi pouco - proporcionou a identificação de uma enorme variedade de astros inacessíveis aos telescópios comuns, ou porque não emitiam luz suficiente para atravessar a atmosfera ou porque estavam ofuscados pelo brilho de uma estrela maior. Até esgotar seu combustível e se tornar em 1984, um artefato inútil em órbita da Terra, o IRAS mapeou a localização de dezenas de estrelas que, como Vega, poderiam abrigar planetas em gestação
No entanto, todos esses berçários de planetas só podiam ser "vistos" na forma de gráficos interpretados por computadores. Até que, em abril de 1984, os astrônomos Bradford Smith, da Universidade do Arizona, e Richard Terrile, do Laboratório de Jatopropulsão da NASA, deixaram de lado as pesquisas que vinham fazendo com as luas de Urano e Netuno para focalizar com o telescópio do observatório chileno de Las Campanas, na cordilheira dos Andes, uma modesta estrela chamada Beta Pictoris. Vista pelo IRAS, ela parecia reunir as condições para ser uma das candidatas a mãe de planetas. Foi assim que, a 50 anos-luz do sistema solar, ou quase 500 trilhões de quilômetros, os dois astrônomos viram dos dois lados da estrela um descomunal anel de poeira, que calcularam ter vinte vezes o tamanho do sistema solar e do qual planetas poderiam nascer.
Um dos grandes desafios da Astronomia, por sinal, é decifrar como se deu o processo de formação dos planetas do sistema solar. No século XVIII, o astrônomo francês Pierre-Simon de Laplace (1749 - 1827), inspirado na teoria do filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) de que o Sol e os planetas haviam se formado numa mesma época, elaborou a sua hipótese evolutiva do sistema solar - aceita com adaptações até hoje. No cenário de Laplace, devidamente atualizado, o espaço é povoado por nuvens de gás e poeira em movimento - misturas de hidrogênio, hélio e frações ínfimas de compostos moleculares mais complexos. São o berço das estrelas e conseqüentemente dos planetas. Quando uma dessas nuvens alcança uma certa massa, começa a se contrair pela força da gravidade. Ao contrair-se, gira mais depressa, como uma patinadora rodopia mais depressa quando encolhe os braços junto do corpo. A nuvem se transforma num disco achatado. Quanto mais o disco se contrai, mais rapidamente gira e mais denso se torna no centro. Ali, a matéria tão comprimida que chega a temperaturas altíssimas dá início a uma reação de fusão nuclear. É o nascimento de uma estrela. À medida que se afasta desse inferno de calor, a nuvem de gás e poeira continua girando vertiginosamente enquanto engole minúsculos grãos de matéria, que então se juntam e se transformam em grandes blocos rochosos muito parecidos com o que se acredita ser o núcleo dos cometas. O crescimento por agregação de materiais é acompanhado de reações químicas que acabam definindo a sua composição mineral. É um processo rápido, comparado com os presumíveis 15 ou mais bilhões de anos de idade do Universo. Calcula-se que o sistema solar tenha levado 1 bilhão de anos para se constituir. No final desse período, a maior parte do material formou os nove planetas e suas respectivas luas. Assim estaria explicado por que o Sol e os planetas se alinham no mesmo patamar, como a aba de um chapéu em relação à copa (no caso, o Sol). Outros corpos, de pouca massa, formaram os cometas, arremessados para os confins do sistema solar. Segundo essa mesma hipótese, a composição química de cada planeta resultou da maior ou menor vizinhança do Sol. Os mais próximos se tornaram ricos em materiais resistentes ao calor, como ferro, óxidos e silicatos, que não se volatilizaram nas priscas eras da intensa atividade solar. Nas partes mais distantes e frias, o núcleo original dos planetas foi coberto de gelo e de uma vasta camada de gases, como amônia e hidrogênio. Dessa maneira teriam se formado os chamados planetas interiores (ou terrestres), mais resistentes à atividade solar- Mercúrio, Vênus, a própria Terra e Marte-, e os exteriores (ou jovianos), envoltos por grandes massas gasosas-Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. "Plutão não se enquadra nesse modelo", ressalva o astrofísico Oscar Matsuura, da Universidade de São Paulo. "Pode ter sido um satélite desgarrado de Netuno, um cometa ou asteróide capturado pelo sistema solar." Depois de formados, os planetas começaram lentamente a perder energia até adquirir a aparência petrificada que têm atualmente. Os menores como Mercúrio e Vênus, esfriaram mais depressa. A Terra, por uma combinação feliz de massa, materiais que entraram na sua formação e proximidade do Sol, continua em atividade. No seu interior, uma fornalha alimentada pela desintegração de elementos radiativos, ali sepultados durante o processo de formação do planeta, origina vulcões e terremotos assim como os imperceptíveis deslocamentos dos continentes. Também foram os vulcões que trouxeram à superfície grandes quantidades de gases e vapor de água que deram origem à atmosfera e aos oceanos. Quase ao mesmo tempo que Laplace, outro francês, o conde Georges Louis Leclerc de Buffon (1707-1788), propôs uma alternativa à explicação evolutiva. Ele acreditava que os planetas não teriam se originado da mesma fonte que o Sol. Para Buffon - o pai daquilo que os astrônomos definem como primeira hipótese catastrófica -, os planetas seriam o resultado da colisão do Sol com outro astro, que ele imaginou fosse um cometa, provavelmente porque na época se sabia muito pouco sobre eles. Com o passar do tempo, a hipótese das catástrofes também se modificou. Até porque os astrônomos não sabem explicar qual a causa da aglutinação primordial de gás e poeira no espaço. Acreditou-se, por exemplo, que uma estrela poderia atrair matéria de outra menor que dela se aproximasse. Mais recentemente chegou-se a pensar que as ondas de choque provocadas pela explosão de uma super nova teriam como conseqüência a fusão de partículas das nuvens interestelares, das quais se originariam os planetas. Nenhuma dessas hipóteses pode ser inteiramente descartada, nenhuma é inteiramente aceita. Em todo caso, se nasceram de uma condição excepcional, pela lógica os planetas devem ser corpos raros no Universo. Mas, se sua origem estiver nas mais do que comuns nuvens de gás espalhadas pelas galáxias, então poderá haver milhões deles. Aliás, essa até que é uma estimativa modesta. Na verdade, calcula-se em 1 trilhão - isso mesmo, 1 trilhão - o número de planetas só na Via Láctea, considerando-se apenas os que orbitariam ao redor dos 122 bilhões de estrelas parecidas com o Sol. Segundo o astrônomo americano Carl Sagan, aplicando-se a mesma fórmula a todas as galáxias conhecidas, haveria no Cosmo a fantástica quantidade de 1022 planetas, ou seja, o número 1 seguido de 22 zeros. Pela lei das probabilidades, é virtualmente impossível que não exista ou não venha a existir vida em certo número deles. É mais fácil, porém, fazer cálculos entontecedores como esses do que simplesmente enxergar um único planeta. Nem o mais potente telescópio do mundo - o de Zelenchukskaya, no Cáucaso, União Soviética -, se fosse colocado na estrela de Alfa Centauri, a meros 4 anos - luz da Terra, permitiria avistar qualquer planeta do sistema solar - incluindo o colossal Júpiter. Ver um planeta já foi comparado a enxergar com um binóculo uma mosca ao lado de uma fogueira a dezenas de quilômetros de distância. Diante disso, os astrônomos acabam apelando para métodos indiretos de observação. O holandês Peter Van de Kamp, por exemplo, estudou durante 25 anos a estrela Barnard, da constelação de Ofiúco, que, embora quase invisível, está apenas a 6 anos-luz (58 trilhões de quilômetros) da Terra. Para Van de Kamp, Barnard teria não apenas um, mas dois planetas. Suas conclusões não foram compartilhadas por outros colegas. Há apenas quatro anos, outro astrônomo pensou ter descoberto um novo tesouro. Utilizando sensores infravermelhos, Donald McCarthy, da Universidade do Arizona, anunciou a existência de um companheiro da estrela Van Biesbrock 8, que teria de 30 a 80 vezes o tamanho de Júpiter. Com esse porte, o astro poderia ser um planeta gigante ou uma anã-marrom - estrela cuja força de gravidade não é suficiente para produzir alta taxa de fusão nuclear. Só que ninguém mais conseguiu localizar o misterioso corpo celeste. Escaldados por esses episódios, os astrônomos aprenderam a desconfiar de anúncios de descoberta de novos planetas. Assim, Bruce Campbell, Gordon Walker e Stephenson Yang, da Universidade de Vitória, na Columbia Britânica, no Canadá, esperaram seis anos antes de comunicar em 1987 - o que haviam observado. Ele tinham notado uma alteração quase imperceptível no movimento de duas conhecida estrelas, Epsilon Eridani, 11 anos-luz da Terra e quase invisível a olho nu, e a mais distante Gamma Cephei, 48 anos-luz. Tais alterações só poderiam ser causadas pela interferência de outro astro menor e invisível. Uma estrela solitária se movimenta em velocidade constante. Esse movimento é deduzido pelo efeito Doppler - a variação de freqüência da luz emitida por uma fonte em movimento. Se a estrela estiver se aproximando da Terra, sua luz se deslocará para o azul; se estiver se afastando, ela se tornará mais vermelha do que é na realidade. O movimento de um planeta em órbita de uma estrela pode causar o desvio da luz (para o azul ou para o vermelho). Os astrônomos canadenses conseguiram medir essas variações e concluíram que os corpos existentes em volta de Epsilon Eridani e Gamma Cephei devem ter no mínimo o tamanho de Júpiter - que por sua vez é 3 vezes maior que a Terra. Ora, onde pode existir um Júpiter, especula Bruce Campbell, pode também estar escondida uma Terra, pequena demais para ser notada. Mas, nessa hipotética Terra, a vida não seria possível. Devido à fraca luminosidade das duas estrelas, na distância em que os corpos se encontram, a temperatura local, incrivelmente gélida, impediria a formação de qualquer organismo. A mesma técnica dos canadenses foi usada pelo americano David Latham e sua equipe, no Observatório Harvard Smithsonian de Massachusetts. Há três meses, no encontro anual e União Astronômica Internacional em Baltimore, Estados Unidos, Latham causou sensação ao anunciar descoberta de um corpo vinte vezes maior do que Júpiter orbitando em torno da estrela HD 114762, a 90 anos-luz da Terra. Segundo Latham, o possível plano, com certeza não abriga forma alguma de vida, pois, além da temperatura altíssima, sua força de gravidade é tão grande que reduziria um organismo a uma pasta disforme. A existência do suposto planeta dificilmente poder ser comprovada: se existe mesmo, está tão próximo daquela estrela que nenhum telescópio daria condições para enxergá-lo. As esperanças voltam-se para o telescópio Hubble, a ser colocado em órbita a 550 quilômetros da Terra, numa das próximas viagens dos ônibus espaciais americanos. Fora da atmosfera, o Hubble poderá vislumbrar novas galáxias, quasares e também planetas. Afirma o astrofísico Hugo Capelato, do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE): "O Hubble poderá, enxergar planetas como Júpiter em volta de estrelas a 35 anos - luz (300 triIhões de quilômetros) da Terra".

Pela evolução
A nuvem de gás e poeira começa a se contrair e girar sobre si mesma até se transformar num disco achatado.Quanto mais o disco se contrai, mais rápido gira e mais denso se torna no centro. Nas bordas, o movimento giratório permite a aglutinação de materiais e a formação de blocos maiores. A matéria comprimida do centro provoca uma reação de fusão nuclear e o nascimento do Sol. Ao redor, os planetas do sistema solar.

Pela catástrofe
O movimento de uma estrela a leva até as vizinhanças do Sol. Ao chegar a uma certa distância, atrai parte do material da superfície solar. Esse material forma uma nuvem de poeira e gás que passa então a girar em volta do Sol. A estrela, por sua vez, se afasta. O mesmo processo de aglutinação de materiais em grandes blocos leva à formação dos nove planetas encontrados no sistema solar.


Em busca do planeta X
Não é apenas junto a estrelas distantes que os astrofísicos procuram planetas. Eles acreditam que existe um solitário corpo celeste perdido no sistema solar, para lá de Plutão, que fica a 5,9 bilhões de km do Sol. A massa desse décimo planeta poderia ser cinco vezes maior que a da Terra; o tamanho, o dobro. Apropriadamente chamado planeta X, demoraria nada menos de mil anos para dar uma volta completa em torno do Sol, de tão longe que estaria dele. A procura desse planeta começou no século passado, depois que o astrônomo americano Percival Lowell (1855 - 1916) previu sua existência matematicamente, a partir das perturbações nas órbitas de Urano e Netuno. Para Lowell, elas só podiam ser causadas pela atração gravitacional de um planeta mais distante. A sonda Pioneer 10, que já quase alcançou o limite, do sistema solar, ainda não viu sinal de X. Isso poderia ser explicado, segundo os especialistas da NASA, por sua estranha órbita, praticamente perpendicular à da Terra. Se X existir, como nos livros policiais, poderá ser acusado de um hediondo crime cometido há 65 milhões de anos. O astrofísico americano Daniel Whitmire supõe que a órbita do planeta pode tê-lo levado para além do cinturão de cometas que envolve o sistema solar. Quando isso aconteceu, ele teria desviado diversos cometas de sua rota, em direção à Terra. O choque resultante dos cometas com a superfície terrestre teria causado tamanhas perturbações no clima que acabaram provocando a extinção dos dinossauros.





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quinta-feira, 5 de julho de 2012

Aqui entre nós - Os Segredos


AQUI ENTRE NÓS - Os Segredos



Ninguém resiste à tentação de ouvir um segredo. Ele faz parte do cotidiano das pessoas, do sucesso das indústrias e da política internacional. Desvendá-lo significa ter à disposição alguma espécie de poder.

"Psiu, vou te contar um segredo. Mas você tem de jurar que não vai falar para ninguém!" Quem resiste a um apelo desses? Qualquer pessoa jura por todos os santos do calendário que manterá a boca fechada até o túmulo e praticamente implora para saber o segredo tão bem anunciado. E não é raro que, alguns dias depois, às vezes até horas, se repita a mesma história: "Vou Ihe contar um segredo. Mas você tem de jurar que não vai dizer a ninguém!" Novamente, ouvidos atentos aguardam a revelação para a seguir passá-la adiante.
Todo mundo já foi protagonista de uma cena como essa ou já a presenciou. Pior, quem trabalha num escritório onde encontra sempre as mesmas pessoas sabe que não passa um dia sem que esse rotineiro ato de troca-troca se repita. O ser humano, com uma tendência irresistível para a dramatização e o romantismo, está sempre se imaginando um herói, carregado de tesouros e saboreando a escolha de quem será digno de partilhar sua glória.
Quando se pensa cinicamente no assunto, fica-se imaginando se o segredo não seria apenas uma sofisticada forma de comunicação, que pode até ser manipulada em causa própria. Todos conhecemos aqueles tipos linguarudos que basta se dizer a frase mágica "não conte a ninguém" para acionar os mecanismos que colocam a novidade nos ouvidos de todos. Há quem imagine que esse defeito é característico das mulheres. Mas o poeta e fabulista francês La Fontaine (1621-1695) se encarregou de desmentir essa afirmação: "Nada pesa tanto quanto um segredo", disse. "E, nesse particular, um bom número de homens age como mulheres."
Mas nem tudo é jogo em matéria de confidências. Na vida de todas as pessoas existe uma parcela encoberta, momentos embaraçosos, sentimentos, lembranças de infância, experiências que não podem ser compartilhadas com ninguém. "Certos fatos são um segredo até para nós mesmos", diz o psicólogo Jacob Pinheiro Goldberg. "Desconhecemos os mecanismos profundos que desencadeiam as respostas aos estímulos da vida." Segundo o psicólogo. "desde criança elegemos um esconderijo para nossos tesouros, que não pode ser bisbilhotado por ninguém". Na adolescência escondemos nossos sentimentos nos diários e, mais tarde, aprendemos a compartilhar o que consideramos importante.
No lado oposto à discrição existem aqueles que têm uma espécie de compulsão em contar a própria vida. As vezes, numa festa, ou numa viagem de ônibus ou de avião, um estranho senta-se ao nosso lado e começa a desfiar um rosário de fatos que Ihe aconteceram, os quais, muito provavelmente, não interessam a ninguém além dele mesmo. É fácil entender que a solidão leva a essas confidências. E, para valorizá-las aos ouvidos de quem foi escolhido compulsoriamente para escutá-las, o confidente procura elevá-las à condição de segredos importantes.
Nessas horas, qualquer pessoa se questiona sobre o que significa na realidade o segredo. Há sessenta anos, o psicanalista suíço Carl Gustav Jung (1875-1961) esteve no Sudoeste americano, onde procurou conhecer alguns povoados indígenas. Conta-se que ele teria ficado frustrado com a resistência dos índios em abrir-se sobre seus costumes. Só mais tarde, Jung compreendeu que eles queriam desesperadamente manter o mistério como uma forma de preservar a integridade cultural ameaçada pelos brancos.
As sociedades industrializadas modernas não correm esse perigo. Sentimentos e emoções são explorados, analisados e expostos sem muitos pudores. Nesse contexto, não é de admirar que, muitas vezes, as pessoas apenas brinquem de segredos. Sintomaticamente, dois dos grandes entretenimentos modernos são o enigma e o romance policial. A escritora inglesa Agatha Christie (1890-1976) conquistou multidões de leitores no mundo inteiro, ávidos em desvendar, junto com o famoso personagem Hercule Poirot, a identidade dos assassinos.
O professor Roberto Romano, da Faculdade de Filosofia da Unicamp, cita o filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976), ao afirmar que "no seu cotidiano, o ser humano é promiscuamente público, reduzindo sua vida a relação com e para os outros, alienando-se da tarefa de ser ele mesmo. Cada um vigia o outro para observar como se comporta e o que diz. Vida em comum significa um modo inquieto e equívoco de se espiar reciprocamente".
Isso expIica a curiosidade mórbida em descobrir os segredos dos outros, principalmente daqueles que se destacam de alguma forma. A imprensa sensacionalista vive da intromissão na intimidade alheia. Um bom exemplo ocorreu no ano passado, quando o então candidato à presidência dos Estados Unidos, Gary Hart, casado e com 52 anos, teve truncada sua carreira política ao serem reveladas as suas relações com a modelo Donna Rice, de 29 anos. O público tomou conhecimento de um segredo tanto mais saboroso porque tinha a ver com a vida sexual do político, um dos aspectos mais íntimos e, portanto, mais bem guardados de nossa existência.
Em vista disso, comerciar com segredos tornou-se um negócio milionário. O fotógrafo americano Ron Gallella foi um persistente paparazzi ao infernizar a vida de Jacqueline Onassis atrás de fofos reveladoras de uma das mulheres mais famosas do mundo. Até 1959, paparazzi na gíria dos romanos se referia aos mosquitos que infestam o verão italiano e são temidos por suas picadas. Foi com A doce vida, filmado pelo cineasta italiano Federico Fellini em 1960, que o termo se espalhou para o mundo e começou a designar fotógrafos que perseguem gente famosa. No caso de Jacqueline, uma revista italiana conseguiu, em 1972, flagrá-la nua tomando banho de sol.
O cantor americano Frank Sinatra é outra vítima da curiosidade alheia. Depois de ameaçar vários autores que tentaram contar a sua história, Sinatra foi derrotado pela escritora Kitty Kelley, que assinou o livro Sinatra - his way, uma escandalosa biografia, não autorizada pelo cantor, que o pinta com as cores de um tremendo mau-caráter. Outras personalidades também não resistiram à curiosidade alheia. E, junto de modestos anônimos, ajudaram a alimentar repórteres, escritores e detetives particulares que se orgulham de descobrir casos de adultérios, desfalques em empresas e bancos, concorrência desleal, espionagem industrial e crimes.
Curiosidade pública e respeito à vida alheia não se combinam. A comoção provocada pela doença que matou o ex-presidente Tancredo Neves é um bom exemplo desse conflito. Todos queriam saber o verdadeiro estado de saúde do presidente, mas a família e os médicos se recusaram a revelá-lo. Durante a lenta agonia de Tancredo, chegou-se a enganar o público com uma doença que ele realmente não tinha. O código de ética obrigava os médicos a guardar segredo sobre os fatos por não terem autorização da família. Segundo o vice-presidente do Conselho Federal de Medicina, o pediatra Gabriel Oselka, "essa prática se estende a todos os pacientes, inclusive às figuras públicas. Mas o médico não pode, por estar atendendo um paciente famoso, fazer parte de uma encenação".
Silêncio sepulcral também devem guardar outros profissionais, como psiquiatras, juízes e padres. Estes últimos tratam do sigilo não apenas do ponto de vista profissional mas também religioso. A rigor, o segredo do confessionário não se destina aos ouvidos do confessor, mas de Deus. Este tema é mostrado no filme Tortura do silêncio (1953), do cineasta Alfred Hitchcock (1899-1980), quando o personagem interpretado por Montgomery Clift ouve a confissão de um assassino, mas, preso por seus votos, não pode revelá-la às autoridades.
No passado, tinha-se a ilusão de que o segredo era mesmo para quatro paredes, como diz a canção de Herivelto Martins. Ou, pelo menos, estava bem guardado nas torres de um mosteiro medieval. Em O nome da rosa, livro do erudito italiano Umberto Eco, um mosteiro guarda a maior biblioteca da cristandade, construída em forma de labirinto e composta por milhares de pergaminhos praticamente inacessíveis a leitores. Só o bibliotecário conhece o segredo de como penetrar nas salas onde se alinham as estantes. Ao situar seu livro no século XIV, Eco mostrou que o segredo sempre foi associado ao poder.
Na Idade Média, a própria escrita era uma espécie de segredo reservado apenas à Igreja. Mesmo , assim, com restrições a determinados livros. Toda a trama de O nome da rosa gira em torno das tentativas dos personagens de ler um exemplar da segunda parte da Poética de Aristóteles, no qual o filósofo grego discorre sobre o humor, o riso, a comédia, a arte que nasce dos "simples", isto é, do povo. A leitura desse livro causou a série de assassínios e o incêndio que destruiu o mosteiro.
Os escribas, intelectuais do Antigo Egito, que conheciam os segredos dos hieroglifos, também não tinham nenhuma intenção de passar o seu conhecimento adiante. O fato de serem os únicos a conhecer a escrita tornava-os privilegiados: não pagavam impostos e exerciam autoridade comparável à dos ministros.
O privilégio de alguns também está na origem das sociedades secretas. A maçonaria, por exemplo, teve sua origem nas corpo rações de construtores e pedreiros na Idade Média, que mantinham em segredo certos processos técnicos de seu ofício para garantir o trabalho a seus associados.
Da mesma forma, lembra a antropóloga Liana Trindade, da Universidade de São Paulo, "seitas ocultistas e grupos religiosos têm segredos que não podem ser revelados a pessoas de fora do grupo, para conservar o poder mágico dos objetos e o controle sobre os leigos".
Ao longo do tempo, foi sobretudo o poder econômico que pesou, quando povos e empresas aprenderam que "o segredo é a alma do negócio". Quem detém a técnica de exploração de uma matéria-prima ou de produção de uma manufatura rodeia o seu trabalho de sigilo absoluto. Por exemplo, desde 1886, quando foi lançado o refrigerante Coca-Cola, a fórmula química desse produto permanece um segredo preservado a sete chaves.
Esse rigor na guarda de segredos só faz estimular a sua contrapartida. Não é à toa que nos tempos recentes a espionagem se tornou um negócio altamente rentável e sofisticado. Desenvolveram-se os mais sutis aparelhos para bisbilhotar a vida e o trabalho alheios. Microfones, lunetas, gravadores, máquinas fotográficas são capazes de vulnerar qualquer defesa. Mais recentemente, desenvolveram-se técnicas para penetrar em segredos guardados na memória de computadores (leia reportagem na página 32). Em nível de países, a lista dos equipamentos inclui satélites que vigiam do céu, dia e noite, as modificações da paisagem onde se situam aeroportos, complexos industriais, militares etc.
Mas pode ser que a descrença atual nos segredos esteja ligada à própria origem da palavra. Segredo vem do latim secretu, que significa separado, afastado. E ai está o seu ponto fraco. Afinal de contas, um segredo que não pode realmente ser contado a ninguém não tem graça nenhuma - nem valor. Como dizia o falecido presidente Tancredo Neves, quando alguém vinha contar-lhe uma história, pedindo segredo: "Não conte, não, meu filho. Se você, que é dono do segredo, não consegue guardá-lo, que dirá eu!"

A guerra pela informação
O nome de Mata Hari geralmente evoca a figura de uma sedutora espiã, capaz de matar seus amantes sem hesitar, em troca de segredos para os inimigos. Na verdade, Mata Hari era o apelido da dançarina holandesa Margaretha Geertrude Zelle (1876-1917), filha de um chapeleiro, que se casou cedo com um militar escocês para escapar da pobreza. Separada do marido, fez sucesso distraindo os oficiais franceses em Paris, até ser presa no final da Primeira Guerra Mundial e julgada por espionagem. Foi fuzilada aos 41 anos, embora nunca ficasse provado que ela realmente passava documentos secretos aos alemães.
Essa é apenas uma das muitas histórias sobre espiões que tiveram suas vidas enfeitadas por lendas bem ao estilo do personagem James Bond, o agente 007 do escritor lan Fleming (1908-1964). Mas houve casos de verdadeiros espiões que realizaram seu trabalho com tanta eficiência que se tornaram lendas. Entre eles, o russo Richard Sorge (1895-1944) que morreu enforcado pelos japoneses em Tóquio, onde dirigiu durante nove anos uma rede de espionagem soviética. Sorge chegou a avisar a Moscou a data exata da invasão alemã ao território russo. Suas informações foram desprezadas pelo ditador Joseph Stálin. No entanto, o governante não cometeu o mesmo erro duas vezes. Em 1941, Sorge informou que os japoneses tinham removido suas tropas das fronteiras soviéticas para o Sudeste asiático, onde era iminente a guerra com ingleses e americanos. Stálin fez o mesmo, reforçando seu exército na frente contra os alemães.
Merece destaque também o coronel soviético Rudolf Ivanovich Abel (1903-1971), trocado em 1962 pelo piloto americano Gary Powers, abatido quando voava sobre território soviético em trabalho de espionagem. Abel foi enviado à Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial, onde pertenceu à Orquestra Vermelha, organização comunista infiltrada na Força Aérea alemã. Terminado o conflito, viveu durante oito anos nos Estados Unidos, onde se supõe tenha dirigido toda a rede de espiões na América do Norte.
Mas o maior de todos os espiões russos foi certamente o aristocrata inglês Kim Philby (1912-1988), que pertenceu ao serviço secreto britânico, onde quase chegou a ser diretor. Mesmo depois de afastado da organização, devido às suspeitas de que fazia jogo duplo, ninguém conseguiu provar nada contra ele. Philby ainda trabalhou como jornalista e agente secreto no Oriente Médio até ser desmascarado. Foram trinta anos de jogo duplo, que ele se encarregou de contar após a sua fuga para a União Soviética em 1963. Philby morreu no começo deste ano.





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segunda-feira, 2 de julho de 2012

Saturno em oposição ao sol - Horoscopo


SATURNO EM OPOSIÇÃO AO SOL - Horoscopo



Em astrologuês, isto quer dizer grande confusão e poderia ser o horóscopo da própria Astrologia. Num Universo cada vez mais despovoado de mitos, os astrólogos oferecem aos fiéis trabalhos conflitantes nos métodos e nos objetivos.

Amor: deve haver um astral de equilíbrio terreno afetivo; evite a possessividade.
Dinheiro: use o seu lado prático para se sair bem nas questões financeiras.
Saúde: aproveite para recarregar as baterias; as viagens são favoráveis.
Esse horóscopo poderia ser lido em qualquer dia, por qualquer pessoa, de qualquer signo. Nele não há nada original nem útil. Entretanto, poucas pessoas resistem à tentação de dar uma olhada na coluna astrológica de jornais e revistas, mesmo que não pretendam se deixar influenciar. Na verdade, ninguém acredita nessas colunas - nem mesmo os astrólogos. "A nossa imagem é prejudicada com essas previsões falsas", reclama a astróloga Nadja Nicolau, que atende à noite uma pequena e selecionada clientela em São Paulo - durante o dia, é funcionária burocrática de uma grande empresa. Em tom calmo, ao mesmo tempo que acende um cigarro atrás do outro, se queixa: "Isso aumenta a incompreensão dos cientistas em relação ao nosso trabalho, que é sério".
Mas os cientistas, de modo geral, não concordam com essa seriedade. O astrofísico Roberto Bozcko, da Universidade de São Paulo, fulmina: "Astronomia e Astrologia só têm em comum as cinco primeiras letras". Há 2 700 anos, porém, não era bem assim: elas nasceram juntas, quando o homem começou a observar o céu e percebeu ligações entre as posições dos astros e algumas de suas atividades. Eles regulavam o dia, a noite, as estações, e assim orientavam a caça, a pesca, a agricultura etc. E juntas elas continuaram pelo menos até o Renascimento (século XVI da nossa era).
A partir daí, o estudo sistemático das propriedades físicas dos astros ficou com a Astronomia - e seus supostos poderes místicos com a Astrologia. Foram os caldeus, povo que habitava a região onde hoje é o Iraque, nos séculos VIII-VI a.C., os primeiros a imaginar que calculando as posições do Sol e da Lua seria possível prever o futuro. Os caldeus eram férteis em crendices desse tipo. Entretanto, foram eles que criaram as primeiras efemérides ou tábuas astronômicas, que mostravam a posição dos astros na eclíptica - o caminho aparente que o Sol percorre ao redor da Terra. Essa faixa foi dividida em doze partes iguais, de 30 graus, chamadas posteriormente casas. As casas foram relacionadas com doze constelações que aparecem na eclíptica.
Até então, a Astrologia se preocupava somente com a previsão dos grandes eventos: guerras, enchentes, terremotos. Apenas quando essa atividade chegou à Grécia, por volta de 250 a.C., é que começaram as previsões de fatos pessoais - e já então eram os governantes os principais interessados em conhecer o futuro. Nada muito diferente do que faz, pouco mais de 2 mil anos depois, o presidente dos Estados Unidos. Ronald Reagan. Os gregos, tradicionalmente metódicos, passaram a classificar toda a Astrologia, e esta começou a se tornar uma coisa complicada. Eles criaram os doze signos, símbolos que receberam os mesmos nomes das constelações.
Cada um desses signos representa características específicas da personalidade humana. Seu conjunto também se encontra na faixa da eclíptica, formando o "caminho dos animais", chamado zodíaco. As casas, por sua vez, passaram a representar uma área da vida - infância, família, trabalho, dinheiro, casamento, estudos etc. Cada uma regida por um signo, definido pela constelação que esteja subindo no horizonte no momento em que a pessoa nasce. Essa constelação define o signo da primeira casa, que está relacionada com as características da personalidade. As outras seguem a ordem natural do zodíaco.
O geógrafo e matemático Cláudio Ptolomeu (cerca de 90-160 d.C.), nascido em Alexandria, no Egito, estabeleceu que, além da Lua e do Sol, também Marte, Vênus, Mercúrio, Júpiter e Saturno - astros que podiam ser vistos em movimento a olho nu e por isso foram chamados planetas ou "estrelas errantes". em grego - influenciavam o comportamento, conforme seu ponto no zodíaco. Os astrólogos gregos passaram a calcular a posição de cada astro de acordo com a hora e o local de nascimento da pessoa, e assim traçavam o seu mapa astral - uma espécie de retrato do céu visto da Terra naquele momento.
A partir de 1510, o astrônomo polonês Nicolau Copérnico (1473-1543) começou a falar, muito timidamente, de uma descoberta que fizera: o Sol, e não a Terra, era o centro do Universo. Ou seja, o Sol não gira em torno da Terra; é esta que, junto com os demais planetas, gira em torno dele. É fácil entender a timidez de Copérnico: sua teoria era revolucionária e não foi à toa que a Igreja resistiu tenazmente mais de um século para aceitá-la como correta. O sistema heliocêntrico mudou tudo na cultura humana - filosofia, ciência, religião foram drasticamente afetadas. Menos a Astrologia, que, apesar de pretender apoiar-se num meticuloso estudo das posições dos astros, não viu motivo para alterar os procedimentos dos seus sacerdotes.
Hoje sabemos que também Copérnico estava errado: o Sol não é o centro do Universo, mas apenas uma pequena estrela - que viaja pelo espaço dentro de uma galáxia, que não é das maiores -, com seu séquito de nove planetas e respectivos satélites (e não cinco, como acreditava Ptolomeu). Apesar de todas essas novidades, os mapas astrais continuaram - e continuam até hoje - a ser feitos como se a Terra fosse o centro de tudo. "O mapa é feito em função de uma pessoa, não importa onde ela esteja. Se eu fizesse o mapa de um lunático, o centro seria a Lua", explica o astrólogo Antônio Carlos Boton.
Para o astrônomo Irineu Varella, diretor do Planetário Municipal de São Paulo, "esta é apenas mais uma evidência do egocentrismo praticado por quem considera que os astros exercem alguma influência sobre os seres humanos". Graças às mais modernas pesquisas da Astrofísica, descobriu-se que há no Cosmo forças, partículas, subpartículas, agindo e reagindo entre si e sobre os astros. Mas nunca se detectou qualquer tipo de energia emanada dos planetas capaz de atravessar o espaço, penetrar na atmosfera terrestre e afetar as características de pessoas nascidas neste ou naquele instante.
Mas, se não acharam necessário mudar métodos e conceitos, os astrólogos pelo menos trocaram de objetivos. Os caldeus, como vimos, se propunham a prever grandes acontecimentos, e os gregos pretenderam usar esse poder mágico ao nível da vida pessoal. Os horóscopos comuns, de jornais e revistas, orientam o comportamento com conselhos suficientemente vagos para se adaptarem a qualquer situação. Tudo isso é rejeitado pelos astrólogos mais modernos. Para eles, o que se pode observar no céu nada mais é do que uma representação do que ocorre no organismo. Ou seja, a nova Astrologia parte do pressuposto de que o macrocosmo se comporta de maneira semelhante ao microcosmo e, como não dá para traçar um mapa do universo interior, o jeito é partir para o Universo estelar.
"O átomo é como o sistema solar, onde corpos se movem ao redor de um núcleo", explica Boton, certamente desconhecendo o chamado modelo quântico do átomo, hoje aceito pela Física, no qual o elétron não gira, necessariamente, ao redor do núcleo. Para o astrônomo Varella, o postulado aceito pelos astrólogos está longe de constituir uma lei física: "É pura invenção".
O fato é que as grandes cidades estão repletas desses profissionais, que, por quantias nada módicas, se incumbem de traçar o mapa astral de qualquer pessoa, revelar seu perfil psicológico e prever seu futuro. Um mapa leva em consideração diversos outros detalhes além do signo solar, aquele que todos conhecem a partir do dia do aniversário. Por isso, os astrólogos dizem que é impossível comparar pessoas que tenham o mesmo signo, pois este representa apenas a essência do indivíduo, uma espécie de inconsciente. É m mais fácil serem semelhantes duas pessoas com o mesmo signo ascendente - a constelação que está surgindo no horizonte, na hora exata do nascimento. Porque o ascendente determina a forma como alguém se relaciona com os outros, como aparenta ser, como soluciona os problemas no dia-a-dia - enfim, sua máscara social.
Mesmo armada com essas sutilezas, a Astrologia enfrenta problemas complicados. Por que gêmeos, que nascem no mesmo dia, na mesma hora e no mesmo local. não têm, obrigatoriamente, personalidades idênticas? É que sempre há um intervalo entre um nascimento e outro, explicam os astrólogos, e imaginam que isto vale até para gêmeos que nascem por meio de cesariana. E duas crianças que nascem na mesma maternidade, de mães diferentes, exatamente no mesmo segundo, serão personalidades iguais? "Nem sempre". responde Nadja, "pois os astros indicam potencialidades que cada um desenvolverá conforme o meio social onde for criado." A explicação, sem dúvida, tem muita sociologia e pouca astrologia.
Mas há mais questões. Na cidade de Jakkonen, no norte da Finlândia, pelo menos em uma hora em cada doze (ou seja, duas vezes ao dia) todas as constelações do zodíaco despontam no horizonte ao mesmo tempo. Isso se deve à sua localização - 66 graus e 33 minutos de latitude norte, exatamente no círculo polar ártico (o fenômeno se repete no círculo polar antártico). Como determinar o signo ascendente das crianças nascidas naqueles momentos? Boton invoca "complicados cálculos trigonométricos" que podem responder à pergunta, embora vejam desconhecidos pelos astrônomos.
A seu favor, a Astrologia tem algumas manifestações de simpatia. O psicólogo suíço Carl Jung (1875-1961), discípulo, primeiro, e depois antagonista de Sigmund Freud, chegou a levantar a hipótese de que o mapa astral pudesse ser uma leitura do inconsciente da pessoa. Nada conclusivo, portanto. Assim, qualquer esforço para aplicar a lógica ou o conhecimento racional para explicar os procedimentos da Astrologia esbarra numa questão básica - ela opera com a capacidade das pessoas de acreditarem, independentemente de provas, evidencias ou demonstrações.

ÁRIES (21 MAR 20 ABR)
O ariano é ansioso sempre fala tudo o que pensa e de maneira impetuosa. Por exemplo, Getúlio Vargas. Sabe fazer os amigos rir nas piores situações, com seus comentários cheios de sarcasmo. Adolf Hitler, quem diria, era assim. Adora desafios e tarefas complicadas. Perspicaz como Xuxa, quando tem um projeto é capaz de levá-lo até o final sem medir esforços. O pintor holandês Van Gogh que o diga.

TOURO(21 ABR/20 MAI)
O prático tauriano não sai muito da rotina. Karl Marx escreveu sua vasta obra baseado nesta virtude. Escuta os outros com paciência como o escritor francês Honoré de Balzac. E nunca muda de opinião. Alguém pensou no Sarney?

GÊMEOS(21 MAI/20 JUN)
O geminiano é sobretudo um conversador, como o grande poeta português Fernando Pessoa. E rigorosamente lógico como a atriz americana Marilyn Monroe.

CÂNCER(21 JUN/21 JUL)
Cancerianos são altamente protetores. Basta ler a biografia do escritor francês Marcel Proust. E conquistam pela gentileza: vide o boxeador Mike Tyson.

LEÃO(22 JUL/22 AGO)
A morte para leoninos como Fidel Castro, Napoleão e Mick Jagger é não chamar a atenção. Os astros dizem que são loucos por poder, glória e luxo. Acertaram.

VIRGEM(23 AGO/22 SET)
Virginianos adoram complicar as coisas, mesmo quando elas são simples. Confira: Paulo Maluf, Antônio Carlos Magalhães e Marilena Chaui.

LIBRA(23 SET/22 OUT)
O idealismo está presente em sua vida. Depois dos 40 anos, a atriz Brigitte Bardot ficou assim. Podem ser indecisos, como o Mahatma Gandhi, mutáveis e até rancorosos quando não se faz o que eles querem.

ESCORPIÃO(23 OUT/21 NOV)
Quem é deste signo não pensa duas vezes antes de se apaixonar por tudo. Só o ciúme e a desconfiança é que atrapalham. Pablo Picasso e Pelé são escorpianos.

SAGITÁRIO (22 NOV/21 DEZ)
O sagitariano tem sempre um objetivo longe de ser alcançado, mas tudo bem porque ele é um otimista. Nostradamus, vejam vocês era um otimista. Nunca pára de estudar pois não vê graça na vida se não conhece coisas novas. É um intelectual e gosta de conversar com pessoas que tenham idéias diferentes das suas - virtude das mais elogiadas na personalidade do líder soviético Joseph Stálin.

CAPRICÓRNIO
(22 DEZ/20 JAN)
Seu ótimo senso de humor - não é general João Figueiredo? - não é suficiente para esconder um profundo pessimismo. Foi assim que Mao Tsé-tung liderou a Grande Marcha dos chineses.

AQUÁRIO(21 JAN/ FEV)
O aquariano sabe agradar com a sua fidelidade como foi o caso de Galileu com a Igreja. Também é imprevisível como o dramaturgo Bertolt Brecht.

PEIXES(20 FEV/20 MAR)
Os piscianos querem escapar da realidade (foi o que fez Albert Einstein, bolando a Teoria da Relatividade). E são sensíveis como a cantora Elis Regina.





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segunda-feira, 2 de julho de 2012

Alfred Nobel da Dinamite à Paz


ALFRED NOBEL: DA DINAMITE À PAZ



Químico autodidata, inventou a dinamite e acumulou uma das maiores fortunas da Suécia com as suas fábricas de armamentos. Mas deixou um prêmio aos que lutam pela paz.

A Alfred Nobel detestava prêmios. Se, por algum milagre, pudesse voltar à vida e, na sua qualidade de químico e inventor da dinamite, fosse indicado para receber o prêmio que leva o seu nome, ficaria, na certa, profundamente contrariado. Desdenhava qualquer tipo de honraria ou de publicidade. Quando lhe pediam dados biográficos ou fofos, respondia invariavelmente com a negativa, alegando, por exemplo, que "nestes tempos de publicidade gritante e despudorada, apenas os particularmente dotados para esse gênero de coisas devem permitir que os jornais Ihes publiquem a fotografia".
Nunca mandou pintar o próprio retrato, iniciativa praticamente obrigatória para os homens de sua condição no seu tempo, e o único quadro que o representa foi realizado após sua morte. Recebeu várias condecorações, mas não mostrava o menor respeito por elas. Gostava de afirmar que ganhara a Estrela do Norte da Suécia pelo fato de ter um bom cozinheiro, capaz de agradar a estômagos influentes, e a Ordem Brasileira da Rosa porque fora apresentado casualmente ao imperador Pedro II.
Tinha, aliás, um estranho senso de humor, e nunca se sabia muito bem se estava falando a sério ou brincando. Certa vez, na presença do rei Oscar, da Suécia, desenvolveu uma teoria segundo a qual a crosta terrestre deveria ter nos pólos duas grandes cavidades, por causa da rotação do globo. Freqüentemente falava de seus planos de mandar construir em Paris um luxuoso estabelecimento onde os candidatos ao suicídio pudessem afastar-se da vida com dignidade. Segundo Nils Oleinikoff-Nobel, sobrinho-neto do inventor e último sobrevivente da família, nos últimos anos de vida Alfred Nobel levara a excentricidade a tal ponto que só ia a suas fábricas aos domingos para não ter o constrangimento de se encontrar com seus próprios operários.
Parecia-se de certa forma com o pai, Immanuel Nobel, uma espécie de gênio autodidata, que passou a vida idealizando invenções e grandes projetos. Alguns eram estapafúrdios, como ensinar focas a guiar torpedos submarinos; outros, perfeitamente sensatos e lucrativos. Alternou períodos de sérias dificuldades econômicas com anos de rápida prosperidade. Immanuel teve quatro filhos: Robert, Ludvig, Alfred e Emil. Alfred, o criador do Prêmio Nobel, nasceu em 1833, numa década de efervescência tecno-científica, mas em plena crise familiar - a primeira falência paterna.
Quatro anos depois, a família Nobel muda-se para São Petersburgo, na Rússia, e monta uma pequena metalúrgica. Prospera, então, fabricando minas submarinas, graças, sobretudo, à sociedade com um general influente e às gigantescas encomendas recebidas durante a guerra da Criméia - 1854/1856. Terminada a guerra, acabam as encomendas e os Nobel vão à falência pela segunda vez. Alfred estava com 26 anos. Não recebera educação formal. A bem dizer, freqüentou apenas o primeiro ano do primário numa escola paroquial, na sua Suécia natal.
Mas, com o auxilio de excelentes professores particulares, estudando em casa, tornou-se excepcionalmente bem-preparado. Falava fluentemente sueco, russo, inglês, francês e alemão, sendo atraído pela literatura e pela filosofia. Quando a situação financeira de seu pai era favorável, viajou pelo mundo durante dois anos. Conheceu os Estados Unidos e, sobretudo, Paris, onde fez estágios em diversos laboratórios de química. Interessou-se desde cedo por explosivos e, já em 1863, requereu sua primeira patente importante: um detonador de percussão conhecido como processo Nobel.
A patente foi obtida na Suécia, para onde parte da família voltara, na tentativa de relançar os negócios em novas bases, depois da falência na Rússia. Instalados na pequena localidade de Helensburgo, nas vizinhanças de Estocolmo, Alfred, o irmão caçula Emil e o pai começaram a fabricar nitroglicerina. Essa substância, preparada pela primeira vez em 1846 pelo italiano Ascanio Sobrero, tem uma fórmula aparentemente muito simples: certa quantidade de glicerina adicionada a uma mistura de ácido nítrico e ácido sulfúrico.
Mas sua preparação é extremamente arriscada. Qualquer choque ou uma alteração brusca de temperatura provocam violenta explosão.Foi assim que, em 1864, mal começara a produção dos Nobel, a fábrica foi pelos ares, matando Emil, o irmão caçula, e quatro homens. Semanas mais tarde, o velho pai sofreu um derrame do qual nunca se recuperou. Alfred, no entanto, não se deixou abater. Conseguiu um sócio e voltou a fabricar nitroglicerina. Como a prefeitura de Estocolmo negou-lhe permissão para o funcionamento, instalou a nova fábrica numa balsa ancorada num lago das vizinhanças, fora da jurisdição municipal. Os negócios prosperaram rapidamente. Alfred mudou-se para Hamburgo, de onde dirigia os negócios da firma enquanto prosseguia suas pesquisas.
Os riscos de acidentes continuaram elevados até 1867, quando Alfred teve a idéia de misturar à nitroglicerina uma substância inerte, na esperança de evitar explosões acidentais. Deu certo. A nova mistura, denominada dinamite, iria revolucionar a técnica da explosão de minas, a construção de estradas e a sorte das guerras. Além de trazer rios de dinheiro à empresa de Alfred Nobel. Como se tudo isso não bastasse, a sorte também favorecia os negócios de Ludovic e Robert, os dois irmãos que haviam permanecido na Rússia depois da segunda falência familiar.
Robert conseguira reabrir a fábrica de equipamentos militares e, graças a seus antigos contatos, convertera-se, em poucos anos, num dos maiores fornecedores do Exército russo. Além de canhões, granadas, minas e munições diversas, chegou a produzir mais de 500 mil fuzis. Como na Rússia Central, onde estava instalada a indústria, não existia madeira adequada para a coronha desses fuzis, Robert enviou o irmão Ludovic ao Cáucaso, onde, segundo estava informado, as nogueiras cresciam em quantidade. A informação revelou-se inexata: as nogueiras eram raras. Em compensação, Ludovic encontrou petróleo jorrando espontaneamente do solo, junto ao mar Cáspio, na região de Baku.
Não foi bem uma descoberta. O petróleo de Baku já era conhecido desde o tempo de Marco Polo. Mas foi para Ludovic Nobel um achado extremamente feliz, porque feito na hora certa, justamente quando a humanidade, que utilizava a lâmpada de querosene, começava a apreciar o valor do petróleo. Ludovic encontrou Baku praticamente virgem. Logo se apossou das melhores terras, montou uma refinaria e encomendou petroleiros que partiram pelos sete mares. Alfred Nobel, que financiara parte dos investimentos do irmão e já era multimilionário com suas fábricas de dinamite, tornou-se, igualmente, um dos primeiros magnatas do petróleo.
Mas nunca foi feliz. Sua vida sentimental, ao que tudo indica, permaneceu um deserto. Em 1876, pôs num jornal austríaco um anúncio no qual "um senhor de certa idade, rico e muito instruído, residente em Paris", dizia procurar "mulher experiente e de certa classe, que conheça línguas estrangeiras, para Ihe servir de secretária e dama de companhia". Respondeu a esse anúncio a condessa Bertha Kinski von Chinic und Tettau, descendente de uma família arruinada da aristocracia austríaca. Falava alemão, francês, inglês e italiano e, aos 33 anos, sua beleza era fora do comum.
Compreende-se que o solitário Alfred tenha se apaixonado. Conforme conta a condessa em suas memórias, ele teria chegado a se declarar de maneira indireta. Mas não teve sorte. Uma semana depois do primeiro encontro, Alfred partiu em viagem e a condessa fugiu para se casar com seu namorado - Arthur von Suttner -, de quem se afastara temporariamente por pressões da família do rapaz. Apesar de decepcionado, Alfred tornou-se depois um grande amigo do casal Suttner, com quem trocaria, ao longo dos anos, vasta correspondência.
Foi por influência de Bertha, pacifista convicta, que Nobel incluiu no seu testamento um prêmio dedicado à paz, com o qual a própria condessa foi agraciada, em 1905. Pessoalmente, ele não tinha muitas ilusões quanto a esse tipo de iniciativa. Foi um dos primeiros a admitir a teoria do equilíbrio do terror. Escreveu a Bertha: "No dia em que exércitos inimigos possam aniquilar-se em um segundo, todas as nações civilizadas - ao menos é de se esperar - evitarão a guerra e desmobilizarão seus soldados. Por isso, minhas fábricas podem pôr termo à guerra mais rapidamente que seus congressos pela paz".
Com o tempo, menos ilusões sobre a humanidade restavam a Alfred Nobel. Em outra carta, lamenta: "Onde estão os meus numerosos amigos? No fundo lodoso das ilusões perdidas ou demasiado ocupados em escutar o retinir do metal sonante de suas economias? Creia-me, só fazemos numerosos amigos entre os cães que nutrimos com a carne alheia, ou entre os vermes que alimentamos com a nossa própria substância. Os estômagos saciados e os corações arrependidos são irmãos gêmeos". No fim da vida, uma série de contrariedades Ihe acentuaram ainda mais o temperamento sombrio.
Sofria de acessos lancinantes de dor de cabeça, que atribuía ao contato com a nitroglicerina e, a partir dos 50 anos, de crises cada vez mais freqüentes de angina do peito. Além disso, em 1891, viu-se expulso da França, onde residira durante dezessete anos, acusado de espionagem industrial em favor da Itália. Perde, também, um processo nos tribunais ingleses referente a uma valiosíssima patente de um tipo de pólvora sem fumaça. Passa os últimos anos de vida entre a localidade de Bjorkbörn, a 80 quilômetros de Estocolmo, onde cuida do soerguimento da fábrica de armas Bofors, e sua casa italiana em San Remo.
É em San Remo que ele vem a falecer. Como sempre temera, morreu cercado apenas por seus empregados, sem nenhum parente ou amigo, às 2 horas da madrugada de 10 de dezembro de 1896. Um ano antes, assinara a terceira e última versão de seu testamento, dispondo que os rendimentos dos 31 milhões de coroas suecas de sua fortuna deveriam ser "distribuídos anualmente às pessoas que mais benefícios houvessem prestado à Humanidade". Nobel, o homem que detestava prêmios, deixou seu nome ligado ao prêmio mais prestigiado de todos os tempos.

O prêmio máximo da ciência
A cerimônia de entrega do Prêmio Nobel de Medicina em 1952 teve um pormenor diferente. Levada pela mão do pai, uma garotinha ofereceu ao dr. Selman Wakman cinco cravos vermelhos. Era um agradecimento. Os cinco cravos simbolizavam os cinco anos vividos pela menina desde que fora salva pela estreptomicina, o primeiro antibiótico eficaz contra a tuberculose.
Agradecimentos como esse poderiam ter-se repetido inúmeras vezes. Desde que foi distribuído pela primeira vez em 1901, o Prêmio Nobel vem acompanhando as principais conquistas da ciência e da tecnologia neste século. Uma rápida olhada na relação dos trabalhos premiados em Medicina nos mostra o aparecimento das novas drogas milagrosas, como a insulina (1923), as sulfas (1939), a penicilina (1945), a cortisona (1950) e também o desenvolvimento de técnicas revolucionárias, desde os primeiros progressos significativos em sutura vascular e transplantes cirúrgicos de órgãos (1912) até o aparecimento dos eletrocardiogramas (1924) e os últimos avanços da tomografia computadorizada (1979). Não faltam, igualmente, os marcos da pesquisa fundamental, como a determinação da estrutura molecular do ácido desoxirribonucléico (DNA), que transmite as informações fundamentais dos seres vivos (1962).
Na Química, a história se repete desde a descoberta do hélio e dos gases raros em 1904 até as últimas pesquisas que permitem a observação e compreensão das reações químicas em sua essência molecular. Na Física, foram premiadas (em 1901) a descoberta dos raios X, a fotografia em cores (1908), a teoria dos quanta (1918), o transistor (1956), a holografia (1971), a supercondutividade (1972 e 1987).
Discute-se, do ponto de vista moral, as aplicações de muitas dessas descobertas. Entre os laureados do Nobel figuram vários pais da bomba atômica. Mas, ao contrário do que ocorre com os ultracontrovertidos prêmios de Literatura, da Paz e de Economia, a atribuição dos prêmios científicos não costuma provocar muita polêmica. Houve alguns raros esquecimentos notáveis, como o russo Mendeleyev, da tabela periódica dos elementos, ou Albert Sabin, da vacina oral contra a poliomielite. E algumas premiações por descobertas rapidamente ultrapassadas, como a do sueco Nils Dalén, que, em 1912, inventou um regulador automático de gás para a iluminação de bóias e faróis marítimos. Para evitar enganos desse tipo, o Nobel costuma esperar vários anos para ratificar certas novidades, sobretudo se parecerem muito revolucionárias. Albert Einstein publicou a Teoria da Relatividade em 1905, mas só foi premiado em 1921, por seus trabalhos menos controvertidos a respeito de efeitos fotoelétricos.

O Brasil na disputa
Duas vezes o Brasil passou perto de um Prêmio Nobel na área de ciências. Em 1948, o bioquímico Maurício Rocha e Silva, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, SP, examinando o sangue de pessoas que tinham sido picadas por jararacas, descobriu a bradicinina. Essa substância, que em condições normais participa como reguladora de algumas funções como a salivação, a sudação ou as inflamações, inaugurou a classe dos hormônios tissulares - que não são produzidos por glândulas. Cientistas como Crodowaldo Pavan, atual presidente do CNPq, Walter Colli, diretor do Instituto de Química da USP, Ricardo Brentani, diretor do Instituto Ludwig de Pesquisas sobre Câncer, consideram o caso de Maurício Rocha e Silva uma injustiça ou, pelo menos, um lamentável esquecimento. O segundo caso é o do físico nuclear César Lattes. Para o também físico e atual reitor da USP, José Goldemberg, Lattes poderia ter ganho o Nobel duas vezes. A primeira por ter descoberto o decaimento do méson na radiação cósmica natural - prêmio que acabou conferido ao seu professor em Bristol (Inglaterra), Cecil F. Powell, em 1950. E, logo depois, pela descoberta do méson artificial, feita como pesquisador visitante na Universidade da Califórnia (Berkeley).
Deixando de lado as exceções, não ganhamos um Nobel de ciências porque nunca merecemos. E nunca merecemos por quê? Resumindo o diagnóstico mais comum entre os próprios cientistas, Sílvio Roberto A. Salinas, chefe do Departamento de Física Nuclear da USP, lembra que o Brasil nunca teve capacidade econômica para investir maciçamente em pesquisa, como os Estados Unidos, o grande campeão dos Nobel, nem sequer um período de prosperidade como a Argentina das décadas de 20, 30 e 40. E também Ihe faltou a sabedoria política dos indianos, que apesar de todas as suas dificuldades investem tradicionalmente em ciência. Os americanos já obtiveram 149 prêmios Nobel na área de ciências, a Índia um e a Argentina dois.
"Os brasileiros não são mais inteligentes nem mais burros do que os outros" acrescenta Brentani. Mas sua educação é falha desde o primário até a faculdade. Brentani observa, igualmente, que as chances de vitória aumentam no contato direto com cientistas que já ganharam o Nobel. "Só o centro de pesquisas da IBM, em Zurique", exemplifica ele, "já produziu cinco." A grande explicação para a falta de um brasileiro na longa lista dos Nobel, entretanto, é o número ainda pequeno de cientistas no país.
"Quanto maior o número de pessoas que se dedicam a uma determinada atividade, maior a possibilidade de aparecer uma figura excepcional", argumenta Walter Colli. "Não é à toa que Pelé surgiu no Brasil." Pertencente ao clube dos otimistas, Colli acha que apesar de todos os pesares estamos de novo no páreo do Nobel. Na grande área da Biologia experimental, ele vê dois nomes com possibilidades - um em São Paulo e outro no Rio. Mas esses nomes ele não revela.

Quem premia quem
O Prêmio Nobel foi criado atendendo a um desejo manifestado por Alfred em seu testamento. Ele especificou os campos de atividade que desejava incluir - Física, Química, Fisiologia ou Medicina, Literatura e Paz. O prêmio consiste em uma medalha de ouro, um diploma e uma soma variável em dinheiro, que no ano passado foi de 384 mil dólares. Os vencedores são selecionados pela Academia Real Sueca de Ciências (Física e Química), pelo Instituto Real Sueco de Medicina e Cirurgia (Fisiologia e Medicina), pela Academia Sueca de Literatura (Literatura) e por um comitê escolhido pelo Parlamento norueguês (Paz). Os fundos do prêmio são administrados pela Fundação Nobel, em Estocolmo, mas ela nada tem a ver, diretamente, com a escolha dos vencedores. Foi a Fundação, em todo caso, que decidiu premiar trabalhos na área de Economia, a partir de 1969. O prêmio pode ser repartido entre duas ou mais pessoas, como pode não ser distribuído num determinado ano. Nesse caso, serão concedidos dois prêmios no ano seguinte, para a mesma categoria. A cerimônia de, apresentação acontece sempre em 10 de dezembro - aniversário da morte de Alfred -, em Estocolmo, menos o prêmio da Paz, que é entregue em Oslo, na Noruega.





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segunda-feira, 2 de julho de 2012

Esta na mesa - Alimentos


ESTÁ NA MESA - Alimentos



Cereais, frutas e ovos em pó, essências com os aromas mais apetitosos, vegetais que se parecem com carne - estas são algumas técnicas que a indústria encontrou para levar o alimento pronto ao consumidor.

Quando o navegador Amyr Klink atravessou o Atlântico Sul num pequeno barco, há quatro anos, Ievou em sua bagagem 188 diferentes cardápios de alimentos desidratados - concentrados que só podem ser consumidos depois de misturados com água. A proeza de Klink chamou a atenção para essa técnica de processamento de alimentos, hoje popular entre campistas, que é uma amostra significativa da tendência do mundo moderno em valorizar alimentos mais sofisticados, mais nutritivos, mais práticos e mais atraentes. Legumes, frutas, leite e carne desidratados, base dos cardápios de Amyr Klink, preparados pela Nutrimental, empresa paranaense de alimentos desidratados, também estão na, receita de uma centena de sopas prontas, gelatinas, cremes, enlatados e macarrão instantâneo.
Esses produtos, que compõem o leque de opções rotineiras de uma moderna dona de casa, não estavam nem no cardápio dos sonhos de suas avós. E não somente eles. Atualmente, é possível fazer uma omelete com ovos em pó, ou, nos Estados Unidos, até com compostos de ovos, aves e gelatinas, os chamados egglites, embalados em cascas que imitam o original, sem o inconveniente das altas taxas de colesterol. Aliás, os obesos não precisam se preocupar com as limitações da dieta, pois dispõem de uma série de alimentos regados a adoçantes de baixas calorias. E agora já se pensa num substituto da gordura para sorvetes, margarinas e maioneses, a partir de proteínas encontradas no leite e na clara do ovo.
Os suíços chegaram a inventar um chocolate que não se deforma com o calor e só derrete na boca. Para isso, usaram uma fórmula nova de dispersão das moléculas de água nas gorduras do chocolate. Como reza a cartilha do marketing, o que decide a criação dos produtos são o paladar e a necessidade do consumidor. Por isso, as cozinhas experimentais das grandes empresas alimentícias estão sempre abertas às sugestões das pesquisas de opinião.
A Knorr, por exemplo, empresa da área de sopas, acaba de lançar novos tipos de caldos semiprontos, porque constatou que as donas de casa gostariam de um produto em que pudessem acrescentar um toque pessoal. Aliás, a tendência de valorizar o que parece natural, no mundo cada vez mais industrializado de hoje, Ievou fabricantes de iogurtes, cereais em flocos, chocolates, biscoitos etc, a enfatizar o lado caseiro de seus produtos. É como se as receitas de antigamente pudessem ressuscitar sem o mesmo trabalho que exigiam.
Uma outra tendência que também se nota na engenharia de alimentos é o aproveitamento de subprodutos, de que quase ninguém gosta, na fabricação de pratos mais nutritivos, oferecidos a baixo preço. Um exemplo, desenvolvido nos Estados Unidos, é a pasta de peixes, chamada surimi, que está sendo usada como acompanhamento de saladas. Também nos Estados Unidos se experimenta transformar os normalmente desprezados miúdos de boi numa proteína que depois de processada vira um lanche com gosto de banana. E, em todo o mundo, já se usam as propriedades nutritivas da soja na fabricação de óleos de cozinha, margarinas, "leite", mistura para pães, biscoitos, flocos de cereais, salsichas, macarrão, maioneses, sorvetes, chocolates, patês e carne.
Essas pesquisas mostram que as maravilhas que se podem conseguir no ramo da alimentação não significam apenas comodidade. Quanto mais bem aproveitados e melhor conservados os alimentos, maiores as possibilidades de abastecer, por exemplo, grandes conglomerados urbanos. Hoje, 2 bilhões de pessoas (40 por cento da população mundial) se concentram em áreas urbanas e estima-se que na virada do século existirão no mundo 45 megacidades com 5 ou mais milhões de habitantes. Como garantir comida para tantas bocas? A resposta, segundo o engenheiro de alimentos Mauro Faber de Freitas Leitão, do Ital (Instituto de Tecnologia de Alimentos), em Campinas, está no prolongamento da vida útil dos alimentos. Para ele, "além de preservar e prolongar a qualidade dos produtos, a industrialização é uma forma de diminuir os riscos à saúde pública".
Estas técnicas, na verdade, não são novas. O primeiro caçador que salgou e defumou a carne de sua presa para conservá-la estava usando uma técnica que ainda hoje serve para derivados de carne. É claro que o caçador pré-histórico não sabia que o sal diminui a umidade necessária para a proliferação de bactérias. O confeiteiro francês Nicolas Appert (1750-1841), que em 1809 descobriu que recipientes hermeticamente fechados conservam o alimento por mais tempo, também não entendia nada de bactérias.
No entanto. encorajado pela recompensa de 12 mil francos prometida por Napoleão Bonaparte a quem descobrisse uma maneira de guardar as rações do exército em campanha, ele mergulhou seus jarros tampados em banho-maria, descobrindo empiricamente que o calor conserva os alimentos por mais tempo. O grande mérito de Appert foi ter iniciado o armazenamento a vácuo e a esterilização, cinqüenta anos antes que as experiências de seu ilustre conterrâneo Louis Pasteur (1822-1895) permitissem o nascimento da microbiologia, ciência que abriu campo para todos os métodos atuais de conservação. A pasteurização, processo de aquecimento para eliminar as bactérias do leite, recebeu esse nome em homenagem ao cientista francês.
Em 1824, portanto quinze anos depois das descobertas do confeiteiro Appert, duas latas de ervilhas e conserva de carne de carneiro foram deixadas pelo explorador inglês Sir William Edward Parry em algum lugar do Ártico e mais tarde resgatadas. Em 1911, ou seja, 87 anos depois, elas foram abertas e o conteúdo devidamente saboreado sem sobressaltos - ainda estavam em boas condições. As latas de Parry contaram com um importante aliado: o frio. Em temperaturas abaixo de 20 graus negativos, cessa a atividade das bactérias e enzimas, ou proteínas que catalisam as reações químicas dos alimentos.
É a base dos congelados que junto com os freezers e fornos de microondas compõem a infra-estrutura das cozinhas mais modernas. O gelo tem ainda a vantagem de manter os tecidos e impedir a dissolução dos alimentos. Mas, como todos os apreciadores da comodidade dos congelados sabem, a técnica precisa ser bem aplicada. Um resfriamento muito lento forma grandes cristais de gelo no interior e principalmente no espaço entre as células. Ao ser descongelado, o produto imediatamente se deteriora. As empresas processadores de hortaliças, legumes, batatas e pratos prontos usam freezers gigantescos para congelamento por 30 segundos, numa média de 2 toneladas por hora.
Nos últimos trinta anos, a técnica do congelamento evoluiu ainda mais. Surgiu a liofilização, um processo de desidratação de alimentos previamente congelados, cuja água, transformada em gelo, evapora-se sob vácuo. Assim tratados, os produtos quase não sofrem modificações. Eles são preparados em fatias com milímetros de espessura sobre bandejas empilhadas em carrinhos dentro de câmaras frigoríficas acopladas a bombas de vácuo. A temperatura abaixa até 40 graus negativos para elevar-se em seguida, gradativamente, até 20 graus. O processo já foi usado para camarões, carnes de aves e boi, ovos, café solúvel, frutas variadas, para serem misturados a cereais e cogumelos.
A desidratação, usada nos cardápios de Amyr Klink e principalmente na fabricação de leite em pó e cereais para indústria, consiste na retirada de toda a água dos alimentos para evitar a proliferação de bactérias. Essa técnica tem a vantagem de reduzir o peso e o volume, o que facilita o transporte e armazenamento e também o manuseio. Além da liofilização, considerado um método caro, existem dois outros tipos de desidratação: em câmaras ou estufas de ar quente e por pulverização. Este último método é o mais comum. São usados grandes tambores onde o alimento líquido é pulverizado em gotas antes de receber um jato de ar quente e seco que serve para a evaporação de água. Ao sair dos tambores, o produto líquido se transformou em pó.
Independentemente do método que se use para conservar os alimentos, estes nunca mantêm as características que tinham quando estavam frescos. Para conservar a aparência, entram em cena os aditivos, considerados os mais controvertidos componentes dos produtos industrializados. "Eles são um mal necessário", afirma a farmacêutica Marilene de Vuono Camargo Penteado, professora de Fiscalização de Alimentos na Universidade de São Paulo. "Sem os aditivos, os alimentos industrializados perderiam no sabor, no aroma e até na nutrição." Segundo Marilene, se forem obedecidos os critérios dos organismos internacionais que fixam os tipos e quantidades de aditivos nos alimentos, não haverá perigo à saúde da população.
O médico naturalista Mário Bontempo, consultor do Grupo Executivo de Proteção ao Consumidor (Procon), não é tão otimista. Para ele, a aprovação das pesquisas sobre aditivos nos organismos de saúde pública é influenciada pelas indústrias de alimentação. "A maior parte dos aditivos é perigosa", afirma Bontempo. "Quando não têm efeitos tóxicos podem diminuir a resistência imunológica das pessoas." Ele lembra também que muitos aditivos hoje proibidos por serem cancerígenos, como os corantes eritrosina e azul-brilhante, já estiveram na lista de ingredientes de produtos alimentícios.
De qualquer modo, admitem defensores e críticos dos aditivos, o consumidor desconhece a existência desses ingredientes. Eles são assinalados pelos códigos indecifráveis nas fórmulas de todos os alimentos industrializados.
Os que começam com a inicial C, por exemplo, são corantes, presentes em sorvetes, balas, pós para refrescos etc. Os conservadores, com a inicial P, impedem a deterioração de margarinas, concentrados de frutas, refrigerantes. Os acidulantes (letra H) dão um sabor agridoce que imita frutas em balas, pós para sorvetes e produtos de confeitaria.
Há ainda os antioxidantes (letra A), que evitam a formação de ranço em alimentos que contêm gorduras. Os aromatizantes e flavorizantes (letra F) repõem ou aumentam o aroma perdido nos processos industriais. Estabilizantes (ET) mantêm a aparência uniforme de margarinas e maioneses, e espessantes (EP) aumentam a viscosidade de geléias e pós para pudins. Os edulcorantes (D) são a sacarina e o ciclamato dos produtos dietéticos, e os umectantes (U) e antiumectantes (AU) evitam ou favorecem a umidade, principalmente em temperos.
Os aditivos são um bom exemplo das possibilidades de industrialização de alimentos, mas também das indagações sobre as conseqüências que ela traz à saúde. Os naturalistas alertam contra a contaminação e também acusam o apelo consumista dos produtos industrializados. Seus defensores afirmam que eles são mais seguros do que os alimentos supostamente naturais. Para o bioquímico Franco Lajolo, do Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, "a sociedade moderna tornou os alimentos industrializados inevitáveis. Cabe às empresas o controle apropriado de qualidade e, ao governo, a vigilância sobre esses alimentos. Mas cabe à população informar-se, em vista da participação desses alimentos na própria saúde".

A radiação nos alimentos

Há trinta anos, o homem vem fazendo experiências com o objetivo de usar nos alimentos a mesma radiação já aproveitada pela Medicina nas câmaras de cobalto da radioterapia. Nesse caso, os alimentos é que são bombardeados pelos raios gama procedentes do cobalto 60 e do césio 137 armazenados numa câmara de cimento blindada. A radiação produz mudanças químicas que alteram os processos normais das células vivas, o que inibe a brotação em batatas, cebolas e alhos, atrasa a maturação das frutas e acaba com as bactérias. O Centro de Energia Nuclear da Agricultura, em Piracicaba (SP), que trabalha com a irradiação de alimentos desde 1968 pôde conservar grãos de arroz, feijão e milho durante dez anos, além de dobrar o tempo de vida de frutas - mamão, abacate, laranja, pêssego e morango.
A legislação internacional sobre irradiação de alimentos foi cautelosa até o início da década de 70. Em 1976, um comitê misto das Nações Unidas recomendou a aceitação incondicional de cinco alimentos irradiados: frango, mamão, batata, morango e trigo. Em 1981, o comitê garantiu que não há perigo de contaminação em alimentos irradiados com doses mínimas. A radiação passa através dos corpos. Portanto, um alimento irradiado não retém radioatividade. Mas, como tudo o que se refere à energia nuclear, a irradiação sofre restrições de médicos e grupos ecologistas. Eles afirmam que, embora não se tenha constatado nenhum efeito nocivo nos alimentos irradiados, as modificações químicas que eles sofrem ainda não foram totalmente estudadas. No Brasil, o método está sendo usado, ainda em pequena escala, no armazenamento de cebolas e batatas. No ano passado, foi testado para deter o amadurecimento de papaias e mangas, com o objetivo de preservá-las para exportação.





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segunda-feira, 2 de julho de 2012

A Ciência do Equilíbrio - Medicina Oriental


A CIÊNCIA DO EQUILÍBRIO - Medicina Oriental



A Medicina chinesa é muito mais do que acupuntura e muito menos misteriosa do que parece. Depois de milhares de anos, o Ocidente começa a descobrir os segredos do Yin e do Yang - a chave da saúde.

Problemas não escolhem hora nem lugar, diz o ditado. Assim, no meio de uma visita à China, em 1972, o jornalista americano James Reston, vítima de uma súbita apendicite, teve que ser internado às pressas. O hospital era tão bem equipado quanto qualquer outro do Ocidente e a cirurgia poderia ser chamada de convencional, não fosse o fato de Reston ter permanecido acordado e de as drogas anestésicas terem sido substituídas por algumas agulhas espetadas em seus braços.
Mais notável ainda é o caso do guitarrista Kalau, pseudônimo de Christian Keul, líder da BAP, a primeira banda alemã de rock a se apresentar na China, há um ano. Pouco antes de começar o concerto, Kalau caiu do palco, batendo o joelho no cimento com tanta força que quase desmaiou de dor. O espetáculo seria cancelado, quando um chinês, de 30 e poucos anos, ofereceu ajuda. "Ele passava a mão sobre o joelho sem tocá-lo e quando, finalmente, jogou algo imaginário no machucado, as dores desapareceram", conta o roqueiro, que, então, pôde voltar ao palco.
Os episódios refletem uma bifurcação existente na China, onde o paciente pode escolher entre tratamentos da Medicina ocidental - como cirurgias - e terapias milenarmente usadas pelos orientais como massagens. Os médicos chineses também podem optar por uma formação ou por outra, pois existem tanto faculdades de Medicina ocidental quanto de Medicina tradicional. Mas o que se ensina nelas é bastante diferente, a começar pelas técnicas de diagnóstico. Quem cursa a faculdade de Medicina tradicional, por exemplo, leva cinco anos aprendendo a perceber detalhes de seus futuros pacientes, como a aparência da pele, o jeito de andar, o aspecto da língua e os 28 tipos de pulsação descritos pelos chineses.
As noções de fisiologia da Medicina tradicional chinesa também são completamente diferentes. É onde entram os conceitos, cada vez mais falados no Ocidente, de Yin e Yang. Há quatro anos o fisiologista Marco Aurélio Dornelles, da Universidade de Campinas, embarcou para a China, a fim de fazer um curso de Medicina tradicional, com duração de quatro meses. "Metade desse tempo eu perdi só para assimilar Yin e Yang", conta ele com voz mansa e forte sotaque gaúcho. Yin e Yang, segundo os orientais, são pólos opostos de uma energia chamada Qi (pronuncia-se "tchi"),que está presente em tudo no Universo.
Saúde, por este ponto de vista, é a energia interna do organismo equilibrada e em harmonia com as energias do ambiente. Alguém com muito Yang, por exemplo, será agitado; muito Yin, porém, leva a estados de desanimo. O balanço adequado de Yin e Yang, contudo, ainda não é suficiente. Entre um extremo e outro, de acordo com a Filosofia chinesa, existem cinco diferentes estados de energia, correspondentes a cinco elementos: madeira terra, metal, água e fogo.
Parece um jogo infantil: a madeira alimenta o fogo; o fogo, por intermédio da cinza, forma a terra; a terra gera o metal; o metal derrete e vira água; e a água alimenta a madeira. Mas, ao mesmo tempo que um elemento produz o outro, eles também se anulam: o fogo derrete o metal e este corta a madeira; a madeira invade a terra, que represa a água; a água finalmente apaga o fogo. Isso, aparentemente, nada tem a ver com Medicina. Para os chineses porém, sem isso nem há Medicina. Pois cada uma dessas energias, para eles, controla um dos órgãos que regem a orquestra do organismo - os rins, o baço, o fígado, os pulmões e o coração. Estes, por seu lado, governam cada qual uma série de outros órgãos.
Por isso, para a Medicina chinesa, uma doença nunca afeta uma parte do corpo isoladamente. Por exemplo: o pulmão é metal; logo, ele alimenta os rins, que são água. Isso significa que um pulmão fraco enfraquece os rins. E, como os rins controlam os ossos, estes também se prejudicam. Reumatologistas franceses constataram recentemente que pessoas que sofreram na infância de problemas pulmonares, como bronquites, costumam ter doenças nos ossos entre os 50 e 60 anos de idade. O que os cientistas constatam hoje já foi observado há quase 5 mil anos, no Nei ching ("O tratado interno"), o primeiro livro conhecido sobre acupuntura, a terapia baseada na aplicação de agulhas em pontos do corpo. Nele já se descrevia o câncer - explicado como conseqüência de emoções reprimidas, que acabariam por criar uma energia autodestrutiva no organismo.
Para os chineses, corpo e mente são inseparáveis. "Até hoje, não entendo como se tratam úlceras com medicamentos para o estômago, quando todos estão cansados de saber que ela é uma doença ligada à ansiedade", reclama, inconformado, o médico Jou Eel Jia. Chinês da província sulina de Zhuangzu, com 33 anos, formou-se no Brasil e voltou ao seu país para se especializar em Medicina tradicional. Desde 1981, clinica em São Paulo.
"A maioria das pessoas presume que um tratamento se faz exclusivamente à base de agulhas", explica ele. "Mas, além da acupuntura, a Medicina chinesa conjuga dietas, exercícios, massagens e, principalmente, ervas." Os chineses, que conhecem quase 6 mil espécies de ervas, acreditam que há sempre um chá capaz de resolver um problema. Assim, dente-de-leão, que no Ocidente é considerado capim, para os chineses é um ótimo regulador de hormônios. Em casos de artrite, a beberagem é uma infusão de angélicas. Já folhas de cebola são eficazes para estancar hemorragias - e por aí afora. Uma típica receita de chá combina, em média, de três a quinze ervas, para que uma corte os possíveis efeitos colaterais da outra.
As grandes farmácias, na China, chegam a aviar 2 mil receitas dessas diariamente. Com a modernização do país nos últimos anos, algumas farmácias já estão automatizadas, com máquinas que distribuem as ervas nas proporções indicadas pela receita, sem contato manual. O uso de ervas na Medicina oriental não se confunde, porém, com o da homeopatia, modalidade de Medicina ocidental que também lança mão de medicamentos naturais. "Uma erva e uma pílula feita à base dessa erva não são idênticas", explica Jou. "As duas terão o mesmo efeito sobre certo sintoma, já que os radicais (átomos que determinam as características da substância) de suas fórmulas químicas são iguais. Mas a erva, por ter ainda a energia, ou o Qi, agirá sobre as causas."
Os exercícios físicos também são uma importante terapia para os orientais. Na Medicina chinesa, movimentar-se é deixar fluir a energia do corpo - e nesse fluir está a saúde: Assim todas as manhãs, milhões de chineses podem ser vistos em lugares públicos, praticando sossegadamente o Tai Chi Chuan ("O máximo do extremo") uma ginástica que mais lembra um balé em câmera lenta. Mas o chinês imóvel, de olhos fechados em plena rua, que de repente faz um movimento brusco, quase espasmódico, não está fazendo propriamente ginástica. Ele está, isto sim, exercitando-se nas arcaras artes do Qigong (que significa "a técnica da energia" e pronuncia-se "tchigon"), talvez a mais procurada forma de tratamento na China, depois das ervas.
O roqueiro alemão Kalau certamente foi tratado por um mestre de Qigong. Os chineses, dizem os mestres dessa espécie de massagem sem força mecânica, aprendem a acumular energia, a fim de passá-la, através das mãos, para o corpo da pessoa doente ou com dor. Atualmente, o Qigong já é ensinado nas faculdades de Medicina tradicional da China, mas durante muito tempo os seus segredos eram passados de mestre para discípulo, como uma iniciação da qual, aliás, as mulheres estavam excluídas. Até hoje, só 20 por cento dos massagistas de Qigong têm formação médica.
É o caso de Kong Li Chi, ex-médico de várias seleções olímpicas chinesas, que veio ao Brasil em maio último. O Qigong faz parte de sua vida desde a infância, quando observava o avô materno exercitar-se. "Ainda treino de uma a duas horas por dia", conta ele, aos 44 anos. Quem o vê nesses momentos tem a impressão de que está apenas fazendo leves movimentos circulares com os braços. Mas a aparência engana: ao tocá-lo, nota-se que emprega toda a sua força muscular nesses movimentos. Para manter a energia que capta com esses exercícios, um mestre de Qigong não pode fumar nem beber, deve dormir no mínimo oito horas por dia e, se adoecer, mesmo que se trate de um reles resfriado, não pode fazer a massagem, porque deve passar uma energia absolutamente saudável para os outros.
A existência dessa energia já foi registrada por aparelhos sofisticados como os de ressonância magnética, que utilizam ímãs poderosos para obter imagens do organismo. A Academia de Ciências da China compara a energia do Qigong à radiação infravermelha de baixa freqüência. Tamanho é o prestígio do Qigong ali que as grandes estrelas do esporte chinês têm um massagista dessa técnica em sua equipe. Pois se acredita que o Qigong não só resolve problemas como distensões e torções mas também elimina dores e dá energia extra para o atleta competir.
Nas Olimpíadas de Los Angeles, em 1984, Kong foi massagista do ginasta chinês Li Ning. Talvez não por acaso, Li conquistou três medalhas de ouro e uma de prata, sendo chamado pela imprensa americana de "a torre de força". Outras massagens orientais diferem do Qigong por não transferir a energia de uma pessoa para outra e sim desbloquear a própria energia: e o caso do Shiatsu e do Do-in - este, uma automassagem -, já bastante difundidos no Ocidente. Essas massagens são feitas sobre os meridianos, os canais por onde, segundo os chineses, passa a energia do corpo.
Existem catorze meridianos principais. Quando a energia se desequilibra ou fica bloqueada em um deles, então adoecem os seus órgãos correspondentes. Os chineses acreditam que a aplicação de calor sobre determinados pontos dos meridianos pode fazer tudo voltar ao normal, por isso queimam bolas de ervas compactadas, chamadas moxas, sobre a pele. Mas, em geral, os pacientes preferem as célebres agulhas da acupuntura. Os médicos ocidentais sabem até por que a acupuntura funciona em casos de dor, pois constataram que ela ajuda o cérebro a liberar endorfina, o analgésico natural do organismo.
"Associadas a pequenos estímulos elétricos, durante meia hora, as agulhas permitem que uma mulher suporte uma cesariana", informa o médico Jou Eel Jia. O médico paulista Júlio Abramczyk conta, impressionado, que num congresso internacional de Cardiologia, em Washington, há dois anos, os chineses relataram um estudo sobre mil casos de cirurgia de troca de válvulas cardíacas. Em todos eles, sem exceção, a única anestesia usada foi a acupuntura.
Mas ainda não está claro para os ocidentais se e como as agulhas funcionam em casos que não envolvem dor. Não se sabe, por exemplo, por que uma agulha espetada no pulso cura bronquite. Para os chineses, esse é um falso problema: a resposta, como sempre, está no Yin e Yang, os dois pólos da energia vital, postos em equilíbrio no ponto do pulso correspondente ao pulmão. "Da mesma forma como posso provocar a produção de endorfinas, posso estimular a produção de qualquer hormônio", desafia Jou. Ele conta que, certa vez, trabalhando no ambulatório de um hospital em São Paulo, espetou duas agulhas numa mulher que não tinha leite para o filho recém-nascido. "Vinte minutos depois, os seios começaram a inchar e liberar leite. As agulhas só fizeram estimular a produção do hormônio prolactina."
Desde a recente abertura chinesa para o mundo, os próprios orientais passaram a buscar explicações para a sua Medicina nos conceitos da Medicina convencional do Ocidente. Da mesma forma, nos Estados Unidos, França e Alemanha, uma batelada de pesquisas ainda não concluídas trata de observar as alegadas maravilhas da Medicina chinesa com olhos ocidentais. Uma grande preocupação dos cientistas é separar nitidamente técnicas médicas de eficiência comprovada (embora sustentadas em teorias algo nebulosas) da simples charlatanice, como a que se pratica em certos consultórios de fundo de quintal, a título de Medicina chinesa.

Energia no computador

Pode a Informática ter alguma utilidade para a milenar Medicina oriental? O fisiologista Marco Aurélio Dornelles, da Unicamp, acha que sim. Tanto que resolveu criar um programa de computador, que está sendo usado experimentalmente, capaz de analisar a energia em cada meridiano do paciente. A inspiração surgiu no Japão, onde Dornelles estagiou após ter estudado Medicina tradicional na China. Foram cientistas japoneses que, em meados da década de 50, provaram que existe uma variação na eletrocondutividade da pele - coincidência ou não, ela é maior justamente nos pontos de acupuntura identificados pelos antigos chineses.
A descoberta dos japoneses permitiu avaliar a energia dos meridianos com um aparelho simples: um medidor de microampères ligado a dois eletrodos - um na mão do paciente e outro, com forma de martelo, que encosta nos pontos. Dornelles usa esse equipamento para medir 24 pontos nas mãos e nos pés, selecionados como chaves para se ter uma idéia geral do estado de saúde do organismo. O valor de cada ponto é teclado no computador, que então calcula o valor geral médio. "Não importa se a média é alta ou baixa", explica Dornelles, "mas todos os pontos devem estar dentro dela." Se isso não acontece, o programa indica com precisão que pontos devem ser sedados ou tonificados. "Isso não substitui a percepção do médico", diz Dornelles, "mas sem dúvida é um importante instrumento de diagnóstico."





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segunda-feira, 2 de julho de 2012

Os que vão morrer - Gladiadores


OS QUE VÃO MORRER - Gladiadores



Considerados cruéis e violentos, os torneios de gladiadores levavam os antigos romanos ao delírio. Serviam como termômetro da popularidade dos imperadores que ao promovê-los demonstravam apreço pelo povo.

Quando a banda de música entoava os primeiros acordes, era sinal de que ia começar o desfile dos gladiadores no anfiteatro da Roma imperial. Desarmados, eles davam a volta na arena e depois, perfilados, paravam diante do imperador e exclamavam: "Ave, Imperador, os que vão morrer te saúdam". Então principiavam os combates, que provocavam excitação nos romanos e cujo final era, quase sempre, a morte. Na arena, pares de gladiadores davam um verdadeiro show de destreza, agilidade e coragem. Um homem alto e forte, vestido com um calção curto, manejava uma grande rede com a mão direita; na esquerda empunhava um tridente - quem lutava com esse armamento era chamado retiarius.
Com gestos precisos, o retiarius tentava enredar o adversário, um secutor, que combatia com espada, escudo e um elmo liso, para que a rede não o envolvesse com facilidade. Se o retiarius capturava o secutor, matava-o com o tridente. Não longe deles, outra dupla se batia: um thraex (trácio), com seu punhal curvo e um pequeno escudo redondo, se defendia de um mirmillo, que usando elmo e escudo retangular como proteção procurava atingi-lo com sua afiada espada.
Venciam os mais hábeis e corajosos, e a violência e o sangue deliciavam a platéia. No calendário de diversões dos romanos, do final do século II a.C. ao século V d.C., esses torneios foram muito populares. Neles se inspirou o poeta latino Marcial, no século I, para escrever versos que exaltavam a valentia de um gladiador: "Hermes faz as delícias de Roma e de seu século; Hermes é hábil no manejo de todas as armas; Hermes é gladiador e mestre de esgrima; Hermes é o terror e o espanto de seus rivais; Hermes sabe vencer, e vencer sem golpear; Hermes só pode ser superado por si mesmo".
Os gladiadores eram, na maioria, escravos, prisioneiros de guerra ou alugados por seus senhores, homens condenados a trabalhos forçados ou jovens livres, de famílias empobrecidas, que abraçavam a profissão em busca de dinheiro e recompensas generosamente distribuídas aos vitoriosos. Havia também os condenados à morte, mas estes não podiam se defender - entravam na arena desarmados. Alguns gladiadores escravos até se aposentavam quando, após determinado número de combates, recebiam a liberdade, simbolizada por uma espada de madeira, além de ouro e jóias.
Escravos ou homens livres, num aspecto os gladiadores eram iguais: tinham invejáveis condições físicas. Todos, sem distinção de classe social, admiravam os lutadores. As mulheres, sobretudo. No século I, o poeta Juvenal satirizou um gladiador de nome Sérgio, que tinha os olhos sempre lacrimejantes, o rosto coberto de cicatrizes e o nariz permanentemente esfolado pelo uso constante do elmo. Apesar desses defeitos, Sérgio vivia rodeado de belas mulheres, patrícias e plebéias. Segundo o poeta romano Ovídio (43 a.C.-17 d.C.), as romanas freqüentavam os espetáculos pelos mesmos motivos que levam as mulheres modernas ao jóquei ou aos estádios esportivos: para verem e, sobretudo, para serem vistas.
Essa admiração feminina pelos gladiadores convertia-se, por vezes, em rumorosos casos de amor. Dizia-se que Cômodo, filho do imperador Marco Aurélio e de sua mulher Faustina, era, na realidade, fruto de um amor proibido entre ela e um gladiador. Embora os combates fossem provas de habilidade, técnica e domínio dos nervos, a morte era sua principal finalidade, e devia ser digna para não decepcionar o público. Para tanto, existiam em Roma, Alexandria, Pérgamo, Cápua e inúmeras cidades do império escolas especializadas no treinamento desses lutadores.
Nelas, a disciplina era rigorosa e a lei vigente era a do chicote, pois ali se misturavam criminosos, escravos e homens livres. Esse tratamento, por vezes, levava alguns ao suicídio ou à revolta. Eles aprendiam a lutar com uma enorme variedade de armas e, freqüentemente, os gladiadores não se enfrentavam com o mesmo armamento. Da mesma forma que um retiarius enfrentava um secutor e um thraex um mirmillo, havia também os samnitis, que usavam escudo grande e oblongo, capacete com viseira e espada curta. Os hoplomachi iam para a arena completamente protegidos por uma couraça, além de perneiras, viseira e escudo. Outros, como os essedarii, lutavam em cima de uma carruagem, enquanto os andabatae combatiam a cavalo, com um escudo e uma viseira totalmente fechada que os deixava às cegas. Os dimachaearum lutavam com uma pequena espada em cada mão e os laquearii usavam apenas um laço para derrotar seus adversários.
Embora usassem equipamentos diferentes, as condições dos gladiadores deviam ser equilibradas, para que nenhum deles ficasse em posição de inferioridade diante do outro. Isso tudo porque ao público não interessava apenas o contraste entre dois homens, mas entre diferentes técnicas de luta. Os condenados à morte, desarmados eram levados à arena geralmente ao meio-dia, horário em que o anfiteatro estava quase vazio. Era comum que os gladiadores enfrentassem feras, como leões ou panteras. Essas lutas eram chamadas venationes (caçadas), e conta-se que Pompeu (106-48 a.C.), general da República, fez matar quinhentos leões em cinco dias, enquanto Júlio César, também general (100-44 a.C.), promoveu a matança de quatrocentos num único dia.
Não há dúvida de que tais espetáculos eram acontecimentos oficiais que faziam parte da vida da cidade. A visão tradicional que se tem desses combates foi inspirada na célebre frase de Juvenal de que o povo só queria pão e circo. Mas os historiadores discordam. "A versão de que o imperador para governar tinha que dar pão e circo é simples demais, até porque ele participava pessoalmente das cerimônias e ali media sua popularidade", explica a historiadora Maria Luiza Corassin, da USP.
"Os cidadãos de Roma tinham direito a alguns privilégios e os espetáculos promovidos pelo imperador eram uma forma que ele tinha de demonstrar seu apreço pela população, que, obviamente, não era ociosa como se costuma imaginar", afirma Maria Luiza, professora de História de Roma. Os espectadores participavam do espetáculo com entusiasmo, gritando o nome de seus favoritos, alertando-os para as manobras de seus antagonistas e mesmo dando sugestões que, muitas vezes, se revelavam úteis até para os lutadores mais experientes. Na véspera dos combates, havia um banquete para gladiadores, mestres, admiradores e apostadores - estes queriam vê-los de perto para apostar com mais segurança. No dia seguinte, os armamentos eram inspecionados e as armas deviam estar bem afiadas.
Quando não havia vencedores - e isso podia acontecer -, o combate era anulado. Se o vencido não estava morto, a decisão de matá-lo ou não cabia ao vencedor, que sempre a transferia ao imperador ou à autoridade que o representava. Mas. normalmente, interrogava-se o público. O derrotado podia pedir clemência erguendo um dedo da mão esquerda, mas os mais valentes recusavam-se a isso e assim ganhavam a simpatia dos espectadores, que, levantando o polegar da mão direita, gritavam: "Livre, livre". Se, no entanto, abaixassem o polegar, era morte certa. Aos gritos de "degola, degola", o derrotado tinha o pescoço cortado.
Nos intervalos das lutas, a arena cheia de sangue era coberta com areia limpa pelos servos. Ao mesmo tempo, retiravam-se os mortos e feridos. Nas arquibancadas, vendiam-se refrescos, salsichas e bolos, da mesma forma que hoje nos estádios de esportes se vendem refrigerantes, cerveja e cachorro-quente.
A origem dos sangrentos combates de gladiadores remonta aos tempos dos etruscos, muito antes de a cidade de Roma ser fundada. Os antepassados dos romanos enterravam seus mortos executando rituais fúnebres, entre os quais se incluíam lutas onde servos e escravos eram sacrificados em honra ao morto. A princípio tinham caráter puramente religioso e só aconteciam de vez em quando, com a finalidade de tranqüilizar o espírito dos mortos.
Já no final da era republicana tais lutas não tinham mais relação com cerimônias fúnebres. A primeira vez que se ofereceu um torneio de gladiadores aberto ao público em geral foi em 264 a.C., quinhentos anos depois da fundação de Roma. Naquela ocasião, três duplas se enfrentaram. Um século depois, em honra à memória do pai do general da República Tito Flávio (227-174 a.C.), promoveu-se um torneio que durou três dias, com combates de 74 gladiadores. Nessa época, o espetáculo era patrocinado por particulares e só em 105 a.C. os cônsules Rutilo Rufo e Caio Manlio organizaram pela primeira vez um combate com caráter oficial. Ao se transformar em espetáculos públicos, as lutas perderam definitivamente qualquer ligação com a religião.
Mas era preciso um local apropriado para os torneios e por isso os romanos inventaram o anfiteatro. O primeiro foi construído em 53 a.C. A rigor, eram dois teatros de madeira, um de costas para o outro. Dessa forma serviam apenas para representações teatrais, mas, quando havia um torneio, um mecanismo girava os dois teatros, que se juntavam e formavam uma elipse: o anfiteatro. Antes da invenção, os combates se realizavam no fórum, onde se montava uma estrutura de madeira para essa finalidade. Sob os imperadores é que os torneios se incorporaram definitivamente ao calendário das diversões romanas.
Foi durante o reinado de Augusto (de 31 a.C a 14 d.C.) que se construiu o primeiro anfiteatro permanente, destruído no incêndio de Roma em 64. Só no tempo da dinastia dos Flávios é que se iniciou a construção do Coliseu, durante o governo de Vespasiano (69-79), entre os anos 70 e 72. Ele foi inaugurado por Tito em 80.
Com quatro andares e capacidade para abrigar 60 mil pessoas, tinha vários portões por onde entravam os espectadores com fichas numeradas. Nas primeiras filas sentavam-se as autoridades e nas restantes o público em geral. Às mulheres só era permitido sentar nas partes mais altas das arquibancadas, por sinal muito desconfortáveis. Já no Circo Máximo, que comportava 250 mil pessoas, realizavam-se corridas de quadrigas - carros com estrutura de madeira muito leve puxados por quatro cavalos. Em cima do carro ia o auriga, ou cocheiro, precariamente equilibrado.
Vestido com uma túnica leve, capacete de metal, faixas protegendo as pernas e chicote na mão direita, trazia as rédeas presas à cintura. Vencia quem chegasse primeiro à meta final e quem conseguisse sobreviver aos acidentes, muito freqüentes. Um auriga famoso foi Marco Aurélio Polinice, que chegou a correr num carro puxado por oito cavalos - verdadeira façanha, em carros tão frágeis e sem equilíbrio. Os imperadores adoravam promover torneios. Augusto, por exemplo, durante seu longo governo organizou oito, nos quais combateram 10 mil homens. Muito mais longe foi Trajano (período de 98-117): num espetáculo que durou 117 dias, ele fez lutar esse mesmo número de gladiadores. O luxo também cresceu e no reinado de Nero (54-68) os lutadores exibiam vestes enfeitadas de âmbar.
Domiciano, que governou de 81 a 96, chegou ao cúmulo da sofisticação ao organizar combates noturnos nos quais as espadas brilhavam na escuridão. Não sabendo mais o que inventar, esse imperador lançou pigmeus e mulheres na arena. Ao lado disso, o comércio de gladiadores tornou-se um negócio muito lucrativo e os organizadores dos torneios recorriam a empresários, que eram donos das escolas de gladiadores - os lanistas -, para comprá-los. Mas houve quem, diante da perspectiva de servir de diversão, optasse pela rebelião. A mais famosa e perigosa delas foi promovida por Espártaco, um prisioneiro de guerra trácio que amotinou a escola de gladiadores de Cápua em 73 a.C. Líder de mais de 60 mil homens, ele conseguiu derrotar exércitos e balançar os alicerces da República, até ser aniquilado. Os torneios foram abolidos em 313 pelo imperador Constantino, mas sem muito sucesso, pois continuaram até o século V, quando se tornaram definitivamente proibidos.

Gladiadores modernos

O prazer de assistir sentados a cenas violentas e sangrentas não foi, com certeza, privilégio dos antigos romanos. Em junho deste ano milhares de pessoas em todo o mundo assistiram pela televisão à grossa pancadaria na qual o lutador Mike Tyson derrotou seu adversário Michael Spinks, esmurrando seus braços, ombros, cabeça, baço e rosto. Por apenas 91 segundos de socos e sangue, 22 mil espectadores que lotaram o Cassino Trump Plaza, em Atlantic City (EUA), pagaram de 100 a 1 500 dólares (cerca de 32 mil a 476 mil cruzados, valores do final de julho). Nas primeiras filas era possível distinguir personalidades como os atores Jack Nicholson e Warren Beatty, a sensual cantora Madonna e até mesmo o romancista Stephen King, especialista em histórias de terror.
O espetáculo rendeu 70 milhões de dólares (cerca de 22 bilhões de cruzados) e só a emissora de televisão americana HBO, que comprou os direitos de gravação, pagou 3,1 milhões de dólares (ou 951 milhões de cruzados). Sem falar nas emissoras do mundo inteiro que adquiriram os direitos de retransmissão. Mas foi Tyson quem mais faturou: 22 milhões de dólares (6,9 bilhões de cruzados), enquanto Spinks recebeu 13,5 milhões de dólares (4,2 bilhões de cruzados) para apanhar. Considerado o mais impressionante fenômeno do boxe desde que Muhammad Ali (Cassius Clay) deixou os ringues em 1980, Tyson é o atual campeão mundial dos pesos pesados.
O boxe é o único esporte moderno em que o objetivo dos contendores é causar dano físico ao adversário. Embora não busquem matar, como seus antepassados da Roma imperial, isso não está formalmente proibido - e as mortes nos ringues têm sido bem freqüentes.
As origens do boxe podem ser buscadas na Grécia antiga, mas foi no final do século XVII, em Londres, que ele se transformou num esporte, com regras e regulamentos. Entretanto, no governo da rainha Vitória (período de 1837 a 1901), tanto a Igreja quanto a polícia passaram a reprimir o violento esporte. O boxe, então, emigrou para os Estados Unidos, e ali nasceram e se formaram suas maiores estrelas: Joe Frazier, Joe Louis, Rocky Marciano, George Foreman, Cassius Clay, entre outros.





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domingo, 17 de junho de 2012

Vírus Ameaçam os Computadores - Informática


VÍRUS AMEAÇAM OS COMPUTADORES - Informática



Eles são introduzidos sub-repticiamente nos programas. Mais tarde, sob determinadas condições, começam a agir, fazendo piadinhas ou apagando tudo que estiver registrado na memória. Contra eles já se mobilizam governos e corporações, em busca de antídotos e vacinas. Ele está programado para destruir. Para isso, aloja-se entre os milhares de linhas algorítmicas que instruem a ação da computador. Quando ninguém espera, ele toma conta do cérebro eletrônico e destrói toda a inteligência que está armazenada. Numa fração de segundo, uma poderosa máquina de processamento de dados se apaga. Sua memória se esvazia. Por incrível que pareça, tal poder de destruição está contido em umas poucas linhas de instrução de um programa de computador - ou software. Todos os computadores estão sujeitos à infecção, mesmo os maiores, mais sofisticados e modernos. Isso justifica o alarme dos cientistas e técnicos de grandes empresas, como a IBM, e órgãos de defesa estratégica das grandes potências. Eles se preparam para um novo conceito de guerra, uma guerra que não mobiliza soldados nem canhões nem mísseis. Uma guerra silenciosa e rápida, mas que pode pôr o mundo num verdadeiro caos. É a softwar. Se algum dia for desencadeada, pode parar todo o sistema de telecomunicações de um país, levar à falência grandes conglomerados financeiros, interromper os meios de transporte de massa e até mesmo apagar todo o conhecimento científico armazenado em bancos de memória eletrônica. Enfim, parar tudo, como se desligasse uma chave de força. Os computadores são, a rigor, máquinas de cálculo que utilizam falsas chaves de liga (on) e desliga (off) como meio de linguagem para entender e processar dados. On é representado pelo número 1 e off pelo número 0. É o que se chama linguagem binária. Uma seqüência de oito zeros e uns é utilizada para expressar cada letra, número ou pontuação existente no teclado do computador. Cada um desses zeros e uns é chamado bit. Cada seqüência de oito bits é chamada byte. Uma das razões de os primeiros computadores terem sido tão grandes a ponto de ocupar o espaço de grandes salas é que era preciso uma válvula eletrônica para cada bit. Certa vez, uma mariposa voou para dentro de um daqueles velhos gigantescos computadores - e o colocou fora do ar. Daí se originou o termo bug, que em inglês também significa inseto pequeno. "Bug" hoje em dia é o termo utilizado para indicar que há um problema em um programa. E "debugging" é a arte de limpar um programa. Um computador é uma máquina ignorante e sem qualquer utilidade, a menos que seja minuciosamente instruído. Só assim ele mostrará suas extraordinárias qualidades: a capacidade de armazenar informações (memória) e uma grande velocidade para trabalhar com elas. A inteligência dessa máquina está apenas no programa (ou software) que lhe damos, isto é, nas instruções que "ensinam" a máquina a fazer um trabalho. Os termos software e hardware já se confundem nos modelos mais modernos, que saem da fábrica com um programa armazenado em seu interior. São chamados firmware. Cada novo avanço obtido na técnica da computação aumenta sua utilidade para a sociedade. Computadores controlam o tráfego nas grandes cidades, os metrôs, os bancos, as redes telefônicas, as grandes lojas e os supermercados. Hoje nossa vida depende mais de um computador do que ontem e certamente dependerá ainda mais no futuro. Não existe volta. A sociedade de hoje não seria o que é sem a ajuda de centenas de milhares de computadores espalhados pelo mundo. Todos eles, independentemente de quem os fabricou e que configuração tenham, trabalham da mesma forma. São máquinas que executam tarefas numa velocidade cada vez maior, alimentadas por programas que qualquer pessoa pode criar. E aí está seu ponto fraco. Nada impede, teoricamente, que alguém instrua o computador do metrô a "esquecer" os freios quando chegar na estação final. Ou que, na calada da noite, "entre" no programa do computador do banco e o instrua a somar mensalmente todos os centavos de milhares de contas e depositá-los na sua própria conta. Ou então, pior: instrua os computadores do Banco Central a destruir suas memórias em determinado dia e hora. Seria o caos. Crimes desse tipo já vêm acontecendo há algum tempo - felizmente ainda em pequena escala. A arma utilizada são os chamados "programas destrutivos", ou "vírus" de computador. A primeira aparição desse tipo de software, ou softbomb, como alguns o chamam, aconteceu no início dos anos 70. Certo dia se descobriu que o sistema computadorizado de comunicações do Departamento de Defesa dos Estados Unidos estava infiltrado por um pequeno programa-vírus, apelidado de "creeper" (aquele que se move furtivamente). Para acabar com o creeper foi escrito um programa destinado a procurar e destruir, apelidado de "reaper" (ceifador). Mais tarde surgiram os "cavalos de Tróia", programas que, quando introduzidos num grande sistema de computação, funcionam como uma bomba-relógio, esperando que alguém digite determinada palavra-chave que detona uma instrução maligna para o computador. A forma mais avançada desses vírus foi criada por Fred Cohen, da Universidade de Cincinnati, Ohio (EUA). Quando era aluno de pós-graduação, em 1983, ele demonstrou como um programa-vírus atuaria. Mais tarde, chegou a discutir seus conceitos durante uma conferência sobre segurança na International Federation of Information Processing Societies, em Toronto (Canadá). Em Israel, onde já ocorreram algumas "infecções" violentas, esses programas destruidores estão sendo chamados agora de software-AIDS. Tais programas, que podem ocupar o espaço de algumas linhas da tela de um monitor, são "inoculados" geralmente via telefone. De posse de um micro e um modem (pequeno aparelho que conecta o computador à linha telefônica), uma pessoa pode fazer um vírus chegar a um grande computador localizado em qualquer parte do mundo. Basta que tenha um programa-vírus, o número telefônico da instituição na qual quer entrar e um pouco de paciência. Inicialmente o que se processa é uma pequena apresentação entre os dois computadores. Quando se disca o número desejado, o micro na verdade vai bater à porta do computador visado. Este, ao abri-la, isto é, ao atender à chamada, estará perguntando quem deseja entrar. Essa pequena conversação inicial já é o bastante para que se tenha acesso ao sistema primário do computador. Para ir adiante, ter acesso aos arquivos confidenciais, é necessário conhecer uma senha, que em muitos lugares é alterada semanalmente. Aí é que começam a atuar os programas-vírus. Por meio de um comando faz-se com que o grande computador grave na sua memória primária - aquela que começa a funcionar logo que ele é chamado - um pequeno programa que imita a tela de apresentação do sistema. É como se você quisesse entrar num determinado lugar e precisasse dizer ao porteiro uma senha. Como você não a tem, um recurso é você colocar um amigo no lugar do porteiro a fim de que ele anote as senhas das pessoas que têm autorização para entrar. A mesma coisa acontece no caso do programa-vírus. Quando alguém autorizado tenta entrar no sistema, vê aparecer em sua tela de computador o mesmo de sempre - uma saudação e o pedido para que digite sua senha. O usuário faz isso - no nosso caso, em vez de dizer a senha ao porteiro, na verdade ele a diz ao amigo do pilantra que quer invadir o sistema. Depois de recebida a senha, o programa pirata faz cair a ligação - um acidente razoavelmente comum em toda parte - e então o usuário precisa começar tudo de novo, sem desconfiar de nada. Naturalmente, o programa pirata não vai importuná-lo de novo, pois já possui a senha. Ao final de alguns dias, o vírus está de posse de uma coleção de senhas. O programador criminoso, então, liga para o computador e, por meio de um comando que só ele conhece, faz com que o vírus relacione todas as senhas registradas. O resto é como tirar pirulito de uma criança. Tendo acesso a vários arquivos reservados, basta introduzir em suas linhas de comando novos vírus que agirão como bombas-relógio: detonarão quando acionados por um determinado comando ou informação prestada ao computador. Há alguns meses, por exemplo, todos os usuários do computador Macintosh, da Apple Computer, se assustaram quando o ligaram e viram surgir na tela uma mensagem de feliz aniversário. Naquele dia, a marca Macintosh fazia cinco anos e os programadores da Apple Computer haviam colocado na memória residente da máquina - no chip do computador que já sai da fábrica com um programa operacional que não pode ser apagado - uma mensagem de feliz aniversário, programada para surgir na tela quando o relógio eletrônico do computador marcasse a data. Pessoas familiarizadas com sistemas de grandes computadores já conhecem o poder destrutivo de outro vírus aquele que já vem gravado em disquetes "envenenados". Bancos, companhias de seguro e instalações militares americanas vivem com medo de que um funcionário despedido tenha envenenado algum disquete como forma de se vingar dos ex-chefes. Estima-se que, apenas nos Estados Unidos, já foram gastos 30 bilhões de dólares (9,5 bilhões de cruzados ao câmbio de julho) para cobrir prejuízos que certas instituições tiveram com danos causados por esse tipo de sabotagem. A evidência de que esse problema é mais sério do que parecia a princípio é que várias empresas e instituições governamentais de alguns países já têm equipes de técnicos dedicados integralmente ao trabalho de criar defesas contra esse inimigo invisível. Quais são as "vacinas" que podem imunizar um sistema contra esses vírus? Um dos projetos de vacina considerados mais interessantes pelos especialistas é o da empresa americana Sophco, que decidiu criar uma vacina depois que ela própria sofreu danos causados por um vírus. O computador da Sophco "pegou" o vírus ao acessar um BBS - Boletim Board System, um banco de recados e programas de domínio público. Ao copiar um programa chamado SEX.EXE, que ao ser rodado reproduzia graficamente a imagem de um casal fazendo amor, não sabiam que trouxeram junto algumas linhas de um programa-vírus. O programa SEX.EXE ficou gravado num disco rígido - disco com grande capacidade de memória, que pode armazenar centenas de programas. Depois de uma semana, quando o programa foi reativado, começou a apagar todo o conteúdo do disco rígido. A Sophco então desenvolveu três vacinas: Syringe.EXE, Canary e Infect. A primeira é uma vacina propriamente dita, que impede qualquer alteração na estrutura de um programa sem prévia autorização. A segunda é um programa que põe de quarentena um disco suspeito de infecção. A terceira é um vírus benigno usado para testar outros programas. A rigor, este último é que faz o trabalho mais curioso, utilizando a técnica do "debugging", isto é, percorre linha por linha do programa procurando um "corpo estranho". É um trabalho semelhante ao de um contador, que refaz todas as contas de um livro-caixa para saber se o resultado final está certo. Nem mesmo a grande IBM ficou imune a essa epidemia. No ano passado, apareceu um vírus no sistema de comunicação internacional da companhia e se autocopiou em todos os sistemas que pôde infectar. Quando ativado, ele desenhava uma árvore de Natal na tela e pedia que uma tecla fosse digitada para apagar o desenho. A IBM se viu obrigada a deslocar vários técnicos para fazer um trabalho manual de limpeza do sistema. E algumas software-houses - empresas que fazem e vendem software - já estão oferecendo gratuitamente programas-vacina, como a CompuServe, com seu C4Bomb. Mas o operador de sistemas da própria CompuServe faz um alerta: os programas-vacina não são infalíveis. Como a imaginação é um ingrediente essencial para um programador criminoso "bolar" um vírus, fica difícil se antecipar à forma como ele vai se introduzir e se esconder entre os milhares de linhas de um programa de computador. Assim se conversa com um computador Existem várias linguagens utilizadas para escrever programas e rodá-los nos computadores. Diz-se rodar um programa porque ele vem gravado em disquete. A linguagem mais simples na informática e chamada Basic e se parece muito com essa seqüência de instruções:01 Limpe a tela02 Desça o cursor três linhas, e horizontalmente ande cinco espaços03 Escreva "Qual o seu nome?" e permaneça na mesma linha. Espere pelo que será digitado pelo teclado e guarde na memória como se fosse N$04 Escreva na tela o que foi digitado como N$05 Escreva "Seu nome está correto? (S/N)". Espere pelo S ou N. Pegue a resposta e guarde na memória como se fosse A$06 Se a resposta for N, então você começa tudo de novo. Portanto. volte à linha 0207 Se a resposta não for N, então o nome deve estar certo; portanto, escreva na tela "Foi um prazer conversar com você". Escreva o nome N$, espere na mesma linha e escreva um ponto (.)Todas essas instruções, escritas em Basic, ficariam assim:10 HOME20 VTAB 3: HTAB 530 PRINT "QUAL O SEU NOME?";: INPUT N$40 PRINT N$50 PRINT "SEU NOME ESTÁ CORRETO? (S/N)";: INPUT A$ 60 IF A$ = "N" THEN GOTO 20 70 PRINT "FOI UM PRAZER CONVERSAR COM VOCÊ,"; N$; "."Agora, se alguém entrasse num computador que tivesse esse programa e digitasse35 IF N$ = "PEDRO" THEN PRINT "VOCÊ É IDIOTA" o computador colocaria essa linha de instrução entre as de números 30 e 40. Ela ficaria armazenada e sem ação até o dia em que o usuário do programa se chamasse Pedro. Coitado dele.




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domingo, 17 de junho de 2012



MUNDO BRANCO - Lugares



Antártida: 14 milhões de quilômetros quadrados, 10 por cento de toda a terra do planeta, centenas de espécies animais. Antártida. O próprio nome já causa confusão (não seria Antártica?). Os gregos chamavam o pólo norte de Artikos, ou seja, "da ursa", pois a constelação da Ursa Maior fica naquela direção. O pólo oposto era, então, o Antartiko. Na evolução da língua portuguesa, o substantivo grego Antartiko virou Antártida. Mas o adjetivo permaneceu grego, como em vento antártico, por exemplo. Apesar do nome antigo, é um dos últimos lugares do planeta ainda relativamente inexplorados. Sua área é pouco menor que a da, América do Sul, metade da área da África, o dobro da Austrália e pouco maior que a Europa. Tendo-se originado de uma fragmentação do supercontinente de Gondwana, há 250 milhões de anos, a Antártida possui características geológicas comuns aos demais continentes do hemisfério sul. O solo antártico parece conter jazidas de berílio, níquel, cobre, manganês, cobalto, platina, prata, titânio e ouro, os mesmos minerais existentes na cordilheira dos Andes e na África do Sul. Da mesma forma, seus vulcões ativos, como os da ilha de Decepção e o monte Erebus, fazem parte do chamado círculo de fogo do Pacífico. Nos Vales Secos, as condições climáticas são semelhantes às de Marte, daí sua importância para pesquisas. São regiões tão frias e secas que uma bolha de sabão congela-se no ar. Por enquanto, é economicamente inviável a exploração das riquezas antárticas, pelo rigor do clima. É uma pena: contendo quase 95 por cento da água doce do mundo, na forma de gelo, a Antártida poderia servir de fonte a todos os rios da Terra. Eles correriam durante mil anos, antes de esgotar essa imensa reserva. Só para ter uma idéia, um único iceberg (massa de gelo flutuante), fotografado em 1977, media 2275 quilômetros quadrados (equivalentes ao dobro da área do Rio de Janeiro). Apenas esse iceberg poderia fornecer água para uma cidade como o Rio de Janeiro durante três anos. À medida que o continente antártico se afastava dos trópicos, aproximando -- se do pólo sul, a temperatura e o clima também se modificavam. Os animais tiveram de se adaptar às novas condições. As focas de hoje descendem de animais terrestres que viveram próximo ao mar há mais de 30 milhões de anos. Junto com os cetáceos, os pinípedes, ou seja, animais com os pés em forma de barbatana, são os mamíferos que melhor se ajustaram à água e ao frio. Algumas focas chegam a possuir uma camada de gordura, que serve de isolante térmico, de 7,5 centímetros de espessura. O frio intenso obriga também os animais a obedecer rigorosamente às estações do ano, tendo as crias quando as condições climáticas se tornam mais favoráveis e o alimento é mais abundante. As fêmeas de alguns animais polares possuem um mecanismo de implantação retardada: apenas quando começa a melhorar o clima é que o óvulo fecundado anteriormente se implanta na parede do útero, iniciando a gravidez. No começo da primavera, os elefantes-marinhos machos (Mirounga leonina), que são as maiores focas antárticas, delimitam o território, à espera das fêmeas. O grupo é formado por vinte ou trinta fêmeas e um macho. Em outubro nascem as crias, pesando cerca de 35 quilos, resultantes do acasalamento do ano anterior; logo depois, os adultos voltam a se acasalar. O elefante-marinho é o maior de todos os pinípedes - um macho adulto pode medir 7 metros de comprimento e pesar 4 toneladas. Existem, na Antártida, 45 espécies de focas . Uma delas - a foca de Weddell (Leptonychotes weddelli) - é considerada pelos cientistas uma das melhores mergulhadoras criadas pela natureza: capaz de permanecer submersa por uma hora e dez minutos e de atingir profundidades superiores a 540 metros, seu mecanismo de mergulho pode proporcionar inesperados conhecimentos para o homem. Das 52 espécies de aves da Antártida, os pingüins (dezoito espécies) são a sua marca registrada, já que todos os existentes hoje habitam o hemisfério austral (o pingüim ártico foi extinto). São aves marinhas por excelência, incapazes de voar, mas extremamente ágeis na água. Diferem de outras aves marinhas na sua camada de gordura e na penugem especialmente adaptada para o mergulho (o pingüim-imperador pode atingir a profundidade de 265 metros, permanecendo submerso até nove minutos). Em terra, são desajeitados ao caminhar e freqüentemente escorregam pela neve quando fogem assustados. Como as aves petréis, os pingüins possuem uma glândula, acima do bico, que elimina o excesso de sal ingerido. Isso é fundamental numa região onde não existe água doce em estado líquido. O petrel-gigante (Macronectes giganteus) é a maior ave que faz ninho na Antártida - pesa quase 4 quilos e tem 2 metros de envergadura. Desde o nascimento, essas aves necrófagas são alimentadas com restos de animais mortos. A principal defesa dos filhotes é um tipo de vômito, de odor extremamente desagradável, que expelem quando se sentem ameaçados. Mas nem sempre essa tática funciona contra a agressiva skua, ou gaivota-rapineira (Catharacta lonnbergi). A skua ataca filhotes e ovos de outras aves, assim como aves adultas de menor porte. Defende com bravura e agressividade o próprio ninho; tanto o macho como a fêmea fazem vôos rasantes sobre qualquer um que se aproxime. Migram até a América Central e no Brasil já foram avistados no litoral maranhense. Mas o grande viajante é o albatroz-errante (Diomedea exulans), talvez a maior ave marinha do mundo, chegando a ter uma envergadura de 3,5 metros, o que lhe permite dar a volta ao mundo em busca de alimentos. Desajeitado em terra, seu vôo é um dos mais belos espetáculos da natureza. Gosta de acompanhar os navios, planando em ziguezague. Um continente em três cores - preto, branco e azul. Foi assim que os primeiros exploradores descreveram a Antártida, no século XVI. Demorou muito até se descobrir que havia terra debaixo do manto gelado; esperava-se encontrar apenas uma calota de gelo, flutuando no mar como no Ártico. A tentativa de se alcançar o pólo sul geográfico, o ponto arbitrário aonde todos os paralelos e meridianos convergem, foi uma das mais trágicas páginas da história das explorações, em que o sucesso da expedição do norueguês Roald Amundsen, em dezembro de 1911, ficou para sempre ligado ao desastre da operação comandada pelo inglês Robert Falcon Scott, no mês seguinte. Quando Scott finalmente chegou ao pólo, no dia 17 de janeiro de 1912, Amundsen já tinha voltado ao acampamento-base, depois de 99 dias de viagem, ainda com víveres e nove cães (havia partido com 52 cães e quatro trenós). A opção de Amundsen pelos valentes cães foi talvez a mais acertada - Scott escolheu os pôneis da Manchúria, que, além de não agüentarem os rigores antárticos, necessitavam de feno para se alimentar; já os cães podiam comer a carne dos companheiros sacrificados. Scott e seus homens morreram de frio e fome a 20 e poucos quilômetros do acampamento, quando voltavam. Hoje, um avião gasta apenas três horas no percurso de ida e volta entre o antigo acampamento-base e a base americana Amundsen-Scott. A presença da tecnologia pode alterar o delicado equilíbrio ecológico da Antártida, onde não existem sequer bactérias no ar e os alimentos abandonados no início do século ainda podem ser comidos, sem problemas. Do mesmo modo, todo lixo ali deixado estará à espera, intacto, das gerações futuras. Olha o passarinho! Fotografar na Antártida requer certos cuidados que, se não forem seguidos à risca, podem inutilizar as fofos ou o próprio equipamento. O fotógrafo deve ter sempre em mente que vai encontrar as mesmas condições de temperatura do interior de um freezer. Preparar a câmera - O óleo que lubrifica o mecanismo do obturador (dispositivo que determina o tempo de exposição) tende a ficar mais espesso com o frio, o que dificulta ou até impossibilita a foto. Muitas vezes é preciso trocar este óleo. Condensação - Se a câmera sair nua do calor do alojamento para o ar livre, a neve se derreterá ao tocá-la, congelando-se em seguida numa fina película. A solução é voltar para o abrigo. Ao sair, a câmera deve permanecer num estojo até atingir a temperatura do ar. O corpo de metal supergelado traz outros problemas: condensa a respiração do fotógrafo numa película de gelo e pode causar feridas se a pele do rosto ou da mão encostar no metal - ela gruda, como num freezer. Ao voltar para o alojamento, a umidade se condensa na câmera gelada, por dentro e por fora, trazendo a ferrugem. Para evitá-la, a câmera deve ser colocada num hermético saco plástico, antes de o fotógrafo entrar. Filme e baterias - O frio intenso transforma o filme em uma afiadíssima faca, obrigando o uso de luvas. É também preciso avançar lentamente cada chapa, pois o filme se rasga à toa. As pilhas e as baterias deixam de funcionar e, com elas, os fotômetros. Alguns fabricantes criaram um estojo onde as pilhas ficam aquecidas dentro da roupa do fotógrafo, ligadas por um fio ao equipamento.





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Sexos Opostos - Biologia


SEXOS OPOSTOS - Biologia



Homens e mulheres são ainda mais diferentes do que se imaginava: a desigualdade começa na concepção. Responda depressa: quais são as principais diferenças entre o homem e a mulher? A resposta provavelmente não é a que você está pensando ou, ao menos, não é apenas o que você pode estar pensando. Mas, se passou por sua cabeça a distribuição dos cromossomos no núcleo celular, o funcionamento do hipocampo cerebral, a velocidade das cordas vocais e da respiração, a largura da bacia, a proporção de gordura, a mucosa do estômago e a quantidade de suor e de lágrimas derramadas, então você acertou. Pois todas estas são grandes diferenças entre o homem e a mulher. E, claro, não são as únicas. Igualdade entre os sexos, ao pé da letra, nunca existiu. Desde a concepção, homem e mulher são diferentes. No óvulo existem 23 cromossomos, todos iguais, com a forma parecida à de um X, em quanto entre os 23 cromossomos do espermatozóide pode haver um cromossomo com a forma de Y. É o homem, portanto, quem determina o sexo: a união de um cromossomo Y com o X do óvulo gera um menino; X com X faz nascer menina. Mas a diferença também é quantitativa pois a loteria desse casamento de cromossomos parece favorecer os homens: estatisticamente, para cada 100 meninas que vêm o mundo são concebidos 105 meninos. Em compensação, meninos tendem a morrer mais que meninas -- o que mantém o equilíbrio entre os sexos na população. Em primeiro instante, o sexo cromossômico de uma pessoa só se manifesta no embrião entre a sétima e a décima semana de vida. Até então, menino e menina se parecem. Mas, nesse período, o cromossomo Y faz com que certos tecidos, cuja tendência seria formar ovários ou glândulas sexuais femininas, se transformem em testículos, as glândulas sexuais masculinas. "Uma pequena produção de hormônios no feto", explica o endocrinologista Jairo Hidal, da Escola Paulista de Medicina, "de alguma maneira deixa no cérebro uma marca (ainda não localizada) que o faz trabalhar ou à maneira masculina ou feminina." A forma de trabalhar, por sinal, é a única divergência entre o cérebro masculino e o feminino. Durante muito tempo falou-se, para alegria dos homens, na diferença de tamanho: de fato, o cérebro da mulher pesa em média 1,150 quilo e o do homem chega a 1,400 quilo. Mas hoje os cientistas sabem que o tamanho do cérebro não documenta necessariamente inteligência. "Na realidade, nem homem nem mulher usam todos os seus neurônios, de maneira que o tamanho do cérebro dá e sobra tanto para um como para outro", pensa o neurologista José Levy, da Faculdade de Medicina da USP. "A única diferença importante ocorre na região cerebral do hipocampo, que trabalha de forma contínua nos homens e ciclicamente nas mulheres." Ou, como prefere o endocrinologista Hidal, "o hipocampo feminino atua de modo mais sofisticado". O hipocampo governa a hipófise - a glândula-mãe situada no cérebro, na altura das sobrancelhas que comanda as demais glândulas do organismo. Todas elas, aliás, já funcionam na criança, com exceção das gônadas, as glândulas sexuais, para as quais a hipófise acorda num belo dia - é o início da puberdade. No caso do homem, começa então a haver uma comunicação contínua entre a hipófise e os testículos. A hipófise manda dois hormônios pela circulação até que os testículos comecem a produzir testosterona, o hormônio masculino. Já na mulher, a hipófise primeiro ordena que os ovários fabriquem uma série de hormônios do grupo chamado estrógeno. No pico dessa produção, há uma queda brusca; então, a hipófise determina que os ovários produzam um segundo hormônio, a progesterona. É como se existisse um relógio no organismo feminino: ao longo do mês, a taxa hormonal do homem é sempre a mesma; na mulher, varia conforme o dia do ciclo menstrual. Pois o corpo feminino está continuamente se preparando para a gravidez. A diferença na regulação dos hormônios produz efeitos onde menos se espera. "A mulher tem a necessidade de respirar ligeiramente mais depressa que o homem", informa o pneumologista Flávio Tavares Martins, do Hospital Albert Einstein, de São Paulo. Respirar mais rápido, porém, não significa ter mais fôlego. A capacidade pulmonar do homem é que é maior (de 25 a 33 por cento). Isso lhe garante um desempenho melhor, por exemplo, em exercícios aeróbicos. A vantagem no fôlego tem lógica: o homem possui mais massa muscular, que precisa de oxigênio para trabaIhar. A massa muscular é fruto da ação, na puberdade, dos hormônios masculinos, os andrógenos. Tão essenciais são esses hormônios que até as mulheres os têm, embora em proporção consideravelmente menor- cerca de 6 por cento do total masculino. Sem eles, não haveria academia de ginástica capaz de proporcionar às damas músculos mais desenvolvidos. Aos 17 anos, pouco mais da metade do peso do rapaz corresponde aos músculos; já na moça, a massa muscular eqüivale a 40 por cento do peso. A mulher, em compensação, tem mais tecido gorduroso concentrado principalmente na região das coxas e dos quadris. Uma das hipóteses para explicar o fato de a mulher ter mais gordura e o homem mais músculo é a de que em tempos primitivos a função do sexo feminino era exclusivamente a maternidade. A gordura, supõem os cientistas, seria uma fonte adicional de energia, necessária para levar uma gestação até o final. Já o homem precisava ter mais força para correr em busca de alimento e literalmente lutar pela vida da família. Com tanto músculo, é natural que um homem adulto seja mais consumista: ele deve ingerir 2 700 calorias diariamente, enquanto a mulher precisa somente de duas mil. Essa diferença eqüivale a uma xícara cheia de açúcar. O homem, portanto, sente mais fome-a não ser quando a fome feminina é apenas fruto de ansiedade. "Mas as mulheres têm mais necessidade de comer carne do que os homens", nota a nutricionista Midore Ishii, da Faculdade de Saúde Pública da USP, "porque elas precisam mais de ferro, um mineral essencial à formação de glóbulos vermelhos, para repor as perdas da menstruação." Engana-se, porém, quem pensa que as formas femininas são determinadas exclusivamente pela distribuição de gordura no corpo. É que os ossos também têm sexo. "A bacia da mulher é bem mais larga que a do homem, porque um bebê deve passar por ela", explica o antropólogo Daniel Munoz, da Faculdade de Medicina da USP. A abertura infrapúbica na mulher fica em torno de 90 graus e no homem se limita a 60. No homem, o sacro- osso da parte de trás da bacia-é mais retilíneo, de forma que, ao se observar a sua bacia por cima, vê-se que o canal pélvico é quase fechado. Na mulher não existe a barreira do sacro, que se curva para trás, conferindo-lhe por tabela um bumbum mais arrebitado. "Como a distância entre os joelhos é a mesma em homens e mulheres, o fêmur também passa a acusar o sexo", aponta Munoz. Na verdade, como a bacia da mulher é mais larga, o fêmur acaba ficando inclinado; no homem, porém, sua posição é mais reta. O crânio também difere conforme o sexo, embora não se saiba por quê. A mulher tem o osso frontal da testa mais reto, o ângulo nasal mais aberto. Já o homem tem uma protuberância na altura das sobrancelhas e arcos nasais mais fechados. O hormônio masculino, provavelmente pelo mesmo motivo que provoca o desenvolvimento de músculos, torna os ossos mais fortes nos homens. Além disso, comparando-se um homem e uma mulher da mesma altura, pode-se notar que o homem tem pernas e braços mais longos-talvez porque a mulher devesse reservar espaço no tronco para a gestação. Os ombros femininos são estreitos, o que deixa os braços da mulher naturalmente mais encostados na cintura-um trejeito usado e abusado por atores quando interpretam personagens femininas. Mas o fato de o corpo do homem ter proporções maiores que o da mulher acaba resultando numa diferença que só pode ser percebida pelo ouvido: a voz. Por uma lei da Física, quanto maior for o chamado trato vocal- o tamanho da laringe, das caixas de ressonância e das articulações-mais grave será a voz. "Podemos comparar a voz do homem a um violoncelo e a da mulher a um violino", diz a fonoaudióloga Leny Cristina Kyrillos. Até a adolescência, as vozes masculinas e femininas têm um mesmo tom. Mas depois os hormônios provocam o desenvolvimento da laringe e das cordas vocais-e aí o tom é outro. Nos rapazes, o período da muda vocal, como é chamada, demora cerca de cinco meses e causa a formação do pomo-de-adão-que na verdade é o ângulo das cordas vocais-, além de alterar uma oitava a tonalidade da voz. Ou seja, após a muda, a voz masculina fica oito notas musicais mais grave. Nas mulheres, a muda dura apenas três meses. No final do processo, a voz só estará duas ou três notas mais grave. Por mais fino que um homem fale, porém, suas cordas vocais vibram, no máximo, 130 vezes por segundo. Já por mais grossa que seja a voz, as cordas vocais femininas vibram, no mínimo, 190 vezes por segundo. "O tom das vozes do homem e da mulher só torna a se encontrar na velhice, quando se aproxima ao do sexo oposto", explica Leny. Além da voz, o olfato também parece não ser o mesmo em homem e mulher. Uma pesquisa realizada no ano passado revelou que as mulheres não só acreditam que sentem cheiros melhor como do fato sentem. Como a sensação de sabor é parcialmente proporcionada pelo cheiro da comida, seria natural que a mulher também tivesse um paladar mais refinado. No entanto, os maiores cozinheiros do mundo são homens. Outra diferença marcante entre os sexos é a distribuição de pêlos. Os pêlos pubianos na mulher formam um triângulo e no homem um losango. E, como é notório, o homem é bem mais peludo, possuindo até barba, graças à ação de hormônios. "Conseqüentemente, sua pele tende a ser mais oleosa", explica o dermatologista Mauro Yoshiaki Enokihara, da Escola Paulista de Medicina, "pois cada pêlo está ligado a uma glândula sebácea." Recentemente, um estudo com atletas americanos provou que os homens também transpiram mais. Parece vantajoso, mas não é: as mulheres, suando menos, conseguem manter o equilíbrio da temperatura corporal em climas quentes. Daí os cientistas concluíram que o organismo feminino deve ter controles de temperatura mais eficientes, embora não se saiba o motivo. Também mais eficiente parece ser o sistema imunológico feminino-ao menos a julgar pelos números das reações a transplantes: em pacientes mulheres é de 55 por cento; em pacientes homens cai para 28 por cento. Em compensação, as mulheres tendem mais a sofrer de doenças auto-imunes, como a artrite, que faz cinco vezes mais vítimas femininas. De qualquer forma, a mulher vive em média de quatro a dez anos mais que o homem - um bom motivo para falar em sexo forte no feminino. Talvez haja uma predisposição genética para isso, segundo recentes hipóteses levantadas nos Estados Unidos. A cada dia, por sinal, surgem novos estudos para explicar o fato. Fala-se, por exemplo, no papel desempenhado pelos hormônios. Por causa deles, o homem teria mais colesterol - uma comprovada causa de infartos. Mas as aparências podem enganar: embora os homens tenham sete vezes mais infartos que as mulheres, a razão pode estar no comportamento. "Quanto mais moderna a sociedade, mais a mulher começa a adquirir hábitos como fumar e beber, entrando na dança dos problemas cardíacos", observa Charles Mardy, cardiologista do Incor. Uma coisa é certa: os hormônios masculinos estimulam a acidez no aparelho digestivo, deixando os homens mais sujeitos a úlceras. "Ao contrário, os hormônios femininos comprovadamente protegem a mucosa do estômago", explica o gastrenterologista Moacir da Pádua Vilela, da Escola Paulista de Medicina. Mas as mulheres, após os 45 anos, têm uma tendência muito maior a engordar do que homens da mesma idade. "Uma mulher em cada cinco mulheres nessa faixa etária desenvolve um problema de tireóide em que o metabolismo diminui. Isso é raro em homens", compara o endocrinologista Geraldo Medeiros. Além de afetar tanto a fisiologia quanto a anatomia de ambos os sexos, os hormônios exercem marcada influência sobre o comportamento. "Os andrógenos, atuando no cérebro, deixam os homens naturalmente mais agressivos", diz Medeiros. "Todos sabem que um cavalo castrado é dócil, comparado a um garanhão", observa. Já nas mulheres, parece que a progesterona pode provocar irritabilidade ou melancolia, daí a chamada tensão pré-menstrual quando esse hormônio entra em ação. Uma pesquisa do bioquímico americano William Frey revelou que a prolactina-hormônio que estimula a produção de leite-deixa as mulheres mais choronas: é que a prolactina também estimula as glândulas lacrimais (embora em matéria de risos e sorrisos homens e mulheres tenham a mesma capacidade). Sendo assim tão diferentes, como homens e mulheres conseguem viver juntos? Alguém poderia sentir-se tentado a responder que não conseguem mesmo-mas não seria exato. A resposta certa está na ação dos andrógenos, horrnônios que têm a notável propriedade de provocar algo em comum em homens e mulheres: o desejo sexual. E homens e mulheres quase sempre desejam o sexo oposto - aquele que Ihes é tão diferente. Falsas diferenças Muitas vezes, quando falam de sexo, as pessoas citam diferenças onde o que existe é igualdade ou então trocam as bolas - geralmente em prejuízo da mulher. São as falsas verdades que aparecem ao se comparar características masculinas e femininas. Alguns exemplos: Meninas adoecem mais do que meninos As estatísticas mostram o contrário: os meninos não só adoecem mais (embora não se saiba exatamente por quê) como estão mais sujeitos a acidentes (o que é fácil de entender). Mulheres têm mais tendência a engordar do que homens Antes dos 45 anos, a mulher tem tanta tendência a ganhar quilos quanto o homem. Quem come mais do que precisa e não faz exercícios engorda-sexo não tem nada com isso .A mulher tem menos sensibilidade ao calor nas mãos A quantidade de sensores de temperatura na pele do homem e da mulher é equivalente. Se o homem mexesse tanto com panelas como a mulher, também suportaria mais o contato com objetos quentes. O organismo da mulher tem mais água A mulher, na época da menstruação, retém mais água, por causa do aumento de hormônio progesterona. Ora, esse hormônio também conduz sal para o intestino. E, como se sabe, sal retém água. Mas, na verdade, o organismo masculino possui 10 por cento mais de água do que o feminino, por causa da maior massa muscular. Onde o homem é mais homem coração: mais sujeito a infarto, porque a taxa de colesterol é maior pulmão: a capacidade é entre 25 e 33 por cento maior glândula sudoríparas:produzem mais suorpele:tende a ser mais oleosa músculos: são mais robustos e sua massa corresponde a mais da metade do peso do corpo pernas: são mais longas O argumento da força Nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, dois recordes foram quebrados na prova de 200 metros rasos: a americana Valerie Hooks cobriu o percurso em 22s03; o americano Carl Lewis, porém, marcou 19s80. Nenhuma originalidade nisso. As marcas masculinas são sempre melhores do que as femininas. Por quê? "Porque os homens são mais fortes, mais rápidos e mais resistentes", responde o professor de Educação Física José Medalha, vice-técnico da seleção de basquete masculino que disputa as atuais Olímpiadas de Seul A resposta pode parecer sumária. É disso mesmo, porém, que se trata. Em média, a força muscular da mulher corresponde a 70 por cento da força do homem. A maior diferença está no músculo flexor do antebraço, que nos permite erguer pesos. Sua força, na mulher, eqüivale a menos da metade da força no homem. Já a menor diferença-22 por cento-está nos músculos envolvidos na mastigação, o que, infelizmente para as mulheres, não faz diferença nenhuma na vida esportiva. Que as mais fracas desculpem, mas a força é fundamental no esporte. "No basquete, por exemplo, é preciso ter força nos músculos para correr na quadra. Por isso as equipes não podem ser mistas", comenta o professor Medalha. Para correr, aliás, o homem conta com outra vantagem: seus ossos são proporcionalmente maiores, e ossos servem de alavanca para os músculos. O fato de também a capacidade respiratória ser diferente não pode ser esquecido. Mas, embora a do homem seja maior, as mulheres atingem o auge de sua capacidade cerca de três anos antes dos homens, aos 14-16 anos. Por isso, acreditam alguns pesquisadores, as adolescentes se saem melhor em provas de natação do que os rapazes com a mesma idade. A mulher tem ainda muito mais flexibilidade e coordenação motora. "Por mais que um homem se esforce, nunca chegará a alcançá-la", acredita Medalha. Daí porque, nas modalidades esportivas em que a força não predomina, a mulher pode sair-se melhor: por exemplo, na patinação ou na ginástica olímpica, que, ao requerer jogo de cintura, beneficia a mulher, por causa de sua bacia larga. Onde a mulher é mais mulher cérebro: o hipocampo funciona a intervalos regulares, por comandar a produção de hormônios diferentes glândulas lacrimais: produzem mais lágrimas voz:a freqüência das cordas vocais é maior estômago: possui mucosa mais resistente bacia:é mais larga coxas:além de uma concentração maior de gordura nessa região, o osso fêmur é mais inclinado




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domingo, 17 de junho de 2012

O Mistério do Grande Atrator - Universo


O MISTÉRIO DO GRANDE ATRATOR - Universo



A Terra e os demais planetas, as constelações e as galáxias, tudo se move pela imensidão do espaço a estonteantes velocidades e numa mesma direção, como sob efeito de uma força estranha e invisível. É uma autêntica odisséia no espaço. O planeta Terra está se movendo em desabalada carreira através do Universo- e um dos grandes desafios da ciência moderna é justamente determinar qual é, afinal, o destino definitivo dessa incrível viagem. O curto tempo necessário para ler esta página basta para mostrar que a viagem, além de incrível, é assustadora. Pois, sem perceber, quando terminar a leitura, um terráqueo terá se deslocado por uma distância imensa: cerca de 400 mil quilômetros, ou dez vezes a circunferência do planeta, segundo as últimas contas apresentadas pelos astrônomos e astrofísicos, os homens que investigam o céu. O que eles não sabem é explicar a causa desse movimento, o qual, traduzido em grandes números, indica que a Terra voa a cerca de 2 milhões de quilômetros por hora, vinte vezes mais veloz que as mais lépidas naves já lançadas. Os cientistas imaginam que estamos sendo arrastados por uma inesperada e formidável concentração de estrelas, em algum ponto do espaço, na direção da constelação do Cruzeiro do Sul, mas certamente muito além dela. Incapazes de divisar o vasto vulto dessa massa de estrelas, que permanece nos confins do Cosmo, oculta dos telescópios, os cientistas se contentam em lhe dar um nome portentoso: o Grande Atrator. É possível até que não haja estrela nenhuma na reta final da corrida: o Grande Atrator pode revelar-se um personagem muito mais estranho e incomum do que os prosaicos sóis conhecidos pela ciência. As mais notáveis candidatas ao título de Grande Atrator ainda são as estrelas, ou melhor, as grandes concentrações de estrelas, como as galáxias e os grupos de galáxias, chamados aglomerados ou superaglomerados, dependendo do seu tamanho. É instrutivo observar esses colossos siderais para entender como nasceu o enigma do Grande Atrator. O périplo terrestre começa com o Sol, o mais próximo centro de força gravitacional que influencia o movimento do planeta. A portentosa massa solar exerce uma atração constante sobre a Terra, fazendo-a girar à sua volta a 100 mil quilômetros por hora. Mas isso não é tudo: em seguida é preciso acrescentar o movimento do próprio Sol, que se move levando consigo todo o séquito de planetas a rodopiar no céu. A situação é curiosa, pois, quando os dois movimentos se somam, a Terra acaba realizando uma infindável espiral no espaço, algo como um descomunal saca-rolha. Na verdade, é difícil visualizar a tortuosa trajetória da Terra, já que o Sol não corre em linha reta, mas gira a cerca de 1 milhão de quilômetros por hora em torno do centro da galáxia, a Via Láctea-levando quase 200 milhões de anos para completar o percurso. Sob a forma de um grande redemoinho, onde se agitam nada menos de 200 bilhões de estrelas- das quais alguns milhares enfeitam as noites terrestres-, também a Via Láctea está sendo arrastada. Junto com outras 21 galáxias próximas, denominadas coletivamente Grupo Local, ela arremete na direção de um distante aglomerado de galáxias, conhecido como Virgem. "Nesse ponto, é inevitável nos sentirmos como uma colônia de micróbios na ponta da asa de uma andorinha", compara o astrofísico brasileiro Augusto Daminelli, do Instituto Astronômico e Geofísico (IAG) da USP. Nessa metáfora, cada andorinha representa uma galáxia. "Então, a hercúlea tarefa do astrônomo é tentar prever o destino de todo o bando de aves", descreve Daminelli. Não se deve esquecer que a Terra, assim como o Sol e as outras estrelas, acompanha o movimento das galáxias e aglomerados. A sua revoada cósmica, por essa razão, se torna terrivelmente complexa. Além disso, as galáxias muitas vezes se emaranham umas nas outras em épicas confusões-é o que astrônomos chamam "canibalismo cósmico". "A própria Via Láctea, neste momento, parece estar dilacerando uma dessas vizinhas menores", provoca o astrofísico Daminelli. Trata-se da Pequena Nuvem de Magalhães, situada a apenas 150 mil anos-luz de distância (cada ano-luz representa 9,5 trilhões de quilômetros; em comparação, a mais próxima grande galáxia, Andrômeda, situa-se a 2,2 milhões de anos-luz). Assim, as partes mais próximas da Nuvem de Magalhães estão sendo tragadas pelo puxão gravitacional da Via Láctea. E certo que algumas colisões cósmicas podem envolver centenas de galáxias, gerando um híbrido imenso e deformado, com mais de 1 trilhão de estrelas- algo que soa natural apenas a uma íntima fração do gênero humano, os astrofísicos. No entanto, o fato de sermos simples micróbios em escala galáctica tem as suas vantagens: "Essas colisões são muito grandes para nos afetar", ensina Daminelli. De fato, se a Via Láctea caísse na goela de um canibal do espaço, as nossas estrelas apenas mudariam de posição-não haveria choque com as invasoras porque os astros estão geralmente muito afastados uns dos outros. Além desse efeito, notaríamos apenas, milênio após milênio, um vagaroso aumento do número de estrelas no céu. O primeiro passo para a descoberta do Grande Atrator, nesse agitado ambiente intergaláctico, foi dado por dois pesquisadores americanos, Brent Tully e Marc Aaronson (este, falecido no ano passado e o primeiro trabaIhando na Universidade do Arizona). A sua proeza foi determinar, há mais de dez anos, o movimento das 22 galáxias do Grupo Local na direção do aglomerado de Virgem, a 900 mil quilômetros por hora. Essa violenta fisgada se explica porque, embora a 70 milhões de anos-luz de distância, o aglomerado de Virgem contém centenas de galáxias e ainda um avantajado canibal bem no seu centro. Mas Virgem não permaneceu muito tempo com o título de Atrator: em 1977, descobriu-se que a Terra tinha outra direção no espaço além dessa. O planeta parecia estar se dirigindo rumo ao superaglomerado de Hidra-Centauro, duas vezes mais distante e-a julgar por sua força- dez vezes maior do que Virgem. A surpresa foi grande, pois não se esperava que houvesse outra enorme concentração de matéria capaz de competir com aquele aglomerado. Mas a novidade foi cuidadosamente checada e confirmada. Os grandes telescópios revelaram que na direção da parte da Via Láctea ocupada pelas constelações da Hidra e do Centauro, mas a 120 milhões de anos-luz, há um gigantesco enxame de estrelas, como nunca se tinha visto antes. A descoberta deixou os cientistas desconfiados; afinal, como ter certeza de que no futuro não se achariam novas causas para o rocambolesco movimento da Terra? Era preciso imaginar um meio de dar um xeque-mate na questão-e foi com essa meta que se reuniram, há cerca de cinco anos, os membros de um grupo de elite da comunidade astronômica, que atende pelo respeitável apelido de Os Sete Samurais. Fiéis à fama, os americanos Alan Dressler, David Burnstein, Roger Davis, Sandra Faber, e os ingleses Donald Lynden-Bell, Robert Terlevich e Garry Wegner decidiram lançar mão dos mais modernos instrumentos de investigação celeste para levar a cabo a missão. Suas armas de pesquisa são as mais sofisticadas do planeta, como os telescópios estrategicamente situados nos Andes chilenos, Estados Unidos, incluindo Havaí, Austrália e África do Sul. A grande vantagem desses instrumentos é a disponibilidade de tempo: podem ser empregados por longos períodos no mapeamento do céu. A eles, os Sete Samurais acrescentaram detectores eletrônicos capazes de registrar oitenta de cada cem partículas de luz que recebem-um avanço espantoso em relação aos filmes fotográficos, que acusam uma única partícula a cada cem. Enfim, vêm os computadores. Diretamente ligados aos telescópios, analisam e corrigem incessantemente as imagens captadas, transformando sinais distorcidos em fonte segura de informação. Após cinco anos de trabalho, os Sete Samurais expuseram o resultado da caçada: o próprio superaglomerado de Hidra-Centauro está sendo arrastado. Ou seja, não é ele. ainda, o Grande Atrator. Apresentada no final do ano passado, a notícia causou grande agitação entre os cientistas. Primeiro, porque o mapeamento dos Sete Samurais foi extremamente amplo, medindo a posição e a velocidade de 400 galáxias num raio de 400 milhões de anos-luz.. O segundo motivo de agitação é mais complexo. A partir de 1977, inventou-se novo método-muito preciso -para medir a velocidade da Terra, utilizando para isso nada menos que o brilho apagado do Big Bang, a grande explosão que deu origem ao Universo. Essa luz fóssil, gerada entre 15 e 20 bilhões de anos atrás preenche por igual todo o Cosmo e chega à Terra vinda ao mesmo tempo de todas as direções. Ela agora se encontra na forma esmaecida de microondas, semelhante à radiação empregada nos fogões modernos. É o fato de ser idêntico em todas as direções do espaço que torna a luz do Big Bang um bom meio de medir a velocidade da Terra. Pois, se a Terra se move numa certa direção, a radiação primitiva será um pouco mais forte nessa direção -quebrando a uniformidade original do brilho cósmico. As medições realizadas até agora são taxativas: há realmente um ponto no céu onde a radiação se acentua, enquanto no rumo exatamente oposto ela se reduz a um mínimo. Esse seria o movimento definitivo da Terra- medido em relação ao próprio espaço e não em relação a outras estrelas e galáxias. Descontadas todas as piruetas, a Terra estaria avançando a cerca de 2 milhões de quilômetros por hora rumo à constelação de Hidra. É de perder a respiração. Durante toda a história da humanidade, a sensação de movimento sempre provocou um certo desconforto. Quando o astrônomo polonês Nicolau Copérnico (1473-1543) descobriu a revolução da Terra em torno do Sol-foi a primeira vez que se admitiu que a Terra não estava em repouso sereno-, a reação dos conservadores foi violenta, como se vê pelo destino do filósofo italiano Giordano Bruno (1548-1600), queimado por defender a existência de infinitos mundos em permanente correria cósmica. Lentamente, a noção de movimento acabou se impondo, mas mesmo assim resta uma certa inquietação. Esta se revela, no caso do Grande Atrator, diante da possibilidade de que o Universo não seja tão bem organizado quanto se pensava. "As grandes concentrações de galáxias perturbam a imagem que temos do Cosmo", observa Daminelli. Feitas todas as contas, explica ele, os cientistas esperavam encontrar uma escala de distância onde as concentrações desapareceriam: o excesso de galáxias em alguns lugares seria compensado pela ausência de matéria em outros. Os mais recentes mapeamentos do céu deixam dúvida, porém, quando à existência de tal escala: 400 milhões de anos-luz é uma porção considerável do espaço e mesmo assim continua apresentando desigualdade na distribuição dos astros. Por que será que o Universo apresenta uma face luminosa tão uniforme, enquanto a matéria se mostra tão heterogênea? Esta é a monumental pergunta que o Grande Atrator coloca aos cientistas empenhados em caçá-lo. Da resposta pode resultar mais uma reviravolta no conhecimento humano sobre o infinitamente grande. O Universo por um fio O céu é habitado por uma vasta coleção de seres estranhos e inesperados - pelo menos nas teorias que buscam explicar o cósmico tropel de galáxias relacionado com o Grande Atrator. Segundo um desses vôos de imaginação científica, talvez a Terra não esteja sendo atraída por um gigantesco vespeiro de estrelas, e sim pela força de objetos pré-históricos - e ponha-se pré-histórico nisso -, como, por exemplo, aquilo que os estudiosos resolveram chamar de cordas. Naturalmente, essas exóticas figuras das equações cosmológicas nunca foram avistadas no céu, mas alguns teóricos crêem que elas teriam surgido 1 segundo depois da grande explosão que deu origem ao Universo. Durante o resfriamento que se surgiu ao inferno primordial, parte da energia ficou cristalizada sob a forma de fios imensos, finíssimos e pesadíssimos. Um único centímetro de um fio desses pesaria tanto quanto uma montanha, embora as cordas supostamente fossem quatrilhões de vezes mais finas que o núcleo de átomo. Em junho último, uma equipe do Laboratório de Los Alamos, nos Estados Unidos, sugeriu que o Grande Atrator poderia ser um novelo de cordas pesando 10 quatrilhões de vezes mais do que o Sol. Outros pesquisadores, como o americano Jeremiah Ostriker, acreditam até que as cordas talvez tenham sido a semente que fez surgir as próprias galáxias. Como se sabe, as galáxias são estruturas bem organizadas e bem delimitadas no espaço-por isso mesmo, os cientistas não sabem explicar como elas se formaram a partir do caldo indiferenciado de matéria e energia existente nos primórdios do Cosmo. O professor Ostriker vai ainda vai mais longe: ele sustenta que as cordas criaram a inesperada sucessão de vazios e grandes concentrações de galáxias observada no Universo. Os vazios se assemelham a bolhas em cuja superfície monumental se acomodam as galáxias e os aglomerados de galáxias. Essas bolhas, sugere o cientista, seriam conseqüência da pressão de radiação emitida pelas cordas. "Se as cordas existirem, elas deverão alterar a própria forma do espaço-tempo", deduz o veterano cosmologista americano Joseph Silk. Seja como for, não se chegará muito mais perto do Grande Atrator antes disso. Mesmo que o Universo fosse estático-se a distância entre as galáxias não se ampliasse continuamente, como pontos na superfície de um balão inflando-, ainda assim levaríamos 30 bilhões de anos para chegar até essa misteriosa entidade. É um tempo mais que suficiente para decifrar o grande enigma.





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domingo, 17 de junho de 2012

Máquina do Tempo - História


MÁQUINA DO TEMPO - História



Poucos inventos moldaram tanto o mundo moderno como o relógio mecânico, surgido no século XIV. Ele tornou possível a civilização industrial e fixou a idéia de desempenho na atividade humana.

Certa vez, ao explicar como escreveu seu livro O nome da rosa, o italiano Umberto Eco revelou que as cem primeiras páginas do romance continham um truque. De propósito, ele as fez arrastadas, demoradas, difíceis de serem vencidas. Quem quisesse ler o livro tinha de superar essa barreira. Por quê? Porque, à medida que ultrapassava essas linhas, o leitor fazia outra travessia: a passagem do mundo moderno para um tempo ido, em que não havia segundos nem minutos e as horas escoavam como a vida. Enfim, um tempo sem relógios.
O nome da rosa se passa na Idade Média. Até então, o tempo era percebido como uma coisa natural. Ao inverno seguia-se a primavera, o verão; a manhã vinha depois da madrugada, que por sua vez sucedia à noite. Não havia precisão: a contagem do tempo se fazia por longos períodos - meses e anos, materializados nos calendários. Nos conventos, especialmente, nem hora existia. O dia era dividido de acordo com o ritual dos ofícios. Como não havia uma medida universal, cada convento tinha sua hora, assim como cada cidade vivia segundo seu ritmo.
Mais ou menos na época em que se desenvolve O nome da rosa, na primeira metade do século XIV, o relógio mecânico vai ser descoberto. Antes, os instrumentos para medir o tempo eram notavelmente precários. Havia o relógio de sol, mas quando não havia sol ele não funcionava. Havia o relógio hidráulico, mas quando era inverno a água congelava. Cada um, a sua maneira, tinha um inconveniente. E todos tinham o inconveniente comum da inexatidão. O advento do relógio mecânico fará muito mais do que corrigir as imperfeições técnicas de seus antepassados. Como disse o pensador americano Lewis Mumford, "o relógio não é apenas um instrumento para seguir a marcha das horas; é também um meio de sincronizar as ações dos homens".
Segundo o historiador, também americano, David Landes, autor de Revolução no tempo: os relógios e a formação do mundo moderno, ainda não traduzido em português, o relógio figura entre as supremas invenções da humanidade: "Ela talvez não se compare à do fogo e da roda, mas é da mesma ordem que a da imprensa, por suas conseqüências revolucionárias em relação aos valores culturais, às mudanças técnicas, à organização política e social e à personalidade". De fato, a partir do momento em que medir o tempo deixou de ser privilégio dos poderosos e passou a ficar ao alcance de qualquer um, as relações entre as pessoas e entre os diversos grupos sociais mudaram. Com o relógio criou-se a base de uma disciplina do tempo, em lugar da obediência ao tempo. "Foi o relógio que tornou possível, para o bem e para o mal, uma civilização atenta ao tempo, portanto à produtividade e ao desempenho", diz Landes.
Não se sabe exatamente quando surgiu o relógio mecânico nem quem foi seu primeiro criador-o ancestral de uma linhagem de técnicos e artesãos cujos trabalhos seriam muitas vezes autênticas obras de arte. O certo é que datam da metade inicial do século XIV os primeiros documentos que tratam inequivocamente de relógios mecânicos. São dessa época, por exemplo, as descrições do complicado mecanismo-relógio criado pelo abade inglês Richard de Wallingford, em Saint Albans, e do relógio construído em 1344 pelo físico e astrônomo Giovanni di Dondi para a cidade Italiana de Pádua. Tão precisa é a descrição feita por cada um deles de suas obras, que é possível ver no Time Museum da cidade de Rockford, em Illinois, Estados Unidos, duas réplicas daqueles aparelhos, montadas exclusivamente a partir das instruções deixadas pelos inventores.
E o que diferenciou tecnicamente o relógio mecânico dos que o antecederam? Antes de mais nada, o relógio mecânico é movido por um peso. A energia da queda desse peso é transmitida através de um trem de engrenagem, formado por rodas dentadas que se encaixam umas nas outras e movimentam as agulhas do mostrador. O problema é que uma força aplicada continuamente produz uma aceleração. Logo, se nada se opusesse à descida do peso, ele imprimiria um movimento cada vez mais rápido à engrenagem. O que os sábios da Idade Média descobriram foi justamente um dispositivo de retardamento capaz de bloquear o peso e frear o movimento das rodas e agulhas, de modo a criar um movimento de oscilação com um batimento regular-o vaivém continuo característico dos relógios.
Isso foi possível graças a uma pecinha composta de duas palhetas presa a um eixo horizontal móvel, que se engrenam alternadamente sobre uma roda em forma de coroa dentada (chamada roda de encontro), localiza da verticalmente sobre um eixo que se move sob o efeito do peso. Os impulsos alternados provocados pela roda de encontro fazem a pecinha oscilar sobre seu eixo de maneira regular; este movimento, então, é transmitido ao trem de engrenagem, que movimenta as agulhas. O aparecimento, dos primeiros relógios mecânicos causou uma febre nas cidades européia que começavam a sacudir a modorra medieval. Cada burgo queria ter seu relógio-não apenas por uma questão de prestígio, mas também porque a atração trazia viajantes, portanto dinheiro, para a localidade.
Já para os operários das cidade mais desenvolvidas, principalmente na Itália e em Flandres, onde já existiam uma florescente indústria têxtil, um movimentado comércio, a novidade não era assim tão boa. O relógio. passou a encarnar a autoridade que impunha as horas de trabalho e mais importante ainda-exigia de terminada produtividade ao longo da jornada. Em algumas cidades, os operários chegaram a se rebelar contra isso. Por exemplo, em Pádua, em 1390, a torre que abrigava o relógio de Dondi foi atacada.
Mas, se a delimitação da jornada de trabalho era ressentida pelos trabalhadores, por outro lado a existência do relógios trazia um beneficio nada desprezível: permitia separar o tempo que pertencia ao patrão daquele que pertencia a eles próprios. Em todo caso, a grande mudança na forma de medir e controlar o tempo só ocorreu no século XV, quando o relógio a mola tornou possível reduzir drasticamente o tamanho dos aparelhos.
No relógio a mola, o motor não mais acionado pelo peso e sim pela força da mola, enrolada em forma de espiral. Ou seja, o motor desses novos aparelhos passou a ficar dentro deles, permitindo que os relógios se tornassem portáteis. No início, eles não eram tão pequenos como o atuais relógios de pulso, mas suas dimensões diminuíram o suficiente para poderem ser carregados no bolso ou como um broche. O primeiro europeu cujo nome é citado como construtor de relógios portáteis é um artesão de Nuremberg, Alemanha, Pete Healein. Em 1512, ele fabricava pequenos relógios que funcionavam por quarenta horas e podiam ser carregados no pescoço ou dentro de uma bolsa.
Menos de meio século depois, em 1551, o francês Jacques de La Garde faz um relógio em forma de bola com apenas 8 centímetros de diâmetro Não se sabe por que, mas, naquele tempo, todos os relógios portáteis soavam as horas. Um código de boas maneiras publicado na França em 1644 alertava os gentis-homens da época para o que seria uma grande falta de educação: "Aqueles que usam relógios onde vêem as horas, as meias horas e os quartos de hora, podem servir-se deles algumas vezes para medir a duração de sua visita. No caso dos relógios soantes, eles são muito incômodos, porque interrompem a conversa. Por isso é preciso usar certos relógios novos, onde a marcação das horas e das meias horas é em alto-relevo e, tocando com o dedo, podemos reconhecê-las".
A multiplicação dos relógios, observa o historiador David Landes, tornou possível uma nova organização das atividades coletivas. "Mas foi particularmente em dois domínios", escreve ele, "que a medida de tempo abriu novas perspectivas: os transportes e as comunicações, de um lado, e a guerra, de outro." De fato, preocupados em acelerar a circulação de passageiros e mercadorias, as companhias de transporte da Europa, em plena Revolução Comercial, passaram a estabelecer horários fixos de partidas e chegadas. Ao mesmo tempo, o modo de guerrear também mudou. A partir do momento em que os generais puderam predeterminar a hora H de uma ofensiva, a estratégia militar nunca mais seria a mesma. Até então, as ações eram limitadas geograficamente porque o controle era feito com base em sinais auditivos ou visuais (gritos, bandeiras, coros).
Em 1656, na cidade de Haia, Holanda, Christian Huygens concebeu um relógio de pêndulo, que substituiu o fuso como instrumento regulador da força da mola. Ao contrário dos outros progressos da relojoaria, porém, essa invenção foi antes de tudo teórica. No lugar do fuso regulador da mola-motor, Huygens imaginou um pêndulo, suspenso livremente por um cordão ou um fio. Esse achado reduziu a margem de erro dos relógios de cerca de quinze minutos por dia para meros dez ou quinze segundos no mesmo período Para todos os efeitos práticos, o relógio se tornara enfim um instrumento realmente confiável para medir o tempo.
Poucos anos depois, um novo tipo de peça veio dar ainda maior precisão ao relógio: a âncora. Como o nome indica, é uma peça em forma de âncora de navio, cujos braços serviam para bloquear e libertar a roda de encontro. A âncora tornou obsoletos todos os modelos anteriores de relógios. A Revolução Industrial do século XVIII na Inglaterra deu uma nova importância à hora. As relações de produção passaram a se fazer de maneira mais sistematizada, com a reunião dos operários dentro de fábricas.
A vida nas usinas era regida pela disciplina dos ponteiros do relógio, a começar pelo relógio de ponto, cujos primeiros modelos são dessa época. "O relógio e não a máquina a vapor", afirma Lewis Mumford, "é a máquina vital da era industrial moderna." Nessa nova organização, virtualmente impessoal, os trabalhadores tinham de se apresentar ao serviço numa certa hora, cumprir uma jornada de trabalho predeterminada e até descansar e alimentar-se conforme o relógio. Habituados ainda a trabalhar segundo seu próprio ritmo, de acordo com a tradição herdada das corporações de ofício dos artesãos medievais, os operários se revoltaram contra as implacáveis máquinas do tempo.
Foi, de certa maneira, uma reedição daquilo que, séculos antes, ocorrera entre os trabalhadores da indústria têxtil, na Holanda e na Itália. Além disso, desconfiados de que os patrões "roubavam" no horário, atrasando ou adiantando os relógios das fábricas de acordo com seus interesses, os operários passaram a comprar, eles mesmos, seus relógios, para ter algum controle sobre a duração real da jornada de trabalho. Foi exatamente essa demanda que transformou os britânicos, no século XVIII, em comandantes da indústria relojoeira: nos 25 anos finais daquele século, a Grã-Bretanha produziu de 150 mil a 200 mil relógios-pouco mais da metade da produção mundial à época.
Os relógios estavam definitivamente incorporados à sociedade. Com a fabricação em série, passaram a ficar ao alcance de todos, por um preço cada vez mais acessível. A descoberta de novos materiais os transformou em objetos mais resistentes, podendo ser usados até debaixo da água, o que fez com que se tornassem companheiros inseparáveis do homem. Nada, porém, popularizaria tanto o relógio como uma descoberta de 1880. Os irmãos Pierre e Jacques Curie, cientistas franceses, descobriram que um pedaço de cristal de quartzo, cortado na forma de uma lâmina ou de um anel e colocado a vácuo num circuito elétrico e em baixa temperatura, vibra 32 758 vezes por segundo, como um pêndulo ultra-rápido.
A primeira utilização dessa descoberta foi a instalação das freqüências hertzianas, para a radiocomunicação. Em 1925, pesquisadores dos Laboratórios Bell, nos Estados Unidos, construíram o primeiro oscilador a quartzo. Mas, então, os relógios a quartzo eram ainda quase tão grandes quanto uma geladeira-e assim permaneceriam por muito tempo. Pode-se considerar o 9º. Congresso Internacional de Cronometria, em Paris, em setembro de 1969, como a verdadeira data de nascimento da indústria do relógio a quartzo. Pois foi ali que a empresa japonesa Seiko apresentou seu primeiro modelo eletrônico. A partir de então, o mecanismo não cessou de evoluir- e, com ele, a indústria. No Japão, a produção de relógios eletrônicos passou de 1,8 milhão em 1974 para 19,7 milhões em 1978.
O relógio a quartzo tinha dado um golpe mortal na indústria relojoeira clássica-assim como o relógio atômico a césio tiraria do observatório de Greenwich, na Inglaterra, o privilégio de fornecer a hora oficial do mundo. Enquanto o consumo de energia dos relógios a quartzo baixava em 60 por cento, os produtores apresentavam modelos ainda mais eficientes e econômicos. A principal mudança, porém, seria a quantidade de outras funções anexas à de marca, a hora: calendário, despertador, calculadora, agenda de telefones-enfim, toda a parafernália disponível nos relógios de última geração, que torna o homem moderno absolutamente dependente deles. Num mundo assim, nada mais natural que o cuidado do escritor Umberto Eco em preparar o espírito dos leitores de seu O nome da rosa. Pois, na era das máquinas digitais de contar as horas, quem ainda sabe como se dividia o tempo nos conventos?

Sol, água e areia

O mais antigo instrumento para medir a duração do dia foi o relógio solar, como o gnômon egípcio, datado de 3500 a 3000 a.C. Consiste em um mastro vertical ficando sobre uma base. O tempo é medido de acordo com a sombra projetada pelo mastro. Por volta do século VIII a.C., esses instrumentos se tornaram mais preciosos, à medida que marcas passaram a ser inscritas na base onde se projetava a sombra. Os gregos integraram os relógios solares a sistemas de considerável complexidade, nos quais se mediam os momentos do Sol, da Lua e das estrelas. Nasceu assim o relógio astronômico.
Os progressos na Astronomia ajudaram a aprimorar a medição do tempo. Com a invenção do astrolábio, por Ptolomeu, no século II d.C., tornou-se possível calcular, de acordo com a posição do Sol, a duração do dia ou da noite, assim como prever o levantar e o cair de um astro no firmamento e a hora do crepúsculo e da aurora. Media-se o tempo pelo ritmo de escoamento de um líquido. Os relógios de água eram usados pelos egípcios para marcar o tempo à noite, ou quando não havia sol. No Museu do Cairo existe um exemplar, fabricado na época do faraó Amenófis III, em 1400 a.C.
Era um recipiente cheio de água, com um pequeno furo no fundo, que deixava escorrer o líquido para outro recipiente, marcado com escalas. De acordo com o nível da água, podia-se saber a hora.
Esses instrumentos foram aperfeiçoados por mecanismos que tornavam constante a pressão da água que escoava; por exemplo, a colocação de canos que jogavam continuamente líquido no primeiro reservatório. Um dos mais bem elaborados sistemas da Antigüidade foi a Torre dos Ventos, construída em 75 a.C. aos pés do Partenon, em Atenas-uma torre de 20 metros de altura, com nove quadrantes solares, um catavento, uma clepsidra (o nome do relógio a água), além de outros instrumentos. Também os chineses apreciavam esse tipo de relógio. O que foi feito, já no ano de 1090, para o imperador Su Sung indicava as doze horas do dia, tinha um sino que soava a cada quarto de hora e era enfeitado com autômatos.
Mas foi só no primeiro século da era cristã que surgiu o mais conhecido dos medidores de tempo anteriores ao relógio mecânico: a ampulheta. Ela mede o tempo de acordo com a passagem da areia de um recipiente de vidro para outro, através de uma estreita ligação. Nos séculos XVI e XVII, foram feitas ampulhetas para funcionar durante períodos de quinze e trinta minutos. E, embora poucos exemplares desse tipo tenham sido construídos, havia alguns com quatro ampulhetas, ligadas de modo que todas fossem visíveis. Cada uma marcava um período de tempo: um quarto de hora, meia hora, três quartos e a hora inteira.


Hora certa para inglês ver

Os progressos da relojoaria cravaram na paisagem das principais cidades do mundo verdadeiros monumentos à arte e ciência de marcar o tempo. Certamente o mais famoso deles é o Big Ben, de Londres-símbolo por excelência do lendário gosto pela pontualidade que se atribui aos britânicos. Ao contrário do que se imagina, porém, Big Ben é o nome do maior dos cinco sinos da torre de Santo Estêvão, e não propriamente do relógio. Este, por estranho que pareça, foi projetado por um advogado, Edmund Denison, barão de Grimthorpe, e instalado, aí sim, pelo arquiteto Frederick Dent. Suas primeiras badaladas foram ouvidas em 31 de maio de 1859. Naquela época, dois homens tinham a ocupação de. três vezes por semana, dar corda no relógio, o que durava nada menos de seis horas.
Pelo que contam os londrinos, o nome Big Ben é provavelmente uma homenagem a Sir Benjamin Hall, parlamentar da Câmara dos Comuns, encarregado de supervisionar a construção do relógio. Outra história afirma que o som de seu carrilhão é baseado numa frase musical do compositor alemão naturalizado inglês Georg Friedrich Haendel (1685-1759). Mas a fama do Big Ben vem acima de tudo, de sua inabalável precisão. As raríssimas vezes em que atrasa ou adianta são corrigidas colocando-se ou tirando-se pequenos pesos de uma bandeja presa a um pêndulo. Uma moeda de 1 penny, por exemplo, adianta o relógio em 2/5 de segundo, em 24 horas. Nada mais improvável para um londrino do que ver o Big Ben parado. Uma das raras vezes em que isso aconteceu foi por ocasião da morte do estadista Winston Churchill, em 24 de janeiro de 1965. No dia dos funerais, das 9h45 à meia-noite, os ingleses fizeram o tempo parar.





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domingo, 17 de junho de 2012

Júlio Verne - Inventor do Futuro


JÚLIO VERNE, INVENTOR DO FUTURO



Em quase uma centena de livros, o pai da ficção científica antecipou as conquistas tecnológicas do século XX em histórias de suspense e aventura.

O ano é 1873. Correspondentes dos principais jornais europeus e dos Estados Unidos em Paris relatam a aventura do explorador Phileas Fogg na sua viagem ao redor do mundo. Cada etapa é avidamente acompanhada por centenas de milhares de leitores. Só que Phileas Fogg não existia era apenas mais um dos personagens cria dos pela mente exuberante do escritor francês Júlio Verde, então no auge da fama. O livro A volta ao mundo em 80 dias foi inicialmente publicado como folhetim no jornal parisiense Le Temps.
No final, a aparente decepção: o herói, depois de uma infinidade de peripécias, tinha levado 81 dias para completar o percurso, perdendo assim as 20 mil libras que apostara com os companheiros do Reform Club, em Londres. Mas surpresa os jornais do dia em que Fogg volta à Inglaterra estavam datados do que ele imaginava ser o dia anterior. Viajando em direção ao leste, acabou ganhando um dia, pois tinha visto o Sol nascer 81 vezes, uma a mais do que as pessoas que tinham ficado em casa. O fenômeno já era conhecido desde 1522, quando os marinheiros da expedição de Fernão de MagaIhães perderam um dia no calendário, viajando para o oeste.
Mas é o uso que Júlio Verne dá a esse conhecimento, entre outros tantos, que faz dele o pai da ficção científica. Verne escreveu histórias que não apenas prendem o leitor pelo suspense e o ritmo da aventura como também antecipam invenções que só apareceriam no século XX, como o helicóptero, o submarino, o aqualung, a televisão e a conquista do espaço. São histórias verossímeis e emocionantes. Tudo o que Verne escrevia parecia viável, embora a explosão científica de seu tempo ainda não fosse suficiente para produzir as maravilhas tecnológicas de que ele falava.
Muitos contemporâneos chegaram a pensar que ele próprio fosse uma ficção e que seus livros eram produzidos por uma equipe de redatores. Em 1895, dez anos antes de morrer, uma celebridade de temperamento discreto e hábitos reclusos, Verne chegou a ser visitado, na cidade de Amiens, onde vivia, à beira do rio Somme, pelo escritor italiano Edmondo De Amicis (1846 1908), interessado, em saber se o colega francês realmente existia. Fisicamente, era um homem típico de sua época e de sua classe social. Membro da burguesia média, vestia-se com ternos em estilo redingote, colarinhos engomados, gravata de laço e uma infalível bengala.
A cabeleira espessa lhe dava ares de compositor; barba e o bigode compactos, a expressão respeitável dos homens de bem. O trabalho era para ele um prazer comparável apenas ao de navegar nos seus iates, Saint-Michel II e III, a bordo dos quais revivia o gosto pela aventura que vinha da infância.
Na cidade de Nantes, na região francesa da Bretanha, onde nasceu a 8 de fevereiro de 1828, havia também um rio, o Loire, em cujas margens ele e seu irmão Paul (um ano mais jovem) gostavam de brincar e conversar com velhos marinheiros, ouvindo histórias de países distantes. Tanto essas histórias o fascinavam que, aos 11 anos de idade, Júlio Verne fugiu de casa para ser marujo e conhecer o mundo. Não foi longe. Seu pai, Pierre Verne, um advogado de muito prestígio, conseguiu impedir que a ousadia se consumasse, apanhando o rapazinho na primeira escala do navio, no porto de Paimboeuf. Monsieur Verne, muito conservador, sonhava ver seus dois filhos seguindo a carreira de advogado -jamais a de marujo. Ao resgatar Júlio, aplicou-lhe uma memorável surra de chicote.
De volta aos bancos escolares, o garoto transferiu a paixão pelo desconhecido para o estudo de Geografia. A imaginação transportava o aluno para os países que os professores iam descrevendo, e seus cadernos estavam repletos de esboços e mapas. Mas nada estimularia tanto a sua imaginação como a visita que fez com o pai às fundições e estaleiros de Indre, perto de Nantes, onde os novos barcos a vapor estavam sendo construídos.
O adolescente ficou deslumbrado. Não era para menos: as máquinas a vapor eram a grande sensação da época. Símbolos da Revolução Industrial, que começara na Inglaterra no século anterior, elas impulsionariam uma série de portentosas transformações na sociedade européia, naqueles meados do século XIX. De um momento para o outro, tudo seria possível. A ciência parecia ter respostas para tudo-e essas respostas se materializavam em máquinas, engrenagens, aparelhos que tornavam a vida diária um paraíso de conforto, em comparação com tudo aquilo que os europeus se haviam habituado a conhecer.
Mas, apesar da paixão pelo rio, que poderia sugerir uma carreira semelhante à do irmão, que se tornou -ele sim-marinheiro, ou do interesse pelas máquinas, que o encaminhava para a engenharia, Júlio Verne, aos 16 anos, foi mesmo se preparar para a Escola de Direito. Em 1848, aos 20 anos, ele chega a Paris apenas para cumprir um desejo do pai. Seis décadas após a Revolução Francesa e 27 anos após a morte de Napoleão, o país vivia turbulentos conflitos políticos e sociais.
A Revolução de fevereiro de 1848 derruba o rei Luís Felipe, que tinha subido ao poder em 1830, e proclama a Segunda República, com Luís Napoleão sendo eleito presidente meses mais tarde. Quatro anos depois, um golpe restaura a monarquia e o presidente se transforma em Napoleão III. Mas não foi a política que seduziu o jovem provinciano de Nantes, e sim o espírito boêmio e cultural de Paris, onde reinavam figuras como os escritores Alexandre Dumas e Victor Hugo. Na interpretação do neto do escritor, Jean Jules Verne, "ele era um idealista e um verdadeiro anarquista". De qualquer forma, jamais teve militância partidária-nem mesmo em 1888, quando foi eleito vereador em Amiens: ninguém conseguiu explicar por que seu nome foi apresentado pela extrema esquerda.
Ainda jovem estudante de Direito, é convidado ao castelo de Alexandre Dumas, em Saint-Germain. Fica impressionado pelo uso que o autor de Os três mosqueteiros faz dos temas históricos para criar uma novela ou peça teatral. A partir de então, começa a fazer planos literários. Sem muito sucesso, uma peça de Verne, Les pailles rompues ("Contratos anulados"), é encenada em 1850 Não seria esse o caminho pelo qual se tornaria famoso. Embora já formado em Direito, emprega-se de 1852 a 1854 como secretário do Teatro Lírico. Nessa época conhece uma viúva com duas filhas, Honorine-Anne de Vianne, com quem se casaria em 1857. Honorine não tinha nenhum interesse pela literatura. Gostava, isso sim, da vida social de Paris, preocupada em morar bem, vestir-se bem e freqüentar as grandes recepções. Foi uma presença secundária na vida do marido. Júlio e Honorine tiveram um fiIho, Michel, em 1861.
Logo após o casamento Júlio arranja um emprego de-quem diria- corretor na Bolsa de Paris, onde trabalharia nove anos. Mas não tirava da cabeça a idéia de fazer com a Geografia o que Dumas fizera com a História: escrever romances e novelas que popularizassem o conhecimento do mundo e da tecnologia. Assim publica em 1851 um pequeno conto cujo tema são as viagens marítimas Conhece então o jornalista, fotógrafo e aventureiro Félix Nadar, um entusiasta dos balões. Paris vivia na época uma verdadeira mania pelo balonismo. No Campo de Marte, de onde Santos Dumont decolaria com seu 14-bis, eram comuns as ascensões diárias de uma enorme variedade de balões.
Santos Dumont, como ele mesmo contou certa vez, inspirou-se na obra de Verne para construir seus apareIhos. As façanhas cada vez mais arriscadas do fotógrafo Nadar culminaran com o acidente com o Géant, o gigantesco balão que levou Nadar, a mulher e mais nove passageiros para um tumultuado passeio de dezesseis horas. No pouso, Nadar quebra pernas. Tudo isso aumenta em Verne a paixão pela idéia do que se poderia chamar o romance da ciência. Devora revistas de atualidades e publicações científicas, querendo saber tudo sobre máquinas e invenções. Tinha 35 anos quando conhece o editor Jules Hetzel. O encontro, acertado por Nadar, seria decisivo em sua vida.
Tímido Verne estava bastante nervoso quando Ihe entregou os primeiros originais-uma aventura a bordo de balões em homenagem ao amigo fotógrafo. O editor, depois de ler atentamente o calhamaço, comentou: "Como narração histórica está bom. Mas quem quer História? Volte para casa e escreva de novo. Escreva aventuras emocionantes. O povo divertimento, não aulas". Verne ficou atordoado, mas obedeceu. Duas semanas depois, entregava o texto reescrito a Hetzel. O editor sorriu satisfeito, era aquilo que desejava: sonho, aventura, e fim, uma leitura que dava prazer.
O livro chamava-se Cinco semanas num balão e descrevia uma aventura na África. Foi um sucesso. Verne assinou então um contrato, pelo qual comprometia a escrever dois Iivros por ano pelos próximos vinte anos (mais tarde, o contrato foi ampliado, para toda a produção futura), ganhando 10 mil francos por livro- uma fortuna, na época, que Ihe permitiu libertar-se da Bolsa parisiense. Verne cumpriria o contrato rigorosamente durante quarenta anos.
Hetzel teria um papel fundamental na obra do escritor: no texto das Viagens extraordinárias, uma coleção de aventuras publicadas em forma de folhetim, o editor acompanhava cada frase como um produtor de televisão acompanha o trabalho do autor de uma novela. Ele próprio era um viajante de marca. Além de cruzeiros pelo mar do Norte e pelo Mediterrâneo, atravessou o Atlântico rumo Nova York, em 1867. Era também um entusiasta do meio de transporte mais revolucionário de sua época: o trem. Em 1880, atravessou a Inglaterra e a Escócia. Durante as viagens, preocupava-se em fazer copiosas anotações que depois serviriam de referência para seus livros. Para o público francês, ler Verne era então a única oportunidade de aventurar-se por uma ficção decididamente incomum.
Verne era minucioso na descrição de cenários. Transportava os leitores dos pólos gelados aos desertos africanos, das aldeias da Rússia e da Ásia a nada menos que o centro da Terra. Além disso, nas suas narrativas havia referências às últimas invenções da época-as lâmpadas de arco e fluorescentes-como também às máquinas a vapor, ao telégrafo e ao cabo submarino. Mas são as projeções futuríticas que surpreendem até hoje. Quando projetou o submarino Nautilus, comandado pelo Capitão Nemo, Verne estava a par do que se publicava sobre as mais recentes tentativas de se construir um barco submersível.
Mas não são apenas máquinas que habitam seus livros. A descrição do fundo do mar, em Vinte mil léguas submarinas (1870), é tão fascinante que o oceanógrafo Jacques Cousteau considera Verne uma das leituras fundamentais de sua infância, indicando-lhe o caminho de explorador dos mares.
Instalado numa magnífica mansão em Amiens, ao norte de Paris, procura a tranqüilidade para escrever que a capital não Ihe proporcionava, de tanto que era assediado. Além do refúgio de um quarto na torre da mansão, passava boa parte do tempo a bordo de seu barco, com o qual ia a Paris, subindo o Sena. O menino que amava navegar, explorando as ilhas do Loire, se realizava como capitão do iate Saint-Michel, onde guardava magníficos mapas, livros e revistas. Escrevia dois ou três livros ao mesmo tempo-primeiro a lápis, num caderno onde só usava a página da direita; a esquerda, em branco, serviria para as correções. Os originais mostram que sua redação era fluente e que ele raramente modificava a versão inicial. Levava, em média, seis meses para completar um livro.
Do ponto de vista literário, foi sempre considerado um escritor para o público juvenil, sem maiores pretensões. O poeta francês Guillaume Apollinaire (1880-1918) costumava dizer que a grande virtude do estilo de Verne era a ausência de adjetivo. É bom lembrar que seus livros foram todos escritos sob contrato e obedeciam a exigências específicas. Considerados como o melhor presente de Natal para os adolescentes do século passado, não podiam ferir, por exemplo, a sensibilidade católica dos leitores-ou a de seus pais. A febre que acompanhava a publicação dos capítulos seriados da Volta ao mundo... induziu as companhias de navegação a Ihe oferecer verdadeiras fortunas para que os personagens fizessem a última etapa num dos seus navios- uma autêntica jogada de merchandising.
No inicio da noite de 8 de março de 1886, Verne voltava para casa, quando dois tiros o atingiram no pé direito. O escritor ainda chegou a ver a silhueta de um homem, com a pistola na mão. Mais tarde, na cama, enquanto os médicos tentavam inutilmente tirar as balas do pé, saberia que o atacante era Gaston. o sobrinho preferido, filho do irmão Paul. A família jamais esclareceu adequadamente o obscuro episódio. Ficou a versão de que Gaston havia enlouquecido.
Julio Verne jamais se recuperaria. Desde então, passou a mancar e teve que desistir dos seus passeios de barco, pois perdia o equilíbrio no convés. Na virada do século, estava possuído por uma tristeza sem remédio -perdera o mar, o amigo e editor Hetzel e o irmão Paul, por quem tinha verdadeira paixão. Com o filho único, Michel, era severo e pouco afetuoso-talvez por causa do comportamento contestador do jovem.
Intransigente, Verne o mandou para um reformatório e, mais tarde, chegou a denunciá-lo à policia, para imperdir que se casasse com uma cantora de cabaré. Anos depois, gastaria um bom dinheiro para pagar as dívidas do filho pródigo.
Em compensação, dedicou muito afeto ao jovem Aristide Briand (1862-1932), a quem conheceu no ginásio onde Michel estudava. Briand (Prêmio Nobel da Paz em 1926) foi incorporado à obra literária de Verne como Briant, personagem principal do livro Dois anos de férias (1888). Apesar das atribulações da velhice, não desiste de escrever-queria chegar à centésima obra, como declarou em 1902. Então, as viagens extraordinárias, somadas às peças e outros livros, faziam o total ficar bem próximo da meta.
Aos 74 anos, continua escrevendo pela manhã e lendo à tarde. Como não podia mais ir à biblioteca, os livros vinham a ele. Do alto de sua torre, sonhava com um futuro ainda mais fantástico que o descrito nos livros anteriores. No Senhor do mundo de 1902, cria um veículo, mistura de automóvel, barco, submarino e avião. Por que não sonhar? No começo de 1905 publica uma história em que o mar Mediterrâneo e o deserto do Saara são ligados por um canal, para transformar o deserto num grande lago. Júlio Verne jamais saberia da repercussão do livro.
Na noite de 24 de março de 1905, aos 77 anos, deitado em sua estreita cama, pediu o volume das Vinte mil léguas submarinas. Não chegou a abri-lo. O livro caiu-lhe das mãos. Perguntou então pela mulher e os filhos e fechou os olhos.

Da Terra à Lua, em 1865 e 1969

Em nenhum de seus livros, Júlio Verne é mais desconcertantemente profético do que em Da Terra à Lua, escrito em 1865. Depois que os americanos chegaram à Lua, em julho de 1969, os cientistas ficaram espantados, porque parecia que Verne havia descrito, 104 anos antes, o vôo dos astronautas Armstrong, Aldrin e Collins na Apolo 11. Tanto a Apolo como a cápsula de Verne levavam três tripulantes. As dimensões das duas cápsulas eram aproximadas -a concha de alumínio, em forma de bala, de Verne media 4,8 m de altura e 2,7 m de diâmetro; a Apolo media 3,7 m de altura e 3,9 m de diâmetro.
Os locais de lançamento foram quase idênticos-Verne escolheu um lugar na Flórida a aproximadamente 27 graus de latitude; cabo Kennedy, de onde subiu a Apolo, também fica na Flórida, na latitude de 28 graus. A viagem da ficção durou 97 horas, 13 minutos e 20 segundos. Os astronautas americanos levaram 103 horas e 30 minutos para chegar à Lua. Antes do pouso, as duas cápsulas circularam a Lua diversas vezes, tirando fotografias e observando a superfície do satélite. Os homens de Verne chegaram a traçar um mapa do mar da Tranqüilidade, onde Armstrong e Aldrin fariam seu passeio. E, finalmente, ambas as cápsulas, de volta à Terra, desceram no oceano Pacífico.


Assim no céu como no mar

Previu Júlio Verne que o caminho para a aviação seria um aparelho mais pesado que o ar - como a nave Albatroz, da história Robur, o conquistador, de 1886. Com a fuselagem de papel laminado, mantinha-se no ar por meio de 74 pás giratórias, que lembram os helicópteros de hoje. Essas hélices eram movidas por motores elétricos, alimentados por uma série de acumuladores. Por sua vez, o Nautilus, do livro Vinte mil léguas submarinas, de 1870, supera tudo o que se imagina em matéria de engenharia naval-tinha um corpo perfeitamente hidrodinâmico, com 70 metros de comprimento e 8 m de diâmetro, deslocando 8 toneladas. A quilha era de dupla camada, podendo ser enchida ou esvaziada por poderosas bombas. A tripulação respirava ar comprimido, armazenado em cilindros de metal. Uma câmara estanque possibilitava aos mergulhadores entrar e sair do barco, mesmo submerso. E janelas de observação permitiam fotografar a vida debaixo da água. Tudo igual a um moderno submarino.





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domingo, 17 de junho de 2012

Nasce o Homem - Paleontologia


NASCE O HOMEM - Paleontologia



A busca das origens da espécie é uma das mais emocionantes aventuras da ciência moderna. Pesquisadores refazem o passado remoto do homem e propõem teorias surpreendentes. Uma delas: no começo, éramos todos escuros. Nuvens de chuva começavam a esconder o Sol, insinuando o fim da seca que fizera definhar os arbustos da savana. A paisagem estava enegrecida pela fumaça do vulcão que, vez ou outra, expelia um pouco de cinza sobre o terreno ao redor. A chuva caiu densa e breve. Surgindo de trás de uma árvore, uma figura com feições de macaco, a pele escura, se distraía olhando os pés afundarem na lama acinzentada. Logo atrás, outro indivíduo, algo menor, divertia-se colocando os pés nas pegadas do primeiro. Uma terceira figura, ainda menor, saltitava ao lado dos outros, quando alguma coisa lhe chamou a atenção. Deteve-se, olhou para a esquerda e voltou a seguir os companheiros. As nuvens, de novo rarefeitas, deixam passar os raios de sol. A lama seca. Mais uma vez o vulcão ronca e despeja lava. Em pouco tempo, o céu torna a escurecer e o vento traz uma chuva mais forte. Uma cena como essa deve ter ocorrido há mais de 3 milhões de anos num local hoje chamado Laetolil, perto do vulcão Sandiman, na planície de Serengeti, a uns 40 quilômetros da garganta de Olduvai, na Tanzânia, Sudeste da África. Ali, a antropóloga inglesa Mary Leakey, viúva do cérebre arqueólogo queniano Louis Leakey, fez em 1978 uma autêntica viagem no tempo: o piso de lama, petrificado e preservado por uma combinação de raras circunstâncias naturais ocorridas ao longo dos milênios, permitiu-lhe vislumbrar um flagrante da vida de três espécimes de um ramo há muito extinto dos antepassados do homem, o Australopithecus - ou macaco da região Sul, em latim. As pegadas fossilizadas encontradas pela pesquisadora - cuja equipe já havia, dois anos antes, literalmente tropeçado em traços de outros seres, como rinoceronte, girafas e hienas, igualmente preservados - foram um presente dos céus para o estudo das origens do homem. Cálculos anatômicos, feitos a partir daquelas marcas, revelaram entre outras coisas que os três primatas mediam entre 1,20 m e 1,40 m e andavam sem auxílio das mãos, apenas com as pernas. Mary descreveria mais tarde sua emoção ao reconstituir a passagem pelo lugar daqueles hominídeos: "Seguir a trilha dessas criaturas produziu em mim um pungente arrebatamento. Em dado momento, uma delas parou, virou-se para olhar rapidamente algum possível perigo e continuou. Esse movimento tão intensamente humano, transcende o tempo: três milhões e setecentos mil anos atrás, um ancestral remato havia experimentado um instante de dúvida". Aventuras científicas como essa têm ocorrido em vários lugares do mundo, alimentadas por um humaníssimo sentimento de ansiedade em relação aos quandos, ondes e porquês da primitiva história da espécie. Nessa interminável busca das origens, cada novo achado, no entanto, parece aumentar a área de controvérsia entre os especialistas. Basta que um fóssil seja desenterrado ou-mais recentemente -que uma experiência genética em laboratório dê certo, para mexer com o edifício de hipóteses sobre a evolução da raça humana. De qualquer forma, quanto mais espécies são reveladas e quanto mais datas são preenchidas, mais se percebe que a evolução do homem resulta de um lento, gradual e sobretudo complexo processo de mudanças. Por isso é muito difícil dizer quando termina uma espécie e começa outra. Cerca de 35 milhões de anos atrás, numa época que a Geologia chama Oligoceno, um pequeno animal que se alimentava de frutos vivia nas árvores do Nordeste da África. Era o Aegyptopithecus (macaco do Egito), uma criatura de 4 quilos. A densa floresta em que habitava transformou-se numa região desértica, a depressão Fayum, a sudoeste do Cairo. Ele talvez seja o mais antigo ancestral, não só do homem como de todos os outros primatas antropóides (macacos, orangotangos, gorilas, chimpanzés e gibões). Uma bruma de mistério, porém, separa o Aegyptopithecus do Australopithecus, cerca de 30 milhões de anos mais moço. Candidatos a ancestrais intermediários não faltam. O que faltam são provas irrefutáveis. A árvore genealógica do homem é um desenho longe de estar completo. Mesmo a utilização de uma árvore- e não de uma escada-, para configurar a trajetória da evolução, tem sido motivo de discussão científica. Até a década de 70 pensava-se que a linhagem fosse uma escada de três degraus: Australopithecus africanus (de 4 milhões a 1,5 milhão de anos atrás), Homo erectus (de 1,5 milhão a 400 mil anos) e, desde então, Homo sapiens. Em 1938, porém, uma nova espécie de Australopithecus, o robustus, foi identificada. Trinta e quatro anos depois, o antropólogo queniano Kamoia Kimeu, da equipe dos Leakey, deu início a uma radical reavaliação do problema, ao batizar de Homo habilis uma nova descoberta fóssil na África. Louis acreditava que o habilis fosse um contemporâneo mais humano, daí o nome, dos australopitecíneos. Richard Leakey, filho de Louis e Mary, conhecido pelo grande público por seus livros atraentes e por uma não menos bem-sucedida série de TV sobre as origens do homem, anunciou em 1973 a descoberta de um crânio capaz de comportar um cérebro quase duas vezes maior do que se atribui aos Australopithecus. O crânio data de 2 a 3 milhões de anos-portanto, contemporâneo daqueles. Como escreveria o celebrado paleontólogo Stephen Jay Gould, da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, "o Homo habilis não era mais uma quimera da imaginação de Louis Leakey". Hoje, os cientistas tendem a acreditar que a evolução humana se processa por meio da ramificação de uma linhagem a partir do tronco principal da árvore genealógica-e não por uma mudança dos próprios grandes troncos. "O Homo sapiens não é o produto de uma escada que sobe diretamente em direção ao nosso estado atual, mas, sim, constituímos tão-somente a ramificação que sobreviveu de um arbusto outrora exuberante", afirma Jay Gould. "O processo evolutivo é cego, não envolve uma finalidade específica de desenvolvimento por parte das espécies", diz por sua vez Richard Leakey. "Os australopitecíneos não devem ser vistos como um fracasso numa grandiosa corrida evolutiva rumo à condição humana", argumentada. "Eles foram espécies bem-sucedidas, com um estilo de vida estável durante milhões de anos." E, no entanto, eles se extinguiram há 1,5 milhões de anos - e talvez nunca se venha a saber por quê. De todo modo, com seu desaparecimento, restou apenas um gênero hominídeo: Homo. O que mais chama a atenção a respeito tanto do erectus como do habilis - o primeiro, por conseguir a postura ereta; o segundo, por ser capaz de fazer utensílios de pedra - são as mudanças de comportamento, graças às quais puderam dispersar-se por territórios nunca dantes percorridos por hominídeo algum. Em toda a ciência da evolução humana provavelmente não há capítulo tão fascinante como esse que trata, com o muito pouco que se sabe, do advento da cultura - quando, já de pé, o Homo faz, de uma lasca de pedra, um instrumento para cortar carne. Há mais de um milhão de anos, grupos de Homo erectus teriam começado a migrar da África para a Europa e Ásia. O seu registro fóssil permanece até por volta de 400 mil anos atrás, quando desponta o ancestral em linha direta do homem moderno - o Homo sapiens. Num belo dia de novembro de 1974, numa expedição a Hadar, no norte da Etiópia, o antropólogo americano Donald Johanson e um estudante de pós-graduação na Universidade de Chicago, Tom Gray, exploravam uma ravina seca à procura de fósseis. A manhã não tinha sido produtiva e fazia um calor de rachar. Os homens já começavam a voltar ao acampamento quando Jobanson distinguiu um pedaço de osso num barranco erodido. Era um pedaço de um braço. Olhando mais detidamente, vislumbraram outro fóssil, parte de um crânio. De repente, daquele declive pareciam brotar fósseis-aqui um pedaço de pélvis, ali uma mandíbula, mais adiante um par de vértebras. Três semanas de pesquisas revelariam mais de uma centena de ossos fossilizados. Quando foram postos juntos, recompondo 40 por cento do esqueleto, descobriu-se que faziam parte de um indivíduo apenas-uma mulher que devia medir 1,10 m e pesar cerca de 30 quilos. O esqueleto recebeu o nome de Lucy (porque se ouvia a canção Lucy in the sky with diamonds, dos Beatles, no toca-fitas de um pesquisador na noite da descoberta). Lucy é o mais antigo e completo hominídeo encontrado até agora, com idade estimada em 3,3 milhões de anos. O achado permitiu reconstituir o perfil do que foi chamado Australopithecus afarencis em alusão ao Triângulo de Afar, região próxima a Hadar. As fêmeas teriam sido substancialmente mais baixas do que os machos. A cor da pele certamente era escura, uma adaptação evolutiva para o clima tropical. Os adultos seriam mais peludos que os humanos atuais. A descoberta de Lucy proporcionou munição para os defensores da teoria de que a humanidade evoluiu, apenas recentemente, do Australopithecus, como sustenta o próprio Donald Johanson, em oposição a Leakey, para quem o processo foi mais antigo. Lucy e seus semelhantes mais se pareciam com macacos. Alimentavam-se basicamente de sementes, verduras, tubérculos; quando possível, comiam os restos de animais deixados pelos carnívoros. Mas, assim como os achados de Mary Leakey em Laetolil, as descobertas em Hadar reafirmam a adoção precoce (em termos evolutivos) do andar ereto-"muito antes da expansão do cérebro", nota Johanson, fulminando uma antiga crença. De fato, não há indícios de cérebros volumosos nos hominídeos antes de 2,5 milhões de anos. O parentesco entre os hominídeos e os símios é com certeza a questão mais emocionalmente polêmica da história do estudo da evolução. Já no século passado, atribuiu-se a Charles Darwin a afirmação de que o homem descende do macaco-na verdade, ele disse que homens e macacos têm a mesma origem, o que a ciência moderna pôde reforçar com o Aegyptopithecus de 35 milhões de anos. Até recentemente, porém, se acreditava que a família dos humanos não se confundia com a de chimpanzés e gorilas, apesar da semelhança anatômica entre estes últimos e os hominídeos. Hoje, os cientistas tendem a aceitar que todos fazem parte de um único grupo, no qual homem e chimpanzé são parentes próximos, ao passo que gorilas e orangotangos são primos evolutivos mais afastados do gênero Homo. Essa convicção se fundamenta nos resultados de pesquisas que se realizam em ambientes não só distantes como muito diferentes dos acampamentos dos paleontólogos no coração da África. Em refrigerados laboratórios, dois bioquímicos da Universidade da Califórnia, Vincent Sarich e Allan Wilsom fizeram um estudo comparativo entre proteínas humanas e de chimpanzés para ter uma idéia aproximada do tempo transcorrido desde que uns e outros se separaram do ancestral comum. Os dados coletados pelos bioquímicos sugerem que esse divórcio ocorreu há não mais de 5 milhões de anos-um período relativamente curto no calendário evolutivo. No final do ano passado, veio a público uma conclusão científica ainda mais surpreendente: o mais antigo ancestral de todos os homens e mulheres da Terra, a partir do qual surgiram os modernos humanos, seria uma mulher de cabelos pretos, pele escura, que teria vivido nas savanas da África entre 290 mil e 140 mil anos atrás. Essa Eva pré-histórica, diz o paleontólogo Jay Gould, "nos faz compreender que todos os seres humanos são membros de uma mesma família, que teve uma origem recente em apenas um lugar". Para descobrir Eva, a geneticista Rebecca Cann, da Universidade do Havaí, trabalhando com colegas da Universidade de Berkeley, recorreu a amostras, colhidas em várias partes do mundo, de DNA, a molécula da hereditariedade. O DNA utilizado foi o que reside num compartimento da célula chamado mitocôndria, responsável pela produção da energia que permite à célula viver. O DNA mitocondrial é útil para traçar árvores genealógicas porque contém apenas a herança da mãe e só é alterado por mutações que apenas a família da mãe tenha sofrido. Comparando as amostras coletadas dos mais diversos grupos étnicos, os cientistas verificaram serem pequenas e triviais as diferenças entre as raças. A cor da pele, por exemplo, é resultado de mera adaptação ao clima-negra na África, para se proteger do sol forte; branca na Europa, para facilitar a absorção dos raios ultravioleta, que ajudam a produzir vitamina D. Ou seja, se as pesquisas estiverem certas, antes da dispersão dos homanídeos da África, éramos todos escuros. Grandes figuras do álbum de uma família complicada O Australopithecus afarensis é a mais antiga espécie hominídea conhecida. A idade de Lucy, por exemplo, é calculada em cerca de 3,3 milhões de anos. Peludos, de pele escura, os afarensis comiam basicamente vegetais. Mas já andavam apenas com as pernas. O Australopithecus robustus, como o nome indica, era uma espécie bem mais encorporada. Pelo menos é que sugerem os fósseis de crânios e mandíbulas encontrados no Sul da África. Tudo indica que se extinguiu, sem evoluir, há cerca de 1,5 milhão de anos. O Homo habilis, que vivia no Leste da África, parece ter sido a primeira espécie hominídea capaz de fabricar objetos rudimentares a partir de lascas de pedra. Pelos achados fósseis, o cérebro do habilis seria duas vezes maior que o dos Australopithecus. O Homo erectus, descendente do habilis, produzia utensílios algo menos toscos. Também sabia usar o fogo, embora não soubesse como fazê-lo. Há mais de 1 milhão de anos começou a migrar para a Europa e Ásia. Viveu até 400 mil anos atrás.O Homo sapiens, em sua forma arcaica, começa a aparecer entre 400 e 300 mil anos atrás, mais ou menos na época em que cessam os registros fósseis do Homo erectus. O sapiens primitivo deve representar uma transição do erectus para formas posteriores. O Homo sapiens sapiens, ou seja o homem anatomicamente moderno, é mais velho do que se pensava: segundos achados fósseis recentes em Israel, já existia há pelo menos 92 mil anos. Até então, sua origem era estimada em não mais de 40 mil anos atrás. Mãos de artesão O antepassado mais troncudo do homem, o Australopithecus robustus, era um autêntico troglodita- vivia à base de uma dieta vegetariana só porque seu diminuto cérebro não Ihe sugeria lascar pedras para usá-las como facas e trinchar animais. Essa clássica imagem talvez seja falsa, a julgar por uma recente descoberta numa caverna sul-africana: ossos fossilizados da mão de um robustus, datados de 1,8 milhão de anos, indicam que ele estava apto a fazer e usar ferramentas. De acordo com Randall Susman da Universidade de Nova York, os dedos encontrados têm uma configuração semelhante à do homem moderno e podem muito bem ter sido flexíveis o bastante para transformar pedras e ossos em facas e martelos. A descoberta reacende a polêmica sobre a supremacia do Homo em relação ao Australopithecus. Pois aquele já não seria necessariamente o primeiro a transformar a natureza em benefício próprio. Mais do que isso, fica em xeque a teoria de que foi justamente o poder de produzir utensílios a adaptação crucial que garantiu a sobrevivência do Homo e não do Australopithecus. Mas, nesse caso, o que explica o desaparecimento da linhagem robusta dos hominídeos? A partir do estudo de dentes fósseis, sugere-se que a espécie nutria-se de raízes, sementes e fibras. Quando o clima da savana foi ficando mais frio e seco, tais alimentos começaram a sumir. De nada Ihes serviu ter ferramentas para cavar a terra em busca de raízes. Já o Homo, incluindo carne na dieta, sobreviveu. Dé pé, contra o sol Dos muitos mistérios que ainda recobrem a história dos primeiríssimos hominídeos, um dos mais fascinantes diz respeito ao bipedalismo-como se designa a exclusiva característica que permite à espécie humana locomover-se apenas sobre dois membros, os pés. Sabe-se que nossos ancestrais já andavam eretos antes mesmo de possuir um cérebro desenvolvido. Mas não se sabe a razão pela qual eles deixaram de andar de quatro. A teoria mais aceita até recentemente afirmava que isso aconteceu em conseqüência do manuseio de utensílios e ferramentas - as mãos precisavam ficar livres para segurar objetos. Mas essa atraente hipótese caiu por terra quando se descobriu que o andar ereto antecedeu em 2 milhões de anos a manufatura de ferramentas. Os achados fósseis retiram também o sustento da idéia de que os hominídeos precisavam das mãos livres para levar comida para casa - ou como se chame o lugar onde suas companheiras ficavam tomando conta dos filhotes enquanto os machos iam atrás do pão de cada dia. O cenário é plausível, mas ao que tudo indica irreal. Estavam as coisas nesse pé quando meses atrás um professor da Escola Politécnica de Liverpool, Inglaterra, Pete Wheeler, compareceu ao debate com a revolucionária teoria de que a causa decisiva do bipedalismo foi o sol. Isso mesmo: segundo Wheeler, os antepassados do homem passaram a caminhar apoiados apenas nos pés para diminuir a área do corpo exposta ao causticante sol africano e assim proteger o órgão mais vulnerável ao aumento da temperatura - o cérebro. A maioria das espécies sobrevive à dose diária de calor graças a seus eficientes sistemas fisiológicos de refrigeração, que mantêm em níveis toleráveis a temperatura do sangue que se dirige ao cérebro. Desprovidos desse recurso natural, os ancestrais humanos trataram de se erguer para se proteger. Pelos cálculos de Wheeler, um hominídeo em pé ao meio-dia absorvia 60 por cento a menos de calor do que estando de quatro. "Ficar em pé", diz o cientista, "é a maneira ideal de se manter frio nas caminhadas pela desguarnecida paisagem equatorial." Pobre homem das cavernas De todos os mais recentes hominídeos nenhum foi tão desprezado como o Neandertal, o caricato homem das cavernas, cujo primeiro fóssil, achado na Alemanha em 1856, forneceu a pista inicial para a busca da ancestralidade humana. Durante muito tempo, os cientistas recusaram-se a aceitar o Neandertal como antepassado do homem, tão grotesco ele lhes parecia com seu crânio levemente encurvado e salientes sobrancelhas. Somente cem anos após a descoberta se comprovou que o Neandertal foi nosso parente no processo evolutivo. Ele surgiu na Europa há 125 mil anos e sumiu abruptamente entre 40 mil e 30 mil anos atrás. Acredita-se que um grupo de Homo erectus deu origem ao Neandertal, assim como outro teria dado origem a uma variante Primitiva de Homo sapiens, mais conhecida como CroMagnon. Milhares de anos depois, algo favoreceu a sobrevivência deste em detrimento daquele. Meses atrás, foram descobertos em Israel fósseis de Homo sapiens de 92 mil anos, prova de que o homem moderno não só foi contemporâneo como pode até ter convivido com o homem do rio Neander.




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domingo, 17 de junho de 2012

Barca para a Eternidade - Egiptologia


BARCA PARA A ETERNIDADE - Egiptologia



Em 1954, num poço perto da Grande Pirâmide, em Gizé, foi encontrada a barca do faraó Quéops. No ano passado, a descoberta de outra embarcação levantou novas e fascinantes pistas sobre o significado da vida além-túmulo para os egípcios.

Durante 48 horas seguidas podia-se ouvir o som da broca perfurando o bloco de rocha, perto da base da Grande Pirâmide de Quéops, em Gizé, a sudoeste do Cairo. Em seguida, uma câmara de vídeo desceu ao paço por uma abertura de 8 centímetros. Minutos depois, na superfície, o monitor registrava a imagem de uma densa pilha de painéis de madeira. Sem dúvida, tratava-se de uma barca -a rigor, a segunda barca do faraó Quéops, construída há 4 600 anos e descoberta por uma equipe internacional de pesquisadores, em outubro do ano passado. Desde 1954, quando a primeira barca de Quéops foi descoberta ali perto, já se presumia a existência de um segundo poço, onde também haveria uma barca. Trinta e três anos, no entanto, transcorreram até que, sob o patrocínio da fundação americana National Geographic Society, cientistas decidiram desvendar os mistérios do segundo poço. O lugar, junto com outras câmaras subterrâneas e a própria pirâmide, forma o conjunto que, segundo os antigos egípcios, seria a morada do faraó quando ressuscitasse. A intenção imediata dos pesquisadores, porém, mais do que revelar o interior do poço, era recolher amostras do ar ali contido. Não só para saber que atmosfera se respirava no Egito há quatro milênios, mas para descobrir que propriedades do ambiente ajudavam a conservar a madeira. Afinal, quando a primeira barca foi encontrada, estava em excelente estado de preservação. Mas não seria tarefa fácil impedir que o ar ao século XX contaminasse o de dentro. Para evitar que isso ocorresse, usou-se uma tecnologia especializada.
Finalmente, quando os trabalhos se iniciaram, logo veio a primeira decepção: à medida que a broca descia, a pressão permanecia a mesma, um forte indício de que o poço não estava hermeticamente selado, como supunham os cientistas. Mais tarde, o resultado das amostras de ar colhidas confirmou as primeiras suspeitas. Elas eram semelhantes ao ar do Cairo, com a agravante de que apresentavam duas vezes mais dióxido de carbono, em função do apodrecimento do material orgânico dentro do poço. Para desgosto dos cientistas, a câmara de vídeo registrou também marcas de água no teto e até um besouro vivo passeando pelas paredes. As imagens revelaram ainda que, ao contrário da primeira, a segunda barca não estava tão bem conservada, nem as madeiras se achavam tão cuidadosamente empilhadas-os egípcios costumavam desmontar as embarcações, empilhar as partes dentro das câmaras subterrâneas e depois lacrá-las. A deterioração evidente era mais um indício de que o lacre fora rompido. Mais tarde, os pesquisadores concluíram que a ruptura da argamassa tinha ido causada por uma máquina de misturar cimento, durante a construção, em 1960, do museu que hoje briga a primeira barca. Por sinal, ele se encontra fechado ao público porque a barca-que levou 26 anos para ser restaurada-apresenta sinais de deterioração.
De qualquer forma, a descoberta da segunda barca do faraó acabou levantando novas questões sobre o significado da vida além-túmulo para os antigos egípcios-um aspecto fundamental de sua religião. Os Textos das Pirâmides-uma coleção de inscrições encontradas em tumbas de períodos posteriores-são um valioso documento para se saber mais sobre essa questão, embora se refiram apenas à imortalidade do faraó. Os textos revelaram, por exemplo, que os egípcios tinham três concepções sobre a vida após a morte: numa, o faraó, depois de ressuscitar, vivia numa espécie de paraíso subterrâneo; segundo outra, os mortos navegavam pelo céu noturno e as estrelas eram lâmpadas atadas aos barcos que iluminavam os caminhos. Mas a concepção predominante era a de que os reis mortos acompanhavam a barca de Ra, o deus Sol, pelo céu.
Embora os Textos das Pirâmides datem do fim da V ao fim da VI dinastia (2345-2181 a.C.), os historiadores acham que podem servir como documento das crenças funerárias das dinastias anteriores, como a IV, da qual Quéops foi o segundo faraó. Já no Médio Império, meio milênio depois, a eternidade não era mais exclusividade do faraó e sim de todos os mortais, ou, pelo menos, daqueles ricos o suficiente para construir e manter as oferendas funerárias após a morte.
Réplicas de barcos esculpidos em tumbas plebéias atestam isso. Sabe-se que a Grande Pirâmide foi construída no reinado de Quéops-como o historiador grego Heródoto (século V a.C.) traduziu o nome egípcio Khufu - aproximadamente entre os anos 2551 a 2528 a.C. O que se conhece desse faraó é contado pelos objetos encontrados na tumba de sua mãe, a rainha Heteferes. A única representação que se tem dele é uma estatueta de marfim de 5 centímetros de altura que se encontra no Museu do Cairo. Dois mil anos depois da morte de Quéops, Heródoto escreveu que os egípcios o consideravam um tirano opressor. No entanto, os pesquisadores acham que isso é inverossímil, "porque nem sempre os detalhes que ele dá coincidem com as conclusões das pesquisas arqueológicas", diz o professor Ciro Flamarion Cardoso, especialista em Egiptologia, da Universidade Federal Fluminense.
Embora as informações sobre a IV dinastia sejam poucas, é certo que o apogeu do poder real no Egito Antigo se deu nesse período quando a centralização era a marca registrada do sistema político e econômico. Prova disso seria a própria construção da Grande Pirâmide, que só teria sido possível graças à concentração de recursos administrados com grande eficiência. A função da pirâmide era servir de palácio ao rei morto, para o dia em que ele ressuscitasse, o que era tido como inevitável. Por isso, tudo o que ele usava normalmente era enterrado com seu corpo.
Os egípcios-que por sinal eram exímios armadores-possuíam embarcações variadas: de minúsculas jangadas para duas ou três pessoas, feitas provavelmente de papiro, até grandes embarcações de madeira para transporte de carga e passageiros. Sem falar nos navios de alto-mar destinados ao comércio com outros povos do Mediterrâneo. Apesar de tudo, não é simples explicar por que o faraó precisava de duas barcas ou até mais que duas em sua vida além-túmulo. "Embora só duas barcas tenham sido encontradas, havia, na verdade, cinco poços perto da pirâmide", conta o professor Cardoso. De fato. os outros três poços foram descobertos no século XIX, no lado leste da Grande Pirâmide. Estavam abertos e cheios de entulho e areia. Mais tarde, fragmentos de madeira dourada e uma corda encontrados em um dos poços sugeriram que o lugar poderia ter sido abrigo de uma barca.
Para o professor Cardoso, "o mais lógico é supor que existissem cinco barcas. Por isso, a hipótese levantada por alguns de que as duas barcas encontradas seriam barcas solares- uma para acompanhar o deus Sol durante o dia e outra para fazer a viagem de volta à noite-é improvável. Se fosse assim, não eram necessárias cinco embarcações". A hipótese mais provável é que se enterravam várias barcas porque, se por algum motivo algumas fossem destruídas, sempre sobraria uma para que o faraó não ficasse literalmente a pé. Esse espírito previdente dos egípcios explica também porque, além do corpo embalsamado, enterrava-se uma cabeça de pedra-caso a múmia fosse destruída por algum motivo, a cabeça seria uma alternativa para a ressurreição do morto.
Mas há ainda outra hipótese sobre as embarcações: teriam sido construídas para transportar o equipamento funerário pelo rio Nilo durante o enterro do faraó e depois seriam desmontadas e empilhadas nos poços. Como também existem cinco poços ao lado da pirâmide de Quéfren (filho de Quéops), outro próximo à pirâmide de Djedefre (outro filho de Quéops) e três junto às tumbas das rainhas, em Gizé, os historiadores tendem a achar que alguns deles foram planejados não para conter barcos de verdade, mas como abrigos simbólicos.
Até pouco tempo atrás, o que se sabia sobre as barcas vinha das pinturas e maquetes no interior das tumbas. Afinal, as embarcações tinham papel de destaque na vida dos antigos egípcios, os quais certamente queriam continuar cercados por elas-mesmo em representações-na eternidade. A perfuração do segundo poço no ano passado revelou alguns dados que vieram confirmar o que já se sabia sobre a IV dinastia. Um dos momentos mais emocionantes do trabalho aconteceu quando a câmara de vídeo focalizou o teto e mostrou sinais nos blocos de pedra. Eram hieroglifos que foram rapidamente reconhecidos. Um deles, um sinal st, era nada menos que a marca da equipe de operários que trabalhou no corte daquele bloco e depois o transportou até o local. As equipes que trabalhavam na construção eram organizadas de acordo com o lugar de onde vinham e cada uma tinha um nome.
Hoje, os pesquisadores acham provável que naquele período os construtores das pirâmides não fossem escravos, mas camponeses comuns que na época das cheias do Nilo ficavam impedidos de trabalhar na terra. Entre as imagens fotografadas pela câmara, uma delas mostrava um cartucho- espécie de moldura onde se escrevia em hieroglifos o nome do rei-, reconhecido como sendo Djedefre, que já aparecera nos blocos durante as escavações do primeiro poço. A descoberta reforçou a crença de que foi ele, e não seu irmão Quéfren, quem enterrou os barcos ao lado da tumba do pai.
As fotos e videotapes do interior do segundo poço foram estudados pelo americano Paul Lipke, renomeado restaurador de embarcações antigas, que fizera uma análise detalhada da primeira barca. Lipke concluiu que a segunda barca era mesmo irmã da primeira.
Junto com Cheryl Haldane, arqueóloga da Universidade do Texas, ele examinou o material e detectou partes e detalhes semelhantes entre as duas embarcações: quatro proas pontudas, dois painéis laterais da cabine que ficava no centro da barca e dois pedaços de prancha com os mesmos buracos em forma de "V" encontrados na primeira barca, entre outras coisas.
Eles constataram também que a segunda era um pouco menor que a primeira - esta composta de 1224 partes, com 43 metros de comprimento depois de reconstituída. De qualquer forma, Lipke e Haldane não conseguiram encontrar nenhum indício de sua finalidade. A única certeza sobre as barcas é que para os egípcios elas estavam ligadas à crença na ressurreição e foram construídas para um rei que depois de morto navegava ao lado do deus Sol.

O passado ao vivo e em cores

Há muitos anos a centenária revista americana National Geographic queria descobrir um modo de fotografar e estudar o interior de tumbas seladas, sem causar os danos tão comuns nas escavações tradicionais. Por isso, antes de empreender a expedição que tentaria desvendar o interior do segundo poço próximo à pirâmide de Quéops, a revista empreendeu um longo trabalho de pesquisa em colaboração com nada menos de 41 organizações. Não apenas uma empresa especializada foi contratada como também fotógrafos e especialistas quebraram a cabeça, a fim de descobrir um meio de documentar o interior do poço sem alterar as condições do ambiente.
O primeiro passo foi enviar para análise uma amostra do bloco de pedra que selava o primeiro poço. Os resultados mostraram que se tratava de uma pedra calcária porosa e que a argamassa usada pelos antigos egípcios como lacre era construída de pó de pedra calcária, gipsita e partículas de argila. Depois, por meio de um radar verificou-se que a espessura do bloco era de quase 2 metros. Essas eram as únicas informações que os cientistas tinham antes de iniciar o trabalho. Para resolver a questão de como fotografar o interior do poço, foi utilizado um sistema de vídeo por controle remoto, ao qual se acrescentou uma fonte de luz fria, isto é, dada por um feixe de fios de fibra ótica.
Assim, seria possível trabalhar sem que raios ultravioleta ou qualquer tipo de luz interferissem no ambiente. Para que a atmosfera de fora não contaminasse a de dentro, providenciou-se um bloqueador que vedava a entrada de ar. As amostras de ar seriam colhidas por um tubo de aço inoxidável introduzido através do bloqueador. O tubo bombearia o ar do poço para os frascos na superfície. Começou, então, a perfuração. Foi um trabalho penoso e paciente. Colhidas as amostras de ar, introduziu-se a câmara de vídeo enquanto na superfície um monitor transmitia as imagens. Uma câmara fotográfica de 35 mm acoplada ao equipamento permitia tirar fotos coloridas.
A última etapa foi a colocação de sensores para medir as condições no interior do poço: a temperatura era de 27 graus e a umidade relativa do ar, de 84 por cento. Ao fim das pesquisas, o paço foi lacrado, mas de maneira tal a facilitar o acesso em estudos posteriores. A utilização dessa tecnologia especializada veio revolucionar a pesquisa arqueológica. Doravante, antes de começar a escavar tumbas seladas, os pesquisadores poderão saber o que elas contêm, evitando assim destruir ou danificar artefatos e objetos preciosos.





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sexta-feira, 15 de junho de 2012

A rainha do Mar - Baleia

A RAINHA DO MAR - Baleia


Muito antigamente, ela vivia em terra e tinha quatro patas.Depois voltou para os oceanos, onde havia surgido originalmente. Ali reina com graça e inteligência apesar da perseguição que lhe movem os humanos. Até cantar ela sabe. O pequeno barco navega vagarosamente nas águas geladas do Ártico, como se procurasse algo. De repente, um pungente grito ecoa, quase que abafando o ruído do motor - é o apelo desesperado de uma cria de baleia. De algum lugar, das profundezas do oceano, a maior de todas as mães emerge, atendendo ao apelo. Nesse momento, vulnerável, ela é atingida em cheio pela ponta explosiva de um poderoso arpão. A caçada termina. Há 4 mil anos o homem vem perseguindo as grandes baleias, como provam as descobertas arqueológicas no norte da Noruega, que revelam o início remato dessas implacáveis matanças. Mas nenhuma arma usada pelo homem contra as baleias é tão traiçoeira como essa fiel reprodução do grito de um filhote gravada em fita magnética. Um alto-falante submerso na ponta de uma haste ecoa o chamado nas profundezas, atuando de forma arrebatadora sobre as fêmeas dos cetáceos, atraindo-as para a superfície, bem diante da mira de um arpão. Se não podemos computar como afeto ou compaixão certas atitudes comuns entre as várias espécies de baleias é, principalmente, porque ainda muito pouco se conhece da potencialidade de seus cérebros. Para o cetologista (especialista em baleias) americano Roger Payne, o cérebro de uma baleia pode ser tão complexo quanto o humano. E acrescenta: "Ela usa apenas uma parte insignificante de seu enorme cérebro para resolver os problemas mais corriqueiros de sobrevivência e, possivelmente, aciona o resto em funções que não podemos sequer imaginar". E é no mínimo excitante pensar o que pode fazer uma criatura com 90 por cento de um cérebro de 10 quilos. Alguns pesquisadores mais ousados já arriscaram: música. Aliás, foi o próprio Roger Payne quem primeiramente notou que certas baleias produzem composições sonoras muito próximas daquilo que convencionamos como música. Assombrado com o que acabara de gravar nas profundezas da região das Bermudas, Payne apresentou o resultado ao maestro André Kostelanetz, da Rockefeller University. Imediatamente, o maestro entrou em contato com o compositor Alan Hovhaness, sugerindo-lhe a fantástica empreitada de compor uma sinfonia concedendo destaque especial ao solo de uma Megaptera novaeangliae, ou baleia-corcunda, a "cantora" apresentada por Payne. A obra "E Deus criou as grandes baleias", uma notável composição, inspirada numa citação do Gênese, foi apresentada pela Filarmônica de Nova York, em junho de 1970. Sete anos depois, foi colocado a bordo das naves Voyager um disco revestido de ouro, concebido para levar a música e os sons do nosso planeta para além do sistema solar, como uma mensagem numa garrafa. Os engenheiros da NASA, além de sinfonias, ruído de chuva e trovões, incluíram o canto das baleias. O significado dessa estranha música ainda não foi descoberto. De um modo geral, os cetáceos costumam colocar suas potentes emissões sonoras a serviço de uma notável façanha submarina: a ecolocalização. Algumas vezes, os sons parecem realmente estar buscando informações sobre a localização de alimentos, rota de navegação ou limite do território da espécie. Ou então passando adiante essas mesmas informações. Em outras ocasiões, porém, estariam associados a um momento de puro bem-estar do cetáceo. Nesses instantes, a baleia deixa escapar da laringe um poderoso som de 200 decibéis, o equivalente a uma turbina a jato. Muitos especialistas em comportamento animal interpretam esse grito como uma simples afirmação de existência. Assim, o canto mais vigoroso de que se tem notícia poderia significar algo como "sou uma baleia e estou aqui", e ser captado a algumas centenas de quilômetros. Nada mal para uma criatura que não possui cordas vocais e cujo canto seria o equivalente dos nossos gemidos. A música das baleias-corcundas ( Megaptera novaeangliae), gravada por Roger Payne, é composta de uma série de acordes que duram trinta ou cinqüenta minutos ininterruptos. Depois de um pequeno intervalo, os acordes retornam com a mesma "partitura". Durante muitos dias, a emissão sonora permanece inalterada. Mas, pouco a pouco, vão sendo acrescentadas novas harmonias e desaparecendo outras. O estudo dessas variações revelou que as baleias-corcundas realizam verdadeiros coros submarinos, com a participação exclusiva de machos durante a época da reprodução. Eles entoam sua melodiosa manifestação desde o princípio da estação reprodutiva, alterando-a gradativamente até o término da temporada. Ao final, o canto se torna bem diferente daquele inicial. No ano seguinte, quando retornam de longas jornadas por mares mais frios ao mesmo local de acasalamento e reprodução, começam a cantar juntos exatamente a mesma melodia entoada no final da temporada anterior. É quase como se dissessem uns para os outros: "Lembram-se daquela nossa velha canção?" Ao que tudo indica, os machos das baleias-corcundas empregam esses sons em sofisticados duelos sonoros, a fim de cativar a atenção de suas fêmeas. Sem dúvida, uma forma elegante de resolver um problema que tem custado, a outros animais, muito sangue e suor. O canto como sinal de presença ou de identificação deve alcançar sua maior importância no cotidiano de muitas espécies de baleias que vivem em sociedade. É gritando uma com as outras que elas se reúnem, formam verdadeiros haréns em torno de um macho mais velho e tentam se entender. Também gritando, invariavelmente, se ajudam, enfrentando qualquer tipo de dificuldade, navegando juntas durante meses, quando abandonaram os mares gelados na época da procriação. Como os gigantescos nenês devem nascer em águas mais tépidas, o grupo viaja, às vezes, mais de 6 mil quilômetros. Os recém-nascidos, dependendo da espécie, chegam a mamar 500 litros de leite por dia. É o que acontece, por exemplo, com um filhote de baleia-azul (Balaenoptera músculos): durante o longo período de aleitamento, ele chega a engordar, em média, 4 quilos por hora, na fase de crescimento. Isso significa que um balaenopterozinho engorda quase 100 quilos por dia, durante sete meses, quando então deixa de mamar. Ele, que nascera com o peso de 3 toneladas, chega então às 20 toneladas. Ainda bem pouco para um animal que irá atingir a surpreendente marca de 200 toneladas quando adulto. A baleia-azul é o maior e mais pesado animal que jamais existiu. Nenhum dinossauro, peixe ou qualquer outro mamífero poderia, como ela, equilibrar numa balança o peso de quarenta elefantes ou, se preferir, 2 500 homens. Essa gigantesca massa corporal ocupa um comprimento de 30 metros e confere à baleia-azul o aspecto de um soberbo salsichão que, se fosse pendurado do décimo andar de um prédio, iria tocar o solo. Comparado ao tamanho descomunal do corpo, o cérebro de 10 quilos é algo insignificante em volume e peso. Para muitos especialistas, esse fato já é suficiente para colocar as baleias e elefantes muito atrás de outros animais numa escala de inteligência. Na opinião deles, uma grande área do cérebro desses animais ficaria empenhada apenas na tarefa de comandar as contrações da enorme massa muscular. Para o professor W.L. Sanvito- neurologista da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa em São Paulo -, a relação cérebro/volume total do corpo é fundamental para se determinar o grau de inteligência de uma espécie. Seguindo esse raciocínio, Sanvito acrescenta: "Nas espécies de inteligência superior há uma nítida predominância do cérebro nessa relação que, se é notável nos primatas, adquire a mais alta expressão no homem". Entretanto, nos pequenos e familiares golfinhos-cetáceos como as baleias-existe uma curiosa e inquietante relação entre o peso do corpo e o do cérebro. Algumas de suas quase vinte espécies, como, por exemplo, os golfinhos amestrados dos espetáculos, possuem este índice mais elevado que a espécie humana. Isso não quer dizer que os golfinhos tenham levado a nossa "taça de Q.I." para o fundo do mar. Contudo, já podemos olhá-los- em função de sua inteligência-como algo muito próximo aos chimpanzés, pois ambos, depois de amestrados, se eqüivalem na realização de fantásticas proezas. E, se uma ou outra vez, os primatas levam alguma vantagem diante dos olhos arregalados dos cientistas, logo adiante os golfinhos recuperam as atenções da platéia. Talvez um dia a ciência deixe mais claros os limites e potencialidades da inteligência dos cetáceos. Por enquanto, permanecemos diante de cérebros sofisticados que operam no escuro e no frio das regiões abissais e que, de vez em quando, nos revelam uns poucos segredos de seu estranho mundo: enigmáticas canções e um imenso e incontido desvelo maternal. Para saber mais: Falsas assassinas (SUPER número 5, ano 8) O monstro em perigo (SUPER número 9, ano 9) Boxes da reportagem Um fim à matança? A Comissão Internacional da Pesca da Baleia, na reunião anual em Auckland, na Nova Zelândia, proibiu a pesca "cientifica" dos baleeiros japoneses. Um acordo anterior havia permitido a caça desses mamíferos em extinção apenas para estudos. O Japão havia usado esse acordo para justificar a caça de quase 300 baleias minke, somente este ano. Na última reunião, no ano passado, o governo japonês havia conseguido a autorização para caçar 825 baleias minke e 50 cachalotes, o que os analistas internacionais consideraram demasiado, mesmo que fosse para fins científicos. O valor da pesca das baleias para colher dados genéticos e fisiológicos ficou extremamente reduzido depois que novas técnicas, criadas no Departamento de Genética da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, foram divulgadas: uma pequena amostra da pele da baleia é retirada com um dardo, num procedimento considerado indolor e inofensivo para o animal; a partir dai é possível discriminar linhagens e até mesmo paternidade, identificando a distribuição geográfica e o padrão reprodutivo da espécie. Assim, a caça às baleias fica restrita aos esquimós e outras tribos ou raças que tradicionalmente usam os animais para assegurar o seu próprio meio de vida. Em dezembro do ano passado, um projeto de lei toi sancionado pelo presidente da República, acabando com a pesca da baleia no Brasil. Essa medida encerrou as atividades da Copesbra (Companhia da Pesca Norte do Brasil), empresa dedicada a pesca desses mamíferos desde 1912. O alvo principal da Copesbra era a baleia-minke, que, com suas 7 toneladas de peso médio, fornecia 3,5 t de filés, 1,26 t de ossos, 36 kg de barbatanas, 56 kg de língua, 63 kg de fígado, 63 kg de intestinos, 42 kg de nadadeiras, 7 kg da cartilagens, 280 kg de papo e 980 kg da toucinho. Para resolver o problema do desemprego gerado pela desativação da Copesbra, há uma sugestão apresentada pela União Internacional Protetora dos Animais: o plantio da jojoba, uma planta muito resistente ao clima do Nordeste, cuja semente produz um óleo capaz de substituir o da baleia, por ser melhor lubrificante e ter as mesmas características químicas e físicas Cinco espécies no Brasil Baleia-minke Balaenoptera acurostrata 10 metros Ela costeia a África, até o equador, para então voltar à Antártida, pelo litoral brasileiro. Era desprezada pelos caçadores, mas, depois que as baleias maiores rarearam, 12 mil espécimes são abatidos por ano. Baleia corcunda Megaptera novaeangliae 15 metros Esta é a baleia cantora, uma espécie que costuma vir bem perto das praias.Foi muito perseguida durante os anos 20. Hoje devem reatar pouco mais de 6 mil exemplares no mundo. Cachalote Physeter catodon 18 metros É o maior dos cetáceos de dentes. Fornece o âmbar cinzento, uma substância produzida no seu intestino, que é um valioso fixador usado em perfumaria. Muito perseguidos, existem hoje apenas 500 mil espécimes Baleia-franca Eubalena glacialis 18 metros Esta espécie já foi muito comum no litoral sul do Brasil. Mesmo depois de ter a sua caça proibida na década de 30, era ainda capturada até 1974. Seu hábito de navegar junto à costa faz dela uma presa fácil. Baleia-fin (de barbatana) Balaenoptera physalus 25 metros Navega por todos os oceanos e é a segunda maior baleia, perdendo apenas para a baleia-azul. Muito perseguida nos anos 50, sua população mundial é de 100 mil Indivíduos. Um cérebro quase tão complexo quanto o humano Todos os cetáceos se caracterizam por apresentar um índice elevado da relação cérebro/corpo-que é mais Importante que o peso isolado do cérebro para se avaliar o grau de sofisticação de uma espécie Um golfinho em particular, o Tursiops truncatus, conhecido por suas habilidades nos shows amestrados, chamou a atenção dos cientistas pela inteligência. O cérebro do golfinho possui maior número de circunvoluções e peso superior ao humano; o índice cérebro/corpo, no entanto, o coloca entre o homem e o chimpanzé. O Tursiops tem um sofisticado sistema de comunicação através de silvos, que servem para brincadeiras, trocas de informações, alarmes em situações de perigo, pedidos de socorro e ainda para localizar e identificar os alimentos. A ecolocalização O alimento predileto do cachalote é a lula-gigante, que mede 16 metros, de comprimento e vive nas profundezas de até 1 000 metros. Para localizar essa descomunal criatura, o cachalote mergulha emitindo um possante ruído e aguarda o retorno do eco. Com esse verdadeiro sonar, ele encontra a sua presa e arrasta-a para a superfície. O cachalote pode permanecer submerso durante 75 minutos, sem subir para respirar. Assassinas só no nome Se a maioria das pessoas que mora nas grandes cidades não tem sequer a chance de conhecer cavalos ou bois, ainda mais remota é a possibilidade de ver de perto alguma baleia. Elas formam suas comunidades em alto-mar, preferindo geralmente as águas geladas dos oceanos próximos aos pólos. A única oportunidade de encarar-mos de frente algum desses animais, que medem, na menor das espécies, 8 metros, é nos shows aquáticos. As orcas, ou baleias assassinas, como são conhecidas, são ensinadas a pular, jogar bola com o nariz ou mesmo carregar o treinador nas costas. Apesar do seu pouco simpático apelido, elas não são hostis ao homem. Foram chamadas de assassinas por costumarem atacar pingüins e até mesmo outros mamíferos, como focas e leões-marinhos, quando famintas. Mas seu cardápio habitual é de peixes. Além disso, as orcas são consideradas a espécie mais poderosa de sua família, curiosamente, a mesma dos golfinhos. Isto quer dizer que não existem predadores para ela; as causas de sua morte são a velhice ou a doença. Treinar um animal desse porte não é tarefa. fácil. São meses de tentativas diárias para que treinador e baleia coordenem seus movimentos. Atualmente, no Playcenter, em São Paulo, os treinadores Oscar Cardoso e Paulo César Cirilo tentam andar sobre a barriga e as costas de Samoa, uma carinhosa orca, enquanto ela nada girando sobre si mesma. Para os treinadores, as orcas têm a inteligência equivalente à dos seus primos, os golfinhos, e podem superar a dos macacos. Além da ração diária de 80 quilos de peixe, a orca pede muito carinho. A cada minuto, o treinador tem que dar tapinhas e beijinhos em sua cabeça. Ignorá las é, portanto, a pior punição. Assim também são com seus filhotes: dóceis e protetoras. No Sea World de Orlando, na Flórida, Baby Shamu, o único que sobreviveu, dos cinco filhotes nascidos em cativeiro, nada ao lado da mãe imitando todos os seus movimentos. O treinador, para ela, é dispensável. Em alto-mar, formam sociedades matriarcais, com grupos de até cinqüenta baleias. Nenhum órfão é rejeitado. As simpáticas orcas têm um espírito de grupo de fazer inveja a muita gente.





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sexta-feira, 15 de junho de 2012

No princípio, eram as Deusas

NO PRINCÍPIO, ERAM AS DEUSAS


Nos quatro cantos do mundo, as primeiras divindades eram mulheres: Pótnia, Astarte, Ísis, Amaterazu, Nu Gua. Nas antigas sociedades, elas representavam o começo e o fim de tudo.Hoje, ajudam a entender o passado remoto dos homens. Em Çatal Huyuk, na Turquia, a estatueta de uma mulher sentada num trono e ladeada por duas panteras, em cujas cabeças ela coloca as mãos, sugere ao mesmo tempo a imagem da mãe e da senhora da natureza. Suas formas generosas - quadris largos e seios grandes- reforçam ainda mais essa idéia. O nome da figura feminina é Pótnia, a deusa de Çatal Huyuk, a mais antiga cidade que se conhece do período Neolítico, cerca de 10 mil anos atrás. De Pótnia nasceram outras divindades femininas também adoradas pelos homens pré- históricos. Sua estatueta, esculpida por volta de 6500 a.C., foi uma das muitas encontradas na Europa e no Oriente Médio, algumas mais antigas, do Paleolítico Superior (de 50 mil a 10 mil anos atrás). Essas descobertas levaram historiadores e arqueólogos a sugerir que, bem antes de venerar deuses masculinos, os antepassados do homem teriam adorado as deusas, cujo reinado chegou até a Idade do Bronze, há cerca de 5 mil anos. Não se sabe a rigor o exato significado daquelas estatuetas, até porque pouco ou quase nada se conhece dos costumes dos homens pré-históricos. Mas não resta dúvida de que por um bom tempo as deusas reinaram sozinhas, deixando os poderes masculinos à sombra. Em seu livro Um é o outro, a filósofa e professora francesa Elisabeth Badinter tenta explicar a supremacia feminina a partir do que se supõe teriam sido as relações entre homens e mulheres naquelas épocas distantes. A idéia é que o homem do Neolítico-ao contrário dos seus antecessores do Paleolítico, que eram caçadores, e dos seus descendentes da Idade do Bronze, guerreiros-dedicava-se à criação de rebanhos e à agricultura. Ou seja, já não era necessário arriscar a vida para sobreviver. Nesses tempos relativamente pacíficos, em que a força bruta não contava tanto como fator de prestígio e as diferenças sociais entre os sexos se estreitavam, é bem possível que deusas-e não deuses-tivessem encarnado as principais virtudes da cultura neolítica. Entre as centenas de estatuetas encontradas, algumas têm em comum os seios fartos e os quadris volumosos como Pótnia. Talvez a mais famosa seja a Vênus de Willendorf, encontrada às margens do rio Danúbio, na Europa Central. Nela, os seios, as nádegas e o ventre formam uma massa compacta, de onde emergem a cabeça e as pernas - na verdade, pequenos tocos. Igualmente reveladora é a Vênus de Lespugne, descoberta na França: embora mais estilizada, guarda as mesmas características de sua irmã de Willendorf. Mas, das esculturas pré- históricas encontradas até hoje, são raras as que apresentam os traços femininos tão exagerados - o que dá margem a um debate sobre o que significava afinal a figura feminina (devidamente divinizada) nos primórdios das sociedades humanas. Os historiadores tendem a achar que os primeiros homens a viver em grupos organizados davam mais importância à sexualidade feminina do que à fertilidade, embora não seja nada fácil separar uma coisa da outra. No entanto. a imagem à qual acabaram associadas foi a da maternidade. Há quem não concorde. "Traduzir o culto dos ancestrais às deusas como simples exaltação à fertilidade é simplificar demais", comenta a historiadora e antropóloga Norma Telles, da PUC de São Paulo, que estuda mitologia praticamente desde criança. "Na realidade, a deusa não é aquela que só gera. Ela é também guerreira, doadora das artes da civilização, criadora do céu, do tecido e da cerâmica, entre muitas outras coisas." De fato, em muitos mitos, a deusa aparece como quem dá o grão aos homens, e não apenas no sentido literal de nutrição. Assim, por exemplo, Deméter, venerada pelos gregos como a deusa da colheita, ajudava a cultivar a terra - arar, semear, colher e transformar os grãos em farinha e depois em pão. Deméter ensinava ainda os homens a atrelar as animais e a se organizar. Os gregos explicaram a origem do mundo com outro mito feminino: o da deusa Gaia. Doadora da sabedoria aos homens, ela limitou o Caos-o espaço infinito-e criou um ser igual a ela própria: Urano, o céu estrelado. Pouco depois, Eros, símbolo do amor universal, fez com que Gaia e Urano se unissem. Desse casamento nasceram muitos filhos e, assim, a Terra foi povoada. A crença de que o Universo foi criado por uma divindade feminina está presente em quase toda parte. Ísis, a mais antiga deusa do Egito, tinha dado a luz ao Sol. Na Índia, Aditi era a deusa-mãe de tudo que existe no céu. Na Mesopotâmia, Astarte, uma das mais cultuadas deusas do Oriente Médio, era a verdadeira soberana do mundo, que eliminava o velho e gerava o novo. Essa idéia aparece com clareza nas efígies datadas de 2 300 a.C., que mostram Astarte sentada sobre um cadáver. Também para os chineses foi uma deusa-Nu Gua - quem criou a humanidade. Seu culto apareceu durante o período da dinastia Han (202 a.C.-220 d.C.). Representada com cabeça de mulher e corpo de serpente, a venerável Nu Gua encarnava a ordem e a tranqüilidade. Os chineses dizem que, cavando barro do chão, ela moldou uma figura que, para sua surpresa, ganhou vida e movimento próprio. Entusiasmada, a deusa continuou a moldar figuras, mas a natureza mortal de suas criaturas a obrigava a repetir eternamente o trabalho. Por isso, Nu Gua decidiu que os seres deviam se acasalar para se perpetuarem-daí também ela ser considerada pelos antigos chineses a deusa do casamento. Do outro lado do mundo, na América pré - colombiana, os astecas tinham em Tlauteutli sua deusa da criação. Para eles, o Universo fora feito de seu corpo. Os maias tinham igualmente sua deusa-mãe. Era Ix Chel. De sua união com o deus Itzamná nasceram os outros deuses e os homens. Com o passar do tempo, deuses e homens passaram a dividir com as deusas o espaço no Panteão, o lugar reservado às divindades. Para Elisabeth Badinter, isso acontece quando a noção de casal vai deitando raízes nas sociedades. Pouco a pouco, da Europa Ocidental ao Oriente, "reconhece-se que é preciso ser dois para procriar e produzir", escreve ela. Mas o culto à deusa - mãe ainda não é substituído pelo do deus - pai. O casal divino passa a ser venerado em conjunto. As deusas só serão destronadas com o advento das religiões monoteístas, que admitem um só deus, masculino. Com a difusão do cristianismo, as antigas deusas são banidas do imaginário popular. No Ocidente, algumas acabaram associadas à Virgem Maria, mãe do Deus dos cristãos, outras se transformaram em santas. Mas outras ou foram excluídas da história ou acusadas pelos padres de demônios e prostitutas. As deusas das culturas indo-européias tinham em comum o poder de criar, preservar e destruir-davam a vida e recebiam de volta o que se desfazia. Esse aspecto destrutivo das divindades femininas foi o mais atacado pelos inimigos do politeísmo. A suméria Astarte, por exemplo, não escaparia à ira nem dos profetas bíblicos nem dos primeiros cristãos: para uns e outros, ela era a encarnação do diabo. No império babilônico, Astarte foi venerada sob o nome de Ishtar, que quer dizer estrela. Nos escritos babilônicos, ela é a luz do mundo, a que abre o ventre, faz justiça, dá a força e perdoa. A Bíblia, porém, a descreveria como uma acabada prostituta. A importância dada ao lado violento, destrutivo, talvez explique por que a deusa hindu Kali Ma aparece no filme de Steven Spielberg, O templo da perdição, como a encarnação da violência. Ela é a sanguinária figura em nome da qual se matam e torturam adultos e se escravizam crianças. No entanto, para os hindus, mais especialmente para os tantras - adeptos de uma derivação do hinduísmo -, Kali é a deusa da transformação e nesse sentido mais filosófico é que ela é destruidora, da mesma forma como a passagem do tempo destrói. Representada como uma mulher negra com quatro braços e uma serpente na cintura, pode aparecer também com um colar de crânios no colo e uma cabeça em cada mão. Em seus templos, espalhados por toda a Índia, realizavam-se sacrifícios de búfalos e cabras. "Para os orientais, Kali é a desintegração contida na vida, visão essa que nós ocidentais não temos", interpreta a antropóloga Norma Telles. Se Kali foi vista como deusa sanguinária, outras divindades compensavam tanta violência. Sarasvati, a deusa dos rios, era para os hindus a inventora de todas as artes da civilização, como o calendário, a Matemática, o alfabeto original e até os Vedas, o texto sagrado do hinduísmo. Também na América pré-colombiana, sobretudo entre os astecas, o culto às deusas e deuses incluía muitas vezes sacrifícios humanos. A deusa Tlauteutli é um bom exemplo. Um dia, os deuses descobriram que ela ficaria estéril, a menos que fosse alimentada de corações humanos. Na verdade, os astecas tinham uma visão apocalíptica do mundo: se não alimentassem a deusa, a Terra se acabaria. Mas, à medida que começava a crescer o culto à deusa da maternidade, Tonantzin, diminuía o interesse dos astecas pelos deuses aos quais se faziam sacrifícios sangrentos. Mais tarde, com a chegada dos conquistadores espanhóis, Tonantzin foi identificada com a Virgem Maria. Isso acabaria acontecendo também com a deusa Ísis. Cultuada no Egito e no mundo greco - romano, ela representava a energia transformadora. Casada com o deus Osíris, morto pelo próprio irmão, Ísis não sossegou enquanto não lhe restituiu a vida. A lenda conta que as enchentes do Nilo eram causadas pelas lágrimas da deusa que pranteava a morte do amado. Por isso, as festas em sua homenagem coincidiam sempre com a época das cheias. É evidente que, ao festejá-la, os egípcios comemoravam a generosa fertilidade do rio Nilo. Nos primeiros séculos cristãos, Ísis passou a ser identificada com Maria. Já a deusa Brighid, cultuada pelos celtas, ancestrais dos irlandeses, foi transformada pelo cristianismo em Santa Brigida. A veneração daquele povo por Brighid era tanta que ela era chamada simplesmente "a deusa". Dona das palavras e da poesia, era também a padroeira da cura, do artesanato e do conhecimento. As festas em sua homenagem se davam no dia 1º de fevereiro, antecipando a chegada da primavera. Na história cristã, a santa nasceu no pôr-do-sol, nem dentro nem fora de uma casa, e foi alimentada por uma vaca branca com manchas vermelhas. Na tradição irlandesa, a vaca era considerada sobrenatural. Antes mesmo da chegada das religiões monoteístas, os mitos dizem que o convívio entre deuses e deusas começou a se tornar difícil e a igualdade dos poderes divinos começava a ficar abalada. Assim, por exemplo, Amaterazu, a deusa japonesa do Sol, de quem descendiam os imperadores, não se dava muito bem com o deus da tempestade. Conta a lenda que certo dia ele foi visitar os domínios da deusa e acabou por destruir seus campos de arroz. Furiosa, Amaterazu resolveu vingar-se trancando-se numa caverna - o que deixou o mundo às escuras. Depois de um tempo, como ela não saísse da caverna, uma multidão de deuses e deuses menores decidiu armar uma estratégia para convencê-la a mudar de idéia. Assim, colocaram diante da caverna um espelho que refletia a imagem do deus da tempestade, como se ele estivesse enforcado numa árvore, e começaram a dançar. Atraída pela música, a deusa decidiu sair para ver o que acontecia. Ao deparar com a imagem no espelho ficou feliz e voltou ao mundo. Com isso, tudo se normalizou e os dias continuaram a suceder às noites. Outro exemplo dos conflitos entre as divindades é o caso da deusa grega Deméter e seu marido Hades, o deus do mundo dos mortos. Eles começaram a brigar pela guarda da filha Perséfone e a questão só foi resolvida com a mediação de Zeus, o deus supremo do Olimpo. Salomonicamente, ele determinou que a menina ficasse com cada um seis meses por ano. Das deusas veneradas no mundo antigo, não houve tantas nem tão famosas como as da mitologia greco - romana. Afrodite (Vênus, em Roma) talvez fosse a mais popular de todas, por encarnar o amor e as formas belas da natureza. Já Ártemis (Diana) era a caçadora solitária, senhora dos bosques e dos animais. Seus lugares preferidos eram sempre aqueles onde o homem ainda não tinha chegado. Atena (Minerva) protegia a cidade, as casas e as famílias. O predomínio que as divindades femininas exerceram ao longo do tempo levou alguns pesquisadores do século XIX a supor que na pré-história as mulheres detiveram alguma forma de autoridade política. Não há registros arqueológicos que confirmem isso - hoje os especialistas não admitem que tenha existido alguma sociedade cujo controle estivesse com as mulheres. Mas também é certo que nos tempos pré-históricos, quando era outra a divisão social do trabalho, as mulheres tinham um papel preponderante na luta pela sobrevivência do grupo. É impossível saber com exatidão quando e por que deixou de ser assim. De uma coisa, porém, não se duvida: foram os homens quem primeiro traçaram a mitologia das deusas. A primeira mulher de Adão Segundo uma antiga lenda, a primeira companheira de Adão não foi Eva, mas uma deusa chamada Lilith-"monstro da noite", para os antigos hebreus-que brigou com Deus e por isso foi transformada em demônio. Na verdade, o castigo maior que Ihe impuseram os sacerdotes foi excluí-la dos relatos bíblicos da criação do mundo. Lilith, versão hebraica de uma divindade babilônica, sinônimo de "face escura da Lua", não se dava bem com Adão. Certo dia, cansada de desavenças, Lilith abandonou o marido e foi para o mar Vermelho, onde passou a viver entre demônios, com quem teve vários filhos. Inconformado, Adão foi pedir a interferência de Deus. Este determinou então que Lilith voltasse imediatamente para casa. Mas ela recusou-se e foi condenada a devorar todos os seus filhos. Não bastasse, passou a ser considerada um demônio igual a outras deuses do mundo das trevas. Por tudo isso, no folclore judaico, cada vez que morria uma criança, dizia-se que Lilith a tinha levado. A lenda de Lilith perdurou entre os judeus pelo menos até o século VII.




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segunda-feira, 30 de abril de 2012

A TERRA VIVE - Ecologia


Sempre se soube que o ambiente influi decisivamente sobre a vida na Terra. Agora, os cientistas sugerem o contrário: a Terra seria aquilo que a vida quer que ela seja. É a hipótese Gaia. Desde 2 bilhões dos seus 4,5 bilhões de anos, a Terra contém um coquetel de água, gases, calor e minerais nas doses necessárias e suficientes para que a vida floresça em toda a sua esplêndida variedade. Isso pode ser considerado apenas uma felicíssima coincidência: a vida teria surgido e se desenvolvido neste relativamente pequeno planeta-o quinto em tamanho do sistema solar-e não em qualquer outro pela simples e boa razão de que aqui se encontra o mais confortável ambiente, se não do Universo inteiro, pelo menos deste canto do Cosmo. Mas pode ter acontecido também que, tendo se formado fortuitamente, os organismos vivos, com o passar dos milênios, acabaram tomando conta da casa terrestre, adaptando-a com tanta perfeição que ela se moldou à vontade de seus hóspedes. Hoje, as dependências desta habitação chamada Terra abrigam seres tão diversos como bactérias e baleias, plânctons e pinheiros-além, é claro, dos presunçosos seres humanos, que se consideram o supra-sumo da criação e, por isso, os donos da casa. A idéia de que a vida é aquilo que a Terra Ihe permite ser é a versão convencional, que soa bem ao senso comum. Já a idéia de que a Terra é aquilo que a vida faz com ela parece uma extravagância. Mas tem sido ouvida com muita atenção por quem se interessa por esse tipo de assunto. "A Terra está viva", afirma o biólogo inglês James Lovelock, o primeiro a defender esse ponto de vista heterodoxo há quase vinte anos. Cientista de muitos talentos, Lovelock acredita que cada componente da Terra funciona de forma tão integrada em relação aos demais e ao conjunto todo como os instrumentos de uma orquestra bem afinada. Ou, como ele gosta de dizer, citando o escocês James Hutton (1726 - 1797), considerado um dos países da moderna Geologia, "a Terra é um superorganismo que deveria ser estudado como um sistema completo, assim como os fisiologistas estudam todas as funções orgânicas do corpo humano". A soma total das partes vivas e inanimadas da Terra, Lovelock chamou Gaia, em homenagem à deusa grega cujo nome quer dizer Terra e da qual derivaram palavras como geografia e geologia. Na realidade, não é nova a idéia da integração entre os organismos vivos e o meio ambiente. Afinal, a própria palavra ecologia foi criada já lá se vão 120 anos pelo zoólogo alemão Ernst Haeckel (1834 - 1919). Ela vem do grego oikos (casa) e significa "saber da casa". Mas até recentemente essa integração era mal compreendida por causa da imprecisão dos conceitos e dos métodos de análise. Hoje se sabe que os mecanismos que agem sobre a Terra não podem ser alterados sem que se pague por isso um preço provavelmente muito alto em termos da própria continuidade da vida. Por exemplo, pesquisa conjunta da agência espacial NASA com universidades americanas e instituições científicas brasileiras, realizada na Amazônia no ano passado, comprovou que o equilíbrio climático da região depende basicamente da floresta. Daí, a crescente e indiscriminada derrubada de árvores para a formação de pastagens tende a alterar o ciclo de renovação da água, ameaçando tornar caótico o regime de chuvas. O pior é que as conseqüências desse processo de desertificação não deverão se limitar, a longo prazo, à área desmatada. A poluição, de seu lado. também pode estar destruindo as moléculas de ozônio da atmosfera, rompendo uma complexa teia de interdependências que existe há pelo menos 600 milhões de anos. Formado por três átomos de oxigênio (O3), o ozônio começou a existir em quantidades consideráveis graças ao aparecimento dos organismos vivos que liberavam, através da fotossíntese, grandes quantidades de oxigênio na atmosfera. Desde então, a camada de ozônio a 15 mil metros acima da superfície terrestre não só ajuda a estabilizar a temperatura como impede a exposição direta dos seres vivos à radiação solar. Lovelock tem o privilégio de ter sido o primeiro cientista a detectar, em 1971, o acúmulo de moléculas do gás artificial clorofluorcarbono, que corrói o ozônio, na atmosfera. Inventor de numerosos equipamentos científicos, ele já aperfeiçoara, em 1957, um detector de elétrons que permitiria a identificação das moléculas. Não foi a primeira vez que esse invento teve um papel importante na história da Ecologia. Em 1962, ele tinha servido para medir os dramáticos efeitos dos pesticidas sobre o solo, mostrados pela americana Rachel Carson no livro A primavera silenciosa, considerado um marco dos movimentos ambientais. Com esse currículo, não é de estranhar que Lovelock, aos 69 anos, seja um cientista diferente da maioria dos colegas. Biólogo de formação, prefere ser tratado como um estudioso de várias disciplinas-foi professor de Química e Cibernética em universidades inglesas e americanas. Atualmente, estabeleceu seu laboratório numa tranqüila vila no noroeste da Inglaterra, cercado de árvores que ele e sua família plantaram. No final da década de 60, Lovelock foi convidado pela NASA para fazer parte do projeto que enviaria a sonda automática Viking a Marte. Ele deveria dizer como os pesquisadores poderiam identificar eventuais formas de vida naquele planeta. Lovelock comparou a atmosfera de Marte - equilibrada e quase toda composta de carbono-com a turbulenta e instável mistura gasosa da Terra. Concluiu dai que os organismos terrestres usam a atmosfera ao mesmo tempo como fonte de matéria-prima e depósito de elementos de que não necessitam. Nem sempre foi assim. Ao se formar, há cerca de 4 bilhões e meio de anos, a atmosfera da Terra continha basicamente hidrogênio, amoníaco e metano. Não havia oxigênio livre. A temperatura do planeta exposto à radiação ultravioleta do Sol era extremamente elevada. Em suma, um ambiente incompatível com qualquer forma de vida. À medida que a Terra foi se resfriando, nos primeiros 2 bilhões de anos, o hidrogênio, muito leve, escapava da atmosfera, enquanto o dióxido de carbono e a água iam lentamente sendo liberados para a crosta terrestre pelos vulcões. Nessa fase, o carbono funcionou como um manto protetor que retinha o calor do Sol, sem o qual o planeta ficaria congelado Foi quando apareceram os seres vivos - e a aparência da Terra começou a mudar. Outros planetas do sistema solar, como Marte ou Vênus, são mundos cuja base é muito semelhante à da Terra. Vênus, porém, está envolta numa densa atmosfera de dióxido de carbono, que eleva a temperatura na sua superfície a 400 graus centígrados. Marte, por sua vez, é um deserto gelado, tumultuado por tempestades de areia e coberto por uma fina camada de dióxido de carbono. Já a Terra tem um revestimento variado e - segundo a hipótese Gaia, de Lovelock - derivado das incontáveis formas de vida que abriga. Toda essa vida é capaz de atividades fantásticas. O professor Walter Shearer, da Universidade das Nações Unidas, em Tóquio, calcula por exemplo que 100 bilhões de formigas na Amazônia liberam 55 mil toneladas de ácido fórmico por ano, que respondem por 25 por cento da acidez das chuvas que caem sobre a região. Gaia sugere outros raciocínios tão imaginativos como esse. O mesmo Shearer afirma que um inofensivo fungo que cresce nas raízes das árvores da Amazônia libera nada menos de 5 milhões de toneladas de clorocarbono por ano para a atmosfera. A descoberta de que há mil e uma maneiras pelas quais a vida mexe com o ambiente não transforma automaticamente qualquer cientista em adepto das idéias de Lovelock. James Kirchner, da Universidade da Califórnia, por exemplo, não aceita a noção da Terra como um organismo vivo e auto-regulador. Para ele, isso é mais poesia do que ciência. Seu colega James Kasting, da NASA, acredita que a biosfera, o conjunto dos seres vivos, é um dos fatores que afetam a composição da atmosfera, dos continentes e oceanos. Mas não existe, segundo ele, nenhuma razão para acreditar que a biosfera controla todo o sistema terrestre. No Brasil, essa polêmica praticamente ainda não chegou ao conhecimento da maioria dos pesquisadores. Mas existem aqui idéias que têm muito a ver com a questão. O geofísico nuclear Ênio Bueno Pereira, especialista do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) em radiatividade atmosférica, acredita que a Terra poderia semear vida em outros planetas. E pergunta: "Não seria aconselhável começarmos a estudar essa possibilidade antes de a Terra esgotar seus recursos?" Sua proposta envolve questões bem mais delicadas do que à primeira vista os admiradores de aventuras espaciais poderiam esperar. Existem microorganismos terrestres, encontrados no continente gelado da Antártida. que talvez pudessem sobreviver em Marte. Será que, como admite a hipótese Gaia, eles poderiam se espalhar, absorver a luz solar, aquecer o gelo e mudar a composição química da atmosfera marciana? Nem Lovelock tem uma resposta segura para isso. Mas o astrônomo Enos Picazzio, do grupo de Astrofísica do Sistema Solar da Universidade de São Paulo, é categórico: "Levar qualquer tipo de vida para fora só terá validade se for reproduzido um habitat semelhante ao da Terra. Caso contrário, o resultado é imprevisível". A idéia da interdependência dos organismos vivos com o meio ambiente tem partidários de peso. Uma adepta é a bióloga Lynn Margulis, da Universidade de Boston, nos Estados Unidos, co - autora, com Lovelock, do livro Gaia-uma nova visão da vida na Terra, ainda não traduzido para o português. Ela escreveu também Microcosmos, em co - autoria com o filho Dorian Sagan, de seu casamento com o astrônomo Carl Sagan. A hipótese Gaia também agradou aos movimentos verdes e foi apropriada pela moda da New Age, uma mistura de propostas místicas com retorno à natureza, que tem se manifestado nos Estados Unidos. Quando Lovelock formulou sua teoria pela primeira vez, foi ignorado pelas universidades. Mas isso já é história antiga. Recentemente, ele participou no Estado americano do Colorado de uma conferência da Associação Geofísica Americana, organizada especialmente para discutir a hipótese Gaia. Ali, Lovelock, junto com o climatologista Robert Charlsom da Universidade de Washington, apresentou um novo exemplo dessa ciranda vida-ambiente. Segundo afirmou, alguns tipos de plânctons sintetizam um composto químico chamado sulfeto de dimetila. O contato com o oxigênio do ar libera sulfato, uma partícula aerossol que serve como núcleo de condensação de nuvens sobre os oceanos. Como as nuvens são do tipo estratos - baixas e rasas -, não provocam chuvas, mas têm impacto sobre a temperatura da água ao refletir a radiação solar. Esse é um exemplo importante da influência dos organismos vivos sobre as nuvens. Mas daí a inferir que eles afetam a temperatura dos oceanos vai uma distância muito grande", afirma, cauteloso, o meteorologista da USP, Oswaldo Massambani, também especialista em nuvens. Lovelock pode se orgulhar de ter conseguido uma proeza. Especialistas de várias áreas concordam em debater uma visão mais integrada e até mesmo ecológica do mundo. "A solução da crise ambiental requer um raciocínio científico diferente do que vínhamos seguindo até agora" propõe o professor José Galizia Tundizi, da Faculdade de Engenharia da USP em São Carlos, um entusiasta da nova tendência. Tundizi procurou colocar em prática suas idéias. Naturalista de formação, mas com mestrado em Oceanografia, doutorado em Botânica e livre-docência em Ecologia de Reservatórios, está atualmente empenhado em criar o primeiro curso no Brasil de Ciências Ambientais, em nível de pós-graduação, para diplomados de áreas diferentes. Segundo Tundizi, "o uso que os seres humanos fazem da água, ar, terra e florestas está conduzindo esses sistemas a um limite além do qual sofrerão prejuízos irreversíveis . É possível, como pensam os mais otimistas, que, se a hipótese Gaia estiver correta, os organismos vivos acabarão ajudando a Terra a suportar, mediante uma lenta sucessão de ajustes, os efeitos da crise ambiental. Resta saber se, quando a Terra finalmente se recuperar, os seres humanos ainda estarão aqui para apreciar os resultados. "Gaia não é uma mãe cegamente apaixonada por seus filhos", adverte Lovelock. "Se algum deles lhe fizer mal, ela o eliminará sem dó nem piedade.' . . . C=117579 . . .




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segunda-feira, 30 de abril de 2012

Da Flecha a Bola - O Esporte

DA FLECHA À BOLA - O Esporte

A paixão mundial pelos esportes tem origem nos tempos pré-históricos em que o homem era caçador e coletor. A cena se repete a cada outono nos Estados Unidos: nas tardes de domingo assim como nas noites de segunda-feira, abandonamos tudo que estamos fazendo para olhar as pequenas imagens de 22 homens em movimento - precipitando-se uns sobre os outros, caindo, erguendo-se e chutando um objeto alongado feito da pele de um animal. De vez em quando, tanto os jogadores quanto os espectadores passivos são levados à exaltação ou ao desespero pelo desenvolvimento do jogo. Por todo o país, hipnotizados diante das telas de vidro, pessoas (na maioria homens) gritam e resmungam em coro. Dito assim, parece um comportamento estúpido, mas quando você pega o jeito é difícil resistir-e eu falo por experiência própria. Atletas correm, pulam, batem, escorregam e é emocionante vê-los fazer tudo isso com tanta habilidade. Eles se atracam no solo. São precisos ao golpear ou arremessar um objeto marrom ou branco em rápido movimento. Em alguns jogos, tentam conduzir a coisa em direção ao que se convencionou chamar "meta". Em outros, os jogadores fogem e depois voltam à "base". Quase tudo é trabalho em equipe-e é admirável como as partes se encaixam formando um conjunto magnífico. Mas não são essas as habilidades que a maioria de nós usa para ganhar o pão de cada dia. Então, por que nos sentimos compelidos a ver pessoas correndo ou golpeando? Por que essa necessidade existe em todas as culturas? (Antigos egípcios, persas, gregos, romanos, maias e astecas também jogavam bola; o pólo é tibetano). Alguns astros do esporte ganham por ano dez vezes mais que o presidente dos Estados Unidos. Depois de aposentados, ainda são eleitos para altos cargos. Em suma, são heróis nacionais. Mas por que isso acontece? Existe aí alguma coisa que está acima da diversidade dos sistemas políticos, sociais e econômicos. É um apelo que vem de muito longe. A maioria dos principais esportes é associada a uma nação ou cidade e contém elementos de patriotismo e orgulho cívico. Nosso time nos representa-nosso lugar, nossa gente-contra aqueles outros caras vindos de algum lugar diferente, povoado por pessoas estranhas, talvez hostis. (Na verdade, a maioria dos "nossos" jogadores não é realmenle daqui. São mercenários que freqüentemente se transferem de alma limpa para cidades adversárias em troca de uma paga adequada. Às vezes um time inteiro muda de cidade.) Competições esportivas são confrontos simbólicos mal disfarçados. Essa não é exatamente uma idéia nova. Os índios Cherokee, por exemplo, chamavam sua antiga forma de jogar lacrosse (uma espécie de hóquei) de "o irmãozinho da guerra". Max Rafferty, antigo superintendente de Instrução Pública da Califórnia, depois de xingar os críticos do futebol universitário de "vagabundos, comunas, beatnicks cabeludos", proclamava: "Futebol é guerra sem mortes. Os jogadores possuem um brilhante espírito combativo que traduz o próprio espírito da América". (Isso até que merece uma reflexão) Já o falecido treinador Vince Lombardi sempre dizia que a única coisa que importa é vencer. E George Allen, ex-treinador dos Redskins (time de futebol americano) de Washington não deixava por menos: "Perder é como morrer". De fato, falamos em ganhar ou perder uma guerra com a mesma naturalidade com que falamos em ganhar ou perder um jogo. Num comercial de recrutamento do Exército americano, feito para a TV, um tanque de guerra destrói outro numa manobra de blindados. Ao final do exercício, o comandante vitorioso diz: "Quando vencemos, todo o time vence, o tanque inteiro vence-não uma só pessoa". Isso torna muito clara a relação entre esporte e combate. Fãs (abreviatura de fanáticos) do esporte agridem, espancam, às vezes até matam, atormentados pela derrota de seu time, ou quando são impedidos de comemorar uma vitória, ou ainda quando se sentem injustiçados pelos juízes. Em 1985, a primeira-ministra britânica se viu obrigada a denunciar o comportamento brutal de embriagados torcedores ingleses que, num jogo em Bruxelas, na Bélgica, atacaram um grupo de italianos pelo simples fato de eles torcerem pelo seu próprio time. Dezenas de pessoas morreram quando as arquibancadas despencaram. Em 1969, após três disputadas partidas de futebol, tanques de El Salvador cruzaram a fronteira de Honduras, enquanto bombardeiros salvadorenhos atacavam portos e bases militares hondurenhas. Essa "guerra do futebol" fez milhares de vítimas. Tribos afegãs, no passado, jogavam pólo com as cabeças decepadas de antigos adversários. E há seiscentos anos, onde hoje é a Cidade do México, havia um campo de jogos onde nobres suntuosamente vestidos assistiam a competições entre times uniformizados. O capitão da equipe perdedora era decapitado e seu crânio colocado numa prateleira, ao lado dos de.outros companheiros de desgraça-um incentivo possivelmente mais estimulante que a própria vitória. Vamos supor que, como quem não quer nada, você está mexendo no seletor de canais da TV e sintoniza um jogo que não Ihe diz nada de especial -por exemplo, um amistoso de vôlei entre a Birmânia e a Tailândia. Como você decide por qual time torcer? Mas espere um pouco: por que torcer por qualquer deles? Por que simplesmente não apreciar a partida? Muitos de nós não conseguem manter essa atitude imparcial. Queremos participar da disputa, nos sentirmos membros de um time. Esse sentimento nos domina e quando menos percebemos lá estamos nós: "Vai, Birmânia". No começo, nossa lealdade pode oscilar fazendo-nos incentivar primeiro um time, depois outro. Às vezes torcemos pelo mais fraco. Outras vezes, vergonhosamente, viramos bandeira: do perdedor para o - ganhador, quando o placar já parece definido. (Quando um time sofre sucessivas derrotas numa temporada, a lealdade de alguns de seus torcedores pode balançar.) O que buscamos é vitória sem esforço. Queremos ser arrebatados por algo como uma pequena, segura e vitoriosa guerra. O mais antigo evento atlético organizado de que se tem notícia remonta à Grécia pré-clássica, há 3 500 anos. Durante aqueles primeiros Jogos Olímpicos, uma trégua suspendia todas as guerras entre as cidades-estado gregas. Os jogos eram mais importantes que as batalhas. Nessas competições os homens participavam nus e não era permitida a entrada de mulheres na platéia. Por volta do século VIII a.C., as Olimpíadas consistiam em corridas (muitas modalidades), saltos, arremesso de objetos (inclusive dardos) e lutas (às vezes até a morte). Embora nenhuma dessas competições fosse praticada em equipe, elas foram fundamentais para o desenvolvimento dos modernos esportes coletivos e também para a caça esportiva. A caça é tradicionalmente considerada um esporte, quando não se come o que se captura - uma condição muito mais fácil de ser cumprida pelos ricos do que pelos pobres. Desde os primeiros faraós, a caça esteve associada à aristocracia militar. O aforismo do escritor Oscar Wilde sobre a caça à raposa na Inglaterra-"o indizível em busca do incomível" - alusão ao elitismo dessa prática. Já os precursores do futebol, hóquei e esportes afins eram chamados "jogos do populacho", reconhecidos como substitutos da caça, que não podia ser praticada por jovens que precisavam trabalhar para viver. Então talvez os jogos de equipe não sejam apenas ecos estilizados das antigas guerras; talvez eles também satisfaçam um desejo quase esquecido de caçar. Mas, se nossa paixão pelo esporte é tão profunda e tão difundida, é possível que esteja arraigada em nós-não em nosso cérebro, mas em nossos genes. Os 10 mil anos decorridos da invenção da agricultura não são tempo suficiente para que tais predisposições tenham evoluído. Se quisermos entendê-las, precisamos retroceder ainda mais. A espécie humana tem centenas de milhares de anos. No entanto, somente nos últimos 3 por cento desse período, que engloba toda a nossa história, levamos uma existência sedentária, baseada no cultivo do solo e na criação de animais. Nos primeiros 97 por cento de nossa estada na Terra, adquirimos tudo o que é caracteristicamente humano. Podemos aprender algo sobre esses tempos com as raras comunidades caçadoras / coletoras ainda não corrompidas pela civilização. Perambulamos com nossos filhos e nossos pertences nas costas, seguindo a caça e buscando fontes de água. Acampamos por um tempo, logo prosseguimos a marcha. Para proporcionar alimento ao grupo, os homens passam a maior parte do tempo caçando, enquanto as mulheres colhem. Um típico bando itinerante, uma família extensa composta de parentes e consangüíneos, soma algumas dúzias de indivíduos-embora centenas de nós, com a mesma língua e cultura, nos reunamos anualmente para cerimônias religiosas; trocas, casamentos, narrações de histórias. E muitas são as histórias de caça. Estou me detendo principalmente nos caçadores, que são homens. Mas as mulheres têm um significativo poder social, econômico e cultural. Elas coletam os alimentos essenciais-nozes, frutos, tubérculos, raízes, assim como ervas medicinais, além de caçarem pequenos animais e informarem os homens dos movimentos dos grandes animais. Os homens também se dedicam à coleta e a uma parte considerável dos afazeres domésticos (embora não tenham casas). Mas caçar- apenas para comer, nunca por esporte -é a mais duradoura ocupação de qualquer homem que se preze. Os meninos aprendem a abater pássaros e pequenos mamíferos com arcos e flechas. Adultos, sabem perfeitamente como fabricar armas, espreitar a presa, matá-la e cortá-la em pedaços que serão levados ao acampamento. Quando capturam o primeiro grande mamífero, passam a ser considerados adultos. Na cerimônia de iniciação, incisões rituais são feitas no seu peito ou nos braços; depois, uma erva é esfregada nos cortes, de modo que a cicatriz forme uma tatuagem. Esta significará uma espécie de condecoração; bastará um olhar para que se conheça a experiência de combate de cada um. A integração com a natureza é tanta que, das muitas pegadas deixadas por um bando de animais, podemos dizer com certeza quantos são, distinguir as espécies, os machos e as fêmeas e até descobrir se algum era manco ou há quanto tempo passaram. Alguns filhotes podem ser capturados por meio de armadilhas espalhadas pelo campo; outros, com estilingues e bumerangues ou apenas com pedras jogadas com força e precisão. O homem pode aproximar-se e matar a golpes de borduna os animais que ainda não aprenderam a temê-lo. Para agarrar presas mais espertas, que se mantêm distantes, arremessamos lanças ou flechas envenenadas. Às vezes temos sorte e encurralamos um bando inteiro à beira de um penhasco. O trabalho em equipe entre os caçadores é fundamental. Se não quisermos espantar a caça, devemos nos comunicar por mímica. Pelo mesmo motivo, devemos controlar nossas emoções-tanto o medo como o júbilo são perigosos. Somos ambivalentes em relação aos animais. Nós os respeitamos, reconhecemos que eles e nós temos algum parentesco, chegamos até a nos identificar com eles. Mas, se paramos para pensar na sua inteligência, no cuidado com que tratam os filhotes, se sentimos pena deles, a caça vai ser prejudicada; vamos trazer menos comida para casa e novamente nosso bando vai ficar em perigo. Ou seja, precisamos manter uma distância emocional entre nós e eles. Por 1 milhão de anos nossos ancestrais masculinos correram de cá para lá, atirando pedras em pássaros, perseguindo filhotes de antílopes, derrubando-os no chão e, aos gritos, aterrorizando bandos de animais selvagens. Suas vidas dependiam da habilidade na caça e do trabalho em equipe; não só eram bons caçadores como bons guerreiros. Então, depois de muito tempo-digamos, alguns milhares de séculos -, uma predisposição natural para caçar e trabalhar em equipe estará incorporada em muitos recém-nascidos. Por quê? Porque os caçadores incompetentes ou frouxos tendem a deixar menos descendentes. Não estou querendo dizer com isso que nossa herança contém informações do tipo como confeccionar uma ponta de lança afiada a partir de um pedaço de pedra ou como emplumar uma flecha: essas coisas são ensinadas ou deduzidas. Mas o prazer de caçar, isso eu aposto que está arraigado. A seleção natural ajudou a moldar nossos ancestrais como soberbos caçadores. A evidência mais clara do sucesso do estilo de vida caçador / coletor é o simples fato de ter-se propagado por cinco continentes e durado 1 milhão de anos. Após 40 mil gerações, em que a matança de animais era nossa defesa contra a inanição, tais inclinações ainda devem estar conosco. Ansiamos por extravasá-las. Os esportes de equipe nos proporcionam essa possibilidade. Uma parte de nós sonha fazer parte de um pequeno bando de semelhantes em busca de uma intrépida, ousada conquista. As tradicionais virtudes masculinas-seriedade, inventividade, modéstia, coerência, conhecimento profundo dos animais, amor pela vida ao ar livre - eram todos comportamentos adaptativos na época da caça / coleta. Até hoje admiramos essas características, embora quase tenhamos esquecido por quê. Além dos esportes, há poucas válvulas de escape disponíveis. Podemos reconhecer nos adolescentes o jovem caçador, o aspirante a guerreiro, saltando pelos telhados, dirigindo motocicletas sem capacete, arranjando encrencas para o time vencedor na celebração depois do jogo. Se esses ímpetos não forem submetidos a alguma forma de controle, podem se transformar em algo mais grave (embora nossos índices de homicídios sejam equivalentes aos dos !Kung, uma tribo do sul da África). Tentamos assegurar que esse gosto ritual pelo ato de matar não se volte contra os humanos. Nem sempre conseguimos. Ao pensar como são poderosos esses instintos de caçador, fico preocupado. Temo que o futebol de segunda-feira à noite seja uma saída insuficiente para esses modernos caçadores / coletores, enfiados em seus macacões, aventais, uniformes ou ternos. Penso naquele antigo legado de não expressarmos nossos sentimentos e mantermos distância daqueles que matamos-e isso tira um pouco do prazer do jogo. Os caçadores / coletores geralmente não apresentavam perigo para si mesmos: primeiro, porque sua economia era relativamente saudável (muitos tinham mais tempo livre do que nós); segundo, porque, como nômades, tinham poucas posses, quase nenhum roubo e pouca inveja; porque, também, a arrogância e a cobiça não eram apenas considerados males sociais mas ainda; algo muito próximo a uma doença mental; porque as mulheres tinham poder político real e tendiam a exercer influência estabilizadora antes que os garotos se lançassem a suas flechas envenenadas; e porque, enfim, quando sérios crimes eram cometidos-assassínios, por exemplo-o bando em conjunto passava a sentença e o castigo. Os caçadores / coletores organizavam democracias igualitárias. Eles não tinham chefes nem hierarquias políticas ou empresariais que valessem a pena galgar. Não havia contra quem se revoltar. Assim, se estamos encalhados a algumas centenas de séculos de quando deveríamos estar, se-embora não por falha nossa-nos encontramos na era das armas nucleares, com emoções do Plistoceno mas sem as salvaguardas sociais do Plistoceno -, talvez possamos ser desculpados pelo futebol das segunda - à noite. . . . .




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segunda-feira, 30 de abril de 2012

100 Anos do Titanic - Naufrágio do Século

100 Anos do Titanic - Naufrágio do Século O RMS Titanic foi um navio transatlântico da Classe Olympic operado pela White Star Line e construído nos estaleiros da Harland and Wolff em Belfast, na Irlanda do Norte. Na noite de 14 de abril de 1912, durante sua viagem inaugural, entre Southampton, na Inglaterra, e Nova York, nos Estados Unidos, chocou-se com um iceberg no Oceano Atlântico e afundou duas horas e quarenta minutos depois, já na madrugada do dia 15 de abril. Até o seu lançamento em 1912, ele fora o maior navio de passageiros do mundo. Construção: Harland and Wolff (Belfast) Batimento de quilha: 22 de março de 1909 Lançamento: 31 de maio de 1911 Porto de registo: Liverpool Indicativo de chamada: MGY Armador: White Star Line Viagem inaugural: 10 de abril de 1912 - Southampton - Nova York Período de serviço: 1912 Estado: Afundou após colisão com um iceberg no meio do Oceano Atlântico Fatalidade: 15 de abril de 1912 (100 anos)



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segunda-feira, 30 de abril de 2012

Googlemania - Jogo da Palavras

Googlemania - Jogo das Palavras

Aqui está um jogo "MODERNO" que não precisa de nada, somente um dispositivo conectado na INTERNET (por exemplo, um notebook ou celular)e uma maneira de poder conectar no GOOGLE. O objetivo é criar a maior frase que o Google pode encontrar por alternadamente a adição de uma palavra até o fim da busca do outro jogador. A primeira pessoa começa com "sentimentos". Agora, a segunda pessoa adiciona uma palavra, "são", então temos "sentimentos são" ... (Observe o uso de aspas na consulta de pesquisa.) Agora toda vez que uma palavra é adicionada, a frase é procurado no Google, ea contagem de páginas resultante é anunciado para o grupo. A pessoa que cria uma frase com zero resultados perde e tem que fazer algo bobo(ou se você quiser jogar com pontos, ele perde um ponto, e a última pessoa que criou uma frase com resultados ganha um ponto). Para evitar a fraude, não deixe o próximo jogador olhar o resultado das buscas. Vamos dar o nosso exemplo, e ver o que temos: Pedro: "Sentimentos" (53,200,000 resultados no Google) Maria: "Os sentimentos são" (2.100.000 resultados) Jake: "Os sentimentos não são nada" (1.090 resultados) Susan: "Os sentimentos não são nada e" (19 resultados) Peter: "Os sentimentos não são nada e nós" (0 Resultados) Susan recebe 1 ponto, e Peter recebe menos 1 pontos (ou tem que fazer algo bobo). Se você criar uma frase que não tenha resultados vai perder, mas se ela tem muitos resultados vai ser fácil que o adversário também invente uma sequencia que apareça resultados também, a estratégia básica e tentar frases tão tolas que tem alguns resultados mas não tão tolas que não tenha nenhum resultado, o equilíbrio é a chave do jogo. Jogo bem simples mas tem se tornado uma febre em rodas de Chats pelo mundo, espero que gostem, o que pode ensinar muito como obter resultados nas pesquisas do GOOGLE. . . . . .




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quarta-feira, 18 de abril de 2012

As mais famosas Casas Mal Assombradas

Casas Mal Assombradas



Casa assombrada ou Casa mal-assombrada é o nome dado a uma casa onde supostamente acontecem eventos insólitos sem que se encontre uma causa física para os mesmos. Tais eventos podem ir desde ruídos ou movimentação de objetos até alegadas aparições de vultos mais ou menos distintos aos quais se chama de assombrações ou fantasmas.

A Doutrina Espírita explica que esses fenômenos são produzidos por espíritos desencarnados que, para produzirem efeitos físicos como ruídos, movimento de objetos e sua própria aparição, se valem do ectoplasma produzido por um ou mais dos moradores que, geralmente sem o saber, possuem mediunidade extensiva.

Esses espíritos, ainda segundo a Doutrina Espírita, podem produzir tais efeitos com mais de um objetivo. Podem ser espíritos levianos querendo se divertir provocando o medo dos moradores, podem ser espíritos desejosos de se comunicarem, podem ser os espíritos de antigos moradores que ainda se julgam donos da casa, podem ser desafetos dos moradores atuais que querem perturbá-los emocionalmente ou, ainda, estarem ali por outros motivos.
O conhecimento da Doutrina Espírita e, particularmente, dos mecanismos da mediunidade é dito essencial para que quem mora em uma casa assombrada saiba como lidar com a questão. O Capítulo IX de O Livro dos Médiuns trata especificamente dos lugares assombrados, se bem que, para compreendê-lo, é recomendável a leitura de toda a obra.


As 12 casas mais mal assombradas

Sabe onde fica esse castelinho assustador? Na cidade de São Paulo! Localizado na Rua Apa, no bairro Campos Elísios, foi cenário de um crime em 1937. Dois irmãos estariam discutindo e acabaram trocando tiros. A mãe deles entrou e levou um tiro. Os três morreram! Só uma curiosidade: na mitologia grega, Campos Elísios é o mundo dos mortos!



Essa casa virou até filme de terror. A casa está localizada em Amityville, uma espécie de bairro localizado na cidade de Babylon, nos Estados Unidos. O lugar foi palco de um verdadeiro massacre. Um dos filhos da família que morava lá em 1974 matou os pais e os quatro irmãos. No ano seguinte, uma outra família comprou a casa, mas eles fugiram por medo, alegando que o local estava mal assombrado.
A casa foi vendida novamente em 2010 por cerca de R$ 1,7 milhões (US$ 950 mil).



Essa mansão assombrada foi colocada à venda no ano de 2009 pelo valor de R$ 18 milhões (US$ 10 milhões). Chamada de The Abbey, está localizada no bairro de Annandale, em Sidney, na Austrália. A mansão tem 50 quartos e dizem que todos esses cômodos escondem coisas assustadoras, pois uma loira de branco vaga por lá



Sabe de quem é esse prédio mal assombrado? Do ator Nicolas Cage! Chamada de LaLaurie Mansion, o local, que fica no Estado americano da Louisina foi comprado pelo ator em 2009. Dizem que a família que construiu o prédio gostava de torturar pessoas!



A mansão de Pickfair, construída em Beverly Hills, no Estado americano da Califórnia, pertenceu aos astros do cinema mudo Douglas Fairbanks e Mary Pickford. O fantasma da Mary ainda estaria na casa, que sofreu com a invasão de milhares de insetos assustadores anos atrás. O lugar está à venda por cerca de R$ 109 milhões (US$ 60 milhões)



O fórum Pickens, em Carrollton, no Estado americano do Alabama, é famoso por ter um fantasma que sempre aparece em uma das janelas. O fantasma seria de Henry Wells, que teria sido falsamente acusado de queimar o fórum e linchado até a morte em 1878



Essa seria a casa mais mal assombrada da Inglaterra. Várias pessoas que já moraram ali relataram presenças estranhas.



Thomas Whaley e sua família moraram nessa casa, em San Diego, nos Estados Unidos. Agora o local é um museu, mas continua com fama de mal assombrado. Um homem teria sido enforcado ali!



Essa mansão em Norfolk, na Inglaterra, pertence a uma mesma família há 400 anos. Dizem que o primeiro dono da casa, o Lorde Charles Townshend era cruel com sua mulher, Lady Dorothy. Ele a teria aprisionado na mansão depois de descobrir que ela teve um romance antes do casamento. Alguns dizem que ela foi empurrada das escadas da mansão!



A lenda diz que essa mansão, que fica em Yorkshire, no Reino Unido, é amaldiçoada por ter sido construída com pedras retiradas de outro local que já era assombrado! Bizarro, não é?



Essa casa foi construída em 1857 por Alexander Harris, como um presente para sua mulher. Ela morreu de febre amarela assim que a casa ficou pronta. Dizem que o homem não aguentou a pressão de perder a amada e se matou. Já viu tudo, não é?



É claro que o fantasminha que isso é uma montagem, mas ela serve para contar uma bizarra história. Os donos dessa casa em South Wales, na Inglaterra, a colocaram à venda, mas com uma condição curiosa. Quem comprasse a casa teria que ficar com o fantasma que a assombra. Sério! A pessoa teria até que assinar um contrato alegando exatamente isso!



Na ficção
Lendas acerca de casas mal-assombradas têm uma longa história na literatura, tendo autores da época da República Romana e do Império Romano como Plauto, Plínio o Novo e Luciano de Samósata escrito histórias sobre casas assombradas. Escritores modernos, desde Henry James a Stephen King, continuam a utilizá-las na sua escrita.
A casa assombrada é um elemento comum na literatura gótica e, em geral, no género de terror ou, mais recentemente, na ficção paranormal.
A estrutura de uma casa assombrada pode variar entre um antigo castelo feudal europeu e uma casa de subúrbio de construção recente. No entanto, muitos autores e cineastas preferem a arquitectura do século XIX ou anterior, particularmente mansões obscuras.
A chave do mistério é, muitas vezes, a presença de um ou mais fantasmas, usualmente devido a um assassinato ou outra morte trágica ocorrida naquele lugar no passado.


Casas assombradas na literatura

"The Castle of Otranto" (1764) de Horace Walpole
"The Mysteries of Udolpho" (1794) de Anne Radcliffe
"The Fall of the House of Usher" (1845) de Edgar Allan Poe
"The Haunted and the Haunters" (1857) de Edward Bulwer-Lytton
"The Turn of the Screw" (1898) de Henry James
"The House That Was" (1907) de Jacques Futrelle
"The Beckoning Fair One" (1911) de Oliver Onions
"The Rats in the Walls" (1924) de H. P. Lovecraft
"The Haunting of Hill House" (1959) de Shirley Jackson
"The Hell House" (A Casa Infernal) (1971) de Richard Matheson
"The Shining" (O Iluminado) (1977) de Stephen King
"From the Dust Returned" (2001) de Ray Bradbury


Casas assombradas no cinema

The Ghost House (1917)
The Haunted House (1921)
The Cat and the Canary (1927 & 1939)
The Cat Creeps (1930)
The Ghost Goes West (1936)
Lonesome Ghosts (1937)
Hold That Ghost (1941)
The Uninvited (1944)
The Ghost and Mrs. Muir (1947)
Scared Stiff (1953)
House on Haunted Hill (1958)
The Innocents (1961)
The Haunting (1963 & 1999)
The House That Dripped Blood (1970)
The Legend of Hell House (1973)
Burnt Offerings (1976)
The Amityville Horror (1979 & 2005)
The Shining (1980)
The Changeling (1980)
Poltergeist (1982)
The Nightstalker Murder (1986)
Beetlejuice (1988)
Casper (1995)
House on Haunted Hill (remake) (1999)
The Haunting (1999)
The Blair Witch Project (1999)
Thirteen Ghosts (remake) (2001)
The Others (2001)
Session 9 (2001)
Rose Red (2002)
Darkness (2002)
The Haunted Mansion (2003)
The Grudge (2004)
The Grudge 2 (2006)
Monster house (2006)
An American Haunting (2006)
Stay Alive (2006)
The Return (2006)
Return To House On Haunted Hill (2006)
Poltergeist - O Fenômeno (1982)



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sexta-feira, 13 de abril de 2012

O Casal Curie - Radium

O CASAL CURIE - Radium



Operários da ciência, Pierre e Marie construíram as bases do conhecimento moderno do átomo. Famosos, premiados, reclamavam que não podiam trabalhar tanto quanto queriam.

Quando se fala em átomo, urânio, radioatividade, a primeira idéia que vem à cabeça é a de uma imensa usina recheada de aparelhos sofisticados. Mas foi num pequeno galpão improvisado em laboratório, mais parecido com um celeiro ou uma estrebaria, que, em dezembro de 1898, o casal francês Pierre e Marie Curie fez uma descoberta que está na base da ciência moderna: o elemento químico a que chamaram radium. Eles trabalhavam com duas panelas em um fogão que esquentava mal e escreviam suas anotações sobre mesas ordinárias de madeira. O lugar, nos fundos da modesta Escola Municipal de Física e Química, em Paris, onde Pierre era professor, tinha sido emprestado pela diretoria. Foi desse trabalho quase primitivo que brotaram dois prêmios Nobel, atribuídos, um, ao casal e, outro, a Marie Curie, já viúva.
Não que, naquela época, a França fosse um país pobre. Mas os Curie eram. Marie Sklodowska, imigrante polonesa, chegara a Paris em 1891 tendo como diploma apenas o de professora. Voluntariosa, calada, forte, dona de uma rara curiosidade científica, memória prodigiosa e acentuado gosto pela Matemática, ela entrou para a Sorbonne. Em quatro anos, formou-se em Física e em Matemática. Estudante, vivia com os parcos recursos de uma bolsa e o pouco dinheiro que a sua irmã Bronia lhe enviava da Polônia. Essa renda mínima permitia a Marie apenas alugar um quartinho minúsculo e comer o estritamente necessário para sobreviver-e é certo que durante um bom período viveu praticamente de pão, manteiga e chá, a ponto de os colegas temerem por sua saúde.
Em abril de 1894, aos 26 anos, ela se dedicava a uma pesquisa sobre as propriedades de certos metais e, para tanto, procurava um lugar onde pudesse fazer suas experiências. Foi quando um amigo polonês fez, para ajudá-la, algo que mudaria o curso da vida de Marie e da própria ciência. Ele a apresenta a um conhecido, chefe de pesquisa na Escola de Física, chamado Pierre Curie. Pierre era alto, usava os cabelos castanhos cortados a escovinha, tinha barbicha e doces olhos castanho-claros. Era imensamente inteligente e, como ela, adorava a Física e a Matemática. Enfim, essas qualidades, além de uma enorme ternura, conquistaram a estudante.
Como ela, Pierre era tímido e introvertido. Como ela também, preocupava-se com problemas sociais. Filho de médico, aos 35 anos ainda morava na casa dos pais, na periferia de Paris. Anos antes de conhecer Marie, em 1880, Pierre e seu irmão Jacques tinham feito uma descoberta importante: a piezeletricidade, ou seja, a produção de corrente elétrica em conseqüência da compressão ou dilatação de cristais cuja estrutura molecular não é simétrica. As antigas cápsulas de cerâmica dos toca- discos, o acendedor elétrico de fogão e o relógio a quartzo, por exemplo, seriam conseqüências a longo prazo desse trabalho.
Na época, o físico já era conhecido na comunidade científica francesa e preparava sua tese de doutorado. Pierre, naturalmente, encantou-se com aquela mulher com a qual podia conversar sobre ciência-e ser compreendido, coisa rara naquele tempo. O resto foi decorrência. Pouco mais de um ano depois do primeiro encontro, em setembro de 1895 os dois se casaram. Ao voltarem da lua-de-mel, passada esportivamente numa viagem pelo interior da França a bordo de duas bicicletas, foram morar num pequeno apartamento perto da escola.
A essa altura, Pierre tinha sido promovido a professor e ganhava um pouco mais. Marie, por seu lado, se preparava para o concurso de mestrado e procurava um trabalho de pesquisa remunerado.
Os dois primeiros anos do casamento, conforme ela escreveu em autobiografia, foram "os melhores de minha vida". Eles passavam o dia na escola, cujo diretor havia permitido que Marie usasse ali um laboratório. Enquanto Pierre se dedicava às aulas e pesquisas sobre cristais, ela mergulhava num trabalho sobre variações das propriedades magnéticas de diversos tipos de aço em função de suas propriedades químicas (proporção de ferro na composição). "Nossa vida é sempre a mesma", escreveu ela numa carta ao irmão, na Polônia. Essa rotina foi alterada quando Marie engravidou. Ela teve uma gravidez difícil, a ponto de muitas vezes nem conseguir trabalhar.
Em setembro de 1896, Irène nasceu. Marie não permitiu que a condição de mãe a afastasse da Física. Assim, ao mesmo tempo que preparava sua monografia sobre os aços, ela procurava uma tese para seu doutorado-um ato surpreendente, já que havia, em toda a Europa, uma única mulher com o título de doutora: a alemã Elsa Neumann, autora de uma tese sobre eletroquímica. Marie seria a segunda. Eram tempos prodigiosos aqueles. No mundo científico pontificavam figuras gigantescas como Sigmund Freud e Louis Pasteur, este falecido em 1985. Faziam-se espantosos progressos no conhecimento e no uso da eletricidade, media-se com precisão a velocidade da luz.
Pesquisadores ousados subiam em balões a 10 mil metros para fazer a previsão do tempo, enquanto nos Estados Unidos cartões perfurados ajudavam a coletar e interpretar os dados do recenseamento. Foi no ano em que Irène nasceu que o francês Antoine-Henri Becquerel (1852- 1908) descobriu que os sais de urânio emitiam raios que, como os raios X, penetram a matéria. Interessada, Marie resolveu tirar daí sua tese: medir esses raios e verificar se, além do urânio, havia outros elementos capazes de produzir radiações. Logo nas primeiras semanas fez uma descoberta animadora: o tório e seus compostos tinham as mesmas propriedades do urânio. Marie passou a outra série de experiências. Com um aparelho inventado por Pierre, mediu a intensidade da corrente provocada pelos compostos de urânio e tório. O primeiro resultado foi a descoberta de que a atividade dos compostos de urânio dependia apenas da quantidade de urânio neles presente-e de nada mais. Do ponto de vista científico, foi essa descoberta-e não as posteriores, às quais ela iria dever sua celebridade - que constitui a obra-mestra de Marie Curie.
Afinal, ela tinha provado que, ao contrário do que se poderia supor na época, a radiação não era conseqüência nem da interação entre as moléculas, nem da formação de novas moléculas, nem ainda da reorganização de moléculas em novos esquemas-como ocorre numa reação química normal.
A nova energia só podia se originar dos átomos propriamente ditos: a radiação é obrigatoriamente uma propriedade dos átomos de certos elementos químicos. A partir dessa descoberta, a ciência adquiria as primeiras condições de decifrar os mistérios atômicos.
Entre as substâncias manipuladas por Marie Curie estavam dois minerais que, segundo ela desconfiava continham forte proporção de urânio a pechblenda e a chalcolita. Ela intuía que esses minerais continham, na verdade, pequenas quantidades de outra substância-então ainda desconhecida-consideravelmente mais ativa que o próprio urânio. Ao ser colocado diante da hipótese, Pierre ficou intrigadíssimo e resolveu interromper seus trabalhos com os cristais e dedicar-se aos átomos. Era 14 de abril de 1898.
Marie tinha a mania de anotar tudo que fosse quantificável. Em cadernos meticulosamente organizados, marcava o preço dos sapatos do marido, a conta da lavanderia, da eletricidade ou dos queijos. Essa obsessão foi muito útil para sua atividade científica, já que as notas continham sempre observações objetivas. Se ela tivesse que registrar que estava cansada, diria "subi 25 degraus e tive de parar". Os cadernos de Marie revelam que o casal trabalhava até altas horas. As únicas distrações que se permitiam eram uma rara peça de teatro ou um passeio de bicicleta ou ainda uma reunião com os colegas cientistas, nas tardes de domingo. Nenhum dos dois gastava muito: comiam pouco e se vestiam modestamente.
Uma das marcas registradas de Marie, por exemplo, eram seus vestidos, sempre compridos e pretos, cinza ou marinho. Em junho de 1898, apenas dois meses depois de iniciada a pesquisa com a pechblenda, algo extraordinário aconteceu. No dia 6, sabe-se pelas anotações, Marie pegou uma solução de nitrato de bismuto e misturou-a a sulfato de hidrogênio. Depois, recolheu o sólido assim precipitado e mediu sua atividade. O resultado está sublinhado: " 150 vezes mais ativo que o urânio". No mesmo dia, depois de colocar sulfato de bismuto numa proveta e aquecê-lo a 300 graus, Pierre percebeu que um fino pó negro se depositara no vidro. Em dado momento, a proveta estourou, mas a atividade do pó negro foi medida: 330 vezes superior à do urânio. À medida que purificavam a substância, com a retirada do bismuto, mais ela se revelava radioativa.
Como suspeitava Marie, estavam diante de um novo elemento-e, em homenagem a seu país natal, chamaram- no polonium (polônio, em português). De julho a novembro de 1898, o casal se afastou do laboratório para cuidar da saúde. Ambos sentiam um cansaço inexplicável e dores leves mas preocupantes. Estavam frágeis e ficavam doentes continuamente. Pierre achava que estava com reumatismo. As pontas dos dedos de Marie doíam muito e rachavam à medida que ela manipulava as soluções purificadas. Eram já conseqüências da radioatividade-mas, à época, não se conheciam seus efeitos nocivos para o organismo.
De volta à pesquisa, obtiveram uma substância novecentas vezes mais radioativa que o urânio. Ao novo elemento deram o nome de radium (rádio). A 26 de dezembro, a descoberta é comunicada à Academia de Ciências numa nota assinada por Pierre, Marie e ainda pelo químico Georges Bémont-chefe da equipe de pesquisas da escola. Só faltava provar que o rádio era um elemento da natureza e não uma substância produzida em laboratório. Foi a isso que, de 1899 a 1902, o casal se dedicou. Pierre mergulhou no estudo das propriedades da radiação, enquanto Marie tentava isolar a substância e obter um frasco de sal de rádio. Para consegui-lo, ela trabalhou sobre toneladas de resíduos de pechblenda.
"Eu passava às vezes o dia inteiro a mexer uma massa em ebulição com um bastão de ferro quase tão grande quanto eu. A noite, estava quebrada de cansaço", escreveu Marie. Apesar disso, esse trabalho era sua paixão. À noite, depois de voltar para casa e cuidar da filha, eles retornavam ao laboratório. "Para dar uma olhada", dizia Marie. "Nossos preciosos produtos, para os quais não tínhamos abrigo, estavam colocados sobre mesas e prateleiras; de todos os lados víamos suas silhuetas fracamente luminosas, e essas luzes que pareciam suspensas na escuridão eram um motivo sempre novo de emoção e encantamento." O rádio purificado é uma substância luminosa e fluorescente.
Em 1900, Pierre foi finalmente convidado para professor da Sorbonne, enquanto Marie assumia o posto de professora de Ciências Físicas na Escola Normal Superior da cidade de Sèvres, perto de Paris, só para moças. Os novos empregos roubam tempo às pesquisas. Mas, em março de 1902, Marie escreve: "Ra = 225,92". Ou seja, ela havia chegado ao peso de um átomo de rádio. As experiências sobre as propriedades do rádio pareciam indicar que ele poderia ser útil no combate ao câncer.
A notícia correu mundo e o casal foi propelido à celebridade. Pierre é convidado a pronunciar uma conferência na respeitadíssima Royal Society de Londres, o templo supremo da ciência européia. Marie recebe menção honrosa ao apresentar sua tese de doutorado em Física, na Sorbonne. Em dezembro de 1903, enfim, a Academia Sueca concede o Prêmio Nobel de Física ao casal Curie e a Antoine-Henri Becquerel. A fama chegou para atrapalhar o casal. Acostumados a uma vida quieta, eles não conseguem se livrar dos inúmeros convites para entrevistas, recepções, jantares ou espetáculos ao lado dos grandes nomes da sociedade. Um ano depois do Prêmio Nobel, sua filha Eve nasce-e isso complica ainda mais as coisas.
Pierre se incomoda profundamente com o novo ritmo. Numa carta enviada a um amigo de infância, em julho de 1905, desabafa: "Há mais de um ano não faço nenhum trabalho e não tenho um minuto para mim. Esta é uma questão de vida ou de morte do ponto de vista intelectual". Mesmo assim, pressionado pelo reitor da Universidade de Paris, no mesmo ano Pierre aceita disputar uma cadeira na Academia de Ciências-na primeira tentativa, anos antes, ele fora derrotado e sofrera com isso. Desta vez, ganha. Em abril de 1906, Pierre acabara de abandonar os trabalhos com a radioatividade e se preparava para voltar a seus velhos cristais. Na tarde do dia 5, depois do almoço dos professores da Faculdade de Ciências, foi a pé até a editora que publicava seus artigos. A porta estava fechada: gráficos em greve. Pierre. Então, decidiu caminhar até o cais do Sena, em direção à Academia.
No meio do caminho, foi atropelado: a roda de uma charrete passou por cima de sua cabeça. Tinha apenas 47 anos. Arrasada com a notícia, Marie se abandonou a uma dor profunda. Sete meses mais tarde, depois de muita insistência, aceitou ocupar a cadeira que pertencera ao marido na Sorbonne. Sua aula inaugural reuniu mais de uma centena de pessoas dos mais diferentes meios. Ela não fez por menos: começou o curso retomando a última aula de Pierre, exatamente onde ele havia terminado. Nos quatro anos seguintes, além de lecionar, dedicou-se a extrair rádio puro, numa tarefa penosa.
Taciturna, reservada, preocupada em preservar sua privacidade, Marie viu-se em 1911 no centro de um escândalo. A mulher do físico Paul Langevin -que freqüentou a roda dos Curie por longos anos-tornou pública a correspondência amorosa entre Marie e seu marido. O escândalo foi tal que, por alguns meses, com a saúde abalada, ela viveu escondida fora de Paris, com o nome de solteira. No meio desse furacão, a Academia Sueca Ihe concede seu segundo Prêmio Nobel-desta vez de Química, pela descoberta do rádio e do polônio.
Em 1914, graças à doação do milionário americano Andrew Carnegie, é construído em Paris o Instituto do Radium-e um dos prédios é o Pavilhão Curie, onde ela instalará seu laboratório. Mas o trabalho científico teria que esperar: a Primeira Guerra Mundial mobiliza as energias da cientista. Ela cria uma rede de postos volantes de raios X em todo o front francês.
No fim da guerra, retoma suas pesquisas e, desde então, passa os dias trabalhando doze, catorze horas por dia no laboratório. Em 1921, um giro de conferências a leva a vários países, entre eles o Brasil. Nos Estados Unidos teve uma acolhida triunfal-as mulheres se cotizaram para doar-lhe um grama de rádio, que ela utilizaria nas pesquisas sobre aplicações da radioatividade em Medicina.
A essa altura, Marie era amiga de todos os grandes nomes da ciência, Albert Einstein, por exemplo, chegou a passar férias com ela, na sua casa no sul da França. O curie tornou-se a unidade de medida da radioatividade. Com a saúde minada e quase cega, Marie morreria aos 66 anos, em 1934, vítima de leucemia-provável conseqüência de anos de manipulação de substâncias radioativas. Um ano a mais de vida e ela teria tido a alegria de ver a filha Irène e o genro Frédéric Joliot-ambos físicos e formados à sombra da velha dama-receberem o terceiro Prêmio Nobel (de Química) da família Curie.



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sexta-feira, 13 de abril de 2012

Caraguatás: Beleza e Perigo

CARAGUATÁS: BELEZA E PERIGO



Eles formam um verdadeiro pântano no alto das árvores e abrigam muitas espécies de seres vivos, entre eles os mosquitos que transmitem muitas doenças perigosas. Por isso os sanitaristas repetem: lugar de caraguatá é na floresta.

Diariamente chegam às cidades, sobretudo nos Estados do Sul, grandes quantidades de caraguatás, ou bromélias, trazidas por vendedores de plantas ornamentais que as arrancam na mata. Eles entraram na moda porque produzem flores de forte colorido e são, sem dúvida, muito bonitos. Mas convém ter cuidado com os caraguatás - sobretudo os de origem silvestre. Eles possuem a original capacidade de viver sobre outras plantas- daí seu nome científico epífitas-e podem ser hospedeiros de larvas de mosquitos capazes de transmitir inúmeras moléstias, desde a malária às viroses responsáveis por alguns tipos de encefalites.
Isso deixa bem claro que lugar de caraguatá é no mato - lá, ele é imprescindível para garantir o equilíbrio ecológico de toda a região. E no desempenho desse papel eles são, realmente, fantásticos. "Nas florestas tropicais da América existem verdadeiros pântanos suspensos sobre as árvores", escreveu um biólogo francês depois da descoberta para ele surpreendente: uma variedade enorme de animais aquáticos, típicos habitantes de pântanos e lagoas, consegue viver a 30 metros de altura, junto às copas das árvores. Desde microscópicos protozoários e larvas de insetos até pequenos vertebrados, como os sapinhos arborícolas, sobrevivem naquela altura graças a pequenas quantidades de água de chuva ou de orvalho acumuladas pelos caraguatás.
São poucos os litros de água que uma planta dessas pode reter, mas existem centenas de milhões (isso mesmo: centenas de milhões) de caraguatás povoando os galhos das árvores em grandes extensões de florestas. Na Mata Atlântica, em apenas uma árvore é possível encontrar até quinhentos caraguatás, cada qual com enorme quantidade de seres abrigados entre as folhas. Somando todas essas unidades obtém- se o que muito apropriadamente aquele biólogo chamou "um pântano suspenso?".
É grande a variedade de plantas que servem de criadouro para pequenos animais, mas poucas conseguem hospedar uma fauna tão abundante e diversificada como os caraguatás. Suspensos nas árvores, eles não abrigam apenas seres aquáticos. Em suas folhas podem ser encontrados também inesperados habitantes ao solo e até do subsolo da floresta.
É que, além da água, uma boa quantidade de folhas caídas fica retida pelo caraguatá e todo esse material se decompõe lentamente, transformando- se num húmus muito semelhante ao do solo. Ele serve de residência para aranhas, besouros, centopéias, lesmas e até mesmo minhocas. Assim, não foi apenas o pântano que ficou suspenso com os caraguatás: eles levaram para o telhado da floresta um pouco de seu chão e outro pouco do seu porão. Do ponto de vista ecológico, os caraguatás conseguiram, literalmente, virar a mata de cabeça para baixo.
É claro que isso tudo não aconteceu de uma hora para outra. Foram necessários alguns milhões de anos para que a família botânica das bromeliáceas-que engloba as bromélias e os ananases, ou abacaxis - produzisse espécies capazes de viver sobre as árvores. Distanciando - se do solo, essas pioneiras ficaram impossibilitadas de absorver, pelas raízes, a água e os sais minerais, como faziam suas ancestrais terrestres. E, se realizaram a façanha de conquistar o topo da floresta, foi porque já contavam com algum mecanismo capaz de solucionar esse problema vital.
Pelo menos um grupo de bromeliáceas primitivas já dispunha de uma "inovação' evolutiva para substituir a convencional raiz absorvente. Entre elas, a coleta dos nutrientes passou a ser feita por células altamente especializadas, agrupadas nas bases das folhas. Com o acúmulo de água e de restos vegetais em suas cavidades interfoliares, a bromélia absorve diariamente, através dessas células, uma rica sopa de matéria orgânica. Uma vez independente do solo, a planta utiliza as raízes como elemento de fixação, fazendo-as abraçar os galhos das árvores. Por isso muitos acreditam, erradamente, que elas são parasitas das outras plantas.
As bromeliáceas formam o que se pode chamar uma grande família. Pelo menos metade dos seus membros são epifíticos, ou seja, vivem aferrados aos troncos e galhos das árvores. Algumas mais abaixo, no tronco, outras mais acima, na copa, conforme as exigências de luz e umidade de cada espécie. Exatamente por ocuparem diversos níveis- ou patamares-no meio da floresta, elas oferecem muitas opções de hospedagem. Nos pequenos reservatórios de água das folhas centrais podem ser encontradas muitas espécies de algas, desde que a bromélia pertença a uma espécie habitante dos galhos mais altos, onde a luz é mais intensa.
A proliferação das algas proporciona uma rica fonte de alimento para inúmeras espécies de insetos cuja primeira fase de vida é essencialmente aquática. Não fosse pela presença dos caraguatás, essa fauna jamais poderia viver no interior das florestas, principalmente as que cobrem as encostas das serras, onde o solo íngreme raramente permite que a água se acumule. O significado ecológico disso é assombroso. Essas plantas assumem o papel de verdadeira ponte entre dois ambientes que, sem elas, ficariam separados por uma barreira que esses pequenos animais não conseguiriam atravessar.
Isso acontece especialmente na Mata Atlântica (do Rio Grande do Sul ao Espírito Santo), que recobre a encosta das serras entre o litoral e o planalto atlântico e as planícies costeiras. Para as espécies capazes de suportar as severas variações de temperatura das regiões serranas, os caraguatás abriram uma excelente estrada de ligação entre o planalto e as baixadas litorâneas.
Entre os incontáveis seres vivos que podem ser encontrados nos caraguatás há alguns que representam um grande perigo potencial: mosquitos capazes de transmitir a malária. Isso chegou a constituir um problema muito sério, em alguns lugares, e acabou provocando a destruição maciça dos caraguatás em uma enorme região. Hoje, essa solução é considerada mais um grande crime contra o meio ambiente, por uma razão muito simples: os caraguatás são plantas indispensáveis à manutenção do equilíbrio ecológico da Mata Atlântica.
E não apenas porque servem de abrigo para uma infinidade de seres minúsculos e de bebedouro natural para muitos animais da floresta. As pesquisas revelaram que os macacos da Mata Atlântica obtêm uma indispensável dieta de proteínas comendo insetos, aracnídeos, lesmas, caracóis, minhocas e girinos (larvas de sapos). E é entre as folhas dos caraguatás que eles capturam suas refeições. Da mesma forma que os pássaros insetívoros e os beija-flores, que neles encontram o seu suprimento diário de néctar.
Deve-se observar ainda que a erradicação dos caraguatás para combater a malária em uma determinada região não garante resultados a longo prazo. Pois tanto as plantas quanto os mosquitos possuem um elevado poder de recuperação, mesmo depois de terem sido dizimados. Por maior e mais perfeita que tenha sido a erradicação, depois de alguns anos o trabalho deverá ser repetido em toda a extensão da floresta, porque plantas e mosquitos já terão retornado ao seu ambiente natural. E se é verdade que alguns locais, no Sul do Brasil, livraram-se definitivamente da chamada bromélia- malária, isso não se deveu à simples erradicação das plantas mas ao fato de que eles sofreram um quase total desmatamento. Sem árvores onde possam enrolar suas raízes, os caraguatás não conseguem recuperar- se. Em compensação, lentamente eles vão conquistando espaços nas grandes cidades. Em São Paulo, por exemplo, existem bairros onde a febre de decorar os jardins com caraguatás já se espalhou. Se fosse possível reunir todas aquelas plantas ornamentais dentro de um único parque faríamos, sem dúvida, um considerável "pântano urbano".

Nosso Vietnã ecológico

Mais de 400 milhões de caraguatás foram destruídos em Santa Catarina, no final da década de 40, a fim de controlar a malária naquele Estado. A informação foi publicada pelo padre Raulino Reitz, um especialista em bromélias, na revista Ciência Hoje, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Esse verdadeiro "massacre botânico" foi classificado pelo professor Mário Guimarães Ferri, da Universidade de São Paulo, como "fruto de despreparo ou de enfoque unilateral do problema (saúde pública) por uma distorção profissional perfeitamente compreensível e difícil de corrigir". Mas talvez a incrível denúncia de Reitz seja apenas a ponta do iceberg numa controvertida e lamentável investida contra a Mata Atlântica.
Na guerra contra os caraguatás não foram usadas apenas as armas convencionais - desmatamento e coleta manual-como informou o articulista. Saíram a campo aviões e helicópteros, despejando produtos químicos sobre as selvas litorâneas numa empreitada sem precedentes na história da saúde pública no Brasil. Havia um "modelo importado" inspirando aquela articulação. Uma experiência bem-sucedida fora realizada pelos americanos em Trinidad (Venezuela), que ali exterminaram os caraguatás nas plantações de cacau. Acontece que se tratava de Plantas criadas em matas artificiais que ali estavam apenas para sombrear as plantações de cacau. Os trabalhadores estavam em contato direto com elas e assim se exigiam drásticas e rápidas medidas de saneamento. No Brasil, ao contrário, o veneno foi lançado sobre matas nativas e restingas de pouca ou nenhuma ocupação humana.
Outro trabalho, publicado em 1956 na Revista Brasileira de Malariologia e Doenças Tropicais, apresenta o resultado de apenas um ano de borrifações: mais de 100 milhões de caraguatás destruídos. Ignorando a tese de que naquelas circunstâncias uma eficiente campanha de saúde pública poderia ser conduzida pelo fornecimento de telas, mosquiteiros, pequenos desmatamentos em torno das habitações e, principalmente, pelo emprego do inseticida DDT, os devastadores ataques aéreos cumpriram sua terrível missão.
Teria sido apenas uma questão de despreparo e distorção profissional dos sanitaristas, como sugere o professor Ferri? Talvez. Mas na mesma revista há uma estarrecedora explicação para o emprego do veneno conhecido como verde-paris: "Era um inseticida básico na época do combate às formas aquáticas dos anofelinos transmissores de malária. Com o advento do DDT, o combate a esses mosquitos passou a ser feito quase exclusivamente contra a fase alada. Ao se proceder a essa mudança, as entidades empenhadas em campanhas antipalúdicas possuíam grandes estoques de verde-paris. Em nosso serviço, só no almoxarifado da diretoria existiam 30 toneladas, fora o que estava distribuído pelos setores. Nessas condições, não é justo que se pense em outro herbicida, enquanto não terminar todo esse estoque".
Tal como acontece nas grandes guerras, jamais saberemos a verdadeira extensão do desastre ecológico causado pela guerra aos caraguatás. A única certeza é que milhares de pássaros e animais mamíferos silvestres adoeceram e morreram em conseqüência da ingestão de insetos e águas envenenadas. O que restou das florestas ficou privado do seu componente fundamental: alguns agentes polinizadores específicos, responsáveis pela reprodução de uma enorme variedade de plantas. Como saldo positivo restou apenas uma lição simples, amarga e antiga: a extinção é para sempre.




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sexta-feira, 13 de abril de 2012

Lembre-se: Recordar é viver

LEMBRE-SE: RECORDAR É VIVER



A massa de informações que a memória humana grava equivale a 20 bilhões de livros. Mas é preciso que um fato mexa com as emoções para ser encontrado depois com facilidade nesse fantástico arquivo do cérebro.

Já pensou se, cada vez que fosse assinar o nome, você tivesse de recordar as primeiras letras, aprendidas na infância? Pois é exatamente isso que acontece, embora não se perceba: escrever é como pressionar no cérebro a mesma tecla da cartilha do curso primário, desenhar novamente as palavras do jeito que a professora ensinou. A rigor, fazer qualquer coisa-qualquer coisa mesmo-é voltar inconscientemente à primeira experiência de aprendizado. A memória está presente em tudo. Graças a ela somos capazes não só de fazer algo como também de relacionar as coisas entre si, de estabelecer toda sorte de associações, sem as quais a própria sobrevivência seria impossível. Todos nós, enfim, vivemos de recordações.
O dia de sol evoca a praia, o céu cinzento adverte que pode chover, a música reanima um antigo sentimento. Dito desse modo, é como se os responsáveis pelas lembranças-ou pelas memorizações - sempre estivessem fora da pessoa, no sol, no céu, no som, por exemplo. Faz sentido: a memória é uma interação entre o ambiente e o organismo. Essa interação altera o sistema nervoso de tal modo que lhe permite reviver uma experiência. Naturalmente, todos os sentidos-tato, paladar, olfato, audição e visão-são instrumentos da memória. Mas a sede das lembranças é uma massa gelatinosa, com cerca de 1 quilo e meio que mal se acomodaria na palma da mão. Ou seja, o cérebro.
Comparáveis ao número de estreIas na Via Láctea, existem no cérebro 100 bilhões de neurônios, acinzentadas células nervosas com centésimos de milímetro de diâmetro, que possuem prolongamentos, chamados axônios.
Aparentemente, o cérebro é revestido por uma camada cinza, o córtex, que deve sua cor ao fato de ser formado quase só por corpos de neurônios. Dentro está a chamada substância branca. Trata-se de uma rede de axônios, feito fios encapados. O revestimento é a mielina, componente químico que lhe confere a cor clara.

Neurônios e axônios formam conexões: não chegam propriamente a se tocar, mas se aproximam tanto, que basta um neurônio liberar a substância química chamada neurotransmissor para que outro neurônio a capte e se estabeleça a comunicação entre eles. Calcula-se que no cérebro humano existam 100 trilhões dessas conexões. Chamadas sinapses. Um pensamento, por mais simples que seja, ativa centenas de sinapses. A capacidade de memorizar que todas as sinapses dão ao homem é incrível: aproximadamente 1014 bits (unidades de informação), ou o número 1 seguido de catorze zeros. Esse oceano de bits daria para escrever 20 bilhões de livros. Difícil é imaginar que cada um de nós carrega essa megabiblioteca na cabeça.
Já se nasce sabendo. É o que os cientistas chamam de memória biológica do cérebro, herdada geneticamente, que tem a ver com o instinto de sobrevivência de cada indivíduo de uma espécie. Assim, não se precisa ensinar o recém-nascido a mamar. O bebê também já nasce com todo o potencial para arquivar o que for aprendendo pela vida afora e formar, dessa maneira, a memória cerebral- que é, aliás, 10 mil vezes mais ampla que a memória dos genes das células do organismo.
Recentemente, cientistas italianos levantaram a hipótese de que a potencialidade da memória cerebral é hereditária. Eles fizeram uma experiência muito sugestiva: cruzaram ratos de laboratório dotados de boa capacidade de memorização; verificaram depois que a geração seguinte de ratinhos se distinguia pela facilidade com que aprendia a buscar comida num labirinto, em comparação com filhotes de outros ratos. Mas nada prova por enquanto que filhos de pais com boa memória também nasçam com boa memória.
Mas onde será que a memória se localiza? Todas as partes do cérebro são capazes de armazenar memórias; mas isso não impede que existam vagas demarcadas especialmente para certos tipos de memória. O grande desacordo entre os cientistas diz respeito a outra questão: os mecanismos que o cérebro usa para gravar os eventos. São duas correntes: de um lado a dos que acham que são as sinapses (conexões entre os neurônios) as responsáveis pela memorização, de outro, a dos que acreditam que a chave da memória está na síntese de proteínas feita pelo cérebro. "A explicação mais lógica é que a cada evento o cérebro ou forma novas sinapses ou amplia a área de contato nas sinapses já existentes", raciocina o neurologista Paulo Bertolucci, da Escola Paulista de Medicina.
Ele dá um exemplo: "Quando me lembro de que fui a um baile, ativo várias sinapses, uma para cada detalhe: o lugar, a cor do vestido da moça com quem dancei, as pessoas presentes etc. Com o passar do tempo, a não ser que esteja sempre me recordando da festa e mantendo as sinapses em atividade, como correntes elétricas, elas irão se desfazendo. Eis por que a gente se lembra minuciosamente do que aconteceu no dia anterior e depois os detalhes vão fugindo. Na verdade, são as sinapses que estão se desativando aos poucos".
"A idéia de novas sinapses é absurda", contesta o neurologista João Radvany, do Hospital Albert Einstein de São Paulo, ferrenho partidário da síntese de proteínas. "As pessoas não formam sinapses após a adolescência." A teoria da síntese de proteínas sugere que a memória é transmissível. Na década de 60, cientistas americanos ensinaram um rato a ter medo do escuro: quando ele entrava num quarto sem luz, onde sabia estar a comida, levava um choque elétrico. Depois de um certo número de descargas, o animal associou a dor à ausência de luz.
Os cientistas - por incrível que pareça-liquefizeram então o cérebro do ratinho condicionado a temer a treva e injetaram o líquido obtido em outro rato. Resultado: este passou a manifestar sintomas de pânico do escuro. O problema é que nunca se conseguiu repetir essa experiência. "Todos sabem que se inibirmos a produção de proteínas pelo cérebro, um animal de laboratório perderá a capacidade de aprender", observa Radvany. Os neurologistas - seja qual for sua opinião sobre o papel de sinapses e proteínas-dividem a memória em três tipos.
A imediata é aquela que entra em ação quando se acha um número na lista telefônica: ela é eterna enquanto dura; o problema é que dura pouquíssimo. Se, por exemplo, a pessoa que acabou de localizar o número desejado no catálogo ouvir um ruído intenso antes de começar a discar, é bem possível que o número Ihe fuja, porque a memória imediata, de tão frágil, não resiste a interferências. Elas interrompem a sinapse ou a síntese (conforme a teoria).
O segundo tipo, a memória evocativa, menos sujeita a esses percalços, dura de algumas horas a alguns dias. Frustrada pelo primeiro esquecimento, a pessoa volta à lista, dessa vez com a firme intenção de decorar o número. A concentração necessária - mesmo quando inconsciente - transporta a informação da memória imediata para a evocativa. Enfim existe a memória de longo prazo, que pode durar a vida inteira. Se houver um motivo muito forte, o número daquele telefone não sumirá jamais.
Normalmente, o esquecimento é um recurso do cérebro para não ficar entulhado de informações inúteis. Trata- se, portanto, de uma limpeza de arquivos. Ocorre que nem sempre -alguns diriam, raramente-os critérios dessa seleção do que deve ser guardado passam pelo racional. Se já não bastassem as teorias de Freud e a prática da psicanálise, a experiência pessoal de cada um demonstra que aquilo que mexe com as emoções fica guardado no cérebro por mais tempo e com uma riqueza maior de detalhes. Ficar guardado não quer dizer necessariamente que se consiga evocar certas memórias com facilidade. Ao contrário: lembranças associadas a emoções básicas ou poderosas demais tendem a permanecer bloqueadas.
A terapia analítica busca desbloquear tais fatos, que seriam a causa oculta de neuroses e outros distúrbios de personalidade. Os neurologistas, de seu lado, já descobriram que os sentimentos influem na formação de neurotransmissores. "Parece que nada melhor do que uma novidade para ajudar a memorizar algo", revela Esper Cavalheiro, do Laboratório de Neurologia Experimental da Escola Paulista de Medicina. Trabalhos com animais têm demonstrado que o cérebro reage à novidade liberando a substância endorfina, um eficiente fixador de memórias.
"Algo semelhante deve acontecer aos seres humanos", imagina Cavalheiro. Se isso é verdade, após estudar para uma prova, um aluno bem que poderia fazer em seguida algo novo, como andar de roda- gigante, caso nunca tenha feito isso. Provavelmente, Ihe será mais fácil recordar a matéria na hora do exame. Com animais, pelo menos, essas coisas funcionam.
Emoções demais, porém, podem ser prejudiciais. Quem será que nunca sentiu um "branco" num momento de nervoso? A razão é conhecida: o estresse libera grandes quantidades de hormônios, principalmente adrenalina, que atingem o cérebro e interferem na capacidade de evocar informações.
Várias pesquisas têm demonstrado que as substâncias do estresse desempenham papel importante na memorização: animais em que se injetaram aquelas substâncias em pouquíssima quantidade tinham dificuldade em memorizar; com doses maiores; alcançavam- o auge da capacidade de memorização; com grandes quantidades, porém, os animais esqueciam tudo o que haviam aprendido-exatamente como uma pessoa estressada. Tudo indica que, quando alguém se concentra para memorizar algo, está produzindo substâncias do estresse nas quantidades intermediárias, como as cobaias de boa memória.
Um dos trabalhos mais interessantes sobre a produção dos neurotransmissores que influenciam a memória foi realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pelo neurologista Ivan Izquierdo, que estuda há vinte anos os processos da memória. Izquierdo provou que existe o que chama de "dependência de estado":aquilo que um animal aprende sob estresse só será recordado em outra situação semelhante. "Talvez seja um mecanismo instintivo". supõe o professor, "pois a comparação de situações parecidas pode ajudar o animal a se sair-melhor."
Segundo especialistas, os maiores inimigos da memória são os acidentes automobilísticos-a principal causa de amnésia. "mais do que qualquer doença do sistema nervoso", garante o neurocirurgião Reynaldo Brandt, do Hospital Albert Eisntein Mas ele faz questão de deixar claro: "Aquela amnésia do cinema e de novelas de televisão, na qual a pessoa pergunta "quem sou eu?" é pura ficção. De fato, como a memória se espalha por todo o cérebro, não existe acidente que possa apagar todo o arquivo sem ser fatal. A pessoa pode se esquecer do momento do acidente, pode perder a capacidade de recordar determinadas coisas. Mas jamais se esquecerá de tudo, vagando pelas ruas.
A idade está deixando de ser associada à perda de memória, embora essa seja uma idéia tão recente que muitos especialistas ainda argumentem que, com o passar dos anos, diminui o número de neurônios. "Talvez os idosos apenas sejam mais lentos para formar sinapses"; especula o neurologista Paulo Bertolucci, de São Paulo. "A mocinha, por exemplo, precisa repetir o nome do novo namorado à avó, até que ela o guarde." O fato de pessoas idosas se lembrarem mais do passado do que de episódios recentes também tem sido explicado como uma questão de prática: a vida inteira elas ficaram com aquelas lembranças, que por isso acabam vindo à tona com mais facilidade. "Manter a memória acesa depende de usá-la sempre, o que significa atividade- mental e interesse pelo mundo", diz: Bertolucci. Nesse sentido, recordar não é só viver-é viver bem.

Não esqueça de conhecer a sua memória

O cérebro está sempre gravando tudo o que a pessoa vê, ouve, sente ou toca. Mas o que dá o foco àquilo que se grava, tornando as lembranças mais nítidas ou menos, é a concentração-cuja falta é a principal responsável pelos problemas de memória. Por isso, o primeiro passo para se avaliar a memória de alguém é testar a sua atenção: pedir, por exemplo, que conte até cem de três em três números-1, 4, 7, 10, etc. "Quem não consegue cumprir a meta não tem atenção suficiente para fixar informações', interpreta a neuropsicóloga Cândida Pires de Camargo, do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Se está tudo bem com a atenção, testa-se a capacidade de reter eventos mais remotos, com perguntas sobre fatos históricos conhecidos, enredos de filmes antigos e ainda mostrando fofos de personalidades para serem identificadas. "Finalmente. peço ao paciente que me conte fatos importantes de sua vida em ordem cronológica; depois, confiro essa ordem com seus familiares", diz Cândida. Já os testes de memória imediata ou recente, são mais específicos, conforme a modalidade- memória para números, rostos, nomes etc. "O importante é dar o estímulo uma única vez; por exemplo, mostrar um desenho e logo escondê-lo, para a pessoa reproduzir o que se lembrar dali a 5 minutos, meia hora, um dia, uma semana", descreve a neuropsicóloga.
Ela aplica um método semelhante para testar a memória verbal, pedindo que o paciente repita uma história breve, de quatro ou cinco linhas, também em prazos diferentes. É natural esquecer um ou outro detalhe. Mas se após uma semana a pessoa só se recorda de 60 por cento da história, então é preciso diagnosticar se a dificuldade é de evocação - o equivalente a buscar a ficha correta nos arquivos do cérebro-ou de fixação. Problemas de evocação costumam estar relacionados a estados de ansiedade e de depressão, que comprovadamente atrapalham o processo de trazer as lembranças à tona. Esse tipo de problema pode ser tratado com auxilio de um psicoterapeuta. "Casos em que a dificuldade é realmente de memória, quando o cérebro perde a capacidade de gravar, são raríssimos", informa Cândida. "Isso é seguramente sinal de que alguma doença orgânica está em andamento.'




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sexta-feira, 13 de abril de 2012

O Micromundo dos Chips - Eletrônica

O MICROMUNDO DOS CHIPS - Eletrônica



Milimétricos condutores de energia são a alma da eletrônica e um dos motores do mundo moderno. Do quartzo ao circuito integrado, sua fabricação exige até trinta etapas, além de extremos cuidados.

São peças dignas de ser apreciadas pelo microscópio: as menores têm 0,3 milímetro de espessura e as maiores medem 0,5 milímetro. As áreas nunca excedem 1 centímetro quadrado. Apesar de tão minúsculas, têm embutidos milhões de transistores por onde se movimentam sem parar sinais elétricos-como carros trafegando em alta velocidade pelas ruas e avenidas de uma cidade bem planejada. Esses ínfimos circuitos incrustados nos faladíssimos chips chegam a medir 1,5 mícron-1,5 milésimo de milímetro-, ou seja, são cinqüenta vezes mais finos do que um fio de cabelo. No entanto, guardam milhões de informações-os chips utilizados nos supercomputadores IBM 3090, por bits. (O bit é a menor unidade de informação de um computador.)
Nas últimas três décadas, o chip - palavra que em inglês significa lasca, fatia ou pedaço - tornou-se a ferramenta mais preciosa da indústria eletroeletrônica mundial. E um pequeno retângulo feito de silício-substância a meio caminho entre os condutores de eletricidade, como os metais, e os isolantes, como a cerâmica usada nas linhas de alta tensão. Por isso é chamado semicondutor. O irrisório tamanho do chip é muito bem aproveitado: ali coabitam componentes de nomes exóticos, como resistores, capacitores, diodos e até os conhecidos transistores. Todos eles, quando conectados entre si, podem provocar resistência, armazenar, amplificar ou interromper a corrente elétrica. Essas possibilidades, devidamente combinadas e traduzidas em números, são a chave de qualquer sistema eletrônico moderno.
Se os chips não fossem capazes de armazenar tantos componentes num espaço tão limitado, não haveria supercomputadores, satélites de comunicação, naves espaciais nem mísseis de guerra. Aliás, não é preciso ir tão longe. Os chips estão presentes nos televisores, equipamentos de som, telefones, calculadoras, relógios, brinquedos e eletrodomésticos. Eles fazem parte de tudo o que se fabrica com um componente eletrônico em seu bojo, seja um autorama ou um liquidificador, o mecanismo de partida de um carro ou as caixas registradoras de um supermercado.
A carreira dessa micropeça é recente, mas meteórica. No final da década de 50, os engenheiros já sabiam que uma onda eletromagnética, produzida por circuitos elétricos poderia transportar milhares de informações através do espaço em poucos segundos. Teoricamente, as possibilidades eram ilimitadas. Naquela época, os transistores feitos de material semicondutor como o silício já tinham substituído as válvulas nos computadores mais rápidos. Mas o que na teoria funcionava perfeitamente, na prática dava errado. Como num jogo de armar, os transistores tinham de ser soldados quase manualmente aos outros componentes de um circuito eletrônico. Em casos mais complexos, podia-se obter até 1 milhão de conexões. Assim, embora já houvesse projetos de supercomputadores, eles esbarravam nesse problema: a tirania do número de conexões que crescia assustadoramente com a complexidade dos circuitos.
Foi quando, em 1958, um engenheiro da Texas Instruments, Jack Kilby, na época com 34 anos, descobriu uma maneira de juntar todos os componentes do circuito numa única pastilha de silício. Em vez de usar circuitos soldados um a um, Kilby percebeu que a adição de determinadas "impurezas", como fósforo ou boro, numa barra de silício altamente purificado afetaria a mobilidade dos elétrons. Se essas impurezas fossem colocadas em camadas, como num sanduíche, seria possível comprimir todos os componentes de um circuito integrado num único bloco de silício semicondutor. A tendência, com o tempo, foi manter a área do chip e diminuir o tamanho dos componentes, que, empilhados em dez camadas de material, podem medir 10 milionésimos de milímetro cada uma.
Mas, em 1958, não era apenas a Texas Instruments, empresa famosa por ter fabricado os primeiros rádios transistores, que estava interessada em circuitos integrados de silício. Outra companhia, a Fairchild Semiconductor, instalada num vale ao sul da baia de São Francisco, na Califórnia, então uma aprazível área agrícola, também fazia pesquisas semelhantes. Um de seus diretores, o físico Robert Noyce, então com 31 anos, tivera a mesma idéia de Kilby, com a diferença de alguns meses. Entre o tempo que durou a pesquisa e o aparecimento das primeiras peças, já na década de 60, Kilby e Noyce repartiram as honras de serem os inventores dos chips. O local onde funcionava a Fairchild acabaria invadido por gigantes da microeletrônica, tornando-se conhecido como Vale do Silício.
O nome pegou. Outras regiões dos Estados Unidos foram batizadas de Floresta do Silício, Pradaria da Silício, Colinas do Silício e assim por diante. O primeiro chip fabricado em 1958 tinha cinco peças fundidas numa barra de 1,5 centímetro quadrado-hoje, os chips podem ter até 5 milhões de componentes. Em trinta anos, eles diminuíram dez vezes de tamanho e multiplicaram por 1 milhão a capacidade. Isso não aconteceu por acaso.
Como subproduto do projeto espacial americano que levaria o homem à Lua, a microeletrônica foi premiada com grandes investimentos para pesquisa. Mas, nos últimos anos, com a disseminação do uso dos chips, o custo e, portanto, a competitividade das indústrias passou a fazer toda a diferença-e os japoneses tomaram a dianteira no ramo.
Nos próximos dois anos, eles prometem fabricar circuitos de 18 milhões de componentes e até o ano 2000, de 500 milhões-tudo isso no mesmo espaço minúsculo de 1 centímetro quadrado. Então, os supercomputadores já estarão superados, tendo cedido a vez aos chamados ultracomputadores. Se imaginar esses chips do futuro próximo já é difícil, que dirá construí-los. No mundo miniaturizado dos circuitos integrados, um simples grão de poeira pode adquirir as proporções de uma avalanche sobre uma rodovia movimentada. Não é de admirar, portanto, que instrumentos tão delicados exijam uma associação de paciência, capital e cérebro em níveis difíceis de serem igualados em qualquer outra atividade industrial.
Algumas universidades brasileiras já se atrevem a fazer o ciclo completo da fabricação do chip-um processo que envolve mais de trinta etapas-, mas isso não acontece ainda na indústria nacional. "Uma coisa é fazer a experiência em nível de pesquisa avançada", explica o engenheiro Armando Laganá, da Escola Politécnica da USP. "Outra coisa muito diferente é manter a competitividade industrial." Antes de pensar na fabricação dos chips, as empresas microeletrônicas devem conseguir silício puro, ou seja, tão limpo que entre 1 bilhão de átomos não haja mais do que uma dúzia de impurezas.
O Brasil possui uma das maiores jazidas de quartzo do mundo, mineral de onde é retirado o silício. Mas entre o quartzo-encontrado até no cascalho à beira dos rios do sul de Minas - e o silício monocristalino dos chips vai uma grande diferença. O quartzo é transformado em silício metálico, depois purificado até tornar-se cristal-mas ainda não está pronto para ser trabalhado. Esse cristal de silício deve ter todos os átomos em seus devidos lugares para que não haja nenhuma imperfeição no material e para que a corrente elétrica que circula pelo chip não sofra alterações. Portanto, ele é fundido em torno de uma "semente", ou núcleo monocristalino, sobre o qual vão se depositando, já então corretamente ordenados os átomos de silício. Formam-se assim os tarugos-"salames", de 1,50 metro de altura, fatiados por uma serra de diamante.
As bolachas, ou wafers, como são chamadas em inglês as finíssimas fatias de silício de 3 polegadas de diâmetro, são lapidadas ou polidas como barras de aço de uma usina siderúrgica. Essas lâminas são então divididas em centenas de chips, cujos circuitos, numa etapa posterior, serão gravados segundo um método semelhante ao da fotografia. Na curta história dos chips, esses circuitos já foram feitos a mão, embora atualmente sejam usados computadores gráficos. Curiosamente, são esses computadores que vão desenhar as memórias de outros computadores iguais a eles. Para que os circuitos sejam gravados na chapa de silício, ela é aquecida à temperatura de 1 200 graus centígrados, até que se forme uma finíssima camada protetora de óxido, com uma grande resistência elétrica. Em seguida, se cobre o wafer com material fotográfico, sobre o qual se colocam as máscaras- que se parecem às antigas chapas de vidro usadas em fotografia-onde os circuitos foram fotografados.
Ao submeter o conjunto a radiação ultravioleta, as áreas ocultas pelas máscaras ficam intactas, enquanto a luz atinge o material fotográfico, que se dissolve, deixando livre a camada de óxido de silício. Esse processo é repetido várias vezes, de acordo com o número de máscaras que forem necessárias. Em seguida, pode começar o processo de dopagem, como dizem os engenheiros. O método é o mesmo usado na gravação das máscaras, mas neste caso as áreas livres são bombardeadas ou dopadas com boro, fósforo ou arsênio, as chamadas "impurezas" que vão permitir a condutividade elétrica.
Depois, é preciso cobrir os chips com condutores de alumínio. Numa fábrica onde são feitos todo ano milhões de chips, esses processos ocorrem em salas onde o ar é mais limpo do que nos centros cirúrgicos dos hospitais. As pessoas ali só trabalham de uniformes imaculadamente brancos, com os pés, cabelos e mãos protegidos, pois a poeira trazida por elas pode prejudicar dezenas de chips incrustados numa lâmina.
No futuro, prevê-se que os chips serão confeccionados com materiais supercondutores que, por não oferecerem resistência à eletricidade, podem transmitir sinais ainda mais velozes do que se sonha com os circuitos atuais. Aliás, a preocupação dos fabricantes é conseguir chips que processem informações cada vez mais rapidamente. Para isso, já está sendo usado o arseneto de gálio como material semicondutor. O arseneto conduz elétrons até seis vezes mais depressa do que o silício, além de operar em temperaturas mais elevadas, reduzindo a necessidade de resfriar os computadores e outros sistemas eletrônicos. Como é muito caro, só é utilizado em pesquisas, como as que se desenvolvem na Unicamp, ou em supercomputadores militares americanos ou ainda na fabricação de circuitos para comunicações por microondas.
Independente do material de que são feitos -silício ou arseneto de gálio-, no final de todas as etapas de fabricação os chips ainda estão ligados às centenas num único wafer. Esse wafer então é serrado e os chips, enfim libertos, são soldados aos seus suportes mecânicos, os chamados lead-frames. É um trabalho que no Brasil ainda é mecânico na sua maior parte, além de ser executado. quase só por mulheres. São operárias que vão manusear, interligar, soldar os chips e depois implantar minúsculos fios de ouro que os manterão presos aos equipamentos eletrônicos. Encapsulado num invólucro de epóxi, o chip deixa de ter esse nome. Daí em diante, o retângulo milimétrico de silício passa a ser conhecido como circuito integrado.

O circuito brasileiro

A indústria micro eletrônica nacional tem prazo de dois anos para dominar o ciclo completo da fabricação do chip, conforme compromisso assumido com o Conin (Conselho Nacional de Informática e Automação). O objetivo é dominar a tecnologia tanto nos circuitos digitais, aqueles dos computadores, que lidam com memória, como a dos analógicos ou lineares, que processam dados contínuos, como nos televisores. Qualquer que seja o circuito, a base dos chips é sempre a mesma. Só muda a tecnologia, que permite que um número menor ou maior de componentes seja colocado num único chip.
A SID Microeletrônica, subsidiária da Sharp, com sede em Contagem, a 10 quilômetros de Belo Horizonte, é uma das três empresas brasileiras do setor mais avançadas em termos de tecnologia de chips. Mesmo assim, por enquanto, ela só trabalha com circuitos lineares. "No ano que vem", prevê seu diretor industrial, o engenheiro Wilson Leal, "começamos a fabricar circuitos para memórias." As outras duas empresas, Itautec Componentes e Elebra, desenham circuitos e realizam o estágio final de produção do chip-teste, montagem e encapsulamento. O restante é realizado por indústrias estrangeiras.
Só falta ao Brasil dominar duas etapas do ciclo de produção: a purificação do silício, do qual se obtém o cristal cilíndrico, e a elaboração de máscaras, que se segue ao projeto dos circuitos. Embora não seja capaz de transformar o silício metálico em policristal, a empresa paulista Heliodinâmica, especializada em células solares, fabrica o silício sob a forma de cristal puro. O CTI-Centro Tecnológico de Informática -, órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia que faz pesquisas em informática, se comprometeu a fazer ainda este ano as máscaras dos chips nacionais.

Imitação de cérebro

No futuro, os chips poderão ser feitos de organismos vivos, tornando- se bem mais parecidos com o cérebro humano do que as atuais microplaquetas de silício. Pelo menos desde 1974, pesquisadores americanos procuram desenvolver chips que copiem a maneira como os neurônios humanos processam uma colossal quantidade de informações. De acordo com esse modelo, os transistores seriam equivalentes às sinapses-ligações entre as células nervosas por onde se transmitem os impulsos. Mas enquanto os primeiros só permitem dois estados-ligado e desligado -, as sinapses têm uma enorme variedade de estados intermediários, que fazem com que as células nervosas tanto sirvam de memória como processem informações de maneira simultânea.
Outro motivo pelo qual os cientistas procuram substituir o silício por matéria orgânica é que o número de componentes existentes num circuito convencional está atingindo seu limite. Para substituir os transistores, pesquisadores da IBM americana, por exemplo, usaram moléculas orgânicas com cargas positiva e negativa. A montagem da experiência foi semelhante à dos circuitos integrados tradicionais, ou seja, foram usadas duas camadas separadas por um isolante, prensadas entre placas metálicas. No Japão, demonstrou-se que uma proteína extraída do coração do cavalo se comporta como material semicondutor.
Em outra pesquisa, dessa vez na Universidade da Califórnia, uma equipe de cientistas se propôs a produzir chips a partir de grandes moléculas de carbono, que possuem propriedades elétricas semelhantes às do silício. Essas moléculas seriam sintetizadas pela Escherichia coli, uma bactéria do intestino normalmente usada em engenharia genética. Os resultados dessa pesquisa vão demorar pelo menos vinte anos. De seu lado, pesquisadores da AT&T Bell Laboratories anunciaram recentemente, num seminário no Canadá, terem desenvolvido chips que imitam o cérebro humano, funcionando como neurônios eletrônicos. Esses chips de 7 milímetros quadrados de área teriam 75 mil transistores, o que equivale à memória de um micro tipo Apple. A idéia é usar esses chips como censores que reconstruiriam funções nervosas lesionadas.




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domingo, 1 de abril de 2012

2 Mil Anos de Xadrez

2 MIL ANOS DE XADREZ



Criado para curar a depressão de um antigo rei indiano, o jogo simula o confronto de dois exércitos, cujas manobras podem se desdobrar numainfinidade de lances diferentes.

Há mais de 2 mil anos, provavelmente no século Vl a.C., nos abastados reinos da Índia começou a surgir uma modalidade de jogo destinada a conquistar a imaginação dos nobres e dos mestres da guerra. Em poucas gerações, a nova mania espalhou-se por terras e povos vizinhos-e daí, muito mais lentamente, para o mundo todo. O nome original do jogo era chaturanga-que significava "quatro reis" -, e dele descende o xadrez, praticado por milhões de pessoas que o consideram o mais complexo exercício de inteligência já inventado.
Existem várias versões sobre a origem e o desenvolvimento do jogo, além de muitas dúvidas sobre os caminhos de sua propagação. Ao que tudo indica, a princípio o chaturanga não era disputado por apenas dois jogadores, como o xadrez atual, mas sim por quatro. Cada um deles, em vez das dezesseis peças modernas, dispunha de oito peças que corriam as 64 casas do tabuleiro. Não existia ainda, por exemplo, a figura da rainha-hoje a peça mais poderosa do xadrez. Os contendores moviam um elefante, um cavalo, um carro de guerra e quatro peões. O objetivo já era defender a peça central, o rei, e capturar o rei do adversário. No entanto, ao contrário do xadrez, o chaturanga dependia da sorte, pois a ordem das jogadas era definida pelos dados.
Segundo a lenda, o jogo nasceu como um remédio: teria sido inventado por um dos sábios da corte do Hindostão, de nome Sissa, para curar a depressão do rei. Encantado com sua pronta recuperação e ainda sem perceber as espantosas possibilidades do novo entretenimento, o rei prometeu ao sábio a recompensa que quisesse. Sissa pediu pouco, aparentemente. Apenas um tabuleiro cheio de trigo, mas de modo que na primeira casa houvesse um grão, na segunda, dois, na terceira, quatro, e assim sucessivamente, dobrando a quantidade de grãos até a casa 64. Quando o rei mandou fazer os cálculos, descobriu, assombrado, que o trigo necessário para completar o tabuleiro chegava a quase 20 quintilhões de grãos (o número 2 seguido de 19 zeros). Mais do que toda a produção mundial.
Em cinco séculos. o chaturanga já havia chegado à China, a mais de 4 mil quilômetros da Índia. Ali recebeu o nome de "jogo do elefante". Na mesma época, alcançou o Japão, onde passou a ser chamado de go ou go bang, nomes que se conservam até hoje. Em tempos bem mais recentes, no sexto século depois de Cristo, o jogo ganhou grande destaque na Pérsia, sob o reinado do xá Cosroes I. O nome persa para o jogo era chatrang, do qual parece terem se originado as expressões "xeque" e "xeque-mate"-ameaça ao rei e rei morto, respectivamente. Na União Soviética, até os dias que correm, o jogo se chama "xeque-mate". Em inglês é chess, em alemão, schach, em francês, jeu des échecs. Da Pérsia, o jogo emigrou para a Arábia. Em 650 da era cristã, o imperador francês Carlos Magno ganhou um tabuleiro de presente do lendário califa Harum-alRashid. Foi assim, acredita-se, que os ocidentais tomaram conhecimento do xadrez. O jogo difundiu-se inicialmente na Espanha. Em 1088, o rabino Abrahan Ben Ezra, de Toledo, escreveu um poema sobre uma partida entre peças negras (etíopes, no poema) e vermelhas (edomitas).
O xadrez é um jogo de infinitas combinações-ou algo muito perto disso. Calcula-se que o número de jogadas possíveis em uma partida é tão grande como o número de átomos do Universo. Outra conta de tirar o fôlego é a seguinte: um computador que fosse capaz de analisar 100 milhões de jogadas possíveis por segundo demoraria aproximadamente 3 x 10104 anos (ou seja, o número 3 seguido de 104 zeros) para terminar a partida. Isso resulta do fato de que, ao longo dos séculos, o xadrez foi se tornando mais variado, mais complexo e cheio de possibilidades. A principal transformação parece ter sido o aparecimento da rainha-o que não só subverteu as regras do jogo como também foi um lance inusitado: afinal, figuras femininas não costumavam freqüentar campos de batalha, reais ou simulados.
A rainha entrou em cena no século XV, depois que os árabes, que tinham aprendido o jogo com os persas, levaram-no para a Espanha. Ali e na França o jogo começou realmente a mudar. As inovações começaram pelos peões. Estas peças, que podiam andar apenas uma casa em cada lance, ficaram mais ágeis, podendo avançar duas casas no primeiro movimento. Depois dos peões foi a vez das torres: ganharam um movimento novo, chamado roque, no qual uma delas troca de lugar com o rei. Enfim, o caso da rainha. Os árabes chamavam a peça que Ihe deu origem de firzan, que significa "vizir" ou "conselheiro". Tratava-se de um personagem masculino, portanto. Além disso, o firzan só se movia uma casa de cada vez-e não quantas casas se queira, como no jogo moderno.
Não se sabe por que ocorreu essa mudança. Pode ter sido resultado da presença marcante da rainha Isabel, a Católica, que governou a Espanha no século XV. Pode ter sido também fruto de uma analogia com o jogo de damas, onde as peças são coroadas depois de atravessar o tabuleiro. Então adquirem o direito de circular com muito maior desenvoltura, já com o título de damas. Também no xadrez, o peão que chega a cruzar todo o tabuleiro fica mais poderoso. É possível que esse peão, por analogia com a dama, tenha passado a se chamar rainha. (Tecnicamente, em português rainha é chamada de dama.) O bispo também mudou, provavelmente a partir da metamorfose do velho elefante indiano. As informações mais recentes sobre o antecessor do bispo vêm da Pérsia, onde o elefante acumulava dois movimentos.
Um desses era o passo em diagonal, como o dos atuais bispos (embora elefante persa desse só um passo por vez). O segundo movimento lhe permitia saltar outras peças, como o moderno cavalo. Os espanhóis descartaram este último movimento e deram à peça o nome pelo qual se tornou conhecida-alfil, bispo, em espanhol. Na França, porém, ela se chamou, palhaço. Na Alemanha, ganhou o nome de laufer, corredor. Na Rússia ficou o nome tradicional, slon, elefante. O antigo cavalo, por sua vez, já possuía o movimento aos saltos, como hoje, e assim permaneceu, retendo também o velho nome. O mesmo vale para o movimento das torres. Estas porém, receberam diversos nomes, conforme as línguas. No árabe, chamavam-se ruji, carro de guerra. Daí a denominação inglesa rook, com a mesma acepção. Os peões, enfim, devem seu nome uma tradução da palavra árabe daq, soldado a pé. Esses humildes habitantes do tabuleiro causaram certa confusão quando adquiriram a capacidade de se transformar em rainhas Teóricos da época, talvez vexados, diziam que não ficava bem o rei ter duas ou mais rainhas no Jogo, como se fosse polígamo. Mas tais objeções vingaram. Assim se encerraram mudanças nas regras relativas aos movimentos das peças, realizadas no século XV e XVI, que deram ao jogo sua fisionomia atual. O que mudou - e muito-, desde então, foram as técnicas, tornando os lances muito mais pensados e armados.
Em conseqüência disso, os chamados grandes mestres deixaram de ser campeões solitários, que se enfrentavam um a um diante do tabuleiro. Eles aprenderam a trabalhar em equipes de assessores que os ajudam a planejar uma partida. O campeão mundial Garri Kasparov, da União Soviética, por exemplo, nunca deixa de levar consigo pelo menos três analistas, grandes conhecedores do jogo, estudam a estratégia e as táticas dos adversários e sugerem modos de sobrepujá-las. Além disso, Kasparov emprega outros cinco ou seis auxiliares-incluindo um psicólogo, para cuidar de seu estado emocional, e um burocrata, para controlar os elevados gastos da equipe. Em outras palavras, ocorreu com o xadrez algo semelhante ao que aconteceu com a produção científica. No passado, os cientistas eram trabalhadores solitários como os enxadristas: verrumavam suas invenções e descobertas exclusivamente com o próprio cérebro. Hoje, em vez disso, trabalham em vastos e complexos laboratórios ao lado de dezenas de auxiliares. "Mas não se deve pensar que o individualismo do passado desapareceu por completo entre os enxadristas", lembra o brasileiro Hermann Claudius, mestre internacional. Pode ser. No entanto, por mais que conte o talento incomparável dos grandes jogadores, o jogo moderno também exige enorme habilidade tática, que nem sempre pode ser dominada por um único homem. No passado, o objetivo essencial do enxadrista era o ataque, a qualquer preço. Um exemplo notável desse estilo foi a partida denominada imortal, entre os alemães Adolf Andersen e Lionel Kieseritzky, jogada em Londres, em 1851, que deu a Andersen o título mundial. Logo no início, ele fez uma arrancada impetuosa, não se importando, para isso, de sacrificar um peão e duas peças peso pesado-as torres - antes do vigésimo lance. Pior ainda: no 22º, o lance, Andersen entregou também a rainha. Em compensação, na jogada seguinte ele daria o xeque-mate, fulminando o surpreso adversário.
Hoje seria muito difícil repetir uma carreira desabalada desse tipo, pois as táticas ensinam como evitá-la. Mesmo na época de Andersen a concepção do jogo já havia dado passos importantes - por exemplo, com a tática dos peões, criada pelo francês André Philidor na virada do século XIX. Para ele, os peões não eram simples soldados a pé, mas, como dizia, "a alma do xadrez". Ao invés de colocá-los à frente para serem sacrificados, Philidor preservava-os para dar apoio às peças mais fortes. Depois de Philidor e Andersen, o xadrez seria cuidadosamente pesquisado pelo austríaco Wilhelm Steinitz (1836-1900), um enxadrista profissional de tempo integral. Campeão do mundo de 1866 a 1893, ele criou, com um alemão, Siegbert Tarrash, as famosas aberturas defensivas, que transformaram os inícios de partida em verdadeiras equações matemáticas.
As aberturas e táticas cuidadosas acabaram criando um dos maiores enxadristas de todos os tempos, o cubano José Raúl Capablanca (1888-1942). Menino prodígio no xadrez e campeão do mundo durante seis anos, sem que ninguém ousasse disputar-lhe a supremacia, Capablanca recorria às táticas existentes como se tivesse nascido sabendo utilizá-las. Ele acabaria derrotado por um novo teórico do tabuleiro: o russo emigrado Alexander Alekhine (1892-1946). Desde o século passado, com efeito, os russos já eram notáveis enxadristas. Mas Alekhine seria o primeiro de uma interminável sucessão de grandes mestres a aparecer para o mundo. Em 1948, com a vitória de Mikhail Botvinnik no campeonato mundial, os soviéticos iniciaram o período de supremacia que dura até hoje.
Esse poder só lhes seria usurpado -temporariamente-em 1972, pela irrupção de um gênio, o americano Robert Fischer. Mas ele era temperamental demais para seguir as estritas regras do xadrez internacional. Em poucos anos, renunciou ao título para não ter de disputá-lo com o soviético Anatoli Karpov. Este último teve ainda grande dificuldade para defender-se de outro jogador turrão, Viktor Korchnoi, soviético vivendo no exílio. Na União Soviética, há 4 milhões de filiados à Federação Nacional de Xadrez, enquanto nos Estados Unidos o número de filiados à federação local é de apenas 20 mil e na Inglaterra, 10 mil. No Brasil, não se sabe quantos são os enxadristas de carteirinha. O Clube de Xadrez de São Paulo, o maior do país, tem 600 sócios. É claro que apenas a quantidade de filiações não conta toda a história da popularidade do jogo em cada país: muita gente pode jogar habitualmente xadrez sem se preocupar em assinar fichas de instituições ou clubes.
Está em gestação algo capaz de popularizar ainda mais esse jogo. Trata se de uma simplificação, dessa vez encurtando de duas horas para apenas meia hora a duração das partidas, a fim de deixar pouco espaço a grandes cerebrações. As primeiras partidas dessa nova modalidade já começaram a ser disputadas, inclusive no Brasil. No entanto, nenhuma mudança vingará se não for encampada pelos países da Europa Oriental, especialmente a União Soviética.



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quinta-feira, 1 de março de 2012

Os defensores do corpo humano - Imunologia

OS DEFENSORES DO CORPO HUMANO



Milhões de células vivem para matar qualquer invasor que ameace a saúde do ser humano. Em caso de perigo iminente, esse exército se lança a uma guerra sem quartel, em que ninguém faz prisioneiros. O nome dessa tropa de elite é sistema imunológico.

Um leve corte no dedo, tão superficial que mal assustaria uma criança. Indigno de merecer mais do que um "ai" ou, quem sabe, um palavrão. Afinal, ninguém morre por causa de um corte no dedo-pelo menos em 99,9 por cento dos casos. Não que um corte não possa matar, se mais não mata é graças a uma tropa de elite, em permanente prontidão para ir à luta pela vida. É uma guerra secreta: enquanto uma dorzinha no lugar é praticamente tudo o que a pessoa retém do acidente, dentro do organismo reina grande agitação e todas as atenções se voltam para a vizinhança do pequeno corte; ali a batalha poderá começar a qualquer momento. A tropa de elite-o sistema imunológico-está preparada para o que der e vier.
A mesma dor que avisa a pessoa que ela se machucou fez soar um outro alarme, destinado às células de defesa. Dai começou o corre-corre. A circulação sangüínea transporta rapidamente batalhões inteiros dessas células ao local atingido, onde passam a ocupar posições estratégicas, entrincheiradas entre os tecidos. Toda a movimentação é apenas uma medida de segurança. Pode ser que o pequeno corte seja apenas um machucado sem conseqüências e que as células de defesa logo possam se dispersar sem ter disparado um tiro. Aliás, essa tropa é tão precavida que pega em armas diante de qualquer ameaça: por menor que seja uma lesão física, desencadeia o alerta. Até mesmo quando se leva um tapa, o sistema imunológico fica a postos.
As células de defesa já estão se dispersando quando soa de novo o alarme-na verdade, trata-se da liberação das substâncias químicas produzidas pela pele ferida e também pelos invasores. Isso porque até um pequeno arranhão abre uma grande brecha para a ação de micróbios solertes, toxinas perversas, partículas exóticas. Ao segundo alarme, os soldados da infantaria-que os cientistas chamam granulócitos-se lançam à batalha, sem perda de tempo, valendo-se do alto grau de preparo que os tornam ágeis e dinâmicos. Muitos deles vão tombar em combate. Junto com os restos mortais do inimigo derrotado, formarão o pus que aparece nas feridas.
Então se aproxima a artilharia dos macrófagos, células mais fortes, cujos canhonaços pulverizam não só os invasores-vivos ou mortos-como os próprios granulócitos eliminados no começo da batalha. Tamanha é a quantidade de macrófagos, comprimidos nos espaços entre as células, que são uma das causas do inchaço no local machucado. Granulócitos e macrófagos usam armas fabricadas há muito tempo-tanto que foram encontradas nos arsenais de espécies primitivas, como as esponjas. Graças a esse material bélico de comprovada eficiência-as enzimas existentes em seu interior -, eles engolem, trituram e digerem os inimigos. Outras enzimas, produzidas por diversos órgãos, como o estômago, podem ajudar, perfurando a membrana de micróbios e parasitas feito balas de canhão.
Chamadas de fagocitárias, essas células reconhecem os invasores (conhecidos antígenos) por meio das substâncias químicas que Ihes são comuns. Não é difícil a identificação -tais substâncias inexistem no organismo. Ou seja, o uniforme do inimigo é inconfundível. Certas bactérias, como as pneumococci da pneumonia, ao longo da evolução aprenderam porém a se camuflar e a passar desapercebidas. Contra isso os vertebrados inventaram há 400 milhões de anos uma resposta formidável-as células linfócitos B. Assim que uma bactéria da pneumonia tenta invadir o corpo pelo pequeno corte, os linfócitos B disparam seus mísseis teleguiados que se encaixam na molécula da bactéria, ou de qualquer outro invasor infeccioso, bloqueando-a para que não contamine outras células do organismo.
Essas proteínas são os tão falados anticorpos. Sua função principal, porém, é típica dos serviços de contra-espionagem: desmarcar os inimigos camuflados. A técnica funciona às mil maravilhas. Ao combinar-se com o odiado antígeno, o anticorpo chama a atenção do macrófago para a presença do estranho. O inimigo, então, fica encurralado. "Além de tornar o antígeno reconhecível, os anticorpos ajudam os macrófagos a ingeri-los", explica o professor de Imunologia Momtchillo Russo, da USP.
Os linfócitos B, em geral, são os soldados mais especializados do exército de defesa. Nas aves, são treinados para o ataque na Bursa de Fabricius (daí a letra B), que fica na cloaca, a ponta do canal intestinal. Já no homem, que não tem bursa, essas células nascidas na medula óssea são treinadas em tecidos como os do baço, intestino, amídalas, fígado. Dali vão navegar na corrente sangüínea, prontas para a luta, onde quer que se localize o teatro de operações. Se todas as células da pele humana são idênticas, o mesmo não acontece com os linfócitos B. Faz sentido: afinal, precisam especializar-se na produção de anticorpos de tamanhos e formatos diversos, para se encaixar como peças de quebra-cabeça numa infinidade de inimigos. Calcula-se que entre o trilhão de linfócitos B do organismo, haja cerca de 1 milhão de tipos diferentes.
No curso de uma infecção, algumas células B adquirem o que os cientistas chamam memória: a propriedade que Ihes permite estudar detalhadamente as táticas do invasor, de maneira que, se ele infectar o corpo uma segunda vez, haverá células B especializadas no seu combate e capazes de agir mais rapidamente do que no ataque anterior. Quando um linfócito B se encontra porém face a face com o seu antígeno, não se põe a disparar anticorpos imediatamente, como um amador. Espera a ordem de atacar dada por uma substância, a interleucina enviada pela célula T auxiliar. A T auxiliar é um dos três tipos de células que rumam da medula óssea para o timo (daí a letra T), uma glândula atrás das costelas, na altura do coração. Sua função é controlar todo o sistema imunológico.
Como não produz anticorpos, embora seja especializada num único invasor, não se sabe até hoje quais são seus receptores, isto é, como ela e encaixa e percebe o inimigo, ativando a partir dai tanto as células B como os macrófagos. Além das interleucinas, a T auxiliar tem uma segunda arma: a interferona, que funciona como um gás paralisante nas células infectadas e dificulta a propagação do antígeno.
Quem nasce sem timo não sobrevir, por falta de células T para organizar suas defesas. Quando tais células são destruídas pelo vírus da AIDS por exemplo, o mesmo acontece. Não seria então o caso de simplesmente injetar interleucina no organismo dos pacientes para suprir a produção natural prejudicada? A resposta infelizmente é negativa. "Lançada na circulação, a interleucina ativaria todo o sistema imunológico em vez de estimular apenas o lifócito B necessário", esclarece o professor Russo, da USP. "O sistema muito ativado é tão nefasto quanto o deficiente, causando febres, dores, coagulação do sangue. Enfim, pode levar à morte".
Quem corrige os lamentáveis mas nem sempre evitáveis excessos da repressão e ao mesmo tempo dá a ordem para o recuo é um segundo tipo de célula T, a supressora. Ela envia uma substância que inibe a ação da célula T auxiliar e, por tabela, de todas as outras células. Na verdade, cientistas desconhecem como essas duas células, a auxiliar e a supressora, mantêm o equilíbrio do sistema imunológico. Como será que sabem quando é hora de parar? Essa é a grande questão que a Imunologia busca responder. O terceiro e último tipo de célula T, ao contrário de suas irmãs, não dá ordens- nem por isso é menos importante. Trata-se da célula citotóxica, uma espécie de assassino profissional. Daí a sua alcunha em inglês: killer, assassina. Enquanto as demais células do sistema reconhecem apenas os antígenos (substâncias estranhas), a killer perscruta os tecidos do próprio organismo, os quais vive espionando: se estiver faltando algo, como nas células cancerosas que degeneram, ou se houver algo a mais, como nas células infectadas que retiveram em suas membranas partículas de um vírus invasor, ela se ativará. Então, aproxima-se da célula doente e, como se Ihe desse o beijo da morte, transmite-lhe uma substância tóxica destruidora. Se a killer destrói as células defeituosas, por que então se morre de câncer? Quando se tem trilhões de células como no organismo humano é normal que no decorrer da vida um certo número delas comece a apresentar defeitos. Portanto, a pergunta correta deveria ser: por que se pode viver sem câncer? E a resposta é: graças ao controle exercido pela killer. O problema aparece quando ela se ausenta -como na AIDS, em que o doente logo padece de tipos raros da enfermidade, ou quando já não existem killers em número suficiente, como em pessoas idosas. "Com o passar dos anos, o sistema imunológico se enfraquece", esclarece o imunologista Antonio Lauro Coscina, do Hospital Albert Einstein.
Apesar das vastas zonas de sombra que ainda desafiam os imunologistas, avanços importantes têm ocorrido. Nos Estados Unidos, pesquisadores conseguiram isolar em laboratório as interleucinas específicas para ativar as células T que combatem determinado tipo de câncer. Também se descobriu que, em alguns casos, quando a célula cancerosa é contaminada por bactérias, as células killer vão ao ataque mais rapidamente. Por isso, os cientistas estão inoculando essas bactérias em tumores de pele, com resultados positivos. Sem dúvida, porém, uma das descobertas mais significativas foi a dos anticorpos monoclonais, no inicio dos anos 80: são anticorpos específicos, desenvolvidos em laboratório, marcados com substâncias radioativas.
Eles não só identificam células cancerosas, mas também o tipo de câncer, permitindo o diagnóstico precoce da doença. As vezes, ao invés de estimular o sistema de defesa, a ciência deve colocar-lhe freios. É o que ocorre nas doenças auto-imunes, quando algo faz com que as células de defesa passem a tratar as células do próprio corpo como inimigas. Suspeita-se que algumas doenças, como úlceras estomacais e intestinais, artrite reumatóide, problemas de tireóide e esclerose múltipla, sejam auto-imunes. O conceito existe desde a década de 50, mas até hoje pouco se sabe sobre os seus mecanismos. Há três hipóteses que não se excluem necessariamente: 1) As doenças auto-imunes são provocadas em tecidos de cuja existência o sistema de defesa não teve conhecimento prévio e por isso não estaria capacitado a reconhecer. Há casos de esterilidade masculina produzida por anticorpos que aniquilam os espermatozóides. 2) Determinada infecção poderia alterar a aparência das membranas celulares de um órgão qualquer, tornando suas células estranhas para o sistema de defesa. 3) Desequilíbrio nas funções das células T supressoras e auxiliares que controlam o sistema inteiro. Cientistas americanos, que testaram o sangue de portadores de doenças auto-imunes, constataram que nele havia menos células T supressoras do que normal.
Atualmente, essas doenças têm sido tratadas com drogas chamadas imunossupressoras. que inibem o sistema imunológico. São os mesmos medicamentos usados em casos de transplante, para evitar a rejeição do órgão. Mas evidentemente essas drogas têm a grande desvantagem de diminuir a eficiência do sistema como um todo. As pesquisas mais recentes voltam-se para a produção de anticorpos, ou seja, anticorpos que anulem os anticorpos fabricados pelo organismo contra si próprio. O professor Coscina acredita que no futuro a solução será ainda melhor: "A Imunologia daqui a alguns anos será a Imunogenética", diz. "Manipulando os genes se poderá ter sistemas de defesa mais eficientes e sanar os problemas das doenças auto-imunes."



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sábado, 11 de fevereiro de 2012

As Imagens da Relatividade

AS IMAGENS DA RELATIVIDADE



Em 1905, Albert Einstein abalou o edifício da Física clássica ao publicar a Teoria Especial da Relatividade, complementada onze anos depois pela Teoria Geral da Relatividade. Nelas, Einstein expôs a idéia revolucionária de que a velocidade da luz no espaço vazio é sempre a mesma, qualquer que seja a posição do observador. Esse é um dos fundamentos mais importantes do conceito de relatividade.

A explosão das supernovas
Como dois observadores percebem um mesmo acontecimento
Imagine duas réguas descomunais transportadas pelo Universo por duas naves que viajam lado a lado em velocidades diferentes. As réguas vão medir a relatividade do espaço e do tempo. Se, quando as naves passarem juntas no mesmo lugar, ocorrer a explosão de duas estrelas supernovas - uma em cada ponta das réguas -, cada tripulação tratará de medir a distância entre a sua nave e as estrelas e o intervalo de tempo entre as explosões. Começará então o aprendizado prático das teorias de Einstein.

O momento duvidoso
Nem tudo acontece quando parece acontecer
A régua vermelha e branca mostra que as supernovas E2 e E1 explodiram ao mesmo tempo a uma distância igual de cada lado da nave. É claro que os tripulantes só perceberam as explosões algum tempo depois que ocorreram, isto é, passado o tempo que a luz da explosão demorou para chegar até eles. A outra nave, que transporta a régua vermelha, se move em alta velocidade, quase igual à da própria luz, e se dirige de E2 para E1. Por coincidência, ela passou pela primeira nave no momento exato em que esta recebeu a luz da dupla explosão estelar.
Ainda assim, sua tripulação acha que as duas explosões não ocorreram ao mesmo tempo e, sim, que a explosão da supernova E2 foi muito mais próxima. Por que? Afinal, os dois veículos estavam na mesma posição quando as explosões foram detectadas pela primeira nave. Mas quando elas ocorreram, a segunda nave estava mais próxima da estrela E2. Portanto, sua explosão foi detectada primeiro. Isso não ocorreria se a velocidade da luz variasse. Pois, como a nave está fugindo da explosão, haveria um atraso na chegada da luz. No entanto, ensina Einstein, a velocidade da luz não muda. E a supernova E2 foi conhecida primeiro pela nave da régua vermelha.

O movimento invisível
Ninguém nota que a Terra gira em torno do Sol
O movimento da Terra em volta do Sol - à velocidade estimada em 108 000 quilômetros por hora-não pode ser determinado. A rigor, só existe em comparação com o movimento de outros astros, não podendo, portanto, ser percebido daqui. Ou seja, é relativo. Isso não acontece só com a Terra Ao explicar a Teoria da Relatividade, Einstein costumava usar como exemplo o deslocamento de um trem-visto de maneira diferente por um passageiro e por um observador numa estação. Da mesma forma, os pilotos das duas naves espaciais podem perceber que elas estão se aproximando uma da outra. Mas não podem dizer quem realmente está se movendo. Se o primeiro piloto estivesse parado e o segundo se movendo, este último poderia perfeitamente pensar que na verdade quem está parado é ele mesmo e quem está se movendo é o outro. Isso porque o movimento próprio não é observável, a menos que houvesse aceleração. Como os habitantes da Terra, os pilotos só percebem o movimento em relação a outros veículos espaciais, ou outros astros.
A lei da compensação
A descoberta que deu origem à bomba atômica
Uma bala de canhão tem como objetivo atravessar a placa blindada e destruí-la só com a força do seu impulso. Segundo os cálculos da tripulação da nave que disparou a bala, ela se moverá a 1000 metros por segundo até atingir o alvo. Novamente, os tripulantes da segunda não estão de acordo. Para eles, a bala se move a 800 metros por segundo, o que, em princípio, não seria suficiente para fazê-la atravessar a placa. Apesar disso, estão convencidos de que o projétil vai destruí-la.
Isso porque, embora seus cálculos mostrem que a velocidade da bala é menor, eles também mediram uma bala com uma massa maior. Esse fato compensaria a velocidade menor, garantindo assim o impulso necessário para perfurar a placa. Em altas velocidades, segundo Einstein, a energia do movimento se transforma em massa. Daí a famosa fórmula E = mc2, onde E é energia, m, massa, e c2, o quadrado da velocidade da luz no vácuo. Da mesma forma, uma pequena quantidade de massa pode transformar-se em grande quantidade de energia. Essa descoberta deu origem à bomba atômica.

Do elevador ao foguete
Duas forças que parecem diferentes podem ser equivalentes
Ao contrário do que pode parecer, a atração terrestre ou força gravitacional não é algo radicalmente diferente da aceleração. Essas duas forças provocam, na verdade, as mesmas conseqüências: a mudança na velocidade dos corpos sobre os quais elas agem. Um passageiro no elevador em ascensão sente o seu peso devido à gravidade que o puxa para o piso. De repente, o cabo do elevador se rompe. O homem pode morrer, mas, por estranho que pareça, não sentirá a própria queda. Como estará caindo junto com o elevador, ficará flutuando no pequeno espaço fechado-e só saberá que está caindo porque deixará de sentir o seu peso, isto é, a atração exercida pela força da gravidade. É exatamente essa a sensação dos astronautas lançados ao espaço vazio a bordo de uma cápsula em órbita. No momento do lançamento, os astronautas sentem a aceleração porque são pressionados violentamente contra os assentos. Quando os motores são desligados, deixa de existir a aceleração que lançou a nave ao espaço e os astronautas também deixam de sentir a gravidade. Eles flutuam no interior da nave, já que têm o mesmo movimento que ela. Ou seja, há uma equivalência entre gravitação e aceleração, como afirmara Einstein. O Principio de Equivalência e o postulado de que a luz caminha sempre à mesma velocidade, independente do observador, são essenciais à Teoria Geral da Relatividade.

As curvas do Universo
O que acontece com a luz ao passar por um buraco negro
A Relatividade Geral diz que o tempo não é algo essencialmente diferente do espaço. Assim, além das três dimensões conhecidas-comprimento, largura e altura-, o Universo tem uma quarta dimensão - o espaço-tempo. Esse espaço-tempo quadridimensional é flexível: suas formas se curvam quando contêm uma grande concentração de massa. Por exemplo, os planetas são mantidos em suas órbitas devido à força gravitacional, entendida como encurvamento do espaço-tempo produzido pela enorme massa do Sol. As depressões mostradas na ilustração são causadas pela concentração de massa, ou seja, são lugares onde a força gravitacional é especialmente forte. Da mesma forma, ali onde a paisagem é plana não há nenhuma ou quase nenhuma gravidade.
Segundo Einstein, uma certa quantidade de massa, como a de uma estrela, pode curvar até um raio de luz que passe por perto. Como a velocidade da luz não pode mudar, é o tempo que se adapta às curvaturas da paisagem. A velocidade da luz continua igual até em situações extremas, como, por exemplo, num buraco negro, onde o tempo simplesmente pára. Buracos negros são regiões hipotéticas do espaço com um campo gravitacional tão intenso que nada-nem a matéria, nem as radiações, nem a luz-pode escapar de sua atração. Eles se formam quando uma estrela maciça se funde depois de gastar todo o seu combustível nuclear, concentrado a sua massa em um ponto minúsculo. O espaço ao redor desse ponto curva-se indefinidamente, porque a massa também tende a se tornar infinitamente densa.


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sábado, 28 de janeiro de 2012

A outra Síndrome - AIDS

A OUTRA SÍNDROME - AIDS



Os efeitos sociais da AIDS revelam-se tão complexos como a própria enfermidade. Desde as campanhas educativas à exigência dos testes, todo um rol de problemas inesperados entra na ordem do dia. Uma coisa é certa: a doença mexe com a vida de todos.

Sete anos depois de ter sido identificada pela Medicina e de já ter provocado pelo menos 40 mil óbitos, a AIDS (Síndrome de Imunodeficiência Adquirida) derrama pelos quatro cantos do mundo uma variedade de conseqüências sociais tão complexas quanto a própria doença. De uma forma ou de outra, nas sociedades atuais ninguém está imune aos reflexos da AIDS nas relações humanas. "O problema da moléstia é muito maior do que aparece nas estatísticas de saúde", afirma Jonathan Mann, do alto de seu posto de observação como diretor do Programa Global da AIDS, da Organização Mundial da Saúde (OMS). "Existem implicações econômicas, comportamentais e demográficas que devem ser atendidas para atenuar o impacto pessoal da doença" adverte.
Foi com esse espírito que 1 milhão de delegados de 63 países e entidades internacionais como a OMS se reuniram recentemente em Londres para tentar montar o quebra-cabeça dos efeitos extraclínicos da AIDS. E, à medida que foram juntando as peças, começaram a enxergar os contornos de uma paisagem acidentada como poucas. Nela ressalta, por exemplo, o intrincado problema da linguagem, alcance e, em última análise, eficácia das campanhas de prevenção: como saber se elas estão ajudando de fato a conter a difusão de uma doença que - além de ser mortal e esconder ainda muitos segredos dos cientistas -tem a perversa peculiaridade de se manifestar só seis ou sete anos em média após o contágio?
Outro nó está na delicadíssima questão das tentativas (por parte de corporações e governos) de tornar obrigatórios os testes que identificam no organismo a presença dos anticorpos ao HIV, o vírus da AIDS: em que medida tais exigências podem configurar uma agressão aos direitos individuais e até que ponto têm alguma utilidade real? A reunião de Londres serviu também para confirmar que, assim como pode variar enormemente por país a proporção de doentes (por exemplo 2 por 100 mil habitantes na Alemanha e 20 por 100 mil nos Estados Unidos), também varia de país para país a escala dos problemas ligados à AIDS. Assim, enquanto na França o governo tem algum controle sobre 99 por cento do sangue usado em transfusões, no Brasil a fiscalização mal e mal cobre 50 por cento-uma carência que não pode ser subestimada, dado que as doações de sangue contaminado são uma das principais rotas de propagação da AIDS.
Mas, se com dinheiro e empenho os governos podem virtualmente acabar com o contágio por transfusão, muito dificilmente podem enquadrar as demais formas de transmissão, que, afinal de contas, de pendem exclusivamente do comportamento de cada um. "E nisso não se interfere sem tocar na liberdade individual", observa a médica Lair Guerra de Macedo Rodrigues, que representou o Brasil no encontro de Londres na condição de coordenadora do Programa Nacional de Controle da AlDS do Ministério da Saúde. "Neste particular, todos os países pisam o mesmo terreno escorregadio", constata.
O que torna o chão tão liso é o fato de se estar mexendo com um dos impulsos mais fundos do ser humano, a sexualidade-algo que, como na canção de Chico Buarque, "não tem juízo nem nunca terá". As obscuras leis que governam a conduta sexual de cada um às vezes se divorciam não só da moral sexual vigente como também dos mais razoáveis mandamentos do bom senso. Se a AIDS fosse tudo o que é, mas nada tivesse a ver com sexo, como tantas outras moléstias transmitidas por vírus, seria muitíssimo mais fácil apostar na racionalidade das pessoas como garantia contra a sua propagação. Para piorar ainda mais as coisas, a grande maioria dos transmissores da AIDS são pessoas clinicamente sadias-aquelas que (sem saber) carregam o vírus HIV mas ainda não apresentam os sintomas que ele provoca. Pelos melhores cálculos, existem para cada aidético entre 50 e 100 portadores do vírus. Isso significa que, se existem atualmente cerca de 80 mil casos notificados no mundo inteiro, a população de portadores pode chegar a 8 milhões. Mesmo que esses futuros doentes se distribuíssem mais ou menos por igual por uma centena e tanto de países, o mero porte de um número como aquele indica o tamanho do problema com o qual a humanidade terá de conviver antes que as esperadas mudanças de comportamento sexual se reflitam nas estatísticas (o que ainda é uma incerteza) e antes que a ciência descubra a cura ou a vacina para a AIDS (o que ainda vai demorar).
Em 1982, data das primeiras contas da OMS, os 366 casos da época haviam aparecido em dezenove países, incluindo o Brasil, com seis doentes. Hoje, a AIDS está em todos os continentes e em pelo menos 128 países. (Não se sabe, a rigor, se existe algum país sem AIDS; o que existe são países que não fornecem informações sobre o assunto.) No Brasil, com quase 3 mil aidéticos conhecidos e talvez outros 2 mil não registrados, o Ministério da Saúde estima em até meio milhão o número de possíveis portadores. A rapidez com que o vírus deu a volta ao mundo induziu alguns países a tentar barrar-lhe o caminho por meio de providências que em alguns casos deixaram à mostra uma face preconceituosa.
Na Índia (nove casos contabilizados) e na União Soviética (cinco) ninguém entra sem um teste anti-HIV negativo. Há pouco tempo, a cantora Alcione e os dezoito músicos que a acompanham precisaram submeter-se ao teste antes de viajar para uma temporada de shows na URSS. Mas nem sempre todos são iguais perante a AIDS-ou perante certos governos. A Bélgica, por exemplo, obrigou ao teste os quase mil estudantes negros do Zaire (sua antiga colônia) que ali residem, mas não incomodou alunos vindos de países brancos. O mesmo fez a Inglaterra em relação aos 1200 estudantes nascidos em Zâmbia, Uganda e Tanzânia, ex-colônias-e ainda em relação aos 20 mil turistas africanos, sem distinção de passaporte, que todo ano desembarcam em Londres. Só que não se exige teste dos ingleses que voltam de viagem da África.
Belgas e britânicos negam as acusações de racismo. Lembram que aqueles países não só estão entre os mais infectados como também que neles a AIDS não se espalha, como no Ocidente, a partir dos chamados grupos de risco (homossexuais, viciados em drogas injetáveis e hemofílicos), mas da população heterossexual. De fato, na região Centro-Leste, que compreende a Tanzânia, Ruanda, Burundi e Uganda, existem lugares onde um terço da população tem AIDS, incluindo mulheres e crianças. Ali a doença se propaga por causa da promiscuidade sexual. Mesmo assim, os especialistas da Organização Mundial da Saúde estão longe de se pôr de acordo sobre o efeito das políticas de testes obrigatórios para determinados grupos humanos. No Brasil, membros do governo e da classe média defendem que se exija teste anti-HIV de estrangeiros que solicitarem visto de permanência no país -umas 3 mil pessoas por ano. "Não vejo sentido nisso", objeta Lair Rodrigues, do Ministério da Saúde. Ela explica que, devido ao fato de não ser o teste verdadeiro em 100 por cento dos casos-daí os chamados "falsos positivos" e "falsos negativos" -, sempre se correrá o risco de se abrirem as portas a imigrantes contaminados e de fechá-las a pessoas sadias.
Mais complicado é o debate sobre a exigência do teste de candidatos a emprego. A discussão é muito acesa nos Estados Unidos, onde algumas corporações já adotam essa prática, enquanto uma lei a proíbe em empresas que recebem recursos do governo federal. Como no Brasil não existe lei alguma a respeito, a possibilidade de que certas companhias venham a pedir o teste preocupa o Conselho Federal de Medicina. "É uma questão de ética", explica Gabriel Oselka, vice-presidente do CFM. "O médico só deve informar ao empregador se o candidato está ou não apto ao trabalho; se é portador do vírus, só ele mesmo deve ser informado."
Com seus 13 500 funcionários espalhados por cinco Estados, a Rhodia é o exemplo da grande empresa que prefere apostar na informação e não na discriminação. Há dois anos ela gasta dinheiro em campanhas educativas, que incluem um filme de duas horas e meia sobre a AIDS. A Rhodia não oferece testes aos funcionários "porque não temos estrutura montada para isso", segundo Marcos Wasserstein, gerente do departamento médico. Mas não o nega aos interessados. A empresa tem dois funcionários com o vírus. Um deles, que já apresenta os primeiros sintomas da AIDS, recebe assistência de saúde. Nos Estados Unidos, onde um aidético gasta em tratamento algo como 20 mil dólares por ano (no Brasil o custo é um pouco maior devido aos medicamentos importados), as companhias de seguros estão em pé de guerra para recusar clientes portadores do HIV.
A maioria das seguradoras brasileiras já não dão cobertura a despesas com doenças infecto-contagiosas, como a AIDS. Uma exceção é o Itaú, com 1,2 milhão de clientes. "Não recusamos quem quer que seja", garante Alfredo del Bianco, diretor técnico da seguradora. "Damos cobertura à AIDS se a doença for notificada após o início do contrato e dentro dos limites nele estipulados." Com o inevitável aumento do número de aidéticos nos próximos anos, não faltarão episódios de discriminação. "Já é hora de as pessoas se organizarem pensando nisso", acredita o advogado Marco Antônio Rodrigues Barbosa presidente da Comissão Justiça e Paz da Cúria Metropolitana de São Paulo. Ele não vê, no caso da AIDS, um conflito entre direitos individuais e direitos coletivos, "mesmo porque, com o crescimento da doença, logo estaremos falando em direitos de uma coletividade com dezenas de milhares de indivíduos".
Nos Estados Unidos, onde em 1991 haverá 270 mil aidéticos, ocupando (em Nova York) dois em cada dez leitos de hospital, muita gente já reclama que as pesquisas sobre a AIDS consomem montanhas de dólares que deveriam ser gastas na busca da cura; para o câncer. Isso mostra uma competição por recursos sociais que só tende a se acirrar, com reflexos sobre a atitude das pessoas diante dos aidéticos. Também para conter esses conflitos as campanhas informativas são necessárias. "Elas são na verdade a única arma contra a AIDS", ressalta Lair Rodrigues. O problema é como fazê-las acertar o alvo.
Para começar, existe um verdadeiro tiroteio no escuro entre os que criticam as campanhas por serem desbocadas e os que acham que é preciso falar mais claro ainda. "Raramente a reação das pessoas é adequada", observa, desalentado, o médico Gabriel Oselka, do CFM. Além disso, para não pouco homossexuais, as campanhas não passam de propaganda moralista. Para um número talvez ainda maior de heterossexuais, as campanhas escondem que os riscos de se contrair AIDS são na verdade bem maiores. Mesmo em países desenvolvidos a desinformação e o medo alcançam níveis surpreendentes. Nos Estados Unidos, por exemplo, mais da metade da população não sabe com segurança como o vírus da AIDS se transmite -e um em cada três médicos tem receio de tratar de aidéticos.
A paranóia não é menor aqui", suspira a médica Lair do Ministério da Saúde. "Quase todo dia algum colega me liga achando que pegou AIDS." Da mesma forma, a discussão sobre a linguagem das campanhas não é exclusividade desse ou daquele país. Na liberadíssima Dinamarca, uma organização de país conseguiu tirar do ar um filmete que insinuava sexo entre adolescentes. Na União Soviética, não poucas resistências precisaram ser vencidas para que um locutor pudesse dizer pela primeira vez na TV a palavra preservativo - agora, em março último. Na religiosa Itália, volta e meia trechos de filme sobre AIDS são censurados. É provável que, para funcionarem, as campanhas devam mesmo ser fortes, diretas e sem meias palavras. Mas não há como negar que, irrompendo nas casas via TV, proporcionam uma aula de educação sexual, prematura e carregada de problemas, ao público infantil. A AIDS também obriga as sociedades a virar a cabeça diante de certos comportamentos até bem pouco tempo frontalmente reprovados. Em Nova York, por exemplo, já se distribuem agulhas descartáveis a drogados, para que ao menos não transmitam o vírus. A experiência sofre cerrada oposição de setores sociais para quais ela significaria na prática aceitação da droga. Em outros Estados americanos, briga-se por causa da iniciativa de distribuir preservativo nas prisões: segundo os críticos, isso estimularia o homossexualismo, "Seria ótimo se o mesmo fosse aqui", retruca o médico Gabriel Oselka. Motivo: estima-se que até três em cada dez dos 300 mil sentenciados brasileiros são portadores do vírus HIV.
Às vezes, o próprio público-alvo rejeita as campanhas. Em certas tribos africanas, apesar das advertências, não se pensa em parar com certos ritos que envolvem cortes no corpo-uma prática milenar que se transformou em outra fonte de transmissão da AIDS. Apesar desses percalços todos, os maiores especialistas no assunto insistem em que só não se pode uma coisa na guerra contra a doença: ferir os direitos das pessoas. Não se trata apenas de um valor moral. Como observou na reunião de Londres, o diretor do programa da AIDS da Organização Mundial da Saúde, Jonathan Mann,"as ameaças aos direitos individuais acabam estimulando clandestinidade da doença-mais casos deixarão de ser notificados e mais difícil ficará atacar o problema".

De vigia a traidor

Cientistas americanos descobriram recentemente que o vírus da AIDS penetra no organismo não apenas na forma de microorganismos soltos no sangue ou no esperma, mas também dentro de macrófagos-e isso faz uma enorme diferença. Células do sistema imunológico, os macrófagos têm o notável poder de romper barreiras: assim, atravessam as paredes dos vasos sangüíneos em direção à mucosa ou em sentido contrário. Nesse trajeto, eles prendem os agentes estranhos que encontrarem, como os vírus, para que sejam melhor atacados pelo exército de anticorpos do sangue. Ora, se o HIV pode contaminar os macrófagos, isso significa-ao contrário do que se tinha como certo-que a transmissão do vírus não depende necessariamente do rompimento de microvasos sangüíneos durante a relação sexual.
Dentro dos macrófagos, os vírus atravessam a mucosa até chegar à corrente sangüínea O pior, nesse processo, é o que acontece com os próprios macrófagos. Normalmente, são eles que disparam os mecanismos de defesa do organismo, ao avisar as células que portam um inimigo a ser combatido. Infectados pelo vírus da AIDS, porém, eles passam a agir como traidores, deixando de avisar que há um invasor a caminho. Sem esse alarme, uma eventual vacina anti AIDS poderia ser inútil, visto que os anticorpos adquiridos graças a ela não seriam despertados. A descoberta, portanto, sugere que há mais obstáculos entre a AIDS e sua cura do que supunha a ciência.



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sábado, 28 de janeiro de 2012

Deixando de Fumar - Vicio

DEIXANDO DE FUMAR - Vicio



A luta para largar o cigarro é um vale-tudo. Sem muita força de vontade não há campanha ou pressão que resolva.

Há pelo menos quatro anos o ator Nuno Leal Maia anota todos os dias na agenda a quantidade de cigarros que fumou. Assim, descobriu que nunca ultrapassa a marca de quinze-melhor ainda, alguns dias a agenda fica em branco, prova de que não fumou nada. Essa proeza ele conseguiu submetendo-se a um treinamento curto e grosso: trancou-se um dia inteiro dentro de casa sem fumar. "Foi ai que comecei a me libertar um pouco da muleta", conta o ator, um homem bem menos simplório na vida real do que o bicheiro Tony Carrado por ele interpretado na novela Mandola. Mesmo assim, ainda não conseguiu vencer o vício: basta ficar tenso para acabar fumando. Assim como Leal Maia, um número indeterminado mas ao que parece cada vez maior de brasileiros levanta todos os dias com a disposição-inabalável porém nem tanto, como se verá-de romper relações com o cigarro. Eles são a fatia arrependida de uma legião de 33 milhões de pessoas (algo como quatro em cada dez habitantes) que devem queimar este ano 168 bilhões de cigarros. É uma áspera peleja, essa de apagar o derradeiro cigarro e não tornar nunca mais a acender outro. Só os que tentaram e conseguiram sabem o quanto custa. Para começar, o candidato a ex-fumante vive num mundo onde é mais fácil ele ser estimulado a retomar o hábito do que o contrário.
Além disso, nos primeiros tempos de abstinência, os sintomas físicos e psíquicos tendem a ser desencorajadores. Por fim, como o cigarro está associado a uma série de situações prazerosas, das quais não há razão para se privar, o desejo de voltar atrás muitas vezes ameaça afogar as mais firmes promessas. Não são raros, por isso, os que acabam voltando. Estimativas sugerem que sete entre dez pessoas as desistem antes de completar um ano longe do fumo. Depois, porém, as chances de recaída diminuem drasticamente. O segredo, aparentemente, está em tentar de novo-e de novo-até vencer a batalha. Foi o que aconteceu com o pianista Arthur Moreira Lima, que fumou dos 15 aos 40 e libertou-se há sete anos, cansado de respirar mal e do gosto ruim que Ihe deixavam na boca os quatro maços consumidos por dia. Ele já fizera três tentativas, até que um dia decidiu procurar um acupunturista na esperança de que a aplicação de agulhas em pontos da orelha o ajudasse, como tinha ouvido dizer. "Era uma sexta-feira e a consulta estava marcada para a tarde. Aí pensei comigo: "Por que não paro agora mesmo de manhã? ", lembra-se ele com precisão. Moreira Lima não sabe, a rigor, se foi a acupuntura ou a força de vontade o que resolveu a parada. Mas recorda como se fosse ontem os heróicos tempos sem o cigarro: o primeiro fim de semana foi terrível e para me ocupar fiquei arrumando os armários de casa. O primeiro mês também foi o mais difícil. Eu comia chocolate feito doido; engordei uns 5 quilos. Mas depois fui me acalmando. Comecei até a pensar melhor".
Ex-fumante há nove anos, depois de 24 de cigarro entre os dedos, a atriz Dina Sfat também tinha tentado parar mais de uma vez, porque se sentia cansada e não respirava direito. "De repente, depois de vários fracassos, resolvi que fumar era ridículo e larguei", diz. A decisão mexeu com muita coisa em sua vida cotidiana. "Minha primeira providência foi cortar o café da manhã, para desfazer uma forte associação com o cigarro. Em compensação, passei a comer doces", lembra. Moral da história: Dina engordou 6 quilos (que perdeu um ano e meio depois à custa de muita ginástica), mas nunca mais fumou. Como Moreira Lima e Dina Sfat, muita gente engorda quando pára de fumar-algo que, nestes tempos de culto à forma física, pode submeter a dura prova uma decisão de banir o cigarro, mas na verdade é uma das evidências mais palpáveis das mudanças que ocorrem no organismo. Isso porque as células passam a respirar melhor e a metabolizar melhor os alimentos.
Não há dúvida, porém, de que se engorda também por causa de tudo que se leva à boca (e ao estômago) para compensar a falta de um cigarro nos lábios, principalmente balas, chocolates, chicletes e assemelhados. Outras válvulas de escape diminuem a tensão sem a desvantagem de aumentar o peso-no máximo, podem virar cacoetes: morder lápis, tampas de caneta, hastes de óculos ou o que estiver ao alcance da mão.
Afinal, explica o psiquiatra Arthur Kaufman, da Universidade de São Paulo, "como o cigarro representa quase um companheiro, as pessoas ficam sem apoio afetivo quando param de fumar; por isso alguns passam a consumir mais café, analgésicos e tranqüilizantes, na tentativa de substitui-lo". Em sua opinião, os motivos que levam o fumante a tentar abandonar o hábito-conselhos médico, campanhas educativas, conhecimento sobre os males do fumo, uma doença em família-não bastam logicamente para garantir a vitória na batalha. "É acima de tudo uma questão de resistir à frustração", acredita ele, credenciado por sua condição de ex-fumante.
Depois de vinte anos, Kaufman deixou de fumar pela primeira vez quando começou a escrever um artigo sobre os aspectos psicológicos do tabagismo. Duas recaídas mais tarde (a primeira ao cabo de vinte meses), recorreu à acupuntura e está sem fumar há um ano e meio. "Mas a determinação ajuda bastante", diz o médico. Resistir à frustração, como todos sabem, não é um desafio simples e é justamente quando enfrentam situações emocionais difíceis que alguns ex-fumantes acabam sucumbindo. Assim aconteceu com a assistente social Cecy Gonçalves, que parou duas vezes e duas vezes recomeçou por causa de complicações sentimentais. "Há questão de um ano resolvi segurar a barra tentar parar de vez", diz. "Por isso, conto cada cigarro que fumo-cinco em média por dia-e cada vez a consciência pesa mais, porque sei que estou me prejudicando", confessa ela.
De modo geral, problemas de saúde, menos ou mais graves, são a causa principal das decisões de abandonar o tabagismo. Não se sabe que influência em no Brasil as campanhas antifumo ou as notícias sobre restrições ao cigarro em outros países. Tampouco se sabe porque certas pessoas deixam de fumar e não sentem nada. Há quatro anos o advogado Luis Antônio Campos Arrudão descobriu que precisava fazer exercícios para baixar a taxa de gordura no sangue. Por isso ele deixou o cachimbo que fumava há dez anos. "Foi tranqüilo. Não tive qualquer tipo de ansiedade", garante.
Situação bem mais dramática-pelo motivo e pela dificuldade de parar -viveu um dos fumantes mais notórios do país, o senador paulista Mário Covas, quatro maços por dia. Em conseqüência de uma angina, que há dois anos o obrigou a uma semana de hospedagem no Instituto do Coração de São Paulo, muito a contragosto Covas deixou o partido dos fumantes. Isso, porém, não o livrou de uma cirurgia de ponte de safena no ano passado. O senador, que anos a fio ignorou os apelos de parentes, amigos e eleitores para aderir ao antitabagismo, ainda hoje não resiste à tentação de levar um cigarro aos lábios-felizmente para ele, o cigarro está sempre apagado. Tamanha é a força do hábito que, além disso, Covas mantém os gestos típicos de fumante: bate o cigarro na cinzeiro e o "apaga".
Às vezes nem o bisturi é suficiente. O prefeito de Petrópolis (RJ), Paulo Rattes, deixou de fumar após uma cirurgia de safena em 1984. Resistiu bravamente até 1986, mas a agitação da campanha eleitoral de sua mulher Ana Maria à Câmara dos Deputados revelou-se mais forte que o medo de um novo susto cardíaco. "É um hábito mecânico, tanto dos dedos como dos lábios", justifica o prefeito. Embora não fume mais os quase seis maços de antigamente, o cinqüentão Rattes fila um maço por dia dos amigos e costuma mastigar hastes de óculos, obrigando sua secretária a mandar trocá-los a cada quinze dias. Pressionado pela familia e pelos amigos que colocaram em sua mesa um pequeno cartaz com a frase "Ame-se e deixe-o", Rattes confessa que todos os dias pensa em parar de fumar. "Vou conseguir", promete.
Por mais que o cumprimento de tais promessas dependa da disciplina de cada um, é claro que o clima social, menos ou mais tolerante em relação ao fumo, joga um papel de peso. No Brasil, onde provavelmente há mais novos fumantes do que ex, o ambiente, de modo geral, ainda não é hostil ao tabagismo, ao contrário do que ocorre, por exemplo, nos Estados Unidos, onde os fumantes são hoje apenas 26 por cento da população (contra 42 por cento há vinte anos). Ali, um relatório da Academia Nacional de Ciências, chamando a atenção para os riscos de saúde que correm os fumantes passivos ou involuntários- aqueles que convivem com o fumo alheio em casa ou no trabalho-, vem tornando o ar muito pesado para os dependentes da nicotina. Em Nova York, por exemplo, uma lei recente proíbe fumar em táxis, lojas, hospitais, escritórios, museus, teatros e bancos e ainda obriga os restaurantes com mais de cinqüenta lugares a reservar metade das mesas a não-fumantes. Ao mesmo tempo, uma lei federal baniu o fumo de todos os vôos domésticos de duração inferior a duas horas. Os Estados Unidos são reconhecidamente os campeões mundiais da atual onda antitabagista.
Na maioria dos países europeus, sem falar no enfumaçado Oriente, fumar ainda é um hábito aceito pela grande maioria das pessoas. No entanto, em 68 países existem leis de combate ao tabagismo, incluindo (em 42 casos) medidas de proteção aos não fumantes. Às vezes, porém, o fumo faz inimigos onde menos se espera. Quem diria que o presidente do país que é o terceiro maior produtor mundial de tabaco começasse uma guerrilha contra o tabagismo? Pois foi o que aconteceu em Cuba, onde há dois anos Fidel Castro não só jogou fora o charuto que sempre esteve associado à sua imagem como também mandou promover ampla campanha antifumo. Nem por isso Cuba deixou de produzir seus afamados charutos. No Brasil, quem gostaria de se livrar do cigarro pode encontrar algum apoio nas campanhas que o governo começou a promover de dois anos para cá.
Existe até um Dia Nacional de Combate ao Fumo (29 de agosto) como parte do Programa Nacional de Combate ao Fumo. O alvo da propaganda contra o fumo são principalmente os jovens. Faz sentido: 20 por cento da população entre 15 e 19 anos -quase 3 milhões de pessoas-são fumantes. "A meta é criar uma consciência nacional para que os jovens nem comecem a fumar", explica o pneumologista José Rosemberg, do Grupo de Controle ao Tabagismo do Ministério da Saúde e seguramente a maior especialista brasileiro no assunto. Não há quem não perceba que as coisas começam a mudar. "Muitos fumantes, hoje, já perguntam aos outros se podem acender um cigarro", observa com satisfação Rosemberg.
De fato, ao acender o cigarro, o fumante é visto como aquele egoísta que incomoda muita gente. Para reforçar ainda mais essa idéia, os antifumantes espalham onde podem cartazes e adesivos contra o cigarro e fazem desaparecer os cinzeiros. É quase certo que essa pressão social induza os fumantes a pensar duas vezes antes de acender um cigarro-se não por amor à saúde, pelo menos por vergonha. No início do ano passado, ao criar cinco cartazes para uma campanha antitabagista, o cartunista Ziraldo Alves Pinto aproveitou a ocasião e deixou de fumar. "Era complicado viver a situação - do "faça o que eu mando mas não faça o que eu faço", explica ele, outro sócio do vastíssimo clube dos que tentaram parar mais de uma vez. "Deixar de fumar é uma saga", discursa Ziraldo. "Você tenta uma, duas, três vezes e acaba voltando." Para não voltar de novo, ele descobriu que o jeito é "botar na cabeça que você tem ódio do cigarro". Não porque tivesse ódio ao cigarro, mas porque a tosse e o pigarro estavam interferindo em seu trabalho, a atriz Cristiane Torloni deixou de fumar no primeiro dia deste ano. "Pouco depois", conta, "senti a maior gratificação em cena, quando percebi minha voz muito melhor." Isso, mais o aplauso dos filhos gêmeos de 9 anos, dão-lhe ânimo para não desistir. "De qualquer forma", observa, "a situação está ficando chata para quem fuma."
Leis contra o fumo no Brasil existem há bom tempo-mas poucas pessoas conhecem direito e menos ainda se preocupam em cumprir a legislação. Em São Paulo, por exemplo, é proibido fumar em elevadores, meios de transportes urbanos, hospitais e áreas de saúde, museus, lojas e supermercados, cinemas, teatros e garagens. No Rio de Janeiro é proibido fumar em recintos fechados e estabelecimentos comerciais É ainda proibido (desde 1958) fumar em ônibus. Também em outras capitais, como Florianópolis e Porto Alegre, existem leis semelhantes. É humanamente impossível fiscalizar o cumprimento desse tipo de lei. Ela será ou não respeitada conforme a atitude das pessoas -fumantes e não fumantes - diante da transgressão.
Se em muitos ambientes o fumante se sente uma espécie de agressor, isso resulta, não da existência de leis e fiscais, mas da iniciativa das vítimas- os não-fumantes reivindicando os seus direitos. Da mesma forma, não há lei no mundo capaz de fazer com que alguém deixe de fumar. A última tragada vai depender sempre dos pulmões e da consciência de cada um.

"Uma bela tarde, depois que deixei o cigarro, tomei um copo de vinho. Foi um prazer extraordinário como eu nunca tinha sentido"Dina Sfat, 49 anos, atriz, ex-fumante"Logo que saí do hospital, não tinha desejo de fumar, porque o receio era mais forte que a vontade "Paulo Rattes, 54 anos, prefeito de Petrópolis, fumante. "Não posso ver defunto sem chorar. Sempre que alguém acende um cigarro perto de mim me dá vontade de fumar"Nuno Leal Maia, 40 anos, ator, fumante"Sem fumar, o estudo rende muito mais e me livrei do problema de queimar as teclas do piano com os cigarros caídos do cinzeiro" .Arthur Moreira Lima 47 anos pianista, ex-fumante"Vou para o Instituto do Coração mas não deixo de fumar." (1983)"O caminho mais curto para o Incor é o maço de cigarro." (1986)Mario Covas, 58 anos, senador, ex-fumante


O mal e o bem da abstinência

Quem deixa de fumar geralmente experimenta um conjunto de sintomas desagradáveis que variam em intensidade e duração-de 24 horas a dois meses, em média. É a síndrome da abstinência, que se caracteriza por inquietação, ansiedade, nervosismo, fadiga, perturbações do sono e do ritmo cardíaco, dificuldade de concentração no trabalho e, naturalmente, intensa vontade de fumar. O motivo é a supressão da nicotina, um alcalóide presente nas folhas do tabaco; sua ação no sistema nervoso central cria a dependência, cujos mecanismos ainda são desconhecidos. É isso que explica o pouco êxito das drogas antagônicas à nicotina.
Depois de uma tragada, as substâncias tóxicas do fumo chegam ao pulmão, vão para o sangue e se difundem pelo organismo. Quando a nicotina chega ao cérebro, aumenta a produção de substâncias que através da circulação atingem o coração. Sem a nicotina, o organismo passa por uma readaptação. Livres do monóxido de carbono (que combinado com a hemoglobina do sangue acaba limitando a oxigenação do organismo), as células tornam a respirar. A irrigação sangüínea se normaliza e a pele recupera o viço. Sem as substâncias tóxicas do fumo, que lesam as papilas gustativas e o nervo olfativo, os ex-fumantes redescobrem cheiros e sabores. Com a desintoxicação do cérebro, o sono também melhora.




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sábado, 28 de janeiro de 2012

Guerreiros do Ar - Combate

GUERREIROS DO AR - Combate



Os novos aviões de combate são como falcões equipados com computadores. Neles, os ases da caça e os mais avançados recursos eletrônicos agem como partes de um mesmo organismo.

A cena se passa num dia qualquer de 1998. O lugar pode ser um país do hemisfério norte. No frio amanhecer, as silhuetas cobertas de gelo dos caças alinhados na pista aparecem recortadas contra o horizonte. De capacete e com o traje escuro que o fazem parecer um personagem de ficção científica, o piloto é levado por um carrinho elétrico para junto do avião. A uma ordem verbal, identificada por um dos computadores de bordo, a carlinga transparente se abre. Já dentro, conectado ao assento ejetor, o jovem oficial começa a sentir o ar quente do sistema de manutenção vital penetrar no traje de vôo. É o momento de ligar o dispositivo antiG, um tubo que entra na roupa pouco acima do joelho esquerdo e serve para injetar ar comprimido, de forma a contrabalançar os efeitos da gravidade artificial resultante de manobras repentinas.

Com base no desempenho dos melhores caças atualmente em serviço, como o F-16 americano e o Sukhoi Su-27 soviético, já começam a ser testados os protótipos dos aparelhos que tentarão dominar os céus no final do século. Um bom exemplo da geração que vem aí é o Lavi israelense, capaz de voar a 1900 quilômetros horários, carregando sob as asas um par de mísseis ar-terra, além de canhões, bombas e, ainda, nas pontas, dois foguetes-7 toneladas de armamentos ao todo.
Nesse modelo se destacam o canard -pequena asa presa ao lado da carlinga, que dá ao avião maior poder de manobra-e a qualidade dos chamados aviônicos, os componentes eletrônicos do aparelho. O radar do Lavi, localizado no nariz, será dirigido por um microprocessador programável apoiado por uma rede embutida de computadores extremamente avançados, que terá a capacidade de manejar todo o avião. No mesmo estágio de protótipo está outro guerreiro do futuro, o Eurofighter, criação de um consórcio de países europeus na Inglaterra, cuja característica mais marcante é só precisar de 500 metros de pista para levantar vôo. Enquanto isso, a França lançou o Rafale, que se destina a substituir os Mirage a partir de 1996. Segundo seus construtores-por sinal os mesmos da família Mirage-, o Rafale é a última palavra em aviação de combate. Reúne o que há de mais sofisticado em eletrônica, além de novos materiais como o titânio e derivados do carbono. Deverá ser capaz de destruir ao mesmo tempo até oito aviões inimigos, voando a altitudes diferentes e em direções opostas, à distância de até 30 quilômetros. De seu lado, a Suécia comparece com o Saab Grypen JAS 39. Com apenas 8 metros de envergadura, é o menor de sua geração ). À frente do piloto, o painel de controle apresenta a situação geral do aparelho, cujos reatores haviam sido ligados por controle remoto momentos antes da sua chegada. "Bom dia, tenente", soa a voz sintetizada dentro de seu capacete. A voz confirma os dados que aparecem na tela do monitor colorido do painel. Imediatamente, enquanto o computador começa a mover o avião rumo à pista de decolagem, o piloto toma conhecimento de sua missão por meio de um relato verbal do computador, enriquecido com mapas e ilustrações projetados no monitor. O audiovisual nem terminou e o caça já levanta vôo: bastaram-lhe 300 metros de pista.
Se nos anos 60 e 70 a velocidade e a capacidade de levar armamentos é que definiam a cotação de um novo caça no disputadíssimo mercado internacional de aviões de combate, o final do século será testemunha da valorização de um perfil diversificado.
O caça dos sonhos dos pilotos de hoje seria uma contraditória mistura do triplano Fokker do barão Von Richthofen-o temível Barão Vermelho da Primeira Guerra Mundial - com o supersônico S R-71, o avião espião americano Blackbird que ultrapassa Mach 2, o dobro da velocidade do som. Ou seja, unir a leveza e o poder de manobra de um antigo triplano com a força e a velocidade de um superjato. O mais ambicioso programa conhecido para um futuro caça de combate (pelo menos fora da União Soviética) é o do americano ATF, sigla em inglês de Caça Tático Avançado. Para gerá-lo concorrem as sete melhores equipes de projetistas da indústria aeronáutica dos Estados Unidos. A recompensa é um contrato estratosférico 50 bilhões de dólares.
Especula-se que a Força Aérea e americana tenda a escolher.os projetos das empresas Lockheed e s Northrop-talvez não por acaso as mesmas que detêm a tecnologia dos chamados aviões invisíveis ou stealth, desenhados para driblar os sistemas de detecção do inimigo. Pretende-se que o ATF seja capaz de usar pistas mínimas e ainda por cima danificadas de dar combate ao mesmo tempo a vários caças inimigos, dentro ou fora do alcance visual do piloto, e subir a 20 mil metros de altitude em um minuto.Tudo isso com uma eletrônica tão sofisticada que fará do ATF uma espécie "supercomputador de rapina". como dizem americanos. Missão: destruir posição de artilharia inimiga. Localização: 428 quilômetros da base. Defesa a ser enfrentada: mísseis inteligentes terra-ar. Possibilidade de confrontação aérea: positiva.
Em segundos, o avião ganha altitude. Seu perfil lateral estreito. A carlinga tem uma cobertura de policarbonato que se destaca corpo do aparelho. As asas, encurvadas para baixo e arredondadas absorver as ondas de radar, são enflechadas para trás, dando a impressão de que o avião voa ao contrário a mão direita sobre o reduzido manche, o piloto dirige o caça para um sobrevôo rente ao solo para fugir à detecção. Chegando à altitude desejada, aperta uma tecla amarela no console à sua esquerda. A tecla aciona um computador localizado na barriga do avião, que controla automaticamente as manobras necessárias para mantê-lo num trajeto paralelo ao perfil do terreno. Acionando outro botão ao alcance da mão que segura o manche, o piloto ordena ao computador central que ativa sua visão eletrônica, fazendo uma busca de 360 graus num raio de mais de 100 quilômetros. Por enquanto, nenhum outro aparelho à vista. Novo movimento do polegar ativa o controle de ataque por voz humana. "Foco do alvo, acionar", comanda o piloto. "Estado das defesas inimigas?", pergunta. "Passivas", responde imediatamente o computador.
O aperfeiçoamento constante dos sistemas de defesa tem obrigado os aviões de combate a voar o mais baixo possível. Como voar baixo é bem mais complicado do que voar alto, devido ao problema da estabilidade do avião, "o número de decisões a serem tomadas pelo piloto por unidade de tempo aumenta rapidamente", segundo constata o especialista inglês Bill Gunston, da Jane´s All the World´s Aircraft, a mais respeitada publicação aeronáutica do mundo. Tanto que cada ato do piloto é transmitido ao avião por meio de impulsos elétricos (bits digitais) transportados por fibras óticas as informações percorrem o trajeto em frações mínimas de tempo, dentro de um cabo de 25 milímetros de diâmetro. A alavanca ou manche lateral, como um joystick de fliperama, começou a ser introduzido nos modernos caças F-16 americanos e tende a se tornar equipamento padrão. A inovação, adotada pela primeira vez na aviação civil no Airbus A320 francês, facilita o controle do aparelho, pois cada movimento do manche determina eletronicamente uma resposta dos sistemas hidráulicos que movimentam os flaps das asas. Outra característica da nova geração de caças é a drástica redução da quantidade de instrumentos na cabine. O F-18, Hornet, americano, opera com uma cabine quase completamente monitorizada-para ocupar o mínimo da atenção do piloto. Isso se conjuga com a miniaturização dos componentes eletrônicos: quanto menores os aviônicos, maior número deles cabe no avião, o que permite multiplicar os sistemas vitais montados em paralelo. Assim, se um aviônico essencial ao funcionamento do caça é atingido, o computador central passa a trabalhar com outro idêntico, localizado em outra parte da aeronave e tudo segue como antes. "Alvo a 2 quilômetros", diz a voz do computador. Com o dedo, o piloto aperta o gatilho do manche, acionando os mísseis ar-terra inteligentes presos sob as asas. Sua velocidade é tão rápida que o piloto prefere acompanhar a trajetória no monitor. Graças a seus microcomputadores autônomos-daí sua característica inteligente-, os mísseis voam rente ao solo e em 20 segundos atingem o alvo. "Impacto", constata o computador. "Alvo atingido", completa. Dura pouco, porém, a satisfação do piloto. "Caça inimigo detectado", informa a máquina. Imediatamente aparece na tela a posição do adversário, devidamente identificado pela silhueta, marca, autonomia de vôo e capacidade bélica. Sem tirar os olhos do monitor, o piloto ao mesmo tempo reduz a velocidade do avião e o faz cair sobre a asa direita, numa curva fechada. Outro movimento repentino e o caça começa a subir rapidamente. "Armamentos de combate, acionar", ordena o piloto.
Embora seja mais um avião de pesquisa do que um caça operacional, o Grumman X-29 americano fornece o perfil do que será o combatente dos ares no final do século. Com uma tecnologia peculiar, menor tamanho e bom desempenho nas mais diversas condições de vôo, o X-29 tem as asas voltadas para a frente, o que melhora o aproveitamento do fluxo de ar que percorre o corpo do avião em vôo. As asas têm um revestimento de fibra de carbono para suportarem maior atrito com o ar. Além disso, ao lado da cabine há um par de asas móveis (cannards), cujo ângulo é checado e ajustado por um computador quarenta vezes por segundo. A fuselagem esguia do caça termina nos flaps estabilizadores, que proporcionam maior controle quando o avião perde a sustentação no ar (estol). O primeiro a atirar foi o inimigo. Com uma guinada rápida sobre a esquerda, o piloto conseguiu desviar-se do míssil. Com outra guinada, desta vez para a direita, faz uma curva bem fechada, reduzindo bastante a velocidade, para se pôr atrás do oponente e sair em sua perseguição. Como numa briga de gato e rato, toda manobra do perseguido é imediatamente respondida pelo perseguidor. Assumindo o papel de piloto artilheiro dos caças de gerações atrás, o computador informa: "Inimigo no alvo, disparar".Quando a eletrônica passou a ocupar a aviação militar, chegou-se a imaginar que os pilotos de caças estivessem com os dias contados. Máquinas comandariam máquinas, dispensando praticamente o engenho humano. A previsão espatifou-se. "O piloto é mais importante hoje do que na Batalha da Inglaterra", compara o engenheiro aeronáutico Anastácio Katsanos, brasileiro de origem grega, assessor da diretoria de Programas Militares da Embraer, numa referência aos famosos combates aéreos entre ingleses e alemães no começo da Segunda Guerra Mundial. De fato, se então nunca tantos deveram tanto a tão poucos, como disse o primeiro-ministro britânico Winston Churchill em homenagem aos pilotos que salvaram a Inglaterra da invasão alemã, hoje se acredita que no moderno cenário de combate aéreo o papel de um piloto bem treinado é nada menos que definitivo. "Isso foi provado tanto nos combates entre israelenses e sírios no Oriente Médio como na Guerra das Malvinas, entre ingleses e argentinos", observa Katsanos, que acompanha os projetos das Forças Aéreas de todo o mundo. A rigor, piloto e avião são cada vez mais partes complementares de um mesmo organismo. Diz o inglês Bill Gunston: "O piloto tornou-se um administrador que toma decisões de posse das informações instantâneas que Ihe são passadas pelo computador central. Isso só aumenta sua perícia na hora do combate.O piloto aperta o gatilho do manche e dispara uma rajada do canhão de projéteis guiados por laser. Em vão. O inimigo já se havia desviado para cima, dando início a um movimento que acabaria por deixá-lo na traseira do oponente. Com um giro rápido sobre o próprio corpo do avião, o piloto agora no papel de perseguido fica por um instante de cabeça para baixo. A manobra quase o fez tocar o solo, mas o resultado foi perfeito. À medida que subia na vertical, o inimigo se colocou sem querer dentro do campo de ação dos mísseis ar-ar inteligentes. O disparo foi instantâneo. Em fração de segundos, o avião adversário era uma bola de fogo se consumindo como um meteoro. Um estilhaço do caça atingido quase acerta a carlinga do vitorioso. O exercício de combate simulado por computador estava encerrado.




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sábado, 28 de janeiro de 2012

Salvos pelo Mimetismo - Insetos

SALVOS PELO MIMETISMO - Insetos



Certos animais fingem ser o que não são para escapar de seus perseguidores. Moscas parecem vespas, borboletas saborosas parecem venenosas, sapos parecem monstros pré-históricos. Eles são a melhor demonstração de que as espécies evoluem pela seleção natural, com a sobrevivência dos mais aptos, tal como Darwin descobriu há mais de um século.

Se a legendária figura de Sherlock Holmes houvesse um dia se aventurado pela Amazônia, caçando borboletas com uma redinha de filó, certamente estaria na pele de um naturalista inglês que viveu no século XIX, chamado Henry Walter Bates. Bates não era um detetive, mas, tal como Holmes, conseguiu enxergar através de sua lente de bolso as pistas de um grande mistério. Aliás, de um dos maiores enigmas biológicos ligados à história evolutiva das espécies. O fenômeno, parcialmente esclarecido por Bates, tem hoje o nome de mimetismo batesiano, em sua homenagem, mas na época do naturalista ficou conhecido como "o estranho caso das borboletas imitadoras".
Depois de haver passado onze anos embrenhado na selva amazônica, Bates embarcou de volta para a Inglaterra em 1860, levando uma espantosa coleção de animais e plantas. Mas foram os insetos e, muito em particular, as borboletas que acabaram se tornando o principal objeto de suas investigações. Maravilhado com a exuberância da fauna tropical, ele já havia escrito em seu livro O naturalista no rio Amazonas que capturara cerca de setecentas espécies de borboletas, depois de alguns passeios em volta da cidade de Belém. Bates tinha conhecimento de que em toda a Europa só haviam sido registradas 341 espécies e que ele retornara, portanto, com uma das maiores coleções de borboletas do mundo.
Porém, entre todas aquelas centenas de caixas repletas de exemplares belos e exóticos, havia uma que reservava algo de muito mais importante. Ela estava rotulada com a palavra Heliconii, indicando tecnicamente o conteúdo: um grupo bem característico de borboletas tropicais (hoje é a família das helicônidas). Quando o naturalista passou a examiná-las detidamente, com o auxílio de sua lente de bolso, verificou, surpreendido, que a caixa estava cheia de falsas helicônidas.
Sem dúvida, Bates tinha levado para casa "gato por lebre". Só que, naquele caso, os "gatos" é que eram de grande valor, pois evidenciavam um alto padrão de imitações entre animais sem nenhum parentesco entre si. Aquilo foi suficiente para despertar na cabeça do naturalista uma série de recordações adormecidas desde a época em que caçava insetos nas florestas da Amazônia. Ele recordou-se de como eram abundantes as helicônidas em algumas regiões que visitara e que, a despeito de seus coloridos chamativos, raras vezes eram atacadas pelos pássaros caçadores de insetos. Bates entregou-se, então, a uma série de suposições. Se aquelas borboletas não eram perseguidas por seus predadores naturais, possivelmente não deveriam servir de alimento e a causa mais provável daquilo seria, de certo, um gosto muito ruim. Talvez, se o colorido de certas borboletas "comestíveis" se aproximasse do padrão Heliconii, elas tivessem alguma vantagem na luta pela sobrevivência ao se passar por repulsivas frente aos predadores. Daí por diante, através de sucessivos cruzamentos entre si, elas produziriam raças cada vez mais parecidas com as verdadeiras helicônidas.
Essas brilhantes deduções teriam feito com que o naturalista retirasse o cachimbo da boca e exclamasse um "elementar, meu caro Bates", se ele não soubesse o quanto seria difícil comprová-las. E isso ele jamais chegou a fazer completamente. Entre tanto, todas as suas investigações sobre as borboletas "imitadoras" foram apresentadas em 1861, incluídas num trabalho de grande vulto sobre os insetos da Amazônia. Aí, pela primeira vez, os cientistas tomaram conhecimento da existência de um incrível fenômeno biológico batizado de mimetismo.
Uma experiência desagradável pode permanecer na memória de um animal por um certo tempo. Por exemplo: gosto ruim de uma presa. É quase certo que nas investidas seguintes o predador irá evitar qualquer presa que se assemelhe a um modelo reconhecido como repulsivo. Esse processo de aprendizado, tão comum entre os animais, foi profundamente observado em pássaros insetívoros, demonstrando que as formas, as cores e o comportamento de borboletas determinam a freqüência dos ataques das aves caçadoras.
Muitas espécies de borboletas são evitadas como alimento porque em seus organismos circulam substâncias repulsivas e venenosas. Essas substâncias são geralmente alcalóides de origem vegetal, absorvidos pelas lagartas que se alimentam de plantas tóxicas. Mesmo depois da metamorfose, os alcalóides continuam incorporados ao inseto adulto, tornando-o repulsivo para diversos predadores. Principalmente para aves .
Quanto mais abundante for uma espécie de borboleta repulsiva numa determinada área, tanto mais rápido será o "aprendizado" da população de pássaros insetívoros dali. Pequenas variações de colorido ou desvios na distribuição dos desenhos das asas podem condenar a borboleta ao ataque da ave. Assim, ficam geralmente poupados os indivíduos (machos e fêmeas) que menos se afastam do tipo padrão. Estes, ao se acasalar, perpetuarão o velho sinal de reconhecimento-inalterado- nas gerações seguintes. Da mesma forma como acontecem variações desastrosas entre as borboletas do grupo repulsivo, podem ocorrer desvios de padrão entre as de um grupo comestível que viva na mesma área. Uma pequena mutação genética pode produzir sobre as asas das "comestíveis" uma discreta mancha colorida ou desenho que se assemelhe vagamente com o sinal das "repulsivas". Isso já é suficiente para provocar, no mínimo, momentos de hesitação entre as aves durante as investidas sobre essas formas variantes. Como resultado, as variantes passam então a escapar das aves com mais freqüência do que as for mas menos desviadas do antigo colorido. Então, dos sucessivos acasalamentos dessas sobreviventes, resultam descendentes com o novo sinal de "imitação" cada vez mais aperfeiçoado.
Pode parecer incrível, porém, são os próprios predadores que indiretamente aperfeiçoam os padrões de imitação que irão enganá-los no futuro. Se tudo corresse só por conta dos disfarces, as "imitadoras" deixariam de ter problemas depois que as cores de suas asas atingissem um certo grau de perfeição como sinal de advertência. Não sendo mais perseguidas, elas poderiam se multiplicar à vontade, tornando-se mais abundantes do que as verdadeiras "repulsivas". Mas isso nunca acontece.
Um mecanismo de correção começa a funcionar sempre que as "imitadoras" começam a se tornar mais numerosas. Aves ainda sem aprendizado, que usam atacar as borboletas coloridas, acabam comendo mais "saborosas" do que "repulsivas", e assim não criam os mecanismos que as fariam evitar a espécie. Automaticamente, começa a diminuir o número das "imitadoras"-até que elas se tornam tão raras que os pássaros acertam cada vez mais nas "repulsivas". O mecanismo se refaz, as "saborosas" ficam outra vez defendidas e começam a proliferar. E assim o ciclo vai se repetindo indefinidamente, de forma que o equilíbrio, embora alterado momentaneamente, sempre se restabelece.

Esses preferem a camuflagem

A mímica é a arte da imitação, mas, quando se trata de um animal que exibe a aparência de outro, o problema não tem nada a ver com imitação e, muito menos, com arte. O nome usado para esse fenômeno é mimetismo e, embora sendo uma palavra derivada de mímica ela indica um curioso mecanismo genético colocado em funcionamento por um processo de seleção natural. Em outras palavras: nenhum animal chega a se parecer com outro movido por uma intenção, ainda que essa semelhança Ihe confira vantagem na luta pela sobrevivência.
A natureza está cheia de exemplos de animais miméticos. Existem moscas inofensivas que se parecem com vespas, serpentes não peçonhentas com o colorido das perigosas corais, e borboletas com desenhos de assustadores olhos de coruja sobre as asas. Estes exemplos já mostram que tanto o mecanismo genético quanto a seleção natural envolvidos no mimetismo têm como produto final uma espécie de sinal. Eles elaboram geralmente "mensagens" do tipo "Cuidado comigo" ou "Não sirvo para comida". Mas outras podem funcionar, ao contrário, como atrativos. Além disso, no jogo fantasioso de mimetismo, os sinais fluem ora como imagens, ora como sons e, em alguns casos, como odores. Entretanto, há uma outra variação da mímica natural que se caracteriza por não chamar a atenção. Isto significa que o resultado final deste tipo de mimetismo passa a ser a ausência de sinais, e podemos chamá-lo então de camuflagem. A prova mais evidente de que a camuflagem é o tipo mais comum de mimetismo é a freqüente frustração dos "naturalistas" novatos que retornam de suas excursões pelas matas sem ter visto bicho nenhum.




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sábado, 28 de janeiro de 2012

Artes de Computador - Infografia

ARTES DE COMPUTADOR - Infografia



Da ciência ao cinema, da indústria à publicidade, uma nova técnica cria mundos sob medida. Produto da informática e das artes gráficas, estimula ousadias até os limites da imaginação.

Entediado com a monotonia do Paraíso e saudoso dos tempos em que representava o galã aventureiro, Humphrey Bogart renasce na tela e convida Marilyn Monroe para acompanhá-lo de volta Terra. Eles decidem, então, se encontrar no interior de um prédio na praça Jacques Cartier, em Montreal, no Canadá. Quando Marilyn se materializa, não é feita propriamente de carne e osso, mas de linhas e escalas. Em seguida, como num sonho, ela se transforma em pedra, depois em ouro. Bogart, impaciente para vê-la nas formas e curvas que a tornara inesquecível, desperta-a para a vida com um beijo, como um príncipe encantado. Assim, o romance tem início-e o filme acaba.Os fanáticos por cinema podem ficar tranqüilos. O filme que contém essas cenas e pode ser visto numa tela colorida de TV não estava perdido e alguma prateleira empoeirada de Hollywood. Tudo não passou de uma completa ilusão, criada por uma nova e fascinante técnica: a infografia.
Produto de uma feliz associação entre a informática e as artes gráficas daí o nome, essa técnica já vem revolucionando o cinema e a TV e promete criar espaços de extraordinária inovação nas ciências aplicadas e nas indústrias de ponta. Com ela, prevê-se por exemplo um salto na Medicina nos próximos dez anos, tornando real a fantástica viagem pelo corpo humano, até agora só conseguida pela ficção. Utilizando computador de quarta geração e programas de inteligência artificial, a infografia começa a realizar o que ainda ontem parecia impossível.
Até bem pouco tempo, de fato, não havia como ver imagens de um motor em movimento por dentro, pois não há câmara capaz de entrar num deles e filmar seus pistões. Hoje, não apenas se pode ver isso acontecendo, como algo muito melhor: pode-se observar o interior de um motor que nem sequer existe fisicamente, em funcionamento numa câmara de testes que, como ele próprio, só se materializa nas cores de um monitor de computador. "O computador gráfico está abrindo a porta de um imenso laboratório que antes só existia na imaginação dos cientistas", resume o engenheiro Márcio Lobo Netto, professor de computação digital da Universidade de São Paulo.
Desenvolvida para ajudar a indústria a aperfeiçoar ao máximo os projetos de novos produtos e a favorecer a ciência na simulação de experiências impossíveis na vida real, a computação gráfica logo foi absorvida por artistas e publicitários. No cinema, permite transportar o espectador literalmente para os limites da imaginação, utilizando o amplo leque de recursos conhecidos como efeitos especiais. Já em 1969, o diretor Stanley Kubrick, no filme 2001, uma odisséia no espaço buscou no computador não apenas seu personagem principal- o HAL 9000- como também uma ferramenta indispensável ao trabalho de manipular as câmaras em tomadas que requeriam precisão matemática. Mais recentemente, em 1977, certas cenas do filme Guerra nas estrelas, de Georges Lucas, foram resultado de mais de uma dezena de seqüências rodadas separadamente e superpostas com o auxílio de um computador gráfico.
"Podemos representar qualquer personagem, vivo ou morto, e dar-lhe expressões tiradas da vida real ou simplesmente de nossa imaginação", afirma Nadia Magnenat-Thalmann, professora de Comunicação e Ciência da Computação da Universidade de Montreal. Foi ela, junto com o marido Daniel, quem produziu o filme de sete minutos Rendez-vous à Montreal (Encontro marcado em Montreal), que trouxe Marilyn e Bogart de volta à vida. O filme foi todo concebido em computador, utilizando um programa chamado "Human Factory", um exemplo do estado da arte na infografia, e premiado no Computer Graphics 87, festival internacional do setor, realizado no ano passado em Karuizawa, Japão.
Para se ter uma idéia de sua complexidade, leis da Física são aplicadas a certos parâmetros das figuras humanas, como o movimento das juntas dos membros e o impacto do toque dos dedos da mão numa taça de vinho. Nadia e Daniel deram início a sua obra-prima definindo o esqueleto de Marilyn e Bogart. Aplicaram em seguida as leis físicas mais simples para proporcionar movimento às figuras. Cobrindo os esqueletos com formas facetadas, obtiveram desenhos tridimensionais. A superfície de cada faceta foi preenchida depois com cores que esconderam as linhas das juntas e dos segmentos dos esqueletos. Outras leis físicas, mais complicadas, deram flexibilidade aos movimentos. Enfim, as vozes e a trilha sonora foram sintetizadas no computador a partir de gravações originais de filmes antigos. Na televisão, o show proporcionado pela infografia tem sido sem dúvida impressionante. Quem não se lembra do videoclip Sledgehammer, de Peter Gabriel? Ou o Raspberry beret, de Prince? No início do ano passado, o público de uma emissora de TV por cabo em Nova York ficou fascinado com o programa do repórter Max Headroom, personificação da imagem digitalizada de uma cabeça, criada a partir do rosto filmado em vídeo do ator canadense Matt Frewer. Desde então, toda semana Max protagoniza um entrevistador que leva a seu programa personalidades da vida americana, brincando com as possibilidades sem fim dos efeitos especiais de vídeo manipulados por computador.
No Brasil, o público começou a se familiarizar com a infografia assistindo aos trabalhos feitos por Hans Donner diretor de arte da Rede Globo, com a abertura do Fantástico, que superpõe a imagem de um balé a um fundo de paisagem inteiramente concebida em computador. Nos intervalos, o telespectador brasileiro acompanhou o aparecimento de comerciais cujo apelo está nas figuras geométricas tridimensionais que passeiam na tela e se transformam em símbolos das marcas dos produtos. "Criamos todo tipo de imagens para as agências de publicidade", orgulhava-se Ewa Wawelberg, a desenhista industrial que se especializou em imagens computadorizadas depois de um curso nos Estados Unidos e agora cuida desse setor na Diana Cinematográfica, produtora paulista de comerciais para a televisão.Uma esfera girando em direção do espectador transporta uma miniatura de carro de Fórmula 1 que traz no chassi o nome do anunciante. Para fazer essa seqüência, o computador usado pela Diana passa cerca de trinta horas trabalhando sem parar. Pode parecer um tempo demasiado longo, mas, levando em consideração os milhões de cálculos realizados pela máquina, chega a ser um assombro de rapidez. Profissionais como Ewa definem inicialmente um esboço da imagem que querem criar, traçam o movimento desejado e assinalam na tela onde se localizam os focos de luz e as tonalidades de cor que serão usadas. Feito isso, o computador sozinho se encarrega do resto. Outro campo onde a computação gráfica vem sendo usada de forma crescente é o do desenvolvimento dos chamados CAD-CAM, sigla em inglês para projetos de desenho industrial assistidos por computador. Os CAD-CAM nasceram nos centros de pesquisa de material bélico dos Estados Unidos e da Europa e depois migraram para as indústrias aeronáutica e automobilística. Essas indústrias foram muito além da criação de imagens computadorizadas: tornaram-nas inteligentes. Um exemplo: apoiados por supercomputadores, capazes de processar em segundos milhões de operações matemáticas, projeta-se um novo modelo de avião e se fazem os testes de túnel de vento-tudo numa tela de computador.
O Boeing 737-300, em operação no Brasil, é um caso típico de projeto bem-sucedido em computador-e é muito mais do que uma simples animação. A Boeing precisava desenvolver em tempo recorde uma versão maior, mais versátil e econômica do modelo 737. Isso porque o inicio de sua produção deveria coincidir com a de outro modelo, o 757, para que as cabines de controle fossem similares, o que facilitaria o treinamento conjunto de equipes de pilotos para os dois modelos. Introduzindo as especificações do antigo 737 no computador, os engenheiros precisaram apenas digitar as modificações necessárias para dar vida ao novo 737-300.
Um simulador de vôo exemplifica muito bem a habilidade dessa moderna tecnologia em imitar a realidade. O computador faz uma espécie de orquestração de som, forças e movimentos que se aproximam do comportamento aerodinâmico real de um avião. Como o efeito visual tem de ser muito convincente, pode-se considerar esse tipo de máquina um verdadeiro mestre de ilusões. Mas por que confinar essa capacidade a uma cabine de pilotagem? Por que não levá-la para um laboratório e construir ali uma realidade artificial que possa ser manipulada por um cientista? Muitos problemas científicos, particularmente aqueles que podem ser representados em três dimensões, requerem um elevado grau de interação entre o homem e a máquina. "Essa relação entre o usuário e o computador já está sendo considerada a última fronteira na ciência da computação", afirma James Foley, professor da Universidade George Washington, na capital dos Estados Unidos. Por isso mesmo, o maior objetivo da pesquisa nessa área é desenvolver um ambiente de simulação que pareça tão real quanto a própria realidade, onde seja possível manipular problemas numa escala que poderá ir desde os átomos às galáxias.
O Centro de Pesquisas Ames, da NASA, levou essa idéia ao pé da letra. Construiu-se uma pequena tela de cristal líquido, com dimensões um pouco maiores do que os óculos de um motociclista. Ao mesmo tempo, foi desenvolvida uma espécie de luva recheada de terminais de fios. Óculos e luvas foram então ligados a um computador. Resultado: um novo aparelho que poderá fazer com que os astronautas do futuro dirijam um robô como se fossem seu cérebro. Tal robô será enviado em missões perigosas, tanto no espaço quanto em planetas de clima hostil ao homem e fará todos os trabalhos requeridos como uma marionete sem fios. Dirigirá as lentes de seus olhos artificiais para onde o astronauta quiser olhar, virará a cabeça quando o astronauta também o fizer e assim por diante.
Quando essa nova tecnologia for aplicada nos experimentos científicos, o resultado poderá ser realmente a abertura de novas portas de um grande laboratório, até agora só vislumbrada na imaginação dos cientistas. De posse das luvas sensoras e de uma tela de alta definição, um pesquisador poderá, por exemplo, tocar com as mãos a imagem tridimensional de uma molécula ou de um vírus, devidamente ampliados, simulando uma situação impossível na prática. "Brevemente, os astrônomos poderão visualizar um encontro de galáxias e obter milhares de respostas sem sair do laboratório, bastando apenas sentar à frente de um monitor de computador", prevê Piet Hut, professor de Astrofísica do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos.
Uma das mais recentes novidades da infografia, que promete tornar-se muito popular, são os programas para projetos de arquitetura. Os profissionais da área em breve irão aposentar as velhas pranchetas de desenho para deixar entrar em seus escritórios os monitores de microcomputadores. Já é fácil imaginar as possibilidades: munido do elenco de desejos do cliente e de todas as informações sobre o lugar da futura obra, o arquiteto projeta na tela a planta da casa em seus mínimos detalhes, incluindo fachada, tipo de piso, forma de telhado etc. Mas a grande sacada virá em seguida. Os efeitos de animação permitirão que clientes e arquiteto façam uma visita simulada à nova casa. Assim, como se ela já estivesse pronta, percorrerão seu interior apreciando a disposição dos cômodos corrigindo imperfeições e até mesmo ensaiando uma idéia de decoração com figuras de móveis e utensílios Tudo pela tela do computador. Depois, é só mandar imprimir as plantas e pôr mãos à obra. A partir de então sem dúvida, se poderá afirmar que a realidade construída pelo imaginário não é apenas uma ilusão.

De ponto em ponto

Uma ilusão tão realista como o encontro entre Bogart e Marilyn requer um trabalho muito complexo, mesmo com o auxílio imprescindível de um excelente computador. Para entender como isso acontece, é preciso ir aos primórdios da computação gráfica, há cerca de vinte anos. Naquela época, um cientista sentava-se à frente do monitor de um grande computador (os micros ainda não existiam) e assinalava dois pontos na tela. Alimentando a máquina com conceitos geométricos, pedia-lhe que unisse os dois pontos com uma reta. Em seguida, assinalava novo ponto e determinava ao computador que desenhasse mais duas retas, unindo os três pontos. Estava feito um triângulo.Nessa tarefa aparentemente simples, os técnicos tinham de ensinar ao computador que a tela era composta de milhares de pontos (pixels, em inglês) organizados em linhas - a rigor um quadro de pontos numerados em seqüência. Assim, ao marcar um ponto na tela, o de número 52, por exemplo, o técnico estava tornando-o luminoso. Dois pontos quaisquer, o 52 e o 63, poderiam ser unidos bastando que o computador acendesse a seqüência de pontos do 53 ao 62. Da mesma forma, para preencher um quadrado já definido a máquina iluminava todos os pontos contidos entre os limites das quatro retas.No fundo, o desenvolvimento da infografia foi uma questão de aperfeiçoar a capacidade de memória do computador - para armazenar uma quantidade maior de informações gráficas-, aumentar a velocidade de cálculo das operações matemáticas e melhorar a chamada resolução espacial ou definição da imagem, dada pelo número de linhas de pontos. Sem falar na cor. O desenho de pontos e traços foi a fase unidimensional da infografia. Cubos e pirâmides em perspectiva tornaram possível a bidimensionalidade. Com a cor e suas nuanças, atingiu-se a tridimensão. Para obter a cor foi suficiente superpor muitas imagens monocromáticas, como o vermelho, o verde e o azul.Um belo dia, algum especialista em computação gráfica há de se ter perguntado como o computador poderia dar vida àqueles objetos desenhados no monitor. Como, por exemplo, seria possível fazer uma pirâmide girar na tela? Buscando inspiração no cinema, onde a ilusão do movimento é obtida pela projeção acelerada dos sucessivos quadros do filme, os técnicos pediram ao computador que desenhasse uma pirâmide. Fixaram então um eixo, ou seja, uma linha reta, partindo do vértice superior em direção ao centro da base. O encontro do eixo com o vértice e com o plano da base resultou em dois pontos. Em seguida, todas as coordenadas que compunham a pirâmide foram enviadas à memória da máquina, ficando na tela apenas aqueles dois pontos. A partir deles, nova pirâmide foi desenhada, desta vez, porém, com os vértices inferiores levemente deslocados em relação ao primeiro desenho. A operação foi repetida exaustivamente, até que o desenho final coincidisse com as coordenadas do primeiro. Instruiu-se então computador para projetar na tela desenho por desenho, à velocidade de um décimo de segundo cada aparição. Resultado: a pirâmide começou a girar sem parar.
Assim, toda e qualquer forma de um virabrequim a um vírus adquire o movimento que tem ou poderia ter na vida real; o essencial é o computador estar de posse das dimensões e propriedades do objeto. Para que as imagens tridimensionais imitem a realidade, é importante ainda, além de colorir, determinar o foco de luz, como um abajur iluminando uma bola de bilhar em cima de uma mesa. As formas que compõem o logotipo da Rede Globo, por exemplo, brilham de acordo com um foco de luz que está fora do alcance visual da tela. Para produzir esse efeito, Hans Donner determinou ao computador que quando uma face lisa qualquer passar por um certo plano de imagem ela deve adquirir a coloração mais clara possível-o branco. Assim tem-se a impressão de que houve um reflexo.

O que já se faz por aqui

Mestre na produção de imagens computadorizadas para a TV, como demonstram as vinhetas que abrem o Jornal Nacional, o Fantástico e, mais recentemente, o Chico Anysio Show, o alemão Hans Donner, 39 anos, trabalha em estreita associação com a bem equipada Globo Computação Gráfica, do Rio de Janeiro, cujos quatro minicomputadores e programas (softwares) especializados criam imagens sintéticas também para comerciais de TV. A empresa tem menos de dois anos-o que indica que, embora recente no país, a infografia se desenvolve com notável rapidez. No final da década de 70, Donner era um pioneiro no Brasil. Hoje, com certeza, está menos solitário. Uma prova é a existência da cadeira de Computação Gráfica nos cursos de pós-graduação de Engenharia Elétrica e de Ciência da Computação da USP, bem como na UFRJ e na PUC, também do Rio. O Laboratório de Sistemas Digitais da USP é um bom exemplo do que se começa a fazer no país nesse campo. AIi se encontram oito professores e outros tantos alunos desenvolvendo tecnologia nacional para o processamento de imagens em computador. Um deles é o professor Márcio Loba Netto, 25 anos, que trabalha num programa capaz de conceber desenho e estrutura de chips na tela de um computador, de acordo com determinadas especificações. O esforço brasileiro de pesquisa em infografia derrapa, no entanto, na falta dos equipamentos necessários, porque a atual legislação impede a importação de micro e minicomputadores. Diante disso, os técnicos ou desistem da idéia ou vão buscar no mercado negro suas ferramentas de trabalho.




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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A saga do sultão Suleiman

A SAGA DO SULTÃO SULEIMAN



Em 46 anos de mando, no século XVI, ele estende as fronteiras do Império Otomano desde a Hungria até o litoral da Índia. Criou leis, estimulou as artes, mas também foi duro e cruel no jogo do poder.

No domingo, 30 de setembro de 1520, Suleiman foi entronizado sultão do Império Otomano, na capital, Constantinopla, hoje Istambul. Quarenta e seis anos ele ficaria no poder: sob seu comando os turcos otomanos viveriam um período inigualável da sua história. Conduzidos por Suleiman - o Magnífico, para os ocidentais, e Kanuni, o Legislador, para seus súditos -, eles conquistaram Budapeste, capital da atual Hungria, e chegaram às portas de Viena no que hoje é a Áustria. De Argel, na África do Norte, a Bahrein no golfo Pérsico, de Áden, na Arábia, a Diu, na Índia, as tropas de Suleiman expandiram as fronteiras do império e a fé em Alá.
Os otomanos, assim chamados por causa de seu primeiro sultão, Osman, eram de fato um povo guerreiro. E foi como guerreiros que irromperam na história do mundo ao aniquilar o Império Romano do Oriente. Originários dos remotos montes Altai, ao sul do lago Baikal, quase onde a Rússia e a Mongólia se encontram-portanto sem parentesco étnico com os povos árabes do Oriente Médio-, os turcos durante séculos travaram intermináveis batalhas por todo o vasto mundo das estepes russas, chegando às fronteiras da China. No século XIII aparecem às portas do decadente Império Romano do Oriente velho de 1 100 anos. Em 1453 chefiados por Mehmed II, bisavô de Suleiman, conquistam Constantinopla e transformam em mesquita a imponente catedral de Santa Sofia.
O progresso otomano pode ser medido pela própria Constantinopla: no ano da ascensão de Suleiman, com seus 400 mil habitantes, era uma das maiores metrópoles do planeta. Suleiman nasceu provavelmente a 6 de novembro de 1494 em Trebizonda. atual Trabzom, na costa nordeste da Turquia, no mar Negro. Era um importante porto por onde circulava boa parte do comércio entre o mundo mediterrâneo e o Oriente. Seu pai, que passaria à história como Selim, o Severo, então ainda herdeiro do sultanato, governava a rica província. A mãe, Hafsa, descendia do khan dos tártaros da Criméia, de onde se supõe que o sangue de Gengis Khan corria nas veias do fabuloso chefe militar que viria a ser Suleiman.
E certo, em todo caso, que ele foi educado na estrita observância da lei muçulmana, segundo a qual a primeira obrigação de um soberano é combater os infiéis Suleiman tratou de cumprir esse mandamento sem perda de tempo. A 6 de fevereiro de 1521, com menos de cinco meses no poder, partiu em campanha rumo ao norte. Importante ponto de travessia do Danúbio, nos Bálcãs, Belgrado. hoje capital da Iugoslávia, resistiu três semanas antes de cair nas mãos dos turcos. A noticia dessa primeira proeza de Suleiman espalhou rapidamente o medo nos reinos cristãos da Europa central: a porta para a conquista da Transilvânia de Budapeste e Viena, estava aberta.
A Europa que os otomanos avinham ameaçar era um mundo em conflito. Tanto que as profundas rivalidades dinásticas, territoriais, comerciais e religiosas entre os cristãos impediriam que o Ocidente enfrentasse unido o avanço dos soldados do islamismo. Em 1509 tinha chegado ao poder na Inglaterra Henrique VIII, que em breve romperia com o papa e criaria a religião anglicana. Em 1515, é coroado na França Francisco I, que tentará, por todos os meios, sem excluir uma aliança com o próprio Suleiman, resistir ao poder da vizinha Espanha. Em 1516 é a vez de Carlos V subir ao trono da Espanha recentemente unificada. Quatro anos depois - e 22 dias após a posse de Suleiman, - ele será eleito imperador do Sacro Império Romano-Germânico, reunindo sob sua autoridade desde os até então dispersos principados alemães e grande parte da península italiana.
Ao mesmo tempo, a Europa vivia também uma fase de rápidas transformações econômicas, fruto da expansão comercial gerada pelos descobrimentos. Em 1498 o português Vasco da Gama chega a Calcutá, na Índia.
Rapidamente os portugueses instalariam fortalezas não só na costa indiana, mas também na entrada do golfo Pérsico e no mar Vermelho, tentando controlar o comércio de especiarias que por ali transitava. Isso iria abrir uma nova frente de batalha para os otomanos, cuja hegemonia em toda essa região já era disputada pelos persas, do ramo xiita do islamismo.
Como bom muçulmano sunita, Suleiman provavelmente detestava os xiitas mais que os próprios cristãos, mas o seu grande inimigo político era o espanhol Carlos V, cujo título de imperador Suleiman, não reconhecia. "Eu sou o sultão dos sultões, o soberano dos soberanos, o distribuidor das coroas aos monarcas do globo a sombra de Deus sobre a Terra..." escrevia ele numa carta a Francisco I da França. Assim, ao longo do seu reinado, Suleiman, ou a Espada do Islã. ano após ano dirigiu seus exércitos para o norte, sempre com o objetivo de atrair Carlos V à luta direta.
As suas vitórias foram muitas - embora o alvo maior não fosse alcançado: em 1526, na batalha de Mohács, derrotou os húngaros; logo depois invadiu a cidade de Buda (atual Budapeste). Em 1529, cercou Viena e por pouco não a ocupa. Três anos depois, de novo na Áustria, chega às portas de Graz. Em 1541 volta a submeter a Hungria, então formalmente anexada ao Império Otomano. Na realidade. as únicas forças que se opunham ao avanço do exército de Suleiman, eram as da natureza, especialmente o frio. e as distancias. Para vencer, por exemplo os 1500 quilômetros entre Constantinopla e Belgrado, os turcos chegavam a gastar dois meses.
De qualquer forma, o exército otomano era o instrumento militar mais poderoso que o mundo tinha; conhecido até então. Artilheiros, especialistas em minas, morteiros, bombas davam às tropas de Suleiman um poder bélico incomparável. Somavam-se a isso a agilidade e a ferocidade dos janízaros, a elite combatente formada por ex-escravos, a maioria deles, por sinal, de origem cristã. Convertidos ao islamismo, o janízaros cultivavam uma lealdade cega ao sultão. O temível poder ofensivo desse exército era garantido por uma disciplina de ferro, que nunca deixou de surpreender os cristãos.
No seu apogeu, o Império Otomano abrangia os territórios onde hoje se encontram mais de 25 países. Neles, viviam povos de etnias, costumes e religiões muito diversas. Sobre os Estados vassalos o domínio turco tomava formas brandas, limitando-se em muitos casos à cobrança de impostos, desde que a paz fosse preservada. Geralmente, mantinha intacta a organização social anterior à conquista. Quando a modificava, por vezes trazia até certas vantagens para a população Sob os turcos, os camponeses eram homens livres, ao contrário do que acontecia na Europa Oriental cristã onde subsistiam a servidão e as arbitrariedades dos senhores feudais.
Os cristãos ortodoxos, aliás muita numerosos no império, tinham completa liberdade religiosa-desde que não desrespeitassem o islamismo. E os judeus, mais que tolerados, foram até encorajados a se instalar no império; sua presença era considerada extremamente benéfica para a economia otomana.
Se esse mosaico de povos se manteve unido ao longo dos séculos, apesar das periódicas rebeliões, aliás implacavelmente castigadas, isso se devia certamente a uma organização econômica, social e jurídica extremamente complexa. Um ditado turco exprime essa idéia com clareza: `Não há Estado sem exército, não há exército sem dinheiro, não há dinheiro sem bons súditos, não há bons súditos sem justiça-e sem justiça não há Estado".
A mais perfeita expressão da civilização turca forjada na era Suleiman foi sem dúvida a justiça-mas na política as arbitrariedades eram muitas. Suleiman, que detinha o poder de vida e morte sobre seus súditos, era duro e cruel quando seu mando pessoal estava em causa ou quando se deixava envolver pelas intrigas da corte. Por volta de 1530, ele recebeu de presente para seu harém de trezentas mulheres uma jovem chamada Roxelana, de origem rutena, povo dos confins do império, entre a Hungria e a Moldávia. Como numa lenda das mil e uma noites, ela encantou o sultão, apaixonado pelos seus "olhos de antílope". Em breve Roxelana se viu na condição de favorita.
Sem perder tempo, afastou de Suleiman sua primeira esposa e instalou-se no próprio Palácio Topkapi-uma verdadeira cidade dentro de Constantinopla, com seus 3 mil residentes, a começar do sultão, e onde funcionava o Divan, órgão central do poder (de onde vem a palavra divã). Transformado em museu, o Topkapi é atualmente uma das maiores atrações de Istambul.
A influência política de Roxelana custaria a vida ao grão-vizir Ibrahim, uma espécie de vice-sultão. De origem grega e extremamente humilde-ao que tudo indica era um escravo capturado na infância-, subiu todos os degraus do poder, graças a seus méritos pessoais e à intima amizade que o ligava desde a juventude ao sultão.
Ibrahim apareceu morto na cama, na manhã de 15 de março de 1556, sem que se conheçam as razões que teriam levado Suleiman a mandar assassiná-lo. Mas a mão de Roxelana, a cujo poder ele fazia sombra, não deve ter andado longe das pontas da corda de seda que o estrangulou. Ela voltaria a agir mais adiante, com conseqüências não menos terríveis. No começo da década de 1550, quatro dos oito filhos de Suleiman ainda viviam: Mustafa, da primeira esposa; e Selim, Bayazid e Cihangir, de Roxelana. Suleiman tinha perto de 60 anos, para a época uma idade avançada- era, portanto, necessário resolver logo o problema da sucessão.
O direito turco, ao contrário do que prevalecia nas monarquias ocidentais, não assegurava a primazia absoluta do primogênito. Por isso, as sucessões eram extremamente tumultuadas. Para evitar a dispersão do poder, o sultão Mehmed II, bisavô de Suleiman, havia legitimado o assassínio dos irmãos entre os herdeiros do sultões. Roxelana sabia que, se o primogênito Mustafa tomasse o poder após a morte do pai, os filhos dela seriam assassinados e ela mesma, no melhor dos casos, exilada. Então a brutal máquina sucessória entrou em funcionamento.
Em 1552, o próprio Suleiman manda assassinar Mustafa e o filho dele, Murad. Pouco depois morreria Cihangir, ao que parece de morte natural. Em 1558, morre Roxelana; seus dois filhos ainda vivos se envolvem numa luta sem perdão. Três anos depois, Bayazid e quatro dos seus cinco filhos são estrangulados por ordem de Suleiman. O Quinto, de três anos, sucumbirá pouco depois nas mãos de um eunuco. Selim seria o sucessor de Suleiman com o nome de Selim II. Como tão primitiva violência podia coexistir com o requinte e o luxo da estranha civilização otomana? Durante o sultanato de Suleiman, de fato, a arte e a cultura atingiram ali o auge.
Os turcos, povo de origem nômade, nunca haviam desenvolvido a arquitetura civil. Mas nas cidades do império ergueram magníficas mesquitas, muitas delas assinadas por um grande arquiteto protegido de Suleiman, Sinan. As mais notáveis são sem dúvida a de Suieymaniye. em Constantinopla, e a de Selimiye, em Edirna, também na Turquia A época de Suleiman é também a do apogeu de uma arte maior entre os turcos: a cerâmica. Os objetos de uso cotidiano e os "azulejos" de revestimento, utilizando predominantemente motivos florais, atingem uma perfeição e uma delicadeza de traço e colorido incomparáveis. Enfim, calígrafos, ourives, tapeceiros, miniaturistas, pintores e poetas fizeram do longo reinado de Suleiman a idade de ouro da civilização otomano.
No dia 1 de maio de 1566, Suleiman sai de Constantinopla à frente do exército, na sua décima terceira incursão rumo ao norte. Em meados de agosto, é alcançado um dos objetivos da campanha, a destruição da cidade húngara de Szigetvár, onde um conde havia assassinado um dos governadores de Suleiman. Então, durante 43 dias, só alguns próximos do sultão são autorizados a penetrar na sua tenda. Oficialmente, Suleiman estava doente. Depois, instalado numa liteira fechada, é conduzido de volta a Constantinopla, via Belgrado, aonde acorreria Selim. Na realidade era um corpo embalsamado que seguia viagem. Suleiman, o Magnifico, morrera na noite de 5 para 6 de setembro, dois meses antes de completar 72 anos. O império lhe sobreviveria por mais três séculos.

Pequeno grande homem

Assim que se tornou sultão, Suleiman mandou libertar 1500 pessoas encarceradas por ordem do pai. O povo comentou: "Uma ovelha mansa está no lugar do leão feroz". Num dos muitos poemas que escreveu em persa com esmerada caligrafia, ele se definiu: "Sou o sultão do amor". Os poemas eram assinados Muhibi, amigo gentil. Ao conquistar a fortaleza cristã de Rodes, autorizou seus defensores a partir, sem lhes fazer mal. Suleiman vinha de Salomão, o sábio rei dos hebreus-e os otomanos diziam que ele fazia jus ao nome. Era um homem pequeno e magro -o oposto do sultão de caricatura -, mas a fragilidade era enganadora: o rosto exprimia um rigor que nunca o abandonou, provavelmente herança do temperamento da mãe e do convívio com o pai.
Foi educado para ser muçulmano e exercer o poder. Sultão, orava cinco vezes por dia na mesquita particular do palácio- menos às sextas-feiras, quando, cercado de pompa, ia rezar na grande mesquita de Constantinopla, a antiga catedral de Santa Sofia. Mas a tolerância de que fez prova diante de outras religiões e o gosto pelas discussões teológicas levam a crer que não era um fanático. Ainda jovem aprendeu tudo que a tradição recomendava: ourivesaria e História, religião e esgrima, governo e equitação, ciência e astrologia, poesia e arco e flecha. Falava fluentemente, além do turco, persa, árabe-e chegava a conversar com dignitários das terras conquistadas nos Bálcãs nos dialetos deles.
Culto-sem dúvida mais culto do que os reis cristãos do Ocidente -e sensível à beleza das artes, Suleiman tinha, porém, uma personalidade inescrutável, que não se dava a conhecer. Fazia questão de produzir relatos impessoais das campanhas que comandava, cavalgando sua montaria negra selada em ouro: seus diários de guerra eram escritos sempre na terceira pessoa. O luxo de que fazia rodear os desfiles militares abismava os cristãos: vestido de cetim branco com botões que eram na realidade grandes pérolas, ele encabeçava as tropas, trazendo no turbante uma rosa de ouro e um enorme rubi. Da orelha direita pendia uma pérola em forma de pêra.
Não menos requintados eram os rituais no Palácio Topkapi, a residência oficial do sultão. O cerimonial das refeições, por exemplo, era extravagante: das portas das cozinhas ao salão, os pratos passavam de mão em mão por uma cadeia de duzentos servidores até chegar ao provador oficial que experimentava qualquer iguaria antes do sultão. A dieta de Suleiman era simples, porém: frutas, saladas, cereais e aves, sobretudo pombos, tudo regado a água perfumada. O vinho, proibido pela religião, jamais era consumido em público. No fim da vida, Suleiman suprimiu-o completamente, da mesma forma como mandou trocar o serviço de porcelana chinesa por pratos comuns de cerâmica.



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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Por favor, leia este texto - Comportamento

POR FAVOR, LEIA ESTE TEXTO - Comportamento



Desculpe a pergunta, mas onde ficam as boas maneiras no mundo de hoje?

Uma pesquisa de opinião realizada em fins do ano passado junto a 2 mil entrevistados do Rio de Janeiro e de São Paulo revelou que os brasileiros dessas duas capitais tendem a guardar dentro de si um forte senti-mento saudosista. De fato, muita gente parece acredi-tar que se vivia melhor décadas atrás-e um dos motivos dessa suposta qualidade superior de vida seria o bom trato então vigente entre as pessoas. "Hoje se convive com o próximo na base da cotovelada", atesta o ator Mário Lago, ecoando um ponto de vista de tal forma compartilhado nos dias que correm que dis-pensa pesquisas sofisticadas para ser aferido.
Um advogado do diabo de maus bofes talvez se sentisse tentado a invocar a idade de Lago - 76 anos-para reduzir a pó seu diagnóstico a golpes desrespeitosos de "isso é coisa de velho". Só que não é: brasileiras e brasileiros das mais diversas condições e idades, entre uma cotovelada e outra, assinam embaixo da teoria segundo a qual no tur-bilhão das grandes cidades não sobra cabeça, nem lugar, nem tempo, nem mesmo dinheiro, para que se possa praticar como exercício diário o mandamento "respeitai-vos uns aos outros". E não faltará quem se pergunte-na improvável hipótese de parar para pensar no assunto, que serventia podem ter as chamadas boas maneiras no mundo atual.
Não seriam elas um anacronismo com cheiro de naftalina, algo como uma cartola ou um par de anáguas na era do jeans-e-tênis? A própria expressão boas maneiras soa maneirismos, ademanes, rapapés, salamaleques-em suma, frescuras de tempos idos com perdão da má palavra. Essa, porém, é apenas a primeira de uma longa lista de confusões e mal-entendidos que desfiguram a questão e favorecem o mau comportamento. E comum colocar no mesmo saco boas maneiras e rituais de etiqueta-como se tratar bem o próximo e saber qual o talher apropriado para comer peixe fossem rigorosamente a mesma coisa. Na realidade, há um mundo de diferenças.
O que se chama etiqueta e um conjunto de cerimoniais surgido na Europa há uns cinco séculos para pôr as pessoas nos seus devidos lugares, ou seja, para mostrar quem era nobre e quem era plebeu. Já as boas maneiras são formas de agir que lubrificam o convívio em sociedade ao permitir que as pessoas se entendam, independentemente de quaisquer diferenças entre elas. Não foi por outra razão que se desenvolveram de mãos dadas com o aumento do padrão cultural nos países industriais e no mesmo passo em que se difundiu a idéia da igualdade de direitos entre os homens. Apesar disso, nada mais freqüente do que fazer das boas maneiras um sinalizador das diferenças sociais.
A professora de Filosofia Terezinha Azeredo Rios, da PUC de São Paulo, que está preparando uma tese sobre o assunto, conta um episódio exemplar: "Certo dia, tomei um táxi e pedi ao motorista que me levasse à faculdade. Começamos a conversar e ele me tratava por "você". Em dado momento, perguntou o que eu estava estudando. Pois bem: a partir do momento em que respondi que não era aluna mas professora, ele passou a me chamar de "senhora ". Isto é, o motorista em questão deve achar, como tanta gente, que boa educação é algo que convém reservar para a pessoas situadas em degraus mais altos da escada social, como uma roupa que só se usa em ocasiões especiais.
Confundidas como forma de servilismo (quando praticadas de baixo para cima) ou como máscara da opressão (quando exercidas de cima para baixo), as pobres boas maneiras acabaram impiedosamente arrastadas ao banco dos réus da revolução nos costumes que explodiu nos anos 60. E ali, de cambulhada com hábitos arcaicos e de fato inibidores da naturalidade nas relações humanas-como a secular obrigação imposta aos filhos de só chamar o pai de senhor-. rolaram comportamentos os mais inocentes e civilizados-como o homem abrir a porta de um carro para a mulher-, acusados, por exemplo, de ser vir de disfarce hipócrita à dominação machista. O resultado foi um breu geral.
"Traumatizadas pela idéia de repressão, as pessoas resolveram educar os filhos de forma diferente da que foram educadas", observa a advogada e autora feminista Sílvia Pimental, de São Paulo. "Derrubaram-se padrões considerados repressores e muitas vezes não se conseguiu colocar outros no lugar. Isso pode ter provocado uma certa baixa no comportamento dos jovens." Num recente fim de tarde, uma dúzia de alunos de um colégio progressista da zona oeste paulistana infernizava com seus gritos e cantorias a vida dos passageiros do ônibus em que viajavam. E nem sequer tomaram conhecimento do protesto de uma passageira que se levantou para reclamar que "depois de um dia de trabalho tenho o direito de ir para casa em silêncio".
É possível que tenha razão o professor Haroldo Meira Teixeira Júnior, que dirige o Curso Anglo Vestibulares e nessa condição convive diariamente com multidões de adolescentes. Diz ele: "No meu tempo os jovens eram muito mais educados, mas o mundo também era muito melhor". Só que fica difícil o mundo melhorar se não se entender que as boas maneiras começam no respeito humano e são exercidas de pessoa para pessoa, desde o trato com as empregadas em casa até o plano geral na sociedade", como lembra muito seriamente o humorista Millôr Fernandes, fino observador da cena brasileira.
Certamente não comete delito algum o cidadão que, ao sair para o trabalho, mal encara o vizinho com quem divide o espaço no elevador. Afinal, adverte o antropólogo José Guilherme Cantor Magnani, da USP, "não se pode esperar que num edifício de apartamentos, onde cada qual vive sua vida, as pessoas se tratem com o afeto e a cordialidade de vizinhos de cidade do interior". O problema é que o ato de ignorar o companheiro de viagem na breve jornada de um décimo andar ao térreo costuma ser a expressão literal de outra cegueira: o comportamento que consiste em não enxergar os direitos dos companheiros de vida em sociedade.
De alguma forma, as boas maneiras abrem os olhos de cada um para o mundo em volta-e para as pessoas que o habitam. Promovem a tolerância e previnem atritos, como chumaços de algodão entre cristais: é sempre mais difícil agredir alguém a quem se acabou de desejar bom dia ou pedir um favor-e a recíproca, naturalmente, é verdadeira. Levadas às últimas conseqüências, boas maneiras salvam vidas-as estatisticas de acidentes de transito no Brasil seriam com certeza menos sangrentas se os motoristas cessas-sem de atropelar os direitos dos demais motoristas e, sobretudo, dos pedestres. E, ao contrário do que imaginavam os contestadores de vinte anos atrás, os bons modos, longe de serem modos disfarçados de dominar o próximo, funcionam a favor da parte mais fraca numa situação de conflito. Qualquer criança sabe disso - literalmente.
O que se convencionou chamar qualidade de vida nas sociedades modernas depende diretamente da prática habitual das boas maneiras, mesmo quando não envolvem relações pessoa a pessoa. É maior a qualidade de vida onde as pessoas têm a boa educação de não atirar coisas pela janela do carro-ou onde serão multadas se o fizerem. Recentemente, o jornalista Zózimo Barroso do Amaral registrou em sua coluna no Jornal do Brasil, com admiração, o caso de uma moça, por sinal muito bonita, que se deu ao trabalho de limpar o cocô que seu cachorrinho tinha acabado de fazer no calçadão de Ipanema - algo que devia ser rotina e não notícia.
Ninguém deixa cascas de banana largadas no chão da sala de visitas. Fora de casa, porém, é outra conversa; os outros que se danem, como dizem os mais grossos. "As boas maneiras são prejudicadas quando as pessoas não consideram o que é coletivo, público, também como seu e cuidam apenas do que é particular, exclusivo", diz a socióloga Laura Tetti, da Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo. "Para manter uma praça limpa, você tem de mandar escrever nos cestos de lixo o lembrete "Cuide como se fosse seu". Se é de todos. não se deve cuidar?" Inimiga ainda maior das boas maneiras e, portanto, da coexistência pacífica em sociedade é a esperteza-a atitude que parte do princí-pio de que com bons modos não se consegue nada e termina no jeitinho de quem busca conseguir sempre alguma vantagem sobre os demais.
Esse modo de proceder obedece ao que se pode chamar de Lei de Gérson, em alusão ao anúncio de uma marca de cigarros veiculado no final de 1976, no qual o meia-esquerda da seleção tricampeã mundial se vangloriava de "levar vantagem em tudo". Diga-se em defesa de Gérson que ele garante não agir assim na vida real. "Tanto que se a campanha tivesse a intenção que depois lhe atribuiram eu não teria participado dela ", afirma. seja como for, o respeito humano vai por água abaixo sempre que, na busca da vantagem a qualquer preço, "tenta-se transformar procedimentos imorais em algo moralmente correto e socialmente desejável, nas palavras do publicitário paulista Roberto Duailibi.
Para ele, por sinal, a "propaganda Macunaína como diz, aquela que pretende enganar o consumidor, é a forma pela qual a malandragem aparece no seu ramo de atividade. A vida econômica é onde mais se faz sentir a caça às vantagens, abatendo pelo caminho as normas de boa educação a golpes de borduna. "As pessoas já saem de casa como se estivessem partindo para uma guerra". compara Dílson Funaro, o empresário de fino trato que como ministro da Fazenda lançou o Plano Cruzado para acabar com a inflação, a seu ver a causa número 1 dessa guerra. Em tal clima, uma simples compra pode transformar-se numa escaramuça, se vendedores e compradores não se derem o devido desconto das boas maneiras.
"Por causa da situação econômica, o relacionamento nas lojas está tensionado", atesta Raul Sulzbacher, presidente do Clube dos Lojistas do Shopping Iguatemi, de São Paulo. "0 vendedor, que não consegue viver com seu salário, descarrega sua insatisfação no cliente." Para quem acha que misturar economia com educação é forçar demais a barra dos fatos, o ex-ministro Funaro tem uma resposta pronta na gaveta. Trata-se de uma carta que recebeu de um motorista de táxi no auge da euforia do Cruzado. "Agora que o dinheiro vai valer", escreveu-lhe o motorista, "vou respeitar os sinais de transito."
Mas é verdade também que a astúcia do jeitinho, o drible com que se quer passar para trás os direitos do próximo, como a sagrada norma de que deve ser atendido primeiro quem primeiro chegou, existe igualmente em tempos de vacas gordas. "É uma estratégia de sobrevivência causada pela desigualdade de direitos entre as pessoas na vida diária", define o cientista social Paulo Sérgio Pinheiro, da USP. "Fura-se uma fila para ter um mínimo de direitos." Pode ser. Certamente não faltarão motivos para explicar os desrespeitos cotidianos às normas da convivência civilizada. Mas não adiantará muito esperar que essas causas se evaporem para só então implantar o reino das boas maneiras. É até uma questão de bom senso. A psicóloga Maria José Néri, do Centro de Controle do Stress, de Campinas, nota que "quem tem o costume de revidar à falta de boas maneiras dos outros acaba chegando em casa de noite com os nervos em frangalhos". E ensina: "Quem mantém a boa educação acaba levando vantagem".
Obrigado pela atenção.

O teatro da etiqueta

No século XV, quando se instalavam os Estados nacionais e a monarquia absoluta na Europa,nãohavia sequer garfos e colheres nas mesas de refeição: cada comensal trazia sua faca para cortar um naco da carne- e, em caso de briga, para cortar o vizinho. Nessa Europa bárbara, que começava a sair da Idade Média, em que nem os nobres sabiam escrever., o poder do rei devia se afirmar de todas as maneiras aos olhos de seus súditos" como uma espécie de teatro. Nesse contexto surge a etiqueta, marcando momento a momento o espetáculo da realeza: só para servir o vinho ao monarca havia um ritual que durava até dez minutos.
Quando Luis XV, que reinou na França de 1715 a 1774, passou a usar lenço não como simples peça de vestuário, mas para limpar o nariz, ninguém mais na corte de Versalhes ousou assoar-se com os dedos, como era costume. Mas todas essas regras, embora servissem para diferenciar a nobreza dos demais, não tinham a petulância que a etiqueta adquiriu depois", compara o filósofo Renato Janine Ribeiro, da USP, autor de um estudo sobre o assunto. "Os nobres usavam as boas maneiras com naturalidade, para marcar uma diferença política que já existia. E representavam esse teatro da mesma forma para todos. Depois da Revolução Francesa, as pessoas começam a aprender etiqueta para ascender socialmente." Daí por que ela passou a ser usada de forma desigual-só na hora de lidar com os poderosos.

Uma palavrinha à-toa

Um certo reverendo Creary, que andou pelo Brasil em 1861, registrou em seu diário: "As brasileiras, ao contrário das inglesas, não desmaiam se pronunciamos a palavra "colo" ou "perna" ". O fato chamou-lhe a atenção porque na boa sociedade vitoriana da Inglaterra, de onde vinha o reverendo, não se falava nem em perna de mesa, pois a palavra "perna", por suas abusões eróticas, estava banida das conversas educadas. Era um palavrão. Já no Portugal dos séculos XVI a XIX, homem que não falasse palavrão nem fizesse gestos obscenos tinha a virilidade posta em dúvida.
O palavrão, em toda parte, sempre foi retirado do vocabulário relacionado com a sexualidade e com as funções excretoras-dai ser incompatível com a boa educação. Pelo mesmo motivo que fez surgir os banheiros. "Mas toda palavra depreciativa também pode ser considerada palavrão", diz o lingüista Fervia di Giorgi, de São Paulo. Hoje em dia, como se sabe, o palavrão começa a ser admitido na conversa normal, sem distinção de sexo. Em parte, isso se deve ao fato de haver diminuido a distancia social entre a casa e a rua. Antigamente, as fronteiras entre uma e outra batizavam rigidamente os comportamentos - coisas ditas e feitas lá fora não eram toleradas no lar. Tão importante como isso foi a mudança na linguagem falada, que perdeu o tom formal de outrora. Infiltrando-se nas conversas, como gíria ou interjeição, o palavrão foi perdendo o estigma de coisa escandalosa e feia. Falado com naturalidade, deixou de ofender. Virou uma palavrinha à toa-mesmo assim, a reação de quem ouve é que deve guiar a atitude de quem fala. Essa é uma boa maneira de lidar com o problema.




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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Visões Interiores - Medicina

VISÕES INTERIORES - Medicina



O aparelho de raios X já deixou de ser o único que permitia ver um organismo por dentro. Uma nova geração de máquinas fornece imagens detalhadíssimas do corpo humano. É uma revolução na ciência médica.

O diagnóstico radiológico parecia definitivo: aquela sombra na chapa de raios X indicava a presença de um tumor no ureter direito - um dos canais que ligam os rins à bexiga. Para esse exame, a carioca Maria Helena Cruz, uma agente de viagens de 45 anos, tinha tomado uma injeção endovenosa de líquido contrastante que seus rins iriam filtrar, enquanto um aparelho de raios X bateria uma série de chapas a intervalos regulares. As primeiras imagens mostraram os dois rins se enchendo do contraste. Depois, começam a filtrá-lo e ele escorre, junto com a urina pelos ureteres, chegando à bexiga. A imagem do contraste descendo pelos ureteres deve ser regular e simétrica. Nas chapas de Helena isso não acontecia: no ureter direito, uma pequena falha de enchimento indicava que um tumor crescia ali dentro. Era preciso operar. O urologista que acompanhava o caso, por precaução pediu que Helena fizesse dois outros exames: tomografia computadorizada e a ultra-sonografia. O primeiro mostrou que o tumor fica do lado de fora do ureter, como um dedo deformando um tubo de borracha - e rigorosamente nem era um tumor, mas outra estrutura anatômica. (Os médicos chamam de tumor qualquer aumento anormal de um órgão ou parte dele: um galo na testa é um tumor.)
Já a ultra-sonografia permitiu visualizar a pulsação da estrutura que deformava o ureter. Estava feito o diagnóstico: uma artéria anômala, ou seja, uma variação anatômica do trajeto de uma artéria (normal sob qualquer outro aspecto), comprimia pelo lado de fora o ureter, criando uma imagem radiográfica de uma tumoração no seu interior. Estava descartada a cirurgia. Tudo não passou de um susto.
A descoberta dos raios X em 1901 deu ao alemão Wilhelm Roentgen (1845-1923) o primeiro Prêmio Nobel de Física da história. Ele chamou os raios de "X" por serem nova forma de radiacão, até então desconhecida. Capazes de atravessar objetos sólidos, sua importância para a Medicina logo chamou a atenção. Uma das primeiras radiografias, da mão da própria mulher do cientista, mostra os ossos e o anel que ela usava. A técnica seria aperfeiçoada logo depois com a descoberta dos contrastes, substâncias opacas aos raios X que podem ser ingeridas ou injetadas, permitindo ao radiologista visualizar não somente os ossos, mas também o tubo digestivo, as artérias e veias e diversos outros órgãos, "moles" demais para fornecer uma boa imagem radiográfica.
Os raios X são uma forma de radiação de alta energia; portanto. oferecem certo risco, tanto para o paciente quanto para o médico que faz o exame. Muitos radiologistas morreram de leucemia antes que medidas de segurança mais severas fossem adotadas nos laboratórios. Além disso, certa dificuldade em distinguir estruturas sobreportas sempre foi a maior limitação do método. Para conseguir uma boa imagem de determinado órgão, muitas vezes é necessário radiografá-lo de diversos ângulos, aumentando com isso a dosagem total de radiacão recebida pelo paciente. Os computadores, com sua prodigiosa capacidade de manipular e guardar dados, juntamente com tecnologias que buscaram outras formas de obter informações interior do corpo humano, estão revolucionando o arsenal para diagnósticos à disposição do médico.
Exames como a tomografia computadorizada, a ultra-sonografia mesmos que livraram Maria Helena de uma desnecessária cirurgia-, a endoscopia, a cintilografia, a topografia cerebral e a ressonância magnética nuclear são alguns dos métodos revolucionários nesse campo. Segundo Berdj Meguerian, do Departamento de Medicina Nuclear do Hospital dos Servidores do Estado, no Rio de Janeiro, a atual tendência é se criar nos grandes hospitais um departamento de imagens, tal a complexidade das técnicas de diagnósticos. "Está se tornando cada vez mais difícil indicar qual o melhor exame para cada caso específico", explica ele. "Um departamento de imagens bem entrosado, coordenando todos os equipamentos disponíveis no hospital, faria a indicação do exame apropriado."
A Clínica Radiológica Luiz Felippe Mattoso está localizada no bairro de Botafogo, no Rio. Embora disponha ali de um aparelho de tomografia computadorizada, o médico Francisco Perdigão não esconde o entusiasmo pela chegada de um novo aparelho, ainda não totalmente desencaixotado, que, "além de ser mais compacto, leva menos tempo para fazer os cortes", conforme antecipa. Cortes? Sim, a tomografia (do grego tomé, corte, e graphein, grafar) realiza feito semelhante ao dos mágicos que fingem serrar uma mulher ao meio, sem fazer-lhe mal -com a vantagem de mostrar numa tela a imagem desse corte simulado. O que se vê é uma fatia, anatomicamente perfeita, de um corpo humano vivo. Desapareceu o problema da superposicão de órgãos que afligia o radiologista.
"Uma das maiores vantagens da tomografia", conta o doutor Francisco, "é podermos pedir ao computador que analise determinado ponto e ele será capaz de dizer se aquela área está cheia de liquido ou se é uma tumor ação sólida." O que um aparelho de tomografia faz, na realidade, é bater quase 3 mil chapas radiográficas de diversos ângulos, para cada corte. Já em 1917. o matemático austríaco J. Radon demonstrara ser possível reconstruir matematicamente um objeto bi ou tridimensional apenas pela reorganização de todas as suas infinitas projeções. Mas o uso dessa técnica teve de esperar o aparecimento dos computadores, pois o número de cálculos requeridos para cada reconstrução é formidável.
Na radiografia convencional, os raios X partem de uma fonte (como uma lanterna, por exemplo) que "ilumina" o corpo. Os raios passam através dele, impressionando uma chapa fotográfico. Na tomografia, apenas um fino filete de raios X percorre o corpo, uma camada por vez. Assim, uma tomografia completa do abdome expõe o paciente a apenas um quarto da radiação de uma radiografia convencional. O primeiro aparelho de tomografia computadorizada a ser comercializado foi o EMI Scanner, fabricado na Inglaterra, nos anos 70. Em l976 chegou ao Hospital da Beneficência Portuguesa, em São Paulo, o primeiro body scanner do pais. No ano seguinte, o armador chinês Y.K. Pao doou um head scanner à Santa Casa do Rio de Janeiro para auxiliar o tratamento da filha do então presidente Ernesto Geisel.
Nem sempre a luz viaja em linha reta: no interior de um endoscópio; um raio de luz faz curas. Foram os japoneses os inventores do aparelho. Por alguma razão ainda não bem esclarecida, é altíssima a incidência de câncer gástrico no Japão. Os epidemiologistas põem a culpa nos alimentos defumados, consumidos em larga escala no arquipélago. De qualquer maneira, era preciso achar um método capaz de detectar precocemente esse tipo de tumor, para poder operá-lo ainda no início.
Assim como no Brasil, onde o alto número de tuberculosos fez surgir a abreugrafia-um método barato e eficiente, perfeito para a utilização em larga escala -, no Japão foi criado o endoscópio. Seu segredo está nas fibras óticas-delgadíssimos fios de fibra de vidro, mais finos que um fio de cabelo. Um chumaço deles, ordenados (ou seja, bem "penteados") dentro de um tubo de borracha, permite ver o que acontece em qualquer lado para onde aponte o tubo. Mais sofisticados, os endoscópios para uso médico costumam ter três canais no interior: um para conduzir a luz, outro para o endoscopista olhar e um terceiro, que possui pequenas pinças, agulhas ou estiletes, para as biópsias, injeções e outros procedimentos.
A endoscopia revolucionou a gastroenterologia-com o gastroendoscópio, que, descendo pela boca, faz uma verdadeira viagem pelo esôfago, estômago e duodeno; e o colonoscópio, que permite visualizar o intestino grosso (ou cólon), sigmbide e reto, de grande valor também para a proctologia. Tais equipamentos às vezes se prestam aos mais surpreendentes usos. "Um caso dramático", lembra o dr. Silvio Panno Neves, do Serviço de Endoscopia do Hospital dos Servidores do Estado, no Rio, "aconteceu há um ano e meio, quando uma jovem de 24 anos apareceu trazida por dois policiais. Ela havia sido presa no aeroporto do Galeão por suspeita de tráfico de drogas. Com o endoscópio, pude ver que o estômago estava cheio de pequenos pacotes embrulhados com papel laminado. Passei horas retirando, um a um, os 28 papelotes de cocaína com o maior cuidado para que nenhum deles se rompesse, senão ela morreria na hora."
Além da eliminação de corpos estranhos no tubo digestivo, pequenos cálculos podem ser retirados do colédoco (o tubo que liga a vesícula ao duodeno), pólipos do cólon podem - ser cauterizados (o presidente americano Ronald Reagan submeteu-se a essa intervenção) e pequenos sangramentos, localizados e estancados. A endoscopia é, portanto, também um método terapêutico, além de diagnóstico. Sua grande vantagem é que permite uma visualização direta da lesão. - Localizar uma úlcera gástrica com a - radiografia equivale a fazer um diaganóstico de uma espinha na ponta do nariz observando-se uma ligeira saliência na sombra do nariz projetada , numa parede. Com os olhos (e o endoscópio) enxerga-se a lesão.
Principais responsáveis pela maleabilidade dos endoscópios, as fibras óticas são também a sua maior fraqueza. Extremamente delgadas, elas a se rompem com facilidade, reduzindo a vida útil dos aparelhos. Um segundo inconveniente dos endoscópios de fibra é que apenas duas pessoas no máximo podem olhar pelo aparelho. Recentemente, surgiu o video-endoscopia: trata-se de uma microcâmara de TV na ponta de um tubo flexível. A imagem aparece num monitor, - permitindo que o exame seja acompanhado até por uma platéia. E simples fios elétricos, mais resistentes, substituem as fibras óticas.
Marcela tem 1 ano e 9 meses e confirma as previsões feitas pela médica, antes de nascer, de que seria uma criança alta. A ultra-sonografia, no oitavo mês de gravidez, mostrou que Marcela tinha os fêmures extremamente longos, lembra sua mãe, a manequim carioca Jackie Sperandio, 26 anos. Jackie não ficou sabendo o sexo da filha antes do parto. Embora seja uma das principais preocupações das futuros mães, o sexo da criança é, segundo os obstetras, o menos importante dos dados que a ultra-sonografia pode fornecer.
Transformado hoje num exame quase de rotina no acompanhamento da gravidez, o ultra-som permite avaliar o desenvolvimento do feto, medindo-se o tamanho da cabeça e do tórax de três em três meses. Permite também determinar a posição da criança e o funcionamento do coração, dos rins e intestinos. "Para dizer a verdade, eu e meu marido não conseguíamos ver nada do que a médica descrevia na tela", conta Jackie, "mas quando vi o coraçãozinho do bebê pulsando dentro da minha barriga foi uma grande emoção." As imagens do ultra-som "são realmente difíceis para um olho não treinado", concorda a médica Liane Braga, do Rio, "porque são imagens do eco de um sinal que parte um objeto que posso colocar em qualquer angulo sobre a pele. É preciso ter uma boa imaginação espacial".
O desenvolvimento do radar e do sonar durante a Segunda Guerra Mundial abriu caminho para o uso do ultra-som com fins diagnósticos em Medicina. Depois, os computadores permitiram um refinamento da imagem obtida. Os modernos aparelhos são capazes de diferenciar a intensidade do eco, tornando possível obter imagens com uma graduação de até vinte tons de cinza, correspondentes a variações na maneira pela qual cada estrutura anatômica reflete o ultrasom.
Os métodos descritas até aqui mostram belas imagens de órgãos e estruturas anatômicas. Mas pouco informam a respeito de como os tecidos estão funcionando-por exemplo, se as reações químicas vitais de cada célula exibem atividade normal, acelerada ou reduzida. A cintilografia (ou cintigrafia) pode fornecer esses dados. O paciente recebe uma injeção ou ingere uma substancia radioativa rapidamente absorvida pelo órgão que se deseja estudar. A substancia-um radioisótopo especifico para cada órgão-possui uma curtíssima meia-vida (tempo que uma substância radioativa leva para ter sua massa reduzida à metade), que vai de apenas seis horas a oito dias. Os radioisótopos liberam radiação gama, captada por uma gamacâmara colocada em contato com o paciente.
Uma tireóide (glândula da região anterior do pescoço que controla o metabolismo), aumentada de tamanho, por exemplo, informa se é hiperativa, hipoativa ou funciona normalmente, dependendo de como vai captar o iodo radioativo. "O grande futuro da cintigrafia", antecipa no Rio o doutor Meguerian, do Hospital dos Servidores do Estado, "virá quando forem criados os anticorpos monoclonais marcados com radioisótopos. Serão como mísseis teleguiados procurando determinada célula; digamos, um certo tipo de tumor cerebral. Injetamos os anticorpos marcados no paciente. Se a cintigrafia acusar uma concentração radioativa -em determinado ponto do cérebro, isso significa que para ali se dirigiram os anticorpos; ou seja, é ali que está o tumor."
O uso médico dos isótopos radioativos foi previsto já nos anos 40 e tornou-se rotina nos serviços de saúde. Na década de 50, alguns hospitais brasileiros usavam um contador Geiger para medir a porcentagem de captação do iodo radioativo pela tireóide. Uma determinada dose da substância era injetada no paciente; depois de certo tempo, o contador Geiger media a concentração na tireóide, permitindo saber de que modo a glândula estava captando o iodo.
Nos laboratórios do curso de pós graduação em Engenharia Biomédica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é comum encontrar o neurologista Antônio Sérgio Resende Ávila sentado diante de um microcomputador. Ele estuda maneiras de transformar o quase caótico traçado de um eletroencefalograma (EEG) numa representação espacial das ondas elétricas produzidas no cérebro, de acordo com a sua localização e freqüência (medida em hertz, ciclos por segundo). Verdadeiros mapas da atividade elétrica do cérebro, as imagens da topografia cerebral tornam mais fácil o diagnóstico dos neurologistas. A técnica, na verdade, não acrescenta novos dados aos fornecidos pelo EEG- apenas os reorganiza.
Ao contrário da tomografia computadorizada, que usa os penetrantes raios X, ou da cintigrafia, que requer a injeção de uma substância radioativa, a topografia cerebral tem a vantagem de ser não-invasiva. Ela apenas monitora, passivamente, as ondas produzidas pelo cérebro. O que mais entusiasma o doutor Sérgio Resende, da IJFRJ, é a possibilidade de que, num futuro próximo, a topografia cerebral venha a ser a base diagnóstica para uma "psiquiatria biológica" como ele diz.
Isto é, desordens como a esquizofrenia ou a psicose seriam diagnosticadas por apresentar certos padrões patológicos - portanto, um método quantitativo, objetivo, em substituição aos atuais métodos subjetivos e qualitativos de diagnóstico. "Bastaria submeter o paciente ao EEG topográfico", antevê Sérgio, "e poderíamos dizer-este é o cérebro de um psicótico." A topografia cerebral procura ordenar as informações obtidas pelo eletroencefalograma de um modo mais compreensível. No lugar de uma longuíssima folha de papel cheia de rabiscos, tem-se a representação de como as ondas cerebrais se distribuem.
Um dos primeiros detalhes a chamar a atenção, quando se entra no Serviço de Imagem por Ressonância Magnética (IRM) do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, é o uso obrigatório de sapatilhas de pano que os médicos chamam de "propé". "Aprendemos a duras penas", explica o doutor João Radvany, responsável ali pelos exames da cabeça e do sistema nervoso central. "O solo de São Paulo é muito rico em ferro, e quando limpamos o aparelho nas primeiras vezes descobrimos que estava cheio de poeira metálica, atraída pelo potente imã do equipamento. Dai passamos a usar os protetores para os pés."
O aparelho de IRM é o mais recente e promissor método de diagnóstico em Medicina, tendo surgido na Inglaterra em 1978. 0 do Einstein, instalado em abril de 1986, é o primeiro no Brasil. Utiliza uma técnica denominada ressonância magnética nuclear (RMN), graças à qual poderosíssimos campos magnéticos podem ser calibrados para excitar átomos de determinado elemento (por exemplo, o hidrogênio, responsável por 70 por cento do peso corporal, na forma de água e gorduras). Excitados, os átomos produzem sinais que, depois de captados e processados pelo computador, formam uma imagem no monitor.
Capaz de fornecer imagens anatomicamente superiores a qualquer outro método, a RMN tem ainda a vantagem de usar apenas imãs poderosos, considerados até o momento inócuos -exceto, é claro, para os relógios, cartões magnetizados, talões de cheques (que possuem código impresso com tinta magnética) e câmaras fotográficas. "Já cansei de ter o meu cartão recusado", conta o médico Laércio Rosemberg, enquanto coordena um exame. "E que a gente se esquece e entra na sala com a carteira." As imagens obtidas pela RMN são impressionantes pela fidelidade anatômica, parecendo cortes reais. Mesmo assim, o médico que as interpreta precisa ter profundos conhecimentos de Física, Fisiologia, Anatomia, Biologia Celular e Patologia. "A tecnologia não dá respostas, fornece apenas subsídios", resume o doutor Radvany. "O médico é quem pode interpretar o que vê e chegar a um diagnóstico."

Endoscopia digestiva: dentro do tubo do endoscópio estão as fibras óticas, que tornam possível ver o interior do aparelho digestivo. É o único método de diagnótico com cores reais, pois trabalha com luz visível. Nos demais exames, a cor é um artifício gerado pelo computador. As imagens aqui mostram aspectos anatômicos do interior do estômago, extamente como seriam vistos numa cirurgia.

Ressonância magnética nuclear: dentro do aparelho, o paciente e submetido a um forte campo magnético, produzido por uma bobina resfriada com hélio líquido para ter propriedades supercondutoras Isso faz com que os prótons dos átomos de hidrogênio do corpo fiquem todos alinhados, como agulhas de bússolas. Nesse momento, um segundo campo magnético, transversal ao primeiro, força-os a mudar de orientação Este segundo campo é então desligado e os prótons voltam à posição original, emitindo sinais eletromagnéticos captados pelo aparelho. Realizados os cálculos pelo computador, a imagem aparece num monitor, onde o médico pode pedir os cortes que deseja ou especificar um programa para ressaltar determinada estrutura.


Cintilografia: o paciente tem seus rins examinados. A substância radioativa que se concentrou nos rins emite radiação gama, captada pelo aparelho, uma câmara de cintilação, ou gamacâmara. Um computador processa as informações e exibe a imagem na tela. As cores indicam a concentração de substância radioativa dentro dos tecidos.


Topografia cerebral: o neurologista vê na tela de um microcomputador como as informações de um eletroencefalograma podem ser transformadas num mapa, de acordo com a distribuição das ondas elétricas cerebrais.


Ultra-sonografia: a médica coloca o transdutor em posição para examinar o baço do paciente. Criado a partir do sonar, o ultra-som usa ondas mecânicas - as ondas sonoras - cuja freqüência está muito acima do limite de 20 mil hertz (ciclos por segundo) da nossa audição. O transdutor emite, intermitentemente, ondas de milhões de ciclos por segundso (megahertz). A diferença de densidade dos tecidos produz os ecos captados pelo transdutor. computador os transforma em imagens.




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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Lições de 3 mil anos - Múmias

LIÇÕES DE 3 MIL ANOS - Múmias



Com modernos equipamentos, pesquisadores desvendam os mais bem guardados segredos das múmias egípcias. Isso pode levar até à criação de novos remédios.

O paciente - um anônimo cidadão egípcio de 40 anos de idade-passou por uma batelada de exames ultramodernos, sob os cuidados de uma equipe de cientistas franceses de várias especialidades. Mas o resultado lhe será inacessível para sempre: afinal, ele morreu há mais de 3 mil anos. Na verdade, são os cientistas que esperam ser auxiliados por esse egípcio, nascido em Tebas, cuja múmia repousava no Museu Guimet, em Lyon, sul da França. Submetida a pesquisas com instrumentos como o tomógrafo computadorizado, ela pode fornecer respostas a velhas dúvidas de historiadores e antropólogos que se dedicam a esmiuçar a civilização do Antigo Egito. Ao mesmo tempo e na outra ponta da ciência, a autópsia de múmias revela novas substâncias para a fabricação de remédios, ajuda a entender o desenvolvimento de certas doenças e ainda pode dar uma contribuição aos estudos sobre a evolução da vida.
O fascínio exercido pelas múmias é antigo. A palavra vem do persa mumiyya, cadáver embalsamado. Mas só recentemente se começou a usar o que há de melhor em instrumentos técnicos nas autópsias-anteriormente feitas com microscópios comuns ou, no máximo, com raios X-a fim de obter informações do passado capazes de ser úteis no futuro.
Não se trata de retórica: os cientistas que examinaram a múmia de Tebas, impressionados com a ausência de fungos e bactérias nas bandagens que envolviam o corpo, desconfiam que os egípcios conheciam as propriedades antibióticos naturais das plantas que os químicos modernos ainda ignoram.
Uma análise da resina existente nas bandagens permitiu confirmar a presença de duas substâncias: betume e ládano. Há muito tempo se suspeitava da presença do betume, cor de piche, por causa do habitual tom bronzeado-escuro das múmias. Mas o ládano foi uma surpresa, além de fornecer uma indicação para os historiadores: planta típica do Oriente Médio e da Grécia-até citada na Bíblia - o fato de ser ingrediente dos ungüentos das múmias prova que os egípcios já comerciavam com essas regiões, alguns milhares de anos antes de Cristo.
Essas revelações não excluem que existam outros componentes ainda não identificados nas resinas. Afinal, nada se sabe com segurança sobre como era feita a mumificação-um segredo guardado a setenta chaves pelos sacerdotes embalsamadores, que acreditavam estar repetindo os cuidados ministrados ao deus egípcio dos mortos, Osiris, para garantir-lhe a ressurreição. Há séculos levantam-se hipóteses sobre os componentes dos bálsamos e suas proporções corretas. O estudo da múmia de Tebas com o auxilio do computador deve continuar até elucidar a fórmula. "Chegaremos a novos tratamentos com as plantas utilizadas pelos egípcios", prevê Patrick Josset, chefe da equipe francesa. "O que é bom para as múmias poderá ser bom também para os seres vivos."
Os próprios egípcios talvez ignorassem que os bálsamos empregados na conservação dos mortos pudessem ter alguma utilidade em suas vidas. A prova disso, segundo as pesquisas mais recentes, é que a maioria dos egípcios mumificados deve ter morrido de doenças infecciosas agudas, para as quais não havia tratamento na época-o homem de Tebas, por exemplo, apresenta lesões nos pulmões, sinal de que provavelmente morreu de broncopneumonia.
O que mais chamou a atenção dos franceses que examinaram a múmia, porém, foi um vaso em seu interior contendo pele humana e pelos fingidos em tom avermelhado. Sabe-se que, no processo de embalsamamento, os egípcios costumavam retirar todas as vísceras do cadáver, para tratá-las separadamente e guardá-las em vasos, dentro das múmias. Mas guardar pele humana num desses vasos não era costume, ao que se saiba. Isso faz os estudiosos do Antigo Egito pensarem na hipótese de algum ritual especial.
Os egípcios também costumavam rechear as múmias com panos, a fim de manter as formas naturais do corpo. Também nesse ponto a múmia do Museu de Lyon reservava uma surpresa: um dos panos nela guardados era simplesmente uma vela de barco. Segundo os restauradores que participaram da autópsia, a vela data de 3700 anos atrás. O cidadão de Tebas, por sinal, devia ter boa saúde: não há na múmia vestígios de doenças crônicas ou tumores. Os cientistas acreditam que os egípcios, em geral, eram saudáveis, e o motivo, uma alimentação equilibrada, com pouco açúcar: é raro encontrar uma múmia com marcas de cárie nos dentes.
Ter noção da saúde de pessoas que viveram há milhares de anos a partir de um único exame só é possível com a tomografia computadorizada. Graças a ela, pode-se avaliar tamanhos e distancias dentro de um organismo, por exemplo. O estudo de múmias com raios X tinha uma grande limitação: por apenas distinguir com nitidez estruturas mais compactas, como ossos, requeria que todas as bandagens fossem retiradas. Isso motivava toda sorte de protestos dos egiptólogos, para quem se deve manter as múmias o mais possível intactas, em obediência ao mandamento "olhar, sim; mexer, não".
Além disso, perto da tomografia, outros exames são incompletos: cientistas americanos notaram na chapa de raio X de um sacerdote egípcio, cuja múmia data de 700 a.C., que ele tinha uma deformação na bacia. A gravidade do problema só foi avaliada quando o computador mediu as distancias entre os ossos e chegou ao diagnóstico de que, na adolescência, o sacerdote era tão obeso a ponto de forçar os ossos da bacia, que antes dos 20 anos ainda não estão unidos. Com isso, a perna esquerda ficou mais curta e com certeza ele só conseguia andar com auxílio de bengala.
Problemas ortopédicos, aliás, devem ter sido comuns no Antigo Egito. Durante muito tempo, antropólogos se perguntavam por que as mulheres egípcias morriam bem mais jovens do que os homens. Só recentemente cientistas italianos descobriram que muitas delas morriam ao dar à luz, por terem os ossos da bacia incrivelmente estreitos. A razão dessa anomalia anatômica é desconhecida. Há três anos, cientistas suecos conseguiram fazer, pela primeira vez, a clonagem (cópia feita de organismos vivos) do DNA de uma criança de 1 ano, embalsamada há mais de 24 séculos. Isso foi possível porque, no caso dessa múmia, embora as células tivessem perdido suas membranas protetores, o DNA estava quase intacto.
Desde então, cientistas do mundo inteiro tentam experiências semelhantes. Mas o que será que se pode descobrir a partir de uma simples molécula de alguém que morreu há séculos? Os cientistas buscam três objetivos. Um deles é aprimorar a técnica para encontrar fragmentos de DNA em corpos mumificador de criaturas que morreram muito antes dos antigos egípcios: cientistas americanos descobriram fragmentos de DNA em um mamute que viveu há mais de 40 mil anos. Se fizerem clones desse DNA, poderão aprender lições valiosos sobre a evolução da vida comparando as cópias das moléculas do mamute com moléculas de animais dos tempos atuais.
Outro objetivo é encontrar nas múmias egípcias fragmentos de DNA de vírus e assim estudar o seu desenvolvimento e o das doenças que provocam. Mais especificamente, os cientistas buscam fragmentos do papilomavírus nos sinais de verrugas das múmias; caso consigam clonar tais vírus, talvez possam esclarecer se na sua evolução o papiloma poderia mesmo ter vindo a causar câncer de pele, como se desconfia. Finalmente, o estudo das moléculas de múmias poderá ajudar também os antropólogos que pesquisam o Antigo Egito, esclarecendo graus de parentesco entre faraós e sacerdotes, descobrindo pelas informações genéticas quem foi quem de fato nas elites dirigentes egípcias.
Descobrir a identidade de uma múmia é sempre fascinante-e às vezes um serviço muito demorado. Até o ano passado, não se tinha conseguido definir o sexo de uma múmia, encontrada no chamado Vale dos Reis, em Luxor, no longínquo ano de 1907. Então, odontologistas americanos resolveram aplicar na múmia uma técnica que vem sendo utilizada experimentalmente em crianças pequenas, para prevenir problemas de prognatismo (dentes salientes). Trata-se de examinar as chapas de raios X por um computador que mede cada osso da face, fazendo comparações e prevendo seu crescimento. O computador apontou tantas semelhanças entre o crânio da múmia de sexo incerto e não sabido e o crânio do faraó Tutankhamon, morto aproximadamente em 1346 a.C., que os cientistas puderam finalmente resolver o enigma: era Smenkhare, meio-irmão de Tutankhamon.
Exames semelhantes foram feitos também nos Estados Unidos, com a múmia de uma jovem egípcia, que morreu em 950 a.C., chamada Tabes. Quem visita seu esquife, no Egito, fica impressionado com a beleza do seu retrato. Segundo os cientistas, Tabes queria, mas nunca teve, o rosto de traços harmônicos mostrado na pintura que, certamente, como era hábito, foi feita por encomenda quando a jovem ainda era viva. As análises revelaram que Tabes, além de ter um nariz imenso, era tão prognata, tanto na dentição inferior como na superior, que não conseguia nem fechar a boca. Esse era o segredo da múmia, disfarçado pelo retrato mentiroso.

A maldição era um fungo
Guiado por um xeque, o viajante inglês Richard Pococke, em 1743, foi o primeiro a chamar a atenção da Europa para uma região conhecida como Vale dos Reis, a oeste de Tebas, no Egito. Ele tinha avistado catorze dos sessenta túmulos existentes no Vale, mas não sabia que todos os faraós e nobres mortos entre 1567 e 1085 a.C. estavam ali enterrados. Na época de Pococke, era impossível explorar o local: todos os que se aproximavam eram expulsos por quadrilhas de ladrões que habitavam as colinas. Talvez a primeira grande descoberta tenha ocorrido em 1881, quando o subdiretor do Museu do Cairo, Emile Brugsch, seguindo a pista de um ladrão, encontrou num poço nada menos de 31 caixões e 24 múmias -entre elas, a do faraó Ramsés II (reinou de 1304 a 1237 a.C.).
A maioria dos túmulos havia sido saqueada por ladrões. No inicio deste século, aparentemente tudo o que restava de valor já estava exposto em museus. talvez por isso a descoberta mais empolgante tenha sido a múmia do faraó Tutankhamon (reinou de 1361 a 1352 a.C.), no dia 4 de abril de 1923. Foi a consagracão do arqueólogo inglês Howard Carter, que levou 23 anos procurando o túmulo. Mas, como Lord Carnavon, o milionário que financiara essa busca, morreu repentinamente um mês depois da descoberta, surgiu a lenda de sua maldição, mesmo porque no túmulo havia a inscrição: "A morte tocará com suas asas aquele que desrespeitar o faraó".
Para reforçar essa crença, nos meses seguintes outros 25 membros da expedição inglesa morreram em condições misteriosas. Só há três anos, médicos franceses conseguiram explicar essas mortes: os pesquisadores que entraram na tumba do faraó respiraram um ar impregnado de fungos. Isso causou uma reação alérgica de insuficiência respiratória, que acabou matando-os por asfixia.




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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Clima do outro mundo

CLIMAS DO OUTRO MUNDO



Um consolo para quem se queixa de que na Terra chove demais ou de menos, ou faz calor demais ou de menos: nos outros planetas, o tempo é muito pior.

Prever se na Terra vai chover ou fazer sol é difícil - os erros que a Metereologia comete todos os dias estão aí para provar. Mas isso não é nada perto do quebra-cabeça que é a tentativa de deduzir temperatura, velocidade dos ventos, tempestades - enfim, o clima dos outros oito planetas do sistema solar. Mesmo com auxílio de cálculos complexos, observações através de potentíssimos telescópios e radiotelescópios , sem falar nos satélites e sondas espaciais, dá para perceber os problemas enfrentados pelos astrônomos para conhecer o clima de outros mundos. As dificuldades começam na atmosfera dos planetas. Mercúrio, o menor de todos e o mais próximo do Sol, por exemplo, nem mesmo atmosfera tem, devido à sua própria força gravitacional, que é baixíssima . Por isso, sem a proteção de nuvens ou correntes de vento, o planeta está diretamente exposto à radiação solar. Durante o interminável dia de Mercúrio, que dura nada menos que 58 dias e 5 horas terrestres, o calor pode chegar a 430 graus centígrados, para cair a 170 graus negativos quando o Sol se põe.
Seria lógico supor que esse planeta, por ser o mais próximo do Sol , fosse também o mais quente. Mas isso não acontece. Embora duas vezes mais longe do Sol do que Mercúrio, o recordista de altas temperaturas é Vênus , com 500 graus no seu lado iluminado. Vários veículos espaciais soviéticos e americanos já tentaram entrar na densa atmosfera de Vênus. O máximo que dois deles conseguiram foi funcionar por uma hora na superfície. A pressão em Vênus é 90 vezes a da atmosfera terrestre. Além disso, a atmosfera venusiana é composta de 96 por cento de dióxido de carbono. Esse indigesto gás permite a passagem da luz, mas não a do calor. Ao atingir o solo de Vênus, a luz se transforma parcialmente em calor, que não consegue sair do planeta, tornando a superfície muito quente. É o chamado efeito estufa - que aqui na Terra resulta do aumento da poluição.
Para completar esse clima nada agradável, descobriu-se que Vênus está rodeado também por uma eterna neblina formada por gotinhas de ácido sulfúrico concentrado. O dióxido de enxofre (SO2) que circula acima das nuvens é transformado pela luz ultravioleta do Sol e recombinado com o vapor de água da atmosfera para formar o ácido. Este, ao atingir altitudes menores, se transforma novamente em SO2 e água. É por isso que, embora sempre chova ácido sulfúrico no planeta, nenhuma gota chega a atingir o chão. Em Vênus, os relâmpagos são tão constantes e de tamanha intensidade que a superfície parece quase sempre iluminada, mesmo quando a luz do Sol não está presente. O dia venusiano dura 243 dias terrestres, devido à sua rotação lenta. Por causa do dióxido de carbono, o céu visto de Vênus é cor-de-rosa.
Comparado com o de Vênus, o clima de Marte é bem mais ameno. Como acontece com a Terra, seu eixo de rotação está ligeiramente inclinado enquanto se dá o movimento de translação em torno do Sol. Isso significa estações diferenciadas. As temperaturas, que no verão marciano podem ultrapassar a barreira de zero grau centígrado, no inverno chegam a 140 graus negativos. Como sua atmosfera também é composta principalmente de dióxido de carbono, os cientistas chegaram a levantar a hipótese de que em Marte ocorre o mesmo efeito estufa de Vênus. Mas logo verificaram que, como sua densidade é muito menor, o dióxido de carbono apenas retém o calor parcialmente refletido pela superfície do planeta, sem influir no nível da temperatura.
Em compensação, o planeta vermeIho exibe outros fenômenos climáticos curiosos. Por exemplo, nele pode até nevar. No inverno, quando o vento sopra levemente sobre a superfície, levanta pequenos grãos de areia que se misturam ao dióxido de carbono condensado e caem como se fossem flocos de gelo seco. O vento pode causar eventos dramáticos. Ao alcançar velocidades de mais de 200 quilômetros por hora, desencadeia imensas tempestades de areia que chegam a esconder parcialmente durante meses a superfície do planeta.
Nos chamados planetas exteriores, de Júpiter a Plutão, o clima é ainda mais peculiar. Por causa da massa, Júpiter e Saturno são quase estrelas. Se fossem mais maciços, teriam reações termonucleares e começariam a brilhar com luz própria. Mesmo não sendo, suas temperaturas interiores são tão elevadas que liberam duas vezes mais calor do que recebem diretamente do Sol. Mas nas agitadas camadas superiores da atmosfera desses planetas predominam temperaturas de 150 a 180 graus abaixo de zero. Quanto maior a proximidade do centro, mais aumentam as temperaturas.
Em Júpiter, o calor alcança fantásticos 400 milhões de graus, 10 vezes mais que no interior do Sol. Só que um imaginário explorador de Júpiter não teria tempo de perceber essas realidades climáticas. A imensa força gravitacional do planeta o esmagaria contra o solo, isto é, se existir solo. Pois Júpiter, abaixo da imensa atmosfera carregada de nuvens e tempestades, é um oceano de hidrogênio líquido que envolve um núcleo de hidrogênio sólido metálico. Nas proximidades de seu interior, as pressões são descomunais: cerca de 3 milhões de vezes a pressão atmosférica na superfície da Terra. Bem no centro de Júpiter-especulam os astrônomos -deve haver uma massa informe de rocha e ferro escondida embaixo do metal sólido.
Como é de esperar, a atmosfera de Júpiter também é composta principalmente de hidrogênio. Ventos de mais de 500 quilômetros por hora provocam turbulências eternas sobre a superfície. Para formar uma idéia, um tufão devastador na Terra é o resultado de ventos de mais de 90 quilômetros por hora. A chamada Mancha Vermelha do planeta, que se avista ao telescópio, é um furacão de hidrogênio de 40 mil quilômetros de extensão que rodopia há pelo menos três centenas de anos. Demora seis dias terrestres-ou dois dias e cinco horas jupiterianos-para que as massas gasosas que fazem parte da atmosfera do planeta contornem o furacão.
Da mesma forma que Júpiter, Saturno é de meteorologia instável- basicamente uma bola de gás em torno de um núcleo metálico. Ao estudar as nuvens que fazem parte de sua atmosfera, composta de hélio e hidrogênio, os cientistas descobriram ventos de até 1 400 quilômetros horários. Esses ventos, por sua vez, provocam violentas tempestades magnéticas, com relâmpagos e tudo.
Em agosto de 1981, a nave Voyager 2 descobriu uma nuvem de gases em torno do planeta, muitas vezes mais quentes que as camadas externas do Sol. A maior parte das informações sobre Júpiter e Saturno foram coletadas pelas sondas Voyager 1 e 2 , que passaram a milhares de quilômetros dos dois planetas.
Foram elas que mostraram, por exemplo, que os famosos anéis de Saturno são, na verdade, um labirinto de círculos concêntricos de fragmentos, provavelmente de gelo e rochas. A NASA pretendia que a sonda Galileu, cujo lançamento estava programado para este ano, transportasse aparelhos de medição para serem jogados de pára-quedas sobre Júpiter. A experiência foi adiada para 1995, quando se espera que a missão seja retomada, depois da interrupção do programa espacial americano devido ao desastre da Challenger.
Sobre o clima de Urano se sabe muito pouco. Nas altas camadas da atmosfera, composta por um coquetel de gases, como hidrogênio, metano, amoníaco, hélio e talvez ainda vapor de água, as temperaturas chegam a 200 graus abaixo de zero. Em janeiro de 1986, a Voyager 2 mandou para a Terra cerca de 6 mil fotografias desse terceiro maior planeta do sistema solar e sétimo em distância do Sol. A maioria delas mostra claramente seus satélites sem atmosfera, mas as imagens do próprio Urano não dizem muita coisa. Sua atmosfera, percorrida por ventos às vezes violentos, é coberta por nuvens verde-azuladas. Essa cor se explica provavelmente pelas alterações que o metano sofre em presença da radiação solar.
Aparentemente, o calor do Sol tem pouca influência sobre o clima de Urano. O planeta leva 84 anos terrestres para circular em volta do astro. Esse movimento é executado de lado, de tal forma que um dos pólos fica exposto diretamente à luz solar durante 42 anos, enquanto o outro permanece na sombra. Ou seja, o que é o equador na Terra em Urano é um pólo. Mas não existem diferenças significativas de temperatura entre as diversas regiões do planeta. No dia 25 de agosto de 1989, a sonda Voyager 2, lançada em 1977, estará enviando à Terra suas mais importantes observações sobre Netuno . O planeta está tão longe que é impossível ver qualquer coisa debaixo da camada de nuvens que o rodeia.
Tudo o que se diz de Netuno são apenas suposições. Entre 1975 e 1976, por exemplo, houve uma mudança na radiação emitida pelo planeta, captada na faixa do infravermelho do espectro de luz. Isso indica mudanças climáticas associadas à movimentacão de nuvens. Acredita-se que Netuno seja parecido com Urano, isto é, coberto por uma camada de hidrogênio e hélio. Além disso, como Urano, Netuno tem cor esverdeada, provavelmente também devido à absorção de luz vermelha pelo gás metano contido em sua atmosfera.
O mais remoto dos planetas conhecidos do sistema solar, Plutão é também o mais misterioso. Só recentemente se comprovou que possui uma atmosfera, que compartilha com o seu satélite Caronte. A temperatura máxima do planeta não vai além de cerca de 200 graus negativos. É quando os raios do Sol provocam a evaporação da neve de metano que recobre sua superfície, criando uma camada atmosférica muito fina. As moléculas de metano se aceleram a uma velocidade supersônica e atravessam a distância de 19 mil quilômetros que separa Plutão e Caronte (a distância entre a Terra e a Lua é vinte vezes maior). Isso cria a nuvem de metano que envolve os dois astros. Quando eles se afastam do Sol, em sua órbita alongada, a atmosfera volta a congelar-se, caindo como neve na superfície escura do planeta.
Em nenhum planeta existem condições climáticas confortáveis para os habitantes da Terra. O homem não suporta o calor e o frio extremos de Mercúrio, nem pode respirar o venenoso ar de Marte e Vênus, onde, além do mais, a atmosfera é muito ácida e densa. Todos os outros planetas são terrivelmente inóspitos, não só pela atmosfera mortal mas também pela incrível gravidade, no caso dos planetas gigantes, e pelo frio insuportável. Quanto mais afastado do Sol mais gelado e monótono é o clima de um planeta. Assim, mesmo quando a Voyager 2 passar perto de Netuno e Plutão, não se deve esperar que emita boletins meteorológicos espetaculares. Sob tais climas, é virtualmente impossível que haja vida em qualquer desses planetas-ao menos, vida como é conhecida aqui na Terra.




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sábado, 17 de dezembro de 2011

O Livro da Vida, Edição Integral - Genoma

O LIVRO DA VIDA, EDIÇÃO INTEGRAL - Genoma



É uma revolução: a ciência quer decifrar o genoma - a enciclopédia que registra em código toda hereditariedade do homem. Serão quinze anos de trabalho e uma conta de 3 bilhões de dólares. O alvo são mais de 3 mil doenças genéticas.

No começo, a idéia tinha um tom quixotesco. Uma turma de cinqüenta biólogos, reunidos em março de 1986 no Laboratório Nacional de Los Alamos, famoso por ter sido palco do desenvolvimento da bomba A americana, discutiam uma empreitada fora do comum, tanto que um dos presentes a comparou à saga dos cavaleiros da Távola Redonda em busca do cálice de Cristo. "Decifrar o genoma humano vai ser o Santo Graal da Genética" ousou, entusiasmado o biólogo norte-americano Walter Gilbert, prêmio Nobel de Química de 1980, para uma platéia entre cética e espantada. Para começar, mesmo os geneticistas evitavam usar a palavra genoma, pois designa algo amplo demais - o patrimônio completo da herança genética de um ser vivo.
Mas, ao fim da reunião de Los Alamos, não só a palavra acabava de ser entronizada, como a proposta de Gilbert tinha seduzido seus colegas. Nascia, em suma, um dos mais audaciosos projetos de investigação científica já imaginados pelo homem - desvendar, um a um, todos os segredos da hereditariedade e do código genético humano. Três meses depois, em outra reunião, Gilbert rabiscou no quadro-negro a cifra que daria ao projeto uma dimensão histórica: 3 bilhões de dólares, a serem gastos ao longo de quinze anos. A partir de então, a idéia passou a conquistar adeptos entre cientistas e leigos, todos de olho no fruto dourado que ela promete - revolucionar a Medicina, descobrindo a origem e talvez a cura das mais de 3 mil doenças hereditárias que afligem a humanidade.
Numa escalada sem precedentes na história da ciência, pouco menos de dois anos depois de lançado, o Projeto Genoma entrou na reta final para obter o apoio financeiro do governo dos Estados Unidos. E, em fevereiro último, foi oficialmente apoiado pela Associação Americana para o Progresso da Ciência (equivalente à SBPC brasileira). Trata-se de um avanço portentoso para um ramo do conhecimento com apenas um século de existência. De fato, faz pouco mais de cem anos que o abade austríaco Gregor Mendel (1822-1884) lançou as bases da Genética. Foi somente em 1944 que se descobriu o lugar onde se escondia, nas células, a molécula portadora das regras da hereditariedade.
Mais recentemente ainda, em 1953, os americanos James Watson e Francis Crick descobriram enfim a estrutura dessa prodigiosa molécula que faz passar, de geração em geração, todos os segredos da vida. Batizada de DNA, ácido desoxirribonucléico, ela comanda tudo: faz uma única célula de um embrião transformar-se nos 40 trilhões de células de um humano adulto e cumpre centenas de milhares de outras tarefas como determinar cada característica de um ser vivo. Ostenta a condição de mais longa molécula do corpo humano: completamente desenrolada alcança quase 1,80 m. Mas, aninhada no núcleo de uma célula, é discreta: ocupa o modestíssimo espaço de 6 milionésimos de metro.
Chamar o genoma de livro da vida, como fazem os cientistas, é mais que uma analogia. De fato, interpretar o que contém a molécula de DNA é um trabalho semelhante ao de organizar uma enciclopédia com todos os seus volumes, capítulos, verbetes (com as respectivas sentenças, palavras e sinais de pontuação). Os 23 pares de cromossomos armazenados no núcleo das células representariam os volumes da coleção, com os membros de um par trazendo informações mais ou menos correlatas. O par XX ou XY, por exemplo, tem a ver com a determinação do sexo. Se os cromossomos são os volumes, os capítulos em que se dividem são os genes - aproximadamente 100 mil ao todo, carregando as receitas para a fabricação das proteínas necessárias a coisas tão variadas como a nutrição das células ou a constituição dos músculos ou ainda as defesas contra as infecções.
O alfabeto que a natureza usa para escrever essas mensagens químicas é de uma simplicidade espantosa. Tem apenas quatro letras, chamadas bases, que andam sempre aos pares e têm os nomes de adenina (A), tinida (T), citosina (C) e guanina (G). A base A só faz par com a T, assim como C com G. Também o modo de escrever nessa curiosa língua é peculiar: na verdade, o livro inteiro da vida tem apenas uma única e compridíssima linha que lembra uma dupla espiral ou uma escada retorcida. Cada degrau é formado por um par de bases. Uma seqüência de três degraus forma uma palavra - o tripleto, na linguagem dos cientistas. Todas as palavras tem o mesmo tamanho. O vocabulário que essas palavras formam também é restrito - apenas 20 significados, cada qual correspondendo a um aminoácido, as substâncias básicas da vida que chegam às células via alimentos.
Os aminoácidos se juntam numa seqüência vigorosamente determinada pelos genes e assim constituem as proteínas que, por sua vez, constróem os tecidos, músculos, nervos, ossos - enfim, todo o organismo e todas as substâncias de que ele necessita. Ora, como 4 letras combinadas 3 a 3 produzem 64 possíveis resultados e como apenas 20 dessas palavras bastam para codificar aminoácidos, o que acontece com os 44 restantes?
A ciência ainda não tem uma resposta absolutamente segura para isso. Mas. ao que tudo indica. muitas dessas são apenas sinônimos, ou seja, codificam o mesmo aminoácido. Outras não codificam coisa alguma - aparentemente funcionam como uma espécie de ponto final. Quando aparecem, é sinal de que o gene já acabou de fornecer a seqüência completa de uma proteína, liderando a maquinaria celular para outras atividades. Como se não bastasse toda essa semelhança, algumas combinações de palavras genéticas agem como advérbios, regulando a intensidade da ação de outros genes. Em todo caso a gramática do livro da vida só poderá ser plenamente entendida quando todas as seqüências dos pares de bases formados pelas substâncias A, T, C e G - que constituem o genoma - forem identificadas e postas na ordem certa.
Compreende-se o custo e a duração do Projeto Genoma: o número de bases a seqüenciar é da ordem de 3 bilhões. Para se ter idéia da enormidade da tarefa, a mais comum e mais estudada das bactérias, a Escherichia coli, que habita o intestino humano, com menos de 2 mil genes, até hoje não teve seu DNA completamente decifrado. No caso da espécie humana, só se conseguiu por enquanto seqüenciar, isto é, saber letra por letra, apenas 1 por cento dos genes. O Projeto Genoma parte da premissa de que será possível completar esse seqüenciamento em quinze anos, usando máquinas automáticas. Numa segunda fase deverão entrar em cena sistemas avançados de computação para interpretar os resultados do seqüenciamento.
Isso porque dos aproximadamente 3 bilhões de bases do genoma apenas 5 por cento parecem comprometidos com a síntese de proteína. Os 95 por cento restantes, segundo os cientistas, formam uma espécie de genes obsoletos ou são simplesmente mensagens sem sentido - algo como ruídos de estática numa transmissão de rádio. Para ajudar a resolver esse problema, até a CIA, o serviço de espionagem americano, deu sua contribuição. Modelos de uma futuro máquina de seqüenciamento vão usar um chip projetado originalmente para separar automaticamente informações valiosos nos milhares de hora de sinais de rádio soviéticos gravado pela CIA. Esse chip supersecreto vai garimpar no genoma os 5 por cento de palavras que interessam de fato aos cientistas.
O certo é que a ciência e talvez o mundo não serão mais os mesmos depois do seqüenciamento completo do genoma. Desde já, aliás, tem-se uma formidável amostra do que poderá ser esse futuro nas proezas da engenharia genética, a manipulação de genes para a produção de substâncias como a insulina, ou para defender plantações de pragas ou ainda - a grande meta - para cortar pela raiz o mal das doenças hereditárias. Nessa área, as técnicas e instrumentos são tão fora do convencional como o chip da CIA. Para começar, quando um pesquisador fala num banco ou livraria de genes não está se referindo a algo impresso.
Aqui, as bibliotecas são coisas vivas. Tome-se, por exemplo, colônias de Charon - 21, um vírus que não transmite doenças. De posse delas, o geneticista recorre à engenharia genética cara abrigar dentro do seu código genético trechos do código humano. Ou seja, abre o DNA do vírus e nele emenda um pedaço do DNA humano. Resultado: o vírus passa a produzir as mesmas substâncias que tais genes fariam produzir numa célula humana. A ferramenta básica nesse trabalho, como à tesoura para o alfaiate, são as enzimas de restrição, as famosas laminas químicas que cortam o microscópico DNA em pontos exatos que não poderiam ser alcançados nem pelo mais fino bisturi.
As enzimas foram descobertas quase por acaso. Os cientistas notaram que certas bactérias conseguiam safar-se de infecções liderando série de elementos que matavam imediatamente o vírus. Ao fazer a autópsia desses vírus, descobriram que seus DNAs estavam completamente picotados.
Atualmente, já foram identificadas perto de cem dessas enzimas, cada uma cortando o DNA num lagar certo. Outra ferramenta indispensável são as sondas, fragmentos de DNA correspondentes a um trecho de um cromossomo, que podem ser inseridos em vírus de Charon - 21. O cientista não sabe que material genético humano os vírus têm armazenado em seus DNAs. Supõe-se, por hipótese, que esse material venha do cromossomo Y, que define, entre outras coisas o sexo masculino.
Nesse cromossomo, porém, estão muitas seqüências silenciosas. O trabalho do geneticista, então, é localizar o gene que interessa dentro do cromossomo e descobrir para que ele serve. Pois - e isso é importante - , mesmo quando ficar pronto o seqüenciamento do genoma humano, não se saberá automaticamente qual o gene que codifica a proteína responsável, digamos, pela cor dos olhos ou por determinada doença.
Em outras palavras, o livro da vida não vem acompanhado de algo parecido à pedra de Roseta, a partir da qual foi possível decifrar os hieroglifos do antigo Egito. Com métodos químicos, o geneticista abre em dois a espiral do DNA do vírus, um trecho do qual é igual ao humano.
E como serrar uma escada no sentido longitudinal no meio de cada degrau. Depois, faz-se o mesmo com o DNA do cromossomo Y de uma pessoa que tem alguma doença genética. As duas metades - a do vírus, com um trecho do DNA humano, e a do doente - vão-se encaixar como peças complementares de um jogo de dominó. Se a sonda não grudar em lugar algum do cromossomo, é sinal de que a pessoa não tem esse gene. Ora, como o geneticista conhece os sintomas - da doença, pode afirmar que a sonda inserida no vírus Charon - 21, que não grudou no cromossomo do doente, é o gene que falta - e sua ausência provoca a doença detectada no paciente.
O geneticista pode assim mapear o cromossomo, indicando onde fica o gene ausente responsável pela doença. Em seguida, ele analisa a proteína produzida pelo trecho do DNA humano inserido no vírus. A reposição dessa substância impedirá que a moléstia se manifeste. No futuro, especula-se, será possível fazer algo mais sensacional ainda: mudar as próprias proteínas. Hoje, a engenharia genética permite implantar numa bactéria, por exemplo, o gene que codifica a proteína responsável pela produção de insulina. Amanhã, o que se pode chamar de engenharia de proteína permitirá criar a proteína da insulina. É fácil perceber as conseqüências revolucionárias da existência de proteínas sob medida: basta lembrar que quase todas as substâncias produzidas pelas células vivas são proteínas e são elas que controlam quase todas as funções biológicas.
A nova Medicina não vai mais diagnosticar os males pelos órgãos nos quais se exprimem, mas diretamente o - na bagagem hereditária das pessoas. - Um exame pré-natal, por exemplo - revela que a criança é portadora de fernilcetonúria, defeito no gene que produz uma proteína encarregada de metabolizar o aminoácido fenilalanina. Quando a doença se manifesta, é tarde demais: a criança fica retardada. - "No caso da detecção precoce, examinando-se por meio de técnicas químicas o material colhido no liquido amniótico da gestante, uma dieta especial, sem aquele aminoácido, nos primeiros anos de vida da criança, salvará sua vida", explica a biomédica Marilia Cardoso Smith, da Escola Paulista de Medicina. "O segredo é tratar do paciente antes que a doença se manifeste."
No Brasil, onde se pode contar nos dedos o número de especialistas dedicados ao estudo dos genes humanos e onde eles às vezes precisam esperar uma eternidade pelo material de pesquisa importado, ainda se está relativamente longe dos milagres que talvez sejam banais depois da decifração do genoma. Marília Smith e sua equipe, por exemplo, não contam com instrumentos mais sofisticados do que um microscópio ótico. Mesmo assim, já trabalham na ante-sala do futuro, salvando vidas. Dentro de algumas décadas, suas técnicas vão parecer coisa de museu. Afinal, o genoma decodificado será então um banco de dados acessível a todos os centros de pesquisa e investigação.
Consultando a enciclopédia do genoma humano, o médico localizará o gene defeituoso de um paciente. Uma cópia perfeita desse gene, tirada de uma pessoa saudável, será introduzida num vírus inócuo, que passará a sintetizar a proteína ou o hormônio que falta ao doente. Amo e senhor de seu próprio genoma, o homem dará um salto inimaginável - se souber fazer uso desse segredo que a natureza guarda tão zelosamente.

A célula é como uma cidade que guarda numa biblioteca uma grande enciclopédia de 46 volumes: os 23 pares de cromossomos.

Cada cromossomo é um livro com milhares de páginas onde estão todas as informações genéticas do organismo humano.

Cada gene é um capítulo que ensina como sintetizar as proteínas (a cor da pele, por exemplo, é resultado da presença ou não da melanina).

Cada tripleto é uma palavra que especifica um aminoácido, ou a parada de uma reação química ou o início de outro processo.

Cada nucleotídeo é uma letra com que se descreve tudo o que é vivo.

Como funciona o seqüenciador

Com as técnicas atuais, uma equipe de mil cientistas levaria quase um século para identificar todos os 3 bilhões de bases do genoma humano. Mas já existe um equipamento capaz de fazer em apenas três dias o trabalho que um técnico faria em um ano. É o seqüenciador, uma aparelho de 100 mil dólares desenvolvido pelo bioquímico Leroy Hood, da Califórnia. O seqüenciador funciona como um híbrido de picotador de papel com olho eletrônico usado em corrida de cavalos. Primeiro, o fragmento de DNA cuja seqüência se quer descobrir é copiado milhares de vezes. As cópias são divididas em quatro grupos e a cada um se adiciona uma enzima de restrição - a tesoura química que corta o DNA em lugares específicos Formam-se então quatro tipos de sopas químicas de letras, cada uma terminada numa das bases A,G,C e T.
O passo seguinte é tingir essas sopas com um corante fluorescente diferente. As sopas, a seguir, são depositadas na ponta de uma placa de vidro coberta com uma emulsão neutra. A placa é uma espécie de pista de corrida para as moléculas pois o pólo positivo que tem na outra ponta atrai os fragmentos de DNA, de carga elétrica negativa. Quanto menor a molécula, ou seja, quanto menor o número de bases que ela carrega (o que depende do lugar onde foi cortado o DNA), mais rápido ela corre para a linha de chegada iluminada por um laser. Cada fragmento que passa por ele brilha na cor com o qual foi tingido e que identifica a sua origem - do grupo A, G, C ou T. A colocação final, anotada por um olho eletrônico sensível a cores, coincide exatamente com a ordem em que se encontravam as bases no segmento original. Está decifrada uma fração do genoma.

Herança genética pode ter dono?

Quando se começou a falar a sério em decifrar o genoma humano, houve cientistas que compararam o projeto ao episódio bíblico da expulsão de Adão e Eva do paraíso: o DNA seria a árvore do bem e do mal, cujos segredos dariam ao homem poderes para os quais ele não estaria preparado. O rol de conseqüências nefastas da identificação da bagagem genética seria de arrepiar os cabelos: a criação acidental de um supervírus que acabaria com a raça humana ou, mais terra a terra, a possibilidade de empregadores recusarem trabalho a candidatos geneticamente suscetíveis a certas doenças - ou, ao contrário, o favorecimento de trabalhadores portadores de certos genes.
Além disso, dependendo da legislação, os exames genéticos pré natais poderiam transformar-se em sentenças de morte para milhares de fetos. E a quem pertencerá o genoma? Um cientista que seqüenciar um gene poderá reivindicar direitos autorais sobre ele, cobrando royalties sobre todas as aplicações médicas de sua descoberta? Para o Prêmio Nobel Walter Gilbert, nada mais justo do que o copyright dos genes seqüenciados. "Os hospitais não cobram pelos serviços que prestam?", argumenta ele. Já outro Prêmio Nobel (de Medicina, 1980), o francês Jean Dausset, combate a idéia. "A herança genética pertence a toda a humanidade e não pode ser propriedade de empresas", contra-ataca.
Fiel a suas convicções, Dausset distribui de graça a pesquisadores do mundo inteiro sondas de DNA que ajudam a mapear a posição dos genes nos cromossomos - com a condição de que as descobertas resultantes também fiquem à disposição de quem precisar, sem pagamentos. Os pesquisadores brasileiros ainda estão longe desse debate que corre entre seus colegas americanos e europeus. Mas, pelo menos para um cientista familiar com a questão, não há por que se atemorizar. Diz Carlos Alberto Moreira Filho, professor de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP: "Os riscos são grandes, mas seguramente a humanidade saberá controlar os abusos para desfrutar dos enormes benefícios desse conhecimento novo".



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sábado, 17 de dezembro de 2011

Incríveis aventuras do cavalo-marinho - Natureza

INCRÍVEIS AVENTURAS DO CAVALO-MARINHO - Natureza



A fêmea toma a iniciativa do namoro, o macho dá à luz os filhotes. Não têm boca, mas comem muito. Têm características de muitos animais, mas na verdade são apenas peixinhos.

Para nós, o bicho é apenas o cavalo-marinho. Aliás, um ser muito mais estranho do que supunham os gregos, que lhe deram o nome de: hipocampo, que quer dizer cavalo (hippos) e lagarta (campe). Basta observar de perto esse animal para descobrir que ele reúne características de, pelo menos, mais três bichos além de cavalo e da lagarta. Seus olhos se deslocam independentes, nas órbitas, como os olhos dos camaleões. Também de camaleão é a principal característica de sua pele: muda de colorido conforme as circunstâncias. A cauda é preênsil, como a de um macaco; a barriga é de ... canguru! Isso mesmo, o cavalo-marinho incuba seus filhotes dentro de uma bolsa ventral, característica dos marsupiais (gambás, cangurus etc.).
Pois com toda essa fantasia o cavalo-marinho é, na verdade, um inofensivo peixinho. Talvez o único traço que denuncie a sua categoria de peixe seja a presença de duas minúsculas e quase transparentes nadadeiras dorsais. Mas um animal tão insólito como ele não poderia ser enquadrado nos compêndios de Zoologia como um peixe qualquer. Assim, o cavalo-marinho tornou-se cientificamente um respeitável gasterosteiforme. Esse nome indica que o corpo do animal tem a forma de um estômago (alongado) e uma notável estrutura óssea. E é exatamente nessa estrutura óssea que vamos encontrar mais uma incrível semelhança entre cavalos-marinhos e animais de outras categorias. Dessa vez eles podem ser considerados algo semelhantes aos artrópodes (insetos, crustáceos, aracnídeos etc.). Caracterizados por suas carapaças articulares, os artrópodes são animais revestidos por armaduras que funcionam como "esqueletos externos", sustentando internamente os músculos e os demais componentes do organismo. Nisso eles diferem radicalmente de animais vertebrados cujo esqueleto de sustentação fica envolvido por espessas camadas de músculos.
O cavalo-marinho parece viver enfiado dentro de um verdadeiro exoesqueleto de artrópode. Por ter o esqueleto assim "à flor da pele", dá a impressão de estar sempre passando fome. Sua alimentação, por sinal, gera outra inesperada questão. Aparentemente, o cavalo-marinho não tem boca, pois parece estar com os lábios soldados. Só depois de um minucioso exame é possível descobrir um pequeno orifício bem na ponta do "focinho". Ali é a boca, o ponto inicial de um longo e estreito canal, onde o alimento é aspirado em direção ao estômago. Seu "cardápio" pode ser variado, porém deve obedecer a uma rigorosa seleção de tamanho. Só passam para o tubo digestivo bichinhos minúsculos, tais como as quase invisíveis pulgas-da-praia (anfípodes) e microscópicos camarõezinhos. O alimento não exige dele um grande esforço. Com a cauda enrolada na haste de uma alga, tudo que tem a fazer é ficar literalmente filtrando a água à sua volta. Muita vezes o animal aspirado é um pouco maior que o diâmetro do tubo aspirador, mas a força de sucção é tão grande que chega a despedaçar a vítima de encontro à ponta do focinho. Assim fica fácil carregar os restos para a barriga do cavalo-marinho. Esses curiosos habitantes dos mares tropicais estão distribuídos pelo mundo em aproximadamente cinqüenta espécies. Todos pertencem a um único gênero Hippocampus-e, à exceção de tamanhos e cores, pouco diferem entre si. O maior deles é o Hippocampus ingens, encontrado na costa oeste das Américas, desde a Colômbia até o México. Seu comprimento alcança 30 centímetros e, se não pode ser considerado um gigante, pelo menos conta o dobro do tamanho médio das demais espécies. Na costa brasileira, a. espécie mais comum é o Hippocampus reidi, com até 18 centímetros. Seu colorido varia bastante, permitindo ao animal passar de tons acinzentados para o amarelo claro daí para o lanrajado até o vermelho-tijolo devido à essa facilidade de alteração de cores, os hipocampos se dissimulam com perfeição entre os diversos tipos de algas marinhas que constituem o seu ambiente predileto. Com freqüência são encontrados junto à costa, em águas pouco profundas (de 2 a 10 metros), sobre pedras recobertas por algas ou em recifes de corais.
A vida sexual do cavalo-marinho é o ponto mais alto de todas as suas esquisitices. Machos e fêmeas parecem haver trocado de papéis e com isso causaram uma verdadeira polêmica entre os primeiros biólogos que se dispuseram a devassar a privacidade de seus relacionamentos conjugais. A primeira surpresa, sem dúvida, é a enérgica atitude da fêmea ao tomar a iniciativa de cortejar o macho. Começando com um discreto roçar de cintura, ela logo se atira a carícias mais ousadas, enlaçando-o com a cauda. Embora a principio incrédulos, os cientistas acabaram constatando que, lá pelas tantas, é a fêmea que introduz algo na região ventral do companheiro. O material injetado é uma gelatinosa massa de ovos. Durante quase dois meses vai crescendo uma respeitável barriguinha sobre o discutível garanhão. O desenlace de todo esse espetáculo é previsível. Depois de cinqüenta dias de gestação, o macho dá à luz mais de trezentos minúsculos "potros-marinhos".
O verdadeiro nascimento dos filhotes acontece no interior da bolsa, poucos dias após a transferência dos ovos para o organismo do macho. Mas só depois de um mês e meio é que eles estão aptos a abandonar a "incubadora paterna", o que acontece sempre à noite. De toda a numerosíssima prole nascida de um único cavalo-marinho, apenas uma dezena ou pouco mais do que isso alcança a idade. adulta. A maior parte deles é devorada por pequenos peixes ou não encontra alimentação suficiente durante a primeira fase da vida. Com apenas 2 milímetros de comprimento, os "potrinhos" só podem se alimentar de seres microscópicos, nem sempre abundantes em certas regiões litorâneas. E o consumo diário de um recém-nascido é de milhares de larvas de microcrustáceos.
O comportamento sexual de várias espécies de hipocampos foi estudado pormenorizadamente em aquários e revelou uma mínima variação de estratégias. As manobras da fêmea estimulam o rápido crescimento de uma bolsa sobre o ventre do macho. Bem no centro, a bolsa contém um orifício, um poro dilatado que, durante o ato sexual, recebe o tubo ovopositor da fêmea. Ao penetrarem no organismo do macho, os ovos são prontamente fecundados ainda durante a passagem pelo canal de entrada. Depois de amontoados às centenas no interior da bolsa, eles passam a receber nutrição através de um complexo sistema de capilares sangüíneos, que irrigam esse órgão.
Há, portanto, uma curiosa semelhança de funções entre a bolsa de ovos do cavalo-marinho e o útero feminino de outros animais. A capacidade de uma bolsa incubadora é de perto de seiscentos ovos, número que não pode ser completado com a postura de uma única fêmea. Por isso, o "garanhão" dos mares fica destinado a ser depositário das oviposições de várias fêmeas. Servindo passivamente ao "harém" e contrariando, assim, o convencional conceito de poligamia em todo o reino animal, o hipocampo é, categoricamente, uma criatura do contra.
Pelo menos desde os tempos de Cristo, a fama dos cavalos-marinhos já se alastrava no mundo antigo graças aos ensinamentos de Plínio, naturalista e comandante militar do Império Romano. Segundo ele, as cinzas dos hipocampos incinerados combatia a calvície, as febres, as erupções da pele e evitava a morte dos mordidos por cão raivoso. Para os antigos gregos, o animal representava um veneno fulminante, desde que embebido em vinho. Por outro lado, ele era reconhecido como um poderoso antídoto contra outros venenos, quando engolido com vinagre e mel ou misturado com piche. Ainda hoje, na tradicional farmacopéia chinesa, o cavalo-marinho é tido como um potente afrodisíaco. Mas tudo isso é pura superstição. De fantástico mesmo ele só tem três coisas: a forma do corpo, o funcionamento do organismo e o comportamento sexual. O que, aliás, não é pouco para um mesmo animal.

Adultos vivem em cativeiro. Filhotes, não

Os estranhos costumes dos hipocampos podem ser facilmente observados em um aquário marinho convencional. É fácil mantê-los em cativeiro porque são resistentes às variações do ambiente. A maior preocupação do criador de cavalos-marinhos é com a alimentação. Esses animais só consomem seres vivos e quando estão em aquário devem ser mantidos com um bom fornecimento dos minúsculos camarões-das-salinas (Artemia salina). Se você quiser ter cavalos-marinhos em casa, pode optar por uma dessas soluções: comprá-los numa loja de peixes ou apanhá-los no mar. A segunda solução poderá não ser a mais barata, porém é, de longe, a mais emocionante.
O material indispensável é este: máscara de mergulho, puçá de malhas finas ou rede de filó, caixa de isopor (20 litros) forrada internamente com um saco plástico (saco de lixo). Em águas pouco poluídas, no abrigo das enseadas e baías, deve-se procurá-los sobre pedras submersas a pouca profundidade e cobertas por densa vegetação (algas). Não é nada fácil localizá-los entre os ramos das algas. Aliás, esse é o desafio para o mergulhador. O animal pode ser apanhado com a mão ou com o auxilio da rede de filó. Levado para a superfície, deve ser imediatamente colocado na caixa de isopor forrada com saco plástico e contendo água do mar. É importante que a caixa seja de isopor porque a temperatura da água não sofrerá grande aquecimento enquanto permanecer próxima ao local dos mergulhos. Nem sempre as algas que servem de "ancoradouro" para os cavalos-marinhos podem ser cultivadas, mas assim mesmo devem ser introduzidas na caixa para acomodá-los durante a viagem até o aquário. Vegetação mais adequada poderá ser adquirida em casas especializadas em peixes ornamentais marinhos. Se você tiver sorte em obter machos e fêmeas, poderá em pouco tempo começar a assistir às manobras de acasalamento e às incríveis "gestações" dos machos. Entretanto, só com muita sorte será possível a sobrevivência de alguns filhotes. Em cativeiro, os cavalos-marinhos podem engolir com freqüência seus próprios filhotes. Além disso, é muito difícil alimentá-los, na medida em que é praticamente impossível conseguir os animaizinhos que eles consomem.




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sábado, 17 de dezembro de 2011

Escultura de Luz - Holografia

ESCULTURAS DE LUZ - Holografia



Conhecida há um quarto de século, só agora se começa a descobrir as utilidades da holografia. Mas as luminosas imagens em três dimensões que ela permite são ainda um mistério para o grande público.

Há 25 anos, os físicos americanos Emmett Leith e Juris Upatnieks causaram a maior sensação no congresso anual da Sociedade Ótica dos Estados Unidos, realizado em Washington. Eles surpreenderam os colegas ao apresentar nada mais nada menos que um imagem em três dimensões de uma locomotiva. Havia razão de sobra para o espanto; pela primeira vez, o mundo assistia à aparente materialização de objetos no espaço. Como nos truques do mágico Mandrake, era possível ter diante de si a imagem real de algo sem que se pudesse tocá-la. Nas histórias em quadrinhos, Mandrake hipnotiza as pessoas a quem quer iludir. Mas no caso da imagem exibida pela dupla Leith c Upatnieks não cabia falar em ilusão. E tamanho foi o impacto da novidade que muita gente acreditou que a holografia - nome da técnica utilizada para obter a imagem tridimensional - substituiria a fotografia como forma de registrar a realidade.
Como se sabe, previsões tão radicais não se concretizaram. O clique da camara fotográfica não foi substituído. Até porque, após todos esses anos, o processo que envolve a holografia continua tão pouco estudado que se contam nos dedos não só os laboratórios equipados para realizá-lo como também os técnicos devidamente habilitados. O truque, se é que se pode chamá-lo assim, é possivel graças à propriedade ondulatória da luz. Enquanto o filme da fotografia convencional registra apenas a variação de amplitude, ou seja, a intensidade das ondas de luz, a holografia, com o auxilio do laser, pode gravar também os picos e vales das ondas, o que possibilita reproduzir a imagem em profundidade. As artes plásticas, a publicidade, a pesquisa científica e a indústria têm sido as áreas preferenciais de sua aplicação.
Não é à toa, portanto, que artistas tratam a holografia poeticamente como Esculturas de luz". Na verdade, a própria palavra holografia já dá uma pista sobre suas propriedades. Holos em grego significa inteiro e ,graphos quer dizer sinal ou imagem -holografia é a imagem por inteiro l. um ohieto. Mas o termo é atual. Foi criado pelo físico húngaro Dennis Gabor, o inventor da técnica. Formado na Alemanha mas radicado na Inglaterra desde a ascensão do nazismo, em 1933, Gabor chegou à holografia em 1 948, quando pesquisava uma forma de aumentar a nitidez do microscópio eletrônico. Não pôde aplicá-la na prática, porque para captar a dimensão de profundidade necessitava de um tipo de luz coerente - cujas ondas não se difundissem em todas as direções-e que tivesse apenas uma cor. Ou seja, Gabor precisava de um laser, que só seria descoberto em 1960. Mesmo assim, durante a década de 50, foram testados alguns hologramas com lâmpadas de mercúrio. Um dos incentivadores da pesquisa nessa área foi o físico americano Albert Baez, pai da célebre cantora de folk-music Joan Baez.
A descoberta dos princípios que tornariam possível a técnica da holografia valeu a Gabor o Prêmio Nobel em 1971, no mesmo ano em que completou 71 anos. Ele morreu em 1979, quando muitas das aplicações de sua invenção já estavam se desenvolvendo. Isso não aconteceu de uma tacada só. No começo, à parte meia dúzia de cientistas imaginosos ninguém sabia o que fazer com a holografia, em boa medida por causa de um grave inconveniente: tanto na gravação como na reprodução da imagem, necessitava-se do laser. Aos poucos, porém, as dificuldades foram vencidas. Em 1965, o físico russo Yu Denisyuk conseguiu, pela primeira vez, ver os hologramas com a luz comum.
No início da década de 70, a hoIografia já se tinha afirmado o suficiente para despertar o interesse das galerias de arte. Para isso, contribuiu a descoberta da holografia em cores e em movimento. Ao receber todo o espectro de luz, em vez de apenas uma banda, o holograma pode ser visto em todas as cores do arco-íris. Só que para alcançar esse efeito sacrifica-se a perspectiva tridimensional vertical. Em conseqüência, ao ser examinado de cima para baixo, ou de baixo para cima, o holograma colorido perde a dimensão de profundidade.
A descoberta do movimento foi produto do trabalho de muitos cientistas, mas ficou conhecida graças ao físico americano Lloyd Cross. Com a seqüência de fotogramas de uma moça sobre o mesmo holograma, ele criou em 1977 um efeito estereoscópico de movimento -- o mesmo princípio do cinema. A moça, considerada a Mona Lisa da holografia, costuma piscar e jogar beijos para as pessoas que a contemplam. O efeito do movimento chegou ao Brasil em 1980, quando, ao percorrer a 1º Mostra Brasileira de Holografia, em São Paulo, os visitantes puderam acompanhar a seqüência de uma luta de caratê e uma cena do seriado O Incrível Hulk.
A união da holografia com o cinema começou na Itália, mas primeiros a projetar um filme capaz de ser visto por mais de uma pessoa ao mesmo tempo foram os soviéticos. A cena de uma jovem andando com um buquê de flores na direção do espectador foi vista exatamente da mesma maneira pelas cinqüenta pessoas que participaram de uma exibição especial em Moscou. Isso foi possível graças a uma tela holográfica dotada de um conjunto de espelhos côncavos superpostos, onde o foco é dirigido para cada lugar da sala de projeção. Agora há estudos para a transmissão da imagem de um holograma pela televisão. Não é nada simples holografar uma cena. Devido à dependência do laser, só formas de tamanhos limitados podem ser filmadas. Um grande ambiente, por exemplo, está excluído. Uma tomada do grandioso filme Cleópatra, com seus 2 mil figurantes, está fora do alcance da holografia.
Artistas, curiosos, cientistas - durante anos, a holografia foi dominada por tipos excêntricos, com seus trabalhos de fundo de quintal. A técnica era utilizada em jóias, painéis de propaganda, museus, mas costumava-se dizer que os únicos que, de fato, lucravam com a holografia eram os produtores de imagens pornográficas. A situação só mudou mesmo em 1984.
A virada foi a edição da revista americana National Geographic que reproduziu a imagem tridimensional de uma águia na capa de seus 10 milhões de exemplares. Foi um sucesso editorial e tanto. No ano seguinte, a National Geographic repetiu a dose, imprimindo dessa vez na capa uma caveira chinesa pré-histórica.
Em 1987, cerca de 100 milhões de exemplares de livros e revistas circularam pelo mundo com algum tipo de holografia impressa. Nos Estados Unidos, a Hasbro, fabricante de brinquedos, lançou uma linha de oito bonecos e quatro veículos com detalhes em holografia. A Purina, outra empresa americana que produz cereais para crianças, colocou hologramas dos personagens do filme Caçafantasmas em suas embalagens. E no mundo todo o MasterCard surgiu com um novo tipo de cartão de crédito com dois logotipos holográficos nas laterais. A idéia da empresa, que no Brasil é associada ao Credicard, é impedir a falsificação dos cartões - é quase impossível imitar um holograma.
No Brasil, a holografia já começou a interessar grandes empresas. Fernando Catta-Preta, diretor do primeiro laboratório holográfico no país, realizou uma série de trabalhos em cartões de Natal, imagens de santos, material promocional, catálogos e selos. Psicólogo de formação, Catta-Preta, 32 anos, interessou-se pela holografia quando trabalhava com crianças que tinham dificuldade para aprender a ler. "De acordo com certos teóricos", diz, "os princípios da holografia podem ser aplicados à psicologia do conhecimento, com base num modelo tridimensional do cérebro, que permitiria estudar a percepção, o reconhecimento e a memória do ser humano."
São apenas suposições. Certo é que a holografia se tornou uma ferramenta sofisticada. Sua grande vantagem é a capacidade de reconstituir o tamanho, a forma e as três dimensões de um objeto. Isso permite, por exemplo, perceber qualquer mudança -mesmo milimétrica -numa peça industrial. Os testes podem ser feitos com a peça real em vez de protótipos, e não é preciso inutilizá-la, mesmo que as falhas não estejam ao alcance da vista, como na estrutura interna de um equipamento. Fica-se sabendo que há alguma modificação no objeto estudado pela análise das franjas, que são traços de luz e sombra na sua superfície, provocados pela diferença da luz antes e depois de ser a peça deformada. Na Itália, um grupo de hológrafos utiliza essa técnica, chamada interferometria holográfica, na restauração de quadros de pintores renascentistas. Os técnicos alteram deliberadamente a temperatura e o grau de umidade do ambiente para ressaltar os pontos mais frágeis da obra. A interferometria holográfica ainda é uma novidade no Brasil. Um dos raros especialistas é o engenheiro paulista Ricardo Forneris Júnior 27 anos, de São Paulo, que se encaminhou para essa área quase por acaso.
Há três anos, ao procurar um tema para sua tese de mestrado, Forneris foi aconselhado por um tio, professor do Instituto de Física da USP, a trabalhar com holografia. Atualmente, ele cuida do controle de qualidade em peças de automóveis e circuitos impressos com o auxilio da interferometria holográfica. "Na Europa e Estados Unidos", compara, "isso já é feito até em tubulações de usinas nucleares." Outro especialista, nascido na Argentina mas radicado no Brasil, José Joaquim Lunazzi, do Instituto de Física da Unicamp, usa a interferometria para controlar as alterações provocadas pela umidade e pelo vento em sementes de feijão. O artista plástico Moyses Baumstein mostrou suas últimas holografias na exposição coletiva "A Visão do Artista - Missões 300 Anos" realizada no Museu de Arte de São Paulo no inicio do ano.
Outra vantagem dos hologramas é a capacidade de armazenar informações. Ao se variar o ângulo de iluminação, eles registram informações diferentes. Assim, um holograma pode arquivar 10 mil vezes mais dados do que os discos e fitas dos computadores eletroóticos. Por enquanto, dispositivos óticos holográficos já são usados em larga escala apenas em caixas registradoras de supermercados que lêem os códigos de barra impressos nas embalagens. Já se começa a utilizar a holografia como complemento dos raios X na Medicina. No futuro, a imagem holográfica poderá substituir a radiografia convencional. Nos Estados Unidos, hologramas também começam a ser usados no aproveitamento da luz solar ou artificial em estufas, hotéis e escritórios, para economizar energia elétrica.
Enfim, a todo momento são descobertas novas possibilidades da holografia. Este ano, a indústria ótica inglesa anunciou o lançamento de lentes de contato holográficas bifocais; os alemães, de seu lado, decidiram construir 0 primeiro microscópio eletrônico de holografia de alta resolução. Aplicações tão especificas, embora de inegável utilidade, pouco fazem para aproximar a holografia do grande público. Pode repetir-se em qualquer lugar a cena que ocorreu há alguns anos na joalheria Cartier, na elegante Quinta Avenida de Nova York. Ao observar uma fantasmagórica mão feminina exibindo uma pulseira cravejada de brilhantes, uma assustada velhinha saiu pelas ruas gritando: "Obra do diabo!", sem saber que se tratava apenas de uma fotografia tridimensional.

Pelas frestas da cortina

Como a fotografia convencional, a holografia é uma técnica para registrar determinada imagem num filme. Mas a semelhança termina ai. As fontes de luz usadas na fotografia emitem radiação em diferentes comprimentos e freqüências de onda. Ao contrário, a luz do laser - a mais apropriada para holografia -se difunde em ondas paralelas e igualmente espaçadas. Ou seja, tem o mesmo comprimento (a distância entre as duas cristas) e freqüência (número de cristas que passa por um ponto a cada segundo). Para captar a dimensão de profundidade, o filme de um holograma registra as ondas emitidas pelo laser, que é dividido em duas partes. Um feixe é refletido pelo objeto antes de atingir o filme; o outro vai direto ao filme, para servir de referência.
Quando os dois feixes de luz se cruzam, as ondas interferem umas com as outras. Onde as cristas das ondas se encontram, forma-se luz mais intensa; onde uma crista de um feixe encontra o intervalo de onda de outro, forma-se uma região escura. É por isso que o filme depois de revelado não mostra uma imagem mas um padrão de faixas ou anéis claros e escuros. Para ver a imagem no filme, usa-se o mesmo laser com que se gravou o objeto. Atrás da chapa fotográfica, se formará. então, uma imagem que poderá ser vista de vários ângulos como se ela fosse tridimensional. Daí por que se costuma comparar o holograma a uma janela. Se for parcialmente tampado ou cortado, a imagem atrás ainda será visível como pelas frestas de uma cortina.


A imagem, passo a passo

1- A imagem que serve como modelo dever ser pintada de branco e colada sobre uma base de vidro fosco.

2 - Qualquer ruído, deslocamento de ar ou mudança de temperatura pode afetar a posição do modelo e prejudicar a imagem. Por isso, a sala de holografia é a prova de som, com uma temperatura constante de 22 graus.

3 - Da mesma forma que é necessário fazer foco numa fotografia convencional, o canhão de luz laser é regulado para que a lente obtenha o melhor ângulo do modelo. Os espelhos que dividem o feixe de luz também são colocados no ponto exato de reflexão.

4- Uma parte do feixe de laser ilumina diretamente o cavalo-marinho antes de capturar a imagem num filme fotográfico. A outra parte do feixe, depois de refletida pelos espelhos, incide diretamente sobre o filme.

5 - A revelação da película é semelhante à das fotografias tradicionais. Obtém- se o holograma de transmissão, que só é visto na luz laser ou de mercúrio. Para ser visto na luz comum, é necessário repetir todo o processo com o holograma de transmissão.

6 - O feixe de laser atravessa o filme de transmissão e também o cavalo-marinho original antes de gravar a imagem no filme definitivo. O holograma final, depois de revelado, passa por um processo de metalização e impressão em poliéster.




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sábado, 17 de dezembro de 2011

Como surgiram as massas populares - Gastronomia

COMO SURGIRAM AS MASSAS POPULARES - Gastronomia



Ao contrário do que diz a lenda, Marco Polo não tem nada a ver com a descoberta do macarrão. Um dos mais famosos derivados do trigo é uma invenção árabe que conquistou a Sicília.

Existem no planeta mais de mil tipos diferentes de macarrão. A massa fresca e a massa seca. A massa longa e a massa curta. A massa plena e a massa furada. A massa lisa e a massa rajada. A massa simples e a massa recheada - de mil modos diferentes, também. Cada qual tem seu nome de batismo e sua maneira peculiar de ser feita. Cada qual pode ganhar a proteção sagrada de infinitos molhos e inumeráveis companhias. E, no entanto, só um deles é efetivamente o macarrão.Tudo depende da região de nascimento e produção, das minúcias do desenho e do formato, da fidelidade à tradição. Na Itália, pátria-mãe da nobre pasta, cada indústria ostenta o seu catálogo, a sua própria nomenclatura. Lasange, alisanzas e lagane, por exemplo, não passam de apelidos diversos para as mesmíssimas placas de farinha amalgamada que se sobrepõe em largas séries intercaladas por recheios mais ou menos suculentos, da carne embebida em sugo de tomates a meras camadas de creme e queijo parmesão Agnillini, agnolini, marubini e angiolottus não passam de apodos localizados para os agnolotti tão em moda hoje em dia no Brasil-gordos pasteizinhos de patês ou ricotas condimentados com ervas, frutas frescas, frutas secas e até licores. As penne do Norte são os maltagliati do Sul. Os ravioli de Bolonha são os casonsei de Bergamo, os gobbein de Torino, os culurzones da Sardenha. Só na província da Puglia, as domésticas orecchiette são denominadas orecchino, recchietelle, recchie ou ricchielle, oricchia di prete ou oricchia di judeu - orelhinhas, orelhas-de-padre ou orelhas-de-judeu.Pior ou mais engraçado: com a mesma alcunha de rigatoni se indicam as maniche di frate, as mezze manichine, os chifferoni, os bucatini e os perciatelli, massas de aspecto cilíndrico, vazadas no miolo e estriadas na superfície exterior, precisamente aquelas que o rigor histórico prefere batizar, com exclusividade, de maccheroni. Acabou? Jamais. Maccheroni, os macarrões, são as denominações que recebem, na Itália central, as tugliatelle da Emilia-Romagna, as fettuccine do Lazio, as trenette da Liguria, as tagghiarine da ilha da Sicília.Formidável, superinteressante confusão. De onde ela provém? Antes de detalhar a evolução do macarrão, é necessário conhecer um pouco da aventura antológica de sua matriz essencial, o trigo. Trata-se, sumariamente, do alimento mais universal de todos. Os cereais, em geral, são responsáveis por 80 por cento de todas as calorias consumidas pela humanidade. Quase metade delas corresponde ao trigo, que ocupa nada menos que 215 das terras agricultáveis destinadas aos grãos. Semente de uma planta da família das gramíneas, segundo o botânico soviético Nikolai I. Vazilov, há no globo mais de 30 mil variedades de trigo.Elas são agrupadas em quinze espécies, por sua vez separadas em três grupos, de acordo com a quantidade de seus cromossomos: sete pares, catorze pares e 21 pares. O macarrão nasceu de uma espécie intermediária, o Triticum durum, catorze pares de cromossomos, abundante nos arredores do mar Mediterrâneo, desde o Levante dos fenícios até o Tirreno dos etruscos. A cronologia do poder no Velho Continente, aliás, está radicalmente ligada à dominação das plantações do Triticum. Quem possuía a capacidade de colhê-lo, transportá-lo e conseqüentemente vendê-lo tinha também o predomínio sobre os outros povos e as outras nações de seu período. Aconteceu assim com Esparta, com Atenas e com a Grande Roma.O homem pré-histórico aprendeu, empiricamente, a macerar os grãos de trigo em água, de modo que eles amaciassem e fermentassem e dessa maneira se originou a cerveja. Depois, conseguiu cozinhá-los em potes de argila- e dessa maneira se originou a bisavó da polenta, um impasto chamado pultes, que perdurou até a era dos latinos. Na Grande Roma, uma iguaria muito requisitada se fazia com tal impasto e favas debulhadas, a puls fabota, que se oferecia aos deuses. Havia, igualmente, a puls punica, com carne, antecessora do atual cuscuz. À farinha mesclada ao óleo, um pouco de água e de ovos, eventualmente, se chamava de picea- um disco que se abria com as mãos e se assava sobre pedras incandescentes-, a tataravó da pizza.As vezes, se cortava a picea em finas tiras que se fritavam e então se lançavam em sopas borbulhantes de carnes ou de peixes ou de cereais, como o grão-de-bico. Eram os testaroi ou testareli, tios das futuras togliatelle, que o poeta Horácio (65-8 a.C.) descreveu, extasiado, em alguns poemas. Em outras ocasiões, a picea se dividia em laminas maiores - laganum, lasanum, lasanha. Todas essas massas, porém, se serviam muito frescas, obrigatoriamente. No dia seguinte, afinal, a farinha azedava, literalmente mofava por excesso de fermentação. Apenas sete ou oito séculos depois do apogeu de Roma o mundo teria o privilégio de conhecer a pasta asciutta, a massa seca que redundaria na mágica graça que se denomina macarrão.Fique bem claro, o aventureiro veneziano Marco Polo não tem a mínima responsabilidade na descoberta. O explorador viveu entre 1254 e 1324 e, de fato, segundo o seu livro de viagens, II milione, encontrou no Oriente a cidade de Fanfur, meio mongol e meio chinesa, na qual Ihe ofereceram "magiari di pasta assai e buoni", excelentes pratos de massas. As receitas, todavia, não utilizavam farinha de trigo em sua composição, mas sim, um impasto de sagu. Foi o editor de ll milione, Giambattista Ramosio, no século XVI, quem introduziu na obra, de seu próprio punho, uma nota supostamente explicativa: "Com aquele impasto se faziam lasanhas... que o dito Polo provou muitas vezes e, depois de secas, carregou consigo de volta a casa".Infelizmente, a arbitrariedade de Ramusio complicou a história, embora os sucessivos editores do volume tenham expurgado do texto o que Marco Polo não havia escrito. Na realidade, a palavra e o produto macarrão são sicilianos, de raízes arábes-mouriscas. A expressão é dialetal e perdura até hoje, derivada de maccarrani, plural maccarruna, filha do verbo maccari, que significa achatar ou esmagar-amassar com bastante força, enfim. Naqueles idos, a Sicília controlava a produção, o transporte e a comercialização do Triticum durum, lá implantado pelos fenícios ao menos 2 mil anos antes de o pai de Marco Polo ter se casado.Comprova documentalmente essa teoria o tratado Nuzhat Al-mushtaq fi Ikhtiraq Al-afaq (ou "A dissertação de um apaixonado pelas peregrinações através do mundo"), escrito por um certo Abu Abdallah Muhammad ibn Muhammad ibn Idris em 1154 e no qual aparece pela primeira vez na história a descrição do processo de fabricação da pasta asciutta.Segundo Idris, porque viajavam bastante e longamente, os árabes cortavam os seus impostos de farinha e água em longos fios, de modo que se desidratassem e enrijecessem depressa, ao sol, e assim pudessem se conservar por muitos meses. Aos fios se dava o apelido de al-itryia, ou trujje, ou trie no idioma siciliano-de onde provêm, ostensivamente, as aletrias, que até mesmo os portugueses utilizam na sua gastronomia.As trujje fulminantemente se tranformaram na iguaria-padrão dos siclianos de oitocentos anos atrás. Senhoras, senhoritas e meninas se reunem até hoje nos quintais da ilha fim de perpetrar a sua massa sagrar -e há mulheres tão habilidosas que conseguem fazer fios de até 50 metro de comprimento. Das trujje brotara todas as massas longas, finas ou grosas, maciças ou furadas, arredondadas ou achatadas, que no correr das épocas virariam os spaghetti, os tagliarini as fettuccine et cetera que se consomem no mercado internacional.Também na Sicília surgiram massas recheadas, a partir do prmeiro raviolo, função de todos outros tipos. A palavra raviolo, singular de ravioli vem do dialetal ravis - pequeno pedaço de impasto dobrado sobre um patê de carne. Na Sicília apareceu o primeiro aparelho fabricador de macarrão, o arbitriu-literalmente, o abridor de trujje, uma prensa manipulada por dois trabalhadores,que espremiam a massa na direção de um funil que lhe impunha o formato de fitas ou de fios. Depois da dominação dos árabes, na Idade Média, as águas ao redor da ilha passaram ao controle da prodigiosa marinha genovesa. E os navegadores da Liguria se encarregaram de disseminar a massa seca dos sicilianos por toda a Itália, em regiões que lhes deram novos desenhos e novos nomes. No final do século XVI, finalmente, aconteceu a explosão, com a chegada dos tomates à cidade de Nápoles.O episódio também é superinteressante pelas peripécias que o envolveram. Os tomates são nativos da América do Sul, mais propriamente do Peru. Descobertos pelos espanhóis, que se apaixonaram por sua linda cor vermelha, sofreram inicialmente um feroz combate de médicos e cientistas. Na corte de Madri, uma intoxicação coletiva levou à sua proibição por edito real. Um botânico italiano, Pierandrea Mattioli, acusou os de "corruptores e venenosos". De fato, os talos e as folhas do tomateiro podem intoxicar. O sucesso do belo fruto só aconteceu nos entornos de 1595, quando um cozinheiro napolitano colocou na panela pela primeira vez apenas as partes rubras dos tomates e inventou o molho mais famoso do Universo.Inaugurou-se, então, uma parceria indestrutível, tão majestosa que, por causa dela, ainda há quem acredite ser Nápoles a inventora do macarrão. Dos tomates em diante, o trajeto se resume. Em 1824, Antonio Viviani, num poema intitulado "Gli maccheroni di Napoli", cunhou a expressão spaghetti, diminutivo de spago, que significa barbante. Em 1919, depois do advento da energia elétrica, um certo Paolo Cirillo, mecânico de Torre Annunziata, cidade localizada 30 quilômetros ao sul de Nápoles, desenvolveu um sistema artificial de secagem das massas: o macarrão se dispunha no interior de um enorme barril de madeira aquecido por brasas, o calor distribuído por meio de um ventilador mecânico. Na década de 20, já existiam, na Velha Bota, cem indústrias de macarrão. Hoje, são mais de mil.
O último grande passo aconteceu em 1967, quando a empresa italiana Braibanti desenvolveu uma máquina, a Cobra 2000, capaz de produzir duas toneladas de massa longa por hora, ou 2,5 toneladas de massacurta. Dante Gallian Netto, superintendente da Adria, fundada em 1951, a mais antiga companhia brasileira do setor, que dispõe de várias Cobra, explica como o equipamento funciona: "A massa, mistura de farinha, ovos, água e nutrientes como betacaroteno (um metabolizador da vitamina A), cai através deum funil numa série de trafilas de bronze ou de teflon, que lhe dão o formato necessário. Os fios são então cortados por uma guilhotina e começam a atravessar um túnel enorme, com cerca de 50 metros, onde passam, sucessivamente, por banhos de vapor e de ar muito quente. Isso, além de secar lenta e naturalmente a massa, faz com que todo o amido da mistura se gelatinize em seu interior, impedindo que o macarrão venha a se desmanchar ou a grudar durante o cozimento".Evidentemente, a modernização do modo de produzir as paste asciutte fez crescer em proporção geométrica o seu consumo internacional. Os italianos comem 28 quilos per capita/ano. Os argentinos e os venezuelanos, 12 quilos. Os suiços, nove. Os norte americanos, sete. Os franceses, 6,5. O Brasil ainda estaciona na faixa dos 3,8 quilos per capita/ano. O que é uma pena, pois o macarrão é mais nutritivo do que o prato nacional de arroz e feijão. A potencialidade do macarrão não se mede, apenas, pela sua qualidade dietética ou pelo espaço que ocupa na Terra. Não fossem os spaghetti, por exemplo, talvez o mundo não conhecesse os garfos de quatro pontas com que se come hoje em dia. Eles foram inventados, no século passado, por um patisseiro napolitano, Gennaro Spadaccini, que não agüentava mais enrolar os seus fios num apetrecho de três pontas só.

Mangia che ti fà bene

O macarrão nutre e não engorda. Quem afirmar o oposto - ah, esse não sabe o que está dizendo. Atualmente, aliás, mesmo os mais preclaros dietistas já não acusam o macarrão dos crimes da obesidade. A dieta da moda na Europa, a mediterrânea, proposta pelo cientista e cardiologista americano Ancel Keys, sugere que se comam massas como entrada nas duas principais refeições do dia, o almoço e o jantar. Desde que a continuação se faça com vegetais e carnes brancas.Keys, no entanto, não é o pioneiro nessa teoria. No começo do século, um príncipe siciliano, Enrico Alliata di Salaparuta, teósofo e fisiologista, exaltava as qualidades das massas como prato-base de uma culinária vegetariana. O que engorda, explicava Salaparuta, é a união das proteínas e carboidratos do macarrão com as substâncias tóxicas que se encontram nas gorduras saturadas dos animais. De fato, 100 gramas de macarrão contêm em média tantas calorias quanto um filé de boi com a metade desse peso. Ou seja: o segredo da leveza de uma massa está no controle daquilo que se mistura a ela. Quanto menos gorduras animais, melhor. Quanto mais vegetais, melhor ainda.Atletas em geral, principalmente os maratonistas, corredores de longas distâncias, se utilizam do macarrão como ração essencial de suas dietas. As massas, afinal, são riquíssimas nos carboidratos que no organismo se transformam em energia pura e acumulável. Além disso, são facílimas de digerir, graças à ação dos próprios fermentos salivares-em outras palavras, as massas não exigem muito esforço do estômago ou dos intestinos. Quem come apenas um belo prato de macarrão com alho e óleo em apenas uma hora volta a sentir sua doce fome.

Uma receita

As trujje sicilianas são as massas secas mais antigas de que se tem notícia. Não há, porém, qualquer dificuldade, além de uma certa paciência em se perpetrarem trujje (pronuncia se traie) hoje em dia. Basta o leitor acompanhar o passo a passo deste prato superinteressante, aqui demonstrado pelo jornalista e gastrônomo Silvio Lancellotti, que o recolhe. em velhíssimos arquivos familiares.Ingredientes para quatro pessoas: 500 gramas de farinha de semolina de trigo. Uma xícara de vinho branco, bem seco. Sal. Água tépida.1. Numa vasilha qualquer, misturar a semolina, o vinho branco e o sal. Acrescentar a água necessária para obter uma pasta bem homogênea.2. Depois de amalgamar bem a pasta, produzir pelotinhas de uns 2 centímetros da diâmetro. Deixar que as bolinhas descansem cerca de 30 minutos.3. Com o Indicador, furar cada pelota. Delicadamente, mexer o dedo a fim de aos poucos alargar o vazio e criar uma série do argolas.4. Enfiar as argolas, uma de cada vez, no chamado pau de macarrão. Ampilá-las ainda mais com movimentos breves e bem determinados.5. À medida que os colares se ampliam, recolher as meadas e enrolá-las delicadamente, não deixando de modo algum que os fios se rompam.6. Repetira operação até obter meadas da espessura de um spaghetto irregularmente grosso Deixar que sequem durante pelo menos 24 horas7. Cozinhar as meadas em caldo de carne denso e em plena ebulição, até que os fios atinjam o ponto al dente-20 a 30 minutos bastarão.8. Recolher e escorrer cuidadosamente as meadas. Polvilhá-las com pimenta, vermelha em pó e abundante queijo ralado (pecorino ou parmesão).9. Despejar azeite de oliva a gosto. Servir com um ovo frito, de gema ainda mole, por cima Acompanham as carnes da preparação do caldo.




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sábado, 17 de dezembro de 2011

Observatórios Primitivos - Astronomia

OBSERVATÓRIOS PRIMITIVOS - Astronomia



Como os antigos sabiam qual a melhor época para plantar, colher e fazer suas festas religiosas? A ciência começa a descobrir as respostas - e elas são surpreendentes.

Na planície de Salisbury, 140 quilômetros a sudoeste de Londres, na Inglaterra, está fincado um dos maiores mistérios da Europa - Stonehenge. Trata-se de um conjunto de pedras dentro de um círculo. Elas estão dispostas em forma de dólmens - uma pedra achatada sobre duas outras verticais. Ao que tudo indica, foram construídas há cerca de quatro mil anos, mas não se sabe quem as erigiu nem por quê. Os pesquisadores descobriram que algumas pedras usadas eram dali mesmo, enquanto outras foram trazidas de Gales, a nada menos que 300 quilômetros de distância. Os motivos que levaram os construtores a transportar pedras de até 200 toneladas por centenas de quilômetros são outro enigmaO certo é que, um dia por ano, os raios do sol nascente incidem diretamente sobre a chamada pedra do Calcanhar, a maior de todas, bem no centro do círculo. Esse dia - 21 de Junho - é o mais longo do ano e marca o solstício de verão no hemisfério norte ( e de inverno no hemisfério sul): o Sol nasce a nordeste, ao meio dia está sul e desaparece a noroeste. É possível, portanto, que Stonehenge fosse uma espécie de calendário ou que tivesse funções religiosas. Mas, como seus construtores não deixaram registros escritos, é difícil saber para que servia de fato o monumento. A suposição mais aceita é a de que Stonehenge fosse um observatório pré-histórico - por sinal o mais antigo da Europa, onde os pesquisadores já acharam vestígios de novecentos outros.Os povos primitivos, embora não tivessem desenvolvido instrumentos como a luneta - graças à qual o italiano Galileu Galilei pode revolucionar no século XVI as idéias que se tinha sobre o Universo -, aprenderam a observar o céu a olho nu. Seu interesse não era propriamente acadêmico - eles erguiam os olhos para descobrir por exemplo, qual a melhor época de plantar e colher e como se proteger das adversidades do clima. Consultavam também os astros para melhor se entender com seus Deuses. Os astecas, que habitaram o México entre os séculos XIV e XVI, costumavam observar o zénite, o ponto mais central do céu, para conferir a cada 52 anos se as Plêiades- uma das constelações mais brilhantes da Via Láctea-estavam ali. Pacientemente, os sacerdotes esperavam que elas se movimentassem -e respiravam aliviados. Era sinal de que o céu não estava parado e o mundo viveria outros 52 anos. Assim, com o Universo sob controle, os astecas podiam entregar-se a seus afazeres, como, por exemplo, promover sacrifícios humanos em homenagem aos deuses. Já os maias do sul do México, Guatemala e Honduras chegaram a registrar por escrito posições e órbitas de estrelas e planetas. Eles pareciam especialmente obcecados por calendários produziram pelo menos onze com finalidades agrícolas, sociais ou religiosas. Os conquistadores espanhóis, que não se distinguiram especialmente pelo respeito à vida e às tradições das culturas pré-colombianas que encontraram e destruíram quase todos esses registros, a pretexto de que se tratava de cosas del diablo.Um dos raros exemplares que se salvaram mostra a órbita de Vênus documentada num período de mais de cem anos. Os maias partiram do princípio de que Vênus girava ao redor da Terra, pelo menos, era o que enxergavam no céu e calcularam que cinco anos venusianos correspondiam exatamente a oito anos terrestres. Outro exemplo da observação astronômica maia está na cidade de Chichén Itzá, na península do Iucatã, México. É o observatório do Caracol, assim chamado pelos espanhóis por ter em seu interior uma escada em forma de caracol, semelhante à concha de um caramujo. A escada conduz a uma pequena cela onde três aberturas permitem observar o por-do-sol nos equinócios de outono e primavera de março e 23 de setembro no hemisfério sul. No hemisfério norte é o contrário. Nos equinócios, dia e noite duram o mesmo tempo.Meticulosos vigias do céu, os antigos egípcios, por sua vez, constataram há quatro milênios uma extraordinária peculiaridade: a cada 1461 anos, sempre no mesmo dia, a brilhante estrela Sirius se encontrava no mesmo lugar em que o Sol nascia. Compreende-se a perseverança dos egípcios: afinal, Sirius assinalava a data mais importante para eles: quando ela nascia a leste, anunciava a enchente do rio Nilo, cujo lodo fertilizava os campos e assegurava farta colheita. Já outros povos, como os índios hopi, do Arizona, nos Estados Unidos, não se guiavam pelas estrelas mas pelo Sol. Para isso, todos os dias anotavam cuidadosamente a posição em que o astro nascia na linha do horizonte.As observações dos hopi eram tão precisas que as datas mais importantes para sua agricultura, assim como seu calendário de festas e rituais, raramente estão errados em relação ao ano solar como o conhecemos hoje. Os hopi chegaram a ponto de determinar que, quando o Sol nascia atrás do pico de determinada montanha, era época de colher o milho. Se nascesse atrás de um pequeno platô, deviam colher os outros cereais. Ao contrário destes, os índios pueblos do Estado do Novo México nos Estados Unidos, faziam suas medições astronômicas utilizando monumentos de pedra por eles construídos como se supõe tenha sido o caso em Stonehenge, na Inglaterra. Um exemplo famoso são as pedras da Roca Fajada (rocha enfaixada, em espanhol). Essa rocha, num árido vale no noroeste do Novo México, suporta três enormes pedras que pesam cerca de uma tonelada cada. À direita das pedras, na parede da rocha, estão gravadas duas espirais: uma com nove voltas e meia, outra com duas voltas e meia. Depois de muito pesquisar, os cientistas verificaram que nos equinócios de outono e primavera uma delgada linha luminosa incide diretamente no centro da espiral menor. Esse e muitos outros monumentos de pedra, que às vezes têm a forma de círculos e anéis. intrigam os cientistas. Eles tentam relacionar tais construções com conhecimentos de Astronomia que se podem atribuir aos povos primitivos.Essa busca fez nascer já no final do século passado a Arqueoastronomia -como o próprio nome indica, um híbrido de Arqueologia e Astronomia. Em vários pontos do oeste dos Estados Unidos arqueoastrônomos encontraram anéis de pedra de vários tamanhos a que chamaram rodas de feiticeiro, por acreditarem que os índios lhes atribuíam poderes mágicos. A mais famosa delas foi descoberta em 1880, na cadeia de Big Horn, no Estado do Wyoming. Essa roda tem no centro elevações de pedra, das quais partem raios, também de pedra, dividindo-a em 28 setores. Supõem os cientistas que ela teria funções de calendário, já que vários desses raios apontam para o nascer de estrelas helíacas como Sirius e Aldebarã, que surgem antes do Sol (SUPERINTERESSANTE, ano2, nº3)Círculos de pedras foram localizados na Inglaterra, em Avebury, a norte de Stonehenge. O principal circulo tem pedras de até 60 toneladas, transportadas, ao que se presume, ao longo de muitos quilômetros, em trenós de madeira puxados a corda. Para os trenós passarem, centenas de árvores precisaram ser derrubadas numa área densamente florestada. Para ter uma idéia do trabalho de Hércules que foi a construção de Avebury, em 1938 doze homens recolocaram na posição original uma pedra de 8 toneladas; para tanto gastaram cinco dias, mesmo podendo utilizar cabos de aço. A experiência dá aos pesquisadores a convicção de que Avebury mobilizou sucessivas gerações até ficar pronta. Sua finalidade permanece um mistério.Mas é no Peru, a 400 quilômetros de Lima, que fica o que talvez seja o maior livro de Astronomia do mundo primitivo: as linhas e figuras do deserto de Nazca. Longas e retas, as linhas foram traçadas na areia coberta de pedra pelos povos que ali viveram, cuja identidade não é conhecida. Além delas, há uma série de enormes figuras de animais e desenhos geométricos, que só são reconhecíveis do alto (SUPERINTERESSANTE, ano 2, nº 4). Por isso, segundo o professor Márcio D´Olne Campos, diretor do Observatório a Olho Nu da Universidade Estadual de Campinas, "as pessoas tendem a ficar com a hipótese mais fácil e charmosa de que as figuras teriam sido traçadas por extraterrestres". Atualmente, cientistas da Universidade de Colgate, no Estado de Nova York, estudam os sulcos de Nazca para avaliar se eles se alinham com os corpos celestes. Os primeiros indícios revelam que as linhas se relacionam, isso sim, com pontos de solstício e de equinócio. Mas a Arqueoastronomia não se dedica apenas a tentar decifrar os enigmas de construções ou de figuras misteriosas. Ela estuda igualmente os templos antigos, onde, além de render culto aos deuses, os povos se dedicavam a medir o tempo. E o caso da torre da fortaleza da cidade de Machu Picchu, a maior atração turística do Peru. Considerada inicialmente apenas um templo. revelou-se um observatório de alta precisão.A descoberta de uma certa marca de pedra entre as ruínas de uma câmara mortuária ali existente levou os arqueoastrônomos a supor que os incas sabiam calcular a órbita dos astros. Contudo. nenhum povo da Antiguidade chegou tão perto do céu como os egípcios e uma das provas mais sugestivas do grau de refinamento de sua Astronomia está no famoso templo do faraó Ramsés II, construído há 3 200 anos em Abu Simbel e transferido na década de 60 para Karnak. O templo foi projetado de tal forma que o faraó Ramsés II pudesse celebrar o trigésimo aniversário de sua subida ao trono, em 1274 a.C.. com uma espécie de milagre: no dia da festa. ao amanhecer, a luz do Sol atravessou duas pequenas salas e chegou ao escuro santuário iluminando exatamente o ponto onde havia uma estátua do faraó.

O céu dos primeiros brasileiros

Os índios brasileiros também observavam o céu e nele representavam a fauna e a flora da Terra. Mas, ao contrário dos astecas e maias, não foram muito além da costumeira relação entre o aparecimento de determinados astros as Plêiades, especialmente-e a mudança das estações. Alguns exemplos dessas observações são as inscrições em rochas encontradas na Paraíba. No leito do rio Ingá, a 85 quilômetros de João Pessoa, existe um painel com desenhos de plantas, seres humanos e animais, entremeados de círculos, cruzes e espirais - tudo gravado num bloco de pedra que divide o rio em dois braços. Esses desenhos eram chamados pelos indígenas de itaquatiaras (pedras lavradas, em tupi).Na grande pedra que repousa sobre o leito seco do braço esquerdo do rio, destacam-se desenhos de estrelas interligadas por traços que sugerem uma constelação. Sabe-se que à época do descobrimento, no século XVI, a região que viria a ser a Paraíba era habitada por três grupos de índios: os tupis, os tabajaras e os potiguaras. O maior pesquisador do assunto, o médico Francisco Faria, não dispõe de dados para atribuir a qualquer um deles a autoria dos desenhos. Além das itaquatiaras, a recente descoberta de uma gruta com pinturas de sóis, estrelas e cometas, no município baiano de Central, revela que ali pode ter existido o mais antigo observatório da América.Arqueólogos e astrônomos também pesquisam como os povos primitivos de hoje em dia recorrem ao céu para organizar sua vida. Assim, o professor Márcio Campos, da Universidade Estadual de Campinas, estuda de que forma os conhecimentos astronômicos dos índios caiapós do sul do Pará se relacionam com a arquitetura da aldeia, com seu calendário, mitologia e rituais. Os caiapós baseiam-se na posição das Plêiades para saber quando caçar, quando vai chover e quando fazer a festa que coincide com a chegada das águas. Campos descobriu o horário em que os caiapós observam o céu e a partir daí conseguiu montar um calendário com todos os eventos de sua cultura. "Para eles", explica o professor, "os astros são como a folhinha dos brancos." .




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sábado, 17 de dezembro de 2011

Darwin - A evolução de um homem.

DARWIN: A EVOLUÇÃO DE UM HOMEM



Ele nunca teve um diploma universitário, mas o gosto pela natureza levou-o a uma verdadeira revolução no conhecimento humano. Sempre devagar, como as espécies que descreveu.

Charles Darwin, o único e aristocrático passageiro do HMS Beagle (His Majesty´s Ship Beagte), teve uma feliz e venturosa estada nas ilhas Galápagos ao largo do Equador, no oceano Pacífico, naquele longínquo ano de 1835. Foram quatro semanas de muito sol, passeios de barco pelas praias e enseadas, incursões pelas ilhas, onde a insaciável curiosidade do naturalista amador se deliciou observando e colecionando fantásticos espécimes animais e vegetais. Uma tarde, caminhando pela ilha Charles, surpreendeu-se com a declaração do governador Nicholas Lawson de que seria capaz de dizer exatamente de qual ilha provinha cada uma das inumeráveis tartarugas que encontravam pelo caminho.
"Está sugerindo que cada ilha produz seu tipo especial de tartaruga?", perguntou Darwin. O governador não tinha dúvidas, pois há mais de ano aprendera a identificá-las observando as carapaças, com os gomos mais altos ou mais baixos, a espessura, o colorido, o comprimento do pescoço e das pernas Abismado Darwin perguntou se o governador sabia por que isso acontecia. "Só sei o que os meus olhos me dizem", ou como resposta.
Os olhos do próprio Darwin já haviam visto algo parecido, ali mesmo nas ilhas Galápagos. Ele observara que os tentilhões, pequenos pássaros que lá existem aos milhares, tinham bicos diferentes, maiores ou menores, conforme fosse a ilha de origem. Assim, de observações quase casuais de um leigo, surgiu a idéia que, devida mente ordenada e desenvolvida, produziu uma das mais extraordinárias revoluções na história do conhecimento humano: a teoria da evolução das espécies pela seleção natural. Nesse trabalho, pode-se considerar a evolução como um fato experimentalmente comprovado como atestam as tartarugas e os tentilhões e milhares de outras espécies observadas. A seleção natural é uma teoria que explica os mecanismos pelos quais se produz a evolução.
Muitos anos depois de seu veraneio nas Galápagos, quando sua teoria já estava solidamente reconhecida pelo mundo científico, Darwin escreveu: "Tenho dois objetivos distintos em vista: primeiro, mostrar que as espécies não têm sido criadas separadamente; e, segundo, que a seleção natural tem sido o agente principal das mudanças (...). Se eu estiver enganado (...), se houver exagerado no poder da seleção natural (...), terei, pelo menos, prestado um bom serviço ajudando a derrubar o dogma da criação separada".
Por essas palavras, percebe-se que ele não pretendia ser um revolucionário. Na verdade, foi um tímido inglês interiorano, de idéias liberais, que desde criança cultivou o hábito de colecionar besouros, o que se transformou numa obsessão. Nasceu em Shrewsbury, Inglaterra, no dia 12 de fevereiro de 1809. Até a adolescência não apresentou nenhum traço especial de genialidade ao contrário, como parece ser regra nas biografias de grandes cientistas, seu pai chegou a temer que ele não fosse capaz de nada além de caçar ratos e besouros e, assim, fatalmente, desgraçaria o bom nome da família.
Tornou-se um hábil caçador e isso o levou a uma investigação acurada dos hábitos dos pássaros e animais em geral. Mas logo perdeu o gosto pelos tiros de caçador, e explicou: "Descobri, ainda que inconscientemente, que o prazer de observar e refletir era muito mais compensador do que a perícia da caça como esporte. Os instintos primitivos do bárbaro lentamente se transformaram no paladar de um homem civilizado".
Na Universidade de Edimburgo, onde foi estudar Medicina para seguir os passos do pai e do avô, Darwin descobriu que não tinha nascido para isso ao experimentar a para ele terrível sensação de operar um doente sem anestesia. E fez, então, uma descoberta tranqüilizadora: "Em Edimburgo me convenci de que meu pai iria me deixar propriedades suficientes para eu sobreviver com algum conforto, embora não fizesse idéia de quão rico eu era. Foi o suficiente para me tranqüilizar a respeito da minha incapacidade para aprender a Medicina".
De fato, Darwin nunca precisou trabalhar para garantir o próprio sustento, embora não se possa dizer que tenha sido um ocioso. Reconhecida sua incompatibilidade com a Medicina, o pai sugeriu que ele se dedicasse à Igreja Anglicana. E assim, no outono de 1827, Charles Darwin entrou para o Christ´s College, em Cambridge, acalentando a vaga idéia de que seria agradável ser um pároco do interior. Nem ele mesmo podia imaginar, àquela altura, que seria responsável pela demolição de alguns dos mais formidáveis dogmas da Igreja. Mas é certo que desde então se aborreceu com os ensinamentos que recebia.
Não era para menos. Segundo ele mesmo contou mais tarde, teve de aprender que a Terra foi criada às 9 horas do dia 23 de outubro de 4004 a.C.; que todas as espécies animais haviam sido produzidas ao longo dos seis dias da Criação; e que jamais haviam sofrido mudança em suas características originais. A data da criação do mundo havia sido fixada no trabalho conjunto do arcebispo de Armagh, James Ussher, e do eminente estudioso da religião hebraica John Lightfoot, publicado no final do século XVII. Um disparate, sem dúvida, mas na época aceito sem discussões. Muitos anos mais tarde, quando Darwin já publicara sua teoria revolucionária, seu companheiro de viagem no Beagle, o capitão Robert Fitzroy, ainda explicava a extinção de algumas espécies, evidenciada pelos fósseis descobertos no fundo da Terra, dizendo que esses animais simplesmente não haviam chegado a tempo para embarcar na arca de Noé.
Tais dogmas, no entanto, já estavam sendo contestados pela ciência. No final do século XVIII, o escocês James Hutton lançara as bases de uma nova Geologia Seu discípulo Charles Lyell continuou a desenvolvê-la no século XIX e mostrou que a Terra sofrera lentos e constantes processos de formação. E não apenas tais processos haviam consumido um tempo longuíssimo, mas continuavam a se produzir, interminavelmente. Começou-se a admitir, então, que o mundo era muito mais antigo do que se supunha. Um passo adiante já estava a convicção de que as espécies animais também eram antigas e também evoluíram ao longo desse tempo.
Outros cientistas já haviam se aproximado dessa idéia, antes que Darwin o fizesse. Seu próprio avô, Erasmus, médico, poeta e filósofo. Outro foi o francês JeanBaptiste de Lamarck, que publicou sua teoria no ano em que Darwin nasceu, 1809. Lamarck, porém, errou ao acreditar que a evolução ocorrera porque as características adquiridas durante a vida do animal eram transmitidas aos descendentes. Se isso fosse verdade, significaria que a girafa tem pescoço comprido porque seus ancestrais viviam esticando o pescoço para alcançar os galhos mais altos das árvores.
Charles Darwin desenvolveu sua paixão pela natureza encorajado por um professor, J.S. Henslow. Nunca foi um estudante brilhante, mas tinha imensa curiosidade. Foi uma sugestão e uma recomendação de Henslow, aliadas ao fato de ser um perfeito gentleman, que lhe asseguraram um lugar a bordo do Beagle. A tarefa do capitão Fitzroy era mapear mares e costas ainda pouco conhecidos pela Marinha britânica. A viagem devia durar três anos na verdade, durou cinco. Preso aos rígidos regulamentos da Marinha, o capitão não podia conversar com os subordinados fora das horas de trabalho. Como não havia passageiros no Beagle, significava que ele teria de fazer todas as refeições sozinho.
Darwin foi incorporado à tripulação como naturalista, embora não tivesse qualificação acadêmica para isso quando muito, era um diletante aplicado. Seu dever era mesmo fazer companhia ao capitão, e ele o cumpriu fielmente, embora em muitos momentos lhe tenha sido penoso suportar a conversa de uma pessoa autoritária, com quem não tinha nenhuma afinidade intelectual ou política (o capitão era um torie, conservador, e Darwin um whig, ou liberal). Quem pode imaginar o que tenham representado cinco anos de almoços e jantares a dois, nessas condições?
Zarparam dois dias depois do Natal de 1831. Passaram pelas ilhas Ocidentais, contornaram o extremo sul da América do Sul, passaram pelas Galápagos, chegaram à Austrália, seguiram para o sul da África, tocaram outra vez na América do Sul (Bahia) e voltaram para a Inglaterra. Darwin cumpriu zelosamente seus deveres de gentleman, mas aproveitou cada parada do navio para coletar quanto material pudesse rochas, fósseis, aves, insetos e até animais de grande porte, que ele próprio empalhava; era um exímio taxidermista. De cada porto, despachava pacotes e pacotes para Henslow, na Inglaterra, encarregado de cuidar de sua coleção de naturalista. E ainda encontrou tempo para escrever um diário.
Quando desembarcou, no dia 2 de outubro de 1 836 estava convencido de que as espécies animais sofrem mutações, se transformam. O problema era explicar como isso acontecia. Seis meses depois havia classificado todo o material coletado durante a viagem, com a ajuda de Richard Owen. Preparou a publicação oficial Zoologia da viagem do Beagle, do diário e de três outros livros. E só em 1837 começou as anotações para o seu trabalho sobre a transmutação das espécies. Persistia, porém, o mistério como ocorrem as transformações?
Darwin estava casado com Ema, com quem teria dez filhos, continuava a escrever um diário e nele, supõem seus biógrafos, anotava disfarçadamente todas as relações sexuais que mantinha com a mulher. Coisas de gentleman da rígida era vitoriana. No dia 3 de outubro de 1838, lendo "para me distrair" um livro sobre população de Thomas Malthus (1766 - 1834), encontrou a afirmação de que as populações tendem a crescer geometricamente, a menos que sejam impedidas. Percebeu, então, que ali estava sua resposta: as alterações que favoreciam um indivíduo permitiam que ele prosperasse, enquanto os outros não beneficiados pela mudança pereciam. Uma sutil e fundamental diferença para a teoria de Lamarck. Não é que as girafas fossem ficando com o pescoço cada vez mais comprido pela necessidade de alcançar os galhos mais altos das árvores, mas a necessidade de alcançar os galhos mais altos fazia com que só sobrevivessem as girafas de pescoço mais comprido.
Animais ainda quando da mesma espécie, são diferentes de indivíduo para indivíduo. Como os homens- há os de nariz comprido, de olhos tortos, pernas curtas ou longas, capazes de correr menos ou mais depressa, e por ai vai. Essas diferenças se transmitem geneticamente, através de mecanismos que só seriam devidamente explicados muito tempo depois. Darwin, no entanto, intuiu o caminho certo com notável precisão.
Um ano antes ele publicara A transmutação das espécies, em que aludia às mudanças que ocorrem, mas não arriscava explicação para elas. Mais de vinte anos passaram entre o desembarque do Beagle, o inicio das anotações e a publicação de Sobre a origem das espécies por meio da seleção natural, sua obra máxima. E ela só foi publicada porque em 1858 ele recebeu uma carta de outro naturalista inglês, Alfred Russel Wallace, que, ao longo de uma expedição à ilha de Ternate, nas Molucas, havia feito observações semelhantes às de Darwin e chegado às mesmas conclusões.
E assim aconteceu que a teoria da seleção natural chegou à Linnaean Society, a sociedade dos naturalistas ingleses, com um co-autor. Sobre a origem das espécies por meio da seleção natural chegou às livrarias no dia 24 de novembro de 1859. Eram 1.250 exemplares de 502 páginas e foram todos vendidos no mesmo dia. Darwin demonstrou ali como, por meio de adaptação lenta, extremamente gradual, e de alterações produzidas de geração em geração, uma espécie podia produzir indivíduos diversificados. E como, com a passagem do tempo, algumas espécies permaneciam iguais e outras se transformavam. Tudo sob a regência da seleção natural quem estivesse mais adaptado ao ambiente sobreviveria. Um quadro de progressão de complexidade biológica que culminou no homem, o mais sofisticado de todos os organismos.
Darwin jamais usou a palavra evolução, que logo passou a caracterizar e dar nome à sua teoria e sobre a posição do homem nesse painel limitou se a um comentário sobre a muita luz que no futuro ainda seria derramada sobre a questão. Muitos anos mais tarde ele voltaria a esse assunto no livro A descendência do homem e seleção em relação ao sexo. Mas em 1859 o cuidado de pouco adiantou: uma tempestade desabou sobre ele, pois sua teoria levava à demolição de algumas precisas construções religiosas sobre a criação do mundo e dos seres que nele vivem, feitas pela Igreja.
Foram anos de ferozes debates. Os principais adversários de Darwin foram seu antigo companheiro Richard Owen, o bispo de Oxford, Samuel Wilberforce, o escritor Edmund Gosse. Grandes defensores foram Charles Lyell, Joseph Hooker e Thomas Henry Huxley, considerado na época o melhor geólogo, o melhor botânico e o melhor zoólogo da Inglaterra. O próprio Darwin pouco apareceu, mas Huxley envolveu-se em discussões públicas que se tornaram célebres. Como, por exemplo o debate travado com o bispo Wilberforce. em 1860, diante de setecentos estudantes que lotavam o auditório da Sociedade Britânica para o Progresso da Ciência, em Oxford.
Charles Darwin deixou uma obra muito extensa, embora, desde o final da viagem no Beagle, tivesse uma saúde muito frágil-suspeitasse mesmo que durante 2.sua estada no Brasil.2 tenha adquirido a doença de Chagas. Tudo na natureza o interessou muito. Seu escritório, no terceiro andar de sua casa, Dow House, além de livros continha frascos com exemplares das mais variadas espécies animais e vegetais. Apesar da campanha severa que a Igreja fez contra suas idéias, acabou sepultado na abadia de Westminster, ao lado de Isaac Newton, em 19 de abril de 1882, aos 73 anos. Depois do enterro, seu filho William comentou: "Você pode imaginar que conversas deliciosas o pai e Sir Isaac vão ter de noite, depois que a abadia fechar e tudo ficar quieto?"

Sempre à margem da política

A importância da obra científica de Darwin é definida em quatro pontos pelo antropólogo queniano Richard Leakey. Primeiro, ele viu o mundo vivo como mutável, e não estático, como se acreditava em seu tempo; segundo, propôs a idéia da descendência comum para os membros da mesma espécie (por isso nunca disse, como se acredita erroneamente, que o homem descende do macaco; homens e macacos são ramos diferentes de uma mesma espécie, os mamíferos, que têm, todos, um ancestral comum); terceiro, ele acreditava que o processo de mutação era lento e gradual (hoje há cientistas questionando essa idéia, dadas as descobertas de evidência do surgimento de novas espécies quase que de repente); e quarto, estabeleceu que o mecanismo da mudança era a seleção natural.
Hoje sabemos que a variação ocorre em nível molecular. As características se transmitem dos pais aos filhos por unidades químicas que chamamos genes. A variação é, em grande parte, produto de uma recombinação de genes, quando se unem as instruções genéticas do pai e da mãe. A seleção natural apenas favorece os animais mais bem adaptados ao ambiente onde vão viver. Devido à variação, alguns indivíduos dentro de uma espécie são mais capazes que outros de sobreviver e, portanto, de procriar.
Houve quem tentasse levar para a política essa explicação da organização do mundo animal. Na verdade, a expressão "sobrevivência do mais apto" foi cunhada pelo filósofo inglês Herbert Spencer. Tentava-se usar as leis da Biologia enunciadas por Darwin para explicar e justificar a sociedade estratificada produzida, na época, pelo capitalismo industrial. Certamente, não foi culpa dele: politicamente, era um liberal, e todo seu trabalho científico levou-o a uma sólida convicção filosófica materialista de que ele jamais fez alarde.
Karl Marx, então empenhado como nunca na construção de suas doutrinas políticas, econômicas e filosóficas, vislumbrou isso em seus escritos e tentou, mais de uma vez, aproximar-se dele e, quem sabe, cooptá-lo para sua causa. Darwin sempre se esquivou-e polidamente recusou até mesmo a dedicatória que Marx pretendeu lhe fazer, no segundo volume de O capital. Mas não pôde impedir que ele escrevesse: "E notável como Darwin reconhece entre os animais e plantas sua sociedade inglesa, com sua divisão de trabalho, competição; abertura de novos mercados, invenções e uma malthusiana luta pela existência".

O Brasil era lindo mas os brasileiros...

Ao anoitecer do dia 4 de abril de 1832, o Beagle entrou na baia do Rio de Janeiro, então uma base da Marinha Real Britânica e por isso repleta de navios de guerra. Darwin anotou: "É a baía mais bela que o mundo e a Geologia poderiam apresentar, com a massa do Pão de Açúcar se destacando contra o céu límpido da noite . Do porto, ele e o artista de bordo, Augustus Earle, andaram 6 quilômetros por uma estrada de terra, ao longo do litoral, para chegar a Botafogo, onde ficaram hospedados durante as onze semanas que o Beagle ficou na cidade.
Era uma casa de madeira, pintada de cinza-pérola, varandas com telas nos três lados, uma sala modesta, três dormitórios com catre, mesa, cadeira. Do refeitório, num alpendre nos fundos, os hóspedes viam o morro do Corcovado, cujos 612 metros escalaram, seguindo pelo aqueduto que exista na época. Pagaram aos proprietários da casa, senhor e senhora Bolga, ingleses como eles, 22 shillings por semana, "um bom preço", segundo Darwin.
Seu primeiro contato com a sociedade carioca da época, formada basicamente por estrangeiros, foi num restaurante movimentado, "onde se podia beber uma aguardente gostosa e onde havia homens de negócios britânicos e americanos. cônsules de vários países, oficiais da Marinha e viajantes". Dias depois, Patrick Lennon, proprietário de terras em Macaé, levou Darwin até lá. Foi uma cansativa viagem a cavalo, sob um calor de 35 graus. O que mais encantou o naturalista foi a variedade da vegetação, multicolorida, e dos animais. "Era uma tarefa gigantesca descrever, classificar, catalogar, dissecar, espetar, preservar tudo o que colhi, entre animais, vegetais e minerais", ele anotou no diário.
Sua estada no Rio, no entanto, não foi dedicada apenas ao trabalho de naturalista. Levado pelo capitão Fitzroy, a quem devia fazer sempre companhia, Darwin freqüentou a noite carioca. Jantou na casa do ministro plenipotenciário inglês e foi várias vezes convidado para jantar na casa do almirante Thomas Baker, comandante-e-chefe inglês no Rio de Janeiro. Assistiu a um concerto de piano na casa do adido britânico, que lhe garantiu que se permanecesse mais algum tempo na cidade certamente ganharia um bom emprego e uma bela moça de família rica em casamento.
Apesar de ter gostado daquele período e ter admirado bastante a paisagem, a flora e a fauna do pais, Darwin anotou em seu diário que não sentia amizade pelos brasileiros. Cenas de violências contra escravos que presenciou não apenas no Rio mas também em Salvador e no Recife, onde o Beagle passou mais tarde, fizeram-lhe "ferver o sangue nas veias".

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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Pele para toda Obra- Biologia

PELE PARA TODA OBRA - Biologia



O mais versátil órgão do corpo humano não tem sequer 2 milímetros de espessura.

Como se fosse uma carapaça blindada, deixa de fora os raios solares e todo provável inimigo. Mantém a temperatura ideal: guarda o calor nos dias frios e o frio nos dias quentes. Reserva água para ser usada sempre que necessário e controla a pressão sangüínea. Produz vitamina e elimina substâncias tóxicas. Capta uma diversidade de informações do ambiente e transmite outras. E dá ainda ao corpo todo o seu contorno e relevo. Por baixo de sua aparente simplicidade, a pele é o mais versátil órgão humano, além de tão vital quanto o coração. Com toda essa importância, seria de esperar que as pessoas tivessem a seu respeito um conhecimento, digamos, menos epidérmico. Mas, na verdade, poucos sabem o que é estar na própria pele.
Embora seja uma engrenagem literalmente finíssima - sua espessura vai de 0,4 a 2 milímetros abriga uma série de estruturas, como nervos, glândulas e músculos, cada qual com funções bastante especializadas. Esticada da cabeça aos pés, a pele humana cobriria uma área de até 2 metros quadrados. Mas, certamente, ela não se estenderia por igual, feito um balão de gás que se enche: ora seria mais fina, ora mais áspera. Isso porque, para cobrir os olhos, por exemplo, a pele forma o fino parabrisa das pálpebras, enquanto para evitar o desgaste dos pés ela cria a proteção das calosidades. Sobre as juntas, como joelhos e cotovelos, fica pregueado para permitir flexibilidade e, nos dedos, para agarrar melhor, como um pneu agarra o chão, possui sulcos. Enfim, a pele não se pauta pela rigidez - ao contrário, se adapta à parte do corpo que reveste.
Um adulto perde diariamente cerca de 15 gramas de células epiteliais, como são chamadas as células da pele; é, em todos os sentidos, uma perda imperceptível: desde que se formam, na primeira semana de vida do feto, essas células se renovam sem parar. Toda essa atividade, que só termina com a morte, é para produzir a queratina, uma proteína impermeável que não permite a saída da água, que compõe 70 por cento do organismo humano.
Por isso, na verdade, por mais que uma pele rosada aparente estar cheia de vida, tudo o que se pode ver dela é uma camada de células mortas. As células vivas e arredondadas da epiderme, como é chamada a camada exterior da pele, nascem cerca de meio milímetro abaixo da superfície. Começam a subir gradativamente, empurradas por novas células param de nascer.
A epiderme, por sua vez, tem quatro camadas; as células saem da mais interior delas, a camada germinativa, rumo à camada de Malpighi, onde assumem uma aparência espinhosa; depois, sobem em direção à camada granulosa da epiderme, onde se inicia a formação da queratina, a partir da transformação de certas proteínas; a queratina, vai matando as células aos poucos, tomando o espaço dos seus núcleos. As células chegam mortas à última camada, a córnea, e, de tanto ser empurradas, ficam achatadas como escamas. Onde a pele é mais grossa, como na sola dos pés e na palma das mãos, podem existir camadas extras. De qualquer forma, todo o ciclo de vida da célula epitelial não dura mais de 21 dias.
Para formar as unhas, o organismo recorre ao mesmo processo. Afinal, as unhas nada mais são do que células epiteliais modificadas, cuja queratina atinge o máximo de rigidez. Há alguns milhares de anos sem uma função especial, as unhas são apenas resquício dos duros tempos primitivos em que o homem precisava lutar com garras e dentes pela sobrevivência. Também na epiderme, mais precisamente na camada germinativa, é que ficam os melanócitos, células especializadas em produzir um pigmento preto, a melanina, que se distribui pela pele, dando - lhe cor. Ao contrário do que se poderia pensar, não é o maior ou menor número dessas células que torna as pessoas negras ou brancas; o que conta é a quantidade de melanina que a célula consegue produzir.
A melanina não se limita a colorir: é o melhor dos filtros solares, impedindo a entrada dos raios ultravioleta. Por isso é que se pode ficar bronzeado numa praia, por exemplo: para proteger-se do sol, a pele aumenta a produção da melanina e escurece. Às vezes, a produção é maior em certos melanócitos do que em outros e assim surgem as sardas, pequenas pintinhas escuras. "Essa hiperatividade pode ser causada por hereditariedade", explica o dermatologista Mário Grinblat, do Hospital Albert Einstein de São Paulo, "mas também se sus peita que tenha a ver com certos hormônios femininos, já que as sarda aparecem com maior freqüência em mulheres."
Os poucos raios ultravioleta que conseguem atravessar a barreira de melanina reagem com determinada proteínas das células epiteliais, produzindo a vitamina D, essencial ao fortalecimento dos ossos. Porém, se essa produção for excessiva, causar problemas, como depósitos de cálcio nas juntas. É em cima da produção de vitamina D que muitos cientista tentam explicar as diferenças de cor na espécie humana. Ao longo da evolução, pessoas que viviam sob o sol forte e constante dos trópicos, com os africanos, teriam a pele mais escura porque a carência de vitamina D seria menor; já os habitantes de climas temperados ou frios teriam a pele clara para deixar entrar os poucos raios luminosos e assim manter a sua quota da vitamina. A única exceção, segundo essa teoria, seriam os esquimós, que têm a pele morena, mesmo vivendo no gelo.
Nesse caso, os cientistas observam que a alimentação dos esquimós. baseada em óleo de fígado e pescados crus, já é tão rica em vitamina D que a pele não precisa fabricá-la - daí a produção da melanina, para evitar excessos.
Mas é na derme, camada abaixo da epiderme, que se localiza o centro de operações da pele. Em meio a um líquido gelatinoso, chamado gel coloidal - que reserva água para outras partes do corpo, em caso de emergência - , estão mergulhados músculos, foliculos, glândulas, nervos e vasos.
As terminacões nervosas, especializadas em cinco sensações diferentes - tato, calor, frio, pressão e dor - fazem da pele o mais completo entre os órgãos dos sentidos. Nas regiões mais sensíveis, como nas pontas dos dedos e lábios, chegam a existir duas mil terminações nervosas por centímetro quadrado; já nos ombros, onde a pele é comparativamente menos sensível, não há mais do que quarenta terminações nervosas por centímetro quadrado. A imensa quantidade de vasos sangüíneos existente na derme, capaz até de trazer muito mais sangue do que a pele em si necessita, mostra que ela está a serviço também do sistema circulatório. De fato, quando a pressão arterial sobe muito, com risco de derrame no cérebro ou no coração, até um quarto do sangue que circula pelo corpo pode escapar para a pele, aliviando assim as artérias dos órgãos em perigo. Dai por que pessoas com pressão alta ficam com o rosto corado. A recíproca, no caso, é verdadeira, pois fica-se pálido quando se está com a pressão baixa, porque os vasos da pele se fecham, mandando mais sangue para o resto do corpo, a fim de aumentar a pressão nas artérias.
A circulação na derme, também aumenta ou diminui conforme a temperatura pois a pele está intimamente ligada à região cerebral chamada hipotálamo, que possui duas espécies de termostato. Um deles registra a elevação excessiva da temperatura corporal ou porque o dia está quente ou porque o corpo está em atividade e manda que o sangue circule com maior intensidade pela pele, a fim de dissipar o calor por radiação.
Ao mesmo tempo, certas glândulas da pele começam a produzir um líquido à base de sais, que se evapora em contato com o exterior da pele, provocando um ligeiro resfriamento do corpo: trata-se do popular suor. Calcula-se que um adulto pode produzir diariamente de meio litro a 2 litros de suor.
Quando a temperatura do corpo cai, o outro termostato do hipotálamo entra em ação e cuida para que o suor e a circulação do sangue diminuam. Mas, em dias frios. a terceira e última camada da pele, a hipoderme, abaixo da derme, também tem um papel fundamental, pois é formada por glóbulos de gordura, que servem de isolante térmico. É claro que a espessura dessa camada, além de definir as curvas do corpo, faz a diferença do gorda para o magro. No passado remoto da espécie, a função principal dos pêlos era aquecer. À medida que o homem foi evoluindo, porém, os pêlos foram se atrofiando. Mesmo assim, o corpo humano só não possui pêlos nas palmas das mãos e solas dos pés, ainda que em certas regiões sejam invisíveis a olho nu, como nos rostos femininos.
Um pêlo nada mais é do que um fio de proteína queratina, como a da pele, envolvido por uma capa de queratina dura; a cor do pêlo é dada pelos melanócitos de seu interior. Com o passar dos anos, essas células deixam de produzir a melanina e o pêlo embranquece. Da mesma forma como nos animais, o pêlo humano tem vida curta: os do corpo caem todo ano; os do couro cabeludo duram de dois a seis anos. Apenas não se nota a muda dos pêlos como nos outros animais, porque ela não acontece de forma organizada: cai um ou outro pêlo diariamente, e não todos de uma vez. Para se ter uma idéia, uma pes-soa normal perde em média todo santo dia trinta dos cerca de 300 mil fios que lhe cobrem a cabeça.
Cada pêlo está ligado a uma ou mais glândulas sebáceas. Estas se aproveitam do canal por onde sai o fio para liberar uma substância gordurosa que, junto com o suor, forma a emulsão protetora natural da pele. Existem cerca de dezessete glândulas sebáceas por centímetro quadrado de pele. Nesse mesmo espaço comprimem-se até duzentas glândulas sudoríparas.
"Pele normal é aquela em que as secreções dessas glândulas se equilibram", explica o doutor Mário Grinblat. "O equilíbrio pode dificultar o aparecimento de certas doenças, como pé-de-atleta".
Milhões de microorganismos, na maioria bactérias, habitam a pele humana. Só nas axilas, por exemplo, existem de 2 a 4 milhões de bactérias por centímetro quadrado: são responsáveis, aliás, pelo odor acre do suar, que na origem não tem cheiro algum. Num encontro de dermatologistas americanos, em fevereiro último, em Nova York, revelou-se algo que talvez explique como a pele mantém sob controle aqueles microorganismos: as células epiteliais produzem certas substância anteriormente consideradas exclusivas dos glóbulos brancos do sangue - que ajudam a desenvolver as células T de defesa do organismo.
Os cientistas descobriram que as células epiteliais ativam hormônios, como os sexuais, produzem substâncias equivalentes aos hormônios da tireóide e ainda fabricam uma proteína típica do fígado, que elimina o colesterol. Não se sabe ainda a função dessas substâncias para as células epiteliais. Mas é certo que, quando se danifica a pele em acidentes, está se perdendo parte daquela produção, o que de alguma maneira deve afetar o restante do organismo. Naturalmente, quando acontece um corte superficial na pele, o cérebro manda que se acelere o ritmo de produção de novas células. Mas em acidentes mais graves, como queimaduras, que destroem um pedaço da pele. não existem tantos recursos. Por desempenhar tantas funções ao mesmo tempo, a perda de uma determinada quantidade de pele pode ser fatal. Calcula se que uma pessoa com menos de 30 anos só sobrevive a queimaduras se tiver menos de 75 por cento da pele atingidos; uma pessoa de 45 anos não pode ter mais de 48 por cento da pele afetados; já em pessoas com mais de 75 anos, queimar 20 por cento da área total da pele do corpo é altíssimo risco de vida.
Essa realidade pode mudar com o uso de uma pele artificial, capaz de substituir temporariamente a pele distruída. Há alguns anos, os cientistas têm pesquisado materiais derivados de petróleo, como o silicone, para a fabricação de pele artificial. Mas o produto mais moderno, candidato a substituto à altura do órgão original, por ser biológico, foi desenvolvido pelo pesquisador brasileiro Luis Fernando Farah, 33 anos, de Curitiba, que há um ano e meio patenteou em dezenove países uma celulose para substituir a pele, chamada Bio Fill. A descoberta foi quase um acaso. No réveillon de 1985, Farah se contorcia de dor por ter derramado uma panela de água fervente sobre o corpo. Na ilha do litoral paranaense onde passava o ano novo. não havia recursos. Ele mesmo acabou cuidando da queimadura, rasgando bolhas e tentando colar os pedaços de pele para não deixar o ferimento em carne viva.
Um ano depois, já recuperado, Farah começou a pesquisar algo como uma celulose capaz de substituir a cera de abelha na produção de mel. "Quando cheguei à celulose, lembrei-me do acidente e achei que o material tinha características ideais para substituir a pele. Tratei então de testá-lo e funcionou." Hoje a pele de celulose é usada em hospitais do país inteiro. Além de acelerar a cicatrização e proteger contra infecções, o produto, ao cobrir as terminações nervosas, elimina qualquer sensação de dor. "Os nervos se deixam enganar, enviando ao cérebro a mensagern de que ali existe pele", explica Farah. E de fato a celulose se comporta como uma pele. A pessoa pode levar uma vida normal, e até tomar banho, que a pele irá descascando como se fosse natural, à medida que ocorrer a cicatrização dos tecidos naturais que estão por baixo.
Segundo os especialistas, quase a metade das pessoas que procuram um dermatologista têm um problema estético. Geralmente, segundo Mário Grinblat, elas acreditam que esse problema foi causado por algo que comeram, 0 que não costuma ser verdade. "Raramente um problema de pele está relacionado à alimentação, como a maioria pensa", diz Grinblat. E dá uma grande notícia: "Chocolate nunca causou espinha". Ele acredita, porém, que a pele é um dos órgãos mais facilmente influenciáveis pela mente: "Quando se acha que algo vai causar manchas ou irritações cutâneas, pode apostar que vai mesmo".
As pesquisas na área de estética se concentram mais no combate ao envelhecimento, a maior causa de rugas de preocupação. Na derme, as fibras de proteínas chamadas colágeno e elastina sustentam todo o tecido cutâneo, organizando-se como uma verdadeira rede. Tais fibras parecem molas: esticam ou se contraem quando a pele é puxada num beliscão. Com o passar dos anos, essa rede perde a elasticidade e o tecido a que dá sustentação - ou seja, a pele - fica flácido. A polêmica surge quando se discute o que fazer para manter elástica a rede de sustentação.
Alguns pesquisadores acreditam que o processo é irreversível e apontam o sol como um dos grandes culpados, por desidratar as fibras de proteína, que precisam sempre de absorver água. Cientistas americanos constataram recentemente que a vitamina A, usada em casos de acne, parece provocar a reidratação das fibras elásticas, mas isso ainda está sendo testado. E os cremes, será que funcionam? Depende. As pesquisas mostram que a pele é um dos órgãos com maior capacidade de regeneração, ou seja, ao menos em teoria uma ruga pode desaparecer. Mas, ao mesmo tempo, a pele é extremamente influenciada pelos estados emocionais e pelo modo de vida. "Está provado que, para se recuperar de uma desidratação ou, no caso, do envelhecimento, as fibras elásticas dependem diretamente de uma vida saudável além de tratamentos cosméticos", diz Roberto Papov, da empresa O Boticário. "Não há creme que evite problemas em quem dorme pouco, bebe e fuma muito."

Coisa de pele

Quando alguém se sente atraído por alguém e diz que o motivo é "coisa de pele" sabe exatamente o que está falando. De fato, sexo e pele têm muito em comum. Para começar, através das terminações nervosas cutâneas, pode-se experimentar a sensação das carícias que levam à excitação. Aliás, pele e carinho se associam desde os primeiros dias de vida, pois é pelos afagos e pelo calor transmitido pela pele dos pais que a criança experimenta segurança e conforto.
A pele tem, ainda, alguns recursos próprios para seduzir o próximo (ou a próxima). Na área dos órgãos sexuais, ela se torna mais escura, como se fosse para chamar a atenção; é por esse mesmo motivo que os mamilos têm uma pigmentação mais acentuada.
Os pêlos também entram nesse jogo de assinalar determinadas partes do corpo e diferenciar pele de homem e de mulher. Quando uma pessoa se sente atraída por outra, a pele envia sinais que muitas vezes passam despercebidos, mas nos quais sedutor e seduzida (ou vice-versa) deveriam prestar mais atenção. As palmas das mãos tendem a ficar úmidas porque ali aumenta a produção de suor; o mesmo ocorre na região genital. Enfim, o rosto de quem está apaixonado tende a ficar mais corado, graças a um aumento da circulação sangüínea na superfície cutânea - talvez seja essa coloração rosada o que se costuma chamar "ar de felicidade".




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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Sob o signo do Escorpião - Predadores

SOB O SIGNO DO ESCORPIÃO - Predadores



Eles são dos animais mais antigos que existem na terra. Quase tudo neles é diferente: o modo de atacar, as vítimas, de comer, de reproduzir-se. Seu veneno é poderoso, mas poucos dispõe dele em quantidade suficiente para matar um homem.

São animais de bem pequeno porte: os menores não passam dos 2 centímetros, e os maiores não chegam aos 20. Mas pelo menos no Norte da África, no Oeste mexicano e no sudeste do Brasil eles representam a morte. São os escorpiões, que carregam nas pinças da cauda um veneno que pode ser fatal. Eles se dividem em 1500 espécies, todos apresentando diferenças entre si. Uma delas é fundamental: alguns tem veneno em quantidade suficiente para afetar animais grandes - o homem-, por exemplo. Esse veneno é uma perigosa neurotoxina que, dependendo da quantidade inoculada no corpo da vítima, pode ser fatal.
Para os acidentados por esses escorpiões, a dor é lancinante. Tremores incontroláveis e um típico andar cambaleante são o prenúncio de uma morte que só vai chegar depois de muito sofrimento. O corpo se cobre de suores frios, a face se torna arroxeada e acontecem, então, as derradeiras convulsões. Mas também não é o caso de exagerar o perigo: das 1.500 espécies de escorpiões apenas vinte produzem o veneno em quantidade suficiente para provocar a morte de um homem adulto. Ainda assim, o desenvolvimento do processo dependerá sempre das condições de saúde da vitima e da capacidade do organismo de resistir às toxinas. Isso faz com que esses raros escorpiões sejam especialmente perigosos para as crianças.
Ao contrário das serpentes, que são classificadas em cinco grupos, a partir do tipo de veneno que produzem, os escorpiões perigosos produzem sempre o mesmo tipo, sejam eles do Norte da África, do México ou do Brasil. Convencionou-se chamá-lo neurotóxico porque ele age especialmente sobre o sistema nervoso e a morte é causada por asfixia: os comandos do corpo que controlam a respiração ficam bloqueados. Graças a essa característica, um único soro pode socorrer a vitima da picada de qualquer escorpião e existem mesmo acordos entre os países produtores para que o soro apresente sempre características semelhantes e eficientes em qualquer caso.
A espantosa virulência da picada é apenas uma das muitas particularidades adquiridas por esse animal que vem evoluindo há 400 milhões de anos. Sabe-se que os antepassados dos escorpiões eram maiores. Nesses milhões de anos de evolução, a espécie na verdade mudou pouco externamente e continua capaz de praticar muitas excentricidades. Os atuais escorpiões ainda são animais predominantemente de zonas secas; vivem nos desertos, escondem-se sob as pedras e pedaços de madeira. Mas há os que vivem nas florestas, outros que freqüentam a beira-mar.
É impossível saber desde quando os primitivos escorpiões passaram a contar com glândulas de veneno bem desenvolvidas, associadas ao aguilhão da cauda. Quase nada se sabe da anatomia interna dos pré históricos. Os restos fossilizados daqueles animais mostram apenas os contornos gigantescos de corpos que mediam quase 1 metro de comprimento. O mais antigo de todos foi encontrado na ilha de Gotland, território sueco bem no meio do mar Báltico, mas dele só foram recuperados alguns poucos fragmentos. Paradoxalmente, hoje não há escorpiões na Escandinávia em geral, e na Suécia em particular.
O maior escorpião que existe atualmente é o Pandinus imperator que vive na África Equatorial. Sua couraça negra e luzidia mede quase 20 centímetros e brilha à noite, como uma lembrança inquietante dos seus antepassados gigantes. O que mais impressiona no imperator é a corpulência. Seus palpos -as garras dianteiras- parecem as duas tenazes de um lagostim. A força de seus músculos é surpreendente. Aprisioná-lo entre as pontes de uma pinça é uma experiência inesquecível: as garras do animal dão a impressão de estar "mastigando" o aço.
Tamanho, força, agilidade, veneno. São as armas do imperator. Tudo Isso é descarregado sobre a vítima, tão logo ela seja encontrada. O gigante se alimenta de ratos, baratas, lagartixas. Embora não seja capaz de causar dano sequer a uma criança o veneno está dimensionado para paralisar apenas essas pequenas vítimas que constituem sua refeição , o imperator provoca verdadeiro pânico entre os nativos da região. Quando é localizado numa aldeia, é impiedosamente morto a pauladas e sempre queimado, pois os nativos acreditam que, depois de morto, seu corpo irá se fragmentar em dezenas de novos escorpiões, menores, que logo crescerão para invadir a aldeia.
Parece uma tolice. No entanto, na raiz de qualquer lenda há sempre um fato real, embora mal interpretado. Nesta também. As fêmeas dos escorpiões - todos os escorpiões, não apenas o imperator não botam ovos. Os filhotes vão sendo paridos já com a aparência de pequenos escorpiões que vão se juntando às dezenas sobre o dorso da mãe. Nesse período, que dura até duas semanas, eles permanecem imóveis e vão utilizando as reservas de alimento feitas enquanto estavam no ovo. Se uma fêmea do imperator carregando os filhotes for descoberta pelos nativos, ela realmente espalhará boa quantidade de pequenos escorpiões, ao ser morta a pauladas dando a nítida impressão de que se transformou neles, magicamente. A lenda, portanto, tem sua explicação lógica.
Outro erro de interpretação do comportamento dos escorpiões fez surgir a lenda de que, em situações extremas, quando não têm como escapar ao fogo, eles se suicidam. Nos povoados mexicanos as crianças costumam brincar com o perigosíssimo Centruroides noxius, um pequeno escorpião amarelo, colocando-o no meio de um círculo de fogo. Elas se divertem vendo o desespero do animal, os golpes a esmo que ele desfere em todas as direções, vibrando o aguilhão tanto sobre o solo quanto sobre o próprio dorso. Quando o animal finalmente morre, por efeito do calor escorpiões não resistem às altas temperaturas-, a gurizada jura que assistiu a um suicídio.
Bobagem. Mesmo que quisesse, o escorpião não conseguiria suicidar-se. Seu aguilhão não tem força suficiente para poder perfurar sua carapaça, e mesmo que conseguisse isso, seria inútil: o escorpião é naturalmente imune a seu próprio veneno. Mas outra lenda que corre sobre eles - a dos casais em dança noturna- não é lenda, é pura realidade. É claro que não se trata exatamente de um baile, nem eles estão se divertindo: é uma estratégia de seus mecanismos de reprodução, dos mais engenhosos que a natureza já produziu.
Os machos não possuem pênis. Assim, o encontro sexual de macho e fêmea ocorre de forma pouco convencional. A manobra começa com o macho entrelaçando suas garras nas da fêmea e arrastando-a para o que se pode considerar um longo passeio. O trajeto, cheio de vai-e-vem, se estende por algumas dezenas de metros. De repente, o macho se detém e dispara pela parte inferior do abdômem dois minúsculos bastonetes que se grudam no terreno, em posição vertical. Em seguida, o macho puxa a companheira, fazendo-a deslizar de barriga sobre eles. Nesse momento acontece a fecundação, pois o ápice de cada bastonete é um pequeno reservatório de sêmen, que entra em contato com a abertura genital da fêmea. Então. se o macho insistir em ficar por ali, apreciando o resultado de sua virilidade, vai se dar muito mal: a fêmea poderá matá-lo e transformá-lo em comida.
Comida, por sinal, é outro capítulo muito especial na vida dos escorpiões. Exclusivamente carnívoros, alimentam-se de insetos e pequenos invertebrados, podendo, algumas espécies, atacar um rato ou outro pequeno vertebrado. São capazes de passar longos períodos sem nenhuma alimentação, certamente devido ao fato de que sua habilidade para capturar presas é limitada. Eles esperam pacientemente, até perceber a proximidade de alguma vítima. Mas, se esta consegue escapar ao primeiro bote, não será perseguida.
Quando capturada, a vitima será firmemente segura pelas pinças dianteiras; se for grande, capaz de escapar, será então ferroada e paralisada pelo veneno. Mas comer é que são elas. Escorpiões não dispõem de mandíbulas convencionais como os outros bichos. O processo varia muito de espécie a espécie, mas de modo geral as partes mais macias da presa são trituradas por um par de quelíceras, liquefeitas e empurradas para dentro do estômago. O corpo da vitima, aos poucos, vai sendo reduzido à massa dos materiais que o escorpião não consegue digerir e então é simplesmente jogado fora.
Tudo isso configura um processo extremamente demorado. Em compensação, depois de uma refeição dessas o escorpião pode passar um longo período sem precisar outra vez de comida. Sua sobrevivência em face de toda essa frugalidade, não parece nem remotamente ameaçada. Os cientistas fixam o surgimento dos mais longínquos antepassados do homem em algum ponto há 1 milhão de anos; sendo assim. escorpiões são pelo menos quatrocentas vezes mais antigos, e eles já passaram por sucessivas catástrofes planetárias - períodos glaciais, vulcanismos intensos. inundações de continentes inteiros. Passaram por tudo airosamente, e ai estão. belos e fagueiros, dando nome a uma constelação da Via Láctea, e até reverenciados em alguns ramos do misticismo, como, por exemplo, a Astrologia. Não é a toa que cientistas chegam a acreditar que, na hipótese de uma catástrofe nuclear, suficientemente devastadora para inviabilizar as formas de vida mais sofisticadas, os escorpiões seriam uns dos raros sobreviventes. Continuariam a vagar sobre a terra calcinada (para eles um verdadeiro paraíso) num estranho paradoxo: encarados pelo homem como símbolo da morte, seriam então os únicos representantes da vida no planeta.

Os brasileiros mortíferos

Todos os escorpiões são peçonhentos, isto é, produzem veneno e são capazes de inoculá-lo na vítima. No Brasil, duas espécies devem ser temidas, porque tem veneno em quantidade suficiente para matar um homem. Um é o serrulatus, assim chamado por causa da pequena serra que tem na cauda. Ele é amarelo. Seu rival é o bahiensis, com nome derivado do local onde foi descoberto, a Bahia. É marrom-escuro. Ambos pertencem ao gênero Tytius, mas o amarelo é capaz de injetar o dobro da peçonha durante uma picada.
O soro contra picadas de escorpião é produzido pelo Instituto Butantã, em São Paulo, e serve para as duas espécies. A produção do soro começa pela extração da peçonha por meio de um pequeno choque elétrico, que não traumatiza o escorpião. Assim, ele pode fornecer peçonha de três em três semanas. Gota a gota, a peçonha de centenas de escorpiões é acumulada na concavidade de um vidro de relógio e levada a um dessecador a vácuo. Só depois de seca irá produzir o soro, mediante a hiperimunização de cavalos.
Os cavalos recebem doses progressivamente maiores de peçonha. ate que seu soro sanguíneo apresente certo potencial de imunidade. Então o sangue é colhido e o soro é separado, para chegar ao produto final, embalado em ampolas de 5 mililitros. As glândulas de peçonha dos escorpiões mortos também são aproveitadas. Seis mil glândulas (cada escorpião tem duas) fornecem 2,5 gramas de peçonha seca, quantidade que serve para a primeira hiperimunização de um cavalo. Cada cavalo permite, em média, a fabricação de 250 ampolas de soro.
Em cada acidente grave com escorpiões são utilizados quatro ampolas injetadas na veia. A dor da picada pode ser controlada com a imersão do membro atingido em água quente, por ação local de novocaína ou ainda por aplicação endovenosa de gluconato de cálcio a 10%. Antes do atendimento médico e da utilização do soro, a região da picada deve ser resfriada com aplicações de compressas geladas. Isso evitará que a peçonha se espalhe com rapidez pelo corpo.
O bahiensis pode ser encontrado desde a Bahia e Mato Grosso até o Rio Grande do Sul. O serralatus se limita aos Estados de Minas Gerais, Espirito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo.

No Saara, atrás de Escorpiões

O autor deste artigo viajou mais de mil quilômetros, pelo deserto do Saara, a serviço da Universidade de Tenerife (ilhas Canárias). Sua tarefa principal era capturar animais venenosos para a Universidade. Ele aprendeu a montar em camelos e integrou-se a uma expedição militar que patrulhava a região. Eis um breve relato dessa aventura.
Em todos os dialetos falados na região ocidental do Saara só há um nome para escorpião: ElAkram, isto é, O Escorpião. Para mim, O Escorpião só podia ser um animal, 0 Androctonus australis É a espécie mais venenosa do mundo, capaz de matar um homem em menos de quatro horas e um cachorro em pouco mais de cinco minutos. A distribuição geográfica do australis é extremamente irregular. Ainda que no mapa do Saara ele recubra de maneira uniforme o extremo Noroeste do continente africano, quando se está lá, no deserto, as coisas ficam bem diferentes. Em pleno território do australis existem milhares de quilômetros quadrados totalmente desprovidos de animais ou plantas. A única possibiIidade de se achar um reduto de seres vivos, ali, é quando se encontra... um cadáver. A carcaça ressecada de um camelo morto abriga e alimenta muitos insetos; atrás deles vêm seus perseguidores, os escorpiões.
Nosso encontro com o australis foi numa espécie de cemitério de camelos, um local onde foram possivelmente sacrificados-havia meses- os animais doentes ou velhos demais, antes da partida de uma tribo nômade. Numa área de poucas dezenas de metros quadrados, entre pedras, objetos abandonados e cadáveres em decomposição, foram capturados quase cem escorpiões. Oito eram da espécie Androctonus australis. Depois de apanhados com pinças e acomodados separadamente em recipientes de plástico. eles não me pareciam mais tão dignos do temor que causam aos homens do deserto. Aqueles animais me fascinavam por outra razão: era impossível deixar de imaginá-los em suas fantásticas peregrinações noturnas pelo deserto; dezenas de milhas rastreando, apenas com o sentido do olfato, o cadáver distante de um camelo.




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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

De Antenas Ligadas - Rádio Frequência

DE ANTENAS LIGADAS - Radio Frequência



As parabólicas estão provocando uma revolução nas comunicações. Permitindo captar emissões de TV do mundo inteiro, abrem espaço a mudanças culturais capazes de influir profundamente no perfil das sociedades do futuro.

No início da década de 60, quando nascia o programa espacial americano, rastrear satélites em órbita da Terra era uma atividade especializada, restrita a um seleto grupo de funcionários da NASA. Dificilmente alguém poderia imaginar na época que, menos de vinte anos mais tarde, milhões de pessoas espalhadas pelo mundo iriam transformar essa atividade numa rotina doméstica. Eis ai um dos efeitos mais notáveis da revolução nas comunicações, que imprimiu sua marca portentosa na vida do planeta neste fim de século. De fato, a disseminação das antenas parabólicas, que permitem captar em casa uma variedade estonteante de emissões de televisão de muitas partes do globo, representa um salto de proporções grandiosas na relação do homem comum com um dos mais glamourosos produtos da tecnologia contemporânea. O potencial de mudanças sociais e de comportamento que disso deverá resultar mal pode ser imaginado a esta altura, mas alguns indícios não deixam margem a dúvidas -sem falar na transformação por que já começam a passar os próprios televisores.
As primeiras antenas parabólicas domésticas começaram a chegar aos lares americanos em 1975. Hoje, nos Estados Unidos, são mais de 10 milhões de unidades instaladas nos tetos de prédios e casas, proporcionando a seus usuários o privilégio de acompanhar o que vai pelo mundo das imagens no mesmo instante em que entram no ar. A febre contagiou Europa e Ásia e, guardadas as proporções tende a se reproduzir no Brasil.
Aqui, á parabólica começou a ser comercializada há menos de cinco anos. Os primeiros clientes foram hotéis e grandes empresas. Hoje, calcula-se em cerca de 20 mil o número de antenas em funcionamento no país. Como resultado, já existe um respeitável público que se mantém informado vendo todas as noites, além (ou em vez) do Jornal Nacional da TV Globo, o noticiário das grandes redes dos Estados Unidos. "Nossa expectativa é que até o final de 1989 estejam em operação 100 mil antenas", diz Roberto Pedroso, dono de uma loja do ramo em São Paulo.
Quando você liga o aparelho de TV e tecla o canal de determinada emissora, a imagem que chega ao receptor foi gerada nos estúdios daquela estação e transportada por cabos para uma torre de transmissão que emite ondas eletromagnéticas. Tais ondas viajam pelo ar à velocidade da luz em linha reta e alcançam outra torre. Esta, por sua vez, retransmite as ondas para a antena de TV comum que está ligada ao aparelho de televisão. Ao percorrer essa trajetória, as ondas de televisão ficam sujeitas a todo tipo de interferência, desde a montanha no meio do caminho até a vibração do motor de um carro passando na rua.
Quando um aparelho de TV está ligado a uma antena parabólica e ela está voltada para a órbita de determinado satélite, é como se uma verdadeira avenida se abrisse para as ondas. Elas partem da estação rumo ao espaço, atingindo o satélite que as reflete para a Terra, onde são colhidas pelo prato da antena parabólica. Essa trajetória, naturalmente, está livre de interferências. Obtém-se, dessa forma, mais nitidez na imagem e no som. Tal vantagem, porém, nem sempre é o principal motivo que leva alguém a adquirir uma parabólica. A televisão a cabo, que trafega pelos fios, como um telefonema, por exemplo, propicia ganhos muito maiores em qualidade de imagem, pois o sinal segue diretamente do estúdio ao aparelho de TV, sem intermediações de qualquer espécie. Se assim é, o que teria levado milhões de telespectadores a instalar uma parabólica em casa? Ao que tudo indica, a resposta está mais perto da cultura do que da técnica.
Para o escritor americano Alvin Toffler, autor de O choque do futuro e A terceira onda, o homem do final do século XX está criando o que ele denomina infosfera, isto é, independente de fronteiras, nacionalidades ou correntes políticas, número crescente de habitantes do planeta Terra está se aproximando via informação. Saber o que está acontecendo a todo o momento pelo mundo afora passou a fazer parte do ato de viver nas sociedades modernas. Para os setores mais dinâmicos das populações dos países avançados, já não basta ler nos jornais o que aconteceu no dia anterior- nem tampouco acompanhar pela TV à noite os fatos ocorridos horas antes. No mundo cada vez mais integrado pela informática e pelas telecomunicações, se as cotações da Bolsa de Valores de Nova York caem drasticamente às 11h30 da manhã, os investidores em Londres ou Tóquio precisam saber disso na hora para reagir imediatamente à novidade.
Cultural no sentido estrito da palavra é o interesse por programas especiais, que só podem ser apreciados enquanto acontecem por meio de uma parabólica, como a apresentação do Balé Bolshoi em Mascou ou a cobertura ao vivo dos Jogos Olímpicos de Inverno em Calgary, no Canadá. As redes nacionais de televisão, cujos programas são vistos por dezenas de milhões de pessoas, procuram definir sua programação diária de modo a satisfazer a grande massa do público. Como é sabido, isso muitas vezes limita o alcance e a qualidade dos programas, sobretudo na área da informação. Assim, os eventos internacionais passam por vários filtros, ou edições, como se diz, para que o produto final seja assimilável pelo maior número de telespectadores. Para quem esse padrão é insuficiente, nada melhor do que poder buscar a versão original, graças à transmissão via satélite captada por uma parabólico.
A utilização de antenas parabólicas em nível doméstico no Brasil só ganhou impulso após o lançamento do satélite Brasilsat 1, em 1983. Hoje, os usuários brasileiros têm condições de captar programas de oito países -Argentina, Chile, Colômbia, Cuba, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e URSS. O campeão de audiência , é o canal das Forças Armadas dos Estados Unidos, que retransmite 24 horas por dia o melhor da programação das redes americanas. As imagens chegam de onze satélites geoestacionários, que estão em órbita da Terra a aproximadamente 36 mil quilômetros de altura, no chamado cinturão de Clarke. O nome é uma homenagem ao escritor inglês de ficção científica Arthur Clarke. Ele foi o primeiro a calcular, em 1945, a altura certa em que um satélite acompanharia o movimento de rotação do planeta e por isso pareceria estacionado sobre uma região.
Para captar com a parabólica os sinais transmitidos por um satélite, o usuário rastreia o espaço acionando o motor que movimenta a antena, ligado a um controle remoto. As imagens captadas pela antena são transmitidas para o aparelho de TV através de um receiver-aparelho que transcodifica o sinal das televisões estrangeiras para a nossa televisão. O meio de transporte das imagens via satélite são as microondas-ondas eletromagnéticas, que se fossem visíveis se pareceriam com os círculos concêntricos que se formam quando atiramos uma pedra num lago. A freqüência com a qual as microondas são emitidas determina a sua potência de alcance. A modulação da onda forma o código de informações que ela transmite.
Dessa forma, a imagem captada pela lente de uma câmara de TV é transformada em modulações de ondas eletromagnéticas, que se propagam pelo ar .O trabalho do receptor de são é converter essas ondas em sinais de imagem que serão projetados na pequena tela. Para que uma parabólica possa captar os sinais retransmitidos por um satélite, ela precisa estar localizada dentro da faixa de alcance desse mesmo satélite. Assim se explica por que apenas onze, entre as dezenas de satélites de telecomunicações que estão em órbita, alcançam as antenas no Brasil. Uma trasmissão do Japão só chega até aqui se dois satélites estiverem envolvidos na operação. As imagens do Grande Prêmio do Japão de Fórmula 1, por exemplo, são enviadas para um satélite que está acima do arquipélago japonês. Este, por sua vez, retransmite os sinais para outro, localizado no espaço próximo ao território brasileiro.
As antenas parabólicas são feitas de alumínio ou fibra de vidro, com diâmetros que variam dos 4 aos 6 metros. As menores só conseguem captar sinais gerados no território nacional; já as maiores alcançam as transmissões internacionais. Parecem pratos gigantes ou guarda-chuvas abertos de cabeça para baixo. A forma tem uma função: as microondas que atingem os pratos são refletidas para seu centro por efeito da curvatura geométrica da antena. Na ponta da haste presa no centro do prato há um componente eletrônico chamado alimentador, que como o próprio nome diz, alimenta aparelho de TV das microondas vindas do satélite.
Um sistema de captação de satélite brasileiro-que se compõe da ante na propriamente dita, de receptor cabos, conectores e instalação-ter um custo aproximado de 280 OTN (Cz$ 229 600 em março). Já um sistema para captação de televisões estrangeiras está em torno de 750 OTNs (Cz$ 615 000).
Na França e no Japão testa-se atualmente uma antena plana no lugar da forma parabólico. Nesse modelo, toda a antena é formada por microcircuito impressos, que transformam automaticamente as microondas em sinais a serem enviados ao aparelho de TV. A concorrência entre as grandes indústrias do Japão, Europa e Estados Unidos está produzindo também outros avanços tecnológicos. E o caso da microantena, de apenas meio metro de diâmetro, mas tão potente quanto uma oito vezes maior. Antenas parabólicas desse tipo, já em experiência, fixadas na janela de casa, podem captar sinais emitidos por satélites com poder de retransmissão cada vez maior. Parabólicas ou planas, grandes ou pequenas, tais antenas vão povoar cada vez mais a paisagem da civilização.

Cinema em casa

O aparelho de televisão mudou. Sua forma está diferente, seus recursos são mais variados. O próximo passo é exibir uma imagem impecável -- um desafio que pode significar mudanças em todo o sistema de transmissão.
Aos poucos, sem que os telespectadores se dêem conta, a televisão está passando por uma verdadeira cirurgia plástica. O velho tubo de imagem dos aparelhos convencionais caminha rápido para a aposentadoria. Será substituído pela tela plana de cristal liquido, colocada sobre a parede como um quadro. Além disso, o som está se tornando estereofônico- já é possível diferenciar na TV graves e agudos e distinguir os diversos instrumentos de uma orquestra. Mas o melhor de tudo é outra novidade: a qualidade da imagem também está para mudar.
Quando o chamado sistema de alta definição (HDTV, na sigla em inglês), inventado pelos japoneses em 1980, se espalhar pelo planeta, a televisão só perderá para o cinema no quesito tamanho. Então, os telespectadores poderão se deliciar com exibições de alta qualidade de superproduções cinematográficas que perdem muitos de seus encantos nos receptores de hoje. Mas a cirurgia plástica do velho aparelho esbarra num desafio: como melhorar a imagem que o telespectador recebe em casa sem mudar os próprios equipamentos das emissoras?
Na teoria parece simples. A imagem da televisão no sistema alemão PAL-M, como o usado pelos brasileiros, é formada por 525 linhas horizontais paralelas. Bastaria então que os engenheiros descobrissem uma forma de aumentar o número dessas linhas, diminuindo o espaço entre elas, para que a imagem ganhasse mais nitidez. Mas não é bem assim: para que o aparelho receba esses sinais adicionais, sem outras alterações, as emissoras teriam de ampliar sua banda de transmissão-algo como a Globo ocupar também o espaço por onde trafegam os sinais emitidos pela Manchete, TVS, Record e Bandeirantes.
Para evitar tamanhas colisões, recorreu-se aos satélites, que transmitem em freqüências mais altas. Em 1986, a estação Nippon Hoshio Kiokai (NHK), de Tóquio, começou a transmitir, via satélite, imagens pelo sistema Japan Hi Vision, de 1 125 linhas, para receptores especiais desenvolvidos pela indústria eletrônica japonesa. O resultado são imagens tão nítidas e cores tão fiéis como as de um filme de 35 milímetros. Além disso, como a tela dos aparelhos experimentais é retangular a proporção é de três de altura por cinco de largura, em vez dos atuais 3 x 4-, as imagens de alta definição são proporcionais às do cinema. Nada daqueles cortes nos cantos que muitas vezes comem o melhor de uma cena na telinha.
Aliás, a imagem produzida pela nova TV é tão boa que até o cinema já se curva diante dela: os efeitos especiais dos filmes Guerra nas estrelas, de George Lucas, e Caçadores da arca perdida, de Steven Spielberg, foram gravados em HDTV e depois editados junto com as cenas registradas em película normal.
Japoneses, americanos e europeus concordaram em trabalhar juntos para conseguir um padrão técnico de TV de alta definição que, de um lado, seja compatível com a maioria dos receptores existentes no mercado e, de outro, livre as emissoras dos formidáveis investimentos necessários à substituição de seus equipamentos.
Ao mesmo tempo, a indústria eletrônica dedica-se a oferecer aos telespectadores inovações que dispensem mudanças drásticas na ponta da emissão. O receptor digital, por exemplo, consegue o máximo de eficiência no velho limite das 525 linhas. Ao contrário dos modelos analógicos tradicionais-em que cada sinal corresponde a uma voltagem -, os digitais podem exibir imagens em câmara lenta, permitem sintonizar até cinco canais ao mesmo tempo (naturalmente, com quatro imagens mudas) em partes diferentes da tela e até congelar imagens durante a transmissão.
Ao pressionar uma tecla do televisor digital, o telespectador vê uma pequena janela aparecer no canto da tela-do tamanho de 1/4 ou 1/16 do vídeo. Embora não emita som, essa janela pode ser congelada, ou exibir imagens transmitidas por um aparelho de videocassete ou ainda por uma câmara de segurança instalada na entrada da casa. Ao receber os sinais eletromagnéticos das emissoras e transformá-los em dígitos de computador, o aparelho corrige automaticamente eventuais defeitos da emissão. Assim, ao receber uma imagem dupla-o chamado fantasma-, o circuito eletrônico envia à tela apenas os sinais originais que fazem a imagem mais forte-e cancela os mais fracos.
Da mesma forma, se uma interferência na transmissão afetar o colorido da TV, um circuito compara duas linhas de cores diferentes, uma ao lado da outra, e tira a média. Essa linha média intercalada entre as duas originais atenua as diferenças. Os televisores digitais ainda não estão a venda no Brasil. "As peças teriam de ser importadas, o que encareceria demais o aparelho", explica Flávio Pena, subgerente de produtos da National-Panasonic.
Durante o 1º Vídeo Trade Show. realizado no início de março em São Paulo, os visitantes puderam ver- com o auxílio de óculos especiais- um modelo de videodisco em três dimensões, desenvolvido pela Sharp.
Nos antigos filmes em 3-D, cada olho vê apenas uma imagem. O cérebro percebe o relevo pela convergência de duas imagens. De seu lado, a National-Panasonic desenvolveu um aparelho com imagens de alta definição-produzidas pela superposição dos sinais de cinco câmaras que podem ser vistas em três dimensões, sem que se tenha de usar óculos especiais. Contudo, essa nova maravilha ainda está muito longe das lojas de eletrodomésticos.
Minúsculos como relógios ou gigantescos como o Jumbotron, exibido em I985 na Feira de Ciências de Tsukuba. no Japão, os modelos de aparelhos de TV não deixam de inovar. Mas até a próxima década, prevê o engenheiro paulista Herbe Zambrone Júnior, que há onze anos trabalha com telecomunicações, "as grandes mudanças estarão nascendo nos departamentos de pesquisas das indústrias". Sentado em sua poltrona favorita, em frente à telinha de TV, o telespectador não se beneficiará a curto prazo da revolução em marcha nos aparelhos. Mas, quando menos perceber, a telinha terá mudado e ele estará assistindo a cinema em casa.

A tecnologia muda a imagem da aldeia global

Quando o astronauta americano Neil Armstrong pisou pela primeira vez o solo lunar, em julho de 1969, milhões de pessoas em todo o mundo acompanharam a proeza ao vivo em seus televisores. Isso parecia coroar as conhecidas teorias do canadense Marshall McLuhan (1911-1980), segundo as quais o planeta caminhava rápido para se tornar uma aldeia global, em que, de um pólo a outro, gostos, hábitos e idéias seriam cada vez mais parecidos-e todos induzidos pela onipresente TV.
Passados quase vinte anos, as tecnologias das telecomunicações que se desenvolveram ao longo desse período, como a TV por cabo e as antenas parabólicas de uso doméstico, tendem a desenhar um cenário que ao mesmo tempo reforça e desmente as previsões de McLuhan. Reforça na medida em que as novas técnicas ampliam o lugar da tela de TV na vida de cada um e, com isso, a dependência das pessoas em face dela. Desmente, porém, na medida em que tais avanços tecnológicos aumentam o leque de emissões à disposição do espectador. Com isso, pode diminuir a dependência do público em relação às grandes redes.
"No futuro, as redes irão buscar seu público nas classes C e D, abrindo espaço para o surgimento de sistemas de TV para platéias mais sofisticadas, com maior liberdade de criação", afirma o professor Ciro Marcondes, da Escola de Comunicações da USP. Mas a "segmentação da sociedade informatizada", como dizem os especialistas, coexistirá por muito tempo ainda como modelo tradicional, em que poucos (as redes) falam para muitos (a massa do público). Mesmo assim, no entanto, o acesso de um número crescente de pessoas às parabólicas multiplica o repertório de escolhas e acaba afetando a própria atitude do espectador diante da TV.
Três experiências já permitem espiar o futuro. Numa cidade-satélite de Quioto, no Japão, em Biarritz, na França, e em Columbus, nos Estados Unidos, domicílios estão interligados por cabos de fibras Óticas, conectadas simultaneamente a canais de TV. Esses canais oferecem programas bem distintos, pelos quais o espectador paga uma taxa mensal. "Dois vizinhos poderão passar anos sem assistir ao mesmo programa, a não ser as noticias dos telejornais", imagina Walter Clark, ex-diretor da TV Globo e um dos papas da televisão brasileira.
Nesse tipo de sociedade, a tela de televisão será um meio pelo qual as pessoas vão se comunicar entre si, receber informações de bancos de dados, fazer compras, movimentar suas finanças particulares e assistir a seus espetáculos preferidos. Diz Ethevaldo Siqueira, jornalista especializado em telecomunicações: "A tela de TV se transformará numa ferramenta sem a qual será muito difícil viver em sociedade".




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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Descida aos porões do Planeta.

DESCIDA AOS PORÕES DO PLANETA



É mais fácil ir à Lua do que chegar com uma sonda ao centro da Terra. As perfurações são lentas, caras e complicadas. Apesar disso, sabe-se cada vez mais o que existe e o que acontece debaixo dos nossos pés.

Há mais de um século, o francês Júlio Verne escreveu sua fantástica Viagem ao centro da Terra. Nela, o professor Otto Lindenbrok, mineralogista alemão, e seu sobrinho Axel desceram às profundezas do planeta perdendose em uma interminável cadeia de labirintos e galerias, onde correm rios de forte correnteza e mares subterrâneos. Na verdade, esse cenário não tem nada a ver com o que acontece no interior da Terra. Em 1864, quando Verne escreveu sua história, não se tinha ultrapassado sequer mil metros em direção ao fundo do coração do planeta, a 6 370 quilômetros da superfície.
Ali, a temperatura chega aos 4 mil graus e a pressão ultrapassa 3 milhões de atmosferas - uma atmosfera equivale à pressão exercida por 1 quilo sobre 1 centímetro quadrado. É um mundo infernal, de acesso quase impossível, digno da imaginação de um escritor de ficção científica: a profundidades maiores que algumas poucas dezenas de quilômetros, as altíssimas pressões e temperaturas pulverizariam qualquer sonda por mais resistente que fosse. Mas, afinal, o que existe mesmo lá embaixo? Como é mais fácil subir ao espaço do que descer aos porões do planeta, a ciência tem acumulado uma massa de conhecimentos sobre o sistema solar talvez até maior do que sobre suas camadas mais fundas.
Esse é o desafio para os cientistas que têm os olhos voltados não para o céu, mas para o chão - ou melhor, para o que existe abaixo dele. Embora compacta, a Terra não é um bloco homogêneo; é possível compará-la a uma imensa cebola, onde diversas camadas se sobrepõem. A pele que a recobre sena a crosta terrestre, cuja profundidade varia de cerca de 10 quilômetros nas áreas oceânicas até 70 quilômetros nos continentes. Por ser a camada mais superficial, a crosta naturalmente é a mais simples de ser estudada.
Os fragmentos de rochas recolhidos durante as perfurações são uma preciosa fonte de estudo. Depois da crosta vem a zona de transição para a camada seguinte, o manto, que alcança até 2 900 quilômetros de profundidade. Abaixo do manto está o núcleo, a uma profundidade de 5100 quilômetros. Para perfurar os cinco primeiros quilômetros em direção ao interior da Terra existem equipamentos apropriados. Daí em diante as coisas se complicam. "É difícil manter a sonda na direção correta, as brocas quebram e qualquer operação para recuperar 0 material leva muito tempo", explica o professor Igor Pacca, do Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo.
Nesse tipo de exploração, o recorde pertence aos soviéticos. Desde 1970, eles vêm fazendo perfurações na península de Kola, no extremo norte da URSS. Só recentemente chegaram à marca dos 13 quilômetros de profundidade - um simples arranhão na casca do planeta. Segundo o geofísica Pacca, o feito mais importante dos soviéticos até aqui foi não encontrar na parte inferior da crosta uma zona de transição de rochas de granito para rochas de basalto. Até então, os geofísicos acreditavam que essa área existia, tanto que tinham até um nome para ela: descontinuidade de Conrad. "Atingida a profundidade que corresponderia a essa descontinuidade, não se achou basalto", relata o professor Pacca.
Da mesma forma como os astrônomos astrofísicos querem conhecer melhor o que existe, por exemplo, em Marte, o mais ambicioso objetivo dos geofísicos de todo o mundo é conhecer a intimidade do interior da Terra. Por isso, em setembro do ano passado, uma equipe de cientistas iniciou uma perfuração na cidadezinha de Windischeschenbach, no norte da Alemanha Ocidental, que não vai terminar antes do ano 2000. Então, os pesquisadores esperam chegar à meta estabelecida: 14 quilômetros abaixo da superfície. No começo da viagem, vão utilizar os mesmos equipamentos usados em perfurações petrolíferas.
A partir do sexto quilômetro, no entanto, pretendem estrear um motor desenhado especialmente para essa tarefa, cuja novidade é um dispositivo especial que corrigirá automaticamente a direção da sonda ao menor desvio do eixo de perfuração. Se tudo funcionar, os alemães poderão economizar tempo. Além de superpreciso, esse instrumental é basicamente capaz de suportar altíssimas pressões e temperaturas. Quando a broca chegar ao décimo quarto quilômetro, estará submetida à temperatura de 300 graus. Não tendo acesso direto ao interior do planeta. os cientistas sempre precisaram valer-se de informações indiretas. Uma das formas de saber o que há nas camadas internas dessa grande cebola é analisar os fenômenos que nelas ocorrem.
Os terremotos, por exemplo, emitem ondas sísmicas, cuja trajetória e velocidade são minuciosamente estudadas ao se propagarem por toda a Terra. Combinadas com outras informações, essas análises trouxeram importantes descobertas. Assim. o geólogo iugoslavo Andrija Mohorovicic descobriu já em 1909 que entre a crosta e o manto havia uma descontinuidade. Em homenagem ao descobridor. ela foi batizada com o nome de Mohorovicic. Até 1936, supunha-se que o núcleo era fluido Naquele ano porém, a sismóloga dinamarquesa Inge Lehman, hoje com 99 anos, revelou após estudos de ondas sísmicas que o núcleo tinha também uma parte interna sólida.
Para descobrir de que é feito e o que acontece no miolo da grande cebola - o interior do núcleo -, os cientistas levaram em conta o efeito de um fenômeno natural muito estudado desde o século XVI: o campo magnético terrestre. Atualmente, os geofísicos estão convencidos de que ele é gerado no núcleo externo, mediante um processo semelhante ao de um dínamo só que contínua - os dínamos que se conhecem são descontínuos -, onde a energia mecânica se transforma em energia eletromagnética. Essa é uma das razões pelas quais os cientistas supõem que o material do núcleo interno deva ser metálico, pois precisa conduzir eletricidade para fazer funcionar o dínamo.
Tal teoria se encaixa na análise sismológica: a velocidade das ondas de choque que os terremotos produzem ao atravessar o núcleo revela uma densidade que corresponde à do ferro submetido a pressões como as que existem nas regiões centrais do planeta. A esta evidência junta-se o fato de que no Universo conhecido não existe outro material com tais características em quantidade suficiente para constituir uma alternativa. Daí se consolidou a idéia de que o núcleo é feito essencialmente de ferro, embora também existam nele elementos mais leves, como sílicio, enxofre, oxigênio, potássio, entre outros. Sabe-se com certeza que a pressão do material do núcleo aumenta de acordo com a profundidade.
Essa pode ser uma das razões que explicam por que o núcleo externo é líquido enquanto o interno é sólido - a elevadíssima pressão impediria que ele se fundisse. A questão da pressão e da temperatura sempre foi muito discutida, e a cada dia que passa os cientistas conseguem vencer barreiras nas suas experiências a esse respeito. No início de 1987, por exemplo, os pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Califórnia conseguiram determinar a temperatura do interior da Terra fazendo a seguinte experiência: primeiro, comprimiram uma amostra de ferro entre dois pequenos cones de diamantes, acionados por uma enorme prensa, até alcançar 1,4 milhão de atmosferas - de acordo com os cientistas, essa seria a pressão na fronteira entre o núcleo externo e o manto.
O segundo passo foi aplicar um raio laser na amostra para aquecer o ferro até o ponto de fusão. Verificou-se então que o metal fundia a 3 500 graus - enquanto sob a pressão atmosférica o ferro funde a 1500 graus. A etapa seguinte foi descobrir a temperatura no limite do núcleo sólido com o liquido, onde a pressão alcança 3,3 milhões de atmosferas - algo como a inimaginável pressão que 3 300 carros exerceriam sobre uma superfície do tamanho de uma unha. Para isso, os cientistas dispararam um projétil movido a hidrogênio contra a amostra, comprimindo-a e aquecendo-a até que atingisse seu ponto de fusão.
Não conseguiram chegar aos 3,3 milhões de atmosferas, mas deduziram que a temperatura, ali no limite entre o núcleo externo e o interno, estaria por volta de 6 300 graus, no âmago do núcleo, seria de 6 600 graus, mais até que na superfície radiante do Sol. Esses novos dados aumentaram em 2 mil graus as estimativas de temperatura que vigoravam até então. Entre os dados obtidas com essas experiências, um em especial se destaca: o possível aumento da influência do núcleo nos processos que ocorrem no manto, que abrange a região que vai da divisa do núcleo externo até a descontinuidade de Mohorovicic. O que os cientistas conhecem sobre o manto baseia-se no material que os vulcões expelem e nas cordilheiras vulcânicas do fundo oceânico, além do estudo de certos meteoritos.
Sabe-se que o manto é composto de silicatos, um material mais leve que a liga de ferro do núcleo e que não aparece de maneira uniforme, pois à medida que a profundidade aumenta o mesmo acontece com a temperatura e a pressão. Por isso, os cientistas dividiram o manto em dois níveis: o inferior e o superior, cada qual composto de minerais diferentes. "Uma camada notável do manto superior é a astemosfera", diz o professor Igor Pacca, "situada a 250 quilômetros de profundidade." Mesmo sólida, possui plasticidade suficiente para permitir o movimento de placas que estão acima dela.
Esse movimento é responsável pela deriva continental, que faz com que os oceanos cresçam e os continentes se afastem cada vez mais uns dos outros. De fato, sem o oceano a separá-las, as costas da África e da América do Sul se encaixariam perfeitamente, como num quebra-cabeça. A teoria da deriva dos continentes foi proposta em 1912 pelo meteorologista alemão Alfred Wegener, mas até os anos 50 ficou à espera de uma explicação. Afinal, qual seria o mecanismo que fazia massas de terra tão imensas se deslocarem? Experiências realizadas já então demonstraram que os sólidos cristalinos fluiam como líquidos quando se encontravam a temperaturas próximas do ponto de fusão.
Isso levou o geofísico holandês Felix Vening-Meinesz a elaborar a teoria de que na astenosfera ocorriam fortes correntes ativadas por diferenças de temperatura: os materiais quentes subiam e os frios desciam. A teoria do geofísico holandês foi reforçada nos anos 60, quando se descobriu que a crosta oceânica se renovava sem cessar com deslocamentos horizontais a partir das cordilheiras vulcânicas do Atlântico. Nesse movimento, elas liberam material quente do manto, e voltam a submergir. Isso ocorre, por exemplo, sob a cordilheira dos Andes. Mas foi só há poucos anos que se comprovou definitivamente a presença dessas correntes e sua influência na deriva dos oceanos.
A moral da história é que, mesmo não sendo possível o acesso direto ao interior da Terra, os avanços tecnológicos têm permitido aos cientistas ampliar os conhecimentos sobre sua estrutura, constituição e evolução - além de compreender melhor os fenômenos que ocorrem na superfície e afetam a vida em todas as suas formas.

Programas de brasileiros

No final de 1987, trinta estudantes freqüentavam o primeiro curso de graduação em Geofísica no Brasil. O curso começou em 1984, na Universidade de São Paulo. Dos vinte alunos que então se matricularam quatro terminaram o curso. Todos já têm emprego garantido: dois ficam no Instituto Astronômico e Geofísico e dois vão para grandes empresas. Afinal, mão-de-obra especializada nessa área é difícil, e empresas como a Petrobrás e a Nuclebrás sempre tiveram de investir alguns anos no treinamento desses profissionais. Eles vinham geralmente de áreas como a Engenharia e a Física e depois se especializavam.
Além das informações que os cientistas obtêm estudando os fenômenos físicos que ocorrem abaixo da superfície, as perfurações são uma rica fonte de dados. Só que exigem avançada tecnologia - e muito dinheiro. Por um motivo e por outro, é difícil ao Brasil lançar-se em experiências de sondagens profundas. Mesmo assim, os brasileiros têm participado de projetos internacionais com o objetivo de pesquisar as peculiaridades geológicos do território.
Eles estão presentes nessas operações desde os anos 70, quando foi lançado o Programa Internacional de Geodinâmica, um portentoso projeto integrado por pesquisadores de mais de cinqüenta países, que estudou principalmente os processos que modelaram a superfície da Terra. Depois, no final de 1980, veio o Programa Internacional de Estudos da Litosfera, que deve se estender pela década de 90. Um de seus coordenadores é o professor Umberto Cordani, diretor do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo. As informações levantadas por programas internacionais como esse não têm interesse exclusivamente acadêmico: servem, por exemplo, para auxiliar prospecções de petróleo na plataforma continental.




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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Revolução a bordo - Avião A320

REVOLUÇÃO A BORDO - Avião A320



Pilotar o A320 parece tão fácil como brincar de videogame. O mais moderno avião de passageiros do mundo tem controles eletrônicos do nariz até a cauda. Usa compostos de fibra de carbono no lugar de metais. Cada pedaço do aparelho vem de um país diferente da Europa.

Qual a diferença entre sentar-se na cabina de comando de um jato capaz de transportar até 180 passageiros e 5,5 toneladas de carga por pelo menos 4 mil quilômetros ( como de Porto Alegre e Natal ou de Manaus e Curitiba) e instala-se diante de uma tela de TV para brincar com um simples aparelho de videogame? Sob um único aspecto, a reposta é - nenhuma. Pois o jato em questão, o Airbus modelo 320, ou A 320 , como é chamado, é o primeiro avião comercial do mundo com um sistema de pilotagem totalmente eletrônico. Por isso, mas não só por isso, esse birreator que deve entrar este mês em operação na Europa inaugura uma nova etapa na arte, ciência e tecnologia de voar - de fato, o A320 é o pioneiro da geração das fantásticas máquinas voadoras que estarão cruzando os céus do planeta na virada do século.
Terceiro filho do consórcio multinacional Airbus Industrie, surgido em 1970, cujos A300 e A310 transportam 200 mil passageiros por dia com uma decolagem a cada 70 segundos pelo mundo afora, incluindo o Brasil, o A320 tem múltipla cidadania - é um pouco francês, um pouco inglês, um pouco alemão e ainda um pouco belga e um pouco espanhol. Ou seja, trata-se de um produto típico da Europa de hoje, onde os sotaques se misturam cada vez mais e as fronteiras importam cada vez menos. Representa a maior revolução na aviação comercial na era do jato desde o aparecimento do supersônico anglo-francês Concorde, na década passada. Mas, ao contrário deste, que já foi descrito como o maior fiasco industrial do Ocidente, o A320 é o aparelho que mais encomendas já teve antes de levantar vôo.
É um troféu da tecnologia. O piloto que toma assento na cabina não lidará com o manche velho de guerra. Em seu lugar, está à sua espera um simples bastão de comando - o side stick controller-, muito semelhante aos controles dos jogos Atari. Localizado não à frente, mas ao lado do painel, o novo sistema dá ao piloto uma visão livre dos instrumentos. Estes, por sua vez, também não são mais aqueles das gerações anteriores - foram redesenhados de forma a eliminar as dúzias de mostradores rotativos que atravancam os painéis dos jatos convencionais. O A320 levou mais longe a inovação experimentada nos A310 fabricados de 1982 em diante. Assim, apresenta apenas seis telas, onde cada informação aparece de maneira clara e em cores vivas.
Além disso, os refinados computadores que governam a aeronave da decolagem ao pouso simplificam de tal forma o trabalho do piloto que lhe permitem funcionar não mais como operador do avião, e sim como monitor do sistema de comando. Ele se decide, com base nas informações à sua frente, por determinada manobra; os computadores conferem se a ordem é adequada e, ao cumpri-la, procuram ainda aperfeiçoar a manobra. No A320, se o piloto e o co-piloto perderem a cabeça, os cérebros eletrônicos conservarão o juízo - e o avião no ar. A eficiência dos sistemas de computação eliminou a figura do engenheiro de bordo, encarregado de controlar o funcionamento dos aparelhos em vôo. No comando do A320, três é demais.
Dois sistemas vigiam o equipamento da aeronave, de olho em qualquer mínima falha. E mais: registrado um defeito, os sistemas emitem automaticamente uma mensagem que alcançará o setor de manutenção da companhia aérea na escala mais próxima, para a preparação do conserto e eventual troca de peças enquanto o avião ainda está nas alturas. Ao pousar, perde-se menos tempo no reparo da avaria, o que é bom para os passageiros e melhor ainda para as contas da empresa. Dinheiro, por sinal, era o que os pessimistas menos esperavam ver entrar nos cofres do consórcio Airbus, quando este se propôs a desafiar os gigantes americanos da indústria aeronáutica Boeing e McDonnell Douglas, oferecendo ao crescente mercado internacional uma alternativa em matéria de aviões wide-body para distâncias curtas e médias, silenciosos e econômicos.
Realmente, não se acreditava que um grupo europeu fosse capaz de derrubar a hegemonia americana, inventando um sucessor para o confiável BAC One-Eleven inglês e o elegantíssimo Caravelle francês, ambos irremediavelmente obsoletos. A idéia de uma associação de vários países para conceber e fabricar um novo tipo de avião parecia absurda. Mas pesquisas competentes de mercado e intensivos investimentos em tecnologia acabaram constituindo uma família de aviões apta a conquistar um lugar nos céus. O A320 é o fecho glorioso dessa aventura.
Ele nasceu como nascem quase todos os aviões comerciais. O primeiro passo foi a formação de um grupo de projetos integrado por executivos e engenheiros da empresa fabricante. No caso da Airbus Industrie, isso significou a participação de representantes dos quatro membros do consórcio - Aerospatiale (França), British Aerospace (Inglaterra), MBB (Alemanha), CASA (Espanha) -e ainda da empresa belga Belairbus, que se associou ao projeto do A320. A tarefa do grupo era estabelecer as medidas vitais do novo produto: tamanho, peso, altura, envergadura e mais uma infinidade de dados técnicos. "Foram meses e meses de cálculos e debates, em que nenhum detalhe pôde ficar de fora", explica Frédéric Ribere, diretor de produção do A320 na Aerospatiale.
Moreno, baixo, dono de um olhar perscrutador e de uma eloqüência pontuada de gessos e sorrisos, Ribere é um dos responsáveis pelo sucesso do A320. Aos 45 anos, 22 dos quais dedicados "quase integralmente" à Aerospatiale, ele viu nascer o Caravelle e o Concorde e foi um dos primeiros a apostar no projeto Airbus. A grande atração que a empreitada exerceu sobre ele provavelmente tem a ver com seu temperamento, que combina determinação e gosto pelo risco. Desde muito jovem, quando praticava vôo a vela e caça submarina, sonhava em construir carros de corrida. "A velocidade é meu fraco" confessa Ribere, que antes de entrar na Aerospatiale fez estágio numa fábrica de motores de Fórmula 1.
Para conceber um avião econômico, o grupo de projetos achou um caminho inovador capaz de reduzir em 18 por cento o peso (logo, também o consumo de combustível) da aeronave: usar materiais compostos de fibra de carbono a fim de substituir, onde fosse possível, as tradicionais estruturas metálicas. Mais leves, mais baratos e de mais fácil manutenção, os compostos de fibra de carbono (material utilizado, por exemplo, em raquetes de tênis) permitiram economizar mais de 600 mil dólares em cada aparelho. Da mesma forma, a substituição do manche pelo side stick controller, além de melhorar a vida do piloto, ajudou a emagrecer o avião.
O manche, é claro, pesa pouco. O que pesa bastante é todo o conjunto de alavancas, barras, porias e engrenagens que compõem o controle mecânico dos aviões - só acionado em casos raros de pane do sistema elétrico. No A32O, o aparato mecânico foi trocado por um afiado sistema de controle eletrônico, chamado FBW, do inglês fly by wire, vôo por cabo, ligado ao side stick por mais de 30 mil fios. Foi outro passo revolucionário. A mudança significou não só um aumento da capacidade do avião equivalente a mais dois passageiros como também uma redução da espessura da fuselagem central, por onde antes passavam as barras.
Tanto melhor para os passageiros: isso permitiu alargar o corredor central do avião e assim eliminar um aborrecimento de todo começo de viagem: a irritante presença do passageiro da primeira fila que bloqueia a passagem durante a eternidade que leva para acomodar seus pertences nos bagageiros superiores. Delineado o projeto base, o calhamaço que o contém embarcou para o chamado escritório de estudos - na verdade, um conglomerado de oficinas, laboratórios e centrais de computação onde o projeto inteiro foi detalhado. A seguir, o A320 foi dividido em cinco fatias principais, cada uma desenvolvida por uma das cinco empresas associadas no projeto.
A British Aerospace, por exemplo, ficou responsável pelas asas. Tecnicamente, não é a parte mais complicada. Mas é a mais importante da carcaça do aparelho. Quando um avião se prepara para pousar, muitos passageiros se espantam ao ver tudo o que sai das asas. Ficariam ainda mais surpresos se soubessem quanta coisa ainda ficou dentro. Os ingleses têm 20 por cento do consórcio Airbus. A francesa Aerospatiale, que tem 37,9 por cento (assim como a alemã MBB), desenvolveu os sistemas de computação, produziu a unidade dianteira da fuselagem, montou e testou o aeronave em vôo. Cada grupo construiu uma exata maquete do avião. Adotando o método proposto pela primeira vez já em 1889 pelo engenheiro Horatio Phillips um pioneiro da aviação inglesa, as maquetes foram testadas num túnel de vento, que reproduz as condições de vôo a grande altitude.
Nessa fase, muita coisa do projeto base foi alterada. Alongaram-se ligeiramente as asas, por exemplo, para ganhar maior autonomia de vôo, com ligeiro sacrifício do limite de velocidade. Uma infinidade de cálculos, ajustes e correções antecedeu o sinal verde para a construção do protótipo, a ser testado em vôo real. Tudo é feito com o auxílio de portentosos computadores, num processo conhecido como computeraided design, mediante o qual, um a um ou em conjunto, os componentes do avião são projetados até o último detalhe em questão de segundos. Não faz muito, na década de 60, os desenhos dos aviões eram produzidos em tamanho real, consumindo centenas de metros de papel e milhares de horas de trabalho.
"Naquela época, os computadores eram utilizados só para grandes cálculos", lembra Jacques Herubel, 52 anos, engenheiro-chefe do grupo de estudos da Aerospatiale, sediada em Toulouse, cidade de 500 mil habitantes no Sul da Franca. Baixo e calvo os pequenos olhos azuis escondidos por óculos de grossas lentes, Herubel parece viver sempre sob grande tensão. No entanto, para os mais de cem engenheiros (a maioria com menos de 40 anos) que trabalham sob sua batuta, ele é um chefe afável e paciente, que mantém com eles uma relação paternal. Pai de quatro filhos - o mais velho, com 23 anos, também engenheiro aeronáutico -, Herubel é igualmente um dos pais do sistema de controle computadorizado do A320.
Formado pela escola do Concorde, cujo desastre comercial é sua maior frustração, Herubel entende de computadores como poucos na Aerospatiale - e detesta calculadoras eletrônicas. "Em vez de exercitar a mente, a informática contribui para atrofiála", queixa-se ele, entre um e outro cálculo na ponta do lápis enquanto não vê a hora de chegar o domingo dia de esfriar a cabeça e exercitar a voz cantando num coral. A maior dificuldade na construção do protótipo é o caráter artesanal da operação. Aliás, na aviação comercial não se fabrica um protótipo, mas vários, para tirar dos testes tudo o que podem dar. Assim também se passou com o A320. E seus testes revelaram um consumo de combustível 62 por cento inferior ao trirreator americano Boeing 727-200.
Antes ainda de receber o certificado oficial de vôo, o A320 começou a ser fabricado em escala - na mais moderna linha de montagem do mundo, com alto nível de automatização, implantada em Toulouse. Na verdade, ele voa antes mesmo de ser montado. As diversas partes do aparelho - fabricadas em lugares tão diferentes como Chester, na Inglaterra; Bremen, na Alemanha; e Sevilha, na Espanha-chegam a Toulouse a bordo de enormes aviões de carga, que os técnicos espanhóis chamam de "pássaros grávidos" e os ingleses super guppies (supercomilões). Quem supervisiona as sete etapas de montagem final do avião é o diretor Jean Béué, funcionário da Aerospatiale desde 1964.
Esse engenheiro de produção de 48 anos já acompanhou a montagem de mais de mil aviões de vários tipos e conhece cada pedacinho do A320 como a palma da mão. Ele só não sabe pilotar - nem é muito chegado a viagens. Passa as férias na casa de campo, onde se dedica de corpo e alma à jardinagem - um hábito um tanto curioso para quem pretendia ser professor de Educação Física e chegou a integrar a equipe campeã nacional de rúgbi na França. O dinamismo com que Béué dirige os 150 engenheiros, técnicos e mecânicos da linha de montagem será ainda mais necessário a partir do próximo ano, quando a Aerospatiale aumentar as instalações para acelerar a entrega do A320. O ritmo de oito aviões prontos por mês - nunca antes alcançado na Europa - foi fixado para dar vazão às encomendas vindas de muitas partes do mundo. (Do Brasil não chegou nenhum pedido.) Pois, mesmo antes de sair do chão, o A320 bateu um recorde: 461 encomendas.

A-320
Os números do superavião

Comprimento: 37,6 metros
Altura: 11,8 metros
Envergadura: 33,9 metros
Altura da cabina: 2,2 metros
Largura da
cabina: 3,7 metros
Capacidade máxima de assentos: 176 passageiros
Configuração normal (duas Classes): 150 passageiros
Peso máximo na decolagem: 72 toneladas
Peso máximo no pouso: 63 toneladas
Capacidade máxima de combustível: 22,9 toneladas
Comprimento de pista para decolagem: 1 433 metros
Comprimento de pista para pouso: 1 341 metros
Velocidade máxima de cruzeiro: 1003 km/h
Velocidade de cruzeiro em longas distâncias: 966 km/h
Autonomia máxima de vôo: 5 500 quilômetros
Preço: 32 milhões de dólares

Técnica nova até nos testes
Antes de ficar livre para voar, uma aeronave deve provar que tudo nela funciona, em centenas de horas de testes? em condições muito mais difíceis do que na vida real. Antes do A32O, nos testes de aviação civil era preciso aguardar a volta do avião, estudar a fita magnética onde os resultados das provas são registrados, conferir o diário de bordo do engenheiro de navegação - e só então analisar os parâmetros medidos durante o vôo. Em Toulouse, isso é história antiga. A fim de ganhar tempo? a Aerospatiale investiu cerca de 10 milhões de dólares numa técnica até então só utilizada em testes de aviões militares: o acompanhamento do vôo por telemetria.
O sistema" que transmite as mensagens em tempo real via satélite, funciona de maneira semelhante ao empregado pela NASA nos testes espaciais. Todas as informações reunidas pelos computadores de bordo são transmitidas para uma central de telemetria, onde são analisadas pelos seis engenheiros e um chefe de escuta. Em Toulouse, esse chefe é Jacques Moncourrier, ex-navegador da Armada francesa, onde serviu por mais de vinte anos. Apaixonado por engenhos mecânicos e eletrônicos desde criança, quando seu brinquedo predileto era desmontar e remontar aparelhos de rádio, Moncourrier não teve dificuldade em instalar o sistema de telemetria na Aerospatiale. Sob sua orientação, a companhia montou um equipamento de visualização gráfica de medidas que pode ser usado mesmo por engenheiros não familiarizados com essa forma de apresentação de dados. "Graças à telemetria", orgulha-se Moncourrier, "a duração dos testes do A320 foi abreviada em três meses."


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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Tudo mentira - Comportamento

TUDO MENTIRA - Comportamento



Toda criança aprende que a mentira é um feio pecado. Mas os mesmos adultos que lhe ensinam essa verdade mentem mais do que aceitam confessar. Viver sem mentir parece tão difícil como viver sem respirar.

Ninguém gosta de admitir esta dura verdade: todos mentem. Seja para agradar a alguém, escapulir de uma encrenca, ser o herói de alguma aventura nunca vivida, levar vantagem na vida. Com suas pernas curtas, a mentira caminha no passo do homem desde que o mundo é mundo - e não dá o menor sinal de perder o fôlego, muito pelo contrário. Todos temos um pouco - ou muito - de Pinocchio. Há milhares de anos, como se estivesse conformado com o fato de que viver sem pregar uma mentirinha e tão impossÍvel como viver sem respirar, o filósofo chinês Confúcio (551-479 a. C. ) recomendava que se apelasse para esse antiqüíssimo recurso apenas quando a verdade prejudicasse uma família ou a nação. É um conselho maroto, como sabem os chefes de clãs e dirigentes políticos para quem nunca foi difícil fazer o que pregava o venerando sábio.
Aristóteles (384-322 a.C), o pensador grego, só aceitava duas maneiras de mentir: diminuindo ou aumentando uma verdade. O teólogo Santo Agostinho, no século IV, resolveu complicar o assunto descrevendo seis tipos diferentes de mentira: a que prejudica alguém, mas é útil a outro; a que prejudica sem beneficiar ninguém; a que se comete pelo prazer de mentir; a que se conta para divertir alguém; a que leva ao erro religioso; e. finalmente, a que ele considerava a "boa" mentira, que salva a vida de uma pessoa. Para as modernas ciências do comportamento, porém seja qual for a história falsa, a realidade é uma só: mentira é aquilo que se queria que fosse verdade.
O ato de mentir, contudo, é menos ou mais tolerado conforme os valores de cada povo e cada época. E até numa mesma sociedade podem coexistir graus diferentes de aceitação (ou repúdio) da mentira, de acordo com as expectativas que cada grupo social pode ter em relação aos demais. Os povos antigos, de maneira geral, condenavam a mentira, mas podiam mudar de idéia a partir do contato com outras culturas. Por exemplo, os povos da velha Índia tinham o preceito de só mentir para salvar um hóspede. No mais, os budistas pregavam que mentir equivalia a matar dez homens. Em tempos recentes, com a chegada dos colonizadores ingleses, a mentira passou a ser aceita com naturalidade pelos indianos, que a ela recorriam até para salvar a própria pele.
Mas, ontem ou hoje, na Índia ou no Brasil, segundo os psicólogos, existe um período da vida em que sempre se mente: a infância. Nela, a mentira é um modo de satisfazer, para si mesmo ou perante os outros, uma necessidade ou alcançar um desejo. Por exemplo, o garoto que diz que seu pai, uma pessoa modesta, é um "grande homem" quer que isso seja verdade. É parte do desenvolvimento psíquico de cada um fazer da mentira uma espécie de varinha mágica.
Também existem as mentiras por motivos óbvios, em que o pequeno mentiroso sacrifica a verdade para proteger-se da esperada punição por um mau desempenho na escola ou uma travessura que custou a vida de um valioso vaso em casa. A criança mente ainda para extravasar agressividade ou vingar-se de alguém: por exemplo, acusa o irmão de uma falta imaginária para vê-lo castigado e assim aplacar o próprio ciúme. Tudo isso, com mais refinamento, os adultos também fazem. Há, porém, uma diferença. "Não existe uma idade exata para parar de mentir. Mas quando se deixa de viver mentindo é sinal de que já se está maduro", acredita a psicóloga paulista Maria Helena de Brito Izzo, que há vinte anos trabalha com crianças.
Se a mentira é tão comum, por que todo pai vira uma fera quando flagra o filho mentindo? "Porque esse mesmo pai, embora também minta na sua vida, não deixa de dar o devido valor à verdade", responde Maria Helena. "Ele quer que o filho faça o certo pelo mesmo motivo que deseja vê-lo o melhor em tudo." A repressão familiar à mentira faz bem: sem ela, explica a psicóloga, não se aprende a lutar pelas coisas que se quer usando meios legítimos, nem se assume o que se faz- enfim, não se cresce. No final das contas, o adulto que mente constantemente é uma criança que só cresceu por fora. Pois então a mentira é prova de que algo vai mal na cabeça do cidadão - e precisa ser tratado.
Por isso mesmo, a mentira é uma das principais manifestações analisadas no divã do psicoterapeuta: os assuntos sobre os quais a pessoa mente fornecem ótimas pistas sobre as áreas mais problemáticas de seu temperamento, aquilo que ela não enfrenta ou quer esconder - de si mesma, para começo de conversa. Não menos importante, porém, é a influência da sociedade. Assim como a censura da família é fundamental para conduzir a criança ao bom caminho da verdade, a forma como a sociedade pune a mentira também é. "Num país como o Brasil, em que a impunidade corre solta, mesmo um adulto pode não ver mal algum em mentir", observa a psicóloga Maria Helena. Ai a mentira muda de figura. Já não se trata da necessidade compulsiva de enganar, típica da pessoa imatura, nem das pequenas inverdades que todos contam, seja por piedade, como dizer a um doente que sua aparência está ótima, seja para poupar-se de uma chateacão, ao mandar dizer que não se está em casa no momento de atender um telefonema.
Quando a mentira passa a fazer parte rotineira do jogo social - uma técnica de ataque e defesa na competição entre as pessoas por mais riqueza, prestigio ou poder, e ainda na guerrilha entre governados e governantes -, é claro sinal de que o pais onde isso acontece não vai bem das pernas. O pior é quando as pessoas mentem e já nem ficam vermelhas - ao contrário, até invocam justificativas para as rasteiras que praticam, como o contribuinte que lesa o físco porque se diz lesado pelo governo que não cumpre o que promete. A mentira envergonhada ainda é uma prova de que se sabe distinguir o certo do errado: assim como a hipocrisia é a homenagem do vício à virtude, ela é uma demonstração indireta do respeito pela verdade. Mesmo o mais descarado dos mentirosos, porém, se entrega - só não o nota quem não quer ou não presta suficiente atenção.
Descontadas as mudanças imperceptíveis diretamente, aquelas captadas somente pelo detector de mentira, o corpo mostra um grande número de sinais de que a verdade está passando longe naquela hora. Sabe-se, por exemplo, que é mais fácil mentir com o rosto do que com as pernas e os pés. Isso mesmo: cientistas descobriram que, pelo fato de todos conhecerem as próprias expressões faciais, de tanto vê-las no espelho, é mais simples controlá-las no momento de mentir. Mas é quase impossível disciplinar pernas e pés - que à sua maneira também "falam", e às vezes bem alto, durante uma conversação. O mentiroso bate os pés, cruza e descruza as pernas. É por isso que em negociações complicadas as pessoas ficam inconscientemente mais à vontade sentadas a mesas que escondem a metade inferior do corpo.
Numa das mais bem trabalhadas pesquisas sobre a mentira e o organismo, cientistas americanos pediram a um grupo de estudantes de enfermagem - uma profissão cujos praticantes são de certo modo treinados para mentir - que dissessem ora a verdade, ora a mentira sobre alguns filmes a que haviam assistido. Enquanto as enfermeiras falavam, uma câmara oculta tratava de flagrar os sinais mentirosos. Um deles é o ato de esconder as mãos, que normalmente se movimentam numa conversação para dar força a uma idéia. Sem perceber o que está fazendo, o mentiroso tende a tirar as mãos de cena, afundando-as nos bolsos, por exemplo, para evitar que desmintam a mentira que sai da boca.
As enfermeiras da pesquisa americana aumentaram a freqüência de autocontatos com o rosto, enquanto mentiam sobre os filmes. Ou seja, começaram a passar a mão pela face, alisar os cabelos, apoiar a mão no queixo. Mas dois gestos se destacaram: o de encobrir parcialmente a boca - nem que apenas por um momento - e o de tocar o nariz. O primeiro, segundo os psicólogos, traduz uma vontade de amordaçar-se, porque ninguém se sente totalmente à vontade ao contar mentiras. Tende a ser um gesto rápido porque exprime um conflito: uma parte do mentiroso não quer amordaçar-se coisa nenhuma - e sim continuar com a sua mentira. Já o toque no nariz tem duas explicações: a primeira seria basicamente a impossibilidade de cobrir a boca - portanto, encontra-se apoio no nariz, que está convenientemente próximo; a segunda explicação refere-se a certas mudanças fisiológicas, nos momentos de tensão, que aumentam a sensibilidade da mucosa nasal. Assim, ao mentir, o nariz coça, embora possa ser uma sensação tão suave que mal se perceba.
Finalmente, as enfermeiras mentirosas se mexiam mais nas cadeiras, como crianças que querem escapar de algum lugar. Na verdade, o que todos querem é escapar desse desconforto psicológico que é enganar o próximo, mesmo quando não se o ama. As crianças podem dizer "sou mentiroso e sou feliz; mais mentiroso é quem me diz". Mas não é verdade: mentira raramente rima com felicidade. Principalmente quando a pessoa se vê forçada a esconder de seu parceiro a realidade. Nas relações amorosas, diz o psicoterapeuta paulista Jacob Pinheiro Goldberg, a mentira costuma ser confundida com a fantasia, pois ambos os processos servem à mesma finalidade: suavizar as situações de tensão.
"Mas, na mentira", explica Goldberg, "existe a intenção de iludir o outro em causa própria, e isso implica lesões e mutilações para o relacionamento. Já a fantasia serve muitas vezes para sustentar a qualidade da relação." A mentira no jogo amoroso também sofre a influência dos costumes da sociedade em que vivem os amantes. Quanto mais tabus houver maior será a tendência para a hipocrisia e o fingimento. Poucas coisas são tão complicadas como o conflito entre a verdade e a mentira numa relação afetiva, e os rios de tinta já gastos pelos psicólogos para explicar a questão não conseguem cobrir suficientemente toda a gama de emoções envolvidas nessas situações.
Há quem vive para mentir e há quem mente para viver - como os que ganha honestamente o pão de cada dia graças ao fingimento, em tempo parcial ou integral. É o caso, por exemplo, dos atores, que fingem ser personagens; dos médicos, que ostentam nas horas mais graves uma calma fictícia; dos diplomatas, que por dever do ofício blefam à mesa de negociações. Os publicitários, cansados de levar a fama de vender mentiras bem embaladas, resolveram há oito anos criar o Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária (Conar), justamente para vigiar anúncios caídos na tentação de vender gato por lebre.
Pois bem: só nos últimos cinco meses do ano passado, o Conselho suspendeu sete campanhas publicitárias por causa das chamadas mensagens enganosas. Isso sem contar as campanhas que sofreram pequenas correções porque não explicavam direito o que estavam vendendo. "O problema desses tempos de crise", comenta Álvaro Moura, do Conar, "é que aumenta o número de produtos, como manuais fantásticos para ter sucesso, figas ecruzes milagrosas, receitas para ganhar na loteria. Está na cara que é mentira. Mas, no desespero, o brasileiro pode acabar acreditando."
As pesquisas indicam que os brasileiros menos acreditados pela população são os políticos. É uma revelação inquietante, sem dúvida, mas não é verdade que isso acontece só no Brasil - e só nos dias de hoje. Afinal, quatro séculos antes de Cristo, na Grécia Antiga, Platão ensinava que "a mentira enfeia a alma, mas é perdoável quando atende a interesses de Estado". Depois, no Renascimento, o italiano Maquiavel escreveria que todos vêem o que o político parece, mas poucos sabem o que ele é realmente. E assim ninguém tanto quanto o político profissional é uma aparência - ainda que a aparência engane.
A mentira se infiltra na História que se aprende nos livros didáticos - e cada país há de ter sua cota de maus tratos à verdade dos acontecimentos históricos. Dom Pedro I, por exemplo, jamais teria bradado "Independência ou morte" às margens do Ipiranga, ao receber a carta que o intimava a voltar a Portugal; teria reagido soltando uns sonoros palavrões. Guardadas as diferenças de tempo, lugar e pessoa, não se tem provas de que Nero tenha mandado incendiar Roma em 64 d.C., mas não há quem não tenha sido ensinado a acreditar em sua culpa.
Nos Estados Unidos, quando se ensina às crianças as virtudes da verdade, é inevitável o exemplo de George Washington: aos 6 anos, confessou ter derrubado a cerejeira favorita do pai, dizendo "não posso mentir". Na verdade, nenhuma de suas biografias confirma o episódio. O nazista Joseph Goebbels, famigerado ministro da Propaganda de Hitler, entrou para a História, entre muitas outras coisas, como tendo dito que "a mentira repetida diversas vezes se torna uma verdade". Nunca se provou que ele tivesse de fato dito isso, pelo menos com essas palavras. Mas tanto já se repetiu a frase que ninguém dirá ser mentira.

Mentirosos de mentira

De tanto inventar histórias para distrair seus amigos, o alemão Karl Friedrich Hieronymus, barão de Munchhausen (1720-1797), que serviu como mercenário no exército russo na guerra contra os turcos em 1740, acabou entrando para a História como um grande mentiroso, graças ao livro, por sinal publicado anonimamente em 1785, do escritor alemão Rudolph Erich Raspe (1737-1794). De volta dos campos de batalha, o barão contou, por exemplo, como se safara de um pantano onde caíra: puxando a si mesmo pelos cabelos. Em outra peripécia, salvou-se da morte cavalgando balas de canhão disparadas pelo inimigo. Entre uma aventura e outra, ainda achou tempo para ir à Lua - duas vezes.
Mas não há literatura que não tenha seus campeões da mentira - real ou imaginária. O escritor francês Alphonse Daudet (1840-1897) celebrizou-se graças às aventuras mentirosas de seu personagem Tartarin de Tarascon, um burguês baixinho, com certa tendência à obesidade, que se imaginava um valente herói e saía contando peripécias nunca vividas. No Brasil, o mentiroso Macunaíma, de Mário de Andrade, nem fez questão de se fingir de herói: covarde como só ele e sem nenhum caráter, Macunaíma mentia o tempo inteiro para se safar de qualquer problema - dizer a verdade, aliás, Ihe dava preguiça.
O mentiroso mais conhecido do mundo da ficção foi sem dúvida Pinocchio, o boneco de madeira criado em 1878 pelo escritor italiano Carlo Collodi. Numa tentativa de educá-lo, a fada madrinha de Pinocchio fez com que cada vez que ele mentisse o nariz crescesse. Antes que virasse um Cirano, o boneco acabou desistindo de sua vida de mentiras. Foi, talvez, o único mentiroso da literatura a optar pela verdade - pela boa e simples razão de que a verdade Ihe trazia mais vantagens do que a mentira.


Quando os animais mentem
A mentira, na natureza, é uma arma de sobrevivência. Muitas vezes, na luta contra o predador, a presa só tem chance de escapar se souber mentir bem. E o caso dos camaleões, que, graças à pigmentação especial da pele, se confundem com o ambiente. Ou de certos caranguejos, que vivem com a carapaça coberta por algas ou esponjas. Os insetos são especialistas em se fingir de cortiça ou de gravetos no tronco de árvores. Essas e muitas outras formas de mentira atendem por um único e verdadeiro nome científito - mimetismo.
O fenômeno foi estudado pela primeira vez pelo naturalista inglês Henry Walter Bates (1825-1892), que observou o comportamento das borboletas no vale do rio Amazonas. Ele descobriu uma família de borboletas que conseguia escapar dos pássaros tornando-se parecida na forma e na cor com outra família. cujo sabor não agradava às aves. As borboletas apetitosas tratavam de voar misturadas às outras. Hoje se sabe que os animais memorizam certos padrões de aparência quando associam determinada presa a um gosto nauseante ou à dor. Portanto, mentiroso competente é aquele que consegue assumir uma aparência pouco atrativa para o predador.
Existem, porém, casos de automimetismo: animais que imitam outros da própria espécie. Os zangões, por exemplo, quando estão prestes a ser atacados, voam e zumbem como abelhas, que, como bem sabem os atacantes, têm ferrões para se defender-se a mentira pega, os zangões se salvam. Nem sempre, contudo, é a presa o mentiroso. Isso acontece no caso clássico do lobo em pele de cordeiro, ou seja, o animal que finge ser manso, se aproxima calmamente de outro com ar de quem não quer nada e sai ganhando uma refeição.


Retrato de um mentiroso
Enquanto a boca mente com a maior desenvoltura, a mente se perde entre o que conhece como verdade e o que está sendo afirmado mentirosamente como verdade.
Durante esse pequeno curto-circuito, ocorrem mudanças fisiológicas comuns a todo e qualquer mentiroso: a respiração se interrompe por um segundo e depois volta num ritmo acelerado; o coração também passa a bater rápido e a transpiração aumenta. Como nada disso pode ser percebido diretamente, existe o poligrafo, ou detector de mentira, um aparelho que em contato com o peito, o pescoço e as pontas dos dedos registra em gráficos aquelas manifestações fisiológicas.
Certamente, todos os sintomas citados aparecem no mentiroso. A polêmica, porém, surge ao se levantar a possibilidade de que qualquer pessoa em estado de ansiedade - com problemas familiares, por exemplo - pode apresentar as mesmíssimas características. No Brasil, apenas a polícia de São Paulo usa o detector de mentira. Segundo o delegado Nelson Silveira Guimarães, "apesar da confiança que temos no exame, ele não é considerado prova judicial, mas apenas um indicio que pode influênciar a opinião do juiz". O detector de mentira, diz Guimarães, só não é ainda mais usado porque apenas um em cada dez suspeitos consente em submeter-se ao aparelho. Além disso, enquanto nos Estados Unidos cerca de 10 mil policiais sabem manipular o detector, no Brasil não há mais de uma dúzia de funcionários habilitados.




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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

S.O.S. Ozônio

S.O.S. OZÔNIO



Um buraco na camada de ozônio sobre a Antártida, maior que toda a América do Sul, ameaça o clima do planeta. Tudo indica que o culpado é um produto usado em sprays, geladeiras e embalagens para sanduíches. Apesar das advertências dos cientistas, pouco se faz para acabar com esse grave perigo.

O alarme começou a soar há mais de dez anos e nos últimos meses aumentou de intensidade, causando impacto no mundo inteiro. A camada de ozônio que envolve a Terra como um escudo protetor contra os perigosos raios ultravioleta do Sol diminuiu de 3 a 7 por cento. Mas isso é uma insignificância comparado com o verdadeiro rombo que acontece sobre a Antártida, - alí, todo mês de setembro, no início da primavera, quase a metade da concentração de ozônio é misteriosamente sugada da atmosfera. O fenômeno cíclico deixa a descoberta uma área de 3 milhões de quilômetros quadrados, maior do que toda a América do Sul, ou 15 por cento da superfície do planeta.
Sem o filtro protetor do ozônio, os adoradores do Sol ficarão expostos diretamente a radiação ultravioleta média - aquela do período das 10 às 14 horas, que todo dermatologista adverte, como a mais perigosa para a saúde. Calcula a Academia de Ciências dos Estados Unidos que uma diminuição de 1 por cento da camada de ozônio pode causar 10 mil novos casos de câncer de pele por ano só entre os americanos. As estatísticas brasileiras não são tão precisas. Mas o cancerologista Francisco Belfort, do Hospital A.C. Camargo, em São Paulo, confirma: o número de casos de carcinoma -o tipo mais comum de câncer de pele está aumentando. Dos males este ainda é o menor.
As piores conseqüências da diminuição da camada de ozônio serão sentidas no clima do planeta. O engenheiro alemão naturalizado brasileiro Volker Kirshhoff, chefe do laboratório de ozônio do INPE (Instituto de Pesquisas Espaciais), explica por quê: "Na atmosfera", ele diz. "tudo funciona como um jogo de xadrez. Qualquer movimento de uma das peças pode abalar a posição das outras". Por isso, teme-se que a diminuição de ozônio possa contribuir para um futuro aquecimento da Terra, quando parte da calota polar derreter, causando inundações em outras áreas do planeta. Os cientistas chamam a essa catástrofe "efeito estufa".
Por enquanto, a situação é mais preocupante na Antártida, onde a perda anual de ozônio parece estar atrasando a chegada da primavera. Supõe-se que invernos mais longos tendam a comprometer o ciclo biológico das espécies animais e vegetais da região. Com maior segurança, os cientistas relacionam o déficit periódico de ozônio com a quebra da cadeia alimentar da fauna antártica. No ano passado, um erro atribuído à ministra do Meio Ambiente da Suécia, Birgitta Dahl, assustou os brasileiros.
Ela teria afirmado que o buraco na camada de ozônio cresceu tanto que atingiu o paralelo 16, no hemisfério sul, ou seja, o Sul da África, a maior parte da Austrália e metade da América do Sul. Na verdade, a ministra teria querido dizer paralelo 60, que nem alcança a Argentina. "Por sorte", explica o engenheiro Kirshhoff, "a extensão do buraco no ozônio não aumentou nos últimos dois anos." Pode ser que os seus limites estejam fixados pelas condições peculiares do clima na Antártida. De qualquer forma, há dez anos o INPE faz o monitoramento do ozônio sobre o Brasil por meio de balões e sondas, em operação conjunta com a NASA americana. E até agora não apareceram motivos de inquietação.
Quanto mais os cientistas investigam a causa da diminuição de ozônio na atmosfera, mais certos estão de que o homem, ou melhor, um composto químico chamado clorofluorcarbono, produzido pelo homem, está por trás desse desastre. Não deixa de ser uma ironia. Quando foi criado pelos químicos da General Motors em 1928, o clorofluorcarbono - ou CFC, iniciais dos três elementos que o compõem - parecia a maravilha das maravilhas. Podia ser usado com segurança como spray em inseticidas, produtos de limpeza e tinta, sem o risco de reagir com o conteúdo das latas.
Até o inicio da década de 70, o uso do CFC - também conhecido como Freon, marca do produto fabricado pela Du Pont - cresceu sem barreiras. Dos sprays, passou para os circuitos de refrigeração de geladeiras e aparelhos de ar - condicionado. Depois, tornou-se um dos elementos das fôrmas de plástico poroso usadas para embalar sanduíches, comida congelada e ovos, além de servir como solvente na indústria eletrônica. Não havia por que imaginar que uma matéria-prima tão útil pudesse ser também perigosa.
O primeiro alarme foi acionado em 1974 pelos químicos americanos Sherwood Roland e Mario Molina. Embora inofensivo na Terra - advertiam eles -, o CFC podia ser um veneno na atmosfera. Suas moléculas passavam intactas pela troposfera - a faixa de ar que vai da superfície até cerca de 10 mil metros de altitude, onde ocorrem todas as mudanças de clima do planeta - para desembocar na estratosfera. Ali, os raios ultravioleta do Sol quebrariam as moléculas de CFC e liberariam átomos do gás cloro.

Tudo igual nos céus do Brasil

Uma notícia tranqüilizadora para os brasileiros: a variação da camada de ozônio sobre o pais permanece estável - no máximo, aumenta ou diminui apenas 5 por cento. Pelo menos é o que dizem os instrumentos de medição do INPE. Desde 1978, o instituto acompanha a movimentação do gás na atmosfera. Quase duzentos balões já foram lançados da base da Barreira do Inferno, em Natal. As informações dos balões foram complementadas por foguetes e instrumentos de superfície instalados em Manaus, Belém, Natal, Fortaleza, Cuiabá e São José dos Campos.
Isso é possível graças a um convênio com a NASA, que fornece os equipamentos, inclusive foguetes do tipo Loki e Super-Loki, comparáveis ao Sonda-3, de fabricação nacional. Os americanos estão interessados no estudo do comportamento do ozônio perto do equador, algo até recentemente pouco conhecido. Nos últimos anos, o INPE tem aperfeiçoado suas medições. Começou a observar também o monóxido de carbono, que participa de uma série de reações quírnicas junto com o ozônio. O objetivo, diz Volker Kirshhoff, responsável pelas medições, é controlar os poluentes que podem afetar a vida na Terra.

O ozônio

uma molécula formada por três átomos de oxigênio (O3), reagiria com o cloro (Cl), formando monóxido de cloro (ClO) e mais oxigênio (O2).
A cadeia de reações químicas não ficaria nisso. O monóxido de cloro combinando-se com o oxigênio deixa novamente livres os átomos de cloro para reagir com o ozônio. Os cientistas que gostam de fazer contas no computador calculam que, por causa desse efeito cascata, cada átomo de cloro destrói 100 mil moléculas de ozônio da atmosfera. Eles ainda alertam para um detalhe importante - o CFC tem uma vida útil de pelo menos 75 anos. Portanto, já houve descarga suficiente do gás na atmosfera para comer o ozônio por quase um século - mesmo que nem um único grama de CFC fosse produzido daqui para a frente.
Pelo menos nos Estados Unidos, o susto com a descoberta dos cientistas foi grande - e a reação não tardou. Em 1978, os americanos trataram de banir o CFC da maior parte dos aerossóis - a exceção foram os remédios, como as bombinhas para asmáticos. Naquela época, os Estados Unidos usavam 470 mil toneladas de CFC em aerossóis e 350 mil em outros produtos. Só que desde então a situação se inverteu: em 1985, os americanos consumiam 235 mil toneladas de CFC em aerossóis e 540 mil toneladas em refrigeração, embalagens etc., ou seja, o banimento adotado dez anos atrás não resolveu grande coisa. Além disso, é claro, os Estados Unidos não são o único pais do mundo a usar produtos em spray.
Em 1979, a Du Pont - uma das maiores fabricantes mundiais de CFC - divulgou um comunicado, no qual dizia que todos os dados relativos à diminuição da camada de ozônio eram apenas projeções de computador baseadas em meras suposições. Foi então que estourou a bomba. Enquanto trabalhavam nas madrugadas gélidas do pólo sul, cientistas do Instituto Britânico de Pesquisas Antárticas descobriram acidentalmente que a concentração de ozônio sobre a região não só era muito mais baixa do que em qualquer lugar da Terra, como também vinha diminuindo a cada ano desde 1977.
A princípio, cientistas da NASA contestaram a informação, mas depois entregaram os pontos. E que o computador que manipulava as informações do satélite meteorológico Nimbus-7 estava programado para não levar em consideração mudanças como as que ocorriam nos céus da Antártida. Repassando todas as fitas gravadas, dessa vez com uma nova programação do computador, os cientistas americanos viram nos monitores surgir sobre o pólo sul uma acusadora mancha negra. Era a prova viva de que, de setembro a novembro, a camada de ozônio sobre a Antártida sofreria uma redução de 30 até 50 por cento. A partir dai, não havia mais dúvida sobre o que estava acontecendo na atmosfera.
Mas, também, como diziam funcionários do governo influenciados pelo lobby dos fabricantes de CFC, não havia certeza absoluta - como de fato não há até hoje - de que o gás era o principal culpado. Afinal, o que se convencionou chamar camada de ozônio é uma faixa de 30 mil metros de espessura, a partir de 15 mil metros acima da superfície terrestre, de um gás tão rarefeito que, se fosse comprimido a pressão e temperatura normais da Terra, formaria uma casquinha de apenas três milímetros. É impossível prever com exatidão o que acontece no seu interior. Ali, qualquer intromissão de gases quase tão perigosos como o CFC - como metano, dióxido de carbono, óxido nítrico - provoca mudanças. Descobriu-se, por exemplo, que o bromo um gás utilizado em extintores de incêndio, produz uma substância chamada halônio, cujo poder de destruição é dez vezes maior que o do CFC.
Se não conhecem detalhes, os cientistas têm uma visão bastante aproximada da vida íntima da atmosfera. Correntes de ar se deslocam dos pólos para o equador a baixa altitude e do equador para os pólos a altitudes mais elevadas, espalhando poluentes a milhares de quilômetros do local de origem. Mas na Antártida isso não ocorre. Durante o inverno, que começa em abril, a região permanece no escuro e os ventos giram em circu-los impenetráveis, que atraem massas de ar de outras partes da Terra com grandes quantidades de substâncias químicas. É o vórtex polar, onde ocorre o buraco na camada de ozônio. Em setembro, com os primeiros raios ultravioleta do Sol, as moléculas de CFC começam a se quebrar, destruindo o ozônio. O buraco só se fecha em novembro, com a renovacão do ar vinda de outras regiões.
Esta pelo menos era a teoria. Restava saber se isso realmente acontecia na prática. Uma expedição tira - teima com 150 cientistas de dezenove organizações de quatro países esteve em setembro último na Antártida para analisar a composição do vórtex polar. A NASA usou na pesquisa dois aviões: um jato DC-8 e um velho ER-2 adaptado dos aviões espiões U-2, como o que a União Soviética abateu em 1960. no mais célebre incidente da guerra fria. Com o que há de mais sofisticado em matéria de equipamentos, os aparelhos desafiaram os ventos do vórtex e, durante seis semanas, espionaram a quantidade de poluentes concentrada em seu interior.
Os resultados confirmaram as expectativas mais pessimistas. A concentração de monóxido de cloro sobre a região é cem vezes maior do que em qualquer outro lugar do globo terrestre. Como diz Volker Kirshhoff, do INPE, um veterano de expedições cientificas à Antártida, "a pesquisa não foi a resposta final, mas uma prova arrasadora de que realmente o CFC está fazendo alguma coisa de errado lá em cima".
A NASA prometeu divulgar este mês novos resultados da expedição - e cientistas europeus bem-informados receiam que a batelada completa de dados contenha conclusões de arrepiar os cabelos. Além disso, a agência americana está programando uma análise do ar na região do pólo norte. onde não parece ocorrer um fenômeno igual ao da Antártida.
Caracterizada a parte que cabe ao CFC nessa agressão à natureza, a lógica mandaria acabar com a produção do gás. Mas nem sempre a lógica dá a última palavra. Há, de um lado, os interesses da indústria. Mas, junto com eles, há o fato não menos real de que a vida das pessoas ficou mais confortável desde o advento dos clorofluorcarbonos. Afinal, ninguém contestará que um inseticida em spray é mais prático do que as velhas bombas de "flit". O caso do ozônio ilustra exemplarmente um dilema dos tempos modernos - como beneficiar-se das conquistas da tecnologia sem pagar o preço de prejuízos às vezes incalculáveis ao ambiente.
Controlar a produção de CFC no mundo, portanto, não é fácil. Os treze maiores fabricantes mundiais - com sede no Japão, Europa e Estados Unidos - assinaram um acordo em janeiro último comprometendo-se a acelerar os testes de identificação da toxicidade do produto e de eventuais substitutos. Mas as empresas não reconhecem como definitivas as evidências contra o CFC.
Para a Du Pont, por exemplo, "não existe nenhuma comprovação cientifica de que a camada de ozônio seja atingida pelo CFC", diz um porta-voz da companhia em São Paulo. Mesmo assim, segundo a fonte, a empresa está desenvolvendo pesquisas em nível mundial para estudar o assunto. De seu lado, a Hoechst do Brasil, que fabrica o CFC sob a marca Frigen, reconhece que há indícios de que o gás esteja afetando o ozônio Um executivo da empresa destaca em todo caso que o consumo 2.no Brasil. 2 ainda é baixo. De fato, enquanto nos países desenvolvidos o consumo é de 1 quilo a 1,3 quilo por habitante por ano, no Brasil esse valor cai para irrisórios 80 gramas.
Em agosto do ano passado, ainda antes portanto da última safra de más noticias vindas da Antártida, a rede de lanchonetes McDonald´s anunciou nos Estados Unidos a intenção de substituir as embalagens de espuma plástica de seus sanduíches por outras que não contivessem clorofluorcarbono. A idéia foi saudada com entusiasmo, mas ainda não se concretizou - as 9 600 lojas da rede em 46 países continuam a usar a embalagem poluidora. Enquanto isso, no Brasil, a Basf, que fabrica o tradicional isopor, usando o inofensivo gás pentano em vez do CFC, desistiu de entrar no mercado de embalagens para sanduíches, aparentemente a fim de não agravar a poluição da atmosfera.
Mas a iniciativa de restringir a produção de clorofluorcarbonos não é discutida só nas empresas. Exatamente há um ano, uma conferência em Genebra, na Suíça, reuniu delegados de 32 países. Eles começaram ali a discutir mecanismos para regular o uso do produto. Foi um primeiro passo - e seus frutos não tardaram. Cinco meses depois, representantes de 24 países, entre os quais Estados Unidos, Japão, Alemanha e França - os maiores produtores -, assinaram em Montreal, no Canadá, o compromisso de reduzir a produção de CFC pela metade até 1999. Mas o documento autoriza nações em desenvolvimento a aumentar o seu uso durante uma década inteira. O resultado final. asseguram os defensores do tratado, será uma redução de 35 por cento no total de CFC na atmosfera até o final do século. Por certo, isso é insuficiente para afugentar de vez o problema.
Sob o ponto de vista técnico, as medidas adotadas em Montreal foram pouco efetivas, critica o engenheiro Kirshhoff, do INPE. "Mas do ponto de vista diplomático serviram como um empurrão inicial. Quem sabe, no futuro, essas medidas não serão ampliadas?"
O Brasil mandou dois diplomatas a Montreal, mas não assinou o protocolo. Em todo caso o Itamaraty vem promovendo consuitas sobre o assunto a diversos órgãos do governo, como o INPE e a Secretaria Especial do Meio Ambiente. Ambos se manifestaram a favor da assinatura do protocolo. Segundo o secretário especial do Meio Ambiente, Roberto Messias Franco, "o uso do CFC nas proporções atuais realmente preocupa, mas posso garantir que a nossa participação ainda é pequena". Ele afirma que os países do Terceiro Mundo são responsáveis por apenas 6 por cento da fabricação internacional - e o Brasil por apenas 1 por cento. Messias Franco disse a SUPERINTERESSANTE que o Brasil assinará o protocolo de Montreal dentro de cinco a seis meses.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Aerossóis, Hugo Chaluleu, "menos de 5 por cento dos sprays produzidos no país usam o CFC. A maior parte dos fabricantes prefere uma mistura de butano e propano como propelente, até porque é muito mais barato". Na opinião de Chaluleu, "o CFC poderia ter sido abolido das latas de spray há muito tempo". Restariam de qualquer forma os aparelhos de refrigeração, onde ainda não foi encontrado um produto adequado para substituir o gás.
Os cientistas mais preocupados com a questão insistem em que ela deve ser resolvida - e imediatamente. "As mudanças ocorridas nos últimos trinta a cinqüenta anos na atmosfera não têm precedentes e a velocidade em que elas acontecem está se acelerando", alerta o cientista americano Gilbert White, da Universidade do Colorado. "É possível que um grande desastre esteja sendo armado. clima da Terra passou por mil mudanças ao longo dos bilhões de anos de sua existência. Mas sempre conseguiu manter o equilibrio - sem o qual o próprio planeta deixaria de abrigar a vida. Ou seja, o clima pode ser comparado a uma máquina que se corrige a si mesma, deixando entrar a quantidade certa de energia solar para harmonizar a temperatura e o desenvolvimento da vida. Mas o homem vem interferindo neste processo. Desde o surgimento do Homo sapiens até os tempos modernos, essa interferência foi desprezível. Nas últimas cinco décadas, porém, a explosão das novas tecnologias tornou a intromissão humana um fato cada vez mais carregado de riscos para a natureza no sentido mais geral. No caso especifico do ozônio. o alcance da ameaça não pode ser subestimado.

ozônio mau
Enquanto na atmosfera o ozônio protege a Terra dos raios ultravioleta do Sol, na superfície é um poluente prejudicial, principalmente para as plantas. O ozônio mau nasce de uma reação da luz solar com o dióxido de nitrogênio das descargas dos automóveis. Nesse jogo entram também os hidrocarbonetos não destruidos no processo de queima do óleo combustível pelas indústrias. Esse ozônio é levado pelos ventos a centenas de milhares de quilômetros de distância.
Medicões realizadas pelo INPE em Natal, no Rio Grande do Norte, revelam que, em certos meses do ano, a concentração do ozônio sobre o Nordeste chega a dobrar. Provavelmente especula o engenheiro Volker Kirshhoff, o fenômeno resulta das queimadas durante a estação seca no Brasil Central.
Quanto maior a quantidade de ozônio na baixa atmosfera, maior também a perda agrícola. Pesquisas realizadas nos Estados Unidos apontam prejuízos enormes dos plantadores de soja, trigo, algodão e amendoim. E que o ozônio inibe a fotossíntese, produzindo lesões nas folhas. Nos animais, provoca irritação e ressecamento das mucosas do aparelho respiratório, além de envelhecimento precoce. Testes já mostraram que, em maiores concentrações, o ozônio destrói proteínas e enzimas.




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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Beleza Pura - Geologia

BELEZA PURA - Geologia



Poucas coisas são tão perfeitas no mundo como os cristais as obras-primas que a natureza leva centenas de milhares de anos para produzir. Suas formas, cores e combinações parecem
não ter fim.

A variedade de formas, tamanhos e cores faz dos cristais um dos mais raros e belos espetáculos da natureza - especialmente quando se encontram vários de um mesmo mineral ou de minerais diversos agrupados. Componentes naturais da crosta terrestre, os minerais têm estrutura cristalina e composição química definidas. Essa estrutura nada mais é que a forma como se arranjam os átomos dos diversos elementos que formam um mineral. Por isso, ela tem influência decisiva na determinação das propriedades físicas e químicas de cada um deles.
Bons exemplos são a grafite e o diamante: ambos constituídos de carbono puro, possuem no entanto estruturas cristalinas diferentes. A primeira é um mineral comum encontrado nas rochas que se formam usualmente na parte superior da crosta terrestre; nela, os átomos de carbono se dispõem em planos de anéis de seis faces. Já o diamante, muito raro, forma-se nas profundezas da crosta, em rochas vulcânicas muito especiais, onde a pressão e a temperatura são muito altas. Por isso, seus átomos de carbono constituem uma estrutura muito mais compacta, em forma de pirâmide de quatro faces iguais. Com estruturas tão diferentes, não é de estranhar que as propriedades físicas de grafites e diamantes também sejam diferentes.
Enquanto a grafite é mole, cinzenta, opaca e leve - sua densidade é de apenas 2,1 gramas por centímetro cúbico -, o diamante é incolor, duro (é o material mais duro que se conhece), transparente e denso -3,5 g/cm3 - e provoca intensa dispersão da luz que o atravessa. Quando a estrutura cristalina dos minerais se reflete externamente nas pedras, com faces planas e simetricamente distribuídas, é chamada de cristal. A natureza leva centenas de milhares de anos para fazer um cristal. Mas a tecnologia permite fabricá-lo em laboratórios, ou mesmo em casa, em questão de um mês.
A experiência pode ser feita usando-se o sulfato de cobre, dissolvido e deixado num recipiente com água. Esta começa a evaporar lentamente. A concentração do sulfato aumenta até atingir o limite máximo de saturação à temperatura ambiente. Então, o produto começa a se depositar no fundo do recipiente já em forma sólida. Como a evaporação prossegue, os átomos de cobre, enxofre e oxigênio vão ocupando seus lugares na estrutura cristalina. Ao fim dessa alquimia, surgem no fundo do recipiente inúmeros cristaizinhos de faces externas planas, que só param de crescer quando a água se evapora por completo.
Outro processo permite fabricar um único e grande cristal. Basta pendurar por um fio um pequeno cristal de sulfato de cobre num recipiente e ele servirá como gérmen. À medida que a solução no recipiente chega ao ponto de saturação, tem início a cristalização. Sobre o cristalzinho se depositam átomos de cobre, enxofre e oxigênio e ele começa a crescer. Daí resulta um cristal grande em forma de prisma oblíquo, cuja base é um paralelogramo intensamente azul. Mas não será certamente tão belo quanto os que a natureza se esmera em produzir.
O processo natural é semelhante ao doméstico, mas as condições são muito mais severas. Por um longo período, massas enormes de magma - rochas em estado de fusão que constituem a grande parte da massa da Terra - rompem outras rochas que estão na base da crosta, provocando nelas intensa deformação e fraturas. As frações mais leves do magma - que contêm maiores quantidades de elementos químicos leves, água superaquecida a temperaturas de até 300 graus e gases - se concentram na periferia das rochas magmáticas e penetram nas fraturas das rochas adjacentes, a temperatura é mais fria. É assim que os minerais começam a se formar.
À medida que vão diminuindo, devido ao contato com as paredes mais frias das fraturas das rochas, os sais contidos na água passam a se depositar ordenadamente, formando cristais, como na experiência doméstica. Mas na natureza os recipientes são as fendas de algumas centenas de metros de comprimento que se abrem nas rochas. Com freqüência ocorrem mudanças na composição química das soluções que atravessam as fraturas; isso permite que minerais diferentes se cristalizem sobre outros já formados.
Tais soluções carregam impurezas que se alojam em pequenas quantidades na estrutura cristalina dos minerais. São elas que dão a um mesmo cristal cores diferentes ou as tonalidades tão diversas que encantam os olhos. Onde quer que sejam encontrados, os minerais apresentam a mesma estrutura cristalina. Da mesma forma, os cristais deles derivados têm a mesma simetria. O quartzo, por exemplo, cristaliza-se sempre sob a forma de prismas de base hexagonal - de seis lados - que terminam na combinação de dois cubos deformados (romboedros), assemelhados a uma pirâmide de seis faces. As proporções podem mudar, mas a simetria é invariavelmente a mesma.
Já o topázio se cristaliza sob a forma de prismas de base losangular - de quatro lados -, que terminam com faces de pirâmides de diferentes inclinações. A água-marinha e a esmeralda, variedades de berilo, formam prismas hexagonais que terminam normalmente em pequenas faces de pirâmides truncadas por outra face plana perpendicular ao prisma. No caso da turmalina, os prismas que se formam têm base triangular que terminam em pirâmides. As dimensões dos cristais variam muito. Os diamantes, por exemplo, medem normalmente poucos milímetros, enquanto os cristais de quartzo freqüentemente ultrapassam 1 metro de comprimento. Existem cerca de 3 mil espécies conhecidas de minerais, e a variedade de formas, cores e combinações dos cristais deles derivados parece infinita.

De Minas para o mundo

Uma das mais fantásticas e importantes coleções de cristais do mundo pode ser vista no Museu Nacional de História Natural da França, em Paris. São 78 peças gigantes cuja idade varia entre 200 milhões e 1 bilhão de anos e cujo peso oscila entre 200 quilos e 4 toneladas. Têm em comum uma característica: são, todas, pedras de quartzo brasileiro. A coleção começou a ser montada em 1957, quando o comerciante de gemas Ilia Deleff, búlgaro de nascimento, esteve pela primeira vez no Brasil. Na década de 70, Deleff foi viver em Governador Valadares, Minas Gerais, onde Henri-Jean Schubnel, conservador de Mineralogia do museu francês, descobriu a preciosa coleção.
Schubnel não sossegou enquanto não convenceu o governo francês a comprar as pedras guardadas em Minas. Mas oito anos se passaram até que, em 1982, o presidente Fançois Mitterrand liberou os recursos para a transação. Não se sabe quanto a França pagou: os museus do governo jamais revelam o custo de suas aquisições. Deleff, que divide seus dias entre o Brasil e a França, diz que tentou em vão vender sua coleção a instituições brasileiras. Mas, como elas não demonstraram interesse, acabou por negociar com os franceses. Segundo ele, também museus britânicos, japoneses e americanos pretenderam comprar as pedras. O interesse se explica: a boa qualidade da cristalização e a perfeição das formas que caracterizam esses cristais não se encontram em nenhuma outra coleção.

A cura pelas pedras

Uma corrente com um pequeno cristal pendurado no pescoço ou um anel de ametista no dedo podem significar mais que meros enfeites. Os adeptos da New Age - última moda em esoterismo nos Estados Unidos - acreditam que os cristais têm poderes curativos. A papisa dessa seita é a atriz Shirley MacLaine, 53 anos. Eles recorrem às pedras para combater uma variedade de mazelas, de insônia a má digestão. Há quem ache que isso funciona. O técnico em Mineralogia Edson Roberto Endrigo, 21 anos, conta que, ao participar no ano passado de uma exposição de pedras, em Pasadena, Califórnia, teve um acesso de sinusite acompanhada de enxaqueca. Um negociante de cristais que ali estava se ofereceu para curá-lo, passando um quartzo incolor em torno dos ombros e da cabeça de Edson. "Três minutos depois, eu não sentia mais nada", ele jura.
Os fãs da New Age incluem tanto os apreciadores dos hexagramas do I Ching ou das cartas do tarô quanto os crentes em discos voadores e nos poderes dos cristais. Os iniciados dizem que um quartzo dentro de um aquário torna os peixes mais limpos e brilhantes. Perto de um vaso, faria as plantas crescer mais depressa. Os partidários da cristaloterapia acreditam que tudo isso se explica pela transmissão de energia contida nas pedras. Como toda crendice sempre gera um próspero comércio, existem nos Estados Unidos institutos que prometem literalmente vida nova a seus pacientes por meio de cristais. É o caso de um certo Instituto de Concentração do Cristal, no Estado do Novo México, que cobra a bagatela de 1500 dólares (110 mil cruzados ao câmbio oficial do início de janeiro) por uma semana de "tratamento", numa aprazível praia do Havaí.




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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Jogos de Paz - Computadores

JOGOS DE PAZ - Computadores



Eles são jovens, amam a paz e seus computadores e fazem prodígios com eles - como penetrar os segredos de governos e grandes organizações. São os hackers, que querem livre acesso às informações.

Na noite de 28 de setembro passado aconteceu algo estranho na cidade alemã de Hamburgo: agentes do serviço secreto da polícia francesa invadiram o número 85 da Schenckerstrasse e de lá saíram carregando caixas com equipamentos eletrônicos e mais de quatrocentas folhas de formulário contínuo (o papel utilizado em computadores). Dez dias antes, em Washington, um porta-voz do governo americano reconheceu, encabulado que um grupo de garotos alemães conseguira, com seus microcomputadores, penetrar nos sistemas de segurança da NASA - Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço.
Apesar de acontecerem tão longe, os dois fatos têm estreita ligação. Um dia antes da entrevista do porta-voz alguns membros do Clube de Computador Caos, de Hamburgo, haviam denunciado publicamente o envolvimento da NASA - entidade criada para fins pacíficos de exploração espacial - no desenvolvimento de armas para o programa "Guerra nas estrelas" do governo americano. Eles haviam obtido essas informações diretamente dos computadores da NASA, cujos sistemas de segurança conseguiram penetrar, como reconheceu o porta-voz. O prédio invadido era a sede do clube, cujos membros haviam violado, também, os computadores da polícia francesa.
Se não fosse verdade, daria o enredo para um bom filme de ficção científica - que, por sinal já foi feito. Quem não se lembra de Jogos de guerra, uma envolvente história em que um menino habilidoso invade o computador de uma agência do governo americano e quase leva o mundo à guerra nuclear? Os membros do Caos são assim também - garotos habilidosos no uso do computador. São uma espécie diferente de jovens, espalhados por todo o mundo (inclusive no Brasil) que se apelidam hackers.
Em português, seria algo como "fuçadores". Pois fuçar é o que eles mais adoram fazer especialmente no campo da informática. Os primeiros hackers apareceram em 1959, quando ainda não havia computadores pessoais. Moravam perto do Instituto de Tecnologia de Massachusetts e ficavam andando pelos corredores da famosa instituição, de madrugada, vendo tudo e mexendo no que fosse possível. Gostavam sobretudo do prédio 26 da universidade, onde estavam instalados os primeiros computadores eletrônicos, máquinas gigantescas. De lá para cá, várias gerações das melhores cabeças da técnica da informática foram influenciadas pelo que se costuma chamar filosofia hacking, essa mania de procurar saber tudo.
Vamos acompanhar a história dos meninos do Caos. Eles são noventa, espalhados pela Alemanha. A sede do clube que a polícia invadiu é a casa do seu líder, Wau Holland. Lá eles tinham vários computadores com seus periféricos como impressoras, modems (que convertem a linguagem binária dos computadores em sinais eletrônicos modulados que podem ser enviados pelo telefone), drives (que gravam e reproduzem as informações da memória dos computadores em disquetes). Uma parafernália eletrônica que justifica o lema do clube: "Salada de fios é saudável".
O objetivo do Caos é entrar nos segredos dos grandes computadores do mundo inteiro, que trabalham para complexas instituições como a NASA ou a polícia francesa. Esses segredos são protegidos por códigos formados por letras e números. Há códigos específicos para cada arquivo, e um que dá acesso ao sistema operacional da máquina - uma espécie de chave que põe o computador em funcionamento. É por aí que os hackers começam.
Eles põem o computador a funcionar, mas não sabem como abrir as portas que guardam os segredos. Usam, então, o truque chamado "cavalo de Tróia": põem na memória do computador um programa simples que eles mesmos preparam. Esse programa manda o computador responder a qualquer chamada com os procedimentos de rotina: o nome da instituição, uma saudação ao usuário e o pedido da senha para o arquivo que quer utilizar. Quando o usuário fornece a senha, o programa não abre a porta, que os hackers nem sabem qual é - mas registra o código na memória.
O computador então passa a operar com seu programa normal, dá o nome da instituição outra vez, saúda o usuário e pede a senha. Este pensa que houve algum problema com a ligação telefônica e repete tudo. Depois de introduzir esse programa na memória do computador, os hackers esperam alguns dias, e voltam a fazer contato. Chamam o seu programa e fatalmente vão encontrar nele uma coleção de senhas que o computador guardou para eles. Os garotos do Caos fizeram isso com 135 computadores de vários países, descobriram um monte de segredos, como as armas da NASA - sem gastar um tostão com ligações internacionais. Pois outra especialidade dos hackers é descobrir números telefônicos desativados nas centrais e mandar a conta para eles.
Os hackers gostam dos computadores, acreditam que eles existem para tornar a vida das pessoas melhor. Por isso os sócios do Caos, que são pacifistas, denunciaram o envolvimento da NASA com armas. Não há dúvida de que essa atividade de furar os segredos alheios é ilícita e com as provas materiais recolhidas pela polícia francesa os hackers alemães correm sério risco de acabarem na cadeia. Mas isso não acabará com a preocupação de governantes e dirigentes de grandes organizações: se garotos utilizando computadores comuns conseguem tais façanhas, qual a garantia de que seus segredos podem ser mantidos realmente secretos?

Ilustres Pioneiros

A galeria dos hackers ilustres inclui esses nomes:Stephen "Woz" Wozniak - Nasceu em San José, perto de São Francisco, nos Estados Unidos. Prodígio da eletrônica, construiu o primeiro microcomputador Apple para se divertir. Acabou sendo um dos fundadores da Apple Computer.Steven Jobs - Colega de Woz na fundação da Apple, seu amigo desde a infância. Na adolescência, especializaram-se em fazer ligações telefônicas internacionais sem pagar - e chegaram a ligar para o Vaticano, para falar com o papa em nome do então secretário de Estado Henry Kissinger.Bill Gates - Outro garoto prodígio que largou no meio do curso a Universidade de Harvard para escrever o primeiro programa Basic para o primeiro computador pessoal, o Altair. Hoje é um jovem empresário riquíssimo, proprietário da Microsoft, que anda brigando com a empresa brasileira Scopus, que acusa de copiar um dos seus programas.Adam Osborne - Nasceu em Bangkok, na Tailândia, mas fez carreira como hacker nos Estados Unidos. Diz-se um filósofo, mas encontrou tempo para criar a Osborne Computer.Peter Samson - Pode ser considerado um pioneiro hacker: gostava de sistemas eletrônicos, trens em miniatura, música. Fundou o primeiro clube de hackers, o Clube Técnico de Ferromodelismo, no Instituto de Tecnologia de Massachusetts.Steve Russel - Escreveu o primeiro programa de vídeo game, o Spacewar, num velho computador gigante POP-1. Ao contrário da maioria dos outros hackers, não ganhou dinheiro com suas habilidades.Roberta Williams - A única mulher da lista dos hackers notáveis. Manifestou sua criatividade produzindo videogames juntamente com o marido, Ken Russel. Eles criaram uma empresa de video games, a On-Line.Os hackers brasileiros se reúnem em clubes CBBS - sigla americana de Computer Bulletim Board System, uma espécie de sistema de recados por computador. O primeiro foi fundado em 1983 por Paulo Sérgio Pinto, no Rio de Janeiro. A moda pegou rápido. Eles preferem ser chamados de micromaníacos, pois vivem trocando recados e informações através de seus microcomputadores. Os maiores CBBS estão em São Paulo: o Sampa, com cerca de 800 usuários, e o Sampinha, com 250. Quem tiver um micro e quiser contatar com eles, ligue para (011) 37-4107 (Sampa) e (011) 64-7199 (Sampinha).




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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Berços esplendidos - A Cama

BERÇOS ESPLÊNDIDOS - A Cama



Ao longo do tempo, a cama já serviu aos mais variados usos: nela se fazia política e serviam-se banquetes. Também se escrevia música e literatura.
Já houve tempo em que lugar de discutir assuntos de Estado era a cama - e ninguém estranhava. Na França, por exemplo, o rei Carlos VIII (1470-1498) organizou em seu leito a reconciliação política com seu inimigo, o duque de Orleans. Entre lençóis e almofadas de seda eles resolveram seus problemas, certamente embalados pelo aconchegante clima do quarto de dormir. Como prova de confiança mútua, ao fim da conversa dormiram na mesma cama.
O célebre escritor alemão Thomas Mann dizia que a cama é um "móvel metafísico", onde ocorrem os mistérios do nascimento, do amor e da morte, e que à noite se transforma em "navio mágico no qual embarcamos para o mar dos sonhos". Fonte de inspiração de muitos artistas, para nossos antepassados a cama tinha mil outras utilidades além de lugar de repouso - ao menos para os que dela podiam desfrutar.
Os antigos gregos dormiam, comiam e celebravam suas festas em leitos ricamente decorados; os romanos faziam tudo isso em seus relaxantes divãs. Na Idade Média, a cama era um luxo reservado aos poderosos. Para um nobre medieval, receber visitantes placidamente deitado em sua cama era sinal de prestígio e prova de superioridade diante do recém-chegado. Mas nem as famílias aristocráticas dispunham de leitos individuais para cada um de seus membros.
O normal era ter em casa uma grande cama que era compartilhada por pais, filhos e até convidados, se houvesse. Também os animais domésticos eram tranqüilamente admitidos a se aninhar nesse leito coletivo - mesmo porque eles ajudavam a manter seus donos aquecidos nas longas noites do inverno europeu. Isso não era coisa só de pobre. "O que me mantém realmente quente são os seis cachorrinhos que tenho e que se metem comigo na cama", contava Liselotte von der Pfalz, nora de Luís XIV, rei da Franca (1638-1715).
Para a maioria dos mortais, o lugar de dormir não era exatamente um primor de conforto, para não falar em higiene. Dormia-se em enxergas de palha, que, além de absorverem a umidade, eram a moradia ideal para toda a espécie de insetos. O leito do imperador Carlos Magno (742-814), que ele dividia com convidados, conforme o costume da época, consistia em um manto de palha estendido sobre uma base de madeira. Era coberto com um colchão forrado de plumas, em cima do qual se estendiam lençóis. Uma almofada ficava na altura da cabeça. Como soberano que era, certamente Carlos Magno contava com a criadagem para lhe renovar a palha de vez em quando.
O hábito de repartir a cama com outras pessoas estendeu-se no tempo. Só na segunda metade do século XVIII, apareceria um médico inglês, o doutor Graham, para advertir que essa prática era abominável e anti-higiênica. Mas os contemporâneos do bom doutor não se impressionaram muito e ele acabou entrando para a história por outro motivo - como inventor da cama "celestial", como a chamou. Exibida em 1778, ela era equipada - segundo Graham - com "uns seiscentos imãs artificiais, que renovavam o vigor sexual das pessoas que nela deitavam, e proporcionavam um movimento doce, ondulante e vibratório". Uma intriga de alcova da época dizia que uma das mais famosas apreciadoras desse sugestivo leito era Lady Hamilton, amante de Lord Nelson, o almirante que venceu os franceses na batalha de Trafalgar em 1805. Talvez a cama "celestial" tenha sido a precursora das camas vibratórias de hoje.
Quando Carlos VIII chamou o duque de Orleans para acertarem suas diferenças a bordo do leito real, não estava inovando. Desde a Antigüidade, fazia-se política na cama. Alexandre Magno, da Macedônia (356-323 a.C.), decidia os destinos de seu império do alto de sua cama de ouro. Os imperadores romanos davam audiências reclinados em luxuosos divãs. Francisco I, da França (1494-1547), tinha por hábito premiar o almirante Bonnivent, chefe de sua esquadra, após cada batalha vitoriosa, com o honroso convite para partilhar de sua cama por alguns momentos.
O monarca Filipe IV, o Belo (1268-1314), fez de seu dormitório a sala de reuniões mais concorrida de todo o reino da França. Ao redor de sua luxuosa cama - de veludo azul bordado com lírios dourados - se reuniam os conselheiros eclesiásticos, os ministros, os representantes das corporações e os embaixadores estrangeiros. Nos séculos XVII e XVIII era comum que as damas e rainhas recebessem amigos na cama e a eles era concedido o privilégio até de sentar-se ou deitar-se nela. Tal hábito chamava-se ruelle e era sinônimo de estima.
Mas o figurão mais chegado a uma cama foi sem dúvida o cardeal Richelieu, o astuto primeiro-ministro de Luís XIII, da França (1601-1643). Ele só se levantava para despachar com o rei. Quando precisava viajar, não fazia por menos - levava a cama consigo, indo e vindo por vilas e cidades e derrubando muros e paredes que obstruíssem o caminho de sua companheira inseparável. Não é de estranhar que ela o vitimasse: a falta de movimento mais o excesso de comida deixaram Richelieu sofrendo de dificuldades respiratórios, transtornos cardíacos e circulatórios. Morreu de apoplexia aos 57 anos. Na cama.
De acordo com registros disponíveis, Cleópatra, a bela rainha do Egito, também viajava acompanhada de sua cama, tão grande e pesada que quarenta escravos fortes precisavam carregá-la. Com tantos usos, não é de admirar que a cama tenha servido de refúgio e abrigo dos poderosos nos momentos mais sofridos. Carlos Xll, da Suécia (1682-1718) ficou dezessete meses na cama, não porque padecesse de alguma enfermidade do corpo, mas para curtir a profunda depressão que lhe causou a derrota na batalha de Poltawa para o czar da Rússia, Pedro, o Grande.
A cama tem sido fiel cúmplice das mais esdrúxulas manias, Ricardo III, que usurpou o poder na Inglaterra de 1483 a 1485, depois de ter mandado assassinar todos os aspirantes ao trono, entre os quais seus sobrinhos, com medo de ser assassinado transformou sua cama em uma fortaleza cercada por uma grade de metal. Acabou morrendo numa batalha.
O leito também foi o lugar de nascimento de sublimes criações do espírito humano. Escritores tão diferentes como o alemão Goethe, os franceses Voltaire e Rousseau e o norte-americano Mark Twain produziam suas obras na cama. Em tempos mais modernos, Winston Churchill, duas vezes primeiro-ministro britânico (1940-1945 e 1951-1955), escreveu na cama boa parte de sua História da Segunda Guerra Mundial. O italiano Gioacchino Rossini, famoso compositor de óperas do século passado, entre as quais O Barbeiro de Sevilha, costumava trabalhar no leito. Dizem que seu apego à cama era tanto que, se uma partitura caísse no chão, ele preferia reescrevê-la a ter de levantar para apanhá-la.
Depois da Revolução Industrial, que gerou a sociedade competitiva e apressada dos dias atuais, ficar muito na cama passou a ser visto como grave defeito de personalidade e sinônimo de improdutividade e vagabundagem.
Ao mesmo tempo, porém, a tecnologia cada vez mais avançada oferece aos apreciadores camas cinematográficas, de dar inveja aos potentados de antigamente: vibratórias, redondas, com cobertores elétricos e colchões de água, que ondulam suavemente a qualquer movimento, e até com bar e equipamentos de som e vídeo acoplados.


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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Viagem ao planeta vermelho - Marte

VIAGEM AO PLANETA VERMELHO - Marte



O homem está começando a arrumar as malas para conhecer o planeta de seus sonhos: Marte. Depois de longos preparativos, uma difícil viagem permitirá descobrir os segredos de um outro mundo - e assim também aprender mais sobre a própria Terra.

A maior montanha, que se eleva a 20 mil metros de altura, faz o Everest parecer um simples monte. Desfiladeiros escarpados rasgam quilômetros de superfície - um deles é dez vezes maior do que o Grand Canyon que atravessa o Arizona, no sudoeste dos Estados Unidos. As paisagens são desérticas, secas e frias, recortadas por sulcos que no passado teriam sido rios caudalosos. O Sol se põe no horizonte cor-de-rosa por causa da poeira em suspensão das rochas avermelhadas. E essas rochas talvez contenham fósseis de microorganismos ou de formas de vida primitiva extintas há milhões de anos junto com a água que teria existido ali. Bem-vindo a Marte, nosso vizinho mais próximo depois de Vênus - onde o homem pensa em pôr os pés daqui a 22 anos. Esse planeta só é maior do que Mercúrio e Plutão. Sua área de 149 milhões de quilômetros quadrados corresponde à soma de quase todos os continentes e ilhas da Terra. Como a Terra, tem um dia de 24 horas (mais 23 minutos, exatamente), estações bem definidas, gelo nos pólos (feito de dióxido de carbono) e noites enluaradas - duplamente enluaradas, porque Marte tem dois satélites: Phobos (medo, em grego) e Deimos (terror). Mas cuidado com a aparência inofensiva do planeta vermelho. A temperatura de Marte que no verão equatorial pode estar acima de zero grau centígrado, no inverno polar desce a 120 graus negativos. O ar, composto principalmente de dióxido de carbono, tem apenas 1 por cento da densidade da atmosfera terrestre. A quantidade da mistura de oxigênio e nitrogênio é insuficiente para um ser humano respirar. E o ozônio é tão raro que a radiação ultravioleta do Sol penetra à vontade até a superfície do planeta - um cenário de arrepiar os cabelos dos ecologistas, que em seus piores pesadelos temem que a poluição faça isso acontecer um dia na Terra. Há milhões de anos, Marte deve ter sido um planeta muito diferente. Como modernos Sherlock Holmes, os geólogos do espaço procuram no relevo acidentado de agora as pistas daquilo que Marte foi no passado - um planeta um pouco mais quente e úmido, com atmosfera muito mais densa. Naquela época, a água estaria cobrindo 15 por cento da superfície do planeta e talvez formasse um grande oceano, além de lagos e rios. E onde havia água, especulam os cientistas, pode ter existido vida. Em toda a sua extensão, marcas lembram os leitos dos rios em época de seca - alguns com centenas de quilômetros. Pode ser que quase toda a água do planeta esteja escondida no subsolo, abaixo do gelo, como em regiões polares da Terra. A erosão provocada por essa água, pelo vento e pelo gelo desgastou o relevo marciano. O hemisfério norte parece moldado também por ação vulcânica em período posterior. Seus vulcões têm quilômetros de extensão. Isso porque, como a crosta marciana não se move tanto, ao contrário do que acontece na Terra, a válvula de escape de vulcões hoje extintos continua a ocupar imensas áreas. Por exemplo, a cratera do monte Olimpo, o maior vulcão do planeta, tem 65 quilômetros de largura. Falhas geológicas também podem ter provocado as grandes depressões, como o Vallis Marineris, um canyon que chega a 3 mil metros de profundidade e corta quase a metade dos 6 800 quilômetros de diâmetro do planeta. Desde 1976, quando as sondas americanas Viking 1 e 2 pousaram no solo de Marte, os cientistas da Terra conhecem prós e contras desse planeta. Mas, como no século XV, quando Cristóvão Colombo arriscou a vida e a reputação à procura de um caminho pelo Ocidente até as Índias, os planejadores da conquista espacial querem saber mais sobre esse novo mundo para talvez colonizá-lo no futuro. A meta é enviar os primeiros homens e mulheres a Marte no ano 2010. Quem sabe, os primeiros marcianos de verdade comecem a nascer já por volta de 2050. Não se trata de sonho, mas de cálculo. Tíche iêdesh dálhche búdesh: "Quanto mais devagar se vai, mais longe se chega", diz o velho provérbio russo. Fiéis a ele, os cientistas espaciais soviéticos estão se preparando para chegar a Marte. Viagens precursoras deverão tornar o planeta quase tão conhecido quanto a Terra. Enquanto isso, uma dezena de cosmonautas - os antecessores dos primeiros homens a pisar em Marte - continuarão a passar longas temporadas em treinamento nas estações orbitais Salyut-7 e Mir. Na era da glasnost (transparência, em russo) do líder Mikhail Gorbachev, os soviéticos parecem não querer repetir os erros do passado, quando Estados Unidos e União Soviética gastavam tempo, dinheiro e vidas numa competição espacial que rendia mais dividendos políticos do que científicos. A conquista de Marte pode ser uma vitória da cooperação internacional. O Instituto de Pesquisas Espaciais da URSS promoveu em Moscou em março do ano passado um encontro entre 450 cientistas de todo o mundo para uma troca de idéias sobre as futuras viagens espaciais. A proposta soviética de uma viagem a Marte a múltiplas mãos foi aceita por cientistas de vários países. Doze nações já se associaram à URSS na etapa exploratória a desenrolar-se este ano. Mas os parceiros mais cortejados - os americanos - permanecem indecisos. Alguns especialistas ligados ao Departamento de Defesa em Washington querem manter a competição. Outros apontam diferentes prioridades para o programa espacial, como a construção de uma estação orbital ou de uma base permanente na Lua. Mas boa parte dos cientistas pressiona o Congresso - de onde deve vir o dinheiro dos projetos futuros - para investir em Marte. Um expoente dessa linha é o astrônomo Carl Sagan. Outro é o geólogo Bruce Murray. Ouvido por SUPERINTERESSANTE, o professor Murray, que leciona Ciências Planetárias no Instituto de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena, disse que "a comunidade científica só poderá ganhar com a cooperação com os soviéticos". Murray, vice-presidente da Sociedade Planetária, uma entidade de cientistas americanos presidida pelo astrônomo Carl Sagan, acredita também que "o projeto de um vôo tripulado a Marte reabilitaria a NASA", depois do desastre da Challenger há dois anos, e traria novo interesse público pelas pesquisas espaciais. De qualquer maneira, a primeira etapa da conquista de Marte já tem data marcada em Moscou. Está previsto para julho o lançamento de dois poderosos foguetes Próton da base de Baikonour, no Casaquistão, Asia Central. Cada um transportará uma sonda Phobos. No espaço, as sondas deverão percorrer 56 milhões de quilômetros, ou seja, 140 vezes a distância da Terra à Lua em duzentos dias para conseguir uma sintonia perfeita com a órbita de Phobos, o maior dos satélites de Marte. Phobos é a porta de entrada escolhida pelos soviéticos. O principal interesse por esse pequeno satélite de 27 quilômetros de diâmetro, praticamente grudado no planeta - fica apenas a 6 mil quilômetros do seu equador -, está na sua história. Phobos, assim como Deimos, pode ser um asteróide atraído pelo campo gravitacional de Marte. Ao contrário da nossa Lua, tem um formato bastante irregular - parece uma batata esburacada com uma grande cratera numa extremidade, provavelmente lembrança da passagem de um meteorito por sua superfície. Se Phobos for realmente um asteróide, talvez sejam descobertas amostras de condrito carbonáceo no solo. Trata-se de um material rico em carbono, presente em alguns meteoritos. Os asteróides, corpos celestes situados entre os planetas Marte e Júpiter, podem ser restos de um antigo planeta que por algum motivo se espatifou. Esses restos contêm os mesmos materiais dos meteoritos, ou seja, os mais primitivos materiais do sistema solar. É por esse motivo que as principais experiências dos países convidados a participar da expedição soviética a Phobos são de análise da composição do solo. Uma das sondas passará a 50 metros da superfície e acionará várias vezes durante milésimos de segundo um feixe de raios laser. Como um sopro num monte de algodão, a poeira do solo do satélite, cuja massa é muito pequena e não tem atmosfera. Volatiliza-se projetando-se contra um espectrômetro - instrumento que separa partículas segundo a energia radiante que emitem - a bordo da sonda. Enquanto uma das sondas estiver observando a superfície de Marte, a outra lançará por uma espécie de arpão dois pequenos módulos sobre o satélite. Um desses módulos estará à procura de condritos. Ele saltará sobre o terreno analisando amostras do solo - e por isso já foi apelidado gafanhoto. O outro, com uma incumbência mais tranqüila, medirá as variações da posição do Sol e das estrelas e tirará fotografias panorâmicas da superfície. Se tudo correr bem, a expedição que deverá durar quinze meses poderá fazer medições também em Deimos - por mais insignificantes que seus 13 quilômetros de diâmetro possam parecer. Outra expedição, já marcada para 1992, dessa vez irá direto ao alvo: Marte. Ela deverá contar com os inestimáveis serviços da grande estrela do programa espacial soviético. Trata-se do Marsokhod, um veículo de seis rodas, semelhante ao que foi usado na Lua pelos próprios russos, capaz de transportar 45 quilos de instrumentos e de percorrer durante meses dezenas de quilômetros da superfície marciana, graças a um sistema de propulsão nuclear. Ao mesmo tempo, dois balões de 17,5 metros de diâmetro analisarão a atmosfera do planeta. Sensíveis às grandes mudanças de temperatura entre o dia e a noite de Marte, os balões vão elevar-se até 6 mil metros de altitude ao amanhecer, para pousar novamente depois que o Sol se puser. Veículos e balões serão depositados no solo por enormes pára-quedas que funcionarão como freios na atmosfera rarefeita de Marte, a exemplo do que aconteceu em 1976 com os módulos das Vikings. Mesmo que os americanos não participem diretamente do programa patrocinado pela União Soviética, não ficarão totalmente apartados. A NASA tem preparada a sonda Mars Observer, que permanecerá dois anos em órbita de Marte. O lançamento dessa sonda deverá coincidir com o da nave russa e os cientistas dos dois países já decidiram trocar as informações obtidas. A Mars Observer vai tentar suprir alguns claros deixados pelo programa Viking. Ou seja, enquanto as suas antecessoras se limitaram a analisar pontos esparsos do solo marciano, essa sonda fará um mapeamento cuidadoso de toda a superfície do planeta. A experiência americana em Marte por sinal não deve ser subestimada. Foram os americanos os únicos que conseguiram pousar sondas no planeta e enviar fotografias de sua superfície à Terra. Isso aconteceu já em 1971 com a Mariner 9. De seu lado, todos os quinze lançamentos soviéticos falharam. Duas vezes, eles tiveram um azar incrível. Em 1971, a sonda Marte 3 chegou a pousar no solo do planeta e transmitir fotos durante 20 segundos, até seus sinais desaparecerem misteriosamente. O mesmo aconteceu com a Marte 6 no ano de 1973. Os soviéticos pretendem voltar com suas sondas a Marte em 1996 ou 1998. Até lá, o Marsokhod já terá se aperfeiçoado o bastante para coletar amostras do solo. Estas serão armazenadas num módulo que as levará para a sonda de regresso à Terra. Até o final do século calcula-se que os cosmonautas soviéticas tenham ultrapassado o limite de permanência de três anos no espaço - tempo que deverá durar uma viagem tripulada de ida e volta. Atualmente, o recorde é de 326 dias a bordo da estação Mir. Bater esse recorde não será fácil. Um dos objetivos das prolongadas missões na Mir é justamente testar a capacidade de adaptação do organismo às condições do espaço. Essas condições submetem o corpo humano a duras provações. Por exemplo, na ausência de gravidade, a coluna vertebral deixa de sustentar o peso do corpo e assim a distância entre as vértebras aumenta, "esticando" a pessoa. Quando puseram os pés na Terra depois de 238 dias a bordo da Salyut-7, em 1985, os cosmonautas Leonid Kizim, Vladimir Soloviov e Oleg Atkov mal podiam com as próprias pernas. Desacostumados aos efeitos da gravidade, eles tinham os músculos enfraquecidos e haviam crescido cerca de 3 centímetros. Outra penosa dificuldade que os cosmonautas terão de enfrentar é o enjôo do espaço, provocado pela ausência de gravidade nos ouvidos (veja quadro). Não menos importante são os efeitos psicológicos de uma viagem tão prolongada. Os exemplos dos problemas de comportamento surgidos nos intermináveis confinamentos numa área equivalente à de um quartinho são inúmeros - e graves. O cosmonauta Valentim Lebedev, após 211 dias a bordo da Salyut-7, queixou-se de atritos com o restante da tripulação, insônia e medo de perder o autocontrole. Iuri Romanenko, o atual campeão de permanência no espaço, quase morreu em 1977, após uma temporada na Salyut-6. Habitualmente calmo, ele brigou com seu colega de bordo Georgy Grechko e com o comando de Terra. Para piorar as coisas, resolveu sair da nave sem o cabo que prende os cosmonautas ao seu interior. Foi preciso que Grechko o agarrasse até ele se acalmar. Diante desses problemas, alguns especialistas chegam a suspeitar que uma viagem a Marte talvez esteja fora do alcance da fisiologia humana. Se isso se revelar verdadeiro, será um duro golpe na fantasia de um dia percorrermos o sistema solar: o homem, quando muito, só conseguiria ir à Lua. Outros alegam que o ser humano não vai se contentar com fotos e cifras enviadas por máquinas e tentará alargar ao máximo o limite de resistência do organismo. Mas não se trata apenas da invencível curiosidade que guia o homem em sua aventura na Terra - e fora dela. Além disso, existem as demandas da ciência. Diz o astrofísico Enos Picazzio, do Instituto de Astronomia e Geofísica da USP: "Em última análise, o que o homem procura encontrar em Marte são respostas para aquilo que ainda não sabe sobre o passado remoto da Terra".

O Brasil em Marte

Entre os cientistas de trinta países que foram convidados em março do ano passado pela Academia de Ciências de Moscou para participar do simpósio sobre o Projeto Marte estava o físico brasileiro José Marques da Costa, do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) de São José dos Campos, São Paulo. Marques da Costa, paraense de Belém, com formação em universidades americanas e especialista em geomagnetismo, tinha a incumbência de mostrar aos soviéticos as pesquisas que os brasileiros poderiam desenvolver a bordo das sondas espaciais. Acertou-se que os brasileiros deverão receber dados das sondas Phobos através da antena de 13,7 metros do Rádio-Observatório de Itapetinga, em Atibaia, São Paulo. Além disso, a sonda soviética que for lançada em 1992 terá a bordo um equipamento desenvolvido no INPE pelos físicos Ênio Bueno Pereira e Daniel Jean Roger Nordemann. Trata-se de um medidor de radônio, um dos elementos responsáveis pelas radiações naturais da atmosfera, ao lado do urânio, tório e potássio-40 contidos no solo e nas rochas. O INPE vem utilizando o medidor desde 1986 para detectar sinais de radônio na Antártida. Segundo o físico francês Nordemann, o gás radônio, gerado pelo decaimento do rádio, escapa para a atmosfera. Embora não apresente afinidade química com outros elementos, tem a curiosa propriedade de ser solúvel na água. É por isso que aparece pouco sobre oceanos, terras inundadas ou cobertas de gelo. Essa propriedade será testada em Marte como parte do complicado quebra-cabeça de descobrir o que aconteceu com a água do planeta. Além disso, o radônio é um indicador seguro dos movimentos das massas de ar e dos fenômenos climáticos que afetam a atmosfera - assim na Terra como em Marte.


"Tudo se move em câmara lenta"

Em julho de 1975, o astronauta Donald Kenneth Slayton foi um dos quatro americanos que participaram do vôo conjunto Apollo-Soyuz com dois cosmonautas soviéticos. Atualmente com 64 anos, empresário, Slayton lembrou recentemente a SUPERINTERESSANTE como foram os dez dias daquela missão, cinco dos quais com os russos.

Qual a sensação de flutuar no espaço?
É como estar debaixo da água. Tudo se move em câmara lenta e a gente nem sempre consegue controlar os movimentos. É preciso ter paciência no começo, mas depois você se acostuma.

Como era a alimentação?
Bem variada. O cardápio da NASA tem mais de 150 tipos de refeições. É claro que havia limitações: não podíamos fritar um ovo, por exemplo. Mas havia sopa e café. Quando encontramos os russos, eles nos ofereceram latas de borsht (sopa de beterraba). De brincadeira pusemos rótulos de vodca nas latas. Naquele tempo não se podia beber nem refrigerante. Depois, eu soube de astronautas que tomaram Pepsi e Coca-Cola numa viagem dos ônibus espaciais.

Como vocês dormiam?
Na ausência de gravidade é preciso prender o corpo para não flutuar no vácuo. Nós ou usávamos um cinto de segurança ou dormíamos em sacos, que não eram muito confortáveis porque não permitiam grande mobilidade.

Como foi o encontro com os soviéticos no espaço?
Foram cinco dias de convívio constante. Várias vezes tomamos café da manhã ou almoçamos na nave russa e vice-versa. As duas naves estavam acopladas e passávamos de um lado para o outro sem problemas. Quando o homem quer, a cooperação é perfeitamente possível, qualquer que seja o país ou a crença. Aprendemos muito nesse vôo.


A ilusão dos canais

Um mundo velho, onde uma civilização muito superior à nossa tentava heroicamente sobreviver em condições adversas. Esta era a idéia que os habitantes da Terra tinham sobre Marte, apelidado planeta vermelho por causa de sua coloração diferente de todos os outros astros. Essa noção veio das observações dos astrônomos do final do século XIX. Tudo começou quando o astrônomo italiano Giovanni Schiaparelli (1835-1910) resolveu desenhar um mapa de Marte em 1877. Ao telescópio, Schiaparelli notou uma série de linhas escuras e finas que uniam áreas escuras maiores, da mesma forma que valas e canais unem duas massas de água. E chamou-as canali. Do italiano, a palavra foi traduzida como channel em inglês, que significa canal construído pelo homem e não um acidente geográfico natural.
A imaginação popular, entusiasmada com a construção de canais como o de Suez, completado em 1869, logo fantasiou engenheiros marcianos. A fantasia contagiou até cientistas. O astrônomo americano Percival Lowell (1855-1916) construiu um observatório no Arizona através do qual durante quinze anos viu os canais de Schiaparelli e muito mais. Ele achava que as áreas escuras ao lado dos canais seriam sinais de vegetação irrigada cuidadosamente pela água trazida das calotas polares.
A maioria dos astrônomos não via nada do que Lowell dizia enxergar. Mas o público adorava as suas histórias - e falava dos "canais de Marte" como uma realidade indiscutível, dos quais só não se conhecia ao certo a origem. Nos últimos trinta anos, sondas espaciais mapearam Marte de ponta a ponta e nada foi descoberto que se parecesse com canais. Hoje em dia, os astrônomos estão convencidos de que tudo não passou de uma ilusão de ótica - e de mentalidade.




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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Exame de Admissão - Comportamento.

EXAME DE ADMISSÃO - Comportamento.



Nas sociedades primitivas, a passagem para a idade adulta obedece a rigorosos rituais. No mundo moderno, a mesma transição existe, só que é mais complicada: chama-se adolescência.

As danças e cantos se estendem noite adentro. Mas. assim que o dia amanhece, um grupo de índios corre até a pequena maloca e liberta a menina que estava presa. Ela não tinha feito algo de errado. Ao contrário, era personagem de uma festa - o ritual que os mamaindês de Mato Grosso e Rondônia chamam de festa da moça nova. Três meses antes, a indiazinha menstruara pela primeira vez e, como manda a tradição, ficou reclusa, sem poder ver a luz do Sol, aos cuidados das mulheres mais velhas. Enquanto isso, o grupo se esmerou em preparar a festa de sua libertação: o grande dia em que a pequena mamaindê passaria a ser considerada apta ao casamento e à maternidade. Muito mais complicada é a passagem da infância à vida adulta nas sociedades modernas. Para começar, a transição leva muito mais tempo, a partir dos 12, 13 anos de idade, e é chamada, desde o século XIX, de adolescência. "Nas sociedades mais complexas não existe um momento determinado em que se reconheça essa passagem como nas sociedades indígenas", observa a socióloga Aspásia Camargo, da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro. De fato, os rituais são outros, próprios de um período longo, e se diluem pelos diferentes grupos sociais. Determinar o início da adolescência é relativamente fácil, pois coincide com a puberdade, quando ocorrem grandes mudanças biológicas. Mais difícil é precisar o final dessa fase. De qualquer forma, existem alguns marcos. O vestibular, por exemplo, é um deles e se dá por volta dos 18 anos. Nessa idade os jovens adquirem algumas prerrogativas dos adultos, embora, legalmente, não sejam ainda considerados maiores de idade, o que só vai se dar aos 21 anos. Na faculdade, eles sabem que têm de estudar para concluir o curso e já podem enfrentar o mercado de trabalho. É também aos 18 anos que podem tirar carteira de motorista e pedir o carro ao pai, que antes se negava a emprestar. Podem tirar título de eleitor e, quem sabe, em breve, escolher o presidente da República. Casar, no entanto, só aos 21 anos, a menos que sejam emancipados antes pelos pais. Se já tiverem um emprego, não precisarão mais depender da mesada paterna - serão donos de seu próprio nariz e, aos olhos da sociedade, adultos. Mas chegar até a esse estágio, virar gente grande, são anos de indefinição: quando entram na puberdade, os jovens deixam de ser crianças, mas ainda não são considerados adultos. Para marcar presença diante da sociedade, chamando a atenção para essa travessia, assumem comportamentos e atitudes peculiares. Aí vale tudo: desde cortar o cabelo estilo "calha" - raspado dos lados, com uma franja em forma de onda caída na testa - até se vestir de preto da cabeça aos pés, com as calças coalhadas de tachinhas douradas ou prateadas, no melhor estilo "dark". Os menos extremados usam os tão comuns jeans, tênis e camisetas, e não se diferenciam tanto dos mais velhos, acostumados a se vestir assim também. A peculiaridade está em usar geralmente as mesmas marcas de jeans e determinados modelos de tênis, de preferência sem cadarço. Os adolescentes adoram as bermudas largas e floridas, as saias confortáveis e os relógios de pulseiras coloridas, que combinam com as cores das roupas. A entrada na puberdade implica não só alterações corporais, mas também uma reviravolta psicológica. "Garotos e garotas jogam fora aspectos infantis e aspiram a ser adultos", explica o psiquiatra paulista Içami Tiba, que há dezoito anos trabalha com adolescentes. Nessa época. diz ele, "a principal mudança é a atitude diante dos pais: se antes obedeciam, agora se opõem às ordens recebidas, e o resultado são as primeiras desavenças familiares". Tal oposição se dá por força do desenvolvimento pelo qual passam os jovens e não por livre vontade, conclui o doutor Tiba; e, quanto maior a autoridade que os pais representam, mais forte será a oposição a ela. "Quero sair de carro e meu pai não deixa; acho natural matar uma aula desinteressante, mas para ele isso é o maior pecado", queixa-se o mineiro Luiz Alexandre Noronha de Moraes, 17 anos, filho de um economista de Belo Horizonte. Alexandre, que acabou de prestar vestibular para Economia, elogia, no entanto, o bom relacionamento que tem com a mãe, psicóloga. Já a carioca Luciana Barros de Menezes Lopes, 15 anos e 1,79 m, sente falta de diálogo com o pai. "É um ditador", define ela, e logo acrescenta: "Mas é uma pessoa maravilhosa". As queixas de Luciana se baseiam no fato de que os pais não confiam nela o suficiente para deixá-la viajar sozinha com os amigos e o namorado. Filha de pais separados, Daniela Libânio Pinheiro, 14 anos, orgulha-se de dizer que tem com a mãe - com quem vive em Belo Horizonte - um relacionamento aberto. "Não escondemos nada uma da outra", conta ela. Quando tem dúvidas e medos em suas relações afetivas, abre o jogo com a mãe, que ocupa um cargo administrativo numa companhia de seguros Da mesma forma, a mãe, quando se separou do marido, nada escondeu dela, contando-lhe todos os problemas que estava enfrentando. Não ter problemas com os pais é difícil, mas há exceções. É o caso de Eduardo Pereira Martins, 15 anos, carioca, nascido e criado no Leblon. "Na minha casa o jogo é aberto, falo, sou ouvido e admiro tudo que meus pais fazem", diz o rapaz, filho de um comerciante e de uma professora. Para enfrentar a família de um lado e a sociedade de outro, os adolescentes se organizam em turmas e andam sempre em bandos. Então se sentem fortes, se espelham e se identificam. Usam as mesmas roupas, falam as mesmas gírias, boa parte delas inventada no grupo, cortam o cabelo da mesma maneira. São o que o psiquiatra Içami Tiba apelida com muito humor de "geração tênis-apostila-McDonald´s": "Tênis que não precisa amarrar, apostila que não precisa estudar e sanduíches que não têm de mastigar, porque eles não querem ter trabalho, estão preocupados em não fazer nada e por isso não podem amarrar o tênis. O que fazem com o tempo que economizaram? Nada". Pode parecer engraçado, mas esse é o primeiro passo no caminho da independência e é típico em meninas e meninos. Nesse mundo tão próprio dos adolescentes, seus códigos, gírias e roupas são os pequenos rituais que criam para se diferenciar das crianças e marcar assim a entrada na vida adulta, numa espécie de enfrentamento, de autonomia, que nada mais são que a necessidade de se integrar na sociedade Para a antropóloga Betty Mindlin, há oito anos trabalhando com os índios suruís de Rondônia, "nas sociedades indígenas a distância entre o mundo dos adultos e o das crianças não é tão grande. Lá eles têm um tempo certo para passar por provas de coragem física e moral. Já os adolescentes de classe média, por exemplo, não têm idade certa para trabalhar ou namorar e têm suas responsabilidades adiadas". Betty conhece o assunto na vida pessoal porque também é mãe de adolescentes - uma menina de 14 e um menino de 15 anos. Para a socióloga Aspásia Camargo, que tem uma filha de 9 anos e outra de 16, "o período da adolescência está cada vez mais indefinido. De um lado, uma criança de 10 anos, que ainda não chegou à puberdade, vê sexo na televisão, ouve conversas e participa de coisas que antecipam sua entrada na adolescência. De outro lado, há aqueles que, aos 25, 26 anos, ainda estudam e protelam cada vez mais sua entrada no trabalho". Se de um lado os pais adiam dar responsabilidades aos filhos adolescentes, de outro estes também refutam em assumi-las, ao menos enquanto podem. Afinal, essa é uma fase da vida em que ganham mais liberdade, podem chegar mais tarde em casa e começam a desfrutar outros universos além do familiar. Por isso, André Barbosa, paulista, 16 anos, confessa que não gostaria de abrir mão da vida que tem hoje e adia a hora de trabalhar, porque, diz ele, "não quero deixar de ver os amigos todos os dias, de encontrar a namorada". O baiano Roberto Mesnik, 17 anos, que curte muito a fase pela qual está passando, reconhece que "ser adolescente é sentir medo do novo, do desconhecido". Caça submarina e vôlei são algumas das coisas que ele pratica, mas o que gosta mesmo é de ler: na sua cabeceira está o best-seller Perestroika, de Mikhail Gorbachev. Apesar dos momentos de desânimo e indiferença que acometem qualquer adolescente, a maior parte do tempo eles constroem seu universo de prazer, onde escola, turmas, barzinhos, esportes e música se destacam. Assim, eles esperam a hora em que de fato serão aceitos e reconhecidos como adultos. Até lá, uma boa dose de paciência e compreensão pode ajudar muito.

Mudanças por dentro

É difícil aos cientistas explicar por que a puberdade começa aos 12, 13 anos. Eles acreditam que esteja relacionada à altura e ao peso que se atinge mais ou menos nessa época da vida. É quando a hipófise - glândula situada sob a face inferior do cérebro - passa a produzir hormônios que vão direto para a circulação e atuam nos ovários e nos testículos. "Nas meninas, esses hormônios estimulam os ovários a produzir hormônios femininos, os estrógenos", ensina o endocrinologista Antônio Roberto Chacra, da Escola Paulista de Medicina. São os estrógenos os responsáveis pelas curvas típicas do corpo feminino, pelo alargamento dos quadris, crescimento das mamas e aumento do tecido adiposo, onde se depositam indesejáveis gordurinhas. Já nos meninos, os testículos produzem a testosterona, hormônio sexual responsável pela formação da massa muscular, pelo alargamento dos ombros e o aparecimento de pêlos e barba. "Se as meninas ainda não tiverem pêlos e mamas não menstruam; da mesma forma, os meninos só terão ejaculações quando tiverem pelos, pigmentação e enrugamento da pele do escroto". explica o professor Chacra. Durante a puberdade, podem aparecer doenças endócrinas, isto é, provocadas por disfunções glandulares, que podem causar deficiências no crescimento e aumento de peso. Cuidar da alimentação nessa fase é fundamental, porque é mais difícil emagrecer depois. Mas o déficit de peso também ocorre e, não se sabe por que, nas meninas é comum a anorexia nervosa, a falta absoluta de apetite.

Sinais da Transição

Jogar fora os brinquedos da infância e trilhar a estrada que leva ao mundo adulto. Assim é a fase da adolescência, em que o prêmio da independência custa o preço de novos compromissos e preocupações. O psiquiatra lçami Tiba, especializado em adolescentes, dá algumas pistas para se entender melhor essa fase. Mudanças corporais - A cabeça dos adolescentes não acompanha a rapidez com que o corpo se modifica: quando eles se acostumam com o tamanho do pé - em um ano pode pular de 38 para 43 -, começam a crescer a mão, os braços. O resultado é que eles se desentendem com o corpo. Afirmação sexual - Os meninos se valem do sexo para provar que são homens e com essa garantia se arriscam diante da menina em que estão interessados. As meninas de seu lado fazem o jogo da sedução: elas olham, eles acham que estão dando bola e vão em cima. Aí elas não se interessam mais. À medida que os adolescentes vão se sentindo seguros, surgem as ligações afetivas. Canalizam para o namorado ou a namorada o afeto que antes dedicavam só à família. Começam então a se tornar mais independentes. É um crescimento interior que eles mesmos não enxergam - a família menos ainda. Sair de casa - É diferente de fugir. Eles querem mudar de casa porque atualmente as famílias estão pouco gostosas, têm pouco a lhes oferecer. Por excesso de pressão ou falta de afeto, eles querem ir embora, mas sem perder o contato com a família. Violência - Pais que batem em filhos ou discutem muito entre si ensinam a eles que a violência serve para destruir o outro - o que é péssimo. O adolescente deve aprender, ao contrário, que a agressividade é saudável quanto usada em defesa própria.




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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

A estranha família do Átomo - Física

A ESTRANHA FAMÍLIA DO ÁTOMO



No passado, era só ele. Depois, vieram os elétrons, prótons e nêutrons. Hoje, fala-se de misteriosas partículas como os quarks, léptons e bósons. Quanto mais se pesquisa a intimidade da matéria, mais surpresas aparecem.

"Três quarks para Muster Mark": a frase é do Finnegans wake, o último e praticamente ilegível livro do romancista irlandês James Joyce (1882-1941). Quark é o nome de um tipo de queijo, mas no livro o significado da expressão permanece obscuro. Graças ao humor do físico americano Murray Gell-Mann, no entanto, a palavra acabou entrando para o vocabulário científico. Gell-Mann havia percebido em 1964 que muita coisa do comportamento de partículas como os prótons e nêutrons, que formam os núcleos dos átomos, poderia ser explicada se elas fossem constituídas de partículas ainda menores. Como estas seriam três para cada próton ou nêutron, ele tomou emprestada a palavra de Joyce e as chamou quarks. Conscientes de que estavam entrando num mundo teórico muito diferente da realidade macroscópica com a qual se convive todos os dias, os físicos deram aos três quarks os nomes de up (para cima). down (para baixo) e strange (estranho). Logo. o elenco dos quarks foi ampliado de três para seis, com a inclusão do charm (charme), bottom (fundo) e top (topo). Esses nomes designam os seis "sabores" com que os quarks aparecem. Cada "sabor", por sua vez, apresenta-se em três "cores" diferentes: vermelho, verde e azul. Esses sabores e cores, evidentemente, não têm nada a ver com as cores e sabores do mundo cotidiano. Indicam apenas propriedades atribuídas aos quarks pela teoria. Nenhum quark livre foi até agora encontrado nas experiências de laboratório. É que, caso existam de verdade, as forças que os mantêm agregados seriam tão poderosas que tornariam praticamente impossível arrancá-los dali. O que a ciência pode afirmar com razoável segurança é que, sejam formados por quarks ou não, partículas como os prótons e nêutrons devem possuir algum tipo de estrutura interna. Eles não são, juntamente com os elétrons a última fronteira da realidade, os tijolos básicos de que todo o Universo seria formado. Essas idéias são relativamente novas. Até o final do século XIX, o próprio átomo, cujo conceito fora herdado da antiga filosofia grega, ainda era pensado como indivisível. A descoberta do elétron pelo físico inglês Joseph Thomson, em 1897, junto com a descoberta da radiatividade pelo físico francês Henri Becquerel, em 1896, forçaram uma revisão radical da velha idéia. Verificou-se que os átomos de substâncias como o urânio emitiam diferentes tipos de radiação e se transformavam em substâncias completamente diferentes. Foram identificados três tipos de radiação, que receberam os nomes de alfa, beta e gama. Constatou-se que os raios alfa eram, na verdade, partículas positivamente carregadas - que hoje se sabe serem constituídas por dois prótons e dois nêutrons, como os núcleos dos átomos de hélio. Os raios beta são, por sua vez, elétrons de alta energia. E os raios gama, radiação eletromagnética semelhante a luz, mas de comprimento de onda muito menor. Ora, pensaram os físicos, por que não utilizar essas partículas de dimensões subatômicas emitidas pelas substâncias radiativas para inspecionar a constituição interna do próprio átomo? Foram idéias mais ou menos como essa que em 1911 levaram o físico inglês Ernest Rutherford a uma conclusão surpreendente: a maior parte do volume do átomo era, na realidade, ocupada pelo vazio; uma minúscula região no centro do átomo o núcleo, positivamente carregado, concentrava quase toda a massa atômica; em torno dele, como os planetas em redor do Sol, moviam-se os elétrons, de carga negativa; a atração elétrica entre as cargas opostas é que manteria os elétrons em suas órbitas, assim como a atração gravitacional mantém os planetas girando em volta do Sol. Para se ter uma idéia de como os átomos são pequenos, escreveu o físico austríaco-americano Fritjot Capra, imaginemos uma laranja que tenha o tamanho da Terra; os átomos da laranja teriam, então, o tamanho de cerejas. No entanto, mesmo num átomo do tamanho de uma cereja, o núcleo atômico continuaria invisível: para que se pudesse enxergá-lo, o átomo teria de ter não mais as dimensões de uma cereja, e sim da maior abóbada do mundo, a da catedral de São Pedro, em Roma. Num átomo de tal envergadura, o núcleo teria o tamanho de um grão de sal. Embora sua representação gráfica tenha permanecido como uma espécie de símbolo do átomo, o modelo planetário de Rutherford não perdurou. Seu principal defeito é que, de acordo com a teoria clássica da Eletrodinâmica, os elétrons em movimento deveriam emitir radiação eletromagnética e essa emissão ocorreria à custa da diminuição de sua energia de movimento, ou energia cinética. Movendo-se cada vez mais devagar, os elétrons seriam progressivamente atraídos pelos núcleos, até se chocar com eles. Mas isso simplesmente não ocorre. Esse foi apenas o primeiro de uma série de paradoxos que os átomos apresentaram aos homens interessados em compreendê-los. Os físicos porém, não se desesperaram e acabaram realizando uma revolução científica, com a criação, na década de 20, da Teoria Quântica.
O primeiro a ultrapassar as fronteiras do mundo atômico com as novas ferramentas quânticas foi Niels Bohr, em 1913. Ele montou um modelo para explicar o mais simples dos átomos, o do hidrogênio que tem apenas um próton no núcleo e um elétron girando ao redor dele. Nesse modelo há um número preciso de camadas, dispostas concentricamente em torno do núcleo, nas quais o elétron pode se mover sem emitir radiação. Essas camadas correspondem aos diferentes níveis de energia que podem ser assumidos pelo elétron. Como a energia tem uma natureza descontínua, cada camada é separada da seguinte por uma zona que não pode ser transitada pelo elétron. A Teoria Quântica concentrou-se de início no estudo da distribuição e do comportamento dos elétrons no interior do átomo. O núcleo atômico continuava um território obscuro. Deduziu-se que deveria haver em seu interior, além do próton, outro tipo de partículas de massa próxima à do próton, mas desprovida de carga elétrica. A existência do nêutron foi efetivamente confirmada em laboratório, em 1932. Como o núcleo podia manter, porém, sua coesão, sem se estilhaçar por força da repulsão elétrica entre os prótons? A atração gravitacional entre as partes do núcleo é insuficiente para contrabalançar a intensa rejeição elétrica entre as cargas de mesmo sinal. A hipótese de que o nêutron pudesse funcionar como uma espécie de cimento mostrou-se inconsistente. A solução de mais esse enigma apresentou-se com a descoberta da força nuclear forte. Essa força tem características estranhas. Como o nome indica, é de fato muito poderosa, mas só atua a distâncias extremamente pequenas - da ordem de duas a três vezes o diâmetro das próprias partículas nucleares. A essa distância ela é atrativa; a distâncias ainda menores torna-se fortemente repulsiva: desse modo, tanto impede que o núcleo estoure devido à repulsão elétrica, como que os prótons e nêutrons se esmaguem uns aos outros. Sob o efeito da força nuclear forte, a matéria existente no núcleo atômico apresenta-se incrivelmente compacta. Para se ter uma idéia, se todo o corpo humano fosse comprimido à densidade nuclear, não ocuparia mais espaço do que a cabeça de um alfinete. Uma concentração assim tão densa pode dar a impressão de que as partículas no interior do núcleo se encontram imobilizadas. Completamente falso: as partículas, quando confinadas a uma pequena região do espaço, tendem a um movimento frenético. Os elétrons, em seus orbitais, atingem a velocidade de 960 quilômetros por segundo; os prótons, confinados num volume muitíssimo menor, alcançam a estonteante velocidade de 64 mil quilômetros por segundo. Prótons e nêutrons, como se viu, seriam formados de partículas ainda menores. Nessa busca da fronteira final do átomo, uma das dificuldades está em que, ao contrário do que especulavam os antigos filósofos gregos - e ao contrário também do senso comum -, não se pode dividir e subdividir a matéria até chegar à menor fração possível. O método adotado nas modernas pesquisas consiste em acelerar as partículas subatômicas por meio de poderosíssimos campos eletromagnéticos e fazê-las estilhaçar de encontro a outras partículas. No entanto, os estilhaços resultantes da colisão não são menores do que as partículas originais. Isso porque grande parte da energia de movimento (ou energia cinética) adquirida pelas partículas no interior dos aceleradores transforma-se em massa quando elas se chocam. Esse fenômeno de conversão de energia em massa e de massa em energia foi previsto na Teoria da Relatividade de Einstein. O resultado é que, fazendo as partículas colidir, é possível dividir indefinidamente a matéria - mas jamais se chega a pedaços menores. Pela natureza das partículas resultantes do choque, porém é possível saber muita coisa sobre a estrutura das partículas originais. A teoria dos quarks foi montada com base nesse tipo de investigação. Os quarks não podiam ser encontrados diretamente, mas os prótons e nêutrons se comportavam nas experiências como se fossem constituídos por três quarks cada. Para toda uma corrente da Física, os quarks poderiam ser alguns dos tão procurados tijolos básicos do Universo. Só que, no caso, não um tipo único de tijolo, mas uma família deles - pois os quarks se apresentariam em seis tipos diferentes. As partículas formadas pelos quarks são aquelas entre as quais atua a força nuclear forte - ou, para usar um vocabulário mais moderno, aquelas que participam da interação forte. Elas são conhecidas coletivamente como hádrons. Assim como os prótons e os nêutrons, os hádrons possuem três quarks cada um - os bárions. Outros, mais leves, formados por um quark e um antiquark, são chamados mésons. Ao lado dos quarks, haveria outra família de tijolos básicos, também integrada por seis indivíduos. São os léptons, dos quais o mais conhecido é o velho e bom elétron. Ao contrário dos hádrons, os léptons não participam da interação forte, mas de outro tipo de interação, que recebeu o nome de fraca. Forte, fraca, eletromagnética e gravitacional: são estas as quatro forças conhecidas no Universo. O fato de serem agora chamadas interações se deve à descoberta de que resultam, na verdade, de uma troca de partículas entre as partículas: os prótons e nêutrons permaneceriam tão fortemente aglutinados no núcleo atômico porque estariam constantemente trocando partículas entre si. A partícula que trocam, responsável pela interação forte, recebeu apropriadamente o nome de glúon, derivado do inglês glue, que quer dizer cola. Partículas como os glúons, ou os fótons (responsáveis pela interação eletromagnética), formariam uma terceira e última família de tijolos elementares, a dos bósons, também em número de seis. Quarks, léptons e bósons - três famílias de seis elementos cada, comporiam o simétrico elenco com o qual todo o drama do Universo seria encenado. O modelo é tentador, mas os físicos são uma platéia exigente e inquieta. Eles se perguntam se os quarks seriam partículas realmente elementares, isto é, unidades mínimas desprovidas de estrutura interna. O fato de se manterem tão fortemente aglutinados no interior dos hádrons indica que, entre eles, devem agir forças extremamente poderosas. Ora, as forças são trocas de partículas. Nesse caso, se trocam partículas entre si, os quarks devem apresentar algum tipo de estrutura; portanto, seriam constituídos de componentes ainda menores. A coisa parece não ter fim. Para uma corrente minoritária, mas importante da Física, essas e outras dificuldades não decorrem de uma perfídia da realidade, mas de uma atitude equivocada do cientista diante dessa mesma realidade. Segundo essa linha, a idéia de um Cosmo constituído de componentes fundamentais isolados deveria ser definitivamente superada. Em lugar de um gigantesco conjunto de minúsculas bolinhas de gude com existência autônoma, existiria uma grande teia de acontecimentos relacionados entre si. Nenhuma das propriedades de qualquer parte dessa teia seria fundamental; todas decorreriam das propriedades das outras partes; as interrelações entre essas diversas partes é que determinariam a estrutura da teia como um todo. Para esses físicos, os paradoxos do modelo quark deixariam a ciência numa situação muito parecida com a dos tempos heróicos do desenvolvimento da teoria atômica, quando os impasses das concepções clássicas levaram à criação da Mecânica Quântica. Uma nova revolução científica, de alcance talvez ainda maior, estaria em gestação.

O empurra-empurra nuclear

Os núcleos dos átomos se mantêm estruturados graças à forca nuclear forte. Se ela deixasse de existir, os núcleos explodiriam devido à repulsão eletromagnética entre os prótons. Quando estes estão a uma distância equivalente ao diâmetro do núcleo (10-3 cm), a força nuclear de atração entre eles é 40 vezes maior do que a força de repulsão eletromagnética. Basta que a distância aumente quatro vezes, porém, para que as duas forças se equilibrem. Se aumentar 100 vezes, a repulsão eletromagnética ficará 1 milhão de vezes maior do que a atração exercida pela força nuclear.

Bons tempos aqueles

A idéia era simples e parecia consistente: se a matéria podia ser dividida em pedaços cada vez menores, devia haver um ponto em que se chegasse à mínima fração possível. Foi assim que os antigos filósofos gregos conceberam os átomo (indivisíveis). A doutrina deve ter-se originado por volta do século V a.C. e seus principais representantes foram Leucipo e Demócrito. Do primeiro quase nada se sabe. O segundo, discípulo daquele, nasceu na Trácia, em torno do ano 460 a.C. Dono de uma curiosidade enciclopédica, realizou observações nos terrenos da Zoologia e da Botânica e escreveu vários tratados, dos quais só restaram fragmentos. Além de indivisíveis, os átomos de Demócrito eram também invisíveis, devido a sua pequena massa, e só se distinguiam uns dos outros por seu tamanho e por sua forma. As diferentes formas é que davam às diversas substâncias suas propriedades. Os líquidos, por exemplo, deviam sua fluidez ao fato de serem constituídos por átomos esféricos, que deslizavam perfeitamente uns sobre os outros. O atomismo foi das primeiras tentativas de descobrir uma explicação racional para a multiplicidade de seres da natureza. Abandonada durante a Idade Média cristã, a idéia foi preservada, no mundo muçulmano. O poeta místico persa do século XIII Djalal ud-Din Rumi chegou a afirmar que os átomos eram divisíveis - 700 anos antes da moderna Física. O século XVII assistiu a uma retomada do interesse pelos átomos; o principal representante do atomismo dessa época foi Pierre Gassendi ( 1592-1655), professor no Collège Royal, de Paris. Ele procurou sintetizar a filosofia dos antigos gregos com o cristianismo. No século XIX, a partir das teorias sobre gases do inglês John Dalton e do italiano Amedeo Avogadro, o atomismo deixou o limbo da Filosofia para entrar no terreno da ciência.




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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Buda - Um príncipe encontra a perfição.

BUDA: UM PRÍNCIPE ENCONTRA A PERFEIÇÃO



Sidarta Gautama saiu em busca da verdadeira paz e acabou fundando uma religião que tem hoje 250 milhões de fiéis.

Buda percorria certa vez um caminho quando um homem, percebendo que estava diante de um ser incomum, perguntou-lhe: "Você é um deus?" E o Buda respondeu: "Não". "É um demônio?" E o Buda respondeu: "Não". "É um homem?" E o Buda respondeu: "Não". "Quem é você, então?"
E o Buda respondeu: "Eu estou acordado". Esta pequena lenda talvez resuma todo o sentido da vida de Sidarta Gautama, o Buda, título que significa justamente "O desperto" ou "O iluminado". Entender o que esse despertar ou essa iluminação querem dizer, porém, é algo que, segundo seus seguidores, está além das palavras. Também chamado Sakyamuni, que quer dizer "O santo do clã dos Sakya", ele nasceu provavelmente no século VI a.C. no principado indiano de Kapilavastu, na região da cordilheira do Himalaia, no sul do atual Nepal. Mais ainda do que a de Cristo, sua biografia está de tal forma amalgamada com o mito que se torna praticamente impossível separar vida e lenda. Até porque, de acordo com os budistas, isso nem seria desejável, pois o mito é considerado uma forma perfeitamente válida de conhecimento. O próprio Buda empregou largamente o discurso mitológico em suas falas destinadas a um público mais amplo, enquanto em comunicações mais restritas empregava uma requintada linguagem filosófica. Seu pai, Sudohodana, era o rajá de Kapilavastu, o que significa que Sidarta nasceu príncipe. Sua casta de origem, a dos guerreiros, não ocupava, entretanto, o topo da rígida hierarquia indiana. O poder pertencia aos brâmanes, os sacerdotes. Quando Sidarta nasceu, a casta dos guerreiros contestava a estrutura social dominada pelos brâmanes. O nome da localidade natal de Sidarta, Kapilavastu, significa "Morada de Kapila". Fundador do Sankhyan, sistema filosófico que influenciou fortemente o budismo e também o ioga clássico, Kapila dizia que uma das mais perniciosas servidões humanas é a daqueles que tem de dar presentes aos sacerdotes. Os ecos do pensamento desse antecessor estão claramente presentes na doutrina do Buda, que condenou o sistema de castas da Índia. Por unta série de complexas razões históricas - a principal delas, a invasão muçulmana ocorrida no século XII -, o budismo não se enraizou na Índia, embora tivesse conquistado espiritualmente quase todo o Extremo Oriente. Destino de certa forma semelhante ao do cristianismo, que não foi aceito pelos judeus, mas espalhou-se pelo mundo. Também como na biografia mítica de Cristo, a concepção e o nascimento de Buda estão cercados de condições sobrenaturais. Sua mãe, Maya - na mitologia, o mesmo nome da força mágica que cria o universo ilusório -, sonhou que entrava em seu flanco um elefante branco com a cabeça cor de rubi e seis presas. Desse encontro Sidarta foi concebido. A imagem tem evidentes conotações simbólicas. O elefante, na Índia, representa a mansidão; seis, o número de presas, simboliza os sentidos do Universo - norte, sul, leste, oeste, para cima e para baixo. No corpo de sua mãe, o futuro Buda - o Bodhisatva - espera rezando a hora de seu nascimento, que se dará pelo flanco direito de Maya, sem entretanto lhe causar mal. Quando nasce, uma série de marcas evidenciam nele o "incomparável", conforme proclama o vidente Asita: tem cor dourada, altura igual à extensão dos braços abertos, uma coroa orgânica no alto do crânio, pestanas de boi, quarenta dentes alvíssimos e unidos, membranas interdigitais e centenas de formas desenhadas nas plantas dos pés. A narrativa tradicional descreve o Buda como belíssimo. A imagem popular que se tem dele no Ocidente, que o apresenta como um homem obeso, se deve a uma confusão entre a sua figura e a de uma divindade mitológica chinesa. Maya morreu sete dias depois do parto e Sidarta foi criado por uma tia, Mahaprajapati, que se tornaria a primeira monja budista. Sabendo que estava destinado a seu filho um futuro excepcional, diz ainda a lenda, Sudohodana fez construir para ele três palácios, dos quais excluiu tudo o que pudesse lembrar os males do mundo. A narrativa indiana - que se caracteriza por exagerar os fatos, sem maiores preocupações com o que no Ocidente se chama verdade objetiva - se excede em exuberância ao descrever o fausto da juventude do futuro Buda. Seu harém tinha 84 mil mulheres e ele era o primeiro em todas as competições, que incluíam modalidades tão diversas como caligrafia e natação, gramática e corrida, botânica e luta. Aos 19 anos, Sidarta se casa com sua prima Yasodhara e vive mais dez anos nesse mundo de idílica felicidade e requintada satisfação dos sentidos. Da união com Yasodhara, nasce seu filho Rahula. Mas essa vida privilegiada seria bruscamente sacudida, segundo a tradição, em três passeios que Sidarta fez fora dos limites de seus palácios. Na primeira, viu um homem de aparência decrépita que precisava apoiar-se num bastão para caminhar. O cocheiro de Sidarta explica que se trata de um velho e que o destino de todos os homens é se tornar um dia como ele. Na segunda, vê um homem com o corpo corroído pela lepra; o cocheiro explica que é um doente e que qualquer pessoa está sujeita a esse mal. Na terceira, vê um defunto transportado em cortejo fúnebre; o cocheiro explica que é um morto e que a morte é o fim para o qual caminham todos os seres vivos. O impacto dessas três visões tumultua enormemente os pensamentos de Sirdarta e ele decide partir em busca do esclarecimento. Deixa para trás os palácios, as mulheres, o filho e cavalga rumo ao Oriente. Como São Francisco de Assis na Itália do século XIII, se desfaz das roupas. Entrega seu cavalo ao criado que o acompanhara e corta os cabelos. Sozinho, decide iniciar uma nova vida. Tem 29 anos de idade. Um asceta, ou, segundo a lenda, um anjo que assumiu a forma de asceta, lhe entrega os únicos pertences pessoais a que futuramente terão direito os monges mendicantes budistas: o traje amarelo, o cinto, a navalha para raspar os cabelos, a agulha, a tigela para esmolas e a peneira para filtrar a água. Sidarta parte em busca dos grandes mestres espirituais da época, homens como Alara Kalama e Uddaka Ramaputta, mas estes não conseguem satisfazer suas dúvidas. A tradição procurará apresentar todos os elementos essenciais da doutrina budista como uma descoberta pessoal do Buda, decorrente de sua iluminação. Mas. se há elementos que realmente lhe são próprios e inconfundíveis, há também a influência da filosofia Sankhyan e do hinduísmo, expresso nos Vedas, a antiquíssima coleção de textos religiosos da Índia. Desta influência e também de outras sínteses posteriores se formaram a cosmologia e a mitologia budista. Abandonando seus mestres, Sidarta refugiou-se por seis anos no bosque de Sena, território de Magadha. É uma região escolhida pelos eremitas para afastar-se dos apelos do mundo. Ali, junto a cinco companheiros, Sidarta se dedica à automortificação. Faz jejuns prolongados; quando come, sua alimentação se resume a frutos; permanece dias seguidos imóvel em posição de meditação, castigado pela chuva ou pelo sol. Enfraquecido física e mentalmente, percebe que essas práticas não o aproximam do que mais procura - as respostas para os sofrimentos do mundo. Deixando os companheiros, banha-se no rio Nairanjana e se fortalece com o alimento oferecido por uma aldeã. Depois, senta-se à sombra de uma figueira sagrada para meditar. Ali vive a experiência da iluminação que lhe teria dado consciência plena da verdade absoluta. Segundo o relato tradicional, ele "vê" simultaneamente os infinitos mundos do Universo, suas infinitas encarnações anteriores e as de todos os outros seres, a concatenação de todas as causas e efeitos. Ao amanhecer, intui as Quatro Verdades Nobres, as colunas-mestras do budismo: 1) o sofrimento é inerente a toda forma de existência; 2) a ignorância é a origem do sofrimento; 3) pela extinção da ignorância é possível extinguir o sofrimento; 4) o caminho que leva a isso é eqüidistante da entrega aos prazeres e apelos do mundo e dos rigores do ascetismo e da automortificação. Buda vai referir-se a esse caminho médio com a metáfora de um alaúde, cujas cordas não podem estar nem muito frouxas nem muito tensas para que se produza o som adequado. Ela se expressa na Nobre Senda Óctupla: compreensão correta, pensamento correto, palavra correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção correta, concentração correta. São oito atitudes de meditação cujo entendimento pleno não pode ser dado por meio de palavras. Por essa senda se chega à extinção da ignorância, que não é associada no budismo à prosaica falta de informações, mas ao desconhecimento do sentido profundo da existência. Depois da iluminação, Sidarta se tornou o Buda e também adotou o título de Tatágata - "Aquele que veio da verdade". Procurou seus cinco ex-companheiros de ascetismo e os converteu numa única pregação. Em seguida converteu os irmãos Kassapa, adoradores do fogo, e os brâmanes Sariputra e Moggollana, que serão seus mais importantes discípulos. É o início da Sangha, a comunidade budista, que justamente com o Buda e o Dharma, a doutrina, forma as Três Jóias do budismo. Diz a lenda que o Buda comunicou sua doutrina também aos nagas, serpentes com face humana que habitam o mundo subterrâneo, e aos deuses dos vários céus, que, apesar de suas vidas imensamente longas, ou talvez exatamente por causa delas, são incapazes de chegar sozinhos à iluminação. Durante 45 anos, o Buda perambulou ensinando. A região nordeste da Índia, que acolheu em primeiro lugar os seus ensinamentos, vivia então uma época de crise. Não havia centralização política: a antiga unidade tribal fora rompida pelo surgimento e expansão de vários pequenos reines. A religião predominante, o bramanismo, que cultuava um deus criador - Brahma -. era contestada por numerosos movimentos organizados em torno de mestres carismáticos. Mais do que tudo, os unia uma oposição ao sistema de castas que dividia a sociedade indiana e assegurava os privilégios da elite sacerdotal. O terreno era propício à aceitação do budismo. No rastro da pregação de Buda formou-se uma numerosa comunidade de monges e monjas que renunciaram aos bens materiais e às atividades profissionais para viver de esmolas, meditar e pregar a doutrina. Formou-se também uma vastíssima comunidade de fiéis leigos de ambos os sexos. Entre os convertidos pelo Buda estava seu próprio filho, Rahula. Três marcas são características do budismo; consideradas em conjunto, o distinguem de todas as outras religiões: as noções de impermanência, ou seja, todos os fenômenos são efêmeros, sujeitos à contínua transformação; insubstancialidade, isto é, os seres não possuem qualquer núcleo estável que determine sua natureza, mas são uma complexa e sempre cambiante teia de relações; e nirvana, o estado de extinção dos sofrimentos que se manifesta quando o homem compreende profundamente a impermanência e a insubstancialidade, e se libera de sua ilusão de "eu" e dos apegos egoístas que ela engendra. Buda superou o samsara, o mundo das aparências, e encontrou o nirvana em sua iluminação sob a figueira. Segundo a doutrina, ele atingiu o para-nirvana, ou nirvana pleno, após sua morte, ocorrida quando tinha mais de 80 anos. Ela foi apressada pela ingestão, supostamente voluntária, de alimentos deteriorados, que lhe teriam sido oferecidos pelo ferreiro Cunda, na aldeia de Pava. Ele se preparou para morrer banhando-se pela última vez e esperou a consumação deitado sobre o lado direito, com a cabeça voltada para o norte e o rosto virado para o poente. Conforme a tradição, seu corpo foi cremado pelo discípulo Aranda e coberto com mel para que nenhuma partícula se perdesse. Uma terça parte foi entregue aos nagas, outra aos deuses e a terceira aos homens. Como ocorreu com praticamente todas as grandes religiões, o budismo sofreu metamorfoses e divisões após a morte de seu fundador. O principal cisma, que tomou forma apenas 140 anos depois, foi entre a corrente Hinayana (Pequeno Veículo) e a Mahayana (Grande Veículo). Essas denominações vêm de uma pergunta metafórica: no caso de um incêndio, como um homem deveria se salvar? Num pequeno carro puxado por uma cabra, que Ihe asseguraria a salvação individual, ou num grande carro de bois, que Ihe permitiria levar muitos outros junto? A corrente Mahayana respondeu com a segunda alternativa e se tornou amplamente predominante. Dela resultaram, através da fusão com numerosas tradições religiosas orientais, escolas tão diversas quanto o austero e filosófico zen japonês (derivado do chan chinês) e o exuberante e mitológico lamaísmo tibetano. O budismo tem expressão muito reduzida na Índia contemporânea, alcançando apenas 2 por cento da população, mas tornou-se a principal religião do Extremo Oriente, com mais de 250 milhões de adeptos espalhados por países como o Nepal, Tibete, Butão, Sikkim, China, Mongólia, Birmânia, Tailândia. Laos, Kampuchea, Vietnã, Sri Lanka, Coréia e Japão - além de provocar interesse cada vez maior no Ocidente. Ao contrário do cristianismo, o budismo não acredita num deus criador: os infinitos universos de sua cosmologia passariam por um processo também infinito de destruição e criação, sem começo nem fim, regido por uma lei eterna. Os seres que povoam cada um desses universos - e que podem assumir a forma de animais, homens, deuses, demônios etc.- estariam sujeitos a sucessivos nascimentos e mortes. Não há propriamente uma alma imortal: são as ações, palavras e pensamentos de uma existência que tecem a trama (karma) que determina a existência futura. Esse processo é considerado extremamente doloroso, e escapar dele deve ser o fim visado por todos os seres. Eles têm a oportunidade rara de consegui-lo apenas quando renascem na forma humana e conseguem desapegar-se totalmente do mundo ilusório. Libertar-se é atingir o nirvana, a cessação de todos os desejos, a suprema e eterna paz.

Brasileiro, budista e monge

O maior especialista em budismo no Brasil tem o nome impecavelmente ocidental de Ricardo Mário Gonçalves - o que talvez ensine algo sobre a difusão da doutrina budista para além da Ásia e de suas muitas etnias. Mas foi em contato com amigos japoneses em São Paulo que, ainda estudante de ginásio, Ricardo ouviu falar pela primeira vez em Buda. "Decidi então empregar minha vida em descobrir o que era", lembra ele. Depois de freqüentar durante dez anos um templo zen-budista no bairro paulistano da Liberdade, centro da colônia japonesa, foi ao Japão, onde ficou um ano estudando numa escola budista de orientação esotérica. "De volta ao Brasil", conta Ricardo, "percebi que o esoterismo não seria corretamente compreendido aqui, a não ser por uma minoria." Por isso, aproximou-se da Escola da Terra Pura, uma corrente bem mais popular do budismo. Numa segunda viagem ao Japão, em 1981, foi ordenado monge. Cinco anos mais tarde, de novo no Japão, recebeu o título de mestre e a patente de missionário - a primeira conferida a um ocidental pelo ramo da Terra Pura. Como monge, poucas coisas distinguem o dia-a-dia de Ricardo do de uma pessoa comum. Casado, divide seu tempo entre a Universidade de São Paulo, onde leciona História, e a atividade num templo budista da zona sul da cidade, onde dirige o setor de pesquisas sobre o budismo. Ali ele reúne os interessados no estudo de textos clássicos indianos, chineses e japoneses. Ricardo edita, enfim, um jornal em português e japonês dirigido à comunidade dos seguidores da corrente da Terra Pura.




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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

É fogo - Tecnologia

É FOGO - Tecnologia



Meio milhão de anos de uso ainda não nos ensinaram todos os segredos das chamas. Hoje os cientistas recorrem ao laser para que as fogueiras da civilização industrial custem menos e façam menos poluição. Pesquisam-se também novas técnicas contra incêndios.

O primeiro homem pré-histórico a entrar numa caverna com uma tocha nas mãos deu um dos mais importantes passos da humanidade. Provavelmente, era um Homo erectus, o ancestral imediato do homem moderno, o Homo sapiens. A tocha nas mãos do senhor erectus, presume-se, veio de um raio que queimou uma árvore. Foi uma glória: a chama iluminou e aqueceu o ambiente, afugentou os animais ferozes, deu origem ao costume do churrasco. Meio milhão de anos depois, o fogo movimentaria os reatores do foguete Saturno V que levou o homem à Lua, em 1969. Mas, por maiores que tenham sido as proezas tecnológicas desde a antiquíssima primeira tocha até a presente era espacial, um paradoxo permanece: o homem ainda não conhece o fogo o suficiente para usá-lo como deveria. O fogo ajudou como nenhum outro invento ou descoberta a construir a civilização, mas o preço de seu uso inadequado está ficando alto. A maior parte da poluição do planeta, por exemplo, é conseqüência direta ou indireta da queima de combustíveis. O homem define hoje a combustão como uma reação química entre substâncias, envolvendo geralmente oxigênio, gerando calor e às vezes acompanhada por emissão de luz na forma de uma chama. Mas saber isto ainda não é o suficiente para permitir uma utilização mais racional do fogo. O Homo erectus já usava fogo há pelo menos 500 mil anos, mas não há indícios de que soubesse fazê-lo: por incrível que pareça, durante centenas de milênios os ancestrais do homem se limitavam a aproveitar o fogo encontrado na natureza, sem ter a menor idéia de como produzi-lo. Isso só aconteceu há cerca de 7 mil anos antes de Cristo, segundo achados fósseis na Europa, portanto já no período neolítico (ou "da pedra polida"). Provavelmente, o primeiro fazedor de fogo deve ter observado uma faísca produzida pelo atrito entre duas pedras ou pedaços de madeira. Para reproduzir o fenômeno, o homem pré-histórico deve ter experimentado com diferentes tipos de pedra, até se decidir pelas melhores, como o sílex e as piritas achadas em escavações arqueológicas. Essa primeira pesquisa talvez tenha sido o que se poderia chamar atividade científica inaugural do homem - e o resultado, sua conquista tecnológica básica. Não foi um passo simples, como se vê pelo fato de que nem todos os povos primitivos sabiam como fazer o fogo. Os nativos das ilhas Andaman, perto da Índia, e algumas tribos de pigmeus do Congo, na África, por exemplo, jamais conseguiram acender uma fogueira sem partir de uma brasa anterior. Acabaram aprendendo com outros povos. Hoje em dia, os cientistas ainda tratam de aprender os segredos mais íntimos fogo. Os herdeiros dos fazedores de fogo do neolítico usam sondas de raio laser para penetrar no coração das chamas. As reações químicas ali acontecem muito rapidamente, mas graças a equipamentos sofisticados é possível analisar o que se passa em frações de segundo em locais precisos. Quem já fez uma fogueira sabe que existem modos melhores e piores de dispor a lenha e que existem madeiras que fazem menos ou mais fumaça. No fundo, o que os cientistas querem é descobrir os melhores modos de fazer as muitas fogueiras da civilização industrial: dos altos-fornos das siderúrgicas aos motores de combustão interna dos automóveis. Além disso, procuram descobrir os melhores modos de apagar essas fogueiras quando necessário. Na pesquisa com o fogo, a tecnologia está intimamente relacionada à pesquisa pura. A meta fundamental é queimar com eficiência - o que significa menor custo. Assim, com o mesmo volume de combustível, um carro pode ir mais longe e, para uma indústria, 1 por cento a mais de aproveitamento em milhares de toneladas de combustível pode significar a diferença entre ter lucro ou ficar no vermelho. Eficiência na combustão também quer dizer menos subprodutos poluentes - ou seja, queimar direito é uma questão de saúde pública. Outra linha de pesquisa importante diz respeito ao combate e, se possível, à prevenção de incêndios. Já se sabe que é vital o tamanho das gotas de água em um sistema automático anti-fogo. Gotas pequenas demais podem não chegar ao combustível, pois as labaredas e as correntes de ar que elas criam tendem a vaporizá-las e afastá-las. Mas, combinando essas gotículas com outras maiores que cheguem à base do fogo, tem-se uma boa solução para incêndios em salas fechadas. As gotas maiores atacam as chamas e as menores ajudam a esfriar o ambiente. Para haver combustão três coisas são necessárias: um combustível, um oxidante e uma fonte de ignição para começar a reação. Mas isto é apenas o começo da história. O primeiro problema é que o mundo não é perfeito: a natureza teima em se comportar de maneira extravagante, e como os cientistas não podem brigar com os fatos precisam tentar desvendá-los do jeito que são. Tome-se um gás combustível como o metano, com um átomo de carbono e quatro de hidrogênio em cada molécula. Em uma reação de combustível, ideal, cada uma dessas moléculas se combinaria com duas de oxigênio. O resultado, também ideal, seria uma molécula de gás carbônico ou dióxido de carbono (o gás dos refrigerantes) e duas de água. Porém, como não é possível promover um encontro perfeito entre todos os reagentes, os resultados podem variar bastante. Com menos oxigênio do que o ideal, por exemplo, forma-se o venenoso monóxido de carbono, expelido pelos carros, ônibus e caminhões, em lugar do dióxido de carbono. Junta-se a essa imperfeição os combustíveis mais usados pelo homem e os resultados podem ser ainda mais desconcertantes. Se nem sempre onde há fogo há fumaça, sempre que há fumaça há fogo - só que a fumaça não deveria estar ali. Ela é sempre um subproduto extremamente indesejável. Mas é difícil evitá-la, pois a maior parte dos combustíveis é composta de hidrocarbonetos, constituídos por carbono e hidrogênio. E a fuligem consiste em longas cadeias de átomos de carbono, que se recusam a queimar e poluem o ambiente. Fornos, incineradores, motores de combustão interna carros, aviões e navios também lançam ao ambiente óxidos de nitrogênio. Por sua vez, o óleo combustível queimado nas indústrias costuma conter enxofre - e outro subproduto indesejável é o dióxido de enxofre. A famosa "chuva ácida" é o resultado dessa poluição. Os ácidos sulfúrico e nítrico caem do céu sobre florestas, montanhas e cidades com graves conseqüências para a natureza e a vida humana. É por isso que nos Estados Unidos o óleo combustível só pode ter 0,72 por cento de enxofre. No Brasil, porém, óleos com teores entre 5 e 6 por cento são a norma. Os brasileiros também inovam em outro tipo de poluição. Com a queima de álcool de cana como combustível de veículos, uma nova classe de poluentes, os aldeídos, está sendo lançada na atmosfera. E suas conseqüências ainda não foram suficientemente estudadas. O fogo é um fenômeno que interessa a físicos, químicos, matemáticos e até a economistas. Além das reações químicas previstas - sem falar das imprevistas -, acontecem também numa chama processos físicos como transporte de massa e energia, a difusão de calor e a emissão de radiação. Um dado importante que permite descobrir mais sobre uma chama é justamente a emissão de radiação luminosa. A cor da chama - uma combinação de temperatura com o tipo de elemento queimado - proporciona uma maneira de sondar o que está acontecendo na aparente confusão das labaredas. A análise espectral, ou o estudo da luz emitida por uma substância, permite identificar os elementos que a compõem. Cada substância, ao queimar, causa uma chama de cor característica. O cobre, por exemplo, causa uma chama esverdeada; o sódio dá uma chama amarela. É nisso que se baseiam os fabricantes de fogos de artifício para proporcionar os espetáculos de multicolorida beleza. Descobertas pioneiras na área da espectroscopia foram realizadas por um químico e um físico trabalhando juntos - os alemães Robert Bunsen (1811-1899) e Gustav Robert Kirchhoff (1824-1887). Com os métodos espectroscópicos é possível determinar até a composição química das estrelas basta analisar a luz que emitem. Quando o calor excita os átomos da substância que está queimando, o resultado é a luz. E quando um feixe de luz como o laser - intenso, de uma só cor - atravessa a chama, ele dá uma trombada nas moléculas que estiverem no caminho. A colisão ocorre em frações de segundo e o resultado é um espalhamento de luz, tão minúsculo que só é detectável por um espectroscópio ultra-sensível. Mas essa pequena perturbação serve para identificar que molécula era aquela, precisamente. O fundamento teórico dessas sondas de laser é um efeito descoberto pelo físico indiano Chandrasekhar Vankata Raman (1888-1970), Prêmio Nobel de Física de 1930. O efeito Raman acontece quando uma luz monocromática, como o laser, atravessa um composto químico. Parte da luz, com a trombada, difunde-se em outras direções. E uma parte dessa luz desviada sofre modificação de freqüência, ou seja, muda de cor. Com essas técnicas é possível ir mapeando uma chama, ver quais são as áreas mais quentes e mais frias, por exemplo. Na chama de uma vela, a região próxima ao pavio não é tão quente a ponto de queimar a cera, mas é ali que esta se transforma em gás. O que queima efetivamente é o gás e sua produção constante alimenta a chama. Pois só há combustão quando há gás. Mesmo quando um líquido está queimando, o que ocorre é sua transformação em gás e a queima do gás. Outra técnica envolve o uso de três feixes de laser que convergem para a chama, formando um novo feixe que será "lido" por espectroscópios e computadores sofisticados. As sondas de laser têm ajudado a enfrentar o problema dos poluentes de automóveis. Nos laboratórios Sandia, vinculados ao Departamento de Energia dos Estados Unidos, feixes de laser foram usados para vasculhar as entranhas de motores de automóveis a fim de localizar as áreas problemáticas. Constatou-se que em certas reentrâncias o combustível como que se escondia do oxigênio do ar. Embora gaseificado pelo calor da câmara de reação, o combustível escondido não entrava em combustão e acabava expelido na atmosfera pelo escapamento. Como resultado dessas pesquisas, os motores têm sido redesenhados para eliminar eventuais esconderijos de combustível. Mas não é só a busca das melhores maneiras de queimar combustíveis que preocupa a ciência. Um aspecto da pesquisa com combustão igualmente importante - por óbvios motivos - é saber como evitar que as coisas peguem fogo. Até hoje não se entende direito o que acontece durante um incêndio numa floresta, por exemplo. Como se dá a realimentação do fogo? Como o ar se mistura com o combustível? Como um incêndio se propaga numa sala, em um edifício, em um avião? Os laboratórios Sandia têm instalações no deserto, no Estado do Novo México, nos EUA, para estudar incêndios. O americano Walter Gill trabalhou ali e hoje está no Laboratório de Combustão e Propulsão do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) em Cachoeira Paulista, São Paulo, o maior centro brasileiro de pesquisa na área. Gill seus colegas do Sandia queimavam tudo que podiam, de caminhões a vagões de trem. E o que não podiam queimar, como um porta-aviões, era objeto de simulações matemáticas. Um navio desses é um verdadeiro barril de pólvora flutuante, repleto de gasolina de aviões, bombas, mísseis e aviões carregados com tudo isso. Um porta-aviões japonês teve um destino particularmente terrível na Segunda Guerra: o Taiho foi atingido por um torpedo, que causou pouco estrago pois o navio era blindado. Mas foi o suficiente para romper um tanque de gasolina, que se evaporou. Para eliminar os gases, o capitão do Taiho ordenou que se ligasse o sistema de ventilação. A resultante mistura de ar com combustível só precisou de uma faísca para explodir o navio. Um dos segredos da boa combustão é ter uma mistura bem-feita de oxigênio com combustível. E, quanto menor o tamanho das unidades do combustível, maior será sua superfície de contato com o ar e mais rápida a queima. Assim, se uma bolinha de madeira leva 1 segundo para queimar, uma bolinha dez vezes menor vai levar apenas 1 centésimo de segundo para completar a reação. Um pedaço de madeira queima muito mais lentamente que a mesma quantidade de serragem e é por isso que ocorrem explosões em serrarias quando há muito pó no ar. O mesmo pode acontecer com pó de carvão em minas. Uma das mais surpreendentes pesquisas do laboratório no deserto do Novo México valeu-se de madeira e carvão para proteger - sim, proteger - do fogo um pacote de material radiativo. A embalagem protetora do material foi feita para resistir a quedas de avião seguidas de incêndio. Trata-se de uma cápsula de titânio, material resistente mecanicamente, envolto por madeira recoberta de aço inoxidável. A madeira serve para absorver o impacto da queda, mas com o calor ela se torna carvão. O carvão não pega fogo, pois falta oxigênio para isto, já que ele está dentro do invólucro de aço. Abrigado do oxigênio que o faria entrar em combustão, o carvão termina por servir como isolante térmico do material radiativo; como é poroso, os espaços de ar nos poros impedem a transmissão de calor. O laboratório brasileiro de Cachoeira Paulista também está começando a recorrer ao laser para o estudo da combustão. Os pesquisadores têm um laser de feixe vermelho instalado para estudar o tamanho das gotas de combustível dos motores que servirão a foguetes e satélites. As gotas são atropeladas pelo feixe de luz, que passa por um complicado sistema de lentes; com isso elas causam uma diminuição da energia incidindo nos sensores fotoelétricos. Conforme o tamanho da gota, a energia contada pelos sensores será menos ou mais intensa. O pesquisador responsável pela instalação desse laser, o físico Jerônimo dos Santos Travelho, trabalhou nos Estados Unidos no estudo da fuligem de propelentes e tem um doutorado em combustão. Outro aspecto importante para o desenvolvimento de motores de engenhos especiais é a instabilidade da combustão, um efeito indesejado numa câmara de reação de um motor. Pesquisas sobre instabilidade também são feitas pelo pessoal do lNPE em combustores de resíduo asfáltico, um subproduto do petróleo, da madeira ou do carvão. Tubos de amostragem retiram os gases e os enviam aos equipamentos de análise, onde se vê até que ponto foi completa a queima. Isto permite evitar combustão imperfeita em motores de foguetes, que precisam funcionar impecavelmente. Qualquer alteração no processo pode afetar a trajetória do veículo. As experiências com queima de propelentes nos laboratórios do INPE se realizam em instalações protegidas. Mas acidentes acontecem. O teto da sala de testes tem um rombo de 30 centímetros por onde passou uma tampa metálica que não fora convenientemente atarraxada durante uma experiência com um propelente sólido. Do tamanho de um lápis, o combustível foi suficiente para arremessar a tampa a cerca de 2 mil metros de altura, segundo calculou o chefe do laboratório, o engenheiro e também doutor em combustão, João Andrade Alexandre de Carvalho Júnior. As explosões ou detonações não passam de combustões aceleradas - o que se sabe pelo menos desde 1866, quando o sueco Alfred Nobel inventou a dinamite. Apesar da natureza das suas pesquisas, nem Walter Gill nem João Andrade se chamuscaram até agora. Como diz o americano, "a gente trata os incêndios com respeito depois de ver o que eles podem fazer".

Algo no ar está queimando

O que é o fogo? As tentativas de responder a essa pergunta ajudaram a modelar o próprio desenvolvimento da ciência. O fogo aparece na Grécia antiga como um dos quatro elementos de que o Universo seria formado. O filósofo Empédocles (490-430 a.C.) dizia que todas as substâncias eram formadas por terra, água, ar e fogo em diferentes combinações. Cada um desses elementos constituía um "princípio" geral e não se confundia com água, ar, terra e fogo propriamente ditos. Outra noção grega para explicar o fogo - a presença de um princípio inflamável nos materiais combustíveis - mais tarde seria aperfeiçoada na teoria do "flogístico" ou fogo-princípio. Segundo a teoria desenvolvida pelo químico alemão Georg Ernest Stahl (1660-1734),um fluido escapa dos corpos durante sua queima, como se fosse uma "alma". Hoje é fácil rir de uma teoria como essa. Mas ela se ajustava perfeitamente aos fatos conhecidos na época. Quem a demoliu foi o francês Antoine-Laurent de Lavoisier (1743-1794). A primeira dica para a ciência chegar ao conceito moderno de combustão tinha surgido em 1665. Nesse ano, o inglês Robert Kooke (1635-1703) concluiu que devia haver algo no ar essencial à combustão - e que se consumia no processo de queima. Esse algo, descobriu-se depois, é o oxigênio. Na definição moderna, o oxigênio cedeu lugar ao conceito mais amplo de oxidação, isto é, qualquer reação em que átomos perdem elétrons, tornando-se oxidados (o contrário, ganhar elétrons, chama-se redução). De fato, a combustão muitas vezes é o resultado da oxidação das substâncias. Foi Lavoisier quem inventou o nome oxigênio para o gás fundamental à reação, mas quem o descobriu foi o inglês Joseph Priestley (1733-1809). Priestley verificou que o gás intensificava a chama de uma vela e permitia a ratos permanecerem mais tempo sem perder os sentidos numa câmara fechada. O cientista chamou seu ar de "ar deflogisticado". Já Lavoisier preferiu atribuir os resultados a um gás presente no ar - no que estava certo. Priestley e Lavoisier chegaram a trabalhar juntos, mas a colaboração terminou logo, dadas as diferentes interpretações que tinham para o fenômeno da combustão. Não era essa a única diferença entre ambos. Priestley era um liberal: defendia a independência dos Estados Unidos e apoiava a Revolução Francesa. Acabou vítima da combustão - conservadores incendiaram seu laboratório e ele acabou por se mudar para os Estados Unidos. Lavoisier era monarquista e tinha o problema oposto - era perseguido pelos revolucionários franceses. Em 1794 foi guilhotinado. Antes de ser decapitado, conseguiu eliminar o flogístico dos livros de ciências. Ele pesava cuidadosamente os combustíveis, media os volumes de gases, checava os resultados. Verificou, por exemplo, que o fósforo e o enxofre queimados aumentavam de peso. E também que determinada parcela do ar atmosférico não provocava a queima - tratava-se do nitrogênio, que depois ele chamaria de azoto, ou "sem vida". Lavoisier havia enunciado um dos princípios fundamentais da Química, a Lei da Conservação das Massas - a soma da massa dos reagentes é igual à soma da massa dos produtos. Ou, na frase clássica, "na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma".


Histórias de abrasar

A cada 52 anos os astecas apagavam todos os seus fogos. Um nova chama era então acesa e mantida sobre o peito de um prisioneiro - ardente homenagem ao deus Xiuhtecuhtli. Mais ao sul, na América pré-colombiana, no que viria a ser o Peru, o deus Pachacamac também recebia dos incas sacrifícios humanos. Os cruéis Xiuhtecuhtli e Pachacamac tinham em comum algo existente em praticamente todo canto da Terra - eram divindades do fogo, temidos e venerados na proporção das colossais dificuldades enfrentadas pelo homem primitivo até apropriar-se do fogo. Os gregos tinham dois deuses para o fogo e aquela que se tornaria a lenda mais conhecida no Ocidente sobre sua aquisição. A deusa Héstia simbolizava o fogo doméstico, as lareiras das casas que protegia. Lareira, por sinal, deriva de lar - o aconchegante lugar da casa onde se acendia o fogo. O outro deus era Hefastos, responsável pela tecnologia do fogo: forjava os raios de Zeus, o maior dos deuses. Hefastos era tão importante embora não fosse nenhum Apolo, ganhou como esposa ninguém menos que Afrodite, a deusa da beleza e do amor. Os gregos, como se vê, não brincavam com fogo. E quando o herói Prometeu roubou de Zeus o fogo que ele havia tirado dos homens, o grande deus ficou uma brasa - amarrou Prometeu numa montanha, onde uma águia vinha todos os dias bicar-lhe o fígado. O que Héstia era para os gregos, Vesta era para os romanos: virgem e pura (a pureza sempre foi associada ao fogo, purificador dos pecados), devia ser imitada por suas sacerdotisas, as vestais, que tinham por obrigação manter o fogo sagrado e estavam proibidas de namorar. Na Índia, a deusa do fogo e do lar era homem - Agni, a quem se faziam sacrifícios humanos. O bárbaro costume de cremar as viúvas, que persistiu ali até há bem pouco tempo, provavelmente é aparentado aos sacrifícios ao deus Agni. Na Bíblia, o fogo aparece a toda hora, muitas vezes como instrumento da ação de Javé - que por sinal se apresentou em chamas a Moisés no Sinai. Nos dias santos, os judeus religiosos antigamente não faziam fogo; hoje, não acendem a luz. Já os cristãos acendem lâmpadas votivas e velas em grande quantidades e ainda queimam incenso. O fogo chegou aos índios brasileiros na lenda dos bororos de Mato Grosso sobre o pajé que ousou roubar a chama do Sol. Como punição. virou japu, um pássaro que por isso mesmo tem o bico vermelho. Em outras latitudes, há lendas mais complicadas. Num mito finlandês, o fogo surge da espada de um deus, passa a pertencer a uma divindade do ar, cai num lago, onde é engolido por uma truta, depois por um salmão que come a truta e, enfim, por um lúcio. Esse último peixe é pescado por um herói, que liberta o fogo e o dá aos homens.


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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

E como dói - A Dor

E COMO DÓI - A Dor



Só há pouco tempo, passou-se a estudar o fenômeno da dor como um mal em si mesmo, que merece tratamentos específicos. E descobertas surpreendentes conduzem à cura na esmagadora maioria dos casos.

Alguns podem suportar uma dor durante certo tempo, mas decididamente ninguém suporta quem reclama de dor muito tempo. "Como vai?" - alguém lhe pergunta, e o maria-das-dores, em vez de um cortante "tudo mal", explica que arde, aperta, pinica, perfura, belisca, queima, irrita, estremece, lateja aqui e ali. No início, até dói no coração de quem ouve, que retira um providencial analgésico do bolso, lembra-se de um fantástico chá da vovó, procura o endereço daquele médico que curou outro amigo. Mas há dores que vencem não só esses primeiros socorros como também todas as demais manifestações de caridade. Esgotam ainda as receitas do médico da família. Porque não têm domínio da situação, as pessoas tendem a achar que o problema de fato não existe ou se sentem constrangidas pela falta de solução. E quem já sofria de uma dor experimenta outra - a da solidão. Esse "chato de doer" talvez ignore que hoje existem médicos especializados em compreender suas queixas e curá-lo. A Medicina nos últimos anos passou a pesquisar o fenômeno da dor, que agora é muitas vezes considerado uma doença em si. Pode ser um alívio saber que existem tratamentos - embora nem sempre cura definitiva - para todos os casos. Talvez por não contar com os recursos modernos, o homem tentou no passado encontrar consolo valorizando a dor. Sofrer, como escreveu o poeta francês Charles Baudelaire (1821-1867), "é um divino remédio para as nossas impurezas". Várias religiões propagaram essa idéia: basta lembrar os sofrimentos da paixão de Cristo ou o martírio dos santos. Apenas em 1957, uma encíclica de Pio XII autorizou os médicos católicos a usar a morfina "em doses moderadas" para acalmar o suplício dos pacientes. Em geral, é sempre assim: no cinema, o bandido leva um soco e fica se contorcendo no chão; o herói leva um tiro, range os dentes, passa a mão na camisa ensangüentada e vai à luta. Isso porque permanece inconscientemente a idéia de que quem agüenta a dor é íntegro e corajoso. Mas, na hora H, ninguém quer ser admirado por agüentá-la. Só pessoas com distúrbios psíquicos, os masoquistas, sentem prazer na dor. A grande maioria quer é distância dessa sensação inapelavelmente desagradável. A princípio, porém, a dor aguda tem uma causa nobre, pois faz parte de um importante sistema de alarme do organismo, chamado nociceptor ou receptor de agentes nocivos. Na verdade, dor é uma interpretação cerebral de estímulos captados por estruturas nervosas existentes na pele, nos músculos e vísceras, encarregadas de registrar e comunicar qualquer anormalidade de pressão, temperatura ou eletricidade. Assim, quando um agente externo danifica o corpo, como um prego que fura o pé ou uma panela que queima a mão, sente-se uma dor que, primeiro, afasta a pessoa do que a machuca e, depois, a obriga a cuidar da região afetada. Da mesma forma, dores alertam para problemas internos: a digestão malfeita se manifesta em ardor no estômago, por exemplo. Existem ainda dores mais sofisticadas, que não se limitam a dar o alarme. A angina no peito informa que um infarto pode estar a caminho. É claro que todos têm uma certa consciência disso e, sentindo a queimação no peito, não saem correndo para buscar socorro, evitando esforços para o coração. Mesmo assim, o organismo parece tomar suas precauções; a dor típica no braço esquerdo dos cardíacos dificulta qualquer movimentação, praticamente obrigando a pessoa a ficar imóvel e, dessa maneira, poupar o coração em crise. Outro exemplo é o parto. A inesperada pontada na barriga da grávida - a dor da primeira contração - é que impede que a criança nasça na rua. Mas, além de ordenar a ida para a maternidade, essa dor tem outra função. Ser mãe é padecer de uma contração dolorosa do útero atrás de outra - ao menos, até que se tome anestesia. Em partos normais, para os quais o corpo da mulher naturalmente se prepara, a dor ajuda a expulsão da criança cada vez que obriga a mãe a contrair a barriga num espasmo. Quem não sente dor alguma - pessoas portadoras de uma doença congênita chamada analgesia - costuma ter muitos problemas no dia-a-dia e até morrer cedo. Felizmente, são raridades: não há mais que trinta casos registrados neste século no mundo inteiro. O primeiro deles, da década de 20 foi o de uma garotinha inglesa, Mary Andrews, que chegou em casa com uma perna inchada. Os médicos acharam que era mais um caso de reumatismo infantil. Depois de vários tratamentos fracassados, descobriram que a menina tinha três fraturas na perna - sem sentir dor; porém, ela caminhava normalmente e, por não ter sido imobilizada a tempo, a perna ficou defeituosa. Diz o ditado que a gente tem aquilo que dói. Pois foi o filósofo francês René Descartes (1596-1650), o mesmo que afirmou "penso, logo existo", quem primeiro desenhou um possível caminho da dor, que seria uma ligação direta da área dolorida até o cérebro. Não é bem assim, sabe-se hoje. As microestruturas nervosas que captam alterações que afetam o corpo estão ligadas a nervos que na verdade não seguem direto ao cérebro. Em primeiro lugar, o estímulo é desencadeado quando essas estruturas liberam para os nervos determinadas substâncias que formam uma corrente elétrica. Esta passa pela medula da espinha e só então segue para o cérebro ou, mais especificamente, para o tálamo, onde se tem as sensações. Aqui já se sente a dor, mas não se sabe ainda nem a intensidade nem o que a provoca. Enfim, não se interpreta a sensação - isso só acontecerá quando a informação alcançar o córtex cerebral, uma fração de segundo mais tarde. Os cientistas definem esse percurso como "processo ascendente da dor". O "processo descendente" é quando o cérebro, em resposta, manda socorro para a medula. O remédio orgânico são substâncias analgésicas que ou bloqueiam totalmente ou ao menos aliviam a dor. Isso acontece porque elas se encaixam como uma chave na fechadura nas substâncias que desencadeiam a informação dolorosa. Tais analgésicos, as endorfinas, foram descobertos em 1975 por cientistas americanos. Já se sabia que, estimulando com choques elétricos certas regiões cerebrais, conseguia-se um efeito analgésico. Os cientistas começaram a operar ratinhos usando esse estímulo como anestesia. Mas, para surpresa geral, os bichos continuavam sem demonstrar dor mesmo quando os choques eram interrompidos. Se fosse o mero estímulo de uma área do cérebro a causa da ausência de dor, esta deveria se manifestar com a interrupção dos choques. O fato de isso não acontecer indicava que existia algo mais - daí a descobrir que os choques estimulavam a produção de analgésicos naturais foi um passo. As endorfinas são muito parecidas com as drogas sintetizadas pelo homem, como a morfina. Acredita-se que a diferença na produção dos analgésicos biológicos - seja de indivíduo para indivíduo ou de situação para situação - faça da dor uma experiência pessoal e intransferível. Por exemplo, descobriu-se que, quando se está concentrado numa atividade qualquer e não na dor em si, a produção de endorfinas aumenta. O povo parece ter aprendido isso antes dos cientistas: quem, sentindo dor, já não ouviu o conselho: "Pense em outra coisa, que passa"? Os atletas são craques em driblar a dor: um jogador de futebol pode levar caneladas e continua em campo. Depois da partida, pode até chorar de dor. Mas só depois. A vida de quem se sente feliz também é menos dolorida. Está provado que aqueles que ficam deprimidos por algum motivo ou estressados têm sua produção de endorfinas diminuída. Com isso, a dor é percebida como se estivesse sob uma lente de aumento. De uma forma ou de outra, todos já puderam testar essa diferença do próprio limiar da dor: quando se está louco para ir a um encontro e aparece uma dor de cabeça, toma-se um comprimido, mas não se perde o programa; quando a perspectiva é um tedioso dia no escritório, a dor pode tornar o trabalho impossível. Tudo ainda leva a crer que a produção de endorfinas é maior no sexo feminino. Portanto, o ditado deveria ser "mulher que é mulher não chora", pois os homens nesse aspecto são o sexo mais frágil. As dores também tendem a provocar reações diferentes, conforme as origens de cada um. Ao levar um beliscão, um japonês, por exemplo, limita-se, regra geral, a retirar o braço; o mesmo beliscão num italiano costuma gerar um berreiro. Por mais cuidado que se deva ter com tais generalizações, as pesquisas indicam que os campeões mundiais de resistência à dor são os orientais; no outro extremo, estariam os italianos e os judeus. Os brasileiros, segundo os pesquisadores, estariam entre os mais resistentes. Resta saber se essas pessoas sentem a dor da mesma maneira, mas a demonstram de formas diferentes, ou se a produção de endorfinas pode ser influenciada pelo ambiente familiar e pela herança cultural transmitida na educação. Existem, é claro, regiões do corpo, como os olhos e os lábios. Mais sensíveis à dor - porque têm um número maior de nociceptores. Os cientistas acham que qualquer estrutura sensitiva pode desencadear a dor e não apenas os nociceptores especializados. Os corpúsculos de Ruffini, por exemplo, são microestruturas das células que enviam ao cérebro informações sobre temperatura. Se tremendamente excitados, quando se toca a língua em um líquido muito quente ou se encosta a mão num cigarro aceso, o cérebro interpreta a sensação intensa como dor. Enfim, como os nociceptores não atuam sozinhos, a intensidade de uma dor torna-se ainda mais relativa. Para a ciência - embora isso agrida a experiência concreta de cada um - não há dores menos ou mais dolorosas. Em matéria de intensidade da dor, não existe um campeão absoluto. Segundo uma teoria, a percepção seria também efeito da "memória de dor" - um conjunto de conceitos, lembranças e associações. Assim, um médico poderia sentir mais a dor de uma injeção que um paciente - por saber o que acontece exatamente e o que pode dar errado quando a agulha penetra na pele. Da mesma forma, índios que nunca tinham passado por tratamentos dentários nada sentiram numa extração sem anestesia - eles simplesmente ignoravam que aquilo ia doer. Ou seja, a antecipação da dor, causada pelo medo, influiria na intensidade da dor.Para medir uma dor, os médicos só contam com um instrumento: o relato de quem a sente. "Nossa filosofia é sempre acreditar no paciente". diz o neurologista Jorge Roberto Pagura, 39 anos, da Escola Paulista de Medicina. Há oito anos, ele fundou em São Paulo a primeira clínica particular do Brasil para tratamento da dor - não aquela que serve como alarme, mas as dores crônicas. "Elas não são um aviso. Elas são o próprio problema", diz. Quase sempre, segundo o neurologista, o diagnóstico é encontrado. "A dor tem uma razão fisiológica que deve ser tratada" explica Pagura "Muitas vezes, localizada a causa da dor o paciente é encaminhado a especialistas e fisioterapeutas - exercícios específicos e medicação resolvem mais de 70 por cento dos casos." O restante deve apelar para o bisturi. Só a cirurgia, por exemplo, descomprime o nervo trigêmeo, que desce das têmporas para os lábios, cuja dor chega a paralisar a face. Quem já sentiu diz que não há nada pior em matéria de suplício físico.As cirurgias, em geral, podem interferir de duas maneiras: interrompendo o processo ascendente da dor, ou seja, cortando os nervos que levam os sinais dolorosos, ou estimulando a produção de endorfinas mediante o implante de eletrodos na medula e no cérebro. Esses eletrodos são controlados por um marcapasso similar ao usado pelos cardíacos A dor de que os brasileiros mais padecem - sem falar, é claro, da dor-de-cotovelo - é a terrível dor de cabeça, mais especificamente a afamada enxaqueca. Os ambulatórios para tratamento dessa dor, existentes em muitas faculdades de Medicina do país, atendem uma média de quarenta casos por dia. Foi trabalhando num desses ambulatórios, o do Hospital dos Servidores Públicos de São Paulo, que o neurologista Célio Levymann acabou se especializando em dor de cabeça. "A cura de dores crônicas como a enxaqueca é fácil, desde que o diagnóstico seja adequado", diz ele.Os brasileiros consomem por ano 3 bilhões de comprimidos para dor de cabeça - sem dúvida uma enormidade, mas ainda assim dez vezes menos que os americanos. Os cientistas, porém, estão quase certos de que, em excesso, analgésicos eventualmente se viram contra o feiticeiro e, em vez de fazerem a dor sumir num piscar de olhos, como num passe de mágica, podem aumentá-la. Quem não tem crises freqüentes de enxaqueca pode optar por remédios sintomáticos, que aliviam a dor quando ela aparece. Para quem tem duas a três crises por mês - é a média dos casos, de acordo com Levymann -, a solução é prevenir, também com medicamentos, combinados conforme a situação. A mais famosa enxaqueca do Brasil pertence ao poeta e diplomata João Cabral de Melo Neto, autor de Morte e vida severina e de Ode à aspirina. O que não falta são teorias para explicar a enxaqueca. A clássica é de que se trata de uma alteração na irrigação sanguínea do cérebro. Hoje. porém, também se leva em conta que, quando existe enxaqueca, há também uma alteração nos hormônios cerebrais que produzem as endorfinas. E estudos muito recentes mostram que os enxaquecosos, como dizem os médicos, têm uma tendência maior que as pessoas normais a formar coágulos sanguíneos. Isso faz muitos cientistas encararem essa dor como um problema hematológico, que diz respeito ao sangue, e não neurológico. Para o acupunturista Jou El Jia, de São Paulo, a dor - como prega a medicina tradicional chinesa - é cansada quando a energia que deve fluir, por todo o corpo fica estagnada ou não passa por um determinado ponto. As agulhas da acupuntura restabeleceriam o fluxo normal. O doutor Jou, porém. não discrimina as explicações da ciência ocidental para o fenômeno. "Embora a questão da energia seja fundamental para a tradição chinesa", diz, "estudos avançados provaram que as agulhas, na verdade, estimulam a produção das endorfinas, além de bloquear a chegada dos sinais de dor." O doutor Jou assegura que as agulhas eliminam qualquer dor em duas ou três sessões. Outros médicos, porém, afirmam que nem sempre esse tratamento oferece resultados positivos. "De fato". esclarece o doutor Jou, "as agulhas eliminam cólicas renais ou menstruais. Mas, se a pessoa está com a energia muito baixa, precisamos elevar esse nível, antes de tratar de outras dores mais complexas." Num livro publicado no começo do ano na França, L´homme sans douleur, o neurocirurgião Gabriel Mazar escreve com todas as letras que "a ciência possui todos os meios de dominar a dor, seja qual for a sua origem ou os órgãos afetados". Primeiro clínico parisiense a tratar da dor como tal, já em 1960 Mazar oferece um verdadeiro cardápio de alternativas médicas, algumas extremamente sofisticadas, para o combate à dor. Por exemplo, injeções de morfina no cérebro ou a coagulação de uma pequena área da medula espinhal, Mazar insiste em que mesmo pacientes desenganados podem ser poupados do sofrimento. Para ele, em suma, deve-se viver e morrer sem dor.

Armas do alívio

Uma vez diagnosticada, qualquer dor tem tratamento. Mesmo nos casos sem cura, pelo menos algum alívio temporário sempre se consegue. Eis as armas mais utilizadas nessa guerra sem fim:Fisioterapia - Indicada na maioria dos casos, sozinha ou ainda como tratamento auxiliar. Os resultados são positivos apenas quando o especialista encontra o ponto exato que está gerando a dor - assim se tira maior proveito dos exercícios.Acupuntura - A aplicação de agulhas em determinados pontos do corpo bloqueia a mensagem da dor para o cérebro e ainda estimula a produção das endorfinas. Em casos de dor muito forte, os acupunturistas intensificam o tratamento girando as agulhas aplicadas no paciente ou recorrendo a choques elétricos nesses pontos de dores. Em crianças, o raio laser pode substituir a agulha; no adulto, que tem a pele mais grossa, o laser não consegue estimular o suficiente.Cirurgias - Em casos graves, como as dores de câncer, drogas como a morfina estão sendo substituídas pela cirurgia que destrói a glândula hipófise: isso gera uma série de processos químicos no cérebro que impedem a sensação de dor.Estímulo transcutâneo - Diversos eletrodos são ligados ao corpo da pessoa para que ondas elétricas bloqueiem a dor. Serve apenas para as dores temporárias, como as do pós-operatório, pois ninguém sai por aí envolto em fios e eletrodos.Analgésicos - Não mexem com a causa, mas eliminam a sensação da dor, com substâncias que irão se juntar aos receptores nervosos, impedindo que captem os sinais dolorosos.


O circuito da dor

1) Um furo de prego, por exemplo, excita terminações nervosas especiais, os nociceptores, que então liberam substâncias químicas desencadeadoras de uma corrente elétrica
2) A corrente mensageira da dor percorre os nervos até chegar à medula espinhal
3) Da medula, vai para o tálamo, região cerebral onde a dor é sentida: nesse instante, a pessoa afasta o pé do prego
4) Três décimos de segundo depois, o estímulo alcança o córtex cerebral, onde a intensidade da dor é analisada. Aqui termina o chamado "processo ascendente da dor" com a ordem do cérebro de enviar substâncias para atenuar a sensação
5) A medula passa a liberar endorfinas, substâncias analgésicas biológicas produzidas pelo cérebro
6) As endorfinas, graças ao formato de suas moléculas, se encaixam com as substâncias que desencadeiam a corrente elétrica, ficando assim bloqueada a mensagem da dor.

Emoções doloridas

A pontada de susto no estômago, o aperto da paixão no peito, o nó na garganta da tristeza - sentimentos fortes estão associados à dor fisiológica. O suplício de uma saudade não é apenas uma imagem literária: machuca mesmo por dentro. Isso acontece porque, ao se emocionar, a pessoa perde parte do controle do sistema nervoso vegetativo, que comanda o funcionamento de diversos órgãos do corpo. Assim, desencadeia-se uma série de alterações drásticas e repentinas nas secreções em geral - daí o coração partido, por causa do disparo do hormônio adrenalina; eis também a razão orgânica da sensação de pancada no estômago que, na verdade, é uma contração súbita misturada a uma descarga extra de sucos gástricos. Tensão emocional automaticamente se transforma em tensão muscular e o corpo fica todo dolorido. Não há como não sentir essas dores - pois não há como não sentir emoções.




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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Mundo de Jeans - Comportamento

MUNDO DE JEANS - Comportamento



De um tecido rústico para cobrir barracas, surgiu a roupa mais universal já inventada pelo homem. Adotadas pela juventude, as calças jeans tornaram-se símbolo de uma nova maneira de viver.

O ano é 1853. Começam as hostilidades entre o Império Otomano e a Rússia, que desembocarão na guerra da Criméia. Giuseppe Verdi compõe os acordes finais da ópera La Traviata. Uma nova Constituição é promulgada na Argentina. A seringa hipodérmica para injeção subcutânea acaba de ser usada pelo médico escocês Alexander Wood. No Brasil, o marquês de Paraná organiza o Ministério da Conciliação, o Paraná separa-se de São Paulo e o barão de Mauá supervisiona os estudos para a primeira estrada de ferro. Nos Estados Unidos, caravanas cruzam sem cessar os territórios indígenas, em direção ao Oeste, onde fervilham as escavações de minas e os sonhos de riqueza. É a corrida do ouro.
Só naquele ano, a sedução do ouro despeja 33 mil pessoas na cidade de São Francisco, na Califórnia, aumentando a população para 78 mil habitantes. Há ouro, mas falta quase tudo. As mercadorias vindas do Leste custam até cinco vezes mais caro. No meio desse tumulto, chega à cidade um judeu alemão de 24 anos chamado Claude Levi Strauss, que desembarcara ainda criança na América para trabalhar com um cunhado. O camelô Levi Strauss traz mercadorias que no Oeste são gêneros de primeira necessidade - toldos para carroças e um tecido rústico para cobrir barracas.
Um mineiro, os bolsos cheios de pepitas, aproxima-se do vendedor: "O que você tem aí?" Ao ver os artigos, faz uma careta: "Não é disso que preciso. Quero calças para o trabalho. Nenhuma delas resiste. É impossível encontrar uma que dure". Levi Strauss não se abala. Põe o tecido destinado às barracas debaixo do braço e vai com o mineiro até um alfaiate. Pouco depois, seu freguês sai de lá com calças novas. Diz a lenda que, à noite, devidamente embriagado, o mineiro gabava-se nos bares de ter as calças mais resistentes do Oeste. Acabava de nascer algo ainda melhor - o jeans, ou, simplesmente, o mais universal tipo de roupa já inventado pelo homem, símbolo e companhia de movimentos que transformaram os costumes e o modo de pensar de milhões de pessoas neste século.
Feito originalmente para durar, o jeans suporta até hoje um interminável envelhecimento. Nos seus 135 anos de história, já foi moda, resistiu à erosão própria à moda, pareceu ter morrido e continua aí, movimentando uma indústria que costura bilhões de dólares pelo mundo afora, ignorando fronteiras geográficas, regimes políticos, diferenças de classe, sexo, idade e religião. Desde que o homem passou a se vestir não só para proteger o corpo, mas também para exibir sua posição social, jamais houve roupa capaz de passar uma mensagem tão bem-acabada de igualdade.
Nesse tempo, o jeans tornou-se uma forma de expressão - linguagem intimamente identificada com a cultura popular moderna. Depois de conquistar o Oeste norte-americano e estabelecer-se nas lavouras e fábricas, foi adotado pelos beatniks, os chamados rebeldes sem causa dos anos 50 - encarnados no cinema por James Dean e Marlon Brando -, e esteve, sucessivamente, com os hippies que pregavam a paz e faziam o amor ao ar livre; nas marchas de protesto contra a guerra do Vietnã e nos movimentos de contestação que sacudiam as universidades nos anos 60.
"O jeans é uma roupa-memória. Ele carrega abertamente a sua história e se deixa envelhecer", teoriza o sociólogo francês Daniel Friedmann, que publicou recentemente Une histoire du blue-jeans. Mas hoje em dia não se pode associar o jeans a um código único. A liberdade de combinações em torno dele é tanta que se transformou em elemento-base para uma série de estilos. Assim, é usado por tipos tão diferentes como o jovem surfista gênero Kadu Moliterno, o intelectual que freqüenta festivais de cinema e o yuppie que administra empresas.
No princípio o jeans não era azul, mas de uma cor entre o bege e o marrom-claro, pois essa era a cor da fazenda original, fabricada na cidade italiana de Gênova. O próprio nome jeans, por sinal, vem de Gênova, com as devidas adaptações e erros de pronúncia. Mas isso durou pouco. Logo, Levi Strauss adotou um tecido ainda mais resistente e mais flexível que o italiano para costurar calças compridas. Era uma espécie de estopa bem trançada, de algodão, fabricada na cidade francesa de Nîmes - daí denim. Essa fazenda era tingida com índigo, uma tinta vegetal azul conhecida séculos antes de Cristo.
O uso das tachinhas de cobre nos bolsos também foi resultado de um acaso. Em 1870, o alfaiate Jacob Davis, judeu nascido na Letônia, trabalhava perto de São Francisco, fabricando mantas para cavalos e tendas para barracas. Freqüentemente, ouvia os fregueses reclamarem de que os bolsos de seus macacões não resistiam ao peso das coisas que carregavam. Isso lhe deu a idéia de prender os bolsos com a mesma tacha de cobre que usava para prender as correias dos cavalos às mantas. O sucesso foi enorme. Com medo de ser passado para trás por algum imitador, ele procurou Levi Strauss e, juntos, patentearam a invenção.
A união de Levi Strauss e Jacob Davis não poderia ser mais bem-sucedida. No final de 1873, eles haviam produzido 1800 dúzias de peças. No ano seguinte, 5 875 dúzias. Nessa época, o jeans Levi Strauss já tinha as costuras duplas e os dois arcos pespontados nos bolsos de trás - que representavam as montanhas Rochosas norte-americanas - em fio cor de laranja para combinar com a cor de cobre das tachas. Depois de dezoito anos de bons e leais serviços, em 1890 expirou a patente para a fabricação da calça modelo 501 - o número do primeiro lote de tecido importado por Levi Strauss - e os concorrentes tomaram de assalto o mercado. Mas, a essa altura, a parte do leão dos lucros da companhia já nem vinha do jeans, embora ele continuasse a ser fabricado.
Foi a crise econômica de 1929, nos Estados Unidos. que transformou a 501 em imitação de calça de trabalho: com a crise, que derrubou os preços do boi, os grandes fazendeiros do Oeste abriram suas propriedades ao turismo e os ricos americanos do Leste embarcaram nessa nova onda de lazer. As butiques chiques de Nova York passaram a encomendar a 501. E suplementos de moda ensinavam os turistas a "levar roupas velhas ou comprar um par de macacões Levi´s".
Mas o jeans ainda não estava na moda - era usado para temporadas no campo, portanto numa situação especial. Foi em maio de 1935 que um lance do departamento de publicidade da Levi Strauss fez do jeans a roupa típica de um folclore, o símbolo de uma moda. Num anúncio publicado na revista Vogue - uma das mais elegantes dos Estados Unidos já naquela época -, duas damas do Leste passeiam num rancho vestidas com calça Levi´s. Sobre o desenho, lê-se: "O chique do Oeste foi inventado pelos cowboys, e se você esquecer este princípio estará perdida".
O anúncio conquistou fregueses e despertou ainda mais a concorrência. No ano seguinte, pela primeira vez em toda a história do vestuário, a marca da confecção aparece no lado externo da roupa - em vez de ser costurada, discretamente, no interior. Para diferenciar-se dos competidores, a Levi´s resolveu costurar no bolso traseiro sua célebre etiqueta vermelha. Às vésperas da Segunda Guerra Mundial, outro lance da publicidade elevou o antigo macacão de trabalho a símbolo de ascensão social. Não se sabe por que os alunos do segundo ano de uma universidade do longínquo Estado de Oregon resolveram adotar o jeans como emblema de sua condição, proibindo o uso aos calouros.
Com isso, o direito à roupa passou a representar ali uma espécie de rito de passagem - não só um privilégio, mas uma distinção. Se a crise de 29 foi um presente para o jeans, a Segunda Guerra Mundial foi seu passaporte para a fama. A produção da calça 501 tornou-se nos Estados Unidos "indústria essencial": só os operários que trabalhavam para a indústria da defesa tinham direito a ela. "Para equipar nossos combatentes, a Marinha precisa de grandes quantidades suplementares dessas roupas. Vossos esforços para produzirem-nas são tão vitais para nós quanto os dos operários que fabricam munições de guerra", escreveu, numa carta dirigida a Levi Strauss, o contra-almirante W.B. Young, chefe da Intendência da Armada.
O jeans invadiu a Europa no dia seguinte, por assim dizer, ao da vitória dos Aliados, na primavera de 1945. As primeiras lojas que vendiam excedentes americanos de guerra foram abertas, mas a oferta de calças não era suficiente para atender à demanda. Assim, junto com as recém-inventadas meias de náilon para mulheres e os cigarros Lucky Strike, Camel e Chesterfield, o jeans passou a ser um dos artigos mais procurados no florescente mercado negro que se estabeleceu na devastada Europa do pós-guerra. Enquanto isso, nos Estados Unidos, a Levi´s acaba com os botões da frente, imitando a Lee, que substituíra pelo zíper. As tachas de cobre maciço são trocadas por outras, apenas folheadas de cobre.
A desmobilização dos soldados aumenta a clientela do jeans. Ela irá crescer vertiginosamente na década seguinte, acompanhando o salto no aumento da população norte-americana, em conseqüência do período de prosperidade que se seguiu ao fim da guerra. Mas nada nem ninguém fez o jeans tornar-se o que é como o ator James Dean. No célebre filme Juventude transviada, ele vestia Levi´s e representava um personagem símbolo dos jovens da periferia das grandes cidades, que levavam uma vida desesperadamente monótona em meio ao conforto material e ao vazio social e afetivo. A morte de James Dean, em 1955, num desastre de carro, transformou-o numa trágica figura romântica.
A partir de então, e durante quase vinte anos, as palavras jeans, jovem e contestação não mais se separariam. O começo da década de 80, no entanto, deu a impressão de anunciar a morte do jeans. Em 1979, o surgimento do stone washed - tecido envelhecido e desbotado artificialmente por meio de pedras - fez com que o velho jeans se apresentasse como algo obsoleto. Por volta de 1982, os sinais de decadência pareciam definitivos. As lojas foram tomadas por calças confeccionadas com tecidos semelhantes ao do jeans, mas muito mais leves.
O azul cedeu lugar a cores tão diversas como o ocre e o branco. Apareceu de tudo: calça baggy, com botão, sem botão, com bolso, sem bolso, com passadores nas pernas, elásticos na cintura. O culto do corpo jogou nas ruas os agasalhos para jogging. Nos Estados Unidos e na Europa as vendas de jeans caíram e os anúncios desapareceram das revistas e emissoras de TV. Mas, num par de anos, o blue-jeans começou a renascer, ostentando desta vez as mais prestigiadas griffes e com uma variedade de modelos e padrões capaz de satisfazer o gosto de todo tipo de consumidor. Não será tão cedo, ao que tudo indica, que o jeans deixará de ser a roupa universal.

Jeans também é cultura.

O sociólogo francês Daniel Friedmann teve seu primeiro encontro com uma calça jeans aos 13 anos de idade. "Eu era escoteiro e resolvi ir às reuniões usando jeans, em vez de botar o uniforme", lembra ele. "Isso de certa maneira me valorizava, me tornava diferente dos outros." De lá para cá, Friedmann não largou mais suas calças velhas, azuis e desbotadas. É com elas que, aos 42 anos, passeia por Paris em companhia da mulher e dos dois filhos ou atravessa os compridos corredores que o levam até a sala de trabalho, no Instituto de Pesquisas e Estudos das Sociedades Contemporâneas, órgão ligado ao Centro Nacional de Pesquisas Científicas (CNRS) do governo francês.
Ali, em meio a dezenas de outros cientistas sociais, ele se dedica a estudar o comportamento na sociedade atual. Em fins de 1981, teve a idéia de escrever um livro sobre o blue-jeans. Na época, ele se encontrava na Califórnia fazendo uma pesquisa sobre a moda das novas técnicas de psicoterapia, como a bioenergia e a gestalterapia, que pipocavam por toda a costa Oeste dos Estados Unidos. Friedmann se interessou, também, pela história do judaísmo no Oeste norte-americano - e foi aí que topou com a figura de Levi Strauss, o inventor do jeans. Daí para o jeans propriamente dito foi um passo. "Descobri que ninguém havia pesquisado a fundo seu significado na cultura contemporânea", diz o sociólogo. "Achei que esse era um aspecto cultural de nossa história que merecia ser estudado."
Ao mesmo tempo, ele interessou a Editora Ramsay em publicar um livro a respeito do assunto. Lançado recentemente o produto do seu trabalho - Uma história do blue-jeans - já vendeu 6 mil exemplares na França. Embora tenha escrito 380 páginas, Friedmann acha que ficou faltando falar das virtudes mágicas e terapêuticas atribuídas ao índigo - a tinta usada para tingir o jeans - pelas antigas civilizações que o utilizaram. Ele acredita que a cor azul das calças jeans foi um fator decisivo para seu sucesso: "Séculos antes do jeans, já havia tendência ao azul no vestuário, suplantando o vermelho, mais usado anteriormente".

No país da "calça Lee".

Jeans no Brasil é coisa séria: 68% de todo o vestuário fabricado no país. Cerca de 100 milhões de peças são vendidas por ano, o que torna o Brasil o segundo maior mercado de jeans do mundo - os Estados Unidos são o primeiro. Em 1987, a indústria brasileira faturou 1 bilhão de dólares, dos quais 200 mil com exportações. De trinta a quarenta modelos chegam às lojas todo ano, cinco dos quais emplacam. E tem mais: o Brasil é o único país onde se pode comprar o tecido denim índigo a metro, para ser transformado em calças, camisas, saias ou vestidos.
Foi uma longa trajetória desde 1948, quando a Roupas AB lançou a primeira calça de brim azul, a Rancheiro. A novidade não agradou muito: o brim era duro demais. Numa época em que as festas ainda eram embaladas ao som açucarado de Ray Conniff e as moças de boa família usavam banlons, vestidos leves de saia rodada ou calças justas de helanca, o tecido das "rancheiras" era no mínimo grosseiro. Aquele Brasil de 55 milhões de habitantes era mesmo muito diferente do atual: mais gente morava no campo que nas cidades. E nem no Rio ou em São Paulo, com seus pouco mais de 2 milhões de pessoas, os jovens tinham a importância de hoje como consumidores e fazedores de modas. O jeans teria que esperar.
Em 1956, a posse de Juscelino Kubitschek na presidência e sua promessa de fazer cinqüenta anos em cinco põem no ar um clima de mudanças. A construção de Brasília e a implantação da indústria automobilística mudam a face do país. Naquele ano, a Alpargatas lança a Far West, a "calça que resiste a tudo", como diziam os anúncios. O forte do jeans ainda era o trabalho, mas a calça já começava a acompanhar o lazer dos jovens de classe média. No começo da década de 60, quem tinha meios trazia do exterior ou comprava de contrabandistas as famosas calças Lee, made in USA, que desbotavam.
Lee virou sinônimo de jeans. Tanto que durante muito tempo se dizia "calça Lee" no lugar de jeans. A indústria de confecções não tardou a perceber de que lado soprava o vento - e começaram a brotar marcas de jeans com forte apelo de vendas aos jovens. As etiquetas Calhambeque, Tremendão e Ternurinha, por exemplo, identificavam o jeans com os ídolos da juventude da época, Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Vanderléa.
No começo dos anos 70, o Brasil é o país do milagre econômico e da ditadura política - e também da acelerada transformação no comportamento dos jovens. Fala-se a toda hora em conflito de gerações e revolução sexual. Em 1972, é lançada a US Top, com verdadeiro indigo blue, a primeira calça brasileira que desbota como a Lee americana. Dois anos depois, a Levi´s adapta o corte do jeans aos gostos nacionais - calças justas na frente para os homens e atrás para as mulheres. E a Ellus introduz a moda dos stone washed.
Depois virão as griffes - em nenhum país do mundo há tantos nomes famosos assinando jeans como no Brasil. E, enfim, uma publicidade cada vez mais provocativa, que por suas alusões ao erotismo volta e meia é objeto de discussões. Uma campanha de TV do tipo do "Louco por Lee", que entrou no ar em novembro último, em que uma garota recebe - e parece apreciar - telefonemas eróticos, recebeu fortes críticas. Defende-se Eva Lazar, da McCann Erickson, agência responsável pela campanha: "A publicidade do jeans tem de ser vanguardista. Um jovem de 18 anos não vai usar o que não for moderno e descontraído".




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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

A força oculta - Hidrogênio

A FORÇA OCULTA - Hidrogênio



O hidrogênio não existe em estado puro, mas está presente em quase tudo. Por isso, deverá ser no futuro o que o petróleo foi neste século. Isso acontecerá quando o homem dominar os segredos da fusão nuclear - um árduo desafio à ciência.

O automóvel pára no posto. O frentista se aproxima, pede a chave, abre o tanque, retira do veículo um cilindro metálico gasto e substitui por outro, carregado. O cilindro está cheio de gás, que penetra nas moléculas do metal como água numa esponja. Aquecido, o gás se desprende e impulsiona o motor do automóvel, sem liberar sujeira pelo escapamento, ao contrário dos combustíveis tradicionais, derivados do petróleo ou do álcool.
Por enquanto, isso é apenas ficção. Só existe numa experiência em Berlim Ocidental, onde, desde 1984, dez veículos do serviço público rodam graças a cilindros carregados de hidrogênio. Este é considerado o combustível do futuro, por existir em toda parte e não causar estragos ao meio ambiente. Os especialistas apostam que o hidrogênio vai ser a grande fonte de energia do mundo civilizado já na primeira metade do século XXI, quando se imagina que as reservas conhecidas de petróleo, carvão e gás estarão em baixa e o acúmulo de dióxido de carbono na atmosfera, resultado da queima de óleo, atingirá níveis insuportáveis.
Os motores dessa mudança estão nos laboratórios de universidades, centros de pesquisa e indústrias. A Daimler-Benz, empresa alemã, por exemplo, deu ciência pela primeira vez dos testes com carros movidos a hidrogênio no ano passado, durante a 6 ª Conferência Mundial sobre Hidrogênio, realizada em Viena, na Áustria. A BMW também está investindo num projeto para produzir carros a hidrogênio.
No Brasil, o Laboratório de Hidrogênio da Universidade Estadual de Campinas já em 1978 fazia experiências com um jipe Toyota alimentado por uma mistura de hidrogênio e óleo diesel. Mas, se conseguiu uma boa dianteira nessa corrida, a Unicamp teve de parar no meio da pista por falta de combustível. O projeto do motor a hidrogênio dorme nas gavetas do laboratório à espera de verbas do governo. Enquanto isso, Estados Unidos, França, Alemanha e Japão aceleraram pesquisas nesse campo. De qualquer forma, a tecnologia necessária para mover carros, ônibus e caminhões a hidrogênio ainda caminha lentamente, se comparada com a das naves espaciais, que atingem velocidades de 60 mil quilômetros por hora graças a uma mistura de hidrogênio e oxigênio líquidos.
No rastro dos foguetes vêm os aviões. O engenheiro José Roberto Moreira, do Instituto de Eletrotécnica da USP e um dos maiores especialistas brasileiros em fontes de energia alternativas, acredita que os aviões serão os primeiros a aderir ao hidrogênio líquido, um tipo de combustível que, embora mais inflamável, pesa um terço do querosene usado pelos jatos. Isso quer dizer: com a mesma quantidade de combustível, um Jumbo poderia ficar o triplo de tempo no ar ou levar 60 por cento mais carga, compensando desta forma o custo ainda muito alto do hidrogênio.
Além do desafio de obter hidrogênio em grande quantidade a baixo custo, é preciso saber armazená-lo para evitar explosões - como a que destruiu no ar em 1937 o dirigível alemão Hindenburg, acabando com as esperanças daqueles que viam no balão de hidrogênio uma forma eficiente de transporte. Hoje, os balões são usados praticamente apenas em meteorologia, sempre que possível movidos a hélio - um gás raro, mas infinitamente menos inflamável. Para se ter uma idéia da velocidade com que o hidrogênio pega fogo, basta recordar as imagens da explosão do ônibus espacial Challenger em janeiro de 1986.
O Challenger carregava 1,8 milhão de litros de oxigênio - hidrogênio líquidos e bastou o escapamento desse combustível, provocado por uma junta solta do propulsor, para causar o desastre 75 segundos depois do lançamento. Mesmo assim, os responsáveis pelos programas espaciais continuam armazenando o hidrogênio das naves no estado líquido, pois dessa forma ele tem muito mais energia por unidade de volume do que como gás comprimido, apesar de exigir uma temperatura de 250 graus negativos. Já no caso dos automóveis, os testes indicam a vantagem dos cilindros metálicos, onde o hidrogênio gasoso penetra de forma tão concentrada que o volume por unidade é quase igual ao do hidrogênio líquido.
Como explica o físico Ennio Peres da Silva, chefe do Laboratório de Hidrogênio da Unicamp, o combustível do futuro é caro "justamente porque não pode ser encontrado em poços ou minas, como o petróleo ou o carvão". Na verdade, para fazer o hidrogênio - que não existe em estado puro na natureza - é necessário gastar mais energia do que será obtida. Por isso, ele só será usado em grande escala quando suas qualidades sobrepujarem essa limitação.
A princípio, sugere Peres da Silva, a eletricidade inevitavelmente desperdiçada pelas usinas poderá ser usada para produzir e armazenar hidrogênio. Isso permitirá, por exemplo, aproveitar o vasto potencial hidrelétrico de regiões como a Amazônia, ao se transportar através de gasodutos a energia de seus rios para os grandes centros de consumo. Só depois - quando o custo dos outros combustíveis a caminho do esgotamento se tornar proibitivo - o hidrogênio poderá ser empregado das mais diversas maneiras, em ferrovias, aeroportos, hospitais, indústrias e casas, além, é claro, de fazer rodar automóveis.
Mas, se para o homem o hidrogênio ainda é uma promessa, no Universo ele é uma antiqüíssima realidade. Há bilhões de anos as estrelas se formam mediante reações nucleares que ocorrem no interior de nuvens superdensas de matérias a temperaturas de até 10 milhões de graus. Essas reações transformam o hidrogênio das nuvens em hélio, liberando quantidades extravagantes de energia, como em escala incomparavelmente menor acontece nas, chamadas bombas H, ou de hidrogênio, que integram os arsenais nucleares das grandes potências.
O hidrogênio é o elemento mais comum do Universo, embora só exista associado a outras substâncias. É também o mais simples e leve - seu átomo tem apenas um próton e um elétron. Isso significa que é catorze vezes mais leve que o ar. Está presente de maneira discreta na água e na maioria dos compostos orgânicos, entre os quais o petróleo e o carvão, e também nos animais e vegetais.
O hidrogênio é considerado um combustível "quente"; de fato, contém três a quatro vezes mais energia do que os outros, em cujas fórmulas, aliás, está presente. O petróleo, por exemplo, é formado principalmente por hidrocarbonetos - compostos químicos de carbono e hidrogênio. O gasogênio, usado nos automóveis durante a Segunda Guerra Mundial, é uma mistura de hidrogênio e monóxido de carbono, cuja fonte é o carvão, aliás também formado de hidrocarbonetos.
Mas o hidrogênio pode ser obtido de uma fonte limpa, ou seja, da água. Para isso, usa-se um processo denominado eletrólise por seu inventor, o físico inglês Michael Faraday (1791-1867). Consiste em separar os elementos de uma substância fazendo circular eletricidade por ela. Por mais que se use água para fazer hidrogênio, a fonte não vai secar: no processo de combustão, o hidrogênio volta a se combinar com o oxigênio, fazendo água de novo. É por isso que, em vez de fumaça malcheirosa, o escapamento dos automóveis a hidrogênio só vai liberar o inofensivo vapor de água. Para os ecologistas, é o sonho dos sonhos: no mundo movido a hidrogênio, não haverá poluição do ar provocada pelo monóxido de carbono.
Infelizmente, o hidrogênio produzido por eletrólise representa apenas uma gota de água perto das necessidades energéticas mundiais. Só para substituir 40 por cento do petróleo consumido no Brasil seria preciso o equivalente a três hidrelétricas de Itaipu ou mais de 1 bilhão de quilowatts-hora de energia por dia para produzir hidrogênio. Como o país não dispõe de tamanha fartura de eletricidade, 80 por cento da produção nacional de 300 mil toneladas anuais de hidrogênio vêm de derivados do petróleo, principalmente propano - o gás de cozinha - e nafta. O resto é hidrogênio eletrolítico, fornecido para indústrias de alimentação, farmacêuticas ou químicas, que requerem um produto mais puro.
A eletricidade - obtida seja de que maneira for - é a maneira mais inteligente de conseguir hidrogênio. Uma possibilidade vem sendo experimentada com sucesso em Corumbataí, no interior de São Paulo. Ali a Cesp produz 1 mil metros cúbicos de hidrogênio por hora pela gaseificação da madeira, uma fonte de energia renovada pela ação do homem. O professor José Roberto Moreira, da USP, um entusiasta da biomassa - energia obtida a partir de vegetais, como o álcool etanol hidratado da cana -, tem grandes esperanças de que o projeto de Corumbataí seja aprovado para a produção em grande escala.
Próximo a Stuttgart, Alemanha Ocidental, está sendo construído o Centro Experimental de Aeronáutica e Astronáutica, onde células solares transformam a luz do Sol em até 100 quilowatts de potência para alimentar as unidades de eletrólise.
O processo não é nem um pouco econômico, mas tem a vantagem de depender da maior fonte de energia que existe - o Sol. A quantidade de energia solar que atinge a superfície da Terra em dez dias é equivalente a tudo o que o planeta tem em matéria de reservas conhecidas de combustível. Qualquer que seja a forma de produzir hidrogênio, o mundo tem pressa de torná-lo econômico. E o tempo conta: calcula-se que um combustível precisa de pelo menos setenta anos para participar da metade do mercado energético mundial.
Seriam necessários 25 bilhões de metros cúbicos de hidrogênio só para fornecer a energia equivalente ao consumo de gás natural nos Estados Unidos, na década passada - enquanto toda a produção mundial de hidrogênio se limita a 2 bilhões de metros cúbicos anuais. Como se vê, há muito chão pela frente até o hidrogênio tornar-se um combustível competitivo. Mas não há remédio tão eficaz para salvar o mundo de uma crise de energia - ou da poluição.

O homem imita as estrelas

O processo da fusão nuclear - do qual nascem as estrelas - ainda não foi controlado pelo homem. O que se domina é a fissão nuclear (desintegração de átomos de urânio), usada nas bombas atômicas e nos reatores para a produção de energia elétrica. Mas, em 1.º de novembro de 1952, uma ilhota perdida no meio do Pacífico serviu de cenário para a explosão da primeira bomba termonuclear, também chamada bomba de hidrogênio ou bomba H, porque partiu da fusão dos átomos desse elemento. A explosão fez parte do programa militar de controle da energia do átomo, iniciado nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial.
Os norte-americanos não ficaram sós por muito tempo: a União Soviética explodiu sua primeira bomba em 1961, a China em 1967 e a França em 1968. Desde então, a proliferação nuclear tornou-se a maior ameaça já conhecida à vida na Terra. A energia de fusão é liberada quando os núcleos de dois isótopos do hidrogênio - deutério e trítio - se aquecem, colidem entre si a uma velocidade altíssima e acabam se combinando para formar um átomo de hélio mais pesado. O processo, como se percebe na explosão da bomba H, libera uma quantidade fantástica de energia. A primeira bomba soviética, por exemplo, alcançou uma potência de 60 megatons, o equivalente a duas mil bombas de Hiroxima.
Com toda essa força, o hidrogênio teria mesmo de servir como combustível para reatores nucleares. O problema é conseguir a temperatura necessária à fusão dos núcleos de deutério - 300 milhões de graus centígrados durante 10 segundos. A bomba H, para explodir, depende do calor gerado pela explosão de uma bomba de fissão. O recorde de temperatura até agora foram os 200 milhões de graus centígrados obtidos no ano passado no Laboratório de Física do Plasma da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. Os norte-americanos usaram um equipamento de grandes dimensões - o reator de teste de fusão Tokamak, destinado ao confinamento do plasma. Esse é o quarto estado da matéria - uma mistura de elétrons livres e núcleos dos átomos, que constitui um pré-requisito essencial à fusão nuclear.
Prevê-se que a temperatura necessária à fusão só será alcançada no século XXI. Quando isso ocorrer, os reatores se tornarão uma fonte segura de energia. Pois, ao contrário dos reatores de fissão que consomem urânio 235, os de fusão gastarão hidrogênio, que não tem radiatividade. A fusão também produz muito mais energia que a fissão. O físico Ivan da Cunha Nascimento, coordenador do grupo que instalou um pequeno Tokamak na Universidade de São Paulo, dá um exemplo: "Com 1 grama de deutério, um reator de fusão libera 100 mil quilowatts-hora de energia. Para produzir a mesma energia, uma usina como Angra 2 precisaria queimar uma quantidade de urânio cinco vezes maior".

Passando hidrogênio no pão

A dona de casa pode não saber, mas ao comprar margarina, xampu, sabão ou detergente está contribuindo para a produção de hidrogênio. É que esse gás tem a propriedade peculiar de se combinar com quase todos os elementos - da água ao amoníaco, passando pelo carbono, com o qual forma açúcares, hidratos de carbono e hidrocarbonetos, como o petróleo. Ele serve para separar ou purificar materiais na indústria química, na de alimentos, remédios, aços, resinas, explosivos etc.
O hidrogênio puro, obtido por processos eletrolíticos, ou seja, pela circulação de eletricidade na água, entra na produção de gorduras e álcoois, que são a matéria-prima de sabões, detergentes, cosméticos, além dos solventes usados na indústria têxtil. Outra aplicação industrial do hidrogênio é a transformação de óleos vegetais em gorduras. O óleo de coco, por exemplo, na presença do hidrogênio transforma-se em gordura e glicerina. Essa gordura será utilizada depois na fabricação de margarina.
Em reações que requerem grandes quantidades de hidrogênio com um nível de pureza menor, a indústria recorre ao petróleo. O hidrogênio é obtido do petróleo por meio do craqueamento, um processo de quebra de moléculas de hidrocarbonetos com o auxílio de catalisadores - em geral óxidos de ferro. As refinarias usam o hidrogênio para tirar enxofre do petróleo bruto. Quando combinado com o enxofre, o hidrogênio se transforma em gás sulfídrico, responsável pelo mau cheiro das refinarias.
Mas sua aplicação mais importante do ponto de vista econômico e em que se esgotam 80 por cento do produto retirado do petróleo é na indústria de fertilizantes. Sem hidrogênio não haveria agricultura com amplo suporte de tecnologia avançada como se conhece hoje: ele é o responsável pela produção de amônia, da qual é retirado o nitrogênio dos fertilizantes.




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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Grãos de Alegria - Cerveja

GRÃOS DE ALEGRIA - Cerveja



Uma boa porção de cevada, um pouco de arroz e milho, água, lúpulo e fermento: eis a receita básica da cerveja. Com muito orgulho, os cervejeiros dizem que é a bebida mais antiga do mundo. As primeiras notícias de sua fabricação remontam a mais de 6 mil anos.

Quando o termômetro marca 30 graus, a salvação do brasileiro é uma cerveja gelada - a bebida oficial do verão neste país onde ela começou a ser fabricada apenas há pouco mais de um século e cuja população, ao contrário da lenda, não faria boa figura num eventual campeonato mundial de levantamento de copos. O brasileiro bebe, em média, 28 litros por ano - algo como 1 litro a cada 13 dias. Isso nos deixa num modesto 14.° lugar no ranking mundial. Os eternos campeões são os alemães, que entornam 152 litros ao ano. E os maiores produtores, os norte-americanos.
O que o Brasil tem que os outros não têm é o costume de enxugar quase a metade de toda a sua produção anual de 3,1 bilhões de litros nos gloriosos três meses de verão. Já no Hemisfério Norte, cerveja é coisa de beber o ano todo. No Brasil, as marcas são poucas e os tipos basicamente três - normal, pilsen e escura. A cerveja preta doce na Alemanha nem é rotulada como cerveja. Ali e na Inglaterra, por exemplo, a variedade é tão grande que há tipos adequados a cada estação do ano, embora praticamente os ingredientes não mudem. Na Europa, ao que parece, o ditado "de amarga basta a vida" não é levado muito ao pé da letra porque, ao contrário do Brasil, a preferência é por cervejas mais amargas.
Mas, se os ingredientes são sempre os mesmos, como é possível produzir tantas variedades, das menos às mais amargas, das mais claras às mais escuras? É tudo uma questão de dosagem dos componentes. Em primeiro lugar vem a cevada, cujos grãos devem ser umidificados até que comecem a germinar ou até o estágio que o mestre cervejeiro determine. Depois, os grãos são secados e deles se obtém o malte. Se o cervejeiro desejar um malte claro, a secagem será feita a uma temperatura de 80 graus e entrará na composição de uma cerveja clara. Mas se o cervejeiro quiser um malte para elaborar uma cerveja mais escura, os grãos devem ser secados entre 100 e 105 graus.
Para uma cerveja ainda mais escura, exigem-se grãos torrados. Geralmente, em quase todos os países do mundo, à exceção da Alemanha, uma pequena parte do malte empregado é substituída por cereais como arroz ou milho. Os grãos são então moídos e transformados em farinha à qual se junta água, também importante na coloração da cerveja. Se for rica em sais de cálcio, será ideal para fabricar cervejas escuras. Graças aos avanços tecnológicos, é possível tratá-la quimicamente caso se queira fazer com a mesma água uma cerveja clara. Essa mistura da água com a farinha é aquecida; depois, dela são retiradas as cascas do malte e dos cereais.
Adicionam-se então flores de lúpulo - planta que começou a ser cultivada na Europa no século IX, mas só sete séculos mais tarde seria aproveitada pela indústria cervejeira. Ela influi no sabor menos ou mais amargo que se queira dar à cerveja. O resultado do cozimento dessa mistura é o mosto, que uma vez filtrado será resfriado para receber o fermento - microrganismos cultivados e testados em laboratório. Diz-se que uma cerveja tem baixa fermentação quando ao fim do processo o fermento é decantado, isto é, separa-se do líquido. Quando ele se deposita acima do líquido, a cerveja será de alta fermentação, caso de algumas cervejas escuras, como a celebrada stout inglesa.
É nesse processo que os açúcares que compõem o mosto se transformam parcialmente em álcool e gás carbônico; só então a bebida passa a ser chamada de cerveja. A palavra vem do latim cervisia ou cerevisia e foi empregada pelo escritor romano Plínio, o Velho (22-79 a.C.), autor da primeira documentação escrita sobre a bebida. Mas há noticias muito mais antigas sobre ela - e aí reside o grande orgulho dos cervejeiros: dizer que a cerveja - e não o vinho - é a bebida mais antiga do mundo. Eles se apóiam na descoberta de que, há quase sete mil anos, os sumérios, um povo que habitou a Mesopotâmia, hoje território do Iraque, tinham em suas oficinas caldeiras e cubas de maceração, além de barris para transportar líquidos.
Fabricavam uma bebida feita de trigo e de um cereal chamado emer. Também os faraós egípcios tinham por hábito saborear em vasilhas de barro uma bebida escura, feita com fragmentos de pão fermentados em recipientes de água por vários dias. Os judeus, durante seu cativeiro no Egito, teriam assimilado as técnicas de fabricação da bebida à qual atribuíam poderes medicinais, entre os quais proteger contra a temida lepra. Mas serão os monges alemães do século IX os primeiros responsáveis pela fabricação de cerveja em larga escala. O motivo foi estritamente religioso: é que durante a Quaresma nos monastérios medievais só se podia comer uma vez por dia. Como a abstinência não se estendesse aos líquidos, os monges tomavam cerveja para enganar a fome.
Evidentemente, todas aquelas cervejas pouco tinham a ver com as de hoje. Afinal, na Idade Média, conseguir que a temperatura de cozimento dos ingredientes atingisse o ponto ideal era uma dificuldade, pois uns graus a mais ou a menos influíam decisivamente no sabor da bebida. As cervejas de antigamente não tinham espuma, dada pelo lúpulo, que só começou a ser usado por volta do século XVI. Mesmo sem a espuma, compreende-se o que levava os monges alemães a ingeri-la em grandes quantidades na Quaresma. Afinal, um litro de cerveja normal tem basicamente 90 por cento de água e de 3 a 5 por cento de álcool; o restante são vitaminas, carboidratos, proteínas, aminoácidos e nutrientes como cálcio, potássio, sódio e fósforo.
Também o levedo ou fermento da cerveja contém vitaminas B e sais minerais. Isso tudo se traduz em 450 calorias por litro, algo como duas xícaras e meia de leite integral ou pouco mais de 120 gramas de queijo suíço. Não exatamente uma refeição, mas sem dúvida de grande valia para aplacar a fome. As propriedades nutrientes da cerveja são inegáveis. Além do mais, é uma bebida geralmente de médio teor alcoólico, o que permite às pessoas ingerir quantidades mais generosas - ao contrário do que acontece com as bebidas destiladas como o uísque ou a vodca.
O teor alcoólico, determinado pela quantidade de matéria-prima empregada na fabricação de cada tipo de cerveja, é classificado de acordo com a porcentagem de álcool presente em cada um deles. As cervejas normais e a pilsen têm teor alcoólico médio (de 3,6 a 4,5 por cento), enquanto as escuras apresentam alto teor alcoólico (de 6 a 7 por cento). As de baixo teor alcoólico (2,5 por cento) são as chamadas light. Como tudo na vida, a escolha da marca e do tipo de cerveja é uma questão de gosto. Mas o apurado paladar dos entendidos aconselha que um bom bebedor deve ter como preocupação primeira tomar uma cerveja de boa qualidade e não apenas um líquido ligeiramente alcoólico e gasoso, "estupidamente gelado", só para matar a sede.

Você entende de cerveja?

Os segredos para saber saborear uma cerveja começam na escolha da marca - ao gosto de cada um -, passam pela maneira de levar as garrafas para casa e terminam no ato de encher o copo. Veja aqui se você entende de cerveja. Cada resposta certa vale um ponto. De 0 a 3 pontos: quem sabe você entende de água mineral; de 4 a 7: continue no bom caminho; de 8 a 10: você não tem nada a nos ensinar?
1 Cerveja preta doce é ótima para mulheres que estão amamentando, porque aumenta o leite. Verdadeiro ou falso?

Falso. A cerveja apenas fornece ao organismo um pouco mais de proteína e hidratos de carbono.

2 .Não se deve nunca agitar uma garrafa de cerveja. É verdade?

Sim, é verdade. Quanto mais se chacoalha a garrafa, mais depressa reage o oxigênio, que fica entre o líquido e a tampa, oxidando os compostos da cerveja e alterando seu sabor.

3 Quanto mais gelada, mais saborosa a cerveja. Falso ou verdadeiro?

Falso. A temperatura ideal para tomar uma cerveja não deve ser inferior a 4 graus. Abaixo disso, o frio tira a sensibilidade das papilas da língua e você não sente quase mais nada.

4 Cerveja gostosa é aquela que se serve com o mínimo possível de colarinho.

Falso. Tudo é questão de preferência, mas para os entendidos tomar cerveja sem colarinho é heresia. Eles sabem o que dizem: é na espuma que está o aroma e é ela que evita a rápida liberação do gás.



5 As cervejas que não forem para a geladeira devem ser conservadas em lugares escuros e ventilados.

Verdadeiro. O sol é o maior inimigo da cerveja; portanto, quanto mais longe dele melhor. Prova disso são os cascos, sempre escuros, para proteger a bebida.

6 Nunca se deve segurar uma cerveja pelo gargalo.

Falso. Só se deve segurá-la assim. Do contrário, o contato da mão com a garrafa altera a temperatura da cerveja.

7 Os melhores recipientes para beber cerveja ou chope são as canecas de vidro.

Falso. Na verdade, os copos devem ser de vidro bem fino ou se possível de cristal, porque mantêm por mais tempo o aroma e a espuma.

8 Comer queijo com cerveja faz mal

Falso. Afinal, quem foi que disse que só se come queijo com vinho? Quem não gosta de queijo pode optar por azeitonas ou frios, embora a cerveja não seja exatamente uma bebida que exija estômago bem forrado.

9 Limão e sal na borda do copo ou da latinha melhoram o gosto da cerveja.

Você tem que escolher. Ou gosta do gosto da cerveja ou então bebe por obrigação e faz uma mistura com aparência de cerveja e gosto de limão. Quem sabe uma caipirinha não resolve o seu dilema?

10 As garrafas devem ser guardadas sempre deitadas.

Falso. Com a garrafa em pé, a pequenina parte de oxigênio que fica no gargalo vai demorar mais para reagir. Portanto, o sabor permanecerá inalterado por mais tempo.




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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

As cartas marcadas do Tarô

AS CARTAS MARCADAS DO TARÔ



São 78 cartas cheias de simbolismo com uma história milenar. Sua leitura sobreviveu aos séculos e está em plena moda. Para os céticos é só um jogo de adivinhação. Para os iniciados nos seus mistérios, é uma forma de autoconhecimento.

Atores, empresários, profissionais liberais, artistas plásticos - enfim pessoas das mais diferentes atividades têm em comum o costume de freqüentar um certo apartamento amplo e ensolarado no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro. Ali trabalha um carioca de 30 anos, solteiro, olhos muito azuis, chamado Marcos da Silva Bordallo. Só que nenhum desses visitantes o trata pelo verdadeiro nome. Para eles Marcos é Namur - ou melhor, professor Namur. E se o procuram é porque esperam receber uma orientação que os ajude a organizar melhor suas vidas e seus negócios. Engana-se quem imaginar que o tão requisitado Marcos-Namur é algum conselheiro espiritual ou psicólogo com formação psicanalítica.
O que ele faz, cobrando cerca de 4 mil cruzados a primeira sessão, é dar as cartas. Pois o auto-intitulado professor é um tarólogo, por sinal o mais badalado do Rio, ou seja, um especialista em tarô - o misterioso baralho que, segundo os adeptos, faz as pessoas se conhecerem melhor e a partir daí terem uma boa idéia do que o futuro lhes reserva.
Os crentes nos poderes do tarô e dos tarólogos formam uma espécie em expansão. Mas o jogo é muito antigo. A própria palavra tarô, do francês tarot, viria do velho Egito, onde o baralho teria surgido, significando "roda" ou "caminho". A história do jogo é tão obscura como o nome. Sabe-se que em 1392, Carlos VI, rei da França, encomendou por um bom preço ao pintor Jacquemin Gringonneur três pacotes de cartas. A primeira descrição de um baralho de tarô, porém, só apareceu séculos mais tarde. Seu autor foi o teólogo protestante francês e historiador Antoine Court de Gébelin (1725-1784). No primeiro dos nove volumes de sua obra Le monde primitif, Gébelin afirma que as cartas do tarô foram extraídas do Livro de Thoth (um deus egípcio).
No século XVIII, em plena Revolução Francesa, o jogo de tarô tornou-se moda nos salões parisienses e uma certa Mademoiselle Lenormand era o que é hoje no Rio o professor Namur - lia nas cartas do tarô o destino de gente importante da época. Entre seus clientes estavam os líderes revolucionários Robespierre e Saint-Just. Diz-se que Mademoiselle Lenormand previu a morte dos dois na guilhotina - o que talvez não fosse uma proeza, dada a facilidade com que se cortavam cabeças na França daqueles anos. Mas, se ela de fato previu a decapitação, nem Robespierre nem Saint-Just puderam fazer qualquer coisa para evitá-la - e isso dá o que pensar sobre a utilidade de se conhecer o futuro.
Conta-se também que, anos mais tarde, Napoleão tornou-se assíduo freqüentador de Lenormand. Esse pelo menos sabia lidar à sua maneira com o futuro desvendado pela taróloga: quando as previsões o desagradavam, mandava encarcerá-la por uns tempos.
Boa parte do charme do tarô, o que ajuda a entender sua longevidade, está nas próprias 78 cartas que compõem o baralho. Elas se dividem em dois grupos: os 22 arcanos maiores - fundamentais na interpretação - e os 56 arcanos menores, que complementam os outros. A palavra arcano vem do latim arcanu, que quer dizer segredo, mistério, e cada um deles representa uma figura simbólica diferente. Por exemplo, o arcano IV (os praticantes usam a numeração romana), chamado imperador, simboliza o homem objetivo, materialista, organizado.
O professor Namur ensina que o tipo de homem simbolizado pelo imperador gosta de ser o provedor do lar, mas não se detém para tentar entender o que o outro está vivendo; geralmente é pão-duro, mas se orgulha de pagar as contas em dia; é também machão e moralista dentro de casa; ansioso e ambicioso, sonha com segurança; gosta da sacerdotisa (arcano II), que simboliza a mãe e a esposa, mas também da imperatriz (arcano III), símbolo da mulher independente, que trabalha fora, mas de quem ele finge não gostar. Se a carta do imperador sair para uma mulher, isso pode significar que procura imitar o pai.
Há uma certa carta - o arcano XIII - que de tão assustadora nem tem o nome impresso: é a figura da morte. Mas a morte pode não ser tão feia como a pintam. Segundo uma tranqüilizadora interpretação, essa carta simboliza o renascimento, as transformações pelas quais a pessoa está passando. Tudo depende de quem lê o tarô e, para complicar ainda mais as coisas, os métodos de leitura mudam de um tarólogo para outro: há quem utilize apenas os 22 arcanos maiores, por achar que isso facilita a consulta e a comparação com a leitura anterior, quando o cliente volta; outros preferem usar todas as cartas e certamente devem ter para isso motivos tão relevantes quanto os dos que optam pela versão resumida: é tudo uma questão de crer para ler.
Naturalmente, o jogo de cena no ato da leitura é da maior importância - como convém a um ramo do ocultismo que tem a pretensão de entender a personalidade humana a partir do acaso de um sorteio de cartas. Namur, por exemplo, usa uma mesa de tampo preto, "porque as cores das cartas se realçam, pulam e ajudam na concentração", como diz. Outros tarólogos preferem rituais mais elaborados. É o caso do uruguaio cujo apelido é Kucho e que prefere não revelar seu verdadeiro nome. Há 22 anos no Brasil e desde 1975 no ramo do tarô, ele usa uma pele de animal amarelada para cobrir a mesa de trabalho, numa saleta pouco iluminada, no porão da casa onde mora, no bairro do Pacaembu, em São Paulo.
Alto, moreno, com os traços herdados da mãe índia e do pai espanhol, Kucho cobra uma quantia simbólica para ler o tarô (ele diz que trabalha na produção de comerciais e de cinema), jamais tira cartas para si mesmo e só opera com baralhos que tenham atravessado o oceano. Isso não faz diferença alguma para o carioca Namur, que se declara criador do primeiro tarô latino-americano, um baralho desenhado pela argentina Martha Leyros, em cores vivas, bem diferentes dos tons pastel do clássico baralho francês. "O nosso tem vida, emoção, chega a suar", entusiasma-se Namur.
Existem mais de mil baralhos diferentes de tarô, uma variedade à altura do número de métodos de dispor as cartas - pelo menos quinhentos. Namur, por exemplo, as dispõe em círculo, na forma da mandala - que em sânscrito significa círculo mágico. Kucho, por sua vez, as coloca na posição astral, de acordo com as casas do zodíaco. Dispor as cartas em linhas horizontais é o método utilizado pela taróloga paulista Claudine Cardoso. Mãe de três filhos, ela conta que aprendeu a mexer com o tarô aos 7 anos, quando ganhou um baralho da avó.
Também o número de cartas que o cliente tira, o número de rodadas e o tempo gasto na leitura variam. Para Namur, que se considera bom entendedor, doze cartas e uma rodada bastam. Já os clientes de Kucho devem escolher 28 cartas em quatro rodadas; na última, se quiserem, podem fazer perguntas. Claudine interpreta no mínimo 44 cartas. Mas nenhum deles gasta menos de uma hora na operação. Nesse complicado jogo as interpretações dos arranjos que as cartas formam variam de acordo com cada pessoa e a situação que ela vive em determinado momento, dizem os tarólogos. Por isso, se o ermitão (arcano IX) sair para uma criança, poderá simbolizar timidez; já para um homem de 50 anos será símbolo de riqueza interior.
O enforcado (arcano XII), brinca Namur, é o arcano do brasileiro, sempre com a corda no pescoço. Normalmente, os tarólogos não brincam em serviço, certamente para manter a aura de seriedade em torno daquilo que para os mais desconfiados não passa de um jogo - antigo, complexo e sofisticado, mas apenas um jogo. Para o professor Namur, os fundamentos do tarô "são o pensamento mágico, não racional, e a intuição" - seja lá o que isso signifique. Os tarólogos tomam o cuidado de advertir aos mais deslumbrados que o tarô não é um jogo de adivinhação do tipo bola de cristal.
Aponta caminhos, mas não dá soluções. Por isso, quem consultar um tarólogo na esperança de descobrir o que vai acontecer no dia seguinte estará perdendo tempo.
"A verdadeira intenção do tarô", teoriza Namur, "é fazer com que as pessoas se auto-analisem, já que as cartas mostram o que está ocorrendo com elas." Ele afirma que "se as pessoas não souberem mudar sua relação com o passado, cuja resultante é o presente, acabam se repetindo; então não adianta mudar de marido, de emprego ou de casa, pois o problema permanece o mesmo". Curioso do tarô, o escritor Caio Fernando Abreu, autor de Morangos mofados, conta que na primeira vez em que consultou um tarólogo ficou espantado "porque entre tantas cartas saíam exatamente aquelas cuja interpretação tinha a ver com o que eu estava vivenciando".
Ao que parece, o tarô e mesmo o I Ching - o livro das mutações que surgiu na China no período anterior à dinastia Chou (1150-249 a.C.) - têm como meta principal levar as pessoas a refletir sobre o que estão vivendo. Talvez por isso, um dos fundadores da psicanálise, o suíço Carl Gustav Jung (1875-1961), tenha se interessado pelo tarô, entre outras simbologias. Seja como for, o fascínio que as várias formas de esoterismo exercem sobre as pessoas independe de sexo, religião ou atividade. Os homens, na maioria, procuram tarólogos para saber de dinheiro e negócios. Já as mulheres se preocupam com o trabalho e as questões afetivas. A curiosidade que o tarô sempre despertou nos artistas moveu o pintor espanhol e mestre do surrealismo Salvador Dali a desenhar um baralho.
Na literatura, a simbologia contida nessas cartas foi tema de poemas do francês Gérard de Nerval (1808-1855) e do norte-americano T.S. Eliot (1888-1965). E o pintor sergipano; radicado no Rio Antônio Maia, que sempre retratou temas ligados à crendice popular, decidiu comemorar seus 60 anos em outubro próximo com uma exposição de 22 telas, onde estarão pintados, em bom tamanho, um a um, os arcanos maiores do tarô.

Esse futuro que não chega nunca.

Desde o começo dos tempos, brinca Woody Allen, o homem vive às voltas com algumas dúvidas insuperáveis: quem sou eu, de onde vim - e onde será que vamos jantar esta noite. Ainda mais do que isso, o que as pessoas querem saber de verdade é o que lhes reserva o dia de amanhã. A busca insaciável do futuro, velha como o medo e a esperança, faz a felicidade dos tarólogos, jogadores de búzios, quiromantes, astrólogos, cartomantes e videntes de todas as categorias - quando se trata de mexer com o desconhecido, jamais algum deles deve ter perdido dinheiro subestimando a credulidade alheia.
O que nem sempre se percebe é que correr atrás do futuro é fazer como o cachorro que dá voltas atrás do próprio rabo. Não se trata nem de dizer que é preciso estar muito aflito ou ter muita boa vontade inocente para acreditar que o futuro pode ser previsto pela magia ou pela ciência, assim ou assado. O problema é outro. Se o futuro já está pronto e acabado em alguma misteriosa dimensão das coisas, podendo portanto ser conhecido por qualquer vidente cinco-estrelas - como parecem achar os que acreditam que a vida é apenas o desenrolar de um destino imutável -, então que valia tem conhecer algo que não se poderá modificar? Ou, se o futuro só fica pronto quando acontece, como dizem os partidários da idéia de que são as pessoas, a cada escolha que fazem, que vão construindo sua história, então é possível conhecer algo que se modifica sem cessar?
No fundo, muita gente intui que não existe saída para esse paradoxo - do contrário, bastaria ter uma bola de cristal desembaçada para fazer a quina da Loto toda semana - e ainda assim freqüenta seus videntes de estimação. É que nesse ato, nesse jogo, a ansiedade diante dos rumos da vida encontra algum alívio. Se o ocultista procurado não for um charlatão, a pessoa poderá até sair dali com algo de valioso em troca do seu tempo e dinheiro. "Se um tarólogo lhe disser que ela fantasia muito", exemplifica o psiquiatra Antônio Carlos Cesarino, "certamente a pessoa vai parar para pensar nisso, e tudo que ajuda a refletir é bom."



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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Newton - gênio difícil

NEWTON: GÊNIO DIFÍCIL



Solitário, inseguro, rancoroso, o inglês Isaac Newton foi um cientista de talento excepcional, capaz de juntar numa só fórmula a queda de uma maçã e o movimento dos planetas.

O ano de 1666 foi fatídico para os ingleses. Em Londres, recém-saída da peste que matou 75 mil de seus 460 mil habitantes, um incêndio, iniciado numa padaria, se propagou durante quatro dias, consumindo mais de treze mil casas. Mas, na história da ciência, 1666 ficou conhecido como Annus Mirabilis - ano maravilhoso. E isso se deveu ao gênio de uma só pessoa: Isaac Newton. Com a Universidade de Cambridge fechada devido aos temores de contágio, Newton, então com apenas 24 anos, se refugiou no campo, na casa da mãe no lugarejo de Woolsthorpe, onde nascera.
No ambiente pacato da aldeia, ao passar em revista os conhecimentos que havia adquirido na renomada universidade, realizou a maior proeza intelectual já alcançada por um cientista em qualquer época - algo que só teria paralelo no século XX, com as teorias de Albert Einstein. Pois, em seu refúgio campestre, o jovem Newton não só inventou o cálculo infinitesimal, de aplicação quase ilimitada nos mais diferentes ramos da ciência, como também lançou os fundamentos da ótica moderna, com um estudo sobre a luz e as cores e, principalmente, esboçou sua maior contribuição ao conhecimento humano - a Teoria da Gravitação Universal. Muito tempo depois, ele mesmo explicaria a descoberta da gravitação com uma anedota que ficou famosa.
Estava sentado uma noite ao ar livre, quando viu uma maçã cair. No mesmo instante, a Lua se levantava no firmamento. Uma pergunta atravessou sua mente como um relâmpago: a força que faz a maçã cair não seria a mesma que mantém a Lua em órbita ao redor da Terra? A questão possuía um alcance incrível: durante séculos, sob o domínio das idéias de Aristóteles (384-322 a.C.), acreditava-se que a Física terrestre e a Física celeste nada tinham em comum.
Mergulhou então em profundos raciocínios: se a força de atração da Terra atuava sobre a Lua, o que mantinha os planetas em órbita deveria ser uma força do mesmo tipo, exercida pelo Sol. E essa força seria tanto mais fraca quanto mais distante o planeta estivesse do Sol. Partindo das leis sobre o movimento planetário, estabelecidas décadas antes pelo astrônomo e matemático alemão Johanes Kepler , Newton calculou que a força de atração varia de acordo com o inverso do quadrado da distância.
Estava apenas a um passo da Lei da Gravitação Universal. A maçã, que os ingleses tanto apreciam para fazer tortas, havia permitido a Newton mudar a concepção do Universo, mas, ao contrário da lenda, não tinha caído sobre sua cabeça.
O que havia na cabeça de Newton além da formidável intuição, era uma senhora neurose, resultado de uma infância que parecia conspiração do destino. Para começar, nasceu (no dia de Natal de 1642) prematuro, minúsculo e fraco. Ninguém acreditava que pudesse sobreviver ao primeiro dia: viveu 84 anos. Além disso, órfão de pai: o sitiante Isaac Newton, de quem herdou o nome, morrera três meses antes. Quando não havia ainda completado 3 anos, a mãe, Hannah, se casou de novo, com o pastor protestante Barnabas Smith. Este a levou para morar numa cidadezinha próxima de Woolsthorpe e exigiu que Isaac fosse deixado com a avó.
Newton odiaria esse padrasto a vida inteira. Certa vez, ameaçou queimá-lo. E certamente projetou o ódio em todos os rivais. Brutal complexo de inferioridade e aguda sensação de insegurança o acompanhariam até o fim. Foi aluno medíocre, até que uma violenta briga com um colega ativou nele algum secreto talento que o transformou no primeiro da classe. Tímido e isolado, possuía, porém, excepcional habilidade para inventar e construir brinquedos mecânicos, como relógios e moinhos de vento. Se dependesse da mãe, que enviuvara de novo, Isaac trocaria os livros pela administração da propriedade que ela herdara do marido pastor. Mas o diretor da escola insistiu com Hannah para que deixasse o moço estudar.
Assim, em junho de 1661, com 19 anos, entrou no Trinity College, da Universidade de Cambridge. Como estudante, primeiro, e logo como professor, continuava a ser uma figura excêntrica. Cabelos emaranhados, meias caindo nos calcanhares, era o tipo do gênio amalucado - distraído a ponto de se sentar à mesa do refeitório e esquecer de comer. Puritano, abstêmio, solitário, sua vida se passava entre as salas da universidade. A idade não o modificaria muito: é quase certo que tenha morrido virgem.
Mas a timidez no relacionamento humano era compensada por uma incrível vontade de saber. Para sorte de Newton, a grande revolução científica do século XVII já estava bastante adiantada quando chegou a Cambridge. Ele afirmaria mais tarde: se havia enxergado longe, era porque pudera se apoiar nos ombros de gigantes. Esses gigantes da revolução científica eram Johannes Kepler (1571-1630), o físico italiano (1564-1642) e o filósofo e matemático francês René Descartes (1596-1650).
De Kepler, Newton herdou uma decisiva revisão do sistema concebido pelo polonês Nicolau Copérnico (1473-1543), o primeiro a formular, ainda como hipótese matemática, a teoria do movimento dos planetas ao redor do Sol - que estaria no centro do Universo. De Galileu , recebeu uma nova formulação da ciência da Mecânica, baseada no princípio da inércia. De Descartes, a concepção mecanicista do mundo - a visão da natureza como uma grande máquina, que funcionaria para sempre com base apenas no movimento de suas partes. Descartes deu ainda a Newton outro legado formidável: a Geometria Analítica, novo ramo da Matemática que permitia resolver problemas, até então insolúveis, pelos métodos algébricos.
Com base em Kepler, Galileu e Descartes, o jovem Newton pôde fazer uma crítica da ciência grega que ainda era ensinada na universidade e anotou em latim num de seus cadernos: "Amicus Plato, amicus Aristoteles, magis amica veritas" (Platão é amigo, Aristóteles é amigo, mas amiga maior é a verdade). Três outras influências marcaram a formação de seu pensamento: o filósofo francês Pierre Gassendi, o químico inglês Robert Boyle e o filósofo também inglês Henry More. Gassendi havia ressuscitado a idéia grega de que a matéria se compunha de átomos - e isso seria um ingrediente decisivo na receita newtoniana da natureza. Boyle forneceu-lhe a base para sua considerável obra em Química. More, finalmente, abriu-lhe a porta para o mundo do hermetismo, da tradição mágica e da alquimia. O fundador da ciência racional moderna era, também, um amante do oculto.
Quando a Universidade de Cambridge foi fechada, devido à peste, Newton já havia recebido o grau de bacharel. Reaberta dois anos depois, ele ganhou a condição de fellow, que lhe permitia continuar os estudos à custa da universidade. Mais dois anos, e o catedrático de Matemática Isaac Barrow, que estava abandonando o magistério, indicou-o para sucedê-lo. Newton escolheu como tema inicial do curso seus estudos sobre a luz e as cores. De 1670 a 1672, suas palestras forneceriam material para o livro I de Ótica. O centro de sua contribuição era uma nova teoria das cores.
Baseado nela, concluiu que a distorção cromática produzida pelas lentes convencionais era inevitável; para eliminar essa perturbação das observações astronômicas, construiu o primeiro telescópio por reflexão. Esse foi seu passaporte para o fechado clube dos grandes cientistas da época - a Royal Society, a mais prestigiosa entidade científica da Inglaterra e da Europa. Em 1671, Newton foi eleito membro. Era o início da consagração. Mas havia uma pedra no meio do caminho. Seu nome: Robert Hooke, um dos mais brilhantes cientistas ingleses e líder da Royal Society.
Ao contrário de Newton, Hooke acreditava que a luz era uma onda que se propagava no éter - substância sutilíssima que preencheria todo o Universo. A ciência atual acabaria dando razão aos dois: embora a hipótese do éter universal tenha sido derrubada, sabe-se hoje que a luz realmente se comporta ora como se fosse formada por partículas ora como onda (SUPERINTERESSANTE n.º 3). Mas, na segunda metade do século XVII, as diferenças científicas entre Hooke e Newton transformaram-se em interminável desavença pessoal.
A culpa, sem dúvida, foi do suscetível Newton: o contraponto do complexo de inferioridade era uma certeza intelectual que não admitia a menor contestação. Quase um ano depois da crítica de Hooke, ele continuava tão abalado que mergulhou em virtual isolamento. Quando, finalmente, em 1675, resolveu publicar o livro II de Ótica, jesuítas ingleses de Liège, na Bélgica, acusaram-no de erro nas experiências. A polêmica durou até 1678, quando Newton chegou ao completo esgotamento nervoso. Nos seis anos seguintes, ele fugiria a qualquer tipo de contato intelectual.
Nesse período, entregou-se ao hermetismo. Sua biblioteca particular continha mais de cem tratados sobre alquimia, muitos copiados a mão por ele. Seu forno de alquimista para experiências com metais permaneceu aceso meses a fio. Sob a influência da chamada "arte de transmutação dos metais", também sua concepção da natureza se transmudou. Antes, a idéia de que a matéria pode exercer ação a distância, como nos fenômenos eletrostáticos e gravitacionais, lhe era inaceitável: devia haver mecanismos invisíveis operando no éter.
Agora, questões enigmáticas, como o fato de certas substâncias químicas reagirem entre si e outras não, o levaram a imaginar um princípio secreto regendo as simpatias e as antipatias entre as substâncias. Parece incrível, mas a Teoria da Gravitação Universal, coluna mestra da Física moderna, é descendente direta da filosofia hermética. Para Newton, estas eram correções inevitáveis no pensamento mecanicista, única forma de dar à natureza um tratamento matemático exato: as atrações à distância eram rigorosamente quantitativos.
Em agosto de 1684, uma visita do astrônomo Edmond Halley tirou Newton da concha em que se fechara. Halley, cujo nome seria dado a um cometa, era uma espécie de fiel escudeiro de Newton. Soubera que este havia resolvido o problema da explicação física dos movimentos planetários: foi cobrar a demonstração. Newton prometeu atender. Da promessa resultou, quase três anos depois, a obra fundamental da ciência moderna: Philosophiae Naturalis Principia Mathematica (Princípios matemáticos da Filosofia natural).
Com a primeira edição de quatrocentos exemplares, financiada pelo próprio Halley, os Principia, como a obra ficou conhecida, projetaram imediatamente o nome de Newton. Os jovens cientistas fizeram dele o seu modelo. Newton, de seu lado, sentia-se bem nessa companhia - particularmente, na companhia de Fatio de Duillier, matemático suíço residente em Londres. Depois da relação com a mãe, a amizade com Fatio foi sua mais profunda experiência afetiva. Sob a influência da fama e do amigo, começou a abandonar a solidão.
Protestante fervoroso, participou da resistência da Universidade de Cambridge à tentativa do rei James II de torná-la católica. Depois da revolução incruenta de 1688, que derrubou James do poder, foi eleito representante da Universidade na conferência de Londres, que estabeleceu o acordo entre os revolucionários vitoriosos. Isto lhe deu oportunidade de travar relações com os notáveis do país - entre eles, o filósofo John Locke. A vida intensa da capital o atraiu. Tanto que fez gestões junto ao político Charles Montague, futuro Lord Halifax, para arranjar emprego ali. Em 1696, Montague conseguiu-lhe a nomeação para a diretoria da Casa da Moeda.
Mudou-se finalmente para Londres. Fatio havia voltado para a Suíça, apesar dos protestos de Newton, que se oferecera até para sustentá-lo na Inglaterra. Londres era o encerramento de sua atividade científica criadora. Suas preocupações intelectuais se voltavam para outra direção. Tentou provar que as passagens bíblicas sobre a Santíssima Trindade eram corrupções tardias do texto original. Dedicou um livro à interpretação das profecias de Daniel e do Apocalipse de São João. Mergulhou num estudo exaustivo e infecundo sobre a cronologia das antigas civilizações.
Como diretor e, depois, presidente da Casa da Moeda, recebia um polpudo salário anual de 2 mil libras, o que o transformou rapidamente num homem rico. Poderia contentar-se em ser um marajá da administração inglesa. Mas não sossegou: voltou sua raiva contra os falsificadores de dinheiro, levando vários à forca. Em 1703, foi eleito presidente da Royal Society, que dirigiria como ditador até o final da vida. Seus últimos anos foram dedicados a uma nova briga - desta vez, com um adversário à altura: o filósofo e matemático alemão Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716). Motivo: a prioridade na invenção do cálculo infinitesimal.
Na verdade, Newton foi o inventor, e Leibniz o primeiro a publicar a invenção. Mas a polêmica era boa demais para ser deixada de lado com argumentos razoáveis. Newton redigiu pessoalmente a maior parte dos artigos em sua defesa assinados por seus partidários. Como presidente da Royal Society, nomeou um comitê "imparcial" para investigar o caso, enquanto secretamente escrevia o relatório oficial com as conclusões desse mesmo comitê. Nem a morte de Leibniz o acalmou: qualquer artigo, sobre qualquer assunto, continuava a ser uma boa oportunidade para espinafrar o filósofo alemão. Somente sua própria morte, em 20 de março de 1727, pôs fim à pendenga. E pensar que dessa mente conturbada nasceu a mais prodigiosa obra científica já produzida por um homem em todos os tempos.

Assim na Terra como no céu.

Como qualquer história inglesa que se preze, também esta envolveu uma aposta. Cenário: uma taberna londrina, próxima à Royal Society. Época: 1684. Animada pelo álcool, uma discussão se instala entre três celebridades: o astrônomo Edmond Halley; o então presidente da Royal Society, Robert Hooke; e o ilustre arquiteto Christopher Wren. O assunto, como convém a intelectuais desse porte, é o movimento dos planetas ao redor do Sol.
Halley diz que se pode calcular a força que mantém os planetas em órbita. Ela variaria com o inverso do quadrado da distância que os separa do Sol. Hooke argumenta que, se isso for verdade, será preciso demonstrar, a partir daí, todas as leis sobre o movimento planetário, descobertas por Kepler - algo que ele próprio está certo de poder fazer. Wren propõe então: quem resolver o problema receberá um prêmio simbólico de 40 shillings. A disputa estimula Halley a viajar a Cambridge, à procura do solitário Isaac Newton. Qual não é sua surpresa quando Newton lhe diz que, realmente, já havia considerado a possibilidade de que a força de atração variasse segundo o inverso do quadrado da distância.
A partir dessa hipótese, acrescenta, era possível deduzir matematicamente as órbitas dos planetas, estabelecidas por Kepler. E mais: tinha certeza disso porque fizera pessoalmente os cálculos, uns vinte anos antes, durante a peste de Londres; mas depois se desinteressara do assunto. A insistência de Halley o convenceu a retomar o estudo. Durante três anos, Newton trabalhou nas idéias esboçadas naquele "ano maravilhoso" de sua juventude. Quando finalmente publica suas conclusões, em 1687, está criada uma nova Física, simples e coerente. Sua base são as três leis sobre o movimento dos corpos, apresentadas no livro I dos Principia.
Em linguagem atual, elas podem ser assim redigidas: 1) A menos que atue uma força externa, qualquer corpo tende a manter-se indefinidamente em repouso ou em movimento retilíneo e uniforme (princípio da inércia); 2) caso uma força externa atue a aceleração que o corpo recebe é proporcional à intensidade da força (princípio fundamental da dinâmica); 3) toda vez que um corpo recebe de outro uma força, ele também exerce sobre este uma força de mesma intensidade e direção, mas de sentido contrário (princípio da ação e reação).
A partir dessas três leis, Newton calculou a força centrípeta (de fora para dentro) necessária para fazer um corpo transformar seu movimento retilíneo e uniforme em movimento circular. Depois chegou à sua famosa Lei da Gravitação Universal: cada partícula de matéria do Universo atrai qualquer outra com uma força proporcional ao produto de suas massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância que as separa. Não se sabe se Newton recebeu os 40 shillings de Wren, mas seus Principia se tornaram o paradigma da Física clássica.
Quando a sonda espacial norte-americana Voyager abandona o sistema solar e, sem nenhuma propulsão, continua a se deslocar no espaço, é o princípio da inércia que está sendo mais uma vez confirmado. Quando, milhões de vezes todos os dias, os motoristas aceleram seus carros, a relação entre a força produzida pelo motor e a aceleração do veículo é governada pelo princípio fundamental da dinâmica. Quando um nadador, ao atravessar uma piscina, empurra com os braços e pernas a água para trás e recebe da água a força equivalente que o impulsiona, é o princípio da ação e reação que está em jogo. Depois de Einstein e da Mecânica Quântica, a Física de Newton já não explica o Universo. Mas explica uma infinidade de fenômenos comuns do mundo cotidiano.




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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Jogo de cores - Cromoterapia

JOGO DE CORES - Cromoterapia



Reflexos de ondas de luz, as cores têm forte influência sobre as pessoas. Animam, relaxam, provocam emoções boas e más. Mas, nesse jogo, a personalidade de cada um e os costumes da época também desempenham um papel. As pesquisas ajudam o homem a tirar proveito de todos os matizes.

Imagine quatro fotografias de um mesmo prato. Toda a diferença está no fundo. Sobre o branco, parece uma insossa refeição de hospital. O verde também corta a fome, porque chama mais a atenção que a própria comida. O violeta esfria o prato. Sobre o vermelho, porém, o filé parece suculento, os legumes mais tenros - sem dúvida, esta é a foto que mais impressiona. Ao vê-la, alguém é bem capaz de correr à geladeira ou dar um pulo à lanchonete mais próxima.
Esse jogo de quatro pratos prova que cor não é só beleza - desperta reações tanto emocionais quanto fisiológicas. Pode provocar apetite ou inapetência, sugerir ódio ou paixão, excitar ou relaxar. Quando se fica exposto a uma luz vermelha por certo tempo ou se permanece num ambiente onde essa cor predomina, o ritmo cardíaco aumenta, a respiração se acelera, o metabolismo é impulsionando. Com isso, as secreções glandulares aumentam - daí a tendência a sentir fome. Não é à toa que as lanchonetes preferem os tons de vermelho, laranja e amarelo na decoração.
Já as chamadas cores frias - como o violeta, o azul e certas tonalidades de verde - têm efeito inverso. Eis por que se tem uma sensação de relaxamento ao se olhar o mar. Essas cores, principalmente o azul, colocam freios no metabolismo, como se a pessoa estivesse prestes a adormecer: a pressão arterial cai, o ritmo cardíaco diminui, a respiração se torna mais lenta. Os cientistas acreditam que essa resposta do metabolismo tenha surgido com o homem primitivo, que se guiava basicamente por dois fatores: dia e noite. A claridade o obrigava a estar fisicamente preparado para buscar alimento ou lutar para se defender; a escuridão era sinônimo de sono e descanso. O homem manteve até o presente essas reações fisiológicas diante das cores vivas e suaves.
De certa maneira, instintivamente, se conhece a ação das cores. Ninguém associa emoções fortes, que fazem disparar o coração, com tonalidades suaves e, muito menos, escuras. A paixão, por exemplo, é eternamente simbolizada por corações vermelhos. Já quando se está desanimado, a tendência é usar roupas de cores frias. Nas pesquisas sobre preferências de cores, invariavelmente a maioria das pessoas que vivem em grandes cidades escolhe o azul - talvez numa busca nostálgica de tranqüilidade.
Se as cores estimulam as pessoas, há quem acredite que podem até curar doenças, cada matiz fornecendo energia para uma parte específica do organismo. Os indianos praticam até hoje a terapia cromática na sua forma tradicional e milenar, expondo a água que será servida ao doente à luz do Sol, sob filtros coloridos. A água ficaria, assim, energizada com uma certa cor, da qual o organismo estaria carente.
Os cientistas sabem que determinadas cores precisam ser evitadas em certas situações. Objetos de cor laranja ou vermelha tendem a deixar os doentes mentais ainda mais confusos. Nos quartos dos hospitais modernos, as paredes estão sendo pintadas de cores suaves em substituição ao clássico branco, isso porque o branco traz tamanha sensação de paz que, em pessoas deprimidas por causa de doenças, pode acabar resultando numa impressão de solidão. Parece claro que, se há cores que devem ser abolidas em alguns casos, também devem existir cores com excelentes efeitos terapêuticos.
Na decoração, em geral, a escolha de cores costuma ser deliberada. Os quartos de dormir são pintados de suaves tonalidades pastel, para acalmar e induzir o sono. Mas, nos motéis, aonde ninguém vai exatamente para dormir, os quartos têm colorações fortes. Nas escolas, chegou-se à conclusão de que o ideal é o amarelo-claro ou mesmo o bege. Parece correto: com muito branco nas classes, as crianças tendem a sentir monotonia e qualquer aula se torna chata; os tons de azul e o verde-claro, por outro lado, fazem até mesmo um aluno nota-10 dormir em aula; tons fortes estimulariam a bagunça, em vez da atenção.
A idéia de usar cores para obter determinadas reações psíquicas é antiga. Os monges tibetanos há milhares de anos enfatizam uma cor - como o verde, para obter harmonia - conforme a meditação que pretendem fazer. Tem lógica: na escala cromática, que vai do vermelho ao violeta, a cor verde fica bem no meio. Nessa posição estratégica, parece quente ou frio, dependendo da tonalidade. Os tons que puxam mais para o azul, como o musgo, são repousantes. Já o verde-limão, próximo do amarelo, é considerado uma cor estimulante. O verde médio é o perfeito equilíbrio.
Mas, em geral, qualquer verde dá sensação de bem-estar, e por esse motivo é a cor que significa "siga" no semáforo: diante da luz verde, o motorista é induzido a crer que tudo está tranqüilo e ele pode avançar. O gritante vermelho, porém, provoca sempre um choque - pois é a cor associada à agressividade, às mudanças repentinas, às revoluções onde corre sangue. Não há quem ouse ignorá-lo, a não ser algumas pessoas ao volante, com os resultados que todos conhecem. Em matéria de cor, porém, não se pode pintar tudo em um único tom. Os mais recentes estudos mostram que tudo depende do estado emocional e da personalidade de cada um - e principalmente dos valores a que se adere.
O marrom, por exemplo, é sempre relacionado com segurança e recato - por isso os que preferem trajes marrons são chamados sóbrios. Contudo, conforme o estado emocional, o apego ao marrom pode significar dependência ou seu oposto - sensação de poder, excesso de confiança. Qualquer pessoa tende a combinar a cor de sua emoção com a cor que está vestindo ou preferindo em dado momento. Todos sentem isso no dia-a-dia.
Ignoram-se as chamadas cores alegres quando se está triste, buscando no guarda-roupa trajes escuros. Afinal, a escuridão é associada às tristezas, às perdas, ao medo e à morte. A Psicologia, porém recomenda que cada um brinque com as cores, criando contrastes. Assim, quem está alegre, ao escolher tons mais claros, intermediários como o cinzento ou mesmo os tons tristes, não corre o risco de exacerbar ou sentir-se, por exemplo, agitado.
Por sua vez, vestir tons fortes e contrastantes dá mais colorido à vida, quando a situação parece preta. Em relação à idade, é interessante perceber que os jovens - cujo metabolismo funciona a toda - gostam dos tons fortes, justamente os que os estimulam ainda mais. Os mais velhos, porém, combinam o passar dos anos com uma crescente sobriedade. Ou seja, preferem as cores que diminuem ainda mais o seu ritmo metabólico. Em países como os Estados Unidos, onde os idosos procuram levar vida normal, viajando e se divertindo em locais públicos, em vez de se trancar dentro de casa, eles tendem a usar roupas ainda mais coloridas.
A cultura de uma sociedade também influi na escolha das cores. Povos tropicais costumam apreciar cores vivas. E só lembrar a arte plumária dos índios brasileiros.
Já as sociedades do hemisfério norte gostam de tons mais sóbrios, como os das milenares porcelanas chinesas.
E, numa mesma sociedade, os mais pobres gostam de cores contrastantes, mais do que os ricos. Estes, muitas vezes, apontam tons quase raros, como cor de vinho e lilás, nas suas preferências. Isso, segundo a Psicologia, significaria uma tentativa inconsciente de mostrar sofisticação. Afinal, as chamadas cores nobres não são tão fáceis de ser encontradas na multicolorida natureza.
Às vezes, também, uma mesma situação é colorida de modo diferente em lugares diferentes. O luto nos países ocidentais é preto porque essa é a cor da morte - a sensação de preto é causada justamente pela ausência de luz, que por sua vez é relacionada à vida. Mas os budistas, por exemplo, usam branco nos enterros, como símbolo da paz alcançada pelo morto. A preferência por esta ou aquela cor também está relacionada à época. O vermelho, antigamente, era símbolo de riqueza, porque a tintura dessa cor para tecidos era caríssima. Eis, então, o motivo de ter sido a cor dos mantos de reis, tapetes de palácios e de catedrais. Hoje o símbolo da riqueza é o próprio dourado do ouro. Contudo, não importa quem, quando ou onde - toda cor tem seu momento. Não é por menos que se pergunta o que seria do azul,. se não fosse o amarelo.

Pintura a olho.

Ninguém passa a vida em branco e preto pela simples razão de que o olho humano não pára de medir as ondas luminosas do Sol. Cada uma produz uma sensação de cor: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul-anil, índigo, violeta. Quando a luz alcança um objeto, este reflete algumas ondas que acabam determinando a sua cor. O branco é a sensação produzida por coisas que refletem toda a luz; um objeto preto, ao contrário, absorve todas as ondas, sem refletir nada.
Na retina há cerca de 7 milhões de cones, receptores especializados em cores, que só trabalham às claras. No escuro, funcionam os 10 milhões de bastonetes, receptores que, em matéria de cor, só percebem o preto e os tons de cinza. É por isso que, em ambientes sem iluminação, tudo parece acinzentado. O fisiologista inglês Thomas Young (1773-1829) provou que o olho é como um pintor que mistura tintas, forma novas cores e cria uma imagem multicolorida para o cérebro.
Ele mostrou que bastam três tipos de receptores: aqueles sensíveis às ondas longas do vermelho, os que são estimulados pelo verde e os que percebem as ondas curtas do violeta. Toda onda luminosa estimula os três receptores, mas somente um com prioridade. Assim na soma dos estímulos, os receptores formam comprimentos de ondas ou sensações de cor diversas. Não se chegou ainda à conclusão sobre quais seriam as reais cores primárias para o olho: muitos cientistas substituem o violeta pelo azul, por exemplo. Também não se sabe o número exato de tipos de cones. Com certeza, o olho só precisa se especializar em algumas cores para sentir todo o colorido do mundo.




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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A Máquina do Eterno Movimento - Corpo Humano

A MÁQUINA DO ETERNO MOVIMENTO - Corpo Humano



Os quase 650 músculos do corpo humano jamais param de trabalhar. Tudo o que fazemos são eles que fazem. E a ciência ensina como usá-los melhor.

Viver é mesmo uma ginástica. O coração se contorce para bombear o sangue que, por sua vez, corre o corpo inteiro. A respiração estica e encolhe os pulmões. O aparelho digestivo se dobra e desdobra com o alimento.Tudo na vida animal é movimento - músculos que se contraem, músculos que se estendem. Graças a cerca de 650 músculos o homem pode, além de viver, ficar em pé andar, dançar, falar, piscar os olhos, cair na gargalhada, prorromper em lágrimas, expressar no rosto suas emoções, escrever e ler este texto. Portanto, o desempenho da musculatura é muito mais forte que mera força bruta. Ao ver o movimento dos músculos do corpo, os antigos talvez tivessem a impressão de que existiam ratinhos caminhando sob a pele. Pois em latim musculus é o diminutivo de mus, ou camundongo. Na verdade, o músculo é um feixe com milhões de fibras capazes de se contrair. São 78 por cento água, 20 por cento proteína, 1 por cento carboidrato e, ainda, em quantidades mínimas, sais minerais e gordura.
As fibras podem ser milimétricas, como as dos músculos dos dedos, ou ter até 10 centímetros de comprimento, como as dos músculos da coxa; mas são sempre finíssimas, com um diâmetro nunca maior do que 1 décimo de milímetro.
As fibras musculares surgiram com os primeiros seres vivos que tinham de se deslocar em busca de água ou comida ou ainda para se reproduzir - portanto, animais pluricelulares, que apareceram na Terra há 570 milhões de anos. É a contração de músculos especiais que faz as lulas e águas-vivas expulsar os jatos de água que as impulsionam. Já com o aparecimento dos vertebrados, a musculatura passou também a cumprir uma tarefa essencial - sustentar o esqueleto.
A forma e o tamanho de um músculo variam conforme a sua função. A musculatura humana, que representa 40 por cento do peso do corpo, foi herdada dos outros mamíferos e precisou sofrer adaptações para manter o tronco em pé - essa tão envaidecedora peculiaridade humana. As mãos, livres do solo, tiveram de modificar os músculos típicos dos quadrúpedes, a fim de poder fazer movimentos complexos e elaborados.
No fundo, todo músculo faz o mesmíssimo movimento, que é contrair-se. Alguns músculos, porém, não obedecem à vontade de seus donos conscientes. São os músculos chamados lisos ou involuntários, que funcionam sob as ordens do sistema nervoso autônomo do organismo. São certos bizarros músculos involuntários, por exemplo, que deixam uma pessoa arrepiada de frio. Com apenas 1 milímetro de comprimento, ficam junto da raiz dos pêlos, que se eriçam quando ocorre a contração. Com os pêlos arrepiados como os de um gato em noite fria, o homem estaria mais protegido do clima. Essa função não faz mais sentido, pois no processo de evolução o homem deixou de ser um bicho peludo.
Mas quase todos os músculos involuntários são fundamentais, como os ciliares do olho. O olho humano pode ser comparado a uma máquina fotográfica que precisa focalizar um objeto de acordo com a distância em que se encontra dele. O dispositivo que usa para isso é uma estreita faixa de fibras musculares atrás da íris - o disco colorido do olho. Ao se contrair, aumenta a curvatura do cristalino, uma espécie de lente natural. A curvatura acentuada é necessária para se enxergar de perto. Por isso, certas atividades, como a leitura prolongada, podem "cansar" a vista, ou seja, cansar esses músculos que ficam contraídos por muito tempo. Eis também por que focalizar um ponto distante é um colírio para os olhos: a curvatura precisa diminuir e os músculos se estendem.
Apesar de toda a sua importância, os músculos involuntários são minoria. No corpo humano, predominam os quase 500 músculos voluntários que atendem aos comandos do sistema nervoso central. Como possuem estrias microscópicas, também são chamados estriados. Existe ainda um terceiro nome para eles: esqueléticos, porque terminam em forma de tendões, que são como cordas de fibras mais fortes, agarradas a ossos. O músculo cardíaco, o mais importante de todos, é considerado um tipo à parte porque, embora seja estriado, se contrai graças a um sistema nervoso próprio.
Qualquer que seja o músculo, suas fibras já estão formadas a partir da sexta semana de vida intra-uterina. A partir de então, cada fibra pode crescer isoladamente. Mas o número de fibras será sempre igual. Um atleta musculoso de 20 anos possui a mesma quantidade de fibras que tinha ao nascer. O que elas fizeram ao longo da vida e à custa de muito exercício foi desenvolver-se. Mesmo entre pessoas diferentes não há grandes diferenças: nos músculos de Maguila e nos equivalentes de Lucélia Santos, o número de fibras é praticamente igual - pode até ser que, em dado músculo, a suave Lucélia tenha mais fibra que o temível Maguila.
Músculos parecem gostar de trabalho, pois ficam mais ágeis e fortes à medida que são usados. Até quando se está dormindo, os músculos se mantêm num estado de pequena contração, mais conhecida como tônus muscular. Em pacientes de paralisia infantil, por exemplo, o músculo nem sequer sustenta essa ligeira contração - danificado, o nervo não consegue transmitir-lhe a ordem. Sem o exercício constante do tônus, o músculo acaba por se atrofiar.
Cada fibra muscular segue a lei do tudo-ou-nada: ou se contrai ao máximo ou se ignora o estímulo nervoso. Apesar disso, ninguém se movimenta aos trancos como uma caricatura de robô. Isso porque, em primeiro lugar, as fibras de um mesmo músculo se excitam em graus diferentes: algumas, mais sensíveis, iniciam a contração 4 milésimos de segundo após um estímulo; outras fibras respondem num período muito maior, caso o cérebro insista na ordem. Outro fator importante é o número de células nervosas motoras que o cérebro escalou para levar a ordem ao músculo, assim como o número de fibras que cada uma dessas células nervosas, por sua vez, controla.
As mínimas gradações de movimento dos dedos de um músico instrumentista, por exemplo, apenas são possíveis porque seus nervos motores controlam um número limitado de fibras. É claro que em situações muito especiais o cérebro pode perder temporariamente esse incessante controle sobre os movimentos. Quando a mão toca uma superfície quente, nervos sensitivos da pele e dos próprios músculos dão o alarme; diante disso, antes mesmo de verificar o que aconteceu - a mão encostou numa panela e se queimou -, o cérebro ordena uma contração súbita de todas as fibras daquela parte do corpo. O resultado será um movimento espasmódico.
Um músculo não precisa de duas ordens: basta que lhe mandem contrair-se. A extensão ocorre naturalmente quando cessa a ordem de contração. Assim, o popular bíceps - músculo da frente do braço - se contrai e diminui a distância entre os ossos, usando as articulações do cotovelo: essa é uma ação concêntrica, que qualquer pessoa executa no mero gesto de levar uma xícara aos lábios. Já para segurá-la na altura da boca é preciso uma ação isométrica, ou seja, capaz de manter a contração sem causar movimento. O cérebro consegue essa proeza bombardeando o músculo com cerca de 45 estímulos por segundo - uma ordem que deve se fundir com outra, sem dar tempo para o músculo se estender. Finalmente, a ação excêntrica é quando se abaixa a xícara. Mais uma vez o cérebro controla o movimento interrompendo gradualmente os estímulos às fibras.
Na realidade, um movimento qualquer nunca é obra de um único músculo. No exemplo de dobrar o braço, ao mesmo tempo em que o bíceps se contrai, um músculo oposto - o tríceps - se estende. E, quando o braço abaixa, é o tríceps que se contrai, puxando o antebraço para fora e obrigando o bíceps a se estender. O músculo contraído de qualquer movimento chama-se agonista; o estendido é antagonista. Todo músculo dança conforme a música, ou seja, pode ser tanto agonista como antagonista - depende do movimento.
Num movimento, há também músculos que se contraem apenas para fixar um membro ou o tronco inteiro e, dessa maneira, dar uma base de sustentação ao músculo que de fato se desloca. Por exemplo, ao cerrar o punho, aparentemente só os músculos da mão e dos dedos trabalham; mas, se os músculos do antebraço não ficassem bem contraídos para segurar o pulso, este se dobraria junto com os dedos. Para a contração, um músculo precisa de energia. Essa energia é liberada com a quebra de moléculas da substância adenosina trifosfato (ATP).
O estímulo nervoso possui determinada eletricidade que, em contato com uma substância gelatinosa que banha o músculo, encaminha uma partícula de cálcio para dentro das fibras; o cálcio, então, ativa enzimas próprias do músculo que quebram a ATP. A única questão é haver moléculas de ATP em quantidade suficiente. O fisiologista Turíbio Leite, professor da Escola Paulista de Medicina, ensina que existem três fontes de ATP. A primeira seria uma espécie de estoque particular do músculo. A segunda é a glicólise: reações dentro do músculo transformam a glicose das fibras ou a trazida pelo sangue em ATP e ácido láctico. Esta é uma substância inibidora que, ao se acumular nas fibras, causa tanta dor que a pessoa não agüenta mais contrair o músculo.
"Esse processo", explica o professor Turíbio, "produz grande quantidade de energia, mas por tempo limitado. Por isso, é um metabolismo para atividades que exigem velocidade. "Os atletas atenuam os efeitos do ácido láctico e por isso suportam melhor um acúmulo da substância. Mas quem não é atleta cede à dor e logo pára. Do contrário, corre o risco de sentir uma cãibra, a contração involuntária do músculo cansado, que serve de sinal de alerta. É claro que as cãibras também atacam em plena madrugada, quando se está quieto, dormindo. Mas aí o problema é neurológico - uma ordem equivocada para o músculo se contrair a toda velocidade, provocada muitas vezes por estresse psicológico.
Quando o mal é meramente muscular, uma massagem local ajuda de imediato. Ela provoca mecanicamente o relaxamento do músculo contraído e, ao ativar a circulação no lugar, ajuda o sangue a espalhar o ácido láctico. As massagens para aliviar a tensão funcionam da mesma maneira. Pois, quando a mente faz verdadeiras acrobacias por causa de um problema qualquer, a pessoa fica literalmente tensa - culpa das ordens do cérebro para contrair certos músculos que, como em toda ginástica, ficam ali gastando energia para manter a tensão e acumulando o ácido láctico.
A última fonte de ATP, o metabolismo aeróbio, é o oxigênio trazido pelo sangue, que produz a substância em reações químicas com a glicose. Nesse caso, a "sobra", gás carbônico e água, é eliminada na expiração. Esse é o metabolismo que mais se usa no dia-a-dia: não produz velocidade, mas tem a vantagem da resistência. Todo músculo possui dois tipos de fibras: as de tipo 1, que desenvolvem mais o metabolismo aeróbico; e as de tipo 2, que realizam melhor o metabolismo da glicólise. Pesquisadores supõem que a prática de determinado esporte pode transformar uma fibra tipo 1 em tipo 2 e vice-versa. Mas isso nunca foi observado na prática. "Nascemos com a proporção de fibras 1 e 2 determinada", diz o fisiologista Turíbio Leite, "o que significa que temos predisposição genética para esportes rápidos ou de resistência."
Qualquer reação para produzir ATP no músculo acaba liberando muito calor. São os músculos, portanto, os responsáveis pelos 36 graus centígrados do corpo humano - a temperatura ideal para que o organismo funcione direito. Quando o clima ameaça baixar essa temperatura, o cérebro manda os músculos se agitarem. É quando as pessoas tremem de frio.
Outra responsabilidade dos músculos é a postura corporal. Músculos enfraquecidos fazem a coluna despencar para algum lado. Por exemplo, a lordose (acentuação da curvatura lombar) é conseqüência de músculos abdominais fracos, incapazes de sustentar as vísceras; estas então caem sobre o osso da bacia que, por sua vez, joga todo o seu peso sobre a coluna lombar.
Mesmo quem não tem vocação para atleta olímpico deveria tirar o máximo proveito dos músculos que a natureza lhe deu. Está provado que músculos fortes evitam o tão doloroso endurecimento das articulações - e também doenças graves como a osteoporose ou desmineralização dos ossos. Sempre se soube, por exemplo, que os músculos do braço direito de um tenista destro são mais desenvolvidos que os do braço esquerdo. O que se descobriu faz pouco tempo é que também os ossos do braço direito desse tenista são mais largos. Antigamente, acreditava-se que, com o passar dos anos, os músculos deviam ser poupados. Nada mais errado. Todos devem dançar, andar, nadar. Enfim, o segredo de tratar bem os músculos é saber que ninguém pode se dar ao luxo de ficar parado.

O melhor da malhação

Um belo corpo, receita a Organização Mundial de Saúde, consiste em ter boa capacidade cardiorrespiratória, força, flexibilidade e obesidade sob controle. Atrás desse ideal estão as multidões que freqüentam academias de ginástica. Mas não existe nada de novo nesses saltitantes anos 80. No século passado, começou a aparecer a ginástica tal como é conhecida. Do ideal de civilização difundido pelos ingleses no seu vasto império fazia parte a aptidão física.
"A grande novidade é que hoje a Educação Física tem muito mais base científica", observa o professor Mauro Guiselini, da USP. "Existem áreas de estudo novas, como a Fisiologia do Esforço. E, graças à Biomecânica, que mostra quais músculos participam de cada movimento, pode-se tirar melhor proveito dos exercícios." A ciência, portanto, acabou esclarecendo muita coisa. Ela condena o uso de hormônios consumidos por halterofilistas - que ajudam a desenvolver os músculos, mas causam impotência sexual. Por outro lado, derrubou a idéia de que pessoas muito musculosas não têm flexibilidade. Com exercícios de alongamento para músculos e tendões, um fortíssimo culturista pode ter o jogo de cintura de um bailarino.
Outra idéia riscada é a de que quem faz muita ginástica nunca pode parar, senão os músculos "despencam". Não é bem assim. É verdade que os músculos armazenam tudo o que é ruim - como toxinas - por muito tempo e não guardam o que é bom, ou seja, o condicionamento físico. Para manter-se em forma, a pessoa não deve interromper a ginástica: 30 por cento de tudo o que conquistou em um ano de malhação na academia vai-se embora em apenas três ou quatro semanas de vida sedentária. Mas o pior que pode acontecer - e acontece - é os músculos voltarem a ser o que eram antes da ginástica. "Nunca ficam pior do que isso", consola o professor Guiselini.
Mais do que a musculação, a ginástica aeróbica, que chegou ao Brasil nos primeiros anos 80, é o grande sucesso de público. Não é para menos: está provado que levar o coração à freqüência de 130 batimentos por minuto, durante 20 a 30 minutos, três vezes por semana, é o suficiente para manter a bomba em excelente estado. "A aeróbica", aprova Guiselini, "tem a vantagem de utilizar a música como um elemento fundamental, tirando da ginástica a chatice do ´um, dois, três, quatro´. Além de reforçar o coração, condiciona os outros músculos e desenvolve a coordenação motora. É, portanto, um exercício completo."




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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Passagem para o Futuro - Renascimento

PASSAGEM PARA O FUTURO - Renascimento



Itália, 1400: a revolução comercial cria novas classes, abre as cidades e impõe outra mentalidade. Os efeitos sobre a cultura e a ciência são imediatos e profundos. É a explosão do Renascimento, que lança a semente do mundo moderno

O olhar mostra segurança. O corpo, uma nudez sem pudor. A musculatura, relaxada, uma anatomia perfeita. A figura toda é uma procura de graça e beleza. A estátua é de um personagem bíblico, Davi, o pastor que virou rei de Israel por volta do ano 1000 a.C. Mas sua forma lembra antes um jovem deus pagão da mitologia grega. A beleza é fortemente idealizada, mas ainda assim indiscutivelmente humana. Sob a rigidez do mármore, há palpitação de vida. Diante do Davi de Michelangelo, esculpido na virada do século XVI não há dúvida de que se está contemplando um mundo diferente do da Idade Média.
De fato, desenhista soberbo, pintor, escultor, arquiteto e poeta, Michelangelo Buonarroti (1475-1564) foi uma das maiores expressões do Renascimento - essa grande convulsão cultural que sacudiu a Europa durante os séculos XV e XVI e abriu caminho aos tempos modernos. Quando Michelangelo terminou a obra, em abril de 1504, o Renascimento já havia completado um século na Itália. Foi, antes de tudo, um poderoso movimento artístico e literário, mas com grandes repercussões na filosofia e nas ciências, no pensamento político, na moda e nos costumes. Seus precursores foram poetas e prosadores italianos como Petrarca (1304-1374) e Boccaccio (1313-1375), pintores como Giotto (1266-1336) e Masaccio (1401-1428).
Por volta do final do século XV, o movimento atravessou os Alpes para atingir a Alemanha, a região que corresponde atualmente à Bélgica e Holanda, e a Suíça. Ramificou-se também pela França, Inglaterra, Espanha e Portugal. Sua força irresistível vinha de profundas transformações econômicas conduzidas por uma nova classe social urbana em ascensão - a burguesia mercantil. Na Itália, esses mercadores haviam enriquecido de maneira fantástica graças ao comércio com o Oriente e traziam consigo uma nova visão de mundo, baseada na valorização da realidade material, em contraste com a religiosidade profunda da Idade Média.
Estabelecendo representações nos países orientais, investindo na construção de navios e no desenvolvimento do transporte terrestre, eles compravam no Oriente, para vender na Europa, matérias-primas, como minerais para tinturas, produtos de luxo, como seda e brocados, e especiarias, como cravo e canela, utilizados na conservação e tempero dos alimentos e na produção de remédios.
O enorme dinheiro acumulado, administrado por novos métodos de contabilidade, era depois multiplicado várias vezes, por meio de atividades bancárias, com empréstimos a juros, e manufatureiras, com a produção de tecidos, mineração, siderurgia e metalurgia.
Com esses recursos econômicos, obtinham ainda dos príncipes governantes a concessão para cobrar tarifas aduaneiras e cunhar moedas. Subordinada à burguesia, surgia também uma nova e numerosa classe de assalariados, que trabalhavam juntos nas primeiras oficinas ou separados, cada qual em sua casa, recebendo dos patrões matérias-primas e ferramentas e entregando-lhes o produto acabado.
Era uma verdadeira revolução na vida européia, com a decadência das fechadas e hierarquizadas corporações de artesãos, que monopolizavam a produção industrial na Idade Média. Também os camponeses autônomos passavam a dedicar parte de seu tempo ao trabalho assalariado pelo sistema doméstico.
Por outro lado, a crescente demanda de alimentos e matérias-primas pelas cidades em expansão levava também a uma transformação na produção agrícola. Esta se voltava cada vez mais para o mercado e, portanto, deixava de ser fechada e auto-suficiente. O lugar de honra na estrutura social, antes ocupado pela nobreza latifundiária, era agora disputado pela burguesia ascendente. Na Itália, a mais ilustre família da nova classe de comerciantes enobrecidos foi a dos Medici, que governou Florença do século XV ao XVII.
Giovanni (1360-1429), o fundador da família, havia enriquecido graças ao comércio com o Oriente e ao monopólio da produção de alumínio, que obteve do papa. Somente no ramo têxtil, empregava mais de 10 mil trabalhadores, distribuídos por 300 indústrias - números para nenhum empresário moderno pôr defeito. Com o dinheiro e uma habilidosa política de casamentos, seus descendentes exerceriam enorme influência em toda a política européia, tornando-se príncipes e papas.
Sob o governo de Cosimo de Medici (1389-1464), filho de Giovanni, e principalmente de Lorenzo, o Magnífico (1449-1492), neto de Cosimo, Florença foi a capital do Renascimento. Arquitetos, escultores e pintores, como Donatello, Brunelleschi, Ghiberti e Filippo Lippi, patrocinados por Cosimo - ou Botticelli, o próprio Michelangelo e Leonardo da Vinci, protegidos por Lorenzo -, davam à corte dos Medici brilho, prestígio e sofisticação incomparáveis, que compensavam em muito as origens plebéias da família. O Renascimento foi também uma época de políticos refinados - e destituídos de escrúpulos.
Homens como Cesare Borgia (1475-1507), filho do papa Alexandre VI, que tentou conquistar toda a Itália para si e fazia da conspiração e assassínio de seus opositores sinistras obras de arte. E Niccoló Machiavelli (1469-1527), o fundador da ciência política moderna, via em Cesare o ideal do príncipe renascentista e nele depositou sua esperança de unificação da Itália. O que a impediu foi a rivalidade entre as cidades-Estado e a política papal.
Cultos, humanistas, mundanos e ambiciosos ao extremo, os grandes papas renascentistas não eram suficientemente fortes para promover eles mesmos a unificação do país, mas eram fortes e ardilosos o bastante para impedir que outro o fizesse. Paradoxalmente, a pulverização da Itália representou um forte estímulo ao Renascimento. Em lugar de um único centro de atração, representado em outros países pela corte real, vários centros, como Florença, Roma, Veneza e Milão, disputavam e patrocinavam a cultura. Ter a sua volta um punhado de artistas e intelectuais brilhantes era prova de prestígio para os príncipes e papas da época.
Nos jardins do palácio Medici, Cosimo fundou em 1440 a Academia Platônica, copiada da famosa escola de Filosofia ao ar livre mantida por Platão em Atenas, no século IV a.C. Sob a direção de Marsilio Ficino (1433-1499), a Academia tornou-se durante o governo de Lorenzo o mais importante centro de irradiação cultural do Renascimento. Ajudado por um grupo de eruditos bizantinos, fugidos de Constantinopla após a ocupação da cidade pelos turcos, em 1453, Ficino realizou um imenso trabalho de tradução e comentário das obras de Platão e seus seguidores. A biblioteca da Academia reunia enorme coleção de manuscritos gregos.
A obsessão do homem culto renascentista por tudo que viesse da Antiguidade clássica greco-romana levou os historiadores dos séculos XVIII e XIX a uma imagem tão fácil quanto falsa do Renascimento. A Idade Média teria sido um período de completo esquecimento da herança cultural da Antiguidade. Rompendo radicalmente com o obscurantismo medieval, o Renascimento - daí o seu nome - seria o renascer da cultura clássica. Essa interpretação é amplamente contestada pela pesquisa histórica do século XX. Nem a Idade Média foi, em toda a sua duração, um período de trevas nem o Renascimento representou uma ruptura total com a Idade Média.
Quem leu o livro O nome da rosa, de Umberto Eco, ou assistiu ao filme baseado nele, teve uma brilhante amostra da veneração quase religiosa do sábio medieval pelo filósofo grego Aristóteles (384-322 a. C.). A obra de Aristóteles formava uma verdadeira enciclopédia do saber humano. Nela se encontrava de tudo: Matemática e Lógica, Física e Metafísica, Medicina e Astronomia, Ciências Naturais e Psicologia, Política, Ética e Estética. Embora se baseasse mais na especulação do que na observação direta da natureza, era para o mundo das coisas concretas que ela se voltava. A Igreja refutou muito em aceitar esse corpo de conhecimentos. Aristóteles teve que ser, de certa forma, cristianizado por filósofos como São Tomás de Aquino (1224-1274), antes que sua obra se transformasse numa segunda Bíblia da Idade Média.
Assim, o aristotelismo tornou-se, pouco a pouco, um congelado sistema de dogmas, verdades prontas e acabadas, em que havia um lugar para cada coisa. Cada coisa devia estar no seu lugar e nenhum espaço existia para a inovação - um espelho da organização social da época. Foi justamente contra esse sistema petrificado que o homem culto do Renascimento se rebelou, estimulado pelas formidáveis transformações materiais que o desenvolvimento burguês colocava diante de seus olhos. O platonismo da Academia florentina, altamente espiritual e místico, era antes de tudo uma reação ao aristotelismo na versão consagrada pela Igreja medieval.
Por outro lado, se admirava o passado clássico, o homem renascentista tinha também a consciência de que o estava ultrapassando. A febril exploração dos mares - que levou o português Bartolomeu Dias a atingir a ponta meridional da África (1487), o genovês Cristóvão Colombo a alcançar a América (1492), o português Vasco da Gama a chegar à Índia (1498) e também o português Fernão de Magalhães a circunavegar a Terra (1519-1522) - exerceu um tremendo impacto no Renascimento. Ficava claro que havia muito mais maravilhas no mundo do que haviam pensado os gregos.
O desenvolvimento das cidades na época renascentista ampliou o lugar ocupado pela cultura. Antes, o conhecimento estava confinado às raras universidades e aos mosteiros. Agora, a multiplicação das universidades, junto com a invenção da imprensa de tipos móveis pelo alemão Johannes Gutenberg (1400-1468), permitia uma difusão muitíssimo maior do conhecimento. A laboriosa atividade do copista medieval, que reproduzia a mão os preciosos manuscritos gregos e latinos, era substituída com enorme vantagem pelo trabalho dos impressores.
Do ponto de vista cultural, um dos resultados mais espetaculares da Reforma protestante foi a tradução da Bíblia do latim para o alemão, por Martinho Lutero (1483-1546) e o amplo movimento de educação inspirado pela idéia de que todo fiel deveria ser capaz de ler e interpretar por conta própria as Escrituras Sagradas. No mundo da grande cultura, porém, o latim continuava a ser a língua oficial. Um dos traços mais característicos da época, aliás, era a existência de uma multinacional comunidade de eruditos que dominavam o saber clássico e não só se expressavam em latim como tinham seus próprios nomes latinizados.
Eles formavam o que o escritor húngaro Arthur Koestler (1905-1983) denominou a "República das Letras" e foram a própria alma do Renascimento. Para esses homens, a demolição do sistema escolástico representava uma enorme liberdade de pensamento, a possibilidade de uma especulação intelectual sem limites. A verdade já não devia ser procurada nos livros de Aristóteles, mas na grande obra da natureza. Ocorre que a destruição da ciência aristotélica deixou o Renascimento desprovido de uma ciência sistematizada. Os sábios da época estavam deslumbrados demais com a infinita variedade das coisas deste mundo para se dar ao árido trabalho de sistematização dos novos conhecimentos.
Eles procuravam por toda a parte a diversidade, lançavam-se à aventurosa exploração de mundos desconhecidos, criavam jardins botânicos e jardins zoológicos, colecionavam minerais, dissecavam cadáveres humanos e de animais, mediam o movimento dos astros, escreviam minuciosas descrições das mais diversas atividades profissionais e técnicas, mas seus tratados não ultrapassavam ainda o estágio dos catálogos. O alemão Leonhard Fuchs (1501-1566), por exemplo, escreveu e arrolou em ordem alfabética cerca de quinhentas plantas. Foi incapaz, porém, de formular qualquer teoria sobre a vida vegetal.
As exceções são o monumental livro de anatomia do belga André Vesálio (1514-1564), De humani corporis fabrica (A organização do corpo humano), e o livro de cosmologia do polonês Nicolau Copérnico (1473-1543), De revolutionibus orbium coelestium (A revolução das esferas celestes). Nele, o cônego Copérnico afirmava, contrariando as teorias dominantes, que o Sol - e não a Terra - estava no centro do Cosmo. Antes, o alemão Nicolau de Cusa (1401-1464) já havia dito que o Sol era apenas o centro de um sistema, e não do Universo.
As idéias de Cusa influenciaram o filósofo italiano Giordano Bruno (1548-1600). Ele afirmava existirem no Universo infinitos mundos habitados, como a Terra. Mas nem Cusa nem Bruno eram astrônomos, e suas corajosas hipóteses permaneceram meras especulações. A grande sistematização científica na qual iria se basear o pensamento moderno foi um produto do século XVII. Mas aí já não se pode falar em Renascimento. No período renascentista, assistiu-se a um enorme interesse pela magia e pelo hermetismo. A idéia de um Renascimento banhado em ciência, em oposição a uma Idade Média mística e supersticiosa, é outro estereótipo que não resistiu à pesquisa histórica.
Um trabalho mais orientado para a ciência, embora dispersivo, como o de Leonardo da Vinci (1452-1519), permaneceu inédito. Para os homens cultos do Renascimento, já que Aristóteles não era mais a autoridade suprema, então tudo era possível. E foi com óculos de mágico que procuraram ler o livro da natureza. Quando, em 1460, um agente de Cosimo de Medici trouxe-lhe da Macedônia um manuscrito grego com catorze dos quinze tratados que constituíam o Corpus hermeticum, isso causou enorme sensação. O texto era atribuído a um autor mitológico, Hermes Trismegisto, ou Hermes "Três Vezes Grande", síntese do deus egípcio Toth, inventor do cálculo e da escrita, e do deus grego Hermes, mensageiro e detentor dos segredos dos deuses.
Na verdade, tratava-se de um escrito dos primeiros séculos da era cristã, originário provavelmente de Alexandria, no Egito, o grande centro da cultura helenística. Com caráter misterioso, os manuscritos combinavam filosofia grega e helenística (Pitágoras, Platão, Aristóteles, Plotino etc. ), cabala (o misticismo judaico) e elementos cristãos. Seu corpo englobava Matemática e Alquimia, Astronomia e astrologia, magia e várias formas de ocultismo. A idéia central era a de uma afinidade mística entre o mundo e o homem, sendo este capaz de descobrir elementos divinos dentro de si.
Pela tradução de Ficino, o diretor da Academia Platônica, esses escritores exerceram enorme influência no Renascimento, mexendo com as artes, as ciências e a Filosofia. Seu principal herdeiro foi o suíço Paracelso. Ele pode ser considerado o mais acabado representante de um momento na História da civilização que, sem romper drasticamente com o passado, plantou uma semente de exuberância e ousadia da qual nasceria o mundo moderno.

Um tipo muito curioso.

O próprio nome latino que adotou já era um exagero: Theophrastus Philippus Aureolus Bombastus Paracelsus. Não se sabe se a palavra Paracelsus queria dizer "superior a Celsus", o célebre médico romano do século I. Mas não há dúvida de que Theophrastus von Hohenheim, como foi batizado, se considerava superior a qualquer medalhão da Antiguidade. Esse personagem tipicamente renascentista nasceu numa família de médicos, em Einsiedeln, Suíça, em 1493. Depois de estudar nas universidades de Basiléia (Suíça) e Ferrara (Itália), tornou-se um Robin Hood da medicina, cobrando honorários exorbitantes dos ricos e tratando os pobres de graça.
Seu espírito anticonvencional e incansável curiosidade, aliás, surpreendem mesmo pelos padrões atuais. Condenava com estardalhaço as ciências tradicionais, ao mesmo tempo que procurava aprender com os camponeses outros métodos de cura. Bebedor de marca maior, vencia os camponeses em monumentais competições etílicas nas tabernas; depois, passava a noite ditando seus tratados.
O fato de ter salvado a vida do influente editor Johannes Froben e de ter curado também o escritor e filósofo humanista Erasmo de Rotterdam (1466-1536) assegurou-lhe, em 1527, o cargo de médico municipal e professor de Medicina em Basiléia. Logo, porém, entrou em atrito com as autoridades acadêmicas, recusando-se a apresentar seus documentos de qualificação, fazendo conferências em alemão em vez de latim e admitindo cirurgiões-barbeiros em suas classes. Com a morte do protetor Froben, teve de abandonar a cidade - não sem antes queimar em praça pública o célebre cânon de medicina do persa Avicena (980-1037). Daí para a frente, até sua morte, em 1541, perambulou de lugar em lugar, como uma espécie de cavaleiro andante do anticonvencionalismo.
Alquimista, ao lado dos "quatro elementos fundamentais" enunciados no pensamento grego clássico - terra, água, ar e fogo -, reconhecia "três princípios básicos" - sal, enxofre e mercúrio -, que estariam presentes, em diferentes proporções, em todas as substâncias. O sal, simbolizado pelas cinzas que sobrevivem ao fogo, seria responsável pelo estado sólido; o enxofre, que desaparece ao queimar, pela natureza inflamável das coisas; e o mercúrio, que se volatiliza, pelo estado líquido e gasoso. Uma força geradora universal, o arqueu, combinaria os três princípios. De uma falha dela se originariam as doenças. Paracelso é reconhecido como um dos precursores da homeopatia.




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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A Sociedade Anônima dos Cupins

A SOCIEDADE ANÔNIMA DOS CUPINS



Eles se comunicam boca a boca, repartem tarefas, dividem-se em grupos e resolvem complicados problemas de ventilação e drenagem para construir suas casas enormes.

Um cupim sozinho não é nada criativo. Vai e vem ao acaso sem parar, carregando um grãozinho de terra, quando muito. Mas se juntarmos um grupo deles, pequeno que seja tudo muda. Alguns vão se deter num ponto qualquer, demonstrar interesse pelo local. Ali depositam seu grãozinho de terra. O montinho atrai a atenção dos outros - e pronto todos entram numa atividade febril, cumprindo tarefas diferentes e bem determinadas. Trabalham em sociedade.
O cupim conta com um sistema ganglionar simples que reage a alguns estímulos de forma pouco perceptível e, às vezes, incoerente. Mas a reunião de um grupo deles faz aparecer uma espécie de atmosfera psíquica, uma vontade coletiva geradora de ações que exigem um certo grau de discernimento. Uma colônia de cupins, com vários milhões de indivíduos, consegue construir habitações sofisticadas, que exigem a solução de vários problemas complicados.
Muitos estudiosos perderam tempo procurando o centro de comando do cupinzeiro, tal como os fisiologistas do passado que dissecavam cadáveres para descobrir a alma das pessoas. É provável que a alma do cupinzeiro esteja encoberta pela trofalaxia, um fenômeno tão estranho quanto a palavra que lhe dá nome.
Ela significa que um inseto social, como é o cupim, participa de um sistema de alimentação coletiva, que se distribui de indivíduo a indivíduo por contatos boca a boca. Mas a trofalaxia não significa apenas alimento. Ela também proporciona uma forma de comunicação, com a transmissão de mensagens químicas, gota a gota. No exato momento em que as mandíbulas de dois cupins se tocam, uma minúscula gotinha se desprende da boca de um deles e passa para a do outro. Uma fração de segundo e o recado já está passado.
Até agora só foi possível decifrar algumas das dezenas, quem sabe centenas, de mensagens que uma gotinha dessas pode conter. Uma das que foram decifradas se parece muito com o que se convencionou chamar hormônio social. Cada indivíduo da colônia está rotulado por um hormônio, específico da categoria social a que pertence. Um cupim soldado carrega seu extrato próprio, da mesma forma que o operário ou as formas sexuadas, que garantem a reprodução da espécie.
A sociedade dos cupins evolui mais ou menos como as células embrionárias durante o processo de crescimento de um organismo. Ao se diferenciarem, elas se agrupam em tecidos diversos, que irão desempenhar diferentes funções nos vários órgãos. O hormônio social do cupinzeiro, ao chegar à boca de um recém-nascido, provoca um estímulo químico em suas células, induzindo-as a construir o tipo de indivíduo de que a colônia necessita naquele momento. É a característica dos cupins de se alimentarem constante e reciprocamente que garante o perfeito funcionamento desse sistema.
É ele que assegura a permanente circulação dos hormônios sociais entre todos os membros da colônia, pelo contato boca a boca. Na composição desse hormônio social entram parcelas ínfimas do hormônio individual de cada casta. Quando o cupinzeiro dispõe de número ótimo de soldados, estes circulam distribuindo boca a boca o hormônio social com a sua secreção particular, que vai agir sobre os recém-nascidos de forma inibidora: a secreção de soldado indica que eles não devem tornar-se soldados, pois há um número suficiente destes na sociedade. Quando, pelo contrário, não há soldados bastantes, menos recém-nascidos recebem essa secreção, e assim estão livres para se tornarem soldados, e não operários, de que o organismo estará bem suprido nesse momento. Tanto assim que eles terão recebido nos contatos boca a boca a dose de secreção inibidora que evita que eles se encaminhem para essa "profissão".
Se fosse apenas isso, já seria uma fantástica maneira de manter o equilíbrio social entre as diversas categorias de cupins. Mas o mecanismo é ainda mais sofisticado: garante, por exemplo, maior produção de operários quando a colônia necessita, também, aumentar a produção de alimentos. Aliás, o movimento exploratório de uma legião de operários à procura de alimentos é típico de um organismo que lança tentáculos ao redor de si mesmo. Nesse caso, os tentáculos são muito mais precisos que o tatear aleatório de uma ameba, por exemplo.
Quando transportam o alimento aos diversos setores da colônia, os cupins operários desempenham um papel parecido com o dos glóbulos vermelhos do sangue, que percorrem todo o organismo nutrindo as células. Certas tarefas dos cupins soldados também têm semelhanças com as do sangue, quando bloqueia a ação de agentes agressores do organismo. Uma torrente de soldados é despejada na circulação do cupinzeiro assim que o alarma hormonal denuncia algum tipo de ameaça em qualquer setor da colônia: por exemplo, quando um animal estranho tenta invadir a casa de todos eles.
Nessa situação, os soldados entopem com seus corpos todas as vias de acesso ao local da agressão. Estancam a circulação na área afetada, morrem aglutinados e dão tempo para que, mais atrás, os operários construam crostas protetoras que isolem o intruso e cicatrizem as feridas que tornaram o superorganismo vulnerável.
A trofalaxia é responsável por essa harmonia de ações, mas não pode ser utilizada para explicar alguns fatos que ocorrem no cupinzeiro. Por exemplo, o momento das revoadas de acasalamento, conhecidas vulgarmente como aleluias. Elas proporcionam o encontro de machos e fêmeas oriundos de colônias diferentes, o que é muito importante para o fortalecimento genético das futuras colônias. As revoadas são muito perigosas para os insetos, pois sua aglomeração num único local, ao ar livre, atrai os animais predadores. O morticínio é sempre muito superior ao número de casais que conseguem se unir.
As aleluias são, portanto, um momento crítico para todos os superorganismos que irão trocar material genético entre si. Os minutos são preciosos, justificando o fato de que todos eles lancem ao ar suas formas sexuadas exatamente no mesmo momento. E esse momento é cuidadosamente preparado. É o hormônio social que prepara os indivíduos férteis para abandonarem a colônia. Para isso, predispõe todo o superorganismo a esse acontecimento, deixando-o agitado como se fosse um animal no cio.
As formas aladas, prontas para o acasalamento, são enviadas a compartimentos subterrâneos. O canal de acesso ao exterior permanece obstruído por centenas de operários, o que faz com que as formas sexuadas se comprimam aos milhares nas câmaras de espera, como se provocassem o inchaço das glândulas sexuais do superorganismo. O sinal para deflagrar simultaneamente a revoada de todas as colônias talvez seja uma simples chuva de verão. Não se sabe ao certo. Mas há um momento em que todas as formas sexuadas serão acometidas por um frenesi. Produzirão intensa vibração com as asas, provocando calor. O superorganismo fica então febril. O canal para o exterior é desobstruído e os casais se precipitarão para fora. Como se fossem o sêmen oriundo da ejaculação do cupinzeiro, eles flutuarão por breves momentos, como uma gigantesca e efêmera nuvem de insetos.
O conceito de superorganismo foi formulado pelo entomologista americano W.M. Wheeler. Ele acreditou estar abrindo uma perspectiva incrível para a Biologia ao sugerir que cupinzeiros, colméias e formigueiros fossem estudados como simples indivíduos, em face dos mecanismos de seleção natural. Afinal, a autonomia característica do ser vivo, que resolve sozinho seus problemas de alimentação, reprodução e defesa, é expressada de forma diferente entre os insetos sociais. Ela é substituída pela ação das castas coletoras de alimentos, reprodutoras e defensoras. Nenhum indivíduo atua decisivamente como representante da colônia na luta pela sobrevivência.
Nenhum membro pode representar isoladamente um modelo ou padrão responsável pela evolução ou pela sobrevivência da colônia. Esse padrão está contido nos genes transportados pelas formas sexuadas e só se materializa após a fecundação e a conseqüente formação de uma nova colônia. Visto desta maneira, o conceito de superorganismo parece coerente. Mas não se deve esquecer que o sucesso dos atuais superorganismos repousa sobre um sem-número de vitórias e fracassos, ocorridos há milhões de anos, quando insetos primitivos, machos e fêmeas, se dispuseram a viver em conjunto.
Os atuais superorganismos indicam que alguns deles obtiveram grandes vantagens quando passaram a contar com um prole assexuada para garantir a sobrevivência da espécie. Então fica claro que o superorganismo é a expressão maior de uma espécie de inseto. Mais precisamente, talvez, de uma fêmea fecundada, pois a partir dela, e até que aconteça a próxima revoada para acasalamento, todos os genes que irão perpetuar a espécie estarão sob os cuidados desse dedicado e laborioso superorganismo.
A questão permanece, e é a mais atual para os cientistas e pesquisadores que se ocupam com a vida desses insetos. Afinal, que são eles, exatamente, os cupins, as vespas, abelhas, formigas, todos os insetos chamados sociais porque vivem em vastos aglomerados onde as funções são cuidadosamente divididas por castas?
Sem dúvida, é fascinante encarar uma formiga como uma célula de um organismo. Célula errante, que anda, comandada a distância pela ação de um hormônio social, ligada a uma legião de outras formigas exatamente iguais a ela. A tese de Wheeler fez grande sucesso, sobretudo entre os estudiosos da Sociobiologia, um novíssimo ramo da Biologia que pretende explicar o comportamento social dos animais a partir de fundamentos genéticos. Contudo, mesmo eles não utilizam o conceito do superorganismo em suas pesquisas, pois nada ajudaria na solução dos problemas de genética, comportamento e fisiologia com que se defrontam os pesquisadores que trabalham com os insetos sociais.

Os cupins, as vespas e as formigas.

Apenas duas ordens de insetos formam superorganismos: os Hymenoptera (formigas, vespas e abelhas) e os Isoptera (cupins). Se estão assim isolados na classificação, é sinal que os cupins diferem dos outros insetos sociais como um gafanhoto de uma borboleta. O estudo sistemático de insetos fossilizados levou os cientistas a uma notável descoberta: cupins e baratas foram estreitamente aparentados há uns trezentos milhões de anos. Mas as causas que levaram as baratinhas pré-históricas a se organizarem socialmente permanecem desconhecidas até hoje.
Com exceção dos cupins e das formigas - exclusivamente sociais, as vespas e abelhas apresentam diversas espécies solitárias e outras semi-solitárias, operando em variados níveis de organização. Para os cientistas, são modelos para estudo de como teriam sido os degraus vencidos ao longo da evolução da espécie, até que chegassem ao estágio atual. Nesse particular, são as vespas que oferecem a maior variedade de estilos de vida.
As espécies solitárias são caçadoras de insetos ou de aranhas, em geral. Cada espécie de vespa caçadora captura um único tipo de vítima, mas o destino desta é sempre o mesmo: paralisada pela ferroada, será mantida viva para ser devorada pela cria da vespa.
Algumas caçadoras de aranhas apenas cavam um buraco no solo, enterram o animal e depositam um ovo sobre ele. Outras preparam cuidadosas construções de barro, onde guardam uma ou mais vítimas. Em todos esses casos, as vespas abandonam os ninhos antes mesmo do nascimento das larvas, o que significa que as gerações sucessivas nem chegam a entrar em contato. Esse hábito só começa a se modificar com certas vespas cujas fêmeas escavam túneis ramificados, onde guardam animais paralisados em todos os terminais. Elas acompanham o crescimento das larvas e providenciam diariamente mais comida, de acordo com as necessidades.
Alguns estudiosos admitem a hipótese de que no passado a proximidade em que se encontravam algumas colônias de vespas semelhantes tenha feito surgir um comportamento comunitário entre elas. Terrenos encharcados ou secos em demasia podem tê-las levado a compartilhar uma nesga de espaço para os seus túneis. E assim algumas se impuseram sobre as demais, criando uma certa hierarquia. Essas rainhas arcaicas teriam, dessa forma, dado o primeiro passo em direção à construção dos grandes organismos sociais, nos quais uma crescente divisão do trabalho entre todas as castas e o estilo de cooperação entre elas desenvolvido culminaram finalmente na formação de verdadeiros superorganismos.


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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Rei Sol - Astronomia

REI SOL - Astronomia



Durante milênios o homem adorou o Sol. Nos últimos 500 anos, começou a conhecê-lo. Dele, a Terra recebe algo como a energia de 10 bilhões de Itaipus. E isso é apenas uma ínfima parcela da luz e calor que emite. Sem ele nenhuma forma de vida existe.

Em apenas 1 segundo, o volume de vapor que se forma sobre os rios e plantas da floresta amazônica equivale a quase 200 mil toneladas. Isso é mais do que o próprio rio Amazonas despeja no mar em qualquer momento: 160 mil toneladas por segundo. Lado a lado, essas duas grandes correntes de água criam imponente sistema de circulação tão essencial à sobrevivência da maior floresta do mundo quanto as artérias para o corpo humano. Há cerca de 200 milhões de anos - idade aproximada da própria mata -, o sistema vem funcionando com incrível regularidade e eficiência. Mas o espetáculo dessas forças perde todo o brilho e grandeza quando comparado com a sua fonte de energia - o Sol.
Vista da superfície do astro-rei, a Terra é um irrisório grão de areia girando à remota distância de 150 milhões de quilômetros. Mesmo assim, a ínfima parcela de luz e calor que efetivamente alcança o planeta - em vez de perder-se em outras direções no espaço vazio - é suficiente para dar vida e movimento aos oceanos, ventos, florestas, a cada um e a todos os organismos. Essa energia, que os antigos atribuíam aos deuses, pode hoje ser calculada com precisão. Equivale à eletricidade que seria gerada por 10 bilhões de hidrelétricas do porte de Itaipu. Não admira que o homem primitivo das mais diversas latitudes - e o já nem tão primitivo assim - tenha adorado o Sol sobre todas as coisas, num culto feito de reverência e temor, a ponto de incluir sacrifícios humanos.
Dos 2 milhões de anos que já dura a saga do homem na Terra, apenas nos últimos quinhentos começou-se a conhecer algo sobre a estrela que dá vida ao planeta. E só muitíssimo recentemente - depois da Segunda Guerra Mundial - os astrônomos passaram a ter uma idéia mais precisa do que acontece por trás de sua face de fogo. Mas, desde então, as descobertas não cessaram de se acumular rapidamente, à medida que os instrumentos de observação foram-se tornando cada vez mais sofisticados. Os projetos modernos são espetaculares, a começar pela esperta nave-robô norte-americana Starprobe (Investigador de Estrela) que em missão suicida mergulhará diretamente sobre as labaredas solares, transmitindo informações até ser consumida.
Essa nave deveria voar já este ano, mas seu lançamento foi adiado por causa dos cortes impostos ao programa espacial dos Estados Unidos. Assim, enquanto não sai a primeira viagem ao Sol, outras expedições ganham impulso. Uma delas é o vôo da nave européia Ulysses, que deverá estar pronta para partir em 1990. Menos audaciosa que a Starprobe, ela pretende apenas ficar em órbita solar. Mas a rota é importante: a nave passará sobre o que se poderia chamar de lado oculto do Sol - os seus pólos, sempre em posição impossível de ser observados da Terra. Depois de Ulysses, subirá a Soho, também européia, cujo destino será estacionar a uma distância fixa e segura do Sol, o suficiente para observar e analisar o seu comportamento.
É uma missão de respeito: afinal, qualquer irregularidade no funcionamento dessa imensa usina energética pode ter conseqüências imprevisíveis sobre toda a vida na Terra. É por prover a vida que o Sol é para nós o mais importante astro do céu, embora seja apenas uma das dezenas de bilhões de estrelas que giram conjuntamente nesse grande redemoinho que é a Via Láctea. A galáxia em que o Sol nasceu e vive é um disco de estrelas que levará inimagináveis 200 bilhões de anos - bem mais de dez vezes a idade do Universo - para dar uma volta completa sobre si mesmo. A galáxia contém astros maiores e menores: o Sol fica numa posição de classe média - tanto em tamanho como em brilho ou peso. Mas está muito próximo: sua luz, que é a coisa mais rápida do Universo, leva apenas oito minutos para chegar à Terra. Ao passo que a estrela mais próxima, Alfa da constelação de Centauro, está a quatro anos de viagem, mesmo à velocidade da luz. O centro da galáxia, em igual pique, fica a 30 mil anos de distância.
A nave espacial Soho, portanto, será uma repórter em posição privilegiada. Ficará atenta especialmente às ondas gigantes que agitam a superfície solar. É um meio indireto mas engenhoso de saber o que está se passando nas regiões interiores do Sol. Ao contrário dos planetas ou da Lua, as estrelas não são corpos sólidos. Por isso, mesmo que a nave Starprobe levasse um imaginário astronauta invulnerável ao fogo, este jamais poderia pisar na superfície do Sol - a exemplo do que os americanos fizeram na Lua em 1969.
A matéria do Sol é o plasma, uma espécie de gás. Mas o plasma não é neutro, como os gases que se conhecem: suas partículas são fragmentos de átomos ou moléculas e possuem temperaturas altíssimas. No interior do Sol, o plasma atinge quase 20 milhões de graus, um valor que na superfície brilhante cai para 5 mil graus. Logo acima da superfície, porém, o plasma se torna muito rarefeito e sofre a ação de poderosas forças magnéticas. Sua temperatura, então, é mais alta que na superfície, brilhante, alcançando até 2 milhões de graus.
A nave européia Soho também fará medições constantes do chamado vento solar, uma leve corrente de plasma que está constantemente se desgarrando do Sol para espalhar-se pelo espaço. O efeito mais célebre do vento solar são as caudas dos cometas, criadas quando estes se aquecem nas proximidades da estrela. A brisa eletrificada, nesse caso, desagrega o núcleo do cometa e empurra para longe do Sol uma grande quantidade de pó e gás liberados dessa forma.
Todos esses fenômenos, embora fascinantes, são meros espirros do gigante, cuja força real arde profundamente em seu núcleo. É verdade que a superfície, é às vezes sacudida por explosões violentas, gerando erupções de plasma que se estendem por até 200 mil quilômetros no espaço - trinta vezes o diâmetro da Terra. Mas essas línguas de fogo são relativamente tênues, apesar de compridas. No corpo do Sol, em vez disso, caberiam com alguma folga 1 milhão de planetas como o nosso. Esse volume tem um raio de 1,5 milhão de quilômetros - 250 vezes maior que o raio da Terra.
Já o núcleo solar é uma esfera de raio dez vezes menor que o da própria estrela, mas com uma densidade extremamente alta. Ele suporta todo o peso das camadas externas. Assim, é mais compacto que o ferro. Mas continua sendo um gás porque compensa o esmagamento com sua elevada temperatura: o calor, procurando expandir-se, contém a gravidade da massa acima do núcleo. Esse é o fantástico jogo de forças que mantém as estrelas por assim dizer de pé e em funcionamento, numa luta perene entre o seu próprio peso e o calor central.
Em 1926, o astrônomo inglês Arthur Eddington fez uma ousada sugestão sobre a origem desse calor: ele só podia ser gerado por um reator nuclear. A comunidade científica se escandalizou porque então se conhecia muito pouco sobre as reações atômicas. Algumas décadas mais tarde, porém, viu-se que a teoria estava certa. O plasma no núcleo do Sol sofre transformações semelhantes às que ocorrem na explosão de uma bomba de hidrogênio e, também como neste caso, passa a emitir radiação principalmente sob a forma de luz e calor.
Essa radiação não é visível, pois ainda tem de atravessar as camadas externas, um percurso longe de ser curto. Estima-se que um raio de luz leve milhões de anos chocando-se com as partículas de plasma até emergir na superfície brilhante. A maior parte do trajeto, no caso do calor, é feita em forma de radiação, como ocorre com a luz. Mas um pouco abaixo da superfície o calor faz com que o plasma entre em ebulição, à maneira da água levada ao fogo. Como os turbilhões de matéria nessa região envolvem gás eletrificado, acabam criando potentes campos de força magnética. Esta, por sua vez, gera as oscilações e erupções extraordinárias que os astrônomos podem observar.
Na Antiguidade, os homens se assustavam terrivelmente quando o Sol se apagava. Sem saber que estavam apenas diante de um eclipse - um dos raros momentos em que a sombra da Lua se projeta sobre a Terra -, imaginavam que o seu deus estava em apuros. Os sábios egípcios do tempo dos faraós, por exemplo, ensinavam que nesses momentos o Sol estava sendo devorado por uma porca gigante, um espírito maligno da mitologia da época. Que os antigos pudessem pensar assim não surpreende. O curioso é que as crendices do passado persistem em algum lugar do presente.
Assim, em 1983, quando ocorreu o mais longo eclipse desta década, uma lenda semelhante à dos egípcios voltou a assombrar os indonésios, que tiveram o privilégio de ver a ocultação do Sol em pleno dia. Durante cinco minutos, a Lua, muito mais próxima da Terra, passou à frente do astro-rei. Sua esfera de fogo, então, transformou-se em um lindo disco negro, visível apenas porque à sua volta permaneceu um fino halo de chamas - a corona. De acordo com os indonésios, o Sol tinha acabado de ser devorado pelo monstro mítico Kala Rau.
Muito do interesse da ciência pelos eclipses vem do fato de que eles expõem com mais nitidez o véu flamejante da corona. Os cientistas esperam aprender mais sobre os plasmas para um dia fabricar uma imitação do reator central do Sol. A razão é que, embora na corona não ocorram reações nucleares, ela é um bom exemplo natural de como o plasma se comporta sob a ação de forças magnéticas. Pois é exatamente por meio de grandes ímãs que os físicos tentam espremer os plasmas na Terra: desse modo, podem simular a enorme pressão gravitacional que age no interior do Sol.
"De certa forma estamos usando o Sol como um laboratório", gaba-se o astrônomo norte-americano Ray Smartt, membro de uma equipe de trinta pesquisadores especialmente encarregados de elucidar os segredos da corona. Ele espelha o empenho existente nos tempos atuais em aprender mais sobre o Sol. Num misto de fascinação e espírito prático, o objetivo desses pesquisadores é abrir caminho para o futuro, quando o espaço se tornar cada vez mais importante para o progresso aqui na Terra.

A ciência toma Sol.

Cinco séculos antes de Cristo, o grego Anaxágoras disse que o Sol era uma esfera de ferro incandescente. Ninguém lhe deu ouvidos. O homem só começou a entender o Sol mais de 2 mil anos depois. Em 1610, o italiano Galileu Galilei anunciou ter visto ao telescópio estranhas manchas negras na superfície solar. Hoje se sabe que as manchas são áreas da superfície do Sol onde a temperatura é menor por ação das forças magnéticas ali concentradas. Mas já no século XVII a descoberta de Galileu bastou para acabar com o mito de que o Sol era perfeito e imutável.
Em 1834, o matemático alemão Carl Gauss (1777-1835) teve a brilhante idéia de usar uma bússola para saber se o Sol tinha força magnética como a Terra. Nos anos seguintes, de fato, verificou-se que não só ela existia ali como se tornava mais forte quando o Sol ficava mais carregado com as manchas que tanto intrigaram Galileu. Outra inovação foi trazida pelo astrônomo inglês John Herschel (1792-1871). Em 1839, usando apenas um prato com água, ele mediu pela primeira vez a potência térmica do Sol. Estimou que a temperatura de uma lâmina de água de cerca de 2 centímetros de espessura subia, exposta ao Sol, 1 grau centígrado por minuto - uma indicação bastante boa de quantidade de energia emitida pelo Sol.
Mas o grande salto da ciência solar já tinha sido dado em 1814 com a invenção do espectroscópio, aparelho capaz de decompor a luz como um prisma. Cada substância, ao ser queimada, tem uma espécie de assinatura luminosa. O arco-íris produzido pelo espectroscópio decifra essa assinatura na forma de uma determinada combinação de cores. Assim começou a ser conhecida a composição química do Sol. Aprendeu-se que ele contém os mesmos elementos existentes na Terra, mas em proporções às vezes muito diferentes. Por exemplo, o hélio é 20 por cento do Sol; na Terra, é menos de 1 por cento.
O espectroscópio, ao permitir que se analisasse o interior dos átomos, ajudou a abrir caminho para a grande revolução da Física neste século. Na década de 30 ficou claro que a energia do Sol era fruto de colossais reações atômicas. Foi a primeira vez que se desconfiou de que nem o Sol nem qualquer outra estrela são eternos. E o ciclo de vida do astro-rei, determinado pela quantidade de combustível nuclear disponível, pôde, enfim, ser calculado.


Morre uma estrela: é o fim do mundo.

As estrelas empregam um sistema curioso para gerar energia: constroem átomos pesados a partir de átomos mais leves. A luz e o calor que emitem é um simples resíduo do esforço empregado na construção. Todos os elementos conhecidos, tais como o ferro, o oxigênio, o ouro ou o urânio, nasceram dessa forma: assados nas fornalhas estelares. Até o aparecimento das estrelas, há cerca de 15 bilhões de anos, praticamente toda a matéria existente estava na forma de hidrogênio - o avô de todos os outros átomos.
Cerca de 1 milhão de anos depois do seu nascimento, algo de novo aconteceu. As massas de hidrogênio, agrupadas pela atração gravitacional, começaram a criar estrelas e galáxias. Os átomos que ficaram presos nos núcleos estelares, sob forte pressão, fundiram-se sempre aos pares. E não se tratou de uma simples soma: os novos "tijolos" de matéria, contendo dois átomos soldados entre si, formavam um novo elemento, o hélio. O Sol provavelmente nasceu dos restos de outra estrela, que por sua vez também pode ter nascido assim.
Trata-se portanto de um astro de segunda ou terceira geração. Essa hipótese decorre de um fato simples: o Sol contém átomos muito pesados, como o urânio, que se constituem apenas quando uma estrela morre. Nesse caso o "reator" estelar, tendo usado todos os átomos leves que possuía, já não gera o calor e a luz que serviam para conter sua própria gravidade. Assim, o velho astro desmorona sobre si mesmo. A pressão interna momentaneamente se eleva a níveis fantásticos e mesmo os átomos mais pesados podem se formar. Mas esse é também o seu canto do cisne, pois a produção de energia é tão alta que destroça a estrela numa explosão. Os seus gases, lançados ao espaço, serão as sementes de uma nova estrela.
O mesmo destino aguarda o Sol. Mas sua morte não será tão espetacular porque ele contém relativamente pouca matéria. Dentro de 5 bilhões de anos, ao esgotar-se o seu combustível, haverá um excesso fatal de produção energética. A explosão resultante será lenta. O Sol apenas inchará como um balão, engolindo gradualmente os planetas mais próximos. O primeiro a ser devorado será Mercúrio, seu vizinho. Depois será a vez de Vênus e em seguida esta Terra. De amarelo, como hoje, o Sol passará para laranja, depois para vermelho. Sua superfície brilhante, enormemente expandida, terá uma temperatura mais baixa, mas emissão total de calor será maior.
Portanto, antes de desaparecer dentro do já então rarefeito gigante vermelho, a Terra será assada em fogo brando. Em questão de duzentos anos, por exemplo, a temperatura média do planeta vai no mínimo dobrar - e não há forma concebível de vida capaz de resistir a tamanha subversão. As calotas polares, derretendo, encherão os oceanos. Boa parte dos continentes ficará submersa e não haverá refúgio possível contra o calor infernal que se espalhará por toda a parte.
"Uma vasta Amazônia, quente e úmida, se estenderá pelo planeta", imagina o físico canadense Hubert Reeves. "Mais tarde, intermináveis incêndios consumirão tudo o que há de orgânico." Reeves imagina que seja possível dobrar o tempo de vida útil do Sol, despejando nele um arsenal de bombas de hidrogênio, de modo a puxar combustível novo das camadas externas para o centro, onde se dão as reações nucleares. Mas talvez nunca venha a existir tecnologia suficiente para fazer essas bombas explodiram, não na superfície, mas dentro do astro, como seria necessário. Enfim, depois de alguns milhares de anos, a própria Terra se fundirá. Baforadas tórridas encerrarão o espetáculo, consumindo e espalhando pelo espaço a matéria do Sol e de todos os planetas, mesmo os mais distantes, como Netuno e Plutão.
No centro do sistema solar, então, restará apenas o antigo núcleo do Sol - uma "anã branca", no dizer dos astrônomos. Quase cem vezes menor do que a estrela Sol que lhe deu origem, desprovida de combustível, ela queimará os seus restos, lentamente, como o carvão que sobra de uma fogueira. Ao cabo de mais meio bilhão de anos, a anã se tornará negra e gelada e não voltará a brilhar. Em vez disso, a matéria que a rodeava no passado terá formado uma nova estrela, em outro lugar.




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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A Ciência do chute com efeito - Futebol

A CIÊNCIA DO CHUTE COM EFEITO - Futebol



Na história do futebol, alguns jogadores ficaram famosos por seus tiros enviesados, que surpreendem os goleiros ao mudar subitamente de rumo. Mas essa invejável habilidade tem explicação científica.

A bola, chutada quase da intermediária, subiu demais, passando por cima da barreira formada a uma distância de 10 metros. Se continuasse nessa trajetória, iria fatalmente para fora do campo. De repente, porém, a bola fez uma curva no ar e pareceu perder força, surpreendendo o goleiro, que nem sequer teve tempo de corrigir seus cálculos e saltar antes que ela caísse suavemente dentro de suas redes. O gol, aos 27 minutos do segundo tempo no jogo com o Peru, classificou o Brasil para a disputa da Copa do Mundo de 1958, na Suécia. O resto da história todo mundo conhece: Brasil, campeão mundial de futebol revelando ao mundo um meia-esquerda apelidado Pelé.
Mas o gol que levou o Brasil à Suécia nasceu dos pés de um meia-direita. O goleiro peruano foi traído pela folha-seca - a grande especialidade de Valdir Pereira dos Santos, do Botafogo do Rio de Janeiro, conhecido como Didi. É provável que ele não soubesse disso, mas dois fenômenos aerodinâmicos são responsáveis por aquele e dezenas de outros gols parecidos que marcou: a força ascensional, a mesma que.ajuda os aviões a voar, e o chamado efeito Magnus, de onde se originou a expressão tiro com efeito, para designar os chutes enviesados que fazem o desespero dos goleiros.
Atuando sobre um avião em vôo, a força ascensional se manifesta quando o ar que passa ao redor do aparelho alcança uma velocidade maior na parte superior das asas. Isso acontece justamente por causa da forma especial do perfil das asas nos aviões. Segundo uma lei formulada pelo físico e matemático suíço Daniel Bernouilli, no século XVIII, a pressão sobre um gás ou uma superfície será menor quanto maior a velocidade do fluido. Por isso, a pressão na parte superior da asa é menor que na parte inferior. Essa diferença de pressão gera uma força que fornece ao avião seu empuxo aerodinâmico. A força ascensional aerodinâmica pode aparecer também aliada ao efeito Magnus no vôo de uma bola - quando, além de subir, ela gira ao redor de seu próprio eixo. Os jogadores de futebol costumam dizer então que a bola está "envenenada".
Ao girar sobre seu próprio eixo, a superfície da bola sofre o atrito do ar. Isso influi na velocidade com que o ar passa ao seu redor: na parte superior da bola, o ar é mais rápido; na inferior, mais lento. Devido a essa diferença de velocidade - assim como no caso das asas do avião -, ocorre uma diferença de pressão entre a parte de cima e a de baixo; em conseqüência, chutada embaixo, a bola sobe, numa trajetória também determinada pela força de gravidade e a resistência do ar.
Já a intensidade do efeito Magnus e sua influência na trajetória da bola dependem de vários fatores. A superfície áspera da bola e a grande velocidade do giro sobre o próprio eixo, em relação à velocidade de vôo, aumentam o efeito. Já a influência na trajetória aparece principalmente nas bolas mais leves. O efeito Magnus foi observado pela primeira vez em 1852 pelo físico alemão Gustav Magnus - daí o nome -, a pedido da Comissão de Provas da Real Artilharia Prussiana. Pouco a pouco, essas observações começaram a ser aplicadas em vários campos da ciência.
Mas não apenas os cientistas recorreram às descobertas de Gustav Magnus. Desde muito cedo, na história moderna do futebol, também os jogadores aprenderam na prática a chutar com efeito. Os princípios são simples: se a bola é chutada na parte de cima, tende a sofrer uma queda mais acentuada; se o chute é aplicado na parte de baixo, a bola volta para trás - um recurso muito usado na jogada conhecida como "bicicleta", que o atacante brasileiro Leônidas da Silva celebrizou, na década de 30.
Bater na bola lateralmente faz com que, em função do giro sobre seu próprio eixo - para a direita ou para a esquerda -, ela se desvie da trajetória normal. Chutando corretamente a bola - na parte de cima ou de baixo, na lateral direita ou esquerda - é possível fazê-la descrever curvas numa trajetória aparentemente imprevisível. Os jogadores mais habilidosos até conseguem marcar gols em cobrança de escanteio, quando a bola parte da mesma linha onde estão fincadas as traves. E o gol olímpico, assim chamado por ter sido obtido pela primeira vez pela Seleção do Uruguai nos Jogos Olímpicos de 1924.
No Brasil, quem não se lembra das cobranças de falta de Nelinho, no Cruzeiro de Belo Horizonte ou na seleção, há seis anos? "Ele foi o mais impressionante cobrador de faltas que já conheci", lembra o cronista esportivo Vital Bataglia. "Alguns, como Pepe, do Santos, ou Miranda, do Corinthians, até chutavam mais forte; outros, como Ailton Lira, do Santos, e Mário Sérgio, do Grêmio de Porto Alegre e depois do São Paulo, eram virtuoses do efeito. Mas nenhum deles, como Nelinho, combinava perfeitamente as duas coisas a ponto de dar a impressão de que a bola mudava de rumo três vezes no ar."
Para contrabalançar a vantagem que os chutes de Nelinho davam ao time do Cruzeiro, seu arquiinimigo no futebol mineiro, o Atlético, contava com o ponta-esquerda Éder, também ele um artista na cobrança de faltas, com seus chutes fortes e cheios de efeito. Éder, Nelinho e o flamenguista Zico substituíram, na Seleção Brasileira, outros especialistas na arte de envenenar a bola: Gérson e Rivelino, estrelas da seleção que conquistou o tricampeonato mundial em 1970.
A maior dificuldade nesse tipo de chute está em bater na bola com força suficiente para obter uma mudança significativa em sua rota normal. Uma bola oficial de futebol tem um peso relativamente alto - entre 453 e 534 gramas - e não é fácil fazê-la descrever uma curva no ar.
Quem já chutou uma bola de praia sabe como ela descreve as mais estranhas curvas. Isso acontece porque, sendo muito leve, lhe é muito difícil vencer a resistência do ar. Ao ter o movimento de rotação sobre seu próprio eixo interrompido pelo ar, ela muda bruscamente de direção. Alguns jogadores têm um domínio tão grande dos chutes de efeito que não o utilizam apenas na cobrança de faltas, mas também para lançamentos de longa distância aos companheiros.
O mestre de todos eles, Didi, aprendeu a arte com outro gênio em bolas envenenadas: Jair Rosa Pinto, Mestre Jajá, como era chamado, não chegava a impressionar os adversários. Mas de seus pés pequenos, calçados com chuteiras número 37, saíam bolas que ele colocava onde desejava, depois de fazê-las descrever graciosas curvas no ar. Observando Jair Rosa Pinto, Didi desenvolveu sua folha-seca.
Embora teoricamente não tenha segredo para os profissionais do futebol - que o chamam de "três dedos", pela forma com que o pé bate na bola -, o chute de Didi ainda não foi imitado. Elegante, boêmio e sem paciência para as longas sessões de treinamentos físicos - "no futebol, quem deve correr é a bola, não o jogador", dizia -, Didi batia na bola com impulso suficiente para fazê-la chegar até perto do gol adversário, para então perder força, descrever uma curva e cair suavemente, como uma folha seca levada pelo vento.

Ensinamentos do mestre.

Em seu livro, Jogando com Pelé, ele ensina como enviesar um tiro: "Usa-se o dorso interno ou externo do pé para os chutes de curva. A fim de obrigar a bola a fazer uma curva para a esquerda, chuta-se com o dorso interno do pé, visando não o meio, mas o lado direito da bola, no caso de o chute ser feito com o pé direito. Com o esquerdo, a ação é ao contrário. Se você quiser chutar em curva para a direita - com o pé direito -, utilize o dorso externo do pé e a área de impacto é o lado esquerdo da bola. Os lados interno e externo do pé são usados nos chutes próximos à meta, quando o goleiro adversário sai do gol em direção ao atacante.
O goleiro sempre oferece um canto da meta, tentando obrigar-nos a chutar naquele canto, como ele queria. É por isso que, quando próximos da meta, devemos colocar a bola, observando bem a posição do goleiro. Sabe por quê? É muito mais fácil o goleiro defender um chutão do que um chute fraco, mas bem colocado. No chutão, a bola sai violentamente, mas não modifica muito a sua rota, e o chute com menos força, mas colocado, pode modificar o rumo pela maneira como a gente bate na bola. Com a parte interna do pé, é possível colocá-la muito bem, porque a área de contato é maior, portanto a precisão do chute também é maior"




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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Prova de Fogo - Vestibular

PROVA DE FOGO - Vestibular



Toda virada de ano é tempo de guerra para muitas centenas de milhares de jovens brasileiros. O alvo é um lugar na faculdade, e o campo de batalha, o temido vestibular - motivo de mudança de hábitos, de tensão e angústia que as pressões familiares apenas conseguem agravar.

Dezembro e janeiro são meses de vestibular. Este ano, algo como 1,9 milhão de jovens estão na briga pelas cerca de 440 mil vagas existentes nas faculdades brasileiras. O exame vestibular é a culminação de meses de esforço, angústia e rotinas alteradas - um processo massacrante, desgastante, sofrido, na opinião quase unânime de educadores, psicólogos e estudantes. Mas como selecionar entre tantos candidatos os mais bem preparados, se as vagas são necessariamente menores?
A relação este ano é de aproximadamente quatro candidatos para cada vaga. Há um decênio a proporção era menor. Em 1976, por exemplo, apenas 2,47 candidatos disputavam uma vaga. Quatro por um é a média nacional. Nos cursos mais concorridos, como Medicina, os números são mais ásperos. Na Universidade Federal do Rio de Janeiro a proporção é de 21 candidatos para cada vaga, e na Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Campinas nada menos que oitenta jovens competem por uma única vaga.
Supõe-se que os vencedores dessa guerra sejam os melhores - mas nem sempre é assim. Vera Guimarães, psicóloga do Curso Objetivo de São Paulo, observa: "Existem alunos preparados que não entram na primeira vez, às vezes nem na segunda, ou porque tiveram um ´branco´ na hora ou porque no fundo estão indecisos sobre a carreira a seguir". É sabido que a influência que a família busca exercer nessa escolha mexe bastante com as emoções dos jovens - não raro de forma negativa.
O caso de Judite Jeng, 20 anos, é um bom exemplo: "Meus pais queriam que eu fizesse Medicina e não admitiam de jeito nenhum que eu estudasse Jornalismo, como pretendia", ela relata. "Então, no terceiro colegial, optei por Computação, porque não era nem Medicina nem Jornalismo. Apesar de me considerar bem preparada, não consegui entrar. Enquanto isso, minha irmã mais nova passou direto do colegial para a faculdade de Medicina, e minha situação ficou muito incômoda."
Judite conta que o período em que ficou esperando pelos resultados foi o de maior agonia. "Eu nem dormia mais à espera de novas listas. Pensava em como encarar a família; parecia que eu era a pessoa mais burra do mundo", diz ela. Reprovada, resolveu fazer o que queria de fato: Jornalismo. Passou um ano fazendo cursinho, mas nem assim entrou na Universidade de São Paulo. "Doeu muito", lembra Judite, agora aluna de uma faculdade particular.
Na escolha da carreira, a opinião dos pais sempre pesa. Célia Horie Putini, 17 anos, que estuda em média oito horas por dia para entrar em Medicina, conta que os pais tentam tranqüilizá-la, dizendo que se não entrar não tem importância, pois a carreira que escolheu é difícil. "Mesmo assim", diz ela, "acho que eles têm 90 por cento de expectativa de que eu passe." No entanto, as expectativas não são exclusividade familiar e dos próprios estudantes. Célia observa que "a cobrança começa na escola: quando se é boa aluna, os professores vivem dizendo que vamos entrar. Todo mundo fica esperando por isso".
É comum os pais prometerem recompensas aos filhos pelo esforço de passar nos exames. A jovem E.G., 19 anos, que também pretende entrar na faculdade de Medicina e prefere não se identificar, conta que o pai lhe prometeu um carro. Mas isso, para ela, não representa um estímulo, e sim uma cobrança. "Estou estudando porque quero fazer Medicina, não para ganhar um carro", diz. Além de complicações de ordem psicológica, o vestibular também obriga o jovem a mudar de hábitos em função das horas de estudo redobradas. Paula Negreiros Abbud, 18 anos, candidata a uma vaga no curso de Arquitetura, começou no segundo semestre a fazer cursinho juntamente com o terceiro colegial. Nessa época, ela já havia deixado o curso de jazz, que lhe exigia tempo, e passou a fazer apenas ginástica.
Mas até isso ela teve de abandonar. Por achar que o cursinho não estava ajudando muito, decidiu com uma amiga estudar para valer, todos os dias, menos nos fins de semana, invariavelmente das 14 às 20 horas. "O vestibular é a pior coisa que já passei na vida", resume Paula. "Se você se deixar levar pela neura do vestibular, vai acabar se perdendo dentro de si mesma." Ricardo Lombardi, 17 anos, deixou de praticar esportes, ouvir discos com calma e até mesmo ler um livro durante uma tarde inteira, por causa do vestibular de Direito.
Ele assiste às aulas praticamente o dia inteiro: de manhã no colégio, à tarde no cursinho. "À noite, quando chego em casa", diz, "dou uma olhada na matéria do cursinho e estudo mesmo para as provas do colégio." Em sua opinião, não é tão difícil entrar na faculdade de Direito. Mas, se não conseguir este ano, "a vida não vai acabar". Uma coisa é certa: sejam quais forem as carreiras escolhidas - menos ou mais concorridas -, os nervos dos candidatos passam por uma dura prova. Ricardo reconhece: "Qualquer coisa me irrita". Paula Abbud concorda: "A gente fica confusa e se zanga com muita facilidade". Para Célia Putini, "a responsabilidade é muito grande e por isso a gente renuncia até aos amigos; no vestibular você está decidindo a sua vida", acha ela.
Invenção chinesa, os exames surgiram por volta do século X, quando imperadores da dinastia Sung idealizaram um sistema para selecionar futuros funcionários, sem os costumeiros apadrinhamentos. Pela primeira vez, o candidato era submetido a rigorosas provas, com critérios de correção igualmente severos para evitar qualquer tipo de fraude. Foram precisos oito séculos e uma revolução - a francesa - para que o sistema de seleção por mérito chegasse à Europa. No Brasil, os exames para selecionar candidatos às faculdades surgiram em 1911. Ao longo dos anos, esses concursos, como eram chamados, foram se modificando.
A professora Irene de Arruda Cardoso, que leciona Sociologia da Educação na Universidade de São Paulo, recorda que "até os anos 60 cada curso elaborava seu próprio vestibular". Além das provas dissertativas, havia também um exame oral. "Eram formas melhores de avaliação", acredita Irene. Na década de 70, os vestibulares foram unificados - ou seja, passaram a ser elaborados por um único órgão criado para isso. Pretendia-se, assim, evitar que um candidato disputasse mais de uma vaga no mesmo ano. Recentemente, algumas universidades, como a Estadual de Campinas e a Federal do Rio de Janeiro, decidiram elaborar seus próprios vestibulares, abandonando o sistema unificado.
Há vinte anos dirigindo vestibulares, o professor Carlos Alberto Serpa de Oliveira, presidente da Fundação Cesgranrio - que realiza os vestibulares unificados do Rio de Janeiro -, se declara contra qualquer tipo de vestibular, dissertativo ou por testes de múltipla escolha: "Os exames são feitos nas piores condições psicológicas, em três, quatro dias, com um vastíssimo programa que pretende avaliar onze anos de estudo como forma de predizer o sucesso na universidade".
Por isso, há dois anos Serpa vem propondo uma alternativa, que de início seria aplicada em caráter experimental. Durante os três anos do segundo grau, os alunos seriam submetidos a provas semestrais, que cobririam o programa dado naquele período. Ao final do curso, todos teriam então uma nota média e em seguida fariam testes de aptidão - verbal, numérica e abstrata -, que não dependeriam de conhecimentos adquiridos na escola. Eles teriam peso pelo menos igual ao da média obtida nas avaliações semestrais. E o problema da proporção entre candidatos e vagas? Serpa lembra, a propósito, que praticamente em nenhum país do mundo a universidade está aberta para todos.
De fato, ninguém escapa ao vestibular. Nos Estados Unidos, por exemplo, a seleção se faz por meio das notas obtidas no colegial, mais um teste de aptidão e outro de conhecimentos. Já os jovens alemães são avaliados pelo abitur, como é chamado ali o rigoroso exame. Se não passarem no primeiro vestibular, no segundo só poderão concorrer à metade das vagas. Se derem o azar de não passar de novo, nunca mais poderão disputar uma vaga na universidade. No extremo oposto está a Argentina, onde o governo do presidente Raul Alfonsín acabou com os vestibulares tradicionais. Assim, qualquer estudante que tenha concluído o segundo grau pode entrar no chamado ciclo comum básico da universidade. É aí que a seleção se realiza de fato, pois nele todas as provas são eliminatórias.
Por sua vez, os jovens franceses interessados em entrar nas procuradíssimas Grandes Écoles enfrentam provas severas. Quem preferir a Université, que oferece todo o tipo de formação, deverá ter concluído o baccalaurèat, o exame final dos estudos secundários. Nesse sistema, os que se inscrevem primeiro conseguem candidatar-se às melhores faculdades. Mas, na verdade, a maioria das escolas mais procuradas na França faz seleção disfarçada, escolhendo os estudantes que apresentarem os melhores currículos escolares.
No Brasil, um sistema de avaliação como esse não seria possível, observa Waltemir Miguel Loureiro, diretor pedagógico do Colégio Palmares, em São Paulo, "porque existem diferenças muito grandes de programas ministrados nas escolas de segundo grau, tanto nas particulares quanto nas públicas". Assim, o jeito é enfrentar a fera. Para tentar amenizar as tensões e angústias que cercam o vestibular, um grupo de psicólogas criou em 1986, em São Paulo, um programa muito especial: o SOS vestibulando.
"São moças e rapazes que nos procuram, principalmente em novembro e dezembro, com uma ansiedade generalizada que se manifesta em sintomas físicos como insônia, gastrite, falta de apetite, taquicardia e pânico, vontade de largar tudo", descreve Maria Cristina de Carvalho, uma das coordenadoras da clínica. O programa é uma terapia à base de sessões de psicodrama e não precisa necessariamente ter continuidade. Maria Cristina explica que o jovem enfrenta o dilema de ter de conciliar seu desejo de auto-realização com as realidades do mercado de trabalho e a busca de uma boa situação financeira.
Mas em meio a tantos conflitos também existem exceções. Fábio Silveira, 17 anos, candidato a uma vaga na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, não tem dúvidas quanto ao que quer: "Se eu conseguir entrar este ano, melhor. Se não, depois eu tento novamente". Em sua opinião, "as pessoas não deveriam enfrentar um vestibular no fim do colegial, se ainda não têm certeza do que querem realmente". Afinal, diz ele, "é difícil decidir aos 17 anos o que você quer fazer pelo resto da vida".

"A gente tem medo".

Fã de Tom Jobim, Carlos Lyra, Vinicius de Moraes e Chico Buarque, o paulista Nilo de Medina Coeli Neto, 17 anos, preparou-se o ano inteiro para disputar uma das concorridas vagas do curso de Administração da Fundação Getúlio Vargas, ou uma das não menos procuradas vagas do curso de Economia da Universidade de São Paulo. Por isso, abandonou as aulas de violão de que tanto gostava e o vôlei na praia nos fins de semana. Como ele diz, "acho que não consigo me dedicar a nada que não seja o vestibular".
Aluno do terceiro ano colegial, Nilo acorda às 6h30 todas as manhãs, toma um café reforçado e chega ao colégio às 7h20. Duas vezes por semana, tem aulas à tarde também. Outras duas tardes são ocupadas com aulas de inglês. Nesses dias, almoça no colégio. Com tantas aulas e por freqüentar uma escola considerada "puxada", Nilo resolveu não fazer cursinho. A escolha da carreira não foi fácil, mas de uma coisa ele tinha certeza: não queria Exatas (Engenharia, Física, por exemplo) nem Biológicas (Medicina, Odontologia, entre outras). Ouviu então o pai e o avô, que o aconselharam a escolher algo de que gostasse e que tivesse ao mesmo tempo uma aplicação prática.
Assim, optou por Administração curso pelo qual afirma ter bastante interesse: "Pretendo um dia ter meu próprio negócio". Nilo garante que os pais nunca o pressionaram para que estudasse isso ou aquilo: o pai só reclamava quando tirava notas "vermelhas". Nilo não difere muito de outros vestibulandos nas reações à tensão que cerca o vestibular: "A gente tem medo de não entrar, de perder o ano, de ter que fazer tudo de novo".




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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O sentido da vida - O olfato

O SENTIDO DA VIDA - O olfato



Um simples aspirar e basta - qualquer cheiro é suficiente para despertar fome, provocar atração ou repulsa, trazer de volta cenas do passado. Cheirar é se emocionar sempre. Mas na maioria das vezes isso é tão sutil que não se dá importância e se acaba torcendo o nariz para o olfato - o mais primitivo e intrigante dos sentidos, e com certeza o menos conhecido pela ciência. Poucos percebem que, num mundo onde quase tudo tem odor, é esse sentido que decifra as mensagens químicas - das quais freqüentemente depende a própria sobrevivência - passadas pelos animais, vegetais, minerais e objetos manufaturados.
Além disso, é graças ao olfato, um aliado do paladar, que se sentem as diferenças de sabores, o que faz toda a diferença quando se está resfriado.
Para a maioria das espécies animais, o olfato é uma questão de vida ou morte. As gazelas são um exemplo: ao sentir o cheiro do leão ou de outro carnívoro feroz, saem correndo antes do ataque. Já entre os ratos, o olfato exerce um papel mais sofisticado: se uma rata é fecundada por um membro de sua própria família, aborta imediatamente ao sentir o odor de um rato estranho, com o qual se acasalará logo em seguida - como se tivesse consciência de que a mistura dos genes garante uma prole mais saudável.
Apesar de tudo, a função do olfato foi perdendo importância no decorrer da evolução das espécies. Os primeiros seres, que viviam nas profundezas dos oceanos, certamente só possuíam esse sentido, com o qual localizavam a comida, descobriam os parentes e evitavam os inimigos. O cérebro tinha apenas centros olfativos, que interpretavam os odores, e centros motores, que controlavam os movimentos. Quanto mais as espécies foram evoluindo, diminuía o tamanho da área cerebral especializada no olfato, chamada rinencéfalo, que cedeu espaço para outras estruturas especializadas. No homem, por exemplo, uma área do rinencéfalo foi ocupada pelo uncus, a parte do cérebro que controla as reações motoras do organismo diante das emoções, como tremer de medo.
No final das contas, o nariz do homem acabou perdendo para qualquer focinho de animal. No ser humano, as células olfativas cobrem uma área de 10 centímetros quadrados do nariz; já no cachorro, essas células ocupam 25 centímetros quadrados; e no tubarão, 60. Enquanto o homem, para perceber o cheiro do ácido acético - presente no vinagre - precisa de 500 milhões de moléculas dessa substância por metro cúbico de ar, o cão pode sentir o mesmo cheiro com apenas 200 mil moléculas.
Esse número de moléculas pode parecer imenso, mas é um nada perto da quantidade de substâncias odoríferas que as coisas exalam a todo instante. Uma pessoa produz cerca de meio litro de suor por dia; desse volume, apenas uma fração mínima passa pela sola do sapato. Mesmo assim, a cada passo deixa-se no chão cerca de 250 mil moléculas de ácido butírico, um dos componentes do suor. Com apenas um milésimo dessa quantidade, um cão poderia sentir seu cheiro - eis por que ele consegue farejar um rastro, mesmo quando a pessoa já passou há algum tempo e muitas das moléculas de seu suor se evaporaram.
Para que algo tenha cheiro é necessário que seja volátil, ou seja, que solte moléculas gasosas. E, no caso, justiça se faça ao nariz humano: apesar de menos equipado, entre todos os mamíferos, sua capacidade é maior do que se imagina. Segundo o otorrino Paulo Augusto de Lima Pontes, professor da Escola Paulista de Medicina, basta que apenas dez moléculas alcancem a câmara olfativa do nariz para que determinado odor seja sentido. "Todo o processo", ele explica, "não leva mais que um décimo de segundo." Tamanha rapidez não significa que tudo seja simples. A olfação é tão complexa que só no século passado foram formuladas cerca de quarenta teorias diferentes a respeito de seu funcionamento. No século passado, também se acreditava que existiam aromas básicos, que formariam todos os odores conhecidos, da mesma maneira como as cores primárias compõem as demais cores. Se fosse assim, as moléculas de uma rosa dentro da câmara olfativa acionariam células receptoras especializadas em aromas florais. Mas como o dono do nariz saberia a diferença entre o perfume da rosa e o do jasmim? Hoje em dia, os cientistas pensam que um determinado odor seria reconhecido no cérebro pela combinação dos tipos de receptores que estimulariam, e pela quantidade e intensidade desses estímulos. A variedade de odores que um nariz pode reconhecer é colossal. "Cada pessoa", diz o professor Pontes, "tem aproximadamente 25 milhões de receptores olfativos e todos eles podem ser diferentes entre si."
Todo esse equipamento está pronto para entrar em ação assim que se nasce - enquanto os demais sentidos só vão funcionar perfeitamente depois de alguns dias de vida. Observando o comportamento dos bebês, os cientistas concluíram que a partir da primeira semana eles já reconhecem o odor da mãe. Todas as pessoas, por sinal, têm um cheiro próprio, uma espécie de combinação final de todas as substâncias odoríferas liberadas através da pele. Não se sabe ainda se o cheiro de cada um é de fato uma marca registrada tão particular como uma impressão digital. É provável que sim.
Os adultos também reconhecem o odor de outras pessoas. Cientistas italianos descobriram que um dos primeiros sinais do final de um romance é quando um dos parceiros passa a não suportar o cheiro do outro - um cheiro, aliás, sutil, embaçado por perfumes e desodorantes, e que portanto necessita de muita intimidade para ser captado pelo nariz humano. Nos animais a relação olfato-sexo é absoluta. É pelo cheiro que os machos da quase totalidade das espécies ficam sabendo que uma fêmea está no cio. Nesse sistema de informação, as mariposas parecem imbatíveis: um macho pode sentir o cheiro de uma fêmea a 2 quilômetros de distância.
Se os seres humanos não precisam se cheirar uns aos outros para reconhecer quem é homem e quem é mulher, certamente precisam do olfato para experimentar a atração sexual, embora isso não seja consciente. Sexo sem cheiro também dá prazer, mas nem tanto, descobriram recentemente cientistas norte-americanos. Numa pesquisa, eles verificaram que uma de cada quatro pessoas com anosmia - perda total de olfato - tem problemas de desempenho sexual.
Não se sabe quantos brasileiros sofrem de perda parcial ou total do olfato, mas quando o problema ocorre quem mais reclama são as donas de casa. Elas percebem que não têm mais olfato quando deixam o feijão ou o café queimar. As donas de casa, ao menos, reclamam da falta de capacidade de sentir odores. Mas muitas pessoas que perdem o olfato não sabem que o perderam. "Quem vai aos consultórios porque perdeu o olfato", conta o alergista Fábio Morato Castro, de São Paulo, "geralmente reclama de que não sente mais o gosto da comida."
A perda de olfato, além de estar associada à depressão, pode levar à desnutrição. É lógico. O nariz é o grande responsável pelo apetite: qualquer pessoa, sem perceber, cheira melhor quanto mais perto da hora de comer, o que faz com que sinta o aroma da comida de longe. Quando isso acontece, o cérebro manda o estômago produzir sucos gástricos. As glândulas salivares, então, entram em ação: fica-se literalmente com água na boca.
Metade do sabor é cheiro. As papilas gustativas da língua, que sentem o gosto das coisas, identificam apenas quatro sabores básicos: amargo, azedo, doce e salgado. A diferença entre um pudim de leite e um copo de vinho, por exemplo, é dada pelo cheiro de cada um. Afinal, uma pessoa cheira o ar quando aspira e quando expira. Quando se expira, o fluxo de ar, que passa pela garganta, capta moléculas odoríferas do alimento que está sendo mastigado. Essas moléculas alcançam assim a câmara olfativa; o cérebro, então, soma as informações das papilas gustativas com as do olfato e o resultado é o paladar. Por isso, quando se está gripado e a câmara olfativa fica cheia de muco, impedindo que as moléculas entrem em contato com os receptores, não se sente direito o gosto das coisas.
O odor é tão importante para o sabor que as indústrias de alimentos investem milhões nos chamados aromatizantes artificiais. Hoje já existem mais de dez mil aromatizantes - cada um o resultado da combinação de duzentas a trezentas moléculas de substâncias diferentes. O aroma artificial de morango, que existe desde a década de 60, consumiu exatamente vinte anos de pesquisas. Algumas vezes os aromatizantes artificiais são muito mais caros que os naturais. O aroma artificial de baunilha é cerca de duzentas vezes mais caro que a baunilha natural. Apesar disso, a indústria prefere o aromatizante porque tem o odor dez vezes mais forte, garantindo um sabor muito mais acentuado de baunilha.
Todos conhecem a chatice de não sentir o sabor e o cheiro das coisas, quando se fica resfriado. Mas, quando a causa é uma alergia, a recuperação pode levar anos. "A cura, de certa forma, é fácil", diz o doutor Fábio Castro. "Na maioria dos casos basta afastar a causa da alergia. Se for impossível o afastamento - por exemplo, se for alergia à grama, não podemos proibir a pessoa de passar na frente de praças -, recorremos a antialérgicos." A cura depende de se descobrir a causa da alergia - o que às vezes leva tempo.
O nariz, afinal, é vítima de muitas alergias - algumas causadas por fatores que o atacam diretamente. "Muitas vezes", explica o alergista Laércio José Zuppi, "os próprios medicamentos para gripes e rinites irritam a mucosa olfativa, levando a uma perda temporária do olfato. A poluição, cada vez maior nas grandes cidades também ajuda a enfraquecer o olfato. Em certos casos, os danos à mucosa são irreversíveis: mesmo recuperado da alergia, o paciente não volta a sentir bem os odores.
Conservantes de alimentos podem causar alergias a longo prazo, que por sua vez podem causar a anosmia. Os medicamentos, porém, encabeçam os fatores que provocam esse tipo de problema, em especial os remédios para hipertensos, os diuréticos e o ácido acetilsalicílico, o mais popular analgésico.
Mas a maior causa de perda de olfato são os acidentes. Calcula-se que uma entre cada quinze pessoas com traumatismo craniano passa a viver num mundo inodoro. No caminho dos nervos que levam a mensagem olfativa ao cérebro, existe uma lâmina cheia de furinhos, o osso etnóide, que pela fragilidade e localização - abaixo do crânio - está sujeita a rachar em acidentes. "Se apenas um lado da lâmina é danificado, muitas vezes a pessoa nem sente que perdeu o olfato, porque um único lado sadio da cavidade nasal basta para que se tenha a sensação de cheiro", explica o neurologista Luiz Celso Vilanova, da Escola Paulista de Medicina. Outros problemas neurológicos, como tumores, podem causar a perda da sensação de odor. Mas nesses casos os sintomas são tão graves, como fortes dores de cabeça, que a pessoa nem sequer percebe que não sente mais cheiros.
Pesquisas norte-americanas sugerem que a capacidade de cheirar se desgasta com o tempo, mesmo quando o indivíduo é são: um quarto das pessoas entre 65 e 75 anos tem dificuldade em identificar odores; com mais de oitenta anos, quase cem por cento têm o mesmo problema. Em qualquer idade, as mulheres têm melhor olfato que os homens - com exceção das grávidas. No começo da gestação, a hipófise pode inchar o suficiente para comprimir os nervos do olfato que passam pelo crânio. "Em conseqüência", conta o ginecologista Nicolau Caivano, "muitas gestantes ou deixam de sentir cheiros ou passam a sentir cheiros que nem existem". Daí com certeza vem a lenda de que as grávidas têm olfato mais apurado.
Uma das funções mais importantes e mais conhecidas do olfato é estimular a memória. Pessoas com problemas olfativos às vezes não conseguem evocar situações com facilidade. A ciência não sabe explicar essa relação. Supõe-se que, para reconhecer qualquer coisa, o cérebro puxe de seu arquivo um fato do passado. De outro modo, apenas registraria odores, sem saber exatamente do que são. Assim, diante de uma flor, talvez a mente produza associações com momentos do passado - uma brincadeira de criança num jardim ou um passeio com a namorada num parque. Pois, se não bastasse tudo o mais, o olfato é também, misteriosamente, o mais nostálgico dos sentidos.

Como fazemos para cheirar bem.

Os odores são sentidos na chamada área olfativa da cavidade nasal. Trata-se de uma câmara situada num lugar pouco acessível, na parte mais alta e funda do nariz, longe do fluxo do ar que respiramos. Existe um motivo para isso: se as células olfativas, que são muito sensíveis, ficassem demasiado expostas ao ar, acabariam danificadas pela poeira e o sobe-desce da temperatura.
Por causa dessa localização, ocorre um fenômeno estranho: quando se respira normalmente não se sente cheiro algum. Mas, quando um odor qualquer existe no ar numa concentração relativamente alta, algumas poucas moléculas odoríferas podem alcançar a câmara. Diante dessa sensação ainda imprecisa, o cérebro ordena uma segunda aspiração mais forte - para provocar o que os cientistas chamam turbilhão de ar dentro do nariz, capaz de carregar as moléculas para a câmara olfativa. Tudo isso acontece num relance e sem que a pessoa se dê conta.
Na câmara, as moléculas são atraídas para a mucosa amarela formada pelas células olfativas, também chamadas de receptores. No lado externo, um receptor possui cílios microscópicos cobertos por uma fina camada de muco, no lado interno, ele se prolonga sob a forma de um nervo. Durante muito tempo, acreditou-se que os aromas eram reconhecidos graças a reações químicas entre as moléculas odoríferas e o muco. Tais reações seriam sentidas pelos cílios dos receptores, que as transformariam em estímulos nervosos.
"Hoje se sabe que o processo não é químico, mas físico", explica o professor Paulo Pontes. "Os receptores avaliam o peso e os prótons liberados pelas moléculas odoríferas e, a partir disso, engatilham um certo estímulo." O muco, por sua vez, serve para proteger os receptores, e também para diluir e expulsar da câmara olfativa as moléculas do odor.
Os impulsos dos receptores são ondas elétricas que percorrem os nervos até o bulbo olfativo, uma estrutura logo abaixo da parte frontal do cérebro. O bulbo mantém uma espécie de linha direta com o sistema nervoso central: nele se dará a sinapse ou conexão com o cérebro. Até aí, tudo bem. Mas a ciência ainda fareja explicações para a questão de como o cérebro identifica um odor.




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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Um código ao alcance de todos - A linguagem visual.

UM CÓDIGO AO ALCANCE DE TODOS - A linguagem visual.



A linguagem visual pode ser encontrada por toda parte - aeroportos, rodovias, fábricas. De compreensão imediata para pessoas de idiomas diversos, ela já faz parte da moderna paisagem urbana.

A placa com o desenho de um avião indica o caminho para o aeroporto; com um prato entre uma faca e um garfo alerta que há um restaurante logo ali; o cartaz com um cigarro aceso, cortado por uma faixa vermelha, lembra que não é permitido fumar; o contorno de um homem ou mulher sobre uma porta informa que ali é um banheiro - masculino ou feminino; flechas apontam as mãos do trânsito; silhuetas humanas imitando determinados movimentos simbolizam atividades esportivas; degraus avisam que há uma escada por perto; e a clássica caveira sobre duas tíbias cruzadas adverte: perigo à vista.
Estes são exemplos de glifos, palavra grega que significa inscrição. Se comparados a seus ancestrais - os aristocráticos hieroglifos egípcios -, os modernos até que são sinais muito corriqueiros.
Enquanto os egípcios usavam os hieroglifos apenas para adornar monumentos, templos e túmulos, os atuais glifos podem ser encontrados por toda parte. A tal ponto estão incorporados à paisagem urbana, em lugares públicos, mas também em fábricas e escritórios que chegam a ser uma imagem de modernidade.
Hieroglifos, em grego, significa inscrições sagradas. Mas os glifos atuais são apenas utilitários. Eles foram se espalhando à medida que a revolução nos transportes e comunicações produziu o turismo internacional de massa, pondo a circular pelo mundo milhões de pessoas pouco familiarizadas com a língua dos países visitados. Daí a necessidade de uma linguagem que pudesse ser compreendida por qualquer um, principalmente em lugares grandes, movimentados e complexos, como os aeroportos, onde a informação rápida e precisa é fundamental não apenas para os viajantes como também para o funcionamento do próprio sistema.
Aliás, essa é mais uma diferença entre os atuais e antigos glifos. Enquanto os sinais dos egípcios eram de propósito indecifráveis para os mortais comuns, os atuais só têm sentido se forem facilmente identificáveis pelo maior número possível de pessoas de todas as condições. No meio de tantas diferenças, há pelo menos uma semelhança. Cada qual à sua maneira, os dois tipos de glifos são bonitos. Os atuais, como resultado de muitas pesquisas dos especialistas em arquitetura, comunicação visual, arte gráfica e design. Os antigos, como resultado de uma valorização cultural comparável às tradicionais formas de arte, como a pintura ou a escultura.
Os glifos modernos começaram a aparecer aos poucos, nos primeiros anos do século. A iniciativa coube aos clubes automobilísticos da Europa e dos Estados Unidos. Preocupados com a sorte dos calhambeques e de seus arrojados, mas por definição inexperientes, motoristas, que irrompiam por cidades, vilarejos e estradas instalaram as primeiras e toscas placas de trânsito.
Como é fácil imaginar nesses tempos pioneiros, as placas às vezes vinham mais para confundir do que para explicar. Tanto que, em 1909, um congresso em Paris tentou pôr ordem nos sinais. Desde então, o código internacional de trânsito incorporou dezenas de glifos, uniformizando cada vez mais os tamanhos, símbolos e cores. Por isso, quando os motoristas ignoram suas mensagens, como acontece com tanta freqüência no Brasil, não é por não compreendê-las.
Como ocorre com qualquer linguagem, os glifos também evoluíram, ficando mais padronizados. Por exemplo, os pormenores dos desenhos foram reduzidos ao mínimo indispensável. As linhas ficaram mais uniformes, com o objetivo de atrair a atenção e permitir o entendimento instantâneo da informação contida na placa; os limites foram suavizados com curvas. Em sua maioria, os glifos passaram a apresentar figuras sólidas e escuras sobre um fundo claro. As cores tornaram-se convencionais: amarelo, para destacar; vermelho, quando indica proibição. Aliás, ao exprimir uma proibição, os glifos sempre têm uma faixa em diagonal, do canto superior esquerdo para o inferior direito.
Apesar da padronização, nem sempre os glifos são os mesmos em toda parte. Na maioria dos países, o sinal proibido estacionar é a letra P cortada por uma faixa vermelha, e no Brasil a letra cortada é o E. Isto porque nem todos entendem que a letra P é a inicial da palavra parking (estacionamento) em inglês. Enquanto o código internacional vigorou entre nós, muita gente levou multa sem saber o motivo.
Justamente para evitar confusões como essa, os criadores de glifos foram abandonando sempre que possível o uso de letras ou palavras, substituindo-as por imagens.
As vantagens, ao menos teoricamente, são evidentes - diminuem os mal-entendidos e amplia-se o número de pessoas capazes de perceber do que se trata. Nesse sentido, a placa onde se vê o desenho de um homem com uma pá cheia de terra informa mais depressa que há uma obra naquele local do que a velha tabuleta com o aviso Cuidado - homens trabalhando, que evidentemente é grego para quem não domina o idioma no qual está escrito. Por isso, pode-se dizer com segurança que a placa onde a mensagem é apresentada por meio de uma figura passa seu recado melhor do que se contiver um símbolo com uma letra. Em países onde os analfabetos têm direito de voto, as cédulas eleitorais identificam os partidos por seus emblemas - e não por suas siglas.
É o que acontece na Índia, por exemplo. Já no Brasil, o eleitor, mesmo analfabeto, precisa saber distinguir o nome e o número dos candidatos a governador, prefeito, vereador, deputado e senador.
É claro que a criação de um glifo deve levar em conta o tipo de gente que irá vê-lo. Do contrário, a emenda pode ficar pior que o soneto. A cápsula com a substância radioativa césio-137, que causou a tragédia de Goiânia em outubro último, provavelmente trazia impresso o desenho obrigatório indicativo de material radiativo adotado pela Agência Internacional de Energia Atômica. Talvez uma advertência mais eficaz fosse a caveira com os ossos cruzados, que todo mundo sabe que representa perigo.
Além disso, os especialistas observam que os glifos precisam acompanhar as mudanças tecnológicas para não se desatualizar. Assim, a corneta cruzada por uma faixa em diagonal que indica proibição de buzinar não significaria mais nada para os automobilistas da nova geração. O mesmo se aplicaria a objetos de uso cotidiano cuja forma tende a mudar, como o telefone, onde o disco em muitos países já foi totalmente substituído por teclas.
Os fãs dos glifos sonham com o dia em que esses sinais se tornarão a base de um novo esperanto, a língua universal. A antropóloga norte-americana Margaret Mead (1901-1978) já dizia em 1964 que os sinais visuais deveriam "falar todas as línguas, existir sob todos os céus e ter uma significação clara e inequívoca para todos os povos do mundo". O professor Décio Pignatari, da Universidade de São Paulo, acredita que isso ainda vai ocorrer. Para ele, a tendência é o estabelecimento de uma linguagem glífica internacional, "que todo mundo aceite por convenção". Por sua vez, os idioletos - expressões próprias de um indivíduo - poderiam, com o tempo, generalizar-se e acabar incorporados aos glifos internacionais.



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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

A imagem do amor - O Beijo

A IMAGEM DO AMOR - O Beijo.



Um dos atos humanos mais corriqueiros, o beijo pode ser sinal de paixão, afeto, respeito e amizade. Pode ser ainda uma demonstração de humildade ou de euforia. Mas nem sempre existiu como hoje, nem é praticado por todos os povos. E muda conforme os costumes.

Existem beijos libidinosos como os dados no colo e nas partes pudendas, ou o beijo cinematográfico, em que as mucosas labiais se unem numa expressão insofismável de sensualidade.
Embora pareça trecho de um manual de carícias, esse texto é da portaria de um juiz de Sorocaba, a 90 quilômetros de São Paulo, que em fevereiro de 1981 decidiu proibir o beijo na cidade. A repercussão foi imensa. Houve um ato de protesto chamado a noite do beijo, que apesar do nome acabou na maior pancadaria. Na época, chegou a se falar em sérios castigos para os manifestantes, caso algum juiz decidisse que beijar era praticar "ato obsceno em local público e aberto", de que trata o Código Penal. No fim, prevaleceu o bom senso e ninguém foi processado por exprimir seu carinho com beijos - uma demonstração de afeto que a história e a arte registram há milênios.
No mecanismo da sensualidade, o beijo é um capítulo muito especial, por estar ligado ao próprio desenvolvimento das pessoas. Beijar, explica o antropólogo inglês Desmond Morris, autor de vários livros sobre comportamento humano, entre eles O macaco nu, "tem sua origem na relação mãe - filho". Nos tempos primitivos, depois de sugar o peito, a criança recebia alimentação sólida devidamente mastigada pela mãe e passada à boca, à maneira de certos animais e pássaros. O costume ainda sobrevive em algumas tribos de várias partes do mundo. Da mesma forma como sugar o seio, esse contato tornou-se definitivamente ligado ao conforto e à segurança infantil. Acontece que beijar, como sugar, persiste na vida adulta "como um gesto de conforto fortemente associado a relações amorosas", escreve Desmond Morris.
O homem, portanto, aprende a beijar desde que vem ao mundo - e foram muitos os psiquiatras e psicanalistas, a começar por Sigmund Freud, que se preocuparam em interpretar como evoluiu esse movimento originalmente voltado à nutrição e à sobrevivência para o desfrute de um prazer. Beijamos também por costume, educação, respeito ou também por mera formalidade. E as características do beijo variam segundo o que se quer expressar com ele. Uma das primeiras representações do beijo de que se tem conhecimento são as esculturas e murais do templo de Khajuraho, na Índia, que datam do ano 2500 a.C. No século IV da era cristã publica-se na Índia o Kama Sutra, considerado o mais completo tratado sexual do Oriente, atribuído ao sábio Vatsyayana.
Um capítulo inteiro da obra é dedicado ao beijo, onde se ensina, entre outras coisas, que "não há duração fixa ou ordem entre o abraço e o beijo, o aperto e as marcas feitas com as unhas e os dedos", pois "o amor não cuida do tempo ou da ordem". Apesar disso, o Kama Sutra adverte para que sejam respeitados "os costumes de um país" - com o que até o severíssimo juiz de Sorocaba em 1981 concordaria. Segundo o manual indiano, o beijo pode ser moderado, contraído, pressionado ou suave. Pode ser direto, inclinado, voltado ou apertado. Existe até o beijo "despistante", que deve ser dado pelo homem, quando ele estiver ocupado.
O conselho que encerra o capítulo sobre o beijo no Kama Sutra exalta a reciprocidade: "Seja o que for que um amante faça ao outro, este deve retribuir; isto é, se a mulher o beijar, deve beijá-la; se ela lhe bater, cumpre igualmente bater-lhe". Na Grécia antiga, o beijo funcionava como um elemento diferenciador das hierarquias: os subordinados beijavam os superiores no peito, nas mãos ou nos joelhos, de acordo com o nível que possuíam. Os mendigos tinham unicamente o direito de beijar os pés dos senhores, e aos escravos só se permitia beijar a terra. Ou seja, quanto mais baixo o lugar do indivíduo na sociedade, mais ele devia inclinar-se para prestar a homenagem.
No século V a.C., o historiador Heródoto chegou a descrever os vários tipos de beijos e seu significado entre os persas e os árabes. Os persas se cumprimentavam com beijos que, como na Grécia, variavam de acordo com o nível social das pessoas. Relata Heródoto: "Quando pertencem ao mesmo nível social, as pessoas beijam-se na boca. O beijo no rosto é usado se existe uma pequena diferença entre elas".
Os preconceitos contra o beijo são igualmente antigos. No início da era cristã, outro historiador grego, Plutarco, que deixou uma imensa obra sobre os costumes na Grécia e em Roma, conta que Catão, o Censor (234 a.C.-149 a.C.), cessou o mandato do senador Pretorius Mamillus, porque foi visto beijando a mulher em público. Mas em particular os romanos nada tinham contra o beijo. O latim até registra três palavras para defini-lo:, osculum é o beijo amistoso, nas faces; basium, o beijo apaixonado na boca; e suavium, o beijo amoroso com ternura.
O beijo nas faces vem da época em que os humanos dependiam muito mais do olfato para sobreviver. Os homens cheiravam uns aos outros para saber se pertenciam a uma tribo estranha e eventualmente inimiga. Supõe-se que cada grupo devia possuir um odor característico, o cheiro do grupo. O beijo no rosto, portanto, não nasceu como expressão de carinho ou prazer, mas como meio de defesa. Talvez por isso os povos acostumados a habitar um ambiente hostil ou forçados a viver em pé de guerra virtualmente desconhecem o costume de beijar por afeto. Um provérbio sudanês adverte: "Jamais beijes quem seja capaz de te devorar".
Os esquimós, muito prudentes, resolveram o problema encostando as pontas dos narizes, enquanto mantêm os olhos abertos, vigiando a situação. Da mesma forma, o mongol apóia o nariz no rosto de seu par, conservando um cômodo ângulo de visão. Existem povos que nunca se beijam, como certas etnias africanas e os antigos japoneses. Certa vez, numa exibição de arte em Tóquio, a escultura de Rodin, O beijo, foi colocada atrás de um biombo. Diante da queixa de um visitante, o chefe de policia explicou: "O beijo é um detestável hábito europeu que nós, aqui, desejamos que não se cultive de maneira alguma".
Já os africanos, ao abster-se, estão tentando proteger sua alma, alegoricamente identificada no alento ou respiração. A boca e o aleitamento são a representação da vida e, para alguns povos, da alma também. O primeiro grito do recém-nascido é seu primeiro sintoma de vida. Assim também o homem abandona o mundo, dando o último suspiro. E Deus soprou a vida em Adão - assim como nos contos de fada o príncipe devolve a vida à Bela Adormecida e a Branca de Neve, vítimas de um enfeitiçamento. Mas o beijo também pode significar a morte. Segundo as regras da Máfia, quando algum membro do grupo trai seus pares, um parente é encarregado de lhe dar um beijo ritual na boca, indicando a vítima cuja execução foi aprovada pelo chefão.
Na França de Luis XIV, o Rei Sol (1638-1715), foi instituído o uso do beija-mão, que no começo obrigava os homens a inclinar-se para beijar as mãos das damas. Na verdade, muitos altos funcionários e nobres da corte nunca aprovaram o costume: achavam humilhante fazer uma reverência diante de pessoas que lhes poderiam ser socialmente inferiores. Assim, eles inventaram uma regra que não iria romper totalmente com o protocolo - aproximavam a mão das senhoras até a boca e a apertavam uma ou mais vezes, operação que não os impedia de continuar retos e com sua vaidade ilesa.
Esse gesto, em nossos dias, perdeu seu significado quase por completo, em parte como resultado da diminuição na desigualdade de tratamento entre os sexos. Continua a ser usado apenas em altas esferas sociais, como um formalismo destinado a mulheres muito importantes. Os únicos beijos que permanecem, na boca ou nas faces, são os que indicam igualdade, que se dão sem que seja preciso que uma das pessoas se abaixe. Assim se beijam os amigos, os companheiros de luta, os políticos, os esportistas, os casais e também os membros de uma mesma família.
Imortalizado nas artes como uma celebração mágica e romântica, foi com o cinema que o beijo tomou conta do mundo. Em 1896, numa pequena sala de projeções de Los Angeles, nos Estados Unidos, diante do olhar estupefato de 73 espectadores, os artistas May Irwin e John Rice beijaram-se durante quatro longos segundos. Foi um beijo explosivo, filmado em primeiro plano. Todas as associações femininas de defesa da moral e dos bons costumes dos Estados Unidos incitaram então o boicote ao filme; a imprensa também censurou o que chamou de moral de taverna. Mas Hollywood insistiu - e em 1926 chegou às telas o filme Don Juan, onde o ator John Barrymore dá 191 beijos em diversas atrizes, um recorde ainda não superado no cinema.
Mas, durante muito tempo, Hollywood foi obrigada a dosar cuidadosamente as manifestações de afeto, por causa do código Hayes, um rígido conjunto de normas sobre o que mostrar e o que esconder nas cenas de paixão. Não podendo exibir tomadas de corpos ardentes, os cineastas aprenderam a usar o beijo como metáfora. As imagens seguintes ao encontro de bocas eram as ondas do mar se desmanchando na areia ou batendo contra rochedos, uma lareira crepitando ou ainda o vôo de uma ave. E todo mundo entendia que o beijo era o começo e não The End.

Anatomia de um beijo.

Por mais sedutor e apaixonado que um beijo possa ser, sempre existe quem o reduza a uma simples troca de bactérias. Ou a um ato que pode encurtar a vida. É o caso da dra. Martine Mourier, da Faculdade de Bobigny, na França, que dedicou as duzentas páginas de sua tese de doutoramento em Medicina aos efeitos do beijo. Num beijo bem carinhoso, pesquisou a dra. Mourier, entram em ação dezessete músculos. Mais paixão exige mais do corpo: 29 músculos; ao mesmo tempo, a pressão que o rosto de uma pessoa exerce sobre a outra chega a 12 quilos. É nessa hora que trocam de boca pelo menos 250 bactérias.
Além da circulação bacteriana, o beijo representa uma troca de 9 miligramas de água; 18 miligramas de substancial orgânicas; 7 decigramas de albumina; 711 miligramas de materiais gordurosos; e 45 miligramas de sais minerais, segundo a minuciosa médica francesa. Pesquisas norte-americanas informam também que os batimentos cardíacos passam dos normais setenta para 150 por minuto. Daí, ela conclui que um beijo muito entusiasmado pode encurtar a vida em três minutos.
Manuais de profilaxia, de seu lado, ensinam que várias doenças podem ser transmitidas pelo beijo, entre elas resfriado, caxumba, gripe, hepatite, herpes simples, tuberculose, mononucleose e sífilis. Em certas condições, pode-se contrair AIDS pela saliva. Em contrapartida, o beijo da mãe no bebê é uma das formas que a natureza tem de inocular vacinas naturais na criança. A mãe transmite ao recém-nascido seus próprios germes de forma diluída, desencadeando reações de defesa no organismo infantil. Os números, as pesquisas e as teses, porém, são apenas parte da realidade. Uma vida emocional sadia não prescinde dos gestos de afeto e das emoções do amor. O ser humano, afinal, necessita do beijo para seu equilíbrio - o que influi poderosamente sobre a saúde.




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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Esse homem chamado Jesus.

ESSE HOMEM CHAMADO JESUS.



O que se conhece de Jesus é praticamente apenas o que contam os evangelhos. Mas novas interpretações dos textos bíblicos permitem entender com muito mais riqueza sua figura histórica e o conteúdo de sua ação no tempo em que viveu. Tudo o que é humano está nele presente: alegria e ira, bondade e dureza.

Quem foi afinal Jesus? A resposta é difícil - principalmente porque os únicos relatos sobre sua vida são os evangelhos, escritos e reescritos décadas depois de sua morte. A Igreja aceita como válidos apenas quatro desses textos, os chamados evangelhos canônicos, atribuídos pela tradição a Mateus, Marcos, Lucas e João. Outros evangelhos, denominados apócrifos, apresentam narrativas que, às vezes, se chocam fortemente com a dos canônicos. Refletem concepções religiosas e políticas que se desenvolveram nos primeiros séculos do cristianismo e chegaram a ser acusadas de heresia. Estudos bíblicos contemporâneos vêm submetendo tanto os textos canônicos quanto os apócrifos a uma cuidadosa releitura crítica.
Para começar, Jesus nasceu antes de Cristo. Um erro cometido séculos depois no cálculo do calendário é responsável por esse paradoxo. O fato histórico usado como referência para a datação do nascimento é o primeiro recenseamento da população da Palestina, ordenado pelas autoridades romanas com o objetivo de regularizar a cobrança de impostos. Lucas diz em seu evangelho que Jesus nasceu na época do censo. Estudos mais recentes situam esse acontecimento entre os anos 8 e 6 a.C.
Maria e José, os pais de Jesus, teriam se deslocado de Nazaré, na Galiléia, onde viviam, para Belém, na Judéia - cidade de origem de José e onde ele deveria se alistar para o censo. Mas a definição de Belém como a cidade natal de Jesus também é motivo de polêmica entre os estudiosos. Belém era a cidade de Davi, que reinou em Israel por volta do ano 1000 a.C. Na época em que Jesus nasceu, os judeus esperavam por um líder, que os livrasse do jugo romano e restabelecesse a realeza.
Segundo profecias do Antigo Testamento, esse libertador - o messias, que significa o "ungido", como os antigos reis de Israel - seria descendente de Davi. Para os evangelhos, especialmente o de Mateus, Jesus é o messias esperado: por isso seu nascimento ocorre em Belém; por isso também ele é saudado pela aparição de uma estrela, símbolo de Davi.
Conforme o relato de Mateus, Jesus descende de Davi por meio de José. O autor procura conciliar essa origem com a virgindade de Maria, referida no mesmo texto. O que se quer mostrar, evidentemente, é que o nascimento de Jesus ocorre a partir de uma intervenção direta de Deus. É uma idéia que aparece com freqüência no pensamento antigo. Não só heróis mitológicos, mas também grandes personagens históricos têm seu nascimento associado a uma divindade. Os faraós do Egito eram considerados filhos de Amon-Ra, o deus Sol. E a mãe de Alexandre, o Grande (356 a.C.-323 a.C.), estava convencida e convenceu o filho de que ele era descendente de Zeus, o deus supremo da mitologia grega.
Para a Igreja Católica, Maria permaneceu virgem mesmo depois do nascimento de Jesus. A expressão irmãos e irmãs, empregada por Mateus e Marcos, designaria parentes mais distantes de Jesus, como seus primos. Essa opinião é contestada pelos protestantes, que acreditam que os irmãos que aparecem nos evangelhos eram irmãos mesmo. Eles são citados pelos nomes: Tiago, José, Simão e Judas. Tiago, conhecido como Tiago, o Maior, fez parte do círculo dos discípulos mais íntimos; após a morte de Jesus e a saída do apóstolo Pedro de Jerusalém, assumiria a chefia da Igreja.
A ação de Jesus transcorreu principalmente entre os pobres e marginalizados de seu tempo. A fértil região da Galiléia, onde presumivelmente passou a maior parte de sua vida, abrigava uma população miserável, vista até com desconfiança pelos judeus conservadores, pela presença em seu interior de elementos pagãos originários da Síria. Como lembra o estudioso Paulo Lockmann, bispo da Igreja Metodista no Rio de Janeiro, quando Jesus disse "bem-aventurados os pobres em espírito", era dessa população rústica que ele falava.
A própria família de Jesus, porém, puramente judaica, como se pode verificar pelos nomes de seus membros, não era assim tão pobre. Como carpinteiro, José era um artesão pequeno proprietário. Num meio em que os ofícios passavam de pai para filho e eram patrimônio de família, é quase certo que Jesus tenha herdado e exercido a carpintaria.
A lacuna de quase trinta anos na narrativa dos evangelhos - do nascimento de Jesus ao início de sua pregação - deu margem a todo tipo de fantasia. Autores imaginosos fizeram-no viajar a lugares tão longínquos quanto a Índia e o Tibete, em busca dos fundamentos de sua doutrina. Para o estudioso católico Euclides Balancin, do corpo de tradutores para o português da Bíblia de Jerusalém, essas suposições não têm nenhum fundamento. "É muito improvável que Jesus tenha se afastado da Palestina", diz. "O único ensinamento religioso com que ele teve contato era aquele acessível a qualquer judeu da época - as Escrituras. O aspecto revolucionário de sua ação é que ele procurou levar as idéias do Antigo Testamento à prática."
A espetacular descoberta das ruínas e dos manuscritos da comunidade dos essênios, ocorrida em 1947 na localidade de Qumran, às margens do mar Morto, no atual território de Israel, alimentou durante bom tempo a suposição de que Jesus pudesse ter pertencido a essa irmandade religiosa. Mas a crítica mais recente vem desmentindo também essa hipótese.
A comunidade dos essênios era formada principalmente por sacerdotes que haviam rompido com o alto clero de Jerusalém, constituído por grandes proprietários de terras que aceitavam a dominação romana. Abandonando a Cidade Santa, os sacerdotes dissidentes se fixaram nas grutas da região desértica à margem do mar Morto, onde os bens eram divididos entre todos, cada um devia trabalhar com as próprias mãos e o comércio era proibido.
Esses judeus puritanos esperavam a chegada iminente do messias, que viria organizar a guerra santa para eliminar os ímpios e estabelecer o reino eterno dos justos. Os que aspiravam pertencer à comunidade deviam passar por um complexo e prolongado período de iniciação, que incluía o batismo com água. O significado simbólico desse rito era o da morte e ressurreição do indivíduo: ao ser mergulhado na piscina batismal, este morria e renascia para uma nova vida.
É provável que a ideologia dos essênios tenha influenciado o pensamento e a prática de Jesus, assim como da comunidade cristã primitiva. Mas as diferenças também são muito grandes. Como ressalta o padre Ivo Storniolo, coordenador da tradução da Bíblia de Jerusalém, enquanto os essênios se afastavam do mundo injusto e corrompido para viver um ideal de pureza à espera do messias, Jesus mergulhava nesse mundo para transformá-lo.
Além disso, a comunidade dos essênios era rigidamente organizada e hierarquizada, ao passo que a prática de Jesus era informal. "As expressões pregação ou ministério de Jesus podem induzir a um erro de avaliação", comenta Storniolo. "É preciso ter claro que Jesus não era um sacerdote. Raramente pregava nas sinagogas. Seus ensinamentos e sua ação se davam no meio do povo, nos locais de moradia e de trabalho."
De seu lado, o protestante Paulo Lockmann acrescenta: "Nunca um essênio se sentaria à mesa de um publicano (cobrador de impostos) ou pecador como Jesus fez. Ele foi além disso e afirmou que os publicanos e as prostitutas estão vos precedendo no Reino de Deus, querendo mostrar que, quanto mais um homem é pecador, mais ele está em revolta contra o mundo em que vive e mais aberto à transformação".
Próximo dos essênios, sem dúvida, estava João, o Batista. Ele era um asceta rigoroso, que pregava no deserto próximo à comunidade de Qumran, batizava com a água e anunciava a vinda do messias. O tipo de relacionamento que pode ter havido entre Jesus e João Batista intriga os estudiosos. Como Jesus, João tinha um círculo de discípulos, dois dos quais, atendendo à sua indicação, teriam se passado para o grupo de Jesus, integrando o conjunto dos doze apóstolos. Um desses discípulos era André, irmão de Pedro.
Para João, Jesus era o messias esperado. Nele, João via a intervenção iminente de Deus na história. Mas, depois de ser preso pelas autoridades e como Jesus não desse início à guerra santa, João enviou dois discípulos para interrogá-lo se ele era realmente "aquele que há de vir ou devemos esperar outro". Se a resposta indireta de Jesus, citada por Lucas, convenceu João não se sabe. Sabe-se que não convenceu uma parte de seus seguidores. Estes, após a execução do líder, passaram a acreditar que João era o messias e fora traído por Jesus. A partir daí fundaram uma religião, o mandeísmo de que há tênues vestígios ainda, no Irã e na Turquia.
Batizado por João, Jesus meditou e jejuou por quarenta dias no deserto. Essa passagem tem um claro significado. Não só na biografia de fundadores de religiões, como Buda ou Maomé, mas também na trajetória de homens comuns entre os povos primitivos, a preparação para a etapa mais importante da vida é precedida por um período de solidão junto à natureza, quando a pessoa se confronta consigo mesma. O demônio que tentou Jesus durante esse período pode ser interpretado como seu demônio interior - o lado sombrio que todo homem tem dentro de si.
Segundo Mateus, quando Jesus teve fome, o diabo lhe disse: "Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães". Depois, levando-o ao alto do templo de Jerusalém, o desafiou: "Se és Filho de Deus, atira-te para baixo, porque está escrito: Ele dará ordem a seus anjos a teu respeito, e eles te tomarão pelas mãos..." Finalmente, conduzindo-o a um monte muito alto, "mostrou-lhe todos os reinos do mundo com seu esplendor e disse-lhe: Tudo isso te darei, se, prostrado, me adorares". Para Ivo Storniolo, "as tentações no deserto são um resumo das tentações que Jesus sofreu ao longo da vida. Três tentações que a sociedade propõe: riqueza, prestígio e poder. Sociologicamente, há nos evangelhos uma crítica à sociedade baseada nesses valores, por serem privilégio de uma minoria".
Mesmo a estruturação dos ensinamentos de Jesus nos grandes sermões que aparecem nos evangelhos canônicos é posterior à sua morte e se deu pela reunião, em discursos extensos, de frases ditas em ocasiões e contextos diversos. O núcleo de sua mensagem está no Sermão da Montanha, de conteúdo marcadamente social.
Nesse aspecto, a versão do Evangelho de Lucas é ainda mais vigorosa que a de Mateus: "Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus. Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados. Bem-venturados vós, que agora chorais, porque haveis de rir. Bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem, quando vos rejeitarem, insultarem e proscreverem vosso nome como infame, por causa do Filho do Homem. Alegrai-vos naquele dia e exultai, porque no céu será grande a vossa recompensa; pois do mesmo modo seus pais tratavam os profetas..."
O ponto culminante da trajetória de Jesus, para o qual convergem as narrativas evangélicas, foi sua estada em Jerusalém, onde se confrontou diretamente com o centro do poder, foi preso, condenado e crucificado. Sua entrada na cidade foi triunfal, sendo recebido pela multidão que estendia as vestes sobre o caminho para que ele passasse e o saudava como o messias libertador. Suas palavras e ações, entretanto, logo deixaram claro que ele não vinha liderar uma rebelião militar contra o domínio romano, mas propor uma transformação de outro tipo na estrutura da sociedade e na mentalidade dos homens.
Um de seus primeiros gestos, cheio de significado e conseqüências, foi expulsar os comerciantes do Templo. Este não era apenas o núcleo religioso do país, mas também uma importante unidade econômica, envolvida na cobrança de impostos e num intenso comércio, que visava tanto atender às necessidades dos numerosos peregrinos como manter o sistema de vendas de animais, ofertados pelos fiéis em sacrifício. Essa economia do templo era uma das bases do poder da elite sacerdotal, que Jesus afrontava diretamente com seu ato.
Por outro lado, as palavras de Jesus se voltam contra o que ele considerava uma religião minuciosa e formalista, que se afastava do conteúdo profundo e da mensagem social das Escrituras: "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, que pagais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas omitis as coisas mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Importava praticar estas coisas, mas sem omitir aquelas. Condutores cegos, que coais o mosquito e tragais o camelo!"
O famoso episódio em que Jesus é interrogado pelos fariseus e partidários da dinastia de Herodes sobre se se devia ou não pagar tributos a Roma é explicitamente descrito, em Mateus, Marcos e Lucas, como uma trama visando arrancar dele alguma declaração que pudesse incriminá-lo perante as autoridades romanas. A resposta de Jesus - "Devolvei o que é de César a César, e o que é de Deus, a Deus" - certamente decepcionou os que esperavam dele a liderança de uma insurreição nacionalista. Quando, de acordo com o costume de se libertar um prisioneiro durante a festa da Páscoa, o procurador romano Pôncio Pilatos consultou o povo se devia anistiar Jesus ou Barrabás, acusado de morte, os evangelhos dizem que a cúpula sacerdotal procurou tirar partido dessa decepção, incitando a multidão a escolher Barrabás.
Os modernos estudos críticos dos evangelhos vêm permitindo tratar da dimensão existencial de Jesus, antes encarada como tabu. Como mostra Leonardo Boff, em seu livro Jesus Cristo libertador, tudo que é autenticamente humano aparece em Jesus: alegria e ira, bondade e dureza, tristeza e tentação. No entanto, suposições como a de um eventual relacionamento amoroso com Maria Madalena não encontram nenhum apoio nos textos evangélicos.
A própria Maria Madalena, aliás, já foi erroneamente confundida com a "pecadora", mencionada por Lucas, que teria lavado, enxugado com os cabelos, beijado e perfumado os pés de Jesus na casa de um fariseu. Não há evidência de que sejam a mesma pessoa. O que se diz de Maria Madalena em diversas passagens é que dela Jesus expulsou "sete demônios", que estava presente entre as mulheres que acompanharam Jesus ao monte Calvário, onde foi executado, e que Jesus lhe apareceu e falou depois da ressurreição.
Um dos pontos mais delicados na tentativa de reconstituir a dimensão histórica de Jesus são os milagres a ele atribuídos. É preciso ter claro que a separação que se faz hoje entre natural e sobrenatural praticamente não existia naqueles tempos. Os evangelhos dão numerosos testemunhos das curas operadas por Jesus. Em meio a um povo miserável e inculto, Jesus vai libertando as pessoas de seus males: a cegueira, a mudez, a surdez, a paralisia, a loucura.
Padre Storniolo sublinha o caráter alegórico de muitos relatos de milagres. Seria o caso, por exemplo, de Jesus caminhando sobre as águas: "O mar no Antigo Testamento era o símbolo das nações que podiam invadir a Palestina e dominar o povo. Os discípulos na barca agitada pelas ondas simbolizam a comunidade cristã primitiva com medo de se afogar no mar da História. Jesus vem então caminhando sobre as águas, como prova de que, pela fé, aquela comunidade podia ser vitoriosa. Pedro também caminha, até o instante em que duvida. Nesse momento divide suas energias, perde seu poder e começa a afundar, sendo salvo por Jesus".
Um dos milagres de Jesus, citado com mais detalhes por Lucas, é o da cura da mulher que sofria de hemorragia ininterrupta. Aproximando-se por trás de Jesus, que caminhava entre o povo, ela tocou a extremidade de sua veste. Jesus perguntou então: "Quem me tocou?" Como todos negassem, Pedro disse: "Mestre, a multidão te comprime e te esmaga". Mas Jesus insistiu: "Alguém me tocou; eu senti uma força que saía de mim". Então a mulher se apresentou e Jesus lhe disse: "Minha filha, tua fé te curou; vai em paz". O que chama a atenção, no caso, é Jesus ter sentido "uma força que saía" dele - algo que, em linguagem moderna, talvez pudesse ser chamado poderes paranormais.

Política e religião no tempo de Jesus

A ansiosa espera pelo messias libertador reflete a opressão a que o povo judeu estava submetido, sob o domínio romano. Depois da morte de Herodes I (73 a.C.-4 a.C.), rei vassalo de Roma que não gozava de legitimidade junto à população, a Palestina foi dividida entre três de seus filhos: Arquelau, Filipe e Herodes Antipas. A Galiléia, onde Jesus vivia, coube ao último, responsável pela decapitação de João Batista.
Arquelau, rei da Judéia e Samaria, foi substituído pelo procurador romano Pôncio Pilatos, sob cujo mandato Jesus Cristo foi crucificado. Mas o sumo sacerdote do templo de Jerusalém, Caifás, tinha grande influência no governo. Apoiava-se no Sinédrio, conselho de 71 membros formado por altos sacerdotes, anciãos das famílias judias mais ilustres e doutores da Lei.
Vários grupos moviam-se na cena política. No alto da pirâmide social estavam os saduceus - a elite sacerdotal e os grandes proprietários de terras. Eram judeus conservadores que se alinham ao texto da Lei, tal como aparece nas Escrituras, e colaboravam com o dominador romano.
Logo abaixo, vinham os fariseus - elementos do baixo clero, pequenos comerciantes e artesãos. Eram hostis à presença romana, mas sua oposição era apenas passiva. Em todas as questões da vida cotidiana, cumpriam zelosamente a Lei e as tradições orais acumuladas ao longo dos séculos. Em confronto com o templo de Jerusalém, o centro de sua expressão eram as sinagogas, presentes nos menores lugarejos.
Saído dos fariseus, o grupo dos zelotas era formado por camponeses e outros membros das camadas mais pobres, esmagadas pelos impostos. Muito religiosos, eram nacionalistas radicais. Queriam expulsar pelas armas os romanos e instituir um Estado onde Deus fosse o único rei, representado pelo messias, descendente de Davi. Considerado agitador e assassino pela tradição cristã, Barrabás foi um líder zelota.
Entre os apóstolos de Jesus, dois devem ter sido zelotas: Simão e Judas Iscariotes. Também Pedro parece ter simpatizado com eles. O nome Iscariotes pode significar que Judas fosse da cidade de Kariot, foco da ação zelota, ou viria da expressão aramaica Ish Kariot, que quer dizer "o homem que leva o punhal". Sua traição a Jesus pode ser interpretada como um ato resultante de divergência política: enquanto a ação dos zelotas se voltava contra o dominador estrangeiro, a pregação de Jesus visava a própria estrutura social da Palestina.




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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Coloridos cidadães de coral - Oceanos.

COLORIDOS CIDADÃES DE CORAL - Oceanos.



Eles vivem nas regiões de corais dos oceanos, dez metros abaixo da superfície. De cores variadas e brincalhões, só atacam quando molestados. Então, são capazes de envenenar os homens.

Coloridos e dóceis, eles se movem lentamente em torno de corais como se fizessem parte de um harmonioso balé submarino. São peixes de coral, diferentes dos outros por suas magníficas cores e por formar uma peculiar comunidade marinha. As características comuns de seus membros são o tipo de vida sedentária que levam e os alimentos que retiram dos corais. Eles são justamente, os responsáveis por suas cores brilhantes, o que lhes permite confundir-se com o ambiente, para proteger-se dos predadores.
"Os peixes de coral pertencem a espécies diferentes de grupos diferentes que optaram por viver em regiões coralinas", explica o ictiólogo Naércio Menezes, da Universidade de São Paulo. "Em conseqüência, tais peixes desenvolveram caraterísticas comuns relacionadas principalmente à alimentação, proteção e exploração do meio ambiente. Não existe uma categoria especial para incluir apenas peixes de coral."
Tanto assim que sua forma de reprodução, por exemplo, é igual à da maioria dos peixes: as fêmeas eliminam seus ovos na água para serem fecundados pelos machos. Seu comportamento também é semelhante ao dos outros peixes. A maioria deles, entretanto, não é conhecida popularmente, já que vivem em ambientes específicos e não têm importância comercial.
Vivem nas águas não muito profundas dos oceanos, exatamente porque os corais, seu habitat, se localizam a no máximo 10 metros abaixo da superfície e em zonas tropicais, onde a temperatura é quente, variando de 23 a 25 graus. Excepcionalmente, no entanto, podem existir formações coralinas em profundidades maiores. O professor Menezes conta que, quando viajou em companhia de outros pesquisadores no navio oceanográfico da Universidade de São Paulo para fazer um levantamento dos peixes do Rio Grande do Sul, "encontramos pedaços de coral e formações coralinas a profundidades de 100 a 150 metros, mas eles estavam todos mortos. O interessante é que os peixes ali eram semelhantes aos dos corais próximos da superficie."
Os corais não sobrevivem em temperaturas frias e esse achado indica que em alguma época do passado as temperaturas naquele ponto do litoral gaúcho foram mais quentes. Por não terem grande mobilidade e serem muito altos algumas vezes, ao contrário de tubarões e atuns, de forma fusiforme, os peixes de coral são presa fácil não só dos predadores como dos caçadores submarinos. Para compensar, a natureza lhes deu formas eficazes de defesa. A arma principal de alguns deles, como o baiacu, consiste em inflar o corpo.
Eles conseguem mudar seu tamanho de forma tão desproporcional que acabam por assustar os predadores. Se isso não surtir efeito, há algo pior. Eles possuem uma espécie de toxina altamente venenosa. No Japão - onde compõem sofisticada iguaria, o fugu - não são raros os casos de gourmets contaminados. Todo cuidado é pouco ao se retirar as vísceras de um baiacu, porque se elas se romperem a toxina contaminará a carne, que uma vez ingerida significa envenenamento na certa. A toxina do baiacu é mortal para o homem, mas não se sabe seu efeito sobre os outros peixes.
Há casos como o do peixe-sabão, que possui uma toxina no muco da pele. Mergulhadores contam que viram esses peixes serem abocanhados por predadores e, ato contínuo, repelidos, provavelmente devido à toxina. Assim, é possível que a toxina proteja o baiacu dos outros peixes. Há ainda o peixe-porco, cuja pele áspera também o livra de ataques. Outros comem algas venenosas que podem intoxicar as pessoas. Como não há meios de saber se um certo peixe comeu ou não algas venenosas, ingeri-los é um risco de vida. Envenenamentos desse tipo são comuns no Caribe.
O espinho da cauda dos peixes-barbeiro, também chamados cirurgiões, assemelha-se a uma lanceta muito aguda - instrumento cirúrgico de dois gumes. Daí o seu nome. Outro que apresenta uma peculiar forma de defesa é o peixe-cofre. Seu corpo está permanentemente encapsulado numa armadura óssea cheia de espinhos. Dessa verdadeira carapaça só ficam de fora parte da cauda e as nadadeiras. Mas nenhum peixe de coral ataca se não for molestado.
Como esses peixes representam as mais variadas espécies, assumem também variadas formas e tamanhos. Os da família dos pomacantídeos - não têm nomes conhecidos popularmente - e os chaetodontídeos - dos quais um exemplo é o peixe-borboleta - são altos, têm a boca pequena e dentes apropriados para arrancar pedaços de corais. Mas há aqueles - como os budiões - cujos dentes formam uma placa como se fosse um bico de papagaio. Por isso são também chamados de peixes-papagaio. Os pedaços de coral que abocanham são triturados graças aos dentes que têm na região da faringe. Nas áreas de corais também são encontradas mantas ou jamantas, que são raias inofensivas, além de estrelas-do-mar e medusas, perigosas e às vezes mortais.
Entre os típicos habitantes das águas coralinas há um, em especial, de hábitos diferentes. Trata-se da moréia, peixe noturno por excelência. Esse boêmio dos corais passa o dia entocado e à noite sai para fazer explorações. As moréias costumam morder os pescadores que se aventuram a enfiar a mão em tocas para pegar lagostas. Bonitos, atraentes, os peixes de coral tornaram-se alvo da pesca indiscriminada, principalmente por parte dos que buscam espécimes exóticos para aquários ornamentais. Os pescadores também estão atrás dos peixes de passagem, que não habitam os corais, mas, como o nome diz, por ali passam - tubarões, cações e atuns. Isso acaba representando um perigo a mais para os dóceis peixes de coral, pouco acostumados à presença humana.
Os peixes de coral existem tanto no oceano Pacifico como no Atlântico. No Brasil, o governo, preocupado com a preservação desses verdadeiros patrimônios da fauna marinha, tomou medidas para protegê-los. O atol das Rocas, por exemplo, localizado no litoral do Rio Grande do Norte, foi transformado em reserva. Não é para menos, pois se trata de um coral circular que contém uma incrível variedade de peixes. O arquipélago dos Abrolhos, no litoral da Bahia, é outro caso. Tornou-se o primeiro parque marinho brasileiro, com seus 91 300 hectares. A ilha de Fernando de Noronha, considerada também uma espécie de aquário precioso, está protegida da pesca predatória por uma série de restrições.

Colônias em flor

A temperatura quente, entre 23 e 25 graus, é fundamental para a sobrevivência dos corais. Por isso eles são encontrados quase que exclusivamente em águas tropicais cujas temperaturas são mais altas. No Brasil, por exemplo, localizam-se principalmente no Norte e Nordeste. O atol das Rocas, no Rio Grande do Norte, e o Parque Nacional de Abrolhos, no extremo sul da Bahia, são verdadeiros santuários de corais. Já no Rio de Janeiro em direção ao Sul, eles são encontrados apenas esporadicamente, pois as temperaturas mais frias não favorecem seu desenvolvimento. No Sul, as praias são mais arenosas, a plataforma continental é mais ampla e só raramente existem formações de corais e pedras.
Responsáveis pela formação de recifes e atóis, os corais consistem em uma variedade de organismos marinhos invertebrados chamados celenterados, que lembram um vegetal. Por isso são chamados antozoários - do grego anthos, que significa "flor", e zoon, que quer dizer "animal".
A maioria dos corais forma colônias e cada indivíduo é um pólipo, semelhante a um tubo fechado em uma das extremidades com uma coroa de tentáculos. Existem várias formas e espécies; alguns têm um colorido brilhante que varia em tons de vermelho, amarelo-claro, laranja etc. Mas a maioria é amarela ou castanho-pardacenta. Os corais são comuns no Caribe, na costa leste da África, no oceano Índico, no Atlântico e no Pacífico, especialmente nas costas das Filipinas, Nova Zelândia, Polinésia, nordeste da Austrália e nas ilhas do leste da Austrália até o Havaí.




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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

E a nave vem - Discos Voadores.

E A NAVE VEM - Discos Voadores.



Pelo menos na imaginação de muita gente, os objetos voadores não-identificados são naves de outros planetas. A ciência não leva isso a sério, mas algumas aparições nunca foram bem explicadas.

Das 21 horas da segunda-feira, 19 de maio de 1986, aos dez minutos do dia seguinte, os radares da Aeronáutica registraram a presença de um objeto luminoso não-identificado nos céus do eixo Rio - São Paulo. O objeto se deslocava a velocidade supersônica e fazia manobras absolutamente impossíveis para um avião. Tão logo foi percebido, seis caças da FAB levantaram vôo para observar o estranho fenômeno.
Os pilotos disseram depois ter visto focos de luz irradiados nas cores verde e vermelha. Eles não fizeram contato com o objeto nem conseguiram explicá-lo. De uma coisa tiveram certeza: não se tratava de qualquer tipo de aeronave conhecida. Mais tarde surgiram as costumeiras hipóteses: era o planeta Vênus, era um satélite reentrando na atmosfera, era uma sonda. E, como sempre, houve quem jurasse: os sinais luminosos pertenciam a uma nave espacial de outro planeta, um disco voador.
Desde 1947, quando o piloto norte-americano Kenneth Arnold lançou a expressão disco voador, essas naves têm freqüentado, senão o espaço real, pelo menos as histórias contadas por aviadores, funcionários de aeroportos e os mais variados tipos de pessoas. Tanto que o misterioso objeto visto nos céus do Brasil em 1986 não foi um caso único no país. No dia 8 de fevereiro de 1982, uma esquadrilha da FAB tentou, sem sucesso, descobrir que objeto perseguiu um Boeing da VASP durante boa parte da viagem de Fortaleza ao Rio. A aparição foi também testemunhada pelas tripulações de dois outros jatos.
Episódios como esses entram para o alentado anedotário dos OVNIs, os objetos voadores não-identificados, que nesses últimos quarenta anos conquistaram um lugar seguro na imaginação popular, até porque tem mais graça supor que existe vida inteligente em outros planetas e que uma luz diferente no céu é uma nave cheia de marcianos do que um reles fenômeno meteorológico.
Por outro lado, como nem sempre as pessoas tomam conhecimento das explicações afinal encontradas para uma aparição misteriosa, sobrevive no ar a atraente idéia de que um OVNI é produto de alguma civilização extraterrestre. As histórias em quadrinhos, a literatura e o cinema só fizeram reforçar essa crença.
Segundo os ufologistas - palavra que veio do inglês UFO (Unidentified Flying Object) - já foram registrados 200 mil casos de objetos voadores não-identificados no mundo todo, dos quais 10 mil apenas no Brasil. Eles próprios, no entanto, tratam de separar bem as coisas. "Cerca de 90 por cento dos casos não são fenômenos ufológicos, mas fraudes ou erros de interpretação", calcula o engenheiro Claudeir Covo, fundador do Centro de Estudos e Pesquisas Ufológica de São Paulo, um dos vários grupos formais e informais de interessados no assunto existentes no país. Claudeir, um ufologista com os pés no chão, baseia suas contas nas constatações atribuídas ao ATIC (Air Technical Intelligence Center), o serviço de contra-espionagem aérea dos Estados Unidos encarregado de localizar e identificar qualquer aparelho que sobrevoe o país.
O Projeto Blue Book, ou Livro Azul, do ATIC, mostrou que quase todos os 13 mil casos de OVNIs relatados em vinte anos de estudo são na verdade fenômenos astronômicos e meteorológicos. Entre os astronômicos estão o brilho de planetas, meteoros, estrelas cadentes. Entre os meteorológicos estão os casos de auroras, fogos-de-santelmo, descargas elétricas em tempestades. Mais prosaicamente ainda, há pessoas que enxergam OVNIs onde só há aviões, balões, reflexos de holofotes, gases poluidores, satélites artificiais, mísseis - ou a combinação de qualquer um desses elementos com fenômenos da natureza. Radares, por exemplo, podem ser enganados por interferência eletrônica, reflexos de nuvens ionizadas, chuvas e diferenças de temperatura.
Outra explicação que não pode ser desconsiderada tem a ver com a mente humana. Num estudo de 1958, o psicanalista suíço Carl Jung (1875-1961) afirmou que os discos voadores seriam alucinações provocadas por ansiedades coletivas que ocorrem em períodos de crise ou tensão internacional. Seriam portanto uma versão moderna das visões de santos e demônios tão comuns na Idade Média. Segundo essa interpretação, o homem da era espacial espera ser salvo de seus problemas cotidianos não por anjos, como antigamente, mas por seres extraterrestres.
Talvez por isso, muitos ufologistas acreditam que ETs estiveram presentes quando o profeta Elias, como conta a Bíblia, subiu aos céus numa carruagem de fogo; ou quando os egípcios veneravam o Sol, representado como um disco de ouro com asas; ou, ainda, quando os persas acrescentaram a essa representação uma cauda e duas patas que, com alguma boa vontade, podem ser comparadas a trem de aterrissagem. Os ufologistas também encontram ETs nos livros da mitologia hindu que falam de discos destruidores, dotados de raios de fogo.
Com tudo isso, compreende-se por que ver um OVNI é fácil - o difícil é fazer com que alguém acredite. No Brasil, os únicos que levam tais visões a sério são os grupos de estudos ufológicos. "De cada dez pessoas que fazem parte desses grupos, treze são piradas", brinca o engenheiro eletrônico Ricardo Varela, do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), referindo-se à salada de místicos, curiosos e visionários de todo tipo que se abrigam nas sociedades ufológicas. O engenheiro Varela, que trabalha no lançamento de balões à estratosfera, até que se interessa pelos OVNIs - uma exceção no meio científico. Pois, sob o argumento de que não trata de fatos comprovados, a discussão do assunto passa ao largo das universidades e instituições de pesquisa.
Os cientistas reagem com impaciência, até mesmo com desagrado, às sugestões de estudos ufológicos. "Qualquer coisa que se disser sobre o assunto é puro chute ou crença pessoal", afirma o astrofísico Roberto Boscko, da USP.
Ele acredita que boa parte dos astrônomos pensa em disco voador "como sinônimo de pilantragem". Mas por que os OVNIs despertam uma reação tão violenta? Afinal, ver um deles não significa automaticamente entrar de sócio no fã-clube dos discos voadores - indica apenas alguma coisa incompreendida. E numa época em que satélites humanos se afastam dos limites do sistema solar com mensagens do planeta Terra, seria natural que a ciência estudasse a possibilidade de algo parecido "do lado de lá" - até para derrubar, uma a uma as histórias de discos, se for o caso.
O mistério dos OVNIs surgiu logo depois da Segunda Guerra Mundial, quando Estados Unidos e União Soviética trocavam ameaças e xingamentos cada vez mais ferozes e as pessoas comuns, escaldadas pela invenção da bomba atômica pouco antes, desconfiavam seriamente que os dois lados tinham verdadeiros arsenais de armas secretas. Em junho de 1947, o piloto norte-americano Kenneth Arnold contou ter sido perseguido por uma esquadrilha de naves em formato de pires (flying saucers, ou pires voadores), quando sobrevoava o pico Rainier, de 4 300 metros, no extremo noroeste dos Estados Unidos. Não tardou para a imprensa sensacionalista projetar na imaginação popular um clima de paranóia - ou eram os russos que estavam chegando, ou eram mesmo os marcianos.
Dos Estados Unidos, a publicidade sobre os OVNIs correu mundo e animou visionários de todas as cores, credos e nacionalidades. No Brasil, os pires voadores tornaram-se discos, embora algumas vezes fossem avistados sob a forma de charutos, sondas ou bolas. Em junho de 1952, a revista O Cruzeiro eletrizou o público com relatos de supostos discos voadores fotografados na Barra da Tijuca, no Rio. Os marinheiros do navio Almirante Saldanha contaram ter visto, em 1958, vários OVNIs sobre a ilha de Trindade, na costa do Espírito Santo, quando faziam pesquisas para o Ano Geofísico Internacional. E até hoje existem pessoas que juram ter conversado com ETs, viajado em discos e ouvido mensagens telepáticas de outros planetas.
Um dos casos mais célebres em todo o mundo foi o chamado Incidente de Roswell, sobre um disco voador que teria sofrido um acidente no Estado do Novo México, nos Estados Unidos, em 1947. No acidente, teriam morrido os tripulantes, cujos corpos teriam sido levados em segredo pela Força Aérea para estudos. No começo do ano passado, ufologistas fizeram o maior alarde exibindo documentos antigos do governo dos Estados Unidos confirmando o episódio. Na verdade, provou-se meses depois que os documentos eram falsos de cabo a rabo.
Bem antes, em 1968, um estudo da Universidade de Colorado, revisto pela Academia de Ciências dos Estados Unidos, declarou oficialmente que não existem discos voadores. O astrofísico norte-americano Allen Hynek, que participou do Blue Book, não se conformou com o resultado e declarou que as pesquisas de Colorado tinham sido dirigidas a fim de apresentar uma explicação tranqüilizadora para o público. Hynek, que morreu no ano passado, era diretor do Centro de Estudos Ufológicos dos Estados Unidos, sendo considerado um dos maiores especialistas em OVNIs.
Depois, os fãs dos OVNIs como que passaram para a clandestinidade. Atualmente, eles se concentram nas sociedades de ufologistas que funcionam como verdadeiras seitas. Alguns ainda tentam explicar os fenômenos dentro dos limites da ciência acadêmica, aproveitando os conhecimentos sobre a origem da vida e as leis da natureza, com as quais os discos estariam relacionados. Outros ligam o aparecimento dos discos a fenômenos paranormais e às tradições orientais.
E, por menos que a ciência e o bom senso lhes dêem crédito, a crença em que os discos existem vai bem, obrigado. No ano passado, três livros sobre o assunto foram lançados nos Estados Unidos. Venderam como pão quente.

"Eu vi um disco voador".

O meteorologista Rubens Junqueira Vilela, professor do Instituto de Astronomia e Geofísica da USP, tinha 31 anos em 1961 quando foi à Antártida pela primeira vez a bordo do navio Glacier da Marinha dos Estados Unidos. Na baia do Almirantado, ilha do Rei Jorge, onde 23 anos depois seria construída a base "Comandante Ferraz", do Brasil, Vilela teve uma experiência inesquecível. Ele mesmo conta:
"Naquele dia, 16 de março, após o jantar, subi ao convés para ver o panorama. Estávamos rodeados de montanhas formando paredões de 500 metros de altura, parcialmente cobertos de neve. Na margem, a dois quilômetros, encontrava-se uma base inglesa abandonada. O céu estava nublado, havia um vento leve e a noroeste via-se o clarão fraco e amarelado do sol poente. De repente, vimos uma estranha luz cruzar os céus. Os marinheiros gritavam, apontando para o objeto. Suas cores, formas e contornos não pareciam coisa deste mundo e não sei até hoje a que compará-las. Esse corpo luminoso multicolorido deixava um longo rastro na forma de um tubo oco de cor vermelho-alaranjada.
Subitamente dividiu-se em dois como numa explosão; cada pedaço brilhou mais intensamente com cores branco-azuladas e vermelhas e lançou raios laterais, inclinados para trás. Depois, tomou a forma de uma armação de guarda-chuva semi-aberta e desapareceu em menos de um minuto sem deixar traço. Não se ouviu nenhum ruído, as luzes não eram ofuscantes e as cores tinham tons suaves. O objeto se encontrava a cerca de 100 metros de altura e parecia ter o tamanho de um punho fechado. Deslocava-se a baixa velocidade. Passou a bombordo, de noroeste para sudeste, como se viesse de trás das montanhas da ilha.
Pensávamos que poderia ser um foguete de sinalização lançado por exploradores da ilha. Fomos investigar. Não encontramos ali sinais de vida. Mais tarde, o capitão Porter, do Glacier, registrou no diário de bordo que as luzes eram um ´meteoro ou outro fenômeno natural luminoso´. Para mim, aquilo foi um disco voador".

Dos monstros de Marte ao meigo ET

Antes de se tornar o famoso pires voador, o carro do ano dos ETs foi um "parafuso giroscópio espacial". Ele circulou nas primeiras aventuras em quadrinhos de Flash Gordon, o herói intergalático criado em 1934 por Alex Raymond. Flash Gordon e outro herói, Buck Rogers, reinaram imbatíveis nos seriados de cinema no final da década de 30, utilizando fantásticas máquinas contra os habitantes de outros planetas que vinham ameaçar esta pobre Terra.
Era a época das space operas, que voltariam a fazer sucesso nas histórias do tipo Guerra nas Estrelas. Foi também a época em que o então radialista Orson Welles transmitiu, em 1938, uma suposta invasão marciana dos Estados Unidos - na verdade uma versão de A Guerra dos Mundos, do escritor inglês H.G.Wells. A irradiação do ataque levou o pânico a milhões de ouvintes.
Desde Flash Gordon, histórias com seres de outros planetas têm sucesso quase garantido - principalmente quando se adaptam à época e ao público aos quais se destinam. Na década de 50, marcada pela guerra fria entre os Estados Unidos e a União Soviética e pelo medo de um conflito atômico entre eles, as histórias mais populares mostravam supercivilizações de seres horripilantes que tentavam nos conquistar. São desse período, por exemplo, os filmes Marte, o planeta vermelho e Os vampiros invadem a Terra. Os títulos são um autêntico sinal dos tempos.
O desenvolvimento da ciência e tecnologia na década de 60 obrigou os autores de ficção a se preocupar mais com a base científica de suas histórias. Com o aparecimento dos movimentos pacifistas e de defesa do ambiente, muitos escritores aproveitaram para criticar por tabela a poluição e a acumulação de arsenais nucleares neste mundo.
Data de 1968 o filme 2001, uma odisséia no espaço, de Stanley Kubrick, baseado num conto de Arthur C. Clarke. Uma das mais belas histórias de ficção espacial de todos os tempos, 2001 aborda a questão dos contatos extraterrestres em tempos remotos da História e a forma surpreendente como uma supercivilização condenada à morte pode se perpetuar em outra.
Os discos voadores voltaram à Terra com toda a parafernália técnica possível na década de 70 em Contatos imediatos de terceiro grau, de Steven Spielberg. Este filme, que teve a assessoria do astrofísico Allen Hynek, um dos maiores especialistas em OVNIs, acusa o governo dos Estados Unidos de esconder do público informações sobre os discos. Além disso, Contatos lança a idéia, que seria retomada em grande estilo por ET - O extraterrestre, de 1982, de visitantes do espaço não só pacíficos e encantadores como também vítimas das trapalhadas dos terráqueos. Esse espírito de auto-crítica permanece na ficção mais recente - sinal de que os homens talvez estejam ficando mais bem preparados para se enxergar como são. Os tripulantes de um disco que pousar no planeta nos dias que correm só terão a ganhar com isso.

A terra na escuta: alguém aí?

Pode ser, como querem os cientistas, que no vasto Universo onde a Terra é um ponto menos que insignificante existam muitos mundos nos quais alguma forma de vida inteligente tenha florescido - embora nada indique até agora que algum desses mundos seja um dos oito outros planetas deste sistema solar. Mesmo ao admitir a existência de civilizações extraterrestres, porém, os astrônomos acham pouco provável que seus representantes apareçam aqui um belo dia em carne e osso - se é que de carne e osso são feitos - para uma visita de boa vizinhança. Eles preferem a hipótese de um contato por ondas de rádio.
Esse contato pode ser acidental ou deliberado. Em qualquer dos casos, só se realizará se houver alguém na escuta do lado de cá. Essa é justamente a intenção do SETI (sigla em inglês de Busca de Inteligência Extraterreste), o programa da agência espacial NASA pronto para entrar em ação assim que o Congresso dos Estados Unidos autorizar - e mandar o governo pagar a conta de 100 milhões de dólares.
Trata-se de rastrear metodicamente o espaço em busca de sinais de outras civilizações, supondo, é claro, que elas ainda não tenham aposentado o rádio como meio de comunicação; ou, pior ainda, que não estejam tão fantasticamente longe da Terra a ponto de, quando sua mensagem nos alcançar, milhões de anos terem transcorrido e a civilização que a enviou nem exista mais. Numa primeira etapa, os astrônomos da NASA pretendem usar vários radiotelescópios, entre eles o maior do mundo, em Arecibo, Porto Rico, para captar sinais de oitocentas a mil estrelas a cem anos-luz de distância da Terra. Depois, literalmente, o céu será o limite.
Essa é a mais ambiciosa tentativa do homem de ouvir outros mundos. Representa também uma mudança na política de comunicação dos terráqueos - no passado recente, o homem preferia falar ao Cosmo ao invés de prestar atenção no que ele tivesse a declarar. Em 1974, um grupo de cientistas da Universidade de Cornell, em Nova York, usou o radiotelescópio de Arecibo para dar um alô ao espaço. A saudação terrestre demorou quatro anos só para chegar à estrela Alfa de Centauro, a mais próxima do planeta. A demora e o custo astronômico da transmissão fizeram os cientistas abandonar a idéia de iniciar o contato.
Muito mais em conta foi encaixar mensagens em naves espaciais. A Pioneer 10 foto 193 , primeira nave a cruzar as fronteiras do sistema solar, em 1983, onze anos depois de seu lançamento, levou uma placa de ouro com desenhos explicando a localização da Terra e do sistema solar, além das figuras de um homem e uma mulher. A Voyager 2, lançada em 1977, que deverá sobrevoar Netuno em agosto de 1989, leva uma mensagem bem mais elaborada.
Um disco com duas horas de duração traz a gravação do choro de um bebê, gritos de uma baleia, lançamento de um foguete, estrondo de uma avalanche e o estalo de um beijo. Há saudações em 54 idiomas, entre os quais o português ("Paz e felicidade para todos"), trechos de músicas, desde os clássicos ao rock "Johnny B. Goode", de Chuck Berry. Resta saber o que um eventual ouvinte de outros planetas achará de nós depois desse clip.




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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Por um momento de glória - Comportamento.

POR UM MOMENTO DE GLÓRIA - Comportamento.



Eles querem fazer o que ninguém faz, como puxar um trem com os dentes ou cobrir o corpo com abelhas. Já ganharam um registro especial só para eles: o Livro Guinness de Recordes.

Sir Hugh Beaver, diretor da cervejaria irlandesa Guinness e criador do Livro Guinness dos Recordes Mundiais, sabia que sua dúvida sobre qual o pássaro mais rápido da Europa, naquele ano de 1954, era muito parecida com o tipo de dúvida de outros milhões de ingleses e irlandeses, que adoram levar esse tipo de assunto entre um gole e outro de cerveja em qualquer dos 81400 pubs que povoam as cidades da Inglaterra e Irlanda. Só que não existia nenhum livro com as necessárias fontes que pudesse funcionar como juiz imparcial para um público tradicionalmente tão chegado a apostas.
Daí nasceu no dia 27 de agosto de 1955 o Guinness Book of World Records. Então já se sabia qual o pássaro mais rápido, o edifício mais alto do mundo e a partida de futebol de primeira divisão mais longa da história. Mas, ao lado dos variados superlativos do mundo animal, vegetal, científico e esportivo, foram aparecendo os recordes mais insólitos, extravagantes e disparatados alcançados pelo homem - por aqueles homens que até se dispunham a arriscar a vida para realizar proezas tidas como pura e simples maluquices pelo comum dos mortais.
Assim, se soube que um certo monsieur Lotito, um francês de Evry, tinha sido capaz de comer sua própria bicicleta, pedaço por pedaço; que o californiano Steve Urner era o melhor lançador de esterco de vaca; que o nova-iorquino Henry-Lamothe pulara de 12,9 metros de altura numa piscina quase sem água, sem se machucar. Já o inglês Michael Trevor, com menos sorte, morreu de infarto ao tentar bater o recorde de ingestão de cerveja-debaixo d´água. O mineiro Walnei Almeida Reis, de seu lado. tem certeza de que vai entrar para o Guinness, depois de ter saltado em junho último de um helicóptero a 48 metros de altura para a piscina do Clube de Regatas Tietê, em São Paulo. "De cima, a piscina parecia um copo de água", compara Walnei, que com o seu salto superou em onze metros o norte-americano Hank Dikson, dono do recorde durante de oito anos.
Esses heróis excêntricos que aspiram conseguir recordes insólitos são mais numerosos do que se poderia imaginar e existem praticamente em toda a parte. Tentam escalar altos edifícios, deixam crescer barbas de abelhas em seus corpos e comem quantidades inacreditáveis de grãos de feijão, ou de sorvete, ou de salsicha, ou seja lá do que for. Desafiam a lei da gravidade, o senso comum e o próprio ridículo. Que tipo de gente faz isso? Com que intenção?
A moda da extravagância - que aparece de tempos em tempos no curso da História-não tem nada a ver nem com fenômenos de histeria coletiva nem com condutas originais de fundo religioso ou político.
É na realidade o aparecimento em público de um surpreendente número de adultos normais que realizam atos extravagantes, concebidos por eles mesmos, com o objetivo único de fazer algo que não tenha sido feito por outras pessoas.
Hoje em dia até que está difícil ser extravagante, porque a extravagância já virou rotina. Para se ter uma idéia de como o incomum ficou comum, no principio do século o crítico teatral alemão Alfred Kerr causou grande sensação em Berlim pelo simples fato de descascar uma maçã na rua usando luvas brancas. Em 1986, ninguém se espantou quando mais de vinte pessoas, desconhecidas entre si, trataram de capturar uma serpente píton de 3,4 metros, que apareceu misteriosamente em uma piscina pública de Los Angeles.
O próprio Livro Guinness, pela excepcional acolhida que teve, é o reflexo de que o mundo atravessa uma onda de extravagâncias algo parecido com o que aconteceu no período que vai de 50 antes de Cristo ao ano 400 de nossa era, abrangendo mais ou menos a época dos imperadores romanos. Outro desses períodos em que a extravagância remou suprema vai de 1400 a 1600, ou seja. do acender das luzes do Renascimento à Revolução Comercial. Ambas as épocas deixaram registro de comportamentos exóticos.
Na velha Roma, o cônsul Lucius Licinius Lucullus (117-56 a.C.), homem por sinal muito respeitado foi quem inventou o bárbaro costume de vomitar nos banquetes para repetir a comilança nos intermináveis festins da época. No ano 64, o imperador Nero cantava enquanto Roma queimava, em vez de providenciar o salvamento da cidade. Ele talvez não fosse louco, ao contrário da lenda; apenas não estava à altura do papel que a população esperava que cumprisse, exercendo suas funções como um semideus. Dos césares sempre se esperava algo mais - e, se eles não se distinguiam por suas qualidades naturais, tratavam de brilhar pelo artifício de suas excentricidades.
No fim da Idade Média. os bufões, que existiram em todas as cortes desde a Antiguidade como palhaços grotescos, assumem um novo papel, transformando-se em personagens de notável talento e influência. Participam de conspirações e crimes, fazem intrigas e são confidentes muito estimados de reis e cortesãos. As grandes famílias italianas, como os Medici, de Florença, e os Visconti, de Milão, assim como o rei Henrique IV da França ( 1553-1610) e o imperador Maximiliano da Áustria (1459-1519), tinham os seus bufões, respeitados por aristocratas e intelectuais de seu tempo.
Entre os personagens incomuns que floresceram nessa época, talvez o mais representativo tenha sido o físico e alquimista suiço Bombastus, mais conhecido como Paracelso (1493-1551). Um dos mais extraordinários e escandalosos homens do Renascimento, combateu as superstições, a medicina então praticada e a educação tradicional. Apesar da vida tumultuada, tanto nas universidades como nos campos de batalha, impulsionou a química farmacêutica, formulou os princípios da homeopatia e arrastou consigo a fama de curandeiro. "A imaginação pode tudo", dizia. O comportamento excêntrico do alquimista correspondia aos sentimentos de seus contemporâneos. Historiadores desse período registram que a extravagância havia adquirido proporções de epidemia.
Que semelhança existe entre a Roma do começo do cristianismo e a Europa do fim da Idade Média? Em ambos os períodos, uma cultura havia alcançado o limite de seu desenvolvimento: tanto o Império Romano como a Idade Média sobreviveram além de seus impulsos criadores, mantendo-se por pura inércia. Enquanto isso, para grandes setores da população não havia objetivos dignos de esforço -além da luta pelo pão de cada dia. Os habitantes da antiga Roma consideravam aceitáveis as ações de um Nero. ao mesmo tempo que se lixavam com a sorte do Império. Já a reação ante o ocaso dos tempos medievais foi bem diferente: suas raízes foram reinvestigadas e as bases redesco-
bertas; levantou-se um novo edifício cultural enriquecido com elementos árabes, medievais e próprios.
E a onda atual? Não é nova a teoria de que este fim de século é um período decadente, onde há cada vez menos lugar para a criatividade-o que explicaria em parte a busca do insólito a todo custo. Talvez fosse mais correto dizer que a criatividade existe, mas está restrita a uma minoria e escapa ao cidadão médio. Este, imerso em um oceano de rotina, gasta seu tempo livre de forma quase sempre mais passiva que ativa. assistindo à TV horas a fio, por exemplo. Outras pessoas reagem e buscam a criatividade na política ecologia nas artes e até nos hobbies. E há quem procure combater a inércia estabelecendo os estranhos recordes anotados no Guinness
"A verdade é que temos nossos próprios Guinness íntimos, simbolizados pela nossa vaidade", observa o psicólogo paulista Mauro Moore Madureira. "Por isso, acabamos batendo recordes bizarros, como o de ser o mais estressado no trabalho. 0 melhor copo do pedaço, a mais abnegada das pessoas, exemplifica, "Nossa cultura é extremamente vaidosa e todos sonham com um podium na vida", diz o psicólogo. Para ele, existem duas formas diferentes de chegar aos recordes: uma é pelo prazer, pela vontade alegre de conquistar e vencer obstáculos Outra é pelo dever, pela necessidade de ser aceito. "A primeira enriquece a pessoa emocionalmente. A segunda costuma ser a origem de muitas angústias, por causa do medo do fracasso."
Mas não é um fracasso aqui e outro ali que vão desanimar a legião de fanáticos caçadores de recordes do Guinness ou derrubar o volume de vendas de um livro que nessas três últimas décadas acabou gerando concursos como o de saber quantas pessoas cabem dentro de um automóvel. Essa disputa já não é mais registrada pelo livro. Mas, para quem se interessa, continuam a ser disputadas as categorias quem-corre-mais-carregando uma-garrafa-na-bandeja, andar-sobreas-mãos, ser-o-homem-mais-rico-do-mundo, o grupo-de-rock-mais-barulhento. Ou qualquer coisa nova, desde que comprovadamente bizarra e merecedora da atenção do Guinness e de seus leitores.


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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Encantadas Galapagos - Arquipélago

ENCANTADAS GALÁPAGOS - Arquipélago



Com suas paisagens lunares e animais bizarros, um dos arquipélagos mais jovens da Terra ajuda a entender a origem da vida.

São cinco ilhas, dezenove ilhotas e quarenta e sete rochedos expostos aos tórridos raios do sol equatorial e, ao mesmo tempo, cercados por águas anormalmente frias para a região. Em terra, o solo escuro, basáltico, não cessa de absorver calor. Cavernas e vulcões, florestas e desertos são povoados por animais de comportamento estranho, com os quais o homem aprende lições fundamentais para entender a evolução das espécies. Estamos no Oceano Pacifico, a 965 quilômetros da costa do Equador, no arquipélago cujo nome oficial, Colombo, ninguém usa e que é conhecido por uma palavra que evoca invariavelmente ásperas paisagens e seres pré-históricos-Galápagos.
Mas, na verdade, essas ilhas formadas por erupções sucessivas de vulcões submarinos são geologicamente jovens - muito mais jovens, por exemplo, que a América do Sul, surgida há pelo menos 65 milhões de anos. A mais antiga das rochas da ilha de Espanhola não tem sequer 2 milhões de anos. As Galápagos, com tantas espécies nativas de flora e fauna, surgiram muito depois do aparecimento da vida no planeta.
Isso dá origem a inúmeras teorias de como o arquipélago foi originariamente habitado. Provavelmente, os ventos fortes que sopram do continente, formando ondas velozes no mar, carregaram grãos de terra, sementes e fetos que acabaram sendo os primeiros colonizadores do basalto; de seu lado, os pássaros também devem ter transportado sementes nas penas e patas. Mas a gélida corrente de Humboldt, que sobe da Antártida pelo Oceano Pacifico, é a protagonista da maioria das teorias. Acredita-se que ela teria transportado, sobre troncos que serviram como balsas naturais, vários animais apanhados no caminho. como o iguana dos mares do sul e o pingüim do Pólo.
Por causa dessa corrente, a temperatura das águas em torno das Galápagos fica apenas em 20 graus centígrados aproximadamente; enquanto no ar a temperatura varia de 17 a 30 graus, nas zonas mais frias, e de 36 a 45 graus, nas áreas mais quentes. Galápagos tem seis zonas climáticas diferentes - um dos motivos da enorme diversidade de espécies, espalhadas pelos 7 800 quilômetros quadrados do arquipélago. A maior ilha, Isabela, ocupa mais da metade do total: 4 588 quilômetros quadrados, cerca de setecentos a menos que a área de Brasília.
À primeira vista, o arquipélago parece um campo negro de lavas. Nas rochas surgidas de pedreiras submarinas. o vento e a água esculpiram blocos lisos como muralhas naturais e escarpas perfuradas como esponjas. A paisagem, às vezes, é lunar. Mas no litoral há mangues e lagunas protegidas -local predileto dos flamingos. As areias das praias desertas variam do branco-amarelado aos inusitados verde e roxo.
Há vulcões por todo o arquipélago. O maior deles, o Wolf, em Isabela, com 1075 metros de altura, é cercado por 2 500 minivulcões com menos de 150 metros. É à beira das crateras vulcânicas que vivem os corvos típicos das Galápagos, com suas asas atrofiadas. Mas essa não é a única espécie exclusiva do lugar. O pingüim das Galápagos. o único que se aventurou até o Equador, é o menor pingüim do mundo: com menos de um metro, parece um anão perto de seus parentes do Pólo Sul.
O albatroz que vive na ilha de Espanhola também é a única das treze espécies dessa ave a morar nos trópicos. Os iguanas, répteis de 60 centímetros com cara de monstrinhos pré históricos e que são encontrados em quase toda a parte do arquipélago, possuem glândulas especiais, para poderem beber à vontade a água salgada das ilhas sem dano ao organismo. Mergulhões de pés azuis, uma espécie de ave marinha, também só são encontrados lá.
Mas sem dúvida são as tartarugas gigantes os habitantes mais ilustres das ilhas-tanto que deram nome ao arquipélago: galápago, em espanhol arcaico, é o nome desses animais, que medem mais de um metro de comprimento, pesam cerca de 300 quilos e vivem, em média, 250 anos. Com um certo exagero, um marujo inglês do século XVII deixou escrito em registros de bordo que se podia atravessar uma ilha sobre uma trilha formada apenas por cascos das tartarugas.
Quando as ilhas Galápagos foram descobertas, em 1535, pelo bispo do Panamá, Tomás de Berlanga, deviam amontoar-se ali cerca de 250 mil tartarugas gigantes. Hoje, não restam mais de seis mil; quatro das espécies encontradas antigamente estão extintas. As tartarugas foram uma das maiores vítimas da chegada do homem. Segundo arquivos da marinha norte-americana, no século XIX um único navio carregava até catorze toneladas de tartarugas em apenas quatro dias de buscas; a frota dos Estados Unidos caçou mais de 13 mil exemplares desse animal em 27 anos. As fêmeas eram as mais visadas, por ter mais carne e óleo, o que apressou o processo de dizimação.
O bispo Berlanga chegou às ilhas sem querer, levado pelos caprichos da corrente de Humboldt, que arrastou seu barco. Ao avistar as terras entre brumas-características do entardecer nessas ilhas-, deu-lhes o nome de Encantadas.
Berlanga foi o primeiro branco, mas não foi o primeiro homem a pisar no local. Restos de cerâmicas de civilizações pré-colombianas indicam a passagem dos incas pelo arquipélago. Mas nem eles nem outros povos permaneceram nas ilhas. Aliás, mesmo depois de descobertas, as Galápagos ou Encantadas continuaram terras-de-ninguém por muito tempo. Só despertaram o interesse dos piratas, que as transformaram em base de operações para emboscar galeões espanhóis, que voltavam à metrópole carregados de ouro das colônias.
O primeiro morador conhecido do arquipélago foi um irlandês, Patrick Watkins, que em 1807 pediu que o deixassem na ilha Floreana. Em 1809, porém, roubou um barco, enquanto a tripulação estava em terra caçando tartarugas. Fugiu com cinco negros, mas desembarcou sozinho em Guaiaquil, cidade portuária equatoriano, sem maiores explicações. Em 1832 o Equador resolveu tomar posse do arquipélago talvez à falta de concorrentes e deu-lhe o nome de Colombo, em homenagem ao genovês que descobriu a América.
Os cerca de trezentos equatorianos exilados nas ilhas por questões políticas, na época da posse, viajaram em verdadeiras arcas de Noé: levaram animais domésticos e, como passageiros clandestinos, pulgas e ratos. Os cães e gatos começaram a saborear tartarugas e iguanas. Os caprinos arrasaram a vegetação.
Poucos reconheceram o valor das Galápagos. Um desses foi o escritor norte-americano Hermann Melville, autor de um ensaio sobre as ilhas. Em 1842, o Essex, baleeiro que pertencia a Melville, foi atacado e afundado por um cachalote nas proximidades da ilha Isabela. Essa foi a inspiração de sua obra-prima, Moby Dick, sobre a baleia perseguida nos sete mares pelo implacável capitão Ahab.
Sete anos antes de Melville, em 1835, aportou nas Galápagos o seu mais famoso visitante de todos os tempos: o naturalista inglês Charles Darwin, então com 22 anos. Ali, após observar principalmente os bicos dos tertilhões (pequenos pássaros marrons, com bicos longos e finos nas ilhas em que há frutas e flores; com bicos grossos, nas regiões que só oferecem sementes duras), Darwin criou conceitos fundamentais para a teoria da evolução das espécies, como o da seleção natural em função das condições do ambiente. Ele ficou apenas 35 dias nas Galápagos - tempo suficiente para colher as provas que sustentariam uma revolução na história do conhecimento.
Em 1964, sob patrocínio da Unesco, foi inaugurada a Estação Charles Darwin, na ilha de Santa Cruz, para descobrir fósseis, proteger espécies em extinção e erradicar os animais trazidos pelos colonizadores. Não é fácil. Os antigos animais domésticos se adaptaram tão bem ao lugar que viraram selvagens, adquiriram garras e cascos grossos nas patas para suportar o solo quente. Uma medida tomada pelo governo equatoriano foi autorizar os sete mil moradores das ilhas a caçar esses animais.
Fora a pequena comunidade de cientistas, que tem interesse em trabalhar no lugar e vive isolada com certo conforto, os habitantes das Galápagos vivem em condições precárias. São descendentes de equatorianos e uma minoria de trezentos descendentes de alemães (os quais imigraram para as ilhas Santa Maria e São Cristóvão na década de 20). Eles ocupam uma área não superior a dez por cento das Galápagos, dividida em cinco ilhas, e suas dificuldades chegam a ser pitorescas. Em Porto Ayora, capital de Santa Cruz, maior vilarejo das Galápagos, as mulheres lavam roupa em cavidades naturais do solo: uma máquina de lavar não sobreviveria um ano à corrosão do ar salgado do arquipélago.
O Parque Nacional das Galápagos criado em 1936, ocupa a quase totalidade da área do arquipélago. Os turistas que se aventuram ali não podem montar acampamentos, devem andar com sacos plásticos para não -jogar objetos no chão e não podem tocar os animais. Esse cuidado tem lógica: as focas, por exemplo, que reconhecem seus pais pelo cheiro, sentem-se abandonadas ao aspirar um odor estranho; os pássaros, distraídos com afagos, podem abandonar seus ninhos, deixando os ovos expostos demais ao sol escaldante.
Em 1983 desembarcaram 20 mil turistas nas ilhas. Hoje o governo do Equador estabelece o limite de 20 mil por ano. Mas até os cientistas concordam que, um dia, ao menos as ilhas de Santa Cruz e São Cristóvão serão sacrificadas ao turismo. O sacrifício permitirá, porém, arrecadar fundos para a manutenção do Parque Nacional, onde a cada momento o homem encontra um passado misterioso e também se depara com o futuro incerto da natureza.




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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Que reis foram estes ? A Bíblia

QUE REIS FORAM ESTES? A Bíblia



Diz a Bíblia que "uns magos", guiados por uma estrela, vieram do Oriente à procura de um recém-nascido-o rei dos judeus. Mas não diz quantos eram, de onde vinham exatamente nem se eram mesmo reis.

Todos os anos, o dia 25 de dezembro, revive a suprema tradição cristã do Natal, quando se comemora o nascimento de Jesus. As pessoas trocam presentes, enfeitam pinheiros com luzes e bolas coloridas e montam presépios. Neles se reconstitui o nascimento de Jesus: a gruta em Belém, o menino na manjedoura, os pastares-e os três homens que, segundo a Bíblia, vieram de longe para adorá-lo, trazendo ouro, incenso e mirra. São os três reis magos, que saíram do Oriente guiados por uma estrela na busca de um recém-nascido: o rei prometido.
Nessa caminhada, chegaram a Jerusalém, capital do antigo reino de Israel, convertido em província romana sob o nome de Judéia, onde reinava Herodes. Mas não encontraram ali o recém-nascido e continuaram a seguir a estrela, até Belém. Quem eram os reis magos? Existiram de fato ou são apenas fruto da imaginação? A única referência a eles na Bíblia está no Evangelho de São Mateus. versículo 2: "Tendo, pois, nascido Jesus em Belém de Judá, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos chegaram do Oriente a Jerusalém dizendo: Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Porque nós vimos a sua estrela no Oriente, e viemos adorá-lo .
As dúvidas sobre os reis magos existe na própria Igreja. Em seu livro Jesus Cristo Libertador, o teólogo brasileiro frei Leonardo Boff pergunta: $quot;Vieram de fato os reis do Oriente? É curioso imaginar uma estrela errando por aí, primeiro até Jerusalém e depois até Belém, onde estava o menino. Por que não se dirigiu diretamente a Belém, mas primeiro resplendeu sobre Jerusalém, estarreceu toda a cidade e o rei Herodes, a ponto deste ter decretado a morte de crianças inocentes? Em que medida nisso tudo vai conto ou realidade?$quot; Segundo Boff, $quot;textos do Antigo Testamento e um fenômeno astronômico teriam motivado o relato de Mateus$quot;.
Os evangelhos foram escritos muito depois da morte de Cristo. O de Mateus, por exemplo, foi escrito entre os anos 80 e 85, ou seja, cerca de meio século mais tarde. O teólogo Ivo Storniolo, de São Paulo, acredita que "Mateus criou uma história como se fosse um fato verdadeiro para mostrar o real significado do nascimento desse menino". Outro teólogo, Euclides M. Balancin, afirma que Mateus inspirou-se no salmo 72, 0 Rei Prometido, do Antigo Testamento, que fala de um rei ideal que implantaria a Justiça e o Direito. "O que Mateus quer dizer", interpreta Storniolo, "é que Jesus é o Messias prometido e, reconhecendo isso, os reis das Nações, que seriam os reis do Oriente, vieram trazer-lhe tributos."
As oferendas com que os magos presentearam Jesus são carregadas de significados. O ouro é o símbolo da realeza; o incenso representa a divindade e a mirra era usada em sepultamentos, o que faz supor que Mateus estivesse aludindo à morte de Jesus. No sentido bíblico, os magos representam as nações que reconheceram no menino o rei prometido, ao qual os textos antigos faziam referência. Os magos, portanto, seriam também os reis dessas nações. Entretanto, Mateus só se refere a eles como magos. Apenas no século VI é que passam a ser chamados de reis, além de magos.
Mas, afinal, que estranhos poderes teriam os magos? A palavra mago vem do persa magu que deu em grego mágos e chegou ao português através do latim maga e quer dizer "poderoso". Os sacerdotes da religião persa, o zoroastrismo, eram chamados de magos. Seus poderes vinham dos conhecimentos de Astronomia e Astrologia que possuíam. Por isso, os reis persas se aconselhavam com eles antes de tomar decisões-das mais importantes, como saber qual o melhor dia para resolver questões de Estado, até as mais corriqueiras, por exemplo, o dia mais indicado para tomar um remédio ou mesmo dar uma festa.
Pode-se assim perfeitamente bem especular que tenham sido magos persas os viajantes em busca do Messias guiados por uma estrela. Além de conhecer os mistérios do céu, é provável que estivessem também a par das antigas referências à chegada de um novo rei que viria para salvar os homens. Isso talvez explique por que caminharam tanto seguindo uma estrela, à procura do incerto lugar onde teria nascido o Messias.
O Antigo Testamento, com efeito, menciona um profeta de nome Balaão, contemporâneo de Moisés, o fundador do judaísmo (século XIII a.C), que teria dito: "Um astro procedente de Jacó se torna chefe: um cetro se levanta procedente de Israel". Um anjo teria falado a Moisés sobre a estrela cuja aparição anunciaria a vinda do salvador. Em Roma? o poeta lírico Horácio, que viveu de 65 a 8 a.C, profetizou o começo de uma nova era sob o signo de Saturno-um dos planetas da conjunção que teria causado a luminosidade conhecida como estrela de Belém (veja a seção "Telescópio" na página 70).
Em todo caso, sempre foi muito comum a tradição popular buscar ligações terrestres para acontecimentos extraordinários que ocorrem no céu, como o aparecimento de luzes misteriosas ou astros magníficos e desconhecidos: obrigatoriamente eles deveriam ser o prenúncio de algo novo e importante na Terra.
Sabe-se tão pouco sobre os magos que até seu número é desconhecido. Jacó de Edessa (640-708), teólogo cristão que escreveu comentários sobre o Antigo e o Novo Testamento, dizia que eles vinham da Pérsia, mas não eram três. Eram homens ilustres escoltados por mais de mil pessoas e seguidos por uma multidão. As primeiras representações da adoração de Jesus mostravam a mesma cena que sobreviveu até hoje: três homens que oferecem ao menino Jesus três presentes: ouro. incenso e mirra. Uma hipótese é que o número de presentes tenha criado a confusão.
Seja como for, os nomes dos magos-Melchior, Baltazar e Gaspar - são de origem oriental e todos têm a ver com realeza e poder. Melchior do hebreu, quer dizer "rei da luz": Baltazar, do aramaico, significa Judeus proteja a vida do rei. Gaspar é dos três o que mais possibilidades tem de se referir a um personagem real. Entre os anos 19 e 65 da era cristã, diz-se que viveu na Pérsia um príncipe de nome Gundofarr, que significa "vencedor de tudo". Traduzido transformou-se em Gasta e daí em Gaspar A idéia da procedência persa dos magos influenciou até as roupas com que aparecem representados: chapéu redondo na cabeça, camisa curta presa por um cinturão, calças estreitas e uma capa por cima. Exatamente como os reis persas se vestiam.
No altar mór da Catedral de Colônia, na Alemanha, existem os três caixões revestidos de ouro. Dentro deles estariam os restos mortais de Gaspar, Melchior e Baltazar, trasladados da Itália no século XII. Pode ser outro dos tantos mitos que bordam a história dos magos, mas o fascínio que ela exerce sobre os cristãos do mundo inteiro se renova a cada ano no Natal e depois no dia 6 de janeiro, quando eles teriam chegado a Belém, e a tradição popular preserva e comemora como o Dia de Reis.

Ô de casa, nobre gente...

A cena é sempre a mesma: no dia 6 de janeiro, um alegre e colorido grupo organizado sai às ruas de Valença, no Estado do Rio de Janeiro, para homenagear o nascimento de Jesus. E a tradicional Folia de Reis, uma das mais importantes festas folclóricas do pais. Trazida pelos colonizadores portugueses, deitou raízes sobretudo nas pequenas cidades do interior.

Os foliões, como são chamados os integrantes do grupo, estão com largos blusões de cetim colorido, azuis, vermelhos ou amarelos. Na cabeça, um boné de marinheiro bordado com miçangas e pedrarias. Três homens estão vestidos de palhaços: simbolizam os reis magos disfarçados para enganar o rei Herodes e encobrir a fuga de José, Maria e Jesus para o Egito.

A bandeira da Festa, carregada pelo alferes ou bandeireiro, traz no centro, pintada, a cena do nascimento de Jesus; em volta está toda enfeitada com flores de papel ou de plástico e fitas coloridas. Ao chegar à porta de uma casa, o alferes bate. A porta se abre e a dona recebe a bandeira e cumpre sua parte do ritual: se benze e benze a casa toda com ela. Depois, decide receber a folia. Acompanhados por uma viola, violão, reco-reco, pandeiro, sanfona, triângulo e duas caixas de percussão tiram o reis, isto é, pedem licença para começar e cantam:

"Ô de casa, nobre gente (oilarai)
Ô de fora, quem será (oilarairai)
Ô de fora, é os treis reis santo
Que veio Ihes visitá (aiaiailarai)...

Depois que tiram o reis, a dona da casa dá uma esmola para a bandeira e todos saem para o terreiro, onde os palhaços dançam e recebem dinheiro. Tanto a esmola quanto o dinheiro dado aos palhaços são usados na organização da festa. Ao final das danças, a dona da casa Ihes oferece um lanche. Depois, a folia se despede e continua sua peregrinação de casa em casa.

O ritual, em teoria, sempre se destina a homenagear os reis magos e o nascimento de Jesus. Na prática, entretanto, muitas coisas se misturam, como a criação do mundo, as profecias bíblicas etc. Muitas vezes os versos contam histórias acontecidas naquela determinada comunidade ou no país. $quot;Depois da visita do papa ao Brasil$quot; conta o folclorísta Toninho Macedo, cantou-se o acontecimento nas festas do ano seguinte." Macedo, que nasceu na cidade fluminense de Três Rios. onde as festas de reis são tradicionais, leciona na Escola de Folclore de São Paulo e há dez anos pesquisa o tema. Ele observa que festas fazem parte do cicio de Natal. que começa geralmente à meia -noite do dia 24 de dezembro e termina no dia 6 de janeiro".

O ritual e o nome que se dá às festas mudam conforme a região. No Sul são chamados Ternos de Reis, Pastorias do Senhor Menino, Folias e Reisadas. No Rio de Janeiro e em Minas Gerais as folias são mais ricas tanto em número de pessoas quanto em variações. Há lugares onde não se leva a bandeira. No Nordeste, predominam os ranchos-Bois de Reis, Reisados, Pastoris e Bailes Pastoris - sem caráter necessariamente religioso que dançam de praça em praça e nos salões.




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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Essa onda pegou - A Matéria.

ESSA ONDA PEGOU - A Matéria



No mundo infinitamente pequeno dos átomos, as coisas acontecem de um modo que nada tem a ver com a realidade que conhecemos. A teoria quântica imagina, por exemplo, que a matéria se comporta como uma onda.

De que são feitos nossos corpos? E o mundo em que vivemos? De átomos, todos sabem. Mas nem todos sabem que o conceito de átomo com que trabalham os cientistas de hoje tem muito pouco a ver com os duros e indivisíveis grãos de matéria imaginados pelos filósofos da velha Grécia. A nova visão do átomo é basicamente fruto de uma teoria - a Mecânica Quântica - que, a partir dos anos 20, bombardeou algumas das idéias mais consolidadas da Física.
Nesse estranho mundo, o senso comum não é uma bússola confiável. Alguns componentes do átomo, por exemplo, ora se comportam como partículas, feito bolinha de gude, ora como ondas, iguais às que se produzem na superfície da água. O caminho percorrido pela nova teoria é tão fascinante quanto suas próprias afirmações.
Por que os números e os ponteiros de certos relógios brilham no escuro? A pergunta parece banal. A resposta, entretanto, pode ser o ponto de partida para uma viagem à natureza íntima da matéria que constitui o Universo. O relógio brilha por causa de um fenômeno conhecido desde o começo do século - a radiatividade. Os átomos pesados e instáveis de elementos químicos como o rádio e o urânio emitem partículas carregadas de alta energia. Essas partículas foram batizadas com o nome de radiação alfa.
O descobridor das partículas alfa, o físico neozelandês radicado na Inglaterra Ernest Rutherford (1871-1937), teve certo dia a idéia de utilizar essas ínfimas partículas, menores que um átomo, para estudar os segredos do próprio átomo.
Isso lhe permitiu, de saída, uma descoberta sensacional: a de que, ao contrário do que se pensava, os minúsculos átomos são constituídos de imensos espaços vazios; a maior parte da massa atômica se concentra num núcleo central, de carga elétrica positiva; ao redor desse núcleo e a determinada distância dele ficam os elétrons, de carga negativa. Essa descoberta permitiu a Rutheford comparar os átomos ao sistema solar: o núcleo seria o Sol e os elétrons, movendo-se em órbitas precisas ao seu redor, seriam os planetas.
Esse modelo esbarrava, porém, numa séria dificuldade: é que, de acordo com a teoria clássica, ao se moverem ao redor do núcleo, os elétrons deveriam perder continuamente parte de sua energia, transformada em radiação eletromagnética. O resultado disso seria nada menos que uma tragédia: literalmente, o fim do mundo. Pois, à medida que fossem perdendo energia, os elétrons passariam a circular em órbitas cada vez mais próximas do núcleo, até finalmente chocar-se com ele. Assim, se a comparação de Rutherford fosse correta, todo átomo deveria desabar sobre si mesmo. Para felicidade geral do Universo, não é isso o que acontece: os elétrons mantêm-se em movimento sem nenhuma perda de energia.
O primeiro a querer explicar esse fenômeno que violava as leis da Física conhecida no começo do século foi o dinamarquês Niels Bohr (1885-1962) Após visitar Rutherford em Manchester, na Inglaterra, em 1912, Bohr conseguiu deduzir uma fórmula para determinar os diferentes níveis de energia que poderiam ser ocupados pelo elétron no mais simples dos átomos, o do hidrogênio, que tem um só próton no núcleo e um só elétron em volta dele.
Esses níveis seguem uma regra básica: a diferença entre um e outro é sempre um múltiplo inteiro de um valor constante; pode ser igual a duas, três ou sete vezes esse valor, mas jamais será igual à metade, um terço ou um sétimo, por exemplo (veja o quadro da página ao lado.
Isso significa que o elétron tem um comportamento surpreendente: quando o átomo recebe do exterior um acréscimo de energia - dado, por exemplo, por um raio de luz-, o elétron salta de um nível energético para outro mais alto, sem passar por nenhum espaço intermediário. É como se ele simplesmente desaparecesse de um nível para aparecer instantaneamente em outro nível de maior energia. Passado um tempo imprevisível, o elétron salta de volta ao nível anterior e o átomo reenvia ao exterior a energia excedente. Tudo isso intrigava os físicos: por que diabos, eles ficaram se perguntando, apenas determinados níveis de energia são permitidos aos elétrons e os níveis intermediários lhes são interditados?
Doze anos depois da descoberta de De Bohr, em 1924, um jovem físico e aristocrata francês, Louis de Broglie, que ganharia o prêmio Nobel de Física de 1929, propôs uma resposta audaciosa para o enigma. Einstein havia demonstrado que a luz, que sempre fora concebida como uma onda, se comportava às vezes como um jorro de partículas-ou fótons. De Broglie fez então o raciocínio inverso: se assim é, por que o elétron. concebido como uma partícula. não poderia se comportar como uma onda? Ele deduziu, então, uma fórmula simples para calcular o comprimento de onda do elétron quanto maior a quantidade de movimento do elétron, mais curto o seu comprimento de onda.
A hipótese de De Broglie fornecia uma explicação confortável para a pergunta que intrigava os físicos: por que os elétrons podiam ocupar apenas determinados níveis de energia no átomo de Bohr? Pois, se o elétron pode ser pensado como uma onda, ele se comporta, quando confinado no interior do átomo, como uma onda estacionária, isto é, que se propaga num meio limitado, como ocorre com as ondas produzidas na água de um tanque quando atiramos nela uma pedra.
Essa onda se propaga até as bordas do tanque e então, ao ser refletida, volta sobre si mesma. Se os picos da onda inicial e da onda refletida coincidem, eles se reforçam; porém, se os picos da onda inicial coincidem com os vales da onda refletida, eles se anulam. O mesmo ocorreria com o elétron confinado, pensou De Broglie: os níveis de energia permitidos no modelo de Bohr correspondem às regiões em que os picos se somam. Essas regiões ocorrem sempre em distâncias que correspondem a um número inteiro de vezes o comprimento de onda.
O que De Broglie formulou como pura hipótese matemática teve importantes conseqüências na investigação da estrutura do átomo. O físico austríaco Erwin Schrödinger (1887-1961) deduziu, a partir da hipótese de De Broglie, uma equação de onda que logo se transformaria numa das fórmulas mais usadas em toda a Física Schrödinger estava firmemente convencido de que a onda proposta por De Broglie para explicar o elétron não era apenas uma simples analogia matemática, mas uma realidade física.
Mais tarde, o físico alemão Max Born (1882-1970) deu uma passo além: demonstrou que a equação de Schrödinger poderia ser utilizada mesmo que o elétron fosse concebido como uma partícula. Bastava pensar a onda que ele descreve, não como uma onda material, como a que se forma no tanque de água, mas como uma onda de probabilidade: ela nos informaria em que pontos do espaço ao redor do núcleo seria possível encontrar o elétron e, mais ainda, em quais dos pontos possíveis a presença do elétron seria mais provável.
Pensar no elétron como uma onda, semelhante às que se formam na água, pode parecer uma idéia extremamente ousada e revolucionária. Entretanto na história da Física do século XX, seu papel foi essencialmente conservador. Ao formular sua célebre equação, o que Schrödinger tinha em mente era salvar as boas e velhas idéias da Física clássica, ameaçadas pelo insólito comportamento do elétron, que fazia coisas tão impensáveis quanto desaparecer de uma órbita para aparecer na órbita seguinte sem passar pelo espaço intermediário. E, pior ainda, fazia isso mais rápido que um relâmpago, contrariando assim a Teoria da Relatividade de Einstein, segundo a qual nenhum corpo pode se deslocar no Universo com velocidade superior à da luz.
Em 1925, o físico alemão Werner Heisenberg (1901-1976) havia proposto uma explicação do comportamento dos elétrons que evitava estabelecer qualquer analogia com os conceitos herdados de nosso mundo macroscópico, como partícula ou onda. A teoria de Heisenberg-logo seguida por Paul Dirac, na Inglaterra, e Max Born, na Alemanha-tinha, porém, um caráter altamente abstrato e exigia um tratamento matemático extremamente complicado.
Já a teoria apresentada por Schrödiner no ano seguinte, ao assumir como verdade física a hipótese da natureza ondulatória do elétron proposta por De Broglie, partia de idéias muito familiares aos cientistas da década de 20.
O próprio Schrödinger perceberia mais tarde que, embora partissem de pressupostos diferentes, as duas interpretações chegavam a equações absolutamente equivalentes. Era como se a realidade respondesse da mesma maneira, não importando a forma como a pergunta fosse feita. Conceitos como partículas e ondas são analogias talvez necessárias para se imaginar o mundo do átomo; mas é preciso ter claro que não são mais do que analogias. Como afirma o físico inglês John Gribbin, autor do livro À procura do gato de Schrödinger, "os átomos se parecem com átomos, e nada mais".
A dualidade da matéria, que ora se comporta como partícula ora como onda, cria situações inimagináveis ao nosso senso comum. Um efeito quase fantasmagórico é o que ocorre, por exemplo, na própria emissão daquelas partículas alfa descobertas por Rutherford. As partículas alfa estão longe de ter um nível de energia suficiente para ultrapassar o poderosíssimo campo de força que mantém os núcleos atômicos coesos: sua emissão, portanto, seria simplesmente impossível nos termos na Física clássica. Mas o caráter de onda de que também as partículas alfa são dotadas possibilita a passagem. O fenômeno, que ocorre com outras partículas subatômicas, como o elétron, é conhecido como efeito túnel e só pode ser explicado a partir da Mecânica Quântica.
Esses fatos todos parecem paradoxais porque nosso senso comum foi formado a partir de experiências cotidianas que não têm nada a ver com a realidade existente na escala do átomo. Conceitos como partícula e onda, tomados de empréstimo ao arsenal de idéias derivadas de experiências macroscópicas, permitem apenas uma explicação muito imperfeita do menos que microscópico mundo subatômico. A rigor, um elétron não é nem uma partícula nem uma onda, mas um outro nível de realidade, cujo comportamento às vezes pode ser associado ao de uma partícula e às vezes ao de uma onda.
A precariedade dos conhecimentos sobre o mundo subatômico não impede, porém, que tiremos bom proveito deles. Uma das aplicações tecnológicas do efeito túnel ocorre com o microscópio eletrônico, que substitui com grande vantagem os microscópios óticos. Nestes, os raios de luz são aproveitados através de lentes. Nos outros, feixes de elétrons são aproveitados através de campos eletromagnéticos. Como o comprimento das ondas eletrônicas é muito menor que o das ondas luminosas, o microscópio eletrônico acaba tendo um grau de definição muito maior que o dos microscópios óticos.
Será que a natureza ondulatória da matéria se restringe ao mundo subatômico? Aparentemente, não. Ela já foi verificada também em relação a átomos completos. em princípio, não é fora de propósito dizer que todos os corpos do Universo têm uma onda associada: isso vale para os seres vivos como para os planetas, estrelas, galáxias e o Universo inteiro. Por que então não se pode perceber a onda de um homem ou de um planeta? O motivo é simples. O comprimento de onda diminui à medida que a quantidade de movimento do corpo aumenta. E esta depende não apenas da velocidade do corpo, mas também de sua massa. Como a massa de um corpo humano para não falar na de um planeta -é fantasticamente superior à de um elétron, o comprimento da onda associada ao homem é tão pequeno que escapa à detecção mais acurada.

O gato morto-vivo

Pegue um gato, um frasco de veneno-cianureto de potássio, por exemplo-, um martelo, um contador Geiger usado para medir radiatividade e, por fim, uma certa quantidade de material radiativo. Coloque tudo isso numa caixa e feche. Agora imagine: quando o material radiativo emitir uma partícula alfa, o contador Geiger registrará o fato e acionará um mecanismo que fará o martelo quebrar o vidro de cianureto. Resultado: o gato morre. Não há nenhuma lei da Física que informe o momento exato em que a partícula vai ser emitida. Imagine então que a probabilidade do material emitir a partícula em qualquer momento seja exatamente 50 por cento. O que estará acontecendo com o gato?

Se a partícula foi emitida, o contador registrou, o martelo quebrou o frasco e o gato morreu. Se a partícula não foi emitida, nada disso aconteceu e o gato deve estar pensando: "Que mal eu fiz para me enfiarem dentro desta caixa?" Um cientista, do lado de fora, não tem como saber se ocorreu uma situação ou outra. Enquanto não abrir a caixa, não poderá dizer se o gato está vivo ou morto. É como se ele estivesse num absurdo estado intermediário entre a vida e a morte.

Essa experiência - evidentemente uma experiência mental- foi proposta pelo físico Schrödinger para ironizar a idéia de indeterminação que Impregna todos os poros da Mecânica Quântica. Para ele, era evidente que o gato ou estava vivo ou estava morto, embora o cientista não pudesse saber a verdade. Da mesma forma-pensava Schrödinger -, é evidente que o elétron ou seria uma partícula ou uma onda, não as duas coisas ao mesmo tempo. Infelizmente para o físico, o mundo das partículas sub atômicas provou ser bem menos compreensível pelo senso comum que o mundo dos gatos. As sucessivas interpretações da Mecânica Quântica viriam mostrar, com clareza cada vez maior, que a dualidade partícula-onda e todo o indeterminismo da nova teoria decorrem não da ignorância do observador, como na experiência do gato, mas da própria natureza dos fenômenos observados.



A luz em pacotes

A mecânica Quântica só se desenvolveu graças a uma descoberta-chave feita em 1900 pelo físico alemão Max Planck (1858-1947). Ele constatou que qualquer tipo de radiação - a luz, por exemplo-só pode ser emitida, transmitida e absorvida em quantidades discretas de energia. Isso significa que o fluxo de energia é formado por uma quantidade de pequenos pacotes indivisíveis de energia - os quanta (plural de quantum). A energia de cada quantum é igual à freqüência da radiação multiplicada por um valor constante, chamado constante de Planck e representado nas fórmulas pela letra h.

A descoberta de Planck permitiu que em 1905 Albert Einstein explicasse o efeito fotoelétrico, que intrigava os físicos da época. Esse efeito ocorre quando uma placa de metal recebe luz e emite elétrons, como se a força da luz expulsasse parte dos elétrons existentes nos átomos de metal. Einstein mostrou que o fenômeno só podia ser explicado se se pensasse a luz não como uma onda contínua, como a considerava a Física clássica, mas como um jorro de partículas-os fótons-, o que estava de acordo com a natureza quântica da energia descoberta por Planck.




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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Perfumes Eternos - Fragrâncias.

PERFUMES ETERNOS - Fragrâncias.



Serviam para homenagear os deuses. Depois, seu uso tornou-se arraigado costume, expressão de beleza e sensualidade. Fazê-los é uma arte.

O ato de perfumar-se é um dos mais duradouros costumes do ser humano. Seja para disfarçar os odores naturais do corpo, seja como complemento de elegância e sensualidade, ou ainda para ter e transmitir a sensação de higiene, as pessoas consomem cheirosas essências, loções, desodorantes, talcos, colônias. Em tempos remotos, o uso de perfumes esteve inicialmente associado a ritos religiosos. Há mais ou menos 500 mil anos, quando o homem descobriu o fogo, tratou logo de prestar homenagem aos deuses oferecendo-lhes a fumaça que emanava das resinas e madeiras que queimavam.
Os vapores aromáticos que subiam dos altares dariam prazer aos deuses através da fumaça - ou como diriam muito tempo depois os romanos, per fumum. Os primeiros perfumistas a entrar para a História foram os sacerdotes do Egito antigo. Em breve, os egípcios descobriram que o que era bom para os deuses devia ser bom também para eles, pobres mortais nem sempre bem cheirosos. Assim, o perfume conquistou a vida profana- para nunca mais deixá-la.
Nos banquetes nos palácios dos faraós, por exemplo, era costume derreter uma espécie de gordura perfumada sobre a cabeça dos convidados em sinal de estima. Os hebreus untavam os cabelos de seus reis com óleos aromáticos, como narra a Bíblia. As mulheres gregas e romanas mandavam buscar nos jardins do Oriente ervas e flores raras. Com elas fabricavam-se ungüentos, pomadas e essências para fins cosméticos, Por essa época, perfumar-se já fazia parte dos ritos de beleza. Com o advento do cristianismo, os aromas caíram em desgraça, por estarem ligados aos costumes pagãos. A arte da perfumaria só não desapareceu graças aos árabes, cuja religião não os impedia de cultivar os prazeres sensuais.
No século X, os alquimistas descobriram o alambique-engrenagem através da qual os líquidos se transformam em gasosos e novamente em líquidos, num processo chamado destilação. Graças a isso e contando com a propriedade solvente do álcool, os árabes puderam pela primeira vez destilar água de rosas.
Mas foram os mercadores que voltavam das Índias carregados de especiarias que acabaram propiciando o ressurgimento da perfumaria no Ocidente. Já no final do século XIII, a cidade de Paris transformara-se na capital mundial do perfume.
A água-de-colônia, porém, nasceu na Alemanha em 1792 na cidade de Köln (Colônia), às margens do Reno. O fabricante era um certo Wilhelm Mülhens. Ao casar, ele recebeu de presente a fórmula secreta de uma aqua mirabilis. Mülhens resolveu fabricar essa água milagrosa e montou um laboratório em casa. Nascia assim a água-de-colônia. Dois anos mais tarde, as tropas francesas comandadas por Napoleão Bonaparte invadiram a cidade. Como os soldados não conseguissem pronunciar os nomes das ruas, Napoleão ordenou que os nomes fossem abolidos e as casas, numeradas. A de Mülhens recebeu o número 4711-e é por isso que a autêntica água-de-colônia veio a ser chamada de 4711, como é conhecida hoje no mundo inteiro.
Napoleão Bonaparte, um dos primeiros fãs do perfume de herr Mülhens, parecia acreditar que além de fazer bem ao olfato, fazia bem à saúde. Conta-se que antes de cada batalha ele tomava vários goles da água-de-colônia. Os ingleses, que derrotariam Napoleão na célebre batalha de Waterloo, na Bélgica, também acreditavam nas propaladas qualidades terapêuticas do perfume e tentaram, inutilmente, combater com lavanda a peste que assolou Londres no final do século XVII.
Arte sutil de combinar odores, a perfumaria trabalha com cerca de dez mil essências básicas, das quais apenas mil são encontradas na natureza. Geralmente os aromas vêm das flores, mas outras fragrâncias estranhas às vezes ajudam a compô-los. Entre elas, produtos animais, indispensáveis na fabricação, embora não exatamente atraentes no estado original.
É o caso do almíscar, uma secreção das glândulas sexuais das cabras do Tibete, na Ásia. A palavra almíscar, por sinal, vem do persa mushk, que quer dizer "testículo". Igualmente desagradável é o ambar cinzento produzido pelos cachalotes (cetáceos como as baleias), que flutua no mar como uma grande massa compacta. Almiscar e âmbar possuem propriedades fixadoras importantes na alquimia dos perfumes.
Extrair substâncias aromáticas dos vegetais não é complicado. O problema é que elas estão se tornando tão raras como as essências de animais. Por isso, desde o princípio do século, produz-se cada vez mais em laboratórios compostos sintéticos, seja para reconstituir aromas naturais ou para criar novos.
Obter essência natural de jasmim é trabalhoso e caro. Para cada quilo são necessários 600 quilos de flores, colhidas ao amanhecer. A partir de solventes voláteis, extrai-se das flores o concreto, um produto cremoso de textura semelhante à cera. Depois, mistura-se com o álcool e filtra-se. Quando o álcool evapora, fica o absoluto, a essência pura. Os perfumes são classificados em grandes famílias de essências.
As mais importantes são as florais (que podem agregar fragrâncias de uma só flor, de várias flores e componentes químicos), o verde (fragrâncias de plantas e arbustos), o chipre (combinação do musgo do tronco de carvalho. com a bergamota e o âmbar) e a amadeirada (fragrâncias compostas de raízes ou misturas de troncos de árvores como o cedro e o sândalo).
E na combinação dessas famílias que o perfumista vai desenvolver um trabalho longo e paciente até que se possa lançar um novo perfume. Como um diretor de orquestra, ele tem de alcançar a perfeita harmonia das três notas - denominação que se dá à combinação das famílias de essências que compõem essa sinfonia de aromas. As primeiras são as notas de cabeça, dadas pelos elementos mais voláteis, obtidas de frutas cítricas. Duram alguns minutos e correspondem ao cheiro que se sente ao abrir o frasco. Depois, desenvolvem-se as notas de coração, que duram mais tempo e são dadas pelas essências de rosas e gerânios. Finalmente as notas de fundo determinadas pelos elementos mais fortes, chamados fixadores, que duram horas e são proporcionados por essências de jasmim, sândalo, musgo de carvalho, almíscar, âmbar etc.
Apesar dos modernos procedimentos químicos não é fácil imitar um perfume. Com o conhecimento que se tem e mais uma boa dose de intuição, só é possível detectar de 30 a 60 por cento dos diversos componentes de um deles. Como os elementos naturais são difíceis de identificar, se o perfumista, com seu aparado olfato, descobrir que um perfume contém bergamota, terá depois de determinar sua procedência, já que pode ter vindo da África, do Brasil ou do sul da Itália
Por isso, a perfumaria, dos tempos, sempre guardou zelosamente suas fórmulas. Um bom exemplo é o Chanel nº 5, o perfume francês mais conhecido do mundo. Quando certa vez perguntaram a Marlilyn Monroe o que ela usava para dormir, a resposta foi: "Duas gotas de Chanel nº 5". Lançado pela faladíssima estilista de moda Coco Chanel em 1921, sua criação teve até lances de espionagem, envolvendo o sumiço de um perfumista de uma firma concorrente. Tratava se de encontrar uma nova essência que durasse mais que qualquer outra. Antes de surgir o n.° 5, quem quisesse chegar ao fim do dia perfumado deveria literalmente banhar-se em perfume, de manhã, já que as misturas se volatilizavam com rapidez.
As fragrâncias que faziam sucesso no princípio do século sucumbiram ante o entusiasmo despertado pelos perfumes chipre dos anos vinte. A partir de então, a tendência se acelerou. A cada década renovam-se os perfumes: os aromas verdes e refrescantes que faziam furor no fim da Segunda Guerra Mundial foram substituídos por fragrâncias de musgos e flores; na década de 70 ressurgiram os florais, que no inicio dos anos 80 foram abandonados em favor dos aromas orientais. Hoje em dia, a moda em perfume muda tão depressa que as pessoas mal têm tempo de consumir um frasco inteiro de um mesmo tipo -ainda que os melhores perfumes, como se diz, estejam nos menores frascos.

Questão de concentração

As diferenças que resultam da concentração de essências e álcool utilizados na confecção dos perfumes determinam sua divisão em cinco tipos diferentes, quase todos conhecidos pelos seus nomes em francês:

Extrato
É o que contém maior quantidade de essência pura; portanto, é mais concentrado e duradouro. Algumas gotinhas bastam para que o aroma perdure de quatro a oito horas.

Eau de parfum
Sua mistura envolve a metade da quantidade necessária para se obter o extrato; logo, seu efeito dura menos.

Eau de toilette
Ainda menos concentrada do que a anterior, seu perfume evapora com muita rapidez.

Eau de fraiche
Tem a mesma estrutura da anterior, porém sua fragrância se define como citrica-florai-amadeirada.

Eau de cologne ou colônia
É a forma mais suave de perfume, com menor quantidade de essência, e a mais refrescante de todas.




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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Olhar Eletrônico - Exploração Espacial.

OLHAR ELETRÔNICO - Exploração Espacial.



Em poucos anos, aprendeu-se mais sobre o Universo do que em toda a história da humanidade. Satélites e radio observatórios ampliam sem parar os limites do espaço conhecido.

O mais importante instrumento astronômico, desde que há quatro séculos Galileu começou a espiar o céu com uma luneta, está guardado numa sala esterilizada da empresa norte-americana Lockheed Missile and Space, na Califórnia. Trata-se do telescópio espacial Hubble, cujo lançamento está previsto para 1989. Através dele, é possível ler um jornal a uma distancia de 350 quilômetros ou localizar um vaga-lume a 15 mil quilômetros, ou ainda perceber da Terra o espoucar de um flash de máquina fotográfica na Lua. A 550 quilômetros de altura, sem se embaçar com a atmosfera da Terra, o Hubble poderá enxergar o espaço com uma nitidez sete vezes maior que qualquer outro equipamento já construído pelo homem.
Isso quer dizer que pela primeira vez será possível divisar planetas de outras estrelas além do Sol-se é que eles existem-, na Via Láctea e em outras galáxias vizinhas, dando um colossal impulso às pesquisas sobre a vida no cosmos. O Hubble também vai ajudar a decifrar o mistério da origem das galáxias e dos quasares -esses corpos celestes que piscam como faróis a bilhões de anos-luz de distância da Terra. Além disso, com ele se poderá começar a preencher os incomensuráveis claros no mapeamento do Universo, ao se observar astros 350 vezes mais obscuros do que os conhecidos hoje.
O Hubble, assim chamado em homenagem ao astrônomo norte-americano Edwin Hubble (1889-1953), deveria ter sido colocado em órbita pelo ônibus espacial Atlantis, da NASA, em setembro de 1986. Acontece que, com a explosão do Challenger, companheiro do Atlantis, logo após o seu lançamento de Cabo Canaveral, em janeiro do mesmo ano, o programa espacial dos Estados Unidos sofreu um retrocesso do qual ainda não se recuperou. Por isso, o Hubble, apesar de pronto para ser lançado, tem de ficar em terra, mais precisamente numa sala onde o menor grão de poeira pode prejudicar o seu impecável espelho de 2,5 m de diâmetro.

Enquanto o Hubble não sobe, os astrônomos, precisam contentar-se com o que têm ao alcance dos olhos - uma enormidade em relação ao passado mesmo recente mas muito pouco perto do que há para ver. Ou, como compara o astrofísico da Universidade de São Paulo, Augusto Daminelli: "Estamos na situação de quem garimpa à beira do rio quando sabe onde encontrar um filão de ouro maciço". Para o trabalho de Daminelli - um projeto sobre as chamadas estrelas azuis, de um bilhão de anos-o Hubble seria evidentemente muito útil.
Quando for lançado-dentro dos próximos dois anos, segundo as mais recentes previsões-, o Hubble será a jóia da coroa da Astronomia deste século. Pois nunca na história da humanidade aprendeu-se tanto sobre o Universo como nos últimos vinte anos. Para dar apenas uma idéia do que isso significa, o astrônomo Eugênio Scalise, que pesquisa moléculas interestelares no Rádio Observatório de Itapetinga, em São Paulo, lembra que as informações acumuladas pelo IRAS (sigla em inglês para Satélite Astronômico Infravermelho), que funcionou só de janeiro a novembro de 1983, ainda não foram totalmente interpretadas. "Estamos chegando a um ponto em que o avanço tecnológico está ficando maior que o número de cientistas aptos a usufruir dele", afirma.
Esses avanços ampliaram o campo de observação dos astrônomos para além daquilo que a vista alcança-ou seja, da luz visível até outras faixas de energia eletromagnética difundidas pelos astros no espaço. Essa difusão ocorre em ondas que medem desde quilômetros, como é o caso das ondas longas de rádio-passando pelas microondas, raios infravermelhos, ultravioletas, raios X-até os bilionésimos de milímetros dos raios gama.
Atualmente já existem. na Terra ou no espaço, telescópios capazes de captar todas essas freqüências. Isso permite saber, por exemplo, como uma estrela nasce, quando começa a brilhar de forma mais intensa, quando se separa de suas nuvens de gás e, enfim, quando explode, transformando-se numa supernova. A visão mais abrangente dos céus foi conquistada aos poucos.
As primeiras estrelas da tecnologia aplicada à Astronomia foram os telescópios óticos. Hoje, quase 380 anos depois que Galileu descobriu os quatro maiores satélites de Júpiter, as manchas solares e os montes e vales da Lua, graças ao telescópio que construiu, o desenvolvimento desse tipo de aparelho parece ter chegado ao auge.
Vem aí o telescópio com espelho de 15,2 m de diâmetro, que será construído no extinto vulcão Mauna Kea, no Havaí, até o final do século. Por enquanto, o maior telescópio é o soviético, com um espelho de 5,9 m, construído em Zelenchukskaya, no Cáucaso. O segundo maior é o de 5 m do monte Palomar, na Califórnia.
Com qualquer deles é possível detectar até a luz de uma vela a 25 mil quilômetros de distância. Além do tamanho dos espelhos, os astrônomos apostam na eletrônica e na informática para obter o máximo de seus telescópios.

Graças ao avanço nessas duas áreas é possível obter mais depressa imagens mais precisas dos astros. Foi por exemplo com um detector de luz chamado Reticon que Luiz Alberto Nicolacci, do Observatório Nacional do Rio de Janeiro, fez um levantamento de grandes estruturas cósmicas no telescópio de 1,60 m do Laboratório Nacional de Astrofísica, em Brasópolis, Minas Gerais. O trabalho demorou quatro anos. Se tivesse sido feito com as antigas placas fotográficas do telescópio do monte Palomar demoraria cerca de cinqüenta anos.
Enquanto evoluíram os telescópios óticos, nasceu a radioastronomia. A descoberta de que os astros emitem ondas de rádio deu-se por acaso. Em 1937, Karl Guthe Jansky, um jovem engenheiro de Nova Jersey, nos Estados Unidos, ficou intrigado com as interferências que atrapalhavam as ligações da companhia telefônica. Ao medir a direção, intensidade e comprimento de onda das interferências, concluiu que as emissões vinham da constelação de Sagitário, no centro da Via Láctea, a 30 mil anos-luz de distancia da Terra. Mas só depois da Segunda Guerra Mundial os cientistas começaram a perceber as oportunidades proporcionadas pelas ondas para o estudo do espaço.
Os primeiros radiotelescópios eram aparelhos de rádio que captavam as ondas eletromagnéticas e reproduziam os respectivos sinais num alto-falante. Dessa forma, era possível ouvir a galáxia, embora essas ondas não sejam sonoras. Hoje em dia, elas são reproduzidas eletronicamente e armazenadas no computador, o que permite obter uma representação gráfica ou numérica dos sinais (veja no poster desta edição o mapa da Via Láctea traçado a partir das emissões de rádio dos astros).
Na radioastronomia, como na astronomia ótica, o importante é ter o maior fluxo possível de energia, como é o caso do radiotelescópio de Arecibo, em Porto Rico, cujo prato tem um diâmetro de 304 m. Desde os anos 60, aparelhos em diferentes países vêm sendo ligados entre si, sincronizando suas medições mediante um processo chamado VLBI (Interferometria de Longa Linha de Base). A imagem final obtida pelo computador corresponde ao alcance do prato de um radiotelescópio de milhares de quilômetros de diâmetro.

A radioastronomia revelou a existência dos pulsares ou estrelas de neutrons, ao captar os lampejos de sua radiação. Mas sua maior contribuição ao conhecimento do cosmos ocorreu em 1965, quando os físicos norte-americanos Arno Penzias e Robert Wilson detectaram uma emissão de rádio uniforme no Universo-o que lhes valeu o prêmio Nobel de Física em 1978. Esse sinal, cuja existência já tinha sido prevista teoricamente desde
meados dos anos 40, é interpretado como uma espécie de eco do Big Bang-a explosão que teria dado origem ao Universo há aproximadamente 18 bilhões de anos.
A astronomia do invisível ganhou o maior impulso com a era espacial. Graças a satélites portadores de telescópios no comprimento de ondas de infravermelho, por exemplo, foi possível registrar a partir da década de 70 locais de formação de estrelas. Por mais potentes que fossem, os telescópios convencionais não conseguiriam passar essa informação, pelo fato de que a luz das estrelas em formação fica oculta por densas nuvens de poeira. Já sua energia escapa em forma de radiação infravermelha. O telescópio IRAS, lançado em 1983, identificou 180 mil fontes de radiação na Via Láctea e em outras galáxias.
No ultravioleta, a detecção é mais difícil, porque as emissões acabam totalmente absorvidas pela atmosfera terrestre. No entanto, elas foram captadas pelos satélites Copernicus, lançado pelos Estados Unidos em 1972, e IUE (International Ultraviolet Explorer), uma operação conjunta da NASA, da agência espacial européia ESA e da Inglaterra. Lançado há dez anos, o IUE continua na ativa para fornecer dados sobre as relações entre temperatura e composição química dos astros. Na faixa dos raios X, o satélite Einstein, também norte-americano, lançado em 1978, descobriu emissões procedentes dos quasares, a 18 bilhões de anos-luz.
Os quasares contêm em seu centro os falados buracos negros - corpos celestes cuja força gravitacional é tão poderosa que não só não deixa escapar deles nenhuma luz como ainda atrai toda a matéria que houver nas proximidades. Os gases que fluem em direção ao buraco negro emitem raios X e gama antes de desaparecerem em seu interior. O satélite COS-B foi lançado em 1974 só para a detecção de raios gama e ainda está em operação.
Outro tipo de observação é feita com os detectores de neutrinos- partículas subatômicas sem carga e praticamente sem massa. Com esses detectores, pode-se observar diretamente o coração de energia do Sol, porque, para os neutrinos, a atmosfera solar é transparente - enquanto nenhum tipo de onda eletromagnética vai além da superfície dos astros.
Os cientistas esperam aproveitar o grande salto dos últimos vinte anos para multiplicar novamente a massa de informações disponíveis sobre o Universo. O passo seguinte ao lançamento do Hubble é a colocação em órbita, na próxima década, de doze satélites para observação específica em diversas freqüências. Já para o começo do século XXI, o projeto dos sonhos dos astrônomos é a instalação de uma antena na Lua. Explica o astrônomo João Steiner, do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE): "Será uma oportunidade de fazer mapas detalhados das fontes de rádio no espaço sem a interferência da atmosfera da Terra". Pelo visto, a Astronomia se prepara para ir ainda mais longe do que já foi - literalmente.

De Itapetinga para o mundo

Para descobrir os períodos em que os quasares-pontos luminosos situados nos confins do Universo - emitem radiação em determinadas freqüências, oito rádio observatórios de quatro países, entre os quais o Brasil, ajustaram suas antenas coletoras e, durante as noites de 21 a 27 de setembro último, mediram a intensidade da radiação. Os dados foram gravados em fita magnética e enviados ao Instituto Max Planck, na Alemanha, onde serão confrontados e interpretados.
Foi uma experiência de rotina para o único rádio observatório brasileiro, instalado num sítio de três alqueires pertencente ao INPE, em Itapetinga, perto de Atibaia, São Paulo. Afinal, há seis anos que a solitária antena parabólica de 13,7 metros participa de medições conjuntas de radioastronomia, representando a América do Sul. O Rádio Observatório de Itapetinga coleciona entre seus feitos a honra de ter sido o primeiro do mundo a detectar a radiação sincrotrônica (um tipo de onda de rádio) da supernova de Shelton, a 1987-A, descoberta em fevereiro passado.
Para fazer observações em Itapetinga, a comunidade astronômica do país, composta de quase 170 cientistas, apresenta seus projetos a uma comissão de programas e esta distribui as noites entre os interessados. Sendo esse rádio observatório um dos poucos do mundo em condições de operar em alta freqüência no estudo do Sol, foi ali que se descobriu um novo tipo de explosão solar em freqüências superiores a 90 megahertz. No rádio observatório também é feita a detecção de moléculas de gases como o hidrogênio, na faixa de microondas, com o auxilio de espectrômetros, instrumentos que permitem estudar comprimentos de onda com maior precisão. Em junho último, Itapetinga captou uma fonte radioativa de vapor de água, o que indica uma formação de estrelas a cerca de cinco mil anos-luz da Terra, na constelação de Escudo.
Embora os astrônomos brasileiros procurem manter um padrão de atividade de nível internacional, não há muitos outros lugares, além de Itapetinga, onde eles possam fazer suas pesquisas. O maior e mais bem equipado observatório ótico do Brasil, o Laboratório Nacional de Astrofísica, fica em Brasópolis, sul de Minas, a 1960 metros de altitude. Os astrônomos da USP, INPE e outras instituições dividem, de acordo com a importância de seus projetos, as 150 noites do ano em que o céu pode ser observado naquela região.
Para Augusto Daminelli, da USP, a grande vantagem do observatório são os equipamentos de detecção e análise de imagens. Dos três telescópios ali instalados, o mais potente é um refletor com espelho de 1,6 metro. Foi em Brasópolis que a equipe de Luiz Alberto Nicolacci fez o levantamento da distribuição de galáxias no céu do Hemisfério Sul. Foi ali também que outro astrônomo, João Steiner, do INPE, descobriu um pulsar e uma estrela cataclísmica - de variação muito rápida-na constelação de Sagitário. Além do observatório de Brasópolis, o Brasil possui quatro outros, ligados às universidades do Rio Grande do Sul, Minas, São Paulo e à Prefeitura de Campinas.
Os astrônomos querem mais. Querem, por exemplo, instalar um telescópio brasileiro na localidade chilena de Cerro Morado, na cordilheira dos Andes, onde funcionam oito telescópios norte-americanos. A idéia é dispor de uma alternativa às condições climáticas do Brasil, onde o excesso de nebulosidade prejudica a observação do céu.


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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Freud Explicou - Psicanálise

FREUD EXPLICOU - Psicanalise



A Psicanálise já se incorporou ao nosso dia-a-dia. Palavras como inconsciente, líbido, ou neurose viraram de uso comum, embora nem sempre se saiba o ue querem dizer. Quando surgiu, porém, no final do século passado, essa teoria foi combatida ferozmente e seu autor, Sigmund Freud, submetido a pesadas acusações. Mas não desanimou. O que o movia era a vontade de explicar, antes de tudo, a si mesmo e vencer os demônios que o atormentavam.

Quando tinha 7 anos, Sigmund Freud ouviu o pai dizer num momento de mau humor: "Esse menino nunca vai ser nada na vida". Ele só tornaria a lembrar essa frase, a muito custo, aos 41 anos. Então, naquele finzinho do século XIX, era um médico brilhante em Viena, a celebrada capital do Império Austro-Húngaro. Era também um cientista fascinado pelos mistérios do psiquismo humano e isso o levou a empreender uma longa e dolorosa viagem ao interior de si mesmo.
Essa busca do autoconhecimento consumiu-lhe três anos e permitiu que libertasse do porão da memória episódios traumáticos da infância como a morte do irmão menor e a culpa que isso lhe provocou ou a perturbadora visão da mãe nua. Para defender-se dos fantasmas do passado, ele havia transformado a própria infância numa paisagem nublada, quase irreconhecível. Mas ao dissipar-se a névoa, graças ao extraordinário esforço para reconstituir o tempo esquecido, percebeu que, sem saber, passara a vida tratando de impedir que aquilo que lhe pareceu uma profecia paterna se cumprisse. Conseguiu, como se sabe. Fundador da Psicanálise, um dos mais originais pensadores dos tempos modernos, Sigmund Freud a tal ponto marcou a ciência, a cultura, a arte e a vida das pessoas que já nem se pode imaginar o século XX sem ele. Afinal, como se diz no Brasil, Freud explica.
Seu interesse pela mente humana manifestara-se anos antes da autoanálise que acabaria abrindo as portas para um novo território do conhecimento-com certeza em 1882, quando era médico-residente no Hospital Geral de Viena e tornou-se assistente do anatomista Theodor Meynert, o todo-poderoso chefe do Departamento de Neuropatologia. A trajetória de Freud havia sido, até ali, uma seqüência de brilhantes sucessos.
Com apenas 9 anos, ingressara no ginásio, para logo se tornar o primeiro da classe e se graduar "com louvor". Aos 17 anos, já estava na Universidade de Viena, como estudante de Medicina, movido por uma enorme vontade de saber. Não fora fácil escolher a Faculdade de Medicina: seus interesses intelectuais puxavam-no para vários lados. Também dentro da faculdade foi difícil escolher uma especialização. Decidiu-se finalmente pelo curso de Fisiologia, de Ernst von Brücke.
Brücke, como Meynert, era um ardoroso partidário da opinião do físico alemão Hermann von Helmholtz (1821-1894) de que "nenhuma outra força além das conhecidas forças físico-químicas é ativa no organismo". Para eles, a Biologia e conseqüentemente. a Medicina não eram mais ue extensões da Física. Essas idéias, que as investigações psicanalíticas de Freud o forçaram a abandonar anos mais tarde, não deixaram, porém, de influenciar o seu pensamento.
Freud concluiu o curso de Medicina com excelentes notas. e tudo parecia encaminhá-lo para a pesquisa científica, atividade em que já havia dado mostras de grande talento nos tempos de estudante. Absolutamente convencido de que estava destinado a ser um grande homem, a cada passo pensava o que seus futuros biógrafos escreveriam a respeito. Sua fantasia correspondia plenamente aos desejos dos pais, comerciante de lã Jakob Freud e sua mulher, Amalie Nathansohn.
Quando Sigmund nasceu, no dia 6 de maio de 1856, na cidadezinha de Freiberg, Morávia (hoje Pribor, Tchecoslováquia), primeiro dos seis filhos do casal Freud-dois homens e quatro mulheres-, um fato deu ao comerciante Jakob a sensação de que estava diante de um acontecimento excepcional. O menino veio ao mundo envolvido na membrana amniótica, e isso foi interpretado como augúrio de um futuro brilhante. Seus pais nunca abandonaram essa perspectiva dando-lhe um tratamento privilegiado em relação aos irmãos: o melhor quarto da casa era dele; uma irmã foi proibida de tocar piano, porque isso perturbava os seus estudos.
Outro fator influenciava também a ambição do jovem Freud. A consciência de ser judeu num mundo anti-semita. Isso era sinônimo de um esforço sem trégua: se o judeu não pudesse provar que estava entre os melhores, diriam automaticamente que era o pior. Mas, quando concluiu o curso de Medicina, aos 22 anos, em 1882, um fato veio alterar os planos que tinha traçado para si mesmo: a súbita paixão e a perspectiva de casamento com Martha Bernays - seu único relacionamento amoroso conhecido. A necessidade de fazer dinheiro rapidamente para sustentar uma futura família o levou a trocar a pesquisa científica pela residência médica, com vistas a montar uma clínica particular.
O noivado com Martha foi uma experiência turbulenta. Como ela morasse em outra cidade eles se viam pouco, mas Freud lhe escreveu nada menos que novecentas cartas, algumas ardentemente apaixonadas. Quando se encontravam porém, a possessividade e o ciúme doentio de Freud quase punham tudo a perder. A falta de dinheiro, de qualquer forma, foi adiando o casamento, sucessivamente, até 1886. Depois que se casaram, a relação tornou-se morna e rotineira. Mas eles nunca se separaram.
Nesse meio tempo. a vontade de saber e o desejo de notoriedade voltaram a empurrar Freud para os braços da ciência. Como assistente de Meynert e logo livre-docente em Neuropatologia, fez importantes pesquisas sobre a medula e também sobre os efeitos do uso da cocaína. Freud contava com a própria experiência: numa época em que a droga não era proibida nem sofria qualquer tipo de interdição, ele era um consumidor habitual.
Por influência de Brücke e para desapontamento de Meynert, Freud obteve da universidade uma bolsa de estudos para um estágio de alguns meses em Paris, para estudar com o célebre Jean-Martin Charcot, no hospital da Salpêtrière. Antes de partir, queimou um diário intimo que cobria nada menos que catorze anos de vida.
Freud, então, estava intensamente interessado no fenômeno da histeria, área em que Charcot vinha realizando experiências pioneiras e absolutamente espetaculares mediante o uso da hipnose. Para Meynert, como aliás para toda a Psiquiatria ortodoxa da época, a histeria era simplesmente uma falsa doença.
As mulheres histéricas (a histeria era considerada algo que só afetava as mulheres) eram vistas como meras fingidoras e Charcot, como charlatão.
Um dos grandes méritos de Freud foi ter levado a histeria a sério, dispondo-se a ouvir as pacientes com atenção e respeito. Por alguma estranha intuição, ele sabia que o desvendamento dos conflitos íntimos que atormentavam a si próprio dependia da compreensão do que se passava com aquelas infelizes mulheres. Quando decidiu mergulhar de cabeça no estudo da mente humana, adotou como lema a célebre inscrição gravada no pórtico do templo de Apolo em Delfos, Grécia: "Conhece-te a ti mesmo".
Antes de partir para o decisivo estágio em Paris, Freud estudara a histeria em Viena, em intima colaboração com Josof Breuer, que vinha tratando, com excepcional dedicação, um caso de histeria que se tornou clássico na história da Psicanálise-o de Fraulein (senhorita) Anna O., pseudônimo de uma jovem de 21 anos, de altos dotes intelectuais, que após a morte do pai passou a apresentar variados sintomas psicossomáticos, como sérias perturbações de visão e audição, freqüentes paralisias nos membros, incapacidade de comer e beber, estados de ausência etc.
Utilizando-se da hipnose, Breuer conseguiu que sua paciente recordasse as cenas traumáticas que haviam desencadeado a neurose, todas elas relacionadas com o estado de extrema tensão emocional vivida durante a longa doença e a morte do pai. Verificou também, espantado, que o simples fato de narrar as cenas produzia em Anna um alivio imediato dos sintomas psicossomáticos. Esse procedimento, adotado repetidas vezes, num tratamento persistente e prolongado, levou à eliminação de praticamente todos os sintomas. Mais tarde, Freud mostraria que os traumas psicológicos como os vividos por Anna eram apenas os elementos deflagradores da neurose, cuja verdadeira origem deveria ser buscada muito atrás, na mais remota infância do doente.
Quando voltou de seu estágio em Paris, Freud publicou juntamente com Breuer os Estudos sobre a Histeria, uma espécie de marco inicial da Psicanálise. Então, ele já havia substituído na investigação psicológica o método catártico provocado pela hipnose pelo método da livre associação (veja o quadro da página 39 ).
Logo Breuer deixaria de acompanhar Freud em sua crescente convicção sobre a origem sexual das neuroses. Freud arrumou, então um novo interlocutor, o otorrinolaringologista Wilhelm Fliess, homem de idéias ousadas e altamente interessado na natureza da psique humana. Nessa época, cada nova hipótese ou descoberta era vivamente comentada na imensa correspondência entre Freud e Fliess.
Mas também essa colaboração com Fliess estava destinada ao malogro. Como o próprio Freud descobriria mais tarde, ele transferia a vários homens de sua convivência os intensos e complexos sentimentos de amor e ódio que tinha em relação ao pai. Brücke, Meynert, Breuer e Fliess foram, todos eles, objeto dessa transferência afetiva. Amores arrebatadores e ódios furiosos se alternavam sem parar em sua vida emocional. Só a autoanálise permitiria a Freud exorcizar o fantasma da figura paterna.
Quando iniciou a auto-análise Freud estava convencido de que a causa da histeria era "uma experiência sexual passiva ocorrida antes da puberdade, isto é, uma sedução traumática". Ele associava a neurose à carga erótica presente, mesmo quando bem disfarçada e não percebida pelas pessoas, nas relações entre pais e filhos. Após ter observado sintomas histéricos no irmão e nas irmãs, concluiu que também seu pai não estava livre do que chamou de "incriminação incestuosa".
O prosseguimento da auto-análise e as análises de vários pacientes realizadas nessa mesma época logo lhe mostraram, porém, que, embora o sentimento incestuoso dos pais realmente existisse e fosse às vezes até levado à prática, a grande maioria das supostas seduções ocorridas na infância era um produto da fantasia das crianças: eram elas que experimentavam um intenso desejo de manter relações sexuais com os pais -geralmente com o genitor do sexo oposto. Eis uma das mais arrojadas e controvertidas contribuições de Freud ao conhecimento humano: a idéia de que a sexualidade começa antes, muito antes de manifestar-se nas transformações que ocorrem na puberdade.
Ele enfrentou com determinação a hostilidade dos meios conservadores a suas idéias. A excitação da descoberta científica o empurrava para a frente e os progressos na interpretação de seu próprio mundo psíquico lhe traziam crescente autoconfiança. Freud trocava o papel de filho pelo de pai: pai de seis filhos em seu casamento com Martha e pai da Psicanálise. A partir de 1902, começa a se reunir em sua casa o círculo dos primeiros seguidores da nova teoria. O grupo, formado inicialmente por Alfred Adler, Max Kahane, Rudolf Reitler e Wilhelm Stekel, além do próprio Freud, se encontra pontualmente toda quarta-feira depois do jantar.

Em 1908, o grupo já tem 22 membros, entre eles o médico suíço Carl Gustav Jung, dezenove anos mais moço que Freud e a quem este se referia como "querido filho e herdeiro". Nesse mesmo ano, o círculo se transforma na Sociedade Psicanalítica de Viena e, em 1910, na Associação Psicanalítica Internacional, com Jung na presidência por determinação de Freud. Mas, no ano seguinte, quando Jung rompe com Freud após uma série de desentendimentos por causa da "excessiva importância" que este concedia à sexualidade, Freud comentou "Finalmente estamos livres do bruta santarrão". O santarrão ia por conta do misticismo de Jung, intoleravelmente racionalista do outro.
A capacidade de trabalho de Freud era verdadeiramente espantosa. Ele acordava às 7 horas e, depois do café da manhã e de uma rápida olhada nos jornais, começava a atender seus pacientes pontualmente às 8 horas. Cada sessão durava exatamente 55 minutos. Nos cinco minutos que restavam para fechar a hora, ele subia a escada que ligava o andar em que se encontravam o consultório, a sala de espera e o escritório particular ao andar superior, onde vivia a família.
As sessões se prolongavam até as 13 horas, quando a família se reunia para o almoço. Freud era um pai carinhoso e proporcionou a seus filhos uma formação bastante livre, pelo menos em comparação com os rígidos padrões germânicos do começo do século. Quando havia convidados para o almoço, porém, seu silêncio e introspecção costumavam criar situações extremamente embaraçosas.
Depois do almoço, um curto passeio a pé pelas tranqüilas ruas de Viena e a compra dos charutos favoritos. Freud chegava a fumar até vinte charutos longos por dia. Mas, quando seus seguidores lhe propuseram uma explicação psicanalítica para o vício, ele a recusou. bem-humorado.
As consultas recomeçavam às 15 horas e se estendiam muitas, vezes até as 9 ou 10 da noite. Depois disso tudo, Freud ainda arrumava energia para escrever. Apesar do estafante rítmo de trabalho, havia tempo para o lazer. Ele era um grande jogador de xadrez e também gostava de paciência. Freqüentava às vezes o teatro, mas em matéria de ópera só gostava de Mozart, sobretudo Don Giovanni, e da Carmen de Bizet. Tinha enorme fascinação por objetos de arte antigos e sua coleção particular. com mais de 2 500 peças, principalmente egípcias. gregas e romanas, era maior que a de muitos museus.
Freud conhecia a fundo os clássicos da literatura: os gregos, Shakespeare, os grandes poetas alemães (principalmente Goethe), os romancistas franceses Balzac, Flaubert e Maupassanp e os russos Dostoievski e Gogol. Ao lado dos interesses intelectuais, tinha também grande prazer nas atividade físicas: nadava bem, patinava, caminhava muito e rápido. Aos 65 anos, participando de excursão pelas montanhas do Harz, na Alemanha, vence facilmente colegas 25 anos mais moços, tanto em resistência quanto em velocidade.
Freud havia se fixado a meta de produzir pelo menos três linhas por dia, mas nem sempre era fácil vencer o branco do papel. Outras vezes, porem, as idéias jorravam fácil e ele era capaz de produzir uma importante obra científica em apenas alguma semanas. Escreveu dezessete livros e dezenas de artigos. Seu estilo literário é brilhante, mas dependia daquilo que ele chamava uma "moderada quantidade de miséria" pessoal: ou seja, Freud supunha que quando tudo ia bem demais na sua vida o texto não saia bom.
Misérias pessoais - nem sempre moderadas - não lhe faltaram ao longo da vida. Houve as intermináveis brigas no interior do movimento psicanalítico. Houve o câncer na boca, provocado seguramente pelos charutos. Os primeiros sintomas apareceram em 1917. Em 1923 ele foi submetido à primeira operação-a primeira das 33 que sofreria, numa escalada infernal de dor e desconforto. que suportou com extraordinário autocontrole, sem poder recorrer sequer ao conforto da religião. dado seu ateísmo radical. Com a filha predileta, Anna-que se torna também uma importante psicanalista e uma espécie de zelosa guardiã de seu legado teórico-. ele fez um pacto: a doença deveria ser encarada sem sentimentalismo, com frio distanciamento.
E houve, enfim o nazismo. Quando a Alemanha de Hitler anexou a Áustria, em 1938, e os nazistas invadiram sua casa, Freud os enfrentou com tanta fúria que momentaneamente os deixou paralisados-e ele se livrou da ameaça iminente de agressão física. A permanência em Viena, porém, era algo fora de cogitação: cedendo aos insistentes chamados do psicanalista inglês Ernest Jones, que viria a ser também seu principal biógrafo, Freud. então extremamente doente, com 82 anos, concordou em seguir para a Inglaterra.
Um movimento internacional de pressão forçou as autoridades nazistas a lhe permitirem a saída. Em Londres passou seus últimos meses trabalhando quase até o fim: seu derradeiro livro, Moisés e o Monoteísmo, foi concluído em 1939: no dia 23 de setembro daquele ano ele morreu. Seu corpo foi cremado e as cinzas guardadas numa urna grega de sua coleção. Encontram-se até hoje no cemitério judaico de GoldersGreen, em Londres.

Como um sherlock da psique

Na mitologia grega, o rei de Tebas, Édipo, matou Laio, sem saber que este era seu pai, e casou com Jocasta, sem saber que era sua mãe. Esse trágico triângulo amoroso, segundo Sigmund Freud, seria revivido na fantasia de todas as crianças, geralmente antes dos 5 anos de idade, quando, de alguma forma, elas experimentariam desejo sexual em relação ao genitor do sexo oposto, além de fortes sensações de rivalidade e hostilidade em relação ao genitor do mesmo sexo.

A expressão complexo de Édipo só foi empregada, pela primeira vez, em 1910; seu conceito se formou, porém, mais de dez anos antes, no bojo da auto-análise de Freud. A sexualidade infantil se manifestaria já nos primeiros momentos de vida e passaria por várias fases - oral, anal, fálica e genital. Esse processo, porém, nem sempre transcorreria de modo perfeito; as inibições em sua trajetória caracterizariam muitos distúrbios da vida sexual. A fixação da líbido ou energia erótica em fases infantis do desenvolvimento sexual seria responsável pelas perversões sexuais dos adultos, entre as quais Freud inclui o homossexualismo.

As distorções no desenvolvimento sexual do indivíduo seriam, segundo Freud, a principal causa da neurose - desordem mental caracterizada por ansiedade, mal-estar psicológico, sensação de infelicidade desproporcional às circunstâncias reais da vida da pessoa. As neuroses, formadas geralmente por volta dos 6 anos de idade, seriam justamente uma resposta da mente consciente ao conflito inconsciente entre os impulsos instintivos e os padrões de comportamento impostos pela sociedade.

Essa idéia de uma atividade mental inconsciente é um dos pressupostos fundamentais da Psicanálise. O inconsciente, às vezes imaginado como uma espécie de porão da mente ou psique, seria o depósito das tendências reprimidas do indivíduo- as quais, como o desejo incestuoso do menino em relação à mãe, seriam banidas da vida consciente devido a sua ameaça potencial à ordem civilizada.

A repressão, porém, nunca é completa, dizia Freud: o reprimido no inconsciente estaria sempre forçando sua passagem ao plano consciente; as mensagens cifradas transmitidas pelo inconsciente permitiriam ao analista buscar a explicação da neurose e, daí, sua possível cura. A técnica psicanalítica teria, dessa maneira, muito a ver com a atividade do detetive nos romances policiais, que vai remontando, num árduo e cuidadoso trabalho de interpretação, a trama oculta.

Em suas primeiras investigações da mente, Freud empregou a hipnose para trazer à luz as cenas traumáticas do passado. Abandonou-a, porém, não só porque muitos pacientes não se deixavam hipnotizar, mas principalmente porque, embora a hipnose permitisse o acesso a memórias correspondentes a determinada região do inconsciente, criava, nas fronteiras dessa mesma região, barreiras ainda mais difíceis de serem transpostas.Freud substituiu então a hipnose pelo método da livre associação, em que o paciente, deitado num divã, de costas para não ser inibido pelo olhar e expressão facial do terapeuta, passaria a falar tudo o que lhe viesse à cabeça. Nesse trabalho de garimpagem do inconsciente seriam importantíssimas também as interpretações dos sonhos e dos atos falhos. Os sonhos, através de sua linguagem simbólica, dariam acesso direto ao material inconsciente. E os atos falhos, tais como os lapsos de linguagem que cometemos freqüentemente, seriam for adotadas pelas tendênciasreprimidas para forçar a passagem ao plano consciente.




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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O computador levanta vôo - Aviação.

O COMPUTADOR LEVANTA VÔO - Aviação.



Supercomputadores testam aviões da virada do século, dez vezes mais rápidos que o Concorde, antes que começem a ser fabricados.

Após uma decolagem tranqüila, o piloto se prepara para ganhar altura. Aos poucos, o avião vai subindo, até chegar as fronteiras da atmosfera, a 30 mil metros, três vezes além dos jatos atuais. Ele voa depressa - bem mais depressa do que o mais rápido jato em operação comercial no mundo, supersônico Concorde, que cobre 2.1 mil quilômetros numa hora. Sem se perturbar com a turbulência e as ondas de choque provocadas pelo fluxo de calor em torno da fuselagem por causa da rapidez do vôo, o piloto inicia os preparativos para alcançar velocidades de tirar a respiração - primeiro, sete; depois, quatorze; enfim, 25 vezes a velocidade do som, ou seja, 30 mil quilômetros por hora, o suficiente para entrar em órbita em torno da terra. A medida que sobe, o aparelho envolvido por uma série de fios de cores brilhantes que mostram a direção das correntes de ar e zonas de maior turbulência.
Tudo isso é ficção. Esta viagem não aconteceu - ainda. Mas o cientista de verdade, que tomou o lugar do nosso piloto imaginário, pode simular o vôo no vídeo de um supercomputador antes mesmo que o projeto desse avião chamado Hipersônico tenha saído das pranchetas dos desenhistas.
Esse faz-de-conta, tão realista, é possível graças a um sofisticado sistema automatizado - NAS (Sigla em inglês para simulação numérica aerodinâmica)-criado para agência espacial norte-americana NASA, pelo Ames Research Center, em Mountain View, na Califórnia.

O NAS tem em seu coração uma maravilha comparável ao avião supersônico. Um dos mais rápidos supercomputadores do mundo, o Cray-2 , capaz de fazer até dois bilhões de cálculos
(2 gigaflops) por segundo. A NASA investiu 120 milhões de dólares neste programa para revolucionar o modo de testar e desenhar os veículos aeroespaciais da próxima geração. A prioridade do NAS e o projeto do avião aeroespacial Expresso do Oriente, capaz de voar quatorze vezes mais depressa do que o som, ou 17 mil quilômetros por hora.

Projetado para transportar quinhentos passageiros, quase o dobro, portanto, dos atuais jumbos, Expresso do Oriente deverá estar voando por volta do ano 2000. Como o próprio nome indica, ele será utilizado principalmente nas rotas entre América do Norte e a Ásia. Com a velocidade para a qual está programado, poderá ligar, digamos, Washington a Tóquio num piscar de olhos - três horas, treze a menos que os jatos atuais.

Cálculos a Jato

Entre o pioneiro 14-Bis de Santos Dumont e os projetos dos jatos hipersônicos, muito do charme e da aventura de se construir um avião se perdeu. Em compensação, o avanço da indústria e a revolução da informática abriram possibilidades de investir em aparelhos inimagináveis no começo do século. Ganhou-se em velocidade, resistência, potência do motor. De seu lado, os velocíssimos supercomputadores já são ferramentas obrigatórias para investigar fenômenos do mundo físico que exigem a interpretação de milhões de dados combinados.
Para se ter uma idéia, um cálculo que num microcomputador Apple 11 leva 80 horas, num IBM/PC 35 horas e num computador de grande porte, como o VAX 11 /780, sete minutos, é feito num supercomputador como o Cray-2 em menos de dois segundos. Embora funcione como um supercérebro, o Cray é pequeno: tem pouco mais de um metro de altura e outro tanto de diâmetro. Devido à rapidez com que opera, ele aquece como um plugue submetido à excesso de corrente ligado a uma tomada. Por causa disso, seus circuitos são imersos em um fluido, do mesmo tipo usado no plasma artificial que substitui o sangue humano. O local onde ele se encontra "lembra um aquário", compara Ron Bailey, diretor do projeto NAS da NASA.
Capaz de armazenar 256 milhões de palavras em sua memória, o Cray-2 de Mountain View está sendo usado ao mesmo tempo por 37 centros de pesquisa dos Estados Unidos. Ele serve a várias áreas, além da aviação. Por exemplo, ajuda no estudo da formação das galáxias, na modelagem dos padrões de clima da Terra, na decodificação dos códigos genéticos e na simulação de reações químicas. Devido ao preço, que pode chegar a 20 milhões de dólares, e à sofisticação, a família dos supercomputadores ainda é pequena. Existem apenas uns trezentos, concentrados nos Estados Unidos, Canadá, Japão e países da Europa. Quem tem, não quer vender. Quem não tem, espera a vez de poder comprar. No Brasil há pelo menos seis empresas e instituições de pesquisas interessadas, da Petrobrás ao CTA (Centro Técnico Aeroespacial).




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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O Inimigo público número 1 - O Vírus.

O INIMIGO PÚBLICO NÚMERO 1 - O Vírus.



Do mais banal resfriado ao flagelo da AIDS, o culpado é sempre a mesma criatura: o vírus.

O maior inimigo da vida não mede mais que trinta milionésimos de milímetro. Causa gripe, sarampo, paralisia infantil, varíola, AIDS - entre muitas outras agressões à saúde. Esse inimigo é tão peculiar que, além de microscópico, tem um lado vivo e um lado morto.
Como não se alimenta nem respira nem produz coisa alguma, não faz parte do mundo dos vivos. Mas,como é formado por um material genético básico - o ácido nucléico - e é capaz de multiplicar-se, não se pode
negar-lhe a condiçào de criatura viva.
Essa criatura é o vírus, cuja única razão de existir parece ser a própria reprodução. Para isso, aproveita-se dos mecanismos das células onde se hospeda. Depois as sacrifica.
O vírus surgiu antes do homem, vencendo todos os obstáculos naturais à seleção das espécies. E ainda vence muitas batalhas na guerra sem quartel que a ciência moderna lhe move. São conhecidas cerca de mil espécies diferentes de vírus, responsáveis por 60 por cento das doenças em animais e plantas.
A cada passo descobre-se a presença de vírus onde não se suspeitava.
Em 1980, por exemplo, o imunologista norte-americano Robert Gallo - um dos descobridores do vírus da AIDS- identificou um vírus, existente no Japão, na África e nas Ilhas do Caribe, que causa leucemia. Não é um caso isolado : sabe-se que cerca de 40 vírus tem a ver com certos tipos de câncer. O vírus pode até atacar a mente humana.
Médicos do Instituto de Saúde Mental dos Estados Unidos desconfiam que a esquizofrenia- um dos tipos mais comuns de loucura - pode ter causas viróticas. Um vírus foi encontrado no líquido espinhal de dezessete dos cinquenta esquizofrênicos examinados no início deste ano. Outra doença que talvez seja provocada por vírus é a esclerose múltipla - degeneração incurável do sistema nervoso, caracterizada por perda de memória e de coordenação motora.
No sangue de algumas pessoas, os cientistas identificaram um anticorpo então desconhecido muito parecido com o da AIDS. Os anticorpos são uma arma do organismo contra agentes estranhos como os vírus.
Pode-se compará-los a mísseis teleguiados: são feitos sob medida para determinado alvo - portanto, um anticorpo diferente supõe a existência de um vírus diferente.
Na pesquisa, a maioria das pessoas com o novo anticorpo tinha sintomas de esclerose múltipla. Isolado o novo vírus, batizado Smon, verificou-se que ele existia no líquido espinhal de um terço dos esclerosados.
Fica muito difícil, porém, diagnosticar se um vírus é de fato novo ou se nova é apenas a sua descoberta. É que o vírus é formado por um ácido nucléico, base de qualquer célula. Tais ácidos formam as chamadas moléculas de aminoácidos. Estas reunidas, constroem as proteínas de que são feitos os seres vivos.
Nas células existem dois ácidos nucléicos: o DNA, ou ácido desoxirribonucléico, que guarda toda a bagagem hereditária daquele organismo; e o RNA, ou ácido ribonucléico, responsável pelo bom funcionamento dos componentes das células. Mas com o vírus é diferente: só possui ou DNA ou RNA. Ele, na verdade, nada mais é que um novelo de um único ácido nucléico, envolvido numa fina capa de proteínas. Não se sabe se surgiu antes dos seres considerados vivos - sendo então uma forma primitivíssima de vida-ou se é resultado de uma espécie de retrocesso.
"Dizer quem chegou primeiro é discutir sobre a origem do ovo e da galinha", compara o professor Renato Mortara, da Escola Paulista de Medicina, que passou cinco anos na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, estudando essas minúsculas criaturas. Mortara, um paulista de 32 anos, admite que "o vírus poderia ter surgido a partir do próprio homem?". Não é impossível: assim como a doença chamada câncer é uma reprodução descontrolada das células, uma célula poderia passar por um processo de mutação, até restar apenas a unidade básica da forma original, ou seja, o seu ácido nucléico.
Essa "fantasia", como diz o professor Mortara, é um exemplo das teorias segundo as quais os vírus seriam conseqüência de um processo de regressão da vida. Seja como for, vírus e seres humanos convivem há muito tempo. A múmia de Ramsés II, faraó do século XIII a.C., mostra cicatrizes de varíola doença causada por vírus, que geralmente ataca crianças e hoje pode ser evitada com vacina.
Assim como a varíola, as doenças viróticas em geral permaneceram um mistério até a invenção do microscópio eletrônico na década de 40. Com seus raios luminosos, o equipamento permite ver o vírus. Mas o homem desconfiava da existência do vírus antes de conseguir enxergá-lo.
Em 1892, 0 microbiologista russo Dmitry Ivanovsky (1864-1920), ao estudar uma doença na planta do tabaco, ficou espantado ao verificar que, injetando a seiva filtrada de uma planta doente em outra sadia, esta última também adoecia.
O complicado processo de filtragem pelo qual passou a seiva deveria ter contido todas as bactérias. Mas, se mesmo filtrada a seiva continuava infecciosa, deveria existir algo ainda menor que as bactérias - até então os menores seres vivos que se conhecia. Ivanovsky falou em ultrabactérias. Outros cientistas, que também fizeram experiências semelhantes em plantas e animais, começaram a falar em "líquido infeccioso vivente". Eles não tinham como ver que o líquido era, na realidade, uma supensão contendo milhares de vírus. Em 1917, o microbiologista canadense Félix d´ Herelle observou no microscópio que placas de bactérias de repente começavam a desaparecer. Concluiu que existiam criaturas ainda menores que as bactérias por elas destruídas: foram chamadas bacteriófagas.
Na verdade, o que existe são vírus que preferem a célula de determinada bactéria a qualquer outra. Mas d´Herelle, no seu microscópio comum, que aumentava apenas 360 vezes, não conseguia vê-los. Trezentos anos antes, em 1617, o biólogo holandês Van Leeuwenhoec, que descobriu as bactérias, impressionou a todos ao afirmar que algumas centenas de bactérias caberiam num grão de areia. Pois bem: dentro das menores bactérias existentes cabem cerca de cem vírus da poliomielite ou dez vírus da gripe.
Os vírus- palavra que em latim significa veneno - foram isolados e fotografados pela primeira vez na década de 50. Desde então, a pesquisa na área da virologia caminha em ritmo acelerado. Logo se descobriu que se trata de entes ao mesmo tempo primitivos e sofisticados, diante dos quais o organismo também revelou uma surpreendente capacidade de defesa. Na presença do vírus o corpo transforma-se em campo de batalha. E, como em toda guerra, a vitória costuma ser de quem tem a melhor estratégia. Cada vírus tem a sua. Por isso, em virologia, cada caso é um caso.
Um organismo pode ser comparado a uma fábrica de luvas: produz desde luvas microscópicas até gigantes, com diferenças milimétricas entre um tamanho e outro. Cada luva - ou anticorpo - veste perfeitamente um vírus ou antígeno- e só aquele. Muitos anticorpos vivem e morrem ingloriamente sem encontrar o antígeno para o qual foram feitos e travar com ele uma batalha de vida ou morte. Não se trata, porém de um desperdício da natureza: para o organismo é melhor ter um de cada a ter vários só de alguns.
Se assim é, qual a vantagem de se vacinar contra uma doença para a qual já se tem defesa? A vantagem está na velocidade. Ou memória, como dizem os virologistas. A vacina é composta sempre de vírus inativados (mortos) ou atenuados (um segmento do vírus). Se fosse composta de vírus ativos e inteiros, a pessoa vacinada pegaria a doença, o que seria um contra-senso. A função da vacina é chamar a atenção do anticorpo que, despertado, briga com o "falso vírus" da vacina - o suficiente para ter na memória (dai o termo) a estratégia adequada quando entrar em cena um vírus autêntico: uma forma de multiplicar-se rapidamente para defender o organismo a tempo.
Chegar a tempo significa combater o vírus antes que ele alcance o núcleo da célula, quando domina a situação. Todo vírus é um especialista - tem preferência por determinado tipo de célula. Assim, o vírus da hepatite sai em busca das células do fígado; o vírus do resfriado prefere as células do aparelho respiratório. Essa especialização se deu ao longo da evolução: o capsídio que envolve o ácido nucléico do vírus se encaixa perfeitamente apenas na cavidade de um único tipo de célula.
Desprevinida, a célula recebe o vírus amigavelmente, sem perceber que ele - tão parecido com ela mesma - é um estranho cheio de más intenções. Assim, o hóspede, hipócrita e insidioso, trai o anfitrião: corre para o núcleo, uma espécie de cérebro da célula, e lhe toma os comandos. A célula passa a fabricar compulsivamente mais e mais vírus - até que de tão cheia ela estoura e os filhotes invadem as células vizinhas.
No caso dos vírus que possuem RNA, os chamados retrovírus, há um servicinho extra: uma enzima, localizada dentro do invólucro do vírus tem de transformar o RNA em DNA, pois este é o único ácido capaz de entrar no núcleo. Drogas hoje muito faladas como a AZT, buscam dificultar a vida do retrovírus da AIDS, eliminando essa enzima. Sem ela, o retrovirus leva muito mais tempo até ser traduzido para DNA e assim invadir o núcleo da célula.
Qualquer vírus deixa rastros, como pedaços do seu capsídio presos na membrana celular. O organismo, ao sentir a presença estranha, envia glóbulos brancos do sangue, chamados macrófagas que literalmente engolem a célula infectada. Se for tarde, ou seja, se a área infectada já tiver crescido muito (o vírus da poliomielite produz cem filhotes em três horas, por exemplo), as células T existentes no sangue começam a fabricar os anticorpos sob medida, que matam ou neutralizam os vírus. A produção desses anticorpos demora de três a sete dias. Só que o vírus da AIDS corta o bem pela raiz: ataca justamente as células T.
Quando isso acontece, abre-se o espaço para uma série de infecções oportunistas. Elas não apareceriam caso as células T funcionassem normalmente. Por exemplo, elas fabricam anticorpos contra os vírus da herpes, que ficam hibernando com apenas cinco de seus setenta genes em funcionamento. Às vezes, fatores tão diversos como queimaduras solares ou estresse acordam os vírus da herpes. Mas, no caso da AIDS. os vírus acordam por falta da vigilância implacável dos anticorpos.
"A AIDS deve ter surgido pela mutação de um vírus já existente", opina o doutor Alexandre Vranjac, diretor do Centro de Controle Epidemológico de São Paulo. A mutação, segundo ele, é um recurso de sobrevivência do vírus ." 0 vírus da gripe é um dos mais mutantes" , exemplifica. De fato, quanto mais comum o vírus, maior o número de pessoas imunizadas por terem contraído a doença. Logo, ou o vírus muda, alterando um pouco a ordem de seus genes, ou está condenado a desaparecer.
O vírus da AIDS é ainda mais mutante que o da gripe. Cada geração não dura sequer um mês . Portanto, para se produzir uma vacina contra ele, seria preciso saber qual a sua próxima forma. "A vacina", explica Vranjac, "só é eficaz quando tomada antes". É isso o que mais intriga nos vírus - estão sempre prontos a trocar de máscara e nos enganar de novo.

Sob pressão da AIDS

Como só costuma acontecer em situações de crise, a busca da cura para a AIDS mobiliza cientistas no mundo inteiro. Surgem novas teorias e técnicas - algumas delas verdadeiramente fantásticas. O físico alemão Jonathan Tennenbaum, que trabalha para o governo norte-americano, anunciou em setembro último a criação de um aparelho a laser, capaz não só de realizar 1200 testes por dia mas também de localizar qualquer microorganismo invasor existente no corpo, lendo a forma das células através da pele. O microrganismo ou bactéria, inclusive o da AIDS-é identificado por um computador. "Conseguimos ver a impressão digital do vírus", diz Tennenbaum.

Sem dúvida, a área mais quente nas pesquisas é a da engenharia genética , que tenta fazer do virís um aliado. Inoculando dois vírus inofensivos em animais, os cientistas já provaram que podem originar um terceiro vírus, fatal. Agora, formulam-se teorias sobre a possibilidade de se criar uma espécie de antivírus.

O professor da Escola Paulista de Medicina. Renato Mortara, acha que isso só será possível daqui a décadas. "Por enquanto", receia ele, "com tantas incógnitas sobre vírus, poderíamos criar um antivírus para a AIDS que por sua vez provoque outra doença qualquer." Já o doutor Alexandre Vranjac, do Centro de Controle Epidemiológico de São Paulo, é mais otimista: "Nessa teoria está o daqui-pra-frente da virologia".




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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A charada dos dinossauros - Extinção

A CHARADA DOS DINOSSAUROS - Extinção



Dominaram a Terra durante 140 milhões de anos e sumiram tão misteriosamente como apareceram. Eram gigantes vegetarianos, mas também podiam ser pequenos carnívoros. Tinham sangue frio como os répteis ou quente como os mamíferos. Continuam um enigma para a ciência.

Monstros horrorosos, violentos, mas também um tanto estúpidos e desajeitados, que se equilibravam sobre as patas traseiras. Acinzentados, amarronzados ou esverdeados, viviam em meio a lagos, rios e florestas sob um clima sempre agradável e temperatura constante. Assim os dinossauros eram representados, desde que foram descobertos seus primeiros restos fósseis, no início do século XIX. Senhores absolutos do planeta por 140 milhões de anos, não houve até hoje espécie que fascinasse tanto e provocasse tanta curiosidade-a começar por seu tamanho.
A aparência dos dinossauros, o modo como viviam e especialmente seu desaparecimento súbito intrigam cientistas e leigos. Até Walt Disney, por exemplo, mostrou nas telas sua versão para a extinção dos dinossauros. No clássico desenho Fantasia, de 1940, ao som do balé Sagração da Primavera, de Igor Stravinski, eles morrem pateticamente. Há mais de um século e meio, tenta-se explicar a vida e a morte dos dinossauros. Mas o que se sabe é muito pouco - nem sequer é possível afirmar com segurança de que se alimentavam. Existem várias teorias sobre seu desaparecimento.
Também ainda espera resposta definitiva a questão de como se tornaram a espécie dominante na Terra. Afinal reinaram sem concorrentes durante toda a era Mesozóica. Surgiram no período Triássico - há cerca de 200 milhões de anos, quando se supõe que houvesse apenas um imenso supercontinente, a Pangea. Atravessaram todo o Jurássico e o Cretáceo - os outros dois períodos em que se divide a era Mesozóica -, quando foram extintos, há 65 milhões de anos.
Ao aparecerem na face da Terra, o clima era ameno, a água dos oceanos temperada e a paisagem compunha-se de montanhas, pradarias, desertos, pântanos e rios. Nas florestas não existiam plantas com flores - elas vão aparecer no Cretáceo - só samambaias, pinheiros de vários tipos e árvores que se pareciam com as palmeiras. Nesse supercontinente também viviam lagartos, lagartixas, crocodilos, jacarés, tartarugas, salamandras, rãs e sapos. Os mares tinham peixes e até tubarões. No Cretáceo havia pássaros e, no final desse período, mamíferos primitivos, cujos parentes mais próximos e conhecidos seriam os gambás.
Carnívoros, herbívoros, bípedes, quadrúpedes, donos de mandíbulas desdentadas ou com dentes afiados como lâminas, placas recobrindo o dorso, chifres na cabeça e no nariz, cabeças de diversos tamanhos e formas, pescoços mais longos ou mais curtos. Essas eram em geral as características das cerca de oitocentas espécies conhecidas de dinossauros. Ou seja, havia dinossauros para todos os gostos. Com tantas características diferentes e muitas vezes contraditórias, não é de espantar a confusão armada na tentativa de encontrar explicações gerais sobre os costumes desses bichos.
Uma classificação propõe sua divisão em dois grandes grupos: os saurisquianos e os ornitisquianos. De novo, cada grupo representado pelos mais diversificados tipos: uns teriam sido velozes, não muito grandes; outros eram mais lerdos e alguns tornaram-se gigantes. Enquanto um tiranossauro, do grupo dos saurisquianos, media doze metros e pesava seis toneladas, o celurossauro, do mesmo grupo, não ultrapassava os seis quilos, era pouco maior que um frango e comia carne.
Já o gigantesco brontossauro, também do grupo dos saurisquianos, era um pacífico herbívoro com seus 21 metros de comprimento e 30 toneladas de peso. O campeão de tamanho era outro saurisquiano ainda, o superssauro, um gigantesco animal que media 30 metros e pesava mais de 100 toneladas, o equivalente ao peso de dois Boeing 737.
Os dinossauros do grupo dos ornitisquianos eram menores e tinham a bacia semelhante à dos pássaros. Mediam geralmente de sete a nove metros e pesavam de três a seis toneladas. Entre eles estão os anquilossauros, que tinham o dorso recoberto de placas ósseas; os iguanodontes, talvez um dos mais conhecidos, sem placas; os estegossauros, que, além de uma fileira de placas, tinham também espinhos na cauda. E os triceratopos, com dois chifres na testa e um no nariz. À exceção dos iguanodontes, os outros eram quadrúpedes.
As primeiras descobertas de dentes e ossos de dinossauros datam de 1822, quando Mary Ann Mantell, mulher do médico e paleontólogo amador inglês Gideon Mantel, encontrou casualmente, em Sussex, no Sul da Inglaterra, um fragmento de rocha contendo um dente. O achado intrigou Gideon, que não sossegou enquanto não descobriu a que espécie de animal teria pertencido. Depois de muito pesquisar, Mantell concluiu que o dente pertencia a um gigantesco réptil herbívoro, que ele batizou de iguanodonte- porque o dente se assemelhava aos dentes dos iguanas, répteis característicos da América.
Vinte anos depois de Gideon, outro inglês, o anatomista Richard Owen, sustentou que outros dentes e ossos descobertos em várias partes do mundo pertenciam a uma espécie desconhecida de animal a que ele chamou de dinossauria, que em grego quer dizer "répteis terríveis". Para Owen, eles eram os representantes máximos da classe réptil e os mais parecidos com os mamíferos. E foi essa a imagem dos dinossauros aceita até o início dos anos 60 - lagartos superiores, com hábitos e fisiologia de répteis que cresceram demais, inexplicavelmente e, como répteis, tinham sangue frio, dependendo do Sol para se aquecer e da sombra para se refrescar.
Mas, em 1964, uma descoberta do paleontólogo norte-americano John Ostrom veio revolucionar as teorias existentes sobre esses grandes lagartos. Em Montana, no noroeste dos Estados Unidos, ele encontrou um pé de deinonychus, um dinossauro com quatro metros de comprimento. Era carnívoro, bípede e possuia dentes afiados, além de garras em todos os dedos dos quatro membros. Essas peculiaridades revelavam um animal predador, extremamente ágil e ativo, características difíceis de imaginar num animal de sangue frio. Assim, a entrada em cena do deinonychus reabria a questão: os dinossauros tinham sangue quente ou frio? Se fosse quente, então não eram répteis como se imaginava e seu metabolismo seria semelhante ao dos mamíferos e pássaros.
De fato, o que se sabia com certeza é que os dinossauros descendem dos tecodontes - um tipo de réptil sobre o qual, aliás, se sabe muito pouco. Outro paleontólogo norte-americano, Jack Horner, do Museu da Universidade Estadual de Montana, acredita que a estrutura de crescimento dos dinossauros assegura que tinham sangue quente. Horner observou que os ossos dos dinossauros cresceram como os das aves atuais. Já os ossos dos crocodilos, répteis como se achava que fossem os dinossauros, crescem bem mais devagar.
Teorias levantadas por anatomistas com base na dimensão dos ossos dos dinossauros garantem que eles possuíam uma agilidade típica de animais de sangue quente, como os mamíferos, e não sujeitos às variações de temperatura, como os répteis. Quando os raios do Sol incidem sobre as escamas de um lagarto ou de uma serpente, sua agilidade e rapidez aumentam. No frio, ao contrário, são acometidos por uma espécie de torpor.
Mas, no final da era Mesozóica, o supercontinente que existia no início da evolução dos dinossauros -no Triássico - estava se dividindo em outros continentes; isso deve ter influido decisivamente nas temperaturas, estabelecendo-se estações cada vez mais rigorosas. Assim, nasceu mais uma hipótese: a separação dos continentes e a revolução no clima teriam mudado de frio para quente o sangue de alguns mamíferos e aves. O argumento mais convincente nessa polêmica talvez seja o de que os dinossauros, no decorrer da evolução, se transformaram em animais de sangue quente.
Em uma das etapas da rnudança, que foi gradual, agigantaram o corpo conservando a temperatura. O paleontólogo norte-americano Thomas R. Fairchild, que desde 1976 vive no Brasil, onde leciona no Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo, afirma que "uma das evidências que sugere que os dinossauros tinham sangue quente é o tamanho do corpo, pois não seria possível a um animal de várias toneladas aquecer-se o bastante apenas deitando-se ao Sol; mesmo num dia ensolarado, as horas de luz seriam insuficientes para aquecer aquela massa".
Também defensor da teoria do sangue quente, o paleontólogo Robert Bakker, do Museu da Universidade do Colorado, transformou-a em causa pessoal. Ainda estudante, Bakker tinha tanta certeza de que os dinossauros eram eretos e cheios de energia que passou a calcular sua velocidade. Concluiu do estudo das pegadas desses animais que alguns eram muito rápidos e arriscou-se a afirmar que um brontossauro- que devia pesar 30 toneladas - podia correr a cinco quilômetros por hora..Por essa época, Bakker também começou a desenhar dinossauros completamente diferentes dos usuais. Eram criaturas cheias de energia, de pés leves, que corriam, pulavam. Seus herbívoros eram gregários e os carnívoros, agressivos. Não tinham semelhança com aqueles representados até a década de 60.
Outra descoberta importante a partir de pegadas revelou que os dinossauros tinham um comportamento familiar: viviam em grandes manadas - os adultos andando do lado de fora, de modo a proteger os mais jovens, no centro. Já os répteis têm outro comportamento: limitam-se a proteger as crias até o momento em que rompem a casca do ovo. Há indícios também de que alguns dinossauros chocavam seus ovos e outros não. Estes últimos preferiam cavar ninhos na terra onde os depositavam e depois os cobriam com vegetação para ajudar a incubação. Nascidos os filhotes, os pais traziam-lhes alimentos.
Sempre se supôs que os dinossauros punham ovos, já que enormes quantidades de restos de cascas foram encontradas ao longo do tempo. Mas Robert Bakker arrisca uma nova suposição. Após calcular que as fêmeas de brontossauros tinham uma estrutura pélvica maior que a de outros dinossauros, ele acha possível que dessem à luz filhotes vivos. Embora admita que as evidências sejam mínimas, Bakker tem a seu favor o fato de que jamais se descobriu um ovo de brontossauro. Outra questão que os paleontólogos levantam é que os dinossauros do final do Cretáceo migravam na estação chuvosa em busca de lagares secos e de alimentos. Nessa época, o clima na Terra já estava diferenciado.
Teorias, hipóteses e suposições realmente não faltam, ainda que não se possa comprovar a maioria delas. A rigor, a única certeza absoluta é a de que os dinossauros existiram e reinaram na Terra durante 140 milhões de anos - sinal de que souberam adaptar-se ao ambiente com rara competência na história das espécies.

O ASSASSINO : CLIMA, METEORO OU PARASITA ?

Afinal, onde foram parar os dinossauros ? Que de tão grave aconteceu na Terra para provocar sua completa extinção, 65 milhões de anos atrás? A morte dos dinossauros parece tão misteriosa como eles próprios. Não menos estranhas são muitas das centenas de tentativas de explicar o enigma. Se lembrarmos que os dinossauros não se foram sozinhos, a charada fica então cada vez mais complicada. Com eles desapareceram também plantas aquáticas unicelulares e répteis voadores, marinhos, além de invertebrados semelhantes às lulas e polvos. Sobreviveram alguns grandes grupos de répteis como os crocodilos, jacarés, cobras; mamíferos pequenos, além de aves, tartarugas, rãs, sapos; pinheiros, samambaias e plantas com flores.

Há quem associe a extinção às colossais mudanças ocorridas no planeta no final do Cretáceo, sobretudo a separação dos continentes e oceanos, que teria remexido completamente no clima terrestre. Isso, por sua vez, teria modificado ou mesmo interrompido as cadeias alimentares tradicionais. Nessa bagunça geral, espécies animais e vegetais que não suportavam o frio ou não tiveram como mudar de dieta desapareceram.

No caso dos dinossauros, em especial, a velhice da espécie era uma dificuldade a mais. Diz o professor Thomas Fairchild, da Universidade de São Paulo: "Após 140 milhões de anos de evolução, os dinossauros podem ter perdido sua elasticidade genética; já teriam se ajustado de tal forma que adaptações rápidas a novas condições ecológicas não eram tão fáceis como no início de sua evolução".
A teoria mais difundida nos últimos anos - e também ferozmente combatida pelos partidários da hipósite climática - é a de que um asteróide vindo não se sabe de onde se teria chocado com a terra, provocando uma formidável cratera estimada em 175 km de diâmetro - da qual nunca se achou o menor vestígio - e uma explosão de 100 milhões de megatons, o equivalente a 150 mil guerras nucleares entre os Estados Unidos e a União Soviética com os arsenais de que dispõem.
Em consequência, uma massa de poeira cem vezes superior à do asteróide se teria espalhado na atmosfera, mergulhando o planeta numa longa noite, que durou de dois a três anos. Sem luz solar, as temperaturas caíram e cessou nas plantas a fotossíntese, pela qual elas crescem e oferecem oxigênio aos outros seres. Daí, diminuiu sensivelmente a fonte de alimento dos herbíveros, que acabaram morrendo; portanto, depois de um tempo também os carnívoros ficaram sem ter o que comer. Com base em fósseis descobertos no norte do Alasca em 1985, porém , paleontólogos norte-americanos concluíram que os dinossauros viviam em regiões polares. Ou seja, estavam acostumados à escuridão polar, que dura cerca de três meses por ano e de alguma forme continuavam a se alimentar.

Parente próxima desta teoria do estrago geral é a de que um gigantesco meteorito teria atingido a terra, provocando incêndios que se alastraram por todo o planeta. Assim os dinossauros teriam perecido nas chamas. Uma variante que encontra adeptos respeitáveis é a hipótese de que a terra foi atingida por uma "chuva de cometas"provocada pela passagem de um corpo celeste - estrela ou planeta - pelo sistema solar. Há ainda a teoria das erupções vulcânicas, segundo a qual gases vulcânicos teriam destruído a camada de ozônio que protege a terra dos raios uultravioleta do sol. Inusitada mesmo é a hipótese sugerida pelo palentólogo noirte-americano Robert Bakker. Ele duvida da teoria do asteróide porque no final do Cretácio ocorrera uma grande diminuição das espécies, e os dinossauros já poderiam estar a caminho do desaparecimento.
Segundo ele, nesta época, ainda viviam os triceratopos e os tiranossauros, migradores por excelência.
É provável, imagina Bakker, que tenham trazido consigo doenças e parasitas e acabaram contaminando os outros. Enfraquecidos, os dinossauros morreram - de disenteria, diz o cientista.

A FAMÍLIA

1) Com seis metros de comprimento e duas toneladas de peso, o estegossauro era herbívoro. Não se sabe a função das grandes placas que tinha sobre o dorso.

2) Apesar dos 21 metros e trinta toneladas, o brontossauro também era um pacifico herbívora.

3) 0 maior dos dinossauros conhecidos, o braquiossauro, erguia a cabeça 12,5 metros acima do chão, como um prédio de quatro andares.

4) 0 celidossauro é tido por alguns como o ancestral do estegossauro; por outros, do anquilossauro, esse imenso e pesado dinossauro do Cretáceo.

5) 0 alossauro foi sem dúvida o mais terrível carniceiro de sua época. Com duas toneladas de peso e onze metros de comprimento, não dava chance a suas vítimas.

6) Menor que seu primo alossauro, o ceratossauro era capaz de abater presas muito maiores graças à sua espantosa agilidade.

7) 0 compsognato, pouco maior que uma galinha, era o menor de todos os dinossauros. Alimentava-se de presas pequenas como ele.

8) Parente próximo do compsognato, o celuro media dois metros e atacava presas de porte médio.

9 e 10) 0 pterodáctilo e o ramforinco não eram nem dinossauros nem pássaros. Pertenciam ao grupo de pterossáurios, ou répteis alados, as mais fantásticas máquinas voadoras da história da Terra.

11) 0 arqueoptérix é um enigma não se sabe se era um réptil emplumado ou um pássaro. Em qualquer hipótese, prova que os pássaros descendem dos répteis - e, quem sabe, dos dinossauros. Nutria-se de insetos e lagartixas.

12) Bem pequenos, os mamíferos já existiam no reinado dos dinossauros. Viviam de outros animaizinhos e de restos deixados pelos grandes répteis.


ESTEGOSSAURO DE SOUZA

Há 150 milhões de anos, no que viria a ser o sertão da Paraíba, viveram cerca de seiscentas espécies diferentes de dinossauros. A prova é a impressionante variedade de pegadas fossilizadas, descobertas a partir de 1975 entre os municípios de Sousa e Antenor Navarro, a uns 500 quilômetros de João Pessoa. Na verdade, as primeiras pistas foram encontradas na região em 1924, mas por falta de interesse o material ficou esquecido. Em 1975, o padre Giuseppe Leonardi, paleontólogo do Departamento Nacional de Produção Mineral, retomou as explorações na área. Resultado: a descoberta de inúmeras pistas de fósseis, quase todas de dinossauros, na maioria bípedes e carnívoros.

De todas elas, uma em particular se destaca: a de um quadrúpede de seis a sete metros de comprimento cujas patas dianteiras eram pequenas e arrendondadas, as traseiras muito grandes e providas de uma espécie de almofada, com três dedos em forma de casco. Os pesquisadores têm quase certeza de que o dono era um estegossauro, herbívoro com placas ósseas no dorso e espinhos na cauda. Ele teria circulado pela região de Sousa há 110 milhões de anos.

Preocupado com a preservação desse precioso sítio paleontológico, padre Leonardi propôs que se criasse na região um parque, que começou a ser implantado em 1984. Batizado de Vale dos Dinossauros, o parque é sustentado pelo governo federal. Tem um laboratório permanente de pesquisas. onde uma equipe de técnicos está fazendo réplicas de dinossauros em tamanho natural, de fibra de vidro e resina sintética. Cinco já estão prontas e nove estão em montagem.

Por tudo isso, para os 72 mil habitantes da pacata cidade de Sousa, os dinossauros estão longe de ser bichos do outro mundo. Tanto que já emprestam o nome a uma oficina mecânica, um bar, um restaurante e até a um conjunto musical. Além disso, desenvolveu-se na cidade um peculiar artesanato de souvenirs - estatuetas de dinossauros e camisetas pintadas com os lagartões.

Mas não só na Paraíba foram encontrados restos fósseis. Em cidades do interior de São Paulo, como Araraquara, por exemplo, milhares de pistas foram descobertas, assim como em cidades do Paraná e de Minas Gerais. Em Peirópolis, no Triângulo Mineiro, a 20 quilômetros de Uberaba, localiza-se outro importante sítio paleontológico, onde foram encontrados fósseis de um titanossauro, um enorme quadrúpede herbívoro que media 20 metros.




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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Heroína, o analgésico que mata.

HEROÍNA, O ANALGÉSICO QUE MATA.



A morte vem aos poucos, com a destruição das defesas do organismo. Ou é instantânea, numa overdose; a cura, quando acontece, é lenta, cara e tão dolorosa que muitos viciados desistem no meio do caminho.

Para ficar viciado em heroína é fácil: basta uma ou duas semanas. Para livrar se do vicio é um pouco mais difícil: são necessários três anos de tratamento caro e extremamente doloroso. Não é à toa que apenas três em cada dez viciados conseguem abandonar a droga. Mais que o álcool. a maconha e a cocaína, eis aí a grande ameaça aos jovens deste fim de século.

Derivada do ópio e sintetizada a partir da morfina pela primeira vez em laboratório, em 1898. chegou a ser considerada uma solução para a cura dos viciados em morfina. Mas depois que se descobriu que ela é no mínimo três vezes mais poderosa que a própria morfina, sua fabricação foi proibida no mundo inteiro.

Como as outras drogas derivadas do ópio. a heroína age sobre os sistemas digestivo e nervoso central, onde os efeitos de torpor e tontura vêm associados, nos estágios iniciais, há um sentimento de leveza e euforia. Agindo como depressora do sistema nervoso central, alivia as sensações de dor e angústia. Segue-se um estado de letargia que pode durar horas. As primeiras doses podem provocar vômitos ou náuseas. Os sintomas desaparecem em pouco tempo mas voltam com violência quando a droga deixa de ser consumida, porque o organismo se acostuma rapidamente a ela.
Injetada diretamente no sangue, com o uso de seringas, a heroína produz efeitos que duram de duas a quatro horas. Como qualquer outra substância externa precisa de cúmplices no organismo - elementos químicos que funcionam como receptores - para propagar seu efeito. Estes encontram-se em determinadas regiões do cérebro, nos músculos e nos intestinos. Por ter a propriedade de combinar-se muito facilmente com os receptores, a heroína é considerada o protótipo das drogas geradoras de dependência. Um dos medicamentos usados no tratamento de viciados é a metadona. por sua propriedade de ocupar os mesmos espaços da droga nas moléculas receptoras. Mas seu uso é limitado pois também gera dependência.
As reações adversas são muitas. A heroína impede a produção de endorfinas, analgésicos naturais do organismo, porque a própria droga se encarrega de fornecê-los. As conseqüências não podem ser piores: quando o viciado tenta suprimir a droga, o organismo não volta automaticamente a produzir as endorfinas logo, nada ameniza a dor da pessoa. O mesmo processo se repete com outras substâncias.
Segundo o psiquiatra Zacaria Borge Ramadam, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, a heroína é extremamente poderosa porque "imita as funções e exagera os efeitos de uma substância sintetizada em nosso próprio organismo". Os opiáceos, como a morfina e a heroína, agem sobre o sistema parassimpático, que em equilíbrio com o sistema simpático influi decisivamente no comportamento humano. O primeiro, com a adrenalina, regula as funções de ataque e defesa; e o segundo, com a acetilcolina, as funções de fuga, relaxamento, sonolência e descontração. E em especial sobre o sistema parassimpático que age a heroína, substituindo as propriedades da acetil-colina. Mais poderosa que essa substância, a heroína acaba por ocupar seu espaço no organismo; com o aumento das doses, simplesmente a acetil-colina deixa de ser produzida.
"Por isso o viciado sofre reações tão adversas, quando resolve abandonar a droga", explica Ramadam. Seu organismo não tem como suprir a necessidade criada pela ingestão da heroína. Inibida a produção natural das endorfinas e da acetilcolina, ocorrem os terríveis sintomas da síndrome de abstinência quando a droga é suspensa. Tão difícil é largar o vício que, mesmo sabendo que corre risco de vida, o drogado muitas vezes acaba optando pela heroína.
Até a próxima dose, depois até outra e outra ainda. se estabelece um circuito que leva o dependente a viver apenas para a droga, onde o que pudesse haver de prazer no inicio é substituído pela necessidade pura e simples de mais heroína. Para a maior parte dos viciados, os sintomas de abstinência se manifestam assim que se aproxima a hora da próxima dose: incontroláveis bocejos que podem até provocar deslocamento do queixo: o nariz escorre e suores frios brotam por todo o corpo. Os sintomas aumentam de severidade nas 36 ou 72 horas seguintes. O intestino, antes bloqueado, volta a funcionar - junto com náuseas, vômitos. tremores musculares. dores nas costas. pernas e braços.
As vitimas não conseguem encontrar nenhuma posição confortável e experimentam crises de extrema ansiedade e desejo intenso de voltar à droga. Depois de 72 a 96 horas. os sintomas começam a diminuir. Embora os viciados venham a se queixar de insônia e letargia nas semanas seguintes. a maioria vence a pior fase das reações orgânicas em uma semana. Os sintomas continuarão a reaparecer e algumas sequelas como alterações na pressão arterial. persistirão anos a fio. As conseqüências psicológicas - depressão e vontade de voltar à droga - também continuam por um considerável período de tempo.
O psiquiatra francês Claude Olivenstein, que há 25 anos cuida de drogados em seu hospital em Paris, adverte para outros obstáculos que o viciado enfrenta, até chegar à recuperação: "Rompida a dependência física. vem o sofrimento moral e a tentação de livrar-se dele voltando à droga. Existe ainda a pressão dos antigos companheiros de vicio e traficantes para que ele volte a se drogar".
Por que uma pessoa se vicia? Olivenstein acredita que a adesão às drogas resulta da associação de três fatores: o produto, a personalidade e o momento sócio-cultural". Na Europa. por exemplo, a heroína é ameaça maior que a cocaína, pela longa tradição de consumo daquela droga e também pelo seu baixo custo, em relação à coca. Já nos Estados Unidos, o grande aumento no consumo a partir da década de 60 foi conseqüência da guerra do Vietnã. Explica-se: os grandes centros produtores de ópio, a matéria-prima da heroína - ficam no sudeste asiático, no Laos. Birmânia e Tailândia. O Paquistão e a Turquia também são grandes produtores de ópio
Extraído há milênios da papoula (Papaver somniferum), o ópio é um alcalóide obtido mediante algumas incisões nas cápsulas da flor, que deixa escorrer um liquido viscoso. como o látex da seringueira. Ao secar, ele se transforma numa massa escura e pegajosa. Aí, ela é depurada em várias etapas, chegando aos viciados como um pó branco. Os opiáceos já foram usados como remédio para uma legião de problemas de saúde, desde insônia a mordidas de cobra, passando por crises respiratórios, cólicas, epilepsia e dificuldades urinárias. Mas o que produziram mesmo foi uma legião de viciados.
"No Brasil, ainda é desprezível o consumo de heroína", informa o psiquiatra Miguel Roberto Jorge, da Escola Paulista de Medicina e membro do Conselho Federal de Entorpecentes, do Ministério da Justiça. Os grandes problemas que enfrentamos são o álcool, a maconha e agora a cocaína. ´´Já existem no pais alguns centros de tratamento e recuperação de drogados. Mas são muito poucos ainda", observa Miguel Jorge.
Vítima de um sistema onde o único beneficiado é o traficante, o viciado em heroína. como os dependentes de outras drogas consumidas por via venosa, integra um dos grupos de alto risco no processo de contágio e transmissão da AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida). Normalmente. os viciados se agrupam em verdadeiras tribos e se entregam ao ritual do consumo sem cuidado algum com a higiene. Seringas contaminadas passam de mão em mão: muitas vezes não são lavadas nem em água corrente. entre uma aplicação e outra. Além da AIDS, o uso de seringas contaminadas traz doenças como a hepatite. tétano ou inflamações do endocárdio. a película que envolve o coração por dentro. A seringa industrial surgiu em 1893. Seu inventor, o inglês Alexander Wood, usou como cobaia a própria mulher, que morreu em conseqüência de uma overdose de morfina.
O estado de torpor e desinteresse causado pelo vício enfraquece os mecanismos de autodefesa da pessoa. Por isso é fácil o heroínomano exagerar na dose e morrer disso. Também é grande o consumo de drogas misturadas com talco, analgésicos. bicarbonato - ou qualquer outro pó que possa aumentar o lucro do traficante. O resultado é que, ao ter acesso a uma droga mais pura, o viciado corre o risco de morrer de overdose.

Os males de todas essas drogas

Além dos narcóticos, como a heroína existem outras categorias de entorpecentes. São os depressores, estimulantes e alucinógenos, além dos derivados da cannabis (maconha e haxixe), que não se encaixam a rigor numa única dessas categorias. Em qualquer caso, trata se sempre de substâncias capazes de criar alta dependência e tolerância. Algumas são usadas em medicamentos, como analgésicos, anticonvulsivos, tranqüilizantes ou moderadores de apetite. E de nenhum deles se sai sem problemas.

O álcool - a mais difundida de todas as drogas - é tóxico ao fígado pâncreas, coração e cérebro. Entre os efeitos crônicos, geralmente agravados pela desnutrição, o alcoólatra sofre um acelerado processo de envelhecimento, com a destruição dos neurônios - as células do cérebro. Rico em calorias vazias, que não alimentam, o álcool também leva à obesidade, fonte de outras doenças.

Os estimulantes, entre eles a cocaína, causam euforia, excitação, hiperatividade, insônia, perda de apetite, aceleração do pulso e aumento da pressão arterial. A superdosagem pode trazer aumento da temperatura, alucinações, convulsões e morte.

A síndrome de abstinência é caracterizada por apatia, longos períodos de sono, depressão, desorientação e delírios paranóicos. Junto da cocaína, são estimulantes a anfetamina e a efedrina, essa última usada em crises de asma.

Os depressores do sistema nervoso central (barbitúricos. benzodiazepinas, solventes orgânicos, como aguarrás e cola de sapateiro, clorofórmio e éter) denunciam o viciado pela voz pastosa, desorientação e estado de embriaguez. A superdosagem inibe a respiração, provoca pele fria, pupilas dilatadas, pulso rápido e fraco, coma e possível morte. O clorofórmio e o éter podem em especial causar parada cardíaca. Já a síndrome de abstinência se manifesta em tremores, ansiedade, insônia, delírio e convulsões.

Dos alucinógenos, o mais conhecido é o LSD, que provoca ilusões e alucinações. alterando a percepção do tempo e da distancia. Seu consumo pode representar uma viagem sem volta, com irreparáveis danos psíquicos. loucura e morte. A maconha e o haxixe, fumados em cigarros, são drogas mais leves, mas nem por isso menos perigosas. Provocam aumento da freqüência cardíaca, congestão dos olhos e alterações na percepção. A maconha, como o álcool, traz euforia e relaxamento das inibições. Consumida regularmente, porém, tende a causar fadiga e alheamento da realidade. A abstinência induz à insônia e hiperatividade.

Por último, mas não menos tóxico, o cigarro: a nicotina com grande taxa de tolerância e dependência, vítima no mundo inteiro milhares de pessoas todos os dias com câncer do pulmão. enfisemas, problemas cardíacos. Ao contrário das demais drogas, castiga por tabela os não-fumantes, habitualmente obrigados a respirar o ar contaminado pela nicotina alheia.


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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Quando a vista não alcança - Medicina

QUANDO A VISTA NÃO ALCANÇA - Medicina.



Pelo microscópio e trabalhando com instrumentos de alta precisão, médicos especializados emendam nervos e vasos capilares. Assim, fazem o reimplante de membros amputados.

O microscópio transforma milímetros em centímetros. A mão do cirurgião que não se altera sequer com o tremor natural da respiração, dirige instrumentos delicados. Ampliação da imagem, coordenação de movimentos e leveza do instrumental preciso - eis a chave da microcirurgia, a operação de estruturas do organismo invisíveis a olho nu. Trata-se de uma técnica que se tornou a arma poderosa de diversas áreas da medicina cirúrgica, principalmente operações de vista, cérebro e aparelho auditivo. E, quando a cirurgia plástica lançou mão do instrumental microlentes de aumento e agulhas muito menores que as convencionais-o resultado foi uma verdadeira revolução: a plástica reconstrutiva, que permite reimplante de membros amputados, transplante de tecidos do corpo para corrigir defeitos, recuperação de movimentos em casos de paralisia.
O pioneiro na tentativa de superar as limitações do olho humano em cirurgia foi o dr. Nylen. médico otorrino sueco, que utilizou pela primeira vez o microscópio numa operação. em 1921. Na época, pouca atenção foi dada à novidade. Somente na década de 30, os cirurgiões oftalmologistas do mundo inteiro começaram a usar o microscópio para operações de vista, em que sempre se lida com estruturas muito delicadas. Nasceram assim os instrumentos cirúrgicos pequenos - até hoje, muitos deles. utilizados em microcirurgias. tem nomes típicos da oftalmologia. Em seguida, a técnica passou a ser aproveitada em cirurgias de ouvido. mas durante longo tempo ficou restrita a essas duas áreas.
Apenas no fim dos anos 50. pensou-se em microcirurgia para ligar pequenos vasos do corpo, de forma que o sangue não parasse de fluir. Em 1960, os norte-americanos Julius Jacobson e E.L. Suarez apresentaram uma técnica para suturar vasos com diâmetro inferior a dois milímetros. Foi um marco: a ciência médica provava que era possível recuperar pequenas estruturas do corpo humano. O que ainda faltava era tecnologia: o instrumental cirúrgico disponível era tão grosseiro para esse fim, como uma faca de cozinha perto de um bisturi.
Alguns médicos pioneiros em microcirurgia ajudaram a resolver o problema. O próprio Jacobson foi quem convenceu a firma alemã de equipamentos óticos Carl Zeiss a projetar o primeiro microscópio cirúrgico. O norte-americano Harry Buncke. em experiências realizadas na Califórnia, desenhou muitos dos novos instrumentos. Era preciso, por exemplo, ter pinças que não danificassem o que agarravam. Os clamps-grampos que prendem o sangue nos vasos, enquanto estão sendo suturados-não poderiam esmagar os tecidos. As tesouras deveriam ter molas, para cortar com movimentos mais suaves.

Restava ainda a questão das linhas e agulhas. Já existia o fio de náilon chamado 6-0, com 40 micra (milésimos de milímetro) de espessura, até hoje empregado em cirurgia de olhos: mas vasos e nervos pediam fios mais finos que o mais fino dos fios de cabelo, e em meados dos anos 60 chegou-se a um com 22 micra. As agulhas, por sua vez, não poderiam ter buraco para o fio passar pois, nesse caso, seriam mais grossas numa das extermidades, rasgando os tecidos. A solução foi colar o fio na ponta da agulha microcirúrgica, que geralmente tem quatro milímetros de comprimento.
Em 1968, o cirurgião japonês Susumu Tamai fez o primeiro reimplante de um dedo amputado. Também no Japão, o dr. Kyionori Harii começou a transplantar tecidos para reconstruir o couro cabeludo de pacientes com queimaduras. Em 1973, os australianos Roland Daniel e I. Taylor reconstruíram o osso de uma tíbia esfacelada num acidente; em outros tempos seria um caso de amputação da perna.
A partir da década de 70, a microcirurgia teve um grande impulso. Na América Latina, o primeiro reimplante de mão foi realizado em 1971, em São Paulo, pela equipe do cirurgião plástico Marcus Castro Ferreira. A mesma equipe realizou o primeiro reimplante de dedos no continente, dois anos mais tarde. Fez sentido a mão vir antes do dedo: quanto menor o membro, maior a dificuldade para o reimplante. Atualmente, 90 por cento das cirurgias desse tipo trazem bons resultados.
A exigência de grande habilidade mental e física para qualquer cirurgião é ainda mais rigorosa no caso do microcirurgião. Ele deve acostumar-se a enxergar, através da barreira de lentes do microscópio, o horizonte de um campo operatório que alcança, no máximo, 60 milímetros -e. no mínimo, seis. Além disso, o médico deve familiarizar-se com a imagem ampliada de microestruturas. como vasos capilares e nervos. A tendência natural é acelerar os movimentos na proporção em que o microscópio amplia a imagem. Daí é preciso frear a mão. Aprende-se em cirurgia a trabalhar com eficiência e rapidez. Mas na microcirugia, que é ensinada a nível de pós-graduação, deve-se saber que a velocidade é um obstáculo, porque nem tudo o que o cirurgião tem em mente os instrumentos conseguem realizar; muitas vezes, é o microcirurgião quem obedece ao ritmo de pinças e agulha.
O microcirurgião não pode, por exemplo, jogar tênis - esporte que parece ser a paixão de nove em cada dez estrelas da medicina-, porque, nas vinte quatro horas após uma partida, causa nas mãos leves tremores, quase imperceptíveis, mas fatais para quem opera num universo milimétrico. Pelo mesmo motivo, ao contrário das cirurgias convencionais, durante uma microcirurgia há silêncio quase absoluto. Só se conversa em casos de extrema necessidade, pois a alteração na respiração também faz as mãos tremerem. A cirurgia em si pode durar de três a sete horas.
Tudo isso mostra como é detalhista uma cirurgia de reimplante. Primeiro, trata-se a ferida; o corte do membro deve ser o mais liso possível. "Muitas vezes, encurtamos o membro com um segundo corte para retirar a parte esfacelada", explica o dr. Aulus Albano, chefe do departamento de microcirurgia do Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo.
O passo seguinte é fixar o osso quebrado com o auxílio de fios metálicos. Depois, devem-se ligar os vasos. Com grampos especiais. o cirurgião prende cada ponta de veia ou artéria, para interromper o fluxo sangüineo. A seguir, um a um, cada vaso é costurado com quatro ou seis micropontos: se, ao soltar os dois grampos de um vaso, o sangue voltar a passar. é sinal de que tudo vai bem. Finalmente. emendam-se os nervos e os tendões e costura-se a pele.
A cirurgia precisa ser feita até quatro horas após o acidente, para evitar a degeneração dos tecidos. Quando isso é impossível e o membro amputado tem uma função importante - como o polegar, que permite agarrar objetos-, o cirurgião pode recorrer ao transplante: por exemplo, amputar um dedo do pé e reimplantá-lo na mão. "Essa operação tem sido feita com sucesso quase total". informa o dr. Albano, "mas, quando acontece uma exceção, costumo dizer que se trata de um ´fracasso monumental´, onde há um transplante e dois buracos, pois o paciente perde um segundo membro. "Imprevisível mesmo, porém, é a microcirurgia para reconstrução de nervos.
Enquanto, ao ligar uma artéria, o cirurgião vê o sangue circular por ela imediatamente depois, o nervo dá uma resposta lenta e sua recuperação não depende apenas da cirurgia. O cirurgião Marcus Castro Ferreira, da USP, observa que "pouco se sabe sobre a regeneração dos nervos, e além disso existe o grande problema da atrofia muscular".
O nervo é formado por células nervosas, os neurônios, ligadas por uma espécie de fio estreito, o axiônio. O axiônio é um prolongamento da substância citoplasma que existe nos neurônios, revestida por um tecido - uma vez quebrado o axiônio, não há como emendá-lo. Emendam-se, portanto, os dois pontos de contato dos neurônios e, às vezes, enxertam-se pedaços de nervos de outras partes do corpo, geralmente da perna. O fio de náilon pode ser substituído por uma microgota de cola de fibrina, uma proteína insolúvel, existente nos coágulos sangüineos. O resto é questão de sorte.
"Sabemos que, quanto mais jovem o paciente, maiores as chances de recuperar os movimentos. Essa é a única certeza que se tem. diz o dr. Ferreira. O problema é que, em algumas pessoas. independente da idade. os nervos se regeneram, ou seja, o axiônio cresce; em outros casos, isso não acontece. Como a regeneração se dá à média de um milímetro por dia. os médicos levam mais tempo do que gostariam para perceber se o rosto que ficou paralisado após um corte em acidente de carro ou a mão que perdeu os movimentos após uma facada voltarão a ser normais. Nos casos da cirurgia para corrigir a paralisia de toda a parte superior do corpo pode-se esperar até um ano por uma resposta. É comum danificar esse feixe de nervos, o plexo braquial, que começa na nuca e vai até o braço, em acidentes com motos.
A questão da atrofia é ainda mais instigante. "As vezes o nervo se regenera", nota o dr. Ferreira, mas o músculo atrofiado está enrijecido e fibroso. portanto não se mexe. Não há fisioterapia que evite o problema. aparentemente causado pelo desaparecimento de uma substância enviada pelos nervos aos músculos. Essa substância seria a responsável pela tonicidade muscular.
Os prazos na cirurgia de reconstrução de nervos também existem. Há quase cem por cento de chance para quem é operado menos de 48 horas após um corte em qualquer parte do corpo. Nos casos do feixe plexo branquial, o prazo estende-se para um mês. Depois as chances vão diminuindo. "Após um ou dois anos, a paralisia é irreversível". adverte o dr. Ferreira.
A microcirurgia há muito deixou de ser uma raridade. No Centro de Microcirurgia da USP. por exemplo, todo dia se faz uma intervenção desse tipo. O dr. Ferreira. criador do Centro, e ele próprio autor de 1 500 operações com o microscópio. prevê que no futuro haverá bancos de órgãos para transplantes. Existem condições técnicas de implantar a mão de um cadáver em uma pessoa", diz, "mas há 0 problema ético". O problema médico, no caso, é a necessidade de usar drogas fortíssimas contra a rejeição. Nos transplantes cardíacos recorre-se a elas porque são a única chance do paciente. Mas ninguém arrisca a vida por um pé.




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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Venerados, combatidos, misteriosos - Curandeiros

VENERADOS, COMBATIDOS, MISTERIOSOS CURANDEIROS.



Eles dizem que têm o poder de curar pelas mãos.
Existem em toda parte com multidões de seguidores. Mas há quem garanta que sua medicina é uma fraude.

No final dos anos 50, José de Freitas, o Zé Arigó, ficou famoso no Brasil inteiro pelas curas ditas fantásticas que realizava na pequena cidade mineira de Congonha do Campo, através de operações mediúnicas. O funcionário aposentado se dizia orientado pelo espírito do médico alemão Adolph Fritz - que desde 1980 estaria orientando o médico pernambucano Edson Cavalcante de Queiroz nas cirurgias mediúnicas que efetua ao lado de sua prática normal como ginecologista. Da mesma forma que Arigó, Queiroz vale-se das mãos e de facas, tesouras, navalhas e até bisturis para conseguir o que muitos acreditam tratar-se de curas milagrosas.
Não se pense, porém, que o curandeirismo é uma exclusividade brasileira. A georgiana Djuna Davitashvili é reconhecida em toda a União Soviética pelas curas que obtém. A paranormal Djuna, uma morena de 38 anos e rosto expressivo, ficou famosa por ter ajudado a tratar o líder Leonid Brejnev durante sua prolongada enfermidade. Doutor honoris causa, pela austera Academia de Ciências da União Soviética Djuna só trabalha com a chamada imposição das mãos, como numa bênção, muitas vezes sem tocar no paciente. Ela já curou arteriosclerose, diabetes, úlceras, nevralgias, dores de cabeça, a se crer no noticiário produzido com testemunhos de pessoas que se submeteram a seu tratamento.
O curandeirismo é tão antigo como a doença. O homem sempre acreditou que existe uma força invisível, capaz de curar graças a um simples gesto ou toque de mãos.
O grego Hipócrates, o pai da Medicina, considerava a cura pelas mãos prática natural. Os primeiros cristãos achavam que era manifestação do Espírito Santo. Durante séculos tal prática sobreviveu sob o nome de quirotesia e 43 quirotesistas chegaram a ser consagrados santos.
Mas na Idade Média os curandeiros caíram em desgraça e seus poderes passaram a ser atribuídos ao diabo. A partir do ano de 1136, os monges foram impedidos de exercer atividades médicas. Quem tentou driblar a proibição foi parar na fogueira, pela prática do curandeirismo.
Nem isso, nem as formas mais civilizadas de repressão dos tempos modernos destruíram, porém, a crença numa energia universal, através da qual seria possível curar com um simples sopro. Esse, aliás é o principio do magnetismo animal, teoria que no século XVIII tornou conhecido o médico alemão Franz Anton Mesmer. Para ele, bastava a imposição das mãos sobre um doente para que este recebesse fluidos magnéticos, que aumentariam suas forças e o ajudariam na recuperação. Muitos dos que hoje curam por imposição das mãos se auto-intitulam magnetizadores, especialmente na França, onde há um século ficou famoso um certo mestre Philippe. Por seus poderes, foi nomeado conselheiro de Estado e general-de-exército pelo czar Nicolau II da Rússia. Mais tarde, o charlatão Rasputin neutralizou sua influência e tomou-lhe o lugar.
Já os curandeiros espíritas, como o pernambucano Queiroz, se consideram guiados pelo espírito de médicos já mortos. São os que provocam as maiores polêmicas. Na Inglaterra, por exemplo, Harry Edwards, um dos fundadores da Federação Nacional dos Curadores Espirituais, falecido em 1980 afirmava ser dirigido pelos espíritos dos célebres Louis Pasteur, o inventor da vacina, e Joseph Lister, o pioneiro da medicina preventiva. No entanto os céticos afirmam que Edwards não conseguiu provar nem uma única das 100 mil curas a ele atribuídas. Muito discutidos são também os cirurgiões mediúnicos brasileiros que, às vezes, parecem realizar incisões sem nada além das mãos e sem anestesia ou anti-sépticos.
Embora a legislação brasileira proíba essa atividade, o doutor Queiroz pode ser visto freqüentemente em ação pela televisão. Trata-se do primeiro médico diplomado a operar em transe. Por isso, a Associação Médica Brasileira tentou proibi-lo de fazer cirurgias mediúnicas. Ele venceu o processo com o argumento de que, quando opera como doutor Fritz não cobra nada dos pacientes - ou seja, não caracteriza exercício da medicina. A parapsicóloga paulista Márcia Regina Cobero está convencida de que Queiroz "faz truque, encenação". Ela se baseia no fato de que não existe uma única dessas operações mediúnicas com diagnóstico médico comprovado antes e depois de sua realização. Mergulhado em discussões, o curandeirismo levanta uma infinidade de dúvidas e tentativas de compreensão.
Um pesquisados norte-americano, o médico William Nolen, acha que o mérito maior dos curandeiros é o modo pelo qual eles se relacionam com os pacientes. Explica a brasileira Márcia Regina: "Os médicos tendem a se preocupar mais com as doenças do que com os doentes. Já os curandeiros agem ao contrário. Eles confortam e dão atenção às pessoas".

Respostas às perguntas mais comuns sobre curandeirismo

1 Os curandeiros acreditam no que fazem ou trata-se de uma fraude?

A maioria se julga realmente capaz de curar, e por isso transmite segurança aos doentes. Muitos não dependem do curandeirismo para viver e consideram sua atividade uma obrigação. Não faltam, porém, os charlatães, exploradores da fé alheia.

2 Os curandeiros entendem de medicina?

Geralmente não possuem conhecimentos fisiológicos e desconhecem o como e o porquê de seus atributos. Têm grande fé religiosa e consideram-se intermediários entre as pessoas comuns e um poder ou ser superior.

3 O curandeiro pode fazer mal a seus pacientes?

Seus tratamentos são quase sempre inofensivos, mas os críticos - que acham que eles não curam nada - argumentam que uma doença quando não tratada a tempo pode se agravar caso não se consulte um médico.

4 Como se dá a iniciação de um curandeiro?

Há quem acredite ter nascido com o dom de curar; alguns falam em "sinais de predestinação". Outros pensam ter herdado o dom de alguém da família ou foram iniciados por outro curandeiro. Mas a maioria começou por acaso, ao tentar aliviar um parente ou amigo.

5 O que sentem os enfermos durante a fase do tratamento?

Sonolência, calor, zumbido nos ouvidos, formigamento, calafrios, sobressaltos.

6 Quais são os tipos de doenças que eles curam?

Os céticos afirmam que eles curam doenças imaginárias ou psicossomáticas. O padre e parapsicólogo espanhol Oscar Quevedo afirma em seu livro Curandeirismo: Um Bem ou Mal ?,que "não existem curas propriamente parapsicológicas, nem operações parapsicológicas. O que existem são curas por sugestão, pelo poder do psiquismo, embora sejam curas entre aspas e com muitos perigos.
A parapsicóloga Márcia Regina concorda: "Se há alguma cura, o mérito é sempre do doente. É sua fé no curandeiro que possibilita a cura

7 há casos que desafiam essas interpretações?

Algumas evidências de cura por sugestão hipnótica e até de regressão de processos cancerígenos indicam a existência de uma capacidade auto-regenerativa no doente que o curandeiro pode ter ativado. As curas orgânicas parecem ser muito menos freqüentes que as curas funcionais, associadas a doenças imaginárias. O doutor Louis Rose, parapsicólogo francês, pesquisou 95 casos de curas tidas como espetaculares. Encontrou apenas dois episódios de possível cura e um único onde as provas eram irrefutáveis.

Provar uma cura é certamente tarefa ingrata. Para tanto, é preciso encontrar o caso de uma pessoa que sofresse de grave doença orgânica diagnosticada previamente por mais de um médico e de preferencia documentada através de radiografias e outros exames; que não pudesse ter diminuído naturalmente; que não tivesse respondido a qualquer tratamento convencional, nem tivesse sido tratada no período imediatamente anterior à cura. O pouco interesse dos cientistas em investigar o assunto soma-se ao dos curandeiros cujo propósito é curar e não convencer.

8 Os curandeiros possuem alguma capacidade parapsicológica?

A única certeza que se tem é que o homem consegue influir com sua energia em plantas e pequenos animais. Cientistas realizaram experiências com ratos nos quais se provocavam feridas cutâneas. Depois, eles foram divididos em grupos e colocados em três gaiolas. Os ratos de duas gaiolas foram medicados. Os da terceira gaiola, não. Pediu-se então a uma pessoa qualquer que impusesse as mãos sobre os ratos não tratados. Viu-se que suas feridas cicatrizavam mais rapidamente que as dos outros ratos tratados com medicamentos.




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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Como saber as quantas andamos

COMO SABER A QUANTAS ANDAMOS



O albatroz mergulha à velocidade que mais lhe convém para apanhar um peixe. O morcego dá guinchos ultra - sônicos para descobrir se está perto ou longe de um obstáculo. Mas o homem, cujo organismo não tem nenhum velocímetro embutido, depende praticamente só dos olhos para calcular se corre perigo quando dirige seu automóvel.

Ter carteira de habilitação não significa ser bom motorista. Por mais que se tenha esforçado nas aulas da auto-escola, ao enfrentar o complicado transito da cidade ou mesmo uma estrada movimentada, o dono de uma licença novinha em folha perceberá que ainda tem muito a aprender. Só o tempo e a experiência ensinam a dirigir bem, ou seja, a prestar atenção também no que se passa atrás e ao lado do veículo.
Isso porque o ser humano não foi feito para andar mais depressa do que as pernas são capazes. O máximo que consegue, e por poucos instantes, é deslocar-se a 30 quilômetros por hora, como acontece com os atletas que fazem os 100 metros rasos em pouco mais de dez segundos. Não tendo sido feitos para correr; os humanos não possuem nenhum sentido que informe sobre a velocidade, o grau de aceleração e o momento de frear, ao contrário de outros seres.
O albatroz, por exemplo, desenvolveu ao longo de sua evolução a capacidade de mergulhar à velocidade que mais lhe convém para apanhar um peixe. Já com seus guinchos ultra - sônicos,, de freqüência e amplitude constantes, os morcegos ficam sabendo se estão perto ou longe de um obstáculo, como se estivessem voando por instrumentos.
Mas onde está o velocímetro dos seres humanos? Para saber a quantas anda, o homem conta praticamente só com as relativamente escassas informações que os olhos fornecem. Estudos realizados na França concluíram que 90 por cento das informações que chegam ao cérebro do motorista são de origem visual. Além disso, ao aumentar a velocidade o motorista pode experimentar também uma vaga sensação de frio no estômago. Por fim, os ruidos do ar - como o vento por exemplo - fornecem dados adicionais sobre a velocidade desenvolvida. A percepção se aguça quando se viaja por estradas amplas, com mais de duas pistas, onde é permitido correr até a 100 quilômetros por hora.
Já que a principal fonte de informação sobre velocidade é a vista, especialistas em transito vêm estudando o comportamento do nosso equipamento óptico. O que realmente vemos e registramos? Quando uma pessoa fixa o olhar em um objeto - o rosto de um interlocutor, por exemplo - a pupila enfoca esse ponto, sem no entanto, ignorar imagens que estão fora desse estreito foco de atenção. Essa maneira de perceber os estímulos vindos da periferia do campo visual é conhecida pelos psicólogos como "percepção visual semiconsciente". Ela se torna consciente ao se transformar, por qualquer motivo, no principal foco de atenção. O ser humano tende a transportar para a chamada "visão macular", isto é, para o foco, todos os objetos que entram no campo visual. Essa tendência involuntária é o "reflexo de fixação".

Um bom exemplo é o do condutor experiente na pista da esquerda de uma estrada, com a atenção voltada para o caminhão que trafega pela direita que ele está alcançando. Se de repente o caminhão der um sinal com o pisca-pisca, o motorista do carro perceberá a novidade de forma semiconsciente; mesmo assim, agirá imediatamente em função dela.
Os pesquisadores divergem quanto à amplitude da visão semiconsciente: uns dizem que ela é de um grau e meio; outros calculam que alcance quatro graus. Para o professor de Anatomia, Ricardo Smith, da Escola Paulista de Medicina, a amplitude do campo visual de uma pessoa é de aproximadamente 170 graus.
Mas a "visão macular" - a que enfoca os objetos que despertam a atenção - tem uma amplitude muito menor - cerca de quatro graus. E quanto mais periférico o campo visual, mais indefinida a imagem do objeto percebido.
Como sempre, existem diferenças individuais e estas podem ser demonstradas mediante um teste: coloca-se no motorista um par de óculos especiais que acompanha os movimentos dos olhos, registrados em filme; nele aparecem bem determinados os pontos nos quais a pupila se fixa. A partir dai, é possível saber com exatidão para onde a pessoa olha. Normalmente, ocorrem de quatro a seis movimentos oculares por segundo. Esses movimentos, chamados sacádicos, são responsáveis pela busca de informações ou indícios que mereçam atenção. Nessa procura constante, os olhos são capazes de chegar à amplitude de 700 graus por segundo. Se eles se fixarem em alguma coisa, por reflexo começa um movimento denominado perseguição lenta, que pode alcançar 40 graus por segundo, para tentar definir o objeto.

Tais movimentos independem da velocidade do veículo. Mas está comprovado que, em baixas velocidades, a visão é mais ampla. Testes efetuados em pilotos de ralys revelaram que, a 200 quilômetros por hora, eles se fixavam em quatro pontos, distantes apenas 50 metros do veículo. Ao diminuir a velocidade para 120 quilômetros, a distância dos pontos aumentava para 100 metros. Concluiu-se então que, em altas velocidades, a visão se reduz, enquanto em velocidades menores as laterais entram no campo de visão. No caso desses pilotos, o olho tem de abarcar um campo muito amplo em torno dos pontos fixos para conseguir uma percepção maior. A diferença entre eles e os motoristas recém-saídos da auto-escola é que, além de verem mais e meIhor, os profissionais selecionam as coisas em que devem prestar atenção. Os principiantes, ao contrário, olham indistintamente para todos os lados, pois seu cérebro ainda não estabeleceu uma ordem de prioridades.

Em qualquer dos casos, porém, é impossível assimilar a infinidade de informações que passam voando à frente ao longo do percurso. Pois o cérebro bloqueia dados em excesso, limitando-se a processar as informações principais. Um fenômeno causado pelas altas velocidades é o chamado efeito túnel. Além de 160 ou 170 quilômetros por hora e conforme as características da estrada, forma-se diante dos olhos do condutor uma espécie de túnel, onde só é possível enfocar o fundo da imagem e as laterais são percebidas como borrões. A descoberta desse efeito foi importante para a definição dos limites à velocidade nas estradas na maioria dos países. No Brasil, por exemplo, o máximo permitido é de 100 quilômetros por hora - e só nas poucas rodovias que oferecem maior segurança. No entanto, pesquisas recentes demonstraram que aqueles borrões até servem de orientação ao motorista, ajudando-o a manter o veículo na direção desejada.

Dois exemplos apóiam essa teoria: 1) nas estradas sem sinalização lateral, o motorista se sente inseguro e reduz automaticamente a velocidade, especialmente à noite; 2) as janelas laterais do carro vedadas de propósito, de modo que motorista só veja o exterior por uma pequena abertura no pára-brisa, deixam o condutor inseguro e confuso. Portanto, enxergar as laterais, mesmo borradas, é de grande valia quando se viaja com o acelerador calcado.

Mas há outra forma de visão borrada - e esta tem relação com a freqüência de oscilação das imagens. Nesse caso, aproveita-se a inércia do olho para movimentar uma imagem com determinada freqüência. Quanto maior a velocidade, mais uma sucessão de imagens isoladas produzirá a sensação de se estar vendo uma seqüência continua. Se a freqüência for mais lenta, pode-se notar detalhes, embora trêmulos. Percebe-se a tremulação quando se dirige por uma estrada ladeada de árvores ou mesmo de canteiros de obras. Essa paisagem em que se alternam árvores, casas, campos etc. é percebida de forma oscilante. Quanto mais próximos os objetos estiverem da beira da estrada, mais depressa começa a oscilação. E por isso que, numa rua estreita, o motorista tende a avaliar a velocidade desenvolvida como alta, enquanto em estradas amplas a tendência é calculá - la por baixo.

Identificar as sensações que a velocidade proporciona, para não subestimá-la, e avaliar corretamente as distâncias são requisitos essenciais de um bom condutor. Os engavetamentos, muito comuns sob neblina, mostram que os motoristas não percebem como deveriam agir em determinadas situações e acabam confiando apenas nos freios. Os principiantes, sobretudo, ainda não desenvolveram o hábito da desaceleracão. Se o veículo que está à frente acender as luzes do freio, isso não quer dizer necessariamente que o de trás deva frear. O simples ato de tirar o pé do acelerador reduz consideravelmente a velocidade. Afinal, frear bruscamente é diferente de frear bem.

Como funciona o cérebro nesse caso? Quando o motorista percebe um obstáculo, a informação entre distancia e velocidade é dada a partir dos movimentos dos objetos ao redor e da visão periférica. O cérebro então analisa a cada momento e no tempo certo a nova situação, reagindo diante dela. Esse comportamento é aprendido. Alguns animais e insetos também agem assim, mas neles o comportamento é inato. Biólogos descobriram que algumas aves aquáticas utilizam o mesmo sistema: guiam seu vôo até o momento de submergir na superfície da água. As moscas coordenam seus pousos, calculando o momento exato do contato. Nos dois casos, o sensor é o olho.

A diferença entre os animais e os seres humanos é que os primeiros já nascem sabendo calcular as distancias e determinar sua velocidade relativa; os homens, ao contrário, necessitam de longo periodo de treinamento antes de dominar suas novas aptidões. Como raramente isso é fornecido pelas auto - escolas convencionais, cursos destinados a treinar motoristas. novatos ou não, para reagir diante de perigos inesperados, começam a ser organizados em alguns países da Europa por empresas e clubes automobilísticos. No Brasil, tais cursos ainda são raros e é possível que isso se explique pela limitação de velocidade na grande maioria das estradas a 80 quilômetros por hora. Como se sabe, isso não foi suficiente para livrar o pais da condição de campeão de desastres em estradas. Calcula - se que em 1986, por exemplo, houve nada menos que 56 mil acidentes - e isso apenas nas rodovias federais. Ao todo, 25 mil pessoas devem ter morrido por desastres. Por isso, o Conselho Nacional de Transito propôs, recentemente, a inclusão de noções de transito nos currículos escolares, desde o curso primário.




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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Einstein, o homem que mudou o mundo.

EINSTEIN, O HOMEM QUE MUDOU O MUNDO.



Albert Eisntein foi o humilde demolidor da Física clássica e o fundador da ciência contemporânea. Depois dele, idéias como espaço, tempo, massa e energia já não são mais as mesmas.

Até a idade de três anos, ele não falou uma única palavra. Aos nove, tinha ainda tantas dificuldades de se expressar que seus pais temeram que pudesse ser retardado mental. Na escola, um professor profetizou que ele não seria nada na vida. Com apenas 26 anos, porém, publicaria sua Teoria Especial da Relatividade - uma das mais extraordinárias revoluções da história das idéias.
Einstein alcançou uma dimensão só comparável à do filósofo grego Aristóteles (século IV a. C.) e à do físico inglês Isaac Newton (1643-1727). Sua Teoria da Relatividade seria o marco fundador da Física contemporânea, com profundas repercussões em outros ramos da ciência. Ela daria a chave para a explicação da origem do Universo e para a desintegração do átomo. Mas a bomba atômica é a filha indesejada das elocubrações desse pacifista radical - um homem de bem com o mundo e a vida.
O físico brasileiro Mário Schenberg, que teve a sorte de conhecer Einstein pessoalmente, quando esteve na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, nos anos 40, lembra-se dele "com seu jeito muito simples, um grande casacão que costumava abotoar até a altura do pescoço, sandálias que nunca abandonava e imensa cabeleira. Essa imagem, algo como a de um velho hippie, seria registrada em incontáveis fotografias. Ele mesmo ironizou certa vez o assédio dos fotógrafos ao preencher numa ficha de hotel: "profissão: modelo".
Dono de convicções profundamente democráticas, que o faziam tratar qualquer pessoa com igual distinção, Einstein era também portador de modéstia verdadeiramente encantadora. O físico Banesh Hoffman, que em 1972 escreveu uma importante biografia dele, lembra-se que, ao encontrá-lo pela primeira vez, estava muito nervoso por falar com um homem que era uma celebridade. Einstein pediu-lhe que expusesse suas idéias e acrescentou: "Mas, por favor, fale devagar, pois tenho dificuldade em entender as coisas rapidamente". A frase teve um efeito mágico, deixando Hoffman inteiramente à vontade.
Albert Einstein nasceu em 14 de março de 1879, numa família judia residente na pequena e velha cidade alemã de Ulm, às margens do Danúbio. Já no ano seguinte, os Einstein se mudaram para Munique, onde o pai, Hermann, e o tio Jakob, instalaram uma pequena oficina eletrotécnica. Do confronto com a massacrante disciplina do ensino alemão do século passado resultou a aversão de Einstein por qualquer forma de rigidez mental. Anos mais tarde. ele se referiria a seus professores como " sargentos disciplinadores".
Durante muito tempo, por um erro de avaliação dos boletins escolares, acreditou-se que Einstein tivesse sido um aluno medíocre. Seria melhor defini-lo como desajustado. Pois estudos biográficos mais recentes o mostram como um prodígio, dominando a Física de nível universitário antes dos 11 anos de idade.
Da mãe, Pauline, Einstein puxou sua natureza sonhadora, imaginativa. Foi ela também quem o pôs em contato com o violino, quando ele tinha 6 anos. Einstein ironizaria mais tarde sua capacidade musical: "Só eu apreciava o que tocava". Os biógrafos, porém, garantem que, embora pudesse não ter o virtuosismo de um profissional, era um violinista brilhante. Seja como for, os dons que herdou da mãe - a música e o devaneio seriam seus maiores refúgios nos momentos difíceis da vida.
Outra influencia familiar - dos tios Jakob e Cäsar Koch - o empurrou para a Física e a Matemática. Aos 12 anos, travou contato com um livro sobre a Geometria de Euclides. Sua paixão infantil por instrumentos como a bússola tomava agora rumos mais ambiciosos, e ele decidia dedicar a vida a desvendar os mistérios do "grande mundo".
Três anos mais tarde, a família se mudava para Milão, Itália. Einstein adorou os campos verdes e ensolarados da Toscana - e a oportunidade de escapar da escola por um ano. Sem dinheiro. viajava de carona - e devaneava. Aos 16 anos, por exemplo, se pôs a pensar em como uma pessoa veria um raio de luz se pudesse viajar ao lado dele, em velocidade aproximadamente igual. Essa divagação que anotou num ensaio, seria o ponto de partida para sua Teoria Especial da Relatividade.
Na primeira tentativa de entrar para a renomada Escola Politécnica de Zurique, foi reprovado no vestibular. Ele tinha ainda 16 anos - dois a menos do que a idade-padrão para ingresso no ensino superior. Um ano mais tarde, melhor preparado, conseguiu passar nas provas de admissão. Continuava a ser, porém, um aluno rebelde, faltando às aulas, lendo o que não constava do currículo e irritando os professores com perguntas consideradas impertinentes. Formou-se em 1900, graças ao amigo Marcel Grossmann, aluno irrepreensível, que lhe emprestava anotações de aula. Mas estudar para os exames finais teve um efeito tão inibidor sobre ele que, durante um ano, considerou "desagradável qualquer problema científico".
Depois da formatura, adotou a cidadania suíça. Rejeitado na tentativa de se tornar professor universitário, conseguiu emprego como técnico de terceira classe no Serviço Suíço de Patentes, em Berna. O cargo era medíocre, mas tinha a vantagem de lhe dar bastante tempo livre para as próprias divagações e cálculos científicos, que Einstein escondia na gaveta assim que ouvia passos se aproximando.
É o máximo da ironia pensar que as anotações que iriam revolucionar o mundo precisavam ser ocultadas para que os colegas e os superiores não descobrissem que ele estava se dedicando a outras atividades no local de trabalho.
Em 1903, casou-se com sua ex-colega de escola, Mileva Maric, com quem passou a viver num modesto apartamento perto do emprego. Dois anos depois, publicaria na prestigiosa revista científica alemã Annalen der Physik um conjunto de quatro artigos que iria revolucionar seu destino - e o conhecimento humano.
O primeiro tratava do chamado movimento browniano - o ziguezague feito pelas partículas em suspensão num líquido. Einstein mostrou como esse movimento permitia compreender a natureza das moléculas. O segundo investigava a causa do efeito fotoelétrico - -o fato de certos corpos emitirem elétrons quando atingidos pela luz. Ele explicou que isso se devia ao fato de que a luz, até então tratada pela Física como uma onda continua, era composta de diminutas partículas de energia.
No terceiro artigo, apresentava ao mundo sua Teoria Especial da Relatividade, em que subvertia as idéias fundamentais da Física clássica, ao mostrar que o espaço e o tempo não eram grandezas absolutas, independentes dos fenômenos, como pensara Newton, mas grandezas relativas, que dependiam do observador (veja o quadro da página 58 ). No quarto artigo, finalmente, a partir de um desenvolvimento matemático da Teoria Especial da Relatividade, constatava a equivalência entre massa e energia, expressa na famosa equação E=mc2.
As quatro comunicações de 1905 feitas por um funcionário público de apenas 26 anos, trabalhando nas horas vagas, foram uma façanha realmente espantosa. Não é por acaso que muitos historiadores da ciência chamam 1905 de "o ano milagroso". Ele só tem paralelo com o ano de 1666, quando Newton, aos 24 anos, isolado no campo devido a uma epidemia de peste bubônica, produziu uma explicação para a natureza da luz, criou os cálculos diferencial e integral e ainda vislumbrou sua futura Teoria da Gravitação Universal.
Mas a fama não veio imediatamente para Einstein. O Prêmio Nobel de Física, por exemplo, só lhe seria dado em 1921. Ao contrário do que muita gente pensa, ele foi contemplado não pela Teoria Especial da Relatividade nem pela Teoria Geral da Relatividade, de 1916, suas duas maiores contribuições à ciência, mas pelo estudo sobre o efeito fotoelétrico.
De qualquer forma, os artigos de 1905 tornaram-no respeitado pelos mais eminentes físicos da Europa. Suficientemente respeitado para que pudesse logo trocar o modesto emprego de inspetor de patentes pela carreira de professor universitário. Assim como o tempo relativo de sua teoria flui em diferentes velocidades, dependendo do observador, também seu tempo existencial começava a correr mais rápido.
Em I9l4, está de volta à Alemanha, atraído por um convite da Academia Prussiana de Ciências. A Primeira Guerra Mundial o apanhou na capital alemã, enquanto a mulher e os dois filhos passavam férias na Suíça. A separação forçada acabaria apressando o fim de seu casamento, que já não era muito sólido. Não foi por motivos pessoais, porém, que Einstein se colocou ativamente contra a guerra.
Eram razões de consciência muito profundas que faziam dele uma das poucas grandes vozes a se levantar contra a conflagração que eliminava milhares de vidas.
Um "sentimento cósmico religioso` o impelia à Física teórica, em busca dos fundamentos mais gerais do Universo. Relutantemente, ele admitia também um "apaixonado senso de justiça e responsabilidade social". Foi essa dimensão ética, que tem tanto a ver com a tradição profética judaico, embora Einstein não seguisse nenhum rito religioso, que o levou ao pacifismo e, mais tarde, ao socialismo democrático.
Os quatro anos da Primeira Guerra Mundial assistiram à síntese perfeita desses dois lados de sua personalidade. Enquanto se aprofundava cada vez mais na propaganda antibelicista, mergulhava também num dos mais extraordinários processos de elaboração mental já ocorridos na história da ciência. Seu assunto era agora a gravitação, essa característica da natureza que faz com que uma pedra atirada ao ar caia de volta na Terra e mantém os planetas em órbita ao redor do Sol. Mais uma vez, Einstein confrontava uma das interpretações centrais da Física newtoniana.
Newton pensara a gravitação como uma força que agia à distancia entre os corpos. Einstein concebeu a gravitação como uma curvatura provocada no espaço-tempo pela presença de massa. Essa ousada idéia, tornada pública em 1916, com a publicação da Teoria Geral da Relatividade, completava a demolição do edifício da Física clássica, iniciada em 1905.
Em 1919, as predições feitas pela Relatividade Geral eram confirmadas pela observação. O impacto foi espetacular: logo Einstein era considerado, talvez até com certo exagero, o maior gênio de todos os tempos. As solicitações da fama o arrastariam a inúmeros países, inclusive o Brasil. Algo contrariado, ele temia que isso prejudicasse suas atividades científicas.
Já em 1919, o excesso de trabalho quase o levara à morte por esgotamento físico. Os amigos que o visitavam contam que ele não tinha hora para parar de trabalhar e que, muitas vezes, só deixava a escrivaninha quando alguém insistia para que fosse deitar. Durante o período de recuperação, uma das pessoas que tratou dele foi sua prima Elsa Lowenthal. Naquele mesmo ano, Einstein se casaria com ela.
Durante a década de 20, a ascensão do nazismo na Alemanha o chamou de volta à atividade política. Abdicando de sua inclinação natural pela quietude e a contemplação, ele se empenhou com toda coragem contra o novo regime que se desenhava no horizonte. Ao mesmo tempo, as crescentes ameaças aos judeus na Europa o levaram a aderir à causa sionista, com sua reivindicação de um território nacional judáico. Os nazistas responderam ao seu engajamento com uma violenta campanha de calúnias.
Quando Hitler chegou ao poder, em 1933, Einstein percebeu que sua permanência no pais se tornara insustentável. Decidiu aceitar o convite da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, para que integrasse seu Instituto de Estudos Avançados. Após deixar a Alemanha, soube que os nazistas haviam posto sua cabeça a prêmio por 20 mil marcos - uma pequena fortuna, à época. "não sabia que valia tanto", comentou, irônico.
A avaliação que tinha sobre seu "valor monetário" era realmente modesta. Quando os americanos lhe perguntaram que salário considerava justo para si, sugeriu a ninharia de 3 mil dólares anuais. Diante do espanto dos interlocutores, achou que tinha exagerado - e propôs uma quantia ainda menor. Acabou con-tratado por 16 mil dólares por ano.
O excepcional prestígio de que desfrutava fez com que naturalmente se transformasse num pólo de atração para os muitos cientistas europeus imigrados nos Estados Unidos.Sob a pressão desses cientistas apavorados, com a possibilidade de a Alemanha nazista fabricar, a partir da própria Teoria da Relatividade. a bomba atômica e conquistar o mun-do, Einstein concordou em subscrever a famosa carta ao presidente Norte-americano Franklin Roosevelt, recomendando que os Estados Uni-dos acelerassem suas pesquisas rumo à arma atômica. Quando soube mais tarde que os nazistas estavam muito longe de fabricar a bomba, Einstein lamentou profundamente a decisão que havia tomado.
Seus últimos 20 anos de vida, passados nos Estados Unidos, foram relativamente pacatos. Instalado no campus da Universidade de Prince-ton, seu tempo era dividido entre as três atividades prediletas: tocar violi-no, velejar e devanear. Só que seus devaneios tomavam a forma de uma Teoria Unificada do Campo, capaz de sintetizar os dois grandes ramos em que estava dividida a Física na época: a gravitacão e o eletromagne-tismo. Ou seja, ele procurava nada menos que a lei geral do Universo.
Einstein morreu no dia 18 de abril de 1955, sem: realizar esse seu último sonho. Não admira: os físicos continuam a sonhá-lo até hoje.

As idéias que demoliram a velha ciência

Em 1887, descobriu-se que um sinal luminoso viaja sempre à mesma velocidade no espaço vazio. A partir dessa descoberta, Einstein iria demolir o edifício da Física clássica. Ele percebeu que a constância da velocidade da luz punha em xeque o conceito tradicional de simultaneidade.

Assim: imagine-se um carro numa estrada plana e dentro dele uma lâmpada a igual distancia do vidro dianteiro e do vidro traseiro. Quando a lâmpada é acesa, a luz atinge os dois vidros ao mesmo tempo. Isso para um passageiro no carro; para uma pessoa na estrada, a luz chega antes ao vidro de trás, pois - devido ao movimento do carro - este se aproxima do ponto em que a luz foi emitida, enquanto o vidro da frente se afasta. Qual dos dois observadores tem razão? Os dois.

O paradoxo forçou uma completa revisão dos conceitos clássicos de espaço e tempo e deu origem à Teoria Especial da Relatividade. Espaço e tempo não são grandezas absolutas que independem do observador, mas relativas. As medidas de espaço, tempo e massa realizadas a partir do carro em movimento e as realizadas a partir da estrada relacionam-se por um conjunto de expressões matemáticas propostas, no começo do século, pelo físico holandês Hendrik Lorentz. Pelas transformações de Lorentz, uma régua viajando no carro terá seu comprimento encurtado quando medida da estrada. Já o tempo e massa se dilatarão.

Conseqüência direta da Teoria Especial da Relatividade é a idéia de que a massa pode ser convertida em energia e vice-versa. A fórmula de equivalência entre elas é a famosa E = mc2, onde E é energia, m, massa e c, a velocidade da luz no vácuo. Pequena quantidade de massa pode transformar-se em grande quantidade de energia -como seria confirmado pela bomba atômica. E grande quantidade de energia pode se converter em pequeno acréscimo de massa - como ocorre nos aceleradores de partículas.

Todas essas concepcões, porém, fornecem ainda uma descrição restrita da realidade, já que o seu ponto de partida, como no exemplo do carro, é o de observadores imóveis ou que se desloquem em movimento retilíneo e uniforme os chamados sistemas de referencia inerciais. Onde encontrá-los, porém, neste Universo em que tudo se move de maneira tão complicada? A extensão desses conceitos para qualquer sistema de referência levou Einstein à Teoria Geral da Relatividade de 1916. Seu objeto de estudo foi o fenômeno da gravitação.

Nos marcos da relatividade geral, espaço e tempo deviam ser pensados como um sistema quadridimensional curvo - algo completamente inacessível à nossa imaginação, mas não ao raciocínio matemático. Essa curvatura do espaço tempo é determinada pela presença de massa, o que permitia a Einstein descartar a idéia clássica de que a atração é causada por uma força agindo à distância. Os planetas são mantido em suas órbita não devido à força gravitacional, entendida como mera atração entre os corpos, mas a um encurvamento do espaço-tempo produzido pela enorme massa do Sol.

As predições da Teoria da Relatividade foram confirmadas pela experiência. Einstein afirmara que uma quantidade de massa, como a de uma estrela, seria capaz de curvar de forma sensível um raio de luz que passasse por suas imediações. Isso seria confirmado numa célebre observação realizada em 1919. Era a consagração da Teoria da Relatividade e de seu autor.




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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Big Bang - O Universo começou com uma grande explosão

BIG BANG O UNIVERSO COMEÇOU COM UMA GRANDE EXPLOSÃO



Parece incrível, mas num passado remotíssimo toda a matéria que observamos hoje no Universo - distribuída em 100 bilhões de galáxias, cada uma com mais de 100 bilhões de estrelas, dentre as quais o nosso modesto Sol - pode ter estado tão extraordinariamente concentrada que caberia até com folga na ponta de uma agulha.

Nesse mundo, além de toda imaginação, a densidade da matéria atingiria o valor de 1090 quilos por centímtro cúbico - um número que se escreve com o algarismo 1 seguido de noventa zeros. A densidade das rochas comuns existentes hoje na terra é de apenas alguns gramas por centímetro cúbico. O Universo, então, seria não apenas superdenso, mas também superquente: a temperatura atingiria o fantástico patamar de 1031 graus Kelvin - mais de um bilhão de bilhão de bilhão de vezes a temperatura média do Sol.Por mais inacreditáveis que estas cifras possam parecer, elas correspondem a uma teoria sobre a origem do Universo aceita em quase todos os meios científicos do mundo - a Teoria do Big Bang (Grande Explosão). De acordo com ela, o Universo teria se originado numa explosão apocalíptica entre 15 e 20 bilhões de anos atrás. A situação que descrevemos refere-se a um instante apenas 10 - 43 segundos após o Big Bang - o algarismo 1 precedido de 42 zeros depois da virgula, - chamado Tempo de Planck.
Embora separado do instante inicial por uma fração ínfima de segundo, o Tempo de Planck não se confunde com o momento do Big Bang, porque a matéria energia passou por mudanças dramáticas naqueles pedaços infinitesimais de tempo que se sucedera à origem. O Tempo de Plack constitui o limite até onde chegam atualmente nossos conhecimentos teóricos numa viagem regressiva rumo ao marco zero. A partir daí, ou melhor, antes disso é impossível de ser descrita nos termos dos conhecimentos atuais da Física. Podemos especular que, à medida que nos aproximamos ainda mais desse instante inicial, chamado de estado de singularidade pelos cientistas, o volume do Universo tende a zero enquanto a densidade e a temperatura tendem ao infinito.
A Teoria do Big Bang é uma das mais belas realizações intelectuais do século. Para o seu desenvolvimento contribuíram dois ramos do conhecimento que, há apenas algumas décadas pareciam muito distantes: a ciência do macrocosmo, o infinitamente grande, e a ciência do microcosmo, o infinitamente pequeno. A Cosmologia e a Astrofísica, por uma lado, e a Física das partículas elementares ou Física subatômica, por outro. Curiosamente, os pais fundadores do Big Bang não eram nem astrônomos nem físicos de partículas. Um deles, Alexander Friedmann (1888-1925), era um meteorologista e matemático russo; o outro, o abade Georges Lemaitre (1894-1966), era um padre e matemático belga.
Trabalhando cada qual por seu lado, como tantas vezes acontece na ciência, Friedmann e Lemaitre chegaram a conclusões muito semelhantes a partir de um desenvolvimento puramente matemático da Teoria Geral da Relatividade de Albert Einstein. Einstein acreditava que a atração gravitacional entre os corpos decorria de uma curvatura do espaço-tempo provocada pela presença da matéria. Friedmann e Lemaitre partiram das complicadas equações de campo gravitacional de Einstein e, como ele, adotaram a hipótese de um Universo, homogêneo no espaço.Mas, ousadamente, descartaram a idéia de Eisntein de um Universo imutável no tempo. Isso lhes permitiu chegar, entre 1922 e 1927, a um conjunto de soluções simples para as equações. O Universo que essas soluções descreviam estava em expansão em todas as direções com as galáxias se afastando umas das outras. Essa expansão teria se originado a partir da singularidade , um ponto matemático de densidade infinita.
Em 1929, o astrônomo norte-americano Edwin Hubble (1189- 1953) fez uma descoberta sensacional que trouxe a primeira prova a favor da tese da Grande Explosão. Com o gigantesco telescópio do observatório do monte Wilson, na Califórnia, Hubble descobriu que o espectro da luz proveniente das galáxias distantes apresentava um red-shift - desvio para o vermelho - e que esse desvio era tanto maior quanto mais distante estivesse a galáxia, observada em relação à nossa própria galáxia, a Via Láctea.A explicação de Hubble era de que este fenômeno se devia ao efeito Dopler, bastante conhecido pelos físicos desde o século passado. A conclusão ficava evidente. Se a luz desviava para o vermelho era porque essas galáxias estavam se afastando de nós, e se esse desvio era tanto maior quanto mais longe estivesse a galáxia, isso significava que a velocidade de afastamento crescia com a distância. Para um astrônomo situado numa galáxia distante, também a luz emitida pela Via Láctea apresentaria um desvio para o vermelho. Pois é o Universo como um todo que está em expansão.Ora, se tudo está se afastando no Universo, é possível imaginar uma época remotíssima em que tudo estivesse extremamente próximo. Essa seria a época do Big Bang. Quando isso pode ter ocorrido? O termo que relaciona a velocidade de afastamento ou recessão das galáxias com a distância é conhecido como constante de Hubble. O tempo desde o início da expansão, calculado a partir da constante, dá algo entre 15 e 20 bilhões de anos.
A descoberta de Hubble trouxe um poderoso argumento a favor do Big Bang. Não foi, porém, um argumento conclusivo. Tanto assim que, no final dos anos 40, quem propusesse um modelo alternativo, a Teoria do Estado Estacionário: Em 1964, porém uma descoberta puramente acidental iria representar um golpe demolidor nesse modelo rival.
Dois radiastrônomos, o germano-americano Arno Penzias e o norte-americano Robert Wilson. trabalhando com uma gigantesca antena de sete metros da Bell Telephone dos Estados Unidos descobriram um fraquíssimo ruido de rádio que vinha de todas as direções do céu ao mesmo tempo. Ao longo dos meses. embora 05 movimentos de rotação e translaçao da Terra voltassem a antena para todas as regiões do firmamento. o sinal mantinha sua intrigante regularidade.
Finalmente. Penzias e Wilson tomaram conhecimento de que na prestigiosa Universidade de Princeton um grupo de físicos liderados por Robert Dicke havia deduzido teoricamente a existência de uma fraquíssima radiação de fundo. que deveria preencher uniformemente o espaço. Seria uma espécie de resíduo fossil da superesc aldante sopa cósmica de matéria e energia que. pela Teoria do Big Bang. constituía o Universo pouco tempo depois da Grande Explosão. Com a expansão do Universo. a densidade da energia teria diminuído progressivamente. o que provocou um resfriamento - pelo mesmo motivo que um gás. ao se expandir. resfria -. até chegar a uma temperatura de aproximadamente três graus Kelvin. poupo acima do zero absoluto.
Em condições normais, o átomo é formado por três partículas elementares: próton, elétron e nêutron. Delas porém, talvez apenas o elétron possa ser considerado realmente elementar; o próton e o nêutron seriam constituídos de partículas ainda menores - os quarks.Se fosse possível empreender uma viagem de volta à origem do Universo, quando se chegasse a cerca de 300 mil anos depois do Big Bang, as temperaturas já seriam tão altas que romperiam as estruturas dos átomos, arrancando os elétrons de suas nuvens em torno dos núcleos atômicos. Ao se ultrapassar, nessa contagem regressiva, o terceiro minuto depois do Big Bang, os próprios núcleos começariam a se desintegrar, liderando os prótons e os nêutrons neles aprisionados. Na marca de um milionésimo de segundo depois do Big Bang, até os prótons e nêutrons seriam fragmentados nos quarks que os constituem.
Essa viagem de volta à origem termina por enquanto no Tempo de Planck, localizado, como vimos, apenas dez milionésimos de bilionésimo de bilionésimo de bilionésimo de bilionésimo de segundo depois do Big Bang. Os físicos especulam, porém, que, quando seu arsenal teórico permitir ultrapassar a barreira do Tempo de Planck, talvez se encontre um Universo de insuperável simplicidade. Toda a matéria se apresentaria sob a forma de um único tipo de partícula e as quatro forças existentes no mundo atual - a gravitacional, a eletromagnética, a nuclear forte e a nuclear fraca - estariam unificadas num mesmo tipo de força. A própria distinção entre partícula e força provavelmente não teria qualquer significado.Isso por ora é uma simples suposição. Mas a ciência tem dado passos concretos para verificar sua validade.
A unificação entre a força eletromagnética e nuclear fraca, proposta teoricamente nos anos 60 pelos norte-americanos Steven Weinberg e Sheldon Lee Glashow e pelo paquistanês Abdus Salam - os três ganhadores do prêmio Nobel de Física de 1979 - foi confirmada em 1983, com a descoberta das partículas que transportam a forca nuclear fraca, previstas pela teoria da unificação.
Essa descoberta, que deu ao italiano Carlo Rubbia 0 Nobel de Física de 1984, foi obtida no gigantesco acelerador de partículas da Organização Européia de Pesquisas Nucleares (CERN). localizada em Genebra. Suíça, e envolveu um nível de energia igual ao que poderia ser encontrado na Universo primitivo dez bilionésimos de segundo depois do Big Bang. Assim, a teoria e a experimentação vão nos aproximando cada vez mais da origem do Universo. Nessa escalada do conhecimento, o zero é o limite.

Boxes da reportagem

Estado Estacionário contra a Grande Explosão

Em 1948 três jovens cientistas da Universidade de Cambridge. Inglaterra o inglês Fred Hoyle e os judeus austriacos Hermann Bondi e Thomas Gold - iniciaram uma atrevida cruzada contra a Teoria do Big Bang. Sua arma era outra teoria, a do Estado Estacionário, que procurava a justar a evidência indiscutível do afastamento das galáxias, descoberto por Hubble. ao chamado Principio Cosmológico Perfeito. Este supõe um Universo infinito e homogêneo no espaço. eterno e imutável no tempo.A idéia é a seguinte: se o Universo estava em expansão e entretanto se mantinha imutável. era porque nova matéria estava sendo continuamente criada para ocupar o espaço deixado vazio pela matéria que se afastava. Dessa forma a densidade média do Universo se manteria constante. Para isso, bastaria que fosse produzido um próton de massa para cada mil centímetros cúbicos de espaço a cada biIhão de anos - uma quantidade tão fantasticamente pequena que deveria escapar à mais acurada observação. No entanto. consideradas as dimensões do universo observável. essa mesma quantidade produziria a cada segundo nada menos de 10" toneladas de matéria ou I seguido de " zeros.De onde viria essa matéria? "Do nada", responderam os cientistas A idéia soa absurda, não há dúvida Mas também a Teoria do Big Bang não diz de onde veio a matéria que deu origem ao Universo. Por isso, perguntava o físico Thomas Gold: "Será mais fácil admitir um único grande milagre do que vários pequenos milagres?" A Teoria do Estado Estacionário, para seus defensores, tinha pelo menos a vantagem de evitar a desconcertante singularidade de que fala o modelo do Big Bang.Segundo Fred Hoyle, que além de físico e astrônomo é renomado escritor de ficção científica, a própria criação continua de matéria provocaria a ininterrupta expansão do Universo, porque a matéria nova, ao surgir, produziria uma espécie de pressão para fora, capaz de empurrar a matéria já existente. Ademais, a hipótese da criação contínua conseguia explicar por que, num Universo supostamente eterno, o hidrogênio continuava a ser de longe o elemento mais comum.Como Hoyle estava convencido de que os elementos mais pesados decorriam da fusão do hidrogênio no interior das estrelas - no que a ciência posteriormente lhe daria razão-, era preciso que hidrogênio novo fosse criado continuamente para substituir o hidrogênio consumido nas fornalhas estelares. A década de 50 assistiu a um debate até hostil entre os partidários do Big Bang e os do Universo estacionário. Os primeiros acabaram ganhando a parada com a descoberta de Penzias e Wilson da radiação de fundo das microondas cósmicas. Os outros foram vencidos, mas não ficaram convencidos.Pois as microondas descobertas por Penzias e Wilson correspondiam exatamente a um tipo de emissão de uma fonte a três graus Kelvin. O fato de a radiação ser recebida da mesma forma de todas as direções do espaço significava que ela provinha do Universo como um todo - era uma característica dele. Era a mais espetacular prova material a favor do Big Bang desde a recessão das galáxias de Hubble.A partir de então, a Teoria do Big Bang foi alimentada principalmente pela Física das partículas elementares que investiga as diminutas regiões do interior do átomo. Esse fato parece paradoxal, mas é que, nas altíssimas temperaturas do Universo primitivo, a matéria estava desintegrada nas partículas elementares que a constituem. Pode-se ter uma idéia de como essa matéria se comportava utilizando os grandes aceleradores de partículas existentes nos principais centros de pesquisa do mundo. Neles. as partículas subatômicas são aceleradas até alcançar altíssimas velocidades e levadas a colidir umas com as outras; a partir dos resultados da colisão, é possível investigar sua natureza. Pouco depois do Big Bang, o Universo era um fantástico acelerador de partículas.

Efeitos de som e luz

Você talvez não saiba, mas, se alguma vez ficou esperando um trem na-plataforma de uma estação, já deve ter entrado em contato com o efeito Doppler. Ele se manifesta assim: o apito do trem parece mais agudo quando a locomotiva se aproxima do observador na estação e mais grave quando o trem dele se afasta; para o maquinista, porém o som parece sempre igual. O motivo é que, quando o trem se aproxima, o comprimento das ondas sonoras diminui em relação ao observador, o que faz com que o som se torne mais agudo; quando o trem se afasta, o comprimento das ondas sonoras aumenta e o som fica mais grave.O mesmo efeito ocorre com a luz. Quando uma fonte de luz se aproxima suficientemente depressa de um observador, este a receberá com menor comprimento de onda; o contrário acontece quando a fonte se afasta. No primeiro caso, o espectro da luz apresenta um desvio para o azul; no segundo, para o vermelho.


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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Esta sofrida gente de esquerda - Canhoto.

ESSA SOFRIDA GENTE DE ESQUERDA - Canhoto.



A mão esquerda tem razões que a ciência desconhece. Talvez por isso os canhotos sejam tidos como pessoas esquisitas e frequëntemente vítimas de preconceitos.Mas nada disso está direito: eles são tão normais como os destros.

Já se sabe ao certo qual foi a maior conspiração da História. Sem dúvida foi a conspiração contra a esquerda, combatida por todos os lados, nos dois hemisférios, como se houvesse um acordo sinistro entre todos os que preferiam a direita - a mão direita, bem entendido. Durante milhares de anos, quase sem exceção, o lado esquerdo ficou com o pior pedaço e isso é demonstrado, na prática, nas crenças preconceituosas e palavras pejorativas que lhe são associadas. Por outro lado, "à direita do Deus Pai", como está na Bíblia, ficam as boas ovelhas. Direito máximo, injustiça máxima: a supervalorização do destro somada a um fator real - a maioria das pessoas é mais hábil com a mão direita - estigmatizou os canhotos, aqueles que dominam melhor a mão esquerda, como pessoas no mínimo diferentes e esquisitas.
Até há poucas décadas, os canhotos eram castigados ou convencidos de alguma forma a trocarem direitinho de mão. Escrever com a "mão errada" era desde sinal de insubordinação grave até prova de dificuldade de aprendizado. Mas a medicina moderna e as novas teorias pedagógicas, de mãos dadas, derrubaram essas idéias falsas. Reconhece-se que a mão esquerda de um canhoto não é nada canhestra. E como as pessoas passaram a ter o direito de preferir o lado esquerdo, nos últimos anos o número conhecido de canhotos aumentou consideravelmente. Hoje se estima que existem cerca de dez canhotos em cada cem pessoas de qualquer população. Isso comprova: os canhotos são minoria no mundo. Mas uma minoria de 500 milhões de pessoas. O que não se sabe é quantas pessoas usam a mão direita forçadas por pressões do ambiente.
Ser canhoto é fazer um esforço a mais para coisas tão banais do cotidiano que, na verdade, não deveriam exigir esforço algum. Saca-rolhas, torneiras, maçanetas - tudo o que gira, gira para a direita na ditadura dos destros. Para os canhotos, de duas, uma: ou vivem um eterno jogo de desmunhecar ou aprendem a lidar com as coisas usando a mão direita. Existem em muitos países indústrias preocupadas também com esse lado (esquerdo) da questão, fabricando objetos próprios para as mãos canhotas. A pioneira foi uma fábrica finlandesa que, em 1954, começou a produzir tesouras canhotas, ou seja, com as laminas invertidas.
Nos Estados Unidos e na Europa existem associações de canhotos, que batalham por seus direitos - igualdade de oportunidades no trabalho, por exemplo. No Brasil, uma Associação Brasileira de Canhotos (Abracan) surgiu no final da década de 70, e conseguiu apoios ilustres, como o do então presidente João Figueiredo, um canhoto; também conseguiu do governo Paulo Maluf, de São Paulo, a determinacão de que ao menos cinco por cento das carteiras nas escolas públicas sejam para canhotos, isto é, com a mesinha de apoio no lado esquerdo. Em 1982. porém. a Abracan fechou por falta de recursos, deixando aproximadamente 14 milhões de brasileiros canhotos na mão dos destros.
Uma das teorias mais aceitas para justificar á preferência pelo lado direito das coisas diz que isso surgiu com os primitivos habitantes do hemisfério Norte, adoradores do Sol. Pois, no hemisfério Norte, o Sol parece mover-se no sentido horário, para a direita. Seguindo nessa mesma direção, os budistas fazem suas caminhadas para meditar; os peregrinos que vão a Meca rezar para Alá circundam da estluertici para a direita a Ka´aba, a construção onde está a pedra sagrada dos seguidores de Maomé. Os muçulmanos, aliás, chegam a ponto de afirmar que Deus tem duas mãos direitas.
A própria Bíblia exalta a mão direita, simbolicamente a mão que " sabe dar", já que a esquerda é a que recebe de Deus o sopro da vida. Michelângelo,( pintor italiano canhoto, retratou esse momento da Criação no teto da Capela Sistina). O Antigo Testamento diz que Eva foi criada a partir da costela esquerda de Adão; tanto pior, porque dai se estabelece nos textos bíblicos toda uma duradoura ligação do lado esquerdo com o pecado e a tentação.
Na Idade Média, a Inquisição queimará os canhotos, como praticantes de bruxarias, mensageiros da morte e enviados do Diabo.

Também na Idade Média a mão esquerda passa a ser relacionada com a sujeira A explicação para isso até que tem alguma lógica: num período em que lavar-se era um hábito raro, a limpeza ficava por conta da mão esquerda, inclusive a higiene íntima. Com medo de sujar-se, as pessoas só se cumprimentavam com a mão direita , a mesma usada para comer ou pentear-se.
As escritas alfabéticas , de modo geral, indiscutivelmente favorecem os destros, porque correm da esquerda para a direita. Nessa direção, o canhoto cobre com a própria mão o que está escrevendo ou acaba torcendo o punho, segurando a caneta com a mão em forma de gancho. As exceções mais conhecidas são o hebraico e o árabe, escritos da direita para a esquerda. Já o grego é conhecido como caminho de boi, por formar um zigue-zague: vai da esquerda para a direita numa linha e da direita para a esquerda na linha seguinte.
Na realidade ninguém pode afirmar com total segurança que este ou aquele motivo é que origina o preconceito ou as desvantagens que levam os canhotos. Até porque nem a ciência moderna conseguiu encontrar uma explicação para o próprio fenômeno do canhotismo. Os macacos ou são ambidestros ou dividem-se em igual proporção entre esquerdistas e direitistas. Só no homem o ambidestrismo é uma raridade - apenas duas de cada cem pessoas, em média, são tão hábeis com a esquerda como com a direita.
Justamente por causa dessa falta de explicações seguras, o canhotismo foi o bode expiatório das mais diversas mazelas. "Atualmente sabemos que o canhoto pode ter tantos problemas de saúde ou de aprendizado quanto um destro: não há vantagem em ser um ou outro", ensina o professor de neurologia Saul Cypel, da Universidade de São Paulo. A única expressão orgânica do canhotismo é o fato de o lado direito do cérebro ser aproximadamente onze por cento maior do que o esquerdo e dele partir um feixe mais espesso de nervos.
Nos destros, o lado esquerdo do cérebro é o mais desenvolvido, porque o cérebro exerce um comando cruzado,ou seja, a parte direita do corpo é comandada pelo hemisfério cerebral esquerdo, enquanto a parte esquerda é comandada pelo hemisfério cerebral direito. Os ambidestros têm os dois hemisférios exatamente iguais e feixes de nervos da mesma espessura nos dois lados.
É sabido que o canhotismo tem a ver com a hereditariedade. "Há uma incidência maior de canhotos em famílias onde já existem canhotos", diz o doutor Cypel.
Normalmente, um casal de canhotos tem cinqüenta por cento de chances de ter um filho canhoto: quando o pai ou a mãe prefere a mão esquerda, essa probabilidade cai para não mais de vinte por cento; quando os pais são destros, a probabilidade de terem um filho canhoto é de apenas dois por cento.
Outro fato comprovado é que desde o primeiro instante de vida já se pode ou não ser canhoto.
O embriologista alemão Hans Spemann, prêrnio Nobel de Medicina e Fisiologia em 1935, mostrou que nos estágios embrioná-rios de vida os dois lados do cérebro já apresentam diferenças de tamanho. Apesar de a preferência manual ser geneticamente estabelecida, a criança só a percebe aos cinco anos de idade (embora haja crianças que se definem aos dois anos e outras,igualmente normais, só aos sete ou oito).
A preferência manual está dentro de um contexto muito amplo: a lateralidade, ou seja,a dominância de todo um lado do corpo. Assim, ser canhoto não é apenas escrever com a mão esquerda, mas também preferir todo o seu lado esquerdo, embora o canhoto não perceba isso nitidamente. O lado do cérebro mais desenvolvido - nos canhotos, o direito - está conectado a um número maior de nervos, que recebem todo tipo de informação sensitiva. Portanto, nesse lado preferido , a visão é mais aguda, a pele é mais sensível, os músculos respondem mais prontamente.
Por isso , o Dr. Guy Azemár, do Instituto Nacional de Educação Física da França, acredita que os canhotos são especialmente bons de briga. Ele observou que todos os oito finalistas do torneio de esgrima das Olimpíadas de Moscou, em 1980, lutavam com a mão esquerda, assim como cinco dos oito melhores espadachins das Olimpíadas de Los Angeles, em 1984, eram canhotos. O doutor Azémar supõe que, como o hemisfério direito do cérebro possui os centros de noção de espaço, os canhotos são ligeiramente mais rápidos e precisos nos seus golpes.
É bem possível. No tênis, por exemplo, muitos campeões seguram as raquetes com a esquerda. É o caso de Thomas Koch, John McEnroe, Martina Navratilova e Jimmy Connors. O canhoto supercampeão, con-tudo, é Rocky, o pugilista do cinema, protagonizado pelo ator norte-americano Silvester Stallone.
No primeiro filme da série, o peso pesado que iria enfrentar o herói é advertido pelo técnico: "Cuidado que ele é canhoto. Não dá para confiar em canhotos, eles fazem tudo às avessas". Por razões hollywoodianas e não científicas, é claro que Rocky derrubou o destro com uma boa canhotada na cara. Mas "às avessas" mesrno, e não nas telas de cinema, viveu no século XVI, no norte da Inglaterra, a família Kerr, constituída na maioria por canhotos. Temendo que os escoceses fossem tomar-lhe as terras, o clã dos Kerr construiu no castelo escadas em caracol, com espirais da direita para a esquerda - direção contrária à usual - , de maneira que pudessem golpear os invasores, prensando-os contra a coluna central da escada. Com a maior destreza, diz a história, os canhotos Kerr expulsaram os escoceses, que até hoje usam o termo Kerrhandness (mão dos Kerr) para designar canhotismo.

Boxes da reportagem

Agourentos, desajeitados, maliciosos...

Na hora de dar sua palavra, o grego foi o único que ficou a favor da esquerda: arístera , o termo grego que designa a mão esquerda, tem o sentido de" melhor" e a mesma origem da palavra aristocracia. O latim, a princípio, concordava com essa imagem positiva: sinister, que quer dizer " esquerdo", significava "afortunado"; a palavra vem de sinus , o bolso da toga dos romanos que ficava, é claro, daquele lado.
Mas essa era a época em que as estátuas dos deuses romanos tinham a face voltada para o sul e o olhar dirigido à esquerda, ao leste, de onde vinham, com o sol, os sinais de bons augúrios. Não se sabe por que,mas as imagens das divindades, aproximadamente no século II, foram voltadas para o norte. Daí o leste ficou à direita. De "afortunado sinister" passou a ser "azarado" e os romanos começaram a costurar seus bolsos no lado direito.
Em português, língua nascida do latim, sinistro é "esquerdo" ou "suspeito" ou ainda "ameaçador".
Canhoto assim como canhestro é uma palavra com ligações etimológicas suspeitas com "cao", que por sua vez é sinônimo de "diabo". Mas a palavra esquerdo propriamente dita é de origem desconhecida. Outras línguas latinas seguem em oposição à esquerda. Em francês gauche vale para "esquerdo" e também para "desajeitado" ou "maldito" . Em espanhol, o canhoto é chamado de siniestro, termo que significa ainda "mau agouro", "Desengonçado" e "canhoto" têm um mesmíssimo nome em italiano : maldestro.
Mas as linguas não-latinas também tratam os canhotos de forma sinistra. No alemão linkisch é tanto "canhoto" quanto "maldito"; recht é "direito", "destreza e "lei" - e dessa palavra nasceu reich, "reino".Left -handed, em inglês, é o canhoto, mas também a pessoa, canhota ou destra, maliciosa e insincera. Já right-handed é tanto o destro quanto a pessoa íntegra. No árabe yamin é " mão direita" e "sorte".
O lado direito é sinônimo de coisas positivas até em países de esquerda .Na União Soviética, pravy é a palavra " lado direito" . Dela nasceu pravda, que significa " verdade".Levaya stonora é "lado esquerdo" e- -claro - "lado errado".

Alguns tipos sinistros

Eles estão em toda parte e fazem de tudo. Veja esta lista, por exemplo: Baudelaire, Ben-jamin Franklin, Beethoven, Baden Powell, Beth Faria, Carlos Magno, Charles Chaplin, Cole Porter, Denis Carvalho, Gerald Ford, Goet-he, Greta Garbo, Hans Christian Andersen, Harpo Marx, Jack, o Estripador, Jimi Hendrix, João Baptista Figueiredo, Judy Garland. Júlio César, Leonardo da Vinci, Lewis Carroll, Marcel Marceau, Maria Zilda, Marilyn Monroe, Michelângelo, Napoleão, Nietzsche, Paganini, Paul Klee, Paul McCartney, Picasso, Ringo Starr, Robert Redford, Ronald Regan.

Canhotos bons de bola

Há um campo onde ser canhoto não é desdouro para ninguém. No futebol, de fato, incontáveis jogadores se celebrizaram pelo show de bola de que se mostraram capazes com a perna esquerda. Na atual Seleção Brasileira há três canhotos, todos craques: Pita e Nelsinho, do São Paulo, e Edu, da Portuguesa.
Na tricampeã de 1970 havia Gérson, que não chutava nada com a direita, mas tantas maravilhas fazia com a esquerda que ganhou o ,apelido "Canhotinha de Ouro".
Rivelino, outro canhoto daquela Seleção, era conhecido por seus dribles curtos, que dificultavam qualquer marcação, e pela potência de seu chute - a "patada atômica" . A grande vantagem dos canhotos no gramado é a facilidade com que se livram dos marcadores - quase sempre destros. Ninguém faz isso melhor hoje em dia que o argentino Diego Maradona, capaz de ir de uma ponta a outra do campo sem que ninguém consiga tirar-lhe a bola do pé esquerdo.




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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Cuidado, Olha a cobra...

CUIDADO, OLHA A COBRA...



Em geral, quando chega esse aviso já é tarde. Alertada por seus sofisticados aparatos de detecção, a serpente localiza o intruso que a incomoda e reage de forma fulminante. Se não for socorrida imediatamente, a vítima vai morrer.

Com o corpo ainda entorpecido e enrodilhado na posição de descanso, a jararaca pressente a aproximação de alguma coisa. Seu sistema nervoso entra em posição de alerta. Sua língua bífida, ou seja, de duas pontas, projeta-se várias vezes para fora da boca, colhendo moléculas ao seu redor, que serão levadas para análise em pequenos computadores olfativos situados no céu da boca. E o sistema nervoso começa a programar a ação de defesa, enquanto a cabeça se move em todas as direções para localizar, precisamente, o motivo de todo esse alarme.
Quando a folhagem se abre, com a passagem de um grande vulto que parece projetar-se sobre ela, a jararaca recebe o estímulo, através de um par de furinhos situados entre as narinas e os olhos, na verdade dois possantes radares térmicos que detectam a onda de calor que emana do intruso. Sua musculatura se distende, projetando contra o alvo a boca escancarada, com as presas em riste. A boca fecha-se sobre uma superfície macia. As glândulas salivares se comprimem e deixam sair, pelos pequenos canais das duas presas dianteiras, uma substância tóxica.
Esse mortífero mecanismo biológico, destinado ao mesmo tempo à obtenção do alimento indispensável à sobrevivência e à defesa contra possíveis atacantes e predadores, desenvolveu-se, ao longo do tempo, em algumas espécies de cobras venenosas ou serpentes. Trata-se de um sofisticado aparato sensorial, distribuído por todo o corpo do réptil, que faz convergir para o cérebro um conjunto de estímulos e informações e que, por sua eficiência e precisão, enche de inveja técnicos e cientistas empenhados em construir aparelhagem do mesmo porte para os humanos.
Estímulos e informações que a serpente reúne rapidamente no cérebro, em geral, produzem uma reação fulminante: o bote, de que raramente o agressor - o suposto agressor - consegue escapar. A não ser, é claro, quando tenha tomado prévios cuidados. No caso do homem por exemplo, o uso de botas e luvas protetoras, se não fizer assim, corre o risco de um envenenamento fatal. Mas é preciso registrar que o bote da serpente é sempre uma ação defensiva - ou, pelo menos, uma represália a um ataque, ou o que ela imagina que seja um ataque.
Essa perigosa e altamente eficiente engrenagem de defesa desenvolveu-se entre alguns grupos de serpentes ao longo de um período de 130 milhões de anos. É apenas uma, entre muitas outras, das adaptações que, pouco a pouco, possibilitaram a sobrevivência dessas cobras, a partir de seus remotos ancestrais, possivelmente cegos e indefesos répteis subterrâneos. A maioria dos herpetologistas, que são os cientistas que estudam os répteis, vê, atualmente. as serpentes como um grupo de répteis, que. em certa época, sofreu profundas modificações anatômicas, adaptando-se à vida subterrânea.
Ao perderem aquela sua antiga aparência de lagartos primitivos, as serpentes sofreram uma completa atrofia das patas, dos olhos e dos ouvidos. Mais tarde, quando os descendentes retomaram os hábitos anteriores, voltando a viver na superfície da Terra, as serpentes contaram com um novo sistema de visão, mas permaneceram desprovidas das patas e dos ouvidos Daí terem desenvolvido aquele sofisticado sistema de detecção dos inimigos e possíveis agressores.
Ainda assim, atualmente a visão que elas conseguiram desenvolver outra vez não é uma grande aliada das serpentes na sua luta diária pela sobrevivência. A maioria enxerga muito mal qualquer objeto a mais de trinta centímetros de distancia. Desprovidas de patas, suas únicas armas são algumas dezenas de dentes que, para alcançarem a vitima, dependem da velocidade, nada extraordinária, por sinal, do bote. As serpentes mais rápidas conseguem arremessar a cabeça, durante o bote, a uma velocidade de cerca de 3,5 metros por segundo, muito inferior ao desempenho de um homem comum, dando um soco ou um pontapé.
A ausência de um ouvido capaz de detectar os ruidos propagados pelo ar é compensada, em parte, pela percepção de alguns sons de baixa freqüência, através dos pulmões, e também por uma aguçadíssima sensibilidade às vibrações conduzidas pelo solo. O leve caminhar de um camundongo, por exemplo, é suficiente para pôr uma serpente em estado de excitação; as vibrações produzidas por uma pessoa caminhando, naturalmente, provocam um alerta geral. Felizmente para nós, na maioria das vezes em que isso acontece, a serpente se assusta e foge. Mas nem sempre é assim - e por isso acabam acontecendo os acidentes.
O grupo das cobras venenosas a que pertence a jararaca desenvolveu um um sistema de comunicação entre as glândulas salivares e o par de presas dianteiras. O conteúdo tóxico do líquido segregado por essas glândulas, ao penetrar no corpo dos animais que servem de alimento à serpente produz o envenenamento, que os leva a morte, e também já inicia uma pré-digestão que começa a destruir os tecidos da vítima. Isso porque as cobras, apesar de possuirem tantos dentes, não são capazes de mastigar seus os dentes, ao contrário do que ocorre com outros animais carnívoros, servem apenas para segurar a vitima e ajudar a introduzi-la na goela, em direção ao tubo digestivo. Na execução desse trabalho, os dentes das cobras agem como ganchos, voltados para trás e são auxiliados por movimentos alternados das mandíbulas. Com todo esse poder de reação, é claro que as serpentes venenosas raramente sofrem ataques de predadores. Elas. também, raramente atacam -sobretudo os homens-, a não ser que se sintam agredidas, Ou fiquem sem possibilidade de fugir. As conseqüências da picada de uma cobra venenosa no homem são sempre graves. O destino da vitima dependerá de uma série de fatores: a quantidade de veneno inoculado no sangue. a sensibilidade do organismo àquele tipo de veneno, seu estado geral de saúde e o desenvolvimento físico (adultos suportam melhor o veneno do que crianças). Se todos esses fatores forem favoráveis, poderá sobreviver: caso contrário, sem uso adequado e sem tempo do medicamento próprio a morte é quase certa.
De modo geral, três horas após a picada o veneno já se espalhou pelo organismo da vitima. A essa altura, sua composição inicial já se alterou, desdobrando-se em várias substâncias tóxicas que atuam em pontos diferentes. As toxinas produzidas pelas ser pentes venenosas são muito complexas quimicamente. Mas quatro componentes são fundamentais e estão presentes em maior ou menor quantidade. conforme a espécie da cobra.
Um desses componentes principais age sobre o sistema nervoso, causando uma série de paralisias e falta de coordenação motora. Outro atinge os músculos cardíacos provocando a pa rada do coração. Um terceiro especializa-se em desfazer os tecidos do corpo. O quarto. finalmente. age no sangue, de forma até contraditório de modo geral. torna-o incapaz c coagulação. mas em certas circunstâncias provoca a coagulação em diferentes partes do organismo. Complicado, como se vê.
De acordo com o tipo de veneno que produzem, as serpentes encontradas no Brasil são divididas em três grupos distintos. Para cada um desses venenos existem grupos distintos. Para cada um desses venenos existe um soro específico; mesmo que a vítima não seja capaz de reconhecer o animal que a atacou, os sintomas que logo começam a ser produzidos pelo veneno inoculado, permitem uma perfeita identificação. O primeiro grupo é o das Bothrops, e o mais numeroso; no Brasil, responsável por cerca de 80% dos acidentes ocorridos no país. Pertencem a ele a jararaca, a caissaca, a urutu, a jararaca-verde, a cotiara, a ilhoa, a jararacuçu e a jararaca-pintada. Elas vivem nas regiões de mata úmida, seu veneno age sobre o sangue e provoca destruição dos tecidos do corpo.
No segundo grupo, estão as Crotalus, ou cascavéis, das quais há 4 tipos no Brasil. Vivem principalmente na região dos serrados, e nunca são encontradas à beira-mar, por exemplo, ou dentro das matas fechadas. Seu veveno atua simultaneamente sobre o sistema nervoso, provocando paralisias e falta de coordenação motora e sobre o sangue, provocando destruição dos glóbulos vermelhos
O último, é o das Micrurus, ou corais, das quais há também 4 tipos. Seu veneno é, de certa forma, o mais violento e rápido, atingindo diretamente o sistema nervoso. Em compensação, a coral é a menos agressiva das serpentes - praticamente só ataca quando tocada diretamente em seu corpo.

Só o soro cura picada de cobra

Ninguém sabe direito quantas pessoas morrem. anualmente. na Amazônia, vitimas de picadas de cobra. Certamente são muitas mais do que registram as estatísticas, pois lá a maioria das pessoas não está ligando muito para essas coisas - cobras e estatísticas. Na falta de recursos e conhecimentos, elas criam seus remédios próprios para os venenos dos ofídios, e acreditam que são infalíveis; quando alguém morre, apesar de tudo, debita-se na conta de Deus.
Em Alenquer e Santarém, dois municípios paraenses que somam pouco mais de trinta mil habitantes, cura-se picada de cobra com o muito famoso Pau X, uma beberagem preparada à base de ervas, através de uma fórmula mantida em segredo por seu proprietário, Raimundo de Souza Assis, que a recebeu do avô, um negro angolano "que sabia das coisas". Outros remédios milagrosos, menos ofensivos, são preparados com infusões dos corpos das jararacas e surucucus em querosene e álcool. É claro que não funciona: contra veneno de cobra, o remédio é o soro, preparado à base do próprio veneno.

Veneno federal, soro estadual

No Brasil, todos os anos setenta mil pessoas são vitimas de picadas de cobras venenosas, conforme estatísticas que não são muito confiáveis. Ainda assim, o número é assustador, principalmente tendo em vista que a esmagadora maioria está no interior do pais. em regiões de difícil acesso, o que dificulta o atendimento rápido que esses casos exigem. Se as pessoas que transitam pelos locais de incidência de cobras venenosas tomassem o cuidado elementar de calçar botas, cairia muito aquela estatística, pois setenta por cento das picadas atingem as pernas, abaixo do joelho.

Considerando que essas pessoas em geral não calçam sequer sandálias havaianas, não porque lhes falte gosto por proteger os pés, mas porque falta dinheiro para comprar a proteção mais cara das botas, é fácil concluir que o problema tem de ser atacado por outro lado. Especialistas da área já definiram como mazelas principais, que fazem da questão ofídica um problema tão grave, as seguintes:
1 - O estado de abandono das instituições de pesquisa e produção do soro. Salários inadequados não atraem os técnicos e provocam o êxodo dos que lá estão;
2 - O soro é estadual, mas o veneno que ele vai combater é federal. Ou seja, uma instituição como o Instituto Butantã sobrevive com verbas estaduais, mas precisa atender a pelo menos oitenta por cento das necessidades do país. Os outros vinte por cento são cobertos pela Fundação Vital Brasil. do Rio de Janeiro, e Fundação Ezequiel Dias, de Minas.
3 - Distribuição inadequada do soro. As ampolas são solicitadas pelas Secretarias de Saúde dos Estados, pelos fornecedores de cobras ou pelas Forças Armadas. Ficam, assim, estocadas nas capitais, em uma ou outra fazenda e nos quartéis.
4 - Mau preparo dos médicos para atender esses acidentes.As escolas de medicina não os preparam para essa tarefa.




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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Sujeito a chuvas e trovoadas - O Tempo

SUJEITO A CHUVAS E TROVOADAS - O Tempo



Mesmo na era dos satélites que fotografam o mundo a grandes alturas, prever o tempo ainda é uma tarefa difícil, nem sempre bem sucedida, mas certamente fascinante.

Tente fazer uma experiência. Encha um recipiente com nitrogênio e oxigênio, acrescente pequenas quantidades de vários outros gases e complete com vapor d´água. Misture bem, mantendo tudo em movimento, e procure adivinhar qual vai ser o resultado. Agora imagine que a mistura é a atmosfera e o recipiente, o globo terrestre. E que para a experiência ficar completa é necessário juntar outros ingredientes, como florestas, oceanos, poluição, montanhas, desertos, cidades. Pronto: por aí pode-se ter uma idéia de quanta coisa deve ser levada em conta para produzir todo santo dia, faça chuva ou faça sol, a informação que irá aparecer inevitavelmente na primeira página de todo bom jornal, a previsão do tempo.
Mesmo na era dos satélites meteorológicos e dos computadores capazes de analisar num abrir e fechar de olhos os dados colhidos do espaço, a tarefa de saber o tempo que vai fazer no dia seguinte, para não ir mais longe, continua sujeita a chuvas e trovoadas em qualquer lugar do mundo. Ainda mais num pais tropical, como é em boa parte o Brasil, onde os fenômenos meteorológicos, como as chuvas de verão, podem acontecer sem prévio aviso. de uma hora para outra. e onde a tecnologia de previsão do tempo está atrasada trinta anos.A combinação desses dois fatores está na origem dos erros de previsão que infernizam a vida das pessoas que saem de casa preparadas, por exemplo, para um dia de frio, como avisou o homem do tempom, e sucumbem cheias de pulôveres à sauna de um sol africano - ou o contrário . Diz o professor Silvio de Oliveira, do Instituto de Astronomia e Geofísica da USP e diretor do 7 Distrito do Instituto Nacional de Meteorologia (Inemet): "Há casos em que, mesmo com todas as informações de que dispomos,não é possível prever mudanças no tempo.Todo o mecanismo de previsão se baseia nos movimentos do ar em regiões de alta e baixa pressão. O ar quente, por ser mais leve, isto é, menos denso, tende a se deslocar para as camadas mais altas da atmosfera, empurrando o ar frio que ali se encontra para os níveis mais baixos. Ao se aproximar da superfície, o ar frio se aquece. Aquecido, volta a subir, repetindo-se, então, o ciclo. Quanto o movimento ascendente do ar ocorre numa atmosfera instável, ou seja, onde a temperatura é mais baixa que a do ar que está subindo, pode-se iniciar o processo de condensação, formando as nuvens.
O hemisfério sul tem uma porção pequena de terra, comparada com a superfície de água. Por isso, as massas de ar que invadem o continente são todas úmidas e não muito frias. O ar tropical marítimo é a massa de ar predominante na América do Sul. Sua estabilidade e condições de tempo variam de um lugar para o outro. Na área banhada pelo Atlântico os ventos sopram geralmente do noroeste para o sudeste. Depois que chegam ao interior do Brasil podem voltar bruscamente para o Sul ou virar para as áreas amazônicas e Nordeste.
Resultado das ações das massas de ar, as frentes frias ou quentes são importantes como zonas de transição. Embora as massas de ar tenham condições mais ou menos uniformes, podem ocorrer grandes mudanças nas frentes; assim, por exemplo, surgem as nuvens espessas de chuva. As frentes mais comuns têm ar úmido, quente, de um lado, e ar frio, quase sempre seco, do outro. Na sua superfície inclinada, o ar quente fica em cima e o frio, embaixo. Conforme os movimentos do ar frio e quente, por ação dos ventos, a temperatura em dada região subirá ou baixará.
O trabalho dos meteorologistas é vigiar a direção e o comportamento dessas inconstantes massas de ar. A medição da pressão, temperatura, umidade e direção do vento é feita em estações de controle e coleta de dados. A nível internacional, essa atividade pode ser comparada a uma imensa orquestra, cujo maestro se chama Organização Meteorológica Mundial (OMM), filiada à ONU e com sede em Genebra, Suíça. Por determinação da OMM, os Estados Unidos, onde se concentram os mais sofisticados aparelhos de previsão do tempo das Américas, são responsáveis pela reunião dos dados coletados no continente. O Inemet, que centraliza os dados referentes ao Brasil, recebe dos EUA informações sobre toda a América Latina.
Para o Brasil, o Inemet se vale das informações coletadas três vezes por dia pelos termômetros, barômetros, anemômetros (que medem a velocidade dos ventos), heliógrafos (medem a radiação solar) e outros aparelhos instalados nas 250 estações chamadas de superfície existentes no pais - e onde quase sempre faltam funcionários. Além disso, todas as manhãs, a Aeronáutica lança em doze aeroportos balões equipados com pequenos transmissores de rádio descartáveis que pesam apenas 190 gramas. Esses transmissores, as radiossondas chegam até 33 mil metros - portanto, já na estratosfera. À medida que sobem, enviam às estações receptoras de terra, conhecidas como estações de altitude, as informações que vão recebendo.De posse desse conjunto de dados, os meteorologistas podem montar um quadro tridimensional do que está acontecendo na atmosfera. Os números são anotados de forma padronizada ou plotados, como dizem os especialistas. nos mapas do tempo - as cartas sinóticas. Com a ajuda das imagens de satélites e radares, os técnicos enfim traduzem as cartas em linguagem acessível aos leigos. A moderna previsão de tempo beneficia-se dos computadores que permitem fazer uma enormidade de cálculos em um período muito curto. Um meteorologista demora duas horas para desenhar uma carta sinótica. Um computador se desincumbe dessa tarefa em cinco minutos. Mas não é só isso.Com uma série de equacões, que representam princípios da física aplicados ao estudo da atmosfera, o computador pode oferecer previsões mais confiáveis e detalhadas com até dez dias de antecedência. É por isso que o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) tem um sonho: comprar um supercomputador, construído sob encomenda nos Estados Unidos, que realiza cálculos à velocidade de 100 mips (milhões de instruções por segundo), para prever o tempo em toda a América do Sul com pelo menos 48 horas de antecedência.Para complementar os dados das cartas sinóticas, o Brasil dispõe dos serviços de uma família de satélites meteorológicos. Os da série Tiros-N, norte-americanos, de órbita polar estão estacionados a uma altura 600 a 900 quilômetros e completa uma volta em torno da Terra a cada cem minutos. Os da série Goes, também norte-americanos, e o europeu Meteosat estão estacionados 36 mil quilômetros em órbita equatorial geoestacionária. As imagens desses satélites são as mais utilizadas porque cobrem extensas áreas do globo e chegam a cada trinta minutos. Graças a eles, é possível fazer o mapeamento das frentes quando estão ainda sobre o Oceano Pacífico. "Localizá-las ali é importante", explica Luiz Carlos Molion, do CPTE, "porque a maioria dos fenômenos climáticos que alcançam o Brasil provém do oeste, passando pelo sul." Apesar do atraso tecnológico da meteorologia brasileira em comparação com o Primeiro Mundo, o Brasil único país da América Latina que põe de equipamentos para analisar as imagens dos satélites. Isso faz uma boa diferença: segundo Luiz Gylvan Meira Filho, chefe do CPTEC, um técnico, apenas olhando as cartas sinóticas, sem o auxilio do computador, pode acertar uma em cada três previsões de até 36 horas; trabalhando com o computar os acertos chegam a 50% - o que corresponde aos índices obtidos nos Estados Unidos há vinte anos. "Estamos nos preparando para fazer previsões com 80% de Índice de acertos",diz Luiz Gylvan. Por isso quando a meteorologia prevê tempo bom, talvez não seja um exagero de prudência, apanhar o guarda-chuva em casa. Resta um consolo: embora a previsão a curto prazo seja mais difícil nos trópico que nas zonas temperadas, a longo prazo o clima é mais previsível nos países tropicais.

A longo prazo, é mais fácil prever o clima nos trópicos
A previsão de médio e longo prazo é fundamental para a agricultura, vítima de secas e geadas. Há estimativas de que, em média, 30 por cento das safras são perdidas por problemas climáticos. Dispondo de dados fornecidos pelo Inemet, os agricultores podem antecipar ou adiar a época do plantio. Pelo menos no que se refere ao Nordeste e às travessuras do El Ninõ, fenômeno que acontece no Pacífico mas afeta o clima do mundo todo, o Brasil tem condições de fazer uma boa previsão."Se percebemos um aquecimento anormal do Pacífico equatorial e observamos uma série de mudanças na circulação da atmosfera naquela região, sabemos que El Ninõ está em ação e depois de alguns meses vai afetar o Brasil", explica Carlos Nobre, editor da revista Climanálise e pesquisador do INPE. Os especialistas do INPE sabem também que o aquecimento das águas do Atlântico está relacionado com a seca no Nordeste. "Quando as águas do Atlântico norte tropical estão quentes em janeiro e as do Atlântico sul tropical estão mais frias, é bastante provável que o ano será seco no Nordeste semi-árido", afirma Nobre.
Boxes da reportagem

Depois de dez dias, o imprevisível

Previsão com meses de antecedência para que a noiva possa escolher o tipo de vestido que vai usar no grande dia. Avisos de tempo bom para programar festas juninas. Esse tipo de profecia nenhum instituto de meteorologia pode fazer. Mas não são raros os telefonemas ao Inemet de pessoas interessadas em saber se vai chover ou não num futuro menos próximo do que gostariam os técnicos. Eles explicam que, em qualquer parte do mundo, as previsões mais sofisticadas se limitam a dez dias de antecedência - pela própria inconstância das condições físicas da atmosfera. Depois disso, os meteorologistas só podem falar em tendências do tempo. E este é um trabalho para a climatologia.

A previsão de médio e longo prazo é fundamental para a agricultura, vítima de secas e geadas. Há estimativas de que, em média, 30% das safras são perdidas por problemas climáticos. Dispondo de dados fornecidos pelo Inemet, os agricultores podem antecipar ou adiar a época do plantio. Pelo menos no que se refere ao Nordeste e às travessuras do El Niño, fenômeno que acontece no Pacífico mas afeta o clima do mundo todo, o Brasil tem condições de fazer uma boa previsão.

"Se percebemos um aquecimento anormal do Pacífico equatorial e observamos uma série de mudanças na circulação da atmosfera naquela região, sabemos que o El Niño está em ação e depois de alguns meses vai afetar o Brasil", explica Carlos Nobre, pesquisador do INPE. Os especialistas do INPE sabem também que o aquecimento das águas do Atlântico está relacionado com a seca no Nordeste. "Quando as águas do Atlântico norte tropical estão quentes em janeiro e as do sul tropical estão mais frias, é bastante provável que o ano será seco no Nordeste semi-árido", afirma Nobre.


Quando falha a máquina do tempo

No último dia 21 de agosto, a previsão do Inemet para o Estado de São Paulo era a seguinte: "Tempo parcialmente nublado com períodos de claro. Temperatura estável, mínima entre 8 e 15 e máxima entre 14 e 28. Ventos do quadrante este fracos e moderados. Visibilidade boa". Naquele dia, para azar de quem acredita na meteorologia, choveu em São Paulo e também no Sul do país. O que deu errado? A carta sinótica e a imagem do satélite Goes-7 indicavam que a zona de baixa pressão e de convergência de vento sobre o Nordeste não chegaria a São Paulo. Nesse Estado e no Sul reinaria a massa de ar polar, produzindo tempo frio mas estável. A imagem do satélite não apontava a grande nebulosidade a sobre região. Por motivos não explicados, os ventos naquele dia foram mais velozes do que os meteorologistas previram. A zona de baixa pressão se expandiu até o Rio Grande do Sul, provocando chuva ao entrar em contato com a massa polar. Falharam as previsões, o computador e até o Centro Nacional de Meteorologia de Washington, que forneceu parte das informações.




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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Supersecreto: começa a surgir o avião INVISÍVEL.

SUPERSECRETO: COMEÇA A SURGIR O AVIÃO INVISÍVEL



Vem aí a nova geração de caças e bombardeiros para revolucionar as táticas da guerra no ar neste final de século: são os temíveis aviões que o inimigo não detecta.

Como qualquer arma supersecreta que se preze, o revolucionário caça F-19 da Força Aérea dos Estados Unidos oficialmente não existe. A Companhia Lockheed não admite ter construído um aparelho como esse, capaz de mudar por completo as regras dos combates aéreos no planeta. E o próprio Departamento de Estado, embora tenha anunciado o lançamento do projeto em 1981, recusa-se agora, terminantemente, a falar do assunto.
Apesar desse mistério todo --- ou talvez por causa dele --, o interesse pelo avião-fantasma e a certeza de que existe mesmo não param de crescer. O fato de nunca ter sido visto nem fotografado só faz aumentar a curiosidade. Até porque essa invisíbilidade parece uma qualidade muito desejável para o avião como o F-19, cujo objetivo principal é justamente esse: passar despercebido. Primeiro representante de uma nova geração de aviões do tipo stealth, que em inglês significa furtivo, discreto, o F-19 pretende realizar o velho sonho dos pilotos de guerra de atravessar os sistemas de defesa inimigos sem ser detectado. Os especialistas em aviação militar afirmam não só que o F-19 é real como também é apenas um entre vários tipos de aviões invisíveis. Eles falam, por exemplo,do caça ATF (Advanced Technology Fighter), também da Lockheed, e de um bombardeiro conhecido como ATB (Advanced Technology Bomber) fabricado pela companhia Northrop. cujo primeiro protótipo deve voar no fim do ano. Seria um avião de 180 toneladas, dotado de quatro turborreatores 404 e autonomia de vôo de 10 mil quilômetros. Na forma, lembraria uma asa voadora semelhante à velha YB-49, construída pela própria Northrop nos anos 40.
É muito possível, no entanto, que esses aviões tenham formas ainda mais inesperadas do que se imagina. Segundo o engenheiro Guido Pessotti, diretor técnico da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), do ponto de vista técnico é muito possível que essa grande asa seja colocada na parte de trás do avião e a empenagem, ou seja, a asa menor na parte da frente, dando a impressão de um vôo ao contrário, como o 14 - BIS de Santos Dumont. Além disso. a asa seria flexada para a frente e não para trás, completando um desenho aparentemente esdrúxulo mas extremamente compacto - e por isso mesmo, pouco visível ao radar. "Com o progresso dos computadores de bordo consegue-se fazer voar qualquer coisa", diz o engenheiro. Numa perspectiva mais ampla, o termo stealth não se limita a esse ou àquele modelo determinado, mas designa uma filosofia que orienta atualmente os construtores ligados à aviação militar. Como explica Guido Pessotti, todos os novos aviões - e o caça ítalo-brasileiro AMX é um bom exemplo procuram incorporar o maior número possível de características invisíveis. Isto é, características que permitam ao avião enganar todos os meios de detecção, sejam eles eletromagnéticos, como o radar, a laser, infravermelhos, acústicos ou visuais. Com essa invisíbilidade, o avião poderá penetrar em qualquer sistema de defesa aéreo.Que isso é perfeitamente possível foi demonstrado pelo jovem piloto alemão Mathias Rust no último dia 28 de maio. Rust decolou, não com algum ultramoderno caça invisível, mas com um aviãozinho Cesna 172, de Helsinki, na Finlândia. e foi aterrissar em plena Praça Vermelha, no coração de Moscou. Nos 650 quilômetros que percorreu em território soviético, atravessou, sem ser incomodado, um sistema de defesa que inclui 1500 aviões de interceptação, sete mil sistemas de alerta - desde satélites a postos de radar fixo, passando pelo avião-radar Moss - e mais dez mil mísseis antiaéreos servidos por cerca de 500 mil homens.A vitória do pequeno Cesna sobre esse formidável sistema foi talvez facilitada por falhas humanas. No dia 28 de maio, comemora-se na União Soviética o Dia da Policia das Fronteiras e, ao que parece, houve um excesso de vodca derramado em certas guarnições. Seja como for, a grande maioria dos peritos ocidentais concorda que, com a possível exceção dos aviões-radar norte-americanos AWACS, perpetuamente se alternando no ar e que examinam o espaço de cima para baixo, não há nenhum sistema capaz de detectar um pequeno avião voando devagar a baixa altura.Projetados para localizar mísseis velozes, caças supersônicos e gigantescos bombardeiros deslocando-se a milhares de metros de altitude, tais sistemas se comportam como redes de malhas grossas que apanham os tubarões mas deixam passar as sardinhas. Exemplo claro é o sistema de radares brasileiros CINDACTA. Durante a guerra das Malvinas, em 1982, entre a Inglaterra e a Argentina, o CINDACTA foi capaz de descobrir um dos temíveis caças ingleses Vulcan, que rumava para o Rio de Janeiro, com problemas de combustível. Mas nunca mostrou grande utilidade para localizar as inúmeras rotas de contrabando freqüentadas por pequenos aviões nas fronteiras com o Paraguai e a Bolívia.O objetivo número um da tecnologia stealth consiste, portanto, em transformar uma portentosa aeronave militar, de tal maneira que ela se comporte com a discrição de um pequeno avião de turismo. Essa transformação inclui os mais sofisticados truques, começando pelo mais óbvio, que é a aparência geral a olho nu: já que não se pode reduzir as dimensões do avião, apela-se ao velho recurso da pintura de camuflagem adaptada ao meio em que o avião deve combater - branca para regiões geladas, verde para evoluções a baixa altitude sobre matas, cinza e azul para aviões da Marinha. Outra providência é redesenhar a silhueta para que o estrondo provocado pelo rompimento da barreira do som seja o mais baixo possível. Em seguida, cuida-se dos motores, que também devem emitir pouco ruído e - mais importante do que isso - pouco calor. Esse ponto é essencial, pois é o calor dos reatores que atrai o armamento inimigo dirigido por raios infravermelhos. E uma pequena variação na temperatura produz uma diferença muito grande na discrição do aparelho. Várias soluções já foram sugeridas: colocar os reatores no dorso do avião, reforçar o sistema de refrigeração, pintar as partes mais quentes com pinturas que reduzem a emissão de raios infravermelhos - e até mesmo renunciar aos vôos supersônicos. Uma tinta especial, por exemplo, é feita de bilhões de microscópicas bolinhas que conduzem eletricidade e assim neutralizam as ondas de radar.
Os diversos tipos de rádios e radares que os aviões de guerra transportam a bordo também são uma fonte de indiscrição, na medida em que suas ondas podem ser captadas pelo inimigo. Por isso, a idéia é, na medida do possível, substituir as comunicações eletromagnéticas por comunicações a laser, mais discretas, e, nos momentos críticos, simplesmente desligar toda a aparelhagem eletrônica que não for essencial.Depois disso tudo, resta ainda o mais importante e o mais difícil: fazer com que o avião passe despercebido pelas ondas do radar. Basicamente, o radar é uma espécie de emissor de raios invisíveis; uma antena parabólica giratória que emite ondas eletromagnéticas, similares às do rádio ou da televisão, mas com um comprimento de onda muito menor. Qualquer objeto que esteja dentro de seu campo de ação recebe um banho de ondas e, ao ser iluminado, atua como um espelho, refletindo-as em direção à terra, onde são captadas por uma antena. Como se conhece a velocidade das ondas refletidas, similar à da luz é fácil determinar a distancia em que se encontra qualquer objeto. a partir das frações mínimas de tempo que transcorrem entre a emissão e a recepção. Só uma pequena parte das ondas refletidas consegue chegar de volta à antena receptora; todo o resto se dispersa pelo espaço. Se a quantidade captada de volta é maior ou menor, depende, entre outras coisas, da forma do objeto em que as ondas se refletiram. Pode-se compreender facilmente esse fenômeno com a ajuda de um espelho de bolso, que reflete os raios solares na direção que escolhermos. Se em vez do espelho plano usarmos uma esfera coberta por uma superfície refletora, como uma bola de árvore de Natal, veremos que os raios solares se dispersam em todos os sentidos. Por esse motivo, quanto mais arredondadas forem as formas de um avião, menos ondas ele enviará de volta à antena receptora do radar e mais invisível ele será.Como um avião é feito de inúmeros tipos de superfície, como planos, esferas, cones e ogivas, é difícil calcular com exatidão a percentagem de ondas que serão recaptadas, mesmo porque variam em função do Ângulo de incidência e do seu comprimento. Dependem também do tipo de material de que é feita a fuselagem. Ligas metálicas de alumínio e titânio são altamente refletoras Plásticos à base de fibras de carbono são muito discretos. Levando em conta todas essas variáveis, é possível chegar a uma medida conhecida como SER- Superfície Equivalente Radar -, que dá uma boa idéia da visibilidade menor ou maior ao radar de determinado avião.A antiga fortaleza voadora B-52, com sua fuselagem de três metros de diâmetro, cauda de quinze metros de altura e quatro enormes motores presos nas asas, oferecia até sessenta metros quadrados de SER. Um caça dos anos 50 apresentava uma SER entre 0,11 metros quadrados e 16 metros quadrados. Em compensação, a SER de um pássaro do tamanho de uma gaivota não vai além de 0,01 metros quadrados. Calcula-se que a SER do F-19, do caça ATF e do bombardeiro ATB norte-americanos fique nessa faixa entre a da mosca e a da gaivota. Dificilmente se poderia imaginar objetivo mais ambicioso. Para atingi-lo, o primeiro passo foi arredondar a forma do aparelho. O bombardeiro costuma ser repre- sentado como uma asa voadora, com a parte inferior convexa, de modo a espalhar as ondas de radar por todos os lados. Mas há muitas outras medidas que os seus projetis-tas devem ter tomado. Entre elas, a eliminação de certos pontos brilhantes, que atuam como espelhos retrovisores para as ondas de radar. São eles os ângulos, as cavidades como as entradas dos reatores, os cantos, as saliências dos motores ou das asas. Outra preocupação dos dese-nhistas foi com as pontas, que se comportam como antenas reemitindo a energia absorvida e veiculada pelas correntes de superfície.
Em resumo, a forma de um avião stealth deve obedecer não mais às leis da aerodinâmica e da estabilidade, mas às leis de reflexão das ondas de radar. O resultado é que o avião invisíveis é intrinsecamente instável. Isso poderia tornar muito precária a segurança do piloto, sobretudo em vôos rasantes a alta velocidade. O problema, porém, foi neutralizado pelos computadores de bordo, capazes de corrigir automaticamente qualquer engano de manobra. Em compensação, a aparelhagem eletrônica para manter o avião em segurança na rota é tão barulhenta que o avião acaba sendo captado pelos radares de terra; perde-se, assim, parte da vantagem que ele obtém por voar a baixa altura. Esse ganha-perde é rotina na inter-minável batalha que vem se travando ao longo das últimas décadas entre aviões e radares. Cada progresso conseguido por um dos lados é logo contrabalançado por uma nova conquista do adversário. Empregados pela primeira vez durante a Segunda Guerra Mundial, os radares de início pareciam imbatíveis. Qualquer avião que sobrevoasse território inimigo caía inevitavelmente em seu campo de visão. Mas logo se imaginou uma maneira de contra-atacar. Os aviões passaram a deixar cair uma chuva de pedacinhos de papel de estanho que eram captados pelas ondas do radar. O observador via na tela uma chuva de pontos brilhantes e não sabia mais quais deles correspondiam ao avião e quais ao papel de estanho. Ainda hoje, os aviões de caça utilizam esse estratagema para desorientar os radares de mísseis adversários.
Em compensação, há muito tempo que os radares de terra mais sofisticados já não se deixam enganar por um golpe tão simples. Os operadores de radar aprenderam a analisar de diversas maneiras as ondas eletromagnéticas. Verificou-se, por exemplo, que havia uma modificação no comprimento das ondas depois que elas se refletiam num objeto metálico deslocando-se em alta velocidade. É o chamado efeito Doppler, que aparece nitidamente nos ecos provenientes de um avião, mas não se manifesta no caso do papel metálico, cuja velocidade é muito inferior. No momento em que são soltas no espaço, as tiras de papel metálico são detidas pelo ar e caem lentamente em direção ao solo. Resultado: o avião aparece claramente na tela, enquanto as imagens confusas dos papeluchos de estanho podem ser filtradas e eliminadas.
Em pouco tempo surgiram novas armas eletrônicas para enganar o radar. Uma das mais importantes foi o aproveitamento dos feixes laterais. Feixes são os pacotes de ondas emitidos pelo radar. À medida que se afastam, vão se tornando maiores. Além do feixe principal, as antenas emitem feixes laterais com energia menor. Quando um feixe lateral atinge um avião preparado para driblar a vigilância do inimigo, o piloto liga os circuitos eletrônicos que medem o comprimento da onda recebida e, automaticamente, devolvem um impulso muito mais potente. O observador do radar acredita então que localizou o apareIho no campo do seu feixe principal - portanto, numa direção completamente diferente da qual se encontra. Se o avião entra, realmente, no âmbito do feixe principal, seus sistemas eletrônicos também dispõem de uma defesa. Podem retardar o impulso e devolvê-lo um milésimo de segundo mais tarde, de tal maneira que o observador se engane ao medir a distância. O efeito Doppler ainda pode ser utilizado para enganar o radar quanto à direção e o sentido do vôo. Comprimentos de onda maiores indicam ao observador que o avião se afasta, enquanto as ondas mais curtas significam que ele se aproxima. Mediante a manipulação desses comprimentos, é possível iludir o operador do radar, levando-o a crer que um avião está se afastando, quando, na verdade, se aproxima.Esses estratagemas todos têm vida breve. Logo acabam descobertos pelos sistemas eletrônicos de controle das redes de radar. Às vezes, no entanto, criar um instante de ilusão é o quanto basta para decidir o destino de um combate. Se assim não fosse, os norte-americanos não estariam gastando mais de 10 bilhões de dólares nos projetos dos caças e bombardeiros invisíveis.

Boxes da reportagem

O caça fantasma ítalo - brasileiro

Na chefia de oitocentos engenheiros e responsável número um pela qualidade dos 3500 aviões que já deixaram os gigantescos hangares da Embraer, em São José dos Campos, desde 1971, o engenheiro Guido Fontegalante Pessotti, 55 anos, paulista de Piracicaba, é um entusiasta do caça a jato ítalo-brasileiro AMX -um projeto de 1 bilhão de dólares. "Na sua categoria", diz ele, "o AMX é imbatível. Dispõe de todos os recursos tecnológicos já anunciados pela imprensa e mais alguns que ainda não posso revelar."
"Desde o início do projeto", acrescenta. "tomamos todo o cuidado para fazer dele um avião com múltiplas características stealth". Algumas dessas características estão ligadas à própria natureza do aparelho. Tendo como objetivo principal o ataque a alvos no solo em plena zona de combate ou na retaguarda do inimigo, o AMX foi projetado para dar o melhor de si em vôos de baixa altura. o que lhe permite aproveitar as irregularidades do terreno para esconder-se das ondas do radar. Seus dois motores Rolls Royce RB 168-807 foram escolhidos, entre outros motivos, porque apesar da potência de 5 mil quilos, têm uma fraca emissão de raios infravermelhos.Um ponto altamente positivo foi a utilização de material compósito de fibras de carbono nas asas e em outras partes da fuselagem produzidas em São José dos Campos pela Embraer. A utilização do material de fibra de carbono no AMX tem uma tripla vantagem: ele é mais leve que o alumínio, mais resistente que o aço e absorve as ondas de radar. Mas o que aproxima essencialmente o AMX da nascente geração de aviões invisíveis são seus vários radares de bordo, acoplados a um sistema de computadores.Ninguém fornece detalhes sobre essa tecnologia considerada altamente sigilosa. Apesar disso, sabe-se muito bem quais são as suas funcões e possibilidades. Pois o AMX vai ser empregado não apenas pela FAB mas também pela Força Aérea Italiana, que pertence à NATO. E as esquadrilhas da NATO têm algumas características comuns.É graças a esses radares e computadores de bordo que o AMX poderá, em primeiro lugar, manter se em permanente contato com as bases e outros aviões amigos, através de um código secreto; sem ele, poderia atacar ou ser atacado pelos próprios aliados. O segundo objetivo do sistema é desorientar os radares inimigos, recebendo as ondas que chegam até o avião e mandando-as de volta, depois de manipulá-las, de maneira a parecer que o aparelho está onde realmente não se encontra ou que está vindo, quando na verdade está indo. Se conseguir captar as comunicações entre aviões inimigos, poderá ainda decifrar o seu código e, então, fazer-se passar por um deles - o que é uma das maneiras mais sofisticadas de se tornar invisível.

A arma definitiva pode ser uma tinta

Demora tanto a aparecer visível que corre o risco de ser ultratrapassado por uma novidade ainda mais sensacional. Robert Birge, um cientista de Pittsburgh, Estados Unidos, assegura que daqui a 3 anos será possível desenvolver uma arma fulminante anti-radar. Trata-se de um tipo especialíssimo de tinta baseado em elementos químicos como os que participam das reações a estímulos luminosos no olho humano. Essa tinta seria capaz de tornar virtualmente invisível ao mais avançado sistema de radar qualquer avião, míssil, navio ou tanque pintado com ela. Ou seja, mesmo um equipamento convencional, sem o desenho típico do stealth, poderá reduzir em larga escala os reflexos do radar, desde que pintado com a tinta certa.




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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Leonardo de todos os Instrumentos - Leonardo da Vinci

LEONARDO DE TODOS OS INSTRUMENTOS - Leonardo da Vinci



Ele não falava grego nem latim. Jamais freqüentou uma universidade e por isso era desprezado nas rodas intelectuais de Florença, no Renascimento. Mas suas pinturas e projetos de engenharia o fizeram famoso e cortejado pelos poderosos da época. Muito tempo depois, o mundo viria a conhecer o lado secreto desse gênio superlativo.



"De tempos em tempos, o Céu nos envia alguém que não é apenas humano, mas também divino, de modo que, através de seu espírito e da superioridade de sua inteligência, possamos atingir o Céu." Com estas palavras, Vasari, o célebre biógrafo do século XVI, inicia o seu relato sobre a vida de Leonardo da Vinci. Apenas 30 anos após a morte desse gênio superlativo, sua figura já estava totalmente envolvida pela aura do mito.Nascido na cidadezinha de Vinci, próxima a Florença, no dia 15 de abril de 1452, Leonardo seria considerado, em pouco tempo, o maior pintor de sua época, protegido e adulado em algumas das principais cortes européias. Mas seu enorme prestigio não se restringiu à pintura. Escultor, músico, arquiteto, engenheiro civil e militar e extraordinário inventor, ele foi a versão suprema do homem dos sete instrumentos.Seu talento versátil se expressou até mesmo em atividades mundanas e tipicamente cortesãs, como a organização de festas e diversões para a nobreza: desde a invenção de um palco giratório para apresentações teatrais até o desenho de trajes de luxo; de entretenimentos musicais à arte da conversação e aos jogos de palavras. Vasari diz que ele "foi o melhor improvisador de rimas de seu tempo".Mas, coexistindo com esse Leonardo público, celebrérrimo e celebrado, houve outro, talvez ainda mais assombroso: um Leonardo solitário e secreto, que permaneceria desconhecido durante muito tempo. Numa atividade recolhida, sigilosa, escrevendo da direita para a esquerda para que seu texto não pudesse ser lido - o que Ihe era facilitado pelo fato de ser ambidestro -, encheu páginas e páginas com a mais eclética massa de conhecimentos, produzindo, com anotações e desenhos, uma gigantesca colcha de retalhos do saber universal. Os primeiros manuscritos de que temos noticias datam de 1478, quando Leonardo, então em Florença, contava ainda 26 anos. Os últimos são de 1518, de poucos meses antes de sua morte, ocorrida na França, em 2 de maio de 1519.Em cerca de seis mil páginas que nos restam dessa prodigiosa obsessão há praticamente de tudo: Geometria e Anatomia; Geologia e Botânica Astronomia e Ótica; Mecânica dos Sólidos . Mecânica dos Fluidos; Balística e Hidráulica; magníficos desenhos preparatórios e exaustivos estudos de perspectivas; considerações teóricas sobre a arte e anotações técnicas muito precisas sobre como fundir uma estátua eqüestre em bronze; o plano arquitetônico para a construção da catedral de Milão e um projeto de desvio do curso do rio Arno para ligar Florença ao mar; mapas e planos urbanísticos; projetos de pontes e fortificações.Há, principalmente, a mais fantástica coleção de invenções e soluções de engenharia já imaginadas por um único homem: esboços de helicópteros, submarinos, pará-quedas, veículos e em barcações automotores, máquinas voadoras; projetos minuciosos de tornos máquinas perfuratrizes, turbinas, teares, máquinas hidráulicas para limpeza e dragagem de canais, canhões, metraIhadoras, espingardas, bombas, carro de combate, pontes móveis etc.Mas esse Leonardo, que escrever praticamente sobre tudo, escreveu muito pouco sobre si mesmo. Sabemos que no seu comportamento cotidiano se refletia a mesma ambigüidade presente em sua produção intelectual. Gostava de se cercar de luxo, tratava amigos e criados com opulência e generosidade, mas tinha hábitos frugais: era vegetariano e preferia a água ao vinho. Muitas de suas noites foram consumidas na dissecação de cadáveres, em meio aos odores da morte e da decomposição. O quanto ele era habilidoso nessas técnicas o mostram seus desenhos anatômicos, considerados superiores aos do célebre Andreas Vesalius, o grande anatomista do Renascimento.Sua infância não foi fácil - o que talvez explique o gosto pelo luxo na idade adulta. Filho ilegítimo de um tabelião florentino e uma camponesa, foi criado longe da mãe, na casa do avô paterno, junto do pai e de uma madrasta. Pelo menos até a idade de 20 anos, foi filho único e só teria irmãos no terceiro ou quarto casamento do pai. Depois de afastado do convívio com a mãe, a morte da primeira madrasta, quando Leonardo tinha cerca de 13 anos, parece ter representado para ele uma segunda grande perda afetiva. Logo haveria uma terceira, aos 16 anos, com a morte do avô, a quem era muito ligado.Desse complexo quadro de vida, Freud, o fundador da psicanálise, derivou sua interpretação da trajetória de Leonardo. Ela seria movida por uma repressão da pulsco sexual e por uma inibição afetiva, em que a pulsão do conhecimento acabaria submergindo, pouco a pouco, qualquer outro fator emocional. Peça chave da explicação freudiana é a hipótese, que hoje parece indiscutível, da homossexualidade de Leonardo.Seja como for, aos 17 anos ele já havia dado provas de seu talento excepcional. O pai o inscreveu, então, como aprendiz no grande ateliê de Andrea Verrochio, em Florença. Não se tinha lá uma formação erudita; o ensino era todo voltado para a prática; mas era incrível a massa de conhecimentos que se podia adquirir: cálculo, perspectiva, desenho, pintura, escultura em pedra e metal, arquitetura, construção civil e militar etc. É ao ateliê de Verrochio que Leonardo deve toda a sua formação básica. A partir dai ele será um autodidata. Muitas coisas aprenderá por ouvir dizer, numa época em que grande parte do conhecimento ainda era adquirida de ouvido. Outras, porém, Ihe custam um enorme esforço de leitura e sistematização de que os manuscritos por ele deixados são testemunhos.Aos 40 anos, copia nos cadernos palavras eruditas - retiradas dos livros - que possam enriquecer seu vocabulário rústico. Aos 50, está envolvido ainda com um estudo por conta própria, não só do latim, mas também da geometria de Euclides, que será uma paixão e um modelo até o fim da vida. Ele era, então, o que alguns de seus pedantes contemporâneos classificaram como um uomo senza lettere (homem sem letras), isto é, alguém que não possuía uma formação humanística: de fato jamais freqüentara a universidade e, durante muito tempo, esteve impedido de ter acesso direto à grande cultura pela barreira do idioma, já que não dominava o latim e muito menos o grego. Esse menosprezo dos meios sofisticados, a que Leonardo respondia com afetado desdém, não deixou de magoá-lo, reabrindo feridas mal curadas de sua infância traumática. Os biógrafos são unânimes em apontar como uma das principais causas de sua primeira saída de Florença, por volta dos 30 anos, uma dificuldade de adaptação ao culto e refinado ambiente florentino. A mudança para Milão, em 1482, representou uma virada decisiva em sua trajetória intelectual. Nos dezessete anos que passou a serviço do duque Ludovico Sforza, seu gênio floresceu plenamente. Não só em pinturas soberbas, como A última ceia e a primeira versão de A virgem dos rochedos, mas também na afirmação definitiva de sua vocação para a ciência e a tecnologia. A queda de Ludovico com a ocupação de Milão pelos franceses, em 1499, pôs fim a esse período brilhante e relativamente tranqüilo A partir dai, Leonardo, já uma celebridade, iria trocar de domicilio e patrão ao sabor da instável conjuntura política italiana: novamente Florença, com rápidas passagens por Mântua e Veneza; Urbino, como arquiteto militar e engenheiro chefe de Cesare Borgia, em cuja corte encontrou-se com Maquiavel, fundador da ciência política moderna; outra vez Milão, a convite do governador francês Charles d´Amboise; Roma, na corte papal.Essas mudanças constantes não Ihe bloquearam porém a criatividade. É do segundo período florentino, por exemplo, seu quadro mais famoso - na verdade, o mais famoso de toda a historia da pintura, a Mona Lisa, enigmático retrato da esposa do rico comerciante Francesco del Giocondo. Já a estada em Roma, novamente a serviço dos Medici, seria certamente a fase mais desgostosa de sua vida.Giovanni de Medici, filho de Lourenço, o Magnífico, havia sido eleito papa, com o nome de Leão X, e saudou sua eleição com uma frase que ficou célebre: "Já que Deus nos deu o papado, gozêmo-lo". Amante dos prazeres, da pompa e do luxo, protetor das artes na medida em que satisfizessem sua vaidade, tratou logo de atrair para sua corte os artistas mais brilhantes. Lá se reuniram os três maiores nomes do renascimento italiano: Leonardo, Michelangelo e Raffaello. Deveria ser um momento privilegiado na história da arte. Mas não foi um momento feliz para Leonardo.Contava então 60 anos - era uma geração mais velho do que Michelangelo e duas mais do que Raffaello. Seu contato com Michelangelo foi francamente hostil. Típico produto do ambiente patrocinado pelos Medici, Michelangelo nada tinha em comum com a formação científico-experimental leonardiana. Além do mais, trabaIhava rápido, num ritmo alucinante. enquanto Leonardo, dispersivo e perfeccionista, projetando sua transbordante genialidade em inúmeras direções, mas sem paciência de levar nenhum projeto até o fim, trabalhava devagar e adiava sempre. A preferênciacia dos romanos por Michelangelo e Raffaello e ao ambiente hostil da corte papal, Leonardo respondeu com retraimento e um de seus desenhos mais perturbadores, O Dilúvio, um visão apocalíptica de destruição e aniquilamento.Ele escapou desse tormento graças à subida de Francisco I ao trono da França. Convidado a assumir o cargo de "primeiro pintor, engenheiro e arquiteto do rei", foi instalado no palácio de Cloux, a apenas algumas centenas de metros do palácio real de Amboise, no condado do Loire, França, recebendo tratamento principesco. Lá viveria, de 1516 até o ano de sua marte, em companhia de seus discípula prediletos, entre eles Francesco Melzi e Salai.Ambos haviam-se unido a Leonardo ainda em seu primeiro período milanês. Melzi herdaria praticamente todo os seus bens. Salai, um garoto de apenas 10 anos quando entrou a serviço do mestre, já no segundo dia robou-Ihe algum dinheiro, o que continuaria, a fazer com certa regularidade ao longo dos anos. Leonardo anotou que ele era "ladro, bugiardo, ostinato, ghiotto" (ladrão, mentiroso, obstinado, glutão), mas nem por isso deixou de mi má-lo. Com uma ponta de malícia Vasari o descreve como belíssimo gracioso, com vastos cabelos encaracolados, de que Leonardo "si diletò molto" (se agradou muito) - referência que, evidentemente, não escapou à atenção de Freud.A julgar por seus últimos auto-retratos e pelo testemunho dos visitantes, Leonardo parecia sofrer de alguma doença degenerativa, que Ihe dava uma aparência envelhecida. Sua mão direita estava semiparalisada, talvez em decorrência de um derrame cerebral. Nos aposentos, guardava algumas de suas maiores preciosidades: três magníficas pinturas - Sant´Ana, a Virgem e o Menino, a Mona Lisa e São João Batista - e os manuscritos que carregara consigo em suas muitas viagens e a vida inteira teimou em manter inéditos.Herdados pelo discípulo Mezi, esses, manuscritos acabariam se espalhando da maneira mais tortuosa e só começaram a ser redescobertos a partir do final do século passado. A impressão inicial causada pelas seis mil páginas sobreviventes é de um caos desconcertante. Os assuntos se misturam sem nenhuma ordem aparente: na mesma página, a anotação mais instantânea e trivial da vida cotidiana pode estar lado a lado com o enunciado de um teorema ou com a observação acurada de um fenômeno natural. O método de trabalho de Leonardo talvez explique em parte essa incrível dispersão. Sabemos hoje que ele carregava sempre consigo cadernos de notas em que podia registrar uma frase ou esboçar rapidamente um desenho. Ao lado desses, havia outros cadernos, mais ordenados e homogêneos, preenchidos com calma no silêncio de seus aposentos. Neles. numa escrita elegante e em desenhos de acabamento impecável, procurava dar a suas idéias uma forma definitiva.Mesmo nesses cadernos, porém, os assuntos muitas vezes se atropelam: não é raro que uma demonstração, começada com preciso enunciado de premissas, acabe indo parar bem longe do ponto de partida. Mas o caos é apenas aparente. Como observa Anna Maria Brizio, uma das maiores estudiosas leonardianas da atualidade, pouco a pouco se percebe que "a múltipla disparidade de argumento emana de um único centro e contém uma formidável unidade de processo mental". Arte, ciência e tecnologia se encontram ai de tal modo amalgamadas, que se passa de um domínio a outro praticamente sem perceber.A ciência de Leonardo é toda baseada no primado da visão sobre os demais sentidos e da geometria sobre as demais disciplinas. Em geometria, ele realizou descobertas teóricas importantes, como a determinação dos centros de gravidade dos sólidos geométricos e a transformação de um sólido em outro, com a do volume. Em estática, foi o primeiro a compreender a possibilidade de se decompor uma força segundo duas direções, o que Ihe permitiu resolver um grande número de problemas práticos. Em cinemática. ciência que só seria precisamente formulada quase 150 anos mais tarde, com os trabalhos de Galileu, ele intuiu as leis que regem os choques entre dois sólidos iguais como duas bolas de bilhar.A curiosidade de Leonardo o empurra mesmo a terrenos ainda não desbravados, como a mecânica dos fluidos, disciplina praticamente ignorada pelos gregos, a grande fonte das ciências medieval e renascentista. Uma de suas investigações nessa área - explicada em detalhes pelo estudioso Carlo Zammatio - pode ser considerada um caso exemplar de seu procedimento científico.Ele parte de questões práticas relacionadas com a irrigação e o aproveitamento da forca hidráulica na região do rio Pó. E procura determinar a energia com que chega ao solo cada um de uma série de jatos d´água, que saem de orifício de dimensões idênticas, mas de alturas diferentes, de um recipiente com água em nível constante. Verifica que a velocidade de saída da água é inversamente proporcional à altura do orifício. Isto é, cresce de cima para baixo. E explica isso mostrando que, enquanto cada porção de água que sai do orifício mais alto é posta em movimento apenas pela ação de seu próprio peso, as porções que saem dos orifício inferiores são postas em movimento tanto por seu peso como pelo peso da coluna d´água situada acima delas.A conclusão é que todos os jatos chegam ao solo com a mesma energia, pois, se o jato mais alto é o que sai do recipiente com menor velocidade, ele é também o que tem uma maior distancia a percorrer e, portanto, o que mais ganha velocidade durante a queda. Em outras palavras, onde a energia cinética inicial do jato (que depende da velocidade) é menor, a energia potencial (que depende da altura) é maior e vice-versa. A soma desses dois termos é sempre a mesma.Evidentemente, Leonardo não formula suas idéias desta maneira. A física levaria ainda muito tempo para chegar a esse grau de concisão, rigor conceitual e vocabulário. Leonardo trabalha com as palavras que tem à mão-ou improvisa. O Importante é que, por trás de seu vocabulário tosco, ele de maneira admirável o teorema básico da hidrodinâmica formulado apenas em 1738 pelo físico e matemático suíço Daniel BernouilliMais importante ainda: intuiu uma idéia capital na física, a da interconversão de energia potencial e energia cinética - questão que ficaria perfeitamente esclarecida partir das experiências de Galileu Torricelli sobre a queda dos corpos, realizadas em 1642.Mas foi no domínio da tecnologia que se deram algumas de suas mais espantosas realizações. Uma delas - só descoberta muito recentemente, a partir de um trabalho de restauração num dos cadernos leonardianos - é uma bicicleta muitíssimo superior, em termos solução de engenharia, às primeiras bicicletas que seriam fabricadas por volta de 1817. Na verdade, o sistema proposto por Leonardo - com pedal ligado a uma roda dentada que transmite a força à roda traseira através de correia - só adotado no começo deste século Sua bicicleta jamais foi construída O mesmo se pode dizer, quase com certeza, de todos os seus outros inventos, geralmente avançados demais para as possibilidades técnicas da época.Além disso, a mistura contraditórios de dispersão e perfeccionismo fez com que, também em outros domínios sua criação ficasse incompleta. Em pintura, deixou vários quadros inacabada toda a sua produção não ultrapassa obras. Em ciência, suas geniais antevisões jamais receberiam uma sistematização final, permanecendo secretas em nada influenciando o desenvolvimento científico da humanidade. Leonardo era extremamente suscetível ao julgamento público e essa deve ter sido uma das causas da ocultação dos manuscritos. Porque, para escrever para o mundo culto, era preciso rigor sistematização, refinamento de expressão e, principalmente, um domínio perfeito da língua latina. características dificilmente encontráveis num uomo senza lettere. Ironicamente, esses manuscritos fragmentários - redigidos em língua vulgar - permaneceriam como um dos mais maravilhosos legados de um homem à posteridade.


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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O oitavo dia da criação - DNA

O OITAVO DIA DA CRIAÇÃO - DNA



Com a Engenharia Genética, o homem aprende a interferir no DNA - a molécula em dupla espiral que contém os segredos da vida. Assim, cria seres que não existem na natureza, salva lavouras da geada, produz medicamentos preciosos. E mergulha numa vasta controvérsia.



Catorze anos atrás, dois cientistas norte-americanos conseguiram pela primeira vez transplantar material hereditário de um micróbio para outro, criando assim um fragmento de vida que nunca antes havia existido. Essa proeza assinala o nascimento daquilo que em pouco tempo se revelaria um formidável campo de estudos experimentos e descobertas - uma revolução tecnológica cujos efeitos se estendem por vastos horizontes, da Agricultura à Medicina, por exemplo. De fato, mesmo numa era em que o que não falta são portentosos avanços tecnológicos, poucos se comparam em alcance e diversidade à Engenharia Genética. como se denomina o conjunto de técnicas desenvolvidas pelo homem para intervir diretamente no mecanismo de construção da vida.
"A Engenharia Genética é ainda mais importante do que a tecnologia nuclear", assegura o professor Crodowaldo Pavan. presidente do Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq). Em 1973, o geneticista Pavan era um dos quinhentos pesquisadores presentes em Gatlinburg, no montanhoso Estado norte-americano do Tennessee. onde os professores Stanley Cohen e Hebert Boyer, da Califórnia. anunciaram numa conferência que haviam transferido genes entre células de organismos diferentes. Depois das explicações um grupo de cientistas. entre eles o brasileiro Pavan. foi designado para fazer uma primeira avaliação das conseqüências práticas do feito de Cohen e Boyer.
Um coordenador ia escrevendo no quadro-negro as realizações possíveis dentro de um prazo de cinco a dez anos", recorda Pavan. "Mas, à medida que a lista progredia, os risos na platéia aumentavam. Estávamos quase todos céticos. A sensação geral era de que a coisa simplesmente não ia funcionar. Na verdade, a "coisa" não só funcionou como produziu resultados em menos tempo do que se poderia esperar. Em 1977. por exemplo, a respeitada revista científica francesa La Recherche admitia cautelosamente, sem falar em prazos, que a produção de insulina para o tratamento de diabetes mediante Engenharia Genética já pertencia ao "domínio do possível". Pois o possível tornou-se realidade já no ano seguinte.Não espanta: com o advento da Engenharia Genética, o homem aprendeu mais sobre os segredos da vida do que em todos os seus cinqüenta mil anos de história; além disso. a massa de informação acumulada duplica a cada cinco anos na área de Biologia e a cada dois no campo especifico da Genética. O tiro de largada dessa revolução foi disparado em 1944, quando o pesquisador Oswald Avery, do Instituto Rockefeller. de Nova lorque, comprovou pela primeira vez que a matéria-prima da hereditariedade é o DNA - ácido desoxiribonucleico -, molécula existente nas células de todos os seres. das bactérias às baleias. Até então. o que havia de mais moderno em Genética eram os trabalhos sobre hereditariedade de autoria do monge Gregor Mendel. publicado em Brno. na Morávia (atual Checoslováquia). no ano de 1865. As obras de Mendel desvendaram as leis que governam a hereditariedade. Por exemplo, cada característica individual é determinada por um gene; os genes se situam nos cromossomos; cada espécie animal ou vegetal tem um número fixo de cromossomos. Os seres humanos possuem entre cem mil e duzentos mil genes, organizados em 46 cromossomos. Mesmo sabendo disso, o homem só dispunha de um instrumento, demorado e inseguro, para mexer com as formas de vida o cruzamento e seleção de plantas e animais. Com a descoberta de que os genes habitam o DNA, fazendo dele o portador da bagagem hereditária dos seres, tornou-se possível interferir nos mecanismos mais íntimos e delicados de transmissão da herança biológica. O DNA foi analisado (1953). decodificado (1966), recortado em minúsculas fatias (1970), e estas transferidas de uma célula para outra (1973).
A importância da Engenharia Genética para a Medicina foi reconhecida desde o primeiro momento. Afinal, se existem pelo menos três mil doenças hereditárias, capazes de causar deformações aberrantes ou mesmo matar, muitas delas poderiam literalmente ser eliminadas no nascedouro removendo-se do embrião o gene responsável pela moléstia ou. ao contrário. acrescentando-se o gene cuja ausência provoca a enfermidade.
Enquanto não se chega lá, os pesquisadores trataram de agir em outra frente de batalha, comparativamente menos complexa: a produção por Engenharia Genética de substâncias que antes só eram obtidas em quantidades absolutamente insuficientes para a procura.Foi o que aconteceu, primeiro com a insulina, em seguida com o hormônio do crescimento humano (para combater o nanismo), o interferon Alfa (usado em tratamentos antivirais e anticancerígenos) e a vacina contra a hepatite B. Todas essas substâncias que já deixaram os tubos de ensaio dos laboratórios para os balcões das farmácias. foram fabricadas a partir de bactérias geneticamente manipuladas. Outras proteínas com propriedades anticâncer estão em fase de testes clínicos. É o caso do interferon Beta, da interleucina 2 e do chamado fator de necrose de tumores. E, enfim, já foram isolados os genes necessários à produção de substâmcias úteis contra moléstias tão diversas como a hemofilia, a hipertensão e o enfisema pulmonar.
Tudo isso só pôde acontecer depois que a ciência desvendou o papel desempenhado pelo DNA no jogo da hereditariedade. Pois o DNA é que detém dentro de si o código genético que orienta as células na tarefa de fabricar as proteínas - as substâncias que dão as características de todos os seres. A forma do DNA é tão extraordinária como inconfundível. Trata-se de duas fitas que se enroscam a determinados intervalos como se construíssem uma dupla hélice - e é assim que se convencionou representar essa molécula nos modelos desenhados por computador.O DNA também pode ser comparado a uma escada em caracol. Esse formato é que Ihe permite executar uma singular manobra no processo de reprodução. Quando a célula se divide. a escada se separa em dois, de baixo para cima, como um zíper defeituoso que se abre. Cada um dos lados da escada atrai então para si os elementos que Ihe faltam (e estão esparsos na célula), de tal maneira que logo se formam duas escadas de DNA, réplicas perfeitas da primeira. A estrutura em dupla hélice do DNA foi descoberta em 1953 por dois pesquisadores da Universidade de Cambridge. na Inglaterra, o norte-americano James Watson e o inglês Francis Crick. Por isso eles foram contemplados com o prêmio Nobel em 1962. Vários anos se passariam, porém, até que os cientistas decifrassem a lógica das sucessivas contorções do DNA. Isso ocorreu quando se constatou que a escada com a qual a molécula se parece é formada por seqüências de apenas quatro substâncias básicas chamadas adenina, citosina, guanina e timina. A grande descoberta consistiu em perceber que esses degraus químicos não se combinam ao acaso. Ao contrário, a adenina só forma par com a timina, assim como a citosina com a guanina. Cada uma dessas combinações constitui o que os geneticistas chamam de pares de bases. A ordem em que esses pares aparecem seqüenciados e a extensão maior ou menor de cada seqüência dão sentido à linguagem genética, do mesmo modo como certas combinações entre as letras do alfabeto produzem palavras compreensiveis e não ajuntamentos sem nexo. As palavras do código genético são os genes. Um único gene pode ser constituído por até vinte mil pares de bases. Os seres humanos possuem algo como quatro bilhões de pares de bases.Os cientistas aprenderam a identificar, isolar, remover e substituir determinados genes mediante o uso de uma espécie de bisturis químicos chamados enzimas de restrição, capazes de cortar o DNA em lugares certos, de modo a forçar o divórcio dos pares de bases. Sem o parceiro original, cada base fica em principio livre para se associar a outra, com a ajuda de colas químicas chamadas ligazes. Assim, o gene responsável pela fabricação de insulina na célula humana é passado para o DNA de uma bactéria, onde continua produzindo a mesma insulina como se nada tivesse acontecido. E a bactéria transmite essa nova característica de geração a geração. Durante alguns anos, a bactéria preferida pelos cientistas para hospedar genes alheios foi a Escherichia coli, que vive habitualmente no intestino humano. Simples, muito bem conhecida e capaz de aceitar as ordens mais inesperadas - como a de fabricar insulinam -, ela é sem dúvida a estrela da Engenharia Genética.Outra bactéria, Bacilus thuringiensis, foi utilizada pela empresa belga Plant Genetics Systems, numa ousada tentativa de combater a malária, que, atinge cerca de 200 milhões de pessoas no mundo inteiro. Em vez de buscar uma vacina antimalária por Engenharia Genética - como faz, por exemplo, o cientista brasileiro Luis Hildebrando Pereira de Souza, no Instituto Pasteur, de Paris -, os pesquisadores belgas resolveram recorrer a Engenharia Genética para matar as larvas dos mosquitos transmissores da malária.
Conseguiram isolar da bactéria thuringiensis o gene responsável pela produção de uma proteína capaz de envenenar as larvas. Depois, transplantaram - no para o DNA da alga azul-verde da qual as larvas se alimentam. A alga, ao se reproduzir, reproduz também a proteína transplantada. Assim, ao comer a alga, as larvas acabam comendo a proteína que irá matá-las. O resultado é que se impede o nascimento do mosquito que transmite a malária."Com isso, será possível reduzir a incidência da moléstia numa boa proporção", prevê o imunologista Mark Vaeck, diretor da Plant Genetics, ouvido por SUPERINTERESSANTE.
Também no Brasil, centros ainda pouco numerosos mas altamente capacitados procuram na Engenharia Genética armas para derrotar velhas endemias, como a doença de Chagas. O parasita causador da moléstia, por apresentar formas muito diversas em seu desenvolvimento. freqüentemente dribla os testes imunológicos tradicionais. Agora, porém, começam a surgir testes a partir de sondas moleculares - seqüências de DNA que se juntam perfeitamente com o DNA de vírus, parasitas ou bactérias. Marcadas com produtos radiativos, as sondas são lançadas no sangue do paciente, onde aderem ao agente agressor. Organizador das primeiras pesquisas sobre Engenharia Genética, em 1978, do Instituto Oswaldo Cruz, do Rio de Janeiro, o professor Carlos Morel, atual diretor da instituição, não tem dúvidas sobre a importância das sondas moleculares. "O seu futuro é dos mais promissores", afirma.
Em São Paulo, a equipe do professor Walter Colli, diretor do Instituto de Química da USP, quer descobrir como o parasita de Chagas reconhece a célula que irá penetrar. "Já identificamos uma proteína do protozoário responsável por esse reconhecimento, informa o professor Colli. "Quando conseguirmos purificá-la, poderemos deduzir a fórmula do gene que a codifica e á partir dai conheceremos o mecanismo do contágio. Será a hora de bloqueá-lo." Também em São Paulo, no Instituto Ludwig, a equipe do pesquisador Ricardo Brentani segue uma linha de raciocínio análoga, embora dirigida para outro objetivo - o câncer."Para que um câncer localizado dê origem à metástase, isto é, se espalhe para outras partes do organismo", explica Brentani, "é necessário que a célula cancerosa saiba reconhecer a parede do vaso sanguíneo por onde irá entrar e depois sair." já conseguiu localizar uma proteína da parede externa da célula cancerosa envolvida no processo - e descobriu que ela também existe na bactéria Staphylococus aureus, agente infeccioso com alta resistência a antibióticos. Pesquisas como as desenvolvidas por Morel, Colli e Brentani beneficiaram-se da vertiginosa rapidez com que a Engenharia Genética automatizou o seu instrumental.
Proezas de 1980 são rotina em 1987. Bisturis e colas química para o transplante de genes, por exemplo, já estão à venda prontos para uso. Existem máquinas capazes de fornecer automaticamente o seqüenciamento de qualquer gene que Ihes for dado para análise. E outras máquinas sintetizam genes ou proteínas, segundo a fórmula fornecida pelos pesquisadores. Assim, um cientista brasileiro pode mandar por telex uma fórmula a algum centro no exterior e receber pelo correio tubos de ensaio com a substância equivalente. A gama de aplicações da Engenharia Genética parece aumentar na mesma proporção. Na agricultura, já se conseguiu fazer com que as folhas de tabaco produzam seu próprio inseticida - no caso, uma toxina mortal para uma lagarta que costuma devastar plantações inteiras.
Recentemente, realizou-se nos Estados Unidos a primeira experiência de campo com microorganismos fabricados por Engenharia Genética para proteger plantações de morango dos danos da geada. A bactéria protetora simplesmente não possui mais o gene que permite a formação da camada de gelo na superfície da planta.
Em Brasília, o coordenador de Biotecnologia do Cenargem (Centro Nacional de Recursos Genéticos), Luiz Antonio Barreto de Castro, vem tentando transferir para o DNA do feijão certos genes da castanha-do-pará, de maneira a obter um alimento mais nutritivo. Castro sonha com um feijão rico em metionina, um aminoácido presente na castanha, indispensável para o ser humano na infância e adolescência. "E o Brasil é o maior produtor e consumidor de feijão do mundo", anima-se o pesquisador.Mas as possibilidades da Engenharia Genética que provocam mais sensação e polêmicas referem-se à transferência de genes para células de animais. A primeira experiência do gênero se deu em 1982, quando cientistas norte-americanos transplantaram cópias do gene do hormônio de crescimento de ratos para o DNA de óvolos de camundongos recém-fertilizados. Os filhotes cresceram até atingir o dobro do peso normal - e transmitiram essa nova característica às gerações seguintes. Em 1985, os pesquisadores foram mais longe, ao transplantar para embriões de camundongos o gene do hormônio de crescimento do homem. Novamente, o crescimento dos filhotes foi excepcional.
Mas a criatura mais falada da Engenharia Genética é o porco cor de ferrugem nascido em novembro de 1986 nos Estados Unidos. Ele descende de um suíno em cujo DNA foi inserido o gene do hormônio de crescimento de uma vaca. Prova de que a operação foi bem-sucedida, o porco ferrugem pesa mais ou menos o mesmo que seus semelhantes naturais - só que com uma porcentagem bem menor de gordura. Em compensação, mal consegue andar por causa da artrite que faz inchar suas pequenas patas e ainda por cima é ligeiramente vesgo. Se imitar o pai, não chegará a completar dois anos de vida.Para os cientistas, o porco transgênico (nome dado aos animais portadores de genes de outra espécie) apenas confirma as potencialidades da Engenharia Genética. Eles acreditam que as sucessivas experiências farão surgir animais capazes de crescer depressa, consumir menos e oferecer mais carne magra por quilo - sem as doenças deformantes que afligem o porco ferrugem. A fronteira mais promissora da Engenharia Genética, porém, se localiza na área da chamada diferenciação celular. Apenas começou-se a explorar o mecanismo pelo qual as células se organizam entre si para formar um ser completo - ou seja, como elas recebem ordens para se agrupar em ossos, nervos, músculos, membranas.
Nessa linha de pesquisa, geneticistas norte-americanos conseguiram recentemente criar moscas com quatro asas, dupla fileira de patas ou patas no lugar das antenas. De seu lado, cientistas italianos chegaram a verificar existência de genes equivalentes responsáveis pelas mesmas funções organismo - no DNA de mamíferos superiores, incluindo o homem. Com isso, embora a distancia a percorrer ainda seja extremamente longa e a caminhada penosa e incerta ciência apressou mais uma vez o passo rumo aos segredos da vida.

Boxes da reportagem

Chimpanzomem e outros fantasmas
A Engenharia Genética não recebe apenas aplausos pelas proezas que realiza. Seus avanços também provocam contrariedade entre aqueles que a encaram com manifesta desconfiança e a ela vêm tentando opor-se desde as pesquisas pioneiras no começo dos anos 70. Escaldados pela história do desenvolvimento da energia nuclear, os adversários das experiências com a bagagem genética de seres vivos querem que elas sejam suspensas ou, na melhor das hipóteses, submetidas a estrita regulamentação. Receia-se que, sob pressão dos interesses comerciais cada vez mais presentes nessa área, os pesquisadores fiquem menos atentos do que deveriam aos aspectos perigosos de suas criações.Os ecologistas por exemplo, preocupam-se com os possíveis efeitos adversos da liberação no ambiente de bactérias geneticamente alteradas com o objetivo de torná-las inseticidas vivos. Mas a controvérsia mais estridente diz respeito à manipulação genética em organismos superiores, como é o caso do porco que recebeu um gene de vaca. As objeções aumentaram principalmente depois que o governo norte-americano, em abril último, decidiu que podem ser requeridas patentes para formas de vida obtidas em laboratório, inclusive de mamíferos não humanos . Desde então, o fantasma de frankesteins de quatro patas produzidos em série em benefício da indústria de alimentos passou a assolar com maior freqüência a imaginação dos oponentes da Engenharia Genética.Da mesma forma, eles se inquietam com a possibilidade de que os avanços no setor acabem propiciando a criação de seres humanos ao gosto do freguês-nesse cenário de ficção-científica, os pais (para não dizer o Estado) escolheriam não só o sexo, mas a cor dos olhos ou quaisquer outras características hereditárias dos filhos. Essa fantasia, misturada às lembranças das teorias raciais nazistas, é realmente de arrepiar. Ao mesmo tempo, as polêmicas de fundo ético-religioso provocadas pelo advento dos bebês de proveta e mães de aluguel acabam lançando sombras confusas sobre o trabalho dos geneticistas. Causou sensação meses atrás, por exemplo, a afirmação de um professor italiano, Brunetto Chiarelli, que leciona Antropologia em Florença, sobre a possibilidade técnica de um cruzamento entre homem e chimpanzé. Ele chegou a insinuar que experiências nesse sentido estariam em curso nos Estados Unidos.O chimpanzomem resultante desse acasalamento, advertiu o professor, poderia vir a ser o patriarca de uma sub-raça de escravos ou de fornecedores de órgãos para transplantes Trata-se, porém, de um grande mal-entendido, Primeiro, porque o chimpanzomem supondo que ele pudesse vir à luz, não seria fruto de alguma irresponsável manipulação do DNA, mas de inseminação natural, artificial ou em proveta; seria um híbrido, como a mula, filha do jumento com a égua, sem nada a ver com a Engenharia Genética. Segundo, porque, em Engenharia Genética, nada indica a possibilidade da criação de seres exóticos. É inviável, por exemplo, colar metade do DNA de uma moça à metade do DNA de um peixe e ainda por cima inserir esse DNA híbrido numa célula que viesse a produzir uma sereia. Pelo mesmo motivo que meia receita de frango ao molho pardo com meia receita de pudim de ovos não dá nem um frango com ovos nem um pudim ao molho pardo.De qualquer maneira, descontados os exageros e as bobagens, faz sentido que a Engenharia Genética provoque, se não temor, pelo menos uma espécie de vertigem -mesmo entre os cientistas que se dedicaram a desenvolvê-la - tão amplas parecem ser suas possibilidades.




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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

A Guerra sem fim - Tróia

A GUERRA SEM FIM



A guerra de Tróia talvez nem tenha acontecido. Se aconteceu, a causa pode não ter sido o rapto de Helena. Como pode não ter existido o famoso cavalo de madeira que iludiu os troianos: quem sabe os gregos atacaram pelo mar.

"Quando a lenda fica mais interessante do que a realidade, publique-se a lenda". (John Ford, cineastra americano, pela boca do jornalista personagem do seu clássico O Homem que Matou o Facínora).Melhor exemplo dessa verdade não existe do que a Guerra de Tróia. com seu cavalo fantático, o rapto de Helena pelo apaixonado Páris, o herói Aquiles e seu calcanhar vulnerável, os deuses e as deusas do Olimpo assanhadíssimos, divididos entre gregos e troianos e fazendo, periodicamente, com que a sorte favorecesse um ou outro lado graças aos seus poderes divinos. Tudo isso está contado na Ilíada, poema épico de Homero, escrito aí pelo século IX a.C. Mais recente e quase tão fantasiosa quanto a lenda que pretende conferir, é a batalha travada há bem uns cem anos por historiadores e arqueólogos em torno do que haveria de verdade nos episódios narrados por Homero.A lenda conta que a guerra foi provocada pelo rapto de Helena, a filha de Tíndaro, o rei de Esparta. Helena era tão bonita, tinha tantos pretendentes, que seu pai já previa alguma coisa desse tipo, tanto que promoveu uma grande reunião de todos os interessados e obteve deles um compromisso: qualquer que fosse o escolhido por Helena, os demais se comprometiam a defender o casal contra as ofensas que pudesse sofrer.
Helena escolheu Menelau, que graças a essa preferência tornou-se, além de seu marido, rei de Esparta. E a vida correu feliz e serena até o dia em que Páris, filho do rei de Tróia, Príamo, conheceu Helena e por ela se apaixonou. Páris não tinha sido um dos pretendentes preferidos, não estava amarrado ao compromisso por Tíndaro, e fez o que era muito comum na época: raptou Helena e levou-a para Tróia. O gregos até que tentaram negociar e esquecer o episódio, mas os troianos não aceitaram. Assim, Agamenon, irmão do ofendido Menelau, convocou todos os antigos pretendentes à mão de Helena, lembrou-lhes o pacto de fidelidade e organizou a primeira expedição contra Tróia. Foram dez longos anos de luta em que a sorte ora pendeu para um lado, ora para outro. E acabou sendo Ulisses, um guerreiro grego sem nenhum poder extraordinário, a não ser uma cabeça fértil para inventar truques e expedientes, quem pensou no estratagema que os levaria à vitória: construir um grande cavalo de madeira, capaz de abrigar, em seu interior, alguns guerreiros. Os troianos, que consideravam o cavalo um animal sagrado, recolheram o presente deixado diante do portão de suas muralhas, acreditando ser um reconhecimento da derrota por parte dos gregos, e passaram a noite comemorando a vitória. Os soldados escondidos dentro do cavalo aproveitaram a festa para sair, abriram os portões - e Tróia foi invadida e destruída. Nasceu ai a expressão presente de grego. Essa é a lenda, em linhas bem gerais. Em 1870 o negociante alemão Heinrich Schliemann, autodidata e arqueólogo amador, após estudar detidamente os textos de Homero, lançou-se à localização de Tróia, fazendo escavações por conta própria. Detevesse na colina de Hissarlik, na entrada do estreito de Dardanelos, atual Turquia. Em companhia da mulher, Sofia, e de outros colaboradores, descobriu vasos de ouro, jarras de prata, braceletes e colares cuidadosamente fabricados. Deduziu, então, que teriam pertencido a um rico e poderoso senhor: seria o tesouro de Príamo, rei de Tróia e pai de Páris. Mas a declaração de Schliemann, de que havia encontrado Tróia e seu famoso tesouro, não resistiu aos ataques dos historiadores especializados.Hoje, a maioria dos arqueólogos afirma que o tesouro apresentado por Schliemann não passava de um conjunto de peças isoladas recolhidas durante as escavações O grande mérito do pesquisador alemão foi descobrir que na colina de Hissarlik existiram várias Troias, cada uma construída sobre as ruínas da outra, e que a região estava habitada desde a Idade do Bronze, por volta de 3 000 a.C, até o ano 400 da nossa era. Ao todo existiram nove Tróia As primeiras de Tróia I a V, correspondem à Idade do Bronze egeu; Tróia VI, ao Bronze médio e final; Tróia VII teria sido habitada por um povo diferente que deixou o local cerca de 700 a.C, época que corresponde ao início de Tróia VIII; e, por fim, Tróia IX, que era a cidade romana de Ilium Novum.Como foi possível fazer de uma montanha a base de várias cidades? Especialistas explicam que Tróia I estava sobre a base e ali se levantaram casas feitas de pedra, terra, adobe, madeira e palha; pouco resistentes, eram sujeitas a incêndios que rapidamente as destruiam por estarem, além do mais, muito próximas umas das outras. Na época do cobre e do bronze, as cidades apenas começavam a se desenvolver. Se ocorria um terremoto ou um incêndio, tirava-se o que era aproveitável das ruínas, aplainava-se o que restara e construíam-se novas casas em cima. Assim, uma cidade se edificava sobre a outra. Era costume naquela época jogar no chão desde restos de comida até utensílios quebrados. Mas, a partir de determinado momento, ficava insuportável conviver com a sujeira e então cobria-se o chão com uma espécie de capa de barro e tudo ficava novo e limpo.
O pouco recomendável costume dos troianos teve pelo menos uma serventia: ajudou os arqueólogos a descobrir se as casas - das quais, na maioria das vezes, só ficavam os muros - foram habitadas por muito ou pouco tempo. Para Schliemann, a Tróia de Príamo era a Troía II. Depois de sua morte, em 1890, outro pesquisador, o arqueólogo Wilhelm Dörpfeld, também alemão, prosseguiu as escavações em 1892 e 1893 e estabeleceu que Tróia VI tinha sido o cenário da guerra. No entanto, pesquisadores da universidade norte-americana de Cincinatti, que ali realizaram escavações de 1932 a 1938, concluíram que Tróia VII era a Tróia de Príamo. A chave para se saber qual era a Tróia da guerra era provar a existência do inimigo, isto é, dos gregos do final da Idade do Bronze, a época de Tróia VII.
Tudo estaria esclarecido não fosse por uma questão: embora Homero diga que Tróia foi destruída por um incêndio, as últimas escavações provam que o que houve ali foi um terremoto e que depois os assentamentos continuaram. Diante disso, 0 historiador inglês Moses Finley, falecido em 1986, abriu fogo: "Não há uma só prova consistente de que a colina de Hissarlik coincida com a Tróia da Idade do Bronze que Homero descreve, nem de que a guerra entre troianos e gregos tenha alguma vez existido. Propomos tirar definitivamente a guerra de Tróia dos livros de História".Entretanto, uma descoberta do lingüista Calvert Watkins, professor da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, desmontou um dos principais argumentos dos críticos de Homero. Ao examinar primitivos documentos escritos em uma extinta língua da antiga Anatólia, na região orienta do que hoje é a Turquia, Watkins encontrou o seguinte fragmento de texto:"... quando vinham os alcantilado de Wilusa..." Para ele, o fragmento seria parte de uma primitiva Ilíada escrita em hitita, a língua dos troianos Os alcantilados de Wilusa (que significam rochas escarpadas de Wilusa) são, segundo Watkins, os que aparecem na Ilíada como "os alcantilado´ de Ilíon" Tróia era também chamada de Ilíon. Tal descoberta derrubava a teoria de que uma cidade grande e poderosa como Tróia, que apoiava o império hitita, não constava dos testemunhos escritos sobre aquele povo. Os críticos de Homero também duvidavam da descrição dos funerais de Pátroclo - grande amigo do guerreiro Aquiles - mencionados no final da Ilíada O poema diz que ele foi cremado. Os céticos afirmavam que naquela época não era costume cremar os mortos.
Recentemente, porém, arqueólogos alemães, que há três anos realizam escavações no porto de Tróia, na baia de Besica, sob o comando do professor Manfred Körfmann, da Universidade de Tübigen, descobriram vestígios de piras onde os mortos eram cremados. Mas se Tróia existiu, será que isso quer dizer necessariamente que houve também a guerra de Tróia? Como e por que ela se deu? Ao que parece, os motivos foram mais banais do que o resgate da honra de Menelau e, sua mulher, Helena. Como a corrente marítima na parte mais estreita dos Dardanelos é muito mais forte, um barco mercante da Idade do Bronze só poderia chegar ao Mar Negro se contasse com bons ventos a seu favor. Mas, à excessão de uns poucos dias do ano, o vento sopra na direção oposta, de Leste a Oeste. Por isso, os gregos preferiam desembarcar suas mercadorias no porto de Tróia para que fossem transportadas até o Mar de Mármara - a meio caminho entre o estreito e o Mar Negro - através da planície troiana.
Mesmo que resolvessem esperar pelos ventos favoráveis os gregos dependiam dos troianos. E estes certamente cobravam pelos serviços prestados, tais como estadia na baia, abastecimento de água e alimentos, transporte de mercadorias por terra etc. E possível até que os troianos cobrassem pedágio ou saqueassem um barco de vez em quando. Do ponto de vista arqueológico não há nada que prove que Tróia fosse um covil de ladrões, mas é cabível que uma cidade situada no eixo do comércio entre o Mar Egeu e o Mar Negro representasse um problema para os gregos. Logo, qualquer pretexto servia para liquidar aqueles que tanto atrapalhavam seus negócios.
O historiador Francisco Murari Pires, professor de História Antiga da Universidade de São Paulo, acha provável que um evento como a guerra de Tróia tenha existido, embora o conjunto de documentos descobertos não permita uma afirmação exata, precisa. O que a lenda quer preservar, diz ele é que o fim da Idade do Bronze e o inicio da Idade do Ferro correspondem a um período de desestruturação do império hitita. Havia uma situação de conflito permanente entre hititas e gregos. Ambos disputavam o controle sobre os reinos que apoiavam tradicionalmente o império hitita e que, em conseqüência da atuação do gregos, começaram a se desestabilizar
Com base nos conhecimentos históricos e arqueológicos disponíveis, arqueólogo alemão Franz Stephan reconstituiu o que em sua opinião pode ter sido a guerra de Tróia: os Tróia nos, enfraquecidos por causa de um terremoto, não estavam preparada para enfrentar uma guerra. Os gregos, sabendo disso, atracaram no porto inimigo um veleiro com aparência de barco mercante; só que, em vez de mercadorias, transportava uma tropa de elite. Durante a noite o comando grego tomou a cidade. Nessa versão, não há lugar para o Cavalo de Tróia. O professor Murari Pires diz que é impossível resolver essa questão. Mas, verdade histórica ou não, a lenda é importante por fixar o principio de que uma guerra não se decide só pela força. "Tanto o valor da astúcia, da manobra enganosa", observa Murari, "quanto o valor guerreiro propriamente dito estão em pé de igualdade." Por mais que historiadores e arqueólogos tentem demonstrar a veracidade do episódio, o que parece prevalecer na memória do homem comum é a imagem poética da lenda, que tem contornos muito mais fortes do que a realidade. Por mais pesquisas que se façam, é pouco provável que um dia essa situação seja invertida.




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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Salve o Coração

SALVE O CORAÇÃO



Levou milênios para ser o que é, funciona com a força de uma bomba e o ritmo de uma metralhadora, dá a impressão de fabricar todas as emoções pode trabalhar sem descanso durante mais de um século,mas tem Poderosos inimigos externos.

Desde que o mundo é mundo, o coração é considerado a sede dos sentimentos - e assim conquistou um lugar de honra na linguagem e na literatura produzida há milhares de anos. Só no Antigo Testamento, por exemplo? o coração é mencionado nada menos que oitocentas e cinqüenta vezes. Nas últimas décadas, porem, o mito começou a perder a aura. Os sucessivos avanços da ciência passaram a desvendar, um a um, os segredos desse órgão tido como o mais nobre, senão o mais importante, do corpo humano. O primeiro transplante cardíaco, realizado em 1967, causou tanta sensação quanto a chegada do homem à Lua, dois anos depois. Hoje, sequer se fala nisso, tão rotineiras e variadas se tornaram as possibilidades de tratamento em cardiologia.
O que sempre foi reverenciado como matriz das emoções é descrito com frieza clínica apenas como um músculo oco, do tamanho aproximado de um punho, que pesa entre 280 e 340 gramas nos homens e de 230 e 280 gramas nas mulheres. Sabe-se também que o coração é uma máquina tremendamente eficiente, dividida em duas partes que trabalham em sincronia, contraindo-se e relaxando-se a cada batida, para bombear cerca de cinco litros de-sangue oxigenado, cheio de vida, ao organismo. Essa operação se repete umas 80 vezes por minuto. Assim, o coração pulsa 4 800 vezes por hora, 113 mil vezes por dia e 41 milhões de vezes por ano. Mas nem sempre ele foi como é.
A rigor, pode-se dizer que o coração apareceu e evoluiu em conseqüência da sofisticação da vida no planeta. À medida que os seres vivos foram desenvolvendo mais órgãos e funções, maior se tornou a necessidade de um sistema que levasse substâncias nutritivas para todo o seu corpo. Nos seres mais primitivos - unicelulares, como as amebas, por exemplo. e alguns pluricelulares, como os corais - não há indicio desse sistema circulatório. Os alimentos são absorvidos diretamente do meio ambiente e dissolvidos no corpo. No caso dos pluricelulares, a absorção é feita por uma cavidade digestiva, que passa o alimento às células próximas. Depois. uma série de contrações faz com que as células troquem seus líquidos internos entre si. transportando. dessa maneira, o alimento.
Já as esponjas - embora sejam contemporâneas desses seres primitivos, surgidos há mais de dois bilhões de anos - transportam as substâncias pelo corpo de forma diferente. Por motivos ainda desconhecidos, em vez de passar os alimentos de célula a célula, as esponjas têm canais, por onde a água circula. entrando pelos poros. A água vai até uma cavidade central e volta distribuindo as substâncias. Inúmeros flagelos. existentes dentro dos canais. se movimentam, ajudando o liquido avançar. Os canais das esponjas até podem ser os antecessores das artérias. mas não se pode dizer que, por causa disso, esses seres têm um sistema circulatório.
O sangue como solvente do organismo, as artérias flexíveis e uma espécie de bomba hidráulica, capaz de manter a circulação constante - enfim, os elementos básicos do sistema circulatório - aparecem somente cerca de 1 bilhão e 500 milhões de anos mais tarde. Há 570 milhões de anos, um coração rudimentar surge nos anelídeos. como são chamados os animais da família das minhocas. De fato, o que se considera coração no anelídeo são cinco artérias em forma de anéis que se encontram em torno do aparelho digestivo.
Na verdade, existem corações e corações. Algumas espécies, que surgiram há 500 milhões de anos, como os crustáceos e os moluscos, desenvolveram sistemas circulatórios abertos, ou seja, corações em forma de tubos, que ondulam de trás para frente, bombeando o sangue para as artérias, que, por sua vez, desembocam em lacunas dentro do organismo. Ai o sangue entra em contato direto com as células, voltando ao coração pelo mesmo caminho. Os insetos, que apareceram mais tarde, há 250 milhões de anos, também têm sistemas circulatórios abertos.Já no sistema de circulação fechado, presente nos vertebrados - e sabe-se lá por que razão nas minhocas, com seus anéis-corações - não há lacunas. O sangue viaja por uma complexa rede de canais cada vez mais estreitos e com paredes cada vez mais finas. Sai pelas artérias (como são chamados os canais que partem do coração), que se ramificam em arteríolos Finalmente, o sangue percorre os milimétricos capilares. As substâncias, como os alimentos, passam para as células e as células, por sua vez, devolvem outras substâncias ao sangue. através das paredes desses capilares. Finalmente, o sangue faz o caminho de volta pelas veias (como são chamados os canais que chegam ao coração).
A essa altura da evolução das espécies, quando aparecem os peixes, há cerca de 400 milhões de anos,o coração já tem uma certa semelhança com dos seres humanos, por estar dividido em câmaras. O coração do tubarão, um dos mais antigos animais vertebrados, possui, por exemplo, uma câmara superior chamada aurícula outra, inferior,conhecida por ventrículo. A aurícula recebe - o sangue do corpo e, ao se contrair, o expulsa para o ventrículo. Este, por sua vez, com suas paredes musculosas, bombeia com toda força o sangue para o corpo as válvulas impedem que ele volte. Do grande vaso central, que sai do coração do tubarão, o sangue passa para uma das oito artérias branquiais, que se transformam em capilares, já no interior das brânquias onde o oxigênio é captado. Enquanto a vida que se prezava transcorria debaixo d ´água esse coração dividido em duas câmaras dava conta do recado. Mas, ao surgirem animais com respiração pulmonar, há 340 milhões de anos, o coração precisou mudar de novo: adquiriu uma terceira câmara.Os anfíbios possuem duas aurículas e um ventrículo. A auricula esquerda acolhe o sangue oxigenado vindo dos pulmões; a direita recebe o sangue que acabou de circular pelo organismo. No ventrículo, o sangue arterial e o venoso se misturam, antes de partir rumo aos pulmões e demais órgãos.
O coração com três partes dos anfíbios foi uma boa solução encontrada pela natureza - mas não a melhor. A bomba propuisora mais eficiente seria conseguida pelos crocodilos, um dos últimos répteis surgidos na Terra, há 130 milhões de anos. Seu coração tem quatro divisões. épraticamente o mesmo coração das aves e dos mamíferos que vieram muito mais tarde - há 26 milhões e 2,5 milhões de anos, respectivamente. Ele opera, ao mesmo tempo, dois tipos de circulação - ou seja, uma ida-e-volta aos pulmões e uma ida-e-volta ao restante do corpo. O músculo já tem, então, o seu característico perfil triangular. No homem, situa-se quase no centro do corpo. Sua aurícula direita - ou átrio direito, como também é chamada - fica na parte superior e recebe o sangue do organismo ao relaxar-se. Esse é um sangue escuro, porque distribuiu todo o oxigênio pelos órgãos, recebendo, em troca, o gás carbônico produzido nas células após a queima do oxigênio. Numa contração, a aurícula empurra o sangue para o ventrículo direito, logo abaixo; imediatamente, fecha-se a válvula que separa essas duas câmaras, impedindo que o líquido volte. A válvula chama-se tricúspide, porque dá a impressão de estar dividida em três.
Do ventrículo direito, numa segunda contração, o sangue sai por uma artéria grossa e forte, que se bifurca em dois ramos, um para cada pulmão. Lá, o sangue troca o gás carbônico por uma nova dose de oxigênio e, por isso, assume uma tonalidade vermelho vivo. O caminho de volta ao coração é feito por quatro veias pulmonares, duas de cada lado. O sangue, então, chega ao átrio, ou aurícula esquerda. Daí, numa contração, desce para o ventrículo esquerdo e, mais uma vez, uma válvula se fecha, para que o sangue não volte. Esta é a válvula mitral, porque sua ponta bipartida lembra uma mitra, o chapéu usado pelos bispos. O ventrículo esquerdo - onde se dá a etapa final da circulação pelo coração - é bem mais forte que o ventrículo direito. Faz sentido. Afinal, enquanto o lado direito do músculo manda o sangue apenas para os pulmões, o esquerdo deve rejeitar o líquido, num movimento vigoroso, para todo o corpo, como se estivesse Ihe dando um verdadeiro empurrão inicial.
O sangue parte do coração pela aorta, a mais espessa e larga artéria de todo o organismo, e percorre uma enorme rede de tubos. As veias e artérias, que são elásticas, ajudam 0 sangue a correr, com pequenos movimentos. Por isso é que o sangue é capaz de dar uma volta inteira pelo corpo em apenas um minuto, aproximadamente. Nesse percurso, o liquido faz de tudo um pouco: transmite mensagens químicas de um órgão a outro, através dos hormônios; alimenta e, ao mesmo tempo, recebe toda espécie de excretas das células.
Tradicionalmente, o coração foi comparado com uma bomba. Ainda hoje, essa é a analogia que ocorre aos leigos. Mas os cientistas já adotaram uma imagem mais precisa: a da metralhadora automática. De fato, o músculo se contrai, num movimento chamado sístole e imediatamente se expande, na chamada diástole, com bastante força, contorcendo-se bruscamente. Mas isso não significa que o coração necessite de energia para os dois movimentos: a mesma força que ele utiliza para contrair-se é usada, na seqüência, para aspirar o sangue. Ou seja: quando o coração relaxa, permite que o sangue entre automaticamente. Daí a idéia da metralhadora, que não precisa ser recarregada constantemente.
O coração parece um órgão essencial demais para ser governado apenas pelo cérebro. Seus disparos são controlados também por um sistema nervoso próprio. O cérebro envia suas ordens na forma de impulsos elétricos, que indicam a freqüência e a amplitude das contrações. Assim, exigirá que o coração trabalhe mais depressa se o corpo estiver em exercício; ou mandará que bata mais lentamente, durante o sono. Já o sistema nervoso do coração, localizado num pequeno nódulo sobre o átrio direito, cuida que o músculo cardíaco não perca a sincronia: ao mesmo tempo em que os ventrículos expulsam o sangue, já estão recebendo mais sangue das aurículas e assim por diante.
Às vezes, por causa de infecções, traumatismos ou má irrigação, o coração passa a receber dois comandos próprios. Forma-se um segundo e, em alguns casos, até um terceiro nódulo nervoso. Isso provoca uma doença chamada arritmia. Submetido a ordens diferentes, o coração se desgoverna. Não recebe nem expulsa o sangue. É a parada cardíaca. Para combater a arritmia, a medicina desenvolveu um pequeno aparelho, instalado no peito: o marca-passo. Quando a coração ameaça parar, o marca-passos emite descargas elétricas entre 200 e 400 volts, o que o obriga a trabalhar. O marca-passo é apenas um entre os cada vez mais numerosos recursos aperfeiçoados pelos cardiologistas para prevenir, remediar ou compensar a mau funcionamento do coração. Drogas controlam os depósitos de gordura nas artérias para impedir que fiquem obstruídas sendo impossível evitar a obstrução, cirurgias substituem as artérias inválidas; eletrocardiogramas são complementados por exames muito mais complexos, como tomografia computadorizada (que consiste em analisar a imagem do coração, obtida por raios X, com a ajuda de um computador).
A maior proeza da ciência, porem, foi tornar o coração substituível Tudo começou no dia 3 de dezembro de 1967, quando o médico Christian Barnard do Hospital Groote Schuur, na África do Sul, anunciou que havia realizado o primeiro transplante de coração em um ser humano. O paciente, que sobreviveria apenas dezoito dias, era Louis Washlcansky, de 55 anos, portador de uma doença fatal nas coronárias. Ele recebeu o coração de uma mulher, Denise Ann Darvall, morta em acidente de carro. Washkansky morreu porque seu organismo não aceitou o coração estranho. De fato, a rejeição revelou-se o maior obstáculo no caminho dos transplantes. Nem por isso eles cessaram de imediato - muito ao contrário.Nos doze meses seguintes à cirurgia pioneira do doutor Barnard - que se tornaria uma celebridade - 96 transplantes foram realizados no mundo. A moda só começou a arrefecer na virada da década. No início dos anos setenta, a freqüência dos transplantes caiu drasticamente, e, com o passar do tempo, outras alternativas mais atraentes passaram a ser pesquisadas. Hoje, o problema da rejeição está sob controle e a medicina deu outro passo gigantesco ao criar o coração artificial. Trata-se de uma bomba propulsora metálica, capaz de substituir 0 coração humano. Considerado a solução ideal para os casos incuráveis, o coração artificial tem a evidente vantagem adicional de não se desgastar com o estresse provocado pelas tensões da vida cotidiana, nem padece dos males da alimentação errada, hábitos sedentários e fumo - que o entopem a ponto de inutilizar a metralhadora automática do nosso organismo.
"O homem pode viver perfeitamente até os 120 anos. Quem morre antes, morre precocemente", afirma, com segurança, o cardiologista Radi Macruz, professor adjunto da Universidade de São Paulo. Ele não parece otimista demais. De fato, a idéia de que o coração inevitavelmente começa a falhar quando a pessoa chega à casa dos quarenta, não se sustenta em teoria médica. Livre dos inimigos externos, nada impede que o coração se mantenha em bom estado durante um século inteiro. O bom coração, além do mais, bombeia com precisão o sangue para o organismo, mantendo os diversos órgãos bem irrigados - portanto fortes e igualmente capazes de funcionarem sem problemas.Se isso não acontece, já se sabe por quê: usa-se e abusa-se de alimentos com colesterol - lipoproteínas de alta densidade, presentes em carnes gordas, mariscos, leite integral e seus derivados, e ovos - que se depositam em forma de gorduras nas artérias do coração, chamadas coronárias. Com o entupimento ou aterosclerose, o músculo cardíaco, que também precisa receber nutrientes e oxigênio através do sangue, fica sem irrigação e morre. É o infarto agudo do miocárdio, responsável por três em cada quatro mortes causadas pelo coração. O cigarro também ajuda o aparecimento da aterosclerose, porque o fumo estimula o coração a bater mais depressa que o normal. Com isso, ele se esforça mais e necessita de oxigênio extra. Ao mesmo tempo, para piorar as coisas, o oxigênio chega ao sangue em doses cada vez menores, devido à nicotina acumulada nos pulmões. Oxigenado inadequadamente, o miocárdio acaba morrendo ou, na menos ruim das hipóteses, sofrendo lesões. Além disso, a nicotina também torna as artérias mais estreitas, facilitando os entupimentos.
A falta de exercícios é outro inimigo do coração. A vida sedentária aumenta a sensibilidade do organismo ao colesterol: as gorduras não são queimadas, acumulando-se nas artérias. Mas, sem dúvida, o estresse não pode ser subestimado. Pessoas que vivem com o coração na mão, como se diz, ansiosas e angustiadas, obrigam o coração a trabalhar dobrado, abrindo caminho para que um problema fisiológico - do tipo entupimento das coronárias - se manifeste num período mais curto. Como as emoções afetam o coração, é fácil entender por que as pessoas, desde os tempos primitivos, se acostumaram a achar que o coração produz os sentimentos.
Essa é uma das crenças mais duradouras do homem. E há mesmo, nos dias de hoje, quem tente dar fundamentação científica a essa idéia. É o caso dos cientistas que quiseram provar que o coração secreta hormônios responsáveis pelas emoções. Tudo o que se sabe. porem, é que esse órgão produz, na aurícula direita, um prosaico hormônio diurético. É inegável que o coração é o órgão mais vulnerável aos sentimentos. Esse músculo que funciona feito máquina, também se descontrola, acelera ou diminui o ritmo diante do perigo ou da surpresa agradável, muda de comportamento diante do que se ama ou se odeia. Enfim, é onde são percebidas as verdades básicas de cada ser humano - suas emoções.

Boxes da reportagem

No Brasil, mais doentes e mais inovações
Apenas seis meses após o primeiro transplante de coração realizado no mundo, a equipe do professor Euryclides de Jesus Zerbini , do Hospital das Clínicas de São Paulo, anunciou, a 26 de maio de 1968, que o boiadeiro João Ferreira da Cunha, um matogrossense de 23 anos, havia recebido um coração novo. O paciente parecia ter reagido bem à operação. Mas, passados 21 dias, o coração de João parou por 90 segundos e ele voltou à UTI. O problema foi contornado. Seis dias depois, porém, uma segunda crise matou João Boiadeiro. Ele morreu, não porque a cirurgia tivesse sido malsucedida, mas porque seu organismo rejeitou o coração transplantado - como vinha acontecendo em toda parte com pacientes com coração novo.O segundo transplantado brasileiro, o comerciante Ugo Orlandi, chegou a sobreviver 13 meses e 13 dias, morrendo em outubro de 1969. Nesse meio tempo, um terceiro transplantado sobreviveu apenas dois meses. Mas foi a morte de Orlandi que induziu os cardiologistas brasileiros a decretarem uma moratória nos transplantes de coração. Como explicou, na época, o professor Zerbini, eles estavam suspensos, enquanto não se encontrassem medicamentos que realmente evitassem as rejeições. Com isso, o Brasil só retomou a corrida dos transplantes em 1979. "A rejeição está controlada e realizamos esse tipo de cirurgia tão bem quanto em qualquer lugar do mundo", diz o professor Adib Jatene, diretor do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas de São Paulo.Em matéria de coração, por sinal, o Brasil oferece um retrato contraditório. Faz-se, no pais, todo tipo de cirurgia cardíaca e também se desenvolvem tratamentos revolucionários. Em compensação, aumenta, a cada ano, o número de pessoas com problemas cardíacos."Infelizmente, aqui não se faz prevenção de doenças do coração", critica o professor Radi Macruz, da Universidade de São Paulo. As cirurgias para correção de problemas de válvulas, por exemplo, não têm resultados duradouros: os problemas voltam após cerca de dez anos - e, se isso ocorre repentinamente, a pessoa morre. As deficiências nas válvulas, que respondem por 15 a 20 por cento das cardiopatias no Brasil, têm uma causa única: a febre reumática, causada por uma infecção, a estreptococcia, que atinge cerca de três em cada cem brasileiros. "Bastaria que os portadores da doença fossem identificados", observa Macruz, "e tomassem um comprimido de penicilina por dia. Em conseqüência, teríamos quase 20 por cento de cardíacos a menos."O número de pessoas com aterosclerose (entupimento das coronárias) também está crescendo, por falta de campanhas de prevenção. Logo aumentará bastante o número de cirurgias para corrigir o problema. Em todo caso, o Brasil oferece as mais avançadas alternativas ao bisturi, como a angioplastia, técnica utilizada em São Paulo - pela primeira vez no mundo - há três anos: um cateter (tubo com largura de três milímetros é colocado numa artéria do braço ou da perna e chega até o coração; dentro do coração, é inflado por um balão de gás, de modo a comprimir os depósitos de gordura.Mais revolucionária é a angioplastia a laser, também desenvolvida no Brasil, ainda em fase experimental. Mediante essa técnica, se destrói tudo o que obstruir a artéria."A questão é que, sem ver a artéria por dentro, fica difícil colocar o cateter em posição pararela ao depósito de gordura", explica o único médico no país a usar o laser em cirurgias cardíacas, doutor Euclydes Marques, do Hospital das Clínicas de São Paulo. "Se o instrumento se inclinar, o laser pode furar a artéria." Esse problema será resolvido quando houver um equipamento ótico que possa ser acoplado ao cateter do laser.Em cirurgia, o laser é uma espécie de bisturi elétrico, só que mais preciso. A particularidade, em relação à cirurgia cardíaca, é que ajuda a estancar hemorragias nas grandes artérias, onde o bisturi elétrico não pode ser utilizado, porque destruiria as paredes dos vasos. Atualmente, os cardiologistas brasileiros seguem duas outras linhas de pesquisa. Uma busca nada mais nada menos que usar o laser para dar ao coração uma nova rede de irrigação sanguínea: através de perfurações, seriam criados cerca de cem capilares por centímetro quadrado. A outra pesquisa, já desenvolvida com êxito, pretende usar o laser para a sutura de artérias. Nas mãos de um cirurgião habilidoso, emendar uma artéria com pontos de náilon leva quinze minutos - e numa cirurgia cardíaca geralmente são feitas, no mínimo quatro suturas desse tipo; com o laser, uma sutura gasta apenas cinco minutos. Orgulha-se o doutor Euclydes Marques: "Durante anos, os melhores institutos de pesquisas cardiológicas do mundo tentaram fazer isso e não conseguiram. Nós somos os primeiros a acertar".




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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Quando uma gota cai na àgua

QUANDO UMA GOTA CAI NA ÁGUA



Graças à câmera fotográfica ultra-rápida, você pode acompanhar o que acontece quando uma gota de água (colorida de vermelho) cai numa superfície de água em ´repouso (colorida de azul). A ação contida nessas fotos durou 1/8 de segundo e começou quando a gota estava exatamente sobre a superfície da água em repouso. Na segunda foto, ela já mergulhou pela metade , mas ainda conserva sua forma .
Nas fotos seguintes, é possível observar como a gota desloca um volume de água igual ao seu (conforme o Principio de Arquimedes). A água azul deslocada forma uma espécie de coroa , que se alarga como se fosse uma cratera. Em seguida se destaca, na superfície da água azul, um cone que cresce, se afina e forma em, sua ponta uma bola , que acaba por separar-se dele: é a primitiva bola vermelha que volta a subir . A água vermelha foi absorvida e logo repelida pela água azul,: de forma muito rápida, por isso elas não se misturaram.
Deve-se isso à tensão superficial, que, leva cada líquido a procurar manter sua forma original. Na primeira vez. a gota golpeou a água inerte com uma determinada força e conseguiu abrir um buraco sem deformar-se. Mas, quando cair pela segunda vez, encontrará a água azul em movimento, pronta a reagir na forma de um trampolim elástico. um fenômeno chamado puxo laminar reversível. A gota ainda conservará sua forma, mas a cada vez cairá de mais baixo e com menos força - até que sua energia se iguale à da água azul. Então, as moléculas das duas se misturarão.




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terça-feira, 25 de outubro de 2011

Os Alarmes soam quando somem as Borboletas

O ALARME SOA QUANDO SOMEM AS BORBOLETAS



Quando elas desaparecem de um trecho qualquer da mata, é sinal de que alguma coisa muito grave está acontecendo com aquele ecossistema. Mas os homens ainda não aprenderam a ouvir esses alarmes.

Aquela imagem tradicional do caçador de borboletas, ar desligado, redinha numa das mãos, chapéu de explorador, já não tem mais sentido se é que chegou a ter, algum dia. Pois caçadores de borboleta, hoje em dia, podem ser tudo o que quiser, menos desligados. Agora eles formam uma legião imensa, onde se enquadram todos os tipos físicos da América Latina, e trabalham sob as vistas e uma gigantesca conexão internacional que vai, por exemplo, das selvas do Peru, passa pelas ricas praias do Rio de Janeiro e termina, quem sabe, nas ruelas de Hong Kong. Os pratinhos e bandejas decoradas com aquele azul-metálico que nós, brasileiros, já nos habituamos a ver nas lojas e quiosques especializados em atender a turistas, são um produto dessa operação. Mas são ninharias, se comparados com as monstruosas tampas de mesas e biombos executadas por encomenda em países onde essas delicadas borboletas, habitantes dos trópicos americanos, fazem o deleite dos apreciadores de móveis exóticos. E haja borboleta azul, pois uma única tampa de mesa podem ser consumidas nada menos do que duas mil asas.
Já em 1975, cientistas denunciam na Inglaterra a captura e conseqüente comercialização de seis milhões de borboletas azuis , por ano. Há muito boas razões para imaginar que, atualmente, esse número tenha triplicado. Ainda assim, pode-se fazer com segurança uma afirmação aparentemente surpreendente: as borboletas azuis não estão ameaçadas de extinção, mesmo submetidas a esse fantástico regime de caça e perseguição. Isso, apesar de não gozarem da proteção de nenhum organismo internacional, nem terem sido objeto de petições com milhares de assinaturas dirigidas à Assembléia Nacional Constituinte.
São as fêmeas que garantem a sobrevivência das borboletas azuis, graças a algumas peculiaridades bem marcantes. Em primeiro lugar, elas são extraordinariamente férteis: numa única desova, uma dessas fêmeas é capaz de gerar centenas de lagartas. Em segundo lugar, elas não são azuis - ou, pelo menos, não são muito azuis -, de modo que não chegam a atrair a atenção dos caçadores. Finalmente, elas costumam voar muito alto, acima da copa das árvores, fora do alcance de qualquer caçador. Os machos, ao contrário, são azuis, bonitos, atraentes e voam baixo - e por isso engordam sozinhos aquelas estatísticas apresentadas pelos cientistas ingleses. Mas, por mais machos que sejam capturados, sempre sobra algum para fecundar as fêmeas que voam lá no alto e garantir, assim, a sobrevivência. Pode-se afirmar, portanto, que com redinhas e chapéus de explorador não se acabará nunca com as borboletas azuis, por mais asas que sejam necessárias para fabricar móveis e bandejas.
Mas não se pode afirmar que as borboletas, azuis ou que cor tenham, sobreviverão à sanha predadora de um certo tipo de progresso. Antes de chegar à idade adulta, quando adquire asas e passa a gozar de ampla liberdade, a borboleta passa uma fase relativamente longa sob a forma de larva. Fica, então, condicionada a viver agarrada a uma espécie qualquer de vegetal, que Ihe garanta a sobrevivência fornecendo-lhe alimento nas grandes quantidades de que ela tem necessidade. As lagartas que se mostram excessivamente seletivas na escolha de sua planta-alimento estão, teoricamente, ameaçadas, pois se o homem acabar com a planta, acabará também com a borboleta. E cada vez mais escasseiam, no Brasil e nos demais países da América Latina, as espécies nativas de bambus e ingazeiros, que fazem as delicias das larvas.Isso tem se tornado uma coisa tão marcante, que as borboletas acabaram sendo reconhecidas como uma espécie de barômetro para detectar os ataques do homem ao meio ambiente. Foram cientistas americanos, europeus e japoneses que chegaram a essa surpreendente conclusão, a partir do alarme que soou na costa ocidental dos Estados Unidos, mais precisamente na bala de São Francisco, na Califórnia.Lá estava localizado o último recanto onde sobrevivia uma pequenina borboleta azulada, a GIaucopsyche Xerces, uma espécie que vinha se tornando cada vez mais rara. Depois que os últimos exemplares de lótus nativos da baía de São Francisco foram destruídos pelos serviços de aterro necessários para ampliar a faixa urbanizada da cidade, a frágil borboletinha azulada nunca mais foi encontrada. Suas lagartas alimentavam-se exclusivamente com as folhas do lótus. O desaparecimento da Xerces despertou a atenção dos cientistas para um fato de conseqüências mais graves: se uma determinada espécie de borboleta escasseia, ou mesmo desaparece, numa determinada região que antes habitava, algo muito grave pode estar ocorrendo por ali com o equilíbrio ecológico. E simples: um ecossistema em perfeito equilíbrio pode ser comparado a um organismo complexo, cujas funções se desenvolvem normalmente. Ambos são compostos por diferentes elementos, fixos e móveis. Por exemplo, num ecossistema os vegetais são elementos fixos, os animais elementos móveis.Tal como os componentes do sangue, que fluem através dos órgãos fixos do nosso organismo, certos animais fluem através de uma floresta. Ora, aquilo que num exame de sangue denuncia o mau funcionamento de um setor do organismo pode ser, talvez, a diminuição repentina dos glóbulos vermelhos circulantes. Da mesma forma, a diminuição da circulação de uma borboleta numa clareira da floresta pode ser a primeira noticia de que, em algum setor daquele ecossistema, as coisas não andam bem. E, tal como no organismo humano, bastará essa pequena falha para logo fazer desandar tudo. Assim, torna-se urgente descobrir o que está errado, e começar a corrigir. Pois, na natureza, correções desse tipo exigem um tempo enorme. Quanto antes começarem a ser feitas, tanto melhor. E sobretudo, quanto antes forem tomadas providências para evitar que o desequilíbrio continue a se acentuar, tanto melhor ainda. Voltemos agora à Xerces, que desapareceu da bala de São Francisco. Indignados com o que havia acontecido ali, cientistas americanos fundaram uma associação, batizada com o nome da borboletinha - a Xerces Society -, e dedicaram-na ao estudo dos problemas do meio ambiente, Da extinção das espécies e, nesse capítulo, em particular, das borboletas, por eles desde então consideradas e proclamadas como valiosos sistemas de alarme contra agressões à Natureza.
Aqui no Brasil, já falta pouco para que tenhamos a nossa primeira borboleta extinta pela ação irrefreada dos predadores humanos do meio ambiente. Ela se chama Parides ascanius, e sempre habitou uma faixa estreita e curta do litoral do Rio de Janeiro, justamente a área do litoral brasileiro que mais vem sofrendo os efeitos da voracidade imobiliária que abocanha praia após praia. Ela é uma borboleta de asas negras, listradas de branco e grená, habitante dos mangues e das matas litorâneas. Suas larvas alimentam-se com as folhas de uma trepadeira silvestre, a Aristalochia macroura, uma planta rara e venenosa.
O caso dessa borboleta e de sua planta-alimento é um bom exemplo de como se faz, ao longo de um tempo que se mede por milênios, a evolução de um relacionamento biológico do tipo inseto-planta. A Aristolochia faz parte de um grupo de plantas que se caracterizam por estar sempre em guerra, defendendo-se quimicamente dos ataques dos animais herbívoros. Mas são exatamente as substâncias venenosas que elas usam para se proteger desses animais que funcionam como chamariz para outra espécie particular de herbívoro. No caso, a Parides ascanius. Durante um longo processo evolutivo certos animais foram selecionados pelos mecanismos bioquímicos, operados pela própria fisiologia dos vegetais, e tornaram-se dependentes de uma única planta venenosa. Assim, o que para os outros bichos se tornou um fator de repulsão, em relação àquela planta, para o eleito se tornou um fator de sobrevivência. Instalados através de caules e folhas, esses mecanismos caprichosos, gerados por uma alquimia vegetal quase mágica, definem com extrema precisão essas dependências alimentares dos insetos. Na raiz dessas intrigantes manifestações bioquímicas estão entidades microscópicas, enoveladas sobre suas malhas de ligações atômicas: os alcalóides. São compostos orgânicos capazes de operar profundas alterações fisiológicas no organismo dos animais.
São essas substâncias que determinam quem come o quê nas dietas vegetarianas dos animais herbívoros e, automaticamente, protegem as plantas contra uma legião de possíveis atacantes famintos. Os alcalóides são ambíguos, podem servir como remédio, curar doenças, tanto quanto podem matar. Os que se enquadram nesse segundo caso são considerados venenos naturais e as plantas que os elaboram, conseqüentemente, são classificadas como venenosas.
A Aristolochia é uma dessas plantas. Ela produz um alcalóide particular, a aristoloquina. Foram necessários alguns milhões de anos de evolução conjunta entre aristolóquias pré-históricas e certas lagartas trogloditas para que, lentamente, se desenvolvesse a tolerância à aristoloquina demonstrada pelas lagartas da borboleta Parides. Atualmente, quase todas as lagartas dessa espécie alimentam-se exclusivamente das folhas indigestas da Aristolochia, mortal para todos os outros herbívoros da floresta. Já o homem, com sua capacidade de investigar, descobrir e operar mudanças e transformações. vem usando a aristoloquina há muitos e muitos anos como remédio. Na Grécia antiga, os extratos de suas raízes eram utilizados pelas mulheres para garantir partos perfeitos. Aliás, foram os gregos quem deram nome à planta - aristos, o melhor; lokheia, parto. Não há nenhuma dúvida quanto à ação benéfica exercida pela aristoloquina sobre o aparelho genital feminino: ela favorece a menstruação, ativa as contrações uterinas e acentua nitidamente as descargas vaginais do pós_parto.
Usada com moderação, a aristoloquina é fantástica. Calmante, diurético, antisséptica e febrífuga, pode funcionar, de quebra, como um excelente tônico digestivo. Isso é apenas o que sabemos dela com certeza. Mas, além disso tudo, ela já foi apontada como um eficiente cicatrizante de feridas e úlceras rebeldes, um bom remédio para combater orquites (inflamações dos testículos) e certos tipos de paralisia, e auxiliar eficiente no combate ao béri-beri. Usada sem moderação, a aristoloquina se revela o veneno que é: produz náuseas, diarréias, taquicardia e, em casos extremos, chega a provocar um quadro clinico complicado, chamado embriaquez aristalóquica. caracterizado por sérias perturbações mentais.Isso é muita coisa, sem dúvida nenhuma, mas é bem possível que a Aristolochia ainda seja capaz de muito mais. Acontece que as espécies nativas brasileiras foram pouco estudadas pela bioquímica, até agora. Infelizmente, essas curiosas trepadeiras silvestres já se tornaram muito raras nas matas da região do Rio de Janeiro, devido às agressões sofridas por seus ambientes naturais. Assim, é muito provável que nem cheguemos a conhecer tudo o que elas poderiam nos oferecer, se as tratássemos com mais carinho e atenção.
E junto com a Aristalochia extinguese, pouco a pouca a nossa bela e frágil borboleta Ascanius, que só sabe alimentar-se com as suas folhas que todos os outros bichos consideram veneno mortal. Na verdade, para essa borboleta original, a Aristalochia representa muito mais do que um simples alimento; é uma verdadeira garantia de sobrevivência mesmo na fase adulta. Pois a toxicidade e o cheiro do alcalóide da planta passam a fazer parte do corpo da lagarta, que come as folhas, e continuam integrados na borboleta, mesmo na fase adulta. Isso confere à Ascanius uma segura defesa contra seus predadores, pássaros em particular.Ironicamente, as poucas e raras lagartas da Ascanius ainda existentes no Brasil, talvez as últimas, são cultivadas e preservadas, em cativeiro, por um caçador de borboletas que há mais de quarenta anos se dedica a capturar e exportar esses belos animaizinhos para vários países. Trata-se do catarinense Herbert Miers. Atarantado com as exigências burocráticas do governo para que possa exportar suas azuis - registro, alvará e manter uma criação de larvas -, ele reclama: "Isso só faz sujeira, não é eficiente". Eficiente seria prestar atenção aos alarmes naturais - como as borboletas que desaparecem das matas - e corrigir as distorções que os fazem soar.


Boxes da reportagem

A cor é uma arma e uma armadilha
O brilho metálico que faz cintilar as asas de uma borboleta azul não é um enfeite. Ele confere ao inseto um precioso recurso para esquivar-se dos ataques de pássaros predadores. Quando mergulha em direção a uma borboleta, o pássaro tenta enfiar a cabeça entre suas asas para apanhar, com o bico, o corpo pequeno de sua presa. Que é o que Ihe interessa.Se errar o golpe, a borboleta terá alguns segundos para executar uma série de acrobacias e se embrenhar no mato, para fugir à perseguição. É nessas ocasiões que o rápido abrir e fechar das asas de colorido metálico produz uma sucessão de lampejos desencontrados. O ziguezague da evasão impressiona a retina da ave com um salpicado de flashes, fazendo-a perder os verdadeiros posicionamentos da borboleta.Mas é esse mesmo brilho metálico que livra a borboleta azul dos pássaros que a tornou cobiçada por outro perseguidor: o homem. São caçadores profissionais que fornecem a matéria-prima para o comércio internacional, e seu trabalho já se tornou um excelente negócio. Afinal, o resplandecente azul-metálico desses insetos é algo muito raro na natureza, e mesmo entre as borboletas dos trópicos poucas são as espécies que o possuem.O colorido das borboletas, em geral, é produzido por uma numerosa concentração de minúsculas plaquinhas alinhadas sobre as asas, que são as escamas. Trata-se daquele conhecido pozinho (erradamente considerado perigoso que as borboletas largam em nossos dedos quando as agarramos pelas asas. Nas escamas brilhantes das borboletas azuis a cor é considerada estrutural, pois é criada pela incidência da luz sobre a estrutura das escamas.Essa cor azul é produzida pelo fenômeno ótico de decomposição da luz solar sobre as arestas de finíssimas ranhuras paralelas, encontradas na superfície de cada escama. O fenômeno pode ocorrer em muitas espécies de borboletas e sua maior ou menor intensidade depende do número de escamas geradores de cores estruturais que elas apresentarem sobre as asas. Entretanto, na maioria das espécies, o colorido é produzido pela composição química de um pigmento difundido sobre cada escama.



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terça-feira, 25 de outubro de 2011

Fio Maravilha - Porcelana

FIO MARAVILHA - Porcelana



Se tudo der certo, antes ainda do final do século estarão prontos os frutos da revolução dos supercondutores - os fios de cerâmica que são capazes de transportar eletricidade sem nenhuma perda de energia e cujos poderes magnéticos vão criar novidades fantásticas, como, por exemplo, o trem que anda no ar a altíssimas velocidades.

Das antigas e delicadas porcelanas chinesas às sofisticadas telhas usadas para proteger do calor o nariz do ônibus espacial americano, a cerâmica tornou-se uma das técnicas mais bem conhecidas do homem. O que ninguém nunca imaginou. porém, é que ela podia também ser empregada para construir fios elétricos pela simples razão de que sempre foi tida como péssima condutora de eletricidade e excelente isolante nas linhas de alta tensão. Mas aquela convicção desmoronou em meados de 1986 quando, totalmente por acaso, dois químicos franceses tiraram do forno uma cerâmica capaz de fazer milagres. Ela não apenas era uma boa condutora de eletricidade, mas possuía eficiência absoluta, coisa nunca vista sequer em um fio metálico. No novo condutor de barro , uma vez iniciadas, as correntes elétricas jamais se interrompiam. A partir de então, os pesquisadores começaram a sonhar com as mil e uma utilidades capazes de advir desse fio maravilhoso. Alguns cientistas chegaram a sugerir que estava aberta a via para a levitação qualquer um poderia andar sobre as águas, a exemplo de Cristo sobre o Jordão. "Em vez de esteiras como as que existem nos aeroportos mais modernos, as pessoas poderão deslizar acima de um tapete magnético", prevê, por exemplo, um dos mais imaginativos especialistas nas novas possibilidades da cerâmica Praveen Chaudhari, vice-presidente da empresa de computadores IBM. Todo fio que transmite eletricidade se transforma em um fraco imã, argumenta Chaudhari. A sua força se multiplica em uma bobina, que contém grande extensão de fio enrolado. Por isso, os poderes magnéticos dos fios de cerâmica criariam novidades fantásticas.
Mesmo os mais céticos acreditam que essas novidades começarão a invadir a vida cotidiana num prazo não superior a cinco anos. Uma usina como a de Itaipu fornece um bom exemplo das mudanças que poderão ocorrer rapidamente. Toda hidrelétrica desperdiça energia, pois, devido a contingências geográficas, está em geral sempre longe dos centros de consumo. No trajeto entre a usina e o consumidor perde-se energia, porque a resistência dos fios metálicos cria uma espécie de atrito que dificulta a passagem da eletricidade. A corrente elétrica acaba se transformando em calor, que não serve para nada. Estima-se que as perdas por esse motivo representam até 20 por cento da produção de energia. Esse desperdício poderá ser evitado com uma cerâmica supercondutora - isto é, capaz de transmitir eletricidade sem nenhuma resistência.
Em segundo lugar, haveria ganhos nos próprios geradores de Itaipu que, como todo motor elétrico, opera com o auxílio de bobinas eletromagnéticas. Com a eficiência dos novos eletroimãs, essas máquinas se reduzirão a um décimo do seu tamanho atual, multiplicando a sua potência. Mas há ainda um meio muito especial de aproveitar os supercondutores nas hidrelétricas: estocando a força da queda dos rios, à noite. Ela não pode ser usada por completo porque nesse período o consumo é muito baixo e não há para onde enviar a energia produzida. As máquinas "giram no vazio", como dizem os operadores, enquanto o rio corre sem proveito. Mas uma bobina supercondutora poderia receber essa energia e mantê-la girando nos fios de cerâmica sem nenhuma perturbação. Pela manhã, conectada à rede de transmissão, a bobina devolveria a eletricidade estocada como se tivesse acabado de recebê-la. O mesmo truque poderia ainda ser útil em um futuro carro elétrico - algo com que se sonha desde o advento da eletricidade. Esse carro, além de um motor reduzido, mais viável que os protótipos existentes, dispensaria também as baterias químicas, caras e pesadas, como fonte de energia: teria uma bobina supercondutora de estocagem elétrica no lugar dos tanques de gasolina. Isso, se alguém ainda se animar a construir automóveis, ironiza Chaudbari, da IBM. Segundo ele, de fato, todo o sistema de transportes pessoais poderá ser alterado com possibilidades inesperadas, daqui para a frente. Bobinas magnéticas embutidas nos sapatos das pessoas poderiam carregá-las por toda a parte, sobre uma rede de tapetes magnéticos.
É verdade que os engenheiros ainda gastarão muitas noites sobre as pranchetas até que estas e outras maravilhas se tornem parte da vida cotidiana. Mas na Universidade de São Paulo já existe um modelo antigo de bobina supercondutora à base de fios metálicos super resfriados que tem o tamanho de um punho fechado mas é capaz de levantar um automóvel. Nada impede que as cerâmicas super condutoras revolucionem as máquinas elétricas que povoam casas, fábricas e escritórios no mundo moderno. Pois tudo que funciona com eletricidade poderá mudar - dos relógios de pulso e secadores de cabelo até as linhas férreas e os metrôs. "Os supercondutores são uma mina intocada de sonhos", definiu de modo preciso e poético o especialista americano Paul Grant.
De inicio, as descobertas surpreenderam os próprios cientistas. Poucos acreditaram que existia um material capaz de trazer para a temperatura ambiente os segredos do comportamento das substâncias em condições de frio absoluto - ou seja, perto dos 273 graus abaixo de zero. Ai, nessa fronteira silenciosa do Universo, onde já não há o mais leve vestígio de calor, ocorre a supercondução. Mas, para efeitos práticos, isso equivale a não haver supercondução alguma, pois o esforço de conservar um fio a tal temperatura não pagaria o resultado. Por isso, os supercondutores metálicos ficaram inicialmente confinados às instituições de pesquisa. A coisa muda de figura quando a supercondução pode ser criada em temperaturas mais amenas, a "apenas" 200 graus negativos.
Este é o horizonte descortinado pelas novas cerâmicas, uma simples mas extraordinária mistura de quatro elementos químicos relativamente fáceis de encontrar: cobre, oxigênio, bário e outro ingrediente que pode ser o lantânio ou algum dos seus parentes, como o ítrio Basta misturá-los em determinadas proporções, moê-los e depois assá-los em um forno para ter à mão o novo material magnético. Assim, quando se deram conta de que a descoberta era real, em toda a parte os cientistas lançaram-se a explorar melhor os seus ingredientes. A febre da supercondução mobilizou também os cérebros no Brasil. A corrida mundial começou em Zurique, Suiça, com dois pesquisadores da IBM local, George Bednorz e Alex Müller. Eles descobriram que uma certa cerâmica estudada na França, por motivo completamente diverso, era capaz de conduzir corrente sem resistência, a uma temperatura relativamente alta. Até então, os supercondutores de metal funcionavam a cerca de 250 graus negativos. De imediato, a cerâmica elevava o patamar para 238 graus negativos - um espanto, pois desde 1911 a coluna do termômetro só havia avançado 20 graus, a contar do zero absoluto, até chegar aos 250 graus. Os primeiros testes de Müller e Bednorz, realizados com o lantânio na mistura de argila. datam de janeiro de 1986 e foram publicados em setembro do mesmo ano. Logo em seguida, os seus números começaram a ser melhorados - especialmente pelo professor Paul Ching-Wu Chu, da Universidade de Houston, nos Estados Unidos.
Em novembro, Chu já havia se igualado aos europeus. Então. no decurso de uma verdadeira maratona contra o frio-da qual participam cientistas do mundo inteiro - ele acabou substituindo o lantânio pelo ítrio e estabeleceu o recorde: uma cerâmica supercondutora à temperatura de 181 graus negativos - três vezes mais do que o obtido nos 65 anos anteriores de pesquisas. A proeza foi realiza da em fevereiro deste ano; de lá para cá, diversas combinações de argilas deram. resultado idêntico. Apenas Chu e sua equipe acharam mais nove misturas, e os laboratórios Bell, nos Estado. Unidos testaram outras doze.Em vários laboratórios ao redor do mundo já foram construídas cerâmicas supercondutoras em temperaturas bem mais elevadas. Os cientistas soviéticos anunciaram ter alcançado menos 23 graus. Pouco depois, divulgou-se que pesquisadores japoneses haviam conseguido o recorde dos recordes: 20 graus positivos. Mas, nos dois casos. o efeito durou apenas um par de horas. A corrida prossegue para se chegar ao fabuloso supercondutor que se mantenha à temperatura ambiente. No entanto, os resultados obtidos até agora já garantem transformações tecnológicas profundas. As cerâmicas estão sendo manipuladas por técnicos especializados, que procuram transformar esse material quebradiço em peças práticas como fios, filmes ou placas.O que causa furor no mundo da ciência e da indústria é a velocidade dos avanços. Apenas este ano os Estados Unidos vão gastar 38 milhões de dólares em pesquisas nessa área. A maior parte das dotações Vêm do governo, mas também as empresas privadas estão fazendo planos: querem investir pesado nos produtos que podem nascer a partir das experiências. Pelo menos um bilhão de dólares devem rolar nessa direção, até 1990.
Alguns sonhos da supercondução já se converteram em realidade - ainda que, por enquanto, à base dos supercondutores antigos. Em primeiro lugar nessa lista estão os tomógrafos médicos que operam por ressonâncias magnéticas. Trata-se de uma espécie de máquina de raios X que se aproveita dos fracos ímãs existentes em todas as substâncias - especialmente nas moléculas do organismo. Uma bobina nos tomógrafos perturba as minúsculas cargas elétricas dessas moléculas. Um computador analisa as perturbações e assim pode dizer o tipo das moléculas examinadas e a forma do órgão em que estão contidas.
Os tomógrafos atuais operam com supercondutores metálicos à base de nióbio mas para isso e preciso resfriá-los com gás hélio liquefeito. Eis o nó do problema: descoberto no Sol antes de ser avistado na própria Terra, é dificílimo manter o hélio em forma liquida, pois isso ocorre a cerca de 270 graus negativos e exige capas especiais de isolamento térmico, que custam 100 mil dólares a peça. Se forem construídos com as novas cerâmicas, os tomógrafos poderão ser resfriados com nitrogênio liquido, a apenas 196 graus negativos, dispensando, portanto, os sofisticados protetores térmicos. Além disso, enquanto o suprimento anual de hélio custa aos hospitais em torno de 30 mil dólares, o nitrogênio custaria quarenta vezes menos, isto é, a bagatela de 750 dólares ao ano. O mesmo poder de criar fortes perturbações magnéticas é que deu aos Japoneses a idéia de usar a supercondução em seu Maglev. Essa máquina é um trem experimental que não precisa de trilhos: flutua sobre forças ou campos magnéticos fortíssimos, gerados por ímãs supercondutores. Sem o atrito da roda com o trilho, o gasto de combustível para mover o comboio ferroviário é mínimo. Assim, a sua velocidade pode chegar a 524 quilômetros por hora - uma proeza alcançada já em 1979. Esse desempenho é quase duas vezes melhor que o do mais veloz trem em operação comercial no mundo, o TGV, que circula entre Paris e Lyon, na França, e atinge 298 quilômetros por hora.
O supertrem japonês - cujas imagens são o símbolo até agora mais vistoso da nova era tecnológica - opera com oito magnetos em cada vagão. Seus trilhos são milhares de bobinas enfileiradas no leito de uma ferrovia de oito quilômetros, onde é testado. Como a força magnética dos vagões aponta em direção oposta à força das bobinas - trilhos, o Maglev é mantido no ar a cerca de dez centímetros de altura. Só usa as rodas para pousar e decolar, como os aviões.
Os governos parecem mais propensos a gastar grandes somas mas num instrumento formidável da pesquisa científica: os aceleradores de partículas, onde a força dos eletroimãs impulsiona fragmentos de átomos a altíssimas velocidades e os obrigam a se chocar violentamente entre si. Estudando os restos das colisões, os físicos esperam descobrir como o átomo é construído por dentro. Só nos Estados Unidos está se gastando 25 milhões de dólares com esses aceleradores, soma que deve subir para 300 milhões até 1990.Pelo menos metade dessa montanha de dinheiro será empregada em supercomputadores muito menores que os menores existentes no mercado. O que impede a redução ainda mais acentuada dos computadores atuais é o calor criado pela resistência dos fios metálicos: à medida que os microcircuitos ficam cada vez mais compactados, o calor se concentra e tende a fundir os fios. Esse problema, naturalmente, não surge quando os fios não têm resistência, como nas cerâmicas. E por esse motivo, aliás, que os novos materiais de mil e uma utilidades não prestam para uma coisa: fazer chuveiros elétricos, que dependem de alta resistência para gerar calor e aquecer a água.Mas não é só no tamanho que a supercondução vai melhorar os computadores: eles também deverão se tornar ainda mais precisos. Na Inglaterra, por exemplo, já se testou uma máquina supercondutora usada para fabricar circuitos eletrônicos mais eficientes. Ela pode criar detalhes até dois milhões de vezes menores que um metro, dobrando a precisão das atuais linhas de montagem. Em outro caso, um microcircuito dotado de fios supercondutores pôde dominar correntes elétricas infinitamente fugazes, que duram até dois trilhões de vezes menos que um segundo.
Nesses casos, o que está em jogo é a arquitetura microscópica das substâncias - o reino abissal das moléculas e átomos. A moderna ciência está cada vez mais próxima desses tijolos fundamentais da matéria, mas o seu mundo fica tão distante da nossa experiência que parece mágico. É o que imaginou o escritor argentino Ernesto Sábato. "A física moderna parece uma feira de diversões, com salas de espelhos, labirintos de surpresas e homens que apregoam fenômenos", escreveu ele em um artigo denominado "Física Escandalosa", de seu livro Nós e o Universo.Afinal, dizem os físicos, mesmo o aço maciço é feito em sua maior parte de nada. Uma barra de qualquer material é de fato um agregado com um número imenso de partículas minúsculas que estão a grandes distancias umas das outras, comparativamente ao seu tamanho. Essas partículas vivem em perpétuo movimento. São os átomos ou moléculas, aos quais se pode chegar, partindo e tornando a repartir as substâncias Por exemplo, pode-se dividir uma laranja ao meio e depois dividir uma de suas metades novamente: se a operação for repetida apenas 38 vezes, será possível chegar aos seus átomos. Não é fácil como poderia parecer - os átomos são mais de cem milhões de vezes menores que um metro, e não se conhecem muitas facas capazes de cortá-los ao meio No entanto, já existem instrumentos para construir um material trabalhando molécula por molécula, como se fosse um quebra-cabeça infinitamente pequeno. Com os supercondutores, é preciso pensar em algo semelhante: como é possível projetar as moléculas de um fio? Quando se descobrir a resposta a esse desafio, será possível montar supercondutores que funcionem a qualquer temperatura.A teoria não explica porque as atuais cerâmicas podem imitar um comportamento que normalmente só ocorre a baixíssimas temperaturas. Os físicos estão procurando adaptar idéias que foram elaboradas inicialmente na década de 50 e que resultaram no transistor. Segundo eles, quando não há calor, os átomos realizam uma espécie de balé altamente coordenado, que acaba levando à supercondução. Essa teoria demorou 45 anos para ser formulada, desde a descoberta da supercondução, em 1911.
Desde então, nada de novo havia surgido até que o pioneirismo dos suíços Müller e Bednorz os levasse à sua cerâmica, abrindo uma fronteira inesperada por onde a pesquisa pura poderá agora avançar.



Boxes da reportagem

As cerâmicas se tornaram as campeãs da supercondução em temperaturas elevadas, mas os avanços nesse campo começaram em 1911, com a descoberta do fenômeno no metal mercúrio. Entre os supercondutores surgidos depois, os recordistas eram as ligas do metal nióbio.

Os elétrons brincam de dominós
Pode-se comparar a supercondução à conhecida brincadeira de derrubar dominós enfileirados. Esse jogo funciona apenas se a fila estiver muito bem arrumada: assim, quando. o primeiro dominó é derrubado, o demais caem inevitavelmente um após o outro, em um movimento de. cascata. Na condução comum de energia elétrica pelos fios não há uma ordem adequada na fila de dominós: eles caem ao acaso, ou se chocando de raspão com as peças seguintes, ou mesmo tombando no vazio O movimento se interrompe e é preciso fazê-lo recomeçar com outro empurrão.A supercondução, de fato, é apenas uma forma de organizar o movimento das partículas que existem dentro de todo fio elétrico. O fio supercondutor é composto de átomos enfileirados, como no jogo de dominós, e a corrente elétrica é formada pelos elétrons, partículas que se soltam dos átomos a que pertencem. Nesse caso, o movimento dos elétrons e dos átomos se torna perfeitamente harmonioso. Os elétrons nunca se chocam com os átomos ou entre si mesmo, e nem a corrente se transforma em calor - o responsável pela resistência elétrica nos cabos comuns e verdadeiro sinônimo de caos.No fluxo normal da eletricidade, empurrados pela força dos geradores de energia - o que equivale ao empurrão nos dominós -, os elétrons avançam aos trambolhões. Acabam transformando a sua energia em calor, isto é, em movimento caótico dos átomos ou moléculas dos fios (moléculas são grandes grupos de átomos que se agregam nas substâncias).A supercondução permaneceu um mistério até a Segunda Guerra Mundial. Ela havia causado grande espanto quando foi descoberta, no inicio do século, porque até então se pensava que todo movimento devia cessar na ausência de calor. É o que ocorre próximo dos 273 graus negativos - ou zero absoluto, como dizem os físicos, pois nada pode ser mais frio que isso. Por tal razão, dizia-se que calor é apenas átomos em movimento: se não há um, não há outro. Mas essa é uma conclusão apressada, mostrou o físico sueco Heike Kamerlingh Onnes, o descobridor da supercondução, em 1911, quando estudava o comportamento do mercúrio a baixas temperaturas. Ele viu que, na ausência de calor, surgia de fato uma espécie de movimento perfeito entre átomos e elétrons.Apenas 45 anos mais tarde, se descobriu que esse movimento é gerado por uma notável cooperação entre as partículas atômicas. Ocorre que os átomos se entregam a uma suave ondulação, onde os elétrons deslizam aos pares como surfistas no mar. Pois é esse balanço invisível nas profundezas atômicas dos cabos o responsável pela supercondução. As cerâmicas, aparentemente, são capazes de imitá-lo, mesmo em altas temperaturas, devido a algum detalhe químico em sua arquitetura: esse é o enigma que a ciência agora espera desvendar.

Receita de pastilha
As escolas têm condições de verificar como funciona a supercondução. Sob a direção do professor, os alunos podem construir sua própria pastilha e depois vê-la flutuar sobre um imã na sala de aula. Os ingredientes são adquiridos nas lojas de material didático. a começar pelos óxidos: 5 gramas de óxido de ítrio (Y2, O3), 20 gramas de óxido de bário (BaO) e 30 gramas de óxido cuproso (CuO). Eles devem ser misturados com um pouco de água e moídos por três horas em um cadinho, com um pilão. Leva-se ao forno e aumenta-se gradualmente a temperatura até 900 graus, por seis horas, desaquecendo-se por mais seis horas até desligar.O pó preto obtido precisa ser triturado durante três horas. Bem fino, pode ser prensado em forma de pastilha em uma caixa de aço. Com um torno ou um macaco de carro, tem-se a pressão necessária: mil atmosferas. A pastilha volta ao forno por mais 12 horas, agora a 1050 graus e com boa circulação de ar. Pronto, o supercondutor flutuará entre os pólos de imã de ferro-boro, de 3 quilo gauss, imerso em uma vasilha de vidro ou plástico cheia de nitrogênio líquido. A empresa White Martins, de São Paulo, produz nitrogênio líquido. Todo o material - com exceção do forno sairá por cerca de cinco mil cruzados. O professor deve tomar cuidado de não tocar no nitrogênio com a mão.




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terça-feira, 25 de outubro de 2011

A procura do idioma universal

À PROCURA DO IDIOMA UNIVERSAL



Nesta torre de Babel chamada Terra existem cerca de três mil línguas diferentes. Mas o intercâmbio entre os povos exige cada vez mais uma comunicação universal. E ela somente foi possível até hoje em campos específicos, como a música e a matemática. As tentativas de maior alcance foram mal-sucedidas.

Até o ano 2000, a população mundial - inclusive a do Terceiro Mundo - estará viajando tanto que a exigência de uma língua comum entre os povos será uma necessidade imperiosa. O domínio de um idioma universal para se comunicar já não será privilégio apenas dos que têm maior acesso à cultura. Ainda não se decidiu qual será esta linguagem. Sabe-se apenas que ela não deverá ter fronteiras, além de ser pensada para a próxima e não para esta geração.
A ONU (Organização das Nações Unidas) tem cinco idiomas oficiais: inglês, espanhol, russo, chinês e francês; e seus tradutores não dão conta das montanhas de papéis acumuladas sobre suas mesas. Aqueles que, por causa do trabalho, são obrigados a percorrer diversos países, acabam aprendendo vários idiomas. Mas esta circunstância, em geral, implica em um conhecimento muito superficial. Defender-se não é dominar. Por este motivo, é possível escrever até uma enciclopédia com os erros de interpretação cometidos, inclusive na área diplomática.
Na visita que fez a Moscou em maio passado, o ministro de Assuntos Exteriores da Espanha, Fernando Morán, que fala inglês, cometeu uma gafe. Quando um jornalista Ihe perguntou em inglês se havia tratado do problema do dissidente Andrei Sakharov com as autoridades soviéticas, ele respondeu que "o tema do Sahara não foi incluído nas conversações". Outro exemplo: há alguns meses, a imprensa espanhola publicou a notícia "intoxicação alimentícia mata milhares de turcos". Na realidade, as vitimas não eram turcos, mas perus. Eles traduziram a palavra turkeys (em inglês, perus) por turcos (em inglês, turks).Existem aproximadamente três mil línguas no planeta. Cerca de cem são utilizadas por mais de um milhão de pessoas. A metade da população mundial se comunica em chinês, inglês, espanhol, russo, árabe, indu e português. O comércio internacional, o turismo, a política, os descobrimentos científicos obrigaram a intercomunicação entre homens e culturas e áreas lingüísticas distintas. Já é necessária a introdução de uma língua para a humanidade. No entanto, esta idéia, de vantagens indiscutíveis, não é tão fácil de ser colocada em prática.
O inglês, devido ao predomínio político e econômico dos Estados Unidos, se converteu em idioma quase universal. Um em cada quatro habitantes do planeta pode se entender, mais ou menos bem, nesta língua. Mas os chineses (mais de um bilhão de habitantes) e os soviéticos (277 milhões) se negam a acertá-la; e os dois países somam mais do que a quarta parte da população mundial. Esta circunstância levou os filólogos a considerar que somente um idioma novo deixaria de lado conotações políticas e sociais, pois pertenceria a todos e a ninguém ao mesmo tempo. Não deixa de parecer absurda, no entanto, a implantação de uma língua inventada quando existem mais de três mil faladas. Anos atrás, foi apresentada a proposta de eleger o finlandês ou o nayatl (asteca), para evitar ressentimentos e lutas de poder. A sugestão, no entanto, não foi levada em consideração.
As tentativas de fabricar um meio de expressão artificial são antigas. As primeiras aproximações produziram línguas-catálogos, inúteis para a comunicação humana. Um bom exemplo disto é a invenção do escocês Dalgamo, composta de palavras divididas em partes: o n equivaleria a tudo o que se referisse a seres vivos; em combinação com a letra grega eta formaria o conceito de animais; completado com o k, animais de quatro patas.Mas um idioma vivo nunca é tão lógico, tão fechado, tão regulado. Por isso também não triunfou a fantasia de um francês chamado François Sudre, que em 1817 criou o Solresol, método baseado no solfejo: dó significava sim; ré era e; mi se tornou ou etc. A palavra solasi, ou seja, três tons ascendentes, indicaria subida, e assim seria construída uma variedade de frases. Esta linguagem permitiria também o canto, o que entusiasmou muitos dos intelectuais contemporâneos de Sudre; o poeta Victor Hugo e o imperador Napoleão III eram seus fãs incondicionais. O Solresol é hoje uma simples curiosidade da História da Lingüística.
Além dos idiomas artificiais, surgiram outras tentativas a partir da combinação de línguas vivas. No ano de 1879, o monsenhor alemão Johan Martin Schleyer inventou um sistema original, denominado Volapuk, que, em um primeiro momento, parecia uma revolução. Semelhante em sua estrutura ao húngaro e ao turco, alcançou grande êxito no final do século passado. Foram publicadas 316 gramáticas, traduzidas em 25 idiomas; 25 revistas e 283 clubes se dedicaram à promoção da língua.
Esta difusão, no entanto, foi bloqueada pelo próprio Schleyer. Durante um congresso, vários delegados propuseram a introdução de mudanças gramaticais. Schleyer as recusou violentamente, argumentando que aquele era o seu idioma e não havia autorizado ninguém a fazer modificações. Como se pode pretender que um meio de expressão pertença a apenas uma pessoa? Esta situação é ainda mais incongruente quando se trata de um modelo de linguagem universal.
Felizmente, muitas das tentativas de criação de idiomas não foram adiante. Foi o que ocorreu com o Tutônico, mistura de um mau inglês e um mau alemão, nascido no final do século passado e morto no começo deste. Surgiram ainda várias inovações lingüísticas, entre elas uma feita a partir da combinação do grego clássico, latim e chinês. Nos Estados Unidos, apareceu a idéia de promover um inglês básico, composto por 850 palavras; a idéia não prosperou porque seus defensores se esqueceram de que se tratava da língua materna de mais de duzentos milhões de pessoas que teriam um vocabulário mais rico, com expressões incompreensíveis para os praticantes da versão reduzida.
Somente o esperanto, um dos idiomas inventados, chegará a superar os cem anos de vida. Criado pelo oftalmologista polonês Ludwig Leizer Zamenhof em 1887, é formado pela síntese de várias línguas européias. Toda a sua gramática se resume a dezesseis regras, o que garante a aprendizagem no prazo de um ano. Pelas experiências comparativas, o esperanto exige um terço do tempo necessário para aprender um idioma como o francês. Atualmente, é empregado, com diferentes graus de perfeição, por dez milhões de pessoas em todo o planeta. Um grande número de romances e peças de teatro foi escrito originalmente em esperanto, para o qual já foram traduzidas cerca de dez mil obras da literatura universal. Emissoras de rádio de Viena, Varsóvia, Pequim, Berna, Roma, Sofia e Zagreb transmitem programas em esperanto. E o sistema internacional de telegrafia o aceita como meio de comunicação junto com as línguas vivas e o latim.
Apesar de tudo, o esperanto não alcançou seu objetivo e nem está a caminho de fazê-lo. Grande parte dos idiomas vivos podem ser considerados muito mais universais, ainda que tenham uma aprendizagem mais lenta. Alguns filólogos tentaram explicar a aceitação limitada do esperanto com razões de caráter fonético. Diziam que a pronúncia era complicada para pessoas de certas regiões. Por exemplo, os habitantes do Pacifico Sul teriam enorme dificuldade para pronunciar agrupamentos de letras como sp, st, sch; os chineses lutam com o r, os japoneses com o l. Mas em que linguagem isso não acontece? Só quando a fonética é ensinada desde a infância é possível ultrapassar esta barreira.
O verdadeiro motivo está no fato de que os países que possuem o predomínio econômico e político impõem sua língua nas áreas em que exercem influência. Por isso o inglês se converteu no esperanto do mundo ocidental. Apesar do seu uso estar restrito a determinados países, tamanha é a sua difusão que, dentro de uma década, os jovens de todos os países industrializados do Ocidente já poderão comunicar-se sem problemas neste idioma. De fato, nas nações mais desenvolvidas da Europa, as gerações mais jovens, com um nÍvel cultural médio, o praticam como segunda língua.
O que se pretende porém não é uma língua ocidental, mas mundial. E em grandes regiões da Terra não se percebe nenhuma inclinação pelo inglês. Portanto, ainda está pela frente a tarefa de elegê-lo linguagem universal e assumir o compromisso de ensiná-lo como primeiro idioma estrangeiro a todas as crianças do mundo. Segundo os estudos psicológicos e lingüísticos, a idade apropriada para estudar um segundo idioma é em torno dos seis anos.Apesar disso, as crianças do futuro nunca chegarão a ser bilíngües. Entre outros motivos porque o bilingüismo puro não existe. Nos casos em que o pai fala uma língua diferente ou que a família tenha emigrado para outro país, a criança estabelece inconsciente mente uma separação entre as duas línguas: a materna é recebida com mais emoção enquanto que a paterna ou a do novo país Ihe permite pensar de maneira mais madura e intelectualizada. A possibilidade de um conflito lingüístico entre a primeira e a segunda língua entre o idioma vernáculo e o estrangeiro, pode provocar atrasos na aprendizagem, principalmente se o ensino começa cedo. Não é possível esquecer também que a riqueza do pensamento caminha paralelamente à da linguagem.
O ditador soviético Stálin sonhava que, quando a revolução comunista mundial estivesse concluída, todos os homens falariam russo. Ninguém seria pressionado a fazê-lo. Mas ele estava convencido de que o ideal comunista estabeleceria laços tão estreitos na humanidade que os diversos idiomas da Terra resultariam em um único. Deixando de lado os desejos utópicos de Stálin, o certo é que existem alguns exemplos de linguagem universal no campo da cultura e da ciência. Pensemos na música, na matemática, nas fórmulas químicas. Todos os matemáticos e todos os químicos são capazes de entender os resultados dos trabalhos de seus colegas, sejam quais forem os países de origem. Todos os músicos têm condições de escrever, ler e interpretar qualquer partitura. Estamos iniciando uma nova era em que se torna mais necessário do que nunca uma base de entendimento: a era da eletrônica, que somente alcançará a plenitude quando todos os computadores se expressarem com a mesma linguagem.
Uma equipe de especialistas norte-americanos em Semiótica começou a estudar um sistema de sinalização para o futuro. O método de identificação deverá ser compreensível em qualquer linguagem humana. Trata-se de um programa governamental que tem como objetivo fazer com que todos os habitantes do planeta saibam reconhecer resíduos radioativos que a indústria atômica aloja sob a superfície. O responsável pelo projeto é Thomas Sebeok, presidente da Associação Semiótica Internacional, especializada no tema da comunicação animal e humana.
Poder falar com todos os habitantes da Terra. Entender qualquer estrangeiro. O velho sonho da humanidade. Em épocas passadas, a língua cosmopolita foi o latim; com ela se expressavam as pessoas mais cultas, os estadistas, a Igreja. Nos Estados Unidos se dá muita importância ao aprendizado do chinês. O homem conquistou o espaço e ensinou os computadores a falar, mas não superou a história bíblica da torre de Babel.




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terça-feira, 25 de outubro de 2011

Existem outros sistemas planetários além do nosso ???

EXISTEM OUTROS SISTEMAS PLANETÁRIOS ALÉM DO NOSSO?



Desde o começo dos tempos, nada foi capaz de atiçar tanto a curiosidade dos homens como os enigmas do espaço sideral e sua relação com esta nossa Terra. Por milhares de anos, o estudo do firmamento manteve-se entrelaçado a tradições religiosas. Só a partir do século XVI os aspectos puramente científicos da Astronomia passaram a distinguir-se das variadas formas de misticismo. Com o desenvolvimento dos meios de observação do espaço foram se estabelecendo os conhecimentos básicos a respeito do sistema solar e da galáxia de que faz parte. A era das viagens espaciais, enfim, começa a revelar a imensa diversidade do nosso sistema planetário. E dá vida a uma velha dúvida: ele é único?
Carl Sagan, renomado astrofísico da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, reuniu num disco as informações mais importantes sobre o homem e o enviou para fora do nosso sistema solar, em diversas sondas do programa espacial norte-americano. Ele tem esperança de que algum deles chegará, um dia, às mãos de alguma espécie de seres inteligentes, em qualquer parte do Universo. Outros cientistas se mostram mais cautelosos. Investigações recentes demonstram que as possibilidades de existência de vida em outros planetas são mais remotas do que sempre se supôs. Sob esse aspecto, a Terra é realmente um caso excepcional, um corpo espacial com condições especiais para a vida.
No dia 18 de outubro de 1967 pela primeira vez uma sonda espacial, enviada pela União Soviética, atingiu a atmosfera de Vênus. Mal chegou, e se interromperam todas as comunicações com a Terra. Dois anos mais tarde duas outras sondas russas voltaram a se aproximar daquele planeta. E tudo se repetiu: as comunicações foram interrompidas. As poucas informações que ainda puderam chegar, no entanto, coincidiam plenamente com as anteriores. E assim ficou estabelecido que a pressão atmosférica, em Vênus, é tão grande que simplesmente destroçou as naves que lá chegaram.
Os russos construíram outra nave, a Vênus VII, super-reforçada, que por fim conseguiu aterrissar (ou seria avenusar?) intata. E confirmou: na superfície de Vênus a temperatura é de 490 graus centígrados e a pressão, de 90 atmosferas, semelhante à que se encontra sob o mar, na Terra, a novecentos metros de profundidade. Impossível qualquer espécie de vida nessas condições adversas.
Se é assim nesse vizinho, pior ainda é nos planetas mais distantes. Mercúrio, o mais próximo do Sol, é um interno de calor; os gigantes Júpiter e Saturno se compõem principalmente de hidrogênio e hélio, tal como Urano e Netuno; de Plutão, finalmente, o mais distante de todos, não se conhece praticamente nada.
Podemos dar como certo, portanto, que não há vida no sistema solar, além da que existe na Terra. Mas haverá, em algum outro ponto do Universo infinito, girando em torno de outra estrela semelhante ao nosso Sol, um conjunto de planetas igual ao nosso? E se houver, não poderá existir dentro dele um onde se reproduzam as condições propícias à vida que se encontram na Terra? Este é um dos muitos problemas ainda não resolvidos em Astronomia: das centenas de bilhões de estrelas espalhadas apenas pela Via Láctea, não se pode esperar que pelo menos em algumas delas aglomerados menores de matéria tenham se condensado para formar planetas?
Já não se discute a existência da vida, mas simplesmente a de planetas como os que conhecemos, ao redor do Sol, onde ela poderia eventualmente surgir, como surgiu na Terra. Se existirem muitos outros sistemas planetários, é claro que maiores serão as possibilidades de que aquelas condições especiais tenham se reproduzido. A compreensão da origem não apenas da vida, mas do próprio Universo, exige o estudo desses possíveis sistemas planetários, ainda em fases distintas no seu processo de formação, alguns recém-criados, girando ao redor de estrelas jovens; outros, ao contrario, já maduros, quem sabe muito mais velhos do que o nosso. Mas como será possível detectá-los no espaço?
Os planetas, sabemos todos, não emitem luz própria. A luz da estrela mais próxima, que os mantém atrelados, acabaria por ofuscar a débil claridade por eles apenas refletida. O contato visual direto, portanto, está excluído de nossas cogitações. Mas há outras formas de chegar até eles. Suas radiações infravermelhas, por exemplo. Mas há ainda melhor. Um grande planeta exerce uma atração gravitacional sobre a estrela em redor da qual realiza suas evoluções.
Visualmente ele pode permanecer invisível, ruas essa sua influência sobre a estrela visível será fácil de perceber. Astrônomos que se dedicaram ao estudo da estrela Van Biesbroeck 8, bem jovem, muito vermelha, distante da Terra cerca de 21 anos-luz, relataram a existência de movimentos e oscilações periódicas em sua trajetória. É possível que elas sejam provocadas pela presença de algum corpo grande e próximo, embora invisível.
Essas descobertas são apenas uma amostra do que está por vir. Podemos acreditar que num futuro bem próximo nossa tecnologia tornará possível a investigação direta pelo menos em torno das estrelas mais próximas. Poderemos então sair a procurar planetas nas proximidades cósmicas da Terra.
Procurar planetas significará procurar vida. Pesquisas recentes demonstram que foi necessária uma quase infindável seqüência de casualidades para que os seres vivos pudessem aparecer na face do nosso planeta - e outra série infindável de casualidades foi necessária para que ela evoluísse, de forma mais ou menos acelerada, até chegar aos estágios que hoje conhecemos. É possível, é mesmo provável que no meio desses bilhões e bilhões de estrelas que brilham no firmamento haja muitas que tenham reproduzido as condições necessárias para a formação de sistemas planetários. Mas terão ali se reproduzido aquelas outras condições necessárias para que se criasse a vida, num primeiro momento, e se desenvolvesse em seguida até chegar à inteligência?
Nas condições atuais do conhecimento científico e da capacidade de investigação de que dispomos, o mais seguro será afirmar que a vida, tal como a conhecemos, só existe na Terra. Mas as probabilidades matemáticas de que não seja assim, de que seres inteligentes e de grande capacidade mental vivam em algum ponto infinitamente longe do Universo, são tentadoras. Entrar em contato com eles, porém, será outra questão. As distâncias que será preciso percorrer, no Cosmos, são incalculáveis. Falar em pontos quaisquer do Universo onde possa haver vida é simples; chegar lá é mais difícil. A simples notícia da existência de uma civilização aqui perto - cosmicamente falando, é claro -, digamos cem mil anos-luz, levaria cem mil anos para chegar até nós. Quando chegasse, é bem possível que estivesse destruída aquela civilização, ou quem sabe a nossa, aqui na Terra.
Deixemos, por isso, a questão da procura da vida para o futuro distante. Mesmo uma resposta segura para o problema da existência de outros sistemas planetários ainda está nos primeiros passos. Estamos apenas no limiar de uma nova era na observação e na pesquisa astronômicas e por enquanto só podemos imaginar, para um futuro talvez próximo, a descoberta de inúmeros sistemas planetários semelhantes ao nosso, alguns distantes apenas poucos anos-luz. Será então natural pensar em visitá-los. Mesmo atualmente, quando nossa tecnologia é ainda incipiente, quatro naves espaciais - Pioneer 10 e 11, Voyager 1 e 2, todas americanas - seguem para além do nosso sistema solar. A Pioneer 10, lançada em 1972, cruzou a órbita de Plutão, o mais distante dos planetas conhecidos do sistema solar, em junho de 1983. Tais espaçonaves, as mais velozes já produzidas pelo homem, são irritantemente lentas na escala das distâncias cósmicas.
Levarão dezenas de milhares de anos para alcançar mesmo as estrelas mais próximas. Quando essa limitação for superada - o que podemos considerar apenas uma questão de tempo, embora longo -, uma nova e inesgotável aventura estará ao alcance da espécie humana, ainda maravilhada, como nos tempos primitivos, com os enigmas do Universo.




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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Assim os animais dizem "te amo"

ASSIM OS ANIMAIS DIZEM "TE AMO"



Animais costumam misturar ternura e agressividade em seu relacionamento amoroso. É a sábia natureza que os faz assim, para garantir que as espécies se reproduzam e sobrevivam. E os obriga a estranhos rituais, marcados por lutas de vida e morte, fantásticos truques de sedução, cuidados com as crias.

O amor e o ódio se tocam. O primeiro pode, inesperadamente, transformar-se no segundo. E vice-versa. No reino animal, esta máxima toma a força de quase uma lei. Quem já teve a oportunidade de presenciar os jogos amorosos de um casal de rinocerontes, por exemplo, percebeu isto: machos e fêmeas dão encontrões violentos, vezes e vezes seguidas, como se estivessem fazendo a guerra e não o amor. Mas quando livres de sua agressividade tudo se transforma,
Tal como entre os humano, entre os bichos também não é fácil a vida de um macho conquistador. Dele se espera que seja corajoso, fisicamente forte e dono de uma extraordinária imaginação. Pois quase sempre precisará passar por provas complicadas, sendo obrigado a cantar de forma especial ou a exibir plumagens elegantes, perfumes sedutores, praticar gestos que em qualquer outra situação pareceriam ridículos.
Mais comum é ele precisar enfrentar batalhas de vida ou morte com os machos interessados na mesma namorada, ou então com a própria eleita do seu coração. Veja-se o que acontece com o tigre, por exemplo. Para chegar ao acasalamento, o macho precisa de uma grande paciência para acalmar a fêmea, que rosna, negaceia, dá-lhe patadas. Uma vez consumada a fecundação, ele precisará fugir rapidamente, pois a companheira terá uma invencível vontade de matá-lo. E, ainda assim, se o nosso herói for persistente, acabará por estabelecer com essa parceira uma relação duradoura, capaz de produzir muitos outros tigrezinhos no futuro -- e outras tantas ameaças de assassínio.
Um romance entre aranhas pode ter final parecido se o macho, em geral menor e mais fraco, não tomasse o cuidado de se apresentar à sua eleita com um presente galante -- um petisco qualquer para saciar seu apetite. Rãs, ao contrário, são mais românticas e sexualmente liberadas. Ao macho, basta manifestar seu desejo coaxando de uma maneira especial: se a resposta vier no mesmo tom, tudo bem. Ele precisará então arranjar um companheiro, pois os encontros amorosos da espécie são sempre festivos, coloridos e coletivos.
Mas o traço mais característico e comum do amor entre os animais é a agressividade. Que não é gratuita nem questão de temperamento, mas tem uma profunda significação. Ela se destina tanto a proteger um território onde apenas um macho deve reinar soberano, como a selecionar os mais fortes da espécie, para que apenas eles produzam filhotes igualmente fortes; ou, finalmente, a proteger as crias, que jamais podem se confundir com as crias de outro casal. Leões e leoas são assim. Bravos e mal-humorados com estranhos, fazem tudo para defender seu território e suas crias.
Essa agressividade, portanto, é indispensável para garantir a sobrevivência das espécies. Mas, se sofrem algum tipo de controle, podem levar também ao caos e ao extermínio. Por isso mesmo a natureza costuma dotar os animais de bloqueios, para evitar que sua disposição para a luta não ultrapasse os limites da conveniência. E é surpreendente verificar como as formas de vida das diferentes espécies está relacionada com a agressividade dos seus membros. Se machos e fêmeas são pacíficos, formarão colônias; se só o macho é agressivo, formarão haréns; se ambos são agressivos, formarão um par capaz de manter uma longa união monogâmica.


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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Para saber mais - Alienígenas

PARA SABER MAIS - Alienígenas



LIVROS
þ Alien Intrusion: Ufos And The Evolution Connection
Gary Bates, Master Books, EUA, 2005
O autor, fã de histórias de ficção científica, discute questões ufológicas sob uma perspectiva cristã.

þ Alien Contact: Top-Secret Ufo Files Revealed
Timothy Good, Quill, EUA, 1994
Violonista profissional e ufólogo amador, Timothy Good examina as supostas evidências de naves e seres alienígenas capturados na Terra.

þ A Ameaça
David M. Jacobs, Rosa dos Tempos, Rio de Janeiro, 2002
Quer aprender a reconhecer um ser híbrido? Aprenda com este livro, escrito por um especialista em abduções. Ele é professor de História na Universidade Temple, na Filadélfia, EUA.

þ E. T. - O Extraterrestre
Terry Collins, Ática, São Paulo, 2002
A história que fez sucesso no cinema, sobre a amizade entre um garoto e um extraterrestre.

þ Extraterrestrial Contact: The Evidence and Implications
Steven M. Greer e Steven M. Greer, Crossing Point, EUA, 2003
Descreve o relacionamento entre humanos e extraterrestres sem cair no lado claramente fantasioso do assunto.

þ A Guerra dos Mundos
H. G. Wells, Nova Alexandria, São Paulo, 2000
O clássico de ficção científica do escritor inglês ganhou nova tradução para o português em 2000, mas é difícil de ser encontrado nas livrarias. Até maio, a editora não tinha previsão de nova reimpressão da obra.

þ Seqüestros Alienígenas: Investigando ufologia com e sem hipótese
Mário N. Rangel, revista UFO, Campo Grande, 1999
Reúne quase uma centena de ocorrências ufológicas, muitas delas investigadas pelo próprio autor. Dessas, grande maioria é composta de abduções.

þ Sim, os Deuses Eram Astronautas
Erich von Däniken, Nova Era, Rio de Janeiro, 2004
Atualização das teorias do autor suíço que, nos anos 70, se tornou célebre com o best-seller Eram os Deuses Astronautas?

þ UFO Crash in Brazil
Roger K. Leir, The Book Tree, EUA, 2005
Reconstituição da história da suposta queda de um objeto voador perto de Varginha (MG), em 1996.

þ Vida Extraterrestre
Eduardo Dornelles Barcelos, Editora Abril (coleção Para Saber Mais, da Superinteressante), São Paulo, 2003
Um livro instrutivo, em que o autor lança mão de referências ao cinema para explicar o longo debate sobre a existência ou não de vida fora da Terra.

þ Vida Secreta
David M. Jacobs, Rosa dos Tempos, Rio de Janeiro, 1998
Apresenta uma série de relatos de pessoas que teriam sido seqüestradas por extraterrestres.

þ O Mundo Assombrado pelos Demônios
Carl Sagan, Companhia das Letras, São Paulo, 1996
O astrônomo americano, um dos maiores divulgadores da ciência, morto em 1996, escreveu a bíblia dos céticos. Se você não acredita em discos voadores, abduções e homenzinhos verdes, encontrará todos os argumentos de que precisa neste livro.

SITES
þ www.billymeier.com
Site de Billy Meier, o suíço que diz manter contato com seres originários da constelação de Plêiades. Em inglês.

þ www.blackvault.com
Especializado em teorias conspiratórias, diz ter mais de 14 mil imagens de temas como óvnis e aeronaves militares. Em inglês.

þ www.dfn.com/festival
Site oficial do festival de ufologia que se realiza anualmente em Roswell e atrai caçadores de discos voadores de todo o mundo. Em inglês.

þ www.gafintl-adamski.com
Discípulos do polonês George Adamski, morto há 40 anos, criaram o site em homenagem a um dos responsáveis pela popularização da ufologia. Em inglês e espanhol.

þ www.infa.com.br
O site do Instituto Nacional de Fenômenos Aeroespaciais traz muitas informações sobre casos brasileiros de contatos com alienígenas. Em português.

þ www.iufomrc.com
O internauta pode fazer um passeio virtual pelo Museu UFO de Roswell. Traz documentos, gravações de rádio, fotos e a maquete de uma autópsia de um alienígena. Em inglês.

þ www.pendragonpictures.com/wotwke. html
Apesar de simples e feio, o site oficial do filme H.G. Wells’ The War of the Worlds mostra tudo sobre a produção mais fiel ao livro de 1898. Em inglês.

þ www.planetpdf.com
Aqui você pode baixar a versão original do livro A Guerra dos Mundos, de H. G. Wells. Utilize a ferramenta de busca. Em inglês.

þ www.roswellfiles.com
Um dos mais completos sites sobre a suposta passagem de aliens por Roswell, em 1947. Em inglês.

þ www.seti.org/
Vários artigos interessantes no site do Instituto Seti (Search for Extraterrestrial Intelligence). Em inglês.

þ http://setiathome.ssl.berkeley.edu
Aqui você pode baixar um programa para instalar no seu computador e colaborar na busca de sinais alienígenas. Em inglês.

þ www.stopabductions.com
Tem medo de ser abduzido? Saiba tudo sobre o "capacete antiabdução" inventado pelo americano Michael Menkin. Pode ser a sua salvação. Em inglês.

þ www.strbrasil.com
Os céticos têm encontro marcado neste site da ONG Sociedade da Terra Redonda. Em português.

þ www.ufoevidence.org
Tudo o que os candidatos a ufólogo precisam saber está neste site. Uma boa fonte para quem acredita. E recomendável para quem não acredita. Em inglês.

þ www.ufo.com.br
Site da UFO - Revista Brasileira de Ufologia, a principal publicação brasileira sobre o tema. Traz notícias, artigos, fotos e vídeos. Em português.

þ www.vigilia.com.br
O lema deste site é tratar a ufologia "com seriedade e objetividade". Tem notícias e fórum. Em português.

þ www.waroftheworlds.com
Site oficial do filme Guerra dos Mundos, de Steven Spielberg, tem galeria de fotos, trailers, game e vídeos com entrevistas. Em inglês.



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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A Vida imita a Arte - Guerra nas Estrelas

A VIDA IMITA A ARTE - Guerra nas Estrelas


Há muito tempo, numa galáxia muito, muito distante... Com essa frase de abertura, o diretor George Lucas inaugurava, em 1977, a saga de Guerra nas Estrelas, um dos maiores sucessos da história do cinema. Com seis episódios - o último filme da série, A Vingança dos Sith, teve sua estréia mundial em maio -, a obra-prima de Lucas já faturou 3,5 bilhões de dólares em ingressos e mais 9,5 bilhões de dólares em mercadorias, como desenhos, bonecos e jogos eletrônicos. O estrondoso êxito pode ser atribuído a dois fatores principais: primeiro, todo mundo quer saber o que acontece (e o que existe) numa galáxia tão distante assim. Segundo, o filme usa seres alienígenas para discutir problemas bem terrenos, como traição, ambição, vaidade, incesto e caráter. Guerra nas Estrelas é um bom exemplo de uma receita que deu certo em Hollywood: explorar a curiosidade humana a respeito da possível vida extraterrestre, usando como pano de fundo as mazelas da sociedade. O negócio deu tão certo que não passa um ano sem entrar em cartaz algum grande filme sobre aliens.

Desde a década de 50, ETs de todos os tipos e gostos vêm freqüentando a telona. De tanto assistir a esses filmes, acabamos por formar uma imagem dos alienígenas muito próxima da que é pintada por Hollywood. Você, por exemplo. Pense num ET qualquer. Provavelmente, a imagem que virá à sua mente será bem parecida com a de algum personagem criado por George Lucas, Steven Spielberg ou outro cineasta que já explorou esse filão. Dificilmente você vai pensar num ET com a cara de Gisele Bündchen, certo?
O que acontece é que muita gente acaba achando que viu na vida real alienígenas iguaizinhos - ou muito parecidos - com os da ficção. "Na mente humana existe a chamada falsa memória. É quando incorporamos, sem perceber, o conteúdo do que assistimos ou ouvimos e, então, repetimos como se fosse nosso. Um filme, por exemplo, pode ser vivido como uma lembrança e não como ficção", afirma Wellington Zangari, psicólogo do Laboratório de Psicologia da Religião, da Universidade de São Paulo (USP). Segundo ele, depois de cada filme desses que entra em cartaz, surgem centenas de novos relatos de avistamentos e abduções. Duendes e gnomos passaram a ser vistos com freqüência perambulando por aí após o sucesso do infantil Xuxa e os Duendes (2002). "Não dá para sabermos ao certo a fronteira que separa a imaginação da realidade, mas os filmes que estão na moda são um bom termômetro."

RETRATO DISFORME
Ao longo da saga de Guerra nas Estrelas, os extraterrestres foram agraciados com a beleza de estrelas como Harrison Ford e Natalie Portman. Mas os ETs mais marcantes, os que passaram a fazer parte do imaginário coletivo, são aqueles horrendos, gosmentos, cheios de braços e pernas, como os da série Alien (1979) ou de Homens de Preto (1997). Para os ufólogos, esse é um problema sério. "Em geral, eles são mostrados como criaturas disformes, sem se levar em consideração que os ETs são, em geral, muito parecidos conosco", diz o ufólogo Ademar Gevaerd. Segundo ele, em 99,9% dos relatos de observação, os ETs têm a forma humanóide. "Eles nunca têm três pernas ou braços", afirma.
Para muitos ufólogos, o simpático ser retratado por Spielberg no filme E. T. - O Extraterrestre (1982) é o mais verossímil de todos. O diretor mandou fazer o rosto de seu alienígena usando como molde as faces do poeta Carl Sandburg e do cientista Albert Einstein. Mas há quem faça ressalvas. "Biologicamente, a criatura que ele (Spielberg) inventou não faz nenhum sentido. Era um bichinho muito fofo, sem dúvida. Mas um ser com uma cabeça tão grande e um pescoço tão fino para sustentá-la não poderia sobreviver. Os ficcionistas dariam péssimos cientistas", dispara o paleontólogo cético Peter Ward, da Universidade de Washington.
No filme Guerra dos Mundos, que está estreando em junho, Spielberg apresenta monstros criados por meio de efeitos de computador, capazes de provocar pânico na população. "O conceito da invasão alienígena sempre me fascinou", disse o diretor a uma revista semanal recentemente. "O filme é uma história assustadora. Mostra como nos mantemos unidos diante do inimigo comum." Isso incomoda ufólogos que levam o assunto a sério. Para Gevaerd, nem todos os ETs que nos visitam vêm para dominar o planeta, guerrear, matar ou abduzir. Ele não poupa também a megaprodução de George Lucas. "Guerra nas Estrelas, a começar pelo título, mostra uma situação irreal. Que guerra? Não poderia ser paz? Os cenários do filme dão a entender que os planetas que eventualmente encontraremos em nossas futuras explorações espaciais são áridos e providos apenas de vida em condições bélicas", aponta.
Do ponto de vista da convivência intergaláctica, a crítica do ufólogo procede. Resta saber se a indústria do cinema conseguiria lotar as salas de exibição com um filme que se chamasse "Paz nas Estrelas". Provavelmente, não. Só se for numa galáxia muito, muito distante...

"Na mente humana existe a chamada falsa memória. É quando incorporamos, sem perceber, o conteúdo do que assistimos ou ouvimos e, então, repetimos como se fosse nosso. Um filme, por exemplo, pode ser vivido como uma lembrança e não como ficção"
Wellington Zangari, psicólogo do Universidade de São Paulo (USP)

Para fãs de carteirinha

O Dia em que a Terra Parou
Direção de Robert Wise, 92 minutos. 1951
Nave espacial pousa na Terra e seu ocupante, com feições humanas, se infiltra entre os americanos e estuda seus hábitos. A mensagem que o ET pretende passar aos terráqueos tem muito a ver com o contexto geopolítico da época: ele veio para nos alertar sobre os perigos de uma guerra nuclear

Contatos Imediatos de Terceiro Grau
Direção de Steven Spielberg, 132 minutos. 1977
Uma história de relações amigáveis entre humanos e ETs. Discos voadores sobrevoam cidades americanas e um homem, obcecado pela idéia, persegue todas as pistas possíveis para fazer contato com eles, que vieram em missão de paz

Guerra nas Estrelas
Direção de George Lucas, 121 minutos, 1978
A saga mostra ETs de uma galáxia muito, muito distante. Os personagens principais são belos exemplares com forma humana, como Luke Skywalker e a princesa Léia, que interagem com as mais variadas criaturas - como o sábio Mestre Yoda, um homenzinho verde que até que lembra o ET de Spielberg...

Alien, o 8º Passageiro
Direção de Ridley Scott, 116 minutos, 1979
O filme deu origem à série, em que o alien em questão é retratado como um monstrengo mais do que nojento. Ele entra numa nave espacial tripulada por humanos e começa a matar todo mundo para conseguir crescer. Bleargh!

E. T. - O Extraterrestre
Direção de Steven Spielberg, 115 minutos, 1982
Vencedor de quatro Oscars, o filme comoveu o mundo com a história da terna amizade entre um garoto de 10 anos e um ser de outro planeta que foi esquecido por sua nave na Terra. Aqui, o ET aparece como um ser baixo, de cabeça grande e pescoço, braços e dedos finos - e olhar meigo

Fogo no Céu
Direção de Robert Lieberman, 109 minutos, 1993
Baseado na história "real" do lenhador Travis Walton, que, diante de alguns amigos, foi atingido por uma luz misteriosa e sumiu por vários dias. Ao reaparecer, ele conta que foi abduzido por pequenos seres de olhos enormes, não muito amigáveis

A Experiência
Direção de Roger Donaldson, 109 minutos, 1995
Bela representação de seres híbridos que podem estar entrenós: uma mulher, meio ET, meio humana, resultado de uma experiência com códigos genéticos, está louca para acasalar e reproduzir sua espécie alienígena com os terráqueos

Independence Day
Direção de Roland Emmerich, 144 minutos, 1996
Extraterrestres muito maus enviam naves gigantescas para invadir a Terra e destruir a raça humana justo no dia do feriado americano. Em 4 de julho, um grupo liderado pelo presidente dos Estados Unidos (!) consegue derrotar os intrusos

Homens de Preto
Direção de Barry Sonnenfeld, 98 minutos, 1997
Agentes secretos do governo são incumbidos de fiscalizar alienígenas que vivem na Terra. Até que um terrorista do outro mundo resolve destruir nosso planeta. Aqui os ETs têm as mais variadas formas e aparências - como polvos e coisas parecidas com cadáveres

Sinais
Direção de M. Night Shyamalan, 107 minutos, 2002
Misteriosos e gigantescos círculos aparecem na plantação de um ex-pastor americano (Mel Gibson). Seres invisíveis parecem espreitar a cena o tempo todo. A idéia é mostrar o quanto a fé que o ser humano do terceiro milênio vem perdendo seria importante para lidar com situações extraordinárias




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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Onde tudo começou - George Wells

ONDE TUDO COMEÇOU - George Wells



Com a estréia nos cinemas de Guerra dos Mundos, do diretor Steven Spielberg, a mais importante obra de ficção científica dos nossos tempos volta a ser comentada em todo o planeta. Lançado em 1898, o romance homônimo do inglês Herbert George Wells tem versões em dez línguas, foi adaptado para o cinema três vezes, rendeu uma polêmica esquete de rádio de Orson Welles (veja na página 72) e ganhou diversas releituras em quadrinhos. Por que um livro exerce tanto fascínio mais de um século depois de publicado? Porque H. G. Wells foi o primeiro escritor a usar a ficção científica para criticar a sociedade de sua época. Quem decifrou a metáfora entendeu que tinha em mãos muito mais do que uma aventura de alienígenas e naves espaciais. A Guerra dos Mundos tornou-se um arrepiante relato da nossa fragilidade no Universo. Se hoje existe a ufologia, a largada foi dada por Wells.

Naquele final de século 19, a Inglaterra era a grande potência mundial. A rainha Victória enviava seus exércitos para a África e garantia a expansão do Império Britânico. Os marcianos que invadem a Terra, passando por cima de homens e mulheres, são os próprios ingleses tomando posse das terras dos africanos. Os humanos não compreendem tamanha brutalidade dos ETs. Eis o que diz Wells, já no primeiro capítulo de seu livro: "Antes de julgá-los com demasiada severidade, devemos nos lembrar das destruições totais e implacáveis que nossa própria espécie empreendeu, não apenas contra os animais, como os extintos bisões e dodôs, mas contra as raças humanas inferiores. Os tasmanianos, apesar de sua configuração humana, foram totalmente varridos da existência, num período de 50 anos, numa guerra de extermínio empreendida pelos imigrantes europeus. Somos por acaso tamanhos apóstolos da misericórdia para podermos nos queixar de que os marcianos tenham feito a guerra no mesmo espírito?". Uma senhora patada no orgulho britânico.
A Guerra dos Mundos estreou como folhetim, publicado em nove partes entre abril e dezembro de 1897 na revista inglesa Pearson’s Magazine. Em maio do mesmo ano, a revista americana Cosmopolitan lançou o texto nos Estados Unidos. A história foi um sucesso de público e ganhou versão em livro em fevereiro do ano seguinte. O impacto foi tremendo. Numa época em que aviões, raio laser e viagens espaciais eram só promessas de cientistas sonhadores, os leitores ficaram arrepiados com a possibilidade de seres de outros mundos estarem mesmo de olho na Terra. A humanidade preparava-se para a virada do século, período em que costumam aparecer profetas do apocalipse. Embora não fosse essa a intenção de Wells, a destruição de A Guerra dos Mundos foi interpretada pelas pessoas mais assustadas como um relato perfeito do juízo final.
Os jornais dos Estados Unidos ficaram doidos com a história. Em janeiro de 1898, o New York Evening Journal publicou uma pretensa continuação da aventura de Wells, chamada Edison’s Conquest of Mars (A Conquista de Marte de Edison), escrita por Garrett P. Serviss. Nesse plágio escancarado de A Guerra dos Mundos, Thomas Edison - o mesmo que inventou a lâmpada elétrica - embarca numa nave espacial para se vingar dos marcianos que invadiram a Terra e foram mortos por nossas bactérias. Os terráqueos não falham e exterminam a raça alienígena do planeta vermelho.

TRAÇOS BRASILEIROS
A primeira edição de A Guerra dos Mundos foi ilustrada pelo inglês Warwick Goble, mas os desenhos preferidos de Wells foram de autoria de um brasileiro que morava na Bélgica, o carioca Henrique Alvim Corrêa. O artista viajou para Londres, em 1903, para apresentar rascunhos que fizera após ler a versão francesa do livro. Wells gostou tanto do trabalho que convidou Corrêa para ilustrar a edição de luxo lançada em 1906 pela editora belga L. Vandamme. São 31 gravuras que pertencem ao antiquário fluminense Sebo Fino e estão expostas temporariamente no Museu e Hall da Fama da Ficção Científica, nos Estados Unidos.
O cinema não ficaria indiferente à história de Wells. O primeiro filme, dirigido por Byron Haskin, é considerado uma das melhores películas de ficção científica. Nessa versão de 1953, a produção ignorou boa parte das lições morais de Wells e transformou a história numa aventura tecnológica. O brilhante e charmoso doutor Clayton Forrester (vivido pelo ator Gene Barry) engata um discreto romance com a lindona Sylvia Van Buren (Ann Robinson). Fora a chegada dos marcianos e a vitória das bactérias, pouca coisa sobrou do texto original.
A versão de Steven Spielberg para A Guerra dos Mundos, lançada no final de junho, tem pelo menos um ponto em comum com o livro: trata-se da invasão da Terra sob o ponto de vista dos refugiados, particularmente do personagem de Tom Cruise. Com as novas invenções e as descobertas da ciência, o mundo mudou radicalmente nos últimos cem anos e o que assustava em 1898 não cola mais no século 21. Por isso, os alienígenas não são do inabitado planeta Marte, o poder de destruição extraterrestre cresceu e há muito mais gente correndo de um lado para o outro nas ruas. O cenário é contemporâneo.
O charme da história de Wells, pelo menos, está garantido em uma produção paralela do diretor Timothy Hines. A versão de Hines, a ser lançada também neste ano, é uma reprodução fiel do livro: a ação ocorre na Inglaterra vitoriana, os vilões vêm de Marte e eles acabam sendo aniquilados pelas bactérias terrestres.
Com tanta adrenalina que vem por aí, vai ser difícil ficar indiferente à Guerra dos Mundos em 2005. Leia o livro e assista aos filmes. É uma boa oportunidade para tentar entender como surgiu essa curiosidade humana pelo extraterreno. Se alguém merece culpa por enriquecer o imaginário popular, esta pessoa é H. G. Wells.

"Antes de julgá-los com demasiada severidade, devemos nos lembrar das destruições totais e implacáveis que nossa própria espécie empreendeu, não apenas contra os animais, como os extintos bisões e dodôs, mas contra as raças humanas inferiores"
trecho de a guerra dos mundos, de H. G. Wells

Ficção e realidade

Marte é um planeta árido, cheio de crateras e nunca esteve a menos de 56 milhões de quilômetros da Terra. Como é que um lugar sem graça desses inspirou tantas histórias de ficção científica? A explicação talvez remonte a 1877, quando o astrônomo italiano Giovanni Schiaparelli observou uma rede de canais na superfície marciana, que foi interpretada por alguns cientistas como estruturas artificiais de irrigação. Com teorias desse tipo, que outro lugar poderia alimentar tanto a imaginação dos escritores? H. G. Wells não ficou indiferente e também brincou com os marcianos. Em 1897, quando publicou A Guerra dos Mundos na forma de folhetim, o planeta fervia com as recentes invenções do homem: o telefone (1876), a lâmpada elétrica (1879), o automóvel (1885), o rádio (1896). Wells era um sujeito antenado. Tudo o que os marcianos do seu livro possuíam na fictícia invasão da Terra seria inventado pelo homem nos anos seguintes: o segredo de voar (avião, em 1906), o raio de calor (raio laser, em 1960) e a máquina de manipular (robôs, em 1961). Mas Wells temia o uso destrutivo das novas invenções e viveu o suficiente para descobrir que tinha razão. Em 1915, a Alemanha usou armas químicas contra os franceses na Primeira Guerra Mundial. Em 1945, os Estados Unidos jogaram duas bombas atômicas sobre o Japão, no lance final da Segunda Guerra. A primeira frase do capítulo 6 do livro de Wells soa profética: "Ainda é motivo de espanto o modo como os marcianos são capazes de matar gente tão rápida e silenciosamente". Quando morreu, em 1946, Wells já tinha perdido a confiança no ser humano.




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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Tem alguém ai? SETI

TEM ALGUÉM AÍ? SETI



Com a ajuda de potentes radiotelescópios, cientistas buscam um sinal de vida inteligente fora da Terra. Até agora, parece que ninguém quis falar com a gente. Mas há quem aposte que são boas as chances de captarmos algum sinal alienígena até 2025

Tudo o que a ciência sabe hoje leva a crer que estamos praticamente sozinhos no sistema solar. E, mesmo que não estejamos, nossas companhias não chegam nem aos pés da nossa civilização em termos de tecnologia. Mas, e se lá longe, a anos-luz de distância, houver alienígenas tão ou mais avançados do que nós? Será que eles também não estão procurando por outras formas de vida? Será que não têm os mesmos dilemas que nós sobre a vida no Universo? Quem sabe já esteja rolando uma grande festa intergaláctica e nós é que estamos longe demais de tudo? São pensamentos assim que povoam as mentes dos cientistas dos programas de busca de vida extraterrestre inteligente, mais conhecidos como Seti (Search for Extraterrestrial Intelligence).

Se você viu o filme Contato (1997), baseado no livro do astrônomo Carl Sagan, deve saber do que se trata. São cientistas que usam enormes antenas de radiotelescópios para tentar captar algum sinal vindo do espaço. Seria mais ou menos como percorrer o dial de um rádio procurando uma estação. O problema é que o "dial" do universo é gigantesco. E, até agora, todos os ruídos que captamos vinham aqui mesmo da Terra ou de algum de nossos satélites de comunicações. Melhor dizendo, quase todos.
Em agosto de 1977, o astrofísico Jerry Ehman estava trabalhando no radiotelescópio Big Ear (grande ouvido), da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos. No meio de um monte de letras e números cuspidos pelo computador, uma seqüência fisgou os olhos de Ehman. Era uma coisa tão descomunal que ele não conseguiu pensar em nada. Apenas circulou a seqüência e escreveu WOW! (UAU!). Não era para menos. Havia um nível mínimo de força para se considerar que algum sinal valia a pena ser mais bem analisado. O WOW era 50 vezes mais forte do que esse mínimo e durou 72 segundos. Pelo jeito, os ETs haviam pregado o dedo na campainha. O sinal foi tão significativo que até hoje há pessoas buscando pela sua confirmação. Nenhuma obteve sucesso. Em 45 anos de escuta, essa foi a vez que chegamos mais perto de fazer contato. Se é que realmente havia alguma coisa lá fora.

ALÔ, ALÔ, MARCIANO
E por que os alienígenas usariam sinais de rádio para mandar uma mensagem? "Esse tipo de onda é muito eficiente", diz Seth Shostak, astrônomo sênior do Instituto Seti, na Califórnia. "Pouquíssima energia é necessária para mandar um sinal. Elas são fáceis de produzir, viajam na velocidade da luz e conseguem passar sem dificuldades pelas nuvens de poeira e gás que existem no espaço, sem muita interferência." As buscas se restringem às vizinhanças de estrelas parecidas com o Sol, onde a chance de haver planetas capazes de desenvolver vida é maior. Mas, só nos arredores do sistema solar, num raio de 100 anos-luz (uma mixaria astronômica), estima-se que existam milhares de estrelas desse tipo.
Nos últimos anos, o Seti tem sobrevivido só com dinheiro da iniciativa privada. É bem verdade que, com doadores do calibre de William Hewlett e David Packard (da HP), Gordon Moore (Intel) e Paul Allen (Microsoft), dinheiro não parece ser problema. Agora os cientistas estão esperando que a primeira fase do Conjunto de Telescópios Allen fique pronta na Califórnia. Em vez de um grande e único "prato", como o radiotelescópio porto-riquenho de Arecibo - a maior antena do mundo -, o novo projeto prevê centenas de antenas menores e mais modernas trabalhando em conjunto, em tempo integral. Seu poder de varredura será 300 vezes maior do que atualmente.

VOCÊS FALAM INGLÊS?
E se, finalmente recebermos a tão sonhada mensagem, o que faremos? Na prática, essa questão é deixada para depois. Primeiro porque, se recebermos um sinal vindo de, digamos, 100 anos-luz daqui, uma possível resposta levaria um século para atingir seu destino. Em segundo lugar, a maioria dos pesquisadores do Seti não acha que seríamos capazes de decifrar facilmente alguma língua alienígena. "Os radiotelescópios não foram feitos para identificar conteúdos de supostas mensagens", diz Shostak. "E como a mensagem provavelmente virá de uma civilização muito mais avançada do que a nossa, há uma boa chance de que nunca consigamos entendê-la." O importante seria simplesmente encontrar a prova. Aí a humanidade senta e vê o que faz.
Outra hipótese levantada pelos pesquisadores é que talvez não captemos algo endereçado a nós. "A Terra tem apenas 4,6 bilhões de anos de idade, enquanto a nossa galáxia tem mais de 13 bilhões. Nós aparecemos há pouco tempo na Via Láctea e, por isso, é muito improvável que tenhamos sido uma das primeiras civilizações a se desenvolver", diz Shostak. O mais provável seria captarmos transmissões entre diferentes ETs. Ou talvez sinais de comunicação doméstica deles, como os dos nossos satélites.
Só depois dessa prova - ou depois que a nossa tecnologia evoluir muito -, os cientistas acham que vai valer a pena tentar enviar mensagens. Até hoje, só foi feita uma transmissão, para celebrar uma grande reforma do radiotelescópio de Arecibo. Foi mandada uma mensagem composta de 1679 zeros e uns, que, se arrumados num quadro de 23 colunas e 73 linhas, mostrariam uma figura humana, um desenho da estrutura do nosso DNA, do próprio radiotelescópio e algumas indicações da posição da Terra no sistema solar e na Via Láctea. O destinatário escolhido foi um aglomerado de estrelas da constelação Hércules. Não se sabe se teremos resposta. E, mesmo que ela venha, vai demorar um pouquinho. Se a mensagem for respondida logo após ser recebida, vai levar algo em torno de... 50 mil anos para ela fazer a viagem de ida e volta.
Desanimador? Os astrônomos do Seti acham que não. "Meus cálculos sugerem que, como novo radiotelescópio Allen, conseguiremos captar um sinal alienígena até 2025", diz Shostak, que está envolvido em buscas desse tipo há 25 anos. "Com esse novo instrumento, poderemos verificar milhões de sistemas estelares nas próximas décadas." Até lá, o jeito é ter paciência e continuar escutando. "O Seti é uma jornada de descobertas", diz o astrônomo. "No final, o que você aprendeu durante o caminho pode ser muito mais importante do que encontrar aquilo que você procurava." Pode até ser, mas que ia ser mais fácil ter essa postura zen depois de bater papo com alguns ETs, disso ninguém duvida.

Caça virtual

Você quer ajudar a procurar extraterrestres de verdade sem sequer levantar da cadeira? Basta uma conexão com a internet e alguns cliques no mouse para participar do projeto Seti@Home, da Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos. A idéia é simples e engenhosa. Todos os dados captados pelos radiotelescópios precisam ser analisados por computadores, que avaliam se eles contêm algum sinal alienígena. Como são gerados 35 gigabytes de informação por dia e o processamento é demorado, os cientistas se concentram na análise apenas dos sinais mais fortes. Para passar um pente-fino nos dados captados, seriam necessários computadores gigantescos e caríssimos. A solução encontrada foi dividir para conquistar. O Seti@Home é um protetor de tela para Windows, Macintosh e Linux que usa o tempo ocioso do computador para procurar ETs. O programa baixa um pedaço desses sinais de rádio via internet, faz a análise (algo em torno de 3 trilhões de contas) e depois manda o resultado de volta. Como há milhões de colaboradores no mundo inteiro, o resultado final é equivalente ao dos maiores e mais caros supercomputadores que existem. Para saber mais, visite o site do Seti@Home no endereço http://setiathome. ssl.berkeley.edu/




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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Eles são quantos ??? Alienígenas

ELES SÃO QUANTOS? Alienígenas



Supondo que não estejamos sós no Universo, com quantas civilizações dividimos a Via Láctea? A resposta pode estar na Equação de Drake, criada pelo astrofísico americano Frank Drake em 1961. Essa fórmula enumera sete condições indispensáveis para que um planeta abrigue seres inteligentes e com comunicação avançada (veja na página seguinte). Qual é o resultado? Bem, depende. Do ponto de vista astronômico, R* pode ir de 1 a 10, fp chega a 50% e ne varia de 1 a 3. Os demais valores são desconhecidos. Ou seja, o resultado cresce ou diminui conforme o otimismo ou o pessimismo de quem fizer o cálculo.
Nas contas do próprio Drake, N - o número de civilizações na nossa galáxia capazes de se comunicar com a Terra - chegaria a 10 mil. Nos últimos anos, Drake passou a acreditar que esse número possa ser maior. Um dos motivos, segundo ele explicou à SUPER por e-mail, é que a ciência passou recentemente a admitir a possibilidade de que estrelas-anãs vermelhas - que representam 80% do total - tenham planetas habitáveis. "Uma vez que tal entendimento é recente, com implicações que ainda precisam ser mais bem analisadas, podemos por ora apenas ‘chutar’ quanto isso aumentaria N", disse Drake. "É bem possível que esse número aumente em dez vezes, mas, no momento, trata-se de uma especulação."
Cabe lembrar que Drake é um dos criadores do Projeto Ozma, precursor do Seti (sigla em inglês para Busca por Inteligência Extraterrestre), que caça sinais eletromagnéticos de alienígenas soltos no espaço (leia mais na página 64). Portanto, ele é um otimista. Há 50 anos, quando o homem ainda não havia descoberto planetas extra-solares, viajado até a Lua ou encontrado indícios de água em Marte, ele tentava estimar o número de planetas com civilizações tão avançadas quanto a nossa. Drake sabia que não havia um número exato para a questão, mas decidiu simplificar o raciocínio. O que seria necessário para a vida se desenvolver e evoluir a padrões tecnológicos semelhantes aos da Terra? A resposta está em cada uma das sete variáveis da equação. Se você ignorar as explicações científicas e se limitar ao raciocínio matemático, vai lembrar que um único valor igual a zero numa multiplicação resulta, necessariamente, em zero. Logo, só haverá outra civilização como a nossa se todas aquelas condições se confirmarem.
Como a fórmula liberou a imaginação dos simpatizantes da teoria extraterrestre, otimistas e pessimistas resolveram apresentar as suas versões. No primeiro time, o astrônomo Carl Sagan calculou nada menos do que 1 milhão de civilizações. O escritor de ficção científica Isaac Asimov obteve 530 mil. O astrofísico Thomas R. McDonough chegou a 4 mil. No lado oposto, o psicólogo e diretor da revista Skeptic, Michael Shermer, arredondou as contas para apenas três civilizações avançadas. Apesar dos resultados divergentes, todos brincaram com as variáveis da equação, apoiados por suas opiniões pessoais sobre a composição do Universo. Já o escritor Michael Crichton - autor de O Parque dos Dinossauros - tachou a fórmula de "pseudociência". "Ela é sem sentido e nada tem a ver com ciência. Acredito que ciência envolve a criação de hipóteses testáveis, e a Equação de Drake não pode ser testada", declarou Crichton, há dois anos.
Por que tanta polêmica a respeito de uma simples fórmula matemática? Porque as três últimas variáveis da equação mexem muito mais no vespeiro da biologia, da antropologia e da sociologia que no da astronomia e da física. Mas a maioria dos estudiosos há de concordar: a Equação de Drake é simplesmente mais um jeito de pôr os pensamentos em ordem - além de ser uma fórmula simpática que produz resultados divertidos.

Faça a sua aposta!

N = R*.Fp.Ne.Fl.Fi.Fc.L
N
O número de civilizações avançadas na Via Láctea nas contas de Frank Drake, um otimista, deu 10 mil; nas contas do psicólogo Michael Shermer, um pessimista, deu 3

R*
O número de estrelas semelhantes ao sol formadas na galáxia por ano
Estimativa: 1 a 10

Fp
O percentual dessas estrelas com sistemas planetários
Estimativa: 50%

Ne
O número de planetas, por sistema solar, com ambiente adequado para a vida
Estimativa: 1 a 3

Fl
O percentual de planetas com ambiente adequado nos quais a vida se desenvolveu
Estimativa: 1% a 100%

Fi
O percentual de planetas com vida nos quais a inteligência evoluiu
Estimativa: 1% a 100%

Fc
O percentual de civilizações que desenvolveram uma tecnologia de comunicação
Estimativa: 10% a 100%

L
HÁ quanto tempo essas civilizações se comunicam
Estimativa: desconhecida




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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Qualquer vidinha serve - Extraterrestres

QUALQUER VIDINHA SERVE - Extraterrestres



Para muitos que acreditavam em homenzinhos verdes, o dia 15 de julho de 1965 foi uma data bastante triste. Foi quando a sonda americana Mariner 4 se tornou a primeira máquina terrestre a passar bem perto de Marte, uma curta jornada de 26 minutos que rendeu 22 fotos. As imagens foram uma decepção após a outra: mostravam um grande deserto cheio de pedras e crateras, muito parecido com a nossa Lua, e sem nenhum sinal de vida. Os americanos não desistiram, mas as sondas enviadas depois disso serviram para confirmar uma realidade: achar vida fora da Terra não ia ser nada fácil.

E quando os cientistas falam em "vida", eles são pouco exigentes. Nada de civilizações avançadas ou alienígenas como os de Guerra nas Estrelas ou de Jornada nas Estrelas. Se encontrarem alguma prova real de que uma ameba qualquer, ou uma simples célula viva, existe ou já existiu em algum lugar fora da Terra, eles vão estourar garrafas de champanhe. Afinal, seria a confirmação de que, se a vida conseguiu vingar em outro lugar fora do nosso planeta, ela deve ter surgido - ou ainda vai surgir - em muitos outros lugares. Teríamos a certeza de que não estamos sozinhos no Universo - apesar de boa parte de nós não achar que amebas alienígenas sejam companhias empolgantes.

O QUE É VIDA?
Um grande problema é conseguir separar o que é vivo do que é apenas uma simples pedra. Pode parecer bobagem, mas, levando-se em conta que a descoberta vai acabar sendo feita por uma máquina, definir o que é vida e como se "mede" isso faz toda a diferença. É bem possível que na escola algum professor lhe tenha ensinado que "ser vivo é aquilo que nasce, cresce, se reproduz e morre". Não deixa de ser verdade, mas os pesquisadores atualmente preferem algo mais ou menos como: "vida é um sistema químico auto-sustentável, capaz de se reproduzir e evoluir".
Essas definições nos dão algumas pistas sobre quais as condições mínimas para um lugar poder abrigar vida - ou, pelo menos, a vida como a conhecemos aqui na Terra. A primeira delas é possuir os ingredientes básicos. Carbono, hidrogênio, nitrogênio e oxigênio estão entre os mais importantes. Até aí, tudo bem, pois todos esses elementos químicos existem em vários lugares do Universo. O problema são os outros pré-requisitos. Segundo as teorias científicas, provavelmente a vida na Terra começou com um grande sopão desses elementos nos oceanos primitivos. Eles foram se combinando em moléculas maiores, os aminoácidos, que depois foram se combinando entre si e, de alguma maneira, se tornaram capazes de se reproduzir e evoluir. E desse processo saem os outros dois pré-requisitos: água e energia.
Água em estado líquido é considerado o fator decisivo para a possibilidade de vida em outros planetas. Todos os seres conhecidos atualmente dependem de água para realizar as reações químicas que os mantêm vivos. Talvez a água não seja imprescindível, mas as formas de vida que surgissem seriam muito diferentes das que conhecemos (leia quadro na próxima página).
E não basta ser H20. É preciso que seja água em estado líquido, senão as reações não têm como ocorrer. É aí que entra a questão da energia. Em geral, ela aparece na forma de calor, seja vinda como radiação (luz do Sol, por exemplo), seja do interior do planeta. Mesmo que um planeta tenha água, ele precisa ter energia na medida certa. Se for pouca, o planeta vai ser frio demais e a água vai estar congelada. Se for muita, só vai haver vapor. Em ambos os casos, a vida não teria como se desenvolver.

PLANETA VERMELHO
As sondas enviadas a Marte nos últimos anos nos deram algumas informações animadoras. O satélite Mars Global Surveyor fez mapas detalhados, mostrando que realmente há gelo, tanto de gás carbônico quanto de água, nos pólos de Marte. Os dados dos jipes robóticos Sojourner, Spirit e Opportunity indicam que já houve água correndo pela superfície marciana. A partir daí, as opiniões se dividem.
Análises de solo mostraram que há pouco carbono. A atmosfera de gás carbônico é extremamente fina e não é capaz de proteger o planeta dos raios ultravioleta, que destroem as moléculas orgânicas. As temperaturas podem cair fácil para 100 graus Celsius negativos. Por isso, os cientistas mais pessimistas acreditam que seja muito difícil haver vida em Marte. Já os otimistas levantam outras hipóteses. Talvez, no subsolo, existam lugares mais quentes e protegidos capazes de abrigar bactérias. Os pólos, onde está a água em forma de gelo, também não foram visitados ainda e podem esconder surpresas.
Mas em uma coisa todos concordam: é muito provável que Marte tenha abrigado vida no passado. Os estudos mostram que o planeta já teve uma atmosfera mais densa e que as temperaturas já foram mais altas. "Se isso for verdade, Marte foi um lugar tão propício quanto a Terra para o surgimento da vida", diz o cientista David Morrison, do Instituto de Astrobiologia da Nasa.

EUROPA E TITÃ
Quer dizer que estamos sozinhos no sistema solar? Talvez não. E a principal aposta recai sobre um planeta bem menos óbvio. Na verdade, uma lua: Europa, um dos satélites de Júpiter, é considerado o lugar mais provável para encontrar vida primitiva. Água há de sobra. O problema é que, como a distância em relação ao Sol é muito grande, fica tudo congelado a 170 graus negativos. Mas a sonda Galileu, que passou perto de Europa na década de 90, mostrou uma coisa surpreendente. Embaixo dos oceanos congelados foi detectada água líquida. "Como a energia da luz do Sol não chega embaixo desse gelo, as formas de vida seriam muito simples, como os micróbios que encontramos em grandes profundidades na Terra", diz Morrison.
O terceiro - e último, até onde se sabe - lugar próximo que talvez possa formar vida é Titã, uma das luas de Saturno. É o único local no sistema solar, além da Terra, que tem uma atmosfera densa. Ela é muito semelhante à atmosfera primitiva do nosso planeta, o que deixa muitos cientistas animados. Só tem um problema: a temperatura da superfície é de 180 graus negativos.
Fora Marte, Europa e Titã, não há muita esperança de achar vida no sistema solar. Mas os cientistas não pretendem abandonar a busca. "Não há nada de conhecido que prove que a vida é um fenômeno que só poderia ocorrer na Terra", diz Morrison.

Homens de areia

Praticamente tudo no nosso corpo contém carbono como "esqueleto", incluindo o DNA. Por isso, a maioria dos cientistas acredita que a vida seria impossível sem ele. Mas há um outro elemento que poderia talvez servir: o silício, presente na areia e usado na fabricação de chips de computador.
Os dois têm propriedades bastante semelhantes, e alguns pesquisadores acreditam que o silício poderia servir de base para algum tipo de vida totalmente diferente da que conhecemos na Terra. E o mais fascinante é que esse tipo de organismo precisaria de outra substância diferente da água para servir de solvente em seu metabolismo. Só que o silício apresenta suas limitações. Enquanto as cadeias mais longas que ele consegue formar têm cinco ou seis átomos, o carbono consegue fazer isso com dezenas de milhares. Por isso, qualquer forma de vida que eventualmente possa ser formada por silício seria muito mais simples do que as que conhecemos hoje.
Num "exercício de imaginação", o astrobiólogo Ben Clark, da Nasa, afirma que um dia talvez seja possível a existência de computadores vivos. Em vez de reações químicas, eles usariam chips e dispositivos mecânicos e eletrônicos para desempenhar suas funções orgânicas, a exemplo das máquinas conscientes de filmes como Exterminador do Futuro. "Essas formas de vida poderiam nos ajudar em várias coisas, como em pesquisas médicas e em novas maneiras de explorar o Universo", diz Clark, otimista.



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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Seitas Ufológicas - OVNI

SEITAS UFOLÓGICAS - OVNI



No dia 27 de março de 1997, nada menos do que 39 pessoas foram encontradas mortas numa mansão ao norte de San Diego, na Califórnia, Estados Unidos. Elas haviam cometido suicídio coletivo, levadas pela crença cega em Marshall Applewhite, líder de uma seita denominada Heaven’s Gate (literalmente, "Portal do Paraíso"). Applewhite fez seus seguidores acreditarem que alcançariam a vida eterna se morressem no momento da passagem do cometa Halle-Bopp pela Terra, pois o astro abrigaria em sua cauda uma nave espacial.
Fundada em 1970, a Heaven’s Gate é só uma das muitas seitas que se espalharam pelo mundo ancoradas em elementos ufológicos. Na maior parte das vezes, seus líderes se dizem pessoas eleitas por "forças extraterrestres" para cumprir alguma missão na Terra. O ufólogo Vanderlei D’Agostino diz que existem três tipos de líderes de seitas: os bem-intencionados, os que têm algum desvio de conduta (eventualmente patológico) e os literalmente charlatães. Ou seja, não dá para generalizar. Nem todos, é claro, levam a um final trágico quanto o do Heaven’s Gate. A seguir, conheça mais algumas seitas que arrebanharam seguidores com base em crenças e dogmas ligados à ufologia.

Movimento Raeliano
Fundado em 1975 pelo jornalista francês Claude Vorilhon, que se autodenomina Rael, prega que o ser humano foi criado em laboratório por extraterrestres. Rael, hoje com 59 anos, afirma ter sido contatado e abduzido em 1973 por um ET, que lhe pediu para construir uma "embaixada" na Terra, para receber de volta os alienígenas. O francês teria sido escolhido como o "messias", destinado a conscientizar a humanidade sobre a necessidade de evolução. A seita tem 70 mil seguidores no mundo. Nos últimos anos, tem chamado a atenção por sua defesa da clonagem humana - tida como um meio de atingir a imortalidade. Há rumores de que a Clonaid, empresa criada por Rael em 1997, já teria conseguido gerar uma menina, clone de uma mulher de 31 anos.

Comando Ashtar
Baseia-se em supostos contatos realizados entre humanos e um extraterrestre chamado Ashtar Sheran, que seria o grande "comandante intergaláctico", incumbido de promover a regeneração da Terra. É um movimento forte na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil. A figura de Ashtar estaria ligada a mensagens de alerta à humanidade. Nos anos 50, segundo seus seguidores, Ashtar teria entrado em contato com a Terra para evitar que bombas atômicas destruíssem nosso planeta e colocassem em risco o equilíbrio intergaláctico.

Projeto Portal
A seita foi fundada há dez anos em Corguinho (MS) por Urandir Fernandes de Oliveira, que se considera um representante dos ETs na Terra. "Tem causado grandes estragos na vida de inúmeras pessoas que o procuram na busca de curas e contatos com ETs", diz Rafael Cury, presidente da Associação Nacional dos Ufólogos do Brasil. Urandir chegou a ser preso, sob acusação de participar de um esquema de venda ilegal de lotes de terra em Corguinho. Segundo Urandir, o mundo será castigado por uma grande inundação, mas o lugar que ele chama de "A Cidade dos ETs" - onde ficam os tais lotes de terra - estaria imune à tragédia.

Lineamento Universal Superior (LUS)
Criado pela vidente brasileira Valentina Andrade e por seu marido, o argentino José Teruggi, em Buenos Aires. Segundo eles, só os seguidores da seita seriam salvos do apocalipse, resgatados por naves espaciais. Nos anos 80, Valentina e outros membros do grupo foram acusados de castrar nove meninos de 8 a 14 anos e assassinar seis deles, em rituais satânicos, entre 1989 e 1993, em Altamira, no Pará. "Quando invadiram sua residência em Londrina, no Paraná, encontraram várias fitas de vídeo em que ela, em transe, dizia: ‘Matem criancinhas’", conta Rafael Cury. Presa em 2003, Valentina foi julgada e absolvida por falta de provas. Outros quatro acusados foram condenados a penas de 35 a 77 anos de prisão.

Grupo Rama
Começou no Peru, com os irmãos Sixto e Carlos Paz. Após se desentender com o irmão, Carlos mudou-se para o Brasil e criou um braço da seita, o Grupo Amar (Rama ao contrário). Os irmãos organizavam vigílias para aguardar a chegada de naves alienígenas. Afirmavam viajar com freqüência à Constelação de Órion, onde eram recebidos por ETs. Após denúncias sobre a falsidade desses contatos, a seita caiu no ostracismo. Carlos acabou mudando de sexo e Sixto perdeu credibilidade depois de participar de um programa de TV e ser reprovado por um detector de mentiras. As duas vertentes da seita deixaram de existir no início dos anos 90.

Cultura Racional
Foi criada por Manoel Jacinto Coelho em 1935, no Rio de Janeiro, num centro espírita no bairro do Méier. Nos meios usados para sua divulgação, a Cultura Racional cita com freqüência discos voadores e seres extraterrestres. Considera-se um movimento cultural, não uma seita. Nos anos 70 e 80, atraiu milhares de seguidores, entre eles o cantor Tim Maia, que acabou deixando o movimento. Seus princípios se baseavam em um conjunto de livros denominado Universo em Desencanto, considerado por muitos um instrumento de lavagem cerebral.




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quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Sexo Interplanetário - OVNI

SEXO INTERPLANETÁRIO - OVNI

15 de outubro de 1957. À 1h da madrugada, sozinho, o agricultor Antônio Villas Boas, então com 23 anos, arava com um trator as terras da fazenda da família, nas imediações da pacata São Francisco de Salles, em Minas Gerais. Foi quando, pela terceira vez nos últimos dias, eles observou um clarão prateado e oval fazendo estranhas evoluções no céu. A luz se aproximou do trator e, só então, Villas Boas se deu conta: era um óvni!
Repentinamente, o trator parou de funcionar. O agricultor nem teve tempo de correr. Num segundo, ele foi dominado por três seres baixinhos que usavam capacetes e roupas colantes cinza. Eles o levaram ao interior da nave e o despiram. Em seguida, recolheram amostras de seu sangue. Pouco depois, Villas Boas foi surpreendido pela entrada de uma mulher com feições humanas, inteiramente nua. Ela tinha cerca de 1,30 metro de altura, queixo proeminente, pele e cabelos brancos, lábios finos e pêlos púbicos de um vermelho intenso como sangue. Apesar de sentir medo, a excitação falou mais alto e Villas Boas caiu nos braços da ETzinha. Consumado o ato, ela apontou para a própria barriga e, em seguida, para o céu. "Acho que queriam um bom garanhão para aumentar o rebanho", disse sem modéstia o agricultor, que foi devolvido à fazenda seis horas depois do rapto.
O incrível relato acima foi feito ao ufólogo brasileiro Walter Buhler, responsável pela divulgação do caso, no final dos anos 50. O potencial para fazer piadas a respeito de situações como essa é enorme - mas não vamos fazer nenhuma. Um levantamento da americana Mutual Ufo Network (Mufon) revela que, num universo de 215 casos relatados de abdução, dez envolveram experiências sexuais. Para alguns, o caso Villas Boas é o único "comprovado". "A casuística de relações sexuais com ETs é vasta, mas a ocorrência que talvez tenha causado maior rebuliço e discussão é a de Villas Boas", diz o ufólogo Gener Silva. "Há muita controvérsia. Porém, segundo a maioria, há indícios fortes de veracidade."
Um dos motivos para que muitos ufólogos acreditem na história de Villas Boas é o grande número de pormenores fornecidos por ele, sem que tenha havido nítida incongruência nos diversos depoimentos prestados. No entanto, Jeferson Martinho, editor da revista virtual Vigília, é mais cético. Segundo ele, as investigações sobre os supostos casos de relacionamento íntimo entre humanos e ETs "não foram efetivamente realizadas em ambiente acadêmico ou multidisciplinar o suficiente para eliminar hipóteses psicológicas importantes, como traumas causados por memórias reprimidas, distúrbios de ordem psicológica ou comportamental, etc. Além disso, há pontos consoantes demais com a tecnologia terrestre da época do ocorrido, denotando, no mínimo, uma reestruturação e reinterpretação das memórias que os protagonistas guardavam do episódio no momento do relato. No mínimo porque, no outro extremo - no máximo -, a possibilidade é que seja tudo mesmo fantasia".

GOSTOSURA OU TRAVESSURA?
Supondo que haja alguma verdade nos relatos de aventuras sexuais interplanetárias, cabe uma pergunta: afinal, por que os ETs iriam querer fazer sexo com os terráqueos? "Talvez queiram transar com a gente simplesmente pela experiência ou pela curiosidade científica. Talvez estejam procurando o resultado do sexo atávico. Temos de admitir também que eles devem ser avançados na questão genética e dominem suas conseqüências na reprodução da espécie, como clonagem, reprodução assexuada, etc. Ou, quem sabe, quebraram algum código de ética e não resistiram a uma travessura espacial?", especula Gener.
Os estudiosos do assunto dizem que o sexo interplanetário não deve fugir muito do padrão terrestre. "Segundo as narrativas, tudo acontece dentro da conceituação do normal", diz Gener. Os órgãos sexuais das espécies visitantes seriam parecidos com os dos humanos. O sexo não é consentido, mas também não chega a se configurar um estupro, já que a maior parte das "vítimas" declarou que as ETs não eram de se jogar fora. "Segundo relatos, principalmente do caso Villas Boas, ela era bonita, muito atraente e até sexy", confirma Gener.
Alguns estudos sugerem, no entanto, que quem faz sexo com extraterrestres corre o risco de sofrer distúrbios sexuais. Um dos casos mais comentados teria acontecido na noite de 13 de abril de 1979, em Maringá (PR). Joselino de Mattos, então com 21 anos, disse ter sido seqüestrado por alienígenas e forçado a transar com uma ET de feições humanas. Antes do ato propriamente dito, os malvados visitantes teriam masturbado o rapaz para sugar seu esperma - é o único caso relatado de masturbação interplanetária. Em conseqüência do abuso, Joselino declarou que, durante anos, teve dificuldade para manter relação sexual, fato que teria sido atestado por sua mulher, Marilene Mattos.
Para a americana Shane Kurz, o affair interplanetário teve resultados ainda mais traumáticos. No dia 15 de abril de 1968, em Westmoreland, nos Estados Unidos, "vozes" a teriam feito caminhar até o interior de um óvni, onde dois homens nus a esperavam. Eles eram magros, baixos, sem nariz e tinham a genitália parecida com a dos humanos. Os seres teriam estimulado Shane passando uma geléia no ventre e no peito da moça, que até então era virgem, e transaram com ela. Depois dessa experiência, Shane teve depressão, perdeu peso, sofria constantes dores de cabeça, a menstruação cessou, os olhos ficaram estrábicos.
"Para as mulheres, a coisa é mais complexa ainda. Há declarações de mulheres que teriam sido abduzidas, seu óvulo retirado e depois recolocado já fertilizado, iniciando uma gravidez assistida. Elas declaram também que, após três meses, são novamente abduzidas e o feto é retirado cirurgicamente", diz o ufólogo Vanderlei D’Agostino, consultor da revista UFO. "O objetivo disso, tanto para homens como para mulheres, seria uma possível tentativa de hibridização ou testes genéticos. Mas nada disso foi definitivamente comprovado."

"As investigações não foram feitas em ambiente multidisciplinar o suficiente para eliminar hipóteses importantes, como traumas causados por memórias reprimidas, distúrbios de ordem psicológica ou comportamental"
Jeferson Martinho, editor da revista vigília

Planos malignos

O filósofo e escritor americano David M. Jacobs, professor de História na Universidade Temple, na Filadélfia, acredita piamente na existência dos híbridos - fruto do cruzamento de humanos com extraterrestres. Jacobs escreveu dois livros a respeito, A Vida Secreta e A Ameaça. Segundo ele, ETs da raça greys teriam sido manipulados geneticamente por alienígenas superiores, tornando-se estéreis. A única esperança de sobrevivência dos greys seria a criação do Homo alienus, uma raça híbrida de humanos com ETs. Ainda segundo Jacobs, toda uma geração híbrida, idêntica aos humanos, mas com poderes telepáticos, já teria sido criada. O próximo passo seria a dominação total da Terra. Jacobs não é o único a acreditar em híbridos. O escritor inglês David Icke afirma em seus livros que, há 10 mil anos, ETs da raça reptiliana teriam se relacionado com fêmeas terrestres. Desse relacionamento teria surgido uma raça híbrida, que hoje governaria a Terra. Segundo Icke, a rainha Elizabeth II e o presidente George W. Bush seriam "reptilianos com capacidade de mudar de forma". E mais: Icke está convencido de que a morte da princesa Diana num acidente de automóvel, em 1997, teria sido, na verdade, um sacrifício ritual promovido pelos reptilianos. "Aqui só podemos especular. Há quem diga que ‘eles’ já estão entre nós, seja para o bem (uma futura interação definitiva entre nossa raça e outras que nos visitam), seja para o mal (uma intervenção não amigável em nosso planeta)", diz o ufólogo Vanderlei D’Agostino. "Mas há muita fantasia. A maioria dos relatos e declarações nada mais são do que invenções da mente do suposto abduzido, devido a traumas de infância ou à influência da mídia no nosso inconsciente."


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